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Curso/Disciplina: Direito Penal B.
Aula: Crimes contra o Patrimônio (cont.) - 15
Professor (a): Marcelo Uzêda
Monitor (a): Amanda Ibiapina
Nº da aula 15
CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO (Continuação)
● RECAPITULANDO:
1. ROUBO
É a subtração de coisa móvel alheia mediante violência (física) ou grave ameaça (violência moral) à
pessoa, ou ainda mediante a utilização de algum meio que reduza à vítima à impossibilidade de resistência,
a chamada violência imprópria (Ex. boa noite, Cinderela; drogas; álcool; etc).
1.1. Roubo Impróprio (art. 157, §1º, CP1)
O Roubo Impróprio se consuma, inicialmente, por meio de uma subtração não violenta (como se
fosse um furto) e, depois, há uma progressão criminosa para uma atuação violenta, que objetiva “assegurar
a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro”, pois a posse já foi invertida.
Atenção! Roubo impróprio não tem violência imprópria, só violência física ou grave ameaça, pois a
posse já foi invertida. O objetivo agora é só assegurar a posse ou a impunidade. E mesmo que ele não atinja
esse objetivo, no momento em que emprega violência ou grave ameaça, já evolui para o tipo penal mais
grave. Por isso, a doutrina diz que não há tentativa de roubo impróprio, pois, empregada a violência ou
grave ameaça com o fim de assegurar a posse ou a impunidade, já se consuma o tipo penal mais grave,
ainda que o agente não consiga isso.
1.2. Roubo Próprio
1 § 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega violência contra pessoa ou
grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro.
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Quanto à consumação, segue a mesma lógica do furto. O entendimento dos Tribunais Superiores é
no sentido de que basta a mera inversão da posse, independente da posse tranquila. A posição minoritária,
boa para Defensorias, é no sentido de que não basta a mera inversão da posse, tem que ocorrer a posse
tranquila.
1.3. Roubo Majorado (Art. 157, §2º, CP2)
O §2º estabelece causas de aumento de pena decorrentes da maior gravidade do fato, pelo
emprego de armas, concurso de pessoas e outras circunstâncias de maior lesividade, que geram maior
reprovabilidade do agente.
Atenção: cai muito em prova! Súmula 443 do STJ3. Essa súmula pode ser utilizada para outros
crimes que utilizem raciocínio similar. Vejamos. Lá na parte geral, vimos, sobre o art. 70 do CP4 (concurso
formal), que a jurisprudência tem aceitado o cálculo a seguir, sugerido pela doutrina, no que tange ao
sistema de exasperação das penas:
ART. 70 DO CP
● 1/6: 2 fatos.
● 1/5: 3 fatos.
2 § 2º - A pena aumenta-se de um terço até metade:
I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma;
II - se há o concurso de duas ou mais pessoas;
III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância.
IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o
exterior; (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)
V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade. (Incluído pela Lei nº 9.426, de
1996)
3 O aumento na terceira fase de aplicação da pena no crime de roubo circunstanciado exige fundamentação
concreta, não sendo suficiente para a sua exasperação a mera indicação do número de majorantes.
(Súmula 443, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 28/04/2010, DJe 13/05/2010)
4 Art. 70, caput, CP - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes,
idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em
qualquer caso, de um sexto até metade. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é
dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos, consoante o disposto no artigo anterior.(Redação
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
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● 1/4: 4 fatos.
● 1/3: 5 fatos.
● 1/2: 6 fatos ou mais.
O problema é que queriam aplicar a mesma lógica acima ao cálculo das penas do roubo majorado.
A ideia era a seguinte: a pena variava de um terço até metade, então, quanto maior o número de
circunstâncias majorantes, maior era a majoração sobre a pena. Mas não pode ser assim. A súmula visa
impedir isso. A ideia é que a majoração se dê não com base no número de circunstâncias majorantes, mas
na gravidade concreta, não abstrata do fato. Ex. 1: A única circunstância presente é a do concurso de
pessoas, mas eram 10 pessoas envolvidas, então, pela gravidade concreta do caso, pode-se aumentar em ½
a pena. Ex.2. Havia o concurso de pessoas e o emprego de arma, mas a arma eram pedaços de pau, usadas
por duas pessoas apenas. Pode-se aplicar a fração mínima de majoração, em 1/3, diante do caso concreto.
