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Prática de Ensino Supervisionada em Educação Pré-Escolar Cátia Alexandra Mendes Machado Relatório de Estágio apresentado à Escola Superior de Educação de Bragança para obtenção do Grau de Mestre em Educação Pré-Escolar Orientado por Professora Doutora Maria Angelina Sanches Bragança 2013

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Page 1: Cátia Alexandra Mendes Machado...Figura 13 - Livro - Elmer e o arco-íris de David Mckee. ..... 39 Figura 14 - Desenho de um arco-íris realizado por uma criança da sala..... 41

Praacutetica de Ensino Supervisionada em Educaccedilatildeo Preacute-Escolar

Caacutetia Alexandra Mendes Machado

Relatoacuterio de Estaacutegio apresentado agrave Escola Superior de Educaccedilatildeo de

Braganccedila para obtenccedilatildeo do Grau de Mestre em Educaccedilatildeo Preacute-Escolar

Orientado por

Professora Doutora Maria Angelina Sanches

Braganccedila

2013

II

Dedicatoacuteria

Aos meus pais

Agrave minha irmatilde Sofia

III

Agradecimentos

A todas as pessoas que me acompanharam nesta caminhada ajudando a tornar-

me mais forte eacute com grande gratidatildeo que expresso o meu agradecimento por tudo o que

satildeo e fizeram por mim para que conseguisse atingir os meus fins e tornando o meu

sonho possiacutevel

Agrave professora Doutora Maria Angelina Sanches pelo pilar que foi para mim pela

troca conjunta de conhecimentos partilha de ideias e pela forte disponibilidade em

atender a todas as minhas duacutevidas

Agraves crianccedilas da sala na qual tive oportunidade de estagiar que me acolheram

desde o primeiro dia e com quem aprendi diariamente proporcionando-me experiecircncias

enriquecedoras e tambeacutem agrave educadora cooperante pela partilha pela entreajuda e pelas

palavras adequadas na hora certa

A todos os professores da Escola Superior de Educaccedilatildeo de Braganccedila pelas

aprendizagens e desenvolvimento de competecircncias profissionais e pessoais que me

proporcionaram

A todos os docentes que me acompanharam e me fizeram acreditar que era

possiacutevel orientando-me ao querer saber mais e melhor sobre a Educaccedilatildeo Preacute-escolar

Ao meu par de praacutetica de ensino e amiga Juacutelia Correia pela amizade

companheirismo apoio e pelas horas de diaacutelogo

Aos meus pais Augusto e Maria da Luz que sempre estiveram do meu lado e

que me apoiaram incondicionalmente nesta etapa bem como pela paciecircncia dedicaccedilatildeo

e esforccedilo e por acreditarem em mim desde sempre

Agrave minha irmatilde Sofia pela forccedila e pelas palavras de incentivo bem como pela

disponibilidade e tempo dispensado para me ajudar dando-me a matildeo nos momentos

mais difiacuteceis

Aos meus amigos familiares e namorado por acreditarem em mim por me

encorajarem nos momentos mais difiacuteceis acompanhando-me em cada etapa com

palavras amigas e muito carinho

A todos vocecircs o meu sincero Obrigada

IV

Resumo

O papel fundamental que a educaccedilatildeo preacute-escolar assume na vida das crianccedilas

requer que seja atribuiacuteda particular atenccedilatildeo agraves praacuteticas educativas que nela

experienciam Neste sentido colocaram-se-nos desafios e exigecircncias ao longo da nossa

praacutetica de ensino supervisionada que nos propomos apresentar e refletir no presente

relatoacuterio A intervenccedilatildeo educativa foi desenvolvida com um grupo de crianccedila de 4 anos

de idade e decorreu num jardim-de-infacircncia da Rede Privada de Solidariedade Social

O relatoacuterio inclui a contextualizaccedilatildeo da instituiccedilatildeo a caracterizaccedilatildeo do grupo de

crianccedilas e do ambiente educativo mais especificamente o espaccedilo o tempo e as

interaccedilotildees educativas Integra tambeacutem a fundamentaccedilatildeo das opccedilotildees pedagoacutegicas e a

descriccedilatildeo e anaacutelise da praacutetica educativa que desenvolvemos ao longo do ano letivo

2012-2013 no acircmbito do Curso de Mestrado em Educaccedilatildeo Preacute-escolar

Apresenta por uacuteltimo uma reflexatildeo sobre a globalidade da accedilatildeo educativa que

desenvolvemos procurando relanccedilar sobre ela um novo olhar no sentido de melhor a

compreender e identificar os seus contributos para o nosso desenvolvimento

profissional e pessoal

Palavras-chaves Educaccedilatildeo Preacute-escolar experiecircncias de aprendizagem aprendizagem

ativa

V

Abstract

The fundamental role that the pre-school education takes on the lives of children

requires that particular attention be given to educational practices that her experience In

this sense placed themselves us challenges and requirements throughout our supervised

teaching practice that we propose to present and reflect in the present report The

educational intervention was developed with a group of 4-year-old child and ran a

kindergarten of the Private Social Solidarity Network

The report includes the contextualization of the institution the characterization

of the Group of children and educational environment more specifically the space time

and educational interactions Integrates the educational options Foundation and the

description and analysis of educational practice that developed throughout the

academic year 2012-2013 within the masters degree course in Kindergarten Education

Finally it presents a reflection about the entirety of the educational activity

developed looking for relaunch about her a new look in order to better understand and

identify their contributions to our professional and personal development

Keywords Preschool Education learning active learning experiences

VI

Iacutendice geral

Agradecimentos III

Resumo IV

Abstract V

Iacutendice de Figuras VII

Introduccedilatildeo 1

I Contextualizaccedilatildeo da Praacutetica de Ensino Supervisionada 3

11Caraterizaccedilatildeo da instituiccedilatildeo 3

12Caraterizaccedilatildeo do grupo de crianccedilas 4

13Organizaccedilatildeo do ambiente educativo 6

131Caracterizaccedilatildeo do espaccedilo 7

1311Espaccedilo interior 7

1312Espaccedilo exterior 11

132Rotina diaacuteria 12

133As interaccedilotildees 14

II Fundamentaccedilatildeo das opccedilotildees educativas 17

21A aprendizagem como um processo ativo 17

22Modelos Curriculares 19

23Linhas de orientaccedilotildees curricular da educaccedilatildeo preacute-escolar 24

III Descriccedilatildeo e anaacutelise das experiecircncias de aprendizagem 31

31Experiecircncia de aprendizagem Respeitar as diferenccedilas um desafio para todos 32

32Experiecircncia de aprendizagem Aprender a observar e conhecer 39

33Experiecircncia de aprendizagem Conhecendo diferentes culturas 45

34Experiecircncia de aprendizagem Descobrir trabalhando colaborativamente 52

IV Reflexatildeo Criacutetica 59

Consideraccedilotildees Finais 64

Bibliografia 65

VII

Iacutendice de Figuras

Figura 1 - Identificaccedilatildeo das aacutereas da sala 7

Figura 2 - Planta da sala 9

Figura 3- Aacuterea da biblioteca 9

Figura 4 - Aacuterea da escrita 10

Figura 5 - Aacuterea dos jogos 10

Figura 6- Aacuterea da casa espaccedilo do quarto 10

Figura 7 - Espaccedilo da cozinha 10

Figura 8 - Aacuterea da garagemconstruccedilotildees 11

Figura 9 - Quadro semanal de presenccedilas 11

Figura 10 ndash Produccedilotildees das crianccedilas em plasticina na sequecircncia da exploraccedilatildeo da

histoacuteria do Elmer 35

Figura 11 - Crianccedila colocando o animal no habitat 37

Figura 12 - Quadro das cores primaacuterias e secundaacuterias 38

Figura 13 - Livro - Elmer e o arco-iacuteris de David Mckee 39

Figura 14 - Desenho de um arco-iacuteris realizado por uma crianccedila da sala 41

Figura 15 - Arco-iacuteris elaborado por uma crianccedila da sala 41

Figura 16 - Crianccedilas jogando o Jogo dos sorrisos 42

Figura 17 - Resultado da atividade praacutetica sobre a formaccedilatildeo do arco-iacuteris 43

Figura 18 - Interajuda entre as crianccedilas da sala 48

Figura 19 - Sequecircncia de imagens da construccedilatildeo do cartaz 51

Figura 20 - Crianccedilas procurando objetos da respetiva cor 53

Figura 21 - Crianccedila preenchendo a tabela das cores favoritas 56

1

Introduccedilatildeo

A educaccedilatildeo preacute-escolar eacute reconhecida como a primeira etapa da educaccedilatildeo baacutesica

no processo de educaccedilatildeo ao longo da vida da qual se espera que em

complementaridade com a accedilatildeo educativa da famiacutelia favoreccedila a formaccedilatildeo e o

desenvolvimento das crianccedilas tendo em vista a sua plena inserccedilatildeo na sociedade como

seres autoacutenomos livres e solidaacuterios (Lei nordm597 de 10 de fevereiro artordm 2ordm) Como tal

devemos proporcionar agraves crianccedilas experiecircncias de aprendizagem de natureza diversa

atraveacutes das quais possam aprender e desenvolver-se

Sendo o educador o construtor e o gestor do curriacuteculo (MEDEB 1997)1 deve

procurar fazecirc-lo em equipa e escutando os saberes das crianccedilas das suas famiacutelias e da

comunidade As Orientaccedilotildees Curriculares para a Educaccedilatildeo Preacute-Escolar2 satildeo um ponto

de apoio para o processo educativo a desenvolver

A faixa etaacuteria em que se encontravam as crianccedilas do grupo com o qual

desenvolvemos a praacutetica de ensino supervisionada requer uma constante atenccedilatildeo e

resposta pelo que pressupotildee que o educador exerccedila a sua accedilatildeo profissional com

entusiasmo e dedicaccedilatildeo suficiente para tornar possiacutevel que as crianccedilas aprendam e

possam ser cidadatildeos responsaacuteveis e dotados de consciecircncia ciacutevica e moral

Eacute nesta linha de pensamento que se integra o trabalho que desenvolvemos e

apresentamos neste relatoacuterio Como tal propomo-nos destacar os aspetos que podem

ajudar agrave sua compreensatildeo procurando que seja o mais congruente possiacutevel com aquela

que eacute a representaccedilatildeo que temos do que foi a nossa praacutetica de ensino supervisionada

A sua estrutura contempla num primeiro capiacutetulo a caraterizaccedilatildeo do contexto

educativo em particular no que se refere agrave organizaccedilatildeo da instituiccedilatildeo e agrave constituiccedilatildeo e

carateriacutesticas de aprendizagem do grupo de crianccedilas com o qual desenvolvemos a

praacutetica educativa bem como agrave organizaccedilatildeo do ambiente educativo considerando o

espaccedilo e os materiais o tempo pedagoacutegico e as interaccedilotildees estabelecidas ao niacutevel do

grupo Neste acircmbito relevamos a implicaccedilatildeo de todos adultos e crianccedilas na criaccedilatildeo de

oportunidades de accedilatildeo e de relaccedilatildeo que favorecessem o seu bem-estar e

desenvolvimento

No segundo capiacutetulo procedemos agrave fundamentaccedilatildeo das opccedilotildees educativas

procurando aprofundar conhecimentos sobre o processo de aprendizagem numa

1 Ministeacuterio da EducaccedilatildeoDepartamento de Educaccedilatildeo Baacutesica

2 Considerando que ao longo do presente relatoacuterio vamos utilizar vaacuterias vezes esta fonte de referecircncia

passamos a indicaacute-las apenas pela sigla OCEPE

2

perspetiva ativa e os modelos curriculares que favorecem a construccedilatildeo de uma praacutetica

desta natureza como o modelo HighScope o modelo Reggio Emilia e o modelo da

Escola Moderna Debruccedilamo-nos ainda sobre as linhas de orientaccedilatildeo curricular para a

educaccedilatildeo preacute-escolar atribuindo particular atenccedilatildeo agraves dimensotildees contempladas em cada

aacuterea de conteuacutedo no quadro de uma construccedilatildeo articulada do saber

No terceiro capiacutetulo apresentamos um conjunto de quatro experiecircncias de

aprendizagem que desenvolvemos com as crianccedilas ao longo do ano letivo incluindo

algumas evidecircncias desse trabalho atraveacutes de fotografias e notas de campo sobre os

diaacutelogos das crianccedilas Estas experiecircncias de aprendizagem relevam a importacircncia de

cada um aprender a valorizar respeitar e aceitar-se a si proacuteprio e aos outros no quadro

de exerciacutecio de uma cidadania facilitadora da integraccedilatildeo de todos

Por uacuteltimo incluiacutemos uma reflexatildeo sobre a praacutetica educativa na se efetiva uma

suacutemula reflexiva sobre as diferentes dimensotildees do processo de aprendizagem o papel

que como educadores nos cabe assumir e as implicaccedilotildees de percurso formativo

experienciado por crianccedilas e adultos Relevamos os importantes contributos deste

processo natildeo apenas para a aprendizagem e desenvolvimento das crianccedilas mas tambeacutem

para a nossa formaccedilatildeo e desenvolvimento pessoal e profissional Este requer

continuidade no sentido de podermos responder aos desafios e exigecircncias emergentes

3

I Contextualizaccedilatildeo da Praacutetica de Ensino Supervisionada

11 Caraterizaccedilatildeo da instituiccedilatildeo

O contexto em que realizaacutemos a praacutetica educativa era uma instituiccedilatildeo particular

de solidariedade social (IPSS) situada na cidade de Braganccedila e incluiacutea serviccedilos de

creche jardim-de-infacircncia e centro de conviacutevio para idosos O horaacuterio de

funcionamento da instituiccedilatildeo era extenso mantendo-se aberta das 7h45min ateacute agraves 19h

incluindo neles e no que se refere aos serviccedilos destinados agrave educaccedilatildeo de infacircncia a

componentes educativa e a componente de apoio agrave famiacutelia A componente educativa

decorre num total de cinco horas por dia de manhatilde das 9h agraves 12h e de tarde das 14h e

agraves 16h Os restantes tempos englobam atividades socioeducativas e de serviccedilo de

almoccedilos sendo estes frequentados pelas crianccedilas segundo a necessidade das famiacutelias e

normalmente em funccedilatildeo da sua ocupaccedilatildeo laboral

No que se refere ao edifiacutecio eacute constituiacutedo por trecircs andares funcionando no reacutes-

do-chatildeo o centro de dia e conviacutevio o gabinete de psicologia o posto meacutedico o bar

lavandaria e garagem No primeiro andar funciona o Jardim-de-Infacircncia constituiacutedo por

trecircs salas de atividades e ainda alguns espaccedilos de apoio como a cozinha refeitoacuterio

vestiaacuterio bem como a secretaria da instituiccedilatildeo

No segundo andar funciona a creche com seis salas na sua totalidade uma copa

de leites refeitoacuterio arrecadaccedilotildees e um salatildeo polivalente no qual se realizam festas a

praacutetica da expressatildeo motora e tambeacutem atividades em grande grupo Neste andar

localiza-se ainda a sala da direccedilatildeo da instituiccedilatildeo Os andares encontram-se ligados por

escadas e cada um estaacute equipado com instalaccedilotildees sanitaacuterias adequadas agraves faixas etaacuterias

para que cada setor a que se destina Os espaccedilos interiores da instituiccedilatildeo e os

equipamentos da mesma encontram-se em bom estado de conservaccedilatildeo

No que se refere aos espaccedilos exteriores possui um espaccedilo de recreio com zonas

luacutedicas delimitadas incluindo um espaccedilo pavimentado e outro com areia Este estaacute

equipado com um parque infantil O espaccedilo cimentado de recreio eacute utilizado no periacuteodo

de entrada e saiacuteda das crianccedilas como zona de paragem das viaturas dos pais dado

limitado espaccedilo que ao niacutevel da via puacuteblica existe para o efeito Existem alguns

materiais de apoio agraves atividades de recreio exterior sendo deslocados pelas crianccedilas do

interior para o exterior e vice-versa quando terminadas as atividades

4

Considerando que como referem as Orientaccedilotildees Curriculares para a Educaccedilatildeo

Preacute-escolar (MEDEB 1997) ldquoo meio em que a crianccedila vive influenciaraacute o modo como

esta se iraacute desenvolverrdquo (p 31) importa que nos interroguemos sobre o modo como o

ambiente educativo da instituiccedilatildeo se encontra organizado e que nos esforcemos para

contribuir para enriquececirc-lo Nesta linha de pensamento importa sublinhar que foi

nossa preocupaccedilatildeo colaborar com os profissionais da instituiccedilatildeo e as crianccedilas nessa

organizaccedilatildeo de modo a construir um ambiente que se constituiacutesse como potencialmente

facilitador do desenvolvimento de todos crianccedilas e adultos

A equipa pedagoacutegica da instituiccedilatildeo era constituiacuteda por seis educadoras de

infacircncia trecircs na modalidade de creche e trecircs na de jardim de jardim-de-infacircncia

assumindo uma destas as funccedilotildees de coordenadora pedagoacutegica Esta equipa contava

ainda com o apoio de um grupo alargado de assistentes operacionais uma por sala no

que se refere agrave etapa preacute-escolar bem como da psicoacuteloga e da direccedilatildeo administrativa da

instituiccedilatildeo

12 Caraterizaccedilatildeo do grupo de crianccedilas

Como se refere nas OCEPE (MEDEB 1997) haacute diferentes fatores que

influenciam o modo proacuteprio de funcionamento do grupo como por exemplo a sua

dimensatildeo e o maior ou menor nuacutemero de crianccedilas de cada sexo pelo que importa que

na accedilatildeo educativa a promover se atenda agrave sua contextualizaccedilatildeo

O grupo de crianccedilas com o qual desenvolvemos a praacutetica educativa apresentava

uma dimensatildeo extensa integrando vinte e cinco crianccedilas com quatro anos idades Ao

niacutevel do nuacutemero de crianccedilas de cada sexo pode entender-se que era um grupo com uma

organizaccedilatildeo equilibrada integrando doze crianccedilas do sexo masculino e treze do sexo

feminino

Segundo informaccedilotildees fornecidas pela educadora de infacircncia cooperante a

maioria das crianccedilas frequentavam a instituiccedilatildeo desde a creche encontrando-se apenas

duas crianccedilas a frequentaacute-la pela primeira vez Importa ainda referir que integravam o

grupo trecircs crianccedilas de origem natildeo portuguesa duas crianccedilas que eram irmatildeos naturais

de Espanha e outra que era Ucraniana

5

Segundo o referido nas OCEPE (MEDEB 1997)

observar cada crianccedila e o grupo para conhecer as suas capacidades interesses e

dificuldades recolher as informaccedilotildees sobre o contexto familiar e o meio em que

as crianccedilas vivem satildeo praacuteticas necessaacuterias para compreender melhor as

caracteriacutesticas das crianccedilas e adequar o processo educativo agraves suas necessidades

(p 25)

Nesta linha de pensamento importa considerar as caracteriacutesticas que nos foi

possiacutevel observar das crianccedilas quer a niacutevel individual quer a niacutevel grupo ao longo ano

letivo Assim importa referir que relativo a questotildees relacionadas com a vida em

grupo as crianccedilas manifestavam saber orientar-se em relaccedilatildeo agraves normas e regras

definidas na sala ainda que nem sempre lhes fosse faacutecil respeitaacute-las como partilhar

materiais com os colegas e saber esperar pela sua vez

Os tempos da rotina eram do seu conhecimento e manifestavam independecircncia

no que se refere agrave realizaccedilatildeo da higiene pessoal e tomada de refeiccedilotildees Dum modo geral

as crianccedilas envolviam-se nas atividades quer nas propostas por noacutes quer nas da sua

iniciativa revelando-se um grupo ativo

Ao niacutevel das preferecircncias em relaccedilatildeo agraves aacutereas de atividade da sala as aacutereas mais

escolhidas pelas crianccedilas eram a da casa e a das construccedilotildeesgaragem Enquanto a

primeira era frequentada por ambos os sexos a segunda era mais frequentada pelo sexo

masculino ainda que procuraacutessemos salientar a importacircncia de trabalharbrincar em

todas pelas diferentes experiecircncias que lhes permitiam efetuar

As atividades ao niacutevel da expressatildeo dramaacutetica e plaacutestica bem como a entoaccedilatildeo

de canccedilotildees e o escutar de histoacuterias integravam-se tambeacutem entre as preferecircncias do

grupo As crianccedilas manifestavam-se curiosas em conhecer o conteuacutedo das histoacuterias e em

colocar questotildees sobre as mesmas quando natildeo percebiam alguma palavra expressatildeo ou

frase

Sendo o espaccedilo de dimensatildeo limitada face agrave dimensatildeo do grupo as crianccedilas em

geral manifestavam organizar-se nas suas brincadeiras e relaccedilotildees sem se perturbar uns

aos outros com exceccedilatildeo de uma crianccedila que desestabilizava o grupo

No que respeita agrave expressatildeo oral era evidente o desenvolvimento das crianccedilas

com exceccedilatildeo na pronuacutencia de algumas palavras sobretudo no iniacutecio do ano e no que se

refere ao uso de determinados tempos verbais aspeto que era mais evidente em duas

crianccedilas utilizando com frequecircncia por exemplo a expressatildeo ldquoeu sabordquo em vez de ldquoeu

seirdquo o que foi sendo ultrapassado no decurso do ano letivo

6

Verificaacutemos ainda que como referem Hohmann e Weikart (2011) ldquopor vezes as

crianccedilas hesitam enquanto procuram palavras para expressar uma ideia nova

particularmente difiacutecilrdquo (p 534) e que eacute importante dar-lhes tempo para que elas

proacuteprias escolham as palavras de que necessitam e evitar interferirmos com as suas

proacuteprias sugestotildees

Considerando que como refere Oliveira-Formosinho (2007a) ldquoa escuta eacute um

meio para ouvir a crianccedila sobre a sua colaboraccedilatildeo no processo de co-construccedilatildeo do

conhecimentordquo (p 32) procuraacutemos estabelecer diaacutelogos em que as crianccedilas usufruiacutessem

de tempo para se expressar e que nos permitissem conhecermos as crianccedilas

No que respeita ao nuacutecleo familiar das crianccedilas e considerando os dados que

constam das suas fichas de inscriccedilatildeo a maioria dos pais famiacutelia das crianccedilas advecircm de

um meio socioeconoacutemico meacutedio trabalham nos vaacuterios setores de atividade sendo que a

maioria trabalha como funcionaacuterio puacuteblico No que se refere ao nuacutemero de irmatildeos de

acordo com os dados dessas mesmas fichas quinze crianccedilas tecircm um irmatildeo nove

crianccedilas natildeo tecircm irmatildeos e sobre uma crianccedila natildeo foi possiacutevel recolher esse dado

13 Organizaccedilatildeo do ambiente educativo

Sendo um jardim-de-infacircncia um contexto institucional destinado a crianccedilas de

tenra idade deve estar organizado de forma a proporcionar o indispensaacutevel bem-estar

prazer em frequentaacute-lo e favorecer atividades de ludicidade que motivem agrave

aprendizagem Posto isto julgamos de grande importacircncia organizar um ambiente

educativo agradaacutevel estaacutevel e que seja favoraacutevel agrave aprendizagem significativa da

crianccedila

Demos importacircncia ao horaacuterio de atendimento aos pais pois em nossa opiniatildeo eacute

um bom meio de incentivar os pais a deslocarem-se agrave instituiccedilatildeo na qual a sua crianccedila

estaacute inserida e estarem informados das suas condiccedilotildees conhecimento da funcionalidade

da instituiccedilatildeo ter a oportunidade de conversar com as educadoras e estarem a par da

evoluccedilatildeo das crianccedilas conseguirem tambeacutem ter conhecimento das atividades realizadas

e dos seus resultados

De acordo com o que se refere nas OCEPE (MEMEB 1997) importa ter em

conta que ldquoa famiacutelia e a instituiccedilatildeo de educaccedilatildeo preacute-escolar satildeo dois contextos sociais

que contribuem para a educaccedilatildeo da mesma crianccedila importa por isso que haja uma

relaccedilatildeo entre estes dois sistemasrdquo (p 43)

7

131 Caracterizaccedilatildeo do espaccedilo

Evidenciando o espaccedilo interior e o exterior pois os dois tecircm um papel

fundamental no processo educativo e no desenvolvimento das crianccedilas e concordando

com Oliveira-Formosinho e Andrade (2011a) ldquopensamos o espaccedilo como um territoacuterio

organizado para a aprendizagem um lugar de bem-estar alegria e prazer Procuramos

que o espaccedilo pedagoacutegico seja aberto agraves vivecircncias e interesses das crianccedilas e

comunidades seja seguro seja luacutedico e culturalrdquo (p 11)

1311 Espaccedilo interior

A sala apesar da sua pequena dimensatildeo estava cuidadosamente organizada e

todos os espaccedilos eram aproveitados para possibilitar agraves crianccedilas a oportunidade de

experimentar e manipular os materiais Juntamente com o espaccedilo e os materiais foi

possiacutevel realizar diversas experiecircncias de aprendizagem dentro da sala As crianccedilas

conseguiam movimentar-se e explorar as aacutereas e o que as mesmas tinham para lhes

proporcionar Tal como estaacute presente nas OCEPE (MEDEB 1997) ldquoo procedimento

de aprendizagem implica tambeacutem que as crianccedilas compreendam como o espaccedilo estaacute

organizado e como pode ser utilizado e que participem nessa organizaccedilatildeo (hellip) o

conhecimento do espaccedilo dos materiais e das actividades possiacuteveis eacute tambeacutem condiccedilatildeo

de autonomia da crianccedila e do grupordquo (p 38)

A sala na qual desenvolvemos a praacutetica

de accedilatildeo pedagoacutegica apresentava uma forma

retangular e como anteriormente foi referido a

sala natildeo possuiacutea grandes dimensotildees Desde o

iniacutecio percebemos que toda ela estava

previamente dividida por aacutereas e todas elas

estavam identificadas com uma placa com o nome e o

nuacutemero de crianccedilas que poderiam frequentar em simultacircneo Cada crianccedila era

representada com um siacutembolo um sorriso por cada crianccedila como podemos verificar na

figura 1 Ainda nas placas de identificaccedilatildeo das aacutereas podiacuteamos verificar desenhos

realizados pelas crianccedilas Procuramos ainda atender a que como lembram Oliveira-

Formosinho e Andrade (2011a)

Figura 1 - Identificaccedilatildeo das aacutereas da sala

8

As crianccedilas tecircm o direito de crescer em espaccedilos onde o cuidado e a atenccedilatildeo

prestados agrave dimensatildeo esteacutetica constituam um princiacutepio educativo baacutesico As

experiecircncias que as crianccedilas vivem com o espaccedilo devem poder converter-se em

experiecircncias esteacuteticas de prazer e de bem-estar (p 12)

Uma das paredes da sala possuiacutea trecircs janelas com visionamento para o exterior

Estas proporcionavam uma agradaacutevel luminosidade natural e possibilitavam ainda

identificar o estado do tempo A sala encontrava-se igualmente devidamente equipada

com sistema de aquecimento funcionando este em situaccedilotildees necessaacuterias No que

respeita ao pavimento da sala este possuiacutea uma cor azulada clara resistente lavaacutevel

um pouco confortaacutevel e pouco refletora de som proporcionando desse modo um

benevolente isolamento acuacutestico

O mobiliaacuterio da sala apresentava um bom estado de conservaccedilatildeo O moacutevel de

maior dimensatildeo estava preenchido com materiais trabalhos e os portefoacutelios das

crianccedilas Havia um moacutevel para arrumaccedilatildeo de materiais sendo alguns destes de escrita

(como os laacutepis marcadores) e tambeacutem tesouras materiais reciclados e outros que

serviam de apoio agraves atividades de expressatildeo plaacutestica Encontravam-se quatro mesas na

sala de formato retangular proporcionando agraves crianccedilas um largo espaccedilo para trabalhar e

brincar sobre as mesmas todas acompanhadas por cinco cadeiras Eacute importante salientar

que as mesas e as cadeiras serviam de apoio agraves atividades em pequeno e grande grupo

Ainda na sua constituiccedilatildeo a sala possuiacutea um placard no qual eram expostos os

trabalhos realizados pelas crianccedilas embora alguns destes fossem expostos no corredor

de forma a divulgaacute-los junto dos paiscomunidade Indo ao encontro de Niza (2007)

quando refere que ldquoo ambiente geral da sala deve resultar agradaacutevel e altamente

estimulante utilizando as paredes como expositores permanentes das produccedilotildees das

crianccedilas onde rotativamente se revecircem nas suas obras de desenho pintura tapeccedilaria ou

textordquo (p 133)

A planta que se segue apresenta-nos uma perspetiva da realidade do espaccedilo

fiacutesico da sala ao longo do ano letivo considerando que as alteraccedilotildees ocorridas

incidiram na integraccedilatildeo de materiais mas natildeo na disposiccedilatildeo das aacutereas

9

A sala integrou desde iniacutecio seis aacutereas de trabalho todas devidamente

identificadas sendo estas a aacuterea da casa (cozinha e quarto) a aacuterea dos jogos a aacuterea de

acolhimento a aacuterea da biblioteca a aacuterea da escrita e a aacuterea da garagemconstruccedilotildees

Estas estavam organizadas no sentido de possibilitar ao grupo de crianccedilas um faacutecil

acesso aos distintos materiais e objetos pois como menciona Oliveira-Formosinho

(2007b) ldquoa organizaccedilatildeo do espaccedilo em aacutereas com os seus respectivos materiais (hellip)

porque estatildeo visiacuteveis acessiacuteveis e etiquetados (tambeacutem para facilitar a autonomia na

arrumaccedilatildeo) eacute uma forma poderosiacutessima de passar mensagens impliacutecitas agrave crianccedilardquo (p

68)

Podemos verificar na figura 2 que as aacutereas rotuladas como barulhentas

encontram-se um pouco afastadas das aacutereas mais calmas A aacuterea da biblioteca (figura 3)

situa-se no canto superior direito da figura 2 desfrutava de

uma boa luminosidade natural pois encontrava-se junto de

uma das janelas Esta era constituiacuteda por uma estante na qual

as crianccedilas poderiam encontrar livros variados uma mesa

circular de pequenas dimensotildees acompanhada por trecircs

cadeiras de madeira Esta proporcionava agraves crianccedilas

oportunidade agradaacutevel de explorar as ilustraccedilotildees das

histoacuterias folhear e contar histoacuterias umas agraves outras Hohmann

e Weikart (2011) referem que ldquotalvez mais nenhuma outra

actividade seja tatildeo importante para a emergente literacia da crianccedila do que um adulto ou

amigo lhe fizerrdquo (p 546)

Figura 3- Aacuterea da biblioteca

Figura 2 - Planta da sala

10

Figura 6- Aacuterea da casa

espaccedilo do quarto

Figura 5 - Aacuterea dos jogos

Do outro lado da sala estava situada a aacuterea da

escrita (figura 4) nesta as crianccedilas tinham a

oportunidade de escrever explorar as diferentes

formas das letras podendo inclusivamente manipular

materiais de escrita

No centro da sala encontrava-se a aacuterea do

acolhimento um espaccedilo destinado a momentos em grande grupo de modo a ser

possiacutevel todas as crianccedilas se visualizarem umas agraves outras partilharem interesses

ouvirem histoacuterias tinham ainda a oportunidade de cantarem canccedilotildees e dialogarem

A aacuterea dos jogos (figura 5) estava localizada perto

da aacuterea do acolhimento dispunha de uma mesa

acompanhada por cinco cadeiras e de uma estante na qual

se encontravam diversos tipos de jogos puzzles

enfiamentos dominoacutes blocos loacutegicos jogo de letras jogos

com formas geomeacutetricas entre outros Esta aacuterea permitia o

desenvolvimento cognitivo das crianccedilas aleacutem das

experiecircncias diversificadas que as motivavam para a

resoluccedilatildeo de problemas

A aacuterea da casa distribuiacutea-se por dois espaccedilos o quarto

(figura 6) e a cozinha (figura 7) O mobiliaacuterio e materiais desta

aacuterea estavam apropriados agrave altura das crianccedilas Nesta era

visiacutevel a frequente representaccedilatildeo por parte das crianccedilas

assumindo o papel de adultos imitando expressotildees gestuais e

orais Atraveacutes das bonecas as crianccedilas representavam vivecircncias

do seu dia-a-dia como vestir e despir as crianccedilas deitaacute-las a

dormir maquilhaacute-las faziam e desfaziam a cama arrumavam e

desarrumavam toda a aacuterea representando

de variadas formas o ldquofaz-de-contardquo

O espaccedilo da cozinha era utilizado para representar

vivecircncias do dia-a-dia integrando parecenccedilas com algumas

cozinhas das casas das crianccedilas e em vaacuterias situaccedilotildees as

crianccedilas assumiam os papeacuteis de adultos e representavam

momentos vividos nas suas proacuteprias casas

Figura 4 - Aacuterea da escrita

Figura 7 - Espaccedilo da

cozinha

11

Figura 9 - Quadro semanal de presenccedilas

A uacuteltima aacuterea a ser apresentada eacute intitulada pela aacuterea da

garagemconstruccedilotildees (figura 8) Nesta as crianccedilas usavam

materiais como carros ferramentas de mecacircnica uma pista de

carros entre outros As crianccedilas principalmente do sexo

masculino apropriavam-se ou tentavam por vaacuterias vezes

apropriar-se desta aacuterea pois mostravam bastante interesse na

mesma gostavam de brincar e imaginar situaccedilotildees proacuteprias da

aacuterea

Para registar as presenccedilas diaacuterias das crianccedilas foi criado um quadro semanal de

presenccedilas como pudemos verificar na figura 9 este estava adequado agrave altura das

crianccedilas Foi criado ldquopara o aluno marcar com um sinal convencional a sua presenccedila

na quadriacutecula onde o seu nome cruza com a coluna do diardquo (Niza 2007) (p 135)

Neste encontravam-se expostos os nomes das crianccedilas

do lado esquerdo e na parte superior do quadro

estavam os dias da semana separados por quadriacuteculas

A presenccedila da crianccedila era assinalada com duas bolas

de pequenas dimensotildees uma verde fazendo referecircncia

agrave presenccedila e uma outra de cor vermelha fazendo

referecircncia agrave ausecircncia da crianccedila A marcaccedilatildeo das

presenccedila era identificado pela proacutepria crianccedila isto eacute

cada uma efetuava a sua presenccedila agrave exceccedilatildeo das

crianccedilas que se encontravam ausentes essa marcaccedilatildeo

era realizada ou pelas educadoras ou pelas crianccedilas

1312 Espaccedilo exterior

O espaccedilo exterior possuiacutea uma aacuterea de dimensotildees bastante consideraacuteveis

rodeada por um muro com grades que permitia observar do interior para o exterior da

instituiccedilatildeo e vice-versa O pavimento variava existindo zonas de relva com aacutervores de

cimento com maior dimensatildeo e de areia Neste uacuteltimo encontraacutevamos equipamento de

parque infantil sendo este composto por uma estrutura com escorrega barras para

trepar baloiccedilos fixos no chatildeo e cavalos de molas

Figura 8 - Aacuterea da

garagemconstruccedilotildees

12

Este espaccedilo exterior eacute de grande importacircncia pois nele como referem Hohmann

e Weikart (2011) ldquoas crianccedilas tecircm acesso a um conjunto de actividades e brincadeiras

que habitualmente natildeo fazem no interiorrdquo (p 369) No periacuteodo de recreio ldquoas crianccedilas

podem experimentar os sons e imagens do ar livre usar o material e equipamento do

recreio e brincar vigorosamente (ou sossegadamente se assim o preferirem) rdquo (idem

ibidem)

Em muitos momentos no recreio enquanto foi possiacutevel a sua utilizaccedilatildeo tivemos

a oportunidade de praticar jogos em grande grupo sendo estes com movimentos

rotativos movimentos lentos e coordenados movimentos raacutepidos e livres para as

crianccedilas exercitarem a motricidade Apesar dos momentos de recreio e de sala serem de

diferentes caracteriacutesticas ldquotecircm algo em comum encorajar as crianccedilas a envolverem-se

activamente com materiais pessoas ideias e acontecimentosrdquo (Hohmann amp Weikart

2011 p 370)

132 Rotina diaacuteria

A organizaccedilatildeo do tempo no jardim-de-infacircncia eacute definido e iniciado pelos

adultos estes devem refletir e estruturar devidamente uma rotina diaacuteria pois esta

auxilia as crianccedilas e adultos tal como referem Hohmann e Weikart (2011)

a rotina diaacuteria (hellip) ajuda as crianccedilas a responder (hellip) a questotildees ao

oferecer-lhes uma sequecircncia de acontecimentos que elas podem seguir e

compreender Tambeacutem ajuda os adultos a organizarem o seu tempo com as

crianccedilas de forma a lhes oferecer experiecircncias de aprendizagem activas e

motivadoras Neste sentido os elementos de uma rotina diaacuteria satildeo como

marcas de pegadas num caminho Ao seguirem o caminho as crianccedilas

envolvem-se em variadas aventuras e experiecircncias que lhes interessam e que

respondem agrave sua natureza inventiva e luacutedica (p 224)

Quando iniciaacutemos a nossa praacutetica de ensino na sala dos quatro anos estes jaacute

tinham uma rotina diaacuteria definida desde o iniacutecio do ano Apesar disso a rotina diaacuteria foi

suscetiacutevel de alteraccedilotildees tendo em conta atividades que emergiam visitas e o desenrolar

de certas experiecircncias de aprendizagem A rotina diaacuteria integrava os seguintes

segmentos temporais

i) Tempo de acolhimento momento de receccedilatildeo das crianccedilas em grande

grupo Era inclusive neste momento que as crianccedilas e os adultos

cantavam canccedilotildees partilham ideias vivecircncias e experiecircncias pessoais e

procediam agrave marcaccedilatildeo das presenccedilas

13

ii) Tempo de atividades em grande grupo neste tempo as crianccedilas e os

adultos juntavam-se para atividades a vaacuterios niacuteveis de muacutesica

movimento expressatildeo dramaacutetica leitura e exploraccedilatildeo de histoacuterias entre

outras Estas envolviam experiecircncias de aprendizagem nos diferentes

domiacutenios Apesar de em vaacuterias ocasiotildees serem os adultos a iniciarem

estas atividades as crianccedilas proporcionavam e apresentavam novas

ideias

iii) Tempo de higienealmoccedilo este tempo era dedicado agrave higiene das

crianccedilas e logo de seguida deslocavam-se ao refeitoacuterio da instituiccedilatildeo

para almoccedilarem

iv) Tempo de recreiodescanso momento reservado ao descanso das

crianccedilas mas tambeacutem quando as condiccedilotildees atmosfeacutericas o permitiam as

crianccedilas usufruiacuteam do espaccedilo exterior ocasionando-lhes situaccedilotildees nas

quais poderiam variar na forma como utilizavam o corpo tal como

trepar deslizar baloiccedilar e correr

v) Tempo de atividades nas aacutereas este tempo contemplava alguns tipos de

atividades propositadamente planeados de forma a proporcionar

experiecircncias de aprendizagens significativas nas diferentes aacutereas do

conteuacutedo Era ainda neste momento que se procedia agrave organizaccedilatildeo das

crianccedilas pelas diferentes aacutereas da sala consoante a preferecircncia que cada

uma manifestava de forma a reforccedilar os interesses naturais das crianccedilas

a capacidade de iniciativa da mesma e desenvolver competecircncias na

resoluccedilatildeo de problemas

vi) Tempo de lanche as crianccedilas apoacutes terem efetuado a arrumaccedilatildeo das

aacutereas da sala realizavam a higiene pessoal e deslocavam-se ao refeitoacuterio

da instituiccedilatildeo e tomavam o lanche Cada uma das crianccedilas possuiacutea a sua

lancheira e os lanches variavam de crianccedila para crianccedila

vii) Tempo de atividades orientadaslivres momento dedicado vaacuterias vezes

ao relaxamento da crianccedila as crianccedilas assistiam a filmes brincavam em

pequenos grupos com legos praticavam jogos em grande grupo sendo

estes uacuteltimos bastante solicitados pelas crianccedilas

A rotina diaacuteria vivenciada na sala ocorria como podemos verificar nos

segmentos temporais referidos de forma a despertar e apoiar as crianccedilas na tomada de

iniciativa perante atividades propostas Era uma forma de encorajar o envolvimento das

14

crianccedilas em atividades de pequenos grupos ou ateacute mesmo em pares envolvendo-as na

procura de soluccedilotildees para os problemas com que se iam confrontando Um dos principais

objetivos nas atividades era promover interaccedilotildees positivas nos diversos momentos de

trabalho O facto de as crianccedilas escolherem a sua aacuterea preferida e os materiais a

manusear para a execuccedilatildeo dos trabalhos demonstrava ao adulto a sua evoluccedilatildeo e

crescente autonomia

133 As interaccedilotildees

Para a melhor compreensatildeo do processo de interaccedilatildeo eacute essencial

compreendermos esse termo Neste sentido Oliveira-Formosinho e Formosinho (2011)

afirmam que ldquoas interaccedilotildees adulto-crianccedila satildeo uma tatildeo importante dimensatildeo da

pedagogia que a anaacutelise do estilo dessas interaccedilotildees nos permite determinar se estamos

perante uma pedagogia transmissiva ou uma pedagogia participativa (p 30) Dizem-nos

tambeacutem que ldquodesenvolver as interaccedilotildees refleti-las pensaacute-las e reconstruiacute-las eacute um

habitus que as profissionais que desenvolvem a Pedagogia-em-Participaccedilatildeo necessitam

de promoverrdquo (idem ibidem) Neste sentido reconhecemos que o educador desempenha

um papel crucial no desenrolar das diversas interaccedilotildees e no que tem a ver com as

interaccedilotildees educadoracrianccedila da instituiccedilatildeo estas satildeo em nosso parecer bastante

positivas As OCEPE (MEDEB 1997) alertam que ldquoa relaccedilatildeo individualizada que o

educador estabelece com cada crianccedila eacute facilitadora da sua inserccedilatildeo no grupo e das

relaccedilotildees com as ouras crianccedilasrdquo (p 35)

Achamos importante lembrar que ldquoa crianccedila aprende interagindo O adulto

aprende a ajudar a crianccedila a desenvolver a interacccedilatildeo A crianccedila eacute activa o adulto

tambeacutemrdquo (Oliveira-Formosinho 1996 p 55) Quando as crianccedilas e os educadores

desenvolvem algo em conjunto se o educador consegue envolver a crianccedila de tal forma

que esta se concentre totalmente no que estatildeo a desenvolver esta envolvecircncia faz com

que tanto a crianccedila como o adulto estejam ativos facilitaraacute a interaccedilatildeo entre ambos

tanto de um como do outro Eacute com a interaccedilatildeo que a crianccedila aprende vaacuterios fatores que

a ajudaratildeo no seu desenvolvimento e eacute tambeacutem com a interaccedilatildeo que o adulto tem a

oportunidade de auxiliar o desenvolvimento da crianccedila Neste sentido Hohmann e

Weikart (2011) defendem que ldquoa partilha do controlo num clima de apoio apela agrave

reciprocidade ndash um dar e receber muacutetuo entre crianccedilas e adultosrdquo (p 77)

No que diz respeito agraves interaccedilotildees crianccedilacrianccedila na sala onde se desenrolou a

accedilatildeo educativa verificaacutemos uma vasta cumplicidade entre elas existindo a formaccedilatildeo de

15

grupos de amigos Mostraram desde cedo apelar agrave brincadeira entre elas partilhando os

objetos e tentando haver na sala um clima de interaccedilotildees positivas

No nosso caso em concreto procuraacutemos desde cedo escutar apoiar e ainda

compreender as crianccedilas desenvolvendo desse modo uma interaccedilatildeo participativa

seguindo uma praacutetica na qual as crianccedilas foram sempre reconhecidas como pessoas que

tem sentimentos Tentaacutemos como referem Hohmann e Weikart (2011) ldquocriar e manter

ambientes em que a interacccedilatildeo com as crianccedilas seja positiva e por forma que estas

possam trabalhar e brincar com pessoas e objetos libertas de medo ansiedades ou de

aborrecimentordquo (p 63)

Reconhecemos que possibilitaacutemos agraves crianccedilas diversas situaccedilotildees nas quais

pudessem entender e participar em atividades promotoras de aprendizagens e que

pudessem construir e desenvolver as suas proacuteprias competecircncias Tentaacutemos observar e

entender a crianccedila pois como referem Oliveira-Formosinho e Formosinho (2011) ldquoo

papel do professor eacute o de organizar o ambiente e observar a crianccedila para entender e lhe

responderrdquo (p 15)

A fim de apoiar e acompanhar as crianccedilas nas suas atividades procuraacutemos

atraveacutes de uma observaccedilatildeo participante conhecer os interesses e necessidades

formativas das crianccedilas no sentido de favorecer interaccedilotildees que pudessem tornar-se

facilitadoras de aprendizagem das crianccedilas Assim sendo ao longo da nossa experiecircncia

de praacutetica educativa apoiaacutemos o envolvimento do grupo nas vaacuterias atividades de modo

a favorecer a sua implicaccedilatildeo na descoberta resoluccedilatildeo de problemas e na tomada de

decisotildees

16

17

II Fundamentaccedilatildeo das opccedilotildees educativas

No presente capiacutetulo procedemos ao aprofundamento de conhecimentos que nos

ajudem a melhor fundamentar e interpretar a praacutetica educativa em contexto preacute-escolar

Neste sentido debruccedilamo-nos sobre as perspetivas atuais de aprendizagem da crianccedila

as linhas de orientaccedilatildeo curricular e os modelos pedagoacutegicos que nos podem ajudar a

desenvolver uma accedilatildeo educativa de qualidade

21 A aprendizagem como um processo ativo

O desenvolvimento da praacutetica educativa suscita-nos questionamento sobre como

encarar o processo de aprendizagem a promover com as crianccedilas no sentido de ajudaacute-

las a progredir e a beneficiar do necessaacuterio bem-estar e integraccedilatildeo social

Neste sentido importa considerar a perspetiva de Brickmann e Taylor (1996)

defendendo os autores que ldquoas experiecircncias de aprendizagem para crianccedilas devem ser

ativasrdquo (p 3) explicitando que ldquodevem tornar a crianccedila capaz de construir o seu

proacuteprio conhecimento lidando diretamente com pessoas materiais e ideiasrdquo (idem p 3-

4) Neste acircmbito torna-se importante retomar a perspetiva teoacuterica de Piaget (1976) que

reconhece e valoriza a pessoa como sujeito ativo na construccedilatildeo de conhecimento O

autor defende que se enverede por um processo de aprendizagem experiencial e alerta

para a importacircncia da crianccedila poder explorar pensar e descobrir a partir da accedilatildeo sobre

os objetos e da relaccedilatildeo com os outros Como refere Novo (2009) ldquona perspetiva do

autor a crianccedila descobre do mesmo modo o mundo das pessoas e o dos objetos reais ou

simboacutelicosrdquo (p 52) Para Piaget (in Hohmann amp Weikart 2011) ldquoo conhecimento natildeo

proveacutem nem dos objetos nem da crianccedila mas sim das interaccedilotildees entre a crianccedila e os

objetosrdquo (p 19) pressupondo assim uma accedilatildeo reciacuteproca da crianccedila sobre os objetos e

dos objetos sobre a crianccedila na construccedilatildeo do conhecimento Nesta linha de pensamento

como tambeacutem afirma o autor (1978 citado por Novo 2009) ldquoconhecer natildeo consiste em

copiar o real mas agir sobre ele e transformaacute-lordquo (p 53)

Assim como Tompkins (1996) lembra importa ter em conta que uma

aprendizagem ativa eacute muito mais do que a mera manipulaccedilatildeo de materiais pelas crianccedilas

e do que a transmissatildeo de conhecimentos pelo educador Neste sentido sublinha que

18

a maior parte dos educadores de infacircncia concordaria com a ideia de que as

crianccedilas aprendem mais quando encorajadas a explorarem a interagirem a

serem criativas a seguirem os seus proacuteprios interesses e a brincarem No

entanto muitos educadores de infacircncia bem-intencionados acabam por

conduzir actividades em oposiccedilatildeo a esta teoria (p 6)

Este eacute um aspeto que natildeo deixa de caraterizar a nossa accedilatildeo educativa daiacute a

preocupaccedilatildeo em acedermos a conhecimentos que possam ajudarmos a melhor tomar

consciecircncia do tipo de praacuteticas que desenvolvemos e das linhas em que apoiaacute-las para

que incluam perspetivas que na atualidade satildeo reconhecidas como facilitadores de uma

aprendizagem ativa das crianccedilas

Importa assim considerar que segundo Formosinho (1996) as aprendizagens

ativas satildeo ldquoaquelas em que a crianccedila atraveacutes da sua acccedilatildeo sobre os objectos e da sua

interacccedilatildeo com as pessoas as ideias e os acontecimentos chega agrave compreensatildeo do

mundordquo (p 56) Por isso uma accedilatildeo educativa que se centra em ajudar as crianccedilas a

aprender como referem Oliveira-Formosinho amp Formosinho (2011) deve dar um papel

de relevo agrave crianccedila agrave colaboraccedilatildeo entre pares e agrave colaboraccedilatildeo entre adultos e crianccedilas

ou seja ldquodesenvolve uma epistemologia de natureza construtiva interativa

colaborativardquo (p 18)

Nesta linha importa o recurso a estrateacutegias pedagoacutegicas que proporcionem a

partilha de conhecimentos a implicaccedilatildeo das crianccedilas na resoluccedilatildeo de situaccedilotildees

problemaacuteticas de modo a exploraacute-las sob diversos acircngulos recorrendo agravequilo que jaacute

conhecem e agrave sua capacidade imaginativa O educador deve entatildeo observar e escutar as

crianccedilas e valorizar a sua participaccedilatildeo na organizaccedilatildeo e desenvolvimento do processo de

aprendizagem bem como na reflexatildeo sobre o mesmo Deve dar-se atenccedilatildeo aos seus

interesses e aos valores que representam as atividades da sua iniciativa na

reorganizaccedilatildeo da compreensatildeo que faz do mundo e por conseguinte no seu

desenvolvimento Nesse processo importa considerar que

tal como os adultos as crianccedilas tem comportamentos positivos e

comportamentos negativos mas eacute importante prestar atenccedilatildeo ao que as

crianccedilas fazem bem feito incidindo nesses pontos e valorizando-os Ao

observar cuidadosamente aquilo que as crianccedilas podem fazer os adultos tecircm

oportunidade para aproveitar o desejo natural de aprender das crianccedilas

(Hohmann 1996 p 22)

Dewey (2002) lembra que as experiecircncias das crianccedilas podem tornar-se agrave

semelhanccedila das suas brincadeiras e jogos em formas ativas da accedilatildeo Para o autor de

acordo com Pinazza (2007) ldquoas situaccedilotildees educativas devem apoiar-se na atividade da

19

crianccedila ou seja deve aprender fazendordquo (p 74) Daiacute a importacircncia que deve merecer a

organizaccedilatildeo do ambiente educativo e as atividades e projetos em que se envolvem

Importa considerar tambeacutem que ldquoa liberdade de accedilatildeo natildeo se opotildee agrave intencionalidade e

ao estabelecimento de propoacutesitos educativos nem tatildeo pouco agrave formaccedilatildeo de haacutebitosrdquo (p

75) devendo ser tidas todas estas dimensotildees em consideraccedilatildeo

Vygostky de acordo com Pinazza (2007) defende a relaccedilatildeo entre processo

educativo e as experiecircncias pessoais das crianccedilas No entanto eacute de considerar que nem

todas as experiecircncias satildeo igualmente educativas O valor de uma experiecircncia baseia-se

no princiacutepio da continuidade experiencial e o da interaccedilatildeo (idem) Importa ter em conta

que a continuidade pressupotildee alargar as experiecircncias e que a interaccedilatildeo se configura no

ambiente educativo que se cria

Nesse processo eacute de ter em conta a importacircncia a atribuir natildeo apenas aos

conhecimentos e competecircncias da crianccedila mas tambeacutem agrave forma como se estabelecem as

interaccedilotildees e agrave complexidade que as atividades apresentam Neste acircmbito importa

considerar que como defende Vygostky (1996 citado por Novo 2009) ldquoque com o

auxiacutelio de outra pessoa toda a crianccedila consegue concretizar mais do que faria sozinhardquo

(p 58) podendo entender-se este aspeto muito mais indicativo do desenvolvimento da

crianccedila Ideia que reforccedila a importacircncia da observaccedilatildeo e apoio que o adulto deve

promover para acompanhar e promover o processo da aprendizagem da crianccedila

22 Modelos Curriculares

Associado a uma perspetiva de aprendizagem ativa encontram-se alguns

modelos curriculares que tecircm vindo a ser apontados em vaacuterios trabalhos como

facilitadores de praacuteticas educativas preacute-escolares de qualidade tal como o modelo

HighScope (Hohmann amp Weikart 2011) o modelo do Movimento da Escola Moderna

(Niza 2007) e o modelo de Reggio Emilia (Eduards Gandini amp Forman 1999)

Reconhecendo que os princiacutepios em que cada um desses modelos se apoiam

podem ajudar-nos a melhor entender as linhas que caraterizam a nossa accedilatildeo importa

efetuar uma breve abordagem aos mesmos

O modelo curricular HighScope valoriza a aprendizagem pela acccedilatildeo o que

pressupotildee que as crianccedilas possam ldquoviver experiecircncias directas e imediatas e retirar delas

significado atraveacutes da reflexatildeordquo (Hohmann amp Weikart 2011 p 5) no sentido de

construiacuterem conhecimentos que as ajudem a dar sentido ao mundo As crianccedilas devem

20

dispor da possibilidade de explorar os objetos colocar sobre os acontecimentos e acerca

do que lhes desperta curiosidade

No que diz respeito agrave organizaccedilatildeo do espaccedilo e materiais de trabalho as salas

seguem uma organizaccedilatildeo construtivista que aponta para a organizaccedilatildeo de aacutereas

diferenciadas que permitam a realizaccedilatildeo de diferentes aprendizagens A organizaccedilatildeo da

sala por aacutereas e com os respetivos materiais faz com que as crianccedilas adquiram

independecircncia autonomia e responsabilidade em relaccedilatildeo ao seu modo de utilizaccedilatildeo

transmitindo mensagens impliacutecitas agraves crianccedilas Como referem Hohmann e Weikart

(2011)

Uma vez que o ambiente estaacute organizado de forma a que estas escolham as

suas brincadeiras os adultos ficam livres de funccedilotildees diretivas de

entretenimento ou de controlo das crianccedilas Em vez disso passam a poder

concentrar-se no apoio a dar agraves brincadeiras das crianccedilas e agrave sua capacidade de

resoluccedilatildeo de problemas (p 182)

A organizaccedilatildeo do ambiente educativo inclui quatro componentes sendo elas a

organizaccedilatildeo do espaccedilo e materiais das rotinas do grupo e das interaccedilotildees Segundo este

modelo o espaccedilo deve estar organizado por diferentes aacutereas de modo a permitir que as

crianccedilas desenvolvam diferentes aprendizagens envolvendo-se em atividades

diversificadas A organizaccedilatildeo do espaccedilo deve ser flexiacutevel deve adaptar-se agraves

necessidades e interesses das crianccedilas e do grupo pelo que deve estar organizado de

modo a conferir autonomia agraves crianccedilas Outra especificidade desta organizaccedilatildeo reside

no facto de as aacutereas estarem organizadas de forma a permitirem a livre circulaccedilatildeo das

crianccedilas entre elas de acordo com os seus interesses Por sua vez ldquoa arrumaccedilatildeo dos

materiais deve proporcionar a execuccedilatildeo do ciclo encontra-brinca-arrumardquo (Hohmann amp

Weikart 2011 p 164)

A organizaccedilatildeo de uma rotina diaacuteria oferece estabilidade agrave crianccedila no sentido de

que pode aperceber-se do que vai acontecer oferecendo-lhe ldquosentido de controlo sobre

aquilo que vai fazer em cada momento do diardquo (idem p 8) Deve permitir agraves crianccedilas

experienciarem oportunidade de se envolverem na concretizaccedilatildeo do ciclo planear-fazer-

rever (idem p 229) Este consiste em promover o seu envolvimento no planeamento

das suas atividades a experienciaccedilatildeo das mesmas e a partilha e discussatildeo acerca do que

foi realizado Para isso o educador deve adotar uma gestatildeo flexiacutevel do tempo

permitindo que a crianccedila organize os seus acontecimentos as suas propostas e as suas

interaccedilotildees tendo em conta a sequecircncia temporal Os tempos em pequeno e grande

21

grupo bem como a niacutevel individual satildeo imprescindiacuteveis pois permitem a inserccedilatildeo das

crianccedilas em diferentes tipos de atividades quer da iniciativa do adulto quer da

iniciativa da crianccedila

A rotina diaacuteria preacute-escolar eacute constante estaacutevel e previsiacutevel para que a crianccedila

compreenda a forma de utilizaccedilatildeo do tempo e assim tornar-se menos dependente do

adulto face ao tempo em que deve concretizar determinada atividade A previsatildeo dos

tempos de rotina permite a seguranccedila e independecircncia da crianccedila e a diferenciaccedilatildeo das

atividades contribui para a variedade de experiecircncias

No que concerne agraves interaccedilotildees o papel do adulto eacute criar situaccedilotildees que

proporcionem agrave crianccedila o desenvolvimento do seu pensamento favorecendo a

emergecircncia de conflitos cognitivos (idem) Importa ter em conta que o adulto ajuda a

equilibrar a liberdade que a crianccedila necessita para explorar o meio que a rodeia Por

isso natildeo deve desencorajar a crianccedila quando esta natildeo consegue concretizar e resolver os

problemas com que se defronta Deve por sua vez fazer com que ela acredite em si

mesma e se envolva na procura de recursos que podem ajudaacute-la nesse processo Assim

um dos principais objectivos do programa HighScope consiste em apoiar os

adultos de modo a que estes possam criar e manter ambientes em que a

interacccedilatildeo com as crianccedilas seja positiva e por forma que estas possam

trabalhar e brincar com pessoas e objectos libertas de medos ansiedades ou

de aborrecimento e negligecircncia (Hohmann amp Weikart 2011 p 63)

O modelo curricular Reggio Emilia como antes referimos apoia-se tambeacutem em

princiacutepios pedagoacutegicos de participaccedilatildeo ativa das crianccedilas na construccedilatildeo do seu

conhecimento Como refere Malaguzzi (1999) o principal objetivo do projeto de

Reggio Emilia consiste em construir uma escola ldquopara crianccedilas pequenas como um

organismo vivo integral como um local de vidas e relacionamentos compartilhados

entre muitos adultos e muitas crianccedilasrdquo Para aleacutem deste objetivo a abordagem Reggio

Emilia estimula o desenvolvimento intelectual das crianccedilas partindo da representaccedilatildeo

simboacutelica

Como refere Edwards (2008) no que diz respeito ao papel do educador este eacute

natildeo apenas de ouvinte e observador mas tambeacutem deve ser proporcionador de

oportunidades e experiecircncias Os objetivos centralizam-se em criar oportunidades de

aprendizagem e desenvolvimento do pensamento das crianccedilas sendo por isso

importante escutaacute-las O papel do educador ldquocentraliza-se na provocaccedilatildeo de

oportunidades de descobertas atraveacutes de uma espeacutecie de facilitaccedilatildeo alerta e inspirada e

22

de estimulaccedilatildeo do diaacutelogo de accedilatildeo conjunta e da co-construccedilatildeo do conhecimento pela

crianccedilardquo(idem p 161)

As crianccedilas percebem quando os adultos valorizam os seus trabalhos e as suas

ideias uma vez que lhes comunicam essa valorizaccedilatildeo indiretamente atraveacutes de accedilotildees e

estrateacutegias Como exemplo destas accedilotildees o educador expotildee trabalhos das crianccedilas na

escola e partilha com toda a comunidade educativa a informaccedilatildeo que as crianccedilas

produzem

Os pais participam ativamente na vida escolar dos seus filhos uma vez que

colaboram com o educador e datildeo continuidade ao que as crianccedilas aprendem quer na

escola quer em casa Ou seja existe interajuda entre escolafamiacutelia na organizaccedilatildeo e

concretizaccedilatildeo da accedilatildeo educativa Por exemplo na realizaccedilatildeo de um projeto os

educadores comunicam aos pais o tema do projeto

encorajando-os a envolverem-se com as atividades de seus filhos atraveacutes da

busca dos materiais necessaacuterios do trabalho com os professores no

ambiente fiacutesico da oferta de livros suplementares e assim por diante Dessa

forma os pais satildeo levados a revisar a imagem que tecircm de seus filhos e a

compreender a infacircncia de um modo mais rico e complexordquo (Edwards 2008

p 163)

Segundo Lino (2007) o modo como o espaccedilo eacute organizado ldquoreflete as ideias

valores atitudes e patrimoacutenio cultural de todos os que nele trabalhamrdquo (p 107) Isto

porque atraveacutes da comunicaccedilatildeo cooperaccedilatildeo partilha de atividades e ideias a crianccedila

constroacutei o seu conhecimento do mundo (idem) Sendo assim o espaccedilo nas escolas de

Reggio Emilia eacute planeado ao pormenor pela comunidade educativa Relativamente ao

espaccedilo exterior este eacute organizado de forma a possibilitar uma continuidade das

atividades realizadas no interior

A gestatildeo da rotina praticada em Reggio dispotildee de uma organizaccedilatildeo do tempo

que proporciona agraves crianccedilas oportunidades de estabelecer diferentes tipos de interaccedilatildeo

Assim como sublinha Lino (2007) ldquoelas podem escolher trabalhar sozinhas em

pequeno grupo em grande grupo com os adultos ou sem elesrdquo (p 109)

O modelo curricular do Movimento da Escola Moderna (MEM) como refere

Niza (2007) ldquoassenta num Projecto Democraacutetico de autoformaccedilatildeo cooperada de

docentes que transfere por analogia essa estrutura de procedimento para um modelo

de cooperaccedilatildeo educativa nas escolasrdquo (p 125) Tendo em conta a escola como local de

23

iniciaccedilatildeo agrave vida democraacutetica este modelo propotildee diversos princiacutepios fundamentais para

a estruturaccedilatildeo da accedilatildeo educativa Referindo Niza (idem)

- Os meios pedagoacutegicos veiculam em si os fins democraacuteticos da educaccedilatildeo

pelo que a escolha dos materiais os processos usados e as formas de

organizaccedilatildeo das atividades devem respeitar as regras democraticamente

decididas pelos educadoresprofessores e crianccedilas

- A actividade escolar enquanto contrato social e educativo deve concretizar-

se atraveacutes da negociaccedilatildeo entre educadoresprofessores e crianccedilas entre si

- A praacutetica democraacutetica da organizaccedilatildeo partilhada por todos decide-se em

conselho de cooperaccedilatildeo

- Os processos de trabalho escolar reproduzem os processos sociais autecircnticos

aproximando deste modo a escola agrave vida social

- A informaccedilatildeo de projectos estudos e outras realizaccedilotildees das crianccedilas eacute

partilhada atraveacutes de circuitos de produccedilatildeo distribuiccedilatildeo e divulgaccedilatildeo como

paineacuteis conferecircncias jornal escolar e outros tipos de apresentaccedilotildees

- As praacuteticas escolares conferem sentido social agraves aprendizagens das crianccedilas

atraveacutes da partilha dos saberes com os seus pares e pela intervenccedilatildeo na

comunidade envolvente ou com a comunidade mais distante atraveacutes da troca

de correspondecircncia entre outros meios

- Os alunos interpelam o meio social e trazem para a escola pessoas da

comunidade como recurso e fonte de conhecimento e culturardquo (pp 127-130)

O Movimento Escola Moderna salienta alguns instrumentos de organizaccedilatildeo da

vida em grupo que se tornam indispensaacuteveis na participaccedilatildeo conjunta do educador e da

crianccedila como o plano de atividades a lista semanal de projetos o quadro semanal de

distribuiccedilatildeo de tarefas o mapa de presenccedilas diaacuterio e o diaacuterio de grupo

Este tipo de organizaccedilatildeo ajuda as crianccedilas a situarem-se no espaccedilo e no tempo

Desta forma eacute necessaacuterio a sala estar organizada por aacutereas de atividades que estaratildeo

dispostas agrave volta da mesma no centro da sala deve estar situada uma aacuterea de trabalho

coletivo Estas aacutereas devem ser originais para que possam ser o mais possiacutevel parecidas

com a realidade que os envolve Como afirma Niza (2007) ldquo o ambiente geral da sala

deve resultar agradaacutevel e altamente estimulante utilizando as paredes como expositores

permanentes das produccedilotildees das crianccedilas onde rotativamente se revecircem nas suas obras

de desenho pintura tapeccedilaria ou textordquo (p 133)

24

A gestatildeo do tempo eacute segundo Niza (2007) ldquoconstituiacuteda por duas etapas de

configuraccedilatildeo distinta

a etapa da manhatilde centra-se fundamentalmente no trabalho ou na actividade

eleita pelas crianccedilas e por elas sustentada desconcentradamente pelas aacutereas

de actividade Com o apoio discreto e itinerante do educador A etapa da

tarde reveste a forma de sessotildees plenaacuterias de informaccedilatildeo e de actividade

cultural dinamizadas por convidados pelos alunos ou pelos educadores

(p135)

O MEM tem uma forma muito proacutepria de promover o relacionamento das

crianccedilas entre si e das mesmas com os adultos Esta interaccedilatildeo eacute fomentada por

fundamentos da pedagogia da cooperaccedilatildeo Assim as crianccedilas devem no jardim-de-

infacircncia experimentar praacuteticas e atitudes que lhes permitiratildeo aprender valores e atraveacutes

das suas vivecircncias aprofundar o desenvolvimento da sua cidadania

Como afirma Niza (2007) os educadores assumem-se neste modelo como

promotores da organizaccedilatildeo participada dinamizadores da cooperaccedilatildeo

animadores ciacutevicos e morais do treino democraacutetico auditores activos para

promoverem a livre expressatildeo e a atitude criacutetica Mantecircm e estimulam a

autonomizaccedilatildeo e responsabilizaccedilatildeo de cada educando no grupo de educaccedilatildeo

cooperada (p139)

De acordo com este modelo eacute necessaacuterio dar continuidade agraves experiecircncias

educativas promovendo a curiosidade a iniciativa e a descoberta das crianccedilas e criar

condiccedilotildees para que tomem a iniciativa e se sintam valorizadas

Em suma os modelos referidos possibilitam um conjunto de orientaccedilotildees que se

tornam fundamentais para nos ajudar a organizar uma intervenccedilatildeo pedagoacutegica que

favoreccedila o desenvolvimento de crianccedilas no quadro de conquista de uma progressiva

autonomia

23 Linhas de orientaccedilotildees curricular da educaccedilatildeo preacute-escolar

Para a organizaccedilatildeo da accedilatildeo educativa importa ter em consideraccedilatildeo o estabelecido

nas Orientaccedilotildees Curriculares3 definidas para a educaccedilatildeo preacute-escolar

As OCEPE acentuam que sejam promovidos saberescompetecircncias que

favoreccedilam a progressatildeo das crianccedilas ao niacutevel da sua Formaccedilatildeo Pessoal e Social

Expressatildeo e Comunicaccedilatildeo (domiacutenio da linguagem oral e abordagem agrave escrita domiacutenio

das expressotildees incluindo a motora dramaacutetica musical e plaacutestica e o domiacutenio da

matemaacutetica) e Conhecimento do Mundo no sentido de ajudaacute-las a tornarem-se capazes

3 OCEPE-MEDEB 1997 Despacho 522097 de 4 de agosto Metas de aprendizagem (ME 2010)

25

de uma plena inserccedilatildeo na sociedade como cidadatildeos autoacutenomos livres e solidaacuterios

(MEDEB 1997) As Metas de Aprendizagem para a Educaccedilatildeo Preacute-Escolar (ME 2010)

explicitam os conteuacutedos incluiacutedos nas aacutereas e domiacutenios de conteuacutedo definidas nas

OCEPE indicando o que as crianccedilas devem ter aprendido no final da etapa educativa

preacute-escolar

Entendemos dever ser dada importacircncia aos contributos destes diferentes

documentos para organizaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo das experiecircncias de aprendizagem no quadro

de construccedilatildeo de respostas educativas preacute-escolares de qualidade

Assim e no sentido de melhor compreender a natureza das aprendizagens que

devem nortear a accedilatildeo educativa preacute-escolar importa efetuarmos ainda que de forma

resumida uma abordagem das aacutereas e domiacutenios de conteuacutedo

A aacuterea de Formaccedilatildeo Pessoal e Social eacute considerada uma aacuterea transversal

considerando que todas as componentes curriculares deveratildeo contribuir para promover

nas crianccedilas atitudes e valores que lhes permitam tornarem-se cidadatildeos conscientes e

solidaacuterios capacitando-os para a resoluccedilatildeo dos problemas da vida Tambeacutem a educaccedilatildeo

preacute-escolar deve favorecer a formaccedilatildeo da crianccedila tendo em vista a sua plena inserccedilatildeo

na sociedade como ser autoacutenomo livre e solidaacuterio

Importa referir que entre as aprendizagens a promover estas se situam num

processo em construccedilatildeo do ser humano ldquosendo influenciado e influenciando o meio que

o rodeiardquo (MEDEB 1997 p51) eacute de salientar tambeacutem que ldquoeacute na famiacutelia e no meio

soacutecio-cultural em que vive os primeiros anos de vida que a crianccedila inicia o seu

desenvolvimento pessoal e socialrdquo (idem p52) Eacute acentuado um papel essencial na

educaccedilatildeo para os valores sendo ldquoque natildeo se ldquoensinamrdquo mas que se vivem na acccedilatildeo

conjunta e nas relaccedilotildees com os outrosrdquo (idem ibidem) As relaccedilotildees e interaccedilotildees

estabelecidas pelo adulto com as crianccedilas e o grupo o modo como as apoia satildeo

caracterizados como um suporte da educaccedilatildeo Importa ter em conta que a relaccedilatildeo

estabelecida pelo educador com as crianccedilas o modo como as valoriza e respeita

estimula e encoraja os seus processos facilita a auto-estima da crianccedila e as relaccedilotildees que

as crianccedilas estabeleceratildeo entre si Eacute ainda de considerar que ldquofavorecer a autonomia da

crianccedila e do grupo assenta na aquisiccedilatildeo do saber-fazer indispensaacutevel agrave sua

independecircncia e necessaacuterio a uma maior autonomia enquanto oportunidade de escolha e

responsabilizaccedilatildeordquo (idem p 53)

Obter maior independecircncia representa na educaccedilatildeo preacute-escolar dominar certos

saberes tais como vestir-se despir-se lavar-se comer utilizando adequadamente os

26

talheres etc mas tambeacutem serem capazes de utilizar de forma correta materiais e

instrumentos agrave sua disposiccedilatildeo tais como jogos tintas pinceis laacutepishellip (idem ibidem)

Como se afirma nas OCEPE (MEDEB 1997) reconhecer laccedilos de pertenccedila

social e cultural respeitando outras culturas eacute um aspeto que deve ser tambeacutem

valorizado na educaccedilatildeo preacute-escolar fazendo parte do desenvolvimento da identidade Eacute

de considerar que a igualdade de oportunidades entre os diferentes sexos indiviacuteduos de

diferentes classes sociais e diferentes etnias se constroacutei numa perspetiva de educaccedilatildeo

multicultural devendo esta natildeo ser apenas criada pela participaccedilatildeo na organizaccedilatildeo do

ambiente educativo mas tambeacutem pela participaccedilatildeo na aprendizagem em grupo Eacute

preciso ter em conta que a participaccedilatildeo na discussatildeo e na tomada de posiccedilatildeo favorece a

consciecircncia de valores sociais culturais e eacuteticos (idem p 55)

Em suma como as proacuteprias OCEPE alertam a aacuterea da Formaccedilatildeo Pessoal e

Social entende-se como ldquoaacuterea de conteuacutedo integradora pois embora com

intencionalidade proacutepria inscreve-se em todas as outrasrdquo (idem ibidem)

A aacuterea da Expressatildeo e Comunicaccedilatildeo como eacute referido nas OCEPE (MEDEB

1997) ldquoengloba as aprendizagens relacionadas com o desenvolvimento psicomotor e

simboacutelico que determinam a compreensatildeo e o progressivo domiacutenio de diferentes formas

de linguagemrdquo (p56) Esta aacuterea eacute a uacutenica em que se diferenciaram vaacuterios domiacutenios

Releva-se que eacute importante que os adultos facultem ocasiotildees agraves crianccedilas que

distingam o real e o imaginaacuterio pois nestas idades por vezes ainda confundem Importa

proporcionar agraves crianccedilas ldquosuportes que permitam desenvolver a imaginaccedilatildeo criadora

como procura e descoberta de soluccedilotildees e exploraccedilatildeo do lsquomundorsquo rdquo OCEPE (MEDEB

1997 p 56)

Ao niacutevel do domiacutenio da linguagem oral e abordagem agrave escrita importa que as

crianccedilas se envolvam em experiecircncias que lhes permitam progredir ao niacutevel da

expressatildeo oral e que lhe facultem a possibilidade de se familiarizarem com o coacutedigo

escrito permitindo-lhes contactar com as suas diferentes funccedilotildees Sublinha-se que numa

abordagem transversal a liacutengua portuguesa deve ser trabalhada em diferentes atividades

relacionadas com diferentes domiacutenios de conteuacutedo Importa considerar que

Proporcionar no jardim-de-infacircncia ambientes linguisticamente estimulantes e

interagir verbalmente com cada crianccedila satildeo as duas vias complementares que

podem ajudar a combater as assimetrias que afectam o desenvolvimento da

linguagem nas crianccedilas (Sim-Sim Silva amp Nunes 2008 p 12)

27

A comunicaccedilatildeo criada pelo educador permite agraves crianccedilas dominar a linguagem

ampliando o seu vocabulaacuterio e formando frases mais elaboradas O dia-a-dia na

educaccedilatildeo preacute-escolar possibilitaraacute atraveacutes de interaccedilotildees de qualidadecomplexidade

com a escrita que as crianccedilas usem corretamente frases simples de diversos tipos

As crianccedilas desde cedo conseguem distinguir a escrita do desenho comeccedilam a

ldquoimitar a escrita e a reproduzir o formato do texto escritordquo (OCEPE p 69) Mesmo que

as crianccedilas natildeo consigam reproduzir corretamente a escrita os educadores devem

incentivaacute-las nas suas tentativas Como se refere nas OCEPE (idem) ldquoa atitude do

educador e o ambiente que eacute criado devem ser facilitadores de uma familiarizaccedilatildeo com

o coacutedigo escrito Neste sentido as tentativas de escrita mesmo que natildeo conseguidas

deveratildeo ser valorizadas e incentivadasrdquo (p 69)

O educador deve inclusive ler e contar histoacuterias agraves crianccedilas pois desse modo

suscitaraacute na crianccedila o desejo de aprender a ler A forma como este lecirc e faz uso de

diferentes tipos de texto para as crianccedilas seratildeo usados por estas como exemplo de como

e para que serve ler (idem p 70)

As crianccedilas que desde cedo estatildeo envolvidas na utilizaccedilatildeo da linguagem

escrita e que vecircem outros a ler e a escrever vatildeo desenvolvendo a sua

perspectiva sobre o que eacute a leitura e a escrita e simultaneamente vatildeo

desenvolvendo capacidades e vontade para participarem em acontecimentos

de leitura e escrita (Mata 2008 p 14)

O educador tem que ter em atenccedilatildeo que em algumas ocasiotildees existem

diferentes liacutenguas como aconteceu na nossa praacutetica educativa visto que algumas

crianccedilas da sala natildeo tinham como liacutengua materna o portuguecircs Procuramos valorizar

essa dimensatildeo como meio de sensibilizar o grupo para a existecircncia de outras liacutenguas

mas tambeacutem de apoiar essas crianccedilas a acederam a um progressiva fluecircncia discursiva

No que diz respeito ao domiacutenio da matemaacutetica podemos destacar que as

crianccedilas vatildeo espontaneamente construindo noccedilotildees matemaacuteticas a partir de vivecircncias do

dia-a-dia Estas noccedilotildees fundamentam-se na vivecircncia do espaccedilo e tempo tendo como

ponto de partida as atividades espontacircneas em que se envolve ou que o educador

promove O papel da matemaacutetica na estruturaccedilatildeo do pensamento as suas funccedilotildees na

vida corrente e a sua importacircncia para aprendizagens futuras determina a atenccedilatildeo que

lhe deve ser dada na educaccedilatildeo preacute-escolar (idem p 73)

Procuraacutemos promover o desenvolvimento de noccedilotildees matemaacuteticas aproveitando

variadas situaccedilotildees luacutedicas das crianccedilas e momentos da rotina diaacuteria sabendo que como

se refere nas OCEPE (MEDEB 1997) ldquocabe ao educador partir das situaccedilotildees do

28

quotidiano para apoiar o desenvolvimento do pensamento loacutegico matemaacutetico

intencionalizando momentos de consolidaccedilatildeo e sistematizaccedilatildeo de noccedilotildees matemaacuteticasrdquo

(ibidem) Neste acircmbito importa ainda ter em conta o que afirmam Castro e Rodrigues

(2008) quando defendem que

uma das funccedilotildees do Jardim-de-Infacircncia eacute criar ambientes de aprendizagem

ricos em que as crianccedilas se possam desenvolver como seres de muacuteltiplas

facetas construindo percepccedilotildees e bases onde alicerccedilar aprendizagens Estas

reflectir-se-atildeo ao longo da vida quer nas aprendizagens quer na

sociabilizaccedilatildeo e mesmo no reconhecimento de algumas regras e

procedimentos Os nuacutemeros devem portanto desempenhar um papel

desafiante e com significado sendo a crianccedila estimulada e encorajada a

compreender os aspectos numeacutericos do mundo em que vive e a discuti-los

com os outros (p 12)

No que se refere ao domiacutenio das expressotildees como se refere nas OCEPE

(MEDEB 1997) eacute importante que o educador tenha em conta as especificidades de

cada expressatildeo mas tambeacutem a sua inter-relaccedilatildeo e a sua articulaccedilatildeo (p 57)

No que concerne agrave expressatildeo motora tal como se menciona nas OCEPE

(MEDEB 1997) ldquoao entrar para o preacute-escolar a crianccedila jaacute possui algumas aquisiccedilotildees

motoras baacutesicas tais como andar transpor obstaacuteculos manipular objectos de forma

mais ou menos precisardquo (p 58) Tendo em conta todos os movimentos que a crianccedila jaacute

possui a educaccedilatildeo preacute-escolar deve originar situaccedilotildees de exerciacutecio da motricidade

global e tambeacutem da motricidade fina permitindo que todas e cada uma aprendam a

utilizar e a dominar da melhor forma o seu proacuteprio corpo (idem ibidem) Eacute importante

que as crianccedilas usufruam de oportunidades para desenvolver os diferentes segmentos do

seu corpo facilitando a interiorizaccedilatildeo do esquema corporal e tendo consciecircncia do seu

corpo em relaccedilatildeo ao exterior aprendendo as relaccedilotildees no espaccedilo

Cabe ao educador tirar partido das situaccedilotildees que ocorrem nos diferentes espaccedilos

aproveitando a sala o espaccedilo exterior locais apetrechados e materiais que

proporcionem diversas e enriquecedoras oportunidades de expressatildeo motora O

educador deve proporcionar agraves crianccedilas formas de utilizar o seu corpo servindo-se de

jogos de movimento de sons de ritmos e danccedilas Como se afirma nas OCEPE

(MEDEB 1997) ldquotodas estas situaccedilotildees permitem que a crianccedila aprenda a utilizar

melhor o seu corpo e (hellip) que vaacute tomando consciecircncia de condiccedilotildees essenciais para

uma vida saudaacutevelrdquo (p 59)

29

A expressatildeo dramaacutetica eacute um meio de descoberta de si e do outro atraveacutes da qual

a crianccedila se afirma a si proacuteprio na relaccedilatildeo com os outros apropriando-se de situaccedilotildees

socias

Eacute frequente na idade de preacute-escolar depararmo-nos com crianccedilas movimentando-

se e colocando-se em diversas posiccedilotildees fiacutesicas muitas vezes imitando certas pessoas ou

ateacute mesmo animais E como nos referem Hohmann e Weikart (2011) ldquoexperimentar

movimentos que impliquem o corpo todo ajuda as crianccedilas a desenvolver o auto-

controlo e a consciecircncia do seu posicionamento fiacutesicordquo (p 629)

A expressatildeo musical permite a exploraccedilatildeo de sons e ritmos que as crianccedilas

produzem e exploram espontaneamente e que vatildeo aprendendo a identificar e a

reproduzir elas mesmas com os diversos aspetos que caracterizam os sons Como

afirmam Hohmann e Weikart (2011) ldquoouvir muacutesica mover-se ao seu som e fazer

muacutesica satildeo experiecircncias vitais que permitem agrave crianccedila expressar-serdquo (p 656) Os

mesmos autores acrescentam que ldquoa muacutesica acompanha-nos ao longo de toda a nossa

vida marcando acontecimentos desde do nascimento agrave morterdquo (p 657)

Baseando-se no pensamento de Carlton (1994) Hohmann e Weikart (2011)

apresentam seis aspetos que importa explorar no acircmbito de expressatildeo musical como

mover-se ao som da muacutesica explorar e identificar sons explorar a voz a cantar

desenvolver melodias cantar canccedilotildees e tocar instrumentos musicais simples

Na nossa praacutetica a muacutesica estava presente diariamente na sala pois logo pela

manhatilde as crianccedilas cantavam canccedilotildees relacionadas com os bons dias e por vezes outras

por elas sugeridas A abordagem de canccedilotildees com entusiasmo e entendendo que eacute uma

parte integrante de cultura musical da crianccedila eacute outra dimensatildeo considerada

A expressatildeo plaacutestica permite agraves crianccedilas explorarem diversos materiais e

instrumentos sendo as atividades motoras iniciadas pelas crianccedilas Como se afirma nas

OCEPE (MEDEB 1997) a crianccedila ldquoexterioriza espontaneamente imagens que

interiormente construiurdquo (p 61) Godinho e Brito (2010) defendem que ldquoeacute (hellip)

importante que as crianccedilas em ambiente de jardim-de-infacircncia possam experimentar

distintos papeacuteis de executante criador e apreciadorrdquo (p 11) e ter em conta que os

trabalhos das crianccedilas tecircm ldquosignificados concretos e partilhaacuteveis com os outrosrdquo (idem

p 65)

O desenho a pintura a digitinta a modelagem o recorte e a colagem satildeo

teacutecnicas de expressatildeo plaacutestica que devem ser explorados na educaccedilatildeo preacute-escolar

OCEPE (MEDEB 1997) Importa ainda atender agrave diversidade e quantidade de

30

materiais de modo a favorecer a expressatildeo criativa das crianccedilas Eacute importante que as

crianccedilas tenham agrave sua disposiccedilatildeo materiais que lhes possibilitem escolher e promover

diferentes formas de combinaccedilatildeo A identificaccedilatildeo e nomeaccedilatildeo de cores bem como a

mistura de cores baacutesica para formar outras (secundaacuterias) satildeo aspetos da expressatildeo

plaacutestica que tambeacutem importa explorar

No que diz respeito agrave aacuterea do Conhecimento do Mundo esta ldquoenraiacuteza-se na

curiosidade natural da crianccedila e no seu desejo de saber e compreender porquecircrdquo (idem p

79) A crianccedila antes de iniciar a educaccedilatildeo preacute-escolar sabe jaacute bastantes coisas sobre o

mundo que a rodeia A curiosidade e o desejo de descobrir e aprender das crianccedilas

manifestam-se na procura de compreensatildeo do mundo e de lhe atribuir sentido Tal

procura leva-as a formas progressivamente mais elaboradas do pensamento

A exploraccedilatildeo de conteuacutedos relacionados com esta aacuterea poderatildeo estar ldquomais ou

menos relacionada com o meio proacuteximo mas que aponta para a introduccedilatildeo a aspectos

relativos a diferentes domiacutenios do conhecimento humano (hellip) que mesmo elementares

e adequados a crianccedilas destas idades deveratildeo corresponder sempre a um grande rigor

cientiacuteficordquo (idem p 80) As OCEPE apontam ainda para que as crianccedilas possam

entender certos fenoacutemenos e acontecimentos que experienciam no seu dia-a-dia A

sensibilizaccedilatildeo agraves ciecircncias pode assim entender-se como partindo dos interesses das

crianccedilas que o educador alarga e contextualiza procurando fomentar a curiosidade e o

desejo de aprender O educador tem um papel fundamental na escolha dos conteuacutedos a

desenvolver poreacutem deve ter a preocupaccedilatildeo de acordar e negociar as suas propostas com

o grupo de modo a promover aprendizagens com significado para as crianccedilas Entre o

que se apresenta como fundamental desenvolver neste domiacutenio ldquosatildeo aspectos que se

relacionam com os processos de aprender a capacidade de observar o desejo de

experimentar a curiosidade de saber a atitude criacuteticardquo (idem p 85)

Foi com base em todas as aacutereas de conteuacutedo e domiacutenios que procuraacutemos

promover experiecircncias de aprendizagem diversas sendo que algumas dessas seratildeo

descritas e analisadas na terceira parte deste relatoacuterio

31

III Descriccedilatildeo e anaacutelise das experiecircncias de aprendizagem

O presente capiacutetulo incide sobre o processo de ensino e aprendizagem que

desenvolvemos com as crianccedilas ao longo do ano letivo de 2012-2013 apresentando um

conjunto de experiecircncias de aprendizagem atraveacutes das quais pretendemos aprofundar a

reflexatildeo sobre a accedilatildeo educativa promovida

Neste sentido procuraacutemos explicitar as intencionalidades que as orientam os

processos de desenvolvimento recursos utilizados e informaccedilatildeo tomada em

consideraccedilatildeo para a compreensatildeo do desenvolvimento desse processo e a progressatildeo

das crianccedilas

As experiecircncias de aprendizagem que aqui apresentamos incidem

particularmente sobre o segundo semestre do ano letivo referido porque foi nesse

periacuteodo que nos foi possiacutevel promover uma maior continuidade ao trabalho

desenvolvido o que permitiraacute uma melhor compreensatildeo das linhas de accedilatildeo e das formas

de intervenccedilatildeo pedagoacutegica em que nos situamos

No que se refere agrave planificaccedilatildeo da accedilatildeo educativa procuraacutemos articular num

todo coerente a nossa intervenccedilatildeo no sentido de proporcionar agraves crianccedilas a vivecircncia de

um projeto formativo integrado e em continuidade as reflexotildees preacute e poacutes-accedilatildeo com a

educadora de infacircncia cooperante foram importantes Como elementos de apoio ao

desenvolvimento desse processo relevamos as Orientaccedilotildees Curriculares para a

Educaccedilatildeo preacute-escolar o projeto curricular do grupo e os interesses e necessidades

formativas que no decurso da accedilatildeo educativa iacuteamos identificando Os planos de

intervenccedilatildeo pedagoacutegica assumiram um caraacuteter flexiacutevel de modo a podermos integrar as

contribuiccedilotildees do grupo de crianccedilas nesse processo e adequar as estrateacutegias quando

necessaacuterio de modo a garantir melhores oportunidades de aprendizagem e

desenvolvimento das crianccedilas

Ao niacutevel da recolha da informaccedilatildeo para ajudar a melhor poder compreender-se o

modo como se desenvolveu o processo de aprendizagem recorremos sobretudo a notas

de campo e registos fotograacuteficos Natildeo podemos deixar de relevar a importacircncia que

tambeacutem assumiram as produccedilotildees das crianccedilas incluiacutedas nos seus portefoacutelios pois

ajudaram-nos a melhor compreender como cada uma se apropriou e retratou as

experiecircncias promovidas

32

31 Experiecircncia de aprendizagem Respeitar as diferenccedilas um

desafio para todos

Um dos principais objetivos desta experiecircncia de aprendizagem centrou-se em

alertar as crianccedilas para a importacircncia de favorecer a integraccedilatildeo e bem-estar de todos

independentemente das diferenccedilas fiacutesicas e culturais entre outras que pudessem

possuir

Partimos da histoacuteria Elmer de David Mckee (2007) e comeccedilaacutemos por apresentar

o livro agraves crianccedilas lendo o tiacutetulo e perguntar-lhes se conheciam a histoacuteria ao que nos

responderam que natildeo Com este questionamento pretendiacuteamos saber se as crianccedilas jaacute

conheciam o conteuacutedo da histoacuteria Decidimos entatildeo solicitar agraves crianccedilas a observaccedilatildeo

da capa do livro de modo a explorar os elementos paratextuais em grande grupo

Vaacuterias crianccedilas identificaram e indicaram de imediato a personagem nela retratada

como sendo um elefante Mas duas delas manifestaram natildeo ter a certeza considerando a

aparecircncia do mesmo como as suas afirmaccedilotildees permitem perceber parece um elefante

mas parece um elefante colorido (Tiago)4 parece um elefante arco-iacuteris (Joana)

No sentido de melhor se compreenderem estes comentaacuterios importa mencionar

que o referido elefante era representado no livro atraveacutes de um desenho-ilustraccedilatildeo

desafiando agrave imaginaccedilatildeo e procurando ilustrar a mensagem pretendida de alerta para as

diferenccedilas mas afastando-se da figura ldquorealrdquo que por exemplo uma imagem

fotograacutefica permite retratar

Propusemos entatildeo agraves crianccedilas escutar com atenccedilatildeo a histoacuteria no sentido de

percebermos do que abordava Lemos a histoacuteria mostrando as imagens que a ilustravam

e no final refletimos sobre o conteuacutedo da mesma partindo da questatildeo

- Entatildeo do que nos fala a histoacuteria (Ed Estagiaacuteria)

- Eacute do Elmer Ele natildeo gostava da cor que tinha (Manuel)

- Pois ele natildeo gostava da cor que tinha e porque seria (Ed Est)

Surgiram vaacuterias respostas De entre elas destacamos as seguintes afirmaccedilotildees

- Porque ele eacute agraves cores (Gonccedilalo)

- E natildeo gostava de ser assim (Diogo)

- E depois com as tintas ficou de outra cor (Manuel)

- Pois foi Mas os outros riram-se (Margarida)

- Com a chuva voltou a ficar igual (Laura)

- E o que acharam dos elefantes se rirem dele acham que isso eacute bom (Ed Est)

- Natildeo (Vaacuterios)

- Porquecirc (Ed Est)

4 Os nomes das crianccedilas apresentadas satildeo fictiacutecios de modo a assegurar o anonimato da sua identidade

33

- Porque mesmo diferentes temos que ser amigos (Pedro)

- Porque somos todos diferentes (Inecircs)

Nota de campo 25 de fevereiro 2013

O excerto permite perceber que o conteuacutedo da histoacuteria tinha sido compreendido

referindo as crianccedilas que eram abordadas as diferenccedilas fiacutesicas que apresentava o animal

as dificuldades em aceitar a diversidade ou a diferenccedila de cor ou raccedila como as

seguintes afirmaccedilotildees permitem perceber Porque ele eacute agraves cores (Gonccedilalo) e natildeo gostava

de ser assim (Diogo) Tambeacutem a importacircncia de respeitar e aceitar as diferenccedilas foram

identificadas como conteuacutedo da histoacuteria ao reconhecerem e indicarem que natildeo foi bom

os elefantes rirem do modo como o Elmer tentou superar os constrangimentos sentidos

tentando mudar de cor justificando o Pedro porque mesmo diferentes temos que ser

amigos e acrescentando a Inecircs porque somos todos diferentes

Na sequecircncia da histoacuteria dialogaacutemos sobre possiacuteveis diferenccedilas fiacutesicas que

pudemos encontrar entre as pessoas e a importacircncia de aceitaacute-las mas tambeacutem de

respeitar e aceitar se elas quiserem fazer algumas mudanccedilas para se sentirem mais

bonitas ou felizes No sentido de uma melhor compreensatildeo desse valor alertaacutemos para

que cada um de noacutes por vezes tambeacutem mudar alguma coisa porque gosta como pintar

as unhas os laacutebios e o cabelo e noacutes gostamos e somos amigas delas quer estejam ou

natildeo pintadas Partindo desta ideia as crianccedilas falaram das suas experiecircncias e das dos

seus familiares Lembraacutemos ainda que tambeacutem noacutes natildeo somos todos iguais temos

diferenccedilas

Nesta linha de pensamento propusemos agraves crianccedilas observar diferenccedilas e

semelhanccedilas que existiam entre os elementos do grupo Vimos que uns tinham os

cabelos loiros outros castanhos e outros pretos Tambeacutem nos olhos podiacuteamos ser

diferentes e mesmo ao niacutevel da pele observando que embora fossemos todos de pele

branca uns tinham uma cor mais clara outros uma cor mais escura Sem que o

solicitaacutessemos algumas crianccedilas puxaram as mangas da camisola e colocaram o braccedilo

junto do de outras para verificarem melhor as diferenccedilas fazendo comentaacuterios sobre o

que observavam

Num outro momento mostraacutemos agraves crianccedilas duas imagens de elefantes uma

colorida como a do Elmer a personagem da histoacuteria e outra em cor cinzenta

Propusemos agraves crianccedilas que descobrissem as semelhanccedilas entre os dois elefantes

34

Observaacutemos diferentes reaccedilotildees Enquanto algumas crianccedilas manifestaram natildeo

perceber bem o pretendido outras manifestaram que isso tinha acontecido fazendo

afirmaccedilotildees como as que a seguir apresentamos e permitiram que as outras

compreendessem o que lhe tiacutenhamos solicitado fazerem

-Tecircm os dois uma tromba (Vaacuterios)

-Tecircm tambeacutem rabo para baixo as duas (Manuel)

-Tecircm dois olhos (Gabriel)

- Muito bem e haveraacute diferenccedilas entre os dois elefantes (Ed Est)

-A cor dos elefantes (vaacuterios)

-Um eacute cinzento como todos os elefantes e outro eacute agraves cores (Manuel)

Nota de campo 25 de fevereiro 2013

Como o excerto deixa perceber o diaacutelogo estabelecido possibilitou observar que

a diferenccedila que caraterizava os animais representados era a cor mas que se tratava do

mesmo tipo de ser e por isso apresentavam muitas outras carateriacutesticas comuns

Entendemos que este tipo de abordagem pode ajudar a que melhor possamos

entender aceitar e respeitar as pessoas pelos seres humanos que satildeo e ultrapassar

barreiras discriminatoacuterias que infelizmente ainda se fazem sentir Neste sentido

importa considerar que como se refere nas OCEPE (MEDEB 1997) eacute na aceitaccedilatildeo da

diferenccedila e ldquonuma perspetiva multicultural que se constroacutei uma maior igualdade de

oportunidadesrdquo (p 54)

Relevamos que esta atividade permitiu agraves crianccedilas natildeo soacute obterem e discutirem

valores que nos levem a enveredar por perspetivas e praacuteticas facilitadoras das

multiculturas e de igualdade de oportunidades como suscitar a pesquisa sobre o animal

que entrou na histoacuteria e espaccedilos em que vivia Assim levaacutemos e colocaacutemos na aacuterea da

biblioteca alguns livros sobre animais onde se incluiacuteam os elefantes o que suscitou a

continuidade da atividade Algumas crianccedilas quiseram descobrir como eram os

elefantes e se seriam todos parecidos ou natildeo Apoiaacutemo-las nesse processo ajudando-as

a descobrir mais pormenores que poderiam apontar para as diferenccedilas ou semelhanccedilas

mas relevando a importacircncia de cada um

No que se refere ao tempo de trabalho nas aacutereas importa evidenciar que algumas

crianccedilas quiseram representar ao niacutevel da expressatildeo plaacutestica figuras de elefantes

optando sobretudo por materiais tridimensionais como a plasticina como as imagens da

figura 10 permitem perceber No final sugerimos a contagem das representaccedilotildees dos

elefantes

35

As figuras apresentadas permitem observar diferentes produccedilotildees no que se

refere agrave reproduccedilatildeo de algumas partes do corpo quer agrave cor escolhida para elaborar o

trabalho As vaacuterias formas de representaccedilatildeo tambeacutem nos permitem perceber diferentes

niacuteveis de representaccedilatildeo simboacutelica incluindo e diferenciando vaacuterias partes do corpo do

animal algumas ainda o seu modo de locomoccedilatildeo enquanto outras representam apenas

para aleacutem do corpo no seu todo a parte que mais o diferencia dos outros animais a

tromba Como refere Gonccedilalves (1991) ldquoa expressatildeo eacute motivada pelo que mais a

impressionardquo (p 13)

No que se refere agrave escolha da plasticina para fazer as figuras do elefante importa

considerar que como referem Hohmann e Weikart (2011) este eacute um material a partir do

qual as crianccedilas gostam de fazer as suas reproduccedilotildees para o que em nosso entender

contribui o facto de poderem realizar produccedilotildees tridimensionais e as possibilidades de

modelagem que este material oferece

Na discussatildeo sobre os animais surgiu a questatildeo de como se designa um conjunto

de elefantes (nomes coletivos) ao que uma das crianccedilas respondeu prontamente eacute uma

manada (Carlos) No sentido de partilha de saberes possuiacutedos por cada um em relaccedilatildeo

ao toacutepico sobre o qual viacutenhamos a interrogar as crianccedilas solicitaacutemos-lhes que dissessem

o que sabiam sobre os elefantes Surgiram vaacuterias respostas entre as quais sublinhamos

- Tem uma tromba (Laura)

- Tem orelhas grandes (Pedro)

- Tem quatro patas (Tiago)

- Eles podem beber com a tromba (Rafael)

As respostas obtidas permitem-nos perceber que as crianccedilas jaacute possuiacuteam alguns

conhecimentos acerca das caracteriacutesticas dos elefantes mas tambeacutem que ainda havia

muitas coisas que poderiacuteamos aprender sobre eles Neste sentido sugerimos-lhes

Figura 10 ndash Produccedilotildees das crianccedilas em plasticina na sequecircncia da exploraccedilatildeo da histoacuteria do Elmer

36

visualizar imagens em PowerPoint que ilustravam as caracteriacutesticas do elefante No

final da apresentaccedilatildeo questionaacutemo-nos sobre o observado comeccedilando por colocar-lhes

um questatildeo sobre os seus haacutebitos alimentares

- Do que seraacute que o elefante se alimenta (Ed Est)

- Comem plantas (Pedro)

- E maccedilatildes das aacutervores (Ricardo)

- Bebem a aacutegua (Gabriel)

-Comem tambeacutem bananas (Gonccedilalo) Nota de campo 25 de fevereiro 2013

Entre as vaacuterias questotildees e respostas que surgiram a discussatildeo incidiu sobre os

dentes dos elefantes e a sua funccedilatildeo o nuacutemero de patas que tinham e como eram

constituiacutedas bem como sobre qual a funccedilatildeo da tromba para aleacutem de ser para beber

Este momento de diaacutelogo em grande grupo permitiu que as crianccedilas aprendessem a

ouvir-se umas agraves outras a esperar a sua vez para falar e para colaborar na atividade

Possibilitou ainda que conhececircssemos melhor as carateriacutesticas e os interesses das

crianccedilas pelo que nos parece poder ir ao encontro da ideia de Hohmann e Weikart

(2011) quando referem que

enquanto as crianccedilas interagem com materiais pessoas ideias e

acontecimentos para construir o seu proacuteprio entendimento da realidade os

adultos observam e interagem com elas para descobrir como as crianccedilas

pensam e raciocinam Os adultos tentam reconhecer os interesses e

capacidades particulares das crianccedilas oferecer-lhes apoio e colocar-lhes

desafiosrdquo (p 27)

Na sequecircncia da observaccedilatildeo das imagens dos livros sobre os animais integrados

na biblioteca iam surgindo perguntas em torno dos mesmos e do local onde viviam Por

isso e no sentido de poder alargar essa abordagem entendemos recorrer a vaacuterias

figurasbrinquedos de animais apresentando-os numa maqueta em que se encontravam

representados diferentes tipos de habitats As crianccedilas mostraram-se bastante curiosas

em descobrir quais os animais aiacute representados e os locais em que surgiam situados No

decurso do diaacutelogo uma crianccedila questionou-nos sobre o significado da palavra habitat

Perguntaacutemos ao grupo quem sabia e queria explicar ao colega mas gerando-se um

silecircncio informaacutemos que se tratava do local no qual vivem os animais e propusemos

que observassem a maqueta e descobrissem que locais se encontravam laacute representados

Obtivemos respostas variadas como

-Ali eacute a aacutegua (Diogo)

-Eacute na terra (Laura)

-Nas montanhas (Margarida)

37

Nota de campo 25 de fevereiro 2013

Informaacutemos as crianccedilas que todas as repostas correspondiam a elementos que

faziam parte dos habitats dos animais e que estes eram de trecircs tipos o terrestre o

aquaacutetico e o aeacutereo Realizaacutemos uma breve explicaccedilatildeo agraves crianccedilas da constituiccedilatildeo dos

habitats e dos animais que os habitavam

Distribuiacutemos por cada crianccedila a figura de

um animal em formato de fantoche e

solicitaacutemos-lhes que cada uma identificasse o

animal que tinha na matildeo e qual o habitat em que

esse animal se integraria colocando-o na

maqueta como a figura 11 permite perceber

Todas as crianccedilas participaram nesta atividade A

realizaccedilatildeo da atividade em grande grupo permitiu

partilhar ideias e valorizar os saberes de todos no

sentido de um enriquecimento muacutetuo

Esta atividade tinha como objetivo principal ajudar as crianccedilas a compreender

que os animais podem viver em diferentes ambientes ecoloacutegicos Sugerimos agraves crianccedilas

que desenhassem um animal e o seu habitat

Como forma de dar continuidade agrave atividade sobre os animais sugerimos a

realizaccedilatildeo do jogo ldquoOs animais da selvardquo que consistia em retirar de entre um conjunto

de cartotildees apresentados numa caixa um cartatildeo seria lida a tarefa agrave crianccedila e esta

concretizaacute-la-ia Entre as propostas de realizaccedilatildeo apresentadas constavam por exemplo

imitar o som de um determinado animal representar o seu modo de locomoccedilatildeo e cantar

uma canccedilatildeo relacionada com os animais

No sentido de dar continuidade agrave exploraccedilatildeo da histoacuteria do Elmer solicitaacutemos as

crianccedilas num momento de trabalho em grande grupo a identificarem e nomearem as

cores primaacuterias Obtivemos respostas variadas por parte das crianccedilas algumas

respondiam corretamente ao nome das cores e outras natildeo as identificavam Decidimos

entatildeo explorar as cores primaacuterias e para que melhor pudessem observaacute-las e identificaacute-

las colocaacutemos tintas com as trecircs cores primaacuterias (azul amarelo e vermelho) em frascos

transparentes As crianccedilas puderam mexer e fazer pinceladas na folha No decurso da

atividade uma crianccedila referiu que existem tambeacutem as cores secundaacuterias (Margarida)

Figura 11 - Crianccedila colocando o animal no

habitat

38

Noutro momento e ainda no acircmbito do processo de identificaccedilatildeo das cores

propusemos agraves crianccedilas a utilizaccedilatildeo de outros recursos folhas de acetato e guaches

Sugerimos-lhes que colocassem em cada folha gotas de tinta de cores diferentes e

depois que as juntassem Ao juntarem as duas folhas de acetatos as crianccedilas reparavam

que surgiria uma nova cor Sugerimos agraves crianccedilas a realizaccedilatildeo do quadro das cores que

integraria as cores primaacuterias num primeiro momento e ao qual iriacuteamos mais tarde

acrescentar as secundaacuterias (verde laranja e roxo) Questionaacutemos as crianccedilas de modo a

identificarem e nomearem as cores e conforme iam sendo identificadas iam sendo

colocadas pelas crianccedilas no quadro

Procedemos num segundo momento agrave exploraccedilatildeo de uma cor secundaacuteria o

verde propondo agraves crianccedilas a mistura das cores amarela e azul e tentar que as crianccedilas

descobrissem que cor surgia dessa mistura Algumas crianccedilas responderam

corretamente que surgiria a cor verde As crianccedilas colocaram a cor verde em frente agrave cor

amarela e azul para que percebessem que da junccedilatildeo das duas cores iniciais resultava

essa cor

Repetimos esse mesmo processo com as cores amarelo e vermelho de cuja

junccedilatildeo surgiu o laranja e com o azul e vermelho

da qual surgiu o roxo Completaacutemos o quadro das

cores primaacuterias e secundaacuterias com as tintas que jaacute

possuiacuteamos e com as novas tintas que surgiram

na junccedilatildeo das cores primaacuterias

Expusemos o trabalho na sala permitindo

relembrar e melhor memorizar o nome das

diferentes cores (primaacuterias e secundaacuterias) como a

figura 12 permite observar

No desenvolvimento da atividade as crianccedilas mostraram-se bastante

surpreendidas com o surgir da nova cor a partir da junccedilatildeo das duas cores iniciais

expressando alegria e desejo de fazer novas experiecircncias Neste sentido importa ter em

conta que como refere Luft (2011) ldquoa cor eacute um dos principais elementos das artes

visuais (hellip) despertando sensaccedilotildees e emoccedilotildees seja na pintura na esculturardquo (p 304)

entre outras teacutecnicas de expressatildeo plaacutestica

Procurando que as crianccedilas tirassem partido das cores exploradas sugerimos agraves

crianccedilas que decorassem a imagem do elefante Elmer utilizando folhas em formato A2

A proposta inicial era de que as crianccedilas pintassem a imagem do elefante Elmer

Figura 12 - Quadro das cores primaacuterias e

secundaacuterias

39

recorrendo agrave teacutecnica de pintura sopro que consistia em colocar um pouco de tinta num

quadrado e soprar com a palhinha de forma a espalhar a cor por todo o quadrado do

papel Algumas crianccedilas manifestaram bastante dificuldade na realizaccedilatildeo do sopro e

comeccedilaram a utilizar a palhinha como forma de pincel Decidimos entatildeo sugerir a

essas crianccedilas que utilizassem pinceacuteis se assim o entendessem No final surgiu uma

figura de elefante muito colorida aos quadrados que expusemos junto agrave da entrada para

a sala no sentido de partilhar a experiecircncia com os pais

Em siacutentese no acircmbito desta experiecircncia de aprendizagem promovemos a criaccedilatildeo

de oportunidades de as crianccedilas desenvolverem saberes que se prendem particularmente

com as carateriacutesticas da vida animal e a composiccedilatildeo das cores (primaacuterias e secundaacuterias)

numa dimensatildeo articulada da aacuterea do mundo fiacutesico e social e dos domiacutenios da expressatildeo

oral dramaacutetica e plaacutestica Foi nossa preocupaccedilatildeo que as crianccedilas pudessem questionar-

se manifestar as suas opiniotildees e implicar-se na exploraccedilatildeo dos materiais colocados agrave

sua disposiccedilatildeo Neste acircmbito releva-se nas OCEPE (MEDEB 1997) que ldquoa

identificaccedilatildeo e nomeaccedilatildeo das cores a mistura de cores baacutesicas para formar outras satildeo

aspetos da expressatildeo plaacutestica que se ligam com a linguagem e o Conhecimento do

