curso de pedreiro apostila

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  • CARTILHA DO PEDREIRO

    Apresentao

    A fim de satisfazer s necessidades didticas do programa APRENDENDO

    E CONSTRUINDO, elaboramos esta cartilha com o objetivo de permitir aos

    alunos do curso de pedreiro o acompanhamento das aulas tericas e pr-

    ticas, desenvolvidas no decorrer do mesmo, no sentido de auxiliar o aluno

    na aprendizagem dos conhecimentos, das tcnicas e atitudes do oficio de

    pedreiro.

    Os autores

  • CARTILHA DO PEDREIRO

    Sumrio

    1. Introduo .......................................................................... 05

    2. Noes Bsicas ................................................................... 06

    3. Leitura e Interpretao de Projetos ................................ 12

    4. Materiais de Construo ................................................... 18

    5. Ferramentas ........................................................................ 24

    6. Locao da Obra ................................................................ 30

    7. Escavao da Obra ............................................................ 36

    8. Fundao ............................................................................ 38

    9. Parede ................................................................................. 46

    10.Acabamento ....................................................................... 54

    11.Bibliografia ......................................................................... 66

  • CARTILHA DO PEDREIRO

    1. IntroduoO pedreiro o profissional da obra que atua na construo das etapas

    de fundao, paredes e acabamento. Ele deve ter conhecimento sobre o

    emprego de materiais, sobre ferramentas e equipamentos, sobre as tc-

    nicas utilizadas na construo, entre outros.

    Deve saber construir vigas e pilares, levante de parede, revestimento de

    piso e paredes, etc. e como funciona um canteiro de obras e suas insta-

    laes. Ter noes sobre instalaes de gua, esgoto e instalaes eltri-

    cas, saber ler e interpretar projetos e ter conhecimento sobre clculos de

    rea e volume so conhecimentos essenciais que completa a formao

    do pedreiro.

  • CARTILHA DO PEDREIROCARTILHA DO PEDREIRO

    44

    2. Noes Bsicas2.1. NivelamentoOperao que consiste em transportar uma referncia de nvel marcadaem uma determinada altura para outro local, estabelecendo assim um pla-no horizontal. Numa obra a referncia de nvel (marca) estabelecida a1,0 metro do nvel do piso e transportada para as paredes dos outros c-modos. atravs do nivelamento que marcamos as alturas da alvenaria,dos vos de janelas e portas, do p direito das alturas do piso e contrapisona pavimentao.

    A ferramenta utilizada para realizar o nivelamento a mangueira de nvele no caso de vos pequenos o nvel de madeira.

    Nivelamento com mangueira:

    2.2. AlinhamentoOperao que consiste em posicionar numa mesma direo, atravs deuma linha, os elementos de uma construo.

    Para se utilizar a tcnica do alinhamento necessrio que esteja estabe-lecido o ponto inicial e final do mesmo e a partir da fixar uma linha (linhade pedreiro) entre estes ponto.

    Numa obra utilizamos este procedimento no levante de parede construin-do as fiadas de blocos cermicos, no assentamento das mestras interme-dirias dos revestimentos de parede e piso, etc..

    Operao de alinhamento utilizado na construo dasegunda fiada de uma alvenaria de bloco cermico:

  • CARTILHA DO PEDREIROCARTILHA DO PEDREIRO

    55

    2.3. EsquadroOperao que consiste em marcar os vos de uma obraa um ngulo de 90 (noventa graus). utilizado nolocao da obra, na marcao das alvenarias e nosrevestimentos de paredes, etc. A ferramentaempregada nesta operao o esquadro, po-rm limita-se aos vos pequenos. No casodas locaes da obra utilizamos a rela-o do tringulo retngulo que somedidas marcadas em alinhamen-to nas propores de 3:4:5.

    Esquadro de 60 cm, 80 cm e 100 cm

    2.4. PrumadaOperao que consiste em posicionar numa direo vertical os elemen-tos de uma construo. utilizada na construo da fiada de blocos le-vante de parede aprumando os blocos iniciais e finais de cada fiada, namarcao das mestras superiores do reboco de uma parede, na obten-o de eixos de elementos es-truturais de uma fundao, etc.As ferramentas utilizadas paraobter a prumada so: prumo deface e o prumo de centro.

    Comprimento

    Metro (m)Centmetro (cm)Milmetro (mm)Relao entre as unidades:

    1m = 100cm = 1000mm

    rea

    Volume Massa

    Metro quadrado (m )2Centmetro quadrado ( cm )2

    Relao entre as unidades:1m = 10.000 cm2 2

    Metro cbico (m )3Litro (l)Relao entre as unidades:

    1 m = 1000 l3

    Quilograma (Kg)Grama (g)Relao entre as unidades:

    1Kg = 1000g

    1cm

    1cm

    1cm1cm

    2

    1cm3

    Kg

    2.5. Unidades de Medida

    Clculo da rea:

    O clculo da rea obtido pelo produto (multiplicao) de duas dimen-ses (comprimento x largura).

    Ex.: Para calcularmos a rea de um quarto com as dimenses de 4 metrosde comprimento e 3 metros de largura fazemos:

    A (m) rea = 4m (comprimento) x 3m (largura). A= 12 m

    Clculo do Volume:

    O clculo do volume obtido pelo produto (multiplicao) de trs dimen-ses (comprimento x largura x altura).

    Ex.: Para calcularmos o volume de uma lata com as dimenses de 0,21metros de comprimento, 0.21 metros de largura e 0,41 metros de alturafazemos:

    V (m) Volume = 0,21m (comprimento) x 0,21m (largura) x 0,41m (altu-ra). V = 0,018m

  • CARTILHA DO PEDREIROCARTILHA DO PEDREIRO

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    2.6. A Argamassa a mistura de cimento, areia e gua com ou sem outros elementos comoarenoso, saibro e a cal. utilizada nas alvenarias, nas fundaes de pe-dra, nos revestimentos de paredes, etc.

    A resistncia, a facilidade de trabalho, a qualidade das argamassas de-pendem da qualidade dos materiais empregados, de suas propores (tra-os) e da quantidade de gua na mistura.

    Na pavimentao (pisos e contrapisos), no assentamento de piso cermicoe azulejos, etc. devemos sempre preparar a quantidade de argamassa ne-cessria para que no ocorra o endurecimento da mesma antes de secara aplicao.

    Devemos tambm utilizar as argamassas retiradas ou cadas das alvena-rias ou revestimento se removidos sem sujeiras.

    2.7. O ConcretoO concreto a mistura de cimento, areia, brita e gua. utilizado em ele-mentos estruturais como vigas e pilares, em lajes, etc.

    A resistncia do concreto aumenta com o aumento da quantidade de ci-mento que o constitui e diminui com o aumento da quantidade de guana mistura.