A) 1ª Majorante: Emprego de arma5.
A arma pode ser própria ou imprópria. A arma própria é aquela cujo destino específico é o ataque
ou a defesa (Exs.: arma de fogo, punhal, canivete, etc.). A arma imprópria é qualquer artefato que sirva
para agredir, qualquer artefato que tenha potencialidade lesiva (Ex.: pedaço de madeira, caco de vidro,
etc.).
Não basta estar com a arma, deve-se empregá-la efetivamente (empunhá-la ou simplesmente
mostrá-la para caracterizar a grave ameaça). Não há necessidade de lesão da vítima, mas também não é
suficiente a mera posse da arma, ali guardada, sem empregá-la ou pelo menos utilizar para fins de ameaça.
O fundamento da majoração do crime de roubo com o uso de arma é pela maior
ofensividade/potencialidade lesiva da arma.
Arma de brinquedo: No que tange à ARMA DE BRINQUEDO, não há dúvida de que esta serve para
caracterizar a grave ameaça típica do roubo, mas a súmula nº 174 do STJ6 foi cancelada, logo, o sujeito
5 § 2º - A pena aumenta-se de um terço até metade:
I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma;
(...)
6 NO CRIME DE ROUBO, A INTIMIDAÇÃO FEITA COM ARMA DE BRINQUEDO AUTORIZA O AUMENTO DA
PENA.(*) .
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que usa arma de brinquedo responde somente pelo roubo simples, já que brinquedo não tem qualquer
potencialidade lesiva.
A arma de brinquedo não é arma, mas serve para ameaçar. Por ser ameaça, por infundir medo, até
porque ninguém vai discutir com o ladrão se a arma é de verdade ou não, configurado está o “roubo”
(ameaça) “simples”. Mas não há potencialidade lesiva, por isso a arma de brinquedo não autoriza a
aplicação da majorante. Esse tema é tranquilo, bem resolvido.
Arma de fogo verdadeira desmuniciada:
Os Tribunais Superiores entendem que a arma de fogo possui potencialidade lesiva in re ipsa, ou
seja, em si mesma, por sua própria natureza. Presume-se, portanto, sua potencialidade lesiva. Se a arma de
fogo, ainda que desmuniciada, é apta a disparar, incide a majorante.
E se periciada a arma de fogo, não se mostrar apta a disparar? Em primeiro lugar, isso é ônus da
defesa (art. 156 do CPP7). Se a defesa alegar que a arma não é apta a disparar, é necessária a realização de
perícia, porque a potencialidade lesiva é presumida (presunção relativa). Se a perícia concluir que a arma
não é apta a disparar (arma imprestável), afasta-se a majorante. Mas é necessária perícia! Mera alegação
não vale, prevalecendo a presunção.
Atenção! A arma que não é apta a disparar pode ser considerada como uma arma imprópria, já que
qualquer coisa pode arma imprópria (pode ser uma coronhada, por exemplo). Uma vez que, no contexto,
ela é utilizada para ameaçar, afasta-se a majorante, subsistindo o roubo simples, em razão ameaça que a
utilização da arma infunde.
HC 96099: o Pleno do STF, por maioria, entendeu, de forma radical, e em razão da potencialidade
lesiva in re ipsa da arma de fogo, defendeu que, ainda que a arma de fogo, in casu, não seja apta a disparar,
esta poderá ser usada de forma contundente, ou seja, presume-se sua potencialidade lesiva. Essa é a
posição majoritária do STF, ainda que não seja pacífica.
Informativo STJ/SET-2015: Em 2014, a 5ª Turma decidiu que o porte de arma com registro vencido
configura mera infração administrativa. Agora, nesse informativo, a 6ª Turma decidiu que não, que
configura o crime do art. 12 da Lei de Armas8. Isso em razão do risco à segurança da coletividade, ainda que
de forma abstrata.
(*) Julgando o RESP 213.054-SP, na sessão de 24/10/2001, a Terceira Seção deliberou pelo CANCELAMENTO da
súmula n. 174.
