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CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS
DIEGO DIAS DA SILVA
ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE OS INDICADORES ECONÔMICO-FINANCEIROS DE EMPRESAS QUE PRESTAM SERVIÇOS À SAÚDE
PÚBLICA E PRIVADA
CANOAS, 2008
DIEGO DIAS DA SILVA
ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE OS INDICADORES ECONÔMICO-FINANCEIROS DE EMPRESAS QUE PRESTAM SERVIÇOS À SAÚDE
PÚBLICA E PRIVADA
Trabalho de conclusão apresentado para a banca examinadora do curso de Ciências Contábeis do Centro Universitário La Salle – Unilasalle, como exigência parcial para a obtenção do grau de bacharel em Ciências Contábeis, sob orientação do Prof. Ms. Jessé Alencar da Silva.
CANOAS, 2008
Dedico esta pesquisa a população de
Guaíba, que diariamente enfrenta um
transporte coletivo deficitário e oneroso,
para buscar conhecimento e renda nas
cidades vizinhas, principalmente em Porto
Alegre.
Primeiramente, quero agradecer ao senhor Deus, pelo dom da vida e por todas as
bênçãos que me concedeste.
À minha família, meu pai, minha mãe, meu irmão, meu sogro, e a Silvia minha noiva,
pelos vários momentos de apoio e dedicação durante a trajetória da graduação.
Aos meus professores que sempre desempenharam um excelente papel de educadores e
que considero como amigos e futuros colegas de profissão. Saliento agradecimento em
especial ao professor Jessé, por ter me orientado na jornada do Trabalho de Conclusão de
Curso.
Por fim, quero agradecer a todos que acreditaram em mim, por oportunizar sustentação
e amparo nos momentos de dificuldade; aos que duvidaram, pelo estímulo a ultrapassar todos
os desafios; ao Juarez e a Vanessa, que realizaram a revisão dessa monografia; a cidade de
Guaíba, RS, que me acolheu e a meus colegas de curso e de trabalho, pelas amizades.
“O que habita no esconderijo do Altíssimo, e
descansa à sombra do Onipotente, diz ao
Senhor: Meu refugio e meu baluarte, Deus
meu, em quem confio.” (BÍBLIA
SAGRADA).
RESUMO
Todas as empresas buscam a excelência na administração de seus ativos, e para atingir um elevado grau de satisfação, os administradores financeiros dispõem de uma vasta possibilidade de ferramentas de análise e controle. A contabilidade se apresenta através de suas Demonstrações Contábeis como importante ferramenta gerencial, que sendo corretamente analisadas possibilita relevantes informações para a empresa. No negócio da Saúde, a visão dos gestores não pode ser diferente, com isso o presente estudo buscará dissertar sobre a análise comparativa dos indicadores econômico-financeiros de empresas que prestam serviços à saúde pública e privada. Apresentará um breve histórico da contabilidade e da análise das Demonstrações Contábeis. Irá discorrer sobre a constituição, análise e representatividade dos índices econômico-financeiros. Descreverá a importância da Análise das Demonstrações Contábeis para as empresas prestadoras de serviços de saúde. Demonstrará alguns usuários das informações provenientes das análises das peças contábeis. Versará historicamente sobre alguns fatos que influenciaram a atual saúde pública e privada brasileira. Evidenciará, teoricamente sobre os custos e despesas em saúde e os diferentes tipos de prestação de serviços de saúde. E por fim, apontará a relação dos diferentes tipos de prestação de serviços e sua contribuição no desempenho dos indicadores econômico-financeiros. Palavras-chave: Análise comparativa. Indicadores econômico-financeiros. Prestação de serviços de saúde.
ABSTRACT
All companies seeking excellence in managing their assets, and to achieve a high degree of satisfaction, the financial administrators have a wide scope of tools for analysis and control. The accounts are presented through its Financial Statements as an important management tool, which allows being properly analyzed relevant information to the company. In the business of Health, the vision of managers can not be different, thus the present study seek expatiate on the comparative analysis of the economic-financial indicators of companies that provide services to private and public health. Submit a brief history of accounting and analysis of Financial Statements. It will discuss the constitution, analysis and representation of economic and financial indices. Describe the importance of the Review of Financial Statements for companies providing health services. Demonstrate some users of information from the analysis of the parts accounting. Commenting on some historical facts that influenced the current public health and private Brazilian. Show, theoretically on the costs and expenses in health and the different types of provision of health services. And finally, heading a list of different types of services and its contribution in carrying out economic and financial indicators. Keywords: Benchmarking. Economic and financial indicators. Provision of health service.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 – Balanço Patrimonial ................................................................................................25
Figura 2 – Índice de liquidez corrente ......................................................................................30
Figura 3 – Índice de liquidez seca ............................................................................................31
Figura 4 – Índice de liquidez imediata .....................................................................................32
Figura 5 – Índice de liquidez geral ...........................................................................................33
Figura 6 – Índice de endividamento geral ................................................................................34
Figura 7 – Índice de garantia do capital próprio ao capital de terceiros...................................35
Figura 8 – Composição do endividamento...............................................................................36
Figura 9 – Giro de contas a receber..........................................................................................37
Figura 10 – Giro de contas a pagar...........................................................................................37
Figura 11 – Giro do Ativo total ................................................................................................38
Figura 12 – Margem de Lucro..................................................................................................39
Figura 13 – Retorno sobre Ativo Total.....................................................................................40
Figura 14 – Retorno sobre Patrimônio Líquido........................................................................40
Figura 15 – Variáveis e cálculo do fator de insolvência de Kanitz ..........................................42
Figura 16 – Variáveis e fator de insolvência de Altman. .........................................................43
Figura 17 – Fluxo das informações contábeis ..........................................................................45
Figura 18 - Características do sistema de saúde brasileiro.......................................................53
Figura 19 - Gráfica dos beneficiários de planos de saúde - Brasil - 2000-2008.......................54
Figura 20 – Convênios atendidos pelo HED ............................................................................62
Figura 21 – Balanço Patrimonial do Hospital Ernesto Dornelles.............................................63
Figura 22 – Análise vertical do Ativo – HED ..........................................................................64
Figura 23 – Análise vertical do Passivo – HED.......................................................................64
Figura 24 – Demonstrativa do Resultado do Exercício do Hospital Ernesto Dornelles...........65
Figura 25 – Indicadores de liquidez - HED..............................................................................66
Figura 26 – Indicadores de endividamento - HED...................................................................67
Figura 27 – Indicadores de atividade - HED............................................................................68
Figura 28 – Indicadores de rentabilidade - HED......................................................................68
7
Figura 29 – Capital Circulante Líquido - HED ........................................................................69
Figura 30 – Fator de insolvência – modelo Kanitz - HED .......................................................70
Figura 31 – Balanço Patrimonial do Serviço de Investigação Diagnóstica SIDI S/A..............71
Figura 32 – Composição do Balanço Patrimonial ....................................................................72
Figura 33 – Demonstrativa do Resultado do Exercício do Serviço de Investigação Diagnóstica
SIDI S/A ...................................................................................................................................72
Figura 34 – Indicadores de liquidez do SIDI S/A ....................................................................73
Figura 35 – Indicadores de endividamento do SIDI S/A .........................................................74
Figura 36 – Indicadores de atividade do SIDI S/A...................................................................75
Figura 37 – Indicadores de rentabilidade do SIDI S/A ............................................................75
Figura 38 – Capital circulante líquido do SIDI S/A .................................................................76
Figura 39 – Grau de insolvência do SIDI S/A..........................................................................76
Figura 40 – Balanço Patrimonial do HCPA .............................................................................79
Figura 41 – Composição do Balanço Patrimonial - HCPA......................................................80
Figura 42 – Demonstração do Resultado do Exercício - HCPA ..............................................80
Figura 43 – Indicadores de liquidez - HCPA ...........................................................................81
Figura 44 – Indicadores de endividamento - HCPA ................................................................82
Figura 45 – Indicadores de Atividade - HCPA ........................................................................82
Figura 46 – Indicadores de rentabilidade - HCPA ...................................................................83
Figura 47 – Capital circulante líquido - HCPA........................................................................83
Figura 48 – Fator de insolvência - HCPA ................................................................................84
Figura 49 – Balanço Patrimonial da I.S.C.M.P.A. ...................................................................86
Figura 50 – Composição do Balanço Patrimonial – I.S.C.M.P.A. ...........................................87
Figura 51 - Demonstração do Superávit do Exercício da I.S.C.M.P.A. ...................................88
Figura 52 – Indicadores de liquidez da I.S.C.M.P.A................................................................89
Figura 53 – Indicadores de endividamento da I.S.C.M.P.A.....................................................89
Figura 54 – Indicadores de atividade da I.S.C.M.P.A..............................................................90
Figura 55 – Indicadores de rentabilidade da I.S.C.M.P.A........................................................91
Figura 56 – Capital Circulante Líquido da I.S.C.M.P.A. .........................................................91
Figura 57 – Fator de insolvência da I.S.C.M.P.A.....................................................................92
Figura 58 – Balanço Patrimonial do Hospital Fêmina S/A ......................................................93
8
Figura 59 – Composição do Balanço Patrimonial do Hospital Fêmina ...................................94
Figura 60 – Demonstração do Resultado do Exercício do Hospital Fêmina S.A.....................95
Figura 61 – Indicadores de liquidez do Hospital Fêmina S/A..................................................95
Figura 62 – Indicadores de endividamento do Hospital Fêmina S/A.......................................96
Figura 63 – Indicadores de atividade do Hospital Fêmina S.A. ...............................................96
Figura 64 – Indicadores de rentabilidade do Hospital Fêmina S/A..........................................97
Figura 65 – Capital circulante líquido do Hospital Fêmina S/A ..............................................98
Figura 66 – Fator de insolvência do Hospital Fêmina S/A.......................................................98
Figura 67 – Balanço Patrimonial do HNSC S/A....................................................................100
Figura 68 – Composição do Balanço Patrimonial do HNSC S/A ..........................................101
Figura 69 – Demonstração do Resultado do Exercício do HNSC S/A ..................................101
Figura 70 – Indicadores de liquidez do HNSC S.A................................................................102
Figura 71 – Indicadores de endividamento do HNSC S.A.....................................................103
Figura 72 – Indicadores de atividade do HNSC S.A..............................................................103
Figura 73 – Índices de rentabilidade do HNSC S.A...............................................................104
Figura 74 – Capital circulante líquido do HNSC S/A ............................................................104
Figura 75 – Fator de insolvência do HNSC S/A ....................................................................105
Figura 76 – Comparativo entre indicadores de liquidez.........................................................106
Figura 77 – Comparativo entre indicadores de endividamento geral.....................................107
Figura 78 – Comparativo entre indicadores de garantia do capital próprio ao capital de ......108
Figura 79 – Comparativo entre a composição do endividamento ..........................................109
Figura 80 – Comparativo entre o goro e os dias de atividade ................................................109
Figura 81 – Comparativo entre o giro do Ativo total.............................................................110
Figura 82 – Comparativo entre as margens de lucros ............................................................111
Figura 83 – Comparativo entre o retorno do Ativo total ........................................................111
Figura 84 – Comparativo entre o retorno do capital próprio..................................................112
Figura 85 – Comparativo entre o capital circulante líquido ...................................................113
Figura 86 – Comparativo entre o fator de insolvência ...........................................................114
Figura 87 – Baixa liquidez das empresas prestadoras de serviços a saúde pública................117
Figura 88 – Ratificação da defasagem das receitas SUS........................................................118
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AH – Análise Horizontal
ANS – Agência Nacional de Saúde Suplementar
AV – Análise Vertical
BP – Balanço Patrimonial
CCL – Capital Circulante Líquido
CFC – Conselho Federal de Contabilidade
Cia – Companhia
CLD – Crédito de Liquidação Duvidosa
CMR – Giro de Contas Médicas a Receber
CONASS – Conselho Nacional de Secretários de Saúde
DRE – Demonstração do Resultado de Exercício
EBAS – Entidades Beneficentes de Assistência Sócia
GCP – Giro das Contas ou Fornecedores a Pagar
GCR – Giro das Contas a Receber
GHC – Grupo Hospitalar Conceição
HCPA – Hospital de Clínicas de Porto Alegre
HED – Hospital Ernesto Dornelles
HNSC – Hospital Nossa Senhora da Conceição
I.S.C.M.P.A. – Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre (Complexo
Hospitalar Santa Casa)
IAP – Instituto de Aposentadorias e Pensões
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ILC – Índice de Liquidez Corrente
ILG – Índice de Liquidez Geral
ILI – Índice de Liquidez Imediata
ILS – Índice de Liquidez Seca
IPERGS – Instituto de Previdência do Estado do Rio Grande do Sul
MESP – Ministério da Educação e Saúde Pública
10
PIB – Produto Interno Bruto
PL – Patrimônio Líquido
S/A – Sociedade Anônima
SIDI – Serviço de Investigação Diagnóstica S/A
SUS – Sistema Único de Saúde
UFRGS – Universidade Federal do Rio Grande do Sul
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................14
1.1 Contextualização...............................................................................................................14
1.2 Definição do problema .....................................................................................................15
1.3 Objetivos............................................................................................................................16
1.3.1 Objetivo geral.................................................................................................................17
1.3.2 Objetivos específicos......................................................................................................17
1.4 Delimitação do estudo ......................................................................................................17
1.5 Relevância do estudo ........................................................................................................18
1.6 Estrutura do estudo..........................................................................................................19
2 CONTABILIDADE E ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBE IS...............21
2.1 Histórico da contabilidade e da análise das demonstrações contábeis ........................21
2.1.2 Conceito de análise das demonstrações contábeis (análise de balanços) ........................22
2.2 Demonstrações contábeis de empresas do ramo da saúde............................................23
2.2.1 Balanço patrimonial de empresas prestadoras de serviços de saúde...............................23
2.2.2 Demonstração do resultado do exercício (DRE) de empresas prestadoras de serviços de
saúde .........................................................................................................................................26
2.3 Indicadores econômico-financeiros aplicáveis a empresas prestadoras de serviços de
Saúde........................................................................................................................................28
2.3.1 Análise horizontal e vertical ............................................................................................29
2.3.2 Índices de liquidez de empresas prestadoras de serviços de saúde .................................29
2.3.2.1 Índices de liquidez corrente (ILC)................................................................................30
2.3.2.2 Índice de liquidez seca (ILS) ........................................................................................31
2.3.2.3 Índice de liquidez imediata (ILI) ..................................................................................32
2.3.2.4 Índice de liquidez geral (ILG) ......................................................................................33
2.3.3 Índices de endividamento de empresas prestadoras de serviços de saúde ......................33
2.3.3.1 Índice de endividamento geral ou participação de capitais de Terceiros sobre recursos
totais .........................................................................................................................................34
2.3.3.2 Índice de garantia do capital próprio ao capital de terceiros ........................................34
12
2.3.3.3 Índice de composição do endividamento......................................................................35
2.3.4 Índices de atividade de empresas prestadoras de serviços de saúde................................36
2.3.4.1 Giro de contas a receber (GCR) ...................................................................................36
2.3.4.2 Giro de contas a pagar (GCP).......................................................................................37
2.3.4.3 Giro do ativo total.........................................................................................................38
2.3.5 Índices de rentabilidade de empresas prestadoras de serviços de saúde .........................38
2.3.5.1 Margem de lucro...........................................................................................................39
2.3.5.2 Retorno sobre o ativo total ou retorno sobre investimento...........................................39
2.3.5.3 Retorno sobre o patrimônio líquido ou capital próprio ................................................40
2.3.6 Fator de insolvência.........................................................................................................41
2.3.7 A Importância da análise das demonstrações contábeis das empresas prestadoras de
serviços de saúde ......................................................................................................................43
2.3.8 Usuários das Análises das demonstrações contábeis das empresas prestadoras de
serviços de saúde ......................................................................................................................44
2.3.9 Histórico da saúde no Brasil ............................................................................................49
2.3.10 Tipos de prestação de serviços de saúde (tipos de receitas de saúde) ...........................52
2.3.10.1 Receitas SUS ..............................................................................................................53
2.3.10.2 Receitas de saúde suplementar ...................................................................................54
2.3.10.3 Receitas de saúde particulares ....................................................................................55
2.3.10.4 Subvenções para custeio e repasses transferidos........................................................55
2.3.11Gastos em saúde (custos e despesas)..............................................................................56
3 METODO DE PESQUISA .................................................................................................57
3.1 Quanto aos procedimentos...............................................................................................57
3.2 Quanto aos objetivos ........................................................................................................58
3.3 Quanto à abordagem do problema .................................................................................58
3.4 Quanto à prática do estudo..............................................................................................59
4 ANÁLISE DOS DADOS .....................................................................................................61
4.1 Hospital Ernesto Dornelles ..............................................................................................61
4.1.1 Demonstrações em estudo do Hospital Ernesto Dornelles..............................................62
4.1.2 Indicadores econômico-financeiros do Hospital Ernesto Dornelles................................65
4.2 Serviço de Investigação Diagnóstica SIDI S/A...............................................................70
4.2.1 Tipos de receitas do Serviço de Investigação Diagnóstica SIDI S/A..............................70
4.2.2 Demonstrações em estudo do Serviço de Investigação Diagnóstica SIDI S/A...............71
13
4.2.3 Indicadores econômicos financeiros do Serviço de Investigação Diagnóstica SIDI S/A73
4.3 Hospital de Clínicas de Porto Alegre ..............................................................................77
4.3.1 Tipos de receitas do Hospital de Clínicas de Porto Alegre .............................................77
4.3.2 Demonstrações em estudo do Hospital de Clínicas de Porto Alegre ..............................78
4.3.3 Indicadores econômico-financeiros do Hospital de Clínicas de Porto Alegre ................81
4.4 Irmandade Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre (Complexo Hospitalar Santa
Casa) ........................................................................................................................................84
4.4.1 Tipos de receitas da Irmandade Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre ................85
4.4.2 Demonstrações em estudo da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre
..................................................................................................................................................86
4.4.3 Indicadores econômico-financeiros da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de
Porto Alegre..............................................................................................................................88
4.5 Hospital Fêmina S.A.........................................................................................................92
4.5.1 Tipos de receitas do Hospital Fêmina S.A. .....................................................................93
4.5.2 Demonstrações em estudo do Hospital Fêmina S.A. ......................................................93
4.5.3 Indicadores econômico-financeiros do Hospital Fêmina S.A. ........................................95
4.6 Hospital Nossa Senhora da Conceição S.A.....................................................................99
4.6.1 Tipos de receitas do Hospital Nossa Senhora da Conceição S.A....................................99
4.6.2 Demonstrações em estudo do Hospital Nossa Senhora da Conceição S.A. ....................99
4.7 Análise comparativa dos indicadores econômico-financeiros ....................................105
4.7.1 Análise comparativa entre indicadores de liquidez .......................................................106
4.7.2 Análise comparativa entre indicadores de endividamento ............................................107
4.7.3 Análise comparativa entre indicadores de atividade .....................................................109
4.7.3 Análise comparativa entre indicadores de rentabilidade ...............................................110
4.7.4 Análise comparativa entre o capital circulante líquido .................................................113
4.7.4 Análise comparativa entre o fator de insolvência..........................................................114
5 CONCLUSÃO....................................................................................................................116
6 REFERÊNCIAS ................................................................................................................116
14
1 INTRODUÇÃO
1.1 Contextualização
Verifica-se atualmente a crescente concorrência entre as empresas prestadoras de
Serviços de Saúde, que cada vez mais buscam informações que possam prospectar vantagens
estratégicas e mercadológicas a seu favor. A contabilidade tem se mostrado como importante
aliada aos usuários preocupados com a afirmação da empresa frente à concorrência nacional e
internacional.
A partir da contabilidade e de seu “produto final”: as Demonstrações Contábeis
(financeiras), que surge no século XIX a moderna análise de Balanços. Que originalmente
constituiu-se dentro de instituições financeiras norte-americanas, onde os Bancos (detentores
do capital) passaram a solicitar Balanços às empresas que buscavam recursos (tomadores de
empréstimos). Matarazzo (2003, p.15) afirma que “As demonstrações financeiras fornecem
uma série de dados sobre a empresa, de acordo com regras contábeis. A Análise de Balanços
transforma esses dados em informações e será tanto mais eficiente quanto melhores
informações reproduzir”.
Assim o contador deve preocupar-se com a integralidade dos dados e das informações,
pois as Demonstrações e suas Análises irão influenciar diferentes usuários, da mesma forma
menciona Iudícibus (1998, p. 19) “[...] uma boa análise de balanços é importante para os
credores, investidores em geral, agências governamentais e até acionistas, ela não é menos
necessária para a gerência: apenas o enfoque e, possivelmente, o grau de detalhamento serão
diferenciados".
15
Com isso verifica-se a relevante importância da contabilidade na construção das
demonstrações, na constituição dos indicadores e através da emissão das análises realizadas,
objetivando a qualidade da informação que será disponibilizada para os diferentes usuários da
contabilidade. Verifica-se que as Análises das Demonstrações Financeiras (Contábeis) das
empresas Prestadoras de Serviços de Saúde são utilizadas como fonte de informações não
somente pela empresa que a representa, mas continuamente servem de amparo para
fornecedores, clientes, pesquisadores, acadêmicos e a sociedade em geral.
A comparação entre empresas, a necessidade de medição da eficiência financeira e
conjuntamente a busca de informações para projeções de longo prazo, mostram-se como
relevantes técnicas de análise financeira Hospitalar, que Martins conceitua como:
A necessidade de comparação do desempenho financeiro atual com o histórico do hospital, e também com o desempenho de outros hospitais, é fundamental para a administração verificar sua eficiência financeira e oferecer procedimentos médicos resolutivos e qualitativos a seus pacientes porque, quanto maior a eficiência financeira do hospital, melhores as taxas de resolutividade e qualidade dos procedimentos médicos. A avaliação por meio de índices financeiros é adequada para análises históricas do hospital e também para análises comparativas de hospitais de quaisquer tamanhos. (2005, p.41)
A necessidade de informações fidedignas acompanha os anseios do mundo empresarial,
e “a necessidade de analisar as demonstrações contábeis é pelo menos tão antiga quanto a
própria contabilidade” (IUDÍCIBUS, 1998, p. 17). Busca-se utilizar da Análise das
Demonstrações Contábeis como ferramenta a subsidiar amparo na definição das decisões
estratégicas e mercadológicas, a comparação científica com os concorrentes e a análise de
viabilidade da empresa. Conjuntamente influenciará na valorização e ampliação do campo de
atuação do profissional contador, através da emissão de informações gerenciais hospitalares e
demonstrará a sociedade em geral, governo e entidades de classe a real situação dos hospitais
prestadores de serviços públicos e privados.
1.2 Definição do problema
Diante da intensa necessidade da busca de informações, para amparar cientificamente as
decisões estratégicas das empresas Prestadoras de Serviços de Saúde, a contabilidade vem
demonstrando relevante importância na geração desse conhecimento.
A partir de 1840, uma nova fase da história da Contabilidade teve início, a Contabilidade no mundo contemporâneo. Atrelada aos conhecimentos desse momento, em que a ciência representava o papel de legitimadora não mais apenas
16
dos eventos físicos da natureza, mas também das relações sociais, dos aspectos políticos, religiosos e culturais, a Contabilidade passou a ser enfocada pelos teóricos sob a perspectiva de uma ciência (BEUREN, 2008, p.25).
No segmento da saúde verifica-se que algumas empresas se sobressaem em relação a
outras, o que busca-se compreender, é que se o motivo da efetiva prosperidade patrimonial e
financeira está ou não relacionada com as fontes de receitas (tipos de prestação de serviços de
saúde).
Nota-se, principalmente por notícias vinculadas na mídia, que muitas empresas
Prestadoras de Serviços de Saúde, principalmente as filantrópicas, vêm apresentando
resultados financeiros insatisfatórios, verifica-se também a formulação de várias campanhas a
favor da revitalização dos valores e repasses pagos aos procedimentos médico-hospitalares,
como por exemplo, a campanha Mais Saúde para os Hospitais, que questiona os valores da
Tabela Unificada do SUS e os tetos financeiros impostos pelos gestores Federais, Estaduais e
Municipais. Por outro lado identificam-se hospitais e clínicas prósperos, inaugurando novas
unidades de tratamento, ampliando o atendimento, investindo em tecnologia em diagnósticos,
internações e tratamentos ambulatoriais. Diante desta explanação surge o questionamento:
Qual o motivo de empresas apresentarem resultados insatisfatórios e outras
demonstrarem relevante prosperidade patrimonial e financeira? Quais as fontes de receita
(atendimento) que uma empresa no ramo de saúde tem a sua disposição? Existe relação entre
os indicadores Econômico-financeiros e os tipos de prestação de serviços de Saúde (tipos de
receitas)?
Este estudo irá dissertar sobre estes questionamentos, para isso buscará analisar
empresas com diferentes tipos de atendimento, prospectando a identificação através da
Análise das Demonstrações Contábeis, o fator chave da diferenciação do desempenho
econômico-financeiro. Pretende-se também constituir Relatório das Análises em linguagem
corrente e com auxilio de ferramentas gráficas, buscando a simplificação e o pleno
entendimento de todos os possíveis usuários desse estudo.
1.3 Objetivos
A seguir será apresentado o Objetivo Geral e os objetivos específicos da presente
pesquisa.
17
1.3.1 Objetivo geral
Analisar comparativamente os indicadores econômico-financeiros das empresas
prestadoras de serviços à saúde pública e privada, buscando identificar a possível influência
dos tipos de receitas de saúde no desempenho econômico e financeiro das empresas em
estudo.
