curso/disciplina: direito penal b. · tranquila. 1.3. roubo majorado (art. 157, §2º, cp2) ... do...

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Todos os direitos reservados ao Master Juris. www.masterjuris.com.br Página1 Curso/Disciplina: Direito Penal B. Aula: Crimes contra o Patrimônio (cont.) - 15 Professor (a): Marcelo Uzêda Monitor (a): Amanda Ibiapina Nº da aula 15 CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO (Continuação) ● RECAPITULANDO: 1. ROUBO É a subtração de coisa móvel alheia mediante violência (física) ou grave ameaça (violência moral) à pessoa, ou ainda mediante a utilização de algum meio que reduza à vítima à impossibilidade de resistência, a chamada violência imprópria (Ex. boa noite, Cinderela; drogas; álcool; etc). 1.1. Roubo Impróprio (art. 157, §1º, CP 1 ) O Roubo Impróprio se consuma, inicialmente, por meio de uma subtração não violenta (como se fosse um furto) e, depois, há uma progressão criminosa para uma atuação violenta, que objetiva assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro ”, pois a posse já foi invertida. Atenção! Roubo impróprio não tem violência imprópria , só violência física ou grave ameaça, pois a posse já foi invertida. O objetivo agora é só assegurar a posse ou a impunidade. E mesmo que ele não atinja esse objetivo, no momento em que emprega violência ou grave ameaça, já evolui para o tipo penal mais grave. Por isso, a doutrina diz que não há tentativa de roubo impróprio , pois, empregada a violência ou grave ameaça com o fim de assegurar a posse ou a impunidade, já se consuma o tipo penal mais grave, ainda que o agente não consiga isso. 1.2. Roubo Próprio 1 § 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro.

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Curso/Disciplina: Direito Penal B.

Aula: Crimes contra o Patrimônio (cont.) - 15

Professor (a): Marcelo Uzêda

Monitor (a): Amanda Ibiapina

Nº da aula 15

CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO (Continuação)

● RECAPITULANDO:

1. ROUBO

É a subtração de coisa móvel alheia mediante violência (física) ou grave ameaça (violência moral) à

pessoa, ou ainda mediante a utilização de algum meio que reduza à vítima à impossibilidade de resistência,

a chamada violência imprópria (Ex. boa noite, Cinderela; drogas; álcool; etc).

1.1. Roubo Impróprio (art. 157, §1º, CP1)

O Roubo Impróprio se consuma, inicialmente, por meio de uma subtração não violenta (como se

fosse um furto) e, depois, há uma progressão criminosa para uma atuação violenta, que objetiva “assegurar

a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro”, pois a posse já foi invertida.

Atenção! Roubo impróprio não tem violência imprópria, só violência física ou grave ameaça, pois a

posse já foi invertida. O objetivo agora é só assegurar a posse ou a impunidade. E mesmo que ele não atinja

esse objetivo, no momento em que emprega violência ou grave ameaça, já evolui para o tipo penal mais

grave. Por isso, a doutrina diz que não há tentativa de roubo impróprio, pois, empregada a violência ou

grave ameaça com o fim de assegurar a posse ou a impunidade, já se consuma o tipo penal mais grave,

ainda que o agente não consiga isso.

1.2. Roubo Próprio

1 § 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega violência contra pessoa ou

grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro.

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Quanto à consumação, segue a mesma lógica do furto. O entendimento dos Tribunais Superiores é

no sentido de que basta a mera inversão da posse, independente da posse tranquila. A posição minoritária,

boa para Defensorias, é no sentido de que não basta a mera inversão da posse, tem que ocorrer a posse

tranquila.

1.3. Roubo Majorado (Art. 157, §2º, CP2)

O §2º estabelece causas de aumento de pena decorrentes da maior gravidade do fato, pelo

emprego de armas, concurso de pessoas e outras circunstâncias de maior lesividade, que geram maior

reprovabilidade do agente.

Atenção: cai muito em prova! Súmula 443 do STJ3. Essa súmula pode ser utilizada para outros

crimes que utilizem raciocínio similar. Vejamos. Lá na parte geral, vimos, sobre o art. 70 do CP4 (concurso

formal), que a jurisprudência tem aceitado o cálculo a seguir, sugerido pela doutrina, no que tange ao

sistema de exasperação das penas:

ART. 70 DO CP

● 1/6: 2 fatos.

● 1/5: 3 fatos.

2 § 2º - A pena aumenta-se de um terço até metade:

I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma;

II - se há o concurso de duas ou mais pessoas;

III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância.

IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o

exterior; (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)

V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade. (Incluído pela Lei nº 9.426, de

1996)

3 O aumento na terceira fase de aplicação da pena no crime de roubo circunstanciado exige fundamentação

concreta, não sendo suficiente para a sua exasperação a mera indicação do número de majorantes.

(Súmula 443, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 28/04/2010, DJe 13/05/2010)

4 Art. 70, caput, CP - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes,

idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em

qualquer caso, de um sexto até metade. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é

dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos, consoante o disposto no artigo anterior.(Redação

dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

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● 1/4: 4 fatos.

● 1/3: 5 fatos.

● 1/2: 6 fatos ou mais.

O problema é que queriam aplicar a mesma lógica acima ao cálculo das penas do roubo majorado.

A ideia era a seguinte: a pena variava de um terço até metade, então, quanto maior o número de

circunstâncias majorantes, maior era a majoração sobre a pena. Mas não pode ser assim. A súmula visa

impedir isso. A ideia é que a majoração se dê não com base no número de circunstâncias majorantes, mas

na gravidade concreta, não abstrata do fato. Ex. 1: A única circunstância presente é a do concurso de

pessoas, mas eram 10 pessoas envolvidas, então, pela gravidade concreta do caso, pode-se aumentar em ½

a pena. Ex.2. Havia o concurso de pessoas e o emprego de arma, mas a arma eram pedaços de pau, usadas

por duas pessoas apenas. Pode-se aplicar a fração mínima de majoração, em 1/3, diante do caso concreto.

A) 1ª Majorante: Emprego de arma5.

A arma pode ser própria ou imprópria. A arma própria é aquela cujo destino específico é o ataque

ou a defesa (Exs.: arma de fogo, punhal, canivete, etc.). A arma imprópria é qualquer artefato que sirva

para agredir, qualquer artefato que tenha potencialidade lesiva (Ex.: pedaço de madeira, caco de vidro,

etc.).

Não basta estar com a arma, deve-se empregá-la efetivamente (empunhá-la ou simplesmente

mostrá-la para caracterizar a grave ameaça). Não há necessidade de lesão da vítima, mas também não é

suficiente a mera posse da arma, ali guardada, sem empregá-la ou pelo menos utilizar para fins de ameaça.

O fundamento da majoração do crime de roubo com o uso de arma é pela maior

ofensividade/potencialidade lesiva da arma.

Arma de brinquedo: No que tange à ARMA DE BRINQUEDO, não há dúvida de que esta serve para

caracterizar a grave ameaça típica do roubo, mas a súmula nº 174 do STJ6 foi cancelada, logo, o sujeito

5 § 2º - A pena aumenta-se de um terço até metade:

I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma;

(...)

6 NO CRIME DE ROUBO, A INTIMIDAÇÃO FEITA COM ARMA DE BRINQUEDO AUTORIZA O AUMENTO DA

PENA.(*) .

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que usa arma de brinquedo responde somente pelo roubo simples, já que brinquedo não tem qualquer

potencialidade lesiva.

A arma de brinquedo não é arma, mas serve para ameaçar. Por ser ameaça, por infundir medo, até

porque ninguém vai discutir com o ladrão se a arma é de verdade ou não, configurado está o “roubo”

(ameaça) “simples”. Mas não há potencialidade lesiva, por isso a arma de brinquedo não autoriza a

aplicação da majorante. Esse tema é tranquilo, bem resolvido.

Arma de fogo verdadeira desmuniciada:

Os Tribunais Superiores entendem que a arma de fogo possui potencialidade lesiva in re ipsa, ou

seja, em si mesma, por sua própria natureza. Presume-se, portanto, sua potencialidade lesiva. Se a arma de

fogo, ainda que desmuniciada, é apta a disparar, incide a majorante.

E se periciada a arma de fogo, não se mostrar apta a disparar? Em primeiro lugar, isso é ônus da

defesa (art. 156 do CPP7). Se a defesa alegar que a arma não é apta a disparar, é necessária a realização de

perícia, porque a potencialidade lesiva é presumida (presunção relativa). Se a perícia concluir que a arma

não é apta a disparar (arma imprestável), afasta-se a majorante. Mas é necessária perícia! Mera alegação

não vale, prevalecendo a presunção.

Atenção! A arma que não é apta a disparar pode ser considerada como uma arma imprópria, já que

qualquer coisa pode arma imprópria (pode ser uma coronhada, por exemplo). Uma vez que, no contexto,

ela é utilizada para ameaçar, afasta-se a majorante, subsistindo o roubo simples, em razão ameaça que a

utilização da arma infunde.