(Súmula 174, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 24/10/2001, DJ 06/11/2001, p. 229, DJ 31/10/1996, p. 42124) 7 Art. 156, caput. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, facultado ao juiz de ofício:
(Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008)
8 Posse irregular de arma de fogo de uso permitido
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“É prescindível a apreensão e perícia da arma de fogo para incidência da majorante (Afirmação
Correta – Cespe, por exemplo)”. Em geral, é assim que vem nas provas objetivas. Mas essa frase está
incompleta: “(...) desde que haja prova idônea do emprego”. Ex. O criminoso saca a arma e rouba a vítima.
Existe uma testemunha e gravação de imagens do movimento todo. A arma não foi apreendida, tampouco
periciada e o criminoso diz que a arma é de brinquedo. Entretanto, como há provas idôneas (declarações
do ofendido, da testemunha e circuito de vigilância), deve prevalecer o entendimento de que a arma é de
verdade. Então, qualquer prova idônea do emprego é suficiente, prescindível a apreensão e perícia da
arma. Posição tranquila dos Tribunais Superiores.
De acordo com a jurisprudência dos tribunais superiores, há a inversão do ônus da prova,
cabendo ao acusado demonstrar que não havia potencialidade lesiva.
STJ e STF: prescindível a perícia da arma, se houver outros elementos probatórios suficientes a
atestar a potencialidade lesiva.
A apreensão da arma utilizada no crime é dispensável, se seu emprego é confirmado por outras
provas (HC 93946/RS).
Insta ressaltar que, em que pese a posição dos Tribunais, há posições em sentido contrário. Há
quem diga, por exemplo, que a majorante alegada deve ser sempre comprovada pela acusação (que deve
demonstrar o fato e a autoria), não podendo partir de uma mera presunção, ao contrário da agravante, que
o juiz pode reconhecer de ofício, já que se trata de circunstância legal (art. 385 do CPP9 10).
B) 2ª majorante: concurso de duas ou mais pessoas11.
Art. 12 da Lei 10.826/2003. Possuir ou manter sob sua guarda arma de fogo, acessório ou munição, de uso
permitido, em desacordo com determinação legal ou regulamentar, no interior de sua residência ou dependência
desta, ou, ainda no seu local de trabalho, desde que seja o titular ou o responsável legal do estabelecimento ou
empresa:
Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
9 Art. 385. Nos crimes de ação pública, o juiz poderá proferir sentença condenatória, ainda que o Ministério
Público tenha opinado pela absolvição, bem como reconhecer agravantes, embora nenhuma tenha sido alegada.
10 Para o professor, não viola o sistema acusatório o fato de o juiz poder condenar ainda que o MP tenha
pedido a absolvição. Isso porque, para ele, a correlação que há é entre a acusação (a inicial) e a sentença. Como há o
princípio da indisponibilidade da Ação Penal Pública, uma forma de violá-la é voltar atrás, pedir absolvição. Por isso, o
juiz pode condenar apesar desse pedido de absolvição, adstrito à inicial.
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§ 2º - A pena aumenta-se de um terço até metade:
(...)
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O roubo é majorado quando houver o concurso efetivo de 2 ou mais pessoas. Trata-se da mesma
regra do crime de furto em que se exige a participação nos atos de execução. A mera participação não
influencia no resultado se não houver presença física. Doutrina e jurisprudência têm aceitado isso.
Incide a majorante mesmo que um dos agentes seja inimputável (menor, doente mental) ou fuja
e não seja achado ou não seja identificado, desde que haja prova do concurso. A majorante, neste caso, é
em razão da maior potencialidade lesiva oriunda do concurso de pessoas.
Quando há menores envolvidos, e isso é muito comum cair em concurso público, o menor vai ser
julgado na Justiça Especializada. O maior fica na Justiça Comum. O maior responderá pelo roubo em
concurso de pessoas e responderá ainda pelo crime de corrupção de menores. O entendimento majoritário
é que não há problema nisso: a majorante do concurso de pessoas decorre da maior potencialidade lesiva
do crime; o crime de corrupção de menores decorre da conduta praticada contra o ser humano em
formação.
Acrescente-se que a Súmula 500 do STJ12 entende que o crime de corrupção de menores é crime
formal, ou seja, não importa se o menor foi efetivamente corrompido, ou se já era criminoso, ou até
mesmo se foi ele quem convidou o maior para a prática criminosa. O crime subsiste (art. 244-B do ECA13),
até porque basta “praticar infração penal com ele”. Esse é o entendimento majoritário.
