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Introdução ao Agronegócio

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Introdução ao Agronegócio

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Curso Técnico em Agronegócio

FORMAÇÃOTÉCNICA

SENAR - Brasília, 2015

Introdução aoAgronegócio

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S474m

SENAR – Serviço Nacional de Aprendizagem Rural. Matemática básica e financeira / Serviço Nacional de Aprendizagem Rural. –

Brasília: SENAR, 2015.128 p. : il. ISBN: 978-85-7664-080-6 Inclui bibliografia.

1. Matemática. 2. Matemática financeira. 3. Estatística. I. Serviço Nacional de Aprendizagem Rural. II. Título.

CDU: 806.90-5

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SumárioIntrodução à Unidade Curricular –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 6

Tema 1: Agronegócio ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 9

Tópico 1: Importância do Agronegócio ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 9

Tópico 2: Contextualização Histórica –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 1 3

Tópico 3: Definição de Agronegócio ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––1 8

Tópico 4: Agricultura Familiar ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––2 1

Encerramento –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––2 4

Tema 2: Panorama Geral do Agronegócio no Brasil e no Mundo ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––2 6

Tópico 1: Panorama Geral Mundial do Agronegócio ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––2 6

Tópico 2: Panorama Geral do Agronegócio Brasileiro –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––3 2

Encerramento ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 8 7

Tema 3: Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––8 9

Tópico 1: Definição de Desenvolvimento Sustentável –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––8 9

Tópico 2: Agronegócio Sustentável ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––9 3

Tópico 3: O Mercado de Orgânicos ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––9 3

Tópico 4: O Consumidor de Produtos Saudáveis –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––9 5

Tópico 5: O Novo Código Florestal –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––9 7

Encerramento ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––102

S474m

SENAR – Serviço Nacional de Aprendizagem Rural. Matemática básica e financeira / Serviço Nacional de Aprendizagem Rural. –

Brasília: SENAR, 2015.128 p. : il. ISBN: 978-85-7664-080-6 Inclui bibliografia.

1. Matemática. 2. Matemática financeira. 3. Estatística. I. Serviço Nacional de Aprendizagem Rural. II. Título.

CDU: 806.90-5

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Tema 4: Desafios do Agronegócio ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––104

Tópico 1: Mudanças Climáticas ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––105

Tópico 2: O Mercado de Fertilizantes Brasileiro–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––108

Tópico 3: Consumo Mundial de Fertilizantes –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––110

Tópico 4: Histórico da Utilização de Tecnologia na Agricultura Brasileira –––––––––––––––––––––112

Tópico 5: Agricultura de Precisão –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––114

Tópico 6: Sementes geneticamente modificadas (GM) ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––115

Tópico 7: Logística ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––116

Encerramento –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––122

Referências Básicas –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––123

Referências Complementares ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––123

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Introdução à Unidade Curricular

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Curso Técnico em Agronegócio

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Introdução à Unidade CurricularA unidade curricular Introdução ao agronegócio foi desenvolvida a partir de uma sólida base teórica e prática para que você se capacite sobre os principais conceitos e desafios desse importante setor da economia brasileira e do mundo.

Ao final desta unidade curricular, você deverá ser capaz de:

• compreender as definições de agronegócio;

• conhecer o cenário do agronegócio no Brasil;

• analisar as interfaces do agronegócio brasileiro;

• refletir sobre a Cadeia de Valor do agronegócio e seus desdobramentos sociais, econômicos e políticos dos pontos de vista nacional e internacional;

• entender o agronegócio brasileiro e suas perspectivas futuras.

Dessa forma, a presente unidade curricular, com carga horária de 75 horas, está organizada em quatro temas que se subdividem nos seguintes tópicos e sub-tópicos:

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Introdução ao Agronegócio

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TEMA TÓPICO

Tema 1: Agronegócio

Tópico 1: Importância do Agronegócio

Tópico 2: Contextualização Histórica

Tópico 3: Definição de Agronegócio

Tópico 4: Agricultura Familiar

Tema 2: Panorama Geral do Agronegócio no Brasil e no Mundo

Tópico 1: Panorama Geral Mundial do Agronegócio

Tópico 2: Panorama Geral do Agronegócio Brasileiro

1: Soja

2: Café

3: Cana-de-Açúcar

4: Algodão

5: Arroz

6: Milho

7: Carnes

8: Fruticultura

9: Feijão

Tema 3: Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável

Tópico 1: Definição de Desenvolvimento Sustentável

1. Breve Histórico

Tópico 2: Agronegócio Sustentável

Tópico 3: O Mercado de Orgânicos

Tópico 4: O Consumidor de Produtos Saudáveis

Tópico 5: O Novo Código Florestal

1. Evolução Histórica do Código Florestal Brasileiro

Tema 4: Desafios do Agronegócio

Tópico 1: Mudanças Climáticas

Tópico 2: O Mercado Brasileiro de Fertilizantes

Tópico 3: Consumo Mundial de Fertilizantes

Tópico 4: Histórico da Utilização de Tecnologia na Agricultura Brasileira

Tópico 5: Agricultura de Precisão

Tópico 6: Sementes Geneticamente Modificadas (GM)

Tópico 7: Logística

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Agronegócio

01

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Introdução ao Agronegócio

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Tema 1: AgronegócioEste primeiro tema é uma apresentação completa dos principais fundamentos do setor, elaborado para que você desenvolva as seguintes competências:

• compreender e fazer uso dos conceitos de Agronegócio utilizados no curso;

• conhecer as principais características do agronegócio brasileiro;

• identificar as principais questões e debates sobre o agronegócio nos contextos brasileiro e mundial.

Neste tópico, você aprenderá o que é o agronegócio. Para isso, primeiramente será feita uma breve contextualização histórica da agricultura na qual veremos a evolução do agronegócio ao longo dos anos. O objetivo é entender como o conceito de agronegócio precisa sempre ser analisado de maneira mais ampla e sistêmica.

Tópico 1: Importância do AgronegócioAtualmente, muito se tem falado sobre a importância do agronegócio brasileiro. Você sabe por quê? Eventos específicos e alguns números podem ajudar nessa resposta.

Um bom exemplo é o aumento considerável das exportações brasileira de grãos, em especial a exportação de soja para a China, uma das principais economias do mundo. No ano de 2013, as exportações do agronegócio registraram um novo recorde se comparado a anos anteriores, somando US$ 99,97 bilhões. Também foi registrado um aumento de cerca de 4% das importações, antingindo a cifra de US$ 17,06 bilhões. A economia brasileira agradece esse resultado, pois o setor teve um saldo positivo de US$ 82,91 bilhões, o que compensou o deficit de US$ 80,35 bilhões dos outros setores da economia (DEAGRO/FIESP, 2013).

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Curso Técnico em Agronegócio

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O quadro a seguir mostra a Balança Comercial do Brasil no biênio 2012-2013. Repare que o agronegócio, ao contrário dos outros setores, fechou o período com saldo positivo.

Balança Comercial

É a parte do balanço de pagamentos que registra a diferença entre exportações e importações de mercadorias de um país. É calculada por meio da análise do valor total das exportações, subtraindo-se dele o valor referente às importações de bens promovidas em determinado período.

Balança Comercial Brasileira (2012 e 2013, em US$ bilhões)

 Exportação Importação Saldo

2012 2013 2012 2013 2012 2013

Agronegócio 95,8 99,97 16,4 17,06 79,4 82,91

Demais setores 146,8 142,2 206,7 222,55 -59,9 -80,35

Total Brasil 242,6 242,2 223,1 239,6 19,5 2,56

Fonte: MDIC (2014).

Observe que no período de 2012 e 2013 ocorreu um aumento das exportações do agronegócio, que passaram de 95,8 bilhões de dólares para 99,97 bilhões de dólares. Veja também que o saldo da Balança Comercial foi superavitário passando de 79,4 bilhões de dólares em 2012, para 82,91 bilhões de dólares em 2013.

Superavit

Situação em que o valor total das exportações de certo país supera o valor total das importações realizadas por este mesmo país, em dado período de tempo.

Agora, observe os números dos demais setores da economia brasileira. Percebe-se que nesses setores houve um deficit entre importação e exportação. Não fosse o resultado positivo do agronegócio, o resultado da Balança Comercial brasileira seria negativo. Esses dados comprovam a importância do agronegócio para a economia brasileira e o porquê de tanto se falar a respeito desse setor.

Deficit na Balança Comercial

Situação em que o valor total das importações de certo país supera o valor total das exportações realizadas por este mesmo país, em dado período de tempo.

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Introdução ao Agronegócio

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Já sabemos que o Brasil é um país com grandes extensões territoriais e, portanto, diversificado em relação à sua terra – o perfil da produção agrícola difere de uma região para outra. Por exemplo, no Centro-Oeste predominam culturas como soja e algodão. Ambas são produzidas como commodities, em grande escala de produção e direcionadas para a exportação.

Commodity

Produtos padronizados e não diferenciados, cujo preço é, normalmente, formado em bolsas de mercadorias no próprio país ou no exterior.

Perfil da Produção Agrícola Brasileira

Região Número de produtores Culturas Perfil Uso da

tecnologia

Centro-Oeste e MAPITOBA

25.000Algodão, soja e cana-de-açúcar

Grandes produtores e tradings

Alta tecnologia

Sudeste 250.000Cana, café, milho,

horticulturas e vegetais

Pequenos e médios produtores, grandes

usinas de açúcar e álcool e indústria processadora de

suco de laranja

Tradicional e empresarial

Sul 600.000Soja, milho, arroz e trigo

Pequenos e médios produtores

Tradicionais e profissionais

Fonte:IBGE (2011)

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Curso Técnico em Agronegócio

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Note que, na região Sul, o perfil é outro. Observa-se o predomínio de pequenos e médios produtores, em áreas menores de produção e com o uso mais tradicional da tecnologia. As principais culturas da região Sul são o arroz, o trigo, o milho, e frutas, como a uva e os citros. É preciso considerar, também, as propriedades com pecuária de corte e de leite, e a suinocultura, ambas baseadas na agricultura familiar.

Depois de ver rapidamente como se divide a produção agrícola em certas regiões do Brasil e os números que as constituem, fica fácil entender porque atualmente o país é grande produtor e exportador de soja, suco de laranja, açúcar, café e outros. Observe a posição brasileira na produção e na exportação mundial de produtos agrícolas, no período de 2013 a 2014.

Posição brasileira na produção e exportação mundial de produtos agrícolas (2013/14)

Produtos Produção Exportação % da produção exportada

Açúcar 1º 1º 48,6%

Café 1º 1º 26,8%

Suco de laranja 1º 1º 79,9%

Soja em grão 2º 1º 40,8%

Carne bovina 2º 1º 20,2%

Carne de frango 3º 1º 34,4%

Carne suína 4º 4º 8,5%

Óleo de soja 4º 2º 15,8%

Milho 3º 2º 18,1%

Fonte: MAPA (2014) com dados da USDA.

As informações acima foram elaboradas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA, construídas com dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos - USDA. Elas comprovam que o Brasil é um grande produtor e exportador de commodities agrícolas, como por exemplo, suco de laranja concentrado e congelado, café e açúcar. Esta liderança em relação ao mercado mundial é conseguida devido à eficiência do produtor brasileiro, aliado ao aumento de tecnologia nas propriedades e aos incentivos governamentais.

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Comentário do autor

O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos-USDA divulga informações de produção, importação, exportação, consumo etc., de diversos produtos agrícolas do Brasil e do mundo. Os dados divulgados pelo USDA são tomados como referência por grande parte das empresas, dos bancos, dos produtores e demais participantes do agronegócio brasileiro e mundial.

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Introdução ao Agronegócio

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Tópico 2: Contextualização Histórica De onde surgiu o conceito atual de agronegócio? Você sabe como surgiu o agronegócio? Tudo começou com a agricultura. Há milhares de anos os homens viviam em bandos, percorrendo lugares distantes, sempre em busca de alimentos ofertados pela natureza e, também, movidos pela necessidade de caça e pesca. Durante essas jornadas, vivenciava-se tanto períodos de grande fartura quanto períodos de total escassez devido às condições climáticas adversas.

Com o passar do tempo, esses homens entenderam que, se eles lançassem as sementes ao solo, elas germinariam, cresceriam e dariam frutos que serviriam para a sua alimentação. Além disso, eles descobriram que era possível domesticar os animais e que eles poderiam ajudá-los em suas tarefas no campo (ARAÚJO, 2010). Podemos considerar que esse é o início da agropecuária, o que permitiu que o homem se fixasse em lugares preestabelecidos, deixando de se deslocar por grandes distâncias em busca de comida, um marco significativo na história da humanidade.

Todo o necessário para a produção de subsistência estava disponível nesses espaços fixos, ainda que na época fossem muito precárias as condições em termos de infraestrutura, o que impossibilitava, por exemplo, a conservação dos alimentos.

Avançando séculos e mais séculos nessa história, com a diversificação da produção de várias culturas, as criações de animais e o desenvolvimento tecnológico, foi ocorrendo a integração das atividades agropecuárias com as atividades industriais (ARAÚJO, 2010). E como será que se desenvolveu essa integração e onde estamos hoje nesse importante capítulo da história do homem e do agronegócio?

Evolução da agricultura

Para contar esta parte recente da história da agricultura, veremos quatro marcos temporais: as décadas de 1960, 1970, 1980 e 1990.

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Curso Técnico em Agronegócio

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1960 – A modernização da agricultura

Um exemplo de como era o processo agrícola no Brasil na década de 1960 são as propriedades rurais de Minas Gerais, que produziam café, milho, e cana-de-açúcar, e também criavam porcos, e gados de corte e de leite. Nessas propriedades, o leite era utilizado para a produção de queijos e manteiga; o algodão, para o tecido, que se transformava em roupas; e, ainda, da cana-de-açúcar se faziam a cachaça e o melaço.

Já a segunda metade da década de 1960 é marcada por um processo de modernização da agricultura brasileira, na qual se intensificam as relações entre a agricultura e a indústria (MAZALLI, 2000).

Durante os anos seguintes, com a grande evolução socioeconômica e tecnológica que ocorreu nos diversos setores da economia, iniciou-se um processo de especialização em determinadas atividades, o que fez com que as propriedades rurais se tornassem dependentes de insumos e serviços que elas mesmas não eram mais capazes de produzir. Parte disso ocorreu, também, em função de um forte movimento de êxodo rural, já que a cidade se tornou atrativa com a oferta de empregos e as propriedades rurais foram perdendo sua autossuficiência (ARAÚJO, 2010).

Aqui temos um marco fundamental na história do desenvolvimento agrícola brasileiro. Com essa evolução agrícola, o termo “agricultura” deixou de abranger a complexidade do setor. “Já não se tratava mais de propriedades autossuficientes, mas de todo um complexo de bens, serviços e infraestrutura que envolve agentes diversos e interdependentes” (ARAÚJO, 2010). O conceito de setor primário, ou de agricultura, perdeu sentido, pois passou a envolver muitos setores e não era mais classificado como rural, agrícola, ou primário (ARAÚJO, 2010).

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Introdução ao Agronegócio

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Nesse período, o governo brasileiro atuou fortemente concedendo o crédito agrícola e fornecendo financiamentos com taxas de juros subsidiadas, sendo os principais objetivos:

J Modernização da agricultura

Incentivo à produção de alimentos

% Administração dos preços agrícolas.

A modernização da agricultura necessitava de investimentos em tecnologia, pois a estrutura agrária existente era arcaica. Dessa forma, em 1965, o Sistema Nacional de Crédito Rural (SNCR) foi estruturado, com o objetivo de acelerar esse desenvolvimento tecnológico na produção agrícola nacional.

Em suma, a década de 1960 é considerada como uma referência no processo de modernização da agricultura brasileira, pois, nesse período, delineou-se um novo modo de produção agrícola, ocorrendo um aumento das relações entre agricultura e indústria, no qual a produção agrícola passou a depender dos insumos que recebia de determinadas indústrias.

1970 – Investimentos e crédito facilitado para a agricultura

Alguns anos mais tarde, já na década de 1970, os financiamentos foram facilitados e proporcionaram maior capitalização aos produtores e às agroindústrias de modo geral. Esse

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Curso Técnico em Agronegócio

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fato acabou prejudicando os pequenos produtores no mercado e favorecendo os médios e grandes produtores com maior poder de capitalização.

O crédito fácil para os agricultores impulsionou a expansão de culturas de larga escala e a utilização de grandes áreas em uma mesma propriedade, devido à mecanização e ao aumento do consumo de insumos agrícola, ocorrendo também um incentivo à exportação (KAGEYAMA ET AL., 1987; GRAZIANO DA SILVA, 1998; RAMOS, 2007).

É importante lembrar que, no período entre 1950 e 1975, o Estado Brasileiro promoveu a política de Substituição de Importações (SI), pela qual se implantaram as indústrias de insumos e as máquinas para a agricultura no território brasileiro.

1980 – Crise mundial e seus impactos na agricultura

Nos anos 1980, o mundo e o Brasil passavam por uma forte crise econômica, e nesse período foi realizada a Reforma da Política Agrícola Brasileira, que levou a uma drástica redução do crédito oficial do SNCR. Com a crise dos mecanismos tradicionais de apoio ao setor (crédito governamental, política de garantia de preços mínimos, estoques reguladores etc.), o Estado passou a priorizar ações estratégicas dirigidas a segmentos específicos, como:

• as linhas especiais para agricultores familiares;

• o programa de reforma agrária;

• a solução de endividamento de produtores e cooperativas;

• os fundos regionais de investimento.

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Introdução ao Agronegócio

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1990 – Neoliberalismo e agricultura

Durante os anos 1990, o Brasil aderiu a uma polí-tica neoliberal, e nesse período ocorrem vários avanços tecnológicos que permitiram a estrutu-ração dos agentes necessários para atender aos mercados interno e externo. Houve uma política de incentivo às importações durante o Governo Collor o que gerou a necessidade de a indústria local se modernizar, para se tornar competitiva em relação aos produtos importados.

O

Informações extras

O termo “neoliberalismo” foi definido por Perry Anderson em 1995 como um fenômeno diferente do liberalismo clássico do século XVIII, e a adoção desse termo ocorreu nos países capitalistas da Europa e nos Estados Unidos, após a Segunda Guerra Mundial.

Neste período há um aumento da ação dos capitais privados no campo, que proporcionam um aumento do financiamento privado da agricultura, substituindo em parte o crédito do governo. Em paralelo, cresce os mecanismos privados de financiamento para a agricultura vindos das agroindústrias, tradings e de outros agentes financeiros.

Tradings

Empresas que financiam o produtor nas atividades de produção e que geralmente recebem produtos, como, por exemplo, os grãos, em troca da disponibilização ao produtor de recursos financeiros, assistência técnica e insumos. 

Assim, grandes empresas multinacionais chegaram ao Brasil e compraram fábricas que estavam em operação.

'

Dica

O agronegócio da soja no Brasil cresceu a partir da Lei Kandir (1996) que isenta de ICMS produtos primários e semi-elaborados destinados à exportação. Essa lei foi um marco no incentivo à produção agrícola do país, contribuindo fortemente com o aumento da produção e a expansão da cultura em diversas regiões do Brasil.

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Curso Técnico em Agronegócio

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Tópico 3: Definição de Agronegócio O conceito de agronegócio vem do inglês agribusiness, proposto por Davis e Goldberg, em 1957. Ao estudar os Sistemas Agroindustriais (SAG), os autores desenvolveram uma ferramenta para analisar a importância de cada elo do agronegócio e concluíram que um dependia do outro. Isso levou à definição de agribusiness como:

A soma total das operações de produção e distribuição de

suprimentos agrícolas, das operações de produção nas unidades

agrícolas, e do armazenamento, do processamento e da distribuição

dos produtos agrícolas e dos itens produzidos a partir deles.

O conceito de agribusiness passou a ser difundido no Brasil somente a partir da década de 1980; e foi apenas a partir da década de 1990 que a tradução do termo para o português (agronegócio) passou a ser aceita e utilizada no país (ARAÚJO, 2010).

No conceito de agronegócio, também são consideradas as exigências do consumidor final, que muitas vezes é o responsável por decisões dentro da cadeia produtiva. Atualmente, o consumidor está cada vez mais exigente, procurando consumir produtos que tenham qualidade garantida pelo seu fabricante.

Podemos citar como exemplo, a questão da carne bovina. O consumidor, ao exigir uma carne com qualidade melhor ou da qual o animal a ser abatido sofra o menos possível, está influenciando diretamente na produção da carne. Se o frigorífico não atender a essas exigências, poderá perder mercado. Alguns países importadores como os da União Europeia, exigem que toda a carne que for exportada pelo Brasil seja certificada e rastreada desde o início do processo de produção, que ocorre na propriedade rural. Ou seja, é uma tendência do mercado mundial da qual não se pode ficar para trás.

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Introdução ao Agronegócio

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Sistema agroindustrial

Consumidor

VarejistaInstitucionalIndustrial

ESTRUTURAS DE COORDENAÇÃO

MercadoMercado de FuturosProgramas governamentaisAgências governamentaisCooperativasJoint VenturesIntegração- ContratualVerticalAgências de EstatísticaTrendingsFilmes Individuais

INFRA-ESTRUTURA DE APOIO

TrabalhoCréditoTransporteEnergiaTecnologiaPropagandaArmazenagemOutros Serviços

Processador

Produtor

Fornecedor

ProdutorMatéria-Prima

Fonte: SHELMAN, 1991 apud ZYLBERSZTAJN, 2000, p. 6.

Ao analisarmos uma cadeia produtiva, é preciso ter uma visão sistêmica; todos os elos estão interligados e são monitorados pelo governo, sob a pressão exercida pelos consumidores.

Observe com atenção a figura anterior pois ela exemplifica a visão sistêmica do agronegócio. Repare que há vários elementos interligados e interdependentes, como os dos fornecedores de insumos agropecuários (fertilizantes, defensivos, rações, crédito e sementes), dos produtores rurais, dos processadores, dos transformadores, dos distribuidores e das revendas de produtos agropecuários.

Devemos considerar todos aqueles que estão envolvidos antes da

produção, durante a produção e no fluxo dos produtos agrícolas

até chegar ao consumidor.

Também fazem parte desse complexo os agentes que afetam e coordenam o fluxo dos produtos, como o governo, os mercados, e as entidades comerciais, financeiras e de serviços (MENDES; PADILHA JUNIOR, 2007, p. 48). E você? A qual parte desse sistema pertence?