HC 96099: o Pleno do STF, por maioria, entendeu, de forma radical, e em razão da potencialidade

lesiva in re ipsa da arma de fogo, defendeu que, ainda que a arma de fogo, in casu, não seja apta a disparar,

esta poderá ser usada de forma contundente, ou seja, presume-se sua potencialidade lesiva. Essa é a

posição majoritária do STF, ainda que não seja pacífica.

Informativo STJ/SET-2015: Em 2014, a 5ª Turma decidiu que o porte de arma com registro vencido

configura mera infração administrativa. Agora, nesse informativo, a 6ª Turma decidiu que não, que

configura o crime do art. 12 da Lei de Armas8. Isso em razão do risco à segurança da coletividade, ainda que

de forma abstrata.

(*) Julgando o RESP 213.054-SP, na sessão de 24/10/2001, a Terceira Seção deliberou pelo CANCELAMENTO da

súmula n. 174.

(Súmula 174, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 24/10/2001, DJ 06/11/2001, p. 229, DJ 31/10/1996, p. 42124) 7 Art. 156, caput. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, facultado ao juiz de ofício:

(Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008)

8 Posse irregular de arma de fogo de uso permitido

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“É prescindível a apreensão e perícia da arma de fogo para incidência da majorante (Afirmação

Correta – Cespe, por exemplo)”. Em geral, é assim que vem nas provas objetivas. Mas essa frase está

incompleta: “(...) desde que haja prova idônea do emprego”. Ex. O criminoso saca a arma e rouba a vítima.

Existe uma testemunha e gravação de imagens do movimento todo. A arma não foi apreendida, tampouco

periciada e o criminoso diz que a arma é de brinquedo. Entretanto, como há provas idôneas (declarações

do ofendido, da testemunha e circuito de vigilância), deve prevalecer o entendimento de que a arma é de

verdade. Então, qualquer prova idônea do emprego é suficiente, prescindível a apreensão e perícia da

arma. Posição tranquila dos Tribunais Superiores.

De acordo com a jurisprudência dos tribunais superiores, há a inversão do ônus da prova,

cabendo ao acusado demonstrar que não havia potencialidade lesiva.

STJ e STF: prescindível a perícia da arma, se houver outros elementos probatórios suficientes a

atestar a potencialidade lesiva.

A apreensão da arma utilizada no crime é dispensável, se seu emprego é confirmado por outras

provas (HC 93946/RS).

Insta ressaltar que, em que pese a posição dos Tribunais, há posições em sentido contrário. Há

quem diga, por exemplo, que a majorante alegada deve ser sempre comprovada pela acusação (que deve

demonstrar o fato e a autoria), não podendo partir de uma mera presunção, ao contrário da agravante, que

o juiz pode reconhecer de ofício, já que se trata de circunstância legal (art. 385 do CPP9 10).

B) 2ª majorante: concurso de duas ou mais pessoas11.

Art. 12 da Lei 10.826/2003. Possuir ou manter sob sua guarda arma de fogo, acessório ou munição, de uso

permitido, em desacordo com determinação legal ou regulamentar, no interior de sua residência ou dependência

desta, ou, ainda no seu local de trabalho, desde que seja o titular ou o responsável legal do estabelecimento ou

empresa:

Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.

9 Art. 385. Nos crimes de ação pública, o juiz poderá proferir sentença condenatória, ainda que o Ministério

Público tenha opinado pela absolvição, bem como reconhecer agravantes, embora nenhuma tenha sido alegada.

10 Para o professor, não viola o sistema acusatório o fato de o juiz poder condenar ainda que o MP tenha

pedido a absolvição. Isso porque, para ele, a correlação que há é entre a acusação (a inicial) e a sentença. Como há o

princípio da indisponibilidade da Ação Penal Pública, uma forma de violá-la é voltar atrás, pedir absolvição. Por isso, o

juiz pode condenar apesar desse pedido de absolvição, adstrito à inicial.

11

§ 2º - A pena aumenta-se de um terço até metade:

(...)

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O roubo é majorado quando houver o concurso efetivo de 2 ou mais pessoas. Trata-se da mesma

regra do crime de furto em que se exige a participação nos atos de execução. A mera participação não

influencia no resultado se não houver presença física. Doutrina e jurisprudência têm aceitado isso.

