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Curso de Especialização em Gestão Estratégica em Finanças Direito empresarial http://professorhoffmann.wordpress.com | 115 8. DIREITO EMPRESARIAL 8.1 Noções gerais Não é somente o direito que regula a atividade comercial. Como fato social e econômico, o comércio é uma atividade humana que põe em circulação a riqueza produzida, aumentando-lhe a utilidade. No início, pela impossibilidade em que se encontravam os indivíduos para saciarem, com suas próprias aptidões e recursos, foram então levados a se aproximarem uns dos outros para trocar produtos excedentes de seu trabalho. O homem, por isso, tende à vida em grupo, constituindo-se em sociedade. A fase primitiva da sociedade, caracterizada pela permuta dos produtos do trabalho individual efetuada diretamente de produtor a consumidor, em movimento equivalente, chama-se economia de troca. Devido ao desenvolvimento da sociedade, complicou-se o sistema de troca. Surge, todavia, uma mercadoria-padrão, que serve de intermediária no processo circulatório. Conchas, animais, sobretudo bois e, posteriormente, metais preciosos, servindo como denominador comum do valor, é um mecanismo facilitador da troca. É a moeda. A economia de troca evolui para a economia de mercado. O produtor já não mais produz para a troca. Passa a produzir para vender, adquirindo moeda, para aplicá-la como capital em novo ciclo de produção. Há a especialização do produtor numa única linha de produção, na que se considera mais hábil ou que melhor proveito lhe proporciona. Assim, temos que o conceito econômico de comercio é aquele ramo de produção econômica que faz aumentar o valor dos produtos pela interposição entre produtores e consumidores, a fim de facilitar a troca das mercadorias. Juridicamente define-se o comércio como o complexo de atos de intromissão entre o produtor e o consumidor, que, exercidos habitualmente com fim de lucros, realiza, promovem ou facilitam a circulação dos produtos da natureza e da indústria, para tornar mais fácil e pronta a procura e a oferta. Ante o extraordinário desenvolvimento da economia capitalista, cuja técnica criou a produção em massa, novos personagens surgiram, sendo uma das novas figuras o empresário. Por empresa passou a se compreender não como a cadeia de atos

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Curso de Especialização em Gestão Estratégica em Finanças Direito empresarial

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8. DIREITO EMPRESARIAL

8.1 Noções gerais

Não é somente o direito que regula a atividade comercial. Como fato

social e econômico, o comércio é uma atividade humana que põe em circulação a riqueza

produzida, aumentando-lhe a utilidade.

No início, pela impossibilidade em que se encontravam os indivíduos

para saciarem, com suas próprias aptidões e recursos, foram então levados a se

aproximarem uns dos outros para trocar produtos excedentes de seu trabalho. O

homem, por isso, tende à vida em grupo, constituindo-se em sociedade.

A fase primitiva da sociedade, caracterizada pela permuta dos produtos

do trabalho individual efetuada diretamente de produtor a consumidor, em movimento

equivalente, chama-se economia de troca.

Devido ao desenvolvimento da sociedade, complicou-se o sistema de

troca. Surge, todavia, uma mercadoria-padrão, que serve de intermediária no processo

circulatório. Conchas, animais, sobretudo bois e, posteriormente, metais preciosos,

servindo como denominador comum do valor, é um mecanismo facilitador da troca. É a

moeda.

A economia de troca evolui para a economia de mercado. O produtor já

não mais produz para a troca. Passa a produzir para vender, adquirindo moeda, para

aplicá-la como capital em novo ciclo de produção. Há a especialização do produtor numa

única linha de produção, na que se considera mais hábil ou que melhor proveito lhe

proporciona.

Assim, temos que o conceito econômico de comercio é aquele ramo de

produção econômica que faz aumentar o valor dos produtos pela interposição entre

produtores e consumidores, a fim de facilitar a troca das mercadorias.

Juridicamente define-se o comércio como o complexo de atos de

intromissão entre o produtor e o consumidor, que, exercidos habitualmente com fim de

lucros, realiza, promovem ou facilitam a circulação dos produtos da natureza e da

indústria, para tornar mais fácil e pronta a procura e a oferta.

Ante o extraordinário desenvolvimento da economia capitalista, cuja

técnica criou a produção em massa, novos personagens surgiram, sendo uma das novas

figuras o empresário. Por empresa passou a se compreender não como a cadeia de atos

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de comércio isolados, mas a organização dos fatores de produção, para a criação ou

oferta de bens ou de serviços em massa.

O primeiro passo para edificar o direito comercial moderno sobre o

conceito de empresa foi dado na Alemanha, no Código Comercial de 1.897. Pela definição

do art. 343, atos de comercio são todos os atos de um comerciante que sejam relativos a

sua atividade comercial.

8.2 História do direito comercial no Brasil

Como qualquer outro ramo do direito, no período do Brasil-colônia as

relações jurídicas pautavam-se, pela legislação de Portugal.

Quando para cá veio a família real, novo status ao direito comercial foi

dado, passando a haver uma composição de um direito mais de natureza e finalidade

econômica do que propriamente comercial. Já em 1808 houve a chamada Lei de Abertura

dos Portos, abrindo-se ao comércio dos povos. Cria-se o Banco do Brasil em 12.10.1808.

Em 25.06.1850 foi sancionada a Lei nº 556, que promulgava o Código

Comercial brasileiro, até os dias de hoje elogiado pela precisão e técnica de sua

elaboração. Após, no mesmo ano surgiu o Regulamento nº 737.

O Código Civil de 2002 absorveu em sua magnitude o direito comercial,

com exceção dos títulos de crédito.

8.3 Teorias dos atos do comércio

O antigo Código Comercial tinha por fundamento esta teoria, baseada

no corporativismo existente nas corporações de ofício surgidas na Europa durante o

renascimento comercial.

A burguesia desenvolveu um conjunto de regras destinadas a regular

sua atividade comercial e que se aplicavam unicamente àqueles inscritos nos registros

das chamadas corporações de ofício, sempre que praticassem determinados ‘atos de

comércio’.

Assim, uma pessoa (física ou jurídica) encontrava-se submetida às

regras do Direito comercial, pela teoria dos atos do comércio se a atividade profissional

que exercesse estivesse abrangida por aquele instituto jurídico. Tais atividades

compreendiam:

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a) a compra e venda de bem móvel ou semovente, para sua revenda, por

atacado ou a varejo, industrializado ou não, ou para lugar o seu uso;

b) operações de câmbio, banco e corretagem;

c) as empresas de fábricas, de comissões, de depósito, de expedição, de

consignação e transporte de mercadorias, de espetáculos públicos;

d) os seguros, fretamentos, riscos;

e) quaisquer contratos relativos ao comércio marítimo e à armação e

expedição de navios.

8.4 Comerciante

Nos termos da clássica definição era toda pessoa que praticava

profissionalmente atos de intermediação de mercadorias na troca, com intuito de lucro.

Não se compreendia nesta conceituação a noção de prestação de serviços como

atividade econômica.

As condições identificadoras do antigo comerciante e do próprio

empresário podem ser elencadas da seguinte maneira: a) intermediação: atos

praticados pelo comerciante e agora empresário, de forma a permanecer como agente

ativo na circulação de mercadorias; b) especulação com intuito de lucro: é ínsita à

atividade comercial e empresarial; c) profissionalidade: é a prática ou o exercício regular

e habitual do comércio, o que o torna comerciante, surgindo daí a necessidade da

inscrição perante as Juntas Comerciais; d) capacidade: o exercício por pessoa física exige

que esta tenha capacidade civil plena.

8.5. Empresa

Também tratada como teoria da empresa, surgiu na Itália em 1942 e

tem como fundamento a atividade econômica e sua organização. Assim, conceitua-se

empresa como sendo toda atividade econômica, exercida de forma repetida e

organizada, com vistas à produção ou à circulação de bens ou de serviços. Esta abarca a

parte da atividade de prestação de serviços.

Decorre de tal conceito uma impessoalidade, no sentido de assegurar a

continuidade da atividade empresarial, ainda que sob a administração de outras pessoas

que não aquela que iniciou o seu exercício.

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Assim, em termos gerais, o tradicional comerciante, aquele que

praticava ‘atos de comércio’, modernamente poderia passar a ser chamado de

empresário, como sendo aquele que exercesse determinada atividade econômica

organizada, com vistas à produção ou à circulação de bens ou de serviços.

8.6 Empresário

Nos termos do artigo 966 do Código Civil:

Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade

econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços.

Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão

intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares

ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa.

O empresário, portanto, é a aquele que exerce profissionalmente a

atividade econômica. A profissionalidade no desenvolvimento da empresa diz respeito à

habitualidade com que é exercida a atividade, ou seja, sua reiteração. Não pode tratar-se

apenas de uma atividade eventual.

Além disso, exige-se a pessoalidade, contudo não o faz sozinho. Se vale

dos empregados ou profissionais prestadores de serviços, responsáveis pela força de

trabalho da empresa, atuando estes em nome do empregador.

A atividade deve ser econômica, voltada ao desenvolvimento da

economia.

Não se enquadram no conceito de empresas: as atividades civis

(vendedora de doces); os profissionais liberais (médicos, advogados e contadores); os

produtores rurais não registrados na junta comercial; as cooperativas, por expressa

disposição do Código Civil (982, § único) estas são consideradas sempre sociedades

simples.

A empresa pode ser desenvolvida por pessoas físicas ou por pessoas

jurídicas. Se quem exerce a atividade empresarial é pessoa física ou natural, será

considerada empresário individual. Se quem o faz é uma pessoa jurídica, será uma

sociedade empresária. Portanto, empresa é a atividade desenvolvida por empresário

individual ou por sociedade empresária.

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A pessoa física que desenvolve uma atividade produtiva pode ser

empresário individual, titular de empresa individual, porque se enquadra no conceito do

artigo 966, ou apenas executor de atividade civil.

Por outro lado, a pessoa jurídica pode ser uma sociedade empresária,

porque desenvolve atividade empresarial, também se adequando ao artigo 966, isto é,

seu objeto é a atividade própria de empresário, estando sujeita a registro; ou pode ser

uma sociedade simples, desenvolvendo apenas uma atividade civil, como as

cooperativas ou sociedade de profissionais que exercem atividade intelectual.

A distinção entre elas repousa também no que tange ao registro. As

sociedade empresárias para adquirirem personalidade jurídica, devem,

necessariamente, registrar-se na Junta Comercial, ao passo que as sociedade simples

adquirem personalidade jurídica com o registro no Ofício do Registro Civil de Pessoas

Jurídicas.

8.6.1 Capacidade para ser empresário

De acordo com o Código Civil, podem exercer a atividade de empresário

os que estiverem em pleno gozo da capacidade civil e não forem legalmente impedidos (CC,

972).

Legalmente impedidos são aqueles que encontram vedação total ou

parcial em lei para o desenvolvimento de atividade comercial, muito embora sejam

plenamente capazes (deputados e senadores – CF, 54, II, a; promotores de justiça, CF,

128, II, c; falido não reabilitado).

Sendo plenamente capaz, e não havendo vedação legal ao exercício da

empresa, a atividade é livre. O impedimento somente recai sobre aquele que é

administrador, disto resulta a possibilidade de ser o impedido sócio.

Não podem ser empresários:

a) as pessoas absolutamente incapazes (exceto quando autorizadas

judicialmente para continuação da empresa):

- os menores de 16 (dezesseis) anos;

- os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o

necessário discernimento para a prática desses atos;

- os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua

vontade;

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b) as pessoas relativamente incapazes (exceto quando autorizadas

judicialmente para continuação da empresa):

- os maiores de 16 (dezesseis) e menores de 18 (dezoito) anos;

- os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência

mental, tenham o discernimento reduzido;

- os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo;

- os pródigos;

c) os impedidos de ser empresário, tais como:

- os Chefes do Poder Executivo, nacional, estadual ou municipal;

- os membros do Poder Legislativo, como Senadores, Deputados

Federais e Estaduais e Vereadores, se a empresa “goze de favor decorrente de contrato

com pessoa jurídica de direito público, ou nela exercer função remunerada”;

- os Magistrados;

- os membros do Ministério Público Federal;

- os empresários falidos, enquanto não forem reabilitados;

- as pessoas condenadas a pena que vede, ainda que temporariamente,

o acesso a cargos públicos; ou por crime falimentar, de prevaricação, peita ou suborno,

concussão, peculato; ou contra a economia popular, contra o sistema financeiro nacional,

contra as normas de defesa da concorrência, contra as relações de consumo, a fé pública

ou a propriedade, enquanto perdurarem os efeitos da condenação;

- os leiloeiros;

- os cônsules, nos seus distritos, salvo os não remunerados;

- os médicos, para o exercício simultâneo da farmácia; os farmacêuticos,

para o exercício simultâneo da medicina;

- os servidores públicos civis da ativa, federais (inclusive Ministros de

Estado e ocupantes de cargos públicos comissionados em geral). Em relação aos

servidores estaduais e municipais observar a legislação respectiva;

- os servidores militares da ativa das Forças Armadas e das Polícias

Militares;

- estrangeiros (sem visto permanente);

- estrangeiros naturais de paises limítrofes, domiciliados em cidade

contígua ao território nacional;

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- estrangeiro (com visto permanente), para o exercício das seguintes

atividades:

- pesquisa ou lavra de recursos minerais ou de aproveitamento dos

potenciais de energia hidráulica;

- atividade jornalística e de radiodifusão sonora e de sons e imagens;

- serem proprietários ou armadores de embarcação nacional, inclusive

nos serviços de navegação fluvial e lacustre, exceto embarcação de pesca;

- serem proprietários ou exploradores de aeronave brasileira,

ressalvado o disposto na legislação específica;

Quanto aos portugueses, no gozo dos direitos e obrigações previstos no

Estatuto da Igualdade, comprovado mediante Portaria do Ministério da Justiça, podem

requerer inscrição como Empresários, exceto na hipótese de atividade jornalística e de

radiodifusão sonora e de sons e imagens; brasileiros naturalizados há menos de dez

anos, para o exercício de atividade jornalística e de radiodifusão de sons e de sons e

imagens.

