d i s c i p l i n a fundamentos sócio-filosóficos da educação · 2 aula 13 fundamentos...

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Cecília Queiroz Filomena Moita Fundamentos Sócio-filosóficos da Educação DISCIPLINA Caminhos e (des)caminhos o pensar e o fazer geográfico Autoras aula 13 CONTROLE DA EDIÇÃO DE MATERIAIS - SEDIS/UFRN Nome do arquivo: Fu_So_A13_J Diagramador: JOHANN JEAN Data de envio para Revisão: 10/10/2007 Data de envio para Intranet: 00/00/2007 Data de envio para PDF: 00/00/0000 Observação: REVISÃO

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Cecília Queiroz

Filomena Moita

Fundamentos Sócio-filosóficos da EducaçãoD I S C I P L I N A

Caminhos e (des)caminhoso pensar e o fazer geográfico

Autoras

aula

13

CONTROLE DA EDIÇÃO DE MATERIAIS - SEDIS/UFRN

Nome do arquivo: Fu_So_A13_J

Diagramador: JOHANN JEAN

Data de envio para Revisão: 10/10/2007

Data de envio para Intranet: 00/00/2007

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Aula 13  Fundamentos Sócio-filosóficos da EducaçãoCopyright © 2007 Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste material pode ser utilizada ou reproduzida sem a autorização expressa da UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte e da UEPB - Universidade Estadual da Paraíba.

Governo Federal

Presidente da RepúblicaLuiz Inácio Lula da Silva

Ministro da EducaçãoFernando Haddad

Secretário de Educação a Distância – SEEDCarlos Eduardo Bielschowsky

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

ReitorJosé Ivonildo do Rêgo

Vice-ReitoraÂngela Maria Paiva Cruz

Secretária de Educação a DistânciaVera Lúcia do Amaral

Universidade Estadual da Paraíba

ReitoraMarlene Alves Sousa Luna

Vice-ReitorAldo Bezerra Maciel

Coordenadora Institucional de Programas Especiais - CIPEEliane de Moura Silva

Q3f Fundamentos sócio-filosóficos da educação/ Cecília Telma Alves Pontes de Queiroz, Filomena Maria Gonçalves da Silva Cordeiro Moita.– Campina Grande; Natal: UEPB/UFRN, 2007.

15 fasc.“Curso de Licenciatura em Geografia – EaD”. Conteúdo: Fasc. 1- Educação? Educações?; Fasc. 2 - Na rota da filosofia ... em busca de respostas; Fasc. 3 - Uma nova rota...sociologia; Fasc.4 - Nos mares da história da educação e da legislação educacional; Fasc. 5 - A companhia de Jesus e a educação no Brasil; Fasc. 6 – Reforma Pombalina da educação reflexos na educação brasileira; Fasc. 7 - Novos ventos... manifesto dos pioneiros da escola nova; Fasc. 8 – Ditadura militar, sociedade e educação no Brasil; Fasc. 9 - Tendências pedagógicas e seus pressupostos; Fasc. 10 – Novos paradigmas, a educação e o educador; Fasc. 11 – Outras rotas...um novo educador; Fasc. 12 – O reencantar: o novo fazer pedagógico; Fasc. 13 – Caminhos e (des)caminhos: o pensar e o fazer geográfico; Fasc. 14 – A formação e a prática reflexiva; Fasc. 15 – Educação e as TIC’s: uma aprendizagem colaborativa

ISBN: 978-85-87108-57-9

1. Educação 2. Fundamentos sócio-filosóficos 3. Prática Reflexiva 4. EAD I. Título.22 ed. CDD 370

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Central - UEPB

Coordenador de EdiçãoAry Sergio Braga Olinisky

Projeto GráficoIvana Lima (UFRN)

Revisora TipográficaNouraide Queiroz (UFRN)Thaísa Maria Simplício Lemos (UFRN)

IlustradoraCarolina Costa (UFRN)

Editoração de ImagensAdauto Harley (UFRN)Carolina Costa (UFRN)

DiagramadoresBruno de Souza Melo (UFRN)Dimetrius de Carvalho Ferreira (UFRN)Ivana Lima (UFRN)Johann Jean Evangelista de Melo (UFRN)

Revisores de Estrutura e LinguagemRossana Delmar de Lima Arcoverde (UEPB)

Revisoras de Língua PortuguesaMaria Divanira de Lima Arcoverde (UEPB)

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Aula 13  Fundamentos Sócio-filosóficos da Educação 1

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Copyright © 2007 Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste material pode ser utilizada ou reproduzida sem a autorização expressa da UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte e da UEPB - Universidade Estadual da Paraíba.

