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CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROF. VICENTE PAULO www.pontodosconcursos.com.br 1 AULA Nº 11: CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE DAS LEIS Iniciaremos, hoje, os comentários às questões sobre controle de constitucionalidade das leis, assunto que certamente representa o maior grau de dificuldade nas provas de Direito Constitucional. Digo isso pela minha experiência em sala de aula, em que ministro esse assunto em quatro encontros semanais de quase quatro horas cada um, e no final ainda tem gente não sabendo a distinção entre uma ação direta e um mandado de segurança! Explico e explico as distinções entre as vias con centrada e difusa e, ao final das aulas, ainda tem candidato criando uma terceira via, que eu chamo de via confusa! Bem, a explicação para isso é muito simples. O assunto controle de constitucionalidade, dentre todos os estudados no Direito Constitucional, é certamente aquele que está mais distante do nosso dia-a-dia. Se o candidato não for bacharel em Direito, se não praticar atividade forense, certamente ele ouvirá pela primeira vez expressões do tipo amicus curiae, eficácia erga omnes, inconstitucionalidade pro futuro – e tantas outras que são próprias, usuais no estudo do controle de constitucionalidade. Moral da história: o assunto controle de constitucionalidade das leis exige um estudo acurado, sem pressa. Você deve estudá-lo como se fosse uma disciplina à parte, que exigirá de você uma visão de todo o sistema de fiscalização da validade das leis. Não adianta ficar decorando aqui e ali, sem entender o todo, sem saber do que está falando! Portanto, conselho de amigo: se você ainda não fez esse estudo tranqüilo, que o faça agora, antes de iniciar a resolução dos exercícios desta aula – senão os meus comentários soarão como grego para você (e não há nenhuma expressão grega nesse assunto, há muitas em latim!). Mas, como sempre, todo o esforço tem a sua recompensa! Quem acerta uma questão difícil sobre controle de constitucionalidade numa prova passa na frente de milhares de candidatos! Ora, em diversos outros assuntos do Direito Constitucional – processo legislativo etc. – os candidatos estão praticamente nivelados, porque são tópicos de fácil aprendizado, que só exigem uma boa leitura e capacidade de memorização! Agora, em controle de constitucionalidade a coisa é diferente, o que contará na hora da prova será a condição que você teve de entender (e não decorar!) o assunto, principalmente quando a questão é apresentada nas famosas situações hipotéticas, nos casos práticos! Quem só decorou, dançou! Quem entendeu, passou! Escolha agora em que grupo você quer ficar – e bons estudos! 1) (ESAF/EPPGG/MPOG/2005) Assinale a opção correta.

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CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PROF. VICENTE PAULO

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AULA Nº 11: CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE DAS LEIS

Iniciaremos, hoje, os comentários às questões sobre controle de constitucionalidade das leis, assunto que certamente representa o maior grau de dificuldade nas provas de Direito Constitucional.

Digo isso pela minha experiência em sala de aula, em que ministro esse assunto em quatro encontros semanais de quase quatro horas cada um, e no final ainda tem gente não sabendo a distinção entre uma ação direta e um mandado de segurança! Explico e explico as distinções entre as vias concentrada e difusa e, ao final das aulas, ainda tem candidato criando uma terceira via, que eu chamo de via confusa!

Bem, a explicação para isso é muito simples. O assunto controle de constitucionalidade, dentre todos os estudados no Direito Constitucional, é certamente aquele que está mais distante do nosso dia-a-dia. Se o candidato não for bacharel em Direito, se não praticar atividade forense, certamente ele ouvirá pela primeira vez expressões do tipo amicus curiae, eficácia erga omnes, inconstitucionalidade pro futuro – e tantas outras que são próprias, usuais no estudo do controle de constitucionalidade.

Moral da história: o assunto controle de constitucionalidade das leis exige um estudo acurado, sem pressa. Você deve estudá-lo como se fosse uma disciplina à parte, que exigirá de você uma visão de todo o sistema de fiscalização da validade das leis. Não adianta ficar decorando aqui e ali, sem entender o todo, sem saber do que está falando!

Portanto, conselho de amigo: se você ainda não fez esse estudo tranqüilo, que o faça agora, antes de iniciar a resolução dos exercícios desta aula – senão os meus comentários soarão como grego para você (e não há nenhuma expressão grega nesse assunto, há muitas em latim!).

Mas, como sempre, todo o esforço tem a sua recompensa! Quem acerta uma questão difícil sobre controle de constitucionalidade numa prova passa na frente de milhares de candidatos! Ora, em diversos outros assuntos do Direito Constitucional – processo legislativo etc. – os candidatos estão praticamente nivelados, porque são tópicos de fácil aprendizado, que só exigem uma boa leitura e capacidade de memorização! Agora, em controle de constitucionalidade a coisa é diferente, o que contará na hora da prova será a condição que você teve de entender (e não decorar!) o assunto, principalmente quando a questão é apresentada nas famosas situações hipotéticas, nos casos práticos! Quem só decorou, dançou! Quem entendeu, passou! Escolha agora em que grupo você quer ficar – e bons estudos!

1) (ESAF/EPPGG/MPOG/2005) Assinale a opção correta.

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a) Os tribunais de justiça nos Estados podem desempenhar o controle abstrato de leis estaduais e municipais em face diretamente da Constituição Federal.

b) Somente o Supremo Tribunal Federal (STF) é competente para desempenhar o controle incidental de constitucionalidade no Brasil.

c) Qualquer indivíduo que tenha sofrido afronta a um direito fundamental pode ajuizar uma ação por descumprimento de preceito fundamental, perante o STF, desde que tenha exaurido os meios ordinários para restaurar o seu direito.

d) As decisões de mérito do Supremo Tribunal Federal, tanto na ação direta de inconstitucionalidade como na ação declaratória de constitucionalidade, possuem efeito vinculante para os demais tribunais e para a Administração Pública, independentemente de a decisão ser sumulada pela Corte.

e) Em nenhum caso, decisão administrativa de tribunais ou as normas do seu regimento interno podem ser objeto de ação direta de inconstitucionalidade.

Gabarito: “D”

A assertiva “A” trata do controle abstrato nos estados-membros, mas, antes de chegarmos ao controle abstrato nos estados, vamos revisar, sucintamente, as duas vias de controle de constitucionalidade no Brasil: a via concreta e a via abstrata.

No controle de constitucionalidade no Brasil, uma lei pode ser impugnada em concreto (diante de ofensa a direito, em determinado caso concreto submetido à apreciação do Poder Judiciário), ou em abstrato (quando a lei é impugnada “em tese”, sem vinculação a um caso concreto).

No controle concreto, qualquer pessoa prejudicada por uma lei pode requerer, em qualquer processo concreto submetido à apreciação do Poder Judiciário, perante qualquer juiz ou tribunal, a declaração da inconstitucionalidade dessa lei, com o fim de afastar a sua aplicação a esse caso concreto (eficácia inter partes).

Os pontos importantes dessa noção sobre controle concreto são os seguintes: (a) legitimação ativa: qualquer pessoa prejudicada pela lei; (b) competência para realizar o controle: qualquer juiz ou tribunal do Poder Judiciário, no âmbito de sua competência; (c) ações do controle: qualquer processo submetido à apreciação do Poder Judiciário, exceto as ações do controle abstrato; (d) eficácia da decisão do Poder Judiciário: eficácia somente para as partes do processo (inter partes).

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No controle abstrato, somente os legitimados pela Constituição poderão requerer, numa ação especial, submetida à apreciação do tribunal de cúpula do Poder Judiciário, a declaração da constitucionalidade ou da inconstitucionalidade de uma lei, em tese, com o fim de proteger a harmonia do ordenamento jurídico, com eficácia geral (erga omnes).

Os pontos importantes dessa noção sobre controle abstrato são os seguintes: (a) legitimação: somente os legitimados pela Constituição; (b) competência para realizar o controle: somente os tribunais de cúpula do Poder Judiciário (STF e TJ); (c) ações do controle: ADIN, ADIN POR OMISSÃO, ADECON e ADPF; (d) eficácia da decisão do Poder Judiciário: eficácia geral, atingindo todos os destinatários da lei (erga omnes).