Mundordquo (pp 62-63) Nesta experiecircncia de aprendizagem pudemos relevar a exploraccedilatildeo

do mundo fiacutesico mas tambeacutem e sobretudo o social no sentido de valorizar a

construccedilatildeo de um pensamento aberto a formas diversas de ser e estar no quadro de

valores de respeito aceitaccedilatildeo e de diaacutelogo com os outros

32 Experiecircncia de aprendizagem Aprender a observar e conhecer

Considerando o interesse manifestado pelas crianccedilas em relaccedilatildeo ao conteuacutedo da

histoacuteria do Elmer sendo a mesma referida em vaacuterios e diferentes momentos decidimos

dar-lhe continuidade explorando o livro intitulado Elmer e o arco-iacuteris de David

Mckee5 Trata-se de uma histoacuteria que aborda os valores de

entreajuda dar algo sem o perder bem como os sentimentos de

amizade e de felicidade

Relevamos neste sentido que como refere Mata (2008)

ldquoa leitura de histoacuterias eacute uma actividade muito rica e completa

5 A imagem do livro que consta na figura 13 foi obtida em

httpwwwcaminholeyacomfotosprodutos500_9789722118620_elmer_e_o_arco_irisjpg

Figura 13 - Livro - Elmer e o

arco-iacuteris de David Mckee

40

pois permite a integraccedilatildeo de diferentes formas de abordagem agrave linguagem escrita em

geral e agrave leitura de uma forma especiacuteficardquo (p 78)

Comeccedilaacutemos por observar interpretar e descrever oralmente as imagens da capa

e da contracapa tendo como objetivo que as crianccedilas compreendessem que tanto as

palavras escritas como os desenhos transmitem informaccedilotildees Embora algumas crianccedilas

manifestassem possuir conhecimento acerca da composiccedilatildeo dos livros mas que nem

conseguiam fazecirc-lo entendemos explicar esses elementos agraves crianccedilas Procedemos em

seguida agrave leitura expressiva da mesma No final questionaacutemos as crianccedilas acerca do

seu conteuacutedo e todas referiram que falava sobre o arco-iacuteris sobre este ter perdido as

suas cores e o elefante Elmer ter ajudado a que este as recuperasse As crianccedilas

mencionaram partes da histoacuteria relevantes mostrando ter prestado atenccedilatildeo agrave leitura e tecirc-

la interiorizado Importa ter em conta que como se refere nas (OCEPEMEDEB

1997) ldquoeacute no clima de comunicaccedilatildeo criado pelo educador que a crianccedila iraacute dominando a

linguagem alargando o seu vocabulaacuterio construindo frases mais correctas e complexas

adquirindo um maior domiacutenio da expressatildeo e comunicaccedilatildeordquo (p 67)

Nesta linha de pensamento e aproveitando as ideias que as crianccedilas

mencionaram questionaacutemo-las sobre o que sabiam acerca do arco-iacuteris tais como

quantas cores teria o arco-iacuteris e obtivemos respostas como

-Tem cinco cores (Diogo)

- Acho que tem seis cores (Gonccedilalo)

- Eu acho que tem sete cores (Tiago)

- Tem muitas cores (Laura)

As afirmaccedilotildees das crianccedilas deixam perceber que natildeo tinham a certeza em

relaccedilatildeo agraves cores do arco-iacuteris o que era de esperar dado a tenra idade das crianccedilas

Decidimos revelar agraves crianccedilas o verdadeiro nuacutemero de cores que tem o arco-iacuteris

referindo que o arco-iacuteris apresenta sete cores Continuando o diaacutelogo procuraacutemos levar

as crianccedilas a idealizarem e nomear as possiacuteveis cores do arco-iacuteris Obtivemos as

seguintes respostas

- O arco-iacuteris tem amarelo (Pedro)

-Tem tambeacutem azul (Rodrigo)

- Tem verde o arco-iacuteris (Tiago)

- Eu acho que tambeacutem tem cor de laranja (Gonccedilalo)

- Natildeo tem eacute vermelho (Pedro)

- Eu acho que tem cor-de-rosa (Inecircs) Nota de campo 11 de marccedilo 2013

41

Algumas crianccedilas comentaram que natildeo sabiam porque nunca o tinham visto

outras disseram que jaacute o tinham visto mas que natildeo se lembravam das cores que eram

Decidimos entatildeo informar as crianccedilas das cores que o arco-iacuteris possui nomeadamente

o violeta anil azul verde amarela laranja e vermelho

As crianccedilas que tinham respondido corretamente a uma das cores sentiram-se

bastante satisfeitas mostraram conforto e confianccedila em si proacuteprias comentando a sua

resposta entre o grupo Como referem Hohmann e Weikart (2011) ldquoas reflexotildees das

crianccedilas sobre as suas acccedilotildees satildeo uma parte

fundamental do processo de aprendizagem Ouvir e

encorajar a forma particular como cada crianccedila pensa

fortalece o seu pensamento emergente e as suas

capacidades de raciociacuteniordquo (p 47)

Sugerimos agraves crianccedilas que desenhassem e

pintassem numa folha branca como julgavam que era

constituiacutedo o arco-iacuteris exemplo figura 14

Durante a atividade as crianccedilas comentavam entre si qual seria a cor com que o

arco-iacuteris iniciava tentavam lembrar-se da ordem das

cores e curiosamente comentavam o formato do arco-iacuteris

referiam-se a este como tendo uma forma muito

semelhante a uma ponte Depois de vaacuterias crianccedilas terem

desenhado o arco-iacuteris exemplo figura 15 mostraacutemos a

imagem do mesmo no sentido de melhor perceberem

como era constituiacutedo Esta experiecircncia permitiu relembrar

as cores partindo da sua identificaccedilatildeo num fenoacutemeno da

natureza

Expusemos uma imagem do arco-iacuteris ldquorealrdquo numa das paredes da sala para que

todos a visualizassem e comparassem com os desenhos que eles tinham realizado

anteriormente A reaccedilatildeo das crianccedilas foi surpreendente comentavam a imagem

sublinhando a beleza da mesma e as experiecircncias possuiacutedas de ter visto ou natildeo esse

fenoacutemeno

A alegria aumentava agrave medida que descobriam que tinham colocado no desenho

cores que correspondiam agraves observadas no fenoacutemeno do arco-iacuteris e que uma ou outra

surgiam segundo a mesma ordem

Figura 14 - Desenho de um arco-iacuteris

realizado por uma crianccedila da sala

Figura 15 - Arco-iacuteris elaborado

por uma crianccedila da sala

42

No sentido de relembrar e explorar o conteuacutedo da histoacuteria Elmer e o arco-iacuteris

propusemos a realizaccedilatildeo de um jogo de expressatildeo de afetos intitulado como o ldquoJogo

dos sorrisosrdquo O objetivo do jogo consistia em compreender a importacircncia de expressar

pequenos gestos que satildeo importantes para quem os recebe e para quem os daacute que natildeo

representam perdas mas antes ganhos como por exemplo dar um sorriso ou um abraccedilo

a algueacutem As crianccedilas manifestaram terem compreendido o conteuacutedo da histoacuteria e por

conseguinte o que se pretendia do jogo

O jogo constava de uma crianccedila de cada vez ir retirar um cartatildeo de dentro de

uma caixa no qual estava escrito uma mensagem que educadora lhe lia e que ela iria

transmitir a algueacutem da sala que escolhesse dirigir-lha Todas as crianccedilas participaram

no jogo recebendo e manifestando gestos Entre as

mensagens escritas nos cartotildees encontrava-se por

exemplo dar um abraccedilo um beijo no rosto um aperto

de matildeo entre outros As crianccedilas manifestaram

grande interesse e entusiamo em realizar o jogo

observando-se grande envolvimento na realizaccedilatildeo do

mesmo como a tiacutetulo de exemplo a imagem da figura

16 permite perceber que as crianccedilas estatildeo a dar as matildeos

manifestando gesto de carinho

No sentido de ajudar as crianccedilas a compreenderem a que se deve a formaccedilatildeo do

arco-iacuteris procuraacutemos num outro momento propor uma atividade praacutetica que permitisse

observar o surgir desse fenoacutemeno Comeccedilaacutemos por perguntar agraves crianccedilas se sabiam

como este fenoacutemeno surgia tentando auscultar as ideias preacutevias Entre essas ideias

surgiram as seguintes

- Podemos ver o arco-iacuteris quando haacute sol e chuva (Manuel)

- Eacute preciso haver chuva e sol (vaacuterios)

- O arco-iacuteris vai sempre buscar aacutegua aos rios (Manuel)

Nota de campo 11 de marccedilo de 2013

As afirmaccedilotildees das crianccedilas deixam perceber que algumas jaacute apresentam ideias

sobre as carateriacutesticas temporais que levam a que se decirc a refraccedilatildeo da luz do sol e se

observe a formaccedilatildeo do arco-iacuteris apesar de ainda natildeo dominarem o conhecimento

cientiacutefico do fenoacutemeno Por usa vez a afirmaccedilatildeo do Manuel deixa perceber que pode

entender-se como indo ao encontro do afirmado por Martins et al (2009) quando

Figura 16 - Crianccedilas jogando o

Jogo dos sorrisos

43

lembram que ldquoas crianccedilas datildeo explicaccedilotildees que muitas vezes natildeo correspondem ao

conhecimento cientiacutefico actual mas que tem loacutegica para sirdquo (p 12)

Assim e depois de um breve diaacutelogo sobre o fenoacutemeno sugerimos a realizaccedilatildeo

de uma atividade sobre a formaccedilatildeo do arco-iacuteris manifestando-se as crianccedilas bastante

curiosas em saber como fazer para que o fenoacutemeno ocorresse

Os materiais utilizados para a realizaccedilatildeo da atividade praacutetica foram previamente

fabricados e preparados por noacutes bem como testada a experiecircncia Para tal fizemos uma

abertura estreita em forma de retacircngulo numa cartolina preta de seguida colocaacutemos a

cartolina em frente ao nosso peito na horizontal e apontaacutemos luz para essa abertura de

forma a conseguirmos um raio de luz estreito Colocaacutemos um espelho inclinado numa

tina com aacutegua e inclinaacutemos uma folha grande de cartolina branca junto da tina com

aacutegua Apontaacutemos a luz atraveacutes da cartolina preta

para que esta acertasse no espelho No final

tiacutenhamos conseguido ver a formaccedilatildeo do arco-iacuteris

Estes procedimentos foram repetidos com as

crianccedilas na atividade que viacutenhamos a descrever foi

possiacutevel observarmos a refraccedilatildeo da luz formando o

arco-iacuteris que se apresenta na figura 17

Procuraacutemos diversificar os materiais e ajudar as

crianccedilas a compreenderem que o efeito pode provir de vaacuterias fontes Neste sentido

observaacutemos tambeacutem o aparecimento do arco-iacuteris atraveacutes de uma lanterna e de um Cd

permitindo este objeto tambeacutem fazer com que se decirc a refraccedilatildeo da luz da lanterna e por

conseguinte a sua divisatildeo em vaacuterias cores fazendo o efeito de arco-iacuteris Fizemos incidir

a luz da lanterna na parte superior do cd e inclinaacutemos o cd para que a luz incidisse na

parede pois eacute nesta que as crianccedilas conseguem ver as cores do arco-iacuteris

Inicialmente as crianccedilas mostravam-se bastante eufoacutericas e curiosas em saber

como iria aparecer o arco-iacuteris com dois objetos (uma lanterna e um Cd) No entanto ao

iniciarmos a atividade fez-se uma grande silecircncio na sala dado o interesse e a atenccedilatildeo

com que estavam para observar o resultado Quando mostraacutemos que era possiacutevel fazer

aparecer o reflexo do arco-iacuteris na parede da sala estas ficaram surpreendidas

experimentaram tambeacutem as crianccedilas refletirem a imagem do arco-iacuteris com os dois

objetos Terminada a atividade praacutetica as crianccedilas referiram que gostavam de mostrar

aos pais esta atividade iriam inclusive pedir para que estes disponibilizassem uma

lanterna e um Cd

Figura 17 - Resultado da atividade

praacutetica sobre a formaccedilatildeo do arco-iacuteris

44

No decurso da semana sugerimos agraves crianccedilas uma nova atividade praacutetica ainda

de acordo com o que tiacutenhamos explorado anteriormente Poreacutem desta vez

pretendiacuteamos enveredar pelo efeito contraacuterio ao das atividades anteriores ou seja a

uniatildeo de vaacuterias cores formando uma soacute Assim solicitaacutemos agraves crianccedilas que colorissem

com cada cor as divisotildees de um ciacuterculo que lhe apresentaacutemos desenhado em cartolina

branca Quando terminavam de colorir o ciacuterculo colocavam o laacutepis de carvatildeo no centro

e faziam o ciacuterculo girar O objetivo era visualizar qual a cor que surgiria ao girar o laacutepis

pois as crianccedilas tinham diferentes cores nos ciacuterculos Mostraacutemos agraves crianccedilas um ciacuterculo

pintado com as cores do arco-iacuteris e perguntaacutemos agraves crianccedilas se sabiam qual a cor que

surgiria ao rodarmos o laacutepis observando-se as seguintes respostas

-Vai ficar azul-escuro (Manuel)

-Se rodares muito depressa vai ficar tudo vermelho (Pedro)

-Vai aparecer o arco-iacuteris (Margarida)

-Se calhar vai ficar tudo amarelo (Pedro)

- Fica quase branco (Manuel) Nota de campo 12 de marccedilo 2013

Todas as crianccedilas faziam tentativas para acertar na cor que surgiria ao rodar o

laacutepis decidimos deste modo rodaacute-lo O objetivo da atividade era como jaacute antes

referimos que as crianccedilas percebessem que ao juntar todas as cores do arco-iacuteris a cor

que surgiria era a cor branca

Eacute de referir que esta atividade natildeo correu como era esperado pois as crianccedilas

natildeo conseguiam colocar o laacutepis a girar de modo a que o movimento permitisse a junccedilatildeo

das vaacuterias cores e fosse possiacutevel observar apenas a cor branca

Para que as crianccedilas natildeo ficassem desiludidas por um lado e por outro lado para

promover a interaccedilatildeo entre pais e filhos sugerimos agraves crianccedilas que realizassem a mesma

atividade em casa com o auxiacutelio dos pais pedindo-lhes para as ajudarem a fazecirc-la e que

dialogassem de modo a descobrirem com eles a cor que surgiria quando fizessem girar o

laacutepis Refletindo sobre a atividade importa sublinhar que aprendemos que nem sempre

eacute faacutecil gerir imprevisibilidades mas que temos de saber superaacute-las tentando encontrar

soluccedilotildees alternativas Meditando sobre a experiencia de aprendizagem desenvolvida a

partir do livro Elmer e o arco-iacuteris sublinhamos as oportunidades criadas para as

crianccedilas se envolverem em diferentes atividades nas quais foram levadas em

consideraccedilatildeo os saberes e interesses manifestados por elas valorizar a ludicidade como

estrateacutegia de envolvimento na construccedilatildeo de conhecimento cientiacutefico

45

Sabemos que haacute fenoacutemenos que as crianccedilas vatildeo observando e aprendendo a

identificar mas tambeacutem que nem sempre tecircm oportunidades de conhecer fatores que lhe

datildeo origem pelo que importa promover situaccedilotildees de aprendizagem em contexto preacute-

escolar que as ajudem na compreensatildeo dos mesmos Foi nessa linha de pensamento que

surgiram as atividades que desenvolvemos em torno do arco-iacuteris

As crianccedilas envolveram-se e manifestaram sentir gosto e prazer em concretizar

as atividades desenvolvidas parecendo-nos terem contribuiacutedo para que desenvolvessem

saberes e criar oportunidades de partilha dos mesmos com os outras crianccedilas e adultos e

com os pais

Relevamos ainda a importacircncia que nos parece ter assumido o alertar das

crianccedilas para a atenccedilatildeo a prestar aos outros e a importacircncia de manifestar e receber

afetos no quadro de construccedilatildeo de uma sociedade comunicativa solidaacuteria e facilitadora

da integraccedilatildeo de todos

33 Experiecircncia de aprendizagem Conhecendo diferentes culturas

No decurso da accedilatildeo educativa surgiu a abordagem da questatildeo das diferenccedilas

entre as culturas levando-nos a pensar ser importante aprofundar o questionamento e

reflexatildeo sobre esse toacutepico Nesse sentido entendemos partir da leitura da histoacuteria

Meninos de todas as cores de Luiacutesa Ducla Soares

Em trabalho de grande grupo comeccedilaacutemos por ler o tiacutetulo da histoacuteria e questionar

as crianccedilas no sentido de perceber se a conheciam As suas afirmaccedilotildees levaram-nas a

perceber que natildeo era do seu conhecimento mas que o tiacutetulo da histoacuteria estimulou a sua

curiosidade comeccedilando a fazer comentaacuterios entre si sobre a mesma e sobre o que

entendiam poder incidir

Procedemos agrave leitura da histoacuteria acompanhado com a apresentaccedilatildeo das

imagens manifestando-se as crianccedilas muito atentas ateacute ao final da mesma Terminada a

leitura questionaacutemos as crianccedilas sobre o que achavam da histoacuteria Elas afirmaram ter

apreciado o seu conteuacutedo e ilustraccedilatildeo

Sugerimos-lhes o reconto da histoacuteria neste as crianccedilas surpreendentemente

referiram pormenores do conteuacutedo da histoacuteria como a cor de cada crianccedila aspetos

sobre cada cor e respetivos objetos relacionados com as cores O entusiasmo com que

comunicavam e escutavam as outras crianccedilas deixava perceber o reconhecimento do

valor formativo da atividade Importa neste sentido relevar que como sublinham Sim-

46

Sim Silva e Nunes (2009 retomando a ideia de Mata 2008) ldquoeacute funccedilatildeo do educador

alargar intencionalmente as situaccedilotildees de comunicaccedilatildeo (hellip) que permitam agraves crianccedilas

dominar a comunicaccedilatildeo como emissores e receptoresrdquo (p 35)

Os comentaacuterios feitos pelas crianccedilas em relaccedilatildeo ao conteuacutedo da histoacuteria a

procura do livro no tempo das atividades nas aacutereas de atividades na sala e a atitude de

respeito que pareciam manifestar uns em relaccedilatildeo aos outros levou-nos a inferir ter sido

pertinente a escolha que fizemos da obra para explorar com as crianccedilas no quadro dos

seus possiacuteveis contributos para que cada um como cidadatildeo possa assumir uma atitude

de abertura aceitaccedilatildeo das diferenccedilas e valorizaccedilatildeo de todos Neste acircmbito importa

considerar que como se refere nas OCEPE (MEDEB 1997) ldquoa aceitaccedilatildeo da diferenccedila

sexual social e eacutetnica eacute facilitadora da igualdade de oportunidades num processo

educativo que respeita diferentes maneiras de ser e de saber para dar sentido agrave

aquisiccedilatildeo de novos saberes e culturasrdquo (p 54) Merece ainda natildeo esquecer que ldquoeacute numa

perspetiva de educaccedilatildeo multicultural que se constroacutei uma maior igualdade de

oportunidades entre mulheres e homens entre indiviacuteduos de diferentes classes sociais e

de diferentes etniasrdquo (pp 54-55)

Nesta linha de pensamento importa que na educaccedilatildeo preacute-escolar as crianccedilas

usufruam de oportunidades de se envolver em experiecircncias formativas que lhes

facilitem a aquisiccedilatildeo de um espiacuterito criacutetico e a interiorizaccedilatildeo de valores conhecimentos

e atitudes que contribuam para que possam comportar-se e agir segundo princiacutepios de

equidade respeito e aceitaccedilatildeo de todos no quadro de uma cidadania responsaacutevel e

esclarecida

Num outro momento e em continuidade de outras atividades desenvolvidas

anteriormente propusemos agraves crianccedilas uma atividade no acircmbito do desenvolvimento do

domiacutenio da linguagem oral e abordagem agrave escrita nomeadamente ao niacutevel da

consciecircncia fonoloacutegica e da consciecircncia grafemaacutetica

Comeccedilaacutemos por solicitar agraves crianccedilas em trabalho de pequeno grupo que

tentassem identificar siacutelabas comuns em diferentes palavras ou seja que terminassem

com a mesma siacutelaba Nesse sentido distribuiacutemos pelas crianccedilas cartotildees com trecircs

diferentes imagens e a palavra escrita que lhe correspondia solicitando-as a contornar a

siacutelaba final de cada palavra Exploraacutemos oralmente as siacutelabas de uma palavra dizendo

por exemplo Ca-ra-col (Caracol) acompanhando com palmas das crianccedilas consoante

as siacutelabas da palavra Percebemos que a maioria das crianccedilas conseguia reproduzir

corretamente o nuacutemero de siacutelabas correspondente agrave segmentaccedilatildeo das palavras em

47

siacutelabas atraveacutes do batimento de palmas Poreacutem trecircs crianccedilas das mais novas ainda natildeo

o conseguiam fazer corretamente Decidimos por isso repetir a atividade fazendo uma

crianccedila de cada vez e variando as palavras par manter o interesse e implicaccedilatildeo das

crianccedilas na atividade Reconhecemos que eacute importante organizarmos previamente a

atividade de forma a trabalhar corretamente a consciecircncia fonoloacutegica e a divisatildeo silaacutebica

das palavras com as crianccedilas criando condiccedilotildees apelativas para estimular o interesse

das mesmas ou seja criar ldquocondiccedilotildees para que as crianccedilas aprendamrdquo (MEDEB 1997

p 66)

Retomando a reflexatildeo sobre a atividade em anaacutelise sugerimos que as crianccedilas

assinalassem a uacuteltima siacutelaba das palavras Algumas crianccedilas fizeram-na sem ajuda

poreacutem outras crianccedilas necessitaram dela sendo a mesma proporcionada quer pelos

adultos da sala quer por outras crianccedilas com um niacutevel de desenvolvimento superior

Neste sentido sublinhamos a importacircncia que assume o desenvolver atividades em

pequeno grupo no qual possam beneficiar de apoio de outros que integram um niacutevel

desenvolvimento superior de modo a que possa atuar na zona de desenvolvimento

proximal (Vygotsky 1979) Neste acircmbito Novo (2009 retomando a perspetiva do

autor 1996) sublinha que ldquocom auxiacutelio de uma outra pessoa toda a crianccedila pode fazer

mais do que faria sozinhardquo (p 58)

A atividade foi gratificante natildeo apenas para as crianccedilas mas tambeacutem para noacutes

adultos percebendo os seus contributos em termos formativos indo portanto ao

encontro dos objetivos pretendidos Apesar da tenra idade foi interessante ver como as

crianccedilas aderiram agrave atividade e a realizaram com bastante empenho tentando responder

corretamente chamando os adultos para confirmarem as suas respostas e para ajudaacute-las

na sua melhor realizaccedilatildeo

Dialogaacutemos com as crianccedilas sobre a histoacuteria e sobre a opiniatildeo destas

relativamente agrave mesma escutando as suas respostas Propusemos-lhes a realizaccedilatildeo de

um ldquoestendalrdquo de palavras observando que era a primeira vez que trabalhavam com

este Explicamos-lhes o que se pretendia da atividade e vaacuterias crianccedilas sorriram e

comentaram-na ficando curiosas Procedemos agrave elaboraccedilatildeo da atividade pendurando o

fio de latilde na sala de modo a que estivesse ao acesso de todas as crianccedilas Apresentaacutemos-

lhes cartotildees com imagem e a palavra respetiva as quais no seu conjunto formavam

uma das frases retirada da histoacuteria e que tinha sido lida agraves crianccedilas

Sob a forma de jogo em que fosse articulado o prazer de brincar e o de

concretizar da tarefa propusemos que a realizaccedilatildeo do referido jogo tentando ordenar os

48

cartotildees com as imagens de modo a construirmos a frase isto eacute trabalhando a

construccedilatildeo fraacutesica As imagens da frase a ordenar eram relativas agrave frase O menino

branco entrou num aviatildeo

Relacionado com esta atividade procedemos agrave contagem do nuacutemero de cartotildees

pendurados no fio explorando o conceito de cardinal algumas crianccedilas identificaram de

imediato os seis cartotildees As crianccedilas participaram e gerou-se companheirismo na ajuda

em dar uns aos outros no sentido de que todos fossem bem-sucedidos na concretizaccedilatildeo

da proposta Trabalhamos a consciecircncia de grafema com a ajuda das educadoras (figura

18)

-Sabes que letra eacute essa que tens na matildeo

(Ed Est)

-Sei esta letra estaacute no meu nome tambeacutem eacute

um O (Rodrigo)

-Achas que essa letra eacute do mesmo tamanho

das outras (Ed Est)

-Natildeo acho que eacute maior que as outras

(Rodrigo)

Nota de campo 8 de abril 2013

Conforme iacuteamos questionando as crianccedilas de certa forma iacuteamos tambeacutem

implementando alguma informaccedilatildeo no acircmbito do domiacutenio da linguagem oral e

abordagem agrave escrita As crianccedilas iam organizando ideias mentais fazendo a construccedilatildeo

fraacutesica da mesma e compreendiam inclusive que a escrita e os desenhos transmitem

informaccedilatildeo Repetimos este exerciacutecio com vaacuterias crianccedilas pois a maioria queria

participar e colocar os cartotildees no estendal

Observaacutemos que algumas crianccedilas fizeram a construccedilatildeo fraacutesica muito mais

raacutepido do que outras manifestando algumas uma certa dificuldade na construccedilatildeo

revelando algumas incerteza sobre o que fazer

Assim e procurando que as crianccedilas percebessem a frase tiacutenhamos a imagem a

acompanhar e questionaacutemo-las vaacuterias vezes sobre a imagem que cada cartatildeo tinha a

acompanhar Atraveacutes das imagens em geral as crianccedilas compreendiam que a frase (natildeo

construiacuteda) natildeo fazia total sentido na sua leitura e voltavam a iniciar a atividade do

estendal por vezes ajudadas na atividade por um colega

Num outro momento realizaacutemos uma atividade idecircntica mas optaacutemos por

trabalhar com cores e objetos Tiacutenhamos cinco cartotildees com cinco cores diferentes e

outros tantos com objetos diferentes mas cada objeto associado a uma cor Explicaacutemos

Figura 18 - Interajuda entre as crianccedilas da sala

49

agraves crianccedilas que do nosso lado direito elas encontravam cartotildees com cores no centro

tinha cartotildees com as palavras ldquocomordquo ldquoaordquo e do lado esquerdo encontravam cartotildees

com objetos As crianccedilas tinham que conseguir formar frases como por exemplo

ldquoAmarelo como o sol branco como o leite castanho como o chocolate vermelho como

a cereja e preto como a estradardquo

Inicialmente mostraacutemos agraves crianccedilas os cartotildees com cores colocaacutemo-los no

estendal e questionaacutemo-las se sabiam o nuacutemero de cartotildees que tinha o estendal algumas

crianccedilas (Carlos Diogo e Tiago) responderam rapidamente e corretamente agrave questatildeo

enquanto as outras crianccedilas observavam e faziam a contagem mais calmamente

conseguindo identificar os cinco cartotildees com cores Questionaacutemo-las novamente

tentando saber se alguma crianccedila conseguia identificar um cartatildeo cuja palavra iniciasse

pela letra A Apoacutes um breve momento de silecircncio uma crianccedila respondeu Amarelo

comeccedila pela letra A (Carlos)

Questionaacutemos se mais alguma palavra dos cartotildees comeccedilava pela letra A e de

imediato vaacuterias crianccedilas responderam que natildeo Concluiacutemos que em cinco cartotildees um

deles comeccedilava pela letra A trabalhando assim o domiacutenio da matemaacutetica Repetimos

mais uma vez esta atividade mas solicitando que as crianccedilas identificassem a palavra

escrita no cartatildeo que iniciasse com a letra P respondendo uma delas Preto comeccedila pela

letra P e eacute tambeacutem a primeira letra do meu nome (Pedro)

Foi gratificante observar o entusiasmo das crianccedilas em quererem realizar as

atividades sendo de sublinhar o grande interesse que manifestaram em participar na

atividade De seguida iniciaacutemos a atividade de elaboraccedilatildeo do ldquoestendalrdquo das palavras

A primeira crianccedila a realizar a atividade escolheu um cartatildeo dos que tinham cores e

colocou-o no fio de latilde Questionaacutemo-la se sabia qual a cor que tinha escolhido ao que a

crianccedila respondeu corretamente ser branco Questionaacutemos de novo as crianccedilas no

sentido de perceber se sabiam o que tinha que fazer a seguir respondendo corretamente

Posteriormente foi colocado por uma crianccedila o respetivo cartatildeo agrave frente das palavras

Eacute de destacar que os uacuteltimos cartotildees incluiacuteam igualmente palavras retiradas da

histoacuteria os Meninos de todas as cores mas desta forma trabalhadas de diferente

maneira Esta atividade fez com que todas as crianccedilas trabalhassem na identificaccedilatildeo das

palavras e a sua organizaccedilatildeo na frase pois todas tiveram a oportunidade de participar

Os objetivos eram esses que todas as crianccedilas participassem na atividade de construccedilatildeo

de frases em ordem a compreenderem que a escrita e as imagens transmitem

50

informaccedilatildeo e a identificarem palavras que terminavam com a mesma siacutelaba (construccedilatildeo

de grafema)

Para que as crianccedilas pudessem dar continuidade a este tipo de atividades e criar

gosto pela leitura integraacutemos o referido estendal num espaccedilo da sala recorrendo a este

e ainda a outros materiais

Na sequecircncia da histoacuteria lida durante a semana em que esta foi explorada

sugerimos ainda agraves crianccedilas a construccedilatildeo de um cartaz relativo agrave mesma Neste acircmbito

sugerimos agraves crianccedilas que pensassem sobre o assunto e como elemento do grupo

tambeacutem apresentaacutemos propostas e depois foram discutidas as sugestotildees Assim as

crianccedilas resolveram fazer a estampagem da palma da matildeo utilizando tintas azul e

verde para que parecesse o planeta terra e que fossem pintadas cada um dos dedos de

cores diferentes como as cores dos meninos da histoacuteria que no caso seriam brancas

pretas castanhas amarelas e vermelhas Uma a uma cada crianccedila pintou e estampou

uma das matildeos no cartaz O trabalho foi desenvolvido na aacuterea de expressatildeo plaacutestica

utilizando os materiais aiacute disponiacuteveis como tintas pinceis e o papel de cenaacuterio de

modo a que pudessem usaacute-los de modo independente Entre os comentaacuterios feitos pelas

crianccedilas enquanto elaboravam o trabalho sublinhamos

-Temos aqui muitas cores verde azul amarelo preto vermelho castanho e

branco (Diogo)

-Vamos pintar os dedos com cinco cores diferentes (Tiago)

-Vou pintar o dedo de amarelo como a menina amarela como o sol (Pedro)

-Este dedo vai ser branco como o Miguel o menino branco como o accediluacutecar

(Rafael)

-O meu dedo do meio vai ser castanho como o chocolate (Renato)

-O meu dedo pequeno vai ser vermelho como a menina da cor do sangue

(Carlos)

-Este dedo vou pintar de preto como as azeitonas (Pedro)

Nota de campo 9 de abril 2013

Os comentaacuterios feitos pelas crianccedilas permitiram perceber que mobilizavam

informaccedilatildeo relacionada com as atividades anteriores mas tambeacutem as suas

intencionalidades e a diversidade de tintas disponiacuteveis A imagem apresentada na figura

19 daacute conta do trabalho desenvolvido

51

Importa neste acircmbito relevar que nas OCEPE (MEDEB 1997) se alerta para a

importacircncia de as crianccedilas terem ldquoagrave sua disposiccedilatildeo vaacuterias cores que lhes possibilitem

escolher e utilizar diferentes formas de combinaccedilatildeordquo (p 62) Sublihamos ainda a

importacircncia de as crianccedilas poderem percorrer os seus proacuteprios caminhos de expressatildeo

artiacutestica mas tambeacutem que elas necessitam para tal de oferecer-lhes aleacutem da

experimentaccedilatildeo de materiais as diferentes formas de arte na pintura (UNESCO 2005

p 31) Importa ainda considerar que as tintas exercem grande fasciacutenio na crianccedila tanto

pela cor quanto pela sensaccedilatildeo agradaveacutel que produzem ao serem manuseadas (idem)

Mais tarde propusemos agraves crianccedilas a criaccedilatildeo de fantoches com materiais

reciclados acerca da histoacuteria dos Meninos de todas as cores As crianccedilas mostraram-se

bastante curiosas pois ainda natildeo tinham trabalhado com fantoches e iria ser uma

atividade diferente Organizaacutemo-nos em pequenos grupos de trabalho no total de cinco

crianccedilas em cada propondo-lhes que cada um que pintasse uma luva integrando em

cada dedo uma cor diferente Por sua vez outros grupos de crianccedilas trabalhavam na

criaccedilatildeo dos transportes que apareciam na histoacuteria

Dialogaacutemos sobre a possibilidade da representaccedilatildeo da histoacuteria agraves outras crianccedilas

e adultos do jardim-de-infacircncia As crianccedilas entusiasmaram-se com a iniciativa e por

consenso decidimos proceder agrave concretizaccedilatildeo da mesma como mais tarde aconteceu

Assumimos o papel de narrador e o grupo de crianccedilas ficou com a

responsabilidade de representar a histoacuteria procedendo agrave manipulaccedilatildeo dos fantoches

Todas as crianccedilas e educadoras da sala apoiaram e elogiaram a representaccedilatildeo

Repetimos do mesmo modo a apresentaccedilatildeo de fantoches na sala dos trecircs anos e tambeacutem

aqui as crianccedilas foram bastante aplaudidas e elogiadas

Em siacutentese importa evidenciar que esta atividade foi rica em conteuacutedo e os

objetivos foram concretizados fazendo com que as crianccedilas pudessem acima de tudo

ser elas a participar ativamente nas atividades terem contacto direto com os materiais e

Figura 19 - Sequecircncia de imagens da construccedilatildeo do cartaz

52

usufruiacuterem de prazer manifestando entusiasmo e envolvimento na sua realizaccedilatildeo Esta

atividade proporcionou agraves crianccedilas um momento de contacto com crianccedilas de outras

salas ou seja de outras faixas etaacuterias e por conseguinte com carateriacutesticas diversas

Fez com que estas pudessem de certa forma desenvolver o relacionamento social entre

elas Importa relembrar Hohmann e Weikart (20011) quando sublinham que

atraveacutes da imitaccedilatildeo e do faz-de-conta as crianccedilas organizam aquilo que

compreendem e ganham um sentido de mestria e controlo sobre os

acontecimentos que testemunharam ou nos quais fazem parte (hellip) Fazer de

conta e representar papeacuteis tendem a ser actividades francamente sociais e

parecem ter um efeito positivo no desenvolvimento social e de linguagem

das crianccedilas (p 494)

Esta experiecircncia de aprendizagem fez com que fosse possiacutevel haver

continuidade com as atividades anteriores fornecendo assim um processo formativo

articulado e integrado Foi possiacutevel explorar conteuacutedos relacionados com as cores as

diferenccedilas de raccedila entre a humanidade e as culturas e a vivecircncia de um processo pautado

pela interajuda e cooperaccedilatildeo entre os elementos do grupo Esta experiecircncia permitiu

ainda contribuir para as crianccedilas desenvolverem a consciecircncia de grafema a criaccedilatildeo de

fantoches a dramatizaccedilatildeo de uma histoacuteria e a interaccedilatildeo em grupos alargados

Desta experiecircncia de aprendizagem importa ainda relevar o prazer e alegria

manifestados pelas crianccedilas em fazer atividades como a de poderem pintar a palma da

matildeo as luvas escolher as cores que queria colocar-lhes e ver as produccedilotildees do grupo

divulgadas para as famiacutelias ou outros atraveacutes de um cartaz que foi exposto no corredor

de entrada da instituiccedilatildeo As crianccedilas puderam construir pensamentos e saberes

construindo em nosso entender uma aprendizagem com significado para todos os

implicados nesse processo

34 Experiecircncia de aprendizagem Descobrir trabalhando

colaborativamente

Tendo como objetivo proporcionar agraves crianccedilas um momento de interaccedilatildeo e

interajuda entre elas sugerimos a realizaccedilatildeo de um jogo ao ar livre no recreio da

instituiccedilatildeo Tendo os espaccedilos interiores e exteriores potencialidades proacuteprias eacute

importante que os educadores tirem partido das mesmos (MEDEB 1997) procurando

diversificar e enriquecer as atividades em que se envolvem as crianccedilas

Assim aproveitaacutemos o espaccedilo interior e exterior para explorar de uma forma

diferente as cores que apresenta o mundo fiacutesico em que nos integramos Sabemos que

53

as crianccedilas gostam naturalmente de observar mas tambeacutem que eacute importante que se

valorizem as observaccedilotildees que fazem na construccedilatildeo da sua aprendizagem e

desenvolvimento Eacute nesta linha de pensamento que se situa esta experiecircncia de

aprendizagem

De forma a iniciar a atividade de pesquisa as crianccedilas formaram cinco grupo

explicaacutemos que o objetivo era irmos ao exterior observar as cores que existem no

mundo agrave nossa volta e que cada um tinha como tarefa tentar descobrir onde poderia

encontrar-se uma cor por ele escolhida Para efetuarem a escolha da cor apresentaacutemos

um conjunto de cartotildees numa caixa e cada grupo retirou um procurando ter em

consideraccedilatildeo que as cores a observar por cada grupo deveriam ser diferentes

Escolhida a cor a observar por cada grupo deslocaacutemo-nos ao exterior da

instituiccedilatildeo (redondezas das mesma) tendo como objetivo identificar e registar

elementos que apresentassem as seguintes cores vermelho verde laranja azul e

amarelo A figura 20 ilustra o ambiente e daacute conta da implicaccedilatildeo da procura na recolha

de dados

De regresso agrave sala de atividades e em

grande grupo realizaacutemos a contagem dos

objetos observados e registados pelos adultos

com base na indicaccedilatildeo dada pelas crianccedilas de

cada um dos grupos O grupo que observou

mais elementos foi o que tinha como tarefa

observar elementos de cor amarela tendo

registado um total de treze seguindo-se-lhe o

grupo verde com nove o grupo azul com oito e os grupos laranja e vermelho com cinco

elementos cada um

No sentido de evitar a extensatildeo do relatoacuterio mas tambeacutem de ilustrar o

observado apresentamos aqui apenas os dados relativos ao grupo que observou

elementos de cor amarela tendo indicado

- O escorrega eacute amarelo (Luana)

- O muro do passeio tambeacutem eacute (Ricardo)

- O sol eacute amarelo (Rafael)

- As peacutetalas da flor satildeo amarelas (Gonccedilalo)

- O girassol eacute amarelo (Gonccedilalo)

- A parede da escola eacute amarela (Inecircs)

- O tubo da escola tambeacutem eacute amarelo (Inecircs)

- A antena eacute amarela (Gonccedilalo)

Figura 20 - Crianccedilas procurando objetos

da respetiva cor

54

- A cola que sai das aacutervores tambeacutem eacute amarela (Inecircs)

- A luz do poste eacute amarela agrave noite (Rafael)

- A areia do recreio tambeacutem eacute amarela (Ricardo)

- Aquela casa tambeacutem eacute amarela (Inecircs)

- A girafa colada naquela janela eacute amarela (Luana)

Nota de campo 22 de abril 2013

Os enunciados apresentados permitem-nos perceber que todas as crianccedilas foram

capazes destacar uma ou mais elementos da cor a identificar O mesmo se verificou com

os restantes grupos mas para aleacutem da identificaccedilatildeo de mais ou menos elementos

entendemos ser importante destacar o envolvimento das crianccedilas na procura de dados a

interajuda que se gerou natildeo apenas ao niacutevel do interior de cada grupo como tambeacutem

intergrupos surgindo situaccedilotildees em que se alertavam uns aos outros sobre onde

observar

Na sequecircncia desta atividade uma das crianccedilas sugeriu que poderiam desenhar

os objetos que observaram Apoiaacutemos a iniciativa e alertaacutemos que para o fazerem

poderiam utilizar diferentes materiais Entendemos que o uso de materiais de natureza

diversificada poderia ajudar as crianccedilas nas suas representaccedilotildees

Os elementos observados e registados permitiram-nos explorar conceitos

matemaacuteticos ao niacutevel da contagem classificaccedilatildeo e forma de objetos No que se refere agrave

classificaccedilatildeo desses elementos procuraacutemos ter em conta que como se refere nas

OCEPE (MEDEB 1997) ldquoagrupar os objetos ou seja formar conjuntos de acordo

com um criteacuterio previamente estabelecido a cor a forma etc reconhecendo as

semelhanccedilas e diferenccedilas (hellip) permitem distinguir o que pertence a um e a outro

conjuntordquo (p 74)

Assim partindo dos desenhos realizados pelas crianccedilas procedemos agrave formaccedilatildeo

de conjuntos atendendo agrave cor que integravam os elementos representados Para isso

colocaacutemos no chatildeo da sala cinco arcos referentes cada um agrave cor e em cada arco as

crianccedilas colocavam os respetivos desenhos Depois procedemos agrave contagem dos

elementos de cada conjunto e comparaccedilatildeo do que tinha mais e menos elementos

surgindo por parte das crianccedilas algumas leituras como os exemplos deixam perceber

Procuraacutemos cinco cores (Rodrigo) O arco que tem mais objetos eacute o amarelo (Inecircs)

Aproveitando ainda as falas de duas crianccedilas referindo uma que viu um sinal

(hellip) azul e quadrado (Micael) e outra que observou um sinal vermelho que tinha a

forma redonda (Manuel) propusemos agraves crianccedilas que identificassem na sala e

55

nomeassem elementos que apresentavam uma forma geomeacutetrica Verificaacutemos que as

crianccedilas identificaram com alguma facilidade algumas formas geomeacutetricas como os

exemplos dos seus enunciados permitem perceber

- A mesa eacute redonda [ciacuterculo] (Pedro)

- O quadro [expositor] eacute quadrado (Tiago)

- E o tapete tem a forma de um retacircngulo (Diogo)

- Aquela reacutegua [esquadro] tem a forma de triacircngulo (Margarida)

- Conseguimos descobrir quatro formas geomeacutetricas (Manuel)

Nota de campo 23 de abril 2013

Num outro momento e partindo da fala de outra crianccedila (Mariana) que referiu

que o laranja era sua cor favorita (Mariana) sugerimos agraves crianccedilas tentar descobrir qual

era a cor preferida do grupo Neste sentido solicitaacutemos-lhes que colocassem a matildeo no

ar quando disseacutessemos a sua cor favorita contando o nuacutemero de elementos indicados

mas sem os registar

Apoacutes todas as crianccedilas terem indicado a cor favorita questionaacutemo-las se sabiam

qual seria a cor mais escolhida por mais crianccedilas do grupo

- Jaacute natildeo me lembro (Rafael)

- Todos pusemos a matildeo no ar (Diogo)

Nota de campo 23 de abril 2013

Os enunciados deixam perceber a dificuldade que eacute fazer a leitura de dados

observados sem que se proceda ao registo dos mesmos No sentido de ajudar o grupo a

perceber a importacircncia de registar os dados recolhidos questionaacutemos as crianccedilas sobre

como poderiacuteamos entatildeo descobrir a cor favorita do grupo Surgiram vaacuterias respostas

uma delas do Carlos que indicava que podiacuteamos pocircr as cores numa cartolina e depois

puacutenhamos a nossa cor favorita laacute Discutimos a proposta merecendo consenso a sua

concretizaccedilatildeo e no sentido de facilitar a compreensatildeo do conceito de nuacutemero

propusemos agraves crianccedilas que fosse indicada a preferecircncia colocando um lego em cima

da cor preferida o que fizemos Indicadas as preferecircncias procedemos agrave leitura dos

resultados surgindo os seguintes comentaacuterios

- A cor com menos legos eacute a preta e a castanha (Rodrigo)

- Assim podemos ver o tamanho dos legos (Pedro)

- Tem legos da mesma altura (Manuel) Nota de campo 24 de abril 2013

56

Tiacutenhamos assim construiacutedo um graacutefico de barras em conjunto e como

mencionam Castro e Rodrigues (2008) ldquoa organizaccedilatildeo dos dados em graacuteficos permite

uma anaacutelise mais raacutepida uma vez que a contagem dos elementos da mesma categoria eacute

mais evidenterdquo (p 72) Promovemos a discussatildeo escutando as opiniotildees expressas pelas

crianccedilas na leitura do mesmo pois como referem os autores (idem) ldquoapoacutes a construccedilatildeo

do graacutefico (hellip) deve sempre haver um momento em que se discute o que este nos

sugererdquo (ibidem)

Procedemos em seguida agrave leitura dos dados (atraveacutes da contagem dos legos)

observando que a cor mais escolhida era o azul com sete escolhas e as menos

escolhidas seriam o castanho e o preto com uma escolha

Propusemos ao grupo o registo desses dados elaborando para o efeito uma

tabela de dupla entrada Propusemos agraves

crianccedilas que sugerissem um tiacutetulo para a

tabela ideia para a qual apontam Castro e

Rodrigues (idem) Apoacutes vaacuterias respostas das

crianccedilas acordaacutemos que o tiacutetulo fosse A

minha cor favorita O nome das crianccedilas foi

registado por elas na quadriacutecula vertical do

lado esquerdo e na horizontal indicaacutemos as

cores como mostra a figura 21

Entendemos que se tratou de uma

atividade enriquecedora para as crianccedilas pois estas visualizaram e experimentaram a

construccedilatildeo de uma tabela sendo esta facilitadora da anaacutelise e interpretaccedilatildeo dos dados

Num outro momento e relembrando uma afirmaccedilatildeo de uma crianccedila (Carlos)

que tinha dito que o vidratildeo era verde e considerando que algumas crianccedilas

manifestaram natildeo saber o que era o vidratildeo achaacutemos importante dialogar com as

crianccedilas sobre os ecopontos

Comeccedilamos por abordar a importacircncia da reciclagem e posteriormente

apresentaacutemos uma canccedilatildeo que explicava a separaccedilatildeo de resiacuteduos soacutelidos Como se

refere nas OCEPE (MEDEB 1997) existe uma relaccedilatildeo entre a canccedilatildeo e a palavra

trabalhar as letras das canccedilotildees relaciona o domiacutenio da expressatildeo musical

com a linguagem que passa por compreender o sentido do que se diz por

tirar partido das rimas para discriminar os sons por explorar o caraacutecter

luacutedico das palavras e criar variaccedilotildees da letra original (p 64)

Figura 21 - Crianccedila preenchendo a tabela das cores

favoritas

57

Concordando com a afirmaccedilatildeo podemos salientar que atraveacutes da expressatildeo

musical as crianccedilas satildeo capazes de captar a informaccedilatildeo mais raacutepido No final uma das

crianccedilas perguntou se poderiam construir ecopontos para ter na sala Considerando a

sugestatildeo da crianccedila levaacutemos caixas que as crianccedilas decoraram com o objetivo de

organizarmos na sala ecopontos Quando construiacutedo os ecopontos promovemos um

jogo que consistia em colocar resiacuteduos soacutelidos no ecoponto correto

A experiecircncia de aprendizagem descrita proporcionou agraves crianccedilas em nosso

entender uma forma ativa e significativa de construccedilatildeo de pensamentos e saberes

Relevamos a importacircncia que assumiu a accedilatildeo desenvolvida no espaccedilo exterior da

instituiccedilatildeo enquanto meio de recolha de informaccedilotildees a partir das quais surgiram novas

oportunidades de aprendizagem

Atraveacutes desta experiecircncia de aprendizagem pudemos explorar com as crianccedilas

aacutereas e domiacutenios de conteuacutedo como a matemaacutetica a Linguagem oral e abordagem agrave

escrita expressatildeo plaacutestica a aacuterea do Conhecimento do Mundo e a aacuterea de Formaccedilatildeo

pessoal e Social

Sabemos que as crianccedilas satildeo grandes observadoras e criacuteticas do mundo que as

rodeia e atraveacutes dos seus comentaacuterios constataacutemos que observavam atendendo a

pormenores

Importa relevar que devemos escutar cada crianccedila valorizando a sua

contribuiccedilatildeo para o grupo fomentar o diaacutelogo entre elas e o seu desejo de comunicar

Corroboramos assim a ideia expressa nas OCEPE (MEDEB 1997) que

eacute no clima de comunicaccedilatildeo criado pelo educador que a crianccedila ira

dominando a linguagem alargando o seu vocabulaacuterio construindo frases

mais corretas e complexas adquirindo um maior domiacutenio da expressatildeo e

comunicaccedilatildeo que lhe permitam formas mais elaboradas de representaccedilatildeo (p

67)

Concluiacutemos que eacute crucial que o educador planeie situaccedilotildees de aprendizagem que

sejam desafiadoras para as crianccedilas de modo a que as motive e as estimule a aprender e

a desenvolver-se Esta experiecircncia permitiu ainda perceber que para aleacutem das atividades

planeadas foram integradas outras propostas pelas crianccedilas A este respeito importa

relembrar que ldquoo planeamento realizado com a participaccedilatildeo das crianccedilas permite ao

grupo beneficiar da sua diversidade das capacidades e competecircncias de cada crianccedila

num processo de partilha facilitador da aprendizagem e do desenvolvimento de todas e

de cada umardquo (MEDEB 1997 p 26)

58

Tentaacutemos ainda articular todas as aacutereas do conteuacutedo pois como se refere nas

OCEPE (idem) ldquoque as diferentes aacutereas de conteuacutedo deveratildeo ser consideradas como

referencias a ter em conta do planeamento e avaliaccedilatildeo e experiecircncias e oportunidades

educativas e natildeo como compartimentos estanque a serem abordados separadamenterdquo (p

48)

59

IV Reflexatildeo Criacutetica

Refletimos nesta uacuteltima parte sobre a praacutetica educativa desenvolvida

abordando os conteuacutedos que procuraacutemos explorar com as crianccedilas

No iniacutecio da praacutetica educativa as expectativas eram muitas as quais se prendiam

com o desenvolvimento de atividades estimulantes e criativas o respondermos agraves

solicitaccedilotildees de todas crianccedilas e o sermos bem acolhidas pelas crianccedilas e membros da

instituiccedilatildeo entre outras As duacutevidas e os receios eram tambeacutem muitos mas com o

decorrer do tempo fomos conhecendo as crianccedilas e ganhando laccedilos de afeto ajudando-

nos a ultrapassar estes sentimentos Para tal foi importante a reflexatildeo e o diaacutelogo com

os diferentes intervenientes no processo educativo gerando-se um ambiente de

compreensatildeo e ajuda muacutetua

Procuraacutemos ter disponibilidade para cooperar para experienciar de certa forma

para aprender com os erros e com as conquistas alcanccediladas reconhecendo que em certas

alturas conseguimos suscitar o envolvimento das crianccedilas e criar atividades

enriquecedoras Poreacutem noutros momentos sentimos algumas dificuldades no que se

refere agrave elaboraccedilatildeo da planificaccedilatildeo das atividades e ao tornar acessiacutevel agraves crianccedilas a

compreensatildeo de alguns conteuacutedos o que tentaacutemos ir superando de forma a criar

respostas adaptadas agraves suas necessidades e do grupo Este processo permitiu-nos

aprender e desenvolver-nos do ponto de vista pessoal e profissional

Demos importacircncia agraves atividades iniciadas pelas crianccedilas tentamos responder agraves

suas duacutevidas e procuraacutemos desenvolver com elas experiecircncias de aprendizagem que

incluiacutessem as diferentes aacutereas e domiacutenios de conteuacutedo curricular

Refletimos sobre as perspetivas de aprendizagem nas quais buscaacutemos apoiar a

accedilatildeo educativa que desenvolvemos destacando o papel ativo das crianccedilas Nesta

reflexatildeo procuraacutemos relevar e retratar as vaacuterias dimensotildees da accedilatildeo educativa

merecendo-nos particular atenccedilatildeo as intervenccedilotildees os espaccedilos a observaccedilatildeo

planificaccedilatildeo entre outros

Procuraacutemos evidenciar as ideias que estiveram na base da praacutetica de ensino

supervisionada desenvolvida e aprendizagens promovidas com as crianccedilas Assim

valorizando as perspetivas das crianccedilas e procurando a curiosidade e o desejo de querer

saber sempre mais sentimentos que foram manifestados pelas crianccedilas e que

procuramos ter em consideraccedilatildeo para ir regulando a nossa praacutetica em ordem agrave

60

construccedilatildeo de oportunidades educativas que favorecessem a progressatildeo de cada uma e

do grupo O trabalho colaborativo quer com os adultos quer com as crianccedilas foi na

dimensatildeo valorada e que constitui o suporte para uma continuada progressatildeo do ponto

de vista da nossa formaccedilatildeo pessoal e profissional Nesta linha de pensamento

relevamos que como afirmam Hohmann e Weikart (2011)

Quando as crianccedilas e os adultos trabalham em conjunto em qualquer

ambiente de aprendizagem em acccedilatildeo sustentado num clima de apoio

interpessoal as crianccedilas sentem-se motivadas a prosseguir e levar a bom

porto as suas intenccedilotildees e motivaccedilotildees Os adultos encorajam as crianccedilas a

utilizar aquilo que sabem para resolver problemas e a iniciar novas

experiecircncias atraveacutes das quais ganharatildeo uma outra compreensatildeo sobre o que

as rodeia (p 75)

A maioria das crianccedilas da sala mostrou implicaccedilatildeo nos trabalhos desenvolvidos

vontade de realizar novas experiecircncias e procurar diferentes fontes de informaccedilatildeo O

gosto por participar e por conhecer suscitavam questionamentos e a procura de novas e

diferentes formas de informaccedilatildeo

Aproveitaacutevamos momentos em grande grupo momentos em pequenos grupos

momentos na sala e momentos no recreio para observar as crianccedilas da sala e refletir

sobre as suas curiosidades e motivaccedilotildees Procuramos observar as crianccedilas e registar

informaccedilatildeo sobre o cada uma e o grupo o que natildeo foi tarefa faacutecil considerando o duplo

papel que tiacutenhamos que assumir o de observadores e atores Acrecenta-se ainda a esse

aspeto a dimensatildeo extenccedila do grupo o tempo limitado destinado agrave praacutetica para que

pudesse ser-lhe dada continuidade

Tivemos em conta os interesses das crianccedilas e pusemos o foco de atenccedilatildeo nas

interaccedilotildees que estas estabeleciam com os objetos e os adultos de forma a desenvolver

desse modo aprendizagens com significado

As crianccedilas desde o iniacutecio da praacutetica educativa foram demonstrando que as

atividades tinham significado para elas pois trabalhavam com motivaccedilatildeo e entusiasmo e

mostravam recordar-se das experiecircncias realizadas como exemplo as desenolvidas em

torno da histoacuteria do Elmer

Apesar de ser um grupo constituiacutedo por vaacuterios elementos preocupamo-nos que

cada crianccedila pudesse escolher e ter faacutecil acesso as aacutereas e materiais da sala de uma

forma autoacutenoma ocasionando dessa forma aprendizagens ativas nas mesmas pois eacute

atraveacutes da accedilatildeo com os materiais que as crianccedilas chegam agrave compreensatildeo do mundo

Estas tendo a possibilidade de escolher e sendo as mesmas a tomar decisotildees e

61

resolvendo os problemas que apareciam no dia-a-dia desenvolviam a sua

independecircncia

Esteve presente a preocupaccedilatildeo de planificar e criar experiecircncias de

aprendizagem de modo a que todas as crianccedilas se envolvessem nas atividades e nos

momentos de brincadeiras fazendo com que estas desenvolvessem cada vez mais

competecircncias

Pudemos evidenciar que existiram bastantes momentos aproveitados para

dialogar com as crianccedilas permitindo desse modo conhececirc-las de uma forma

individualizada permitindo escutar as suas opiniotildees questionar e sermos questionados

partilhar e engrandecer os saberes das crianccedilas

Para a realizaccedilatildeo da praacutetica educativa utilizamos a planificaccedilatildeo semanal como

instrumento sistemaacutetico de trabalho procuraacutemos bastante informaccedilatildeo em diversos

documentos direcionados para o preacute-escolar contudo natildeo descartamos outros

documentos essenciais a uma planificaccedilatildeo rica nos seus conteuacutedos e procuraacutemos

orientar os diferentes elementos do curriacuteculo em conformidade com as necessidades e

interesses das crianccedilas A elaboraccedilatildeo das planificaccedilotildees foram desde cedo pensadas e

realizadas em conformidade com os conteuacutedos adequados agrave idade das crianccedilas e

adequadas agrave evoluccedilatildeo das mesmas por isso tentaacutemos clarificar todas as atividades para

que natildeo houvesse duacutevidas nas mesmas por parte dos destinataacuterios

Apercebemo-nos que as atividades planificadas tiveram constantemente ligaccedilatildeo

umas com as outras Por vezes surgiam atividades que natildeo estavam previstas nas

planificaccedilotildees mas surgiam em conformidade com a curiosidade das crianccedilas e

manifestaccedilatildeo destas em quererem aprender sempre mais sobre certos conteuacutedos Sendo

que estas favoreciam em vaacuterias ocasiotildees o desenvolvimento de competecircncias em

diversos domiacutenios tornando desse modo mais faacutecil trabalhar todos e cada um

As experiecircncias de aprendizagem foram organizadas de modo a surgirem

aprendizagens ativas e significativas nas crianccedilas desafiando-as a participar a serem as

mesmas a intervir nas atividades a realizaacute-las a tirar partido de toda a informaccedilatildeo e de

todos os conteuacutedos a tomar iniciativa e a aprenderem informaccedilotildees necessaacuterias sobre

cada domiacutenio da educaccedilatildeo preacute-escolar

Em diversas atividades estiveram presentes histoacuterias que eram novas para as

crianccedilas e continham informaccedilotildees novas para as mesmas e pudemos atraveacutes destas

trabalhar diversos conteuacutedos Tentamos que as histoacuterias despertassem na crianccedila

curiosidade em aprender mais sobre tudo o que nos rodeia tentando durante a leitura da

62

mesma captar a atenccedilatildeo das crianccedilas e fazer com que estas pudessem trabalhar o

imaginaacuterio e pocirc-lo em praacutetica na realidade

Eacute pertinente afirmar que os adultos possuem um papel importante no que

respeita a motivaccedilatildeo das crianccedilas de modo a que autonomamente estas vatildeo ao

encontro do que podem aprender com a escrita e a leitura percebendo assim a

importacircncia destes conteuacutedos para o seu futuro

Buscaacutemos em vaacuterios aspetos relacionar o que as crianccedilas escutavam com toda a

informaccedilatildeo que possuiacuteam previamente As crianccedilas eram questionadas e inclusive

dialogaacutevamos com elas sobre o conteuacutedo da leitura Como mencionam Sim-sim Silva e

Nunes (2008) a interaccedilatildeo das educadoras durante a leitura de livros em sala de

atividades tem muito a ver com a forma como estas leem livros com crianccedilas em

contexto de grupo e que estaacute fortemente relacionada com o desenvolvimento a longo

prazo do vocabulaacuterio e de competecircncias de compreensatildeo de histoacuterias

Abordando um pouco a gestatildeo do tempo e dos espaccedilos podemos afirmar que

efetuamos durante toda a praacutetica uma flexibilidade em relaccedilatildeo agrave gestatildeo da rotina

diaacuteria existente na sala Pois para a criaccedilatildeo de um bom ambiente educativo eacute

necessaacuterio existir uma boa organizaccedilatildeo de tempo das atividades

O trabalho em pequeno e grande grupo possibilitou-nos um melhor

acompanhamento das crianccedilas de forma a compreendermos os interesses e motivaccedilotildees

destas e estimulando-as a experimentar e promover a cooperaccedilatildeo com as outras crianccedilas

do grupo Destacamos neste sentido que como sublinham as Orientaccedilotildees Curriculares

(MEDEB 1997) ldquoa relaccedilatildeo que o educador estabelece com cada crianccedila eacute facilitadora

da sua inserccedilatildeo no grupo e das relaccedilotildees com as outras crianccedilasrdquo (p 35) Eacute necessaacuterio

considerar que essa relaccedilatildeo envolve a criaccedilatildeo de um ambiente agradaacutevel onde cada crianccedila

se sinta ouvida

Recordaacutemos que o jardim-de-infacircncia deve facultar um conjunto alargado de

saberes permitir formar pessoas autoacutenomas livres e solidaacuterias Procuraacutemos ajudar as

crianccedilas a desenvolverem as habilidades necessaacuterias para tomar decisotildees elucidadas

Consideraacutemos que as experiecircncias de aprendizagem facultaram agraves crianccedilas um

equiliacutebrio de experiecircncias nas diferentes aacutereas e domiacutenios de aprendizagem e que se

revelaram positivas pela participaccedilatildeo ativa demonstrada pelas crianccedilas o empenho e

concentraccedilatildeo das mesmas nas atividades

As crianccedilas foram os elementos centrais na praacutetica educativa porque para aleacutem

de participarem nas atividades tambeacutem participavam em todos os momentos de

63

diaacutelogo onde deram as suas opiniotildees e foi atraveacutes de todos estes momentos que

aproveitamos para proporcionar agraves crianccedilas atividades enriquecedoras aproveitando a

maioria das vezes situaccedilotildees segundo as ideias preacutevias das crianccedilas

Desejaacutemos que as crianccedilas se tornem sucessivamente mais autoacutenomas

responsaacuteveis curiosas e em accedilatildeo

Achaacutemos que as estrateacutegias que utilizamos proporcionaram agraves crianccedilas desfrutar

de oportunidades de bem-estar e de desenvolvimento de competecircncias a diversos niacuteveis

Apercebemo-nos ao longo da accedilatildeo educativa que a partilha de conhecimentos

conduziu-nos e conduziraacute futuramente agrave construccedilatildeo de novos e diferentes saberes

Atualmente e terminada a nossa experiecircncia da praacutetica educativa achaacutemos

todas as estrateacutegias que utilizamos facultaram agraves crianccedilas oportunidades de bem-estar e

desenvolvimento a vaacuterios niacuteveis Estas oportunidades de conhecimento conduziram a

crianccedila agrave construccedilatildeo de novos saberes indo ao encontro ao nosso objetivo final Sendo

assim podemos afirmar que as nossas intenccedilotildees foram concretizadas

Em suma achaacutemos pertinente afirmar que todo o trabalhado realizado

proporcionou aprendizagens significativas na nossa formaccedilatildeo como educadoras de

infacircncia

64

Consideraccedilotildees Finais

Finda esta etapa onde as conquistas e desafios foram variados e que em muito

contribuiu para o desenvolvimento de competecircncias profissionais e pessoais eacute chegado

o momento de efetuar algumas consideraccedilotildees acerca do desenvolvimento da praacutetica

educativa

Acreditamos que as caracteriacutesticas consideradas fundamentais para o nosso

desempenho profissional como futuros educadores de infacircncia foram alvo de progresso

ao longo da praacutetica educativa que desenvolvemos Salientamos o importante papel que a

supervisora teve neste processo de formaccedilatildeo em que os feedbacks dados pela mesma

nos levaram a um claro progresso Esta partilha permitiu uma constante reflexatildeo sobre

as praacuteticas promovidas e contribuiu desta maneira para o nosso desenvolvimento

profissional e pessoal

As crianccedilas assumiram neste processo um papel importante papel considerando

que foram criadoras de situaccedilotildees que nos ajudaram a refletir e a investir na procura de

novas informaccedilotildees para que pudeacutessemos encontrar respostas coerentes e com

continuidade As experiecircncias de aprendizagem vividas no contexto onde decorreu a

praacutetica de ensino possibilitaram-nos aprender e desenvolver competecircncias relacionadas

com a dimensatildeo da aprendizagem e desenvolvimento das crianccedilas da integraccedilatildeo do

curriacuteculo da interaccedilatildeo e de dimensatildeo eacutetica e social Para tal os contributos dos vaacuterios

agentes educativos revelaram-se fundamentais neste curto processo de formaccedilatildeo

Concluindo reconhecemos que ainda temos um longo caminho a percorrer no

entanto estamos cientes do caminho que percorremos e do importante papel que neste

processo assumiu a praacutetica de ensino supervisionada Sublinhamos que construiacutemos

novos olhares sobre a educaccedilatildeo de infacircncia a imagem da crianccedila e sobre o papel do

educador de infacircncia Esta experiecircncia proporcionou-nos uma evoluccedilatildeo na medida que

possuiacutemos um leque abrangente de experiecircncias Temos desejo em continuar a

progredir renovando conhecimentos e desenvolvendo novas aprendizagens ao longo da

vida com vista agrave realizaccedilatildeo pessoal e profissional

65

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Lei nordm 51997 de 10 de Fevereiro ndash Lei quadro da Educaccedilatildeo Preacute-escolar

Page 2: Cátia Alexandra Mendes Machado...Figura 13 - Livro - Elmer e o arco-íris de David Mckee. ..... 39 Figura 14 - Desenho de um arco-íris realizado por uma criança da sala..... 41

II

Dedicatoacuteria

Aos meus pais

Agrave minha irmatilde Sofia

III

Agradecimentos

A todas as pessoas que me acompanharam nesta caminhada ajudando a tornar-

me mais forte eacute com grande gratidatildeo que expresso o meu agradecimento por tudo o que

satildeo e fizeram por mim para que conseguisse atingir os meus fins e tornando o meu

sonho possiacutevel

Agrave professora Doutora Maria Angelina Sanches pelo pilar que foi para mim pela

troca conjunta de conhecimentos partilha de ideias e pela forte disponibilidade em

atender a todas as minhas duacutevidas

Agraves crianccedilas da sala na qual tive oportunidade de estagiar que me acolheram

desde o primeiro dia e com quem aprendi diariamente proporcionando-me experiecircncias

enriquecedoras e tambeacutem agrave educadora cooperante pela partilha pela entreajuda e pelas

palavras adequadas na hora certa

A todos os professores da Escola Superior de Educaccedilatildeo de Braganccedila pelas

aprendizagens e desenvolvimento de competecircncias profissionais e pessoais que me

proporcionaram

A todos os docentes que me acompanharam e me fizeram acreditar que era

possiacutevel orientando-me ao querer saber mais e melhor sobre a Educaccedilatildeo Preacute-escolar

Ao meu par de praacutetica de ensino e amiga Juacutelia Correia pela amizade

companheirismo apoio e pelas horas de diaacutelogo

Aos meus pais Augusto e Maria da Luz que sempre estiveram do meu lado e

que me apoiaram incondicionalmente nesta etapa bem como pela paciecircncia dedicaccedilatildeo

e esforccedilo e por acreditarem em mim desde sempre

Agrave minha irmatilde Sofia pela forccedila e pelas palavras de incentivo bem como pela

disponibilidade e tempo dispensado para me ajudar dando-me a matildeo nos momentos

mais difiacuteceis

Aos meus amigos familiares e namorado por acreditarem em mim por me

encorajarem nos momentos mais difiacuteceis acompanhando-me em cada etapa com

palavras amigas e muito carinho

A todos vocecircs o meu sincero Obrigada

IV

Resumo

O papel fundamental que a educaccedilatildeo preacute-escolar assume na vida das crianccedilas

requer que seja atribuiacuteda particular atenccedilatildeo agraves praacuteticas educativas que nela

experienciam Neste sentido colocaram-se-nos desafios e exigecircncias ao longo da nossa

praacutetica de ensino supervisionada que nos propomos apresentar e refletir no presente

relatoacuterio A intervenccedilatildeo educativa foi desenvolvida com um grupo de crianccedila de 4 anos

de idade e decorreu num jardim-de-infacircncia da Rede Privada de Solidariedade Social

O relatoacuterio inclui a contextualizaccedilatildeo da instituiccedilatildeo a caracterizaccedilatildeo do grupo de

crianccedilas e do ambiente educativo mais especificamente o espaccedilo o tempo e as

interaccedilotildees educativas Integra tambeacutem a fundamentaccedilatildeo das opccedilotildees pedagoacutegicas e a

descriccedilatildeo e anaacutelise da praacutetica educativa que desenvolvemos ao longo do ano letivo

2012-2013 no acircmbito do Curso de Mestrado em Educaccedilatildeo Preacute-escolar

Apresenta por uacuteltimo uma reflexatildeo sobre a globalidade da accedilatildeo educativa que

desenvolvemos procurando relanccedilar sobre ela um novo olhar no sentido de melhor a

compreender e identificar os seus contributos para o nosso desenvolvimento

profissional e pessoal

Palavras-chaves Educaccedilatildeo Preacute-escolar experiecircncias de aprendizagem aprendizagem

ativa

V

Abstract

The fundamental role that the pre-school education takes on the lives of children

requires that particular attention be given to educational practices that her experience In

this sense placed themselves us challenges and requirements throughout our supervised

teaching practice that we propose to present and reflect in the present report The

educational intervention was developed with a group of 4-year-old child and ran a

kindergarten of the Private Social Solidarity Network

The report includes the contextualization of the institution the characterization

of the Group of children and educational environment more specifically the space time

and educational interactions Integrates the educational options Foundation and the

description and analysis of educational practice that developed throughout the

academic year 2012-2013 within the masters degree course in Kindergarten Education

Finally it presents a reflection about the entirety of the educational activity

developed looking for relaunch about her a new look in order to better understand and

identify their contributions to our professional and personal development

Keywords Preschool Education learning active learning experiences

VI

Iacutendice geral

Agradecimentos III

Resumo IV

Abstract V

Iacutendice de Figuras VII

Introduccedilatildeo 1

I Contextualizaccedilatildeo da Praacutetica de Ensino Supervisionada 3

11Caraterizaccedilatildeo da instituiccedilatildeo 3

12Caraterizaccedilatildeo do grupo de crianccedilas 4

13Organizaccedilatildeo do ambiente educativo 6

131Caracterizaccedilatildeo do espaccedilo 7

1311Espaccedilo interior 7

1312Espaccedilo exterior 11

132Rotina diaacuteria 12

133As interaccedilotildees 14

II Fundamentaccedilatildeo das opccedilotildees educativas 17

21A aprendizagem como um processo ativo 17

22Modelos Curriculares 19

23Linhas de orientaccedilotildees curricular da educaccedilatildeo preacute-escolar 24

III Descriccedilatildeo e anaacutelise das experiecircncias de aprendizagem 31

31Experiecircncia de aprendizagem Respeitar as diferenccedilas um desafio para todos 32

32Experiecircncia de aprendizagem Aprender a observar e conhecer 39

33Experiecircncia de aprendizagem Conhecendo diferentes culturas 45

34Experiecircncia de aprendizagem Descobrir trabalhando colaborativamente 52

IV Reflexatildeo Criacutetica 59

Consideraccedilotildees Finais 64

Bibliografia 65

VII

Iacutendice de Figuras

Figura 1 - Identificaccedilatildeo das aacutereas da sala 7

Figura 2 - Planta da sala 9

Figura 3- Aacuterea da biblioteca 9

Figura 4 - Aacuterea da escrita 10

Figura 5 - Aacuterea dos jogos 10

Figura 6- Aacuterea da casa espaccedilo do quarto 10

Figura 7 - Espaccedilo da cozinha 10

Figura 8 - Aacuterea da garagemconstruccedilotildees 11

Figura 9 - Quadro semanal de presenccedilas 11

Figura 10 ndash Produccedilotildees das crianccedilas em plasticina na sequecircncia da exploraccedilatildeo da

histoacuteria do Elmer 35

Figura 11 - Crianccedila colocando o animal no habitat 37

Figura 12 - Quadro das cores primaacuterias e secundaacuterias 38

Figura 13 - Livro - Elmer e o arco-iacuteris de David Mckee 39

Figura 14 - Desenho de um arco-iacuteris realizado por uma crianccedila da sala 41

Figura 15 - Arco-iacuteris elaborado por uma crianccedila da sala 41

Figura 16 - Crianccedilas jogando o Jogo dos sorrisos 42

Figura 17 - Resultado da atividade praacutetica sobre a formaccedilatildeo do arco-iacuteris 43

Figura 18 - Interajuda entre as crianccedilas da sala 48

Figura 19 - Sequecircncia de imagens da construccedilatildeo do cartaz 51

Figura 20 - Crianccedilas procurando objetos da respetiva cor 53

Figura 21 - Crianccedila preenchendo a tabela das cores favoritas 56

1

Introduccedilatildeo

A educaccedilatildeo preacute-escolar eacute reconhecida como a primeira etapa da educaccedilatildeo baacutesica

no processo de educaccedilatildeo ao longo da vida da qual se espera que em

complementaridade com a accedilatildeo educativa da famiacutelia favoreccedila a formaccedilatildeo e o

desenvolvimento das crianccedilas tendo em vista a sua plena inserccedilatildeo na sociedade como

seres autoacutenomos livres e solidaacuterios (Lei nordm597 de 10 de fevereiro artordm 2ordm) Como tal

devemos proporcionar agraves crianccedilas experiecircncias de aprendizagem de natureza diversa

atraveacutes das quais possam aprender e desenvolver-se

Sendo o educador o construtor e o gestor do curriacuteculo (MEDEB 1997)1 deve

procurar fazecirc-lo em equipa e escutando os saberes das crianccedilas das suas famiacutelias e da

comunidade As Orientaccedilotildees Curriculares para a Educaccedilatildeo Preacute-Escolar2 satildeo um ponto

de apoio para o processo educativo a desenvolver

A faixa etaacuteria em que se encontravam as crianccedilas do grupo com o qual

desenvolvemos a praacutetica de ensino supervisionada requer uma constante atenccedilatildeo e

resposta pelo que pressupotildee que o educador exerccedila a sua accedilatildeo profissional com

entusiasmo e dedicaccedilatildeo suficiente para tornar possiacutevel que as crianccedilas aprendam e

possam ser cidadatildeos responsaacuteveis e dotados de consciecircncia ciacutevica e moral

Eacute nesta linha de pensamento que se integra o trabalho que desenvolvemos e

apresentamos neste relatoacuterio Como tal propomo-nos destacar os aspetos que podem

ajudar agrave sua compreensatildeo procurando que seja o mais congruente possiacutevel com aquela

que eacute a representaccedilatildeo que temos do que foi a nossa praacutetica de ensino supervisionada

A sua estrutura contempla num primeiro capiacutetulo a caraterizaccedilatildeo do contexto

educativo em particular no que se refere agrave organizaccedilatildeo da instituiccedilatildeo e agrave constituiccedilatildeo e

carateriacutesticas de aprendizagem do grupo de crianccedilas com o qual desenvolvemos a

praacutetica educativa bem como agrave organizaccedilatildeo do ambiente educativo considerando o

espaccedilo e os materiais o tempo pedagoacutegico e as interaccedilotildees estabelecidas ao niacutevel do

grupo Neste acircmbito relevamos a implicaccedilatildeo de todos adultos e crianccedilas na criaccedilatildeo de

oportunidades de accedilatildeo e de relaccedilatildeo que favorecessem o seu bem-estar e

desenvolvimento

No segundo capiacutetulo procedemos agrave fundamentaccedilatildeo das opccedilotildees educativas

procurando aprofundar conhecimentos sobre o processo de aprendizagem numa

1 Ministeacuterio da EducaccedilatildeoDepartamento de Educaccedilatildeo Baacutesica

2 Considerando que ao longo do presente relatoacuterio vamos utilizar vaacuterias vezes esta fonte de referecircncia

passamos a indicaacute-las apenas pela sigla OCEPE

2

perspetiva ativa e os modelos curriculares que favorecem a construccedilatildeo de uma praacutetica

desta natureza como o modelo HighScope o modelo Reggio Emilia e o modelo da

Escola Moderna Debruccedilamo-nos ainda sobre as linhas de orientaccedilatildeo curricular para a

educaccedilatildeo preacute-escolar atribuindo particular atenccedilatildeo agraves dimensotildees contempladas em cada

aacuterea de conteuacutedo no quadro de uma construccedilatildeo articulada do saber

No terceiro capiacutetulo apresentamos um conjunto de quatro experiecircncias de

aprendizagem que desenvolvemos com as crianccedilas ao longo do ano letivo incluindo

algumas evidecircncias desse trabalho atraveacutes de fotografias e notas de campo sobre os

diaacutelogos das crianccedilas Estas experiecircncias de aprendizagem relevam a importacircncia de

cada um aprender a valorizar respeitar e aceitar-se a si proacuteprio e aos outros no quadro

de exerciacutecio de uma cidadania facilitadora da integraccedilatildeo de todos

Por uacuteltimo incluiacutemos uma reflexatildeo sobre a praacutetica educativa na se efetiva uma

suacutemula reflexiva sobre as diferentes dimensotildees do processo de aprendizagem o papel

que como educadores nos cabe assumir e as implicaccedilotildees de percurso formativo

experienciado por crianccedilas e adultos Relevamos os importantes contributos deste

processo natildeo apenas para a aprendizagem e desenvolvimento das crianccedilas mas tambeacutem

para a nossa formaccedilatildeo e desenvolvimento pessoal e profissional Este requer

continuidade no sentido de podermos responder aos desafios e exigecircncias emergentes

3

I Contextualizaccedilatildeo da Praacutetica de Ensino Supervisionada

11 Caraterizaccedilatildeo da instituiccedilatildeo

O contexto em que realizaacutemos a praacutetica educativa era uma instituiccedilatildeo particular

de solidariedade social (IPSS) situada na cidade de Braganccedila e incluiacutea serviccedilos de

creche jardim-de-infacircncia e centro de conviacutevio para idosos O horaacuterio de

funcionamento da instituiccedilatildeo era extenso mantendo-se aberta das 7h45min ateacute agraves 19h

incluindo neles e no que se refere aos serviccedilos destinados agrave educaccedilatildeo de infacircncia a

componentes educativa e a componente de apoio agrave famiacutelia A componente educativa

decorre num total de cinco horas por dia de manhatilde das 9h agraves 12h e de tarde das 14h e

agraves 16h Os restantes tempos englobam atividades socioeducativas e de serviccedilo de

almoccedilos sendo estes frequentados pelas crianccedilas segundo a necessidade das famiacutelias e

normalmente em funccedilatildeo da sua ocupaccedilatildeo laboral

No que se refere ao edifiacutecio eacute constituiacutedo por trecircs andares funcionando no reacutes-

do-chatildeo o centro de dia e conviacutevio o gabinete de psicologia o posto meacutedico o bar

lavandaria e garagem No primeiro andar funciona o Jardim-de-Infacircncia constituiacutedo por

trecircs salas de atividades e ainda alguns espaccedilos de apoio como a cozinha refeitoacuterio

vestiaacuterio bem como a secretaria da instituiccedilatildeo

No segundo andar funciona a creche com seis salas na sua totalidade uma copa

de leites refeitoacuterio arrecadaccedilotildees e um salatildeo polivalente no qual se realizam festas a

praacutetica da expressatildeo motora e tambeacutem atividades em grande grupo Neste andar

localiza-se ainda a sala da direccedilatildeo da instituiccedilatildeo Os andares encontram-se ligados por

escadas e cada um estaacute equipado com instalaccedilotildees sanitaacuterias adequadas agraves faixas etaacuterias

para que cada setor a que se destina Os espaccedilos interiores da instituiccedilatildeo e os

equipamentos da mesma encontram-se em bom estado de conservaccedilatildeo

No que se refere aos espaccedilos exteriores possui um espaccedilo de recreio com zonas

luacutedicas delimitadas incluindo um espaccedilo pavimentado e outro com areia Este estaacute

equipado com um parque infantil O espaccedilo cimentado de recreio eacute utilizado no periacuteodo

de entrada e saiacuteda das crianccedilas como zona de paragem das viaturas dos pais dado

limitado espaccedilo que ao niacutevel da via puacuteblica existe para o efeito Existem alguns

materiais de apoio agraves atividades de recreio exterior sendo deslocados pelas crianccedilas do

interior para o exterior e vice-versa quando terminadas as atividades

4

Considerando que como referem as Orientaccedilotildees Curriculares para a Educaccedilatildeo

Preacute-escolar (MEDEB 1997) ldquoo meio em que a crianccedila vive influenciaraacute o modo como

esta se iraacute desenvolverrdquo (p 31) importa que nos interroguemos sobre o modo como o

ambiente educativo da instituiccedilatildeo se encontra organizado e que nos esforcemos para

contribuir para enriquececirc-lo Nesta linha de pensamento importa sublinhar que foi

nossa preocupaccedilatildeo colaborar com os profissionais da instituiccedilatildeo e as crianccedilas nessa

organizaccedilatildeo de modo a construir um ambiente que se constituiacutesse como potencialmente

facilitador do desenvolvimento de todos crianccedilas e adultos

A equipa pedagoacutegica da instituiccedilatildeo era constituiacuteda por seis educadoras de

infacircncia trecircs na modalidade de creche e trecircs na de jardim de jardim-de-infacircncia

assumindo uma destas as funccedilotildees de coordenadora pedagoacutegica Esta equipa contava

ainda com o apoio de um grupo alargado de assistentes operacionais uma por sala no

que se refere agrave etapa preacute-escolar bem como da psicoacuteloga e da direccedilatildeo administrativa da

instituiccedilatildeo

12 Caraterizaccedilatildeo do grupo de crianccedilas

Como se refere nas OCEPE (MEDEB 1997) haacute diferentes fatores que

influenciam o modo proacuteprio de funcionamento do grupo como por exemplo a sua

dimensatildeo e o maior ou menor nuacutemero de crianccedilas de cada sexo pelo que importa que

na accedilatildeo educativa a promover se atenda agrave sua contextualizaccedilatildeo

O grupo de crianccedilas com o qual desenvolvemos a praacutetica educativa apresentava

uma dimensatildeo extensa integrando vinte e cinco crianccedilas com quatro anos idades Ao

niacutevel do nuacutemero de crianccedilas de cada sexo pode entender-se que era um grupo com uma

organizaccedilatildeo equilibrada integrando doze crianccedilas do sexo masculino e treze do sexo

feminino

Segundo informaccedilotildees fornecidas pela educadora de infacircncia cooperante a

maioria das crianccedilas frequentavam a instituiccedilatildeo desde a creche encontrando-se apenas

duas crianccedilas a frequentaacute-la pela primeira vez Importa ainda referir que integravam o

grupo trecircs crianccedilas de origem natildeo portuguesa duas crianccedilas que eram irmatildeos naturais

de Espanha e outra que era Ucraniana

5

Segundo o referido nas OCEPE (MEDEB 1997)

observar cada crianccedila e o grupo para conhecer as suas capacidades interesses e

dificuldades recolher as informaccedilotildees sobre o contexto familiar e o meio em que

as crianccedilas vivem satildeo praacuteticas necessaacuterias para compreender melhor as

caracteriacutesticas das crianccedilas e adequar o processo educativo agraves suas necessidades

(p 25)

Nesta linha de pensamento importa considerar as caracteriacutesticas que nos foi

possiacutevel observar das crianccedilas quer a niacutevel individual quer a niacutevel grupo ao longo ano

letivo Assim importa referir que relativo a questotildees relacionadas com a vida em

grupo as crianccedilas manifestavam saber orientar-se em relaccedilatildeo agraves normas e regras

definidas na sala ainda que nem sempre lhes fosse faacutecil respeitaacute-las como partilhar

materiais com os colegas e saber esperar pela sua vez

Os tempos da rotina eram do seu conhecimento e manifestavam independecircncia

no que se refere agrave realizaccedilatildeo da higiene pessoal e tomada de refeiccedilotildees Dum modo geral

as crianccedilas envolviam-se nas atividades quer nas propostas por noacutes quer nas da sua

iniciativa revelando-se um grupo ativo

Ao niacutevel das preferecircncias em relaccedilatildeo agraves aacutereas de atividade da sala as aacutereas mais

escolhidas pelas crianccedilas eram a da casa e a das construccedilotildeesgaragem Enquanto a

primeira era frequentada por ambos os sexos a segunda era mais frequentada pelo sexo

masculino ainda que procuraacutessemos salientar a importacircncia de trabalharbrincar em

todas pelas diferentes experiecircncias que lhes permitiam efetuar

As atividades ao niacutevel da expressatildeo dramaacutetica e plaacutestica bem como a entoaccedilatildeo

de canccedilotildees e o escutar de histoacuterias integravam-se tambeacutem entre as preferecircncias do

grupo As crianccedilas manifestavam-se curiosas em conhecer o conteuacutedo das histoacuterias e em

colocar questotildees sobre as mesmas quando natildeo percebiam alguma palavra expressatildeo ou

frase

Sendo o espaccedilo de dimensatildeo limitada face agrave dimensatildeo do grupo as crianccedilas em

geral manifestavam organizar-se nas suas brincadeiras e relaccedilotildees sem se perturbar uns

aos outros com exceccedilatildeo de uma crianccedila que desestabilizava o grupo

No que respeita agrave expressatildeo oral era evidente o desenvolvimento das crianccedilas

com exceccedilatildeo na pronuacutencia de algumas palavras sobretudo no iniacutecio do ano e no que se

refere ao uso de determinados tempos verbais aspeto que era mais evidente em duas

crianccedilas utilizando com frequecircncia por exemplo a expressatildeo ldquoeu sabordquo em vez de ldquoeu

seirdquo o que foi sendo ultrapassado no decurso do ano letivo

6

Verificaacutemos ainda que como referem Hohmann e Weikart (2011) ldquopor vezes as

crianccedilas hesitam enquanto procuram palavras para expressar uma ideia nova

particularmente difiacutecilrdquo (p 534) e que eacute importante dar-lhes tempo para que elas

proacuteprias escolham as palavras de que necessitam e evitar interferirmos com as suas

proacuteprias sugestotildees

Considerando que como refere Oliveira-Formosinho (2007a) ldquoa escuta eacute um

meio para ouvir a crianccedila sobre a sua colaboraccedilatildeo no processo de co-construccedilatildeo do

conhecimentordquo (p 32) procuraacutemos estabelecer diaacutelogos em que as crianccedilas usufruiacutessem

de tempo para se expressar e que nos permitissem conhecermos as crianccedilas

No que respeita ao nuacutecleo familiar das crianccedilas e considerando os dados que

constam das suas fichas de inscriccedilatildeo a maioria dos pais famiacutelia das crianccedilas advecircm de

um meio socioeconoacutemico meacutedio trabalham nos vaacuterios setores de atividade sendo que a

maioria trabalha como funcionaacuterio puacuteblico No que se refere ao nuacutemero de irmatildeos de

acordo com os dados dessas mesmas fichas quinze crianccedilas tecircm um irmatildeo nove

crianccedilas natildeo tecircm irmatildeos e sobre uma crianccedila natildeo foi possiacutevel recolher esse dado

13 Organizaccedilatildeo do ambiente educativo

Sendo um jardim-de-infacircncia um contexto institucional destinado a crianccedilas de

tenra idade deve estar organizado de forma a proporcionar o indispensaacutevel bem-estar

prazer em frequentaacute-lo e favorecer atividades de ludicidade que motivem agrave

aprendizagem Posto isto julgamos de grande importacircncia organizar um ambiente

educativo agradaacutevel estaacutevel e que seja favoraacutevel agrave aprendizagem significativa da

crianccedila

Demos importacircncia ao horaacuterio de atendimento aos pais pois em nossa opiniatildeo eacute

um bom meio de incentivar os pais a deslocarem-se agrave instituiccedilatildeo na qual a sua crianccedila

estaacute inserida e estarem informados das suas condiccedilotildees conhecimento da funcionalidade

da instituiccedilatildeo ter a oportunidade de conversar com as educadoras e estarem a par da

evoluccedilatildeo das crianccedilas conseguirem tambeacutem ter conhecimento das atividades realizadas

e dos seus resultados

De acordo com o que se refere nas OCEPE (MEMEB 1997) importa ter em

conta que ldquoa famiacutelia e a instituiccedilatildeo de educaccedilatildeo preacute-escolar satildeo dois contextos sociais

que contribuem para a educaccedilatildeo da mesma crianccedila importa por isso que haja uma

relaccedilatildeo entre estes dois sistemasrdquo (p 43)

7

131 Caracterizaccedilatildeo do espaccedilo

Evidenciando o espaccedilo interior e o exterior pois os dois tecircm um papel

fundamental no processo educativo e no desenvolvimento das crianccedilas e concordando

com Oliveira-Formosinho e Andrade (2011a) ldquopensamos o espaccedilo como um territoacuterio

organizado para a aprendizagem um lugar de bem-estar alegria e prazer Procuramos

que o espaccedilo pedagoacutegico seja aberto agraves vivecircncias e interesses das crianccedilas e

comunidades seja seguro seja luacutedico e culturalrdquo (p 11)

1311 Espaccedilo interior

A sala apesar da sua pequena dimensatildeo estava cuidadosamente organizada e

todos os espaccedilos eram aproveitados para possibilitar agraves crianccedilas a oportunidade de

experimentar e manipular os materiais Juntamente com o espaccedilo e os materiais foi

possiacutevel realizar diversas experiecircncias de aprendizagem dentro da sala As crianccedilas

conseguiam movimentar-se e explorar as aacutereas e o que as mesmas tinham para lhes

proporcionar Tal como estaacute presente nas OCEPE (MEDEB 1997) ldquoo procedimento

de aprendizagem implica tambeacutem que as crianccedilas compreendam como o espaccedilo estaacute

organizado e como pode ser utilizado e que participem nessa organizaccedilatildeo (hellip) o

conhecimento do espaccedilo dos materiais e das actividades possiacuteveis eacute tambeacutem condiccedilatildeo

de autonomia da crianccedila e do grupordquo (p 38)

A sala na qual desenvolvemos a praacutetica

de accedilatildeo pedagoacutegica apresentava uma forma

retangular e como anteriormente foi referido a

sala natildeo possuiacutea grandes dimensotildees Desde o

iniacutecio percebemos que toda ela estava

previamente dividida por aacutereas e todas elas

estavam identificadas com uma placa com o nome e o

nuacutemero de crianccedilas que poderiam frequentar em simultacircneo Cada crianccedila era

representada com um siacutembolo um sorriso por cada crianccedila como podemos verificar na

figura 1 Ainda nas placas de identificaccedilatildeo das aacutereas podiacuteamos verificar desenhos

realizados pelas crianccedilas Procuramos ainda atender a que como lembram Oliveira-

Formosinho e Andrade (2011a)

Figura 1 - Identificaccedilatildeo das aacutereas da sala

8

As crianccedilas tecircm o direito de crescer em espaccedilos onde o cuidado e a atenccedilatildeo

prestados agrave dimensatildeo esteacutetica constituam um princiacutepio educativo baacutesico As

experiecircncias que as crianccedilas vivem com o espaccedilo devem poder converter-se em

experiecircncias esteacuteticas de prazer e de bem-estar (p 12)

Uma das paredes da sala possuiacutea trecircs janelas com visionamento para o exterior

Estas proporcionavam uma agradaacutevel luminosidade natural e possibilitavam ainda

identificar o estado do tempo A sala encontrava-se igualmente devidamente equipada

com sistema de aquecimento funcionando este em situaccedilotildees necessaacuterias No que

respeita ao pavimento da sala este possuiacutea uma cor azulada clara resistente lavaacutevel

um pouco confortaacutevel e pouco refletora de som proporcionando desse modo um

benevolente isolamento acuacutestico

O mobiliaacuterio da sala apresentava um bom estado de conservaccedilatildeo O moacutevel de

maior dimensatildeo estava preenchido com materiais trabalhos e os portefoacutelios das

crianccedilas Havia um moacutevel para arrumaccedilatildeo de materiais sendo alguns destes de escrita

(como os laacutepis marcadores) e tambeacutem tesouras materiais reciclados e outros que

serviam de apoio agraves atividades de expressatildeo plaacutestica Encontravam-se quatro mesas na

sala de formato retangular proporcionando agraves crianccedilas um largo espaccedilo para trabalhar e

brincar sobre as mesmas todas acompanhadas por cinco cadeiras Eacute importante salientar

que as mesas e as cadeiras serviam de apoio agraves atividades em pequeno e grande grupo

Ainda na sua constituiccedilatildeo a sala possuiacutea um placard no qual eram expostos os

trabalhos realizados pelas crianccedilas embora alguns destes fossem expostos no corredor

de forma a divulgaacute-los junto dos paiscomunidade Indo ao encontro de Niza (2007)

quando refere que ldquoo ambiente geral da sala deve resultar agradaacutevel e altamente

estimulante utilizando as paredes como expositores permanentes das produccedilotildees das

crianccedilas onde rotativamente se revecircem nas suas obras de desenho pintura tapeccedilaria ou

textordquo (p 133)

A planta que se segue apresenta-nos uma perspetiva da realidade do espaccedilo

fiacutesico da sala ao longo do ano letivo considerando que as alteraccedilotildees ocorridas

incidiram na integraccedilatildeo de materiais mas natildeo na disposiccedilatildeo das aacutereas

9

A sala integrou desde iniacutecio seis aacutereas de trabalho todas devidamente

identificadas sendo estas a aacuterea da casa (cozinha e quarto) a aacuterea dos jogos a aacuterea de

acolhimento a aacuterea da biblioteca a aacuterea da escrita e a aacuterea da garagemconstruccedilotildees

Estas estavam organizadas no sentido de possibilitar ao grupo de crianccedilas um faacutecil

acesso aos distintos materiais e objetos pois como menciona Oliveira-Formosinho

(2007b) ldquoa organizaccedilatildeo do espaccedilo em aacutereas com os seus respectivos materiais (hellip)

porque estatildeo visiacuteveis acessiacuteveis e etiquetados (tambeacutem para facilitar a autonomia na

arrumaccedilatildeo) eacute uma forma poderosiacutessima de passar mensagens impliacutecitas agrave crianccedilardquo (p

68)

Podemos verificar na figura 2 que as aacutereas rotuladas como barulhentas

encontram-se um pouco afastadas das aacutereas mais calmas A aacuterea da biblioteca (figura 3)

situa-se no canto superior direito da figura 2 desfrutava de

uma boa luminosidade natural pois encontrava-se junto de

uma das janelas Esta era constituiacuteda por uma estante na qual

as crianccedilas poderiam encontrar livros variados uma mesa

circular de pequenas dimensotildees acompanhada por trecircs

cadeiras de madeira Esta proporcionava agraves crianccedilas

oportunidade agradaacutevel de explorar as ilustraccedilotildees das

histoacuterias folhear e contar histoacuterias umas agraves outras Hohmann

e Weikart (2011) referem que ldquotalvez mais nenhuma outra

actividade seja tatildeo importante para a emergente literacia da crianccedila do que um adulto ou

amigo lhe fizerrdquo (p 546)

Figura 3- Aacuterea da biblioteca

Figura 2 - Planta da sala

10

Figura 6- Aacuterea da casa

espaccedilo do quarto

Figura 5 - Aacuterea dos jogos

Do outro lado da sala estava situada a aacuterea da

escrita (figura 4) nesta as crianccedilas tinham a

oportunidade de escrever explorar as diferentes

formas das letras podendo inclusivamente manipular

materiais de escrita

No centro da sala encontrava-se a aacuterea do

acolhimento um espaccedilo destinado a momentos em grande grupo de modo a ser

possiacutevel todas as crianccedilas se visualizarem umas agraves outras partilharem interesses

ouvirem histoacuterias tinham ainda a oportunidade de cantarem canccedilotildees e dialogarem

A aacuterea dos jogos (figura 5) estava localizada perto

da aacuterea do acolhimento dispunha de uma mesa

acompanhada por cinco cadeiras e de uma estante na qual

se encontravam diversos tipos de jogos puzzles

enfiamentos dominoacutes blocos loacutegicos jogo de letras jogos

com formas geomeacutetricas entre outros Esta aacuterea permitia o

desenvolvimento cognitivo das crianccedilas aleacutem das

experiecircncias diversificadas que as motivavam para a

resoluccedilatildeo de problemas

A aacuterea da casa distribuiacutea-se por dois espaccedilos o quarto

(figura 6) e a cozinha (figura 7) O mobiliaacuterio e materiais desta

aacuterea estavam apropriados agrave altura das crianccedilas Nesta era

visiacutevel a frequente representaccedilatildeo por parte das crianccedilas

assumindo o papel de adultos imitando expressotildees gestuais e

orais Atraveacutes das bonecas as crianccedilas representavam vivecircncias

do seu dia-a-dia como vestir e despir as crianccedilas deitaacute-las a

dormir maquilhaacute-las faziam e desfaziam a cama arrumavam e

desarrumavam toda a aacuterea representando

de variadas formas o ldquofaz-de-contardquo

O espaccedilo da cozinha era utilizado para representar

vivecircncias do dia-a-dia integrando parecenccedilas com algumas

cozinhas das casas das crianccedilas e em vaacuterias situaccedilotildees as

crianccedilas assumiam os papeacuteis de adultos e representavam

momentos vividos nas suas proacuteprias casas

Figura 4 - Aacuterea da escrita

Figura 7 - Espaccedilo da

cozinha

11

Figura 9 - Quadro semanal de presenccedilas

A uacuteltima aacuterea a ser apresentada eacute intitulada pela aacuterea da

garagemconstruccedilotildees (figura 8) Nesta as crianccedilas usavam

materiais como carros ferramentas de mecacircnica uma pista de

carros entre outros As crianccedilas principalmente do sexo

masculino apropriavam-se ou tentavam por vaacuterias vezes

apropriar-se desta aacuterea pois mostravam bastante interesse na

mesma gostavam de brincar e imaginar situaccedilotildees proacuteprias da

aacuterea

Para registar as presenccedilas diaacuterias das crianccedilas foi criado um quadro semanal de

presenccedilas como pudemos verificar na figura 9 este estava adequado agrave altura das

crianccedilas Foi criado ldquopara o aluno marcar com um sinal convencional a sua presenccedila

na quadriacutecula onde o seu nome cruza com a coluna do diardquo (Niza 2007) (p 135)

Neste encontravam-se expostos os nomes das crianccedilas

do lado esquerdo e na parte superior do quadro

estavam os dias da semana separados por quadriacuteculas

A presenccedila da crianccedila era assinalada com duas bolas

de pequenas dimensotildees uma verde fazendo referecircncia

agrave presenccedila e uma outra de cor vermelha fazendo

referecircncia agrave ausecircncia da crianccedila A marcaccedilatildeo das

presenccedila era identificado pela proacutepria crianccedila isto eacute

cada uma efetuava a sua presenccedila agrave exceccedilatildeo das

crianccedilas que se encontravam ausentes essa marcaccedilatildeo

era realizada ou pelas educadoras ou pelas crianccedilas

1312 Espaccedilo exterior

O espaccedilo exterior possuiacutea uma aacuterea de dimensotildees bastante consideraacuteveis

rodeada por um muro com grades que permitia observar do interior para o exterior da

instituiccedilatildeo e vice-versa O pavimento variava existindo zonas de relva com aacutervores de

cimento com maior dimensatildeo e de areia Neste uacuteltimo encontraacutevamos equipamento de

parque infantil sendo este composto por uma estrutura com escorrega barras para

trepar baloiccedilos fixos no chatildeo e cavalos de molas

Figura 8 - Aacuterea da

garagemconstruccedilotildees

12

Este espaccedilo exterior eacute de grande importacircncia pois nele como referem Hohmann

e Weikart (2011) ldquoas crianccedilas tecircm acesso a um conjunto de actividades e brincadeiras

que habitualmente natildeo fazem no interiorrdquo (p 369) No periacuteodo de recreio ldquoas crianccedilas

podem experimentar os sons e imagens do ar livre usar o material e equipamento do

recreio e brincar vigorosamente (ou sossegadamente se assim o preferirem) rdquo (idem

ibidem)

Em muitos momentos no recreio enquanto foi possiacutevel a sua utilizaccedilatildeo tivemos

a oportunidade de praticar jogos em grande grupo sendo estes com movimentos

rotativos movimentos lentos e coordenados movimentos raacutepidos e livres para as

crianccedilas exercitarem a motricidade Apesar dos momentos de recreio e de sala serem de

diferentes caracteriacutesticas ldquotecircm algo em comum encorajar as crianccedilas a envolverem-se

activamente com materiais pessoas ideias e acontecimentosrdquo (Hohmann amp Weikart

2011 p 370)

132 Rotina diaacuteria

A organizaccedilatildeo do tempo no jardim-de-infacircncia eacute definido e iniciado pelos

adultos estes devem refletir e estruturar devidamente uma rotina diaacuteria pois esta

auxilia as crianccedilas e adultos tal como referem Hohmann e Weikart (2011)

a rotina diaacuteria (hellip) ajuda as crianccedilas a responder (hellip) a questotildees ao

oferecer-lhes uma sequecircncia de acontecimentos que elas podem seguir e

compreender Tambeacutem ajuda os adultos a organizarem o seu tempo com as

crianccedilas de forma a lhes oferecer experiecircncias de aprendizagem activas e

motivadoras Neste sentido os elementos de uma rotina diaacuteria satildeo como

marcas de pegadas num caminho Ao seguirem o caminho as crianccedilas

envolvem-se em variadas aventuras e experiecircncias que lhes interessam e que

respondem agrave sua natureza inventiva e luacutedica (p 224)

Quando iniciaacutemos a nossa praacutetica de ensino na sala dos quatro anos estes jaacute

tinham uma rotina diaacuteria definida desde o iniacutecio do ano Apesar disso a rotina diaacuteria foi

suscetiacutevel de alteraccedilotildees tendo em conta atividades que emergiam visitas e o desenrolar

de certas experiecircncias de aprendizagem A rotina diaacuteria integrava os seguintes

segmentos temporais

i) Tempo de acolhimento momento de receccedilatildeo das crianccedilas em grande

grupo Era inclusive neste momento que as crianccedilas e os adultos

cantavam canccedilotildees partilham ideias vivecircncias e experiecircncias pessoais e

procediam agrave marcaccedilatildeo das presenccedilas

13

ii) Tempo de atividades em grande grupo neste tempo as crianccedilas e os

adultos juntavam-se para atividades a vaacuterios niacuteveis de muacutesica

movimento expressatildeo dramaacutetica leitura e exploraccedilatildeo de histoacuterias entre

outras Estas envolviam experiecircncias de aprendizagem nos diferentes

domiacutenios Apesar de em vaacuterias ocasiotildees serem os adultos a iniciarem

estas atividades as crianccedilas proporcionavam e apresentavam novas

ideias

iii) Tempo de higienealmoccedilo este tempo era dedicado agrave higiene das

crianccedilas e logo de seguida deslocavam-se ao refeitoacuterio da instituiccedilatildeo

para almoccedilarem

iv) Tempo de recreiodescanso momento reservado ao descanso das

crianccedilas mas tambeacutem quando as condiccedilotildees atmosfeacutericas o permitiam as

crianccedilas usufruiacuteam do espaccedilo exterior ocasionando-lhes situaccedilotildees nas

quais poderiam variar na forma como utilizavam o corpo tal como

trepar deslizar baloiccedilar e correr

v) Tempo de atividades nas aacutereas este tempo contemplava alguns tipos de

atividades propositadamente planeados de forma a proporcionar

experiecircncias de aprendizagens significativas nas diferentes aacutereas do

conteuacutedo Era ainda neste momento que se procedia agrave organizaccedilatildeo das

crianccedilas pelas diferentes aacutereas da sala consoante a preferecircncia que cada

uma manifestava de forma a reforccedilar os interesses naturais das crianccedilas

a capacidade de iniciativa da mesma e desenvolver competecircncias na

resoluccedilatildeo de problemas

vi) Tempo de lanche as crianccedilas apoacutes terem efetuado a arrumaccedilatildeo das

aacutereas da sala realizavam a higiene pessoal e deslocavam-se ao refeitoacuterio

da instituiccedilatildeo e tomavam o lanche Cada uma das crianccedilas possuiacutea a sua

lancheira e os lanches variavam de crianccedila para crianccedila

vii) Tempo de atividades orientadaslivres momento dedicado vaacuterias vezes

ao relaxamento da crianccedila as crianccedilas assistiam a filmes brincavam em

pequenos grupos com legos praticavam jogos em grande grupo sendo

estes uacuteltimos bastante solicitados pelas crianccedilas

A rotina diaacuteria vivenciada na sala ocorria como podemos verificar nos

segmentos temporais referidos de forma a despertar e apoiar as crianccedilas na tomada de

iniciativa perante atividades propostas Era uma forma de encorajar o envolvimento das

14

crianccedilas em atividades de pequenos grupos ou ateacute mesmo em pares envolvendo-as na

procura de soluccedilotildees para os problemas com que se iam confrontando Um dos principais

objetivos nas atividades era promover interaccedilotildees positivas nos diversos momentos de

trabalho O facto de as crianccedilas escolherem a sua aacuterea preferida e os materiais a

manusear para a execuccedilatildeo dos trabalhos demonstrava ao adulto a sua evoluccedilatildeo e

crescente autonomia

133 As interaccedilotildees

Para a melhor compreensatildeo do processo de interaccedilatildeo eacute essencial

compreendermos esse termo Neste sentido Oliveira-Formosinho e Formosinho (2011)

afirmam que ldquoas interaccedilotildees adulto-crianccedila satildeo uma tatildeo importante dimensatildeo da

pedagogia que a anaacutelise do estilo dessas interaccedilotildees nos permite determinar se estamos

perante uma pedagogia transmissiva ou uma pedagogia participativa (p 30) Dizem-nos

tambeacutem que ldquodesenvolver as interaccedilotildees refleti-las pensaacute-las e reconstruiacute-las eacute um

habitus que as profissionais que desenvolvem a Pedagogia-em-Participaccedilatildeo necessitam

de promoverrdquo (idem ibidem) Neste sentido reconhecemos que o educador desempenha

um papel crucial no desenrolar das diversas interaccedilotildees e no que tem a ver com as

interaccedilotildees educadoracrianccedila da instituiccedilatildeo estas satildeo em nosso parecer bastante

positivas As OCEPE (MEDEB 1997) alertam que ldquoa relaccedilatildeo individualizada que o

educador estabelece com cada crianccedila eacute facilitadora da sua inserccedilatildeo no grupo e das

relaccedilotildees com as ouras crianccedilasrdquo (p 35)

Achamos importante lembrar que ldquoa crianccedila aprende interagindo O adulto

aprende a ajudar a crianccedila a desenvolver a interacccedilatildeo A crianccedila eacute activa o adulto

tambeacutemrdquo (Oliveira-Formosinho 1996 p 55) Quando as crianccedilas e os educadores

desenvolvem algo em conjunto se o educador consegue envolver a crianccedila de tal forma

que esta se concentre totalmente no que estatildeo a desenvolver esta envolvecircncia faz com

que tanto a crianccedila como o adulto estejam ativos facilitaraacute a interaccedilatildeo entre ambos

tanto de um como do outro Eacute com a interaccedilatildeo que a crianccedila aprende vaacuterios fatores que

a ajudaratildeo no seu desenvolvimento e eacute tambeacutem com a interaccedilatildeo que o adulto tem a

oportunidade de auxiliar o desenvolvimento da crianccedila Neste sentido Hohmann e