Apresentação

Uma das vertentes do processo educacional que vem sendo muito discutida, atualmente, é a que diz respeito ao fazer e pensar dos nossos educadores, estejam eles atuando na modalidade presencial ou no ensino a distância, na aprendizagem

aberta e/ou na educação continuada.

Associado a isso, já estudamos em outras rotas (aulas anteriores) que a educação não está só, ela sofre influência de aspectos econômicos, sociais e culturais, sejam eles mundiais, nacionais, regionais ou locais.

Vamos prosseguindo viagem nos mares da educação, desbravando os caminhos e (des)caminhos percorridos pela geografia. Nesta aula, vamos estudar a trajetória do ensino de geografia, visualizando o leque imenso de possibilidades que esta disciplina permite abordar. Vamos ver, também, que perfil de educador vem sendo construído e o que as novas tecnologias da informação e comunicação trazem de contribuição para esse fazer dos educadores de geografia.

ObjetivosAo final desta aula, esperamos que você chegue ao porto com condição de:

Conhecer as características do pensar e fazer dos nossos educadores;

Apontar quais devem ser os caminhos para o novo educador.

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Zarpando...Iniciaremos este trecho da nossa viagem com a fala de Francisco Gutiérrez (1999, p. 3):

“educar-se é impregnar de sentido as práticas da vida cotidiana”

Nosso companheiro de viagem fala da importância do educar e da prática pedagógica. Vale a pena voltar um pouco às aulas anteriores e refletir sobre o que já estudamos e pensar também o que temos vivenciado nas últimas duas décadas do século XX.

Muitas mudanças aconteceram, tanto no campo sócio-econômico e político, quanto no campo da cultura e, principalmente, da ciência e da tecnologia.

No que diz respeito a esta última, as transformações tecnológicas tornaram possível o surgimento da era da informação e da comunicação. Vive-se um tempo de expectativas, de perplexidade e da crise de concepções e paradigmas. Estamos iniciando a caminhada do novo milênio, um momento novo e rico de possibilidades.

Nessa realidade, não faz mais sentido aquele educador do passado. Temos que pensar sobre quais foram os caminhos e (des)caminhoos percorridos, no nosso caso, enquanto professores de geografia, sobre um fazer geográfico que atenda a essa nova realidade que vivenciamos.

Devemos, tal como Gadotti (1999) destacou na apresentação do livro de Gutiérrez (1999), educar desenvolvendo uma série de novas capacidades em nossos alunos, entre elas: “vibrar emocionalmente”, “inter-conectar-se” e “pensar em totalidade”.

Ser um cidadão crítico e consciente, que compreende, que se interessa, reclama e exige seus direitos, sejam eles ambientais, sociais, econômicos, culturais, educacionais. Tudo isso compreende obrigações éticas que temos e que nos vinculam à sociedade.

Esta nossa rota será divida em dois pequenos trechos (dois momentos)

No primeiro momento, vamos dar um mergulho na parte mais abrangente, que é o caminho do ensino da geografia, ou seja, mergulharemos um pouco na trajetória desse ensino e no segundo momento, faremos breve reflexão sobre o que vem acontecendo atualmente em sala de aula:

Momento 1 - Caminhos: a trajetória de um ensinoPara refletir sobre o ensino de geografia, temos que entender os caminhos percorridos

pela construção metodológica de seu currículo e qual a contribuição dessa para o universo do conhecimento de nossos alunos.

Positivismo

Positivismo é uma corrente sociológica cujo precursor foi o

francês Auguste Comte (1798-1857). Surgiu

como desenvolvimento sociológico do

Iluminismo, a que se associou a afirmação

social das ciências experimentais. Propõe à

existência humana valores completamente humanos,

afastando radicalmente teologia ou metafísica.

Segundo, Edmund Leach: “Positivismo é a visão de que o inquérito científico

sério não deveria procurar causas últimas que

derivem de alguma fonte externa mas sim confinar-

se ao estudo de relações existentes entre fatos que

são diretamente acessíveis pela observação.”

O Positivismo teve grande repercussão na segunda

metade do século XIX, mas, a partir da ação de grupos contrários

(marxistas, comunistas, fascistas, reacionários,

católicos, místicos), perdeu influência no

século XX.Disponível em: http://

pt.wikipedia.org/wiki Positivismo,

acesso em: 12agosto/2007.

