cultura

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UBERLÂNDIA ACONTECE AQUI • QUINTA-FEIRA • 9 DE JULHO DE 2009 Com uma câmera na mão, paisagem escolhida a dedo e fer- ramentas de manipulação do Photoshop (programa de edição gráfica), três amigas de Uberlândia dividem uma paixão e se aventu- ram pela arte de fotografar. Por meio das fotos, Lívia Fernandes (23 anos), Larissa Lali (22) e Nika Fadul (19) criam mundos encan- tados e, com a ajuda da internet (www.atelliefotografia.com.br), começam a divulgar o resultado dos trabalhos e a conquistar espa- ço para se expressarem. No universo idealizado por elas, a Cinderela escraviza o prín- FOTOGRAFIA Como reunir o real, boas ideias e o imaginário Três jovens usam programas de edição no computador para fazer arte em foto LYGIA CALIL [REPÓRTER] [email protected] cipe e ele é obrigado a passar aspirador no castelo, a Branca de Neve gosta de pegar uma cor na piscina e o patinho feio é um peixe fora d’água. Todas as fotos são retratos conceituais, que contam histórias fantásticas e inusitadas. O ponto de partida, normalmente, é uma música. “A foto pode ser linda, colorida, mas se não tiver este algo mais, para mim é morta. Gosto de dar vida às imagens, torná-las únicas”, afirmou Lívia Fernandes. Entre os cenários escolhidos para as sessões, elas destacam uma estrada deserta, uma rua movimentada, um parque de diver- sões, uma cachoeira, uma estação de trem e outras paisagens oníri- cas, que se transformam com os cliques pós-produção. “Gostamos de campos abertos, castelos, princesas, fantasias e outras lou- curas. Nas fotos, sempre existe um elemento que se pode acrescen- tar. É o jeito que nós vemos o mundo”, disse Nika Fadul. A parceria começou na rede mundial de computadores pelo site de relacionamento e fotografia Flickr (www.flickr.com). Cada uma tinha o seu perfil, onde expunha suas fotos e, entre os amigos dos amigos, encontraram-se e desco- briram que eram da mesma cida- de. “Conhecemos muita gente que tem mais ou menos o mesmo es- tilo, mas a maioria é de fora do Brasil. Quando nos achamos aqui em Uberlândia, tínhamos de nos encontrar e fazer fotos juntas”, afirmou Fadul. PLANOS A fotografia ainda é um hobby para as jovens Apesar de recente, já que a primeira sessão foi em se- tembro do ano passado, a parceria já rendeu duas expo- sições na cidade, no restau- rante D’Gust e no colégio Nacional, além de uma mostra virtual. Elas compartilham ideias, conceitos e composi- ções, mas cada uma tem seu estilo. “A Lali gosta de tons mais fortes e escuros, a Nika é mais colorida e eu gosto de texturas e fantasias. São ca- racterísticas que se comple- mentam”, afirmou Lívia Fer- nandes. A fotografia ainda é hobby na vida do trio, que continua sendo de uma publicitária (Lali, que se mudou recente- mente para Inglaterra), uma professora de inglês (Lívia Fernandes) e uma estudante de engenharia biomédica (Nika Fadul). Ainda assim, a arte toma proporção cada vez maior na vida das garotas. “Não passo um dia sem editar uma foto. É uma necessidade. Além disso, a minha maior diversão é sair e fazer as ses- sões. Acho que é o único programa que a gente pensa para os momentos livres”, disseram Lívia e Nika. Para conhecer os trabalhos, acesse www.atelliefotografia.com.br. SERVIÇO GERAIS O trânsito de SP vira livro dentro de caixinha AGÊNCIA ESTADO [SÃO PAULO] Com uma caixinha de fósforos de onde saíam pequenas histórias, Samir Mesquita caiu nas graças do público como autor de microcontos e passou a marca de 5 mil exem- plares de “Dois Palitos”, sua estreia como escritor. Agora, o publicitário de 26 anos quer mais: “18:30”, em menção ao horário de rush nas ruas de São Paulo, está em fase final de produção e repete a fórmula do sucesso: pequenos contos dentro de uma caixinha.”A ideia agora é transformar um problema macro em micro”, disse Mesquita, sobre as histórias que falam do trânsito na cidade grande. “É um livro de 12 x 10 cm, que se abre como um mapa de trânsito. No trajeto, cada carrinho leva um texto.” O escritor conta que tirou a inspiração dos faróis fecha- dos. “Fico em média três horas di- árias preso no carro e, neste tempo, comecei a descobrir tantos perso- nagens. Uma criança fazendo care- ta, um cara curtindo rock no último volume, uma menina linda aos prantos, com a maquiagem borra- da... A gente perde tanto tempo no trânsito que a nossa individualidade acaba se resumindo a ele.” O autor esclarece que não tem a pretensão de parecer intelectual - quer só di- vertir. “É claro que não é um livro para se levar a sério, é um objeto de entretenimento.” FOTOS REPRODUÇÃO TRÊS AMIGAS de Uberlândia, que se conheceram pela rede mundial de computadores, se uniram para um trabalho inspirado por música NIKA é quem mais gosta de usar cores em suas composições LÍVIA aposta nos trabalhos com mais texturas e fantasias LALI adora de tons mais fortes e escuros para trabalhar suas fotos PIANISTA ARACELI CHACON SE APRESENTA HOJE NO TEATRO RONDON PACHECO PÁGINA C6 O COLUNISTA VITOR HUGO FALA UM POUCO SOBRE A GAFIEIRA PÁGINA C2 ENTA HOJE NO ONDON PACHECO

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Reportagens produzidas para a editoria de Cultura.

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U B E R L Â N D I A A C O N T E C E A Q U I • Q U I N T A - F E I R A • 9 D E J U L H O D E 2 0 0 9

Com uma câmera na mão, paisagem escolhida a dedo e fer-ramentas de manipulação do Photoshop (programa de edição gráfi ca), três amigas de Uberlândia dividem uma paixão e se aventu-ram pela arte de fotografar. Por meio das fotos, Lívia Fernandes (23 anos), Larissa Lali (22) e Nika Fadul (19) criam mundos encan-tados e, com a ajuda da internet (www.atelliefotografia.com.br), começam a divulgar o resultado dos trabalhos e a conquistar espa-ço para se expressarem.

No universo idealizado por elas, a Cinderela escraviza o prín-

FOTOGRAFIA

Como reuniro real, boasideias e oimaginárioTrês jovens usamprogramas de ediçãono computador parafazer arte em fotoLYGIA CALIL [REPÓRTER][email protected]

cipe e ele é obrigado a passar aspirador no castelo, a Branca de Neve gosta de pegar uma cor na piscina e o patinho feio é um peixe fora d’água. Todas as fotos são retratos conceituais, que contam histórias fantásticas e inusitadas. O ponto de partida, normalmente, é uma música. “A foto pode ser linda, colorida, mas se não tiver este algo mais, para mim é morta. Gosto de dar vida às imagens, torná-las únicas”, afirmou Lívia Fernandes.

Entre os cenários escolhidos para as sessões, elas destacam uma estrada deserta, uma rua movimentada, um parque de diver-sões, uma cachoeira, uma estação de trem e outras paisagens oníri-cas, que se transformam com os cliques pós-produção. “Gostamos de campos abertos, castelos, princesas, fantasias e outras lou-curas. Nas fotos, sempre existe um elemento que se pode acrescen-tar. É o jeito que nós vemos o mundo”, disse Nika Fadul.

A parceria começou na rede mundial de computadores pelo site de relacionamento e fotografi a Flickr (www.fl ickr.com). Cada uma tinha o seu perfi l, onde expunha suas fotos e, entre os amigos dos amigos, encontraram-se e desco-briram que eram da mesma cida-de. “Conhecemos muita gente que tem mais ou menos o mesmo es-tilo, mas a maioria é de fora do Brasil. Quando nos achamos aqui em Uberlândia, tínhamos de nos encontrar e fazer fotos juntas”, afi rmou Fadul.

PLANOS

A fotografi a ainda é um hobby para as jovensApesar de recente, já que

a primeira sessão foi em se-tembro do ano passado, a parceria já rendeu duas expo-sições na cidade, no restau-rante D’Gust e no colégio Nacional, além de uma mostra virtual. Elas compartilham ideias, conceitos e composi-ções, mas cada uma tem seu estilo. “A Lali gosta de tons mais fortes e escuros, a Nika

é mais colorida e eu gosto de texturas e fantasias. São ca-racterísticas que se comple-mentam”, afi rmou Lívia Fer-nandes.

A fotografi a ainda é hobby na vida do trio, que continua sendo de uma publicitária (Lali, que se mudou recente-mente para Inglaterra), uma professora de inglês (Lívia Fernandes) e uma estudante

de engenharia biomédica (Nika Fadul). Ainda assim, a arte toma proporção cada vez maior na vida das garotas. “Não passo um dia sem editar uma foto. É uma necessidade. Além disso, a minha maior diversão é sair e fazer as ses-sões. Acho que é o único programa que a gente pensa para os momentos livres”, disseram Lívia e Nika. Para conhecer os trabalhos, acesse

www.atelliefotografi a.com.br.

SERVIÇO

GERAIS

O trânsito de SP vira livro dentro de caixinha

AGÊNCIA ESTADO [SÃO PAULO]

! Com uma caixinha de fósforos de onde saíam pequenas histórias, Samir Mesquita caiu nas graças do público como autor de microcontos e passou a marca de 5 mil exem-plares de “Dois Palitos”, sua estreia como escritor. Agora, o publicitário de 26 anos quer mais: “18:30”, em menção ao horário de rush nas ruas de São Paulo, está em fase fi nal de produção e repete a fórmula do sucesso: pequenos contos dentro de uma caixinha.”A ideia agora é transformar um problema macro em micro”, disse Mesquita, sobre as

histórias que falam do trânsito na cidade grande. “É um livro de 12 x 10 cm, que se abre como um mapa de trânsito. No trajeto, cada carrinho leva um texto.” O escritor conta que tirou a inspiração dos faróis fecha-dos. “Fico em média três horas di-árias preso no carro e, neste tempo, comecei a descobrir tantos perso-nagens. Uma criança fazendo care-ta, um cara curtindo rock no último volume, uma menina linda aos prantos, com a maquiagem borra-da... A gente perde tanto tempo no trânsito que a nossa individualidade acaba se resumindo a ele.” O autor esclarece que não tem a pretensão de parecer intelectual - quer só di-vertir. “É claro que não é um livro para se levar a sério, é um objeto de entretenimento.”

FOTOS REPRODUÇÃO

TRÊS AMIGAS de Uberlândia, que se conheceram pela rede mundial de computadores, se uniram para um trabalho inspirado por música

NIKA é quem mais gosta de usar cores em suas composições LÍVIA aposta nos trabalhos com mais texturas e fantasias LALI adora de tons mais fortes e escuros para trabalhar suas fotos

PIANISTA ARACELI CHACONSE APRESENTA HOJE NOTEATRO RONDON PACHECOPÁGINA C6

O COLUNISTA VITORHUGO FALA UM POUCO

SOBRE A GAFIEIRAPÁGINA C2

ENTA HOJE NOONDON PACHECO

U B E R L Â N D I A A C O N T E C E A Q U I • S E X T A - F E I R A • 2 7 D E M A R Ç O D E 2 0 0 9

DRAMA ÉPICO

A difícil arte de se relacionarDia Internacionaldo Teatro com Cia.Luna Lunera em“Aqueles dois”LYGIA CALIL [REPÓRTER][email protected]

RAUL E SAUL se conhecem no ambiente hostil de uma repartição pública e suas afi nidades se tornam motivos de comentários

GUTO MUNIZ/DIVULGAÇÃO

“Num deserto de almas tam-bém desertas, uma alma especial reconhece de imediato a outra.” A frase, do escritor e jornalista gaúcho Caio Fernando Abreu, faz parte do conto “Aqueles dois”. Ela é o mote do espetáculo homôni-mo à obra, que será apresentado pela Cia. Luna Lunera neste fi m de semana em Uberlândia. O grupo de Belo Horizonte sobe ao palco da Escola Livre do Grupon-tapé hoje, amanhã e domingo, sempre às 20h, em comemora-ção ao Dia Internacional do Tea-tro. A peça é indicada para maiores de 16 anos.

“Aqueles dois” conta a histó-ria de Raul e Saul, dois novatos inseridos no ambiente hostil de uma repartição pública em São Paulo. Em meio a um trabalho burocrático e repetitivo, eles descobrem afi nidades, se aproxi-

mam na hora do café e constroem laços de cumplicidade diante da garrafa térmica. A intimidade e o afeto entre os dois, de imediato, geram um incômodo nos colegas de repartição, de comportamento burocrata e medíocre, afundados no trabalho.

A trama se desenvolve a partir das suspeitas e hipóteses dos colegas, desconfiados de um possível, mas não explícito, rela-cionamento homossexual entre Raul e Saul. Carregados de pre-conceito, acompanhados de apelidos e fofocas, os outros tentam reprimir a aproximação dos protagonistas.

Enquanto isso, os amigos não se dão conta do que está aconte-cendo. “Eles estão preocupados com outras coisas, com o univer-so deles, com as afi nidades de-les. Só vão perceber quando as consequências começam a apa-recer”, disse um dos diretores da peça, Zé Walter Albinati.

Em cena, os atores e codire-tores Cláudio Dias, Marcelo Souza e Silva, Odilon Esteves e Rômulo Braga se revezam nos papéis de Raul, Saul e colegas. A estrutura textual é permeada por diálogos e narrativas e contém elementos

dos gêneros dramático e épico. “Não é uma história trágica, há o

bom humor pontual e bem colo-cado entre os dramas”, afi rmou

Albinati. O cenário reproduz a inóspita repartição, com caixas de

madeira, cadeiras, máquinas de escrever e telefone.

O quê: espetáculo “Aqueles Dois”Quem: Cia. Luna Lunera, de Belo HorizonteOnde: Escola Livre do Grupontapé - rua Tupaciguara, 471, bairro Aparecida. Informações: 3231-2412Quando: dias 27, 28 e 29, sempre às 20hQuanto: R$ 12 R$ 6 (meia-entrada)Indicação: maiores de 16 anos

SERVIÇO

CORREIO DE UBERLÂNDIA

FICHA TÉCNICA

Concepção: Cia. Luna LuneraTexto: Caio Fernando AbreuDiretores/Criadores: Cláudio Dias, Marcelo Souza e Silva, Odilon Esteves, Rômulo Braga e Zé Walter AlbinatiElenco: Cláudio Dias, Marcelo Souza e Silva, Odilon Esteves e Rômulo Braga

ADAPTAÇÃO

Caio Fernando Abreu: a grande inspiraçãoPor ser baseado no conto

“Aqueles dois”, cartas e outras obras afi ns de Caio Fernando Abreu, o texto traz elementos autobiográfi cos do autor, como músicas importantes para sua formação. No espetáculo, estas músicas são um dos elos mais forte entre Raul e Saul. Segun-do Albinati, o bolero “El día que me quieras”, de Carlos Gardel, é o mais representativo. Na trilha também surgem artistas da música popular brasileira, como Cazuza e Ângela Rô Rô.

O processo de adaptação da obra para um texto dramáti-co envolveu uma experiência inédita para o grupo. Os quatro atores e o diretor Zé Walter Albi-nati imergiram na obra de Caio Fernando de Abreu e retiraram do conjunto o material para a concepção da peça. Cada um desenvolveu seu texto e dirigiu os ensaios por uma semana.

“Os textos ficaram muito diferentes, mas, de alguma maneira, são complementares. Como não chegamos a um

consenso, cada ator interpreta segundo sua visão. Claro que tomamos o cuidado de dar um acabamento aos fragmentos, de maneira que chegássemos a uma unidade na obra. Na in-terpretação, o nosso intuito foi apresentar uma peça ensaiada, mas que mantivesse o frescor da improvisação”, afirmou o ator Odilon Esteves, que ganhou repercussão nacional ao viver o travesti Cíntia, da minissérie global “Queridos amigos”, de Maria Adelaide Amaral.

BATE-PAPO

Grupo participará de debate em Uberlândia“Aqueles dois” recebeu três

indicações ao Prêmio Shell 2009 — melhor direção, melhor cenário e melhor iluminação. Em 2008, foi escolhido como o

melhor espetáculo e melhor di-reção pelos prêmios Sesc-Sated e Usiminas-Sinparc. O grupo foi formado, em 2001, por atores egressos da escola de teatro do

Palácio das Artes, em Belo Ho-rizonte. No sábado, eles partici-pam de um bate-papo com o público, às 16h, na Escola Livre do Grupontapé.