O entendimento minoritário diz que há bis in idem, pois o criminoso responde pelo concurso de
pessoa e, porque o concurso foi com um menor, responde pelo crime de corrupção de menores. Mas, a
rigor, prevalece o entendimento de que são bens jurídicos distintos, prevalece a súmula 500 do STJ.
Associação Criminosa (art. 288 do CP14)
II - se há o concurso de duas ou mais pessoas;
12 A configuração do crime do art. 244-B do ECA independe da prova da efetiva corrupção do menor, por se
tratar de delito formal.
(Súmula 500, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 23/10/2013, DJe 28/10/2013)
13 Art. 244-B, caput. Corromper ou facilitar a corrupção de menor de 18 (dezoito) anos, com ele praticando
infração penal ou induzindo-o a praticá-la: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
(...)
14 Art. 288. Associarem-se 3 (três) ou mais pessoas, para o fim específico de cometer crimes: (Redação dada
pela Lei nº 12.850, de 2013) (Vigência)
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos. (Redação dada pela Lei nº 12.850, de 2013) (Vigência)
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Atenção! A associação criminosa se configura quando um número mínimo de pessoas (3 ou mais)
se associam com o fim de cometer crimes indefinidamente, de forma permanente, ainda que não o façam
efetivamente. Se 3 ou mais pessoas se reúnem com o propósito de cometer um crime específico, há
concurso de pessoas, não associação criminosa.
No parágrafo único, temos uma causa de aumento de pena para a associação criminosa em relação
ao uso de armas e à presença de criança e adolescente. Então, aqui não se pode responder pelos dois.
Logo, não há que se aplicar os dois crimes (associação criminosa com a causa de aumento do parágrafo
único e corrupção de menores), pois a própria causa de aumento de pena já trata da participação do
menor. Prevalece, então, nesse caso, essa conduta específica (art. 288, parágrafo único, CP). Nos demais
casos, incide o ECA.
No que tange ao emprego de armas em associações criminosas, pode ser qualquer tipo de arma.
Imaginemos o caso de uma associação criminosa armada, com três ou mais pessoas, nenhuma
delas é criança/adolescente, todos maiores. Dois membros dessa associação cometem um roubo com
emprego de arma. Eles respondem pelo artigo 157,§ 2º, I e II. Respondem, também, pela associação
criminosa, já que esta antecede a prática do crime. Mas e quanto à associação criminosa armada? A
posição majoritária - do STF e STJ - entende que sim, incide a majorante do parágrafo único do art. 288 pelo
uso de armas, pois o bem jurídico tutelado na associação criminosa armada é a segurança pública, e a
associação criminosa já é armada antes da prática do crime, causando um maior abalo para a sociedade. O
bem jurídico atingido no roubo, por sua vez, é o patrimônio em conjunto com a integridade física, psíquica,
a vida e a liberdade da pessoa e a utilização de arma com a participação de duas ou mais pessoas
aumentam a potencialidade lesiva neste crime patrimonial. Assim, por serem os fundamentos dos crimes
lesões a dois bens jurídicos distintos, é possível responder por tudo.
Por outro lado, a corrente minoritária sugere o bis in idem: assim, reconhece o art. 157,§ 2º, I e II,
CP, havendo associação também, mas sem a aplicação da causa de aumento de pena do artigo 288. Salvo
engano do professor, que, nesse ponto, fala de memória, Paulo Queiroz e Rogério Greco defendem a
posição minoritária.
Controvérsia: Concurso material de roubo majorado pelo emprego da arma e concurso de
pessoas com o crime de quadrilha (nomenclatura antiga – hoje é “associação criminosa”) armada?
STF e doutrina majoritária, não há bis in idem, sendo possível o concurso material, pois os
fundamentos dos crimes são diferentes: a quadrilha se qualifica apenas pelo porte de arma, enquanto
que o roubo não se qualifica pela posse da arma e sim pelo emprego desta.
Parágrafo único. A pena aumenta-se até a metade se a associação é armada ou se houver a participação
de criança ou adolescente. (Redação dada pela Lei nº 12.850, de 2013) (Vigência)
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C) 3ª majorante: vítima em serviço de Transporte de Valores e o agente conhece essa circunstância15.
O agente tem que saber que a vítima transporta valores.