1.3.2 Objetivos específicos
a) Explanar teoricamente sobre as Demonstrações Contábeis, vigentes até 31/12/2007;
b) Revisar a literatura pertinente a Análise das demonstrações contábeis, análise de
balanços e análise de indicadores econômico-financeiros;
c) Verificar e analisar as peças contábeis publicadas, referentes ao ano base 2007 dos
hospitais e clínicas em estudo;
d) Identificar os Tipos de receitas auferidas pela empresas em estudo;
e) Constituir os indicadores econômico-financeiros das empresas analisadas,
organizando-os de forma a facilitar a comparação;
f) Constatar a possível relação entre os indicadores econômico-financeiros e os tipos de
receitas de saúde.
1.4 Delimitação do estudo
O estudo pretende verificar e analisar, as peças contábeis (Balanço Patrimonial,
Demonstrativo do Resultado do Exercício ou similar, Notas explicativas e Relatório da
Auditoria) do ano base 2007 dos seguintes hospitais e clinicas de Porto Alegre, RS, Serviço
de Investigação Diagnóstica SIDI S/A, Associação dos Funcionários Públicos do Estado do
Rio Grande do Sul (Hospital Ernesto Dornelles) Hospital Nossa Senhora da Conceição S/A,
Hospital Fêmina S/A, Hospital das Clinicas de Porto Alegre e Irmandade da Santa Casa de
Misericórdia de Porto Alegre, separando-os por percentual de atendimento ao SUS.
18
O trabalho não irá discorrer sobre aspectos legais e tributários, mantendo-se focado na
análise e interpretação dos indicadores econômico-financeiros. Não pretende-se identificar
obrigações acessórias ou principais de empresas que eventualmente sejam consideradas do
Terceiro Setor (Hospitais Filantrópicos).
Quanto aos Indicadores de Atividade, adotou-se o critério de considerar integralmente
os valores das contas de Serviços Prestados e Custo dos Serviços de Saúde. O referido critério
foi utilizado por não ter sido possível a identificação dos Serviços Prestados a Crédito e das
Compras a Prazo nas peças contábeis analisadas. Pretende-se, através da constituição de
indicadores, apresentar tendências e possíveis posicionamentos da empresa frente à política de
liberação de crédito.
Para evidenciar e analisar os indicadores de Insolvência, será adotado o método das
Variáveis e Termômetro de Kanitz.
A presente pesquisa apresentará as Demonstrações em estudo conforme estabelecido na
Lei Nº. 6.404/76, Legislação do Imposto de Renda e Legislação Própria das Entidades
Beneficentes de Assistência Social, não utilizando para adequação o disposto na Lei
11.638/2007, tendo em vista que as peças contábeis em estudo representam o ano de 2007, ou
seja, um período anterior ao início da validade da nova legislação, que passou a vigorar a
partir de 01 de janeiro de 2008.
1.5 Relevância do estudo
No ano de 2001 o IBGE realizou pesquisa, onde demonstrou que no Brasil existem
6.663 hospitais, que disponibilizam 593.363 leitos. Sendo 2.282 hospitais públicos, 4.224
privados e 157 universitários.
O estudo se mostrará de relevante importância, pois poderá proporcionar aos gestores
hospitalares amparo na definição das decisões estratégicas e mercadológicas, a comparação
científica com os concorrentes e a análise de viabilidade da empresa (através da identificação
de bases negativas de rentabilidade, retornos indesejáveis e tendências negativas de
atividade). Conjuntamente influenciará na valorização e ampliação do campo de atuação do
profissional contador, através da emissão de informações gerenciais hospitalares e
19
demonstrará a sociedade em geral, governo e entidades de classe a real situação dos hospitais
prestadores de serviços ao Sistema Público e Privado.
1.6 Estrutura do estudo
No capítulo um, busca-se fazer uma explanação teórica de forma a demonstrar a
importância da contabilidade quanto ao fornecimento de informações, a necessidade dos
diferentes usuários da contabilidade, um breve histórico do surgimento da Moderna Análise
de Balanços, enfatizar a integralidade das informações contábeis visando à responsabilidade
do profissional contador e conjuntamente demonstrar a problematização do estudo, os
objetivos (geral e específicos), a delimitação da pesquisa e a sua relevância como ciência para
a sociedade.
O Capítulo dois será abordado um breve histórico da contabilidade e da Análise das
Demonstrações Contábeis, irá discorrer sobre a constituição, análise e representatividade dos
índices econômico-financeiros, descreverá a importância da Análise das Demonstrações
Contábeis para as empresas prestadoras de serviços de saúde, demonstrará alguns usuários das
informações provenientes das análises das peças contábeis das empresas prestadoras de
serviços de saúde, irá discorrer historicamente sobre alguns fatos que influenciaram a atual
saúde pública e privada brasileira, versará sobre os custos e despesas em saúde e os diferentes
tipos de prestação de serviços de saúde.
A trajetória metodológica a ser percorrida por este trabalho será enfatizada no capítulo
três. Demonstrando a caracterização da pesquisa como Monografia, o enquadramento de
pesquisa descritiva quanto a tipologia de pesquisa em relação aos objetivos, versará sobre a
modalidade de abordagem tipo estudo de caso, utilizará de quantificação em relação a
abordagem do problema e conjuntamente irá explanar a forma prática que a pesquisa será
realizada.
No capítulo quatro será apresentado as Demonstrações Contábeis das empresas
analisadas e os indicadores econômico-financeiros constituídos a luz das demonstrações em
estudo. Diante da constituição dos indicadores, preocupa-se em interpretar e realizar as
devidas análises, comparações e as primeiras conclusões ainda que sem a devida amplitude.
20
Por fim, o capítulo cinco, através da Conclusão, pretende-se discorrer sobre a possível
relação entre os indicadores econômico-financeiros e os tipos de prestação de serviços de
saúde e apresentará as efetivas conclusões do estudo realizado.
2 CONTABILIDADE E ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBE IS
A seguir o estudo irá expor a evolução histórica da contabilidade e das Demonstrações
Contábeis, irá apresentar as Demonstrações em estudo com base na legislação vigente até 31
de Dezembro de 2007 e os indicadores Econômico-financeiros constituídos.
2.1 Histórico da contabilidade e da análise das demonstrações contábeis
Com o desenvolver da civilização, as pessoas começaram a necessitar de mecanismos
de controle e acompanhamento de seus ativos, bens e direitos, bem como suas obrigações
(Passivo). E diante dessa necessidade surge e se desenvolve ao longo do tempo a
contabilidade.
No entendimento de Marion
Se nos reportarmos para o início provável da Contabilidade (+ ou – 4000 a. C) em sua forma primitiva, encontraremos os primeiros inventários de rebanhos (o homem que voltava sua atenção para a principal atividade econômica: o pastoreio) e a preocupação da variação de sua riqueza (variação do rebanho). (2006, p.20).
Verifica-se que o desenvolver da contabilidade acompanha a trajetória evolutiva da
humanidade e conjuntamente a Análise de suas demonstrações. Iudícibus relata que:
A necessidade de analisar as demonstrações contábeis é pelo menos tão antiga quanto a própria origem de tais peças. Nós primórdios da Contabilidade, quando esta se resumia, basicamente, a realização de inventários, já o “analista” se preocupava em anotar as variações quantitativas e qualitativas das várias categorias de bens incluídos em seu inventário. É muito provável que já realizasse algum tipo de análise horizontal ou vertical. (1998, p.17)
Com os avanços da ciência, principalmente das ciências matemáticas, no período
medieval (pode-se considerar como pré-moderna) a contabilidade auferiu grandes avanços.
22
“Nessa época, em que foram introduzidas importantes técnicas matemáticas que versavam
sobre pesos, medidas e câmbio, o homem passou a dominar melhor os conhecimentos
comerciais e financeiros.” (DRUMMOND apud BEUREN,2008, p. 24).
Identifica-se a relevante ligação entre registrar os fatos e acontecimentos patrimoniais e
a necessidade de analisá-los. Essa importante ligação se acentua no surgimento da Moderna
Análise de Balanços, originalmente impulsionada pela exigência dos Agentes Bancários
norte-americanos das demonstrações contábeis para concessão de empréstimos.
Todavia, remonta de época mais recente o surgimento da análise das demonstrações contábeis de forma mais sólida, mais adulta. É no final do século XIX que observamos os banqueiros americanos solicitando as demonstrações (praticamente o Balanço) às empresas que desejam contrair empréstimos. (MARION, 2006, p.21).
Nota-se que o sistema bancário contribuiu positivamente para o aprimoramento
contínuo da Análise das Demonstrações contábeis. Com a proliferação dos Bancos e
Instituições Financeiras pelos países as técnicas de Análise das peças contábeis começaram a
se difundir em diferentes culturas e nações, e com isso novas técnicas e formas foram
consolidando e aprimorando o conhecimento da contabilidade.
Hoje, a doutrina contábil ainda não está completa. Como em qualquer outra ciência, quando se conclui um estudo, um novo horizonte é vislumbrado pelos pesquisadores. Por se tratar de uma ciência inserida em um contexto dinâmico, dificilmente sua amplitude poderá ser delimitada. (BEUREN, 2008, p.26).
E dessa maneira progressiva a Contabilidade se perpetua ao longo do tempo e vem
apresentando importantes avanços no mundo Contemporâneo.
2.1.1 Conceito de Análise das Demonstrações Contábeis (Análise de Balanços)
A análise das Demonstrações Contábeis pode ser considerada como um, dos vários
ramos do conhecimento contábil, que transmite informações científicas, embora que em
muitos casos seja necessário a presença de elementos subjetivos na emissão do relatório das
análises. Iudícibus (1998, p.20) caracteriza a Análise das Demonstrações Contábeis como
sendo:
[...] “a arte de saber extrair relações úteis, para o objetivo econômico que tivermos em mente, dos relatórios contábeis tradicionais e de suas extensões e detalhamentos, se for o caso”. Consideramos que a análise de balanços é uma arte, pois, embora existam alguns cálculos razoavelmente formalizados, não existe forma científica ou metodologicamente comprovada de relacionar os índices de maneira a obter um diagnóstico preciso. Ou, melhor dizendo, cada analista poderia, com o mesmo conjunto de informações e de quocientes, chegar a conclusões ligeira ou até completamente diferenciadas. É provável, todavia, que dois analistas experimentados, conhecendo igualmente bem o ramo de atividade da empresa, cheguem a conclusões bastante parecidas (mas nunca idênticas) sobre a situação
23
atual da empresa, embora quase sempre apontariam tendências diferentes, pelo menos em grau, para o empreendimento.
A subjetividade e o bom senso fazem parte da análise das peças contábeis, um bom
analista além de desenvolver facilidades matemáticas e estatísticas, mas também deve se
preocupar com a qualidade das informações intrínsecas aos cálculos exatos.
2.2 Demonstrações contábeis de empresas do ramo da saúde
As empresas prestadoras de serviços de saúde apresentam aos usuários da contabilidade
o resultado da gestão e a situação patrimonial, através de instrumentos conhecidos como
Demonstrações Contábeis.
No macro-entendimento as Demonstrações Contábeis representam um conjunto de
informações relevantes que as empresas devem, quando optarem ou forem obrigadas, divulga-
las e publicá-las. Nada mais é que o resultado da escrituração dos fatos contábeis ocorridos
em um determinado período.
Segundo Marion
Indubitavelmente, todas as Demonstrações Contábeis (DC) devem ser analisadas: • Balanço Patrimonial (BP); • Demonstração do Resultado do Exercício (DRE); • Demonstração de Origens e Aplicações de Recursos (DOAR); • Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados (ou Mutações do PL); • Demonstrativo do Fluxo de Caixa (DFC); • Demonstrativo do Valor Adicionado (DVA). Maior ênfase é dada para as duas primeiras demonstrações, uma vez que, por meio delas, são evidenciadas de forma objetiva a situação financeira (identificada no BP) e a situação econômica (identificada no BP e, em conjunto, na DRE). (2006, p.21-22).
As Demonstrações Contábeis desempenham o papel de transmitir os dados e
informações do cotidiano da organização aos diferentes usuários da contabilidade.
2.2.1 Balanço patrimonial de empresas prestadoras de serviços de saúde
No Balanço Patrimonial é demonstrado de forma estruturada e legal, os Bens, Direitos e
obrigações das empresas. Através do Balanço Patrimonial verifica-se a posição patrimonial e
financeira de uma organização em um espaço de tempo, igualmente, Martins (2005, p.22)
menciona que “O Balanço Patrimonial mostra convenientemente os investimentos do hospital
24
(seus ativos), os financiamentos do hospital (seus passivos) e a diferença entre eles (seu
patrimônio líquido) em dado momento”.
Com isso nota-se que através da simples verificação do Balanço patrimonial o usuário
das Demonstrações Contábeis pode realizar algumas pequenas análises, como por exemplo, a
verificação do Passivo a Descoberto, ou seja, mesmo com a plena liquidação do ativo
(investimentos) o valor não reflete a totalidade do passivo (financiamentos).
O Balanço Patrimonial das empresas prestadoras de serviços de saúde compreendem os
Ativos, os Passivos e o Patrimônio Líquido. Entende-se por Ativo o conjunto de bens e
direitos avaliáveis em dinheiro e que podem se transformar em fluxos futuros de caixa.
No ativo relacionam-se todas as aplicações de recursos efetuados pela empresa. Esses recursos poderão estar distribuídos em ativos circulantes, assim denominados por apresentarem alta rotação, como valores em caixa, valores a receber a curto prazo etc.; em ativos realizáveis a longo prazo, e em ativos classificados como permanentes, como: prédios, terrenos, máquinas, equipamentos etc., os quais irão servir a vários ciclos operacionais. O ativo permanente, ainda, é subdividido em investimentos, imobilizado e diferido. (ASSAF NETO, 2002, p. 58-59).
Ainda sobre o Ativo, Santos e Schmidt acrescentam:
No ativo, as contas serão dispostas em ordem decrescente de grau de liquidez dos elementos nelas registrados, ou seja, deve ser classificada no início da demonstração a conta caixa por representar o numerário em poder da empresa, justamente por ser o bem mais líquido, e assim sucessivamente, de acordo com o prazo em que o bem ou direito se converterá em moeda. (2002, p. 15).
Com isso verifica-se que a classificação das contas no ativo devem prospectar a futura
realização desse bem ou direito. Esta classificação deve ser feita primeiramente nas contas
que mais representam a imediacidade de conversão em dinheiro.
No passivo são alocadas as exigibilidades e obrigações da empresa, igualmente,
representa as origens dos recursos que serão disponibilizados no ativo.
Passivos hospitalares são as obrigações do hospital para com terceiros e são classificados como passivos hospitalares circulantes e passivos de longo prazo. Os passivos circulantes hospitalares informam as obrigações do hospital que devem ser pagas num prazo inferior a um ano, e os passivos hospitalares de longo prazo informam as obrigações do hospital que devem ser pagas num prazo superior a um ano. (MARTINS, 2005, p. 23).
Ajustando o macro-entendimento exposto por Martins, contabilmente entende-se como
passivo circulante todas as obrigações vencíveis antes do término do exercício seguinte. E
Passivo Exigível a longo prazo, as obrigações que devem ser realizadas após o término do
exercício seguinte.
O Patrimônio Líquido pode ser evidenciado através da diferença entre o ativo e o
passivo, é a forma de representar os recursos provenientes dos proprietários e o capital da
entidade sob o ponto de vista das origens dos recursos. Martins também relata que:
25
Patrimônio líquido hospitalar ou capital próprio hospitalar representa os investimentos realizados pelos proprietários do hospital e, por definição, é a diferença entre o total dos ativos hospitalares (circulantes de longo prazo), e o valor dos passivos hospitalares (circulantes de longo prazo). Esta parte do balanço patrimonial hospitalar reflete a hipótese de que, se o hospital liquidasse todos os seus ativos e usasse o dinheiro para pagar todas as suas obrigações de curto e longo prazos, a sobra pertenceria aos proprietários do hospital. Nesse sentido, o balanço hospitalar reflete a identidade patrimonial, em que a soma dos ativos hospitalares é igual à soma das obrigações hospitalares de curto e longo prazo e o patrimônio líquido hospitalar. (2005, p.23).
O Patrimônio Líquido das empresas pode sofrer alterações basicamente de duas formas.
Uma seria aumentando os investimentos dos sócios na empresa e a segunda seria através dos
rendimentos provenientes dos investimentos realizados (Lucro resultante, em determinado
espaço de tempo pela empresa). Abaixo pode-se verificar a representação gráfica do BP.
Figura 1 – Balanço patrimonial Fonte: Iudícibus, 1998, p.40.
A figura exposta acima demonstra o BP de forma sintética. Obviamente se for
verificado analiticamente será evidenciado a existência dos grupos e subgrupos de contas.
Matarazzo (2003, p.44), em conformidade com a lei nº 6.404/76, vigente até 31 de dezembro
de 2007, expressa os grupos e subgrupos de contas que podem conter no BP:
ATIVO ATIVO CIRCULANTE • Disponibilidades. • Direitos Realizáveis no curso do exercício social seguinte. • Aplicações de recursos em despesas do exercício seguinte. ATIVO REALIZÁVEL A LONGO PRAZO • Direitos Realizáveis após o término do exercício seguinte. • Direitos Derivados de adiantamentos ou empréstimos a sociedades coligadas ou
controladas, diretores, acionistas, ou participantes no lucro da companhia, que não constituírem negócios usuais na exploração do objeto da companhia.
ATIVO PERMANENTE Investimentos • Participações Permanentes em outras sociedades e direitos de qualquer natureza,
não classificáveis no Ativo Circulante, ou Realizável a Longo Prazo que não se destinem à manutenção da atividade da companhia ou empresa.
Imobilizado • Direitos que tenham por objeto bens destinados à manutenção das atividades da
companhia ou empresa, ou exercidos com essa finalidade, inclusive os de propriedade comercial ou industrial.
Diferido • Aplicações de recursos em despesas que contribuirão para a formação do resultado
de mais um exercício social, inclusive juros pagos ou creditados aos acionistas durante o período que anteceder o início das operações sociais.
PASSIVO PASSIVO CIRCULANTE • Obrigações da companhia, inclusive financiamentos para aquisição de bens do
Ativo Permanente quando vencerem no exercício seguinte. PASSIVO EXIGÍVEL A LONGO PRAZO • Obrigações vencíveis em prazo maior do que o exercício seguinte.
26
RESULTADO DE EXERCÍCIOS FUTUROS • Receitas de exercícios futuros diminuídas dos custos e despesas correspondentes. PATRIMÔNIO LÍQUIDO Capital Social • Montante do capital subscrito e, por dedução, parcela não realizada. Reservas de Capital • Ágio na emissão de ações ou conversão de debêntures e partes beneficiárias. • Produto da alienação de partes beneficiárias e bônus de subscrição. • Prêmios recebidos na emissão de debêntures, doações e subvenções para
investimentos. • Correção monetária do capital realizado, enquanto não capitalizada. Reservas de Reavaliações • Contrapartida do aumento de elementos do Ativo em virtude de novas avaliações,
documentadas por laudo técnico. Reservas de Lucros • Contas constituídas a partir de lucros gerados pela companhia. Lucros ou prejuízos acumulados • Lucros gerados pela companhia, que ainda não receberam destinação específica.
O BP demonstra a situação patrimonial da empresa de forma analítica e específica. No
grupo do Patrimônio Líquido, verifica-se, entre outras coisas, as informações de resultado.
Estas informações são extraídas da Demonstração do Resultado do Exercício que se apresenta
como outra importante peça contábil.
2.2.2 Demonstração do resultado do exercício (DRE) de empresas prestadoras de serviços de
saúde
A DRE apresenta a situação econômica de empresa em um determinado espaço de
tempo. Nessa demonstração são alocadas todas as contas de resultado da empresa,
objetivando a identificação do resultado econômico efetivo da organização.
Santos e Schmidt (2005, p.26) se referindo a DRE ressaltam que:
A demonstração do resultado do exercício destina-se a evidenciar a formação do resultado do exercício, mediante confronto das receitas e ganhos com as despesas e perdas incorridas no exercício. Essa demonstração deve ser apresentada na posição vertical, e discriminados seus componentes de forma ordenada, de maneira tal que fique evidenciado o resultado operacional, o resultado após as receitas e despesas não operacionais, o resultado antes do Imposto de Renda e contribuição social, o resultado antes das participações e o lucro líquido do exercício da entidade.
Diante dessa afirmativa, verifica-se que a DRE é o resultante de receitas, custos e
despesas incorridos pela empresa, visando o fornecimento dos resultados auferidos em
determinado exercício social. No que tange as empresa de saúde, Martins (2005, p.26)
complementa:
27
Uma demonstração de resultados hospitalares elaborada de acordo com os princípios contábeis geralmente aceitos registra as receitas hospitalares quando estas forem auferidas e não necessariamente recebidas. A regra geral é reconhecer as receitas médicas no momento da emissão da nota fiscal, quando o procedimento médico é finalizado, e não necessariamente no momento do recebimento do dinheiro (princípio da realização). Os custos registrados na demonstração de resultados hospitalares são baseados no regime de competência, que significa que são considerados no momento de seu consumo independentemente do momento em que serão efetivamente pagos.
Para efeito de publicação a Lei nº. 6.404/76 estabelece uma seqüência para a
apresentação dos elementos da DRE, sendo que estes elementos são alocados de forma
dedutiva permitindo a subtração entre as receitas e despesas, objetivando a indicação do
lucro/superávit ou prejuízo/déficit. Abaixo verifica-se o Quadro 1 que demonstra a estrutura e
a descriminação dos elementos da DRE:
Quadro 1 – Demonstração do resultado do exercício
Fonte: Matarazzo 2003, p.46.
Conforme exposto por Matarazzo em seu quadro explicativo, a DRE está disposta de
forma a evidenciar o “caminho” a ser percorrido para identificar o Lucro ou Prejuízo do
Exercício. Evidencia-se que o início advém das receitas das vendas ou prestação de serviços,
e que somente após uma série de subtrações de despesas e custos conjuntamente com as
inclusões de receitas não operacionais e financeiras (estas quando existirem) a empresa
identificará seu resultado do exercício, se Lucro ou Prejuízo.
28
2.3 Indicadores econômico-financeiros aplicáveis a empresas prestadoras de serviços de
saúde
As empresas prestadoras de serviços de saúde devem apresentar suas demonstrações
contábeis (financeiras) da mesma forma que as outras empresas, de outros ramos de atividade,
apresentam (desde que estejam orientadas pela mesma lei). Por conseguinte, a análise através
de indicadores econômico-financeiros tem por finalidade identificar e prospectar informações
de relevante importância para os diversos usuários das informações. Matarazzo (2003, p. 147)
ensina que “A característica fundamental dos índices é fornecer visão ampla da situação
econômica ou financeira da empresa.”, portanto, entende-se que através da amplitude que os
indicadores apresentam podem-se verificar alguns problemas para investigação mais
aprofundada e identificar soluções a possíveis questionamentos que venham a existir.
Assaf Neto complementa que:
A análise de balanços visa relatar, com base nas informações contábeis fornecidas pelas empresas, a posição econômico-financeira atual, as causas que determinam a evolução apresentada e as tendências futuras. Em outras palavras, pela análise de balanços extraem-se informações sobre a posição passada, presente e futura (projetada) de uma empresa. (2002, p.48)
O exposto por Assaf Neto, vem novamente ressaltar a importância da integralidade das
informações dispostas nas peças contábeis. Se a empresa que está demonstrando sua atividade
e seu patrimônio estiver agindo de má fé, ou seja, expondo para a sociedade informações
inverídicas e “maquiadas” fatalmente a análise das demonstrações contábeis (financeiras)
chegará a conclusões equivocadas e imprecisas. Nota-se também que a análise, desde que bem
estruturada, pode transmitir informações do que já ocorreu na empresa, do que está ocorrendo
e do que irá ocorrer, e dessa constatar amplamente da situação da empresa.
O mesmo autor ressalta
Em verdade, a preocupação do analista centra-se nas demonstrações contábeis da sociedade, das quais extrai suas conclusões a respeito de sua situação econômico-financeira, e toma (ou influencia) decisões com relação a conceder ou não crédito, investir em seu capital acionário, alterar determinada política financeira, avaliar se a empresa está sendo bem administrada, identificar sua capacidade de solvência (estimar se irá falir ou não), avaliar se é uma empresa lucrativa e se tem condições de saldar suas dívidas com recursos gerados internamente etc. (ASSAF NETO, 2002, p.49).
As conclusões evidenciadas pelo analista sem dúvida nenhuma, desde que bem
fundamentadas, irão influenciar os diversos usuários das informações das análises. Podendo
29
alterar alguns processos e/ou políticas internos da empresa, melhorar ou denegrir a imagem da
organização junto a sociedade e investidores, ampliar ou reduzir a disponibilidade de crédito
junto a fornecedores entre outros. Verifica-se através dessa reflexão a importância da
utilização do bom senso para a emissão das análises oriundas de interpretação subjetiva, que
não caracterizam-se pela exatidão ou análise do espaço amostral confiável. Entende-se que o
analista deve responsavelmente concluir suas análises sem subavaliar ou superavaliar a
empresa e suas informações.
