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Curso: Direito Processual Civil
Aula: Fontes Normativas do Processo Civil
Professor: Rodolfo Hartmann
Resumo
1. DIFERENÇA ENTRE DIREITO MATERIAL E DIREITO PROCESSUAL
Primeiramente é preciso fazer uma diferenciação entre as normas do direito material e as normas do
direito processual. Nesse sentido, temos que:
Normas de Direito Material Normas de Direito Processual
■ Interesse primário: são aquelas que indicam quais
os direitos de cada um
■ Interesse secundário — Instrumento para fazer
valer o direito material desrespeitado
■ Em regra: estão presentes no Código Civil ■ Em regra: estão presentes no CPC/15
Donizetti (2017, p. 92) afirma que “quando a norma de direito material prescreve determinada
obrigação e esta é descumprida, é fundamental que o Estado proporcione ao jurisdicionado meios para
resguardar o seu direito”. De tal forma, as normas processuais visam instrumentalizar e sistematizar a
atividade estatal, permitindo a resolução dos litígios.
Ademais, Gonçalves (2018, p. 80) estabelece que NORMA PROCESSUAL cuida da relação processual
(como aquelas relativas aos poderes do juiz, aos ônus e direitos das partes) ou do procedimento (como as
que regulam a sucessão dos atos na audiência).
É válido salientar que além das normas materiais e das normas processuais, há as normas
heterotópicas, que são aquelas que estão situadas em uma codificação, mas que possui outra natureza. Por
exemplo, há normas do Código Civil que são de cunho processual, algumas delas foram revogadas pelo art.
1.072 do CPC/15. Outro exemplo é o artigo 240, §1º do CPC/15 que trata de norma material:
Art. 240. § 1º A interrupção da prescrição, operada pelo despacho que ordena a citação,
ainda que proferido por juízo incompetente, retroagirá à data de propositura da ação.
O Código de Defesa do Consumidor (LEI Nº 8.078/90) dispõe de normas materiais e processuais em seu
texto, aplicando-se até mesmo em outros processos, como por exemplo nas questões de direito coletivo.
2. FONTES NORMATIVAS PRIMÁRIAS DO PROCESSO CIVIL
Segundo Theodoro Junior (2016, p. 63), seguindo o Estado Democrático de Direito, “o processo não é
regido apenas pelas leis processuais propriamente ditas”. Há toda uma sistemática normativa processual
inclusive dentro da Constituição, dispondo do “acesso à Justiça e os mecanismos do devido processo legal
(processo justo) entre os direitos fundamentais (direitos do homem)”.
Derivado do Civil Law, a fonte formal das normas processuais por excelência é a lei (fonte formal
primária, criada pelo Legislativo), seja ela Lei Ordinária ou Lei Complementar.
CRIAÇÃO DE NORMAS PROCESSUAIS
Poder Legislativo – cabe ao Poder Legislativo criar leis sobre processo (Art. 22 da CRFB/88)
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho;
Poder Executivo – atualmente não pode criar Medida Provisória sobre Processo Civil.
Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas provisórias, com força de
lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 32, de
2001)
§ 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
I - relativa a: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
b) direito penal, processual penal e processual civil; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
Poder Judiciário – atualmente não pode criar normas processuais nos seus regimentos internos. (alguns tribunais
antigos tem regimentos internos dotados de normais processuais – dispondo por exemplo do agravo regimental). Agora
pelo CPC/15 há o agravo interno.
O regimento interno do Tribunal pode dispor sobre normas processuais quando a Lei Específica não for detalhada e
faltar elementos: por exemplo, o art. 5º da Lei nº 10.250/01 (Juizados Especiais Federais) não diz qual é o recurso, nem
qual é o prazo.
Art. 4º O Juiz poderá, de ofício ou a requerimento das partes, deferir medidas cautelares no curso do processo, para
evitar dano de difícil reparação.
Art. 5° Exceto nos casos do art. 4º, somente será admitido recurso de sentença definitiva.
3. FONTES NORMATIVAS SECUNDÁRIAS DO PROCESSO CIVIL
LINDB: Art. 4º Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a
analogia, os costumes e os princípios gerais de direito.
a) ANALOGIA: Não é uma forma de interpretação! A analogia é forma de auto integração da norma,
consistente em aplicar a uma situação não regulada a disposição legal relativa a um caso semelhante.
ELEMENTOS:
1. Não existe uma lei a ser aplicada ao caso concreto (caso não regulado)
2. Caso semelhante
3. Juiz: aplica previsão legal empregada à outra situação similar.
EXEMPLO: PROVAS ORAIS – AUDIÊNCIA DE INSTRUNÇÃO E JULGAMENTO
- CASO REGULADO NO CPC/15: prova testemunha pelo sistema cross-examination (as partes/ advogados
diretamente realizarem perguntas à parte adversa ou às testemunhas por esta arroladas).
Art. 459. As perguntas serão formuladas pelas partes diretamente à testemunha, começando pela que a
arrolou, não admitindo o juiz aquelas que puderem induzir a resposta, não tiverem relação com as questões
de fato objeto da atividade probatória ou importarem repetição de outra já respondida.
- AS DEMAIS PROVAS ORAIS (Depoimentos pessoais, prova técnica simplificada do art. 464,§3º do CPC) NÃO
ESTÁ NA LEI SE DEVEM SEGUIR O SISTEMA CROSS-EXAMINATION
b) Costume: regra de conduta praticada de forma geral, constante e uniforme, com a consciência de
sua obrigatoriedade.
Exemplo: nome das petições, ação de cobrança, ação monitoria, ação de indenização.
A estrutura de uma petição inicial, prevista no art. 319 do CPC/15, não coloca o nome da petição como um
requisito obrigatório. Todavia, o costume jurídico, visando facilitar o desenvolvimento dos atos processuais,
estabelece que a petição deve conter um espaço destinado ao nome.
Alguns sistemas de processo eletrônico agrupam as ações de acordo com o tipo informado na hora do
peticionamento, facilitando o andamento dos processos.
c) Princípios Gerais do Direito: normas fundamentais ou generalíssimas do sistema. Exemplos:
- Princípio da eventualidade: Art. 336. Incumbe ao réu alegar, na contestação, toda a matéria de defesa,
expondo as razões de fato e de direito com que impugna o pedido do autor e especificando as provas que
pretende produzir.
Lembre-se de EVENTO, MOMENTO, pois a contestação é o evento certo, correto, adequado para o
réu trazer as suas alegações de defesa. Vejam que não pode o réu apresentar a sua defesa “aos poucos”, ao
longo do processo, pois cabe ao mesmo trazer ao processo todas as suas alegações naquele determinado
momento – contestação – sob pena de preclusão, ou seja, sob pena de perder a possibilidade de alegar as
suas matérias de defesa.
- Princípio que veda a reforma para pior – não está expresso – quando se impetra um recurso, este será
mantido ou melhorado, mas não será piorado.
