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Curso para Responsável Técnico do Transporte de Cargas

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Curso para

Responsável

Técnico do

Transporte de

Cargas

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Apresentação.......................................................................................................... 04 MÓDULO I – CONHECIMENTOS BÁSICOS DO SETOR DE TRANSPORTE DE CARGAS 1 – O TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE CARGA............................................................06 1.1 O Transporte Rodoviário de Carga.......................................................................... 08 2 – TIPOS DE CARGAS E VEÍCULOS...........................................................................10 2.1– Tipos de Veículos do Transporte Rodoviário de Carga............................................... 10 2.2 – Tipos de Embalagem e Dimensões dos Veículos...................................................... 14 2.3 – Capacidade Máxima de Peso por Eixo e Altura Máxima do Veículo..............................18 3 – NOÇÕES E ATIVIDADES DA LOGÍSTICA E DO TRANSPORTE DE CARGAS..............21 3.1 – A Logística........................................................................................................ 21 3.2 – Cadeia Logística e a Atividade do Transporte de Cargas............................................23 3.3 – As Atividades da Logística....................................................................................26 MÓDULO II – LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA DO TRANSPORTE DE CARGAS 4 – LEGISLAÇÃO E DOCUMENTAÇÃO DO TRANSPORTE DE CARGAS ..........................30 4.1 – Legislação do Transporte Rodoviário de Cargas...................................................... 30 4.2 – Documentação e Tributos do Transporte Rodoviário de Cargas..................................33 4.3 – Ações Fundamentais do Transportador...................................................................35 4.4 – Legislação Trabalhista e outras ............................................................................37 MÓDULO III – PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS DO TRANSPORTE DE CARGAS 5 – SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA NO TRABALHO......................................47 5.1 – Segurança e Prevenção de Acidentes.....................................................................47

5.2 – Noções de Combate a Incêndio.............................................................................52

5.3 – Saúde no Trabalho..............................................................................................54

5.4 – Meio Ambiente e o Cidadão..................................................................................57 6 – TECNOLOGIA EMBARCADA E EQUIPAMENTOS DE CONTROLE OPERACIONAL ......58 6.1 – Tecnologia Embarcada e Equipamentos de Controle Operacional................................58 6.2 – Equipamentos de Comunicação, Controle Operacional e Gestão do Transporte............61 6.3 – Equipamentos de Monitoramento de Veículos.........................................................64 7 – OPERAÇÃO EM TERMINAIS E ARMAZÉNS DE MERCADORIAS...............................67 7.1 – Terminais de cargas e armazéns ..........................................................................68 7.2 – Organização de terminais de carga e armazéns (layout da área externa) ...................72 7.3 – Recepção, conferência e expedição de cargas nos armazéns e terminais de cargas .....75 8 – MOVIMENTAÇÃO, ACONDICIONAMENTO E EMBALAGEM......................................79 8.1 – Processos e atividades de movimentação e acondicionamento de cargas nos armazéns.79 8.2 – Embalagem e unitização de cargas........................................................................83 8.3 – Alocação e endereçamento dos produtos nos arma..................................................86 8.4 – Normas de higiene e segurança para a movimentação das cargas..............................90

9 – ADMINISTRAÇÃO DA FROTA E ROTEIRIZAÇÃO ...................................................93

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9.1 – Dimensionamento da frota.......................................................................................93 9.2 – Manutenção da frota...............................................................................................95 9.3 – Roteirização...........................................................................................................99 MÓDULO IV – GESTÃO E QUALIDADE NA PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS DE TRANSPORTE DE CARGAS 10 – QUALIDADE NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE TRANSPORTE DE CARGAS............102 10.1 – A Qualidade na Prestação de Serviços.....................................................................102 10.2 – Como Prestar um Serviço de Qualidade...................................................................104 10.3 – Programas de Qualidade no Setor de Transportes.................................................... 106 11 – NOÇÕES DE PLANEJAMENTO E GESTÃO DO TRANSPORTE ...................................108 11.1 – Conhecendo Mapas, Rotas e Modos de Transporte....................................................108 11.2 – O Planejamento e as Cadeias Multimodais ...............................................................111 11.3 – Planejamento e Operação do Transporte de Cargas...................................................114 11.4 – Indicadores de Desempenho..................................................................................116 12 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................................121

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APRESENTAÇÃO

Caro Aluno,

O Curso de Responsável Técnico do Transporte de Cargas tem por objetivo aprimorar seus conhecimentos, buscando a qualificação necessária para o desempenho de suas funções.

Este Curso será apresentado em 4 (quatro) módulos e, cada matéria a ser tratada terá um tempo para a sua apresentação, como segue abaixo:

Este Curso tem o objetivo de atender às exigências da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), mais especificamente a Resolução que dispõe sobre o exercício da atividade de transporte rodoviário de cargas A Resolução referida especifica que o Transportador Autônomo de Cargas deverá comprovar experiência de pelo menos três anos nesta atividade, ou de ter sido aprovado em curso específico, para poder obter o RNTRC (Registro Nacional de Transportador Rodoviário de Cargas).

Diante do exposto, este Curso apresentará toda a matéria especificada pela Agência Nacional de Transportes Terrestres necessária para a administração da atividade, dentro das técnicas e conceitos.

Tenha um excelente curso!

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MÓDULO I

CONHECIMENTOS

BÁSICOS DO

SETOR DE

TRANSPORTE DE

CARGAS

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1. O TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE CARGAS

Neste título trataremos das principais características do sistema de transporte, seus modais, apresentando aspectos de sua infra-estrutura e operação.

São objetivos desta unidade:

• Conhecer a função social do transporte;

• Relacionar as principais atividades desenvolvidas pelo profissional;

• Tratar dos diferentes tipos de modais;

• Apresentar as principais características do transporte rodoviário de carga;

• Conhecer as responsabilidades do transportador.

O transporte é a atividade responsável pelo deslocamento de bens e pessoas dentro de um território, possibilitando a integração entre regiões, nações, e seu desenvolvimento.

Transporte e Desenvolvimento O transporte tem um papel importante para o desenvolvimento da sociedade e é

responsável direto pelo desenvolvimento de uma nação, ou seja, quanto melhor for o sistema de transporte do país, maior será o seu desenvolvimento.

O crescimento da agropecuária, da indústria e serviços depende diretamente das facilidades de acesso que temos ao mercado de consumo e às fontes fornecedoras de matérias-primas para a produção. Dessa forma, fica claro que um bom sistema de transporte pode garantir o fornecimento de matérias-primas e ampliar o mercado consumidor. É o transporte que permite o acesso das pessoas ao trabalho, ao lazer, à saúde, à educação, à cultura e à informação.

Os Diferentes Modos de Transporte Existem diferentes tipos de transporte:

a) Modal Rodoviário

Podemos encontrar tanto o transporte de passageiros como o transporte de cargas. A infra-estrutura utilizada por um e por outro é semelhante. São as vias urbanas e as rodovias que compõem a infra-estrutura mínima necessária ao deslocamento dos veículos. Existem também os terminais (rodoviárias, estações, pontos de parada etc.), para o transporte de passageiros, e os armazéns (depósitos, garagens etc.), para o transporte de cargas.

Um conjunto de outros equipamentos (semáforos, centrais de monitoramento, postos de pesagem, centros de fiscalização, postos de contagem e postos da Polícia Rodoviária, entre outros), apóia a infra-estrutura básica para viabilizar a operação de transporte.

b) Modal Ferroviário

A exemplo do modal rodoviário, também se transportam passageiros e mercadorias. Pode-se incluir no modal ferroviário todo e qualquer tipo de transporte que se faça sobre trilhos: metrô, bonde etc.

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A infra-estrutura do modal ferroviário é composta pelas estradas de ferro, os trilhos e os equipamentos que os acompanham, além das estações, terminais e centros de controle e monitoramento das viagens.

Segundo dados da Agência Nacional de Transportes Terrestres – ANTT, o sistema ferroviário brasileiro totaliza 29.706 quilômetros de vias, concentrando-se nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste, e atende parte do Centro-Oeste e Norte do país.

c) Modal Aqüaviário

Neste são transportados passageiros e cargas. O transporte aquaviário abrange os rios, lagoas e mares, dividido em hidroviário e transporte marítimo.

No transporte hidroviário, as vias são os rios e lagoas apoiados pelos portos e terminais fluviais, que são pontos de carga e descarga de mercadorias e de acesso aos passageiros.

O Brasil dispõe de uma rede hidroviária potencialmente navegável, com cerca de 40.000 km de vias interiores, além da extensão de 7.500 km da costa nacional para navegação de cabotagem (transporte entre os portos ao longo da costa brasileira), e de longo curso (transporte marítimo internacional). A cargas a granel, especialmente os granéis sólidos (minérios, grãos), são produtos que mais utilizam o transporte hidroviário.

No transporte marítimo as vias são os oceanos e mares. No Brasil, o transporte marítimo é realizado em grande parte por navios de cruzeiro.

d) Modal Aeroviário

Neste, são os aviões e os aeroportos que dominam a paisagem, transportando passageiros e cargas. As rotas aéreas constituem-se nas vias por onde as aeronaves trafegam, tecnicamente conhecidas como aerovias. Os aeroportos são os terminais de decolagem e aterrissagem.

Nos países industrializados, o transporte aéreo chega a 25% das atividades de transporte público.

e) Modal Dutoviário

É o único dos modais existentes que transporta exclusivamente cargas, sendo composto por dutos (uma espécie de tubulação), que são as vias.

De acordo com a ANTT, o transporte dutoviário pode ser classificado em:

- Oleodutos: neste sistema, os produtos transportados são, em sua grande maioria, petróleo, óleo combustível, gasolina, diesel, álcool, GLP, querosene e nafta.

- Minerodutos: os produtos transportados são sal-gema, minério de ferro e concentrado fosfático.

- Gasodutos: nos gasodutos transporta-se o gás natural.

O Gasoduto Brasil-Bolívia é um dos maiores do mundo, possuindo extensão de 3150 km.

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1.1 O Transporte Rodoviário de Carga

A falta do transporte paralisa a economia. No Brasil, a movimentação dos produtos é realizada por todos os modais, sendo o rodoviário predominante.

Observe no gráfico abaixo a grande concentração da carga movimentada no modo de transporte rodoviário, que é responsável por quase 60% da carga movimentada no Brasil.

O transporte rodoviário de carga é realizado, na maioria das vezes por caminhões, que tem

como característica a flexibilidade em fazer o transporte porta-porta, ou seja, coletar a mercadoria no local de produção e levá-la até o seu destino final. A capacidade de transporte é limitada por veículo. De fato, o transporte rodoviário deveria ser utilizado na movimentação de mercadorias em pequenas e médias distâncias ou servir de transporte complementar ao transporte ferroviário e aqüaviário.

O transporte rodoviário de cargas opera em regime de mercado livre, pois não existe legislação específica no campo dos transportes para o exercício dessa atividade. Sendo assim, não existem exigências para entrada e saída de transportadores no mercado e, portanto, ele dispensa a autorização, a permissão e a concessão pelo poder público para a execução dos serviços.

É importante ressaltar que mesmo um mercado livre, existe a obrigatoriedade de obtenção do Registro Nacional do Transportador de Carga (RNTC) junto à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e a habilitação válida da Carteira Nacional de Habilitação – CNH, expedida pelos Órgãos Executivos de Trânsito. O Certificado de Registro e suas renovações terão prazo de validade de 4 (quatro) anos, a partir da data de sua expedição

A infra-estrutura utilizada pelo modo rodoviário pode ser classificada em:

- Vias Urbanas: conjunto de ruas, avenidas e logradouros, que permitem a viabilização dos deslocamentos nos centros urbanos.

- Rodovias: são as estradas que ligam entre si os centros urbanos, um estado a outro, uma região urbana a uma região rural. Em diversas rodovias, o trajeto percorre parte dos centros urbanos.

No Brasil, as rodovias são classificadas da seguinte maneira:

Rodovias Federais: Sua nomenclatura é definida pela sigla BR, que significa que a rodovia é federal, seguida por três algarismos. Por exemplo, BR – 153.

Rodovias Estaduais: são precedidas da sigla dos estados. Por exemplo: SP-270 é uma rodovia que liga os diversos municípios no interior do estado de São Paulo.

Rodovias Municipais: são estradas que têm seu percurso dentro da área de um município.

O Transportador

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O transporte rodoviário é o principal responsável pelo transportada de carga no Brasil. Segundo o DNIT, esse tipo de transporte é realizado por aproximadamente 50 mil empresas privadas e por 500 mil autônomos.

A contratação do frete é realizada pelos agentes produtores (indústria, comércio, agroindústrias, agricultura etc.), diretamente com as empresas transportadoras, cooperativas ou com o transportador autônomo. As empresas por sua vez, dependendo das necessidades de mercado, utilizam os serviços dos autônomos (caminhoneiros).

Até há pouco tempo, o papel do transportador era de simplesmente deslocar os produtos de um ponto a outro. No entanto, sua importância vem crescendo com o tempo, exigindo que o transportador se preocupe também em melhorar o serviço prestado aos clientes, realizando a movimentação dos produtos com mais qualidade, no menor preço. Atualmente, é comum o cliente pedir que sua carga seja rastreada por questões de segurança e para poder acompanhar o tempo de entrega do produto ao seu destino. A figura abaixo mostra, de forma simplificada, a relação existente entre empresa, transportador e o mercado.

Dessa forma podemos concluir que o transporte apresenta importante participação no cotidiano, sendo responsável pelo desenvolvimento da social e por permitir o deslocamento de bens e pessoas.

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2. TIPOS DE CARGAS E VEÍCULOS

2.1 Tipos de Veículos do Transporte Rodoviário de Carga

Trataremos aqui da apresentação dos diferentes tipos de veículos utilizados no transporte

rodoviário de cargas, os principais tipos de carrocerias e os produtos a elas relacionados.

O transporte de carga pode ser efetuado por diferentes tipos de veículos. Tratando-se de transporte rodoviário, o principal veículo utilizado para o transporte de carga é o caminhão, o qual pode apresentar diferentes tipos e utilizações. Dessa forma, é importante melhor conhecer essas tecnologias para a escolha da que melhor se adeque às necessidades do transportador.

Classificação dos Caminhões Existem diversos modelos de caminhões, e cada um é utilizado para um serviço de

transporte específico. Dessa forma, existem diferentes maneiras para classifica-los. A primeira maneira consiste em dividi-los em veículos rígidos e articulados.

Os veículos rígidos são aqueles que trazem o motor e a unidade de transporte em um só veículo. São os caminhões ditos “tocos ou trucks”, que têm a carroceria fixa à cabine.

Os caminhões articulados têm a cabine com o motor separada do reboque. Em geral, são

veículos formados por um cavalo mecânico e uma carreta.

Outra forma de classificação dos veículos de carga é a apresentada pelo Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER, 2000), hoje DNIT (Departamento Nacional de Infra-Estrutura Rodoviária). Essa classificação é mostrada na Figura 1.

Onde:

C = Caminhão.

S = Semi-reboque (semi-trailler).

Os números à esquerda das letras C ou S indicam o número de eixos da unidade tratora. Os números à direita das letras C ou S indicam o número de eixos da unidade tracionada.

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CLASSIFICAÇÃO DOS VEÍCULOS DE CARGA

CAMINHÕES

CAMINHÃO COM REBOQUE

CAMINHÃO COM SEMI REBOQUE

Figura 1 – Classificação dos Veículos de Carga

Tipos de Carroceria Os caminhões podem apresentar diferentes tipos de carrocerias, ou seja, para cada modelo

existente um tipo de carga específica. A seguir a classificação dos caminhões em função do tipo de carroceria:

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Tipo de Carroceria Definição Exemplos Caminhões abertos Transportam mercadorias que

não perecem (não estragam, não perdem a qualidade), ao ar livre. Dispõem de laterais fechadas e usam lonas enceradas, em caso de chuva, para proteger a carga.

Caminhões cobertos São aqueles que em geral apresentam o formato de um vagão para proteger as cargas das condições climáticas adversas.

Caminhões refrigerados São aqueles que possuem

como carroceria uma espécie de refrigerador, pois conserva a temperatura interior. Utilizado no transporte de carne, produtos derivados do leite etc.

Caminhões-tanques A carroceria tem o formato de um tanque, utilizado para o transporte de produtos líquidos, como combustível.

Caminhões de plataforma ou estrado

Usados para transportar contêineres, engradados amarrados com cordas ou correntes, entre outros produtos.

Caminhões ditos “cegonheiros”

Utilizados para o transporte de veículos (carros).

Caminhões de caçamba São os caminhões

basculantes, muito utilizados no transporte de entulhos, terra, cascalho etc.

Caminhões para transporte de botijões de gás

Usados no transporte de botijões de gás.

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Tipo de Carroceria Definição Exemplos

Caminhões canavieiros Usados para o transporte de cana-de-açúcar.

Caminhões para transporte de animais vivos

Usados para o transporte de bovinos, eqüinos etc

Caminhões para transporte de bebidas

Usados para o transporte de bebidas, geralmente armazenadas em engradados.

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2.2 Tipos de Embalagem e Dimensões dos Veículos

Você conhecerá neste título os principais objetivos da embalagem, aprenderá a classificá-la

de acordo com a finalidade e também estudará os dispositivos de unitização de cargas, sendo os objetivos:

- Mostrar os diferentes tipos e a função das embalagens no armazenamento e movimentação de produtos.

- Apresentar os principais tipos de dispositivos de unitização de cargas usados para movimentar e arrumar mercadorias em depósitos e em veículos de transporte.

Os elementos de unitização de cargas e a embalagem são fundamentais para dar maior agilidade às operações de carga, descarga e transporte. São importantes na arrumação de cargas tanto no armazém, como nos veículos de transporte, pois proporcionam segurança à carga na movimentação, protegem-na contra avarias e permitem uma melhor ocupação dos espaços de armazenagem.

Importância da Embalagem Tudo o que acompanha um produto é classificado como embalagem, mas isso não quer dizer

que seja menos importante que o produto transportado. Algumas vezes o seu custo pode até mesmo ser maior que o do produto.

Cada produto deve ter uma embalagem que se adapte. Deve ser observado a maneira como o produto vai ser transportado e os danos que podem ocorrer. Se a embalagem não for corretamente projetada, a qualidade do produto pode ser comprometida, principalmente sendo perecível.

A principal função da embalagem é a proteção do produto, mas também: conter o produto; facilitar o transporte e o consumo; e identificar um produto.

A embalagem deve funcionar como uma barreira contra diversos fatores, tais como temperatura, odores estranhos, insetos/roedores, luz, oxigênio e umidade.

Além de toda a função de proteção ao produto, as embalagens permitem a inclusão de tecnologias de rastreamento do produto.

Rastreabilidade é a capacidade de recuperação do histórico, da aplicação ou da localização de uma entidade (ou item) por meio de identificações registradas, ou seja, no caso de cargas, é a capacidade de conhecer as suas características, por onde esta passou, e onde ela se encontra no momento do rastreamento.

A rastreabilidade tem por finalidade oferecer segurança e satisfazer às necessidades dos clientes, ou seja, ela fornece as informações necessárias para o acompanhamento completo de todo o processo de fabricação, desde a aquisição e análise das matérias-primas, processamento e destino final de cada item.

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Classificação das embalagens Embalagem de contenção ou primária – é a embalagem que entra em contato direto

com o produto, acompanhando-o até o seu esgotamento (exemplo: tubo da pasta de dentes, garrafa de refrigerante).

Deve haver compatibilidade entre os materiais do produto e os da embalagem, para que o produto não seja comprometido. Quando se trata de alimentos, a interação entre a emba-lagem e o produto deve ser mínima.

Embalagem de apresentação ou secundária – é aquela com que o produto se apresenta ao usuário no ponto de venda (exemplo: caixa da pasta de dentes).

Embalagem de comercialização ou terciária – é a embalagem que tem a função de proteger o produto (exemplo: caixa de papelão contendo várias unidades de pasta de dentes). As embalagens de comercialização, agrupadas em quantidades pré-definidas, formam uma unidade de movimentação.

Embalagem de movimentação ou quaternária – é formada por um conjunto de embalagens de comercialização, para que possa ser movimentada por equipamentos mecânicos, como paleteiras e empilhadeiras (exemplo: pallet contendo quantidade definida de caixas de papelão).

Tipos de Embalagem Existem cargas que não necessitam de embalagens, como pneus, telhas etc., e outras sim,

sendo as mais comuns:

Caixa de papelão

Usada para acondicionar produtos leves ou sensíveis, como brinquedos, remédios, alimentos, confecções, livros e eletrônicos. Também é utilizada para transportar máquinas, equipamentos, ferramentas e outros produtos que exigem embalagem rígida e fechada. São fáceis de empilhar, embora possam aumentar o peso do produto e seu volume.

Engradado

Indicado para peças e equipamentos grandes ou de formas irregulares, difíceis de arrumar, como vidros, latarias de automóveis, motos, peças de fibra etc.

Fardo

Para mercadorias que não exigem embalagem especial: tecidos, algodão etc.

Feixe (amarrado)

Para produtos resistentes, mas difíceis de serem embalados e que não necessitam de muita proteção durante o transporte, como vassouras, picaretas, tubos plásticos, ferragens etc.

Sacos

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Usados na embalagem de alimentos como arroz, feijão, milho e cereais; materiais de

construção como cal e cimento; produtos químicos como adubos e inseticidas. Podem ser de papel multifolhado (como o saco de cimento), de juta, algodão ou plástico.

Tambor, Botijão e Cilindro

Normalmente tambores transportam produtos a granel, derivados de petróleo, diversos

produtos sólidos, líquidos, pastosos, em pó e granulados. O gás liquefeito, conhecido como gás de cozinha, é acondicionado em botijões, já os gases utilizados em outros seguimentos, como o acetileno ou o oxigênio líquido, são embalados em cilindros metálicos.

Lata

Transportam diversos produtos como óleos comestíveis, alimentos, tintas e solventes.

Dispositivos de Unitização de Cargas Unitização é o agrupamento das embalagens em uma carga maior, ou seja, é a arrumação

de pequenos volumes em unidades maiores padronizadas, para que possam ser movimentadas mecanicamente.

O processo de unitizar cargas traz muitas vantagens para o transporte e a logística, dentre elas:

•Permite movimentação de cargas maiores;

•Reduz o tempo de carga e descarga;

•Reduz o custo de movimentação e armazenamento de materiais;

•Permite maior ocupação volumétrica de armazéns e veículos;

•Melhora a organização do armazenamento;

•Facilita a localização de itens estocados;

•Facilita o inventário de materiais;

•Reduz a probabilidade de danos nos materiais estocados;

•Dificulta o furto de materiais estocados.

Características dos principais artefatos de unitização:

Palete

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É o elemento unitizador mais utilizado, sendo de madeira, aço, alumínio, plástico e papelão.

Suas dimensões também podem variar, sendo que as mais utilizadas são:

•0,80 m x 1,00 m

•1,00 m x 1,00 m

•1,00 m x 1,20 m

•1,20 m x 1,20 m

Sua movimentação pode ser realizada com o uso de empilhadeiras ou paleteiras manuais.

No quadro abaixo são apresentados alguns exemplos de paletes:

Contêiner

O contêiner é também conhecido como cofre de carga, contentor ou contenedor. Porém, o termo mais usado é contêiner.

É uma estrutura metálica de grandes dimensões que permite acomodar, estabilizar e proteger materiais em seu interior. Existem contêineres para transporte terrestre, aéreo e marítimo/fluvial, sendo mais utilizado o marítimo. Podem ser refrigerados ou não, dependendo do produto a ser transportado. São também bastante utilizados para tanques de gases ou líquidos.

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2.3 Capacidade Máxima de Peso por Eixo e Altura do Veículo

Neste subtítulo estudaremos a capacidade máxima de peso por eixo, dimensões e altura

máxima do veículo, segundo a legislação vigente, para transitar no território nacional, sendo os principais objetivos:

- Apresentar a capacidade máxima de peso por eixo nos veículos do • transporte rodoviário de carga.

- Mostrar dimensões entre eixos e altura máxima.

Conhecer os veículos (capacidade máxima de carga e dimensões), é importante para garantir que o transportador opere em consonância com as normas estabelecidas e garanta a sua segurança e a dos demais motoristas.

É de suma importância o transportador e para a sociedade que os limites máximos de carga sejam respeitados, garantindo a qualidade do pavimento das vias por onde os veículos trafegam. O desrespeito às normas, ou seja, o fato do transportador carregar seu veículo com carga acima da permitida, faz com que as vias se deteriorem, piorando as condições do pavimento, aumentando o número ou provocando buracos.

Carga máxima transmitida ao pavimento Os veículos destinados ao transporte de cargas podem ser classificados em função do peso

máximo transmitido ao pavimento. Esta classificação é apresentada pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (ANFAVEA), como:

• Semileves .................................. 3,5 t < PBT < 6 t

• Leves ...................................…... 6 t < PBT < 10 t

• Médios ...................................... 10 t < PBT < 15 t

• Semi pesados

Caminhão-chassi ............. PBT > 15 t e CMT < 45 t

Caminhão-trator ............. PBT > 15 t e PBTC < 40 t

• Pesados

Caminhão-chassi ............ PBT > 15 t e CMT > 45 t

Caminhão-trator ............. PBT > 15 t e PBTC > 40 t

O Art. 2º, da Resolução CONTRAN n.º 210/2006, estabelece os limites máximos de peso bruto total e peso bruto transmitido por eixo de veículo, nas superfícies das vias públicas.

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A legislação brasileira estabelece limites máximos para valores do peso bruto por eixo de veículos de carga. Contudo, a dificuldade na aferição das balanças que efetuam a pesagem dos veículos enseja uma tolerância de até 5% de peso acima do valor máximo determinado por lei.

A figura a seguir traz um resumo dos pesos brutos máximos admitidos por eixo ou por conjunto de eixos pela legislação brasileira.

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A base para a determinação desta classificação são os conceitos presentes no Anexo I do Código de Trânsito Brasileiro:

• TARA ou Peso do Veículo em Ordem de Marcha – peso próprio do veículo, acrescido dos pesos da carroçaria e/ou equipamento, do combustível, das ferramentas e acessórios, da roda sobressalente, do extintor de incêndio e do fluido de arrefecimento, expresso em quilogramas.

• LOTAÇÃO – carga útil máxima, incluindo condutor e passageiros, que o veículo transporta, expressa em quilogramas para os veículos de carga.

A Tara e a Lotação são facilmente identificadas no veículo. Essas informações devem ser colocadas na lateral dos veículos. Veja os exemplos:

PESO BRUTO TOTAL (PBT) – peso máximo que o veículo transmite ao pavimento, constituído da soma da tara mais a lotação.

• PESO BRUTO TOTAL COMBINADO (PBTC) – peso máximo transmitido ao pavimento pela combinação de um caminhão-trator mais seu semi-reboque, ou do caminhão mais o seu reboque ou reboques.

• CAPACIDADE MÁXIMA DE TRAÇÃO (CMT) – É o peso que a unidade de tração é capaz de tracionar, indicado pelo fabricante, com base em condições sobre suas limitações de geração e multiplicação de momento de força e resistência dos elementos que compõem a transmissão.

A Resolução CONTRAN n.º 210/2006 estabelece os limites de peso e dimensões para veículos que transitem por vias terrestres:

No art. 1º dessa Resolução constam as dimensões autorizadas para veículos de transporte de carga, trafegando com ou sem carga:

I – largura máxima: 2,60m;

II – altura máxima: 4,40m;

III – comprimento total:

a) veículos não-articulados: máximo de 14,00 metros;

b) veículos articulados com duas unidades, do tipo caminhão-trator e semi-reboque: máximo de 18,60 metros;

c) veículos articulados com duas unidades do tipo caminhão ou ônibus e reboque: máximo de 19,80;

d) veículos articulados com mais de duas unidades: máximo de 19,80 metros.

É importante observar que a Resolução CONTRAN n.º 211 estabelece os requisitos necessários à circulação de Combinações de Veículos de Carga – CVC, estabelecendo no art. 1º, que as Combinações de Veículos de Carga, com mais de duas unidades, incluída a unidade tratora, com peso bruto total acima de 57 t ou com comprimento total acima de 19,80 m, só poderão circular portando Autorização Especial de Trânsito – AET, conforme os conceitos do anexo I do Código de Trânsito Brasileiro.

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3. NOÇÕES DE ATIVIDADES DO

TRANSPORTE DE CARGAS

3.1 A logística

Relacionado a este tema trataremos de:

• Conceituar a logística.

• Apresentar os fatores que influenciam na qualidade da atividade logística.

Este tema está presente na maioria das atividades econômicas, sendo fator preponderante no sucesso dessas atividades. Assim, sabendo que o transporte é um dos itens desse processo, é de suma importância conhecer funções desenvolvidas pela logística.

Logística A palavra logística foi pela primeira vez utilizada pelos militares durante a Segunda Guerra

Mundial, entre os anos 1940 e 1945, no século passado.

Era usada para designar as atividades relativas ao transporte, ao abastecimento e ao alojamento das tropas nos campos de batalha, em outras palavras trata-se de planejamento e organização.

“Logística é o processo de planejamento, implementação e controle eficiente e eficaz do fluxo e armazenagem de mercadorias, serviços e informações relacionadas desde o ponto de origem até o ponto de consumo, com o objetivo de atender às necessidades do cliente”.

De forma simples, logística é a arte de comprar, receber, armazenar, separar, expedir, transportar e entregar o produto/serviço, para onde e quando são necessários, ao menor custo.

Pela definição apresentada, a logística é responsável pela movimentação das mercadorias entre os pontos de fornecimento e de consumo. Assim, para movimentarmos e gerenciarmos as mercadorias faz-se necessárias algumas atividades, como por exemplo: transporte, pedidos, estocagem, armazenagem, embalagem etc.

Nível de Serviço Logístico

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A logística tem por objetivo ainda servir o consumidor de acordo com suas necessidades e com qualidade na prestação dos serviços.

OS SERVIÇOS LOGÍSTICOS DE QUALIDADE SÓ ACONTECERÃO ATRAVÉS DE UMA BOA GESTÃO DOS FLUXOS DE MOVIMENTAÇÃO DE BENS E SERVIÇOS!

Três fatores são fundamentais para identificar o nível de serviço logístico ao cliente:

• Disponibilidade;

• Desempenho;

• Confiabilidade.

DISPONIBILIDADE É a capacidade da empresa em ter o produto em estoque (disponível) quando solicitado pelo

cliente. Como exemplo, podemos citar duas empresas que comercializam o mesmo produto. A empresa “A” tem o produto disponível em 95% dos casos, já a empresa “B” consegue em 67% dos casos, é evidentemente, que aquela terá maior sucesso, pois consegue atender quase a totalidade dos clientes.