Weikart (2011) defendem que ldquoa partilha do controlo num clima de apoio apela agrave

reciprocidade ndash um dar e receber muacutetuo entre crianccedilas e adultosrdquo (p 77)

No que diz respeito agraves interaccedilotildees crianccedilacrianccedila na sala onde se desenrolou a

accedilatildeo educativa verificaacutemos uma vasta cumplicidade entre elas existindo a formaccedilatildeo de

15

grupos de amigos Mostraram desde cedo apelar agrave brincadeira entre elas partilhando os

objetos e tentando haver na sala um clima de interaccedilotildees positivas

No nosso caso em concreto procuraacutemos desde cedo escutar apoiar e ainda

compreender as crianccedilas desenvolvendo desse modo uma interaccedilatildeo participativa

seguindo uma praacutetica na qual as crianccedilas foram sempre reconhecidas como pessoas que

tem sentimentos Tentaacutemos como referem Hohmann e Weikart (2011) ldquocriar e manter

ambientes em que a interacccedilatildeo com as crianccedilas seja positiva e por forma que estas

possam trabalhar e brincar com pessoas e objetos libertas de medo ansiedades ou de

aborrecimentordquo (p 63)

Reconhecemos que possibilitaacutemos agraves crianccedilas diversas situaccedilotildees nas quais

pudessem entender e participar em atividades promotoras de aprendizagens e que

pudessem construir e desenvolver as suas proacuteprias competecircncias Tentaacutemos observar e

entender a crianccedila pois como referem Oliveira-Formosinho e Formosinho (2011) ldquoo

papel do professor eacute o de organizar o ambiente e observar a crianccedila para entender e lhe

responderrdquo (p 15)

A fim de apoiar e acompanhar as crianccedilas nas suas atividades procuraacutemos

atraveacutes de uma observaccedilatildeo participante conhecer os interesses e necessidades

formativas das crianccedilas no sentido de favorecer interaccedilotildees que pudessem tornar-se

facilitadoras de aprendizagem das crianccedilas Assim sendo ao longo da nossa experiecircncia

de praacutetica educativa apoiaacutemos o envolvimento do grupo nas vaacuterias atividades de modo

a favorecer a sua implicaccedilatildeo na descoberta resoluccedilatildeo de problemas e na tomada de

decisotildees

16

17

II Fundamentaccedilatildeo das opccedilotildees educativas

No presente capiacutetulo procedemos ao aprofundamento de conhecimentos que nos

ajudem a melhor fundamentar e interpretar a praacutetica educativa em contexto preacute-escolar

Neste sentido debruccedilamo-nos sobre as perspetivas atuais de aprendizagem da crianccedila

as linhas de orientaccedilatildeo curricular e os modelos pedagoacutegicos que nos podem ajudar a

desenvolver uma accedilatildeo educativa de qualidade

21 A aprendizagem como um processo ativo

O desenvolvimento da praacutetica educativa suscita-nos questionamento sobre como

encarar o processo de aprendizagem a promover com as crianccedilas no sentido de ajudaacute-

las a progredir e a beneficiar do necessaacuterio bem-estar e integraccedilatildeo social

Neste sentido importa considerar a perspetiva de Brickmann e Taylor (1996)

defendendo os autores que ldquoas experiecircncias de aprendizagem para crianccedilas devem ser

ativasrdquo (p 3) explicitando que ldquodevem tornar a crianccedila capaz de construir o seu

proacuteprio conhecimento lidando diretamente com pessoas materiais e ideiasrdquo (idem p 3-

4) Neste acircmbito torna-se importante retomar a perspetiva teoacuterica de Piaget (1976) que

reconhece e valoriza a pessoa como sujeito ativo na construccedilatildeo de conhecimento O

autor defende que se enverede por um processo de aprendizagem experiencial e alerta

para a importacircncia da crianccedila poder explorar pensar e descobrir a partir da accedilatildeo sobre

os objetos e da relaccedilatildeo com os outros Como refere Novo (2009) ldquona perspetiva do

autor a crianccedila descobre do mesmo modo o mundo das pessoas e o dos objetos reais ou

simboacutelicosrdquo (p 52) Para Piaget (in Hohmann amp Weikart 2011) ldquoo conhecimento natildeo

proveacutem nem dos objetos nem da crianccedila mas sim das interaccedilotildees entre a crianccedila e os

objetosrdquo (p 19) pressupondo assim uma accedilatildeo reciacuteproca da crianccedila sobre os objetos e

dos objetos sobre a crianccedila na construccedilatildeo do conhecimento Nesta linha de pensamento

como tambeacutem afirma o autor (1978 citado por Novo 2009) ldquoconhecer natildeo consiste em

copiar o real mas agir sobre ele e transformaacute-lordquo (p 53)

Assim como Tompkins (1996) lembra importa ter em conta que uma

aprendizagem ativa eacute muito mais do que a mera manipulaccedilatildeo de materiais pelas crianccedilas

e do que a transmissatildeo de conhecimentos pelo educador Neste sentido sublinha que

18

a maior parte dos educadores de infacircncia concordaria com a ideia de que as

crianccedilas aprendem mais quando encorajadas a explorarem a interagirem a

serem criativas a seguirem os seus proacuteprios interesses e a brincarem No

entanto muitos educadores de infacircncia bem-intencionados acabam por

conduzir actividades em oposiccedilatildeo a esta teoria (p 6)

Este eacute um aspeto que natildeo deixa de caraterizar a nossa accedilatildeo educativa daiacute a

preocupaccedilatildeo em acedermos a conhecimentos que possam ajudarmos a melhor tomar

consciecircncia do tipo de praacuteticas que desenvolvemos e das linhas em que apoiaacute-las para

que incluam perspetivas que na atualidade satildeo reconhecidas como facilitadores de uma

aprendizagem ativa das crianccedilas

Importa assim considerar que segundo Formosinho (1996) as aprendizagens

ativas satildeo ldquoaquelas em que a crianccedila atraveacutes da sua acccedilatildeo sobre os objectos e da sua

interacccedilatildeo com as pessoas as ideias e os acontecimentos chega agrave compreensatildeo do

mundordquo (p 56) Por isso uma accedilatildeo educativa que se centra em ajudar as crianccedilas a

aprender como referem Oliveira-Formosinho amp Formosinho (2011) deve dar um papel

de relevo agrave crianccedila agrave colaboraccedilatildeo entre pares e agrave colaboraccedilatildeo entre adultos e crianccedilas

ou seja ldquodesenvolve uma epistemologia de natureza construtiva interativa

colaborativardquo (p 18)

Nesta linha importa o recurso a estrateacutegias pedagoacutegicas que proporcionem a

partilha de conhecimentos a implicaccedilatildeo das crianccedilas na resoluccedilatildeo de situaccedilotildees

problemaacuteticas de modo a exploraacute-las sob diversos acircngulos recorrendo agravequilo que jaacute

conhecem e agrave sua capacidade imaginativa O educador deve entatildeo observar e escutar as

crianccedilas e valorizar a sua participaccedilatildeo na organizaccedilatildeo e desenvolvimento do processo de

aprendizagem bem como na reflexatildeo sobre o mesmo Deve dar-se atenccedilatildeo aos seus

interesses e aos valores que representam as atividades da sua iniciativa na

reorganizaccedilatildeo da compreensatildeo que faz do mundo e por conseguinte no seu

desenvolvimento Nesse processo importa considerar que

tal como os adultos as crianccedilas tem comportamentos positivos e

comportamentos negativos mas eacute importante prestar atenccedilatildeo ao que as

crianccedilas fazem bem feito incidindo nesses pontos e valorizando-os Ao

observar cuidadosamente aquilo que as crianccedilas podem fazer os adultos tecircm

oportunidade para aproveitar o desejo natural de aprender das crianccedilas

(Hohmann 1996 p 22)

Dewey (2002) lembra que as experiecircncias das crianccedilas podem tornar-se agrave

semelhanccedila das suas brincadeiras e jogos em formas ativas da accedilatildeo Para o autor de

acordo com Pinazza (2007) ldquoas situaccedilotildees educativas devem apoiar-se na atividade da

19

crianccedila ou seja deve aprender fazendordquo (p 74) Daiacute a importacircncia que deve merecer a

organizaccedilatildeo do ambiente educativo e as atividades e projetos em que se envolvem

Importa considerar tambeacutem que ldquoa liberdade de accedilatildeo natildeo se opotildee agrave intencionalidade e

ao estabelecimento de propoacutesitos educativos nem tatildeo pouco agrave formaccedilatildeo de haacutebitosrdquo (p

75) devendo ser tidas todas estas dimensotildees em consideraccedilatildeo

Vygostky de acordo com Pinazza (2007) defende a relaccedilatildeo entre processo

educativo e as experiecircncias pessoais das crianccedilas No entanto eacute de considerar que nem

todas as experiecircncias satildeo igualmente educativas O valor de uma experiecircncia baseia-se

no princiacutepio da continuidade experiencial e o da interaccedilatildeo (idem) Importa ter em conta

que a continuidade pressupotildee alargar as experiecircncias e que a interaccedilatildeo se configura no

ambiente educativo que se cria

Nesse processo eacute de ter em conta a importacircncia a atribuir natildeo apenas aos

conhecimentos e competecircncias da crianccedila mas tambeacutem agrave forma como se estabelecem as

interaccedilotildees e agrave complexidade que as atividades apresentam Neste acircmbito importa

considerar que como defende Vygostky (1996 citado por Novo 2009) ldquoque com o

auxiacutelio de outra pessoa toda a crianccedila consegue concretizar mais do que faria sozinhardquo

(p 58) podendo entender-se este aspeto muito mais indicativo do desenvolvimento da

crianccedila Ideia que reforccedila a importacircncia da observaccedilatildeo e apoio que o adulto deve

promover para acompanhar e promover o processo da aprendizagem da crianccedila

22 Modelos Curriculares

Associado a uma perspetiva de aprendizagem ativa encontram-se alguns

modelos curriculares que tecircm vindo a ser apontados em vaacuterios trabalhos como

facilitadores de praacuteticas educativas preacute-escolares de qualidade tal como o modelo

HighScope (Hohmann amp Weikart 2011) o modelo do Movimento da Escola Moderna

(Niza 2007) e o modelo de Reggio Emilia (Eduards Gandini amp Forman 1999)

Reconhecendo que os princiacutepios em que cada um desses modelos se apoiam

podem ajudar-nos a melhor entender as linhas que caraterizam a nossa accedilatildeo importa

efetuar uma breve abordagem aos mesmos

O modelo curricular HighScope valoriza a aprendizagem pela acccedilatildeo o que

pressupotildee que as crianccedilas possam ldquoviver experiecircncias directas e imediatas e retirar delas

significado atraveacutes da reflexatildeordquo (Hohmann amp Weikart 2011 p 5) no sentido de

construiacuterem conhecimentos que as ajudem a dar sentido ao mundo As crianccedilas devem

20

dispor da possibilidade de explorar os objetos colocar sobre os acontecimentos e acerca

do que lhes desperta curiosidade

No que diz respeito agrave organizaccedilatildeo do espaccedilo e materiais de trabalho as salas

seguem uma organizaccedilatildeo construtivista que aponta para a organizaccedilatildeo de aacutereas

diferenciadas que permitam a realizaccedilatildeo de diferentes aprendizagens A organizaccedilatildeo da

sala por aacutereas e com os respetivos materiais faz com que as crianccedilas adquiram

independecircncia autonomia e responsabilidade em relaccedilatildeo ao seu modo de utilizaccedilatildeo

transmitindo mensagens impliacutecitas agraves crianccedilas Como referem Hohmann e Weikart

(2011)

Uma vez que o ambiente estaacute organizado de forma a que estas escolham as

suas brincadeiras os adultos ficam livres de funccedilotildees diretivas de

entretenimento ou de controlo das crianccedilas Em vez disso passam a poder

concentrar-se no apoio a dar agraves brincadeiras das crianccedilas e agrave sua capacidade de

resoluccedilatildeo de problemas (p 182)

A organizaccedilatildeo do ambiente educativo inclui quatro componentes sendo elas a

organizaccedilatildeo do espaccedilo e materiais das rotinas do grupo e das interaccedilotildees Segundo este

modelo o espaccedilo deve estar organizado por diferentes aacutereas de modo a permitir que as

crianccedilas desenvolvam diferentes aprendizagens envolvendo-se em atividades

diversificadas A organizaccedilatildeo do espaccedilo deve ser flexiacutevel deve adaptar-se agraves

necessidades e interesses das crianccedilas e do grupo pelo que deve estar organizado de

modo a conferir autonomia agraves crianccedilas Outra especificidade desta organizaccedilatildeo reside

no facto de as aacutereas estarem organizadas de forma a permitirem a livre circulaccedilatildeo das

crianccedilas entre elas de acordo com os seus interesses Por sua vez ldquoa arrumaccedilatildeo dos

materiais deve proporcionar a execuccedilatildeo do ciclo encontra-brinca-arrumardquo (Hohmann amp

Weikart 2011 p 164)

A organizaccedilatildeo de uma rotina diaacuteria oferece estabilidade agrave crianccedila no sentido de

que pode aperceber-se do que vai acontecer oferecendo-lhe ldquosentido de controlo sobre

aquilo que vai fazer em cada momento do diardquo (idem p 8) Deve permitir agraves crianccedilas

experienciarem oportunidade de se envolverem na concretizaccedilatildeo do ciclo planear-fazer-

rever (idem p 229) Este consiste em promover o seu envolvimento no planeamento

das suas atividades a experienciaccedilatildeo das mesmas e a partilha e discussatildeo acerca do que

foi realizado Para isso o educador deve adotar uma gestatildeo flexiacutevel do tempo

permitindo que a crianccedila organize os seus acontecimentos as suas propostas e as suas

interaccedilotildees tendo em conta a sequecircncia temporal Os tempos em pequeno e grande

21

grupo bem como a niacutevel individual satildeo imprescindiacuteveis pois permitem a inserccedilatildeo das

crianccedilas em diferentes tipos de atividades quer da iniciativa do adulto quer da

iniciativa da crianccedila

A rotina diaacuteria preacute-escolar eacute constante estaacutevel e previsiacutevel para que a crianccedila

compreenda a forma de utilizaccedilatildeo do tempo e assim tornar-se menos dependente do

adulto face ao tempo em que deve concretizar determinada atividade A previsatildeo dos

tempos de rotina permite a seguranccedila e independecircncia da crianccedila e a diferenciaccedilatildeo das

atividades contribui para a variedade de experiecircncias

No que concerne agraves interaccedilotildees o papel do adulto eacute criar situaccedilotildees que

proporcionem agrave crianccedila o desenvolvimento do seu pensamento favorecendo a

emergecircncia de conflitos cognitivos (idem) Importa ter em conta que o adulto ajuda a

equilibrar a liberdade que a crianccedila necessita para explorar o meio que a rodeia Por

isso natildeo deve desencorajar a crianccedila quando esta natildeo consegue concretizar e resolver os

problemas com que se defronta Deve por sua vez fazer com que ela acredite em si

mesma e se envolva na procura de recursos que podem ajudaacute-la nesse processo Assim

um dos principais objectivos do programa HighScope consiste em apoiar os

adultos de modo a que estes possam criar e manter ambientes em que a

interacccedilatildeo com as crianccedilas seja positiva e por forma que estas possam

trabalhar e brincar com pessoas e objectos libertas de medos ansiedades ou

de aborrecimento e negligecircncia (Hohmann amp Weikart 2011 p 63)

O modelo curricular Reggio Emilia como antes referimos apoia-se tambeacutem em

princiacutepios pedagoacutegicos de participaccedilatildeo ativa das crianccedilas na construccedilatildeo do seu

conhecimento Como refere Malaguzzi (1999) o principal objetivo do projeto de

Reggio Emilia consiste em construir uma escola ldquopara crianccedilas pequenas como um

organismo vivo integral como um local de vidas e relacionamentos compartilhados

entre muitos adultos e muitas crianccedilasrdquo Para aleacutem deste objetivo a abordagem Reggio

Emilia estimula o desenvolvimento intelectual das crianccedilas partindo da representaccedilatildeo

simboacutelica

Como refere Edwards (2008) no que diz respeito ao papel do educador este eacute

natildeo apenas de ouvinte e observador mas tambeacutem deve ser proporcionador de

oportunidades e experiecircncias Os objetivos centralizam-se em criar oportunidades de

aprendizagem e desenvolvimento do pensamento das crianccedilas sendo por isso

importante escutaacute-las O papel do educador ldquocentraliza-se na provocaccedilatildeo de

oportunidades de descobertas atraveacutes de uma espeacutecie de facilitaccedilatildeo alerta e inspirada e

22

de estimulaccedilatildeo do diaacutelogo de accedilatildeo conjunta e da co-construccedilatildeo do conhecimento pela

crianccedilardquo(idem p 161)

As crianccedilas percebem quando os adultos valorizam os seus trabalhos e as suas

ideias uma vez que lhes comunicam essa valorizaccedilatildeo indiretamente atraveacutes de accedilotildees e

estrateacutegias Como exemplo destas accedilotildees o educador expotildee trabalhos das crianccedilas na

escola e partilha com toda a comunidade educativa a informaccedilatildeo que as crianccedilas

produzem

Os pais participam ativamente na vida escolar dos seus filhos uma vez que

colaboram com o educador e datildeo continuidade ao que as crianccedilas aprendem quer na

escola quer em casa Ou seja existe interajuda entre escolafamiacutelia na organizaccedilatildeo e

concretizaccedilatildeo da accedilatildeo educativa Por exemplo na realizaccedilatildeo de um projeto os

educadores comunicam aos pais o tema do projeto

encorajando-os a envolverem-se com as atividades de seus filhos atraveacutes da

busca dos materiais necessaacuterios do trabalho com os professores no

ambiente fiacutesico da oferta de livros suplementares e assim por diante Dessa

forma os pais satildeo levados a revisar a imagem que tecircm de seus filhos e a

compreender a infacircncia de um modo mais rico e complexordquo (Edwards 2008

p 163)

Segundo Lino (2007) o modo como o espaccedilo eacute organizado ldquoreflete as ideias

valores atitudes e patrimoacutenio cultural de todos os que nele trabalhamrdquo (p 107) Isto

porque atraveacutes da comunicaccedilatildeo cooperaccedilatildeo partilha de atividades e ideias a crianccedila

constroacutei o seu conhecimento do mundo (idem) Sendo assim o espaccedilo nas escolas de

Reggio Emilia eacute planeado ao pormenor pela comunidade educativa Relativamente ao

espaccedilo exterior este eacute organizado de forma a possibilitar uma continuidade das

atividades realizadas no interior

A gestatildeo da rotina praticada em Reggio dispotildee de uma organizaccedilatildeo do tempo

que proporciona agraves crianccedilas oportunidades de estabelecer diferentes tipos de interaccedilatildeo

Assim como sublinha Lino (2007) ldquoelas podem escolher trabalhar sozinhas em

pequeno grupo em grande grupo com os adultos ou sem elesrdquo (p 109)

O modelo curricular do Movimento da Escola Moderna (MEM) como refere

Niza (2007) ldquoassenta num Projecto Democraacutetico de autoformaccedilatildeo cooperada de

docentes que transfere por analogia essa estrutura de procedimento para um modelo

de cooperaccedilatildeo educativa nas escolasrdquo (p 125) Tendo em conta a escola como local de

23

iniciaccedilatildeo agrave vida democraacutetica este modelo propotildee diversos princiacutepios fundamentais para

a estruturaccedilatildeo da accedilatildeo educativa Referindo Niza (idem)

- Os meios pedagoacutegicos veiculam em si os fins democraacuteticos da educaccedilatildeo

pelo que a escolha dos materiais os processos usados e as formas de

organizaccedilatildeo das atividades devem respeitar as regras democraticamente

decididas pelos educadoresprofessores e crianccedilas

- A actividade escolar enquanto contrato social e educativo deve concretizar-

se atraveacutes da negociaccedilatildeo entre educadoresprofessores e crianccedilas entre si

- A praacutetica democraacutetica da organizaccedilatildeo partilhada por todos decide-se em

conselho de cooperaccedilatildeo

- Os processos de trabalho escolar reproduzem os processos sociais autecircnticos

aproximando deste modo a escola agrave vida social

- A informaccedilatildeo de projectos estudos e outras realizaccedilotildees das crianccedilas eacute

partilhada atraveacutes de circuitos de produccedilatildeo distribuiccedilatildeo e divulgaccedilatildeo como

paineacuteis conferecircncias jornal escolar e outros tipos de apresentaccedilotildees

- As praacuteticas escolares conferem sentido social agraves aprendizagens das crianccedilas

atraveacutes da partilha dos saberes com os seus pares e pela intervenccedilatildeo na

comunidade envolvente ou com a comunidade mais distante atraveacutes da troca

de correspondecircncia entre outros meios

- Os alunos interpelam o meio social e trazem para a escola pessoas da

comunidade como recurso e fonte de conhecimento e culturardquo (pp 127-130)

O Movimento Escola Moderna salienta alguns instrumentos de organizaccedilatildeo da

vida em grupo que se tornam indispensaacuteveis na participaccedilatildeo conjunta do educador e da

crianccedila como o plano de atividades a lista semanal de projetos o quadro semanal de

distribuiccedilatildeo de tarefas o mapa de presenccedilas diaacuterio e o diaacuterio de grupo

Este tipo de organizaccedilatildeo ajuda as crianccedilas a situarem-se no espaccedilo e no tempo

Desta forma eacute necessaacuterio a sala estar organizada por aacutereas de atividades que estaratildeo

dispostas agrave volta da mesma no centro da sala deve estar situada uma aacuterea de trabalho

coletivo Estas aacutereas devem ser originais para que possam ser o mais possiacutevel parecidas

com a realidade que os envolve Como afirma Niza (2007) ldquo o ambiente geral da sala

deve resultar agradaacutevel e altamente estimulante utilizando as paredes como expositores

permanentes das produccedilotildees das crianccedilas onde rotativamente se revecircem nas suas obras

de desenho pintura tapeccedilaria ou textordquo (p 133)

24

A gestatildeo do tempo eacute segundo Niza (2007) ldquoconstituiacuteda por duas etapas de

configuraccedilatildeo distinta

a etapa da manhatilde centra-se fundamentalmente no trabalho ou na actividade

eleita pelas crianccedilas e por elas sustentada desconcentradamente pelas aacutereas

de actividade Com o apoio discreto e itinerante do educador A etapa da

tarde reveste a forma de sessotildees plenaacuterias de informaccedilatildeo e de actividade

cultural dinamizadas por convidados pelos alunos ou pelos educadores

(p135)

O MEM tem uma forma muito proacutepria de promover o relacionamento das

crianccedilas entre si e das mesmas com os adultos Esta interaccedilatildeo eacute fomentada por

fundamentos da pedagogia da cooperaccedilatildeo Assim as crianccedilas devem no jardim-de-

infacircncia experimentar praacuteticas e atitudes que lhes permitiratildeo aprender valores e atraveacutes

das suas vivecircncias aprofundar o desenvolvimento da sua cidadania

Como afirma Niza (2007) os educadores assumem-se neste modelo como

promotores da organizaccedilatildeo participada dinamizadores da cooperaccedilatildeo

animadores ciacutevicos e morais do treino democraacutetico auditores activos para

promoverem a livre expressatildeo e a atitude criacutetica Mantecircm e estimulam a

autonomizaccedilatildeo e responsabilizaccedilatildeo de cada educando no grupo de educaccedilatildeo

cooperada (p139)

De acordo com este modelo eacute necessaacuterio dar continuidade agraves experiecircncias

educativas promovendo a curiosidade a iniciativa e a descoberta das crianccedilas e criar

condiccedilotildees para que tomem a iniciativa e se sintam valorizadas

Em suma os modelos referidos possibilitam um conjunto de orientaccedilotildees que se

tornam fundamentais para nos ajudar a organizar uma intervenccedilatildeo pedagoacutegica que

favoreccedila o desenvolvimento de crianccedilas no quadro de conquista de uma progressiva

autonomia

23 Linhas de orientaccedilotildees curricular da educaccedilatildeo preacute-escolar

Para a organizaccedilatildeo da accedilatildeo educativa importa ter em consideraccedilatildeo o estabelecido

nas Orientaccedilotildees Curriculares3 definidas para a educaccedilatildeo preacute-escolar

As OCEPE acentuam que sejam promovidos saberescompetecircncias que

favoreccedilam a progressatildeo das crianccedilas ao niacutevel da sua Formaccedilatildeo Pessoal e Social

Expressatildeo e Comunicaccedilatildeo (domiacutenio da linguagem oral e abordagem agrave escrita domiacutenio

das expressotildees incluindo a motora dramaacutetica musical e plaacutestica e o domiacutenio da

matemaacutetica) e Conhecimento do Mundo no sentido de ajudaacute-las a tornarem-se capazes

3 OCEPE-MEDEB 1997 Despacho 522097 de 4 de agosto Metas de aprendizagem (ME 2010)

25

de uma plena inserccedilatildeo na sociedade como cidadatildeos autoacutenomos livres e solidaacuterios

(MEDEB 1997) As Metas de Aprendizagem para a Educaccedilatildeo Preacute-Escolar (ME 2010)

explicitam os conteuacutedos incluiacutedos nas aacutereas e domiacutenios de conteuacutedo definidas nas

OCEPE indicando o que as crianccedilas devem ter aprendido no final da etapa educativa

preacute-escolar

Entendemos dever ser dada importacircncia aos contributos destes diferentes

documentos para organizaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo das experiecircncias de aprendizagem no quadro

de construccedilatildeo de respostas educativas preacute-escolares de qualidade

Assim e no sentido de melhor compreender a natureza das aprendizagens que

devem nortear a accedilatildeo educativa preacute-escolar importa efetuarmos ainda que de forma

resumida uma abordagem das aacutereas e domiacutenios de conteuacutedo

A aacuterea de Formaccedilatildeo Pessoal e Social eacute considerada uma aacuterea transversal

considerando que todas as componentes curriculares deveratildeo contribuir para promover

nas crianccedilas atitudes e valores que lhes permitam tornarem-se cidadatildeos conscientes e

solidaacuterios capacitando-os para a resoluccedilatildeo dos problemas da vida Tambeacutem a educaccedilatildeo

preacute-escolar deve favorecer a formaccedilatildeo da crianccedila tendo em vista a sua plena inserccedilatildeo

na sociedade como ser autoacutenomo livre e solidaacuterio

Importa referir que entre as aprendizagens a promover estas se situam num

processo em construccedilatildeo do ser humano ldquosendo influenciado e influenciando o meio que

o rodeiardquo (MEDEB 1997 p51) eacute de salientar tambeacutem que ldquoeacute na famiacutelia e no meio

soacutecio-cultural em que vive os primeiros anos de vida que a crianccedila inicia o seu

desenvolvimento pessoal e socialrdquo (idem p52) Eacute acentuado um papel essencial na

educaccedilatildeo para os valores sendo ldquoque natildeo se ldquoensinamrdquo mas que se vivem na acccedilatildeo

conjunta e nas relaccedilotildees com os outrosrdquo (idem ibidem) As relaccedilotildees e interaccedilotildees

estabelecidas pelo adulto com as crianccedilas e o grupo o modo como as apoia satildeo

caracterizados como um suporte da educaccedilatildeo Importa ter em conta que a relaccedilatildeo

estabelecida pelo educador com as crianccedilas o modo como as valoriza e respeita

estimula e encoraja os seus processos facilita a auto-estima da crianccedila e as relaccedilotildees que

as crianccedilas estabeleceratildeo entre si Eacute ainda de considerar que ldquofavorecer a autonomia da

crianccedila e do grupo assenta na aquisiccedilatildeo do saber-fazer indispensaacutevel agrave sua

independecircncia e necessaacuterio a uma maior autonomia enquanto oportunidade de escolha e

responsabilizaccedilatildeordquo (idem p 53)

Obter maior independecircncia representa na educaccedilatildeo preacute-escolar dominar certos

saberes tais como vestir-se despir-se lavar-se comer utilizando adequadamente os

26

talheres etc mas tambeacutem serem capazes de utilizar de forma correta materiais e

instrumentos agrave sua disposiccedilatildeo tais como jogos tintas pinceis laacutepishellip (idem ibidem)

Como se afirma nas OCEPE (MEDEB 1997) reconhecer laccedilos de pertenccedila

social e cultural respeitando outras culturas eacute um aspeto que deve ser tambeacutem

valorizado na educaccedilatildeo preacute-escolar fazendo parte do desenvolvimento da identidade Eacute

de considerar que a igualdade de oportunidades entre os diferentes sexos indiviacuteduos de

diferentes classes sociais e diferentes etnias se constroacutei numa perspetiva de educaccedilatildeo

multicultural devendo esta natildeo ser apenas criada pela participaccedilatildeo na organizaccedilatildeo do

ambiente educativo mas tambeacutem pela participaccedilatildeo na aprendizagem em grupo Eacute

preciso ter em conta que a participaccedilatildeo na discussatildeo e na tomada de posiccedilatildeo favorece a

consciecircncia de valores sociais culturais e eacuteticos (idem p 55)

Em suma como as proacuteprias OCEPE alertam a aacuterea da Formaccedilatildeo Pessoal e

Social entende-se como ldquoaacuterea de conteuacutedo integradora pois embora com

intencionalidade proacutepria inscreve-se em todas as outrasrdquo (idem ibidem)

A aacuterea da Expressatildeo e Comunicaccedilatildeo como eacute referido nas OCEPE (MEDEB

1997) ldquoengloba as aprendizagens relacionadas com o desenvolvimento psicomotor e

simboacutelico que determinam a compreensatildeo e o progressivo domiacutenio de diferentes formas

de linguagemrdquo (p56) Esta aacuterea eacute a uacutenica em que se diferenciaram vaacuterios domiacutenios

Releva-se que eacute importante que os adultos facultem ocasiotildees agraves crianccedilas que

distingam o real e o imaginaacuterio pois nestas idades por vezes ainda confundem Importa

proporcionar agraves crianccedilas ldquosuportes que permitam desenvolver a imaginaccedilatildeo criadora

como procura e descoberta de soluccedilotildees e exploraccedilatildeo do lsquomundorsquo rdquo OCEPE (MEDEB

1997 p 56)

Ao niacutevel do domiacutenio da linguagem oral e abordagem agrave escrita importa que as

crianccedilas se envolvam em experiecircncias que lhes permitam progredir ao niacutevel da

expressatildeo oral e que lhe facultem a possibilidade de se familiarizarem com o coacutedigo

escrito permitindo-lhes contactar com as suas diferentes funccedilotildees Sublinha-se que numa

abordagem transversal a liacutengua portuguesa deve ser trabalhada em diferentes atividades

relacionadas com diferentes domiacutenios de conteuacutedo Importa considerar que

Proporcionar no jardim-de-infacircncia ambientes linguisticamente estimulantes e

interagir verbalmente com cada crianccedila satildeo as duas vias complementares que

podem ajudar a combater as assimetrias que afectam o desenvolvimento da

linguagem nas crianccedilas (Sim-Sim Silva amp Nunes 2008 p 12)

27

A comunicaccedilatildeo criada pelo educador permite agraves crianccedilas dominar a linguagem

ampliando o seu vocabulaacuterio e formando frases mais elaboradas O dia-a-dia na

educaccedilatildeo preacute-escolar possibilitaraacute atraveacutes de interaccedilotildees de qualidadecomplexidade

com a escrita que as crianccedilas usem corretamente frases simples de diversos tipos

As crianccedilas desde cedo conseguem distinguir a escrita do desenho comeccedilam a

ldquoimitar a escrita e a reproduzir o formato do texto escritordquo (OCEPE p 69) Mesmo que

as crianccedilas natildeo consigam reproduzir corretamente a escrita os educadores devem

incentivaacute-las nas suas tentativas Como se refere nas OCEPE (idem) ldquoa atitude do

educador e o ambiente que eacute criado devem ser facilitadores de uma familiarizaccedilatildeo com

o coacutedigo escrito Neste sentido as tentativas de escrita mesmo que natildeo conseguidas

deveratildeo ser valorizadas e incentivadasrdquo (p 69)

O educador deve inclusive ler e contar histoacuterias agraves crianccedilas pois desse modo

suscitaraacute na crianccedila o desejo de aprender a ler A forma como este lecirc e faz uso de

diferentes tipos de texto para as crianccedilas seratildeo usados por estas como exemplo de como

e para que serve ler (idem p 70)

As crianccedilas que desde cedo estatildeo envolvidas na utilizaccedilatildeo da linguagem

escrita e que vecircem outros a ler e a escrever vatildeo desenvolvendo a sua

perspectiva sobre o que eacute a leitura e a escrita e simultaneamente vatildeo

desenvolvendo capacidades e vontade para participarem em acontecimentos

de leitura e escrita (Mata 2008 p 14)

O educador tem que ter em atenccedilatildeo que em algumas ocasiotildees existem

diferentes liacutenguas como aconteceu na nossa praacutetica educativa visto que algumas

crianccedilas da sala natildeo tinham como liacutengua materna o portuguecircs Procuramos valorizar

essa dimensatildeo como meio de sensibilizar o grupo para a existecircncia de outras liacutenguas

mas tambeacutem de apoiar essas crianccedilas a acederam a um progressiva fluecircncia discursiva

No que diz respeito ao domiacutenio da matemaacutetica podemos destacar que as

crianccedilas vatildeo espontaneamente construindo noccedilotildees matemaacuteticas a partir de vivecircncias do

dia-a-dia Estas noccedilotildees fundamentam-se na vivecircncia do espaccedilo e tempo tendo como

ponto de partida as atividades espontacircneas em que se envolve ou que o educador

promove O papel da matemaacutetica na estruturaccedilatildeo do pensamento as suas funccedilotildees na

vida corrente e a sua importacircncia para aprendizagens futuras determina a atenccedilatildeo que

lhe deve ser dada na educaccedilatildeo preacute-escolar (idem p 73)

Procuraacutemos promover o desenvolvimento de noccedilotildees matemaacuteticas aproveitando

variadas situaccedilotildees luacutedicas das crianccedilas e momentos da rotina diaacuteria sabendo que como

se refere nas OCEPE (MEDEB 1997) ldquocabe ao educador partir das situaccedilotildees do

28

quotidiano para apoiar o desenvolvimento do pensamento loacutegico matemaacutetico

intencionalizando momentos de consolidaccedilatildeo e sistematizaccedilatildeo de noccedilotildees matemaacuteticasrdquo

(ibidem) Neste acircmbito importa ainda ter em conta o que afirmam Castro e Rodrigues

(2008) quando defendem que

uma das funccedilotildees do Jardim-de-Infacircncia eacute criar ambientes de aprendizagem

ricos em que as crianccedilas se possam desenvolver como seres de muacuteltiplas

facetas construindo percepccedilotildees e bases onde alicerccedilar aprendizagens Estas

reflectir-se-atildeo ao longo da vida quer nas aprendizagens quer na

sociabilizaccedilatildeo e mesmo no reconhecimento de algumas regras e

procedimentos Os nuacutemeros devem portanto desempenhar um papel

desafiante e com significado sendo a crianccedila estimulada e encorajada a

compreender os aspectos numeacutericos do mundo em que vive e a discuti-los

com os outros (p 12)

No que se refere ao domiacutenio das expressotildees como se refere nas OCEPE

(MEDEB 1997) eacute importante que o educador tenha em conta as especificidades de

cada expressatildeo mas tambeacutem a sua inter-relaccedilatildeo e a sua articulaccedilatildeo (p 57)

No que concerne agrave expressatildeo motora tal como se menciona nas OCEPE

(MEDEB 1997) ldquoao entrar para o preacute-escolar a crianccedila jaacute possui algumas aquisiccedilotildees

motoras baacutesicas tais como andar transpor obstaacuteculos manipular objectos de forma

mais ou menos precisardquo (p 58) Tendo em conta todos os movimentos que a crianccedila jaacute

possui a educaccedilatildeo preacute-escolar deve originar situaccedilotildees de exerciacutecio da motricidade

global e tambeacutem da motricidade fina permitindo que todas e cada uma aprendam a

utilizar e a dominar da melhor forma o seu proacuteprio corpo (idem ibidem) Eacute importante

que as crianccedilas usufruam de oportunidades para desenvolver os diferentes segmentos do

seu corpo facilitando a interiorizaccedilatildeo do esquema corporal e tendo consciecircncia do seu

corpo em relaccedilatildeo ao exterior aprendendo as relaccedilotildees no espaccedilo

Cabe ao educador tirar partido das situaccedilotildees que ocorrem nos diferentes espaccedilos

aproveitando a sala o espaccedilo exterior locais apetrechados e materiais que

proporcionem diversas e enriquecedoras oportunidades de expressatildeo motora O

educador deve proporcionar agraves crianccedilas formas de utilizar o seu corpo servindo-se de

jogos de movimento de sons de ritmos e danccedilas Como se afirma nas OCEPE

(MEDEB 1997) ldquotodas estas situaccedilotildees permitem que a crianccedila aprenda a utilizar

melhor o seu corpo e (hellip) que vaacute tomando consciecircncia de condiccedilotildees essenciais para

uma vida saudaacutevelrdquo (p 59)

29

A expressatildeo dramaacutetica eacute um meio de descoberta de si e do outro atraveacutes da qual

a crianccedila se afirma a si proacuteprio na relaccedilatildeo com os outros apropriando-se de situaccedilotildees

socias

Eacute frequente na idade de preacute-escolar depararmo-nos com crianccedilas movimentando-

se e colocando-se em diversas posiccedilotildees fiacutesicas muitas vezes imitando certas pessoas ou

ateacute mesmo animais E como nos referem Hohmann e Weikart (2011) ldquoexperimentar

movimentos que impliquem o corpo todo ajuda as crianccedilas a desenvolver o auto-

controlo e a consciecircncia do seu posicionamento fiacutesicordquo (p 629)

A expressatildeo musical permite a exploraccedilatildeo de sons e ritmos que as crianccedilas

produzem e exploram espontaneamente e que vatildeo aprendendo a identificar e a

reproduzir elas mesmas com os diversos aspetos que caracterizam os sons Como

afirmam Hohmann e Weikart (2011) ldquoouvir muacutesica mover-se ao seu som e fazer

muacutesica satildeo experiecircncias vitais que permitem agrave crianccedila expressar-serdquo (p 656) Os

mesmos autores acrescentam que ldquoa muacutesica acompanha-nos ao longo de toda a nossa

vida marcando acontecimentos desde do nascimento agrave morterdquo (p 657)

Baseando-se no pensamento de Carlton (1994) Hohmann e Weikart (2011)

apresentam seis aspetos que importa explorar no acircmbito de expressatildeo musical como

mover-se ao som da muacutesica explorar e identificar sons explorar a voz a cantar

desenvolver melodias cantar canccedilotildees e tocar instrumentos musicais simples

Na nossa praacutetica a muacutesica estava presente diariamente na sala pois logo pela

manhatilde as crianccedilas cantavam canccedilotildees relacionadas com os bons dias e por vezes outras

por elas sugeridas A abordagem de canccedilotildees com entusiasmo e entendendo que eacute uma

parte integrante de cultura musical da crianccedila eacute outra dimensatildeo considerada

A expressatildeo plaacutestica permite agraves crianccedilas explorarem diversos materiais e

instrumentos sendo as atividades motoras iniciadas pelas crianccedilas Como se afirma nas

OCEPE (MEDEB 1997) a crianccedila ldquoexterioriza espontaneamente imagens que

interiormente construiurdquo (p 61) Godinho e Brito (2010) defendem que ldquoeacute (hellip)

importante que as crianccedilas em ambiente de jardim-de-infacircncia possam experimentar

distintos papeacuteis de executante criador e apreciadorrdquo (p 11) e ter em conta que os

trabalhos das crianccedilas tecircm ldquosignificados concretos e partilhaacuteveis com os outrosrdquo (idem

p 65)

O desenho a pintura a digitinta a modelagem o recorte e a colagem satildeo

teacutecnicas de expressatildeo plaacutestica que devem ser explorados na educaccedilatildeo preacute-escolar

OCEPE (MEDEB 1997) Importa ainda atender agrave diversidade e quantidade de

30

materiais de modo a favorecer a expressatildeo criativa das crianccedilas Eacute importante que as

crianccedilas tenham agrave sua disposiccedilatildeo materiais que lhes possibilitem escolher e promover

diferentes formas de combinaccedilatildeo A identificaccedilatildeo e nomeaccedilatildeo de cores bem como a

mistura de cores baacutesica para formar outras (secundaacuterias) satildeo aspetos da expressatildeo

plaacutestica que tambeacutem importa explorar

No que diz respeito agrave aacuterea do Conhecimento do Mundo esta ldquoenraiacuteza-se na

curiosidade natural da crianccedila e no seu desejo de saber e compreender porquecircrdquo (idem p

79) A crianccedila antes de iniciar a educaccedilatildeo preacute-escolar sabe jaacute bastantes coisas sobre o

mundo que a rodeia A curiosidade e o desejo de descobrir e aprender das crianccedilas

manifestam-se na procura de compreensatildeo do mundo e de lhe atribuir sentido Tal

procura leva-as a formas progressivamente mais elaboradas do pensamento

A exploraccedilatildeo de conteuacutedos relacionados com esta aacuterea poderatildeo estar ldquomais ou

menos relacionada com o meio proacuteximo mas que aponta para a introduccedilatildeo a aspectos

relativos a diferentes domiacutenios do conhecimento humano (hellip) que mesmo elementares

e adequados a crianccedilas destas idades deveratildeo corresponder sempre a um grande rigor

cientiacuteficordquo (idem p 80) As OCEPE apontam ainda para que as crianccedilas possam

entender certos fenoacutemenos e acontecimentos que experienciam no seu dia-a-dia A

sensibilizaccedilatildeo agraves ciecircncias pode assim entender-se como partindo dos interesses das

crianccedilas que o educador alarga e contextualiza procurando fomentar a curiosidade e o

desejo de aprender O educador tem um papel fundamental na escolha dos conteuacutedos a

desenvolver poreacutem deve ter a preocupaccedilatildeo de acordar e negociar as suas propostas com

o grupo de modo a promover aprendizagens com significado para as crianccedilas Entre o

que se apresenta como fundamental desenvolver neste domiacutenio ldquosatildeo aspectos que se

relacionam com os processos de aprender a capacidade de observar o desejo de

experimentar a curiosidade de saber a atitude criacuteticardquo (idem p 85)

Foi com base em todas as aacutereas de conteuacutedo e domiacutenios que procuraacutemos

promover experiecircncias de aprendizagem diversas sendo que algumas dessas seratildeo

descritas e analisadas na terceira parte deste relatoacuterio

31

III Descriccedilatildeo e anaacutelise das experiecircncias de aprendizagem

O presente capiacutetulo incide sobre o processo de ensino e aprendizagem que

desenvolvemos com as crianccedilas ao longo do ano letivo de 2012-2013 apresentando um

conjunto de experiecircncias de aprendizagem atraveacutes das quais pretendemos aprofundar a

reflexatildeo sobre a accedilatildeo educativa promovida

Neste sentido procuraacutemos explicitar as intencionalidades que as orientam os

processos de desenvolvimento recursos utilizados e informaccedilatildeo tomada em

consideraccedilatildeo para a compreensatildeo do desenvolvimento desse processo e a progressatildeo

das crianccedilas

As experiecircncias de aprendizagem que aqui apresentamos incidem

particularmente sobre o segundo semestre do ano letivo referido porque foi nesse

periacuteodo que nos foi possiacutevel promover uma maior continuidade ao trabalho

desenvolvido o que permitiraacute uma melhor compreensatildeo das linhas de accedilatildeo e das formas

de intervenccedilatildeo pedagoacutegica em que nos situamos

No que se refere agrave planificaccedilatildeo da accedilatildeo educativa procuraacutemos articular num

todo coerente a nossa intervenccedilatildeo no sentido de proporcionar agraves crianccedilas a vivecircncia de

um projeto formativo integrado e em continuidade as reflexotildees preacute e poacutes-accedilatildeo com a

educadora de infacircncia cooperante foram importantes Como elementos de apoio ao

desenvolvimento desse processo relevamos as Orientaccedilotildees Curriculares para a

Educaccedilatildeo preacute-escolar o projeto curricular do grupo e os interesses e necessidades

formativas que no decurso da accedilatildeo educativa iacuteamos identificando Os planos de

intervenccedilatildeo pedagoacutegica assumiram um caraacuteter flexiacutevel de modo a podermos integrar as

contribuiccedilotildees do grupo de crianccedilas nesse processo e adequar as estrateacutegias quando

necessaacuterio de modo a garantir melhores oportunidades de aprendizagem e

desenvolvimento das crianccedilas

Ao niacutevel da recolha da informaccedilatildeo para ajudar a melhor poder compreender-se o

modo como se desenvolveu o processo de aprendizagem recorremos sobretudo a notas

de campo e registos fotograacuteficos Natildeo podemos deixar de relevar a importacircncia que

tambeacutem assumiram as produccedilotildees das crianccedilas incluiacutedas nos seus portefoacutelios pois

ajudaram-nos a melhor compreender como cada uma se apropriou e retratou as

experiecircncias promovidas

32

31 Experiecircncia de aprendizagem Respeitar as diferenccedilas um

desafio para todos

Um dos principais objetivos desta experiecircncia de aprendizagem centrou-se em

alertar as crianccedilas para a importacircncia de favorecer a integraccedilatildeo e bem-estar de todos

independentemente das diferenccedilas fiacutesicas e culturais entre outras que pudessem

possuir

Partimos da histoacuteria Elmer de David Mckee (2007) e comeccedilaacutemos por apresentar

o livro agraves crianccedilas lendo o tiacutetulo e perguntar-lhes se conheciam a histoacuteria ao que nos

responderam que natildeo Com este questionamento pretendiacuteamos saber se as crianccedilas jaacute

conheciam o conteuacutedo da histoacuteria Decidimos entatildeo solicitar agraves crianccedilas a observaccedilatildeo

da capa do livro de modo a explorar os elementos paratextuais em grande grupo

Vaacuterias crianccedilas identificaram e indicaram de imediato a personagem nela retratada

como sendo um elefante Mas duas delas manifestaram natildeo ter a certeza considerando a

aparecircncia do mesmo como as suas afirmaccedilotildees permitem perceber parece um elefante

mas parece um elefante colorido (Tiago)4 parece um elefante arco-iacuteris (Joana)

No sentido de melhor se compreenderem estes comentaacuterios importa mencionar

que o referido elefante era representado no livro atraveacutes de um desenho-ilustraccedilatildeo

desafiando agrave imaginaccedilatildeo e procurando ilustrar a mensagem pretendida de alerta para as

diferenccedilas mas afastando-se da figura ldquorealrdquo que por exemplo uma imagem

fotograacutefica permite retratar

Propusemos entatildeo agraves crianccedilas escutar com atenccedilatildeo a histoacuteria no sentido de

percebermos do que abordava Lemos a histoacuteria mostrando as imagens que a ilustravam

e no final refletimos sobre o conteuacutedo da mesma partindo da questatildeo

- Entatildeo do que nos fala a histoacuteria (Ed Estagiaacuteria)

- Eacute do Elmer Ele natildeo gostava da cor que tinha (Manuel)

- Pois ele natildeo gostava da cor que tinha e porque seria (Ed Est)

Surgiram vaacuterias respostas De entre elas destacamos as seguintes afirmaccedilotildees

- Porque ele eacute agraves cores (Gonccedilalo)

- E natildeo gostava de ser assim (Diogo)

- E depois com as tintas ficou de outra cor (Manuel)

- Pois foi Mas os outros riram-se (Margarida)

- Com a chuva voltou a ficar igual (Laura)

- E o que acharam dos elefantes se rirem dele acham que isso eacute bom (Ed Est)

- Natildeo (Vaacuterios)

- Porquecirc (Ed Est)

4 Os nomes das crianccedilas apresentadas satildeo fictiacutecios de modo a assegurar o anonimato da sua identidade

33

- Porque mesmo diferentes temos que ser amigos (Pedro)

- Porque somos todos diferentes (Inecircs)

Nota de campo 25 de fevereiro 2013

O excerto permite perceber que o conteuacutedo da histoacuteria tinha sido compreendido

referindo as crianccedilas que eram abordadas as diferenccedilas fiacutesicas que apresentava o animal

as dificuldades em aceitar a diversidade ou a diferenccedila de cor ou raccedila como as

seguintes afirmaccedilotildees permitem perceber Porque ele eacute agraves cores (Gonccedilalo) e natildeo gostava

de ser assim (Diogo) Tambeacutem a importacircncia de respeitar e aceitar as diferenccedilas foram

identificadas como conteuacutedo da histoacuteria ao reconhecerem e indicarem que natildeo foi bom

os elefantes rirem do modo como o Elmer tentou superar os constrangimentos sentidos

tentando mudar de cor justificando o Pedro porque mesmo diferentes temos que ser

amigos e acrescentando a Inecircs porque somos todos diferentes

Na sequecircncia da histoacuteria dialogaacutemos sobre possiacuteveis diferenccedilas fiacutesicas que

pudemos encontrar entre as pessoas e a importacircncia de aceitaacute-las mas tambeacutem de

respeitar e aceitar se elas quiserem fazer algumas mudanccedilas para se sentirem mais

bonitas ou felizes No sentido de uma melhor compreensatildeo desse valor alertaacutemos para

que cada um de noacutes por vezes tambeacutem mudar alguma coisa porque gosta como pintar

as unhas os laacutebios e o cabelo e noacutes gostamos e somos amigas delas quer estejam ou

natildeo pintadas Partindo desta ideia as crianccedilas falaram das suas experiecircncias e das dos

seus familiares Lembraacutemos ainda que tambeacutem noacutes natildeo somos todos iguais temos

diferenccedilas

Nesta linha de pensamento propusemos agraves crianccedilas observar diferenccedilas e

semelhanccedilas que existiam entre os elementos do grupo Vimos que uns tinham os

cabelos loiros outros castanhos e outros pretos Tambeacutem nos olhos podiacuteamos ser

diferentes e mesmo ao niacutevel da pele observando que embora fossemos todos de pele

branca uns tinham uma cor mais clara outros uma cor mais escura Sem que o

solicitaacutessemos algumas crianccedilas puxaram as mangas da camisola e colocaram o braccedilo

junto do de outras para verificarem melhor as diferenccedilas fazendo comentaacuterios sobre o

que observavam

Num outro momento mostraacutemos agraves crianccedilas duas imagens de elefantes uma

colorida como a do Elmer a personagem da histoacuteria e outra em cor cinzenta

Propusemos agraves crianccedilas que descobrissem as semelhanccedilas entre os dois elefantes

34

Observaacutemos diferentes reaccedilotildees Enquanto algumas crianccedilas manifestaram natildeo

perceber bem o pretendido outras manifestaram que isso tinha acontecido fazendo

afirmaccedilotildees como as que a seguir apresentamos e permitiram que as outras

compreendessem o que lhe tiacutenhamos solicitado fazerem

-Tecircm os dois uma tromba (Vaacuterios)

-Tecircm tambeacutem rabo para baixo as duas (Manuel)

-Tecircm dois olhos (Gabriel)

- Muito bem e haveraacute diferenccedilas entre os dois elefantes (Ed Est)

-A cor dos elefantes (vaacuterios)

-Um eacute cinzento como todos os elefantes e outro eacute agraves cores (Manuel)

Nota de campo 25 de fevereiro 2013

Como o excerto deixa perceber o diaacutelogo estabelecido possibilitou observar que

a diferenccedila que caraterizava os animais representados era a cor mas que se tratava do

mesmo tipo de ser e por isso apresentavam muitas outras carateriacutesticas comuns

Entendemos que este tipo de abordagem pode ajudar a que melhor possamos

entender aceitar e respeitar as pessoas pelos seres humanos que satildeo e ultrapassar

barreiras discriminatoacuterias que infelizmente ainda se fazem sentir Neste sentido

importa considerar que como se refere nas OCEPE (MEDEB 1997) eacute na aceitaccedilatildeo da

diferenccedila e ldquonuma perspetiva multicultural que se constroacutei uma maior igualdade de

oportunidadesrdquo (p 54)

Relevamos que esta atividade permitiu agraves crianccedilas natildeo soacute obterem e discutirem

valores que nos levem a enveredar por perspetivas e praacuteticas facilitadoras das

multiculturas e de igualdade de oportunidades como suscitar a pesquisa sobre o animal

que entrou na histoacuteria e espaccedilos em que vivia Assim levaacutemos e colocaacutemos na aacuterea da

biblioteca alguns livros sobre animais onde se incluiacuteam os elefantes o que suscitou a

continuidade da atividade Algumas crianccedilas quiseram descobrir como eram os

elefantes e se seriam todos parecidos ou natildeo Apoiaacutemo-las nesse processo ajudando-as

a descobrir mais pormenores que poderiam apontar para as diferenccedilas ou semelhanccedilas

mas relevando a importacircncia de cada um

No que se refere ao tempo de trabalho nas aacutereas importa evidenciar que algumas

crianccedilas quiseram representar ao niacutevel da expressatildeo plaacutestica figuras de elefantes

optando sobretudo por materiais tridimensionais como a plasticina como as imagens da

figura 10 permitem perceber No final sugerimos a contagem das representaccedilotildees dos

elefantes

35

As figuras apresentadas permitem observar diferentes produccedilotildees no que se

refere agrave reproduccedilatildeo de algumas partes do corpo quer agrave cor escolhida para elaborar o

trabalho As vaacuterias formas de representaccedilatildeo tambeacutem nos permitem perceber diferentes

niacuteveis de representaccedilatildeo simboacutelica incluindo e diferenciando vaacuterias partes do corpo do

animal algumas ainda o seu modo de locomoccedilatildeo enquanto outras representam apenas

para aleacutem do corpo no seu todo a parte que mais o diferencia dos outros animais a

tromba Como refere Gonccedilalves (1991) ldquoa expressatildeo eacute motivada pelo que mais a

impressionardquo (p 13)

No que se refere agrave escolha da plasticina para fazer as figuras do elefante importa

considerar que como referem Hohmann e Weikart (2011) este eacute um material a partir do

qual as crianccedilas gostam de fazer as suas reproduccedilotildees para o que em nosso entender

contribui o facto de poderem realizar produccedilotildees tridimensionais e as possibilidades de

modelagem que este material oferece

Na discussatildeo sobre os animais surgiu a questatildeo de como se designa um conjunto

de elefantes (nomes coletivos) ao que uma das crianccedilas respondeu prontamente eacute uma

manada (Carlos) No sentido de partilha de saberes possuiacutedos por cada um em relaccedilatildeo

ao toacutepico sobre o qual viacutenhamos a interrogar as crianccedilas solicitaacutemos-lhes que dissessem

o que sabiam sobre os elefantes Surgiram vaacuterias respostas entre as quais sublinhamos

- Tem uma tromba (Laura)

- Tem orelhas grandes (Pedro)

- Tem quatro patas (Tiago)

- Eles podem beber com a tromba (Rafael)

As respostas obtidas permitem-nos perceber que as crianccedilas jaacute possuiacuteam alguns

conhecimentos acerca das caracteriacutesticas dos elefantes mas tambeacutem que ainda havia

muitas coisas que poderiacuteamos aprender sobre eles Neste sentido sugerimos-lhes

Figura 10 ndash Produccedilotildees das crianccedilas em plasticina na sequecircncia da exploraccedilatildeo da histoacuteria do Elmer

36

visualizar imagens em PowerPoint que ilustravam as caracteriacutesticas do elefante No

final da apresentaccedilatildeo questionaacutemo-nos sobre o observado comeccedilando por colocar-lhes

um questatildeo sobre os seus haacutebitos alimentares

- Do que seraacute que o elefante se alimenta (Ed Est)

- Comem plantas (Pedro)

- E maccedilatildes das aacutervores (Ricardo)

- Bebem a aacutegua (Gabriel)

-Comem tambeacutem bananas (Gonccedilalo) Nota de campo 25 de fevereiro 2013

Entre as vaacuterias questotildees e respostas que surgiram a discussatildeo incidiu sobre os

dentes dos elefantes e a sua funccedilatildeo o nuacutemero de patas que tinham e como eram

constituiacutedas bem como sobre qual a funccedilatildeo da tromba para aleacutem de ser para beber

Este momento de diaacutelogo em grande grupo permitiu que as crianccedilas aprendessem a

ouvir-se umas agraves outras a esperar a sua vez para falar e para colaborar na atividade

Possibilitou ainda que conhececircssemos melhor as carateriacutesticas e os interesses das

crianccedilas pelo que nos parece poder ir ao encontro da ideia de Hohmann e Weikart

(2011) quando referem que

enquanto as crianccedilas interagem com materiais pessoas ideias e

acontecimentos para construir o seu proacuteprio entendimento da realidade os

adultos observam e interagem com elas para descobrir como as crianccedilas

pensam e raciocinam Os adultos tentam reconhecer os interesses e

capacidades particulares das crianccedilas oferecer-lhes apoio e colocar-lhes

desafiosrdquo (p 27)

Na sequecircncia da observaccedilatildeo das imagens dos livros sobre os animais integrados

na biblioteca iam surgindo perguntas em torno dos mesmos e do local onde viviam Por

isso e no sentido de poder alargar essa abordagem entendemos recorrer a vaacuterias

figurasbrinquedos de animais apresentando-os numa maqueta em que se encontravam

representados diferentes tipos de habitats As crianccedilas mostraram-se bastante curiosas

em descobrir quais os animais aiacute representados e os locais em que surgiam situados No

decurso do diaacutelogo uma crianccedila questionou-nos sobre o significado da palavra habitat

Perguntaacutemos ao grupo quem sabia e queria explicar ao colega mas gerando-se um

silecircncio informaacutemos que se tratava do local no qual vivem os animais e propusemos

que observassem a maqueta e descobrissem que locais se encontravam laacute representados

Obtivemos respostas variadas como

-Ali eacute a aacutegua (Diogo)

-Eacute na terra (Laura)

-Nas montanhas (Margarida)

37

Nota de campo 25 de fevereiro 2013

Informaacutemos as crianccedilas que todas as repostas correspondiam a elementos que

faziam parte dos habitats dos animais e que estes eram de trecircs tipos o terrestre o

aquaacutetico e o aeacutereo Realizaacutemos uma breve explicaccedilatildeo agraves crianccedilas da constituiccedilatildeo dos

habitats e dos animais que os habitavam

Distribuiacutemos por cada crianccedila a figura de

um animal em formato de fantoche e

solicitaacutemos-lhes que cada uma identificasse o

animal que tinha na matildeo e qual o habitat em que

esse animal se integraria colocando-o na

maqueta como a figura 11 permite perceber

Todas as crianccedilas participaram nesta atividade A

realizaccedilatildeo da atividade em grande grupo permitiu

partilhar ideias e valorizar os saberes de todos no

sentido de um enriquecimento muacutetuo

Esta atividade tinha como objetivo principal ajudar as crianccedilas a compreender

que os animais podem viver em diferentes ambientes ecoloacutegicos Sugerimos agraves crianccedilas

que desenhassem um animal e o seu habitat

Como forma de dar continuidade agrave atividade sobre os animais sugerimos a

realizaccedilatildeo do jogo ldquoOs animais da selvardquo que consistia em retirar de entre um conjunto

de cartotildees apresentados numa caixa um cartatildeo seria lida a tarefa agrave crianccedila e esta

concretizaacute-la-ia Entre as propostas de realizaccedilatildeo apresentadas constavam por exemplo

imitar o som de um determinado animal representar o seu modo de locomoccedilatildeo e cantar

uma canccedilatildeo relacionada com os animais

No sentido de dar continuidade agrave exploraccedilatildeo da histoacuteria do Elmer solicitaacutemos as

crianccedilas num momento de trabalho em grande grupo a identificarem e nomearem as

cores primaacuterias Obtivemos respostas variadas por parte das crianccedilas algumas

respondiam corretamente ao nome das cores e outras natildeo as identificavam Decidimos

entatildeo explorar as cores primaacuterias e para que melhor pudessem observaacute-las e identificaacute-

las colocaacutemos tintas com as trecircs cores primaacuterias (azul amarelo e vermelho) em frascos

transparentes As crianccedilas puderam mexer e fazer pinceladas na folha No decurso da

atividade uma crianccedila referiu que existem tambeacutem as cores secundaacuterias (Margarida)

Figura 11 - Crianccedila colocando o animal no

habitat

38

Noutro momento e ainda no acircmbito do processo de identificaccedilatildeo das cores

propusemos agraves crianccedilas a utilizaccedilatildeo de outros recursos folhas de acetato e guaches

Sugerimos-lhes que colocassem em cada folha gotas de tinta de cores diferentes e

depois que as juntassem Ao juntarem as duas folhas de acetatos as crianccedilas reparavam

que surgiria uma nova cor Sugerimos agraves crianccedilas a realizaccedilatildeo do quadro das cores que

integraria as cores primaacuterias num primeiro momento e ao qual iriacuteamos mais tarde

acrescentar as secundaacuterias (verde laranja e roxo) Questionaacutemos as crianccedilas de modo a

identificarem e nomearem as cores e conforme iam sendo identificadas iam sendo

colocadas pelas crianccedilas no quadro

Procedemos num segundo momento agrave exploraccedilatildeo de uma cor secundaacuteria o

verde propondo agraves crianccedilas a mistura das cores amarela e azul e tentar que as crianccedilas

descobrissem que cor surgia dessa mistura Algumas crianccedilas responderam

corretamente que surgiria a cor verde As crianccedilas colocaram a cor verde em frente agrave cor

amarela e azul para que percebessem que da junccedilatildeo das duas cores iniciais resultava

essa cor

Repetimos esse mesmo processo com as cores amarelo e vermelho de cuja

junccedilatildeo surgiu o laranja e com o azul e vermelho

da qual surgiu o roxo Completaacutemos o quadro das

cores primaacuterias e secundaacuterias com as tintas que jaacute

possuiacuteamos e com as novas tintas que surgiram

na junccedilatildeo das cores primaacuterias

Expusemos o trabalho na sala permitindo

relembrar e melhor memorizar o nome das

diferentes cores (primaacuterias e secundaacuterias) como a

figura 12 permite observar

No desenvolvimento da atividade as crianccedilas mostraram-se bastante

surpreendidas com o surgir da nova cor a partir da junccedilatildeo das duas cores iniciais

expressando alegria e desejo de fazer novas experiecircncias Neste sentido importa ter em

conta que como refere Luft (2011) ldquoa cor eacute um dos principais elementos das artes

visuais (hellip) despertando sensaccedilotildees e emoccedilotildees seja na pintura na esculturardquo (p 304)

entre outras teacutecnicas de expressatildeo plaacutestica

Procurando que as crianccedilas tirassem partido das cores exploradas sugerimos agraves

crianccedilas que decorassem a imagem do elefante Elmer utilizando folhas em formato A2

A proposta inicial era de que as crianccedilas pintassem a imagem do elefante Elmer

Figura 12 - Quadro das cores primaacuterias e

secundaacuterias

39

recorrendo agrave teacutecnica de pintura sopro que consistia em colocar um pouco de tinta num

quadrado e soprar com a palhinha de forma a espalhar a cor por todo o quadrado do

papel Algumas crianccedilas manifestaram bastante dificuldade na realizaccedilatildeo do sopro e

comeccedilaram a utilizar a palhinha como forma de pincel Decidimos entatildeo sugerir a

essas crianccedilas que utilizassem pinceacuteis se assim o entendessem No final surgiu uma

figura de elefante muito colorida aos quadrados que expusemos junto agrave da entrada para

a sala no sentido de partilhar a experiecircncia com os pais

Em siacutentese no acircmbito desta experiecircncia de aprendizagem promovemos a criaccedilatildeo

de oportunidades de as crianccedilas desenvolverem saberes que se prendem particularmente

com as carateriacutesticas da vida animal e a composiccedilatildeo das cores (primaacuterias e secundaacuterias)

numa dimensatildeo articulada da aacuterea do mundo fiacutesico e social e dos domiacutenios da expressatildeo

oral dramaacutetica e plaacutestica Foi nossa preocupaccedilatildeo que as crianccedilas pudessem questionar-

se manifestar as suas opiniotildees e implicar-se na exploraccedilatildeo dos materiais colocados agrave

sua disposiccedilatildeo Neste acircmbito releva-se nas OCEPE (MEDEB 1997) que ldquoa

identificaccedilatildeo e nomeaccedilatildeo das cores a mistura de cores baacutesicas para formar outras satildeo

aspetos da expressatildeo plaacutestica que se ligam com a linguagem e o Conhecimento do

Mundordquo (pp 62-63) Nesta experiecircncia de aprendizagem pudemos relevar a exploraccedilatildeo

do mundo fiacutesico mas tambeacutem e sobretudo o social no sentido de valorizar a

construccedilatildeo de um pensamento aberto a formas diversas de ser e estar no quadro de

valores de respeito aceitaccedilatildeo e de diaacutelogo com os outros

32 Experiecircncia de aprendizagem Aprender a observar e conhecer

Considerando o interesse manifestado pelas crianccedilas em relaccedilatildeo ao conteuacutedo da

histoacuteria do Elmer sendo a mesma referida em vaacuterios e diferentes momentos decidimos

dar-lhe continuidade explorando o livro intitulado Elmer e o arco-iacuteris de David

Mckee5 Trata-se de uma histoacuteria que aborda os valores de

entreajuda dar algo sem o perder bem como os sentimentos de

amizade e de felicidade

Relevamos neste sentido que como refere Mata (2008)

ldquoa leitura de histoacuterias eacute uma actividade muito rica e completa

5 A imagem do livro que consta na figura 13 foi obtida em

httpwwwcaminholeyacomfotosprodutos500_9789722118620_elmer_e_o_arco_irisjpg

Figura 13 - Livro - Elmer e o

arco-iacuteris de David Mckee

40

pois permite a integraccedilatildeo de diferentes formas de abordagem agrave linguagem escrita em

geral e agrave leitura de uma forma especiacuteficardquo (p 78)

Comeccedilaacutemos por observar interpretar e descrever oralmente as imagens da capa

e da contracapa tendo como objetivo que as crianccedilas compreendessem que tanto as

palavras escritas como os desenhos transmitem informaccedilotildees Embora algumas crianccedilas

manifestassem possuir conhecimento acerca da composiccedilatildeo dos livros mas que nem

conseguiam fazecirc-lo entendemos explicar esses elementos agraves crianccedilas Procedemos em

seguida agrave leitura expressiva da mesma No final questionaacutemos as crianccedilas acerca do

seu conteuacutedo e todas referiram que falava sobre o arco-iacuteris sobre este ter perdido as

suas cores e o elefante Elmer ter ajudado a que este as recuperasse As crianccedilas

mencionaram partes da histoacuteria relevantes mostrando ter prestado atenccedilatildeo agrave leitura e tecirc-

la interiorizado Importa ter em conta que como se refere nas (OCEPEMEDEB

1997) ldquoeacute no clima de comunicaccedilatildeo criado pelo educador que a crianccedila iraacute dominando a

linguagem alargando o seu vocabulaacuterio construindo frases mais correctas e complexas

adquirindo um maior domiacutenio da expressatildeo e comunicaccedilatildeordquo (p 67)

Nesta linha de pensamento e aproveitando as ideias que as crianccedilas

mencionaram questionaacutemo-las sobre o que sabiam acerca do arco-iacuteris tais como

quantas cores teria o arco-iacuteris e obtivemos respostas como

-Tem cinco cores (Diogo)

- Acho que tem seis cores (Gonccedilalo)

- Eu acho que tem sete cores (Tiago)

- Tem muitas cores (Laura)

As afirmaccedilotildees das crianccedilas deixam perceber que natildeo tinham a certeza em

relaccedilatildeo agraves cores do arco-iacuteris o que era de esperar dado a tenra idade das crianccedilas

Decidimos revelar agraves crianccedilas o verdadeiro nuacutemero de cores que tem o arco-iacuteris

referindo que o arco-iacuteris apresenta sete cores Continuando o diaacutelogo procuraacutemos levar

as crianccedilas a idealizarem e nomear as possiacuteveis cores do arco-iacuteris Obtivemos as

seguintes respostas

- O arco-iacuteris tem amarelo (Pedro)

-Tem tambeacutem azul (Rodrigo)

- Tem verde o arco-iacuteris (Tiago)

- Eu acho que tambeacutem tem cor de laranja (Gonccedilalo)

- Natildeo tem eacute vermelho (Pedro)

- Eu acho que tem cor-de-rosa (Inecircs) Nota de campo 11 de marccedilo 2013

41

Algumas crianccedilas comentaram que natildeo sabiam porque nunca o tinham visto

outras disseram que jaacute o tinham visto mas que natildeo se lembravam das cores que eram

Decidimos entatildeo informar as crianccedilas das cores que o arco-iacuteris possui nomeadamente

o violeta anil azul verde amarela laranja e vermelho

As crianccedilas que tinham respondido corretamente a uma das cores sentiram-se

bastante satisfeitas mostraram conforto e confianccedila em si proacuteprias comentando a sua

resposta entre o grupo Como referem Hohmann e Weikart (2011) ldquoas reflexotildees das

crianccedilas sobre as suas acccedilotildees satildeo uma parte

fundamental do processo de aprendizagem Ouvir e

encorajar a forma particular como cada crianccedila pensa

fortalece o seu pensamento emergente e as suas

capacidades de raciociacuteniordquo (p 47)

Sugerimos agraves crianccedilas que desenhassem e

pintassem numa folha branca como julgavam que era

constituiacutedo o arco-iacuteris exemplo figura 14

Durante a atividade as crianccedilas comentavam entre si qual seria a cor com que o

arco-iacuteris iniciava tentavam lembrar-se da ordem das

cores e curiosamente comentavam o formato do arco-iacuteris

referiam-se a este como tendo uma forma muito

semelhante a uma ponte Depois de vaacuterias crianccedilas terem

desenhado o arco-iacuteris exemplo figura 15 mostraacutemos a

imagem do mesmo no sentido de melhor perceberem

como era constituiacutedo Esta experiecircncia permitiu relembrar

as cores partindo da sua identificaccedilatildeo num fenoacutemeno da

natureza

Expusemos uma imagem do arco-iacuteris ldquorealrdquo numa das paredes da sala para que

todos a visualizassem e comparassem com os desenhos que eles tinham realizado

anteriormente A reaccedilatildeo das crianccedilas foi surpreendente comentavam a imagem

sublinhando a beleza da mesma e as experiecircncias possuiacutedas de ter visto ou natildeo esse

fenoacutemeno

A alegria aumentava agrave medida que descobriam que tinham colocado no desenho

cores que correspondiam agraves observadas no fenoacutemeno do arco-iacuteris e que uma ou outra

surgiam segundo a mesma ordem

Figura 14 - Desenho de um arco-iacuteris

realizado por uma crianccedila da sala

Figura 15 - Arco-iacuteris elaborado

por uma crianccedila da sala

42

No sentido de relembrar e explorar o conteuacutedo da histoacuteria Elmer e o arco-iacuteris

propusemos a realizaccedilatildeo de um jogo de expressatildeo de afetos intitulado como o ldquoJogo

dos sorrisosrdquo O objetivo do jogo consistia em compreender a importacircncia de expressar

pequenos gestos que satildeo importantes para quem os recebe e para quem os daacute que natildeo

representam perdas mas antes ganhos como por exemplo dar um sorriso ou um abraccedilo

a algueacutem As crianccedilas manifestaram terem compreendido o conteuacutedo da histoacuteria e por

conseguinte o que se pretendia do jogo

O jogo constava de uma crianccedila de cada vez ir retirar um cartatildeo de dentro de

uma caixa no qual estava escrito uma mensagem que educadora lhe lia e que ela iria

transmitir a algueacutem da sala que escolhesse dirigir-lha Todas as crianccedilas participaram

no jogo recebendo e manifestando gestos Entre as

mensagens escritas nos cartotildees encontrava-se por

exemplo dar um abraccedilo um beijo no rosto um aperto

de matildeo entre outros As crianccedilas manifestaram

grande interesse e entusiamo em realizar o jogo

observando-se grande envolvimento na realizaccedilatildeo do

mesmo como a tiacutetulo de exemplo a imagem da figura

16 permite perceber que as crianccedilas estatildeo a dar as matildeos

manifestando gesto de carinho

No sentido de ajudar as crianccedilas a compreenderem a que se deve a formaccedilatildeo do

arco-iacuteris procuraacutemos num outro momento propor uma atividade praacutetica que permitisse

observar o surgir desse fenoacutemeno Comeccedilaacutemos por perguntar agraves crianccedilas se sabiam

como este fenoacutemeno surgia tentando auscultar as ideias preacutevias Entre essas ideias

surgiram as seguintes

- Podemos ver o arco-iacuteris quando haacute sol e chuva (Manuel)

- Eacute preciso haver chuva e sol (vaacuterios)

- O arco-iacuteris vai sempre buscar aacutegua aos rios (Manuel)

Nota de campo 11 de marccedilo de 2013

As afirmaccedilotildees das crianccedilas deixam perceber que algumas jaacute apresentam ideias

sobre as carateriacutesticas temporais que levam a que se decirc a refraccedilatildeo da luz do sol e se

observe a formaccedilatildeo do arco-iacuteris apesar de ainda natildeo dominarem o conhecimento

cientiacutefico do fenoacutemeno Por usa vez a afirmaccedilatildeo do Manuel deixa perceber que pode

entender-se como indo ao encontro do afirmado por Martins et al (2009) quando

Figura 16 - Crianccedilas jogando o

Jogo dos sorrisos

43

lembram que ldquoas crianccedilas datildeo explicaccedilotildees que muitas vezes natildeo correspondem ao

conhecimento cientiacutefico actual mas que tem loacutegica para sirdquo (p 12)

Assim e depois de um breve diaacutelogo sobre o fenoacutemeno sugerimos a realizaccedilatildeo

de uma atividade sobre a formaccedilatildeo do arco-iacuteris manifestando-se as crianccedilas bastante

curiosas em saber como fazer para que o fenoacutemeno ocorresse

Os materiais utilizados para a realizaccedilatildeo da atividade praacutetica foram previamente

fabricados e preparados por noacutes bem como testada a experiecircncia Para tal fizemos uma

abertura estreita em forma de retacircngulo numa cartolina preta de seguida colocaacutemos a

cartolina em frente ao nosso peito na horizontal e apontaacutemos luz para essa abertura de

forma a conseguirmos um raio de luz estreito Colocaacutemos um espelho inclinado numa

tina com aacutegua e inclinaacutemos uma folha grande de cartolina branca junto da tina com

aacutegua Apontaacutemos a luz atraveacutes da cartolina preta

para que esta acertasse no espelho No final

tiacutenhamos conseguido ver a formaccedilatildeo do arco-iacuteris

Estes procedimentos foram repetidos com as

crianccedilas na atividade que viacutenhamos a descrever foi

possiacutevel observarmos a refraccedilatildeo da luz formando o

arco-iacuteris que se apresenta na figura 17

Procuraacutemos diversificar os materiais e ajudar as

crianccedilas a compreenderem que o efeito pode provir de vaacuterias fontes Neste sentido

observaacutemos tambeacutem o aparecimento do arco-iacuteris atraveacutes de uma lanterna e de um Cd

permitindo este objeto tambeacutem fazer com que se decirc a refraccedilatildeo da luz da lanterna e por

conseguinte a sua divisatildeo em vaacuterias cores fazendo o efeito de arco-iacuteris Fizemos incidir

a luz da lanterna na parte superior do cd e inclinaacutemos o cd para que a luz incidisse na

parede pois eacute nesta que as crianccedilas conseguem ver as cores do arco-iacuteris

Inicialmente as crianccedilas mostravam-se bastante eufoacutericas e curiosas em saber

como iria aparecer o arco-iacuteris com dois objetos (uma lanterna e um Cd) No entanto ao

iniciarmos a atividade fez-se uma grande silecircncio na sala dado o interesse e a atenccedilatildeo

com que estavam para observar o resultado Quando mostraacutemos que era possiacutevel fazer

aparecer o reflexo do arco-iacuteris na parede da sala estas ficaram surpreendidas

experimentaram tambeacutem as crianccedilas refletirem a imagem do arco-iacuteris com os dois

objetos Terminada a atividade praacutetica as crianccedilas referiram que gostavam de mostrar

aos pais esta atividade iriam inclusive pedir para que estes disponibilizassem uma

lanterna e um Cd

Figura 17 - Resultado da atividade

praacutetica sobre a formaccedilatildeo do arco-iacuteris

44

No decurso da semana sugerimos agraves crianccedilas uma nova atividade praacutetica ainda

de acordo com o que tiacutenhamos explorado anteriormente Poreacutem desta vez

pretendiacuteamos enveredar pelo efeito contraacuterio ao das atividades anteriores ou seja a

uniatildeo de vaacuterias cores formando uma soacute Assim solicitaacutemos agraves crianccedilas que colorissem

com cada cor as divisotildees de um ciacuterculo que lhe apresentaacutemos desenhado em cartolina

branca Quando terminavam de colorir o ciacuterculo colocavam o laacutepis de carvatildeo no centro

e faziam o ciacuterculo girar O objetivo era visualizar qual a cor que surgiria ao girar o laacutepis

pois as crianccedilas tinham diferentes cores nos ciacuterculos Mostraacutemos agraves crianccedilas um ciacuterculo

pintado com as cores do arco-iacuteris e perguntaacutemos agraves crianccedilas se sabiam qual a cor que

surgiria ao rodarmos o laacutepis observando-se as seguintes respostas

-Vai ficar azul-escuro (Manuel)

-Se rodares muito depressa vai ficar tudo vermelho (Pedro)

-Vai aparecer o arco-iacuteris (Margarida)

-Se calhar vai ficar tudo amarelo (Pedro)

- Fica quase branco (Manuel) Nota de campo 12 de marccedilo 2013

Todas as crianccedilas faziam tentativas para acertar na cor que surgiria ao rodar o

laacutepis decidimos deste modo rodaacute-lo O objetivo da atividade era como jaacute antes

referimos que as crianccedilas percebessem que ao juntar todas as cores do arco-iacuteris a cor

que surgiria era a cor branca

Eacute de referir que esta atividade natildeo correu como era esperado pois as crianccedilas

natildeo conseguiam colocar o laacutepis a girar de modo a que o movimento permitisse a junccedilatildeo

das vaacuterias cores e fosse possiacutevel observar apenas a cor branca

Para que as crianccedilas natildeo ficassem desiludidas por um lado e por outro lado para

promover a interaccedilatildeo entre pais e filhos sugerimos agraves crianccedilas que realizassem a mesma

atividade em casa com o auxiacutelio dos pais pedindo-lhes para as ajudarem a fazecirc-la e que

dialogassem de modo a descobrirem com eles a cor que surgiria quando fizessem girar o

laacutepis Refletindo sobre a atividade importa sublinhar que aprendemos que nem sempre

eacute faacutecil gerir imprevisibilidades mas que temos de saber superaacute-las tentando encontrar

soluccedilotildees alternativas Meditando sobre a experiencia de aprendizagem desenvolvida a

partir do livro Elmer e o arco-iacuteris sublinhamos as oportunidades criadas para as

crianccedilas se envolverem em diferentes atividades nas quais foram levadas em

consideraccedilatildeo os saberes e interesses manifestados por elas valorizar a ludicidade como

estrateacutegia de envolvimento na construccedilatildeo de conhecimento cientiacutefico

45

Sabemos que haacute fenoacutemenos que as crianccedilas vatildeo observando e aprendendo a

identificar mas tambeacutem que nem sempre tecircm oportunidades de conhecer fatores que lhe

datildeo origem pelo que importa promover situaccedilotildees de aprendizagem em contexto preacute-

escolar que as ajudem na compreensatildeo dos mesmos Foi nessa linha de pensamento que

surgiram as atividades que desenvolvemos em torno do arco-iacuteris

As crianccedilas envolveram-se e manifestaram sentir gosto e prazer em concretizar

as atividades desenvolvidas parecendo-nos terem contribuiacutedo para que desenvolvessem

saberes e criar oportunidades de partilha dos mesmos com os outras crianccedilas e adultos e

com os pais

Relevamos ainda a importacircncia que nos parece ter assumido o alertar das

crianccedilas para a atenccedilatildeo a prestar aos outros e a importacircncia de manifestar e receber

afetos no quadro de construccedilatildeo de uma sociedade comunicativa solidaacuteria e facilitadora

da integraccedilatildeo de todos

33 Experiecircncia de aprendizagem Conhecendo diferentes culturas

No decurso da accedilatildeo educativa surgiu a abordagem da questatildeo das diferenccedilas

entre as culturas levando-nos a pensar ser importante aprofundar o questionamento e

reflexatildeo sobre esse toacutepico Nesse sentido entendemos partir da leitura da histoacuteria

Meninos de todas as cores de Luiacutesa Ducla Soares

Em trabalho de grande grupo comeccedilaacutemos por ler o tiacutetulo da histoacuteria e questionar

as crianccedilas no sentido de perceber se a conheciam As suas afirmaccedilotildees levaram-nas a

perceber que natildeo era do seu conhecimento mas que o tiacutetulo da histoacuteria estimulou a sua

curiosidade comeccedilando a fazer comentaacuterios entre si sobre a mesma e sobre o que

entendiam poder incidir

Procedemos agrave leitura da histoacuteria acompanhado com a apresentaccedilatildeo das

imagens manifestando-se as crianccedilas muito atentas ateacute ao final da mesma Terminada a

leitura questionaacutemos as crianccedilas sobre o que achavam da histoacuteria Elas afirmaram ter

apreciado o seu conteuacutedo e ilustraccedilatildeo

Sugerimos-lhes o reconto da histoacuteria neste as crianccedilas surpreendentemente

referiram pormenores do conteuacutedo da histoacuteria como a cor de cada crianccedila aspetos

sobre cada cor e respetivos objetos relacionados com as cores O entusiasmo com que

comunicavam e escutavam as outras crianccedilas deixava perceber o reconhecimento do

valor formativo da atividade Importa neste sentido relevar que como sublinham Sim-

46

Sim Silva e Nunes (2009 retomando a ideia de Mata 2008) ldquoeacute funccedilatildeo do educador

alargar intencionalmente as situaccedilotildees de comunicaccedilatildeo (hellip) que permitam agraves crianccedilas

dominar a comunicaccedilatildeo como emissores e receptoresrdquo (p 35)

Os comentaacuterios feitos pelas crianccedilas em relaccedilatildeo ao conteuacutedo da histoacuteria a

procura do livro no tempo das atividades nas aacutereas de atividades na sala e a atitude de

respeito que pareciam manifestar uns em relaccedilatildeo aos outros levou-nos a inferir ter sido

pertinente a escolha que fizemos da obra para explorar com as crianccedilas no quadro dos

seus possiacuteveis contributos para que cada um como cidadatildeo possa assumir uma atitude

de abertura aceitaccedilatildeo das diferenccedilas e valorizaccedilatildeo de todos Neste acircmbito importa

considerar que como se refere nas OCEPE (MEDEB 1997) ldquoa aceitaccedilatildeo da diferenccedila

sexual social e eacutetnica eacute facilitadora da igualdade de oportunidades num processo

educativo que respeita diferentes maneiras de ser e de saber para dar sentido agrave

aquisiccedilatildeo de novos saberes e culturasrdquo (p 54) Merece ainda natildeo esquecer que ldquoeacute numa

perspetiva de educaccedilatildeo multicultural que se constroacutei uma maior igualdade de

oportunidades entre mulheres e homens entre indiviacuteduos de diferentes classes sociais e

de diferentes etniasrdquo (pp 54-55)

Nesta linha de pensamento importa que na educaccedilatildeo preacute-escolar as crianccedilas

usufruam de oportunidades de se envolver em experiecircncias formativas que lhes

facilitem a aquisiccedilatildeo de um espiacuterito criacutetico e a interiorizaccedilatildeo de valores conhecimentos

e atitudes que contribuam para que possam comportar-se e agir segundo princiacutepios de

equidade respeito e aceitaccedilatildeo de todos no quadro de uma cidadania responsaacutevel e

esclarecida

Num outro momento e em continuidade de outras atividades desenvolvidas

anteriormente propusemos agraves crianccedilas uma atividade no acircmbito do desenvolvimento do

domiacutenio da linguagem oral e abordagem agrave escrita nomeadamente ao niacutevel da

consciecircncia fonoloacutegica e da consciecircncia grafemaacutetica

Comeccedilaacutemos por solicitar agraves crianccedilas em trabalho de pequeno grupo que

tentassem identificar siacutelabas comuns em diferentes palavras ou seja que terminassem

com a mesma siacutelaba Nesse sentido distribuiacutemos pelas crianccedilas cartotildees com trecircs

diferentes imagens e a palavra escrita que lhe correspondia solicitando-as a contornar a

siacutelaba final de cada palavra Exploraacutemos oralmente as siacutelabas de uma palavra dizendo

por exemplo Ca-ra-col (Caracol) acompanhando com palmas das crianccedilas consoante

as siacutelabas da palavra Percebemos que a maioria das crianccedilas conseguia reproduzir

corretamente o nuacutemero de siacutelabas correspondente agrave segmentaccedilatildeo das palavras em

47

siacutelabas atraveacutes do batimento de palmas Poreacutem trecircs crianccedilas das mais novas ainda natildeo

o conseguiam fazer corretamente Decidimos por isso repetir a atividade fazendo uma

crianccedila de cada vez e variando as palavras par manter o interesse e implicaccedilatildeo das

crianccedilas na atividade Reconhecemos que eacute importante organizarmos previamente a

atividade de forma a trabalhar corretamente a consciecircncia fonoloacutegica e a divisatildeo silaacutebica

das palavras com as crianccedilas criando condiccedilotildees apelativas para estimular o interesse

das mesmas ou seja criar ldquocondiccedilotildees para que as crianccedilas aprendamrdquo (MEDEB 1997

p 66)

Retomando a reflexatildeo sobre a atividade em anaacutelise sugerimos que as crianccedilas

assinalassem a uacuteltima siacutelaba das palavras Algumas crianccedilas fizeram-na sem ajuda

poreacutem outras crianccedilas necessitaram dela sendo a mesma proporcionada quer pelos

adultos da sala quer por outras crianccedilas com um niacutevel de desenvolvimento superior

Neste sentido sublinhamos a importacircncia que assume o desenvolver atividades em

pequeno grupo no qual possam beneficiar de apoio de outros que integram um niacutevel

desenvolvimento superior de modo a que possa atuar na zona de desenvolvimento

proximal (Vygotsky 1979) Neste acircmbito Novo (2009 retomando a perspetiva do

autor 1996) sublinha que ldquocom auxiacutelio de uma outra pessoa toda a crianccedila pode fazer

mais do que faria sozinhardquo (p 58)

A atividade foi gratificante natildeo apenas para as crianccedilas mas tambeacutem para noacutes

adultos percebendo os seus contributos em termos formativos indo portanto ao

encontro dos objetivos pretendidos Apesar da tenra idade foi interessante ver como as

crianccedilas aderiram agrave atividade e a realizaram com bastante empenho tentando responder

corretamente chamando os adultos para confirmarem as suas respostas e para ajudaacute-las

na sua melhor realizaccedilatildeo

Dialogaacutemos com as crianccedilas sobre a histoacuteria e sobre a opiniatildeo destas

relativamente agrave mesma escutando as suas respostas Propusemos-lhes a realizaccedilatildeo de

um ldquoestendalrdquo de palavras observando que era a primeira vez que trabalhavam com

este Explicamos-lhes o que se pretendia da atividade e vaacuterias crianccedilas sorriram e

comentaram-na ficando curiosas Procedemos agrave elaboraccedilatildeo da atividade pendurando o

fio de latilde na sala de modo a que estivesse ao acesso de todas as crianccedilas Apresentaacutemos-

lhes cartotildees com imagem e a palavra respetiva as quais no seu conjunto formavam

uma das frases retirada da histoacuteria e que tinha sido lida agraves crianccedilas

Sob a forma de jogo em que fosse articulado o prazer de brincar e o de

concretizar da tarefa propusemos que a realizaccedilatildeo do referido jogo tentando ordenar os

48

cartotildees com as imagens de modo a construirmos a frase isto eacute trabalhando a

construccedilatildeo fraacutesica As imagens da frase a ordenar eram relativas agrave frase O menino

branco entrou num aviatildeo

Relacionado com esta atividade procedemos agrave contagem do nuacutemero de cartotildees

pendurados no fio explorando o conceito de cardinal algumas crianccedilas identificaram de

imediato os seis cartotildees As crianccedilas participaram e gerou-se companheirismo na ajuda

em dar uns aos outros no sentido de que todos fossem bem-sucedidos na concretizaccedilatildeo

da proposta Trabalhamos a consciecircncia de grafema com a ajuda das educadoras (figura

18)

-Sabes que letra eacute essa que tens na matildeo

(Ed Est)

-Sei esta letra estaacute no meu nome tambeacutem eacute

um O (Rodrigo)

-Achas que essa letra eacute do mesmo tamanho

das outras (Ed Est)

-Natildeo acho que eacute maior que as outras

(Rodrigo)

Nota de campo 8 de abril 2013

Conforme iacuteamos questionando as crianccedilas de certa forma iacuteamos tambeacutem

implementando alguma informaccedilatildeo no acircmbito do domiacutenio da linguagem oral e

abordagem agrave escrita As crianccedilas iam organizando ideias mentais fazendo a construccedilatildeo

fraacutesica da mesma e compreendiam inclusive que a escrita e os desenhos transmitem

informaccedilatildeo Repetimos este exerciacutecio com vaacuterias crianccedilas pois a maioria queria

participar e colocar os cartotildees no estendal

Observaacutemos que algumas crianccedilas fizeram a construccedilatildeo fraacutesica muito mais

raacutepido do que outras manifestando algumas uma certa dificuldade na construccedilatildeo

revelando algumas incerteza sobre o que fazer

Assim e procurando que as crianccedilas percebessem a frase tiacutenhamos a imagem a

acompanhar e questionaacutemo-las vaacuterias vezes sobre a imagem que cada cartatildeo tinha a

acompanhar Atraveacutes das imagens em geral as crianccedilas compreendiam que a frase (natildeo

construiacuteda) natildeo fazia total sentido na sua leitura e voltavam a iniciar a atividade do

estendal por vezes ajudadas na atividade por um colega

Num outro momento realizaacutemos uma atividade idecircntica mas optaacutemos por

trabalhar com cores e objetos Tiacutenhamos cinco cartotildees com cinco cores diferentes e

outros tantos com objetos diferentes mas cada objeto associado a uma cor Explicaacutemos

Figura 18 - Interajuda entre as crianccedilas da sala

49

agraves crianccedilas que do nosso lado direito elas encontravam cartotildees com cores no centro

tinha cartotildees com as palavras ldquocomordquo ldquoaordquo e do lado esquerdo encontravam cartotildees

com objetos As crianccedilas tinham que conseguir formar frases como por exemplo

ldquoAmarelo como o sol branco como o leite castanho como o chocolate vermelho como

a cereja e preto como a estradardquo

Inicialmente mostraacutemos agraves crianccedilas os cartotildees com cores colocaacutemo-los no

estendal e questionaacutemo-las se sabiam o nuacutemero de cartotildees que tinha o estendal algumas

crianccedilas (Carlos Diogo e Tiago) responderam rapidamente e corretamente agrave questatildeo

enquanto as outras crianccedilas observavam e faziam a contagem mais calmamente

conseguindo identificar os cinco cartotildees com cores Questionaacutemo-las novamente

tentando saber se alguma crianccedila conseguia identificar um cartatildeo cuja palavra iniciasse

pela letra A Apoacutes um breve momento de silecircncio uma crianccedila respondeu Amarelo

comeccedila pela letra A (Carlos)

Questionaacutemos se mais alguma palavra dos cartotildees comeccedilava pela letra A e de

imediato vaacuterias crianccedilas responderam que natildeo Concluiacutemos que em cinco cartotildees um

deles comeccedilava pela letra A trabalhando assim o domiacutenio da matemaacutetica Repetimos

mais uma vez esta atividade mas solicitando que as crianccedilas identificassem a palavra

escrita no cartatildeo que iniciasse com a letra P respondendo uma delas Preto comeccedila pela

letra P e eacute tambeacutem a primeira letra do meu nome (Pedro)

Foi gratificante observar o entusiasmo das crianccedilas em quererem realizar as

atividades sendo de sublinhar o grande interesse que manifestaram em participar na

atividade De seguida iniciaacutemos a atividade de elaboraccedilatildeo do ldquoestendalrdquo das palavras

A primeira crianccedila a realizar a atividade escolheu um cartatildeo dos que tinham cores e

colocou-o no fio de latilde Questionaacutemo-la se sabia qual a cor que tinha escolhido ao que a

crianccedila respondeu corretamente ser branco Questionaacutemos de novo as crianccedilas no

sentido de perceber se sabiam o que tinha que fazer a seguir respondendo corretamente

Posteriormente foi colocado por uma crianccedila o respetivo cartatildeo agrave frente das palavras

Eacute de destacar que os uacuteltimos cartotildees incluiacuteam igualmente palavras retiradas da

histoacuteria os Meninos de todas as cores mas desta forma trabalhadas de diferente

maneira Esta atividade fez com que todas as crianccedilas trabalhassem na identificaccedilatildeo das

palavras e a sua organizaccedilatildeo na frase pois todas tiveram a oportunidade de participar

Os objetivos eram esses que todas as crianccedilas participassem na atividade de construccedilatildeo

de frases em ordem a compreenderem que a escrita e as imagens transmitem

50

informaccedilatildeo e a identificarem palavras que terminavam com a mesma siacutelaba (construccedilatildeo

de grafema)

Para que as crianccedilas pudessem dar continuidade a este tipo de atividades e criar

gosto pela leitura integraacutemos o referido estendal num espaccedilo da sala recorrendo a este

e ainda a outros materiais

Na sequecircncia da histoacuteria lida durante a semana em que esta foi explorada

sugerimos ainda agraves crianccedilas a construccedilatildeo de um cartaz relativo agrave mesma Neste acircmbito

sugerimos agraves crianccedilas que pensassem sobre o assunto e como elemento do grupo

tambeacutem apresentaacutemos propostas e depois foram discutidas as sugestotildees Assim as

crianccedilas resolveram fazer a estampagem da palma da matildeo utilizando tintas azul e

verde para que parecesse o planeta terra e que fossem pintadas cada um dos dedos de

cores diferentes como as cores dos meninos da histoacuteria que no caso seriam brancas

pretas castanhas amarelas e vermelhas Uma a uma cada crianccedila pintou e estampou

uma das matildeos no cartaz O trabalho foi desenvolvido na aacuterea de expressatildeo plaacutestica

utilizando os materiais aiacute disponiacuteveis como tintas pinceis e o papel de cenaacuterio de

modo a que pudessem usaacute-los de modo independente Entre os comentaacuterios feitos pelas

crianccedilas enquanto elaboravam o trabalho sublinhamos

-Temos aqui muitas cores verde azul amarelo preto vermelho castanho e

branco (Diogo)

-Vamos pintar os dedos com cinco cores diferentes (Tiago)

-Vou pintar o dedo de amarelo como a menina amarela como o sol (Pedro)

-Este dedo vai ser branco como o Miguel o menino branco como o accediluacutecar

(Rafael)

-O meu dedo do meio vai ser castanho como o chocolate (Renato)

-O meu dedo pequeno vai ser vermelho como a menina da cor do sangue

(Carlos)

-Este dedo vou pintar de preto como as azeitonas (Pedro)

Nota de campo 9 de abril 2013

Os comentaacuterios feitos pelas crianccedilas permitiram perceber que mobilizavam

informaccedilatildeo relacionada com as atividades anteriores mas tambeacutem as suas

intencionalidades e a diversidade de tintas disponiacuteveis A imagem apresentada na figura

19 daacute conta do trabalho desenvolvido

51

Importa neste acircmbito relevar que nas OCEPE (MEDEB 1997) se alerta para a

importacircncia de as crianccedilas terem ldquoagrave sua disposiccedilatildeo vaacuterias cores que lhes possibilitem

escolher e utilizar diferentes formas de combinaccedilatildeordquo (p 62) Sublihamos ainda a

importacircncia de as crianccedilas poderem percorrer os seus proacuteprios caminhos de expressatildeo

artiacutestica mas tambeacutem que elas necessitam para tal de oferecer-lhes aleacutem da

experimentaccedilatildeo de materiais as diferentes formas de arte na pintura (UNESCO 2005

p 31) Importa ainda considerar que as tintas exercem grande fasciacutenio na crianccedila tanto

pela cor quanto pela sensaccedilatildeo agradaveacutel que produzem ao serem manuseadas (idem)

Mais tarde propusemos agraves crianccedilas a criaccedilatildeo de fantoches com materiais

reciclados acerca da histoacuteria dos Meninos de todas as cores As crianccedilas mostraram-se

bastante curiosas pois ainda natildeo tinham trabalhado com fantoches e iria ser uma

atividade diferente Organizaacutemo-nos em pequenos grupos de trabalho no total de cinco

crianccedilas em cada propondo-lhes que cada um que pintasse uma luva integrando em

cada dedo uma cor diferente Por sua vez outros grupos de crianccedilas trabalhavam na

criaccedilatildeo dos transportes que apareciam na histoacuteria

Dialogaacutemos sobre a possibilidade da representaccedilatildeo da histoacuteria agraves outras crianccedilas

e adultos do jardim-de-infacircncia As crianccedilas entusiasmaram-se com a iniciativa e por

consenso decidimos proceder agrave concretizaccedilatildeo da mesma como mais tarde aconteceu

Assumimos o papel de narrador e o grupo de crianccedilas ficou com a

responsabilidade de representar a histoacuteria procedendo agrave manipulaccedilatildeo dos fantoches

Todas as crianccedilas e educadoras da sala apoiaram e elogiaram a representaccedilatildeo

Repetimos do mesmo modo a apresentaccedilatildeo de fantoches na sala dos trecircs anos e tambeacutem

aqui as crianccedilas foram bastante aplaudidas e elogiadas

Em siacutentese importa evidenciar que esta atividade foi rica em conteuacutedo e os

objetivos foram concretizados fazendo com que as crianccedilas pudessem acima de tudo

ser elas a participar ativamente nas atividades terem contacto direto com os materiais e

Figura 19 - Sequecircncia de imagens da construccedilatildeo do cartaz

52

usufruiacuterem de prazer manifestando entusiasmo e envolvimento na sua realizaccedilatildeo Esta

atividade proporcionou agraves crianccedilas um momento de contacto com crianccedilas de outras

salas ou seja de outras faixas etaacuterias e por conseguinte com carateriacutesticas diversas

Fez com que estas pudessem de certa forma desenvolver o relacionamento social entre

elas Importa relembrar Hohmann e Weikart (20011) quando sublinham que

atraveacutes da imitaccedilatildeo e do faz-de-conta as crianccedilas organizam aquilo que

compreendem e ganham um sentido de mestria e controlo sobre os

acontecimentos que testemunharam ou nos quais fazem parte (hellip) Fazer de

conta e representar papeacuteis tendem a ser actividades francamente sociais e

parecem ter um efeito positivo no desenvolvimento social e de linguagem

das crianccedilas (p 494)

Esta experiecircncia de aprendizagem fez com que fosse possiacutevel haver

continuidade com as atividades anteriores fornecendo assim um processo formativo

articulado e integrado Foi possiacutevel explorar conteuacutedos relacionados com as cores as

diferenccedilas de raccedila entre a humanidade e as culturas e a vivecircncia de um processo pautado

pela interajuda e cooperaccedilatildeo entre os elementos do grupo Esta experiecircncia permitiu

ainda contribuir para as crianccedilas desenvolverem a consciecircncia de grafema a criaccedilatildeo de

fantoches a dramatizaccedilatildeo de uma histoacuteria e a interaccedilatildeo em grupos alargados

Desta experiecircncia de aprendizagem importa ainda relevar o prazer e alegria

manifestados pelas crianccedilas em fazer atividades como a de poderem pintar a palma da

matildeo as luvas escolher as cores que queria colocar-lhes e ver as produccedilotildees do grupo

divulgadas para as famiacutelias ou outros atraveacutes de um cartaz que foi exposto no corredor

de entrada da instituiccedilatildeo As crianccedilas puderam construir pensamentos e saberes

construindo em nosso entender uma aprendizagem com significado para todos os

implicados nesse processo

34 Experiecircncia de aprendizagem Descobrir trabalhando

colaborativamente

Tendo como objetivo proporcionar agraves crianccedilas um momento de interaccedilatildeo e

interajuda entre elas sugerimos a realizaccedilatildeo de um jogo ao ar livre no recreio da

instituiccedilatildeo Tendo os espaccedilos interiores e exteriores potencialidades proacuteprias eacute

importante que os educadores tirem partido das mesmos (MEDEB 1997) procurando

diversificar e enriquecer as atividades em que se envolvem as crianccedilas

Assim aproveitaacutemos o espaccedilo interior e exterior para explorar de uma forma

diferente as cores que apresenta o mundo fiacutesico em que nos integramos Sabemos que

53

as crianccedilas gostam naturalmente de observar mas tambeacutem que eacute importante que se

valorizem as observaccedilotildees que fazem na construccedilatildeo da sua aprendizagem e

desenvolvimento Eacute nesta linha de pensamento que se situa esta experiecircncia de

aprendizagem

De forma a iniciar a atividade de pesquisa as crianccedilas formaram cinco grupo

explicaacutemos que o objetivo era irmos ao exterior observar as cores que existem no

mundo agrave nossa volta e que cada um tinha como tarefa tentar descobrir onde poderia

encontrar-se uma cor por ele escolhida Para efetuarem a escolha da cor apresentaacutemos

um conjunto de cartotildees numa caixa e cada grupo retirou um procurando ter em

consideraccedilatildeo que as cores a observar por cada grupo deveriam ser diferentes

Escolhida a cor a observar por cada grupo deslocaacutemo-nos ao exterior da

instituiccedilatildeo (redondezas das mesma) tendo como objetivo identificar e registar

elementos que apresentassem as seguintes cores vermelho verde laranja azul e

amarelo A figura 20 ilustra o ambiente e daacute conta da implicaccedilatildeo da procura na recolha

de dados

De regresso agrave sala de atividades e em

grande grupo realizaacutemos a contagem dos

objetos observados e registados pelos adultos

com base na indicaccedilatildeo dada pelas crianccedilas de

cada um dos grupos O grupo que observou

mais elementos foi o que tinha como tarefa

observar elementos de cor amarela tendo

registado um total de treze seguindo-se-lhe o

grupo verde com nove o grupo azul com oito e os grupos laranja e vermelho com cinco

elementos cada um

No sentido de evitar a extensatildeo do relatoacuterio mas tambeacutem de ilustrar o

observado apresentamos aqui apenas os dados relativos ao grupo que observou

elementos de cor amarela tendo indicado

- O escorrega eacute amarelo (Luana)

- O muro do passeio tambeacutem eacute (Ricardo)

- O sol eacute amarelo (Rafael)

- As peacutetalas da flor satildeo amarelas (Gonccedilalo)

- O girassol eacute amarelo (Gonccedilalo)

- A parede da escola eacute amarela (Inecircs)

- O tubo da escola tambeacutem eacute amarelo (Inecircs)

- A antena eacute amarela (Gonccedilalo)

Figura 20 - Crianccedilas procurando objetos

da respetiva cor

54

- A cola que sai das aacutervores tambeacutem eacute amarela (Inecircs)

- A luz do poste eacute amarela agrave noite (Rafael)

- A areia do recreio tambeacutem eacute amarela (Ricardo)

- Aquela casa tambeacutem eacute amarela (Inecircs)

- A girafa colada naquela janela eacute amarela (Luana)

Nota de campo 22 de abril 2013

Os enunciados apresentados permitem-nos perceber que todas as crianccedilas foram

capazes destacar uma ou mais elementos da cor a identificar O mesmo se verificou com

os restantes grupos mas para aleacutem da identificaccedilatildeo de mais ou menos elementos

entendemos ser importante destacar o envolvimento das crianccedilas na procura de dados a

interajuda que se gerou natildeo apenas ao niacutevel do interior de cada grupo como tambeacutem

intergrupos surgindo situaccedilotildees em que se alertavam uns aos outros sobre onde

observar

Na sequecircncia desta atividade uma das crianccedilas sugeriu que poderiam desenhar

os objetos que observaram Apoiaacutemos a iniciativa e alertaacutemos que para o fazerem

poderiam utilizar diferentes materiais Entendemos que o uso de materiais de natureza

diversificada poderia ajudar as crianccedilas nas suas representaccedilotildees

Os elementos observados e registados permitiram-nos explorar conceitos

matemaacuteticos ao niacutevel da contagem classificaccedilatildeo e forma de objetos No que se refere agrave

classificaccedilatildeo desses elementos procuraacutemos ter em conta que como se refere nas

OCEPE (MEDEB 1997) ldquoagrupar os objetos ou seja formar conjuntos de acordo

com um criteacuterio previamente estabelecido a cor a forma etc reconhecendo as

semelhanccedilas e diferenccedilas (hellip) permitem distinguir o que pertence a um e a outro

conjuntordquo (p 74)

Assim partindo dos desenhos realizados pelas crianccedilas procedemos agrave formaccedilatildeo

de conjuntos atendendo agrave cor que integravam os elementos representados Para isso

colocaacutemos no chatildeo da sala cinco arcos referentes cada um agrave cor e em cada arco as

crianccedilas colocavam os respetivos desenhos Depois procedemos agrave contagem dos

elementos de cada conjunto e comparaccedilatildeo do que tinha mais e menos elementos

surgindo por parte das crianccedilas algumas leituras como os exemplos deixam perceber

Procuraacutemos cinco cores (Rodrigo) O arco que tem mais objetos eacute o amarelo (Inecircs)

Aproveitando ainda as falas de duas crianccedilas referindo uma que viu um sinal

(hellip) azul e quadrado (Micael) e outra que observou um sinal vermelho que tinha a

forma redonda (Manuel) propusemos agraves crianccedilas que identificassem na sala e

55

nomeassem elementos que apresentavam uma forma geomeacutetrica Verificaacutemos que as

crianccedilas identificaram com alguma facilidade algumas formas geomeacutetricas como os

exemplos dos seus enunciados permitem perceber

- A mesa eacute redonda [ciacuterculo] (Pedro)

- O quadro [expositor] eacute quadrado (Tiago)

- E o tapete tem a forma de um retacircngulo (Diogo)

- Aquela reacutegua [esquadro] tem a forma de triacircngulo (Margarida)

- Conseguimos descobrir quatro formas geomeacutetricas (Manuel)

