cultura e humanização

31
Cultura e Humanização

Upload: wendell-santos

Post on 18-Jun-2015

545 views

Category:

Education


23 download

DESCRIPTION

ARANHA, M. Lúcia de Arruda. Cultura e Humanização. In: Filosofia da Educação. São Paulo: Moderna, 2006. - com adaptações e adicionais.

TRANSCRIPT

  • 1. Cultura e Humanizao

2. Amala e Kamala, as irms-lobo. ndia, 1920. 3. Victor de Aveyron Frana, 1798. 4. Oxana Malaya Ucrnia, 1991. 5. As crianas na ndia no tiveram oportunidade de se humanizar enquanto viveram com os lobos, permanecendo, portanto, animais. ... O processo de humanizao s foi iniciado quando comearam a participar do convvio humano e foram introduzidas no mundo do smbolo pela aprendizagem da linguagem. Maria Lcia de Arruda Aranha e Maria Helena Pires Martins, Filosofando: Introduo Filosofia, p. 2. Esses relatos nos levam a refletir sobre as diferenas entre o homem e o animal. 6. Homem Animal Para M. de Lcia Arruda Aranha, o homem um ser cultural, capaz de transformar a natureza em seu prprio benefcio tornando possvel a cultura. A sociedade no esttica e o homem tende a modificar aquilo que herda de seus antepassados recriando a cultura. Diferentemente do animal, que movido por instintos naturais da sua espcie. 7. Cultura M. Lcia de Arruda Aranha aponta para a polmica em se conceituar Cultura mediante as inmeras interpretaes que j foram dadas ao longo do tempo e o dinamismo da sociedade. Ainda assim prope sobre CULTURA: O sentido ANTROPOLGICO O sentido RESTRITO 8. Conceito Antropolgico de cultura Refere-se a toda produo humana de carter tangvel e imaterial. tudo o que o homem produz desde as artes e das letras aos modos de vida, direitos fundamentais, crenas e tradies. As invenes, a lngua, a poltica, a esttica, a sua legislao, os costumes e os comportamentos estabelecem relaes entre os indivduos, e isso uma manifestao cultural. 9. Humanizao D-se pela: Influncia da sociedade Convivncia e absoro de valores Quebra da tradio e renovao da herana 10. Sentido Restrito de cultura A produo intelectual de um povo. Essa produo pode ser filosfica, cientfica, artstica, literria, religiosa, em resumo, espiritual. Est voltada para a universidade, onde o conhecimento mais elaborado. Essas manifestaes no esto disponveis a todos, visto que h uma separao entre trabalhadores intelectuais e manuais onde predominam relaes de dominao. Essas relaes impedem as pessoas do povo de organizar sua prpria produo intelectual e, consequentemente, so excludas do ingresso a esse tipo de cultura. 11. TER cultura ou SER culto? 12. A ideia de ter cultura, cultura como algo que pode ser possudo deixa ignorar o prprio dinamismo da cultura em construir-se como tambm de se corromper. Contudo, segundo Lus Milanesi [...] h um processo contnuo na esfera cultural, tornando o ter e o ser uma unidade com duas faces: a segunda (ser) a que leva inveno do discurso e a ser sujeito da prpria vida, e a primeira (ter) permite a alimentao contnua desse processo atravs da posse possvel de todos os registros do discurso dos homens de todos os tempos. A Casa da Inveno. So Paulo, Siciliano, 1991, p. 139. os parnteses foram adicionados. 13. Um indivduo culto no aquele que tem apenas informaes superficiais duma rea especfica, um verniz que simula erudio, mas aquele que domina os vrios cdigos das manifestaes artsticas e sabe atribuir valores e significados mais profundos s obras de arte. Lembramos aqui que, para dominar os cdigos, no basta apenas saber o nome dos artistas, curiosidades [...]. necessrio saber interpretar a importncia da sua obra para a construo do mundo humano e analisar os significados dos valores propostos. 14. Para quem permanecia em estado irresoluto sobre a minha sapincia: beijinho na articulao complexa superior do brao. Valesca Popozuda, Pensadora Contempornea. 15. Tipos de cultura No vivemos numa sociedade homognea, o que torna difcil estabelecer uma categorizao. No podemos identificar a cultura de elite (ou erudita) como dominante e a cultura popular como inferior a esta. No existem nveis de importncia. Mesmo assim, Aranha faz a seguinte classificao: Cultura erudita Cultura popular Cultura de massa Cultura popular individualizada 16. Cultura erudita a produo elaborada, acadmica, centrada no sistema educacional, sobretudo na universidade, produzida por uma minoria de intelectuais das mais diversas especialidades. chamada erudita por exigir maior austeridade na sua elaborao e, por isso, torna-se acessvel a um pblico minoritrio. Supe-se que a maioria no est apta produo elitizada, pois exige longo preparo e o exerccio contnuo dessas obras. 17. Cultura popular Complexa, consiste na produo annima, seja do campo, do interior ou do subrbio. No sentido mais amplamente difundido, ela identificada como folclore: lendas, contos, ditos populares e a tradio transmitida oralmente. O risco desse ponto de vista est em categorizar a cultura popular como acabada, sem dinamismo e transformao, quando na verdade toda e qualquer cultura no assim. 18. H os que ignoram e desprezam tal cultura, vendo-a extravagante e manifestao do pitoresco. Ainda assim, tornam-na ajustvel para o consumo: o folclore para o turismo. Contudo, tentar preservar e estimular essa produo pode tornar a cultura popular infantil, frgil e que precisa de proteo. Isso atribui imaturidade e falta de autonomia aos seus produtores, como se precisassem ser conduzidos. 