Os criminosos têm como alvo empresas especializadas com carro próprio, através de malote. O
assalto a carro forte é um exemplo típico.
Ex. a vítima vende joias e o sujeito ativo conhece que o mesmo transporta diretamente as joias.
Ex. Caso do metrô Uruguaiana. Um rapaz que transportava valores de uma empresa, porém de
forma descaracterizada (na mochila). O criminoso sabia e começou a monitorá-lo. Tentou roubar, o
indivíduo atrás tentou reagir para ajudar, mas a vítima terminou morrendo. Esse caso é um pouco
diferente, porque sai do §2º e vai para o latrocínio (houve morte). Mas, sem a morte, é o típico exemplo
disso aqui.
Deve haver um serviço efetivo de transporte de valores pela vítima, sobre o qual o agente tenha
conhecimento. Ex.: roubo a carro-forte. Se o agente não tinha conhecimento e, por acaso, assalta alguém
que exerce esse tipo de atividade, é sorte. OBS. Saidinha de banco não configura essa majorante; não é a
mesma coisa; não há transporte de valores no sentido de uma atividade organizada, etc.
Um caso interessante foi um roubo a avião de transporte de valores que se encontrava em solo
ainda. Neste caso, por envolver uma aeronave, ainda que pousada, o STJ decidiu ser competência da Justiça
federal, em razão do que diz a Constituição (crimes cometidos a bordo de navios e aeronaves - artigo 109,IX
CF/8816). MAS, vale ressaltar que, nem todo crime cometido em aeroporto é de competência federal. Ex.:
roubos, furtos, brigas, etc. ocorridos na área de check-in são crimes de competência estadual.
OBS. STJ e STF têm um conceito restritivo de navio. Navio não é qualquer embarcação. Não é
qualquer crime cometido a bordo de embarcação que é crime federal. Navio é embarcação de grande porte
com autonomia para alcançar águas internacionais. Então, o pressuposto da competência federal é essa
capacidade de o navio alcançar águas internacionais. E mais: o STJ decidiu que, se o navio está no porto,
imobilizado, docado, sendo abastecido, sem condições de suspender prontamente, nesse caso, não incide a
competência federal.
15 § 2º - A pena aumenta-se de um terço até metade:
(...)
III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância.
(...)
16 Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:
(...)
IX - os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a competência da Justiça Militar;
(...)
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Então, o conceito de aeronave é amplo; de navio, restrito. A aeronave, mesmo em solo, atrai a
competência federal (crime cometido a bordo de aeronave). Já o navio, se não estiver em condições de
alcançar prontamente águas internacionais, o crime cometido a bordo dele é de competência estadual.
D) 4ª majorante: roubo de veículo automotor17.
Se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro estado ou para
o exterior. Aplica-se o mesmo raciocínio do furto de veículo automotor. Portanto, tem que passar a
divisa, tem que cruzar a fronteira, não basta que a intenção seja essa.
Aqui é repetição do art. 155, §5º, CP18. Tem que chegar lá, tem que cruzar a fronteira, não basta
que a finalidade seja essa apenas.
E) 5ª majorante: se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade19.
O agente mantém a vítima em seu poder para poder roubá-la (meio de execução) ou para
conseguir fugir (para assegurar a impunidade).
17 § 2º - A pena aumenta-se de um terço até metade:
(...)
IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o
exterior; (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)
(...)
18 Furto
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
(...)
§ 5º - A pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtração for de veículo automotor que venha a ser
transportado para outro Estado ou para o exterior. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)
(...)
19 § 2º - A pena aumenta-se de um terço até metade:
(...)
V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade. (Incluído pela Lei nº 9.426, de
1996)
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Art. 157, §2º, V, CP Art. 158, §3º, CP20 Art. 159, CP21
› O verbo é “subtrair”; com
restrição (≠privação) da
liberdade; mantendo a vítima
“em seu poder (vigilância da
vítima em contato direto)”.
Ex.1: Arrastão no prédio. O cara
diz que é funcionário da NET, que
vai atualizar o sistema, entre,
“domina” as pessoas e vai
roubando tudo.
Ex.2: O roubo de carro, em que os
criminosos só liberam a vítima
alguns quilômetros depois.
› Aqui incide uma majorante de
1/3 até ½.