Incide a majorante mesmo que um dos agentes seja inimputável (menor, doente mental) ou fuja

e não seja achado ou não seja identificado, desde que haja prova do concurso. A majorante, neste caso, é

em razão da maior potencialidade lesiva oriunda do concurso de pessoas.

Quando há menores envolvidos, e isso é muito comum cair em concurso público, o menor vai ser

julgado na Justiça Especializada. O maior fica na Justiça Comum. O maior responderá pelo roubo em

concurso de pessoas e responderá ainda pelo crime de corrupção de menores. O entendimento majoritário

é que não há problema nisso: a majorante do concurso de pessoas decorre da maior potencialidade lesiva

do crime; o crime de corrupção de menores decorre da conduta praticada contra o ser humano em

formação.

Acrescente-se que a Súmula 500 do STJ12 entende que o crime de corrupção de menores é crime

formal, ou seja, não importa se o menor foi efetivamente corrompido, ou se já era criminoso, ou até

mesmo se foi ele quem convidou o maior para a prática criminosa. O crime subsiste (art. 244-B do ECA13),

até porque basta “praticar infração penal com ele”. Esse é o entendimento majoritário.

O entendimento minoritário diz que há bis in idem, pois o criminoso responde pelo concurso de

pessoa e, porque o concurso foi com um menor, responde pelo crime de corrupção de menores. Mas, a

rigor, prevalece o entendimento de que são bens jurídicos distintos, prevalece a súmula 500 do STJ.

Associação Criminosa (art. 288 do CP14)

II - se há o concurso de duas ou mais pessoas;

12 A configuração do crime do art. 244-B do ECA independe da prova da efetiva corrupção do menor, por se

tratar de delito formal.

(Súmula 500, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 23/10/2013, DJe 28/10/2013)

13 Art. 244-B, caput. Corromper ou facilitar a corrupção de menor de 18 (dezoito) anos, com ele praticando

infração penal ou induzindo-o a praticá-la: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)

Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)

(...)

14 Art. 288. Associarem-se 3 (três) ou mais pessoas, para o fim específico de cometer crimes: (Redação dada

pela Lei nº 12.850, de 2013) (Vigência)

Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos. (Redação dada pela Lei nº 12.850, de 2013) (Vigência)

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Atenção! A associação criminosa se configura quando um número mínimo de pessoas (3 ou mais)

se associam com o fim de cometer crimes indefinidamente, de forma permanente, ainda que não o façam

efetivamente. Se 3 ou mais pessoas se reúnem com o propósito de cometer um crime específico, há

concurso de pessoas, não associação criminosa.

No parágrafo único, temos uma causa de aumento de pena para a associação criminosa em relação

ao uso de armas e à presença de criança e adolescente. Então, aqui não se pode responder pelos dois.

Logo, não há que se aplicar os dois crimes (associação criminosa com a causa de aumento do parágrafo

único e corrupção de menores), pois a própria causa de aumento de pena já trata da participação do

menor. Prevalece, então, nesse caso, essa conduta específica (art. 288, parágrafo único, CP). Nos demais

casos, incide o ECA.

No que tange ao emprego de armas em associações criminosas, pode ser qualquer tipo de arma.

Imaginemos o caso de uma associação criminosa armada, com três ou mais pessoas, nenhuma

delas é criança/adolescente, todos maiores. Dois membros dessa associação cometem um roubo com

emprego de arma. Eles respondem pelo artigo 157,§ 2º, I e II. Respondem, também, pela associação

criminosa, já que esta antecede a prática do crime. Mas e quanto à associação criminosa armada? A

posição majoritária - do STF e STJ - entende que sim, incide a majorante do parágrafo único do art. 288 pelo

uso de armas, pois o bem jurídico tutelado na associação criminosa armada é a segurança pública, e a

associação criminosa já é armada antes da prática do crime, causando um maior abalo para a sociedade. O

bem jurídico atingido no roubo, por sua vez, é o patrimônio em conjunto com a integridade física, psíquica,

a vida e a liberdade da pessoa e a utilização de arma com a participação de duas ou mais pessoas

aumentam a potencialidade lesiva neste crime patrimonial. Assim, por serem os fundamentos dos crimes

lesões a dois bens jurídicos distintos, é possível responder por tudo.

Por outro lado, a corrente minoritária sugere o bis in idem: assim, reconhece o art. 157,§ 2º, I e II,

CP, havendo associação também, mas sem a aplicação da causa de aumento de pena do artigo 288. Salvo

engano do professor, que, nesse ponto, fala de memória, Paulo Queiroz e Rogério Greco defendem a

posição minoritária.