Nota de campo 23 de abril 2013

Num outro momento e partindo da fala de outra crianccedila (Mariana) que referiu

que o laranja era sua cor favorita (Mariana) sugerimos agraves crianccedilas tentar descobrir qual

era a cor preferida do grupo Neste sentido solicitaacutemos-lhes que colocassem a matildeo no

ar quando disseacutessemos a sua cor favorita contando o nuacutemero de elementos indicados

mas sem os registar

Apoacutes todas as crianccedilas terem indicado a cor favorita questionaacutemo-las se sabiam

qual seria a cor mais escolhida por mais crianccedilas do grupo

- Jaacute natildeo me lembro (Rafael)

- Todos pusemos a matildeo no ar (Diogo)

Nota de campo 23 de abril 2013

Os enunciados deixam perceber a dificuldade que eacute fazer a leitura de dados

observados sem que se proceda ao registo dos mesmos No sentido de ajudar o grupo a

perceber a importacircncia de registar os dados recolhidos questionaacutemos as crianccedilas sobre

como poderiacuteamos entatildeo descobrir a cor favorita do grupo Surgiram vaacuterias respostas

uma delas do Carlos que indicava que podiacuteamos pocircr as cores numa cartolina e depois

puacutenhamos a nossa cor favorita laacute Discutimos a proposta merecendo consenso a sua

concretizaccedilatildeo e no sentido de facilitar a compreensatildeo do conceito de nuacutemero

propusemos agraves crianccedilas que fosse indicada a preferecircncia colocando um lego em cima

da cor preferida o que fizemos Indicadas as preferecircncias procedemos agrave leitura dos

resultados surgindo os seguintes comentaacuterios

- A cor com menos legos eacute a preta e a castanha (Rodrigo)

- Assim podemos ver o tamanho dos legos (Pedro)

- Tem legos da mesma altura (Manuel) Nota de campo 24 de abril 2013

56

Tiacutenhamos assim construiacutedo um graacutefico de barras em conjunto e como

mencionam Castro e Rodrigues (2008) ldquoa organizaccedilatildeo dos dados em graacuteficos permite

uma anaacutelise mais raacutepida uma vez que a contagem dos elementos da mesma categoria eacute

mais evidenterdquo (p 72) Promovemos a discussatildeo escutando as opiniotildees expressas pelas

crianccedilas na leitura do mesmo pois como referem os autores (idem) ldquoapoacutes a construccedilatildeo

do graacutefico (hellip) deve sempre haver um momento em que se discute o que este nos

sugererdquo (ibidem)

Procedemos em seguida agrave leitura dos dados (atraveacutes da contagem dos legos)

observando que a cor mais escolhida era o azul com sete escolhas e as menos

escolhidas seriam o castanho e o preto com uma escolha

Propusemos ao grupo o registo desses dados elaborando para o efeito uma

tabela de dupla entrada Propusemos agraves

crianccedilas que sugerissem um tiacutetulo para a

tabela ideia para a qual apontam Castro e

Rodrigues (idem) Apoacutes vaacuterias respostas das

crianccedilas acordaacutemos que o tiacutetulo fosse A

minha cor favorita O nome das crianccedilas foi

registado por elas na quadriacutecula vertical do

lado esquerdo e na horizontal indicaacutemos as

cores como mostra a figura 21

Entendemos que se tratou de uma

atividade enriquecedora para as crianccedilas pois estas visualizaram e experimentaram a

construccedilatildeo de uma tabela sendo esta facilitadora da anaacutelise e interpretaccedilatildeo dos dados

Num outro momento e relembrando uma afirmaccedilatildeo de uma crianccedila (Carlos)

que tinha dito que o vidratildeo era verde e considerando que algumas crianccedilas

manifestaram natildeo saber o que era o vidratildeo achaacutemos importante dialogar com as

crianccedilas sobre os ecopontos

Comeccedilamos por abordar a importacircncia da reciclagem e posteriormente

apresentaacutemos uma canccedilatildeo que explicava a separaccedilatildeo de resiacuteduos soacutelidos Como se

refere nas OCEPE (MEDEB 1997) existe uma relaccedilatildeo entre a canccedilatildeo e a palavra

trabalhar as letras das canccedilotildees relaciona o domiacutenio da expressatildeo musical

com a linguagem que passa por compreender o sentido do que se diz por

tirar partido das rimas para discriminar os sons por explorar o caraacutecter

luacutedico das palavras e criar variaccedilotildees da letra original (p 64)

Figura 21 - Crianccedila preenchendo a tabela das cores

favoritas

57

Concordando com a afirmaccedilatildeo podemos salientar que atraveacutes da expressatildeo

musical as crianccedilas satildeo capazes de captar a informaccedilatildeo mais raacutepido No final uma das

crianccedilas perguntou se poderiam construir ecopontos para ter na sala Considerando a

sugestatildeo da crianccedila levaacutemos caixas que as crianccedilas decoraram com o objetivo de

organizarmos na sala ecopontos Quando construiacutedo os ecopontos promovemos um

jogo que consistia em colocar resiacuteduos soacutelidos no ecoponto correto

A experiecircncia de aprendizagem descrita proporcionou agraves crianccedilas em nosso

entender uma forma ativa e significativa de construccedilatildeo de pensamentos e saberes

Relevamos a importacircncia que assumiu a accedilatildeo desenvolvida no espaccedilo exterior da

instituiccedilatildeo enquanto meio de recolha de informaccedilotildees a partir das quais surgiram novas

oportunidades de aprendizagem

Atraveacutes desta experiecircncia de aprendizagem pudemos explorar com as crianccedilas

aacutereas e domiacutenios de conteuacutedo como a matemaacutetica a Linguagem oral e abordagem agrave

escrita expressatildeo plaacutestica a aacuterea do Conhecimento do Mundo e a aacuterea de Formaccedilatildeo

pessoal e Social

Sabemos que as crianccedilas satildeo grandes observadoras e criacuteticas do mundo que as

rodeia e atraveacutes dos seus comentaacuterios constataacutemos que observavam atendendo a

pormenores

Importa relevar que devemos escutar cada crianccedila valorizando a sua

contribuiccedilatildeo para o grupo fomentar o diaacutelogo entre elas e o seu desejo de comunicar

Corroboramos assim a ideia expressa nas OCEPE (MEDEB 1997) que

eacute no clima de comunicaccedilatildeo criado pelo educador que a crianccedila ira

dominando a linguagem alargando o seu vocabulaacuterio construindo frases

mais corretas e complexas adquirindo um maior domiacutenio da expressatildeo e

comunicaccedilatildeo que lhe permitam formas mais elaboradas de representaccedilatildeo (p

67)

Concluiacutemos que eacute crucial que o educador planeie situaccedilotildees de aprendizagem que

sejam desafiadoras para as crianccedilas de modo a que as motive e as estimule a aprender e

a desenvolver-se Esta experiecircncia permitiu ainda perceber que para aleacutem das atividades

planeadas foram integradas outras propostas pelas crianccedilas A este respeito importa

relembrar que ldquoo planeamento realizado com a participaccedilatildeo das crianccedilas permite ao

grupo beneficiar da sua diversidade das capacidades e competecircncias de cada crianccedila

num processo de partilha facilitador da aprendizagem e do desenvolvimento de todas e

de cada umardquo (MEDEB 1997 p 26)

58

Tentaacutemos ainda articular todas as aacutereas do conteuacutedo pois como se refere nas

OCEPE (idem) ldquoque as diferentes aacutereas de conteuacutedo deveratildeo ser consideradas como

referencias a ter em conta do planeamento e avaliaccedilatildeo e experiecircncias e oportunidades

educativas e natildeo como compartimentos estanque a serem abordados separadamenterdquo (p

48)

59

IV Reflexatildeo Criacutetica

Refletimos nesta uacuteltima parte sobre a praacutetica educativa desenvolvida

abordando os conteuacutedos que procuraacutemos explorar com as crianccedilas

No iniacutecio da praacutetica educativa as expectativas eram muitas as quais se prendiam

com o desenvolvimento de atividades estimulantes e criativas o respondermos agraves

solicitaccedilotildees de todas crianccedilas e o sermos bem acolhidas pelas crianccedilas e membros da

instituiccedilatildeo entre outras As duacutevidas e os receios eram tambeacutem muitos mas com o

decorrer do tempo fomos conhecendo as crianccedilas e ganhando laccedilos de afeto ajudando-

nos a ultrapassar estes sentimentos Para tal foi importante a reflexatildeo e o diaacutelogo com

os diferentes intervenientes no processo educativo gerando-se um ambiente de

compreensatildeo e ajuda muacutetua

Procuraacutemos ter disponibilidade para cooperar para experienciar de certa forma

para aprender com os erros e com as conquistas alcanccediladas reconhecendo que em certas

alturas conseguimos suscitar o envolvimento das crianccedilas e criar atividades

enriquecedoras Poreacutem noutros momentos sentimos algumas dificuldades no que se

refere agrave elaboraccedilatildeo da planificaccedilatildeo das atividades e ao tornar acessiacutevel agraves crianccedilas a

compreensatildeo de alguns conteuacutedos o que tentaacutemos ir superando de forma a criar

respostas adaptadas agraves suas necessidades e do grupo Este processo permitiu-nos

aprender e desenvolver-nos do ponto de vista pessoal e profissional

Demos importacircncia agraves atividades iniciadas pelas crianccedilas tentamos responder agraves

suas duacutevidas e procuraacutemos desenvolver com elas experiecircncias de aprendizagem que

incluiacutessem as diferentes aacutereas e domiacutenios de conteuacutedo curricular

Refletimos sobre as perspetivas de aprendizagem nas quais buscaacutemos apoiar a

accedilatildeo educativa que desenvolvemos destacando o papel ativo das crianccedilas Nesta

reflexatildeo procuraacutemos relevar e retratar as vaacuterias dimensotildees da accedilatildeo educativa

merecendo-nos particular atenccedilatildeo as intervenccedilotildees os espaccedilos a observaccedilatildeo

planificaccedilatildeo entre outros

Procuraacutemos evidenciar as ideias que estiveram na base da praacutetica de ensino

supervisionada desenvolvida e aprendizagens promovidas com as crianccedilas Assim

valorizando as perspetivas das crianccedilas e procurando a curiosidade e o desejo de querer

saber sempre mais sentimentos que foram manifestados pelas crianccedilas e que

procuramos ter em consideraccedilatildeo para ir regulando a nossa praacutetica em ordem agrave

60

construccedilatildeo de oportunidades educativas que favorecessem a progressatildeo de cada uma e

do grupo O trabalho colaborativo quer com os adultos quer com as crianccedilas foi na

dimensatildeo valorada e que constitui o suporte para uma continuada progressatildeo do ponto

de vista da nossa formaccedilatildeo pessoal e profissional Nesta linha de pensamento

relevamos que como afirmam Hohmann e Weikart (2011)

Quando as crianccedilas e os adultos trabalham em conjunto em qualquer

ambiente de aprendizagem em acccedilatildeo sustentado num clima de apoio

interpessoal as crianccedilas sentem-se motivadas a prosseguir e levar a bom

porto as suas intenccedilotildees e motivaccedilotildees Os adultos encorajam as crianccedilas a

utilizar aquilo que sabem para resolver problemas e a iniciar novas

experiecircncias atraveacutes das quais ganharatildeo uma outra compreensatildeo sobre o que

as rodeia (p 75)

A maioria das crianccedilas da sala mostrou implicaccedilatildeo nos trabalhos desenvolvidos

vontade de realizar novas experiecircncias e procurar diferentes fontes de informaccedilatildeo O

gosto por participar e por conhecer suscitavam questionamentos e a procura de novas e

diferentes formas de informaccedilatildeo

Aproveitaacutevamos momentos em grande grupo momentos em pequenos grupos

momentos na sala e momentos no recreio para observar as crianccedilas da sala e refletir

sobre as suas curiosidades e motivaccedilotildees Procuramos observar as crianccedilas e registar

informaccedilatildeo sobre o cada uma e o grupo o que natildeo foi tarefa faacutecil considerando o duplo

papel que tiacutenhamos que assumir o de observadores e atores Acrecenta-se ainda a esse

aspeto a dimensatildeo extenccedila do grupo o tempo limitado destinado agrave praacutetica para que

pudesse ser-lhe dada continuidade

Tivemos em conta os interesses das crianccedilas e pusemos o foco de atenccedilatildeo nas

interaccedilotildees que estas estabeleciam com os objetos e os adultos de forma a desenvolver

desse modo aprendizagens com significado

As crianccedilas desde o iniacutecio da praacutetica educativa foram demonstrando que as

atividades tinham significado para elas pois trabalhavam com motivaccedilatildeo e entusiasmo e

mostravam recordar-se das experiecircncias realizadas como exemplo as desenolvidas em

torno da histoacuteria do Elmer

Apesar de ser um grupo constituiacutedo por vaacuterios elementos preocupamo-nos que

cada crianccedila pudesse escolher e ter faacutecil acesso as aacutereas e materiais da sala de uma

forma autoacutenoma ocasionando dessa forma aprendizagens ativas nas mesmas pois eacute

atraveacutes da accedilatildeo com os materiais que as crianccedilas chegam agrave compreensatildeo do mundo

Estas tendo a possibilidade de escolher e sendo as mesmas a tomar decisotildees e

61

resolvendo os problemas que apareciam no dia-a-dia desenvolviam a sua

independecircncia

Esteve presente a preocupaccedilatildeo de planificar e criar experiecircncias de

aprendizagem de modo a que todas as crianccedilas se envolvessem nas atividades e nos

momentos de brincadeiras fazendo com que estas desenvolvessem cada vez mais

competecircncias

Pudemos evidenciar que existiram bastantes momentos aproveitados para

dialogar com as crianccedilas permitindo desse modo conhececirc-las de uma forma

individualizada permitindo escutar as suas opiniotildees questionar e sermos questionados

partilhar e engrandecer os saberes das crianccedilas

Para a realizaccedilatildeo da praacutetica educativa utilizamos a planificaccedilatildeo semanal como

instrumento sistemaacutetico de trabalho procuraacutemos bastante informaccedilatildeo em diversos

documentos direcionados para o preacute-escolar contudo natildeo descartamos outros

documentos essenciais a uma planificaccedilatildeo rica nos seus conteuacutedos e procuraacutemos

orientar os diferentes elementos do curriacuteculo em conformidade com as necessidades e

interesses das crianccedilas A elaboraccedilatildeo das planificaccedilotildees foram desde cedo pensadas e

realizadas em conformidade com os conteuacutedos adequados agrave idade das crianccedilas e

adequadas agrave evoluccedilatildeo das mesmas por isso tentaacutemos clarificar todas as atividades para

que natildeo houvesse duacutevidas nas mesmas por parte dos destinataacuterios

Apercebemo-nos que as atividades planificadas tiveram constantemente ligaccedilatildeo

umas com as outras Por vezes surgiam atividades que natildeo estavam previstas nas

planificaccedilotildees mas surgiam em conformidade com a curiosidade das crianccedilas e

manifestaccedilatildeo destas em quererem aprender sempre mais sobre certos conteuacutedos Sendo

que estas favoreciam em vaacuterias ocasiotildees o desenvolvimento de competecircncias em

diversos domiacutenios tornando desse modo mais faacutecil trabalhar todos e cada um

As experiecircncias de aprendizagem foram organizadas de modo a surgirem

aprendizagens ativas e significativas nas crianccedilas desafiando-as a participar a serem as

mesmas a intervir nas atividades a realizaacute-las a tirar partido de toda a informaccedilatildeo e de

todos os conteuacutedos a tomar iniciativa e a aprenderem informaccedilotildees necessaacuterias sobre

cada domiacutenio da educaccedilatildeo preacute-escolar

Em diversas atividades estiveram presentes histoacuterias que eram novas para as

crianccedilas e continham informaccedilotildees novas para as mesmas e pudemos atraveacutes destas

trabalhar diversos conteuacutedos Tentamos que as histoacuterias despertassem na crianccedila

curiosidade em aprender mais sobre tudo o que nos rodeia tentando durante a leitura da

62

mesma captar a atenccedilatildeo das crianccedilas e fazer com que estas pudessem trabalhar o

imaginaacuterio e pocirc-lo em praacutetica na realidade

Eacute pertinente afirmar que os adultos possuem um papel importante no que

respeita a motivaccedilatildeo das crianccedilas de modo a que autonomamente estas vatildeo ao

encontro do que podem aprender com a escrita e a leitura percebendo assim a

importacircncia destes conteuacutedos para o seu futuro

Buscaacutemos em vaacuterios aspetos relacionar o que as crianccedilas escutavam com toda a

informaccedilatildeo que possuiacuteam previamente As crianccedilas eram questionadas e inclusive

dialogaacutevamos com elas sobre o conteuacutedo da leitura Como mencionam Sim-sim Silva e

Nunes (2008) a interaccedilatildeo das educadoras durante a leitura de livros em sala de

atividades tem muito a ver com a forma como estas leem livros com crianccedilas em

contexto de grupo e que estaacute fortemente relacionada com o desenvolvimento a longo

prazo do vocabulaacuterio e de competecircncias de compreensatildeo de histoacuterias

Abordando um pouco a gestatildeo do tempo e dos espaccedilos podemos afirmar que

efetuamos durante toda a praacutetica uma flexibilidade em relaccedilatildeo agrave gestatildeo da rotina

diaacuteria existente na sala Pois para a criaccedilatildeo de um bom ambiente educativo eacute

necessaacuterio existir uma boa organizaccedilatildeo de tempo das atividades

O trabalho em pequeno e grande grupo possibilitou-nos um melhor

acompanhamento das crianccedilas de forma a compreendermos os interesses e motivaccedilotildees

destas e estimulando-as a experimentar e promover a cooperaccedilatildeo com as outras crianccedilas

do grupo Destacamos neste sentido que como sublinham as Orientaccedilotildees Curriculares

(MEDEB 1997) ldquoa relaccedilatildeo que o educador estabelece com cada crianccedila eacute facilitadora

da sua inserccedilatildeo no grupo e das relaccedilotildees com as outras crianccedilasrdquo (p 35) Eacute necessaacuterio

considerar que essa relaccedilatildeo envolve a criaccedilatildeo de um ambiente agradaacutevel onde cada crianccedila

se sinta ouvida

Recordaacutemos que o jardim-de-infacircncia deve facultar um conjunto alargado de

saberes permitir formar pessoas autoacutenomas livres e solidaacuterias Procuraacutemos ajudar as

crianccedilas a desenvolverem as habilidades necessaacuterias para tomar decisotildees elucidadas

Consideraacutemos que as experiecircncias de aprendizagem facultaram agraves crianccedilas um

equiliacutebrio de experiecircncias nas diferentes aacutereas e domiacutenios de aprendizagem e que se

revelaram positivas pela participaccedilatildeo ativa demonstrada pelas crianccedilas o empenho e

concentraccedilatildeo das mesmas nas atividades

As crianccedilas foram os elementos centrais na praacutetica educativa porque para aleacutem

de participarem nas atividades tambeacutem participavam em todos os momentos de

63

diaacutelogo onde deram as suas opiniotildees e foi atraveacutes de todos estes momentos que

aproveitamos para proporcionar agraves crianccedilas atividades enriquecedoras aproveitando a

maioria das vezes situaccedilotildees segundo as ideias preacutevias das crianccedilas

Desejaacutemos que as crianccedilas se tornem sucessivamente mais autoacutenomas

responsaacuteveis curiosas e em accedilatildeo

Achaacutemos que as estrateacutegias que utilizamos proporcionaram agraves crianccedilas desfrutar

de oportunidades de bem-estar e de desenvolvimento de competecircncias a diversos niacuteveis

Apercebemo-nos ao longo da accedilatildeo educativa que a partilha de conhecimentos

conduziu-nos e conduziraacute futuramente agrave construccedilatildeo de novos e diferentes saberes

Atualmente e terminada a nossa experiecircncia da praacutetica educativa achaacutemos

todas as estrateacutegias que utilizamos facultaram agraves crianccedilas oportunidades de bem-estar e

desenvolvimento a vaacuterios niacuteveis Estas oportunidades de conhecimento conduziram a

crianccedila agrave construccedilatildeo de novos saberes indo ao encontro ao nosso objetivo final Sendo

assim podemos afirmar que as nossas intenccedilotildees foram concretizadas

Em suma achaacutemos pertinente afirmar que todo o trabalhado realizado

proporcionou aprendizagens significativas na nossa formaccedilatildeo como educadoras de

infacircncia

64

Consideraccedilotildees Finais

Finda esta etapa onde as conquistas e desafios foram variados e que em muito

contribuiu para o desenvolvimento de competecircncias profissionais e pessoais eacute chegado

o momento de efetuar algumas consideraccedilotildees acerca do desenvolvimento da praacutetica

educativa

Acreditamos que as caracteriacutesticas consideradas fundamentais para o nosso

desempenho profissional como futuros educadores de infacircncia foram alvo de progresso

ao longo da praacutetica educativa que desenvolvemos Salientamos o importante papel que a

supervisora teve neste processo de formaccedilatildeo em que os feedbacks dados pela mesma

nos levaram a um claro progresso Esta partilha permitiu uma constante reflexatildeo sobre

as praacuteticas promovidas e contribuiu desta maneira para o nosso desenvolvimento

profissional e pessoal

As crianccedilas assumiram neste processo um papel importante papel considerando

que foram criadoras de situaccedilotildees que nos ajudaram a refletir e a investir na procura de

novas informaccedilotildees para que pudeacutessemos encontrar respostas coerentes e com

continuidade As experiecircncias de aprendizagem vividas no contexto onde decorreu a

praacutetica de ensino possibilitaram-nos aprender e desenvolver competecircncias relacionadas

com a dimensatildeo da aprendizagem e desenvolvimento das crianccedilas da integraccedilatildeo do

curriacuteculo da interaccedilatildeo e de dimensatildeo eacutetica e social Para tal os contributos dos vaacuterios

agentes educativos revelaram-se fundamentais neste curto processo de formaccedilatildeo

Concluindo reconhecemos que ainda temos um longo caminho a percorrer no

entanto estamos cientes do caminho que percorremos e do importante papel que neste

processo assumiu a praacutetica de ensino supervisionada Sublinhamos que construiacutemos

novos olhares sobre a educaccedilatildeo de infacircncia a imagem da crianccedila e sobre o papel do

educador de infacircncia Esta experiecircncia proporcionou-nos uma evoluccedilatildeo na medida que

possuiacutemos um leque abrangente de experiecircncias Temos desejo em continuar a

progredir renovando conhecimentos e desenvolvendo novas aprendizagens ao longo da

vida com vista agrave realizaccedilatildeo pessoal e profissional

65

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escolar

Lei nordm 51997 de 10 de Fevereiro ndash Lei quadro da Educaccedilatildeo Preacute-escolar

Page 3: Cátia Alexandra Mendes Machado...Figura 13 - Livro - Elmer e o arco-íris de David Mckee. ..... 39 Figura 14 - Desenho de um arco-íris realizado por uma criança da sala..... 41

III

Agradecimentos

A todas as pessoas que me acompanharam nesta caminhada ajudando a tornar-

me mais forte eacute com grande gratidatildeo que expresso o meu agradecimento por tudo o que

satildeo e fizeram por mim para que conseguisse atingir os meus fins e tornando o meu

sonho possiacutevel

Agrave professora Doutora Maria Angelina Sanches pelo pilar que foi para mim pela

troca conjunta de conhecimentos partilha de ideias e pela forte disponibilidade em

atender a todas as minhas duacutevidas

Agraves crianccedilas da sala na qual tive oportunidade de estagiar que me acolheram

desde o primeiro dia e com quem aprendi diariamente proporcionando-me experiecircncias

enriquecedoras e tambeacutem agrave educadora cooperante pela partilha pela entreajuda e pelas

palavras adequadas na hora certa

A todos os professores da Escola Superior de Educaccedilatildeo de Braganccedila pelas

aprendizagens e desenvolvimento de competecircncias profissionais e pessoais que me

proporcionaram

A todos os docentes que me acompanharam e me fizeram acreditar que era

possiacutevel orientando-me ao querer saber mais e melhor sobre a Educaccedilatildeo Preacute-escolar

Ao meu par de praacutetica de ensino e amiga Juacutelia Correia pela amizade

companheirismo apoio e pelas horas de diaacutelogo

Aos meus pais Augusto e Maria da Luz que sempre estiveram do meu lado e

que me apoiaram incondicionalmente nesta etapa bem como pela paciecircncia dedicaccedilatildeo

e esforccedilo e por acreditarem em mim desde sempre

Agrave minha irmatilde Sofia pela forccedila e pelas palavras de incentivo bem como pela

disponibilidade e tempo dispensado para me ajudar dando-me a matildeo nos momentos

mais difiacuteceis

Aos meus amigos familiares e namorado por acreditarem em mim por me

encorajarem nos momentos mais difiacuteceis acompanhando-me em cada etapa com

palavras amigas e muito carinho

A todos vocecircs o meu sincero Obrigada

IV

Resumo

O papel fundamental que a educaccedilatildeo preacute-escolar assume na vida das crianccedilas

requer que seja atribuiacuteda particular atenccedilatildeo agraves praacuteticas educativas que nela

experienciam Neste sentido colocaram-se-nos desafios e exigecircncias ao longo da nossa

praacutetica de ensino supervisionada que nos propomos apresentar e refletir no presente

relatoacuterio A intervenccedilatildeo educativa foi desenvolvida com um grupo de crianccedila de 4 anos

de idade e decorreu num jardim-de-infacircncia da Rede Privada de Solidariedade Social

O relatoacuterio inclui a contextualizaccedilatildeo da instituiccedilatildeo a caracterizaccedilatildeo do grupo de

crianccedilas e do ambiente educativo mais especificamente o espaccedilo o tempo e as

interaccedilotildees educativas Integra tambeacutem a fundamentaccedilatildeo das opccedilotildees pedagoacutegicas e a

descriccedilatildeo e anaacutelise da praacutetica educativa que desenvolvemos ao longo do ano letivo

2012-2013 no acircmbito do Curso de Mestrado em Educaccedilatildeo Preacute-escolar

Apresenta por uacuteltimo uma reflexatildeo sobre a globalidade da accedilatildeo educativa que

desenvolvemos procurando relanccedilar sobre ela um novo olhar no sentido de melhor a

compreender e identificar os seus contributos para o nosso desenvolvimento

profissional e pessoal

Palavras-chaves Educaccedilatildeo Preacute-escolar experiecircncias de aprendizagem aprendizagem

ativa

V

Abstract

The fundamental role that the pre-school education takes on the lives of children

requires that particular attention be given to educational practices that her experience In

this sense placed themselves us challenges and requirements throughout our supervised

teaching practice that we propose to present and reflect in the present report The

educational intervention was developed with a group of 4-year-old child and ran a

kindergarten of the Private Social Solidarity Network

The report includes the contextualization of the institution the characterization

of the Group of children and educational environment more specifically the space time

and educational interactions Integrates the educational options Foundation and the

description and analysis of educational practice that developed throughout the

academic year 2012-2013 within the masters degree course in Kindergarten Education

Finally it presents a reflection about the entirety of the educational activity

developed looking for relaunch about her a new look in order to better understand and

identify their contributions to our professional and personal development

Keywords Preschool Education learning active learning experiences

VI

Iacutendice geral

Agradecimentos III

Resumo IV

Abstract V

Iacutendice de Figuras VII

Introduccedilatildeo 1

I Contextualizaccedilatildeo da Praacutetica de Ensino Supervisionada 3

11Caraterizaccedilatildeo da instituiccedilatildeo 3

12Caraterizaccedilatildeo do grupo de crianccedilas 4

13Organizaccedilatildeo do ambiente educativo 6

131Caracterizaccedilatildeo do espaccedilo 7

1311Espaccedilo interior 7

1312Espaccedilo exterior 11

132Rotina diaacuteria 12

133As interaccedilotildees 14

II Fundamentaccedilatildeo das opccedilotildees educativas 17

21A aprendizagem como um processo ativo 17

22Modelos Curriculares 19

23Linhas de orientaccedilotildees curricular da educaccedilatildeo preacute-escolar 24

III Descriccedilatildeo e anaacutelise das experiecircncias de aprendizagem 31

31Experiecircncia de aprendizagem Respeitar as diferenccedilas um desafio para todos 32

32Experiecircncia de aprendizagem Aprender a observar e conhecer 39

33Experiecircncia de aprendizagem Conhecendo diferentes culturas 45

34Experiecircncia de aprendizagem Descobrir trabalhando colaborativamente 52

IV Reflexatildeo Criacutetica 59

Consideraccedilotildees Finais 64

Bibliografia 65

VII

Iacutendice de Figuras

Figura 1 - Identificaccedilatildeo das aacutereas da sala 7

Figura 2 - Planta da sala 9

Figura 3- Aacuterea da biblioteca 9

Figura 4 - Aacuterea da escrita 10

Figura 5 - Aacuterea dos jogos 10

Figura 6- Aacuterea da casa espaccedilo do quarto 10

Figura 7 - Espaccedilo da cozinha 10

Figura 8 - Aacuterea da garagemconstruccedilotildees 11

Figura 9 - Quadro semanal de presenccedilas 11

Figura 10 ndash Produccedilotildees das crianccedilas em plasticina na sequecircncia da exploraccedilatildeo da

histoacuteria do Elmer 35

Figura 11 - Crianccedila colocando o animal no habitat 37

Figura 12 - Quadro das cores primaacuterias e secundaacuterias 38

Figura 13 - Livro - Elmer e o arco-iacuteris de David Mckee 39

Figura 14 - Desenho de um arco-iacuteris realizado por uma crianccedila da sala 41

Figura 15 - Arco-iacuteris elaborado por uma crianccedila da sala 41

Figura 16 - Crianccedilas jogando o Jogo dos sorrisos 42

Figura 17 - Resultado da atividade praacutetica sobre a formaccedilatildeo do arco-iacuteris 43

Figura 18 - Interajuda entre as crianccedilas da sala 48

Figura 19 - Sequecircncia de imagens da construccedilatildeo do cartaz 51

Figura 20 - Crianccedilas procurando objetos da respetiva cor 53

Figura 21 - Crianccedila preenchendo a tabela das cores favoritas 56

1

Introduccedilatildeo

A educaccedilatildeo preacute-escolar eacute reconhecida como a primeira etapa da educaccedilatildeo baacutesica

no processo de educaccedilatildeo ao longo da vida da qual se espera que em

complementaridade com a accedilatildeo educativa da famiacutelia favoreccedila a formaccedilatildeo e o

desenvolvimento das crianccedilas tendo em vista a sua plena inserccedilatildeo na sociedade como

seres autoacutenomos livres e solidaacuterios (Lei nordm597 de 10 de fevereiro artordm 2ordm) Como tal

devemos proporcionar agraves crianccedilas experiecircncias de aprendizagem de natureza diversa

atraveacutes das quais possam aprender e desenvolver-se

Sendo o educador o construtor e o gestor do curriacuteculo (MEDEB 1997)1 deve

procurar fazecirc-lo em equipa e escutando os saberes das crianccedilas das suas famiacutelias e da

comunidade As Orientaccedilotildees Curriculares para a Educaccedilatildeo Preacute-Escolar2 satildeo um ponto

de apoio para o processo educativo a desenvolver

A faixa etaacuteria em que se encontravam as crianccedilas do grupo com o qual

desenvolvemos a praacutetica de ensino supervisionada requer uma constante atenccedilatildeo e

resposta pelo que pressupotildee que o educador exerccedila a sua accedilatildeo profissional com

entusiasmo e dedicaccedilatildeo suficiente para tornar possiacutevel que as crianccedilas aprendam e

possam ser cidadatildeos responsaacuteveis e dotados de consciecircncia ciacutevica e moral

Eacute nesta linha de pensamento que se integra o trabalho que desenvolvemos e

apresentamos neste relatoacuterio Como tal propomo-nos destacar os aspetos que podem

ajudar agrave sua compreensatildeo procurando que seja o mais congruente possiacutevel com aquela

que eacute a representaccedilatildeo que temos do que foi a nossa praacutetica de ensino supervisionada

A sua estrutura contempla num primeiro capiacutetulo a caraterizaccedilatildeo do contexto

educativo em particular no que se refere agrave organizaccedilatildeo da instituiccedilatildeo e agrave constituiccedilatildeo e

carateriacutesticas de aprendizagem do grupo de crianccedilas com o qual desenvolvemos a

praacutetica educativa bem como agrave organizaccedilatildeo do ambiente educativo considerando o

espaccedilo e os materiais o tempo pedagoacutegico e as interaccedilotildees estabelecidas ao niacutevel do

grupo Neste acircmbito relevamos a implicaccedilatildeo de todos adultos e crianccedilas na criaccedilatildeo de

oportunidades de accedilatildeo e de relaccedilatildeo que favorecessem o seu bem-estar e

desenvolvimento

No segundo capiacutetulo procedemos agrave fundamentaccedilatildeo das opccedilotildees educativas

procurando aprofundar conhecimentos sobre o processo de aprendizagem numa

1 Ministeacuterio da EducaccedilatildeoDepartamento de Educaccedilatildeo Baacutesica

2 Considerando que ao longo do presente relatoacuterio vamos utilizar vaacuterias vezes esta fonte de referecircncia

passamos a indicaacute-las apenas pela sigla OCEPE

2

perspetiva ativa e os modelos curriculares que favorecem a construccedilatildeo de uma praacutetica

desta natureza como o modelo HighScope o modelo Reggio Emilia e o modelo da

Escola Moderna Debruccedilamo-nos ainda sobre as linhas de orientaccedilatildeo curricular para a

educaccedilatildeo preacute-escolar atribuindo particular atenccedilatildeo agraves dimensotildees contempladas em cada

aacuterea de conteuacutedo no quadro de uma construccedilatildeo articulada do saber

No terceiro capiacutetulo apresentamos um conjunto de quatro experiecircncias de

aprendizagem que desenvolvemos com as crianccedilas ao longo do ano letivo incluindo

algumas evidecircncias desse trabalho atraveacutes de fotografias e notas de campo sobre os

diaacutelogos das crianccedilas Estas experiecircncias de aprendizagem relevam a importacircncia de

cada um aprender a valorizar respeitar e aceitar-se a si proacuteprio e aos outros no quadro

de exerciacutecio de uma cidadania facilitadora da integraccedilatildeo de todos

Por uacuteltimo incluiacutemos uma reflexatildeo sobre a praacutetica educativa na se efetiva uma

suacutemula reflexiva sobre as diferentes dimensotildees do processo de aprendizagem o papel

que como educadores nos cabe assumir e as implicaccedilotildees de percurso formativo

experienciado por crianccedilas e adultos Relevamos os importantes contributos deste

processo natildeo apenas para a aprendizagem e desenvolvimento das crianccedilas mas tambeacutem

para a nossa formaccedilatildeo e desenvolvimento pessoal e profissional Este requer

continuidade no sentido de podermos responder aos desafios e exigecircncias emergentes

3

I Contextualizaccedilatildeo da Praacutetica de Ensino Supervisionada

11 Caraterizaccedilatildeo da instituiccedilatildeo

O contexto em que realizaacutemos a praacutetica educativa era uma instituiccedilatildeo particular

de solidariedade social (IPSS) situada na cidade de Braganccedila e incluiacutea serviccedilos de

creche jardim-de-infacircncia e centro de conviacutevio para idosos O horaacuterio de

funcionamento da instituiccedilatildeo era extenso mantendo-se aberta das 7h45min ateacute agraves 19h

incluindo neles e no que se refere aos serviccedilos destinados agrave educaccedilatildeo de infacircncia a

componentes educativa e a componente de apoio agrave famiacutelia A componente educativa

decorre num total de cinco horas por dia de manhatilde das 9h agraves 12h e de tarde das 14h e

agraves 16h Os restantes tempos englobam atividades socioeducativas e de serviccedilo de

almoccedilos sendo estes frequentados pelas crianccedilas segundo a necessidade das famiacutelias e

normalmente em funccedilatildeo da sua ocupaccedilatildeo laboral

No que se refere ao edifiacutecio eacute constituiacutedo por trecircs andares funcionando no reacutes-

do-chatildeo o centro de dia e conviacutevio o gabinete de psicologia o posto meacutedico o bar

lavandaria e garagem No primeiro andar funciona o Jardim-de-Infacircncia constituiacutedo por

trecircs salas de atividades e ainda alguns espaccedilos de apoio como a cozinha refeitoacuterio

vestiaacuterio bem como a secretaria da instituiccedilatildeo

No segundo andar funciona a creche com seis salas na sua totalidade uma copa

de leites refeitoacuterio arrecadaccedilotildees e um salatildeo polivalente no qual se realizam festas a

praacutetica da expressatildeo motora e tambeacutem atividades em grande grupo Neste andar

localiza-se ainda a sala da direccedilatildeo da instituiccedilatildeo Os andares encontram-se ligados por

escadas e cada um estaacute equipado com instalaccedilotildees sanitaacuterias adequadas agraves faixas etaacuterias

para que cada setor a que se destina Os espaccedilos interiores da instituiccedilatildeo e os

equipamentos da mesma encontram-se em bom estado de conservaccedilatildeo

No que se refere aos espaccedilos exteriores possui um espaccedilo de recreio com zonas

luacutedicas delimitadas incluindo um espaccedilo pavimentado e outro com areia Este estaacute

equipado com um parque infantil O espaccedilo cimentado de recreio eacute utilizado no periacuteodo

de entrada e saiacuteda das crianccedilas como zona de paragem das viaturas dos pais dado

limitado espaccedilo que ao niacutevel da via puacuteblica existe para o efeito Existem alguns

materiais de apoio agraves atividades de recreio exterior sendo deslocados pelas crianccedilas do

interior para o exterior e vice-versa quando terminadas as atividades

4

Considerando que como referem as Orientaccedilotildees Curriculares para a Educaccedilatildeo

Preacute-escolar (MEDEB 1997) ldquoo meio em que a crianccedila vive influenciaraacute o modo como

esta se iraacute desenvolverrdquo (p 31) importa que nos interroguemos sobre o modo como o

ambiente educativo da instituiccedilatildeo se encontra organizado e que nos esforcemos para

contribuir para enriquececirc-lo Nesta linha de pensamento importa sublinhar que foi

nossa preocupaccedilatildeo colaborar com os profissionais da instituiccedilatildeo e as crianccedilas nessa

organizaccedilatildeo de modo a construir um ambiente que se constituiacutesse como potencialmente

facilitador do desenvolvimento de todos crianccedilas e adultos

A equipa pedagoacutegica da instituiccedilatildeo era constituiacuteda por seis educadoras de

infacircncia trecircs na modalidade de creche e trecircs na de jardim de jardim-de-infacircncia

assumindo uma destas as funccedilotildees de coordenadora pedagoacutegica Esta equipa contava

ainda com o apoio de um grupo alargado de assistentes operacionais uma por sala no

que se refere agrave etapa preacute-escolar bem como da psicoacuteloga e da direccedilatildeo administrativa da

instituiccedilatildeo

12 Caraterizaccedilatildeo do grupo de crianccedilas

Como se refere nas OCEPE (MEDEB 1997) haacute diferentes fatores que

influenciam o modo proacuteprio de funcionamento do grupo como por exemplo a sua

dimensatildeo e o maior ou menor nuacutemero de crianccedilas de cada sexo pelo que importa que

na accedilatildeo educativa a promover se atenda agrave sua contextualizaccedilatildeo

O grupo de crianccedilas com o qual desenvolvemos a praacutetica educativa apresentava

uma dimensatildeo extensa integrando vinte e cinco crianccedilas com quatro anos idades Ao

niacutevel do nuacutemero de crianccedilas de cada sexo pode entender-se que era um grupo com uma

organizaccedilatildeo equilibrada integrando doze crianccedilas do sexo masculino e treze do sexo

feminino

Segundo informaccedilotildees fornecidas pela educadora de infacircncia cooperante a

maioria das crianccedilas frequentavam a instituiccedilatildeo desde a creche encontrando-se apenas

duas crianccedilas a frequentaacute-la pela primeira vez Importa ainda referir que integravam o

grupo trecircs crianccedilas de origem natildeo portuguesa duas crianccedilas que eram irmatildeos naturais

de Espanha e outra que era Ucraniana

5

Segundo o referido nas OCEPE (MEDEB 1997)

observar cada crianccedila e o grupo para conhecer as suas capacidades interesses e

dificuldades recolher as informaccedilotildees sobre o contexto familiar e o meio em que

as crianccedilas vivem satildeo praacuteticas necessaacuterias para compreender melhor as

caracteriacutesticas das crianccedilas e adequar o processo educativo agraves suas necessidades

(p 25)

Nesta linha de pensamento importa considerar as caracteriacutesticas que nos foi

possiacutevel observar das crianccedilas quer a niacutevel individual quer a niacutevel grupo ao longo ano

letivo Assim importa referir que relativo a questotildees relacionadas com a vida em

grupo as crianccedilas manifestavam saber orientar-se em relaccedilatildeo agraves normas e regras

definidas na sala ainda que nem sempre lhes fosse faacutecil respeitaacute-las como partilhar

materiais com os colegas e saber esperar pela sua vez

Os tempos da rotina eram do seu conhecimento e manifestavam independecircncia

no que se refere agrave realizaccedilatildeo da higiene pessoal e tomada de refeiccedilotildees Dum modo geral

as crianccedilas envolviam-se nas atividades quer nas propostas por noacutes quer nas da sua

iniciativa revelando-se um grupo ativo

Ao niacutevel das preferecircncias em relaccedilatildeo agraves aacutereas de atividade da sala as aacutereas mais

escolhidas pelas crianccedilas eram a da casa e a das construccedilotildeesgaragem Enquanto a

primeira era frequentada por ambos os sexos a segunda era mais frequentada pelo sexo

masculino ainda que procuraacutessemos salientar a importacircncia de trabalharbrincar em

todas pelas diferentes experiecircncias que lhes permitiam efetuar

As atividades ao niacutevel da expressatildeo dramaacutetica e plaacutestica bem como a entoaccedilatildeo

de canccedilotildees e o escutar de histoacuterias integravam-se tambeacutem entre as preferecircncias do

grupo As crianccedilas manifestavam-se curiosas em conhecer o conteuacutedo das histoacuterias e em

colocar questotildees sobre as mesmas quando natildeo percebiam alguma palavra expressatildeo ou

frase

Sendo o espaccedilo de dimensatildeo limitada face agrave dimensatildeo do grupo as crianccedilas em

geral manifestavam organizar-se nas suas brincadeiras e relaccedilotildees sem se perturbar uns

aos outros com exceccedilatildeo de uma crianccedila que desestabilizava o grupo

No que respeita agrave expressatildeo oral era evidente o desenvolvimento das crianccedilas

com exceccedilatildeo na pronuacutencia de algumas palavras sobretudo no iniacutecio do ano e no que se

refere ao uso de determinados tempos verbais aspeto que era mais evidente em duas

crianccedilas utilizando com frequecircncia por exemplo a expressatildeo ldquoeu sabordquo em vez de ldquoeu

seirdquo o que foi sendo ultrapassado no decurso do ano letivo

6

Verificaacutemos ainda que como referem Hohmann e Weikart (2011) ldquopor vezes as

crianccedilas hesitam enquanto procuram palavras para expressar uma ideia nova

particularmente difiacutecilrdquo (p 534) e que eacute importante dar-lhes tempo para que elas

proacuteprias escolham as palavras de que necessitam e evitar interferirmos com as suas

proacuteprias sugestotildees

Considerando que como refere Oliveira-Formosinho (2007a) ldquoa escuta eacute um

meio para ouvir a crianccedila sobre a sua colaboraccedilatildeo no processo de co-construccedilatildeo do

conhecimentordquo (p 32) procuraacutemos estabelecer diaacutelogos em que as crianccedilas usufruiacutessem

de tempo para se expressar e que nos permitissem conhecermos as crianccedilas

No que respeita ao nuacutecleo familiar das crianccedilas e considerando os dados que

constam das suas fichas de inscriccedilatildeo a maioria dos pais famiacutelia das crianccedilas advecircm de

um meio socioeconoacutemico meacutedio trabalham nos vaacuterios setores de atividade sendo que a

maioria trabalha como funcionaacuterio puacuteblico No que se refere ao nuacutemero de irmatildeos de

acordo com os dados dessas mesmas fichas quinze crianccedilas tecircm um irmatildeo nove

crianccedilas natildeo tecircm irmatildeos e sobre uma crianccedila natildeo foi possiacutevel recolher esse dado

13 Organizaccedilatildeo do ambiente educativo

Sendo um jardim-de-infacircncia um contexto institucional destinado a crianccedilas de

tenra idade deve estar organizado de forma a proporcionar o indispensaacutevel bem-estar

prazer em frequentaacute-lo e favorecer atividades de ludicidade que motivem agrave

aprendizagem Posto isto julgamos de grande importacircncia organizar um ambiente

educativo agradaacutevel estaacutevel e que seja favoraacutevel agrave aprendizagem significativa da

crianccedila

Demos importacircncia ao horaacuterio de atendimento aos pais pois em nossa opiniatildeo eacute

um bom meio de incentivar os pais a deslocarem-se agrave instituiccedilatildeo na qual a sua crianccedila

estaacute inserida e estarem informados das suas condiccedilotildees conhecimento da funcionalidade

da instituiccedilatildeo ter a oportunidade de conversar com as educadoras e estarem a par da

evoluccedilatildeo das crianccedilas conseguirem tambeacutem ter conhecimento das atividades realizadas

e dos seus resultados

De acordo com o que se refere nas OCEPE (MEMEB 1997) importa ter em

conta que ldquoa famiacutelia e a instituiccedilatildeo de educaccedilatildeo preacute-escolar satildeo dois contextos sociais

que contribuem para a educaccedilatildeo da mesma crianccedila importa por isso que haja uma

relaccedilatildeo entre estes dois sistemasrdquo (p 43)

7

131 Caracterizaccedilatildeo do espaccedilo

Evidenciando o espaccedilo interior e o exterior pois os dois tecircm um papel

fundamental no processo educativo e no desenvolvimento das crianccedilas e concordando

com Oliveira-Formosinho e Andrade (2011a) ldquopensamos o espaccedilo como um territoacuterio

organizado para a aprendizagem um lugar de bem-estar alegria e prazer Procuramos

que o espaccedilo pedagoacutegico seja aberto agraves vivecircncias e interesses das crianccedilas e

comunidades seja seguro seja luacutedico e culturalrdquo (p 11)

1311 Espaccedilo interior

A sala apesar da sua pequena dimensatildeo estava cuidadosamente organizada e

todos os espaccedilos eram aproveitados para possibilitar agraves crianccedilas a oportunidade de

experimentar e manipular os materiais Juntamente com o espaccedilo e os materiais foi

possiacutevel realizar diversas experiecircncias de aprendizagem dentro da sala As crianccedilas

conseguiam movimentar-se e explorar as aacutereas e o que as mesmas tinham para lhes

proporcionar Tal como estaacute presente nas OCEPE (MEDEB 1997) ldquoo procedimento

de aprendizagem implica tambeacutem que as crianccedilas compreendam como o espaccedilo estaacute

organizado e como pode ser utilizado e que participem nessa organizaccedilatildeo (hellip) o

conhecimento do espaccedilo dos materiais e das actividades possiacuteveis eacute tambeacutem condiccedilatildeo

de autonomia da crianccedila e do grupordquo (p 38)

A sala na qual desenvolvemos a praacutetica

de accedilatildeo pedagoacutegica apresentava uma forma

retangular e como anteriormente foi referido a

sala natildeo possuiacutea grandes dimensotildees Desde o

iniacutecio percebemos que toda ela estava

previamente dividida por aacutereas e todas elas

estavam identificadas com uma placa com o nome e o

nuacutemero de crianccedilas que poderiam frequentar em simultacircneo Cada crianccedila era

representada com um siacutembolo um sorriso por cada crianccedila como podemos verificar na

figura 1 Ainda nas placas de identificaccedilatildeo das aacutereas podiacuteamos verificar desenhos

realizados pelas crianccedilas Procuramos ainda atender a que como lembram Oliveira-

Formosinho e Andrade (2011a)

Figura 1 - Identificaccedilatildeo das aacutereas da sala

8

As crianccedilas tecircm o direito de crescer em espaccedilos onde o cuidado e a atenccedilatildeo

prestados agrave dimensatildeo esteacutetica constituam um princiacutepio educativo baacutesico As

experiecircncias que as crianccedilas vivem com o espaccedilo devem poder converter-se em

experiecircncias esteacuteticas de prazer e de bem-estar (p 12)

Uma das paredes da sala possuiacutea trecircs janelas com visionamento para o exterior

Estas proporcionavam uma agradaacutevel luminosidade natural e possibilitavam ainda

identificar o estado do tempo A sala encontrava-se igualmente devidamente equipada

com sistema de aquecimento funcionando este em situaccedilotildees necessaacuterias No que

respeita ao pavimento da sala este possuiacutea uma cor azulada clara resistente lavaacutevel

um pouco confortaacutevel e pouco refletora de som proporcionando desse modo um

benevolente isolamento acuacutestico

O mobiliaacuterio da sala apresentava um bom estado de conservaccedilatildeo O moacutevel de

maior dimensatildeo estava preenchido com materiais trabalhos e os portefoacutelios das

crianccedilas Havia um moacutevel para arrumaccedilatildeo de materiais sendo alguns destes de escrita

(como os laacutepis marcadores) e tambeacutem tesouras materiais reciclados e outros que

serviam de apoio agraves atividades de expressatildeo plaacutestica Encontravam-se quatro mesas na

sala de formato retangular proporcionando agraves crianccedilas um largo espaccedilo para trabalhar e

brincar sobre as mesmas todas acompanhadas por cinco cadeiras Eacute importante salientar

que as mesas e as cadeiras serviam de apoio agraves atividades em pequeno e grande grupo

Ainda na sua constituiccedilatildeo a sala possuiacutea um placard no qual eram expostos os

trabalhos realizados pelas crianccedilas embora alguns destes fossem expostos no corredor

de forma a divulgaacute-los junto dos paiscomunidade Indo ao encontro de Niza (2007)

quando refere que ldquoo ambiente geral da sala deve resultar agradaacutevel e altamente

estimulante utilizando as paredes como expositores permanentes das produccedilotildees das

crianccedilas onde rotativamente se revecircem nas suas obras de desenho pintura tapeccedilaria ou

textordquo (p 133)

A planta que se segue apresenta-nos uma perspetiva da realidade do espaccedilo

fiacutesico da sala ao longo do ano letivo considerando que as alteraccedilotildees ocorridas

incidiram na integraccedilatildeo de materiais mas natildeo na disposiccedilatildeo das aacutereas

9

A sala integrou desde iniacutecio seis aacutereas de trabalho todas devidamente

identificadas sendo estas a aacuterea da casa (cozinha e quarto) a aacuterea dos jogos a aacuterea de

acolhimento a aacuterea da biblioteca a aacuterea da escrita e a aacuterea da garagemconstruccedilotildees

Estas estavam organizadas no sentido de possibilitar ao grupo de crianccedilas um faacutecil

acesso aos distintos materiais e objetos pois como menciona Oliveira-Formosinho

(2007b) ldquoa organizaccedilatildeo do espaccedilo em aacutereas com os seus respectivos materiais (hellip)

porque estatildeo visiacuteveis acessiacuteveis e etiquetados (tambeacutem para facilitar a autonomia na

arrumaccedilatildeo) eacute uma forma poderosiacutessima de passar mensagens impliacutecitas agrave crianccedilardquo (p

68)

Podemos verificar na figura 2 que as aacutereas rotuladas como barulhentas

encontram-se um pouco afastadas das aacutereas mais calmas A aacuterea da biblioteca (figura 3)

situa-se no canto superior direito da figura 2 desfrutava de

uma boa luminosidade natural pois encontrava-se junto de

uma das janelas Esta era constituiacuteda por uma estante na qual

as crianccedilas poderiam encontrar livros variados uma mesa

circular de pequenas dimensotildees acompanhada por trecircs

cadeiras de madeira Esta proporcionava agraves crianccedilas

oportunidade agradaacutevel de explorar as ilustraccedilotildees das

histoacuterias folhear e contar histoacuterias umas agraves outras Hohmann

e Weikart (2011) referem que ldquotalvez mais nenhuma outra

actividade seja tatildeo importante para a emergente literacia da crianccedila do que um adulto ou

amigo lhe fizerrdquo (p 546)

Figura 3- Aacuterea da biblioteca

Figura 2 - Planta da sala

10

Figura 6- Aacuterea da casa

espaccedilo do quarto

Figura 5 - Aacuterea dos jogos

Do outro lado da sala estava situada a aacuterea da

escrita (figura 4) nesta as crianccedilas tinham a

oportunidade de escrever explorar as diferentes

formas das letras podendo inclusivamente manipular

materiais de escrita

No centro da sala encontrava-se a aacuterea do

acolhimento um espaccedilo destinado a momentos em grande grupo de modo a ser

possiacutevel todas as crianccedilas se visualizarem umas agraves outras partilharem interesses

ouvirem histoacuterias tinham ainda a oportunidade de cantarem canccedilotildees e dialogarem

A aacuterea dos jogos (figura 5) estava localizada perto

da aacuterea do acolhimento dispunha de uma mesa

acompanhada por cinco cadeiras e de uma estante na qual

se encontravam diversos tipos de jogos puzzles

enfiamentos dominoacutes blocos loacutegicos jogo de letras jogos

com formas geomeacutetricas entre outros Esta aacuterea permitia o

desenvolvimento cognitivo das crianccedilas aleacutem das

experiecircncias diversificadas que as motivavam para a

resoluccedilatildeo de problemas

A aacuterea da casa distribuiacutea-se por dois espaccedilos o quarto

(figura 6) e a cozinha (figura 7) O mobiliaacuterio e materiais desta

aacuterea estavam apropriados agrave altura das crianccedilas Nesta era

visiacutevel a frequente representaccedilatildeo por parte das crianccedilas

assumindo o papel de adultos imitando expressotildees gestuais e

orais Atraveacutes das bonecas as crianccedilas representavam vivecircncias

do seu dia-a-dia como vestir e despir as crianccedilas deitaacute-las a

dormir maquilhaacute-las faziam e desfaziam a cama arrumavam e

desarrumavam toda a aacuterea representando

de variadas formas o ldquofaz-de-contardquo

O espaccedilo da cozinha era utilizado para representar

vivecircncias do dia-a-dia integrando parecenccedilas com algumas

cozinhas das casas das crianccedilas e em vaacuterias situaccedilotildees as

crianccedilas assumiam os papeacuteis de adultos e representavam

momentos vividos nas suas proacuteprias casas

Figura 4 - Aacuterea da escrita

Figura 7 - Espaccedilo da

cozinha

11

Figura 9 - Quadro semanal de presenccedilas

A uacuteltima aacuterea a ser apresentada eacute intitulada pela aacuterea da

garagemconstruccedilotildees (figura 8) Nesta as crianccedilas usavam

materiais como carros ferramentas de mecacircnica uma pista de

carros entre outros As crianccedilas principalmente do sexo

masculino apropriavam-se ou tentavam por vaacuterias vezes

apropriar-se desta aacuterea pois mostravam bastante interesse na

mesma gostavam de brincar e imaginar situaccedilotildees proacuteprias da

aacuterea

Para registar as presenccedilas diaacuterias das crianccedilas foi criado um quadro semanal de

presenccedilas como pudemos verificar na figura 9 este estava adequado agrave altura das

crianccedilas Foi criado ldquopara o aluno marcar com um sinal convencional a sua presenccedila

na quadriacutecula onde o seu nome cruza com a coluna do diardquo (Niza 2007) (p 135)

Neste encontravam-se expostos os nomes das crianccedilas

do lado esquerdo e na parte superior do quadro

estavam os dias da semana separados por quadriacuteculas

A presenccedila da crianccedila era assinalada com duas bolas

de pequenas dimensotildees uma verde fazendo referecircncia

agrave presenccedila e uma outra de cor vermelha fazendo

referecircncia agrave ausecircncia da crianccedila A marcaccedilatildeo das

presenccedila era identificado pela proacutepria crianccedila isto eacute

cada uma efetuava a sua presenccedila agrave exceccedilatildeo das

crianccedilas que se encontravam ausentes essa marcaccedilatildeo

era realizada ou pelas educadoras ou pelas crianccedilas

1312 Espaccedilo exterior

O espaccedilo exterior possuiacutea uma aacuterea de dimensotildees bastante consideraacuteveis

rodeada por um muro com grades que permitia observar do interior para o exterior da

instituiccedilatildeo e vice-versa O pavimento variava existindo zonas de relva com aacutervores de

cimento com maior dimensatildeo e de areia Neste uacuteltimo encontraacutevamos equipamento de

parque infantil sendo este composto por uma estrutura com escorrega barras para

trepar baloiccedilos fixos no chatildeo e cavalos de molas

Figura 8 - Aacuterea da

garagemconstruccedilotildees

12

Este espaccedilo exterior eacute de grande importacircncia pois nele como referem Hohmann

e Weikart (2011) ldquoas crianccedilas tecircm acesso a um conjunto de actividades e brincadeiras

que habitualmente natildeo fazem no interiorrdquo (p 369) No periacuteodo de recreio ldquoas crianccedilas

podem experimentar os sons e imagens do ar livre usar o material e equipamento do

recreio e brincar vigorosamente (ou sossegadamente se assim o preferirem) rdquo (idem

ibidem)

Em muitos momentos no recreio enquanto foi possiacutevel a sua utilizaccedilatildeo tivemos

a oportunidade de praticar jogos em grande grupo sendo estes com movimentos

rotativos movimentos lentos e coordenados movimentos raacutepidos e livres para as

crianccedilas exercitarem a motricidade Apesar dos momentos de recreio e de sala serem de

diferentes caracteriacutesticas ldquotecircm algo em comum encorajar as crianccedilas a envolverem-se

activamente com materiais pessoas ideias e acontecimentosrdquo (Hohmann amp Weikart

2011 p 370)

132 Rotina diaacuteria

A organizaccedilatildeo do tempo no jardim-de-infacircncia eacute definido e iniciado pelos

adultos estes devem refletir e estruturar devidamente uma rotina diaacuteria pois esta

auxilia as crianccedilas e adultos tal como referem Hohmann e Weikart (2011)

a rotina diaacuteria (hellip) ajuda as crianccedilas a responder (hellip) a questotildees ao

oferecer-lhes uma sequecircncia de acontecimentos que elas podem seguir e

compreender Tambeacutem ajuda os adultos a organizarem o seu tempo com as

crianccedilas de forma a lhes oferecer experiecircncias de aprendizagem activas e

motivadoras Neste sentido os elementos de uma rotina diaacuteria satildeo como

marcas de pegadas num caminho Ao seguirem o caminho as crianccedilas

envolvem-se em variadas aventuras e experiecircncias que lhes interessam e que

respondem agrave sua natureza inventiva e luacutedica (p 224)

Quando iniciaacutemos a nossa praacutetica de ensino na sala dos quatro anos estes jaacute

tinham uma rotina diaacuteria definida desde o iniacutecio do ano Apesar disso a rotina diaacuteria foi

suscetiacutevel de alteraccedilotildees tendo em conta atividades que emergiam visitas e o desenrolar

de certas experiecircncias de aprendizagem A rotina diaacuteria integrava os seguintes

segmentos temporais

i) Tempo de acolhimento momento de receccedilatildeo das crianccedilas em grande

grupo Era inclusive neste momento que as crianccedilas e os adultos

cantavam canccedilotildees partilham ideias vivecircncias e experiecircncias pessoais e

procediam agrave marcaccedilatildeo das presenccedilas

13

ii) Tempo de atividades em grande grupo neste tempo as crianccedilas e os

adultos juntavam-se para atividades a vaacuterios niacuteveis de muacutesica

movimento expressatildeo dramaacutetica leitura e exploraccedilatildeo de histoacuterias entre

outras Estas envolviam experiecircncias de aprendizagem nos diferentes

domiacutenios Apesar de em vaacuterias ocasiotildees serem os adultos a iniciarem

estas atividades as crianccedilas proporcionavam e apresentavam novas

ideias

iii) Tempo de higienealmoccedilo este tempo era dedicado agrave higiene das

crianccedilas e logo de seguida deslocavam-se ao refeitoacuterio da instituiccedilatildeo

para almoccedilarem

iv) Tempo de recreiodescanso momento reservado ao descanso das

crianccedilas mas tambeacutem quando as condiccedilotildees atmosfeacutericas o permitiam as

crianccedilas usufruiacuteam do espaccedilo exterior ocasionando-lhes situaccedilotildees nas

quais poderiam variar na forma como utilizavam o corpo tal como

trepar deslizar baloiccedilar e correr

v) Tempo de atividades nas aacutereas este tempo contemplava alguns tipos de

atividades propositadamente planeados de forma a proporcionar

experiecircncias de aprendizagens significativas nas diferentes aacutereas do

conteuacutedo Era ainda neste momento que se procedia agrave organizaccedilatildeo das

crianccedilas pelas diferentes aacutereas da sala consoante a preferecircncia que cada

uma manifestava de forma a reforccedilar os interesses naturais das crianccedilas

a capacidade de iniciativa da mesma e desenvolver competecircncias na

resoluccedilatildeo de problemas

vi) Tempo de lanche as crianccedilas apoacutes terem efetuado a arrumaccedilatildeo das

aacutereas da sala realizavam a higiene pessoal e deslocavam-se ao refeitoacuterio

da instituiccedilatildeo e tomavam o lanche Cada uma das crianccedilas possuiacutea a sua

lancheira e os lanches variavam de crianccedila para crianccedila

vii) Tempo de atividades orientadaslivres momento dedicado vaacuterias vezes

ao relaxamento da crianccedila as crianccedilas assistiam a filmes brincavam em

pequenos grupos com legos praticavam jogos em grande grupo sendo

estes uacuteltimos bastante solicitados pelas crianccedilas

A rotina diaacuteria vivenciada na sala ocorria como podemos verificar nos

segmentos temporais referidos de forma a despertar e apoiar as crianccedilas na tomada de

iniciativa perante atividades propostas Era uma forma de encorajar o envolvimento das

14

crianccedilas em atividades de pequenos grupos ou ateacute mesmo em pares envolvendo-as na

procura de soluccedilotildees para os problemas com que se iam confrontando Um dos principais

objetivos nas atividades era promover interaccedilotildees positivas nos diversos momentos de

trabalho O facto de as crianccedilas escolherem a sua aacuterea preferida e os materiais a

manusear para a execuccedilatildeo dos trabalhos demonstrava ao adulto a sua evoluccedilatildeo e

crescente autonomia

133 As interaccedilotildees

Para a melhor compreensatildeo do processo de interaccedilatildeo eacute essencial

compreendermos esse termo Neste sentido Oliveira-Formosinho e Formosinho (2011)

afirmam que ldquoas interaccedilotildees adulto-crianccedila satildeo uma tatildeo importante dimensatildeo da

pedagogia que a anaacutelise do estilo dessas interaccedilotildees nos permite determinar se estamos

perante uma pedagogia transmissiva ou uma pedagogia participativa (p 30) Dizem-nos

tambeacutem que ldquodesenvolver as interaccedilotildees refleti-las pensaacute-las e reconstruiacute-las eacute um

habitus que as profissionais que desenvolvem a Pedagogia-em-Participaccedilatildeo necessitam

de promoverrdquo (idem ibidem) Neste sentido reconhecemos que o educador desempenha

um papel crucial no desenrolar das diversas interaccedilotildees e no que tem a ver com as

interaccedilotildees educadoracrianccedila da instituiccedilatildeo estas satildeo em nosso parecer bastante

positivas As OCEPE (MEDEB 1997) alertam que ldquoa relaccedilatildeo individualizada que o

educador estabelece com cada crianccedila eacute facilitadora da sua inserccedilatildeo no grupo e das

relaccedilotildees com as ouras crianccedilasrdquo (p 35)

Achamos importante lembrar que ldquoa crianccedila aprende interagindo O adulto

aprende a ajudar a crianccedila a desenvolver a interacccedilatildeo A crianccedila eacute activa o adulto

tambeacutemrdquo (Oliveira-Formosinho 1996 p 55) Quando as crianccedilas e os educadores

desenvolvem algo em conjunto se o educador consegue envolver a crianccedila de tal forma

que esta se concentre totalmente no que estatildeo a desenvolver esta envolvecircncia faz com

que tanto a crianccedila como o adulto estejam ativos facilitaraacute a interaccedilatildeo entre ambos

tanto de um como do outro Eacute com a interaccedilatildeo que a crianccedila aprende vaacuterios fatores que

a ajudaratildeo no seu desenvolvimento e eacute tambeacutem com a interaccedilatildeo que o adulto tem a

oportunidade de auxiliar o desenvolvimento da crianccedila Neste sentido Hohmann e

Weikart (2011) defendem que ldquoa partilha do controlo num clima de apoio apela agrave

reciprocidade ndash um dar e receber muacutetuo entre crianccedilas e adultosrdquo (p 77)

No que diz respeito agraves interaccedilotildees crianccedilacrianccedila na sala onde se desenrolou a

accedilatildeo educativa verificaacutemos uma vasta cumplicidade entre elas existindo a formaccedilatildeo de

15

grupos de amigos Mostraram desde cedo apelar agrave brincadeira entre elas partilhando os

objetos e tentando haver na sala um clima de interaccedilotildees positivas

No nosso caso em concreto procuraacutemos desde cedo escutar apoiar e ainda

compreender as crianccedilas desenvolvendo desse modo uma interaccedilatildeo participativa

seguindo uma praacutetica na qual as crianccedilas foram sempre reconhecidas como pessoas que

tem sentimentos Tentaacutemos como referem Hohmann e Weikart (2011) ldquocriar e manter

ambientes em que a interacccedilatildeo com as crianccedilas seja positiva e por forma que estas

possam trabalhar e brincar com pessoas e objetos libertas de medo ansiedades ou de

aborrecimentordquo (p 63)

Reconhecemos que possibilitaacutemos agraves crianccedilas diversas situaccedilotildees nas quais

pudessem entender e participar em atividades promotoras de aprendizagens e que

pudessem construir e desenvolver as suas proacuteprias competecircncias Tentaacutemos observar e

entender a crianccedila pois como referem Oliveira-Formosinho e Formosinho (2011) ldquoo

papel do professor eacute o de organizar o ambiente e observar a crianccedila para entender e lhe

responderrdquo (p 15)

A fim de apoiar e acompanhar as crianccedilas nas suas atividades procuraacutemos

atraveacutes de uma observaccedilatildeo participante conhecer os interesses e necessidades

formativas das crianccedilas no sentido de favorecer interaccedilotildees que pudessem tornar-se

facilitadoras de aprendizagem das crianccedilas Assim sendo ao longo da nossa experiecircncia

de praacutetica educativa apoiaacutemos o envolvimento do grupo nas vaacuterias atividades de modo

a favorecer a sua implicaccedilatildeo na descoberta resoluccedilatildeo de problemas e na tomada de

decisotildees

16

17

II Fundamentaccedilatildeo das opccedilotildees educativas

No presente capiacutetulo procedemos ao aprofundamento de conhecimentos que nos

ajudem a melhor fundamentar e interpretar a praacutetica educativa em contexto preacute-escolar

Neste sentido debruccedilamo-nos sobre as perspetivas atuais de aprendizagem da crianccedila

as linhas de orientaccedilatildeo curricular e os modelos pedagoacutegicos que nos podem ajudar a

desenvolver uma accedilatildeo educativa de qualidade

21 A aprendizagem como um processo ativo

O desenvolvimento da praacutetica educativa suscita-nos questionamento sobre como

encarar o processo de aprendizagem a promover com as crianccedilas no sentido de ajudaacute-

las a progredir e a beneficiar do necessaacuterio bem-estar e integraccedilatildeo social

Neste sentido importa considerar a perspetiva de Brickmann e Taylor (1996)

defendendo os autores que ldquoas experiecircncias de aprendizagem para crianccedilas devem ser

ativasrdquo (p 3) explicitando que ldquodevem tornar a crianccedila capaz de construir o seu

proacuteprio conhecimento lidando diretamente com pessoas materiais e ideiasrdquo (idem p 3-

4) Neste acircmbito torna-se importante retomar a perspetiva teoacuterica de Piaget (1976) que

reconhece e valoriza a pessoa como sujeito ativo na construccedilatildeo de conhecimento O

autor defende que se enverede por um processo de aprendizagem experiencial e alerta

para a importacircncia da crianccedila poder explorar pensar e descobrir a partir da accedilatildeo sobre

os objetos e da relaccedilatildeo com os outros Como refere Novo (2009) ldquona perspetiva do

autor a crianccedila descobre do mesmo modo o mundo das pessoas e o dos objetos reais ou

simboacutelicosrdquo (p 52) Para Piaget (in Hohmann amp Weikart 2011) ldquoo conhecimento natildeo

proveacutem nem dos objetos nem da crianccedila mas sim das interaccedilotildees entre a crianccedila e os

objetosrdquo (p 19) pressupondo assim uma accedilatildeo reciacuteproca da crianccedila sobre os objetos e

dos objetos sobre a crianccedila na construccedilatildeo do conhecimento Nesta linha de pensamento

como tambeacutem afirma o autor (1978 citado por Novo 2009) ldquoconhecer natildeo consiste em

copiar o real mas agir sobre ele e transformaacute-lordquo (p 53)

Assim como Tompkins (1996) lembra importa ter em conta que uma

aprendizagem ativa eacute muito mais do que a mera manipulaccedilatildeo de materiais pelas crianccedilas

e do que a transmissatildeo de conhecimentos pelo educador Neste sentido sublinha que

18

a maior parte dos educadores de infacircncia concordaria com a ideia de que as

crianccedilas aprendem mais quando encorajadas a explorarem a interagirem a

serem criativas a seguirem os seus proacuteprios interesses e a brincarem No

entanto muitos educadores de infacircncia bem-intencionados acabam por

conduzir actividades em oposiccedilatildeo a esta teoria (p 6)

Este eacute um aspeto que natildeo deixa de caraterizar a nossa accedilatildeo educativa daiacute a

preocupaccedilatildeo em acedermos a conhecimentos que possam ajudarmos a melhor tomar

consciecircncia do tipo de praacuteticas que desenvolvemos e das linhas em que apoiaacute-las para

que incluam perspetivas que na atualidade satildeo reconhecidas como facilitadores de uma

aprendizagem ativa das crianccedilas

Importa assim considerar que segundo Formosinho (1996) as aprendizagens

ativas satildeo ldquoaquelas em que a crianccedila atraveacutes da sua acccedilatildeo sobre os objectos e da sua

interacccedilatildeo com as pessoas as ideias e os acontecimentos chega agrave compreensatildeo do

mundordquo (p 56) Por isso uma accedilatildeo educativa que se centra em ajudar as crianccedilas a

aprender como referem Oliveira-Formosinho amp Formosinho (2011) deve dar um papel

de relevo agrave crianccedila agrave colaboraccedilatildeo entre pares e agrave colaboraccedilatildeo entre adultos e crianccedilas

ou seja ldquodesenvolve uma epistemologia de natureza construtiva interativa

colaborativardquo (p 18)

Nesta linha importa o recurso a estrateacutegias pedagoacutegicas que proporcionem a

partilha de conhecimentos a implicaccedilatildeo das crianccedilas na resoluccedilatildeo de situaccedilotildees

problemaacuteticas de modo a exploraacute-las sob diversos acircngulos recorrendo agravequilo que jaacute

conhecem e agrave sua capacidade imaginativa O educador deve entatildeo observar e escutar as

crianccedilas e valorizar a sua participaccedilatildeo na organizaccedilatildeo e desenvolvimento do processo de

aprendizagem bem como na reflexatildeo sobre o mesmo Deve dar-se atenccedilatildeo aos seus

interesses e aos valores que representam as atividades da sua iniciativa na

reorganizaccedilatildeo da compreensatildeo que faz do mundo e por conseguinte no seu

desenvolvimento Nesse processo importa considerar que

tal como os adultos as crianccedilas tem comportamentos positivos e

comportamentos negativos mas eacute importante prestar atenccedilatildeo ao que as

crianccedilas fazem bem feito incidindo nesses pontos e valorizando-os Ao

observar cuidadosamente aquilo que as crianccedilas podem fazer os adultos tecircm

oportunidade para aproveitar o desejo natural de aprender das crianccedilas

(Hohmann 1996 p 22)

Dewey (2002) lembra que as experiecircncias das crianccedilas podem tornar-se agrave

semelhanccedila das suas brincadeiras e jogos em formas ativas da accedilatildeo Para o autor de

acordo com Pinazza (2007) ldquoas situaccedilotildees educativas devem apoiar-se na atividade da

19

crianccedila ou seja deve aprender fazendordquo (p 74) Daiacute a importacircncia que deve merecer a

organizaccedilatildeo do ambiente educativo e as atividades e projetos em que se envolvem

Importa considerar tambeacutem que ldquoa liberdade de accedilatildeo natildeo se opotildee agrave intencionalidade e

ao estabelecimento de propoacutesitos educativos nem tatildeo pouco agrave formaccedilatildeo de haacutebitosrdquo (p

75) devendo ser tidas todas estas dimensotildees em consideraccedilatildeo

Vygostky de acordo com Pinazza (2007) defende a relaccedilatildeo entre processo

educativo e as experiecircncias pessoais das crianccedilas No entanto eacute de considerar que nem

todas as experiecircncias satildeo igualmente educativas O valor de uma experiecircncia baseia-se

no princiacutepio da continuidade experiencial e o da interaccedilatildeo (idem) Importa ter em conta

que a continuidade pressupotildee alargar as experiecircncias e que a interaccedilatildeo se configura no

ambiente educativo que se cria

Nesse processo eacute de ter em conta a importacircncia a atribuir natildeo apenas aos

conhecimentos e competecircncias da crianccedila mas tambeacutem agrave forma como se estabelecem as

interaccedilotildees e agrave complexidade que as atividades apresentam Neste acircmbito importa

considerar que como defende Vygostky (1996 citado por Novo 2009) ldquoque com o

auxiacutelio de outra pessoa toda a crianccedila consegue concretizar mais do que faria sozinhardquo

(p 58) podendo entender-se este aspeto muito mais indicativo do desenvolvimento da

crianccedila Ideia que reforccedila a importacircncia da observaccedilatildeo e apoio que o adulto deve

promover para acompanhar e promover o processo da aprendizagem da crianccedila

22 Modelos Curriculares

Associado a uma perspetiva de aprendizagem ativa encontram-se alguns

modelos curriculares que tecircm vindo a ser apontados em vaacuterios trabalhos como

facilitadores de praacuteticas educativas preacute-escolares de qualidade tal como o modelo

HighScope (Hohmann amp Weikart 2011) o modelo do Movimento da Escola Moderna

(Niza 2007) e o modelo de Reggio Emilia (Eduards Gandini amp Forman 1999)

Reconhecendo que os princiacutepios em que cada um desses modelos se apoiam

podem ajudar-nos a melhor entender as linhas que caraterizam a nossa accedilatildeo importa

efetuar uma breve abordagem aos mesmos

O modelo curricular HighScope valoriza a aprendizagem pela acccedilatildeo o que

pressupotildee que as crianccedilas possam ldquoviver experiecircncias directas e imediatas e retirar delas

significado atraveacutes da reflexatildeordquo (Hohmann amp Weikart 2011 p 5) no sentido de

construiacuterem conhecimentos que as ajudem a dar sentido ao mundo As crianccedilas devem

20

dispor da possibilidade de explorar os objetos colocar sobre os acontecimentos e acerca

do que lhes desperta curiosidade

No que diz respeito agrave organizaccedilatildeo do espaccedilo e materiais de trabalho as salas

seguem uma organizaccedilatildeo construtivista que aponta para a organizaccedilatildeo de aacutereas

diferenciadas que permitam a realizaccedilatildeo de diferentes aprendizagens A organizaccedilatildeo da

sala por aacutereas e com os respetivos materiais faz com que as crianccedilas adquiram

independecircncia autonomia e responsabilidade em relaccedilatildeo ao seu modo de utilizaccedilatildeo

transmitindo mensagens impliacutecitas agraves crianccedilas Como referem Hohmann e Weikart

(2011)

Uma vez que o ambiente estaacute organizado de forma a que estas escolham as

suas brincadeiras os adultos ficam livres de funccedilotildees diretivas de

entretenimento ou de controlo das crianccedilas Em vez disso passam a poder

concentrar-se no apoio a dar agraves brincadeiras das crianccedilas e agrave sua capacidade de

resoluccedilatildeo de problemas (p 182)

A organizaccedilatildeo do ambiente educativo inclui quatro componentes sendo elas a

organizaccedilatildeo do espaccedilo e materiais das rotinas do grupo e das interaccedilotildees Segundo este

modelo o espaccedilo deve estar organizado por diferentes aacutereas de modo a permitir que as

crianccedilas desenvolvam diferentes aprendizagens envolvendo-se em atividades

diversificadas A organizaccedilatildeo do espaccedilo deve ser flexiacutevel deve adaptar-se agraves

necessidades e interesses das crianccedilas e do grupo pelo que deve estar organizado de

modo a conferir autonomia agraves crianccedilas Outra especificidade desta organizaccedilatildeo reside

no facto de as aacutereas estarem organizadas de forma a permitirem a livre circulaccedilatildeo das

crianccedilas entre elas de acordo com os seus interesses Por sua vez ldquoa arrumaccedilatildeo dos

materiais deve proporcionar a execuccedilatildeo do ciclo encontra-brinca-arrumardquo (Hohmann amp

Weikart 2011 p 164)

A organizaccedilatildeo de uma rotina diaacuteria oferece estabilidade agrave crianccedila no sentido de

que pode aperceber-se do que vai acontecer oferecendo-lhe ldquosentido de controlo sobre

aquilo que vai fazer em cada momento do diardquo (idem p 8) Deve permitir agraves crianccedilas

experienciarem oportunidade de se envolverem na concretizaccedilatildeo do ciclo planear-fazer-

rever (idem p 229) Este consiste em promover o seu envolvimento no planeamento

das suas atividades a experienciaccedilatildeo das mesmas e a partilha e discussatildeo acerca do que

foi realizado Para isso o educador deve adotar uma gestatildeo flexiacutevel do tempo

permitindo que a crianccedila organize os seus acontecimentos as suas propostas e as suas

interaccedilotildees tendo em conta a sequecircncia temporal Os tempos em pequeno e grande

21

grupo bem como a niacutevel individual satildeo imprescindiacuteveis pois permitem a inserccedilatildeo das

crianccedilas em diferentes tipos de atividades quer da iniciativa do adulto quer da

iniciativa da crianccedila

A rotina diaacuteria preacute-escolar eacute constante estaacutevel e previsiacutevel para que a crianccedila

compreenda a forma de utilizaccedilatildeo do tempo e assim tornar-se menos dependente do

adulto face ao tempo em que deve concretizar determinada atividade A previsatildeo dos

tempos de rotina permite a seguranccedila e independecircncia da crianccedila e a diferenciaccedilatildeo das

atividades contribui para a variedade de experiecircncias

No que concerne agraves interaccedilotildees o papel do adulto eacute criar situaccedilotildees que

proporcionem agrave crianccedila o desenvolvimento do seu pensamento favorecendo a

emergecircncia de conflitos cognitivos (idem) Importa ter em conta que o adulto ajuda a

equilibrar a liberdade que a crianccedila necessita para explorar o meio que a rodeia Por

isso natildeo deve desencorajar a crianccedila quando esta natildeo consegue concretizar e resolver os

problemas com que se defronta Deve por sua vez fazer com que ela acredite em si

mesma e se envolva na procura de recursos que podem ajudaacute-la nesse processo Assim

um dos principais objectivos do programa HighScope consiste em apoiar os

adultos de modo a que estes possam criar e manter ambientes em que a

interacccedilatildeo com as crianccedilas seja positiva e por forma que estas possam

trabalhar e brincar com pessoas e objectos libertas de medos ansiedades ou

de aborrecimento e negligecircncia (Hohmann amp Weikart 2011 p 63)

O modelo curricular Reggio Emilia como antes referimos apoia-se tambeacutem em

princiacutepios pedagoacutegicos de participaccedilatildeo ativa das crianccedilas na construccedilatildeo do seu

conhecimento Como refere Malaguzzi (1999) o principal objetivo do projeto de

Reggio Emilia consiste em construir uma escola ldquopara crianccedilas pequenas como um

organismo vivo integral como um local de vidas e relacionamentos compartilhados

entre muitos adultos e muitas crianccedilasrdquo Para aleacutem deste objetivo a abordagem Reggio

Emilia estimula o desenvolvimento intelectual das crianccedilas partindo da representaccedilatildeo

simboacutelica

Como refere Edwards (2008) no que diz respeito ao papel do educador este eacute

natildeo apenas de ouvinte e observador mas tambeacutem deve ser proporcionador de

oportunidades e experiecircncias Os objetivos centralizam-se em criar oportunidades de

aprendizagem e desenvolvimento do pensamento das crianccedilas sendo por isso

importante escutaacute-las O papel do educador ldquocentraliza-se na provocaccedilatildeo de

oportunidades de descobertas atraveacutes de uma espeacutecie de facilitaccedilatildeo alerta e inspirada e

22

de estimulaccedilatildeo do diaacutelogo de accedilatildeo conjunta e da co-construccedilatildeo do conhecimento pela

crianccedilardquo(idem p 161)

As crianccedilas percebem quando os adultos valorizam os seus trabalhos e as suas

ideias uma vez que lhes comunicam essa valorizaccedilatildeo indiretamente atraveacutes de accedilotildees e

estrateacutegias Como exemplo destas accedilotildees o educador expotildee trabalhos das crianccedilas na

escola e partilha com toda a comunidade educativa a informaccedilatildeo que as crianccedilas

produzem

Os pais participam ativamente na vida escolar dos seus filhos uma vez que

colaboram com o educador e datildeo continuidade ao que as crianccedilas aprendem quer na

escola quer em casa Ou seja existe interajuda entre escolafamiacutelia na organizaccedilatildeo e

concretizaccedilatildeo da accedilatildeo educativa Por exemplo na realizaccedilatildeo de um projeto os

educadores comunicam aos pais o tema do projeto

encorajando-os a envolverem-se com as atividades de seus filhos atraveacutes da

busca dos materiais necessaacuterios do trabalho com os professores no

ambiente fiacutesico da oferta de livros suplementares e assim por diante Dessa

forma os pais satildeo levados a revisar a imagem que tecircm de seus filhos e a

compreender a infacircncia de um modo mais rico e complexordquo (Edwards 2008

p 163)

Segundo Lino (2007) o modo como o espaccedilo eacute organizado ldquoreflete as ideias

valores atitudes e patrimoacutenio cultural de todos os que nele trabalhamrdquo (p 107) Isto

porque atraveacutes da comunicaccedilatildeo cooperaccedilatildeo partilha de atividades e ideias a crianccedila

constroacutei o seu conhecimento do mundo (idem) Sendo assim o espaccedilo nas escolas de

Reggio Emilia eacute planeado ao pormenor pela comunidade educativa Relativamente ao

espaccedilo exterior este eacute organizado de forma a possibilitar uma continuidade das

atividades realizadas no interior

A gestatildeo da rotina praticada em Reggio dispotildee de uma organizaccedilatildeo do tempo

que proporciona agraves crianccedilas oportunidades de estabelecer diferentes tipos de interaccedilatildeo

Assim como sublinha Lino (2007) ldquoelas podem escolher trabalhar sozinhas em

pequeno grupo em grande grupo com os adultos ou sem elesrdquo (p 109)

O modelo curricular do Movimento da Escola Moderna (MEM) como refere

Niza (2007) ldquoassenta num Projecto Democraacutetico de autoformaccedilatildeo cooperada de

docentes que transfere por analogia essa estrutura de procedimento para um modelo

de cooperaccedilatildeo educativa nas escolasrdquo (p 125) Tendo em conta a escola como local de

23

iniciaccedilatildeo agrave vida democraacutetica este modelo propotildee diversos princiacutepios fundamentais para

a estruturaccedilatildeo da accedilatildeo educativa Referindo Niza (idem)

- Os meios pedagoacutegicos veiculam em si os fins democraacuteticos da educaccedilatildeo

pelo que a escolha dos materiais os processos usados e as formas de

organizaccedilatildeo das atividades devem respeitar as regras democraticamente

decididas pelos educadoresprofessores e crianccedilas

- A actividade escolar enquanto contrato social e educativo deve concretizar-

se atraveacutes da negociaccedilatildeo entre educadoresprofessores e crianccedilas entre si

- A praacutetica democraacutetica da organizaccedilatildeo partilhada por todos decide-se em

conselho de cooperaccedilatildeo

- Os processos de trabalho escolar reproduzem os processos sociais autecircnticos

aproximando deste modo a escola agrave vida social

- A informaccedilatildeo de projectos estudos e outras realizaccedilotildees das crianccedilas eacute

partilhada atraveacutes de circuitos de produccedilatildeo distribuiccedilatildeo e divulgaccedilatildeo como

paineacuteis conferecircncias jornal escolar e outros tipos de apresentaccedilotildees

- As praacuteticas escolares conferem sentido social agraves aprendizagens das crianccedilas

atraveacutes da partilha dos saberes com os seus pares e pela intervenccedilatildeo na

comunidade envolvente ou com a comunidade mais distante atraveacutes da troca

de correspondecircncia entre outros meios

- Os alunos interpelam o meio social e trazem para a escola pessoas da

comunidade como recurso e fonte de conhecimento e culturardquo (pp 127-130)

O Movimento Escola Moderna salienta alguns instrumentos de organizaccedilatildeo da

vida em grupo que se tornam indispensaacuteveis na participaccedilatildeo conjunta do educador e da

crianccedila como o plano de atividades a lista semanal de projetos o quadro semanal de

distribuiccedilatildeo de tarefas o mapa de presenccedilas diaacuterio e o diaacuterio de grupo

Este tipo de organizaccedilatildeo ajuda as crianccedilas a situarem-se no espaccedilo e no tempo

Desta forma eacute necessaacuterio a sala estar organizada por aacutereas de atividades que estaratildeo

dispostas agrave volta da mesma no centro da sala deve estar situada uma aacuterea de trabalho

coletivo Estas aacutereas devem ser originais para que possam ser o mais possiacutevel parecidas

com a realidade que os envolve Como afirma Niza (2007) ldquo o ambiente geral da sala

deve resultar agradaacutevel e altamente estimulante utilizando as paredes como expositores

permanentes das produccedilotildees das crianccedilas onde rotativamente se revecircem nas suas obras

de desenho pintura tapeccedilaria ou textordquo (p 133)

24

A gestatildeo do tempo eacute segundo Niza (2007) ldquoconstituiacuteda por duas etapas de

configuraccedilatildeo distinta

a etapa da manhatilde centra-se fundamentalmente no trabalho ou na actividade

eleita pelas crianccedilas e por elas sustentada desconcentradamente pelas aacutereas

de actividade Com o apoio discreto e itinerante do educador A etapa da

tarde reveste a forma de sessotildees plenaacuterias de informaccedilatildeo e de actividade

cultural dinamizadas por convidados pelos alunos ou pelos educadores

(p135)

O MEM tem uma forma muito proacutepria de promover o relacionamento das

crianccedilas entre si e das mesmas com os adultos Esta interaccedilatildeo eacute fomentada por

fundamentos da pedagogia da cooperaccedilatildeo Assim as crianccedilas devem no jardim-de-

infacircncia experimentar praacuteticas e atitudes que lhes permitiratildeo aprender valores e atraveacutes

das suas vivecircncias aprofundar o desenvolvimento da sua cidadania

Como afirma Niza (2007) os educadores assumem-se neste modelo como

promotores da organizaccedilatildeo participada dinamizadores da cooperaccedilatildeo

animadores ciacutevicos e morais do treino democraacutetico auditores activos para

promoverem a livre expressatildeo e a atitude criacutetica Mantecircm e estimulam a

autonomizaccedilatildeo e responsabilizaccedilatildeo de cada educando no grupo de educaccedilatildeo

cooperada (p139)

De acordo com este modelo eacute necessaacuterio dar continuidade agraves experiecircncias

educativas promovendo a curiosidade a iniciativa e a descoberta das crianccedilas e criar

condiccedilotildees para que tomem a iniciativa e se sintam valorizadas

Em suma os modelos referidos possibilitam um conjunto de orientaccedilotildees que se

tornam fundamentais para nos ajudar a organizar uma intervenccedilatildeo pedagoacutegica que

favoreccedila o desenvolvimento de crianccedilas no quadro de conquista de uma progressiva

autonomia

23 Linhas de orientaccedilotildees curricular da educaccedilatildeo preacute-escolar

Para a organizaccedilatildeo da accedilatildeo educativa importa ter em consideraccedilatildeo o estabelecido

nas Orientaccedilotildees Curriculares3 definidas para a educaccedilatildeo preacute-escolar

As OCEPE acentuam que sejam promovidos saberescompetecircncias que

favoreccedilam a progressatildeo das crianccedilas ao niacutevel da sua Formaccedilatildeo Pessoal e Social

Expressatildeo e Comunicaccedilatildeo (domiacutenio da linguagem oral e abordagem agrave escrita domiacutenio

das expressotildees incluindo a motora dramaacutetica musical e plaacutestica e o domiacutenio da

matemaacutetica) e Conhecimento do Mundo no sentido de ajudaacute-las a tornarem-se capazes

3 OCEPE-MEDEB 1997 Despacho 522097 de 4 de agosto Metas de aprendizagem (ME 2010)

25

de uma plena inserccedilatildeo na sociedade como cidadatildeos autoacutenomos livres e solidaacuterios

(MEDEB 1997) As Metas de Aprendizagem para a Educaccedilatildeo Preacute-Escolar (ME 2010)

explicitam os conteuacutedos incluiacutedos nas aacutereas e domiacutenios de conteuacutedo definidas nas

OCEPE indicando o que as crianccedilas devem ter aprendido no final da etapa educativa

preacute-escolar

Entendemos dever ser dada importacircncia aos contributos destes diferentes

documentos para organizaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo das experiecircncias de aprendizagem no quadro

de construccedilatildeo de respostas educativas preacute-escolares de qualidade

Assim e no sentido de melhor compreender a natureza das aprendizagens que

devem nortear a accedilatildeo educativa preacute-escolar importa efetuarmos ainda que de forma

resumida uma abordagem das aacutereas e domiacutenios de conteuacutedo

A aacuterea de Formaccedilatildeo Pessoal e Social eacute considerada uma aacuterea transversal

considerando que todas as componentes curriculares deveratildeo contribuir para promover

nas crianccedilas atitudes e valores que lhes permitam tornarem-se cidadatildeos conscientes e

solidaacuterios capacitando-os para a resoluccedilatildeo dos problemas da vida Tambeacutem a educaccedilatildeo

preacute-escolar deve favorecer a formaccedilatildeo da crianccedila tendo em vista a sua plena inserccedilatildeo

na sociedade como ser autoacutenomo livre e solidaacuterio

Importa referir que entre as aprendizagens a promover estas se situam num

processo em construccedilatildeo do ser humano ldquosendo influenciado e influenciando o meio que

o rodeiardquo (MEDEB 1997 p51) eacute de salientar tambeacutem que ldquoeacute na famiacutelia e no meio

soacutecio-cultural em que vive os primeiros anos de vida que a crianccedila inicia o seu

desenvolvimento pessoal e socialrdquo (idem p52) Eacute acentuado um papel essencial na

educaccedilatildeo para os valores sendo ldquoque natildeo se ldquoensinamrdquo mas que se vivem na acccedilatildeo

conjunta e nas relaccedilotildees com os outrosrdquo (idem ibidem) As relaccedilotildees e interaccedilotildees

estabelecidas pelo adulto com as crianccedilas e o grupo o modo como as apoia satildeo

caracterizados como um suporte da educaccedilatildeo Importa ter em conta que a relaccedilatildeo

estabelecida pelo educador com as crianccedilas o modo como as valoriza e respeita

estimula e encoraja os seus processos facilita a auto-estima da crianccedila e as relaccedilotildees que

as crianccedilas estabeleceratildeo entre si Eacute ainda de considerar que ldquofavorecer a autonomia da

crianccedila e do grupo assenta na aquisiccedilatildeo do saber-fazer indispensaacutevel agrave sua

independecircncia e necessaacuterio a uma maior autonomia enquanto oportunidade de escolha e

responsabilizaccedilatildeordquo (idem p 53)

Obter maior independecircncia representa na educaccedilatildeo preacute-escolar dominar certos

saberes tais como vestir-se despir-se lavar-se comer utilizando adequadamente os

26

talheres etc mas tambeacutem serem capazes de utilizar de forma correta materiais e

instrumentos agrave sua disposiccedilatildeo tais como jogos tintas pinceis laacutepishellip (idem ibidem)

Como se afirma nas OCEPE (MEDEB 1997) reconhecer laccedilos de pertenccedila

social e cultural respeitando outras culturas eacute um aspeto que deve ser tambeacutem

valorizado na educaccedilatildeo preacute-escolar fazendo parte do desenvolvimento da identidade Eacute

de considerar que a igualdade de oportunidades entre os diferentes sexos indiviacuteduos de

diferentes classes sociais e diferentes etnias se constroacutei numa perspetiva de educaccedilatildeo

multicultural devendo esta natildeo ser apenas criada pela participaccedilatildeo na organizaccedilatildeo do

ambiente educativo mas tambeacutem pela participaccedilatildeo na aprendizagem em grupo Eacute

preciso ter em conta que a participaccedilatildeo na discussatildeo e na tomada de posiccedilatildeo favorece a

consciecircncia de valores sociais culturais e eacuteticos (idem p 55)

Em suma como as proacuteprias OCEPE alertam a aacuterea da Formaccedilatildeo Pessoal e

Social entende-se como ldquoaacuterea de conteuacutedo integradora pois embora com

intencionalidade proacutepria inscreve-se em todas as outrasrdquo (idem ibidem)

A aacuterea da Expressatildeo e Comunicaccedilatildeo como eacute referido nas OCEPE (MEDEB

1997) ldquoengloba as aprendizagens relacionadas com o desenvolvimento psicomotor e

simboacutelico que determinam a compreensatildeo e o progressivo domiacutenio de diferentes formas

de linguagemrdquo (p56) Esta aacuterea eacute a uacutenica em que se diferenciaram vaacuterios domiacutenios

Releva-se que eacute importante que os adultos facultem ocasiotildees agraves crianccedilas que

distingam o real e o imaginaacuterio pois nestas idades por vezes ainda confundem Importa

proporcionar agraves crianccedilas ldquosuportes que permitam desenvolver a imaginaccedilatildeo criadora

como procura e descoberta de soluccedilotildees e exploraccedilatildeo do lsquomundorsquo rdquo OCEPE (MEDEB

1997 p 56)

Ao niacutevel do domiacutenio da linguagem oral e abordagem agrave escrita importa que as

crianccedilas se envolvam em experiecircncias que lhes permitam progredir ao niacutevel da

expressatildeo oral e que lhe facultem a possibilidade de se familiarizarem com o coacutedigo

escrito permitindo-lhes contactar com as suas diferentes funccedilotildees Sublinha-se que numa

abordagem transversal a liacutengua portuguesa deve ser trabalhada em diferentes atividades

relacionadas com diferentes domiacutenios de conteuacutedo Importa considerar que

Proporcionar no jardim-de-infacircncia ambientes linguisticamente estimulantes e

interagir verbalmente com cada crianccedila satildeo as duas vias complementares que

podem ajudar a combater as assimetrias que afectam o desenvolvimento da

linguagem nas crianccedilas (Sim-Sim Silva amp Nunes 2008 p 12)

27

A comunicaccedilatildeo criada pelo educador permite agraves crianccedilas dominar a linguagem

ampliando o seu vocabulaacuterio e formando frases mais elaboradas O dia-a-dia na

educaccedilatildeo preacute-escolar possibilitaraacute atraveacutes de interaccedilotildees de qualidadecomplexidade

com a escrita que as crianccedilas usem corretamente frases simples de diversos tipos

As crianccedilas desde cedo conseguem distinguir a escrita do desenho comeccedilam a

ldquoimitar a escrita e a reproduzir o formato do texto escritordquo (OCEPE p 69) Mesmo que

as crianccedilas natildeo consigam reproduzir corretamente a escrita os educadores devem

incentivaacute-las nas suas tentativas Como se refere nas OCEPE (idem) ldquoa atitude do

educador e o ambiente que eacute criado devem ser facilitadores de uma familiarizaccedilatildeo com

o coacutedigo escrito Neste sentido as tentativas de escrita mesmo que natildeo conseguidas

deveratildeo ser valorizadas e incentivadasrdquo (p 69)

O educador deve inclusive ler e contar histoacuterias agraves crianccedilas pois desse modo

suscitaraacute na crianccedila o desejo de aprender a ler A forma como este lecirc e faz uso de

diferentes tipos de texto para as crianccedilas seratildeo usados por estas como exemplo de como

e para que serve ler (idem p 70)

As crianccedilas que desde cedo estatildeo envolvidas na utilizaccedilatildeo da linguagem

escrita e que vecircem outros a ler e a escrever vatildeo desenvolvendo a sua

perspectiva sobre o que eacute a leitura e a escrita e simultaneamente vatildeo

desenvolvendo capacidades e vontade para participarem em acontecimentos

de leitura e escrita (Mata 2008 p 14)

O educador tem que ter em atenccedilatildeo que em algumas ocasiotildees existem

diferentes liacutenguas como aconteceu na nossa praacutetica educativa visto que algumas

crianccedilas da sala natildeo tinham como liacutengua materna o portuguecircs Procuramos valorizar

essa dimensatildeo como meio de sensibilizar o grupo para a existecircncia de outras liacutenguas

mas tambeacutem de apoiar essas crianccedilas a acederam a um progressiva fluecircncia discursiva

No que diz respeito ao domiacutenio da matemaacutetica podemos destacar que as

crianccedilas vatildeo espontaneamente construindo noccedilotildees matemaacuteticas a partir de vivecircncias do

dia-a-dia Estas noccedilotildees fundamentam-se na vivecircncia do espaccedilo e tempo tendo como

ponto de partida as atividades espontacircneas em que se envolve ou que o educador

promove O papel da matemaacutetica na estruturaccedilatildeo do pensamento as suas funccedilotildees na

vida corrente e a sua importacircncia para aprendizagens futuras determina a atenccedilatildeo que

lhe deve ser dada na educaccedilatildeo preacute-escolar (idem p 73)

Procuraacutemos promover o desenvolvimento de noccedilotildees matemaacuteticas aproveitando

variadas situaccedilotildees luacutedicas das crianccedilas e momentos da rotina diaacuteria sabendo que como

se refere nas OCEPE (MEDEB 1997) ldquocabe ao educador partir das situaccedilotildees do

28

quotidiano para apoiar o desenvolvimento do pensamento loacutegico matemaacutetico

intencionalizando momentos de consolidaccedilatildeo e sistematizaccedilatildeo de noccedilotildees matemaacuteticasrdquo

(ibidem) Neste acircmbito importa ainda ter em conta o que afirmam Castro e Rodrigues

(2008) quando defendem que

uma das funccedilotildees do Jardim-de-Infacircncia eacute criar ambientes de aprendizagem

ricos em que as crianccedilas se possam desenvolver como seres de muacuteltiplas

facetas construindo percepccedilotildees e bases onde alicerccedilar aprendizagens Estas

reflectir-se-atildeo ao longo da vida quer nas aprendizagens quer na

sociabilizaccedilatildeo e mesmo no reconhecimento de algumas regras e

procedimentos Os nuacutemeros devem portanto desempenhar um papel

desafiante e com significado sendo a crianccedila estimulada e encorajada a

compreender os aspectos numeacutericos do mundo em que vive e a discuti-los

com os outros (p 12)

No que se refere ao domiacutenio das expressotildees como se refere nas OCEPE

(MEDEB 1997) eacute importante que o educador tenha em conta as especificidades de

cada expressatildeo mas tambeacutem a sua inter-relaccedilatildeo e a sua articulaccedilatildeo (p 57)

No que concerne agrave expressatildeo motora tal como se menciona nas OCEPE

(MEDEB 1997) ldquoao entrar para o preacute-escolar a crianccedila jaacute possui algumas aquisiccedilotildees

motoras baacutesicas tais como andar transpor obstaacuteculos manipular objectos de forma

mais ou menos precisardquo (p 58) Tendo em conta todos os movimentos que a crianccedila jaacute

possui a educaccedilatildeo preacute-escolar deve originar situaccedilotildees de exerciacutecio da motricidade

global e tambeacutem da motricidade fina permitindo que todas e cada uma aprendam a

utilizar e a dominar da melhor forma o seu proacuteprio corpo (idem ibidem) Eacute importante

que as crianccedilas usufruam de oportunidades para desenvolver os diferentes segmentos do

seu corpo facilitando a interiorizaccedilatildeo do esquema corporal e tendo consciecircncia do seu

corpo em relaccedilatildeo ao exterior aprendendo as relaccedilotildees no espaccedilo

Cabe ao educador tirar partido das situaccedilotildees que ocorrem nos diferentes espaccedilos

aproveitando a sala o espaccedilo exterior locais apetrechados e materiais que

proporcionem diversas e enriquecedoras oportunidades de expressatildeo motora O

educador deve proporcionar agraves crianccedilas formas de utilizar o seu corpo servindo-se de

jogos de movimento de sons de ritmos e danccedilas Como se afirma nas OCEPE

(MEDEB 1997) ldquotodas estas situaccedilotildees permitem que a crianccedila aprenda a utilizar

melhor o seu corpo e (hellip) que vaacute tomando consciecircncia de condiccedilotildees essenciais para

uma vida saudaacutevelrdquo (p 59)

29

A expressatildeo dramaacutetica eacute um meio de descoberta de si e do outro atraveacutes da qual

a crianccedila se afirma a si proacuteprio na relaccedilatildeo com os outros apropriando-se de situaccedilotildees

socias

Eacute frequente na idade de preacute-escolar depararmo-nos com crianccedilas movimentando-

se e colocando-se em diversas posiccedilotildees fiacutesicas muitas vezes imitando certas pessoas ou

ateacute mesmo animais E como nos referem Hohmann e Weikart (2011) ldquoexperimentar

movimentos que impliquem o corpo todo ajuda as crianccedilas a desenvolver o auto-

controlo e a consciecircncia do seu posicionamento fiacutesicordquo (p 629)

A expressatildeo musical permite a exploraccedilatildeo de sons e ritmos que as crianccedilas

produzem e exploram espontaneamente e que vatildeo aprendendo a identificar e a

reproduzir elas mesmas com os diversos aspetos que caracterizam os sons Como

afirmam Hohmann e Weikart (2011) ldquoouvir muacutesica mover-se ao seu som e fazer

muacutesica satildeo experiecircncias vitais que permitem agrave crianccedila expressar-serdquo (p 656) Os

mesmos autores acrescentam que ldquoa muacutesica acompanha-nos ao longo de toda a nossa

vida marcando acontecimentos desde do nascimento agrave morterdquo (p 657)

Baseando-se no pensamento de Carlton (1994) Hohmann e Weikart (2011)

apresentam seis aspetos que importa explorar no acircmbito de expressatildeo musical como

mover-se ao som da muacutesica explorar e identificar sons explorar a voz a cantar

desenvolver melodias cantar canccedilotildees e tocar instrumentos musicais simples

Na nossa praacutetica a muacutesica estava presente diariamente na sala pois logo pela

manhatilde as crianccedilas cantavam canccedilotildees relacionadas com os bons dias e por vezes outras

por elas sugeridas A abordagem de canccedilotildees com entusiasmo e entendendo que eacute uma

parte integrante de cultura musical da crianccedila eacute outra dimensatildeo considerada

A expressatildeo plaacutestica permite agraves crianccedilas explorarem diversos materiais e

instrumentos sendo as atividades motoras iniciadas pelas crianccedilas Como se afirma nas

OCEPE (MEDEB 1997) a crianccedila ldquoexterioriza espontaneamente imagens que

interiormente construiurdquo (p 61) Godinho e Brito (2010) defendem que ldquoeacute (hellip)

importante que as crianccedilas em ambiente de jardim-de-infacircncia possam experimentar

distintos papeacuteis de executante criador e apreciadorrdquo (p 11) e ter em conta que os

trabalhos das crianccedilas tecircm ldquosignificados concretos e partilhaacuteveis com os outrosrdquo (idem

p 65)

O desenho a pintura a digitinta a modelagem o recorte e a colagem satildeo

teacutecnicas de expressatildeo plaacutestica que devem ser explorados na educaccedilatildeo preacute-escolar

OCEPE (MEDEB 1997) Importa ainda atender agrave diversidade e quantidade de

30

materiais de modo a favorecer a expressatildeo criativa das crianccedilas Eacute importante que as

crianccedilas tenham agrave sua disposiccedilatildeo materiais que lhes possibilitem escolher e promover

diferentes formas de combinaccedilatildeo A identificaccedilatildeo e nomeaccedilatildeo de cores bem como a

mistura de cores baacutesica para formar outras (secundaacuterias) satildeo aspetos da expressatildeo

plaacutestica que tambeacutem importa explorar

No que diz respeito agrave aacuterea do Conhecimento do Mundo esta ldquoenraiacuteza-se na

curiosidade natural da crianccedila e no seu desejo de saber e compreender porquecircrdquo (idem p

79) A crianccedila antes de iniciar a educaccedilatildeo preacute-escolar sabe jaacute bastantes coisas sobre o

mundo que a rodeia A curiosidade e o desejo de descobrir e aprender das crianccedilas

manifestam-se na procura de compreensatildeo do mundo e de lhe atribuir sentido Tal

procura leva-as a formas progressivamente mais elaboradas do pensamento

A exploraccedilatildeo de conteuacutedos relacionados com esta aacuterea poderatildeo estar ldquomais ou

menos relacionada com o meio proacuteximo mas que aponta para a introduccedilatildeo a aspectos

relativos a diferentes domiacutenios do conhecimento humano (hellip) que mesmo elementares

e adequados a crianccedilas destas idades deveratildeo corresponder sempre a um grande rigor

cientiacuteficordquo (idem p 80) As OCEPE apontam ainda para que as crianccedilas possam

entender certos fenoacutemenos e acontecimentos que experienciam no seu dia-a-dia A

sensibilizaccedilatildeo agraves ciecircncias pode assim entender-se como partindo dos interesses das

crianccedilas que o educador alarga e contextualiza procurando fomentar a curiosidade e o

desejo de aprender O educador tem um papel fundamental na escolha dos conteuacutedos a

desenvolver poreacutem deve ter a preocupaccedilatildeo de acordar e negociar as suas propostas com

o grupo de modo a promover aprendizagens com significado para as crianccedilas Entre o

que se apresenta como fundamental desenvolver neste domiacutenio ldquosatildeo aspectos que se

relacionam com os processos de aprender a capacidade de observar o desejo de

experimentar a curiosidade de saber a atitude criacuteticardquo (idem p 85)