DESEMPENHO O desempenho avalia se o nível de serviço ao cliente está de acordo com o que foi

estipulado no contrato de compra e venda ou de prestação do serviço firmado entre o fornecedor e o cliente. O desempenho pode ser medido por alguns fatores:

- Velocidade: é o tempo decorrido entre a solicitação de um produto ao fornecedor (pedido) até a chegada do item ao cliente. Como exemplo, podemos citar os produtos dos Correios. Cada tipo de SEDEX possui tempo máximo de entrega garantido, como é o caso do SEDEX 10 e do SEDEX Hoje.

- Flexibilidade: é a capacidade da empresa de lidar com solicitações extraordinárias, como por exemplo as mudanças nos serviços de entrega, entregas emergenciais ou ainda a troca de produtos fornecidos com defeitos.

- Danos à mercadoria: compreende os estragos e extravios ocorridos com a mercadoria desde o despacho até a chegada ao cliente.

CONFIABILIDADE Trata-se da variação em torno dos prazos fixados para o atendimento ao cliente na entrega

das mercadorias, etc. Nesta ótica, uma empresa confiável seria aquela que obedece os prazos acordados em contrato para disponibilizar o produto ao cliente.

A logística é uma atividade que engloba um conjunto de outras atividades, como o transporte, o estoque, a armazenagem, para garantir o sucesso da atividade, ou seja, é importante para o produtor e o cliente, onde o primeiro busca atender às necessidades do segundo, com o fornecimento de um produto ou serviço de qualidade.

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3.2 Cadeia Logística e a Atividade do Transporte de Cargas

Várias são as atividades que integram cadeia logística e o transporte é uma delas, ou seja, é a atividade para o deslocamento de bens e pessoas no interior de um território, dessa forma estudaremos o papel da atividade de transporte de cargas neste sistema, sendo o objetivo identificar as diversas atividades da cadeia logística, compreender como os fluxos de produto e serviços se deslocam em uma cadeia de suprimento e a importância do transporte de carga na logística

Cadeia Logística e suas Atividades Vale ressaltar que qualquer cadeia logística é formada por um conjunto de elementos:

• Elementos fixos da cadeia: os depósitos, os armazéns, as indústrias, as lojas existentes no trajeto entre as fontes de matérias-primas (os fornecedores), e os consumidores finais (em geral as famílias).

• As ligações existentes entre os elementos fixos, viabilizados pelo transporte, que estabelecem a comunicação entre os vários pontos da cadeia.

De forma simples, uma cadeia logística, por menor que seja, genéricamente, pode ser representada por três agentes: o fornecedor, a empresa e o cliente, como mostrado na figura abaixo.

Vejamos nos exemplos abaixo:

a) A cadeia do suco de laranja encaixotado em embalagens do tipo “tetra pack”.

PASSO 1: Principais insumos para a produção do suco.

Podemos listar: laranja, açúcar, água, corantes, embalagem.

PASSO 2: Fornecedores e insumos

Geralmente para a indústria processadora e embaladora.

PASSO 3: Os insumos são transportados até a indústria

Transportador, normalmente o transporte é por caminhão, utilizando as rodovias.

PASSO 4: Após processado e embalado na indústria

Será comercializado com atacadistas, que compram das indústrias em grandes quantidades e em seguida vendem o produto para as lojas de varejo (supermercados, mercearias, padarias etc.), que por sua vez vendem ao consumidor.

PASSO 5: Da indústria ao atacado e deste ao varejo há o transporte, da mesma forma entre o varejo e o local de consumo final (nossas casas, restaurantes, bares), do suco de laranja.

Fluxograma da cadeia produtiva do suco de laranja:

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b) A cadeia produtiva do automóvel:

Os principais fornecedores:

São os de estofamentos, pneus, tintas, peças e componentes.

Transporte dos insumos e componentes até a montadora:

Realizado por caminhões, dos fornecedores à montadora.

A montadora fabrica e o estoca no pátio.

A montadora distribui seus produtos para as concessionárias ou agências que por sua vez podem vendê-los ao consumidor final.

O transporte dos veículos normalmente é realizado por caminhões cegonhas.

Fluxo de Produtos na Cadeia Logística Um aspecto relevante na cadeia logística é a movimentação (fluxo) dos produtos. Dentro

deste tópico existe um conceito importante a ser estudado, o Ciclo Crítico, que pode ser definido como o conjunto das atividades que são indispensáveis para se realizar o fluxo (movimentação) de produtos e informações entre um fornecedor e o cliente.

O ciclo crítico é estabelecido quando o cliente solicita ao seu fornecedor os produtos que necessita. O fornecedor verifica os estoques, processa e monta o pedido e entrega a mercadoria para o transportador que é o encarregado pela entrega ao cliente.

Processamento de pedidos Atividade que se inicia com a movimentação de produtos ou serviços, sempre atrelada à

necessidade do cliente.

Manutenção de estoques Aos operadores cabe quantificar os produtos mantidos em estoque, para atender a

demanda.

Transporte É a atividade que viabiliza a movimentação dos produtos entre a produção e o consumo nas

cadeias logísticas.

O Papel do Transporte na Logística

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Em toda atividade logística o transporte e a infra-estrutura envolvida são elementos para garantir a atividade, responsáveis pela movimentação dos insumos, mão-de-obra e a matéria-prima para compor o processo produtivo, cabendo ao transporte garantir o deslocamento do produto aos consumidores, sem deixar de lado a preocupação com o armazenamento e a distribuição de mercadorias. O transporte representa o elemento mais importante do custo logístico, sendo fundamental na prestação do serviço ao Cliente.

Dentro da relação do serviço ao cliente, a atividade de transporte deve considerar a pontualidade, tempo de viagem, capacidade de prover serviço porta a porta, flexibilidade para o manuseio de vários tipos de cargas, gerenciamento dos riscos quanto a roubos, danos e avarias e capacidade de oferecer mais do que o serviço básico de transporte, ou seja, satisfazendo as necessidades do primeiro.

O transporte refere-se aos modais e meios utilizados para se movimentar as mercadorias. Logicamente cada modalidade tem seus meios e veículos:

a) Transporte rodoviário = caminhões.

b) Transporte aéreo = aviões e helicópteros.

c) Transporte aquaviário = navios, barcos e lanchas.

d) Transporte ferroviário = trens.

e) Transporte dutoviário = dutos.

f) Transporte multimodal = combinação de dois ou mais modais.

A administração do transporte em uma cadeia logística envolve algumas atividades:

•Decisão qual modal ou combinação de modais que se utilizará.

•Definição de roteiros seguir para entregas de mercadorias.

•Avaliação da capacidade dos veículos.

•Dimensionamento de veículos da frota, entre outros.

Operador Logístico Operadores logísticos são empresas prestadoras de serviços logísticos aos participantes de

uma cadeia. Um operador logístico oferece os seguintes tipos de serviços (NOVAES, 2001):

• Transporte - diferentes modais.

• Armazenagem de produtos.

• Manipulação de produtos - inclui a embalagem, a identificação dos produtos, a unitização de cargas etc.

• Operações industriais - montagem e testes de qualidade etc.

• Operações comerciais - recebimento e processamento dos pedidos, pagamentos, realização de propaganda etc.

• Serviços de cunho informacional - administração dos estoques, o rastreamento e o monitoramento de veículos etc.

• Consultoria - engenharia e administração logística.

Em suma, a qualidade do produto e a sua competitividade no mercado estão diretamente relacionados aos elementos da cadeia logística, pois dela dependerá o custo-benefício da maioria dos bens e serviços colocados a disposição dos consumidores.

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3.3 As Atividades da Logística Outras atividades da logística permitem uma gestão eficiente dos fluxos de matérias-

primas, produtos finalizados e informações ao longo das cadeias logísticas, aproximando fornecedores aos clientes. Neste tópico serão estudadas as principais funções de cada atividade e a contribuição nos objetivos da logística, como por exemplo a redução do custo logístico total e a melhoria do serviço ao cliente.

No fluxograma abaixo as atividades estão divididas em Primárias e Apoio, sendo que estas estão presentes tanto no fornecimento de suprimento como na distribuição.

Atividades de apoio da logística O apoio logístico está além das atividades primárias, ou seja, outras que apóiam o

transporte, a manutenção de estoques e o processamento de pedidos, sendo:

• Armazenagem;

• Manuseio de materiais;

• Embalagem de proteção;

• Obtenção;

• Programação de produtos;

• Informações.

Armazenagem Trata do espaço necessário para manter produtos estocados, podendo ser realizado em

uma loja, indústria, supermercado, depósito de uma empresa transportadora, centro de distribuição, etc. Para fins deste curso trataremos depósito e armazém como sinônimos, já que as diferenças são pequenas.

Diverso do transporte que realiza a ligação entre os participantes das cadeias logísticas, a armazenagem ocorre em locais fixos, conhecidos como nós das cadeias logísticas, onde os depósitos ou armazéns para a estocagem dos produtos.

Razões para armazenar produtos Tratando-se de espaço físico para estocagem, Ballou (1993) determinou quatro motivos

para aplicação, como segue:

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- Para reduzir custos de transporte e produção. - Para coordenar o suprimento e a demanda. - Para as necessidades do processo produtivo. - Por considerações de marketing.

Redução de custos de transporte e produção Na possibilidade de espaço de armazenagem para estocar produtos, poder-se-á juntar

maior quantidade de produtos e transportá-los até os clientes em veículos maiores, de uma única vez, reduzindo os custos com o transporte e, consequentemente os custos da produção.

Coordenação do suprimento e demanda Este motivo está diretamente relacionado às empresas que fabricam produtos com

demanda sazonal, ou seja, empresas que vendem produtos em época concentrada do ano. Normalmente, estas empresas produzem ao longo do ano, o que reduz os custos, formando estoques em depósitos para comercializar na época da demanda.

Necessidades de produção Existem produtos que têm a armazenagem como uma etapa do processo de produção, ou

seja, a maturação é necessária para que o produto esteja pronto para o consumo. Produtos como vinhos, queijos e outros, necessitam de um período de estocagem para atingirem a maturação ou o envelhecimento.

Considerações de marketing Tratando-se de marketing das empresas é importante a disponibilidade do produto no

mercado e, a armazenagem próxima dos mercados consumidores proporciona essa disponibilidade e permitindo entregas mais rápidas, o que trará efeito positivo na venda.

Manuseio de materiais Manuseio ou movimentação está associado à armazenagem e, também apóia a

manutenção de estoques, sendo seu objetivo principal a separação das cargas no depósito conforme a necessidade do cliente. Três são as atividades que compõem este manuseio:

• O recebimento das mercadorias.

• A movimentação interna.

• A expedição de mercadorias. É importante destacar que os objetivos dessa atividade só serão alcançados se

forem adotados procedimentos na seleção do equipamento de movimentação, preparação dos pedidos nos depósitos, recebimento e expedição de mercadorias, conferência para recebimento de produtos, entre outros.

Embalagem de proteção A embalagem tem por objetivo a proteção dos produtos contra avarias durante a

movimentação e manuseio ao longo da cadeia logística, bem como promoção e uso do produto. É comum a utilização da embalagem como instrumento de marketing e de promoção de vendas.

A embalagem também é utilizada para a melhoria da eficiência da logística, principalmente na distribuição. Embalagens devidamente projetadas facilitam as

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atividades de manuseio, transporte e armazenagem, proporcionando maior produtivi-dade no carregamento e descarregamento, manuais ou automáticos, bem como melhor aproveitamento de espaços para estocagem.

Obtenção É a atividade exclusiva do suprimento de produtos nas empresas,

disponibilizando-os para a cadeia logística, donde podemos destacar algumas tarefas típicas:

- Seleção das fontes de suprimento - Costumeiramente há diversos fornecedores para o mesmo produto.

- Determinação das quantidades que serão adquiridas.

- Programação das compras (itens, quantidades, cores, freqüência de aquisição).

- Definição da forma que é adquirido (embalado, a granel, em lotes mínimos).

Programação do produto A programação do produto trata dos fluxos de distribuição (saída dos produtos da empresa),

esta relacionada às decisões de quantidades produzidas por item, quando e onde fabricados.

Manutenção de informação A manutenção de uma base de dados com informações sobre a localização de clientes,

volumes de vendas, prazos de entrega, estoques, transportadores terceirizados, são ferramentas para a gestão logística eficiente da cadeia, das atividades primárias e apoio.

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O MÓDULO II

Legislação

específica do

transporte de

cargas

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4. LEGISLAÇÃO E DOCUMENTAÇÃO DO TRANSPORTE DE CARGAS

4.1 Legislação do Transporte Rodoviário de Cargas

Buscaremos neste item conhecer como funciona o setor de transporte rodoviário de cargas,

apresentando os principais órgãos que nele atuam e a legislação para essa atividade, estudando os principais órgãos reguladores e fiscalizadores do transporte rodoviário de cargas, as normas que compõem a legislação do transporte rodoviário de cargas e a responsabilidade do transportador e as penalidades que são a ele aplicáveis.

Órgãos reguladores e fiscalizadores Para o funcionamento do transporte rodoviário de carga, o Estado estabelece normas para

que o sistema atenda as necessidades da sociedade e garanta a participação satisfatória dos que nele atuam, agindo intermédio de seus órgãos, os quais possuem atribuições específicas, sendo eles:

Agência Nacional de Transportes Terrestres – ANTT A Agência Nacional de Transportes Terrestres – ANTT foi criada em 2001, sendo responsável

desde então, pela regulação do transporte ferroviário e rodoviário, tanto de passageiros como o de cargas.

No caso do transporte rodoviário de cargas, a ANTT é responsável por habilitar os transportadores, sejam autônomos, empresas de transporte de carga ou cooperativas, realizando o Registro Nacional de Transportadores Rodoviário de Cargas – RNTRC. A ANTT também é responsável pelo monitoramento dos preços cobrados pelos transportadores, como também pela formulação de normas para a operação dos transportadores, e, consequentemente, pela fiscalização do cumprimento de tais normas.

Polícia Rodoviária Federal – PRF A Polícia Rodoviária Federal – PRF tem como principal função, no âmbito do transporte

rodoviário de cargas, assegurar a livre circulação nas rodovias federais, realizando patrulhamento, cumprindo e fazendo cumprir a legislação especificada pelo Código de Trânsito Brasileiro e demais normas. Também cabe à PRF inspecionar e fiscalizar o trânsito, assim como aplicar e arrecadar multas impostas por infrações de trânsito.

Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA e Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA

A atuação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária consiste em inspecionar as condições de acondicionamento da carga durante a prestação do serviço de transporte.

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O MAPA é responsável pela inspeção de produtos agropecuários e a ANVISA pela inspeção de produtos como alimentos, medicamentos e agrotóxicos, dentre outros. Ambos os órgãos também possuem a responsabilidade de estabelecer as regras para o transporte desses produtos.

Órgãos Fazendários Os órgãos fazendários ou secretarias de receita estaduais são responsáveis pela fiscalização

referente à arrecadação dos impostos que recaem sobre a prestação dos serviços de transportes como também sobre os que recaem nos produtos transportados. No transporte de cargas de importação e exportação é exercido pela Secretaria da Receita Federal.

Legislação de Cargas As principais regras que compõem a legislação do transporte rodoviário de cargas no

Brasil são determinadas pela Lei nº 11.442/07 e pela Resolução nº 2.520/08 da ANTT.

A Lei nº 11.442/07 descreve o transporte rodoviário de cargas como uma atividade econômica de natureza comercial que poderá ser exercida por pessoa física ou jurídica. Para tal, a Lei determina ser necessária inscrição prévia do interessado no RNTRC da ANTT. A Lei também dispõe sobre as regras de operação, principalmente no que diz respeito à responsabilidade do transportador.

Já Resolução nº 2.520/08 da ANTT detalha os critérios para a inscrição no RNTRC, além de tratar de questões sobre a identificação dos veículos, o conhecimento de transportes, as infrações e as penalidades que podem recair sobre o transportador.

Responsabilidade do Transportador O transportador torna-se responsável pela carga ao recebê-la para a execução do serviço

até a entrega devida. Essa entrega compreende zelar pela integridade da carga e garantia de que chegue ao destino, nas mesmas condições em que o embarcador entregou para o transportador, se estendendo às falhas cometidas por subordinados deste ou ainda daqueles que porventura ele subcontrate para a realização do serviço, existindo ainda a possibilidade de indenização ao dono da carga.

O transportador não será responsável por perdas ou avarias ou demora na entrega das mercadorias quando alguma das situações abaixo ocorrer, desde que não sejam objetos de contrato:

•Insuficiência ou imperfeição das marcas ou dos rótulos.

•Transporte de animais vivos, desde que o transportador prove que cumpriu com todas as instruções específicas dadas pelo remetente.

•Defeito ou insuficiência de embalagem que não seja evidente.

•Circunstâncias que tornem necessário descarregar, destruir ou tornar sem perigo em qualquer momento ou lugar, as mercadorias cuja existência de perigo em seu manuseio não fora declarada pelo remetente quando o transportador as tomou a seu cargo.

• Vício próprio das mercadorias, ou seja, quando estas são entregues ao transportador com problemas adquiridos anteriormente, podendo ser esse oriundo até mesmo na sua fabricação.

• Ações de guerra, comoção civil ou atos de terrorismo.

•Greves, greves patronais, interrupção ou suspensão parcial ou total do trabalho, fora do controle do transportador.

• Caso fortuito ou força maior.

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•Perdas normais devidas ao manuseio ou características próprias das mercadorias, previamente acordadas entre as partes ou estabelecidas pelas normas jurídicas correspondentes.

•Ação ou omissão, que gerou o problema, que é de responsabilidade daquele que está reclamando do transportador.

Penalidades aplicadas ao transportador Se o transportador não conseguir comprovar a ocorrência de alguma das situações citadas,

nos casos de perda total ou parcial da mercadoria, o valor de indenização é igual ao valor que a carga possuía no momento em que foi entregue ao transportador, caso não tenha sido estipulado de maneira diversa. O Conhecimento de Transporte e na Nota Fiscal da carga é o documento que comprovam o valor da carga.

No caso de atraso, caso não tenha sido acordado de forma diversa, o transportador deverá restituir, o valor do preço do frete, contudo, é possível, outro valor de indenização.

Lembre-se, o valor por eventual indenização deverá estar estipulado em cláusulas contratuais, e ocorrendo situação diversa, será alvo de ação judicial para levantamentos dos valores.

Legislação sobre Cargas Perigosas Algumas cargas merecem um maior cuidado, não necessariamente pelo seu valor, mas

principalmente pelos riscos, que podem causar danos pelo contato e ao meio ambiente. Esse tipo de carga é denominada “Produtos Perigosos”.

A legislação atual sobre o transporte de produtos perigosos é complexa, pois cada tipo de produto há especificidades a serem consideradas. Em 1988, o governo federal aprovou o regulamento para o Transporte Rodoviário de Produtos Perigosos com a publicação do Decreto nº 96.044. Alguns anos mais tarde, a ANTT acrescentou algumas instruções complementares por meio das Resoluções nº 420/04, nº 701/04 e nº 1644/06.

De acordo com o Regulamento para o Transporte Rodoviário de Produtos Perigosos, os produtos são classificados em classes:

•Classe 1: Explosivos.

•Classe 2: Gases.

•Classe 3: Líquidos inflamáveis.

•Classe 4: Sólidos inflamáveis; substâncias sujeitas à combustão espontânea; substâncias que, em contato com água, emitem gases inflamáveis.

•Classe 5: Substâncias oxidantes e peróxidos orgânicos.

•Classe 6: Substâncias tóxicas e substâncias infectantes.

•Classe 7: Material radioativo.

•Classe 8: Substâncias corrosivas.

•Classe 9: Substâncias e artigos perigosos diversos.

Conforme a classificação do produto, o transportador deverá tomar os cuidados para garantir a segurança da carga e do meio ambiente durante o transporte.

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4.2 Documentação e Tributos do Transporte Rodoviário de Cargas

Conheceremos neste título os documentos utilizados e os principais tributos existentes no transporte rodoviário de cargas, para que o transportador conheça:

• Os documentos necessários para a realização do transporte rodoviário de cargas. • Os principais tributos que recaem sobre a prestação do serviço de transporte rodoviário de cargas.

Documento é um instrumento que possui informações necessárias para a comprovação de um ato, podendo esse ato ser jurídico, administrativo, financeiro ou até histórico. No transporte rodoviário de cargas, os documentos utilizados são aqueles que atestam a capacidade de prestação do serviço por parte do transportador.

Documentos exigidos do motorista e do veículo Do condutor é exigido apenas um documento: a Carteira de Habilitação, que deve estar

de acordo com o veículo que estiver conduzindo, devendo ser apresentado o documento original.

Quanto ao veículo, são exigíveis, o Certificado de Registro e Licenciamento Anual – CRVL, que comprova o recolhimento dos impostos, taxas e multas devidas por parte do proprietário do veículo, devendo ser apresentado o original. Além desse, é necessário o Registro Nacional do Transportador Rodoviário de Cargas – RNTRC, nos casos de transportadores relacionados na legislação.

Não são mais exigíveis o porte dos comprovantes de pagamento do Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores – IPVA e do Seguro Obrigatório de Danos Pessoais causados por Veículos Automotores de Vias Terrestres – DPVAT.

Para o transporte de cargas de produtos não-perigosos são necessários:

a) Nota Fiscal de transporte da mercadoria: documento que comprova a posse da mercadoria e tem como principal objetivo às exigências do Fisco quanto ao trânsito das mercadorias e das operações realizadas entre adquirentes e fornecedores.

b) Conhecimento de Transporte Rodoviário: documento que comprova a contratação do transportador pelo embarcador para a realização do serviço de transporte rodoviário de cargas. Esse documento, que é emitido pelo transportador, representa que as mercadorias estão sob sua responsabilidade para a realização de sua entrega, de acordo com o que está descrito no conhecimento.

c) Autorização de Carregamento e Transporte: utilizada no transporte de carga, a granel, de combustíveis líquidos ou gasosos e de produtos químicos ou petroquímicos, quando, no momento da contratação do serviço, não forem conhecidos os dados relativos a peso, distância e valor da prestação do serviço, não dispensando a emissão do Conhecimento de Transporte Rodoviário de Cargas.

d) Ordem de Coleta de Carga: utilizada pelo estabelecimento transportador que executar serviço de coleta de cargas no endereço do remetente.

e) Manifesto de Carga: é de uso obrigatório somente no transporte rodoviário de carga fracionada, sendo utilizado pelos transportadores de cargas que executarem serviço de transporte intermunicipal e interestadual.

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Para o transporte de cargas de produtos perigosos é exigida, além dos documentos citados anteriormente, a seguinte documentação:

a) Certificado de capacitação para produtos perigosos do veículo e dos equipamentos: compatíveis com a carga, original, expedido pelo INMETRO ou entidade por ele credenciada.

b) Documento fiscal do produto transportado: contendo o número ONU (número especificado pela Organização das Nações Unidas), classe ou subclasse, nome apropriado para o embarque, e a quantidade total por produto.

c) Ficha de emergência e envelope para transporte: no idioma do país de origem, trânsito e destino da carga, contendo: (1) identificação do expedidor ou do fabricante do produto que forneceu as instruções; (2) identificação do produto ou grupo de produtos a que as instruções se aplicam; (3) natureza dos riscos apresentados pelos produtos; (4) medidas a serem adotadas em caso de emergência (medidas a adotar em caso de contato com o produto, incêndio, ruptura de embalagens ou tanques, realização de transbordo e telefones de emergência dos bombeiros, polícia e defesa civil).

d) CNH – Carteira Nacional de Habilitação contendo a observação ou Credencial: habilitação para produtos perigosos (curso MOPP – Movimentação e Operações de Produtos Perigosos).

e) Licença especial: quando exigível (IBAMA, INMETRO, FEPAM etc.).

f) Kit de emergência e EPI (Equipamento de Proteção Individual).

g) Rótulo de risco: painel losango, onde estão estipulados o símbolo gráfico e a cor, que correspondem à classe do produto perigoso.

h) Painel de segurança: painel retangular de cor laranja contendo o número ONU e o número de risco do produto transportado.

Tributos que recaem sobre o transporte rodoviário de cargas

Tributo é uma obrigação dada às pessoas e empresas, por conseqüência de uma transação comercial ou por uso de um serviço público, devendo seus valores serem recolhidos ao Estado.

No transporte rodoviário de cargas, alguns merecem destaque, como por exemplo, o Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores – IPVA, que é um imposto que é pago no início de cada ano pelo proprietário do veículo e a cobrança é proporcional ao valor venal.

Outros recaem sobre o transporte rodoviário de cargas: Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços – ICMS, Imposto sobre Serviços de Qualquer Espécie – ISS, que são proporcionais ao valor do frete. O ISS é particular para os casos dos serviços intermunicipais e pode ser no máximo 5% do valor cobrado pelo frete. Já o ICMS recai sobre os serviços interestaduais e tem porcentagem variada de estado para estado.

A Contribuição de Intervenção sobre o Domínio Econômico – CIDE é um tributo pago na compra de combustíveis e tem como finalidade investir os recursos arrecadados na manutenção e construção de rodovias, assim como os pedágios cobrados em algumas rodovias do país.

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4.3 Ações Fundamentais o Transportador

O transportador deve tomar algumas providências para assegurar a qualidade do seu serviço, como também deve possuir o conhecimento necessário, tais como:

• As principais propriedades inerentes às cargas transportadas no modo rodoviário.

• As cargas de acordo com suas características.

• Os procedimentos fundamentais na execução do serviço de transporte rodoviário de cargas.

Tipos de Carga – Propriedades e Classificação

O transportador deve conhecer a carga, para tomar os cuidados necessários que garantam a segurança durante a prestação do serviço. Dessa forma é importante conhecer algumas características que a carga possui, de forma a determinar o procedimento adequado, observando:

• Perecibilidade: propriedade de certos produtos estragarem; maior o prazo de validade do produto, menor perecibilidade. Normalmente, os produtos do setor de alimentos são perecíveis, seguidos pelos farmacêuticos.

• Fragilidade: produtos que quebram com facilidade. Podemos citar: os eletro-eletrônicos, vidros, produtos cerâmicos etc.

• Periculosidade: riscos a estrutura física de objetos ou seres vivos. Exemplo: explosivos, líquidos inflamáveis e substâncias corrosivas.

• Dimensões: medidas do comprimento, altura e largura do produto ou da carga.

• Pesos especiais: produtos de pesos incomuns. Exemplo: turbinas de hidrelétricas.

Após conhecer as propriedades, podemos separar as cargas, nas seguintes categorias:

• Carga Geral: carga embarcada, com marca de identificação e contagem de unidades, podendo ser solta ou unitizada:

- Solta (não unitizada): itens avulsos, embarcados separadamente em embrulhos, fardos, pacotes, sacas, caixas, tambores etc.

- Unitizadas: agrupamento de vários itens na unidade de transporte.

• Carga a Granel: carga líquida ou seca (sólida) embarcada e transportada sem acondicionamento, sem marca de identificação e sem contagem de unidades. Ex.: petróleo, minérios, trigo, farelos, grãos etc.

• Carga Frigorificada: necessita ser refrigerada ou congelada para conservar as qualidades essenciais do produto durante seu transporte e armazenagem. Ex.: frutas frescas, pescados, carnes etc.

• Neo-granel: conglomerados homogêneos de mercadorias de carga geral sem acondicionamento específico, cujo volume ou quantidade possibilita o transporte em lotes, em um único embarque. Ex.: veículos automotores.

• Carga Perigosa: produtos classificados como “perigosos” que, por sua natureza, pode provocar acidentes, colocando em risco a vida, o meio ambiente e o patrimônio.

Procedimentos que antecedem o transporte

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É importante comparar a carga com a descrição apresentada na nota fiscal, para certificar-se do que está realmente transportando, além disso, é necessário conferir as informações da carga que constam no conhecimento de embarque, como peso, volume e quantidade, evitando eventuais reclamações no momento de entrega.

Nas cargas fracionadas, conferir o manifesto também é importante, agindo assim, o transportador certifica-se de que não está deixando de transportar parte da carga. É necessário também a conferência do lacre, para assegurar que ela não foi violada durante o transporte.

Por fim, conheça e confira o roteiro a ser seguido, pois essa ação facilita até a disposição da carga no veículo, influenciando, no tempo total de viagem e na redução de custos.

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4.4 Legislação Trabalhista e outras

Tratando-se do Direito relacionado ao transporte de carga, há que se considerar a importância de temas como a Responsabilidade Civil, Direito do Consumidor e Legislação Trabalhista, para tanto haveremos de apresentar neste título as noções dos itens ora referidos.

Direito do Trabalho

Direito do Trabalho, ou Direito Laboral, é o conjunto de normas jurídicas que regem as relações entre empregados e empregadores, e os direitos resultantes da condição jurídica dos trabalhadores. Direito do Trabalho no Brasil se refere ao modo como o Estado brasileiro regula as relações de Trabalho e as normas e conceitos importantes para o entendimento das mesmas. As normas do Direito do Trabalho brasileiro estão regidas pela CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), pela Constituição Federal e por várias Leis Esparsas (como a lei que define o trabalho do estagiário, dentre outras).

Relação de trabalho e relação de emprego

Nesse contexto, trabalho é gênero enquanto emprego é espécie. Todo emprego é trabalho, mas nem todo vínculo jurídico de trabalho é um emprego. As relações de trabalho podem se dar de muitas formas. Há a relação de trabalho autônomo, onde é o próprio trabalhador que assume os riscos do empreendimento: ainda que preste serviços para outrem, o sujeito dessa relação está, na verdade, trabalhando para o próprio empreendimento. Há também a relação de trabalho avulso, que é um tipo especial de trabalho autônomo disciplinado pela Lei 8.630/1993 e que caracteriza em especial o trabalho dos estivadores e outras atividades portuárias. Temos ainda a relação de trabalho eventual, que se caracteriza por ser realizada sem pessoalidade e profissionalidade, no que popularmente é chamado de “bico”. Outra relação de trabalho que não é de emprego é a relação de trabalho institucional, que é própria dos funcionários públicos estatutários. O estágio e o trabalho voluntário são também relações de trabalho que não são consideradas empregos. Finalmente temos a relação de trabalho subordinado, que é justamente a relação de emprego. Entre todas as modalidades de trabalho esta é a mais comum e importante. Ela tem características específicas definidas pela legislação e pela doutrina.[14]

Características da relação de emprego

Os pontos que diferenciam a relação jurídica de emprego de outras forma de trabalho podem ser resumidas em: trabalho por pessoa física, pessoalidade, não-eventualidade, onerosidade, subordinação e alteridade. Sendo a subordinação jurídica o requisito central da relação. Vejamos o que cada um desses termos representa:[15]

• Trabalho por pessoa física: indica que o empregado não pode ser uma empresa ou outra pessoa jurídica.