    A qualidade e resistncia do concreto dependem da dosagem dos materi-ais, da qualidade dos mesmos e tambm do preparo.

    Devemos utilizar areia e brita de boa qualidade ( ver assunto de materiaisde construo), adicionar apenas a gua necessria a tornar o concretomole e fcil de ser trabalhado, mistur-lo de forma a obter um materialuniforme com partes iguais em toda a sua composio.

    Areia Cimento Brita

    O preparo do concreto pode ser manual ou mecnico. Para preparar o con-creto manual necessrio que se tenha uma rea pavimentada com umpiso cimentado ou com um lastro de madeira sobre o cho. O preparomecnico realizado por um equipamento chamado betoneira que umacaamba acionada por um motor eltrico ou a combustvel, que gira mis-turando os componentes do concreto.

    2.8. TraosChama-se de trao a relao ( em volume ou peso) entre as quantidadesde materiais dos concretos e das argamassas. representado por um n-mero que indica a proporo de cada material que o constitui.

    Ex.: trao 1:2:4 de cimento, areia e brita.

    Preparo dos Traos

    Medem-se as quantidades dos materiaisem uma lata, balde ou padiola na propor-o indicada pelo trao. Derrama-se so-bre o local do preparo e mistura-se atobter uma cor igual em todas as partes.Nos concretos mistura-se primeiro o ci-mento e a areia, depois adiciona-se aquantidade de brita indicada pelo trao edistribui-se sobre a mistura de cimento eareia. Nas argamassas misturam-se o ci-mento, a areia e o arenoso.

    Faz-se um buraco no centro da misturae adiciona-se gua pouco a pouco at ob-ter uma mistura fcil de manusear e deser moldada. Nos concretos abre-se umavala na beira da mistura e adiciona-segua pouco a pouco.

  • CARTILHA DO PEDREIROCARTILHA DO PEDREIRO

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    3. Leitura e Interpretaode Projetos

    3.1. PlantasA planta um projeto que representado no papel, indica o que se vai cons-truir numa obra. Tambm chamada de planta baixa o projeto de que sefaz uso logo na locao da obra, atravs dela que obtemos as distnci-as que sero marcadas no gabarito dos vos dos cmodos.

    Utilizamos tambm para a marcao da alvenaria de bloco cermico, mar-cao dos vos de janelas e portas, basculantes, combogs, vos livre, etc.

    As distncias ou comprimentos e larguras dos vos dos cmodos so cha-mados de cotas. So os nmeros escritos em cima das linhas e entre duaslinhas laterais, geralmente fora das paredes. As unidades de medida dascotas so o metro ou o centmetro.

    A planta nos mostra:

    As paredes dos cmodos (quartos, salas, cozinhas, etc.), com suasdimenses;

    Espessura das paredes;

    Localizao, altura e dimenses de portas, janelas, combogs,basculantes, etc.;

    Piso com localizao de aparelhos sanitrios, pias, lavanderias e conformeo caso mveis;

    Nome dos cmodos e suas respectivas reas;

    Projeo do telhado (indicao da largura do beiral);

    Posio do corte, conforme a necessidade, posio do reservatrio de gua.

    Carimbo

    3.2. CorteOutro projeto tambm utilizado na construo da obra o corte. um pro-jeto representado num plano vertical com a direo (para frente ou parao fundo) indicado na planta. V-se somente o lado cuja direo foi feito ocorte.

    O corte nos mostra: A altura das paredes (empenas) que iro apoiar o telhado.

    A posio das peas do telhado.

    A altura do p direito (altura que vai do piso pronto at o teto da casa) e deportas, janelas, combogs, basculantes, etc.;

    A indicao dos cmodos e cotas.

    Carimbo

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    4. Materiais de ConstruoMateriais de construo so todos os materiais utilizados nas obras (cons-truo de casas, prdios, etc.), podendo ser obtido da natureza ou atra-vs da interveno do homem para produzi-los.

    Os materiais de construo devem satisfazer as condies de acordo coma funo que desempenham:

    Facilidade de aplicao do material na obra;

    Resistncia ao do tempo ( durabilidade)

    Preservao das condies de higiene como o isolamento do calor, do some de infiltraes de gua.

    Esttica que resulta dos aspectos dos materiais, de cujo emprego podetirar proveito para a beleza da construo.

    4.1. Tipos de Materiais de Construo4.1.1. Agregados:So materiais que constituem grande parte da composio das argamas-sas e dos concertos. Tm menor custo e sua presena d maior resistn-cia ao desgaste.

    So classificados em naturais ou artificiais, midos ou grados e em levesou pesados.

    Exemplos: Areia, Arenoso e Brita.

    Areia- Componente das argamassas e dos concre-tos. um agregado mido. So materiais mi-nerais que se apresentam sob forma degros. A areia de boa qualidade aquelaem que no h presena de raizes, bar-ro, leo ou graxa e outros tipos de sujei-ra. Classificam-se em areias finas,mdias e grossas. A unidade de medidada areia o m (metro cbico).

    Arenoso- Material de origem mineral sob aforma de gros finos. um agregado mi-

    do. Fazem parte das argamassas e nasua composio encontra-se a argila, umtipo de solo que da liga (cola) quandomisturado com gua. Tem a aparnciade barro.

    A unidade de medida do arenoso om (metro cbico).

    Brita- Componente dos concretos. um agregadogrado. So materiais que resultam da quebrade pedaos pequenos de rochas atravs dobritamento de pedras nas pedreiras. A bri-ta utilizada na construo deve ser lim-pa sem presena de terra ou barro esem p de pedra.

    A unidade de medida da brita o m(metro cbico).

    Os tipos de brita so classificadas segun-do suas dimenses:

    Brita 0 menor que 1,0 cm (Gravilho)

    Brita 1 entre 1,0 e 2,5 cm

    Brita 2 de 2,5 a 5,0 cm

    Pedra de Mo de 10,0 a 30,0 cm

  • CARTILHA DO PEDREIROCARTILHA DO PEDREIRO

    1111

    Resi

    stn

    cia

    po

    r cm

    4.1.2. AglomerantesSo os materiais que unidos aos agregados formam os concretos ou asargamassas. Tambm chamados de ligantes pois so componentes quedo liga ou seja tm a propriedade de colar os agregados.

    Ex: Cal, cimento e gesso.

    Cimento- Material que d liga (cola) aos componen-tes das argamassas e dos concretos. Quando em con-tato com a gua, ocorrem reaes qumicas eendurece. Com o passar do tempo torna-se maisresistente atingindo maior resistncia aos 28dias.

    O cimento vendido em sacos de 50 qui-los.

    Cuidados quanto aoestoque de cimento:

    Proteger da chuva e do contatodireto com o terreno.

