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- 1 - Disciplina: Língua Portuguesa Professor: Juliana Bailão Data: 12/05/2020 Lista: Derivação Turma: CURSO Aluno: b QUESTÃO 01 (UFMG) Leia a sentença abaixo: “O marketing venceu mais uma...”. As palavras marketing, marqueteiro e marquetear são empregadas com significativa frequência, na Língua Portuguesa. Identifique e descreva os processos de formação responsáveis pela introdução de cada um dos três termos em nossa língua. QUESTÃO 02 (Fuvest SP) Os verbos envelhecer, enegrecer e apodrecer são formados com prefixos e sufixo, tendo como base o radical de velho, negro e podre, respectivamente. Dê verbos formados pelo mesmo processo com o radical das palavras ferver, alto e voar. As 3 próximas questões referem-se ao texto de Carlos Drummond de Andrade. Observe como ele usa de forma criativa os vários processos de formação de palavras. O homem; as viagens O homem, bicho da Terra tão pequeno chateia-se na Terra lugar de muita miséria e pouca diversão, faz um foguete, uma cápsula, um módulo toca para a Lua desce cauteloso na Lua pisa na Lua planta bandeirola na Lua experimenta a Lua coloniza a Lua civiliza a Lua humaniza a Lua (...) Outros planetas restam para outras colônias O espaço todo vira Terra-a terra O homem chega ao Sol ou dá uma volta só para tever? Não-vê que lê inventa roupa insiderável de viver no Sol. Põe o pé e mas que chato é o Sol, falso touro espanhol domado Carlos Drummond de Andrade QUESTÃO 03 Observe como o autor obteve um efeito original com a palavra tever. a) Explique sua origem. b) Observe a sequência abaixo e identifique o processo de formação de cada um dos seus vocábulos Televisão - TV - tevê - tever QUESTÃO 04 Observe outra criação do autor: “Não-vê que ele inventa roupa insiderável de viver no Sol.” A palavra insiderável não aparece no dicionário: a) Sua criação está dentro dos princípios que regem a formação de palavras? Por quê? b) Observe o esquema abaixo: in- -siderar- -vel prefixo: fulminar, sufixo: negação aniquilar possibilidade Qual é o significado de roupa insiderável no texto? Orientação: as questões 5 a 11 referem-se ao texto a seguir: “Mais esbaforido do que quando comandava a Beija-Flor na Avenida, mais operário do que quando arrastava carros alegóricos na Marquês de Sapucaí, Joãozinho Trinta está muito longe de ser um aposentado-padrão. De passagem por São Paulo, o carnavalesco-mor capturou Washington Oliveiro para fazer, de graça, a campanha em prol de seu projeto Flor de Amanhã. Que inclui lançamento de três milhões de discos com o suprassumo do country nacional e uma faixa, para muitas vozes, tipo We Are The World caipira.” (O Estado de S. Paulo, Caderno 2) QUESTÃO 05 Retire do texto três palavras formadas por justaposição. QUESTÃO 06 Em carnavalesco-mor, o primeiro elemento é derivado de carnaval, o segundo é forma sincopada de maior. Qual é o significado dessa palavra? QUESTÃO 07 Qual é o processo de formação da palavras Trinta e caipira, no texto? QUESTÃO 08 Analise o processo de formação da palavra suprassumo e dê seu significado. Se necessário, consulte um dicionário. QUESTÃO 09 De todos os processos de formação de palavras, a sufixação é um dos mais fecundos. Retire do texto cinco exemplos de palavra formada por esse processo. QUESTÃO 10 Retire do texto um exemplo de palavra formada por parassíntese. QUESTÃO 11 Observe a frase: “O sal foi, provavelmente, a primeira moeda- mercadoria usada pelo homem”. Que tipo de derivação há no uso da palavra mercadoria?

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Page 1: CURSO - colegiodinamico.com.br · Há nas línguas mecanismos geradores de palavras. Embora o texto II apresente um julgamento de valor sobre a formação da palavra sambódromo,

- 1 -

Disciplina:

Língua Portuguesa Professor:

Juliana Bailão Data:

12/05/2020

Lista:

Derivação

Turma:

CURSO

Aluno:

b

QUESTÃO 01

(UFMG) Leia a sentença abaixo:

“O marketing venceu mais uma...”.

As palavras marketing, marqueteiro e marquetear são

empregadas com significativa frequência, na Língua

Portuguesa.

Identifique e descreva os processos de formação responsáveis

pela introdução de cada um dos três termos em nossa língua.

QUESTÃO 02

(Fuvest – SP) Os verbos envelhecer, enegrecer e apodrecer

são formados com prefixos e sufixo, tendo como base o radical

de velho, negro e podre, respectivamente. Dê verbos formados

pelo mesmo processo com o radical das palavras ferver, alto e

voar.

As 3 próximas questões referem-se ao texto de Carlos

Drummond de Andrade. Observe como ele usa de forma

criativa os vários processos de formação de palavras.

O homem; as viagens

O homem, bicho da Terra tão pequeno

chateia-se na Terra

lugar de muita miséria e pouca diversão,

faz um foguete, uma cápsula, um módulo

toca para a Lua

desce cauteloso na Lua

pisa na Lua

planta bandeirola na Lua

experimenta a Lua

coloniza a Lua

civiliza a Lua

humaniza a Lua

(...)

Outros planetas restam para outras colônias

O espaço todo vira Terra-a terra

O homem chega ao Sol ou dá uma volta

só para tever?

Não-vê que lê inventa

roupa insiderável de viver no Sol.

Põe o pé e

mas que chato é o Sol, falso touro

espanhol domado

Carlos Drummond de Andrade

QUESTÃO 03

Observe como o autor obteve um efeito original com a palavra

tever.

a) Explique sua origem.

b) Observe a sequência abaixo e identifique o processo de

formação de cada um dos seus vocábulos

Televisão - TV - tevê - tever

QUESTÃO 04

Observe outra criação do autor:

“Não-vê que ele inventa

roupa insiderável de viver no Sol.”

A palavra insiderável não aparece no dicionário:

a) Sua criação está dentro dos princípios que regem a formação

de palavras? Por quê?

b) Observe o esquema abaixo:

in- -siderar- -vel

prefixo: fulminar, sufixo:

negação aniquilar possibilidade

Qual é o significado de roupa insiderável no texto?

Orientação: as questões 5 a 11 referem-se ao texto a seguir:

“Mais esbaforido do que quando comandava a Beija-Flor na

Avenida, mais operário do que quando arrastava carros

alegóricos na Marquês de Sapucaí, Joãozinho Trinta está

muito longe de ser um aposentado-padrão. De passagem por

São Paulo, o carnavalesco-mor capturou Washington Oliveiro

para fazer, de graça, a campanha em prol de seu projeto Flor

de Amanhã. Que inclui lançamento de três milhões de discos

com o suprassumo do country nacional e uma faixa, para

muitas vozes, tipo We Are The World caipira.”

(O Estado de S. Paulo, Caderno 2)

QUESTÃO 05

Retire do texto três palavras formadas por justaposição.

QUESTÃO 06

Em carnavalesco-mor, o primeiro elemento é derivado de

carnaval, o segundo é forma sincopada de maior. Qual é o

significado dessa palavra?

QUESTÃO 07

Qual é o processo de formação da palavras Trinta e caipira, no

texto?

QUESTÃO 08

Analise o processo de formação da palavra suprassumo e dê

seu significado. Se necessário, consulte um dicionário.

QUESTÃO 09

De todos os processos de formação de palavras, a sufixação é

um dos mais fecundos. Retire do texto cinco exemplos de

palavra formada por esse processo.

QUESTÃO 10

Retire do texto um exemplo de palavra formada por

parassíntese.

QUESTÃO 11

Observe a frase: “O sal foi, provavelmente, a primeira moeda-

mercadoria usada pelo homem”.

Que tipo de derivação há no uso da palavra mercadoria?

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(62) 3274 – 3176 98295 – 0114 [email protected] www.portaleinstein.com.br

QUESTÃO 12

(UF-SC) Separe as correspondências verdadeiras das falsas:

a) maluquice: derivação prefixal e sufixal.

b) ensalmouradas: composição por aglutinação

c) extra: derivação regressiva.

d) o porquê: derivação imprópria

e) subterrâneo: derivação parassintética

f) desencaminhar: derivação prefixal e sufixal

g) vaivém: composição por justaposição

h) ingrato: redução

i) monocultura: hibridismo

QUESTÃO 13

(Cesgranrio-RJ)

“Chapechape. As alpercatas batiam no chão rachado. O corpo do vaqueiro derreava-se, as pernas faziam dois arcos, os braços

moviam-se desengonçados. Parecia um macaco (...) Fabiano sempre havia obedecido. Tinha muque e substância. Mas pensava

pouco e obedecia.(...)”

(Graciliano Ramos)

Identifique a palavra que foge ao processo de formação de chapechape :

a) zumzum c) toque-toque e) vivido

b) reco-reco d) tim-tim

QUESTÃO 14

(FAAP-SP) Considere o critério abaixo:

I – derivação por prefixação

II – derivação por sufixação

III – composição por aglutinação

IV – derivação imprópria

V – parassíntese

Identifique a opção que indica corretamente o processo de formação das palavras: cinzento, irregular, boquiaberto, acertar, o alto.

a) I – II – III – IV – V d) III – I – II – V – IV

b) II – I – III – V – IV. e) II – V – IV – III – I

c) V – III – IV – II – I

QUESTÃO 15

(UF-GO) Na frase: “Ela tem um quê misterioso”, o processo de formação da palavra em destaque chama-se:

a) composição d) derivação imprópria

b) aglutinação e) parassíntese.

c) justaposição

QUESTÃO 16

(PUC-SP) Considerando o processo de formação de palavras, relacione a coluna da direita com a coluna da esquerda:

1. derivação imprópria ( ) desenredo .

2. prefixação ( ) narrador

3. prefixação e sufixação ( ) infinitamente

4. sufixação ( ) o voar

5. composição por justaposição ( ) pão de mel

Identifique a alternativa que apresenta a numeração em sequência correta:

a) 3, 4, 2, 5, 1. d) 2, 4, 3, 5, 1.

b) 2, 4, 3, 1, 5. e) 4, 1, 5, 2, 3

c) 4, 1, 5, 3, 2

QUESTÃO 17

(UFSCar-SP) Considerando-se os vocábulos seguintes, identifique a alternativa que indica os pares de derivação regressiva,

derivação imprópria e derivação sufixal, precisamente nesta ordem:

1. embarque 4. porquê

2. histórico 5. fala

3. cruzes! 6. sombrio

a) 2-5, 1-4, 3-6. d) 2-3, 5-6, 1-4.

b) 1-4, 2-5, 3-6 e) 3-6, 2-5, 1-4.

c) 1-5, 3-4, 2-6

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QUESTÃO 18

(Enem)

Carnavália

Repique tocou

O surdo escutou

E o meu corasamborim

Cuíca gemeu, será que era meu, quando ela passou por mim?

[…]

ANTUNES, A.; BROWN, C.; MONTE, M. Tribalistas., 2002 (fragmento).

No terceiro verso, o vocábulo “corasamborim”, que é a junção de coração + samba + tamborim, refere-se, ao mesmo tempo, a

elementos que compõem uma escola de samba e à situação emocional em que se encontra o autor da mensagem, com o coração no

ritmo da percussão.

Essa palavra corresponde a um(a)

a) estrangeirismo, uso de elementos linguísticos originados em outras línguas e representativos de outras culturas.

b) neologismo, criação de novos itens linguísticos pelos mecanismos que o sistema da língua disponibiliza.

c) gíria, que compõe uma linguagem originada em determinado grupo social e que pode vir a se disseminar em uma comunidade

mais ampla.

d) regionalismo, por ser palavra característica de determinada área geográfica.

e) termo técnico, dado que designa elemento de área específica de atividade.

QUESTÃO 19

Observe a palavra RESGATAR que possui como derivada a palavra RESGATE. A palavra resgate é formada por derivação

a) prefixal

b) parassintética

c) sufixal

d) imprópria

e) regressiva

QUESTÃO 20

Pneumotórax, palavra que dá título ao famoso poema de Manuel Bandeira, é vocábulo constituído de dois radicais gregos

(pneum[o]- + -tórax). Significa o procedimento médico que consiste na introdução de ar na cavidade pleural, como forma de

tratamento de moléstias pulmonares, particularmente a tuberculose. Tal enfermidade é referida no diálogo entre médico e

paciente, quando o primeiro explica a seu cliente que ele tem “uma escavação no pulmão esquerdo e o pulmão direito infiltrado”.

Esta última palavra é formada com base em um radical: filtro.

Quanto à formação vocabular, o título do poema e o vocábulo infiltrado são constituídos, respectivamente, por:

a) composição e derivação prefixal e sufixal

b) derivação prefixal e sufixal e composição

c) composição por hibridismo e composição prefixal e sufixal

d) simples flexão e derivação prefixal e sufixal

e) simples derivação e composição sufixal e prefixal

QUESTÃO 21

A composição é um dos processos de formação de novas palavras. A partir de duas ou mais palavras simples ou radicais,

formamos palavras compostas que possuem significado próprio.

A alternativa em que todas as palavras são formadas pelo mesmo processo de composição é:

a) passatempo - destemido - subnutrido

b) pernilongo - pontiagudo - embora

c) leiteiro - histórico – desgraçado

d) cabisbaixo - pernalta – vaivém

e) planalto - aguardente - passatempo

QUESTÃO 22

Propaganda de Aguardente de Cana Pura Preguicinha, da Fábrica Trianon de Bebidas Ltda, Rio de Janeiro, excelente estado.

A palavra "aguardente" indicada no texto formou-se por:

a) hibridismo

b) parassíntese

c) aglutinação

d) derivação regressiva

e) justaposição

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QUESTÃO 23

(ENEM)

Texto I

Um ato de criatividade pode gerar um modelo produtivo. Foi o que aconteceu com a palavra sambódromo, criativamente

formada com a terminação -(o)dromo (=corrida), que figura em hipódromo, autódromo, cartódromo, formas que designam

itens culturais da alta burguesia. Não demoraram a circular, a partir de então, formas populares como rangódromo, beijódromo,

camelódromo.