4. PRECEDENTES/SÚMULAS/JURISPRUDÊNCIA
A súmula vinculante foi instituída pela EC no 45/2004 como um instrumento de uniformização de
jurisprudência do STF sobre matéria constitucional e aponta uma relação mais próxima do Direito brasileiro –
construído pela influência do sistema romano-germânico, no qual a lei é a fonte formal de maior destaque
nas decisões judiciais – com o Direito norteamericano de common law, que possui um sistema de
precedentes mais destacado do que o da produção legislativa.
Segundo Duarte(2016) “súmula é um compêndio de enunciados criados a partir da jurisprudência
dominante de determinado Tribunal, eis que ao proferir diversas decisões em igual sentido, a Corte acaba
por transcrever sua orientação em verbetes que transmitam às partes e às instâncias inferiores esse exato
entendimento, de forma sintética e de fácil visualização”. Pode ser súmula vinculante ou não.
Exemplo: Súmula Vinculante 25 - É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a
modalidade de depósito
Jurisprudência é o conjunto reiterado de decisões judiciais proferidas no mesmo sentido sobre igual
matéria. (Não tem um quantitativo, se é 10, 15, 20 decisões)
Precedente é qualquer julgado que seja utilizado como fundamento em outro julgamento que lhe
sucede. O precedente pode ou não ser vinculante.
O disposto no art. 927 do CPC traz certa perplexidade. Ele determina aos juízes e tribunais que
observem: I — as decisões do Supremo Tribunal Federal em controle concentrado de constitucionalidade; II
— os enunciados de súmula vinculante; III — os acórdãos em incidente de assunção de competência ou de
resolução de demandas repetitivas e em julgamento de recursos extraordinário e especial repetitivos; IV —
os enunciados de súmulas do Supremo Tribunal Federal em matéria constitucional e do Superior Tribunal de
Justiça em matéria infraconstitucional; e V — a orientação do plenário ou do órgão especial aos quais
estiverem vinculados.
IMPORTANTE: antes de utilizar determinada súmula/jurisprudência/precedente, é preciso tomar cuidado e
ler os fundamentos que foram colocados naquela decisão judicial, visto que a simples síntese do caso não é
capaz de expor o seu real entendimento.
EXEMPLO:
- CASO 1:
SÍNTESE: CACHORROS SÃO PROIBIDOS DE ENTRAR EM RESTAURANTES/CINEMA
FUNDAMENTOS: FAZEM BAGUNÇA E BARULHO, ATRAPALHANDO OS DEMAIS
- CASO 2: CÃO-GUIA PARA UMA PESSOA COM DEFICIÊNCIA VISUAL
Nesse caso, poderia utilizar o precedente do caso 1? Se levarmos em consideração apenas a síntese do caso,
diríamos que o cão-guia é proibido de entrar em um cinema com seu dono. Todavia, é preciso analisar não
apenas a síntese, mas também os fundamentos. Nesse caso, o cão-guia não faz bagunça, nem barulho; assim,
não poderia ser aplicado.
Princípios no CPC/15
1. PRINCÍPIOS DO PROCESSO CIVIL NA CONSTITUIÇÃO
Conforme Donizetti (2017), o Neoconstitucionalismo influenciou o direito constitucional sobre todos
os demais ramos do Direito. Dessa forma, o processo deve ser examinado, estudado e compreendido à luz
da Constituição. Isso não quer dizer que ao julgador é concedida ampla e ilimitada discricionariedade, pois as
suas decisões são passíveis de controle, por meio da análise de sua necessária fundamentação e motivação.
Consoante Gonçalves (2018), a maior parte dos princípios que rege o processo civil está na
Constituição Federal, e alguns deles foram reproduzidos nos primeiros artigos do CPC. Como princípios são
diretrizes que devem nortear a aplicação e a interpretação das normas, é impossível estudar/compreender o
processo civil sem recorrer à CF.
2. DEVIDO PROCESSO LEGAL
CF, art. 5º, LIV: “Ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido
processo legal”.
O devido processo legal é o princípio constitucional que busca assegurar a existência mínima dos
demais princípios. O princípio do "devido processo legal" é considerado o princípio mãe de todo o
processo! Ele norteia a aplicação justa do processo, que tem como fim a pacificação social. É utilizado, em
seu seio, para evitar abuso de poder por parte daqueles que participam do processo.
Segundo Gonçalves (2018), a Constituição preserva a liberdade e os bens, garantindo que o seu
titular não os perca por atos não jurisdicionais do Estado. Além disso, o Judiciário deve observar as garantias
inerentes ao Estado de direito, bem como deve respeitar a lei, assegurando a cada um o que é seu.
Entretanto, ocorreu certo receio na aplicação do instituto da “IMPROCEDÊNCIA LIMINAR DO
PEDIDO”, se tal instrumento violaria o princípio do devido processo legal, já que não analisaria o mérito da
questão. Todavia, é preciso salientar que na improcedência limitar do pedido, o juiz não está fazendo nada
antes da hora; não há razões para se aguardar, diante da plena possibilidade de se resolver a lide ; e
principalmente, estará agindo pensando na eficiência processual, custo e duração, além de ser conducente
a uma tutela adequada e efetiva. Nesse sentido, temos o artigo 332:
Art. 332. Nas causas que dispensem a fase instrutória, o juiz, independentemente da
citação do réu, julgará liminarmente improcedente o pedido que contrariar:
I - enunciado de súmula do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça;
II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça
em julgamento de recursos repetitivos;
III - entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de
assunção de competência;
IV - enunciado de súmula de tribunal de justiça sobre direito local.
§ 1º O juiz também poderá julgar liminarmente improcedente o pedido se verificar, desde
logo, a ocorrência de decadência ou de prescrição.
3. ACESSO À JUSTIÇA/INAFASTABILIDADE DA JURISDIÇÃO – art. 3º, caput
Art. 5º, XXXV, CF: “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a
direito.”
Art. 3º, caput, CPC/15: “não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a
direito”.
Mesmo quando não existir norma geral e abstrata sobre o direito material em discussão, o Estado-
juízo não pode se furtar à prestação jurisdicional, podendo recorrer a outras fontes do direito que não a lei
para solucionar o conflito. Conforme Bueno(2018), qualquer forma de “pretensão”, isto é, “afirmação de
direito” pode ser levada ao Poder Judiciário para solução. Uma vez provocado, o Estado-juiz tem o dever de
fornecer àquele que bateu às suas portas uma resposta, mesmo que seja negativa, por exemplo no sentido
de que não há direito nenhum a ser tutelado.
Além disso, vemos a judicialização excessiva, em que todos os conflitos são levados para o judiciário,
congestionando os órgãos estatais. Para tentar desafogar o número de processos no Judiciário, o CPC dá
ênfase ao Sistema extrajudicial, podendo resolver determinadas situações em cartório, bem como ao Sistema
multiportas, porque, além do aparato judiciário, o próprio sistema incentiva a conciliação, a mediação, a
arbitragem e outros meios de solução de conflitos
4. JUIZ NATURAL
Incisos XXXVII e LIII, art. 5º, CF: não haverá juízo ou tribunal de exceção” e
“ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade
competente”.