    Empilhar no mximo 10 sacos por fileira.

    Usar o cimento de forma a no envelhecer na obra.

    Gesso- Material a base de clcio usado em forros e pinturas. P brancoque misturado com gua forma uma pasta e seu momento de pega maisrpido com menos gua.

    O gesso vendido em quilos.

    Cal- Usada em pintura e em argamassas. Serve como aglomerante ou co-rante. A cal virgem no diretamente empregada, tem que ser extinta (hi-dratada) para ser utilizada.

    A cal vendida em quilos.

    4.1.3. Outros:Ao- Usado nas ferragens de concreto ar-mado, vendido em quilos sob a forma devaras ou rolos. So utilizados nos con-cretos de lajes, vigas, pilares e vergas.

    gua- Utilizada nas argamassas e nosconcretos. Deve ser limpa cristalina isen-ta de leos e graxas e que possa ser uti-lizada para o consumo humano (potvel).

    A unidade de medida da gua o litro.

    Azulejo- Material cermico impermevel guacom uma das faces lisas e vidradas e outra rstica ou porosa. Destina-seao revestimento de paredes que devam ser lavveis.

    A unidade de medida o metro quadrado (m).

    Ladrilho de Cimento- So placas de material feito a base de cimento,resistente a umidade. Usado em revestimento de pisos lavveis (banhei-ro, cozinha, copa, etc.)

    A unidade de medida o metro quadrado (m).

    Ladrilho Cermico- So placas de materiais cermicos impermeveis gua com uma das faces lisas e vidradas e outra rstica ou porosa. Des-tina-se aos revestimentos de pisos lavveis dos banheiros, cozinhas, re-as de servios, copas, varandas, etc.

    Existem com diversos tipos e dimenses.

    A unidade de medida o metro quadrado (m).

    Mrmore e Granito- Material usado em revestimento de pisos e pare-des sob forma de placas ou cacos.

    A unidade de medida o metro quadrado (m).

    Saibro- Material usado como componente das argamassas. rico em ar-gila e tem a aparncia de barro.

    Porcelana- Usada principalmente na aparelhagem sanitria como vasossanitrios, bids, lavatrios, lavanderias, etc.

    Existem em cores brancas ou coloridas e so vendidos em unidades ou ojogo completo de aparelhos.

  • CARTILHA DO PEDREIROCARTILHA DO PEDREIRO

    1212

    Madeira- Usado na construo do madeiramento das coberturas e nasesquadrias de madeira. Deve estar seca e livre de brocas e fendas.

    No telhado: Massaranduba, ip, sucupira, etc.; forro: cedro, peroba, etc.;

    Nas portas e janelas: cedro, peroba, sucupira, imbuia, etc.

    Formas de concreto: pinho-do-paran

    A unidade de medida o metro linear (m).

    Vidro- Material utilizado principalmente nas esquadrias de portas e jane-las. Deve ser bem plano, sem bolhas, rachaduras, manchas, estrias e es-pessura regular.

    Apresenta-se nos seguintes tipos:

    Vidro liso e vidro fantasia (martelado, canelado, etc.)

    Quanto cor: Vidro incolor, colorido e leitoso

    A unidade de medida o metro quadrado (m)

    Impermeabilizantes- Usados geralmente em revestimentos para prote-ger contra a infiltrao de gua. So adicionados aos concretos e arga-massas de lajes, terraos, reservatrio, etc.

    A unidade de medida o litro.

    Telha- Material utilizado nas coberturas. Existem diversos tipos sendo osmais comuns:

    Telha de barro

    Telha de fibrocimento

    Telha de alumnio

    Telha de ferro zincado

    Metais- Materiais utilizados como esquadrias (portas, janelas e basculantes),grades, portes, torneiras e registros, etc.

    Tijolos- So materiais componentes das alvenarias assentados comargamassas utilizados na construo de paredes e da fundao.

    Tipos de Tijolos:

    Tijolo macio- Muito usado em paredes estrei-tas de armrios, em caixas d'gua, caixas de es-goto ou em paredes comuns;

    Dimenses: 5 x 9 x 19cm, etc.

    Tijolo furado- Mais leveque o tijolo macio, barato e no sobrecarre-gam as estruturas;

    Dimenses: 9 x 14 x 19cm, 9 x 14 x 19cm, etc.

    Tijolos vazados- Mais leveque o tijolo furado. Usado particularmente nas pare-des divisrias sobre estrutura de concreto armado. o tijolo mais leve e tem furos quadrados.

    Dimenses: 9 x 14 x 19cm, 9 x 17 x 25cm, etc.

    Tijolo de concreto- Tambmchamado bloco de concreto, tem maior resistn-cia do que o de barro e pode ser utilizado semrevestimento.

    Dimenses: 9 x 19 x 39cm, 14 x 19 x 39cm, etc.

  • CARTILHA DO PEDREIROCARTILHA DO PEDREIRO

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    5. FerramentasA utilizao das ferramentas apropriadas para cada etapa de servio im-portante para o bom desempenho das atividades. Algumas ferramentastm uso especifico, outras podem ser utilizadas em varias etapas da cons-truo.

    As ferramentas devem estar sempre em boas condies de uso e ser guar-dadas em locais adequados ao final de cada jornada de trabalho.

  • CARTILHA DO PEDREIROCARTILHA DO PEDREIRO

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  • CARTILHA DO PEDREIROCARTILHA DO PEDREIRO

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  • CARTILHA DO PEDREIROCARTILHA DO PEDREIRO

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    6. Locao da ObraLocar ou marcar a obra uma das etapas de maior importncia na cons-truo. Ela consiste em medir e assinalar no terreno a posio dos furosou valas de fundaes, paredes, colunas e outros detalhes, tudo de acor-do com o projeto.

    Se a locao de uma obra for feita com erros de medidas, esquadro, etc.a mesma ter prejuzos em funo do aumento de materiais empregados(pois as dimenses do projeto so alteradas, aumentando assim o des-perdcio de materiais), e do tempo gasto para construir novamente ou sejarefazer o que j foi construdo. Trata-se ento de uma das etapas maisimportantes de uma obra e que merece ateno especial quando se estrealizando.

    A locao de pequenas construes necessita das seguintes ferramentase materiais:

    Trena metlica ou de fibra

    Escala

    Mangueira de nvel

    Esquadro

    Prumo de centro

    Linha de pedreiro

    Martelo

    Marreta

    Faco

    Barbante

    Piquetes ou estacas de madeira

    Ripes

    Pregos

    Plantas

    Para iniciar a locao necessrio que o terreno esteja limpo sem a pre-sena de lixo, raizes ou entulhos, materiais de construo, etc..