Anjos da Alegria seapresentam no Canaã

GERAIS

! O Dia Internacional do Teatro também será comemorado com alunos da Escola Municipal Josiany França, no bairro Canaã, em Uber-lândia. Às 10h, os Anjos da Alegria

apresentam o espetáculo de circo e teatro “Os Reprisantes”. A peça, é a junção de várias cenas de palhaços tradicionais, que passaram as gera-ções por meio da tradição oral. Em cena, os palhaços Ximbica (Rose Battistella), Pierre (Marcelo Briotto), Tuiky (Emilliano Freitas) Tydes (Gui-lherme Almeida), Soninha (Camila

Delfino) e Xuruca (Kate Costa), apresentam as esquetes clássicas de circo, como “Abelha, abelhinha”, “Ai minha mãe”, “O Telepata” , “O Pato” e “O salto mortal”. Desde 2000, os Anjos da Alegria trabalham com a arte do palhaço em locais como Hospital do Câncer, Asilo São Vicente e no Hospital de Clínicas.

ROGÉRIO CUNHA EAS NOVIDADES DENOSSA SOCIEDADE

PÁGINA C3

SAIBA QUAL É O MAIS NOVO PROJETODE LÁZARO RAMOSPÁGINA C2

SAIBA QUAMAIS NOVDE LÁZAROPÁGINA C2

CORREIO DE UBERLÂNDIA | TERÇA-FEIRA, 9/6/2009B6 | ESPECIAL

SELEÇÃO

Pesquisa foi bem apuradaNa obra organizada pelo pro-

fessor Emerson Tin, as cartas mais recentes predominaram sobre as mais antigas — a maior parte da coletânea se concentra nos últimos três séculos. Ao visar à diversidade dos conteúdos, fo-ram selecionadas não só cartas de autores brasileiros ou portu-gueses, mas também cartas ori-ginalmente escritas em latim, francês, inglês, entre outros idio-mas.

A principal difi culdade para a elaboração do livro, segundo o

organizador, foi localizar os origi-nais para que fossem feitas as traduções das cartas. “Lancei mão da internet e contei com o auxílio da editora, do corpo de tradutores, todos elementos fun-damentais para que a antologia se concretizasse”, disse o organi-zador.

Para que o leitor seja contex-tualizado acerca do autor, da re-lação amorosa e da época em que a carta foi escrita, há notas que esclarecem nomes e circuns-tâncias citados.

VIDA EXPOSTA

Cartas revelam lado humano de celebridadesComo se portavam, na inti-

midade, tantas personalida-des? Nas cartas, é possível vislumbrar outros aspectos da vida de escritores, músicos, fi -lósofos e políticos que desmis-tifi cam parte da imagem criada ao longo do tempo. Com suas amantes, namoradas, noivas e mulheres, eles se permitiam a ousadia, mais ou menos, explí-cita. No livro, há pérolas, como D. Pedro I assinando “Demo-não”, Maiakóvski, “Cachorri-

nho”, e Machado de Assis, “Machadinho”.

Segundo Emerson Tin, te-mos a tendência de desumani-zar as grandes personalidades, das quais fi xamos somente as grandes obras e realizações. “Ao lermos as cartas de amor, deparamo-nos com os seres humanos que, obviamente, eles foram. Isso faz com que, de algum modo, nós, pessoas comuns que somos, nos apro-ximemos deles.”

LANÇAMENTO

Romances com tempero de letrasLivro revela aintimidade amorosade grandes nomes aolongo dos séculosLYGIA CALIL [REPÓRTER][email protected]

OBRA foi recolhida do acervo de vários ilustres de épocas diversas

FOTOS DIVULGAÇÃO

CONHECENDO PESSOAS

Sobriedade deve ser o lema do internauta

“Meu bebê, meu bebezinho querido.” Qualquer pessoa sem talento literário, em qualquer tempo, poderia começar uma carta de amor desta maneira. Mas é possível imaginar uma corres-pondência assinada pelo imortal poeta português Fernando Pes-soa, em 1920, com um início simples assim? Talvez por isso ele tenha escrito, sob o heterônimo Álvaro de Campos, quinze anos depois, que “todas as cartas de amor são ridículas”. O livro “Para Sempre”, recém-lançado pela editora Globo, reúne 50 cartas do gênero escritas por 24 personali-dades ao longo da História, entre elas o próprio Pessoa. Em meio a apelidos carinhosos, sentimenta-lismos e humor, é possível conhe-cer outra face de personagens históricos importantes. O lado apaixonado.

Na obra, estão presentes fi gu-ras como o fi lósofo romano Cíce-ro (106 a.C. - 43 a.C, o mais an-tigo da coletânea), o rei da Ingla-terra Henrique VII (1491-1547), o iluminista Voltaire (1694-1778), o imperador do Brasil D. Pedro I (1798-1834), o compositor Cho-pin (1810-1849) e o escritor Franz Kafka (1883-1924). O que teriam eles, Fernando Pessoa e os outros 17 autores em comum, apesar de terem vivido em épocas e lugares diferentes e terem exercido pro-fi ssões distintas? Todos viveram uma paixão a distância e tenta-vam, por meio de cartas intensas e apaixonadas, abrandar um pouco da saudade que sentiam de seus pares. É dessa saudade que o livro trata em suas 165 páginas.

Segundo o organizador do volume, doutor em teoria e his-tória literária pela Universidade Estadual de Campinas (Uni-camp) e professor da Faculdade de Campinas (Facamp) Emerson Tin, a essência das cartas de amor é a distância entre as pessoas que se amam. Hoje, de acordo com ele, o gênero está ameaçado de extinção (se já não estiver extinto) em função dos novos meios de comunicação. Por “novos” entenda-se até o telefone, que aproximou as pes-soas e sepultou o velho hábito

de mandar notícias e declara-ções de amor valendo-se de papel, tinta, envelope e um sis-tema de postagem que difi cil-mente trabalhava com agilidade.

Modernidade e extinçãoSe em tempos de e-mail,

Orkut e Twitter as cartas já são artigos raros, na avaliação de Tin, continuamos todos tão românti-cos quanto os autores seleciona-dos. “Acredito que a postura apaixonada dos autores seja uma característica presente em todos

nós, em menor ou maior grau. Ainda há tempo e espaço para que todos nós sejamos como eles. Talvez o que tenha mudado seja o meio de expressar esses sentimentos e o tempo que dedi-camos a ele. Talvez seja necessá-rio rever o tempo que dedicamos a isso”, afi rmou.

E quem nunca viveu uma paixão? No mesmo poema em que ridiculariza as cartas de amor, Fernando Pessoa afi rma que ridí-culas, mesmo, são as pessoas que nunca as escreveram.

EMERSON TIN, organizador

Desde que comprou o seu primeiro computador, em 1997, a analista de RH Ma-riana Torido, 27, tem por há-bito estabelecer novas ami-zades e eventuais relaciona-mentos a partir da internet. Graças às ondas virtuais, ela, por exemplo, alavancou dois namoros, cujos desfechos desencadearam boas amiza-des e atualmente engata o terceiro relacionamento com origem no plano virtual.

No começo, Mariana fre-quentava as salas de bate-papo, frequência extirpada a partir da popularização do MSN (espaço virtual para troca de mensagens instan-tâneas). Nessa época, ela fazia uso também do ICQ (uma espécie de MSN primi-tivo). Ela conta que, em 2005, manteve um relacio-namento virtual (os nomes, por questão de privacidade, prefere manter no anonima-to) por três meses e, após esse período, avançou o ní-vel da amizade para o telefo-ne, aguardando mais um tempo para um primeiro en-contro. Ficaram juntos por um ano e meio. Até hoje, como ela relata, mantém um bom relacionamento com ele e a família, dos quais perma-neceu amiga. “Nunca me

aconteceu nada de ruim. Todos os contatos evoluíram, resultando em boas amiza-des e, até agora, foram rela-cionamentos que valeram a pena”, disse Mariana.

O segundo relacionamen-to oriundo da internet Maria-na encontrou na rede de re-lacionamentos Orkut, na pá-gina de uma amigo em co-mum. Ao perceber que ela o tinha visitado na internet, o rapaz entrou em contato. Trocaram endereços eletrôni-cos do MSN e passaram a se teclar quase diariamente.

Quase um mês depois, ele veio de Uberaba para conhecê-la. Foi o início de outro romance, dessa vez meio relâmpago. Por estarem em cidades diferentes, resol-veram romper o namoro. “Nós brincávamos que o bolinho de casamento seria nós dois perto dos computa-dores”, disse a analista. “Setenta por cento dos rela-cionamentos são provenien-tes da internet. O importante é saber fi ltrar. Não é diferen-te do mundo real, onde tam-bém temos de fi ltrar os rela-cionamentos. Na verdade, no mundo real é o contrário: as pessoas vão para a balada e ‘fi cam’ antes de se conhece-rem”, disse.

Foi no tédio de um domin-go à noite, em dezembro do ano passado, que Mariana resolveu, depois de muito tempo, entrar novamente em uma sala de bate-papo. Ali encontrou o atual namorado, que conheceu pessoalmente meses depois, em fevereiro.

Em princípio, ela achou que não tinham nada a ver um com o outro. “Se fosse em uma balada ou em um shop-ping, esse era o tipo do cara para quem eu não olharia. E a recíproca é verdadeira. Eu também não sou o tipo dele”, disse Mariana.

Mas a intimidade já esta-va instalada em nível virtual e o fato de serem opostos já não tinha muita importância. O relacionamento, embora ainda não ofi cial, está evoluin-do, segundo a analista. “Vai

render bons frutos. Como os anteriores, que não deram certo não por terem origem no plano virtual, mas porque, como no mundo real, as coi-sas acabam mesmo. Perma-nece a amizade”, afi rmou.

Mariana insiste em não diferenciar muito o plano virtual do real. Para ela, as regras de convivência são as mesmas. “Se a máscara tiver que cair, ela vai cair de qual-quer forma, na internet ou no mundo real”, disse. “Aliás, as máscaras demoram a cair mais no plano real do que no virtual”, afi rmou, acrescen-tando que “não transformar o mundo virtual em fantasia depende unicamente do usuário da internet. Relacio-namentos afetivos são com-plicados em qualquer am-biente”.

HOJE EM DIA

O relacionamento atual

MARIANA, critérios são os mesmos na net e no mundo real

CGC

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ATORES GARANTEMBOAS RISADASEM “SETE PECADOS”PÁGINA C2

LUIZ MELODIAPÕE NA PRAÇACD DE SAMBAPÁGINA C6

O término de um relaciona-mento pode ser o fim do mundopara quem é abandonado, maspode tornar-se uma comédiatambém. Pelo menos foi o queaconteceu com o ator GetúlioGóis, que tirou proveito da fa-mosa dor-de-cotovelo. A fossarendeu-lhe uma peça de teatro,o solo “Cômoda”, que ele apre-senta na sede da Escola Livre doGrupontapé de Teatro, amanhãe domingo, sempre às 20h. Oespetáculo encerra o Festival daAssociação de Teatro de Uber-lândia.

Em cena, o abandonado (tãoabandonado que nem nome tem)e uma cômoda cheia de objetosque o remetem à pessoa amada– que, é claro, passa a ser odia-da. “São coisas que, ao longo decinco gavetas, vão avivando amemória dele. Enquanto isso, elemergulha cada vez mais fundonuma loucura, histeria e dramaque beira o pastelão”, explica oator. Para criar o clima cômico edramático, uma seleção de mú-sicas escolhidas a dedo: SidneyMagal, Vicente Celestino, Menu-dos e o mineiro Vander Lee.

A premissa do espetáculo éidentificação direta do públicocom o tema. Afinal, quem nun-ca sofreu por um amor que aca-bou? “Em certos momentos vai

A dor do amor entra em cenaDor-de-cotovelo éencenada em maisum espetáculo doFestival da ATULYGIA CALIL*[email protected]

existir uma certa estranheza porparte do público, porque algu-mas coisas foram exageradasmesmo. Mas é essa a idéia, por-que a partir disso podemos verum nível mais profundo na peça:ela pode estimular no especta-dor uma reflexão acerca tantodos dramas que vivemos, quan-to da própria linguagem do tea-tro”, adianta o ator.

A peça foi construída a par-tir do argumento de Getúlio, de-senvolvido em improvisações ecenas pelo grupo e, no final, ar-rematado pelo diretor SamuelGiacomelli, que assina o textofinal. “No começo, nos reunía-mos na cozinha da minha casapara conversar sobre a propos-ta e organizar as primeiras idéi-as. Nesses encontros, o Getúliofalava sobre o momento queestava passando, a separaçãoe o que estava sentindo. Foi daíque saiu a matéria bruta para acriação”, relembra o diretor. “Aminha individualidade tambémestá presente no texto. É impor-tante salientar que o espetácu-lo não conta a história da sepa-ração do Getúlio, mas sim a dequalquer pessoa no mundo”,completou.

O grupo de teatro Bando Gri-to é formado por seis atores epesquisadores, todos alunos docurso de teatro da UFU. Muitoda criação do solo é resultadoda pesquisa cênica desenvolvi-da por eles em conjunto. Dentrodo espetáculo, cada membrotem uma atuação específica:Samuel Giacomelli dirige, Getú-lio Góis atua, Angelita Franklin éresponsável pela coreografia edireção corporal, Ronan Vaz as-

sina a concepção da luz e Gui-lherme Calegari, o cenário e so-noplastia.

FormatoO solo não pode ser consi-

derado um monólogo. “A diferen-ça básica é que o monólogo écentrado no texto, é essencial-mente o que está escrito, apre-sentado pelo ator. Já no teatrocontemporâneo, o solo é base-ado na encenação, está emconstante transformação”, con-ta Getúlio. No solo é possível darmovimento e dinâmica à cena,intercalar narrações e jogos cê-nicos. O ator tem mais liberda-de do que nos engessados mo-nólogos. “No nosso espetáculoa cena está em primeiro plano.O texto vem em decorrênciadela”, explica Samuel, o diretor.

Para Getúlio Góis, o mais di-fícil para o ator ao apresentarum solo é conseguir manter oritmo. Estar em cena o tempotodo é cansativo. “Tivemos queencontrar momentos dentro dotexto para eu dar uma respira-da, é muito puxado”, revela.“Acho que este será o meu pri-meiro e último solo. Dá muitotrabalho”, declara.

Já Samuel Giacomelli salien-ta que é necessária uma sinto-nia maior entre o diretor e atorneste formato, mas que isso nãofoi um problema dentro da “Cô-moda”. “Essa sintonia se deu naprópria configuração do grupo.Nos encontramos exatamentepor existir uma grande afinida-de de idéias”, revela.

*Programa de Aprimoramento Profis-sional

ANTITABAGISMO

Disney proíbe referênciasao fumo em seus filmes

A Walt Disney Co. tornou-se,essa semana, o primeiro grandeestúdio de Hollywood a proibirquaisquer referências ao fumo,dizendo que não vai permitir essetipo de imagem nos filmes daDisney voltados para a família eque irá “desencorajar” essa prá-tica em filmes distribuídos porseus selos Touchstone e Miramax.

O executivo-chefe da Disney,Robert Iger, disse ainda em umacarta ao congressista republica-no Edward Markey, cujo comitêrealizou no mês passado audi-ências sobre os efeitos das ima-gens em filmes sobre as crian-ças, que o estúdio irá colocaranúncios antitabagismo nosDVDs de todos os filmes futurosque mostrem pessoas fumando.

Ele declarou que a empresairá incentivar os donos de cine-ma a exibir anúncios antitaba-gismo (PSAs na sigla em inglês)antes desses filmes.

Iger alertou, entretanto, que“o fumo de cigarro é um proble-ma isolado e essa iniciativa dosanúncios não abre precedentepara nenhuma outra questão”.

O deputado Markey descre-veu o comprometimento da Dis-ney como “pioneiro” e instououtros estúdios a seguir oexemplo.

CRUELA A malvada de “101 Dálmatas”, um dos filmes da Disney

Cheryl Healton, médico e pre-sidente da Fundação LegadoAmericano (ALF) parabenizou aDisney pelo gesto, mas disse queo estúdio deixou “uma certaambiguidade a respeito do queirá acontecer em relação à Tou-chstone e à Miramax”.