Consoante Gonçalves(2018), o juiz natural é aquele cuja competência é apurada de acordo com
regras previamente existentes no ordenamento jurídico, e que não pode ser modificada a posteriori. Seria
muito perigoso se o Estado pudesse criar juízos ou tribunais excepcionais para julgar um fato ocorrido
anteriormente.
Tal princípio visa: conter eventual arbítrio do poder estatal; e o de assegurar a imparcialidade do juiz,
impedindo que as partes possam ter qualquer liberdade na escolha daquele que julgará o seu processo.
Não é um juiz neutro. Imparcial é aquele que não é impedido nem suspeito.
Para tanto, o juiz deve estar com a investidura regular. Isto é, só exerce jurisdição quem ocupa o
cargo de juiz, tendo sido regularmente investido nessa função. A ausência de investidura implica óbice
intransponível para o exercício da jurisdição, pressuposto processual da própria existência do processo.
5. MOTIVAÇÃO DAS DECISÕES JUDICIAIS
CRFB/88: Art. 93, IX - todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão
públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei
limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados,
ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do
interessado no sigilo não prejudique o interesse público à
informação; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
CPC: Art. 11 - Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e
fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade.
Parágrafo único. Nos casos de segredo de justiça, pode ser autorizada a presença
somente das partes, de seus advogados, de defensores públicos ou do Ministério
Público
É expressa a necessidade de toda e qualquer decisão judicial ser explicada, fundamentada e justificada
pelo magistrado que a proferiu, levando em conta o direito aplicável e as vicissitudes do caso concreto. Com
isso, conforme dispõe Bueno(2018), o princípio assegura não só a transparência da atividade judiciária, mas
também viabiliza que se exercite o adequado controle de todas e quaisquer decisões jurisdicionais.
A fundamentação legitima a atuação do magistrado, afastando-o de qualquer arbitrariedade.
Outrossim, o art. 489, §1º elenca as hipóteses de não fundamentação das decisões judiciais.
Art. 489. § 1º Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela
interlocutória, sentença ou acórdão, que:
I - se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua
relação com a causa ou a questão decidida;
II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto de sua
incidência no caso;
III - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão;
IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese,
infirmar a conclusão adotada pelo julgador;
V - se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus
fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta
àqueles fundamentos;
VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela
parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento ou a superação
do entendimento.
O STJ, em sede de embargos de declaração, na interpretação do art. 489, §1°, do CPC, decidiu que o
juiz deve fundamentar bem as decisões, no que tange aos aspectos relevantes para julgamento da questão,
mas não há necessidade que seja de forma exaustiva como prevê o art. 489, §1°, do CPC.
Nesse sentido o STJ:
“... O julgador não está obrigado a responder a todas as questões suscitadas pelas partes,
quando já tenha encontrado motivo suficiente para proferir a decisão. A prescrição trazida
pelo art. 489 do CPC/2015 veio confirmar a jurisprudência já sedimentada pelo Colendo
Superior Tribunal de Justiça, sendo dever do julgador apenas enfrentar as questões
capazes de infirmar(enfraquecer) a conclusão adotada na decisão recorrida.” (STJ. 1ª
Seção. EDcl no MS 21.315-DF, Rel. Min. Diva Malerbi (Desembargadora convocada do TRF
da 3ª Região), julgado em 8/6/2016 - Info 585).
O enunciado n. 9 do ENFAM diz que é ônus da parte argumentar e isso sendo feito, o juiz tem o dever
de fundamentar.
9) É ônus da parte, para os fins do disposto no art. 489, § 1º, V e VI, do CPC/2015,
identificar os fundamentos determinantes ou demonstrar a existência de distinção no
caso em julgamento ou a superação do entendimento, sempre que invocar jurisprudência,
precedente ou enunciado de súmula.
Por fim, vale destacar, que há o princípio do livre convencimento motivado, positivado pelo art. 371,
do CPC/15, o qual estabelece que o juiz possui livre convicção para apreciar as provas constantes dos autos,
devendo indicar as razões da formação de seu convencimento.
6. ISONOMIA
CPC, Art. 7º - assegurada às partes paridade de tratamento em relação ao exercício
de direitos e faculdades processuais, aos meios de defesa, aos ônus, aos deveres e à
aplicação de sanções processuais, competindo ao juiz zelar pelo efetivo
contraditório.
Consoante Neves (2018), a regra de que a lei deve tratar todos de forma igual (art. 5.º, caput e inciso
I, da CF) aplica-se também ao processo, devendo tanto a legislação como o juiz no caso concreto garantir às
partes uma “paridade de armas” (art. 139, I, CPC), como forma de manter equilibrada a disputa judicial entre
elas.
O Estado-juiz (o magistrado, que o representa) deve tratar de forma igualitária os litigantes. Seja
dando-lhes igualdade de condições de manifestação ao longo do processo, seja criando condições para que
essa igualdade seja efetivamente exercitada.
Isonomia real: tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais na medida da sua
desigualdade. O legislador, na criação das normas (buscando aplainar as diferenças), e o juiz, na sua aplicação
(levando em conta as peculiaridades de cada sujeito).
Exemplos em que o CPC/15 tenta garantir a Isonomia real:
A prioridade de tramitação para o idoso tem previsão no art. 148 do CPC.
A Defensoria Pública e o Ministério Público, quando atuam em juízo, tem prazo em dobro. No caso
da Defensoria Pública tem previsão no art. 186 do CPC.
A Fazenda Pública em juízo tem certas prerrogativas processuais e peculiaridade relacionada ao
pagamento via precatório e RPV.
Tem prazo em dobro para sua atuação, conforme art. 183 do CPC.
A Fazenda Pública tem restrição, na qualidade de ré, ter a favor do autor tutela provisória deferida,
nos termos do art. 1059 do CPC.
Fica dispensada do recolhimento de custas para instauração de demandas para recorrer, tal qual se
observa no §1°, do art. 1007 do CPC.
Tem remessa necessária, em algumas situações do art. 496 do CPC.
Quando ré, em execução, tem procedimento próprio, quando envolver obrigação pecuniária, na
forma dos artigos 534, 535 e 910 do CPC.
7. CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA (art. 5º, LV da CRFB/88 e arts. 9º e 10 do CPC)
Pelo princípio do contrário, conforme Neves(2018), as partes devem ser devidamente comunicadas
de todos os atos processuais, abrindo-se a elas a oportunidade de reação como forma de garantir a sua
participação na defesa de seus interesses em juízo. Costuma-se também empregar a expressão
“bilateralidade da audiência”, representativa da paridade de armas entre as partes que se contrapõem em
juízo.
Art. 5º, LV, da CF: “aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos
acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e
recursos a ela inerentes”.