    Devem ser identificadas as estacas ou outros marcos do terreno, que se-jam at mesmo de uma construo vizinha, uma rua, etc. para que se te-nha uma referncia do lote e se estabelea um alinhamento (lado doterreno).

    Referncia do lote no Terreno

    Fixa-se uma linha nas estacas desse alinhamento (que o primeiro levan-tado em campo) e se obtm o alinhamento fixo. Loca-se o segundo ali-nhamento do terreno (alinhamento mvel) utilizando o procedimento doesquadro: amarra-se um pedao de barbante no alinhamento fixo a 60cma partir do cruzamento com o mvel, amarra-se tambm no alinhamentomvel um pedao de barbante a 80cm do mesmo modo (a partir do cru-zamento das linhas). Estica-se uma trena ou escala com o zero da mes-ma partindo do ponto onde est o barbante do alinhamento fixo at ocomprimento de 1 metro (100 centmetro) e movimenta-se o ponto do ali-nhamento mvel at coincidir com a medida de 1 metro da trena. Crava-se uma estaca e estabelece-se assim o segundo alinhamento (segundolado do terreno). Os demais lados ou seja os outros dois restantes soobtidos das mesma forma sendo que o alinhamento mvel anterior passaa ser o alinhamento fixo.

  • CARTILHA DO PEDREIROCARTILHA DO PEDREIRO

    1717

    Locao dos Alinhamen-tos (Lados do Terreno)

    EsquadroDepois de marcados todos os la-dos do terreno deve-se medir oslado opostos do terreno e compar-los. Se as medidas no forem iguaisexiste erro de esquadro em algum ali-nhamento. necessrio ento verificaras operaes em todos os alinhamentos.

    Obtida a marcao dos alinhamentos do terreno, inicia-se a montagem dogabarito que pode ser em tbua corrida (contnuo) ou em cavaletes.

    Gabarito comCavaletes

    GabaritoContnuo

    Em funo da leitura da planta baixa, obtm-se as medidas dos recuos ou afastamentosdos limites do lote at as paredes exter-nas. Marcam-se os pontos desses recu-os nos alinhamentos do terreno fixandopara isto pedaos de barbantes.

    Estendem-se linhas passando pelospontos marcados e cravam-se estacasaprumadas afastadas de 50cm dessaslinhas. Estabelece-se assim o primeirolado do gabarito.

  • CARTILHA DO PEDREIROCARTILHA DO PEDREIRO

    1818

    Armao do Gabarito

    Fixa-se um ripo nasestacas do lado estabeleci-do nivelando-o a no mnimo20cm do ponto mais alto do terreno.As estacas intermedirias devem estar ali-nhadas com as das extremidades. Repete-se omesmo procedimento para a armao dos outros la-dos fechando-se o gabarito.

    Armao do Gabarito

    Sobre os ripes do gabarito pronto,faz-se a marcao das faces das paredes:Estendem-se as linhas de marcao dos recu-os passando pelos seus pontos (linha demarcao de uma parede externa) marca-dos nos alinhamentos do terreno. Trans-porta-se para o ripo do gabarito(atravs do prumo de centro).

    Gabarito Completo

    Marcao das Faces dasparedes no gabaritos

  • CARTILHA DO PEDREIROCARTILHA DO PEDREIRO

    1919

    7. Escavao da ObraA escavao da obra consiste nos servios de abertura de furos ou valasno terreno na posio onde ser construda a fundao. Para realizar aescavao necessrio que o gabarito esteja pronto com a marcao dasparedes e com o nvel estabelecido.

    Atravs das linhas de marcao do gabarito (linha de eixo de paredes, li-nha de face das paredes e da fundao) marca-se no terreno a rea ouos furos onde ser escavado, utilizando-se para isto um cavador reto, ob-servando-se nesta operao, a sua verticalidade ou o prumo de centro,no caso da escavao de furos. Com a referncia de nvel estabelecida(linha de nvel) marca-se a profundidade da escavao.

    A abertura das valas ou furos feita com a utilizao de picaretas, cava-dores e trados, a remoo do material com os ps e enxadas e a regula-rizao das faces das valas ou furos com o cavador reto. Com o prumo deface encostado na linha de marcao das valas obtm-se a verticalizaodas faces (bordas). Na escavao dos furos, faz-se na medida que se es-cava, a verificao da prumada do trado para que o mesmo esteja em di-reo vertical. Com a utilizao de uma escala medindo a altura da linhade eixo de parede (que tambm a linha de nvel pois o gabarito est ni-velado) at a base da vala ou furo, obtm-se o nivelamento da base con-forme indicado na figura abaixo.

    O material escavado deve ser depositado a uma distncia mnima de 50cm da borda da vala, permanecendo neste local at ser utilizado como ater-ro ou ser removido da construo caso no tenha utilidade.

    Escavao com Valas

    Escavao com Furos

  • CARTILHA DO PEDREIROCARTILHA DO PEDREIRO

    2020

    8. FundaoA fundao a base de sustentao de toda a construo, tem a impor-tante funo de transmitir ao terreno todo o seu peso. Existem vrios ti-pos de fundao: sapatas soldadas ou corridas, alvenaria de pedra, blocosde concreto, estacas metlicas e de concreto armado, etc..

    A escolha do tipo de fundao depende de estudos iniciais da resistnciado solo no local da construo e das cargas (peso) da construo.

    8.1. Fundao em Estaca BrocaCom o gabarito construdo, localizam-se os pregos de marcao das pare-des da casa e divide-se ao meio (7,5 cm de distncia dos pregos) em se-guida, fixamos um prego neste ponto obtendo-se assim o eixo da parede.Amarramos uma linha de um prego de eixo ao outro de uma mesma pare-de e fazemos o mesmo para a parede que a encontra no mesmo canto.No cruzamento das linhas encontrado o eixo das estacas.

    Locao de estacas

    O eixo das estacas transportado parao terreno atravs do prumo de centro ob-tendo-se a marcao do local onde amesma ser construda.

    A escavao feita com a utilizao de umtrado (ver assunto de escavao) iniciadana parte mais baixa do terreno. A profun-didade da primeira estaca determina-da medindo-se a altura entre a linha denvel (que a mesma do eixo das pa-redes) at a marcao da estaca nocho, acrescentando-se a altura da es-taca. Esta profundidade a altura en-tre a linha de nvel e o fundo da estacae ser a mesma para todas as outras es-tacas. Ou seja, se uma estaca tiver a profun-didade de 2m, e se a distncia da linha de nvel aoterreno for 35cm, a profundidade de todas as valas ser de 2,35m, a par-tir da linha de nvel.