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Atividade 1

Segundo os velhos manuais, a geografia incluiu-se como disciplina desde a Fundação do Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro, quando o professor Delgado Carvalho lhe garantiu um espaço no campo escolar.

Em 1934, na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo, foi fundado o departamento de Geografia. Uma geografia com um currículo marcado pelo positivismo, com fortes tendências de estudos regionais, e influenciada pela escola francesa de Vidal de La Blache, uma ciência que não era dos homens e dos lugares, mas com métodos e teorias de uma geografia tradicional, insuficientes para se aprender a complexidade do espaço. Surgem, então, críticas à metodologia tradicional. Paulo Freire, (se necessário, re-leia a aula1) nesse momento histórico, surge como grande expressão de resistência, apresentando uma pedagogia, uma prática pedagógica que levasse os alunos à construção de uma consciência crítica sobre a realidade vivida, sobre as contradições sociais.

A legislação educacional já foi abordada em outros trechos da nossa viagem. Neste trecho, vamos estudar como essa legislação se refletiu no ensinar e aprender da geografia.

Paulo Freire

Nasceu em Recife, é considerado um dos grandes educadores da atualidade e respeitado mundialmente. Publicou várias obras que foram traduzidas e comentadas em vários países. Suas primeiras experiências educacionais foram realizadas em 1962 em Angicos, no Rio Grande do Norte, onde 300 trabalhadores rurais se alfabetizaram em 45 dias. Algumas de suas principais obras: Educação como Prática de Liberdade, Pedagogia do Oprimido, Cartas à Guiné Bissau, Vivendo e Aprendendo, A importância do ato de ler.Pedagogia da Autonomia.Disponível em: http://www.centrorefeducacional.com.br/paulo.html, acesso em: 23abril/2007.

Como uma revisão de conteúdo, volte às aulas anteriores, pesquise e responda às questões:

a) Qual foi a primeira lei de diretrizes e bases e quais as influências na educação brasileira.

b) Qual a lei de diretrizes e bases atual. Cite os avanços em relação à anterior.

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No cenário político, dá-se o golpe de 1964 e a geografia inicia agora um caminho traçado pelo momento da ruptura representada pelo golpe, que se estendeu e materializou institucionalmente no final da década de 60, deixando o campo da educação marcado por atos institucionais, decretos e leis que montaram todo o cenário da política educacional.

Seguiu-se a década de 70, um período caracterizado por uma forte influência da perspectiva de análise reprodutivista, como estratégia de torná-la funcional ao sistema capitalista. Época em que a política educacional volta-se para a segurança e o desenvolvimento, apoiando-se em duas leis: a Lei 5.540/68, promulgada sob o signo da estratégia política do “autoritarismo desmobilizador”, e a Lei 5.692/71, divulgada em meio à euforia do governo Médici e do “milagre brasileiro”. Através delas, cumpria-se um duplo objetivo: a formação acadêmica (propedêutica) e a formação profissional.

A geografia não ficou fora desse contexto. Ela percorreu esses caminhos e as concepções de conhecimento presentes no interior de seus currículos, refletindo o caráter racionalista e compartimentalizado do conhecimento. Segundo Silva, Nelli (1990, p.5), nesse período, “a tendência tecnicista encontra receptividade na visão do currículo como ciência natural”, influenciada pela Teoria de Administração Científica de F. W. Taylor (1985) que, através dos estudos de Bobbit (1912) e de Charters e Snedden (1920), Counts (1923), desenvolveu uma proposta de modelo burocrático aplicável à teoria curricular.

Em 1978, a Associação dos Geógrafos Brasileiros promove, na cidade de Fortaleza, o IV Encontro Nacional de Geógrafos. Explode a crítica ao positivismo e à chamada geografia “tradicional”, uma discussão já iniciada por um grupo de pesquisadores, entre os quais, destacamos Milton Santos.

Vale salientar aqui que, apesar de toda a discussão no meio acadêmico, nas salas de aula da rede de ensino dos extintos 1 º e 2o graus, os professores seguiam antigas lições – uma herança de um regime educacional em que tudo vinha pronto: - conteúdos, objetivos e metodologias - era só seguir, sem questionar. Segundo Mascarin (1996, p. 68):

Médici

Emílio Garrastazu Médici, general que governou o

país durante o regime militar (1969/1974), sendo

o seu governo conhecido como os anos de chumbo

da ditadura, devido à violentíssima repressão

promovida à oposição durante seu governo.

Disponível em: http://elogica.br.inter.net/

crdubeux/hmedici.html, acesso em: 10maio/2007.