Pela disposição do artigo 973 do CC, se pessoa legalmente impedida de

exercer atividade própria de empresário, se a exercer, responderá pelas obrigações

contraídas.

Os cônjuges, podem contratar sociedade entre si ou com terceiros,

desde que não se tenham casado no regime da comunhão universal ou no da separação

obrigatória de bens, conforme prescreve o artigo 977 do CC.

Pelo artigo 978 do CC, o empresário casado pode, sem necessidade de

outorga conjugal, qualquer que seja o regime de bens, alienar os imóveis que integrem o

patrimônio da empresa ou gravá-los de ônus real.

Ainda, nos termos do artigo 979 do CC, além de no Registro Civil, serão

arquivados e averbados, no Registro Público de Empresas Mercantis, os pactos e

declarações antenupciais do empresário, o título de doação, herança, ou legado, de bens

clausulados de incomunicabilidade ou inalienabilidade.

Por fim, dispõe o artigo 980 do CC que a sentença que decretar ou

homologar a separação judicial do empresário e o ato de reconciliação não podem ser

opostos a terceiros, antes de arquivados e averbados no Registro Público de Empresas

Mercantis.

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8.6.2 Registro do empresário e da sociedade empresária

Antes do início das atividades, tanto o empresário individual quanto a

sociedade empresária, devem, obrigatoriamente, registrar-se no órgão competente, que

é Junta Comercial da respectiva sede da empresa, conforme prescreve o artigo 967 do

CC: É obrigatória a inscrição do empresário no Registro Público de Empresas Mercantis da

respectiva sede, antes do início de sua atividade.

Pelo artigo 970 do CC, será assegurado tratamento favorecido,

diferenciado e simplificado ao empresário rural e ao pequeno empresário, quanto à

inscrição e aos efeitos daí decorrentes.

Somente serão arquivados os atos constitutivos de empresas

individuais ou sociedade empresárias se os documentos respectivos estiverem visados

por um advogado (Lei n° 8.906/94, art. 1º, § 2º).

O Serviço de Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins

(SINREM) é regulamentado pela Lei nº 8.934/94, sendo composto pelo Departamento

Nacional de Registro do Comércio e pelas Juntas Comerciais.

As juntas comerciais são responsáveis pelo registro das empresas,

sendo de três espécies os atos praticados por esta: matrículas (leiloeiros, tradutores

públicos, intérpretes), atos de arquivamento (registro de empresários individuais e

sociedade empresárias e cooperativas) e autenticações.

Enquanto não registrados seus atos constitutivos, as sociedades

empresárias não adquirem personalidade jurídica. Os atos de arquivamento abrangem

os contratos ou estatutos sociais das sociedades empresárias, atos constitutivos da

empresa dos empresários individuais, bem como futuras alterações, dissolução ou

extinção da atividade empresarial.

O ato sujeito a registro não pode, antes do cumprimento das respectivas

formalidades, ser oposto a terceiro, salvo prova de que este o conhecia (CC, 1.154).

Algumas empresas, como bancos, seguradoras, sociedades de crédito e

financiamento, de arrendamento mercantil, de navegação aérea e marítima, precisam de

autorização do Poder Público. A Junta Comercial, somente poderá, então, registrá-las se

referida autorização for apresentada.

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8.6.3 Obrigações dos empresários

Três são as obrigações fundamentais dos empresários individuais e das

sociedades empresárias, para que suas atividades sejam legalmente amparadas: a)

dever de arquivamento de seus atos constitutivos na Junta Comercial; b) dever de

escrituração dos livros empresariais obrigatórios; c) dever de levantar, periodicamente,

o balanço patrimonial e de resultado econômico da empresa.

8.6.3.1 Dever de inscrição

A inscrição do empresário individual é obrigatória, sendo feita

mediante requerimento encaminhado à Junta Comercial, contendo os seguintes

requisitos dispostos no artigo 968 do CC: A inscrição do empresário far-se-á mediante

requerimento que contenha: I - o seu nome, nacionalidade, domicílio, estado civil e, se

casado, o regime de bens; II - a firma, com a respectiva assinatura autógrafa; III - o capital;

IV - o objeto e a sede da empresa. § 1o Com as indicações estabelecidas neste artigo, a

inscrição será tomada por termo no livro próprio do Registro Público de Empresas

Mercantis, e obedecerá a número de ordem contínuo para todos os empresários inscritos. §

2o À margem da inscrição, e com as mesmas formalidades, serão averbadas quaisquer

modificações nela ocorrentes. § 3o Caso venha a admitir sócios, o empresário individual

poderá solicitar ao Registro Público de Empresas Mercantis a transformação de seu

registro de empresário para registro de sociedade empresária, observado, no que couber, o

disposto nos arts. 1.113 a 1.115 deste Código.

Pelo disposto no artigo 969 do CC, a mesma disposição deverá ser

tomada:

O empresário que instituir sucursal, filial ou agência, em lugar sujeito à

jurisdição de outro Registro Público de Empresas Mercantis, neste deverá também

inscrevê-la, com a prova da inscrição originária.

Parágrafo único. Em qualquer caso, a constituição do estabelecimento

secundário deverá ser averbada no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva

sede.

Os documentos necessários ao registro de uma empresa deverão ser

apresentados à Junta Comercial no prazo de 30 dias, contado da lavratura dos atos

respectivos. Nesse sentido é o artigo 1.151 do CC:

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Art. 1.151. O registro dos atos sujeitos à formalidade exigida no artigo

antecedente será requerido pela pessoa obrigada em lei, e, no caso de omissão ou demora,

pelo sócio ou qualquer interessado.

§ 1o Os documentos necessários ao registro deverão ser apresentados no

prazo de trinta dias, contado da lavratura dos atos respectivos.

§ 2o Requerido além do prazo previsto neste artigo, o registro somente

produzirá efeito a partir da data de sua concessão.

§ 3o As pessoas obrigadas a requerer o registro responderão por perdas e

danos, em caso de omissão ou demora.

A obrigação de arquivamento dos atos constitutivos é imprescindível à

legalidade da atividade empresarial, bem como à aquisição, por parte das sociedades

empresárias, de personalidade jurídica. Aquele que não cumprir esse dever será

considerado empresário irregular ou de fato e, como consequência sofrerá as sanções.

8.6.3.2 Dever de escrituração

O segundo dever é de escriturar os livros, que serão devidamente

conservados juntamente com a correspondência e demais papéis concernentes à

atividade empresarial.

Nos termos do artigo 1.179 do CC:

Art. 1.179. O empresário e a sociedade empresária são obrigados a seguir

um sistema de contabilidade, mecanizado ou não, com base na escrituração uniforme de

seus livros, em correspondência com a documentação respectiva, e a levantar anualmente

o balanço patrimonial e o de resultado econômico.

§ 1o Salvo o disposto no art. 1.180, o número e a espécie de livros ficam a

critério dos interessados.

§ 2o É dispensado das exigências deste artigo o pequeno empresário a que

se refere o art. 970.

A escrituração dos empresários e das sociedades empresárias fica a

cargo de um contabilista legalmente habilitado, a não ser que na localidade da empresa

não exista nenhum, conforme preconiza o artigo 1.182 do CC: Sem prejuízo do disposto

no art. 1.174, a escrituração ficará sob a responsabilidade de contabilista legalmente

habilitado, salvo se nenhum houver na localidade.

Quanto aos livros, pregam os artigos 1.180 e 1.181 do CC:

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Art. 1.180. Além dos demais livros exigidos por lei, é indispensável o

Diário, que pode ser substituído por fichas no caso de escrituração mecanizada ou

eletrônica.

Parágrafo único. A adoção de fichas não dispensa o uso de livro

apropriado para o lançamento do balanço patrimonial e do de resultado econômico.

Art. 1.181. Salvo disposição especial de lei, os livros obrigatórios e, se for o

caso, as fichas, antes de postos em uso, devem ser autenticados no Registro Público de

Empresas Mercantis.

Parágrafo único. A autenticação não se fará sem que esteja inscrito o

empresário, ou a sociedade empresária, que poderá fazer autenticar livros não

obrigatórios.

Consideram-se requisitos intrínsecos dos livros empresariais aqueles

relacionados à forma como devem ser escriturados, que assim é disposto pelo artigo

1.183 do CC:

Art. 1.183. A escrituração será feita em idioma e moeda corrente

nacionais e em forma contábil, por ordem cronológica de dia, mês e ano, sem intervalos em

branco, nem entrelinhas, borrões, rasuras, emendas ou transportes para as margens.

Parágrafo único. É permitido o uso de código de números ou de

abreviaturas, que constem de livro próprio, regularmente autenticado.

Prossegue o artigo 1.184 do CC:

Art. 1.184. No Diário serão lançadas, com individuação, clareza e

caracterização do documento respectivo, dia a dia, por escrita direta ou reprodução, todas

as operações relativas ao exercício da empresa.

§ 1o Admite-se a escrituração resumida do Diário, com totais que não

excedam o período de trinta dias, relativamente a contas cujas operações sejam numerosas

ou realizadas fora da sede do estabelecimento, desde que utilizados livros auxiliares

regularmente autenticados, para registro individualizado, e conservados os documentos

que permitam a sua perfeita verificação.

§ 2o Serão lançados no Diário o balanço patrimonial e o de resultado

econômico, devendo ambos ser assinados por técnico em Ciências Contábeis legalmente

habilitado e pelo empresário ou sociedade empresária.

Ainda o artigo 1.185 e 1.186 do CC pregam que:

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Art. 1.185. O empresário ou sociedade empresária que adotar o sistema

de fichas de lançamentos poderá substituir o livro Diário pelo livro Balancetes Diários e

Balanços, observadas as mesmas formalidades extrínsecas exigidas para aquele.

Art. 1.186. O livro Balancetes Diários e Balanços será escriturado de modo

que registre:

I - a posição diária de cada uma das contas ou títulos contábeis, pelo

respectivo saldo, em forma de balancetes diários;

II - o balanço patrimonial e o de resultado econômico, no encerramento

do exercício.

Resumo:

Livros empresarias

Obrigatórios: escrituração imposta a todos os empresários e

sociedades; Comum: independem da atividade exercida ou do tipo societário (Livro

Diário); Especiais: específicos para cada tipo de atividade ou tipo societário, ex: Livro de

registro de duplicatas, livro de ações nominativas das sociedades anônimas, livro de atas

de assembléias gerais.

Facultativos: servem para aprimorar o sistema e controle da atividade

empresarial, ex: livro de contas-correntes, livro de caixa.

Ressalte-se, que os livros obrigatórios devem ser autenticados na Junta

Comercial antes de utilizados, sob pena de serem irregulares, perdendo força probatória.

Interessante acrescentar que a legislação tributária assegura aos

agentes fiscais e previdenciários o livre acesso aos livros empresariais (CTN, 195).

Ainda, de bom tom lembrar que, pelo disposto no artigo 1.194 do CC, O

empresário e a sociedade empresária são obrigados a conservar em boa guarda toda a

escrituração, correspondência e mais papéis concernentes à sua atividade, enquanto não

ocorrer prescrição ou decadência no tocante aos atos neles consignados.

8.6.3.3 Dever de levantamento do balanço patrimonial

Em se tratando de empresário individual e de sociedade empresarial, o

balanço deverá ser levantado anualmente. Esse período é chamado de exercício social.

Nos termos do artigo 1.188 do CC, o balanço patrimonial serve para

demonstrar a situação da empresa, indicando seu ativo e passivo, ou seja, todos os seus

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bens, créditos e débitos. Dita: O balanço patrimonial deverá exprimir, com fidelidade e

clareza, a situação real da empresa e, atendidas as peculiaridades desta, bem como as

disposições das leis especiais, indicará, distintamente, o ativo e o passivo. Parágrafo único.

Lei especial disporá sobre as informações que acompanharão o balanço patrimonial, em

caso de sociedades coligadas.

Ainda, pelo artigo 1.189 do CC, o balanço de resultado econômico, ou

demonstração da conta de lucros e perdas, acompanhará o balanço patrimonial e dele

constarão crédito e débito, na forma da lei especial.

8.7 Estabelecimento empresarial

Pelo disposto no artigo 1.142 do CC, Considera-se estabelecimento todo

complexo de bens organizado, para exercício da empresa, por empresário, ou por

sociedade empresária.

O estabelecimento consagra de forma organizada, de todos os

instrumentos voltados ao desenvolvimento da atividade empresarial e à obtenção de

lucro. Assim, estão abrangidos neste conceito bens corpóreos móveis e imóveis e

também bens incorpóreos.

Como bens corpóreos temos a sede da empresa, terrenos, depósitos,

maquinário utilizado para a produção de seus produtos, matérias-primas. Quanto aos

bens incorpóreos temos a marca, o nome empresarial, a patente, o ponto comercial, o

direito de renovação compulsória do contrato de locação.

O estabelecimento empresarial, por possuir valor econômico e tutela

jurídica, é suscetível de negociação no mercado empresarial. Disto decorre a

possibilidade de o estabelecimento ser objeto unitário de direitos e de negócios jurídicos,

translativos ou constitutivos, que sejam compatíveis com a sua natureza (CC, 1.143).