19. Cultura de massa Brota dos meios de comunicao de massa, que alcanam rapidamente um enorme nmero de pessoas de diferentes classes sociais e formaes: TV, jornal, meios eletrnicos de comunicao, etc. Impe padres e unifica o gosto por meio do poder de difuso de seus produtos. inevitvel que a nossa maneira de pensar se altere sob a influncia desses meios e muitas reas so influenciadas por eles. 20. A cultura de massa tambm procura se apropriar da cultura erudita, o que um fenmeno tpico da indstria comercial quando procura satisfazer determinados seguimentos sociais. A exemplo temos as imitaes de produtos de marca inacessveis s posses de indivduos menos favorecidos; o leitor de verses adaptadas de grandes clssicos da literatura; o ouvinte de msica popular que aprecia uma msica clssica em ritmo de dana de salo. 21. O Fortuna Carmina Burana Remix Wizzy Noise CARMINA BURANA Textos e poemas dramticos datados dos sculos XI, XII e XIII. Picantes, irreverentes e satricos, foram escritos por monges e clrigos pobres desamparados pela Igreja (goliardos). Lnguas: latim medieval, mdio-alto- alemo, francs antigo (provenal) e macarrnicas (latim vernculo, alemo ou francs). 24 poemas musicalizados por Carl Orff em 1936. 22. The Time The Black Eyed Peas Remix Muo 23. Os meios de comunicao de massa so o oposto da obra de pensamento, que a obra cultural - ela leva a pensar, a ver, a refletir. As imagens publicitrias, televisivas e outras, em seu acmulo acrtico, nos impedem de imaginar. Elas tudo convertem em entretenimento: guerras, genocdios, greves, cerimnias religiosas, catstrofes naturais e das cidades, obras de arte, obras de pensamento. (...) Cultura pensamento e reflexo. Pensar o contrrio de obedecer. A indstria cultural cria um simulacro de participao na cultura quando, por exemplo, desfigura a Sinfonia n 40 de Mozart em chorinho. Assim adulterada, no Mozart, tampouco ritmo popular. Tanto a sinfonia quanto o samba vem-se privados de sua fora prpria de bens culturais considerados em sua autonomia. Olgria Matos, A Escola de Frankfurt: luzes e sombras do Iluminismo. So Paulo, Moderna, 2006, p. 64. 24. Cultura popular individualizada aquela produzida por intelectuais que no vivem dentro da universidade (e, portanto, no produzem cultura erudita) nem so tpicos representantes da cultura popular, tampouco da cultura de massa (que resulta do trabalho de equipe): Zeca Baleiro, Caetano Veloso, Guarnieri, etc. O criador individual sofre a influncia de todas as expresses culturais. 25. Cuidar da educao popular no vulgarizar a cultura erudita tornando-a superficial e aguada, tampouco significa dirigir de forma paternalista a produo cultural popular. Com isso seria evitado o produto resultante de imitao, tpico de uma cultura envergonhada de si mesma. 26. Pluralidade cultural errneo compreender a prpria cultura como a correta, considerando esdrxula as demais. Aceitar as diferenas entre culturas importante para evitar o etnocentrismo, o julgamento de outros padres a partir de valores de seu prprio meio. Esse comportamento geralmente leva a xenofobia. s vezes busca-se unificar as culturas sem respeitar as diferenas, como ocorre nos processos que tm em vista a assimilao do diferente por incutir a cultura dominante como fizeram os jesutas durante a colonizao. Hoje, o que deve dirigir o convvio com as diferenas o respeito pluralidade das tradies culturais. 27. Cultura, direitos humanos e globalizao Desde 1948 a Declarao Universal dos Direitos Humanos garante que todo homem tem direito a usufruir das manifestaes culturais da comunidade, bem como a proteo de qualquer produo que seja autor. (Art. 27, I, II) Desde ento muitos tm sido os debates em defesa desses direitos, incluindo o de acesso igualitrio educao. O consumismo cultural tornou-se mais complexo com o processo acelerado da globalizao. Se a globalizao acontecesse de igual para igual entre as culturas dos povos, haveria predominncia positiva da divulgao da diversidade. Mas as relaes entre os pases so marcadas pelas hegemonias de alguns principalmente norte-americana , o que leva predominncia de algumas culturas sobre outras as perifricas. E as expresses culturais que permanecem muitas vezes se desestruturam para uso turstico. 28. Educao e Cultura O aperfeioamento das atividades humanas s possvel pela transmisso dos conhecimento adquiridos de uma gerao para outra, por meio da educao. A educao , portanto, fundamental para a socializao e a humanizao, com vistas autonomia e emancipao. Trata-se de um processo que dir a vida toda e no se restringe mera continuidade da tradio, pois supe a possibilidade de rupturas, pelas quais a cultura se renova e o ser humano faz a histria. 29. Lus Milanesi caracteriza um centro cultural como o resultado da conjugao de trs verbos: Informar Discutir Criar Assim: Informa-se, discute-se a informao e assim cria-se a cultura. 30. O que vale, afinal, conceber a cultura como manifestao plural, um processo dinmico, e a educao como o momento em que a herana e renovao se completam, a fim de criar o espao possvel de exerccio da liberdade. M. Lcia de Arruda Aranha. 31. Faculdade Frassinetti do Recife FAFIRE Licenciatura em Letras (Portugus/Ingls), 1 Perodo 2014.1 Fundamentos Filosficos da Educao Prof. Ms. Fbio Medeiros Wendell Batista dos Santos [email protected] http://wendellbatista.blogspot.com Dhyanna Lays Ramos Neves [email protected] Recife, 22 de maio de 2014