› Figura criada pela Lei 11.923/09,
o “sequestro-relâmpago” que, na
verdade, nem é sequestro, nem é
relâmpago.
› O crime é de extorsão, o verbo é
“constranger” e o objetivo é
obter indevida vantagem
econômica. Aqui não há
“subtração”, há
“constrangimento”, embora
mediante violência ou grave
ameaça.
› Aqui TAMBÉM HÁ RESTRIÇÃO
DA LIBERDADE, MAS NÃO
NECESSARIAMENTE A VÍTIMA
ESTÁ EM SEU PODER. E a
restrição da liberdade é condição
para a obtenção da vantagem.
› Aqui não há majoração, é uma
extorsão qualificada (pena de 6 a
12 anos).
Ex. Sequestra a vítima, leva ao
› Na extorsão mediante
sequestro, o núcleo é
“sequestrar” alguém, para exigir
pagamento ou condição de
resgate.
› Lembrando o art. 148 do CP
(sequestro e cárcere privado),
aqui há efetiva “privação” da
liberdade.
› Aqui quem vai satisfazer o
pagamento ou condição é o
terceiro, não a pessoa privada da
liberdade; já no sequestro-
relâmpago, a satisfação da
vantagem recai sobre a própria
pessoa constrangida em sua
liberdade.
› Aqui, há primeiro o sequestro e
o pagamento é moeda de troca
pela liberdade.
20
Extorsão
Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou
para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer alguma coisa:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
(...)
§ 3o Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e essa condição é necessária para
a obtenção da vantagem econômica, a pena é de reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; se resulta lesão
corporal grave ou morte, aplicam-se as penas previstas no art. 159, §§ 2o e 3o, respectivamente. (Incluído pela Lei nº
11.923, de 2009)
21 Art. 159, caput - Seqüestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem, como
condição ou preço do resgate: Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90 (Vide Lei nº 10.446, de 2002)
Pena - reclusão, de oito a quinze anos.. (Redação dada pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990)
(...)
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cativeiro e lá força-a a fornecer
senhas de cartões, etc. Mas, às
vezes, a pessoa passava o dia
inteiro. De relâmpago, não tinha
nada.
O Sequestro-relâmpago é uma figura intermediária criada pelo legislador para solucionar o impasse
que subsistiu até 2009, em razão de dificuldade de distinguir o dolo de subtrair ou de sequestrar. Se a
pessoa era roubada e jogada no porta-malas do carro, o criminoso terminava caindo no crime de extorsão
mediante sequestro, que é pior. Então, criou-se essa figura intermediária.
Caracterizada a restrição de liberdade da vítima pelo agente, que a manteve em seu poder por
período juridicamente relevante, incide a majorante do inciso V do §2º do art. 157 do CP. (REsp 742388-
RS).
Esse tempo juridicamente relevante não é um tempo qualquer, é um tempo considerável. Não é o
caso daquele cara que aborda e fala: “para, cala a boca, fica quieto, passa tudo e depois vai embora”. Por
mais que tenha ocorrido aquele contato direto, um momento de restrição da liberdade, não é considerado
um tempo juridicamente relevante.
Mantida a vítima, mediante grave ameaça, exercida com o emprego de arma de fogo, sob o
poder dos agentes, por cerca de oito horas, na prática do roubo e em garantia da sua impunidade,
impõe-se afirmar que a execução do delito protraiu-se por todo esse tempo. (STJ, RHC 13529/BA).
1.4. Roubo Qualificado pelo Resultado (§3º22)
Primeira Parte: Se da violência resultar lesão corporal grave: artigo 157, §3º, 1ª figura.
Pena: reclusão, de 7 a 15 anos e multa.
O resultado agravador pode ocorrer a título de dolo ou por culpa, não há diferença.
A violência aqui deve ser necessariamente física; violência moral (grave ameaça) não vale,
portanto, não faz incidir a qualificadora. Ex. Durante o roubo, mediante grave ameaça, a vítima sofre uma
AVC e, em consequência do fato delituoso, fica com uma lesão grave. Não incidirá a majorante porque não
houve violência física, embora isso possa ser considerado, na aplicação da pena, nas consequências do
22 § 3º Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena é de reclusão, de sete a quinze anos, além da multa;
se resulta morte, a reclusão é de vinte a trinta anos, sem prejuízo da multa. (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)
Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90
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crime. A qualificadora somente se configura se houver violência física, que gere lesão grave ou gravíssima
(art. 129, §§ 1º e 2º, CP).