Foi com base em todas as aacutereas de conteuacutedo e domiacutenios que procuraacutemos

promover experiecircncias de aprendizagem diversas sendo que algumas dessas seratildeo

descritas e analisadas na terceira parte deste relatoacuterio

31

III Descriccedilatildeo e anaacutelise das experiecircncias de aprendizagem

O presente capiacutetulo incide sobre o processo de ensino e aprendizagem que

desenvolvemos com as crianccedilas ao longo do ano letivo de 2012-2013 apresentando um

conjunto de experiecircncias de aprendizagem atraveacutes das quais pretendemos aprofundar a

reflexatildeo sobre a accedilatildeo educativa promovida

Neste sentido procuraacutemos explicitar as intencionalidades que as orientam os

processos de desenvolvimento recursos utilizados e informaccedilatildeo tomada em

consideraccedilatildeo para a compreensatildeo do desenvolvimento desse processo e a progressatildeo

das crianccedilas

As experiecircncias de aprendizagem que aqui apresentamos incidem

particularmente sobre o segundo semestre do ano letivo referido porque foi nesse

periacuteodo que nos foi possiacutevel promover uma maior continuidade ao trabalho

desenvolvido o que permitiraacute uma melhor compreensatildeo das linhas de accedilatildeo e das formas

de intervenccedilatildeo pedagoacutegica em que nos situamos

No que se refere agrave planificaccedilatildeo da accedilatildeo educativa procuraacutemos articular num

todo coerente a nossa intervenccedilatildeo no sentido de proporcionar agraves crianccedilas a vivecircncia de

um projeto formativo integrado e em continuidade as reflexotildees preacute e poacutes-accedilatildeo com a

educadora de infacircncia cooperante foram importantes Como elementos de apoio ao

desenvolvimento desse processo relevamos as Orientaccedilotildees Curriculares para a

Educaccedilatildeo preacute-escolar o projeto curricular do grupo e os interesses e necessidades

formativas que no decurso da accedilatildeo educativa iacuteamos identificando Os planos de

intervenccedilatildeo pedagoacutegica assumiram um caraacuteter flexiacutevel de modo a podermos integrar as

contribuiccedilotildees do grupo de crianccedilas nesse processo e adequar as estrateacutegias quando

necessaacuterio de modo a garantir melhores oportunidades de aprendizagem e

desenvolvimento das crianccedilas

Ao niacutevel da recolha da informaccedilatildeo para ajudar a melhor poder compreender-se o

modo como se desenvolveu o processo de aprendizagem recorremos sobretudo a notas

de campo e registos fotograacuteficos Natildeo podemos deixar de relevar a importacircncia que

tambeacutem assumiram as produccedilotildees das crianccedilas incluiacutedas nos seus portefoacutelios pois

ajudaram-nos a melhor compreender como cada uma se apropriou e retratou as

experiecircncias promovidas

32

31 Experiecircncia de aprendizagem Respeitar as diferenccedilas um

desafio para todos

Um dos principais objetivos desta experiecircncia de aprendizagem centrou-se em

alertar as crianccedilas para a importacircncia de favorecer a integraccedilatildeo e bem-estar de todos

independentemente das diferenccedilas fiacutesicas e culturais entre outras que pudessem

possuir

Partimos da histoacuteria Elmer de David Mckee (2007) e comeccedilaacutemos por apresentar

o livro agraves crianccedilas lendo o tiacutetulo e perguntar-lhes se conheciam a histoacuteria ao que nos

responderam que natildeo Com este questionamento pretendiacuteamos saber se as crianccedilas jaacute

conheciam o conteuacutedo da histoacuteria Decidimos entatildeo solicitar agraves crianccedilas a observaccedilatildeo

da capa do livro de modo a explorar os elementos paratextuais em grande grupo

Vaacuterias crianccedilas identificaram e indicaram de imediato a personagem nela retratada

como sendo um elefante Mas duas delas manifestaram natildeo ter a certeza considerando a

aparecircncia do mesmo como as suas afirmaccedilotildees permitem perceber parece um elefante

mas parece um elefante colorido (Tiago)4 parece um elefante arco-iacuteris (Joana)

No sentido de melhor se compreenderem estes comentaacuterios importa mencionar

que o referido elefante era representado no livro atraveacutes de um desenho-ilustraccedilatildeo

desafiando agrave imaginaccedilatildeo e procurando ilustrar a mensagem pretendida de alerta para as

diferenccedilas mas afastando-se da figura ldquorealrdquo que por exemplo uma imagem

fotograacutefica permite retratar

Propusemos entatildeo agraves crianccedilas escutar com atenccedilatildeo a histoacuteria no sentido de

percebermos do que abordava Lemos a histoacuteria mostrando as imagens que a ilustravam

e no final refletimos sobre o conteuacutedo da mesma partindo da questatildeo

- Entatildeo do que nos fala a histoacuteria (Ed Estagiaacuteria)

- Eacute do Elmer Ele natildeo gostava da cor que tinha (Manuel)

- Pois ele natildeo gostava da cor que tinha e porque seria (Ed Est)

Surgiram vaacuterias respostas De entre elas destacamos as seguintes afirmaccedilotildees

- Porque ele eacute agraves cores (Gonccedilalo)

- E natildeo gostava de ser assim (Diogo)

- E depois com as tintas ficou de outra cor (Manuel)

- Pois foi Mas os outros riram-se (Margarida)

- Com a chuva voltou a ficar igual (Laura)

- E o que acharam dos elefantes se rirem dele acham que isso eacute bom (Ed Est)

- Natildeo (Vaacuterios)

- Porquecirc (Ed Est)

4 Os nomes das crianccedilas apresentadas satildeo fictiacutecios de modo a assegurar o anonimato da sua identidade

33

- Porque mesmo diferentes temos que ser amigos (Pedro)

- Porque somos todos diferentes (Inecircs)

Nota de campo 25 de fevereiro 2013

O excerto permite perceber que o conteuacutedo da histoacuteria tinha sido compreendido

referindo as crianccedilas que eram abordadas as diferenccedilas fiacutesicas que apresentava o animal

as dificuldades em aceitar a diversidade ou a diferenccedila de cor ou raccedila como as

seguintes afirmaccedilotildees permitem perceber Porque ele eacute agraves cores (Gonccedilalo) e natildeo gostava

de ser assim (Diogo) Tambeacutem a importacircncia de respeitar e aceitar as diferenccedilas foram

identificadas como conteuacutedo da histoacuteria ao reconhecerem e indicarem que natildeo foi bom

os elefantes rirem do modo como o Elmer tentou superar os constrangimentos sentidos

tentando mudar de cor justificando o Pedro porque mesmo diferentes temos que ser

amigos e acrescentando a Inecircs porque somos todos diferentes

Na sequecircncia da histoacuteria dialogaacutemos sobre possiacuteveis diferenccedilas fiacutesicas que

pudemos encontrar entre as pessoas e a importacircncia de aceitaacute-las mas tambeacutem de

respeitar e aceitar se elas quiserem fazer algumas mudanccedilas para se sentirem mais

bonitas ou felizes No sentido de uma melhor compreensatildeo desse valor alertaacutemos para

que cada um de noacutes por vezes tambeacutem mudar alguma coisa porque gosta como pintar

as unhas os laacutebios e o cabelo e noacutes gostamos e somos amigas delas quer estejam ou

natildeo pintadas Partindo desta ideia as crianccedilas falaram das suas experiecircncias e das dos

seus familiares Lembraacutemos ainda que tambeacutem noacutes natildeo somos todos iguais temos

diferenccedilas

Nesta linha de pensamento propusemos agraves crianccedilas observar diferenccedilas e

semelhanccedilas que existiam entre os elementos do grupo Vimos que uns tinham os

cabelos loiros outros castanhos e outros pretos Tambeacutem nos olhos podiacuteamos ser

diferentes e mesmo ao niacutevel da pele observando que embora fossemos todos de pele

branca uns tinham uma cor mais clara outros uma cor mais escura Sem que o

solicitaacutessemos algumas crianccedilas puxaram as mangas da camisola e colocaram o braccedilo

junto do de outras para verificarem melhor as diferenccedilas fazendo comentaacuterios sobre o

que observavam

Num outro momento mostraacutemos agraves crianccedilas duas imagens de elefantes uma

colorida como a do Elmer a personagem da histoacuteria e outra em cor cinzenta

Propusemos agraves crianccedilas que descobrissem as semelhanccedilas entre os dois elefantes

34

Observaacutemos diferentes reaccedilotildees Enquanto algumas crianccedilas manifestaram natildeo

perceber bem o pretendido outras manifestaram que isso tinha acontecido fazendo

afirmaccedilotildees como as que a seguir apresentamos e permitiram que as outras

compreendessem o que lhe tiacutenhamos solicitado fazerem

-Tecircm os dois uma tromba (Vaacuterios)

-Tecircm tambeacutem rabo para baixo as duas (Manuel)

-Tecircm dois olhos (Gabriel)

- Muito bem e haveraacute diferenccedilas entre os dois elefantes (Ed Est)

-A cor dos elefantes (vaacuterios)

-Um eacute cinzento como todos os elefantes e outro eacute agraves cores (Manuel)

Nota de campo 25 de fevereiro 2013

Como o excerto deixa perceber o diaacutelogo estabelecido possibilitou observar que

a diferenccedila que caraterizava os animais representados era a cor mas que se tratava do

mesmo tipo de ser e por isso apresentavam muitas outras carateriacutesticas comuns

Entendemos que este tipo de abordagem pode ajudar a que melhor possamos

entender aceitar e respeitar as pessoas pelos seres humanos que satildeo e ultrapassar

barreiras discriminatoacuterias que infelizmente ainda se fazem sentir Neste sentido

importa considerar que como se refere nas OCEPE (MEDEB 1997) eacute na aceitaccedilatildeo da

diferenccedila e ldquonuma perspetiva multicultural que se constroacutei uma maior igualdade de

oportunidadesrdquo (p 54)

Relevamos que esta atividade permitiu agraves crianccedilas natildeo soacute obterem e discutirem

valores que nos levem a enveredar por perspetivas e praacuteticas facilitadoras das

multiculturas e de igualdade de oportunidades como suscitar a pesquisa sobre o animal

que entrou na histoacuteria e espaccedilos em que vivia Assim levaacutemos e colocaacutemos na aacuterea da

biblioteca alguns livros sobre animais onde se incluiacuteam os elefantes o que suscitou a

continuidade da atividade Algumas crianccedilas quiseram descobrir como eram os

elefantes e se seriam todos parecidos ou natildeo Apoiaacutemo-las nesse processo ajudando-as

a descobrir mais pormenores que poderiam apontar para as diferenccedilas ou semelhanccedilas

mas relevando a importacircncia de cada um

No que se refere ao tempo de trabalho nas aacutereas importa evidenciar que algumas

crianccedilas quiseram representar ao niacutevel da expressatildeo plaacutestica figuras de elefantes

optando sobretudo por materiais tridimensionais como a plasticina como as imagens da

figura 10 permitem perceber No final sugerimos a contagem das representaccedilotildees dos

elefantes

35

As figuras apresentadas permitem observar diferentes produccedilotildees no que se

refere agrave reproduccedilatildeo de algumas partes do corpo quer agrave cor escolhida para elaborar o

trabalho As vaacuterias formas de representaccedilatildeo tambeacutem nos permitem perceber diferentes

niacuteveis de representaccedilatildeo simboacutelica incluindo e diferenciando vaacuterias partes do corpo do

animal algumas ainda o seu modo de locomoccedilatildeo enquanto outras representam apenas

para aleacutem do corpo no seu todo a parte que mais o diferencia dos outros animais a

tromba Como refere Gonccedilalves (1991) ldquoa expressatildeo eacute motivada pelo que mais a

impressionardquo (p 13)

No que se refere agrave escolha da plasticina para fazer as figuras do elefante importa

considerar que como referem Hohmann e Weikart (2011) este eacute um material a partir do

qual as crianccedilas gostam de fazer as suas reproduccedilotildees para o que em nosso entender

contribui o facto de poderem realizar produccedilotildees tridimensionais e as possibilidades de

modelagem que este material oferece

Na discussatildeo sobre os animais surgiu a questatildeo de como se designa um conjunto

de elefantes (nomes coletivos) ao que uma das crianccedilas respondeu prontamente eacute uma

manada (Carlos) No sentido de partilha de saberes possuiacutedos por cada um em relaccedilatildeo

ao toacutepico sobre o qual viacutenhamos a interrogar as crianccedilas solicitaacutemos-lhes que dissessem

o que sabiam sobre os elefantes Surgiram vaacuterias respostas entre as quais sublinhamos

- Tem uma tromba (Laura)

- Tem orelhas grandes (Pedro)

- Tem quatro patas (Tiago)

- Eles podem beber com a tromba (Rafael)

As respostas obtidas permitem-nos perceber que as crianccedilas jaacute possuiacuteam alguns

conhecimentos acerca das caracteriacutesticas dos elefantes mas tambeacutem que ainda havia

muitas coisas que poderiacuteamos aprender sobre eles Neste sentido sugerimos-lhes

Figura 10 ndash Produccedilotildees das crianccedilas em plasticina na sequecircncia da exploraccedilatildeo da histoacuteria do Elmer

36

visualizar imagens em PowerPoint que ilustravam as caracteriacutesticas do elefante No

final da apresentaccedilatildeo questionaacutemo-nos sobre o observado comeccedilando por colocar-lhes

um questatildeo sobre os seus haacutebitos alimentares

- Do que seraacute que o elefante se alimenta (Ed Est)

- Comem plantas (Pedro)

- E maccedilatildes das aacutervores (Ricardo)

- Bebem a aacutegua (Gabriel)

-Comem tambeacutem bananas (Gonccedilalo) Nota de campo 25 de fevereiro 2013

Entre as vaacuterias questotildees e respostas que surgiram a discussatildeo incidiu sobre os

dentes dos elefantes e a sua funccedilatildeo o nuacutemero de patas que tinham e como eram

constituiacutedas bem como sobre qual a funccedilatildeo da tromba para aleacutem de ser para beber

Este momento de diaacutelogo em grande grupo permitiu que as crianccedilas aprendessem a

ouvir-se umas agraves outras a esperar a sua vez para falar e para colaborar na atividade

Possibilitou ainda que conhececircssemos melhor as carateriacutesticas e os interesses das

crianccedilas pelo que nos parece poder ir ao encontro da ideia de Hohmann e Weikart

(2011) quando referem que

enquanto as crianccedilas interagem com materiais pessoas ideias e

acontecimentos para construir o seu proacuteprio entendimento da realidade os

adultos observam e interagem com elas para descobrir como as crianccedilas

pensam e raciocinam Os adultos tentam reconhecer os interesses e

capacidades particulares das crianccedilas oferecer-lhes apoio e colocar-lhes

desafiosrdquo (p 27)

Na sequecircncia da observaccedilatildeo das imagens dos livros sobre os animais integrados

na biblioteca iam surgindo perguntas em torno dos mesmos e do local onde viviam Por

isso e no sentido de poder alargar essa abordagem entendemos recorrer a vaacuterias

figurasbrinquedos de animais apresentando-os numa maqueta em que se encontravam

representados diferentes tipos de habitats As crianccedilas mostraram-se bastante curiosas

em descobrir quais os animais aiacute representados e os locais em que surgiam situados No

decurso do diaacutelogo uma crianccedila questionou-nos sobre o significado da palavra habitat

Perguntaacutemos ao grupo quem sabia e queria explicar ao colega mas gerando-se um

silecircncio informaacutemos que se tratava do local no qual vivem os animais e propusemos

que observassem a maqueta e descobrissem que locais se encontravam laacute representados

Obtivemos respostas variadas como

-Ali eacute a aacutegua (Diogo)

-Eacute na terra (Laura)

-Nas montanhas (Margarida)

37

Nota de campo 25 de fevereiro 2013

Informaacutemos as crianccedilas que todas as repostas correspondiam a elementos que

faziam parte dos habitats dos animais e que estes eram de trecircs tipos o terrestre o

aquaacutetico e o aeacutereo Realizaacutemos uma breve explicaccedilatildeo agraves crianccedilas da constituiccedilatildeo dos

habitats e dos animais que os habitavam

Distribuiacutemos por cada crianccedila a figura de

um animal em formato de fantoche e

solicitaacutemos-lhes que cada uma identificasse o

animal que tinha na matildeo e qual o habitat em que

esse animal se integraria colocando-o na

maqueta como a figura 11 permite perceber

Todas as crianccedilas participaram nesta atividade A

realizaccedilatildeo da atividade em grande grupo permitiu

partilhar ideias e valorizar os saberes de todos no

sentido de um enriquecimento muacutetuo

Esta atividade tinha como objetivo principal ajudar as crianccedilas a compreender

que os animais podem viver em diferentes ambientes ecoloacutegicos Sugerimos agraves crianccedilas

que desenhassem um animal e o seu habitat

Como forma de dar continuidade agrave atividade sobre os animais sugerimos a

realizaccedilatildeo do jogo ldquoOs animais da selvardquo que consistia em retirar de entre um conjunto

de cartotildees apresentados numa caixa um cartatildeo seria lida a tarefa agrave crianccedila e esta

concretizaacute-la-ia Entre as propostas de realizaccedilatildeo apresentadas constavam por exemplo

imitar o som de um determinado animal representar o seu modo de locomoccedilatildeo e cantar

uma canccedilatildeo relacionada com os animais

No sentido de dar continuidade agrave exploraccedilatildeo da histoacuteria do Elmer solicitaacutemos as

crianccedilas num momento de trabalho em grande grupo a identificarem e nomearem as

cores primaacuterias Obtivemos respostas variadas por parte das crianccedilas algumas

respondiam corretamente ao nome das cores e outras natildeo as identificavam Decidimos

entatildeo explorar as cores primaacuterias e para que melhor pudessem observaacute-las e identificaacute-

las colocaacutemos tintas com as trecircs cores primaacuterias (azul amarelo e vermelho) em frascos

transparentes As crianccedilas puderam mexer e fazer pinceladas na folha No decurso da

atividade uma crianccedila referiu que existem tambeacutem as cores secundaacuterias (Margarida)

Figura 11 - Crianccedila colocando o animal no

habitat

38

Noutro momento e ainda no acircmbito do processo de identificaccedilatildeo das cores

propusemos agraves crianccedilas a utilizaccedilatildeo de outros recursos folhas de acetato e guaches

Sugerimos-lhes que colocassem em cada folha gotas de tinta de cores diferentes e

depois que as juntassem Ao juntarem as duas folhas de acetatos as crianccedilas reparavam

que surgiria uma nova cor Sugerimos agraves crianccedilas a realizaccedilatildeo do quadro das cores que

integraria as cores primaacuterias num primeiro momento e ao qual iriacuteamos mais tarde

acrescentar as secundaacuterias (verde laranja e roxo) Questionaacutemos as crianccedilas de modo a

identificarem e nomearem as cores e conforme iam sendo identificadas iam sendo

colocadas pelas crianccedilas no quadro

Procedemos num segundo momento agrave exploraccedilatildeo de uma cor secundaacuteria o

verde propondo agraves crianccedilas a mistura das cores amarela e azul e tentar que as crianccedilas

descobrissem que cor surgia dessa mistura Algumas crianccedilas responderam

corretamente que surgiria a cor verde As crianccedilas colocaram a cor verde em frente agrave cor

amarela e azul para que percebessem que da junccedilatildeo das duas cores iniciais resultava

essa cor

Repetimos esse mesmo processo com as cores amarelo e vermelho de cuja

junccedilatildeo surgiu o laranja e com o azul e vermelho

da qual surgiu o roxo Completaacutemos o quadro das

cores primaacuterias e secundaacuterias com as tintas que jaacute

possuiacuteamos e com as novas tintas que surgiram

na junccedilatildeo das cores primaacuterias

Expusemos o trabalho na sala permitindo

relembrar e melhor memorizar o nome das

diferentes cores (primaacuterias e secundaacuterias) como a

figura 12 permite observar

No desenvolvimento da atividade as crianccedilas mostraram-se bastante

surpreendidas com o surgir da nova cor a partir da junccedilatildeo das duas cores iniciais

expressando alegria e desejo de fazer novas experiecircncias Neste sentido importa ter em

conta que como refere Luft (2011) ldquoa cor eacute um dos principais elementos das artes

visuais (hellip) despertando sensaccedilotildees e emoccedilotildees seja na pintura na esculturardquo (p 304)

entre outras teacutecnicas de expressatildeo plaacutestica

Procurando que as crianccedilas tirassem partido das cores exploradas sugerimos agraves

crianccedilas que decorassem a imagem do elefante Elmer utilizando folhas em formato A2

A proposta inicial era de que as crianccedilas pintassem a imagem do elefante Elmer

Figura 12 - Quadro das cores primaacuterias e

secundaacuterias

39

recorrendo agrave teacutecnica de pintura sopro que consistia em colocar um pouco de tinta num

quadrado e soprar com a palhinha de forma a espalhar a cor por todo o quadrado do

papel Algumas crianccedilas manifestaram bastante dificuldade na realizaccedilatildeo do sopro e

comeccedilaram a utilizar a palhinha como forma de pincel Decidimos entatildeo sugerir a

essas crianccedilas que utilizassem pinceacuteis se assim o entendessem No final surgiu uma

figura de elefante muito colorida aos quadrados que expusemos junto agrave da entrada para

a sala no sentido de partilhar a experiecircncia com os pais

Em siacutentese no acircmbito desta experiecircncia de aprendizagem promovemos a criaccedilatildeo

de oportunidades de as crianccedilas desenvolverem saberes que se prendem particularmente

com as carateriacutesticas da vida animal e a composiccedilatildeo das cores (primaacuterias e secundaacuterias)

numa dimensatildeo articulada da aacuterea do mundo fiacutesico e social e dos domiacutenios da expressatildeo

oral dramaacutetica e plaacutestica Foi nossa preocupaccedilatildeo que as crianccedilas pudessem questionar-

se manifestar as suas opiniotildees e implicar-se na exploraccedilatildeo dos materiais colocados agrave

sua disposiccedilatildeo Neste acircmbito releva-se nas OCEPE (MEDEB 1997) que ldquoa

identificaccedilatildeo e nomeaccedilatildeo das cores a mistura de cores baacutesicas para formar outras satildeo

aspetos da expressatildeo plaacutestica que se ligam com a linguagem e o Conhecimento do

Mundordquo (pp 62-63) Nesta experiecircncia de aprendizagem pudemos relevar a exploraccedilatildeo

do mundo fiacutesico mas tambeacutem e sobretudo o social no sentido de valorizar a

construccedilatildeo de um pensamento aberto a formas diversas de ser e estar no quadro de

valores de respeito aceitaccedilatildeo e de diaacutelogo com os outros

32 Experiecircncia de aprendizagem Aprender a observar e conhecer

Considerando o interesse manifestado pelas crianccedilas em relaccedilatildeo ao conteuacutedo da

histoacuteria do Elmer sendo a mesma referida em vaacuterios e diferentes momentos decidimos

dar-lhe continuidade explorando o livro intitulado Elmer e o arco-iacuteris de David

Mckee5 Trata-se de uma histoacuteria que aborda os valores de

entreajuda dar algo sem o perder bem como os sentimentos de

amizade e de felicidade

Relevamos neste sentido que como refere Mata (2008)

ldquoa leitura de histoacuterias eacute uma actividade muito rica e completa

5 A imagem do livro que consta na figura 13 foi obtida em

httpwwwcaminholeyacomfotosprodutos500_9789722118620_elmer_e_o_arco_irisjpg

Figura 13 - Livro - Elmer e o

arco-iacuteris de David Mckee

40

pois permite a integraccedilatildeo de diferentes formas de abordagem agrave linguagem escrita em

geral e agrave leitura de uma forma especiacuteficardquo (p 78)

Comeccedilaacutemos por observar interpretar e descrever oralmente as imagens da capa

e da contracapa tendo como objetivo que as crianccedilas compreendessem que tanto as

palavras escritas como os desenhos transmitem informaccedilotildees Embora algumas crianccedilas

manifestassem possuir conhecimento acerca da composiccedilatildeo dos livros mas que nem

conseguiam fazecirc-lo entendemos explicar esses elementos agraves crianccedilas Procedemos em

seguida agrave leitura expressiva da mesma No final questionaacutemos as crianccedilas acerca do

seu conteuacutedo e todas referiram que falava sobre o arco-iacuteris sobre este ter perdido as

suas cores e o elefante Elmer ter ajudado a que este as recuperasse As crianccedilas

mencionaram partes da histoacuteria relevantes mostrando ter prestado atenccedilatildeo agrave leitura e tecirc-

la interiorizado Importa ter em conta que como se refere nas (OCEPEMEDEB

1997) ldquoeacute no clima de comunicaccedilatildeo criado pelo educador que a crianccedila iraacute dominando a

linguagem alargando o seu vocabulaacuterio construindo frases mais correctas e complexas

adquirindo um maior domiacutenio da expressatildeo e comunicaccedilatildeordquo (p 67)

Nesta linha de pensamento e aproveitando as ideias que as crianccedilas

mencionaram questionaacutemo-las sobre o que sabiam acerca do arco-iacuteris tais como

quantas cores teria o arco-iacuteris e obtivemos respostas como

-Tem cinco cores (Diogo)

- Acho que tem seis cores (Gonccedilalo)

- Eu acho que tem sete cores (Tiago)

- Tem muitas cores (Laura)

As afirmaccedilotildees das crianccedilas deixam perceber que natildeo tinham a certeza em

relaccedilatildeo agraves cores do arco-iacuteris o que era de esperar dado a tenra idade das crianccedilas

Decidimos revelar agraves crianccedilas o verdadeiro nuacutemero de cores que tem o arco-iacuteris

referindo que o arco-iacuteris apresenta sete cores Continuando o diaacutelogo procuraacutemos levar

as crianccedilas a idealizarem e nomear as possiacuteveis cores do arco-iacuteris Obtivemos as

seguintes respostas

- O arco-iacuteris tem amarelo (Pedro)

-Tem tambeacutem azul (Rodrigo)

- Tem verde o arco-iacuteris (Tiago)

- Eu acho que tambeacutem tem cor de laranja (Gonccedilalo)

- Natildeo tem eacute vermelho (Pedro)

- Eu acho que tem cor-de-rosa (Inecircs) Nota de campo 11 de marccedilo 2013

41

Algumas crianccedilas comentaram que natildeo sabiam porque nunca o tinham visto

outras disseram que jaacute o tinham visto mas que natildeo se lembravam das cores que eram

Decidimos entatildeo informar as crianccedilas das cores que o arco-iacuteris possui nomeadamente

o violeta anil azul verde amarela laranja e vermelho

As crianccedilas que tinham respondido corretamente a uma das cores sentiram-se

bastante satisfeitas mostraram conforto e confianccedila em si proacuteprias comentando a sua

resposta entre o grupo Como referem Hohmann e Weikart (2011) ldquoas reflexotildees das

crianccedilas sobre as suas acccedilotildees satildeo uma parte

fundamental do processo de aprendizagem Ouvir e

encorajar a forma particular como cada crianccedila pensa

fortalece o seu pensamento emergente e as suas

capacidades de raciociacuteniordquo (p 47)

Sugerimos agraves crianccedilas que desenhassem e

pintassem numa folha branca como julgavam que era

constituiacutedo o arco-iacuteris exemplo figura 14

Durante a atividade as crianccedilas comentavam entre si qual seria a cor com que o

arco-iacuteris iniciava tentavam lembrar-se da ordem das

cores e curiosamente comentavam o formato do arco-iacuteris

referiam-se a este como tendo uma forma muito

semelhante a uma ponte Depois de vaacuterias crianccedilas terem

desenhado o arco-iacuteris exemplo figura 15 mostraacutemos a

imagem do mesmo no sentido de melhor perceberem

como era constituiacutedo Esta experiecircncia permitiu relembrar

as cores partindo da sua identificaccedilatildeo num fenoacutemeno da

natureza

Expusemos uma imagem do arco-iacuteris ldquorealrdquo numa das paredes da sala para que

todos a visualizassem e comparassem com os desenhos que eles tinham realizado

anteriormente A reaccedilatildeo das crianccedilas foi surpreendente comentavam a imagem

sublinhando a beleza da mesma e as experiecircncias possuiacutedas de ter visto ou natildeo esse

fenoacutemeno

A alegria aumentava agrave medida que descobriam que tinham colocado no desenho

cores que correspondiam agraves observadas no fenoacutemeno do arco-iacuteris e que uma ou outra

surgiam segundo a mesma ordem

Figura 14 - Desenho de um arco-iacuteris

realizado por uma crianccedila da sala

Figura 15 - Arco-iacuteris elaborado

por uma crianccedila da sala

42

No sentido de relembrar e explorar o conteuacutedo da histoacuteria Elmer e o arco-iacuteris

propusemos a realizaccedilatildeo de um jogo de expressatildeo de afetos intitulado como o ldquoJogo

dos sorrisosrdquo O objetivo do jogo consistia em compreender a importacircncia de expressar

pequenos gestos que satildeo importantes para quem os recebe e para quem os daacute que natildeo

representam perdas mas antes ganhos como por exemplo dar um sorriso ou um abraccedilo

a algueacutem As crianccedilas manifestaram terem compreendido o conteuacutedo da histoacuteria e por

conseguinte o que se pretendia do jogo

O jogo constava de uma crianccedila de cada vez ir retirar um cartatildeo de dentro de

uma caixa no qual estava escrito uma mensagem que educadora lhe lia e que ela iria

transmitir a algueacutem da sala que escolhesse dirigir-lha Todas as crianccedilas participaram

no jogo recebendo e manifestando gestos Entre as

mensagens escritas nos cartotildees encontrava-se por

exemplo dar um abraccedilo um beijo no rosto um aperto

de matildeo entre outros As crianccedilas manifestaram

grande interesse e entusiamo em realizar o jogo

observando-se grande envolvimento na realizaccedilatildeo do

mesmo como a tiacutetulo de exemplo a imagem da figura

16 permite perceber que as crianccedilas estatildeo a dar as matildeos

manifestando gesto de carinho

No sentido de ajudar as crianccedilas a compreenderem a que se deve a formaccedilatildeo do

arco-iacuteris procuraacutemos num outro momento propor uma atividade praacutetica que permitisse

observar o surgir desse fenoacutemeno Comeccedilaacutemos por perguntar agraves crianccedilas se sabiam

como este fenoacutemeno surgia tentando auscultar as ideias preacutevias Entre essas ideias

surgiram as seguintes

- Podemos ver o arco-iacuteris quando haacute sol e chuva (Manuel)

- Eacute preciso haver chuva e sol (vaacuterios)

- O arco-iacuteris vai sempre buscar aacutegua aos rios (Manuel)

Nota de campo 11 de marccedilo de 2013

As afirmaccedilotildees das crianccedilas deixam perceber que algumas jaacute apresentam ideias

sobre as carateriacutesticas temporais que levam a que se decirc a refraccedilatildeo da luz do sol e se

observe a formaccedilatildeo do arco-iacuteris apesar de ainda natildeo dominarem o conhecimento

cientiacutefico do fenoacutemeno Por usa vez a afirmaccedilatildeo do Manuel deixa perceber que pode

entender-se como indo ao encontro do afirmado por Martins et al (2009) quando

Figura 16 - Crianccedilas jogando o

Jogo dos sorrisos

43

lembram que ldquoas crianccedilas datildeo explicaccedilotildees que muitas vezes natildeo correspondem ao

conhecimento cientiacutefico actual mas que tem loacutegica para sirdquo (p 12)

Assim e depois de um breve diaacutelogo sobre o fenoacutemeno sugerimos a realizaccedilatildeo

de uma atividade sobre a formaccedilatildeo do arco-iacuteris manifestando-se as crianccedilas bastante

curiosas em saber como fazer para que o fenoacutemeno ocorresse

Os materiais utilizados para a realizaccedilatildeo da atividade praacutetica foram previamente

fabricados e preparados por noacutes bem como testada a experiecircncia Para tal fizemos uma

abertura estreita em forma de retacircngulo numa cartolina preta de seguida colocaacutemos a

cartolina em frente ao nosso peito na horizontal e apontaacutemos luz para essa abertura de

forma a conseguirmos um raio de luz estreito Colocaacutemos um espelho inclinado numa

tina com aacutegua e inclinaacutemos uma folha grande de cartolina branca junto da tina com

aacutegua Apontaacutemos a luz atraveacutes da cartolina preta

para que esta acertasse no espelho No final

tiacutenhamos conseguido ver a formaccedilatildeo do arco-iacuteris

Estes procedimentos foram repetidos com as

crianccedilas na atividade que viacutenhamos a descrever foi

possiacutevel observarmos a refraccedilatildeo da luz formando o

arco-iacuteris que se apresenta na figura 17

Procuraacutemos diversificar os materiais e ajudar as

crianccedilas a compreenderem que o efeito pode provir de vaacuterias fontes Neste sentido

observaacutemos tambeacutem o aparecimento do arco-iacuteris atraveacutes de uma lanterna e de um Cd

permitindo este objeto tambeacutem fazer com que se decirc a refraccedilatildeo da luz da lanterna e por

conseguinte a sua divisatildeo em vaacuterias cores fazendo o efeito de arco-iacuteris Fizemos incidir

a luz da lanterna na parte superior do cd e inclinaacutemos o cd para que a luz incidisse na

parede pois eacute nesta que as crianccedilas conseguem ver as cores do arco-iacuteris

Inicialmente as crianccedilas mostravam-se bastante eufoacutericas e curiosas em saber

como iria aparecer o arco-iacuteris com dois objetos (uma lanterna e um Cd) No entanto ao

iniciarmos a atividade fez-se uma grande silecircncio na sala dado o interesse e a atenccedilatildeo

com que estavam para observar o resultado Quando mostraacutemos que era possiacutevel fazer

aparecer o reflexo do arco-iacuteris na parede da sala estas ficaram surpreendidas

experimentaram tambeacutem as crianccedilas refletirem a imagem do arco-iacuteris com os dois

objetos Terminada a atividade praacutetica as crianccedilas referiram que gostavam de mostrar

aos pais esta atividade iriam inclusive pedir para que estes disponibilizassem uma

lanterna e um Cd

Figura 17 - Resultado da atividade

praacutetica sobre a formaccedilatildeo do arco-iacuteris

44

No decurso da semana sugerimos agraves crianccedilas uma nova atividade praacutetica ainda

de acordo com o que tiacutenhamos explorado anteriormente Poreacutem desta vez

pretendiacuteamos enveredar pelo efeito contraacuterio ao das atividades anteriores ou seja a

uniatildeo de vaacuterias cores formando uma soacute Assim solicitaacutemos agraves crianccedilas que colorissem

com cada cor as divisotildees de um ciacuterculo que lhe apresentaacutemos desenhado em cartolina

branca Quando terminavam de colorir o ciacuterculo colocavam o laacutepis de carvatildeo no centro

e faziam o ciacuterculo girar O objetivo era visualizar qual a cor que surgiria ao girar o laacutepis

pois as crianccedilas tinham diferentes cores nos ciacuterculos Mostraacutemos agraves crianccedilas um ciacuterculo

pintado com as cores do arco-iacuteris e perguntaacutemos agraves crianccedilas se sabiam qual a cor que

surgiria ao rodarmos o laacutepis observando-se as seguintes respostas

-Vai ficar azul-escuro (Manuel)

-Se rodares muito depressa vai ficar tudo vermelho (Pedro)

-Vai aparecer o arco-iacuteris (Margarida)

-Se calhar vai ficar tudo amarelo (Pedro)

- Fica quase branco (Manuel) Nota de campo 12 de marccedilo 2013

Todas as crianccedilas faziam tentativas para acertar na cor que surgiria ao rodar o

laacutepis decidimos deste modo rodaacute-lo O objetivo da atividade era como jaacute antes

referimos que as crianccedilas percebessem que ao juntar todas as cores do arco-iacuteris a cor

que surgiria era a cor branca

Eacute de referir que esta atividade natildeo correu como era esperado pois as crianccedilas

natildeo conseguiam colocar o laacutepis a girar de modo a que o movimento permitisse a junccedilatildeo

das vaacuterias cores e fosse possiacutevel observar apenas a cor branca

Para que as crianccedilas natildeo ficassem desiludidas por um lado e por outro lado para

promover a interaccedilatildeo entre pais e filhos sugerimos agraves crianccedilas que realizassem a mesma

atividade em casa com o auxiacutelio dos pais pedindo-lhes para as ajudarem a fazecirc-la e que

dialogassem de modo a descobrirem com eles a cor que surgiria quando fizessem girar o

laacutepis Refletindo sobre a atividade importa sublinhar que aprendemos que nem sempre

eacute faacutecil gerir imprevisibilidades mas que temos de saber superaacute-las tentando encontrar

soluccedilotildees alternativas Meditando sobre a experiencia de aprendizagem desenvolvida a

partir do livro Elmer e o arco-iacuteris sublinhamos as oportunidades criadas para as

crianccedilas se envolverem em diferentes atividades nas quais foram levadas em

consideraccedilatildeo os saberes e interesses manifestados por elas valorizar a ludicidade como

estrateacutegia de envolvimento na construccedilatildeo de conhecimento cientiacutefico

45

Sabemos que haacute fenoacutemenos que as crianccedilas vatildeo observando e aprendendo a

identificar mas tambeacutem que nem sempre tecircm oportunidades de conhecer fatores que lhe

datildeo origem pelo que importa promover situaccedilotildees de aprendizagem em contexto preacute-

escolar que as ajudem na compreensatildeo dos mesmos Foi nessa linha de pensamento que

surgiram as atividades que desenvolvemos em torno do arco-iacuteris

As crianccedilas envolveram-se e manifestaram sentir gosto e prazer em concretizar

as atividades desenvolvidas parecendo-nos terem contribuiacutedo para que desenvolvessem

saberes e criar oportunidades de partilha dos mesmos com os outras crianccedilas e adultos e

com os pais

Relevamos ainda a importacircncia que nos parece ter assumido o alertar das

crianccedilas para a atenccedilatildeo a prestar aos outros e a importacircncia de manifestar e receber

afetos no quadro de construccedilatildeo de uma sociedade comunicativa solidaacuteria e facilitadora

da integraccedilatildeo de todos

33 Experiecircncia de aprendizagem Conhecendo diferentes culturas

No decurso da accedilatildeo educativa surgiu a abordagem da questatildeo das diferenccedilas

entre as culturas levando-nos a pensar ser importante aprofundar o questionamento e

reflexatildeo sobre esse toacutepico Nesse sentido entendemos partir da leitura da histoacuteria

Meninos de todas as cores de Luiacutesa Ducla Soares

Em trabalho de grande grupo comeccedilaacutemos por ler o tiacutetulo da histoacuteria e questionar

as crianccedilas no sentido de perceber se a conheciam As suas afirmaccedilotildees levaram-nas a

perceber que natildeo era do seu conhecimento mas que o tiacutetulo da histoacuteria estimulou a sua

curiosidade comeccedilando a fazer comentaacuterios entre si sobre a mesma e sobre o que

entendiam poder incidir

Procedemos agrave leitura da histoacuteria acompanhado com a apresentaccedilatildeo das

imagens manifestando-se as crianccedilas muito atentas ateacute ao final da mesma Terminada a

leitura questionaacutemos as crianccedilas sobre o que achavam da histoacuteria Elas afirmaram ter

apreciado o seu conteuacutedo e ilustraccedilatildeo

Sugerimos-lhes o reconto da histoacuteria neste as crianccedilas surpreendentemente

referiram pormenores do conteuacutedo da histoacuteria como a cor de cada crianccedila aspetos

sobre cada cor e respetivos objetos relacionados com as cores O entusiasmo com que

comunicavam e escutavam as outras crianccedilas deixava perceber o reconhecimento do

valor formativo da atividade Importa neste sentido relevar que como sublinham Sim-

46

Sim Silva e Nunes (2009 retomando a ideia de Mata 2008) ldquoeacute funccedilatildeo do educador

alargar intencionalmente as situaccedilotildees de comunicaccedilatildeo (hellip) que permitam agraves crianccedilas

dominar a comunicaccedilatildeo como emissores e receptoresrdquo (p 35)

Os comentaacuterios feitos pelas crianccedilas em relaccedilatildeo ao conteuacutedo da histoacuteria a

procura do livro no tempo das atividades nas aacutereas de atividades na sala e a atitude de

respeito que pareciam manifestar uns em relaccedilatildeo aos outros levou-nos a inferir ter sido

pertinente a escolha que fizemos da obra para explorar com as crianccedilas no quadro dos

seus possiacuteveis contributos para que cada um como cidadatildeo possa assumir uma atitude

de abertura aceitaccedilatildeo das diferenccedilas e valorizaccedilatildeo de todos Neste acircmbito importa

considerar que como se refere nas OCEPE (MEDEB 1997) ldquoa aceitaccedilatildeo da diferenccedila

sexual social e eacutetnica eacute facilitadora da igualdade de oportunidades num processo

educativo que respeita diferentes maneiras de ser e de saber para dar sentido agrave

aquisiccedilatildeo de novos saberes e culturasrdquo (p 54) Merece ainda natildeo esquecer que ldquoeacute numa

perspetiva de educaccedilatildeo multicultural que se constroacutei uma maior igualdade de

oportunidades entre mulheres e homens entre indiviacuteduos de diferentes classes sociais e

de diferentes etniasrdquo (pp 54-55)

Nesta linha de pensamento importa que na educaccedilatildeo preacute-escolar as crianccedilas

usufruam de oportunidades de se envolver em experiecircncias formativas que lhes

facilitem a aquisiccedilatildeo de um espiacuterito criacutetico e a interiorizaccedilatildeo de valores conhecimentos

e atitudes que contribuam para que possam comportar-se e agir segundo princiacutepios de

equidade respeito e aceitaccedilatildeo de todos no quadro de uma cidadania responsaacutevel e

esclarecida

Num outro momento e em continuidade de outras atividades desenvolvidas

anteriormente propusemos agraves crianccedilas uma atividade no acircmbito do desenvolvimento do

domiacutenio da linguagem oral e abordagem agrave escrita nomeadamente ao niacutevel da

consciecircncia fonoloacutegica e da consciecircncia grafemaacutetica

Comeccedilaacutemos por solicitar agraves crianccedilas em trabalho de pequeno grupo que

tentassem identificar siacutelabas comuns em diferentes palavras ou seja que terminassem

com a mesma siacutelaba Nesse sentido distribuiacutemos pelas crianccedilas cartotildees com trecircs

diferentes imagens e a palavra escrita que lhe correspondia solicitando-as a contornar a

siacutelaba final de cada palavra Exploraacutemos oralmente as siacutelabas de uma palavra dizendo

por exemplo Ca-ra-col (Caracol) acompanhando com palmas das crianccedilas consoante

as siacutelabas da palavra Percebemos que a maioria das crianccedilas conseguia reproduzir

corretamente o nuacutemero de siacutelabas correspondente agrave segmentaccedilatildeo das palavras em

47

siacutelabas atraveacutes do batimento de palmas Poreacutem trecircs crianccedilas das mais novas ainda natildeo

o conseguiam fazer corretamente Decidimos por isso repetir a atividade fazendo uma

crianccedila de cada vez e variando as palavras par manter o interesse e implicaccedilatildeo das

crianccedilas na atividade Reconhecemos que eacute importante organizarmos previamente a

atividade de forma a trabalhar corretamente a consciecircncia fonoloacutegica e a divisatildeo silaacutebica

das palavras com as crianccedilas criando condiccedilotildees apelativas para estimular o interesse

das mesmas ou seja criar ldquocondiccedilotildees para que as crianccedilas aprendamrdquo (MEDEB 1997

p 66)

Retomando a reflexatildeo sobre a atividade em anaacutelise sugerimos que as crianccedilas

assinalassem a uacuteltima siacutelaba das palavras Algumas crianccedilas fizeram-na sem ajuda

poreacutem outras crianccedilas necessitaram dela sendo a mesma proporcionada quer pelos

adultos da sala quer por outras crianccedilas com um niacutevel de desenvolvimento superior

Neste sentido sublinhamos a importacircncia que assume o desenvolver atividades em

pequeno grupo no qual possam beneficiar de apoio de outros que integram um niacutevel

desenvolvimento superior de modo a que possa atuar na zona de desenvolvimento

proximal (Vygotsky 1979) Neste acircmbito Novo (2009 retomando a perspetiva do

autor 1996) sublinha que ldquocom auxiacutelio de uma outra pessoa toda a crianccedila pode fazer

mais do que faria sozinhardquo (p 58)

A atividade foi gratificante natildeo apenas para as crianccedilas mas tambeacutem para noacutes

adultos percebendo os seus contributos em termos formativos indo portanto ao

encontro dos objetivos pretendidos Apesar da tenra idade foi interessante ver como as

crianccedilas aderiram agrave atividade e a realizaram com bastante empenho tentando responder

corretamente chamando os adultos para confirmarem as suas respostas e para ajudaacute-las

na sua melhor realizaccedilatildeo

Dialogaacutemos com as crianccedilas sobre a histoacuteria e sobre a opiniatildeo destas

relativamente agrave mesma escutando as suas respostas Propusemos-lhes a realizaccedilatildeo de

um ldquoestendalrdquo de palavras observando que era a primeira vez que trabalhavam com

este Explicamos-lhes o que se pretendia da atividade e vaacuterias crianccedilas sorriram e

comentaram-na ficando curiosas Procedemos agrave elaboraccedilatildeo da atividade pendurando o

fio de latilde na sala de modo a que estivesse ao acesso de todas as crianccedilas Apresentaacutemos-

lhes cartotildees com imagem e a palavra respetiva as quais no seu conjunto formavam

uma das frases retirada da histoacuteria e que tinha sido lida agraves crianccedilas

Sob a forma de jogo em que fosse articulado o prazer de brincar e o de

concretizar da tarefa propusemos que a realizaccedilatildeo do referido jogo tentando ordenar os

48

cartotildees com as imagens de modo a construirmos a frase isto eacute trabalhando a

construccedilatildeo fraacutesica As imagens da frase a ordenar eram relativas agrave frase O menino

branco entrou num aviatildeo

Relacionado com esta atividade procedemos agrave contagem do nuacutemero de cartotildees

pendurados no fio explorando o conceito de cardinal algumas crianccedilas identificaram de

imediato os seis cartotildees As crianccedilas participaram e gerou-se companheirismo na ajuda

em dar uns aos outros no sentido de que todos fossem bem-sucedidos na concretizaccedilatildeo

da proposta Trabalhamos a consciecircncia de grafema com a ajuda das educadoras (figura

18)

-Sabes que letra eacute essa que tens na matildeo

(Ed Est)

-Sei esta letra estaacute no meu nome tambeacutem eacute

um O (Rodrigo)

-Achas que essa letra eacute do mesmo tamanho

das outras (Ed Est)

-Natildeo acho que eacute maior que as outras

(Rodrigo)

Nota de campo 8 de abril 2013

Conforme iacuteamos questionando as crianccedilas de certa forma iacuteamos tambeacutem

implementando alguma informaccedilatildeo no acircmbito do domiacutenio da linguagem oral e

abordagem agrave escrita As crianccedilas iam organizando ideias mentais fazendo a construccedilatildeo

fraacutesica da mesma e compreendiam inclusive que a escrita e os desenhos transmitem

informaccedilatildeo Repetimos este exerciacutecio com vaacuterias crianccedilas pois a maioria queria

participar e colocar os cartotildees no estendal

Observaacutemos que algumas crianccedilas fizeram a construccedilatildeo fraacutesica muito mais

raacutepido do que outras manifestando algumas uma certa dificuldade na construccedilatildeo

revelando algumas incerteza sobre o que fazer

Assim e procurando que as crianccedilas percebessem a frase tiacutenhamos a imagem a

acompanhar e questionaacutemo-las vaacuterias vezes sobre a imagem que cada cartatildeo tinha a

acompanhar Atraveacutes das imagens em geral as crianccedilas compreendiam que a frase (natildeo

construiacuteda) natildeo fazia total sentido na sua leitura e voltavam a iniciar a atividade do

estendal por vezes ajudadas na atividade por um colega

Num outro momento realizaacutemos uma atividade idecircntica mas optaacutemos por

trabalhar com cores e objetos Tiacutenhamos cinco cartotildees com cinco cores diferentes e

outros tantos com objetos diferentes mas cada objeto associado a uma cor Explicaacutemos

Figura 18 - Interajuda entre as crianccedilas da sala

49

agraves crianccedilas que do nosso lado direito elas encontravam cartotildees com cores no centro

tinha cartotildees com as palavras ldquocomordquo ldquoaordquo e do lado esquerdo encontravam cartotildees

com objetos As crianccedilas tinham que conseguir formar frases como por exemplo

ldquoAmarelo como o sol branco como o leite castanho como o chocolate vermelho como

a cereja e preto como a estradardquo

Inicialmente mostraacutemos agraves crianccedilas os cartotildees com cores colocaacutemo-los no

estendal e questionaacutemo-las se sabiam o nuacutemero de cartotildees que tinha o estendal algumas

crianccedilas (Carlos Diogo e Tiago) responderam rapidamente e corretamente agrave questatildeo

enquanto as outras crianccedilas observavam e faziam a contagem mais calmamente

conseguindo identificar os cinco cartotildees com cores Questionaacutemo-las novamente

tentando saber se alguma crianccedila conseguia identificar um cartatildeo cuja palavra iniciasse

pela letra A Apoacutes um breve momento de silecircncio uma crianccedila respondeu Amarelo

comeccedila pela letra A (Carlos)

Questionaacutemos se mais alguma palavra dos cartotildees comeccedilava pela letra A e de

imediato vaacuterias crianccedilas responderam que natildeo Concluiacutemos que em cinco cartotildees um

deles comeccedilava pela letra A trabalhando assim o domiacutenio da matemaacutetica Repetimos

mais uma vez esta atividade mas solicitando que as crianccedilas identificassem a palavra

escrita no cartatildeo que iniciasse com a letra P respondendo uma delas Preto comeccedila pela

letra P e eacute tambeacutem a primeira letra do meu nome (Pedro)

Foi gratificante observar o entusiasmo das crianccedilas em quererem realizar as

atividades sendo de sublinhar o grande interesse que manifestaram em participar na

atividade De seguida iniciaacutemos a atividade de elaboraccedilatildeo do ldquoestendalrdquo das palavras

A primeira crianccedila a realizar a atividade escolheu um cartatildeo dos que tinham cores e

colocou-o no fio de latilde Questionaacutemo-la se sabia qual a cor que tinha escolhido ao que a

crianccedila respondeu corretamente ser branco Questionaacutemos de novo as crianccedilas no

sentido de perceber se sabiam o que tinha que fazer a seguir respondendo corretamente

Posteriormente foi colocado por uma crianccedila o respetivo cartatildeo agrave frente das palavras

Eacute de destacar que os uacuteltimos cartotildees incluiacuteam igualmente palavras retiradas da

histoacuteria os Meninos de todas as cores mas desta forma trabalhadas de diferente

maneira Esta atividade fez com que todas as crianccedilas trabalhassem na identificaccedilatildeo das

palavras e a sua organizaccedilatildeo na frase pois todas tiveram a oportunidade de participar

Os objetivos eram esses que todas as crianccedilas participassem na atividade de construccedilatildeo

de frases em ordem a compreenderem que a escrita e as imagens transmitem

50

informaccedilatildeo e a identificarem palavras que terminavam com a mesma siacutelaba (construccedilatildeo

de grafema)

Para que as crianccedilas pudessem dar continuidade a este tipo de atividades e criar

gosto pela leitura integraacutemos o referido estendal num espaccedilo da sala recorrendo a este

e ainda a outros materiais

Na sequecircncia da histoacuteria lida durante a semana em que esta foi explorada

sugerimos ainda agraves crianccedilas a construccedilatildeo de um cartaz relativo agrave mesma Neste acircmbito

sugerimos agraves crianccedilas que pensassem sobre o assunto e como elemento do grupo

tambeacutem apresentaacutemos propostas e depois foram discutidas as sugestotildees Assim as

crianccedilas resolveram fazer a estampagem da palma da matildeo utilizando tintas azul e

verde para que parecesse o planeta terra e que fossem pintadas cada um dos dedos de

cores diferentes como as cores dos meninos da histoacuteria que no caso seriam brancas

pretas castanhas amarelas e vermelhas Uma a uma cada crianccedila pintou e estampou

uma das matildeos no cartaz O trabalho foi desenvolvido na aacuterea de expressatildeo plaacutestica

utilizando os materiais aiacute disponiacuteveis como tintas pinceis e o papel de cenaacuterio de

modo a que pudessem usaacute-los de modo independente Entre os comentaacuterios feitos pelas

crianccedilas enquanto elaboravam o trabalho sublinhamos

-Temos aqui muitas cores verde azul amarelo preto vermelho castanho e

branco (Diogo)

-Vamos pintar os dedos com cinco cores diferentes (Tiago)

-Vou pintar o dedo de amarelo como a menina amarela como o sol (Pedro)

-Este dedo vai ser branco como o Miguel o menino branco como o accediluacutecar

(Rafael)

-O meu dedo do meio vai ser castanho como o chocolate (Renato)

-O meu dedo pequeno vai ser vermelho como a menina da cor do sangue

(Carlos)

-Este dedo vou pintar de preto como as azeitonas (Pedro)

Nota de campo 9 de abril 2013

Os comentaacuterios feitos pelas crianccedilas permitiram perceber que mobilizavam

informaccedilatildeo relacionada com as atividades anteriores mas tambeacutem as suas

intencionalidades e a diversidade de tintas disponiacuteveis A imagem apresentada na figura

19 daacute conta do trabalho desenvolvido

51

Importa neste acircmbito relevar que nas OCEPE (MEDEB 1997) se alerta para a

importacircncia de as crianccedilas terem ldquoagrave sua disposiccedilatildeo vaacuterias cores que lhes possibilitem

escolher e utilizar diferentes formas de combinaccedilatildeordquo (p 62) Sublihamos ainda a

importacircncia de as crianccedilas poderem percorrer os seus proacuteprios caminhos de expressatildeo

artiacutestica mas tambeacutem que elas necessitam para tal de oferecer-lhes aleacutem da

experimentaccedilatildeo de materiais as diferentes formas de arte na pintura (UNESCO 2005

p 31) Importa ainda considerar que as tintas exercem grande fasciacutenio na crianccedila tanto

pela cor quanto pela sensaccedilatildeo agradaveacutel que produzem ao serem manuseadas (idem)

Mais tarde propusemos agraves crianccedilas a criaccedilatildeo de fantoches com materiais

reciclados acerca da histoacuteria dos Meninos de todas as cores As crianccedilas mostraram-se

bastante curiosas pois ainda natildeo tinham trabalhado com fantoches e iria ser uma

atividade diferente Organizaacutemo-nos em pequenos grupos de trabalho no total de cinco

crianccedilas em cada propondo-lhes que cada um que pintasse uma luva integrando em

cada dedo uma cor diferente Por sua vez outros grupos de crianccedilas trabalhavam na

criaccedilatildeo dos transportes que apareciam na histoacuteria

Dialogaacutemos sobre a possibilidade da representaccedilatildeo da histoacuteria agraves outras crianccedilas

e adultos do jardim-de-infacircncia As crianccedilas entusiasmaram-se com a iniciativa e por

consenso decidimos proceder agrave concretizaccedilatildeo da mesma como mais tarde aconteceu

Assumimos o papel de narrador e o grupo de crianccedilas ficou com a

responsabilidade de representar a histoacuteria procedendo agrave manipulaccedilatildeo dos fantoches

Todas as crianccedilas e educadoras da sala apoiaram e elogiaram a representaccedilatildeo

Repetimos do mesmo modo a apresentaccedilatildeo de fantoches na sala dos trecircs anos e tambeacutem

aqui as crianccedilas foram bastante aplaudidas e elogiadas

Em siacutentese importa evidenciar que esta atividade foi rica em conteuacutedo e os

objetivos foram concretizados fazendo com que as crianccedilas pudessem acima de tudo

ser elas a participar ativamente nas atividades terem contacto direto com os materiais e

Figura 19 - Sequecircncia de imagens da construccedilatildeo do cartaz

52

usufruiacuterem de prazer manifestando entusiasmo e envolvimento na sua realizaccedilatildeo Esta

atividade proporcionou agraves crianccedilas um momento de contacto com crianccedilas de outras

salas ou seja de outras faixas etaacuterias e por conseguinte com carateriacutesticas diversas

Fez com que estas pudessem de certa forma desenvolver o relacionamento social entre

elas Importa relembrar Hohmann e Weikart (20011) quando sublinham que

atraveacutes da imitaccedilatildeo e do faz-de-conta as crianccedilas organizam aquilo que

compreendem e ganham um sentido de mestria e controlo sobre os

acontecimentos que testemunharam ou nos quais fazem parte (hellip) Fazer de

conta e representar papeacuteis tendem a ser actividades francamente sociais e

parecem ter um efeito positivo no desenvolvimento social e de linguagem

das crianccedilas (p 494)

Esta experiecircncia de aprendizagem fez com que fosse possiacutevel haver

continuidade com as atividades anteriores fornecendo assim um processo formativo

articulado e integrado Foi possiacutevel explorar conteuacutedos relacionados com as cores as

diferenccedilas de raccedila entre a humanidade e as culturas e a vivecircncia de um processo pautado

pela interajuda e cooperaccedilatildeo entre os elementos do grupo Esta experiecircncia permitiu

ainda contribuir para as crianccedilas desenvolverem a consciecircncia de grafema a criaccedilatildeo de

fantoches a dramatizaccedilatildeo de uma histoacuteria e a interaccedilatildeo em grupos alargados

Desta experiecircncia de aprendizagem importa ainda relevar o prazer e alegria

manifestados pelas crianccedilas em fazer atividades como a de poderem pintar a palma da

matildeo as luvas escolher as cores que queria colocar-lhes e ver as produccedilotildees do grupo

divulgadas para as famiacutelias ou outros atraveacutes de um cartaz que foi exposto no corredor

de entrada da instituiccedilatildeo As crianccedilas puderam construir pensamentos e saberes

construindo em nosso entender uma aprendizagem com significado para todos os

implicados nesse processo

34 Experiecircncia de aprendizagem Descobrir trabalhando

colaborativamente

Tendo como objetivo proporcionar agraves crianccedilas um momento de interaccedilatildeo e

interajuda entre elas sugerimos a realizaccedilatildeo de um jogo ao ar livre no recreio da

instituiccedilatildeo Tendo os espaccedilos interiores e exteriores potencialidades proacuteprias eacute

importante que os educadores tirem partido das mesmos (MEDEB 1997) procurando

diversificar e enriquecer as atividades em que se envolvem as crianccedilas

Assim aproveitaacutemos o espaccedilo interior e exterior para explorar de uma forma

diferente as cores que apresenta o mundo fiacutesico em que nos integramos Sabemos que

53

as crianccedilas gostam naturalmente de observar mas tambeacutem que eacute importante que se

valorizem as observaccedilotildees que fazem na construccedilatildeo da sua aprendizagem e

desenvolvimento Eacute nesta linha de pensamento que se situa esta experiecircncia de

aprendizagem

De forma a iniciar a atividade de pesquisa as crianccedilas formaram cinco grupo

explicaacutemos que o objetivo era irmos ao exterior observar as cores que existem no

mundo agrave nossa volta e que cada um tinha como tarefa tentar descobrir onde poderia

encontrar-se uma cor por ele escolhida Para efetuarem a escolha da cor apresentaacutemos

um conjunto de cartotildees numa caixa e cada grupo retirou um procurando ter em

consideraccedilatildeo que as cores a observar por cada grupo deveriam ser diferentes

Escolhida a cor a observar por cada grupo deslocaacutemo-nos ao exterior da

instituiccedilatildeo (redondezas das mesma) tendo como objetivo identificar e registar

elementos que apresentassem as seguintes cores vermelho verde laranja azul e

amarelo A figura 20 ilustra o ambiente e daacute conta da implicaccedilatildeo da procura na recolha

de dados

De regresso agrave sala de atividades e em

grande grupo realizaacutemos a contagem dos

objetos observados e registados pelos adultos

com base na indicaccedilatildeo dada pelas crianccedilas de

cada um dos grupos O grupo que observou

mais elementos foi o que tinha como tarefa

observar elementos de cor amarela tendo

registado um total de treze seguindo-se-lhe o

grupo verde com nove o grupo azul com oito e os grupos laranja e vermelho com cinco

elementos cada um

No sentido de evitar a extensatildeo do relatoacuterio mas tambeacutem de ilustrar o

observado apresentamos aqui apenas os dados relativos ao grupo que observou

elementos de cor amarela tendo indicado

- O escorrega eacute amarelo (Luana)

- O muro do passeio tambeacutem eacute (Ricardo)

- O sol eacute amarelo (Rafael)

- As peacutetalas da flor satildeo amarelas (Gonccedilalo)

- O girassol eacute amarelo (Gonccedilalo)

- A parede da escola eacute amarela (Inecircs)

- O tubo da escola tambeacutem eacute amarelo (Inecircs)

- A antena eacute amarela (Gonccedilalo)

Figura 20 - Crianccedilas procurando objetos

da respetiva cor

54

- A cola que sai das aacutervores tambeacutem eacute amarela (Inecircs)

- A luz do poste eacute amarela agrave noite (Rafael)

- A areia do recreio tambeacutem eacute amarela (Ricardo)

- Aquela casa tambeacutem eacute amarela (Inecircs)

- A girafa colada naquela janela eacute amarela (Luana)

Nota de campo 22 de abril 2013

Os enunciados apresentados permitem-nos perceber que todas as crianccedilas foram

capazes destacar uma ou mais elementos da cor a identificar O mesmo se verificou com

os restantes grupos mas para aleacutem da identificaccedilatildeo de mais ou menos elementos

entendemos ser importante destacar o envolvimento das crianccedilas na procura de dados a

interajuda que se gerou natildeo apenas ao niacutevel do interior de cada grupo como tambeacutem

intergrupos surgindo situaccedilotildees em que se alertavam uns aos outros sobre onde

observar

Na sequecircncia desta atividade uma das crianccedilas sugeriu que poderiam desenhar

os objetos que observaram Apoiaacutemos a iniciativa e alertaacutemos que para o fazerem

poderiam utilizar diferentes materiais Entendemos que o uso de materiais de natureza

diversificada poderia ajudar as crianccedilas nas suas representaccedilotildees

Os elementos observados e registados permitiram-nos explorar conceitos

matemaacuteticos ao niacutevel da contagem classificaccedilatildeo e forma de objetos No que se refere agrave

classificaccedilatildeo desses elementos procuraacutemos ter em conta que como se refere nas

OCEPE (MEDEB 1997) ldquoagrupar os objetos ou seja formar conjuntos de acordo

com um criteacuterio previamente estabelecido a cor a forma etc reconhecendo as

semelhanccedilas e diferenccedilas (hellip) permitem distinguir o que pertence a um e a outro

conjuntordquo (p 74)

Assim partindo dos desenhos realizados pelas crianccedilas procedemos agrave formaccedilatildeo

de conjuntos atendendo agrave cor que integravam os elementos representados Para isso

colocaacutemos no chatildeo da sala cinco arcos referentes cada um agrave cor e em cada arco as

crianccedilas colocavam os respetivos desenhos Depois procedemos agrave contagem dos

elementos de cada conjunto e comparaccedilatildeo do que tinha mais e menos elementos

surgindo por parte das crianccedilas algumas leituras como os exemplos deixam perceber

Procuraacutemos cinco cores (Rodrigo) O arco que tem mais objetos eacute o amarelo (Inecircs)

Aproveitando ainda as falas de duas crianccedilas referindo uma que viu um sinal

(hellip) azul e quadrado (Micael) e outra que observou um sinal vermelho que tinha a

forma redonda (Manuel) propusemos agraves crianccedilas que identificassem na sala e

55

nomeassem elementos que apresentavam uma forma geomeacutetrica Verificaacutemos que as

crianccedilas identificaram com alguma facilidade algumas formas geomeacutetricas como os

exemplos dos seus enunciados permitem perceber

- A mesa eacute redonda [ciacuterculo] (Pedro)

- O quadro [expositor] eacute quadrado (Tiago)

- E o tapete tem a forma de um retacircngulo (Diogo)

- Aquela reacutegua [esquadro] tem a forma de triacircngulo (Margarida)

- Conseguimos descobrir quatro formas geomeacutetricas (Manuel)

Nota de campo 23 de abril 2013

Num outro momento e partindo da fala de outra crianccedila (Mariana) que referiu

que o laranja era sua cor favorita (Mariana) sugerimos agraves crianccedilas tentar descobrir qual

era a cor preferida do grupo Neste sentido solicitaacutemos-lhes que colocassem a matildeo no

ar quando disseacutessemos a sua cor favorita contando o nuacutemero de elementos indicados

mas sem os registar

Apoacutes todas as crianccedilas terem indicado a cor favorita questionaacutemo-las se sabiam

qual seria a cor mais escolhida por mais crianccedilas do grupo

- Jaacute natildeo me lembro (Rafael)

- Todos pusemos a matildeo no ar (Diogo)

Nota de campo 23 de abril 2013

Os enunciados deixam perceber a dificuldade que eacute fazer a leitura de dados

observados sem que se proceda ao registo dos mesmos No sentido de ajudar o grupo a

perceber a importacircncia de registar os dados recolhidos questionaacutemos as crianccedilas sobre

como poderiacuteamos entatildeo descobrir a cor favorita do grupo Surgiram vaacuterias respostas

uma delas do Carlos que indicava que podiacuteamos pocircr as cores numa cartolina e depois

puacutenhamos a nossa cor favorita laacute Discutimos a proposta merecendo consenso a sua

concretizaccedilatildeo e no sentido de facilitar a compreensatildeo do conceito de nuacutemero

propusemos agraves crianccedilas que fosse indicada a preferecircncia colocando um lego em cima

da cor preferida o que fizemos Indicadas as preferecircncias procedemos agrave leitura dos

resultados surgindo os seguintes comentaacuterios

- A cor com menos legos eacute a preta e a castanha (Rodrigo)

- Assim podemos ver o tamanho dos legos (Pedro)

- Tem legos da mesma altura (Manuel) Nota de campo 24 de abril 2013

56

Tiacutenhamos assim construiacutedo um graacutefico de barras em conjunto e como

mencionam Castro e Rodrigues (2008) ldquoa organizaccedilatildeo dos dados em graacuteficos permite

uma anaacutelise mais raacutepida uma vez que a contagem dos elementos da mesma categoria eacute

mais evidenterdquo (p 72) Promovemos a discussatildeo escutando as opiniotildees expressas pelas

crianccedilas na leitura do mesmo pois como referem os autores (idem) ldquoapoacutes a construccedilatildeo

do graacutefico (hellip) deve sempre haver um momento em que se discute o que este nos

sugererdquo (ibidem)

Procedemos em seguida agrave leitura dos dados (atraveacutes da contagem dos legos)

observando que a cor mais escolhida era o azul com sete escolhas e as menos

escolhidas seriam o castanho e o preto com uma escolha

Propusemos ao grupo o registo desses dados elaborando para o efeito uma

tabela de dupla entrada Propusemos agraves

crianccedilas que sugerissem um tiacutetulo para a

tabela ideia para a qual apontam Castro e

Rodrigues (idem) Apoacutes vaacuterias respostas das

crianccedilas acordaacutemos que o tiacutetulo fosse A

minha cor favorita O nome das crianccedilas foi

registado por elas na quadriacutecula vertical do

lado esquerdo e na horizontal indicaacutemos as

cores como mostra a figura 21

Entendemos que se tratou de uma

atividade enriquecedora para as crianccedilas pois estas visualizaram e experimentaram a

construccedilatildeo de uma tabela sendo esta facilitadora da anaacutelise e interpretaccedilatildeo dos dados

Num outro momento e relembrando uma afirmaccedilatildeo de uma crianccedila (Carlos)

que tinha dito que o vidratildeo era verde e considerando que algumas crianccedilas

manifestaram natildeo saber o que era o vidratildeo achaacutemos importante dialogar com as

crianccedilas sobre os ecopontos

Comeccedilamos por abordar a importacircncia da reciclagem e posteriormente

apresentaacutemos uma canccedilatildeo que explicava a separaccedilatildeo de resiacuteduos soacutelidos Como se

refere nas OCEPE (MEDEB 1997) existe uma relaccedilatildeo entre a canccedilatildeo e a palavra

trabalhar as letras das canccedilotildees relaciona o domiacutenio da expressatildeo musical

com a linguagem que passa por compreender o sentido do que se diz por

tirar partido das rimas para discriminar os sons por explorar o caraacutecter

luacutedico das palavras e criar variaccedilotildees da letra original (p 64)

Figura 21 - Crianccedila preenchendo a tabela das cores

favoritas

57

Concordando com a afirmaccedilatildeo podemos salientar que atraveacutes da expressatildeo

musical as crianccedilas satildeo capazes de captar a informaccedilatildeo mais raacutepido No final uma das

crianccedilas perguntou se poderiam construir ecopontos para ter na sala Considerando a

sugestatildeo da crianccedila levaacutemos caixas que as crianccedilas decoraram com o objetivo de

organizarmos na sala ecopontos Quando construiacutedo os ecopontos promovemos um

jogo que consistia em colocar resiacuteduos soacutelidos no ecoponto correto

A experiecircncia de aprendizagem descrita proporcionou agraves crianccedilas em nosso

entender uma forma ativa e significativa de construccedilatildeo de pensamentos e saberes

Relevamos a importacircncia que assumiu a accedilatildeo desenvolvida no espaccedilo exterior da

instituiccedilatildeo enquanto meio de recolha de informaccedilotildees a partir das quais surgiram novas

oportunidades de aprendizagem

Atraveacutes desta experiecircncia de aprendizagem pudemos explorar com as crianccedilas

aacutereas e domiacutenios de conteuacutedo como a matemaacutetica a Linguagem oral e abordagem agrave

escrita expressatildeo plaacutestica a aacuterea do Conhecimento do Mundo e a aacuterea de Formaccedilatildeo

pessoal e Social

Sabemos que as crianccedilas satildeo grandes observadoras e criacuteticas do mundo que as

rodeia e atraveacutes dos seus comentaacuterios constataacutemos que observavam atendendo a

pormenores

Importa relevar que devemos escutar cada crianccedila valorizando a sua

contribuiccedilatildeo para o grupo fomentar o diaacutelogo entre elas e o seu desejo de comunicar

Corroboramos assim a ideia expressa nas OCEPE (MEDEB 1997) que

eacute no clima de comunicaccedilatildeo criado pelo educador que a crianccedila ira

dominando a linguagem alargando o seu vocabulaacuterio construindo frases

mais corretas e complexas adquirindo um maior domiacutenio da expressatildeo e

comunicaccedilatildeo que lhe permitam formas mais elaboradas de representaccedilatildeo (p

67)

Concluiacutemos que eacute crucial que o educador planeie situaccedilotildees de aprendizagem que

sejam desafiadoras para as crianccedilas de modo a que as motive e as estimule a aprender e

a desenvolver-se Esta experiecircncia permitiu ainda perceber que para aleacutem das atividades

planeadas foram integradas outras propostas pelas crianccedilas A este respeito importa

relembrar que ldquoo planeamento realizado com a participaccedilatildeo das crianccedilas permite ao

grupo beneficiar da sua diversidade das capacidades e competecircncias de cada crianccedila

num processo de partilha facilitador da aprendizagem e do desenvolvimento de todas e

de cada umardquo (MEDEB 1997 p 26)

58

Tentaacutemos ainda articular todas as aacutereas do conteuacutedo pois como se refere nas

OCEPE (idem) ldquoque as diferentes aacutereas de conteuacutedo deveratildeo ser consideradas como

referencias a ter em conta do planeamento e avaliaccedilatildeo e experiecircncias e oportunidades

educativas e natildeo como compartimentos estanque a serem abordados separadamenterdquo (p

48)

59

IV Reflexatildeo Criacutetica

Refletimos nesta uacuteltima parte sobre a praacutetica educativa desenvolvida

abordando os conteuacutedos que procuraacutemos explorar com as crianccedilas

No iniacutecio da praacutetica educativa as expectativas eram muitas as quais se prendiam

com o desenvolvimento de atividades estimulantes e criativas o respondermos agraves

solicitaccedilotildees de todas crianccedilas e o sermos bem acolhidas pelas crianccedilas e membros da

instituiccedilatildeo entre outras As duacutevidas e os receios eram tambeacutem muitos mas com o

decorrer do tempo fomos conhecendo as crianccedilas e ganhando laccedilos de afeto ajudando-

nos a ultrapassar estes sentimentos Para tal foi importante a reflexatildeo e o diaacutelogo com

os diferentes intervenientes no processo educativo gerando-se um ambiente de

compreensatildeo e ajuda muacutetua

Procuraacutemos ter disponibilidade para cooperar para experienciar de certa forma

para aprender com os erros e com as conquistas alcanccediladas reconhecendo que em certas

alturas conseguimos suscitar o envolvimento das crianccedilas e criar atividades

enriquecedoras Poreacutem noutros momentos sentimos algumas dificuldades no que se

refere agrave elaboraccedilatildeo da planificaccedilatildeo das atividades e ao tornar acessiacutevel agraves crianccedilas a

compreensatildeo de alguns conteuacutedos o que tentaacutemos ir superando de forma a criar

respostas adaptadas agraves suas necessidades e do grupo Este processo permitiu-nos

aprender e desenvolver-nos do ponto de vista pessoal e profissional

Demos importacircncia agraves atividades iniciadas pelas crianccedilas tentamos responder agraves

suas duacutevidas e procuraacutemos desenvolver com elas experiecircncias de aprendizagem que

incluiacutessem as diferentes aacutereas e domiacutenios de conteuacutedo curricular

Refletimos sobre as perspetivas de aprendizagem nas quais buscaacutemos apoiar a

accedilatildeo educativa que desenvolvemos destacando o papel ativo das crianccedilas Nesta

reflexatildeo procuraacutemos relevar e retratar as vaacuterias dimensotildees da accedilatildeo educativa

merecendo-nos particular atenccedilatildeo as intervenccedilotildees os espaccedilos a observaccedilatildeo

planificaccedilatildeo entre outros

Procuraacutemos evidenciar as ideias que estiveram na base da praacutetica de ensino

supervisionada desenvolvida e aprendizagens promovidas com as crianccedilas Assim

valorizando as perspetivas das crianccedilas e procurando a curiosidade e o desejo de querer

saber sempre mais sentimentos que foram manifestados pelas crianccedilas e que

procuramos ter em consideraccedilatildeo para ir regulando a nossa praacutetica em ordem agrave

60

construccedilatildeo de oportunidades educativas que favorecessem a progressatildeo de cada uma e

do grupo O trabalho colaborativo quer com os adultos quer com as crianccedilas foi na

dimensatildeo valorada e que constitui o suporte para uma continuada progressatildeo do ponto

de vista da nossa formaccedilatildeo pessoal e profissional Nesta linha de pensamento

relevamos que como afirmam Hohmann e Weikart (2011)

Quando as crianccedilas e os adultos trabalham em conjunto em qualquer

ambiente de aprendizagem em acccedilatildeo sustentado num clima de apoio

interpessoal as crianccedilas sentem-se motivadas a prosseguir e levar a bom

porto as suas intenccedilotildees e motivaccedilotildees Os adultos encorajam as crianccedilas a

utilizar aquilo que sabem para resolver problemas e a iniciar novas

experiecircncias atraveacutes das quais ganharatildeo uma outra compreensatildeo sobre o que

as rodeia (p 75)

A maioria das crianccedilas da sala mostrou implicaccedilatildeo nos trabalhos desenvolvidos

vontade de realizar novas experiecircncias e procurar diferentes fontes de informaccedilatildeo O

gosto por participar e por conhecer suscitavam questionamentos e a procura de novas e

diferentes formas de informaccedilatildeo

Aproveitaacutevamos momentos em grande grupo momentos em pequenos grupos

momentos na sala e momentos no recreio para observar as crianccedilas da sala e refletir

sobre as suas curiosidades e motivaccedilotildees Procuramos observar as crianccedilas e registar

informaccedilatildeo sobre o cada uma e o grupo o que natildeo foi tarefa faacutecil considerando o duplo

papel que tiacutenhamos que assumir o de observadores e atores Acrecenta-se ainda a esse

aspeto a dimensatildeo extenccedila do grupo o tempo limitado destinado agrave praacutetica para que

pudesse ser-lhe dada continuidade

Tivemos em conta os interesses das crianccedilas e pusemos o foco de atenccedilatildeo nas

interaccedilotildees que estas estabeleciam com os objetos e os adultos de forma a desenvolver

desse modo aprendizagens com significado

As crianccedilas desde o iniacutecio da praacutetica educativa foram demonstrando que as

atividades tinham significado para elas pois trabalhavam com motivaccedilatildeo e entusiasmo e

mostravam recordar-se das experiecircncias realizadas como exemplo as desenolvidas em

torno da histoacuteria do Elmer

Apesar de ser um grupo constituiacutedo por vaacuterios elementos preocupamo-nos que

cada crianccedila pudesse escolher e ter faacutecil acesso as aacutereas e materiais da sala de uma

forma autoacutenoma ocasionando dessa forma aprendizagens ativas nas mesmas pois eacute

atraveacutes da accedilatildeo com os materiais que as crianccedilas chegam agrave compreensatildeo do mundo

Estas tendo a possibilidade de escolher e sendo as mesmas a tomar decisotildees e

61

resolvendo os problemas que apareciam no dia-a-dia desenvolviam a sua

independecircncia

Esteve presente a preocupaccedilatildeo de planificar e criar experiecircncias de

aprendizagem de modo a que todas as crianccedilas se envolvessem nas atividades e nos

momentos de brincadeiras fazendo com que estas desenvolvessem cada vez mais

competecircncias

Pudemos evidenciar que existiram bastantes momentos aproveitados para

dialogar com as crianccedilas permitindo desse modo conhececirc-las de uma forma

individualizada permitindo escutar as suas opiniotildees questionar e sermos questionados

partilhar e engrandecer os saberes das crianccedilas

Para a realizaccedilatildeo da praacutetica educativa utilizamos a planificaccedilatildeo semanal como

instrumento sistemaacutetico de trabalho procuraacutemos bastante informaccedilatildeo em diversos

documentos direcionados para o preacute-escolar contudo natildeo descartamos outros

documentos essenciais a uma planificaccedilatildeo rica nos seus conteuacutedos e procuraacutemos

orientar os diferentes elementos do curriacuteculo em conformidade com as necessidades e

interesses das crianccedilas A elaboraccedilatildeo das planificaccedilotildees foram desde cedo pensadas e

realizadas em conformidade com os conteuacutedos adequados agrave idade das crianccedilas e

adequadas agrave evoluccedilatildeo das mesmas por isso tentaacutemos clarificar todas as atividades para

que natildeo houvesse duacutevidas nas mesmas por parte dos destinataacuterios

Apercebemo-nos que as atividades planificadas tiveram constantemente ligaccedilatildeo

umas com as outras Por vezes surgiam atividades que natildeo estavam previstas nas

planificaccedilotildees mas surgiam em conformidade com a curiosidade das crianccedilas e

manifestaccedilatildeo destas em quererem aprender sempre mais sobre certos conteuacutedos Sendo

que estas favoreciam em vaacuterias ocasiotildees o desenvolvimento de competecircncias em

diversos domiacutenios tornando desse modo mais faacutecil trabalhar todos e cada um

As experiecircncias de aprendizagem foram organizadas de modo a surgirem

aprendizagens ativas e significativas nas crianccedilas desafiando-as a participar a serem as

mesmas a intervir nas atividades a realizaacute-las a tirar partido de toda a informaccedilatildeo e de

todos os conteuacutedos a tomar iniciativa e a aprenderem informaccedilotildees necessaacuterias sobre

cada domiacutenio da educaccedilatildeo preacute-escolar

Em diversas atividades estiveram presentes histoacuterias que eram novas para as

crianccedilas e continham informaccedilotildees novas para as mesmas e pudemos atraveacutes destas

trabalhar diversos conteuacutedos Tentamos que as histoacuterias despertassem na crianccedila

curiosidade em aprender mais sobre tudo o que nos rodeia tentando durante a leitura da

62

mesma captar a atenccedilatildeo das crianccedilas e fazer com que estas pudessem trabalhar o

imaginaacuterio e pocirc-lo em praacutetica na realidade

Eacute pertinente afirmar que os adultos possuem um papel importante no que

respeita a motivaccedilatildeo das crianccedilas de modo a que autonomamente estas vatildeo ao

encontro do que podem aprender com a escrita e a leitura percebendo assim a

importacircncia destes conteuacutedos para o seu futuro

Buscaacutemos em vaacuterios aspetos relacionar o que as crianccedilas escutavam com toda a

informaccedilatildeo que possuiacuteam previamente As crianccedilas eram questionadas e inclusive

dialogaacutevamos com elas sobre o conteuacutedo da leitura Como mencionam Sim-sim Silva e

Nunes (2008) a interaccedilatildeo das educadoras durante a leitura de livros em sala de

atividades tem muito a ver com a forma como estas leem livros com crianccedilas em

contexto de grupo e que estaacute fortemente relacionada com o desenvolvimento a longo

prazo do vocabulaacuterio e de competecircncias de compreensatildeo de histoacuterias

Abordando um pouco a gestatildeo do tempo e dos espaccedilos podemos afirmar que

efetuamos durante toda a praacutetica uma flexibilidade em relaccedilatildeo agrave gestatildeo da rotina

diaacuteria existente na sala Pois para a criaccedilatildeo de um bom ambiente educativo eacute

necessaacuterio existir uma boa organizaccedilatildeo de tempo das atividades

O trabalho em pequeno e grande grupo possibilitou-nos um melhor

acompanhamento das crianccedilas de forma a compreendermos os interesses e motivaccedilotildees

destas e estimulando-as a experimentar e promover a cooperaccedilatildeo com as outras crianccedilas

do grupo Destacamos neste sentido que como sublinham as Orientaccedilotildees Curriculares

(MEDEB 1997) ldquoa relaccedilatildeo que o educador estabelece com cada crianccedila eacute facilitadora

da sua inserccedilatildeo no grupo e das relaccedilotildees com as outras crianccedilasrdquo (p 35) Eacute necessaacuterio

considerar que essa relaccedilatildeo envolve a criaccedilatildeo de um ambiente agradaacutevel onde cada crianccedila

se sinta ouvida

Recordaacutemos que o jardim-de-infacircncia deve facultar um conjunto alargado de

saberes permitir formar pessoas autoacutenomas livres e solidaacuterias Procuraacutemos ajudar as

crianccedilas a desenvolverem as habilidades necessaacuterias para tomar decisotildees elucidadas

Consideraacutemos que as experiecircncias de aprendizagem facultaram agraves crianccedilas um

equiliacutebrio de experiecircncias nas diferentes aacutereas e domiacutenios de aprendizagem e que se

revelaram positivas pela participaccedilatildeo ativa demonstrada pelas crianccedilas o empenho e

concentraccedilatildeo das mesmas nas atividades

As crianccedilas foram os elementos centrais na praacutetica educativa porque para aleacutem

de participarem nas atividades tambeacutem participavam em todos os momentos de

63

diaacutelogo onde deram as suas opiniotildees e foi atraveacutes de todos estes momentos que

aproveitamos para proporcionar agraves crianccedilas atividades enriquecedoras aproveitando a

maioria das vezes situaccedilotildees segundo as ideias preacutevias das crianccedilas

Desejaacutemos que as crianccedilas se tornem sucessivamente mais autoacutenomas

responsaacuteveis curiosas e em accedilatildeo

Achaacutemos que as estrateacutegias que utilizamos proporcionaram agraves crianccedilas desfrutar

de oportunidades de bem-estar e de desenvolvimento de competecircncias a diversos niacuteveis

Apercebemo-nos ao longo da accedilatildeo educativa que a partilha de conhecimentos

conduziu-nos e conduziraacute futuramente agrave construccedilatildeo de novos e diferentes saberes

Atualmente e terminada a nossa experiecircncia da praacutetica educativa achaacutemos

todas as estrateacutegias que utilizamos facultaram agraves crianccedilas oportunidades de bem-estar e

desenvolvimento a vaacuterios niacuteveis Estas oportunidades de conhecimento conduziram a

crianccedila agrave construccedilatildeo de novos saberes indo ao encontro ao nosso objetivo final Sendo

assim podemos afirmar que as nossas intenccedilotildees foram concretizadas

Em suma achaacutemos pertinente afirmar que todo o trabalhado realizado

proporcionou aprendizagens significativas na nossa formaccedilatildeo como educadoras de

infacircncia

64

Consideraccedilotildees Finais

Finda esta etapa onde as conquistas e desafios foram variados e que em muito

contribuiu para o desenvolvimento de competecircncias profissionais e pessoais eacute chegado

o momento de efetuar algumas consideraccedilotildees acerca do desenvolvimento da praacutetica

educativa

Acreditamos que as caracteriacutesticas consideradas fundamentais para o nosso

desempenho profissional como futuros educadores de infacircncia foram alvo de progresso

ao longo da praacutetica educativa que desenvolvemos Salientamos o importante papel que a

supervisora teve neste processo de formaccedilatildeo em que os feedbacks dados pela mesma

nos levaram a um claro progresso Esta partilha permitiu uma constante reflexatildeo sobre

as praacuteticas promovidas e contribuiu desta maneira para o nosso desenvolvimento

profissional e pessoal

As crianccedilas assumiram neste processo um papel importante papel considerando

que foram criadoras de situaccedilotildees que nos ajudaram a refletir e a investir na procura de

novas informaccedilotildees para que pudeacutessemos encontrar respostas coerentes e com

continuidade As experiecircncias de aprendizagem vividas no contexto onde decorreu a

praacutetica de ensino possibilitaram-nos aprender e desenvolver competecircncias relacionadas

com a dimensatildeo da aprendizagem e desenvolvimento das crianccedilas da integraccedilatildeo do

curriacuteculo da interaccedilatildeo e de dimensatildeo eacutetica e social Para tal os contributos dos vaacuterios

agentes educativos revelaram-se fundamentais neste curto processo de formaccedilatildeo

Concluindo reconhecemos que ainda temos um longo caminho a percorrer no

entanto estamos cientes do caminho que percorremos e do importante papel que neste

processo assumiu a praacutetica de ensino supervisionada Sublinhamos que construiacutemos

novos olhares sobre a educaccedilatildeo de infacircncia a imagem da crianccedila e sobre o papel do

educador de infacircncia Esta experiecircncia proporcionou-nos uma evoluccedilatildeo na medida que

possuiacutemos um leque abrangente de experiecircncias Temos desejo em continuar a

progredir renovando conhecimentos e desenvolvendo novas aprendizagens ao longo da

vida com vista agrave realizaccedilatildeo pessoal e profissional

65

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Page 4: Cátia Alexandra Mendes Machado...Figura 13 - Livro - Elmer e o arco-íris de David Mckee. ..... 39 Figura 14 - Desenho de um arco-íris realizado por uma criança da sala..... 41

IV

Resumo

O papel fundamental que a educaccedilatildeo preacute-escolar assume na vida das crianccedilas

requer que seja atribuiacuteda particular atenccedilatildeo agraves praacuteticas educativas que nela

experienciam Neste sentido colocaram-se-nos desafios e exigecircncias ao longo da nossa

praacutetica de ensino supervisionada que nos propomos apresentar e refletir no presente

relatoacuterio A intervenccedilatildeo educativa foi desenvolvida com um grupo de crianccedila de 4 anos

de idade e decorreu num jardim-de-infacircncia da Rede Privada de Solidariedade Social

O relatoacuterio inclui a contextualizaccedilatildeo da instituiccedilatildeo a caracterizaccedilatildeo do grupo de

crianccedilas e do ambiente educativo mais especificamente o espaccedilo o tempo e as

interaccedilotildees educativas Integra tambeacutem a fundamentaccedilatildeo das opccedilotildees pedagoacutegicas e a

descriccedilatildeo e anaacutelise da praacutetica educativa que desenvolvemos ao longo do ano letivo

2012-2013 no acircmbito do Curso de Mestrado em Educaccedilatildeo Preacute-escolar

Apresenta por uacuteltimo uma reflexatildeo sobre a globalidade da accedilatildeo educativa que

desenvolvemos procurando relanccedilar sobre ela um novo olhar no sentido de melhor a

compreender e identificar os seus contributos para o nosso desenvolvimento

profissional e pessoal

Palavras-chaves Educaccedilatildeo Preacute-escolar experiecircncias de aprendizagem aprendizagem

ativa

V

Abstract

The fundamental role that the pre-school education takes on the lives of children

requires that particular attention be given to educational practices that her experience In

this sense placed themselves us challenges and requirements throughout our supervised

teaching practice that we propose to present and reflect in the present report The

educational intervention was developed with a group of 4-year-old child and ran a

kindergarten of the Private Social Solidarity Network

The report includes the contextualization of the institution the characterization

of the Group of children and educational environment more specifically the space time

and educational interactions Integrates the educational options Foundation and the

description and analysis of educational practice that developed throughout the

academic year 2012-2013 within the masters degree course in Kindergarten Education

Finally it presents a reflection about the entirety of the educational activity

developed looking for relaunch about her a new look in order to better understand and

identify their contributions to our professional and personal development

Keywords Preschool Education learning active learning experiences

VI

Iacutendice geral

Agradecimentos III

Resumo IV

Abstract V

Iacutendice de Figuras VII

Introduccedilatildeo 1

I Contextualizaccedilatildeo da Praacutetica de Ensino Supervisionada 3

11Caraterizaccedilatildeo da instituiccedilatildeo 3

12Caraterizaccedilatildeo do grupo de crianccedilas 4

13Organizaccedilatildeo do ambiente educativo 6

131Caracterizaccedilatildeo do espaccedilo 7

1311Espaccedilo interior 7

1312Espaccedilo exterior 11

132Rotina diaacuteria 12

133As interaccedilotildees 14

II Fundamentaccedilatildeo das opccedilotildees educativas 17

21A aprendizagem como um processo ativo 17

22Modelos Curriculares 19

23Linhas de orientaccedilotildees curricular da educaccedilatildeo preacute-escolar 24

III Descriccedilatildeo e anaacutelise das experiecircncias de aprendizagem 31

31Experiecircncia de aprendizagem Respeitar as diferenccedilas um desafio para todos 32

32Experiecircncia de aprendizagem Aprender a observar e conhecer 39

33Experiecircncia de aprendizagem Conhecendo diferentes culturas 45

34Experiecircncia de aprendizagem Descobrir trabalhando colaborativamente 52

IV Reflexatildeo Criacutetica 59

Consideraccedilotildees Finais 64

Bibliografia 65

VII

Iacutendice de Figuras

Figura 1 - Identificaccedilatildeo das aacutereas da sala 7

Figura 2 - Planta da sala 9

Figura 3- Aacuterea da biblioteca 9

Figura 4 - Aacuterea da escrita 10

Figura 5 - Aacuterea dos jogos 10

Figura 6- Aacuterea da casa espaccedilo do quarto 10

Figura 7 - Espaccedilo da cozinha 10

Figura 8 - Aacuterea da garagemconstruccedilotildees 11

Figura 9 - Quadro semanal de presenccedilas 11

Figura 10 ndash Produccedilotildees das crianccedilas em plasticina na sequecircncia da exploraccedilatildeo da

histoacuteria do Elmer 35

Figura 11 - Crianccedila colocando o animal no habitat 37

Figura 12 - Quadro das cores primaacuterias e secundaacuterias 38

Figura 13 - Livro - Elmer e o arco-iacuteris de David Mckee 39

Figura 14 - Desenho de um arco-iacuteris realizado por uma crianccedila da sala 41

Figura 15 - Arco-iacuteris elaborado por uma crianccedila da sala 41

Figura 16 - Crianccedilas jogando o Jogo dos sorrisos 42

Figura 17 - Resultado da atividade praacutetica sobre a formaccedilatildeo do arco-iacuteris 43

Figura 18 - Interajuda entre as crianccedilas da sala 48

Figura 19 - Sequecircncia de imagens da construccedilatildeo do cartaz 51

Figura 20 - Crianccedilas procurando objetos da respetiva cor 53

Figura 21 - Crianccedila preenchendo a tabela das cores favoritas 56

1

Introduccedilatildeo

A educaccedilatildeo preacute-escolar eacute reconhecida como a primeira etapa da educaccedilatildeo baacutesica

no processo de educaccedilatildeo ao longo da vida da qual se espera que em

complementaridade com a accedilatildeo educativa da famiacutelia favoreccedila a formaccedilatildeo e o

desenvolvimento das crianccedilas tendo em vista a sua plena inserccedilatildeo na sociedade como

seres autoacutenomos livres e solidaacuterios (Lei nordm597 de 10 de fevereiro artordm 2ordm) Como tal

devemos proporcionar agraves crianccedilas experiecircncias de aprendizagem de natureza diversa

atraveacutes das quais possam aprender e desenvolver-se

Sendo o educador o construtor e o gestor do curriacuteculo (MEDEB 1997)1 deve

procurar fazecirc-lo em equipa e escutando os saberes das crianccedilas das suas famiacutelias e da

comunidade As Orientaccedilotildees Curriculares para a Educaccedilatildeo Preacute-Escolar2 satildeo um ponto

de apoio para o processo educativo a desenvolver

A faixa etaacuteria em que se encontravam as crianccedilas do grupo com o qual

desenvolvemos a praacutetica de ensino supervisionada requer uma constante atenccedilatildeo e

resposta pelo que pressupotildee que o educador exerccedila a sua accedilatildeo profissional com

entusiasmo e dedicaccedilatildeo suficiente para tornar possiacutevel que as crianccedilas aprendam e

possam ser cidadatildeos responsaacuteveis e dotados de consciecircncia ciacutevica e moral

Eacute nesta linha de pensamento que se integra o trabalho que desenvolvemos e

apresentamos neste relatoacuterio Como tal propomo-nos destacar os aspetos que podem

ajudar agrave sua compreensatildeo procurando que seja o mais congruente possiacutevel com aquela

que eacute a representaccedilatildeo que temos do que foi a nossa praacutetica de ensino supervisionada

A sua estrutura contempla num primeiro capiacutetulo a caraterizaccedilatildeo do contexto

educativo em particular no que se refere agrave organizaccedilatildeo da instituiccedilatildeo e agrave constituiccedilatildeo e

carateriacutesticas de aprendizagem do grupo de crianccedilas com o qual desenvolvemos a

praacutetica educativa bem como agrave organizaccedilatildeo do ambiente educativo considerando o

espaccedilo e os materiais o tempo pedagoacutegico e as interaccedilotildees estabelecidas ao niacutevel do

grupo Neste acircmbito relevamos a implicaccedilatildeo de todos adultos e crianccedilas na criaccedilatildeo de

oportunidades de accedilatildeo e de relaccedilatildeo que favorecessem o seu bem-estar e

desenvolvimento

No segundo capiacutetulo procedemos agrave fundamentaccedilatildeo das opccedilotildees educativas

procurando aprofundar conhecimentos sobre o processo de aprendizagem numa

1 Ministeacuterio da EducaccedilatildeoDepartamento de Educaccedilatildeo Baacutesica

2 Considerando que ao longo do presente relatoacuterio vamos utilizar vaacuterias vezes esta fonte de referecircncia

passamos a indicaacute-las apenas pela sigla OCEPE

2

perspetiva ativa e os modelos curriculares que favorecem a construccedilatildeo de uma praacutetica

desta natureza como o modelo HighScope o modelo Reggio Emilia e o modelo da

Escola Moderna Debruccedilamo-nos ainda sobre as linhas de orientaccedilatildeo curricular para a

educaccedilatildeo preacute-escolar atribuindo particular atenccedilatildeo agraves dimensotildees contempladas em cada

aacuterea de conteuacutedo no quadro de uma construccedilatildeo articulada do saber

No terceiro capiacutetulo apresentamos um conjunto de quatro experiecircncias de

aprendizagem que desenvolvemos com as crianccedilas ao longo do ano letivo incluindo

algumas evidecircncias desse trabalho atraveacutes de fotografias e notas de campo sobre os

diaacutelogos das crianccedilas Estas experiecircncias de aprendizagem relevam a importacircncia de

cada um aprender a valorizar respeitar e aceitar-se a si proacuteprio e aos outros no quadro

de exerciacutecio de uma cidadania facilitadora da integraccedilatildeo de todos

Por uacuteltimo incluiacutemos uma reflexatildeo sobre a praacutetica educativa na se efetiva uma

suacutemula reflexiva sobre as diferentes dimensotildees do processo de aprendizagem o papel

que como educadores nos cabe assumir e as implicaccedilotildees de percurso formativo

experienciado por crianccedilas e adultos Relevamos os importantes contributos deste

processo natildeo apenas para a aprendizagem e desenvolvimento das crianccedilas mas tambeacutem

para a nossa formaccedilatildeo e desenvolvimento pessoal e profissional Este requer

continuidade no sentido de podermos responder aos desafios e exigecircncias emergentes

3

I Contextualizaccedilatildeo da Praacutetica de Ensino Supervisionada

11 Caraterizaccedilatildeo da instituiccedilatildeo

O contexto em que realizaacutemos a praacutetica educativa era uma instituiccedilatildeo particular

de solidariedade social (IPSS) situada na cidade de Braganccedila e incluiacutea serviccedilos de

creche jardim-de-infacircncia e centro de conviacutevio para idosos O horaacuterio de

funcionamento da instituiccedilatildeo era extenso mantendo-se aberta das 7h45min ateacute agraves 19h

incluindo neles e no que se refere aos serviccedilos destinados agrave educaccedilatildeo de infacircncia a

componentes educativa e a componente de apoio agrave famiacutelia A componente educativa

decorre num total de cinco horas por dia de manhatilde das 9h agraves 12h e de tarde das 14h e

agraves 16h Os restantes tempos englobam atividades socioeducativas e de serviccedilo de

almoccedilos sendo estes frequentados pelas crianccedilas segundo a necessidade das famiacutelias e

normalmente em funccedilatildeo da sua ocupaccedilatildeo laboral

No que se refere ao edifiacutecio eacute constituiacutedo por trecircs andares funcionando no reacutes-

do-chatildeo o centro de dia e conviacutevio o gabinete de psicologia o posto meacutedico o bar

lavandaria e garagem No primeiro andar funciona o Jardim-de-Infacircncia constituiacutedo por

trecircs salas de atividades e ainda alguns espaccedilos de apoio como a cozinha refeitoacuterio

vestiaacuterio bem como a secretaria da instituiccedilatildeo

No segundo andar funciona a creche com seis salas na sua totalidade uma copa

de leites refeitoacuterio arrecadaccedilotildees e um salatildeo polivalente no qual se realizam festas a

praacutetica da expressatildeo motora e tambeacutem atividades em grande grupo Neste andar

localiza-se ainda a sala da direccedilatildeo da instituiccedilatildeo Os andares encontram-se ligados por

escadas e cada um estaacute equipado com instalaccedilotildees sanitaacuterias adequadas agraves faixas etaacuterias

para que cada setor a que se destina Os espaccedilos interiores da instituiccedilatildeo e os

equipamentos da mesma encontram-se em bom estado de conservaccedilatildeo

No que se refere aos espaccedilos exteriores possui um espaccedilo de recreio com zonas

luacutedicas delimitadas incluindo um espaccedilo pavimentado e outro com areia Este estaacute

equipado com um parque infantil O espaccedilo cimentado de recreio eacute utilizado no periacuteodo

de entrada e saiacuteda das crianccedilas como zona de paragem das viaturas dos pais dado

limitado espaccedilo que ao niacutevel da via puacuteblica existe para o efeito Existem alguns

materiais de apoio agraves atividades de recreio exterior sendo deslocados pelas crianccedilas do

interior para o exterior e vice-versa quando terminadas as atividades

4

Considerando que como referem as Orientaccedilotildees Curriculares para a Educaccedilatildeo

Preacute-escolar (MEDEB 1997) ldquoo meio em que a crianccedila vive influenciaraacute o modo como

esta se iraacute desenvolverrdquo (p 31) importa que nos interroguemos sobre o modo como o

ambiente educativo da instituiccedilatildeo se encontra organizado e que nos esforcemos para

contribuir para enriquececirc-lo Nesta linha de pensamento importa sublinhar que foi

nossa preocupaccedilatildeo colaborar com os profissionais da instituiccedilatildeo e as crianccedilas nessa

organizaccedilatildeo de modo a construir um ambiente que se constituiacutesse como potencialmente

facilitador do desenvolvimento de todos crianccedilas e adultos

A equipa pedagoacutegica da instituiccedilatildeo era constituiacuteda por seis educadoras de

infacircncia trecircs na modalidade de creche e trecircs na de jardim de jardim-de-infacircncia

assumindo uma destas as funccedilotildees de coordenadora pedagoacutegica Esta equipa contava

ainda com o apoio de um grupo alargado de assistentes operacionais uma por sala no

que se refere agrave etapa preacute-escolar bem como da psicoacuteloga e da direccedilatildeo administrativa da

instituiccedilatildeo

12 Caraterizaccedilatildeo do grupo de crianccedilas

Como se refere nas OCEPE (MEDEB 1997) haacute diferentes fatores que

influenciam o modo proacuteprio de funcionamento do grupo como por exemplo a sua

dimensatildeo e o maior ou menor nuacutemero de crianccedilas de cada sexo pelo que importa que

na accedilatildeo educativa a promover se atenda agrave sua contextualizaccedilatildeo

O grupo de crianccedilas com o qual desenvolvemos a praacutetica educativa apresentava

uma dimensatildeo extensa integrando vinte e cinco crianccedilas com quatro anos idades Ao

niacutevel do nuacutemero de crianccedilas de cada sexo pode entender-se que era um grupo com uma

organizaccedilatildeo equilibrada integrando doze crianccedilas do sexo masculino e treze do sexo

feminino

Segundo informaccedilotildees fornecidas pela educadora de infacircncia cooperante a

maioria das crianccedilas frequentavam a instituiccedilatildeo desde a creche encontrando-se apenas

duas crianccedilas a frequentaacute-la pela primeira vez Importa ainda referir que integravam o

grupo trecircs crianccedilas de origem natildeo portuguesa duas crianccedilas que eram irmatildeos naturais

de Espanha e outra que era Ucraniana

5

Segundo o referido nas OCEPE (MEDEB 1997)

observar cada crianccedila e o grupo para conhecer as suas capacidades interesses e

dificuldades recolher as informaccedilotildees sobre o contexto familiar e o meio em que

as crianccedilas vivem satildeo praacuteticas necessaacuterias para compreender melhor as

caracteriacutesticas das crianccedilas e adequar o processo educativo agraves suas necessidades

(p 25)

Nesta linha de pensamento importa considerar as caracteriacutesticas que nos foi

possiacutevel observar das crianccedilas quer a niacutevel individual quer a niacutevel grupo ao longo ano

letivo Assim importa referir que relativo a questotildees relacionadas com a vida em

grupo as crianccedilas manifestavam saber orientar-se em relaccedilatildeo agraves normas e regras

definidas na sala ainda que nem sempre lhes fosse faacutecil respeitaacute-las como partilhar

materiais com os colegas e saber esperar pela sua vez

Os tempos da rotina eram do seu conhecimento e manifestavam independecircncia

no que se refere agrave realizaccedilatildeo da higiene pessoal e tomada de refeiccedilotildees Dum modo geral

as crianccedilas envolviam-se nas atividades quer nas propostas por noacutes quer nas da sua

iniciativa revelando-se um grupo ativo

Ao niacutevel das preferecircncias em relaccedilatildeo agraves aacutereas de atividade da sala as aacutereas mais

escolhidas pelas crianccedilas eram a da casa e a das construccedilotildeesgaragem Enquanto a

primeira era frequentada por ambos os sexos a segunda era mais frequentada pelo sexo

masculino ainda que procuraacutessemos salientar a importacircncia de trabalharbrincar em

todas pelas diferentes experiecircncias que lhes permitiam efetuar

As atividades ao niacutevel da expressatildeo dramaacutetica e plaacutestica bem como a entoaccedilatildeo

de canccedilotildees e o escutar de histoacuterias integravam-se tambeacutem entre as preferecircncias do

grupo As crianccedilas manifestavam-se curiosas em conhecer o conteuacutedo das histoacuterias e em

colocar questotildees sobre as mesmas quando natildeo percebiam alguma palavra expressatildeo ou

frase

Sendo o espaccedilo de dimensatildeo limitada face agrave dimensatildeo do grupo as crianccedilas em

geral manifestavam organizar-se nas suas brincadeiras e relaccedilotildees sem se perturbar uns

aos outros com exceccedilatildeo de uma crianccedila que desestabilizava o grupo

No que respeita agrave expressatildeo oral era evidente o desenvolvimento das crianccedilas

com exceccedilatildeo na pronuacutencia de algumas palavras sobretudo no iniacutecio do ano e no que se

refere ao uso de determinados tempos verbais aspeto que era mais evidente em duas

crianccedilas utilizando com frequecircncia por exemplo a expressatildeo ldquoeu sabordquo em vez de ldquoeu

seirdquo o que foi sendo ultrapassado no decurso do ano letivo

6

Verificaacutemos ainda que como referem Hohmann e Weikart (2011) ldquopor vezes as

crianccedilas hesitam enquanto procuram palavras para expressar uma ideia nova

particularmente difiacutecilrdquo (p 534) e que eacute importante dar-lhes tempo para que elas

proacuteprias escolham as palavras de que necessitam e evitar interferirmos com as suas

proacuteprias sugestotildees

Considerando que como refere Oliveira-Formosinho (2007a) ldquoa escuta eacute um

meio para ouvir a crianccedila sobre a sua colaboraccedilatildeo no processo de co-construccedilatildeo do

conhecimentordquo (p 32) procuraacutemos estabelecer diaacutelogos em que as crianccedilas usufruiacutessem

de tempo para se expressar e que nos permitissem conhecermos as crianccedilas

No que respeita ao nuacutecleo familiar das crianccedilas e considerando os dados que

constam das suas fichas de inscriccedilatildeo a maioria dos pais famiacutelia das crianccedilas advecircm de

um meio socioeconoacutemico meacutedio trabalham nos vaacuterios setores de atividade sendo que a

maioria trabalha como funcionaacuterio puacuteblico No que se refere ao nuacutemero de irmatildeos de

acordo com os dados dessas mesmas fichas quinze crianccedilas tecircm um irmatildeo nove

crianccedilas natildeo tecircm irmatildeos e sobre uma crianccedila natildeo foi possiacutevel recolher esse dado

13 Organizaccedilatildeo do ambiente educativo

Sendo um jardim-de-infacircncia um contexto institucional destinado a crianccedilas de

tenra idade deve estar organizado de forma a proporcionar o indispensaacutevel bem-estar

prazer em frequentaacute-lo e favorecer atividades de ludicidade que motivem agrave

aprendizagem Posto isto julgamos de grande importacircncia organizar um ambiente

educativo agradaacutevel estaacutevel e que seja favoraacutevel agrave aprendizagem significativa da

crianccedila

Demos importacircncia ao horaacuterio de atendimento aos pais pois em nossa opiniatildeo eacute

um bom meio de incentivar os pais a deslocarem-se agrave instituiccedilatildeo na qual a sua crianccedila

estaacute inserida e estarem informados das suas condiccedilotildees conhecimento da funcionalidade

da instituiccedilatildeo ter a oportunidade de conversar com as educadoras e estarem a par da

evoluccedilatildeo das crianccedilas conseguirem tambeacutem ter conhecimento das atividades realizadas

e dos seus resultados

De acordo com o que se refere nas OCEPE (MEMEB 1997) importa ter em

conta que ldquoa famiacutelia e a instituiccedilatildeo de educaccedilatildeo preacute-escolar satildeo dois contextos sociais

que contribuem para a educaccedilatildeo da mesma crianccedila importa por isso que haja uma

relaccedilatildeo entre estes dois sistemasrdquo (p 43)