Temos dois tipos de controle abstrato no Brasil: um perante o Supremo Tribunal Federal (STF) e outro perante os Tribunais de Justiça (TJ).

Cuidado! É importantíssimo você saber separá-los bem na hora da prova! Sério mesmo, trata-se de um dos pontos mais cobrados em concurso sobre controle de constitucionalidade! Todo examinador sabe da confusão que os candidatos tendem a fazer com esses dois controles abstratos!

No STF, o controle abstrato é realizado por meio de quatro ações especiais, cada qual com objeto distinto, a saber:

a) ADECON: nessa ação, o STF aprecia leis e atos normativos federais em face da CF;

b) ADIN: nessa ação, o STF aprecia leis e atos normativos federais, estaduais e do Distrito Federal (desde que referentes à competência estadual) em face da CF;

c) ADIN POR OMISSÃO: nessa ação, o STF aprecia omissões federais, estaduais e do Distrito Federal (desde que referentes à competência estadual) quanto ao dever de regulamentar direito previsto na CF;

d) ADPF: nessa ação, o STF aprecia leis e atos normativos federais, estaduais, distritais e municipais em face da CF.

No TJ, o controle abstrato é de normas estaduais e municipais em face da Constituição Estadual, conforme prevê o art. 125, § 2º, da Constituição Federal. Esse controle – de normas estaduais e municipais em confronto com a Constituição Estadual – será realizado nas ações abstratas que o Estado decidir instituir na sua Constituição. Poderão os Estados instituir todas as ações do controle abstrato hoje existentes perante o STF (ADIN, ADIN POR OMISSÃO, ADECON e ADPF), mas o ente federado não está obrigado a instituir todas elas.

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Observe que o STF realiza controle abstrato em face da Constituição Federal, enquanto o TJ realiza controle abstrato em confronto com a Constituição Estadual.

Feita essa sucinta revisão (os detalhes sobre esses controles serão estudados ao longo desta aula, nos comentários aos exercícios), passemos aos comentários da questão da Esaf.

A assertiva “A” está errada porque os tribunais de justiça não realizam controle abstrato em face da Constituição Federal. Eles só dispõem de competência para realizar controle abstrato de normas estaduais e municipais em face da Constituição Estadual (art. 125, § 2º). A competência para a realização de controle abstrato em confronto com a Constituição Federal é exclusiva do STF.

A assertiva “B” está errada porque o controle incidental (concreto) é realizado por qualquer tribunal ou juiz do Poder Judiciário. Diante de um caso concreto, qualquer juiz ou tribunal do Poder Judiciário pode declarar a inconstitucionalidade de uma lei, para afastar a sua aplicação a esse caso concreto.

A assertiva “C” está errada porque a argüição de descumprimento de preceito fundamental – ADPF só pode ser proposta por um dos legitimados pela Constituição, enumerados no art. 103, I ao IX, da Constituição. Todas as ações do controle abstrato perante o STF têm os mesmos legitimados, que são os apontados no art. 103, I ao IX, da Constituição.

A assertiva “D” está certa, porque, de fato, as decisões de mérito do STF na ADIN e na ADECON possuem efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à Administração Pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual, distrital e municipal (art. 102, § 2º).

Significa dizer que nenhum outro órgão do Poder Judiciário, ou nenhum órgão ou entidade da Administração Pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual, distrital ou municipal poderá desrespeitar a decisão do STF em ADIN e ADECON. Se o STF declarou a inconstitucionalidade, não poderão os demais órgãos do Poder Judiciário ou a Administração Pública dar aplicação à lei. Se o STF declarou a constitucionalidade, não poderão os demais órgãos do Poder Judiciário ou a Administração Pública negar aplicação à lei.

Importante destacar que o efeito vinculante das decisões do STF não alcança o próprio STF, nem o Poder Legislativo, no tocante à função legislativa. Significa dizer que a declaração da inconstitucionalidade de uma lei em ADIN ou ADECON pelo STF não impede que o Poder Legislativo edite nova norma de conteúdo semelhante.

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Veja que a parte final do enunciado diz “independentemente de a decisão ser sumulada pela Corte”. Não há que se falar em aprovação de súmula para as decisões do STF no controle abstrato. Por que não? Ora, se as próprias decisões do STF no controle abstrato já são dotadas, por si sós, de eficácia erga omnes e efeito vinculante, qual seria o sentido de se aprovar uma súmula sobre a matéria? Entenderam? Seria “chover no molhado” aprovar uma súmula vinculante para uma decisão que já é, por si só, dotada de efeito vinculante!

A assertiva “E” está errada porque regimentos e decisões administrativas dos tribunais do Poder Judiciário, que possuam conteúdo normativo, podem ser impugnados em ADIN perante o STF.

Cuidado! Embora a denominação do instituto seja “controle de constitucionalidade das leis”, não é correto afirmar que somente as leis em sentido estrito (isto é, aprovadas pelo Legislativo e sancionadas pelo chefe do Executivo) podem ser objeto de controle de constitucionalidade. Atos administrativos em geral, que possuam conteúdo normativo, também podem ser objeto de controle de constitucionalidade, inclusive por meio de ADIN.

A título de exemplo, cito as seguintes espécies normativas que podem ser impugnadas em ADIN perante o STF, desde que possuam conteúdo normativo:

a) emendas à Constituição Federal, bem assim dispositivos da Constituição dos Estados-membros;

b) leis federais e estaduais (ordinárias, complementares, delegadas) ou do Distrito Federal, desde que no desempenho de atribuições estaduais;

c) tratados internacionais;

d) medidas provisórias federais e estaduais;

e) decretos do Presidente da República e do Governador de Estado (desde que não sejam regulamentares);

f) decretos legislativos que aprovem tratados internacionais;

g) decretos do Presidente da República que promulguem os tratados e convenções internacionais;

h) decretos legislativos do Congresso Nacional que suspendam a execução dos atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites da delegação legislativa, nos termos do art. 49, V, da CF;

i) regimentos dos tribunais do Poder Judiciário;

j) atos de pessoa jurídica de Direito Público da União e dos Estados;

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l) pareceres normativos do Poder Executivo aprovados pelo Presidente da República ou pelo Governador de Estado;

m) resoluções e decisões administrativas dos tribunais do Poder Judiciário.

2) (ESAF/EPPGG/MPOG/2005) Uma lei declarada inconstitucional pelo STF em sede de ação direta de inconstitucionalidade, como regra geral,

a) não pode ser reeditada pela Casa Legislativa que a votou, sob pena de ofensa à autoridade da decisão da Suprema Corte.

b) é considerada inválida desde quando editada, e, portanto, desde antes da decisão do STF.

c) somente deixa de produzir efeitos jurídicos a partir do trânsito em julgado da decisão do STF.

d) somente é considerada excluída do ordenamento jurídico depois de suspensa a sua vigência pelo Senado Federal.

e) somente deixa de ser considerada válida nas relações jurídicas de que faça parte o autor da ação.

Gabarito: “B”

Essa questão nos remete ao estudo dos efeitos da decisão do STF em ADIN.

Em regra, a decisão do STF em ADIN é dotada de:

a) eficácia erga omnes – alcança todos os destinatários da lei;

b) efeitos ex tunc – a decisão retroage à data da edição da lei, reconhecendo a invalidade da lei desde o seu nascimento;

c) efeito vinculante – os demais órgãos do Poder Judiciário e a Administração Pública direta e indireta nas esferas federal, estadual, distrital e municipal não poderão desrespeitar a decisão firmada pelo STF;

d) efeito repristinatório tácito – a declaração da inconstitucionalidade da lei torna aplicável a legislação anterior acaso existente, que havia sido revogada pela lei agora declarada inconstitucional.