Controvérsia: Concurso material de roubo majorado pelo emprego da arma e concurso de

pessoas com o crime de quadrilha (nomenclatura antiga – hoje é “associação criminosa”) armada?

STF e doutrina majoritária, não há bis in idem, sendo possível o concurso material, pois os

fundamentos dos crimes são diferentes: a quadrilha se qualifica apenas pelo porte de arma, enquanto

que o roubo não se qualifica pela posse da arma e sim pelo emprego desta.

Parágrafo único. A pena aumenta-se até a metade se a associação é armada ou se houver a participação

de criança ou adolescente. (Redação dada pela Lei nº 12.850, de 2013) (Vigência)

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C) 3ª majorante: vítima em serviço de Transporte de Valores e o agente conhece essa circunstância15.

O agente tem que saber que a vítima transporta valores.

Os criminosos têm como alvo empresas especializadas com carro próprio, através de malote. O

assalto a carro forte é um exemplo típico.

Ex. a vítima vende joias e o sujeito ativo conhece que o mesmo transporta diretamente as joias.

Ex. Caso do metrô Uruguaiana. Um rapaz que transportava valores de uma empresa, porém de

forma descaracterizada (na mochila). O criminoso sabia e começou a monitorá-lo. Tentou roubar, o

indivíduo atrás tentou reagir para ajudar, mas a vítima terminou morrendo. Esse caso é um pouco

diferente, porque sai do §2º e vai para o latrocínio (houve morte). Mas, sem a morte, é o típico exemplo

disso aqui.

Deve haver um serviço efetivo de transporte de valores pela vítima, sobre o qual o agente tenha

conhecimento. Ex.: roubo a carro-forte. Se o agente não tinha conhecimento e, por acaso, assalta alguém

que exerce esse tipo de atividade, é sorte. OBS. Saidinha de banco não configura essa majorante; não é a

mesma coisa; não há transporte de valores no sentido de uma atividade organizada, etc.

Um caso interessante foi um roubo a avião de transporte de valores que se encontrava em solo

ainda. Neste caso, por envolver uma aeronave, ainda que pousada, o STJ decidiu ser competência da Justiça

federal, em razão do que diz a Constituição (crimes cometidos a bordo de navios e aeronaves - artigo 109,IX

CF/8816). MAS, vale ressaltar que, nem todo crime cometido em aeroporto é de competência federal. Ex.:

roubos, furtos, brigas, etc. ocorridos na área de check-in são crimes de competência estadual.

OBS. STJ e STF têm um conceito restritivo de navio. Navio não é qualquer embarcação. Não é

qualquer crime cometido a bordo de embarcação que é crime federal. Navio é embarcação de grande porte

com autonomia para alcançar águas internacionais. Então, o pressuposto da competência federal é essa

capacidade de o navio alcançar águas internacionais. E mais: o STJ decidiu que, se o navio está no porto,

imobilizado, docado, sendo abastecido, sem condições de suspender prontamente, nesse caso, não incide a

competência federal.

15 § 2º - A pena aumenta-se de um terço até metade:

(...)

III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância.

(...)

16 Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:

(...)

IX - os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a competência da Justiça Militar;

(...)

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Então, o conceito de aeronave é amplo; de navio, restrito. A aeronave, mesmo em solo, atrai a

competência federal (crime cometido a bordo de aeronave). Já o navio, se não estiver em condições de

alcançar prontamente águas internacionais, o crime cometido a bordo dele é de competência estadual.

D) 4ª majorante: roubo de veículo automotor17.

Se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro estado ou para

o exterior. Aplica-se o mesmo raciocínio do furto de veículo automotor. Portanto, tem que passar a

divisa, tem que cruzar a fronteira, não basta que a intenção seja essa.

Aqui é repetição do art. 155, §5º, CP18. Tem que chegar lá, tem que cruzar a fronteira, não basta

que a finalidade seja essa apenas.

E) 5ª majorante: se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade19.

O agente mantém a vítima em seu poder para poder roubá-la (meio de execução) ou para

conseguir fugir (para assegurar a impunidade).

17 § 2º - A pena aumenta-se de um terço até metade:

(...)

IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o

exterior; (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)

(...)

18 Furto

Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

(...)

§ 5º - A pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtração for de veículo automotor que venha a ser

transportado para outro Estado ou para o exterior. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)

(...)

19 § 2º - A pena aumenta-se de um terço até metade:

(...)