Para que tal contrato tenha eficácia contra terceiros, deverá ser

averbado na Junta Comercial no registro da empresa, bem como, publicado na imprensa,

conforme preconiza o artigo 1.144 do CC: O contrato que tenha por objeto a alienação, o

usufruto ou arrendamento do estabelecimento, só produzirá efeitos quanto a terceiros

depois de averbado à margem da inscrição do empresário, ou da sociedade empresária, no

Registro Público de Empresas Mercantis, e de publicado na imprensa oficial.

O trespasse que é a venda da atividade empresarial, implica ao

adquirente: Art. 1.145. Se ao alienante não restarem bens suficientes para solver o seu

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passivo, a eficácia da alienação do estabelecimento depende do pagamento de todos os

credores, ou do consentimento destes, de modo expresso ou tácito, em trinta dias a partir

de sua notificação. Pelo art. 1.146: O adquirente do estabelecimento responde pelo

pagamento dos débitos anteriores à transferência, desde que regularmente contabilizados,

continuando o devedor primitivo solidariamente obrigado pelo prazo de um ano, a partir,

quanto aos créditos vencidos, da publicação, e, quanto aos outros, da data do vencimento.

Aqui prevalece o princípio da boa-fé e da vedação ao locupletamento

ilícito. Também há sucessão do adquirente nos débitos de ordem trabalhista (CLT, 4487)

e tributária (CTN, 1338).

De se observar o disposto no artigo 1.147 do CC: Não havendo

autorização expressa, o alienante do estabelecimento não pode fazer concorrência ao

adquirente, nos cinco anos subseqüentes à transferência. Parágrafo único. No caso de

arrendamento ou usufruto do estabelecimento, a proibição prevista neste artigo persistirá

durante o prazo do contrato.

Trata-se de cláusula de não-restabelecimento, implícita em qualquer

contrato de trespasse, pois, ainda que não conste expressamente no instrumento do

contrato é imposta por lei.

Quanto à transferência prega o artigo 1.148 do CC:

7 Art. 448 - A mudança na propriedade ou na estrutura jurídica da empresa não afetará os contratos de trabalho dos respectivos empregados. 8 Art. 133. A pessoa natural ou jurídica de direito privado que adquirir de outra, por qualquer título, fundo de comércio ou estabelecimento comercial, industrial ou profissional, e continuar a respectiva exploração, sob a mesma ou outra razão social ou sob firma ou nome individual, responde pelos tributos, relativos ao fundo ou estabelecimento adquirido, devidos até à data do ato: I - integralmente, se o alienante cessar a exploração do comércio, indústria ou atividade; II - subsidiariamente com o alienante, se este prosseguir na exploração ou iniciar dentro de seis meses a contar da data da alienação, nova atividade no mesmo ou em outro ramo de comércio, indústria ou profissão. § 1o O disposto no caput deste artigo não se aplica na hipótese de alienação judicial: I – em processo de falência; II – de filial ou unidade produtiva isolada, em processo de recuperação judicial. § 2o Não se aplica o disposto no § 1o deste artigo quando o adquirente for: I – sócio da sociedade falida ou em recuperação judicial, ou sociedade controlada pelo devedor falido ou em recuperação judicial; II – parente, em linha reta ou colateral até o 4o (quarto) grau, consangüíneo ou afim, do devedor falido ou em recuperação judicial ou de qualquer de seus sócios; ou III – identificado como agente do falido ou do devedor em recuperação judicial com o objetivo de fraudar a sucessão tributária. § 3o Em processo da falência, o produto da alienação judicial de empresa, filial ou unidade produtiva isolada permanecerá em conta de depósito à disposição do juízo de falência pelo prazo de 1 (um) ano, contado da data de alienação, somente podendo ser utilizado para o pagamento de créditos extraconcursais ou de créditos que preferem ao tributário.

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Art. 1.148. Salvo disposição em contrário, a transferência importa a sub-

rogação do adquirente nos contratos estipulados para exploração do estabelecimento, se

não tiverem caráter pessoal, podendo os terceiros rescindir o contrato em noventa dias a

contar da publicação da transferência, se ocorrer justa causa, ressalvada, neste caso, a

responsabilidade do alienante.

Por fim, quanto aos créditos da atividade empresarial, reza o artigo

1.149 do CC: A cessão dos créditos referentes ao estabelecimento transferido produzirá

efeito em relação aos respectivos devedores, desde o momento da publicação da

transferência, mas o devedor ficará exonerado se de boa-fé pagar ao cedente.

8.7.1 Título do estabelecimento

É o nome e/ou símbolo dado ao estabelecimento para identificá-lo e

não se confunde com o nome empresarial adotado pelo empresário individual ou pela

sociedade empresária.

Não é, necessariamente, composto dos mesmos elementos lingüísticos

no nome empresarial, na marca de produtos ou serviços fornecidos por uma empresa. O

título poderá ser composto por um nome fantasia e/ou por uma insígnia, que seria uma

representação gráfica do título, uma expressão figurativa.

Exemplo:

Nome empresarial: Paulo & Pitanga Cosméticos Ltda

Título estabelecimento: Loja do PAPI

Marca do produto: PAPI

Com o arquivamento do ato constitutivo da empresa na Junta

Comercial, este, com todos os seus elementos integrantes, adquire publicidade e

proteção.

Este possui valor patrimonial, podendo ser alienado,

independentemente da alienação do próprio estabelecimento, ou seja, é possível a venda

apenas da expressão que designa o estabelecimento independentemente do conjunto de

bens.

8.7.2 Ponto comercial

Trata-se do endereço em que o empresário desenvolve sua atividade. É

o local onde está a empresa, o lugar físico em que foi fixado o estabelecimento.

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O ponto comercial, elemento incorpóreo do estabelecimento, é

juridicamente protegido porque também é dotado de valor econômico. Por ser o ponto

físico em que o empresário desenvolve a empresa, pode ou não ser economicamente

importante, tendo maior ou menor vulto. Independentemente dessa relevância, terá

sempre a proteção da lei.

8.7.3 Nome empresarial

É o nome do empresário, seja pessoa física (empresário individual), seja

pessoa jurídica (sociedade empresária), usado por ele para apresentar-se perante

terceiros nas suas relações. Trata-se, portanto, do elemento de identificação do

empresário e, consequentemente, da própria empresa.

Importante: o nome empresarial não se confunde com o título do

estabelecimento, nem com a marca conferida a produtos ou serviços produzidos ou

fornecidos pela empresa. Disto temos que o estabelecimento ode ter como título ‘Loja da

Maria’, o nome empresarial pode ser ‘Maria Confecções Ltda’ e a marca de seus produtos

ser ‘Mary’.

A marca recebe proteção com seu registro perante o INPI – Instituto

Nacional de Propriedade Industrial, enquanto o nome empresarial recebe proteção

automaticamente com o registro do ato constitutivo da empresa na Junta Comercial.

Nos termos do artigo 1.155 do Código Civil, o nome empresarial pode

ser de duas espécies: Considera-se nome empresarial a firma ou a denominação adotada,

de conformidade com este Capítulo, para o exercício de empresa. Parágrafo único.

Equipara-se ao nome empresarial, para os efeitos da proteção da lei, a denominação das

sociedades simples, associações e fundações.

Para cada um dos cinco tipos societários existentes em nosso

ordenamento (sociedade em nome coletivo, comandita simples, limitada, comandita por

ações e sociedade anônima) e também para os empresários individuais, a lei confere

regras especificas para a adoção do nome empresarial.

O empresário individual identifica-se, obrigatoriamente por meio de

firma. Assim prescreve o artigo 1.156 do CC: O empresário opera sob firma constituída

por seu nome, completo ou abreviado, aditando-lhe, se quiser, designação mais precisa da

sua pessoa ou do gênero de atividade.

Exemplo:

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Francisco Ulianor Igreja Transportes

F.U.I. Transportes

Nos termos do artigo 1.157 do CC: A sociedade em que houver sócios de

responsabilidade ilimitada operará sob firma, na qual somente os nomes daqueles poderão

figurar, bastando para formá-la aditar ao nome de um deles a expressão "e companhia" ou

sua abreviatura. Parágrafo único. Ficam solidária e ilimitadamente responsáveis pelas

obrigações contraídas sob a firma social aqueles que, por seus nomes, figurarem na firma

da sociedade de que trata este artigo.

Assim vejamos:

1. Na sociedade em nome coletivo, todos os sócios respondem

ilimitadamente pelas obrigações sociais. Logo, esse tipo societário somente pode adotar

firma como nome empresarial, sendo esta composta pelo nome civil, por extenso ou

abreviado, de um, de alguns ou de todos os sócios da sociedade. O ramo da empresa

poderá ou não ser mencionado. Assim temos como exemplo, considerando-se como

sócios João Silva, José Souza e Maria Mendes: ‘João Silva, José Souza & Maria Mendes’;

‘João Silva, José Souza & Maria Mendes Doces’; ‘J. Silva, J. Souza & M. Mendes Doces’;

‘Maria Mendes Doces & Cia’.

2. Na sociedade em comandita simples, existem dois tipos de sócios: os

sócios comanditados, que respondem ilimitadamente pelas obrigações sociais, e os

sócios comanditários, que respondem apenas limitadamente. Por possuir sócios que

respondem de forma ilimitada pelas obrigações da empresa, esse tipo societário também

só pode adotar firma como nome empresarial, e esta será composta somente pelo nome

civil, por extenso ou abreviado, de um, de alguns ou todos os sócios comanditados. Como

o nome dos sócios comanditários não pode integrar a firma, já que eles têm

responsabilidade limitada pelas obrigações sociais, esta terá de ser acrescida da

expressão ‘& Cia’, para fazer referência a esses sócios não incluídos. Assim temos como

exemplo, onde são sócios comanditados João Silva e José Souza: ‘João Silva, José Souza &

Cia; ‘J. Silva, J. Souza & Cia’; ‘J. Silva & Cia. Doces’.

A firma ser para a identificação da empresa perante terceiros,

possibilitando a estes de plano, quando contratam com a sociedade conheçam de

imediato, os sócios que respondem ilimitadamente com seus patrimônios pessoais pelas

obrigações sociais.

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3. Pela disposição do artigo 1.158 do CC: Pode a sociedade limitada

adotar firma ou denominação, integradas pela palavra final "limitada" ou a sua

abreviatura. § 1o A firma será composta com o nome de um ou mais sócios, desde que

pessoas físicas, de modo indicativo da relação social. § 2o A denominação deve designar o

objeto da sociedade, sendo permitido nela figurar o nome de um ou mais sócios. § 3o A

omissão da palavra "limitada" determina a responsabilidade solidária e ilimitada dos

administradores que assim empregarem a firma ou a denominação da sociedade.

Assim temos como exemplo, considerando-se como sócios João Silva,

José Souza e Maria Mendes: 1. Em se tratando de firma: ‘João Silva, José Souza & Maria

Mendes Ltda’; ‘João Silva, José Souza & Maria Mendes Doces Ltda’; ‘J. Silva, J. Souza & Cia

Ltda’. 2. Denominação: ‘Delícia Doces Ltda’.

4. O mesmo pode ocorrer com a sociedade em comandita por ações,

conforme prescreve o artigo 1.161 do CC: A sociedade em comandita por ações pode, em

lugar de firma, adotar denominação designativa do objeto social, aditada da expressão

"comandita por ações".

Nesse tipo de societário somente os sócios diretores respondem

ilimitadamente pelas obrigações sociais, em sendo adotada firma, esta somente poderá

ser composta pelo nome civil dessa categoria de sócios, acrescida da expressão ‘e

companhia’ ou sua abreviatura ‘& Cia.’, obrigatoriamente, e o ramo de atividade pode ou

não estar presente.

Se for adotada denominação, não é obrigatória a utilização de nome de

sócios, podendo ser usada uma expressão fantasia, mas o objeto social necessariamente

deve integrar o nome empresarial. São exemplos, no caso de firma: João Silva, José Souza

& Maria Mendes C/A’; ‘João Silva & Companhia, Comandita por Ações’; ‘J. Silva & Cia.

C/A’. E no caso de denominação: Delícia Doces C/A.

5. Por aplicação expressa do artigo 1.160 do CC, a sociedade anônima

somente opera por denominação. Confira: A sociedade anônima opera sob denominação

designativa do objeto social, integrada pelas expressões "sociedade anônima" ou

"companhia", por extenso ou abreviadamente. Parágrafo único. Pode constar da

denominação o nome do fundador, acionista, ou pessoa que haja concorrido para o bom

êxito da formação da empresa.

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O termo sociedade anônima, ou sua abreviatura, pode ser usado no

início, meio ou fim da denominação. O termo ‘companhia’, ou sua abreviatura, não pode

ser usado no fim (LSA, art. 3º)9.

Exemplos: ‘Delícia Doces S/A’; ‘Companhia de Delícia de Doces’; ‘José

Silva Doces Sociedade Anônima’.

Ficou fácil distinguir: se o nome empresarial é composto de elemento

fantasia, é denominação e deve vir acompanhado do gênero de atividade da empresa; se

é apenas composto do nome de um ou mais sócios, sem discriminar o ramo de atividade,

é firma; se trouxer o nome de sócio e o ramo da atividade, poderá ser firma ou

denominação. Para resolver esta última hipótese, deve-se analisar o contrato social da

empresa, verificando-se o tipo societário e a forma de utilização do nme empresarial.

Ainda, pelo artigo 1.159 do CC: A sociedade cooperativa funciona sob

denominação integrada pelo vocábulo "cooperativa".

Pelo artigo 1.162 do CC: A sociedade em conta de participação não pode

ter firma ou denominação.