AZEREDO, J. C. Gramática Houaiss da língua portuguesa. São Paulo: Publifolha, 2008

Texto II

Existe coisa mais descabida do que chamar de sambódromo uma passarela para desfile de escolas de samba? Em grego, -dromo

quer dizer “ação de correr, lugar de corrida”, daí as palavras autódromo e hipódromo. É certo que, às vezes, durante o

desfile, a escola se atrasa e é obrigada a correr para não perder pontos, mas não se descoloca a velocidade de um cavalo ou de

um carro de Fórmula 1.

GULLAR, F. Disponível em: www1.folha.uol.com.br. Acesso em: 3 ago. 2012.

Há nas línguas mecanismos geradores de palavras. Embora o texto II apresente um julgamento de valor sobre a formação da

palavra sambódromo, o processo de formação dessa palavra reflete

a) o dinamismo da língua na criação de novas palavras.

b) uma nova realidade limitando o aparecimento de novas palavras.

c) a apropriação inadequada de mecanismos de criação de palavras por leigos.

d) o reconhecimento a impropriedade semântica dos neologismos.

e) a restrição na produção de novas palavras com o radical grego.

QUESTÃO 24

Para que haja a comunicação, seja escrita ou falada, dois componentes principais participam deste processo, que são as

palavras e a nossa capacidade cognitiva.

Por meio de uma combinação e recombinação de morfemas, surgem as palavras que vão se interagindo ao nosso

vocabulário e nos fazendo seres cada vez mais aptos a exercer a nossa competência linguística.

As palavras perda, corredor e saca-rolhas são formadas, respectivamente, por:

a) derivação regressiva, derivação sufixal, composição por justaposição;

b) derivação regressiva, derivação sufixal, derivação parassintética;

c) composição por aglutinação, derivação parassintética, derivação regressiva;

d) derivação parassintética, composição por justaposição, composição por aglutinação;

e) composição por justaposição, composição por aglutinação, derivação prefixal

QUESTÃO 25

(Cesgranrio) CINZAS DA INQUISIÇÃO

1 Até agora fingíamos que a Inquisição era um episódio da história europeia, que tendo durado do século XII ao século

XIX, nada tinha a ver com o Brasil. No máximo, se prestássemos muita atenção, íamos ouvir falar de um certo Antônio José - o

Judeu, um português de origem brasileira, que foi queimado porque andou escrevendo umas peças de teatro.

2 Mas não dá mais para escamotear. Acabou de se realizar um congresso que começou em Lisboa, continuou em São Paulo

e Rio, reavaliando a Inquisição. O ideal seria que esse congresso tivesse se desdobrado por todas as capitais do país, por todas as

cidades, que tivesse merecido mais atenção da televisão e tivesse sacudido a consciência dos brasileiros do Oiapoque ao Chuí,

mostrando àqueles que não podem ler jornais nem frequentar as discussões universitárias o que foi um dos períodos mais

tenebrosos da história do Ocidente. Mas mostrar isso, não por prazer sadomasoquista, e sim para reforçar os ideais de dignidade

humana e melhorar a debilitada consciência histórica nacional.

.......................................................................................

3 Calar a história da Inquisição, como ainda querem alguns, em nada ajuda a história de instituições e países. Ao contrário,

isto pode ser ainda um resquício inquisitorial. E no caso brasileiro essa reavaliação é inestimável, porque somos uma cultura que

finge viver fora da história.

4 Por outro lado, estamos vivendo um momento privilegiado em termos de reconstrução da consciência histórica. Se neste

ano (1987) foi possível passar a limpo a Inquisição, no ano que vem será necessário refazer a história do negro em nosso país, a

propósito dos cem anos da libertação dos escravos. E no ano seguinte, 1989, deveríamos nos concentrar para rever a "república"

decretada por Deodoro. Os próximos dois anos poderiam se converter em um intenso período de pesquisas, discussões e

mapeamento de nossa silenciosa história. Universidades, fundações de pesquisa e os meios de comunicação deveriam se preparar

para participar desse projeto arqueológico, convocando a todos: "Libertem de novo os escravos", "proclamem de novo a

República".

5 Fazer história é fazer falar o passado e o presente criando ecos para o futuro.

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6 História é o antissilêncio. É o ruído emergente das lutas, angústias, sonhos, frustrações. Para o pesquisador, o silêncio da

história oficial é um¢ silêncio ensurdecedor. Quando penetra nos arquivos da consciência nacional, os dados e os feitos berram,

clamam, gritam, sangram pelas prateleiras. Engana-se, portanto, quem julga que os arquivos são lugares apenas de poeira e mofo.

Ali está pulsando algo. Como num vulcão aparentemente adormecido, ali algo quer emergir. E emerge. Cedo ou tarde. Não se

destrói totalmente qualquer documentação. Sempre vai sobrar um herege que não foi queimado, um judeu que escapou ao campo

de concentração, um dissidente que sobreviveu aos trabalhos forçados na Sibéria. De nada adiantou aquele imperador chinês ter

queimado todos os livros e ter decretado que a história começasse com ele.

7 A história recomeça com cada um de nós, apesar dos reis e das inquisições.

(Affonso R. de Sant'Anna. A RAIZ QUADRADA DO ABSURDO. Rio de Janeiro, Rocco, 1989, p. 196-198.)

A sequência de vocábulos em que se observa o mesmo processo de formação de EUROPEIA, REFAZER e MALMEQUER,

respectivamente, é:

a) desventura / vice-rei / tragicômico

b) histórica / auriverde / suprarrenal

c) prosaico / corpulento / contrapeso

d) inquisitorial / emigrar / pernilongo

e) esforço / reavaliar / sempre-viva

QUESTÃO 26

Era uma vez uma agulha, que disse a um novelo de linha:

- Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda enrolada, para fingir que vale alguma cousa neste mundo?

- Deixe-me, senhora.

- Que a deixe? Que a deixe, por quê? Porque lhe digo que está com um ar insuportável? Repito que sim, e falarei sempre

que me der na cabeça.

- Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agulha. Agulha não tem cabeça. Que lhe importa o meu ar? Cada qual

tem o ar que Deus lhe deu. Importe-se com a sua vida e deixe a dos outros.

- Mas você é orgulhosa.

- Decerto que sou.

- Mas por quê?

- É boa! Porque coso. Então os vestidos e enfeites de nossa ama, quem é que os cose, senão eu?

- Você? Esta agora é melhor. Você é que os cose? Você ignora que quem os cose sou eu, e muito eu?

- Você fura o pano, nada mais; eu é que coso, prendo um pedaço ao outro, dou feição aos babados...

- Sim, mas que vale isso? Eu é que furo o pano, vou adiante, puxando por você, que vem atrás obedecendo ao que eu faço

e mando...

- Também os batedores vão adiante do imperador.

- Você é imperador?

- Não digo isso. Mas a verdade é que você faz um papel subalterno, indo adiante, vai só mostrando o caminho, vai

fazendo o trabalho obscuro e ínfimo. Eu é que prendo, ligo, ajunto...

Estavam nisto, quando a costureira chegou à casa da baronesa. Não sei se disse que isto se passava em casa de uma

baronesa, que tinha a modista ao pé de si, para não andar atrás dela. Chegou a costureira, pegou do pano, pegou da agulha, pegou

da linha, enfiou a linha na agulha. e entrou a coser. Uma e outra iam andando orgulhosas, pelo pano adiante, que era a melhor das

sedas, entre os dedos da costureira, ágeis como os galgos de Diana - para dar a isto uma cor poética. E dizia a agulha:

- Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pouco? Não repara que esta distinta costureira só se importa comigo;

eu é que vou aqui entre os dedos dela, unidinha a eles, furando abaixo e acima...

A linha não respondia nada; ia andando. Buraco aberto pela agulha era logo enchido por ela, silenciosa e ativa, como

quem sabe o que faz, e não está para ouvir palavras loucas. A agulha, vendo que ela não lhe dava resposta, calou-se também, e foi

andando. E era tudo silêncio na saleta de costura; não se ouvia mais que o plic-plic-plic-plic da agulha no pano. Caindo o sol, a

costureira dobrou a costura, para o dia seguinte: continuou ainda nesse e no outro, até que no quarto acabou a obra, e ficou

esperando o baile.

Veio a noite do baile, e a baronesa vestiu-se. A costureira que a ajudou a vestir-se, levava a agulha espetada no corpinho,

para dar algum ponto necessário. E enquanto compunha o vestido da bela dama, e puxava a um lado ou outro, arregaçava daqui ou

dali, alisando, abotoando, acolchetando, a linha, para mofar da agulha, perguntou-lhe:

- Ora, agora, diga-me, quem é que vai ao baile, no corpo da baronesa, fazendo parte do vestido e da elegância? Quem é

que vai dançar com ministros e diplomatas, enquanto você volta para a caixinha da costureira, antes de ir para o baile das

mucamas?

Vamos, diga lá.

Parece que a agulha não disse nada: mas um alfinete, de cabeça grande e não menor experiência, murmurou à pobre

agulha: - Anda, aprende, tola. Cansas-te em abrir caminho para ela e ela é que vai gozar da vida, enquanto aí ficas na caixinha de

costura. Faze como eu, que não abro caminho para ninguém. Onde me espetam, fico.

Contei esta história a um professor de melancolia, que me disse, abanando a cabeça: - Também eu tenho servido de

agulha a muita linha ordinária!

Machado de Assis (Para Gostar de Ler - Vol.9)

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A expressão "plic - plic - plic - plic" é semelhante a "toc - toc" ou "ping - pong".

a) Como se chamam essas expressões?

b) Cite três outras que você conheça.

QUESTÃO 27

(Cesgranrio) O POETA COME AMENDOIM - TEXTO I

Noites pesadas de cheiros e calores amontoados...

Foi o sol que por todo o sítio imenso do Brasil

Andou marcando de moreno os brasileiros.

Estou pensando nos tempos de antes de eu nascer...

A noite era pra descansar. As gargalhadas brancas dos mulatos...

Silêncio! O Imperador medita os seus versinhos.

Os Caramurus conspiram à sombra das mangueiras ovais.

Só o murmurejo dos cre'm-deus-padre irmanava os

[ homens de meu país...

Duma feita os canhamboras perceberam que não tinha

[mais escravos,

Por causa disso muita virgem-do-rosário se perdeu...

Porém o desastre verdadeiro foi embonecar esta República temporã.

A gente inda não sabia se governar...

Progredir, progredimos um tiquinho

Que o progresso também é uma fatalidade...

Será o que Nosso Senhor quiser!...

Estou com desejos de desastres...

Com desejos do Amazonas e dos ventos muriçocas

Se encostando na canjerana dos batentes...

Tenho desejos de violas e solidões sem sentido...

Tenho desejos de gemer e de morrer...

Brasil...

Mastigado na gostosura quente do amendoim...

Falado numa língua curumim

De palavras incertas num remeleixo melado melancólico...

Saem lentas frescas trituradas pelos meus dentes bons...

Molham meus beiços que dão beijos alastrados

E depois semitoam sem malícia as rezas bem nascidas...

Brasil amado não porque seja minha pátria,

Pátria é acaso de migrações e do pão-nosso onde Deus der...

Brasil que eu amo porque é o ritmo no meu braço aventuroso,

O gosto dos meus descansos,

O balanço das minhas cantigas amores e danças.

Brasil que eu sou porque é a minha expressão muito engraçada,

Porque é o meu sentimento pachorrento,

Porque é o meu jeito de ganhar dinheiro, de comer e de dormir.

(Mário de Andrade. POESIAS COMPLETAS. S.P.: Martins, 1996. p. 109-110)

TEXTO II

A política é a arte de gerir o Estado, segundo princípios definidos, regras morais, leis escritas, ou tradições respeitáveis.

A politicalha é a indústria de explorar o benefício de interesses pessoais. Constitui a política uma função, ou o conjunto das

funções do organismo nacional: é o exercício normal das forças de uma nação consciente e senhora de si mesma. A politicalha,

pelo contrário, é o envenenamento crônico dos povos negligentes e viciosos pela contaminação de parasitas inexoráveis. A

política é a higiene dos países moralmente sadios. A politicalha, a malária dos povos de moralidade estragada.

(Rui Barbosa. Texto reproduzido em ROSSIGNOLI, Walter. "Português: teoria e prática". 2. ed. São Paulo: Ática, 1992. p. 19)

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Assinale a opção em que o processo de formação de palavras está indevidamente caracterizado:

a) pão-nosso - composição por justaposição.

b) aventuroso - derivação sufixal.

c) embonecar - composição por aglutinação.

d) descanso - derivação regressiva.

e) incerto - derivação prefixal.

QUESTÃO 28

(Uerj)

CORDÕES

Oh! abre ala!

Que eu quero passá

Estrela d'Alva

Do Carnavá!

Era em plena rua do Ouvidor. Não se podia andar. A multidão apertava-se, sufocada. Havia sujeitos congestionados,

forçando a passagem com os cotovelos, mulheres afogueadas, crianças a gritar, tipos que berravam pilhérias. A pletora da alegria

punha desvarios em todas as faces. Era provável que do largo de São Francisco à rua Direita dançassem vinte cordões e quarenta

grupos, rufassem duzentos tambores, zabumbassem cem bombos, gritassem cinquenta mil pessoas. A rua convulsionava-se como

se fosse fender, rebentar de luxúria e de barulho. A atmosfera pesava como chumbo. No alto, arcos de gás besuntavam de uma luz

de açafrão as fachadas dos prédios. Nos estabelecimentos comerciais, nas redações dos jornais, as lâmpadas elétricas despejavam

sobre a multidão uma luz ácida e galvânica, que enlividescia e parecia convulsionar os movimentos da turba, sob o panejamento

multicolor das bandeiras que adejavam sob o esfarelar constante dos "confetti", que, como um irisamento do ar, caíam, voavam,

rodopiavam. (...) Serpentinas riscavam o ar; homens passavam empapados d'água, cheios de confetti; mulheres de chapéu de papel

curvavam as nucas à etila dos lança-perfumes, frases rugiam cabeludas, entre gargalhadas, risos, berros, uivos, guinchos. Um

cheiro estranho, misto de perfume barato, poeira, álcool, aquecia ainda mais o baixo instinto de promiscuidade. A rua

personalizava-se, tornava-se uma e parecia, toda ela policromada de serpentinas e confetti, arlequinar o pincho da loucura e do

deboche. Nós íamos indo, eu e o meu amigo, nesse ¢pandemônio. Atrás de nós, sem colarinho, de pijama, bufando, um grupo de

rapazes acadêmicos, futuros diplomatas e futuras glórias nacionais, berrava furioso a cantiga do dia, essas cantigas que só

aparecem no Carnaval:

Há duas coisa

Que me faz chorá

É nó nas tripa

E bataião navá!