Pesquisas citadas pela ALF,uma organização beneficentecriada depois de um litígio his-tórico entre a indústria do taba-co e a Procuradoria-Geral dosEUA, mostram que 90 por centodos filmes contêm cenas de fumoe que as crianças mais expos-tas ao fumo nos filmes têm uma

probabilidade até três vezesmaior de começar a fumar.

O fumo é apresentado em trêsquartos dos filmes nas categori-as G (livre), PG (recomendado paracrianças com reservas) e PG-13 (re-comendado para crianças de 13anos ou mais), e em 90 por centodos filmes da categoria R (adul-tos), demonstraram os estudos.

A produtora independenteWeinstein Co. já exibe os anún-cios antitabagismo produzidospela American Legacy Foundati-on antes de seus filmes quemostram cenas de fumo, disseHealton.

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LIVRO

Magia de Harry Potter nãosegura os piratas chineses

Cópias pirateadas em lín-gua inglesa de Harry Potter eas Relíquias da Morte (HarryPotter and the Deathly Hallows),o mais recente e último livro dasérie de J.K . Rowling, aparece-ram nas ruas de Pequim, com-provando a capacidade dospiratas locais de produzir cópi-as de qualquer obra de entre-tenimento muito procurada,num piscar de olhos.

“O livro está vendendo mui-to bem, especialmente junto aestrangeiros”, disse um came-lô perto da feira de Xiushui, ou“rua da seda.”

“Você quer este também?”,pergunta ele, oferecendo supos-tas cópias em DVD de HarryPotter e a Ordem da Fênix, oúltimo filme da série a sair noscinemas.

A cópia em capa mole dolivro de Rowling custa 40 yuans(US$ 5,30), preço que cai para30 quando se pechincha. Umacópia legítima custa 210 yuansnas livrarias locais, pela versãobritânica, ou 218 no caso daversão americana.

A China vem prometendoerradicar a pirataria, que pre-judica suas relações comerci-ais com os EUA e a Europa. Masas pilhas de Harry Potter recém-

impressos mostram quão lon-ge Pequim ainda está de cum-prir essa promessa.

O camelô disse que a mai-oria dos compradores do livropirata é formada por ociden-tais. “Os chineses vão esperara chegada da versão em chi-nês. Ela não vai demorar”, dis-se ele.

A tradução chinesa do últi-mo livro de Rowling está pre-vista para sair em outubro.

Mas, apesar dos livros da

saga Harry Potter terem chega-do a cerca de 200 países, ven-dido milhões de exemplares eos filmes rendido US$ 3,6 bi-lhões (R$ 7,2 bilhões) em todoo mundo, esses números gigan-tescos não significam que atrásde Harry Potter há um pote deouro. O número surpreendentede empresas que corre atrásdesse pote, segundo a Busi-ness Week, publicação especi-alizada em economia, não sedá tão bem assim.

HARRY POTTER Livro sobre bruxinho é pirateado na China

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GETÚLIO GÓIS conta no teatro em tom de comédia o drama do amor não correspondido

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U B E R L Â N D I A A C O N T E C E A Q U I • T E R Ç A - F E I R A • 2 0 D E M A R Ç O D E 2 0 0 7

UBERLANDENSE LANÇA“O SAMURAI”, UMLIVRO DE AUTO-AJUDAPÁGINA C4

MEL LISBOA ESTÁEM CARTAZ EMSONHOS E DESEJOSPÁGINA C2

“SALÁRIO DOS POETAS”

LYGIA CALIL*[email protected]

Peça explora o abuso de poderObra baseada no livro de Dicke retrata a força do autoritarismo e do dinheiro

ATUAÇÃO

Que mal os poderes políticoe econômico são capazes de fa-zer a quem os detém? O mato-grossense Rodrigo Guilherme Di-cke procura fazer essa reflexãoem um livro de mais de 500 pá-ginas, “Salário dos poetas”, obraque deu origem à peça de tea-tro homônima, que será encena-da hoje, às 20h30, na EscolaLivre do Grupontapé pela CiaD’Artes do Brasil. A produção fazparte do projeto Caravana, daFunarte, de incentivo à culturacom apoio da Petrobras.

Todo o projeto começou a par-tir de um quadro de 1828, “A mortede Sardanapalo”, do pintor fran-cês Victor Eugène Delacroix. O es-critor Gilherme Dicke baseou suaobra no argumento central da tela,que retrata o poder do ditadorassírio Sardanapalo. No livro, Di-cke conta a história do fictíciogeneral Alfredo Augusto Barahona,um homem que, depois de 40anos de sangrenta ditadura numarepública latino-americana, exila-se no Mato Grosso. Chegando láele compra muitas terras, cons-trói uma mansão com a fachadada Casa Branca e segue exercen-do sobre a população local todaa sua opressão e sadismo.

A adaptação para a drama-turgia é o resultado de uma par-ceria de 13 anos entre os gruposde teatro mato-grossense CiaD’Artes e o português O Bando,um dos maiores da Europa ematuação. Mesmo feito em co-pro-

dução, o espetáculo acabou comduas versões. A primeira, roteiri-zada pelo diretor português Joãode Brites e a segunda feita pelodiretor Amauri Tangará. “Apesarde termos nos ajudado, são pro-duções completamente diferen-tes”, relatou o diretor brasileiro.

Como fruto da parceria, o atorportuguês Horácio Manuel repre-senta o personagem principal nasduas montagens. A estréia dapeça foi em Portugal, em novem-bro de 2005. No Brasil, foi no Fes-tival Mundial da Paz, em Florianó-polis, em setembro do ano pas-sado. Aqui, o diretor brasileiro teveque atuar nas primeiras apresen-tações, porque o ator portuguêsestava em turnê na Europa com omesmo espetáculo.

O texto de Dicke é essencial-mente filosófico. Formado em Fi-losofia, o escritor – admirado porpersonalidades como GuimarãesRosa e Glauber Rocha – misturadiscussões filosóficas, como Bau-delaire e Sartre com poesia. “Tra-balhar com Dicke é um salto noescuro. O texto é muito denso,tem carga filosófica, dramática epoética bastante forte. Demoreipara conseguir penetrar nesseuniverso”, revelou Amauri. O dire-tor segue a filosofia de NelsonRodrigues, que dizia que “todasas vaias são boas, inclusive asmás”. Segundo Amauri, o espe-táculo não foi feito para agradarao público, mas sim incomodá-lo. “O texto é cru, cruel e denso.A peça não poderia ser diferente,ainda que isso cause estranhe-za em algumas pessoas”, afirmou.

Seleção de atores resultou num grupo diferenciadoOs sete atores da produ-

ção brasileira foram seleciona-dos de outros grupos teatrais,como o Teatro Experimental deAlta Floresta, Cia. Theatro emCena, Cia. Pessoal de Teatro doMato Grosso, Cooperativa deAtores, de São Paulo, e Pe-queño Teatro, da Bolívia, alémdo português O Bando.

Os cenários e figurinos fo-ram criados a partir de umaimersão feita na casa do dire-tor na Chapada dos Guimarães(MT), onde Amauri, elenco eequipe técnica se reunirampara a concepção da plásticae do enredo da peça. “Acho quea imersão facilitou para que

nós, que somos de grupos dife-rentes, nos conhecêssemos.Surgiu uma cumplicidade como texto e entre a gente duranteestes 45 dias. Foram dias in-tensos, ficamos 24 horas porconta do espetáculo”, declaroua atriz Tatiana Horevitch.

A vinda dos atores para aencenação proporcionou amontagem de dois workshops,“A Procura do Clown”, minis-trado pelas atrizes Juliana Ca-pilé e Tatiana Horevitch, e tam-bém “A Construção do Ator”,dado pelo diretor. “Será maisuma conversa informal, paraa troca de informações e ex-periências com o pessoal de

teatro daqui de Uberlândia”,explicou Amauri.

Apoiados pelo prêmio deR$ 80 mil da Caravana Funar-te, a companhia deve percor-rer cerca de sete mil quilôme-tros realizando um total de 23espetáculos, em oito cidadesdos estados do Rio de Janei-ro, São Paulo, Minas Gerais,Mato Grosso e o Distrito Fede-ral. O ônibus em que a troupecircula foi cedido pela Secre-taria de Cultura e do Turismodo Mato Grosso, com o apoiode empresas locais.

Fazem parte da Caravana43 grupos, que rodam portodo o País com espetáculos

de dança e teatro. O objetivoé fomentar e difundir as artescênicas no País, descentrali-zando a produção. A seleçãoé feita por meio de editais pu-blicados todos os anos. Qual-quer grupo brasileiro pode par-ticipar do programa.

SERVIÇO: espetáculo de te-atro “Salário dos Poetas”, daCia D’Artes do Brasil, hoje, às20h30 na Escola Livre do Gru-pontapé. Ingressos: R$ 10 eR$ 5 (meia-entrada). Rua Tu-paciguara, 471, Aparecida. In-formações: 3231-2412.

* Programa de AprimoramentoProfissional.

FICHA TÉCNICA

DRAMATURGIA E DIREÇÃO: Amauri TangaráCO-DIREÇÃO: João BritesMÚSICA ORIGINAL E DIREÇÃO MUSICAL: João PimentelDIREÇÃO DE PRODUÇÃO: Tati MendesFIGURINO, MAQUETES E ESPAÇO CÊNICO: Márcio Tadeu

ELENCO: Agostinho Bizinoto / Diego Borges / Gildo Fontolan / JulianaCapilé / Ilson Oliveira / Horácio Manoel / Tatiana Horevitch

PREPARAÇÃO Cenário, figurino e montagem dos personagens exigiram que atores e equipe de produção ficassem concentrados por 45 dias

GERAIS

Filme de Santoro liderabilheteria nos EUA

! Os bravos soldados espartanosde “300”, filme baseado na graphicnovel de Frank Miller, tiveram umavitória unilateral nas bilheteriasamericanas pelo segundo fim desemana consecutivo, derrotando fa-cilmente os desafios apresentadospor filmes com Sandra Bullock eChris Rock. De acordo com estimati-vas dos estúdios divulgadas no do-mingo, 18, o épico de guerra daWarner Bros., que é dirigido por ZachSnyder e tem no elenco o ator brasi-leiro Rodrigo Santoro (foto) vendeuUS$ 31,2 milhões em ingressosentre sexta-feira e domingo, elevan-do sua arrecadação em dez dias paraUS$ 127,4 milhões. “300” tam-bém liderou as bilheterias mundi-ais, tendo obtido US$ 15,6 milhõesem 13 países, a maioria deles situ-ada na Ásia. No próximo fim de se-mana, o filme estréia em mercadoscomo Reino Unido, França, Espanha

e México. O longa, que custou US$65 milhões, traz o ator escocês Ge-rard Butler como o rei dos esparta-nos que conduz 300 de seus ho-mens a uma morte gloriosa na bata-lha de Termópilas, contra os persas.Santoro representa o rei persa,Xerxes. O segundo colocado nas bi-lheterias mundiais foi “Motoqueiros

Selvagens (Wild Hogs)”, com US$18 milhões vendidos em seu tercei-ro fim de semana. O filme da Disneyestrelado por John Travolta e TimAllen já acumula US$ 104 milhões.A quarta posição foi do lançamentode terror “Dead Silence”, cuja açãogira em torno do boneco de um ven-tríloquo homicida.

TULIO DRUMMOND/DIVULGAÇÃO

DIVULGAÇÃO

REVISTACORREIO DE UBERLÂNDIA • SEGUNDA!FEIRA • 16/11/2009

C7

LYGIA CALIL | REPÓRTER

[email protected]

O 2º Encontro de Artes Cênicas do Cerrado, realiza-do em Uberlân-

dia até 21 de novembro, traz para o público cinco espe-táculos de grupos locais e convidados. Mas nem só a plateia foi contemplada pela programação. Até o fi m do evento, os artistas pode-rão participar de encontros, debates e cursos voltados à carreira e produção artísti-cas.

O primeiro curso, “O avesso da cena”, já está em andamento – começou on-tem e termina amanhã. O administrador e assessor de planejamento do Grupo Galpão, Rômulo Avelar, di-vide conhecimentos adqui-ridos ao longo dos 25 anos de carreira como produtor cultural.

Durante o curso, ele dis-cute ferramentas da ad-ministração aplicadas à produção de Artes Cênicas, como planejamento, ges-tão fi nanceira, qualidade e logística, além de tratar temas como a relação dos produtores com artistas e empresas patrocinadoras. “As artes estão cada vez mais institucionalizadas e é preciso que os grupos se profi ssionalizem, se não

PROFISSIONALIZAR É PRECISO> ASSESSOR DE PLANEJAMENTO DO GRUPO GALPÃO VÊ GRANDE POTENCIAL EM MINAS GERAIS

ARTES CÊNICAS

VEJO QUE OS GRUPOS INTERESSADOS EM REALIZAR PROJETOS DE NÍVEL PROFISSIONAL MAIS ALTO SE TORNARAM REFÉNS DAS LEIS DE INCENTIVO

OS ARTISTAS NÃO PODEM FICAR ESPERANDO QUE O SEU TALENTO VÁ SER DESCOBERTO UM DIA POR UM PRODUTOR RENOMADO

quiserem fi car para trás”, disse. Veja trechos de uma entrevista exclusiva conce-dida ao CORREIO de Uber-lândia.

O seu curso deve tratar das leis de incentivo à cultura. É possível produzir, hoje, sem o apoio das leis?Depende do formato da pro-dução. Se for uma produção de um grupo no qual todos se disponham a trabalhar

político bem defi nido.

Existe uma ideia corrente de que o artista não sabe administrar. Você concor-da? O que você sugere aos grupos? Grande parte dos artistas realmente não tem o perfi l administrativo. Até pode-mos encontrar exemplos que conseguem ter certa desenvoltura, mas são ex-ceções. As habilidades de um artista e de um produtor ou administrador são muito distintas, com linguagens distantes. Tenho sugerido que não cabe mais impro-viso. É fundamental que os grupos trabalhem em equi-pe e identifi quem as pes-soas que vão realizar cada tarefa. Formar equipes que tenham competências dis-

no risco, é possível realizar sem leis de incentivo. Mas essa não é a regra geral. Vejo que os grupos interes-sados em realizar projetos de nível profi ssional mais alto se tornaram reféns das leis de incentivo. Eles preci-sam de um fi nanciamento externo, seja por iniciativa de leis federais, estadu-ais, municipais, fundos de apoio, editais de empresas privadas. Há grupos que se lançam no desafi o de en-carar uma montagem sem apoio, mas na medida que precisam contratar profi s-sionais com nível técnico mais elevado, equipamento, viajar, circular, o orçamento começa a pesar bastante.

Você percebe que os grupos mineiros estão preparados para enfrentar o mercado? Os espetáculos são bem gerenciados?Nós temos avançado bas-tante. Percebo um movi-mento de profi ssionaliza-ção no estado. Acho que temos muito para mostrar ao Brasil, porque estamos em uma situação melhor do que boa parte do país. Vejo com bons olhos o nosso esforço para a organização de cursos, debates, encon-tros. Nosso nível de discus-são está mais elevado, pois conseguimos criar uma rede articulada, com insti-tuições mais sólidas e papel

tintas e complementares é fundamental.

Nos grupos pequenos, prin-cipalmente no interior, não existem funções muito bem defi nidas: o ator é di-retor, produtor, fi gurinis-ta, às vezes, até bilheteiro. Como eles devem se posi-cionar perante o mercado?Todos os grupos, especial-mente os pequenos, devem caminhar neste sentido de profi ssionalização. Este aspecto deve ser encarado desde o princípio. O merca-do de artes está se institu-cionalizando rapidamente e começam a surgir uma série de obrigações que antes não existiam. São questões burocráticas, ju-rídicas, tributárias. Para os artistas, tudo isto é motivo de sofrimento, porque eles fi cam divididos ao ter de lidar com assuntos tão es-pinhosos. E a maioria não tem habilidade para tratar

PERCEBO UM MOVIMENTO DE PROFISSIONA!LIZAÇÃO NO ESTADO. ACHO QUE TEMOS MUITO PARA MOSTRAR AO BRASIL

disso. Os grupos precisam começar a se estruturar. Ao formular seus projetos, já incluir recursos para a manutenção desta estru-tura. Os artistas não po-dem fi car esperando que o seu talento vá ser desco-berto um dia por um pro-dutor renomado. Isso não vai acontecer. É contar com a sorte. É preciso ir à luta, mas com uma equipe con-fi ável fortalecida.