7

131 Caracterizaccedilatildeo do espaccedilo

Evidenciando o espaccedilo interior e o exterior pois os dois tecircm um papel

fundamental no processo educativo e no desenvolvimento das crianccedilas e concordando

com Oliveira-Formosinho e Andrade (2011a) ldquopensamos o espaccedilo como um territoacuterio

organizado para a aprendizagem um lugar de bem-estar alegria e prazer Procuramos

que o espaccedilo pedagoacutegico seja aberto agraves vivecircncias e interesses das crianccedilas e

comunidades seja seguro seja luacutedico e culturalrdquo (p 11)

1311 Espaccedilo interior

A sala apesar da sua pequena dimensatildeo estava cuidadosamente organizada e

todos os espaccedilos eram aproveitados para possibilitar agraves crianccedilas a oportunidade de

experimentar e manipular os materiais Juntamente com o espaccedilo e os materiais foi

possiacutevel realizar diversas experiecircncias de aprendizagem dentro da sala As crianccedilas

conseguiam movimentar-se e explorar as aacutereas e o que as mesmas tinham para lhes

proporcionar Tal como estaacute presente nas OCEPE (MEDEB 1997) ldquoo procedimento

de aprendizagem implica tambeacutem que as crianccedilas compreendam como o espaccedilo estaacute

organizado e como pode ser utilizado e que participem nessa organizaccedilatildeo (hellip) o

conhecimento do espaccedilo dos materiais e das actividades possiacuteveis eacute tambeacutem condiccedilatildeo

de autonomia da crianccedila e do grupordquo (p 38)

A sala na qual desenvolvemos a praacutetica

de accedilatildeo pedagoacutegica apresentava uma forma

retangular e como anteriormente foi referido a

sala natildeo possuiacutea grandes dimensotildees Desde o

iniacutecio percebemos que toda ela estava

previamente dividida por aacutereas e todas elas

estavam identificadas com uma placa com o nome e o

nuacutemero de crianccedilas que poderiam frequentar em simultacircneo Cada crianccedila era

representada com um siacutembolo um sorriso por cada crianccedila como podemos verificar na

figura 1 Ainda nas placas de identificaccedilatildeo das aacutereas podiacuteamos verificar desenhos

realizados pelas crianccedilas Procuramos ainda atender a que como lembram Oliveira-

Formosinho e Andrade (2011a)

Figura 1 - Identificaccedilatildeo das aacutereas da sala

8

As crianccedilas tecircm o direito de crescer em espaccedilos onde o cuidado e a atenccedilatildeo

prestados agrave dimensatildeo esteacutetica constituam um princiacutepio educativo baacutesico As

experiecircncias que as crianccedilas vivem com o espaccedilo devem poder converter-se em

experiecircncias esteacuteticas de prazer e de bem-estar (p 12)

Uma das paredes da sala possuiacutea trecircs janelas com visionamento para o exterior

Estas proporcionavam uma agradaacutevel luminosidade natural e possibilitavam ainda

identificar o estado do tempo A sala encontrava-se igualmente devidamente equipada

com sistema de aquecimento funcionando este em situaccedilotildees necessaacuterias No que

respeita ao pavimento da sala este possuiacutea uma cor azulada clara resistente lavaacutevel

um pouco confortaacutevel e pouco refletora de som proporcionando desse modo um

benevolente isolamento acuacutestico

O mobiliaacuterio da sala apresentava um bom estado de conservaccedilatildeo O moacutevel de

maior dimensatildeo estava preenchido com materiais trabalhos e os portefoacutelios das

crianccedilas Havia um moacutevel para arrumaccedilatildeo de materiais sendo alguns destes de escrita

(como os laacutepis marcadores) e tambeacutem tesouras materiais reciclados e outros que

serviam de apoio agraves atividades de expressatildeo plaacutestica Encontravam-se quatro mesas na

sala de formato retangular proporcionando agraves crianccedilas um largo espaccedilo para trabalhar e

brincar sobre as mesmas todas acompanhadas por cinco cadeiras Eacute importante salientar

que as mesas e as cadeiras serviam de apoio agraves atividades em pequeno e grande grupo

Ainda na sua constituiccedilatildeo a sala possuiacutea um placard no qual eram expostos os

trabalhos realizados pelas crianccedilas embora alguns destes fossem expostos no corredor

de forma a divulgaacute-los junto dos paiscomunidade Indo ao encontro de Niza (2007)

quando refere que ldquoo ambiente geral da sala deve resultar agradaacutevel e altamente

estimulante utilizando as paredes como expositores permanentes das produccedilotildees das

crianccedilas onde rotativamente se revecircem nas suas obras de desenho pintura tapeccedilaria ou

textordquo (p 133)

A planta que se segue apresenta-nos uma perspetiva da realidade do espaccedilo

fiacutesico da sala ao longo do ano letivo considerando que as alteraccedilotildees ocorridas

incidiram na integraccedilatildeo de materiais mas natildeo na disposiccedilatildeo das aacutereas

9

A sala integrou desde iniacutecio seis aacutereas de trabalho todas devidamente

identificadas sendo estas a aacuterea da casa (cozinha e quarto) a aacuterea dos jogos a aacuterea de

acolhimento a aacuterea da biblioteca a aacuterea da escrita e a aacuterea da garagemconstruccedilotildees

Estas estavam organizadas no sentido de possibilitar ao grupo de crianccedilas um faacutecil

acesso aos distintos materiais e objetos pois como menciona Oliveira-Formosinho

(2007b) ldquoa organizaccedilatildeo do espaccedilo em aacutereas com os seus respectivos materiais (hellip)

porque estatildeo visiacuteveis acessiacuteveis e etiquetados (tambeacutem para facilitar a autonomia na

arrumaccedilatildeo) eacute uma forma poderosiacutessima de passar mensagens impliacutecitas agrave crianccedilardquo (p

68)

Podemos verificar na figura 2 que as aacutereas rotuladas como barulhentas

encontram-se um pouco afastadas das aacutereas mais calmas A aacuterea da biblioteca (figura 3)

situa-se no canto superior direito da figura 2 desfrutava de

uma boa luminosidade natural pois encontrava-se junto de

uma das janelas Esta era constituiacuteda por uma estante na qual

as crianccedilas poderiam encontrar livros variados uma mesa

circular de pequenas dimensotildees acompanhada por trecircs

cadeiras de madeira Esta proporcionava agraves crianccedilas

oportunidade agradaacutevel de explorar as ilustraccedilotildees das

histoacuterias folhear e contar histoacuterias umas agraves outras Hohmann

e Weikart (2011) referem que ldquotalvez mais nenhuma outra

actividade seja tatildeo importante para a emergente literacia da crianccedila do que um adulto ou

amigo lhe fizerrdquo (p 546)

Figura 3- Aacuterea da biblioteca

Figura 2 - Planta da sala

10

Figura 6- Aacuterea da casa

espaccedilo do quarto

Figura 5 - Aacuterea dos jogos

Do outro lado da sala estava situada a aacuterea da

escrita (figura 4) nesta as crianccedilas tinham a

oportunidade de escrever explorar as diferentes

formas das letras podendo inclusivamente manipular

materiais de escrita

No centro da sala encontrava-se a aacuterea do

acolhimento um espaccedilo destinado a momentos em grande grupo de modo a ser

possiacutevel todas as crianccedilas se visualizarem umas agraves outras partilharem interesses

ouvirem histoacuterias tinham ainda a oportunidade de cantarem canccedilotildees e dialogarem

A aacuterea dos jogos (figura 5) estava localizada perto

da aacuterea do acolhimento dispunha de uma mesa

acompanhada por cinco cadeiras e de uma estante na qual

se encontravam diversos tipos de jogos puzzles

enfiamentos dominoacutes blocos loacutegicos jogo de letras jogos

com formas geomeacutetricas entre outros Esta aacuterea permitia o

desenvolvimento cognitivo das crianccedilas aleacutem das

experiecircncias diversificadas que as motivavam para a

resoluccedilatildeo de problemas

A aacuterea da casa distribuiacutea-se por dois espaccedilos o quarto

(figura 6) e a cozinha (figura 7) O mobiliaacuterio e materiais desta

aacuterea estavam apropriados agrave altura das crianccedilas Nesta era

visiacutevel a frequente representaccedilatildeo por parte das crianccedilas

assumindo o papel de adultos imitando expressotildees gestuais e

orais Atraveacutes das bonecas as crianccedilas representavam vivecircncias

do seu dia-a-dia como vestir e despir as crianccedilas deitaacute-las a

dormir maquilhaacute-las faziam e desfaziam a cama arrumavam e

desarrumavam toda a aacuterea representando

de variadas formas o ldquofaz-de-contardquo

O espaccedilo da cozinha era utilizado para representar

vivecircncias do dia-a-dia integrando parecenccedilas com algumas

cozinhas das casas das crianccedilas e em vaacuterias situaccedilotildees as

crianccedilas assumiam os papeacuteis de adultos e representavam

momentos vividos nas suas proacuteprias casas

Figura 4 - Aacuterea da escrita

Figura 7 - Espaccedilo da

cozinha

11

Figura 9 - Quadro semanal de presenccedilas

A uacuteltima aacuterea a ser apresentada eacute intitulada pela aacuterea da

garagemconstruccedilotildees (figura 8) Nesta as crianccedilas usavam

materiais como carros ferramentas de mecacircnica uma pista de

carros entre outros As crianccedilas principalmente do sexo

masculino apropriavam-se ou tentavam por vaacuterias vezes

apropriar-se desta aacuterea pois mostravam bastante interesse na

mesma gostavam de brincar e imaginar situaccedilotildees proacuteprias da

aacuterea

Para registar as presenccedilas diaacuterias das crianccedilas foi criado um quadro semanal de

presenccedilas como pudemos verificar na figura 9 este estava adequado agrave altura das

crianccedilas Foi criado ldquopara o aluno marcar com um sinal convencional a sua presenccedila

na quadriacutecula onde o seu nome cruza com a coluna do diardquo (Niza 2007) (p 135)

Neste encontravam-se expostos os nomes das crianccedilas

do lado esquerdo e na parte superior do quadro

estavam os dias da semana separados por quadriacuteculas

A presenccedila da crianccedila era assinalada com duas bolas

de pequenas dimensotildees uma verde fazendo referecircncia

agrave presenccedila e uma outra de cor vermelha fazendo

referecircncia agrave ausecircncia da crianccedila A marcaccedilatildeo das

presenccedila era identificado pela proacutepria crianccedila isto eacute

cada uma efetuava a sua presenccedila agrave exceccedilatildeo das

crianccedilas que se encontravam ausentes essa marcaccedilatildeo

era realizada ou pelas educadoras ou pelas crianccedilas

1312 Espaccedilo exterior

O espaccedilo exterior possuiacutea uma aacuterea de dimensotildees bastante consideraacuteveis

rodeada por um muro com grades que permitia observar do interior para o exterior da

instituiccedilatildeo e vice-versa O pavimento variava existindo zonas de relva com aacutervores de

cimento com maior dimensatildeo e de areia Neste uacuteltimo encontraacutevamos equipamento de

parque infantil sendo este composto por uma estrutura com escorrega barras para

trepar baloiccedilos fixos no chatildeo e cavalos de molas

Figura 8 - Aacuterea da

garagemconstruccedilotildees

12

Este espaccedilo exterior eacute de grande importacircncia pois nele como referem Hohmann

e Weikart (2011) ldquoas crianccedilas tecircm acesso a um conjunto de actividades e brincadeiras

que habitualmente natildeo fazem no interiorrdquo (p 369) No periacuteodo de recreio ldquoas crianccedilas

podem experimentar os sons e imagens do ar livre usar o material e equipamento do

recreio e brincar vigorosamente (ou sossegadamente se assim o preferirem) rdquo (idem

ibidem)

Em muitos momentos no recreio enquanto foi possiacutevel a sua utilizaccedilatildeo tivemos

a oportunidade de praticar jogos em grande grupo sendo estes com movimentos

rotativos movimentos lentos e coordenados movimentos raacutepidos e livres para as

crianccedilas exercitarem a motricidade Apesar dos momentos de recreio e de sala serem de

diferentes caracteriacutesticas ldquotecircm algo em comum encorajar as crianccedilas a envolverem-se

activamente com materiais pessoas ideias e acontecimentosrdquo (Hohmann amp Weikart

2011 p 370)

132 Rotina diaacuteria

A organizaccedilatildeo do tempo no jardim-de-infacircncia eacute definido e iniciado pelos

adultos estes devem refletir e estruturar devidamente uma rotina diaacuteria pois esta

auxilia as crianccedilas e adultos tal como referem Hohmann e Weikart (2011)

a rotina diaacuteria (hellip) ajuda as crianccedilas a responder (hellip) a questotildees ao

oferecer-lhes uma sequecircncia de acontecimentos que elas podem seguir e

compreender Tambeacutem ajuda os adultos a organizarem o seu tempo com as

crianccedilas de forma a lhes oferecer experiecircncias de aprendizagem activas e

motivadoras Neste sentido os elementos de uma rotina diaacuteria satildeo como

marcas de pegadas num caminho Ao seguirem o caminho as crianccedilas

envolvem-se em variadas aventuras e experiecircncias que lhes interessam e que

respondem agrave sua natureza inventiva e luacutedica (p 224)

Quando iniciaacutemos a nossa praacutetica de ensino na sala dos quatro anos estes jaacute

tinham uma rotina diaacuteria definida desde o iniacutecio do ano Apesar disso a rotina diaacuteria foi

suscetiacutevel de alteraccedilotildees tendo em conta atividades que emergiam visitas e o desenrolar

de certas experiecircncias de aprendizagem A rotina diaacuteria integrava os seguintes

segmentos temporais

i) Tempo de acolhimento momento de receccedilatildeo das crianccedilas em grande

grupo Era inclusive neste momento que as crianccedilas e os adultos

cantavam canccedilotildees partilham ideias vivecircncias e experiecircncias pessoais e

procediam agrave marcaccedilatildeo das presenccedilas

13

ii) Tempo de atividades em grande grupo neste tempo as crianccedilas e os

adultos juntavam-se para atividades a vaacuterios niacuteveis de muacutesica

movimento expressatildeo dramaacutetica leitura e exploraccedilatildeo de histoacuterias entre

outras Estas envolviam experiecircncias de aprendizagem nos diferentes

domiacutenios Apesar de em vaacuterias ocasiotildees serem os adultos a iniciarem

estas atividades as crianccedilas proporcionavam e apresentavam novas

ideias

iii) Tempo de higienealmoccedilo este tempo era dedicado agrave higiene das

crianccedilas e logo de seguida deslocavam-se ao refeitoacuterio da instituiccedilatildeo

para almoccedilarem

iv) Tempo de recreiodescanso momento reservado ao descanso das

crianccedilas mas tambeacutem quando as condiccedilotildees atmosfeacutericas o permitiam as

crianccedilas usufruiacuteam do espaccedilo exterior ocasionando-lhes situaccedilotildees nas

quais poderiam variar na forma como utilizavam o corpo tal como

trepar deslizar baloiccedilar e correr

v) Tempo de atividades nas aacutereas este tempo contemplava alguns tipos de

atividades propositadamente planeados de forma a proporcionar

experiecircncias de aprendizagens significativas nas diferentes aacutereas do

conteuacutedo Era ainda neste momento que se procedia agrave organizaccedilatildeo das

crianccedilas pelas diferentes aacutereas da sala consoante a preferecircncia que cada

uma manifestava de forma a reforccedilar os interesses naturais das crianccedilas

a capacidade de iniciativa da mesma e desenvolver competecircncias na

resoluccedilatildeo de problemas

vi) Tempo de lanche as crianccedilas apoacutes terem efetuado a arrumaccedilatildeo das

aacutereas da sala realizavam a higiene pessoal e deslocavam-se ao refeitoacuterio

da instituiccedilatildeo e tomavam o lanche Cada uma das crianccedilas possuiacutea a sua

lancheira e os lanches variavam de crianccedila para crianccedila

vii) Tempo de atividades orientadaslivres momento dedicado vaacuterias vezes

ao relaxamento da crianccedila as crianccedilas assistiam a filmes brincavam em

pequenos grupos com legos praticavam jogos em grande grupo sendo

estes uacuteltimos bastante solicitados pelas crianccedilas

A rotina diaacuteria vivenciada na sala ocorria como podemos verificar nos

segmentos temporais referidos de forma a despertar e apoiar as crianccedilas na tomada de

iniciativa perante atividades propostas Era uma forma de encorajar o envolvimento das

14

crianccedilas em atividades de pequenos grupos ou ateacute mesmo em pares envolvendo-as na

procura de soluccedilotildees para os problemas com que se iam confrontando Um dos principais

objetivos nas atividades era promover interaccedilotildees positivas nos diversos momentos de

trabalho O facto de as crianccedilas escolherem a sua aacuterea preferida e os materiais a

manusear para a execuccedilatildeo dos trabalhos demonstrava ao adulto a sua evoluccedilatildeo e

crescente autonomia

133 As interaccedilotildees

Para a melhor compreensatildeo do processo de interaccedilatildeo eacute essencial

compreendermos esse termo Neste sentido Oliveira-Formosinho e Formosinho (2011)

afirmam que ldquoas interaccedilotildees adulto-crianccedila satildeo uma tatildeo importante dimensatildeo da

pedagogia que a anaacutelise do estilo dessas interaccedilotildees nos permite determinar se estamos

perante uma pedagogia transmissiva ou uma pedagogia participativa (p 30) Dizem-nos

tambeacutem que ldquodesenvolver as interaccedilotildees refleti-las pensaacute-las e reconstruiacute-las eacute um

habitus que as profissionais que desenvolvem a Pedagogia-em-Participaccedilatildeo necessitam

de promoverrdquo (idem ibidem) Neste sentido reconhecemos que o educador desempenha

um papel crucial no desenrolar das diversas interaccedilotildees e no que tem a ver com as

interaccedilotildees educadoracrianccedila da instituiccedilatildeo estas satildeo em nosso parecer bastante

positivas As OCEPE (MEDEB 1997) alertam que ldquoa relaccedilatildeo individualizada que o

educador estabelece com cada crianccedila eacute facilitadora da sua inserccedilatildeo no grupo e das

relaccedilotildees com as ouras crianccedilasrdquo (p 35)

Achamos importante lembrar que ldquoa crianccedila aprende interagindo O adulto

aprende a ajudar a crianccedila a desenvolver a interacccedilatildeo A crianccedila eacute activa o adulto

tambeacutemrdquo (Oliveira-Formosinho 1996 p 55) Quando as crianccedilas e os educadores

desenvolvem algo em conjunto se o educador consegue envolver a crianccedila de tal forma

que esta se concentre totalmente no que estatildeo a desenvolver esta envolvecircncia faz com

que tanto a crianccedila como o adulto estejam ativos facilitaraacute a interaccedilatildeo entre ambos

tanto de um como do outro Eacute com a interaccedilatildeo que a crianccedila aprende vaacuterios fatores que

a ajudaratildeo no seu desenvolvimento e eacute tambeacutem com a interaccedilatildeo que o adulto tem a

oportunidade de auxiliar o desenvolvimento da crianccedila Neste sentido Hohmann e

Weikart (2011) defendem que ldquoa partilha do controlo num clima de apoio apela agrave

reciprocidade ndash um dar e receber muacutetuo entre crianccedilas e adultosrdquo (p 77)

No que diz respeito agraves interaccedilotildees crianccedilacrianccedila na sala onde se desenrolou a

accedilatildeo educativa verificaacutemos uma vasta cumplicidade entre elas existindo a formaccedilatildeo de

15

grupos de amigos Mostraram desde cedo apelar agrave brincadeira entre elas partilhando os

objetos e tentando haver na sala um clima de interaccedilotildees positivas

No nosso caso em concreto procuraacutemos desde cedo escutar apoiar e ainda

compreender as crianccedilas desenvolvendo desse modo uma interaccedilatildeo participativa

seguindo uma praacutetica na qual as crianccedilas foram sempre reconhecidas como pessoas que

tem sentimentos Tentaacutemos como referem Hohmann e Weikart (2011) ldquocriar e manter

ambientes em que a interacccedilatildeo com as crianccedilas seja positiva e por forma que estas

possam trabalhar e brincar com pessoas e objetos libertas de medo ansiedades ou de

aborrecimentordquo (p 63)

Reconhecemos que possibilitaacutemos agraves crianccedilas diversas situaccedilotildees nas quais

pudessem entender e participar em atividades promotoras de aprendizagens e que

pudessem construir e desenvolver as suas proacuteprias competecircncias Tentaacutemos observar e

entender a crianccedila pois como referem Oliveira-Formosinho e Formosinho (2011) ldquoo

papel do professor eacute o de organizar o ambiente e observar a crianccedila para entender e lhe

responderrdquo (p 15)

A fim de apoiar e acompanhar as crianccedilas nas suas atividades procuraacutemos

atraveacutes de uma observaccedilatildeo participante conhecer os interesses e necessidades

formativas das crianccedilas no sentido de favorecer interaccedilotildees que pudessem tornar-se

facilitadoras de aprendizagem das crianccedilas Assim sendo ao longo da nossa experiecircncia

de praacutetica educativa apoiaacutemos o envolvimento do grupo nas vaacuterias atividades de modo

a favorecer a sua implicaccedilatildeo na descoberta resoluccedilatildeo de problemas e na tomada de

decisotildees

16

17

II Fundamentaccedilatildeo das opccedilotildees educativas

No presente capiacutetulo procedemos ao aprofundamento de conhecimentos que nos

ajudem a melhor fundamentar e interpretar a praacutetica educativa em contexto preacute-escolar

Neste sentido debruccedilamo-nos sobre as perspetivas atuais de aprendizagem da crianccedila

as linhas de orientaccedilatildeo curricular e os modelos pedagoacutegicos que nos podem ajudar a

desenvolver uma accedilatildeo educativa de qualidade

21 A aprendizagem como um processo ativo

O desenvolvimento da praacutetica educativa suscita-nos questionamento sobre como

encarar o processo de aprendizagem a promover com as crianccedilas no sentido de ajudaacute-

las a progredir e a beneficiar do necessaacuterio bem-estar e integraccedilatildeo social

Neste sentido importa considerar a perspetiva de Brickmann e Taylor (1996)

defendendo os autores que ldquoas experiecircncias de aprendizagem para crianccedilas devem ser

ativasrdquo (p 3) explicitando que ldquodevem tornar a crianccedila capaz de construir o seu

proacuteprio conhecimento lidando diretamente com pessoas materiais e ideiasrdquo (idem p 3-

4) Neste acircmbito torna-se importante retomar a perspetiva teoacuterica de Piaget (1976) que

reconhece e valoriza a pessoa como sujeito ativo na construccedilatildeo de conhecimento O

autor defende que se enverede por um processo de aprendizagem experiencial e alerta

para a importacircncia da crianccedila poder explorar pensar e descobrir a partir da accedilatildeo sobre

os objetos e da relaccedilatildeo com os outros Como refere Novo (2009) ldquona perspetiva do

autor a crianccedila descobre do mesmo modo o mundo das pessoas e o dos objetos reais ou

simboacutelicosrdquo (p 52) Para Piaget (in Hohmann amp Weikart 2011) ldquoo conhecimento natildeo

proveacutem nem dos objetos nem da crianccedila mas sim das interaccedilotildees entre a crianccedila e os

objetosrdquo (p 19) pressupondo assim uma accedilatildeo reciacuteproca da crianccedila sobre os objetos e

dos objetos sobre a crianccedila na construccedilatildeo do conhecimento Nesta linha de pensamento

como tambeacutem afirma o autor (1978 citado por Novo 2009) ldquoconhecer natildeo consiste em

copiar o real mas agir sobre ele e transformaacute-lordquo (p 53)

Assim como Tompkins (1996) lembra importa ter em conta que uma

aprendizagem ativa eacute muito mais do que a mera manipulaccedilatildeo de materiais pelas crianccedilas

e do que a transmissatildeo de conhecimentos pelo educador Neste sentido sublinha que

18

a maior parte dos educadores de infacircncia concordaria com a ideia de que as

crianccedilas aprendem mais quando encorajadas a explorarem a interagirem a

serem criativas a seguirem os seus proacuteprios interesses e a brincarem No

entanto muitos educadores de infacircncia bem-intencionados acabam por

conduzir actividades em oposiccedilatildeo a esta teoria (p 6)

Este eacute um aspeto que natildeo deixa de caraterizar a nossa accedilatildeo educativa daiacute a

preocupaccedilatildeo em acedermos a conhecimentos que possam ajudarmos a melhor tomar

consciecircncia do tipo de praacuteticas que desenvolvemos e das linhas em que apoiaacute-las para

que incluam perspetivas que na atualidade satildeo reconhecidas como facilitadores de uma

aprendizagem ativa das crianccedilas

Importa assim considerar que segundo Formosinho (1996) as aprendizagens

ativas satildeo ldquoaquelas em que a crianccedila atraveacutes da sua acccedilatildeo sobre os objectos e da sua

interacccedilatildeo com as pessoas as ideias e os acontecimentos chega agrave compreensatildeo do

mundordquo (p 56) Por isso uma accedilatildeo educativa que se centra em ajudar as crianccedilas a

aprender como referem Oliveira-Formosinho amp Formosinho (2011) deve dar um papel

de relevo agrave crianccedila agrave colaboraccedilatildeo entre pares e agrave colaboraccedilatildeo entre adultos e crianccedilas

ou seja ldquodesenvolve uma epistemologia de natureza construtiva interativa

colaborativardquo (p 18)

Nesta linha importa o recurso a estrateacutegias pedagoacutegicas que proporcionem a

partilha de conhecimentos a implicaccedilatildeo das crianccedilas na resoluccedilatildeo de situaccedilotildees

problemaacuteticas de modo a exploraacute-las sob diversos acircngulos recorrendo agravequilo que jaacute

conhecem e agrave sua capacidade imaginativa O educador deve entatildeo observar e escutar as

crianccedilas e valorizar a sua participaccedilatildeo na organizaccedilatildeo e desenvolvimento do processo de

aprendizagem bem como na reflexatildeo sobre o mesmo Deve dar-se atenccedilatildeo aos seus

interesses e aos valores que representam as atividades da sua iniciativa na

reorganizaccedilatildeo da compreensatildeo que faz do mundo e por conseguinte no seu

desenvolvimento Nesse processo importa considerar que

tal como os adultos as crianccedilas tem comportamentos positivos e

comportamentos negativos mas eacute importante prestar atenccedilatildeo ao que as

crianccedilas fazem bem feito incidindo nesses pontos e valorizando-os Ao

observar cuidadosamente aquilo que as crianccedilas podem fazer os adultos tecircm

oportunidade para aproveitar o desejo natural de aprender das crianccedilas

(Hohmann 1996 p 22)

Dewey (2002) lembra que as experiecircncias das crianccedilas podem tornar-se agrave

semelhanccedila das suas brincadeiras e jogos em formas ativas da accedilatildeo Para o autor de

acordo com Pinazza (2007) ldquoas situaccedilotildees educativas devem apoiar-se na atividade da

19

crianccedila ou seja deve aprender fazendordquo (p 74) Daiacute a importacircncia que deve merecer a

organizaccedilatildeo do ambiente educativo e as atividades e projetos em que se envolvem

Importa considerar tambeacutem que ldquoa liberdade de accedilatildeo natildeo se opotildee agrave intencionalidade e

ao estabelecimento de propoacutesitos educativos nem tatildeo pouco agrave formaccedilatildeo de haacutebitosrdquo (p

75) devendo ser tidas todas estas dimensotildees em consideraccedilatildeo

Vygostky de acordo com Pinazza (2007) defende a relaccedilatildeo entre processo

educativo e as experiecircncias pessoais das crianccedilas No entanto eacute de considerar que nem

todas as experiecircncias satildeo igualmente educativas O valor de uma experiecircncia baseia-se

no princiacutepio da continuidade experiencial e o da interaccedilatildeo (idem) Importa ter em conta

que a continuidade pressupotildee alargar as experiecircncias e que a interaccedilatildeo se configura no

ambiente educativo que se cria

Nesse processo eacute de ter em conta a importacircncia a atribuir natildeo apenas aos

conhecimentos e competecircncias da crianccedila mas tambeacutem agrave forma como se estabelecem as

interaccedilotildees e agrave complexidade que as atividades apresentam Neste acircmbito importa

considerar que como defende Vygostky (1996 citado por Novo 2009) ldquoque com o

auxiacutelio de outra pessoa toda a crianccedila consegue concretizar mais do que faria sozinhardquo

(p 58) podendo entender-se este aspeto muito mais indicativo do desenvolvimento da

crianccedila Ideia que reforccedila a importacircncia da observaccedilatildeo e apoio que o adulto deve

promover para acompanhar e promover o processo da aprendizagem da crianccedila

22 Modelos Curriculares

Associado a uma perspetiva de aprendizagem ativa encontram-se alguns

modelos curriculares que tecircm vindo a ser apontados em vaacuterios trabalhos como

facilitadores de praacuteticas educativas preacute-escolares de qualidade tal como o modelo

HighScope (Hohmann amp Weikart 2011) o modelo do Movimento da Escola Moderna

(Niza 2007) e o modelo de Reggio Emilia (Eduards Gandini amp Forman 1999)

Reconhecendo que os princiacutepios em que cada um desses modelos se apoiam

podem ajudar-nos a melhor entender as linhas que caraterizam a nossa accedilatildeo importa

efetuar uma breve abordagem aos mesmos

O modelo curricular HighScope valoriza a aprendizagem pela acccedilatildeo o que

pressupotildee que as crianccedilas possam ldquoviver experiecircncias directas e imediatas e retirar delas

significado atraveacutes da reflexatildeordquo (Hohmann amp Weikart 2011 p 5) no sentido de

construiacuterem conhecimentos que as ajudem a dar sentido ao mundo As crianccedilas devem

20

dispor da possibilidade de explorar os objetos colocar sobre os acontecimentos e acerca

do que lhes desperta curiosidade

No que diz respeito agrave organizaccedilatildeo do espaccedilo e materiais de trabalho as salas

seguem uma organizaccedilatildeo construtivista que aponta para a organizaccedilatildeo de aacutereas

diferenciadas que permitam a realizaccedilatildeo de diferentes aprendizagens A organizaccedilatildeo da

sala por aacutereas e com os respetivos materiais faz com que as crianccedilas adquiram

independecircncia autonomia e responsabilidade em relaccedilatildeo ao seu modo de utilizaccedilatildeo

transmitindo mensagens impliacutecitas agraves crianccedilas Como referem Hohmann e Weikart

(2011)

Uma vez que o ambiente estaacute organizado de forma a que estas escolham as

suas brincadeiras os adultos ficam livres de funccedilotildees diretivas de

entretenimento ou de controlo das crianccedilas Em vez disso passam a poder

concentrar-se no apoio a dar agraves brincadeiras das crianccedilas e agrave sua capacidade de

resoluccedilatildeo de problemas (p 182)

A organizaccedilatildeo do ambiente educativo inclui quatro componentes sendo elas a

organizaccedilatildeo do espaccedilo e materiais das rotinas do grupo e das interaccedilotildees Segundo este

modelo o espaccedilo deve estar organizado por diferentes aacutereas de modo a permitir que as

crianccedilas desenvolvam diferentes aprendizagens envolvendo-se em atividades

diversificadas A organizaccedilatildeo do espaccedilo deve ser flexiacutevel deve adaptar-se agraves

necessidades e interesses das crianccedilas e do grupo pelo que deve estar organizado de

modo a conferir autonomia agraves crianccedilas Outra especificidade desta organizaccedilatildeo reside

no facto de as aacutereas estarem organizadas de forma a permitirem a livre circulaccedilatildeo das

crianccedilas entre elas de acordo com os seus interesses Por sua vez ldquoa arrumaccedilatildeo dos

materiais deve proporcionar a execuccedilatildeo do ciclo encontra-brinca-arrumardquo (Hohmann amp

Weikart 2011 p 164)

A organizaccedilatildeo de uma rotina diaacuteria oferece estabilidade agrave crianccedila no sentido de

que pode aperceber-se do que vai acontecer oferecendo-lhe ldquosentido de controlo sobre

aquilo que vai fazer em cada momento do diardquo (idem p 8) Deve permitir agraves crianccedilas

experienciarem oportunidade de se envolverem na concretizaccedilatildeo do ciclo planear-fazer-

rever (idem p 229) Este consiste em promover o seu envolvimento no planeamento

das suas atividades a experienciaccedilatildeo das mesmas e a partilha e discussatildeo acerca do que

foi realizado Para isso o educador deve adotar uma gestatildeo flexiacutevel do tempo

permitindo que a crianccedila organize os seus acontecimentos as suas propostas e as suas

interaccedilotildees tendo em conta a sequecircncia temporal Os tempos em pequeno e grande

21

grupo bem como a niacutevel individual satildeo imprescindiacuteveis pois permitem a inserccedilatildeo das

crianccedilas em diferentes tipos de atividades quer da iniciativa do adulto quer da

iniciativa da crianccedila

A rotina diaacuteria preacute-escolar eacute constante estaacutevel e previsiacutevel para que a crianccedila

compreenda a forma de utilizaccedilatildeo do tempo e assim tornar-se menos dependente do

adulto face ao tempo em que deve concretizar determinada atividade A previsatildeo dos

tempos de rotina permite a seguranccedila e independecircncia da crianccedila e a diferenciaccedilatildeo das

atividades contribui para a variedade de experiecircncias

No que concerne agraves interaccedilotildees o papel do adulto eacute criar situaccedilotildees que

proporcionem agrave crianccedila o desenvolvimento do seu pensamento favorecendo a

emergecircncia de conflitos cognitivos (idem) Importa ter em conta que o adulto ajuda a

equilibrar a liberdade que a crianccedila necessita para explorar o meio que a rodeia Por

isso natildeo deve desencorajar a crianccedila quando esta natildeo consegue concretizar e resolver os

problemas com que se defronta Deve por sua vez fazer com que ela acredite em si

mesma e se envolva na procura de recursos que podem ajudaacute-la nesse processo Assim

um dos principais objectivos do programa HighScope consiste em apoiar os

adultos de modo a que estes possam criar e manter ambientes em que a

interacccedilatildeo com as crianccedilas seja positiva e por forma que estas possam

trabalhar e brincar com pessoas e objectos libertas de medos ansiedades ou

de aborrecimento e negligecircncia (Hohmann amp Weikart 2011 p 63)

O modelo curricular Reggio Emilia como antes referimos apoia-se tambeacutem em

princiacutepios pedagoacutegicos de participaccedilatildeo ativa das crianccedilas na construccedilatildeo do seu

conhecimento Como refere Malaguzzi (1999) o principal objetivo do projeto de

Reggio Emilia consiste em construir uma escola ldquopara crianccedilas pequenas como um

organismo vivo integral como um local de vidas e relacionamentos compartilhados

entre muitos adultos e muitas crianccedilasrdquo Para aleacutem deste objetivo a abordagem Reggio

Emilia estimula o desenvolvimento intelectual das crianccedilas partindo da representaccedilatildeo

simboacutelica

Como refere Edwards (2008) no que diz respeito ao papel do educador este eacute

natildeo apenas de ouvinte e observador mas tambeacutem deve ser proporcionador de

oportunidades e experiecircncias Os objetivos centralizam-se em criar oportunidades de

aprendizagem e desenvolvimento do pensamento das crianccedilas sendo por isso

importante escutaacute-las O papel do educador ldquocentraliza-se na provocaccedilatildeo de

oportunidades de descobertas atraveacutes de uma espeacutecie de facilitaccedilatildeo alerta e inspirada e

22

de estimulaccedilatildeo do diaacutelogo de accedilatildeo conjunta e da co-construccedilatildeo do conhecimento pela

crianccedilardquo(idem p 161)

As crianccedilas percebem quando os adultos valorizam os seus trabalhos e as suas

ideias uma vez que lhes comunicam essa valorizaccedilatildeo indiretamente atraveacutes de accedilotildees e

estrateacutegias Como exemplo destas accedilotildees o educador expotildee trabalhos das crianccedilas na

escola e partilha com toda a comunidade educativa a informaccedilatildeo que as crianccedilas

produzem

Os pais participam ativamente na vida escolar dos seus filhos uma vez que

colaboram com o educador e datildeo continuidade ao que as crianccedilas aprendem quer na

escola quer em casa Ou seja existe interajuda entre escolafamiacutelia na organizaccedilatildeo e

concretizaccedilatildeo da accedilatildeo educativa Por exemplo na realizaccedilatildeo de um projeto os

educadores comunicam aos pais o tema do projeto

encorajando-os a envolverem-se com as atividades de seus filhos atraveacutes da

busca dos materiais necessaacuterios do trabalho com os professores no

ambiente fiacutesico da oferta de livros suplementares e assim por diante Dessa

forma os pais satildeo levados a revisar a imagem que tecircm de seus filhos e a

compreender a infacircncia de um modo mais rico e complexordquo (Edwards 2008

p 163)

Segundo Lino (2007) o modo como o espaccedilo eacute organizado ldquoreflete as ideias

valores atitudes e patrimoacutenio cultural de todos os que nele trabalhamrdquo (p 107) Isto

porque atraveacutes da comunicaccedilatildeo cooperaccedilatildeo partilha de atividades e ideias a crianccedila

constroacutei o seu conhecimento do mundo (idem) Sendo assim o espaccedilo nas escolas de

Reggio Emilia eacute planeado ao pormenor pela comunidade educativa Relativamente ao

espaccedilo exterior este eacute organizado de forma a possibilitar uma continuidade das

atividades realizadas no interior

A gestatildeo da rotina praticada em Reggio dispotildee de uma organizaccedilatildeo do tempo

que proporciona agraves crianccedilas oportunidades de estabelecer diferentes tipos de interaccedilatildeo

Assim como sublinha Lino (2007) ldquoelas podem escolher trabalhar sozinhas em

pequeno grupo em grande grupo com os adultos ou sem elesrdquo (p 109)

O modelo curricular do Movimento da Escola Moderna (MEM) como refere

Niza (2007) ldquoassenta num Projecto Democraacutetico de autoformaccedilatildeo cooperada de

docentes que transfere por analogia essa estrutura de procedimento para um modelo

de cooperaccedilatildeo educativa nas escolasrdquo (p 125) Tendo em conta a escola como local de

23

iniciaccedilatildeo agrave vida democraacutetica este modelo propotildee diversos princiacutepios fundamentais para

a estruturaccedilatildeo da accedilatildeo educativa Referindo Niza (idem)

- Os meios pedagoacutegicos veiculam em si os fins democraacuteticos da educaccedilatildeo

pelo que a escolha dos materiais os processos usados e as formas de

organizaccedilatildeo das atividades devem respeitar as regras democraticamente

decididas pelos educadoresprofessores e crianccedilas

- A actividade escolar enquanto contrato social e educativo deve concretizar-

se atraveacutes da negociaccedilatildeo entre educadoresprofessores e crianccedilas entre si

- A praacutetica democraacutetica da organizaccedilatildeo partilhada por todos decide-se em

conselho de cooperaccedilatildeo

- Os processos de trabalho escolar reproduzem os processos sociais autecircnticos

aproximando deste modo a escola agrave vida social

- A informaccedilatildeo de projectos estudos e outras realizaccedilotildees das crianccedilas eacute

partilhada atraveacutes de circuitos de produccedilatildeo distribuiccedilatildeo e divulgaccedilatildeo como

paineacuteis conferecircncias jornal escolar e outros tipos de apresentaccedilotildees

- As praacuteticas escolares conferem sentido social agraves aprendizagens das crianccedilas

atraveacutes da partilha dos saberes com os seus pares e pela intervenccedilatildeo na

comunidade envolvente ou com a comunidade mais distante atraveacutes da troca

de correspondecircncia entre outros meios

- Os alunos interpelam o meio social e trazem para a escola pessoas da

comunidade como recurso e fonte de conhecimento e culturardquo (pp 127-130)

O Movimento Escola Moderna salienta alguns instrumentos de organizaccedilatildeo da

vida em grupo que se tornam indispensaacuteveis na participaccedilatildeo conjunta do educador e da

crianccedila como o plano de atividades a lista semanal de projetos o quadro semanal de

distribuiccedilatildeo de tarefas o mapa de presenccedilas diaacuterio e o diaacuterio de grupo

Este tipo de organizaccedilatildeo ajuda as crianccedilas a situarem-se no espaccedilo e no tempo

Desta forma eacute necessaacuterio a sala estar organizada por aacutereas de atividades que estaratildeo

dispostas agrave volta da mesma no centro da sala deve estar situada uma aacuterea de trabalho

coletivo Estas aacutereas devem ser originais para que possam ser o mais possiacutevel parecidas

com a realidade que os envolve Como afirma Niza (2007) ldquo o ambiente geral da sala

deve resultar agradaacutevel e altamente estimulante utilizando as paredes como expositores

permanentes das produccedilotildees das crianccedilas onde rotativamente se revecircem nas suas obras

de desenho pintura tapeccedilaria ou textordquo (p 133)

24

A gestatildeo do tempo eacute segundo Niza (2007) ldquoconstituiacuteda por duas etapas de

configuraccedilatildeo distinta

a etapa da manhatilde centra-se fundamentalmente no trabalho ou na actividade

eleita pelas crianccedilas e por elas sustentada desconcentradamente pelas aacutereas

de actividade Com o apoio discreto e itinerante do educador A etapa da

tarde reveste a forma de sessotildees plenaacuterias de informaccedilatildeo e de actividade

cultural dinamizadas por convidados pelos alunos ou pelos educadores

(p135)

O MEM tem uma forma muito proacutepria de promover o relacionamento das

crianccedilas entre si e das mesmas com os adultos Esta interaccedilatildeo eacute fomentada por

fundamentos da pedagogia da cooperaccedilatildeo Assim as crianccedilas devem no jardim-de-

infacircncia experimentar praacuteticas e atitudes que lhes permitiratildeo aprender valores e atraveacutes

das suas vivecircncias aprofundar o desenvolvimento da sua cidadania

Como afirma Niza (2007) os educadores assumem-se neste modelo como

promotores da organizaccedilatildeo participada dinamizadores da cooperaccedilatildeo

animadores ciacutevicos e morais do treino democraacutetico auditores activos para

promoverem a livre expressatildeo e a atitude criacutetica Mantecircm e estimulam a

autonomizaccedilatildeo e responsabilizaccedilatildeo de cada educando no grupo de educaccedilatildeo

cooperada (p139)

De acordo com este modelo eacute necessaacuterio dar continuidade agraves experiecircncias

educativas promovendo a curiosidade a iniciativa e a descoberta das crianccedilas e criar

condiccedilotildees para que tomem a iniciativa e se sintam valorizadas

Em suma os modelos referidos possibilitam um conjunto de orientaccedilotildees que se

tornam fundamentais para nos ajudar a organizar uma intervenccedilatildeo pedagoacutegica que

favoreccedila o desenvolvimento de crianccedilas no quadro de conquista de uma progressiva

autonomia

23 Linhas de orientaccedilotildees curricular da educaccedilatildeo preacute-escolar

Para a organizaccedilatildeo da accedilatildeo educativa importa ter em consideraccedilatildeo o estabelecido

nas Orientaccedilotildees Curriculares3 definidas para a educaccedilatildeo preacute-escolar

As OCEPE acentuam que sejam promovidos saberescompetecircncias que

favoreccedilam a progressatildeo das crianccedilas ao niacutevel da sua Formaccedilatildeo Pessoal e Social

Expressatildeo e Comunicaccedilatildeo (domiacutenio da linguagem oral e abordagem agrave escrita domiacutenio

das expressotildees incluindo a motora dramaacutetica musical e plaacutestica e o domiacutenio da

matemaacutetica) e Conhecimento do Mundo no sentido de ajudaacute-las a tornarem-se capazes

3 OCEPE-MEDEB 1997 Despacho 522097 de 4 de agosto Metas de aprendizagem (ME 2010)

25

de uma plena inserccedilatildeo na sociedade como cidadatildeos autoacutenomos livres e solidaacuterios

(MEDEB 1997) As Metas de Aprendizagem para a Educaccedilatildeo Preacute-Escolar (ME 2010)

explicitam os conteuacutedos incluiacutedos nas aacutereas e domiacutenios de conteuacutedo definidas nas

OCEPE indicando o que as crianccedilas devem ter aprendido no final da etapa educativa

preacute-escolar

Entendemos dever ser dada importacircncia aos contributos destes diferentes

documentos para organizaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo das experiecircncias de aprendizagem no quadro

de construccedilatildeo de respostas educativas preacute-escolares de qualidade

Assim e no sentido de melhor compreender a natureza das aprendizagens que

devem nortear a accedilatildeo educativa preacute-escolar importa efetuarmos ainda que de forma

resumida uma abordagem das aacutereas e domiacutenios de conteuacutedo

A aacuterea de Formaccedilatildeo Pessoal e Social eacute considerada uma aacuterea transversal

considerando que todas as componentes curriculares deveratildeo contribuir para promover

nas crianccedilas atitudes e valores que lhes permitam tornarem-se cidadatildeos conscientes e

solidaacuterios capacitando-os para a resoluccedilatildeo dos problemas da vida Tambeacutem a educaccedilatildeo

preacute-escolar deve favorecer a formaccedilatildeo da crianccedila tendo em vista a sua plena inserccedilatildeo

na sociedade como ser autoacutenomo livre e solidaacuterio

Importa referir que entre as aprendizagens a promover estas se situam num

processo em construccedilatildeo do ser humano ldquosendo influenciado e influenciando o meio que

o rodeiardquo (MEDEB 1997 p51) eacute de salientar tambeacutem que ldquoeacute na famiacutelia e no meio

soacutecio-cultural em que vive os primeiros anos de vida que a crianccedila inicia o seu

desenvolvimento pessoal e socialrdquo (idem p52) Eacute acentuado um papel essencial na

educaccedilatildeo para os valores sendo ldquoque natildeo se ldquoensinamrdquo mas que se vivem na acccedilatildeo

conjunta e nas relaccedilotildees com os outrosrdquo (idem ibidem) As relaccedilotildees e interaccedilotildees

estabelecidas pelo adulto com as crianccedilas e o grupo o modo como as apoia satildeo

caracterizados como um suporte da educaccedilatildeo Importa ter em conta que a relaccedilatildeo

estabelecida pelo educador com as crianccedilas o modo como as valoriza e respeita

estimula e encoraja os seus processos facilita a auto-estima da crianccedila e as relaccedilotildees que

as crianccedilas estabeleceratildeo entre si Eacute ainda de considerar que ldquofavorecer a autonomia da

crianccedila e do grupo assenta na aquisiccedilatildeo do saber-fazer indispensaacutevel agrave sua

independecircncia e necessaacuterio a uma maior autonomia enquanto oportunidade de escolha e

responsabilizaccedilatildeordquo (idem p 53)

Obter maior independecircncia representa na educaccedilatildeo preacute-escolar dominar certos

saberes tais como vestir-se despir-se lavar-se comer utilizando adequadamente os

26

talheres etc mas tambeacutem serem capazes de utilizar de forma correta materiais e

instrumentos agrave sua disposiccedilatildeo tais como jogos tintas pinceis laacutepishellip (idem ibidem)

Como se afirma nas OCEPE (MEDEB 1997) reconhecer laccedilos de pertenccedila

social e cultural respeitando outras culturas eacute um aspeto que deve ser tambeacutem

valorizado na educaccedilatildeo preacute-escolar fazendo parte do desenvolvimento da identidade Eacute

de considerar que a igualdade de oportunidades entre os diferentes sexos indiviacuteduos de

diferentes classes sociais e diferentes etnias se constroacutei numa perspetiva de educaccedilatildeo

multicultural devendo esta natildeo ser apenas criada pela participaccedilatildeo na organizaccedilatildeo do

ambiente educativo mas tambeacutem pela participaccedilatildeo na aprendizagem em grupo Eacute

preciso ter em conta que a participaccedilatildeo na discussatildeo e na tomada de posiccedilatildeo favorece a

consciecircncia de valores sociais culturais e eacuteticos (idem p 55)

Em suma como as proacuteprias OCEPE alertam a aacuterea da Formaccedilatildeo Pessoal e

Social entende-se como ldquoaacuterea de conteuacutedo integradora pois embora com

intencionalidade proacutepria inscreve-se em todas as outrasrdquo (idem ibidem)

A aacuterea da Expressatildeo e Comunicaccedilatildeo como eacute referido nas OCEPE (MEDEB

1997) ldquoengloba as aprendizagens relacionadas com o desenvolvimento psicomotor e

simboacutelico que determinam a compreensatildeo e o progressivo domiacutenio de diferentes formas

de linguagemrdquo (p56) Esta aacuterea eacute a uacutenica em que se diferenciaram vaacuterios domiacutenios

Releva-se que eacute importante que os adultos facultem ocasiotildees agraves crianccedilas que

distingam o real e o imaginaacuterio pois nestas idades por vezes ainda confundem Importa

proporcionar agraves crianccedilas ldquosuportes que permitam desenvolver a imaginaccedilatildeo criadora

como procura e descoberta de soluccedilotildees e exploraccedilatildeo do lsquomundorsquo rdquo OCEPE (MEDEB

1997 p 56)

Ao niacutevel do domiacutenio da linguagem oral e abordagem agrave escrita importa que as

crianccedilas se envolvam em experiecircncias que lhes permitam progredir ao niacutevel da

expressatildeo oral e que lhe facultem a possibilidade de se familiarizarem com o coacutedigo

escrito permitindo-lhes contactar com as suas diferentes funccedilotildees Sublinha-se que numa

abordagem transversal a liacutengua portuguesa deve ser trabalhada em diferentes atividades

relacionadas com diferentes domiacutenios de conteuacutedo Importa considerar que

Proporcionar no jardim-de-infacircncia ambientes linguisticamente estimulantes e

interagir verbalmente com cada crianccedila satildeo as duas vias complementares que

podem ajudar a combater as assimetrias que afectam o desenvolvimento da

linguagem nas crianccedilas (Sim-Sim Silva amp Nunes 2008 p 12)

27

A comunicaccedilatildeo criada pelo educador permite agraves crianccedilas dominar a linguagem

ampliando o seu vocabulaacuterio e formando frases mais elaboradas O dia-a-dia na

educaccedilatildeo preacute-escolar possibilitaraacute atraveacutes de interaccedilotildees de qualidadecomplexidade

com a escrita que as crianccedilas usem corretamente frases simples de diversos tipos

As crianccedilas desde cedo conseguem distinguir a escrita do desenho comeccedilam a

ldquoimitar a escrita e a reproduzir o formato do texto escritordquo (OCEPE p 69) Mesmo que

as crianccedilas natildeo consigam reproduzir corretamente a escrita os educadores devem

incentivaacute-las nas suas tentativas Como se refere nas OCEPE (idem) ldquoa atitude do

educador e o ambiente que eacute criado devem ser facilitadores de uma familiarizaccedilatildeo com

o coacutedigo escrito Neste sentido as tentativas de escrita mesmo que natildeo conseguidas

deveratildeo ser valorizadas e incentivadasrdquo (p 69)

O educador deve inclusive ler e contar histoacuterias agraves crianccedilas pois desse modo

suscitaraacute na crianccedila o desejo de aprender a ler A forma como este lecirc e faz uso de

diferentes tipos de texto para as crianccedilas seratildeo usados por estas como exemplo de como

e para que serve ler (idem p 70)

As crianccedilas que desde cedo estatildeo envolvidas na utilizaccedilatildeo da linguagem

escrita e que vecircem outros a ler e a escrever vatildeo desenvolvendo a sua

perspectiva sobre o que eacute a leitura e a escrita e simultaneamente vatildeo

desenvolvendo capacidades e vontade para participarem em acontecimentos

de leitura e escrita (Mata 2008 p 14)

O educador tem que ter em atenccedilatildeo que em algumas ocasiotildees existem

diferentes liacutenguas como aconteceu na nossa praacutetica educativa visto que algumas

crianccedilas da sala natildeo tinham como liacutengua materna o portuguecircs Procuramos valorizar

essa dimensatildeo como meio de sensibilizar o grupo para a existecircncia de outras liacutenguas

mas tambeacutem de apoiar essas crianccedilas a acederam a um progressiva fluecircncia discursiva

No que diz respeito ao domiacutenio da matemaacutetica podemos destacar que as

crianccedilas vatildeo espontaneamente construindo noccedilotildees matemaacuteticas a partir de vivecircncias do

dia-a-dia Estas noccedilotildees fundamentam-se na vivecircncia do espaccedilo e tempo tendo como

ponto de partida as atividades espontacircneas em que se envolve ou que o educador

promove O papel da matemaacutetica na estruturaccedilatildeo do pensamento as suas funccedilotildees na

vida corrente e a sua importacircncia para aprendizagens futuras determina a atenccedilatildeo que

lhe deve ser dada na educaccedilatildeo preacute-escolar (idem p 73)

Procuraacutemos promover o desenvolvimento de noccedilotildees matemaacuteticas aproveitando

variadas situaccedilotildees luacutedicas das crianccedilas e momentos da rotina diaacuteria sabendo que como

se refere nas OCEPE (MEDEB 1997) ldquocabe ao educador partir das situaccedilotildees do

28

quotidiano para apoiar o desenvolvimento do pensamento loacutegico matemaacutetico

intencionalizando momentos de consolidaccedilatildeo e sistematizaccedilatildeo de noccedilotildees matemaacuteticasrdquo

(ibidem) Neste acircmbito importa ainda ter em conta o que afirmam Castro e Rodrigues

(2008) quando defendem que

uma das funccedilotildees do Jardim-de-Infacircncia eacute criar ambientes de aprendizagem

ricos em que as crianccedilas se possam desenvolver como seres de muacuteltiplas

facetas construindo percepccedilotildees e bases onde alicerccedilar aprendizagens Estas

reflectir-se-atildeo ao longo da vida quer nas aprendizagens quer na

sociabilizaccedilatildeo e mesmo no reconhecimento de algumas regras e

procedimentos Os nuacutemeros devem portanto desempenhar um papel

desafiante e com significado sendo a crianccedila estimulada e encorajada a

compreender os aspectos numeacutericos do mundo em que vive e a discuti-los

com os outros (p 12)

No que se refere ao domiacutenio das expressotildees como se refere nas OCEPE

(MEDEB 1997) eacute importante que o educador tenha em conta as especificidades de

cada expressatildeo mas tambeacutem a sua inter-relaccedilatildeo e a sua articulaccedilatildeo (p 57)

No que concerne agrave expressatildeo motora tal como se menciona nas OCEPE

(MEDEB 1997) ldquoao entrar para o preacute-escolar a crianccedila jaacute possui algumas aquisiccedilotildees

motoras baacutesicas tais como andar transpor obstaacuteculos manipular objectos de forma

mais ou menos precisardquo (p 58) Tendo em conta todos os movimentos que a crianccedila jaacute

possui a educaccedilatildeo preacute-escolar deve originar situaccedilotildees de exerciacutecio da motricidade

global e tambeacutem da motricidade fina permitindo que todas e cada uma aprendam a

utilizar e a dominar da melhor forma o seu proacuteprio corpo (idem ibidem) Eacute importante

que as crianccedilas usufruam de oportunidades para desenvolver os diferentes segmentos do

seu corpo facilitando a interiorizaccedilatildeo do esquema corporal e tendo consciecircncia do seu

corpo em relaccedilatildeo ao exterior aprendendo as relaccedilotildees no espaccedilo

Cabe ao educador tirar partido das situaccedilotildees que ocorrem nos diferentes espaccedilos

aproveitando a sala o espaccedilo exterior locais apetrechados e materiais que

proporcionem diversas e enriquecedoras oportunidades de expressatildeo motora O

educador deve proporcionar agraves crianccedilas formas de utilizar o seu corpo servindo-se de

jogos de movimento de sons de ritmos e danccedilas Como se afirma nas OCEPE

(MEDEB 1997) ldquotodas estas situaccedilotildees permitem que a crianccedila aprenda a utilizar

melhor o seu corpo e (hellip) que vaacute tomando consciecircncia de condiccedilotildees essenciais para

uma vida saudaacutevelrdquo (p 59)

29

A expressatildeo dramaacutetica eacute um meio de descoberta de si e do outro atraveacutes da qual

a crianccedila se afirma a si proacuteprio na relaccedilatildeo com os outros apropriando-se de situaccedilotildees

socias

Eacute frequente na idade de preacute-escolar depararmo-nos com crianccedilas movimentando-

se e colocando-se em diversas posiccedilotildees fiacutesicas muitas vezes imitando certas pessoas ou

ateacute mesmo animais E como nos referem Hohmann e Weikart (2011) ldquoexperimentar

movimentos que impliquem o corpo todo ajuda as crianccedilas a desenvolver o auto-

controlo e a consciecircncia do seu posicionamento fiacutesicordquo (p 629)

A expressatildeo musical permite a exploraccedilatildeo de sons e ritmos que as crianccedilas

produzem e exploram espontaneamente e que vatildeo aprendendo a identificar e a

reproduzir elas mesmas com os diversos aspetos que caracterizam os sons Como

afirmam Hohmann e Weikart (2011) ldquoouvir muacutesica mover-se ao seu som e fazer

muacutesica satildeo experiecircncias vitais que permitem agrave crianccedila expressar-serdquo (p 656) Os

mesmos autores acrescentam que ldquoa muacutesica acompanha-nos ao longo de toda a nossa

vida marcando acontecimentos desde do nascimento agrave morterdquo (p 657)

Baseando-se no pensamento de Carlton (1994) Hohmann e Weikart (2011)

apresentam seis aspetos que importa explorar no acircmbito de expressatildeo musical como

mover-se ao som da muacutesica explorar e identificar sons explorar a voz a cantar

desenvolver melodias cantar canccedilotildees e tocar instrumentos musicais simples

Na nossa praacutetica a muacutesica estava presente diariamente na sala pois logo pela

manhatilde as crianccedilas cantavam canccedilotildees relacionadas com os bons dias e por vezes outras

por elas sugeridas A abordagem de canccedilotildees com entusiasmo e entendendo que eacute uma

parte integrante de cultura musical da crianccedila eacute outra dimensatildeo considerada

A expressatildeo plaacutestica permite agraves crianccedilas explorarem diversos materiais e

instrumentos sendo as atividades motoras iniciadas pelas crianccedilas Como se afirma nas

OCEPE (MEDEB 1997) a crianccedila ldquoexterioriza espontaneamente imagens que

interiormente construiurdquo (p 61) Godinho e Brito (2010) defendem que ldquoeacute (hellip)

importante que as crianccedilas em ambiente de jardim-de-infacircncia possam experimentar

distintos papeacuteis de executante criador e apreciadorrdquo (p 11) e ter em conta que os

trabalhos das crianccedilas tecircm ldquosignificados concretos e partilhaacuteveis com os outrosrdquo (idem

p 65)

O desenho a pintura a digitinta a modelagem o recorte e a colagem satildeo

teacutecnicas de expressatildeo plaacutestica que devem ser explorados na educaccedilatildeo preacute-escolar

OCEPE (MEDEB 1997) Importa ainda atender agrave diversidade e quantidade de

30

materiais de modo a favorecer a expressatildeo criativa das crianccedilas Eacute importante que as

crianccedilas tenham agrave sua disposiccedilatildeo materiais que lhes possibilitem escolher e promover

diferentes formas de combinaccedilatildeo A identificaccedilatildeo e nomeaccedilatildeo de cores bem como a

mistura de cores baacutesica para formar outras (secundaacuterias) satildeo aspetos da expressatildeo

plaacutestica que tambeacutem importa explorar

No que diz respeito agrave aacuterea do Conhecimento do Mundo esta ldquoenraiacuteza-se na

curiosidade natural da crianccedila e no seu desejo de saber e compreender porquecircrdquo (idem p

79) A crianccedila antes de iniciar a educaccedilatildeo preacute-escolar sabe jaacute bastantes coisas sobre o

mundo que a rodeia A curiosidade e o desejo de descobrir e aprender das crianccedilas

manifestam-se na procura de compreensatildeo do mundo e de lhe atribuir sentido Tal

procura leva-as a formas progressivamente mais elaboradas do pensamento

A exploraccedilatildeo de conteuacutedos relacionados com esta aacuterea poderatildeo estar ldquomais ou

menos relacionada com o meio proacuteximo mas que aponta para a introduccedilatildeo a aspectos

relativos a diferentes domiacutenios do conhecimento humano (hellip) que mesmo elementares

e adequados a crianccedilas destas idades deveratildeo corresponder sempre a um grande rigor

cientiacuteficordquo (idem p 80) As OCEPE apontam ainda para que as crianccedilas possam

entender certos fenoacutemenos e acontecimentos que experienciam no seu dia-a-dia A

sensibilizaccedilatildeo agraves ciecircncias pode assim entender-se como partindo dos interesses das

crianccedilas que o educador alarga e contextualiza procurando fomentar a curiosidade e o

desejo de aprender O educador tem um papel fundamental na escolha dos conteuacutedos a

desenvolver poreacutem deve ter a preocupaccedilatildeo de acordar e negociar as suas propostas com

o grupo de modo a promover aprendizagens com significado para as crianccedilas Entre o

que se apresenta como fundamental desenvolver neste domiacutenio ldquosatildeo aspectos que se

relacionam com os processos de aprender a capacidade de observar o desejo de

experimentar a curiosidade de saber a atitude criacuteticardquo (idem p 85)

Foi com base em todas as aacutereas de conteuacutedo e domiacutenios que procuraacutemos

promover experiecircncias de aprendizagem diversas sendo que algumas dessas seratildeo

descritas e analisadas na terceira parte deste relatoacuterio

31

III Descriccedilatildeo e anaacutelise das experiecircncias de aprendizagem

O presente capiacutetulo incide sobre o processo de ensino e aprendizagem que

desenvolvemos com as crianccedilas ao longo do ano letivo de 2012-2013 apresentando um

conjunto de experiecircncias de aprendizagem atraveacutes das quais pretendemos aprofundar a

reflexatildeo sobre a accedilatildeo educativa promovida

Neste sentido procuraacutemos explicitar as intencionalidades que as orientam os

processos de desenvolvimento recursos utilizados e informaccedilatildeo tomada em

consideraccedilatildeo para a compreensatildeo do desenvolvimento desse processo e a progressatildeo

das crianccedilas

As experiecircncias de aprendizagem que aqui apresentamos incidem

particularmente sobre o segundo semestre do ano letivo referido porque foi nesse

periacuteodo que nos foi possiacutevel promover uma maior continuidade ao trabalho

desenvolvido o que permitiraacute uma melhor compreensatildeo das linhas de accedilatildeo e das formas

de intervenccedilatildeo pedagoacutegica em que nos situamos

No que se refere agrave planificaccedilatildeo da accedilatildeo educativa procuraacutemos articular num

todo coerente a nossa intervenccedilatildeo no sentido de proporcionar agraves crianccedilas a vivecircncia de

um projeto formativo integrado e em continuidade as reflexotildees preacute e poacutes-accedilatildeo com a

educadora de infacircncia cooperante foram importantes Como elementos de apoio ao

desenvolvimento desse processo relevamos as Orientaccedilotildees Curriculares para a

Educaccedilatildeo preacute-escolar o projeto curricular do grupo e os interesses e necessidades

formativas que no decurso da accedilatildeo educativa iacuteamos identificando Os planos de

intervenccedilatildeo pedagoacutegica assumiram um caraacuteter flexiacutevel de modo a podermos integrar as

contribuiccedilotildees do grupo de crianccedilas nesse processo e adequar as estrateacutegias quando

necessaacuterio de modo a garantir melhores oportunidades de aprendizagem e

desenvolvimento das crianccedilas

Ao niacutevel da recolha da informaccedilatildeo para ajudar a melhor poder compreender-se o

modo como se desenvolveu o processo de aprendizagem recorremos sobretudo a notas

de campo e registos fotograacuteficos Natildeo podemos deixar de relevar a importacircncia que

tambeacutem assumiram as produccedilotildees das crianccedilas incluiacutedas nos seus portefoacutelios pois

ajudaram-nos a melhor compreender como cada uma se apropriou e retratou as

experiecircncias promovidas

32

31 Experiecircncia de aprendizagem Respeitar as diferenccedilas um

desafio para todos

Um dos principais objetivos desta experiecircncia de aprendizagem centrou-se em

alertar as crianccedilas para a importacircncia de favorecer a integraccedilatildeo e bem-estar de todos

independentemente das diferenccedilas fiacutesicas e culturais entre outras que pudessem

possuir

Partimos da histoacuteria Elmer de David Mckee (2007) e comeccedilaacutemos por apresentar

o livro agraves crianccedilas lendo o tiacutetulo e perguntar-lhes se conheciam a histoacuteria ao que nos

responderam que natildeo Com este questionamento pretendiacuteamos saber se as crianccedilas jaacute

conheciam o conteuacutedo da histoacuteria Decidimos entatildeo solicitar agraves crianccedilas a observaccedilatildeo

da capa do livro de modo a explorar os elementos paratextuais em grande grupo

Vaacuterias crianccedilas identificaram e indicaram de imediato a personagem nela retratada

como sendo um elefante Mas duas delas manifestaram natildeo ter a certeza considerando a

aparecircncia do mesmo como as suas afirmaccedilotildees permitem perceber parece um elefante

mas parece um elefante colorido (Tiago)4 parece um elefante arco-iacuteris (Joana)

No sentido de melhor se compreenderem estes comentaacuterios importa mencionar

que o referido elefante era representado no livro atraveacutes de um desenho-ilustraccedilatildeo

desafiando agrave imaginaccedilatildeo e procurando ilustrar a mensagem pretendida de alerta para as

diferenccedilas mas afastando-se da figura ldquorealrdquo que por exemplo uma imagem

fotograacutefica permite retratar

Propusemos entatildeo agraves crianccedilas escutar com atenccedilatildeo a histoacuteria no sentido de

percebermos do que abordava Lemos a histoacuteria mostrando as imagens que a ilustravam

e no final refletimos sobre o conteuacutedo da mesma partindo da questatildeo

- Entatildeo do que nos fala a histoacuteria (Ed Estagiaacuteria)

- Eacute do Elmer Ele natildeo gostava da cor que tinha (Manuel)

- Pois ele natildeo gostava da cor que tinha e porque seria (Ed Est)

Surgiram vaacuterias respostas De entre elas destacamos as seguintes afirmaccedilotildees

- Porque ele eacute agraves cores (Gonccedilalo)

- E natildeo gostava de ser assim (Diogo)

- E depois com as tintas ficou de outra cor (Manuel)

- Pois foi Mas os outros riram-se (Margarida)

- Com a chuva voltou a ficar igual (Laura)

- E o que acharam dos elefantes se rirem dele acham que isso eacute bom (Ed Est)

- Natildeo (Vaacuterios)

- Porquecirc (Ed Est)

4 Os nomes das crianccedilas apresentadas satildeo fictiacutecios de modo a assegurar o anonimato da sua identidade

33

- Porque mesmo diferentes temos que ser amigos (Pedro)

- Porque somos todos diferentes (Inecircs)

Nota de campo 25 de fevereiro 2013

O excerto permite perceber que o conteuacutedo da histoacuteria tinha sido compreendido

referindo as crianccedilas que eram abordadas as diferenccedilas fiacutesicas que apresentava o animal

as dificuldades em aceitar a diversidade ou a diferenccedila de cor ou raccedila como as

seguintes afirmaccedilotildees permitem perceber Porque ele eacute agraves cores (Gonccedilalo) e natildeo gostava

de ser assim (Diogo) Tambeacutem a importacircncia de respeitar e aceitar as diferenccedilas foram

identificadas como conteuacutedo da histoacuteria ao reconhecerem e indicarem que natildeo foi bom

os elefantes rirem do modo como o Elmer tentou superar os constrangimentos sentidos

tentando mudar de cor justificando o Pedro porque mesmo diferentes temos que ser

amigos e acrescentando a Inecircs porque somos todos diferentes

Na sequecircncia da histoacuteria dialogaacutemos sobre possiacuteveis diferenccedilas fiacutesicas que

pudemos encontrar entre as pessoas e a importacircncia de aceitaacute-las mas tambeacutem de

respeitar e aceitar se elas quiserem fazer algumas mudanccedilas para se sentirem mais

bonitas ou felizes No sentido de uma melhor compreensatildeo desse valor alertaacutemos para

que cada um de noacutes por vezes tambeacutem mudar alguma coisa porque gosta como pintar

as unhas os laacutebios e o cabelo e noacutes gostamos e somos amigas delas quer estejam ou

natildeo pintadas Partindo desta ideia as crianccedilas falaram das suas experiecircncias e das dos

seus familiares Lembraacutemos ainda que tambeacutem noacutes natildeo somos todos iguais temos

diferenccedilas

Nesta linha de pensamento propusemos agraves crianccedilas observar diferenccedilas e

semelhanccedilas que existiam entre os elementos do grupo Vimos que uns tinham os

cabelos loiros outros castanhos e outros pretos Tambeacutem nos olhos podiacuteamos ser

diferentes e mesmo ao niacutevel da pele observando que embora fossemos todos de pele

branca uns tinham uma cor mais clara outros uma cor mais escura Sem que o

solicitaacutessemos algumas crianccedilas puxaram as mangas da camisola e colocaram o braccedilo

junto do de outras para verificarem melhor as diferenccedilas fazendo comentaacuterios sobre o

que observavam

Num outro momento mostraacutemos agraves crianccedilas duas imagens de elefantes uma

colorida como a do Elmer a personagem da histoacuteria e outra em cor cinzenta

Propusemos agraves crianccedilas que descobrissem as semelhanccedilas entre os dois elefantes

34

Observaacutemos diferentes reaccedilotildees Enquanto algumas crianccedilas manifestaram natildeo

perceber bem o pretendido outras manifestaram que isso tinha acontecido fazendo

afirmaccedilotildees como as que a seguir apresentamos e permitiram que as outras

compreendessem o que lhe tiacutenhamos solicitado fazerem

-Tecircm os dois uma tromba (Vaacuterios)

-Tecircm tambeacutem rabo para baixo as duas (Manuel)

-Tecircm dois olhos (Gabriel)

- Muito bem e haveraacute diferenccedilas entre os dois elefantes (Ed Est)

-A cor dos elefantes (vaacuterios)

-Um eacute cinzento como todos os elefantes e outro eacute agraves cores (Manuel)

Nota de campo 25 de fevereiro 2013

Como o excerto deixa perceber o diaacutelogo estabelecido possibilitou observar que

a diferenccedila que caraterizava os animais representados era a cor mas que se tratava do

mesmo tipo de ser e por isso apresentavam muitas outras carateriacutesticas comuns

Entendemos que este tipo de abordagem pode ajudar a que melhor possamos

entender aceitar e respeitar as pessoas pelos seres humanos que satildeo e ultrapassar

barreiras discriminatoacuterias que infelizmente ainda se fazem sentir Neste sentido

importa considerar que como se refere nas OCEPE (MEDEB 1997) eacute na aceitaccedilatildeo da

diferenccedila e ldquonuma perspetiva multicultural que se constroacutei uma maior igualdade de

oportunidadesrdquo (p 54)

Relevamos que esta atividade permitiu agraves crianccedilas natildeo soacute obterem e discutirem

valores que nos levem a enveredar por perspetivas e praacuteticas facilitadoras das

multiculturas e de igualdade de oportunidades como suscitar a pesquisa sobre o animal

que entrou na histoacuteria e espaccedilos em que vivia Assim levaacutemos e colocaacutemos na aacuterea da

biblioteca alguns livros sobre animais onde se incluiacuteam os elefantes o que suscitou a

continuidade da atividade Algumas crianccedilas quiseram descobrir como eram os

elefantes e se seriam todos parecidos ou natildeo Apoiaacutemo-las nesse processo ajudando-as

a descobrir mais pormenores que poderiam apontar para as diferenccedilas ou semelhanccedilas

mas relevando a importacircncia de cada um

No que se refere ao tempo de trabalho nas aacutereas importa evidenciar que algumas

crianccedilas quiseram representar ao niacutevel da expressatildeo plaacutestica figuras de elefantes

optando sobretudo por materiais tridimensionais como a plasticina como as imagens da

figura 10 permitem perceber No final sugerimos a contagem das representaccedilotildees dos

elefantes

35

As figuras apresentadas permitem observar diferentes produccedilotildees no que se

refere agrave reproduccedilatildeo de algumas partes do corpo quer agrave cor escolhida para elaborar o

trabalho As vaacuterias formas de representaccedilatildeo tambeacutem nos permitem perceber diferentes

niacuteveis de representaccedilatildeo simboacutelica incluindo e diferenciando vaacuterias partes do corpo do

animal algumas ainda o seu modo de locomoccedilatildeo enquanto outras representam apenas

para aleacutem do corpo no seu todo a parte que mais o diferencia dos outros animais a

tromba Como refere Gonccedilalves (1991) ldquoa expressatildeo eacute motivada pelo que mais a

impressionardquo (p 13)

No que se refere agrave escolha da plasticina para fazer as figuras do elefante importa

considerar que como referem Hohmann e Weikart (2011) este eacute um material a partir do

qual as crianccedilas gostam de fazer as suas reproduccedilotildees para o que em nosso entender

contribui o facto de poderem realizar produccedilotildees tridimensionais e as possibilidades de

modelagem que este material oferece

Na discussatildeo sobre os animais surgiu a questatildeo de como se designa um conjunto

de elefantes (nomes coletivos) ao que uma das crianccedilas respondeu prontamente eacute uma

manada (Carlos) No sentido de partilha de saberes possuiacutedos por cada um em relaccedilatildeo

ao toacutepico sobre o qual viacutenhamos a interrogar as crianccedilas solicitaacutemos-lhes que dissessem

o que sabiam sobre os elefantes Surgiram vaacuterias respostas entre as quais sublinhamos

- Tem uma tromba (Laura)

- Tem orelhas grandes (Pedro)

- Tem quatro patas (Tiago)

- Eles podem beber com a tromba (Rafael)

As respostas obtidas permitem-nos perceber que as crianccedilas jaacute possuiacuteam alguns

conhecimentos acerca das caracteriacutesticas dos elefantes mas tambeacutem que ainda havia

muitas coisas que poderiacuteamos aprender sobre eles Neste sentido sugerimos-lhes

Figura 10 ndash Produccedilotildees das crianccedilas em plasticina na sequecircncia da exploraccedilatildeo da histoacuteria do Elmer

36

visualizar imagens em PowerPoint que ilustravam as caracteriacutesticas do elefante No

final da apresentaccedilatildeo questionaacutemo-nos sobre o observado comeccedilando por colocar-lhes

um questatildeo sobre os seus haacutebitos alimentares

- Do que seraacute que o elefante se alimenta (Ed Est)

- Comem plantas (Pedro)

- E maccedilatildes das aacutervores (Ricardo)

- Bebem a aacutegua (Gabriel)

-Comem tambeacutem bananas (Gonccedilalo) Nota de campo 25 de fevereiro 2013

Entre as vaacuterias questotildees e respostas que surgiram a discussatildeo incidiu sobre os

dentes dos elefantes e a sua funccedilatildeo o nuacutemero de patas que tinham e como eram

constituiacutedas bem como sobre qual a funccedilatildeo da tromba para aleacutem de ser para beber

Este momento de diaacutelogo em grande grupo permitiu que as crianccedilas aprendessem a

ouvir-se umas agraves outras a esperar a sua vez para falar e para colaborar na atividade

Possibilitou ainda que conhececircssemos melhor as carateriacutesticas e os interesses das

crianccedilas pelo que nos parece poder ir ao encontro da ideia de Hohmann e Weikart

(2011) quando referem que

enquanto as crianccedilas interagem com materiais pessoas ideias e

acontecimentos para construir o seu proacuteprio entendimento da realidade os

adultos observam e interagem com elas para descobrir como as crianccedilas

pensam e raciocinam Os adultos tentam reconhecer os interesses e

capacidades particulares das crianccedilas oferecer-lhes apoio e colocar-lhes

desafiosrdquo (p 27)

Na sequecircncia da observaccedilatildeo das imagens dos livros sobre os animais integrados

na biblioteca iam surgindo perguntas em torno dos mesmos e do local onde viviam Por

isso e no sentido de poder alargar essa abordagem entendemos recorrer a vaacuterias

figurasbrinquedos de animais apresentando-os numa maqueta em que se encontravam

representados diferentes tipos de habitats As crianccedilas mostraram-se bastante curiosas

em descobrir quais os animais aiacute representados e os locais em que surgiam situados No

decurso do diaacutelogo uma crianccedila questionou-nos sobre o significado da palavra habitat

Perguntaacutemos ao grupo quem sabia e queria explicar ao colega mas gerando-se um

silecircncio informaacutemos que se tratava do local no qual vivem os animais e propusemos

que observassem a maqueta e descobrissem que locais se encontravam laacute representados

Obtivemos respostas variadas como

-Ali eacute a aacutegua (Diogo)

-Eacute na terra (Laura)

-Nas montanhas (Margarida)

37

Nota de campo 25 de fevereiro 2013

Informaacutemos as crianccedilas que todas as repostas correspondiam a elementos que

faziam parte dos habitats dos animais e que estes eram de trecircs tipos o terrestre o

aquaacutetico e o aeacutereo Realizaacutemos uma breve explicaccedilatildeo agraves crianccedilas da constituiccedilatildeo dos

habitats e dos animais que os habitavam

Distribuiacutemos por cada crianccedila a figura de

um animal em formato de fantoche e

solicitaacutemos-lhes que cada uma identificasse o

animal que tinha na matildeo e qual o habitat em que

esse animal se integraria colocando-o na

maqueta como a figura 11 permite perceber

Todas as crianccedilas participaram nesta atividade A

realizaccedilatildeo da atividade em grande grupo permitiu

partilhar ideias e valorizar os saberes de todos no

sentido de um enriquecimento muacutetuo

Esta atividade tinha como objetivo principal ajudar as crianccedilas a compreender

que os animais podem viver em diferentes ambientes ecoloacutegicos Sugerimos agraves crianccedilas

que desenhassem um animal e o seu habitat

Como forma de dar continuidade agrave atividade sobre os animais sugerimos a

realizaccedilatildeo do jogo ldquoOs animais da selvardquo que consistia em retirar de entre um conjunto

de cartotildees apresentados numa caixa um cartatildeo seria lida a tarefa agrave crianccedila e esta

concretizaacute-la-ia Entre as propostas de realizaccedilatildeo apresentadas constavam por exemplo

imitar o som de um determinado animal representar o seu modo de locomoccedilatildeo e cantar

uma canccedilatildeo relacionada com os animais

No sentido de dar continuidade agrave exploraccedilatildeo da histoacuteria do Elmer solicitaacutemos as

crianccedilas num momento de trabalho em grande grupo a identificarem e nomearem as

cores primaacuterias Obtivemos respostas variadas por parte das crianccedilas algumas

respondiam corretamente ao nome das cores e outras natildeo as identificavam Decidimos

entatildeo explorar as cores primaacuterias e para que melhor pudessem observaacute-las e identificaacute-

las colocaacutemos tintas com as trecircs cores primaacuterias (azul amarelo e vermelho) em frascos

transparentes As crianccedilas puderam mexer e fazer pinceladas na folha No decurso da

atividade uma crianccedila referiu que existem tambeacutem as cores secundaacuterias (Margarida)

Figura 11 - Crianccedila colocando o animal no

habitat

38

Noutro momento e ainda no acircmbito do processo de identificaccedilatildeo das cores

propusemos agraves crianccedilas a utilizaccedilatildeo de outros recursos folhas de acetato e guaches

Sugerimos-lhes que colocassem em cada folha gotas de tinta de cores diferentes e

depois que as juntassem Ao juntarem as duas folhas de acetatos as crianccedilas reparavam

que surgiria uma nova cor Sugerimos agraves crianccedilas a realizaccedilatildeo do quadro das cores que

integraria as cores primaacuterias num primeiro momento e ao qual iriacuteamos mais tarde

acrescentar as secundaacuterias (verde laranja e roxo) Questionaacutemos as crianccedilas de modo a

identificarem e nomearem as cores e conforme iam sendo identificadas iam sendo

colocadas pelas crianccedilas no quadro

Procedemos num segundo momento agrave exploraccedilatildeo de uma cor secundaacuteria o

verde propondo agraves crianccedilas a mistura das cores amarela e azul e tentar que as crianccedilas

descobrissem que cor surgia dessa mistura Algumas crianccedilas responderam

corretamente que surgiria a cor verde As crianccedilas colocaram a cor verde em frente agrave cor

amarela e azul para que percebessem que da junccedilatildeo das duas cores iniciais resultava

essa cor

Repetimos esse mesmo processo com as cores amarelo e vermelho de cuja

junccedilatildeo surgiu o laranja e com o azul e vermelho

da qual surgiu o roxo Completaacutemos o quadro das

cores primaacuterias e secundaacuterias com as tintas que jaacute

possuiacuteamos e com as novas tintas que surgiram

na junccedilatildeo das cores primaacuterias

Expusemos o trabalho na sala permitindo

relembrar e melhor memorizar o nome das

diferentes cores (primaacuterias e secundaacuterias) como a

figura 12 permite observar

No desenvolvimento da atividade as crianccedilas mostraram-se bastante

surpreendidas com o surgir da nova cor a partir da junccedilatildeo das duas cores iniciais

expressando alegria e desejo de fazer novas experiecircncias Neste sentido importa ter em

conta que como refere Luft (2011) ldquoa cor eacute um dos principais elementos das artes

visuais (hellip) despertando sensaccedilotildees e emoccedilotildees seja na pintura na esculturardquo (p 304)

entre outras teacutecnicas de expressatildeo plaacutestica

Procurando que as crianccedilas tirassem partido das cores exploradas sugerimos agraves

crianccedilas que decorassem a imagem do elefante Elmer utilizando folhas em formato A2

A proposta inicial era de que as crianccedilas pintassem a imagem do elefante Elmer

Figura 12 - Quadro das cores primaacuterias e

secundaacuterias

39

recorrendo agrave teacutecnica de pintura sopro que consistia em colocar um pouco de tinta num

quadrado e soprar com a palhinha de forma a espalhar a cor por todo o quadrado do

papel Algumas crianccedilas manifestaram bastante dificuldade na realizaccedilatildeo do sopro e

comeccedilaram a utilizar a palhinha como forma de pincel Decidimos entatildeo sugerir a

essas crianccedilas que utilizassem pinceacuteis se assim o entendessem No final surgiu uma

figura de elefante muito colorida aos quadrados que expusemos junto agrave da entrada para

a sala no sentido de partilhar a experiecircncia com os pais

Em siacutentese no acircmbito desta experiecircncia de aprendizagem promovemos a criaccedilatildeo

de oportunidades de as crianccedilas desenvolverem saberes que se prendem particularmente

com as carateriacutesticas da vida animal e a composiccedilatildeo das cores (primaacuterias e secundaacuterias)

numa dimensatildeo articulada da aacuterea do mundo fiacutesico e social e dos domiacutenios da expressatildeo

oral dramaacutetica e plaacutestica Foi nossa preocupaccedilatildeo que as crianccedilas pudessem questionar-

se manifestar as suas opiniotildees e implicar-se na exploraccedilatildeo dos materiais colocados agrave

sua disposiccedilatildeo Neste acircmbito releva-se nas OCEPE (MEDEB 1997) que ldquoa

identificaccedilatildeo e nomeaccedilatildeo das cores a mistura de cores baacutesicas para formar outras satildeo

aspetos da expressatildeo plaacutestica que se ligam com a linguagem e o Conhecimento do

Mundordquo (pp 62-63) Nesta experiecircncia de aprendizagem pudemos relevar a exploraccedilatildeo

do mundo fiacutesico mas tambeacutem e sobretudo o social no sentido de valorizar a

construccedilatildeo de um pensamento aberto a formas diversas de ser e estar no quadro de

valores de respeito aceitaccedilatildeo e de diaacutelogo com os outros

32 Experiecircncia de aprendizagem Aprender a observar e conhecer

Considerando o interesse manifestado pelas crianccedilas em relaccedilatildeo ao conteuacutedo da

histoacuteria do Elmer sendo a mesma referida em vaacuterios e diferentes momentos decidimos

dar-lhe continuidade explorando o livro intitulado Elmer e o arco-iacuteris de David

Mckee5 Trata-se de uma histoacuteria que aborda os valores de

entreajuda dar algo sem o perder bem como os sentimentos de

amizade e de felicidade

Relevamos neste sentido que como refere Mata (2008)

ldquoa leitura de histoacuterias eacute uma actividade muito rica e completa

5 A imagem do livro que consta na figura 13 foi obtida em

httpwwwcaminholeyacomfotosprodutos500_9789722118620_elmer_e_o_arco_irisjpg

Figura 13 - Livro - Elmer e o

arco-iacuteris de David Mckee

40

pois permite a integraccedilatildeo de diferentes formas de abordagem agrave linguagem escrita em

geral e agrave leitura de uma forma especiacuteficardquo (p 78)

Comeccedilaacutemos por observar interpretar e descrever oralmente as imagens da capa

e da contracapa tendo como objetivo que as crianccedilas compreendessem que tanto as

palavras escritas como os desenhos transmitem informaccedilotildees Embora algumas crianccedilas

manifestassem possuir conhecimento acerca da composiccedilatildeo dos livros mas que nem

conseguiam fazecirc-lo entendemos explicar esses elementos agraves crianccedilas Procedemos em

seguida agrave leitura expressiva da mesma No final questionaacutemos as crianccedilas acerca do

seu conteuacutedo e todas referiram que falava sobre o arco-iacuteris sobre este ter perdido as

suas cores e o elefante Elmer ter ajudado a que este as recuperasse As crianccedilas

mencionaram partes da histoacuteria relevantes mostrando ter prestado atenccedilatildeo agrave leitura e tecirc-

la interiorizado Importa ter em conta que como se refere nas (OCEPEMEDEB

1997) ldquoeacute no clima de comunicaccedilatildeo criado pelo educador que a crianccedila iraacute dominando a

linguagem alargando o seu vocabulaacuterio construindo frases mais correctas e complexas

adquirindo um maior domiacutenio da expressatildeo e comunicaccedilatildeordquo (p 67)

Nesta linha de pensamento e aproveitando as ideias que as crianccedilas

mencionaram questionaacutemo-las sobre o que sabiam acerca do arco-iacuteris tais como

quantas cores teria o arco-iacuteris e obtivemos respostas como

-Tem cinco cores (Diogo)

- Acho que tem seis cores (Gonccedilalo)

- Eu acho que tem sete cores (Tiago)

- Tem muitas cores (Laura)

As afirmaccedilotildees das crianccedilas deixam perceber que natildeo tinham a certeza em

relaccedilatildeo agraves cores do arco-iacuteris o que era de esperar dado a tenra idade das crianccedilas

Decidimos revelar agraves crianccedilas o verdadeiro nuacutemero de cores que tem o arco-iacuteris

referindo que o arco-iacuteris apresenta sete cores Continuando o diaacutelogo procuraacutemos levar

as crianccedilas a idealizarem e nomear as possiacuteveis cores do arco-iacuteris Obtivemos as

seguintes respostas

- O arco-iacuteris tem amarelo (Pedro)

-Tem tambeacutem azul (Rodrigo)

- Tem verde o arco-iacuteris (Tiago)

- Eu acho que tambeacutem tem cor de laranja (Gonccedilalo)

- Natildeo tem eacute vermelho (Pedro)

- Eu acho que tem cor-de-rosa (Inecircs) Nota de campo 11 de marccedilo 2013

41

Algumas crianccedilas comentaram que natildeo sabiam porque nunca o tinham visto

outras disseram que jaacute o tinham visto mas que natildeo se lembravam das cores que eram

Decidimos entatildeo informar as crianccedilas das cores que o arco-iacuteris possui nomeadamente

o violeta anil azul verde amarela laranja e vermelho

As crianccedilas que tinham respondido corretamente a uma das cores sentiram-se

bastante satisfeitas mostraram conforto e confianccedila em si proacuteprias comentando a sua

resposta entre o grupo Como referem Hohmann e Weikart (2011) ldquoas reflexotildees das

crianccedilas sobre as suas acccedilotildees satildeo uma parte

fundamental do processo de aprendizagem Ouvir e

encorajar a forma particular como cada crianccedila pensa

fortalece o seu pensamento emergente e as suas

capacidades de raciociacuteniordquo (p 47)

Sugerimos agraves crianccedilas que desenhassem e

pintassem numa folha branca como julgavam que era

constituiacutedo o arco-iacuteris exemplo figura 14

Durante a atividade as crianccedilas comentavam entre si qual seria a cor com que o

arco-iacuteris iniciava tentavam lembrar-se da ordem das

cores e curiosamente comentavam o formato do arco-iacuteris

referiam-se a este como tendo uma forma muito

semelhante a uma ponte Depois de vaacuterias crianccedilas terem

desenhado o arco-iacuteris exemplo figura 15 mostraacutemos a

imagem do mesmo no sentido de melhor perceberem

como era constituiacutedo Esta experiecircncia permitiu relembrar

as cores partindo da sua identificaccedilatildeo num fenoacutemeno da

natureza

Expusemos uma imagem do arco-iacuteris ldquorealrdquo numa das paredes da sala para que

todos a visualizassem e comparassem com os desenhos que eles tinham realizado

anteriormente A reaccedilatildeo das crianccedilas foi surpreendente comentavam a imagem

sublinhando a beleza da mesma e as experiecircncias possuiacutedas de ter visto ou natildeo esse

fenoacutemeno

A alegria aumentava agrave medida que descobriam que tinham colocado no desenho

cores que correspondiam agraves observadas no fenoacutemeno do arco-iacuteris e que uma ou outra

surgiam segundo a mesma ordem

Figura 14 - Desenho de um arco-iacuteris

realizado por uma crianccedila da sala

Figura 15 - Arco-iacuteris elaborado

por uma crianccedila da sala

42

No sentido de relembrar e explorar o conteuacutedo da histoacuteria Elmer e o arco-iacuteris

propusemos a realizaccedilatildeo de um jogo de expressatildeo de afetos intitulado como o ldquoJogo

dos sorrisosrdquo O objetivo do jogo consistia em compreender a importacircncia de expressar

pequenos gestos que satildeo importantes para quem os recebe e para quem os daacute que natildeo

representam perdas mas antes ganhos como por exemplo dar um sorriso ou um abraccedilo

a algueacutem As crianccedilas manifestaram terem compreendido o conteuacutedo da histoacuteria e por

conseguinte o que se pretendia do jogo

O jogo constava de uma crianccedila de cada vez ir retirar um cartatildeo de dentro de

uma caixa no qual estava escrito uma mensagem que educadora lhe lia e que ela iria

transmitir a algueacutem da sala que escolhesse dirigir-lha Todas as crianccedilas participaram

no jogo recebendo e manifestando gestos Entre as

mensagens escritas nos cartotildees encontrava-se por

exemplo dar um abraccedilo um beijo no rosto um aperto

de matildeo entre outros As crianccedilas manifestaram

grande interesse e entusiamo em realizar o jogo

observando-se grande envolvimento na realizaccedilatildeo do

mesmo como a tiacutetulo de exemplo a imagem da figura

16 permite perceber que as crianccedilas estatildeo a dar as matildeos

manifestando gesto de carinho

No sentido de ajudar as crianccedilas a compreenderem a que se deve a formaccedilatildeo do

arco-iacuteris procuraacutemos num outro momento propor uma atividade praacutetica que permitisse

observar o surgir desse fenoacutemeno Comeccedilaacutemos por perguntar agraves crianccedilas se sabiam

como este fenoacutemeno surgia tentando auscultar as ideias preacutevias Entre essas ideias

surgiram as seguintes

- Podemos ver o arco-iacuteris quando haacute sol e chuva (Manuel)

- Eacute preciso haver chuva e sol (vaacuterios)

- O arco-iacuteris vai sempre buscar aacutegua aos rios (Manuel)

Nota de campo 11 de marccedilo de 2013

As afirmaccedilotildees das crianccedilas deixam perceber que algumas jaacute apresentam ideias

sobre as carateriacutesticas temporais que levam a que se decirc a refraccedilatildeo da luz do sol e se

observe a formaccedilatildeo do arco-iacuteris apesar de ainda natildeo dominarem o conhecimento

cientiacutefico do fenoacutemeno Por usa vez a afirmaccedilatildeo do Manuel deixa perceber que pode

entender-se como indo ao encontro do afirmado por Martins et al (2009) quando

Figura 16 - Crianccedilas jogando o

Jogo dos sorrisos

43

lembram que ldquoas crianccedilas datildeo explicaccedilotildees que muitas vezes natildeo correspondem ao

conhecimento cientiacutefico actual mas que tem loacutegica para sirdquo (p 12)

Assim e depois de um breve diaacutelogo sobre o fenoacutemeno sugerimos a realizaccedilatildeo

de uma atividade sobre a formaccedilatildeo do arco-iacuteris manifestando-se as crianccedilas bastante

curiosas em saber como fazer para que o fenoacutemeno ocorresse

Os materiais utilizados para a realizaccedilatildeo da atividade praacutetica foram previamente

fabricados e preparados por noacutes bem como testada a experiecircncia Para tal fizemos uma

abertura estreita em forma de retacircngulo numa cartolina preta de seguida colocaacutemos a

cartolina em frente ao nosso peito na horizontal e apontaacutemos luz para essa abertura de

forma a conseguirmos um raio de luz estreito Colocaacutemos um espelho inclinado numa

tina com aacutegua e inclinaacutemos uma folha grande de cartolina branca junto da tina com

aacutegua Apontaacutemos a luz atraveacutes da cartolina preta

para que esta acertasse no espelho No final

tiacutenhamos conseguido ver a formaccedilatildeo do arco-iacuteris

Estes procedimentos foram repetidos com as

crianccedilas na atividade que viacutenhamos a descrever foi

possiacutevel observarmos a refraccedilatildeo da luz formando o

arco-iacuteris que se apresenta na figura 17

Procuraacutemos diversificar os materiais e ajudar as

crianccedilas a compreenderem que o efeito pode provir de vaacuterias fontes Neste sentido

observaacutemos tambeacutem o aparecimento do arco-iacuteris atraveacutes de uma lanterna e de um Cd

permitindo este objeto tambeacutem fazer com que se decirc a refraccedilatildeo da luz da lanterna e por

conseguinte a sua divisatildeo em vaacuterias cores fazendo o efeito de arco-iacuteris Fizemos incidir

a luz da lanterna na parte superior do cd e inclinaacutemos o cd para que a luz incidisse na

parede pois eacute nesta que as crianccedilas conseguem ver as cores do arco-iacuteris

Inicialmente as crianccedilas mostravam-se bastante eufoacutericas e curiosas em saber

como iria aparecer o arco-iacuteris com dois objetos (uma lanterna e um Cd) No entanto ao

iniciarmos a atividade fez-se uma grande silecircncio na sala dado o interesse e a atenccedilatildeo

com que estavam para observar o resultado Quando mostraacutemos que era possiacutevel fazer

aparecer o reflexo do arco-iacuteris na parede da sala estas ficaram surpreendidas

experimentaram tambeacutem as crianccedilas refletirem a imagem do arco-iacuteris com os dois

objetos Terminada a atividade praacutetica as crianccedilas referiram que gostavam de mostrar

aos pais esta atividade iriam inclusive pedir para que estes disponibilizassem uma

lanterna e um Cd

Figura 17 - Resultado da atividade

praacutetica sobre a formaccedilatildeo do arco-iacuteris

44

No decurso da semana sugerimos agraves crianccedilas uma nova atividade praacutetica ainda

de acordo com o que tiacutenhamos explorado anteriormente Poreacutem desta vez

pretendiacuteamos enveredar pelo efeito contraacuterio ao das atividades anteriores ou seja a

uniatildeo de vaacuterias cores formando uma soacute Assim solicitaacutemos agraves crianccedilas que colorissem

com cada cor as divisotildees de um ciacuterculo que lhe apresentaacutemos desenhado em cartolina

branca Quando terminavam de colorir o ciacuterculo colocavam o laacutepis de carvatildeo no centro

e faziam o ciacuterculo girar O objetivo era visualizar qual a cor que surgiria ao girar o laacutepis

pois as crianccedilas tinham diferentes cores nos ciacuterculos Mostraacutemos agraves crianccedilas um ciacuterculo

pintado com as cores do arco-iacuteris e perguntaacutemos agraves crianccedilas se sabiam qual a cor que

surgiria ao rodarmos o laacutepis observando-se as seguintes respostas

-Vai ficar azul-escuro (Manuel)

-Se rodares muito depressa vai ficar tudo vermelho (Pedro)

-Vai aparecer o arco-iacuteris (Margarida)

-Se calhar vai ficar tudo amarelo (Pedro)

- Fica quase branco (Manuel) Nota de campo 12 de marccedilo 2013

Todas as crianccedilas faziam tentativas para acertar na cor que surgiria ao rodar o

laacutepis decidimos deste modo rodaacute-lo O objetivo da atividade era como jaacute antes

referimos que as crianccedilas percebessem que ao juntar todas as cores do arco-iacuteris a cor

que surgiria era a cor branca

Eacute de referir que esta atividade natildeo correu como era esperado pois as crianccedilas

natildeo conseguiam colocar o laacutepis a girar de modo a que o movimento permitisse a junccedilatildeo

das vaacuterias cores e fosse possiacutevel observar apenas a cor branca

Para que as crianccedilas natildeo ficassem desiludidas por um lado e por outro lado para

promover a interaccedilatildeo entre pais e filhos sugerimos agraves crianccedilas que realizassem a mesma

atividade em casa com o auxiacutelio dos pais pedindo-lhes para as ajudarem a fazecirc-la e que

dialogassem de modo a descobrirem com eles a cor que surgiria quando fizessem girar o

laacutepis Refletindo sobre a atividade importa sublinhar que aprendemos que nem sempre

eacute faacutecil gerir imprevisibilidades mas que temos de saber superaacute-las tentando encontrar

soluccedilotildees alternativas Meditando sobre a experiencia de aprendizagem desenvolvida a

partir do livro Elmer e o arco-iacuteris sublinhamos as oportunidades criadas para as

crianccedilas se envolverem em diferentes atividades nas quais foram levadas em

consideraccedilatildeo os saberes e interesses manifestados por elas valorizar a ludicidade como

estrateacutegia de envolvimento na construccedilatildeo de conhecimento cientiacutefico

45

Sabemos que haacute fenoacutemenos que as crianccedilas vatildeo observando e aprendendo a

identificar mas tambeacutem que nem sempre tecircm oportunidades de conhecer fatores que lhe

datildeo origem pelo que importa promover situaccedilotildees de aprendizagem em contexto preacute-

escolar que as ajudem na compreensatildeo dos mesmos Foi nessa linha de pensamento que

surgiram as atividades que desenvolvemos em torno do arco-iacuteris

As crianccedilas envolveram-se e manifestaram sentir gosto e prazer em concretizar

as atividades desenvolvidas parecendo-nos terem contribuiacutedo para que desenvolvessem

saberes e criar oportunidades de partilha dos mesmos com os outras crianccedilas e adultos e

com os pais

Relevamos ainda a importacircncia que nos parece ter assumido o alertar das

crianccedilas para a atenccedilatildeo a prestar aos outros e a importacircncia de manifestar e receber

afetos no quadro de construccedilatildeo de uma sociedade comunicativa solidaacuteria e facilitadora

da integraccedilatildeo de todos

33 Experiecircncia de aprendizagem Conhecendo diferentes culturas

No decurso da accedilatildeo educativa surgiu a abordagem da questatildeo das diferenccedilas

entre as culturas levando-nos a pensar ser importante aprofundar o questionamento e

reflexatildeo sobre esse toacutepico Nesse sentido entendemos partir da leitura da histoacuteria

Meninos de todas as cores de Luiacutesa Ducla Soares

Em trabalho de grande grupo comeccedilaacutemos por ler o tiacutetulo da histoacuteria e questionar

as crianccedilas no sentido de perceber se a conheciam As suas afirmaccedilotildees levaram-nas a

perceber que natildeo era do seu conhecimento mas que o tiacutetulo da histoacuteria estimulou a sua

curiosidade comeccedilando a fazer comentaacuterios entre si sobre a mesma e sobre o que

entendiam poder incidir

Procedemos agrave leitura da histoacuteria acompanhado com a apresentaccedilatildeo das

imagens manifestando-se as crianccedilas muito atentas ateacute ao final da mesma Terminada a

leitura questionaacutemos as crianccedilas sobre o que achavam da histoacuteria Elas afirmaram ter

apreciado o seu conteuacutedo e ilustraccedilatildeo

Sugerimos-lhes o reconto da histoacuteria neste as crianccedilas surpreendentemente

referiram pormenores do conteuacutedo da histoacuteria como a cor de cada crianccedila aspetos

sobre cada cor e respetivos objetos relacionados com as cores O entusiasmo com que

comunicavam e escutavam as outras crianccedilas deixava perceber o reconhecimento do

valor formativo da atividade Importa neste sentido relevar que como sublinham Sim-

46

Sim Silva e Nunes (2009 retomando a ideia de Mata 2008) ldquoeacute funccedilatildeo do educador

alargar intencionalmente as situaccedilotildees de comunicaccedilatildeo (hellip) que permitam agraves crianccedilas

dominar a comunicaccedilatildeo como emissores e receptoresrdquo (p 35)

Os comentaacuterios feitos pelas crianccedilas em relaccedilatildeo ao conteuacutedo da histoacuteria a

procura do livro no tempo das atividades nas aacutereas de atividades na sala e a atitude de

respeito que pareciam manifestar uns em relaccedilatildeo aos outros levou-nos a inferir ter sido

pertinente a escolha que fizemos da obra para explorar com as crianccedilas no quadro dos

seus possiacuteveis contributos para que cada um como cidadatildeo possa assumir uma atitude

de abertura aceitaccedilatildeo das diferenccedilas e valorizaccedilatildeo de todos Neste acircmbito importa

considerar que como se refere nas OCEPE (MEDEB 1997) ldquoa aceitaccedilatildeo da diferenccedila

sexual social e eacutetnica eacute facilitadora da igualdade de oportunidades num processo

educativo que respeita diferentes maneiras de ser e de saber para dar sentido agrave

aquisiccedilatildeo de novos saberes e culturasrdquo (p 54) Merece ainda natildeo esquecer que ldquoeacute numa

perspetiva de educaccedilatildeo multicultural que se constroacutei uma maior igualdade de

oportunidades entre mulheres e homens entre indiviacuteduos de diferentes classes sociais e

de diferentes etniasrdquo (pp 54-55)

Nesta linha de pensamento importa que na educaccedilatildeo preacute-escolar as crianccedilas

usufruam de oportunidades de se envolver em experiecircncias formativas que lhes

facilitem a aquisiccedilatildeo de um espiacuterito criacutetico e a interiorizaccedilatildeo de valores conhecimentos

e atitudes que contribuam para que possam comportar-se e agir segundo princiacutepios de

equidade respeito e aceitaccedilatildeo de todos no quadro de uma cidadania responsaacutevel e

esclarecida

Num outro momento e em continuidade de outras atividades desenvolvidas

anteriormente propusemos agraves crianccedilas uma atividade no acircmbito do desenvolvimento do

domiacutenio da linguagem oral e abordagem agrave escrita nomeadamente ao niacutevel da

consciecircncia fonoloacutegica e da consciecircncia grafemaacutetica

Comeccedilaacutemos por solicitar agraves crianccedilas em trabalho de pequeno grupo que

tentassem identificar siacutelabas comuns em diferentes palavras ou seja que terminassem

com a mesma siacutelaba Nesse sentido distribuiacutemos pelas crianccedilas cartotildees com trecircs

diferentes imagens e a palavra escrita que lhe correspondia solicitando-as a contornar a

siacutelaba final de cada palavra Exploraacutemos oralmente as siacutelabas de uma palavra dizendo

por exemplo Ca-ra-col (Caracol) acompanhando com palmas das crianccedilas consoante

as siacutelabas da palavra Percebemos que a maioria das crianccedilas conseguia reproduzir

corretamente o nuacutemero de siacutelabas correspondente agrave segmentaccedilatildeo das palavras em

47

siacutelabas atraveacutes do batimento de palmas Poreacutem trecircs crianccedilas das mais novas ainda natildeo

o conseguiam fazer corretamente Decidimos por isso repetir a atividade fazendo uma

crianccedila de cada vez e variando as palavras par manter o interesse e implicaccedilatildeo das

crianccedilas na atividade Reconhecemos que eacute importante organizarmos previamente a

atividade de forma a trabalhar corretamente a consciecircncia fonoloacutegica e a divisatildeo silaacutebica

das palavras com as crianccedilas criando condiccedilotildees apelativas para estimular o interesse

das mesmas ou seja criar ldquocondiccedilotildees para que as crianccedilas aprendamrdquo (MEDEB 1997

p 66)

Retomando a reflexatildeo sobre a atividade em anaacutelise sugerimos que as crianccedilas

assinalassem a uacuteltima siacutelaba das palavras Algumas crianccedilas fizeram-na sem ajuda

poreacutem outras crianccedilas necessitaram dela sendo a mesma proporcionada quer pelos

adultos da sala quer por outras crianccedilas com um niacutevel de desenvolvimento superior

Neste sentido sublinhamos a importacircncia que assume o desenvolver atividades em

pequeno grupo no qual possam beneficiar de apoio de outros que integram um niacutevel

desenvolvimento superior de modo a que possa atuar na zona de desenvolvimento

proximal (Vygotsky 1979) Neste acircmbito Novo (2009 retomando a perspetiva do

autor 1996) sublinha que ldquocom auxiacutelio de uma outra pessoa toda a crianccedila pode fazer

mais do que faria sozinhardquo (p 58)

A atividade foi gratificante natildeo apenas para as crianccedilas mas tambeacutem para noacutes

adultos percebendo os seus contributos em termos formativos indo portanto ao

encontro dos objetivos pretendidos Apesar da tenra idade foi interessante ver como as

crianccedilas aderiram agrave atividade e a realizaram com bastante empenho tentando responder

corretamente chamando os adultos para confirmarem as suas respostas e para ajudaacute-las

na sua melhor realizaccedilatildeo

Dialogaacutemos com as crianccedilas sobre a histoacuteria e sobre a opiniatildeo destas

relativamente agrave mesma escutando as suas respostas Propusemos-lhes a realizaccedilatildeo de

um ldquoestendalrdquo de palavras observando que era a primeira vez que trabalhavam com

este Explicamos-lhes o que se pretendia da atividade e vaacuterias crianccedilas sorriram e

comentaram-na ficando curiosas Procedemos agrave elaboraccedilatildeo da atividade pendurando o

fio de latilde na sala de modo a que estivesse ao acesso de todas as crianccedilas Apresentaacutemos-

lhes cartotildees com imagem e a palavra respetiva as quais no seu conjunto formavam

uma das frases retirada da histoacuteria e que tinha sido lida agraves crianccedilas