Por fim, cabe lembrar que em se tratando de ‘microempresário’ ou

‘empresa de pequeno porte’, nos termos do artigo 72 da Lei Complementar nº

123/2006: As microempresas e as empresas de pequeno porte, nos termos da legislação

civil, acrescentarão à sua firma ou denominação as expressões “Microempresa” ou

“Empresa de Pequeno Porte”, ou suas respectivas abreviações, “ME” ou “EPP”, conforme o

caso, sendo facultativa a inclusão do objeto da sociedade.

8.7.3.1 Proteção ao nome empresarial

Com o arquivamento dos atos constitutivos perante a Junta Comercial,

nasce a proteção ao nome empresarial, conforme preconiza o artigo 33 da Lei nº

8.934/94: A proteção ao nome empresarial decorre automaticamente do arquivamento

dos atos constitutivos de firma individual e de sociedades, ou de suas alterações.

A Junta Comercial se encarrega pela verificação de que não há outra

empresa do mesmo ramo de atividade, com nome empresarial idêntico ou semelhante.

Por vezes, não se permite o registro do mesmo nome empresarial em qualquer outro

9 Lei nº 6.404/76. Art. 3º A sociedade será designada por denominação acompanhada das expressões "companhia" ou "sociedade anônima", expressas por extenso ou abreviadamente mas vedada a utilização da primeira ao final.

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ramo de atividade, como é o caso de Nestlés Roupas S.A., já que esta marca é conhecida

mundialmente.

Nos termos do artigo 1.166 do CC: A inscrição do empresário, ou dos atos

constitutivos das pessoas jurídicas, ou as respectivas averbações, no registro próprio,

asseguram o uso exclusivo do nome nos limites do respectivo Estado. Parágrafo único. O

uso previsto neste artigo estender-se-á a todo o território nacional, se registrado na forma

da lei especial.

Desejando proteção em todo o território nacional, deverá o empresário

a teor do artigo 61 do Decreto 1.800/96, proceder o registro no Departamento Nacional

de Registro do Comércio: Art. 61. A proteção ao nome empresarial, a cargo das Juntas

Comerciais, decorre, automaticamente, do arquivamento da declaração de firma mercantil

individual, do ato constitutivo de sociedade mercantil ou de alterações desses atos que

impliquem mudança de nome. § 1º A proteção ao nome empresarial circunscreve-se à

unidade federativa de jurisdição da Junta Comercial que procedeu ao arquivamento de que

trata o caput deste artigo. § 2º A proteção ao nome empresarial poderá ser estendida a

outras unidades da federação, a requerimento da empresa interessada, observada

instrução normativa do Departamento Nacional de Registro do Comércio - DNRC. § 3º

Expirado o prazo da sociedade celebrada por tempo determinado, esta perderá a proteção

do seu nome empresarial.

Quanto as sociedades anônimas, nos termos do § 2º do artigo 3º da Lei

6.404/76: § 2º Se a denominação for idêntica ou semelhante a de companhia já existente,

assistirá à prejudicada o direito de requerer a modificação, por via administrativa (artigo

97) ou em juízo, e demandar as perdas e danos resultantes.

Com base no princípio da novidade, insculpido no artigo 34 da Lei nº

8.934/94, será protegido o primeiro nome que aparecer na Junta Comercial. Confira-se:

Art. 34. O nome empresarial obedecerá aos princípios da veracidade e da novidade.

Compete advertir que nos termos do artigo 195, inciso V da Lei nº

9.279/96: Comete crime de concorrência desleal quem: (...) V - usa, indevidamente, nome

comercial, título de estabelecimento ou insígnia alheios ou vende, expõe ou oferece à venda

ou tem em estoque produto com essas referências; (...) Pena - detenção, de 3 (três) meses a

1 (um) ano, ou multa.

A proteção ao nome empresarial está ligado à proteção a clientela e ao

crédito. Não sendo o ramo empresarial desenvolvido por empresa de grande vulto

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econômico e, desejando outra a adoção do mesmo nome empresarial, esta, para que

tenha seu nome registrado, terá de acrescer designação que a distinga do nome

primeiramente registrado pela outra, conforme preconiza o artigo 1.163 do CC: O nome

de empresário deve distinguir-se de qualquer outro já inscrito no mesmo registro.

Parágrafo único. Se o empresário tiver nome idêntico ao de outros já inscritos, deverá

acrescentar designação que o distinga.

8.7.3.2 Alteração e extinção do nome empresarial

Nos termos do artigo 1.164 do CC: O nome empresarial não pode ser

objeto de alienação. Parágrafo único. O adquirente de estabelecimento, por ato entre vivos,

pode, se o contrato o permitir, usar o nome do alienante, precedido do seu próprio, com a

qualificação de sucessor.

Pelo artigo 1.165 do CC: O nome de sócio que vier a falecer, for excluído

ou se retirar, não pode ser conservado na firma social.

O mesmo não ocorre no caso de denominação, que, além de não

precisar ser feita com base em nome civil de sócio, pode trazer o nome de quem não seja

integrante do quadro societário. Pode-se alterar o nome empresarial registrado,

averbando-se a alteração no registro da empresa, observadas as formalidades e

exigências legais.

Ao lado da alteração voluntária, são causas de alteração compulsória do

nome empresarial: a) mudança do tipo societário; b) lesão a direito de outro

empresário; c) alienação do estabelecimento a outro empresário, se não acrescentar seu

nome civil e a expressão ‘sucessor de’ à firma originária; d) morte, exclusão ou retirada

de sócio cujo nome civil integrava a firma; e) alteração da condição de sócio cujo nome

civil integrava a firma.

Por fim, assevera o artigo 1.168 do CC: A inscrição do nome empresarial

será cancelada, a requerimento de qualquer interessado, quando cessar o exercício da

atividade para que foi adotado, ou quando ultimar-se a liquidação da sociedade que o

inscreveu.

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8.8 Prepostos do empresário

É a mão-de-obra da empresa. Independentemente da forma do vínculo

que se de, estas pessoas são conhecidas como prepostos, e aquele a quem se subordinam

é o preponente.

Os atos praticados pelos prepostos acabam por obrigar a preponente.

Deste modo, os prepostos agem representando os interesses da empresa.

Disto decorre que nos termos do artigo 1.169 do CC: O preposto não

pode, sem autorização escrita, fazer-se substituir no desempenho da preposição, sob pena

de responder pessoalmente pelos atos do substituto e pelas obrigações por ele contraídas.

Ainda, pelo artigo 1.170 do CC: O preposto, salvo autorização expressa,

não pode negociar por conta própria ou de terceiro, nem participar, embora

indiretamente, de operação do mesmo gênero da que lhe foi cometida, sob pena de

responder por perdas e danos e de serem retidos pelo preponente os lucros da operação.

Por fim, conforme assevera o artigo 1.171 do CC: Considera-se perfeita a

entrega de papéis, bens ou valores ao preposto, encarregado pelo preponente, se os

recebeu sem protesto, salvo nos casos em que haja prazo para reclamação.

Pelo contido no parágrafo único do artigo 1.177 do CC: Parágrafo único.

No exercício de suas funções, os prepostos são pessoalmente responsáveis, perante os

preponentes, pelos atos culposos; e, perante terceiros, solidariamente com o preponente,

pelos atos dolosos.

O CC tratou especificamente de dois prepostos: o gerente e o

contabilista.

8.8.1 Gerente

Nos termos do artigo 1.172 do CC: Considera-se gerente o preposto

permanente no exercício da empresa, na sede desta, ou em sucursal, filial ou agência.

Este não é uma figura obrigatória, pois que poderá ser desenvolvida

pelo próprio empresário. É o responsável pela coordenação da atividade da empresa,

estando autorizado a praticar todos os atos necessários à administração desta.

Pela expressão do artigo 1.173 do CC: Quando a lei não exigir poderes

especiais, considera-se o gerente autorizado a praticar todos os atos necessários ao

exercício dos poderes que lhe foram outorgados. Parágrafo único. Na falta de estipulação

diversa, consideram-se solidários os poderes conferidos a dois ou mais gerentes.

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Ainda, pelo artigo 1.174 do CC: As limitações contidas na outorga de

poderes, para serem opostas a terceiros, dependem do arquivamento e averbação do

instrumento no Registro Público de Empresas Mercantis, salvo se provado serem

conhecidas da pessoa que tratou com o gerente. Parágrafo único. Para o mesmo efeito e

com idêntica ressalva, deve a modificação ou revogação do mandato ser arquivada e

averbada no Registro Público de Empresas Mercantis.

E de acordo com o artigo 1.175 do CC: O preponente responde com o

gerente pelos atos que este pratique em seu próprio nome, mas à conta daquele.

E, por fim, nos termos do artigo 1.176 do CC: O gerente pode estar em

juízo em nome do preponente, pelas obrigações resultantes do exercício da sua função.

8.8.2 Contabilista

É o profissional em ciências contábeis responsável por toda a

escrituração dos livros do empresário, podendo ele ser contratado da empresa ou

prestador de serviços, devendo no entanto, por aplicação do artigo 1.182 do CC ser

profissional habilitado.

Nos termos do artigo 1.177 do CC: Os assentos lançados nos livros ou

fichas do preponente, por qualquer dos prepostos encarregados de sua escrituração,

produzem, salvo se houver procedido de má-fé, os mesmos efeitos como se o fossem por

aquele.

8.9 Regime jurídico das sociedades empresárias

As sociedades podem ser simples, porque seguem atividade civil, ou

empresárias, porque têm por objeto social o desenvolvimento de atividade típica de

empresário, ou seja, exercem profissionalmente atividade econômica organizada voltada

à produção ou circulação de bens ou serviços.

A diferença reside no modo de exploração de seu objeto social. Se a

exploração for feita com organização profissional dos fatores de produção (capital,

insumos, mão-de-obra e tecnologia), será empresária. Se feita sem organização

profissional desses fatores, será simples. Do mesmo modo, será simples, se desenvolver

atividade de natureza artística, cientifica ou intelectual.

As sociedades empresarias podem adotar um dos seguintes tipos:

a) sociedade em nome coletivo – NC

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b) sociedade em comandita simples – CS

c) sociedade limitada – Ltda

d) sociedade anônima – S.A.

e) sociedade em comandita por ações – CA

As três primeiras estão integralmente tratadas pelo Código Civil. As

sociedades anônimas estão disciplinadas na Lei nº 6.404/76, e as sociedades em

comandita por ações regem-se pelas normas relativas às sociedades anônimas, com

algumas restrições impostas no CC, artigos 1.090 a 1.092.

Somente se admite a constituição de sociedade empresária de acordo

com uma das cinco espécies descritas acima. O rol é taxativo, conforme preconiza o

artigo 983 do CC: A sociedade empresária deve constituir-se segundo um dos tipos

regulados nos arts. 1.039 a 1.092; a sociedade simples pode constituir-se de conformidade

com um desses tipos, e, não o fazendo, subordina-se às normas que lhe são próprias.

Parágrafo único. Ressalvam-se as disposições concernentes à sociedade em conta de

participação e à cooperativa, bem como as constantes de leis especiais que, para o

exercício de certas atividades, imponham a constituição da sociedade segundo

determinado tipo.

A sociedade simples pode ou não adotar um daqueles cinco modelos

societários. Se não o fizer, submeter-se-á às regras que lhe são próprias, previstas no CC,

artigos 997 a 1.038. Se o fizer seguirá as regras atinentes ao modelo societário escolhido

no que tange, por exemplo, à responsabilidade dos sócios e etc., mas não será

efetivamente uma sociedade empresária por não desenvolver profissionalmente os

fatores de produção.

As sociedades podem ter ou não personalidade jurídica. São sociedades

não personificadas: as sociedades em comum e as sociedades em conta de participação.

São personificadas: as sociedades simples, as cooperativas, e as sociedades empresárias.

8.9.1 Sociedades não personificadas

Duas são as espécies de sociedades não personificadas previstas no

Código Civil: as sociedades em comum e as sociedades em conta de participação.

As sociedades adquirem personalidade jurídica com o registro de seus

atos constitutivos perante o órgão competente.

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A sociedade que não registra seus atos constitutivos é uma sociedade

irregular e, em razão da sua falta de personalidade jurídica, arcará com uma série de

conseqüências jurídicas negativas.

8.9.1.1 Sociedade em comum

O Código Civil de 2002 englobou sob a mesma denominação: sociedade

em comum, as expressões sociedade irregular e sociedade de fato. A doutrina costuma

diferenciar a sociedade irregular da sociedade de fato. Na sociedade irregular há um ato

constitutivo, mas não foi registrado, ou expirou o prazo de existência da empresa sem

que houvesse sua renovação. Por outro lado as sociedades de fato são aquelas que

desempenham atividade empresarial, atuam como sociedade, mas nem sequer possuem

um contrato ou estatuto social.

A diferença reside nas relações dos sócios entre si e com terceiros,

posto que nas sociedades irregulares, como há um documento escrito, os sócios têm

como provar tais relações, o que não ocorre nas sociedades de fato.

Quanto aos sócios de sociedade irregular, estes tem como provar a

existência da sociedade judicialmente. E quanto a terceiros, dispõe o artigo 987 do CC:

Os sócios, nas relações entre si ou com terceiros, somente por escrito podem provar a

existência da sociedade, mas os terceiros podem prová-la de qualquer modo.

As sociedades em comum são, portanto, aqueles que não têm

personalidade jurídica, porque não registradas no órgão competente. Não se trata de um

tipo societário; é a designação de uma situação

Nos termos do artigo 988 do CC: Os bens e dívidas sociais constituem

patrimônio especial, do qual os sócios são titulares em comum.

A principal consequência da ausência da personalidade jurídica é a

responsabilidade ilimitada pelas obrigações contraídas em nome da sociedade.

Inclusive, esta é a dicção do artigo 990 do CC: Todos os sócios respondem solidária e

ilimitadamente pelas obrigações sociais, excluído do benefício de ordem, previsto no art.