Ao analisar novamente a figura anterior, observamos que existe uma interligação entre os elementos da cadeia produtiva, havendo a necessidade de uma coordenação da cadeia,

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Curso Técnico em Agronegócio

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pois como todos os elementos estão relacionados, caso ocorra algum problema em algum deles, toda a cadeia será afetada. Os sistemas agroindustriais assemelham-se às redes de relacionamento, sendo que nestas cada agente tem contato com um ou mais agentes.

O

Informações extras

Podemos citar como exemplo um caso de adulteração do leite ocorrido no Rio Grande do Sul que causou impactos em todos os elos da cadeia produtiva. Acesse no AVA a reportagem que foi publicada em um jornal do RS para saber mais sobre o assunto.

Pode-se, também, definir o agronegócio de uma maneira mais esquemática de modo a facilitar sua compreensão. Sendo assim, podemos considerá-lo baseado em cinco setores principais (MENDES,2007):

• fornecedores de insumos e bens de produção;• produção agropecuária;• processamento e transformação; • distribuição e consumo;• serviços de apoio.

Os principais setores do agronegócio

Fornecedores de insumos e bens

de produçãoProdução

agropecuáriaProcessamento

e transformação

Distribuição e consumo

Serviços de apoio

Sementes

Calcário

Fertilizantes

Rações

Defensivos

Produtos veterinários

Combustíveis

Tratores

Colheitadeiras

Implementos

Máquinas

Motores

Produção animal

Lavouras permanentes

Lavouras temporárias

Horticultura

Silvicultura

Floricultura

Extração vegetal

Indústria rural

Alimentos

Têxteis

Vestuário

Calçados

Madeira

Etanol

Papel e papelão

Fumo

Óleos essenciais

Restaurantes

Hotéis

Bares

Padarias

Feiras

Supermercados

Comércio

Exportação

Agronômicos

Veterinários

Pesquisa

Bancários

Marketing

Vendas

Transporte

Armazenagem

Portos

Bolsas

Seguros

Fonte: Mendes (2007), baseado em ABAG.

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Introdução ao Agronegócio

21

`Atenção

Para analisar um Sistema Agroindustrial - SAG é preciso seguir as duas orientações abaixo.

1. Ter uma visão sistêmica do agronegócio ou seja, jamais um elo pode ser analisado separadamente. Por exemplo, no SAG da laranja é preciso analisar o elo dos insumos de produção, como fertilizantes, o elo do fornecedor de matéria-prima, o elo da produção de laranja e, depois, o elo da indústria processadora de suco de laranja. Também devem ser analisados os elos da distribuição (que farão a venda do suco) e o consumidor.

2. Dentro dessa perspectiva, é preciso analisar as ações do governo e das instituições responsáveis pela comercialização (como as bolsas de mercadorias), a logística, a tecnologia, a pesquisa etc. A ação de cada elo do SAG influencia outros elos e sofre influência deles.

Tópico 4: Agricultura FamiliarApós aprender a respeito dos fatores mais mercadológicos sobre o agronegócio, é preciso considerar outro aspecto: a importância do papel da agricultura familiar no desenvolvimento do país em função da relevância de questões como desenvolvimento sustentável, geração de renda e de emprego, segurança alimentar e desenvolvimento local.

A expressão “agricultura familiar” passou a ser utilizada no Brasil a partir de meados da década de 1990. Nesse período, ocorreram dois eventos que impactaram social e politicamente o meio rural, em especial a região Centro-Sul (SCHNEIDER, 2006).

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Curso Técnico em Agronegócio

22

O primeiro deles refere-se à questão política, pois, nesse período, ocorreu a mobilização de diversos movimentos sociais no campo liderados pelo sindicalismo rural ligado à Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura – CONTAG.

Esses movimentos produziram diversas formas de manifestação (que ocorrem até hoje, basta acompanhar os noticiários), como o “Grito da Terra”, e os principais motivos eram (SCHNEIDER, 2006):

• a falta de crédito do governo para o meio rural;

• a queda dos principais produtos agrícolas de exportação, além de outras questões econômicas.

Como resposta às manifestações sociais da década de 1990, foi criado o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar – PRONAF com o objetivo principal de prover crédito agrícola e apoio institucional às categorias de pequenos produtores rurais, que estavam sendo preteridas das políticas públicas desde a década de 1970, e por conta disso não estavam conseguindo se manter na atividade (SCHNEIDER, 2006). O PRONAF firmou a agricultura familiar no cenário político e social do Brasil.

A agricultura familiar, então, pode ser definida a partir de três características principais (INCRA,1995):

A administração da unidade produtiva e os investimentos nela realizados devem ser feitos por indivíduos da mesma família;

A maior parte do trabalho deve ser realizada pelos membros da família;

A propriedade dos meios de produção, mas nem sempre a terra, deve pertencer à família e deverá ser feita no interior da propriedade a transmissão desses meios de produção caso ocorra o falecimento ou a aposentadoria dos responsáveis.

No Brasil, de acordo com a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação – FAO, 84,4% dos estabelecimentos rurais pertencem à agricultura familiar, que emprega quase 75% da mão de obra do setor agropecuário, mas somente 24,3% das áreas ocupadas por estabelecimentos agrícolas são administradas por pequenos proprietários. A produção oriunda da agricultura familiar é direcionada principalmente para o mercado interno, sendo responsável pela produção de 70% dos alimentos consumidos no país: cerca de 70% do feijão, 87% da mandioca, 58% do leite e 46% do milho (SALCEDO, 2014). Estes são números altamente relevantes para todo o abastecimento interno.

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Introdução ao Agronegócio

23

De acordo com o Ministério do Desenvolvimento Agrário – MDA, a agricultura familiar é responsável pela produção dos principais alimentos consumidos pela população brasileira: 84% da mandioca, 67% do feijão, 54% do leite, 49% do milho, 40% das aves e dos ovos, e 58% dos suínos.

Ao analisarmos esses números, observamos a importância da agricultura familiar, que, nos últimos anos, passou a ser um setor prioritário para o governo federal. As políticas públicas brasileiras de incentivo ao pequeno produtor são consideradas um exemplo pela FAO. De acordo com Salcedo (2014):

O incentivo à agricultura familiar contribui para reduzir a pobreza extrema, dinamizar os mercados locais, incentivar a permanência de agricultores na sua comunidade e também, em nível nacional, para aumentar a segurança alimentar, reduzindo a vulnerabilidade do país ao mercado global e ao choque de preços.

A agricultura familiar ganhou uma importância tão grande que o ano de 2014 foi escolhido pela FAO para ser o Ano Internacional da Agricultura Familiar. “Com o aumento dos preços dos alimentos e as mudanças climáticas, percebemos que o modelo de grandes fazendas não é um modelo para ser seguido no futuro”, afirma Salcedo (2014).

O modelo da agricultura familiar é importante para garantir a segurança alimentar e, também, a produção de alimentos, principalmente em um contexto drástico de mudanças climáticas.

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Curso Técnico em Agronegócio

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Mas como é a produção dentro desse sistema mais familiar? Na maioria das propriedades de agricultores familiares, são plantadas grandes variedades de produtos, além de serem utilizadas sementes e espécies tradicionais existentes há centenas de anos, consideradas mais resistentes às pragas e às mudanças climáticas (SALCEDO, 2014).

De acordo com dados do MDA, o segmento da agricultura familiar conta com mais de 4,3 milhões de unidades produtivas, que correspondem a 84% do número de estabelecimentos rurais brasileiros. Segundo a FAO, considerando apenas os países do MERCOSUL, o segmento da agricultura familiar emprega diretamente cerca de 10 milhões de pessoas.

No mundo, a Organização das Nações Unidas estima que existam cerca de 500 milhões de pequenas propriedades, sendo que, na América Latina e no Caribe, elas representam cerca de 80% das propriedades agrícolas e produzem mais de 60% dos alimentos consumidos na região, além de empregar mais de 70% da mão de obra do setor.

A grande concentração de agricultores familiares está na Ásia: o continente concentra 87% dos pequenos agricultores do mundo – a China possui 193 milhões, e a Índia, 93 milhões. Na África, a agricultura familiar é responsável pela produção de 80% dos alimentos consumidos no continente.

EncerramentoNeste tema, você pôde aprender os conceitos mais gerais acerca do agronegócio. Essa primeira parte foi fundamental para lhe dar base não somente para avançar nos demais temas, como também para aplicar em sua jornada prática. Como ponto a se destacar até agora, temos a importância das políticas públicas e econômicas do Brasil para o desenvolvimento do agronegócio no país

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Panorama Geral doAgronegócio no

Brasil e no Mundo

02

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Curso Técnico em Agronegócio

26

Tema 2: Panorama Geral do Agronegócio no Brasil e no MundoNeste segundo tema, analisaremos dados dos agronegócios mundial e brasileiro, como as produções agrícola e pecuária, para que você, ao final deste tema, desenvolva as seguintes competências:

• identificar as principais questões e debates acerca do agronegócio nos contextos brasileiro e mundial;

• conhecer as principais cadeias produtivas brasileiras, assim como as suas perspectivas futuras;

• comparar dados do setor agrícola nacional e do internacional.

Tópico 1: Panorama Geral Mundial do Agronegócio

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Introdução ao Agronegócio

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O agronegócio tem uma enorme importância na economia brasileira e na mundial. Como já exposto no tema anterior, devemos sempre analisá-lo de uma maneira sistêmica. Por isso, é importante ressaltar que a produção agropecuária é apenas uma parte do conceito, que envolve também o setor de insumos e equipamentos para a produção, o processamento da matéria-prima, a industrialização, o transporte, a armazenagem e a distribuição até chegar ao consumidor final.

Para você compreender melhor o que isso representa no mundo, veja a seguir alguns dados dos principais produtos que são produzidos e comercializados, assim como dados referentes à produção agrícola e aos estoques mundiais de grãos.

A figura abaixo mostra a produção agrícola e os estoques mundiais de grãos, na qual podemos observar que, desde 2000, a produção de grãos vem aumentando, mas os estoques oscilam sempre na faixa de 500 milhões de toneladas.

Produção agrícola e estoques mundiais de grãos

3000

2500

2000

1500

1000

500

0

Produção

Estoques Finais

Milh

ões

de to

nela

das

2000/01

2001/02

2002/03

2003/04

2004/05

2005/06

2006/07

2007/08

2008/09

2009/10

2010/11

2011/12

2012/13

Fonte: USDA (2013)

Mas por que os números relativos aos estoques não variam muito? Podemos dizer que eles estão, inclusive, diminuindo.

Isso vem ocorrendo em função do aumento da demanda por grãos, que pode ser justificado por fatores como o crescimento da população mundial, por exemplo. No entanto, a produção de grãos não acompanha esse ritmo devido a fatores climáticos adversos.

Os principais grãos produzidos na safra 2012/2013 foram o arroz, o milho, a soja, o trigo, a cevada e o sorgo. A imagem a seguir apresenta o percentual de produção de cada um desses produtos.

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Curso Técnico em Agronegócio

28

Principais produtos (Safra 2012/2013)

Arroz

Milho

Soja

Trigo

Outros (aveia, centeio, cevada e trigo)

20%

33%

11%

27%

9%

Fonte: USDA (2013)

Como lei básica do mercado, quando os estoques começam a diminuir muito, os preços no mercado internacional de grãos aumentam, prejudicando em maior escala a população dos países menos favorecidos.

Para exemplificar melhor esse cenário, a seguir serão abordadas algumas das questões mais importantes no cenário internacional e que afetam todos os países, incluindo o Brasil. As questões a serem discutidas estão relacionadas ao protecionismo dos países ricos, como os subsídios e as barreiras fitossanitárias.

d

Comentário do autor

Os subsídios agrícolas são incentivos pagos (em valores) pelo governo para os agricultores de seu país, sendo que uma das principais motivações pelo pagamento é a compensação dos preços de mercado inferiores ao custo de produção. Os subsídios são uma ajuda do governo para que os agricultores garantam uma renda mínima e também funcionam como incentivo ao aumento da produção (ARAÚJO, 2010).

São considerados exemplos de subsídios a sustentação de preços mínimos ou de renda, a contribuição financeira de um governo ou algum órgão público em que há transferência direta de recursos (concessões, empréstimos e títulos), o fornecimento de bens e serviços de infraestrutura geral, a aquisição de bens etc. (ICONE, 2014).

Como visto no tema anterior, na década de 1970 no Brasil, os agricultores receberam subsídios oferecidos pelo governo na forma de financiamentos bancários oficiais em um período no qual havia crédito abundante do governo, com uma parcela de subsídios incluída. Esse tipo de financiamento foi muito criticado, pois priorizou a liberação de crédito para os grandes proprietários de terra em detrimento dos pequenos.

O governo brasileiro também forneceu subsídios para o setor do trigo, em especial aos moinhos, com o objetivo de limitar os preços pagos pelos consumidores. No início da década

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Introdução ao Agronegócio

29

de 1980, o governo federal passou a restringir o crédito à agricultura, levando à extinção dos subsídios na década de 1990 (ARAÚJO, 2010).

Após esse breve histórico, é importante refletir sobre questões que são permanentes no universo da agricultura. Por exemplo:

• A instabilidade de preços;

• Os riscos climáticos e sanitários;

• Fatores de ordem histórica, cultural e política;

• Essencialidade dos produtos agropecuários destinados à alimentação.

Todos esses aspectos levam os países a adotarem uma série de políticas agropecuárias de proteção aos seus agricultores. Além de assegurar renda aos produtores, o protecionismo agropecuário objetiva garantir a segurança alimentar e, muitas vezes, a soberania alimentar: ter alimentos suficientes para todos e, de preferência, produzidos no próprio país (ALMEIDA, 2009).

Farm Bill é o nome popular dado à legislação agrícola dos EUA, geralmente renovada a cada quatro anos, que possui como objetivo consolidar em um único documento os programas de política agrícola do Departamento de Agricultura dos EUA – USDA. A Farm Bill aprovada em maio de 2008 teve gastos com a agricultura de até US$ 307 bilhões, e os Estados Unidos forneceram subsídios para diversas culturas, como a soja e o milho, levando ao aumento da produção.

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Curso Técnico em Agronegócio

30

A estimativa é de que o Brasil perca cerca de 700 a 800 milhões de dólares com esses subsídios americanos, o que também afeta os preços internacionais, já que os EUA são o maior mercado e a sua produção excedente é exportada (ALMEIDA, 2009).

Como visto, a Farm Bill fornece bilhões de dólares em subsídios, cuja maior parte vai para grandes agronegócios produtores de milho, soja, trigo, algodão e arroz (os dois primeiros são usados na alimentação do gado). Ou seja, esses subsídios “agrícolas” acabam indo para a produção de carne. Dessa forma, agricultores que produzem frutas e vegetais recebem menos de 1% de apoio governamental.

A União Europeia também fornece grandes subsídios para os seus agricultores – estima-se que sejam fornecidos cerca de 70 bilhões de euros por ano, sendo que 45% do orçamento da UE são destinados a subsídios agrícolas.

A Europa é, simultaneamente, um importante exportador e o maior importador de produtos alimentares do mundo. O setor agrícola europeu utiliza métodos de produção seguros, limpos e ecológicos, e fornece produtos de qualidade que satisfazem às exigências dos consumidores. O seu papel não consiste apenas em produzir produtos alimentícios, mas também em garantir a sobrevivência do espaço natural enquanto espaço para se viver, trabalhar e visitar (COMISSÃO EUROPEIA, 2014).

A Política Agrícola Comum - PAC europeia é definida e aplicada pelos governos dos Estados-membros. O seu objetivo é apoiar os rendimentos dos agricultores ao mesmo tempo em que os incentiva a produzir produtos de alta qualidade, de acordo com as exigências do mercado, e a procurar novas oportunidades de desenvolvimento, nomeadamente fontes de energia renováveis mais sustentáveis (COMISSÃO EUROPEIA, 2014).

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Introdução ao Agronegócio

31

A política agrícola da União Europeia está em constante evolução. Há 50 anos, a sua principal prioridade era produzir alimentos suficientes em uma Europa que emergia de uma década de escassez causada pela guerra, mas o apoio à produção em grande escala e a compra de excedentes para garantir a segurança alimentar pertencem ao passado.

`

Atenção

O objetivo da política da UE é permitir que os produtores de todos os alimentos sejam capazes de sobreviver, pelos seus próprios meios, no mercado da UE e nos mercados mundiais. Sua pretensão é fazer a economia girar com foco na produção local. Cerca de um terço da renda dos agricultores europeus provém dos subsídios, e isso faz com que eles produzam mais e tenham preços mais competitivos no mercado internacional (COMISSÃO EUROPEIA, 2014).

A renovação da PAC europeia, em vigor de 2014 a 2020, está gerando uma expectativa de redução dos subsídios devido ao alto preço das commodities no mercado internacional e, também, à crise dos países da zona do euro.

O Brasil não tem condições de garantir os mesmos níveis de subsídios de países como EUA e da UE, e convive no mercado internacional pautado por preços internacionais gerados por essas nações. O país é afetado principalmente nos setores da cana-de-açúcar e da pecuária de corte:

• cana-de-açúcar: o nosso mercado será atingido se eles aumentarem os incentivos para a produção de açúcar de beterraba;

• pecuária de corte: excessivas exigências de rastreabilidade, e o mercado europeu paga por qualidade, dificultando ainda mais as exportações para lá.

ALink

Para saber mais sobre protecionismo da União Europeia, leia uma reportagem disponibilizada no AVA.

Como e onde o Brasil e outros países podem se defender do protecionismo nas nações mais ricas?

Essa resposta está relacionada com a Organização Mundial do Comércio – OMC, entidade internacional criada em 1995 para coordenar e administrar questões referentes ao comércio mundial. O seu principal objetivo é apoiar os produtores de bens e serviços, assim como os exportadores e os importadores no desenvolvimento de suas atividades.

A OMC é a organização à qual os países participantes recorrem para a resolução de problemas comerciais uns com os outros. A entidade possui um acordo agrícola, que é um conjunto de normas criado com o objetivo de regularizar os níveis de subsídios e protecionismos do setor agrícola.

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Curso Técnico em Agronegócio

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Por meio desse acordo, pretende-se (ICONE, 2014):

• fornecer maior transparência dos mercados agrícolas;

• promover a liberalização gradual do comércio pela redução das barreiras tarifárias e não tarifárias;

• corrigir distorções de preços e equiparação das condições de concorrência, com a redução dos subsídios domésticos e nas exportações.

A título de exemplo prático, veja algumas ações já realizadas pelo Brasil na OMC:

Suco de Laranja: a disputa entre Brasil e EUA teve início na OMC em 2009 e se encerrou em junho de 2011. O Brasil saiu vitorioso, e os norte-americanos desistiram de recorrer da decisão favorável que questionou medidas antidumping impostas ao suco de laranja brasileiro.

Algodão: o Brasil questiona os subsídios pagos aos produtores americanos de algodão, considerados ilegais pela OMC. Mais uma vez, saindo-se vitorioso, devendo receber dos EUA US$ 147 milhões anuais. O valor do fundo do algodão foi aprovado pelos dois países, mas foi bloqueado em 2012 pelo Congresso norte-americano. Como resposta, o Brasil ameaçou retaliar na área de propriedade intelectual, o que já foi autorizado pelo órgão de solução de controvérsias da OMC.

Carne Bovina: o setor privado brasileiro decidiu pedir ao governo a abertura de queixa contra a União Europeia na OMC por discriminação no caso das exportações brasileiras dentro da Cota Hilton. A Cota Hilton é constituída de cortes especiais do quarto traseiro de novilhos precoces, e seu preço no mercado internacional corresponde de três a quatro vezes o preço da carne comum. A cota anual de 65.250 toneladas é fixa, e a ela somente têm acesso os países credenciados: Argentina, Austrália, Brasil, Uruguai, Nova Zelândia, Estados Unidos, Canadá e Paraguai. A tarifa extracota é de 12,8% mais 303,4 euros por 100 kg de carne. A cota brasileira é de 10 mil toneladas anuais.

Tópico 2: Panorama Geral do Agronegócio BrasileiroNesta etapa, você conhecerá um perfil aprofundado sobre o agronegócio nacional. O tópico foi dividido por tipo de commodity, bem como pelas respectivas informações sobre sua cadeia, seu diagnóstico e suas perspectivas futuras.

1: Soja

A soja é a principal oleaginosa produzida no mundo, sendo utilizada como commodity na produção de óleo, na formulação de rações e na produção de carnes. A imagem a seguir

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Introdução ao Agronegócio

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mostra como os diferentes elos da cadeia estão interligados: o início está no elo dos insumos, passando pelos elos da produção, dos originadores, das esmagadoras, da indústria de derivados do óleo e da distribuição até chegar ao elo do consumidor final.

Cadeia produtiva da soja

Insumos(sementes, defensivos, máquinas etc.)

ProduçãoCentro-Oeste, Sul, Sudeste, Nordeste e Norte

OriginadoresArmazéns Gerais, Cooperativas e trading companies

Indústria derivados do óleoMaionese, margarina, sabão, tinta etc.

DistribuiçãoAtacado, Varejo, Mercado Institucional

Consumidor

EsmagadoresEmpresas privadas e cooperativas

Fonte: Elaboração da autora

A imagem seguinte apresenta os dados relacionados à produção, ao consumo e aos estoques mundiais divulgados pelo USDA. Repare que o mercado internacional da soja está dividido entre quatro países. Quais são eles?

Produção, consumo e estoques mundiais de soja: safra 2012/13

300

250

200

150

100

50

0

EUABra

sil

Argentin

aChina

Outros

Mundo

Milh

ões

de to

nela

das

Produção

Consumo

Estoques

Fonte: USDA (2014)

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Curso Técnico em Agronegócio

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Na safra 2012/2013, a produção mundial foi de 267 milhões de toneladas de soja, sendo que Brasil, Estados Unidos e Argentina respondem por grande parte do total produzido. Foram consumidas no mundo 258,8 milhões de toneladas de soja, sendo a China o principal importador da commodity.

A Argentina possuía 22,4 milhões de toneladas em estoque, e esse montante representava quase metade dos estoques mundiais, que foi de 57,8 milhões de toneladas. Um dos motivos que justificam esse estoque alto é que a oferta da soja é menor do que a demanda nesse país.

Em relação ao Brasil, a imagem a seguir apresenta a produção brasileira do complexo soja no período de 1999 a 2014.

Produção brasileira do complexo soja

1000.00090.00080.00070.00060.00050.00040.00030.00020.00010.000

0

Soja

Mil.

Ton

.

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

2013

(E)

2014

(E)

Farelo

Óleo

Fonte: ABIOVE (2014)

Note que o complexo soja (soja em grão, farelo e óleo) tem grande destaque no agronegócio brasileiro, já que 26,1 bilhões de dólares foram gerados como divisa pelo setor da soja em 2012.Esse mesmo setor representou 10,8% do total exportado pelo Brasil. Em 2013, observa-se um salto de 2% na participação do complexo soja nas exportações do Brasil: 12,8%.