2.3.1 Análise horizontal e vertical
A análise Horizontal ocorre quando em um determinado ano a empresa deseja verificar
o seu crescimento ou retração dos itens das demonstrações, em comparação a algum outro ano
base (normalmente o ano anterior ao analisado). “Basea-se na evolução da cada conta de uma
série de demonstrações financeiras em relação à demonstração anterior e/ou em relação a uma
demonstração financeira básica.” (MATARAZZO, 2003, p.245). Caracteriza-se pela
verificação da evolução de cada conta do Balanço e/ou elementos da DRE, buscando
identificar as tendências de aumento ou diminuição das informações dispostas.
Análise Vertical verifica a representatividade, em valores percentuais, de uma conta ou
elemento em relação a um valor base. “Este tipo de análise é importante para avaliar a
estrutura de composição de itens e sua evolução no tempo.” (IUDÍCIBUS, 1998, p. 93).
Através da Análise Vertical é possível localizar onde a empresa está priorizando suas
atividades, como por exemplo: um elevado percentual de representatividade nas contas de
estoque em relação o Ativo Total, significa que a empresa está comprando mais mercadorias
para revenda.
2.3.2 Índices de liquidez de empresas prestadoras de serviços de saúde
Os indicadores de liquidez preocupam-se em demonstrar a situação financeira da
empresa frente aos seus compromissos, apresentando as reais condições que a empresa possui
para saldar suas dívidas junto a terceiros.
30
Marion ressalta que os Índices de liquidez:
São utilizados para avaliar a capacidade de pagamento da empresa, isto é, constituem uma apreciação sobre se a empresa tem capacidade para saldar seus compromissos. Essa capacidade de pagamento pode ser avaliada, considerando: longo prazo, curto prazo ou prazo imediato. (2006, p.83).
Os indicadores de Liquidez estão divididos em quatro grupos, sendo: Índices de
Liquidez Corrente (ILC), Índice de Liquidez Seca (ILS), Índice de Liquidez Imediata (ILI) e
Índice de Liquidez Geral (ILG).
2.3.2.1 Índices de liquidez corrente (ILC)
O quociente de Liquidez Corrente demonstra a capacidade da empresa realizar seus
ativos circulantes, tornando-os líquidos para cumprir com o pagamento das dívidas de curto
prazo.
Iudícibus (1998, p.100) realça
Este quociente relaciona quantos reais dispomos, imediatamente disponíveis e conversíveis em curto prazo em dinheiro, com relação às dívidas de curto prazo. É um índice muito divulgado e freqüentemente considerado como o melhor indicador da situação de liquidez da empresa. É preciso considerar que no numerador estão incluídos itens tão diversos como: disponibilidades, valores a receber a curto prazo, estoques e certas despesas pagas antecipadamente. No denominador, estão incluídas as dívidas e obrigações vencíveis a curto prazo. No quociente de liquidez é preciso, como de resto para muitos outros quocientes, atentarmos para o problema dos prazos dos vencimentos das contas a receber e das contas a pagar. Por outro lado, a inclusão dos estoques no numerador pode diminuir a validade do quociente como indicador de liquidez.
Conforme mencionado por Iudícibus, deve-se observar a sincronização entre os
recebimentos e os pagamentos da empresa, para que seja possível a verificação da adequação
do recebimento a tempo de cumprir com as obrigações a curto prazo. Nota-se também, que a
presença, na base de cálculo, dos estoques pode vir a refletir de modo a elevar a Liquidez
Corrente, devido a possível presença de estoques superavaliados ou obsoletos. Para cálculo do
índice, deve ser realizado por meio da fórmula:
Figura 2 – Índice de liquidez corrente Fonte: Iudícibus, 1998, p.100.
Quando o quociente for igual a um pode significar que a empresa possui a mesma
quantidade de Ativo Circulante para saldar o Passivo Circulante. Se o resultado da equação
31
for maior que um, entende-se que deve representar que a empresa possui mais recursos em
seu Ativo Circulante que as obrigações dispostas no Passivo Circulante.
Por outro lado, se o resultado da divisão do Ativo Circulante pelo Passivo Circulante,
demonstrar resultado menor que um, pode significar que a empresa está em descompasso com
suas obrigações, e que seu Ativo Circulante não dispõe de recursos para saldar as dívidas a
curto prazo.
2.3.2.2 Índice de liquidez seca (ILS)
O quociente de Liquidez Seca busca representar, de forma conservadora, a efetiva
liquidez da empresa. Martins (2005, p.44) relata que “O índice de liquidez seca é semelhante
ao índice de liquidez corrente, com a diferença de que os estoques são excluídos do ativo
circulante do hospital.” O mesmo autor acrescenta “quanto maior o índice de liquidez seca,
maior a liquidez do hospital.”
Este índice busca representar o encerramento das atividades econômicas da empresa, ou
a total desvalorização do estoque, prospectando a efetiva reação da empresa frente as dívidas
de curto prazo.
Marion complementa
O índice de Liquidez Seca, por fim, é bastante conservador para que possamos apreciar a situação financeira da empresa. O banqueiro gosta muito desse índice, porque se eliminam os estoques. O Estoque é o item mais manipulável no balanço. O estoque pode tornar-se obsoleto (antiquado) a qualquer momento. Ele ainda é, às vezes, perecível. (2006, p.89)
Através desse entendimento verifica-se que desconsiderando o estoque, o analista
elimina as incertezas, as influências e as distorções que os diferentes critérios de avaliação dos
estoques podem ocasionar e influenciar na análise. A metodologia de cálculo desse índice
caracteriza-se pela expressão:
Figura 3 – Índice de liquidez seca Fonte: Iudícibus, 1998, p.102.
32
2.3.2.3 Índice de liquidez imediata (ILI)
O indicador de Liquidez Imediata busca informar quanto as disponibilidades existentes
de imediato (caixa, bancos e aplicações financeiras de liquidez imediata) podem saldar as
dívidas de curto prazo.
Assaf Neto , sobre a Liquidez Imediata, complementa:
Revela a porcentagem das dívidas a curto prazo (circulante) em condições de serem liquidadas imediatamente. Esse quociente é normalmente baixo pelo pouco interesse das empresas em manter recursos monetários em caixa, ativo operacionalmente de reduzida rentabilidade. (2002, p.172).
Contudo, entende-se que mesmo com a baixa representatividade que normalmente o
indicador de Liquidez Imediata demonstra, a utilização pode servir como auxilio para
verificação de tendências e comparação com outras empresas.
Iudícibus ressalta:
[...] Considere-se que a composição etária do numerador e denominador é completamente distinta. No numerador temos fundos imediatamente disponíveis. No denominador, dívidas que, embora de curto prazo, vencerão em 30, 60, 90, e até 365 dias. Assim, a comparação mais correta seria com o valor presente de tais vencimentos, ou colocando-se no denominador o valor que pagaríamos se nos dipuséssemos a pagar as dívidas de curto prazo hoje, de uma só vez. Provavelmente obeteríamos um desconto. Este quociente já teve uma importância maior, quando a existência de mercado financeiro e de capitais era restrita. Hoje, sem desprezar-se certo limite de segurança que irá variar de acordo com a natureza do empreendimento, com o tamanho de empresa e o “estilo” da administração, sem dúvida que, na verdade, se procura ter uma relação disponível/passivo corrente a menor possível, em cada data. É claro que não podemos correr o risco de não contar com disponibilidades quando as dívidas vencerem. (1998, p. 99-100).
Conforme a explanação de Iudícibus entende-se que diante das vastas opções de
investimentos existentes seria desaconselhável a empresa alocar recursos maiores que o
suficiente (margem de segurança) para saldar as dívidas vencíveis atualmente. Contudo
identifica-se que os recursos excedentes podem ser melhores aproveitados se destinados a
investimentos que gerem juros e rendimentos superiores aos de liquidez imediata.
Quanto à expressão para se obter o quociente de Liquidez Imediata está representada
abaixo:
Figura 4 – Índice de liquidez imediata Fonte: Iudícibus, 1998, p.99.
33
2.3.2.4 Índice de Liquidez Geral (ILG)
Este indicador detecta a situação da empresa frente as suas dívidas a longo prazo,
conforme Marion (2006, p. 89) “Mostra a capacidade de pagamento da empresa a Longo
Prazo, considerando tudo o que ela converterá em dinheiro ( a Curto e Longo Prazo),
relacionando-se com tudo o que já assumiu como dívida ( a Curto e Longo Prazo)”.
Outrossim, o quociente realiza a soma do Ativo Circulante com o Ativo Realizável a Longo
Prazo, buscando identificar a totalidade dos recursos disponíveis e a receber de curto e longo
prazo com a totalidade das dívidas de curto e longo prazo.
A fórmula para cálculo do quociente de Liquidez Geral é apresentada da seguinte
forma:
Figura 5 – Índice de liquidez geral Fonte: Iudícibus, 1998, p.102.
2.3.3 Índices de endividamento de empresas prestadoras de serviços de saúde
Os indicadores de Endividamento apresentam a posição do capital próprio em relação
ao capital de terceiro. Demonstram de forma muito clara a dependência da empresa no que se
refere aos compromissos assumidos com terceiros.
Marion (2006, p1 104) complementa:
É por meio desses indicadores que apreciaremos o nível de endividamento da empresa. Sabemos que o Ativo (aplicação de recursos) é financiado por Capitais de Terceiros (Passivo Circulante + Exigível a Longo Prazo) e por Capitais Próprios (Patrimônio Líquido). Portanto, Capitais de Terceiros e Capitais Próprios são fontes (origens) de recursos. Também são os indicadores de endividamento que nos informam se a empresa se utiliza mais de recursos de terceiros ou de recursos dos proprietários. Saberemos se os recursos de terceiros têm seu vencimento em maior parte a Curto Prazo (Circulante) ou a Longo Prazo (Exigível a Longo Prazo).
Os indicadores de Endividamento são relevantes ferramentas de análise das origens dos
recursos da empresa, possibilitando ao analista a compreensão não só do efetivo
endividamento, mas do modelo de gestão aplicado na organização. Se este mais conservador
34
(utilizando maiores recursos próprios) ou de maior propensão a riscos (buscando recursos de
terceiros) e dessa forma tentando aumentar a renovação dos ativos e tornando-os mais
competitivos.
2.3.3.1 Índice de endividamento geral ou participação de capitais de terceiros sobre recursos totais
O Indicador de Endividamento Geral procura demonstrar a representatividade do capital
próprio em relação ao Capital de Terceiros.
Este quociente (também conhecido por “Debt Ratio”), de grande relevância, relaciona o Exigível Total (capitais de terceiros) com os Fundos Totais Providos (por capitais próprios e capitais de terceiros). Expressa a porcentagem que o endividamento representa sobre os fundos totais. Também significa qual a porcentagem do ativo total financiada com recursos de terceiros. (IUDÍCIBUS, 1998, p.103).
Através deste indicador pode-se compreender e identificar a posição do capital próprio
da organização, relacionando-os com o capital de terceiros alocados na empresa. E com isso
evidenciando a dependência da empresa frente aos seus financiadores externos (capital de
terceiros).
A fórmula para cálculo do quociente de Endividamento Geral pode ser demonstrada da
seguinte forma:
Figura 6 – Índice de endividamento geral Fonte: Marion, 2006, p. 107.
2.3.3.2 Índice de garantia do capital próprio ao capital de terceiros
Por meio do indicador de Garantia do Capital Próprio ao Capital de Terceiros, a
moderna análise das demonstrações contábeis busca apresentar quanto de capital próprio à
empresa tem a seu dispor para garantir o capital de terceiros que se encontra aplicado na
organização. Podendo ser calculado através da seguinte expressão:
35
Figura 7 – Índice de garantia do capital próprio ao capital de terceiros Fonte: Marion, 2006, p. 107.
Quanto aos efeitos do indicador, Iudícibus ressalta:
[...] o cuidado que deve ser tomado com relação à projeção de captação de recursos quando vislumbrarmos uma necessidade ou uma oportunidade de expansão. Deverão ser na medida do possível, projetados os efeitos (sobre os demonstrativos financeiros futuros) das políticas alternativas de captação de recursos próprios (capitais de risco) e de terceiros ou uma combinação de ambos que, às vezes, é a melhor alternativa. (1998, p. 104).
Contudo, verifica-se através do disposto por Iudícibus, que a empresa deve se preocupar
com o efeito que a excessiva captação de recursos de terceiros pode vir a afetar a análise de
Garantia do Capital Próprio ao Capital de Terceiros. Entende-se que para o indicador manter-
se “alinhado”, ou seja, dentro dos parâmetros de satisfação, a melhor estratégia é o
crescimento combinado dos recursos de terceiros e próprios.
2.3.3.3 Índice de composição do endividamento
A Composição do Endividamento vem a demonstrar quanto de dívida a curto prazo a
empresa possui para saldar.
Representa a composição do Endividamento Total ou a parcela que se vence a Curto Prazo, no endividamento Total. A empresa em franca expansão deve procurar financiá-la, em grande parte, com endividamento de longo prazo, de forma que, á medida que ela ganhe capacidade operacional adicional com a entrada em funcionamento dos novos equipamentos e outros recursos de produção, tenha condições de começar a amortizar suas dívidas. Por isso é que se deve evitar financiar expansão com empréstimos de curto prazo, a não ser que o período de Payback dos ativos seja curtíssimo, fato que raramente ocorre. (IUDÍCIBUS, 1998, p.104)
A relevante importância do indicador de Composição do Endividamento está situada
principalmente pela transmissão de informações das dívidas de Curto Prazo. Verifica-se que é
extremamente onerosa (na maioria das vezes) a captação de recursos com terceiros vencíveis
antes do término do exercício seguinte, pois a empresa possui pouco tempo para alcançar o
máximo do retorno que o investimento venha a trazer.
Para cálculo do indicador de Composição do Endividamento, pode-se utilizar a seguinte
expressão:
36
Figura 8 – Composição do endividamento Fonte: Marion, 2006, p. 108.
2.3.4 Índices de atividade de empresas prestadoras de serviços de saúde
Através dos Indicadores de Atividade (Rotatividade) pode-se analisar o desempenho
operacional da empresa e as necessidades de investimentos em capital de giro. Em outras
palavras, objetivam medir a qualidade e a intensidade que os ativos da empresa giram e
influenciam no Fluxo de Caixa.
Estes quocientes, importantíssimos, representam a velocidade com que os elementos patrimoniais de relevo se renovam durante determinado período de tempo. Por sua natureza têm seus resultados normalmente apresentados em dias, meses ou períodos maiores, fracionados de um ano. A importância de tais quocientes consiste em expressar relacionamentos dinâmicos – daí a denominação de quocientes de atividade (rotatividade) – que acabam, direta ou indiretamente, influindo bastante na posição de liquidez e rentabilidade. Normalmente, tais quocientes envolvem itens do demonstrativo de posição (balanço) e do demonstrativo de resultado, simultaneamente. (IUDÍCIBUS, 1998, p. 105).
Com isso identifica-se que os indicadores de Atividade (rotatividade) apresentam em
determinado espaço de tempo, utilizando as demonstrações contábeis, a estrutura de
rotatividade da empresa e se esta rotatividade está ou não compatível com a estrutura de
pagamentos.
2.3.4.1 Giro de contas a receber (GCR)
O quociente de Giro de Contas a Receber busca elucidar a velocidade com que as contas
a receber são cobradas e que consecutivamente a empresa concede crédito novamente.
Conforme Martins (2005, p.44) “[...] o giro de contas médicas a receber informa quantas
vezes no ano as contas médicas a receber se transformam em dinheiro. Quanto maior o giro de
CMR, melhor.”. Este indicador pode ser de relevante importância na análise da política de
credito adotada pela empresa.
37
Para cálculo do Giro das Contas Médicas a Receber pode-se utilizar o seguinte método:
Figura 9 – Giro de contas a receber Fonte: Martins, 2005, p. 45.
Diante da expressão para cálculo, verifica-se intensa dificuldade para identificar os
Serviços Prestados a Crédito nas demonstrações contábeis. Marion (2006, p.121), relata que:
[...] Se quisermos trabalhar com prazo médio de recebimento de vendas a prazo, teremos
muitas dificuldades, pois nem sempre (quase nunca) encontraremos discriminado o total das
vendas a prazo. O mesmo esquema é válido para as compras. (2006, p.121).
Complementando o que foi mencionado por Marion, a dificuldade para identificar as
Vendas é igualmente válida para a identificação dos Serviços prestados a Crédito. A falta de
informações dispostas nas peças contábeis obstrui a precisão das análises do Giro de
Recebimento.
2.3.4.2 Giro de contas a pagar (GCP)
Busca demonstrar quantas vezes a empresa salda suas contas a pagar ou fornecedores,
Martins (2006, p.45) complementa: “o giro de contas a pagar informa quantas vezes no ano o
hospital pagou sua contas. Quanto menor o giro de contas a pagar, melhor.”. Portanto, nota-se
que a através do referido índice pode-se elucidar a quantidade média de pagamentos efetuados
em um período de tempo.
Seu cálculo pode ser expresso da seguinte forma:
Figura 10 – Giro de contas a pagar Fonte: Martins, 2005, p.45.
No entanto, conforme já exposto por Marion (2006, p.121), identifica-se relevante
dificuldade para constatar as Compras a Prazo (da mesma forma que as Vendas a Prazo) nas
demonstrações em análise. Compreende-se que a melhor forma de aquisição destas
informações seria através da disponibilização, por parte da empresa, o que por muitas vezes
não seria realizado.
38
2.3.4.3 Giro do ativo total
O indicador de Giro do Ativo Total pretenciona demonstrar o retorno que a empresa
está alcançando sobre os investimentos. De forma muito objetiva busca medir a eficiência da
administração em relação à otimização dos recursos do Ativo.
Este quociente de atividade expressa quantas vezes o ativo “girou” ou se renovou pelas vendas. Pode ser desdobrado numa série de subquocientes, tais como: Vendas/Ativo Circulante, Vendas/Ativo Permanente etc. No numerador, podemos utilizar vendas brutas ou, como variante, vendas líquidas.Existe um grande interesse da empresa em vender bastante com relação ao valor do ativo. Quanto maior o “giro” do ativo pelas vendas, maiores as chances de cobrir as despesas com uma boa margem de lucro. (IUDÍCIBUS; SÉRGIO, 1998, p. 108).
E com esse entendimento, muitas empresas buscam a máxima diminuição dos
investimentos em, por exemplo, estoques, objetivando não somente a diminuição dos custos
com armazenagem, mas também melhores indicadores de giro do Ativo.
Figura 11 – Giro do Ativo total Fonte: Silva, 2007, p. 26.
2.3.5 Índices de rentabilidade de empresas prestadoras de serviços de saúde
Os indicadores de Rentabilidade visam apresentar informações de natureza econômica
da empresa analisada. Todavia, estes indicadores podem demonstrar informações mais ou
menos aprofundadas, dependendo do usuário e da intenção da análise. A Rentabilidade,
através de seus indicadores, vislumbra o potencial da empresa para gerar resultados e obter
retorno sobre os investimentos. Quanto às empresas prestadoras de serviços de saúde, Martins
(2005, p. 46) relata:
A rentabilidade do hospital pode ser avaliada em relação a suas receitas médicas, ativos e patrimônio líquido. Em conjunto, essas medidas permitem ao administrador avaliar os resultados financeiros do hospital em relação às receitas médicas, aos investimentos e retornos dos proprietários.
As empresas prestadoras de serviços de saúde carecem das mesmas informações
gerenciais que as empresas de outros ramos de atividade, e o acionista busca os mesmos
patamares de retorno que outros segmentos da economia resultam (opções de investimento).
39
Os quocientes (indicadores) de Rentabilidade oportunizam aos diferentes usuários da análise
“medir” o retorno que a empresa está disponibilizando ou demonstrando.
A combinação de itens do Ativo é que gera Receita para a empresa. Na verdade, o Ativo significa investimentos realizados pela empresa a fim de obter Receita e, por conseguinte, Lucro. Assim, podemos obter a Taxa de Retorno sobre investimentos. Isso representa o poder de ganho da empresa: quanto ela ganhou por real investido. (MARION, 2006, p. 139).
Com o exposto por Marion, consegue-se analisar cronologicamente a formação ou
identificação do Lucro, e assim analisar o retorno sobre os investimentos.
2.3.5.1 Margem de lucro
A Margem de Lucro é um indicador muito variável, no que tange comparação entre
segmentos diferentes da economia. A relação entre o Lucro e as Vendas da empresa
oportuniza a identificação da Margem de Lucro obtido no exercício.
Por alguns autores denominados simplesmente Margem Operacional, este quociente compara o lucro com as vendas líquidas, de preferência. É interessante, todavia, controlar o montante de deduções de vendas com relação às vendas brutas, numa análise à parte. Entretanto, também tem validade o cálculo dos quocientes deste tópico com vendas brutas, com interpretação ligeiramente modificada. (IUDÍCIBUS, 1998, p. 110-111).
Para cálculo deste indicador, pode-se utilizar a seguinte expressão:
Figura 12 – Margem de Lucro Fonte: Silva, 2008, p.6.
Quanto ao resultado do quociente de Margem de Lucro, nota-se que pode variar de
exercício para exercício, isso só depende da empresa aumentar sua margem nas vendas,
melhorar os seus controles internos de custos e despesas, agregar mais valor ao produto,
identificar nichos de mercado pouco explorados e etc.
2.3.5.2 Retorno sobre o ativo total ou retorno sobre investimento
O presente indicador busca medir o desempenho da administração da empresa no que
tange a conversão dos investimentos dispostos no Ativo em Lucros. Martins (2006, p.47)
40
acrescenta: “a taxa de retorno sobre o ativo total ou retorno sobre investimento do hospital
mede a eficiência global da administração na geração de lucros com seus ativos. Quanto
maior essa taxa, melhor.”.
Quanto à importância do indicador Iudícibus ensina que: “É provavelmente, o mais
importante quociente individual de toda a análise de balanços”. Todavia, percebe-se que o
quociente de Retorno sobre o Ativo Total prospecta relevante contribuição a análise das
Demonstrações Contábeis.
Para encontrar o Retorno sobre o Ativo Total, pode-se utilizar a seguinte expressão:
Figura 13 – Retorno sobre Ativo Total Fonte: Iudícibus 1998, p. 112.
2.3.5.3 Retorno sobre o patrimônio líquido ou capital próprio
O Retorno sobre o Capital Próprio mede a relação entre o capital investido pelos sócios
ou acionistas e o retorno que a empresa aufere a eles “a taxa de retorno sobre o patrimônio
líquido mede o retorno obtido pelos proprietários, e, quanto maior essa taxa,
melhor.”(MARTINS, 2005, p. 47).
Os proprietários da empresa desejam saber quanto de retorno a empresa está
proporcionando em relação ao capital que eles (os proprietários) investiram. E para isso,
utiliza-se a o seguinte cálculo:
Figura 14 – Retorno sobre patrimônio líquido Fonte: Iudícibus, 1998, p. 114.
Quanto à importância do quociente, Iudícibus discorre:
A importância do Quociente de Retorno sobre o Patrimônio Líquido (QRPL) reside em expressar os resultados globais auferidos pela gerência na gestão de recursos próprios e de terceiros, em benefício dos acionistas. A principal tarefa da administração financeira ainda é a de maximizar o valor de mercado para o possuidor das ações e estabelecer um fluxo de dividendos compensador. No longo prazo, o valor de mercado da ação é influenciado substancialmente pelo quociente de retorno sobre o patrimônio líquido. (1998, p. 116).
41
Através desse entendimento, verifica-se que satisfatórios indicadores de retorno sobre o
Patrimônio Líquido, influenciam positivamente na definição da “imagem” da empresa frente
ao mercado financeiro, podendo garantir melhores expectativas tanto para os acionistas ou
sócios (com a valorização das ações ou quotas) quanto para a própria empresa que pode
garantir melhores condições de financiamento.
2.3.6 Capital circulante líquido
O Capital Circulante Líquido é extraído através da subtração do Ativo Circulante pelo
Passivo Circulante, e pode demonstrar a margem de segurança da empresa a curto prazo.
Matarazzo (2003, p. 170) relata que “o Capital Circulante Líquido, que é a folga
financeira a curto prazo [...]”.
Entende-se que este indicador ratifica os resultados obtidos com os quocientes de
liquidez, apresentado a situação financeira para pagamentos a curto prazo. Martins (2005, p.
43) acrescenta “[...] quanto maior esse índice, maior a liquidez do hospital.” Portanto, nota-se
a importante ligação entre os indicadores de liquidez e o Capital Circulante Líquido.
42
2.3.7 Fator de insolvência
Para analisar a Solvência ou a Insolvência das empresas pode-se utilizar o método de
análise de Kanitz ou de Alteman. Pretende-se através da análise do fator de insolvência,
verificar o risco de falência que a empresa está ou não incorrendo.
O fator de Insolvência de Kanitz busca demonstrar a faixa de risco que a empresa se
encontra, através da ponderação de índices padrões.
Como base de julgamento do fator de insolvência, Kanitz constituiu uma escala de valores para indicação da maior ou menor possibilidade de falência ou concordata de empresa. A escala de valores estabelecida por Kanitz é a seguinte: a) (-3 a -7), denomina-se faixa de pré-insolvência; b) (0 a -3), considera-se faixa de penumbra; c) (1 a 7), chama-se faixa de solvência. (ZDANOWICZ, 1998, p.120-121).
Para cálculo do Fator de insolvência de kanitz, utilizam-se cinco variáveis, e a elas se
atribui diferentes pesos para ponderação. Sendo assim demonstrado:
Figura 15 – Variáveis e cálculo do fator de insolvência de Kanitz Fonte: Zdanowicz, 1998, p.121.