• Pessoalidade: a prestação do serviço é incumbência de uma pessoa específica, cuja substituição é relevante.

• Não-eventualidade: o serviço é prestado de forma contínua, reiterada, permanente ou constante, e não se esgota com a própria execução.

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• Onerosidade: a prestação de serviço não é gratuita, e é contraprestada em dinheiro ou outras formas de pagamento.

• Subordinação jurídica: o empregado não controla a forma da prestação de serviço, que se insere na estrutura da atividade econômica desenvolvida pelo empregador.

• Alteridade: o serviço é prestado para outrem, que, este sim, assume os riscos do empreendimento.

O direito de férias é assegurado, constitucionalmente, pelo art. 7º, inciso XVII. A lei ordinária (CLT) regula a matéria nos arts. 129 a 153. Este direito é aplicado a todos os empregados (rural e urbano), servidores públicos (art. 39, parágrafo 3º da CF), membros das forças armadas (art. 142, parágrafo 3º, inciso VIII da CF) e empregados domésticos (art. 7, parágrafo único da CF). Ressalte-se que, neste último, a lei específica (nº 5859/72), limita o direito a férias anuais a 20 dias, contudo entendemos que este dispositivo foi revogado pela CF, em razão do princípio da hierarquia das leis.

Este direito tem como finalidade a preservação e proteção do lazer e o repouso do empregado, a fim de estimular o seu bem-estar físico e mental, principalmente por razões médicas, familiares e sociais, conforme oportunamente esclarece Valentin Carrion na obra Comentários a CLT, 2001, 26ª edição, página 139. Complementando este raciocínio, Amaury Mascaro Nascimento, no livro Iniciação ao Direito do Trabalho, 24ª edição, página 295, afirma que a natureza jurídica das férias é, em primeiro ligar, a de obrigação de fazer. Sendo assim, cabe exclusivamente ao empregador escolher o período de concessão de férias, nos termos do art. 136 da CLT. A concessão será por escrito, participada ao empregado, com antecedência de, no mínimo, 30 dias (art. 135 da CLT), para que ele possa planejar e preparar suas férias. As férias deverão ser anotadas na CTPS (art. 133, parágrafo 1º da CLT c/c art. 135, parágrafo 1º e 2º da CLT).

Princípios que caracterizam o direito às férias e comentários pertinentes:

Princípio da Anualidade- Todo o empregado tem direito a férias, após 12 meses (conhecido como período aquisitivo), previsto um prazo subsequente para o gozo (chamado de período concessivo), com base nos arts. 129 c/c 130, ambos da CLT.

- Período Aquisitivo: As férias vencidas são as que se referem ao período aquisitivo já completado e que ainda não foram concedidas ao empregado. O direito do empregado ao pagamento do valor correspondente pode ser em dobro, se decorrido o período concessivo.

As férias não concedidas, se pagas em dinheiro, em decorrência da atualização, devem ser remuneradas com base no salário da época da rescisão (art. 146 c/c art. 142, ambos da CLT). A jurisprudência segue o mesmo raciocínio (Enunciado 7 do TST: "A indenização pelo não deferimento das férias no tempo oportuno será calculada com base na remuneração devida ao empregado à época da reclamação ou, se for o caso, à da extinção do contrato".)

Diferenças básicas entre férias vencidas e férias proporcionais:

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As férias vencidas (chamadas, também, de integrais) são sempre devidas e pagas, pois constitui-se em direito adquirido do empregado, independentemente da causa da rescisão contratual (dispensa com ou sem justa causa do empregado ou do empregador; aposentadoria; falecimento do empregado; ou pedido de demissão.

As férias proporcionais referem-se ao pagamento em dinheiro pelo período aquisitivo não completado em decorrência da rescisão do contrato de trabalho. Para pagamento com empregado com mais de 1 ano de caso aplica-se a regra do art. 146, parágrafo único da CLT, e para aqueles com menos de 1 ano, aplica-se o disposto no art. 147 da CLT.

Em resumo, somente o empregado que comete justa causa, tendo mais, ou menos, de um ano no emprego, perde o direito às férias proporcionais. Contudo, o terá quando pedir demissão, quando despedido sem justa causa, qualquer que seja o seu tempo de serviço, como também no término do contrato a prazo.

- Período Concessivo:Não concedendo as férias no período legal, o empregador estará sujeito ao pagamento em dobro, que pode ser reclamada judicialmente, podendo o juiz fixar o período para o gozo, nos termos do art. 137 da CLT. Conforme Enunciado 81 do TST, "Os dias de férias, gozadas após o período legal de concessão, deverão ser remunerados em dobro.".

Princípio da Remunerabilidade- Durante as férias, é assegurado o direito à remuneração integral, como se o mês fosse de serviço, com base no art. 129 da CLT.

A aludida remuneração é acrescida do denominado terço constitucional, nos termos do art. 7º, XVII, da CF. Os adicionais salariais (horas extras; noturno; insalubridade; periculosidade, etc.) integram a remuneração das férias, com fundamento no art. 142, parágrafo 5º da CLT. 1. Princípio da Continuidade - O fracionamento da duração de férias sofre limitações legais para preservar o maior número de dias em descanso. As férias serão gozadas em dias corridos, contando-se domingos e feriados e de uma só vez, nos moldes do art. 134 da CLT. Todavia, é possível, em casos excepcionais, o fracionamento em dois períodos, um dos quais não poderá ser inferior a 10 dias. Esta possibilidade é vedada aos menores de 18 e maiores de 50 anos. Para os empregados estudantes menores de 18 anos, as férias deverão coincidir com as férias escolares. Tem esse mesmo direito, se assim o desejarem e se disto não resultar prejuízo para o serviço, os membros da família, que trabalharem no mesmo estabelecimento ou empresa.

Princípio da Irrenunciabilidade - O empregado não pode "vender" as férias, ele terá que gozá-las. A lei veda a conversão total de férias em pagamento em dinheiro, mas permite o chamado abono de férias, com fulcro no art. 143 da CLT, o qual deverá deverá ser requerido 15 dias antes do término do período aquisitivo. Cabe esclarecer que a percepção desse abono é facultado exclusivamente ao empregado e independe da concordância do empregador.

Princípio da Proporcionalidade

- A duração das férias pode sofrer redução em proporção das suas faltas injustificadas, ou seja, dependerá da assiduidade do empregado. São faltas justificadas as legalmente previstas no art. 473 da CLT (como p. ex.: comparecimento em juízo; realizar prova de vestibular; doação de

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sangue; etc.) e aquelas descritas no art. 131 da CLT. O Enunciado 89 do TST assegura que, "Se as faltas já são justificadas pela lei, consideram-se como ausências legais e não serão descontadas para o cálculo do período de férias.".

- O empregado terá direito ao pagamento proporcional remuneratório do período aquisitivo não completado em razão da rescisão do contrato, quando por inciaitiva do empregador.

Por outro lado, não terá direito a férias, nos termos do art. 133 da Consolidação, aquele que:

1) deixar o emprego e não for readmitido dentro de 60 dias subseqüentes à sua saída;

2) tirar licença por mais de 30 dias;

3) paralisação da empresa por mais de 30 dias;

4) ficar afastado do serviço, durante o período aquisitivo, decorrente da concessão pelo INSS de auxílio doença, previdenciário ou acidentário, ultrapassando 6 meses contínuos ou descontínuos.

Cabe ressaltar que, quando o empregado perde o direito de férias, inicia-se nova contagem do período aquisitivo, ao retornar ao serviço. Se ficar afastado para prestar serviço militar obrigatório, o tempo anterior ao afastamento é computado na contagem do período aquisitivo (art. 132 da CLT).

Efeitos das férias no contrato de trabalho: As férias interrompem o contrato de trabalho, mantido o salário, a contagem do tempo de serviço para todos os fins, inclusive contribuição previdenciária e recolhimento de FGTS. Durante as férias o empregado está proibido de prestar serviço a outro empregador, exceto se estiver obrigado a fazê-lo em virtude de contrato de trabalho regularmente mantido com aquele (art. 138 da CLT).

A prescrição, durante o vínculo de emprego, é contada a partir do fim do período concessivo e não do aquisitivo. Quando o contrato extinguir, por qualquer causa, o empregado terá 2 anos para reclamar judicialmente os pagamentos correspondentes às férias que não gozou (vencidas ou integrais) e as proporcionais.

Com relação às Férias Coletivas,todos os empregados de uma empresa, ou de seus setores, ou ainda de determinados estabelecimentos, poderão gozá-las, inclusive em 2 períodos anuais, desde que nenhum deles seja inferior a 10 (dez) dias corridos. Contudo, o empregador deverá comunicar ao órgão local do Ministério do Trabalho e Emprego, com a antecedência mínima de 15 dias, as datas de início e fim das férias, informando quais os estabelecimentos ou setores. Neste mesmo prazo, o empregador deverá encaminhar cópia da comunicação aos Sindicatos representativos da respectiva categoria profissional, providenciando, ainda, a afixação de aviso nos locais de trabalho.

A empresa poderá promover a dispensa à referência do período aquisitivo das férias concedidas, quando o número de empregados contemplados com as férias coletivas for superior a

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300, mediante carimbo nas CTPS dos empregados, cujo modelo será aprovado pelo Ministério do Trabalho e Empregado. Adotado este procedimento, a empresa deverá fornecer ao empregado cópia visada do recibo correspondente à quitação da indicação do início e fim das férias. Quando da cessação do contrato de trabalho, o empregador anotará na CTPS as datas dos períodos aquisitivos correspondentes às férias coletivas gozadas pelo empregado.

Fundo de Garantia do Tempo de Serviço

O Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), criado em 1966 e atualmente regulado pela Lei nº 8.036, é um conjunto de recursos financeiros administrados pelo Estado brasileiro com a finalidade principal de amparar os trabalhadores em algumas hipóteses de encerramento da relação de emprego, sendo também destinado a investimentos em habitação, saneamento e infraestrutura.

A principal fonte de recursos do FGTS são os depósitos mensais dos empregadores nas contas vinculadas dos trabalhadores, abertas na Caixa Econômica Federal.

Até 13 de setembro de 1966, data da criação do FGTS, todo empregado que cumprisse 10 anos de trabalho em uma empresa tornava-se estável, tendo o direito a apenas ter seu contrato de trabalho encerrado caso incorresse em justa causa.

Nesse sistema anterior, aos empregados com mais de um ano de tempo de serviço e que fossem dispensados antes de completarem o decênio era devida uma indenização, correspondente ao valor de um mês de salário para ano laborado. Ultrapassados os 10 anos de serviço, para dar conteúdo à garantia da estabilidade, essa indenização tinha seu valor dobrado.

Como essa indenização acabava representando um valor muito elevado, para o qual os empregadores não se preparavam, na prática, muitos trabalhadores eram demitidos pouco antes de completarem o decênio ou não recebiam a indenização que lhes era devida e eram obrigados a reclamarem seu direito na justiça. Apontada como encargo que onerava as empresas, não agregava valor para a sociedade como um todo, e não favorecia os empregados, uma vez que não se permitia cumprir o decênio necessário, a saída adotada foi a criação do FGTS pela lei nº 5.107, em alternativa à estabilidade, como um fundo de recursos que os empregadores constituíam ao longo da vicência do contrato e pelo qual os empregados poderiam optar ou não. Independentemente da opção do empregado, o empregador tinha obrigação de depositar o valor do FGTS em conta específica, em nome do trabalhador como “não optante”.

Os recursos do FGTS eram remunerados com juros baixos e correção monetária e serviriam para financiar investimentos nas áreas de habitação e infraestrutura, sobretudo de saneamento.

A partir de outubro de 1988, com a publicação da Constituição Federal, foi extinta a estabilidade no emprego para empregados regidos pela CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas), permanecendo estáveis apenas aqueles que já possuíam 10 anos de trabalho na mesmo empresa. A partir daí, todos os trabalhadores celetistas passaram a ser obrigatoriamente optantes pelo FGTS.

Todo trabalhador regido pela Consolidação das Leis do Trabalho deve possuir uma conta de FGTS na Caixa Econômica Federal para cada vínculo empregatício existente, onde o empregador deve depositar o valor referente a 8% do salário bruto desse trabalhador, a exceção do menor aprendiz cujo recolhimento deve importar em 2% da sua remuneração. [1]

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Para promover o recolhimento do FGTS o empregador deve utilizar o Sistema Empresa de Recolhimento do FGTS e Informação à Previdência Social – SEFIP, para recolhimentos regulares e a Guia de Recolhimento Rescisório do FGTS – GRRF, para os recolhimentos rescisórios, inclusive a multa rescisória.

Quem tem direito ao FGTS

• Trabalhadores urbanos e rurais, regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho – CLT;

• diretor não empregado, ou seja, que não pertence ao quadro de pessoal da empresa, mas que tenha sido equiparado a empregado;

• trabalhadores avulsos, como estivadores, conferentes, vigias portuários, etc;

• empregados domésticos cujos empregadores optaram pelo recolhimento do FGTS.

Quem não tem direito ao FGTS?

• Trabalhadores eventuais que prestam serviços provisórios, não estando sujeitos a ordem e a horário, e que não exerçam tarefas ligadas à atividade principal do tomador de serviços;

• Trabalhadores autônomos;

• Servidores públicos civis e militares, sujeitos ao regime trabalhista próprio;

A conta vinculada FGTS do trabalhador recebe no dia 10 de cada mês rendimentos e correção monetária similar àquela aplicada às contas de poupança com aniversário no mesmo dia e taxa de juros de 3% ao ano.

Quando o trabalhador é demitido sem justa causa, o empregador é obrigado a fazer o depósito a título de multa rescisória na conta do trabalhador. Essa multa corresponde a 50% do valor do somatório dos depósitos efetuados na conta do trabalhador, devidamente corrigidos, dos quais 40% são creditados na conta vinculada do trabalhador e 10% refere-se a contribuição social a ser recolhida na rede bancária e transferida à Caixa Econômica Federal. Estão isentas da contribuição social de 10% os empregadores domésticos que optaram por recolher o FGTS do empregado doméstico.

Responsabilidade Civil

Responsabilidade civil é a obrigação de reparar o dano que uma pessoa causa a outra. Em direito, a teoria da responsabilidade civil procura determinar em que condições uma pessoa pode ser considerada responsável pelo dano sofrido por outra pessoa e em que medida está obrigada a repará-lo. A reparação do dano é feita por meio da indenização, que é quase sempre pecuniária. O dano pode ser à integridade física, aos sentimentos ou aos bens de uma pessoa.

A teoria da responsabilidade civil distingue entre a obrigação do devedor no sentido de cumprir o que estipulou com o credor (num contrato) e a obrigação de reparar o dano causado por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência (em direito civil, o chamado "delito"). Dá-se ao primeiro caso o nome de responsabilidade contratual ou ex contractu e ao segundo, responsabilidade delitual, aquiliana (devido à Lex Aquilia, uma lei romana de 286 a.C. sobre o assunto), extra-contratual ou ex delictu.

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A teoria clássica da responsabilidade civil aponta a culpa como o fundamento da obrigação de reparar o dano. Conforme aquela teoria, não havendo culpa, não há obrigação de reparar o dano, o que faz nascer a necessidade de provar-se o nexo entre o dano e a culpa do agente.

Mais recentemente, porém, surgiu entre os juristas uma insatisfação com a chamada teoria subjetiva (que exige a prova da culpa), vista como insuficiente para cobrir todos os casos de reparação de danos: nem sempre o lesado consegue provar a culpa do agente, seja por desigualdade econômica, seja por cautela excessiva do juiz ao aferi-la, e como resultado muitas vezes a vítima não é indenizada, apesar de haver sido lesada. O direito passou então a desenvolver teorias que prevêem o ressarcimento do dano, em alguns casos, sem a necessidade de provar-se a culpa do agente que o causou. Esta forma de responsabilidade civil, de que é exemplo o art. 21, XXIII, d, da constituição federal do Brasil, é chamada de teoria objetiva da responsabilidade civil ou responsabilidade sem culpa.

Direito do consumidor

O direito do consumidor é um ramo do direito que lida com conflitos de consumo e com a defesa dos direitos dos consumidores, e que se encontra desenvolvido na maior parte dos países com sociedades de consumo e sistemas legais funcionais.

O Direito do consumidor é um ramo relativamente novo do direito, principalmente no Direito Brasileiro. Entretanto somente a partir dos anos cinqüenta, após a segunda guerra mundial, quando surge a sociedade de massa com contratos e produtos padronizados, é que se iniciou uma construção mais sólida no sentido de harmonizar as relações de consumo. Os consumidores passaram a ganhar proteção contra os abusos sofridos, tornando-se uma preocupação social, principalmente nos países da América e da Europa Ocidental que se destacaram por serem pioneiros na criação de Órgãos de defesa do consumidor.

Existem, no entanto evidências implícitas da existência de regras entre consumidores e fornecedores de serviços e produtos em diversos códigos, constituições e tratados, bem antes da criação do Direito do consumidor. Já no antigo código de Hammurabi certas regras que, ainda que indiretamente, visavam proteger o consumidor. Assim, por exemplo, a Lei No 233 rezava que o arquiteto que viesse a construir uma casa cujas paredes se revelassem deficientes teria a obrigação de reconstruí-las ou consolida-las as suas próprias expensas. As conseqüências para desabamentos com vitimas fatais eram ainda mais severas; o empreiteiro , além de ser obrigado a reparar totalmente os danos causados ao dono da moradia, poderia ser condenado a morte se o acidente vitimasse o chefe de família. No caso de falecimento do filho do empreendedor da obra a pena de morte se aplicaria a algum parente do responsável técnico pela obra, e assim por diante.

Na Índia, no século XIII a.C. ,o sagrado código de Manu previa multa e punição, além de ressarcimento dos danos, àqueles que adulterassem gêneros (Lei No 702) ou entregassem coisa de espécie inferior àquela acertada, ou vendesse bens de igual natureza por preços diferentes (Lei No 703).

Na Grécia a proteção ao consumidor preocupava Aristóteles, que advertia para a existência de fiscais afim de que não houvessem vícios nos produtos comercializados, em Roma a Cícero. Contemporaneamente existe o Direito do Consumidor cujo objetivo é adaptar e melhorar o direito das obrigações entre as pessoas, de forma a buscar e restabelecer o equilíbrio das partes abaladas pelo poder do mercado fornecedor, muitas vezes fruto da constituição de monopólios e oligopólios, ou até mesmo pela displicência no tratamento dado as pessoas, constituindo um verdadeiro rolo compressor sobre as queixas e os direitos dos consumidores. Como direito novo, o Direito do Consumidor busca inspiração no Direito Civil, Comercial, Penal, Processual, Financeiro e Administrativo, para de uma forma coerente atingir seus objetivos sem ofender os demais

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princípios e regras existentes. Dessa união de sistemas e legislações surgiu em 1990 o Código de Defesa do Consumidor, Lei No 8078/90, que foi criado para regulamentar as relações de consumo, entendidas essas como sendo o vinculo estabelecido entre fornecedor e consumidor, ligados por um objeto que será necessariamente, um serviço ou um produto. Esses três requisitos devem vir obrigatoriamente, coexistirem, sob pena de não se aplicar o Código de Defesa do Consumidor e, sim, o direito comum.

No Brasil, o Código de Defesa do Consumidor, estabelece normas de proteção e defesa do consumidor.

São direitos básicos do consumidor estabelecidos pelo artigo 6º da lei nº 8.078, de 11 de Setembro de 1990:

I - a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas no fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos;

II - a educação e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e serviços, asseguradas a liberdade de escolha e a igualdade nas contratações;

III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade e preço, bem como sobre os riscos que apresentem;

IV - a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais coercitivos ou desleais, bem como contra práticas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e serviços;

V - a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas;

VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos;

VII - o acesso aos órgãos judiciários e administrativos com vistas à prevenção ou reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou difusos, assegurada a proteção Jurídica, administrativa e técnica aos necessitados;

VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências;

IX - (Vetado); X - a adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em geral.

Segundo o Art. 7° da mesma lei, os direitos previstos neste código não excluem outros decorrentes de tratados ou convenções internacionais de que o Brasil seja signatário, da legislação interna ordinária, de regulamentos expedidos pelas autoridades administrativas competentes, bem como dos que derivem dos princípios gerais do direito, analogia, costumes e eqüidade. Estabelece ainda esse artigo que tendo mais de um autor a ofensa, todos responderão solidariamente pela reparação dos danos previstos nas normas de consumo.

Garantia, Vícios e Fatos dos Produtos e Serviços

O consumidor é protegido contra vícios e fatos de consumo (arts. 12, 14, 18 e 20), ou seja, contra produtos e ou serviços que, ou não funcionam como deveriam, ou provocam dano ao consumidor ou a outrem quando de sua utilização.

A reclamação do consumidor pode se basear na garantia legal concedida explicitamente pela lei - 90 dias. Essa garantia existe independente da garantia dada pelo fabricante. Assim, se o fabricante dá garantia de 9 meses, devemos acrescentar mais 90 dias.

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Para exercer o direito de reclamar por vícios de produtos e serviços o consumidor deverá fazê-lo:

1 - Em até 30 dias se o vício for aparente;

2 - Em até 90 dias se o vício for oculto;

Para exercer o direito contra danos, ou seja, pelo fato do produto ou serviço, o consumidor tem 5 anos de prazo, podenfo fazer reclamações com base na garantia dada pelo fornecedor do produto ou serviço.

Recomenda-se que toda insatisfação na relação de consumo seja resolvida diretamente entre as partes (no caso, fornecedor e consumidor); caso não seja possível se chegar a um acordo, existem órgãos administrativos (PROCON's estaduais e federais, associações de defesa) para o registro da reclamação.

Há ainda o Poder Judiciário, última saída para a resolução de qualquer conflito, cuja decisão será definitiva e irreversível (salvo o ajuizamento de ação rescisória - verificar o Código de Processo Civil para o cabimento desse "remédio"). A defesa do consumidor é a atividade de proteção do consumidor através da divulgação de informação sobre a qualidade dos bens e serviços e através do exercício de pressão sobre as entidades públicas com o objetivo de defender os direitos dos consumidores.

A defesa do consumidor não se baseia apenas na punição dos que praticam ilícitos e violam os direitos do consumidor, como também na conscientização dos consumidores de seus direitos e deveres e conscientizar os fabricantes, fornecedores e prestadores de serviços sobre suas obrigações demonstrando que agindo corretamente eles respeitam o consumidor e ampliam seu mercado de consumo contribuindo para o desenvolvimento do país.

Os princípios que regem a defesa do consumidor norteiam-se pela boa-fé do adquirente e do comerciante, uma vez que a publicidade pode estabelecer os liames de seu exercício. Caso a publicidade seja enganosa o consumidor tem direito à justa reparação, da mesma forma que terá direito à venda conforme o anunciado.

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MÓDULO III

PROCEDIMENTOS

OPERACIONAIS

DO TRANSPORTE

DECARGAS

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5. SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA

5.1 Segurança e prevenção de acidentes Neste título abordaremos formas de prevenção de acidentes de trabalho, tratando ainda das

normas e procedimentos de segurança, procedimentos de segurança em situações de emergência, os equipamentos de proteção individual e como realizar o check-list das condições do veículo an-tes da viagem.

De acordo com pesquisas do DNIT (Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes), o Brasil perde 35 mil pessoas ao ano em acidentes rodoviários e cerca de 100 mil pessoas ficam inválidas e 400 mil precisam ocupar os leitos dos hospitais por muitos dias.

Esses dados levam à reflexão sobre a necessidade de trabalharmos com a prevenção de acidentes rodoviários.

Segurança no Trabalho São medidas adotadas para diminuir os acidentes de trabalho, as doenças causadas pelo

exercício da profissão e proteger a integridade e a capacidade para trabalho. São acidentes de trabalho:

•Os que acontecem quando a serviço de sua empresa.

•Os que acontecem quando em viagem a serviço da empresa ou no trajeto entre o trabalho e a sua casa.

•Doenças adquiridas em razão do tipo e condições de trabalho.

Altos padrões de segurança e saúde podem ser alcançados quando todos estão capacitados para desenvolver o trabalho com qualidade e com efetiva participação.

A segurança é garantida pela prevenção, que consiste no conjunto de meios humanos e materiais necessários para desenvolver, no local de trabalho, as atividades preventivas, com o objetivo de garantir a adequada proteção da segurança e saúde dos trabalhadores e a integração desta função nos diversos departamentos ou áreas da empresa.

A CIPA é a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes, composta por representantes do empregador e dos empregados, e tem como missão a preservação da saúde e da integridade física dos trabalhadores e de todos aqueles que interagem com a empresa.

Equipamento de Proteção Individual – EPI Conforme o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), na NR-6, da Portaria 3.214, é

Equipamento de Proteção Individual – EPI, todo dispositivo ou produto, de uso individual utilizado pelo trabalhador, destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho.

Ao empregador cabe:

• Adquirir o EPI adequado ao risco de cada atividade.

• Exigir seu uso.

• Disponibilizar para o trabalhador somente o EPI aprovado em matéria de Segurança e Saúde no trabalho.

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• Orientar e treinar para o uso adequado, guarda e conservação do EPI.

• Substituir o EPI quando danificado ou extraviado.

• Responsabilizar-se pela higienização e manutenção do EPI.

• Comunicar ao Ministério do Trabalho e Emprego qualquer irregularidade observada.

Ao empregado cabe:

• Usar o EPI para a finalidade a que se destina.

• Responsabilizar-se pela guarda e conservação do EPI.•

• Comunicar ao empregador alteração que torne o EPI impróprio para uso.

•Cumprir as determinações do empregador sobre o uso adequado do EPI.

Procedimentos de segurança em situações de emergência O trabalhador rodoviário está sujeito a uma série de riscos causados por fatores externos,

como por exemplo, assaltos, seqüestros, enchentes, incêndio florestal etc., bem como aqueles causados por fatores internos, como problemas mecânicos, de saúde, fadiga etc.

A seguir algumas dicas úteis no caso de enchentes, desmoronamentos e incêndios florestais e as ações menos arriscadas em caso de assaltos ou seqüestros; procedimentos em caso de pane do veículo e como fazer o Check-List do veículo.

Pane do veículo Caso o veículo apresentar pane e ficar em posição que impeça ou dificulte a passagem

normal dos outros veículos, antes de tentar resolver o problema, sinalize o local adequadamente.

Inicie a colocação da sinalização em local onde os demais motoristas ainda não visualizem o veículo avariado. No caso de vias de fluxo rápido, com veículos ou obstáculos na pista, é preciso alertar os motoristas antes que eles percebam o obstáculo na via.

As distâncias podem ser medidas em passos, mas existem situações onde as distâncias devem ser dobradas, como à noite, sob chuva, neblina, fumaça. À noite, além de aumentar a distância, a sinalização deve ser feita com materiais luminosos.

Quando estiver contando os passos e encontrar uma curva, pare a contagem, caminhe até o final da curva e então recomece a contar. A mesma providência deverá ser tomada quando o veículo estiver em uma elevação, sem visibilidade para os demais veículos.

A sinalização deve ser feita nos dois sentidos (ida e volta), nos casos em que o veículo avariado interferir no tráfego das duas mãos de direção.

Caso o veículo fique posição que obstrua o fluxo normal do tráfego, será necessário demarcar o desvio do tráfego.

Materiais que podem ser utilizados na sinalização do veículo com pane

Existem muitos materiais fabricados especialmente para sinalização, na falta destes, poderão ser utilizados outros, como galhos de árvore, cavaletes de obra, latas, pedaços de madeira, pedaços de tecido, plásticos etc. À noite ou sob neblina, a sinalização deve ser feita com materiais luminosos: lanternas, pisca-alerta e faróis dos veículos.

O emprego de pessoas para a sinalização é bastante eficiente, porém, sempre arriscado. Ao colocá-las para realizar a sinalização, será necessário adotar alguns cuidados:

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• As roupas devem ser coloridas ou que contrastem com o terreno.

• Devem permanecer na lateral da pista, sempre de frente ao fluxo.

• Devem ficar agitando um pano colorido para alertar os motoristas.

• Devem prestar atenção e estar sempre preparadas para o caso de surgir algum veículo desgovernado.

•As pessoas nunca devem ficar depois de uma curva, pois têm de ser vistas, de longe, pelos demais motoristas.

Check-list das condições do veículo Antes de qualquer viagem, a verificação das condições do veículo é de grande importância,

recomendando-se verificar:

• freios.

• pneus.

• mangueiras.

• extintor.

• equipamentos de sinalização.

• paletas do limpador do pára-brisa.

• Equipamentos de Proteção Individual – EPI.

Seqüestros e Roubos Caso isso aconteça, comporte-se de maneira a diminuir o risco de perda do bem mais

precioso, a sua vida, seguindo as dicas abaixo:

• Nunca reaja - O elemento surpresa é favorável ao criminoso, que na grande maioria das vezes não está sozinho e pouco tem a perder.

• Comunique-se de forma clara e faça movimentos lentos, mantenha as mãos onde o cri-minoso possa vê-las. Responda com calma ao que lhe for perguntado ou avise qualquer gesto ou movimento a ser realizado.

• Não discuta, evite brincadeiras ou conversas, entregue sem exigir. Dessa forma o tempo do roubo/seqüestro será menor.

• Não olhe diretamente para os marginais – isso é visto como uma ameaça.

• Procure memorizar todos os detalhes possíveis, fisionomia, modo e frases usadas, roupas, gírias, trajetos e locais, veículos utilizados etc. Quanto maior a riqueza de detalhes mais facilidade na investigação policial.

• No cativeiro preste atenção aos detalhes sobre da rotina e dos hábitos dos seqüestradores e seja cooperativo.

• Não tente fugir. É muito comum outras pessoas efetuarem a cobertura ao assalto/seqüestro.

• Em caso de resgate pela polícia, jogue-se no chão, coloque as mãos na cabeça e não faça movimentos bruscos; esteja preparado para ser revistado e possivelmente algemado. Siga as determinações da polícia.

• Se presenciar um roubo mantenha-se afastado do local e evite interferir diretamente. Ligue para a polícia transmitindo a descrição exata e o possível trajeto seguido.