RÔMULO AVELAR está em Uberlândia para debates e cursos dentro da programação do 2º Encontro de Artes Cênicas do Cerrado, que acontece até 21/11

BETO OLIVEIRA

O Grupo Galpão é uma companhia mineira de teatro criada há 27 anos. Com espetáculos baseados no teatro de rua, já percorreu 17 países da Europa, EUA, Canadá e América Latina

U B E R L Â N D I A A C O N T E C E A Q U I • Q U I N T A - F E I R A • 2 6 D E M A R Ç O D E 2 0 0 9

TEATRO

Um clássico infantil repaginadoO lobo já não é tão mau e os trêsporquinhos ganhamuma irmã em peçaLYGIA CALIL [REPÓRTER][email protected]

PORCOLINA (de rosa) é a irmã caçula dos três porquinhos, espetáculo que será apresentado hoje e amanhã no Rondon Pacheco

FOTOS DIVULGAÇÃO

Os dias de maldade do lobo mau se foram. Na versão do diretor teatral Rony Guilherme, ele não assusta, mas sim diverte. No espe-táculo “Os três porquinhos e o lobo trapalhão”, encenado pela compa-nhia Arte Mídia em Uberlândia hoje e amanhã, o personagem clássico é caipira, ingênuo e faminto. Em alguns momentos, até ganha a simpatia da plateia. O musical in-fantil será apresentado no Teatro Rondon Pacheco, em sessões às 14h, 15h30 e 20h.

Na peça, os três porquinhos já não vivem mais como bichos da fl oresta. Também não são mais três meninos. Entre eles, há a Porcolina, a irmã caçula. Eles vivem como crianças de uma metrópole e são muito espertos. O problema da fa-mília é que os irmãos não param de brigar entre si, o que leva a uma das mensagens da trama: se os irmãos não souberem ser amigos, nunca conseguirão derrotar o lobo.

A montagem percorreu cerca de 60 cidades de São Paulo, Paraná e Minas Gerais e foi apresentada em mais de 300 sessões. Segundo o ator Flávio Estevam, que interpreta o Porcolão, o que construiu a casi-nha de tijolos, a intimidade dos atores com os personagens facilita na interação com o público. “As crianças participam o tempo todo e ajudam os porquinhos a descobrir as armações do lobo”, afi rmou.

De acordo com Estevam, é um desafi o montar espetáculos para crianças cada vez mais bem infor-madas e críticas. “Não desrespei-tamos a inteligência do nosso pú-blico. Temos que saber envolvê-lo e prender a atenção dele com bons personagens e humor. As crianças formam a plateia mais sincera. Se não gosta, vai embora ou conversa com o amigo do lado. Elas são verdadeiras, inteligentes”, disse.

Por isso, o musical não é trata-do como teatro inferior pela com-panhia. Todos os cuidados técnicos estão presentes no palco: som, iluminação, fi gurino, cenário, “como qualquer peça para adultos”. “Nós gostamos da palavra ‘espetáculo’, com todo o peso que está inserido nela. Somos cuidadosos com os detalhes e, quando estamos em cena, é mágico, impossível de não ser encantado.”

FICHA TÉCNICA – “OS TRÊS PORQUINHOS E O LOBO TRAPALHÃO”

Elenco: Erick Nazareth, Flávio Estevam, Luana Carvalho e Vagner SilvaFigurinos e Adereços: Orlando Baptistim Cenário: o grupoIluminação: Toninho Sgargeta Luz e Som: Elvis Leandro Produção: Nilson CardosoIlustração: Lézio JrDesign Gráfi co: Orlandeli

SERVIÇO

CORREIO DE UBERLÂNDIA

O que: apresentação do espetáculo “Os três porquinhos e o lobo trapalhão”Quando: dias 26 e 27 de março, às 14h, 15h30 e 20h.Onde: Teatro Rondon PachecoQuanto: R$ 16 e R$ 8 (meia-entrada); R$ 10 com bônus do jornal CORREIO de UberlândiaGênero: comédia musical infantil Duração: 50 minutosIdade recomendada: crianças a partir de dois anos de idade.

RECONHECIMENTO

Prêmios desde a estreiaNo ano de estreia, em

1991, o espetáculo “Os três porquinhos e o lobo trapalhão” foi indicado a cinco prêmios pela Associação dos Produto-res de Espetáculos Profi ssio-nais do Estado de São Paulo (Apetesp) - melhor espetáculo, revelação de autor e ator, melhor direção e trilha sonora.

A Companhia Arte Mídia,

de São José do Rio Preto (SP), atua há mais de 15 anos com artes cênicas e música. A partir da década de 1990, deu início à produção de es-petáculos teatrais infantis. Em Uberlândia, já apresentou as peças “Dom Casmurro – O julgamento”, “Mundo mágico de Oz”, “Pinóquio” e “O leão e o ratinho”.

“OS TRÊS PORQUINHOS e o lobo trapalhão” estreou em 1991

Escolas podem agendardata para “Veludinho”

Amaury Jr. entrevistaMarcelo Rubens Paiva

GERAIS

! O espetáculo “Veludinho”, que recentemente recebeu o prêmio Cena Minas da Copasa e Instituto Sérgio Magnani, vai atender 3 mil estudantes de 5ª e 6ª séries das escolas estaduais de Uberlândia. A entrada é franca. O transporte das crianças é responsabilidade da escola, dos alunos e dos pais. A temporada de nove apresenta-ções acontece nos dias 6, 7, 8, 13, 14 de abril no Teatro Rondon Pa-checo, às 9h e 14h. As escolas interessadas deverão fazer reserva com Guilhermina, pelo telefone 3231-0276 ou com Martha pelo 9119-6698.

! No “Amaury Jr. Show”, de sábado (28), na Rede TV, às 22h, o apresen-tador conversa com Marcelo Rubens Paiva. O escritor fala da peça “A noite mais fria do ano”, de sua au-toria, em cartaz em São Paulo e conta sobre o livro “A segunda vez que te conheci”, sua publicação mais recente. Marcelo também co-menta a política atual no Brasil e afi rma que o País tem dado maior atenção aos defi cientes. “Hoje o Brasil melhorou muito na questão da acessibilidade. Temos melhores condições de transporte e de acesso aos espaços públicos e privados”, disse Marcelo que é cadeirante.

A CANTORA americana Pink se apresentou na Sports Arena, em Budapeste, Hungria, no dia 24. Pink está em turnê com seu disco “So What”.

PETER KOLLANYI/ASSOCIATED PRESS/AE/DIVULGAÇÃO

EM UBERLÂNDIA, HADRIEL BRILHA NO“BALÉ PARA TODOS”PÁGINA C6

OS TITÃS ESTÃO EMESTÚDIO E O NOVO CDDEVE SAIR EM MAIO

PÁGINA C2

LÂNDIA, BRILHA NORA TODOS”6

• REVISTA • UBERLÂNDIA • TERÇA-FEIRA • 25/07/2006CORREIO • C 4

PRATA DA CASACanto do Galo

LYGIA CALIL*

CMM e MaisAlém da economia de escala proporcionada pelo compar-

tilhamento de processos e recursos, Mais e CMM partem

agora para consolidar a economia de escopo. Vai de vento

em popa o departamento de eventos corporativos da agên-

cia - que já atende à Telemig Celular em toda a região - e

está em curso uma negociação de parceria com uma grande

empresa de assessoria de imprensa, que pretende expandir

sua atuação no Triângulo Mineiro, cujas perspectivas se en-

quadram nos planos da empresa.

R&B no Triângulo MusicFaltam apenas 15 dias para a realização de um dos maiores

festivais de música do País. A campanha do Triângulo Music

está na reta final e a R&B Propaganda continua trabalhando

em ritmo acelerado na comunicação do evento. Para atender

um festival desse porte, a agência disponibilizou uma equipe

completa que contou com mídia, orçamento, criação, atendi-

mento, planejamento e o setor de eventos. Para completar

esta fase, a agência agora divulga as novas atrações do festi-

val, como a presença confirmada de duas novas bandas. As

peças levam a assinatura da R&B Propaganda e podem ser

visualizadas no www.rbweb.com.br. Triângulo Music todas as

tribos. Uma só Voz.

Skol e PetrobrasMais uma vez a empresa AmBev Skol apóia a realização

de um dos festivais mais badalados do interior do País – o

Triângulo Music 2006 -, que este ano também contará com o

apoio da Petrobras, empresa que busca contribuir para o

fortalecimento das oportunidades de criação, produção e

difusão da cultura brasileira. A diretora da Viva Marketing

Promocional, Antônia Nunes, diz que, por esses motivos, a

Petrobras não poderia ficar de fora de um grandioso evento

como o Triângulo Music. A empresa AmBev Skol, que apoiou

o evento de 2005, traz nesta edição ações ainda maiores por

acreditar no retorno do festival. “Cerca de 20 caminhões da

AmBev Skol serão plotados e um milhão de latinhas exclusi-

vas com as marcas do Triângulo Music 2006 e da AmBev

Skol serão confeccionadas”, reforça Antônia Nunes.

Close em açãoDepois da fase pós-Copa onde o mercado estava todo cen-

trado no que acabou não acontecendo, é hora de pôr a mão

na massa e partir para novos trabalhos. Além de estar finali-

zando um comercial para a Campanha de Amamentação 2006,

para a Secretaria de Saúde de Uberlândia, de ter produzido

dois novos comerciais para a CTBC por meio da Fabra Quin-

tero de São Paulo, a Close Comunicação se prepara para ini-

ciar a produção de um documentário para a Distribem, em-

presa especializada na distribuição de produtos de informá-

tica, escritório e papelaria. Esta produção é uma parceria com

a Plena Comunicação que criou e assina o roteiro.

Excelência GráficaA Gráfica Brasil acaba de receber o Prêmio Mineiro de Ex-

celência Gráfica “O Cícero”, no segmento de revistas. As pe-

ças inscritas concorrem em diversos segmentos da indús-

tria gráfica: livros, revistas, jornais, produtos para identifi-

cação, acondicionamento, promocional, comercial, produ-

tos próprios e impressão digital, cada um deles com suas

categorias. A Gráfica Brasil, na primeira edição em 2005, foi

finalista em dois destes segmentos. Já nesta segunda edição,

teve seis trabalhos entre os finalistas.

ColocaçãoNo dia 13 de junho, a Coluna Canto do Galo publicou nota

comunicando o retorno do publicitário Fábio Rezende a

Uberlândia. Ele tem passagens pela DNA e RC e na ocasião

se colocava à disposição do mercado local. Um mês depois,

a coluna tem o prazer de informar que Fábio já está coloca-

do. Agora ele faz parte da equipe de atendimento da EI! Co-

municação que passa por um processo de reestruturação.

Palavra do associado:“Aos amigos, clientes, fornecedores e parceiros. O destino,

que sempre nos reserva surpresas agradáveis, permitiu-me a

oportunidade de vivenciar a experiência de uma nova cultu-

ra. Estarei morando no Canadá nos próximos 12 meses, acom-

panhando meu marido em sua temporada de aperfeiçoamen-

to profissional. Mas nosso compromisso com você se renova,

pois agregamos valores à Quanta Propaganda para fortalecer

nosso relacionamento neste período em que estarei fora, mas

presente na agência, utilizando os recursos que a tecnologia

das telecomunicações nos permite. Em nossa viagem, o que

queremos é fortalecer parcerias, para juntos consolidarmos

o crescimento do mercado de Uberlândia e Região por meio

da excelência no exercício da atividade publicitária. Quere-

mos continuar agindo sempre com integridade, estabelecen-

do relações marcadas pela compreensão, respeito e confian-

ça mútuos e, acima de tudo, focados nos resultados. Receba

meu abraço amigo. Até a volta”, Renata Garcia.

Band Uberlândia e TV BrasilDesde a última semana, a Regional Band, afiliada Band,

transmite programação diferenciada da emissora de Ubera-

ba. O start foi dado pela estréia do programa Hugueney Bis-

neto que foi transmitido ao vivo diretamente da Casa Cor

Uberlândia 2006 e a veiculação de seu programa de segunda-

feira a sexta-feira a partir das 13h30. Dois novos programas

também estrearam neste fim de semana: o primeiro “Autos

& Imóveis” (sábado, às 11h30), apresentado por Geraldo Ma-

gela, mostra as principais ofertas, lançamentos e novidades

dos setores. O segundo, “Município em Foco” (domingo, às

10h30), ancorado por Alaor Barbosa Jr. com direção de jor-

nalismo de Heli Fidelis, mostrou a final da Copa Amvap de

Futebol, a Exposição de Capinópolis e as novas instalações

da Delegacia Regional de Araguari. De acordo com Ricardo

Cunha, diretor da TV Brasil, novo parceiro responsável pela

área comercial e de jornalismo em Uberlândia, novos pro-

gramas devem ser incorporados à grade em breve. Em estu-

do também a implantação

de um bloco de jornalismo

Band-Cidade que terá dura-

ção de sete minutos e será

apresentado logo após o te-

lejornal da manhã, gerado

de Belo Horizonte.

“Barrela” é a atração da

Mostra Nacional de TeatroConfraria do Tambor é a única companhia de Uberlândia a se apresentar no evento

A Mostra Nacional de Teatro

Sesc/ATU trouxe para o palco

do Teatro Rondon Pacheco

oito espetáculos de grupos de

diversas regiões do País. O

único uberlandense que par-

ticipa da Mostra é a Confraria

do Tambor, que encena hoje,

às 20h, a peça “Barrela”.

O espetáculo nasceu da

vontade de o grupo trabalhar

temas relacionados ao sub-

mundo da sociedade, à vio-

lência e à hierarquia urbanas.

O texto de Plínio Marcos su-

priu esse desejo e também se

adequou à estrutura do gru-

po, já que todos os persona-

gens são masculinos.

“Barrela” ficou famoso no

fim da década de 50 por ter

sido proibido, após sua pri-

meira apresentação. A trama

não pôde ser encenada por 21

anos durante o período do

governo militar. A peça tem

uma forte carga dramática,

diferente da maioria dos ou-

tros espetáculos apresenta-

dos na Mostra. Ela conta a his-

tória verídica de um garoto

que é detido e, na prisão, é vi-

olentado. Dois dias depois, já

em liberdade, mata alguns de

seus companheiros de cela.

“Não sei como o público des-

sa Mostra vai reagir ao assun-

to e gênero da peça, porque a

maioria dos espetáculos não

é drama como ‘Barrela’”, con-

ta, ansioso, o ator Marcelo Si-

llan. “Mas esperamos que seja

bem aceito”, deseja.

Para as cenas mais intensas

- como a violência sexual e as

mortes -, o grupo mantém se-

gredo, mas Marcelo revela

que eles preferiram que o tre-

cho aconteça mais na imagi-

nação do público do que no

palco, por meio de símbolos

poéticos e plasticidade.

A Confraria do Tambor, no

início dos ensaios, se reunia

pelo menos três vezes por se-

mana no bloco de Artes Cêni-

cas da Universidade Federal

de Uberlândia. Nas semanas

anteriores à estréia, em no-

vembro de 2004, ensaiavam

até seis dias da semana. “Che-

gamos a sair dos ensaios às

3h da madrugada”, lembra.

O cenário foi uma realização

conjunta do grupo, orientado

pela diretora Yaska Antunes.

A montagem utiliza uma es-

trutura de ferro e madeira,

onde os atores ficam durante

boa parte da encenação. Já os

figurinos são simples, repre-

sentando as roupas dos pre-

sos. A trilha musical da peça é

variada, passeando por com-

posições de Naná Vasconce-

los até Sepultura.

Para a montagem, eles con-

A CONFRARIADO TAMBORparticipou,durante todo oano de 2005,de váriosfestivais portodo o País

taram com o apoio da Lei Mu-

nicipal de Incentivo à Cultu-

ra. Nenhum dos integrantes

do grupo vive apenas de tea-

tro, exercendo profissões di-

versas. Para bancar as via-

gens e participações em fes-

tivais fora da cidade, eles de-

pendem da bilheteria de

apresentações que são feitas

para arrecadar fundos.