    Realizadas a escavao das estacas, prepara-se o concreto com trao1:3,5:4 de cimento, areia e brita e lana-se um pouco no fundo das mes-mas at a altura de 4 cm. Coloca-se a ferragem das estacas do incio edo fim de uma parede com espaadores e aprumam-se as ferragens emrelao ao cruzamento das linhas de eixo. Alinham-se as estacas interme-dirias de acordo com as das extremidades, lana-se concreto nos furose vibra (soca) com um pedao de vergalho at chegar ao nvel da estaca.

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    8.2. Viga BaldrameFaz-se o mesmo procedimento utilizado nas estacas para marcar no ter-reno o eixo da parede que tambm o eixo da viga. Marca-se com a es-cala 5 cm para cada lado obtendo-se a largura da viga (10,0cm). Cravam-sepiquetes ou vergalhes em cada marcao, estendem-se as linhas entreos mesmos e faz-se no cho, a marcao das valas.

    Retiram-se as linhas e os piquetes e comea-se a escavao das valascom p e picareta, todas niveladas a 4 cmabaixo das estacas.

    Prepara-se o concreto magro com otrao 1:5:5 de cimento, areia e bri-ta, lana-o na vala e nivela-se comum sarrafo apoiado nas estacas.

    Aps a colocao do concreto ma-gro montam-se as formas e colo-cam-se as ferragens comespaadores. Prepara-se o concretocom trao 1:3,5:4 de cimento, areia,brita, e lana-o na forma at a alturada viga.

    8.3. Construo da Camada deConcreto MagroO concreto magro uma camada de concreto fraco, de resistncia baixacom pouco cimento, muito agregado e pouca gua, apresentando-se deforma farofada. Sua funo regularizar a base da vala tornando-a nivela-da, ocupando toda a rea que receber a estrutura de uma fundao.

    O concreto magro utilizado em fundaes do tipo sapata corrida, vigasbaldrames, etc..

    Conferido o nvel no fundo da vala, cravam-se piquetes ao longo da mesma com al-tura de 5 cm e espaamento mximode 2.00 metros (comprimento dargua).

    A altura que devemos cravar os pi-quetes, igual a distncia entre alinha de nvel ao fundo da vala me-nos 5 cm, ou seja, se a distncia forde 52 cm o piquete ser cravado at47 cm.

    Prepara-se o concreto magro no trao1:5:5 de cimento, areia e brita e lana-se nasvalas at a altura dos piquetes. Espalha-se o con-creto com a colher de pedreiro e nivela-o com a rgua de alumniosarrafeando-o na altura do piquete. Com um soquete, apiloa-se (soca) oconcreto para que a camada se torne firme ao cho da vala.

    Construo do Concreto Magro

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    8.4. Construo de Sapatas CorridasA sapata corrida um tipo de fundao emconcreto armado, ou seja concreto comferragens que serve para suportar todoo peso da construo. Ela constru-da sobre uma camada de concretomagro e suas dimenses dependemdo porte das obras.

    Sobre a camada de concreto magro,colocam-se as ferragens da sapatacorrida com os espaadores (calos)para evitar o contato das ferragenscom a superfcie do concreto magro.

    Prepara-se o concreto estrutural (concretoresistente, forte) no trao 1:3,5:4 de cimento, areiae brita, lana-o dentro das valas sobre as ferragens. Espalha-se o concre-to com a colher de pedreiro, vibra (soca) o mesmo com uma haste de fer-ro ou com a ponta da colher e faz -se o nivelamento a partir da linha denvel. A medida da altura utilizada no nivelamento (altura da linha at asuperfcie da sapata corrida) obtida diminuindo a altura da linha de nvelat a camada do concreto magro com a altura da camada da sapatacorrida.

    8.5. Construo de Alvenaria de BlocoEstruturalOs blocos estruturais so blocos de concreto pr-moldados, fabricados comcimento, areia e pedrisco. So utilizados nas fiadas intermedirias da fun-dao com a parede, como tambm, em todas as fiadas de uma parede.

    Sobre uma fundao em sapata corrida, molha-se a sua superfcie, polvi-lha-se com cimento e estende-se a linha de marcao do eixo das pare-des que se encontra marcado no gabarito. Assenta-se, em cadaextremidade, um bloco estrutural com argamassa de cimento e areia notrao de 1:5. No bloco deve ser marcado seu eixo para que coincida amarcao do eixo do bloco com a ponta do prumo de centro que sair dalinha de eixo da parede.

    Detalhe da Prumada de Centro da Alvenaria de BlocoEstrutural

    Com o bloco na direo do eixodas paredes, procedesse aoperao de prumada daface interna e do nivela-mento conforme indicadona figura ao lado:

    Detalhe da Pruma-da da Face e doNivelamento da Al-venaria de Bloco deConcreto Estrutural

    Assentados os blocos das extremida-des (cabeceira) , fixam-se duas linhas (uma

    em cima outra em baixo da face aprumada) eos distorce (encosta-os totalmente nas li-

    nhas). Completa-se a fiada assentando-se os demais blocos estruturaiscolocando-se a argamassa da juntahorizontal na rea em que sero as-sentados os blocos, posicionando-se os mesmos atravs da operaode alinhamento.

    Construoda SapataCorrida

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    Detalhe da Alvenaria de Blocode Concreto Estrutural

    Depois de completar a alvenaria ne-cessrio encher os furos dos blocoscom concreto no trao 1:3,5:4 de ci-mento, areia e gravilho (brita 0).Quando h ferragem vertical na sa-pata, os blocos estruturais devemser assentados de forma que estaferragem fique dentro destes furos.

    8.6. Construo deAlvenaria de Bloco de ConcretoEstrutural Tipo CalhaOs blocos calhas so blocos de concreto pr-moldados, fabricados da mes-ma forma que o bloco estrutural. So utilizados como cinta de amarrao(vigas) de fundaes ou paredes.

    Sobre uma alvenaria de blocos estruturais assentam-se 2 (dois) blocoscalhas nas extremidades (cabeceiras), aprumados na mesma face que foiaprumado o bloco estrutural com argamassa de cimento e areia no traode 1:5. Fixa-se uma linha entre os blocos, na parte de cima dos mesmose completa-se a fiada assentando-se os demais blocos calhas, colocan-do-se a argamassa da junta horizontal em cima da fiada de bloco estrutu-ral posicionando-os atravs da operao de alinhamento ou sejaencostado-os na linha.

    Detalhe da Prumada doNivelamento da Alvenariade Bloco Calha

    Construda a alvenaria de blococalha, colocam-se as ferragensnas calhas, prepara-se um con-creto no trao 1:3,5:4 de ci-mento, areia e gravilho (brita 0)e lana-o sobre a calha. Espalha-se o concreto com a colher depedreiro e vibra (soca) o mesmocom uma haste de ferro ou com aponta da colher de pedreiro at a alturado bloco.

    8.7. Construo de Fundao em Alve-naria de PedraA fundao em alvenaria de pedra um tipo fundao construda em ter-renos firmes e resistentes. constituda de pedras bruta unidas com ar-gamassa de cimento e areia.