Art. 9º, NCPC: Não se proferirá decisão contra uma das partes sem que ela seja
previamente ouvida.
Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica:
I – à tutela provisória de urgência;
II – às hipóteses de tutela da evidência previstas no art. 311, incisos II e III;
III – à decisão prevista no art. 701.
Art. 10, NCPC: O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em
fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se
manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício.
Contraditório é a possibilidade de uma parte se manifestar quanto a algo, para que a argumentação
seja importante para influenciar, de forma decisiva, uma decisão judicial melhorando a qualidade da
prestação jurisdicional.
O contraditório pode ser tanto para o autor, quanto para o réu. Se o réu apresenta uma contestação,
o autor eventualmente se manifesta em réplica, conforme prevê os artigos 350 e 351 do CPC.
Ampla defesa é específica do réu. O autor busca pretensão e cabe ao réu se defender.
O art. 20 do Decreto Lei 3365/41 aduz que nos casos de processos judiciais de desapropriação por
utilidade pública, o réu só pode arguir certas teses defensivas. E essa norma vem sendo aplicada, seria licita a
legislação restringir certas teses defensivas. E não há violação da ampla defesa, uma vez que o autor, se
sentindo prejudicado, pode propor uma ação para impedir que se desenvolva a desapropriação. Traz como
causa de pedir, nesse novo processo autônomo.
O CPC propôs a linha de que o contraditório deve ser sempre prestigiado. A parte deve ser
consultada sobre aquilo que a outra afirma ou até mesmo, pelo art. 10, o juiz deve consultar a parte sobre
um tema que vai ser enfrentado, mesmo se tratando de matéria de ordem pública.
O art. 9 do CPC traz algumas exceções ao contraditório prévio em seu parágrafo único, em que será
suprimido ou postergado. Por exemplo, deferimento de tutela provisória de urgência sem oitiva da outra
parte. Outro exemplo, a hipótese da penhora on-line (854 CPC), traz a possibilidade de contraditório
postergado.
Quando uma decisão for omissa há possibilidade da parte usar embargos de declaração, com
previsão entre os artigos 1022 e 1026. Quando os embargos de declaração são interpostos pela parte, o juiz
decide sem dar contraditório. Mas se o juiz vislumbrar que ao acolher os embargos de declaração, terá efeito
modificativo ou infringente da decisão, o juiz deve prestigiar o contraditório, na forma do art. 1023, §2° do
CPC.
ELEMENTOS DO CONTRADITÓRIO:
Ci Ciência: dar ciência aos réus, executados e interessados, da existência do processo, e aos litigantes de tudo o
que nele se passa.
A Audiência: O juiz tem de ouvir aquilo que os participantes do processo têm a dizer, e, para tanto, é preciso
dar-lhes oportunidade de se manifestar e ciência do que se passa, pois, sem tal conhecimento, não terão
condições adequadas para se manifestar.
OBS: Contraditório diferido: as exceções do par. único do art. 9º representam hipóteses de
prestação de tutelas jurisdicionais que, por sua própria natureza, seriam frustradas pelo tempo necessário
ao estabelecimento do prévio contraditório ou se mostram aprioristicamente desnecessárias pela evidência
do direito afirmado (e comprovado) pelo autor.
InIInfluência: participação efetiva, capaz de influenciar o convencimento do magistrado. Não adianta
simplesmente ouvir a parte. A manifestação há de ser capaz de influenciar na formação da decisão. A seu
turno, o juiz tem o dever correspondente de levar a manifestação na decisão.
OBS: Veda-se a decisão-surpresa, em que o juiz se vale de fundamento cognoscível de ofício, que não havia
sido anteriormente suscitado, sem dar às partes oportunidade de manifestação.
8. DURAÇÃO RAZOÁVEL DO PROCESSO
CF, art. 5º, LXXVIII: “a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a
razoável duração do processo e os meios que garantem a celeridade de sua
tramitação”. EC. 45/2004
CPC, art. 4º: “As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral
do mérito, incluída a atividade satisfativa”.
Conforme Donizetti(2017) e Gonçalves(2018) o processo devido é o processo tempestivo, capaz de
oferecer, a tempo e modo, a tutela jurisdicional adequada ao caso concreto. A demora na solução dos
conflitos traz ônus gravosos àquele que ingressa em juízo, o que estimula o adversário a tentar prolongar
indefinidamente o processo. Devem-se buscar mecanismos que repartam esses ônus.
A celeridade processual não pode ser levada a extremos. O processo pressupõe uma série de atos e
procedimentos (contraditório, ampla defesa, produção de provas, recursos), diligências que inevitavelmente
impedem a rápida solução do litígio, mas que, mesmo assim, hão de ser observadas.
O julgador deve, sempre que possível, priorizar o julgamento do mérito, superando ou viabilizando a
correção dos vícios processuais e, consequentemente, aproveitando todos os atos do processo. Dessa forma,
deve o órgão julgador priorizar a decisão de mérito, tê-la como objetivo e fazer o possível para que ocorra.
Decorrente disso, surge também o princípio da Instrumentalidade das formas, em que a existência
do ato processual é um instrumento utilizado para se atingir determinada finalidade. Assim, ainda que com
vício, se o ato atinge sua finalidade sem causar prejuízo às partes, não se declara sua nulidade.
- REFERÊNCIAS
BUENO, Cassio Scarpinella. Manual de direito processual civil : inteiramente estruturado à luz do novo CPC –
Lei n. 13.105, de 16-3-2015 / Cassio Scarpinella Bueno. São Paulo: Saraiva, 2018.
Donizetti, Elpídio. Curso didático de direito processual civil / Elpídio Donizetti. – 20. ed. rev., atual. e ampl. –
São Paulo: Atlas, 2017.
DUARTE, Lucas de Araújo. Precedentes judiciais e o artigo 927 do novo Código de Processo Civil. In: Âmbito
Jurídico, Rio Grande, XIX, n. 152, set 2016. Disponível em: https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-
processual-civil/precedentes-judiciais-e-o-artigo-927-do-novo-codigo-de-processo-civil/. Acesso em abr 2020.
GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios Direito processual civil esquematizado® / Marcus Vinicius Rios Gonçalves. –
9. ed. – São Paulo : Saraiva Educação, 2018.
NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de direito processual civil. - 10. ed., rev., ampl. e atual. –
Salvador: JusPODIVM, 2018.
THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil – Teoria geral do direito processual civil,
processo de conhecimento e procedimento comum – vol. I / Humberto Theodoro Júnior. 57. ed. rev., atual. e
ampl. – Rio de Janeiro: Forense, 2016.
Curso: Direito Processual Civil
Aula: Fontes Normativas Primárias do Processo Civil
Professor: Rodolfo Hartmann
Resumo
Nesta aula tratou-se das fontes normativas primárias do Direito Processual Civil, iniciando a
abordagem pela apresentação da visão tradicional do tema, sem olvidar o enfoque dado ao assunto pelo
Novo Código de Processo Civil.