Milton Santos

Milton Almeida dos Santos foi advogado e um dos pensadores expoentes

da geografia brasileira após a década de 1970. Embora

pouco conhecido fora do meio acadêmico, alcançou

reconhecimento fora do país, tendo recebido, em

1994, o Prêmio Vautrin Lud, que é conferido por

universidades de 50 países. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/

Milton_santos, acesso em: 13julho/2007.

Prosseguindo na rota …

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uma época caracterizada por um abismo profundo, existente entre a produção do conhecimento na universidade e o conhecimento geográfico em uso no ensino fundamental e médio.

Inicia-se a década de 80, um marco negativo para a história do Brasil em diferentes aspectos. Foi considerada a década perdida, por viver um período de grande estagnação econômica, constatada com o aprofundamento da crise econômica, inflação desenfreada, aumento da dívida externa, agravamento das desigualdades, recessão, desemprego, desvalorização dos salários, aumento da violência na cidade e no campo, deteriorização dos serviços públicos (inclusive da escola pública em todos os níveis), greves, corrupção, falta de credibilidade do governo etc.

É nesse contexto de crise que a sociedade brasileira começa a se organizar e lutar por um Brasil com menos desigualdades sociais. Em todos os campos, a sociedade busca novas formas de organização para superar a crise econômica, social e política em que estava mergulhado o país. Esse fato deveu-se ao processo de redemocratização da sociedade. No campo educacional, os grandes seminários discutiam a necessidade de se pensar uma educação para além dos modelos transplantados dos Estados Unidos. A nova fase que o país começava a viver provocou significativas mudanças no campo do currículo, e “as influências de autores americanos diminuíram à medida que a de autores europeus aumentou”(MASCARIN, 1996, p. 161).

A nova perspectiva crítica adotada pelos educadores(as) brasileiros(as), entre eles, Santos, Saviani, Libâneo, Brandão, Saul, entre outros(as), escrevem sobre a forma de tratar como o conhecimento deveria ser selecionado, organizado e distribuído na sociedade, desencadeou grandes embates epistemológicos (se necessário volte e revise esse conceito na aula 11), com repercussões significativas no cenário educacional brasileiro.

Além dessas discussões acadêmicas, muita coisa surgiu no cenário educacional, no que diz respeito à legislação, na segunda metade da década de 90. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - Lei no. 9394/96 - sancionada em 20 de dezembro de 1996, foi fruto de várias tramitações, uma gestação penosa, como um parto-a-fórceps, em que a “mãe educação” sofreu, já que a criança nasceu descaracterizada de suas feições originais.

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Atividade 2

Após este estudo, vamos dar uma paradinha, para reflexão, pesquisa e busca de sentido. Vamos lançar nossa âncora…

Faça uma leitura atenta do texto e destaque a parte da legislação e suas implicações no ensinar e aprender ao longo da história do ensino de geografia. Retire um fragmento do texto de nossa aula, que você achou interessante e comente.

Na verdade, é nesse contexto em que as questões voltadas à educação e, sobretudo, à geografia nossa temática de discussão e seu currículo, enquanto espaço de construção do conhecimento, começam a se tornar cada vez mais polêmicas, arenas de verdadeiros embates em prol de uma maior eqüidade, como forma de garantir condições mínimas para que os atores(as) sociais possam, gradativamente, ir resgatando a sua cidadania.

Para a geografia, a produção acadêmica, nos últimos tempos, tem se dedicado a questões mais subjetivas, rompendo assim, tanto com o positivismo quanto com o marxismo, na busca de explicações mais plurais que promovam a interdisciplinaridade da geografia com outros campos do saber.

Superando a fragmentação do conhecimento, busca-se, então, uma geografia que não esteja centrada apenas na descrição empírica de paisagens, mas que trabalhe tanto com relações sócio-culturais da paisagem, quanto com os elementos físicos e biológicos que dela fazem parte, vislumbrando uma prática pedagógica que busque a explicação para que aconteça a compreensão.

Parafraseando Milton Santos (2000), a sociedade será sempre tomada como um referente, e como ela é sempre um processo e está sempre mudando, o contexto histórico acaba por ser determinante dos conteúdos da educação.

O Brasil mudou. Pergunta-se, então: E a geografia do ensino fundamental e médio e o fazer dos professores também mudaram? Será que o pensar e o fazer geográfico sofreram alterações?

Com tudo isso, perguntam vocês: Quais as implicações para o ensino de geografia?