Entretanto, por razões de segurança jurídica ou diante de relevante interesse social, poderá o STF, ao proclamar a inconstitucionalidade, desde que por deliberação de dois terços dos seus membros:

a) restringir os efeitos da sua decisão – restringir o alcance geral (eficácia erga omnes) ou o efeito repristinatório tácito da sua decisão, por exemplo;

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b) outorgar efeitos ex nunc à sua decisão – afastar a retroatividade da sua decisão (efeitos ex tunc), preservando a validade dos efeitos já produzidos pela norma, fixando que a pronúncia de inconstitucionalidade só vale daí por diante;

c) fixar um outro momento para o início da eficácia da sua decisão – poderá entender o STF que o melhor momento para o início da eficácia da sua decisão não é a data de edição da lei (ex tunc), nem a data da declaração da inconstitucionalidade (ex nunc), mas sim um outro momento, que será fixado pelo STF na sua decisão.

Feita essa breve revisão, passemos ao exame das assertivas da questão.

A assertiva “A” está errada porque o efeito vinculante das decisões do STF não alcança o Poder Legislativo, isto é, não impede o Poder Legislativo de editar nova norma de conteúdo semelhante ao daquela que foi declarada inconstitucional em ADIN.

A assertiva “B” está certa, porque, como vimos, em regra, a declaração de inconstitucionalidade em ADIN produz efeitos retroativos (ex tunc), tornando a lei inválida desde o seu nascimento.

A assertiva “C” está errada porque a outorga de efeitos não-retroativos (ex nunc) à decisão em ADIN é medida excepcional, que só pode ser firmada por motivos de segurança jurídica ou diante de relevante interesse social, por dois terços dos integrantes do STF. A regra continua sendo a outorga de efeitos retroativos (ex tunc) à decisão em ADIN.

A assertiva “D” está errada porque não há atuação do Senado Federal nas ações do controle abstrato do STF. A possibilidade de suspensão da execução da lei declarada definitivamente inconstitucional pelo STF só existe no controle concreto (CF, art. 52, X). Não faz sentido falar-se em atuação do Senado no controle abstrato, haja vista que a sua função no controle concreto é conferir eficácia erga omnes à decisão do STF que, até então, só produzia eficácia inter partes. Ora, no controle abstrato, as próprias decisões do STF já são dotadas, por si sós, de eficácia erga omnes, não fazendo sentido, portanto, falar-se em outorga dessa eficácia pelo Senado Federal.

A assertiva “E” está errada porque diz que a lei declarada inconstitucional pelo STF em ADIN somente deixa de ser considerada válida nas relações jurídicas de que faça parte o autor da ação, o que não é verdade, haja vista que a decisão em ADIN é dotada de eficácia geral (erga omnes), alcançando todos os destinatários da lei. Se a lei foi declarada inconstitucional, será ela retirada do ordenamento jurídico, e

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essa eficácia vale para todos os brasileiros que até então estavam sujeitos à sua aplicação.

3) (ESAF/APO/MPOG/2005) Sobre controle de constitucionalidade perante a Constituição Federal, assinale a opção correta.

a) Compete ao Supremo Tribunal Federal processar e julgar originariamente a ação direta de inconstitucionalidade e a ação declaratória de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual.

b) Compete ao Supremo Tribunal Federal julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância quando a decisão recorrida julgar inconstitucional lei ou ato de governo local contestado em face da Constituição Federal.

c) Compete ao Supremo Tribunal Federal julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância quando a decisão recorrida julgar inválida lei local contestada em face de lei federal.

d) Para que o Supremo Tribunal Federal admita recurso extraordinário, é preciso que o recorrente demonstre a repercussão geral da questão constitucional discutida no caso concreto; porém, a recusa, pelo Tribunal, da admissão do recurso extraordinário só poderá ocorrer pela manifestação de dois terços de seus membros.

e) As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal nas ações diretas de inconstitucionalidade, por força de expressa determinação constitucional, produzirão eficácia contra todos e efeito vinculante, apenas no âmbito da administração pública direta e indireta federal.

Gabarito: “D”

A assertiva “A” está errada porque a ADECON não admite lei ou ato normativo estadual como seu objeto, mas somente lei ou ato normativo federal (CF, art. 102, I, a).

As assertivas “B” e “C” estão erradas porque apresentam duas hipóteses de cabimento de recurso extraordinário não previstas no texto da Constituição. Determina a Constituição que cabe ao STF julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância, quando a decisão recorrida (art. 102, III):

i) contrariar dispositivo desta Constituição;

ii) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal;

iii) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face desta Constituição.

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iv) julgar válida lei local contestada em face de lei federal.

Como se vê, as duas hipóteses apresentadas nas assertivas “B” e “C” – “julgar inconstitucional lei ou ato de governo local contestado em face da Constituição Federal” e “julgar inválida lei local contestada em face de lei federal” – não estão presentes no texto da Constituição.

A assertiva “D” está certa, e trata de uma inovação introduzida pela EC nº 45/2004 (Reforma do Judiciário), que é a exigência de comprovação de repercussão geral para a interposição de recurso extraordinário perante o STF. Essa regra está apresentada no art. 102, § 3º, da Constituição, nestes termos:

“No recurso extraordinário o recorrente deverá demonstrar a repercussão geral das questões constitucionais discutidas no caso, nos termos da lei, a fim de que o Tribunal examine a admissão do recurso, somente podendo recusá-lo pela manifestação de dois terços de seus membros”.

Essa regra deve ser assim entendida: (a) na interposição do recurso extraordinário, o recorrente deverá demonstrar a repercussão geral das questões constitucionais discutidas no caso, nos termos da lei; (b) se o STF entender que o autor não conseguiu comprovar essa repercussão geral, poderá recusar o recurso extraordinário; (c) porém, para que o STF recuse o recurso extraordinário por esse motivo – ausência da comprovação da repercussão geral – será necessária a manifestação de oito Ministros (dois terços dos membros do STF).

O intuito dessa exigência constitucional é evitar que cheguem ao STF, mediante recurso extraordinário, casos concretos sem nenhuma relevância jurídica, como acontece hoje em dia (briga de vizinhos, canelada em sogra etc.). Agora, o recorrente deve comprovar que a questão constitucional discutida no recurso extraordinário extrapola o caso concreto, possuindo a tal repercussão geral. Se o STF entender que não houve essa comprovação, poderá recusar o recurso extraordinário, desde que haja manifestação de dois terços dos seus membros nesse sentido.

A assertiva “E” está errada porque as decisões do STF em ADIN, por força de expressa determinação constitucional, produzirão eficácia contra todos (erga omnes) e efeito vinculante relativamente aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal (CF, art. 102, § 2º).

4) (ESAF/ANALISTA/MPU/2004) Somente o Supremo Tribunal Federal pode julgar, em abstrato, a constitucionalidade de uma lei em face da Constituição Federal.

Item CERTO.

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Compete exclusivamente ao STF realizar controle abstrato em face da Constituição Federal. Os TJ também realizam controle abstrato, mas somente em face da Constituição Estadual (CF, art. 125, § 2º).

5) (ESAF/ANALISTA/MPU/2004) Decidido pelo STF, em ação direta de inconstitucionalidade, que uma lei é inconstitucional, nenhum outro órgão do Judiciário pode decidir em sentido contrário, qualquer que seja o processo que esteja analisando.

Item CERTO.

Determina a Constituição que as decisões do STF nas ações diretas de inconstitucionalidade e nas ações declaratórias de constitucionalidade produzirão eficácia contra todos e efeito vinculante, relativamente aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal (art. 102, § 2º).

Logo, nenhum outro órgão do Poder Judiciário (e também da Administração Pública) poderá decidir em sentido contrário ao que foi decidido pelo STF em ADIN.

6) (ESAF/ANALISTA/MPU/2004) Os Tribunais de Justiça dos Estados não podem declarar a inconstitucionalidade de lei federal.

Item ERRADO.

Os tribunais de justiça não podem declarar a inconstitucionalidade de lei federal somente no controle abstrato (CF, art. 125, § 2º).