Participação do complexo soja nas exportações brasileiras (%)

15

10

5

0

Part. Complexo Soja

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

2013

Fonte: ABIOVE (2014)

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Introdução ao Agronegócio

35

Os principais mercados para a soja em grão e para o farelo de soja são a União Europeia e a Ásia (China), como se vê nos dados das exportações do complexo soja nos períodos de 2012 e 2013.

Exportações do complexo soja (2012 e 2013)

0

China

União Europeia

Ásia (exceto china)

Outros Destinos

5 10 15 20

20132012

Fonte: ABIOVE (2014)

A China, que faz parte do BRICs, é o segundo maior produtor de grãos do mundo (530 milhões de tonelada/ano), sendo igualmente o maior consumidor, e, por isso, busca a autossuficiência com claras intenções de ficar independente do mercado internacional.

Setores do agribusiness enxergam a China como o mais promissor país no consumo de alimentos e fibras, sendo responsável pelo aumento do comércio de produtos agroindustriais e dos preços das commodities agrícolas, como soja e milho. Como consequência, a China aumentou sua participação como importadora nesse mercado.

Aliás, o comércio de mercadorias entre Brasil e China apresentou, em 2002, duas características principais:

• a concentração das pautas de exportação e importação (soja, minério de ferro, produtos siderúrgicos e óleo de soja) respondeu por 67,53% das exportações brasileiras destinadas à China em 2002;

• a China foi o principal país de destino das exportações brasileiras de soja, tendo essas operações representado 27,19% do total exportado (superando a Holanda, 17,96%, e a Alemanha, 10,17%).

Uma das razões para a elevada concentração da pauta nesses produtos foi a demanda por soja e óleo de soja, itens que fazem parte dos hábitos alimentares dos chineses, pois são usados na produção de tofu, shoyu e óleo de cozinha.

A China entrou na OMC em 2001. Por ser um dos maiores importadores do complexo soja, causou mudanças importantes no mercado internacional do grão, como o maior acesso ao mercado chinês e a limitação dos subsídios do governo desse país aos produtores domésticos

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Curso Técnico em Agronegócio

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Nesse período, transformou-se no maior exportador e na segunda maior economia do mundo. O crescimento das exportações brasileiras para a China decorreu da estratégia das transnacionais que atuam no mercado de grãos, da produtividade da soja brasileira e da proibição dos transgênicos no Brasil (2002), o que provocou um deslocamento de parcela da soja americana no mercado internacional. Mas o que seria essa estratégia das transnacionais?

`

Atenção

A estratégia das transnacionais era baseada na ideia de eficiência global, que consiste em utilizar as regiões economicamente mais produtivas para suprir as regiões mais populosas, como a China. Com essa estratégia, as transnacionais buscaram, também, diversificar as suas cadeias de oferta. Elas atuaram em ambas as regiões, e, de acordo com as suas próprias estimativas, as zonas mais populosas apresentavam perspectivas de crescimento da renda. A China resiste aos transgênicos, razão pela qual a sua preferência recaiu naturalmente sobre o Brasil. Ela também exige, em acordos temporários, um certificado indicando que as remessas brasileiras de soja não contenham o grão transgênico.

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Introdução ao Agronegócio

37

Perspectiva

O trabalho exploratório de economistas (Jim O’Neill, Dominic Wilson e Roopa Purushothaman) do banco de investimentos Goldman Sachs sobre a economia mundial indica que, nos próximos 50 anos, as economias de Brasil, Rússia, Índia e China podem tornar-se uma força importante na economia mundial. O estudo mapeia os crescimentos do PIB e da renda per capita, e os movimentos monetários dos BRICs até 2050.

PIB

O Produto Interno Bruto mede o valor monetário total dos bens e serviços finais produzidos para o mercado durante determinado período de tempo dentro das fronteiras de um país.

No Brasil, a produção de soja concentra-se nas regiões Centro-Oeste e Sul, nos estados de Mato Grosso, com 29% da produção nacional; Paraná, com 19,5%; Rio Grande do Sul, com 15,4%; e Goiás, com 10,5%. Mas as regiões Norte e Nordeste também estão aumentando a sua área de plantio, e áreas no Maranhão, em Tocantins, no Piauí e na Bahia, no período de 2012-2013, responderam por 8,4% da produção brasileira. A seguir, veja a participação da soja por região no Brasil.

Soja: participação por região do Brasil

Norte

Nordeste

Sul

Centro-Oeste

Sudeste

6%

37%47%

7%

3%

Fonte: Outlook FIESP (2013)

Abaixo tem-se uma panorama da cadeia produtiva da soja, na qual podem-se identificar os seus pontos fortes, os pontos fracos, as oportunidades e as ameaças.

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Curso Técnico em Agronegócio

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Análise SWOT da cadeia produtiva da soja

Pontos Fortes Pontos Fracos

Brasil é segundo maior produtor e exportador mundial.

Tecnologia dominada para gerar valor à cadeia.

Áreas agricultáveis que permitem aumento da produção.

Geração de renda nas regiões produtoras (aumenta o IDH).

Maior produtor mundial é os EUA.

Estímulo governamental à exportação de soja in natura.

O Brasil utiliza um modal de transporte impróprio pela distância percorrida pela soja (± 1.000 km).

Oportunidades Ameaças

Abrangência do complexo soja na geração de produtos.

Adoção de biodiesel global via metas de adição.

Fortalecimento de ações sustentáveis nos âmbitos nacional e internacional.

Melhoria nos modais utilizados para o transporte de soja no Brasil.

Diversificação via criação de produtos inovadores.

Tarifas alfandegárias.

Novas barreiras de entrada por países importadores.

Diferentes cobranças de ICMS pelos estados brasileiros.

Fonte: Elaborado pela autora, com base nos dados da ABIOVE (2014).

Na sequência, acompanhe uma análise dos quatro itens.

Pontos fortes

Neste item, observa-se que um dos grandes pontos fortes está na geração de renda nas regiões produtoras de soja, principalmente nos estados de Mato Grosso e Goiás, e também por possuírem áreas agricultáveis para expansão do plantio. Igualmente é necessário considerar a tecnologia empregada nas propriedades rurais, como o uso de agricultura de precisão e sementes altamente produtivas.

Pontos fracos

Podemos citar como principal ponto fraco a logística deficiente nas regiões produtoras, o que aumenta o custo de produção, dificultando o escoamento da oleaginosa para os portos que a levarão para o exterior.

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Introdução ao Agronegócio

39

Ameaças

Entre as ameaças estão as tarifas alfandegárias e o protecionismo de países como os Estados Unidos, que subsidiam uma boa parte da sua produção de soja e de outras commodities, como milho, carnes e algodão. Isso torna os seus produtos mais competitivos no mercado internacional

Oportunidade

Como uma oportunidade está a possibilidade de se pesquisarem novos usos para a soja, como sabão, tintas e biocombustível, gerando valor e produzindo produtos que serão vendidos por um valor superior para a commodity.

Após analisar o quadro anteriormente exposto, temos como avançar e pensar a respeito das tendências futuras. Qual é o seu palpite a respeito da cadeia de soja? Confira, abaixo, algumas projeções.

De acordo com o MAPA, a produção de soja em grão em 2013 foi de 81,3 milhões de toneladas, com uma produtividade média projetada para os próximos anos de 3,3 toneladas por hectare. Existe uma forte tendência da produtividade de aumentar devido ao aumento da tecnificação das lavouras, em especial daquelas que se encontram na região Centro-Oeste.

Estima-se que em 2023 a produção de soja seja de 99,2 milhões de toneladas, o que representará um acréscimo de 21,8% em relação à produção de 2013.

As projeções de consumo indicam que as demandas de soja no mercado internacional e no mercado interno devem continuar aumentando, pois, além da demanda de rações animais, também se estima que ocorrerá um grande aumento do consumo de soja para a produção de biodiesel. Essa produção foi estimada em 2013, pela Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais – Abiove, em cerca de 10 milhões de toneladas.

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Curso Técnico em Agronegócio

40

Estima-se, também, que o consumo interno de soja em grão chegue a 50,6 milhões de tonela-das ao final da projeção, sendo que se espera um aumento de 19,4% no consumo até 2023. De acordo com o MAPA, deve haver um consu-mo adicional de soja em relação ao período de 2012-2013 de 8,2 milhões de toneladas.

Espera-se que, além da utilização da soja na fabricação de rações animais, ela também seja utilizada de maneira crescente na ali-mentação humana, principalmente em bebi-das, queijos etc.

A seguir, veja uma projeção de produção, consumo e exportação de soja em grão, mostrando uma perspectiva positiva de crescimento do mercado.

Brasil: projeção da produção, consumo e exportação de soja em grão

120.000

100.000

80.000

60.000

40.000

20.000

0

Produção

Mil

ton.

2012/13

2014/15

2016/17

2018/19

2020/21

2022/23

ConsumoExportação

Fonte: MAPA, com dados da CONAB (2013)

A cadeia da soja apresenta alto potencial de crescimento, mas ainda possui grandes gargalos (em logística, impostos e barreiras tarifárias e não tarifárias) e necessita de maiores investimentos em marketing, além de incentivos governamentais para a geração de valor. Esta proporciona mais renda para as regiões produtoras e para o país, assim como mais empregos, tecnologia e impostos a serem arrecadados.

O

Informações extras

Barreiras Não-Tarifárias são restrições à entrada de mercadorias importadas que possuem como fundamento requisitos técnicos, sanitários, ambientais, laborais, restrições quantitativas (quotas e contingenciamento de importação). Normalmente, as BNTs visam a proteger bens jurídicos importantes para os Estados, como a segurança nacional, a proteção do meio ambiente e do consumidor, e ainda, a saúde dos animais e das plantas.

Saiba mais sobre barreiras comerciais e técnicas no AVA.

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Introdução ao Agronegócio

41

Um exemplo de como é possível gerar valor foi dado por Henry Ford, em 1933, ao desenvolver nos Estados Unidos o primeiro produto construído à base de soja: um painel de carro feito de plástico de soja. Desde essa época, novas tecnologias que incluem o grão foram descobertas.

Entre os produtos à base de soja, desenvolvidos pelos produtores e patrocinados pelo governo americano, estão xampus para animais domésticos, lubrificantes, isolante térmico para casas, velas feitas à base de cera de soja, produtos de limpeza, bola de paintball etc. Abaixo, apresentamos alguns usos originais para o grão.

O Brasil precisa investir em geração de valor produzindo produtos diferenciados, pois isso trará benefícios aos produtores rurais e, em especial, ao pequeno e ao médio produtor, que não tem condições de concorrer com uma grande empresa.

É mais interessante gerar valor e obter mais lucros do que exportar commodities e deixar o lucro do desenvolvimento de produtos para os outros países. Aliás, o Brasil é conhecido como o celeiro do mundo, mas, de que adianta produzir tanto, se as estradas e os portos não conseguem escoar a produção? Coverse sobre esse assunto com o tutor e demais colegas e aprofunde seu conhecimento!

O governo tem uma parcela de responsabilidade importante nisso, mas não basta: o produtor precisa se organizar, informar-se e tratar a sua propriedade como uma empresa rural, deixar alguns conceitos no passado e partir em busca de novos desafios.

2: Café

O Brasil é o maior produtor e exportador da commodity e conta, atualmente, com 37% do mercado mundial cafeeiro, sendo que os principais países importadores de café brasileiro são: Alemanha, Estados Unidos, Itália, Japão e Bélgica.

A seguir, veja o ranking dos países produtores de café na safra 2012/2013.

Participação (%) dos países na produção mundial de café em grão: safra 2012/13

Brasil37%

Vietnã17%

Outros17%México 3%

Peru 3%

Índia 4%

Honduras 4%

Etiópia 4%

Colômbia 5%

Indonésia 6%

Fonte: USDA (2013)

O gráfico acima nos mostra que, na safra 2012/13, os três principais produtores foram o Brasil, o Vietnã e a Indonésia. Somos o primeiro na produção mundial de café em grão.

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Curso Técnico em Agronegócio

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É importante observar que, devido à sua grande extensão, pela qual a produção cafeeira está espalhada em 2,3 milhões de hectares no território nacional, o Brasil possui a vantagem de desenvolver diversos tipos e qualidades de cafés – um diferencial que possibilita atender às diferentes demandas.

O país conta atualmente com 2.341,73 hectares voltados à cultura de café dos tipos arábica e robusta. Conforme a Conab (2013), houve um acréscimo, no ano de 2013, de 12.370 hectares, o que representa um crescimento de 0,54% da área utilizada em relação à safra de 2012. É importante ressaltar que estão ocorrendo significativos aprimoramentos na tecnologia de produção, no manejo, nos aperfeiçoamentos genéticos e nas reduções de custos na logística.

Diferentes tipos de café

Arábica

A variedade de café mais apreciada no mundo é a arábica e ela representa 59% da produção mundial da cultura de café. Trata-se de um grão bastante achatado e alongado, que gera um café fino e com alto valor comercial. A qualidade desse grão está relacionada com a altitude em que é plantado (altitudes superiores a 900 metros).

O maior produtor de café arábica no Brasil é o Estado de Minas Gerais. Outros estados, como São Paulo, Paraná, Bahia, Espírito Santo e Rondônia, também produzem essa variedade. O cultivo de café arábica totaliza 74,9% da quantidade de café nacional.

Robusta Conilon

O café robusta conilon tem a sua origem na África Central e pode ser produzido em altitudes que variam entre o nível do mar e 600 metros. É mais utilizado na fabricação de café solúvel. Essa variedade tem uma grande aceitação na Europa e nos Estados Unidos, pois é utilizada para fazer o blend com a variedade arábica.

Os principais estados brasileiros produtores dessa variedade são: Espírito Santo (maior produtor de conilon), Rondônia, Pará, Minas Gerais e Mato Grosso. A produção nacional de robusta em maio de 2013, por exemplo, representou cerca de 25% da cultura nacional de café.

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Introdução ao Agronegócio

43

Veja os estados nacionais produtores de café e as respectivas espécies cultivadas em cada local.

Regiões produtoras de café

ArábicasConillon (Robusta)

Fonte: ABIC (2013)

Agora, ao compararmos os hectares utilizados na produção brasileira de café nos estados produtores, podemos observar que as maiores áreas de produção estão concentradas nos estados de Minas Gerais e Espírito Santo.

Hectares produzidos na produção brasileira de café

1.200.000

1.000.000

800.000

600.000

400.000

200.000

0

Hec

tare

s

20122013

Min

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San

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São

Paul

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Bahi

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Rond

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o

Pará

Goi

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Out

ros

Fonte: ABIC (2013)

A cadeia agroindustrial do café, segundo Zilbersztajn (1993), é estruturada pelas operações agrícolas, como a industrialização do grão verde, a torrefação e a comercialização. Paralelamente

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Curso Técnico em Agronegócio

44

a esse conceito, surge outro estudo que indica que a cadeia de café brasileira é constituída pelos seguintes segmentos (SAES E FARINA, 1999):

Cadeia produtiva do café no Brasil

Insumos(mudas, defensivos, máquinas etc.)

ProduçãoMG, ES, SP, PR, BA, RO, MT

1º Processamento do CaféMaquinistas e Cooperativas

2º Processamento do CaféEmpresas de torrefação e moagem

Vendedores NacionaisCooperativas, Exportadores e Atacadistas

Compradores InternacionaisEmpresas de solúvel, torrefação e dealers

Varejo Nacional e InternacionalSupermercados, mercado institucional,

cafeteiras, bares e restaurantes

Consumidor

Fonte: Adaptação de Saes e Farina (1999)

A maioria dos produtores de café no Brasil são membros de alguma associação de interesse privado, e os insumos, em grande parte, são obtidos por meio das cooperativas, que os disponibilizam com menor preço por operarem em grande escala.

Apenas grandes cafeicultores vendem os grãos para compradores diretos, pois a maioria dos produtores se relaciona com a cooperativa para entregar seus produtos. Zilbersztajn (1993) acredita que “em geral os produtores trabalham com um nível de incerteza e insegurança muito alto em relação às informações disponíveis no mercado”. Mas por que essa incerteza acontece para os produtores de café?

Essa situação ocorre em função de fatores como distância física entre produtor e cooperativa, desinteresse em participar das transações e dificuldade de comunicação com as fontes.

Nesse sentido, o produtor mantém uma relação instável com a cooperativa, já que ele possui a possibilidade de vender a sua produção para outros atores da cadeia (ZILBERSZTAJN, 1993).

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Introdução ao Agronegócio

45

Por sua vez, as cooperativas vendem o café para a indústria de torrefação, os exportadores e os dealers.

Dealers

Negociantes que atuam como intermediários em uma transação comercial.

É importante destacar que algumas cooperativas atuam, também, nos processos de torrefação e moagem. A comercialização e a distribuição de café no Brasil são realizadas “por meio dos exportadores, maquinistas, corretores, atacadistas e varejistas em geral, como bares, restaurantes, padarias, supermercados e as próprias torrefadoras” (ZYLBERSZTAJN, 1993).

O

Informações extras

Veja alguns dados sobre a cafeicultura brasileira:

• sustenta de 250 mil a 300 mil produtores;

• emprega diretamente três milhões de pessoas;

• responde por 5% das divisas geradas.

O povo brasileiro é um dos maiores consumidores de café do mundo, e a preferência nacional é o café torrado e moído: cada consumidor consome em média 2,1 quilos de café por ano, o que equivale a cerca de 400 cafezinhos.Fonte: ABIC (2013)

Perspectivas futuras

Consumo de café

Segundo a Organização Internacional do Café – OIC, o consumo de café no Brasil tem crescido a uma taxa média anual de 4,8%. Segundo a ABIC (2012), “os brasileiros estão consumindo mais xícaras de café por dia e diversificando as formas da bebida durante o dia, adicionando ao café filtrado também os cafés espressos, os cappuccinos e outras combinações com leite”. Veja como vem ocorrendo a evolução do consumo interno no Brasil durante o período de 1990 a 2012.

Brasil: consumo per capita de café verde e café torrado

7

6

5

4

3

2

1

0

19901992

19941996

19982000

20022004

20062008

2010

Maio/11

- Abril/

12

kg/h

abita

ntes

Kg café verdeKg café torrado

Fonte: ABIC (2013)

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Curso Técnico em Agronegócio

46

Outro fato curioso é que, desde 2004, observa-se o aumento do consumo de café fora do lar em função da popularização das cafeterias em diversas cidades brasileiras. Isso incrementa os hábitos de consumo do grão, bem como sua economia. Aliás, já se observa essa tendência ocorrendo em países da Europa e também nos Estados Unidos. Nestes, a preferência é por cafés especiais, geralmente de melhor qualidade.

As projeções feitas pelo MAPA para o café estimam o aumento da produção até 2023, bem como das exportações. A previsão do MAPA é de que o país continue como o maior produtor mundial e o principal exportador, e que também mantenha os compradores habituais e os parceiros estimados em mais de cem mercados – cenário bastante promissor!

Observa-se que o crescimento estimado para o consumo da bebida é de 28,6% até 2023. A título de observação, e ainda de acordo com a ABIC, esse panorama teve uma pequena diminuição em 2013 devido ao café disputar a preferência dos consumidores com os produtos prontos, tais como sucos e achocolatados

Brasil: projeção da produção, consumo e exportação de café

60

50

40

30

20

10

0

Produção

Exportação

Milh

ões

de to

nela

das

2012/13

2013/14

2014/15

2015/16

2016/17

2017/18

2018/19

2019/20

2020/21

2021/22

2022/23

Consumo

Fonte: MAPA (2013)

O evento é importante, pois foi a primeira queda registrada no

consumo no país desde 2003 e o segundo recuo da série histórica,

segundo dados da ABIC contabilizados desde 1990.

De acordo com a associação, as inúmeras novas opções prontas para o consumo no café da manhã (que incluem bebidas à base de soja, cuja penetração no mercado ainda é pequena comparada ao tradicional cafezinho) têm apresentado crescimento bastante elevado.

Essas categorias com maior valor agregado desafiam a indústria de café para que busque a inovação e, também, para que procure voltar a ter altos índices de crescimento, o que se espera alcançar com a oferta de cafés de melhor qualidade, diferenciados e certificados.

E, para finalizar esta análise sobre perspectivas futuras do café, a ABIC estimou em 2014 a retomada do crescimento do consumo interno de café entre 3% a 4%, com maior procura por cafés de melhor qualidade, desde os tradicionais até os cafés gourmet – informação importante a se considerar não só como tendência futura, mas obviamente de mercado.

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Introdução ao Agronegócio

47

3: Cana-de-Açúcar

No período entre 2000 e 2010, constata-se um grande crescimento da produção de cana-de-açúcar em função do aumento da demanda de açúcar no mundo. Mas como isso ocorreu? Confira abaixo os principais motivos:

• crescimento da população e respectivo aumento do poder de compra dos consumidores em diversas regiões do mundo;

• aumento do consumo de alimentos processados da cana-de-açúcar resultante da migração da população das áreas rurais para as urbanas;

• aumento da produção estimulado pelo consumo de adoçantes de baixas calorias à base de açúcar, como a sucralose;

Repare como vem crescendo a produção mundial de açúcar a partir da cana-de-açúcar e da beterraba.

Produção mundial de cana-de-açúcar e beterraba

200.000

180.000

160.000

140.000

120.000

100.000

0

Milh

ões

de to

nela

das

2000/01

2001/02

2002/03

2003/04

2004/05

2005/06

2006/07

2007/08

2008/09

2009/10

2010/11

20011/12

2012/13

Fonte: USDA (2013)

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Curso Técnico em Agronegócio

48

Uma informação importante é a de que, em alguns países da União Europeia, o açúcar vem da beterraba, e esse açúcar é utilizado também na produção de refrigerantes, ao contrário do Brasil, que só utiliza o açúcar de cana-de-açúcar.

Na composição mundial dos países produtores de cana-de-açúcar, o Brasil se destaca. Como se nota, em um total de 27 participantes, há quatro principais produtores: Índia, União Europeia, Brasil e China.

Participação mundial dos países produtores de cana-de-açúcar

Brasil22%

Índia15%

Outros26%

Paquistão 3%

Rússia 3%

México 3%

EUA 5%

Tailândia 6%China 8%

União Europeia 9%

Fonte: USDA (2013)

O aumento da produção de cana-de-açúcar também está relacionado ao aumento do uso do etanol no Brasil, combustível indicado para veículos com motores flex fuel. Existe, também, a expectativa do governo brasileiro em exportar etanol para os países que adotam os biocombustíveis em suas matrizes energéticas. Veja como foi a produção brasileira de cana-de-açúcar no período de 1999/2000 a 2012/2013.

