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Tema: Curso de Introdução à Electrocardiografia Docente: Nuno Cortez-Dias Data: 19 de Março de 2011 Desgravado e corrigido por: Ana Rita Pereira Índice de Conteúdos CURSO DE INTRODUÇÃO À ELECTROCARDIOGRAFIA....................................................... 2 Aparelho cardionector .................................................................................................. 2 Ondas do Electrocardiograma (ECG) ............................................................................ 4 Nomenclatura QRS........................................................................................................ 7 Intervalos do ECG .......................................................................................................... 8 Segmentos do ECG ........................................................................................................ 9 Derivações do ECG ........................................................................................................ 9 Aspecto do ECG ........................................................................................................... 12 Interpretação do ECG.................................................................................................. 12 Frequência (rate) ..................................................................................................... 12 Ritmo (rhythm) ........................................................................................................ 14 Intervalos (intervals). .............................................................................................. 16 Eixo (axis). ................................................................................................................ 19 Hipertrofia/dilatação (hypertrophy). ...................................................................... 23 Isquémia (infarct) .................................................................................................... 25 Progressão das alterações de enfarte no ECG ............................................................ 31 Localização do enfarte ................................................................................................ 34 Exercícios de isquémia miocárdica ............................................................................. 35

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  • Tema: Curso de Introduo Electrocardiografia

    Docente: Nuno Cortez-Dias

    Data: 19 de Maro de 2011

    Desgravado e corrigido por: Ana Rita Pereira

    ndice de Contedos

    CURSO DE INTRODUO ELECTROCARDIOGRAFIA ....................................................... 2

    Aparelho cardionector .................................................................................................. 2

    Ondas do Electrocardiograma (ECG) ............................................................................ 4

    Nomenclatura QRS ........................................................................................................ 7

    Intervalos do ECG .......................................................................................................... 8

    Segmentos do ECG ........................................................................................................ 9

    Derivaes do ECG ........................................................................................................ 9

    Aspecto do ECG ........................................................................................................... 12

    Interpretao do ECG .................................................................................................. 12

    Frequncia (rate) ..................................................................................................... 12

    Ritmo (rhythm) ........................................................................................................ 14

    Intervalos (intervals). .............................................................................................. 16

    Eixo (axis). ................................................................................................................ 19

    Hipertrofia/dilatao (hypertrophy). ...................................................................... 23

    Isqumia (infarct) .................................................................................................... 25

    Progresso das alteraes de enfarte no ECG ............................................................ 31

    Localizao do enfarte ................................................................................................ 34

    Exerccios de isqumia miocrdica ............................................................................. 35

  • Curso de Introduo Electrocardiografia

    Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa Pgina 2 de 37

    CURSO DE INTRODUO ELECTROCARDIOGRAFIA

    Aparelho cardionector

    Aprendemos que o corao constitudo por tecido muscular contrctil e por tecido

    cardionector responsvel pelo impulso elctrico.

    Na realidade existe tecido conjuntivo fibroso que separa o miocrdio auricular do

    miocrdio ventricular e por conseguinte o impulso elctrico que despolariza a aurcula

    s passa para o ventrculo atravs do feixe de His, que o nico stio onde o tecido

    fibroso se interrompe (isto tambm nos d os dois sinccios, ou seja, primeiro

    contraem as aurculas e s depois os ventrculos).

    O impulso elctrico despolariza a aurcula, encontra o ndulo aurculo-ventricular e

    este vai atrasar a progresso e quando finalmente o liberta, ele passa pelo feixe de His

    e conduzido ao ventrculo. Isto permite que a contraco auricular preceda no tempo

    a contraco ventricular. Se eu tiver um defeito embriolgico neste tecido fibroso,

    nomeadamente alguma interrupo nalgum ponto do seu trajecto, eu terei uma via

    acessria de conduo aurculo-ventricular (e isto o substracto do Sndrome Wolf-

    Parkinson-White).

    Aparelho

    Cardionector

    Tecido fibroso

    entre aurculas e

    ventrculos

  • Curso de Introduo Electrocardiografia

    Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa Pgina 3 de 37

    Tambm falmos na fisiologia do potencial de aco e sabemos que em condies

    normais existe um potencial negativo (potencial de repouso) o qual gerado pela

    actividade da bomba Na+/K+. Quando chega um potencial elctrico clula ocorre

    despolarizao e se atingir um determinado limiar, ser desencadeada uma resposta

    de tudo ou nada que o potencial de aco (que tem 5 fases).

    Na despolarizao rpida existe entrada rpida de sdio. Depois temos uma fase de

    repolarizao inicial gerada pela sada de potssio. Depois temos um equilbrio entre a

    entrada de clcio e a sada de potssio que gera a fase de plateau. Depois a sade

    dominante de potssio gera a repolarizao final e por fim, por aco da bomba

    NA/K+/ATPase voltamos a repor o potencial (repouso).

    Isto de facto assim, mas no assim para todas as clulas cardacas. Ns temos

    diferentes comportamentos no ndulo sinusal, no ndulo aurculo-ventricular, no

    tecido cardionector e nas clulas do tecido muscular contrctil. E as propriedades so

    diferentes exactamente porque as correntes inicas que contribuem para cada fase do

    potencial de aco so diferentes nessas clulas. O esquema anterior verdade para

    as clulas do tecido contrctil mas no verdade para as clulas do tecido

    cardionector. E mesmo dentro das clulas do tecido contrctil h diferenas em

    relao s clulas do miocrdio auricular e s clulas do miocrdio ventricular.

  • Curso de Introduo Electrocardiografia

    Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa Pgina 4 de 37

    Mas se compararmos clulas do tecido contrctil com clulas do tecido cardionector a

    diferena ainda mais exuberante porque nas clulas do tecido contrctil (auricular ou

    ventricular) a fase de despolarizao gerada por uma entrada de sdio na clula, no

    entanto, nas clulas do tecido cardionector a principal corrente de despolarizao

    gerada pelo influxo de clcio.

    As clulas do tecido cardionector tm um potencial de aco muito mais arredondado,

    nunca temos uma subida to abrupta, nunca temos fases plateau to bem definidas,

    nunca temos fases de repolarizao to bem definidas. isto que vai explicar a

    capacidade automtica destas clulas.

    Ondas do Electrocardiograma (ECG)

    O ECG consiste no registo da actividade elctrica medida na superfcie corporal e que

    tenta reflectir a actividade elctrica global a cada momento no corao. Somos

    incapazes de medir a actividade elctrica na aurcula ou no ventrculo, ns estamos

    sempre a avaliar o resultado global da actividade elctrica.

    E o que fazemos usar diferentes derivaes para tentarmos retirar informao

    preferencial relativa a diferentes regies anatmicas do corao.