No controle difuso, em casos concretos submetidos à sua apreciação, os tribunais de justiça podem declarar a inconstitucionalidade de lei municipal, estadual ou federal.

Fixe bem estas duas idéias: (a) os tribunais de justiça não realizam controle abstrato em face da Constituição Federal (controle concreto eles podem realizar normalmente, tanto em face da Constituição Estadual, quanto em face da Constituição Federal); (b) os tribunais de justiça não têm competência para declarar a inconstitucionalidade de lei federal no controle abstrato (no controle concreto eles podem declarar a inconstitucionalidade de lei federal, estadual ou municipal).

7) (ESAF/ANALISTA/MPU/2004) Todos os legitimados para propor ação direta de inconstitucionalidade perante o Supremo Tribunal Federal também o são para ajuizar ação declaratória de constitucionalidade perante a mesma Corte.

Item CERTO.

A EC nº 45/2004 igualou a legitimação ativa em todas as ações do controle abstrato perante o STF. Logo, os legitimados enumerados no

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art. 103, I ao IX, da Constituição podem propor todas as ações do controle abstrato perante o STF (ADIN, ADIN POR OMISSÃO, ADECON e ADPF).

8) (ESAF/AFC/STN/2005) Sobre controle de constitucionalidade, assinale a única opção correta.

a) Caberá recurso extraordinário da decisão de Tribunal que declarar a inconstitucionalidade de lei federal ou que julgar válida lei estadual ou municipal contestada em face de lei federal.

b) Da decisão, em representação de inconstitucionalidade, proposta perante Tribunal de Justiça, que considerar inconstitucional uma lei municipal, contestada em face de dispositivo da constituição estadual que é mera reprodução de dispositivo da constituição federal, caberá, segundo a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, recurso extraordinário.

c) As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal, nas ações diretas de inconstitucionalidade produzirão, por força de expressa determinação constitucional, eficácia contra todos e efeito vinculante, relativamente aos demais Poderes e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal.

d) No recurso extraordinário, o recorrente deverá demonstrar a repercussão geral das questões constitucionais discutidas no caso, para que o Supremo Tribunal Federal examine a admissão do recurso, só sendo admitido o recurso que obtiver manifestação favorável de dois terços dos membros do Tribunal.

e) É cabível a ação declaratória de constitucionalidade em relação à lei ou ato normativo federal ou estadual, tendo legitimidade para a sua propositura, apenas, o Presidente da República, o Procurador-Geral da República e as Mesas do Senado Federal e da Câmara dos Deputados.

Gabarito: questão ANULADA, por conter duas assertivas certas.

Embora essa questão tenha sido anulada pela Esaf, devemos examiná-la, porque suas assertivas são ótimas (a anulação ocorreu, unicamente, porque há duas assertivas certas).

A assertiva “A” está certa porque a EC nº 45/2004 introduziu essa nova possibilidade de cabimento do recurso extraordinário, ao dispor que cabe ao STF julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância, quando a decisão recorrida julgar válida lei local contestada em face de lei federal (art. 102, III, d).

Muito cuidado com esse acréscimo de competência do STF na hora da prova! Mas, muito cuidado mesmo!

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Por que?

Porque a competência repassada ao STF foi, tão somente, para examinar controvérsia, em recurso extraordinário, quando a decisão recorrida julgar válida lei local contestada em face de lei federal.

A competência será do STF somente se o conflito envolver lei (ato legislativo, em sentido estrito) local contestada em face de lei federal. Se o conflito for de ato (atos administrativos em geral) de governo local contestado em face de lei federal, a competência é do Superior Tribunal de Justiça - STJ, em recurso especial (CF, art. 105, III, b).

A assertiva “B” está certa porque, segundo a jurisprudência do STF, na hipótese de ajuizamento de ADIN perante o TJ com a alegação de ofensa à norma constitucional estadual que reproduz dispositivo da Constituição Federal de observância obrigatória pelos Estados, contra a decisão do TJ é cabível a interposição de recurso extraordinário para o STF.

Vejamos um exemplo. Suponha que uma lei – estadual ou municipal - seja impugnada em ADIN perante o TJ, com a alegação de ofensa ao artigo 40 da Constituição do Estado. Suponha, agora, que esse artigo 40 da Constituição do Estado seja mera reprodução de dispositivo da Constituição Federal (sabemos que diversas regras previstas na CF são de reprodução obrigatória pela Constituição do Estado). Nessa hipótese, o TJ apreciará a ADIN, firmando sua posição sobre a validade da lei, sendo cabível, contra a sua decisão, a interposição de recurso extraordinário para o STF.

Um outro ponto importante sobre esse recurso extraordinário. Segundo a jurisprudência do STF, a sua decisão nesse recurso extraordinário contra decisão do TJ em ADIN terá eficácia geral (erga omnes), por se tratar de controle abstrato, eficácia essa que se estende a todo o território nacional.

Essa eficácia erga omnes é importante porque, em decorrência dela, a decisão do STF nesse recurso extraordinário, caso seja declarada a inconstitucionalidade da norma, não será comunicada ao Senado Federal, para os efeitos do art. 52, X, da Constituição Federal. Afinal, se a própria decisão do STF já é dotada de eficácia erga omnes, retirando a norma do ordenamento jurídico, não há que se falar em suspensão da execução dessa norma pelo Senado Federal.

Em resumo:

i) cabe recurso extraordinário para o STF contra decisão do TJ no controle abstrato sempre que a norma da Constituição Estadual eleita como parâmetro para a declaração da inconstitucionalidade da norma

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estadual ou municipal impugnada for de reprodução obrigatória da Constituição Federal;

ii) a decisão do STF nesse recurso extraordinário é dotada de eficácia erga omnes, razão pela qual não será comunicada ao Senado Federal, para os fins do art. 52, X, da Constituição Federal.

A assertiva “C” está errada porque afirma que o efeito vinculante da decisão do STF em ADIN alcança os demais Poderes, e, como vimos, o Poder Legislativo não é alcançado por essa força vinculante.

Na verdade, o efeito vinculante alcança os demais órgãos do Poder Judiciário e a Administração Pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal (CF, art. 102, § 2º). Não são atingidos pelo efeito vinculante o próprio STF e o Poder Legislativo.

A assertiva “D” está errada porque a deliberação de dois terços dos membros do STF é para recusar o recurso extraordinário, e não para admiti-lo. É o que estabelece o § 3º do art. 102 da Constituição Federal, incluído pela EC nº 45/2004, nos termos seguintes:

“No recurso extraordinário o recorrente deverá demonstrar a repercussão geral das questões constitucionais discutidas no caso, nos termos da lei, a fim de que o Tribunal examine a admissão do recurso, somente podendo recusá-lo pela manifestação de dois terços de seus membros.”

Veja que a exigência de dois terços é para a recusa do recurso extraordinário, e não para a aceitação. A regra continua sendo a aceitação do recurso extraordinário. Para que o STF recuse o recurso extraordinário, pela não-comprovação da “repercussão geral” das questões constitucionais nele discutidas, serão necessários votos de oito Ministros (dois terços do Tribunal).

A assertiva “E” está errada porque não cabe ADECON contra lei ou ato normativo estadual, mas somente contra lei ou ato normativo federal (CF, art. 102, I, a).

9) (ESAF/AFC/CGU/2003) A extrapolação, pelo Poder Executivo, no uso do seu poder regulamentar, caracteriza, segundo a jurisprudência do STF, uma ilegalidade e não uma inconstitucionalidade, uma vez que não há ofensa direta à literalidade de dispositivo da Constituição.

Item CERTO.

Sabe-se que cabe ao chefe do Executivo - nas esferas federal, estadual e municipal - expedir decretos e regulamentos para a fiel execução das leis (CF, art. 84, IV). Trata-se do denominado poder regulamentar do chefe do Executivo.

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Sabe-se, também, que no exercício do poder regulamentar o chefe do Executivo não pode extrapolar os limites da lei, isto é, não pode inovar, indo além do conteúdo da lei. Afinal, o poder regulamentar, como a própria denominação indica, é para regulamentar o conteúdo da lei, com o fim de facilitar a sua execução, e não para extrapolar esse conteúdo legal.