(RIO, João do. A ALMA ENCANTADORA DAS RUAS. São Paulo: Companhia das Letras, 1997.)

Observe a formação dos seguintes vocábulos do texto :

"panejamento" (derivado de "pano"), "irisamento" (derivado de "íris"), "arlequinar" (derivado de "arlequim") e "pandemônio"

(composto de pan + demônio), neologismo criado por Milton, poeta inglês do século XVII, no seu livro O PARAÍSO PERDIDO,

para designar o palácio de Satã.

A partir desses exemplos, explique, em até duas frases completas:

a) o emprego conotativo da palavra "pandemônio" (texto, ref. 1) e indique o sentido do morfema "pan-";

b) como se forma o vocábulo "enlividescia" (texto, ref. 2) e qual a sua classificação quanto ao processo de formação.

QUESTÃO 29

(Uerj) BRINCAR COM PALAVRAS - NOS JOGOS VERBAIS, EXERCÍCIOS DE LITERATURA

1 Você sabe o que é um palíndromo?

2 É uma palavra ou mesmo uma frase que pode ser lida de frente pra trás e de trás pra frente mantendo o mesmo sentido.

Por exemplo, em português: "amor" e "Roma"; em espanhol: "Anita lava la tina". Ou, então, a frase latina: "Sator arepo tenet

opera rotas", que não só pode ser lida de trás pra frente, mas pode ser lida na vertical, na horizontal, de baixo pra cima, de cima

pra baixo, girando os olhos em redor deste quadrado:

S A T O R

A R E P O

T E N E T

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O P E R A

R O T A S

3 Essa frase latina polivalente foi criada pelo escravo romano Loreius 200 anos antes de Cristo, e tem dois significados: "O

lavrador mantém cuidadosamente a charrua nos sulcos" e/ou "o lavrador sustém cuidadosamente o mundo em sua órbita". Osman

Lins construiu o romance "Avalovara" (1973) em torno desse palíndromo.

4 Muita gente sabe o que é um caligrama - aqueles textos que existiam desde a Grécia em que as letras e frases iam

desenhando o objeto a que se referiam - um vaso, um ovo, ou então, como num autor moderno tipo Apollinaire, as frases do

poema se inscrevendo em forma de cavalo ou na perpendicular imitando o feitio da chuva.

5 Mas pouca gente sabe o que é um lipograma.

6 Lipo significa tirar, aspirar, esconder. Portanto, um lipograma é um texto que sofreu a lipoaspiração de uma letra. O autor

resolve esconder essa letra por razões lúdicas. Já o grego Píndaro havia escrito uma ode, sem a letra "s". Os autores barrocos no

século XVII também usavam este tipo de ocultação, porque estavam envolvidos com o ocultismo, com a cabala e com a

numerologia.

7 Por que estou dizendo essas coisas?

8 Culpa da Internet.

9 Esses jogos verbais que vinham sendo feitos desde as cavernas agora foram potencializados com a informática. Dizia eu

numa entrevista outro dia que estamos vivendo um paradoxo riquíssimo: a mais avançada tecnologia eletrônica está resgatando o

uso lúdico da linguagem e uma das mais arcaicas atividades humanas - a poesia. Os poetas, mais que quaisquer outros escritores,

invadiram a Internet. Se em relação às coisas prosaicas se diz que a vingança vem a cavalo, no caso da poesia a vingança veio a

cabo, galopando eletronicamente. Por isto que toda vez que um jovem iniciante me procura com a angústia de publicar seu livro,

aconselho-o logo: "Meu filho, abra uma página sua na Internet para não mais se constranger e se sentir constrangido diante dos

editores e críticos. Estampe seu texto na Internet e deixe rolar".

(ROMANO, Affonso de Sant'Anna. "O Globo", 15/09/1999.)

Você sabe o que é um palíndromo? (par. 1)

Por que estou dizendo essas coisas? (par. 7)

Observando os parágrafos compreendidos entre as perguntas acima, identifique:

a) a função da linguagem predominante nesses parágrafos e justifique sua reposta;

b) o processo de formação de palavras comum aos termos OCULTAÇÃO e OCULTISMO e explique a diferença de sentido entre

eles.

QUESTÃO 30

(Ufsm) BRASIL, MOSTRA A TUA CARA

A busca de uma identidade nacional é preocupação deste século

João Gabriel de Lima

1 Ao criar um livro, um quadro ou uma canção, o artista ¢¢brasileiro dos dias atuais tem uma preocupação a menos:

parecer brasileiro. A noção de cultura nacional é algo tão incorporado ao cotidiano do país que deixou de ser um peso para os

¢£criadores. Agora, em vez de servir à pátria, eles podem servir ao próprio talento. §Essa é uma ¨conquista deste século. Tem

como marco a Semana de Arte Moderna de 1922, ¢uma espécie de ©grito de independência artística do país, cem anos depois da

£independência política. Até esta data, o ¢¤brasileiro era, antes de tudo, um ¢¥envergonhado. Achava que pertencia a uma raça

inferior e que a única solução era imitar os modelos culturais importados. Para acabar com esse complexo, foi preciso que um

grupo de artistas de diversas áreas se reunisse no Teatro Municipal de São Paulo e bradasse que ser brasileiro era bom. O escritor

Mário de Andrade lançou o projeto de uma língua nacional. Seu colega Oswald de Andrade propôs o conceito de "antropofagia",

segundo o qual a cultura brasileira criaria um caráter próprio depois de digerir as influências externas.

2 A semana de 22 foi só um marco, mas pode-se dizer que ela realmente criou uma agenda cultural para o país. Foi

tentando inventar uma língua brasileira que Graciliano Ramos e Guimarães Rosa escreveram suas obras, ¤as mais significativas

do ªséculo, no país, no campo da prosa. Foi recorrendo ao bordão da antropofagia que vários artistas jovens, nos anos 60,

inventaram a cultura pop brasileira, no movimento conhecido como tropicalismo. No plano das ideias, o século gerou três obras

que se tornariam clássicos da reflexão sobre o país. "Os Sertões", do carioca Euclides da Cunha, escrito em 1902, é ainda

influenciado por teorias racistas do século passado, que achavam que a mistura entre negros, ¢¦brancos e índios provocaria ¥um

"enfraquecimento" da raça brasileira. Mesmo assim, é ¦um livro essencial, porque o repórter Euclides, que trabalhava no jornal "O

Estado de S. Paulo", foi a campo cobrir a guerra de Canudos e viu na frente de ¢©combate muitas coisas que punham em questão

as teorias formuladas em gabinete. "Casa-Grande & Senzala", do pernambucano Gilberto Freyre, apresentava pela primeira vez a

miscigenação como algo positivo e buscava nos primórdios da colonização portuguesa do país as origens da sociedade que se

formou aqui. Por último, o paulista Sérgio Buarque de Holanda, em "Raízes do Brasil", partia de premissas parecidas mas

propunha uma visão crítica, que influenciaria toda a sociologia produzida a partir de então.

"VEJA", 22 de dezembro, 1999. p. 281-282.

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Identifique a alternativa que contém uma palavra formada por derivação sufixal que se classifica, no contexto, como adjetivo.

a) brasileiro (ref. 11)

b) criadores (ref. 12)

c) brasileiro (ref. 13)

d) envergonhado (ref. 14)

e) brancos (ref. 15)

QUESTÃO 31

(Uepg) Delírio de voar

Nos dez primeiros anos deste século havia uma mania pop em Paris - voar. As formas estranhas dos aeroplanos

experimentais invadiam as páginas dos jornais. Cada proeza dos aviadores era narrada em detalhe. Os parisienses acompanhavam

fascinados as audácias dos aviadores, uma elite extravagante de jovens brilhantes, cultos e elegantes, realçada por vários

milionários e pelo interesse das moças. Multidões lotavam o campo de provas de Issy-les-Molincaux. Os pilotos e os inventores

eram reconhecidos nas ruas e homenageados em restaurantes. Todo dia algum biruta apresentava uma nova máquina, anunciava

um plano mirabolante e desafiava a gravidade e a prudência.

Paris virara a capital mundial da aviação desde a fundação do Aéro-Club de France, em 1898. Depois da difusão dos

grandes balões, em 1880, e dos dirigíveis inflados a gás, em 1890 - os chamados "mais leves que o ar", chegara a hora dos

aparelhos voadores práticos, menores e controláveis - os "mais pesados que o ar". Durante muito tempo eles foram descartados

como impossíveis, mas agora as pré-condições haviam mudado. A tecnologia da aerodinâmica, da engenharia de estruturas, do

desenho de motores e da química de combustíveis havia chegado a um estágio de evolução inédito. Combinadas, permitiam

projetar máquinas inimaginadas.

Simultaneamente, por caminhos paralelos, a fotografia dera um salto com a invenção dos filmes flexíveis, em 1889.

Surgiram câmeras modernas, mais sensíveis à luz, mais velozes e fáceis de manejar. Em consequência, proliferaram os fotógrafos

profissionais e amadores. Eles não só registraram cada passo da infância da aviação como também popularizaram-na.

Transportados pelos jornais, os feitos dos pioneiros estimularam a vocação de muitos jovens candidatos a aviador. A mídia

glamourizou a ousadia de voar.

.........................................................................................

Inventar aviões era um ofício diletante e nada rendoso - ainda. Exigia recursos financeiros para construir aparelhos,

contratar mecânicos, oficinas e hangares. Dinheiro nunca faltou ao brasileiro Alberto Santos-Dumont, filho de um rico fazendeiro

mineiro, ou ao engenheiro e nobre francês marquês d'Ecquevilley-Montjustin. Voar era um ideal delirante e dândi. Uma glória

para homens extraordinários.

(SUPERINTERESSANTE, junho/99, p.36)

Quanto à formação de vocábulos, é certo que

01) o prefixo indica negação nos vocábulos "impossíveis" e "inimaginados".

02) o substantivo "fundação" é formado por sufixação a partir do verbo "fundar".

04) "parisiense" é vocábulo composto formado por justaposição.

08) "simultaneamente" é vocábulo formado por parassíntese a partir de um adjetivo na forma feminina.

16) "glamourizou" é forma de pretérito perfeito de um verbo criado por derivação sufixal a partir de um estrangeirismo.

QUESTÃO 32

(Ufscar) BOITEMPO

Entardece na roça

de modo diferente.

A sombra vem nos cascos,

no mugido da vaca

separada da cria.

O gado é que anoitece

e na luz que a vidraça

da casa fazendeira

derrama no curral

surge multiplicada

sua estátua de sal,

escultura da noite.

Os chifres delimitam

o sono privativo

de cada rês e tecem

de curva em curva a ilha

do sono universal.

No gado é que dormimos

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e nele que acordamos.

Amanhece na roça

de modo diferente.

A luz chega no leite,

morno esguicho das tetas

e o dia é um pasto azul

que o gado reconquista.

(ANDRADE, Carlos Drummond de. "Obra Completa". 5. ed. Rio de Janeiro: Aguilar, 1979.)

O título de um texto constitui a chave para a descodificação da mensagem, e a sua interpretação deve ser integrada numa leitura

global do texto.

a) Comente o título do texto, a partir das informações apresentadas.

b) Explique por qual processo de formação de palavras Drummond criou "boitempo".

QUESTÃO 33

(Cesgranrio)

1 A fisionomia da sociedade brasileira neste final de século está irreconhecível. A violência e a crueldade viraram

fenômenos de massa. Antes, e até há não muito tempo, elas apareciam como sintoma de patologias individuais. Os "monstros" -

um estuprador e assassino de crianças, uma mulher que esquartejou o amante - eram motivo de pasmo e horror para uma

comunidade onde a violência ficava confinada a um escaninho de modestas proporções. Hoje, é uma guerrilha e faz parte do nosso

cotidiano.

2 Em pouco tempo a imagem do Brasil, para uso externo e sobretudo para si mesmo, ficou marcada pela reiteração

rotineira da crueldade. A onda não é o simples homicídio, é o massacre. E, para não ficarmos no saudosismo dos anos dourados,

ressurge uma forma de massacre que tem raízes históricas profundas: o genocídio, essa mancha na formação de uma

nacionalidade argamassada pelo sangue de índios e negros.

3 Os episódios brutais estão aí. (...)

4 A violência costuma ser associada à urbanização maciça, que gera miséria, desordem e conflitos.

5 Não vamos procurar desculpa invocando símiles de outros países - no Peru, na Bósnia ou onde quer que seja. Estamos

dizendo "adeus" ao mito da cordialidade brasileira, da "índole pacífica do nosso povo". Estamos transformados - irreconhecíveis.

Convertida em face do monstro, desfigurou-se a nossa fisionomia de povo folgazão, inzoneiro, que tem como símbolos o carnaval,

o samba e o futebol. (...)

6 A miséria e a fome do povo são um caldo de cultura a favorecer a disseminação da violência, que se torna balcão de

comércio nas mãos de empresários inescrupulosos.

(Moacir Werneck de Castro. "Jornal do Brasil", 28/08/93, p. 11.)

As palavras ESQUARTEJAR, DESCULPA e IRRECONHECÍVEL foram formadas, respectivamente, pelos processos de:

a) sufixação - prefixação - parassíntese

b) sufixação - derivação regressiva - prefixação

c) composição por aglutinação - prefixação - sufixação

d) parassíntese - derivação regressiva - prefixação

e) parassíntese - derivação imprópria - parassíntese

QUESTÃO 34

(Mackenzie) Seu metaléxico

economiopia

desenvolvimentir

utopiada

consumidoidos

patriotários

suicidadãos

José Paulo Paes

A palavra "economiopia" segue o mesmo modelo de formação lexical presente em

a) "aguardente".

b) "cana-de-açúcar".

c) "passatempo".

d) "minissaia".

e) "antidemocrático".