Brasil: produção de cana-de-açúcar

700.000

600.000

500.000

400.000

300.000

200.000

100.000

0

Milh

ões

de to

nela

das

2000/01

2001/02

2002/03

2003/04

2004/05

2005/06

2006/07

2007/08

2008/09

2009/10

2010/11

20011/12

2012/13

Brasil

Região Centro-Sul

Região Norte-Nordeste

Fonte: UNICA (2013)

O tema biocombustível tornou-se uma discussão extremamente relevante no século XXI. Você sabe por quê?

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Introdução ao Agronegócio

49

Basicamente porque a pauta do biocombustível está diretamente ligada ao contexto de um desenvolvimento sustentável, ponto urgente na agenda desenvolvimentista mundial. Biocombustíveis que não causam danos ao meio ambiente, alavancam a geração de postos de trabalho e avançam rumo ao desenvolvimento tecnológico.

O

Informações extras

O etanol (nome técnico do álcool etílico combustível) pode ser produzido a partir da sacarose da cana-de-açúcar, no Brasil, da sacarina da beterraba, do amido de milho, nos Estados Unidos, além do trigo e da mandioca.

Trata-se de uma fonte de energia natural, limpa, renovável, sustentável. No Brasil, produz-se o etanol hidratado com 5% de água, que abastece os automóveis flex, e o etanol anidro (0,5% de água), misturado à gasolina na proporção de 20% a 25%.

Para entender melhor como funciona a cadeia de produção do etanol, observe o diagrama a seguir. Ele nos mostra os canais de distribuição, a produção nas usinas, a distribuição e o varejo até chegar ao consumidor final.

Canais de distribuição do etanol

UsinasDestilarias

TerminaisPortuários

MercadoExterno

Produção Distribuição Varejo Consumidor

Bases dasDistribuidoras

e Terminais

PostosRevendedores Automobilistas

Pequenas empresas,Grandes consumidores

Transportador,Revendedore Retalhista

Fonte: Baseado em Caixeta-Filho et al (2008)

Você sabia que, no período de 1976 a 2005, a utilização de álcool combustível permitiu ao Brasil economizar US$ 69,1 bilhões em divisas com a importação de petróleo (ETH, 2008)? E que, no início de 2008, o setor comemorava o crescimento da sua produção e das exportações, prevendo a geração de um milhão de empregos, com investimentos de US$ 30 bilhões até 2012? Definitivamente, um mercado promissor.

Ainda no contexto de 2008, havia também perspectivas de se cogerar, a partir do bagaço e da palha disponíveis, o equivalente à capacidade de uma usina Itaipu e meia em bioeletricidade,

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Curso Técnico em Agronegócio

50

além da movimentação de uma grande indústria nacional de máquinas e equipamentos (JANK, 2008) – ordens de grandeza bem interessantes.

Porém, em setembro de 2008, ocorreu a grande crise financeira mundial, levando à cessão dos investimentos do setor. Dessa forma, o crédito diminuiu bastante, comprometendo a expansão dos canaviais, o investimento em pesquisas e os cuidados fitossanitários.

Podemos observar que o período de 1999 a 2007 foi de crescimento da produção brasileira, mas, a partir de 2008, a produção passou a ser instável, alternando períodos de retração com crescimento moderado.

Brasil: produção total de etanol

30.000

25.000

20.000

15.000

10.000

5.000

0

Brasil

Região Centro-Sulmil

2000/01

2001/02

2002/03

2003/04

2004/05

2005/06

2006/07

2007/08

2008/09

2009/10

2010/11

2011/12

2012/13

Região Norte-Nordeste

Fonte: UNICA (2013)

Todo esse quadro pessimista levou ao endividamento de grande parte do setor e, também, ao aumento dos custos de produção. A recuperação dos preços internacionais do açúcar e do etanol na safra 2009/2010 não foi suficiente para a retomada do setor, levando à venda das empresas endividadas, que foram compradas por grandes grupos nacionais e internacionais.

Nesse mesmo período, o setor perdeu uma capacidade de moagem de 48 milhões de toneladas de cana e chegou à capacidade de 600 milhões de toneladas na região Centro-Sul (OUTLOOK FIESP (2013).

Durante esse processo, os grandes grupos familiares deram lugar a grandes empresas multinacionais, tradings e fundos de investimento. Essas empresas passaram a delinear outra forma de gestão do setor, buscando a eficiência e se voltando para uma gestão mais profissional a fim de gerar maior rentabilidade.

É nas regiões Sudeste e Centro-Oeste que está concentrada a maior parte da produção e das usinas de açúcar e etanol. De acordo com o estudo Outlook Fiesp, a região Sudeste deverá ter um aumento de área de 11% até 2023 em relação a 2013 (o que representa 616 mil hectares), resultado próximo ao estimado para o Centro-Oeste.

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Introdução ao Agronegócio

51

Participação de cada região do Brasil na produção de cana-de-açúcar

Nordeste

Sul

Centro-Oeste

Sudeste

7%

19%

66%

8%

Fonte: Outlook FIESP (2013)

O

Informações extras

Confira números do Setor Sucroenergético:

• estrutura produtiva: 432 plantas (2010);

• fornecedores de cana: 70.000;

• postos de trabalho formais: 1,28 milhão;

• receita do setor: superior a R$ 50 bilhões;

• divisas externas: US$ 13,8 bilhões (2010);

• porcentagem na matriz energética nacional: 18% (segunda fonte: hidroeletricidade);

• redução de emissões de CO2: 600 milhões de toneladas desde 1975.

Fonte: UNICA (2013)

Perspectivas futuras

De acordo com a União da Indústria de Cana-de-Açúcar – UNICA, o setor pretende trazer tecnologias que elevem a produtividade dos atuais 7.000 para 13.000 L/ha até o final da década de 2010.

Isso representará um aumento de produtividade acima de 5% ao ano.

Os principais vetores do crescimento serão:

• melhoramento genético clássico e a biotecnologia;

• o manejo agrícola;

• o etanol celulósico.

A demanda mundial por energia vem aumentando, e o Brasil está retomando os investimentos em tecnologia e na construção de novas fábricas. No entanto, países como China e Índia, que representam um quarto da população mundial, também estão investindo em novas unidades de produção de etanol, o que pode representar forte concorrência para o país.

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Curso Técnico em Agronegócio

52

Lembrando que, com toda a importância em se desenvolverem formas sustentáveis de produção, buscar fontes energéticas que causem menos impacto ao meio ambiente é crucial. Sendo assim, é necessária a conscientização de todos os cidadãos para o consumo consciente.

Em paralelo a isso, também devem ser estimuladas as pesquisas sobre fontes renováveis de energia, sendo feitas de maneira global por meio da troca de experiências entre os pesquisadores de diversos países. Por outro lado, órgãos governamentais internacionais divulgam que o biocombustível poderá afetar a capacidade de produção de alimentos no mundo. Ou seja, o debate sobre o futuro do biocombustível é bastante complexo.

Hoje, temos o Brasil em situação privilegiada, pois o país necessita de apenas 2% de suas terras cultiváveis para mover toda a frota nacional de veículos leves exclusivamente a etanol.

De acordo com Goldemberg (2007), desde 1960 a área colhida com cana-de-açúcar apresentou uma taxa de crescimento de 3% ao ano, sem prejudicar o avanço de outras culturas. A maioria das destilarias concentra-se no Estado de São Paulo, havendo uma expansão em Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

O Brasil utiliza 62 milhões de hectares, dos quais 19,7% com milho e 8,9% com cana-de-açúcar. A título de comparação, os Estados Unidos empregam 99 milhões de hectares, sendo que o milho representa 30% dessa área.

d

Comentário do autor

O bioetanol produzido no mundo representa 4% do consumo de gasolina, e a gasolina representa um quarto do consumo de petróleo. Nessa matemática, seriam necessários 123 milhões de hectares para substituir 10% da gasolina produzida no mundo.

Em relação ao açúcar, o Brasil é o principal exportador mundial de cana-de-açúcar, com cerca de 50% do volume total. Atrás dele vem a Tailândia, que representa 14% das exportações mundiais.

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Introdução ao Agronegócio

53

Confira a projeção de produção, consumo e exportação de açúcar e de crescimento da produção no período de 2012/2013 a 2022/2023 – mais uma cadeia com futuro promissor na agricultura brasileira de exportação.

Brasil: projeção da produção, consumo e exportação de açúcar

50.000

45.000

40.000

35.000

30.000

25.000

20.000

15.000

10.000

5.000

0

Produção

ExportaçãoMil

ton.

2012/13

2013/14

2014/15

2015/16

2016/17

2017/18

2018/19

2019/20

2020/21

2021/22

2022/23

Consumo

Fonte: MAPA (2013)

4: Algodão

O algodão é considerado uma das mais importantes culturas de fibras no mundo! Estima-se que, todos os anos, cerca de 35 milhões de hectares de algodão sejam plantados no globo terrestre. Além disso, desde a década de 1950, está ocorrendo um aumento da demanda mundial a um crescimento anual médio de 2%.

O comércio mundial do algodão movimenta anualmente US$ 12 bilhões, e a cadeia produtiva envolve mais de 350 milhões de pessoas em sua produção: desde as fazendas até a logística, o descaroçamento, o processamento e a embalagem (ABRAPA, 2014).

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Curso Técnico em Agronegócio

54

Atualmente, o algodão é produzido por mais de 60 países nos cinco continentes, sendo que apenas cinco países (China, Índia, Estados Unidos, Paquistão e Brasil) aparecem como os principais produtores da fibra. Mais uma vez, o Brasil entre os primeiros produtores, o que só comprova a vocação agrícola do país.

Segundo a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão – Abrapa, nas últimas três safras, a produção do Brasil foi de um volume médio próximo de 1,7 milhão de toneladas de pluma.

Produção mundial de algodão

8.0007.0006.0005.0004.0003.0002.0001.000

0

ChinaÍndia

EUA

Paquistão

Brasil

Ubesquist

ão

Outros

2011/12

2012/13

2013/14

Fonte: ICAC (2014)

A pluma do algodão destaca-se como a mais importante matéria-prima utilizada em toda a cadeia têxtil do Brasil, sendo um dos principais setores da economia brasileira.

Cadeia têxtil brasileira

Insumos(sementes, defensivos, máquinas etc)

Produtores de algodão(algodão em caroço)

Algodoeira(fardo de algodão em pluma)

Fiação(tecido bruto)

Estamparia e Acabamento(tecido estampado)

Indústria de confecção

Comércio atacadista

Comércio varejista

Consumidores finais

Fonte: Buainain e Batalha (2007)

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Introdução ao Agronegócio

55

O Brasil é o quinto maior produtor têxtil do mundo e o quarto maior do segmento de vestuário. Vejamos alguns números importantes acerca da produção nacional:

• 33 mil produtores formalizados em atividade e com porte industrial, das quais 28 mil correspondem à cadeia do vestuário.

• O número de trabalhadores chegou a 1,6 milhão de pessoas em 2012, sendo 1,2 milhão de empregos somente em vestuário (IEMI, 2013).

d

Comentário do autor

Confira números que comprovam a importância do uso do algodão na cadeia têxtil nacional.

No ano de 2010, a indústria de fiação consumiu aproximadamente 1,494 milhão de toneladas de matéria-prima (naturais, artificiais e sintéticas) para a fabricação de fios. Nesse contexto, o uso de fibras naturais (algodão, juta, linho, rami, sisal, seda e lã) totalizou 1,258 milhão de toneladas. Na fabricação de fios, a partir das fibras artificiais e das sintéticas (viscose, poliamida, acrílico poliéster e polipropileno), foram utilizadas 236 mil toneladas.

A participação do consumo da fibra de algodão no contexto geral da produção de fios foi da ordem de 80%. No segmento de tecelagem, 58% do fio utilizado na fabricação de tecidos são de algodão, 39% de fios artificiais e sintéticos, e 3% de fios oriundos de outras fibras naturais. Por outro lado, no segmento de fabricação de malharia, 51,2% do fios utilizados são de algodão, 48,7% de fibras artificiais e sintéticas, e 0,01% de outras fibras naturais.

Fonte: Conab (2013)

A cultura do algodão utiliza tecnologia moderna e recebe grandes investimentos em insumos, máquinas por hectare, superando até mesmo os investimentos realizados nas culturas de soja e milho.

Participação de cada região na produção de algodão

Nordeste

Centro-Oeste

Sudeste67%

30%

3%

0%

Fonte: Outlook FIESP (2013)

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Curso Técnico em Agronegócio

56

A produção do algodão ocorre principalmente nas regiões Centro-Oeste e Nordeste (representa 95% da produção nacional), sendo que os estados do Mato Grosso e da Bahia produziram cerca de 65% e 30% da safra 2012/2013, respectivamente.

Principais estados produtores de algodão

100 - 20.00020.001 - 60.00060.001 - 138.000138.001 - 314.000314.001 - 526.310Outros municípios

Fonte: ABRAPA (2014)

E, para encerrar a apresentação da cadeia de algodão, uma informação de extrema relevância: você sabia que a produção brasileira de algodão em pluma dos últimos anos tem sido suficiente para abastecer as necessidades de consumo da indústria têxtil nacional e ainda gerar excedentes que são comercializados no mercado de exportação?

5: Arroz

O arroz é o terceiro cereal mais consumido no mundo, ficando atrás apenas do milho e do trigo. A produção mundial de arroz concentra-se na Ásia e representa 68% dos 465 milhões de toneladas produzidos atualmente no mundo. Os principais países produtores são: China, Índia, Indonésia e Bangladesh.

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Introdução ao Agronegócio

57

Principais produtores de arroz (em milhões de toneladas - 2013)

160

140

120

100

80

60

40

20

0Ch

ina

Índi

a

Indo

nési

a

Bang

lade

sh

Viet

Thai

land

ia

Phili

pina

s

Fonte: MAPA (2013)

Dessa vez, o Brasil não figura no topo da lista. A produção nacional de arroz é tradicionalmente concentrada na região Sul, nos estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, o que representa 78% da produção nacional. Na safra 2012/2013, a produção brasileira foi de 11,7 milhão de toneladas.

Participação de cada região do Brasil na produção de arroz

78%

6%6% 9%

1%

Norte

Nordeste

Sul

Centro-Oeste

Sudeste

Fonte: Outlook FIESP (2013)

As projeções de produção e consumo para 2015/2016 feitas pelo MAPA mostram uma situação tênue entre essas duas variáveis, indicando necessidade de importação para os próximos anos. Para o período de 2015/2016, estima-se o seguinte cenário:

• produção em 12,9 milhões toneladas;

• consumo em 42 milhões de toneladas;

• importações em 936 mil toneladas.

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Curso Técnico em Agronegócio

58

A partir da projeção do MAPA para o período de 2012/2013 a 2020/2022, pode-se observar a previsão de aumento da produção na área plantada. Por outro lado, vê-se também a redução dessa mesma área. O que pode ser preocupante.

Para evitar esse quadro, deve-se focar em investimentos em tecnologia que levem a um aumento de produtividade, de modo que esse acréscimo de produção ocorra especialmente por meio do crescimento do arroz irrigado.

Projeção arroz (em milhares de toneladas)

14.000

12.000

10.000

8.000

6.000

4.000

2.000

0

2012/13

2013/14

2014/15

2015/16

2016/17

2017/18

2018/19

2019/20

2020/21

Produção

Projeção arroz(em milhares de toneladas)

Consumo

Importação

Fonte: MAPA (2013)

De acordo com o MAPA, estima-se uma produtividade de 5,5 toneladas por hectare, cerca de 600 quilos a mais do que a atual produtividade de 4,9 toneladas por hectare. Hoje, a maior parte da produção de arroz do Brasil se concentra no Rio Grande do Sul, com produtividade de 7,5 toneladas por hectare.

Cultivo do arroz

Existem duas formas de cultivo no país:

• na região Sul, o cultivo do arroz ocorre em várzeas inundáveis;

• nas outras regiões, como Norte, Nordeste e Centro-Oeste, a produção do arroz de sequeiro é pequena e ocorre em áreas de formação de pastagens.

O Brasil é o terceiro país exportador e o primeiro em produtividade em sequeiro. A cultura do arroz de sequeiro é caracterizada por não exigir muitos insumos e por ser tolerante a solos ácidos. Essa cultura é considerada importante por ser uma cultura pioneira durante o processo de ocupação agrícola dos cerrados, que teve início na década de 1960.

Esse processo de abertura de área alcançou o seu ponto máximo no período entre 1975 e 1985, no qual a cultura chegou a ocupar uma área superior a 4,5 milhões de hectares. Nessa época, o sistema de exploração era caracterizado pelo baixo custo de produção, em que os agricultores não adotavam as práticas recomendadas, como os plantios tardios.

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Introdução ao Agronegócio

59

Em meados da década de 1980, começou a ocorrer a progressiva redução das áreas de abertura, e a área cultivada com arroz sob o sistema de cultivo de sequeiro foi sendo gradativamente reduzida ao mesmo tempo em que a fronteira agrícola se deslocou no sentido sudeste-noroeste (EMBRAPA, 2003).

De acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa (2003), a pesquisa com a cultura do arroz de terras altas prioriza ações com o objetivo de consolidar a presença da cultura em sistemas de produção de grãos nas regiões favorecidas dos cerrados. Além de também procurar adaptá-la ao sistema de plantio direto, faz parte da pesquisa desenvolver e incentivar o consórcio de arroz com pastagem no sistema Barreirão (renovação de pastagem degradada) e no sistema Santa Fé (integração lavoura-pecuária), assim como o sistema sob irrigação suplementar e o de abertura de novas áreas.

Agregação de valor no arroz

É fato que na última década houve o aumento da massa salarial e do poder aquisitivo da população brasileira e a ascensão da classe C (também chamada “nova classe média”). Essa classe tem como padrão de consumo ser exigente em relação aos produtos que consome e, ao mesmo tempo, tem consciência de que não pode errar na compra por não possuir uma segunda oportunidade de aquisição.

Essa mudança nos padrões de consumo está levando à sua diminuição per capita de cereais básicos e ao aumento da demanda por produtos com valor agregado, como massas, pães e arroz para uso gourmet, como o arbóreo, o basmati, o com certificação de origem etc.

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Curso Técnico em Agronegócio

60

d

Comentário do autor

No Brasil, podemos citar como exemplo de geração de valor o arroz do litoral norte gaúcho. Esse arroz obteve o selo emitido pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial – INPI atestando que o produto da região é diferente dos demais produzidos no Brasil. O local em que é produzido – a área de cultivo, localizada em uma faixa de terra entre a Lagoa dos Patos e o Oceano Atlântico – influencia a qualidade do arroz, que apresenta um rendimento superior.

Esse é o primeiro registro de Denominação de Origem de um produto brasileiro e o oitavo de Indicação Geográfica do país. O INPI confirmou que o cereal tem características distintas e autorizou a utilização do selo por todos os produtores da região que conseguirem alcançar os requisitos mínimos exigidos (são 1.400 produtores de arroz em uma área que equivale a 130 mil hectares).

A expectativa da Aproarroz é que o produto tenha valorização de 20% em relação ao preço atual (APROARROZ, 2012).

Consumo de arroz no mundo

África do Sulo preço do arroz vem aumentando desde 2008, levando a população a adquirir alternativas mais baratas: variedade de arroz pronto para o consumo, arroz com tempero, com legumes e as versões integrais.

Bélgicao arroz é um produto popular no país, fazendo parte da alimentação diária dos belgas. Com a crise econômica, o consumidor passou a fazer mais refeições em casa.

Áfricaos principais destinos do arroz beneficiado brasileiro, em 2009, foram os países africanos. Segundo o Instituto Rio-grandense do Arroz – IRGA, o consumo de arroz per capita na África chega a ser quatro vezes maior que o brasileiro.

Espanha

a maior demanda por variedades especiais de arroz na Espanha, principalmente dos tipos longo e integral, deve-se ao crescente número de imigrantes. Em 2009, 56% das vendas de arroz foram de arroz comum, seguido pelas variedades de arroz longo, que participaram com 22% das vendas.

Itália

é o maior produtor europeu de arroz e o seu consumo manteve-se estável, pois não houve alterações significativas de preços. Existe uma tendência de aumento de demanda por produtos mais saudáveis e convenientes - embalagens menores e mais fáceis de preparar.

Portugal

como efeito da crise financeira, as vendas de alimentos secos, como massa e arroz, vêm apresentando maior demanda em função do baixo custo. O produto é básico na dieta portuguesa. O arroz basmati e o vaporizado apresentam potencial de crescimento no país e na Europa.

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Introdução ao Agronegócio

61

pAtividade prática

Acesse o AVA para ler um texto sobre estocagem de arroz no mundo e responda às questões propostas.

6: Milho

O milho é o principal cereal produzido no mundo. Ele é consumido em diversos países de forma in natura ou em produtos industrializados, como rações, xaropes, farinhas etc. O Brasil possui um mercado regido pela oferta e pela demanda doméstica, desse modo não possui posição de competitividade no âmbito mundial, seja por meio do próprio grão ou por seus derivados (ração e produtos destinados à indústria de alimentos).

Aproximadamente 75% da demanda de milho no Brasil tem como destino a alimentação animal, e, nesse caso, as cadeias produtivas de aves e suínos têm uma posição de alta competitividade no mercado mundial.

Demanda de milho no Brasil

Suinocultura

Pecuária

Indústria de Sementes

Avicultura

32%

60%

5%

3%

Fonte: Outlook FIESP (2013)

A cadeia produtiva do milho tem como elos os fornecedores de insumos, máquinas e equipamentos, passando pela produção primária, pela comercialização e pelo armazenamento do cereal. Também são apresentados os elos que trazem o primeiro e o segundo processamento, e, para finalizar, é mostrado o elo da distribuição, do varejo. Veja no detalhe.

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Curso Técnico em Agronegócio

62

Cadeia produtiva do milho

Máquinas e Equipamentos

Sementes

Indústria de Defensivos e Fertilizantes

Cooperativas

Governo

Rações (Petfood)

Rações e Farelo

Moagem via seca: fubá,

farinha, cuscuz, canjica,

outros produtos.

Moagem via úmida: amido,

óleo, amilopectina, highmaltose.

Aves, Suínos e Bovinos

Indústria de cervejas,

refrigerantes e outros.

Snacks, sopas, cereais,

misturas para bolo, matinais

e outros.