Segundo a jurisprudência do STF, se o decreto regulamentar extrapolar o conteúdo da lei regulamentada teremos um mero caso de ilegalidade, e não uma inconstitucionalidade, haja vista tratar-se de conflito entre ato regulamentar e lei regulamentada, sem ofensa direta à Constituição Federal.

Aliás, é exatamente por esse motivo – conflito entre ato regulamentar e lei regulamentada é caso de ilegalidade, e não de inconstitucionalidade, pois não há ofensa direta à Constituição – que o STF não admite a aferição da validade de atos regulamentares em ADIN.

10) (ESAF/AFT/2003) No âmbito da Administração Pública Federal, a suspensão, pelo Senado Federal, da execução de lei declarada inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal tem efeitos ex tunc.

Item CERTO.

Não há unanimidade doutrinária a respeito dos efeitos da decisão do Senado Federal que determina a suspensão da execução da lei declarada definitivamente inconstitucional pelo STF no controle concreto, na forma do art. 52, X, da Constituição. Alguns doutrinadores defendem que a decisão do Senado produzirá efeitos retroativos (ex tunc), enquanto outros propugnam pelos efeitos meramente prospectivos (ex nunc).

Entretanto, no âmbito da Administração Pública federal essa controvérsia perdeu o significado prático, haja vista que o Presidente da República resolveu adotar os efeitos retroativos (ex tunc), editando decreto nesse sentido (Decreto nº 2.346, de 10/10/1997).

Portanto, no âmbito da Administração Pública federal não há mais controvérsia: a suspensão, pelo Senado Federal, da execução da lei declarada definitivamente inconstitucional produz efeitos ex tunc (retroativos).

Vale registrar que essa regra vale somente para a Administração Pública federal, haja vista que decreto do Presidente da República não vincula, nessa matéria, os demais entes federados.

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11) (ESAF/AFT/2003) Segundo a atual disciplina do processo da ação direta de inconstitucionalidade, é possível a declaração de inconstitucionalidade sem a pronúncia da nulidade da lei, diferindo-se a data da nulidade para um termo futuro, especificado na decisão.

Item CERTO.

Vimos que por razões de segurança jurídica ou diante de relevante interesse social, poderá o STF, ao proclamar a inconstitucionalidade em ADIN, desde que por deliberação de dois terços dos seus membros:

a) restringir os efeitos da sua decisão – restringir o alcance geral (eficácia erga omnes) ou o efeito repristinatório tácito da sua decisão, por exemplo;

b) outorgar efeitos ex nunc à sua decisão – afastar a retroatividade da sua decisão (efeitos ex tunc), preservando a validade dos efeitos já produzidos pela norma, fixando que a pronúncia de inconstitucionalidade só vale daí por diante;

c) fixar um outro momento para o início da eficácia da sua decisão – poderá entender o STF que o melhor momento para o início da eficácia da sua decisão não é a data da edição da lei (ex tunc), nem a data da declaração da inconstitucionalidade (ex nunc), mas sim um outro momento, que será fixado pelo STF na sua decisão.

Portanto, de acordo com a letra “c”, acima, é possível que o STF proclame a inconstitucionalidade da lei em ADIN sem pronunciar a sua nulidade desde a data da sua publicação (ex tunc), optando por diferir o momento da invalidade da lei para uma data futura, que será fixada pelo próprio STF na sua decisão.

12) (ESAF/AFT/2003) Segundo a jurisprudência do STF, admite-se Recurso Extraordinário de decisão de Tribunal de Justiça Estadual que, em sede de representação de inconstitucionalidade estadual, declarou constitucional uma lei municipal confrontada com dispositivo da Constituição Estadual cujo conteúdo é reprodução obrigatória de conteúdo de dispositivo da Constituição Federal.

Item CERTO.

Segundo a jurisprudência do STF, cabe recurso extraordinário para o STF contra decisão do TJ no controle abstrato sempre que a norma da Constituição Estadual eleita como parâmetro para a declaração da inconstitucionalidade da norma estadual ou municipal impugnada for de reprodução obrigatória da Constituição Federal.

Vimos, também, que a decisão do STF nesse recurso extraordinário é dotada de eficácia erga omnes, razão pela qual não haverá

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comunicação ao Senado Federal, para os fins do art. 52, X, da Constituição Federal.

13) (ESAF/AFT/2003) É admissível a propositura, perante o STF, de uma Ação Direita de Inconstitucionalidade contra uma lei distrital que disciplinou a cobrança do Imposto Predial e Territorial Urbano em desconformidade com o texto da Constituição Federal.

Item ERRADO.

Somente as leis e atos normativos do Distrito Federal editados no uso de competência estadual podem ser impugnadas em ADIN perante o STF.

Na hipótese tratada no enunciado da questão, como o IPTU é imposto de competência municipal (CF, art. 156, I), a lei distrital não poderá ser objeto de ADIN perante o STF.

Mas, cuidado! As leis e atos normativos do Distrito Federal editados no uso de competência municipal poderão ser objeto de ADIN perante o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios – TJDFT, em face da Lei Orgânica do Distrito Federal.

14) (ESAF/AFT/2003) A doutrina e a jurisprudência reconhecem o efeito repristinatório em relação à lei que foi revogada por lei declarada inconstitucional pelo STF.

Item CERTO.

A declaração da inconstitucionalidade de uma lei pelo STF tem efeito repristinatório tácito em relação à legislação anterior, que havia sido revogada pela lei ora declarada inconstitucional.

Se a Lei 1 foi revogada pela Lei 2, e esta é ulteriormente declarada inconstitucional pelo STF, a Lei 1, que estava fora do ordenamento jurídico, é tacitamente repristinada.

Em se tratando de ADIN, essa repristinação da lei revogada ocorre tanto na concessão da medida cautelar (provisoriamente, até que o STF aprecie o mérito da ação), quanto na decisão definitiva de mérito (agora, em caráter definitivo).

Cuidado! É comum o candidato fazer uma confusão danada com esse assunto na hora da prova, em razão de ter aprendido, no bê-á-bá do Direito, com a Professora Fulaninha, que no Brasil não existe repristinação tácita! O candidato decora essa frase horrorosa e a leva para onde vai! Sai aplicando essa frase em tudo o que vê pela frente, até na vida pessoal! Sério, não é brincadeira, já vi aluna em Brasília falando em suspender a eficácia do(a) atual namorado(a), e repristinar expressamente o(a) antigo(a)!

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Bem, brincadeiras à parte, é melhor separarmos bem as coisas.

Essa tradicional regra, segundo a qual não existe repristinação tácita no Brasil, está prevista na Lei de Introdução ao Código Civil – LICC, que trata da revogação sucessiva de leis. Entenderam? A LICC refere-se à inexistência de repristinação tácita na revogação sucessiva de leis. Assim, se temos a Lei 1, que é revogada pela Lei 2, que posteriormente é revogada pela Lei 3, temos o seguinte: (a) com a revogação da Lei 2 pela Lei 3, no silêncio da Lei 3 a Lei 1 não será automaticamente revigorada (não ocorrerá repristinação tácita); (b) porém, a Lei 3, ao revogar a Lei 2, poderá revigorar a Lei 1, desde que o faça expressamente (poderá ocorrer repristinação expressa).

Essa regra da LICC, aplicável ao caso de revogação sucessiva de leis, não pode ser aplicada à declaração de inconstitucionalidade das leis pelo STF, situação em que o entendimento é distinto: (a) com a declaração da inconstitucionalidade da Lei 2, a regra é a repristinação tácita da Lei 1, que havia sido por ela revogada; (2) essa repristinação da Lei 1 poderá ser afastada, desde que o STF o faça expressamente na sua decisão.