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QUESTÃO 35

(Ufscar) Sob a ótica do senso comum, conhecimento tem a ver com familiaridade. O conhecido, diz a linguagem comum,

é o familiar. Se você está acostumado com alguma coisa, se você lida e se relaciona habitualmente com ela, então você pode dizer

que a conhece. O desconhecido, por oposição, é o estranho. O grau de conhecimento, nessa perspectiva, é função do grau de

familiaridade: quanto mais familiar, mais conhecido. Daí a fórmula: "eu sei = estou familiarizado com isso como algo certo". Mas

se o objeto revela alguma anormalidade, se ele ganha um aspecto distinto ou se comporta de modo diferente daquele a que estou

habituado, perco a segurança que tinha e percebo que não o conhecia tão bem quanto imaginava. Urge domá-lo, reapaziguar a

imaginação. Ao reajustar minha expectativa e ao familiarizar-me com o novo aspecto ou o novo comportamento, recupero a

sensação de conhecê-lo.

Sob a ótica da abordagem científica, contudo, a familiaridade é não só falha como critério de conhecimento como ela é

inimiga do esforço de conhecer. A sensação subjetiva de conhecimento associada à familiaridade é ilusória e inibidora da

curiosidade interrogante de onde brota o saber. O familiar não tem o dom de se tornar conhecido só porque estamos habituados a

ele. Aquilo a que estamos acostumados, ao contrário, revela-se com frequência o mais difícil de conhecer verdadeiramente.

(Eduardo Giannetti, "Auto-engano", p. 72.)

Assinale a alternativa em que há palavras que apresentam o mesmo processo de derivação das palavras destacadas no trecho a

seguir: "...conhecimento TEM A VER COM familiaridade".

a) É fatal ficarmos tristes diante daquilo que é efêmero.

b) Uma bela face humana vai um dia ficar velha e menos bela.

c) Mas a transitoriedade lhe empresta renovado encantamento.

d) Uma flor que dura apenas uma noite não parece menos bela.

e) Uma bela obra de arte não tem limitação de tempo ou espaço.

QUESTÃO 36

(Uerj) A CORRIDA DO OURO

Duzentos anos de buscas foram necessários para que os portugueses chegassem ao ouro de sua América. Aos espanhóis não se

apresentou o problema da procura e pesquisa dos metais preciosos. Assim que desembarcaram no México, na Colômbia ou no

Peru, seus olhos mercantis foram ofuscados pelo ouro e prata que os homens da terra ostentavam nas suas armas, adornos e

¨utensílios. Junto às suas civilizações, o gentio havia desenvolvido a exploração e o trabalho dos metais, para eles mais preciosos

pelas suas serventias que pelo poder e valor que agregavam ao homem da Europa cristã, de alma lapidada pela cultura ocidental.

O primeiro trabalho que tiveram os castelhanos foi o de imediatamente afirmarem a inferioridade daquele homem que se recusava

a total subserviência à majestade de Deus e d'el Rei, através de concepções bastante convenientes a seus propósitos. O brilho do

metal, como o canto da sereia, tornou-os surdos a qualquer apelo contrário que não fosse o da ambição pelo ouro e pela prata,

tornando-os insensíveis a qualquer consideração humana no "trabalho" de submetimento do indígena, até o seu extermínio ou à

redução, dos que sobreviveram, à condição de servos ou escravos nas fainas da mineração.

Os sucessos castelhanos atiçaram os colonos portugueses a iniciarem suas buscas, seja pelo encanto daquelas descobertas, seja

pelas fantasias que se criaram a partir delas: de tesouros fabulosos perdidos nas entranhas generosas das Américas; de relatos

imprecisos de indígenas vindos do interior; de noções equivocadas da geografia do continente como a da proximidade do Peru; ou

mesmo de alguns possíveis indícios concretos, surgiram lendas como as de Sabarabuçu e as de Paraupava, que avivavam os

colonos na procura de pedras e metais preciosos.

(MENDES Jr., A., RONCARI, L. e MARANHÃO, R. "Brasil história": texto e consulta. São Paulo. Brasiliense, 1979.)

Palavras e segmentos diversos do texto podem ser expressos de outras formas graças à utilização dos recursos gramaticais da

língua, como os processos de derivação prefixal e sufixal e a variação das estruturas sintáticas.

a) No final do primeiro parágrafo encontra-se o substantivo derivado "submetimento" (ref. 1). Cite um sinônimo deste substantivo,

derivado por meio de outro sufixo, e indique o verbo do qual ambos derivam.

b) "através de concepções BASTANTE CONVENIENTES A SEUS PROPÓSITOS".

Substitua a parte destacada do trecho acima por uma oração de sentido equivalente, constituída de pronome relativo e verbo

cognato do adjetivo "convenientes".

QUESTÃO 37

(Uerj) O ENSINO NA BRUZUNDANGA

Já vos falei na nobreza ¢doutoral desse país; é lógico, portanto, que vos fale do ensino que é ministrado nas suas escolas,

donde se origina essa nobreza. Há diversas espécies de escolas mantidas pelo governo geral, pelos governos provinciais e por

particulares. Estas últimas são chamadas livres e as outras oficiais, mas todas elas são equiparadas entre si e os seus diplomas se

£equivalem. Os meninos ou rapazes, que se destinam a elas, não têm medo absolutamente das dificuldades que o curso de

qualquer delas possa apresentar. Do que eles têm medo, é dos exames preliminares.

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Passando assim pelo que nós chamamos preparatórios, os futuros diretores da República dos Estados Unidos da

Bruzundanga acabam os cursos mais ignorantes e presunçosos do que quando para lá entraram. São esses tais que berram: "Sou

formado! Está falando com um homem formado!".

Ou senão quando alguém lhes diz:

- "Fulano é inteligente, ilustrado...", acode o ¤homenzinho logo:

- É formado?

- Não.

- Ahn!

Raciocina ele muito bem. Em tal terra, quem não arranja um título como ele obteve o seu, deve ser muito burro,

naturalmente.

Apesar de não ser da Bruzundanga, eu me interesso muito por ela, pois lá passei uma grande parte da minha meninice e

mocidade.

Meditei muito sobre os seus problemas e creio que achei o remédio para esse mal que é o seu ensino. Vou explicar-me

sucintamente.

O Estado da Bruzundanga, de acordo com a sua carta constitucional, declararia livre o exercício de qualquer profissão,

extinguindo todo e qualquer privilégio de diploma.

Quem quisesse estudar medicina, frequentaria as cadeiras necessárias à especialidade a que se destinasse, evitando as

disciplinas que julgasse inúteis. Aquele que tivesse vocação para engenheiro de estrada de ferro, não precisava estar perdendo

tempo estudando ¥hidráulica. Cada qual organizaria o programa do seu curso, de acordo com a especialidade da profissão liberal

que quisesse exercer, com toda a honestidade e sem as escoras de privilégio ou diploma todo poderoso.

Semelhante forma de ensino, evitando o diploma e os seus privilégios, extinguiria a nobreza doutoral; e daria aos jovens

da Bruzundanga mais honestidade no estudo, mais segurança nas profissões que fossem exercer, com a força que vem da

concorrência entre os homens de valor e inteligência nas carreiras que seguem.

(BARRETO, Lima. OS BRUZUNDANGAS. São Paulo, Ática, 1985. p. 49-51 - com adaptações.)

A palavra extraída do texto, cujo processo de formação está explicado corretamente, é:

a) doutoral (ref. 1) = é formada por parassíntese

b) equivalem (ref. 2) = é composta por justaposição

c) homenzinho (ref. 3) = tem sufixo de valor iônico

d) hidráulica (ref. 4) = tem prefixo de origem latina

QUESTÃO 38

(Ufrj) Da euforia à depressão... Muitos são os estados de espírito que experimentamos, ao longo de nossas vidas, seja

individualmente, seja na relação com o outro. Leia com atenção o texto desta prova, que, direta ou indiretamente, apresentam

matizes diversos de humor.

Texto I

MAU HUMOR CRÔNICO É DOENÇA E EXIGE TRATAMENTO

Mau humor pode ser doença - e grave! Um transtorno mental que se manifesta por meio de uma rabugice que parece

eterna. Lembra muito o estado de espírito do Hardy Har Har, a hiena de desenho animado famosa por viver resmungando "Oh dia,

oh céu, oh vida, oh azar".

Distimia é o nome dessa doença. Reconhecida pela medicina nos anos 80, é uma forma crônica de depressão, com

sintomas mais leves. "Enquanto a pessoa com depressão grave fica paralisada, quem tem distimia continua tocando a vida, mas

está sempre reclamando", diz o psiquiatra Márcio Bernik, coordenador do Ambulatório de Ansiedade do Hospital das Clínicas

(HC).

O distímico só enxerga o lado negativo do mundo e não sente prazer em nada. A diferença entre ele e o resto dos mal-

humorados é que os últimos reclamam de um problema, mas param diante da resolução. O distímico reclama até se ganha na

loteria. "Não fica feliz, porque começa a pensar em coisas negativas, como ser alvo de assalto ou de sequestro", diz o psiquiatra

Antônio Egídio Nardi, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro. (...)

E, se o mau humor patológico tem remédio, o mau humor "natural" também. Vários fatores interferem no humor. O

cheiro, por exemplo, que é capaz de abrir o sorriso no rosto de um trombudo. E mais: ao contrário do que se pensa, o humor

melhora com a idade!

(KLINGER, Karina. "Folha on-line" - www.folha.com.br, 15/07/2004.)

O texto apresenta como tema central um transtorno causado pelo mau funcionamento do timo (glândula relacionada ao controle da

afetividade e da emoção).

a) Identifique a palavra que, por meio do uso de prefixo e sufixo, nomeia o portador desse transtorno.

b) Diferencie o referido transtorno de uma outra categoria psicológica relativa ao humor apresentada no texto, apontando a

principal característica de cada uma delas.

QUESTÃO 39

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(CFTCE) A NOVA (DES)ORDEM

Em tempos de globalização de mercados, os países desenvolvidos passam por um processo perverso: o crescimento de

uma riqueza é acompanhado por uma diminuição no nível de emprego. Atribui-se o encolhimento do mercado de trabalho à

escalada dos padrões de qualidade e produtividade das empresas.

A revolução tecnológica é um processo sem volta. A cada inovação, levas de trabalhadores vão sendo privadas do

relacionamento diário com o relógio de ponto.

Estudo do Ipea registra algo de que já se suspeitava: a modernização do ¨modelo produtivo, fenômeno recente entre nós,

assusta também o trabalhador brasileiro.

A exemplo do que ocorre no chamado Primeiro Mundo, a maior vítima do ¡avanço tecnológico e gerencial é a mão-de-

obra menos qualificada. O novo mercado tende a desprezar o funcionário formado à moda antiga, adestrado para executar tarefas

específicas.

Na economia emergente são valorizados trabalhadores de formação educacional mais densa, pessoas com maior

capacidade de raciocínio. "De maneira crescente é exigido menor grau de habilidades manipulativas e maior grau de abstração no

desempenho do trabalho produtivo", diz o estudo do Ipea. "Torna-se importante o desenvolvimento da capacidade de adquirir e

processar intelectualmente novas informações, de superar hábitos tradicionais, de gerenciar-se" a si próprio.

No contexto desse novo modelo, o grau de instrução do trabalhador passa a ser sua principal ferramenta. Os números

disponíveis no Brasil a esse respeito são desoladores. Conforme pesquisa nacional feita pelo IBGE em 90, cerca de 33 milhões de

trabalhadores brasileiros (53% do mercado de trabalho) tinham no máximo cinco anos de estudo.

A experiência mundial, ainda de acordo com o trabalho do Ipea, indica que são necessários pelo menos oito anos de

estudos para que uma pessoa esteja em condições de receber treinamentos específicos.

O maior desafio do Brasil de hoje é, portanto, educar sua gente. Destruído como está, o conserto do modelo educacional

do país é tarefa para duas décadas. Até lá, ¡a horda de marginalizados vai inchar.

Josias de Souza. "Folha de S. Paulo", 20 out. 1995.

Identifique o substantivo cuja formação se deu pelo processo de derivação regressiva tal como ocorreu com "avanço" (ref. 20).

a) moda

b) mercado

c) telefone

d) resgate

e) modelo

QUESTÃO 40

(Unifesp) As questões seguintes baseiam-se no poema "Pneumotórax", do modernista Manuel Bandeira (1886-1968).

Pneumotórax

Febre, hemoptise, dispneia e suores noturnos.

A vida inteira que podia ter sido e que não foi.

Tosse, tosse, tosse.

Mandou chamar o médico:

- Diga trinta e três.

- Trinta e três... trinta e três... trinta e três...

- Respire.

...........................................................................................

- O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e o pulmão direito infiltrado.

- Então, doutor, não é possível tentar o pneumotórax?

- Não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino.

(Manuel Bandeira, "Libertinagem")

"Pneumotórax", palavra que dá título ao famoso poema de Manuel Bandeira, é vocábulo constituído de dois radicais gregos

(pneum[o]- + -tórax]. Significa o procedimento médico que consiste na introdução de ar na cavidade pleural, como forma de

tratamento de moléstias pulmonares, particularmente a tuberculose. Tal enfermidade é referida no diálogo entre médico e

paciente, quando o primeiro explica a seu cliente que ele tem "uma escavação no pulmão esquerdo e o pulmão direito infiltrado".

Esta última palavra é formada com base em um radical: "filtro". Quanto à formação vocabular, o título do poema e o vocábulo

"infiltrado" são constituídos, respectivamente, por

a) composição, e derivação prefixal e sufixal.

b) derivação prefixal e sufixal, e composição.

c) composição por hibridismo, e composição prefixal e sufixal.

d) simples flexão, e derivação prefixal e sufixal.

e) simples derivação, e composição sufixal e prefixal.

QUESTÃO 41

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(Fgv) Pastora de nuvens, fui posta a serviço por uma campina tão desamparada que não principia nem também termina, e onde

nunca é noite e nunca madrugada.

(Pastores da terra, vós tendes sossego, que olhais para o sol e encontrais direção. Sabeis quando é tarde, sabeis quando é cedo. Eu,

não.)