Festivais

O grupo participou, duran-

te todo o ano de 2005, de vári-

os festivais por todo o País

com “Barrela”. Em julho, foram

indicados a melhor sonoplas-

tia, o melhor conjunto de ato-

res e conquistou prêmios de

melhor cenário e iluminação

no Festival de Blumenau

(SC). Em outubro, se apresen-

tou no “Riocenacontemporâ-

nea”, no Rio de Janeiro. Já em

novembro, no festival de Pon-

ta Grossa (PR), ganhou o prê-

mio de melhor cenário, ator

revelação (Marcelo Sillan) e

melhor espetáculo.

Também em novembro, a

peça foi aprovada para parti-

cipar de um festival no Chile,

mas, por falta de patrocínio,

não foi possível viajar. “É um

absurdo em uma cidade em

que existem tantas empresas

grandes, nenhuma apoiar

um projeto deste”, desaba-

fou Marcelo, que completa

“mas, não podemos desistir.

Neste ano, vamos tentar par-

ticipar novamente. Se não

conseguirmos patrocínio, ire-

mos por conta própria. Afinal

de contas, são poucos que

conseguem reconhecimento

internacional”.

O próximo projeto do gru-

po é estrear, em setembro, o

espetáculo “Brent”, de Martin

Sherman. “Espero que consi-

gamos, pelo menos, o suces-

so que conquistamos com

‘Barrela’”, planeja. SERVIÇO:

apresentação da peça “Barre-

la”, do grupo Confraria do

Tambor, pela Mostra Nacio-

nal de Teatro Sesc/ATU.

Hoje, às 20h, no Teatro Ron-

don Pacheco. Ingressos: R$ 5

e R$ 2,50 (meia- entrada).

* Programa de AprimoramentoProfissional

Gerais

Pavarotti quervoltar em 2007

O tenor Luciano Pavarotti,

que passou por uma cirurgia

há duas semanas para a reti-

rada de um tumor no pâncre-

as, está otimista e espera vol-

tar a cantar no próximo ano,

segundo informou o jornal

“La Stampa”, de Turim. O jor-

nal publicou, nesta segunda-

feira, uma entrevista feita por

telefone com o Pavarotti, que

nestes dias está em sua casa

em Nova Iorque.

“Quero terminar a minha

turnê. Não posso dar datas

precisas, porque dependo

da opinião do médico, mas

acho que poderei voltar (à

turnê) no início do próximo

ano”, afirmou Pavarotti. O

tenor explicou que encara

sua doença com filosofia.

“Olhe, em 12 de outubro

completarei 70 anos, e eu

tive tudo na vida. Se me tira-

rem tudo, estarei par a par

com o bom Deus. Assim,

está tudo bem até agora.”

Pavarotti também acredita

que deverá voltar à Itália

dentro de dez ou 15 dias. O

tenor tem uma casa em Mo-

dena e em Pesaro, onde sua

jovem mulher Nicoletta

Mantovani, de 36 anos, e sua

filha, Alice, o esperam.

Pavarotti cancelou, no fim

de junho, uma série de con-

certos que faria no Reino Uni-

do devido a problemas de

saúde. Estava se preparando

para sair de Nova Iorque e

apresentar concertos no Rei-

no Unido quando os médicos

descobriram o tumor no pân-

creas. Como conseqüência do

tratamento a que Pavarotti

terá que ser submetido, todos

os concertos deste ano foram

cancelados, entre eles o show

“Encontro de Reis”, que reu-

niria Luciano Pavarotti e o

“Rei” Roberto Carlos, em 7 de

outubro, em Belo Horizonte.

“O Profeta” vaivoltas às telas

A Globo deve iniciar na

próxima semana as grava-

ções de “O Profeta”, novela

que substituirá “Sinhá Moça”

no horário. Remake do origi-

nal de Ivani Ribeiro, que foi

ao ar na extinta TV Tupi em

1977, ganha releitura de Wal-

cyr Carrasco, dono dos me-

lhores índices de audiência

no horário nos últimos anos.

Boa parte do elenco já está

participando desde o início

do mês de workshops, como

aulas de dança, postura e dic-

ção. O folhetim se passa na

década dos anos 50.

Entre os nomes escalados

estão Thiago Fragoso, Paola

Oliveira e Carol Castro, que

viverão o triângulo amoroso

central da trama. Carol, por si-

nal, será a grande vilã da his-

tória. Samara Filippo, Fernan-

da Souza, Juliana Didone,

Maurício Mattar, Fernanda

Rodrigues, Paula Burlamaqui,

Vera Zimmerman e Malvino

Salvador também estão con-

firmados no elenco. A direção-

geral será de Roberto Talma.

A história fala do paranormal

Marcos (Thiago Fragoso), que

tem visões do passado e do fu-

turo, torna-se rico com isso,

mas acaba se metendo em

uma grande encrenca também.

A estréia de “O Profeta” está

prevista para 2 de outubro.

C2 | REVISTA CORREIO DE UBERLÂNDIA | SEXTA-FEIRA, 1/6/2007

NA UFUNEHACTALITTA TATIANE MARTINS FREITAS [[email protected]]

Detalhes de uma polêmica

LYGIA CALIL*[email protected]

Qual o poder de um “rei” em uma sociedade democráti-ca? A questão pode parecer conflitante, mas se mostra deextrema necessidade, quando nos deparamos com um temade interesse de todos: a propriedade intelectual e a liberdadede expressão. Isto porque, em dezembro do ano passado, olançamento de um livro marcou também o início de umacalorosa discussão, que foi resolvida não por meio do diálo-go, mas por meio de um “acordo” judicial. Assim, podemosclaramente afirmar: não se trata de um livro qualquer e simda biografia do “inatingível” Rei da Música Popular Brasileira.

“Roberto Carlos em Detalhes” é o resultado de mais dequinze anos de pesquisa do historiador Paulo César Araújo,em que propõe a realização de um diálogo entre a trajetóriamusical do artista e a própria trajetória do País. Em seu lança-mento, a imprensa chegou a noticiar que nunca antes uma“obra havia ido tão fundo na compreensão do mito e da hu-manidade do cantor”. Talvez este tenha sido o pecado dePaulo César: retirar o invólucro construído em torno do mito.

O desfecho desse embate não soou como novidade paraaqueles que já estão acostumados com a justiça brasileira:há pouco mais de um mês, o livro foi proibido, em caráterdefinitivo, de ser produzido e comercializado. Os quase 11mil exemplares estocados na editora Planeta deverão serentregues em até 60 dias, para que Roberto Carlos possa(em um gesto generoso) reciclá-los, ou, em suas palavras,“guardá-los para sempre”.

Após vinte duros anos de Ditadura Militar, a questão dacensura se torna novamente pauta da discussão. Muitos ale-gam que este termo não pode ser aplicado a esse caso, vistoque se tratou de um “acordo bilateral”. Todavia, não há comoesconder que o quadro formado era imensamente desfavorá-vel para o autor, uma vez que ao lado de uma junta de advo-gados estava a “figura encarnada do Rei”. Aquele que háanos povoa o imaginário de grande parte da população; ocompositor de diversos hits que marcaram não somente ahistória da música no País, mas também a história pessoalde diversos brasileiros que tantas vezes se emocionaram aosom de “Lady Laura” ou “Amor sem limites”.

A argumentação dos advogados do cantor se baseia nolitígio da “invasão de privacidade”, uma vez que mesmo setratando de uma pessoa pública, Roberto Carlos sempre sepreocupou em resguardar sua intimidade. Porém, ao analisar-mos a fundo suas canções, perceberemos que o mesmo Ro-berto Carlos não pensou duas vezes em compor letras quemesclassem a obra com o criador. Em outras palavras, grandeparte dos sucessos emplacados em todos esses anos foi frutodaquilo que ele vivenciou e sentiu. Assim, é impossível negar-mos aquilo que há meses Paulo César tenta nos dizer: “Ele éum artista autobiográfico, pois canta o que vive e o que sente”.

Porém, a questão torna-se ainda mais absurda quando nosdeparamos com um outro “detalhe”, defendido veementemen-te pelo cantor. Na base de sua argüição está o pressuposto deque “a história da minha vida é minha, eu a contarei quandoquiser e ninguém vai poder contá-la melhor do que eu mes-mo”. É inquestionável que muitos pormenores somente po-dem ser contatos pelo biografado, porém não podemos nosesquecer que este relato, tal como o de qualquer outra biogra-fia ou estudo, será uma construção feita por meio de escolhasdaquilo que você quer ou não evidenciar. Essa seleção é pró-pria da memória! Sendo assim, “Roberto Carlos em detalhes”não foge a essa realidade — aliás, nada mais coerente do queum historiador com Mestrado em Memória Social para consta-tar isso, como é o caso de Paulo César. O mais importante éperceber que uma obra nunca conseguirá abarcar o todo. As-sim, o que se coloca em questão não é a legitimidade de opróprio Roberto Carlos escrever sobre a sua trajetória, mas oseu engano de acreditar que somente ele pode fazer isso.

Mesmo sem querer, a publicação de “Roberto Carlos emdetalhes” está trazendo uma grande contribuição para a his-tória do Brasil, talvez igual ou maior do que aquela que suaspáginas podem mostrar. O cerne da questão não é ser contraou a favor da proibição, e sim a necessidade urgente de sediscutir a respeito de aspectos inerentes à sociedade. Temosque nos indignar por mais tempo, defender aquilo em queacreditamos, mas ao mesmo tempo estarmos dispostos adialogar.

Roberto Carlos, em menos de seis meses, conseguiumacular sua trajetória de quase seis décadas. Sua importân-cia como profissional da música brasileira é inquestionável,porém sua postura enquanto ícone deixa a desejar. Por isso,nesse e em todos os momentos, mostra-se imprescindívelrefletir sobre essas questões, pois, mesmo acreditando “quetudo que eu gosto é ilegal, é imoral...”, se mostra mais vanta-joso encarar o debate do que a omissão. E no final, “que tudomais vá pro inferno”, como outrora o próprio Roberto cantou.

TALITTA TATIANE MARTINS FREITAS é graduanda do curso de História pelaUniversidade Federal de Uberlândia – UFU. Bolsista de Iniciação Científicavinculada à Fapemig e integrante do Núcleo de Estudos em História Socialda Arte e da Cultura – Nehac.

Teatro Giramundo levabonecos ao Santa Mônica

O grupo de BeloHorizonte mostra“Cerrado” comentrada franca

ACERVO GIRAMUNDO/DIVULGAÇÃO

Quem assiste da platéia aosbonecos do grupo Giramundonão vê as mãos que os manipu-lam. Muitas vezes, nem percebetodo o trabalho duro que existepor trás da cena. Dar vida a es-ses seres exige meses de traba-lhos artísticos e técnicos. O re-sultado de uma dessas pesqui-sas, o espetáculo “Cerrado”,pode ser conferido hoje, às 20h,no bloco 3M do campus SantaMônica da UFU. A peça faz parteda programação do 1º Encon-tro de Artes Cênicas do Cerradoe tem entrada gratuita.

O Miniteatro Ecológico é umprojeto de educação ambientalpara crianças e apresenta osprincipais biomas brasileiros. Nadramaturgia, ao lado dos ani-mais de cada meio ambiente, ospersonagens do folclore regionalmarcam presença, protegendo anatureza e se opondo aos hu-manos de atitude destruidora.

“Cerrado” é o terceiro episó-dio de uma série que leva o pú-blico a uma viagem ecologica-mente correta. Em cena, o usoindiscriminado das queimadasé colocado ao lado da histori-nha de Mahoney, um bebê se-qüestrado pela mula-sem-cabe-ça. Atores e bonecos em minia-tura dividem o palco, levantan-do discussões ambientais pró-prias do bioma, com bom hu-mor e surpresas. “Queremos tam-bém trabalhar um pouco do fol-

“CERRADO” é o terceiro episódio de uma série ecologicamente correta

clore de cada região”, conta odiretor da peça, Ulisses Tavares.

A intenção é montar a diver-sidade brasileira em cerca de 12espetáculos. “Além de uma pes-quisa muito ampla, o grupo vaiaté a região selecionada e estu-da o ambiente in loco. É umaexperiência rica e prazerosa paraos atores, proporcionada pelaPetrobras”, salientou.

Apesar de ser um espetáculoinfantil, segundo Ulisses Tavares,ele também tem uma grande acei-tação entre os adultos. “Históri-as infantis encantam os adultos,pois todo mundo já foi criança.Mas trabalhar com bonecos temum diferencial, porque não deixaa mensagem bobinha. É encan-tador porque cada um deles temuma personalidade, é um ser in-dependente”, explicou.

Essa série deu origem a umacoleção de livros paradidáticos, emuma das ações de expansão dogrupo, que envolve, além do teatroe literatura, televisão e cinema.“Após a parceria do Giramundocom a Rede Globo nas duas tem-poradas de ‘Hoje é dia de Maria’,muitas portas foram abertas. Esta-mos preparando vários projetos emmuitas áreas e a notoriedade queessa parceria proporcionou temajudado bastante”, revelou Ulisses.

O grupo Giramundo mantémum museu em Belo Horizonte comtodo o acervo de 36 anos de his-tória. São cerca de 900 bonecos,na maior coleção do gênero noBrasil, uma das maiores do mun-do. O museu foi aberto em 2001,mas os trabalhos de catalogaçãoainda estão sendo feitos.

SERVIÇO: espetáculo “Cerra-do”, do Giramundo Teatro de Bo-necos, às 20h, no bloco 3M docampus Santa Mônica da UFU.Entrada franca.

LYGIA CALIL | REPÓ[email protected]

No coração do Fun-dinho, no Centro de Uberlândia, um lugar dedicado à

integração das artes cêni-cas e plásticas. O sonho do uberlandense Rodrigo de Lima o trouxe de volta da capital federal, de uma vida de executivo, para inaugu-rar um espaço de arte — o Sítio do Pensador. Para a abertura do local foi es-colhido o espetáculo-solo “Confi ssões de um ratinho”, de sexta a domingo, até 31 de outubro.

Jogando em várias po-sições, Lima fez a adapta-ção do texto de “Notas do Subsolo”, de Dostoievski, a concepção do espetáculo e interpreta o personagem. “Sou de uma geração que se deixou levar pela ideologia e até hoje segue assim. Este espaço é dedicado à minha

história de 31 anos de teatro. Escolhi este texto por ser um trabalho de 12 anos, que passou por várias adapta-ções”, disse o ator.

Em cena, um rato, viven-do no subsolo, representa um anti-herói. Na atmosfe-ra densa e de ironia ácida, o homem-rato despeja toda a sua frustração e raiva contra o mundo e as ideologias. “O texto foi publicado em 1855, mas impressiona como ele é atual. Os confl itos conti-nuam os mesmos, mas em outro contexto”, afi rmou.

O ambiente foi constru-ído para ser a toca do rato. No teatro da palavra, pare-des preto e branco, pu! s de material reaproveitado e re-ciclado, como pneus e bam-bus. “O texto é muito forte e muito denso, como todo Dostoievsky, então a plateia deveria estar confortável. Tudo foi feito pensando nis-so, mas tinha que ter relação com o espetáculo para ser

completo”, disse.A instalação cenográfi ca

fi cou por conta dos artistas locais Maciel Vasconcelos, Heraldo Araújo, Carlos Peça e Assis Guimarães. “São amigos, artistas que já estão em uma fase madura, todos experientes, que estavam sedentos por um espaço como este na cidade. A rea-lização do sonho não será só minha, mas também de to-dos eles. O espaço é franco, é aberto, é para quem quiser.”

CORREIO DE UBERLÂNDIASÁBADO

3/10/2009

B8

As jogadas que ainda não aprendiPAPO GERAES

Por mais que haja reco-mendações contrárias, que o talento seja limi-tado, a condição física,

crítica e, até mesmo, o apoio dos companheiros de jornada cada vez menor, continuo jogando bola.

A disposição e correria dos tempos de juventude foram gradativamente sendo substi-tuídos pelo toque mais rápido, pela jogada previamente idea-lizada antes mesmo da chegada da bola. Pela atenção no passe, muito mais do que na conclu-são. E, certamente, pela com-preensão dos colegas e adver-sários que aceitam e respeitam a presença de quem insiste em estar dentro de campo.

Como em grande parte os in-tegrantes dessas disputas são os mesmos e que como qual-quer um também sentem o peso da idade, o desempenho fi ca mais ou menos equilibra-do. De certa forma, uma versão irreverente da descoberta da fonte da juventude. Só que nes-te caso não se permanece jo-vem. Todos envelhecem simul-taneamente e com isso não se percebe a cobrança do tempo.