Ora, não fique mais decorando as frases sem entender o seu real sentido, imagine a situação na prática! Já disse antes, o tempo de decoreba em concurso já passou! Suponha que você esteja pagando determinado imposto, com base na Lei 1, à alíquota de 5%. Ulteriormente, essa Lei 1 é revogada pela Lei 2, que fixa a alíquota do mesmo imposto em 20%, deixando você endividado e desesperado! Imagine agora que essa Lei 2 tenha sido impugnada em ADIN perante o STF. Pergunto: você estará torcendo para que tipo de decisão do STF? Ah, você estará torcendo para que o STF declare a inconstitucionalidade da Lei 2, para que você volte, imediatamente, a pagar o imposto à alíquota de 5%, prevista na Lei 1, certo? Certo. O que é isso? Por que com a declaração da inconstitucionalidade da Lei 2 você volta automaticamente a pagar a alíquota menor, prevista na antiga Lei 1? Ora, isso nada mais é do que a repristinação tácita da Lei 1, causada pela declaração da inconstitucionalidade da Lei 2!

Leia, releia esse comentário, e não venha mais dizer por aí que aprendeu com o professor tal que não existe repristinação tácita no Brasil! Não me irrite, logo agora, no final do curso on-line! (risos)

15) (ESAF/AFT/2003) Segundo a jurisprudência do STF, não cabe concessão de medida cautelar em sede de Ação Direta de Inconstitucionalidade por omissão.

Item CERTO.

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A jurisprudência do STF firmou-se no sentido de que não cabe concessão de medida cautelar em ADIN por omissão.

A razão é muito simples. Na ADIN por omissão, nem na própria decisão definitiva de mérito o STF editará a norma faltante, simplesmente dará ciência ao Poder competente para a adoção das providências necessárias e, em se tratando de órgão administrativo, para fazê-lo em trinta dias (CF, art. 103, § 2º).

Ora, se nem na decisão definitiva de mérito o STF tomará providências efetivas no tocante à omissão legislativa, qual seria o conteúdo da antecipação mediante a concessão de medida cautelar? Enfim, se a decisão definitiva é praticamente “um nada” em termos práticos, qual seria o sentido de antecipar, em medida cautelar, esse “nada”?!

Vale lembrar que em todas as outras ações do controle abstrato perante o STF – ADIN genérica, ADECON e ADPF – é cabível a concessão de medida cautelar.

16) (ESAF/AFT/2003) Segundo o entendimento do STF, é possível ao Autor requerer a desistência em relação a uma Ação Direta de Inconstitucionalidade, desde que demonstre razões de interesse público para essa desistência.

Item ERRADO.

O STF não admite a desistência das ações do controle abstrato. Significa dizer que, uma vez proposta a ação, não poderá o autor dela desistir.

O fundamento para esse entendimento é que no controle abstrato o autor da ação não está defendendo interesse subjetivo, próprio, mas sim a supremacia da Constituição. Logo, a sua função é unicamente suscitar perante o STF uma relevante controvérsia constitucional. Feito isso, ele perde o direito de disposição sobre a ação proposta.

Pelo mesmo motivo, o STF também não admite a desistência do pedido de medida cautelar nas ações abstratas (aqui, veja, a situação é diferente: o autor não quer a desistência da ação, mas somente do pedido de medida cautelar nela formulado).

17) (ESAF/AFT/2003) A admissão de Ação Declaratória de Constitucionalidade, para processamento e julgamento pelo STF, pressupõe a comprovação liminar de existência de divergência jurisdicional, caracterizada pelo volume expressivo de decisões judiciais que tenham por fundamento teses conflitantes.

Item CERTO.

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Para que uma ADECON seja conhecida pelo STF é imprescindível que o autor da ação comprove a existência de relevante controvérsia judicial sobre a validade da lei.

A razão para esse pressuposto de admissibilidade da ADECON é um tanto quanto óbvio. Se foi publicada determinada lei e se não existe nenhuma controvérsia judicial sobre a sua validade, não faz sentido requerer ao STF a declaração da sua constitucionalidade. Ora, se a lei foi publicada e não há nenhuma controvérsia sobre a sua validade, prevalece o princípio da presunção de constitucionalidade das leis e, portanto, não faz o menor sentido a mais alta Corte do país declarar o óbvio, isto é, que a lei é constitucional, válida!

Como o autor comprovará, nos autos, a existência da relevante controvérsia judicial sobre a validade da lei? Essa comprovação é feita mediante a juntada aos autos de decisões de juízos inferiores sobre a validade da lei, proferidas no controle difuso de constitucionalidade. O autor comprovará, por exemplo, que enquanto os juízes federais no Rio Grande do Sul têm declarado a lei constitucional, os magistrados federais no Ceará têm declarado a lei inconstitucional; que enquanto o Tribunal Regional Federal da 4ª Região tem considerado a lei constitucional, o Tribunal Regional Federal da 1ª Região tem declarado a lei inconstitucional – e assim por diante.

Cuidado! Importantíssimo destacar que, segundo a jurisprudência do STF, a controvérsia para legitimar a propositura da ADECON deve ser judicial, isto é, instaurada perante os órgãos do Poder Judiciário, em casos concretos, na via difusa. A comprovação da existência de controvérsia doutrinária sobre a validade da lei não é suficiente. Portanto, não é suficiente a comprovação de que, por exemplo, o constitucionalista Alexandre de Moraes entende que a lei é constitucional, ao passo que o doutrinador José Afonso da Silva entende que ela é inconstitucional. Enfim, a relevante controvérsia tem que ser judicial, e não doutrinária.

18) (ESAF/AFT/2003) É posição majoritária, no STF, o entendimento de que não é possível o deferimento de medida cautelar, com efeito vinculante, em sede de Ação Declaratória de Constitucionalidade.

Item ERRADO.

Embora a Constituição só outorgue expressamente efeito vinculante às decisões definitivas de mérito em ADIN e ADECON (“As sentenças definitivas de mérito”, diz o art. 102, § 2º, da CF), o STF firmou entendimento de que também a decisão que concede medida cautelar nas ações do controle abstrato é dotada de efeito vinculante relativamente aos demais órgãos do Poder Judiciário e à Administração

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Pública direta e indireta nas esferas federal, estadual, distrital e municipal.

19) (ESAF/AFC/2000) Cabe, com exclusividade, a órgão do Poder Judiciário (o Supremo Tribunal Federal) o julgamento em tese da constitucionalidade de leis federais.

Item CERTO.

Compete exclusivamente ao STF o julgamento em tese da constitucionalidade de leis federais, isto é, somente esse Tribunal tem competência para realizar controle abstrato de leis e atos normativos federais.

Os TJ também realizam controle abstrato, mas somente de leis estaduais e municipais em face da Constituição Estadual (CF, art. 125, § 2º).

20) (ESAF/AFC/2000) Sobre o controle abstrato de normas em face da Constituição Federal, assinale a opção correta.

a) Nos Estados-membros, compete aos Tribunais de Justiça o controle abstrato das normas estaduais e municipais em face da Constituição Federal.

b) Qualquer juiz ou tribunal federal pode declarar a inconstitucionalidade, em tese, de lei federal.

c) Decidindo o Supremo Tribunal Federal pela inconstitucionalidade, em tese, de uma lei federal, para que essa decisão produza efeitos contra todos, a lei deverá ter os seus efeitos suspensos pelo Senado Federal.

d) Declarada constitucional uma lei federal, em ação declaratória de constitucionalidade, nenhum outro tribunal do país pode, depois, declarar a mesma lei inconstitucional.

e) O Procurador-Geral da República está legitimado a propor ação declaratória de constitucionalidade de lei estadual, se a União demonstrar interesse na manutenção da lei.

Gabarito: “D”

A assertiva “A” está errada porque os tribunais de justiça só realizam controle abstrato de normas estaduais e municipais em face da Constituição Estadual (CF, art. 125, § 2º).

A assertiva “B” está errada porque somente o STF dispõe de competência para declarar a inconstitucionalidade, em tese, de lei federal. Nenhum outro órgão do Poder Judiciário, juiz ou tribunal, tem competência para declarar a inconstitucionalidade em tese (controle abstrato) de normas federais.