1.024, aquele que contratou pela sociedade.

Alem de não poder gozar de eventual recuperação judicial, não pode

contratar com o poder público, obter o CNPJ, emitir notas fiscais, regularização junto aos

órgãos previdenciários.

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A sociedade em comum (irregular ou de fato) é um fantasma jurídico

cuja existência é presumida para o fim de que seus membros respondam pelos atos

praticados como se ela existisse. Para o desfrute de direitos, é diferente; precisa ser uma

pessoa jurídica. O único efeito juridicamente relevante da sociedade em comum é a

possibilidade de responder.10

8.9.1.2 Sociedade em conta de participação

São sociedades de natureza secreta, por essa razão, não são registradas

no órgão competente, sendo desprovidas de personalidade jurídica. Tal fato não significa

que sejam sociedade ilícitas ou irregulares.

Nos termos do artigo 991 do CC: Na sociedade em conta de participação,

a atividade constitutiva do objeto social é exercida unicamente pelo sócio ostensivo, em seu

nome individual e sob sua própria e exclusiva responsabilidade, participando os demais dos

resultados correspondentes. Parágrafo único. Obriga-se perante terceiro tão-somente o

sócio ostensivo; e, exclusivamente perante este, o sócio participante, nos termos do

contrato social.

Somente o sócio ostensivo aparece nos negócios jurídicos, restando

ocultos os demais sócios (os participativos) e a própria sociedade.

Pelo disposto no artigo 995 do CC: Salvo estipulação em contrário, o

sócio ostensivo não pode admitir novo sócio sem o consentimento expresso dos demais.

Os sócios participativos apenas participam dos resultados obtidos com

o objeto da sociedade. Eles não precisam ser empresários e somente se obrigam perante

o sócio ostensivo. Isso significa que não podem participar das relações entre o sócio

ostensivo e terceiros, sob pena de responderem solidariamente com aquele pelas

obrigações em que intervierem. No entanto, podem eles fiscalizar a gestão dos negócios

sociais, conforme preconiza o artigo 993 do CC: O contrato social produz efeito somente

entre os sócios, e a eventual inscrição de seu instrumento em qualquer registro não confere

personalidade jurídica à sociedade. Parágrafo único. Sem prejuízo do direito de fiscalizar a

gestão dos negócios sociais, o sócio participante não pode tomar parte nas relações do

sócio ostensivo com terceiros, sob pena de responder solidariamente com este pelas

obrigações em que intervier.

10 FAZZIO JUNIOR, Waldo. Manual de direito comercial, 3 ed. São Paulo: Atlas, 2003. p. 165.

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Trata o artigo 994 da participação do sócio, confira-se: A contribuição

do sócio participante constitui, com a do sócio ostensivo, patrimônio especial, objeto da

conta de participação relativa aos negócios sociais. § 1o A especialização patrimonial

somente produz efeitos em relação aos sócios. § 2o A falência do sócio ostensivo acarreta a

dissolução da sociedade e a liquidação da respectiva conta, cujo saldo constituirá crédito

quirografário. § 3o Falindo o sócio participante, o contrato social fica sujeito às normas

que regulam os efeitos da falência nos contratos bilaterais do falido.

Pelo artigo 992 do CC: A constituição da sociedade em conta de

participação independe de qualquer formalidade e pode provar-se por todos os meios de

direito.

Por fim, conforme anuncia o artigo 996 do CC: Aplica-se à sociedade em

conta de participação, subsidiariamente e no que com ela for compatível, o disposto para a

sociedade simples, e a sua liquidação rege-se pelas normas relativas à prestação de contas,

na forma da lei processual. Parágrafo único. Havendo mais de um sócio ostensivo, as

respectivas contas serão prestadas e julgadas no mesmo processo.

8.9.2 Sociedades personificadas

São as pessoas jurídicas registradas no órgão competente, gozando

assim de: titularidade negocial, para em nome próprio, desenvolver a atividade

empresarial, celebrando negócios jurídicos necessários ao desenvolvimento da

empresas; titularidade processual, já que a sociedade pode, em nome próprio, defender

seus interesses em juízo e; titularidade patrimonial, na medida em que possuem

patrimônio social próprio e respondem com ele pelas obrigações que contraírem.

O patrimônio pessoal dos sócios poderá ser atingido, de forma limitada

ou ilimitada, mas sempre subsidiariamente, em razão do benefício de ordem, constante

no artigo 1.024 do Código Civil: Os bens particulares dos sócios não podem ser executados

por dívidas da sociedade, senão depois de executados os bens.

De outro ponto, se a sociedade não tem personalidade jurídica, a

responsabilidade dos sócios é solidária e ilimitada pelas obrigações sociais, conforme

determina o artigo 990 do Código Civil: Todos os sócios respondem solidária e

ilimitadamente pelas obrigações sociais, excluído do benefício de ordem, previsto no art.

1.024, aquele que contratou pela sociedade.

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8.9.2.1 Classificação das sociedades

a) quanto ao regime de constituição e dissolução

- Socie dades contratuais: constituídas por um contrato social, onde

todos os sócios possuem um vínculo com a pessoa jurídica. Esta é dividida em quotas e o

titular destas é intitulado de sócio, sendo estas as sociedades em nome coletivo (N/C),

em comandita simples (C/S) e a sociedade limitada (Ltda). Tanto a formação, quanto a

dissolução destas sociedades é tratada pelo Código Civil.

- Sociedades institucionais ou estatutárias: constituídas por um estatuto

social, que é votado e aprovado em assembléia e posteriormente arquivado na Junta

Comercial. Qualquer interessado, desejando ingressar na sociedade adere ao estatuto. As

relações são restritas entre os sócios e a sociedade e não entre eles. O capital social está

dividido em ações, e o titular das ações é chamado de acionista. São estatutárias as

sociedades anônimas (S.A.) e em comandita por ações (C/A). Tanto a formação, quanto a

dissolução são tratadas pela Lei de Sociedades Anônimas (Lei nº 6.404/76).

b) quanto às condições para alienação da participação societária

- Sociedades de pessoas: leva-se em conta os atributos pessoais dos

sócios, sendo relevantes as qualidades e defeitos dos sócios, existindo vínculo entre

estes. Há confiança um no outro. Neste caso, poderá a entrada de terceiro na sociedade

ser vetada, pois que a alienação de cotas depende da anuência dos outros sócios. São

sociedades de pessoas: a em nome coletivo (N/C) e a comandita simples (C/S).

- Sociedades de capital: leva-se em consideração apenas a contribuição

financeira para o ingresso no quadro de sócios. O capital social é formado por ações e

basta que alguém subscreva determinado número de ações. Não existe vínculo entre os

sócios. Cada um está somente vinculado à sociedade pelo número de ações de que é

titular, exercendo os direitos que elas lhe conferem. Não podem se opor a entrada de

outros acionistas e podem livremente dispor de suas ações. Prevalece o princípio da

livre circulabilidade da participação societária. São sociedades de capital: a sociedade

anônima (S.A.) e a comandita por ações (C/A).

Quanto à sociedade limitada, esta é híbrida, ou seja, pode assumir a

feição de sociedade de pessoa ou de capital, competindo a escolha quando da elaboração

do contrato social. Em nada sendo disposto, presume-se que esta seja uma sociedade de

pessoas, visto que é uma sociedade contratual, sendo da essência desse tipo societário a

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reunião de pessoas para a consecução do objeto. Nos termos do artigo 1.057 do Código

Civil temos: Na omissão do contrato, o sócio pode ceder sua quota, total ou parcialmente, a

quem seja sócio, independentemente de audiência dos outros, ou a estranho, se não houver

oposição de titulares de mais de um quarto do capital social.

Até o presente momento, podemos definir que as sociedades: a) em

nome coletivo e comandita simples são sociedades contratuais e de pessoas; b) as

anônimas e comanditas por ações são estatutárias e de capital; c) as limitadas são

contratuais e, em regra, de pessoas, podendo os sócios optar por ser de capital.

c) quanto à responsabilidade

Tendo em vista a prevalência do princípio da autonomia patrimonial,

não se confundindo patrimônio da sociedade e dos particulares de cada sócio e que a

responsabilidade deles é sempre subsidiária, são três as formas de repercussão da

responsabilidade no patrimônio:

- responsabilidade ilimitada: nestas, o patrimônio dos sócios

responderá subsidiariamente, mas de forma ilimitada, pelas obrigações sociais. Ex:

sociedade em nome coletivo.

- responsabilidade limitada: os sócios respondem com seu patrimônio

pessoal pelas obrigações sociais de forma subsidiária e limitada. Ex: Sociedades anônima

(S.A.) e limitada (Ltda).

- responsabilidade mista: nessas sociedades, parte dos sócios responde

de forma limitada e parte de forma ilimitada pelas obrigações sociais. São estas

sociedades: comandita por ações (C/A – 1.091 do CC) e comandita simples (C/S – 1.045

do CC).

c.1) funcionamento da responsabilidade limitada

Para tal, necessário se faz compreender o que é subscrição de capital e

integralização de capital.

Subscrição de capital: quando ingressa na sociedade, o sócio subscreve

uma parcela do capital social (quotas ou ações). O sócio subscreve determinado numero

dessas cotas ou ações, comprometendo-se a contribuir com o valor do capital subscrito,

isto é, assume o compromisso de pagar o valor correspondente ao número de ações ou

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cotas que subscreveu. Contribuindo para o capital social, ele está também garantindo

sua participação nos lucros obtidos pela sociedade.

Integralização do capital: ao ingressar na sociedade, o sócio subscreve

determinado número de ações ou cotas, comprometendo-se a integralizá-las, ou seja, a

pagar seu valor. A partir do momento em que integraliza todo o valor de suas quotas ou

ações, cumpre sua obrigação social, contribuindo para o capital da sociedade, estando

quite com ela. A integralização pode ser feita à vista ou a prazo.

Nas sociedades contratuais, os sócios respondem com seu patrimônio

pessoal, solidariamente, pelo valor total do capital subscrito e não integralizado. A partir

do momento em que o capital social está completamente integralizado, os sócios não

têm mais nenhuma responsabilidade pelas obrigações sociais.

Veja o exemplo:

Ltda Cotas subscritas Cotas integralizadas Cotas não integralizadas

Sócio João 5.000 5.000 0

Sócio Maria 5.000 2.500 2.500

Sócio Joaquim 5.000 1.000 4.000

Totais 15.000 8.500 6.500

Nesta sociedade limitada, o capital social não está todo integralizado,

pois que, faltam 6.500 cotas. Assim, João, Maria e Joaquim respondem solidária e

limitadamente até o montante de 6.500 cotas, que é o limite que resta para a

integralização do capital social. Embora o sócio João tenha integralizado todo o capital

que subscreveu, ainda assim responde pelo que falta, visto que somente se exonerará de

qualquer responsabilidade quando todo o capital social estiver integralizado. Deve-se

ter em mente que se trata de sociedade contratual, de pessoas, em que há relação que

une os sócios. Se João integralizar as 6.500 cotas restantes, terá direito de regresso

contra Maria e Joaquim, cobrando da primeira 2.500 cotas, e do segundo, 4.000 cotas.

Nesse sentido é o artigo 1.052 do Código Civil: Na sociedade limitada, a

responsabilidade de cada sócio é restrita ao valor de suas quotas, mas todos respondem

solidariamente pela integralização do capital social.

Nas sociedades estatutárias por inexistir vinculo entre os sócios, cada

qual responde pelo capital social que subscreveu e ainda não integralizou. Uma vez

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integralizadas as ações que subscreveu, não tem mais nenhuma responsabilidade diante

das obrigações sociais.

Veja o exemplo:

S.A. Ações subscritas Ações integralizadas Ações não integralizadas

Sócio João 10.000 8.000 2.000

Sócio Maria 15.000 15.000 0

Sócio Joaquim 20.000 10.000 10.000

Totais 45.000 33.000 12.000

Nessa S.A., o sócio João responde com seu patrimônio pessoal,

limitadamente, apenas pelas 2.000 ações restante que ainda não integralizou. Joaquim,

responde limitadamente pelas 10.000 ações que ainda não integralizou. Por sua vez

Maria, como integralizou todo o capital social que subscreveu, não tem mais nenhuma

responsabilidade pelas obrigações sociais.

Aliás, esta é a dicção do artigo 1.088 do Código Civil: Na sociedade

anônima ou companhia, o capital divide-se em ações, obrigando-se cada sócio ou acionista

somente pelo preço de emissão das ações que subscrever ou adquirir.

8.10. Elementos constitutivos e estruturais das sociedades

empresárias

Conforme dispõe o artigo 981 do Código Civil Celebram contrato de

sociedade as pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou serviços,

para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados.

Disto decorre que a sociedade é basicamente formada, de pessoas as

quais auxiliam no exercício da atividade, podendo auferir lucros desta atividade.

Para adquirir personalidade jurídica, tal necessita de ser registrada

perante a Junta Comercial. Independentemente da forma em que foi estabelecida o ato

constitutivo, são requisitos fundamentais de toda e qualquer sociedade empresária: a)

pluralidade de sócios; b) affectio societatis; c) constituição do capital; d) participação

nos lucros e perdas.

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8.10.1 Pluralidade de sócios

Para a constituição da sociedade, necessário se faz no mínimo a

presença de dois sócios, sejam eles, pessoas físicas ou jurídicas. Havendo apenas uma

pessoa, será considerado como empresário individual. O único caso de unipessoalidade

de sócio é exatamente quando remanesce um só dos sócios. Nestes casos, concede o

artigo 1.033, IV, o prazo de 180 dias para que possa providenciar novo sócio. Tal

previsão tem o condão de fazer com que a sociedade continue a trabalhar. Em não sendo

encontrado sócio neste prazo, tal sociedade deverá ser dissolvida.