Segunda Parte: se da violência resulta morte (latrocínio).
Artigo 157, §3º, 2ª figura.
Pena: reclusão, de 20 a 30 anos + multa.
A lei pune o roubo com resultado morte.
O resultado morte do §3º do art. 157 é punível tanto na forma culposa quanto na forma dolosa.
Ou seja, é punível tanto o resultado desejável, como o não desejável, mas previsível.
Súmula 603 do STF23: a competência para o julgamento do latrocínio é do juiz singular, pois o
latrocínio é crime contra o patrimônio e não doloso contra a vida.
O STF não reconhece continuidade delitiva entre roubo e latrocínio, por entender que não se
tratam de crimes da mesma espécie. O roubo é subtração mediante violência ou grave ameaça ou qualquer
outro meio que impossibilite a resistência da vítima, e o latrocínio é subtração violenta de que resulta a
morte. É uma posição radical, restritiva.
(ABRINDO UM PARÊNTESES) – na verdade, isso já foi trabalhado anteriormente!
OBS.1: Idoso tem um ataque cardíaco pelo susto decorrente da grave ameaça do roubo, não haverá
latrocínio. A lei usou somente a expressão “se da violência resulta” morte. Trata-se de violência física
(real). Se o resultado decorrer de grave ameaça, o sujeito deverá responder pelo roubo em concurso
formal com o homicídio culposo ou doloso, a depender do elemento subjetivo24.
OBS.2: Pluralidade de Vítimas. Se no mesmo roubo houver morte de mais de uma pessoa, sendo
um único patrimônio subtraído haverá apenas um crime de latrocínio e o número de mortes irá
influenciar na dosimetria da pena. Porém, se for possível identificar diversos patrimônios, o agente
responderá por tantos latrocínios quantos forem os roubos com resultado morte.
Se há diversos patrimônios, então haverá diversos latrocínios. Se há uma única violência, há
concurso formal próprio, de acordo com orientação jurisprudencial. Logo, se no roubo houver mais de um
patrimônio, há pluralidade de crimes. Mas se há um único patrimônio com a morte de mais de uma pessoa,
23 Súmula 603 - A competência para o processo e julgamento de latrocínio é do Juiz singular e não do Tribunal
do Júri.
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Embora o professor não tenha mencionado, é sempre bom relembrar a questão se o resultado era ou não
“previsível” ao agente.
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haverá apenas um crime de latrocínio, sendo o número de mortes considerado para fins de dosimetria da
pena (para o professor, sai barato isso). Se houver a afetação, no mesmo contexto, de vários patrimônios,
então haverá tantos crimes de latrocínio quanto forem os roubos com resultado morte, havendo, neste
caso, concurso formal próprio.
OBS. 3: Se o sujeito ativo, durante o roubo, por erro na execução (art. 73, CP) mata o próprio
comparsa, responde por latrocínio. Será considerado latrocínio mesmo quando a morte for de pessoa cujo
patrimônio não era o alvo do delito (Ex.: roubo de lotérica, o criminoso quer o patrimônio da
lotérica,mesmo que a pessoa que se encontrava na fila tenha morrido em razão do tiro efetuado).
A violência homicida será considera aquela efetuada antes da subtração ou mesmo após essa, para
garantir a subtração, desde que num mesmo contexto.
Vejamos um quadrinho comparativo entre latrocínio consumado e latrocínio tentado.
SUBTRAÇÃO MORTE LATROCÍNIO
TENTADA TENTADA TENTADO (pacífico)
CONSUMADA CONSUMADA CONSUMADO (pacífico)
CONSUMADA TENTADA TENTADO – posição majoritária
(controvérsia)
TENTADA CONSUMADA CONSUMADO
(Súmula 610 do STF25)
No caso de subtração consumada e morte tentada, a posição majoritária é de que há latrocínio
tentada. Entretanto, houve um HC impetrado no STF contra o STJ em que a defesa sustentou a
desclassificação do latrocínio tentado (art. 157, §3º c/c art. 14, II, CP – pena de 20 a 30 anos na forma
tentada) para roubo qualificado pelo resultado lesão corporal grave (pena de 7 a 15 anos). O STF não
conheceu do HC, porque em HC não há revolvimento de matéria fática já definida nas instâncias ordinárias.