O resultado obtido através do cálculo exposto acima, deve ser comparado com a escala
determinada por Kanitz, e assim, efetivamente realizar a análise de solutibilidade ou
insolutibilidade das empresas em estudo.
Existe, por outro lado, a metodologia de análise do fator de insolvência de Altman, onde
também foram estabelecidas cinco variáveis para evidenciar o Fator de Insolvência.
O fator de insolvência de Altman foi adaptado a realidade brasileira em 1968, por ocasião de sua visita a Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Altman utilizou as Demonstrações Contábeis de 58 empresas nacionais, das quais 23 empresas com sérios problemas financeiros. (ZDANOWICZ, 1998, p.120-121).
As variáveis determinadas por Altman podem ser demonstradas da seguinte forma:
43
Figura 16 – Variáveis e fator de insolvência de Altman. Fonte: Zdanowicz, 2008, p. 122.
Para Altman as empresas que venham a apresentar valores abaixo de 1,81 estão
eminentemente correndo riscos de insolvência. Já as empresas que em uma faixa de 1,81 até
2,99, mas próximos ao limite de fronteira de 2,67 apresentam situação financeira aceitável.
E as empresas que demonstram o resultado maior que 2,99 podem estar em plena
situação de solvência.
2.3.8 A Importância da análise das demonstrações contábeis das empresas prestadoras de
serviços de saúde
Há poucos anos, em comparação com outros ramos de atividade, o negócio saúde vem
se descobrindo e se posicionado frente às tendências do mercado. O que antigamente existia
vasta demanda por serviços, hoje percebe-se crescente concorrência, principalmente na saúde
privada.
A contabilidade, como ciência social aplicada, está acompanhando a trajetória evolutiva
da sociedade, e com o percorrer da humanidade, novas necessidades de informações de
diferentes usuários estão surgindo. Como por exemplo:
Numa economia de mercado bastante desenvolvida, uma razoável parcela dos motivos que levam o investidor a adquirir ações da empresa A e/ou da empresa B reside nos resultados da análise realizada com relação aos balanços das empresas, demais peças contábeis e avaliação das perspectivas do empreendimento. (IUDÍCIBUS, 1998, p. 19).
A análise das Demonstrações Contábeis, já transcendeu a mera utilização por parte dos
bancos (na avaliação dos empréstimos). Atualmente a análise dos indicadores extraídos das
peças contábeis são utilizados e consultados pelos mais diferentes interessados na empresa.
Quanto à análise das peças contábeis Iudícibus acrescenta
44
Alguns administradores de empresas chegam a admitir que a mesma deveria montar um verdadeiro sistema de informações, não somente no que se refere aos concorrentes, mas também no que se refere a todos os grupos de pessoas e interesses externos à empresa que possam ter ou vir a ter influência sobre a empresa, em virtude de mudanças em suas orientações e comportamentos. (1998, p. 20).
Conforme Iudícibus, alguns administradores identificaram relevantes benefícios das
informações atraídas das Demonstrações Financeiras. Benefícios que provavelmente supriram
alguma necessidade ou realizaram esclarecimento de algum questionamento.
No ramo da saúde, as empresas prestadoras de serviços apresentam várias necessidades
entre elas:
A necessidade de comparação do desempenho financeiro atual com o histórico do hospital, e também com o desempenho de outros hospitais, é fundamental para a administração verificar sua eficiência financeira e oferecer procedimentos médicos resolutivos e qualitativos a seus pacientes porque, quanto maior a eficiências financeira do hospital, melhores as taxas de resolutividade e qualidade dos procedimentos médicos. A avaliação por meio de índices financeiros é adequada para análises históricas do hospital e também para análises comparativas de hospitais de quaisquer tamanhos. Em geral, os índices financeiros são agrupados em quatro categorias: índices de liquidez, índices de atividades, índices de endividamento e índice de lucratividade. (MARTINS, 2005, p.41-42).
Com o que foi discorrido por Martins verifica-se a importância dos Indicadores
Econômicos Financeiros das empresas prestadoras de serviços de saúde, tanto para auxiliar na
tomada de decisão dos administradores como amparo histórico quanto para ajudar a delinear
futuras tendências. E assim, influenciando e contribuindo para a formação das estratégias da
empresa. É possível identificar a relevante influência dos indicadores econômico-financeiros
nas decisões dos investidores de capital, onde com o auxilio desses quocientes pode-se tentar
identificar a situação atual e projetada da empresa.
2.3.9 Usuários das análises das demonstrações contábeis das empresas prestadoras de serviços
de saúde
De forma muito particular a Análise das Demonstrações Financeiras busca a atender
diferentes usuários. E esses usuários apresentam interesses distintos, em outras palavras, cada
“classe” de usuário necessita de informações diferentes.
A análise das demonstrações contábeis de uma empresa pode atender a diferentes objetivos consoante os interesses de seus vários usuários ou pessoas físicas ou jurídicas que apresentam algum tipo de relacionamento com a empresa. Nesse processo de avaliação, cada usuário procurará detalhes específicos e conclusões próprias e, muitas vezes, não coincidentes. (ASSAF NETO, 2002, p.52).
45
As intenções para analisar uma empresa que presta serviços de saúde podem ser as mais
variadas possíveis, seja pela necessidade do pleno entendimento da funcionalidade da
empresa, pela verificação das tendências futuras, pela fixação de uma medida de tendência de
longo prazo, para analisar-se comparativamente com outras empresas do mesmo ramo de
atividade ou concorrente indireto, pela realização de estudos acadêmicos ou até mesmo para
verificação de concessão de crédito e etc.
A Análise de Balanços permite uma visão da estratégia e dos planos da empresa analisada; permite estimar o seu futuro, suas limitações e suas potencialidades. É de primordial importância, portanto, para todos que pretendam relacionar-se com uma empresa, quer como fornecedores, financiadores, acionistas e até como empregados. A procura de um bom emprego deveria sempre começar com a análise financeira de empresa. O que adianta um alto salário inicial se as perspectivas da empresa não são boas. (MATARAZZO, 2003, p. 28).
De forma a facilitar o pleno entendimento e a visibilidade do fluxo das informações e da
forma cronológica que ocorre transmissão das análises para os usuários, abaixo está
demonstrado o fluxograma.
Figura 17 – Fluxo das informações contábeis Fonte: Autoria própria, 2008.
Conforme visto na figura acima, os usuários estão no último nível do fluxograma, onde
dependem permanentemente das informações dispostas pela empresa. O que nos leva a
novamente enfatizar a responsabilidade da contabilidade em apresentar informações integras e
transparentes. Em uma sociedade que busca identificar empresas que respeitem os
consumidores (sejam eles consumidores de produtos ou informações) mantém relevante
vantagem estratégica frente aos concorrentes.
Diante da vasta existência de usuários das Análises das Demonstrações Contábeis,
Assaf Neto (2002, p.52) caracteriza alguns como mais importantes: “Os usuários mais
Empresas de Saúde
Demonstrações Contábeis
Análises (Índices)
Usuários das
46
importantes da análise de balanços de uma empresa são os fornecedores, clientes,
intermediários financeiros, acionistas, concorrentes, governo e seus próprios
administradores.”.
Os fornecedores das empresas prestadoras de serviços de saúde, na maioria das vezes,
buscam informações referentes a capacidade de pagamento. Desejam identificar se a empresa
irá conseguir cumprir com suas dívidas e se possuem capacidade financeira de assumir novos
compromissos junto aos fornecedores.
Geralmente os fornecedores observam alguma coisa além da liquidez, visto que os balanços são divulgados uma vez por ano e a análise precisa proporcionar-lhe segurança pelo prazo de sua validade, ou seja, até a análise do balanço seguinte. Por isso, não observam pura e simplesmente índices de liquidez, mas alguma coisa além, como a rentabilidade e o endividamento. (MATARAZZO, 2002, p. 29).
Matarazzo expôs que as necessidades dos fornecedores transcendem a verificação da
atual ou imediata capacidade de pagamento das dívidas, os fornecedores se interessam em
manter suas vendas a médio e longo prazo. E através de outros indicadores as empresas ou
pessoas físicas responsáveis pelo fornecimento de material médico, insumos para exames,
equipamentos e etc., podem constatar se a organização consumidora apresenta tendência de
perdurar ou não com a sua atual capacidade financeira, influenciando assim as vendas de seus
insumos.
Os clientes podem e devem analisar a empresa que lhe prestará a algum atendimento de
saúde, seja ele ambulatorial ou de internação hospitalar. Na maioria das vezes, uma empresa
quando apresenta satisfatórios indicadores econômico-financeiros é porque provavelmente
presta um bom serviço e os quocientes das demonstrações contábeis, simplesmente refletem a
intensa demanda pelos serviços especializados e de qualidade oferecidos pela empresa.
[...] é fundamental para a administração verificar sua eficiência financeira e oferecer procedimentos médicos resolutivos e qualitativos a seus pacientes porque, quanto maior a eficiência financeira do hospital, melhores as taxas de resolutividade e qualidade dos procedimentos médicos. (MARTINS, 2005, p.41).
Portanto, não só nas empresas prestadoras de serviços de saúde, mas praticamente em
todas em empresas, dos mais diversos ramos de atividade, quanto melhores os seus
indicadores, melhores são os produtos fabricados pela indústria, melhores as mercadorias
vendidos pelo comércio e melhores são os serviços oportunizados pela empresa que o prestou.
Entende-se por Intermediários Financeiros os fornecedores de capital e prestadores de
serviços financeiros que desenvolvem sua atividade junto às pessoas jurídicas e físicas.
Normalmente os Intermediários Financeiros são caracterizados pelos bancos comerciais e de
investimentos. Assaf Neto (2002, p. 53) disserta sobre o interesse dos Bancos (Intermediários
Financeiros):
47
Os interesses dos bancos, em geral, incluem o conhecimento da posição de curto e longo prazos da empresa. Mesmo que a operação de crédito se verifique a curto prazo, o relacionamento entre bancos e clientes é geralmente visto também no longo prazo em razão das possibilidades de renovação do empréstimo, do interesse em manter determinada empresa como cliente etc. Dessa forma além dos aspectos tradicionais da análise de balanços a curto prazo, o grau de endividamento, solvência, rentabilidade, entre outros, assume também grande importância no processo de avaliação.
Os Intermediários Financeiros desejam que as empresas do ramo da saúde continuem
tomando os serviços oferecidos por eles, ou seja, os bancos querem perpetuar as relações
financeiras entre ele banco e os tomadores de recursos. E para isso, analisam profundamente a
situação atual e prospectam as tendências futuras da empresa, visando não somente as
possibilidades atuais da clínica ou do hospital, mas conjuntamente as possibilidades futuras
que possam vir a existir. O papel dos intermediários financeiros para as empresas que têm em
seu negócio a saúde é de extrema importância, pois estas empresas devem continuamente
investir nas aquisições de novos equipamentos em diagnóstico por imagem, modernização das
áreas de recepção, reformas e construção de prédios, alas para o atendimento médico etc., e o
recursos para tais investimentos muitas vezes é oriundo de empréstimos ou financiamentos de
Intermediários Financeiros.
A capacidade de gerar lucros a apresentar retornos sobre os investimentos frente aos
recursos próprios caracteriza-se como a principal necessidade dos Acionistas. Para efetuar as
transações de compra e venda das ações (quando a empresa for S/A de capital aberto) os
acionistas utilizam os serviços das corretoras de valores que agem, conforme Matarazzo
(2003, p. 34) “As corretoras, como agentes dos investidores, preocupam-se basicamente com
a rentabilidade de empresa.”. Nas empresas de saúde limitadas, existe um acompanhamento
maior por parte dos sócios, onde o interesse ultrapassa a simples necessidade de rentabilidade
e segue na linha de estimar a perpetuação da empresa no longo dos anos. E nas empresas que
são caracterizadas como EBAS, a principal intenção é a prestação de serviços de qualidade á
sociedade, auferindo os resultados suficientes para manter a sua estrutura e realizar
investimentos na própria entidade.
Analisar o Concorrente na atual conjuntura econômica é extremamente importante para
as empresas prestadoras de serviços de saúde. Através da análise dos concorrentes as clínicas
e hospitais podem gerar conhecimentos profundos que acarretam a diversificação das
estratégias.
A análise de concorrentes é muito importante à medida que a empresa possa melhor conhecer seu mercado e comparar sua posição econômico-financeira (liquidez, rentabilidade, crescimento de vendas etc.) em relação a seu setor de atividade (empresas concorrentes). Por essa análise de toda a concorrência, é possível a
48
construção de índices-padrão indispensáveis a uma auto-avaliação. (ASSAF NETO, 2002, p. 54).
Com a análise comparativa entre empresas do mesmo segmento mercadológico, pode-se
estabelecer metas a serem atingidas em detrimento a algum concorrente melhor situado no
mercado.
Através do estudo das Demonstrações Contábeis dos concorrentes, as empresas se
permitem avaliar e identificar se as ações realizadas pelo concorrente estão apresentando
resultados positivos, e a partir dessa informação estabelecer estratégias de forma a inibir,
alcançar ou acompanhar a concorrência. Sem dúvida nenhuma, muitos investimentos são
realizados após a análise da concorrência, como por exemplo: a compra de equipamentos de
diagnósticos por imagem, a ampliação de determinada área para atendimento de clientes
portadores de planos de saúde privados ou atendimentos particulares etc.
Um outro usuário das demonstrações contábeis e dos indicadores extraídos das
demonstrações contábeis é o Governo. E governo está se referindo ao sentido amplo da
palavra, sendo Federal, Estadual e Municipal; ao governo interessa a análise dos indicadores
econômicos financeiros das empresas que trabalham com a saúde em virtude de conhecer e
identificar à efetiva situação da saúde pública e suplementar oferecida a população.
O governo também avalia as empresas para a concessão de concorrências abertas, e com
as informações dos quocientes das análises, pode-se verificar a capacidade da empresa em,
por exemplo, atender a todos os pacientes (clientes) portadores de tuberculose pulmonar de
determinada região do país, tornando este hospital centro de referência. Contudo a intenção do
governo é garantir que o prestador de serviço consiga suprir as necessidades da população, e
com isso melhorar a qualidade de vida das pessoas.
O governo utiliza intensamente a Análise de Balanços em diversas situações. Por exemplo, numa concorrência aberta, provavelmente escolherá entre duas propostas semelhantes, apresentadas por empresas em determinada concorrência, aquela que estiver em melhor situação financeira. Além disso, o governo acompanhará a situação financeira da empresa vencedora da concorrência ao longo do desenvolvimento dos trabalhos para obter informações sobre a possibilidade de a empresa continuar os trabalhos para os quais se candidatou. (MATARAZZO, 2003, p.36-37).
A questão da concorrência aberta caracteriza uma das necessidades do governo, mas
não se pode esquecer que o governo é proprietário de muitos hospitais e clínicas públicos, e
como acionista/sócio mantém interesses na manutenção dos serviços prestados pela empresa.
Por último, mas não menos importante tem-se os Administradores das empresas
prestadoras de serviços de saúde, que necessitam das informações das análises para o
acompanhamento e avaliação das decisões estratégicas. Iudícibus afirma:
49
Mas, se uma boa análise de balanços é importante para os credores, investidores em geral, agências governamentais e até acionistas, ela não é menos necessária para a gerência: apenas o enfoque e, possivelmente, o grau de detalhamento serão diferenciados. Para a gerência, a análise de balanços faz mais sentido quando, além de sua função de informar o posicionamento relativo e a evolução de vários grupos contábeis, também serve como “painel geral de controle” da administração. (1998, p. 19).
Com isso entende-se que a administração apresenta interesse na amplitude dos
indicadores econômico-financeiros, desde a simples análise horizontal e vertical até a
solvência da empresa.
O administrador financeiro de um hospital toma decisões em nome dos proprietários e ambos tomam decisões que atendam às necessidades dos pacientes, que são as de que os serviços hospitalares sejam resolutivos, qualitativos e de baixo custo. Nesse sentido o administrador financeiro do hospital deve atuar de acordo com os interesses dos proprietários e dos pacientes. Ao tomar decisões que minimizam os custos dos recursos organizacionais sem prejuízo da resolutividade e da qualidade, atendem à expectativa de maximizar o valor do capital próprio do hospital e minimizar os preços dos serviços hospitalares para os pacientes. (MARTINS, 2005, p.20)
E diante dessa gama de decisões que o administrador das empresas de saúde deve
tomar, é imprescindível a utilização de recursos que sirvam como amparo à tomada científica
das decisões. Por meio da análise das demonstrações contábeis os gestores podem identificar
o retorno dos investimentos realizados, a rentabilidade da empresa e a rentabilidade do capital
próprio, o quanto o ativo contribui para gerar lucros, as dívidas a curto e longo prazo e entre
outros avaliarem o desempenho futuro instituição.
2.3.10 Histórico da saúde no Brasil
A saúde no Brasil começou a demonstrar os primeiros movimentos de iniciação em
1808, com a vinda da corte portuguesa, pois até então praticamente não existia escolas de
medicina devido à proibição do ensino superior nas colônias. A partir desse evento foram
fundadas as academias médico-cirurgicas no Rio de Janeiro e na Bahia que logo se tornaram
as duas primeiras escolas de saúde do País.
Por volta de 1829, foi criada a junta de Higiene Pública, que se mostrou pouco eficaz e, apesar de várias reformulações, não alcançou o objetivo de cuidar da saúde da população. No entanto, é o momento em que instâncias médicas assumem o controle das medidas de higiene pública. Seu regulamento é editado em 20 de setembro de 1851 e a transforma em Junta Central de Higiene Pública. Tem como objetivo a inspeção da vacinação, o controle do exercício da Medicina e a polícia sanitária da terra, que engloba a inspeção de alimentos, farmácias, armazéns de mantimentos, restaurantes, açougues, hospitais, colégios, cadeias, aquedutos, cemitérios, oficinas, laboratórios, fabricas e, em geral todos os lugares de onde possa
50
provir dano à saúde pública. (MACHADO apud CONSELHO NACIONAL DOS SECRETÁRIOS DE SAÚDE, 2008, p. 17).
Verificou-se que a Junta Central de Higiene Pública não conseguiu resolver os
problemas de saúde da população, mas estabeleceu um novo marco na organização da higiene
pública no Brasil. Essa situação prevaleceu durante todo o século XIX, e com o fim da fase
imperial novas tentativas de promover a saúde da coletividade foram realizadas, mas não
obtiveram sucesso.
A proclamação da República em 1889 foi embalada na idéia de modernizar o Brasil. A necessidade urgente de atualizar a economia e a sociedade, escravistas até pouco antes, com o mundo capitalista mais avançado favoreceu a redefinição dos trabalhadores brasileiros como capital humano. Essa idéia tinha por base o reconhecimento de que as funções produtivas são a fontes geradoras da riqueza das nações. Assim, a capacitação física e intelectual dos operários e dos camponeses seria o caminho indicado para alterar a história do País, considerado no exterior como “região bárbara”. Nesse contexto, a medicina assumiu o papel de guia do Estado para assuntos sanitários, comprometendo-se a garantir a melhoria da saúde individual e coletiva e, por extensão, a defesa do projeto de modernização do País (BERTOLLI FILHO apud CONSELHO NACIONAL DOS SECRETÁRIOS DE SAÚDE, 2008, p. 18).
Com o evento da Constituição de 1891, ficou estabelecido que seria de responsabilidade
dos estados as ações de saúde, saneamento e educação. E com isso cada estado aplicava o
modelo que bem entendia.
A falta de um modelo sanitário para o País, deixava as cidades brasileiras à mercê das epidemias. No início do século XX, a cidade do Rio de Janeiro apresentava um quadro sanitário caótico caracterizado pela presença de diversas doenças graves que acometiam à população, como a varíola, a malária, a febre amarela e, posteriormente, a peste. Este quadro acabou gerando sérias conseqüências, tanto para a saúde coletiva quanto para outros setores como o do comércio exterior, visto que os navios estrangeiros não mais queriam atracar no porto do Rio de Janeiro em razão da situação sanitária existente na cidade. (CONSELHO NACIONAL DOS SECRETÁRIOS DE SAÚDE , 2008, p. 118-19).
E quando os efeitos da péssima saúde pública passaram a prejudicar os interesses
econômicos da nação o governo elaborou um plano de combate às enfermidades que reduziam
a vida produtiva da população. Com essa contínua intervenção do estado (nação) nas questões
de saúde acabou evoluindo para a criação de uma “política nacional de saúde”.
No primeiro governo de Getúlio Vargas foi instituído o Instituto de Aposentadorias e
Penções (IAP), que organizava os trabalhadores urbanos em categorias profissionais. Os
trabalhadores chamados informais, aqueles que não tinham vínculo com a medicina
previdenciária passaram a contar com as ações realizadas pelo Ministério da Educação e
Saúde Publica (Mesp).
Com a promulgação da Constituição de 1946 o Brasil passou a ser considerado
democracia e a saúde pública teve sua estrutura centralizada e com a criação de vários
programas de campanhas e ações sanitárias.
51
Os marcos institucionais1 desse período foram: 1. Criação do Ministério da Saúde, em 1953, velha aspiração dos médicos da saúde pública. 2. Reorganização dos serviços nacionais no Departamento Nacional de Endemias Rurais (DNERu), em 1956. 3. Implementação da campanha nacional contra a lepra e das campanhas de controle e erradicação de doenças, como a malária, de 1958 a 1964. 4. Realização da 3ª Conferência Nacional de Saúde, em 1963. Estes marcos reforçavam aspectos importantes, tais como: 1. permanência da disjunção entre saúde pública e assistência médica com ênfase da primeira nas populações rurais; 2. foco das ações sobre doenças específicas; e 3. deslocamento do processo de discussão e decisão para arenas fora da burocracia pública, tais como o Congresso Nacional e a politização da saúde nos congressos de higiene e nas conferências nacionais. (CONSELHO NACIONAL DOS SECRETÁRIOS DE SAÚDE, 2008, p.23).
Em 1964, iniciou o regime militar, onde foram implantadas reformas institucionais que
afetaram intensamente a saúde pública do país.
A saúde pública, relegada ao segundo plano, tornou-se uma máquina ineficiente e conservadora, cuja atuação restringia-se a campanhas de baixa eficácia. A carência de recursos — que não chegavam a 2% do PIB — colaborava com o quadro de penúria e decadência, com graves conseqüências para a saúde da população. Os habitantes das regiões metropolitanas, submetidos a uma política concentradora de renda, eram vítimas das péssimas condições de vida que resultavam em altas taxas de mortalidade. Este quadro seria ainda agravado com a repressão política que atingiu também o campo da saúde, com cassações de direitos políticos, exílio, intimidações, inquéritos policial-militares, aposentadoria compulsória de pesquisadores, falta de financiamento e fechamento de centros de pesquisas. (CONSELHO NACIONAL DOS SECRETÁRIOS DE SAÚDE , 2008, p.24).
Com o fracasso das políticas de saúde, passou-se a rearticular os movimentos sociais,
que por sua vez tornaram-se mais freqüentes a denúncias sobre a situação caótica dos serviços
de saúde.
Nesse contexto, sindicatos das diversas categorias profissionais da saúde — principalmente médicos, acadêmicos e cientistas — debatiam em seminários e congressos as epidemias, as endemias e a degradação da qualidade de vida do povo. Um movimento pela transformação do setor saúde fundiu-se com outros movimentos sociais, mais ou menos vigorosos, que tinham em comum a luta pelos direitos civis e sociais percebidos como dimensões imanentes à democracia. (ESCOREL; NASCIMENTO; EDLER apud CONSELHO NACIONAL DOS SECRETÁRIOS DE SAÚDE, 2008, p. 26).
Em 1974, com o governo de Geisel, com a iniciação a abertura da inflexão política
oportunizou ao movimento sanitarista a realização de propostas afim de democratizar a saúde
e promover o assistencialismo para as pessoas mais carentes.
Durante o governo Figueiredo, muitas ações começadas pelo general Geisel
continuaram a serem realizadas, entre elas a efetiva abertura política.
52
Com a abertura política, vários cargos de representatividade foram assumidos por
profissionais da saúde, e diante de muitas propostas e projetos chegaram a criação do Sistema
Único de Saúde.
Como resultado das diversas propostas em relação ao setor de saúde apresentadas na Assembléia Nacional Constituinte, a Constituição Federal de 1988 aprovou a criação do Sistema Único de Saúde, reconhecendo a saúde como um direito a ser assegurado pelo Estado e pautado pelos princípios de universalidade, eqüidade, integralidade e organizado de maneira descentralizada, hierarquizada e com participação da população (CONSELHO NACIONAL DOS SECRETÁRIOS DE SAÚDE, 2003 apud CONSELHO NACIONAL DOS SECRETÁRIOS DE SAÚDE, 2008, p. 32).
E com a aprovação da Constituição Federal de 1988, foi estabelecidos através da lei N°
8.080/90 que a direção do SUS seria compartilhada entre a União, Estados e Municípios.
Embora a história da saúde no Brasil tenha sofrido várias intervenções e que muitos
projetos e propostas foram e estão sendo realizados até os dias de hoje, verifica-se que o país
ainda encontra sérios problemas no que compete a saúde pública, como por exemplo, filas,
demora para realização de consultas com especialistas, precariedade nas instalações de postos
de saúde e hospitais, poucos remédios à disposição para distribuição as pessoas carentes, entre
outros. E a partir desses problemas, identifica-se a grande expansão da saúde suplementar,
desempenhado papel alternativo de complementação privada dos deveres do governo.