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• Evite armas. Dificilmente poderá defender-se de um ataque surpresa. Lembre-se, suas chances de reação são muito pequenas, e o risco de que a arma seja usada contra você é muito grande.

•Jamais ameace um criminoso.

Procedimentos de emergência em caso de catástrofes naturais Trataremos aqui alguns conceitos e medidas importantes que podem ser úteis.

Enchentes • Inundações repentinas, bruscas ou enxurradas.

• Chuvas fortes ou moderadas, mas duradouras (intensas).

• Inundações lentas ou de planície.

Dicas:

• Avise ao Corpo de Bombeiros ou Defesa Civil sobre áreas afetadas pela inundação.

• Salve e proteja a sua vida, de seus familiares e amigos. Se for pego de surpresa pela água e precisar retirar algo de seu caminhão, alojamento ou casa, antes ou após a inundação, peça ajuda à Defesa Civil ou ao Corpo de Bombeiros.

• Nunca arrisque atravessar terrenos inundados; a enxurrada arrasta muitos obstáculos (terra, postes, animais mortos etc.), para a área inundada, portanto, mesmo parecendo seguro não arrisque sua vida ou equipamento.

• Caso dê tempo, coloque documentos e objetos de valor em um saco plástico bem fechado e em local protegido.

• Água para Consumo Humano: pode ser fervida ou tratada com água sanitária, na proporção de 2 (duas) gotas de água sanitária para 1 (um) litro de água, ou tratada com hipoclorito de sódio, na proporção de 1 (um) gota de hipoclorito para 1 (um) litro de água. Nos dois casos, deixar em repouso por 30 (trinta) minutos.

Desmoronamento ou deslizamento Desmoronamento ou deslizamento é um fenômeno provocado pelo escorregamento de

materiais sólidos, por exemplo solos, rochas, vegetação e/ou material de construção ao longo de terrenos inclinados, denominados “encostas”, “pendentes” ou “escarpas”.

Procedimentos:

• Ao verificar os riscos de deslizamento de um morro ou encosta, avise imediatamente ao Corpo de Bombeiros e à Defesa Civil.

• Se estiver alojado, esperando carga ou residindo em área de risco, verifique com sua vizinhança se existe um plano de evacuação.

• Se observar o aparecimento de fendas, depressões no terreno, rachaduras nas paredes das casas, inclinação de tronco de árvores, de postes e o surgimento de minas d’água, avise imediatamente a Defesa Civil.

• Se em algum trecho de rodovia perceber sinais de desmoronamento, avise imediatamente a policia rodoviária, bem como os seus colegas de trabalho.

• Afaste-se e colabore para que curiosos mantenham-se afastados do local do deslizamento. • Não se arrisque sem necessidade, não entre nas áreas de deslizamento.

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Incêndio Florestal Incêndio Florestal é a propagação do fogo em áreas florestais e de savana, ocorrendo com

freqüência nos períodos de estiagem. Os incêndios podem iniciar-se de forma espontânea ou ser conseqüência de ações e/ou omissões humanas. Não jogue pontas de cigarro ou recipientes de vidro pela janela, pois eles podem causar incêndios.

Em caso de Incêndio ao longo das rodovias:

• Avise imediatamente a Policia Rodoviária sobre focos de incêndio na faixa de domínio da uma rodovia.

• Em caso de muita fumaça na pista, execute procedimentos de neblina.

• Evite ultrapassagens perto de focos de incêndio ao longo das rodovias.

• Não estacione ou pare para observar áreas em chamas, do interior do veículo temos uma falsa impressão da área coberta pelo fogo e da temperatura nas proximidades da queimada.

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5.2 Noções de Combate ao Incêndio

Trataremos neste título dos tipos mais comuns de incêndios e a forma de preveni-los, também as regras básicas de primeiros socorros em caso de queimaduras, explicitando ainda:

- Noções básicas de combate a incêndio.

- Classificação dos tipos de incêndio.

- Utilização dos equipamentos de combate a incêndio.

- Regras básicas de primeiros socorros.

Noções de Combate ao Incêndio Podemos definir incêndio como fogo em local não desejado, capaz de provocar prejuízos

materiais, queimaduras e intoxicações. O fogo, é um tipo de queima, combustão ou oxidação, que resulta de uma reação química em cadeia, na medida em que atuam os combustíveis, oxigênio e calor.

Os veículos de transporte de cargas são passíveis de risco de incêndio, ocorrendo a partir da mangueira de borracha envelhecida que leva o combustível para o motor e este, aquecido, provoca o incêndio, ou ainda, causados pelo aquecimento das lonas de freio.

Classificação dos tipos de Incêndios Os incêndios podem ser de 4 (quatro) classes:

Classe A: fogo em combustíveis comuns que deixam resíduos, o resfriamento é o melhor método de extinção. Exemplo: Fogo em papel, madeira, tecidos etc.

Classe B: fogo em líquidos inflamáveis. Os materiais queimam em superfície e em profundidade. Nesse caso, o abafamento é o melhor método de extinção. Exemplo: Fogo em gasolina, óleo e querosene etc.

Classe C: fogo em equipamentos elétricos energizados, o agente extintor ideal é o pó químico e o gás carbônico. Exemplo: Fogo em motores transformadores, geradores, computadores motores etc.

Classe D: fogo em metais combustíveis, o agente extintor ideal é o pó químico especial. Essa classe requer agentes extintores específicos. Exemplo: Fogo em zinco, alumínio, sódio, magnésio etc.

Classe E: Fogo em materiais radioativos, devendo ser considerado que o controle de incêndios dessa classe deverá ser realizado somente por técnicos especializados.

Os extintores são aparelhos portáteis ou carroçáveis que servem para extinguir princípios de incêndio. Devem estar em local visível e de fácil acesso.

Equipamentos de combate ao incêndio É preciso conhecer e saber identificar o incêndio antes de escolher o agente extintor ou

equipamento de combate ao fogo.

Veículos como ônibus, microônibus, caminhão, reboque e semi-reboque de passageiros devem ter um extintor de incêndio, com carga de pó químico seco ou de gás carbônico. Os veículos de carga para transporte de líquidos ou gases inflamáveis devem ter um extintor de incêndio com carga de pó químico de oito quilogramas, ou dois extintores de incêndio com carga de gás carbônico de seis quilogramas cada.

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Quanto mais rápido o ataque às chamas, maior a probabilidade de reduzi-las e eliminá-las. A seguir, os tipos de extintores mais utilizados em veículos de transporte de cargas e o seu funcionamento: EXTINTOR DE PÓ QUÍMICO SECO Indicado para incêndios de classe “C” e sem grande eficiência para a classe “A”. Não possui contra-indicação. Modo de usar Pressurizado: Rompa o lacre e aperte o gatilho, dirigindo o jato para a base do fogo. A pressurizar: Abra o registro da ampola de gás e dirija o jato para a base do fogo.

Processo de extinção: Abafamento. EXTINTOR DE GÁS CARBÔNICO Indicado para incêndios de classe “C” e sem grande eficiência para a classe “A”. Não possui contra-indicação. Modo de usar: Rompa o lacre e aperte o gatilho, dirigindo o difusor para a base do fogo. Não toque no difusor, poderá gelar e “colar” na pele causando lesões. Processo de extinção: Abafamento. Incêndios de classe “D” requerem extintores específicos, podendo em alguns casos serem utilizados o de Gás Carbônico (CO²) ou o Pó Químico Seco (PQS)

Verifique o rótulo dos extintores, os quais devem conter:

•Data de validade: o extintor deve estar dentro do prazo de validade.

•Lacre de segurança: certifique-se de que o lacre esteja intacto.

•Conformidade INMETRO: veja se o extintor possui o selo do INMETRO.

•Condições gerais do extintor: não pode estar amassado, ter ferrugem e outros danos.

Primeiros Socorros É o tipo de atendimento, temporário e imediato, que é prestado à vítima de acidente ou mal-

súbito, antes da chegada do socorro médico, seu objetivo é resguardar a vítima, ou seja, a manutenção do suporte básico da vida. É importante chamar atenção para o fato de que a presença de um médico é sempre indispensável.

Vendo uma pessoa com as roupas em chamas, obrigue-a a se jogar no chão, envolva-a com um cobertor, cortina etc.

Realize combate ao fogo com os meios disponíveis. Ex: pano molhado, balde de água, mangueiras de jardim ou extintores e, posteriormente, chame o corpo de bombeiros (pelo telefone 193), que pode ser discado de qualquer telefone público gratuitamente.

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5.3 Saúde no Trabalho Trataremos aqui da importância da saúde do trabalhador e a influência nas condições gerais

na atividade laboral, estudando: •A importância da saúde física e mental do trabalhador. •Os riscos ergométricos para a saúde do trabalhador. •A importância de uma boa alimentação à saúde do trabalhador. •A importância dos exames de saúde periódicos. Segundo pesquisas a maioria dos condutores de veículos de carga que trafegam por

rodovias federais sofrem de hipertensão, obesidade e sonolência, colocando em risco as próprias vidas, bem como a de terceiros.

Os exames periódicos de saúde e a adoção de algumas práticas, como por exemplo postura adequada ao dirigir, parar o seu caminhão em áreas seguras e fazer pequenas caminhadas, podem prevenir doenças e evitar acidentes.

Saúde Física e Mental do Trabalhador ”Saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência

de doenças ou enfermidade”. A medicina do trabalho pode ser definida como a ciência que por metodologia e técnicas próprias, estuda as causas das doenças ocupacionais, nela incluídas as doenças profissionais e as do trabalho, objetivando a prevenção.

O Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) tem por objetivo promover e preservar a saúde do conjunto dos seus trabalhadores, desenvolvendo ações de:

1. Promoção à saúde - as técnicas mais utilizadas são: exibição de filmes, reuniões de grupo, distribuição de folders e palestras.

2. Prevenção de doenças - realização obrigatória de exames médicos: admissional, periódi-co, retorno ao trabalho, mudança de função e demissional.

Riscos Ergonômicos, Saúde Física e Mental A ergonomia ou engenharia humana é uma ciência recente, que estuda as relações entre o

homem e seu ambiente de trabalho. Os riscos ergonômicos são os fatores que podem afetar a integridade física ou mental do trabalhador, proporcionando-lhe desconforto ou doença.

São considerados riscos ergonômicos: esforço físico excessivo, levantamento de peso, postura inadequada, controle rígido de produtividade, situação de estresse, trabalhos em período noturno, jornada de trabalho prolongada, monotonia e repetitividade, imposição de rotina intensa.

Os riscos ergonômicos podem gerar distúrbios psicológicos e fisiológicos e provocar sérios danos à saúde porque produzem alterações no organismo e estado emocional, comprometendo sua produtividade, saúde e segurança, tais como: LER/DORT, cansaço físico, dores musculares, hipertensão arterial, alteração do sono, diabetes, doenças nervosas, taquicardia, doenças do aparelho digestivo (gastrite e úlcera), tensão, ansiedade, problemas de coluna etc.

Para evitar que esses riscos comprometam as atividades e a saúde do trabalhador, é necessário: melhoria no processo de trabalho, melhores condições no local de trabalho, modernização de máquinas e equipamentos, melhoria no relacionamento entre as pessoas, alteração no ritmo de trabalho, ferramentas adequadas, postura adequada etc.

Algumas recomendações para evitar os problemas citados:

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•Ao dirigir o seu caminhão, lembre-se de manter a coluna sempre apoiada no encosto do banco.

•Não tensione os ombros. Para isso, mantenha os braços bem posicionados no volante.

•Dirija com cuidado e atenção para evitar manobras bruscas.

•Para dar marcha à ré, procure equipar seu veículo com espelhos apropriados, evitando virar o pescoço e a coluna.

•Quando dirigir muito tempo, ou seja, a cada 3 (três) horas de estrada pare por cerca de 5 minutos, caminhe um pouco e faça alongamentos.

•Ao sair do veículo, saia com cuidado para não ter desconforto na coluna.

Uma noite mal dormida, postura incorreta ou excesso de trabalho, são fatores que desencadeiam uma doença comum na maior parte da população, mas que pode ter conseqüências graves se não for tratada cedo, a lombargia, ou simplesmente dor nas costas, pelas condições de trabalho, está muito suscetível a crises intensas.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que 80% dos adultos passarão, no mínimo, uma vez na vida por uma crise de dores nas costas.

Alimentação, Trabalho e Saúde Segundo estudos da Organização Internacional do Trabalho (OIT), a má alimentação causa

perdas de até 20% na produtividade. A alimentação interfere na boa forma e no funcionamento do organismo. Além disso, as propriedades nutritivas dos alimentos interferem diretamente no seu humor e, conseqüentemente, no seu desempenho no trabalho: cultivar hábitos alimentares corretos melhora a sua produtividade.

O comportamento humano depende do estado em que estamos. Muitas vezes estamos acelerados, introspectivos, dispersivos, reflexivos, preocupados, tristes, em estado de defesa (medo), focados em alguma coisa, procurando intervir no meio externo e outros. Para cada estado, o organismo precisa estar preparado para oferecer uma resposta. Isso significa que o seu café da manhã, almoço e jantar devem ser escolhidos de acordo com as necessidades que você terá no decorrer do dia. Evite comer muito de uma vez só. Você sentirá muito sono se precisar dirigir, colocando a sua vida e a dos outros em perigo. Tente realizar pequenas refeições a cada 3 horas.

Exames Periódicos Para a prevenção de doenças, como também na proteção à saúde, faz-se necessária à

realização obrigatória de exames médicos: admissional, periódico, retorno ao trabalho, mudança de função e demissional.

Os exames admissionais, ou seja, os exames que o trabalhador faz ao entrar na empresa, e os exames demissionais, quando o trabalhador está saindo da empresa, são exigidos por lei. Normalmente esses são os exames sugeridos: Hemograma completo, Glicose, VDRL, Eletroencefalograma, ECG, audiometria e avaliação oftalmológica.

Esses mesmos exames devem ser feitos rotineiramente, pois é importante verificar como anda a sua saúde.

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5.4 Meio Ambiente e o Cidadão

Normalmente não damos conta de que nossas ações em casa, na estrada, nos restaurantes e postos de combustíveis, consomem algum tipo de energia. A forma como produzimos e utilizamos essa energia tem conseqüências diretas sobre nossa vida e nosso meio ambiente, motivo pelo qual o faremos um estudo, buscando:

- Descrever a relação entre o Homem e Meio Ambiente.

- Apontar os problemas causados pelas ações do homem no meio ambiente.

- Apresentar atitudes de proteção e conservação de ambientes e da diversidade biológica e sociocultural.

- Apresentar ações que podem evitar o desperdício em suas diferentes formas.

Relação entre o Homem e o Meio Ambiente O ser humano é parte integrante do meio ambiente, bem como as suas ações, ao nos

referirmos a este assunto, estamos tratando também do espaço construído – grandes cidades, estradas, plantações etc. Meio ambiente é tudo aquilo que cerca ou envolve os seres vivos e as coisas, incluindo o meio social-cultural e sua relação com os modelos de desenvolvimento adotados pelo homem.

A qualidade de vida está diretamente relacionada ao equilíbrio entre os recursos naturais e a consciente utilização desse patrimônio.

No que refere a poluição, em suas muitas formas, acontece quando ocorre a interrupção da relação de equilíbrio. Os efeitos da poluição nem sempre são medidos ou percebidos, porque muitas conseqüências, como o efeito estufa ou a chuva ácida, dependem de um processo cumulativo de poluentes.

Ao tratar de poluentes, é importante indicar quais são os elementos responsáveis pela poluição e seus efeitos sobre a nossa saúde e o meio ambiente.

Existem diferentes origens e tipos de poluição, destacando-se, a seguir, três categorias específicas: a poluição do ar, da água e do solo.

A poluição do ar pode ser originada de materiais radioativos, dos detritos industriais, da emissão do escapamento dos automóveis, das queimadas, dos pesticidas, dentre outros. A queima de carvão e de combustíveis derivados de petróleo é a principal fonte das emissões de resíduos tóxicos na atmosfera, As principais conseqüências da poluição atmosférica são: a chuva ácida, efeito estufa e aquecimento global.

A poluição das águas tem como principal causa os resíduos urbanos provenientes das indústrias como solventes, óleos combustíveis, descarte de materiais tóxicos nos rios e mares próximos às cidades, além dos resíduos rurais como os pesticidas e nitratos, descarte de lixo nos mares, rios e nascentes. Esse tipo de poluição contamina a água, que é um recurso não renovável, sem substituto e vital para a existência da vida no planeta, devendo ser utilizado de forma racional.

Como medidas de preservação destacam-se a recuperação de rios e mananciais atingidos pela poluição, a preservação das fontes e nascentes, além de investimentos no tratamento dos esgotos urbanos.

A poluição do solo caracteriza-se pelo descarte de qualquer substância ou produto poluente em estado sólido, líquido ou gasoso, que tem como conseqüências a destruição da vegetação e a desertificação.

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Descarte do Lixo À medida que as cidades crescem, também aumentam os problemas de descarte dos

resíduos gerados pelo consumo e produção humana. Na maior parte dos grandes centros urbanos brasileiros, as autoridades públicas enfrentam o desafio da destinação de toneladas de lixo; lixão é o local onde se deposita o lixo sem projeto ou cuidado com a saúde pública e o meio ambiente.

Com a conscientização diária sobre o que podemos fazer para aproveitar todos os recursos naturais disponíveis, para diminuir a poluição das águas, dos solos e do ar, cuidaremos melhor do meio ambiente e da qualidade de vida das gerações futuras.

3. Consumo Sustentável: ações que podem ajudar a salvar o meio ambiente

O consumo sustentável visa atender as necessidades sem comprometer as gerações futuras e de conhecimento da maioria das pessoas informadas e atentas ao futuro. Na escovação dentária com a torneira ligada, gasta-se cerca de 12 litros de água; no caso de três escovações por dia, gasta-se 36 litros, chegando a 1080 litros por mês. Em um ano, 10 milhões de pessoas acabam gastando aproximadamente 130 bilhões de litros de água. Isso seria o suficiente para abastecer todas as necessidades de consumo de água de uma cidade com cerca de 1,4 milhão de pessoas por um ano.

Observe quantos impactos ambientais são criados ou evitados de acordo com a opção de consumo, podemos adotar atitudes que evitam ou diminuem a poluição no meio ambiente:

a) Use um detergente limpo, optando pelos biodegradáveis.

b) Procure produzir pouco lixo, compre produtos com menor quantidade de embalagem, ou ainda, adquira os que possuam embalagens retornáveis. Compre frutas e legumes sem em-balagem, para diminuir a quantidade de plástico jogado na natureza; compre produtos que tenham refil; evite usar produtos descartáveis e utilize pilhas e baterias que sejam recarregáveis.

c) Não jogue lixo pele janela de seu veículo, guarde-o e descarte em locais adequados. Procure separar o lixo de acordo com a sua origem. Caso não seja possível fazer a separação do lixo nos coletores, separe apenas o que é reciclável do não reciclável e o lixo seco do lixo molhado. A Reciclagem é o processo de transformação do lixo em produto semelhante ao inicial ou em outro produto que será reutilizado. Você pode identificar o local adequado do seu lixo seguindo cores diferentes (papel: azul; plástico: vermelho; vidro: verde; metal: amarelo).

d) Não jogue no lixo lâmpadas, pilhas, baterias de celular, restos de tinta ou produtos químicos: as empresas que os produzem são obrigadas por a recolher esses produtos.

e) Reutilize as sacolas de supermercado para colocar o lixo.

f) Use a água de forma racional. Procure utilizar somente a água que vai precisar, evite o desperdício. Nunca “varra” uma calçada com a mangueira, feche a torneira enquanto estiver fazendo a barba e escovando os dentes e no banho, procure fechar a torneira enquanto se ensaboa

g) Mantenha o veículo bem regulado para evitar as emissões desnecessárias de gases nocivos para a natureza.

h) Lave o veículo em locais autorizados, onde a água será reutilizada.

• A calibragem de seus pneus tem influência sobre o meio ambiente. Além de proteger o seu pneu, ajuda a economizar combustível.

• Um automóvel bem regulado chega a consumir cerca de 9% a menos, ou seja, 9% a menos de emissões tóxicas.

• A ignição consome menos do que manter o veículo ligado desnecessariamente. • Manter sempre limpos os filtros de ar, velas, carburador, platinado e escapamento ajuda a economizar combustível.

• A cada 50 kg adicionais de peso, dependendo do veículo, há um aumento de 1% no consumo de combustível.

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6. TECNOLOGIA EMBARCADA E EQUIPAMENTOS DE CONTROLE OPERACIONAL

6.1 Tecnologia Embarcada e Equipamentos Operacionais

Neste título estudaremos o funcionamento dos sistemas de monitoramento de veículos, além

de conhecermos os principais equipamentos de tecnologia embarcada, como segue: - Sistemas de rastreamento e monitoramento de frota. - Sistema de monitoramento de caminhões via satélite. - Equipamentos de tecnologia embarcada. - Função da tecnologia embarcada nos caminhões. A Tecnologia embarcada consiste nos recursos eletrônicos e computadores instalados nos

veículos de carga, com a finalidade de melhorar o desempenho e, proporcionar maior segurança e comodidade aos condutores.

Sistemas de Rastreamento O sistema de rastreamento de veículos permite maior segurança, possibilitando, além da

localização do veículo, a comunicação entre a central de monitoramento da frota com a empresa e o motorista.

Em casos de emergência, é possível controlar o veículo à distância, realizando, por exemplo, o corte da alimentação do motor ou o travamento das portas, entre outros, podendo ser classificados em:

• Bloqueadores - dispositivos de segurança que permitem o bloqueio do veículo a distância, não fornecendo a localização do veículo, pois não são capazes de enviar informações apenas recebê-las.

• Rastreadores - possuem três funções básicas:

-Comunicação entre a central de monitoramento da frota da empresa e veículos.

-Localização on-line de veículos.

-Controle da frota, permitindo que a central de monitoramento possa saber a quantidade de combustível e velocidade do veículo, quando as portas são abertas ou fechadas, a temperatura, a presença de caronas, entre outros.

O primeiro passo para a utilização de sistemas de rastreamento é a elaboração de um Rotograma (ou plano de viagem). O Rotograma consiste na elaboração de uma rota especial que inclui as melhores estradas entre o cliente e o local de entrega, bem como pontos de interesse e referência. Inclui ainda o resumo das informações sobre a rota escolhida, como a distância, o tempo de viagem, a velocidade média, a quantidade de pedágios, o tipo de pavimento, as cidades mais próximas ao longo das rodovias, dados sobre serviços e paradas ao longo da estrada, balanças, postos fiscais, polícia rodoviária e divisas estaduais.

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A elaboração do plano de viagem é fundamental para que o veículo possa chegar ao destino da forma segura, ser rastreado e localizado rapidamente em caso de acidente ou roubo. O plano permite também que a central de monitoramento avalie o cumprimento dos planos de viagem, identificando desvios de rota, paradas não programadas ou não comunicadas etc.

Tecnologia de Monitoramento de Frotas Para que se possa realizar o monitoramento da viagem, é necessário um software, instalado

na central de monitoramento da empresa, esse programa permite que a equipe técnica possa realizar o monitoramento, rastreamento e comunicação com os caminhões.

Porém, para que haja a comunicação é necessário que os equipamentos de comunicação e localização sejam instalados nos veículos, permitindo a realização das atividades de mo-nitoramento, rastreamento e comunicação entre caminhões e a equipe técnica na empresa.

O conjunto dos recursos eletrônicos instalados nos veículos de carga é conhecido como tecnologia embarcada. Assim, possuir tecnologia embarcada significa obter, transmitir e armazenar dados da rotina operacional do veículo.

Tipos de Tecnologia para Transmissão de dados É importante conhecer as várias tecnologias que possibilitam a transmissão dos dados entre

a central e os veículos, para que a comunicação, o rastreamento e o monitoramento possam ocorrer.

As principais tecnologias utilizadas para transmissão de dados entre os veículos e a central são: a via satélite,via rádio, via celular e os chamados sistemas híbridos, que reúnem tecnologia de satélite e de telefonia móvel GSM/GPRS.

Um satélite é um equipamento colocado no espaço para permitir a comunicação entre dois ou mais pontos distantes de forma rápida. Na verdade, a tecnologia de satélite permite a comunicação em uma vasta área geográfica, podendo alcançar o até mesmo o mundo.

Na transmissão de dados via satélite é necessário que seja instalado no veículo um dispositivo receptor de sinais dos satélites, comumente visto em cima da cabine.

Vale ressaltar que a comunicação entre o veículo e a central de monitoramento de frota é realizada através de códigos chamados de macros predefinidas para impedir que criminosos possam entender o conteúdo das mensagens e para facilitar o entendimento entre as partes. As macros permitem informações tais como: início da viagem, parada para abastecimento, parada para refeição, parada para dormir e parada para entrega da carga.

Localização do veículo por meio de satélite O GPS (do Inglês, Sistema de Posicionamento Global), permite que o veículo obtenha sua

localização em qualquer local do globo terrestre. Para isto utiliza satélites para calcular sua posição na superfície da Terra. Após este cálculo, o sistema pode transmitir os dados do caminhão para a central de monitoramento, que acompanham o deslocamento da frota.

Equipamentos de auxílio à gestão do veículo Outro equipamento de tecnologia embarcada de destaque é o computador de bordo que

possibilita ao condutor saber, em tempo real, o funcionamento de vários componentes do veículo: se as portas estão abertas ou fechadas, se a carreta está engatada ou desengatada, se o motor está ligado ou não, a temperatura no baú, etc. O computador de bordo permite também que o proprietário do veículo controle o desempenho, já que registra informações como a

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utilização correta da embreagem e dos freios, as velocidades média e máxima e indicadores que avisam o momento de realizar a manutenção dos caminhões.

Ao final da viagem, o condutor ou a empresa pode extrair um relatório final contendo dados e compará-los com as informações das viagens anteriores. Os dados fornecidos pelos computadores de bordo mais atuais são:

- Consumo de combustível;

- Tempo da viagem nas faixas de rotações do motor;

- Número de vezes que o motorista pisou no freio e na embreagem;

- Tempo de viagem;

Botão de pânico O botão de pânico é outro equipamento de tecnologia embarcada utilizado em casos de

emergência, para estabelecer a comunicação imediata com a central de controle de frota, informando, por exemplo, sobre a ocorrência de roubo ou de situações suspeitas. A mensagem não precisa ser digitada, basta apenas um toque no botão para que a empresa seja notificada de que algo errado.

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6.2 EQUIPAMENTOS DE COMUNICAÇÃO, CONTROLE OPERACIONAL E GESTÃO DO TRANSPORTE

Este tópico tratará da comunicação e transmissão de dados entre veículo e central de apoio, as tecnologias de apoio operacional e de gestão para o setor de transporte rodoviário de carga, apresentando o conceito de Tecnologias de Informação e Comunicação e sua influência na Logística, bem como aplicações.

A informação de qualidade e em tempo hábil para o tomador de decisões é a grande preocupação nas cadeias logísticas e na atividade de transporte de cargas. A qualidade da informação é o diferencial no processo decisório, para tanto o mercado investe atualmente nas Tecnologias de Informação e Comunicação – TICs.

Tecnologias de Informação e Comunicação – TICs É um conjunto de hardware (equipamentos eletrônicos físicos), software (programas de

computador) e rede de comunicação que tem a função de transmitir informações e possibilitar a comunicação entre os usuários.

As TICs são primordiais no processo de integração logística em todas as etapas da cadeia de suprimentos, a qual se apóia no fluxo de informações para atingir seus objetivos, dentro os quais podemos citar a redução de custos.

Algumas das atividades possíveis com a utilização das TICs: 1. Detecção de eventos – Obtenção de dados no que refere à circulação de

materiais, insumos ou produtos, permitindo decisões eficientes. Exemplo: a indisponibilidade de determinado produto no estoque.

2. Tratamento, armazenamento e processamento de dados – Criação de banco de dados permitindo informações necessárias para a tomada de decisão, como o histórico de clientes.

3. Transmissão bidirecional de dados e informações – meio para a troca de informações entre diferentes atores da cadeia logística.

As tecnologias da informação e comunicação possibilitam manter informações-chave accessíveis e a tomada de decisões operacionais e de planejamento em tempo hábil. Para tanto, a adoção de hardware, software e tecnologia de redes é pré-requisito para o sucesso em logística.

Nos países desenvolvidos, as empresas investem mais em sistemas de informação do que na estocagem, o que representa uma mudança estratégia logística.

O desenvolvimento da tecnologia da informação e comunicação tem modificado a logística de cargas em três aspectos:

1. Aumento de informações dos produtos e o surgimento da internet permitiu uma mudança na natureza dos produtos a serem transportados e, em alguns casos, criou opções de distribuição, substituindo o transporte por comunicação.

2. A utilização da tecnologia da informação para “integrar” cadeias produtivas de suprimento, com destaque para a redução de estoques, tem modificado o transporte de cargas, reduzindo custos com a coordenação das ações comerciais e ações de movimentação.

3. O desenvolvimento da tecnologia da informação possibilitou a gestão e o controle da própria função transporte de cargas, com o acompanhamento de sua movimentação e das operações físicas realizadas.

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Aplicações de TICs em Transportes Duas serão as aplicações de TICs apresentadas neste tópico, ou seja, a gestão de

frotas de caminhões e o aumento da competitividade da indústria e das empresas de transporte:

•Aumento da eficiência da movimentação dos bens, através da troca de informações e comunicações em tempo real com a administração;

•Oferta aos clientes de informação atualizada, permitindo acompanhar o desenrolar dos despachos e entregas no tempo e no espaço.

O uso das TICs mais comuns:Comunicação e coleta de informação de baixa tecnologia

Telefones celulares: Dados e voz podem ser transmitidos por comunicação móvel, sendo atualmente a mais usual, contudo, as áreas de serviço são limitadas e, ainda existem as chamadas “zonas mortas” que são áreas menos populosas ou montanhosas, em túneis onde os sinais não são captados.

Rádio-comunicação bi-direcional: Conversações podem ser transmitidas através destes sistemas, cujo alcance pode ser de até 80 quilômetros, com o transmissor apropriado.

Pager: Permite que uma mensagem de texto seja enviada para um receptor que o destinatário carrega consigo, através de redes de transmissão especiais, sendo seu alcance limitado.

Comunicação e coleta de informação de alta tecnologia

Localização Automática de Veículo (AVL): A sigla AVL (Automatic Vehicle Location – Localização Automática de Veículos) refere-se a tecnologias para a localização de dispositivos eletrônicos chamados transponders, que são colocados em qualquer objeto ou ser vivo. O transponder é um dispositivo receptor-transmissor de sinais de radar, rádio ou satélite, que, ao ser ativado é capaz de transmitir informações.

