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CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO TRIBUTÁRIO. Prof. Pedro Bonifácio AULA 65 – 08/11/2017 – Direito Tributário AÇÃO ANULATÓRIA Art. 38 LEF Art. 5º XXXV CF SV 28 STF – não é necessário fazer depósito prévio para a admissibilidade da ação. Súmula Vinculante 28. “É inconstitucional a exigência de depósito prévio como requisito de admissibilidade de ação judicial na qual se pretenda discutir a exigibilidade de crédito tributário.”

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CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO TRIBUTÁRIO.

Prof. Pedro Bonifácio

AULA 65 – 08/11/2017 – Direito Tributário

AÇÃO ANULATÓRIA

Art. 38 LEF

Art. 5º XXXV CF

SV 28 STF – não é necessário fazer depósito prévio para a admissibilidade da ação.

Súmula Vinculante 28. “É inconstitucional a exigência de depósito prévio como requisito de

admissibilidade de ação judicial na qual se pretenda discutir a exigibilidade de crédito

tributário.”

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JURISPRUDÊNCIA...

PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA.

ART. 543-C, DO CPC. AJUIZAMENTO DE AÇÃO ANULATÓRIA DO CRÉDITO FISCAL.

CONDICIONAMENTO AO DEPÓSITO PRÉVIO DO MONTANTE INTEGRAL. IMPOSSIBILIDADE.

VIOLAÇÃO DO ART. 535, II, DO CPC. INOCORRÊNCIA. 1. A propositura de ação anulatória de

débito fiscal não está condicionada à realização do depósito prévio previsto no art. 38 da Lei de

Execuções Fiscais, posto não ter sido o referido dispositivo legal recepcionado pela Constituição

Federal de 1988, em virtude de incompatibilidade material com o art. 5º, inciso XXXV, (...) (REsp

962.838/BA – STJ – 08/2008)

É POSSÍVEL EM EXECUÇÃO FISCAL APRESENTAR AÇÃO ANULATÓRIA?

Na execução fiscal é duas formas de defesa: EMBARGOS À EXECUÇÃO ou EXCEÇÃO.

O requisito principal dos embargos é a garantia da dívida, em âmbito tributário a garantia

continua sendo requisito – art. 16 §1º da Lei 6.830/80, porém, pode-se usar o art. 919 § 1º do

CPC: § 1º O juiz poderá, a requerimento do embargante, atribuir efeito suspensivo aos embargos

quando verificados os requisitos para a concessão da tutela provisória e desde que a execução

já esteja garantida por penhora, depósito ou caução suficientes.

Na Exceção o requisito é que seja matéria de ordem pública.

É possível entrar com uma Ação Anulatória pedindo o efeito suspensivo da execução fiscal que

está em curso, porém, não é possível garantir que o juiz deferirá, pois, os juízes podem não

reconhecer a competência um do outro, da vara de execução fiscal e o da vara cível.

Veja a jurisprudência abaixo:

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JURISPRUDÊNCIA...

PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC NÃO

CONFIGURADA. EXECUÇÃO FISCAL. AJUIZAMENTO DE AÇÃO ANULATÓRIA DO LANÇAMENTO

POSTERIOR À PROPOSITURA DO EXECUTIVO FISCAL. AUSÊNCIA DE EMBARGOS À EXECUÇÃO.

POSSIBILIDADE. 1. O ajuizamento de ação anulatória de lançamento fiscal é direito

constitucional do devedor – direito de ação - , insuscetível de restrição, podendo ser exercido

tanto antes quanto depois da propositura da ação exacional (Precedentes: REsp 747.389/RS,

Rel. Min. Castro Meira, DJ 19-09-2005; REsp 764.612/SP, Rel. Min. José Delgado, DJ 12-09-2005;

e REsp 677.741/RS, Rel. Min. Teoria Albino Zavascki, DJ 7-3-2005).

O prazo prescricional a ser observado em relação à ação declaratória de nulidade do

lançamento, em decorrência da ausência de norma específica a regular a matéria, é quinquenal,

nos moldes do art. 1º do Decreto n. 20.910/32; A ação anulatória de lançamento fiscal objetiva

a anulação total ou parcial de um crédito tributário constituído pela autoridade fiscal, mediante

o lançamento de ofício, em que o direito de ação contra a Fazenda Pública decorre da

notificação desse lançamento, sendo esse o termo inicial para a contagem da prescrição (AgRg

no REsp 1.214.966/MG)

A tutela tem o caráter de ser PROVISÓRIA, pois, pode ser caçada a qualquer tempo.

Se for problema de TEMPO, entrar com a de URGÊNCIA.

