cultivo do milho -...

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Sumário Apresentação Economia da produção Zoneamento agrícola Clima e solo Ecofisiologia Manejo de solos Fertilidade de solos Cultivares Plantio Irrigação Plantas daninhas Doenças Pragas Colheita e pós-colheita Mercado e comercialização Coeficientes técnicos Referências Glossário Expediente E~ Embrapa Milho e Sorgo Sistemas de Produção, 2 ISSN 1679-012X Versão Eletrônica - 3 a edição SetJ2007 Cultivo do Milho Ricardo A. L. Brito Irrigação Quimigação Introdução A Quimigação consiste em aplicar uma solução, ou calda, de agroquímicos (fertilizante, inseticida, fungicida, herbicida ou nematicida) por meio do sistema de irrigação. Quando se trata de produtos que atuam no solo, a aplicação, em princípio, pode ser feita por meio de qualquer método de irrigação: gravitacional, aspersão ou localizado. Porém, a plicação de produtos com atividade foliar somente é viável nos sistemas de irrigação por aspersão: laterais portáteis (convencional), plvô central, rolão e outros. Uma vez que a solução estará misturada à água de irrigação, a uniformidade de aplicação do agroquímico se confunde com a da aplicação da água e portanto é necessário que essa uniformidade seja elevada, para que se obtenha uma boa uniformidade de aplicação do produto. A quimigação é praticamente restrita aos métodos pressurizados (aspersão e irrigação localizada). Os sistemas pressurizados vêm sendo cada vez mais utilizados nesse processo, devido ao movimento turbulento da água, que ajuda a manter o material químico uniformemente distribuído nas tubulações. Essa característica contribui na obtenção de boa uniformidade de aplicação. Esses sistemas podem ser usados para aplicar diversos produtos químicos, como fertilizantes, herbicidas, inseticidas, fungicidas e até mesmo outros produtos não tradicionais, como bioinseticidas e vírus. A injeção é feita na tubulação principal ou lateral eo ponto de aplicação será o aspersor ou emissor. No caso da cultura do milho, pelas suas características de densidade de plantio, a irrigação localizada tem pouco uso comercial. A injeção dos produtos pode ser efetuada utilizando-se diferentes métodos e equipamentos (Costa & Brito, 1994), porém, independentemente do método adotado, a qualidade dos resultados obtidos na quimigação depende do cálculo correto de váriáveis como taxa de injeção, quantidade do produto a ser injetada, volume do tanque de injeção, dose do produto a ser aplicada na área irrigada, concentração do produto na água de irrigação, entre outros. Além dos cálculos operacionais feitos corretamente, é necessário assegurar-se de que o sistema, tanto de irrigação quanto de injeção, está funcionando de acordo com os parâmetros para os quais está ajustado, ou seja, que a vazão calculada corresponde àquela efetiva no sistema, ou que a taxa de injeção desejada estará realmente ocorrendo no campo. Portanto, tão importante quanto os cálculos operacionais, é também proceder à calibração periódica dos equipamentos (Brito & Costa, 1998). Informações preliminares sobre produtos A quimigação requer que os produtos usados estejam em solução, ou que possam ser disponibilizados em forma líquida, ou fluida. Portanto, se os materiais usados não forem originalmente fluidos, é necessário preparar a solução desejada, antes de proceder à injeção. Para tanto, é importante conhecer algumas características dos produtos, como solubilidade, conteúdo do

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Sumário

ApresentaçãoEconomia da produçãoZoneamento agrícolaClima e soloEcofisiologiaManejo de solosFertilidade de solosCultivaresPlantioIrrigaçãoPlantas daninhasDoençasPragasColheita e pós-colheitaMercado e comercializaçãoCoeficientes técnicosReferênciasGlossário

Expediente

E~Embrapa Milho e Sorgo

Sistemas de Produção, 2ISSN 1679-012X Versão Eletrônica - 3 a edição

SetJ2007

Cultivo do MilhoRicardo A. L. Brito

Irrigação

Quimigação

Introdução

A Quimigação consiste em aplicar uma solução, ou calda, de agroquímicos(fertilizante, inseticida, fungicida, herbicida ou nematicida) por meio do sistemade irrigação. Quando se trata de produtos que atuam no solo, a aplicação, emprincípio, pode ser feita por meio de qualquer método de irrigação:gravitacional, aspersão ou localizado. Porém, a plicação de produtos comatividade foliar somente é viável nos sistemas de irrigação por aspersão:laterais portáteis (convencional), plvô central, rolão e outros.