Em se tratando de sociedade anônima esse prazo é de 1 ano, conforme

dispõe o artigo 206, I, ‘d’da Lei nº 6.404/76.

8.10.2 Da affectio societatis

É a vontade de associar-se e de constituir uma pessoa jurídica. É o

animo que une as pessoas que buscam a finalidade obtida pela sociedade e os lucros por

ela gerados.

8.10.3 Da constituição do capital social

O capital social é o primeiro patrimônio da empresa e corresponde à

soma das integralizações feitas pelos sócios.

A lei não exige uma quantia mínima de capital que as sociedades devem

possuir. Esse montante dependerá da atividade a ser desenvolvida. Todavia, existem

empresas que devem constituir-se com um capital mínimo disciplinado em lei, tal como

os bancos e as seguradoras.

8.10.4 Da participação nos lucros e nas perdas

Não é admissível sociedades em que não exista a divisão dos lucros, ou

em que somente alguns sócios auferem essa vantagem, sendo outros excluídos da

participação nos lucros. O mesmo pode-se dizer para as cláusulas que estabeleçam

perdas sociais a apenas uma parcela de sócios, excluindo os demais.

Havendo previsão no contrato social, não se de todo nulo, confira-se o

artigo 1.008 do Código Civil, a este respeito: Art. 1.008. É nula a estipulação contratual

que exclua qualquer sócio de participar dos lucros e das perdas.

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Deve imperar a igualdade entre todos, assim como todos os sócios

devem arcar com os resultados negativos da empresa, também a todos cabe uma parcela

na distribuição dos lucros.

É comum e adequado a distribuição dos lucros na proporção da cotas de

cada um.

8.11. Dos atos constitutivos das sociedades empresárias

Tanto o contrato social quanto o estatuto social, para que sejam válidos,

devem observar alguns requisitos, ou seja, devem conter determinados elementos, de

modo que possam dar surgimento às sociedades.

O contrato ou estatuto social é o documento responsável pela

constituição da sociedade, contendo as regras que a disciplinam. Ele deve trazer a

estrutura da sociedade, o tipo social adotado, a disciplina dos sócios e todo e qualquer

assunto que os fundadores entendam necessário. As alterações contratuais posteriores

devem observar as regras dos atos constitutivos, sendo averbadas no documento

original.

São elementos essenciais dos atos constitutivos levados a registro:

I – Tipo societário

Deve-se especificar qual o tipo assumido pela sociedade, quais sejam:

em nome coletivo, comandita simples, limitada, comandita por ações ou sociedade

anônima.

II – Objeto social

Deve haver declaração precisa e detalhada do objeto a ser desenvolvido

pela empresa, o qual, além de ser lícito, não pode violar a moral ou os bons costumes.

III – Capital social

Ser designado o capital social da sociedade, em quantas cotas ou ações

está dividido, o modo e o prazo para integralização dessas participações societárias, e

quantia de cada sócio.

IV – Responsabilidade dos sócios

Estar expressa no ato constitutivo a forma de responsabilidade dos

sócios correspondente àquela fixada em lei para o tipo societário eleito.

V – Qualificação dos sócios

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Os sócios deverão ser identificados e qualificados. Se física: nome,

nacionalidade, estado civil, profissão, residência, domicílio, número de documento RG e

CPF. Se jurídica: número do CNPJ, sede, sócios, nacionalidade e informações acerca de

seu registro, como número, local e data.

VI – Qualificação de representantes, procuradores e administradores

Simples identificação e qualificação dos administradores. Há tipos

societários que não admitem administradores estranhos ao quadro social (sociedade em

nome coletivo e em comandita simples).

VII – Nome empresarial

É aquele adotado pela sociedade, dentro dos parâmetros fixados pelo

Código Civil.

VIII – Sede e foro

Especificado o endereço do estabelecimento da sede da empresa (rua,

bairro, Município e Estado), se mais de um, qual o principal, bem como a designação da

existência de sucursais, filiais ou agências, com seus respectivos endereços.

IX – Prazo de duração

Podem ser por prazo determinado ou indeterminado. Mesmo sendo por

prazo determinado, podem ser prorrogadas.

Não se pode esquecer que o ato constitutivo da sociedade deve ser

subscrito por advogado.

8.12. Dos direitos e deveres dos sócios

São deveres dos sócios: a) integralizar o capital social subscrito, à vista

ou a prazo, conforme estipulado em contrato ou estatuto social, sob pena de sofrer as

conseqüências (remisso); b) participar dos resultados negativos da empresa, arcando

com sua responsabilidade subsidiária limitada ou ilimitada, de acordo com o previsto no

contrato; c) ter lealdade para com a sociedade, atuando de forma digna, ética e moral,

buscando sempre auxiliá-la em seu desenvolvimento e crescimento; d) obedecer sempre

o contrato ou estatuto social.

De outro ponto, são direitos dos sócios: a) participar dos lucros da

sociedade empresária; b) fiscalizar a administração bem como a escrituração da

sociedade. Salvo estipulação que determine época própria, os sócios podem, a qualquer

tempo, examinar os livros e documentos e o estado do caixa e da carteira da sociedade,

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conforme artigo 1.021 do Código Civil. c) retirar-se da sociedade em determinadas

condições estipuladas no contrato. O sócio que sai tem direito ao valor equivalente às

suas cotas; d) exigir a prestação de contas por parte dos administradores, que são

obrigados a fazê-lo anualmente, bem como o balanço patrimonial e de resultados

econômicos, a teor do artigo 1.020 do Código Civil; e) votar nas assembléias sobre as

atividades e destino da sociedade. A grande parte das decisões é tomada por maioria.

Maioria esta que é representada pelo número de cotas e não de sócios; f) preferência na

subscrição de cotas ou ações.

8.13. Das sociedades contratuais

8.13.1 Sociedade em nome coletivo

Espécie da sociedade de pessoas, constituindo-se por contrato social,

que deverá dispor acerca desse caráter pessoal, vetando a entrada de terceiros

estranhos ao quadro social, ainda que decorra de sucessão por morte de um dos sócios.

Pelo disposto no artigo 1.039 do Código Civil: Somente pessoas físicas

podem tomar parte na sociedade em nome coletivo, respondendo todos os sócios, solidária

e ilimitadamente, pelas obrigações sociais.

Isso ocorre porque somente essas pessoas podem ser sócias com

responsabilidade ilimitada, e a responsabilidade dos sócios das sociedades em nome

coletivo é subsidiária e sempre ilimitada. Todos os sócios respondem pelo passivo social,

de forma subsidiária, solidária e ilimitada se os bens da sociedade não forem suficientes.

Contudo, dispõe o parágrafo único do acima citado artigo que: Sem

prejuízo da responsabilidade perante terceiros, podem os sócios, no ato constitutivo, ou por

unânime convenção posterior, limitar entre si a responsabilidade de cada um.

Atua no mundo jurídico por meio de firma11, na qual deve constar o

nome civil de um ou alguns de seus sócios. Nesta última hipótese, deverá integrar a

firma a expressão ‘e companhia’ ou sua abreviatura (CC, 1.157).

A administração da sociedade compete exclusivamente a sócios, sendo o

uso da firma, nos limites do contrato, privativo dos que tenham os necessários poderes (CC,

1.042).

Sua dissolução segue as regras e hipóteses traçadas para as sociedades

simples, dispostas no art. 1.033 do Código Civil, além da falência (CC, 1.044).

11 Art. 1.041. O contrato deve mencionar, além das indicações referidas no art. 997, a firma social.

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Aplicam-se, supletivamente as demais normas disciplinadoras das

sociedades simples (CC, 1.040).

8.13.2 Sociedade em comandita simples

São sociedades contratuais, sendo o capital social dividido em cotas

sociais. Trata-se de uma sociedade de pessoas.

Possi duas categorias de sócios a teor do artigo 1.045 do Código Civil:

Na sociedade em comandita simples tomam parte sócios de duas categorias: os

comanditados, pessoas físicas, responsáveis solidária e ilimitadamente pelas obrigações

sociais; e os comanditários, obrigados somente pelo valor de sua quota. Parágrafo único. O

contrato deve discriminar os comanditados e os comanditários.

Esta sociedade opera sob firma ou razão social, da qual somente

poderão fazer parte o nome civil de sócios comanditados, e não de comanditários, sob

pena de responderem também ilimitadamente pelas obrigações sociais.

Somente os comanditados podem ser administradores e representantes

legais da sociedade. Neste sentido, é o artigo 1.047 do Código Civil: Sem prejuízo da

faculdade de participar das deliberações da sociedade e de lhe fiscalizar as operações, não

pode o comanditário praticar qualquer ato de gestão, nem ter o nome na firma social, sob

pena de ficar sujeito às responsabilidades de sócio comanditado. Parágrafo único. Pode o

comanditário ser constituído procurador da sociedade, para negócio determinado e com

poderes especiais.

No caso de morte de sócio comanditário, a sociedade, salvo disposição do

contrato, continuará com os seus sucessores, que designarão quem os represente (CC,

1.050). Se quem morrer for sócio comanditado, haverá dissolução parcial da sociedade, a

não ser que o contrato social disponha de forma diversa, autorizando o ingresso de

sucessores.

Conforme artigo 1.051 do Código Civil: Dissolve-se de pleno direito a

sociedade: I - por qualquer das causas previstas no art. 1.044; II - quando por mais de cento

e oitenta dias perdurar a falta de uma das categorias de sócio. Parágrafo único. Na falta de

sócio comanditado, os comanditários nomearão administrador provisório para praticar,

durante o período referido no inciso II e sem assumir a condição de sócio, os atos de

administração.

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8.13.3 Sociedades limitadas

8.13.3.1 Linhas gerais

Trata-se de sociedade contratual, constituída por um contrato social,

cuja capital social é dividido em cotas. Estas por sua vez, são frações que serão

subscritas pelos sócios. Esses sócios, com a subscrição, comprometem-se à

integralização do montante correspondente às suas cotas, mediante o efetivo

fornecimento de dinheiro, bens ou créditos para a formação do capital social e

constituição do primeiro patrimônio da sociedade, necessário aos inícios das atividades

empresariais. A titularidade das cotas confere ao sócios o direito de recebimento de

parcela dos lucros, bem como o da partilha da massa patrimonial resultante da

liquidação da sociedade.

O capital social está dividido em cotas iguais ou desiguais, cabendo uma

ou diversas a cada sócios, o que faz com que ele tenha maior ou menor controle do

capital social, na proporção do número de cotas que possui (CC, 1.055).

O grande sucesso das sociedades limitadas deve-se à limitação da

responsabilidade subsidiária dos sócios quanto às obrigações sociais. A limitada é a

única sociedade do tipo contratual em que todos os sócios possuem responsabilidade

limitada. Elas representam hoje a maior parte das sociedades empresárias existente no

país.

8.13.3.2 Do contrato social

Por aplicação do artigo 1.054 do CC, que remete ao artigo 997, deve o

contrato, que pode ser instrumento público ou particular preencher os seguintes

requisitos:

Art. 997. A sociedade constitui-se mediante contrato escrito, particular ou

público, que, além de cláusulas estipuladas pelas partes, mencionará:

I - nome, nacionalidade, estado civil, profissão e residência dos sócios, se

pessoas naturais, e a firma ou a denominação, nacionalidade e sede dos sócios, se jurídicas;

II - denominação, objeto, sede e prazo da sociedade;

III - capital da sociedade, expresso em moeda corrente, podendo

compreender qualquer espécie de bens, suscetíveis de avaliação pecuniária;

IV - a quota de cada sócio no capital social, e o modo de realizá-la;

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V - as prestações a que se obriga o sócio, cuja contribuição consista em

serviços;

VI - as pessoas naturais incumbidas da administração da sociedade, e seus

poderes e atribuições;

VII - a participação de cada sócio nos lucros e nas perdas;

VIII - se os sócios respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações

sociais.

Parágrafo único. É ineficaz em relação a terceiros qualquer pacto

separado, contrário ao disposto no instrumento do contrato.

8.13.3.3 Do nome empresarial

Podem adotar tanto firma quanto denominação, ambas integradas pela

palavra ‘limitada’ ou sua abreviatura ‘Ltda’. Conforme § 3º do artigo 1.158 do CC § 3o: A

omissão da palavra "limitada" determina a responsabilidade solidária e ilimitada dos

administradores que assim empregarem a firma ou a denominação da sociedade.

8.13.3.4 Das cotas

Conforme § 1º do artigo 1.055: Pela exata estimação de bens conferidos

ao capital social respondem solidariamente todos os sócios, até o prazo de cinco anos da

data do registro da sociedade.

E pelo disposto no § 2º do citado artigo: É vedada contribuição que

consista em prestação de serviços. Não há, portanto, a figura do chamado sócio de

indústria. Todo e qualquer sócio deve contribuir para a formação ou aumento do capital

social da sociedade, não obstante também possa prestar seus serviços para o

desenvolvimento do objeto da empresa.

Igualmente, todos os sócios deverão participar dos resultados sociais,

positivos ou negativos.

Como já dito, no silêncio do contrato social as limitadas assumem o

caráter de sociedades de pessoas e, por essa razão, podem vetar o ingresso de terceiro

estranho à sociedade, na medida em que a personalidade e atributos pessoais dos sócios

são de grande importância ao desenvolvimento da empresa. Nesse sentido dispõe o

artigo 1.057 do CC: Na omissão do contrato, o sócio pode ceder sua quota, total ou

parcialmente, a quem seja sócio, independentemente de audiência dos outros, ou a

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estranho, se não houver oposição de titulares de mais de um quarto do capital social.