  • Curso de Introduo Electrocardiografia

    Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa Pgina 5 de 37

    O ECG vai incluir diversas ondas, a primeira onda a Onda P. O que inicia o ciclo

    cardaco a despolarizao do ndulo sinusal, mas o ndulo sinusal formado por um

    conjunto limitado de clulas e portanto a activao elctrica dessas clulas no gera

    um potencial de intensidade suficiente para ser detectado superfcie do corpo. O que

    ns vemos no registo electrocardiografico superfcie a activao elctrica que foi

    gerada pela propagao do impulso elctrico a partir do ndulo sinusal para toda a

    aurcula a Onda P. Propaga-se primeiro aurcula direita e depois aurcula

    esquerda.

    O impulso elctrico ao ser conduzido pela aurcula direita encontra o ndulo aurculo-

    ventricular, uma vez mais, este ndulo formado por uma massa de clulas pequenas

    e portanto a sua activao elctrica incapaz de conduzir um impulso que seja

    detectvel superfcie. Ns sabemos que a activao do ndulo aurculo-ventricular se

    encontra entre a onda P e o inicio do complexo QRS. Depois h conduo pelo feixe de

    His at que o impulso comea a activar o miocrdio, nomeadamente o septo inter-

    ventricular. Quando comea a haver a activao do miocrdio contrctil que temos

    uma massa de clulas activada suficientemente grande para gerar uma resposta

    detectvel superfcie do corpo Complexo QRS.

    O Q gerado pelo 1 vector de despolarizao ventricular (a primeira regio do septo

    inter-ventricular a ser activada a regio subendocrdica do lado esquerdo e portanto

    a corrente elctrica propaga-se da esquerda para a direita, de trs para a frente e de

    cima para baixo). Logo ser visto nas derivaes que olham de baixo e da direita como

    algo positivo (visto como parte da onda R). Nas derivaes que olham do lado

    esquerdo ser visto como algo negativo porque se afasta dessas derivaes (visto

    como onda Q).

    Depois encontraremos o grande momento de despolarizao ventricular (esquerda e

    direita). A massa miocrdica do ventrculo esquerdo (8 a 10 mm) bastante maior do

    que a massa miocrdica do ventrculo direito (3 a 4 mm), o ventrculo direito tem uma

    massa que no mximo 1/3 da massa do ventrculo esquerdo, portanto a

    despolarizao ventricular dominada pela despolarizao do ventrculo esquerdo e

  • Curso de Introduo Electrocardiografia

    Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa Pgina 6 de 37

    por isso que o vector de despolarizao nesta segunda fase se dirige para a esquerda,

    para a frente e para baixo, o eixo do ventrculo esquerdo. Se olhar de baixo e da

    esquerda vejo uma onda positiva, se olhar da direita que verei uma onda negativa

    que se est a afastar da derivao.

    Chegamos ento ao terceiro momento de despolarizao ventricular que a fase de

    despolarizao da regio lateral alta da parede do ventrculo esquerdo. E portanto

    neste momento o vector est a dirigir-se para cima e para a esquerda. Se olhar da

    esquerda verei a terminar com uma onda positiva, mas se olhar de baixo verei esta

    fase como uma onda negativa porque se est a afastar daquela derivao.

    Depois do miocrdio despolarizar ele vai ter de repolarizar para poder ser

    despolarizado no ciclo cardaco seguinte. Isso vai gerar no ECG a ocorrncia de uma

    Onda T. Mas porque que a onda T positiva? A durao do potencial de aco no

    igual na regio subendocrdica e na regio subepicrdica. A regio que mais gera

    trabalho mecnico a regio subendocrdica, esta a regio que tem maiores

    necessidades de oxignio, esta a regio que produz maior trabalho cardaco, esta a

    regio que est mais vulnervel isqumia e esta a regio que tem uma durao de

    potencial de aco maior. O facto de ter um potencial de aco maior a regio que

    despolariza primeiro mas tambm a regio que repolariza mais tarde e por isso o

    vector de repolarizao dirige-se de fora para dentro (que se l como Onda T positiva).

    + espesso

  • Curso de Introduo Electrocardiografia

    Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa Pgina 7 de 37

    Nomenclatura QRS

    Temos ento uma onda P, QRS, T e podemos ter ainda uma onda U (segunda onda de

    repolarizao que ir ser falada posterioremente). O QRS corresponder contraco

    ventricular e a repolarizao define o momento em que vai terminar a sstole

    ventricular, ao nvel do fim da onda T. Depois temos o perodo diastlico, no fim do

    qual vamos encontrar a contraco auricular traduzida pela onda P. Isto correlaciona

    ento a actividade elctrica do corao com a actividade mecnica do mesmo.

    Chamarei Onda Q primeira deflexo negativa e ela pode estar ausente em vrias

    derivaes. Chamarei Onda R primeira deflexo positiva e chamarei Onda S

    deflexo negativa que ocorre aps a Onda R.

    Ns utilizamos as letras maisculas ou minsculas para dizer se a onda pequena ou

    se a onda grande (esta atribuio subjectiva exceptuando a Onda Q).

    A Onda Q ser considerada potencialmente patolgica se tiver uma durao 0,04s

    (que corresponde a 1mm do ECG) e/ou amplitude >25% do R respectivo.

    vector

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    Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa Pgina 8 de 37

    Considera-se Complexo QS quando no existe Onda R e como se fosse uma fuso de

    uma Onda Q com uma Onda S.

    Para alm da Onda R (positiva), ao nvel do QRS, se houver mais alguma deflexo

    positiva ser chamada de R, mas esta Onda R ou r s poder ser considerada quando

    existir uma onda negativa que a anteceda. Isto , se no houver uma onda negativa

    antes no ser considerada R/r mas sim onda com entalhe.

    Intervalos do ECG

    A forma como se medem estes intervalos complexo na medida que no existe uma

    regra para todos eles.

    O intervalo PR medido do inicio da onda P ao inicio do QRS, portanto ser o perodo

    de tempo que medeia entre o incio da despolarizao auricular e o inicio da

    despolarizao ventricular (tempo que demora o impulso a percorrer o trajecto entre o

    incio da despolarizao auricular e o incio da despolarizao ventricular).

    O intervalo QRS vai desde o inicio ao fim do QRS (avaliar o tempo que o impulso

    elctrico demora a ser conduzido dentro do ventrculo).

    O intervalo QT vai do inicio da onda Q ao final da onda T (tirar informao

    relativamente repolarizao cardaca). Idealmente s mediria a durao da

    repolarizao, o problema que no temos nenhum momento que nos permita

    perceber quando que comeou a repolarizao, portanto usamos um parmetro

    indirecto que usa toda a despolarizao mais a repolarizao.

    1,5mm

    >1mm

    >25%

    de R

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    Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa Pgina 9 de 37

    Segmentos do ECG

    Segmentos dos traados entre as ondas. So zonas supostamente isoelctricas.

    Temos os segmentos PR, ST e TP.

    Derivaes do ECG

    Quando fazemos um electrocardiograma fazemos 12 derivaes que tentam

    representar anatomicamente todo o corao. Na realidade essas derivaes podem

    ser agrupadas em dois planos, o plano frontal e o plano horizontal/paraumbilical que

    vo interceptar o longo eixo do ventrculo esquerdo.