Como cediço, o ordenamento jurídico pátrio adota, tradicionalmente, a visão do “Civil Law”, motivo
pelo qual a primeira fonte do Direito Processual Civil é a LEI.
A lei considerada como fonte primária é a sentido amplo, ou seja, considera-se tanto as leis ordinárias,
como as complementares, e também a Constituição Federal.
Veja-se, a Constituição Federal em algumas passagens traz disposições processuais, ao tratar, por
exemplo, da competência:
Do Supremo Tribunal Federal, no seu art. 1021: “Compete ao Supremo Tribunal Federal,
precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:”
Do Superior Tribunal de Justiça, no seu art. 1052: “Compete ao Superior Tribunal de Justiça:”
Dos Tribunais Regionais Federais, no seu art.1083: “Compete aos Tribunais Regionais
Federais:”
Dos Juízes Federais, no seu art. 1094: “Aos juízes federais compete processar e julgar:”
Certamente, a competência é matéria processual.
Além da competência, a Constituição Federal traz outras normas processuais, ao dispor sobre os
requisitos de admissibilidade dos recursos especial e extraordinário, determinado, especificamente, quanto a
este, a necessidade da presença da repercussão geral, nos termos do seu art. 102, §3º5: “No recurso
extraordinário o recorrente deverá demonstrar a repercussão geral das questões constitucionais discutidas
no caso, nos termos da lei, a fim de que o Tribunal examine a admissão do recurso, somente podendo
recusá-lo pela manifestação de dois terços de seus membros.”
Apesar de a Constituição trazer normas processuais, de fato, tem-se que é mais comum a utilização da
1 BRASIL. Presidência da República. Constituição da República Federal do Brasil. Brasília: Presidência da República, 1988.
2 Idem.
3 Idem.
4 Idem.
5 Idem.
lei ordinária para dispor sobre as normas de Direito Processual Civil, sendo o maior exemplo a Lei nº
13.105/15, que é justamente o Código de Processo Civil.
Ademais, demonstrando que lei complementar também pode dispor sobre norma processual, traz-se à
memória a Lei Complementar nº 80/94, a qual dispõe em seu art. 44, I, que a Defensoria Pública Federal tem
o prazo recursal em dobro. Sabe-se que o Código de Processo Civil (lei ordinária) trata da matéria em seu art.
186, mas assim o foi a partir de 2015, data do referido legal, o que demonstra o tratamento de prazo por
legislação complementar desde o ano de 1994.
Não obstante ser considerado como fonte primária a lei em sentido amplo, verifica-se que Medida
Provisória não pode dispor sobre norma processual, uma vez que cabe ao Congresso Nacional tal medida, por
força do art. 22, I, da CF/88, ademais, há vedação constitucional de tal espécie legislativa tratar sobre norma
processual, senão, veja-se, o art. 62, §1º, I, “b” da CF/886:
Art.62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas provisórias, com
força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional.
§1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre a matéria:
a) [...]
b) direito penal, processual e processual civil
Destarte, já se pode concluir que a lei é a fonte normativa primária do Direito Processual Civil é a lei
em sentido amplo, mas quem pode criá-la é o Congresso Nacional, ou seja, o Poder Legislativo, não podendo,
assim, o Poder Executivo criar norma processual.
Da mesma forma, o Poder Judiciário também não pode criar norma processual.
Destaca-se que não se está tratando das Súmulas Vinculantes, da jurisprudência, dos precedentes, mas
sim de vedação de inovação da ordem jurídica, criando normas processuais, conforme se dá no casos dos
Regimentos Internos dos Tribunais.
No caso, os Regimentos Internos (Regulamentos) dos Tribunais não podem criar normas processuais.
É evidente que ante a referida afirmação, pode ocorrer questionamentos tais como o citado na aula:
“Mas, professor, eu vi no Regimento de um Tribunal a possibilidade de interposição de embargos
infringentes em processo penal, e tal hipótese não está prevista no Código de Processo Penal.”
Explica-se: tal fato se dá em virtude de que alguns Tribunais são antigos, não se trata dos Tribunais
criados com a CF/88, como o Superior Tribunal de Justiça e os Tribunais Regionais, posto que estes são
considerados novos, mas sim os anteriores a CF/88, uma vez que as Constituições da época permitiam que os
Regimentos Internos dos Tribunais criassem normas processuais, tendo em algumas a permissão de até
mesmo o Poder Executivo criar decreto-lei sobre processo.
Dessa forma, ressalta-se que é muito comum encontrar nesses Regimentos Internos o recurso
6 BRASIL. Presidência da República. Constituição da República Federal do Brasil. Brasília: Presidência da República, 1988
denominado Agravo Regimental, comumente com o prazo de 05 (cinco) dias para a sua interposição, cujo
objeto da impugnação é a decisão monocrática do Desembargador do Tribunal, pelo fato do Código de
Processo Civil de 1973 não ter feito tal previsão.
Ocorre que o Novo Código de Processo Civil dispõe sobre o recurso que deve ser utilizado para a
impugnar as decisões monocráticas do Desembargador Relator do Tribunal, qual seja, o Agravo Interno,
previsto no seu art. 1.0217: “Contra decisão proferida pelo relator caberá agravo interno para o respectivo
órgão colegiado, observadas, quanto ao processamento, as regras do regimento interno do tribunal.”
Destacando-se, outrossim, que quando se trata de decisão do Presidente ou Vice Presidente do
Tribunal em sede de Recurso Especial ou Recurso Extraordinário, tem-se o agravo previsto o art. 10428, do
Código de Processo Civil: “Cabe agravo contra decisão do presidente ou do vice-presidente do tribunal
recorrido que inadmitir recurso extraordinário ou recurso especial, salvo quando fundada na aplicação de
entendimento firmado em regime de repercussão geral ou em julgamento de recursos repetitivos.”
Demais disso, o Código de Processo Civil unificou o prazo para interposição do recurso de Agravo,
determinando o prazo de 15 (quinze) dias para tanto, conforme preceituado no seu art. 1.0709: “É de 15
(quinze) dias o prazo para a interposição de qualquer agravo, previsto em lei ou em regimento interno de
tribunal, contra decisão de relator ou outra decisão unipessoal proferida em tribunal.”
Destaca-se, inclusive, que a unificação do prazo para interposição do recurso de agravo abrange até
mesmo o Agravo Regimental, o qual, repita-se, não deveria nem existir, em virtude de ser vedado ao
Regulamento Interno do Tribunal criar norma processual.
Nesse diapasão, sendo Agravo de Instrumento, Agravo Interno, Agravo em Recurso Especial e Recurso
Extraordinário, ou até mesmo Agravo Regimental, a interposição deve se dá no prazo de 15 (quinze) dias.
Logo, deve ser utilizado o Agravo Interno previsto no Código de Processo Civil, no prazo de 15 (quinze)
dias (art. 1.070, CPC).