Sob a forma de jogo em que fosse articulado o prazer de brincar e o de

concretizar da tarefa propusemos que a realizaccedilatildeo do referido jogo tentando ordenar os

48

cartotildees com as imagens de modo a construirmos a frase isto eacute trabalhando a

construccedilatildeo fraacutesica As imagens da frase a ordenar eram relativas agrave frase O menino

branco entrou num aviatildeo

Relacionado com esta atividade procedemos agrave contagem do nuacutemero de cartotildees

pendurados no fio explorando o conceito de cardinal algumas crianccedilas identificaram de

imediato os seis cartotildees As crianccedilas participaram e gerou-se companheirismo na ajuda

em dar uns aos outros no sentido de que todos fossem bem-sucedidos na concretizaccedilatildeo

da proposta Trabalhamos a consciecircncia de grafema com a ajuda das educadoras (figura

18)

-Sabes que letra eacute essa que tens na matildeo

(Ed Est)

-Sei esta letra estaacute no meu nome tambeacutem eacute

um O (Rodrigo)

-Achas que essa letra eacute do mesmo tamanho

das outras (Ed Est)

-Natildeo acho que eacute maior que as outras

(Rodrigo)

Nota de campo 8 de abril 2013

Conforme iacuteamos questionando as crianccedilas de certa forma iacuteamos tambeacutem

implementando alguma informaccedilatildeo no acircmbito do domiacutenio da linguagem oral e

abordagem agrave escrita As crianccedilas iam organizando ideias mentais fazendo a construccedilatildeo

fraacutesica da mesma e compreendiam inclusive que a escrita e os desenhos transmitem

informaccedilatildeo Repetimos este exerciacutecio com vaacuterias crianccedilas pois a maioria queria

participar e colocar os cartotildees no estendal

Observaacutemos que algumas crianccedilas fizeram a construccedilatildeo fraacutesica muito mais

raacutepido do que outras manifestando algumas uma certa dificuldade na construccedilatildeo

revelando algumas incerteza sobre o que fazer

Assim e procurando que as crianccedilas percebessem a frase tiacutenhamos a imagem a

acompanhar e questionaacutemo-las vaacuterias vezes sobre a imagem que cada cartatildeo tinha a

acompanhar Atraveacutes das imagens em geral as crianccedilas compreendiam que a frase (natildeo

construiacuteda) natildeo fazia total sentido na sua leitura e voltavam a iniciar a atividade do

estendal por vezes ajudadas na atividade por um colega

Num outro momento realizaacutemos uma atividade idecircntica mas optaacutemos por

trabalhar com cores e objetos Tiacutenhamos cinco cartotildees com cinco cores diferentes e

outros tantos com objetos diferentes mas cada objeto associado a uma cor Explicaacutemos

Figura 18 - Interajuda entre as crianccedilas da sala

49

agraves crianccedilas que do nosso lado direito elas encontravam cartotildees com cores no centro

tinha cartotildees com as palavras ldquocomordquo ldquoaordquo e do lado esquerdo encontravam cartotildees

com objetos As crianccedilas tinham que conseguir formar frases como por exemplo

ldquoAmarelo como o sol branco como o leite castanho como o chocolate vermelho como

a cereja e preto como a estradardquo

Inicialmente mostraacutemos agraves crianccedilas os cartotildees com cores colocaacutemo-los no

estendal e questionaacutemo-las se sabiam o nuacutemero de cartotildees que tinha o estendal algumas

crianccedilas (Carlos Diogo e Tiago) responderam rapidamente e corretamente agrave questatildeo

enquanto as outras crianccedilas observavam e faziam a contagem mais calmamente

conseguindo identificar os cinco cartotildees com cores Questionaacutemo-las novamente

tentando saber se alguma crianccedila conseguia identificar um cartatildeo cuja palavra iniciasse

pela letra A Apoacutes um breve momento de silecircncio uma crianccedila respondeu Amarelo

comeccedila pela letra A (Carlos)

Questionaacutemos se mais alguma palavra dos cartotildees comeccedilava pela letra A e de

imediato vaacuterias crianccedilas responderam que natildeo Concluiacutemos que em cinco cartotildees um

deles comeccedilava pela letra A trabalhando assim o domiacutenio da matemaacutetica Repetimos

mais uma vez esta atividade mas solicitando que as crianccedilas identificassem a palavra

escrita no cartatildeo que iniciasse com a letra P respondendo uma delas Preto comeccedila pela

letra P e eacute tambeacutem a primeira letra do meu nome (Pedro)

Foi gratificante observar o entusiasmo das crianccedilas em quererem realizar as

atividades sendo de sublinhar o grande interesse que manifestaram em participar na

atividade De seguida iniciaacutemos a atividade de elaboraccedilatildeo do ldquoestendalrdquo das palavras

A primeira crianccedila a realizar a atividade escolheu um cartatildeo dos que tinham cores e

colocou-o no fio de latilde Questionaacutemo-la se sabia qual a cor que tinha escolhido ao que a

crianccedila respondeu corretamente ser branco Questionaacutemos de novo as crianccedilas no

sentido de perceber se sabiam o que tinha que fazer a seguir respondendo corretamente

Posteriormente foi colocado por uma crianccedila o respetivo cartatildeo agrave frente das palavras

Eacute de destacar que os uacuteltimos cartotildees incluiacuteam igualmente palavras retiradas da

histoacuteria os Meninos de todas as cores mas desta forma trabalhadas de diferente

maneira Esta atividade fez com que todas as crianccedilas trabalhassem na identificaccedilatildeo das

palavras e a sua organizaccedilatildeo na frase pois todas tiveram a oportunidade de participar

Os objetivos eram esses que todas as crianccedilas participassem na atividade de construccedilatildeo

de frases em ordem a compreenderem que a escrita e as imagens transmitem

50

informaccedilatildeo e a identificarem palavras que terminavam com a mesma siacutelaba (construccedilatildeo

de grafema)

Para que as crianccedilas pudessem dar continuidade a este tipo de atividades e criar

gosto pela leitura integraacutemos o referido estendal num espaccedilo da sala recorrendo a este

e ainda a outros materiais

Na sequecircncia da histoacuteria lida durante a semana em que esta foi explorada

sugerimos ainda agraves crianccedilas a construccedilatildeo de um cartaz relativo agrave mesma Neste acircmbito

sugerimos agraves crianccedilas que pensassem sobre o assunto e como elemento do grupo

tambeacutem apresentaacutemos propostas e depois foram discutidas as sugestotildees Assim as

crianccedilas resolveram fazer a estampagem da palma da matildeo utilizando tintas azul e

verde para que parecesse o planeta terra e que fossem pintadas cada um dos dedos de

cores diferentes como as cores dos meninos da histoacuteria que no caso seriam brancas

pretas castanhas amarelas e vermelhas Uma a uma cada crianccedila pintou e estampou

uma das matildeos no cartaz O trabalho foi desenvolvido na aacuterea de expressatildeo plaacutestica

utilizando os materiais aiacute disponiacuteveis como tintas pinceis e o papel de cenaacuterio de

modo a que pudessem usaacute-los de modo independente Entre os comentaacuterios feitos pelas

crianccedilas enquanto elaboravam o trabalho sublinhamos

-Temos aqui muitas cores verde azul amarelo preto vermelho castanho e

branco (Diogo)

-Vamos pintar os dedos com cinco cores diferentes (Tiago)

-Vou pintar o dedo de amarelo como a menina amarela como o sol (Pedro)

-Este dedo vai ser branco como o Miguel o menino branco como o accediluacutecar

(Rafael)

-O meu dedo do meio vai ser castanho como o chocolate (Renato)

-O meu dedo pequeno vai ser vermelho como a menina da cor do sangue

(Carlos)

-Este dedo vou pintar de preto como as azeitonas (Pedro)

Nota de campo 9 de abril 2013

Os comentaacuterios feitos pelas crianccedilas permitiram perceber que mobilizavam

informaccedilatildeo relacionada com as atividades anteriores mas tambeacutem as suas

intencionalidades e a diversidade de tintas disponiacuteveis A imagem apresentada na figura

19 daacute conta do trabalho desenvolvido

51

Importa neste acircmbito relevar que nas OCEPE (MEDEB 1997) se alerta para a

importacircncia de as crianccedilas terem ldquoagrave sua disposiccedilatildeo vaacuterias cores que lhes possibilitem

escolher e utilizar diferentes formas de combinaccedilatildeordquo (p 62) Sublihamos ainda a

importacircncia de as crianccedilas poderem percorrer os seus proacuteprios caminhos de expressatildeo

artiacutestica mas tambeacutem que elas necessitam para tal de oferecer-lhes aleacutem da

experimentaccedilatildeo de materiais as diferentes formas de arte na pintura (UNESCO 2005

p 31) Importa ainda considerar que as tintas exercem grande fasciacutenio na crianccedila tanto

pela cor quanto pela sensaccedilatildeo agradaveacutel que produzem ao serem manuseadas (idem)

Mais tarde propusemos agraves crianccedilas a criaccedilatildeo de fantoches com materiais

reciclados acerca da histoacuteria dos Meninos de todas as cores As crianccedilas mostraram-se

bastante curiosas pois ainda natildeo tinham trabalhado com fantoches e iria ser uma

atividade diferente Organizaacutemo-nos em pequenos grupos de trabalho no total de cinco

crianccedilas em cada propondo-lhes que cada um que pintasse uma luva integrando em

cada dedo uma cor diferente Por sua vez outros grupos de crianccedilas trabalhavam na

criaccedilatildeo dos transportes que apareciam na histoacuteria

Dialogaacutemos sobre a possibilidade da representaccedilatildeo da histoacuteria agraves outras crianccedilas

e adultos do jardim-de-infacircncia As crianccedilas entusiasmaram-se com a iniciativa e por

consenso decidimos proceder agrave concretizaccedilatildeo da mesma como mais tarde aconteceu

Assumimos o papel de narrador e o grupo de crianccedilas ficou com a

responsabilidade de representar a histoacuteria procedendo agrave manipulaccedilatildeo dos fantoches

Todas as crianccedilas e educadoras da sala apoiaram e elogiaram a representaccedilatildeo

Repetimos do mesmo modo a apresentaccedilatildeo de fantoches na sala dos trecircs anos e tambeacutem

aqui as crianccedilas foram bastante aplaudidas e elogiadas

Em siacutentese importa evidenciar que esta atividade foi rica em conteuacutedo e os

objetivos foram concretizados fazendo com que as crianccedilas pudessem acima de tudo

ser elas a participar ativamente nas atividades terem contacto direto com os materiais e

Figura 19 - Sequecircncia de imagens da construccedilatildeo do cartaz

52

usufruiacuterem de prazer manifestando entusiasmo e envolvimento na sua realizaccedilatildeo Esta

atividade proporcionou agraves crianccedilas um momento de contacto com crianccedilas de outras

salas ou seja de outras faixas etaacuterias e por conseguinte com carateriacutesticas diversas

Fez com que estas pudessem de certa forma desenvolver o relacionamento social entre

elas Importa relembrar Hohmann e Weikart (20011) quando sublinham que

atraveacutes da imitaccedilatildeo e do faz-de-conta as crianccedilas organizam aquilo que

compreendem e ganham um sentido de mestria e controlo sobre os

acontecimentos que testemunharam ou nos quais fazem parte (hellip) Fazer de

conta e representar papeacuteis tendem a ser actividades francamente sociais e

parecem ter um efeito positivo no desenvolvimento social e de linguagem

das crianccedilas (p 494)

Esta experiecircncia de aprendizagem fez com que fosse possiacutevel haver

continuidade com as atividades anteriores fornecendo assim um processo formativo

articulado e integrado Foi possiacutevel explorar conteuacutedos relacionados com as cores as

diferenccedilas de raccedila entre a humanidade e as culturas e a vivecircncia de um processo pautado

pela interajuda e cooperaccedilatildeo entre os elementos do grupo Esta experiecircncia permitiu

ainda contribuir para as crianccedilas desenvolverem a consciecircncia de grafema a criaccedilatildeo de

fantoches a dramatizaccedilatildeo de uma histoacuteria e a interaccedilatildeo em grupos alargados

Desta experiecircncia de aprendizagem importa ainda relevar o prazer e alegria

manifestados pelas crianccedilas em fazer atividades como a de poderem pintar a palma da

matildeo as luvas escolher as cores que queria colocar-lhes e ver as produccedilotildees do grupo

divulgadas para as famiacutelias ou outros atraveacutes de um cartaz que foi exposto no corredor

de entrada da instituiccedilatildeo As crianccedilas puderam construir pensamentos e saberes

construindo em nosso entender uma aprendizagem com significado para todos os

implicados nesse processo

34 Experiecircncia de aprendizagem Descobrir trabalhando

colaborativamente

Tendo como objetivo proporcionar agraves crianccedilas um momento de interaccedilatildeo e

interajuda entre elas sugerimos a realizaccedilatildeo de um jogo ao ar livre no recreio da

instituiccedilatildeo Tendo os espaccedilos interiores e exteriores potencialidades proacuteprias eacute

importante que os educadores tirem partido das mesmos (MEDEB 1997) procurando

diversificar e enriquecer as atividades em que se envolvem as crianccedilas

Assim aproveitaacutemos o espaccedilo interior e exterior para explorar de uma forma

diferente as cores que apresenta o mundo fiacutesico em que nos integramos Sabemos que

53

as crianccedilas gostam naturalmente de observar mas tambeacutem que eacute importante que se

valorizem as observaccedilotildees que fazem na construccedilatildeo da sua aprendizagem e

desenvolvimento Eacute nesta linha de pensamento que se situa esta experiecircncia de

aprendizagem

De forma a iniciar a atividade de pesquisa as crianccedilas formaram cinco grupo

explicaacutemos que o objetivo era irmos ao exterior observar as cores que existem no

mundo agrave nossa volta e que cada um tinha como tarefa tentar descobrir onde poderia

encontrar-se uma cor por ele escolhida Para efetuarem a escolha da cor apresentaacutemos

um conjunto de cartotildees numa caixa e cada grupo retirou um procurando ter em

consideraccedilatildeo que as cores a observar por cada grupo deveriam ser diferentes

Escolhida a cor a observar por cada grupo deslocaacutemo-nos ao exterior da

instituiccedilatildeo (redondezas das mesma) tendo como objetivo identificar e registar

elementos que apresentassem as seguintes cores vermelho verde laranja azul e

amarelo A figura 20 ilustra o ambiente e daacute conta da implicaccedilatildeo da procura na recolha

de dados

De regresso agrave sala de atividades e em

grande grupo realizaacutemos a contagem dos

objetos observados e registados pelos adultos

com base na indicaccedilatildeo dada pelas crianccedilas de

cada um dos grupos O grupo que observou

mais elementos foi o que tinha como tarefa

observar elementos de cor amarela tendo

registado um total de treze seguindo-se-lhe o

grupo verde com nove o grupo azul com oito e os grupos laranja e vermelho com cinco

elementos cada um

No sentido de evitar a extensatildeo do relatoacuterio mas tambeacutem de ilustrar o

observado apresentamos aqui apenas os dados relativos ao grupo que observou

elementos de cor amarela tendo indicado

- O escorrega eacute amarelo (Luana)

- O muro do passeio tambeacutem eacute (Ricardo)

- O sol eacute amarelo (Rafael)

- As peacutetalas da flor satildeo amarelas (Gonccedilalo)

- O girassol eacute amarelo (Gonccedilalo)

- A parede da escola eacute amarela (Inecircs)

- O tubo da escola tambeacutem eacute amarelo (Inecircs)

- A antena eacute amarela (Gonccedilalo)

Figura 20 - Crianccedilas procurando objetos

da respetiva cor

54

- A cola que sai das aacutervores tambeacutem eacute amarela (Inecircs)

- A luz do poste eacute amarela agrave noite (Rafael)

- A areia do recreio tambeacutem eacute amarela (Ricardo)

- Aquela casa tambeacutem eacute amarela (Inecircs)

- A girafa colada naquela janela eacute amarela (Luana)

Nota de campo 22 de abril 2013

Os enunciados apresentados permitem-nos perceber que todas as crianccedilas foram

capazes destacar uma ou mais elementos da cor a identificar O mesmo se verificou com

os restantes grupos mas para aleacutem da identificaccedilatildeo de mais ou menos elementos

entendemos ser importante destacar o envolvimento das crianccedilas na procura de dados a

interajuda que se gerou natildeo apenas ao niacutevel do interior de cada grupo como tambeacutem

intergrupos surgindo situaccedilotildees em que se alertavam uns aos outros sobre onde

observar

Na sequecircncia desta atividade uma das crianccedilas sugeriu que poderiam desenhar

os objetos que observaram Apoiaacutemos a iniciativa e alertaacutemos que para o fazerem

poderiam utilizar diferentes materiais Entendemos que o uso de materiais de natureza

diversificada poderia ajudar as crianccedilas nas suas representaccedilotildees

Os elementos observados e registados permitiram-nos explorar conceitos

matemaacuteticos ao niacutevel da contagem classificaccedilatildeo e forma de objetos No que se refere agrave

classificaccedilatildeo desses elementos procuraacutemos ter em conta que como se refere nas

OCEPE (MEDEB 1997) ldquoagrupar os objetos ou seja formar conjuntos de acordo

com um criteacuterio previamente estabelecido a cor a forma etc reconhecendo as

semelhanccedilas e diferenccedilas (hellip) permitem distinguir o que pertence a um e a outro

conjuntordquo (p 74)

Assim partindo dos desenhos realizados pelas crianccedilas procedemos agrave formaccedilatildeo

de conjuntos atendendo agrave cor que integravam os elementos representados Para isso

colocaacutemos no chatildeo da sala cinco arcos referentes cada um agrave cor e em cada arco as

crianccedilas colocavam os respetivos desenhos Depois procedemos agrave contagem dos

elementos de cada conjunto e comparaccedilatildeo do que tinha mais e menos elementos

surgindo por parte das crianccedilas algumas leituras como os exemplos deixam perceber

Procuraacutemos cinco cores (Rodrigo) O arco que tem mais objetos eacute o amarelo (Inecircs)

Aproveitando ainda as falas de duas crianccedilas referindo uma que viu um sinal

(hellip) azul e quadrado (Micael) e outra que observou um sinal vermelho que tinha a

forma redonda (Manuel) propusemos agraves crianccedilas que identificassem na sala e

55

nomeassem elementos que apresentavam uma forma geomeacutetrica Verificaacutemos que as

crianccedilas identificaram com alguma facilidade algumas formas geomeacutetricas como os

exemplos dos seus enunciados permitem perceber

- A mesa eacute redonda [ciacuterculo] (Pedro)

- O quadro [expositor] eacute quadrado (Tiago)

- E o tapete tem a forma de um retacircngulo (Diogo)

- Aquela reacutegua [esquadro] tem a forma de triacircngulo (Margarida)

- Conseguimos descobrir quatro formas geomeacutetricas (Manuel)

Nota de campo 23 de abril 2013

Num outro momento e partindo da fala de outra crianccedila (Mariana) que referiu

que o laranja era sua cor favorita (Mariana) sugerimos agraves crianccedilas tentar descobrir qual

era a cor preferida do grupo Neste sentido solicitaacutemos-lhes que colocassem a matildeo no

ar quando disseacutessemos a sua cor favorita contando o nuacutemero de elementos indicados

mas sem os registar

Apoacutes todas as crianccedilas terem indicado a cor favorita questionaacutemo-las se sabiam

qual seria a cor mais escolhida por mais crianccedilas do grupo

- Jaacute natildeo me lembro (Rafael)

- Todos pusemos a matildeo no ar (Diogo)

Nota de campo 23 de abril 2013

Os enunciados deixam perceber a dificuldade que eacute fazer a leitura de dados

observados sem que se proceda ao registo dos mesmos No sentido de ajudar o grupo a

perceber a importacircncia de registar os dados recolhidos questionaacutemos as crianccedilas sobre

como poderiacuteamos entatildeo descobrir a cor favorita do grupo Surgiram vaacuterias respostas

uma delas do Carlos que indicava que podiacuteamos pocircr as cores numa cartolina e depois

puacutenhamos a nossa cor favorita laacute Discutimos a proposta merecendo consenso a sua

concretizaccedilatildeo e no sentido de facilitar a compreensatildeo do conceito de nuacutemero

propusemos agraves crianccedilas que fosse indicada a preferecircncia colocando um lego em cima

da cor preferida o que fizemos Indicadas as preferecircncias procedemos agrave leitura dos

resultados surgindo os seguintes comentaacuterios

- A cor com menos legos eacute a preta e a castanha (Rodrigo)

- Assim podemos ver o tamanho dos legos (Pedro)

- Tem legos da mesma altura (Manuel) Nota de campo 24 de abril 2013

56

Tiacutenhamos assim construiacutedo um graacutefico de barras em conjunto e como

mencionam Castro e Rodrigues (2008) ldquoa organizaccedilatildeo dos dados em graacuteficos permite

uma anaacutelise mais raacutepida uma vez que a contagem dos elementos da mesma categoria eacute

mais evidenterdquo (p 72) Promovemos a discussatildeo escutando as opiniotildees expressas pelas

crianccedilas na leitura do mesmo pois como referem os autores (idem) ldquoapoacutes a construccedilatildeo

do graacutefico (hellip) deve sempre haver um momento em que se discute o que este nos

sugererdquo (ibidem)

Procedemos em seguida agrave leitura dos dados (atraveacutes da contagem dos legos)

observando que a cor mais escolhida era o azul com sete escolhas e as menos

escolhidas seriam o castanho e o preto com uma escolha

Propusemos ao grupo o registo desses dados elaborando para o efeito uma

tabela de dupla entrada Propusemos agraves

crianccedilas que sugerissem um tiacutetulo para a

tabela ideia para a qual apontam Castro e

Rodrigues (idem) Apoacutes vaacuterias respostas das

crianccedilas acordaacutemos que o tiacutetulo fosse A

minha cor favorita O nome das crianccedilas foi

registado por elas na quadriacutecula vertical do

lado esquerdo e na horizontal indicaacutemos as

cores como mostra a figura 21

Entendemos que se tratou de uma

atividade enriquecedora para as crianccedilas pois estas visualizaram e experimentaram a

construccedilatildeo de uma tabela sendo esta facilitadora da anaacutelise e interpretaccedilatildeo dos dados

Num outro momento e relembrando uma afirmaccedilatildeo de uma crianccedila (Carlos)

que tinha dito que o vidratildeo era verde e considerando que algumas crianccedilas

manifestaram natildeo saber o que era o vidratildeo achaacutemos importante dialogar com as

crianccedilas sobre os ecopontos

Comeccedilamos por abordar a importacircncia da reciclagem e posteriormente

apresentaacutemos uma canccedilatildeo que explicava a separaccedilatildeo de resiacuteduos soacutelidos Como se

refere nas OCEPE (MEDEB 1997) existe uma relaccedilatildeo entre a canccedilatildeo e a palavra

trabalhar as letras das canccedilotildees relaciona o domiacutenio da expressatildeo musical

com a linguagem que passa por compreender o sentido do que se diz por

tirar partido das rimas para discriminar os sons por explorar o caraacutecter

luacutedico das palavras e criar variaccedilotildees da letra original (p 64)

Figura 21 - Crianccedila preenchendo a tabela das cores

favoritas

57

Concordando com a afirmaccedilatildeo podemos salientar que atraveacutes da expressatildeo

musical as crianccedilas satildeo capazes de captar a informaccedilatildeo mais raacutepido No final uma das

crianccedilas perguntou se poderiam construir ecopontos para ter na sala Considerando a

sugestatildeo da crianccedila levaacutemos caixas que as crianccedilas decoraram com o objetivo de

organizarmos na sala ecopontos Quando construiacutedo os ecopontos promovemos um

jogo que consistia em colocar resiacuteduos soacutelidos no ecoponto correto

A experiecircncia de aprendizagem descrita proporcionou agraves crianccedilas em nosso

entender uma forma ativa e significativa de construccedilatildeo de pensamentos e saberes

Relevamos a importacircncia que assumiu a accedilatildeo desenvolvida no espaccedilo exterior da

instituiccedilatildeo enquanto meio de recolha de informaccedilotildees a partir das quais surgiram novas

oportunidades de aprendizagem

Atraveacutes desta experiecircncia de aprendizagem pudemos explorar com as crianccedilas

aacutereas e domiacutenios de conteuacutedo como a matemaacutetica a Linguagem oral e abordagem agrave

escrita expressatildeo plaacutestica a aacuterea do Conhecimento do Mundo e a aacuterea de Formaccedilatildeo

pessoal e Social

Sabemos que as crianccedilas satildeo grandes observadoras e criacuteticas do mundo que as

rodeia e atraveacutes dos seus comentaacuterios constataacutemos que observavam atendendo a

pormenores

Importa relevar que devemos escutar cada crianccedila valorizando a sua

contribuiccedilatildeo para o grupo fomentar o diaacutelogo entre elas e o seu desejo de comunicar

Corroboramos assim a ideia expressa nas OCEPE (MEDEB 1997) que

eacute no clima de comunicaccedilatildeo criado pelo educador que a crianccedila ira

dominando a linguagem alargando o seu vocabulaacuterio construindo frases

mais corretas e complexas adquirindo um maior domiacutenio da expressatildeo e

comunicaccedilatildeo que lhe permitam formas mais elaboradas de representaccedilatildeo (p

67)

Concluiacutemos que eacute crucial que o educador planeie situaccedilotildees de aprendizagem que

sejam desafiadoras para as crianccedilas de modo a que as motive e as estimule a aprender e

a desenvolver-se Esta experiecircncia permitiu ainda perceber que para aleacutem das atividades

planeadas foram integradas outras propostas pelas crianccedilas A este respeito importa

relembrar que ldquoo planeamento realizado com a participaccedilatildeo das crianccedilas permite ao

grupo beneficiar da sua diversidade das capacidades e competecircncias de cada crianccedila

num processo de partilha facilitador da aprendizagem e do desenvolvimento de todas e

de cada umardquo (MEDEB 1997 p 26)

58

Tentaacutemos ainda articular todas as aacutereas do conteuacutedo pois como se refere nas

OCEPE (idem) ldquoque as diferentes aacutereas de conteuacutedo deveratildeo ser consideradas como

referencias a ter em conta do planeamento e avaliaccedilatildeo e experiecircncias e oportunidades

educativas e natildeo como compartimentos estanque a serem abordados separadamenterdquo (p

48)

59

IV Reflexatildeo Criacutetica

Refletimos nesta uacuteltima parte sobre a praacutetica educativa desenvolvida

abordando os conteuacutedos que procuraacutemos explorar com as crianccedilas

No iniacutecio da praacutetica educativa as expectativas eram muitas as quais se prendiam

com o desenvolvimento de atividades estimulantes e criativas o respondermos agraves

solicitaccedilotildees de todas crianccedilas e o sermos bem acolhidas pelas crianccedilas e membros da

instituiccedilatildeo entre outras As duacutevidas e os receios eram tambeacutem muitos mas com o

decorrer do tempo fomos conhecendo as crianccedilas e ganhando laccedilos de afeto ajudando-

nos a ultrapassar estes sentimentos Para tal foi importante a reflexatildeo e o diaacutelogo com

os diferentes intervenientes no processo educativo gerando-se um ambiente de

compreensatildeo e ajuda muacutetua

Procuraacutemos ter disponibilidade para cooperar para experienciar de certa forma

para aprender com os erros e com as conquistas alcanccediladas reconhecendo que em certas

alturas conseguimos suscitar o envolvimento das crianccedilas e criar atividades

enriquecedoras Poreacutem noutros momentos sentimos algumas dificuldades no que se

refere agrave elaboraccedilatildeo da planificaccedilatildeo das atividades e ao tornar acessiacutevel agraves crianccedilas a

compreensatildeo de alguns conteuacutedos o que tentaacutemos ir superando de forma a criar

respostas adaptadas agraves suas necessidades e do grupo Este processo permitiu-nos

aprender e desenvolver-nos do ponto de vista pessoal e profissional

Demos importacircncia agraves atividades iniciadas pelas crianccedilas tentamos responder agraves

suas duacutevidas e procuraacutemos desenvolver com elas experiecircncias de aprendizagem que

incluiacutessem as diferentes aacutereas e domiacutenios de conteuacutedo curricular

Refletimos sobre as perspetivas de aprendizagem nas quais buscaacutemos apoiar a

accedilatildeo educativa que desenvolvemos destacando o papel ativo das crianccedilas Nesta

reflexatildeo procuraacutemos relevar e retratar as vaacuterias dimensotildees da accedilatildeo educativa

merecendo-nos particular atenccedilatildeo as intervenccedilotildees os espaccedilos a observaccedilatildeo

planificaccedilatildeo entre outros

Procuraacutemos evidenciar as ideias que estiveram na base da praacutetica de ensino

supervisionada desenvolvida e aprendizagens promovidas com as crianccedilas Assim

valorizando as perspetivas das crianccedilas e procurando a curiosidade e o desejo de querer

saber sempre mais sentimentos que foram manifestados pelas crianccedilas e que

procuramos ter em consideraccedilatildeo para ir regulando a nossa praacutetica em ordem agrave

60

construccedilatildeo de oportunidades educativas que favorecessem a progressatildeo de cada uma e

do grupo O trabalho colaborativo quer com os adultos quer com as crianccedilas foi na

dimensatildeo valorada e que constitui o suporte para uma continuada progressatildeo do ponto

de vista da nossa formaccedilatildeo pessoal e profissional Nesta linha de pensamento

relevamos que como afirmam Hohmann e Weikart (2011)

Quando as crianccedilas e os adultos trabalham em conjunto em qualquer

ambiente de aprendizagem em acccedilatildeo sustentado num clima de apoio

interpessoal as crianccedilas sentem-se motivadas a prosseguir e levar a bom

porto as suas intenccedilotildees e motivaccedilotildees Os adultos encorajam as crianccedilas a

utilizar aquilo que sabem para resolver problemas e a iniciar novas

experiecircncias atraveacutes das quais ganharatildeo uma outra compreensatildeo sobre o que

as rodeia (p 75)

A maioria das crianccedilas da sala mostrou implicaccedilatildeo nos trabalhos desenvolvidos

vontade de realizar novas experiecircncias e procurar diferentes fontes de informaccedilatildeo O

gosto por participar e por conhecer suscitavam questionamentos e a procura de novas e

diferentes formas de informaccedilatildeo

Aproveitaacutevamos momentos em grande grupo momentos em pequenos grupos

momentos na sala e momentos no recreio para observar as crianccedilas da sala e refletir

sobre as suas curiosidades e motivaccedilotildees Procuramos observar as crianccedilas e registar

informaccedilatildeo sobre o cada uma e o grupo o que natildeo foi tarefa faacutecil considerando o duplo

papel que tiacutenhamos que assumir o de observadores e atores Acrecenta-se ainda a esse

aspeto a dimensatildeo extenccedila do grupo o tempo limitado destinado agrave praacutetica para que

pudesse ser-lhe dada continuidade

Tivemos em conta os interesses das crianccedilas e pusemos o foco de atenccedilatildeo nas

interaccedilotildees que estas estabeleciam com os objetos e os adultos de forma a desenvolver

desse modo aprendizagens com significado

As crianccedilas desde o iniacutecio da praacutetica educativa foram demonstrando que as

atividades tinham significado para elas pois trabalhavam com motivaccedilatildeo e entusiasmo e

mostravam recordar-se das experiecircncias realizadas como exemplo as desenolvidas em

torno da histoacuteria do Elmer

Apesar de ser um grupo constituiacutedo por vaacuterios elementos preocupamo-nos que

cada crianccedila pudesse escolher e ter faacutecil acesso as aacutereas e materiais da sala de uma

forma autoacutenoma ocasionando dessa forma aprendizagens ativas nas mesmas pois eacute

atraveacutes da accedilatildeo com os materiais que as crianccedilas chegam agrave compreensatildeo do mundo

Estas tendo a possibilidade de escolher e sendo as mesmas a tomar decisotildees e

61

resolvendo os problemas que apareciam no dia-a-dia desenvolviam a sua

independecircncia

Esteve presente a preocupaccedilatildeo de planificar e criar experiecircncias de

aprendizagem de modo a que todas as crianccedilas se envolvessem nas atividades e nos

momentos de brincadeiras fazendo com que estas desenvolvessem cada vez mais

competecircncias

Pudemos evidenciar que existiram bastantes momentos aproveitados para

dialogar com as crianccedilas permitindo desse modo conhececirc-las de uma forma

individualizada permitindo escutar as suas opiniotildees questionar e sermos questionados

partilhar e engrandecer os saberes das crianccedilas

Para a realizaccedilatildeo da praacutetica educativa utilizamos a planificaccedilatildeo semanal como

instrumento sistemaacutetico de trabalho procuraacutemos bastante informaccedilatildeo em diversos

documentos direcionados para o preacute-escolar contudo natildeo descartamos outros

documentos essenciais a uma planificaccedilatildeo rica nos seus conteuacutedos e procuraacutemos

orientar os diferentes elementos do curriacuteculo em conformidade com as necessidades e

interesses das crianccedilas A elaboraccedilatildeo das planificaccedilotildees foram desde cedo pensadas e

realizadas em conformidade com os conteuacutedos adequados agrave idade das crianccedilas e

adequadas agrave evoluccedilatildeo das mesmas por isso tentaacutemos clarificar todas as atividades para

que natildeo houvesse duacutevidas nas mesmas por parte dos destinataacuterios

Apercebemo-nos que as atividades planificadas tiveram constantemente ligaccedilatildeo

umas com as outras Por vezes surgiam atividades que natildeo estavam previstas nas

planificaccedilotildees mas surgiam em conformidade com a curiosidade das crianccedilas e

manifestaccedilatildeo destas em quererem aprender sempre mais sobre certos conteuacutedos Sendo

que estas favoreciam em vaacuterias ocasiotildees o desenvolvimento de competecircncias em

diversos domiacutenios tornando desse modo mais faacutecil trabalhar todos e cada um

As experiecircncias de aprendizagem foram organizadas de modo a surgirem

aprendizagens ativas e significativas nas crianccedilas desafiando-as a participar a serem as

mesmas a intervir nas atividades a realizaacute-las a tirar partido de toda a informaccedilatildeo e de

todos os conteuacutedos a tomar iniciativa e a aprenderem informaccedilotildees necessaacuterias sobre

cada domiacutenio da educaccedilatildeo preacute-escolar

Em diversas atividades estiveram presentes histoacuterias que eram novas para as

crianccedilas e continham informaccedilotildees novas para as mesmas e pudemos atraveacutes destas

trabalhar diversos conteuacutedos Tentamos que as histoacuterias despertassem na crianccedila

curiosidade em aprender mais sobre tudo o que nos rodeia tentando durante a leitura da

62

mesma captar a atenccedilatildeo das crianccedilas e fazer com que estas pudessem trabalhar o

imaginaacuterio e pocirc-lo em praacutetica na realidade

Eacute pertinente afirmar que os adultos possuem um papel importante no que

respeita a motivaccedilatildeo das crianccedilas de modo a que autonomamente estas vatildeo ao

encontro do que podem aprender com a escrita e a leitura percebendo assim a

importacircncia destes conteuacutedos para o seu futuro

Buscaacutemos em vaacuterios aspetos relacionar o que as crianccedilas escutavam com toda a

informaccedilatildeo que possuiacuteam previamente As crianccedilas eram questionadas e inclusive

dialogaacutevamos com elas sobre o conteuacutedo da leitura Como mencionam Sim-sim Silva e

Nunes (2008) a interaccedilatildeo das educadoras durante a leitura de livros em sala de

atividades tem muito a ver com a forma como estas leem livros com crianccedilas em

contexto de grupo e que estaacute fortemente relacionada com o desenvolvimento a longo

prazo do vocabulaacuterio e de competecircncias de compreensatildeo de histoacuterias

Abordando um pouco a gestatildeo do tempo e dos espaccedilos podemos afirmar que

efetuamos durante toda a praacutetica uma flexibilidade em relaccedilatildeo agrave gestatildeo da rotina

diaacuteria existente na sala Pois para a criaccedilatildeo de um bom ambiente educativo eacute

necessaacuterio existir uma boa organizaccedilatildeo de tempo das atividades

O trabalho em pequeno e grande grupo possibilitou-nos um melhor

acompanhamento das crianccedilas de forma a compreendermos os interesses e motivaccedilotildees

destas e estimulando-as a experimentar e promover a cooperaccedilatildeo com as outras crianccedilas

do grupo Destacamos neste sentido que como sublinham as Orientaccedilotildees Curriculares

(MEDEB 1997) ldquoa relaccedilatildeo que o educador estabelece com cada crianccedila eacute facilitadora

da sua inserccedilatildeo no grupo e das relaccedilotildees com as outras crianccedilasrdquo (p 35) Eacute necessaacuterio

considerar que essa relaccedilatildeo envolve a criaccedilatildeo de um ambiente agradaacutevel onde cada crianccedila

se sinta ouvida

Recordaacutemos que o jardim-de-infacircncia deve facultar um conjunto alargado de

saberes permitir formar pessoas autoacutenomas livres e solidaacuterias Procuraacutemos ajudar as

crianccedilas a desenvolverem as habilidades necessaacuterias para tomar decisotildees elucidadas

Consideraacutemos que as experiecircncias de aprendizagem facultaram agraves crianccedilas um

equiliacutebrio de experiecircncias nas diferentes aacutereas e domiacutenios de aprendizagem e que se

revelaram positivas pela participaccedilatildeo ativa demonstrada pelas crianccedilas o empenho e

concentraccedilatildeo das mesmas nas atividades

As crianccedilas foram os elementos centrais na praacutetica educativa porque para aleacutem

de participarem nas atividades tambeacutem participavam em todos os momentos de

63

diaacutelogo onde deram as suas opiniotildees e foi atraveacutes de todos estes momentos que

aproveitamos para proporcionar agraves crianccedilas atividades enriquecedoras aproveitando a

maioria das vezes situaccedilotildees segundo as ideias preacutevias das crianccedilas

Desejaacutemos que as crianccedilas se tornem sucessivamente mais autoacutenomas

responsaacuteveis curiosas e em accedilatildeo

Achaacutemos que as estrateacutegias que utilizamos proporcionaram agraves crianccedilas desfrutar

de oportunidades de bem-estar e de desenvolvimento de competecircncias a diversos niacuteveis

Apercebemo-nos ao longo da accedilatildeo educativa que a partilha de conhecimentos

conduziu-nos e conduziraacute futuramente agrave construccedilatildeo de novos e diferentes saberes

Atualmente e terminada a nossa experiecircncia da praacutetica educativa achaacutemos

todas as estrateacutegias que utilizamos facultaram agraves crianccedilas oportunidades de bem-estar e

desenvolvimento a vaacuterios niacuteveis Estas oportunidades de conhecimento conduziram a

crianccedila agrave construccedilatildeo de novos saberes indo ao encontro ao nosso objetivo final Sendo

assim podemos afirmar que as nossas intenccedilotildees foram concretizadas

Em suma achaacutemos pertinente afirmar que todo o trabalhado realizado

proporcionou aprendizagens significativas na nossa formaccedilatildeo como educadoras de

infacircncia

64

Consideraccedilotildees Finais

Finda esta etapa onde as conquistas e desafios foram variados e que em muito

contribuiu para o desenvolvimento de competecircncias profissionais e pessoais eacute chegado

o momento de efetuar algumas consideraccedilotildees acerca do desenvolvimento da praacutetica

educativa

Acreditamos que as caracteriacutesticas consideradas fundamentais para o nosso

desempenho profissional como futuros educadores de infacircncia foram alvo de progresso

ao longo da praacutetica educativa que desenvolvemos Salientamos o importante papel que a

supervisora teve neste processo de formaccedilatildeo em que os feedbacks dados pela mesma

nos levaram a um claro progresso Esta partilha permitiu uma constante reflexatildeo sobre

as praacuteticas promovidas e contribuiu desta maneira para o nosso desenvolvimento

profissional e pessoal

As crianccedilas assumiram neste processo um papel importante papel considerando

que foram criadoras de situaccedilotildees que nos ajudaram a refletir e a investir na procura de

novas informaccedilotildees para que pudeacutessemos encontrar respostas coerentes e com

continuidade As experiecircncias de aprendizagem vividas no contexto onde decorreu a

praacutetica de ensino possibilitaram-nos aprender e desenvolver competecircncias relacionadas

com a dimensatildeo da aprendizagem e desenvolvimento das crianccedilas da integraccedilatildeo do

curriacuteculo da interaccedilatildeo e de dimensatildeo eacutetica e social Para tal os contributos dos vaacuterios

agentes educativos revelaram-se fundamentais neste curto processo de formaccedilatildeo

Concluindo reconhecemos que ainda temos um longo caminho a percorrer no

entanto estamos cientes do caminho que percorremos e do importante papel que neste

processo assumiu a praacutetica de ensino supervisionada Sublinhamos que construiacutemos

novos olhares sobre a educaccedilatildeo de infacircncia a imagem da crianccedila e sobre o papel do

educador de infacircncia Esta experiecircncia proporcionou-nos uma evoluccedilatildeo na medida que

possuiacutemos um leque abrangente de experiecircncias Temos desejo em continuar a

progredir renovando conhecimentos e desenvolvendo novas aprendizagens ao longo da

vida com vista agrave realizaccedilatildeo pessoal e profissional

65

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Page 5: Cátia Alexandra Mendes Machado...Figura 13 - Livro - Elmer e o arco-íris de David Mckee. ..... 39 Figura 14 - Desenho de um arco-íris realizado por uma criança da sala..... 41

V

Abstract

The fundamental role that the pre-school education takes on the lives of children

requires that particular attention be given to educational practices that her experience In

this sense placed themselves us challenges and requirements throughout our supervised

teaching practice that we propose to present and reflect in the present report The

educational intervention was developed with a group of 4-year-old child and ran a

kindergarten of the Private Social Solidarity Network

The report includes the contextualization of the institution the characterization

of the Group of children and educational environment more specifically the space time

and educational interactions Integrates the educational options Foundation and the

description and analysis of educational practice that developed throughout the

academic year 2012-2013 within the masters degree course in Kindergarten Education

Finally it presents a reflection about the entirety of the educational activity

developed looking for relaunch about her a new look in order to better understand and

identify their contributions to our professional and personal development

Keywords Preschool Education learning active learning experiences

VI

Iacutendice geral

Agradecimentos III

Resumo IV

Abstract V

Iacutendice de Figuras VII

Introduccedilatildeo 1

I Contextualizaccedilatildeo da Praacutetica de Ensino Supervisionada 3

11Caraterizaccedilatildeo da instituiccedilatildeo 3

12Caraterizaccedilatildeo do grupo de crianccedilas 4

13Organizaccedilatildeo do ambiente educativo 6

131Caracterizaccedilatildeo do espaccedilo 7

1311Espaccedilo interior 7

1312Espaccedilo exterior 11

132Rotina diaacuteria 12

133As interaccedilotildees 14

II Fundamentaccedilatildeo das opccedilotildees educativas 17

21A aprendizagem como um processo ativo 17

22Modelos Curriculares 19

23Linhas de orientaccedilotildees curricular da educaccedilatildeo preacute-escolar 24

III Descriccedilatildeo e anaacutelise das experiecircncias de aprendizagem 31

31Experiecircncia de aprendizagem Respeitar as diferenccedilas um desafio para todos 32

32Experiecircncia de aprendizagem Aprender a observar e conhecer 39

33Experiecircncia de aprendizagem Conhecendo diferentes culturas 45

34Experiecircncia de aprendizagem Descobrir trabalhando colaborativamente 52

IV Reflexatildeo Criacutetica 59

Consideraccedilotildees Finais 64

Bibliografia 65

VII

Iacutendice de Figuras

Figura 1 - Identificaccedilatildeo das aacutereas da sala 7

Figura 2 - Planta da sala 9

Figura 3- Aacuterea da biblioteca 9

Figura 4 - Aacuterea da escrita 10

Figura 5 - Aacuterea dos jogos 10

Figura 6- Aacuterea da casa espaccedilo do quarto 10

Figura 7 - Espaccedilo da cozinha 10

Figura 8 - Aacuterea da garagemconstruccedilotildees 11

Figura 9 - Quadro semanal de presenccedilas 11

Figura 10 ndash Produccedilotildees das crianccedilas em plasticina na sequecircncia da exploraccedilatildeo da

histoacuteria do Elmer 35

Figura 11 - Crianccedila colocando o animal no habitat 37

Figura 12 - Quadro das cores primaacuterias e secundaacuterias 38

Figura 13 - Livro - Elmer e o arco-iacuteris de David Mckee 39

Figura 14 - Desenho de um arco-iacuteris realizado por uma crianccedila da sala 41

Figura 15 - Arco-iacuteris elaborado por uma crianccedila da sala 41

Figura 16 - Crianccedilas jogando o Jogo dos sorrisos 42

Figura 17 - Resultado da atividade praacutetica sobre a formaccedilatildeo do arco-iacuteris 43

Figura 18 - Interajuda entre as crianccedilas da sala 48

Figura 19 - Sequecircncia de imagens da construccedilatildeo do cartaz 51

Figura 20 - Crianccedilas procurando objetos da respetiva cor 53

Figura 21 - Crianccedila preenchendo a tabela das cores favoritas 56

1

Introduccedilatildeo

A educaccedilatildeo preacute-escolar eacute reconhecida como a primeira etapa da educaccedilatildeo baacutesica

no processo de educaccedilatildeo ao longo da vida da qual se espera que em

complementaridade com a accedilatildeo educativa da famiacutelia favoreccedila a formaccedilatildeo e o

desenvolvimento das crianccedilas tendo em vista a sua plena inserccedilatildeo na sociedade como

seres autoacutenomos livres e solidaacuterios (Lei nordm597 de 10 de fevereiro artordm 2ordm) Como tal

devemos proporcionar agraves crianccedilas experiecircncias de aprendizagem de natureza diversa

atraveacutes das quais possam aprender e desenvolver-se

Sendo o educador o construtor e o gestor do curriacuteculo (MEDEB 1997)1 deve

procurar fazecirc-lo em equipa e escutando os saberes das crianccedilas das suas famiacutelias e da

comunidade As Orientaccedilotildees Curriculares para a Educaccedilatildeo Preacute-Escolar2 satildeo um ponto

de apoio para o processo educativo a desenvolver

A faixa etaacuteria em que se encontravam as crianccedilas do grupo com o qual

desenvolvemos a praacutetica de ensino supervisionada requer uma constante atenccedilatildeo e

resposta pelo que pressupotildee que o educador exerccedila a sua accedilatildeo profissional com

entusiasmo e dedicaccedilatildeo suficiente para tornar possiacutevel que as crianccedilas aprendam e

possam ser cidadatildeos responsaacuteveis e dotados de consciecircncia ciacutevica e moral

Eacute nesta linha de pensamento que se integra o trabalho que desenvolvemos e

apresentamos neste relatoacuterio Como tal propomo-nos destacar os aspetos que podem

ajudar agrave sua compreensatildeo procurando que seja o mais congruente possiacutevel com aquela

que eacute a representaccedilatildeo que temos do que foi a nossa praacutetica de ensino supervisionada

A sua estrutura contempla num primeiro capiacutetulo a caraterizaccedilatildeo do contexto

educativo em particular no que se refere agrave organizaccedilatildeo da instituiccedilatildeo e agrave constituiccedilatildeo e

carateriacutesticas de aprendizagem do grupo de crianccedilas com o qual desenvolvemos a

praacutetica educativa bem como agrave organizaccedilatildeo do ambiente educativo considerando o

espaccedilo e os materiais o tempo pedagoacutegico e as interaccedilotildees estabelecidas ao niacutevel do

grupo Neste acircmbito relevamos a implicaccedilatildeo de todos adultos e crianccedilas na criaccedilatildeo de

oportunidades de accedilatildeo e de relaccedilatildeo que favorecessem o seu bem-estar e

desenvolvimento

No segundo capiacutetulo procedemos agrave fundamentaccedilatildeo das opccedilotildees educativas

procurando aprofundar conhecimentos sobre o processo de aprendizagem numa

1 Ministeacuterio da EducaccedilatildeoDepartamento de Educaccedilatildeo Baacutesica

2 Considerando que ao longo do presente relatoacuterio vamos utilizar vaacuterias vezes esta fonte de referecircncia

passamos a indicaacute-las apenas pela sigla OCEPE

2

perspetiva ativa e os modelos curriculares que favorecem a construccedilatildeo de uma praacutetica

desta natureza como o modelo HighScope o modelo Reggio Emilia e o modelo da

Escola Moderna Debruccedilamo-nos ainda sobre as linhas de orientaccedilatildeo curricular para a

educaccedilatildeo preacute-escolar atribuindo particular atenccedilatildeo agraves dimensotildees contempladas em cada

aacuterea de conteuacutedo no quadro de uma construccedilatildeo articulada do saber

No terceiro capiacutetulo apresentamos um conjunto de quatro experiecircncias de

aprendizagem que desenvolvemos com as crianccedilas ao longo do ano letivo incluindo

algumas evidecircncias desse trabalho atraveacutes de fotografias e notas de campo sobre os

diaacutelogos das crianccedilas Estas experiecircncias de aprendizagem relevam a importacircncia de

cada um aprender a valorizar respeitar e aceitar-se a si proacuteprio e aos outros no quadro

de exerciacutecio de uma cidadania facilitadora da integraccedilatildeo de todos

Por uacuteltimo incluiacutemos uma reflexatildeo sobre a praacutetica educativa na se efetiva uma

suacutemula reflexiva sobre as diferentes dimensotildees do processo de aprendizagem o papel

que como educadores nos cabe assumir e as implicaccedilotildees de percurso formativo

experienciado por crianccedilas e adultos Relevamos os importantes contributos deste

processo natildeo apenas para a aprendizagem e desenvolvimento das crianccedilas mas tambeacutem

para a nossa formaccedilatildeo e desenvolvimento pessoal e profissional Este requer

continuidade no sentido de podermos responder aos desafios e exigecircncias emergentes

3

I Contextualizaccedilatildeo da Praacutetica de Ensino Supervisionada

11 Caraterizaccedilatildeo da instituiccedilatildeo

O contexto em que realizaacutemos a praacutetica educativa era uma instituiccedilatildeo particular

de solidariedade social (IPSS) situada na cidade de Braganccedila e incluiacutea serviccedilos de

creche jardim-de-infacircncia e centro de conviacutevio para idosos O horaacuterio de

funcionamento da instituiccedilatildeo era extenso mantendo-se aberta das 7h45min ateacute agraves 19h

incluindo neles e no que se refere aos serviccedilos destinados agrave educaccedilatildeo de infacircncia a

componentes educativa e a componente de apoio agrave famiacutelia A componente educativa

decorre num total de cinco horas por dia de manhatilde das 9h agraves 12h e de tarde das 14h e

agraves 16h Os restantes tempos englobam atividades socioeducativas e de serviccedilo de

almoccedilos sendo estes frequentados pelas crianccedilas segundo a necessidade das famiacutelias e

normalmente em funccedilatildeo da sua ocupaccedilatildeo laboral

No que se refere ao edifiacutecio eacute constituiacutedo por trecircs andares funcionando no reacutes-

do-chatildeo o centro de dia e conviacutevio o gabinete de psicologia o posto meacutedico o bar

lavandaria e garagem No primeiro andar funciona o Jardim-de-Infacircncia constituiacutedo por

trecircs salas de atividades e ainda alguns espaccedilos de apoio como a cozinha refeitoacuterio

vestiaacuterio bem como a secretaria da instituiccedilatildeo

No segundo andar funciona a creche com seis salas na sua totalidade uma copa

de leites refeitoacuterio arrecadaccedilotildees e um salatildeo polivalente no qual se realizam festas a

praacutetica da expressatildeo motora e tambeacutem atividades em grande grupo Neste andar

localiza-se ainda a sala da direccedilatildeo da instituiccedilatildeo Os andares encontram-se ligados por

escadas e cada um estaacute equipado com instalaccedilotildees sanitaacuterias adequadas agraves faixas etaacuterias

para que cada setor a que se destina Os espaccedilos interiores da instituiccedilatildeo e os

equipamentos da mesma encontram-se em bom estado de conservaccedilatildeo

No que se refere aos espaccedilos exteriores possui um espaccedilo de recreio com zonas

luacutedicas delimitadas incluindo um espaccedilo pavimentado e outro com areia Este estaacute

equipado com um parque infantil O espaccedilo cimentado de recreio eacute utilizado no periacuteodo

de entrada e saiacuteda das crianccedilas como zona de paragem das viaturas dos pais dado

limitado espaccedilo que ao niacutevel da via puacuteblica existe para o efeito Existem alguns

materiais de apoio agraves atividades de recreio exterior sendo deslocados pelas crianccedilas do

interior para o exterior e vice-versa quando terminadas as atividades

4

Considerando que como referem as Orientaccedilotildees Curriculares para a Educaccedilatildeo

Preacute-escolar (MEDEB 1997) ldquoo meio em que a crianccedila vive influenciaraacute o modo como

esta se iraacute desenvolverrdquo (p 31) importa que nos interroguemos sobre o modo como o

ambiente educativo da instituiccedilatildeo se encontra organizado e que nos esforcemos para

contribuir para enriquececirc-lo Nesta linha de pensamento importa sublinhar que foi

nossa preocupaccedilatildeo colaborar com os profissionais da instituiccedilatildeo e as crianccedilas nessa

organizaccedilatildeo de modo a construir um ambiente que se constituiacutesse como potencialmente

facilitador do desenvolvimento de todos crianccedilas e adultos

A equipa pedagoacutegica da instituiccedilatildeo era constituiacuteda por seis educadoras de

infacircncia trecircs na modalidade de creche e trecircs na de jardim de jardim-de-infacircncia

assumindo uma destas as funccedilotildees de coordenadora pedagoacutegica Esta equipa contava

ainda com o apoio de um grupo alargado de assistentes operacionais uma por sala no

que se refere agrave etapa preacute-escolar bem como da psicoacuteloga e da direccedilatildeo administrativa da

instituiccedilatildeo

12 Caraterizaccedilatildeo do grupo de crianccedilas

Como se refere nas OCEPE (MEDEB 1997) haacute diferentes fatores que

influenciam o modo proacuteprio de funcionamento do grupo como por exemplo a sua

dimensatildeo e o maior ou menor nuacutemero de crianccedilas de cada sexo pelo que importa que

na accedilatildeo educativa a promover se atenda agrave sua contextualizaccedilatildeo

O grupo de crianccedilas com o qual desenvolvemos a praacutetica educativa apresentava

uma dimensatildeo extensa integrando vinte e cinco crianccedilas com quatro anos idades Ao

niacutevel do nuacutemero de crianccedilas de cada sexo pode entender-se que era um grupo com uma

organizaccedilatildeo equilibrada integrando doze crianccedilas do sexo masculino e treze do sexo

feminino

Segundo informaccedilotildees fornecidas pela educadora de infacircncia cooperante a

maioria das crianccedilas frequentavam a instituiccedilatildeo desde a creche encontrando-se apenas

duas crianccedilas a frequentaacute-la pela primeira vez Importa ainda referir que integravam o

grupo trecircs crianccedilas de origem natildeo portuguesa duas crianccedilas que eram irmatildeos naturais

de Espanha e outra que era Ucraniana

5

Segundo o referido nas OCEPE (MEDEB 1997)

observar cada crianccedila e o grupo para conhecer as suas capacidades interesses e

dificuldades recolher as informaccedilotildees sobre o contexto familiar e o meio em que

as crianccedilas vivem satildeo praacuteticas necessaacuterias para compreender melhor as

caracteriacutesticas das crianccedilas e adequar o processo educativo agraves suas necessidades

(p 25)

Nesta linha de pensamento importa considerar as caracteriacutesticas que nos foi

possiacutevel observar das crianccedilas quer a niacutevel individual quer a niacutevel grupo ao longo ano

letivo Assim importa referir que relativo a questotildees relacionadas com a vida em

grupo as crianccedilas manifestavam saber orientar-se em relaccedilatildeo agraves normas e regras

definidas na sala ainda que nem sempre lhes fosse faacutecil respeitaacute-las como partilhar

materiais com os colegas e saber esperar pela sua vez

Os tempos da rotina eram do seu conhecimento e manifestavam independecircncia

no que se refere agrave realizaccedilatildeo da higiene pessoal e tomada de refeiccedilotildees Dum modo geral

as crianccedilas envolviam-se nas atividades quer nas propostas por noacutes quer nas da sua

iniciativa revelando-se um grupo ativo

Ao niacutevel das preferecircncias em relaccedilatildeo agraves aacutereas de atividade da sala as aacutereas mais

escolhidas pelas crianccedilas eram a da casa e a das construccedilotildeesgaragem Enquanto a

primeira era frequentada por ambos os sexos a segunda era mais frequentada pelo sexo

masculino ainda que procuraacutessemos salientar a importacircncia de trabalharbrincar em

todas pelas diferentes experiecircncias que lhes permitiam efetuar

As atividades ao niacutevel da expressatildeo dramaacutetica e plaacutestica bem como a entoaccedilatildeo

de canccedilotildees e o escutar de histoacuterias integravam-se tambeacutem entre as preferecircncias do

grupo As crianccedilas manifestavam-se curiosas em conhecer o conteuacutedo das histoacuterias e em

colocar questotildees sobre as mesmas quando natildeo percebiam alguma palavra expressatildeo ou

frase

Sendo o espaccedilo de dimensatildeo limitada face agrave dimensatildeo do grupo as crianccedilas em

geral manifestavam organizar-se nas suas brincadeiras e relaccedilotildees sem se perturbar uns

aos outros com exceccedilatildeo de uma crianccedila que desestabilizava o grupo

No que respeita agrave expressatildeo oral era evidente o desenvolvimento das crianccedilas

com exceccedilatildeo na pronuacutencia de algumas palavras sobretudo no iniacutecio do ano e no que se

refere ao uso de determinados tempos verbais aspeto que era mais evidente em duas

crianccedilas utilizando com frequecircncia por exemplo a expressatildeo ldquoeu sabordquo em vez de ldquoeu

seirdquo o que foi sendo ultrapassado no decurso do ano letivo

6

Verificaacutemos ainda que como referem Hohmann e Weikart (2011) ldquopor vezes as

crianccedilas hesitam enquanto procuram palavras para expressar uma ideia nova

particularmente difiacutecilrdquo (p 534) e que eacute importante dar-lhes tempo para que elas

proacuteprias escolham as palavras de que necessitam e evitar interferirmos com as suas

proacuteprias sugestotildees

Considerando que como refere Oliveira-Formosinho (2007a) ldquoa escuta eacute um

meio para ouvir a crianccedila sobre a sua colaboraccedilatildeo no processo de co-construccedilatildeo do

conhecimentordquo (p 32) procuraacutemos estabelecer diaacutelogos em que as crianccedilas usufruiacutessem

de tempo para se expressar e que nos permitissem conhecermos as crianccedilas

No que respeita ao nuacutecleo familiar das crianccedilas e considerando os dados que

constam das suas fichas de inscriccedilatildeo a maioria dos pais famiacutelia das crianccedilas advecircm de

um meio socioeconoacutemico meacutedio trabalham nos vaacuterios setores de atividade sendo que a

maioria trabalha como funcionaacuterio puacuteblico No que se refere ao nuacutemero de irmatildeos de

acordo com os dados dessas mesmas fichas quinze crianccedilas tecircm um irmatildeo nove

crianccedilas natildeo tecircm irmatildeos e sobre uma crianccedila natildeo foi possiacutevel recolher esse dado

13 Organizaccedilatildeo do ambiente educativo

Sendo um jardim-de-infacircncia um contexto institucional destinado a crianccedilas de

tenra idade deve estar organizado de forma a proporcionar o indispensaacutevel bem-estar

prazer em frequentaacute-lo e favorecer atividades de ludicidade que motivem agrave

aprendizagem Posto isto julgamos de grande importacircncia organizar um ambiente

educativo agradaacutevel estaacutevel e que seja favoraacutevel agrave aprendizagem significativa da

crianccedila

Demos importacircncia ao horaacuterio de atendimento aos pais pois em nossa opiniatildeo eacute

um bom meio de incentivar os pais a deslocarem-se agrave instituiccedilatildeo na qual a sua crianccedila

estaacute inserida e estarem informados das suas condiccedilotildees conhecimento da funcionalidade

da instituiccedilatildeo ter a oportunidade de conversar com as educadoras e estarem a par da

evoluccedilatildeo das crianccedilas conseguirem tambeacutem ter conhecimento das atividades realizadas

e dos seus resultados

De acordo com o que se refere nas OCEPE (MEMEB 1997) importa ter em

conta que ldquoa famiacutelia e a instituiccedilatildeo de educaccedilatildeo preacute-escolar satildeo dois contextos sociais

que contribuem para a educaccedilatildeo da mesma crianccedila importa por isso que haja uma

relaccedilatildeo entre estes dois sistemasrdquo (p 43)

7

131 Caracterizaccedilatildeo do espaccedilo

Evidenciando o espaccedilo interior e o exterior pois os dois tecircm um papel

fundamental no processo educativo e no desenvolvimento das crianccedilas e concordando

com Oliveira-Formosinho e Andrade (2011a) ldquopensamos o espaccedilo como um territoacuterio

organizado para a aprendizagem um lugar de bem-estar alegria e prazer Procuramos

que o espaccedilo pedagoacutegico seja aberto agraves vivecircncias e interesses das crianccedilas e

comunidades seja seguro seja luacutedico e culturalrdquo (p 11)

1311 Espaccedilo interior

A sala apesar da sua pequena dimensatildeo estava cuidadosamente organizada e

todos os espaccedilos eram aproveitados para possibilitar agraves crianccedilas a oportunidade de

experimentar e manipular os materiais Juntamente com o espaccedilo e os materiais foi

possiacutevel realizar diversas experiecircncias de aprendizagem dentro da sala As crianccedilas

conseguiam movimentar-se e explorar as aacutereas e o que as mesmas tinham para lhes

proporcionar Tal como estaacute presente nas OCEPE (MEDEB 1997) ldquoo procedimento

de aprendizagem implica tambeacutem que as crianccedilas compreendam como o espaccedilo estaacute

organizado e como pode ser utilizado e que participem nessa organizaccedilatildeo (hellip) o

conhecimento do espaccedilo dos materiais e das actividades possiacuteveis eacute tambeacutem condiccedilatildeo

de autonomia da crianccedila e do grupordquo (p 38)

A sala na qual desenvolvemos a praacutetica

de accedilatildeo pedagoacutegica apresentava uma forma

retangular e como anteriormente foi referido a

sala natildeo possuiacutea grandes dimensotildees Desde o

iniacutecio percebemos que toda ela estava

previamente dividida por aacutereas e todas elas

estavam identificadas com uma placa com o nome e o

nuacutemero de crianccedilas que poderiam frequentar em simultacircneo Cada crianccedila era

representada com um siacutembolo um sorriso por cada crianccedila como podemos verificar na

figura 1 Ainda nas placas de identificaccedilatildeo das aacutereas podiacuteamos verificar desenhos

realizados pelas crianccedilas Procuramos ainda atender a que como lembram Oliveira-

Formosinho e Andrade (2011a)

Figura 1 - Identificaccedilatildeo das aacutereas da sala

8

As crianccedilas tecircm o direito de crescer em espaccedilos onde o cuidado e a atenccedilatildeo

prestados agrave dimensatildeo esteacutetica constituam um princiacutepio educativo baacutesico As

experiecircncias que as crianccedilas vivem com o espaccedilo devem poder converter-se em

experiecircncias esteacuteticas de prazer e de bem-estar (p 12)

Uma das paredes da sala possuiacutea trecircs janelas com visionamento para o exterior

Estas proporcionavam uma agradaacutevel luminosidade natural e possibilitavam ainda

identificar o estado do tempo A sala encontrava-se igualmente devidamente equipada

com sistema de aquecimento funcionando este em situaccedilotildees necessaacuterias No que

respeita ao pavimento da sala este possuiacutea uma cor azulada clara resistente lavaacutevel

um pouco confortaacutevel e pouco refletora de som proporcionando desse modo um

benevolente isolamento acuacutestico

O mobiliaacuterio da sala apresentava um bom estado de conservaccedilatildeo O moacutevel de

maior dimensatildeo estava preenchido com materiais trabalhos e os portefoacutelios das

crianccedilas Havia um moacutevel para arrumaccedilatildeo de materiais sendo alguns destes de escrita

(como os laacutepis marcadores) e tambeacutem tesouras materiais reciclados e outros que

serviam de apoio agraves atividades de expressatildeo plaacutestica Encontravam-se quatro mesas na

sala de formato retangular proporcionando agraves crianccedilas um largo espaccedilo para trabalhar e

brincar sobre as mesmas todas acompanhadas por cinco cadeiras Eacute importante salientar

que as mesas e as cadeiras serviam de apoio agraves atividades em pequeno e grande grupo

Ainda na sua constituiccedilatildeo a sala possuiacutea um placard no qual eram expostos os

trabalhos realizados pelas crianccedilas embora alguns destes fossem expostos no corredor

de forma a divulgaacute-los junto dos paiscomunidade Indo ao encontro de Niza (2007)

quando refere que ldquoo ambiente geral da sala deve resultar agradaacutevel e altamente

estimulante utilizando as paredes como expositores permanentes das produccedilotildees das

crianccedilas onde rotativamente se revecircem nas suas obras de desenho pintura tapeccedilaria ou

textordquo (p 133)

A planta que se segue apresenta-nos uma perspetiva da realidade do espaccedilo

fiacutesico da sala ao longo do ano letivo considerando que as alteraccedilotildees ocorridas

incidiram na integraccedilatildeo de materiais mas natildeo na disposiccedilatildeo das aacutereas

9

A sala integrou desde iniacutecio seis aacutereas de trabalho todas devidamente

identificadas sendo estas a aacuterea da casa (cozinha e quarto) a aacuterea dos jogos a aacuterea de

acolhimento a aacuterea da biblioteca a aacuterea da escrita e a aacuterea da garagemconstruccedilotildees

Estas estavam organizadas no sentido de possibilitar ao grupo de crianccedilas um faacutecil

acesso aos distintos materiais e objetos pois como menciona Oliveira-Formosinho

(2007b) ldquoa organizaccedilatildeo do espaccedilo em aacutereas com os seus respectivos materiais (hellip)

porque estatildeo visiacuteveis acessiacuteveis e etiquetados (tambeacutem para facilitar a autonomia na

arrumaccedilatildeo) eacute uma forma poderosiacutessima de passar mensagens impliacutecitas agrave crianccedilardquo (p

68)

Podemos verificar na figura 2 que as aacutereas rotuladas como barulhentas

encontram-se um pouco afastadas das aacutereas mais calmas A aacuterea da biblioteca (figura 3)

situa-se no canto superior direito da figura 2 desfrutava de

uma boa luminosidade natural pois encontrava-se junto de

uma das janelas Esta era constituiacuteda por uma estante na qual

as crianccedilas poderiam encontrar livros variados uma mesa

circular de pequenas dimensotildees acompanhada por trecircs

cadeiras de madeira Esta proporcionava agraves crianccedilas

oportunidade agradaacutevel de explorar as ilustraccedilotildees das

histoacuterias folhear e contar histoacuterias umas agraves outras Hohmann

e Weikart (2011) referem que ldquotalvez mais nenhuma outra

actividade seja tatildeo importante para a emergente literacia da crianccedila do que um adulto ou

amigo lhe fizerrdquo (p 546)

Figura 3- Aacuterea da biblioteca

Figura 2 - Planta da sala

10

Figura 6- Aacuterea da casa

espaccedilo do quarto

Figura 5 - Aacuterea dos jogos

Do outro lado da sala estava situada a aacuterea da

escrita (figura 4) nesta as crianccedilas tinham a

oportunidade de escrever explorar as diferentes

formas das letras podendo inclusivamente manipular

materiais de escrita

No centro da sala encontrava-se a aacuterea do

acolhimento um espaccedilo destinado a momentos em grande grupo de modo a ser

possiacutevel todas as crianccedilas se visualizarem umas agraves outras partilharem interesses

ouvirem histoacuterias tinham ainda a oportunidade de cantarem canccedilotildees e dialogarem

A aacuterea dos jogos (figura 5) estava localizada perto

da aacuterea do acolhimento dispunha de uma mesa

acompanhada por cinco cadeiras e de uma estante na qual

se encontravam diversos tipos de jogos puzzles

enfiamentos dominoacutes blocos loacutegicos jogo de letras jogos

com formas geomeacutetricas entre outros Esta aacuterea permitia o

desenvolvimento cognitivo das crianccedilas aleacutem das

experiecircncias diversificadas que as motivavam para a

resoluccedilatildeo de problemas

A aacuterea da casa distribuiacutea-se por dois espaccedilos o quarto

(figura 6) e a cozinha (figura 7) O mobiliaacuterio e materiais desta

aacuterea estavam apropriados agrave altura das crianccedilas Nesta era

visiacutevel a frequente representaccedilatildeo por parte das crianccedilas

assumindo o papel de adultos imitando expressotildees gestuais e

orais Atraveacutes das bonecas as crianccedilas representavam vivecircncias

do seu dia-a-dia como vestir e despir as crianccedilas deitaacute-las a

dormir maquilhaacute-las faziam e desfaziam a cama arrumavam e

desarrumavam toda a aacuterea representando

de variadas formas o ldquofaz-de-contardquo

O espaccedilo da cozinha era utilizado para representar

vivecircncias do dia-a-dia integrando parecenccedilas com algumas

cozinhas das casas das crianccedilas e em vaacuterias situaccedilotildees as

crianccedilas assumiam os papeacuteis de adultos e representavam

momentos vividos nas suas proacuteprias casas

Figura 4 - Aacuterea da escrita

Figura 7 - Espaccedilo da

cozinha

11

Figura 9 - Quadro semanal de presenccedilas

A uacuteltima aacuterea a ser apresentada eacute intitulada pela aacuterea da

garagemconstruccedilotildees (figura 8) Nesta as crianccedilas usavam

materiais como carros ferramentas de mecacircnica uma pista de

carros entre outros As crianccedilas principalmente do sexo

masculino apropriavam-se ou tentavam por vaacuterias vezes

apropriar-se desta aacuterea pois mostravam bastante interesse na

mesma gostavam de brincar e imaginar situaccedilotildees proacuteprias da

aacuterea

Para registar as presenccedilas diaacuterias das crianccedilas foi criado um quadro semanal de

presenccedilas como pudemos verificar na figura 9 este estava adequado agrave altura das

crianccedilas Foi criado ldquopara o aluno marcar com um sinal convencional a sua presenccedila

na quadriacutecula onde o seu nome cruza com a coluna do diardquo (Niza 2007) (p 135)

Neste encontravam-se expostos os nomes das crianccedilas

do lado esquerdo e na parte superior do quadro

estavam os dias da semana separados por quadriacuteculas

A presenccedila da crianccedila era assinalada com duas bolas

de pequenas dimensotildees uma verde fazendo referecircncia

agrave presenccedila e uma outra de cor vermelha fazendo

referecircncia agrave ausecircncia da crianccedila A marcaccedilatildeo das

presenccedila era identificado pela proacutepria crianccedila isto eacute

cada uma efetuava a sua presenccedila agrave exceccedilatildeo das

crianccedilas que se encontravam ausentes essa marcaccedilatildeo

era realizada ou pelas educadoras ou pelas crianccedilas

1312 Espaccedilo exterior

O espaccedilo exterior possuiacutea uma aacuterea de dimensotildees bastante consideraacuteveis

rodeada por um muro com grades que permitia observar do interior para o exterior da

instituiccedilatildeo e vice-versa O pavimento variava existindo zonas de relva com aacutervores de

cimento com maior dimensatildeo e de areia Neste uacuteltimo encontraacutevamos equipamento de

parque infantil sendo este composto por uma estrutura com escorrega barras para

trepar baloiccedilos fixos no chatildeo e cavalos de molas

Figura 8 - Aacuterea da

garagemconstruccedilotildees

12

Este espaccedilo exterior eacute de grande importacircncia pois nele como referem Hohmann

e Weikart (2011) ldquoas crianccedilas tecircm acesso a um conjunto de actividades e brincadeiras

que habitualmente natildeo fazem no interiorrdquo (p 369) No periacuteodo de recreio ldquoas crianccedilas

podem experimentar os sons e imagens do ar livre usar o material e equipamento do

recreio e brincar vigorosamente (ou sossegadamente se assim o preferirem) rdquo (idem

ibidem)

Em muitos momentos no recreio enquanto foi possiacutevel a sua utilizaccedilatildeo tivemos

a oportunidade de praticar jogos em grande grupo sendo estes com movimentos

rotativos movimentos lentos e coordenados movimentos raacutepidos e livres para as

crianccedilas exercitarem a motricidade Apesar dos momentos de recreio e de sala serem de

diferentes caracteriacutesticas ldquotecircm algo em comum encorajar as crianccedilas a envolverem-se

activamente com materiais pessoas ideias e acontecimentosrdquo (Hohmann amp Weikart

2011 p 370)

132 Rotina diaacuteria

A organizaccedilatildeo do tempo no jardim-de-infacircncia eacute definido e iniciado pelos

adultos estes devem refletir e estruturar devidamente uma rotina diaacuteria pois esta

auxilia as crianccedilas e adultos tal como referem Hohmann e Weikart (2011)

a rotina diaacuteria (hellip) ajuda as crianccedilas a responder (hellip) a questotildees ao

oferecer-lhes uma sequecircncia de acontecimentos que elas podem seguir e

compreender Tambeacutem ajuda os adultos a organizarem o seu tempo com as

crianccedilas de forma a lhes oferecer experiecircncias de aprendizagem activas e

motivadoras Neste sentido os elementos de uma rotina diaacuteria satildeo como

marcas de pegadas num caminho Ao seguirem o caminho as crianccedilas

envolvem-se em variadas aventuras e experiecircncias que lhes interessam e que

respondem agrave sua natureza inventiva e luacutedica (p 224)

Quando iniciaacutemos a nossa praacutetica de ensino na sala dos quatro anos estes jaacute

tinham uma rotina diaacuteria definida desde o iniacutecio do ano Apesar disso a rotina diaacuteria foi

suscetiacutevel de alteraccedilotildees tendo em conta atividades que emergiam visitas e o desenrolar

de certas experiecircncias de aprendizagem A rotina diaacuteria integrava os seguintes

segmentos temporais

i) Tempo de acolhimento momento de receccedilatildeo das crianccedilas em grande

grupo Era inclusive neste momento que as crianccedilas e os adultos

cantavam canccedilotildees partilham ideias vivecircncias e experiecircncias pessoais e

procediam agrave marcaccedilatildeo das presenccedilas

13

ii) Tempo de atividades em grande grupo neste tempo as crianccedilas e os

adultos juntavam-se para atividades a vaacuterios niacuteveis de muacutesica

movimento expressatildeo dramaacutetica leitura e exploraccedilatildeo de histoacuterias entre

outras Estas envolviam experiecircncias de aprendizagem nos diferentes

domiacutenios Apesar de em vaacuterias ocasiotildees serem os adultos a iniciarem

estas atividades as crianccedilas proporcionavam e apresentavam novas

ideias

iii) Tempo de higienealmoccedilo este tempo era dedicado agrave higiene das

crianccedilas e logo de seguida deslocavam-se ao refeitoacuterio da instituiccedilatildeo

para almoccedilarem

iv) Tempo de recreiodescanso momento reservado ao descanso das

crianccedilas mas tambeacutem quando as condiccedilotildees atmosfeacutericas o permitiam as

crianccedilas usufruiacuteam do espaccedilo exterior ocasionando-lhes situaccedilotildees nas

quais poderiam variar na forma como utilizavam o corpo tal como

trepar deslizar baloiccedilar e correr

v) Tempo de atividades nas aacutereas este tempo contemplava alguns tipos de

atividades propositadamente planeados de forma a proporcionar

experiecircncias de aprendizagens significativas nas diferentes aacutereas do

conteuacutedo Era ainda neste momento que se procedia agrave organizaccedilatildeo das

crianccedilas pelas diferentes aacutereas da sala consoante a preferecircncia que cada

uma manifestava de forma a reforccedilar os interesses naturais das crianccedilas

a capacidade de iniciativa da mesma e desenvolver competecircncias na

resoluccedilatildeo de problemas

vi) Tempo de lanche as crianccedilas apoacutes terem efetuado a arrumaccedilatildeo das

aacutereas da sala realizavam a higiene pessoal e deslocavam-se ao refeitoacuterio

da instituiccedilatildeo e tomavam o lanche Cada uma das crianccedilas possuiacutea a sua

lancheira e os lanches variavam de crianccedila para crianccedila

vii) Tempo de atividades orientadaslivres momento dedicado vaacuterias vezes

ao relaxamento da crianccedila as crianccedilas assistiam a filmes brincavam em

pequenos grupos com legos praticavam jogos em grande grupo sendo

estes uacuteltimos bastante solicitados pelas crianccedilas

A rotina diaacuteria vivenciada na sala ocorria como podemos verificar nos

segmentos temporais referidos de forma a despertar e apoiar as crianccedilas na tomada de

iniciativa perante atividades propostas Era uma forma de encorajar o envolvimento das

14

crianccedilas em atividades de pequenos grupos ou ateacute mesmo em pares envolvendo-as na

procura de soluccedilotildees para os problemas com que se iam confrontando Um dos principais

objetivos nas atividades era promover interaccedilotildees positivas nos diversos momentos de

trabalho O facto de as crianccedilas escolherem a sua aacuterea preferida e os materiais a

manusear para a execuccedilatildeo dos trabalhos demonstrava ao adulto a sua evoluccedilatildeo e

crescente autonomia

133 As interaccedilotildees

Para a melhor compreensatildeo do processo de interaccedilatildeo eacute essencial

compreendermos esse termo Neste sentido Oliveira-Formosinho e Formosinho (2011)

afirmam que ldquoas interaccedilotildees adulto-crianccedila satildeo uma tatildeo importante dimensatildeo da

pedagogia que a anaacutelise do estilo dessas interaccedilotildees nos permite determinar se estamos

perante uma pedagogia transmissiva ou uma pedagogia participativa (p 30) Dizem-nos

tambeacutem que ldquodesenvolver as interaccedilotildees refleti-las pensaacute-las e reconstruiacute-las eacute um

habitus que as profissionais que desenvolvem a Pedagogia-em-Participaccedilatildeo necessitam

de promoverrdquo (idem ibidem) Neste sentido reconhecemos que o educador desempenha

um papel crucial no desenrolar das diversas interaccedilotildees e no que tem a ver com as

interaccedilotildees educadoracrianccedila da instituiccedilatildeo estas satildeo em nosso parecer bastante

positivas As OCEPE (MEDEB 1997) alertam que ldquoa relaccedilatildeo individualizada que o

educador estabelece com cada crianccedila eacute facilitadora da sua inserccedilatildeo no grupo e das

relaccedilotildees com as ouras crianccedilasrdquo (p 35)

Achamos importante lembrar que ldquoa crianccedila aprende interagindo O adulto

aprende a ajudar a crianccedila a desenvolver a interacccedilatildeo A crianccedila eacute activa o adulto

tambeacutemrdquo (Oliveira-Formosinho 1996 p 55) Quando as crianccedilas e os educadores

desenvolvem algo em conjunto se o educador consegue envolver a crianccedila de tal forma

que esta se concentre totalmente no que estatildeo a desenvolver esta envolvecircncia faz com

que tanto a crianccedila como o adulto estejam ativos facilitaraacute a interaccedilatildeo entre ambos

tanto de um como do outro Eacute com a interaccedilatildeo que a crianccedila aprende vaacuterios fatores que

a ajudaratildeo no seu desenvolvimento e eacute tambeacutem com a interaccedilatildeo que o adulto tem a

oportunidade de auxiliar o desenvolvimento da crianccedila Neste sentido Hohmann e

Weikart (2011) defendem que ldquoa partilha do controlo num clima de apoio apela agrave

reciprocidade ndash um dar e receber muacutetuo entre crianccedilas e adultosrdquo (p 77)

No que diz respeito agraves interaccedilotildees crianccedilacrianccedila na sala onde se desenrolou a

accedilatildeo educativa verificaacutemos uma vasta cumplicidade entre elas existindo a formaccedilatildeo de

15

grupos de amigos Mostraram desde cedo apelar agrave brincadeira entre elas partilhando os

objetos e tentando haver na sala um clima de interaccedilotildees positivas

No nosso caso em concreto procuraacutemos desde cedo escutar apoiar e ainda

compreender as crianccedilas desenvolvendo desse modo uma interaccedilatildeo participativa

seguindo uma praacutetica na qual as crianccedilas foram sempre reconhecidas como pessoas que

tem sentimentos Tentaacutemos como referem Hohmann e Weikart (2011) ldquocriar e manter

ambientes em que a interacccedilatildeo com as crianccedilas seja positiva e por forma que estas

possam trabalhar e brincar com pessoas e objetos libertas de medo ansiedades ou de

aborrecimentordquo (p 63)

Reconhecemos que possibilitaacutemos agraves crianccedilas diversas situaccedilotildees nas quais

pudessem entender e participar em atividades promotoras de aprendizagens e que

pudessem construir e desenvolver as suas proacuteprias competecircncias Tentaacutemos observar e

entender a crianccedila pois como referem Oliveira-Formosinho e Formosinho (2011) ldquoo

papel do professor eacute o de organizar o ambiente e observar a crianccedila para entender e lhe

responderrdquo (p 15)

A fim de apoiar e acompanhar as crianccedilas nas suas atividades procuraacutemos

atraveacutes de uma observaccedilatildeo participante conhecer os interesses e necessidades

formativas das crianccedilas no sentido de favorecer interaccedilotildees que pudessem tornar-se

facilitadoras de aprendizagem das crianccedilas Assim sendo ao longo da nossa experiecircncia

de praacutetica educativa apoiaacutemos o envolvimento do grupo nas vaacuterias atividades de modo

a favorecer a sua implicaccedilatildeo na descoberta resoluccedilatildeo de problemas e na tomada de

decisotildees

16

17

II Fundamentaccedilatildeo das opccedilotildees educativas

No presente capiacutetulo procedemos ao aprofundamento de conhecimentos que nos

ajudem a melhor fundamentar e interpretar a praacutetica educativa em contexto preacute-escolar

Neste sentido debruccedilamo-nos sobre as perspetivas atuais de aprendizagem da crianccedila

as linhas de orientaccedilatildeo curricular e os modelos pedagoacutegicos que nos podem ajudar a

desenvolver uma accedilatildeo educativa de qualidade

21 A aprendizagem como um processo ativo

O desenvolvimento da praacutetica educativa suscita-nos questionamento sobre como

encarar o processo de aprendizagem a promover com as crianccedilas no sentido de ajudaacute-

las a progredir e a beneficiar do necessaacuterio bem-estar e integraccedilatildeo social

Neste sentido importa considerar a perspetiva de Brickmann e Taylor (1996)

defendendo os autores que ldquoas experiecircncias de aprendizagem para crianccedilas devem ser

ativasrdquo (p 3) explicitando que ldquodevem tornar a crianccedila capaz de construir o seu

proacuteprio conhecimento lidando diretamente com pessoas materiais e ideiasrdquo (idem p 3-

4) Neste acircmbito torna-se importante retomar a perspetiva teoacuterica de Piaget (1976) que

reconhece e valoriza a pessoa como sujeito ativo na construccedilatildeo de conhecimento O

autor defende que se enverede por um processo de aprendizagem experiencial e alerta

para a importacircncia da crianccedila poder explorar pensar e descobrir a partir da accedilatildeo sobre

os objetos e da relaccedilatildeo com os outros Como refere Novo (2009) ldquona perspetiva do

autor a crianccedila descobre do mesmo modo o mundo das pessoas e o dos objetos reais ou

simboacutelicosrdquo (p 52) Para Piaget (in Hohmann amp Weikart 2011) ldquoo conhecimento natildeo

proveacutem nem dos objetos nem da crianccedila mas sim das interaccedilotildees entre a crianccedila e os

objetosrdquo (p 19) pressupondo assim uma accedilatildeo reciacuteproca da crianccedila sobre os objetos e

dos objetos sobre a crianccedila na construccedilatildeo do conhecimento Nesta linha de pensamento

como tambeacutem afirma o autor (1978 citado por Novo 2009) ldquoconhecer natildeo consiste em

copiar o real mas agir sobre ele e transformaacute-lordquo (p 53)

Assim como Tompkins (1996) lembra importa ter em conta que uma

aprendizagem ativa eacute muito mais do que a mera manipulaccedilatildeo de materiais pelas crianccedilas

e do que a transmissatildeo de conhecimentos pelo educador Neste sentido sublinha que

18

a maior parte dos educadores de infacircncia concordaria com a ideia de que as

crianccedilas aprendem mais quando encorajadas a explorarem a interagirem a

serem criativas a seguirem os seus proacuteprios interesses e a brincarem No

entanto muitos educadores de infacircncia bem-intencionados acabam por

conduzir actividades em oposiccedilatildeo a esta teoria (p 6)

Este eacute um aspeto que natildeo deixa de caraterizar a nossa accedilatildeo educativa daiacute a

preocupaccedilatildeo em acedermos a conhecimentos que possam ajudarmos a melhor tomar

consciecircncia do tipo de praacuteticas que desenvolvemos e das linhas em que apoiaacute-las para

que incluam perspetivas que na atualidade satildeo reconhecidas como facilitadores de uma

aprendizagem ativa das crianccedilas

Importa assim considerar que segundo Formosinho (1996) as aprendizagens

ativas satildeo ldquoaquelas em que a crianccedila atraveacutes da sua acccedilatildeo sobre os objectos e da sua

interacccedilatildeo com as pessoas as ideias e os acontecimentos chega agrave compreensatildeo do

mundordquo (p 56) Por isso uma accedilatildeo educativa que se centra em ajudar as crianccedilas a

aprender como referem Oliveira-Formosinho amp Formosinho (2011) deve dar um papel

de relevo agrave crianccedila agrave colaboraccedilatildeo entre pares e agrave colaboraccedilatildeo entre adultos e crianccedilas

ou seja ldquodesenvolve uma epistemologia de natureza construtiva interativa

colaborativardquo (p 18)

Nesta linha importa o recurso a estrateacutegias pedagoacutegicas que proporcionem a

partilha de conhecimentos a implicaccedilatildeo das crianccedilas na resoluccedilatildeo de situaccedilotildees

problemaacuteticas de modo a exploraacute-las sob diversos acircngulos recorrendo agravequilo que jaacute

conhecem e agrave sua capacidade imaginativa O educador deve entatildeo observar e escutar as

crianccedilas e valorizar a sua participaccedilatildeo na organizaccedilatildeo e desenvolvimento do processo de

aprendizagem bem como na reflexatildeo sobre o mesmo Deve dar-se atenccedilatildeo aos seus

interesses e aos valores que representam as atividades da sua iniciativa na

reorganizaccedilatildeo da compreensatildeo que faz do mundo e por conseguinte no seu

desenvolvimento Nesse processo importa considerar que

tal como os adultos as crianccedilas tem comportamentos positivos e

comportamentos negativos mas eacute importante prestar atenccedilatildeo ao que as

crianccedilas fazem bem feito incidindo nesses pontos e valorizando-os Ao

observar cuidadosamente aquilo que as crianccedilas podem fazer os adultos tecircm

oportunidade para aproveitar o desejo natural de aprender das crianccedilas

(Hohmann 1996 p 22)

Dewey (2002) lembra que as experiecircncias das crianccedilas podem tornar-se agrave

semelhanccedila das suas brincadeiras e jogos em formas ativas da accedilatildeo Para o autor de

acordo com Pinazza (2007) ldquoas situaccedilotildees educativas devem apoiar-se na atividade da

19

crianccedila ou seja deve aprender fazendordquo (p 74) Daiacute a importacircncia que deve merecer a

organizaccedilatildeo do ambiente educativo e as atividades e projetos em que se envolvem

Importa considerar tambeacutem que ldquoa liberdade de accedilatildeo natildeo se opotildee agrave intencionalidade e

ao estabelecimento de propoacutesitos educativos nem tatildeo pouco agrave formaccedilatildeo de haacutebitosrdquo (p

75) devendo ser tidas todas estas dimensotildees em consideraccedilatildeo

Vygostky de acordo com Pinazza (2007) defende a relaccedilatildeo entre processo

educativo e as experiecircncias pessoais das crianccedilas No entanto eacute de considerar que nem

todas as experiecircncias satildeo igualmente educativas O valor de uma experiecircncia baseia-se

no princiacutepio da continuidade experiencial e o da interaccedilatildeo (idem) Importa ter em conta

que a continuidade pressupotildee alargar as experiecircncias e que a interaccedilatildeo se configura no

ambiente educativo que se cria

Nesse processo eacute de ter em conta a importacircncia a atribuir natildeo apenas aos

conhecimentos e competecircncias da crianccedila mas tambeacutem agrave forma como se estabelecem as

interaccedilotildees e agrave complexidade que as atividades apresentam Neste acircmbito importa

considerar que como defende Vygostky (1996 citado por Novo 2009) ldquoque com o

auxiacutelio de outra pessoa toda a crianccedila consegue concretizar mais do que faria sozinhardquo

(p 58) podendo entender-se este aspeto muito mais indicativo do desenvolvimento da

crianccedila Ideia que reforccedila a importacircncia da observaccedilatildeo e apoio que o adulto deve

promover para acompanhar e promover o processo da aprendizagem da crianccedila

22 Modelos Curriculares

Associado a uma perspetiva de aprendizagem ativa encontram-se alguns

modelos curriculares que tecircm vindo a ser apontados em vaacuterios trabalhos como

facilitadores de praacuteticas educativas preacute-escolares de qualidade tal como o modelo

HighScope (Hohmann amp Weikart 2011) o modelo do Movimento da Escola Moderna

(Niza 2007) e o modelo de Reggio Emilia (Eduards Gandini amp Forman 1999)

Reconhecendo que os princiacutepios em que cada um desses modelos se apoiam

podem ajudar-nos a melhor entender as linhas que caraterizam a nossa accedilatildeo importa

efetuar uma breve abordagem aos mesmos

O modelo curricular HighScope valoriza a aprendizagem pela acccedilatildeo o que

pressupotildee que as crianccedilas possam ldquoviver experiecircncias directas e imediatas e retirar delas

significado atraveacutes da reflexatildeordquo (Hohmann amp Weikart 2011 p 5) no sentido de

construiacuterem conhecimentos que as ajudem a dar sentido ao mundo As crianccedilas devem

20

dispor da possibilidade de explorar os objetos colocar sobre os acontecimentos e acerca

do que lhes desperta curiosidade

No que diz respeito agrave organizaccedilatildeo do espaccedilo e materiais de trabalho as salas

seguem uma organizaccedilatildeo construtivista que aponta para a organizaccedilatildeo de aacutereas

diferenciadas que permitam a realizaccedilatildeo de diferentes aprendizagens A organizaccedilatildeo da

sala por aacutereas e com os respetivos materiais faz com que as crianccedilas adquiram

independecircncia autonomia e responsabilidade em relaccedilatildeo ao seu modo de utilizaccedilatildeo

transmitindo mensagens impliacutecitas agraves crianccedilas Como referem Hohmann e Weikart

(2011)

Uma vez que o ambiente estaacute organizado de forma a que estas escolham as

suas brincadeiras os adultos ficam livres de funccedilotildees diretivas de

entretenimento ou de controlo das crianccedilas Em vez disso passam a poder

concentrar-se no apoio a dar agraves brincadeiras das crianccedilas e agrave sua capacidade de

resoluccedilatildeo de problemas (p 182)

A organizaccedilatildeo do ambiente educativo inclui quatro componentes sendo elas a

organizaccedilatildeo do espaccedilo e materiais das rotinas do grupo e das interaccedilotildees Segundo este

modelo o espaccedilo deve estar organizado por diferentes aacutereas de modo a permitir que as

crianccedilas desenvolvam diferentes aprendizagens envolvendo-se em atividades

diversificadas A organizaccedilatildeo do espaccedilo deve ser flexiacutevel deve adaptar-se agraves

necessidades e interesses das crianccedilas e do grupo pelo que deve estar organizado de

modo a conferir autonomia agraves crianccedilas Outra especificidade desta organizaccedilatildeo reside

no facto de as aacutereas estarem organizadas de forma a permitirem a livre circulaccedilatildeo das

crianccedilas entre elas de acordo com os seus interesses Por sua vez ldquoa arrumaccedilatildeo dos

materiais deve proporcionar a execuccedilatildeo do ciclo encontra-brinca-arrumardquo (Hohmann amp

Weikart 2011 p 164)

A organizaccedilatildeo de uma rotina diaacuteria oferece estabilidade agrave crianccedila no sentido de

que pode aperceber-se do que vai acontecer oferecendo-lhe ldquosentido de controlo sobre

aquilo que vai fazer em cada momento do diardquo (idem p 8) Deve permitir agraves crianccedilas

experienciarem oportunidade de se envolverem na concretizaccedilatildeo do ciclo planear-fazer-

rever (idem p 229) Este consiste em promover o seu envolvimento no planeamento

das suas atividades a experienciaccedilatildeo das mesmas e a partilha e discussatildeo acerca do que

foi realizado Para isso o educador deve adotar uma gestatildeo flexiacutevel do tempo

permitindo que a crianccedila organize os seus acontecimentos as suas propostas e as suas

interaccedilotildees tendo em conta a sequecircncia temporal Os tempos em pequeno e grande

21

grupo bem como a niacutevel individual satildeo imprescindiacuteveis pois permitem a inserccedilatildeo das

crianccedilas em diferentes tipos de atividades quer da iniciativa do adulto quer da

iniciativa da crianccedila

A rotina diaacuteria preacute-escolar eacute constante estaacutevel e previsiacutevel para que a crianccedila

compreenda a forma de utilizaccedilatildeo do tempo e assim tornar-se menos dependente do

adulto face ao tempo em que deve concretizar determinada atividade A previsatildeo dos

tempos de rotina permite a seguranccedila e independecircncia da crianccedila e a diferenciaccedilatildeo das

atividades contribui para a variedade de experiecircncias

No que concerne agraves interaccedilotildees o papel do adulto eacute criar situaccedilotildees que

proporcionem agrave crianccedila o desenvolvimento do seu pensamento favorecendo a

emergecircncia de conflitos cognitivos (idem) Importa ter em conta que o adulto ajuda a

equilibrar a liberdade que a crianccedila necessita para explorar o meio que a rodeia Por

isso natildeo deve desencorajar a crianccedila quando esta natildeo consegue concretizar e resolver os

problemas com que se defronta Deve por sua vez fazer com que ela acredite em si

mesma e se envolva na procura de recursos que podem ajudaacute-la nesse processo Assim

um dos principais objectivos do programa HighScope consiste em apoiar os

adultos de modo a que estes possam criar e manter ambientes em que a

interacccedilatildeo com as crianccedilas seja positiva e por forma que estas possam

trabalhar e brincar com pessoas e objectos libertas de medos ansiedades ou

de aborrecimento e negligecircncia (Hohmann amp Weikart 2011 p 63)

O modelo curricular Reggio Emilia como antes referimos apoia-se tambeacutem em

princiacutepios pedagoacutegicos de participaccedilatildeo ativa das crianccedilas na construccedilatildeo do seu

conhecimento Como refere Malaguzzi (1999) o principal objetivo do projeto de

Reggio Emilia consiste em construir uma escola ldquopara crianccedilas pequenas como um

organismo vivo integral como um local de vidas e relacionamentos compartilhados

entre muitos adultos e muitas crianccedilasrdquo Para aleacutem deste objetivo a abordagem Reggio

Emilia estimula o desenvolvimento intelectual das crianccedilas partindo da representaccedilatildeo

simboacutelica

Como refere Edwards (2008) no que diz respeito ao papel do educador este eacute

natildeo apenas de ouvinte e observador mas tambeacutem deve ser proporcionador de

oportunidades e experiecircncias Os objetivos centralizam-se em criar oportunidades de

aprendizagem e desenvolvimento do pensamento das crianccedilas sendo por isso

importante escutaacute-las O papel do educador ldquocentraliza-se na provocaccedilatildeo de

oportunidades de descobertas atraveacutes de uma espeacutecie de facilitaccedilatildeo alerta e inspirada e

22

de estimulaccedilatildeo do diaacutelogo de accedilatildeo conjunta e da co-construccedilatildeo do conhecimento pela

crianccedilardquo(idem p 161)

As crianccedilas percebem quando os adultos valorizam os seus trabalhos e as suas

ideias uma vez que lhes comunicam essa valorizaccedilatildeo indiretamente atraveacutes de accedilotildees e

estrateacutegias Como exemplo destas accedilotildees o educador expotildee trabalhos das crianccedilas na

escola e partilha com toda a comunidade educativa a informaccedilatildeo que as crianccedilas

produzem

Os pais participam ativamente na vida escolar dos seus filhos uma vez que

colaboram com o educador e datildeo continuidade ao que as crianccedilas aprendem quer na

escola quer em casa Ou seja existe interajuda entre escolafamiacutelia na organizaccedilatildeo e

concretizaccedilatildeo da accedilatildeo educativa Por exemplo na realizaccedilatildeo de um projeto os

educadores comunicam aos pais o tema do projeto

encorajando-os a envolverem-se com as atividades de seus filhos atraveacutes da

busca dos materiais necessaacuterios do trabalho com os professores no

ambiente fiacutesico da oferta de livros suplementares e assim por diante Dessa

forma os pais satildeo levados a revisar a imagem que tecircm de seus filhos e a

compreender a infacircncia de um modo mais rico e complexordquo (Edwards 2008

p 163)

Segundo Lino (2007) o modo como o espaccedilo eacute organizado ldquoreflete as ideias

valores atitudes e patrimoacutenio cultural de todos os que nele trabalhamrdquo (p 107) Isto

porque atraveacutes da comunicaccedilatildeo cooperaccedilatildeo partilha de atividades e ideias a crianccedila

constroacutei o seu conhecimento do mundo (idem) Sendo assim o espaccedilo nas escolas de

Reggio Emilia eacute planeado ao pormenor pela comunidade educativa Relativamente ao

espaccedilo exterior este eacute organizado de forma a possibilitar uma continuidade das

atividades realizadas no interior

A gestatildeo da rotina praticada em Reggio dispotildee de uma organizaccedilatildeo do tempo

que proporciona agraves crianccedilas oportunidades de estabelecer diferentes tipos de interaccedilatildeo

Assim como sublinha Lino (2007) ldquoelas podem escolher trabalhar sozinhas em

pequeno grupo em grande grupo com os adultos ou sem elesrdquo (p 109)

O modelo curricular do Movimento da Escola Moderna (MEM) como refere

Niza (2007) ldquoassenta num Projecto Democraacutetico de autoformaccedilatildeo cooperada de

docentes que transfere por analogia essa estrutura de procedimento para um modelo

de cooperaccedilatildeo educativa nas escolasrdquo (p 125) Tendo em conta a escola como local de

23

iniciaccedilatildeo agrave vida democraacutetica este modelo propotildee diversos princiacutepios fundamentais para

a estruturaccedilatildeo da accedilatildeo educativa Referindo Niza (idem)

- Os meios pedagoacutegicos veiculam em si os fins democraacuteticos da educaccedilatildeo

pelo que a escolha dos materiais os processos usados e as formas de

organizaccedilatildeo das atividades devem respeitar as regras democraticamente

decididas pelos educadoresprofessores e crianccedilas

- A actividade escolar enquanto contrato social e educativo deve concretizar-

se atraveacutes da negociaccedilatildeo entre educadoresprofessores e crianccedilas entre si

- A praacutetica democraacutetica da organizaccedilatildeo partilhada por todos decide-se em

conselho de cooperaccedilatildeo

- Os processos de trabalho escolar reproduzem os processos sociais autecircnticos

aproximando deste modo a escola agrave vida social

- A informaccedilatildeo de projectos estudos e outras realizaccedilotildees das crianccedilas eacute

partilhada atraveacutes de circuitos de produccedilatildeo distribuiccedilatildeo e divulgaccedilatildeo como

paineacuteis conferecircncias jornal escolar e outros tipos de apresentaccedilotildees

- As praacuteticas escolares conferem sentido social agraves aprendizagens das crianccedilas

atraveacutes da partilha dos saberes com os seus pares e pela intervenccedilatildeo na

comunidade envolvente ou com a comunidade mais distante atraveacutes da troca

de correspondecircncia entre outros meios

- Os alunos interpelam o meio social e trazem para a escola pessoas da

comunidade como recurso e fonte de conhecimento e culturardquo (pp 127-130)

O Movimento Escola Moderna salienta alguns instrumentos de organizaccedilatildeo da

vida em grupo que se tornam indispensaacuteveis na participaccedilatildeo conjunta do educador e da

crianccedila como o plano de atividades a lista semanal de projetos o quadro semanal de

distribuiccedilatildeo de tarefas o mapa de presenccedilas diaacuterio e o diaacuterio de grupo

Este tipo de organizaccedilatildeo ajuda as crianccedilas a situarem-se no espaccedilo e no tempo

Desta forma eacute necessaacuterio a sala estar organizada por aacutereas de atividades que estaratildeo

dispostas agrave volta da mesma no centro da sala deve estar situada uma aacuterea de trabalho

coletivo Estas aacutereas devem ser originais para que possam ser o mais possiacutevel parecidas

com a realidade que os envolve Como afirma Niza (2007) ldquo o ambiente geral da sala

deve resultar agradaacutevel e altamente estimulante utilizando as paredes como expositores

permanentes das produccedilotildees das crianccedilas onde rotativamente se revecircem nas suas obras

de desenho pintura tapeccedilaria ou textordquo (p 133)

24

A gestatildeo do tempo eacute segundo Niza (2007) ldquoconstituiacuteda por duas etapas de

configuraccedilatildeo distinta

a etapa da manhatilde centra-se fundamentalmente no trabalho ou na actividade

eleita pelas crianccedilas e por elas sustentada desconcentradamente pelas aacutereas

de actividade Com o apoio discreto e itinerante do educador A etapa da

tarde reveste a forma de sessotildees plenaacuterias de informaccedilatildeo e de actividade

cultural dinamizadas por convidados pelos alunos ou pelos educadores

(p135)

O MEM tem uma forma muito proacutepria de promover o relacionamento das

crianccedilas entre si e das mesmas com os adultos Esta interaccedilatildeo eacute fomentada por

fundamentos da pedagogia da cooperaccedilatildeo Assim as crianccedilas devem no jardim-de-

infacircncia experimentar praacuteticas e atitudes que lhes permitiratildeo aprender valores e atraveacutes

das suas vivecircncias aprofundar o desenvolvimento da sua cidadania

Como afirma Niza (2007) os educadores assumem-se neste modelo como

promotores da organizaccedilatildeo participada dinamizadores da cooperaccedilatildeo

animadores ciacutevicos e morais do treino democraacutetico auditores activos para

promoverem a livre expressatildeo e a atitude criacutetica Mantecircm e estimulam a

autonomizaccedilatildeo e responsabilizaccedilatildeo de cada educando no grupo de educaccedilatildeo

cooperada (p139)

De acordo com este modelo eacute necessaacuterio dar continuidade agraves experiecircncias

educativas promovendo a curiosidade a iniciativa e a descoberta das crianccedilas e criar

condiccedilotildees para que tomem a iniciativa e se sintam valorizadas

Em suma os modelos referidos possibilitam um conjunto de orientaccedilotildees que se

tornam fundamentais para nos ajudar a organizar uma intervenccedilatildeo pedagoacutegica que

favoreccedila o desenvolvimento de crianccedilas no quadro de conquista de uma progressiva

autonomia

23 Linhas de orientaccedilotildees curricular da educaccedilatildeo preacute-escolar

Para a organizaccedilatildeo da accedilatildeo educativa importa ter em consideraccedilatildeo o estabelecido

nas Orientaccedilotildees Curriculares3 definidas para a educaccedilatildeo preacute-escolar

As OCEPE acentuam que sejam promovidos saberescompetecircncias que

favoreccedilam a progressatildeo das crianccedilas ao niacutevel da sua Formaccedilatildeo Pessoal e Social

Expressatildeo e Comunicaccedilatildeo (domiacutenio da linguagem oral e abordagem agrave escrita domiacutenio

das expressotildees incluindo a motora dramaacutetica musical e plaacutestica e o domiacutenio da

matemaacutetica) e Conhecimento do Mundo no sentido de ajudaacute-las a tornarem-se capazes

3 OCEPE-MEDEB 1997 Despacho 522097 de 4 de agosto Metas de aprendizagem (ME 2010)

25

de uma plena inserccedilatildeo na sociedade como cidadatildeos autoacutenomos livres e solidaacuterios

(MEDEB 1997) As Metas de Aprendizagem para a Educaccedilatildeo Preacute-Escolar (ME 2010)

explicitam os conteuacutedos incluiacutedos nas aacutereas e domiacutenios de conteuacutedo definidas nas

OCEPE indicando o que as crianccedilas devem ter aprendido no final da etapa educativa

preacute-escolar

Entendemos dever ser dada importacircncia aos contributos destes diferentes

documentos para organizaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo das experiecircncias de aprendizagem no quadro

de construccedilatildeo de respostas educativas preacute-escolares de qualidade

Assim e no sentido de melhor compreender a natureza das aprendizagens que

devem nortear a accedilatildeo educativa preacute-escolar importa efetuarmos ainda que de forma

resumida uma abordagem das aacutereas e domiacutenios de conteuacutedo

A aacuterea de Formaccedilatildeo Pessoal e Social eacute considerada uma aacuterea transversal

considerando que todas as componentes curriculares deveratildeo contribuir para promover

nas crianccedilas atitudes e valores que lhes permitam tornarem-se cidadatildeos conscientes e

solidaacuterios capacitando-os para a resoluccedilatildeo dos problemas da vida Tambeacutem a educaccedilatildeo

preacute-escolar deve favorecer a formaccedilatildeo da crianccedila tendo em vista a sua plena inserccedilatildeo

na sociedade como ser autoacutenomo livre e solidaacuterio

Importa referir que entre as aprendizagens a promover estas se situam num

processo em construccedilatildeo do ser humano ldquosendo influenciado e influenciando o meio que

o rodeiardquo (MEDEB 1997 p51) eacute de salientar tambeacutem que ldquoeacute na famiacutelia e no meio

soacutecio-cultural em que vive os primeiros anos de vida que a crianccedila inicia o seu

desenvolvimento pessoal e socialrdquo (idem p52) Eacute acentuado um papel essencial na

educaccedilatildeo para os valores sendo ldquoque natildeo se ldquoensinamrdquo mas que se vivem na acccedilatildeo

conjunta e nas relaccedilotildees com os outrosrdquo (idem ibidem) As relaccedilotildees e interaccedilotildees

estabelecidas pelo adulto com as crianccedilas e o grupo o modo como as apoia satildeo

caracterizados como um suporte da educaccedilatildeo Importa ter em conta que a relaccedilatildeo

estabelecida pelo educador com as crianccedilas o modo como as valoriza e respeita

estimula e encoraja os seus processos facilita a auto-estima da crianccedila e as relaccedilotildees que

as crianccedilas estabeleceratildeo entre si Eacute ainda de considerar que ldquofavorecer a autonomia da

crianccedila e do grupo assenta na aquisiccedilatildeo do saber-fazer indispensaacutevel agrave sua

independecircncia e necessaacuterio a uma maior autonomia enquanto oportunidade de escolha e

responsabilizaccedilatildeordquo (idem p 53)