O transponders em veículos de carga ou nas cargas permite a localização, através do uso de tecnologias de suporte (antenas etc.), com base em terra ou em satélites, dessa forma motoristas, despachantes, embarcadores e destinatários poderão monitorar o veículo da coleta a entrega.

Computadores de bordo: São usados para captar informações diretamente do veículo ou através do condutor, como registradores de viagem, monitorando medidas da performance operacional do veículo, como velocidade, consumo de combustível e horas de serviço.

As informações podem ser transmitidas ao centro de despacho, usando sistemas de comunicação móveis ou descarregadas no sistema da empresa transportadora, quando da chegada.

c) Tecnologias para processamento da comunicação e da informação

Intercâmbio eletrônico de dados (Electronic Data Interchange – EDI): É um padrão definido de mensagens para a troca automática de dados entre programas de computador, por meio de rede de comunicação. As transmissões podem ocorrer entre transportadoras e embarcadores ou entre parceiros de negócio.

Roteamento e despacho apoiado por computador: Programas de computador para roteamento (CAR) e despacho (CAD) oferecem suporte para a seleção de rotas, visando minimizar o tempo e o custo de movimentação das cargas, trazendo benefícios tais como:

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- Aumento da produtividade do despachante;

- Redução nos custos de inventário (estoque) do cliente;

- Aumento da eficiência de comunicação;

- Redução da carga de trabalho dos despachantes;

- Redução do custo de transportes.

Sistema de acompanhamento da manutenção veicular (Maintenance tracking software – MTS): Permite otimizar áreas da manutenção de frotas de veículos, acompanhando e acionando o estoque de peças de reposição para manutenção ou diagnosticar veículos em operação em tempo real, através de satélite.

Internet: A Internet representa oportunidades econômicas, como por exemplo:

Disponível praticamente em todo o mundo;

Disponível 24 horas;

Suporte ilimitado de usuários;

Multi-mídia: processa a transmissão de sinais de dados, áudio ou vídeo;

Digital: alta fidelidade na transmissão de sinais;

Resposta em tempo real;

Interativa: permite comunicações bidirecionais;

Permiti contato pessoa-a-pessoa;

Baixo custo.

Sistemas de Roteirização: A utilização destes softwares tem a vantagem de permitir a programação da rota com variáveis: clientes, veículos, roteiros, restrições operacionais etc, com grande capacidade de processamento, realizando os cálculos e as simulações dos roteiros possíveis em tempo reduzido.

Sistema de Informação Geográfica – GIS: Com a evolução dos computadores e dos softwares, desenvolveram-se ferramentas ou sistemas que reúnem informações geográficas de uma região e o mapa dessa região, em meio digital.

O nome da ferramenta ou sistema em português é Sistema de Informações Geográficas (SIG), mas é originário da sigla inglesa GIS, que é a tradução de Geographic Information Systems.

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6.3 Equipamentos de Monitoramento de Veículos

Os equipamentos e tecnologias buscam facilitar o exercício das atividades comerciais e, no setor de transporte especificamente, está voltada para a melhoria do desempenho e segurança nas operações, para tanto faremos neste título um estudo sobre as tecnologias de monitoramento de veículo e suas aplicações, apresentando as ferramentas de rastreamento de veículos.

Tecnologia de Monitoramento de Veículos A tecnologia de monitoramento de frotas é composta, basicamente, por dois itens:

Software instalado na base de operações da empresa, permitindo o gerenciamento, por parte do setor de transporte ou operacional, no que se refere ao rastreamento e comunicação da frota.

Hardware instalado nos veículos, sendo composto por equipamentos que permitem o monitoramento ao longo da viagem, armazenando os dados e os transmitindo o controle central.

Software de Monitoramento de Veículos São os recursos do software, normalmente presentes nos sistemas de rastreamento,

como por exemplo:

Comunicação: envio de mensagens com níveis de prioridade – normal, persistente, importante e de emergência; em formato livre; e comandos acionados automáticos.

Gerenciamento de Múltiplas Contas: um mesmo operador pode monitorar veículos de diferentes empresas. Muito útil no caso de empresas que despacham a carga por diversas transportadoras ou empresas de gerenciamento de risco.

Controle de Níveis de Acesso: Os operadores são classificados em diferentes níveis de segurança. Isso garante, que apenas um usuário seja autorizado a alterar parâmetros e configurações, cabendo aos demais operadores atividades de rotina.

Interface de Integração: interface aberta para a leitura e envio de dados para outros sistemas permitem que as informações sejam utilizadas e integradas aos demais sistemas da empresa.

Viagens/Serviços: controle, em tempo real, do ciclo de serviços dos veículos usados para transferência, coleta e entrega de carga.

Controle de Eventos: controle de início e fim de viagens, carregamento e descarregamento, mudanças de trecho, desvios de rota, paradas indevidas etc.

Comunicação entre Veículos: funciona como roteador de mensagens entre veículos diferentes, interligando dois ou mais veículos que precisam comunicar-se, como comboios.

Cerca eletrônica: delimita uma rota ou uma área de viagem a ser seguida. Em caso de desvio da rota a empresa é comunicada.

Mapas digitais: a frota é visualizada em mapas digitalizados, facilitando operações de consulta de posições do veículo, cadastro de referências (postos de abastecimento, hospitais, postos policiais, clientes, fornecedores etc.), verificação dos pontos de parada, pesquisas de veículos mais próximos de um determinado ponto, definição de rotas e medição de distâncias no mapa.

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Área de Risco: delimita, nos mapas digitais, de área onde há necessidade de acompanhar o posicionamento e intensificar a comunicação com os veículos devido ao maior risco de furtos e roubos.

Históricos e Relatórios Personalizados: tratamento de informações que podem ser disponibilizadas em relatórios gerenciais. Permite ainda personalizar as informações de acordo com as necessidades do usuário.

Auditoria: permite monitorar todas as informações do sistema a qualquer momento. Identificar todos os operadores e procedimentos adotados no gerenciamento das informações.

Hardware de Monitoramento de Veículos Processador Composto por um transmissor e receptor de dimensões reduzidas, fonte de alimentação,

CPU controladora do terminal de dados do motorista e conexões com a antena. Este componente é visível para o motorista.

Antena As antenas de rastreamento são compactas, aerodinâmicas e transmitem sinais em todas as

direções. Terminal de Dados do Motorista Equipamento de comunicação digital, bidirecional, via satélite, resistente, suportando altas

temperaturas, trepidações e quedas; recebe e envia as mensagens da cabine do veículo para a Central de Controle da Frota. Composto por teclado e visor para envio de mensagens livres ou pré-formatadas.

Rastreador – GPS Dispositivo eletrônico, instalado no veículo, que sintoniza os sinais de satélite GPS para

registrar sua localização geográfica. Terminal de Comunicação Móvel Equipamento de comunicação digital, bidirecional, via satélite, suporta variadas condições de

temperatura, trepidações, quedas e até tentativas intencionais de quebra. Rastreamento de veículo Consiste em determinar a localização espacial em um instante pré-estabelecido. O sistema

ajuda no planejamento logístico e otimiza as operações, aumenta a segurança, permitindo além de localizar o veículo, a comunicação com o motorista e também o controle a distância.

Os Sistemas Integrados de Rastreamento podem ser classificados em bloqueadores ou rastreadores de veículos.

Bloqueadores Dispositivos de segurança que permitem o bloqueio do veículo a distância, utilizando um

pager embarcado no veículo. A abrangência é a dos sistemas de pager, que engloba os grandes centros urbanos. Trata-se de equipamentos simples, que têm, normalmente, funções antifurto, como sensores de abertura de porta e bloqueio. Não fornecem a localização do veículo, pois não são capazes de enviar informações, já que os pagers são equipamentos de uma única via.

Rastreadores Os rastreadores de veículos incorporam inúmeras possibilidades de uso, como os voltados

para o controle de itinerários de caminhões, até sistemas recomendados para monitorar carros de passeio e cargas, tendo como funções básicas:

- Comunicação entre estação de controle e veículos;

- Localização on-line de veículos;

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- Controle da frota em relação: ao nível de combustível, à velocidade do veículo, ao fechamento de portas, à presença de caronas, entre outros.

Dentre as tecnologias para rastreamento temos:

a) Satélite Para ser efetuado via satélite é preciso à coleta de sua posição através do GPS. Em

seguida as coordenadas devem ser transmitidas para um satélite de comunicação e depois transferidas para uma estação terrena, para que esta envie as informações sobre o objeto ao usuário.

A seqüência: o GPS informa ao veículo dados sobre sua localização; o terminal no veículo repassa para o satélite, acrescentando informações sobre as condições do veículo e de segurança da rodovia. O satélite retransmite à central e esta, para o cliente, por meio de sua base de operações na empresa.

b) Rádio (Triangulação de Antenas) É um sistema de localização, proteção e recuperação de veículos, cargas e pessoas. É

baseado nas antenas de rádio disponíveis no trajeto e que possibilitam a comunicação. Assim, dentro do veículo há um rádio que o condutor utiliza para comunicar à base de operação comandos de saída e chegada do veículo e vice-versa. Essa tecnologia permite a localização do veículo em tempo real, com a precisão de aproximadamente 100 m.

c) Sistemas Híbridos Os sistemas híbridos referem-se à combinação de duas ou mais tecnologias.

•GPS X Celular: Na combinação GPS e celular, a localização é feita via GPS e a transmissão das informações de coordenadas é realizada por um telefone embarcado no veículo, utilizando a tecnologia de GPRS. Os comandos de bloqueio também são recebidos por esse telefone.

•Rádio x Celular: O celular via célula ERB (Estação Rádio Base) oferece um posicionamento que não é preciso e a um custo de transmissão mais caro que os da radiofreqüência, contudo a área de abrangência engloba todas as regiões cobertas pela rede celular e em maior velocidade de transmissão de dados.

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7. OPERAÇÃO EM TERMINAIS E ARMAZÉNS DE MERCADORIAS

O objetivo deste tópico é apresentar as diferentes categorias de armazéns e terminais de

cargas e funções nas cadeias logísticas. Tratando-se de logística, é possível definir armazém como o elo que une o fornecimento de

matéria-prima ao fabricante (fluxo de entrada) ou fabricante ao cliente (fluxo de saída). Tratando de armazenagem, alguns aspectos devem ser observados para a não realização,

como por exemplo: - O produto armazenado tem custo e imobiliza capital que poderia ser investido em outras

atividades importantes, como o marketing e a produção. - As instalações ou infra-estruturas para armazenar o produto geram custos, bem como a

mão-de-obra, equipamentos e custos administrativos indiretos. - O produto “envelhece”, podendo perder a validade e depreciar com tempo de

armazenamento. Produtos perecíveis, farmacêuticos e de tecnologia são exemplos de materiais suscetíveis a problemas.

Por outro lado, vários são os motivos para a armazenagem de produtos, dentre os quais destacam-se:

- Não é possível dimensionar a quantidade exata de determinado produto em um período. - Existem os produtos de demanda sazonal que tem consumo elevado em épocas especificas

do ano, como por exemplo, chocolate na páscoa, refrigerante e sucos no verão, etc. - Produzir em grande escala reduz custos, contudo há a necessidade de local para a

estocagem do produto. - Custa caro atender aos inúmeros clientes diretamente das unidades produtivas, as

fábricas.

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7.1 Terminais de Cargas e Armazéns Definição - são pontos fixos nas cadeias logísticas onde fluxos significativos de produtos têm

origem, destino ou sofrem transferência de veículo ou de modalidade. Podemos usar como exemplo de modalidade a remessa de um produto através dos correios,

ou seja, a encomenda seguirá por um veículo rodoviário (um utilitário pequeno, um caminhão ou até mesmo uma carreta), até o aeroporto mais próximo onde será juntado a outros pacotes que terão como destino a mesma cidade ou região, chegando ao aeroporto destino, seu pacote seguirá para o endereço do destinatário. Neste caso hipotético é possível notar que o terminal de mercadorias da logística dos correios é o aeroporto.

Existem outras conceitos de armazém, como segue: - Locais de armazenamento de materiais, cuja atividade principal é a guarda, o controle e a

movimentação de materiais. - Genericamente, pode fazer parte de um Terminal de Mercadorias ou não, como por

exemplo, no interior de uma fábrica ou loja de varejo. - Tanto os Terminais de Mercadorias quanto os Armazéns de Mercadorias economicamente

estão equiparados ao longo dessa disciplina. - Economicamente, Armazéns de Mercadorias ou Terminais de Mercadorias são interfaces

entre os setores produtores ou consumidores e o transporte de suas matérias-primas (fluxos de entrada) ou seus produtos (fluxos de saída).

Classificação de Terminais e Armazéns de Mercadorias

Os armazéns e terminais de mercadorias podem ser classificados em: - Propriedade. - Tipo de carga. - Objetivo funcional. - Novos modelos de instalações de armazenagem.

A primeira classificação refere-se à Propriedade:

•Do transportador: pertencente à empresa de transporte, podendo atender outras empresas do setor ou outras modalidades de transporte.

•Do usuário: pertencente à empresa usuária, sendo o uso exclusivamente para seus produtos e/ou insumos, ainda que transportados por diferentes modalidades.

•De órgãos públicos: administrados pelo Poder Público, com o objetivo de promover e facilitar o uso dos modais acessados, bem como seu planejamento e coordenação.

•De empresas de armazenagem: buscam captar a armazenagem de fluxos de usuários que não possuem instalações, servindo-os por um ou mais modais.

•De empresas ou cooperativas produtoras: para embarque de seus produtos ou descarga de seus insumos em um ou mais modais.

•De empresas consumidoras ou distribuidoras comerciais: para recepção e posterior consumo ou distribuição dos produtos desembarcados.

No que refere ao Tipo de Carga movimentada no terminal ou armazém, é a mais usual no meio transportador para qualificar o terminal ou armazém, classificando-os nas seguintes categorias:

Cargas gerais: manuseiam qualquer tipo de carga. Exemplo: granéis sólidos, líquidos e gasosos, cargas frigorificadas e cargas unitizadas.

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Carga típica: armazéns que operam com um tipo particular de carga, como, por exemplo, granéis sólidos minerais, ou petróleo e seus derivados etc.

O Objetivo Funcional do terminal ou armazém desempenha é classificado nas seguintes categorias:

Concentradores de produção: Localizados em regiões produtoras ou geradoras de carga, concentrando-as para carregamento e, facilitando o transporte de longa distância a partir de um único ponto de embarque.

Beneficiadores: Além da concentração de cargas, sendo mais comuns as agrícolas, transformam os produtos antes do embarque, melhorando sua qualidade, nas especificações exigidas pelo mercado. Exemplo: secagem da soja antes de distribuí-la.

Reguladores/estocadores: armazenam grandes quantidades de um ou mais produtos, particularmente os sazonais, de forma a minimizar picos de transporte e padronizar a distribuição.

Distribuidores: concentram produtos em determinada área, facilitando distribuição e a comercialização. Exemplo: distribuidores de bebidas.

Novos Modelos de Instalações de Armazenagem Esta classificação refere-se às novas formas das instalações de armazenagem, que

buscam minimizar custos de transporte e estocagem, bem como aumentar a velocidade de resposta aos clientes.

Para sedimentar as diferenças e o funcionamento desses novos modelos de instalações de armazenagem, é necessário o entendimento das atividades ou funções realizadas no interior de um terminal ou armazém, que possuem pequena diferença.

Operações de Terminais De acordo com os produtos manipulados, um terminal de carga efetua uma ou mais

das seguintes operações: 1 - Recepção da carga – verificação da documentação e integridade, autorização de ingresso

ao terminal. 2 - Pesagem de controle – verificação do peso, podendo ser automática, manual ou por

estimativa. 3 - Classificação do produto – pode ser documental ou experimental. 4 - Pré-tratamento – físico, químico ou biológico, com certificação se for o caso. Pode ser

total, parcial ou por amostragem. 5 - Armazenagem – operada de forma automática, mecânica ou manual. 6 - Conservação – para evitar deterioração e perdas, naturais, por negligência, ou

criminosas, podendo ser automática ou por verificação. 7 - Retirada para embarque – automatizada, mecânica ou manual.

8 - Contrapesagem e controle – conferência da pesagem. Pode ser por estimativa, amostragem ou automática.

9 - Manejo e carregamento – pode ser manual, mecânico ou automatizado. 10 - Emissão de conhecimento de embarque e anexos – documentação de registro para

embarque. 11 - Despacho do(s) veículo(s) – operação de transporte.

Operações de Armazém Segundo o Professor Novaes, no livro Logístico de gerenciamento da cadeia de

distribuição, publicado em 2001 pela Editora Campus, sete são as atividades principais as operações:

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Passo 1 Recebimento – as mercadorias que chegam devem ser descarregadas, conferidas e encaminhadas ao local de armazenagem. O local de recebimento, em que a mercadoria será retirada do veículo e conferida, é denominado doca.

Passo 2 Movimentação – recebida, a mercadoria deverá ser movimentada até o local onde será estocada. No momento certo, essa carga deverá ser novamente movimentada para o local onde será preparada para ser embarcada em um novo veículo para a entrega ao cliente. Aqui é importante ressaltar que o deslocamento da mercadoria dentro do armazém é também um transporte, porém, costumeiramente chamado de movimentação.

Passo 3 Armazenagem ou Estocagem – o produto ficará estocado em uma área determinada, pelo tempo necessário, até ser solicitado pela área de embarque.

Passo 4 Preparação de Pedidos – realizada em alguns armazéns em que os produtos da área de estocagem são levados a um certo local, onde o volume armazenado será separado em pequenos volumes e logo em seguida combinado com outros volumes para entrega aos clientes. Isso acontece quando o armazém entrega diversos produtos diferentes para seus clientes.

Passo 5 Embarque – uma vez preparado o pedido do cliente, ele deverá ser embarcado no veículo designado, usando, para isso, uma doca apropriada.

Passo 6 Circulação Externa e Estacionamento – não é raro armazéns que utilizam as vias públicas para estacionamento de veículos ou fazem o próprio descarregamento em áreas públicas. Essa situação pode ser perigosa (risco de roubos e acidentes), além de ser prejudicial ao bom fun-cionamento das vias públicas. O correto é destinar áreas próprias, dentro do terreno onde está localizado o armazém para essa atividade.

Passo 7 Serviços Acessórios – são serviços prestados pelos armazéns, além dos abrangidos pela atividade básica de armazenagem, tais como: embalagem, montagem, limpeza, vigilância etc.

Conhecidas as funções da armazenagem, passaremos ao estudo sobre terminais e ar-mazéns de mercadorias, no que refere aos novos modelos de instalações de armazenagem:

Centros de Distribuição (CD) Inicialmente, a evolução dos sistemas de armazenagem é a utilização de Centros de

Distribuição avançados, sendo sua função permitir a utilização de veículos com maior capacidade de transporte de mercadorias, pelo maior tempo possível, ao longo da cadeia logística. Essa forma permite ganhos de escala na realização do transporte.Existindo vários fornecedores, os centros de distribuição úteis, pois, além de permitir ganhos de escala no transporte, os produtos podem ser combinados.

Armazéns do tipo “TRANSIT POINTS” (Pontos de Trânsito) As cargas chegam à recepção do terminal ou armazém em veículos de alta

capacidade, unitizadas em paletes ou contêineres. Depois do recebimento, são separadas em lotes menores e encaminhadas para a área de embarque, onde serão colocadas em veículos menores para entrega aos clientes.

Há que se considerar que na chegada dos produtos ao terminal ou armazém do tipo Transit Points, os pedidos dos clientes já estão feitos, sendo possível separar imediatamente a carga unitizada, para que seja redistribuída para os diversos veículos que farão a entrega aos clientes.

Contudo, para que isso seja possível, é necessário alto volume de pedidos em curtos espaços de tempo, para que a carga possa chegar e ser despachada, sem ter que ficar armazenada aguardando.

A vantagem é que esse tipo de terminal ou armazém não necessita de uma grande estrutura, por não possuir área de estocagem, sendo possível ter economias de escala no transporte, transportando por veículos de alta capacidade até o Transit Point e, em seguida, transferindo pequenos lotes de mercadorias para diversos clientes em veículos menores.

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Armazéns do tipo “CROSS DOCKING” Nestes as mercadorias chegam de diversos fornecedores, unitizadas em contêineres ou

paletes, em seguida são fracionadas em volumes menores e encaminhadas para a área de em-barque, com outras mercadorias, para formar um lote combinado para entrega ao cliente, tendo como vantagens:

•Ganhos de escala no transporte.

•Combinação de mercadorias diversas para entrega aos clientes.

•Não há necessidade de estocagem de produtos.

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7.2 Organização de Terminais de Carga e Armazéns (Layout da Área Externa)

Os objetivos deste título é apresentar os procedimentos para a definição do layout das áreas externas do armazém, bem como apresentar exemplos práticos de layout das áreas de coleta e de entrega dos produtos nos armazéns e terminais.

Os objetivos de layout, ou de um plano de armazenagem, estão diretamente relacionados à redução de custos e o aumento da produtividade, observando:

•Melhor utilização do espaço disponível.

•Redução da movimentação de material e pessoal.

•Fluxo mais racional.

•Menor tempo para o desenvolvimento dos processos.

•Melhores condições de trabalho. Layout das áreas externas Layout das áreas de recebimento e expedição O primeiro enfoque diz às áreas de acostagem de veículos ou plataformas de acostagem, as

quais segundo Alvarenga e Novaes (2000), duas são as opções: a) Posicionamento dos veículos perpendicularmente à plataforma, ou a 90 graus. b) Posicionamento dos veículos diagonalmente à plataforma, ou a 45 graus. Posicionamento dos veículos perpendicularmente à plataforma Conhecida como acostagem a 90 graus, nesse caso a plataforma forma uma linha reta e

contínua e a descarga é realizada pela traseira do veículo. Caminhões baú, por exemplo, são descarregados pela traseira.

Características:

Área – a extensão mínima de cada posição de acostagem, aqui chamada de doca, é de 3,3m. Quando há um grande movimento de veículos, essa largura se torna ineficiente, com a operação perdendo bastante tempo com manobras e esperas para manobrar. Para não prejudicar o rendimento, a prática recomenda docas de 3,50m de largura. Dependendo do caso, os equipamentos utilizados para descarga dos caminhões (como empilhadeiras, carrinhos, paletes etc.), podem exigir que essa largura seja maior, podendo chegar, por exemplo, a 5,0m.

Esquema de acostagem a 90 graus Espaço de manobra de veículos – outra dimensão que deve ser prevista é o espaço de

manobra para os veículos. O mínimo absoluto é de 33,5m, para situações extremas, sendo que a recomendação para situações normais é de que esse espaço não seja menor do que 35,0 m.

Faixa de descarga – deve-se também prever uma faixa operacional de descarga, em que as pessoas terão acesso aos veículos e onde as primeiras movimentações ocorrem. Essa faixa deve ter aproximadamente 5,0m (dimensão “a”).

Área de acumulação de carga dos veículos – após a faixa operacional de descarga, uma outra área deve ser prevista, a chamada área de acumulação da carga que foi retirada dos veículos (carga recebida). Nessa área, a mercadoria passará pela primeira triagem para ser, depois, encaminhada ao local de armazenagem ou à plataforma de embarque, se for o caso de um Transit Point ou um Cross Docking.

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Essa faixa deve ter comprimento aproximadamente igual ao comprimento da carroceria do veículo típico, que irá ser descarregado no armazém. Recomenda-se uma faixa de 12,0 m para esse fim (dimensão “c”).

Posicionamento dos veículos diagonalmente à plataforma, ou a 45 graus Esta é a forma mais usada quando a descarga dos veículos é feita não só pela parte traseira,

mas também pela lateral do veículo. Características:

Área – as dimensões são um pouco maiores que a da forma a 90 graus, passando de 3,5m para 4,4m (dimensão “b”) e a plataforma forma uma linha em dente de serra.

Espaço de manobra de veículos – nesse caso é bem menor que a forma a 90 graus, pois a manobra é facilitada. Sugere-se uma área com dimensão de 25 m (dimensão “d”).

Faixa de descarga – a mesma da forma a 90 graus (dimensão “a”), com 5m.

Área de acumulação de carga dos veículos – é igual à da forma a 90 graus (dimensão “c”), medindo 12m.

Recomendações para as atividades externas Algumas recomendações úteis para o projeto das áreas de circulação e plataformas de um

terminal ou armazém:

Portaria – a portaria é o ponto de contato do terminal ou armazém com o ambiente externo. Quanto mais portarias no terminal ou armazém, mais “aberto” será o terminal ao ambiente externo.

Moura (1998) cita diversos motivos para utilizar somente uma portaria, mas também menciona os inconvenientes desta escolha.

Motivos para a utilização de apenas uma portaria:

Centralização do controle de entradas e saídas do pessoal e de visitantes, bem como dos veículos de carga;

Maior segurança devido à facilidade de controle de entrada e saída;

Diminuição do número de funcionários (porteiros) necessários. Inconvenientes:

Congestionamento de veículos nos horários de início e fim de expediente de trabalho;

Confusão entre veículos de passeio (visitantes e funcionários) e veículos de carga;

Confusão entre veículos entrando e saindo do terminal ou armazém. Sendo possível suportar os custos de mão-de-obra e instalação de equipamentos, melhor

será uma portaria de entrada para veículos que chegam com a carga unitizada dos fornecedores, uma portaria de saída para veículos que farão a distribuição aos clientes e uma portaria para funcionários e visitantes.

Balança – a balança de carga deve ficar próxima à portaria, permitindo a conferência do peso do veículo antes e depois de descarregado, bem como a quantidade de carga que ficou no armazém.

Espaço para circulação de veículos – após adentrarem ao terminal, deverão circular na área do terreno até o estacionamento na doca de recebimento e, após a descarga até a saída.

Deve-se considerar ainda espaço de manobra dentro do terminal, para estacionamento e partida de veículos, sendo a entrada no terminal de fluxo horário, para que os veículos estacionem de ré na doca, no sentido anti-horário, possibilitando ao condutor visão do terminal e a economia de profundidade de manobra de 6,0 metros.

Algumas sugestões de projeto de áreas de circulação:

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•As vias devem ter aproximadamente 4,0 metros de largura por sentido de tráfego.

•Os portões de entrada devem ter aproximadamente 6,0 metros de largura para uma via de direção e 9,0 m no caso de entrada e saída pelo mesmo portão.

•Caso haja circulação de pedestres através do portão de passagem de veículos, deve ser aumentado aproximadamente 2,0 metros na sua largura.

•As vias devem permitir uma movimentação fácil do veículo sem a necessidade de manobras para a realização de curvas ou para mudança de direção.

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7.3 Recepção, conferência, expedição de cargas nos armazéns e terminais

Neste tópico abordaremos os procedimentos de recepção ou entrega de mercadorias, de conferência e de coleta ou expedição de cargas nos armazéns, com enfoque as etapas de recepção e de expedição de cargas nos armazéns e terminais e os procedimentos básicos que devem ser observados para conferência dos produtos que entram e saem dos armazéns e terminais.

As atividades dentro de um armazém têm de ocorrer sem interrupções, já que o simples recebimento mal planejado pode atrasar todos os próximos passos do processo de armazenagem, dificultando o fluxo de mercadorias contínuo, dessa forma, há que se cuidar para que toda a programação de transporte seja cumprida rigorosamente quer no recebimento quer na entrega das mercadorias.

Controle de chegada de veículos Quando o veículo chega à portaria do armazém ou terminal, o responsável pelo recebimento

deverá ter em mãos uma relação das entregas programadas. Exemplo:

Operação Veículos Tempo previsto de permanência

Instruções

Recebimento de 2 paletes com televisores

1 veículo do tipo caminhão baú

1 hora Programada para 8h

Recebimento de 40 toneladas de caixaria com carga diversificada

4 caminhões 3 horas Programadas para iniciar às 10h

Recebimento de 50 toneladas de sacaria de cimento

2 carretas 3 horas Preferivelmente após as 14h

O responsável deve no horário programado, encaminhá-los para as docas pré-definidas para descarga.

Um formulário bastante útil neste tipo de operação é o Plano de Chegada de Veículos. Exemplo:

Reserva nº Carga Nº de veículos

Hora Doca 1 Doca 2 Doca 3

06:00

07:00

001 2 paletes TV 1 08:00 X

09:00

002 40 caixas (carga diversa)

3 10:00 X X X

11:00

1 12:00 X

13:00 003 50 toneladas

(sacaria cimento)

2 14:00 X X

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É recomendado que o veículo não espere estacionado ao longo das vias para entrar no pátio do armazém, para tanto é importante prever uma área externa para estacionamento.

Enquanto não é autorizado seguir, o condutor poderá adiantar a soltura das amarras e tomar as providências para o desembarque e, sendo conferida a documentação, poderá ser direcionado para a doca. A orientação da condução até a doca pode evitar congestionamentos dentro do terminal ou armazém.

O roteiro a seguir deve ser usado a fim de padronizar procedimentos:

Entrega das mercadorias • Retirar a carga do veículo.

• Conferir a mercadoria.

• Efetuar a sua triagem.

• Encaminhar a carga para o local de estocagem ou formação de carga na doca de embarque (Transit Points ou Cross Docking).

Moura (1998), faz sugestão de formulário para checar as atividades de recepção no terminal ou no armazém:

Formulário Sim Em parte Não

1. Você sabe a hora em que seus fornecedores entregarão as mercadorias? 2. Os fornecedores e as empresas de transporte cumprem os horários? 3. Há formação de filas de caminhões do lado externo da empresa? 4. Existe um pátio para estacionamento dos veículos dos fornecedores na sua empresa? 5. Existem plataformas suficientes para a descarga simultânea de 2 (dois) ou mais veículos? 6. As mercadorias são conferidas antes da descarga? 7. Os materiais são provenientes de fornecedores com qualidade certificada, a ponto de evitar as conferências de recebimento? 8. Todos os materiais são recebidos em uma portaria específica e depois encaminhados para as docas de descarregamento? 9. Você estoca materiais nos pontos de recebimento? 10. Os materiais recebidos estão devidamente identificados? 11. Você utiliza identificação eletrônica no recebimento (Código de Barras, etiquetas inteligentes etc.)? 12. A descarga é feita por meios mecânicos, como empilhadeiras e guindastes? 13. Os materiais são recebidos em paletes? 14. Sua empresa tem controle dos paletes recebidos? 15 Para os materiais recebidos em volumes inferiores a uma carga paletizada, o recebimento é rápido? 16. Você abre todas as caixas e volumes para conferir o conteúdo? 17. Os materiais permanecem menos de um dia no recebimento, a espera da liberação para envio ao local de estoque ou ao embarque (Transit Points ou Cross Docking)? 18. Você reembala, pesa ou etiqueta os materiais para envio ao estoque? 19. A área de recebimento do seu almoxarifado representa menos de 10% da área total do armazém? 20. Você usa equipamentos adequados para movimentação de mercadorias na descarga dos veículos?