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    Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa Pgina 10 de 37

    O plano frontal depende da conjugao de elctrodos posicionados nas duas mos e

    nas duas pernas. Na mo direita coloca-se o elctrodo vermelho, na mo esquerda o

    elctrodo amarelo e nas pernas os elctrodos verde e preto (podendo ser colocados

    em qualquer perna, uma vez que o registo electrocardiogrfico ser o mesmo).

    Historicamente as primeiras derivaes a serem criadas foram derivaes bipolares,

    que mediam apenas a corrente elctrica entre os dois plos. Foram chamadas de DI

    (brao direito brao esquerdo), DII (brao direiro perna) e DIII (brao esquerdo

    perna).

    Depois surgiu a possibilidade de criar um elctrodo virtual, posicionado no centro

    daquele tringulo, e permitiria medir a actividade a partir desse mesmo elctrodo at

    cada um dos outros elctrodos. Foram chamadas de derivaes unipolares

    amplificadas, portanto aVR (do centro para o lado direito), aVL (do centro para o lado

    esquerdo) e aVF (do centro para a perna).

    O plano frontal assim representado graficamente por 6 derivaes.

    No entanto este Tringulo de Einthoven intil para perceber quais so as regies

    anatmicas do corao que estamos a estudar. Sendo assim, se deslocarmos o ponto

    zero de cada um dos vectores para o centro anatmico do corao, cada uma das setas

    indicarnos- qual a regio anatmica do corao que est a ser melhor estudada por

    uma determinada derivao.

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    Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa Pgina 11 de 37

    Com aVL estudamos melhor a regio lateral alta do ventrculo esquerdo, com DI a

    regio lateral do ventrculo esquerdo, com aVR temos uma informao inversa

    relativamente ao pex e uma informao directa relativamente regio direita, com

    DII, aVF e DIII informao relativa parede inferior.

    Portanto as derivaes do plano frontal vo dar informao relativa

    fundamentalmente parede inferior e regio lateral e lateral alta do ventrculo

    esquerdo.

    Relativamente s derivaes do plano horizontal no usamos realmente um plano

    horizontal/paraumbilical, mas sim um plano horizontal ligeiramente desviado, porque

    o que queremos ter um plano que se situe no eixo anatmico do corao e no no

    eixo anatmico do umbigo. O eixo anatmico do corao est orientado para a

    esquerda, para a frente e para baixo e portanto vamos distribuir as derivaes do

    plano horizontal ao longo deste plano. Portanto colocamos o primeiro elctrodo V1 no

    4 espao intercostal do lado direito (que no o mesmo espao da auscultao

    cardaca!), V2 no 4 espao intercostal esquerdo, V4 fica no 5 espao intercostal

    esquerdo na linha mdio-clavicular, V3 vai estar entre V2 e V4, V5 no 5 espao

    intercostal esquerdo na linha axilar anterior e V6 no mesmo espao intercostal mas na

    linha axilar mdia.

    Se fizermos um corte de TAC que passe exactamente a este nvel vamos ter V1 a tirar

    informao fundamentalmente do ventrculo direito e septo interventricular, V2 o

    pex do ventrculo direito e a regio mais apical do septo interventricular, V3, V4 e V5

    vo estar a ver a regio anterior e apical do ventrculo esquerdo, V6 a regio lateral do

    ventrculo esquerdo.

    Portanto as derivaes do plano horizontal esto a retirar informao de toda a regio

    anterior do corao.

    Existem assim regies anatmicas do corao que no esto a ser directamente vistas

    pelo electrocardiograma, uma vez que atravs dos dois planos vemos apenas as

    regies anterior, inferior e lateral alta, toda a regio posterior e do lado direito est

    cega no electrocardiograma.

  • Curso de Introduo Electrocardiografia

    Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa Pgina 12 de 37

    Aspecto do ECG

    O electrocardiograma tem representadas em cima as diversas derivaes, de um lado

    as derivaes frontais (DI a DIII e aVR/L/F) e do outro lado as derivaes precordiais

    (V1 a V6). E em baixo a tira de ritmo, que representa o registo numa nica derivao

    ao longo de todo o traado, isto , nas tirar de cima, de trs em trs complexos muda a

    derivao enquanto que em baixo sempre a mesma derivao ao longo de todo o

    traado. A tira de ritmo a forma standard colhida com DII ou V1.

    O que nos interessa agrupar as derivaes conforme a regio anatmica que

    estudam.

    Interpretao do ECG

    Quando lemos electrocardiogramas temos de fazer uma anlise sistemtica em duas

    etapas: uma anlise descritiva e s depois uma impresso clnica.

    A anlise descritiva feita com a seguinte mnemnica:

    Para avaliarmos a frequncia (rate) temos de perceber que 1mm no ECG corresponde

    a 0,04 segundos, isto verdade porque a velocidade com que colhido o ECG

    standard 25mm/segundo numa escala de 1mm/0,1mV.

    Para calcularmos a frequncia cardaca podemos fazer contas (se sabemos que a

    velocidade 25mm/s, se o intervalo entre dois QRS forem x mm, ento corresponde a

    rAte

    rHythm

    Intervals (PR/QRS/QT)

    Axis

    Hypertrophy

    Infarct (=QRST changes)

  • Curso de Introduo Electrocardiografia

    Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa Pgina 13 de 37

    x segundos, isso significa que em cada minuto cada QRS em cada segundo, logo com

    uma regra de 3 simples calcula-se a frequncia cardaca) mas na realidade pode ser

    mais simples, sabemos que se o ritmo for regular e ocorrer um QRS a cada linha

    grossa, ou seja, a cada 5mm, a frequncia cardaca ser de 300bpm, se existirem 2

    linhas grossas at ao QRS seguinte ser 300/2=150bpm, se existirem 3 linhas grossas

    at ao QRS seguinte ser 300/3=100bpm, se existirem 4 linhas grossas at ao QRS

    seguinte ser 300/4=75bpm, se existirem 5 linhas grossas at ao QRS seguinte ser

    300/5=60bpm, se existirem 6 linhas grossas at ao QRS seguinte ser 300/6=50bpm.

    A nica condio que tem de existir o ritmo ser regular.

    Se o ritmo no for regular devemos contar quantos QRS existem em 10 segundos,

    multiplica-los por 6 e temos assim a frequncia cardaca. Os 10 segundos

    correspondem a uma tira do ECG (que foi feito assim exactamente para ajudar na

    anlise da frequncia cardaca).

  • Curso de Introduo Electrocardiografia

    Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa Pgina 14 de 37

    Um sinal de alerta relativamente frequncia quando est volta

    de 150bpm, ou seja, para uma frequncia de 150bpm devemos

    pensar logo em Flutter Auricular e depois ir confirmar (a nvel DII e

    DIII) se existem as ondas f em dente de serra (em DIII temos

    habitualmente duas ondas f por cada QRS).