Parágrafo único. A cessão terá eficácia quanto à sociedade e terceiros, inclusive para os

fins do parágrafo único do art. 1.003, a partir da averbação do respectivo instrumento,

subscrito pelos sócios anuentes.

De se recordar que, pelo disposto no artigo 1.003 do CC: A cessão total

ou parcial de quota, sem a correspondente modificação do contrato social com o

consentimento dos demais sócios, não terá eficácia quanto a estes e à sociedade.

Parágrafo único. Até dois anos depois de averbada a modificação do

contrato, responde o cedente solidariamente com o cessionário, perante a sociedade e

terceiros, pelas obrigações que tinha como sócio.

Pelo disposto no artigo 1.059 do CC: Os sócios serão obrigados à

reposição dos lucros e das quantias retiradas, a qualquer título, ainda que autorizados pelo

contrato, quando tais lucros ou quantia se distribuírem com prejuízo do capital.

As sociedades limitadas deverão disciplinar no contrato social a

questão da sucessão de cotas na hipótese de morte de sócio, em vista de que, em regra,

trata-se de uma sociedade de pessoas e que o ingresso de herdeiro desinteressado no

objeto desenvolvido pela empresa pode repercutir negativamente nos negócios.

8.13.3.5 Da administração

Necessário é a existência de um ou mais administradores, os quais

responderam juridicamente pela empresa e serão responsáveis pela condução da

atividade produtiva.

Os administradores falam em nome da pessoa jurídica. Buscam sempre

o melhor resultado para a empresa, que não se confunde com suas próprias vontades,

nem com a vontade dos sócios.

Estipula o art. 1.060 do Código Civil: A sociedade limitada é

administrada por uma ou mais pessoas designadas no contrato social ou em ato separado.

Parágrafo único. A administração atribuída no contrato a todos os sócios não se estende de

pleno direito aos que posteriormente adquiram essa qualidade. Por sua vez o artigo 1.061

do Código Civil: Se o contrato permitir administradores não sócios, a designação deles

dependerá de aprovação da unanimidade dos sócios, enquanto o capital não estiver

integralizado, e de dois terços, no mínimo, após a integralização.

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Se não designado no contrato social, será investido no cargo mediante

termo de posse no livro de atas da administração, é o que dita o artigo 1.062 do Código

Civil. Confira-se: O administrador designado em ato separado investir-se-á no cargo

mediante termo de posse no livro de atas da administração. § 1o Se o termo não for

assinado nos trinta dias seguintes à designação, esta se tornará sem efeito. § 2o Nos dez

dias seguintes ao da investidura, deve o administrador requerer seja averbada sua

nomeação no registro competente, mencionando o seu nome, nacionalidade, estado civil,

residência, com exibição de documento de identidade, o ato e a data da nomeação e o

prazo de gestão.

Sendo omisso o contrato social, caberão ao administrador todos os atos

pertinentes à gestão da sociedade (CC, 1.015). O uso da firma ou denominação adotada

pela limitada será privativo dos administradores que tenham os necessários poderes (CC,

1.064).

Os administradores têm responsabilidade pessoal e solidária perante a

sociedade e terceiros, quando agirem com culpa no desempenho de suas funções (CC,

1.016). O administrador poderá ainda ser pessoal e ilimitadamente responsável pelos

atos praticados com dolo. Por outro lado, se for probo, competente e diligente, não tendo

agido com dolo ou culpa, não poderá ser responsabilizado por eventual ato prejudicial à

sociedade.

Conforme reza o artigo 1.065: Ao término de cada exercício social,

proceder-se-á à elaboração do inventário, do balanço patrimonial e do balanço de

resultado econômico.

Por fim, pelos termos do artigo 1.063: O exercício do cargo de

administrador cessa pela destituição, em qualquer tempo, do titular, ou pelo término do

prazo se, fixado no contrato ou em ato separado, não houver recondução. § 1o Tratando-se

de sócio nomeado administrador no contrato, sua destituição somente se opera pela

aprovação de titulares de quotas correspondentes, no mínimo, a dois terços do capital

social, salvo disposição contratual diversa. § 2o A cessação do exercício do cargo de

administrador deve ser averbada no registro competente, mediante requerimento

apresentado nos dez dias seguintes ao da ocorrência. § 3o A renúncia de administrador

torna-se eficaz, em relação à sociedade, desde o momento em que esta toma conhecimento

da comunicação escrita do renunciante; e, em relação a terceiros, após a averbação e

publicação.

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8.13.3.6 Conselho fiscal

Os sócios têm o direito de fiscalizar a administração da sociedade. Esse

direito pode ser exercido de variadas maneiras. Podem os sócios proceder a exame de

livros e demais documentos societários, do estado da caixa e da carteira da sociedade

(CC, 1.021), assim como também exigir a prestação de contas por parte dos

administradores (CC, 1.020).

Nas sociedades limitadas é previsto a existência de um órgão cuja

função é fiscalizar o desempenho e a administração da sociedade: o Conselho Fiscal.

Contudo, tal órgão é facultativo, pode ou não existir.

Nos termos do artigo 1.069 são funções do conselho fiscal:

Art. 1.069. Além de outras atribuições determinadas na lei ou no contrato

social, aos membros do conselho fiscal incumbem, individual ou conjuntamente, os deveres

seguintes:

I - examinar, pelo menos trimestralmente, os livros e papéis da sociedade

e o estado da caixa e da carteira, devendo os administradores ou liquidantes prestar-lhes

as informações solicitadas;

II - lavrar no livro de atas e pareceres do conselho fiscal o resultado dos

exames referidos no inciso I deste artigo;

III - exarar no mesmo livro e apresentar à assembléia anual dos sócios

parecer sobre os negócios e as operações sociais do exercício em que servirem, tomando

por base o balanço patrimonial e o de resultado econômico;

IV - denunciar os erros, fraudes ou crimes que descobrirem, sugerindo

providências úteis à sociedade;

V - convocar a assembléia dos sócios se a diretoria retardar por mais de

trinta dias a sua convocação anual, ou sempre que ocorram motivos graves e urgentes;

VI - praticar, durante o período da liquidação da sociedade, os atos a que

se refere este artigo, tendo em vista as disposições especiais reguladoras da liquidação.

Pelo artigo 1.070 do CC: As atribuições e poderes conferidos pela lei ao

conselho fiscal não podem ser outorgados a outro órgão da sociedade, e a responsabilidade

de seus membros obedece à regra que define a dos administradores (art. 1.016). Parágrafo

único. O conselho fiscal poderá escolher para assisti-lo no exame dos livros, dos balanços e

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das contas, contabilista legalmente habilitado, mediante remuneração aprovada pela

assembléia dos sócios.

Pelo artigo 1.066 do CC: Sem prejuízo dos poderes da assembléia dos

sócios, pode o contrato instituir conselho fiscal composto de três ou mais membros e

respectivos suplentes, sócios ou não, residentes no País, eleitos na assembléia anual

prevista no art. 1.078. § 1o Não podem fazer parte do conselho fiscal, além dos inelegíveis

enumerados no § 1o do art. 1.011, os membros dos demais órgãos da sociedade ou de outra

por ela controlada, os empregados de quaisquer delas ou dos respectivos administradores,

o cônjuge ou parente destes até o terceiro grau. § 2o É assegurado aos sócios minoritários,

que representarem pelo menos um quinto do capital social, o direito de eleger,

separadamente, um dos membros do conselho fiscal e o respectivo suplente.

Os membros do Conselho Fiscal são eleitos pela assembléia anual da

limitada, estes por sua vez, a teor do artigo 1.067 do CC: O membro ou suplente eleito,

assinando termo de posse lavrado no livro de atas e pareceres do conselho fiscal, em que se

mencione o seu nome, nacionalidade, estado civil, residência e a data da escolha, ficará

investido nas suas funções, que exercerá, salvo cessação anterior, até a subseqüente

assembléia anual. Parágrafo único. Se o termo não for assinado nos trinta dias seguintes

ao da eleição, esta se tornará sem efeito.

Ainda, compete à assembléia fixar a remuneração do conselho fiscal,

esta é a dicção do artigo 1.068 do CC, confira-se:

Art. 1.068. A remuneração dos membros do conselho fiscal será fixada,

anualmente, pela assembléia dos sócios que os eleger.

Aquele impedido de ser administrador (CC, 1.011), também não pode

ser membro do conselho fiscal.

8.13.3.7 Da deliberação dos sócios

As deliberações dos sócios são tomadas em reunião ou assembléia,

conforme previsto no contrato social. Se o número de sócios for superior a 10, é

obrigatório que as decisões sejam tomadas em assembléias. Se a limitada possuir 10 ou

menos sócios, suas deliberações poderão ser tomadas em reunião (CC, 1.072, § 1º).

Deve-se convocar na forma explicitada no contrato social, podendo a

reunião ou assembléia ser convocada nos termos do artigo 1.073 do CC:

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I - por sócio, quando os administradores retardarem a convocação, por

mais de sessenta dias, nos casos previstos em lei ou no contrato, ou por titulares de mais de

um quinto do capital, quando não atendido, no prazo de oito dias, pedido de convocação

fundamentado, com indicação das matérias a serem tratadas;

II - pelo conselho fiscal, se houver, nos casos a que se refere o inciso V do

art. 1.069.

A convocação de uma assembléia é feita por anuncia publicado, no

mínimo, três vezes, no diário oficial e em jornal de grande circulação, devendo existir,

entre a data da primeira publicação e a da realização da assembléia, o prazo mínimo de 8

dias, em primeiro convocação, e de 5 dias, em segunda convocação ou posteriores (CC,

1.152, § 3º). Essas formalidades,entretanto, serão dispensadas se todos os sócios

comparecerem ou se declararem, por escrito, cientes do local, dia, hora e ordem do dia

(CC, 1.072, § 2º).

Dispensa-se a realização de reunião ou assembléia quando todos os

sócios decidirem, por escrito, sobre a matéria que seria objeto delas (CC, 1.072, § 3º). De

bom alvitre recordar que, As deliberações tomadas de conformidade com a lei e o contrato

vinculam todos os sócios, ainda que ausentes ou dissidentes (CC, 1.072, § 5º). E ainda, se

tomadas decisões infringentes do contrato ou da lei tais tornam ilimitada a

responsabilidade dos que expressamente as aprovaram (CC, 1.080).

Pelo artigo 1.074 do CC: A assembléia dos sócios instala-se com a

presença, em primeira convocação, de titulares de no mínimo três quartos do capital

social, e, em segunda, com qualquer número. § 1o O sócio pode ser representado na

assembléia por outro sócio, ou por advogado, mediante outorga de mandato com

especificação dos atos autorizados, devendo o instrumento ser levado a registro,

juntamente com a ata. § 2o Nenhum sócio, por si ou na condição de mandatário, pode votar

matéria que lhe diga respeito diretamente.

Quanto à direção dos trabalhos, explica o artigo 1.075:

Art. 1.075. A assembléia será presidida e secretariada por sócios

escolhidos entre os presentes.

§ 1o Dos trabalhos e deliberações será lavrada, no livro de atas da

assembléia, ata assinada pelos membros da mesa e por sócios participantes da reunião,

quantos bastem à validade das deliberações, mas sem prejuízo dos que queiram assiná-la.

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§ 2o Cópia da ata autenticada pelos administradores, ou pela mesa, será,

nos vinte dias subseqüentes à reunião, apresentada ao Registro Público de Empresas

Mercantis para arquivamento e averbação.

§ 3o Ao sócio, que a solicitar, será entregue cópia autenticada da ata.

Os sócios deverão se reunir em assembléia, pelo menos uma vez

por ano é que explicita o artigo 1.078 do CC:

Art. 1.078. A assembléia dos sócios deve realizar-se ao menos uma vez por

ano, nos quatro meses seguintes à ao término do exercício social, com o objetivo de: I -

tomar as contas dos administradores e deliberar sobre o balanço patrimonial e o de

resultado econômico; II - designar administradores, quando for o caso; III - tratar de

qualquer outro assunto constante da ordem do dia. § 1o Até trinta dias antes da data

marcada para a assembléia, os documentos referidos no inciso I deste artigo devem ser

postos, por escrito, e com a prova do respectivo recebimento, à disposição dos sócios que

não exerçam a administração. § 2o Instalada a assembléia, proceder-se-á à leitura dos

documentos referidos no parágrafo antecedente, os quais serão submetidos, pelo

presidente, a discussão e votação, nesta não podendo tomar parte os membros da

administração e, se houver, os do conselho fiscal. § 3o A aprovação, sem reserva, do balanço

patrimonial e do de resultado econômico, salvo erro, dolo ou simulação, exonera de

responsabilidade os membros da administração e, se houver, os do conselho fiscal. § 4o

Extingue-se em dois anos o direito de anular a aprovação a que se refere o parágrafo

antecedente.

Depende de deliberação dos sócios, a teor do artigo 1.071 do CC:

Dependem da deliberação dos sócios, além de outras matérias indicadas

na lei ou no contrato: I - a aprovação das contas da administração; II - a designação dos

administradores, quando feita em ato separado; III - a destituição dos administradores; IV

- o modo de sua remuneração, quando não estabelecido no contrato; V - a modificação do

contrato social; VI - a incorporação, a fusão e a dissolução da sociedade, ou a cessação do

estado de liquidação; VII - a nomeação e destituição dos liquidantes e o julgamento das

suas contas; VIII - o pedido de concordata.

Algumas deliberações, por determinação legal, deverão ser tomadas em

assembléia. Além disso, de acordo com a lei, o quorum exigido de aprovação pode variar.