Uma vez que a solução estará misturada à água de irrigação, a uniformidade deaplicação do agroquímico se confunde com a da aplicação da água e portanto énecessário que essa uniformidade seja elevada, para que se obtenha uma boauniformidade de aplicação do produto. A quimigação é praticamente restrita aosmétodos pressurizados (aspersão e irrigação localizada).

Os sistemas pressurizados vêm sendo cada vez mais utilizados nesse processo,devido ao movimento turbulento da água, que ajuda a manter o materialquímico uniformemente distribuído nas tubulações. Essa característica contribuina obtenção de boa uniformidade de aplicação. Esses sistemas podem serusados para aplicar diversos produtos químicos, como fertilizantes, herbicidas,inseticidas, fungicidas e até mesmo outros produtos não tradicionais, comobioinseticidas e vírus. A injeção é feita na tubulação principal ou lateral e oponto de aplicação será o aspersor ou emissor. No caso da cultura do milho,pelas suas características de densidade de plantio, a irrigação localizada tempouco uso comercial.

A injeção dos produtos pode ser efetuada utilizando-se diferentes métodos eequipamentos (Costa & Brito, 1994), porém, independentemente do métodoadotado, a qualidade dos resultados obtidos na quimigação depende do cálculocorreto de váriáveis como taxa de injeção, quantidade do produto a serinjetada, volume do tanque de injeção, dose do produto a ser aplicada na áreairrigada, concentração do produto na água de irrigação, entre outros.

Além dos cálculos operacionais feitos corretamente, é necessário assegurar-sede que o sistema, tanto de irrigação quanto de injeção, está funcionando deacordo com os parâmetros para os quais está ajustado, ou seja, que a vazãocalculada corresponde àquela efetiva no sistema, ou que a taxa de injeçãodesejada estará realmente ocorrendo no campo. Portanto, tão importantequanto os cálculos operacionais, é também proceder à calibração periódica dosequipamentos (Brito & Costa, 1998).

Informações preliminares sobre produtos

A quimigação requer que os produtos usados estejam em solução, ou quepossam ser disponibilizados em forma líquida, ou fluida. Portanto, se osmateriais usados não forem originalmente fluidos, é necessário preparar asolução desejada, antes de proceder à injeção. Para tanto, é importanteconhecer algumas características dos produtos, como solubilidade, conteúdo do

(eq. 1)

elemento ou princípio ativo desejado, densidade e/ou concentração e limite detolerância pelas culturas, entre outros.

Aplicação via aspersão com laterais portáteis (Convencional)

A injeção de produtos químicos pode ser realizada utilizando vários métodos(Costa & Brito, 1994). Pelo fato de o sistema permanecer estacionário durante aaplicação de água, é comum a utilização de depósitos hermeticamentefechados, constituídos de fibra de vidro, ou de metal protegido contra a açãocorrosiva dos agroquímicos. Nesse caso, o volume do depósito é função da áreaa ser irrigada, do método de injeção e das condições de suprimento de água.

A quantidade do produto a ser aplicada, por hectare, depende da doserecomendada e é determinada a partir das análises laboratoriais ou doreceituário agronômico. A quantidade total do produto requerida pela culturapode ser parcelada em diversas aplicações, conforme as exigências da mesmaem cada estádio de desenvolvimento. O tipo e concentração da solução a seraplicada depende das recomendções agronômicas estabelecidas para a cultura edo manejo a ser usado na aplicação.

A área a ser irrigada e o tempo requerido por cada posição da(s) linha(s)lateral(ais) são informações que devem estar disponíveis, para que se possacalcular as quantidades de produto/solução a injetar. O tempo é função dacapacidade do sistema de irrigação, da capacidade de retenção de água no solo,do clima e da cultura.