2.3.11 Tipos de prestação de serviços de saúde (tipos de receitas de saúde)
A prestação de serviços de saúde é dividida em dois subsistemas: o público, que é o
Sistema Único de Saúde (SUS), e o privado, constituído por dois sub-setores: o da Saúde
Suplementar, que é o predominante nesse subsistema, composto pelos serviços financiados
pelos planos e seguros de saúde, e o liberal clássico, composto pelos serviços particulares
autônomos.
Abaixo se expressa a característica do sistema de saúde brasileira
53
Figura 18 - Características do sistema de saúde brasileiro Fonte: Conselho Nacional de Secretários de saúde, 2008, p.69.
Nota-se no quadro que os subsistemas apresentam diferentes características para a
mesma função, promover a saúde dos indivíduos. Um outro aspecto que se diferenciam é a
questão dos resultados, o setor público deseja diminuir ao máximo os gastos, sem intenção de
auferir lucros (no máximo uma economia de recursos), já a iniciativa privada, na maioria das
vezes, almeja resultados (lucros).
2.3.11.1 Receitas SUS
O Sistema Único de Saúde caracteriza-se pelo direito igualitário e integral a todo o
cidadão brasileiro ao atendimento universal de saúde, através das unidades de saúde,
ambulatórios e hospitais, sem que seja necessário nenhum pagamento proveniente ao
atendimento.
O Sistema Único de Saúde (SUS) é constituído pelo conjunto das ações e de serviços de saúde sob gestão pública. Está organizado em redes regionalizadas e hierarquizadas e atua em todo o território nacional, com direção única em cada esfera de governo. O SUS não é, porém, uma estrutura que atua isolada na promoção dos direitos básicos de cidadania. Insere-se no contexto das políticas públicas de seguridade social, que abrangem, além da Saúde, a Previdência e a Assistência Social. (CONSELHO NACIONAL DOS SECRETÁRIOS DE SAÚDE, 2008, p. 33).
Com o exposto, entende-se que todo o cidadão brasileiro tem o direito de receber
atendimento de saúde público e gratuito. E para que esse atendimento seja realizado, as
empresas prestadoras de serviços de saúde são credenciadas junto a Ministério da Saúde,
Secretarias Estaduais de Saúde e Secretárias Municipais de Saúde para a realizarem os
atendimentos.
54
Cada atendimento possui um valor agregado, que está estabelecido na Tabela Unificada
do SUS. A remuneração que as empresas prestadoras de serviços de saúde credenciadas
recebem pelo atendimento realizado aos clientes segurados pelo SUS, caracteriza a efetiva
receita SUS.
2.3.11.2 Receitas de saúde suplementar
Com a defasagem do atendimento da saúde pública, muitas pessoas passaram a procurar
serviços privados que possam oferecer melhores condições de qualidade, comodidade e
agilidade.
Poucos setores da economia têm as características do setor de Saúde Suplementar, por tratar-se de um bem credencial e meritório, que envolve ao menos três grandes pólos de tensionamento: as operadoras de planos e seguros, os prestadores e os beneficiários (denominados também usuários ou consumidores). E não se trata, em absoluto, de grandes pólos homogêneos, pois as operadoras disputam entre si os prestadores hospitalares, que nem sempre têm interesses únicos com as entidades de classe e os consumidores contam com diversas instâncias de representação, que nem sempre representam a todos de forma igualitária. (CONASS, 2008, p. 15).
Os atendimentos realizados pelos prestadores de serviços de saúde a indivíduos
“cobertos” por convênios de saúde, caracterizam-se como receita de saúde suplementar. O
mercado da saúde suplementar vem apresentando relevante expansão, conforme pode-se
verificar no gráfico abaixo:
30,7 31,2 31,1 31,533,4
35,237,2
39,3 39,9
2,8 3,2 3,8 4,5 5,5 6,4 7,6 9,2 9,4
33,5 34,4 35,0 36,038,8
41,644,9 48,5 49,3
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
dez/00 dez/01 dez/02 dez/03 dez/04 dez/05 dez/06 dez/07 mar/08
Assistência médica com ou sem odontologia
Exclusivamente odontológico
To tal Figura 19 - Gráfica dos beneficiários de planos de saúde - Brasil - 2000-2008 Fonte: Agência Nacional de Saúde Suplementar, 2008.
A demanda por assistência médica e odontológica apresenta elevado crescimento. Se
compararmos, por exemplo, somente a linha da assistência total (convênios médicos com e
sem odontologia e convênios odontológicos), em termos percentuais identifica-se a expansão
de aproximadamente 15,80%.
55
2.3.11.3 Receitas de saúde particulares
As receitas de atendimentos particulares, normalmente, representam uma pequena
parcela do número total de atendimentos, mas demonstram relevantes percentuais quando
comparados com a receita bruta. Isso porque, salvo alguma exceção, os preços dos
procedimentos médicos praticados nos atendimentos particulares são muito maiores que os
valores repassados pelo SUS e por convênios de saúde.
“A Medicina Particular não está baseada em princípios de solidariedade. Ao contrário,
se fundamenta no princípio de que cada um recebe serviços em proporcionais aos pagamentos
realizados.” (COMO..., 2008).
Um atendimento de saúde particular, nada mais é do que a contratação de um serviço
(uma consulta, uma cirurgia etc.) mediante ao pagamento em moeda ou similar (cheque,
cartão de crédito).
2.3.11.4 Subvenções para custeio e repasses transferidos
Algumas empresas vinculadas à Saúde Pública, apresentam em sua Receita Operacional
Bruta expressões a título de Subvenções para Custeio ou Repasses Transferidos.
SUBVENÇÃO PARA CUSTEIO é a transferência de recursos para uma pessoa jurídica com a finalidade de auxiliá-la a fazer face ao seu conjunto de despesas. SUBVENÇÃO PARA OPERAÇÃO é a transferência de recursos para uma pessoa jurídica com a finalidade de auxiliá-la nas suas operações, ou seja, na consecução de seus objetivos sociais. As operações da pessoa jurídica, realizadas para que alcance as suas finalidades sociais, provocam custos ou despesas, que, talvez por serem superiores às receitas por ela produzidas, requerem o auxílio de fora, representado pelas SUBVENÇÕES. O CUSTEIO representa, portanto, em termos monetários, o reflexo da operação desenvolvida pela empresa. (NOGUEIRA, 2008, grifo do autor).
Portanto, as subvenções ou transferências buscam auxiliar a organização a manter
relação de proporcionalidade com os custos e despesas auferidas no decorrer da atividade
econômica.
56
2.3.12 Gastos em Saúde (custos e despesas)
Os gastos com funcionários, medicamentos, materiais médicos e de enfermagem,
espaços físicos, iluminação, alimentação aos pacientes entre outros representam sacrifícios
assumidos pela organização hospitalar.
Sobre Custos e Despesas hospitalares, Martins (2001, p.51) explica:
A contabilidade de custos é a parte integrante na administração de uma empresa e proporciona à administração do hospital registros dos custos da produção médica, registro das despesas administrativas, comerciais, tributárias, financeiras, permitindo a avaliação dos resultados por meio de comparação dos custos da produção médica, das despesas incorridas e com padrões de custos e despesas previamente estabelecidos. A contabilidade de custos também auxilia a concretização das funções administrativas de planejamento, de organização e de controle, necessárias aos objetivos de gerar serviços médicos com o menor custo possível e nível máximo de qualidade.
Os atendimentos destinados a Saúde Pública são propensos a demonstrar menores
gastos em relação aos atendimentos Privados, por apresentarem a necessidade de se enquadrar
com as Receitas auferidas aos atendimentos, que normalmente são inferiores às adotadas pela
Saúde privada.
Pode-se igualmente constatar, que os custos e despesas assumidos em um determinado
atendimento tendem a apresentar, em organizações distintas, valores e representatividades
diferentes. Por conseguinte, a estrutura que cada empresa busca manter, compreende
diferentes custos e despesas.
57
3 METODO DE PESQUISA
A seguir será apresentado o caminho metodológico percorrido para realização dessa
pesquisa, demonstrará os procedimentos adotados, identificará o objetivo metodológico,
versará sobre a forma de abordagem do problema e discriminará a prática do estudo.
3.1 Quanto aos procedimentos
Identifica-se que o estudo terá abordagem de modalidade tipo estudo de caso, onde
buscará apresentar um número limitado de empresas (seis empresas) divididas em três grupos
de representatividade de atendimento ao SUS.
Segundo Salomon
Estudos de casos (um só caso ou um número limitado de casos leva a personalização do processo): interesse voltado para a história e desenvolvimento do caso: pessoa, família, grupo, instituição social, comunidade. Estuda a interação dos fatos que produzem mudança (2004, p. 161).
O presente estudo procurará identificar empresas de um mesmo segmento econômico
(Serviços de Saúde) e separa-las em três grupos, buscando a interação dos fatos que produzem
a diferenciação da performance econômico-financeira, partindo do pressuposto da influência
dos diferentes tipos de prestação de serviços prestados( tipos de receita).
Gil (1999, p.73) discorre que: “o estudo de caso é caracterizado pelo estudo profundo e
exaustivo de um ou de poucos objetos, de maneira a permitir conhecimentos amplos e
detalhados do mesmo, tarefa praticamente impossível mediante os outros tipos de
delineamentos considerados.”. Portanto, da mesma forma, pretende-se de maneira intensa
58
aprofundar-se no estudo comparativo das análises, objetivando o pleno conhecimento
(considerando as delimitações pré-estabelecidas) dos fatos que produzem a mudança.
3.2 Quanto aos objetivos
O estudo terá caráter de pesquisa descritiva, visando à identificação das empresas, a
comparação entre elas, a análise das informações relevantes e o relato (através da emissão de
relatório das análises e informações).
Beuren expõe em sua obra, que a pesquisa descritiva:
[...] configura-se como um estudo do intermediário entre a pesquisa exploratória e a explicativa, ou seja, não é tão preliminar como a primeira nem tão aprofundada como a segunda. Nesse contexto, descrever significa identificar, relatar, comparar, entre outros aspectos (2008, p. 81).
O objetivo da pesquisa preocupa-se em observar, identificar e analisar as variáveis que
contribuem para o melhor ou pior desempenho das empresas que compõem este estudo,
utilizando técnicas específicas de análise dos dados.
“[...] a pesquisa descritiva preocupa-se em observar os fatos, registrá-los, analisá-los,
classificá-los e interpretá-los, o pesquisador não interfere neles. Assim, os fenômenos do
mundo físico e humano são estudados, mas não são manipulados pelo pesquisador.”
(ANDRADE apud BEUREN, 2008, p.81).
Pretende-se observar, registrar, classificar e interpretar dados, a fim de encontrar, sem a
manipulação ou alteração, a relação dos fatos com os fenômenos que produzem a mudança.
3.3 Quanto à abordagem do problema
Quanto a tipologia de pesquisa em relação a abordagem do problema, verifica-se que o
estudo será baseado em pesquisa quantitativa.
Caracteriza-se pelo emprego de quantificação tanto nas modalidades de coleta de informações, quanto no tratamento delas por meio de técnicas estatísticas, desde as mais simples como percentual, média, desvio padrão, às mais complexas, como coeficiente de correlação, análise de regressão etc. (RICHARDSON, 1999, p.70).
Busca-se através da pesquisa quantitativa a disponibilidade de instrumentos estatísticos
a fim de garantir a máxima precisão dos resultados das análises, prospectando elevada
59
margem de segurança em relação às informações estudadas e expostas, almejando a
identificação da relação entre as variáveis e o fenômeno.
“Diferentemente da pesquisa qualitativa, a abordagem quantitativa caracteriza-se pelo
emprego de instrumentos estatísticos, tanto na coleta quanto no tratamento dos dados.”
(BEUREN, 2008, p.92).
Contudo, pretende-se através da ferramenta de delimitação do espaço de amostra,
selecionar precisamente ou com reduzida margem de imprecisão, os dados que serão
analisados. A partir da seleção, verificar os pontos perceptíveis por mecanismos estatísticos e
matemáticos aplicando os conhecimentos disponíveis na literatura consultada.
3.4 Quanto à prática do estudo
Pretende-se constituir um trabalho acadêmico através da aplicação dos padrões
científicos e metodológicos mencionados anteriormente, objetivando primeiramente a
observação das diferentes empresas prestadoras de serviços de saúde, após pretende-se coletar
informações que serão necessárias para análise e a comparação entre os indicadores
econômico-financeiros e os tipos de prestação de serviços de saúde (sendo elas: saúde
pública, saúde privada ou ambos). Formando assim, o espaço amostral estratificado que será
classificado em subconjuntos e interpretado. Assim esclarece Beuren:
Há ocasiões em que a população-alvo divide-se em subconjuntos, denominados estratos, para a representação mais homogênea dos elementos. Assim, a amostragem estratificada caracteriza-se pela seleção de um grupo de amostras de cada subgrupo de uma população. (2008, p. 124).
A Classificação e interpretação serão realizadas com o auxilio de ferramentas
estatísticas e matemáticas que proporcionarão comparações entre os subconjuntos em estudo.
Com o auxilio da bibliografia estudada escolheu-se os indicadores que irão compor esta
pesquisa. De forma a demonstrar a Capacidade das empresas em análise saldar suas
exigibilidades será utilizado os indicadores de Liquidez (Corrente, Seca, Imediata e Geral).
Com a intenção de vislumbrar a dependência das empresas frente aos Capitais de Terceiros, o
estudo utilizará a análise do Endividamento, composta da seguinte forma: Índice de
Endividamento Geral, Índice de Garantia do Capital Próprio ao Capital de Terceiros e
Composição do Endividamento.
60
Pretende-se, averiguar as tendências de desempenho das organizações em sua Atividade
Econômica, e para isso, será feito uso dos Indicadores de Atividade, que são subdivididos em:
Giro das Contas a Receber, Dias das Contas a Receber, Giro dos Fornecedores a Pagar, Dias
dos Fornecedores a Pagar e Giro do Ativo Total.
Igualmente serão constituídos os Indicadores de Rentabilidade, com a pretensão de
medir a performance dos retornos e resultados expressados pelas empresas em estudo. Os
índices de Rentabilidade podem ser subdivididos em Margem de Lucro, Retorno sobre o
Ativo Total e Retorno sobre o Capital Próprio.
De forma paralela será analisado o Capital Circulante Líquido e o Fator de Insolvência,
almejando-se verificar a capacidade das empresas saldarem suas exigibilidades de curto prazo
e de se manterem ativas economicamente, respectivamente.
Após a constituição dos indicadores mencionados, será realizada análise comparativa
entre as empresas pesquisadas através da verificação de gráficos e tabelas. E diante das
constatações evidenciadas, serão apresentadas explanações sobre os resultados obtidos.
4 ANÁLISE DOS DADOS
O presente capítulo versará sobre as empresas prestadoras de serviços à saúde,
demonstrando breve apresentação das empresas, os tipos de receitas (remuneração dos seus
serviços) que as empresas auferem, as Demonstrações Contábeis em estudo de cada
organização e por fim os indicadores econômico-financeiros constituídos através do cálculo
de quocientes (índices).
4.1 Hospital Ernesto Dornelles
Em um terreno doado pela Prefeitura Municipal de Porto Alegre, com dimensões de
1.1726 metros quadrados, iniciou-se a construção do Hospital Ernesto Dornelles. No dia 13 de
junho de 1961 foi realizada a 1º reunião da Comissão Estruturadora, especialmente composta
para viabilizar a inauguração do hospital.
Em 30 de junho de 1962 foi inaugurado o hospital, que a partir de então passou a
investir na criação e fundação de serviços diferenciados para seus clientes, como por exemplo,
a inauguração em 26 de julho de 1979 da nova Sala de Emergência e em 03 de julho de 1996
o Complexo do Centro de Tratamento Intensivo e Unidade de Cuidados Intermediários, com
características modernas de atendimento, sendo uma das mais completas e equipadas do
Brasil, tendo um funcionário de enfermagem por leito disponível. Onde verifica-se atualmente
relevante pauta pelo pioneirismo em diversas áreas da saúde.
62
4.1.1 Tipos de receitas do Hospital Ernesto Dornelles
O Hospital Ernesto Dornelles atende praticamente clientes oriundos da saúde privada,
onde pode-se identificar que a grande dimensão dos serviços prestados são destinados a saúde
suplementar (clientes portadores de convênios privados de saúde). Como verifica-se na figura
abaixo:
Figura 20 – Convênios atendidos pelo HED Fonte: Hospital Ernesto Dornelles
Diante do exposto pela figura percebe-se que o Hospital Ernesto Dornelles concentra
seus atendimentos no subsistema privado, que normalmente remunera melhor os serviços em
relação à saúde pública.
4.1.2 Demonstrações em estudo do Hospital Ernesto Dornelles
O Hospital Ernesto Dornelles está enquadrado como Entidade Beneficente de
Assistência Social, publicando no dia 14 de maio de 2008 suas demonstrações no Jornal do
Comércio. Segundo a nota explicativa número dois, as Demonstrações Contábeis foram
elaboradas de acordo com as práticas contábeis emanadas da lei n° 6.404/76 e demais
disposições complementares.
Os referidos demonstrativos foram apresentados de forma comparativa às do exercício
anterior, seguindo o disposto na resolução do CFC n° 877/00 e 926/01, alterada pela resolução
CFC n° 966 de 16/05/2003 que estabelece critérios específicos para entidades sem fins
63
econômicos. Quanto às práticas contábeis adotadas, mencionam-se os Princípios
Fundamentais de Contabilidade, enfatizando o Princípio da Competência e as Normas
Brasileiras de contabilidade.
Diante do exposto, apresenta-se o Balanço Patrimonial (BP) do Hospital Ernesto
Dornelles, ressalta-se que as análises Verticais e Horizontais foram acrescentadas ao
demonstrativo original e que a estrutura da demonstração sofreu alguns ajustes para que
melhor fosse evidenciada, preservando a integralidade das informações publicadas.
Figura 21 – Balanço patrimonial do Hospital Ernesto Dornelles Fonte: Jornal do Comércio, 2008.
Através da Análise Vertical, evidencia-se concentração de 34,81% do seu ativo nas
contas do Circulante, apenas 2,04% estão dispostos no Realizável a Longo Prazo e 63,15%
dos recursos estão no Ativo Permanente. Entre as contas do Ativo Permanente, o grupo do
Imobilizado representa 63,11% do Ativo Total, através desses dados pode-se entender que a
empresa realiza elevados investimentos em infra-estrutura.
Abaixo está expressa graficamente a composição do Ativo Total do Hospital Ernesto
Dornelles:
64
Análise Vertica do Ativo
0%
20%
40%
60%
80%
100%
2007 2006
Ano BasePercentual
Permanente
Realizavel a LongoPrazo
Circulante
Figura 22 – Análise vertical do Ativo – HED Fonte: Autoria Própria, 2008.
Ao verificar os grupos do Passivo nota-se que o Circulante expressa 33,86% das
obrigações da empresa e o Exigível a Longo Prazo demonstra 1,51% das dividas do hospital.
Cabe ressaltar, que de imediato a empresa possui um elevado endividamento de Curto Prazo,
embora tenha diminuído 7,38% em relação ao ano base 2006.
O Patrimônio Líquido do Hospital Ernesto Dornelles aumentou 22,36% em 2007 e
passou a compor 64,63% dos valores dispostos no Total do Passivo + Patrimônio Líquido.
Composição do Passivo (Análise Vertical)
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
2007 2006Ano Base
Per
cent
ual Patrimônio Líquido
Exigível a Longo Prazo
Circulante
Figura 23 – Análise vertical do Passivo – HED Fonte: Autoria Própria, 2008.
Da mesma forma apresenta-se o Demonstrativo do Resultado do Exercício (DRE),
sendo transcrito as informações na sua integra e incorporando pequenos ajustes na sua
estrutura e acrescentando as análises Verticais e Horizontais.
65
Figura 24 – Demonstrativa do resultado do exercício do Hospital Ernesto Dornelles Fonte: Jornal do Comércio, 2008.
Destaca-se o aumento de 8,66% da receita de prestação de serviços, impulsionada em
3,52% em atendimentos referentes a internações e 4,29% no aumento da receita ambulatorial.
Com isso, as receitas de Internações e de atendimentos Ambulatoriais passam a expressar
33,82% e 7,7% respectivamente.
Outro ponto importante a ser mencionado é a diminuição do Custo dos Serviços
Prestados em 5,44% no ano de 2007, passando a representar 58,32% do total dos Serviços
Prestados.
De forma geral, o Hospital Ernesto Dornelles, aparentemente, vem apresentando
aumento nas contas do Ativo correlacionado com as contas do Passivo. E está demonstrando
índices crescentes nas Receitas e tendências decrescentes no Custos dos Serviços. Por outro
lado, observa-se elevação significativa (aumento de 153,5%) nas despesas Administrativas e
Gerais, que passam a representar mais de 5% da Receita Bruta.
4.1.3 Indicadores econômico-financeiros do Hospital Ernesto Dornelles
A partir dos dados dispostos nas Demonstrações Contábeis em estudo, com o auxilio de
ferramentas estatísticas, matemáticas e tecnológicas constitui-se os indicadores Econômico-
financeiros, transformando os dados em informações relevantes para os diferentes usuários da
66
contabilidade e das análises das Demonstrações contábeis. Utilizando as referidas ferramentas
e critérios metodológicos especificados no capítulo três desse estudo, para apresentar os
indicadores de Liquidez.
Figura 25 – Indicadores de liquidez - HED Fonte: Autoria própria, 2008.
A figura a cima evidencia os Indicadores de Liquidez, que foram calculados mediante
utilização dos dados alocados no Balanço Patrimonial.
Torna-se evidente a confortável situação da empresa quanto a Liquidez Corrente, o
indicador apresenta para cada R$ 1,00 de dívida a curto prazo a expressão de R$ 1,03 para
salda-la.
Quanto a Liquidez Seca, por desconsiderar o estoque da sua base de cálculo, demonstra
elevado conservadorismo da organização frente as políticas financeiras da empresa,
constatando-se o quociente de R$ 0,95 de recursos para cada R$ 1,00 de dívidas a Curto
prazo. A performance dese indicador pode transmitir aos agentes financeiros tranqüilidade
quanto a Liquidez do Hospital Ernesto Dornelles.
A empresa apresenta pouco interesse em manter recursos em caixa, indicando humildes
valores no Ativo Disponível, por esta razão expõe baixo Indicador de Liquidez Imediata,
demonstrando a quantia de R$ 0,05 para cada R$ 1,00 de obrigações a curto prazo.
No que se refere à Liquidez Geral, o Hospital Ernesto Dornelles exibe para cada uma
unidade monetária de real de dívida de curto e longo prazo a quantia de R$ 1,04 para salda-
la.
De forma ampla, os Indicadores de Liquides do Hospital Ernesto Dornelles apresentam
desejáveis níveis de segurança quanto a apreciação da capacidade de saldar suas obrigações
com terceiros.
67
Figura 26 – Indicadores de endividamento - HED Fonte: Autoria própria, 2008.
Os indicadores de Endividamento buscam através das informações contidas no Balanço
Patrimonial o numerador e o denominador das equações que evidenciam os resultados. Os
quocientes de Endividamento buscam analisar as origens dos recursos, e por essa razão, o
passivo (seja ele exigível ou acrescido do PL) sempre se encontra no denominador.
O Indicador de Endividamento Geral busca demonstrar quanto à empresa está
financiando seus ativos com recursos de terceiros, dessa forma nota-se que o HED financia
com recursos de terceiros 35,37% dos seus ativos e 64,63% dos recursos aplicados na
empresa são próprios. Por conseguinte, verifica-se, atitude conservadora quanto a gestão de
captação de recursos por parte da empresa.
A empresa possui o Patrimônio Líquido cerca de 83% maior que o Passivo Exigível,
demonstrando R$ 1,83 de recuros próprios para cada R$ 1,00 de capital de terceiros alocados
na instituição. Possibilitando a plena garantia dos recursos confiados a organização por parte
dos Financiadores.
Como já havia sido mencionado através da Análise Vertical realizada nas contas do
Passivo, o Circulante da empresa possui relevante participação na totalidade das
Exigibilidades. Essa informação se confirma através do indicador Composição do
Endividamento, que apresenta a expressão de 95,74% das dívidas vencíveis a curto prazo.
Os indicadores de Atividade foram constituídos a partir dos dados demonstrados no
Balanço Patrimonial e no Demonstrativo do Resultado do Exercício, nos indicadores de Giro
de Contas a Receber e Giro de Fornecedores a Pagar adotou-se o critério de considerar
integralmente os valores das contas de Serviços Prestados e Custo dos Serviços de Saúde,
68
respectivamente. O referido critério foi utilizado por não ter sido possível a identificação dos
Serviços Prestados a Crédito e das Compras a Prazo nas peças contábeis analisadas.
Figura 27 – Indicadores de atividade - HED Fonte: Autoria própria, 2008.
Os Indicadores de Atividade buscam analisar o desempenho operacional da empresa,
onde identifica-se de forma tendencial que o Hospital Ernesto Dornelles recebe de seus
clientes e concede novamente crédito 6,7 vezes ao ano, isso representa um prazo médio de
recebimento de 54,48 dias.
Por outro lado, a empresa paga seus fornecedores, em média, 16,56 vezes ao ano, o que
condiz com o prazo médio de pagamento de 22,03 dias. Verifica-se que a empresa tente a
encontrar-se em descompasso entre os recebimentos e os pagamentos, e possivelmente fará
uso de elevado capital de giro para inibir os efeitos do descompasso nos prazos de pagamento.