Total

Número de Respostas SIM:

•De 16 a 20: Suas operações de recebimento são excelentes!

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•De 10 a 15: Faça uma melhoria contínua em todas as suas atividades de recebimento, há um número grande de processos ineficientes.

•Abaixo de 10: Suas operações de recebimento estão se tornando um gargalo para seu armazém ou terminal. Promova uma revisão urgente dessa atividade!

Formas de realização da descarga do veículo As descargas manuais, mecanizadas ou automáticas fazem diferença no desempenho do

setor de recebimento. Manual É o método mais simples de descarga, contudo Alvarenga e Novaes (2000), este tipo de

operação exige planejamento adequado, sendo duas as alternativas mais usuais: 1) O operário entra no caminhão e pega uma unidade de volume (caixa, saco, item),

carregando-o até o local de recepção. 2) Linha de operários ligeiramente separados, do interior do veículo até o local de recepção,

onde o primeiro operário apanha a carga e passa para o segundo e assim por diante, até que a carga seja depositada no local de recepção.

A escolha do tipo de descarga dependerá do número de operários disponíveis e das características da carga e do armazém:

Equipes muito grandes são inadequadas para a primeira alternativa, pela dificuldade na locomoção dos operários, principalmente no interior do veículo.

Distâncias muito grandes entre o local de descarga e o local de recepção sugerem o uso da primeira alternativa, do contrário, necessitar-se-á de uma equipe muito grande.

Mecânica Mesmo cargas pequenas, a descarga mecânica pode tornar a atividade de recepção muito

mais dinâmica e eficiente: a) Guindastes podem retirar a carga do veículo e colocá-la no local de recepção.b) Esteiras rolantes e carrinhos facilitam a movimentação das cargas para dentro do

armazém. c) Empilhadeiras podem tanto retirar a carga do veículo como levá-la ao local de recepção. Automática O método mais moderno é o automático, que não utiliza mão-de-obra e lança mão de

equipamentos modernos controlados por computador.

Conferência de Mercadorias Outra tarefa importante para o funcionamento dos armazéns e terminais é a conferência de

materiais na fase de recepção ou de entrega.

Não se trata uma transferência de responsabilidade pela carga (do transporte para o armazém), mas uma correta conferência, que evitará demora e problemas para as outras atividades do armazém ou do terminal.

O exame quantitativo e qualitativo dos materiais recebidos deve incluir na conferência dos produtos:

• A especificação (descrição da mercadoria).

• A quantidade (número de itens).

• A unidade (caixa, saco, kg, tonelada, palete, contêiner etc.).

• A qualidade (temperatura, avarias, prazos de validade etc.).

• Os preços das mercadorias.

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Os itens devem ser idênticos aos do documento de entrega de mercadorias, que pode ser, por exemplo, uma nota fiscal ou o documento de transporte (conhecimento de transporte de carga). Não basta verificar se existe o documento, pois nele pode estar descrito um material e você estar recebendo outro. Na conferência devem ser observados o documento e a mercadoria.

Quanto à qualidade, deve-se observar o combinado com o fornecedor, que deve estar documentada em contrato de fornecimento entre o armazém e o fornecedor.

A conferência por amostragens é bastante utilizada, evitando verificar a condição de cada item. Um produto poderá ser encaminhado para um laboratório para verificar se suas condições conferem com as contratadas.

As exigências na escolha dos fornecedores tem aumentado, como por exemplo, Certificado do tipo ISO (9000 ou 14000, por exemplo), de qualidade total, com essa medida diminui a perda de tempo em conferências demoradas de qualidade das mercadorias e reduz custos. Tratando-se de produtos fora do padrão de qualidade, a empresa poderá ser excluída da lista de fornecedores, perdendo seu Certificado ISO de qualidade total.

É importante ressaltar que ao comprador cabe abrir, examinar, contar, pesar, medir, comprovar e confrontar com amostras, cabendo a recusa, devolução.

As garantias ora citadas estão previstas no Código de Defesa do Consumidor, devendo valer-se desse direito para evitar perdas no processo de armazenagem e evitar o risco de perda do cliente, que obviamente não aceitará produtos fora de suas especificações.

A conferência por amostra evita conferir todo um grande lote, gerando atrasos para a atividade de armazenagem, sendo comum estipulação de um percentual de tolerância para itens fora dos padrões no lote, ou seja, extrapolado o percentual o lote não será recebido.

Na recepção, o encarregado pela conferência deverá os materiais, pois o controle tem por

objetivo comunicar aos responsáveis pela compra ou pelo contrato as ocorrências na conferência, elaborando o relatório de inspeção, o qual relaciona a não conformidade do pedido com a nota fiscal.

Atividade de Expedição ou de Coleta de Mercadorias Ao receber o pedido, o responsável pela expedição de mercadorias deve solicitá-la a

estocagem. A mercadoria será encaminhada, da área de estocagem, para uma área própria de preparação dos pedidos, onde o pedido completo será agrupado.

Recomenda-se que a área seja delimitada com faixas no piso para separar os pedidos de cada cliente. Da mesma forma que as mercadorias que chegam, os pedidos também devem ser conferidos, para que não ocorram erros na expedição dos pedidos e complicações na entrega ao cliente, o que geraria custo de retorno.

Os pedidos são colocados em um palete antes de serem embarcados, porém, os volumes individuais podem ser colocados diretamente no veículo, caso não haja carga suficiente para formar um palete.

Cargas paletizadas e cargas individuais podem ser expedidas em um mesmo veículo, que poderá ter separação entre elas para facilitar a entrega.

Por fim, os processos de entrega, conferência e coleta são fundamentais para gerenciamento dos estoques e para o funcionamento das atividades logísticas nos armazéns, terminais e depósitos, e, principalmente, para o transportador planejar as atividades de interface com o armazém. Todas as atividades realizadas nos armazéns (recepção, conferência, embalagem, estocagem, expedição, preparação de pedidos, entre outras), contribuem com a melhoria do serviço logístico e podem acarretar redução nos custos logísticos, quando executadas adequadamente.

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8. MOVIMENTAÇÃO,

ACONDICIONAMENTO E EMBALAGEM

8.1 Movimentação, Acondicionamento e Embalagem

Processos e atividades de movimentação acondicionamento de cargas nos armazéns

O objetivo aqui é conhecer e identificar os vários processos e métodos de recepção, manipulação, armazenamento e despacho de cargas, relacionando-os com os vários tipos de cargas e com o layout do armazém, acompanhar o controle da movimentação de cargas no interior do armazém, conhecer os passos para montar pedidos e os processos de armazenamento de produtos e materiais.

Os conceitos a seguir são relevantes para o entendimento da matéria:

Movimentação: operação ou conjunto de operações para mudança de mercadorias o processamento ou serviço.

Acondicionamento: contenção de produtos (embalados ou não), durante a armazenagem, movimentação e transporte, para facilitação dessas operações.

Embalagem: elemento ou conjunto de elementos destinados a envolver, conter e proteger produtos durante a movimentação, transporte, armazenagem, comercialização e consumo.

No armazém algumas atividades merecem destaque:

- Movimentação das mercadorias;

- Estocagem das mercadorias;

- Recebimento;

- Conferência;

- Formação de pedidos;

- Embalagem e etiquetagem;

- Unitização de cargas;

- Registros e controle de produtos e itens.

Objetivos do layout O layout é a forma como homens, máquinas e materiais estão dispostos para a armazenagem.

Os objetivos são: a redução do custo e, maior produtividade das máquinas, equipamentos, homens e espaços físicos, através de medidas como:

• Melhora na utilização dos espaços.

• Redução da movimentação de material, equipamento e pessoal.

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• Definição de fluxo racionalmente.

• Redução do tempo dos processos.

• Melhoria das condições de trabalho.

A definição do layout do armazém No que refere ao layout há que se prever áreas necessárias para o funcionamento do armazém,

para tanto divide-se as instalações em área externa, área interna e área de estocagem.

a) Área externa: refere-se a portaria, a balança, a área de circulação de veículos e o estacionamento.

b) Área interna: é o espaço destinado aos escritórios, recebimento, conferência, inspeção, expedição, copa e vestiários.

c) Área de estocagem: localização dos materiais a serem estocados, circulação e acesso às zonas de estocagem, composto por:

Circulação: trânsito de equipamentos e pessoas.

Acessos: espaços que permitem o acesso eficiente e seguro às cargas.

Zonas de estocagem: estocagem dos materiais.

Uma forma de organizar o layout é dividi-lo conforme os serviços realizados na armazenagem, sabendo que a atividade básica compreende:

Descarga, conferência e recebimento: retirada das mercadorias a serem armazenadas do veículo, na inspeção e conferência das mercadorias, da documentação e descarga;

Marcação e etiquetagem: identificação dos volumes recebidos, lote, data do recebimento, destino da mercadoria, onde será armazenada, de cargas perigosas etc.;

Separação, segregação e endereçamento: conforme a natureza dos produtos e as exigências de diferentes tipos de armazenagem. Ex.: cargas perigosas, frigorificadas, cargas vivas etc. Logo após, são encaminhados aos respectivos endereços no armazém;

Armazenagem propriamente dita: transferência adequada dos volumes, desde a área de recebimento do armazém até o local onde as mercadorias serão armazenadas;

Registros e controle: é a seqüência de registros manuais, mecânicos ou eletrônicos do histórico de ocorrências de cada lote de mercadorias, desde o seu recebimento até sua entrega;

Preparação de pedidos: a montagem dos pedidos, a partir da requisição dos materiais dos locais de armazenagem, de acordo com os pedidos. Trata-se do empacotamento ou a unitização (colocação da mercadoria sobre paletes ou outro artefato de unitização), do pedido e seu envio para a doca de expedição;

Entrega: Na entrega da mercadoria é realizada a conferência da documentação de retirada, a identificação do lote, a transferência da armazenagem para o local da entrega;

Serviços acessórios: Atividades adicionais prestadas pelos armazéns, como embalagem, montagem, limpeza, vigilância etc.

Montagem e preparação de pedidos Está é uma das atividades mais importantes em um armazém, na qual cargas menores,

(colocadas em paletes, contêineres etc.), são separadas para formar o pedido. Seu objetivo é atender as exigências do cliente conforme a cor, tamanho, etc., sem danos e, no prazo e quantidade, desempenhando a conferência qualitativa e quantitativa, realizada antes de

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carregar a mercadoria no veículo, da mesma forma que na entrada dos produtos no armazém, no recebimento.

Na maioria dos armazéns, depósitos e terminais, os produtos são trazidos de onde estão estocados e acondicionados em caixas, paletes, contêineres, sendo os volumes marcados externamente com o nome e endereço do destinatário, para depois derem enviados à doca de embarque.

Há que se observar os seguintes procedimentos na preparação dos pedidos:

Que o pedido ou ordem de separação seja preenchido e recebido corretamente;

O documento de separação deve conter o nome do destinatário ou código de identificação, o local onde o item está estocado, o nome do produto e a quantidade do pedido;

A identificação nas prateleiras, estantes ou paletes, deve ser igual a do pedido;

A separação de pedidos também pode ser controlada por sistema informatizado, sendo o controle facilitado.

As operações de separação de pedidos é combinação de: a) separação em carga unitizada é feita quando uma carga paletizada do produto é retirada do estoque; b) separação em lote de caixas; c) separação em caixa aberta.

A separação de pedidos pode ser manual, motorizada, automática ou uma combinação desses métodos, sendo que o primeiro utiliza carrinhos de mão com duas ou quatro rodas, que são empurrados pelo separador ao longo do depósito e carregados manualmente, já o segundo utiliza veículos guiados ou não para transportar e/ou elevar o funcionário ao longo das linhas de separação. Os paletes, os carrinhos ou os contenedores são carregados manualmente.

No sistema automático o computador é utilizado para conduzir o indivíduo até o local e orientá-lo na separação dos pedidos.

A separação dos pedidos pode ser dividida em descontínua ou lotes, ou seja, naquela é montado um único pedido à medida que o separador passa pelos diversos pontos do depósito onde os itens necessários à formação daquele pedido estão estocados, sendo transportado até a área de preparação de pedidos, onde poderá ser consolidado com outro pedido, recebe a identificação, o nome do destinatário e aguarda o envio para a doca de expedição.

Na separação em lotes (vários pedidos) há a seleção da quantidade total de cada item para um grupo de vários pedidos, ou seja, depois de coletados no depósito, os itens dos diversos pedidos são levados até a área de preparação, onde são fracionados nas de acordo com cada pedido, consolidados com os outros itens, identificados com o nome do destinatário e o código, aguardando o envio para expedição.

A unitização de cargas no depósito ou terminal facilita o processo de separação e preparação de pedidos, já que as mercadorias de cada cliente são colocadas sobre um palete ou contenedor, identificado e com endereçamento na estocagem. Dessa forma, basta que o separador se desloque até o local de estocagem com a empilhadeira ou mesmo a com paleteira, recolha o produto e leve até a área de preparação de pedidos.

A separação de pedidos é o primeiro passo da atividade de expedição e pode ser resumido pelo roteiro:

O operador ou apanhador recebe as instruções para fazer a coleta em um pedido ou em um grupo de cartões de apanha, sendo que em cada caso, deverá receber uma lista dos itens a serem selecionados, da qual constará identificação e quantidade. Normalmente, os itens estão colocados numa seqüência, que coincide com a disposição do depósito.

O operador vai até a área, normalmente de estantes, onde os produtos estocados.

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O operador circula pela área selecionando os itens pedidos, depositando-os na caixa de apanha.

Volumes maiores ou os itens paletizados, o operador utiliza empilhadeiras, paleteiras ou carrinhos industriais para a coleta.

Após apanhar os itens nas áreas de estocagem no almoxarifado, o operador transporta-os até uma área onde os pedidos serão acumulado, podendo ser necessário embalar para proteger os produtos.

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8.2 Embalagem e unitização de cargas São objetivos, neste item, apresentar os diferentes tipos e a função das embalagens no

armazenamento e movimentação de produtos, os principais tipos de dispositivos de unitização de cargas para movimentar e arrumar mercadorias em depósitos ou em veículos de transporte, bom como conceitos ligados à embalagem e à unitização, atividades importantes na movimentação, acondicionamento e armazenagem de cargas.

Os artefatos de unitização de cargas e a embalagem são importantes na arrumação tanto no interior do armazém, como nos veículos, pois oferecem segurança na movimentação e permitem uma melhor ocupação dos espaços, possibilitando agilidade nas operações de carga, descarga e transporte.

Embalagem

Tudo o que acompanha um produto é classificado como embalagem, contudo não é menos importante que o produto transportado, tendo por vezes custo maior que o do produto.

Para cada produto há a necessidade de uma embalagem que se adapte, observando a maneira como o produto vai ser transportado e os danos que podem ocorrer, pois se não for corretamente projetada, a qualidade do produto será comprometida, principalmente se for perecível. A principal função da embalagem é a proteção do material, devendo ainda conter, facilitar o transporte, o consumo e identificar o produto.

Há que se considerar que:

Para quem a desenvolve, a embalagem é a arte, a ciência ou a tecnologia de preparar um produto para o transporte e a venda;

Para quem vende, a embalagem deve proteger o produto comercializado e comercializar o que está protegendo;

Para quem está comprando, a embalagem é o primeiro contato com o produto.

Para os produtos, a embalagem funciona como barreira contra fatores como temperatura, odores, insetos/roedores, luz, oxigênio e umidade.

O sistema de embalagem interage todas as atividades ligadas à logística, desde a movimentação de matérias-primas, peças e componentes, até a distribuição dos produtos nos pontos de venda e consumo.

Classificação das embalagens

Embalagem de contenção ou primária

Entra em contato com o produto, acompanhando-o até o seu esgotamento (exemplo: garrafa de refrigerante).

Deve existir compatibilidade entre produto e a embalagem, para que o primeiro não ser comprometido, principalmente nos caso de alimentos, onde a interação entre a embalagem e o produto deve ser mínima.

Embalagem de apresentação ou secundária

É aquela na qual o produto é apresentado ao usuário no ponto de venda (exemplo: caixa do creme dental).

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Embalagem de comercialização ou terciária

Tem a função de proteger o produto (exemplo: caixa de papelão contendo várias unidades de pasta de dentes).

As embalagens de comercialização, agrupadas em quantidades pré-definidas, formam uma unidade de movimentação.

Embalagem de movimentação ou quaternária

É formada por um conjunto de embalagens de comercialização, para que possa ser movimentada por equipamentos mecânicos, como paleteiras e empilhadeiras (exemplo: pallet contendo quantidade definida de caixas de papelão).

Os materiais das embalagens são selecionados de acordo com o produto, métodos de embalagem, métodos de resfriamento, resistência, custo, disponibilidade, especificações do comprador e tarifas de frete.

Artefatos de Unitização de Cargas

Unitização é o agrupamento das embalagens em uma carga maior, ou seja, é a arrumação de pequenos volumes em unidades maiores padronizadas, para que possam ser movimentadas mecanicamente.

Unitizar cargas traz muitas vantagens:

•Permite a movimentação de cargas maiores;

•Redução no tempo de carga e descarga;

•Redução do custo de movimentação e armazenamento;

•Maior ocupação volumétrica de armazéns e veículos;•

•Organização do armazenamento;•

•Facilitação da localização de itens estocados;•

•Facilitação do inventário de materiais;•

•Redução da probabilidade de danos nos materiais estocados;•

•Dificulta o furto de materiais estocados.•

Há que se considerar a carga unitizada apresenta alguns inconvenientes:

a) Exige equipamentos especiais de movimentação e armazenamento;

b) Dificulta a inspeção aleatória de carga;

c) Os unitizadores precisam retornar ao proprietário.

Palete

Elemento unitizador mais comum e pode ser feito de madeira, aço, alumínio, plástico e papelão.

Suas dimensões também podem variar, sendo mais utilizadas as medidas:

0,80 m x 1,00 m•

1,00 m x 1,00 m•

1,00 m x 1,20 m•

1,20 m x 1,20 m•

A movimentação pode ser feita através de empilhadeiras ou paleteiras manuais.

Contêiner

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Também conhecido como cofre de carga, contentor ou contenedor, é uma estrutura em geral metálica de grandes dimensões que permite acomodar, estabilizar e proteger certa quantidade de materiais.

São geralmente usados na troca de modais de transporte, no percurso entre um fornecedor e o cliente, como na integração entre navios e trens.

Existem contêineres para transporte terrestre, aéreo e marítimo/fluvial, sendo mais utilizado o marítimo, podendo ser refrigerados ou não, dependendo do produto a ser transportado. São também utilizados para tanques de gases ou líquidos.

Tecnologias de código de barras e de etiquetas inteligentes estão difundidas nas embalagens dos produtos e nos artefatos de unitização de cargas, possuindo as informações necessárias para o gerenciamento dos fluxos logísticos no interior do armazém e nos veículos, bem como nos pontos de comercialização e movimentação ao longo da cadeia logística.

Os códigos de barras e as etiquetas inteligentes são essenciais no rastreamento do produto durante a movimentação e a armazenagem entre o fornecedor e o cliente, sendo possível conhecer a exata localização do produto durante o seu deslocamento, o que ajuda no planejamento das vendas e dos estoques.

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8.3 Alocação e endereçamento dos produtos nos armazéns

A redução de custos do produto esta diretamente relacionado à movimentação que venha sofrer, buscando minimizar tais custos estudaremos os procedimentos práticos usuais para arrumação das cargas em armazéns e depósitos, técnicas práticas de alocação do espaço físico para os produtos em um armazém ou depósito e os métodos de endereçamento e de localização das mercadorias no armazém.

A alocação do espaço para os produtos no armazém refere-se ao layout físico da mercadoria, ou seja, à determinação de onde serão colocados os produtos, tendo como preceito diminuir despesas de movimentação, melhor utilização dos espaços do armazém, bem como questões relacionadas à segurança, incêndio e preparação de pedidos.

Para tanto é necessário técnicas de disposição de produtos em almoxarifados, como forma de melhorar o serviço e tornar a empresa competitiva.

Arrumação dos materiais no armazém Complementaridade:

Itens que normalmente são requisitados juntos devem ficar locais próximos no interior do armazém, como por exemplo, tintas e pincel; lâminas de barbear e creme de barbear; canetas e lápis etc.

Compatibilidade:

Produtos que não podem ser colocados próximos a outros, tal como produtos químicos e alimentos, etc.

Popularidade:

Itens com alta rotatividade são chamados de populares e devem ficar próximos às áreas de saída, para evitar deslocamentos longos no armazém.

Tamanho e Peso:

Itens pequenos e leves devem ser armazenados próximos da saída do armazém.

Técnicas de disposição dos produtos no armazém Rotatividade do item

A disposição dos produtos conforme a rotatividade consiste em dividir o espaço do armazém reduzindo as distâncias de deslocamentos efetuados por máquinas e pessoas e o tempo de formação dos pedidos, sendo necessário que os produtos que têm alta movimentação, sejam posicionados em áreas próximas das docas de recepção/expedição. Obviamente, produtos com menor rotatividade seão dispostos em áreas mais distantes.

Alocação dos produtos no almoxarifado conforme sua rotatividade

Docas de recepção / expedição de produtos

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Produtos de alta rotatividade

Produtos de média rotatividade

Produtos de baixa rotatividade

Fundo do almoxarifado

Técnica do tamanho do item Estabelece a separação dos itens pequenos dos grandes, de forma a permitir que os

primeiros sejam localizados mais próximos da entrada ou saída de mercadorias no armazém.

Com esse procedimento, a movimentação ser reduzida, já que uma quantidade maior de itens pode ser localizada perto dos locais de remessa e recebimento dos produtos.

Alocação dos produtos no almoxarifado em função do tamanho dos itens

Docas de recepção / expedição de produtos

Ítens de pequeno tamanho

Ítens de médio tamanho

Ítens de grande tamanho

Fundo do almoxarifado

Os itens grandes volume devem ser dispostos nos fundos do almoxarifado ou armazém, em locais mais distantes das docas de recepção e de expedição de produtos.

Técnica do Índice de Volume por Pedido (IK) Não rara às vezes que o produto pode ser de grande rotatividade e volume ou de

pequena rotatividade e volume. Para solucionar problemas dessa natureza foi desenvolvida uma técnica que considera o tamanho e a rotatividade simultaneamente, para encontrar a disposição dos itens, conhecida por índice de volume por pedido (Ik), a qual combina movimento e volume do produto como fatores importantes no layout do estoque no armazém.

O índice de volume por pedido (Ik) é definido pela razão entre o volume solicitado (V) e a quantidade diária de pedidos (P), sendo resumido na seguinte equação:

Ik= Vk / Pk

Sendo k = 1, 2, 3, ... n.

Dessa forma, produto com índice Ik baixo deverá estar localizado próximo às docas, assegurando o maior volume de estoque será deslocado na menor distância.

Alocação dos produtos no almoxarifado em função do tamanho

Docas de recepção / expedição de produtos

Produto com Índice de volume por pedido baixo

Produto com Índice de volume por pedido médio

Produto com Índice de volume por pedido alto

Fundo do almoxarifado

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Agrupamento por famílias: a alocação poderá ser realizada conforme os itens que aparecem com freqüência nos mesmo pedido, mesmo tamanho ou da mesma espécie, facilitando a montagem dos pedidos.

Especialistas em armazenagem, logística e transporte, argumentam que o modelo ideal, com movimentos reduzidos e atividades eficientes, deveria possuir formato do ar-mazém do exemplo abaixo:

Exemplo de Armazém Ideal

Circulação Produtos de baixa rotatividade Circulação

Produtos de média rotatividade

Produtos de alta rotatividade

Docas de recepção / expedição de produtos

Entrada - Vias de Transporte para acostagem dos caminhões - Saída

Docas de recepção / expedição de produtos

Circulação Produtos de alta rotatividade Circulação

Produtos de média rotatividade

Produtos de baixa rotatividade

No exemplo, itens de grande rotatividade são colocados perto das docas, facilitando o carregamento e descarregamento de veículos, que será mais eficiente se possuírem abertura lateral, reduzindo o tempo se comparado com os veículos cujo acesso ocorre somente pela parte traseira. Nos modelos citados deverá ainda existir rampa de comunicação suspensa, para interferir no tráfego de veículos.

Endereçamento dos produtos no armazém Recebida a carga no almoxarifado ou armazém, é importante determinar qual é o local

ideal para estocagem dos produtos. É no planejamento antecipado que será definido onde os produtos deverão ser armazenados. A localização dos estoques consiste em dar endereço aos pontos de estocagem dentro do armazém, com o objetivo de localizar as mercadorias quando necessário. Quando o pedido é montado ou há solicitação de qualquer setor da empresa por produtos estocados no almoxarifado, os itens precisam ser encontrados e recuperados, o que envolve métodos básicos de endereçamento das mercadorias no armazém, que são três: o sistema de endereçamento fixo, o sistema de endereçamento variável e o sistema misto.

Sistema de endereços fixos É designada uma localização permanente para cada produto, aos quais são associados

códigos (as etiquetas inteligentes e de código de barras), sendo vantajosa a localização do produto, no instante da formação dos pedidos, por estar estocado no mesmo local, reduzindo, consequentemente, o tempo de carregamento e de atendimento ao cliente.

Como desvantagem, há que se considerar os espaços ociosos no almoxarifado, quando os níveis de estoque são inferiores a demanda, por ser a dimensão física do endereço dimensionada pela demanda máxima.

Sistema de endereços variáveis

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Trata-se da colocação do produto em qualquer lugar disponível no momento da chegada ao depósito, proporcionando uma melhor utilização da área do almoxarifado, já que serão ocupadas as áreas livres, preenchendo o espaço do depósito de forma organizada e racional.

As exigências nesse sistema para um bom funcionamento é a codificação dos produtos (dizer qual é o endereço exato do produto no depósito) mais completa e eficaz, sendo mais utilizado em sistemas de armazenagem automatizados que utilizam computadores e programas de informática.

O sistema de endereçamento variável pode resultar em maiores deslocamentos na formação dos pedidos, já que um único item pode estar disposto em vários locais e, caso não possua um rígido controle automatizado, pode ser prejudicial à empresa, por conta dos deslocamentos para recuperação dos itens.

Sistema de endereçamento misto Determinadas categorias de produtos são confinadas em certas zonas dentro do

armazém (endereço fixo). Nas zonas, os itens são colocados onde houver espaço (endereço variável), normalmente utilizado em armazéns paletizados com grande volume de movimentação.

Há que se considerar que código de barras e de etiquetas inteligentes para identificação do produto e de seu endereço, aliada ao uso da informática, traz resultados positivos em qualquer dos sistemas apresentados.

Para isso, imaginemos um almoxarifado com a seguinte distribuição de prateleiras numeradas em sentido horário, conforme mostra a figura a seguir:

Sugestões para selecionar o sistema de endereçamento dos estoques:

1) Realizar estocagem em função das características do produto (forma de acondicionamento, densidade, grau de periculosidade, perecibilidade, fragilidade, compatibilidade entre cargas diversas, estado físico etc);

2) Usar grandes áreas para grandes lotes e vice-versa;

3) Usar os locais altos para os produtos que possam ser colocados com segurança e eficiência;

4) Estocar itens de maior peso nos pisos mais resistentes e mais próximos da área de expedição;

5) Estocar os itens leves nos pisos de menor resitência, sobre os mezaninos etc;

6) Localizar itens idênticos ou similares o mais próximo possível uns dos outros;

7) Usar locais distantes e altos para itens inativos (fora de uso, obsoletos), ou fáceis de serem manuseados, leves, pequenos etc;

8) Estocar os itens de pouca rotatividade ou que demorarão a serem utilizados em áreas mais distantes do recebimento e da expedição e nas locais mais altos do depósito;

9) Armazenar itens de maior rotatividade ou que serão entregues imediatamente perto da expedição ou próximos da doca de saída e em localização baixa.

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8.4 Normas de higiene e segurança

para a movimentação das cargasÉ de suma importância o cumprimento das normas de higiene e segurança na

movimentação das cargas no interior de um armazém e no transporte das mercadorias, do contrário, o produto pode ter a qualidade comprometida, bem como sofrer danos, frustrando as expectativas do cliente.

Higiene das Cargas Deve-se observar se o produto transportado é perecível, pois poderá sofrer alterações

microbiológicas, dependendo dos cuidados durante a manipulação. Essa alteração dá-se quando o produto é contaminado por microrganismos e tem suas propriedades com-prometidas, acelerando a deterioração. Normalmente produto que apresenta embalagem estufada indica que o produto fermentou, ou seja, sofreu uma alteração microbiológica e não poderá ser consumido.

É importante estar atento mesmo não existindo nenhuma mudança no aspecto da embalagem, pois dependendo do tipo de microrganismos, podem causar doenças graves se consumido o produto contaminado.

Tomar cuidados com a higiene das cargas é garantir que embalagens, materiais, equipamentos e manipuladores estejam limpos, não sendo suficiente que a data de validade esteja dentro prazo, já que outros detalhes como a temperatura e a umidade de armazenamento e transporte, a violação da embalagem, a carga não refrigerada (em alguns casos), exposição ao sol, o veículo ou material usado para o transporte e a armazenagem contribuem para que as propriedades do produto sejam alteradas.

Alimentos perecíveis como frutas e hortaliças, deverão ser transportados no menor tempo possível, caso contrário chegarão com a qualidade comprometida, por maior que tenham sido os cuidados no transporte e na armazenagem.

Detectada a falta de higiene no transporte e estoque do produto, é certo que o cliente buscará a concorrência, neste aspecto para manter a competitividade, mantenha equipamentos e armazéns limpos.

Segurança das Cargas A segurança esta relacionada aos riscos durante o manuseio e a movimentação, com

ênfase as operações de carga e descarga onde quebras e avarias ocorrem com maior freqüência motivada pela manipulação necessária, caso as medidas de precaução não sejam tomadas poderão ocorrer acidentes, com pessoas que estão em contato direto com os produtos, empilhadores, condutores e os outros que circulam próximo aos locais de movimentação e armazenagem.