Supermercado

Pequeno Varejo

Mercado Institucional

Distribuição e Varejo

Nacional e Internacional

2º Processamento

1º Processamento

Comercialização e Armazenamento

Produção Primária

Fornecedores de Insumos, Máquinas e

Equipamentos

Produção de Milho

Armazenagem

Fonte: Sousa et. al. (1995)

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Introdução ao Agronegócio

63

A safra mundial 2012/21013 dessa commodity foi de 860 milhões de toneladas, mas, no décimo levantamento da safra mundial 2013/2014 feito pelo USDA, a produção mundial foi estimada em 966,6 milhões de toneladas.

Produção mundial de milho (milhões de toneladas)

1000

900

800

700

600

500

400

300

200

100

0

EUAChina

Brasil

União Eu

ropeia

Demais

2012/13

2013/14

Mundo

Fonte: USDA (2014)

Observa-se que houve uma diminuição da produção brasileira. Mas por quê?

Observa-se que houve uma diminuição da produção brasileira. Mas por quê? Devido à redução da área plantada de milho e ao aumento da área de produção de soja.

Os principais países produtores e consumidores de milho no mundo são os Estados Unidos e a China.

• Nos Estados Unidos, incentivos financeiros e políticas do governo estimulam a produção de biocombustível feito de milho, causando o aumento do consumo desse cereal no país (CARVALHO, 2007).

• Na China, o aumento de consumo está relacionado ao crescimento da renda dos chineses, levando à elevação das importações de milho e também de carnes, setor que tem como insumo o milho (CARVALHO, 2007).

Na safra 2013/2014, as exportações mundiais do milho foram estimadas pelo USDA em 114,4 milhões de toneladas e elas terão um aumento maior ainda se comparadas com o volume exportado no ano anterior (94,5 milhões de toneladas).

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Curso Técnico em Agronegócio

64

Exportações mundiais de milho

120

100

80

60

40

20

0

EUABra

sil

Ucrânia

Argen

tina

Outros

2012/13

2013/14

Mundo

Fonte: USDA (2014)

A produção nacional está concentrada em duas regiões principais: Centro-Oeste (43%) e Sul (33%). A região Sudeste é responsável por 16% da produção total. Veja o panorama da participação de cada região na produção de milho no Brasil.

Participação de cada região do Brasil na produção de milho

Norte

Nordeste

Sul

Centro-Oeste

Sudeste

43%

33%

3%

2% 6%

Fonte: Outlook FIESP (2013)

7: Carnes

Sabe-se que a carne é um dos produtos agrícolas mais amplamente consumidos ao redor do mundo. Para se ter ideia, de 2001 a 2013, a produção pecuária mundial foi de, em média, 58 milhões de toneladas/ano.

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Introdução ao Agronegócio

65

Produção mundial de carne bovina

59

58

57

56

55

54

53

52

51

50

49

Milh

ões

de to

nela

das

2000/01

2001/02

2002/03

2003/04

2004/05

2005/06

2006/07

2007/08

2008/09

2009/10

2010/11

2011/12

2012/13

Fonte: USDA (2013)

De acordo com o USDA, em 2013, o Brasil era o segundo maior produtor mundial de carne bovina, com 9,38 milhões de toneladas (os Estados Unidos ficaram em primeiro lugar, com 11,27 milhões de toneladas).

Os principais países produtores são Estados Unidos, China, Brasil, Índia e a União Europeia.

Produção mundial de carne bovina

60

50

40

30

20

10

0

EUABra

sil

União Europeia

China

Índia

Mundo

Milh

ões

de to

nela

das

Fonte: USDA (2013)

Segundo especialistas do setor, o Brasil é o país que possui a maior capacidade de aumentar a produção de carne bovina pelos seguintes motivos:

• sistema de criação quase 100% no pasto;

• menor dependência de grãos;

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Curso Técnico em Agronegócio

66

• altas taxas de produtividade;

• custo de produção mais baixo do que em outros países.

Fonte: OUTLOOK FIESP/DEAGRO (2013).

Em 2012, a produção brasileira foi de 9,3 milhões de cabeças de gado. A região que apresentou o maior percentual foi a Centro-Oeste, com 38,5% do abate nacional. A região Sul participou com 12%, a Sudeste com 20%, a Norte com 19% e a Nordeste com 10% (IBGE, 2012).

Produção de carne bovina: participação por região do Brasil

39%

19%20% Norte

Nordeste

Sul

Centro-Oeste

Sudeste

10%

12%

Fonte: FIESP/DEAGRO (2013)

Ainda sobre a pecuária brasileira, seguem alguns números importantes a se considerar:

• 1,8 milhão de propriedades rurais;

• 7 milhões de empregos;

• 37,3 quilos de consumo por brasileiro/ano;

• 560 curtumes;

• 4.150 empresas de calçados;

• 100 indústrias de armazenagem;

• 700 indústrias de carnes e derivados;

• 55.000 estabelecimentos de varejo.

Fonte: EMBRAPA (2014)

Mas como está estruturada toda a cadeia produtiva da carne bovina? Confira no quadro a seguir.

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Introdução ao Agronegócio

67

Cadeia produtiva da carne

Insumos para a produção(genética, suplementos minerais, fertilizantes, brincos para

rastreabilidade, sementes forrageiras etc)

Pecuaristasprodução de animais para abate

Indústria de frigorífica(carnes in natura, couros, miúdos e glândulas, outros

subprodutos da carne)

Distribuiçãodistribuirdor, atacado, varejo, indústria de alimentos e food

service, grandes redes varejistas, lojas próprias de frigoríficos

Consumidores finais

Fonte: ABIEC (2011)

Perspectivas da cadeia pecuária nacional

• A tendência mundial de crescimento da população urbana nos países emergentes e o aumento da renda familiar tendem a levar ao aumento contínuo do consumo de carne bovina e da demanda mundial pelo produto.

• Segundo a FAO, até 2050 a população mundial crescerá de 7 bilhões para 9 bilhões de habi-tantes, e a oferta de carnes precisará aumentar de 200 milhões para 470 milhões de toneladas em 2050.

• O aumento populacional e a evolução econômica dos países em desenvolvimento levaram à elevação do consumo per capita de carnes: 9,02 kg/hab/ano em 2000 para 9,21 kg/hab/ano em 2010 (USDA).

• O Brasil está estrategicamente posicionado para suprir essa demanda adicional, pois possui o maior rebanho de gado comercial do mundo, sendo também o maior exportador de carne bovina no globo (ABIEC, 2011).

Carne suína

A carne suína é a fonte de proteína animal mais importante no mundo. Em 2013, a produção mundial foi de 107.514 milhões de toneladas e a produção vem crescendo com o passar dos anos (em 2005, foram produzidos 94.328 milhões de toneladas). Conheça, agora, a produção mundial de carne suína no período de 2005 a 2013.

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Curso Técnico em Agronegócio

68

Produção mundial de carne suína

108.000

106.000

104.000

102.000

100.000

98.000

96.000

94.000

92.000

90.000

88.000

86.0002005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

Mil

tone

lada

s

Fonte: USDA/ABIPECS (2014)

Existe uma forte concentração na produção mundial, pois a China responde por cerca da metade da produção e o restante está dividido entre União Europeia , Estados Unidos e Brasil.

Somos o quarto maior produtor e exportador, com o montante de 3.370 milhões de toneladas em 2013. Veja como foi a produção mundial de carne suína por países no ano de 2013.

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Introdução ao Agronegócio

69

Produção mundial de carne suína-2013

60.000

50.000

40.000

30.000

20.000

10.000

0

China

U. Euro

peia-27EUA

Brasil

Rússia

Vietnam

1.00

0 to

n.

Canadá

Filipinas

Japão

México

Coréia do Su

l

Outros

Fonte: USDA/ABIPECS (2014)

Também em 2013, o mercado internacional de carne suína movimentou 6.810 milhões de toneladas, concentrando-se em cinco importadores, com aproximadamente dois terços das importações mundiais – Japão, Rússia, México, Coreia do Sul e China (USDA, 2014).

No mercado de carne suína, o Brasil ainda tem pouca participação mundial em comparação às carnes bovina e de frango. O principal motivo são as barreiras sanitárias impostas por alguns importadores, como Japão, México, Coreia do Sul, Estados Unidos e Canadá.

Veja, agora, como foi a produção brasileira de carne suína no período de 2005 a 2013.

Produção brasileira de carne suína

4.000

3.500

3.000

2.500

2.000

1.500

1.000

500

0

Mil

tone

lada

s

20052006

20072008

20092010

20112012

2013

Fonte USDA/ABIPECS (2014)

Mercado interno

A suinocultura está concentrada na região Sul do Brasil e gera 186.606 empregos diretos e 405.272 empregos indiretos. Ou seja, mais de meio milhão de pessoas envolvidas na produção. Nos empregos diretos, a suinocultura industrial possui 49.932 trabalhadores, a suinocultura de subsistência, 50.010, e a agroindústria, 86.663 empregados (ABIPECS, 2012).

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Curso Técnico em Agronegócio

70

Apresenta-se, a seguir, a participação de cada região do Brasil na produção de carne suína.

Carne suína: participação por região do Brasil

Nordeste

Sul

Centro-Oeste

Sudeste

16%65%

18%

1%

Fonte: FIESP/DEAGRO (2013)

Nos últimos dez anos, vem ocorrendo um crescimento do consumo de carne suína no Brasil. Em 2005, o consumo era de 1.949 milhões de toneladas e, em 2013, passou a ser 2.771 milhões de toneladas. E por que esse aumento?

De acordo com a ABIPECS, o consumo doméstico vem crescendo devido ao aumento populacional e do poder aquisitivo, às ações de promoção da carne suína realizada para os consumidores e para as redes de varejo, à busca de padrões de qualidade na produção e na industrialização, ao desenvolvimento de cortes especiais e aos investimentos em linhas de corte e em logística de frio.

O consumo per capita de carne suína atualmente no Brasil é de 13,4 kg/ano (valor ainda baixo em relação a outros países, como Hong Kong, que tem um consumo de 66,50 kg/ano por pessoa). Estimativas do setor esperam que nos próximos anos o consumo brasileiro passe para 16,2 kg/ano.

Veja como se comportou o consumo mundial per capita de carne suína em 2011.

Consumo mundial per capita de carne suína70,00

60,00

50,00

40,00

30,00

20,00

10,00

0

Hong Kong

Macau

Belarus

União Europeia - 2

7

Montenegro

China

Taiwan

Sérvi

aSu

íça

Coreia do Su

l

Kg p

er c

apita

Fonte: USDA; ABIPECS (2012)

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Introdução ao Agronegócio

71

Carne de frango

No Brasil, a avicultura é responsável pelo emprego, direto e indireto, de mais de 3,6 milhões de pessoas e responde por quase 1,5% do Produto Interno Bruto – PIB nacional. Uma participação impressionante!

O setor é representado por dezenas de milhares de produtores integrados, centenas de empresas beneficiadoras e dezenas de empresas exportadoras. A importância social da avicultura no Brasil se verifica, também, pela concentração no interior do país, principalmente nos estados do Sul e do Sudeste, sendo que, em muitas cidades, a produção de frangos é a principal atividade econômica (ABEF, 2013).

Participação regional na produção de frango (2013)

Norte

Nordeste

Sul

Centro-Oeste

Sudeste

14%60%

22%

1% 3%

Fonte: Outlook Fiesp (2013)

Em 2012, a produção de carne de frango foi de 12,645 milhões de toneladas. Aqui, constata-se uma redução de 3,17% em relação a 2011, ano no qual foram produzidos 13,050 milhões de toneladas. Os Estados Unidos estão na liderança da produção mundial de carne de frango, seguidos pela China e pelo Brasil, que aparece em terceiro lugar.

Produção mundial de carne de frango

30.000

25.000

20.000

15.000

10.000

5.000

0

EUAChina

Brasil

União

Euro

peia Índia

Outros

Fonte: ABEF (2013)

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Curso Técnico em Agronegócio

72

Sobre a produção brasileira, 69% foram destinados ao consumo interno e 31%, às exportações. Nas exportações por produto, observa-se que os produtos mais exportados são os cortes.

Exportações por produtos

4%

CortesIndustrializadosSalgadoInteiros

37%

54%

5%

Fonte: ABEF (2014)

Houve um aumento do consumo per capita entre 2002 e 2012, tendo passado de 34 quilos em 2002 para 45 quilos em 2012, aumentando a demanda em 3,3 milhões de toneladas.

Desde 2004, o Brasil é o maior exportador mundial, seguido pelos Estados Unidos e pela China. Em 2012, as exportações brasileiras de carne de frango foram de 3,7 bilhões de toneladas, o que representa um montante de US$ 7,2 bilhões.

E quais são os porquês desse crescimento?

• oferta crescente de grãos, elevando a qualidade do produto e reduzindo as barreiras sanitárias;

• o baixo custo de produção em relação aos países concorrentes;

• o modo de produção cooperativista que ocorre no Sul do país;

• o sucesso do modo de produção integrada.

Projeções futuras

O cenário é promissor: as projeções de carnes para o Brasil feitas pelo MAPA mostram que esse setor deve apresentar intenso crescimento nos próximos anos. Entre as carnes, são estimadas maiores taxas de crescimento da produção no período de 2013 a 2023. A carne de frango deve ter um crescimento anual de 3,9%, e a carne bovina, de 2% ao ano. Para a produção de carne suína, o MAPA projetou um crescimento 1,9% ao ano, que representa um valor relativamente alto, já que conseguirá atender ao consumo doméstico e às exportações (MAPA, 2013).

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Introdução ao Agronegócio

73

Brasil: projeção da produção de carnes

25.000

20.000

15.000

10.000

5.000

02013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021

Mil

tone

lada

s

2022 2023

Frango

Bovina

Suína

Fonte: MAPA (2013)

As projeções do consumo realizadas pelo MAPA mostram a preferência dos consumidores brasileiros pela carne bovina, talvez por raízes culturais.

De acordo com o MAPA, estima-se um crescimento do consumo de carne de frango e de suíno para o período 2022/2023.

Brasil: projeção do consumo de carnes

14.000

12.000

10.000

8.000

6.000

4.000

2.000

02013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021

Mil

tone

lada

s

2022 2023

Bovina

Suína

Frango

Fonte: MAPA (2013)

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Curso Técnico em Agronegócio

74

Em relação às exportações, as projeções do MAPA indicam elevadas taxas de crescimento para os três tipos de carnes analisados, sendo esperado um cenário favorável para os próximos anos.

Brasil: projeção da exportação de carnes

5.000

4.500

4.000

3.500

3.000

2.500

2.000

1.500

1.000

500

02013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021

Mil

tone

lada

s

2022 2023

Bovina

Suína

Frango

Fonte: MAPA (2013)

O Brasil tem exportado carnes para diversos países. Acompanhe os números coletados sobre o ano de 2012:

• a carne bovina foi destinada a 142 mercados, sendo a Rússia o principal deles;

• a carne de frango foi destinada a 152 países, tendo a Arábia Saudita como principal comprador;

• a carne suína teve 75 países de destino, voltando a ter a Rússia como o principal importador.

A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne – ABIEC fez uma análise sobre o mercado da carne brasileira no mundo. O quadro a seguir mostra as oportunidades de mercado, os problemas enfrentados atualmente pelo setor e a imagem que a associação quer passar em relação à carne, mais relacionada à confiabilidade, à variedade e à saudabilidade.

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Introdução ao Agronegócio

75

Mercado da carne brasileira

Vende muito

Vende pouco

Não vende

O mercado da carnePara onde o Brasil vende e para onde quer vender.

Ações da ABIEC devem se concentrar nos países que compram pouca ou nenhuma carne do Brasil.

PROBLEMAS DA CARNE HOJE:

• Desconfiança do mercado quanto a sanidade e rastreabilidade• Imagem associada ao desmatamento da Amazônia• Baixa padronização• Descumprimento de prazos• Consumidor não conhece

Fonte: ABIEC

A IMAGEM QUE A ABIEC QUER DA CARNE:

• Confiabilidade• Variedade• Sabor saudável (boi a pasto + baixo teor de gordura)• Abundância

Fonte: Adaptado de ABIEC (2011)

Qual é o cenário do consumo de carne ao redor do mundo?

Alemanha

a carne está presente em todas as refeições da Alemanha, inclusive no café da manhã e no lanche (consumida em sanduíches). O hambúrguer é a variedade de carne vermelha mais importante, e também carnes de aves (cortes de aves empanados e nuggets), salsichas de porco ou presunto prontos para fritar são comuns, mas tiveram retração de consumo nos últimos anos. Há tendência de aumento de procura por carne de aves. O país tem tradição no consumo de embutidos cozidos, fritos ou defumados e, apesar de produzir este produto, também tem receptividade aos produtos importados.

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Curso Técnico em Agronegócio

76 Angola

o país enfrenta problemas com a venda de carnes no mercado clandestino, sem nenhuma fiscalização sanitária. A venda da carne só é permitida em açougues credenciados pelo governo e, em supermercados, ainda não é disseminada.

Arábia Saudita

as carnes resfriadas são o único tipo de alimento resfriado, e o consumo de carne vermelha faz parte da dieta diária da população. A mortadela é o tipo de carne processada oferecida no país e tem vários sabores e temperos. Empresas nacionais lideram as vendas no mercado doméstico de carnes, pois há poucas empresas estrangeiras que abatem os animais dentro das práticas islâmicas.

China

diversas empresas chinesas têm se esforçado para posicionar os seus produtos como sendo saudáveis. São consumidos os tradicionais derivados de carne para enlatados e conservas, salsichas em estilo ocidental e também novos produtos, como salsicha de abóbora. Entre as carnes vermelhas estão as de carneiro, os bifes e as almôndegas. O tipo de carne mais consumido na China é a de aves, que também responde pela maior parte das carnes orgânicas comercializadas. A carne de porco também é bastante consumida, mas teve retração das vendas em 2008 devido à alta de preço.

EUA

devido à crise, os americanos têm preferido comer em casa ao invés de jantar fora e optam por alimentos em conserva ou enlatados por serem fontes de proteínas mais baratas. Entre as carnes resfriadas, as mais vendidas são as salsichas. Produtos de carne vermelha mais consumidos: hambúrgueres, steaks e almôndegas. Há um aumento da demanda por carnes mais magras, como as de frango, peru ou opções mais magras de carne bovina. Há tendência de crescimento da linha de produtos saudáveis e orgânicos.

Fonte: Apex-Brasil (2013)

8: Fruticultura

Panorama mundial

A produção mundial de frutas se caracteriza pela diversidade de espécies cultivadas, sendo representada em grande parte por frutas de clima temperado, produzidas e consumidas, principalmente, no Hemisfério Norte.

As frutas tropicais e subtropicais possuem elevado potencial de consumo, no entanto, apenas a banana tem presença significativa no comércio internacional.

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Introdução ao Agronegócio

77

A produção mundial de frutas tem apresentado crescimento contínuo. Os três maiores produtores são: China, Índia e Brasil, que, juntos, respondem por 43,6% do total mundial e têm suas produções destinadas principalmente aos seus mercados internos.

Produção mundial de frutas

900800

700

600

500

400

300

200

100

1991/1992 1996/1997 2000/2001 2007/2008 2009/2010 2010/20110

Milh

ões

tone

lada

s

Fonte: USDA (2012)

Em 2011, a produção mundial foi de 822 milhões de toneladas, e as principais frutas produzidas foram bananas, melancias, maçãs e uvas.

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Curso Técnico em Agronegócio

78

Percentual de produção das principais frutas produzidas no mundo

Bananas

Melancias

Uvas

Maçãs

Laranjas

Côcos

Mangas e goiabas

Melões

Abacaxis

19%

18%

13%12%

12%

10%

7%5%

4%

Fonte: IBRAF (2013)

Panorama Brasileiro

Em 2012, a cadeia produtiva das frutas do Brasil destacou-se como um dos mais importantes segmentos econômicos do agronegócio brasileiro, sendo que o país é o terceiro maior produtor de frutas frescas do mundo, com uma produção estimada em 43,6 milhões de toneladas.

Produção Brasileira de Frutas

454035302520151050M

ilhõe

s de

ton

elad

as

2000/01

2001/02

2002/03

2003/04

2004/05

2005/06

2006/07

2007/08

2008/09

2009/10

2010/11

2011/12

Fonte: IBGE (2013)

A área cultivada para as frutas em todos os estados brasileiros passou dos 2,2 milhões de hectares (em pequenas e médias propriedades), com o setor empregando cerca de cinco milhões de pessoas, o que representa 27% da mão de obra agrícola do agronegócio (IBRAF, 2013).

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Introdução ao Agronegócio

79

Percentual de produção das principais frutas produzidas no Brasil

Laranjas

Bananas

Uvas

Abacaxis

Maçãs

Outras

40%

14%3%7%

4%

32%

Fonte: IBRAF (2013)

Em relação à produção geral de frutas, a distribuição desse segmento é feita em cinco estados brasileiros. O volume total dessa produção representa 71% no contexto nacional.

Percentual da produção de frutas nos estados brasileiros

São Paulo

Bahia

Rio Grande do Sul

Pará

Minas Gerais

64%18%

9%

5%4%

Fonte: IBRAF (2013)

d

Comentário do autor

Não podemos esquecer o Polo de Frutas de Petrolina-Juazeiro, onde a fruticultura é uma atividade com grande efeito multiplicador de renda, possuindo força suficiente para alavancar economias locais estagnadas e com poucas alternativas de desenvolvimento.

Em 2012, foram produzidos 43,6 milhões de toneladas de frutas no Brasil e, desse total, 47% foram destinados ao sistema agroindustrial para o processamento de sucos e frutas desidratadas.

Os demais 53% foram direcionados para o mercado de frutas frescas.

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Curso Técnico em Agronegócio

80

Distribuição da comercialização de frutas

ProduçãoComercial das Frutas

Mercado deFrutas Frescas

53%

Mercado deFrutas Processadas

47%

Fonte: IBRAF (2013)

O

Informações extras

Por meio do Pronatec são oferecidos cursos gratuitos nas escolas públicas federais, estaduais e municipais, bem como nas unidades de ensino do Senai, do Senac, do Senar e do Senat em instituições privadas de ensino superior e de educação profissional técnica de nível médio. Entre os cursos oferecidos, podemos destacar o Curso de Formação Inicial e Continuada – Eixo Tecnológico: Recursos Naturais – Trabalhador na Fruticultura Básica.

Mercado externo

Neste segmento, foram exportadas em 2012 o total de 693 mil toneladas de frutas frescas e, em 2011, o volume exportado foi de 681 mil toneladas. Mas como se configuram esses números em detalhes?