Quantidade do produto injetada por lateral

A aplicação de agroquímicos, num sistema de aspersão com laterais portáteis,consiste de várias etapas, cujos cálculos são apresentados na sequênciaseguinte (Frizzone et aI. 1985):

Quantidade de produto a ser injetada

Para calcular a quantidade de produto a ser injetada, pode-se usar a fórmula:

onde Qj é a quantidade de produto, ou princípio ativo, a ser aplicada por linhalateral (kg); Ea é o espaçamento entre aspersores na linha lateral (m); j:é oespaçamento entre laterais (m); N! é o número de aspersores na linha lateral;Pdé a dose recomendada do produto ou princípio ativo (kg/ha).

Quantidade de produto sólido a ser colocada no tanque

Quando o produto, no seu estado original, é sólido, é necessário preparar asolução no tanque, podendo-se usar a equação:

(eq. 2)

em que Qp é quantidade de produto a ser colocada no tanque (g); ~é aconcentração desejada do elemento ou princípio ativo na solução na saída dosaspersores (g/m3, rnq/L ou ppm); Q é a vazão do sistema de irrigação (rÍ\'h);Va é a capacidade do tanque (nÍ'); q: representa a taxa de injeção (nÍ'/h); Péa porcentagem do elemento no produto, expresso em valor decimal. Vale

mencionar que a presença de Ca na fórmula deve-se ao fato de que algunsprodutos, dependendo de sua concentração na água, podem produzir efeitos dequeima ou toxidez na folhagem. Ao utilizar algum produto dessa natureza,deve-se verificar o limite recomendável de concentração.

Número necessário de tanques do produto (NT)

Para estabelecer o número de tanques que serão necessários para comportar asolução, ou calda, a ser injetada, faz-se o cálculo seguinte:

(eq. 3)

onde Qp representa a quantidade do produto (sólido) em cada tanque, quenesta fórmula é comumente usado em kilograma (kg), diferentemente da (eq.2); A é a área irrigada, em cada posição da linha lateral (ha), e os outrostermos já foram anteriormente definidos.

Exemplo 1 Pretende-se aplicar nitrogênio (N) numa área, utilizando-se uréia, comum sistema de irrigação com laterais portáteis (convencional), em que cada lateral écomposta de 12 aspersores, com vazão individual de 3 m3jhr, espaçamento igualentre linhas e entre aspersores, de 18 m. As seguintes informações são disponíveis:

• concentração desejada na água de irrigação, Ca = 250 ppm de N;capacidadede injeção da bomba, q: = 0,50 m3jh;capacidade do tanque, Va = 400 L (0,40m3);

• dose recomendada do nutriente (N), Pd = 50 kgjha de N;

Calcular:

a. a quantidade de nutriente (N) a ser aplicado, por lateral;a quantidade defertilizante sólido (uréia), a ser colocada em cada tanque.

b. o número necessário de tanques, por aplicação;

Solução:

a. quantidade de N a ser injetada, em cada lateral:Usando a eq. 1, tem-se:

Q. = (18)(18)(12)(5 O) = 19 44kI 10.000 ,~

como a uréia tem 45% de N, esses 19,44 kg equivalem a 43,2 kg deuréia.quantidade de fertilizante sólido (uréia), a ser colocada em cada tanque.Como cada lateral contém 12 aspersores, com vazão individual de 3 m3 /h. avazão na lateral, Q, será de 36 m3 /h, A uréia contém 45% de N, ou 0,45.Usando a eq. 2, calcula-se:

Q = (250)(36)(0,4) = 16.000 . = 16k:P (0,50)(0,45) g;g

que é a quantidade de uréia sólida a ser colocada em cada tanque.A solubilidade da uréia é de 120 kgj100L. Como o tanque tem capacidade de400 litros, para diluir 16 kg de uréia, isso équivale a uma solubiidade de 4kgj100L, bastante inferior à da uréia. Portanto, o produto será facilmentediluido.

a. Número necessário de tanques (NT):A área irrigada a cada posição da lateral, considerando o espaçamento de 18 x

(eq. 4)

18 rn, será de 12 x 324 m2 = 3.888 m2, ou aproximadamente 0,39 ha.Usando a eq. 3, obtém-se:

N = (50)(0,39) ==: 2 7t (OA5)(16) - ,

Portanto serão necessários 3 tanques. Multiplicando-se o numero de tanquespela quantidade de uréia a ser colocada em cada um (3 x 16), obtém-se o totalde 48 kg, portanto superior ao valor encontrado no final do item (a) doexemplo, 43,2 kg, devendo-se a diferença a erros de arredondamento. Nessecaso pode-se ajustar a quantidade do produto a ser colocada em cada tanquepara 43,2/3 = 14A kg

Aplicação via pivô central

O sistema pivô central tem sido amplamente usado para quimigação, graças à suafacilidade de automação e possibilidades de aplicação eficiente da água. Ocomprimento da lateral do sistema é bastante variado, dependendo da necessidadedo produtor, das características topográficas e das dimensões da área a ser irrigada,variando de 60m até aproximadamente 650m, correspondendo a uma área irrigadade 1,31 a 133ha, respectivamente. Os métodos de injeção empregados normalmenteutilizam as bombas de deslocamento positivo, que se caracterizam por baixas vazõese altas pressões, ideais para aplicação de produtos químicos via pivô central.

Cálculo da taxa de injeção

A taxa de injeção de produtos químicos via pivô central deve ser constantedurante a aplicação de uma determinada dose na área irrigada. Esta condição énecessária porque o equipamento opera com um deslocamento contínuo euniforme para aplicação da lâmina de água requerida.

A taxa de injeção de determinado produto químico depende da dose do produtoa ser distribuída na área, da velocidade de deslocamento do equipamento, daárea irrigada e da concentração do produto no tanque de injeção. Estasvariáveis estão todas relacionadas e a taxa de injeção pode ser calculada pelaequação:

onde q: é a taxa de injeção (Ljmin); ~ é a dose do produto na área irrigada (kgou Ljha); vt é velocidade do pivô na última torre (m/rnin): tré a distância doponto do pivô até a última torre (m); r é o raio irrigado do pivô central; ~ é aquantidade do produto no tanque de injeção (kg ou L); e V é o volume de águano tanque em que o produto é diluído (L). Na constante 20.000 está embutida aunidade m2jha. Na prática, geralmente, a taxa de injeção é pré-fixada,calculando-se a quantidade do produto a ser diluída em um determinadovolume de água.

Dependendo da concentração da solução injetada, de sua taxa de injeção e davazão do sistema de irrigação, poderão surgir efeitos indesejáveis, comoprecipitação de sais da água, corrosão dos materiais componentes doequipamento, toxicidade das plantas ou contaminação do ambiente. Por isso,considera-se muito importante obter a concentração final do produto injetadona água de irrigação e avaliar as possibilidades de dano ao equipamento deirrigação e ao sistema de produção utilizado. O cálculo da concentração doproduto na água de irrigação, Ca (rnq/L), pode ser realizado utilizando aseguinte expressão:

a. Taxa de injeção:Usando a eq. 4

. = (20)( 400i (2,5)(800) = 2 31L Iminql 20.000(385)(360) ,na água de irrigaçãoAplicando o valor obtido acima na eq. 5

(2,31)(360)C = 800 106 = 365mg/ L

a 60(47,5)

Concentração do produto

(eq. 5)

onde Q representa a vazão do sistema de irrigação (L's).

Quando o sistema não dispõe de um medidor de vazão, recomenda-se estimarseu valor a partir de informações sobre a lâmina média aplicada e auniformidade de distribuição de água do equipamento, utlizando a seguintefórmula:

Q = 3,636(10r5 r~Lij (eq. 6)

onde Li é a lâmina média aplicada (rnrn/d): e 4Jrepresenta o índice deuniformidade adotado, expresso em forma decimal;O número de tanques a serem utilizados na aplicação depende do tamanho dopivô, da capacidade do reservatório de injeção utilizado, da velocidade dedeslocamento do equipamento e da taxa de injeção empregada. Pode sercalculado da seguinte forma:

(eq. 7)

em que NT representa o número de tanques necessários para a aplicação emum círculo completo; as outras variáveis já foram definidas anteriormente.