Ao se manter basicamente o mesmo grupo tem outra van-tagem que é a continuidade do convívio após a disputa. O que, com o avanço da idade, acaba se tornando a parte mais agra-dável. Costumo dizer que o me-lhor de um racha é sair antes

de ele terminar. Pra zombar de quem continua em campo e para apreciar, sem remorso nem culpa, uma cerveja gelada depois de um banho frio.

Para mim funciona como uma espécie de terapia grupal, ainda mais que todos com quem jogo não têm nenhuma ligação familiar ou profi ssional comigo. Com eles me divirto, distraio e exercito até, com certa habili-dade, o lado bem-humorado e irreverente do meu jeito de ser.

Jogar bola duas vezes por se-mana para mim é um compro-misso. Aos quais falto apenas por razões de força maior. E tem que ser bem grande mesmo.

Acontece que atualmente, não sei se pela ironia do desti-

no, pela torcida contrária ou por qual outro fator tenho enfrenta-do um dilema duplo. Nos rachas das quartas, que são à noite, os menos novos como eu estão deixando de ir, substituídos por jovens no auge da forma e da condição física. E os de domin-go começam às 11h, horário que

uma pessoa de pele clara tem que evitar.

Por diversas vezes tenho tentado encontrar alternativas, como convocar os velhos para as quartas e começar mais cedo aos domingos. Iniciativas frus-tradas.

Imagino que a vida esteja me oferecendo lições impor-tantes também nestes casos. O problema é que há jogadas que ainda não estou conseguindo aprender.

Vou começar um novo racha em novo horário, novo local e talvez com nova turma. Para tristeza geral de quem aprecia um bom futebol e que vive me estimulando a abandonar sua prática...

Jogar bola duas vezes por semana

para mim é um compromisso. Aos quais falto

apenas por razões de força maior. E tem que ser bem grande mesmo

“CELSO MACHADO

O QUE: Teatro solo “Confi ssões de um ratinho”QUEM: Rodrigo de LimaQUANDO: De sexta-feira a domingo, às 20hONDE: Sítio do Pensador – Rua Johen Carneiro, 6 - FundinhoQUANTO: R$ 10 e R$ 5 (meia-entrada)

Ator abre mais um espaço para a arteLOCALIZADO NO FUNDINHO, O NOVO EMPREENDIMENTO VAI ABRIGAR VÁRIOS TIPOS DE MANIFESTAÇÕES CULTURAIS

SÍTIO DO PENSADOR

RODRIGO DE LIMA é o protagonista de “Confi ssões de um ratinho”, em cartaz na cidade

BETO OLIVEIRA

ESTE ESPAÇO É DEDICADO À MINHA HISTÓRIA DE 31 ANOS NO TEATRO

RODRIGO DE LIMA

NÃO PERCA

Franz Ferdinand volta ao Brasil em março ADREANA OLIVEIRACOM AGÊNCIA ESTADO

A passagem da banda es-cocesa Franz Ferdinand pelo Brasil não se resumia ape-nas a uma apresentação para pouco mais de mil pessoas na " e Week, na quarta-feira (30) nem para a uma aparição no VMB 2009 na quinta (1º).

O grupo concedeu uma entrevista coletiva em São Paulo e confi rmou uma turnê pela América Latina que in-cluirá o Brasil a partir do mês de março de 2010. A turnê pelo país vai correr por Porto Alegre (dia 18 de março, no Pepsi on Stage), pelo Rio de Janeiro (dia 19, na Fundição Progresso), por Brasília (dia

21, em local a ser confi rmado) e por São Paulo (dia 23, no Via Funchal). A banda ainda toca em Buenos Aires, Santiago, Assunção, Lima, Bogotá e Punta Cana.

Simpáticos e se referindo a esta vinda ao Brasil como uma espécie de férias, Alex Kapranos (voz e guitarra), Nick McCarthty (guitarra e

voz), Robert Hardy (baixo) e Paul Thomson (bateria) responderam às perguntas dos jornalistas pouco antes de subirem ao palco para tocar boa parte das músi-cas do álbum “Tonight”, sem esquecer de mesclar suces-sos dos dois primeiros CDs, como “Take me Out” e “Do You Want To”.

AGENDA

O GRUPO ESCOCÊS foi uma das atrações do VMB na quinta-feira

ADREANA OLIVEIRA

U B E R L Â N D I A A C O N T E C E A Q U I • S E X T A - F E I R A • 2 9 D E M A I O D E 2 0 0 9

Uma mulher enrijecida pelas cicatrizes da vida, com traços masculinizados como forma de defesa de um mundo que lhe exige dureza, mas que revela sua humanidade feminina por meio de sutilezas, da arquitetura das palavras que compõem seus po-emas e da experiência do amor que não se limita a contrastes do tempo. Essa é Adelaide Fontana, personagem do monólogo “A Rainha do Rádio”, que estreia hoje na Escola Livre do Gruponta-pé de Teatro, em Uberlândia, com

TEATRO

Monólogo traz aotablado a históriade uma mulher que não tolera desaforoANGÉLICA PEIXOTO *[email protected]

direção de Antônio Carlos Burnet.Baseada na obra de José

Saffi oti Filho, de 1976, a peça foi adaptada para o contexto atual e explora com maior profundidade o universo da mulher, relegando a repressão do Regime Militar ao plano de fundo da história.

Depois de 25 anos à frente do programa de poesias “Suspiros ao meio-dia”, transmitido pela rádio AM de uma pequena cidade, a ZYK-7 Rádio Esperança do Inte-rior, a locutora Adelaide Fontana é demitida sob alegação de rees-truturação da emissora. Lúcida, consciente e crítica no auge de seus 45 anos - é o que ela afi rma, apesar de a aparência condenar a omissão de alguns aniversários nessa contagem - a radialista, nada mais tendo a perder, invade a emissora na boca da noite. Pelas mesmas ondas que por tanto tempo transmitiram os en-

cantos de suas poesias, leva ao ar o desabafo dos verdadeiros motivos de sua demissão, bem como seu desagrado com o auto-ritarismo, a concentração de po-der e a alienação social.

“Adelaide é uma heroína ao avesso. O texto começa como uma comédia irreverente e vai se des-dobrando em um drama psicológi-co”, afirmou o diretor Antônio Carlos Burnet, que destaca ainda o desafi o de um homem, o ator Marcial Rezende, de interpretar o monólogo. “O teatro é a arte de ser o que você não é. Mas, para fl uir, o personagem passa pelo meu corpo e é então que a mistura de sexos soma à formação de Adelai-de e não a descaracteriza”, disse Marcial, que pela primeira vez in-terpreta uma mulher no teatro.

* Programa de Aprimoramento Profi ssional

VINÍCIUS CARVALHO/AGÊNCIA LUZZ/DIVULGAÇÃO

AMBIENTAÇÃO

Simplicidade e qualidade se unem no palcoPor três meses, o diretor

Antônio Carlos Burnet e o ator Marcial Rezende trabalharam na adaptação da peça “A Rai-nha do Rádio”, que tem o cená-rio de Flávio Arccioli. Segundo Burnet, “o ambiente é um estú-dio simples de rádio do interior, não tem muitos elementos, já que o centro das atenções é a personagem”.

Em cena, os traços grossei-ros de um homem se equilibran-do no salto alto, com as mãos peludas, os dedos e unhas largos, além do próprio timbre

de voz do ator servem como características de composição da radialista Adelaide Fontana. “A feminilidade está na quali-dade do gestual, na velocidade e melodia suaves da fala, além do andamento do enredo. Mas tudo isso sem deixar transpare-cer a ideia de que seja um tra-vesti, não é isso. É uma mu-lher!”, afi rmou Marcial.

O espetáculo tem duração de uma hora com dualidade nas trilhas sonoras entre o que vai ao ar pela “ZYK-7 Rádio Es-perança do Interior” e as can-

ções que norteiam os pensa-mentos da apresentadora. A iluminação dá o clima do enre-do, auxiliando o ator na interpre-tação e também faz o papel do som em momentos de clímax e nas duas últimas cenas. SERVI-ÇO: O espetáculo “A Rainha do Rádio” será apresentado hoje, amanhã, domingo e no próximo fi m de semana, sempre às 20h, na Escola Livre do Grupontapé de Teatro. Duração: 60 minutos. Ingressos a R$ 10 e R$ 5 (meia-entrada). Veja mais informa-ções no Roteiro, página C5.

Um passeio da comédia ao drama

LYGIA CALIL [REPÓRTER][email protected]

Imagine misturar, no mesmo espetáculo teatral, Amelie Poulain (personagem meiga do fi lme fran-cês “O fabuloso destino de Amelie Poulain”), Lady Macbeth (rainha ambiciosa do drama shakespea-riano) e Medeia (feiticeira da mi-tologia grega), além de outras 13 fi guras importantes da dramatur-gia. Hoje os alunos do curso de Teatro da Universidade Federal de Uberlândia juntam todos estes personagens e interpretam a “Far-ra dos Atores”, na praça Clarimun-do Carneiro, a partir das 18h.

A “Farra” dos uberlandenses foi inspirada livremente em outra “Far-ra”, do diretor Márcio Vianna, criada no início da década de 1990, no Rio de Janeiro. O ator Paulo Merísio, que hoje dirige o grupo da UFU, que leva o nome da peça, participou do espetáculo original e apresentou a

proposta aos seus alunos. No Rio, ele chegou a encenar a peça por 10 horas ininterruptas – mas, para os alunos, reduziu a carga para três horas. “É um trabalho que visa à exaustão do ator. Por meio dela, conseguimos atingir resultados dramáticos mais intensos, muito interessantes. Além disso, é muito prazeroso”, afi rmou.

Segundo Merísio, nem é preci-so assistir às três horas do espe-táculo. As cenas são exploradas em um fl uxo rápido, em que os atores correm um percurso fi xo, apresentando ações desconexas, retiradas dos textos originais em que os personagens aparecem. Há outras cenas, criadas pelo grupo. O figurino básico é uma roupa preta e, por cima, algum elemento ligado ao personagem. “Pode ser um pano, uma peça de roupa, qualquer coisa vale”, disse o ator Eduardo Humbertto, que interpreta Dionísio na peça. Na avaliação de

Humbertto, o formato da “Farra” é único, pois permite ao espectador o contato com grandes persona-gens do teatro grego, inglês, bra-sileiro e outros ao mesmo tempo. “É interessante porque traz trechos de seus textos originais, que têm um grande valor para o teatro e a literatura universal”, afi rmou.

O espetáculo será apresentado pela primeira vez fora dos muros da UFU. No campus Santa Mônica, eles encenaram uma sessão e contaram com a participação do público. “Foi uma experiência única. Os alunos compraram a ideia e muitos entraram na roda, correram juntamente com os atores. Espero que, na praça, a interação se repita, pois é este o intuito do teatro – to-car e envolver, de alguma forma, a plateia”, disse o diretor Merísio. SERVIÇO: O espetáculo teatral “Farra dos Atores” será apresentado hoje, às 18h, na praça Clarimundo Carneiro. Entrada franca.

NA PRAÇA

Uma farra artística no ar

MARCIAL REZENDE: o ator interpreta Adelaide Fontana sob a direção de Antônio Carlos Burnet

BETO OLIVEIRA

GRUPO FARRA DOS ATORES quer envolver a plateia durante a apresentação na Clarimundo Carneiro

JUANNA BARBÊRA FAZ HOJE

LANÇAMENTO DO PRIMEIRO CD

PÁGINA C6

SAIBA DAS FOFOCASDO MEIO ARTÍSTICO COM NELSON RUBENSPÁGINA C4

U B E R L Â N D I A A C O N T E C E A Q U I • Q U A R T A - F E I R A • 1 7 D E J U N H O D E 2 0 0 9

ERRAMOS ontem ao divulgar o número de envio para SMS da banda Os Seminovos, de Uberlândia, que concorre a uma apresentação ao vivo no “Domingão do Faustão” no próximo dia 21. O prazo para votação termina hoje, ao meio-dia. O número correto para envio de SMS é 88402. Por telefone: 030310-88402 e pela internet: http://domingaodofaustao.globo.com.

DIVULGAÇÃO

Saído do Patrimônio, bairro da região Sul de Uberlândia, o artista plástico Gilberto Maciel expôs, nos últimos dois meses, em três mu-seus europeus. De 11 de maio até o fi m da semana passada, suas peças percorreram a Áustria, Hungria e Eslováquia no 16º Cir-cuito Internacional de Arte Brasi-leira. A próxima exposição será no encerramento do circuito, em Maringá (PR), a partir do dia 26.

Maciel retrata, em suas obras, paisagens do cerrado, as mani-festações culturais e a arquitetura colonial do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba. Há mais de 20 anos, ele viaja pela região para pintar os casarões e igrejas histó-ricas que encontra. No início da década de 1980 começou com o carnaval, folia de reis e congado do bairro Patrimônio, onde nas-ceu. “Tudo tem uma alma. É isso que eu gosto de capturar, de ex-por. Se eu quero mostrar o meu mundo, mostro a minha aldeia. É uma honra poder levar tudo isso a uma vitrine como a Europa”, disse o artista.

No ano passado, ele deu iní-cio à série sobre o cerrado, focan-do as fl ores e paisagens coloridas das veredas, brejos e recantos escondidos da região. Desde então, já criou mais de 100 pe-

TIPO EXPORTAÇÃO

O cerrado que encantou europeusÁustria, Hungria eEslováquia elogiamarte do uberlandenseGilberto Maciel LYGIA CALIL [REPÓRTER][email protected]

GILBERTO MACIEL é autodidata; morador do Patrimônio, ele busca na natureza e em velhas construções inspiração para compor seus quadros

FOTOS PAULO AUGUSTO

ças. “Toda semana, eu vou para um sítio a 15 quilômetros de Uberlândia de bicicleta. Durante a minha viagem, presto atenção em tudo, seja um urubu levantan-do voo ou um córrego com a água limpinha correndo. Chego em casa com as imagens na cabeça”, afi rmou.

Para completar a inspiração despertada pela natureza, Maciel procura na coleção de discos uma sinfonia de Beethoven, põe no som e, com a espátula na mão, molda rapidamente a tinta a óleo sobre a tela, onde cria o seu cerrado particular. “São paisa-gens que eu vejo, mas que pas-sam pela minha interpretação. Como eu sou autodidata, não tenho amarras acadêmicas. Pinto como eu sei, como eu nasci sa-bendo fazer. Em 25 minutos uma tela fi ca pronta”, disse.

PopularizaçãoAlém das telas, Maciel explora

o direito de reprodução dos tra-balhos. Ele fi rmou uma parceria com uma gráfi ca da cidade, que produzirá gravuras para serem distribuídas nacionalmente, no segundo semestre deste ano. Ele também foi procurado por uma grife local que usará, na próxima coleção, as obras estampadas nas roupas. “Meu negócio é po-pularizar a arte. Não acredito em galerias frias e em trabalhos vol-tados a um público elitista. Eu quero é que cada vez mais gente possa conhecer e admirar as minhas obras. Qualquer pessoa paga R$ 20 em uma gravura bo-nita, bem impressa e de qualida-de”, disse.

EUROPA

Um artista orgulhoso de suas raízesO trabalho de Gilberto

Maciel foi tachado, na Europa, de expressionista, assim como as obras dos ídolos do artista, os mestres Van Gogh e Renoir. “Acho engraçado rotularem as telas assim, porque a minha técnica é ‘espatulista’, só isso. Eu gosto é de levar para as outras pes-soas o meu mundo, nada mais. Não fi co amarrado em um gênero”, disse.

Durante a abertura da ex-posição, ele esteve na Áustria e lá pôde conhecer uma cultu-ra diferente em relação à arte e ao artista. “Eu fui tratado como um artista de verdade, com respeito. Aqui no Brasil, artista é jogador de futebol. E eu sempre fui da periferia, da margem. Depois de mais de 25 anos pintando, receber um elogio de um especialista eu-ropeu é gratifi cante.”

Ao final do circuito, ele receberá uma menção honro-

sa dos organizadores da turnê, em um evento em Belo Hori-zonte, em data a ser defi nida. Quem quiser conhecer as

obras de Gilberto Maciel deve agendar uma visita à casa dele, no bairro Patrimônio, pelo telefone é 8831-7758.