Agravo de Instrumento (art. 1015, I CPC)

Antecipada: mérito

Cautelar: antecipa a etapa do processo

EX NUNC SUM 409 STF +

+

TUTELA

PROVISÓRIA

URGÊNCIA

EVIDÊNCIA

Probabilidade

do Direito

E

Perigo de Dano

SÚMULA

VINCULANTE

OU IRDR

PROVA

DOCUMENTAL

Os efeitos das tutelas

=

Suspensão da exigibilidade

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AÇÃO CONSIGNAÇÃO

QUAL O OBJETIVO DA CONSIGNAÇÃO EM DIREITO TRIBUTÁRIO: SUSPENDER OU EXTINGUIR

O CRÉDITO?

A mera consignação não extingue o CT, é preciso esperar a decisão da ação.

CASO...

Uma determina igreja localizada no Município de Anápolis/GO, recebeu em janeiro de 2016,

um boleto para pagamento de tributo relacionado ao um veículo adquirido pela entidade,

para prestação das suas atividades.

O responsável financeiro, identificou que o boleto único, demonstra:

IPVA 2016 – R$ 1.350,00 – A ser pago em cota única ou em 3x a partir de fevereiro do mesmo

ano.

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Taxa de Licenciamento 2016 – R$ 113,50 – a ser pago em cota única em janeiro, ou em

conjunto com a 1ª parcela.

A entidade entende que não deve realizar o pagamento de tais valores.

Sempre que vincular um tributo a outro, pode-se fazer uma consignação em pagamento.

QUEM TEM LEGITIMIDADE PARA INGRESSAR COM A CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO?

Somente o SUJEITO PASSIVO = contribuinte de direito ou o responsável

JURISPRUDÊNCIA...

CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO DE TRIBUTO. ART. 164 DO CTN. POSSIBILIDADE...2. O acórdão

a quo julgou procedente a ação de consignação em pagamento objetivando efetuar em

separado o pagamento da Taxa de Coleta de Resíduos, cobrada na mesma guia do IPTU, tendo

em vista que este tributo foi depositado judicialmente, em ação declaratória de

inconstitucionalidade. 3. É correta a propositura da ação de consignatória em pagamento para

fins de o contribuinte se liberar de dívida fiscal cujo pagamento seja recusado ou dificultado

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pelos órgãos arrecadadores – arts. 156, VIII, e 164 do CTN. 4. Tem-se por legítima a consignação

em pagamento de tributo que o Fisco se recusa a receber sem que esteja acompanhado de

obrigação acessória.” (STJ, 1ªT., AgRg no Ag 767.295/MG, Rel. Ministro José Delgado, set/06).

Súmula 112 – STJ. “O depósito somente suspende a exigibilidade do crédito tributário se for

integral e em dinheiro.”

Outras situações que é possível ingressar com a Consignação em Pagamento:

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CASO...

Ricardo, adquiriu um loteamento ofertado por uma empresa em agosto de 2007. Nesta época a

região não contava com nenhuma infraestrutura urbana. Pelo preço atrativo ofertado, adquiriu

a propriedade, reformando todo o seu contorno, transformando em um local de lazer para ele

e sua família.

Pagava ITR no valor mínima pois a metragem da propriedade era considerada ínfima, nos termos

da legislação vigente. Ocorre que em 2009 a prefeitura aprovou projeto de lei transformando a

região do loteamento como área urbanizável, destinado a habitação, e conforme a lei, no

período de 05 anos, seriam implantados melhorias na região como o abastecimento de água,

rede de iluminação pública, e outras melhorias urbanas. Ocorre que a Lei foi aprovada em

dezembro de 2009, e no mês subsequente os proprietários de tais loteamentos começaram a

receber boleto para pagamento do IPTU.

A – É legítima a cobrança de IPTU?

SIM, veja a jurisprudência abaixo.

B – Sabendo que o valor de ITR é no montante de R$ 50,00 (valor mínimo exigido pela legislação),

e o IPTU enviado é de R$ 1.500,00, é viável ação de Consignação?

Depositar R$ 1.500,00, para evitar o pagamento de multa e juros num caso de improcedência

da ação.

C – Qual a justiça competente, visto que o CPC no artigo 94, §4º, determina: “Havendo dois os

mais réus, com diferentes domicílios, serão demandados no foro de qualquer deles, à escolha do

autor”?

Toda vez que a União for parte na ação, a justiça será FEDERAL.

JURISPRUDÊNCIA...

A jurisprudência desta Corte é pacífica no sentido de que é legal a cobrança de IPTU dos sítios

de recreio, localizados em zona de expansão urbana definida por legislação municipal, nos

termos do arts. 32, §1º, do CTN c/c arts. 14 do Decreto-Lei nº 57/66 e 29 da Lei 5.172/66, mesmo

que não contenha os melhoramentos previstos no art. 32, §1º, do CTN. (STJ, 2ªT., AgRg no REsp

783.794/SP, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, dez/2009).