Exemplo 2 Deseja-se aplicar uma dose de 20 kg/ha de uréia, através de um pivôcentral com raio irrigado de 400 m. O equipamento irá deslocar-se numa velocidadede 2,5 m/mín, na última torre, que se encontra a 385 m do ponto pivô. Pretende-sedissolver 360 kg do fertilizante, de uma só vez, em 800 L de água no tanque deinjeção. Pede-se determinar: a) a taxa de injeção necessária para aplicar uréiauniformemente; b) a concentração do produto na água de irrigação, sabendo que avazão no sistema de irrigação é de 47,S L/s; c) o volume total de solução necessáriopara aplicação da dose requerida em toda a área desse pivô central.Solução:Sendo o raio irrigado de 400m, a área total é p (400)2 = 502.654 m2, ou 50 ha. Coma dose de 20 kq/ha, isso representa um total de 1000 kg de uréia a serem aplicados.

Se fosse o caso de produto commaior nível de toxidez, este valor de concentração deverá ser comparado aolimite tolerável pela cultura.

a. Volume total de solução:Redistribuindo os termos da eq. 7

2tr1fqi = 2tr(385)(2,31)= 2 234LVolume total "'"Nr VQ= V

t(2)5) .

o queequivale aproximadamente a 2,8 tanques de 800 L, ou seja, serão usados 3tanques. Ajustando-se os 1000 kg de uréia para 3 tanques, deverão serdiluídos 333 kg de uréia por tanque.

o equipamento de pivô central deve estar bem ajustado, para promover umaaplicação eficiente. Em geral, equipamentos com uniformidade de distribuição acimade 85% são considerados adequados para a quimigação.

Calibração

Na produção agrícola são usados diferentes tipos de equipamentos e técnicas demedição. Uma vez tomada a decisão de "quimigar", deve-se ter em mente queuma calibração bem feita é essencial para a segurança do operador, segurançaambiental e para a economia do empreendimento. Erros de calibração podemresultar no desperdício de grandes somas em químicos, além do risco decontaminação que isso representa.

Para que a uniformidade de distribuição dos produtos químicos seja efetiva naárea irrigada, ela deve ser similar à uniformidade de distribuição de água dosistema de irrigação. O processo de calibração dos sistemas envolvidos naquimigação deve ser iniciado com a checagem do coeficiente de uniformidadedo sistema de irrigação empregado. Após esse procedimento, pode-se iniciar acalibração dos equipamentos de injeção dos produtos químicos e do sistema deirrigação.

O sistema de injeção é o equipamento usado para adicionar o produto à águade irrigação. As peças individuais incluem: bomba injetora, tubo de calibração,tanque-depósito com agitador e as conexões e tubulações associadas. Conformesugestões da Universidade de Nebraska (1996), para segurança e precisão naaplicação, deve-se ter sistemas diferentes de injeção para pesticidas efertilizantes. Os sistemas são semelhantes, mas as capacidades são diferentes.Pesticidas geralmente são aplicados com bombas de diafragma de baixovolume, que podem ser ajustadas durante o bombeamento, portanto agilizandoo processo de calibração. Os tanques normalmente tem a capacidade de 200 a400 L. A taxa de injeção de pesticidas, em média, está em torno de 30 a 200mLjmin. Portanto, um tubo de calibração de 1000 mL é adequado. Emcontraste, os fertilizantes são aplicados em quantidades relativamente grandes,e tanques com capacidade de até 4000 L são comuns.

Geralmente os equipamentos vêm com recomendações dos fabricantes, com oobjetivo de diminuir a margem de erros durante o processo de injeção.Entretanto, as possibilidades de aplicação de produtos químicos são muitovariadas, em função das características dos produtos e dos sistemas deirrigação. Por isso, é de bom senso que, junto com as informações dosfabricantes, haja monitoramento dos sistemas de injeção, em intervalosregulares ou no começo de cada operação, com o objetivo de assegurar aaplicação uniforme e segura do produto.

A calibração dos equipamentos de injeção é relativamente simples e direta, seum mínimo de material é colocado à disposição para esse procedimento. Nessematerial, incluem-se basicamente um cilindro graduado com capacidade de até20 litros, para coletar o efluente do sistema de injeção, um hidrômetro e umcronômetro.