    Seguidamente vamos analisar o ritmo (rhythm). Aqui para saber se um ritmo sinusal

    ou no teremos de responder a quatro perguntas, que seguem a mnemnica PQRS:

    Para termos um ritmo sinusal necessrio que existam ondas P, que os complexos

    QRS sejam estreitos (no entanto se esta for a nica resposta negativa o ritmo continua

    a ser sinusal, ficamos apenas com um sinal de alerta), que o ritmo seja regular e que as

    ondas P estejam casadas com o QRS, isto , que entre uma onda P e o incio do QRS

    o intervalo seja sempre o mesmo (PR constante).

    As ondas P devem ser procuradas na derivao DII ou na

    derivao aVR. Em DII as ondas P tm de ser sempre

    positivas e de morfologia constante, no entanto em aVR

    tero de ser presentes e negativas.

    Os QRS devero ser regulares, habituais para o indivduo em estudo e derivao. No

    entanto a existncia de QRS alargado no exclui ritmo sinusal, mas obriga a anlise

    cuidada (sinal de alerta para possvel bloqueio completo de ramo).

    Para analisar se um ritmo regular debruamo-nos sobre a tira de ritmo (que poder

    ser DII ou V1), uma vez que uma nica derivao ao longo do tempo do traado.

    Coloca-se uma folha por baixo da tira de ritmo, marcamos nessa folha os locais dos

    QRS (nomeadamente o pico do R), depois fazemos avanar a folha um pico para a

    direita e se as setas continuarem a ser concordantes com os picos dos QRS seguintes

    isso significa que o ritmo regular.

    Questo 1: Existem ondas P?

    Questo 2: Os complexos QRS so estreitos?

    Questo 3: O ritmo Regular?

    Questo 4: A onda P Solteira ou est casada com o QRS?

  • Curso de Introduo Electrocardiografia

    Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa Pgina 15 de 37

    Isto , R-R tem de ser constante.

    Ritmo regular

    No entanto existem variaes que se chamam arritmia fisiolgica, ou seja, sabemos

    que a frequncia cardaca influenciada pelo sistema nervoso autnomo (simptico e

    parassimptico) e naturalmente quando inspiramos a frequncia cardaca aumenta e

    quando expiramos a frequncia cardaca diminui, sabemos tambm que esse

    fenmeno se vai atenuando ao longo da vida. Numa criana muito exuberante, em

    jovens adultos ainda se nota alguma oscilao, mas num indivduo idoso a oscilao

    praticamente nula. Se a variao decorre da chamada arritmia sinusal reparamos ao

    olhar para o ECG que esse aumento da frequncia decorre de uma forma peridica e

    que compatvel com uma frequncia respiratria normal, a isso se chama arritmia

    sinusal respiratria.

    Para sabermos se a onda P est casada com o QRS olhamos para a derivao DII

    onde o intervalo entre P e o incio do QRS (intervalo PR) ter de ser constante, no

    muito curto nem muito longo. O intervalo PR normal tem uma durao de 0,12 a 0,20

    segundos.

    Se concluirmos atravs destas quatro perguntas que o ritmo sinusal podemos

    prosseguir com a nossa mnemnica, se alguma das quatro perguntas (nomeadamente

    a 1, 3 ou 4) for negativa ns sabemos que o ritmo no-sinusal e no podemos

    avanar na mnemnica sem esclarecer que ritmo esse.

  • Curso de Introduo Electrocardiografia

    Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa Pgina 16 de 37

    Seguidamente avaliam-se ento os intervalos (intervals).

    A durao normal do intervalo PR de 0,12 a 0,20 segundos, ou seja, PR 0,20s significa um

    PR longo (bloqueio AV 1 grau).

    A durao normal do intervalo QRS 0,10 segundos e chamado de QRS normal ou

    estreito. Para QRS >0,10s temos ento um QRS alargado, cuja durao dever ser

    determinada na derivao onde existir o QRS mais amplo. QRS ser patolgico (existe

    bloqueio) se durao 0,12s.

    Se tivermos um QRS alargado poderemos ter um bloqueio completo de ramo direito

    tpico, um bloqueio completo de ramo esquerdo tpico ou um atraso da conduo

    intraventricular.

    De facto, analisar bloqueios completos de ramo tpicos fcil uma vez que teremos de

    nos debruar apenas em 3 derivaes, sendo elas: V1 (derivao direita), DI e V6

    (derivaes esquerdas). Se tivermos uma conduo intraventricular normal temos 3

    com entalhe

  • Curso de Introduo Electrocardiografia

    Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa Pgina 17 de 37

    vectores de despolarizao (despolarizao septal da esquerda para a direita,

    despolarizao de grande parte ventricular dominada pelo ventrculo esquerdo e a

    despolarizao final dominada pela despolarizao da regio lateral alta do ventrculo

    esquerdo).

    Se tivermos um bloqueio completo de ramo direito a despolarizao vai dar-se

    inicialmente no ventrculo esquerdo e s depois de encontrar uma regio ntegra do

    ramo direito (mais distal ao obstculo) se dar a despolarizao do ventrculo direito

    (que dever ser maturalmente mais lenta). Em condies normal

    electrocardiograficamente no nos apercebemos da despolarizao do ventrculo

    direito porque ela est a acontecer em simultneo com a despolarizao do miocrdio

    do ventrculo esquerdo, mas nesta situao de BCRD a despolarizao do ventrculo

    direito est atrasada no tempo e s vai acontecer depois, logo no ECG vamos

    encontrar um QRS normal ao qual se segue a traduo electrocardiografica da

    despolarizao do ventrculo direito. Sendo assim, no ECG, as alteraes tpicas de um

    BCRD sero em V1 a existncia de um R (despolarizao do ventrculo direito) e em DI

    e V6 a existncia de um S empastado.

    BCRD

    Se tivermos um bloqueio completo de ramo esquerdo do feixe de His o impulso

    elctrico ser conduzido pelo ramo direito, a despolarizao do septo ser da direita

    para a esquerda e ocorre a despolarizao do ventrculo direito. S depois de

    encontrar uma zona ntegra do feixe de His ocorre a despolarizao do ventrculo

    esquerdo. Sendo assim, no ECG, as alteraes tpicas de um BCRE sero em V1 QRS

    Despolarizao ventricular

    normal

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    muito alargado mas sem a existncia de um R e em DI e V6 a existncia de uma onda

    R nica com entalhe.

    BCRE

    O intervalo QT reflecte despolarizao e repolarizao conjuntamente. O intervalo QT

    medido desde o incio da onda Q at ao final da onda T (e no at ao final da onda

    U). Mas isto torna-se um pouco mais complexo porque sabemos que quando o corao

    tem de aumentar a sua frequncia, ter necessariamente de encurtar os seus

    intervalos, ento quando queremos perceber se o intervalo QT tem durao normal ou

    no temos de perceber se ele normal para a frequncia cardaca a que o indivduo

    est naquele momento. Isto feito matematicamente atravs da frmula:

    QT corrigido QT/ RR

    Mas temos uma maneira mais prtica de perceber se o intervalo QT tem uma durao

    normal ou no. Para frequncias cardacas normais (50 a 100bpm) o intervalo QT

    considerado normal se a onda T acabar antes de ser atingindo metade do intervalo RR.