Constata-se através do indicador de Giro do Ativo Total, que a empresa gira seu Ativo
1,34 vezes ao ano, em outras palavras, o ativo se renovou pelas vendas, aproximadamente, a
cada 272 dias. Ressalta-se que quanto maior for o giro do Ativo, maiores são as expectativas
de pagar as despesas (principalmente as fixas) e obter um boa margem de lucro.
Figura 28 – Indicadores de rentabilidade - HED Fonte: Autoria própria, 2008.
69
A Rentabilidade da empresa é considerada por alguns autores como a principal
preocupação dos acionistas. Para extrair os indicadores de Rentabilidade faz-se uso do Lucro
ou Prejuízo e das Receitas de Serviços Prestados (informações do DRE) e conjuntamente
utiliza-se de informações do BP, como Ativo total e Patrimônio Líquido, todo isso,
objetivando a identificação e mensuração dos retornos a da geração de resultados da
organização.
O Hospital Ernesto Dornelles apresenta satisfatória Margem de Lucro, demonstrando
mais de 9% entre a relação Lucro/Receita. Seria conveniente destacar que a empresa realiza
atendimentos (presta serviços) a saúde privada, onde a remuneração dos procedimentos
médico-hospitalares é melhor em relação à saúde pública.
Verifica-se que o Ativo da empresa apresenta relevante taxa de retorno (12,09% a.a.),
igualmente, os capitais próprios investidos na empresa retornam de forma desejavelmente
expressiva, representando 18,71%, ou em termos nominais cerca de R$ 0,19 para cada R$
1,00 investido.
Figura 29 – Capital circulante líquido - HED Fonte: Autoria própria, 2008.
O Capital Circulante Líquido pode ser vislumbrado, mediante a subtração do Ativo
Circulante pelo Passivo Circulante. Identifica-se que a empresa apresenta o CCL positivo, o
que comprova as constatações auferidas através dos Indicadores de Endividamento, onde é
verificado a desejável saúde financeira que a empresa incorre, quanto a capacidade do
pagamento das dívidas a curto prazo.
70
Figura 30 – Fator de insolvência – modelo Kanitz - HED Fonte: Autoria própria, 2008.
Conforme a figura a cima, a constituição do Fator de Insolvência é obtida mediante a
ponderação de cinco variáveis seguidos de adições e subtrações entre os quocientes.
Conforme o Termômetro de Kanitz verifica-se que a empresa encontra-se na faixa de
solvência, ou seja, tende a se manter ativa no segmento mercadológico em que atua.
Analisando o contexto geral das informações fornecidas pelos indicadores, considera-se
que o Hospital Ernesto Dornelles apresenta resultados do ponto de vista econômico-
financeiro satisfatórios.
4.2 Serviço de Investigação Diagnóstica SIDI S/A
O SIDI iniciou suas atividades em 01/09/1987, e desde o início vem trabalhando com
procedimentos de diagnostico por imagem. Atualmente são 16 unidades instaladas na Capital,
região metropolitana e interior do estado apresenta em seu patrimônio equipamentos de
ecografia, ecocardiografia, radiologia, mamografia, densitometria, medicina nuclear,
tomógrafos e de ressonância Magnética.
4.2.1 Tipos de receitas do Serviço de Investigação Diagnóstica SIDI S/A
O SIDI presta serviços exclusivos a saúde privada, sendo atendimentos particulares e
suplementares.
71
4.2.2 Demonstrações em estudo do Serviço de Investigação Diagnóstica SIDI S/A
As demonstrações contábeis do SIDI S/A, de acordo com a nota explicativa n° 2, foram
elaboradas em conformidade com o previsto na Lei n° 6.404/76, apresentando suas Peças do
ano 2007 de forma comparativa ao ano de 2006, enfatizando a utilização do princípio da
Competência.
As demonstrações do SIDI S/A foram consultadas na publicação disponível no Jornal
do Comércio do dia 09 de maio de 2008 e digitalizadas na sua plenitude. Ressalta-se que
foram realizados ajustes na estrutura das demonstrações, a fim de facilitar a elaboração dos
quocientes das análises e foi acrescentado a análise Vertical e Horizontal, sem prejudicar a
veracidade dos dados expostos pela Companhia.
Figura 31 – Balanço Patrimonial do Serviço de Investigação Diagnóstica SIDI S/A Fonte: Jornal do Comércio, 2008.
O Ativo Total da empresa aumentou 10% em 2007 quando comparado ao ano de 2006,
este aumento foi principalmente impulsionados pelo Circulante que passou a expressar 64%
da totalidade dos recursos. Verifica-se que a companhia não apresenta valores no grupo
Realizável a Longo Prazo, onde pode-se ter idéia das políticas de concessão de crédito
adotadas pela empresa.
O Ativo Permanente, aumentou cerca de 3% , mas diminuiu a sua participação no Ativo
Total para 33%. Isso ocorreu porque as contas do Ativo Circulante aumentaram em maior
proporção que as contas do Permanente, e com isso, a sua participação no Ativo Total passou
de 35% em 2006 para 33% em 2007.
No lado do Passivo, o Circulante aumentou 5% em 2007 e passou a representar 25% do
total das obrigações + Patrimônio Líquido. A empresa apresenta valores estáveis no Exigível
a Longo Prazo, que totalizam 6% das exigibilidades + PL.
72
O grupo do Balanço que mais sofreu alteração foi o Patrimônio Líquido (PL), onde em
2007 aumentou 13%, aumento que foi evidenciado especialmente pela relevante expressão
dos Lucros Acumulados, que representam 41% do Passivo Total + PL.
Abaixo está disposto graficamente a comparação do Balanço Patrimonial, para melhor
elucidar o exposto nos parágrafos acima:
Composição do Ativo e Passivo - 2007
67,33%
32,67%
24,60%
6,14%
69,26%
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Ativo Passivo
Grupo do Balanço
Per
cent
ual
Patrimônio Líquido
Exigível a Longo Prazo
Circulante
Permanente
Circulante
Figura 32 – Composição do Balanço Patrimonial Fonte: Autoria própria, 2008.
Igualmente ao Balanço Patrimonial, a Demonstração do Resultado do Exercício está
sendo apresentado, com ajustes na estrutura e a análise Vertical e Horizontal, como segue
figura abaixo:
Figura 33 – Demonstrativa do resultado do exercício do Serviço de Investigação Diagnóstica SIDI S/A Fonte: Jornal do Comércio, 2008.
Ressalta-se a presença de Prestação de Serviços a atendimentos Particulares e
Convênios, não demonstrando valores correspondentes a prestação de serviços a Saúde
Pública.
73
As Receitas de Prestação de Serviços Particulares e de Convênios indicam aumento de
19,16% em 2007 e o Custo dos Serviços Vendidos exibem diminuição de 36,14% no mesmo
ano base. A partir desse entendimento, pode-se verificar que a Cia. aumentou suas receitas e
diminuiu seus custos, essa situação caracteriza-se de relevante importância e extremamente
desejável.
O somatório das Despesas Administrativas e Gerais passaram de 3,38% em 2006 para
26,47% no ano de 2007, demonstrando aumento de 832,10%. Verifica-se que durante este
período a empresa deixou de ser Limitada (LTDA) e passou a ser Sociedade Anônima (S.A.)
onde pode-se compreender que esse fato, possivelmente, intensificou as despesas
administrativas e gerais.
Cabe ressaltar a representatividade do Lucro Líquido do Exercício em relação às
Receitas Totais, chegando ao patamar de 32,03% de margem.
4.2.3 Indicadores econômicos financeiros do Serviço de Investigação Diagnóstica SIDI S/A
A companhia SIDI S/A apresenta indicadores de Liquidez com elevada performance,
capazes de impressionar muitas empresas de outras atividades econômicas e também a
concorrentes. Abaixo verifica-se os quocientes:
Figura 34 – Indicadores de liquidez do SIDI S/A Fonte: Autoria própria, 2008.
A companhia demonstra elevado grau de liquidez nos quatro indicadores constituídos.
Na Liquidez Corrente exibe para cada R$ 1,00 de exigibilidade a curto prazo a expressão de
R$ 2,53 para salda-las. Os mesmos valores repetem na Liquidez Seca, devido a inexistência
de estoques publicados pela Cia.
74
Foi possível verificar relevantes valores alocados nas disponibilidades, capazes de
demonstrar indicador de Liquidez Imediata de R$ 1,01 para cada R$ 1,00 de dívidas a curto
prazo. Da mesma forma a SIDI S.A. demonstra capacidade de saldar plenamente as
exigibilidades, apresentando para cada um R$ 1,00 de recursos de terceiros alocados na
empresa (curto e longo prazo) a representatividade de R$ 2,00 para quitá-los.
Através das informações expostas no Balaço Patrimonial, utilizando o auxilio de
ferramentas matemáticas constitui-se os indicadores de Endividamento, que serão
apresentados a seguir:
Figura 35 – Indicadores de endividamento do SIDI S/A Fonte: Autoria própria, 2008.
Constata-se que a empresa demonstra elevada representatividade do capital próprio em
ralação ao capital de terceiros, expressando que 32,52% dos Ativos são financiados com
recuros de terceiros. Conjuntamente, a companhia exibe para cada R$ 1,00 dos recursos de
terceiros utilizados para financiar o Ativo o valor de R$ 2,08 para garanti-los.
A empresa apresenta elevada concentração de endividamento a curto prazo,
demonstrando 79,20% do total das exigibilidades. Este fato, possivelmente, deve ter
influenciado a elevada concentração de recursos nas disponibilidades da Clínica e com isso
inviabilizando a realização de investimentos possam propriciar maiores retornos que os de
liquidez imediata.
Por finalidade, o SIDI apresenta a delimitação de suas atividades em procedimentos de
saúde diagnóstica, direcionando seus esforços à prestação de serviços privados. A partir desse
entendimento verificam-se os indicadores de Atividade da companhia, conforme figura
abaixo:
75
Figura 36 – Indicadores de atividade do SIDI S/A Fonte: Autoria própria, 2008.
Nota-se descompasso entre os dias de recebimentos de clientes e os dias de pagamentos
de fornecedores. Ressalta-se que a análise torna-se prejudicada pela dificuldade de
identificação dos corretos valores a crédito, mas tende a representar, de forma aproximada, a
necessidade de utilização do capital de giro. Identifica-se giro superior dos Fornecedores a
Pagar (10,92 vezes) em relação ao Giro das Contas a Receber (1,65 vezes), outrossim,
constata-se que os dias de recebimentos (221,21 dias) apresentam maior espaço de tempo em
detrimento aos dias de pagamento (33,42 dias).
Através da análise do quociente de Giro do Ativo Total a companhia apresenta giro de
0,6 vezes ao ano, demonstrando que os recursos dispostos no Ativo poderiam e deveriam se
renovar mais rapidamente. Acrescenta-se que um giro maior do Ativo tende a demonstrarem
melhores e maiores retornos.
Entre outros fatores, todas as empresas buscam, a partir do giro das suas atividades, os
efetivos retornos.
Figura 37 – Indicadores de rentabilidade do SIDI S/A Fonte: Autoria própria, 2008.
76
O SIDI S.A. apresenta Indicadores de Rentabilidade elevados e muito satisfatórios,
ostentando uma Margem de Lucro superior a 30%, o que representa a intensa participação da
empresa em seu segmento econômico, demonstrando a representatividade na demanda dos
clientes particulares e portadores de convênios privados de saúde, contribuindo assim para a
obtenção de melhores resultados.
O Ativo apresentou um retorno de 19,18% no ano de 2007 e os recursos próprios
investidos retornaram 27,70% no mesmo ano, tudo isso principalmente ocasionado pela
importante representatividade do Lucro Líquido frente a totalidade das receitas.
Para se avaliar e quantificar a relação entre os bens e direitos de curto prazo com as
obrigações de curto prazo, utiliza-se a análise do Capital Circulante Líquido.
Figura 38 – Capital circulante líquido do SIDI S/A Fonte: Autoria própria, 2008.
A empresa apresenta um Capital Circulante Liquido, em termos nominais de R$
20.693.599,01, ratificando a elevada capacidade de pagamento de dívidas a curto prazo e
garantia dos capitais de terceiros.
O analista de uma empresa busca evidenciar, através dos quocientes (indicadores) a
Solvência da organização. É uma tentativa de verificar a capacidade da empresa em se manter
ativa no mercado. Entre os recursos disponíveis para identificar a Solvência da empresa,
pode-se utilizar do método de Kanitz, conforme segue a baixo:
Figura 39 – Grau de insolvência do SIDI S/A Fonte: Autoria própria, 2008.
77
Constata-se a desejável situação quanto à solutibilidade da empresa, demonstrando
intensa capacidade de se manter ativa no mercado.
4.3 Hospital de Clínicas de Porto Alegre
O Hospital de Clínicas de Porto Alegre é uma Empresa Pública de Direito Privado,
criada pela Lei 5.604, de 2 de setembro de 1970. Integrante da rede de hospitais universitários
do Ministério da Educação e vinculado academicamente à Universidade Federal do Rio
Grande do Sul (Ufrgs), os principais objetivos do Hospital de Clínicas é oferecer serviços
assistenciais à comunidade gaúcha, ser área de ensino para a Universidade e promover a
realização de pesquisas científicas e tecnológicas.
A história do Hospital de Clínicas começa em 1931, no governo de Getúlio Vargas
atendendo a requisição da Faculdade de Medicina de construção de um hospital universitário.
Em 1938, o terreno destinado à realização da obra foi comprado pelo Governo do Estado e,
dois anos mais tarde, doado à Universidade.
Do projeto original até a conclusão do prédio passaram três décadas (década de 40, 50 e
60) e atualmente, o Hospital de Clínicas ocupa plenamente sua área física e seus recursos
humanos, tendo conquistado reconhecimento como centro de referência em assistência, na
formação de profissionais e na geração de conhecimentos.
4.3.1 Tipos de receitas do Hospital de Clínicas de Porto Alegre
O Hospital de Clínicas de Porto Alegre apresenta vasta estrutura operacional, onde
realiza atendimentos a clientes da saúde pública e privada. Os atendimentos a saúde pública
(SUS) representam percentualmente cerca de 70% dos atendimentos realizados. Nota-se,
porém, que a companhia oferece relevante quantidade de serviços à saúde particular,
vislumbrando em suas demonstrações importantes percentuais de serviços particulares
autônomos e elevados atendimentos á saúde suplementar. Abaixo estão relacionados os
convênios de saúde suplementar que contratam os serviços do hospital:
78
Quadro 2 – Convênios suplementares atendidos pelo HCPA
Fonte: Hospital de Clínicas de Porto Alegre, 2008.
Verifica-se nas informações contidas no quadro a vasta amplitude de convênios contratantes dos serviços da empresa.
4.3.2 Demonstrações em estudo do Hospital de Clínicas de Porto Alegre
O Hospital de Clínicas de Porto Alegre é caracterizado como hospital universtário,
sendo uma empresa pública de direito privado, criado pela Lei n° 5.604, de 02 de setembro de
1970, e está sob supervisão do Ministério da Educação.
Quanto à escrituração contábil e as demonstrações financeiras, a empresa ressalta em
sua nota explicativa n° 2 e alínea A, que foram elaboradas através da adoção das práticas
contábeis emanadas da Lei n° 6.404/1976. A seguir serão apresentadas as demonstrações
publicadas no Jornal do Comércio de 25 de março de 2008, sendo os dados transcritos
integralmente, observa-se que foram realizados ajustes na estrutura das demonstrações e
acrescentado às análises Verticais e Horizontais, sem que estes procedimentos afetassem a
integralidade das informações publicadas.
Conforme discorrido, segue abaixo o Balanço Patrimonial e a Demonstração do
Resultado do Exercício do Hospital de Clínicas de Porto Alegre:
79
Figura 40 – Balanço patrimonial do HCPA Fonte: Jornal do Comércio, 2008.
O HCPA auferiu aumento de 2,36% no Ativo Total, onde foi principalmente
impulsionado pelo aumento do Permanente em 3,21%, que passou a representar 83,10% do
total dos Bens e Direitos. Por outro lado, nota-se que o Circulante diminuiu em 2007, quando
comparado com 2006, cerca de 1% e sua representatividade passou a ser de 16,23%. Da
mesma forma se comportou o Realizável a Logo Prazo, porém o decréscimo foi maior,
ficando na casa dos 17% e deixando de expressar 0,83% em 2006 para 0,67% em 2007.
Já no Passivo, verifica-se que o aumento de 2,36%, foi instigado pela agregação de
5,64% no Patrimônio Líquido, ocorrido mediante ao aumento do Capital Social (5.514,17%),
o qual pertence integralmente a União Federal e a expressão de 3,51% referente aos
Resultados Acumulados no exercício. Nota-se também, a representatividade de 0,44% a título
de Exigível a Longo Prazo, proveniente da aquisição de um equipamento de angiografia
digital e seis equipamentos de raio-x, verifica-se, conforme nota explicativa n° 3, alínea F ,
que as operações foram realizadas em dólar e ajustadas ao valor em reais pela cotação em
31/12/2007 que era de R$ 1,77.
Para melhor demonstrar os argumentos expostos, apresenta-se graficamente a
composição do Balanço Patrimonial:
80
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Percentual de Participação
Ativo Passivo
Grupos
Composição do Balanço Patrimonial
Patrimônio Líquido
Exigível a Longo Prazo
Circulante
Permanente
Realizável a LongoPrazo
Circulante
Figura 41 – Composição do balanço patrimonial - HCPA Fonte: Autoria própria, 2008.
As contas patrimoniais transmitem informações financeiras e estão sendo apresentadas
no Balanço Patrimonial da empresa, da mesma forma as contas de resultado, que por sua vez
apresentam informações econômicas, estão alocadas no DRE, conforme segue:
Figura 42 – Demonstração do Resultado do Exercício - HCPA Fonte: Jornal do Comércio, 2008.
A entidade apresentou no ano de 2007 um aumento nas receitas Brutas de 11,39% em
relação ao ano de 2006, contudo, o Custo dos Serviços Prestados aumentou 8,64% e o
resultado das Receitas e Despesas Operacionais demonstraram aumento nas Despesas de
25,95%.
Mesmo diante da elevação dos custos e despesas operacionais a empresa auferiu um
Resultado Líquido em 2007, superior ao ano de 2006 em 110,77%, passando a representar
3,08% das Receitas Brutas.
Constata-se evolução nas características patrimoniais e econômicas da entidade,
demonstrando tendências otimistas, no que tange a análise Vertical e Horizontal dos dados
estudados.
81
4.3.3 Indicadores econômico-financeiros do Hospital de Clínicas de Porto Alegre
Analisando o Balanço Patrimonial pode-se extrair relevantes informações, dentre estas,
identifica-se a Liquidez do hospital. Abaixo segue os indicadores de Liquidez extraídos da
referida demonstração:
Figura 43 – Indicadores de liquidez - HCPA Fonte: Autoria Própria, 2008.
A entidade apresenta indicadores com elevadíssima liquidez, onde evidencia através do
indicador de Liquidez Corrente R$ 6,63 de capital para saldar a cada R$ 1,00 de dívidas a
curto prazo. Devido a pouca existência de recursos alocados nos estoques o Índice de
Liquidez Seca sofre pouca alteração em relação à Liquidez Corrente, demonstrando a
desejável situação de R$ 5,57 para cada R$ 1,00 de dívida a curto prazo.
De forma extremamente conservadora, a empresa dispõem de recursos imediatamente
líquidos a expressão de R$ 1,65 para cada unidade monetária de real caracterizada como
exigibilidade de curto prazo.
E quando se analisa a Liquidez Geral, ou seja, a capacidade da saldar as exigibilidades
de curto e longo prazo, a empresa indica para cada R$ 1,00 de obrigações a expressão de R$
5,85 para realizá-las.
De forma conjunta aos Indicadores de Liquidez, no que tange a utilização do Balanço
Patrimonial como fomentador de informações econômicas e financeiras, ressalta-se sua
utilização, também para constituir os Indicadores de Endividamento:
82
Figura 44 – Indicadores de endividamento - HCPA Fonte: Autoria Própria, 2008.
Averigua-se que o HCPA opta por utilizar preferencialmente recursos próprios para
financiar o Ativo, onde apenas 2,89% dos Ativos são financiados por terceiros. Verifica-se
que os capitais de terceiros estão plenamente garantidos pelo Capital Próprio existente na
empresa, apresentado para cada R$ 1,00 de Passivo Exigível a expressão de R$ 33,59 para
saldá-lo.
Da totalidade das exigibilidades demonstradas pela entidade, 84,66% estão
compreendidas durante o curto prazo contábil e, por conseguinte, a empresa deverá dispor de
recursos necessários para saldá-las antes do término do exercício seguinte.
Diante dos dados e das informações fornecidos pelas Demonstrações Contábeis,
consegue-se, utilizando o Balanço Patrimonial e a Demonstração do Resultado do Exercício
de forma contígua, medir o desempenho do hospital frente ao seu negócio, a saúde. Para isso,
utiliza-se dos indicadores de Atividade.
Figura 45 – Indicadores de atividade - HCPA Fonte: Autoria Própria, 2008.
Os prazos de pagamentos demonstrados pelos indicadores de Giro de Fornecedores a
Pagar (51,72 vezes) e Dias de Pagamento de Fornecedores (7,06 dias) apresentam melhor
rotatividade e prazos, em comparação ao Giro de Contas a Receber (15,39 vezes) e Dias de
83
Vendas em Contas a Receber (23,72 dias). Outrossim, constata-se tendência de descompasso
entre os prazos de pagamentos e os prazos de recebimentos, acredita-se que possivelmente a
entidade precisará utilizar recursos (capital de giro) para que seja possível saldar os
pagamentos nos devidos prazos.
Os Hospitais almejam apresentar retornos positivos na sua atividade econômica,
prospectando a demonstração de lucros para a empresa e rendimentos (dividendos e
valorização das ações) para os acionistas, ou auto-sustentabilidade para os hospitais
filantrópicos e públicos. Para que seja possível medir a performance da empresa para gerar
resultados, faz-se uso dos Indicadores de Rentabilidade.
Figura 46 – Indicadores de rentabilidade - HCPA Fonte: Autoria Própria, 2008.
A empresa apresenta Indicadores de Rentabilidade positivos, mas relativamente baixos
e pouco desejáveis. A Margem de Lucro demonstra resultado pouco expressivo,
representando a humilde expressão de 3,08%.
O Retorno sobre o Ativo Total se faz presente de forma irrelevante, expondo o retorno
de 3,51%. Da mesma forma comporta-se o Indicador de Retorno sobre Capital Próprio,
indicando a expressão de 3,62% de retorno sobre um PL de R$ 327.400.639,04.
É interesse da administração da empresa verificar e analisar a relação entre os bens e
direitos de curto prazo e as obrigações de curto prazo. Para ajudar na análise do contexto das
estratégias de curto prazo adotadas pela empresa.
Figura 47 – Capital circulante líquido - HCPA Fonte: Autoria Própria, 2008.
84
Conjuntamente com os indicadores de Liquidez, o Capital Circulante Líquido do HCPA
demonstra saudável capacidade de cobrir as dividas de curto prazo com recursos já existentes
na empresa.
Os usuários dos indicadores Econômico-financeiros constantemente se preocupam em
identificar as possibilidades do hospital perdurar no tempo, em outras palavras, visualizar a
situação de solvência ou insolvência da empresa.
Figura 48 – Fator de insolvência - HCPA Fonte: Autoria Própria, 2008.
Verifica-se que a empresa exibe elevado Grau de Solvência, principalmente embasada
pelos desejáveis indicadores de Liquidez apresentados pela entidade.
No contexto global das análises, compreende-se que a empresa está bem estruturada
quanto a Liquidez, Endividamento e Solvência, mas apresenta tendências insatisfatórias
quanto a Atividade e pouco instigantes no que tange a Rentabilidade.
4.4 Irmandade Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre (Complexo Hospitalar Santa
Casa)
Fundada em 19 de outubro de 1803, a Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre faz
parte da história da Capital e do Estado gaúcho, atuando na assistência médico-hospitalar
como uma instituição de direito privado e de caráter filantrópico.
A instituição é formada por um complexo de sete unidades assistenciais, sendo dois
hospitais gerais, um para atendimento de adultos e outro pediátrico; e cinco especializados nas
áreas de cardiologia, neurocirurgia, pneumologia, oncologia e transplantes. A empresa
85
também é certificada como hospital de ensino, onde se desenvolvem várias atividades
vinculadas à saúde e a profissionalização de estudantes de áreas afins, como por exemplo,
programas de residência médica, cursos de especialização e associação a diversas
universidades e faculdades do Rio Grande do Sul e do Brasil.
A instituição oferece serviços de consultas de ambulatoriais eletivas e de urgência e
emergência, serviços auxiliares de diagnóstico e tratamento, procedimentos cirúrgicos e
obstétricos, internações hospitalares: clínicas e cirúrgicas, entre outros.
4.4.1 Tipos de receitas da Irmandade Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre
O Complexo Hospitalar Santa Casa aufere sua receita total de prestação de serviços
através do somatório de receitas vinculadas a saúde pública e privada, sendo que as receitas
oriundas do Sistema Único de Saúde representam mais de 70% da totalidade dos serviços
prestados, e de forma conjunta realiza assistência a clientes da saúde suplementar e particular.
Abaixo verifica-se o quadro dos convênios que originam receitas á empresa:
Quadro 3 – Convênios públicos e privados atendidos pela I.S.C.M.P.A.
Fonte: Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, 2008.