QUADROS de Gilberto foram classifi cados como expressionistas

CONFIRA AS BADALAÇÕESDE NOSSA SOCIEDADE COM

ROGÉRIO CUNHAPÁGINA C3

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DOCUMENTÁTOP MODELSERÁ LANÇAPÁGINA C4

DOMINGO • 18 DE ABRIL DE 2010 • [email protected]

ANTÔNIO PEREIRA AS ORIGENS DA FACULDADE DE ENGENHARIA • PÁGINA B8

DOMINGO • 18 DE ABRIL DE 2010 • [email protected]

REVISTACORREIO DE UBERLÂNDIA

O SAMBA DE MALAS PRONTASVELHA GUARDA DA TABAJARA REALIZA, A PARTIR DA SEMANA QUE VEM, SHOWS EM BELO HORIZONTE E EM SÃO PAULO

RESGATE

Conheça antigas histórias de carnavais e as mais recentes, vividas pela velha guarda da Tabajara em relatos dos integrantes do grupo musicalAs fascinantes histórias de muitos carnavaisMarlene Fátima Mendonça, 60 anosVizinha dos fundadores da Tabajara, dona Fatinha bordava fantasias para os primei-ros desfi les. “Eu sempre extrapolava nos bordados. Passava noites inteiras bordando. Achava que toda fantasia era importante e merecia destaque. Ter entrado para o grupo musical da velha guarda me fez muito bem. Fazemos muita farra.”

Maria Helena Viana, 75 anosMoradora do Patrimônio, ela esteve pre-sente desde as primeiras rodas de samba do bairro. Hoje, tem até bisnetos na escola. “No começo da escola era tão bom. Tudo improvisado, feito na base da alegria. Não tínhamos instrumentos, então os ho-mens tocavam com colheres, batendo em

frigideiras. Depois vieram tamborins feitos em casa, que no meio do desfile paravam de tocar. Levávamos jornal e fósforos para aquecê-los, além de linha e agulha para costurar as fantasias que iam caindo no caminho.”

Maria Joana da Costa, 80 anosA mais idosa do grupo tem 7 fi lhos, 24 netos e 27 bisnetos na escola. Mesmo participando dos bastidores, vendo irmãos desfi larem pela Tabajara e tendo vontade de sair com a escola, ela era proibida pelo marido. Depois da sepa-ração, ela caiu no samba. “Eu sempre fi quei de fora, mas tanta gente minha sai na Tabajara que daria para montar outra escola. Eu sinto estar com a idade tão avançada agora, porque gostaria de aproveitar o grupo da velha guarda por muito mais tempo. É uma emoção muito grande estar no palco e representar berlândia.”

Maria das Graças Oliveira Mendonça, 56 anosA caçula do grupo não faz parte da escola há muitos anos. Aos 22, ela quis desfi lar, mas os pais a proibiram. Ela foi mesmo assim, escondida. “Eu adorava os ensaios, sempre gostei de samba. Quando arrumei a fantasia, não acreditei. Meus pais tinham preconceito, achavam que samba era só para negros. Mas eu fui e, para o meu azar, depois passou na televisão. Fiquei de castigo, sem poder voltar ao samba. Depois que tive os meus fi lhos, voltei para a Tabajara.”

Benedita Pereira de Oliveira, 76 anosAs primeiras rodas de samba aconteceram na casa dela, que era cunhada de um dos funda-

dores da Tabajara, Lotinho. “Nossos primeiros desfi les tinham muita coisa que não têm hoje, como duque, dama, ala de índios, baliza. Todo mundo trabalhava muito. Homens e mulhe-res passavam noites bordando fantasias e os ensaios eram os mais animados. Eu me sinto importante vendo que meus fi lhos e netos continuaram com a escola e com o carnaval. Faço parte da história e isso me emociona.”

Mestre Bolinho, 69 anosUm dos fundadores da escola, Mestre Bolinho se diz um “avô” da Tabajara. “Eu me sinto muito orgulhoso quando vejo o que conse-guimos construir. Depois de um tempo, os velhos dentro da escola estão sendo mais respeitados, desde que o grupo musical da velha guarda começou. Acho que poderíamos tocar mais em Uberlândia, porque não são todos que conhecem a nossa história.”

PAULO AUGUSTO

Cinéfi los trocam a sala de cinema pelo conforto das almofadasPÁGINA B3

o

LYGIA CALIL | REPÓ[email protected]

Entre as cores da cultura de Uber-lândia, uma vem ganhando tons

mais fortes. O samba tra-dicional das rodas do bairro Patrimônio, que há 60 anos deram origem ao carnaval da cidade, c o -

meça a tomar forma profi s-sional. Como consequência da produção de um CD e um livro sobre as velhas guar-das da cidade, lançados no ano passado, o grupo musi-cal formado pelos pioneiros sambistas da escola

de sam-b a

Tabajara irá circular por Belo Horizonte e São Paulo, apresentando um pedaço da nossa história cultural.

Na próxima semana, o grupo embarca para a capi-tal do estado, para se apre-

sentar, no domingo, ao lado de outros grupos

de velha guarda, como Meni-nas de Sinhá (MG), Rene-gado (MG) e

Cidade Negra (RJ), na praça

d o

Alto Vera Cruz. No outro fi m de semana, em 1º e 2 de maio, os shows dos uber-landenses serão no Sesc Santana, na capital paulista, com a presença das velhas guardas da Camisa Verde e

Branco (SP),

Portela (RJ) e Protegidos da Princesa (SC).

Farão parte dos shows o Mestre Bolinho e cinco “ga-rotas” que fazem parte da história do samba desde a década de 1950 (veja relatos nesta página). “Temos sorte de ter, na nossa cidade, pes-soas ainda ativas como estas, para nos contar as histórias dos pri-mórdios do carnaval e da formação desta cultura na cidade”, afi rmou o sambista

Rodrigo Santiago,

um dos autores do livro.Entre canções antigas e

novas, uma característica se destaca: todas elas se-guem a linha mais tradi-cional do samba produzido na cidade. O mestre Boli-nho resume a ansiedade do grupo para se apresentar.

“Estamos muito ani-mados, ensaiando

duro, quero mui-to levar o sam-ba de Uberlân-dia para fora

d a q u i ” , disse.

MEMÓRIA

U B E R L Â N D I A A C O N T E C E A Q U I • Q U A R T A - F E I R A • 2 2 D E A B R I L D E 2 0 0 9

CONFIRA NO ROTEIROAS ATRAÇÕES DESTA

QUARTA-FEIRA NA CIDADEPÁGINA B2

AÇÃO E EFEITOSESPECIAIS TAMBÉMESTÃO NA TVPÁGINA B4

DIA NACIONAL DO CHORO

Homenagem ao mestre PixinguinhaO nascimento de umdos maiores nomesda música brasileiraserá lembrado amanhãLYGIA CALIL [REPÓRTER][email protected]

BETO OLIVEIRA

UMA LENDA

Lapa foi o reduto do choro no Brasil

APRESENTAÇÃO

Grupo de Uberlândia preserva a boa música

Em 23 de abril comemora-se o Dia Nacional do Choro, em ho-menagem ao nascimento do maior expoente do gênero, o compositor Pixinguinha. Em Uber-lândia, a data será lembrada amanhã na praça Clarimundo Carneiro, a partir das 19h, com a apresentação do grupo local Wellington e Regional Fogo na Roupa e participações da cantora Luciene Andrade e das bandas Mistura Boa e Chorando Sem Dó.

A noite será embalada por músicas que, há décadas, encan-tam gerações. Fazem parte do repertório composições clássicas como “Tico-Tico no Fubá”, de Ze-quinha de Abreu, “Brasileirinho”, de Waldir Azevedo, “Noites Cario-cas”, de Jacob do Bandolim e,

O grupo Wellington e Regio-nal Fogo na Roupa é formado por jovens instrumentistas, com idades entre 19 e 30 anos. Uma das propostas dos músi-cos é apresentar para um pú-blico de idade semelhante à sua as composições do choro. “É uma música que embala gerações, permanece há pelo menos um século na nossa cultura. É muito importante que os jovens conheçam e não deixem que se percam no tem-po. Nós fazemos a nossa parte, procuramos divulgar ao máxi-mo”, disse Wellington Gama.

Para se aprofundar nos

estudos e conhecer as compo-sições, os instrumentistas lan-çam mão da internet. “É muito difícil ter acesso a bons discos de choro aqui em Uberlândia, e muito caro. Mas uma boa parte deles está na rede, o que facilita o nosso trabalho. Tam-bém aprendo muito com músi-cos de fora, com quem mante-nho contato”, afi rmou.

Outra saída é vasculhar as bibliotecas da Universidade Federal de Uberlândia e do Conservatório Estadual de Mú-sica Cora Pavan Capparelli, onde eles estudam. “Pena que, recentemente, os alunos não

podem mais ouvir os CDs do acervo do Conservatório. De lá, tirei muitas músicas que toca-mos até hoje.”

Wellington Gama começou a tocar cavaquinho em 2000, aos 15 anos e, em 2002, ini-ciou seus estudos no Conser-vatório de Música Cora Pavan Capparelli. Em 2004, teve seu primeiro contato com o bando-lim, instrumento em que é au-todidata. Há dois anos, convi-dou amigos instrumentistas e fundou o grupo. Eles já se apresentaram diversas vezes em espaços culturais de Uber-lândia, como a Ofi cina Cultural.

Amanhã, Pixinguinha come-moraria 112 anos se ainda esti-vesse vivo. Ele foi um dos maio-res nomes da música brasileira e contribuiu tanto para a divulga-ção do choro, quanto na busca por uma forma defi nitiva para o gênero. Até o início do século 19, o choro era confundido com ou-tros ritmos, como a polca.

Pixinguinha, cujo nome era Alfredo da Rocha Viana Filho, foi multi-instrumentista, compositor, cantor, arranjador e regente. Era frequentador da Lapa, no Rio de

Janeiro, conhecido reduto de boêmios e berço do choro.

Em 1919, ele formou o regio-nal Oito Batutas, em que tocava fl auta, ao lado dos músicos João Pernambuco e Donga e outros instrumentistas convidados. Na época, fez sucesso entre a elite carioca, tocando maxixes e cho-ros, utilizando instrumentos até então só conhecidos nos subúr-bios cariocas.

Quando compôs duas das canções mais famosas de seu repertório, “Carinhoso”, em

1917, e “Lamentos”, em 1928, foi alvo de críticas de outros chorões, que não as considera-vam choro, por ter infl uência do jazz. Hoje, são consideradas composições muito avançadas para a época.

No dia 23 de abril comemo-ra-se o Dia Nacional do Choro, em homenagem à data de ani-versário do compositor. A data foi criada ofi cialmente em 4 de setembro de 2000, por iniciativa do bandolinista Hamilton de Holanda.

como não poderia faltar, uma das mais conhecidas canções de Pi-xinguinha, “Carinhoso”.

O choro é considerado o pri-meiro gênero musical popular e urbano tipicamente brasileiro e é muito difícil de ser executado. Segundo Wellington Gama, que toca o gênero há cerca de oito anos, são necessários muita técnica e pleno domínio dos ins-trumentos, devido às composi-ções rápidas e à profusão de notas.

“Uma das características principais do choro é a improvisa-ção. Só é possível improvisar com propriedade sobre a melodia e a técnica. Somente músicos de grande vivência com o instrumen-to são capazes de fazer isso com maestria. Cada integrante toca praticamente como solista, é quase uma miniorquestra. Por isso, também, é tão difícil”, afi r-mou Gama.

O anfi trião da noite de ama-nhã é o grupo criado pelo instru-mentista em 2007, em Uberlân-dia. A formação básica do Wellington e Regional Fogo na Roupa segue à risca a tradição do

choro, com violão de sete cordas (Flávio Telles), violão (Paulo Viní-cius), bandolim (Wellington Gama), fl auta transversal (Thaís Medeiros), cavaquinho (Bruno Silva) e pandeiro (Leonor Júnior).

Além das composições de maior sucesso do gênero, eles bebem na fonte que deu origem ao choro, como ritmos europeus do século 19 — polca, valsas e dobrados. “Com esta formação e ênfase na tradição, somos os primeiros de Uberlândia, com muito orgulho”, disse Wellington Gama.

O nome do grupo teve origem, claro, na tradição. As primeiras formações de choro, no começo do século 20, sempre tinham o nome de um instrumentista à frente, seguido do nome da ban-da, como Pixinguinha e os Oito Batutas. “Regionais” era como chamavam os conjuntos de choro e “Fogo na Roupa” é uma compo-sição do famoso chorão Altamiro Carrilho. “Como eu que incentivei todo mundo a entrar para o choro, o meu nome foi para a frente. Assim fi cou Wellington e Regional Fogo na Roupa.”

DIVULGAÇÃO

O ENCONTRO de Pixinguinha, o mestre do chorinho, com Louis Armstrong, mestre do jazz

O GRUPO Wellington e Regional Fogo na Roupa se apresentará amanhã na praça Sérgio Pacheco

U B E R L Â N D I A A C O N T E C E A Q U I • Q U A R T A - F E I R A • 2 7 D E M A I O D E 2 0 0 9

Originalmente construído para ser um entreposto de distribuição atacadista de produtos hortifruti-granjeiros, o Mercado Municipal de Uberlândia já passou por várias transformações ao longo dos 65 anos de história. A partir de ama-nhã, o local contará com uma face voltada para a cultura e o turismo. Com a conclusão da reforma, ini-ciada no ano passado, o Mercado oferece, agora, uma galeria de arte, um teatro de bolso e um espaço cultural para atividades diversas.

As atrações começam nesta quinta-feira ainda cedo, às 9h, com o lançamento do Informativo Histó-rico do Mercado. À noite, na inaugu-ração da nova cara do Mercado, o cantor uberlandense Luís Dillah apresenta o show “O poder de voar”, com participação do grupo de per-cussão Tabinha, no pátio, a partir das 19h. No teatro, com capacidade para 100 pessoas, os atores Flávio Arciole, Teta Campos, Maria Amélia Fernandes e Johnny Charles apre-sentam a esquete “Comigo 4”. Nove outros grupos teatrais se apresen-tarão no espaço e pátio, em cenas curtas, em meio ao público.

Na Galeria do Mercado, no se-gundo piso, será aberta uma expo-sição coletiva dos artistas plásticos Luciana Arslan Paulo Faria, Clarissa

• Artesanato• Artigos para feijoada• Barbeiro• Cachaça• Carnes e peixes frescos• Chaveiro• Comida mineira, italiana, japonesa, natural• Cuia e erva para chimarrão• Doces cristalizados, em calda ou compota• Frutas e verduras• Frutos do mar• Fumo de corda• Linguiça• Móveis rústicos• Queijos• Sapateiro• Sebo (livros e revistas)• Pimentas

MERCADO MUNICIPAL

Uma nova história prestes a começarApós mais de seisdécadas, Mercadopassou por sua maior revitalizaçãoLYGIA CALIL [REPÓRTER][email protected]

Borges, Gastão Frota, Sidvera Re-sende, Régis Winckler, Rodrigo Moretti e Luís Eduardo Borda. As peças são fotografi as, telas e ins-talações de temas variados. “A nossa proposta é abrir as portas do Mercado para artistas de Uberlân-dia e da região. Nossa ocupação está completa até setembro, mas estamos prontos para receber ou-tros projetos. Os artistas podem procurar a Secretaria de Cultura”, afi rmou Sandra Carolino de Paiva, administradora do Espaço Cultural.

De acordo com a secretária municipal de Cultura, Mônica Debs, a ideia é tornar o Mercado um ponto de encontro de artistas e da comunidade. “O espaço já é uma referência na cidade, mas não era bem aproveitado. Particularmente, me incomodava aquele ambiente antigo. É mais um espaço de qua-lidade que entregamos à popula-ção”, disse Debs.

Programação fi xaAlém de eventos especiais, há

um projeto de criar uma agenda com atrações fi xas, como um sam-ba uma vez por semana, a volta da Feira Gastronômica às terceiras quintas-feiras de cada mês e exe-cuções de happy hours com artis-tas da cidade. Hoje, já é realizado o Cineclube da Esquina, que toda quarta-feira exibe fi lmes fora do contexto comercial. “Temos muitos projetos para serem colocados em prática ainda neste ano, como, duas vezes por mês, realizar uma exibição de fi lmes no pátio. Quere-mos movimentar este espaço e precisamos de parcerias”, disse Sandra Carolino de Paiva. (Leia mais na página C4).