No entanto, no que se refere ao processo penal, o entendimento do Supremo Tribunal Federal e do
Superior Tribunal de Justiça é pela não aplicação do art. 1.070 do Código de Processo Civil.
Então, denota-se que o Poder Judiciário não cria norma processual.
Oportunamente, outro detalhe sobre os Regimentos Internos se dá quando se tem leis pequenas,
como por exemplo, a Lei nº 10.259/2001 (que dispõe sobre o Juizado Especial Federal); Lei nº 12.153/2009
(que trata sobre os Juizados Especiais Fazendários); Lei nº 9.099/95 (que regulamenta os Juizados Especiais
Cíveis e Criminal Estaduais), as quais, geralmente, deixam lacunas, por dizer menos do que deveriam,
servindo o Regimento Interno do respectivo Tribunal para integrar a norma de forma subsidiária.
Exemplificativamente, o art. 5º da Lei nº 10.259/2001 dispõe que pode haver recurso, mas não diz
7 BRASIL. Presidência da República. Lei nº 13.105/15 – Código de Processo Civil. Brasília: Presidência da República, 2015.
8 Idem.
9 Idem.
qual, sendo imperioso, assim, que conste a disposição no Regimento Interno, para fins de segurança na
aplicação da lei.
Destaca-se que, na situação supra descrita, o Regimento Interno não está criando lei, mas apenas
explicando, reproduzindo o que está na lei ou no próprio Código de Processo Civil.
Sendo assim, a lei, em sentido amplo, é a principal fonte normativa do Direito Processual Civil.
Fonte primária do Direito Processual Civil: LEI
A permissão para a criação da norma processual é dada ao
Congresso Nacional (Art. 22, I, CF/88)
O Poder Executivo não cria norma processual, não cabendo, assim,
Medida Provisória sobre a matéria, inclusive, há vedação
constitucional para tanto (Art. 62, §1º, "b", CF/88)
O Poder Judiciário também não pode criar norma processual,
sendo permitido ao Regimento Interno apenas integrar a lei, e de
forma subsidiária.
LEI EM SENTIDO AMPLO (Constituição Federal, lei
ordinária, lei complementar)
Curso: Direito Processual Civil
Aula: Fontes Normativas Secundárias do Processo Civil
Professor: Rodolfo Hartmann
Resumo
LINDB: Art. 4º Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a
analogia, os costumes e os princípios gerais de direito.
CPC: Art. 140. O juiz não se exime de decidir sob a alegação de lacuna ou
obscuridade do ordenamento jurídico.
Parágrafo único. O juiz só decidirá por equidade nos casos previstos em lei.
d) ANALOGIA: Não é uma forma de interpretação! A analogia é forma de auto integração da norma,
consistente em aplicar a uma situação não regulada a disposição legal relativa a um caso semelhante.
ELEMENTOS:
1. Não existe uma lei a ser aplicada ao caso concreto (caso não regulado)
2. Caso semelhante
3. Juiz: aplica previsão legal empregada à outra situação similar.
EXEMPLO: PROVAS ORAIS – AUDIÊNCIA DE INSTRUNÇÃO E JULGAMENTO
- CASO REGULADO NO CPC/15: prova testemunha pelo sistema cross-examination (as partes/
advogados diretamente realizarem perguntas à parte adversa ou às testemunhas por esta arroladas).
Art. 459. As perguntas serão formuladas pelas partes diretamente à testemunha, começando pela que a
arrolou, não admitindo o juiz aquelas que puderem induzir a resposta, não tiverem relação com as questões
de fato objeto da atividade probatória ou importarem repetição de outra já respondida.
- AS DEMAIS PROVAS ORAIS (Depoimentos pessoais, prova técnica simplificada do art. 464,§3º do
CPC) NÃO ESTÁ NA LEI SE DEVEM SEGUIR O SISTEMA CROSS-EXAMINATION
e) Costume: regra de conduta praticada de forma geral, constante e uniforme, com a consciência de
sua obrigatoriedade.
Exemplo: nome das petições, ação de cobrança, ação monitoria, ação de indenização.
A estrutura de uma petição inicial, prevista no art. 319 do CPC/15, não coloca o nome da petição como um
requisito obrigatório. Todavia, o costume jurídico, visando facilitar o desenvolvimento dos atos processuais,
estabelece que a petição deve conter um espaço destinado ao nome.
Alguns sistemas de processo eletrônico agrupam as ações de acordo com o tipo informado na hora do
peticionamento, facilitando o andamento dos processos.
f) Princípios Gerais do Direito: normas fundamentais ou generalíssimas do sistema. Exemplos:
- Princípio da eventualidade: Art. 336. Incumbe ao réu alegar, na contestação, toda a matéria de defesa,
expondo as razões de fato e de direito com que impugna o pedido do autor e especificando as provas que
pretende produzir.
Lembre-se de EVENTO, MOMENTO, pois a contestação é o evento certo, correto, adequado para o
réu trazer as suas alegações de defesa. Vejam que não pode o réu apresentar a sua defesa “aos poucos”, ao
longo do processo, pois cabe ao mesmo trazer ao processo todas as suas alegações naquele determinado
momento – contestação – sob pena de preclusão, ou seja, sob pena de perder a possibilidade de alegar as
suas matérias de defesa.
Curso: Direito Processual Civil
Aula: Súmulas, Precedentes e Jurisprudências
Professor: Rodolfo Hartmann
Resumo
5. PRECEDENTES/SÚMULAS/JURISPRUDÊNCIA
A súmula vinculante foi instituída pela EC no 45/2004 como um instrumento de uniformização de
jurisprudência do STF sobre matéria constitucional e aponta uma relação mais próxima do Direito brasileiro –
construído pela influência do sistema romano-germânico, no qual a lei é a fonte formal de maior destaque
nas decisões judiciais – com o Direito norteamericano de common law, que possui um sistema de
precedentes mais destacado do que o da produção legislativa.
Segundo Duarte(2016) “súmula é um compêndio de enunciados criados a partir da
jurisprudência dominante de determinado Tribunal, eis que ao proferir diversas decisões em
igual sentido, a Corte acaba por transcrever sua orientação em verbetes que transmitam às
partes e às instâncias inferiores esse exato entendimento, de forma sintética e de fácil
visualização”. Pode ser súmula vinculante ou não.
Exemplo: Súmula Vinculante 25 - É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja
a modalidade de depósito
Jurisprudência é o conjunto reiterado de decisões judiciais proferidas no mesmo sentido
sobre igual matéria. (Não tem um quantitativo, se é 10, 15, 20 decisões)
Precedente é qualquer julgado que seja utilizado como fundamento em outro julgamento
que lhe sucede. O precedente pode ou não ser vinculante.
O disposto no art. 927 do CPC traz certa perplexidade. Ele determina aos juízes e tribunais que
observem: I — as decisões do Supremo Tribunal Federal em controle concentrado de constitucionalidade; II
— os enunciados de súmula vinculante; III — os acórdãos em incidente de assunção de competência ou de
resolução de demandas repetitivas e em julgamento de recursos extraordinário e especial repetitivos; IV —
os enunciados de súmulas do Supremo Tribunal Federal em matéria constitucional e do Superior Tribunal de
Justiça em matéria infraconstitucional; e V — a orientação do plenário ou do órgão especial aos quais
estiverem vinculados.