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Isso porque, além do STF, somente os TJ têm competência para realizar controle abstrato no Brasil, mas eles só realizam esse controle abstrato de leis e atos normativos estaduais e municipais em face da Constituição Estadual (CF, art. 125, § 2º).

Todos os demais juízes e tribunais do País só podem declarar a inconstitucionalidade incidentalmente, diante de um caso concreto, no chamado controle difuso de constitucionalidade.

A assertiva “C” está errada porque o Senado Federal só dispõe de competência para suspender a execução de lei declarada inconstitucional pelo STF no controle concreto, e não no controle abstrato, em tese. No controle abstrato, não há atuação do Senado Federal, haja vista que a própria decisão do STF já é dotada de eficácia contra todos, retirando a lei do ordenamento jurídico (eficácia erga omnes).

A assertiva “D” está certa porque a decisão do STF em ADECON produz efeito vinculante relativamente aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal (CF, art. 102, § 2º). Logo, nenhum outro tribunal ou juízo inferior poderá desrespeitar a decisão do STF, em qualquer que seja o processo.

A assertiva “E” está errada porque a ADECON só admite como objeto leis e atos normativos federais (CF, art. 102, I, a).

21) (ESAF/PFN/2004) Assinale a assertiva correta.

a) A lei que houver sido editada antes de 1988, não é objeto passível de controle abstrato no âmbito do Supremo Tribunal Federal.

b) Se a lei, objeto de ação direta de inconstitucionalidade, for revogada depois de proposta a demanda, mas antes do julgamento, o mérito da ação deverá ser apreciado pelo Supremo Tribunal Federal, se comprovado que a lei interferiu em situações jurídicas concretas durante a sua vigência.

c) O Governador ou a Assembléia Legislativa do Estado em que se produziu uma lei, cuja compatibilidade com a Constituição Federal é objeto de decisões judiciais conflitantes, pode propor ação declaratória de constitucionalidade perante o Supremo Tribunal Federal.

d) É obrigatória a oitiva do Advogado-Geral da União em todos os processos de controle abstrato de constitucionalidade no Supremo Tribunal Federal.

e) Nenhum órgão do Executivo Federal pode dar aplicação a uma lei declarada inconstitucional, pelo Supremo Tribunal Federal, em ação direta de inconstitucionalidade.

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Gabarito: “E”

A assertiva “A” está errada porque leis editadas antes de 1988, o chamado direito pré-constitucional, podem ser objeto de controle abstrato perante o STF, desde que mediante argüição de descumprimento de preceito fundamental – ADPF.

O direito pré-constitucional não pode ser objeto de ADIN e ADECON, mas pode ser objeto de ADPF, que também é ação do controle abstrato.

Cuidado! Há duas inovações da ADPF, que a distinguem da ADIN, que têm sido reiteradamente cobradas em concurso: (a) a possibilidade de aferição do direito pré-constitucional; (b) a possibilidade de aferição de controvérsia sobre leis e atos normativos municipais.

A assertiva “B” está errada porque o STF não julga ADIN contra direito revogado.

O fundamento para esse entendimento do STF tem a ver com o objeto da ADIN. O objeto da ADIN é retirar lei inconstitucional do ordenamento jurídico. Se a lei foi revogada, ela já foi retirada do ordenamento jurídico pelo ato de revogação. Logo, com a revogação da lei impugnada, a ADIN fica sem objeto.

Assim, temos o seguinte:

i) se a ADIN for proposta depois da revogação da lei, a ação não será conhecida, por ausência de objeto;

i) se a ADIN é proposta com a lei em vigor, mas antes do seu julgamento a lei é revogada, a ação é considerada prejudicada, por perda de objeto.

Mas, e se lei tiver produzido efeitos concretos no período de sua vigência?

Bem, se a lei tiver produzido efeitos concretos durante a sua vigência, antes da revogação, esses efeitos poderão ser discutidos perante o Poder Judiciário, mas somente no controle difuso, diante de casos concretos (o que não se admite é a discussão sobre os efeitos de lei revogada em ADIN).

A assertiva “C” está errada porque em ADECON só pode ser discutida a validade de leis e atos normativos federais (CF, art. 102, I, a), e o enunciado refere-se à lei produzida pelo Estado-membro.

Uma consideração interessante sobre esse assunto. Na Reforma do Judiciário, implementada pela EC nº 45/2004, a intenção inicial era ampliar a legitimação para a propositura da ADECON, bem assim o seu objeto, que passaria a contemplar, também, leis e atos normativos estaduais.

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Entretanto, o texto promulgado contemplou apenas a ampliação da legitimação (que passou a ser a mesma da ADIN, prevista no art. 103, I ao IX), não fazendo o mesmo com o objeto da ação (a ADECON continua tendo por objeto, somente, leis e atos normativos federais).

Com isso, a reforma ficou meio capenga, meio sem sentido, pois me parece difícil imaginar uma situação em que o Governador de Estado ou a Mesa da Assembléia Legislativa tenha interesse em requerer ao STF a declaração da constitucionalidade de uma lei federal!

A assertiva “D” está errada porque, segundo a jurisprudência do STF, o Advogado-Geral da União não atua em ADIN por omissão, nem em ADECON.

Determina a Constituição que quando o STF apreciar a inconstitucionalidade, em tese, de norma legal ou ato normativo, citará, previamente, o Advogado-Geral da União, que defenderá o ato ou texto impugnado (art. 103, § 3º).

Como se vê, a função do Advogado-Geral da União no controle abstrato é defender a norma, quando ela é impugnada, em tese, perante o STF. Por isso, ele não atuará em ADIN por omissão (porque não há norma a ser defendida, haja vista que essa ação é proposta em razão da inexistência de norma regulamentadora), nem em ADECON (porque nessa ação não é requerida a inconstitucionalidade da norma, mas sim a declaração da sua constitucionalidade).

A assertiva “E” está certa porque a decisão do STF em ADIN é dotada de efeito vinculante relativamente aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal (CF, art. 102, § 2º).

Ficamos por aqui hoje. Já temos informações demais para uma semana!

Na próxima aula comentaremos outros exercícios sobre controle de constitucionalidade.

Bons estudos,

Vicente Paulo

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LISTA DOS EXERCÍCIOS COMENTADOS NESTA AULA

1) (ESAF/EPPGG/MPOG/2005) Assinale a opção correta.

a) Os tribunais de justiça nos Estados podem desempenhar o controle abstrato de leis estaduais e municipais em face diretamente da Constituição Federal.

b) Somente o Supremo Tribunal Federal (STF) é competente para desempenhar o controle incidental de constitucionalidade no Brasil.

c) Qualquer indivíduo que tenha sofrido afronta a um direito fundamental pode ajuizar uma ação por descumprimento de preceito fundamental, perante o STF, desde que tenha exaurido os meios ordinários para restaurar o seu direito.

d) As decisões de mérito do Supremo Tribunal Federal, tanto na ação direta de inconstitucionalidade como na ação declaratória de constitucionalidade, possuem efeito vinculante para os demais tribunais e para a Administração Pública, independentemente de a decisão ser sumulada pela Corte.

e) Em nenhum caso, decisão administrativa de tribunais ou as normas do seu regimento interno podem ser objeto de ação direta de inconstitucionalidade.

2) (ESAF/EPPGG/MPOG/2005) Uma lei declarada inconstitucional pelo STF em sede de ação direta de inconstitucionalidade, como regra geral,

a) não pode ser reeditada pela Casa Legislativa que a votou, sob pena de ofensa à autoridade da decisão da Suprema Corte.

b) é considerada inválida desde quando editada, e, portanto, desde antes da decisão do STF.

c) somente deixa de produzir efeitos jurídicos a partir do trânsito em julgado da decisão do STF.

d) somente é considerada excluída do ordenamento jurídico depois de suspensa a sua vigência pelo Senado Federal.

e) somente deixa de ser considerada válida nas relações jurídicas de que faça parte o autor da ação.