    Se tivermos defeitos nos canais de sdio e potssio das clulas musculares cardacas

    podemos ter uma perturbao do equilbrio dessas mesmas correntes fazendo com

    que o corao demore muito tempo a ser repolarizado. A importncia prtica deste

    fenmeno (QT longo) a possibilidade que a clula tem de sair do perodo refractrio

    efectivo com a membrana ainda parcialmente despolarizada podendo existir

    automaticamente um novo potencial de aco. Isto , se tivermos uma perturbao

    R T

    metade de RR

    Intervalo QT normal

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    das correntes sdio/potssio que prolongue a repolarizao permitiremos que esta

    clula seja capaz de gerar automaticamente novo impulso elctrico.

    A sndrome do QT longo etiologicamente decorre de uma mutao nos genes

    codificadores dos canais de sdio ou potssio, tem habitualmente uma transmisso

    autossmica dominante (mas tambm poder ser nalguns casos recessiva). Uma parte

    importante dos doentes que desenvolvem arritmias do tipo QT longo no tm genes

    mutados, o que tm so factores adquiridos que perturbam momentaneamente os

    canais de sdio/potssio. Por exemplo, um doente com insuficincia cardaca a que

    damos diurticos, um dos efeitos acessrios poder ser a hipocalimia, o que faz com

    que no haja potssio extracelular disponvel para reequilibrar o potencial de aco

    ento a um determinado momento fica prolongado, o que eleva a probabilidade de

    desenvolver arritmias do tipo QT longo resultante de uma simples hipocalimia (tal

    como poder acontecer com hipomagnesmia, hipocalcmia e com muitos frmacos).

    A sndrome QT longo adquirida muito mais frequente do que a hereditria e constitui

    um risco acrescido para arritmias do tipo torsade de pointes.

    Estes indivduos desenvolvem frequentemente quadros sintomticos de arritmias do

    tipo torsades de pointes que se manifestam muitas vezes com a morte sbita podendo

    existir estmulos precipitantes conforme o tipo de QT longo que . Isto , para QT

    longo tipo 1 a morte sbita ocorre predominantemente no decurso do exerccio fsico,

    para QT longo tipo 2 a morte sbita ocorre em reaces de ameaa, onde o indivduo

    apanha um susto, ou por estimulao auditiva (que poder ocorrer pelo som alto de

    uma discoteca) e finalmente na sndrome QT longo tipo 3 a morte sbita poder

    ocorrer durante o sono (onde a frequncia cardaca normalmente menor, propcio

    para o aparecimento destas arritmias).

    Seguidamente na mnemnica aparece o eixo (axis).

    O eixo cardaco anatmico dirigido para a esquerda, para a frente e para baixo. O

    eixo cardaco elctrico ser dependente no apenas da posio do eixo cardaco

    anatmico mas tambm da forma como o impulso elctrico conduzido, se ele chega

    Se QT + longo

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    ao mesmo tempo a todas as regies anatmicas do pericrdio e tambm da

    proporcionalidade da massa miocrdica das diferentes regies. Ou seja, se tivermos

    uma perturbao da conduo para o ventrculo esquerdo o impulso segue primeiro

    para a direita e s depois para a esquerda, logo o eixo elctrico neste caso desvia para

    a direita. Se tivermos uma perturbao da conduo para a regio inferior do corao

    o impulso segue primeiro para a regio anterior e s depois para a regio inferior,

    como a regio anterior est mais esquerda e a regio inferior est mais direita

    normal que o eixo desvie para a direita. Se tivermos um ventrculo direito muito

    hipertrofiado e um ventrculo esquerdo normal, normal que o eixo elctrico desvie

    mais para a direita. Se tivermos uma hipertrofia muito grande do ventrculo esquerdo

    e um ventrculo direito normal, normal que o eixo desvie para a esquerda.

    Portanto quando olhamos para o eixo elctrico temos de pensar que ele pode estar

    desviado por uma de duas coisas: ou porque existe perturbao da conduo elctrica

    ou porque existe uma alterao funcional das cavidades como resultado de uma

    alterao anatmica (hipertrofia) ou alterao de presso (sobrecarga de presso).

    O eixo elctrico normal situa-se entre -30 e 90.

    Clinicamente s nos interessa saber se o eixo elctrico normal ou se tem desvio

    esquerdo ou direito. Para isso basta-nos olhar para as derivaes que sejam

    perpendiculares aos limites da normalidade (DI, aVF e DII). DI est entre o brao direito

    e o brao esquerdo, se o QRS for positivo em DI significa que o eixo elctrico se situa

    para o lado direito. Como aVF vertical, se o QRS for positivo significa que se encontra

    de meio para baixo. Se aVF for negativo teremos de ver a derivao DII.

    DI positivo

    aVF positivo DII positivo

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    Seguem-se alguns exemplos:

    DI positivo aVF positivo Eixo normal

    DI positivo aVF negativo DII positivo

    Eixo normal (porque se encontra

    entre -30 e 90)

    DI positivo aVF negativo DII negativo

    Eixo patologicamente desviado para a esquerda

    DI negativo aVF positivo

    Eixo patologicamente desviado para a direita

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    Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa Pgina 22 de 37

    O desvio elctrico do eixo do corao pode ser causado por hipertrofia ventricular,

    sobrecarga de volume ou hemibloqueios.

    Relativamente aos hemibloqueios, temos um feixe de His

    que tem um ramo direito e um ramo esquerdo. Se um dos

    ramos ficar bloqueado temos bloqueio completo de ramo.

    Mas se os ramos estiverem ntegros, podemos ter

    bloqueios ainda mais distalmente. Nomeadamente o

    ramo esquerdo divide-se em fascculo anterior (regio

    anterior esquerda) e fascculo posterior (regio posterior

    mais direita). Se tivermos, por exemplo, um bloqueio do

    fascculo anterior o impulso segue pelo fascculo posterior

    e s tardiamente que h activao da regio anterior, ou

    seja, o eixo vai-se desviar para a esquerda. Se tivermos

    um bloqueio do fascculo posterior o impulso segue pelo

    fascculo anterior e s depois que h activao da regio

    posterior, ou seja, o eixo vai-se desviar para a direita.

    O hemibloqueio esquerdo anterior mais frequente do que o posterior.

    Se tivermos um bloqueio completo de ramo esquerdo no faz sentido ir analisar o eixo

    elctrico do corao porque se sabemos que o ramo esquerdo est bloqueado ser

    obvio que os dois fascculos (anterior e posterior) estaro tambm bloqueados. Mas se

    tivermos um bloqueio completo de ramo direito faz todo o sentido porque podemos

    ter, por exemplo, um bloqueio bifascicular em que temos o ramo direito bloqueado e

    alm disso um fascculo esquerdo (anterior ou posterior) tambm bloqueado (e se isso

    acontecer toda a activao elctrica ventricular desse indivduo est na dependncia

    de um pequeno fascculo que poder igualmente bloquear).

