cumprimentos às autoridades cumprimentos ao colégio de … · o brasil ensejou-me a oportunidade...
TRANSCRIPT
Cumprimentos às autoridades
Cumprimentos ao Colégio de Procuradores
Inicialmente, quero ressaltar a grande honra de estar assumindo hoje o
cargo de Procurador-Geral de Justiça do Estado de Goiás.
Apesar da reconhecida estatura do cargo, devo dizer que este sentimento
de honra precede o presente momento, e retroage ao dia 3 de agosto de
1993, quando ingressei no Ministério Público do Estado de Goiás, na
qualidade de Promotor de Justiça da Comarca de Estrela do Norte.
Mesmo, à época, não conhecendo com profundidade a Instituição,
identifiquei-me de imediato com seus ideais e posso afirmar que devo quase
tudo o que sou, tanto na formação profissional, quanto no amadurecimento
pessoal, ao fato de pertencer aos seus quadros.
Ao longo da carreira, pude vivenciar as alegrias e as vicissitudes do
exercício das funções inerentes ao Ministério Público, realidade pela qual
atravessam todos os seus membros, cotidianamente.
Por vocação, envolvi-me de forma natural com as questões político-
institucionais, o que me levou a uma carreira no âmbito classista, e a
presidir, por dois mandatos, a Associação Goiana do Ministério Público e a
integrar, no biênio 2010-2012, a Diretoria da nossa Associação Nacional
(Conamp), na condição de Vice-Presidente.
Tal experiência proporcionou-me, dentre outros ganhos, algo que, para
alguns, pode não ter grande significado, mas que, para mim, faz toda a
diferença: conhecer, pessoal e nominalmente, todos os 354 membros em
atividade da Instituição, além dos mais de 140 aposentados. Por sua vez, no
exercício da representação nacional, o relacionamento com colegas de todo
o Brasil ensejou-me a oportunidade de adquirir uma visão sistêmica da
Instituição.
Diante disso, dispus-me a colocar meu nome e projeto de administração ao
crivo da classe, neste último pleito ao cargo de Procurador-Geral de Justiça.
O fato de ter percorrido milhares de quilômetros durante a campanha,
também me rendeu outro relevante legado: conhecer ainda mais de perto a
realidade das Promotorias de Justiça de quase todo o Estado.
Com o firme propósito de respeito ao debate e ao contraditório, defendi a
valorização da atividade finalística como instrumento fomentador da
eficiência na prestação de nossos serviços, pois tenho convicção de que o
Ministério Público é o produto do trabalho de seus membros. Aproveito a
oportunidade para agradecer aos colegas que, afastando-se de seus
afazeres, receberam-me, em suas Promotorias ou em suas casas, de
maneira tão acolhedora e receptiva para discutirmos o nosso futuro
institucional.
Merece registro a especificidade do último processo eleitoral, que contou
com cinco aguerridas candidaturas, que convergiam, sobretudo, para o
propósito comum de fortalecimento do Ministério Público goiano.
Considerando meu histórico classista, firmei, desde o primeiro ato de minha
campanha, o compromisso de apenas assumir o cargo se contasse com o
apoio e o voto da maioria dos colegas, já que, para o êxito de qualquer
projeto, torna-se necessária a aprovação de seus destinatários.
Não posso deixar de mencionar que a adesão pública a este compromisso,
por parte dos dois outros membros que vieram a integrar a lista tríplice,
trouxe a esta eleição novos contornos.
É preciso salientar que tal promessa não foi levada a efeito ignorando-se a
faculdade legítima de Sua Excelência o Governador do Estado nomear
qualquer dos integrantes da lista. Esta é a regra constitucional e sempre
será obedecida.
Contudo, Governador Marconi Perillo, o resultado das eleições, associado à
opção de Vossa Excelência por nomear aquele que encabeçou a lista
tríplice, forneceram-nos dois consistentes pilares para que possamos dar
início a um mandato revestido de plenitude: o de representar a classe, com
a sua chancela expressada nas urnas; e o do respeito do Chefe do
Executivo estadual, à democracia interna corporis.
Fica, então, Sr. Governador, o profundo agradecimento do Ministério
Público do Estado de Goiás, por mais este nobre e democrático gesto de
reconhecimento à autonomia e à independência de nossa Instituição!
De outro lado, não posso deixar de pontuar alguns dos desafios que se
avizinham.
O MP/GO, embora conte com uma das mais bem estruturadas unidades do
país – fruto do esforço contínuo das administrações que se sucederam ao
longo dos anos, ainda padece de uma deficiência crônica em seus quadros,
obrigando os membros a se desdobrarem em esforços, para atender a mais
de uma Promotoria ou Procuradoria de Justiça. Por vezes, um Promotor tem
de responder por até quatro Promotorias de Justiça. Em razão disso, como
já noticiado, darei posse de imediato aos 21 novos promotores substitutos
aprovados no último concurso e pretendo abrir outra seleção ainda este
ano.
Os expressivos resultados de nossa atuação geraram uma verdadeira
explosão da demanda por mais trabalho, o que exige criatividade e
constantes medidas administrativas para a adequação da estrutura física e
de pessoal, com necessários incrementos orçamentários.
Em âmbito nacional, persistem as recorrentes tentativas de enfraquecimento
do Ministério Público. No último ano, verificou-se o movimento no
Congresso consubstanciado na PEC 37, conhecida como “PEC DA
IMPUNIDADE” – que busca impor um retrocesso à conquista da sociedade
de se favorecer do poder investigatório do Ministério Público na área
criminal.