Algumas medidas para a redução das avarias:

•Utilização de veículos adequados, que facilitem as operações de carga e descarga;

•Unitização de carga, sempre que possível;

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•Qualificação do pessoal que ocupa as funções de carga e descarga;

•Utilização de equipamentos apropriados;

•Racionalização do layout do armazém.

A movimentação e o acondicionamento de cargas pesadas envolvem o uso de equipamentos como empilhadeiras, caminhões ou guindastes, dessa forma deve ser dada às instruções de segurança, conforme a legislação, quanto aos procedimentos que devem ser cumpridos para se garantir a segurança na movimentação de cargas, manual ou mecânica.

A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) trata da Movimentação, Armazenagem e Manuseio de Materiais (arts. 182 e 183), sendo criada a NR 11 (Norma Regulamentadora), sobre Transporte, Movimentação, Armazenagem e Manuseio de Materiais, que estabeleceu os requisitos de segurança que deverão ser observados, tanto mecânica como manual, buscando a prevenção de acidentes de trabalho.

As principais orientações da NR 11:

Atividade Norma de segurança

Operação de elevadores, guindastes, transportadores industriais e máquinas transportadoras

Os equipamentos utilizados na movimentação de materiais (guindastes, empilhadeiras, esteiras-rolantes e outros) devem ser calculados e construídos para garantir resistência e segurança, além de conservados em perfeitas condições de trabalho.

A carga máxima de trabalho do equipamento deve ser indicada em lugar visível.

Equipamentos de transporte motorizado devem possuir sinal de advertência sonora (buzina).

Nos locais fechados ou pouco ventilados, a emissão de gases tóxicos, por máquinas transportadoras, deverá ser controlada para evitar concentrações, no ambiente de trabalho, acima dos limites permissíveis.

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Transporte de sacos A distância máxima para o transporte manual de um saco é de 60 metros.

Além do limite de 60 metros, o transporte deve ser realizado mediante impulsão de vagonetes, carros, carretas, carros de mão apropriados ou qualquer tipo de tração mecanizada.

O piso do armazém deverá ser constituído de material não escorregadio, sem aspereza, utilizando-se, de preferência, o mastique asfáltico, e mantido em perfeito estado de conservação.

Deve ser evitado o transporte manual de sacos em pisos escorregadios ou molhados.

A empresa deverá providenciar cobertura apropriada dos locais de carga e descarga da sacaria.

Armazenagem de materiais O peso do material armazenado não poderá exceder a capacidade de carga calculada para o piso.

O material armazenado deverá ser disposto de forma a evitar a obstrução de portas, equipamentos contra incêndio, saídas de emergências etc.

O material empilhado deverá ficar afastado das estruturas laterais do prédio a uma distância de pelo menos 0,50m (cinqüenta centímetros).

A disposição da carga não deverá dificultar o trânsito, a iluminação, e o acesso às saídas de emergência.

O armazenamento deverá obedecer aos requisitos de segurança especiais a cada tipo de material.

A Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) deverá estar presente nas empresas que tenham número superior a 20 funcionários, devendo ser constituída por representantes do empregador e dos empregados, variando a proporção conforme o número de funcionários e o grau de risco da atividade.

O objetivo da CIPA é observar e de relatar condições de risco nos ambientes de trabalho e de solicitar medidas para reduzir e até eliminar os riscos existentes e/ou neutralizar os mesmos (NR5).

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9. ADMINISTRAÇÃO DA FROTA E ROTEIRIZAÇÃO

A Administração da Frota é a gestão dos veículos usados pela empresa, cooperativa ou autônomo, desde o seu dimensionamento até sua manutenção eficiente, incluindo ainda a roteirização, para determinar uma melhor seqüência de visitas aos clientes no interior de uma zona de coleta ou de distribuição.

9.1 Dimensionamento da frota Os veículos são o patrimônio do transportador, necessário para o desempenho da

atividade, obtenção da renda, ampliação do mercado e oferta de serviços, daí a importância no dimensionamento da frota, conhecendo a demanda, que neste caso pode ser entendida como a quantidade, em peso ou em volume de determinado bem, que se deve movimentar durante um período.

Oscilações do mercado consumidor podem influenciar na forma de dimensionamento, portanto há a necessidade de atenção para os seguintes eventos:

• Diminuição ou aumento do consumo de produtos e serviços, reduzindo ou expandindo a necessidade de transporte;

• Grande oferta para baixa demanda no setor de transporte, em razão do grande número de empresas;

•Outros modais de transporte que substituem o veículos pesados para a execução do serviço de movimentação;

•Mudança nas características da carga ao longo do tempo (contêineres, paletes etc.), tornando os veículos inadequados para executar o serviço;

•A evolução das organizações das cadeias logísticas provocando a adequação de veículos de diferentes capacidades conforme a distribuição.

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Resumidamente duas circunstâncias distintas estão intimamente ligadas as empresas no processo de dimensionamento da frota: demanda desconhecida ou demanda conhecida.

A primeira exige uma previsão da demanda, que geralmente é realizado por economistas, engenheiros de tráfego ou transporte, estatísticos, entre outras categorias profissionais, que possuam conhecimentos matemáticos e estatísticos.

Conhecendo a demanda, dividi-se pelo transporte em razão das distâncias a serem percorridas da origem ao destino das cargas, determinando assim, a dimensão e as características dos veículos que serão utilizados, considerando:

•Transporte de cargas de longo curso: realizado na área rural, ligando duas cidades. Nessa situação há uma distância entre a origem e o de destino da carga (pode-se adotar distâncias acima de 200km);

•Transporte de cargas no meio urbano: são as entregas e coletas realizadas nos centros urbanos.

Operando nos dois tipos de mercado (urbano e rural), a empresa necessitará dimensionar a frota com veículos de diferentes tamanhos e características para atender às necessidades dos mercados. Se operar em um mercado, poderá ter frota mais homogênea, no que refere a capacidade.

Roteiro para o dimensionamento da frota:

1. Determinar a demanda mensal de carga e sua unidade (volume, peso etc.);

2. Fixar dias de trabalho durante o mês e as horas por dia;

3. Verificar as rotas, analisando relevo, condições de tráfego, condições do pavimento, tipo de pavimento etc.;

4. Determinar a velocidade média de deslocamento;

5. Determinar tempos de carga, descarga, paradas em filas, paradas para refeição e descanso dos condutores, horas de manutenção etc.;

6. Analisar as especificações técnicas do veículo, optando para o que melhor atende às exigências do transporte desejado;

7. Identificar a capacidade de carga útil do veículo;

8. Calcular o número de viagens/mês de cada veículo;

9. Determinar a quantidade de carga transportada por veículo durante o mês;

10. Calcular o número de veículos necessários dividindo-se a demanda mensal de carga pela quantidade transportada por veículo durante o mês; e

11. Acrescentar ao número de veículos calculando veículos adicionais para substituir que estão em manutenção, avariados etc.

A demanda por determinado bem ou serviço é variável, oscilando no tempo, em função do desempenho da economia, por exemplo, no caso da empresa que tem frota própria e dimensione seus veículos para a maior demanda mensal, como, por exemplo, nos meses de novembro e dezembro, poderá ter uma subutilização (ociosidade), em determinado período do ano, aumentando seus custos, devendo usar técnicas de gestão da frota para evitar esses períodos de ociosidade ou insuficiência de veículos, como por exemplo:

a) Parcerias

Podem ocorrer entre duas ou mais empresas para realizar determinado serviço de transporte, sendo as demandas unidas, assim como as frotas de veículos, racionalizando os recursos.

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b) Terceirização

Trata-se do uso de serviços de terceiros, ou seja, quando existe uma demanda elevada e não possui frota suficiente poderá contratar transportador autônomo, por exemplo, para re-alizar parte do transporte. Se a empresa possuir condutores em excesso, poderá locar outros veículos para a execução do transporte.

c) Franquias ou Franchising

É utilizado por empresas de transporte com a finalidade de expandir a área de atuação, oferecendo através da filiais os serviços da matriz, aproveitando da experiência, conhecimento e contatos acumulados.

9.2 Manutenção da frotaManutenção é o conjunto de ações para manter ou restabelecer um bem ou assegurar a

prestação de um serviço.

Neste título conheceremos os principais conceitos e tipos de manutenção, tratando ainda do monitoramento da manutenção da frota, custos dos planos e projetos de manutenção, andamento das ações de manutenção, parâmetros de depreciação e renovação da frota.

Manutenção e manutenabilidade

Manutenção é, resumidamente, otimizar os insumos garantindo segurança e reduzindo impactos ambientais, garantir a frota para os serviços, manter o controle histórico da manutenção da vida útil do veículo.

A utilização de veículos, peças ou equipamentos que tenham ultrapassado a vida útil comprometem a segurança, tornando-se fonte de gastos desnecessários.

Já a manutenabilidade é a capacidade ou grau de facilidade para o veículo ter a manutenção adequadamente executada, expressada em economia de manutenção, disponibilidade do equipamento, segurança e precisão na execução de ações de manutenção, tratando das condições da garagem, ferramentas e equipamentos da oficina.

A manutenção devidamente executada é fundamental para a vida útil de um veículo ou equipamento seja maximizada, tanto no desempenho quanto à sua disponibilidade.

A manutenção preventiva é realizada de acordo com critérios pré-estabelecidos buscando reduzir a probabilidade de falha ou degradação do veículo, dividindo-se em:

Manutenção sistemática: conforme o tempo de uso do equipamento;

Manutenção condicional: executada conforme o estado do equipamento após a evolução de um sintoma significativo.

A manutenção sistemática ou programada é realizada em intervalos fixos, sendo recomendada se a utilização reduzir falhas que não detectáveis antecipadamente ou se imposta por exigência de produção ou segurança, um exemplo de manutenção preventiva em intervalos fixos é a troca de óleo do motor, a qual será realizada por quilometragem rodada.

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A manutenção corretiva é realizada para corrigir defeitos, buscando sanar as causas e efeitos, podendo ser dividida em manutenção de melhoramento e manutenção corretiva geral.

A manutenção de melhoramento reúne ações corretivas para a melhoria dos veículos, aumentando a confiabilidade e desempenho, como por exemplo, realizar a substituição de peças que apresentem algum problema de funcionamento antes de quebrar.

A manutenção corretiva é realizada para sanar falha no veículo durante a operação, sendo a mais onerosa para a empresa, pois além de quebrar a peça, o veículo fica parado e a carga não chegará, provocando a insatisfação do cliente. Os custos não são apenas da peça que deverá ser substituída, mas também valor da remoção, assistência técnica, a utilização de outro veículo para completar o percurso, mão-de-obra, entre outros.

A manutenção condicional ou preditiva é quando o equipamento realmente necessita, exigindo mecânicos bem treinados e condutores capacitados para detectar as alterações no veículo durante a operação, sendo necessária ainda uma integração entre a manutenção e operação. Essa prática está baseada na inspeção com equipamentos e/ou experiência do condutor, relacionada ao conhecimento do desempenho das peças para determinado ambiente de operação, detectando antecipadamente problemas potenciais e executar a manutenção.

A inspeção e o monitoramento deverão determinar a retirada do veículo, quando for necessária a substituição.

Falha

É a da interrupção capacidade do veículo efetuar a operação (viagem). Neste sentido, deverão ainda ser considerados danos, avarias, panes, incidentes e as paralisações, ou seja, qualquer problema que impeça que o veículo continue operando, por paralisação ou comprometimento da segurança do condutor ou da carga.

Quanto à velocidade ou manifestação, podem ser:

1. Progressivas;

2. Repentinas.

Quanto ao aparecimento:

1. No funcionamento do veículo;

2. Após o funcionamento do veículo.

Quanto ao grau de importância:

1. Falhas parciais, comprometendo em partes o funcionamento do veículo;

2. Falha completa, parada completa.

Quanto à velocidade de aparecimento e importância:

1. Por degradação e ao mesmo tempo progressiva e parcial;

2. Catalítico, ao mesmo tempo repentino e total.

Quanto à origem:

1. Interna: relacionada à falha de componentes do veículo;

2. Externa: causada por agente externo, por exemplo, acidente.

Quanto às conseqüências:

1. Crítica: suscetível a danos corporais ou de conseqüências inaceitáveis;

2. Maior: de importância vital para a continuidade da prestação dos serviços;

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3. Menor: sem grandes conseqüências para a continuidade dos serviços.

Quanto às características das falhas:

1. Intermitente: perda repetitiva momentânea, completa ou parcialmente da função;

2. Fugitiva ou transitória: perda de curta duração não repetitiva, completa ou parcialmente de função requisitada;

3. Sistemática: ligada a uma causa não eliminável, salvo por modificação ou substituição de um determinado componente;

4. Reproduzível: provocada à vontade simulando as suas causas;

5. De causa comum: possibilidade de influenciar vários componentes de veículo.

Há que se verificar as causas das falhas, evitando o aparecimento de defeitos, as quais podem ser:

• Defeito de fabricação;

• Má utilização;

• Má conservação;

• Envelhecimento ou desgaste;

• Primária: provocada por falha de um componente;

• Secundária: ocorrida em um componente, causada por meio de outro.

A cada falha há degradação de um item “mecânico” de modo particular, evoluindo da seguinte forma:

•A iniciação se dá com defeito de concepção, de fabricação e/ou uma causa externa como a sobrecarga;

•A propagação acontece por falhas em funcionamento;

•A ruptura (perda do bom funcionamento) ocorre de forma acelerada após a propagação no tempo.

Das falhas mecânicas em funcionamento, os principais são:

•Choque, geralmente provocado por acidente de comportamento;

•Sobrecarga: transporte acima da capacidade permitida levando a ruptura ou deformação;

•Fadiga: esforços alternados e repetitivos que levam à ruptura;•

•Desgaste pelo uso: o atrito gera perda do material das superfícies;

•Abrasão: dano por corpo de dureza superior;

•Erosão, provocada por impacto de partículas em grande velocidade;

•Corrosões, química, elétrica, bacteriana etc.;

•Fluência: deformação por tensão mecânica e térmica.

Eficácia e eficiência Eficácia é o grau de impacto positivo das atividades de um sistema, ou seja, é fazer a

escolha certa. Ao mensurar a eficácia, busca-se conhecer se os resultados atenderam aos objetivos planejados e se estes foram bem escolhidos, tendo como premissas:

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• Antecipação dos problemas;

• Obtenção dos resultados; e

• Aumento de lucros. A eficiência está relacionada a fazer corretamente, a partir dos conceitos disponíveis,

buscando sua otimização:

• Obtenção de solução dos problemas;

• Geração de economia de recursos;

• Cumprimento das obrigações; e

• Redução dos custos.

O pessoal envolvido na manutenção deverá estar atento

para garantir integração dos conceitos de eficácia e eficiência, objetivando a eficácia a partir de resultados relacionados com a confiabilidade e segurança da operação, mas de forma otimizada de recursos (pessoal e material).

Monitoramento e avaliação A avaliação da eficácia da manutenção é fundamental para a melhoria dos serviços,

garantindo confiabilidade e segurança da operação, sendo constatada pela disponibilidade do veículo para cumprir a função nas condições estabelecidas para a operação. O indicador determina a o tempo necessário para que veículo estará disponível para voltar à operação, sendo mensurado das seguintes formas:

Disponibilidade = Tempo efetivo de disponibilidade

Tempo requerido

Disponibilidade Operacional = Tempo de funcionamento

(Tempo de funcionamento+ tempo indisponível)

Onde:

•Tempo efetivo de disponibilidade: é o tempo em que o veículo está disponível para desempenhar a função;

•Tempo requerido: período que a manutenção leva para realizar o serviço requisitado;

•Tempo de funcionamento: é a parte do tempo efetivo de disponibilidade durante o qual o veículo está desenvolvendo a operação;

•Tempo indisponível: é o tempo durante o qual o veículo está indisponível para operação, devido à necessidade de manutenção, corretiva ou condicional.

A manutenção deve, buscar otimizar o tempo do veículo na oficina, para tanto deve:

•Garantir no estoque as principais peças de reposição;

•Evitar paradas na manutenção para procurar peças no almoxarifado;

•Definir layout para movimentação do veículo na manutenção.

Os Custos de Indisponibilidade (CI) são prejuízos ocasionados por paralisações dos veículos, não sendo, normalmente, contabilizado pelas empresas, devendo ser considerado:

•Custos extras para recompor a produção (pessoal, operação, peças);

•Penalidades pela interrupção da operação;

•Conseqüências para a imagem da empresa;

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•Perda de receitas.

Uma das formas de diminuição de custos é a adoção de manutenção preventiva, a qual objetiva a redução de paralisações por problemas de ordem “mecânica” nas operações.

Depósito

Buscando otimizar a frota, neste tópico será apresentado um método prático e científico para programar a roteirização de veículos para coleta e entrega de mercadorias, tecendo considerações sobre os conceitos de roteirização e de despacho. Bem como a seqüência de passos necessários para realizar a roteirização.

9.3 Roteirização

Dentre as formas de atendimento de clientes localizados na zona de distribuição, podemos citar:

• Para o veículo que atende um cliente e retorna ao depósito após a entrega, é recomendável que a mercadoria solicitada preencha carga completa;

• Para o veículo que transporta a mercadoria de vários clientes e após a entrega do produto a todos retorna ao depósito; e

• Vários veículos são utilizados para a distribuição de mercadorias, cada um levando a carga de determinados clientes, ao final todos retornam ao depósito.

A escolha do tipo de distribuição dos produtos realizada aos clientes deverá ser analisada, sendo mais comum o planejamento das visitas para entrega ou coleta de mer-cadorias conhecido como roteirização, o qual é entendido como método de melhor seqüência de visitas a um número de clientes, seja no interior de uma zona de coleta ou de distribuição.

Entende-se por seqüência a ordem para as entregas ou coletas, podendo ser estabelecidas duas entregas com três clientes para cada veículo, ou ainda combinação de clientes da zona de distribuição que formam vários roteiros, procurando:

•Reduzir as distâncias para realizar as tarefas;

•Reduzir o tempo das tarefas;•

•Otimizar o uso de veículos (peso, volume, horas de utilização);

•Racionalizar a mão-de-obra (motoristas e ajudantes); e

•Servir de subsídio para o dimensionamento da frota.

Além dos roteiros, existe ainda a programação da roteirização, que envolve:

1. Número de veículos necessários o serviço;

2. Capacidade (peso e volume) dos veículos;

3. Pontos de parada (clientes) para coleta ou entrega de produtos;

4. Seqüência das paradas para coleta ou entrega dos produtos;

5. Quantidade a ser entregue para cada cliente;

6. Localização de cada cliente na região de distribuição ou coleta; e

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7. Distâncias entre clientes e o depósito.

Na prática, problemas de roteirização são freqüentes na distribuição e coleta de produtos, bem como na prestação de serviços, como por exemplo:

• Entrega, no domicílio, de produtos adquiridos em lojas ou pela Internet;

• Entrega de produtos dos Centros de Distribuição para lojas de varejo;

• Distribuição de bebidas em bares e restaurantes;

• Distribuição de dinheiro para caixas eletrônicos;

• Distribuição de combustíveis;

• Distribuição de artigos de toalete (toalhas, lençóis etc.) para hotéis;

• Coleta de lixo;

• Entrega de correspondência etc.

O despacho de veículos é comum na distribuição e coleta de cargas, acontecendo quando não se conhece exatamente os pontos de parada. Enquanto na roteirização os volumes de carga e paradas são conhecidos antes da programação (as empresas de transporte ou distribuidoras recebem os pedidos no dia anterior), no despacho, a demanda de determinado cliente pode ocorrer quando o veículo de transporte já percorre rota, tal circunstância poderá ser minimizada direcionando o veículo mais próximo da parada em que ocorreu a demanda. Será necessário verificar se o veículo tem o produto solicitado para entrega ou possui espaço para coleta.

Etapas da roteirização Quanto mais clientes, mais complexa é a solução para a roteirização, sendo necessário

métodos sofisticados e computador, podendo nos casos mais simples utilizar algumas regras práticas, como segue:

1. Inicie o agrupamento pelo ponto (parada) mais distante do depósito;

2. Encontre o próximo ponto, tomando o ponto disponível que esteja mais perto do centro dos pontos no grupo. Agregue esse ponto de parada ao grupo de pontos, caso a capacidade do veículo não tenha sido excedida;

3. Repita o passo 2 (dois) até que a capacidade do veículo;

4. Estipule as paradas em seqüência, no formato de uma gota d’água;

5. Encontre o próximo ponto, que é a parada mais distante do depósito ainda disponível, e repita os passos 2 (dois) e 4 (quatro);

6. Continue até que todos os pontos tenham sido designados.

Procure com esse procedimento gerar roteiros com o formato semelhante ao de “pétalas de margarida”.

Há que se considerar que só é possível estabelecer roteiro quando for possível realizá-lo na prática, para tanto é necessário antes de separar os clientes por roteiro saber se a carga que será entregue ou coletada está de acordo com a capacidade, volume e peso do veículo disponibilizado para o serviço. Também é preciso verificar se os clientes do roteiro poderão ser atendidos no intervalo de tempo disponível para as visitas. Resolvidos estes problemas, basta encontrar a melhor seqüência de visitas em cada roteiro, minimizando a distância e o tempo.

Alguns processos de roteirização podem se limitar à definição de rota, o que ocorre nos casos da entrega ou coleta feita com carga completa, ou seja, o veículo vão até um único cliente.

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Neste caso, busca-se encontrar a rota com a menor extensão, observando se a infra-estrutura viária (relevo, qualidade do pavimento etc.), não influenciará.

MÓDULO IV

Qualidade na

prestação dos

serviços de

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transporte de

cargas

10. A QUALIDADE NO TRANSPORTE DE CARGA

10.1 Qualidade na Prestação de Serviços

Aqui estudaremos a importância da prestação de um serviço diferenciado, tratando de temas como:

•Qualidade •Produto, serviço e qualidade; •Atendimento ao cliente com qualidade.

Qualidade Segundo MARINHO (2006), “A qualidade é o mínimo que o cliente espera de qualquer

produto ou serviço. Pode-se considerar que qualidade é uma das mais importantes ferramentas para conquistar consumidores, competitividade e produtividade, dando sustentação às empresas bem como a todo sistema econômico de um país”.

A qualidade para o cliente está relacionada com a satisfação que o produto ou serviço oferece, atualmente uma série de fatores a compõem, como por exemplo, prazo, pontu-alidade na entrega, condições de pagamento, atendimento pré-venda e pós-venda, flexibilidade, entre outros.

Diferença entre produto e serviço

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Existem diversas definições sobre serviços e produtos. Resumidamente, abaixo apresentamos características específicas a cada um:

PRODUTOS SERVIÇOS

Tangíveis (materiais) Intangíveis (não materiais)

Podem ser estocados Não podem ser estocados

Podem ser transportados Não podem ser transportados

Produzidos antecipadamente Serviço e consumo são simultâneos

Baixo contato com o cliente Alto contato com o cliente

Qualidade nos bens é visível Qualidade no consumo do bem

Produto Segundo o dicionário Aurélio (1993) é o “conjunto de bens resultantes da atividade

produtiva”, ou seja, é o resultado concreto da atividade humana, do trabalho.

Serviço

Para MARINHO (2006), o serviço é algo não palpável, não material. É a atividade que normalmente acontece entre alguém que fornece o serviço (uma empresa ou um funcionário) e alguém que precisa.

Qualidade no atendimento ao cliente O cliente sempre busca profissionais ou empresas para suprir as suas necessidade,

tratando-se de transporte, é grande o número de empresas que estão no mercado oferecendo produtos e prestando serviços com qualidade aparentemente equivalentes, lembrando ainda, que a escolha é por empresas que podem atender às necessidades a partir de aspectos, como: oferta de produto de qualidade, pontualidade na entrega, segurança no transporte, compromisso, responsabilidade social, etc.

Buscando a satisfação do cliente é importante assegurar:

•Certeza da entrega, certificando a idoneidade da empresa;

•Pontualidade, reforçando a imagem de organização do serviço prestado;

•Integridade do produto, evitando danos ou extravios;

•Recebimento do pedido completo, sem erros;

•Ausência de acidentes com veículo e/ou carga;

•Ausência de riscos de dano ao Meio Ambiente.

Idoneidade Segundo Minidicionário Aurélio, idoneidade designa aqueles que apresentam a qualidade

de possuírem aptidão, capacidade, competência. Dessa forma podemos entender que empresa idônea é aquela apta, que possui capacidade e competência para fornecer o serviço ou produto conforme acordado.

“A primeira impressão é a que fica!”

O transporte no Brasil é um dos segmentos mais importantes da economia, muitas em-presas e profissionais estão buscando garantir seu espaço. Por isso, a importância da

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responsabilidade no atendimento de qualidade e prazos, que devem ser garantidos e cumpridos.

10.2 Como prestar um serviço com

qualidadeEste título remete a preocupação constante no que refere a oferta de serviço de qualidade

ao cliente, para tanto serão abordados os seguintes temas: •Prioridades na prestação de serviços. •Qualidade na operação em terminais e armazéns de mercadorias. •Qualidade na movimentação, acondicionamento e embalagem. •Situações críticas na prestação de serviços para poder solucioná-las.

Prioridades na prestação de serviços Vale ressaltar algumas circunstâncias que levam a perda do cliente, dentre as quais

destacamos:

•Morte ou mudança de endereço;

•Novos hábitos de consumo;

•Preço elevado do produto ou serviço; e

•Desapontamento com a qualidade dos produtos.

Cerca de 70% dos clientes dizem estar insatisfeitos com o fornecedor, ou seja, a má qualidade do serviço prestado.

Dados relevantes:

49% dos clientes trocam de empresa em razão do atendimento de baixa qualidade.

21% trocam de empresa pela falta de atenção.

15% trocam de empresa por causa do preço ou qualidade do produto.

Fonte: SAIANI, Edmour. Loja viva. Ed. Senac Rio, 2001.

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Diante dos dados acima, se a empresa não presta um bom serviço ou não entrega ao cliente o produto de acordo como o esperado, este cliente escolherá outra empresa quando precisar. Concluímos que a priorização na qualidade de atendimento e na qualidade do produto fornecido é essencial.

Qualidade na operação em terminais e armazéns de mercadorias As desenvolvidas em um terminal de cargas ou armazém estão relacionadas com as

tarefas de movimentação e armazenagem da carga. Para o desempenho destas atividades é importante que sejam executadas com cuidado e atenção, existindo uma integração entre o ter-minal e os transportadores.

O desembarque envolve atividades de recebimento dos veículos contendo cargas, transbordo para o veículo de transporte interno, transporte interno até a área de armazenagem, transbordo da carga para a área de armazenagem e, por fim, armazenagem enquanto aguardam a requisição para o embarque.

A operação de embarque inicia com a retirada da carga do local de estocagem e com a sua colocação no veículo de transporte interno. Posteriormente, realiza-se o transporte até a área onde será dado início à operação de embarque no veículo que realizará o transporte da carga até o destino final ou para algum outro terminal.

Qualidade na movimentação, acondicionamento e embalagem Cada tipo de produto deve ter uma embalagem que se adapte melhor, observando

como vai ser transportado e os danos que pode sofrer. Se a embalagem não foi corretamente projetada, podemos ter a qualidade do produto comprometida e por conseqüência, o serviço de transporte.

Manuseio e Movimentação de Cargas Esta atividade está associada com a manutenção de estoques e diz respeito à

movimentação do produto ou das cargas no local de estocagem. São problemas importantes: seleção do equipamento de movimentação, procedimentos para formação de pedidos e balanceamento de carga.

Acondicionamento, Embalagem e Proteção A embalagem deve garantir movimentações sem danos, e deve ter dimensões

adequadas de empacotamento que possibilitem o manuseio ergonômico, além de aperfeiçoar a utilização de espaço, melhorando a distribuição das cargas na armazenagem e no transporte.

As situações críticas na prestação de serviços Pode acontecer circunstâncias que o serviço não estará de acordo com as

expectativas do cliente, como por exemplo falhas com o produto, atrasos no prazo de entrega devido ao trânsito ou problemas relacionados ao deslocamento nas vias de transporte.

Primeiramente não se deixe levar pela emoção do cliente, o qual pode ter razões para estar insatisfeito, nervoso e estressado. Tentar discutir ou justificar-se neste momento pode dificultar a comunicação, procure colocar-se no lugar do cliente, saber se

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ele está com raiva, se está parecendo perdido, desorientado, sentindo-se lesado, só assim, saberá como tratá-lo.

10.3 Programas de qualidade no

setor de transportes Neste item o estudo será direcionado para as atividades envolvidas com o transporte de

cargas, as quais constituem a Cadeia de Processos de Transportes, tratando ainda dos conceitos e atividades da Cadeia de Processos, conceitos dos programas de qualidade para o setor de transporte, bem como os programas de qualidade para o setor de transporte.

Conhecer as atividades do transporte de carga implica na melhora da qualidade do ser-viço oferecido aos clientes, possibilitando planejar e organizar as atividades, respondendo de acordo com as necessidades.

A Cadeia de Processos no Setor de Transportes

O transporte de cargas envolve a movimentação de mercadorias dos pontos de fornecimento aos de consumo, contudo, para gerenciar tal atividade são necessárias outras, como por exemplo: pedidos, estoque, armazenagem de produtos, embalagem etc.

A movimentação dos produtos, ou seja, o fluxo destes produtos ocorre com três atividades essenciais, sendo que a primeira é a solicitação do cliente ao fornecedor dos produtos que necessita, que por sua vez, verifica seus estoques, processa e monta o pedido e, em seguida, entrega a mercadoria a um transportador, para movimentação até o cliente.

O papel do transporte na Cadeia de Processos

É responsável pela movimentação de insumos, mão-de-obra e matéria-prima utilizados no processo produtivo, garantindo ainda, o deslocamento do produto final aos consumidores.

Tratando-se do serviço ao cliente, o transporte tem grande influência, em razão da pontualidade do serviço, tempo de viagem, capacidade de prover serviço de entrega,

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flexibilidade para manuseio de variadas cargas, gerenciamento de riscos por roubos, danos e avarias da carga transportada.

Os Programas de Qualidade

O setor de transportes pertence ao setor de serviços e, a prestação desse serviço, é dependente de recursos humanos no que refere a prestação de serviços para que as empresas possam operar.

Os programas de qualidade devem procurar desenvolver os recursos humanos, ou seja, a qualidade dos serviços prestados está diretamente relacionado à qualidade no contato com o cliente, principalmente no aspecto educação dos colaboradores da empresa de transporte. A capacitação de colaboradores e empresas na prestação de serviços que atendam os cliente quanto à pontualidade, tempo de viagem acordado para com o cliente, garantia do serviço com menores riscos a roubos, danos e avarias da carga transportada, dentre outros.