Esse trecho faz parte de um poema de Cecília Meireles, intitulado "Destino", uma espécie de profissão de fé da autora.

A palavra "desamparada" é formada por

a) derivação prefixal e sufixal.

b) derivação prefixal.

c) derivação parassintética.

d) composição por aglutinação.

e) composição por justaposição.

QUESTÃO 42

(Fuvest) Filosofia de Epitáfios.

Saí, afastando-me dos grupos, e fingindo ler os epitáfios. E, aliás, gosto dos epitáfios; eles são, entre a gente civilizada,

uma expressão daquele pio e secreto egoísmo que induz o homem a arrancar à morte um farrapo ao menos da sombra que passou.

Daí vem, talvez, a tristeza inconsolável dos que sabem os seus mortos na vala comum; parece-lhes que a podridão anônima os

alcança a eles mesmos.

(Machado de Assis, "Memórias póstumas de Brás Cubas")

O processo de transposição de uma palavra de uma classe gramatical para outra é conhecido pelo nome de derivação imprópria. É

correto afirmar que, no texto, esse processo ocorre no emprego do vocábulo:

a) epitáfios.

b) mortos.

c) tristeza.

d) podridão.

e) inconsolável.

QUESTÃO 43

(Unirio )

Neste momento, o bordado está pousado em cima do console e o interrompi para escrever, substituindo a tessitura dos

pontos pela das palavras, o que me parece um exercício bem mais difícil.

Os pontos que vou fazendo exigem de mim uma habilidade e um adestramento que já não tenho. Esforço-me e vou conseguindo

vencer minhas deficiências. As palavras, porém, são mais difíceis de adestrar e vêm carregadas de uma vida que se foi

desenrolando dentro e fora de mim, todos esses anos. São teimosas, ambíguas e ferem. Minha luta com elas é uma luta extenuante.

¨Assim, nesse momento, enceto duas lutas: com as linhas e com as palavras, mas tenho a certeza que, desta vez, estou querendo

chegar a um resultado semelhante e descobrir ao fim do bordado e ao fim desse texto, algo de delicado, recôndito e imperceptível

sobre o meu próprio destino e sobre o destino dos seres que me rodeiam. Ontem, quando entrei no armarinho para escolher as

linhas, vi-me cercada de pessoas com quem não convivia há muito tempo, ou convivia muito pouco, de cuja existência tinha

esquecido. Mulheres de meia-idade que compravam lãs para bordar tapeçarias, selecionando animadamente e com grande

competência os novelos, comparando as cores com os riscos trazidos, contando os pontos na etamine, medindo o tamanho do

bastidor. Incorporei-me a elas e comecei a escolher, com grande acuidade, as tonalidades das minhas meadas de linha

mercerizada. Pareciam pequenas abelhas alegres (...), levando a sério as suas tarefas. (...) Naquelas mulheres havia alguma coisa

preservada, sua capacidade de bordar dava-lhes uma dignidade e um aval. Não queria que me discriminassem, conversei com elas

de igual para igual, mostrando-lhes os pontos que minha pequena mão infantil executara.

(JARDIM, Rachel. O PENHOAR CHINÊS. 4 ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1990.)

O que se indica nos parênteses NÃO está correto na opção:

a) bordadO (vogal temática).

b) esforçO-me (desinência número-pessoal).

c) desenrolaNDO (característica de gerúndio).

d) imperceptível (derivado parassintético).

e) meia-idade (composto por justaposição).

QUESTÃO 44

(Faap ) Barcos de Papel

Quando a chuva cessava e um vento fino

franzia a tarde tímida e lavada,

eu saía a brincar pela calçada,

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nos meus tempos felizes de menino.

Fazia de papel toda uma armada

e, estendendo meu braço pequenino,

eu soltava os barquinhos, sem destino,

ao longo das sarjetas, na enxurrada...

Fiquei moço. E hoje sei, pensando neles,

que não são barcos de ouro os meus ideais:

são feitos de papel, tal como aqueles,

perfeitamente, exatamente iguais...

- que os meus barquinhos, lá se foram eles!

foram-se embora e não voltaram mais!

Guilherme de Almeida

Foram-se embora. EMBORA (em + boa + hora) - processo de formação de palavra:

a) composição por justaposição

b) composição por aglutinação

c) derivação prefixial

d) derivação sufixial

e) parassintetismo

QUESTÃO 45

(Ufrj) TEXTO

Sem dúvida o meu aspecto era desagradável, inspirava repugnância. E a gente da casa se impacientava. Minha mãe tinha

a franqueza de manifestar-me viva antipatia. Dava-me dois apelidos: bezerro-encourado e cabra-cega.

Bezerro-encourado é um intruso. Quando uma cria morre, tiram-lhe o couro, vestem com ele um órfão, que, neste

disfarce, é amamentado. A vaca sente o cheiro do filho, engana-se e adota o animal. Devo o apodo ao meu desarranjo, à feiura, ao

desengonço. Não havia roupa que me assentasse no corpo: a camisa tufava na barriga, as mangas se encurtavam ou alongavam, o

paletó se alargava nas costas, enchia-se, como um balão. Na verdade o traje fora composto pela costureira módica, atarefada,

pouco atenta às medidas. Todos os meninos, porém, usavam na vila fatiotas iguais, e conseguiam modificá-las, ajeitá-las. Eu

aparentava pendurar nos ombros um casaco alheio. Bezerro-encourado. Mas não me fazia tolerar. Essa injúria revelou muito cedo

a minha condição na família: comparado ao bicho infeliz, considerei-me um pupilo enfadonho, aceito a custo. Zanguei-me,

permanecendo exteriormente calmo, depois serenei. Ninguém tinha culpa do meu desalinho, daqueles modos horríveis de

mambembe. Censurando-me a inferioridade, talvez quisessem corrigir-me.

(RAMOS, Graciliano. "Infância". Rio de Janeiro: Record, 2003. p. 144)

Os vocábulos "desagradável", "desarranjo", "desengonço", utilizados no texto, apresentam um elemento morfológico comum

quanto ao processo de formação de palavras.

a) Identifique e classifique esse elemento.

b) Explicite a relação entre o significado desse elemento e a caracterização física do narrador.

QUESTÃO 46

(Ufjf) O fragmento a seguir, selecionado do texto intitulado A DIFERENÇA, foi publicado na Revista de Domingo, da edição de

02/09 do Jornal do Brasil.

MASCANDO CLICHÊ

SÉRGIO RODRIGUES

A diferença

O marketing venceu mais uma: está na última moda dizer que algo ou alguém que se destaque da multidão por suas qualidades

extraordinárias é diferenciado. De repente todo mundo quer ser diferenciado, embora, curiosamente, ninguém queira ser diferente.

Diferenciar diferente e diferenciado tornou-se uma habilidade social básica, que a maioria de nós exerce de forma intuitiva, sem

pensar. Se formos pensar, porém, vamos descobrir que a diferença entre diferente e diferenciado pressupõe valores que boa parte

de nós teria vergonha de assumir.

Todo mundo sabe que Guga é um tenista diferenciado, não sabe? Isto é, melhor do que os outros, genial. Da mesma forma,

ninguém tem dúvida quando se anuncia que o atendimento prometido pelo gerente daquele banco é diferenciado: quer dizer que

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não se confunde com o tratamento-padrão dispensado à massa dos clientes otários, inclui cafezinho, água gelada e, quem sabe,

dicas de investimento vazadas diretamente da mesa de operações do Banco Central. O privilégio parece apenas natural porque

também nós somos, a nossos próprios olhos, diferenciados. Aliás, diferenciadíssimos. Já diferente, bem, é uma história

inteiramente diferente. Desde que os primeiros hominídeos se juntaram numa tribo e decretaram que míopes e carecas não

entravam, a diferença é tudo aquilo que grupos sociais hegemônicos usam para excluir ou subjugar minorias - e ao mesmo tempo

reforçar sua identidade. Localizado no corpo ou na alma, real ou imaginário, o anátema da diferença justifica lógicas de

dominação e até de extermínio. Diferentes foram, através dos tempos, cristãos no Império Romano, muçulmanos em países

cristãos, negros no Novo Mundo, judeus em quase todo o lugar. Ah, sim, e loucos e homossexuais em qualquer tempo.

(...)

Releia a sentença de abertura do texto "A diferença":

"O marketing venceu mais uma..."

As palavras marketing, marqueteiro e marquetear são empregadas hoje, com significativa frequência, na Língua Portuguesa.

Identifique e descreva os processos de formação responsáveis pela introdução DE CADA UM DOS TRÊS TERMOS em nossa

língua.

QUESTÃO 47

(Pucsp) Ethos - ética em grego - designa a morada humana. O ser humano separa uma parte do mundo para, moldando-A ao seu

jeito, construir um abrigo protetor e permanente. A ética, como morada humana, não é algo pronto e construído de uma só vez. O

ser humano está sempre tornando habitável a casa que construiu para SI.

Ético significa, portanto, tudo aquilo que ajuda a tornar melhor o ambiente para que seja uma morada saudável: materialmente

sustentável, psicologicamente integrada e espiritualmente fecunda.

Na ética há o permanente e o mutável. O permanente é a necessidade do ser humano de ter uma moradia: uma maloca indígena,

uma casa no campo e um apartamento na cidade. TODOS estão envolvidos com a ética, porque todos buscam uma morada

permanente.

O mutável é o estilo com que cada grupo constrói sua morada. É sempre diferente: rústico, colonial, moderno, de palha, de pedra...

Embora diferente e mutável, o estilo está a serviço do permanente: a necessidade de ter casa. A casa, nos seus mais diferentes

estilos, deverá ser habitável.

(BOFF, Leonardo. In A ÁGUIA E A GALINHA. Petrópolis: Vozes, 1997, pp. 90-91.)

Está presente, no texto, o processo de formação de palavras por derivação imprópria.

Assinale a alternativa em que ocorre tal processo.

a) A ética, como morada humana, não é algo pronto e constituído de uma só vez.

b) O ser humano está sempre tornando habitável a casa que constituiu para si.

c) ... tudo aquilo que ajuda a tornar melhor o ambiente.

d) Na ética, há o permanente e o mutável.

e) A casa, nos seus mais diferentes estilos, deverá ser habitável.

QUESTÃO 48

(Faap) Os gatos

Deus fez o homem à sua imagem e semelhança, e fez o crítico à semelhança do gato. Ao crítico deu ele, como ao gato, a

graça ondulosa e o assopro, o ronrom e a garra, a língua espinhosa. Fê-lo nervoso e ágil, refletido e preguiçoso; artista até ao

requinte, sarcasta até a tortura, e para os amigos bom rapaz, desconfiado para os indiferentes, e terrível com agressores e

adversários... .

Desde que o nosso tempo englobou os homens em três categorias de brutos, o burro, o cão e o gato - isto é, o animal de

trabalho, o animal de ataque, e o animal de humor e fantasia - por que não escolheremos nós o travesti do último? É o que se

quadra mais ao nosso tipo, e aquele que melhor nos livrará da escravidão do asno, e das dentadas famintas do cachorro.

Razão por que nos acharás aqui, leitor, miando um pouco, arranhando sempre e não temendo nunca.

FIALHO DE ALMEIDA

Ao crítico deu ele o RONROM. O processo pela qual se formou a palavra grifada:

a) derivação prefixial

b) derivação parassintética

c) regressiva

d) composição por aglutinação

e) onomatopeia

QUESTÃO 49

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(Ufscar) Eram cinco horas da manhã e o cortiço acordava, abrindo, não os olhos, mas a sua infinidade de portas e janelas

alinhadas.

[...]

Daí a pouco, em volta das bicas era um zunzum crescente; uma aglomeração tumultuosa de machos e fêmeas. Uns, após

outros, lavavam a cara, incomodamente, debaixo do fio de água que escorria da altura de uns cinco palmos. O chão inundava-se.

As mulheres precisavam já prender as saias entre as coxas para não as molhar; via-se-lhes a tostada nudez dos braços e do

pescoço, que elas despiam, suspendendo o cabelo todo para o alto do casco; os homens, esses não se preocupavam em não molhar

o pêlo, ao contrário metiam a cabeça bem debaixo da água e esfregavam com força as ventas e as barbas, fossando e fungando

contra as palmas da mão.

(Aluísio Azevedo. "O cortiço".)

Há, no texto, palavras derivadas por sufixação, como "tumultuosa" e "nudez".

a) Dê dois exemplos de palavras derivadas com o sufixo da primeira.

b) Dê mais dois exemplos de palavras derivadas com o sufixo da outra.

QUESTÃO 50

(Cesgranrio) Por amor à Pátria

1 O que é mesmo a Pátria?

2 Houve, com certeza, uma considerável quantidade de brasileiros(as) que, na linha da própria formação, evocaram a Pátria

com critérios puramente geográficos: uma vastíssima porção de terra, delimitada, porém, por tratados e convenções. Ainda bem

quando acrescentaram: a Pátria é também o Povo, milhões de homens e mulheres que nasceram, moram, vivem, dentro desse

território.

3 Outros, numerosos, aprimoraram essa noção de Pátria e pensaram nas riquezas e belezas naturais encerradas na vastidão

da terra. Então, a partir das cores da bandeira, decantaram o verde das florestas, o azul do firmamento espelhado no oceano, o

amarelo dos metais escondidos no subsolo. Ufanaram-se legitimamente do seu país ou declararam, convictos, aos filhos jovens,

que jamais hão-de ver país como este.

4 Foi o que fizeram todos quantos procuraram a Pátria no quase meio milênio da História do Brasil, complexa e fascinante

História de conquistas e reveses, de "sangue, suor e lágrimas", mas também de esperanças e de realizações. Evocaram gestos

heroicos, comovedoras lendas e sugestivas tradições.

5 Tudo isso e o formidável universo humano e sacrossanto que se oculta debaixo de tudo isso constituem a Pátria. Ela é

história, é política e é religião. Por isso é mais do que o mero território. É algo de telúrico. É mais do que a justaposição de

indivíduos, mas reflete a pulsação da inenarrável história de cada um.

6 A Pátria é mais do que a Nação e o Estado e vem antes deles. A Nação mais elaborada e o Estado mais forte e poderoso,

se não partem da noção de Pátria e não servem para dar à Pátria sua fisionomia e sua substância interior, não têm todo o seu valor.