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Momento 2 - (DES) CAMINHOS: O pensar e o fazer geográfico

Continuando a viagem, enfrentaremos agora ventos que nos levarão até resultados duma pesquisa realizada, pelos estudantes do doutorado da UFPB, no ano de XXXX, em várias escolas públicas da Paraíba e do Rio Grande do Norte, com o objetivo de traçar um breve diagnóstico, que nos dará uma visão dos (des)caminhos que vêm sendo percorridos, principalmente aqui, no Nordeste Brasileiro.

Após aquela viagem pela história, o que mudou afinal? Venham conosco! Vamos juntos, vamos desembarcar, ver os resultados obtidos durante a investigação.

Após visitar algumas escolas públicas de algumas cidades do Brejo Paraibano e do Rio Grande do Norte, uma visita que levou em conta o cotidiano de cada um, lento, mas persistente, lembramos Gutiérrez (1999, p. 61), quando afirma que, “se a pedagogia é um fazer, os caminhos que a ela conduzem são construídos e percorridos nesse fazer cotidiano

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Continuando a viagem...

Geográfico

MOITA, Filomena Maria Gonçalves da Silva Cordeiro. Caminhos e (des)caminhos do ensino de geografia. In: XIII Encontro Nacional de Geógrafos, 2002, João Pessoa. Por uma geografia nova na construção do Brasil. João Pessoa: AGB, 2002.

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e permanente”. Cabe ainda aqui recordar os versos do poeta espanhol António Machado: “se hace camino al andar” (se faz o caminho ao caminhar).

Seguindo essas perspectivas apontadas pelo autor, apresentamos os resultados da observação das aulas e da aplicação de questionários aos alunos do ensino fundamental de 5a a 8a séries, quando foi perguntado: “Qual a sua percepção sobre o ensino de geografia”?, nas cidades de Jacaraú, Borborema, Nova Cruz (RN), Guarabira, Solânea, Bananeiras, Dona Inês, Mamanguape e Araruna.

Perpassando o emaranhado de respostas nas mais diversas cidades, assim como as observações de cada grupo, está o fazer pedagógico dos professores que lecionam a disciplina de geografia. Ao investigar o real, a pesquisadora concluiu que o método utilizado permanece na linha tradicional. Os alunos foram quase que unânimes em afirmar que as aulas são “chatas e cansativas”, e “os assuntos são dados isolados, usando somente livro e quadro”.

Sem recursos, os professores acabam utilizando, segundo os alunos, “livros, mapas, e apostilas”. Outros declararam que “sentiam falta de um globo terrestre, pesquisa de campo e falta de debates”. Em outra escola, os alunos afirmaram que dispõem de um laboratório, “porém este ainda não está disponível aos alunos”(falas dos professores entrevistados durante pesquisa).

CAMINHAR: avaliando o processoVimos que novos ventos sopram e indicam uma nova direção para os cata-ventos da

educação. No entanto, as dificuldades apontadas pelos alunos, em todas as cidades, revelam uma uniformidade em suas queixas que nos permite uma visão panorâmica da realidade.

Diante desse quadro apresentado pela investigação, podemos concluir dessa nossa viagem que o fazer pedagógico sofreu poucas alterações apesar das mudanças na legislação atual.

Parafraseando Paulo Freire (2000), se mudar a legislação mudasse a metodologia em sala de aula, era só fazer leis que tudo estaria resolvido. Por isso se faz necessário questionar os conteúdos que compõem as diretrizes curriculares dos cursos de geografia e a metodologia empregada nas aulas.

Somos, muitas vezes, segundo Freire (2000, p.36), tentados a deixar as dificuldades que os caminhos “verdadeiros podem nos colocar”. Porém, ainda segundo o autor, “é pensando criticamente a prática de hoje ou de ontem que se pode melhorar a próxima prática”(2000, p.44), assim, ao nos encontrarmos no início do século XXI, estamos ainda com um quadro do ensino de geografia que se pode afirmar nada animador, e ainda, não conseguimos vislumbrar a “luz no final do túnel”.

Parafraseando Milton Santos (2002), em cada sociedade, a educação deve ser concebida para atender, ao mesmo tempo, ao interesse social e ao interesse dos indivíduos. É da combinação desses interesses que emergem os seus princípios fundamentais e são estes que devem nortear a elaboração dos conteúdos do ensino, as práticas pedagógicas e a relação da escola com a comunidade e com o mundo.