O que há é análise de manifesta ilegalidade ou aplicação exacerbada de pena sem fundamentação, etc.
Enfim, revaloração é diferente de reexame de matéria fática. Mas o STF, de ofício, reconheceu uma nova
capitulação: roubo consumado (art. 157 do CP) + homicídio tentado (art. 121, §2º, V26 c/c art. 14, II, CP),
25
Súmula 610 - Há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma, ainda que não realize o agente a
subtração de bens da vítima.
26 Homicídio qualificado
§ 2° Se o homicídio é cometido:
(...)
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pois o homicídio foi praticado, no caso, para assegurar a impunidade do crime. O STF não adotou a tese
defensiva porque ficou evidente nos autos o dolo de matar, mas, como o STF não gosta de latrocínio
tentado, ele adotou uma tese intermediária, preferindo cindir as condutas.
OBS. Já caiu na Cespe: “O Supremo Tribunal Federal não admite tentativa de latrocínio”. R:
Verdadeiro.
No caso da Súmula 610 do STF, há posição doutrinária em sentido contrário, porém minoritária,
entendendo que seria uma tentativa. Isso até mesmo em consonância com a súmula 603, que diz que o
latrocínio é de competência do juízo comum porque é crime patrimonial. Se é crime patrimonial e a
subtração não se consuma, o crime deve ser tentado.
OBS. Em prova objetiva, siga a súmula 610 do STF. Em prova dissertativa, há margem para
dissertar sobre outras questões.
2. EXTORSÃO - ART. 158 do CP27
2.1. Conceito e Objetividade Jurídica
› A objetividade jurídica principal é a inviolabilidade do patrimônio.
› Tratando-se de crime complexo, fusão de várias figuras típicas, também tem por objetos
jurídicos a vida, a integridade física e psíquica e a liberdade pessoal.
› O objeto material é a pessoa sobre quem recai o constrangimento.
› É delito formal (de consumação antecipada), consuma-se quando a vítima se submete ao
constrangimento, independentemente da obtenção da vantagem econômica (súmula 96 do STJ28).
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime:
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
27 Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou
para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer alguma coisa:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
§ 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou com emprego de arma, aumenta-se a pena de
um terço até metade.
§ 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o disposto no § 3º do artigo anterior. Vide Lei nº
8.072, de 25.7.90
§ 3o Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e essa condição é necessária para
a obtenção da vantagem econômica, a pena é de reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; se resulta lesão
corporal grave ou morte, aplicam-se as penas previstas no art. 159, §§ 2o e 3o, respectivamente. (Incluído pela Lei nº
11.923, de 2009)
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› A extorsão é delito formal, não se exigindo a obtenção da vantagem para consumação.
› Consuma-se com o comportamento da vítima, no instante em que ela faz, deixa de fazer ou
tolera que se faça alguma coisa.
Ex.: o agente constrange a vítima a assinar um cheque, mas, no banco, não consegue sacar o valor.
Apesar de não obtida a vantagem, o crime se encontra consumado, pois o constrangimento à vítima foi
efetivado.
› A tentativa é admissível. Se o sujeito passivo não realiza a conduta pretendida pelo sujeito
ativo.
› O momento do recebimento da vantagem após o constrangimento é fase de exaurimento da
extorsão.
Golpe de falso sequestro: a posição majoritária entende serem casos de extorsão. Isso porque a
vítima entrega a vantagem em razão do constrangimento sofrido, mesmo que esse constrangimento seja
uma verdadeira “fraude” (ameaça da morte de um parente, por exemplo). Mas como a ameaça é subjetiva,
capaz de infundir medo, em razão do mal prenunciado, a vítima age ou tolera ou deixa de agir em razão de
“constrangimento”. Não é estelionato (art.171, CP), pois nessa figura típica, a fraude é empregada não para
constranger a vítima, mas sim para iludir, viciar a sua vontade, a vítima entrega sem constrangimento
algum.
28
O CRIME DE EXTORSÃO CONSUMA-SE INDEPENDENTEMENTE DA OBTENÇÃO DA VANTAGEM INDEVIDA.
(Súmula 96, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 03/03/1994, DJ 10/03/1994, p. 4021)