86
A Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre realiza atendimentos em
saúde a vários tipos de convênios, públicos e privados. Cabe ressaltar a importante receita
auferida pelo subsistema liberal clássico, originado pelos atendimentos particulares, o qual
não está demonstrado no quadro acima.
4.4.2 Demonstrações em estudo da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre
A Irmandade da Santa Casa de Porto Alegre é intitulada como Instituição Filantrópica,
de saúde e assistência social. Reconhecida de utilização pública pelos decretos federal nº.
12.949 de 20/07/1943 e estadual nº. 2.127 de 08/11/1946, e lei municipal nº. 61 de
14/05/1948.
De acordo com a nota explicativa N° 2, as Demonstrações Contábeis foram elaboradas
em conformidade com o decreto 2.536/98 e estão sendo apresentadas de acordo com as
práticas contábeis emanadas pela Lei N° 6.404/76, orientando-se com os Princípios
Fundamentais de Contabilidade e as Normas Brasileiras de Contabilidade, sendo apresentando
as Demonstrações contábeis em reais.
Segue abaixo o Balanço Patrimonial da empresa referente aos exercícios findos em
31/12/2007 e 31/12/2006.
Figura 49 – Balanço patrimonial da I.S.C.M.P.A. Fonte: Jornal do Comércio, 2008.
87
O Complexo Hospitalar Santa Casa obteve relevante elevação do Ativo Total em termos
percentuais de 9,20 em 2007, quando comparado a 2006, fato este que foi imputado
principalmente pelo aumento do Realizável a Longo Prazo, nas contas de Valores a Receber
(1.534,71%) decorrentes de reconhecimento de valores correspondentes a serviços prestados
ao Sistema Único de Saúde que estão sendo cobrados uma parte judicialmente e outra
administrativamente.
O Ativo Circulante da empresa apresentou diminuição de 3,20%, passando representar
22,92% da totalidade do Ativo.
As contas do grupo do Ativo Permanente em 2007 auferiram pequena elevação de
1,18% , em relação ao ano de 2006, onde se destaca o Imobilizado que contribui com 66,97%
da totalidade dos bens e direitos.
No Passivo verifica-se que os principais fomentadores da elevação de 9,20% foram o
Passivo Circulante expressando aumento de 11,23% em relação ao ano de 2006 e o Exigível a
Longo Prazo que aumentou 95,12% em 2007, apresentado 22,64% e 68,03% de representação
ao Total do Passivo + Patrimônio Líquido, respectivamente.
O Patrimônio Líquido do Complexo Hospitalar Santa Casa cresceu 2,4% em 2007 e
participa com 68,03% da totalidade do Passivo e Patrimônio Líquido.
De forma gráfica verifica-se a composição do Balanço Patrimonial da seguinte maneira:
Composição do Balanço Patrimonial
22,92%
9,55%
67,52%
22,64%
9,32%
68,03%
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Ativo Passivo
Grupo
Per
centua
l
Patrimônio Líquido
Exigível a Longo Prazo
Circulante
Permanente
Realizável a LongoPrazo
Circulante
Figura 50 – Composição do balanço patrimonial – I.S.C.M.P.A. Fonte: Autoria Própria, 2008.
A Demonstração do Superávit do Exercício busca transmitir, nas Entidades
Beneficentes de Assistência Social o resultado econômico do hospital.
88
Figura 51 - Demonstração do superávit do exercício da I.S.C.M.P.A. Fonte: Jornal do Comércio, 2008.
Averiguando o Demonstrativo do Superávit do Exercício identifica-se desejável
elevação da Receita Operacional Bruta em 6,53%, conjuntamente nota-se que os Custos dos
Serviços Prestados foram elevados em 6,99%, demonstrando aumento dos custos maiores que
a proporcionalidade do aumento das receitas, passando a expressar 94,99% da Receita
Operacional Bruta.
Verifica-se que juntamente com o Custo dos Serviços Prestados, as Despesas
Administrativas evoluíram em 2007 mais de 100% em comparação ao ano de 2006, passando
participar de 5,05% do Total das Receitas Operacionais. Nota-se que mesmo com os
aumentos mencionados, o Complexo Hospitalar Santa Casa elevou o Superávit do Exercício
em 517,65% no ano de 2007, passando a indicar o percentual de 6,28% em detrimento as
Receitas Operacionais Brutas.
4.4.3 Indicadores econômico-financeiros da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de
Porto Alegre
Com o objetivo de identificar a capacidade de saldar as exigibilidades da empresa,
constituem-se os indicadores de Liquidez a partir das informações dispostas no Balanço
Patrimonial.
89
Figura 52 – Indicadores de liquidez da I.S.C.M.P.A. Fonte: Autoria Própria, 2008.
O Complexo Hospitalar Santa Casa apresenta satisfatórios indicadores de Liquidez,
onde demonstra para cada R$ 1,00 de dívida as expressões de R$ 1,01, R$ 0,95 e R$ 1,02 de
Liquidez Corrente, Seca e Geral respectivamente.
Ressalta-se que a empresa demonstra atitude aberta a propensão a riscos, buscando
investimentos que melhor remuneram, incorrendo índices de Liquidez Imediata
financeiramente reduzidos, cerca de R$ 0,02 para cada R$ 1,00 de dívida a curto prazo.
Compreende-se que essa atitude pode não ser bem vista pelos agentes financeiros que
operacionalmente preferem indicadores de Liquidez relativamente robustos.
Os indicadores em sua amplitude buscam transmitir informações para os diferentes
usuários. Estas informações evidenciam a situação da empresa e podem ajudar identificar
tendências. Entre as análises, o Endividamento caracteriza-se de relevante expressão
principalmente para fornecedores e agentes financeiros.
Figura 53 – Indicadores de endividamento da I.S.C.M.P.A. Fonte: Autoria Própria, 2008.
90
A entidade vislumbra responsáveis indicadores de Endividamento, demonstrando que a
maior parte dos recursos alocados no Ativo são oriundos de recursos próprios e somente
31,97% representam financiamentos de terceiros.
Nota-se que a empresa apresenta recursos suficientes para garantir mais que o dobro das
exigibilidades assumidas, demonstrando R$ 2,13 para cada R$ 1,00 de recursos captados
junto a terceiros.
A empresa possui elevado endividamento de curto prazo, compreendendo 70,84% das
exigibilidades vencíveis antes do término do exercício seguinte.
Verifica-se que muitos usuários externos buscam informações que possam demonstrar o
desempenho da empresa. Mas as análises não são menos importantes para os usuários internos
(a administração). Fazendo-se uso dos indicadores, é possível medir a performance do
hospital frente aos desafios que o ramo de atividade apresenta.
Figura 54 – Indicadores de atividade da I.S.C.M.P.A. Fonte: Autoria Própria, 2008.
Nota-se propensão a descompasso entre os pagamentos realizados e os recebimentos
auferidos do Complexo Hospitalar Santa Casa, constatando-se a possível defasagem de
aproximadamente 57 dias entre o desembolso financeiro e o efetivo recebimento dos serviços
a crédito.
Certifica-se que o Ativo Total da entidade girou 0,79 vezes no ano de 2007 e, por
conseguinte, contribuiu humildemente para a geração de resultados.
A partir da performance da atividade hospitalar frente ao seu ramo econômico e de
forma adjunta a administração dos recursos próprios, de terceiros e os acontecimentos
externos à empresa, constituem-se como fatores que contribuem no desempenho dos retornos
da organização.
91
Figura 55 – Indicadores de rentabilidade da I.S.C.M.P.A. Fonte: Autoria Própria, 2008.
O Complexo Hospitalar Santa Casa indica quocientes de Rentabilidade modestos,
expondo uma Margem de Lucro de 6,28%,. Identifica-se também, humilde desempenho da
Administração na geração de Lucros com os recursos do Ativo auferindo retorno de 4,93%.
Quanto ao Retorno sobre o Capital Próprio reside resultado pouco expressivo, retornando
sobre o capital próprio a expressão de 7,25%.
O Complexo Hospitalar Santa Casa possui elevado endividamento em curto prazo, e por
apresentar esta intensa obrigatoriedade, nota-se que o hospital mantem recursos com elevada
taxa de liquidação. Como se pode observar no gráfico do Capital Circulante Líquido.
Figura 56 – Capital circulante líquido da I.S.C.M.P.A. Fonte: Autoria Própria, 2008.
A necessidade de medir a capacidade de a empresa perdurar e se manter no negócio,
acompanham os anseios dos administradores financeiros. Para que seja possível a
visualização sistêmica do processo de solvência ou insolvência, optou-se fazer uso do cálculo
do Fator de Insolvência, desenvolvido por Kanitz.
92
Figura 57 – Fator de insolvência da I.S.C.M.P.A. Fonte: Autoria Própria, 2008.
A empresa expressa solvência em seu indicador, demonstrando potencialidade de
manter-se ativa no mercado da saúde.
Os indicadores apresentam, e forma ampla, aos usuários informações complementares
as emitidas pelas Demonstrações Contábeis, ou seja, transmitem de forma adicional relevantes
situações, tendências e comportamentos da organização. O uso científico das análises de
Balanços possibilita o melhor entendimento da empresa frente às adversidades do seu
cotidiano.
Portanto, entende-se que a empresa está consolidada no mercado, manifestando
indicadores de um modo geral satisfatórios, salvo a propensão a descompasso evidenciado nos
prazos de pagamentos e recebimentos e a Rentabilidade pouco expressiva.
4.5 Hospital Fêmina S.A.
O Hospital Fêmina S.A. é uma companhia de capital fechado e também considerado
empresa estatal, e por isso, está sujeita a jurisdição da Lei n° 6.404/76 e a Lei nº 4.320/64. A
empresa segue as diretrizes baseadas nos princípios do Sistema Único de Saúde e nas políticas
do Ministério da Saúde, o qual está vinculado através do Decreto n° 99.244/90.
A companhia tem por finalidade a dedicação à saúde da mulher, contando em sua
estrutura com emergência ginecológica e obstétrica e prestando assistência médica as
gestantes desde o pré-natal até o pós-parto. O Hospital Fêmina é integrante de o Grupo
93
Hospitalar Conceição que conta com mais três hospitais especializados e dedicados
exclusivamente à saúde pública.
4.5.1 Tipos de receitas do Hospital Fêmina S.A.
O Hospital Fêmina presta assistência exclusivamente à saúde pública, ou seja, os
atendimentos realizados pela Cia. são remunerados unicamente através do Sistema Único de
Saúde. Por se tratar de uma empresa estatal, o hospital conta com Subvenções para Custeio,
que somados com as Receitas do SUS e com singelas expressões de Vendas de Mercadorias
constituem a Receita Operacional Bruta.
4.5.2 Demonstrações em estudo do Hospital Fêmina S.A.
Conforme a Nota Explicativa n° 2 (Principais Práticas Contábeis) as Demonstrações
Contábeis foram elaboradas e apresentadas em conformidade com as práticas contábeis
emanada pela legislação societária, Lei n° 6.404/76. E atendo os princípios e normas
fundamentais de contabilidade.
Verifica-se que a empresa apresenta o Passivo a descoberto, que representa o
Patrimônio Líquido negativo da companhia. Tal titulação demonstra-se em conformidade com
a Resolução do CFC nº 1.049/2005.
De acordo com o disposto, previamente mencionado, segue abaixo o Balanço
Patrimonial da companhia:
Figura 58 – Balanço patrimonial do Hospital Fêmina S/A Fonte: Jornal do Comércio, 2008.
94
O Balanço Patrimonial demonstra de forma sintética a escrituração realizada pela
empresa durante um período de tempo (normalmente um ano).
O Hospital Fêmina S.A. apresentou evolução em seu Ativo Total de 43,60%, fator que
foi influenciado de forma representativa pelas contas do Circulante, que auferiram aumento de
101,57%, passando a expressar 57,91% do total do Ativo. De forma conjunta, o Realizável a
Longo Prazo elevou sua participação nominal em 20,90%, passando a compor 9,43% do
Ativo Total.
O Ativo Permanente demonstrou pequena oscilação de -1,36%, diminuição originária da
atuação do Método Linear da depreciação sobre os bens do Imobilizado. Contudo o
Permanente passou a representar 32,66% da totalidade do Ativo.
De forma análoga o Passivo ostentou seu crescimento de 43,60% com o aumento do
Exigível a Longo Prazo em 61,16%, passando a representar 105,69% do Passivo Total +
Passivo a Descoberto. O fenômeno de um grupo do Balanço Patrimonial representar
percentualmente mais que a totalidade dos recursos, ocorre em situações extremas como a
demonstração de um Passivo a Descoberto.
A companhia apresenta decréscimo de 10% no Passivo Circulante, passando a constituir
121,42% dos recursos demonstrados no Passivo + Passivo a Descoberto.
O Hospital Fêmina S.A. está incorrendo em Prejuízo Acumulado superior a R$
40.000.000,00, onde fatalmente impulsiona a empresa a apresentar o Passivo a Descoberto no
Balanço Patrimonial. Ressalta-se que ocorreu pequena diminuição de 2,86 em 2007, quando
comparado ao ano de 2006, basicamente ocasionada pela realização de Lucros em 2007.
Figura 59 – Composição do balanço patrimonial do Hospital Fêmina Fonte: Autoria Própria, 2008.
A seguir verifica-se a Demonstração do Resultado do Exercício da companhia:
95
Figura 60 – Demonstração do resultado do exercício do Hospital Fêmina S.A. Fonte: Jornal do Comércio, 2008.
A Demonstração do Resultado do Exercício apresenta, de forma sintética, as contas de
resultado da empresa e evidencia o percurso cronológico da Receita Bruta até o Lucro ou
Prejuízo do Exercício.
A Receita Bruta da companhia aumentou 7,17% e semelhantemente o Custo dos
Serviços Prestados sofreram elevação de 8,58% e que condiz com 52,59% da Receita
Operacional Bruta. Nota-se também, que as Despesas Administrativas sofreram relevante
variação, passando representar 48,91% da Receita Operacional Bruta, auferindo aumento de
43,08% em 2007.
Nota-se que a empresa incorreu em lucro que representa 0,43% da Receita Operacional
Bruta, passando a obter 109,20% de aumento em 2007.
4.5.3 Indicadores econômico-financeiros do Hospital Fêmina S.A.
A partir dos dados das Demonstrações Contábeis podem-se extrair várias informações,
entre elas os Indicadores de Liquidez.
Figura 61 – Indicadores de liquidez do Hospital Fêmina S/A Fonte: Autoria Própria, 2008.
96
O Hospital Fêmina S.A. apresenta indesejáveis indicadores de Liquidez, demonstrando
valores inferiores ao saldo das exigibilidades de curto prazo.
Verifica-se que a empresa expressa para cada R$ 1,00 de dívidas a curto prazo R$ 0,48,
R$ 0,46, R$ 0,12 de Liquidez Corrente, Liquidez Seca e Liquidez Imediata, respectivamente.
Quanto a Liquidez Geral para cada R$ 1,00 de exigibilidade de curto e longo prazo, a
companhia demonstra R$ 0,30 para saldá-las.
Da mesma forma, os Indicadores de Endividamento, que são oriundos das contas do
Balanço Patrimonial, apresentam insatisfatórios índices:
Figura 62 – Indicadores de endividamento do Hospital Fêmina S/A Fonte: Autoria Própria, 2008.
O Hospital Fêmina S.A. financia exclusivamente seus Ativos com recursos de terceiros,
chegando à expressão de 227,12%. Constata-se que o hospital não possui recursos próprios
para garantir os capitais de terceiros alocados na Companhia, expondo R$ -0,56 para cada R$
1,00 de dívida. E conjuntamente, constata-se que 53% das exigibilidades venceram a curto
prazo, o que agrava mais a situação financeira do Hospital Fêmina.
Os Indicadores de Atividade buscam demonstrar o funcionamento da empresa frente a
seu segmento econômico.
Figura 63 – Indicadores de atividade do Hospital Fêmina S.A. Fonte: Autoria Própria, 2008.
97
Verifica-se propensão a descompasso entre os pagamentos e os recebimentos do
hospital, onde as contas a receber giram 12,96 vezes durante o ano e os Fornecedores a Pagar
giram 47,09 vezes em 2007. Demonstrando assim, maior rotatividade dos Fornecedores a
pagar em detrimento do menor giro dos Clientes a Receber. Acredita-se que a companhia
precisará de elevados recursos a título de Capital de Giro para respaldar suas obrigações.
O Giro do Ativo total representa satisfatório indicador, sendo 2,34 vezes ao ano em
2007, principalmente pela constatação da elevada Receita Bruta Operacional em comparação
a humildes valores do Ativo, demonstrando importante eficiência na otimização dos recursos.
A partir da estruturação do Hospital em relação ao seu ramo de atividade (saúde) é
possível, com auxilio do DRE, constituir os Indicadores de Rentabilidade. Que por sua vez,
irão demonstrar a eficiência da organização em gerar retornos e resultados.
Figura 64 – Indicadores de rentabilidade do Hospital Fêmina S/A Fonte: Autoria Própria, 2008.
O Hospital Fêmina S.A. apresenta péssima Rentabilidade, o Indicador de Margem de
Lucro auferiu resultado pouco expressivo de 0,43%. Verifica-se o humilde desempenho da
Administração na geração de Lucros com os recursos do Ativo demonstrando retorno de
1,00%. E quanto ao retorno sobre o Capital Próprio, a empresa apresenta o indicador negativo
de 0,79%, ou seja, ao invés de obter retorno a empresa apenas diminuiu uma pequena parte
dos prejuízos acumulados.
Com o intuito de avaliar a capacidade de pagamentos a curto prazo da empresa, pode-se
fazer uso do cálculo do Capital Circulante Líquido (CCL).
98
Figura 65 – Capital circulante líquido do Hospital Fêmina S/A Fonte: Autoria Própria, 2008.
O cálculo do Capital Circulante Líquido, de maneira suplementar auxilia na análise da
liquidez da Companhia. Nota-se que o Passivo Circulante é maior que o Ativo Circulante e,
por conseguinte, a empresa não possui capacidade de saldar as dívidas de curto prazo.
Com a intenção de evidenciar e prospectar a solidez da organização e a sua capacidade
de perdurar no tempo, utiliza-se o Cálculo do fator de Insolvência.
Figura 66 – Fator de insolvência do Hospital Fêmina S/A Fonte: Autoria Própria, 2008.
A empresa está situada na faixa de solvência, mas muito próxima à área de penumbra,
entende-se que a companhia apresenta elevados riscos de insolvência, principalmente por
demonstrar indicadores de Endividamento e Liquidez extremamente insatisfatórios, e com
isso, acredita-se que o Hospital Fêmina S.A. deve apresentar dificuldades para obtenção de
linhas de crédito.
99
4.6 Hospital Nossa Senhora da Conceição S.A.
O Hospital Nossa Senhora da Conceição S.A. é uma sociedade de capital fechado e
também considerado empresa estatal, e por isso, está sujeita a jurisdição da Lei n° 6.404/76 e
a Lei nº 4.320/64. A empresa está vinculada diretamente ao Ministério da Saúde Ao qual está
vinculado através do Decreto n° 99.244/90 e tem por objeto a manutenção e administração de
estabelecimento hospitalar na cidade de Porto Alegre, RS.
O Conceição é um hospital generalista, onde oferece todas as especialidades médicas
para tratamentos ambulatoriais, tratamentos com internações e pronto atendimento. O
Hospital Nossa Senhora da Conceição é integrante de o Grupo Hospitalar Conceição (GHC)
que conta com mais três hospitais especializados e dedicados exclusivamente a saúde pública.
4.6.1 Tipos de receitas do Hospital Nossa Senhora da Conceição S.A.
O Hospital Nossa Senhora da Conceição presta assistência unicamente à saúde
pública, em outras palavras, os atendimentos realizados pelo hospital são exclusivos e
direcionados a clientes cobertos pelo Sistema Único de Saúde. Por se tratar de uma empresa
estatal, o hospital conta com Subvenções para Custeio, que somando as Receitas do SUS e as
expressões de Vendas de Mercadorias, constituem a Receita Operacional Bruta da empresa.
4.6.2 Demonstrações em estudo do Hospital Nossa Senhora da Conceição S.A.
As demonstrações que a seguir serão apresentadas foram elaboradas em conformidade
com as práticas contábeis emanadas da legislação societária (Lei n° 6.404/76 e alterações
subseqüentes).
Ressalta-se que a empresa apresenta o Passivo a descoberto, que representa o
Patrimônio Líquido negativo do Hospital. Tal titulação demonstra-se em conformidade com a
Resolução do CFC nº 1.049/2005.
100
De acordo com o disposto, previamente mencionado, segue abaixo o Balanço
Patrimonial da companhia:
Figura 67 – Balanço patrimonial do HNSC S/A Fonte: Jornal do Comércio, 2008.
O Ativo Total do Hospital Nossa Senhora da Conceição S.A. sofreu elevação de 19,42%
em 2007, comparado ao ano de 2006. A referida evolução no Ativo foi estimulada pela
variação de 43,41% do Circulante, o qual passou a representar 56% da totalidade do Ativo e
pelo acréscimo do Permanente em 21,60% passando a compor 34% do Ativo Total.
O Realizável a Longo Prazo oscilou negativamente 41,24% e com isso, passou a
representar verticalmente 10% da totalidade dos bens e direitos.
As obrigações da empresa aumentaram representativamente no grupo Exigível a Longo
Prazo, devido a constituição da Provisão para Indenizações Cíveis e Trabalhistas, expressando
aumento de 55,38% e passando a representar 88,31% do total das obrigações acrescidas pelo
Passivo a descoberto.
Constata-se aumento de 102,84% no Passivo Circulante, que passou a compor 144,09%
da totalidade do Passivo + Passivo a Descoberto. A intensa variação do Circulante foi
estimulada pela representação da rubrica Obrigações Sociais e Trabalhistas, que sofreu
elevação (5.166,68%) devido a suspensão do pagamento da cota patronal e das contribuições
assistenciais ao INSS e o registro da provisão referente as autuações do INSS ocorridas no
exercício de 2007.
O Passivo a Descoberto aumentou sua rubrica em 200%, principalmente ocasionado
pelo aumento dos Prejuízos acumulados no ano de 2007, que em termos aproximados passam
de 159%.
101
Figura 68 – Composição do balanço patrimonial do HNSC S/A Fonte: Autoria Própria, 2008.
Seguindo a ordem das demonstrações a analisar, abaixo se verifica o DRE da empresa.
Figura 69 – Demonstração do resultado do exercício do HNSC S/A Fonte: Jornal do Comércio, 2008.
A instituição auferiu 11,62% de aumento em suas Receitas Operacionais Brutas, que foi
alavancando prioritariamente pela elevação das Subvenções para Custeio em 13,78%, que
representam transferências realizadas pela União Federal a companhia.
Os Custos dos Serviços Prestados totalizam 83,31% das Receitas Operacionais Brutas e
no ano de 2007 apresentaram aumento de 9,23% em comparação ao ano de 2006.
Igualmente, as Despesas Administrativas evoluíram em mais de 228% e passaram a
compor 58,07% da totalidade das Receitas Operacionais Brutas.
Com o humilde aumento das Receias e a Desordenada evolução dos Custos e Despesas
do Hospital Nossa Senhora da Conceição, verifica-se que a empresa apresentou Prejuízo de
aproximadamente R$ 163.333.000,00 que totaliza -38,24% das Receitas Operacionais Brutas.
Composição do Balanço Patrimonial
-150% -100%
-50% 0%
50% 100% 150% 200%
Ativo Passivo
Grupo
Percentual Circulante
Realizável a Longo Prazo Permanente
Circulante
Exígivel a Longo Prazo
Passivo a Descoberto
102
As Demonstrações Contábeis desempenham papel de fornecedores de dados aos
quocientes das análises. Dessa forma, utilizam-se os dados fornecidos, especialmente pelo
Balanço Patrimonial, para calcular os Indicadores de Liquidez.
Figura 70 – Indicadores de liquidez do HNSC S.A. Fonte: Autoria Própria, 2008.
A empresa apresenta indicadores de baixa repercussão quanto a Liquidez, expondo em
todos os indicadores constituídos, valores ilusórios perante as exigibilidades.
Indica-se para cada R$ 1,00 de exigibilidade a curto prazo, a empresa apresenta R$ 0,39
de recursos no Ativo Circulante (Liquidez Corrente) e quando se desconsidera os estoques do
numerador, a situação da companhia demonstra-se ainda mais indesejável, indicando R$ 0,38
para cada R$ 1,00 de dívidas a curto prazo.
A empresa expõe para cada R$ 1,00 de obrigações a curto prazo R$ 0,07 de recursos de
Liquidez Imediata.
Verificando o contexto atual do Hospital Nossa Senhora da Conceição S.A. atenta-se ao
fato que o indicador de Liquidez Imediata demonstra pouca representatividade dos recursos
líquidos da companhia, observa-se que a referida baixa representatividade não condiz com
estratégias que prospectem melhores rendimentos aos recursos próprios, mas sim a
ineficiência da empresa em manter recursos líquidos.
Quanto à análise das dívidas de curto e longo prazo, nota-se que a empresa demonstra
R$ 0,28 para cada R$ 1,00 das exigibilidades totais. Verifica-se que o indicador apresenta
insatisfatória representatividade, demonstrando baixa expressão quanto à potencialidade de
pagamento das dívidas.
Na tentativa de medir a relação da empresa com os seus credores, as técnicas de Análise
das Demonstrações Contábeis utilizam, entre outros, como instrumento de verificação o
cálculo dos Indicadores de Endividamento.