7 Por último, quero exprimir, com os olhos fixos na Pátria, o seu paradoxo mais estimulante. De um lado, ela é algo de

acabado, que se recebe em herança.

8 Por outro lado, ela nunca está definitivamente pronta. Está em construção e só é digno dela quem colabora, em mutirão,

para ir aperfeiçoando o seu ser. Independente, ela precisa de quem complete a sua independência. Democrática, ela pertence a

quem tutela e aprimora a democracia. Livre, ela conta com quem salvaguarda a sua liberdade. E sobretudo, hospitaleira, fraterna,

aconchegante, cordial, ela reclama cidadãos e filhos que a façam crescer mais e mais nestes atributos essenciais de concórdia,

equilíbrio, harmonia, que a fazem inacreditavelmente Pátria - e me dá vontade de dizer, se me permitem criar um neologismo,

inacreditavelmente Mátria.

9 Pensando bem, cada brasileiro, quem quer que seja, tem o direito de esperar que os outros 140 milhões de brasileiros

sejam, para ele, Pátria.

Dom Lucas Moreira Neves

(adaptação) JORNAL DO BRASIL - 08/09/93

Os vocábulos "aprimorar" e "encerrar" classificam-se, quanto ao processo de formação de palavras, respectivamente, em:

a) parassíntese / prefixação.

b) parassíntese / parassíntese.

c) prefixação / parassíntese.

d) sufixação / prefixação e sufixação.

e) prefixação e sufixação / prefixação.

QUESTÃO 51

(Pucsp) ESTRADAS DE RODAGEM

Comparados os países com veículos, veremos que os Estados Unidos são uma locomotiva elétrica; a Argentina um automóvel; o

México uma carroça; e o Brasil um carro de boi.

O primeiro destes países voa; o segundo corre a 50 km por hora; o terceiro apesar das revoluções tira 10 léguas por dia; nós...

Nós vivemos atolados seis meses do ano, enquanto dura a estação das águas, e nos outros 6 meses caminhamos à razão de 2

léguas por dia. A colossal produção agrícola e industrial dos americanos voa para os mercados com a velocidade média de 100 km

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por hora. Os trigos e carnes argentinas afluem para os portos em autos e locomotivas que uns 50 km por hora, na certa,

desenvolvem.

As fibras do México saem por carroças e se um general revolucionário não as pilha em caminho, chegam a salvo com relativa

presteza. O nosso café, porém, o nosso milho, o nosso feijão e a farinha entram no carro de boi, o carreiro despede-se da família, o

fazendeiro coça a cabeça e, até um dia! Ninguém sabe se chegará, ou como chegará. Às vezes pensa o patrão que o veículo já está

de volta, quando vê chegar o carreiro.

- Então? Foi bem de viagem?

O carreiro dá uma risadinha.

- Não vê que o carro atolou ali no Iriguaçu e...

- E o quê?

- ... e está atolado! Vim buscar mais dez juntas de bois para tirar ele.

E lá seguem bois, homens, o diabo para desatolar o carro. Enquanto isso, chove, a farinha embolora, a rapadura derrete, o feijão

caruncha, o milho grela; só o café resiste e ainda aumenta o peso.

(LOBATO, M. "Obras Completas", 14• ed., São Paulo, Brasiliense, 1972, v. 8, p.74)

As palavras DESATOLAR, VELOCIDADE, CARROÇA e CARREIRO são formadas, respectivamente, por meio dos seguintes

processos:

a) prefixação, sufixação, sufixação, parassíntese.

b) sufixação, sufixação, prefixação, prefixação/sufixação.

c) prefixação, sufixação, sufixação, sufixação.

d) parassíntese, sufixação, sufixação, parassíntese.

e) parassíntese, prefixação/sufixação, sufixação, sufixação.

QUESTÃO 52

(Uflavras) BRASILEIRO, HOMEM DO AMANHÃ

(Paulo Mendes Campos - Adaptação)

Há em nosso povo duas constantes que nos induzem a sustentar que o Brasil é o único país brasileiro de todo o mundo.

Brasileiro até demais. Colunas da brasilidade, as duas colunas são: a capacidade de dar um jeito; a capacidade de adiar.

A primeira é ainda escassamente conhecida, e nada compreendida, no exterior; a segunda, no entanto, já anda bastante

divulgada lá fora, sem que, direta ou sistematicamente, o corpo diplomático contribua para isso.

Aquilo que alguns autores ingleses diziam apenas por humorismo (nunca se fazer amanhã aquilo que se pode fazer depois

de amanhã), não é no Brasil uma deliberada norma de conduta, uma diretriz fundamental. Não, é mais, é bem mais forte do que

qualquer princípio da vontade: é um instinto inelutável, uma força espontânea da estranha e surpreendente raça brasileira.

Para o brasileiro, os atos fundamentais da existência são: nascimento, reprodução, adiamento e morte (esta última, se

possível, também protelada).

Adiamos em virtude dum verdadeiro e inevitável estímulo inibitório, do mesmo modo que protegemos os olhos com as

mãos ao surgir na nossa frente um foco luminoso intenso. A coisa deu em reflexo condicionado: proposto qualquer problema a um

brasileiro, ele reage de pronto com as palavras: logo à tarde, só à noite; amanhã; segunda-feira; depois do carnaval; no ano que

vem.

Adiamos tudo: o bem e o mal, o bom e o mau, que não se confundem, mas tantas vezes se desemparelham. Adiamos o

trabalho, o encontro, o almoço, o telefonema, o dentista, o dentista nos adia, a conversa séria, o pagamento do imposto de renda,

as férias, a reforma agrária, o seguro de vida, o exame médico, a visita e pêsames, o conserto do automóvel, o concerto de

Beethoven, o túnel para Niterói, a festa de aniversário da criança, as relações com a China, tudo. Até o amor. Só a morte e a

promissória são mais ou menos pontuais entre nós. Mesmo assim, há remédio para a promissória: o adiamento bi ou trimestral da

reforma, uma instituição sacrossanta no Brasil.

O brasileiro adia; logo existe. A única palavra importante para ele é amanhã.

O resto eu adio para a semana que vem.

Em: "... é um instinto inelutável, uma força espontânea...", classifique o processo de formação da palavra INELUTÁVEL:

a) derivação prefixal.

b) composição por justaposição.

c) derivação regressiva.

d) composição por aglutinação.

e) derivação parassintética.

QUESTÃO 53

(Fei) "O desenvolvimento científico e tecnológico, ¢embora traga inegáveis benefícios (pensemos nos avanços da medicina e

dos meios de comunicação, nas facilidades proporcionadas pelos modernos meios de transporte e pelos inúmeros aparelhos

eletrodomésticos que fazem parte de nosso cotidiano), criou também novos e graves problemas. Chaplin denunciou a

desumanização do trabalho no filme "Tempos Modernos"; alguns anos depois, a humanidade assistia atônita ao holocausto

nuclear em Hiroshima e Nagasaki. Descobriu-se que a ciência nem sempre é benéfica ao homem: tudo depende de como ela é

usada.

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Pode-se dizer que o avanço científico e tecnológico propõe hoje três grandes desafios para o século XXI: antes de mais

nada, a degradação do meio ambiente demonstra a necessidade de pesquisar novas formas de produção, de transporte e de geração

de energia não agressivas à natureza. Em segundo lugar, temos de encontrar alternativas ao avanço da mecanização industrial, que

representa uma ameaça ao emprego de trabalhadores no mundo inteiro. Por fim, as recentes descobertas no campo da engenharia

genética levantam sérias questões de ordem moral: as experiências com genes humanos não nos levariam a repetir em maior

escala as atrocidades cometidas durante a 2• Grande Guerra nos laboratórios de Hitler? É impossível esquecer as profecias de

Aldous Huxley em seu "Admirável Mundo Novo".

O século XX criou as bombas atômicas e os computadores; esperemos que no próximo aprendamos a utilizar a tecnologia

para o bem-estar e a paz entre os homens".

(Carlo Roberto)

Em "É IMPOSSÍVEL esquecer as profecias de Aldous Huxley em seu 'Admirável Mundo Novo'", o termo em destaque foi

formado por qual dos processos de formação das palavras:

a) derivação prefixal

b) derivação regressiva

c) derivação parassintética

d) derivação sufixal

e) derivação imprópria

QUESTÃO 54

(Uerj) TEXTO I

A bem dizer, sou Ponciano de Azeredo Furtado, coronel de patente, do que tenho honra e faço alarde. Herdei do meu avô Simeão

terras de muitas medidas, gado do mais gordo, pasto do mais fino. Leio no corrente da vista e até uns latins arranhei em tempos

verdes da infância, com uns padres-mestres a dez tostões por mês. Digo, modéstia de lado, que já discuti e joguei no assoalho do

Foro mais de um doutor formado. Mas disso não faço glória, pois sou sujeito lavado de vaidade, mimoso no trato, de palavra

educada. Já morreu o antigamente em que Ponciano mandava saber nos ermos se havia um caso de lobisomem a sanar ou pronta

justiça a ministrar. Só de uma regalia não abri mão nesses anos todos de pasto e vento: a de falar alto, sem freio nos dentes, sem

medir consideração, seja em compartimento do governo, seja em sala de desembargador. Trato as partes no macio, em jeito de

moça. Se não recebo cortesia de igual porte, abro o peito:

- Seu filho da égua, que pensa que é?

Nos currais do Sobradinho, no debaixo do capotão de meu avô, passei os anos de pequenice, que pai e mãe perdi no gosto do

primeiro leite. Como fosse dado a fazer garatujações e desabusado de boca, lá num inverno dos antigos, Simeão coçou a cabeça e

estipulou que o neto devia ser doutor de lei:

- Esse menino tem todo o sintoma do povo da política. É invencioneiro e linguarudo. (...)

(CARVALHO, J. C. "O coronel e o lobisomem". Rio de Janeiro: José Olympio, 1978.)

Observe as seguintes palavras:

"lobisomem" (ref. 1)

"linguarudo" (ref. 2)

Identifique o processo de formação de cada uma delas, segundo o seu emprego no texto.

QUESTÃO 55

(Fuvest) Os leitores estarão lembrados do que o compadre dissera quando estava a fazer castelos no ar a respeito do afilhado, e

pensando em dar-lhe o mesmo ofício que exercia, isto é, daquele arranjei-me, cuja explicação prometemos dar. Vamos agora

cumprir a promessa.

Se alguém perguntasse ao compadre por seus pais, por seus parentes, por seu nascimento, nada saberia responder, porque nada

sabia a respeito. Tudo de que se recordava de sua história reduzia-se a bem pouco. Quando chegara à idade de dar acordo da vida

achou-se em casa de um barbeiro que dele cuidava, porém que nunca lhe disse se era ou não seu pai ou seu parente, nem

tampouco o motivo por que tratava da sua pessoa. Também nunca isso lhe dera cuidado, nem lhe veio a curiosidade de indagá-lo.

Esse homem ensinara-lhe o ofício, e por inaudito milagre também a ler e a escrever. Enquanto foi aprendiz passou em casa do

seu... mestre, em falta de outro nome, uma vida que por um lado se parecia com a do fâmulo*, por outro com a do filho, por outro

com a do agregado, e que afinal não era senão vida de enjeitado, que o leitor sem dúvida já adivinhou que ele o era. A troco disso

dava-lhe o mestre sustento e morada, e pagava-se do que por ele tinha já feito.

(*) fâmulo: empregado, criado

(Manuel Antônio de Almeida, "Memórias de um sargento de milícias")

No excerto, temos derivação imprópria ou conversão (emprego de uma palavra fora de sua classe normal) no seguinte trecho:

a) fazer castelos no ar.

b) daquele arranjei-me.

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c) dar acordo da vida.

d) nem tampouco o motivo.

e) por inaudito milagre.

QUESTÃO 56

(Ufc) Os moradores do casarão

(...)

1 Consultando o relógio de parede, que bate as horas num gemer de ferros, ela chama uma das pretas, para que lhe traga a chaleira

com água quente. Toma banho dentro da bacia no quarto, cujos tacos já estão podres. Demora-se sentada no banco de madeira

com medo da corrente de ar, os cabelos soltos e os ombros protegidos pela toalha.

2 A única amiga que a visita diz que a vida dela dá um romance. O casarão. A posição social de outrora. A educação dela: o piano,

a aula particular de francês, o curso de pintura com irmã Honorine. Tudo se foi acabando. Os mortos são retratos no alto das

paredes. Galeria de retratos, o do pai, imponente, o cabelo partido ao meio, certa ironia nos olhos, ao tempo em que foi secretário

de estado e diretor do grande hospital. Foi por esse tempo que ela se casou com o bacharel recente. As tias fizeram oposição forte.

Aquelas tias magras, de nervuras nos pescoços, as blusas de colarinho de renda, os bandós. A mais renitente delas era tia Matilda.

A sobrinha merecia coisa melhor, homem já projetado na vida, com carreira feita, que a família era nobre, quisessem ou não:

vinha de boa cepa portuguesa, com barão na origem. O moço era filho de comerciante, com pequena loja de tecidos:

3 - E um menino! Em começo de vida.

4 Mas casaram. Foi decidido que ficassem no casarão, que dava para todos, e ninguém queria separar-se de Violeta, que tinha

muitas mães, todas mandando nela. Violeta, governada, sem vontade própria, como se ainda fosse menina, ouvindo uma e outra:

5 - Estou bem com este vestido?

6 A nervura das tias:

7 - Horrível! Ponha o de organdi.

8 Ela voltava ao grande quarto, de forro alto, e mudava a roupa na frente do marido, marginalizado e em silêncio. Concessão

maior só do pai, que era meio boêmio, apreciava uma roda de cerveja e de pôquer. O pai soltava gargalhada na cadeira de balanço

e garantia ao genro que aquelas velhas, e a própria mulher dele, eram doidas.

9 A pressão. O ¢reparo para qualquer deslize tolo ou gafe:

10 - Filho de comerciante.

11 E Violeta, que nunca teve filhos, engordava, lambia os dedos e os beiços untados de manteiga. Muita banha, preguiça de sair

de casa, uma ou outra nota no piano de cauda, com o jarro de flores, onde as moscas dormiam e cagavam.