Os passos requeridos para uma calibração acurada são (Universidade de Nebraska,1996) :

• determinação da área a ser tratada;cálculo da quantidade de químiconecessária;determinação do tempo de aplicação (ou de revolução, no casode pivô central);cálculo da taxa de injeção;

• conversão da taxa de injeção para as unidades do tubo de calibração.

A calibração é conduzida pelo ajuste da taxa de injeção de produto da bombainjetora, para injetar a quantidade correta do produto. Pequenos erros naentrada de produtos podem causar taxas mais altas ou mais baixas de aplicaçãoe pode-se obter resultados insatisfatórios.

Dentre os vários tipos de equipamento de injeção, os sistemas baseados noventuri e as bombas injetoras de pistão e diafragma são os mais usados nainjeção de fertilizantes nitrogenados (Moreira & Stone, 1994). O processo decalibração, quando se usa venturi, é feito determinando-se a vazão derivada,que é uma parte da vazão total que passa pelo tanque de solução. Adeterminação dessa vazão é feita instalando-se um hidrômetro na mangueiraentre o ponto de tomada de água na tubulação de irrigação e o tanque desolução. Após a determinação da vazão derivada, é feita a calibração, isto é, avazão derivada é ajustada à taxa de aplicação do produto determinadaantecipadamente.

Por exemplo, deseja-se aplicar uma solução de agroquímico a uma taxa de 20 Lem 10 minutos. Com o sistema em funcionamento e o tanque com água,mede-se o tempo gasto para passar os 20 litros pelo hidrômetro; se o tempofor menor que os 10 minutos necessários, é sinal de que o registro está muitoaberto e deve ser fechado um pouco. Se maior, está muito fechado e deve seraberto um pouco mais. Este procedimento deve ser repetido até obter a vazãodesejada de 20 litros em 10 minutos. Na ausência de um hidrômetro, pode-seutilizar o cilindro graduado e coletar a vazão derivada em um tempopreestabelecido, ou determinar o tempo de uma vazão preestabelecida. Emambos os casos, deve-se utilizar a unidade de litros por minuto (L/min)(Moreira & Stone, 1994).

As bombas injetoras de pistão são bastante apropriadas para a injeção defertilizantes nitrogenados. Nesse equipamento, a taxa de injeção do produtoquímico é determinada pelo número de golpes dados por um pistão dedeterminado comprimento e diâmetro. Normalmente, a relação taxa de injeçãopor número de golpes é fornecida pelo fabricante através de catálogos, o quenão deve impedir que se faça uma nova calibração a cada aplicação, ume vezque os valores dessa relação estão sujeitos a variações resultantes dealterações na pressão diferencial a que o injetor é submetido.

O procedimento de calibração é o seguinte (Moreira & Stone, 1994): com abomba instalada e o sistema de irrigação em funcionamento, abre-selentamente o registro de entrada de água localizado na parte inferior da bomba.A bomba imediatamente entra em funcionamento. Ligado à bomba, umcontador registra o número de golpes do pistão. A cada movimento do pistão, abomba injeta determinada vazão, que deve ser medida por meio de um cilindrograduado. Como a quantidade de produto por área é calculadaantecipadamente, ajusta-se o funcionamento da bomba injetora a essesvalores. Isto é feito mediante a abertura do registro de água, que regula afreqüência dos golpes, que normalmente são de um a doze por minuto, o quecorresponde a aproximadamente a 30 a 360 L/h de solução.

Em seguida, são apresentados procedimentos de calibração para sistemas deirrigação por laterais portáteis, pivô central e gotejamento, extraidos de Moreira& Stone (1994).

Sistema de aspersão por laterais portáteis (convencional)

(a). Determinar a área irrigada por uma linha lateral. Multiplicar o espaçamentoentre laterais ao longo da linha principal pelo comprimento da lateral. Se maisde uma linha lateral funciona simultaneamente, multiplicar também pelonúmero de laterais.

Exemplo:6 laterais com 240 m de comprimento cada, espaçadas entre si de 6 m. (240mx 6m x 6) / (10.000m2/ha) = 0,86 ha

(b). Determinar a quantidade necessária do produto químico por hectare(especificação do produto)

Exemplo:Dose de 4 L/ha.