    Doente com BCRD e um hemibloqueio anterior (desvio esquerdo) logo tem um bloqueio

    bifasciculado

    R

    S empastado

    DI +

    aVF -

    DII -

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    Se o eixo se encontra no quadrante que sobrepe DI positivo com aVF negativo

    teremos de consultar DII para saber se h desvio esquerdo (DII negativo) ou se

    normal (DII positivo). Se o eixo se encontra no quadrante que sobrepe DI negativo

    com aVF positivo temos um desvio direito. Se o eixo se encontra no quadrante que

    sobrepe DI negativo e aVF negativo diz-se que o desvio indeterminado.

    Depois de avaliarmos os eixos iremos avaliar a existncia

    ou no de hipertrofia/dilatao (hypertrophy).

    Quando existem anomalias da aurcula direita a

    amplitude das ondas P 3mm nas derivaes DII, DIII

    ou aVF. Pode ainda associar-se uma Onda P em V1

    1,5mm, possivelmente indcios de hipertrofia ventricular

    direita e a onda de repolarizao auricular poder estar

    proeminente.

    Quando existem anomalias da aurcula esquerda basta de esteja presente um dos dois

    critrios: ou a Onda P aparece entalhada e com durao >0,12 segundos em DI, DII,

    aVF ou aVL, ou em V1 o componente negativo da Onda P dominante. Podem ainda

    associar-se critrios de hipertrofia ventricular esquerda.

    rAte

    rHythm

    Intervals (PR/QRS/QT)

    Axis

    Hypertrophy

    Infarct (=QRST changes)

    Anomalia AD

    Anomalia AE

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    bvio que o doente poder ter dilatao das duas

    aurculas ao mesmo tempo, nesse caso temos uma

    dilatao biauricular com os critrios das duas

    coisas, ou seja, temos uma Onda P alta (3mm) e de

    durao aumentada (>0,12s) nas derivaes dos

    membros. Em V1 a Onda P larga e bifsica

    (componente inicial positivo 2mm e componente

    terminal negativo 1mm).

    Se tivermos uma hipertrofia ventricular esquerda (cuja principal causa a HTA) o 2

    vector aquele que vai ter uma amplitude muito aumentada e para avaliarmos essas

    alteraes usamos os seguintes critrios:

    V4, V5 ou V6 R aumentada (>26mm)

    V1, V2 ou V3 S profunda (>30mm)

    Somatrio de R em V5 ou V6 (a que for mais alta) com S

    em V1 >35mm (critrios de Sokolow-Lyon)

    Padro electrocardiogrfico de sobrecarga (depresso de

    ST e inverso de T)

    Tempo de activao ventricular >0,04s

    Pode ter associada uma rotao anti-horria

    Se tivermos critrios de Sokolow-Lyon associados a um padro de sobrecarga temos

    uma elevada especificidade para o diagnstico de HVE.

    No entanto devemos ter em ateno que nem todas as pessoas com critrios de

    Sokolow-Lyon tm hipertrofia ventricular aquando da realizao de um

    ecocardiograma, ou seja, temos critrios electrocardiogrficos de hipertrofia sem ter

    na realidade hipertrofia. Isto acontece em pessoas magras (com pouco tecido adiposo

    entre o corao e o elctrodo) e com trax longilneo, na realidade estas pessoas

    HVE 25mm

    15mm

    25+15=40mm

    Sokolow-Lyon

    positivo

    Onda R aumentada

    com padro de

    sobrecarga

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    (jovens) tm pouca filtragem e as ondas aparecem mais aumentadas. Por isso um

    aspecto importante a ter em conta a adaptao dos critrios de Sokolow-Lyon

    idade do indivduo. O professor usa uma mnemnica que costuma resultar (em mais

    de 90% dos casos): se o indivduo tiver idade 53mm, se ele tiver idade >53 anos dizemos que tem

    critrios de Sokolow-Lyon positivos se forem >35mm.

    O padro de sobrecarga encontrado tipicamente nas derivaes condicionadas, ou

    seja, no pex do ventrculo esquerdo e na sua regio inferior. Portanto encontram-se

    normalmente em V5, V6 e nas derivaes inferiores.

    Se tivermos uma hipertrofia ventricular direita tudo mais complicado porque no

    existem derivaes a olhar especificamente para o ventrculo direito e portanto no

    temos critrios electrocardiogrficos directos para o diagnstico de hipertrofia

    ventricular direita, o que temos so sinais indirectos:

    Critrio electrocardiogrficos isolados de dilatao da aurcula direita

    suspeitar HVD associada

    Ondas R dominantes (aumentadas) em V1 ou V2 (Rs, R, RR, qR ou qRS)

    Eixo QRS >90 (desvio direito do eixo elctrico)

    Padro de sobrecarga associado

    Agora passamos para a parte mais relevante do curso, a isqumia (infarct) miocrdica.

    Diariamente nos servios de urgncia seremos confrontados com doentes com

    isqumia do miocrdio e infelizmente os erros diagnsticos so frequentes e graves. O

    diagnstico electrocardiogrfico de isqumia muito simples e imperdovel no ser

    feito e imperdovel que morram doentes por no termos sido capazes de o fazer,

    porque isso demonstra apenas desleixo por parte do mdico que est frente do

    doente.

    HVD

  • Curso de Introduo Electrocardiografia

    Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa Pgina 26 de 37

    O ECG a nossa principal arma no diagnstico de isqumia aguda do miocrdio, no

    so as anlises, no a troponina nem o ecocardiograma. imperdovel mudar a

    nossa estratgia de actuao por estarmos espera da anlise troponina, uma vez

    que a necrose com libertao de troponina demora no mnimo 4 horas. Se esperarmos

    por este tempo mesmo com angioplastia a quantidade de miocrdio que vamos salvar

    nula porque o miocrdio j necrosou todo e morreu.

    O diagnstico de enfarte do miocrdio feito com base na clnica e fundamentalmente

    no ECG.

    Na prtica clnica consideramos que um doente com dor no peito, at prova do

    contrrio, ter uma dor de origem cardaca e a isso chama-se Sndroma Coronria

    Aguda (SCA).

    A SCA poder ser classificada em: SCA com elevao de ST (onde dispomos de no

    mximo 90 mins desde o momento em que o doente entrou no hospital e o momento

    em que est numa sala de hemodinmica a abrir a artria ocluda) ou SCA sem

    elevao de ST.

    A urgncia da situao to grande que dispomos de apenas 10mins para ter na mo

    o resultado do ECG do doente com dor no peito. O objectivo deste ECG perceber se

    se trata de uma SCA com ou sem supra-ST. Se for uma SCA com elevao de ST temos

    um algoritmo muito concreto de actuao imediata. Se for uma SCA sem elevao do

    segmento ST sabemos que dispomos de mais tempo porque no temos indicao para

    fazer a revascularizao de emergncia.