3) (ESAF/APO/MPOG/2005) Sobre controle de constitucionalidade perante a Constituição Federal, assinale a opção correta.

a) Compete ao Supremo Tribunal Federal processar e julgar originariamente a ação direta de inconstitucionalidade e a ação declaratória de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual.

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b) Compete ao Supremo Tribunal Federal julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância quando a decisão recorrida julgar inconstitucional lei ou ato de governo local contestado em face da Constituição Federal.

c) Compete ao Supremo Tribunal Federal julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância quando a decisão recorrida julgar inválida lei local contestada em face de lei federal.

d) Para que o Supremo Tribunal Federal admita recurso extraordinário, é preciso que o recorrente demonstre a repercussão geral da questão constitucional discutida no caso concreto; porém, a recusa, pelo Tribunal, da admissão do recurso extraordinário só poderá ocorrer pela manifestação de dois terços de seus membros.

e) As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal nas ações diretas de inconstitucionalidade, por força de expressa determinação constitucional, produzirão eficácia contra todos e efeito vinculante, apenas no âmbito da administração pública direta e indireta federal.

4) (ESAF/ANALISTA/MPU/2004) Somente o Supremo Tribunal Federal pode julgar, em abstrato, a constitucionalidade de uma lei em face da Constituição Federal.

5) (ESAF/ANALISTA/MPU/2004) Decidido pelo STF, em ação direta de inconstitucionalidade, que uma lei é inconstitucional, nenhum outro órgão do Judiciário pode decidir em sentido contrário, qualquer que seja o processo que esteja analisando.

6) (ESAF/ANALISTA/MPU/2004) Os Tribunais de Justiça dos Estados não podem declarar a inconstitucionalidade de lei federal.

7) (ESAF/ANALISTA/MPU/2004) Todos os legitimados para propor ação direta de inconstitucionalidade perante o Supremo Tribunal Federal também o são para ajuizar ação declaratória de constitucionalidade perante a mesma Corte.

8) (ESAF/AFC/STN/2005) Sobre controle de constitucionalidade, assinale a única opção correta.

a) Caberá recurso extraordinário da decisão de Tribunal que declarar a inconstitucionalidade de lei federal ou que julgar válida lei estadual ou municipal contestada em face de lei federal.

b) Da decisão, em representação de inconstitucionalidade, proposta perante Tribunal de Justiça, que considerar inconstitucional uma lei municipal, contestada em face de dispositivo da constituição estadual que é mera reprodução de dispositivo da constituição federal, caberá,

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segundo a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, recurso extraordinário.

c) As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal, nas ações diretas de inconstitucionalidade produzirão, por força de expressa determinação constitucional, eficácia contra todos e efeito vinculante, relativamente aos demais Poderes e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal.

d) No recurso extraordinário, o recorrente deverá demonstrar a repercussão geral das questões constitucionais discutidas no caso, para que o Supremo Tribunal Federal examine a admissão do recurso, só sendo admitido o recurso que obtiver manifestação favorável de dois terços dos membros do Tribunal.

e) É cabível a ação declaratória de constitucionalidade em relação à lei ou ato normativo federal ou estadual, tendo legitimidade para a sua propositura, apenas, o Presidente da República, o Procurador-Geral da República e as Mesas do Senado Federal e da Câmara dos Deputados.

9) (ESAF/AFC/CGU/2003) A extrapolação, pelo Poder Executivo, no uso do seu poder regulamentar, caracteriza, segundo a jurisprudência do STF, uma ilegalidade e não uma inconstitucionalidade, uma vez que não há ofensa direta à literalidade de dispositivo da Constituição.

10) (ESAF/AFT/2003) No âmbito da Administração Pública Federal, a suspensão, pelo Senado Federal, da execução de lei declarada inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal tem efeitos ex tunc.

11) (ESAF/AFT/2003) Segundo a atual disciplina do processo da ação direta de inconstitucionalidade, é possível a declaração de inconstitucionalidade sem a pronúncia da nulidade da lei, diferindo-se a data da nulidade para um termo futuro, especificado na decisão.

12) (ESAF/AFT/2003) Segundo a jurisprudência do STF, admite-se Recurso Extraordinário de decisão de Tribunal de Justiça Estadual que, em sede de representação de inconstitucionalidade estadual, declarou constitucional uma lei municipal confrontada com dispositivo da Constituição Estadual cujo conteúdo é reprodução obrigatória de conteúdo de dispositivo da Constituição Federal.

13) (ESAF/AFT/2003) É admissível a propositura, perante o STF, de uma Ação Direita de Inconstitucionalidade contra uma lei distrital que disciplinou a cobrança do Imposto Predial e Territorial Urbano em desconformidade com o texto da Constituição Federal.

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14) (ESAF/AFT/2003) A doutrina e a jurisprudência reconhecem o efeito repristinatório em relação à lei que foi revogada por lei declarada inconstitucional pelo STF.

15) (ESAF/AFT/2003) Segundo a jurisprudência do STF, não cabe concessão de medida cautelar em sede de Ação Direta de Inconstitucionalidade por omissão.

16) (ESAF/AFT/2003) Segundo o entendimento do STF, é possível ao Autor requerer a desistência em relação a uma Ação Direta de Inconstitucionalidade, desde que demonstre razões de interesse público para essa desistência.

17) (ESAF/AFT/2003) A admissão de Ação Declaratória de Constitucionalidade, para processamento e julgamento pelo STF, pressupõe a comprovação liminar de existência de divergência jurisdicional, caracterizada pelo volume expressivo de decisões judiciais que tenham por fundamento teses conflitantes.

18) (ESAF/AFT/2003) É posição majoritária, no STF, o entendimento de que não é possível o deferimento de medida cautelar, com efeito vinculante, em sede de Ação Declaratória de Constitucionalidade.

19) (ESAF/AFC/2000) Cabe, com exclusividade, a órgão do Poder Judiciário (o Supremo Tribunal Federal) o julgamento em tese da constitucionalidade de leis federais.

20) (ESAF/AFC/2000) Sobre o controle abstrato de normas em face da Constituição Federal, assinale a opção correta.

a) Nos Estados-membros, compete aos Tribunais de Justiça o controle abstrato das normas estaduais e municipais em face da Constituição Federal.

b) Qualquer juiz ou tribunal federal pode declarar a inconstitucionalidade, em tese, de lei federal.

c) Decidindo o Supremo Tribunal Federal pela inconstitucionalidade, em tese, de uma lei federal, para que essa decisão produza efeitos contra todos, a lei deverá ter os seus efeitos suspensos pelo Senado Federal.

d) Declarada constitucional uma lei federal, em ação declaratória de constitucionalidade, nenhum outro tribunal do país pode, depois, declarar a mesma lei inconstitucional.

e) O Procurador-Geral da República está legitimado a propor ação declaratória de constitucionalidade de lei estadual, se a União demonstrar interesse na manutenção da lei.

21) (ESAF/PFN/2004) Assinale a assertiva correta.

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a) A lei que houver sido editada antes de 1988, não é objeto passível de controle abstrato no âmbito do Supremo Tribunal Federal.

b) Se a lei, objeto de ação direta de inconstitucionalidade, for revogada depois de proposta a demanda, mas antes do julgamento, o mérito da ação deverá ser apreciado pelo Supremo Tribunal Federal, se comprovado que a lei interferiu em situações jurídicas concretas durante a sua vigência.

c) O Governador ou a Assembléia Legislativa do Estado em que se produziu uma lei, cuja compatibilidade com a Constituição Federal é objeto de decisões judiciais conflitantes, pode propor ação declaratória de constitucionalidade perante o Supremo Tribunal Federal.

d) É obrigatória a oitiva do Advogado-Geral da União em todos os processos de controle abstrato de constitucionalidade no Supremo Tribunal Federal.

e) Nenhum órgão do Executivo Federal pode dar aplicação a uma lei declarada inconstitucional, pelo Supremo Tribunal Federal, em ação direta de inconstitucionalidade.