Trata-se de verdadeiro contrassenso, uma vez que, a pretexto de restringir
às autoridades policiais a investigação de delitos, esquecem-se seus
subscritores de que o MP não pretende ocupar o espaço reservado à
Polícia – Instituição que merece toda a nossa deferência e respeito –, mas
sim unir-se a ela, conjugando esforços no combate, principalmente, ao
crime organizado.
A macrocriminalidade oferece, no momento, uma das maiores
preocupações da sociedade brasileira. Em Goiás, apenas nos últimos dois
anos, a atuação dos membros do MP, que pertencem ao Grupo de Atuação
Especial de Combate ao Crime Organizado(GAECO), obteve sucesso em
cerca de 20 operações, por eles idealizadas e executadas – vale frisar –
com apoio operacional da Polícia do Estado de Goiás. Remanesce, assim, a
pergunta: A quem interessa tirar o poder investigatório do Ministério
Público? Certamente, a nenhum cidadão brasileiro, que sofre, todos os dias,
com os elevados índices de violência, corrupção e desmandos.
Sob outro prisma, não posso deixar de reconhecer que o Ministério Público
goiano passou por momentos difíceis em 2012. Mas não estamos
destroçados, ao contrário do chegou a ser defendido por alguns, por
ocasião do intenso debate eleitoral interno.
Acreditar nisso, seria deixar de reconhecer o profícuo trabalho dos
combativos colegas, em cada canto deste Estado, que atendem todos os
dias desde aos mais simples e humildes até aos mais graduados e
abastados cidadãos que os acionam.
Repudio o discurso de que vivemos uma crise de credibilidade institucional,
especialmente porque deita suas raízes em argumentos falaciosos e fatos
desprovidos de comprovação.
Ao Ministério Público foi conferida, constitucionalmente, a guarda dos mais
nobres e relevantes interesses individuais e sociais e consistimos em um
grande grupo de profissionais que têm a absoluta ciência do tamanho desta
responsabilidade e o firme comprometimento com esta missão. Logo, ainda
que existam dificuldades ou que alguém episodicamente se desvie deste
múnus, não podemos levianamente afirmar que esta Instituição não mereça
respeito. O Ministério Público é maior, muito maior, do que qualquer um de
nós!
Certo de que este momento é fruto de um esforço coletivo, teço, agora,
meus agradecimentos.
Em primeiro lugar, a Deus, que esteve no comando o tempo todo e me
guiou até aqui e espero que me inspire e me confira, juntamente com minha
equipe, a força e a sabedoria para a execução de um bom trabalho.
Aos colegas que hipotecaram sua confiança às propostas que
apresentamos durante a campanha e que honrarei até o último dia do meu
mandato.
Aos meus companheiros da minha equipe que ofereceram seu suporte ao
plano de administração, com ideias, sugestões e críticas, bem como
àqueles que me acompanharam nas exaustivas viagens empreendidas em
todo o Estado, minha gratidão pela paciência e disposição em ouvir e ajudar
em repetidas vezes, a mesma explanação.
Ao meu companheiro Benedito Torres, que confiou em meu nome para
sucedê-lo e dar continuidade ao ideal caracterizado por uma gestão da
Procuradoria-Geral mais eficiente e próxima do Promotor de Justiça.
Agradeço seu apoio e compartilho contigo os louros desta vitória, uma vez
que o resultado das urnas é reflexo da aprovação da sua Administração.
Como você já afirmou, anteriormente: “lutamos juntos muitas batalhas,
comemoramos os êxitos e recebemos, com humildade, os revezes”, afinal,
estes também agregam algum valor a nossa jornada.
Aos integrantes do Colégio de Procuradores, que agora me acolhem como
membro não nato para presidi-lo, agradeço antecipadamente, e tenho
certeza, saberão me transmitir o seguro caminho da experiência.
À minha família, especialmente meus pais e irmãos, por terem me
transmitido os valores da ética, da honradez e da determinação, que me
orientam ao longo da vida e da minha carreira.
Destaco, por fim, a importância da minha companheira de vida Luciana,
agradecendo pelo amor, carinho e apoio incondicional a todas as iniciativas
que encampei, com compreensão e sacrifício pessoal, tendo ela me
empossado no cargo vitalício mais importante que detenho: o de ser pai dos
nossos tão amados filhos, Daniel e Laura, que colorem nossas vidas.
Para concluir, trago um exemplo notável de serenidade e coragem em face
dos grandes desafios da vida. Não o exemplo de um jurista, sequer de um
brasileiro, mas seguramente de alguém que acreditava em seus princípios e
encarnava o espírito das grandes conquistas. Em maio de 1940, na fase
mais sombria da Segunda Guerra Mundial, quando a Liberdade e o Direito
pareciam ceder diante das Tiranias, o grande Winston Churchill assumia o
Governo da Grã- Bretanha, e anos mais tarde, a respeito de sua posse, ele
escreveria:
“Ao final do dia, senti um profundo alívio. Senti-me como se caminhasse de
mãos dadas com o destino, e como se toda a minha vida pregressa tivesse
sido apenas uma preparação para essa hora e essa provação. Acreditava
na causa pela qual lutava. Acreditava ter um sólido conhecimento daquilo
tudo e tinha certeza de que não fracassaria. Assim, apesar de aguardar
com impaciência o amanhecer, dormi profundamente e não precisei de
sonhos animadores. A realidade é melhor do que os sonhos”
Caros colegas, a nossa realidade começa aqui e agora, com muita
determinação e muito trabalho!!
Muito Obrigado.