12 Veio o desquite. O marido mudou-se para São Paulo. Fez carreira brilhante, é advogado de prestígio e, faz muito tempo, vive

com a outra. Mas fixou pensão para a mulher e escrevia-lhe, talvez por pena dela: a gordura disforme. Foram cartas que raramente

recebeu, e uma ou outra que ela própria tivesse escrito, tia Matilda, a renitente, tomava do jardineiro, lia e rasgava.

13 Quando essa tia morreu, porque afinal todos morreram, Violeta encontrou no quarto dela dentro da gaveta da cômoda, lá no

fundo, algumas dessas cartas do marido, amarradas com o fitilho. Trancou-se, leu-as à luz do abajur e chorou.

14 O casarão, com a torre, é ninho de morcegos, que voejam na tarde. Tudo é silêncio. O gradil do muro, enferrujado. Secou a

fonte, onde o vento rodopia folhas mortas. De resistente apenas a hera, que sobe pelas velhas paredes, uma ou outra vez aguada

por Seu Vicente, jardineiro, ou pela preta mais nova, também cria da família.

15 A única amiga que a visita volta a assegurar que a vida dela dá um romance.

16 - Acho que sim.

17 E Violeta se levanta, pesada, envolvida no cachecol, para fechar a janela por onde vem a corrente de ar e já se aproxima a

noite.

(MOREIRA CAMPOS, José Maria. "Dizem que os cães vêem coisas". Fortaleza: Edições UFC, 1987)

No final do século XIX e princípio do século XX, muitas palavras francesas foram incorporadas ao léxico português, dada a

influência cultural exercida pela França em todo o mundo civilizado da época. Assinale a alternativa que contém apenas palavras

de extração francesa.

a) abajur - pôquer - gafe

b) bandó - abajur - pôquer

c) gafe - abajur - cachecol

d) cachecol - chaleira - bandó

e) organdi - cachecol - chaleira

QUESTÃO 57

(Ufsm) MARCELO BERABA

Desejo de matar

1 RIO DE JANEIRO - A TV Globo estreou mais uma série importada que enaltece os ¤grupos de ¢¥extermínio. Esta agora

chama-se "Angel" e conta a história de um vampiro bom que sai pela cidade eliminando vampiros maus. Para isso, o herói

vampiro conta com a ajuda de três pessoas, uma delas ¨delegada de polícia.

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2 Parece que esta série é apenas um ªtapa-buraco na programação da emissora, que nem fez muito alarde com o filme. Mas

não é a primeira vez que a TV explora o tema. Teve uma, "Justiça Cega", em que um juiz, inconformado com as amarras da lei,

fazia justiça com as próprias mãos.

3 O justiceiro passava o dia de toga examinando processos e à noite montava numa moto e saía matando os ©bandidos que

tinha sido obrigado a inocentar por falta de provas.

4 A mensagem desses filmes é sempre a mesma. Não é ¢¤possível combater o ¢crime com os instrumentos que a sociedade

coloca à disposição da £Justiça e das polícias. É preciso montar polícias e justiças paralelas, que usem as mesmas armas e recursos

imorais dos criminosos.

5 "Angel" e seus vampiros permitem várias interpretações. Uma delas é simples: o combate ao crime já não é tarefa para

homens comuns. Os criminosos estão cada vez mais sofisticados. São seres mutantes. ¦Juízes e policiais comuns, por mais bem

preparados que estejam, não dão conta do recado.

6 A série é ¢¡lixo e não tem a menor importância. O problema é na vida real, quando as empresas acham normal buscar

formas de convivência com o ¥narcotráfico. Quando o Estado acha normal que o §crime organizado monte banquinhas de apostas

no meio das calçadas. E quando o ¢£sistema penitenciário ajuda a organização dos presos para evitar rebeliões.

7 Pensando bem, não ¢¦há por que se espantar com "Angel" e similares se as deformações que procuram legitimar fazem

parte do nosso cotidiano.

("Folha de São Paulo", 9 de março de 2001.)

A partir da palavra "vampiro", criaram-se as palavras a seguir, formadas com o acréscimo de elementos integrantes de outras

palavras da língua portuguesa. Relacione as colunas, atendendo ao sentido conferido às palavras através desse processo.

1. vampirófobo

2. vampirólogo

3. vampiricida

4. vampirólatra

( ) aquele que mata os vampiros

( ) aquele que teme ou odeia os vampiros

( ) aquele que adora os vampiros

A sequência correta é

a) 2 - 3 - 1.

b) 3 - 1 - 4.

c) 1 - 2 - 3.

d) 4 - 3 - 1.

e) 3 - 1 - 2.

QUESTÃO 58

(Puc-Rio) Costureira receberá indenização de ex-noivo

Casamento adiado por 17 anos vale 20 salários para mulher "enganada"

1 Belo Horizonte - ¤Abandonada pelo noivo depois de 17 anos de namoro, a costureira Nair Francisca de Oliveira está

comemorando um ganho inusitado: o Tribunal de Alçada de Minas Gerais condenou o motorista aposentado Otacílio Garcia dos

Reis, de 54 anos, a pagar à ex-noiva uma indenização de 20 salários mínimos por danos morais. Ela receberá ainda 30% do valor

da casa que os dois estavam construindo juntos, em Passos, sudoeste de Minas. "Estou cobrando pelo tempo que fui enganada",

diz ela.

2 Nair não revela a idade, diz apenas que tem mais de 40 anos. Ela lembra que, mais do que o ¢término do namoro, o que a

fez decidir pela ação de danos morais foram as falsas palavras de Otacílio. Ao romper com a noiva, ele disse que, além de não

gostar dela, sabia que não tinha sido o primeiro homem de sua vida. "Me caluniou e humilhou minha família", lamenta Nair, que

não consegue explicar como pôde ficar tantos anos ao lado de uma pessoa que ela diz, agora, não conhecer.

3 Otacílio foi longe ao explicar o motivo do fim do relacionamento. Disse à ex-noiva que tinha por ela apenas um "vício

carnal" e que nenhum homem seria capaz de resistir aos encantos de seu corpo bem feito. "Ele daria um bom ator", analisa Nair,

lembrando que, a cada ano, a desculpa para não oficializar a união mudava. A costureira confessa que nunca teve vontade de

terminar o namoro, mesmo tendo-o iniciado sem gostar muito de Otacílio. Ele teria insistido no relacionamento. "Eu dei tempo ao

tempo e acabei gostando dele", afirma, frustrada com o tempo perdido, especialmente pelo fato de não ter tido filhos. "Engraçado,

eu nunca evitei. Não sei por que não aconteceu."

4 Papéis - A história de Nair e Otacílio começou em 1975. Após quatro anos de namoro, ficaram noivos e deram entrada

nos papéis para o casamento religioso. Na ocasião, já haviam £ comprado um terreno, onde construíram a casa, que, segundo Nair,

foi erguida com o dinheiro de seu trabalho de costureira, com a ajuda dos pais e também com dinheiro de Otacílio. Hoje, o que

seria o lar dos dois é uma casa alugada. O advogado de Nair, José Cirilo de Oliveira, pretende requerer uma indenização também

pelo tempo de aluguel.

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5 "Fiquei satisfeito com a vitória de Nair, não tanto pelo valor da indenização, mas porque houve realmente a má intenção

por parte do ex-noivo", afirma Oliveira. Os juízes da 3• Câmara Cível do Tribunal de Alçada também ficaram sensibilizados com

o caso da noiva abandonada. O relator do processo, juiz Dorival Guimarães Pereira, justificou sua decisão destacando que "o

casamento é o sonho dourado de toda mulher, objetivando com ele, a par da felicidade pessoal de constituir um lar, também

atingir o seu bem-estar social, a subsistência e o seu futuro econômico".

6 A costureira, entretanto, afirma que não estava preocupada com os ganhos financeiros do casamento.

(Roselena Nicolau - JORNAL DO BRASIL, 11/08/1996)

Indique a palavra resultante do mesmo processo de formação que "término" (ref.1)

a) Fim.

b) Processo.

c) Ganho.

d) Caso.

e) Motivo.

QUESTÃO 59

(Unicamp) O quadrinho a seguir faz parte de um material publicado na "Folha de S. Paulo" em 17 de agosto de 2005, relativo à

crise política brasileira, que teve início em maio do mesmo ano.

Na tira de Angeli, observamos um jogo de associações entre a frase-título 'O imundo animal' e a sequência de imagens.

a) A frase-título 'O imundo animal' nos remete a uma outra frase. Indique-a e explicite as relações de sentido entre as duas frases,

fazendo referência ao conjunto da tira.

b) A frase-título 'O imundo animal' sugere um processo de prefixação. Explique.

QUESTÃO 60

(Fuvest-gv) O ESTRUME

Súbito deu-me a consciência um repelão, acusou-me de ter feito capitular a probidade de D. Plácida, obrigando-a a um papel

torpe, depois de uma longa vida de trabalho e privações. Medianeira não era melhor que concubina, e eu tinha-a baixado a esse

ofício, à custa de obséquios e dinheiros. Foi o que me disse a consciência; fiquei uns dez minutos sem saber que lhe replicasse. Ela

acrescentou que eu me aproveitara da fascinação exercida por Virgília sobre a ex-costureira, da gratidão desta, enfim da

necessidade. Notou a resistência de D. Plácida, as lágrimas dos primeiros dias, as caras feias, os silêncios, os olhos baixos, e a

minha arte em suportar tudo isso, até vencê-la. E repuxou-me outra vez de um modo irritado e nervoso.

Concordei que assim era, mas aleguei que a velhice de D. Plácida estava agora ao abrigo da mendicidade: era uma compensação.

Se não fossem os meus amores, provavelmente D. Plácida acabaria como tantas outras criaturas humanas; donde se poderia

deduzir que o vício é muitas vezes o estrume da virtude. O que não impede que a virtude seja uma flor cheirosa e sã. A

consciência concordou, e eu fui abrir a porta à Virgília.

O mesmo processo de formação da palavra "probidade" repete-se em "mendicidade".

a) Qual o adjetivo de que se forma "mendicidade"?

b) O que significa "mendicidade"?

QUESTÃO 61

(Fuvest) 17 DE JULHO

1 Um dia desta semana, farto de vendavais, naufrágios, boatos, mentiras, polêmicas, farto de ver como se descompõem os

homens, acionistas e diretores, importadores e industriais, farto de mim, de ti, de todos, de um tumulto sem vida, de um silêncio

sem quietação, peguei de uma página de anúncios, e disse comigo:

2 Eia, passemos em revista as procuras e ofertas, caixeiros desempregados, pianos, magnésias, sabonetes, oficiais de

barbeiro, casas para alugar, amas-de-leite, cobradores, coqueluche, hipotecas, professores, tosses crônicas...

3 E o meu espírito, estendendo e juntando as mãos e os braços, como fazem os nadadores, que caem do alto, mergulhou por

uma coluna a seguir. Quando voltou à tona trazia entre os dedos esta pérola:

4 "Uma viúva interessante, distinta, de boa família e independente de meios, deseja encontrar por esposo um homem de

meia-idade, sério, instruído, e também com meios de vida, que esteja como ela cansado de viver só; resposta por carta ao

escritório desta folha, com as iniciais M. R...., anunciando, a fim de ser procurada essa carta."

5 Gentil viúva, eu não sou o homem que procuras, mas desejava ver-te, ou, quando menos, possuir o teu retrato, porque tu

não és qualquer pessoa, tu vales alguma cousa mais que o comum das mulheres. Ai de quem está só! dizem as sagradas letras; mas

não foi a religião que te inspirou esse anúncio. Nem motivo teológico, nem metafísico. Positivo também não, porque o

positivismo é infenso às segundas núpcias. Que foi então, senão a triste, longa e aborrecida experiência? Não queres amar; estás

cansada de viver só.

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6 E a cláusula de ser o esposo outro aborrecido, farto de solidão, mostra que tu não queres enganar, nem sacrificar

ninguém. Ficam desde já excluídos os sonhadores, os que amem o mistério e procurem justamente esta ocasião de comprar um

bilhete na loteria da vida. Que não pedes um diálogo de amor, é claro, desde que impões a cláusula da meia-idade, zona em que as

paixões arrefecem, onde as flores vão perdendo a cor purpúrea e o viço eterno. Não há de ser um náufrago, à espera de uma tábua

de salvação, pois que exiges que também possua. E há de ser instruído, para encher com as cousas do espírito as longas noites do

coração, e contar (sem as mãos presas) a tomada de Constantinopla.

7 Viúva dos meus pecados, quem és tu que sabes tantos? O teu anúncio lembra a carta de certo capitão da guarda de Nero.

Rico, interessante, aborrecido, como tu, escreveu um dia ao grave Sêneca, perguntando-lhe como se havia de curar do, tédio que

sentia, e explicava-se por figura: "Não é a tempestade que me aflige, é o enjoo do mar. "Viúva minha, o que tu queres realmente,

não é um marido, é um remédio contra o enjoo. Vês que a travessia ainda é longa, - porque a tua idade está entre trinta e dois e

trinta e oito anos, - o mar é agitado, o navio joga muito; precisas de um preparado para matar esse mal cruel e indefinível. Não te

contentas com o remédio de Sêneca, que era justamente a solidão, "a vida retirada, em que a alma acha todo o seu sossego". Tu já

provaste esse preparado; não te fez nada. Tentas outro; mas queres menos um companheiro que uma companhia.

(Machado de Assis, "A Semana", 1892.)

Foram formadas pelo mesmo processo as seguintes palavras do texto:

a) vendavais, naufrágios, polêmicas.

b) descompõem, desempregados, desejava.

c) estendendo, escritório, espírito.

d) quietação, sabonete, nadador.

e) religião, irmão, solidão.

QUESTÃO 62

(Fuvest) Só os roçados da morte

compensam aqui cultivar,

e cultivá-los é fácil:

simples questão de plantar;

não se precisa de limpa,

de adubar nem de regar;

as estiagens e as pragas

fazem-nos mais prosperar,

e dão lucro imediato;

nem é preciso esperar

pela colheita: recebe-se

na hora mesma de semear.