Para facilitar o estudo das deliberações e dos quoruns mais importantes nas votações

das assembléias de sociedades limitadas, propõe-se a seguinte tabela:

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QUÓRUM EXIGIDO

DE

LIB

ER

ÕE

S

Unanimidade

do capital

social

2/3 do capital

social

Maioria absoluta Maioria dos

presentes

Aprovação de

administrador

não-sócio, se o

capital social não

estiver todo

integralizado

(CC, 1.061);

Dissolução da

sociedade, se por

prazo

determinado

(CC, 1.087, 1.044

e 1.033, II).

Modificação do

contrato social

(CC, 1.076, I);

Incorporação,

fusão,

dissolução da

sociedade ou

cessação do

estado de

liquidação (CC,

1.076, I).

Aprovação de

administrador

não-sócio, se o

capital estiver

todo

integralizado

(CC, 1.061);

Destituição de

administrador

sócio nomeado

no contrato

social (CC, 1.063,

§ 1º).

- Designação dos

administradores

sócios, quando feita

em ato separado

(CC, 1.076, II);

- Destituição dos

administradores

(CC, 1.076, II);

- Remuneração dos

administradores,

quando não

estabelecido no

contrato (CC, 1.076,

II);

- Dissolução da

sociedade, se por

prazo

indeterminado (CC,

1.033, III);

- Expulsão de sócio

minoritário (CC,

1.085).

Aprovação das

contas da

administração

(CC, 1.076, III);

Nomeação e

destituição dos

liquidantes e

julgamento de

suas contas (CC,

1.076, III);

Demais casos

previstos em lei

ou no contrato,

se este não

exigir maioria

mais elevada

(CC, 1.076, III).

8.13.3.8. Do aumento e da redução do capital social

O capital social da limitada por ser aumentado ou diminuído, desde

que observadas a prescrições legais e aquelas contidas no contrato social.

Somente será admitido aumento do capital social de uma limitada

se eles estiver totalmente integralizado. Em razão desse aumento, haverá modificação

do contrato social, que deverá ser averbada na Junta Comercial (CC, 1.081).

Em razão do aumento, os sócios tem direito de preferência na

subscrição de novas cotas, de modo que possam manter a participação societária que

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possuíam anteriormente. O § 1º do art. 1.081 assevera que terão eles o prazo de 30 dias,

a contar da deliberação, para exercer esse direito de preferência, que será assegurado na

proporção das cotas de que sejam titulares.

Os sócios também podem ceder o direito de preferência na

subscrição das cotas.

Quanto à diminuição do capital social, aduz o artigo 1.082 do CC:

Pode a sociedade reduzir o capital, mediante a correspondente modificação do contrato:

I - depois de integralizado, se houver perdas irreparáveis; II - se excessivo em relação ao

objeto da sociedade.

Também ocorre redução no caso de retirada de um dos sócios,

salvo se os demais suprirem o valor das cotas.

Tal como no aumento, implica a diminuição na alteração do

contrato social, que deve ser aprovado em assembléia e averbado na Junta Comercial.

Ainda, pelos termos do artigo 1.083 do CC: No caso do inciso I do

artigo antecedente, a redução do capital será realizada com a diminuição proporcional

do valor nominal das quotas, tornando-se efetiva a partir da averbação, no Registro

Público de Empresas Mercantis, da ata da assembléia que a tenha aprovado.

E pelo artigo 1.084 do CC: No caso do inciso II do art. 1.082, a

redução do capital será feita restituindo-se parte do valor das quotas aos sócios, ou

dispensando-se as prestações ainda devidas, com diminuição proporcional, em ambos os

casos, do valor nominal das quotas. § 1o No prazo de noventa dias, contado da data da

publicação da ata da assembléia que aprovar a redução, o credor quirografário, por

título líquido anterior a essa data, poderá opor-se ao deliberado. § 2o A redução

somente se tornará eficaz se, no prazo estabelecido no parágrafo antecedente, não for

impugnada, ou se provado o pagamento da dívida ou o depósito judicial do respectivo

valor. § 3o Satisfeitas as condições estabelecidas no parágrafo antecedente, proceder-se-

á à averbação, no Registro Público de Empresas Mercantis, da ata que tenha aprovado a

redução.

8.13.3.9 Resolução da sociedade em relação aos sócios

É um dos direitos do sócio: a retirada. Se o contrato da

sociedade é estabelecido por prazo indeterminado, os sócios têm o direito de retirada a

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qualquer tempo, independentemente de motivo justificado, bastando para tanto a

notificação dos demais sócios, com uma antecedência mínima de 60 dias (CC, 1.029).

Neste caso receberá ele o valor patrimonial de suas cotas

integralizadas, com base na situação patrimonial da sociedade à data de sua retirada,

verificada em balanço especialmente para isto (CC, 1.031). Com a retirada desse sócio, o

capital social sofrerá a correspondente redução, a não ser que os demais sócios supram

o valor das cotas (CC, 1.031, § 1º).

Se a sociedade é por prazo determinado, o direito de retiradas

somente poderá ser exercido se provada judicialmente a justa causa para sua saída (CC,

1.029). São casos de saída os previstos no artigo 1.077, 1.004 e 1.030 do CC.

Poderá ainda haver a resolução da sociedade em relação aos sócios

minoritários. Quando a maioria dos sócios representativa de mais da metade do capital

social entender que um ou mais deles estão pondo em risco a continuidade da empresa,

em virtude de atos de inegável gravidade, poderá excluí-los da sociedade, mediante

alteração do contrato social, desde que prevista neste a exclusão por justa causa. Para

atingirem essa finalidade, os sócios majoritários deverão convocar reunião ou

assembléia especialmente para esse fim, cientificando o acusado em tempo hábil, para

que ele compareça e se defenda (CC, 1.085). Não se faz necessário ação judicial para este

fim.

Aprovada a alteração contratual com exclusão do sócio, deverá ser

averbada a modificação no registro da sociedade na Junta Comercial. A não ser que os

sócios remanescentes integralizem, haverá a redução do capital social.

8.13.3.10 Dissolução da sociedade limitada

Remete o artigo 1.087 do CC às causas de extinção da sociedade

simples, quais sejam: Art. 1.033. Dissolve-se a sociedade quando ocorrer: I - o vencimento

do prazo de duração, salvo se, vencido este e sem oposição de sócio, não entrar a sociedade

em liquidação, caso em que se prorrogará por tempo indeterminado; II - o consenso

unânime dos sócios; III - a deliberação dos sócios, por maioria absoluta, na sociedade de

prazo indeterminado; IV - a falta de pluralidade de sócios, não reconstituída no prazo de

cento e oitenta dias; V - a extinção, na forma da lei, de autorização para funcionar.

Parágrafo único. Não se aplica o disposto no inciso IV caso o sócio remanescente, inclusive

na hipótese de concentração de todas as cotas da sociedade sob sua titularidade, requeira

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no Registro Público de Empresas Mercantis a transformação do registro da sociedade para

empresário individual, observado, no que couber, o disposto nos arts. 1.113 a 1.115 deste

Código.

Pelo artigo 1.034 a sociedade também pode ser dissolvida por

determinação judicial.

8.14. Sociedades institucionais

8.14.1 Sociedades anônimas

São espécies de sociedades estatutárias, também chamadas

‘institucionais’. Constituem-se, assim por meio de um estatuto social e seu capital está

dividido em frações denominadas ‘ações’. Cada sócio é titular de determinado número

de ações, sendo chamado de ‘acionista’.

As sociedades anônimas, também denominadas ‘companhias’ estão

regulamentadas em lei própria, Lei nº 6.404/76. Nesse sentido é o próprio artigo 1.089

do CC: A sociedade anônima rege-se por lei especial, aplicando-se-lhe, nos casos omissos, as

disposições deste Código.

Como regra, o objeto social explorado pelas sociedades anônimas

importa em atividade de grande vulto econômico. Compete ao estatuto definir precisa e

completamente o objeto social desta.

Em vista de serem sociedades institucionais ou estatutárias, estas

também são sociedades de capital. Assim, o que realmente importa a essa pessoa

jurídica é a efetiva contribuição dos acionistas para a formação do capital social, sendo

irrelevantes as qualidades pessoais de cada um. Não há óbice quanto a entrada de

terceiro na sociedade.

Uma das principais características das sociedades anônimas é a

limitação da responsabilidade dos sócios. Como dispõe o artigo 1º da Lei nº 6.404/76: a

companhia ou sociedade anônima terá o capital dividido em ações, e a responsabilidade

dos sócios ou acionistas será limitada ao preço de emissão das ações subscritas ou

adquiridas. O mesmo é repetido no artigo 1.088 do CC: Na sociedade anônima ou

companhia, o capital divide-se em ações, obrigando-se cada sócio ou acionista somente

pelo preço de emissão das ações que subscrever ou adquirir.

As sociedades anônimas deverão adotar como nome empresarial

uma denominação, que necessariamente designará o objeto social desenvolvimento pela

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empresa. A denominação será acompanhada da expressão ‘sociedade anônima’ ou

‘companhia’ expressas por extenso ou abreviadamente (‘S.A.’ ou ‘Cia.’). O termo

‘sociedade anônima’ pode ser usado no início, meio ou fim da denominação. A expressão

‘companhia’ não pode ser usada no fim da denominação, para que não se confunda com

o nome empresarial das demais sociedades contratuais que podem usar esta partícula

no final.

As sociedades anônimas podem ser de duas espécies: aberta ou

fechadas (LSA, 4º). Abertas são aquelas que negociam seus valores mobiliários no

mercado de capitais. Essa companhias emitem títulos que são negociados no mercado,

havendo oferta ao público em geral. Por essa razão, elas necessitam de uma autorização

da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para poder negociar esses títulos.

As sociedades fechadas, por outro lado, são aquelas que não

negociam seus valores mobiliários no mercado de capitais. Essas companhias não

oferecem suas ações ao público, o que faz com que sejam menos complexas.

8.14.2 Sociedade em comandita por ações

São espécies do gênero sociedades estatutárias. Constituem-se,

portanto, por um estatuto social, devidamente registrado na Junta Comercial. O capital

social está dividido em ações. São também sociedades de capital, em que é livre o

ingresso de terceiros estranhos ao quadro social, já que não importam as características

pessoais dos acionistas, apenas que eles efetivamente contribuam para a formação do

capital da empresa, pela integralização de ações.

Podem adotar tanto ‘firma’ quanto ‘denominação’ designativa do

objeto social aditada da expressão ‘comandita por ações’, por extenso ou

abreviadamente ‘C/A’.

Possui capital dividido em ações conforme expressa o artigo 1.090

do CC: A sociedade em comandita por ações tem o capital dividido em ações, regendo-se

pelas normas relativas à sociedade anônima, sem prejuízo das modificações constantes

deste Capítulo, e opera sob firma ou denominação.

A principal característica da sociedade em comandita por ações é

de que ela possui duas espécies de sócios. Há os sócios que exercem o cargo de

administração da empresa, sendo diretores dela, e há aqueles que não exercem tais

cargos. Somente acionistas podem ocupar os cargos de diretores, podendo também ser

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chamados de gerente. Inclusive esta é a dicção do artigo 1.091 do CC: Art. 1.091. Somente

o acionista tem qualidade para administrar a sociedade e, como diretor, responde

subsidiária e ilimitadamente pelas obrigações da sociedade. § 1o Se houver mais de um

diretor, serão solidariamente responsáveis, depois de esgotados os bens sociais. § 2o Os

diretores serão nomeados no ato constitutivo da sociedade, sem limitação de tempo, e

somente poderão ser destituídos por deliberação de acionistas que representem no mínimo

dois terços do capital social. § 3o O diretor destituído ou exonerado continua, durante dois

anos, responsável pelas obrigações sociais contraídas sob sua administração.

O sócio que for diretor da comandita por ações responderá

ilimitadamente pelas obrigações sociais. Havendo mais de um diretor, serão eles

responsáveis solidariamente, após esgotados os bens sociais. Os demais sócios que não

exercem cargo de administração respondem de forma subsidiária, porém limitada pelas

obrigações sociais.

Por fim, reza o artigo 1.092 do CC: A assembléia geral não pode, sem

o consentimento dos diretores, mudar o objeto essencial da sociedade, prorrogar-lhe o

prazo de duração, aumentar ou diminuir o capital social, criar debêntures, ou partes

beneficiárias.

8.15 Quadro das sociedades empresárias

1. Sociedade em nome coletivo Responsabilidade: ilimitada de todos os sócios (CC, 1.039).

Nome: firma ou razão social (composta com o nome pessoal de um

ou mais sócios, acrescentando-se '& Cia.', se omitido o nome de

qualquer deles.

2. Sociedade em comandita simples Responsabilidade: limitada do sócio comanditário; ilimitada dos

sócios comanditados (CC, 1.045).

Nome: firma ou razão social (composta só com os nomes dos

sócios comanditados).

3. Sociedade em conta de participação Responsabilidade: exclusiva do sócio ostensivo; nenhuma do

sócio oculto (CC, 991).

Nome: não tem.

4. Sociedade limitada Responsabilidade: limitada de todos os sócios à integralização do

capital social.

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Nome: firma ou razão social (mais 'Ltda') ou denominação (mais

'Ltda') (CC, 1.158).

5. Sociedade anônima Responsabilidade: acionistas comuns é limitada à integralização

de suas ações; acionistas controladores, é igual, mas respondem

por abusos.

Nome: denominação (mais S/A ou Cia).

6. Sociedade em comandita por ações Responsabilidade: ilimitada dos acionistas diretores; limitada

dos demais acionistas.

Nome: firma ou razão social ou denominação (mais 'Comandita

por Ações').

7. Sociedade em comum (irregular ou de

fato)

Responsabilidade: ilimitada de todos os sócios, sem benefício de

ordem (CC, 990).

Nome: não há em vista de sua inexistência.