103
Figura 71 – Indicadores de endividamento do HNSC S.A. Fonte: Autoria Própria, 2008.
A empresa até o ano de 2007, financiou mais de 232% do seu Ativo com recursos de
terceiros e para esses intensos compromissos assumidos a companhia não possui recursos no
Patrimônio Liquido (neste caso Passivo a Descoberto) para garantir o pagamento das dívidas.
De forma insatisfatória, nota-se que 62% das dívidas (que não possuem garantia) irão
vencer no curto prazo contábil.
Buscando verificar o desempenho do hospital frente ao seu segmento econômico, para a
análise comparativa, constituem-se os Indicadores de Atividade.
Figura 72 – Indicadores de atividade do HNSC S.A. Fonte: Autoria Própria, 2008.
Constata-se que a empresa tende a necessitar de recursos a título da Capital de Giro
devido ao possível descompasso entre os pagamentos (Giro de Pagamento de Fornecedores
43,46 vezes e Dias de Pagamentos 8,4 dias) e os recebimentos (Giro das Contas a Receber
18,32 vezes e Dias em Contas a Receber 19,92 dias).
104
Contudo, identificam-se que o Ativo da companhia apresenta satisfatório giro (2,54
vezes em 2007) ocasionado pelas elevadas expressões dos Serviços Prestados em detrimento a
Totalidade do Ativo.
A partir do desempenho da empresa no seu segmento econômico, das políticas de
crédito e de financiamentos, o Hospital pode analisar de forma conjugada os resultados e
retornos obtidos e demonstrados pelas análises de Rentabilidade.
Figura 73 – Índices de rentabilidade do HNSC S.A. Fonte: Autoria Própria, 2008.
A empresa não apresenta Rentabilidade, demonstrando índices negativos em todos os
indicadores constituídos.
A Margem de Lucro indica -38,24% de resultado em 2007, configurando-se como
Margem de Prejuízo em relação aos serviços prestados. Nota-se que a empresa obteve gastos
(custos e despesas) maiores que as Receitas e, dessa forma, não rentabilizou sua atividade.
O retorno sobre o Ativo Total foi insatisfatório, demonstrando a ineficiência da
administração na geração de lucros com o Ativo em -97,21%.
De forma ineficaz se constituiu retorno negativo sobre o capital próprio, onde
evidenciou-se resultado de -73,42%.
Figura 74 – Capital circulante líquido do HNSC S/A Fonte: Autoria Própria, 2008.
105
A companhia apresenta Capital Circulante Líquido negativo, onde identifica-se que as
obrigações a curto prazo são aproximadamente R$ 147.214.000,00 maiores que os bens e
direitos a curto prazo.
As preocupações em manter um empreendimento em atividade, salvo alguns casos
específicos, permeiam as intenções dos investidores, sendo eles públicos e privados. Para
medir a capacidade das empresas em se manter solventes, calcula-se o Fator de Insolvência.
Figura 75 – Fator de insolvência do HNSC S/A Fonte: Autoria Própria, 2008.
O Hospital Nossa Senhora da Conceição S.A. encontra-se dentro dos padrões de
solvência, estabelecidos pelo termômetro de Kanitz, mas deve-se ressaltar que está muito
próximo da área de penumbra. Os insatisfatórios indicadores de Liquidez, a excessiva
capitação de recursos de terceiros e a tendência de baixo desempenho da Atividade conjugado
com Rentabilidade negativa, caracterizam-se como agravantes a solubilidade da companhia.
Ressaltam-se os aumentos desordenados nos custos e despesas hospitalares em
detrimento da Receita Operacional Bruta, caracterizam-se como importantes fomentadores da
atual situação em que se encontra a organização.
4.7 Análise comparativa dos indicadores econômico-financeiros
A seguir serão realizadas as análises comparativas dos Indicadores Econômico-
financeiros das empresas em estudo. Tem-se por intuito, avaliar o desempenho das empresas
106
em relação aos atendimentos assistenciais em detrimento aos diferentes tipos de receitas de
prestação de serviços auferidos.
4.7.1 Análise comparativa entre indicadores de liquidez
Verifica-se que as empresas que prestam de serviços à saúde privada demonstram
melhores indicadores de Liquidez, como pode-se analisar no gráfico abaixo:
Figura 76 – Comparativo entre indicadores de liquidez Fonte: Autoria Própria, 2008.
Constata-se que as empresas como, Hospital Ernesto Dornelles (HED), Serviço de
Investigação Diagnostica SIDI, Hospital de Clinicas de Porto Alegre (HCPA) e Complexo
Hospitalar Santa Casa (I.S.C.M.P.A.) apresentam satisfatórios indicadores, que propiciam
maior tranqüilidade as empresas.
O HCPA, que presta serviços à saúde pública e privada, apresenta elevados Índices de
Liquidez, principalmente estimulados pela concentração de recursos no Ativo Circulante que
representa 16,23% de um Ativo Total composto, em termos nominais, por R$ 337.149.017,05.
Outro fato que contribui para a relevante expressão dos Indicadores de Liquidez do HCPA é a
intensa maioria dos valores dispostos do lado do Passivo e Patrimônio Líquido atribuídos as
Contas de Capital Social (93,59%) e Resultados Acumulados (3,51%), remanescendo a
humilde expressão de 2,89% de exigibilidades em relação à totalidade do Passivo +
Patrimônio Líquido.
Identificam-se resultados insatisfatórios obtidos pelos indicadores imputados aos
Hospitais que prestam serviços exclusivos a Saúde Pública, sendo o Hospital Fêmina e o
107
Hospital Nossa Senhora da Conceição. Vislumbra-se que em ambos os hospitais, dentre os
quatro indicadores constituídos, em nenhum demonstraram Liquidez superior a 50% das
exigibilidades.
Atenta-se ao fato que tanto o Hospital Fêmina quanto o Hospital Nossa Senhora da
Conceição embora demonstrem elevadas expressões no Ativo Circulante, apresentam
exigibilidades superiores aos bens e direitos de curto prazo.
4.7.2 Análise comparativa entre indicadores de endividamento
Quanto ao Endividamento à análise será segregada de três formas, primeiramente será
analisado o Endividamento Geral, após, a Garantia do Capital Próprio ao Capital de Terceiros,
e em seguida a Composição do Endividamento.
No que se refere ao Endividamento Geral, confirma-se que a intensa demanda por
recursos externos advém das empresas que prestam serviços exclusivos a Saúde Pública.
No gráfico abaixo pode-se verificar o exposto:
Endividamento Geral
32,52% 31,97%
232,40%
35,37%
2,89%
227,12%
0%
50%
100%
150%
200%
250%
Índices
Per
centua
l
HED
SIDI S.A
HCPA
I.S.C.M.P.A.
HOSPITAL FÊMINA
HNSC
Figura 77 – Comparativo entre indicadores de endividamento geral Fonte: Autoria Própria, 2008.
Os Hospitais Nossa Senhora da Conceição e Hospital Fêmina financiaram seus Ativos
com recursos de Terceiros em mais de 200%, em outras palavras, as empresas utilizaram mais
que o dobro de recursos para financiar a totalidade do Ativo. Isso ocorre devido à existência
de dívidas superiores aos bens e direitos totais das companhias (Passivo a Descoberto).
As empresas: Hospital Ernesto Dornelles, Serviço de Investigação Diagnostica e
Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre apresentam resultados de
Endividamento Geral na casa dos 30%, permitindo identificar que aproximadamente 70% do
Ativo são financiados por recursos próprios.
108
Ressalta-se que o Hospital de Clínicas de Porto Alegre, expõe estratégia adversa as
demais empresas analisadas, priorizando o financiamento do Ativo com capitais próprios. A
empresa apresenta a expressão de 2,89% de recursos de terceiros em relação à composição do
Ativo.
No tocante da Garantia dos Capitais de Terceiros em Relação ao Capital Próprio,
verifica-se que as empresas que mais demandam recursos de terceiros demonstram menor
desempenho para garanti-los, conforme gráfico abaixo.
Garantia do Capital Prórpio ao Capital de Terceiros
1,83 2,08
33,59
2,13
-0,56 -0,57
-5,00-3,00-1,001,003,005,007,009,00
11,0013,0015,0017,0019,0021,0023,0025,0027,0029,0031,0033,0035,0037,00
Índice
R$
HED
SIDI S.A
HCPA
I.S.C.M.P.A.
HOSPITAL FÊMINA
HNSC
Figura 78 – Comparativo entre indicadores de garantia do capital próprio ao capital de terceiros Fonte: Autoria Própria, 2008.
Identifica-se que o HCPA por apresentar irrelevante endividamento, expõe elevada
capacidade de garanti-los com capital próprio.
O Hospital Ernesto Dornelles, o Serviço de Investigação Diagnostica e a Irmandade da
Santa Cada de Misericórdia de Porto Alegre demonstram resultados desejáveis, e revelam
satisfatória capacidade de garantia dos capitais de terceiros.
Por outro lado, o Hospital Nossa Senhora da Conceição e Hospital Fêmina, demonstram
reduzida capacidade de garantir as exigibilidades assumidas.
Constata-se que todas as empresas analisadas expressam percentualmente grande
quantidade de exigibilidades realizáveis durante o curto prazo, conforme gráfico abaixo:
109
Composição do Endividamento
95,74%
79,20%84,66%
70,84%
53,46%62,00%
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Índice
Perce
ntua
l
HED
SIDI S.A
HCPA
I.S.C.M.P.A.
HOSPITAL FÊMINA
HNSC
Figura 79 – Comparativo entre a composição do endividamento Fonte: Autoria Própria, 2008.
Visualiza-se que as empresas analisadas indicam resultamos superiores a 50%,
enfatizando a expressão de 95,74% do Hospital Ernesto Dornelles. Ressalta-se que a tomada
de recursos a curto prazo, normalmente apresentam-se mais onerosos que os recursos a longo
prazo em proporção de tempo.
Lembra-se que a constituição de elevadas dívidas vencíveis a curto prazo exigem
maiores recursos líquidos, que poderiam estar melhores alocados e gerando rendimentos
superiores aos de liquidez imediata.
4.7.3 Análise comparativa entre indicadores de atividade
Constata-se tendência a descompasso entre os recebimentos e os pagamentos nas seis
empresas analisadas. Abaixo verifica-se os Gráficos:
Figura 80 – Comparativo entre o goro e os dias de atividade Fonte: Autoria Própria, 2008.
No que se refere ao Giro das Contas a Receber, os indicadores apresentam menores
resultados que os indicadores de Giro dos Fornecedores a Pagar. E com isso,os prazos de
pagamentos a demonstram prazos inferiores aos prazos de recebimentos.
110
O Serviço de Investigação Diagnostica é a empresa que apresenta maior propensão ao
descompasso entre os recebimentos e os pagamentos (187,79 dias), seguida pela Irmandade
da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre expressando a propensão de 57,36 dias de
descompasso, passando para o Hospital Ernesto Dornelles (32,44 dias), Hospital Fêmina
(20,41 dias), Hospital de Clínicas de Porto Alegre (16,66 dias) e por último o Hospital Nossa
Senhora da Conceição (11,53 dias).
Quanto ao Giro do Ativo Total constata-se que os melhores indicadores foram
apresentados pelas empresas que atendem exclusivamente clientes da Saúde Pública, onde as
apresentam elevados valores a título de Receita Bruta e modesta expressão no Ativo Total.
Giro do Ativo Total
1,34
0,60
1,14
0,79
2,342,54
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
Índice
Vez
es
HED
SIDI S.A
HCPA
I.S.C.M.P.A.
HOSPITAL FÊMINA
HNSC
Figura 81 – Comparativo entre o giro do Ativo total Fonte: Autoria Própria, 2008.
Ressalta-se a satisfatória expressão de 1,14 vezes do Hospital de Clinicas de Porto
Alegre, principalmente por a empresa demonstrar elevadas expressões de recursos no Ativo
Total.
4.7.3 Análise comparativa entre indicadores de rentabilidade
Verifica-se elevada oscilação entre os Indicadores de Rentabilidade, originalmente
impulsionadas pela estratégia de cada empresa quanto à prestação de serviços a Saúde
Pública, Privada ou ambas.
111
Figura 82 – Comparativo entre as margens de lucros Fonte: Autoria Própria, 2008.
As empresas que prestam serviços exclusivos a saúde privada apresentam resultados
expressivos de Rentabilidade, nota-se que o Hospital Ernesto Dornelles exibe mais de 9% de
Margem de Lucro e o Serviço de Investigação Diagnostica apresenta a desejável expressão de
32,03% de Lucratividade em sua atividade.
Ressalta-se que os hospitais que prestam serviços de forma conjugada à saúde pública e
privada demonstram lucro em suas peças contábeis, mas apresentam indicadores de Margem
de Lucro pouco expressivos. O Hospital de Clínicas de Porto Alegre indica 3,08% de Margem
de Lucro e a Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre a expressa lucro de
6,28% em detrimento as Receitas Operacionais Brutas.
Os Hospitais que atendem exclusivamente clientes vinculados a Saúde Pública expõem
indicadores de rentabilidade indesejáveis, como por exemplo, o Hospital Fêmina que expressa
0,43% de Margem de Lucro de uma Receita Operacional Bruta superior a R$ 65 milhões.
Igualmente o Hospital Nossa Senhora da Conceição, indica prejuízo de -38,24% em relação às
Receitas Operacionais Brutas, que em termos nominais são superiores a R$ 427 milhões.
Figura 83 – Comparativo entre o retorno do Ativo total Fonte: Autoria Própria, 2008.
112
Identificam-se tendências muito próximas do Retorno do Ativo Total em Relação aos
indicadores de Margem de Lucro. Nota-se que as empresas que atendem exclusivamente
clientes portadores de Convênios Privados de Saúde e Particular (Hospital Ernesto Dornelles
e Serviço de Investigação Diagnostica) expressam índices de Retorno do Ativo
relevantemente satisfatório e maiores que os demonstrados pelas outras empresas em estudo.
Verifica-se que o HCPA e a I.S.C.M.P.A. demonstram resultados medianos e pouco
expressivos não excedendo o percentual de Retorno sobre o Ativo Total de 5%.
Conjuntamente certifica-se que o Hospital Fêmina e o Hospital Nossa Senhora da Conceição
apresentam indesejáveis quocientes de retorno, sendo 1% e -97,21%, respectivamente.
Figura 84 – Comparativo entre o retorno do capital próprio Fonte: Autoria Própria, 2008.
No tocante do Retorno sobre o Capital Próprio, o Serviço de Investigação Diagnostica
se mantém na liderança quanto a performance do indicador, apresentando 27,7% de retorno
sobre o Patrimônio Líquido em 2007. Em seguida verifica-se, outra instituição presente no
mercado da saúde privada, o Hospital Ernesto Dornelles demonstra 18,71% da proporção do
Lucro em relação ao Patrimônio Líquido.
Visualizam-se as empresas que prestam serviços a Saúde Pública e Privada apresentam
resultados pouco expressivos. Identifica-se o percentual de 7,25% de Retorno sobre o Capital
Próprio da Irmandade Santa Casa de Porto Alegre e a proporção de 3,62% do Lucro em
relação ao Patrimônio Liquido do Hospital de Clínicas de Porto Alegre.
Já os hospitais destinados à saúde pública, demonstram indicadores extremamente
insatisfatórios, condizentes com a baixa lucratividade proporcionada pelos atendimentos ao
SUS.
113
4.7.4 Análise comparativa entre o capital circulante líquido
A análise do Capital Circulante Líquido busca ratificar as explanações discorridas nas
análises de Liquides e Endividamento.
Capital Circulante Líquido
-147.214.000
719.118
20.693.599
46.480.299
1.099.206
-17.693.000
-200.000.000,00
-150.000.000,00
-100.000.000,00
-50.000.000,00
0,00
50.000.000,00
100.000.000,00
Indicador
R$
HED
SIDI S.A
HCPA
I.S.C.M.P.A.
HOSPITAL FÊMINA
HNSC
Figura 85 – Comparativo entre o capital circulante líquido Fonte: Autoria Própria, 2008.
No que tange a análise do Capital Circulante Líquido, verifica-se que o Hospital de
Clinicas de Porto Alegre exibe elevados recursos. Enfatiza-se que foi mencionado durante a
análise do Endividamento que a empresa optava preferencialmente por financiar seu Ativo
com recursos próprios e, por conseguinte, manifestava reduzidas exigibilidades com terceiros,
esse fato, contribuiu para o desempenho otimista do Capital Circulante Líquido.
Constatam-se satisfatórios resultados demonstrados pelas empresas destinadas ao
atendimento privado da saúde, confirma-se a importante indicação de recursos relativamente
líquidos capazes de saldar as exigibilidades de curto prazo assumidas pelo Hospital Ernesto
Dornelles e Serviço de Investigação Diagnóstica.
A Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre demonstra satisfatório
Capital Circulante Líquido que em termos absolutos ultrapassam R$ 1 milhão.
Enfatiza-se que os hospitais destinados exclusivamente a Saúde Pública apresentam
expressivos valores negativos na análise do Capital Circulante Líquido. Certifica-se que o
Hospital Fêmina apresenta, em termos aproximados, indicador de R$ -17.693.000,00 e o
Hospital Nossa Senhora da Conceição cerca de R$ -147.214.000,00. Essa situação vem ao
114
encontro das observações realizadas nas análises de Liquidez e Endividamento que
demonstram tendências pessimistas quanto à capacidade de pagamento das referidas
companhias.
4.7.4 Análise comparativa entre o fator de insolvência
Todas as empresas em estudo apresentam indicadores compatíveis com a situação de
solvência, que é representado pelos valores superiores a 1 na escala na análise do Fator de
Insolvência de Kanitz.
Fator de Insôlvencia
3,83
9,45
3,84
1,031,97
22,39
-7,00-6,00-5,00-4,00-3,00-2,00-1,000,001,002,003,004,005,006,007,008,009,00
10,0011,0012,0013,0014,0015,0016,0017,0018,0019,0020,0021,0022,0023,0024,00
Indicador
Ter
môm
etro
de
Kan
itz HEDSIDI S.AHCPAI.S.C.M.P.A.HOSPITAL FÊMINAHNSC
Figura 86 – Comparativo entre o fator de insolvência Fonte: Autoria Própria, 2008.
O Hospital de Clínicas de Porto Alegre indica elevada expressão em comparação as
demais empresas analisadas (22,39). Isso porque a entidade demonstra relevantes indicadores
de Liquidez Geral e Liquidez Seca conjuntamente expressando reduzido quociente de
Endividamento.
O Serviço de Investigação Diagnostica exibe bom nível de solvência, de acordo com o
termômetro de Kanitz, indicando resultado de 9,45.
O Hospital Ernesto Dornelles e a Irmandade Santa Casa de Misericórdia de Porto
Alegre apresentam satisfatórios indicadores, expressando 3,83 e 3,84, respectivamente.
115
Os hospitais dedicados à atenção da Saúde Pública demonstram, no momento,
indicadores compatíveis a níveis aceitáveis de solvência, mas ressalta-se que se encontram
próximos a escala de penumbra ( 0 a -3).
116
5 CONCLUSÃO
O objetivo geral dessa monografia foi contemplado, pois foi realizada uma pesquisa que
possibilitou analisar comparativamente os indicadores econômico-financeiros das empresas
prestadoras de serviços à saúde Pública e Privada. Conjuntamente, identificou-se a intensa
relação existente entre o desempenho dos indicadores e os tipos de receitas auferidos pelas
empresas pesquisadas.
Os objetivos específicos igualmente foram alcançados, sendo que o estudo explorou na
literatura o embasamento teórico necessário quanto à constituição, análise e interpretação das
peças contábeis e seus indicadores de desempenho. Explanou-se sobre os tipos de receitas
auferidas e sua influência nos indicadores econômico-financeiros das empresas em estudo.
Nota-se, principalmente por noticias vinculadas na mídia, a defasagem do SUS frente
aos gastos da saúde, esse entendimento já fazia parte do senso comum das pessoas que
convivem e informa-se sobre questões de Saúde Pública. No entanto, este estudo trouxe
caráter científico ao tema, ratificando os conhecimentos presentes e demonstrando, na maioria
das vezes, a baixa performance dos quocientes das empresas que exclusivamente prestam
serviços ao subsistema público.
Com a constituição dos indicadores de Liquidez, constatou-se o insatisfatório
desempenho das empresas destinadas unicamente a atenção da Saúde Pública. Verificam-se
humildes índices de liquidez, que quando comparados com as demais empresas pesquisadas,
demonstram resultados inexpressivos.
As empresas que direcionaram a estratégia de atender parcialmente ou exclusivamente
clientes do subsistema privado (Convênio privados e liberal clássico) apresentam indicadores
de liquidez satisfatórios em detrimento as exigibilidades.
Essas afirmações, podem ser melhor evidenciadas com a figura abaixo:
117
Desempenho da Liquidez
0,001,002,003,004,005,006,007,00
Índice deLiquidezCorrente
Índice deLiquidez
Seca
Índice deLiquidezImediata
Índice deLiquidez
Geral
Índices
R$
HED
SIDI S.A
HCPA
I.S.C.M.P.A.
HOSPITAL FÊMINA
HNSC
Figura 87 – Baixa liquidez das empresas prestadoras de serviços a saúde pública Fonte: Autoria Própria, 2008.
Sobre o endividamento, constatou-se elevada propensão à captação de recursos junto a
terceiros por parte das empresas que prestam serviços de forma singular ao SUS. Notou-se
que a proporção das dívidas em relação ao ativo excede 200%, caracterizando a identificação
do Passivo a Descoberto. Verificam-se índices negativos quanto a Garantia do Capital Próprio
ao Capital de Terceiros e como agravante, nos dois hospitais que excepcionalmente atendem
de forma exclusiva o SUS as dívidas vencíveis a curto prazo ultrapassam 50% da totalidade.
Por outro lado, nas demais empresas analisadas averiguaram-se endividamento médio e
desejável, demonstrando indicadores não excedentes a 40% de capital de terceiros no Ativo.
Da mesma forma, vislumbra-se saudável capacidade de garantia do capital de terceiros e
intensa representatividade das obrigações vencíveis em curto prazo em relação a totalidade
das exigibilidades.
Atenta-se a impossibilidade de mensuração dos efetivos valores dos Serviços Prestados
a Crédito e das Compras a Prazo, onde se adotou por base de cálculo a integralidade dos
valores dispostos nas contas de Serviços Prestados e Custo dos Serviços de Saúde (ou
assemelhados), com o intuito de delinear possíveis tendências e projeções.
Enfoca-se a tendência a descompasso entre os pagamentos de fornecedores e
recebimentos de clientes em todas as empresas analisadas, mas em especial no Serviço de
Investigação Diagnostica SIDI, que apresenta mais de 180 dias de defasagem entre os
pagamentos e os recebimentos.
A situação das empresas destinadas a Saúde Pública, mostrou-se agravada com a
tendência de descompasso, prioritariamente pelo fato de apresentarem baixos indicadores de
liquidez e elevados níveis de endividamento.
118
É possível verificar através dos indicadores de Rentabilidade, que a Receita SUS não
apresenta consonância com os atuais custos e despesas hospitalares e conjuntamente os
retornos demonstram índices e pouco expressivos.
De forma adversa, nota-se que as organizações prestadoras de serviços exclusivos a
Saúde Privada auferem maiores rendimentos e retornos que as demais empresas analisadas.
Entende-se que esse fato condiz com a melhor remuneração dos procedimentos médico-
hospitalares por parte de convênios privados e atendimentos liberais clássicos (particular).
Constata-se, nas empresas que atendem de forma conjunta a Saúde Pública e Saúde
Privada, indicadores com resultados medianos, onde um tipo de receita alavanca os
rendimentos (receitas privadas) e outro não contempla a totalidade dos gastos dos
atendimentos (receitas SUS).
A figura abaixo demonstra claramente a defasagem das Receitas SUS em relação aos
Custos da saúde.
Figura 88 – Ratificação da defasagem das receitas SUS Fonte: Autoria Própria, 2008.
As seis empresas presentes neste estudo apresentam, conforme o Termômetro de
Kanitz, indicadores compatíveis com valores aceitáveis de solvência, mas enfoca-se a
proximidade da área de penumbra por parte das empresas direcionadas estrategicamente a
prestação de serviços exclusivos ao SUS.
Quanto à relevância do estudo para as empresas do ramo da saúde entende-se que
poderá proporcionar aos gestores hospitalares amparo científico para a definição das decisões
estratégicas e mercadológicas; e conjuntamente a comparação com os concorrentes.
No que tange a profissão contábil, a pesquisa influenciará na valorização e ampliação do
campo de atuação do contador, onde o profissional deixará de ser apenas dominador de
119
técnicas de escrituração e passará envolver-se também com a emissão e análise de
informações gerenciais no ramo da saúde.
Quanto à representatividade do estudo, demonstrou à sociedade em geral, governo e
entidades de classe a situação dos hospitais prestadores de serviços ao sistema Público e
Privado.
No entendimento global, o mercado da saúde vem apresentando elevada ascensão como
atividade econômica, atualmente, hospitais e clínicas demandam profissionais de várias áreas
do conhecimento humano, para que possam atender as diferentes necessidades apresentadas
pelas empresas.
A Contabilidade dispõe de imprescindíveis conhecimentos que podem suprir várias
necessidades das organizações de saúde, e para isso, é de suma importância que sejam
realizadas pesquisas, estudos, bibliografias próprias da atividade econômica, a fim de
fomentar o interesse da sociedade pelo relevante ramo da saúde.
120
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