TRADIÇÃO E MODERNIDADE

Entregas por bicicleta“O melhor do Mercado é

que aqui tem tudo.” A frase do entregador de frutas e verduras José Lemes resume a relação entre a tradição e modernidade que o novo Mercado apresenta. Há mais de 30 anos, este senhor de 93 anos cruza a cidade com sua bicicleta cargueira para atender os clientes do Merca-dinho do Aírton, um dos boxes do local.

No Mercado, são encon-trados os produtos mais tra-dicionais, como carne e peixe frescos, queijos e doces, aos mais inusitados, como comi-da japonesa e árabe, além de serviços, como barbearia e sapataria. A área, de 2,4 mil metros quadrados, agora também é ocupada por uma choperia, um café e novas lojas de artesanato e produtos rurais.

PRODUTOS E SERVIÇOS

Veja o que de mais tradicional e inusitado o Mercado oferece• O quê? Inauguração da revitalização do Mercado Municipal

• Quando? Quinta-feira (28), a partir das 9h, com o lançamento do In-formativo Histórico do Mercado partir e das 19h em diante show musical e esquetes

• Onde? Esquina da rua Olegário Maciel e avenida Getúlio Vargas - Centro• Quanto? Entrada franca

EXPOSIÇÃO COLETIVA – GALERIA DO MERCADO• Artistas: Luciana Arslan Paulo Faria, Clarissa Borges, Gastão Frota,

Sidvera Resende, Régis Winckler, Rodrigo Moretti e Luís Eduardo Borda• De 18 de maio a 23 de junho. Visitação do meio-dia às 18h, de segunda

a sexta-feira

EXPOSIÇÃO PERMANENTE - TERRAÇO• Artista: Rosane Borges• Visitação do meio-dia às 18h, de segunda a sexta-feira

ESQUETE “COMIGO 4” – TEATRO DE BOLSO• Atores: Flávio Arciole, Teta Campos, Maria Amélia Fernandes e Johnny

Charles

CENAS – ESPAÇO CULTURAL E PÁTIO• Grupos: Trupe de Truões, Grupo NoMi, Diversão Light, Cia. Circômix,

Nhô Genaro e Nhá Chiquinha, Teatro Coletivo da Margem, Anjos da Alegria, Di’ferente, Equipe Vaidoso, Art Palco e Davi

PROGRAMAÇÃO

FOTO PAULO AUGUSTO

O ENTREGADOR José Lemes afi rma que “no Mercado tem tudo”

A PARTIR DE AMANHÃ, o Mercado contará com uma face voltada para a cultura e o turismo, além de seus tradicionais e famosos produtos, terá uma galeria de arte e um espaço cultural para o público

CONFIRA MAIS UMTEXTO INSPIRADORDE ANITA GODOY

PÁGINA C2

LANÇADO O PRIMEIROMUSEU DE ARTE SACRADE UBERLÂNDIAPÁGINA C4

ROCRA

C4 | REVISTA CORREIO DE UBERLÂNDIA | QUARTA-FEIRA, 27/5/2009

CRÔNICA DA CIDADEANTÔNIO PEREIRA DA SILVA [membro do IAT][email protected]

Renato, o prefeito educador – II

Já disse que quando assumiu a prefeitura em 1967, Renato de Freitas encontrou só duas escolas de nível secundário, manti-das pelo governo: o Colégio Estadual e o Ginásio Amé-rico Rennée Gianetti.

Quase ao fi nal do seu primeiro mandato, com a Fundação Uberlandense de Ensino Médio funcionando a todo vapor, Renato, esti-mulado pelo vereador Anto-nio Couto de Andrade, que fez a articulação política na Câmara para aprovação do projeto, e pelo vice-diretor do colégio estadual, prof. José Maria Fenelon dos Anjos, resolveu criar os Anexos ao Colégio Estadu-al. Era uma fantástica am-pliação do que ele já havia realizado na área educacio-nal, com a mudança do sistema de ensino rural municipal e a criação da Fundação Uberlandense de Ensino Médio (Fuem).

O Colégio Estadual que, naquela época, garantia aos seus formados, o in-gresso tranquilo em qual-quer faculdade do País, sem necessidade de “cur-sinhos”, prestigiava apenas jovens advindos das altas classes. Por quê? Porque dada à grande procura para as vagas desse colégio houve a necessidade de se realizarem provas seletivas. Só conseguiam ser admiti-dos os alunos cujos pais tinham a possibilidade de pagar “cursos preparatórios para a admissão”. Eram jovens com sólida base de conhecimentos, bem nutri-dos e saudáveis. Os po-bres, os que mais necessi-tavam do ensino gratuito, tinham que pagar para fre-quentar escolas particula-res muito distanciadas da qualidade oferecida pelo Colégio Estadual.

A proposta que aqueles senhores, Couto e Fenelon, levaram ao Renato era a expansão do ensino gratui-to de qualidade para todos os jovens. Os Anexos fun-cionariam durante a noite em grupos escolares ocio-sos nesse horário. A prefei-tura arcaria com as despe-sas de material e pessoal durante os três primeiros anos de funcionamento dos Anexos, após o que o Esta-do assumiria tudo. Afi nal, o ensino ginasial era respon-

sabilidade do Estado.Os primeiros Anexos,

implantados a partir de 1969, foram: Grupo Escolar Oswaldo Rezende, Grupo Escolar Joaquim Saraiva, Grupo Escolar Seis de Ju-nho, Grupo Escolar Treze de Maio, Colégio Tereza Valsée e no prédio dos padres franciscanos, no bairro Martins onde foi, depois, a Faculdade de Odontologia. Nesse prédio funcionava, de dia, o Grupo Escolar Ig-nácio Paes Leme. Pouco depois, foram implantados mais dois: no Grupo Escolar Honório Guimarães e no Grupo Escolar Antônio Luiz Bastos. Os Anexos não possuíam nome e os Certi-ficados eram expedidos pelo Colégio Estadual. O professor José Maria Fene-lon dos Anjos foi convidado para organizar, implantar e dirigir os Anexos. Fenelon conseguiu que o governo Rondon Pacheco transfor-masse as unidades onde funcionavam os Anexos em Unidades Integradas de Ensino do Primeiro Grau, isso porque, com a reforma do ensino de Jarbas Passa-rinho, extinguiram-se os Cursos Primário e Secundá-rio, integrados no primeiro grau. E os Grupos absorve-ram os Anexos transforman-do-se em um grau único.

Em 1969, eles oferece-ram só a primeira série. Nesse ano, o Colégio Esta-dual tinha apenas 400 va-gas, o que era insufi ciente. Ano a ano, os Anexos am-pliavam as séries e chega-ram a abrigar e educar até 4 mil alunos.

Os Anexos não eram totalmente gratuitos. Havia uma contribuição para a Caixa Escolar cujo valor mínimo, negociado com os pais, correspondia aproxi-madamente a um oitavo da mensalidade normalmente cobrada pelas escolas particulares. Era uma fi lo-sofi a do Renato: não dar nada de graça. Os ambula-tórios médicos instalados por ele nos bairros mais pobres da cidade cobra-vam o mínimo de 50 cen-tavos por consulta.

Fontes: José Maria Fene-lon dos Anjos, Antônio Cou-to de Andrade, Antônio Pe-reira da Silva (Memória da Educação em Uberlândia)

! O primeiro museu de Uberlân-dia dedicado exclusivamente à preservação e restauração de obras sacras já é uma realidade. O lançamento ofi cial aconteceu ontem, na Faculdade Católica de Uberlândia. “Agora iniciaremos o momento de sensibilização da comunidade e de mapeamento das obras sacras presentes nas paróquias da Diocese. Somente em Uberlândia, temos 27 igrejas”, afi rmou o padre Rogério Antônio Alves, da Igreja de São Pedro, di-retor do Museu de Arte Sacra (MAS). No espaço haverá exposi-ção de peças cedidas pelas paró-quias dos municípios de Araguari, Cascalho Rico, Estrela do Sul, In-dianópolis, Monte Alegre e Tupaci-

guara, todos pertencentes à Dio-cese de Uberlândia. O museu tem a missão de reunir, organizar e preservar documentos e peças sacras que reconstituem a história da diocese. O MAS deve contar com áreas de exposição e visitação, além dos espaços para pesquisa e restauração de obras. Embora es-teja em fase de pesquisa sobre quais peças serão expostas, padre Rogério cita os livros de tombamen-to da Igreja Nossa Senhora do Car-mo, a primeira de Uberlândia, e obras de arte das igrejas de Estrela do Sul como presenças certas dentro do acervo sacro. Em Minas Gerais, as cidades de Uberaba, São João Del Rei e Ouro Preto já têm seus museus voltados à arte sacra.

GERAIS

Museu de Arte Sacra é lançado em Uberlândia

Cine Stadium não será reaberto no Pratic Shopping! O Cine Stadium encerrou mesmo suas atividades no Pratic Shopping, em Uberlândia, que tinha duas salas de projeção. Em entrevista ao CORREIO, o diretor-

superintendente da Comtec, Mário Humberto da Silva, disse que o fi m das atividades do ci-nema foi uma decisão dos inves-tidores.

• O box do Seu Chico e da Dona Chica é o mais antigo em atividade. Há 46 anos era uma frutaria e hoje oferece doces e queijos. Segundo a proprietária, seus doces já foram levados até para o Japão

• A clientela fi xa é o que mantém boxes tradicionais, como da linguiça do Edmon, a feijoada de sábado do Lúcio e a tabacaria do Dorivaldo

• Há mais de 35 anos, José Lemes, de 93 anos, faz entregas de frutas e verduras do Mercadinho do Aírton de bicicleta – todos os dias, ele cruza a cidade

CRONOLOGIA

• 1944 – Inauguração do Mercado Municipal, sob a gestão do prefeito Vas-concelos Costa. A intenção era reunir os produtores rurais em um mesmo espaço e acabar com o sistema de venda ambulante

• 1977 – Com o crescimento da cidade, a função de agregar os produtores rurais e a distribuição atacadista de hortifrutigranjeiros foi transferida para o Centro de Abastecimento do Setor Agropecuário (Ceasa). Restam no Mercado artesãos e boxes de produtos como doces e queijos

• 1980 - Inicia-se o movimento preservacionista em prol do tombamento da edifi cação, como patrimônio histórico do Município.

• 2002 – O Mercado Municipal é tombado como patrimônio cultural de Uberlândia pela Lei Municipal nº 8.130

• 2008 – Iniciadas a reforma e a revitalização do Mercado com o aproveita-mento de espaços desperdiçados. São criados uma galeria, um teatro de bolso e um espaço cultural

Durante os trabalhos de re-forma do Mercado, foram desco-bertos painéis do artista plástico Geraldo Queiróz, que datam da década de 1950. Hoje, as obras estão restauradas e expostas na fachada do prédio. “É uma me-mória viva e a valorização do trabalho do meu pai. Eu passava aqui e sabia que existia uma obra dele debaixo de tantas ca-madas de tinta”, disse Valéria Queiroz Bruneli, fi lha do artista plástico e frequentadora assídua do Mercado.

Proprietária do box de doces mais antigo em atividade do Mer-cado, Maria Aparecida de Paula, conhecida como dona Chica, aprovou a reforma do Mercado. “É impressionante como fi cou bonito. Eu me lembro deste lugar muito feio, quando todo o piso era de asfalto. Agora, sim, o Mercado está pronto para receber gente de

RESTAURAÇÃO

Obras de arte escondidasSOB CAMADAS DE TINTAFilha de artistaplástico tem muitoorgulho do trabalhodo pai no MercadoLYGIA CALIL [REPÓRTER][email protected]

fora. Já vendi doces para turistas de todos os lugares do mundo, mas agora o movimento vai me-lhorar ainda mais”, afi rmou.

CURIOSIDADES

Fatos e personagens

www.correiodeuberlandia.com.brNO SITE

FOTOS PAULO AUGUSTO

OBRAS de Geraldo Queiróz, como o painel ao lado das vidraças, ainda estão em fase de restauração

DOCES mineiros têm o seu lugar garantido no Mercado

SANDRA CAROLINO DE PAIVA E MÔNICA DEBS apreciam o novo espaço

U B E R L Â N D I A A C O N T E C E A Q U I • S Á B A D O • 1 9 D E J U L H O D E 2 0 0 8

LÍVIA ROSSY ÉDESTAQUE NACOLUNA ZAPPINGPÁGINA C4

A BANDA DYF DÁSEUS PRIMEIROSPASSOS NO ROCKPÁGINA C6

Pense no seu disco predile-to. Se fosse contar uma históriabaseada nele, como seria o seuenredo? A editora digital MojoBooks (www.mojobooks.com.br)se propõe a unir música e litera-tura, ao editar e publicar na in-ternet livros, contos e quadrinhosproduzidos por pessoas co-muns, inspiradas por músicasou discos de qualquer gênero.

O embrião da editora foi abanda Toward the Cathedral, quetocou na década de 90, quan-do os amigos Danilo Corci e Ri-cardo Giassett faziam o caminho

INTERNET

Mojo Books une música e literaturaEditora virtualpublica livros,contos e HQs denovos escritores

LYGIA CALIL*[email protected]

inverso do que buscam hoje ecompunham músicas baseadasem livros. A banda acabou e,alguns anos depois, em 2006,conversando sobre voltar a to-car, surgiu a idéia de unir nova-mente música e literatura, masdesta vez com outro interesse dadupla, o mundo digital.

Os jornalistas montaram osite e, em pouco mais de doisanos, adicionaram ao catálogoduas revistas em quadrinhos, 23contos e 69 livros. Todo o mate-rial é virtual e produzido por, emsua maioria, novos escritores.“A variedade é a grande graça.Temos desde jovens brasileirosde 14 anos a portugueses nacasa dos 40”, afirmou o editorDanilo Corcci.

As histórias de amor são oforte do site. A maioria é base-ada em discos de pop e clás-sicos de rock, mas livros inspi-rados em obras como Constru-ção, de Chico Buarque, e Car-

tola, do sambista carioca, fa-zem parte do catálogo, assimcomo bandas poucos conhe-cidos, como a italiana Pertur-bazione.

Toda semana é publicadoum livro novo. De acordo comDanilo, em breve a periodicida-de deverá aumentar, devido aovolume de propostas recebi-das. Chegam, em média, 22 li-vros semanalmente à editora.Todo o material é disponibili-zado gratuitamente. O leitorcadastra-se no site e faz o do-wnload das obras. A Mojo semantém com projetos de ma-rketing e mídia e não com apublicação do material.

Cada livro, de acordo como sucesso da banda, tem umnúmero limitado de downloa-ds. Quando o livro é retiradodo catálogo, os leitores podemencontrá-lo pela comunidadedo Orkut da Mojo Books. É sódeixar um recado que os parti-

cipantes enviam o arquivo pore-mail.

O processo editorial que en-volve as propostas é igual aode uma editora convencional.Os textos são preparados, a pri-meira e segunda provas produ-zidas e, depois, a revisão é fei-ta. A equipe do site que edita omaterial sugere alteraçõesquando ele não tem qualidadepara ser publicado. Para cadalivro ou conto, o site traz umpequeno perfil dos autores e dabanda. “Trabalhamos em con-junto com o autor para que olivro fique bom. Por isso, a von-tade do autor em reescrever,alterar e buscar o melhor é fun-damental”, disse Danilo.

Para enviar propostas, osinternautas devem se cadas-trar no site e escolher umadas três opções disponíveis:livro, conto ou quadrinho. Oslivros devem ser baseados emdiscos, enquanto os contosou quadrinhos, inspirados emmúsicas.

Há um ano, o site propõeespeciais esporadicamente aosvisitantes. São montados livrosreunindo os contos enviados. Jáforam feitas 11 edições especi-ais, como dos artistas partici-pantes do TIM Festival do anopassado e Fiona Apple. A edito-ra também aceita sugestões.Uma delas, do My Chemical Ro-mance, foi sugerida pelo fã-clu-be da banda, que ofereceu àMojo um livro produzido por jo-vens de 12 anos.

De acordo com os editores,a divulgação do site é feita tam-bém no mundo virtual. As pes-soas conhecem a Mojo por meiode blogs e em comunidades desites de relacionamento. O futu-

ro da editora, segundo Danilo,continua na internet. “Acredita-mos somente em suportes digi-tais. É muito pouco provável quevocê veja um Mojo book impres-so. Estamos começando a mi-grar para outras plataformas,como o celular, e continuaremosa explorar o ambiente digital.”

*Programa de AprimoramentoProfissional