CASO...

Janaína recebeu alguns dias um carnê de IPVA do seu veículo 0Km, contudo não concorda com

o valor apurado, pois entende, que por equívoco ao registrar o veículo, o montante final ficou

superior ao devido.

Procura consultoria jurídica, pois não quer pagar o valor designado na guia de pagamento, e de

acordo com o Detran a discussão só poderá ser feita mediante protocolo de Impugnação.

De acordo com o art. 164 § 1º do CTN, só pode consignar sobre o que se propõe a pagar.

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Neste caso, a Ação Anulatória é a mais viável.

JURISPRUDÊNCIA...

AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO.IPTU.DISSENSO SOBRE O VALOR DO TRIBUTO E NÃO

SOBRE A RECUSA OU SEU MOTIVO. VIA JUDICIAL ELEITA INADEQUADA. ART. 164 DO CTN.

INTERPRETAÇÃO.(...) 3. No caso presente não se constata a negativa de recebimento dos valores

por parte do Fisco nem a imposição de obrigações administrativas ilegais, ou a exigência de

tributo idêntico sobre um mesmo fato gerador por mais de uma pessoa de direito público. Trata-

se apenas de pretensão de discutir o próprio valor do tributo questionado, socorrendo-se, para

tanto, da ação consignatória. 4. Inocorrentes as hipóteses taxativamente previstas no art. 164,

incisos I, II e III, do CTN, que dão supedâneo à propositura da ação consignatória, há de se

reconhecer a inadequação da via eleita. 5...” (STJ, 1ª T., REsp 685.589/RS, Min. José Delgado,

fev/05).

ESTRUTURA DA AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO

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CASO PRÁTICO

Caso Prático – Pós-Graduação Direito Tributário Felipe procura seu escritório afirmando que em 2006 realizou a venda de sua moto para um familiar, assinando o documento de transferência. Em 2008, começou a receber algumas correspondências do DETRAN-RJ, com relação algumas multas de trânsito que estavam sendo adquiridas pelo atual proprietário, contudo, por achar que era um erro de cadastro não foi até o órgão para verificar a situação. Ocorre que em 2011, recebeu em sua residência uma correspondência notificando que Felipe estava sendo inscrito no CADIN (Cadastro de Inadimplentes) do Estado, pelo não recolhimento dos tributos devidos sobre a propriedade da moto (anexo I). Procurou o órgão, protocolando um Pedido Administrativo para reconhecer que a moto não era mais de sua propriedade, contudo o órgão em decisão final, apresentou a decisão de indeferimento em 10.08.2011, conforme anexo II. Recebeu recentemente em 05.10.2017 uma citação para participar de uma Execução Fiscal com

relação a tais débitos, e conforme informações obtidas com o oficial de justiça, a Execução está

em andamento desde agosto de 2012, contudo como não foi encontrado o atual proprietário, a

Fazenda Estadual requereu a citação de Felipe, conforme anexo III.

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Anexo II

Anexo III

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Primeiro analisar a TESE:

Tributo?

No caso acima, tudo é tributo (IPVA + LICENCIAMENTO), exceto a multa de trânsito

Lei vigente?

Lei eficácia?

Vício formal da lei?

CTB → Responsabilidade solidária. Em âmbito tributário a responsabilidade tributária, só pode ser por LC (art. 146, III, b CF).

A obrigação tributária é formada pelo sujeito, objeto (Principal e Acessória) e a causa (FG).

Portanto, a responsabilidade solidária do CTB em relação aos tributos, é inconstitucional.

Prescrição?

2009 = 2014

2010 = 2015

2011 = 2016

E.F = 07/08/2012 – Interrompe prescrição para citação

Solidária = prescrição

2012 → 03/12/2017

Se a prescrição interromper para um, interrompe para todos – art. 125, III CTN

Não houve prescrição para Felipe, pois, ele foi citado em outubro-2017 e ocorria a prescrição após 03/12/2017.

Tese a ser trabalhada = a dívida é do novo proprietário, veja a súmula abaixo e o art. 131, I do CTN

Sum 585 STJ. A responsabilidade solidária do ex proprietário, prevista no CTB, art. 134 do Código de Trânsito Brasileiro - CTB, não abrange o IPVA incidente sobre o veículo automotor, no que se refere ao período posterior à sua alienação.

ART. 131, I CTN. São pessoalmente responsáveis: I - O adquirente ou remitente, pelos tributos relativos aos bens adquiridos ou remidos; (Redação dada pelo Decreto Lei nº 28, de 1966).

BONS ESTUDOS!!!

MONITORIA: CRISTINA CASARES