V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade. (Incluído pela Lei nº 9.426, de

1996)

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Art. 157, §2º, V, CP Art. 158, §3º, CP20 Art. 159, CP21

› O verbo é “subtrair”; com

restrição (≠privação) da

liberdade; mantendo a vítima

“em seu poder (vigilância da

vítima em contato direto)”.

Ex.1: Arrastão no prédio. O cara

diz que é funcionário da NET, que

vai atualizar o sistema, entre,

“domina” as pessoas e vai

roubando tudo.

Ex.2: O roubo de carro, em que os

criminosos só liberam a vítima

alguns quilômetros depois.

› Aqui incide uma majorante de

1/3 até ½.

› Figura criada pela Lei 11.923/09,

o “sequestro-relâmpago” que, na

verdade, nem é sequestro, nem é

relâmpago.

› O crime é de extorsão, o verbo é

“constranger” e o objetivo é

obter indevida vantagem

econômica. Aqui não há

“subtração”, há

“constrangimento”, embora

mediante violência ou grave

ameaça.

› Aqui TAMBÉM HÁ RESTRIÇÃO

DA LIBERDADE, MAS NÃO

NECESSARIAMENTE A VÍTIMA

ESTÁ EM SEU PODER. E a

restrição da liberdade é condição

para a obtenção da vantagem.

› Aqui não há majoração, é uma

extorsão qualificada (pena de 6 a

12 anos).

Ex. Sequestra a vítima, leva ao

› Na extorsão mediante

sequestro, o núcleo é

“sequestrar” alguém, para exigir

pagamento ou condição de

resgate.

› Lembrando o art. 148 do CP

(sequestro e cárcere privado),

aqui há efetiva “privação” da

liberdade.

› Aqui quem vai satisfazer o

pagamento ou condição é o

terceiro, não a pessoa privada da

liberdade; já no sequestro-

relâmpago, a satisfação da

vantagem recai sobre a própria

pessoa constrangida em sua

liberdade.

› Aqui, há primeiro o sequestro e

o pagamento é moeda de troca

pela liberdade.

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Extorsão

Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou

para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer alguma coisa:

Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.

(...)

§ 3o Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e essa condição é necessária para

a obtenção da vantagem econômica, a pena é de reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; se resulta lesão

corporal grave ou morte, aplicam-se as penas previstas no art. 159, §§ 2o e 3o, respectivamente. (Incluído pela Lei nº

11.923, de 2009)

21 Art. 159, caput - Seqüestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem, como

condição ou preço do resgate: Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90 (Vide Lei nº 10.446, de 2002)

Pena - reclusão, de oito a quinze anos.. (Redação dada pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990)

(...)

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cativeiro e lá força-a a fornecer

senhas de cartões, etc. Mas, às

vezes, a pessoa passava o dia

inteiro. De relâmpago, não tinha

nada.

O Sequestro-relâmpago é uma figura intermediária criada pelo legislador para solucionar o impasse

que subsistiu até 2009, em razão de dificuldade de distinguir o dolo de subtrair ou de sequestrar. Se a

pessoa era roubada e jogada no porta-malas do carro, o criminoso terminava caindo no crime de extorsão

mediante sequestro, que é pior. Então, criou-se essa figura intermediária.

Caracterizada a restrição de liberdade da vítima pelo agente, que a manteve em seu poder por

período juridicamente relevante, incide a majorante do inciso V do §2º do art. 157 do CP. (REsp 742388-

RS).

Esse tempo juridicamente relevante não é um tempo qualquer, é um tempo considerável. Não é o

caso daquele cara que aborda e fala: “para, cala a boca, fica quieto, passa tudo e depois vai embora”. Por

mais que tenha ocorrido aquele contato direto, um momento de restrição da liberdade, não é considerado

um tempo juridicamente relevante.

Mantida a vítima, mediante grave ameaça, exercida com o emprego de arma de fogo, sob o

poder dos agentes, por cerca de oito horas, na prática do roubo e em garantia da sua impunidade,

impõe-se afirmar que a execução do delito protraiu-se por todo esse tempo. (STJ, RHC 13529/BA).

1.4. Roubo Qualificado pelo Resultado (§3º22)

Primeira Parte: Se da violência resultar lesão corporal grave: artigo 157, §3º, 1ª figura.

Pena: reclusão, de 7 a 15 anos e multa.

O resultado agravador pode ocorrer a título de dolo ou por culpa, não há diferença.