NEVES estabelece que: “conforme entende a doutrina amplamente majoritária o art. 927 do Novo
CPC é suficiente para consagrar a eficácia vinculante aos precedentes e enunciados sumulares previstos em
seus incisos. Ou seja, ‘observarão’ significa aplicarão de forma obrigatória.”
A harmonização dos julgados é essencial para um Estado Democrático de Direito. Tratar as mesmas
situações fáticas com a mesma solução jurídica preserva o princípio da isonomia. Além do que a segurança
no posicionamento das cortes evita discussões longas e inúteis, permitindo que todos se comportem conforme
o Direito.”
IMPORTANTE: antes de utilizar determinada súmula/jurisprudência/precedente, é preciso tomar cuidado e
ler os fundamentos que foram colocados naquela decisão judicial, visto que a simples síntese do caso não é
capaz de expor o seu real entendimento.
EXEMPLO:
- CASO 1:
SÍNTESE: CACHORROS SÃO PROIBIDOS DE ENTRAR EM RESTAURANTES/CINEMA
FUNDAMENTOS: FAZEM BAGUNÇA E BARULHO, ATRAPALHANDO OS DEMAIS
- CASO 2: CÃO-GUIA PARA UMA PESSOA COM DEFICIÊNCIA VISUAL
Nesse caso, poderia utilizar o precedente do caso 1? Se levarmos em consideração apenas a síntese do caso,
diríamos que o cão-guia é proibido de entrar em um cinema com seu dono. Todavia, é preciso analisar não
apenas a síntese, mas também os fundamentos. Nesse caso, o cão-guia não faz bagunça, nem barulho; assim,
não poderia ser aplicado.
IMPORTANTE: CONHECER DETERMINADOS TERMOS QUE PODEM SER UTILIZADOS EM TAIS PRECEDENTES:
A) Overruling significa superação. É a intervenção no desenvolvimento do direito; renovação; novo
entendimento.
B) Ratio decidendi significa razão de decidir. São os fundamentos do juiz determinantes na decisão. É o
núcleo do precedente, seus fundamentos determinantes, sendo exatamente o que vincula.
C) Distinguishing significa distinção. Aplica-se o precedente quando a questão do caso for idêntica ou
semelhante. Se a questão a ser decidida for diferente, o precedente não se aplica. A distinção pode ser feita
por qualquer órgão do judiciário, fundamentando sua decisão em razão da questão ser diferente.
D) O obiter dictum refere-se àquela parte da decisão considerada dispensável, que o julgador disse por força
da retórica e que não importa em vinculação para os casos subsequentes. OBITER DICTUM é aquele
verificado numa determinada decisão judicial quando nos deparamos com algum tipo de afirmação feita “de
passagem”, mas sem utilidade para o julgamento em si, mesmo porque não vinculante.
E) Stare decisis significa ficar com as coisas já decididas. Imutabilidade da decisão.
O Distinguishing e o Overruling estão expressos no seguinte dispositivo do CPC:
Art. 489; § 1o Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou
acórdão, que: VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela
parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento ou a superação do entendimento.
- REFERÊNCIAS
DUARTE, Lucas de Araújo. Precedentes judiciais e o artigo 927 do novo Código de Processo Civil. In:
Âmbito Jurídico, Rio Grande, XIX, n. 152, set 2016. Disponível em:
https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-processual-civil/precedentes-judiciais-e-o-artigo-927-do-
novo-codigo-de-processo-civil/. Acesso em abr 2020.
NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de direito processual civil. - 10. ed., rev., ampl. e atual. –
Salvador: JusPODIVM, 2018.
Curso: Direito Processual Civil
Aula: Princípio do Devido Processo Legal e Livre Acesso a Justiça
Professor: Rodolfo Hartmann
Resumo
1. PRINCÍPIOS DO PROCESSO CIVIL NA CONSTITUIÇÃO
Conforme Donizetti (2017), o Neoconstitucionalismo influenciou o direito constitucional sobre todos
os demais ramos do Direito. Dessa forma, o processo deve ser examinado, estudado e compreendido à luz
da Constituição. Isso não quer dizer que ao julgador é concedida ampla e ilimitada discricionariedade, pois as
suas decisões são passíveis de controle, por meio da análise de sua necessária fundamentação e motivação.
Consoante Gonçalves (2018), a maior parte dos princípios que rege o processo civil está na
Constituição Federal, e alguns deles foram reproduzidos nos primeiros artigos do CPC. Como princípios são
diretrizes que devem nortear a aplicação e a interpretação das normas, é impossível estudar/compreender o
processo civil sem recorrer à CF.
2. DEVIDO PROCESSO LEGAL
CF, art. 5º, LIV: “Ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido
processo legal”.
O devido processo legal é o princípio constitucional que busca assegurar a existência mínima dos
demais princípios. O princípio do "devido processo legal" é considerado o princípio mãe de todo o
processo! Ele norteia a aplicação justa do processo, que tem como fim a pacificação social. É utilizado, em
seu seio, para evitar abuso de poder por parte daqueles que participam do processo.
Segundo Gonçalves (2018), a Constituição preserva a liberdade e os bens, garantindo que o seu
titular não os perca por atos não jurisdicionais do Estado. Além disso, o Judiciário deve observar as garantias
inerentes ao Estado de direito, bem como deve respeitar a lei, assegurando a cada um o que é seu.
Entretanto, ocorreu certo receio na aplicação do instituto da “IMPROCEDÊNCIA LIMINAR DO
PEDIDO”, se tal instrumento violaria o princípio do devido processo legal, já que não analisaria o mérito da
questão. Todavia, é preciso salientar que na improcedência limitar do pedido, o juiz não está fazendo nada
antes da hora; não há razões para se aguardar, diante da plena possibilidade de se resolver a lide; e
principalmente, estará agindo pensando na eficiência processual, custo e duração, além de ser conducente
a uma tutela adequada e efetiva. Nesse sentido, temos o artigo 332:
Art. 332. Nas causas que dispensem a fase instrutória, o juiz, independentemente da
citação do réu, julgará liminarmente improcedente o pedido que contrariar:
I - enunciado de súmula do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça;
II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça
em julgamento de recursos repetitivos;
III - entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de
assunção de competência;
IV - enunciado de súmula de tribunal de justiça sobre direito local.
§ 1º O juiz também poderá julgar liminarmente improcedente o pedido se verificar, desde
logo, a ocorrência de decadência ou de prescrição.
3. ACESSO À JUSTIÇA/INAFASTABILIDADE DA JURISDIÇÃO – art. 3º, caput
Art. 5º, XXXV, CF: “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a
direito.”
Art. 3º, caput, CPC/15: “não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a
direito”.