    Artria

    parcialmente

    ocluda

    Artria

    totalmente

    ocluda

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    Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa Pgina 27 de 37

    Enquanto esperamos pelo resultado do ECG (10 mins) temos de fazer as seguintes

    perguntas ao doente, logo e de uma forma sistemtica, porque no sabemos quando

    que este doente vai ter uma arritmia, ficando inconsciente e incapaz de nos dar mais

    elementos:

    Pergunta 1: A que horas comeou a dor? (serve para orientar a nossa aco

    sobretudo em hospitais que no dispem de uma sala de hemodinmica

    temos de saber qual o protocolo de aco do hospital em que estamos)

    Pergunta 2: a primeira vez que tem dor no peito? (permite pesquisar

    antecedentes de doena coronria)

    Pergunta 3: Factores de risco cardiovascular (HTA, DM, dislipidmia, tabagismo,

    histria coronria familiar em idade precoce, esta pergunta importante para

    o doente com precordialgia mas sem supra-ST ajudando-nos a inferir qual a

    probabilidade que ele tem de estar a ter uma SCA)

    Pergunta 4: Quais so os medicamentos que est a tomar? (sobretudo nos

    homens se tomou sidenafil nas ltimas 24h por causa dos nitratos)

    Pergunta 5: Alguma vez teve alergia a algum medicamento ou a contraste? (de

    modo a no desencadearmos reaces anafilticas)

    Chegado o resultado do ECG vamos poder dizer se temos um SCA com supra-ST ou

    sem supra-ST. Sabemos que se for SCA sem elevao de ST no existe benefcio na

    realizao do cateterismo coronrio de urgncia uma vez que corremos o risco, aps a

    angioplastia, de passar de uma artria coronria parcialmente ocluda para uma artria

    coronria totalmente ocluda como resultado da colocao do stent (identificado como

    Abordagem

    do doente

    urgente com

    precordialgia

  • Curso de Introduo Electrocardiografia

    Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa Pgina 28 de 37

    corpo estranho e entope risco de 20 a 40%). J no doente com elevao de ST tenho

    a artria coronria j totalmente entupida, logo tudo o que fizermos ganho, mesmo

    que posteriormente possa entupir novamente.

    Para diminuir o risco (de 20 a 40%) da colocao de stent faz-se anteriormente

    medicao antiagregante forte para inibir completamente as plaquetas e conseguir

    fazer o procedimento em segurana. Da que temos de esperar entre 24h a 48h para

    fazer o procedimento, que o tempo de actuao para que os frmacos consigam

    bloquear completamente as plaquetas. Damos para isso ento aspirina, clopidogrel e

    inibidores dos receptores da glicoprotena IIb/IIIa.

    Os frmacos que devemos administrar ao nosso doente com SCA como medidas gerais

    (ou seja, independentemente de ter elevao de ST ou no) so:

    Aspirina (250mg sublingual)

    Clopidogrel (600mg se for de imediato para o cateterismo [com supra-ST] ou

    300mg se no for [sem supra-ST])

    Heparina no-fraccionada ou Heparina de baixo peso molecular

    Morfina

    Nitratos apenas como medidas adicionais para retirar a dor e se o doente no

    estiver hipotenso

    Oxignio (3L/mins nasal)

    Soro apenas se o doente estiver hipovolmico

    Se o doente tiver elevao de ST vai ento para a sala de hemodinmica, se no tem

    elevao de ST at este momento a nica coisa que temos a nossa suspeio clnica

    atravs das perguntas que fizemos e ainda no temos o resultado das anlises que

    pedimos (nomeadamente a troponina). A troponina pode vir completamente normal

    mesmo que a artria esteja ocluda, pelo simples facto de ainda no ter passado

    tempo suficiente ( por isso que temos de repetir a troponina 12 a 24h depois da dor

    inicial). Se tivermos aumento dos nveis de troponina significa que temos de facto uma

    artria coronria muito instvel que est a causar isqumia miocrdica com algum

    grau de necrose, ento nesse caso sabemos que para alm de todas as medidas

    farmacolgicas que j demos, devemos dar um inibidor da GP IIb/IIIa (sendo o tirofiban

    a opo principal).

    O nosso raciocnio de interveno est a ser determinado fundamentalmente pela

    presena ou ausncia de elevao de ST porque sabemos, com elevada sensibilidade e

  • Curso de Introduo Electrocardiografia

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    especificidade, que a elevao do segmento ST, de forma aguda no contexto de dor

    precordial, sinaliza ocluso total de um vaso que iria evoluir, se nada fosse feito, para

    um enfarte de Onda Q (enfarte transmural). Ao invs, a ausncia de elevao ST

    sinaliza mais frequentemente a existncia de uma placa instvel que rompeu, na qual

    houve agregao plaquetria mas em que a obstruo do vaso habitualmente

    parcial, portanto pode existir isqumia mas no existe uma to grande necrose ou

    ento poder sinalizar ainda uma ocluso total que atinge apenas umas zona do

    miocrdio mais pequena e portanto termos um enfarte subendocrdico se nada for

    feito.

    Se no for feito o tratamento adequado aparecem ento alteraes no ECG

    correspondentes progresso natural do enfarte:

    1) O miocrdio que necrosa substitudo por tecido conjuntivo fibroso o qual

    incapaz de despolarizar durante a propagao do potencial de aco, ou seja,

    essa zona miocrdica deixa de contribuir para o complexo QRS e por isso surge

    como uma Onda Q patolgica (corrente de necrose, aparecimento tardio).

    A Onda Q sinaliza a existncia de necrose ou cicatriz de necrose, ou seja, pode

    ser aguda ou crnica e aparecer nas derivaes V1 a V6, DI, DII, aVL ou aVF com

    durao >0,04s e amplitude >25% do R subsequente.

    Um equivalente da Onda Q patolgica o Complexo QS (fuso da onda Q com a

    onda S) que poder aparecer nas mesmas derivaes.

    Por exemplo, na imagem abaixo, tendo uma cicatriz de enfarte, no vai haver

    despolarizao da zona de necrose, se estivermos a ver em V5 em vez de um

    QRS normal (que deveria ser crescente de V1 a V6) vemos apenas a corrente

    que se afasta, ou seja, a despolarizao normal que est a ocorrer do lado

    oposto.

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    2) O segmento ST (corrente de leso) no contexto de uma ocluso total de um

    vaso apresenta-se supradesnivelado (necrose transmural), se a ocluso no for

    total ele apresenta-se infradesnivelado (isqumia subendocrdica).

    3) Pode aparecer ainda inverso da Onda T (corrente de isqumia, mais precoce)

    profunda e simtrica (igual fase descendente e ascendente), no entanto pelo

    facto da inverso da Onda T poder aparecer associada a outros fenmenos diz-

    se que tem reduzida especificidade para enfarte.