A violência aqui deve ser necessariamente física; violência moral (grave ameaça) não vale,

portanto, não faz incidir a qualificadora. Ex. Durante o roubo, mediante grave ameaça, a vítima sofre uma

AVC e, em consequência do fato delituoso, fica com uma lesão grave. Não incidirá a majorante porque não

houve violência física, embora isso possa ser considerado, na aplicação da pena, nas consequências do

22 § 3º Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena é de reclusão, de sete a quinze anos, além da multa;

se resulta morte, a reclusão é de vinte a trinta anos, sem prejuízo da multa. (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)

Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90

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crime. A qualificadora somente se configura se houver violência física, que gere lesão grave ou gravíssima

(art. 129, §§ 1º e 2º, CP).

Segunda Parte: se da violência resulta morte (latrocínio).

Artigo 157, §3º, 2ª figura.

Pena: reclusão, de 20 a 30 anos + multa.

A lei pune o roubo com resultado morte.

O resultado morte do §3º do art. 157 é punível tanto na forma culposa quanto na forma dolosa.

Ou seja, é punível tanto o resultado desejável, como o não desejável, mas previsível.

Súmula 603 do STF23: a competência para o julgamento do latrocínio é do juiz singular, pois o

latrocínio é crime contra o patrimônio e não doloso contra a vida.

O STF não reconhece continuidade delitiva entre roubo e latrocínio, por entender que não se

tratam de crimes da mesma espécie. O roubo é subtração mediante violência ou grave ameaça ou qualquer

outro meio que impossibilite a resistência da vítima, e o latrocínio é subtração violenta de que resulta a

morte. É uma posição radical, restritiva.

(ABRINDO UM PARÊNTESES) – na verdade, isso já foi trabalhado anteriormente!

OBS.1: Idoso tem um ataque cardíaco pelo susto decorrente da grave ameaça do roubo, não haverá

latrocínio. A lei usou somente a expressão “se da violência resulta” morte. Trata-se de violência física

(real). Se o resultado decorrer de grave ameaça, o sujeito deverá responder pelo roubo em concurso

formal com o homicídio culposo ou doloso, a depender do elemento subjetivo24.

OBS.2: Pluralidade de Vítimas. Se no mesmo roubo houver morte de mais de uma pessoa, sendo

um único patrimônio subtraído haverá apenas um crime de latrocínio e o número de mortes irá

influenciar na dosimetria da pena. Porém, se for possível identificar diversos patrimônios, o agente

responderá por tantos latrocínios quantos forem os roubos com resultado morte.

Se há diversos patrimônios, então haverá diversos latrocínios. Se há uma única violência, há

concurso formal próprio, de acordo com orientação jurisprudencial. Logo, se no roubo houver mais de um

patrimônio, há pluralidade de crimes. Mas se há um único patrimônio com a morte de mais de uma pessoa,

23 Súmula 603 - A competência para o processo e julgamento de latrocínio é do Juiz singular e não do Tribunal

do Júri.

24

Embora o professor não tenha mencionado, é sempre bom relembrar a questão se o resultado era ou não

“previsível” ao agente.

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haverá apenas um crime de latrocínio, sendo o número de mortes considerado para fins de dosimetria da

pena (para o professor, sai barato isso). Se houver a afetação, no mesmo contexto, de vários patrimônios,

então haverá tantos crimes de latrocínio quanto forem os roubos com resultado morte, havendo, neste

caso, concurso formal próprio.

OBS. 3: Se o sujeito ativo, durante o roubo, por erro na execução (art. 73, CP) mata o próprio

comparsa, responde por latrocínio. Será considerado latrocínio mesmo quando a morte for de pessoa cujo

patrimônio não era o alvo do delito (Ex.: roubo de lotérica, o criminoso quer o patrimônio da

lotérica,mesmo que a pessoa que se encontrava na fila tenha morrido em razão do tiro efetuado).

A violência homicida será considera aquela efetuada antes da subtração ou mesmo após essa, para

garantir a subtração, desde que num mesmo contexto.

Vejamos um quadrinho comparativo entre latrocínio consumado e latrocínio tentado.

SUBTRAÇÃO MORTE LATROCÍNIO

TENTADA TENTADA TENTADO (pacífico)

CONSUMADA CONSUMADA CONSUMADO (pacífico)

CONSUMADA TENTADA TENTADO – posição majoritária

(controvérsia)

TENTADA CONSUMADA CONSUMADO

(Súmula 610 do STF25)

No caso de subtração consumada e morte tentada, a posição majoritária é de que há latrocínio

tentada. Entretanto, houve um HC impetrado no STF contra o STJ em que a defesa sustentou a

desclassificação do latrocínio tentado (art. 157, §3º c/c art. 14, II, CP – pena de 20 a 30 anos na forma

tentada) para roubo qualificado pelo resultado lesão corporal grave (pena de 7 a 15 anos). O STF não

conheceu do HC, porque em HC não há revolvimento de matéria fática já definida nas instâncias ordinárias.