    A construo feita sobre a base da vala, colocando-se uma camada deargamassa no trao 1:5 de cimento e areia e sobre esta camada as pe-dras, de modo que fiquem todas bem assentadas e posicionadas para queas brechas (vazios) sejam reduzidos ao mximo. Nos espaos existentesentre as pedras grandes so colocadas pedras pequenas e nos demaisespaos coloca-se argamassa de forma que a mesma penetre nos vazios.

    Detalhe da 1 Camada daAlvenaria

    Quando a alvenaria estiver fora da vala, devem-se utilizar pedras que te-nham pelo menos uma face regularizada para alinhar a fundao. A cons-truo feita em camadas e alcanando-se a altura da fundao, nivela-sea ltima camada.

    Detalhe de Todas as Camadasda Fundao de Alvenariade Pedra

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    9. Parede9.1. Alvenaria de Bloco CermicoUma alvenaria em geral constituda por blocos cermicos mas tambmpode ser feita com outros elementos como blocos de concreto, blocos devidro, tijolos macios, etc.. A alvenaria tem a funo de separar ou iso-lar as reas dos cmodos (quartos, sala, cozinha, etc. bem como sepa-rar a rea externa que est em sua volta (ruas, outras construes, etc.)alm de ser a estrutura principal da parede.

    construda em cima da fundao e em camadas de blocos cermicostambm chamadas de fiadas todas com o mesmo alinhamento. Estas fi-adas so assentadas em uma nica direo vertical (prumada) e devemter a mesma altura do incio ao fim de cada fiada ( nivelamento).

    Com dimenses padronizadas, (veja assunto de materiais de construo)os blocos so assentados lado a lado com elementos de ligao que sochamados de juntas e so feitas de argamassa. As fia-das de cima amarram as fiadas de baixo com o as-sentamento do bloco na junta vertical dafiada de baixo. A altura das juntas de1,5 a 2,0cm

    No incio da construo da alvenaria da parede, tambm chamado de le-vante de parede, deve-se fazer a limpeza da superfcie da fundao e pol-vilhar com cimento esta superfcie, apenas a rea em que sero assentadosos blocos. Deve-se ter ateno na construo da primeira fiada pois setrata da fiada que ir marcar todas as paredes (fiada de marcao).

    Os primeiros blocos a serem assentados so os das extremidades (incioe fim da fiada) de duas paredes que se encontrem. A direo dessas fia-das obtida com a marcao no gabarito daface interna da parede (descontando da li-nha da parede a medida doreboco=2.5cm) ou com o eixo da fun-dao.

    Marcao dasPrimeiras Fiadas

    Obtida a direo das duas primeiras fiadas, estica-se uma linha nessa di-reo em cada fiada e assentam-se os blocos das extremidades das duasparedes: Coloca-se argamassa na superfcie polvilhada, fixam-se os blo-cos nesta argamassa, apruma-os batendo com a lmina da colher na partede cima do bloco, nivela-os eesquadrejam-se os blo-cos que so de en-contro das fiadas.

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    Feita a marcao das duas primeiras paredes, procede-sea marcao das paredes opostas s duas primeiras.

    Repete-se o mesmo procedimento para o bloco da outra extremidade como mesmo comprimento lido em planta e marca-se a terceira parede. Aquarta parede fecha um vo da casa e obtida da mesma forma que foimarcada a terceira parede.

    Com os blocos das extremidades de todas as paredes j marcadas,iniciamos o fechamento das fiadas. Obtemos o alinhamento da fiada comduas linhas fixadas uma em cima e outra em baixo da face dos blocos dasextremidades de uma mesma fiada.

    Com estas linhas fixas, posicionamos os blocos intermedirios j com ar-gamassa no lado dos furos (frente) em cima da argamassa da base e aper-tamos em direo aos furos do bloco anterior.

    Alinhamento da Fiada

    Nas fiadas em que h marcao dos vos de portas, devemos marcar umcomprimento, a partir do bloco da boneca, da largura da porta mais afolga do contra marco e deix-lo livre sem assentamento de bloco. Estaabertura na fiada serve para a colocao dos contra mar-cos ou aduelas das portas.

    A boneca um pedao de parede que variade 10 a 20 cm construdo entre a mar-ca do contra marco e a face do blo-co da fiada lateral.

    Quando observamos na planta baixa as paredes, vemos que h pontos emque as mesmas formam cantos, encontros ou cruzamentos.

    Estes pontos devem ser identificados e analisados cada um para que hajaamarrao de uma fiada com a outra.

    O exemplo a seguir mostra as paredes de uma planta baixa e define o es-quema de amarraes que existir na fase do levante de blocos cermi-cos.

    Exemplo deum Esquemade Armaode Paredes

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    As amarraes de canto deparede ocorrem quando umafiada encontra outra nas suasextremidades (incio ou fim).

    As amarraes de encontro deparede ocorrem quando umafiada encontra apenas o incioou fim de outra. Pode ser najunta ou em toda a face do blo-co.

    As amarraes de cruzamentode paredes ocorrem quandouma fiada encontra outra semambas estarem nas suas ex-tremidades.

    No decorrer do levante de blocos cermicos, quando atingir o nvel de 1metro do piso pronto, geralmente entre a quinta e a stima fiadas (adepender da dimenso da altura do bloco) devemos ter paredes com ja-nelas. A marcao das janelas na alvenaria realizada utilizando-se a me-dida da posio da mesma, obtida na planta baixa com relao paredelateral e com a medi-da do vo que ficaraberto para o encaixeda janela na parede.Janelas prontas comcontramarco medema largura da janelaacrescentando 2.0cm de cada ladocorrespondendo a fol-ga do contramarco.

    Quando a construo estiver a mais ou menos 1,20 m de altura devemosbater o nvel, ou seja, marcar referncia de nvel em todos os comodosda mesma (cantos, encontros, vos de portas e janelas, etc.). Esta refe-rncia deve ser tirada na porta de entrada a 1 m do piso pronto, mas comono execultamos o piso nem o contrapiso vamos dar uma foga 5 cm mar-cando 1,05 m a partir da fundao que corresponde 1 m do piso pronto.

    Para construir as fiadas acima dos vos de portas, janelas, vos livres, etc. necessrio a construo de vergas para apoiar as mesmas.

    As vergas so peas de concreto armado com comprimento igual a largu-ra do vo mais 20cm de cada lado transpassando a alvenaria da parede.A altura da verga obtida utilizando-se a altura da janela, acrescentando-se a folga do contramarco conforme indicado na figura anterior. A verga nivelada a partir da refe-rncia de nvel da alvena-ria que 1.0 metro dopiso pronto.