    4) Adicionalmente poder haver ainda uma perda de amplitude da Onda R entre

    V1 e V6 (onde deveria ser sempre crescente) e alteraes recprocas/em

    espelho (so o inverso da alterao primria).

    Clinicamente as duas artrias coronrias que mais frequentemente entopem so a

    descendente anterior e a coronria direita. Depois temos uma proporo ligeiramente

    inferior na artria circunflexa. No entanto o ECG no tem derivaes que olhem para a

    regio direita nem para a regio posterior do corao. Significa isso que se tivermos

    um enfarte que lese apenas a regio posterior do corao no encontramos em

    nenhuma derivao um supradesnivelamento do segmento ST. Logo neste doente

    vamos ver em espelho um infradesnivelamento. Se tivermos uma Onda Q posterior,

    vamos ver em espelho uma Onda R. Se tivermos uma Onda T invertida posterior,

    vamos ver em espelho uma Onda T aumentada. Chamam-se assim alteraes em

    espelho ou recprocas do electrocardiograma. Se suspeitarmos que isto est a

    acontecer podemos pedir as derivaes electrocardiogrficas posteriores.

    Em suma as

    3 correntes

    de isqumia

    miocrdica

    + precoce

    + tardio

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    Progresso das alteraes de enfarte no ECG

    Atravs do electrocardiograma conseguimos perceber, mais ou menos, h quanto

    tempo evoluiu o enfarte e qual a artria coronria que mais provavelmente estar

    afectada.

    Mostra-se o exemplo a seguir de um enfarte agudo do miocrdio transmural:

    No momento em que a

    artria coronria sofre

    ocluso temos uma Onda T

    hiperaguda. E a onda do

    segmento ST comea a

    subir. A primeira coisa que

    acontece portanto

    alterao da repolarizao.

    Depois a Onda T volta sua

    morfologia normal e o

    segmento ST continua a

    subir (esta a fase em que

    o doente normalmente

    chega ao hospital). Este

    supradesnivelamento de ST

    que abarca a Onda T

    chama-se Onda de Pardy.

    Comea a surgir a Onda Q.

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    Se no for feita

    revascularizao a Onda T

    comea a inverter, o

    segmento ST comea a

    normalizar (deixa de haver

    miocrdio a queixar-se) e a

    Onda Q comea a ser mais

    profunda (maior massa

    miocrdica a necrosar).

    Onda Q patolgica

    profunda e durante os

    primeiros dias ainda a

    Onda T invertida.

    medida que o miocrdio

    substitudo por tecido

    conjuntivo fibroso pode

    haver uma completa

    normalizao do restante

    ECG ficando apenas uma

    Onda Q profunda. Se o

    enfarte for muito extenso

    pode-se formar o aneurisma

    ventricular (extenso do

    tecido fibroso que no

    contrai aquando da sstole

    ventricular) e manifesta-se

    com um supradesnive-

    lamento de ST

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    Mostra-se o exemplo a seguir de um enfarte agudo do miocrdio subendocrdico:

    Podemos ter um pequeno

    supradesnivelamente mas

    habitualmente temos um

    infradesnivelamento do

    segmento ST.

    No enfarte subendo-

    crdico as alteraes so

    sempre de pequenas

    amplitudes.

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    Localizao do enfarte

    Sabemos qual a artria coronria que est afectada pela compreenso de quais so

    as derivaes em que as alteraes se manifestam.

    Vamos ento olhar para todas as derivaes que olham para uma mesma regio

    anatmica do corao e em cada um dos grupos de derivaes percorremos sempre a

    mnemnica:

    Depois conforme as derivaes afectadas vamos localizar e denominar o enfarte. Se a

    alterao se encontrar em V2, V3 e V4 o enfarte ser anterior. Se as alteraes

    estiverem em V5, V6, DI e aVL ser antero-lateral. Se as alteraes aparecerem em V1

    e V2 ser um enfarte posterior.

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    Exerccios de isqumia miocrdica

    Q presente R presente ST supradesnivelado Entalhe no ponto J

    A isto se chama padro de repolarizao precoce e uma variante da normalidade

    No que toca anlise do ECG o professor diz que a sua regra comear sempre pelas

    derivaes inferiores (DII, DIII e aVF) e depois percorrer as derivaes anteriores at s

    laterais. Isto porque o enfarte agudo do miocrdio inferior visualmente menos

    expressivo do que o enfarte agudo do miocrdio anterior e se no comearmos com as

    derivaes inferiores dificilmente o vamos conseguir diagnosticar.

    Q

    R

    S

    T P

    Ponto J

    (ponto isoelctrico)

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    Derivaes inferiores (II, III, aVF): Q ausentes R presentes ST infradesnivelado Derivaes anteriores e laterais: Q ausentes R no progride normalmente em V2 e V3 ST supradesnivelado de V2 a V6 Enfarte anterior transmural com ondas em espelho nas derivaes inferiores (se temos um enfarte em cima com supra-ST, se olharmos de baixo vemos infra-ST)

    Devemos comear sempre a organizao do nosso raciocnio pelo stio onde temos

    supradesnivelamento de ST.

    Derivaes inferiores: Q presentes no patolgicas R presentes ST supradesnivelado Derivaes anteriores e laterais: Q ausentes, presentes em V5 e V6 R em progresso ST infradesnivelado em V2, V3, DI e aVL ST supradesnivelado em V5 e V6 Enfarte inferior e lateral (temos supra-ST nas derivaes laterais e inferiores) com ondas em espelho (infra-ST)

    Derivaes inferiores: Q patolgicas R presentes ST aplanado (alterao inespecfica) Derivaes anteriores: Complexos QS de V1 a V4 ST supradesnivelado de V1 a V4 T invertida de V2 a V4 Enfarte anterior em fase sub-aguda (j passou 1 dia) as Q patolgicas nas derivaes inferiores so marcas de outro enfarte que houve no passado

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    Derivaes inferiores: Q ausentes R presentes ST normal Derivaes anteriores: Q ausentes R progride mas de forma lenta ST normal Onda T invertida e simtrica de V2 a V4 Isqumia miocrdica anterior (SCA sem elevao de ST)

    Doente com Onda de Pardy nas derivaes inferiores DII, DIII e aVF (EAM inferior), nas

    derivaes anteriores V1, V2 e V3 temos infradesnivelamento de ST (EAM posterior

    alteraes em espelho) e nas derivaes laterais V5 e V6 supradesnivelamento de ST (EAM

    lateral). Tem portanto um enfarte latero-postero-inferior.

    A existncia de Ondas Q profundas na derivao DIII poder no ser patolgico, ocorre

    devido localizao do corao e muitos de ns temos essa traduo

    electrocardiogrfica. Para considerarmos a manifestao das Ondas Q patolgicas

    estas tm de existir em duas derivaes contguas.

    Os enfartes anteriores tm expresso muito grande nas

    derivaes anteriores V1, V2 e V3, tornando-os facilmente

    identificveis!

    Onda de Pardy Infra-ST

    Supra-ST

    Supra-ST