O que há é análise de manifesta ilegalidade ou aplicação exacerbada de pena sem fundamentação, etc.

Enfim, revaloração é diferente de reexame de matéria fática. Mas o STF, de ofício, reconheceu uma nova

capitulação: roubo consumado (art. 157 do CP) + homicídio tentado (art. 121, §2º, V26 c/c art. 14, II, CP),

25

Súmula 610 - Há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma, ainda que não realize o agente a

subtração de bens da vítima.

26 Homicídio qualificado

§ 2° Se o homicídio é cometido:

(...)

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pois o homicídio foi praticado, no caso, para assegurar a impunidade do crime. O STF não adotou a tese

defensiva porque ficou evidente nos autos o dolo de matar, mas, como o STF não gosta de latrocínio

tentado, ele adotou uma tese intermediária, preferindo cindir as condutas.

OBS. Já caiu na Cespe: “O Supremo Tribunal Federal não admite tentativa de latrocínio”. R:

Verdadeiro.

No caso da Súmula 610 do STF, há posição doutrinária em sentido contrário, porém minoritária,

entendendo que seria uma tentativa. Isso até mesmo em consonância com a súmula 603, que diz que o

latrocínio é de competência do juízo comum porque é crime patrimonial. Se é crime patrimonial e a

subtração não se consuma, o crime deve ser tentado.

OBS. Em prova objetiva, siga a súmula 610 do STF. Em prova dissertativa, há margem para

dissertar sobre outras questões.

2. EXTORSÃO - ART. 158 do CP27

2.1. Conceito e Objetividade Jurídica

› A objetividade jurídica principal é a inviolabilidade do patrimônio.

› Tratando-se de crime complexo, fusão de várias figuras típicas, também tem por objetos

jurídicos a vida, a integridade física e psíquica e a liberdade pessoal.

› O objeto material é a pessoa sobre quem recai o constrangimento.

› É delito formal (de consumação antecipada), consuma-se quando a vítima se submete ao

constrangimento, independentemente da obtenção da vantagem econômica (súmula 96 do STJ28).

V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime:

Pena - reclusão, de doze a trinta anos.

27 Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou

para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer alguma coisa:

Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.

§ 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou com emprego de arma, aumenta-se a pena de

um terço até metade.

§ 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o disposto no § 3º do artigo anterior. Vide Lei nº

8.072, de 25.7.90

§ 3o Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e essa condição é necessária para

a obtenção da vantagem econômica, a pena é de reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; se resulta lesão

corporal grave ou morte, aplicam-se as penas previstas no art. 159, §§ 2o e 3o, respectivamente. (Incluído pela Lei nº

11.923, de 2009)

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› A extorsão é delito formal, não se exigindo a obtenção da vantagem para consumação.

› Consuma-se com o comportamento da vítima, no instante em que ela faz, deixa de fazer ou

tolera que se faça alguma coisa.

Ex.: o agente constrange a vítima a assinar um cheque, mas, no banco, não consegue sacar o valor.

Apesar de não obtida a vantagem, o crime se encontra consumado, pois o constrangimento à vítima foi

efetivado.

› A tentativa é admissível. Se o sujeito passivo não realiza a conduta pretendida pelo sujeito

ativo.

› O momento do recebimento da vantagem após o constrangimento é fase de exaurimento da

extorsão.

Golpe de falso sequestro: a posição majoritária entende serem casos de extorsão. Isso porque a

vítima entrega a vantagem em razão do constrangimento sofrido, mesmo que esse constrangimento seja

uma verdadeira “fraude” (ameaça da morte de um parente, por exemplo). Mas como a ameaça é subjetiva,

capaz de infundir medo, em razão do mal prenunciado, a vítima age ou tolera ou deixa de agir em razão de

“constrangimento”. Não é estelionato (art.171, CP), pois nessa figura típica, a fraude é empregada não para

constranger a vítima, mas sim para iludir, viciar a sua vontade, a vítima entrega sem constrangimento

algum.

28

O CRIME DE EXTORSÃO CONSUMA-SE INDEPENDENTEMENTE DA OBTENÇÃO DA VANTAGEM INDEVIDA.

(Súmula 96, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 03/03/1994, DJ 10/03/1994, p. 4021)