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    Da mesma forma, as vergas de portas, basculantes, etc. so marcadas eniveladas.

    Quando a alvenaria passa do nvel das vergas de portas, janelas, etc. estprxima da altura do p direito. O p direito a altura compreendida en-tre o piso pronto e o teto ou nvel das peas da cobertura. Para marc-lonas fiadas do levante, obtm-se a altura na planta e a partir da refernciade nvel utiliza-se a medida desta altura descontando 1m do piso.

    Com a alvenaria construda at a altura do p direito, inicia-se a constru-o de outra fase do levante que so as empenas. As empenas so alve-narias de formato triangular com a mesma inclinao da cobertura,utilizadas para apoiar a estrutura de madeira da mesma. Atravs do pro-jeto (corte) identificamos as paredes em que sero construdas as empe-nas e obtemos a medida da altura que cada uma ter em relao ao pisopronto. Com esta medida marcamos a empena.

    Para executamos a alvenaria da empena fixamos dois barrotes um em cadaextremidade da parede e marcamos nele a altura de cada lado da empe-na, esticamos uma linha ligando as duas alturas e apartir da construimosa empena.

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    10. Acabamentos10. 1. Revestimento O revestimento de uma parede pode ser feito em uma ou mais camadasde argamassa tornando a mesma mais resistente e com uma superfcieplana, nivelada de aspecto liso.

    As camadas de revestimento da parede so construdas sobre a alvenariae cada uma tem uma funo:

    Chapisco

    Camada irregular sem nenhum aspecto de acabamento feito de argamas-sa forte aplicada sobre a superfcie de alvenaria. Sua funo melhorar aunio entre a superfcie da alvenaria e a camada do revestimento.

    O chapisco deve ser lanado fortemente sobre a alvenaria com a colherde pedreiro. A camada aplicada deve cobrir toda a alvenaria no ultrapas-sando 0,5cm de largura.

    Emboo

    Camada de argamassa mais fraca assentada sobre a superfcie daalvenaria j chapiscada. utilizada para cobrir buracos das jun-tas dos blocos e eventuais falhas da alvenaria, proporcio-nando uma superfcie regularizada. Deve apresentaracabamento no liso (sem estar desempolado)para facilitar a unio com o reboco. Sua lar-gura varia entre 1,0cm a 2,5cm deven-do ser aplicado com no mnimo 24horas aps a aplicao do chapisco.

    Reboco

    Camada de argamassa assentada sobre a superfcie da alvenaria jchapiscada (massa nica) ou sobre o emboo, com a finalidade de unir-se alvenaria da parede tornando-a lisa e bem nivelada.

    Sua largura varia entre 1,5 a 2,5cm e deve ser construda com no mnimo7 dias aps a aplicao do emboo, com os marcos, aduelas, peitoris, caixade luz, etc., colocados.

    O reboco deve apresentar-se perfeitamente desempenado, aprumado, ali-nhado e nivelado.

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    Quando toda a rea da alvenaria j estchapiscada, iniciamos a construo do reves-timento com a marcao do mesmo atravsdas mestras. As mestras so pedaos de ma-deira ou cermica (bloco ou piso cermico)com dimenses em torno de 25cm x 5cm x0,5cm (comprimento, largura e altura ) queservem para marcar a distncia entre a faceda alvenaria at a superfcie do reboco. Aquantidade de mestras necessrias dependedo comprimento da rgua.

    Com uma rgua de 2,0metros e a altura daparede de 2,6metros

    sero necessrias 3 (trs) mestras na dire-o vertical da parede o mesmo raciocnio utilizado para as mestras horizontais (na di-reo do comprimento da parede). A rguadeve ser apoiada sobre a mestra com umafolga de pelo menos 10cm de sua ponta.

    Iniciamos a marcao das mestras,tambm chamadas de pontos do rebo-co, primeiramente na direo do com-

    primento da parede (mestras de baixo)a uma altura em torno de 50cm da base

    da alvenaria esquartejando as mestras deduas paredes que se encontram (amarra-

    es) de preferncia a que tem porta.

    O assentamento das mestras fei-to com colocao de argamassa

    na rea em que ser fixada amestra, pressionando a mes-ma com a colher de pedreiroat a medida do reboco (1,.5a 2,0cm).

    Da mesma forma assentamos a mestra da outra extremidade. As mes-tras intermedirias so obtidas atravs da fixao de uma linha entre asmestras das extremidades (incio e fim da alvenaria) sendo assentada auma distncia em que possa ser apoiada a rgua.

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    A marcao das mestras opostas s duas primei-ras paredes feita assentando a mestra com adistncia indicada na planta das dimenses en-tre as paredes.

    Com as mestras da base j fixadas nas paredes,atravs da operao de prumada, marcamos asmestras das extremidades da parte de cima daparede.

    As mestras intermedirias dedireo vertical, sero assen-tadas com o auxlio de duaslinhas de nivelamento fixadasnas mestras das extremida-des.

    Feita a marcao com todasas mestras necessrias as-sentadas na alvenaria, co-meamos o revestimento daparede enchendo de arga-massa (chapando a paredecom a colher de pedreiro) afaixa formada pelas mestrasverticais. Com a rgua apoi-ada nas mestras, em movi-mentos de vai e vemcortamos a massa no nvelda mestra.

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    Com a faixa j nivelada ou seja cortada pela rgua na marca da mestra,enchemos as reas entre as mesmas, seguindo as zonas ou as de baixoou as de cima, sendo que as de cima necessitam da montagem de anda-imes para alcanar a parte mais alta da parede.

    Nivelamos a argamassa contida nas reas entre as mestras apoiando argua na faixa das mesmas:

    Com toda a alvenaria revestida de argamassa e nivelada com a rgua, ini-ciamos o desenpolamento da superfcie do revestimento utilizando adesempoladeira. Comeamos pela primeira zona que foi revestida de ar-gamassa pois a mesma j est "puxando" endurecendo a mais tempo. Pres-sionamos a desempoladeira em movimentos circulares sobre a argamassamolhando-a com o trincho dando acabamento liso ao revestimento. Uti-lizamos uma esponja no revestimento desempolado para torn-lo mais liso.

    Desempolamos toda a superfcie do revestimento at completar toda aparede.

    10.2. ArestametoNos revestimentos onde o reboco interrompido ou finalizado devido aoencontro de uma esquadria (porta, janela, etc.), nos encontros das pare-des externas (fachadas), encontros entre o madeiramento do telhado e aparede, etc. h necessidade de fazer o acabamento moldando esses ele-mentos. Este acabamento chamamos de arestamento.

