cultura e música

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA HACA36 Estudos das Culturas Docente: Agnes Mariano Discente: Priscila Dórea Cultura e Música “Sem a música, a vida seria um erro.” - Friedrich Nietzsche É com essa frase acima de Nietzsche que Andre Stangl começa seu texto “O valor da música 2.0”, o qual usamos como base para apresentar esse trabalho, e é com essa frase em mente que vamos escrever esse breve comentário. Mas porque seria um erro? Se pensarmos friamente, música é apenas... Música. Podemos viver sem ela, não precisamos dela pra comer, para respirar ou para nos mover. Ela não é, de forma básica, minimamente necessária em nossas vidas, no entanto, imagine sua vida sem música. Sem o toque de seu celular, sem a música das chamadas de espera, sem as trilhas sonoras dos filmes e sem aquela banda ao vivo no bar numa sexta a noite. Não haveriam baladas, shows, musicais, show solo no chuveiro, momentos de melancolias profundas na janela do ônibus, serenatas ao luar e, pensando bem, talvez não existisse nem a dança, pelo menos não como a conhecemos, porque uma coisa é dançar com uma música em sua cabeça, outra coisa é não ter música em nenhum lugar, nem mesmo em sua mente, para dançar. Nesse ponto abrimos espaço para discordar um pouco com o que Curt Sachs fala sobre a música não ser uma língua universal, que ela não é facilmente compreendida por todos... Até que ponto ele leva essa tal “compreensão”? Quantas vezes você já ouviu uma música em um idioma que não era o seu e ela te tocou? Realmente encantou você, e você nem tinha ideia do que ela falava. E com músicas eruditas então? Você não precisa saber que é Rachmaninoff tocando para se arrepiar até o último pêlo, muito menos saber sobre o que ele estava tocando. Assim como na leitura de um romance ou um poema, o ouvir e sentir de uma música é algo muito individual, talvez a música não seja uma linguagem universal por não ser entendida da mesma forma por todos que a ouvem, mas ela é compreendida por todos, de formas diferentes... O compositor atira sua obra pensando em algo, e permite ao ouvinte a possibilidade de interpretar e sentir o que quiser. Essa é a morte do autor, dizia Barthes, ela vale para a literatura, porque não para a música? Então esse é o momento em que concordamos com mais esse pedaço de pessimismo que destila do Nietzsche, porque, realmente, sem música, a vida seria um erro. E demasiadamente tediosa.

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  • UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

    HACA36 Estudos das Culturas

    Docente: Agnes Mariano

    Discente: Priscila Drea

    Cultura e Msica

    Sem a msica, a vida seria um erro.

    - Friedrich Nietzsche

    com essa frase acima de Nietzsche que Andre Stangl comea seu texto O valor da

    msica 2.0, o qual usamos como base para apresentar esse trabalho, e com essa frase

    em mente que vamos escrever esse breve comentrio.

    Mas porque seria um erro? Se pensarmos friamente, msica apenas... Msica.

    Podemos viver sem ela, no precisamos dela pra comer, para respirar ou para nos

    mover. Ela no , de forma bsica, minimamente necessria em nossas vidas, no

    entanto, imagine sua vida sem msica. Sem o toque de seu celular, sem a msica das

    chamadas de espera, sem as trilhas sonoras dos filmes e sem aquela banda ao vivo no

    bar numa sexta a noite.

    No haveriam baladas, shows, musicais, show solo no chuveiro, momentos de

    melancolias profundas na janela do nibus, serenatas ao luar e, pensando bem, talvez

    no existisse nem a dana, pelo menos no como a conhecemos, porque uma coisa

    danar com uma msica em sua cabea, outra coisa no ter msica em nenhum lugar,

    nem mesmo em sua mente, para danar.

    Nesse ponto abrimos espao para discordar um pouco com o que Curt Sachs fala sobre a

    msica no ser uma lngua universal, que ela no facilmente compreendida por todos...

    At que ponto ele leva essa tal compreenso? Quantas vezes voc j ouviu uma msica

    em um idioma que no era o seu e ela te tocou? Realmente encantou voc, e voc nem

    tinha ideia do que ela falava. E com msicas eruditas ento? Voc no precisa saber que

    Rachmaninoff tocando para se arrepiar at o ltimo plo, muito menos saber sobre o

    que ele estava tocando.

    Assim como na leitura de um romance ou um poema, o ouvir e sentir de uma msica

    algo muito individual, talvez a msica no seja uma linguagem universal por no ser

    entendida da mesma forma por todos que a ouvem, mas ela compreendida por todos,

    de formas diferentes... O compositor atira sua obra pensando em algo, e permite ao

    ouvinte a possibilidade de interpretar e sentir o que quiser. Essa a morte do autor, dizia

    Barthes, ela vale para a literatura, porque no para a msica?

    Ento esse o momento em que concordamos com mais esse pedao de pessimismo que

    destila do Nietzsche, porque, realmente, sem msica, a vida seria um erro. E

    demasiadamente tediosa.