• as principais frutas exportadas são melões, mangas, limões e bananas;

• os principais estados exportadores são Ceará, Rio Grande do Norte, Bahia e São Paulo;

• os principais destinos são Holanda, Reino Unido, Espanha, Estados Unidos e Uruguai.

Entre as frutas importadas pelo Brasil, destacam-se peras, maçãs, ameixas e uvas frescas.

A Balança Comercial brasileira de frutas frescas, no período de 1999 a 2012, mostra um crescimento das exportações até o ano de 2008. Após este ano, as exportações tiveram um recuo devido à crise econômica mundial.

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Introdução ao Agronegócio

81

Balança comercial brasileira de frutas frescas

800

700

600

500

400

300

200

100

0

US$

milh

ões

Exportações

Importações

1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

Fonte: IBRAF (2013), com dados da Secex.

No período mencionado (1999 a 2012), as importações apresentaram crescimento que pode ser justificado pelo aumento do poder aquisitivo da população combinado à mudança de hábitos alimentares. Hoje, valoriza-se muito o consumo de frutas, buscando um modo de vida mais saudável.

`

Atenção

Um importante ponto de atenção: apesar de o Brasil ser o terceiro maior produtor mundial de frutas com 41 milhões de toneladas, o consumo da população brasileira ainda é baixo se comparado ao de países desenvolvidos (é menor que os 400 gramas diários exigidos pela Organização Mundial de Saúde).

Para mudar esse cenário, o Instituto Brasileiro de Frutas – IBRAF está desenvolvendo um plano de marketing com o objetivo de aumentar os níveis de consumo interno e, dessa forma, alavancar o desenvolvimento sustentável do setor, além de promover impactos na área de saúde pública e gerar desenvolvimento regional com a geração de empregos.

Conheça, agora, a estrutura da cadeia produtiva da fruticultura: os principais agentes e os fluxos de comercialização, o varejo e o consumidor final (que, como bom sinal de desenvolvimento, está cada vez mais exigente em relação ao produto que consome).

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Curso Técnico em Agronegócio

82

Estrutura da cadeia produtiva de frutas brasileira

Fornecedores de insumos(mudas, defensivos, máquinas etc.)

Comercialização(Ceasas, intermediários e exportadores)

Varejo(Supermercados, mercado institucional, bares e restaurantes)

Consumidor

Produção e beneficiamento agrícola(Produtores beneficiadores primários e secundários)

Fonte: Buainain e Batalha (2007)

Tendências futuras

Existe uma tendência mundial relacionada aos hábitos alimentares que é a saudabilidade e a sustentabilidade. Nessa proposta de vida, consomem-se alimentos saudáveis e produzidos em regiões próximas à área de comercialização. Desse modo, os produtos são consumidos frescos e o seu transporte não encarece o preço final. Esse conceito já foi tratado há um tempo pelo professor Dr. Milton Santos, quando ele escreveu que:

À medida que a economia ia se globalizando e que os produtos adquiriam padrões mundiais, a produção regional ganharia destaque. O que realmente conta é o lugar. À medida que o mundo se globaliza, as pequenas empresas e os produtos regionais tornam-se mais importantes...

Dentro desse conceito, podemos também citar a agricultura familiar, pois grande parte da produção de frutas vem desse modo de produção, visto que são pequenas áreas de cultivo e a mão de obra é constituída por pais, mães e filhos.

A presença do Brasil no mercado internacional de frutas frescas ainda é pequena, mas estudos e campanhas de promoção da fruta vêm sendo desenvolvidos, entre elas se destaca o projeto Brazilian Fruit, parceria entre o IBRAF e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações – Apex-Brasil. O programa está sendo desenvolvido desde 1998 para promover e divulgar no exterior a qualidade, a diversidade e a sustentabilidade da produção brasileira de frutas, e posicionar o país como grande supridor mundial de frutas frescas e processadas.

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Introdução ao Agronegócio

83

De acordo com Buainain e Batalha (2007), a fruticultura apresenta algumas características peculiares que a diferenciam de outras cadeias produtivas e que afetam sua competitividade. Entre elas, destacam-se:

• forte presença de agricultores familiares e elevada relação entre trabalho e capital;

• número elevado de cooperativas e associações de produtores;

• oscilações acentuadas dos preços causadas pela sazonalidade e por calendários de produção diferenciados entre os hemisférios Norte e Sul e nas diversas regiões do país;

• existência de um comércio com grande número de países produtores, envolvendo muitas empresas importadoras e exportadoras.

Essas características podem ser tratadas como problemas ou dificuldades, mas, se for feita a devida coordenação, podem gerar sinergias e aumento de competitividade para todo o setor.

9: Feijão

O feijão é cultivado em várias regiões do mundo. Existe uma característica particular nesse setor, pois tudo o que é produzido é consumido internamente. Isso ocorre devido aos hábitos de consumo da população de cada país e também porque existe grande variedade de tipos de grãos. Atualmente, a produção mundial é de 23 milhões de toneladas, e os principais países produtores são Índia, Brasil, Mianmar e China.

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Curso Técnico em Agronegócio

84

O Brasil é considerado um grande produtor e consumidor de feijão, sendo responsável por 16% da produção mundial. Na safra 2012/2013, foram produzidos 2,8 milhões de toneladas (OUTLOOK FIESP, 2013). O consumo médio anual tem sido de 3,5 milhões de toneladas, exigindo pequenas quantidades de importação (CONAB, 2013).

As projeções realizadas pelo MAPA mostram que a produção terá um aumento, partindo de 2,8 milhões da safra 2012/2013 para 3,262 milhões na safra 2022/2023.

Brasil: projeção da produção, consumo e importação de feijão

4.500

0

4.000

3.500

3.000

2.500

2.000

1.500

1.000

500

Mil

tone

lada

s

Consumo

Produção

Importação

2012/2013

2013/2014

2014/2015

2015/2016

2016/2017

2017/2018

2018/2019

2019/2020

2020/2021

2021/2022

2022/2023

Fonte: MAPA, com dados da CONAB (2013)

Estima-se que o consumo passará de 3,598 milhões de toneladas para 3,985 milhões de toneladas, e, segundo o MAPA, se confirmadas as projeções de produção, não haverá necessidade de importação de feijão nos próximos anos.

A cadeia produtiva do feijão apresenta importantes características, como uma estrutura produtiva composta por lavouras com menos de dez hectares, o que equivale a cerca de 75% do total da área cultivada do país. As lavouras têm baixa produtividade (cerca de 1.000 kg por hectare).

Lembrando que a armazenagem do grão não pode ser realizada

por período superior a dois meses, pois perde valor comercial.

A comercialização do feijão ocorre para os consumidores finais, predominantemente nos supermercados, e os grãos são vendidos em pacote, mas existe um longo caminho a percorrer desde a propriedade até chegar à mesa do consumidor. Vamos conferi-lo?

Quando o feijão sai da propriedade rural onde foi produzido, ele é entregue a um intermediário, que irá revender para o atacadista. Este irá empacotá-lo e vendê-lo ao supermercado (FUSCALDI & PRADO, 2010).

Veja, a seguir, um esquema figurativo para a cadeia produtiva do feijão.

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Introdução ao Agronegócio

85

Cadeia produtiva do feijão

Agente financeiro

Governo

Intermediários ConsumidoresProdução agrícola

Atacado Varejo

Fonte: Fuscaldi & Prado (2010)

A cadeia produtiva do feijão é caracterizada por existirem grande incerteza nas transações entre os vários elos e assimetria de informação, e pela inexistência de transparência no preço. É uma cultura de risco, pois em alguns anos a produção é alta, em outros, há quebras de safras devido ao baixo uso de tecnologia e à necessidade de água, e por ser uma leguminosa muito suscetível a doenças e pragas (SPERS & NASSAR, 1989).

O produto é produzido em três safras, que ocorrem em diferentes locais e épocas do ano. A primeira safra ocorre no Sul do Brasil, a segunda, no Nordeste, e a terceira, no Sudeste (principalmente em Minas Gerais).

Feijão: Participação por região do Brasil

Centro-Oeste

Norte

Sudeste

Sul

Nordeste

31%

29%

20%

16%

4%

Fonte: Outlook FIESP (2013)

Como o feijão é produzido em locais e épocas diferentes, ocorre uma grande movimentação do produto pelo país. Por ser transportado quase que totalmente pelas estradas, têm-se altos custos de transporte.

Outra informação importante é a de que a colheita do produto é feita manualmente, por famílias, com pouca utilização de máquinas (apenas em poucas propriedades é utilizada

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Curso Técnico em Agronegócio

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a colheita mecanizada). A disponibilidade e o avanço genético dos cultivares também são fatores restritivos na cadeia do produto. Porém, está começando a ocorrer um maior acesso dos produtores a variedades cultivadas e desenvolvidas por instituições de melhoramento genético, como universidades e a Embrapa (FUSCALDI & PRADO, 2010).

O preço do feijão é calculado desde a lavoura até a entrega do produto beneficiado ao consumidor, passando por intermediários, atacadistas e varejistas (SPERS & NASSAR, 1989).

Nesse mercado, ocorrem fortes oscilações de preços entre os anos – em período de quebra de safra acontece muita especulação e elevação do preço – e nos períodos de superprodução – quando há o aumento da oferta, ocorre uma redução significativa do preço.

Nessas duas situações, pode ser necessária a intervenção governamental, já que se trata de um produto de cesta básica, na qual os preços não podem ficar muito elevados. O contrário também (preços muito baixos) necessita de intervenção para evitar prejudicar o pequeno produtor.

Perspectivas da cadeia produtiva do feijão

De acordo com Spers & Nassar (1989), os produtores de feijão precisam assumir uma postura empresarial, buscando incorporar novas tecnologias e irrigação às culturas, bem como ter um planejamento de longo prazo em relação à comercialização e à rotação de cultura. Uma importante orientação para quem pretende investir no setor está, no checklist de boas práticas sugeridas pelos autores:

• estar ciente das informações sobre a formação do preço;

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Introdução ao Agronegócio

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• acompanhar os fenômenos climáticos como El Niño e La Niña, já que eles afetam a oferta de feijão e causam variações nos preços;

• trabalhar alinhado a uma ação conjunta de melhoramento genético e de engenharia de alimentos com o objetivo de gerar valor ao feijão, melhorando as qualidades funcional e nutricional do grão;

• pensar em dois tipos de produto: um grão tradicional destinado ao mercado comum interno e outro para nichos de mercados mais exigentes;

• desenvolver o marketing da cadeia por meio de ações de comunicação e publicidade que proporcionem o aumento do consumo do produto.

EncerramentoNeste tema, você pôde se aprofundar no entendimento de mercado do agronegócio em nível nacional e internacional, e teve a oportunidade de conhecer as principais cadeias produtivas brasileiras e como elas estão em comparação com o mundo, além das perspectivas futuras para cada uma delas.

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Meio Ambiente e Desenvolvimento

Sustentável

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Introdução ao Agronegócio

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Tema 3: Meio Ambiente e Desenvolvimento SustentávelNeste terceiro tema da unidade curricular Introdução ao Agronegócio, analisaremos os principais pontos de relação entre o agronegócio mundial, o meio ambiente e o desenvolvimento sustentável para que você, ao final deste tema, desenvolva as seguintes competências:

• aprofundar seu conhecimento sobre as principais questões e os debates acerca do desenvolvimento sustentável;

• conhecer as principais questões sobre meio ambiente e o agronegócio, bem como suas perspectivas futuras.

Tópico 1: Definição de Desenvolvimento Sustentável

O desenvolvimento sustentável busca a efi-ciência econômica junto com as eficiências social e ecológica: um tripé de ações que de-vem caminhar juntas.

O conceito de “desenvolvimento sustentável” surgiu nos anos 1970 com o nome de “eco-desenvolvimento” e foi resultado de um estu-do em busca de um caminho alternativo, um conceito diferente dos desenvolvimentistas e dos que defendiam o crescimento zero (RO-MEIRO, 2012).

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Curso Técnico em Agronegócio

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Para os teóricos que defendiam o crescimento zero, os limites ambientais levariam a catástrofes caso o crescimento econômico não cessasse. Dentro desse contexto, começou a aparecer outra visão a partir da publicação, com o apoio do Clube de Roma, do relatório preparado pelo casal Meadows, do MIT, sobre os limites ambientais ao crescimento econômico (MEADOWS ET AL., 1972).

Segundo o Relatório Meadows, o crescimento econômico necessitava diminuir ou mesmo parar, pois, em caso de se manter o mesmo ritmo, algumas consequências seriam extremamente problemáticas, tais como:

• esgotamento dos recursos naturais;

• aumento da poluição;

• deterioração do nível de vida.

1: Breve Histórico

1972 – Estocolmo

Na primeira Conferência das Nações Unidas sobre meio ambiente realizada em Estocolmo, também no ano de 1972, ocorreram grandes discussões sobre as maneiras de se pensar sobre o meio ambiente e o crescimento econômico.

No período da publicação do relatório, alguns países, como os Estados Unidos, passavam por grande crescimento econômico, outros da Europa ainda se recuperando da Segunda Guerra Mundial e o Brasil também atravessava um período de prosperidade devido ao chamado “milagre econômico”. Nesse época, o mundo também assistia ao crescimento de países emer-gentes, como os “Tigres Asiáticos”.

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Introdução ao Agronegócio

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Apesar do crescimento, a grande maioria dos países permanecia com um alto nível de pobreza e eles não iniciaram um processo de crescimento econômico sustentável.

As primeiras reações da ONU após a Conferência de Estocolmo contaram com o apoio dos ecodesenvolvimentistas e foram direcionadas para a defesa da necessidade do crescimento econômico dos países pobres.

Para a Organização, a pobreza seria uma das causas fundamentais dos problemas ambientais desses países (ROMEIRO, 2012).

1974 – Cocoyok

Ainda durante a década de 1970, apresentou-se um documento chamado Declaração de Cocoyok (1974) no qual se defendia que o alto crescimento da população era resultado de causas sociais, políticas e econômicas, bem como responsabilidade da não existência de um planejamento do governo de controle da natalidade. A consequência dessa explosão demográfica seria a utilização dos recursos naturais acima de sua capacidade.

Na declaração também constava que é possível manter o crescimento econômico eficiente (sustentado) no longo prazo e que ele pode acontecer junto com a melhoria das condições sociais (melhor distribuição da renda) e respeitando-se o meio ambiente.

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Comentário do autor

A Declaração de Cocoyok é resultado de uma reunião da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento – UNCTAD e do Programa de Meio Ambiente das Nações Unidas – Unep.

Nesse documento, afirma-se que a explosão populacional e a destruição ambiental são resultados da total falta de recursos em alguns países, ou seja, quanto maior o nível de pobreza, maior será o crescimento demográfico.

A declaração afirma que os países desenvolvidos têm grande responsabilidade nessa questão, pois possuem elevados níveis de consumo.

O crescimento econômico eficiente é considerado condição necessária, mas isso não basta para que ocorra a melhoria do bem-estar da população – é preciso que ocorram políticas públicas específicas direcionadas para quem realmente precisa.

Além de melhores condições sociais e do crescimento econômico eficiente, é preciso que haja equilíbrio ecológico, pois, em longo prazo, precisamos deixar um mundo melhor para as gerações futuras.

1982 – Nairóbi

Outro marco importante da agenda da sustentabilidade ocorreu em 1982 com a Conferência de Nairóbi, promovida pela Unep. Nessa ocasião, criou-se a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, cuja chefia foi exercida pela primeira-ministra da Noruega, Gro Harlem Brundtland.

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1987 - Brundtland

Em 1987, publicou-se um documento chamado “Nosso Futuro Comum”, também conhecido como Relatório Brundtland (1991).

Nesse relatório, o desenvolvimento sustentável foi definido como: “aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem às suas necessidades.”

1992 – Rio de Janeiro

No ano de 1992, ocorreu a II Conferência da ONU sobre Meio Ambiente, no Rio de Janeiro, na qual foi discutida intensamente a questão do aquecimento global nos anos 1990.

Leia com atenção exemplos de definições de sustentabilidade:

Desenvolvimento Sustentável significa melhorar a qualidade

de vida humana vivendo dentro da capacidade de suporte dos

ecossistemas. (União Mundial para a Conservação, 1991)

Sustentabilidade requer um estoque constante de capital natural.

(David Pearce, 1988)

Sustentabilidade implica em que o nível total da diversidade e da

produtividade dos componentes dos sistemas e de suas relações

sejam mantidas e aprimoradas. (Richard Norgaard, 1988)

Fique atento! A sustentabilidade só é possível se contemplar os seguintes objetivos:

• integrar conservação e desenvolvimento;

• satisfazer as necessidades básicas dos seres humanos;

• alcançar equidade e justiça sociais;

• promover as diversidades social e cultural;

• manter a integridade ecológica.

O desenvolvimento sustentável pode ser atingido com um conjunto de políticas capazes de, simultaneamente, garantirem o aumento da renda nacional, o acesso a direitos sociais bási-cos (segurança econômica, acesso à saúde e à educação) e, também, a redução do impacto do aumento da industrialização e do consumo sobre o meio ambiente.

A partir de 1987, a expressão “desenvolvimento sustentável” substituiu a expressão “ecode-senvolvimento”, apesar de ambas terem o mesmo conceito normativo.

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Introdução ao Agronegócio

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Tópico 2: Agronegócio SustentávelUma das grandes questões do agronegócio é incentivar a produção de commodities ou de produ-tos voltados a um nicho de mercado, como os produtos orgânicos.

Quando se fala de produção, precisa-se considerar o mercado consumidor. Atualmente, tem ocorrido um aumento do consumo saudável, no qual existe, por parte do consumidor, a preocu-pação com a origem e a qualidade dos alimentos e dos produtos, e também com a postura das empresas em relação às responsabilidades social e ambiental.

Esse aumento na demanda por produtos saudáveis faz parte de uma das tendências mundiais na alimentação, sendo que também tem destaque o consumo de alimentos éticos, a praticidade e a busca por produtos gourmet. O consumo de produtos verdes não é apenas uma “onda” passagei-ra – esse tipo de consumo representa uma mistura de orientação de compra com valores sociais.

Com o aumento da presença em supermercados e uma extensa base de consumidores de orgânicos e compradores regulares, o mercado de alimentos orgânicos está crescendo no mundo inteiro: sabor, frescor, qualidade e segurança alimentar são os principais atrativos desses produtos.

Tópico 3: O Mercado de OrgânicosDe acordo com a FAO (2007), “a agricultura orgânica não é mais um fenômeno apenas de países desenvolvidos, pois já é praticada comercialmente em 120 países, representando 31 milhões de hectares e um mercado de US$ 40 bilhões em 2007.”

Nos Estados Unidos, esse mercado representa US$ 20 bilhões. Já o mercado europeu é estimado em US$ 15 bilhões, sendo a Alemanha o principal país consumidor.

De acordo com a FAO (2007), a previsão é de que esse mercado mundial atinja US$ 70 bilhões em 2012. Produtos orgânicos não são mais apenas uma tendência, mas sim realidade.

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Curso Técnico em Agronegócio

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De acordo com a Federação Internacional de Movimentos de Agricultura Orgânica – Ifoam, entre os anos de 1999 e 2012, a área destinada ao cultivo de alimentos orgânicos cresceu 300%, totalizando 3,7 milhões de hectares.

Também segundo a Ifoam, apesar da desaceleração da economia europeia – que é a maior consumidora do setor – entre os anos de 2011 e 2012, o mercado mundial de agricultura orgânica registrou crescimento de aproximadamente 6,36%.

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Informações extras

Um interessante artigo do site AlterNet levanta uma questão no mínimo preocupante: nos EUA, é mais barato comer um hambúrguer do que uma salada. Isso se dá devido aos grandes subsídios oferecidos pelo governo norte-americano aos produtores de carnes (73,80%) e laticínios. Cereais recebem 13,23% e frutas e vegetais, apenas 0,37%.

Devido à disparidade de preços, famílias americanas com poucos recursos ingerem mais fast-food simplesmente porque esses alimentos são mais baratos e de fácil acesso em comparação a frutas e vegetais.

Infelizmente, a procura por alimentos locais e orgânicos ainda está limitada aos que têm condições financeiras favorecidas, principalmente porque esses alimentos são mais caros. Dessa forma, a maior parte da população acaba ingerindo uma dieta rica em proteínas, gordura e carboidratos simples, que, somados à falta de atividade física, levam aos altos índices de obesidade que afetam especialmente os menos favorecidos. O governo americano vem tomando medidas para combater esse quadro, que já se transformou em grande preocupação social.

Mercado de orgânicos no Brasil

Para que haja maior crescimento do setor de orgânicos no Brasil, “os

governos precisam investir em recursos e em tecnologia a fim de que a

agricultura orgânica deixe de ser uma resposta ao mercado e se torne

importante alternativa para os desafios mundiais” (IFOAM, 2013).

Os produtos orgânicos são diferenciados, e a base dessa diferenciação está relacionada ao modo de produção, pois eles são os re-sultados de uma forma de produção agríco-la, pecuária e avícola que adota um sistema que exclui ou evita o uso de fertilizantes so-lúveis e pesticidas químicos nas operações de cultivo (OELHAF, 1978 apud SOUZA, 2000).

De acordo com Souza (2000), os movimen-tos da agricultura alternativa valorizam a

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Introdução ao Agronegócio

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utilização de matéria orgânica e, também, de outras práticas culturais que favorecem os processos biológicos. Ainda segundo a autora, esses movimentos tiveram início na década de 1920, e dentro deles existem quatro vertentes:

1. agricultura biodinâmica, que surgiu em 1924;

2. agricultura orgânica, sendo que o seu conceito teve início em 1925 na Inglaterra e se espalhou pelos Estados Unidos na década de 1940;

3. agricultura biológica, que teve início na década de 1930 na Suíça e anos mais tarde foi difundida pela França;

4. agricultura natural, que começou no Japão na década de 1930.

Todas essas vertentes possuem um objetivo em comum: desenvolver uma agricultura ecologi-camente equilibrada e socialmente justa, mas que também precisa ser economicamente viável.

De acordo com Elhers (1996), citado em Souza (2000), os principais princípios são a diminuição do uso de produtos químicos e a valorização de processos biológicos e vegetativos no sistema de produção, que estão relacionados à utilização de práticas agrícolas como a adubação orgânica de origem animal ou vegetal, a rotação de culturas e o controle biológico de pragas.

Segundo Souza (2000), o termo “orgânico” deve ser utilizado quando é possível visualizar “o conceito da unidade produtiva como um organismo, no qual todas as partes componentes – solo, minerais, micro-organismos, matérias orgânicas, insetos, plantas, animais e homens – interagem para criar um todo coerente.”