(João Cabral de Melo Neto, MORTE E VIDA SEVERINA)

O mesmo processo de formação da palavra destacada em "não se precisa de LIMPA" ocorre em:

a) "no mesmo VENTRE crescido".

b) "iguais em tudo e na SINA".

c) "jamais o cruzei a NADO".

d) "na minha longa DESCIDA".

e) "todo o VELHO contagia".

QUESTÃO 63

(Ufrj) O EX- CINECLUBISTA

(João Gilberto Noll)

Aquele homem meio estrábico, ostentando um mau humor maior do que realmente poderia dedicar a quem lhe cruzasse o

caminho e que agora entrava no cinema, numa segunda-feira à tarde, para assistir a um filme nem tão esperado, a não ser entre

pingados amantes de cinematografias de cantões os mais exóticos, aquele homem, sim, sentou-se na sala de espera e chorou,

simplesmente isso: chorou. Vieram lhe trazer um copo d'água logo afastado, alguém sentou-se ao lado e lhe perguntou se não

passava bem, mas ele nada disse, rosnou, passou as narinas pela manga, levantou-se num ímpeto e assistiu ao melhor filme em

muitos meses, só isso. Ao sair do cinema, chovia. Ficou sob a marquise, à espera da estiagem. Tão absorto no filme que se

esqueceu de si. E não soube mais voltar.

O vocábulo "ex-cineclubista" resulta da aplicação de quatro processos de formação de palavras. Identifique-os, valendo-se de

elementos constitutivos desse vocábulo.

QUESTÃO 64

(Espm) TODOS MALUFARAM

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No século passado, os adversários de Paulo Maluf cunharam a seguinte expressão: "A gente odeia o Maluf há tanto

tempo que nem lembra mais os motivos".

De fato, Maluf foi erigido uma espécie de campeão mundial da corrupção, desde que tratou o dinheiro público como dele,

ao doar Volkswagens para os campeões do mundo de 1970 (já ganhamos duas Copas e perdemos seis desde então).

Era tamanho o ruído em torno de Maluf que até se criou o verbo "malufar" para designar comportamentos não

exatamente santos.

Seria lógico que, quando, finalmente, a Justiça decretasse a prisão preventiva desse personagem folclórico-histórico,

ganhasse as manchetes, certo? Errado. Perdeu-as para o "mensalinho", acredite quem quiser. Severino Cavalcanti, aliás do mesmo

partido de Maluf, derrotou-o no torneio de informações sobre corrupção em que o país afunda todo santo dia.

É eloquente do estado de um país quando o suposto (ou real) campeão mundial da corrupção perde esse tipo de torneio

para um deputado menor, embora presidente da Câmara, acusado de um desvio igualmente menor, do seu tamanho, aliás.

É igualmente eloquente que ninguém mais, salvo um ou outro partido nanico, odeie Maluf. Ele já andou em outdoors

abraçado a Fernando Henrique Cardoso, o patriarca-mor do tucanato.

Já se aliou ao PT, na campanha municipal de 2002, além de seu partido fazer parte da base de sustentação do governo

Lula. Se bobear, Maluf ganha um cheque em branco do próprio Lula, como o PP ganhou um ministério, aliás por indicação do

mesmo Severino que desbancou Maluf da manchete.

Do PFL, Maluf sempre foi companheiro de viagem em São Paulo, até que o PFL se tornasse linha auxiliar do tucanato.

Passou tanto tempo desde os "fusquinhas" de 1970 que todos malufaram. Ou quase todos. É o Brasil, evoluindo sempre.

(Clóvis Rossi, extraído do jornal "Folha de S. Paulo", de 11/09/2005)

O processo de formação de palavra do neologismo "malufar" consiste em acrescentar ao substantivo próprio "Maluf" uma

desinência verbal. O mesmo ocorre em:

a) "A fúria desse front / Virá lapidar o sonho / Até gerar o som / Como querer CAETANEAR / O que há de bom" ("Sina",

Djavan).

b) "Voltamos a CLAUDICAR na finalização, mas está tudo em aberto para os jogos seguintes." (www.futsalportugal.com.pt)

c) "Aos tantos, não parava, ANDORINHAVA, espiava agora." ("Partida do audaz navegante", Guimarães Rosa);

d) "Não vá, vem cá / Me amar cantarolar / Menina / No embalo dessa dança SAMBAREGUEAR / Sambareguear,

sambareguear..." ("Sambaguerrear", Rapazolla).

e) "Nesse momento um mulato da maior MULATARIA trepou numa estátua e principiou um discurso entusiasmado explicando

pra Macunaíma que era o dia do Cruzeiro." ("Macunaíma", Mário de Andrade).

QUESTÃO 65

(Ufrj) Lídio Corró, um sentimental, sente um aperto no peito, ainda há de morrer numa hora dessas, de emoção. Pedro Archanjo

mantém-se sério por um momento; distante, grave, quase solene. De repente se transforma e ri, seu riso alto, claro e bom, sua

infinita e livre gargalhada: pensa na cara do professor Argolo, na do doutor Fontes, dois luminares, dois sabidórios que da vida

nada sabem. São mestiças a nossa face e a vossa face: é mestiça a nossa cultura, MAS a vossa é importada, é merda em pó. Iam

morrer de congestão. Seu riso acendeu a aurora e iluminou a terra da Bahia.

(AMADO, Jorge. "Tenda dos Milagres". São Paulo, Martins, s/d: p.163.)

a) Qual o efeito pretendido pelo narrador ao utilizar, ironicamente, o termo "sabidórios"?

b) Que outro termo, derivado do mesmo radical de "sabidório", poderia ser utilizado, sem prejuízo do efeito pretendido pelo

narrador?

QUESTÃO 66

(Unicamp) Os verbetes apresentados em (II) a seguir trazem significados possíveis para algumas palavras que ocorrem no texto

intitulado Bicho Gramático, apresentado em (I).

Descreva o processo de formação das palavras invendável e imprestável e justifique a afirmação segundo a qual o uso que Vicente

Matheus fazia da língua portuguesa “nem sempre era aquele reconhecido pelos livros”.

QUESTÃO 67

Sobre os verbetes da questão anterior, explique por que o texto destaca que Vicente Matheus “criou uma pérola da linguística e da

zoologia”. E como se chama esse processo de criação de palavras?

QUESTÃO 68

(UFRJ)

O vocábulo “ciberespaço”, empregado no texto, é um neologismo que ilustra bem a necessidade de criarmos novas palavras à

medida que a humanidade e sua tecnologia evoluem. Explique a formação desse vocábulo indicando o processo de formação

empregado.

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QUESTÃO 69

(Enem)

Carnavália

Repique tocou

O surdo escutou

E o meu corasamborim

Cuíca gemeu, será que era meu, quando ela passou

por

mim?

[…] ANTUNES, A.; BROWN, C.; MONTE, M. Tribalistas, 2002 (fragmento)

No terceiro verso, o vocábulo “corasamborim”, que é a junção coração + samba + tamborim, refere-se, ao mesmo tempo, a

elementos que compõem uma escola de samba e a situação emocional em que se encontra o autor da mensagem, com o coração no

ritmo da percussão. Qual foi o processo de formação empregado para criar essa palavra?

QUESTÃO 70

(URJ) “Mas pouca gente sabe o que é um lipograma. Lipo significa tirar, aspirar, esconder. Portanto, um lipograma é um texto

que sofreu a lipoaspiração de uma letra. O autor resolve esconder essa letra por razões lúdicas. Já o grego Pindaro havia escrito

uma ode, sem a letra ‘s’. Os autores barrocos no século XVII também usavam este tipo de ocultação, porque estavam envolvidos

com o ocultismo, com a cabala e com a numerologia.” (ROMANO, Affonso de Sant’Anna.O Globo, 15set.1999.)

Observando o parágrafo identifique o processo de formação de palavras comum aos termos ocultação e ocultismo e

explique a diferença de sentido entre eles.

Um acontecimento é, frequentemente, a consequência de uma coisa que fizeste por um ato de tua livre vontade, de tal sorte que

se não tivesse feito essa coisa, o acontecimento não ocorria.

Juliana Bailão

GABARITO

3. a) É um neologismo semântica, fundindo a ideia de “ver alguém” (te ver) e da abreviação vocabular de “televisão” (tevê),

aproveitando a ua similaridade gráfica (paronomia).

b) TV – siglonimização

tevê - abreviação vocabular

tever - neologismo

4. a) Sim, sua criação está dentro dos princípios que regem a formação de palavras já que é uma criação de nova palavra obtida

através de uma palavra ou conceito já existente.

b) Significa roupa que possibilita a sobrevivência até no Sol, já que é uma forma indestrutível e que não se queima.

5. Beija-Flor, aposentado-padrão, carnavalesco-mor.

6. Essa palavra infere a ideia de melhor carnavalesco a Joãozinho Trinta.

7. Ambas são Derivação Imprópria.

8. O processo de formação da palavra supra-sumo é a Prefixação e significa o grau mais elevado, o melhor de algo, o que

está no auge, em alto nível.

9. Operário, alegóricos, Joãozinho, passagem, lançamento, nacional

10. Esbaforido

11. Derivação Sufixal

12. a)F b) F c) V d) V e) V f) V g) V h) F i) V

13. E

14. B

15. D

16. B

17. C

18. B

19. E

20. A

21. B

22. C

23. A

24. A

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COLÉGIO EINSTEIN RUA C – 235-A Nº 70 QUADRA 1E, Setor Bueno, CEP 74 230 200 Goiânia – GO

(62) 3274 – 3176 98295 – 0114 [email protected] www.portaleinstein.com.br

25. D

26. a) onomatopeia

b) tic-tac, tim-tim, cacarejar

27. C

28. a) A palavra "pandemônio " significa, no texto, "confusão", "gritaria" - algo típico do carnaval de rua.

O morfema "pan" significa "todos", "totalidade".

b) É formado a partir da palavra "lívido", com o prefixo "en-" e o sufixo "escer", por derivação parassintética (ou parassíntese).

29. a) Função metalinguística.

Uma dentre as justificativas:

- Os parágrafos explicam os significados das palavras.

- Os parágrafos contêm definição de palavras por outras palavras.

b) Derivações sufixal ou sufixação.

OCULTAÇÃO é o ato de ocultar e OCULTISMO designa crença, doutrina ou seita.

30. A

31. 19

32. a) O título "Boitempo" informa que a trajetória do tempo - manhã, tarde e noite - não é definida pela trajetória do sol, e sim

pela relação do homem com o gado bovino.

b) "Boitempo" é uma palavra formada por composição por justaposição (boi + tempo).

33. D

34. A

35. C

36. a) Submissão.

Verbo submeter.

b) que convinham bastante a seus propósitos

37. C

38. a) A palavra que nomeia o portador do transtorno é "distímico".

b) A distimia diferencia-se do mau humor natural. Enquanto a distimia é uma doença, um mau humor patológico, crônico, o mau

humor natural é circunstancial e não se caracteriza como doença.

39. D

40. A

41. A

42. B

43. D

44. B

45. a) O elemento morfológico comum presente nos vocábulos "desagradável, desarranjo, desengonço" é o prefixo "des".

b) O significado do prefixo "des" (de negação) relaciona-se à caracterização física do narrador do texto III, que é marcada pelo

contrário da harmonia e da beleza.

46. - Market + ing = derivação sufixal - estrangeirismo

- Marquet + eiro = derivação sufixal

- Marquet + ear = derivação sufixal

47. D

48. E

49. a) amorosa, horrorosa, cremosa, leitosa.

b) aridez, timidez, surdez, altivez .

50. A

51. C

52. E

53. A

54. lobisomem: composição por aglutinação

linguarudo: derivação sufixal

55. B

56. C

57. B

58. C

59. a) A frase remete à expressão "o mundo animal", que designa o universo dos seres dotados de vida (animados). O trocadilho

usado como título da tira sugere que o "homem político", é um animal imundo.

b) A prefixação ocorre em imundo. A palavra é formada com a adição do prefixo negativo i - a - mundo.

60. a) Mendicante.

b) Refere-se ao ato de mendigar.

61. D

62. C

63. O termo "ex-cineclubista" é resultado de quatro processos de formação de palavras: redução/abreviação vocabular (cine +

cinema), composição (cine + clube), derivação sufixal (cineclube + ista) e derivação prefixal (ex + cineclubista).

64. A

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65. a) Pejorativo, depreciativo.

b) Sabichões, sabidões.

66. As duas palavras foram formadas por derivação prefixal e sufixal. Primeiro, foi acrescentado o sufixo ( ável) ao radical dos

verbos ( vender e prestar) , formando os adjetivos ( vendável e imprestável) . Em seguida, acrescentou-se o prefixo de negação

“in” ( invendável e imprestável) . Ao criar o vocábulo “imprestável”, Vicente Matheus quis dizer que Sócrates era um jogador

muito importante e não poderia ser emprestado a nenhum clube, mas acabou dizendo que ele era um jogador que não prestava,

que era inútil. Portanto, a afirmação se justifica nessa contradição criada por Vicente ao classificar o amigo.

67. Ao comparar o jogador a um “pato”, Vicente cria a tal “pérola da zoologia”, pois, a fim de valorizar a características de se

mover tanto na água, quanto no solo, ele acaba comparando o colega a um animal. Já a pérola linguística se dá no uso da palavra

“gramático”, para adjetivar o bom desempenho na grama. Entretanto, como sabemos, essa palavra representa o profissional que

lida com a gramática. Esse processo de criação de palavras recebe o nome de Neologismo.

68. Como vimos , o processo de formação de palavras que consiste em unir dois ou mais radicais é chamado de composição.

Portanto, “ciberespaço” é uma palavra formada por composição, e não por derivação”. Como não houve qualquer perda fonética,

dizemos que houve uma composição por justaposição.

69. Ao criar “corasamborim”, os tribalistas formaram uma palavra que não existe nos dicionários de língua portuguesa, mas que ,

no contexto da canção, torna-se muito expressiva e traz um significado específico. Quando palavras novas são criadas a partir de

processos legítimos de formação, dizemos que trata-se de um neologismo [neo (novo) + Logos ( palavra)], criação de novos itens

linguísticos, pelos mecanismos que composição por aglutinação, vez que na junção dos radicais houve alteração sonora.