Mesmo quando não existir norma geral e abstrata sobre o direito material em discussão, o Estado-
juízo não pode se furtar à prestação jurisdicional, podendo recorrer a outras fontes do direito que não a lei
para solucionar o conflito. Conforme Bueno(2018), qualquer forma de “pretensão”, isto é, “afirmação de
direito” pode ser levada ao Poder Judiciário para solução. Uma vez provocado, o Estado-juiz tem o dever de
fornecer àquele que bateu às suas portas uma resposta, mesmo que seja negativa, por exemplo no sentido
de que não há direito nenhum a ser tutelado.
Além disso, vemos a judicialização excessiva, em que todos os conflitos são levados para o judiciário,
congestionando os órgãos estatais. Para tentar desafogar o número de processos no Judiciário, o CPC dá
ênfase ao Sistema extrajudicial, podendo resolver determinadas situações em cartório, bem como ao Sistema
multiportas, porque, além do aparato judiciário, o próprio sistema incentiva a conciliação, a mediação, a
arbitragem e outros meios de solução de conflitos
- REFERÊNCIAS
Donizetti, Elpídio. Curso didático de direito processual civil / Elpídio Donizetti. – 20. ed. rev., atual. e
ampl. – São Paulo: Atlas, 2017.
GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios Direito processual civil esquematizado® / Marcus Vinicius Rios
Gonçalves. – 9. ed. – São Paulo : Saraiva Educação, 2018.
Curso: Direito Processual Civil
Aula: Princípio do Juiz Natural, da Motivação das Decisões e da Isonomia
Professor: Rodolfo Hartmann
Resumo
Princípios constitucionais
✓ Do juiz natural: tem previsão no art. 5, XXXVII e LIII da CRFB/88.
De acordo com esse princípio, um magistrado estará naquele órgão jurisdicional, por meio de critérios
objetivos e pontuais. A investidura do magistrado tem que ser regular, de acordo com a forma prevista na
Constituição.
Busca-se evitar a criação de tribunais de exceção para julgar as demandas e manter a imparcialidade do
magistrado.
No direito processual civil, à luz desse princípio, um juiz imparcial é aquele que não é impedimento, nem
suspeito.
Os casos de impedimento estão no art. 144 e os casos de suspeição estão no artigo 145, ambos do CPC.
✓ Motivação das decisões judiciais: tem previsão no art. 93, IX da CFRB/88 e traz a exigência de que haja
uma fundamentação dos atos decisórios, ou seja, o juiz deve indicar o raciocínio utilizado por ele para dar
aquela decisão.
O CPC, em seu artigo 11, prevê que as decisões judiciais devem ser fundamentadas.
A fundamentação legitima a atuação do magistrado, afastando-o de qualquer arbitrariedade,
O STJ, em sede de embargos de declaração, na interpretação do art. 489, §1°, do CPC, decidiu que o juiz deve
fundamentar bem as decisões, no que tange aos aspectos relevantes para julgamento da questão, mas não
há necessidade que seja de forma exaustiva como prevê o art. 489, §1°, do CPC.
O enunciado n. 9 diz que é ônus da parte argumentar e isso sendo feito, o juiz tem o dever de fundamentar.
✓ Da isonomia: tem previsão no caput, do art. 5 da CFRB/88 e que o CPC também reproduz como norma
fundamental em seu art. 7.
Isonomia é tratar de forma igualitária os iguais e de maneira desigual, os desiguais, na medida da sua
desigualdade.
A prioridade de tramitação para o idoso tem previsão no art. 148 do CPC.
A Defensoria Pública e o Ministério Público, quando atuam em juízo, tem prazo em dobro. No caso da
Defensoria Pública tem previsão no art. 186 do CPC.
A Fazenda Pública em juízo tem certas prerrogativas processuais e peculiaridade relacionada ao pagamento
via precatório e RPV.
Tem prazo em dobro para sua atuação, conforme art. 183 do CPC.
A Fazenda Pública tem restrição, na qualidade de ré, ter a favor do autor tutela provisória deferida, nos
termos do art. 1059 do CPC.
Fica dispensada do recolhimento de custas para instauração de demandas para recorrer, tal qual se observa
no §1°, do art. 1007 do CPC.
Tem remessa necessária, em algumas situações do art. 496 do CPC.
Quando ré, em execução, tem procedimento próprio, quando envolver obrigação pecuniária, na forma dos
artigos 534, 535 e 910 do CPC.
Curso: Direito Processual Civil
Aula: Princípio do Contraditório, da Ampla Defesa e da Duração Razoável
do Processo
Professor: Rodolfo Hartmann
Resumo
Princípios constitucionais
✓ Do contraditório e da Ampla Defesa: tem previsão no art. 5, LV da CRFB/88 e reproduzido em normas
fundamentais do CPC, como nos artigos 9 e art.10.
Contraditório é a possibilidade de uma parte se manifestar quanto a algo, para que a argumentação seja
importante para influenciar, de forma decisiva, uma decisão judicial melhorando a qualidade da prestação
jurisdicional.
O contraditório pode ser tanto para o autor, quanto para o réu. Se o réu apresenta uma contestação, o autor
eventualmente se manifesta em réplica, conforme prevê os artigos 350 e 351 do CPC.
Ampla defesa é específica do réu. O autor busca pretensão e cabe ao réu se defender.
O art. 20 do Decreto Lei 3365/41 aduz que nos casos de processos judiciais de desapropriação por utilidade
pública, o réu só pode arguir certas teses defensivas. E essa norma vem sendo aplicada, seria licita a
legislação restringir certas teses defensivas. E não há violação da ampla defesa, uma vez que o autor, se
sentindo prejudicado, pode propor uma ação para impedir que se desenvolva a desapropriação. Traz como
causa de pedir, nesse novo processo autônomo.
O CPC propôs a linha de que o contraditório deve ser sempre prestigiado. A parte deve ser consultada sobre
aquilo que a outra afirma ou até mesmo, pelo art. 10, o juiz deve consultar a parte sobre um tema que vai ser
enfrentado, mesmo se tratando de matéria de ordem pública.
O art. 9 do CPC traz algumas exceções ao contraditório prévio, em que será suprimido ou postergado. Por
exemplo, deferimento de tutela provisória de urgência sem oitiva da outra parte.
Outro exemplo, a hipótese da penhora on-line (854 CPC), traz a possibilidade de contraditório postergado.
Quando uma decisão for omissa há possibilidade da parte usar embargos de declaração, com previsão entre
os artigos 1022 e 1026.
Quando os embargos de declaração são interpostos pela parte, o juiz decide sem dar contraditório. Mas se o
juiz vislumbrar que ao acolher os embargos de declaração, terá efeito modificativo ou infringente da decisão,
o juiz deve prestigiar o contraditório, na forma do art. 1023,§2° do CPC.
✓ Duração razoável do processo: tem previsão no art. 5, LXXVIII, da CRFB e também criado pela EC.
45/2004.