    Os arestamentos das esquadrias (portas, janelas, basculantes, etc.) soconstrudos at a junta do contramarco. Para isso necessrio que a ar-gamassa do reboco passe da junta e quando a mesma estiver puxado, sejadado um corte com a colher de pedreiro apoiada em uma rgua apruma-da e posicionada na mesma direo da junta. Aps o corte retira-se a rguae desempola-se a aresta com uma desempoladeira de aresta.

    Nas arestas dos vo livres (onde no h contra marcos) necessrio oapoio de duas rguas (uma em cada lado da parede) ambas aprumadase esquadrejadas fixadas com atracadores ou presilhas (gancho de ferrode1/4") - ver ferramentas. Aps encher de argamassa o espao entre asrguas, espera-se a argamassa endurecer (puxar) corta-se e desempola-se a argamassa contida entre as rguas. Em seguida retiram-se as rguase faz-se o acabamento desempolando as laterais onde estavam as rguas.

    Nas arestas das fachadas, apoia-se a rgua na parede lateral a que estasendo rebocada, enche-se de argamassa e espera-se a mesma puxar. Re-tira-se a rgua e corta-se com a mesma o excesso que passa da paredelateral, em seguida desempolam-se as duas paredes.

    As paredes no concludas no mesmo dia, devem ter os bordos das mas-sas escorrificados (com pequenos cortes) completamente para que hajaperfeita unio nas emendas e permita-se a continuidade da superfcie namesma direo.

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    10.3. PavimentaoA pavimentao na construo de umacasa realizada em duas camadas: A pri-meira camada chamada de contrapi-so tem a funo de regularizar a reaa ser pavimentada tornando-a plana,resistente e nivelada. O contrapiso construdo em camada de solo cimen-to, concreto magro, etc. A Segunda ca-mada chamada de piso tem a funode resistir ao peso de pessoas, mveis,etc. como tambm dar aspecto de belezaao pavimento. A camada do piso construdasobre o contrapiso e pode ser feita com argamassa decimento e areia (cimentado), com cermica, pedras, etc.

    Contrapiso em Solo Cimento

    Iniciamos a construo do pavimento com a camada de contrapiso. Se oterreno das reas a ser pavimentada estiver com muitas ondulaes, necessrio a regularizao atravs de corte ou aterro do mesmo.

    Da mesma forma que no revestimento, marcamos as mestras necessri-as na rea em que ser construda a camada.

    A altura da camada do contrapiso esta em torno de 5cm, com esta alturaobtemos a altura do nvel at a mestra do contrapiso subtraindo os 5cm(altura da camada) da altura do nvel at o terreno.

    Como no revestimento das paredes, assenta-mos as mestras com colocao de argamas-

    sa na rea em que ser fixada a mestra,pressionando a mesma com a colher depedreiro at a medida com a trena daaltura do nvel a mestra do contrapiso.

    Assentamos a mestra da outra extre-midade da mesma forma . As mestrasintermedirias so obtidas atravs da fi-xao de duas linhas entre as mestras

    das extremidades (incio e fim dos lados)sendo assentada a uma distncia em que

    possa ser apoiada a rgua. Nas mestras inter-medirias de direo oposta (em direo ao peda-

    o de madeira da mestra) utilizamos apenas uma linha.

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    Feita a marcao das mestras do contrapiso, comeamos a construodo mesmo, enchendo ( em pelo menos 2 camadas at passar da alturada mestra) de argamassa de solo cimento trao de 1:15 a faixa formadapelas mestras dos lados da rea a ser pavimentada. A cada camada de-vemos compactar (socar) atravs do soquete (ver assunto de ferramen-tas) para dar resistncia ao contrapiso. Com a rgua apoiada nas mestras,em movimentos de vai e vem, cortamos a argamassa de solo cimento quepassa do nvel da mestra.

    Com as faixas j nivelada ou seja cortada pela rgua, enchemos em pelomenos 2 camadas at passar da altura da faixa, com solo cimento as reasentre as mesmas socando cada camadas.

    Nivelamos a argamassa de solo cimento contida nas reas entre as mes-tras que passam do nvel da faixa apoiando a rgua nas mesmas conclu-indo a camada de contrapiso do pavimento.

    Piso cimentado

    A construo do piso cimentado feita sobre ocontrapiso. Procedemos da mesma forma paraobter a marcao das mestras, fixando as linhasentre as mestras das extremidades (incio e fimdos lados) para obter as mestras intermedirias,enchendo de argamassa de cimento e areia notrao de 1:5 a faixa formada pelas mestras es-palhando-a com a colher de pedreiro. Antes delanar a argamassa na superfcie do contrapiso,polvilha-se cimento para melhorar a unio entreas camadas.

    A altura da camada do piso est em torno de 3cm.

    Como no contrapiso, obtemos a altura do nvelat a mestra do piso subtraindo os 3 cm (al-tura da camada) da altura do nvel at o contra-piso.

    Nivelamos a argamassa contida entre as mestrasapoiando a rgua nas mesmas, cortando a arga-massa que passa do nvel das mestras.

    Formadas as faixas entre as mestras lana-se e espalha-se (com a colherde pedreiro) argamassa entre as mesmas como no contrapiso. Nivela-secom a rgua, retirando a argamassa acima do nvel das faixas. Em segui-da, iniciamos o desempolamento da superfcie do cimentado utilizando adesempoladeira. Pressionamos a desempoladeiraem movimentos circulares sobre a argamas-sa molhando-a com o trincho dando aca-bamento liso ao pavimento.Desempolamos toda a superfcie cober-ta de argamassa at completar todo opavimento.

  • 11. Bibliografia

    Associao Brasileira de Cimento Portland

    Mos Obra

    Orientao para construo ou reforma de sua casa

    Chaves, Roberto

    Como construir uma casa: Concreto, Alvenaria, Pintura,

    Telhado e Instalaes 12a ed. Rio de Janeiro: ediouro

    1997

    REALIZAO:

    GOVERNO DO ESTADO DA BAHIA

    PRODUO:

    UNEB

    PROGRAMA APRENDENDO E CONSTRUINDO

    AUTORIA:

    Esta cartilha foi elaborada por

    Adilson Brito de Arruda Filho,

    Sandro Luiz da Silva

    e Warley Pitanga Sousa,

    licenciados em construo civil,

    com superviso tcnica

    de Lcia Edna Zelley Matos Andrade

    e Rubens Jos Ferreira Barros,

    integrantes do Programa de Tecnologias da Habitao - THABA

    DIAGRAMAO E ILUSTRAO:

    Vera Lcia Santos Quadros

    Jonathas Sousa de Medeiros

    Jos Carlos Baio Ferreira

    fren Ferreira

    IMPRESSO E ACABAMENTO:

    Grfica Uneb

    1 TIRAGEM 3.000 - MAIO DE 2001

    REPRODUO AUTORIZADA DESDE QUE CITADA A FONTE.

    CARTILHA DO PEDREIRO

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