Tópico 4: O Consumidor de Produtos SaudáveisDe acordo com o professor americano Michael Conroy, em artigo publicado por França (2008), existe uma disposição dos consumidores em pagar por novas dimensões de qualidade dos produtos e, segundo esse autor, 80% dos consumidores da União Europeia estão dispostos a pagar 5% a mais por esse produto.

Essa disposição dos consumidores está promovendo mudanças no comportamento das redes de varejo de alimentos, que passaram a aumentar o seu volume de compra desses produtos.

As motivações para o consumo variam em função do país, da cultura e dos produtos analisados, mas, observando países como Alemanha, Inglaterra, Austrália, Estados Unidos, França e Dinamarca, identifica-se uma tendência de o consumidor orgânico privilegiar, em primeiro lugar, aspectos relacionados à saudabilidade, em segundo lugar, aspectos relacionados ao meio ambiente e, na sequência, a questão do sabor dos alimentos orgânicos (DAROLT, 2009).

Segundo o mesmo autor, no Brasil parece existir uma tendência semelhante, segundo pesquisa realizada pelo Ibope e que analisou de maneira mais geral a questão ambiental. Esse estudo mostrou que o consumidor brasileiro está disposto a pagar mais caro por um produto que não causa danos ambientais e que uma faixa de 68% do universo pesquisado fez essa afirmativa, enquanto outra, de 24%, mostrou-se contrária à ideia. Essa tendência pode ser verificada mesmo na população com baixa renda familiar. Ou seja, a hora do negócio de orgânicos é agora!

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Comentário do autor

De acordo com Giordano (2000), o consumo de produtos verdes não é apenas uma “onda” passageira – esse tipo de consumo representa uma mistura de orientação de compra com valores sociais, e, entre as características desse consumidor, estão a busca pela qualidade e por produtos com baixo impacto ambiental, a preferência por produtos com denominação de origem e selos verdes, e a aceitação em pagar mais por um produto ambientalmente mais seguro.

Certificação Fair Trade

Como se pode observar, um novo mercado para pequenas empresas e produtores de agricultu-ra familiar está se delineando. Trata-se de fazer parte de um mercado exigente, com demanda crescente por seus produtos e sem concorrência das grandes empresas do setor (já que estas produzem um produto homogêneo e trabalham com grandes escalas de produção). As pequenas empresas operam em uma escala menor de produção, trabalham com agricultura familiar e ter-ceirizam a sua produção.

A revolução na tecnologia de transmissão de informações está tornando o consumidor mais cons-ciente e exigente em relação aos produtos alimentícios, e esse tipo de consumidor está influen-ciando as ações da indústria. A defesa do meio ambiente e a busca por alimentos saudáveis e equilibrados têm levado à criação de novos produtos embasados nesse conceito e faz com que alguns produtos fora desses conceitos não sejam mais consumidos.

Essa mudança nos hábitos de consumo aumenta os cuidados que as empresas precisam ter com a qualidade dos seus produtos para poderem estar sempre oferecendo os produtos adequados a esses novos nichos de consumo, que estão cada vez mais exigentes (FARINA; ZYLBERSZTAJN, 1991).

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Introdução ao Agronegócio

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Comércio solidário e justo

Outra ideia que vem ganhando força é a do comércio solidário. Essa proposta é baseada em princípios básicos, como: justiça social, transparência, preço justo, solidariedade, desenvolvimento sustentável, respeito ao meio ambiente, transferência de tecnologia e aumento da renda dos produtores. Nesse tipo de comércio, há uma sensibilização dos consumidores para adquirirem um produto que tenha compromisso com o desenvolvimento da comunidade e os grupos de pequenos produtores pobres.

Geralmente, o preço determinado para esse tipo de produto está acima do preço de mercado, sendo conhecido como “preço prêmio”, e esse valor retorna à comunidade, que irá discutir a sua melhor utilização (DINIZ, 2006).

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Comentário do autor

O selo de “comércio justo” é um selo concedido pela FLO, sediada na Alemanha, a fabricantes de 14 países europeus e também do Japão, do Canadá e dos Estados Unidos. Esse selo identifica produtos de empresas que pagam mais que a média do mercado aos fornecedores, geralmente agricultores do terceiro mundo, e as companhias que utilizam o selo garantem que não utilizam trabalho escravo e também mão de obra infantil.

No Brasil, a primeira iniciativa de empresa certificada pela Organização é uma entidade de pequenos proprietários rurais do norte da Bahia que exportam sucos de frutas (CIPOLA; NEVES; AMARAL, 2002).

Está havendo uma expansão da linha de produtos com certificação orgânica e fair trade das grandes redes de supermercados, e é possível encontrá-la em vários tipos de produtos, como frutas, legumes, vinho, chocolate, mel, cerveja, aves etc. Comece a observar!

Tópico 5: O Novo Código FlorestalA Lei nº 12.651 (Novo Código Florestal) foi publicada no Diário Oficial da União em 25 de maio de 2012. Seu processo de homologação foi árduo, envolvendo anos de discussões políticas e interesses diversos.

Porém, a lei publicada é bem diferente da lei aprovada pelo Congresso Nacional. Há ainda conflitos a serem resolvidos, como as discussões e as negociações políticas sobre os vetos, e a Medida Provisória pelo Congresso.

Mas, antes de apresentarmos brevemente as principais disposições do Novo Código Florestal, é bem importante entender a evolução histórica do Código Florestal Brasileiro (CANAL DO PRODUTOR, 2014).

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1: Evolução Histórica do Código Florestal Brasileiro

Brasil Colônia

Sabe-se que ainda no período colonial, a coroa portuguesa colocou diversas normas para conservar o estoque florestal da colônia brasileira. Além das regras, foram definidas severas penalidades, como o exílio, para todos que desrespeitassem as regras de utilização do solo e das florestas existentes no país.

1934 – Primeiro Código Florestal do Brasil

Dando um enorme salto na história brasileira, foi em 1934, por meio do Decreto no 23.793, que se instituiu o Código Florestal Brasileiro.

Esse código destacou, entre outros pontos, o conceito de florestas protetoras (conceito parecido ao das Áreas de Preservação Permanente – APPs). Nesse decreto não era prevista uma distância mínima para a proteção dessas áreas e também não foi definida como obrigatória a ocorrência de uma espécie de “reserva florestal” nas propriedades.

O objetivo desse ponto era assegurar o fornecimento de carvão e lenha – insumo energético de grande importância nessa época – permitindo a abertura das áreas rurais em, no máximo, 75% da área de matas existentes na propriedade. Porém, autorizava a substituição dessas matas pelo plantio de florestas homogêneas para futura utilização e melhor aproveitamento industrial. (CANAL DO PRODUTOR, 2014)

1965 – “Novo Código Florestal” – Lei Federal no 4.771/65

Nessa versão, foram estabelecidos pontos como as limitações ao direito de propriedade relacionadas ao uso e à exploração do solo e das florestas. Para o produtor rural é importante conhecer os seguintes pontos: Reserva Legal - RL e Áreas de Preservação Permanente - APPs.

1986 – A Lei no 7.511 altera o conceito de reserva florestal e as APPs

O conceito de reserva florestal, que havia sido instituído anteriormente pelo Código Florestal de 1934, vigorou até 1986. A Lei Federal no 7.511/86 modificou o regime da reserva florestal. Anteriormente a essa lei, as áreas de reserva florestal podiam ser 100% desmatadas, mas seria necessário plantar espécies exóticas em substituição dessas florestas.

A Lei no 7.511 alterou o conceito de reserva florestal, não permitindo mais o desmatamento das áreas nativas, porém manteve a autorização para que o proprietário das terras fizesse a reposição das áreas desmatadas (até o início da vigência dessa lei) com espécies exóticas e as utilizasse com fins econômicos. “Essa lei também alterou os limites das APP’s, originariamente de cinco metros para 30 metros, sendo que nos rios com mais de 200 metros de largura a APP passou a ser equivalente à largura do rio” (CANAL DO PRODUTOR, 2014).

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1989 – A Lei Federal no 7.803 determinou a criação da Reserva Legal e a alteração nas APPs

Em 1989, a Lei Federal no 7.803 determinou que as reposições das florestas fossem feitas prioritariamente com espécies nativas (não era proibida a utilização de espécies exóticas).

Foi instituída nessa lei a Reserva Legal, que é um percentual de limitação de uso do solo na propriedade rural. Nessa área, não pode ocorrer conversão às atividades que demandem a remoção da cobertura vegetal. Também foi estabelecida que fossem destinados obrigatoriamente 20% de Reserva Legal para áreas de cerrado.

A Lei no 7.803 alterou novamente o tamanho das APPs nas margens dos rios e criou novas áreas localizadas ao redor das nascentes, olhos d’água, bordas dos tabuleiros ou chapadas, a partir da linha de ruptura do relevo, ou ainda se a propriedade estiver em altitude superior a 1,8 mil metros; ou se ocorrer qualquer das situações previstas no artigo 3º, da Lei Florestal (CANAL DO PRODUTOR, 2014)

1996 – A Medida Provisória no 1.511/96 amplia a restrição em áreas de floresta

Essa Medida Provisória restringiu a abertura de área em florestas, e passou a permitir apenas o desmatamento de 20% nos ambientes que possuem uma floresta típica.

1998 – Lei de Crimes Ambientais

Essa lei também alterou dispositivos do Código Florestal e transformou diversas infrações administrativas em crimes, alterando assim a lei de 1965.

2001 – Medida Provisória nº 2.166-67/2001 – altera conceitos e limites de Reserva Legal e APPs

A Medida Provisória no 2.166 novamente alterou os conceitos de reserva legal e áreas de preservação permanente. Reserva legal passou a ser definida como

a área localizada no interior de uma propriedade ou posse rural, excetuada a de preservação permanente, necessária ao uso sustentável dos recursos naturais, à conservação e reabilitação dos processos ecológicos, à conservação da biodiversidade e ao abrigo e proteção de fauna e flora nativas.

O tamanho mínimo da reserva depende do tipo de vegetação existente e da localização da propriedade, sendo que, no bioma Amazônia, o mínimo é de 80%, no Cerrado Amazônico, 35%, e, para as demais regiões e biomas, 20%.

Nessa Medida Provisória, as APPs sofreram diversas modificações e passaram a ser a faixa marginal dos cursos d’água cobertos ou não por vegetação.

Nas pequenas propriedades ou posse rural familiar, ficou definido que podem ser computados no cálculo da área de reserva legal os plantios de árvores frutíferas

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ornamentais ou industriais, compostos por espécies exóticas, cultivadas em sistema intercalar ou em consórcio com espécies nativas (CANAL DO PRODUTOR, 2014).

2010 – Aprovação da proposta em comissão

A proposta do deputado Aldo Rebelo para a modificação do Código Florestal Brasileiro foi aprovada pela Comissão Especial do Código Florestal no dia 6 de julho de 2010. A proposta foi aprovada com 13 votos a favor, foi acatada pela comissão e está pronta para a apreciação nos plenários da Câmara e do Senado (CANAL DO PRODUTOR, 2014).

O que muda com o Novo Código Florestal?

Em termos gerais e estruturais, a mudança é pouco significativa, pois a lei aprovada permitiu que fossem realizados somente ajustes pontuais para adequação da situação de fato à situação de direito pretendida pela legislação ambiental. A seguir, serão abordadas algumas questões tratadas pelo Novo Código Florestal e apresentadas no Manual do Novo Código Florestal, realizado pelo Sistema Faep.

A proteção do meio ambiente natural continua sendo obrigação do proprietário mediante a manutenção de espaços protegidos de propriedade privada, divididos entre APP e RL.

O que mudou foi a implementação e a fiscalização desses espaços, que estarão sujeitos ao Cadastro Ambiental Rural - CAR e institui-se o módulo fiscal, que é a unidade de medida expressa em hectares, fixada para cada município, considerando fatores como tipo de exploração predominante no município e renda.

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Áreas consolidadas

Áreas consolidadas são as Áreas de Preservação Permanente - APP e a Reserva Legal, ocupadas antes de 22 de julho de 2008, com edificações, benfeitorias, atividades agrossilvipastoris, ecoturismo ou turismo rural. Exemplos: várzeas ocupadas com arroz, encostas ocupadas com café, uva, aviários, entre outros.

São permitidas a manutenção e a continuidade dessas atividades desde que não estejam em área que ofereça risco às pessoas e ao meio ambiente, e que sejam observados critérios técnicos de conservação do solo e da água indicados pelo Programa de Regularização Ambiental - PRA.

Está proibida a utilização de novas áreas em APP e Reserva Legal além dessas ocupadas até 22 de julho de 2008. O órgão ambiental poderá comprovar a situação de área consolidada por meio de fotos de satélite que possui em seus arquivos, referentes a período anterior a 22 de julho de 2008 (SISTEMA FAEP, 2012).

Área de Preservação Permanente - APP

São áreas protegidas, cobertas ou não por vegetação nativa, localizadas:

1. nas faixas marginais de qualquer curso d’água natural (mata ciliar de beira de rio);

2. no entorno das nascentes e dos olhos d’água perenes;

3. no entorno dos lagos e lagoas naturais;

4. no entorno dos reservatórios d’água artificiais;

5. nas encostas ou em partes destas com declividade superior a 45°;

6. no topo de morros, montes, montanhas e serras (SISTEMA FAEP, 2012).

Função das Áreas de Preservação Permanente

Preservar os recursos hídricos, a estabilidade geológica, a biodiversidade e a beleza da pai-sagem, conter a erosão do solo, diminuir os riscos de enchentes e deslizamentos de terra e pedra nas encostas, facilitar o desenvolvimento da fauna e flora, e, especialmente, assegurar e preservar o bem-estar das populações humanas (SISTEMA FAEP, 2012).

Cadastro Ambiental Rural - CAR

É um registro eletrônico de abrangência nacional, obrigatório para todos os imóveis rurais, sendo indispensável para aderir ao Programa de Regularização Ambiental - PRA. A inscrição no Cadastro Ambiental Rural é feita no órgão ambiental municipal ou estadual. Os objetivos do CAR são:

• receber informações ambientais das propriedades e das posses rurais, compondo base de dados para controle, monitoramento, planejamento ambiental e econômico, e combate ao desmatamento;

• cadastrar as Áreas de Preservação Permanente e Reserva Legal, e facilitar o trabalho de fiscalização (SISTEMA FAEP, 2012).

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Curso Técnico em Agronegócio

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Programa de Regularização Ambiental - PRA

O Programa de Regularização Ambiental permite ao proprietário rural regularizar as Áreas de Preservação Permanente e Reserva Legal consolidada, desde que não estejam em áreas de risco e sejam observados critérios técnicos de conservação do solo e da água (SISTEMA FAEP, 2012). Esse programa resolverá diversos passivos ambientais dos produtores rurais e será considerado no acesso aos incentivos econômicos e financeiros na prestação de serviços ambientais.

EncerramentoNeste tema, foi possível verificar a importância do desenvolvimento sustentável para garantir não somente o futuro do agronegócio, mas também do planeta. Você aprendeu boas práticas e conheceu novas ideias sobre o segmento de orgânicos, agora estando apto a avaliar a melhor forma de aplicá-las em seu dia a dia.

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Desafi os do Agronegócio

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Curso Técnico em Agronegócio

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Tema 4: Desafios do AgronegócioNeste último tema da unidade curricular Introdução ao Agronegócio, analisaremos os prin-cipais desafios do agronegócio mundial e do brasileiro para que você, ao final deste tema, desenvolva as seguintes competências:

• desenvolver sua própria opinião crítica a respeito dos desafios apresentados;

• identificar as principais ações necessárias no presente e futuras para o agronegócio.

Como ponto de partida para esta reta final, veja alguns fatos para inspirar a nossa reflexão.

• De acordo com a FAO, até 2050 a população crescerá de sete para nove bilhões de habitantes.

• O volume produzido de alimentos, ração e fibras deverá dobrar até 2050, ao mesmo tempo em que as lavouras serão utilizadas para produzir bionergia e para fins industriais.

Dessa forma, podemos concluir que a agricultura e todos os envolvidos em suas cadeias terão os seguintes desafios:

Desafio 1 Competir por área e água, pois as cidades estão crescendo.

Desafio 2 Contribuir para reduzir os danos ao meio ambiente.

Desafio 3 Preservar habitats naturais e manter a biodiversidade.

Desafio 4Desenvolver novas tecnologias para extrair mais de uma porção menor de área, utilizando menos mão de obra.

Nos próximos anos os desafios da agricultura estarão relacionados ao fato de que, na maior parte das regiões do mundo, menos pessoas viverão da agricultura e menos ainda serão os agricultores.

O aumento da população agravará um problema já existente, que é a fome mundial.

O crescimento populacional agravará a desigualdade, pois o grupo dos mais ricos cresce menos que o grupo dos mais pobres.

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Introdução ao Agronegócio

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d

Comentário do autor

2050 – No cenário delineado pela FAO, as nações da Ásia e da África subsaariana abrigarão 60% da população do planeta.

No Iêmen, um dos países mais pobres do Oriente Médio, um milhão de crianças sofre de desnutrição grave há meses, segundo aponta um relato do Programa Alimentar Mundial da ONU. (Fonte: Portal Terra, 19/7/2012)

Tópico 1: Mudanças ClimáticasNo dia 30 de março de 2014, cientistas e autoridades do mundo inteiro se reuniram no Japão para debater sobre as grandes mudanças que estão ocorrendo no clima no mundo inteiro.

Como resultado dessa reunião, foi divulgado o relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU (IPCC1, na sigla em inglês), no qual integrantes do IPCC apontam que “até agora os efeitos do aquecimento são sentidos de forma mais acentuada pela natureza, mas que haverá um impacto cada vez maior sobre a humanidade” (IPCC, 2014).

De acordo com o relatório divulgado no Japão, as mudanças climáticas afetarão a saúde, a habitação, a alimentação e a segurança da população no planeta, e praticamente dobrou a quantidade de provas científicas do impacto do aquecimento global desde o último relatório, divulgado em 2007.

1  O IPCC é uma pequena organização, sem fins lucrativos, sediada em Genebra e possui uma equipe de funcionários que trabalham em turno integral. Todos os cientistas que colaboram com o painel o fazem de forma voluntária. A função do Painel Intergovernamental da ONU para Mudanças Climáticas é “suprir o mundo com visões científicas claras sobre o estado atual do conhecimento em mudanças climáticas e seus potenciais impactos ambientais e socioeconômicos”. Até hoje, com o aval da ONU, a entidade já produziu quatro grandes relatórios.

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Curso Técnico em Agronegócio

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As análises apontam que, nos próximos 20 a 30 anos, sistemas como o mar do Ártico estarão ameaçados pelo aumento da temperatura em dois graus Celsius, prejudicando o ecossistema dos corais desse mar e dos outros existentes na Terra.

Um ponto muito debatido na reunião refere-se à insegurança alimentar, e algumas previsões indicam perdas que chegam a 25% em diversas culturas, como as de colheitas de milho, arroz e trigo, até 2050.

O aquecimento global no mundo produz os seguintes impactos:

Impactos sobre espécies

Queimadas

Inundações Degelo

Falta d’água Mudança nas colheitas

Atualmente, é cada vez mais comum ouvirmos falar de períodos de seca nunca registrados antes, como também de grandes inundações.

A perspectiva é extremamente preocupante. É necessário agir desde já. Todos, sem exceção, precisam colaborar, mas como isso pode ser feito?

• preservando os recursos naturais não renováveis;

• diminuindo o consumo de água;

• adotando um estilo de vida mais sustentável;

• utilizando menos o carro;

• reciclando embalagens.

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Introdução ao Agronegócio

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É preciso sempre pensar: que mundo deixarei para os meus filhos, sobrinhos e netos, e para as gerações futuras?

De acordo com o relatório, “na medida em que avançamos [as previsões] no futuro, os riscos só aumentam, e isso acontecerá com as pessoas, com as colheitas e com a disponibilidade de água”.

Então, como resolver isso? Como produzir mais e de maneira sustentável considerando que os recursos naturais como água e terra são escassos, que também estão ocorrendo mudanças climáticas e as legislações são cada vez mais restritivas ao dano ambiental? É necessário proporcionar mais produtividade ao agronegócio e conseguir produzir muito mais alimentos sem destruir o que restou do seu patrimônio natural.

Há 30 anos, o Brasil era um grande importador de commodities como carne bovina, arroz e feijão – a população usava 43% da renda apenas para comprar comida (SCHREINER, 2014). Atualmente, o país é um grande exportador de soja, café e açúcar (são exportados aproxima-damente 50% de tudo o que é produzido).

O agronegócio precisará investir cada vez mais em tecnologia e inovação. Nas últimas quatro décadas, a incorporação de novas técnicas agrícolas provocou um verdadeiro salto de eficiência no setor.

Até os anos 1970, a produtividade média da soja era de menos de duas toneladas por hectare – atualmente, chega a 4,7 toneladas.

Se não fossem os fertilizantes, 40% da população mundial estaria passando fome.

[...] de 1990 para cá, o Brasil expandiu a área das lavouras em 37%, já a produtividade agrícola saltou 212%. Nesse mesmo período, a produção de carne de frango aumentou 475% e a de suínos, 250%. (MARZOLA FILHO, 2013).

Veja como é o crescimento em produtividade de algumas commodities no Brasil e no mundo.

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Curso Técnico em Agronegócio

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Crescimento em produtividade (%)

Commodity Mundo Brasil

Milho 17 73

Arroz 8 30

Sorgo -0,7 49

Algodão 23 49

Trigo 11 8

Fonte: USDA (2013)

Tópico 2: O Mercado de Fertilizantes Brasileiro

De acordo com a Associação Nacional para Difusão de Adubos – Anda, o mercado nacional movimentou 31,08 milhões de toneladas em 2013.

Acompanhe a evolução do mercado no período de 1997 a 2011.

Evolução Anual do Mercado de Fertilizantes (em Milhões de Toneladas)

Ano Mercado Crescimento Anual

1997 13,8

1998 14,7 6,5%

1999 13,7 -6,6%

2000 16,4 19,7%

2001 17,1 4,3%

2002 19,1 11,7%

2003 22,8 19,4%

2004 22,8 0,0%

2005 20,2 -11,4%

2006 21,0 4,0%

2007 24,6 17,1%

2008 22,4 -8,9%

2009 22,4 0,0%

2010 24,5 9,4%

2011 (*) 26,0 6,1%

Crescimento Médio 4,6%

(*) Previsão Fonte: ANDA – maio de 2011

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Introdução ao Agronegócio

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Nota-se que, no período entre 1997 e 2011, houve um crescimento constante do mercado de fertilizantes, mas esse mesmo mercado apresentou estagnação nos anos de 2003 e 2004, e em 2008 e 2009. No entanto, ao considerar o período entre 1997 e 2011, o crescimento médio anual foi de 4,6%.