Buscando melhorar a qualidade no atendimento e conceitos do serviço prestado a empresa de transporte de cargas deverá utilizar-se de instrumentos tais como:

Pesquisa: deverá ser elaborada nos diversos segmentos onde atua a empresa, sendo utilizada como ferramenta para mudança de estratégias mercadológicas, buscando aferir a evolução da imagem, demanda, satisfação com os serviços etc.

Segmentação: Tratar os usuários conforme suas especificidades, no que refere ao tipo de carga transportada, veículos utilizados, destinos preferenciais, prazos e períodos de atendimento etc. Neste sentido tomamos como exemplo as Empresas de Correios e Telégrafos que segmentam seus serviços conforme a necessidade do cliente: sedex hoje, sedex 10, sedex comum, entre outros.

Novas Mídias: explorar a diversidade de mídias existentes, com destaque para a Internet, aperfeiçoando a comunicação e o contato do cliente com a empresa.

Diversificação dos serviços: serviços complementares buscando satisfazer as expectativas e necessidades do cliente, atraindo mais clientes. Exemplo: serviços de estocagem por curtos períodos.

Mensuração: desenvolver instrumentos de mensuração da qualidade do serviço oferecido, procurando corrigir e melhorar aspectos não satisfatórios.

Canais de comunicação: monitorar os canais de comunicação e programar novos, aperfeiçoando a utilização como base de informações.

Tendo como base o mercado consumista, entender as expectativas e gostos destes consumidores é uma tarefa importante para os que oferecem serviços de transporte e, os programas de qualidade no transporte têm por objetivo atrair novos clientes para a utilização de um produto ou serviço. Além da melhora no atendimento ao cliente, os programas de qualidade tem por objetivo capacitar e motivar os colaboradores das empresas, possibilitando a satisfação e comprometimento, visando torná-los aliados no negócio, responsáveis pelo sucesso e preocupados com o seu desempenho.

Fundamental é ouvir a opinião do colaborador, debatendo as proposta para melhoraria do serviço ao cliente, já que é aquele que realiza o contato. Os colaboradores atuam diretamente com clientes, recebendo sugestões para melhoria no serviço, dessa forma, estão preparados para avaliar fatores de insatisfação ou determinar quais falhas são recorrentes.A administração que busca a participação dos colaboradores é a tônica mundial, para tanto o depende de uma série de fatores, dentre eles: tarefas estimulantes e ambiente de trabalho motivador.

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11. NOÇÕES DE

PLANEJAMENTO E GESTÃO DO TRANSPORTE

11.1 Conhecendo Mapas, Rotas e Modos de Transporte

O custo de determinado bem ou serviço está diretamente ligado aos gastos que foram realizados para a disponibilização no mercado consumidor, neste sentido há a necessidade do estudo, englobado pelo planejamento de transportes, da interpretação e utilização de mapas e rotas, as diversas modalidades de transporte, nacional e internacional e as diferentes de se transportar mercadorias.

Aprender a interpretar mapas e rotas de transportes.

Com o avanço da tecnologia, tornou-se muito mais fácil determinadas atividades, contudo, neste caso específico tem-se a necessidade de conhecer os principais softwares existentes e saber interpretar os mapas de apoio, utilizados na roteirização.

Programas de computador são criados buscando soluções que diminuam os custos do processo de entregas ou coletas, determinando a seqüência de visitas aos clientes, reduzindo as distâncias percorridas e o tempo para realizar o serviço. Os softwares, como são conhecidos, permitem a programação da roteirização com variáveis: clientes, caminhões, roteiros, restrições operacionais etc, realizando cálculos e simulações dos roteiros em tempo reduzido.

Normalmente, os softwares de roteirização são utilizados com outros instrumentos tecnológicos, como por exemplo, o GPS (sistemas de posicionamento global por satélite) e o SIG (sistemas de informação geográfica), possibilitando melhorar o planejamento e as operações de entrega ou coleta.

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O Sistema de Posicionamento Global por satélite (GPS)

O GPS é um sistema eletrônico de navegação que permite a localização instantânea, em qualquer ponto da Terra.

O Sistema de Informação Geográfica (SIG)

Sistema de computador que agrega tabelas, informações geográficas e mapa da região, facilitando a análise de possibilidades para a tomada de decisão.

Mapas e as rotas de transporte O mapa é uma representação gráfica que pode conter a representação das rodovias, das

hidrovias, ferrovias e portos da área representada. Rotas são caminhos a serem seguidos conforme orientação de mapas, como por exemplo, nos rodoviários são formadas por pontos localizados que facilitarão a localização das vias de acesso de um ponto a outro. Nas áreas urbanas os pontos das rotas são locais de interesse, sejam de entrega ou coleta de mercadorias. Tratando-se de estados, os pontos das rotas serão as cidades.

A legenda, localizada na parte inferior do mapa, ajuda na identificação de regiões, cidades e rodovias, por meio de cores, símbolos e números. Ao longo das rodovias, são indicadas as cidades e regiões a que dão acesso, que são pontos de referência para um determinado destino, ou seja, de um local de origem a um local de destino.

Buscando facilitar a definição de rotas e distâncias a serem percorridas, poderão ser utilizados mapas digitalizados em SIG, que armazena a geometria e os atributos dos dados localizados na superfície terrestre e em uma projeção cartográfica. Essa geometria corresponde ao desenho da rota propriamente dito, já os atributos correspondem às características destas rotas, que podem ser de velocidade, tipo de veículo utilizado, tipo de carga transportada, etc. 21FD-90AA-5C4E-5E43-6E75-8EB7-6234-64EB-0E5C-C31A

A seguir, alguns sites que poderão ser acessados para aquisição de mapas que auxiliarão na definição de rotas

•http://mapas.yahoo.com.br/caminho.asp

•http://guia4rodas.abril.com.br

•http://www.guiageo.com

•http://maps.google.com.br

Modalidades de Transporte Existem vários modos e formas para a execução do transporte de bens ou serviços, dos

quais destacamos:

Dos modos:

• Rodoviário

•Ferroviário

•Aquaviário (fluvial e marítimo)

•Dutoviário

•Aéreo

Das formas:

•Modal: consiste na utilização de um modo de transporte.

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•Segmentado: utilização de veículos diferentes de uma ou mais modalidades de transporte com contratos distintos.

•Sucessivo: transbordo para o prosseguimento do transporte em veículo da mesma modalidade e com um único contrato.

•Combinado: juntam-se elementos de diferentes modos de transporte em uma única operação.

•Intermodal: é o transporte por duas ou mais modalidades na mesma operação.

•Multimodal: mais de uma modalidade de transporte, da origem ao destino, no único contrato de transporte.

Modalidades de transporte - características Há que se considerar todos os elementos para a escolha da modalidade de transporte

ou para a combinação de modalidades, independente das distâncias percorridas, lembrando sempre que a otimização dessa atividade influenciará diretamente no custo do produto e, consequentemente na margem de lucro.

a) Transporte Rodoviário

Nas viagens de curtas e médias distâncias, o modal rodoviário é o mais utilizado, permitindo a multimodalidade e a intermodalidade, apresentando preço mais elevado por unidade transportada comparando-se ao transporte ferroviário ou aquaviário, sendo re-comendado apenas para produtos de alto valor ou perecíveis.

b) Transporte Ferroviário

Efetuado por vagões, movidos por locomotivas, sobre trilhos e com trajetos delineados, não possuindo flexibilidade de percursos, o que poderá provocar atrasos na entrega, em caso de obstrução da ferrovia.

A distância é um dos fatores que influenciam no custo dessa modalidade, sendo a densidade de tráfego em determinada rota fundamental para justificar a construção da ferrovia. O ferroviário é um modal apropriado para transporte de mercadorias agrícolas a granel, como açúcar, grãos etc., bem como movimentar minérios, derivados de petróleo e produtos siderúrgicos, pela capacidade para grandes volumes e preços baixos.

c) Transporte Aquaviário: fluvial e marítimo

A navegação fluvial é a realizada em rios, chamada de navegação interior. No que refere ao transporte fluvial pode transportar as mais variadas cargas, utilizando embarcações dos mais variados tipos, desde que a via possua características compatíveis. Os produtos transportados por esse modal geralmente são de origem agrícola, fertilizantes, minérios, combustíveis, etc.

O transporte marítimo é realizado por navios em oceanos e mares, podendo ser utilizado para os mais variados tipos de carga, sendo o único que possibilita a remessa de grandes quantidades de uma só vez e, sua principal vantagem é competitividade para produtos com baixo custo por tonelada (químicos industriais, ferro, cimento, petróleo, minerais).

d) Transporte Aéreo

É o realizado por empresas aéreas, cujos veículos variam os tipos e tamanhos, podendo ser nacional e internacionalmente. Basicamente, pode ser utilizado para todas as cargas, embora com limitações, se comparado ao marítimo, à quantidade e especificação, sendo utilizado para cargas de valor elevado ou perecibilidade alta que necessitem chegar rapidamente ao destino.

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As reservas para transporte de cargas podem ser para um espaço na aeronave, para o espaço total ou ainda pelo fretamento de aviões. As reservas são realizadas pelos expedidores à companhia aérea, ou através de agente de carga.

d) Transporte Dutoviário

É a utilização da força da gravidade ou pressão mecânica, através de dutos, para o transporte de granéis, sendo alternativa de transporte não poluente, não sujeita a congestionamentos e barata. O uso desse modal está relacionado ao transporte de matéria-prima ou fonte de energia, como óleo cru, petróleo, gás natural etc.

11.2 O Planejamento e as Cadeias

MultimodaisNeste tópico será realizado um estudo voltado para as diversas composições em cadeias

multimodais, a legislação do Operador de Transporte Multimodal e os os documentos fiscais relacionados ao transporte de cargas, definindo as cadeias multimodais e quais os aspectos legais e fiscais relacionados, resultando na melhor escolha de combinações entre os modos de transporte, de acordo com as características da carga.

1. Transporte Multimodal x Transporte Intermodal

A multimodalidade e a intermodalidade são operações de utilização de mais de um modal de transporte, ou seja, transportar a mercadoria da origem a entrega por modalidades diferentes”. A intermodalidade se caracteriza pela utilização de dois ou mais modos, com emissão individual de documento de transporte e pela divisão de responsabilidade entre os transportadores.

Na multimodalidade existe a emissão de apenas um documento de transporte, cobrindo o trajeto total, da origem ao destino, sendo emitido pelo Operador de Transporte Multimodal – OTM, que toma a responsabilidade pela carga sob sua custódia.

2. Composição de Cadeias Multimodais

No transporte de cargas, realizado por meio da multimodalidade, é possível utilizar a composição de diferentes cadeias multimodais, conforme mostrado a seguir:

• Ferroviário – Rodoviário

• Ferroviário – Hidroviário

• Ferroviário – Aéreo

• Ferroviário – Dutoviário

• Rodoviário – Aéreo

• Rodoviário – Hidroviário

• Rodoviário – Dutoviário

• Hidroviário – Aéreo

• Hidroviário – Dutoviário

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• Aéreo – Dutoviário

Porém, a utilização de mais de duas modalidades possibilita a montagem de diversas combinações de cadeias multimodais, como segue:

•Ferroviário – Rodoviário – Hidroviário;

•Ferroviário – Dutoviário – Aéreo;

•Rodoviário – Hidroviário – Aéreo – Dutoviário;

•Dutoviário – Ferroviário – Rodoviário – Aéreo – Hidroviário.

A legislação para o Operador de Transporte Multimodal (OTM) A Lei nº 9.611, de 19/02/98, trata do Transporte Multimodal de Cargas, definindo o TMC

como “aquele que, regido por um único contrato, utiliza duas ou mais modalidades de trans-porte, desde a origem até o destino, e é executado sob a responsabilidade de um Operador de Transporte Multimodal – OTM”. Esse tipo de operação inclui os serviços de coleta, unitização, desunitização, movimentação, armazenagem e entrega da carga ao destinatário.

A Lei nº 9.611 define o Operador de Transporte Multimodal – OTM como sendo “pessoa jurídica contratada para a realização do Transporte Multimodal de Cargas, da origem ao destino, por meios próprios ou por intermédio de terceiros”. Determinando ainda que a emissão do documento de transporte multimodal de cargas, que evidencia o contrato e rege toda a operação, mencionando os locais para o recebimento e entrega da mercadoria.

O OTM não precisa ser um transportador, mas assume a responsabilidade pela execução do contrato de transporte multimodal, pelos prejuízos por perdas, danos ou avarias às cargas, assim como pelo atraso na entrega, quando houver prazo acordado.

O exercício da atividade do OTM depende de habilitação e registro na ANTT – Agência Nacional de Transporte Terrestre e, tratando-se do transporte internacional deverá licenciar-se na Receita Federal, sendo concedidas por 10 (dez) anos, conforme requisitos previstos no Decreto Lei nº 3.411, de 12/04/2000, que regulamenta a Lei nº 9.611.

Documentos exigidos no Transporte de Cargas Conhecimento de Embarque

É o documento fiscal de transporte de cargas, emitido pela companhia transportadora, atestando o recebimento da carga, as condições de transporte e a obrigação de entregar ao destinatário legal, no destino pré-estabelecido, emitido normalmente em tem três vias: ao transportador, ao embarcador e uma segue com a carga.

Conhecimento de embarque multimodal (Conhecimento de Transporte Multimodal de Cargas – CTMC)

Documento fiscal de uso exclusivo do OTM, utilizado na execução do serviço de transporte intermunicipal, interestadual e internacional, evidenciando o contrato de transporte multimodal desde o recebimento da carga até a entrega, podendo ser negociável ou não, a critério do expedidor.

O Conhecimento de Transporte Multimodal de Cargas (CTMC) será emitido, no mínimo, em 4 (quatro) vias: a 1ª ao tomador do serviço; a 2ª fixa ao bloco para exibição ao fisco; a 3ª destinada ao previsto na legislação da unidade federada de início do serviço; a 4ª acompanhará até o destino, podendo servir como comprovante de entrega.

Documentação exigida para o transporte nacional de cargas

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•Carteira Nacional de Habilitação compatível com o veículo;

•Certificado de Registro e Licenciamento Anual – CRVL;

•Registro Nacional do Transportador Rodoviário de Cargas.

•Nota Fiscal de transporte da mercadoria – é o documento da formalização do ato comercial (compra e venda de mercadorias ou serviço); necessidade de atender às exigências do Fisco quanto ao trânsito das mercadorias e das operações realizadas.

• Conhecimento de Transporte Rodoviário.

• Autorização de Carregamento e Transporte – utilizada no transporte de carga, a granel, de combustíveis líquidos ou gasosos e de produtos químicos ou petroquímicos, na contratação do serviço, se não forem conhecidos os dados relativos a peso, distância e valor da prestação do serviço; a utilização da autorização de carregamento não dispensa a emissão do Conhecimento de Transporte Rodoviário de Cargas.

• Ordem de Coleta de Carga – utilizada pelo estabelecimento transportador que executar serviço de coleta no endereço do remetente, destina-se a acobertar a prestação de serviço, do endereço do remetente até o do transportador, para emissão obrigatória do Conhecimento de Transporte Rodoviário de Cargas.

• Manifesto de Carga – obrigatório somente no transporte rodoviário de carga fracionada, sendo utilizado pelos transportadores de cargas que executarem serviço intermunicipal e interestadual.

Documentos fiscais exigidos para o transporte de produtos perigosos

•Certificado de capacitação do veículo e dos equipamentos compatíveis com a carga, original, expedido pelo INMETRO ou entidade por ele credenciada;

•Conhecimento de transporte rodoviário;

•Documento fiscal do produto transportado, contendo número ONU (número especificado pela Organização das Nações Unidas), classe ou subclasse, nome apropriado para o embarque, e a quantidade total por produto perigoso abrangido pela descrição, bem como declaração do expedidor de que o produto está devidamente acondicionado para suportar os riscos embarque, transporte e desembarque;

•Ficha de emergência e envelope para transporte, no idioma do país de origem, trânsito e destino da carga, contendo: (1) identificação do expedidor ou do fabricante do produto que forneceu as instruções; (2) identificação do produto ou grupo de produtos a que as instruções se aplicam; (3) natureza dos riscos apresentados pelos produtos; (4) medidas a serem adotadas em caso de emergência (em caso de contato com o produto, incêndio, ruptura de embalagens ou tanques, realização de transbordo e telefones de emergência dos bombeiros, polícia e defesa civil);

•CNH – Carteira Nacional de Habilitação com observação de habilitação para produtos perigosos (curso MOPP – Movimentação e Operações de Produtos Perigosos);

•Licença especial quando exigível (IBAMA, INMETRO, FEPAM etc.);

•Kit de emergência e EPI (Equipamento de Proteção Individual);

•Rótulo de risco, placa de formato losango, contendo o símbolo gráfico e a cor que correspondem à classe do produto perigoso;

•Painel de segurança, painel retangular de cor laranja contendo o número ONU e o número de risco do produto transportado.

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11.3 Planejamento e Operação do

Transporte de CargasBuscando a melhor aplicação dos recursos do transporte rodoviário de cargas, neste

tópico serão tratados assuntos como os métodos e indicadores de avaliação do desempenho operacional e como planejar e acompanhar escalas de trabalho.

A Logística e o Planejamento Como é de conhecimento, a logística é o processo de planejamento, implementação e

controle eficiente e eficaz do fluxo e armazenagem de mercadorias, serviços e informações relacionadas, que envolvem o deslocamento da carga da origem ao consumo, objetivando atender às necessidades do cliente, tratando ainda do exercício de comprar, receber, armazenar, separar, expedir, transportar e entregar o produto ou serviço certo, na hora certa, no lugar certo, ao menor custo possível.

Conforme definição, o planejamento trata das atividades de movimentação das mercadorias entre os pontos de fornecimento e consumo e, para planejar a movimentação e gerenciar o transporte é necessário conhecer algumas atividades, como por exemplo: o transporte, os pedidos, o estoque, a armazenagem de produtos, a embalagem etc., não sendo possível deixar de lado a qualidade na prestação dos serviços, atendendo ao cliente conforme as necessidades, para tanto é um planejamento das atividades, por meio de uma boa gestão dos fluxos de movimentação das cargas (bens) e serviços!

Planejamento das escalas de trabalho A escala de trabalho para condutores consiste em atribuir seqüências de viagens

programadas que deverão ser executadas, respeitando as restrições legais, contratuais e sindicais. O condutor em viagem longa, não poderá dirigir por mais de 4 (quatro) horas consecutivas, sendo obrigatória, pausa mínima de trinta minutos para descanso. Este período pode ser acrescido em uma hora, buscando condições de segurança para o condutor, para o veículo ou para a carga e, quando prosseguir, fazê-lo de modo a chegar a local seguro. Para cada período de vinte e quatro horas, ao motorista é assegurado um período de descanso de onze horas.

A elaboração de escala, seja semanal ou mensal, pode ser através de dois enfoques: cíclico ou individualizado. O planejamento de escala cíclica consiste em seqüência contendo as jornadas diárias de trabalho intercaladas por dias de folga, ou seja, trata-se de um ciclo de trabalho que é repetido por todos os condutores, sendo que cada um a inicia em posição diferente. No planejamento individualizado são seqüências individuais de jornadas de trabalho, levando em consideração o histórico de cada condutor e horários preferenciais.

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Tratando-se de planejamento de escalas, o objetivo da empresa não é de economizar recursos humanos de forma indiscriminada, uma vez que o número de condutores disponíveis está adequado às necessidades, mas, racionalizar o processo de formação de escala de trabalho que resultará em benefícios tanto para os condutores quanto para a empresa.

Considerações no Planejamento A qualidade do gerenciamento dos fluxos de cargas e gerenciamento dos serviços é

conhecida por NÍVEL DE SERVIÇO LOGÍSTICO, sendo fatores fundamentais:

• Disponibilidade.

• Confiabilidade.

• Desempenho.

DISPONIBILIDADE É a capacidade da empresa em ter o produto em estoque (disponível) quando solicitado pelo

cliente. Como exemplo, podemos citar duas empresas que comercializam vendem o mesmo produto. A empresa “A” tem o produto disponível quando o cliente o procura em 95% dos casos. Já a empresa “B” consegue ter o produto pronto para ser vendido ao cliente em 67% dos casos. Pergunta-se: qual empresa tem o melhor serviço logístico ao cliente neste exemplo? A resposta, evidentemente, é a empresa “A”, pois ela consegue atender quase a totalidade dos seus clientes.

DESEMPENHO O desempenho avalia se o nível de serviço ao cliente está de acordo com o que foi

estipulado no contrato de compra e venda ou de prestação do serviço firmado entre o fornecedor e o cliente. O desempenho pode ser medido por alguns fatores:

- Velocidade: é o tempo decorrido entre a solicitação de um produto ao fornecedor (pedido) até a chegada do item ao cliente. Como exemplo, podemos citar os produtos dos Correios. Cada tipo de SEDEX possui uma hora máxima de entrega garantida, como é o caso do SEDEX 10 e do SEDEX Hoje.

- Flexibilidade: é a capacidade da empresa de lidar com solicitações extraordinárias de serviço dos clientes. Algumas delas são: mudanças ocasionais nos serviços de entrega; entregas emergenciais; troca de produtos fornecidos com defeitos.

- Danos à mercadoria: compreendem os estragos, roubos e extravios ocorridos com a mercadoria desde o despacho até a chegada ao cliente.

CONFIABILIDADE Trata-se da variação em torno dos prazos fixados para o atendimento ao cliente, para a

entrega das mercadorias etc. Nesta ótica, uma empresa confiável seria aquela que obedece aos prazos acordados em contrato para disponibilizar o produto ao cliente.

A logística é uma atividade que engloba um conjunto de outras atividades, como o transporte, o estoque, a armazenagem, para garantir o sucesso da atividade, ou seja, é

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importante para o produtor e o cliente, onde o primeiro busca atender às necessidades do segundo, com o fornecimento de um produto ou serviço de qualidade.

11.4 Indicadores de desempenho Neste título serão apresentados os principais indicadores de desempenho e como planejar e

utilizar estes indicadores.

A definição de indicadores de resultado deve ser um processo racional, planejado e sistêmico, servindo de parâmetro para mensurar os efeitos de uma ação, para tanto há que se estabelecer:

•Escolha do indicador e forma de aplicação;

•Escolha de cálculo e medida expressa;

•Forma de mensuração e quais as fontes de dados;

•Freqüência de levantamento;

•Finalidades e setores envolvidos;

•Índices mensurados e providências adotadas;

•Custo-benefício da utilização dos indicadores.

Para a utilização dos indicadores é necessária uma referência de satisfação do cliente, que serão servirão para avaliar o processo analizado.

Principais Indicadores de Desempenho

Pedido Correto

Objetivo Verificar a capacidade em entregar os itens de conforme especificado pelo cliente.

Equação de cálculo

IPC = (Número de Pedidos Entregues Corretamente/Número Total de Pedidos Entregues) x 100.

Unidade de medida

Porcentagem

Utilidade do indicador

Permite a identificação dos itens que foram entregues incorretamente, os itens que não foram entregues e as trocas que ocorreram no mesmo pedido.

Freqüência de coleta

Poderá ser mensurado cada pedido, individualmente, de forma contínua. No final de determinado período, o responsável pela coleta poderá calcular o índice de pedido correto médio.

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Este indicador poderá servir ao cliente, bem como ao fornecedor, sendo que aquele avaliará a qualidade do serviço do fornecedor e, o segundo, para verificar os erros cometidos no processo de preparação e expedição dos pedidos e melhorando os processos, evitando erros.

Prazo de Entrega

Objetivo Mensurar o tempo gasto para preparação e entrega do produto ao cliente.

Equação de cálculo

PE = tempo de transmissão do pedido pelo cliente + tempo de preparação do pedido no fornecedor + tempo de transporte para entrega do produto no ciente.

Unidade de medida

Poderá ser medido em dias, semanas, meses etc., dependendo da localização do fornecedor, tipo de produto, tamanho do lote, etc.

Utilidade do indicador

Programação das ordens de compra, dimensionamento do estoque, avaliação da rapidez do fornecedor e do transportador e ainda identificar problemas que atrasam a atividade logística envolvida.

Freqüência de coleta

O tempo deve ser medido para cada ordem de compra emitida.

Este também é um indicador que pode ser usado tanto pelo cliente como pelo fornecedor.

Tempo Formação do Pedido

Objetivo Avaliar o tempo entre o recebimento do pedido no depósito e o despacho a partir do depósito.

Equação de cálculo

TFP = tempo de localização e coleta dos produtos no depósito + tempo de formação do pedido na área específica do depósito + tempo de conferência do pedido + tempo de carregamento e despacho das mercadorias.

Unidade de medida

Normalmente expresso em horas.

Utilidade do indicador

Verificar a agilidade nas atividades de localização, coleta, formação do pedido e despacho, servindo para identificar os problemas na fases citadas.

Freqüência de coleta

seria necessário fosse medido para cada pedido preparado no depósito, contudo, a cada mês, poderá ser estabelecido um período para a coleta das informações para o cálculo.

Índice de perdas e danos

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Objetivo Identificar o percentual de produtos danificados ou extraviados (furto/roubo) durante a entrega.

Equação de cálculo

IPD = (número de itens entregues em condições ao cliente/número total de itens constantes do pedido) x 100.

Unidade de medida

Porcentagem.

Utilidade do indicador

Estabelecer os cuidados a serem adotados no manuseio, acondicionamento, segurança e transporte dos produtos.

Freqüência de coleta

É necessário que o cliente mensure, informando o fornecedor às não conformidades, evitando assim receber produtos defeituosos, danificados ou produtos em menores quantidades.

Índice de reclamações dos clientes

Objetivo Identificar os problemas gerados pela logística na entrega dos bens.

Equação de cálculo

IRC = (número de reclamações do serviço de entregas pelos clientes /número total de entregas) x 100.

Unidade de medida

Porcentagem.

Utilidade do indicador

Identificar os problemas no serviço de logística direcionado à entrega, corrigindo erros e reduzindo reclamações.

Freqüência de coleta

A mensal é adequada, buscando soluções para redução das reclamações mais freqüentes.

Nível de utilização da capacidade dos veículos

Objetivo Avaliar a utilização da capacidade de transporte do veículo.

Equação de cálculo

CAP = (Tonelagem transportada no veículo numa viagem/Capacidade de carga em toneladas do veículo) x 100.

Unidade de medida

Porcentagem.

Utilidade do indicador

Identificar veículos com capacidade ociosa e servindo para o planejamento de entregas e carregamento, fornecendo informações para redução de custos com transporte.

Freqüência de coleta

Acompanhamento sistemático e contínuo da utilização de cada veículo. Alternativamente, a empresa poderá fixar um período do mês para realizar as medições.

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De acordo com o produto poderá ser mais útil mensurar a capacidade volumétrica, ao invés do peso, como unidade de medida e cálculo.

Nível de ociosidade da frota

Objetivo Medir a quantidade de horas em que os veículos permanecem ociosos.

Equação de cálculo

NOF = (número de horas no dia que o veículo é utilizado/número de horas da jornada de trabalho) x 100.

Unidade de medida

Porcentagem.

Utilidade do indicador

Determinar o percentual de horas de trabalho que os veículos são utilizados. Serve para dimensionamento da frota.

Freqüência de coleta

As informações para calculo do indicador deverão ser coletadas em épocas de demanda normal, de baixa demanda e de elevada demanda.

Este indicador pode ser calculado para cada veículo e, em seguida, realizar-se o cálculo do nível médio de ociosidade de toda a frota de veículos da empresa.

Confiabilidade do prazo de entrega

Objetivo Avaliar a confiabilidade do fornecedor no que refere a prazos de entrega, estabelecidos na venda ou pedido.

Equação de cálculo

CPE = (Prazo de entrega realizado/Prazo de entrega estabelecido em contrato) x 100.

Unidade de medida

Porcentagem.

Utilidade do indicador

Medir a variabilidade no prazo de entrega contratado entre o fornecedor e o cliente.

Freqüência de coleta

Mensalmente deve-se registrar os prazos de entregas realizadas e compara-los aos prazos estabelecidos em contrato.

A confiabilidade no fornecedor está no cumprimento dos prazos estabelecidos em contrato, não sendo interessante ao cliente à chegada do produto diverso do estabelecido contratualmente, seja forma antecipada ou atrasada, o que poderá acarretar dificuldades para suas atividades logísticas para recepção do produto, para armazenamento, para registro em estoque etc, podendo gerar custos.

Produtividade da logística

Objetivo Avaliar a produtividade dos funcionários envolvidos com as atividades de movimentação de carga.

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Equação de cálculo

PPL = (Total de toneladas ou quilogramas de carga movimentada/número de funcionários da área).

Unidade de medida

Toneladas ou quilogramas/funcionário.

Utilidade do indicador

Verificar a evolução da produção dos funcionários em razão da carga movi-mentada pela empresa.

Freqüência de coleta

Mensal.

Percentual de acidentes e quebras

Objetivo Calcular a quantidade de acidentes e de quebras durante determinado período em relação ao número de viagens realizadas.

Equação de cálculo

PAQT = (número de viagens com acidentes ou quebras/número de viagens realizadas) x 100.

Unidade de medida

Porcentagem.

Utilidade do indicador

Identificar os índices de acidentes e quebras com os veículos na prestação dos serviços, incorporando análise de situações que afetam os prazos de entrega, a imagem da empresa e implicações como falta de produtos e aumento dos custos de transporte.

Freqüência de coleta

A periodicidade mensal parece ser adequada para o cálculo e registro de informações para este indicador.

Disponibilidade de estoque

Objetivo Verificar a capacidade para atender ao pedido, a qualquer momento e com rapidez, a partir do estoque disponível.

Equação de cálculo

DISP = (Número de pedidos atendidos a partir do estoque/número total de pedidos) x 100.

Unidade de medida

Porcentagem.

Utilidade do indicador

Serve como base de dados para definir a política de estoques, visando à melhoria do serviço.

Freqüência de coleta

Mensal.

Produtividade média dos veículos

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Objetivo Avaliar a quantidade média de mercadoria movimentada por veículo da frota em determinado período.

Equação de cálculo

PRODV = (Tonelagem transportada x quilometragem percorrida)/número de veículos da frota.

Unidade de medida

Ton.km/veículo.

Utilidade do indicador

Ferramenta para políticas de gestão da frota, redução de custos com transporte e comparativo com a produtividade da frota de empresas do mesmo setor.

Freqüência de coleta

Mensal.

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