(c). Determinar a quantidade total de produto químico necessária, multiplicando-se aárea irrigada pela quantidade do produto por hectare: 0,86 ha x 4 L/ha = 3,44 L doproduto.

(d). Determinar a quantidade de água a ser aplicada durante a irrigação de umalateral (calculada na elaboração do projeto de irrigação).

Exemplo:28 mm de água devem ser aplicados na irrigação de uma lateral.

(e). Determinar a taxa de aplicação de água do sistema de irrigação (obtida detabelas, em função das características do aspersor em uso)

Exemplo:De acordo com a tabela de aspersores, a taxa de aplicação de água será de7mm/h.

(f). Determinar o tempo de irrigação, dividindo-se a quantidade de água a seraplicada (item 4) pela taxa de aplicação de água (item 5): (28 mm) / (7mm/h) = 4 hde irrigação.

Recomenda-se que alguns produtos, como herbicidas, sejam aplicados durantea primeira metade do tempo de irrigação, ou durante as primeiras duas horas.

(g). Encher parcialmente o tanque de solução com água, deixando espaçosuficiente para a adição do produto químico. Acionar o agitador do tanque eadicionar o produto.

Exemplo:Para um tanque de 50 L, adicionar aproximadamente 46,5 L de água, ligar oagitador e adicionar os 3,44 L do produto para completar o volume total.

(h). Determinar a taxa de injeção, dividindo o total de litros no tanque (item 7) pelotempo, em horas, requerido para aplicar o produto (item 6):50 L/2 h = 25 L/h.

(i). Ajustar a taxa de injeção da bomba para 25 L/h, para assegurar a aplicaçãocorreta do produto químico.

(j). Se a solução for aplicada no final do tempo de irrigação, deixar o sistema deirrigação em funcionamento por tempo suficiente, após o término da injeção,para assegurar que a solução foi completamente removida do sistema.

c = 2.11:.r

Pivô central

(a). Determinar a área irrigada pelo pivô central. O cálculo é:onde A é área irrigada (ha) e r é o raio máximo molhado (m).

Exemplo:Se r = 280 m

Área = Jr (280x280) == 24 6 ha10000 '

(b). Determinar a quantidade total de produto químico a ser aplicado,multiplicando-se a área irrigada pela quantidade de produto por hectare.

Exemplo:Supondo-se uma dose recomendada para o produto de 3 L/ha, tem-se:Volume = 24,6 ha x 3 L/ha = 73,8 L do produto, a serem injetados.

(c). Encher parcialmente o tanque de solução com água e deixar espaço suficientepara a adição do produto químico. Acionar o agitador do tanque e adicionar oproduto.

Exemplo:Num tanque de 200 L, adicionar aproximadamente 126 L de água, ligar oagitador e adicionar os 73,8 L do produto, para completar o volume total.

(d). Determinar a velocidade de deslocamento do pivô central. A velocidaderotacional do pivô é dada geralmente em metros por minuto.

Exemplo:Distância percorrida em 10 minutos = 200 metros.

Velocidade = 210~= 2m1min

(e). Determinar o tempo de uma revolução completa do pivô central. A circunferênciae a velocidade rotacional do pivô são necessárias nesse cálculo. A circunferência (C)é calculada pela fórmula:

onde r é o raio medido do centro até a ultima torre do pivô (m).

Exemplo:Raio do pivô = 250 metros

c = 2 x 11:x 250 = 1.570,8 m

O tempo de revolução é calculado dividindo-se a circunferência pela velocidade dedeslocamento do pivô:

1570,8m = 785,4 min = 13,1 h por revolução2m/ min

(f). Determinar a taxa de aplicação/injeção do produto, que é obtidadividindo-se a quantidade de solução necessária para a quimigação (item 3)pelo tempo de revolução do pivô (item 5):Taxa de aplicação/injeção = 200 L de soluçãor l S,1 h ~ 15,3 LIh

(g). Ajustar a taxa de injeção da bomba injetora para 15,3 L/h, para assegurara correta aplicação do produto.

(h). Deixar o pivô central em operação por tempo suficiente (normalmente emtorno de 5 minutos) após o término da injeção, para assegurar que a solução fo

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