Os períodos de estagnação são justificados pelos problemas de estiagens prolongadas, principalmente na região Sul, e o excesso de umidade no Centro-Oeste, e também pela estocagem de fertilizantes por parte do produtor rural, além da diminuição da renda do comprador e das crises mundiais, como a que ocorreu em 2008.

No ano de 2008, outros fatos também contribuíram para a estagnação do mercado, como os aumentos elevados nos preços dos fertilizantes no mercado internacional (que trouxeram consequências para o Brasil) e dos custos de fretes marítimos (que alteraram a relação entre demanda e oferta de matérias-primas utilizadas).

O aumento do petróleo influenciou diretamente o aumento das matérias-primas derivadas do nitrogênio, um dos principais nutrientes utilizados nas formulações de fertilizantes. O aumento nos custos dos fretes marítimos implicou aumento de preço das matérias-primas importadas.

O mercado disponível para consumo de fertilizantes por cultura está representado da seguinte forma:

Consumo de fertilizantes por cultura em 2010 (%)

Soja25%

Milho15%

Cana-de-açúcar15%

Café6%

Algodão5%

Outras23%

Fonte: Gestão de Informação de Marketing da Bunge Fertilizantes S/A, 2011.

A análise anterior permite uma melhor compreensão da distribuição do fertilizante por unidade da federação. A cultura que mais consome fertilizantes no Brasil é a soja, atingindo 35% do total entregue no país. Outras culturas como milho, cana-de-açúcar, café e algodão totalizam 77% das vendas de fertilizantes no mercado brasileiro. Quanto à segmentação por estado brasileiro, nota-se a grande representatividade da região Centro-Oeste.

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Curso Técnico em Agronegócio

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Consumo de fertilizantes por região do Brasil (2010)

14%

28%

29%

30%

Fonte: Adaptado pelo autor

A representatividade da região Centro-Oeste deve-se ao fato de o Estado do Mato Grosso ser o maior consumidor de fertilizantes do país. Trata-se do maior polo agrícola brasileiro, com altas taxas de produtividade e áreas disponíveis para crescimento, tanto em pastagem quanto para a abertura de novas áreas.

A título de comparação, acompanhe na sequência um breve panorama do consumo de fertilizantes no mundo.

Tópico 3: Consumo Mundial de FertilizantesOs maiores consumidores de nutrientes minerais para fertilizantes no mundo são Brasil (ocupa a quarta posição), China, Índia e Estados Unidos.

O consumo de fertilizantes no Brasil representa 6% do total consumido no mundo.

O Brasil consome 3% de nitrogenados, 9% de fosfatados e 14% de óxido de potássio (K2O).

Maiores consumidores mundiais de fertilizantes

China

Índia

EUA

Brasil

Subtotal

Outros

33%

15%

12%

3%

63%

37%

30%

15%

11%

9%

65%

35%

22%

9%

16%

14%

61%

39%

30%

14%

12%

6%

62%

38%

N P2O5 K20 NPK

Fonte: IFA; ANDA (2011)

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Introdução ao Agronegócio

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De certa forma, a importância dos fertilizantes para a produção de alimentos no Brasil é relativamente elevada.

Podemos observar que, no período compreendido entre as safras 92/93 e 2006/2007, o crescimento médio anual de área plantada no Brasil foi de 1,7%; o consumo de fertilizante cresceu 5,9% ao ano e a produção de grãos, 4,5%.

A utilização de fertilizantes pode proporcionar aumento de produção de alimentos quando essa tecnologia for aplicada corretamente.

Variação do consumo de fertilizantes, área plantada e produção de grãos no Brasil

100108 104 103

98104 106 106

111

122

133 138132 128

129

119117

132

150159

148

177

190

206

246 246

218225

108115 112

121 122

147142

181175

167 170

183

92/93 93/94 94/95 95/96 96/97 97/98 98/99 99/00 00/01 01/02 02/03 03/04 05/06 06/07

5.9%

4.5%

4.5%

CAGR

Produção de Grãos

Consumo de Fertilizantes

Área Plantada

Fonte: ANDA e CONAB (2013)

Esse setor é de importância relativamente forte para a produção de alimentos no Brasil. Nossa vocação como país é a de grande participante. Algumas fontes consideram o Brasil como um dos únicos países do mundo com quantidade de terras agricultáveis capaz de enfrentar o grande desafio dos próximos anos para alimentar toda a demanda da população mundial, mas isso só será possível com as devidas adequações no sistema agrícola atual, ou seja, o alinhamento das ações com foco na sustentabilidade do planeta.

Se a previsão de aumento da produção mundial de alimentos se tornar realidade, será muito importante que o setor de insumos agrícolas, fator essencial da produtividade, esteja estruturado em bases sólidas.

Como já exposto, o cenário futuro exige intensificar o uso de tecnologias que resultem em maior produtividade e que, também, reduzam o impacto sobre os recursos naturais do planeta.

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Curso Técnico em Agronegócio

112 pAtividade prática

O Brasil é altamente dependente dos fertilizantes importados, pois a nossa produção é pequena. A partir dessa afirmação, pesquise e responda às questões abaixo.

1. Qual é a atual produção brasileira de fertilizantes?

2. Quais são os principais países exportadores?

3. É possível utilizar na agricultura um substituto sustentável do fertilizante químico?

Tópico 4: Histórico da Utilização de Tecnologia na Agricultura Brasileira A mecanização agrícola no Brasil ocorreu logo após a Primeira Guerra Mundial. Nesse mesmo período, ocorreu uma grande falta de mão de obra para a agricultura (BRUM, 1988).

No período de 1939-1940, não houve evolução do processo de implantação da mecanização no Brasil, ocorrendo dificuldades na importação de tratores e outras máquinas agrícolas. O Brasil possuía uma frota de 3.380 tratores2.

Após o término da Segunda Guerra Mundial, o governo observou que havia a necessidade de aumentar a produção do campo, elevando a produtividade e também expandindo áreas de produção e promovendo o uso de insumos modernos (sementes selecionadas, fertilizantes, defensivos e, principalmente, maquinário) (MOURA ET AL., 2002).

2 Em 2012 a estimativa da frota de tratores no Brasil é de 664.041unidades, considerando os tratores de alta potência e os com potência abaixo de 100hp.

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Introdução ao Agronegócio

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A partir de 1949, começou a haver um grande desenvolvimento da mecanização no Brasil, impulsionado pelo aumento nas importações de tratores, mas um fator limitante da expansão desse setor era a falta de qualificação das pessoas para o manuseio dessas máquinas. É necessário, também, considerar que havia grande variedade de máquinas, modelos e procedências que eram inadequados para serem utilizados em solo brasileiro.

Esses problemas acabaram trazendo benefícios para o setor de máquinas agrícolas brasileiras, pois, a partir desde período, começaram a ser desenvolvidos novos tipos de equipamentos no Brasil, reduzindo a importação de produtos ligados a esse setor. No início do ano 2000, o governo federal criou o Moderfrota, um programa de crédito rural direcionado, com taxas de juros diferenciadas, abaixo das praticadas pelo mercado, e oferecido tanto ao pequeno quanto ao grande produtor.

Diante desse cenário (com o aquecimento da demanda devido ao aumento do crédito), a indústria nacional de máquinas agrícolas passou a aumentar a capacidade instalada das unidades existentes e, também, a construir novas plantas.

Isso possibilitou oferecer uma ampla linha de produtos, atendendo desde às operações realizadas com tração animal até às operações que exigem tratores equipados com alto grau de tecnologia (MOURA ET AL., 2002).

Atualmente, esse setor possui tecnologia de ponta, como, por exemplo, a produção de colheitadeiras que monitoram a produtividade da área que está sendo colhida e também a umidade dos grãos. Ao final de uma jornada de trabalho, ela emite um mapa de produtividade da área por meio de sistemas controlados por satélite.

Também são desenvolvidas plantadeiras específicas para o plantio direto, colheitadeiras para o café e a cana-de-açúcar, e equipamentos para a agricultura de precisão.

A agricultura brasileira utiliza várias tecnologias de mecanização, tais como:

• plantio direto;

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Curso Técnico em Agronegócio

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• irrigação com pivô-central;

• controle da compactação;

• automação de mecanismos;

• informações operacionais, dentre outros. (MOURA ET AL, 2002).

A aplicação de tecnologias modernas para o cultivo reflete-se no aumento de produtividade da agricultura brasileira. Os avanços ocorrem devido à renovação e à expansão do parque de máquinas agrícolas, aliados à utilização de sementes mais produtivas, ao aumento do uso de fertilizantes e a uma maior eficiência dos agroquímicos.

Atualmente, a maior parte dos grandes produtores mundiais de máquinas e implementos agrícolas possui unidades industriais no Brasil, que estão concentradas principalmente nos estados do Rio Grande do Sul e São Paulo.

O setor de máquinas e implementos agrícolas desempenha um importante papel nas economias paulista e gaúcha, impactando diretamente diversas cadeias produtivas, como soja, milho, arroz, trigo, algodão e laranja.

Tópico 5: Agricultura de PrecisãoA sessão anterior mostrou que a agricultura brasileira vem passando por importantes transformações nos últimos anos e, atualmente, o Brasil é um grande produtor e exportador de commodities, como soja, café, suco de laranja, açúcar etc. – estamos, inclusive, disputando o mercado internacional com outros países, como, por exemplo, Estados Unidos, China, Índia e França.

Mas alguns países como os EUA e os da Europa apresentam uma tecnologia de produção mais desenvolvida que a brasileira. Por quê?

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Introdução ao Agronegócio

115

Porque esses países utilizam novas tecnologias da informação que permitem o manejo da atividade agrícola com dados precisos sobre a localização e o desenvolvimento das lavouras (MOLIN, 2003).

A adoção da agricultura de precisão foi intensificada nos anos 1980, quando foi gerado na Europa o primeiro mapa de produtividade e nos EUA foi realizada a primeira adubação com doses variadas. No início da década de 1990, os norte-americanos transformaram a agricultura de precisão em um grande negócio, com o lançamento no mercado de sensores, softwares e serviços (MOLIN, 2003). Em 1990, foi desenvolvido o sistema de posicionamento global por satélites – GPS, que trouxe grandes contribuições para as lavouras.

E no Brasil, como se dão as atividades da agricultura de precisão?

Tais atividades começaram a se intensificar em 1995, com a importação de equipamentos, especialmente colhedoras equipadas com monitores de produtividade.

A agricultura de precisão utiliza de maneira intensa os sistemas de posicionamento de satélites e os sistemas de informações geográficas – GIS, o que permite o tratamento e a análise dos dados coletados no campo. A análise desses dados permite a otimização dos insumos agrícolas, gerando lucros para o agricultor e diminuindo o impacto ambiental (MAPA, 2011).

Atualmente no Brasil, as soluções existentes têm como foco principal a aplicação de fertilizantes e corretivos em taxa variável, mas é preciso sempre considerar que a agricultura de precisão é um sistema de gestão da propriedade rural e deve ser utilizada em todos os seus aspectos, como produtividade, solo (características físicas, químicas etc.), infestação de ervas daninhas, pragas e doenças (MAPA, 2011).

d

Comentário do autor

O Senar criou o programa Agricultura de Precisão para levar ao produtor rural conceitos modernos e novas tecnologias, e também firmou parcerias com a Embrapa, universidades e as empresas que fabricam máquinas de agricultura de precisão. O curso possui carga horária de 120 horas, sendo desenvolvido em sete módulos. Acesse o portal do SENAR www.senar.org.br e saiba mais!

Tópico 6: Sementes geneticamente modificadas (GM)Quando se fala em tecnologia, é preciso abordar as questões da inovação e do conhecimento, pois ambos são fatores fundamentais para que ocorra uma agricultura competitiva e sustentável.

Uma questão polêmica refere-se à tecnologia das sementes geneticamente modificadas – GM. Hoje, os transgênicos são uma ferramenta fundamental para a agricultura de commodities brasileira e mundial.

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Curso Técnico em Agronegócio

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De acordo com Paolinelli (2014), a pesquisa e o desenvolvimento de novas variedades GM mostram que novas culturas também podem se beneficiar dessa tecnologia, como a cana-de-açúcar e as frutas cítricas:

A Embrapa desenvolveu um feijão transgênico resistente a uma praga que assola a produção dessa leguminosa em muitas regiões do mundo. No Brasil, a produção de feijão é caracterizada por significativa participação da agricultura familiar. Com esta semente à disposição, o produtor vai lançar mão de uma tecnologia de ponta para resolver questões agronômicas.

A

Link

Acesse o AVA e confira alguns dados sobre a adoção de sementes geneticamente modificadas. Pesquise mais sobre o assunto e converse com os seus colegas sobre os prós e os contras da adoção dessa tecnologia e, desse modo, formar a sua própria opinião sobre o assunto.

Tópico 7: Logística

Definição

A logística é uma das mais antigas atividades econômicas, e, desde o processo de mudança de economias exclusivamente extrativistas para as atuais, sua importância vem só aumentando.

Nas economias com atividades organizadas, em que ocorre especialização de produção e comer-cialização de excedentes, as três principais funções logísticas (estocagem, armazenagem e trans-porte) passaram a ser fundamentais para que o consumo pudesse acontecer (FLEURY, 2000).

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Introdução ao Agronegócio

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O objetivo principal da logística é colocar à disposição dos consumidores os produtos que eles desejam consumir no tempo e no lugar certos, e em condições adequadas de consumo (BALLOU, 2001).

A logística gerencia as atividades e os atores que estão presentes nas

cadeias de produção e distribuição, desde os fornecedores de matérias-

primas, de modo que o objetivo logístico seja atingido a um menor

custo possível.

Com a globalização e o consequente aumento da distância entre produção e consumo, oferta e demanda, a importância da logística cresce ainda mais.

A evolução do comércio faz com que produtos, antes comercializados próximos aos locais de produção, passem a percorrer distâncias cada vez maiores para serem disponibilizados aos con-sumidores (BALLOU, 2001).

As exportações e as importações de um país dependem, essencialmente, dos sistemas de trans-porte para serem efetuadas. O desenvolvimento do comércio nacional ou internacional só ocorre devido a sistemas logísticos, e quanto melhores e mais baratos são esses sistemas, mais livre e facilitada é a comercialização.

Na economia mundial, sistemas logísticos eficientes formam bases para o comércio, pois pos-sibilitam que as diferentes regiões geográficas se especializem naquilo que melhor produzem, explorando suas vantagens de produção para posteriormente trocarem entre si (BALLOU, 2001).

Modais de Transporte

A matriz de transportes é baseada em cinco diferentes modais:

• ferroviário;

• rodoviário;

• hidroviário;

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Curso Técnico em Agronegócio

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• dutoviário;

• aéreo.

Os modais rodoviários são os mais utilizados no Brasil e na Argentina. Já os modais ferroviário e aquaviário são os mais utilizados pelos Estados Unidos (em especial estes últimos, visto que parte da produção é transportada por balsas e navios).

Participação dos modais de transportes no Brasil, EUA e Argentina

Modais Brasil EUA Argentina

Rodoviário 58% 5% 80%

Ferroviário 25% 35% 18%

Aquaviário 17% 60% 2%

Fonte: CNT (2013)

O principal objetivo da logística agroindustrial é melhorar a eficiência da movimentação de cargas agrícolas por meio de veículos adequados, e, também por meio do armazenamento, obter o menor custo possível.

O gerenciamento do transporte e da armazenagem permite obter ganhos claros nas cadeias agroindustriais, especialmente em relação às perdas de mercadorias que ocorrem, principal-mente, devido ao transporte inadequado ou ao tempo curto de perecibilidade dos produtos (CAIXETA FILHO, 2010).

Além disso, segundo Caixeta Filho (2010), ao permitir que os produtos sejam comercializados em locais distantes das propriedades agrícolas, a logística é um elemento integrador de pro-dutores, inclusive de pequenos produtores, nos sistemas agroindustriais.

Desse modo, das atividades de pós-colheita (pré-processamento,

transporte, armazenamento, embalagem e comercialização), o

transporte pode ser considerada como a mais importante.

No passado, a população migrava em busca de alimentos, mas, atualmente, com a especialização e a urbanização, o alimento é transportado até os consumidores. Isso torna o papel da logística fundamental.

Conforme Caixeta Filho (2010) afirma, os produtos agrícolas, ao saírem das propriedades, seguem em distâncias relativamente curtas até as unidades de processamento e armazenagem. Dessas unidades, os produtos já processados ou beneficiados são transportados até as áreas de armazenamento e comercialização, próximas ao consumo.

Já as distâncias entre as processadoras e os locais de comercialização podem ser relativamente grandes. Considera-se que a maioria dos produtos agrícolas deve ser transportada no mínimo duas vezes, e produtos com maior nível de industrialização, ou processamento, normalmente são transportados mais vezes (CAIXETA FILHO, 2010).

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Introdução ao Agronegócio

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Veja os custos logísticos para exportação à China, principal comprador mundial de commodities.

Custo do frete até a China,Xangai (US$/ton.)

OrigemTransporte

Interno Externo * Total

Brasil-Sorriso (MT) 145 45 190

Argentina-Córdoba 36 66 102

EUA-Saint Louis 25 46 71

*Marítimo - Fonte: Centrogrãos, Caramuru e Soy Transport Coalition (2010)

Podemos observar que os custos de transporte do Brasil são muito maiores que os custos dos EUA e da Argentina.

A logística é um dos grandes gargalos do agronegócio brasileiro, que perde muito com toda essa ineficiência, prejudicando todos os elos de todas as cadeias produtivas, em especial aquelas que são voltadas à exportação.

Os países em desenvolvimento têm capacidade de alimentar a maior parte da população mundial, no entanto, devido às suas más condições de transporte, não conseguem alimentar nem a sua própria população.

Os meios de transporte nesses países são primitivos, as ferrovias são deficientes e as rodovias não são modernas, desse modo, a quantia recebida pelos produtores em pagamento da sua produção, muitas vezes, não é suficiente nem mesmo para cobrir seus custos, o que leva muitos a desistirem de produzir (CAIXETA FILHO, 2010).

Um dos grandes desafios atuais do agronegócio é buscar constantemente meios de aumentar a produção mundial de alimentos com o objetivo de diminuir a fome no mundo (CAIXETA FILHO 2010).

De acordo com Ballou (2009) é estimado que um terço dos alimentos

perecíveis produzidos seja perdido durante a distribuição. Isso

pode ocorrer devido a acidentes, roubo de cargas ou mesmo

deterioração dos produtos.

Dessa forma, Caixeta Filho (2010) reforça a necessidade do

aumento da eficiência dos transportes, uma vez que, segundo

ele, não adianta aumentar a produção se essa é perdida, antes

mesmo que possa atingir os consumidores.

O custo médio de frete nos principais países produtores de soja mostra que os custos logísticos do Brasil são muito mais altos que os custos da Argentina e dos EUA. O que dificulta a nossa competitividade no mercado.

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Curso Técnico em Agronegócio

120Comparativo Custo Logístico Básico Soja (US$/ton)

Brasil Argentina EUA

Frete Lavoura-Porto 125,00 32,0 20,0

Custo Porto (FOB) 10,0 5,0 3,0

Total 135,0 37,0 23,0

Fonte: IMEA; USDA (2013)

O aprimoramento logístico gera benefícios para todos os envolvidos

na cadeia. Uma maior eficiência logística reduz as perdas durante

o transporte e os custos logísticos envolvidos, os quais podem ser

traduzidos em menores preços para os consumidores, em maiores

lucros para produtores e intermediários, ou nos dois.

Todos ganham com isso, inclusive a economia do país, que fica

mais dinâmica (CAIXETA FILHO, 2010).

As perdas durante o transporte estão relacionadas, principalmente,

aos descuidos durante o carregamento e o descarregamento das

cargas, à umidade, aos acidentes, e ao roubo de cargas.

Armazenagem

Em 2013, a oferta instalada de armazéns era de 142,6 milhões de toneladas, e a demanda era de 186,1 milhões de toneladas (safra 2013/14), uma diferença de 43,5 milhões de toneladas (24% da produção).

A produção de grãos no Brasil é dividida por regiões: as regiões Sul e Centro-Oeste são as maiores produtoras.

Produção de grãos por regiões do Brasil e unidades de armazenamento

RegiãoProdução

Mil toneladas Unidades

Norte 5.503 470

Nordeste 12.278 1.162

Centro-Oeste 77.615 3.985

Sudeste 20.241 2.927

Sul 70.512 9.330

Total 186.149 17.874

Fonte: CONAB; FAO (2013)

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Introdução ao Agronegócio

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Porém, as unidades de armazenagem ainda são poucas, havendo um deficit em relação à produção. Segundo a FAO, é necessária uma capacidade de armazenagem acima de 20% da produção, sendo que ainda assim estamos com um deficit de 73 milhões de toneladas.

Percentual de deficit de armazenagem nas regiões brasileiras

Sul33%

CentroOeste53%

Nordeste7%

Norte4%

Sudeste3%

Fonte: CONAB; FAO (2013)

As taxas de armazenagem nas fazendas em diversos países mostram que o Brasil possui uma capacidade muito pequena em relação aos Estados Unidos, por exemplo.

Taxa de armazenagem nas fazendas em países de destaque na produção de commodities

Região Participação

EUA 55% a 66%

Austrália 35%

Europa 35%

Argentina 35% a 45%

Canadá 85%

Brasil 35%

Fonte: USDA (2013)

Essa é uma realidade que precisa ser bem administrada pelos setores público e privado, pois a armazenagem é uma ótima estratégia de comercialização, especialmente quando ocorre um excesso de oferta devido a uma supersafra, momento no qual o produtor pode armazenar a sua produção e esperar o melhor momento para vendê-la no mercado.

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O Plano Safra atual reservou R$ 30 bilhões para a construção de armazéns nos próximos seis anos (R$ 5 bilhões por ano), levando ao aumento da capacidade estática para 65 milhões de toneladas, mas ainda será insuficiente para cobrir toda a produção.

EncerramentoNesta unidade, você pôde aprender sobre os principais conceitos e desafios do agronegócio, bem como suas configurações no Brasil e no mundo. É importante não parar por aqui e continuar a investigar a respeito do tema e, principalmente, manter-se atualizado, pois os números apresentados mudam a cada ano. Utilize bem os novos conhecimentos adquiridos.

Sucesso nessa nova jornada!

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Introdução ao Agronegócio

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