Milton Santos (2002)

SANTOS, Milton. Deficientes Cívicos. São

Paulo: Folha online. Disponível em: http://

www.uol.com.br/fol/brasil500/dc_3_9.htm,

acesso em: 23maio/2007

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Atividade 3

Reflita, discuta com seus colegas e tutor sobre as questões:

a) Será possível um trabalho efetivo no ensino de geografia, partindo da realidade próxima, num constante ir e vir dentro dessa realidade, rompendo com o positivismo e abandonando postulados conservadores?

b) Quais os novos caminhos que são apontados no texto?

c) Justifique sua resposta. Dê um exemplo.

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Aula 13  Fundamentos Sócio-filosóficos da Educação10 Aula 13  Fundamentos Sócio-filosóficos da Educação

Resumo

Auto-AvaliaçãoEssa é a hora da reflexão, da construção do seu DIÁRIO DE BORDO. Você fez a viagem, leu os textos, respondeu às atividades, visitou os sites, mas, com certeza, foi mais além. Para saber se você atingiu os objetivos realize a questão que se segue. Se tiver dúvidas, procure tirá-las voltando ao texto e buscando ajuda do tutor e/ou de colegas cursistas:

O ensinar e o aprender da geografia mudou ao longo da história? Faça uma síntese dessas mudanças explicando as causas e as conseqüências.

O QUE TROUXEMOS DESSE TRECHO DE NOSSA VIAGEM

Nessa rota, navegamos por vários canais e aprendemos que o fazer e o pensar pedagógico sofreu influências ao longo da história. Inicialmente uma geografia com um currículo marcado pelo positivismo, com fortes tendências de estudos regionais, influenciada pela escola francesa de Vidal de La Blache. Uma ciência que não era dos homens e dos lugares, mas com métodos e teorias de uma geografia tradicional, insuficiente para se aprender a complexidade do espaço. Veio a legislação que influenciou, mas não foi só ela que foi a causa das mudanças no ensinar e aprender. Afinal, você aprendeu que só a lei não é suficiente. Dessa forma, a legislação mudou, os tempos mudaram, com ele o mundo a sociedade, a educação e o ensino da geografia. Entre as mudanças, surgiram educadores com visões críticas, que apresentaram outras formas como o conhecimento deveria ser selecionado, organizado e distribuído na sociedade. Essas idéias desencadearam grandes embates epistemológicos, com repercussões significativas no cenário educacional brasileiro que apontaram novos caminhos para o cenário educacional.

Acreditamos que é necessário “utopia”. Parece que, para fazer acontecer, temos que mergulhar na investigação do real, das relações sociais contraditórias e todas as suas imbricações. Enfim, temos que avançar na busca de novos caminhos para o ensino da geografia, porque, na verdade,

Eu vejo o futuro repetir o passadoEu vejo um museu de grandes novidades

O tempo não pára, não pára...

Utopia

Utopia algo irrealizável, inatingível.

O tempo não pára, não pára...

Versos da música “O tempo não pára” de Arnaldo

Brandão e Cazuza (CD Cazuza ao vivo, Rio de

Janeiro , Polygran – Philips, 1988.

Disponível em: whiplash.net/materias/bandas/cazuza.

html, acesso em: 25junho/2007.

Enfim chegamos ao final desta rota.

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Aula 13  Fundamentos Sócio-filosóficos da Educação Aula 13  Fundamentos Sócio-filosóficos da Educação 11

Leituras ComplementaresA seguir você encontra um vídeo sobre Milton Santos, disponível no site http://www.

nossosaopaulo.com.br/Reg_SP/Educacao/MiltonSantos.htm. Uma leitura a mais, uma nova interface, para complementar o estudo realizado nesta aula.

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Milton Santos

Milton Santos. Baiano de Brotas de Macaúbas – Bahia. Geógrafo e livre pensador brasileiro, dizia que a maior coragem, nos dias atuais, é pensar, coragem que sempre teve. Disponível em: http://www.nossosaopaulo.com.br/Reg_SP/Educacao/MiltonSantos.htm, acesso em: 25 maio/2007.

Encontro com Milton Santos

Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=IzTjR_X47pc, acesso em: 27 de maio/2007.

Encontro com Milton Santos

O vídeo apresenta imagens e uma entrevista com Milton Santos. Em resumo o vídeo mostra que devemos considerar a existência de três mundos: um mundo como nos fazem ver; um mundo que se apresenta tal como ele é, um terceiro mundo como pode ser, uma terceira globalização.

http://www.youtube.com/watch?v=IzTjR_X47pc

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Aula 13  Fundamentos Sócio-filosóficos da Educação12

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