Obter maior independecircncia representa na educaccedilatildeo preacute-escolar dominar certos

saberes tais como vestir-se despir-se lavar-se comer utilizando adequadamente os

26

talheres etc mas tambeacutem serem capazes de utilizar de forma correta materiais e

instrumentos agrave sua disposiccedilatildeo tais como jogos tintas pinceis laacutepishellip (idem ibidem)

Como se afirma nas OCEPE (MEDEB 1997) reconhecer laccedilos de pertenccedila

social e cultural respeitando outras culturas eacute um aspeto que deve ser tambeacutem

valorizado na educaccedilatildeo preacute-escolar fazendo parte do desenvolvimento da identidade Eacute

de considerar que a igualdade de oportunidades entre os diferentes sexos indiviacuteduos de

diferentes classes sociais e diferentes etnias se constroacutei numa perspetiva de educaccedilatildeo

multicultural devendo esta natildeo ser apenas criada pela participaccedilatildeo na organizaccedilatildeo do

ambiente educativo mas tambeacutem pela participaccedilatildeo na aprendizagem em grupo Eacute

preciso ter em conta que a participaccedilatildeo na discussatildeo e na tomada de posiccedilatildeo favorece a

consciecircncia de valores sociais culturais e eacuteticos (idem p 55)

Em suma como as proacuteprias OCEPE alertam a aacuterea da Formaccedilatildeo Pessoal e

Social entende-se como ldquoaacuterea de conteuacutedo integradora pois embora com

intencionalidade proacutepria inscreve-se em todas as outrasrdquo (idem ibidem)

A aacuterea da Expressatildeo e Comunicaccedilatildeo como eacute referido nas OCEPE (MEDEB

1997) ldquoengloba as aprendizagens relacionadas com o desenvolvimento psicomotor e

simboacutelico que determinam a compreensatildeo e o progressivo domiacutenio de diferentes formas

de linguagemrdquo (p56) Esta aacuterea eacute a uacutenica em que se diferenciaram vaacuterios domiacutenios

Releva-se que eacute importante que os adultos facultem ocasiotildees agraves crianccedilas que

distingam o real e o imaginaacuterio pois nestas idades por vezes ainda confundem Importa

proporcionar agraves crianccedilas ldquosuportes que permitam desenvolver a imaginaccedilatildeo criadora

como procura e descoberta de soluccedilotildees e exploraccedilatildeo do lsquomundorsquo rdquo OCEPE (MEDEB

1997 p 56)

Ao niacutevel do domiacutenio da linguagem oral e abordagem agrave escrita importa que as

crianccedilas se envolvam em experiecircncias que lhes permitam progredir ao niacutevel da

expressatildeo oral e que lhe facultem a possibilidade de se familiarizarem com o coacutedigo

escrito permitindo-lhes contactar com as suas diferentes funccedilotildees Sublinha-se que numa

abordagem transversal a liacutengua portuguesa deve ser trabalhada em diferentes atividades

relacionadas com diferentes domiacutenios de conteuacutedo Importa considerar que

Proporcionar no jardim-de-infacircncia ambientes linguisticamente estimulantes e

interagir verbalmente com cada crianccedila satildeo as duas vias complementares que

podem ajudar a combater as assimetrias que afectam o desenvolvimento da

linguagem nas crianccedilas (Sim-Sim Silva amp Nunes 2008 p 12)

27

A comunicaccedilatildeo criada pelo educador permite agraves crianccedilas dominar a linguagem

ampliando o seu vocabulaacuterio e formando frases mais elaboradas O dia-a-dia na

educaccedilatildeo preacute-escolar possibilitaraacute atraveacutes de interaccedilotildees de qualidadecomplexidade

com a escrita que as crianccedilas usem corretamente frases simples de diversos tipos

As crianccedilas desde cedo conseguem distinguir a escrita do desenho comeccedilam a

ldquoimitar a escrita e a reproduzir o formato do texto escritordquo (OCEPE p 69) Mesmo que

as crianccedilas natildeo consigam reproduzir corretamente a escrita os educadores devem

incentivaacute-las nas suas tentativas Como se refere nas OCEPE (idem) ldquoa atitude do

educador e o ambiente que eacute criado devem ser facilitadores de uma familiarizaccedilatildeo com

o coacutedigo escrito Neste sentido as tentativas de escrita mesmo que natildeo conseguidas

deveratildeo ser valorizadas e incentivadasrdquo (p 69)

O educador deve inclusive ler e contar histoacuterias agraves crianccedilas pois desse modo

suscitaraacute na crianccedila o desejo de aprender a ler A forma como este lecirc e faz uso de

diferentes tipos de texto para as crianccedilas seratildeo usados por estas como exemplo de como

e para que serve ler (idem p 70)

As crianccedilas que desde cedo estatildeo envolvidas na utilizaccedilatildeo da linguagem

escrita e que vecircem outros a ler e a escrever vatildeo desenvolvendo a sua

perspectiva sobre o que eacute a leitura e a escrita e simultaneamente vatildeo

desenvolvendo capacidades e vontade para participarem em acontecimentos

de leitura e escrita (Mata 2008 p 14)

O educador tem que ter em atenccedilatildeo que em algumas ocasiotildees existem

diferentes liacutenguas como aconteceu na nossa praacutetica educativa visto que algumas

crianccedilas da sala natildeo tinham como liacutengua materna o portuguecircs Procuramos valorizar

essa dimensatildeo como meio de sensibilizar o grupo para a existecircncia de outras liacutenguas

mas tambeacutem de apoiar essas crianccedilas a acederam a um progressiva fluecircncia discursiva

No que diz respeito ao domiacutenio da matemaacutetica podemos destacar que as

crianccedilas vatildeo espontaneamente construindo noccedilotildees matemaacuteticas a partir de vivecircncias do

dia-a-dia Estas noccedilotildees fundamentam-se na vivecircncia do espaccedilo e tempo tendo como

ponto de partida as atividades espontacircneas em que se envolve ou que o educador

promove O papel da matemaacutetica na estruturaccedilatildeo do pensamento as suas funccedilotildees na

vida corrente e a sua importacircncia para aprendizagens futuras determina a atenccedilatildeo que

lhe deve ser dada na educaccedilatildeo preacute-escolar (idem p 73)

Procuraacutemos promover o desenvolvimento de noccedilotildees matemaacuteticas aproveitando

variadas situaccedilotildees luacutedicas das crianccedilas e momentos da rotina diaacuteria sabendo que como

se refere nas OCEPE (MEDEB 1997) ldquocabe ao educador partir das situaccedilotildees do

28

quotidiano para apoiar o desenvolvimento do pensamento loacutegico matemaacutetico

intencionalizando momentos de consolidaccedilatildeo e sistematizaccedilatildeo de noccedilotildees matemaacuteticasrdquo

(ibidem) Neste acircmbito importa ainda ter em conta o que afirmam Castro e Rodrigues

(2008) quando defendem que

uma das funccedilotildees do Jardim-de-Infacircncia eacute criar ambientes de aprendizagem

ricos em que as crianccedilas se possam desenvolver como seres de muacuteltiplas

facetas construindo percepccedilotildees e bases onde alicerccedilar aprendizagens Estas

reflectir-se-atildeo ao longo da vida quer nas aprendizagens quer na

sociabilizaccedilatildeo e mesmo no reconhecimento de algumas regras e

procedimentos Os nuacutemeros devem portanto desempenhar um papel

desafiante e com significado sendo a crianccedila estimulada e encorajada a

compreender os aspectos numeacutericos do mundo em que vive e a discuti-los

com os outros (p 12)

No que se refere ao domiacutenio das expressotildees como se refere nas OCEPE

(MEDEB 1997) eacute importante que o educador tenha em conta as especificidades de

cada expressatildeo mas tambeacutem a sua inter-relaccedilatildeo e a sua articulaccedilatildeo (p 57)

No que concerne agrave expressatildeo motora tal como se menciona nas OCEPE

(MEDEB 1997) ldquoao entrar para o preacute-escolar a crianccedila jaacute possui algumas aquisiccedilotildees

motoras baacutesicas tais como andar transpor obstaacuteculos manipular objectos de forma

mais ou menos precisardquo (p 58) Tendo em conta todos os movimentos que a crianccedila jaacute

possui a educaccedilatildeo preacute-escolar deve originar situaccedilotildees de exerciacutecio da motricidade

global e tambeacutem da motricidade fina permitindo que todas e cada uma aprendam a

utilizar e a dominar da melhor forma o seu proacuteprio corpo (idem ibidem) Eacute importante

que as crianccedilas usufruam de oportunidades para desenvolver os diferentes segmentos do

seu corpo facilitando a interiorizaccedilatildeo do esquema corporal e tendo consciecircncia do seu

corpo em relaccedilatildeo ao exterior aprendendo as relaccedilotildees no espaccedilo

Cabe ao educador tirar partido das situaccedilotildees que ocorrem nos diferentes espaccedilos

aproveitando a sala o espaccedilo exterior locais apetrechados e materiais que

proporcionem diversas e enriquecedoras oportunidades de expressatildeo motora O

educador deve proporcionar agraves crianccedilas formas de utilizar o seu corpo servindo-se de

jogos de movimento de sons de ritmos e danccedilas Como se afirma nas OCEPE

(MEDEB 1997) ldquotodas estas situaccedilotildees permitem que a crianccedila aprenda a utilizar

melhor o seu corpo e (hellip) que vaacute tomando consciecircncia de condiccedilotildees essenciais para

uma vida saudaacutevelrdquo (p 59)

29

A expressatildeo dramaacutetica eacute um meio de descoberta de si e do outro atraveacutes da qual

a crianccedila se afirma a si proacuteprio na relaccedilatildeo com os outros apropriando-se de situaccedilotildees

socias

Eacute frequente na idade de preacute-escolar depararmo-nos com crianccedilas movimentando-

se e colocando-se em diversas posiccedilotildees fiacutesicas muitas vezes imitando certas pessoas ou

ateacute mesmo animais E como nos referem Hohmann e Weikart (2011) ldquoexperimentar

movimentos que impliquem o corpo todo ajuda as crianccedilas a desenvolver o auto-

controlo e a consciecircncia do seu posicionamento fiacutesicordquo (p 629)

A expressatildeo musical permite a exploraccedilatildeo de sons e ritmos que as crianccedilas

produzem e exploram espontaneamente e que vatildeo aprendendo a identificar e a

reproduzir elas mesmas com os diversos aspetos que caracterizam os sons Como

afirmam Hohmann e Weikart (2011) ldquoouvir muacutesica mover-se ao seu som e fazer

muacutesica satildeo experiecircncias vitais que permitem agrave crianccedila expressar-serdquo (p 656) Os

mesmos autores acrescentam que ldquoa muacutesica acompanha-nos ao longo de toda a nossa

vida marcando acontecimentos desde do nascimento agrave morterdquo (p 657)

Baseando-se no pensamento de Carlton (1994) Hohmann e Weikart (2011)

apresentam seis aspetos que importa explorar no acircmbito de expressatildeo musical como

mover-se ao som da muacutesica explorar e identificar sons explorar a voz a cantar

desenvolver melodias cantar canccedilotildees e tocar instrumentos musicais simples

Na nossa praacutetica a muacutesica estava presente diariamente na sala pois logo pela

manhatilde as crianccedilas cantavam canccedilotildees relacionadas com os bons dias e por vezes outras

por elas sugeridas A abordagem de canccedilotildees com entusiasmo e entendendo que eacute uma

parte integrante de cultura musical da crianccedila eacute outra dimensatildeo considerada

A expressatildeo plaacutestica permite agraves crianccedilas explorarem diversos materiais e

instrumentos sendo as atividades motoras iniciadas pelas crianccedilas Como se afirma nas

OCEPE (MEDEB 1997) a crianccedila ldquoexterioriza espontaneamente imagens que

interiormente construiurdquo (p 61) Godinho e Brito (2010) defendem que ldquoeacute (hellip)

importante que as crianccedilas em ambiente de jardim-de-infacircncia possam experimentar

distintos papeacuteis de executante criador e apreciadorrdquo (p 11) e ter em conta que os

trabalhos das crianccedilas tecircm ldquosignificados concretos e partilhaacuteveis com os outrosrdquo (idem

p 65)

O desenho a pintura a digitinta a modelagem o recorte e a colagem satildeo

teacutecnicas de expressatildeo plaacutestica que devem ser explorados na educaccedilatildeo preacute-escolar

OCEPE (MEDEB 1997) Importa ainda atender agrave diversidade e quantidade de

30

materiais de modo a favorecer a expressatildeo criativa das crianccedilas Eacute importante que as

crianccedilas tenham agrave sua disposiccedilatildeo materiais que lhes possibilitem escolher e promover

diferentes formas de combinaccedilatildeo A identificaccedilatildeo e nomeaccedilatildeo de cores bem como a

mistura de cores baacutesica para formar outras (secundaacuterias) satildeo aspetos da expressatildeo

plaacutestica que tambeacutem importa explorar

No que diz respeito agrave aacuterea do Conhecimento do Mundo esta ldquoenraiacuteza-se na

curiosidade natural da crianccedila e no seu desejo de saber e compreender porquecircrdquo (idem p

79) A crianccedila antes de iniciar a educaccedilatildeo preacute-escolar sabe jaacute bastantes coisas sobre o

mundo que a rodeia A curiosidade e o desejo de descobrir e aprender das crianccedilas

manifestam-se na procura de compreensatildeo do mundo e de lhe atribuir sentido Tal

procura leva-as a formas progressivamente mais elaboradas do pensamento

A exploraccedilatildeo de conteuacutedos relacionados com esta aacuterea poderatildeo estar ldquomais ou

menos relacionada com o meio proacuteximo mas que aponta para a introduccedilatildeo a aspectos

relativos a diferentes domiacutenios do conhecimento humano (hellip) que mesmo elementares

e adequados a crianccedilas destas idades deveratildeo corresponder sempre a um grande rigor

cientiacuteficordquo (idem p 80) As OCEPE apontam ainda para que as crianccedilas possam

entender certos fenoacutemenos e acontecimentos que experienciam no seu dia-a-dia A

sensibilizaccedilatildeo agraves ciecircncias pode assim entender-se como partindo dos interesses das

crianccedilas que o educador alarga e contextualiza procurando fomentar a curiosidade e o

desejo de aprender O educador tem um papel fundamental na escolha dos conteuacutedos a

desenvolver poreacutem deve ter a preocupaccedilatildeo de acordar e negociar as suas propostas com

o grupo de modo a promover aprendizagens com significado para as crianccedilas Entre o

que se apresenta como fundamental desenvolver neste domiacutenio ldquosatildeo aspectos que se

relacionam com os processos de aprender a capacidade de observar o desejo de

experimentar a curiosidade de saber a atitude criacuteticardquo (idem p 85)

Foi com base em todas as aacutereas de conteuacutedo e domiacutenios que procuraacutemos

promover experiecircncias de aprendizagem diversas sendo que algumas dessas seratildeo

descritas e analisadas na terceira parte deste relatoacuterio

31

III Descriccedilatildeo e anaacutelise das experiecircncias de aprendizagem

O presente capiacutetulo incide sobre o processo de ensino e aprendizagem que

desenvolvemos com as crianccedilas ao longo do ano letivo de 2012-2013 apresentando um

conjunto de experiecircncias de aprendizagem atraveacutes das quais pretendemos aprofundar a

reflexatildeo sobre a accedilatildeo educativa promovida

Neste sentido procuraacutemos explicitar as intencionalidades que as orientam os

processos de desenvolvimento recursos utilizados e informaccedilatildeo tomada em

consideraccedilatildeo para a compreensatildeo do desenvolvimento desse processo e a progressatildeo

das crianccedilas

As experiecircncias de aprendizagem que aqui apresentamos incidem

particularmente sobre o segundo semestre do ano letivo referido porque foi nesse

periacuteodo que nos foi possiacutevel promover uma maior continuidade ao trabalho

desenvolvido o que permitiraacute uma melhor compreensatildeo das linhas de accedilatildeo e das formas

de intervenccedilatildeo pedagoacutegica em que nos situamos

No que se refere agrave planificaccedilatildeo da accedilatildeo educativa procuraacutemos articular num

todo coerente a nossa intervenccedilatildeo no sentido de proporcionar agraves crianccedilas a vivecircncia de

um projeto formativo integrado e em continuidade as reflexotildees preacute e poacutes-accedilatildeo com a

educadora de infacircncia cooperante foram importantes Como elementos de apoio ao

desenvolvimento desse processo relevamos as Orientaccedilotildees Curriculares para a

Educaccedilatildeo preacute-escolar o projeto curricular do grupo e os interesses e necessidades

formativas que no decurso da accedilatildeo educativa iacuteamos identificando Os planos de

intervenccedilatildeo pedagoacutegica assumiram um caraacuteter flexiacutevel de modo a podermos integrar as

contribuiccedilotildees do grupo de crianccedilas nesse processo e adequar as estrateacutegias quando

necessaacuterio de modo a garantir melhores oportunidades de aprendizagem e

desenvolvimento das crianccedilas

Ao niacutevel da recolha da informaccedilatildeo para ajudar a melhor poder compreender-se o

modo como se desenvolveu o processo de aprendizagem recorremos sobretudo a notas

de campo e registos fotograacuteficos Natildeo podemos deixar de relevar a importacircncia que

tambeacutem assumiram as produccedilotildees das crianccedilas incluiacutedas nos seus portefoacutelios pois

ajudaram-nos a melhor compreender como cada uma se apropriou e retratou as

experiecircncias promovidas

32

31 Experiecircncia de aprendizagem Respeitar as diferenccedilas um

desafio para todos

Um dos principais objetivos desta experiecircncia de aprendizagem centrou-se em

alertar as crianccedilas para a importacircncia de favorecer a integraccedilatildeo e bem-estar de todos

independentemente das diferenccedilas fiacutesicas e culturais entre outras que pudessem

possuir

Partimos da histoacuteria Elmer de David Mckee (2007) e comeccedilaacutemos por apresentar

o livro agraves crianccedilas lendo o tiacutetulo e perguntar-lhes se conheciam a histoacuteria ao que nos

responderam que natildeo Com este questionamento pretendiacuteamos saber se as crianccedilas jaacute

conheciam o conteuacutedo da histoacuteria Decidimos entatildeo solicitar agraves crianccedilas a observaccedilatildeo

da capa do livro de modo a explorar os elementos paratextuais em grande grupo

Vaacuterias crianccedilas identificaram e indicaram de imediato a personagem nela retratada

como sendo um elefante Mas duas delas manifestaram natildeo ter a certeza considerando a

aparecircncia do mesmo como as suas afirmaccedilotildees permitem perceber parece um elefante

mas parece um elefante colorido (Tiago)4 parece um elefante arco-iacuteris (Joana)

No sentido de melhor se compreenderem estes comentaacuterios importa mencionar

que o referido elefante era representado no livro atraveacutes de um desenho-ilustraccedilatildeo

desafiando agrave imaginaccedilatildeo e procurando ilustrar a mensagem pretendida de alerta para as

diferenccedilas mas afastando-se da figura ldquorealrdquo que por exemplo uma imagem

fotograacutefica permite retratar

Propusemos entatildeo agraves crianccedilas escutar com atenccedilatildeo a histoacuteria no sentido de

percebermos do que abordava Lemos a histoacuteria mostrando as imagens que a ilustravam

e no final refletimos sobre o conteuacutedo da mesma partindo da questatildeo

- Entatildeo do que nos fala a histoacuteria (Ed Estagiaacuteria)

- Eacute do Elmer Ele natildeo gostava da cor que tinha (Manuel)

- Pois ele natildeo gostava da cor que tinha e porque seria (Ed Est)

Surgiram vaacuterias respostas De entre elas destacamos as seguintes afirmaccedilotildees

- Porque ele eacute agraves cores (Gonccedilalo)

- E natildeo gostava de ser assim (Diogo)

- E depois com as tintas ficou de outra cor (Manuel)

- Pois foi Mas os outros riram-se (Margarida)

- Com a chuva voltou a ficar igual (Laura)

- E o que acharam dos elefantes se rirem dele acham que isso eacute bom (Ed Est)

- Natildeo (Vaacuterios)

- Porquecirc (Ed Est)

4 Os nomes das crianccedilas apresentadas satildeo fictiacutecios de modo a assegurar o anonimato da sua identidade

33

- Porque mesmo diferentes temos que ser amigos (Pedro)

- Porque somos todos diferentes (Inecircs)

Nota de campo 25 de fevereiro 2013

O excerto permite perceber que o conteuacutedo da histoacuteria tinha sido compreendido

referindo as crianccedilas que eram abordadas as diferenccedilas fiacutesicas que apresentava o animal

as dificuldades em aceitar a diversidade ou a diferenccedila de cor ou raccedila como as

seguintes afirmaccedilotildees permitem perceber Porque ele eacute agraves cores (Gonccedilalo) e natildeo gostava

de ser assim (Diogo) Tambeacutem a importacircncia de respeitar e aceitar as diferenccedilas foram

identificadas como conteuacutedo da histoacuteria ao reconhecerem e indicarem que natildeo foi bom

os elefantes rirem do modo como o Elmer tentou superar os constrangimentos sentidos

tentando mudar de cor justificando o Pedro porque mesmo diferentes temos que ser

amigos e acrescentando a Inecircs porque somos todos diferentes

Na sequecircncia da histoacuteria dialogaacutemos sobre possiacuteveis diferenccedilas fiacutesicas que

pudemos encontrar entre as pessoas e a importacircncia de aceitaacute-las mas tambeacutem de

respeitar e aceitar se elas quiserem fazer algumas mudanccedilas para se sentirem mais

bonitas ou felizes No sentido de uma melhor compreensatildeo desse valor alertaacutemos para

que cada um de noacutes por vezes tambeacutem mudar alguma coisa porque gosta como pintar

as unhas os laacutebios e o cabelo e noacutes gostamos e somos amigas delas quer estejam ou

natildeo pintadas Partindo desta ideia as crianccedilas falaram das suas experiecircncias e das dos

seus familiares Lembraacutemos ainda que tambeacutem noacutes natildeo somos todos iguais temos

diferenccedilas

Nesta linha de pensamento propusemos agraves crianccedilas observar diferenccedilas e

semelhanccedilas que existiam entre os elementos do grupo Vimos que uns tinham os

cabelos loiros outros castanhos e outros pretos Tambeacutem nos olhos podiacuteamos ser

diferentes e mesmo ao niacutevel da pele observando que embora fossemos todos de pele

branca uns tinham uma cor mais clara outros uma cor mais escura Sem que o

solicitaacutessemos algumas crianccedilas puxaram as mangas da camisola e colocaram o braccedilo

junto do de outras para verificarem melhor as diferenccedilas fazendo comentaacuterios sobre o

que observavam

Num outro momento mostraacutemos agraves crianccedilas duas imagens de elefantes uma

colorida como a do Elmer a personagem da histoacuteria e outra em cor cinzenta

Propusemos agraves crianccedilas que descobrissem as semelhanccedilas entre os dois elefantes

34

Observaacutemos diferentes reaccedilotildees Enquanto algumas crianccedilas manifestaram natildeo

perceber bem o pretendido outras manifestaram que isso tinha acontecido fazendo

afirmaccedilotildees como as que a seguir apresentamos e permitiram que as outras

compreendessem o que lhe tiacutenhamos solicitado fazerem

-Tecircm os dois uma tromba (Vaacuterios)

-Tecircm tambeacutem rabo para baixo as duas (Manuel)

-Tecircm dois olhos (Gabriel)

- Muito bem e haveraacute diferenccedilas entre os dois elefantes (Ed Est)

-A cor dos elefantes (vaacuterios)

-Um eacute cinzento como todos os elefantes e outro eacute agraves cores (Manuel)

Nota de campo 25 de fevereiro 2013

Como o excerto deixa perceber o diaacutelogo estabelecido possibilitou observar que

a diferenccedila que caraterizava os animais representados era a cor mas que se tratava do

mesmo tipo de ser e por isso apresentavam muitas outras carateriacutesticas comuns

Entendemos que este tipo de abordagem pode ajudar a que melhor possamos

entender aceitar e respeitar as pessoas pelos seres humanos que satildeo e ultrapassar

barreiras discriminatoacuterias que infelizmente ainda se fazem sentir Neste sentido

importa considerar que como se refere nas OCEPE (MEDEB 1997) eacute na aceitaccedilatildeo da

diferenccedila e ldquonuma perspetiva multicultural que se constroacutei uma maior igualdade de

oportunidadesrdquo (p 54)

Relevamos que esta atividade permitiu agraves crianccedilas natildeo soacute obterem e discutirem

valores que nos levem a enveredar por perspetivas e praacuteticas facilitadoras das

multiculturas e de igualdade de oportunidades como suscitar a pesquisa sobre o animal

que entrou na histoacuteria e espaccedilos em que vivia Assim levaacutemos e colocaacutemos na aacuterea da

biblioteca alguns livros sobre animais onde se incluiacuteam os elefantes o que suscitou a

continuidade da atividade Algumas crianccedilas quiseram descobrir como eram os

elefantes e se seriam todos parecidos ou natildeo Apoiaacutemo-las nesse processo ajudando-as

a descobrir mais pormenores que poderiam apontar para as diferenccedilas ou semelhanccedilas

mas relevando a importacircncia de cada um

No que se refere ao tempo de trabalho nas aacutereas importa evidenciar que algumas

crianccedilas quiseram representar ao niacutevel da expressatildeo plaacutestica figuras de elefantes

optando sobretudo por materiais tridimensionais como a plasticina como as imagens da

figura 10 permitem perceber No final sugerimos a contagem das representaccedilotildees dos

elefantes

35

As figuras apresentadas permitem observar diferentes produccedilotildees no que se

refere agrave reproduccedilatildeo de algumas partes do corpo quer agrave cor escolhida para elaborar o

trabalho As vaacuterias formas de representaccedilatildeo tambeacutem nos permitem perceber diferentes

niacuteveis de representaccedilatildeo simboacutelica incluindo e diferenciando vaacuterias partes do corpo do

animal algumas ainda o seu modo de locomoccedilatildeo enquanto outras representam apenas

para aleacutem do corpo no seu todo a parte que mais o diferencia dos outros animais a

tromba Como refere Gonccedilalves (1991) ldquoa expressatildeo eacute motivada pelo que mais a

impressionardquo (p 13)

No que se refere agrave escolha da plasticina para fazer as figuras do elefante importa

considerar que como referem Hohmann e Weikart (2011) este eacute um material a partir do

qual as crianccedilas gostam de fazer as suas reproduccedilotildees para o que em nosso entender

contribui o facto de poderem realizar produccedilotildees tridimensionais e as possibilidades de

modelagem que este material oferece

Na discussatildeo sobre os animais surgiu a questatildeo de como se designa um conjunto

de elefantes (nomes coletivos) ao que uma das crianccedilas respondeu prontamente eacute uma

manada (Carlos) No sentido de partilha de saberes possuiacutedos por cada um em relaccedilatildeo

ao toacutepico sobre o qual viacutenhamos a interrogar as crianccedilas solicitaacutemos-lhes que dissessem

o que sabiam sobre os elefantes Surgiram vaacuterias respostas entre as quais sublinhamos

- Tem uma tromba (Laura)

- Tem orelhas grandes (Pedro)

- Tem quatro patas (Tiago)

- Eles podem beber com a tromba (Rafael)

As respostas obtidas permitem-nos perceber que as crianccedilas jaacute possuiacuteam alguns

conhecimentos acerca das caracteriacutesticas dos elefantes mas tambeacutem que ainda havia

muitas coisas que poderiacuteamos aprender sobre eles Neste sentido sugerimos-lhes

Figura 10 ndash Produccedilotildees das crianccedilas em plasticina na sequecircncia da exploraccedilatildeo da histoacuteria do Elmer

36

visualizar imagens em PowerPoint que ilustravam as caracteriacutesticas do elefante No

final da apresentaccedilatildeo questionaacutemo-nos sobre o observado comeccedilando por colocar-lhes

um questatildeo sobre os seus haacutebitos alimentares

- Do que seraacute que o elefante se alimenta (Ed Est)

- Comem plantas (Pedro)

- E maccedilatildes das aacutervores (Ricardo)

- Bebem a aacutegua (Gabriel)

-Comem tambeacutem bananas (Gonccedilalo) Nota de campo 25 de fevereiro 2013

Entre as vaacuterias questotildees e respostas que surgiram a discussatildeo incidiu sobre os

dentes dos elefantes e a sua funccedilatildeo o nuacutemero de patas que tinham e como eram

constituiacutedas bem como sobre qual a funccedilatildeo da tromba para aleacutem de ser para beber

Este momento de diaacutelogo em grande grupo permitiu que as crianccedilas aprendessem a

ouvir-se umas agraves outras a esperar a sua vez para falar e para colaborar na atividade

Possibilitou ainda que conhececircssemos melhor as carateriacutesticas e os interesses das

crianccedilas pelo que nos parece poder ir ao encontro da ideia de Hohmann e Weikart

(2011) quando referem que

enquanto as crianccedilas interagem com materiais pessoas ideias e

acontecimentos para construir o seu proacuteprio entendimento da realidade os

adultos observam e interagem com elas para descobrir como as crianccedilas

pensam e raciocinam Os adultos tentam reconhecer os interesses e

capacidades particulares das crianccedilas oferecer-lhes apoio e colocar-lhes

desafiosrdquo (p 27)

Na sequecircncia da observaccedilatildeo das imagens dos livros sobre os animais integrados

na biblioteca iam surgindo perguntas em torno dos mesmos e do local onde viviam Por

isso e no sentido de poder alargar essa abordagem entendemos recorrer a vaacuterias

figurasbrinquedos de animais apresentando-os numa maqueta em que se encontravam

representados diferentes tipos de habitats As crianccedilas mostraram-se bastante curiosas

em descobrir quais os animais aiacute representados e os locais em que surgiam situados No

decurso do diaacutelogo uma crianccedila questionou-nos sobre o significado da palavra habitat

Perguntaacutemos ao grupo quem sabia e queria explicar ao colega mas gerando-se um

silecircncio informaacutemos que se tratava do local no qual vivem os animais e propusemos

que observassem a maqueta e descobrissem que locais se encontravam laacute representados

Obtivemos respostas variadas como

-Ali eacute a aacutegua (Diogo)

-Eacute na terra (Laura)

-Nas montanhas (Margarida)

37

Nota de campo 25 de fevereiro 2013

Informaacutemos as crianccedilas que todas as repostas correspondiam a elementos que

faziam parte dos habitats dos animais e que estes eram de trecircs tipos o terrestre o

aquaacutetico e o aeacutereo Realizaacutemos uma breve explicaccedilatildeo agraves crianccedilas da constituiccedilatildeo dos

habitats e dos animais que os habitavam

Distribuiacutemos por cada crianccedila a figura de

um animal em formato de fantoche e

solicitaacutemos-lhes que cada uma identificasse o

animal que tinha na matildeo e qual o habitat em que

esse animal se integraria colocando-o na

maqueta como a figura 11 permite perceber

Todas as crianccedilas participaram nesta atividade A

realizaccedilatildeo da atividade em grande grupo permitiu

partilhar ideias e valorizar os saberes de todos no

sentido de um enriquecimento muacutetuo

Esta atividade tinha como objetivo principal ajudar as crianccedilas a compreender

que os animais podem viver em diferentes ambientes ecoloacutegicos Sugerimos agraves crianccedilas

que desenhassem um animal e o seu habitat

Como forma de dar continuidade agrave atividade sobre os animais sugerimos a

realizaccedilatildeo do jogo ldquoOs animais da selvardquo que consistia em retirar de entre um conjunto

de cartotildees apresentados numa caixa um cartatildeo seria lida a tarefa agrave crianccedila e esta

concretizaacute-la-ia Entre as propostas de realizaccedilatildeo apresentadas constavam por exemplo

imitar o som de um determinado animal representar o seu modo de locomoccedilatildeo e cantar

uma canccedilatildeo relacionada com os animais

No sentido de dar continuidade agrave exploraccedilatildeo da histoacuteria do Elmer solicitaacutemos as

crianccedilas num momento de trabalho em grande grupo a identificarem e nomearem as

cores primaacuterias Obtivemos respostas variadas por parte das crianccedilas algumas

respondiam corretamente ao nome das cores e outras natildeo as identificavam Decidimos

entatildeo explorar as cores primaacuterias e para que melhor pudessem observaacute-las e identificaacute-

las colocaacutemos tintas com as trecircs cores primaacuterias (azul amarelo e vermelho) em frascos

transparentes As crianccedilas puderam mexer e fazer pinceladas na folha No decurso da

atividade uma crianccedila referiu que existem tambeacutem as cores secundaacuterias (Margarida)

Figura 11 - Crianccedila colocando o animal no

habitat

38

Noutro momento e ainda no acircmbito do processo de identificaccedilatildeo das cores

propusemos agraves crianccedilas a utilizaccedilatildeo de outros recursos folhas de acetato e guaches

Sugerimos-lhes que colocassem em cada folha gotas de tinta de cores diferentes e

depois que as juntassem Ao juntarem as duas folhas de acetatos as crianccedilas reparavam

que surgiria uma nova cor Sugerimos agraves crianccedilas a realizaccedilatildeo do quadro das cores que

integraria as cores primaacuterias num primeiro momento e ao qual iriacuteamos mais tarde

acrescentar as secundaacuterias (verde laranja e roxo) Questionaacutemos as crianccedilas de modo a

identificarem e nomearem as cores e conforme iam sendo identificadas iam sendo

colocadas pelas crianccedilas no quadro

Procedemos num segundo momento agrave exploraccedilatildeo de uma cor secundaacuteria o

verde propondo agraves crianccedilas a mistura das cores amarela e azul e tentar que as crianccedilas

descobrissem que cor surgia dessa mistura Algumas crianccedilas responderam

corretamente que surgiria a cor verde As crianccedilas colocaram a cor verde em frente agrave cor

amarela e azul para que percebessem que da junccedilatildeo das duas cores iniciais resultava

essa cor

Repetimos esse mesmo processo com as cores amarelo e vermelho de cuja

junccedilatildeo surgiu o laranja e com o azul e vermelho

da qual surgiu o roxo Completaacutemos o quadro das

cores primaacuterias e secundaacuterias com as tintas que jaacute

possuiacuteamos e com as novas tintas que surgiram

na junccedilatildeo das cores primaacuterias

Expusemos o trabalho na sala permitindo

relembrar e melhor memorizar o nome das

diferentes cores (primaacuterias e secundaacuterias) como a

figura 12 permite observar

No desenvolvimento da atividade as crianccedilas mostraram-se bastante

surpreendidas com o surgir da nova cor a partir da junccedilatildeo das duas cores iniciais

expressando alegria e desejo de fazer novas experiecircncias Neste sentido importa ter em

conta que como refere Luft (2011) ldquoa cor eacute um dos principais elementos das artes

visuais (hellip) despertando sensaccedilotildees e emoccedilotildees seja na pintura na esculturardquo (p 304)

entre outras teacutecnicas de expressatildeo plaacutestica

Procurando que as crianccedilas tirassem partido das cores exploradas sugerimos agraves

crianccedilas que decorassem a imagem do elefante Elmer utilizando folhas em formato A2

A proposta inicial era de que as crianccedilas pintassem a imagem do elefante Elmer

Figura 12 - Quadro das cores primaacuterias e

secundaacuterias

39

recorrendo agrave teacutecnica de pintura sopro que consistia em colocar um pouco de tinta num

quadrado e soprar com a palhinha de forma a espalhar a cor por todo o quadrado do

papel Algumas crianccedilas manifestaram bastante dificuldade na realizaccedilatildeo do sopro e

comeccedilaram a utilizar a palhinha como forma de pincel Decidimos entatildeo sugerir a

essas crianccedilas que utilizassem pinceacuteis se assim o entendessem No final surgiu uma

figura de elefante muito colorida aos quadrados que expusemos junto agrave da entrada para

a sala no sentido de partilhar a experiecircncia com os pais

Em siacutentese no acircmbito desta experiecircncia de aprendizagem promovemos a criaccedilatildeo

de oportunidades de as crianccedilas desenvolverem saberes que se prendem particularmente

com as carateriacutesticas da vida animal e a composiccedilatildeo das cores (primaacuterias e secundaacuterias)

numa dimensatildeo articulada da aacuterea do mundo fiacutesico e social e dos domiacutenios da expressatildeo

oral dramaacutetica e plaacutestica Foi nossa preocupaccedilatildeo que as crianccedilas pudessem questionar-

se manifestar as suas opiniotildees e implicar-se na exploraccedilatildeo dos materiais colocados agrave

sua disposiccedilatildeo Neste acircmbito releva-se nas OCEPE (MEDEB 1997) que ldquoa

identificaccedilatildeo e nomeaccedilatildeo das cores a mistura de cores baacutesicas para formar outras satildeo

aspetos da expressatildeo plaacutestica que se ligam com a linguagem e o Conhecimento do

Mundordquo (pp 62-63) Nesta experiecircncia de aprendizagem pudemos relevar a exploraccedilatildeo

do mundo fiacutesico mas tambeacutem e sobretudo o social no sentido de valorizar a

construccedilatildeo de um pensamento aberto a formas diversas de ser e estar no quadro de

valores de respeito aceitaccedilatildeo e de diaacutelogo com os outros

32 Experiecircncia de aprendizagem Aprender a observar e conhecer

Considerando o interesse manifestado pelas crianccedilas em relaccedilatildeo ao conteuacutedo da

histoacuteria do Elmer sendo a mesma referida em vaacuterios e diferentes momentos decidimos

dar-lhe continuidade explorando o livro intitulado Elmer e o arco-iacuteris de David

Mckee5 Trata-se de uma histoacuteria que aborda os valores de

entreajuda dar algo sem o perder bem como os sentimentos de

amizade e de felicidade

Relevamos neste sentido que como refere Mata (2008)

ldquoa leitura de histoacuterias eacute uma actividade muito rica e completa

5 A imagem do livro que consta na figura 13 foi obtida em

httpwwwcaminholeyacomfotosprodutos500_9789722118620_elmer_e_o_arco_irisjpg

Figura 13 - Livro - Elmer e o

arco-iacuteris de David Mckee

40

pois permite a integraccedilatildeo de diferentes formas de abordagem agrave linguagem escrita em

geral e agrave leitura de uma forma especiacuteficardquo (p 78)

Comeccedilaacutemos por observar interpretar e descrever oralmente as imagens da capa

e da contracapa tendo como objetivo que as crianccedilas compreendessem que tanto as

palavras escritas como os desenhos transmitem informaccedilotildees Embora algumas crianccedilas

manifestassem possuir conhecimento acerca da composiccedilatildeo dos livros mas que nem

conseguiam fazecirc-lo entendemos explicar esses elementos agraves crianccedilas Procedemos em

seguida agrave leitura expressiva da mesma No final questionaacutemos as crianccedilas acerca do

seu conteuacutedo e todas referiram que falava sobre o arco-iacuteris sobre este ter perdido as

suas cores e o elefante Elmer ter ajudado a que este as recuperasse As crianccedilas

mencionaram partes da histoacuteria relevantes mostrando ter prestado atenccedilatildeo agrave leitura e tecirc-

la interiorizado Importa ter em conta que como se refere nas (OCEPEMEDEB

1997) ldquoeacute no clima de comunicaccedilatildeo criado pelo educador que a crianccedila iraacute dominando a

linguagem alargando o seu vocabulaacuterio construindo frases mais correctas e complexas

adquirindo um maior domiacutenio da expressatildeo e comunicaccedilatildeordquo (p 67)

Nesta linha de pensamento e aproveitando as ideias que as crianccedilas

mencionaram questionaacutemo-las sobre o que sabiam acerca do arco-iacuteris tais como

quantas cores teria o arco-iacuteris e obtivemos respostas como

-Tem cinco cores (Diogo)

- Acho que tem seis cores (Gonccedilalo)

- Eu acho que tem sete cores (Tiago)

- Tem muitas cores (Laura)

As afirmaccedilotildees das crianccedilas deixam perceber que natildeo tinham a certeza em

relaccedilatildeo agraves cores do arco-iacuteris o que era de esperar dado a tenra idade das crianccedilas

Decidimos revelar agraves crianccedilas o verdadeiro nuacutemero de cores que tem o arco-iacuteris

referindo que o arco-iacuteris apresenta sete cores Continuando o diaacutelogo procuraacutemos levar

as crianccedilas a idealizarem e nomear as possiacuteveis cores do arco-iacuteris Obtivemos as

seguintes respostas

- O arco-iacuteris tem amarelo (Pedro)

-Tem tambeacutem azul (Rodrigo)

- Tem verde o arco-iacuteris (Tiago)

- Eu acho que tambeacutem tem cor de laranja (Gonccedilalo)

- Natildeo tem eacute vermelho (Pedro)

- Eu acho que tem cor-de-rosa (Inecircs) Nota de campo 11 de marccedilo 2013

41

Algumas crianccedilas comentaram que natildeo sabiam porque nunca o tinham visto

outras disseram que jaacute o tinham visto mas que natildeo se lembravam das cores que eram

Decidimos entatildeo informar as crianccedilas das cores que o arco-iacuteris possui nomeadamente

o violeta anil azul verde amarela laranja e vermelho

As crianccedilas que tinham respondido corretamente a uma das cores sentiram-se

bastante satisfeitas mostraram conforto e confianccedila em si proacuteprias comentando a sua

resposta entre o grupo Como referem Hohmann e Weikart (2011) ldquoas reflexotildees das

crianccedilas sobre as suas acccedilotildees satildeo uma parte

fundamental do processo de aprendizagem Ouvir e

encorajar a forma particular como cada crianccedila pensa

fortalece o seu pensamento emergente e as suas

capacidades de raciociacuteniordquo (p 47)

Sugerimos agraves crianccedilas que desenhassem e

pintassem numa folha branca como julgavam que era

constituiacutedo o arco-iacuteris exemplo figura 14

Durante a atividade as crianccedilas comentavam entre si qual seria a cor com que o

arco-iacuteris iniciava tentavam lembrar-se da ordem das

cores e curiosamente comentavam o formato do arco-iacuteris

referiam-se a este como tendo uma forma muito

semelhante a uma ponte Depois de vaacuterias crianccedilas terem

desenhado o arco-iacuteris exemplo figura 15 mostraacutemos a

imagem do mesmo no sentido de melhor perceberem

como era constituiacutedo Esta experiecircncia permitiu relembrar

as cores partindo da sua identificaccedilatildeo num fenoacutemeno da

natureza

Expusemos uma imagem do arco-iacuteris ldquorealrdquo numa das paredes da sala para que

todos a visualizassem e comparassem com os desenhos que eles tinham realizado

anteriormente A reaccedilatildeo das crianccedilas foi surpreendente comentavam a imagem

sublinhando a beleza da mesma e as experiecircncias possuiacutedas de ter visto ou natildeo esse

fenoacutemeno

A alegria aumentava agrave medida que descobriam que tinham colocado no desenho

cores que correspondiam agraves observadas no fenoacutemeno do arco-iacuteris e que uma ou outra

surgiam segundo a mesma ordem

Figura 14 - Desenho de um arco-iacuteris

realizado por uma crianccedila da sala

Figura 15 - Arco-iacuteris elaborado

por uma crianccedila da sala

42

No sentido de relembrar e explorar o conteuacutedo da histoacuteria Elmer e o arco-iacuteris

propusemos a realizaccedilatildeo de um jogo de expressatildeo de afetos intitulado como o ldquoJogo

dos sorrisosrdquo O objetivo do jogo consistia em compreender a importacircncia de expressar

pequenos gestos que satildeo importantes para quem os recebe e para quem os daacute que natildeo

representam perdas mas antes ganhos como por exemplo dar um sorriso ou um abraccedilo

a algueacutem As crianccedilas manifestaram terem compreendido o conteuacutedo da histoacuteria e por

conseguinte o que se pretendia do jogo

O jogo constava de uma crianccedila de cada vez ir retirar um cartatildeo de dentro de

uma caixa no qual estava escrito uma mensagem que educadora lhe lia e que ela iria

transmitir a algueacutem da sala que escolhesse dirigir-lha Todas as crianccedilas participaram

no jogo recebendo e manifestando gestos Entre as

mensagens escritas nos cartotildees encontrava-se por

exemplo dar um abraccedilo um beijo no rosto um aperto

de matildeo entre outros As crianccedilas manifestaram

grande interesse e entusiamo em realizar o jogo

observando-se grande envolvimento na realizaccedilatildeo do

mesmo como a tiacutetulo de exemplo a imagem da figura

16 permite perceber que as crianccedilas estatildeo a dar as matildeos

manifestando gesto de carinho

No sentido de ajudar as crianccedilas a compreenderem a que se deve a formaccedilatildeo do

arco-iacuteris procuraacutemos num outro momento propor uma atividade praacutetica que permitisse

observar o surgir desse fenoacutemeno Comeccedilaacutemos por perguntar agraves crianccedilas se sabiam

como este fenoacutemeno surgia tentando auscultar as ideias preacutevias Entre essas ideias

surgiram as seguintes

- Podemos ver o arco-iacuteris quando haacute sol e chuva (Manuel)

- Eacute preciso haver chuva e sol (vaacuterios)

- O arco-iacuteris vai sempre buscar aacutegua aos rios (Manuel)

Nota de campo 11 de marccedilo de 2013

As afirmaccedilotildees das crianccedilas deixam perceber que algumas jaacute apresentam ideias

sobre as carateriacutesticas temporais que levam a que se decirc a refraccedilatildeo da luz do sol e se

observe a formaccedilatildeo do arco-iacuteris apesar de ainda natildeo dominarem o conhecimento

cientiacutefico do fenoacutemeno Por usa vez a afirmaccedilatildeo do Manuel deixa perceber que pode

entender-se como indo ao encontro do afirmado por Martins et al (2009) quando

Figura 16 - Crianccedilas jogando o

Jogo dos sorrisos

43

lembram que ldquoas crianccedilas datildeo explicaccedilotildees que muitas vezes natildeo correspondem ao

conhecimento cientiacutefico actual mas que tem loacutegica para sirdquo (p 12)

Assim e depois de um breve diaacutelogo sobre o fenoacutemeno sugerimos a realizaccedilatildeo

de uma atividade sobre a formaccedilatildeo do arco-iacuteris manifestando-se as crianccedilas bastante

curiosas em saber como fazer para que o fenoacutemeno ocorresse

Os materiais utilizados para a realizaccedilatildeo da atividade praacutetica foram previamente

fabricados e preparados por noacutes bem como testada a experiecircncia Para tal fizemos uma

abertura estreita em forma de retacircngulo numa cartolina preta de seguida colocaacutemos a

cartolina em frente ao nosso peito na horizontal e apontaacutemos luz para essa abertura de

forma a conseguirmos um raio de luz estreito Colocaacutemos um espelho inclinado numa

tina com aacutegua e inclinaacutemos uma folha grande de cartolina branca junto da tina com

aacutegua Apontaacutemos a luz atraveacutes da cartolina preta

para que esta acertasse no espelho No final

tiacutenhamos conseguido ver a formaccedilatildeo do arco-iacuteris

Estes procedimentos foram repetidos com as

crianccedilas na atividade que viacutenhamos a descrever foi

possiacutevel observarmos a refraccedilatildeo da luz formando o

arco-iacuteris que se apresenta na figura 17

Procuraacutemos diversificar os materiais e ajudar as

crianccedilas a compreenderem que o efeito pode provir de vaacuterias fontes Neste sentido

observaacutemos tambeacutem o aparecimento do arco-iacuteris atraveacutes de uma lanterna e de um Cd

permitindo este objeto tambeacutem fazer com que se decirc a refraccedilatildeo da luz da lanterna e por

conseguinte a sua divisatildeo em vaacuterias cores fazendo o efeito de arco-iacuteris Fizemos incidir

a luz da lanterna na parte superior do cd e inclinaacutemos o cd para que a luz incidisse na

parede pois eacute nesta que as crianccedilas conseguem ver as cores do arco-iacuteris

Inicialmente as crianccedilas mostravam-se bastante eufoacutericas e curiosas em saber

como iria aparecer o arco-iacuteris com dois objetos (uma lanterna e um Cd) No entanto ao

iniciarmos a atividade fez-se uma grande silecircncio na sala dado o interesse e a atenccedilatildeo

com que estavam para observar o resultado Quando mostraacutemos que era possiacutevel fazer

aparecer o reflexo do arco-iacuteris na parede da sala estas ficaram surpreendidas

experimentaram tambeacutem as crianccedilas refletirem a imagem do arco-iacuteris com os dois

objetos Terminada a atividade praacutetica as crianccedilas referiram que gostavam de mostrar

aos pais esta atividade iriam inclusive pedir para que estes disponibilizassem uma

lanterna e um Cd

Figura 17 - Resultado da atividade

praacutetica sobre a formaccedilatildeo do arco-iacuteris

44

No decurso da semana sugerimos agraves crianccedilas uma nova atividade praacutetica ainda

de acordo com o que tiacutenhamos explorado anteriormente Poreacutem desta vez

pretendiacuteamos enveredar pelo efeito contraacuterio ao das atividades anteriores ou seja a

uniatildeo de vaacuterias cores formando uma soacute Assim solicitaacutemos agraves crianccedilas que colorissem

com cada cor as divisotildees de um ciacuterculo que lhe apresentaacutemos desenhado em cartolina

branca Quando terminavam de colorir o ciacuterculo colocavam o laacutepis de carvatildeo no centro

e faziam o ciacuterculo girar O objetivo era visualizar qual a cor que surgiria ao girar o laacutepis

pois as crianccedilas tinham diferentes cores nos ciacuterculos Mostraacutemos agraves crianccedilas um ciacuterculo

pintado com as cores do arco-iacuteris e perguntaacutemos agraves crianccedilas se sabiam qual a cor que

surgiria ao rodarmos o laacutepis observando-se as seguintes respostas

-Vai ficar azul-escuro (Manuel)

-Se rodares muito depressa vai ficar tudo vermelho (Pedro)

-Vai aparecer o arco-iacuteris (Margarida)

-Se calhar vai ficar tudo amarelo (Pedro)

- Fica quase branco (Manuel) Nota de campo 12 de marccedilo 2013

Todas as crianccedilas faziam tentativas para acertar na cor que surgiria ao rodar o

laacutepis decidimos deste modo rodaacute-lo O objetivo da atividade era como jaacute antes

referimos que as crianccedilas percebessem que ao juntar todas as cores do arco-iacuteris a cor

que surgiria era a cor branca

Eacute de referir que esta atividade natildeo correu como era esperado pois as crianccedilas

natildeo conseguiam colocar o laacutepis a girar de modo a que o movimento permitisse a junccedilatildeo

das vaacuterias cores e fosse possiacutevel observar apenas a cor branca

Para que as crianccedilas natildeo ficassem desiludidas por um lado e por outro lado para

promover a interaccedilatildeo entre pais e filhos sugerimos agraves crianccedilas que realizassem a mesma

atividade em casa com o auxiacutelio dos pais pedindo-lhes para as ajudarem a fazecirc-la e que

dialogassem de modo a descobrirem com eles a cor que surgiria quando fizessem girar o

laacutepis Refletindo sobre a atividade importa sublinhar que aprendemos que nem sempre

eacute faacutecil gerir imprevisibilidades mas que temos de saber superaacute-las tentando encontrar

soluccedilotildees alternativas Meditando sobre a experiencia de aprendizagem desenvolvida a

partir do livro Elmer e o arco-iacuteris sublinhamos as oportunidades criadas para as

crianccedilas se envolverem em diferentes atividades nas quais foram levadas em

consideraccedilatildeo os saberes e interesses manifestados por elas valorizar a ludicidade como

estrateacutegia de envolvimento na construccedilatildeo de conhecimento cientiacutefico

45

Sabemos que haacute fenoacutemenos que as crianccedilas vatildeo observando e aprendendo a

identificar mas tambeacutem que nem sempre tecircm oportunidades de conhecer fatores que lhe

datildeo origem pelo que importa promover situaccedilotildees de aprendizagem em contexto preacute-

escolar que as ajudem na compreensatildeo dos mesmos Foi nessa linha de pensamento que

surgiram as atividades que desenvolvemos em torno do arco-iacuteris

As crianccedilas envolveram-se e manifestaram sentir gosto e prazer em concretizar

as atividades desenvolvidas parecendo-nos terem contribuiacutedo para que desenvolvessem

saberes e criar oportunidades de partilha dos mesmos com os outras crianccedilas e adultos e

com os pais

Relevamos ainda a importacircncia que nos parece ter assumido o alertar das

crianccedilas para a atenccedilatildeo a prestar aos outros e a importacircncia de manifestar e receber

afetos no quadro de construccedilatildeo de uma sociedade comunicativa solidaacuteria e facilitadora

da integraccedilatildeo de todos

33 Experiecircncia de aprendizagem Conhecendo diferentes culturas

No decurso da accedilatildeo educativa surgiu a abordagem da questatildeo das diferenccedilas

entre as culturas levando-nos a pensar ser importante aprofundar o questionamento e

reflexatildeo sobre esse toacutepico Nesse sentido entendemos partir da leitura da histoacuteria

Meninos de todas as cores de Luiacutesa Ducla Soares

Em trabalho de grande grupo comeccedilaacutemos por ler o tiacutetulo da histoacuteria e questionar

as crianccedilas no sentido de perceber se a conheciam As suas afirmaccedilotildees levaram-nas a

perceber que natildeo era do seu conhecimento mas que o tiacutetulo da histoacuteria estimulou a sua

curiosidade comeccedilando a fazer comentaacuterios entre si sobre a mesma e sobre o que

entendiam poder incidir

Procedemos agrave leitura da histoacuteria acompanhado com a apresentaccedilatildeo das

imagens manifestando-se as crianccedilas muito atentas ateacute ao final da mesma Terminada a

leitura questionaacutemos as crianccedilas sobre o que achavam da histoacuteria Elas afirmaram ter

apreciado o seu conteuacutedo e ilustraccedilatildeo

Sugerimos-lhes o reconto da histoacuteria neste as crianccedilas surpreendentemente

referiram pormenores do conteuacutedo da histoacuteria como a cor de cada crianccedila aspetos

sobre cada cor e respetivos objetos relacionados com as cores O entusiasmo com que

comunicavam e escutavam as outras crianccedilas deixava perceber o reconhecimento do

valor formativo da atividade Importa neste sentido relevar que como sublinham Sim-

46

Sim Silva e Nunes (2009 retomando a ideia de Mata 2008) ldquoeacute funccedilatildeo do educador

alargar intencionalmente as situaccedilotildees de comunicaccedilatildeo (hellip) que permitam agraves crianccedilas

dominar a comunicaccedilatildeo como emissores e receptoresrdquo (p 35)

Os comentaacuterios feitos pelas crianccedilas em relaccedilatildeo ao conteuacutedo da histoacuteria a

procura do livro no tempo das atividades nas aacutereas de atividades na sala e a atitude de

respeito que pareciam manifestar uns em relaccedilatildeo aos outros levou-nos a inferir ter sido

pertinente a escolha que fizemos da obra para explorar com as crianccedilas no quadro dos

seus possiacuteveis contributos para que cada um como cidadatildeo possa assumir uma atitude

de abertura aceitaccedilatildeo das diferenccedilas e valorizaccedilatildeo de todos Neste acircmbito importa

considerar que como se refere nas OCEPE (MEDEB 1997) ldquoa aceitaccedilatildeo da diferenccedila

sexual social e eacutetnica eacute facilitadora da igualdade de oportunidades num processo

educativo que respeita diferentes maneiras de ser e de saber para dar sentido agrave

aquisiccedilatildeo de novos saberes e culturasrdquo (p 54) Merece ainda natildeo esquecer que ldquoeacute numa

perspetiva de educaccedilatildeo multicultural que se constroacutei uma maior igualdade de

oportunidades entre mulheres e homens entre indiviacuteduos de diferentes classes sociais e

de diferentes etniasrdquo (pp 54-55)

Nesta linha de pensamento importa que na educaccedilatildeo preacute-escolar as crianccedilas

usufruam de oportunidades de se envolver em experiecircncias formativas que lhes

facilitem a aquisiccedilatildeo de um espiacuterito criacutetico e a interiorizaccedilatildeo de valores conhecimentos

e atitudes que contribuam para que possam comportar-se e agir segundo princiacutepios de

equidade respeito e aceitaccedilatildeo de todos no quadro de uma cidadania responsaacutevel e

esclarecida

Num outro momento e em continuidade de outras atividades desenvolvidas

anteriormente propusemos agraves crianccedilas uma atividade no acircmbito do desenvolvimento do

domiacutenio da linguagem oral e abordagem agrave escrita nomeadamente ao niacutevel da

consciecircncia fonoloacutegica e da consciecircncia grafemaacutetica

Comeccedilaacutemos por solicitar agraves crianccedilas em trabalho de pequeno grupo que

tentassem identificar siacutelabas comuns em diferentes palavras ou seja que terminassem

com a mesma siacutelaba Nesse sentido distribuiacutemos pelas crianccedilas cartotildees com trecircs

diferentes imagens e a palavra escrita que lhe correspondia solicitando-as a contornar a

siacutelaba final de cada palavra Exploraacutemos oralmente as siacutelabas de uma palavra dizendo

por exemplo Ca-ra-col (Caracol) acompanhando com palmas das crianccedilas consoante

as siacutelabas da palavra Percebemos que a maioria das crianccedilas conseguia reproduzir

corretamente o nuacutemero de siacutelabas correspondente agrave segmentaccedilatildeo das palavras em

47

siacutelabas atraveacutes do batimento de palmas Poreacutem trecircs crianccedilas das mais novas ainda natildeo

o conseguiam fazer corretamente Decidimos por isso repetir a atividade fazendo uma

crianccedila de cada vez e variando as palavras par manter o interesse e implicaccedilatildeo das

crianccedilas na atividade Reconhecemos que eacute importante organizarmos previamente a

atividade de forma a trabalhar corretamente a consciecircncia fonoloacutegica e a divisatildeo silaacutebica

das palavras com as crianccedilas criando condiccedilotildees apelativas para estimular o interesse

das mesmas ou seja criar ldquocondiccedilotildees para que as crianccedilas aprendamrdquo (MEDEB 1997

p 66)

Retomando a reflexatildeo sobre a atividade em anaacutelise sugerimos que as crianccedilas

assinalassem a uacuteltima siacutelaba das palavras Algumas crianccedilas fizeram-na sem ajuda

poreacutem outras crianccedilas necessitaram dela sendo a mesma proporcionada quer pelos

adultos da sala quer por outras crianccedilas com um niacutevel de desenvolvimento superior

Neste sentido sublinhamos a importacircncia que assume o desenvolver atividades em

pequeno grupo no qual possam beneficiar de apoio de outros que integram um niacutevel

desenvolvimento superior de modo a que possa atuar na zona de desenvolvimento

proximal (Vygotsky 1979) Neste acircmbito Novo (2009 retomando a perspetiva do

autor 1996) sublinha que ldquocom auxiacutelio de uma outra pessoa toda a crianccedila pode fazer

mais do que faria sozinhardquo (p 58)

A atividade foi gratificante natildeo apenas para as crianccedilas mas tambeacutem para noacutes

adultos percebendo os seus contributos em termos formativos indo portanto ao

encontro dos objetivos pretendidos Apesar da tenra idade foi interessante ver como as

crianccedilas aderiram agrave atividade e a realizaram com bastante empenho tentando responder

corretamente chamando os adultos para confirmarem as suas respostas e para ajudaacute-las

na sua melhor realizaccedilatildeo

Dialogaacutemos com as crianccedilas sobre a histoacuteria e sobre a opiniatildeo destas

relativamente agrave mesma escutando as suas respostas Propusemos-lhes a realizaccedilatildeo de

um ldquoestendalrdquo de palavras observando que era a primeira vez que trabalhavam com

este Explicamos-lhes o que se pretendia da atividade e vaacuterias crianccedilas sorriram e

comentaram-na ficando curiosas Procedemos agrave elaboraccedilatildeo da atividade pendurando o

fio de latilde na sala de modo a que estivesse ao acesso de todas as crianccedilas Apresentaacutemos-

lhes cartotildees com imagem e a palavra respetiva as quais no seu conjunto formavam

uma das frases retirada da histoacuteria e que tinha sido lida agraves crianccedilas

Sob a forma de jogo em que fosse articulado o prazer de brincar e o de

concretizar da tarefa propusemos que a realizaccedilatildeo do referido jogo tentando ordenar os

48

cartotildees com as imagens de modo a construirmos a frase isto eacute trabalhando a

construccedilatildeo fraacutesica As imagens da frase a ordenar eram relativas agrave frase O menino

branco entrou num aviatildeo

Relacionado com esta atividade procedemos agrave contagem do nuacutemero de cartotildees

pendurados no fio explorando o conceito de cardinal algumas crianccedilas identificaram de

imediato os seis cartotildees As crianccedilas participaram e gerou-se companheirismo na ajuda

em dar uns aos outros no sentido de que todos fossem bem-sucedidos na concretizaccedilatildeo

da proposta Trabalhamos a consciecircncia de grafema com a ajuda das educadoras (figura

18)

-Sabes que letra eacute essa que tens na matildeo

(Ed Est)

-Sei esta letra estaacute no meu nome tambeacutem eacute

um O (Rodrigo)

-Achas que essa letra eacute do mesmo tamanho

das outras (Ed Est)

-Natildeo acho que eacute maior que as outras

(Rodrigo)

Nota de campo 8 de abril 2013

Conforme iacuteamos questionando as crianccedilas de certa forma iacuteamos tambeacutem

implementando alguma informaccedilatildeo no acircmbito do domiacutenio da linguagem oral e

abordagem agrave escrita As crianccedilas iam organizando ideias mentais fazendo a construccedilatildeo

fraacutesica da mesma e compreendiam inclusive que a escrita e os desenhos transmitem

informaccedilatildeo Repetimos este exerciacutecio com vaacuterias crianccedilas pois a maioria queria

participar e colocar os cartotildees no estendal

Observaacutemos que algumas crianccedilas fizeram a construccedilatildeo fraacutesica muito mais

raacutepido do que outras manifestando algumas uma certa dificuldade na construccedilatildeo

revelando algumas incerteza sobre o que fazer

Assim e procurando que as crianccedilas percebessem a frase tiacutenhamos a imagem a

acompanhar e questionaacutemo-las vaacuterias vezes sobre a imagem que cada cartatildeo tinha a

acompanhar Atraveacutes das imagens em geral as crianccedilas compreendiam que a frase (natildeo

construiacuteda) natildeo fazia total sentido na sua leitura e voltavam a iniciar a atividade do

estendal por vezes ajudadas na atividade por um colega

Num outro momento realizaacutemos uma atividade idecircntica mas optaacutemos por

trabalhar com cores e objetos Tiacutenhamos cinco cartotildees com cinco cores diferentes e

outros tantos com objetos diferentes mas cada objeto associado a uma cor Explicaacutemos

Figura 18 - Interajuda entre as crianccedilas da sala

49

agraves crianccedilas que do nosso lado direito elas encontravam cartotildees com cores no centro

tinha cartotildees com as palavras ldquocomordquo ldquoaordquo e do lado esquerdo encontravam cartotildees

com objetos As crianccedilas tinham que conseguir formar frases como por exemplo

ldquoAmarelo como o sol branco como o leite castanho como o chocolate vermelho como

a cereja e preto como a estradardquo

Inicialmente mostraacutemos agraves crianccedilas os cartotildees com cores colocaacutemo-los no

estendal e questionaacutemo-las se sabiam o nuacutemero de cartotildees que tinha o estendal algumas

crianccedilas (Carlos Diogo e Tiago) responderam rapidamente e corretamente agrave questatildeo

enquanto as outras crianccedilas observavam e faziam a contagem mais calmamente

conseguindo identificar os cinco cartotildees com cores Questionaacutemo-las novamente

tentando saber se alguma crianccedila conseguia identificar um cartatildeo cuja palavra iniciasse

pela letra A Apoacutes um breve momento de silecircncio uma crianccedila respondeu Amarelo

comeccedila pela letra A (Carlos)

Questionaacutemos se mais alguma palavra dos cartotildees comeccedilava pela letra A e de

imediato vaacuterias crianccedilas responderam que natildeo Concluiacutemos que em cinco cartotildees um

deles comeccedilava pela letra A trabalhando assim o domiacutenio da matemaacutetica Repetimos

mais uma vez esta atividade mas solicitando que as crianccedilas identificassem a palavra

escrita no cartatildeo que iniciasse com a letra P respondendo uma delas Preto comeccedila pela

letra P e eacute tambeacutem a primeira letra do meu nome (Pedro)

Foi gratificante observar o entusiasmo das crianccedilas em quererem realizar as

atividades sendo de sublinhar o grande interesse que manifestaram em participar na

atividade De seguida iniciaacutemos a atividade de elaboraccedilatildeo do ldquoestendalrdquo das palavras

A primeira crianccedila a realizar a atividade escolheu um cartatildeo dos que tinham cores e

colocou-o no fio de latilde Questionaacutemo-la se sabia qual a cor que tinha escolhido ao que a

crianccedila respondeu corretamente ser branco Questionaacutemos de novo as crianccedilas no

sentido de perceber se sabiam o que tinha que fazer a seguir respondendo corretamente

Posteriormente foi colocado por uma crianccedila o respetivo cartatildeo agrave frente das palavras

Eacute de destacar que os uacuteltimos cartotildees incluiacuteam igualmente palavras retiradas da

histoacuteria os Meninos de todas as cores mas desta forma trabalhadas de diferente

maneira Esta atividade fez com que todas as crianccedilas trabalhassem na identificaccedilatildeo das

palavras e a sua organizaccedilatildeo na frase pois todas tiveram a oportunidade de participar

Os objetivos eram esses que todas as crianccedilas participassem na atividade de construccedilatildeo

de frases em ordem a compreenderem que a escrita e as imagens transmitem

50

informaccedilatildeo e a identificarem palavras que terminavam com a mesma siacutelaba (construccedilatildeo

de grafema)

Para que as crianccedilas pudessem dar continuidade a este tipo de atividades e criar

gosto pela leitura integraacutemos o referido estendal num espaccedilo da sala recorrendo a este

e ainda a outros materiais

Na sequecircncia da histoacuteria lida durante a semana em que esta foi explorada

sugerimos ainda agraves crianccedilas a construccedilatildeo de um cartaz relativo agrave mesma Neste acircmbito

sugerimos agraves crianccedilas que pensassem sobre o assunto e como elemento do grupo

tambeacutem apresentaacutemos propostas e depois foram discutidas as sugestotildees Assim as

crianccedilas resolveram fazer a estampagem da palma da matildeo utilizando tintas azul e

verde para que parecesse o planeta terra e que fossem pintadas cada um dos dedos de

cores diferentes como as cores dos meninos da histoacuteria que no caso seriam brancas

pretas castanhas amarelas e vermelhas Uma a uma cada crianccedila pintou e estampou

uma das matildeos no cartaz O trabalho foi desenvolvido na aacuterea de expressatildeo plaacutestica

utilizando os materiais aiacute disponiacuteveis como tintas pinceis e o papel de cenaacuterio de

modo a que pudessem usaacute-los de modo independente Entre os comentaacuterios feitos pelas

crianccedilas enquanto elaboravam o trabalho sublinhamos

-Temos aqui muitas cores verde azul amarelo preto vermelho castanho e

branco (Diogo)

-Vamos pintar os dedos com cinco cores diferentes (Tiago)

-Vou pintar o dedo de amarelo como a menina amarela como o sol (Pedro)

-Este dedo vai ser branco como o Miguel o menino branco como o accediluacutecar

(Rafael)

-O meu dedo do meio vai ser castanho como o chocolate (Renato)

-O meu dedo pequeno vai ser vermelho como a menina da cor do sangue

(Carlos)

-Este dedo vou pintar de preto como as azeitonas (Pedro)

Nota de campo 9 de abril 2013

Os comentaacuterios feitos pelas crianccedilas permitiram perceber que mobilizavam

informaccedilatildeo relacionada com as atividades anteriores mas tambeacutem as suas

intencionalidades e a diversidade de tintas disponiacuteveis A imagem apresentada na figura

19 daacute conta do trabalho desenvolvido

51

Importa neste acircmbito relevar que nas OCEPE (MEDEB 1997) se alerta para a

importacircncia de as crianccedilas terem ldquoagrave sua disposiccedilatildeo vaacuterias cores que lhes possibilitem

escolher e utilizar diferentes formas de combinaccedilatildeordquo (p 62) Sublihamos ainda a

importacircncia de as crianccedilas poderem percorrer os seus proacuteprios caminhos de expressatildeo

artiacutestica mas tambeacutem que elas necessitam para tal de oferecer-lhes aleacutem da

experimentaccedilatildeo de materiais as diferentes formas de arte na pintura (UNESCO 2005

p 31) Importa ainda considerar que as tintas exercem grande fasciacutenio na crianccedila tanto

pela cor quanto pela sensaccedilatildeo agradaveacutel que produzem ao serem manuseadas (idem)

Mais tarde propusemos agraves crianccedilas a criaccedilatildeo de fantoches com materiais

reciclados acerca da histoacuteria dos Meninos de todas as cores As crianccedilas mostraram-se

bastante curiosas pois ainda natildeo tinham trabalhado com fantoches e iria ser uma

atividade diferente Organizaacutemo-nos em pequenos grupos de trabalho no total de cinco

crianccedilas em cada propondo-lhes que cada um que pintasse uma luva integrando em

cada dedo uma cor diferente Por sua vez outros grupos de crianccedilas trabalhavam na

criaccedilatildeo dos transportes que apareciam na histoacuteria

Dialogaacutemos sobre a possibilidade da representaccedilatildeo da histoacuteria agraves outras crianccedilas

e adultos do jardim-de-infacircncia As crianccedilas entusiasmaram-se com a iniciativa e por

consenso decidimos proceder agrave concretizaccedilatildeo da mesma como mais tarde aconteceu

Assumimos o papel de narrador e o grupo de crianccedilas ficou com a

responsabilidade de representar a histoacuteria procedendo agrave manipulaccedilatildeo dos fantoches

Todas as crianccedilas e educadoras da sala apoiaram e elogiaram a representaccedilatildeo

Repetimos do mesmo modo a apresentaccedilatildeo de fantoches na sala dos trecircs anos e tambeacutem

aqui as crianccedilas foram bastante aplaudidas e elogiadas

Em siacutentese importa evidenciar que esta atividade foi rica em conteuacutedo e os

objetivos foram concretizados fazendo com que as crianccedilas pudessem acima de tudo

ser elas a participar ativamente nas atividades terem contacto direto com os materiais e

Figura 19 - Sequecircncia de imagens da construccedilatildeo do cartaz

52

usufruiacuterem de prazer manifestando entusiasmo e envolvimento na sua realizaccedilatildeo Esta

atividade proporcionou agraves crianccedilas um momento de contacto com crianccedilas de outras

salas ou seja de outras faixas etaacuterias e por conseguinte com carateriacutesticas diversas

Fez com que estas pudessem de certa forma desenvolver o relacionamento social entre

elas Importa relembrar Hohmann e Weikart (20011) quando sublinham que

atraveacutes da imitaccedilatildeo e do faz-de-conta as crianccedilas organizam aquilo que

compreendem e ganham um sentido de mestria e controlo sobre os

acontecimentos que testemunharam ou nos quais fazem parte (hellip) Fazer de

conta e representar papeacuteis tendem a ser actividades francamente sociais e

parecem ter um efeito positivo no desenvolvimento social e de linguagem

das crianccedilas (p 494)

Esta experiecircncia de aprendizagem fez com que fosse possiacutevel haver

continuidade com as atividades anteriores fornecendo assim um processo formativo

articulado e integrado Foi possiacutevel explorar conteuacutedos relacionados com as cores as

diferenccedilas de raccedila entre a humanidade e as culturas e a vivecircncia de um processo pautado

pela interajuda e cooperaccedilatildeo entre os elementos do grupo Esta experiecircncia permitiu

ainda contribuir para as crianccedilas desenvolverem a consciecircncia de grafema a criaccedilatildeo de

fantoches a dramatizaccedilatildeo de uma histoacuteria e a interaccedilatildeo em grupos alargados

Desta experiecircncia de aprendizagem importa ainda relevar o prazer e alegria

manifestados pelas crianccedilas em fazer atividades como a de poderem pintar a palma da

matildeo as luvas escolher as cores que queria colocar-lhes e ver as produccedilotildees do grupo

divulgadas para as famiacutelias ou outros atraveacutes de um cartaz que foi exposto no corredor

de entrada da instituiccedilatildeo As crianccedilas puderam construir pensamentos e saberes

construindo em nosso entender uma aprendizagem com significado para todos os

implicados nesse processo

34 Experiecircncia de aprendizagem Descobrir trabalhando

colaborativamente

Tendo como objetivo proporcionar agraves crianccedilas um momento de interaccedilatildeo e

interajuda entre elas sugerimos a realizaccedilatildeo de um jogo ao ar livre no recreio da

instituiccedilatildeo Tendo os espaccedilos interiores e exteriores potencialidades proacuteprias eacute

importante que os educadores tirem partido das mesmos (MEDEB 1997) procurando

diversificar e enriquecer as atividades em que se envolvem as crianccedilas

Assim aproveitaacutemos o espaccedilo interior e exterior para explorar de uma forma

diferente as cores que apresenta o mundo fiacutesico em que nos integramos Sabemos que

53

as crianccedilas gostam naturalmente de observar mas tambeacutem que eacute importante que se

valorizem as observaccedilotildees que fazem na construccedilatildeo da sua aprendizagem e

desenvolvimento Eacute nesta linha de pensamento que se situa esta experiecircncia de

aprendizagem

De forma a iniciar a atividade de pesquisa as crianccedilas formaram cinco grupo

explicaacutemos que o objetivo era irmos ao exterior observar as cores que existem no

mundo agrave nossa volta e que cada um tinha como tarefa tentar descobrir onde poderia

encontrar-se uma cor por ele escolhida Para efetuarem a escolha da cor apresentaacutemos

um conjunto de cartotildees numa caixa e cada grupo retirou um procurando ter em

consideraccedilatildeo que as cores a observar por cada grupo deveriam ser diferentes

Escolhida a cor a observar por cada grupo deslocaacutemo-nos ao exterior da

instituiccedilatildeo (redondezas das mesma) tendo como objetivo identificar e registar

elementos que apresentassem as seguintes cores vermelho verde laranja azul e

amarelo A figura 20 ilustra o ambiente e daacute conta da implicaccedilatildeo da procura na recolha

de dados

De regresso agrave sala de atividades e em

grande grupo realizaacutemos a contagem dos

objetos observados e registados pelos adultos

com base na indicaccedilatildeo dada pelas crianccedilas de

cada um dos grupos O grupo que observou

mais elementos foi o que tinha como tarefa

observar elementos de cor amarela tendo

registado um total de treze seguindo-se-lhe o

grupo verde com nove o grupo azul com oito e os grupos laranja e vermelho com cinco

elementos cada um

No sentido de evitar a extensatildeo do relatoacuterio mas tambeacutem de ilustrar o

observado apresentamos aqui apenas os dados relativos ao grupo que observou

elementos de cor amarela tendo indicado

- O escorrega eacute amarelo (Luana)

- O muro do passeio tambeacutem eacute (Ricardo)

- O sol eacute amarelo (Rafael)

- As peacutetalas da flor satildeo amarelas (Gonccedilalo)

- O girassol eacute amarelo (Gonccedilalo)

- A parede da escola eacute amarela (Inecircs)

- O tubo da escola tambeacutem eacute amarelo (Inecircs)

- A antena eacute amarela (Gonccedilalo)

Figura 20 - Crianccedilas procurando objetos

da respetiva cor

54

- A cola que sai das aacutervores tambeacutem eacute amarela (Inecircs)

- A luz do poste eacute amarela agrave noite (Rafael)

- A areia do recreio tambeacutem eacute amarela (Ricardo)

- Aquela casa tambeacutem eacute amarela (Inecircs)

- A girafa colada naquela janela eacute amarela (Luana)

Nota de campo 22 de abril 2013

Os enunciados apresentados permitem-nos perceber que todas as crianccedilas foram

capazes destacar uma ou mais elementos da cor a identificar O mesmo se verificou com

os restantes grupos mas para aleacutem da identificaccedilatildeo de mais ou menos elementos

entendemos ser importante destacar o envolvimento das crianccedilas na procura de dados a

interajuda que se gerou natildeo apenas ao niacutevel do interior de cada grupo como tambeacutem

intergrupos surgindo situaccedilotildees em que se alertavam uns aos outros sobre onde

observar

Na sequecircncia desta atividade uma das crianccedilas sugeriu que poderiam desenhar

os objetos que observaram Apoiaacutemos a iniciativa e alertaacutemos que para o fazerem

poderiam utilizar diferentes materiais Entendemos que o uso de materiais de natureza

diversificada poderia ajudar as crianccedilas nas suas representaccedilotildees

Os elementos observados e registados permitiram-nos explorar conceitos

matemaacuteticos ao niacutevel da contagem classificaccedilatildeo e forma de objetos No que se refere agrave

classificaccedilatildeo desses elementos procuraacutemos ter em conta que como se refere nas

OCEPE (MEDEB 1997) ldquoagrupar os objetos ou seja formar conjuntos de acordo

com um criteacuterio previamente estabelecido a cor a forma etc reconhecendo as

semelhanccedilas e diferenccedilas (hellip) permitem distinguir o que pertence a um e a outro

conjuntordquo (p 74)

Assim partindo dos desenhos realizados pelas crianccedilas procedemos agrave formaccedilatildeo

de conjuntos atendendo agrave cor que integravam os elementos representados Para isso

colocaacutemos no chatildeo da sala cinco arcos referentes cada um agrave cor e em cada arco as

crianccedilas colocavam os respetivos desenhos Depois procedemos agrave contagem dos

elementos de cada conjunto e comparaccedilatildeo do que tinha mais e menos elementos

surgindo por parte das crianccedilas algumas leituras como os exemplos deixam perceber

Procuraacutemos cinco cores (Rodrigo) O arco que tem mais objetos eacute o amarelo (Inecircs)

Aproveitando ainda as falas de duas crianccedilas referindo uma que viu um sinal

(hellip) azul e quadrado (Micael) e outra que observou um sinal vermelho que tinha a

forma redonda (Manuel) propusemos agraves crianccedilas que identificassem na sala e

55

nomeassem elementos que apresentavam uma forma geomeacutetrica Verificaacutemos que as

crianccedilas identificaram com alguma facilidade algumas formas geomeacutetricas como os

exemplos dos seus enunciados permitem perceber

- A mesa eacute redonda [ciacuterculo] (Pedro)

- O quadro [expositor] eacute quadrado (Tiago)

- E o tapete tem a forma de um retacircngulo (Diogo)

- Aquela reacutegua [esquadro] tem a forma de triacircngulo (Margarida)

- Conseguimos descobrir quatro formas geomeacutetricas (Manuel)

Nota de campo 23 de abril 2013

Num outro momento e partindo da fala de outra crianccedila (Mariana) que referiu

que o laranja era sua cor favorita (Mariana) sugerimos agraves crianccedilas tentar descobrir qual

era a cor preferida do grupo Neste sentido solicitaacutemos-lhes que colocassem a matildeo no

ar quando disseacutessemos a sua cor favorita contando o nuacutemero de elementos indicados

mas sem os registar

Apoacutes todas as crianccedilas terem indicado a cor favorita questionaacutemo-las se sabiam

qual seria a cor mais escolhida por mais crianccedilas do grupo

- Jaacute natildeo me lembro (Rafael)

- Todos pusemos a matildeo no ar (Diogo)

Nota de campo 23 de abril 2013

Os enunciados deixam perceber a dificuldade que eacute fazer a leitura de dados

observados sem que se proceda ao registo dos mesmos No sentido de ajudar o grupo a

perceber a importacircncia de registar os dados recolhidos questionaacutemos as crianccedilas sobre

como poderiacuteamos entatildeo descobrir a cor favorita do grupo Surgiram vaacuterias respostas

uma delas do Carlos que indicava que podiacuteamos pocircr as cores numa cartolina e depois

puacutenhamos a nossa cor favorita laacute Discutimos a proposta merecendo consenso a sua

concretizaccedilatildeo e no sentido de facilitar a compreensatildeo do conceito de nuacutemero

propusemos agraves crianccedilas que fosse indicada a preferecircncia colocando um lego em cima

da cor preferida o que fizemos Indicadas as preferecircncias procedemos agrave leitura dos

resultados surgindo os seguintes comentaacuterios

- A cor com menos legos eacute a preta e a castanha (Rodrigo)

- Assim podemos ver o tamanho dos legos (Pedro)

- Tem legos da mesma altura (Manuel) Nota de campo 24 de abril 2013

56

Tiacutenhamos assim construiacutedo um graacutefico de barras em conjunto e como

mencionam Castro e Rodrigues (2008) ldquoa organizaccedilatildeo dos dados em graacuteficos permite

uma anaacutelise mais raacutepida uma vez que a contagem dos elementos da mesma categoria eacute

mais evidenterdquo (p 72) Promovemos a discussatildeo escutando as opiniotildees expressas pelas

crianccedilas na leitura do mesmo pois como referem os autores (idem) ldquoapoacutes a construccedilatildeo

do graacutefico (hellip) deve sempre haver um momento em que se discute o que este nos

sugererdquo (ibidem)

Procedemos em seguida agrave leitura dos dados (atraveacutes da contagem dos legos)

observando que a cor mais escolhida era o azul com sete escolhas e as menos

escolhidas seriam o castanho e o preto com uma escolha

Propusemos ao grupo o registo desses dados elaborando para o efeito uma

tabela de dupla entrada Propusemos agraves

crianccedilas que sugerissem um tiacutetulo para a

tabela ideia para a qual apontam Castro e

Rodrigues (idem) Apoacutes vaacuterias respostas das

crianccedilas acordaacutemos que o tiacutetulo fosse A

minha cor favorita O nome das crianccedilas foi

registado por elas na quadriacutecula vertical do

lado esquerdo e na horizontal indicaacutemos as

cores como mostra a figura 21

Entendemos que se tratou de uma

atividade enriquecedora para as crianccedilas pois estas visualizaram e experimentaram a

construccedilatildeo de uma tabela sendo esta facilitadora da anaacutelise e interpretaccedilatildeo dos dados

Num outro momento e relembrando uma afirmaccedilatildeo de uma crianccedila (Carlos)

que tinha dito que o vidratildeo era verde e considerando que algumas crianccedilas

manifestaram natildeo saber o que era o vidratildeo achaacutemos importante dialogar com as

crianccedilas sobre os ecopontos

Comeccedilamos por abordar a importacircncia da reciclagem e posteriormente

apresentaacutemos uma canccedilatildeo que explicava a separaccedilatildeo de resiacuteduos soacutelidos Como se

refere nas OCEPE (MEDEB 1997) existe uma relaccedilatildeo entre a canccedilatildeo e a palavra

trabalhar as letras das canccedilotildees relaciona o domiacutenio da expressatildeo musical

com a linguagem que passa por compreender o sentido do que se diz por

tirar partido das rimas para discriminar os sons por explorar o caraacutecter

luacutedico das palavras e criar variaccedilotildees da letra original (p 64)

Figura 21 - Crianccedila preenchendo a tabela das cores

favoritas

57

Concordando com a afirmaccedilatildeo podemos salientar que atraveacutes da expressatildeo

musical as crianccedilas satildeo capazes de captar a informaccedilatildeo mais raacutepido No final uma das

crianccedilas perguntou se poderiam construir ecopontos para ter na sala Considerando a

sugestatildeo da crianccedila levaacutemos caixas que as crianccedilas decoraram com o objetivo de

organizarmos na sala ecopontos Quando construiacutedo os ecopontos promovemos um

jogo que consistia em colocar resiacuteduos soacutelidos no ecoponto correto

A experiecircncia de aprendizagem descrita proporcionou agraves crianccedilas em nosso

entender uma forma ativa e significativa de construccedilatildeo de pensamentos e saberes

Relevamos a importacircncia que assumiu a accedilatildeo desenvolvida no espaccedilo exterior da

instituiccedilatildeo enquanto meio de recolha de informaccedilotildees a partir das quais surgiram novas

oportunidades de aprendizagem

Atraveacutes desta experiecircncia de aprendizagem pudemos explorar com as crianccedilas

aacutereas e domiacutenios de conteuacutedo como a matemaacutetica a Linguagem oral e abordagem agrave

escrita expressatildeo plaacutestica a aacuterea do Conhecimento do Mundo e a aacuterea de Formaccedilatildeo

pessoal e Social

Sabemos que as crianccedilas satildeo grandes observadoras e criacuteticas do mundo que as

rodeia e atraveacutes dos seus comentaacuterios constataacutemos que observavam atendendo a

pormenores

Importa relevar que devemos escutar cada crianccedila valorizando a sua

contribuiccedilatildeo para o grupo fomentar o diaacutelogo entre elas e o seu desejo de comunicar

Corroboramos assim a ideia expressa nas OCEPE (MEDEB 1997) que

eacute no clima de comunicaccedilatildeo criado pelo educador que a crianccedila ira

dominando a linguagem alargando o seu vocabulaacuterio construindo frases

mais corretas e complexas adquirindo um maior domiacutenio da expressatildeo e

comunicaccedilatildeo que lhe permitam formas mais elaboradas de representaccedilatildeo (p

67)

Concluiacutemos que eacute crucial que o educador planeie situaccedilotildees de aprendizagem que

sejam desafiadoras para as crianccedilas de modo a que as motive e as estimule a aprender e

a desenvolver-se Esta experiecircncia permitiu ainda perceber que para aleacutem das atividades

planeadas foram integradas outras propostas pelas crianccedilas A este respeito importa

relembrar que ldquoo planeamento realizado com a participaccedilatildeo das crianccedilas permite ao

grupo beneficiar da sua diversidade das capacidades e competecircncias de cada crianccedila

num processo de partilha facilitador da aprendizagem e do desenvolvimento de todas e

de cada umardquo (MEDEB 1997 p 26)

58

Tentaacutemos ainda articular todas as aacutereas do conteuacutedo pois como se refere nas

OCEPE (idem) ldquoque as diferentes aacutereas de conteuacutedo deveratildeo ser consideradas como

referencias a ter em conta do planeamento e avaliaccedilatildeo e experiecircncias e oportunidades

educativas e natildeo como compartimentos estanque a serem abordados separadamenterdquo (p

48)

59

IV Reflexatildeo Criacutetica

Refletimos nesta uacuteltima parte sobre a praacutetica educativa desenvolvida

abordando os conteuacutedos que procuraacutemos explorar com as crianccedilas

No iniacutecio da praacutetica educativa as expectativas eram muitas as quais se prendiam

com o desenvolvimento de atividades estimulantes e criativas o respondermos agraves

solicitaccedilotildees de todas crianccedilas e o sermos bem acolhidas pelas crianccedilas e membros da

instituiccedilatildeo entre outras As duacutevidas e os receios eram tambeacutem muitos mas com o

decorrer do tempo fomos conhecendo as crianccedilas e ganhando laccedilos de afeto ajudando-

nos a ultrapassar estes sentimentos Para tal foi importante a reflexatildeo e o diaacutelogo com

os diferentes intervenientes no processo educativo gerando-se um ambiente de

compreensatildeo e ajuda muacutetua

Procuraacutemos ter disponibilidade para cooperar para experienciar de certa forma

para aprender com os erros e com as conquistas alcanccediladas reconhecendo que em certas

alturas conseguimos suscitar o envolvimento das crianccedilas e criar atividades

enriquecedoras Poreacutem noutros momentos sentimos algumas dificuldades no que se

refere agrave elaboraccedilatildeo da planificaccedilatildeo das atividades e ao tornar acessiacutevel agraves crianccedilas a

compreensatildeo de alguns conteuacutedos o que tentaacutemos ir superando de forma a criar

respostas adaptadas agraves suas necessidades e do grupo Este processo permitiu-nos

aprender e desenvolver-nos do ponto de vista pessoal e profissional

Demos importacircncia agraves atividades iniciadas pelas crianccedilas tentamos responder agraves

suas duacutevidas e procuraacutemos desenvolver com elas experiecircncias de aprendizagem que

incluiacutessem as diferentes aacutereas e domiacutenios de conteuacutedo curricular

Refletimos sobre as perspetivas de aprendizagem nas quais buscaacutemos apoiar a

accedilatildeo educativa que desenvolvemos destacando o papel ativo das crianccedilas Nesta

reflexatildeo procuraacutemos relevar e retratar as vaacuterias dimensotildees da accedilatildeo educativa

merecendo-nos particular atenccedilatildeo as intervenccedilotildees os espaccedilos a observaccedilatildeo

planificaccedilatildeo entre outros

Procuraacutemos evidenciar as ideias que estiveram na base da praacutetica de ensino

supervisionada desenvolvida e aprendizagens promovidas com as crianccedilas Assim

valorizando as perspetivas das crianccedilas e procurando a curiosidade e o desejo de querer

saber sempre mais sentimentos que foram manifestados pelas crianccedilas e que

procuramos ter em consideraccedilatildeo para ir regulando a nossa praacutetica em ordem agrave

60

construccedilatildeo de oportunidades educativas que favorecessem a progressatildeo de cada uma e

do grupo O trabalho colaborativo quer com os adultos quer com as crianccedilas foi na

dimensatildeo valorada e que constitui o suporte para uma continuada progressatildeo do ponto

de vista da nossa formaccedilatildeo pessoal e profissional Nesta linha de pensamento

relevamos que como afirmam Hohmann e Weikart (2011)

Quando as crianccedilas e os adultos trabalham em conjunto em qualquer

ambiente de aprendizagem em acccedilatildeo sustentado num clima de apoio

interpessoal as crianccedilas sentem-se motivadas a prosseguir e levar a bom

porto as suas intenccedilotildees e motivaccedilotildees Os adultos encorajam as crianccedilas a

utilizar aquilo que sabem para resolver problemas e a iniciar novas

experiecircncias atraveacutes das quais ganharatildeo uma outra compreensatildeo sobre o que

as rodeia (p 75)

A maioria das crianccedilas da sala mostrou implicaccedilatildeo nos trabalhos desenvolvidos

vontade de realizar novas experiecircncias e procurar diferentes fontes de informaccedilatildeo O

gosto por participar e por conhecer suscitavam questionamentos e a procura de novas e

diferentes formas de informaccedilatildeo

Aproveitaacutevamos momentos em grande grupo momentos em pequenos grupos

momentos na sala e momentos no recreio para observar as crianccedilas da sala e refletir

sobre as suas curiosidades e motivaccedilotildees Procuramos observar as crianccedilas e registar

informaccedilatildeo sobre o cada uma e o grupo o que natildeo foi tarefa faacutecil considerando o duplo

papel que tiacutenhamos que assumir o de observadores e atores Acrecenta-se ainda a esse

aspeto a dimensatildeo extenccedila do grupo o tempo limitado destinado agrave praacutetica para que

pudesse ser-lhe dada continuidade

Tivemos em conta os interesses das crianccedilas e pusemos o foco de atenccedilatildeo nas

interaccedilotildees que estas estabeleciam com os objetos e os adultos de forma a desenvolver

desse modo aprendizagens com significado

As crianccedilas desde o iniacutecio da praacutetica educativa foram demonstrando que as

atividades tinham significado para elas pois trabalhavam com motivaccedilatildeo e entusiasmo e

mostravam recordar-se das experiecircncias realizadas como exemplo as desenolvidas em

torno da histoacuteria do Elmer

Apesar de ser um grupo constituiacutedo por vaacuterios elementos preocupamo-nos que

cada crianccedila pudesse escolher e ter faacutecil acesso as aacutereas e materiais da sala de uma

forma autoacutenoma ocasionando dessa forma aprendizagens ativas nas mesmas pois eacute

atraveacutes da accedilatildeo com os materiais que as crianccedilas chegam agrave compreensatildeo do mundo

Estas tendo a possibilidade de escolher e sendo as mesmas a tomar decisotildees e

61

resolvendo os problemas que apareciam no dia-a-dia desenvolviam a sua

independecircncia

Esteve presente a preocupaccedilatildeo de planificar e criar experiecircncias de

aprendizagem de modo a que todas as crianccedilas se envolvessem nas atividades e nos

momentos de brincadeiras fazendo com que estas desenvolvessem cada vez mais

competecircncias

Pudemos evidenciar que existiram bastantes momentos aproveitados para

dialogar com as crianccedilas permitindo desse modo conhececirc-las de uma forma

individualizada permitindo escutar as suas opiniotildees questionar e sermos questionados

partilhar e engrandecer os saberes das crianccedilas

Para a realizaccedilatildeo da praacutetica educativa utilizamos a planificaccedilatildeo semanal como

instrumento sistemaacutetico de trabalho procuraacutemos bastante informaccedilatildeo em diversos

documentos direcionados para o preacute-escolar contudo natildeo descartamos outros

documentos essenciais a uma planificaccedilatildeo rica nos seus conteuacutedos e procuraacutemos

orientar os diferentes elementos do curriacuteculo em conformidade com as necessidades e

interesses das crianccedilas A elaboraccedilatildeo das planificaccedilotildees foram desde cedo pensadas e

realizadas em conformidade com os conteuacutedos adequados agrave idade das crianccedilas e

adequadas agrave evoluccedilatildeo das mesmas por isso tentaacutemos clarificar todas as atividades para

que natildeo houvesse duacutevidas nas mesmas por parte dos destinataacuterios

Apercebemo-nos que as atividades planificadas tiveram constantemente ligaccedilatildeo

umas com as outras Por vezes surgiam atividades que natildeo estavam previstas nas

planificaccedilotildees mas surgiam em conformidade com a curiosidade das crianccedilas e

manifestaccedilatildeo destas em quererem aprender sempre mais sobre certos conteuacutedos Sendo

que estas favoreciam em vaacuterias ocasiotildees o desenvolvimento de competecircncias em

diversos domiacutenios tornando desse modo mais faacutecil trabalhar todos e cada um

As experiecircncias de aprendizagem foram organizadas de modo a surgirem

aprendizagens ativas e significativas nas crianccedilas desafiando-as a participar a serem as

mesmas a intervir nas atividades a realizaacute-las a tirar partido de toda a informaccedilatildeo e de

todos os conteuacutedos a tomar iniciativa e a aprenderem informaccedilotildees necessaacuterias sobre

cada domiacutenio da educaccedilatildeo preacute-escolar

Em diversas atividades estiveram presentes histoacuterias que eram novas para as

crianccedilas e continham informaccedilotildees novas para as mesmas e pudemos atraveacutes destas

trabalhar diversos conteuacutedos Tentamos que as histoacuterias despertassem na crianccedila

curiosidade em aprender mais sobre tudo o que nos rodeia tentando durante a leitura da

62

mesma captar a atenccedilatildeo das crianccedilas e fazer com que estas pudessem trabalhar o

imaginaacuterio e pocirc-lo em praacutetica na realidade

Eacute pertinente afirmar que os adultos possuem um papel importante no que

respeita a motivaccedilatildeo das crianccedilas de modo a que autonomamente estas vatildeo ao

encontro do que podem aprender com a escrita e a leitura percebendo assim a

importacircncia destes conteuacutedos para o seu futuro

Buscaacutemos em vaacuterios aspetos relacionar o que as crianccedilas escutavam com toda a

informaccedilatildeo que possuiacuteam previamente As crianccedilas eram questionadas e inclusive

dialogaacutevamos com elas sobre o conteuacutedo da leitura Como mencionam Sim-sim Silva e

Nunes (2008) a interaccedilatildeo das educadoras durante a leitura de livros em sala de

atividades tem muito a ver com a forma como estas leem livros com crianccedilas em

contexto de grupo e que estaacute fortemente relacionada com o desenvolvimento a longo

prazo do vocabulaacuterio e de competecircncias de compreensatildeo de histoacuterias

Abordando um pouco a gestatildeo do tempo e dos espaccedilos podemos afirmar que

efetuamos durante toda a praacutetica uma flexibilidade em relaccedilatildeo agrave gestatildeo da rotina

diaacuteria existente na sala Pois para a criaccedilatildeo de um bom ambiente educativo eacute

necessaacuterio existir uma boa organizaccedilatildeo de tempo das atividades

O trabalho em pequeno e grande grupo possibilitou-nos um melhor

acompanhamento das crianccedilas de forma a compreendermos os interesses e motivaccedilotildees

destas e estimulando-as a experimentar e promover a cooperaccedilatildeo com as outras crianccedilas

do grupo Destacamos neste sentido que como sublinham as Orientaccedilotildees Curriculares

(MEDEB 1997) ldquoa relaccedilatildeo que o educador estabelece com cada crianccedila eacute facilitadora

da sua inserccedilatildeo no grupo e das relaccedilotildees com as outras crianccedilasrdquo (p 35) Eacute necessaacuterio

considerar que essa relaccedilatildeo envolve a criaccedilatildeo de um ambiente agradaacutevel onde cada crianccedila

se sinta ouvida

Recordaacutemos que o jardim-de-infacircncia deve facultar um conjunto alargado de

saberes permitir formar pessoas autoacutenomas livres e solidaacuterias Procuraacutemos ajudar as

crianccedilas a desenvolverem as habilidades necessaacuterias para tomar decisotildees elucidadas

Consideraacutemos que as experiecircncias de aprendizagem facultaram agraves crianccedilas um

equiliacutebrio de experiecircncias nas diferentes aacutereas e domiacutenios de aprendizagem e que se

revelaram positivas pela participaccedilatildeo ativa demonstrada pelas crianccedilas o empenho e

concentraccedilatildeo das mesmas nas atividades

As crianccedilas foram os elementos centrais na praacutetica educativa porque para aleacutem

de participarem nas atividades tambeacutem participavam em todos os momentos de

63

diaacutelogo onde deram as suas opiniotildees e foi atraveacutes de todos estes momentos que

aproveitamos para proporcionar agraves crianccedilas atividades enriquecedoras aproveitando a

maioria das vezes situaccedilotildees segundo as ideias preacutevias das crianccedilas

Desejaacutemos que as crianccedilas se tornem sucessivamente mais autoacutenomas

responsaacuteveis curiosas e em accedilatildeo

Achaacutemos que as estrateacutegias que utilizamos proporcionaram agraves crianccedilas desfrutar

de oportunidades de bem-estar e de desenvolvimento de competecircncias a diversos niacuteveis

Apercebemo-nos ao longo da accedilatildeo educativa que a partilha de conhecimentos

conduziu-nos e conduziraacute futuramente agrave construccedilatildeo de novos e diferentes saberes

Atualmente e terminada a nossa experiecircncia da praacutetica educativa achaacutemos

todas as estrateacutegias que utilizamos facultaram agraves crianccedilas oportunidades de bem-estar e

desenvolvimento a vaacuterios niacuteveis Estas oportunidades de conhecimento conduziram a

crianccedila agrave construccedilatildeo de novos saberes indo ao encontro ao nosso objetivo final Sendo

assim podemos afirmar que as nossas intenccedilotildees foram concretizadas

Em suma achaacutemos pertinente afirmar que todo o trabalhado realizado

proporcionou aprendizagens significativas na nossa formaccedilatildeo como educadoras de

infacircncia

64

Consideraccedilotildees Finais

Finda esta etapa onde as conquistas e desafios foram variados e que em muito

contribuiu para o desenvolvimento de competecircncias profissionais e pessoais eacute chegado

o momento de efetuar algumas consideraccedilotildees acerca do desenvolvimento da praacutetica

educativa

Acreditamos que as caracteriacutesticas consideradas fundamentais para o nosso

desempenho profissional como futuros educadores de infacircncia foram alvo de progresso

ao longo da praacutetica educativa que desenvolvemos Salientamos o importante papel que a

supervisora teve neste processo de formaccedilatildeo em que os feedbacks dados pela mesma

nos levaram a um claro progresso Esta partilha permitiu uma constante reflexatildeo sobre

as praacuteticas promovidas e contribuiu desta maneira para o nosso desenvolvimento

profissional e pessoal

As crianccedilas assumiram neste processo um papel importante papel considerando

que foram criadoras de situaccedilotildees que nos ajudaram a refletir e a investir na procura de

novas informaccedilotildees para que pudeacutessemos encontrar respostas coerentes e com

continuidade As experiecircncias de aprendizagem vividas no contexto onde decorreu a

praacutetica de ensino possibilitaram-nos aprender e desenvolver competecircncias relacionadas

com a dimensatildeo da aprendizagem e desenvolvimento das crianccedilas da integraccedilatildeo do

curriacuteculo da interaccedilatildeo e de dimensatildeo eacutetica e social Para tal os contributos dos vaacuterios

agentes educativos revelaram-se fundamentais neste curto processo de formaccedilatildeo

Concluindo reconhecemos que ainda temos um longo caminho a percorrer no

entanto estamos cientes do caminho que percorremos e do importante papel que neste

processo assumiu a praacutetica de ensino supervisionada Sublinhamos que construiacutemos

novos olhares sobre a educaccedilatildeo de infacircncia a imagem da crianccedila e sobre o papel do

educador de infacircncia Esta experiecircncia proporcionou-nos uma evoluccedilatildeo na medida que

possuiacutemos um leque abrangente de experiecircncias Temos desejo em continuar a

progredir renovando conhecimentos e desenvolvendo novas aprendizagens ao longo da

vida com vista agrave realizaccedilatildeo pessoal e profissional

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Page 6: Cátia Alexandra Mendes Machado...Figura 13 - Livro - Elmer e o arco-íris de David Mckee. ..... 39 Figura 14 - Desenho de um arco-íris realizado por uma criança da sala..... 41

VI

Iacutendice geral

Agradecimentos III

Resumo IV

Abstract V

Iacutendice de Figuras VII

Introduccedilatildeo 1

I Contextualizaccedilatildeo da Praacutetica de Ensino Supervisionada 3

11Caraterizaccedilatildeo da instituiccedilatildeo 3

12Caraterizaccedilatildeo do grupo de crianccedilas 4

13Organizaccedilatildeo do ambiente educativo 6

131Caracterizaccedilatildeo do espaccedilo 7

1311Espaccedilo interior 7

1312Espaccedilo exterior 11

132Rotina diaacuteria 12

133As interaccedilotildees 14

II Fundamentaccedilatildeo das opccedilotildees educativas 17

21A aprendizagem como um processo ativo 17

22Modelos Curriculares 19

23Linhas de orientaccedilotildees curricular da educaccedilatildeo preacute-escolar 24

III Descriccedilatildeo e anaacutelise das experiecircncias de aprendizagem 31

31Experiecircncia de aprendizagem Respeitar as diferenccedilas um desafio para todos 32

32Experiecircncia de aprendizagem Aprender a observar e conhecer 39

33Experiecircncia de aprendizagem Conhecendo diferentes culturas 45

34Experiecircncia de aprendizagem Descobrir trabalhando colaborativamente 52

IV Reflexatildeo Criacutetica 59

Consideraccedilotildees Finais 64

Bibliografia 65

VII

Iacutendice de Figuras

Figura 1 - Identificaccedilatildeo das aacutereas da sala 7

Figura 2 - Planta da sala 9

Figura 3- Aacuterea da biblioteca 9

Figura 4 - Aacuterea da escrita 10

Figura 5 - Aacuterea dos jogos 10

Figura 6- Aacuterea da casa espaccedilo do quarto 10

Figura 7 - Espaccedilo da cozinha 10

Figura 8 - Aacuterea da garagemconstruccedilotildees 11

Figura 9 - Quadro semanal de presenccedilas 11

Figura 10 ndash Produccedilotildees das crianccedilas em plasticina na sequecircncia da exploraccedilatildeo da

histoacuteria do Elmer 35

Figura 11 - Crianccedila colocando o animal no habitat 37

Figura 12 - Quadro das cores primaacuterias e secundaacuterias 38

Figura 13 - Livro - Elmer e o arco-iacuteris de David Mckee 39

Figura 14 - Desenho de um arco-iacuteris realizado por uma crianccedila da sala 41

Figura 15 - Arco-iacuteris elaborado por uma crianccedila da sala 41

Figura 16 - Crianccedilas jogando o Jogo dos sorrisos 42

Figura 17 - Resultado da atividade praacutetica sobre a formaccedilatildeo do arco-iacuteris 43

Figura 18 - Interajuda entre as crianccedilas da sala 48

Figura 19 - Sequecircncia de imagens da construccedilatildeo do cartaz 51

Figura 20 - Crianccedilas procurando objetos da respetiva cor 53

Figura 21 - Crianccedila preenchendo a tabela das cores favoritas 56

1

Introduccedilatildeo

A educaccedilatildeo preacute-escolar eacute reconhecida como a primeira etapa da educaccedilatildeo baacutesica

no processo de educaccedilatildeo ao longo da vida da qual se espera que em

complementaridade com a accedilatildeo educativa da famiacutelia favoreccedila a formaccedilatildeo e o

desenvolvimento das crianccedilas tendo em vista a sua plena inserccedilatildeo na sociedade como

seres autoacutenomos livres e solidaacuterios (Lei nordm597 de 10 de fevereiro artordm 2ordm) Como tal

devemos proporcionar agraves crianccedilas experiecircncias de aprendizagem de natureza diversa

atraveacutes das quais possam aprender e desenvolver-se

Sendo o educador o construtor e o gestor do curriacuteculo (MEDEB 1997)1 deve

procurar fazecirc-lo em equipa e escutando os saberes das crianccedilas das suas famiacutelias e da

comunidade As Orientaccedilotildees Curriculares para a Educaccedilatildeo Preacute-Escolar2 satildeo um ponto

de apoio para o processo educativo a desenvolver

A faixa etaacuteria em que se encontravam as crianccedilas do grupo com o qual

desenvolvemos a praacutetica de ensino supervisionada requer uma constante atenccedilatildeo e

resposta pelo que pressupotildee que o educador exerccedila a sua accedilatildeo profissional com

entusiasmo e dedicaccedilatildeo suficiente para tornar possiacutevel que as crianccedilas aprendam e

possam ser cidadatildeos responsaacuteveis e dotados de consciecircncia ciacutevica e moral

Eacute nesta linha de pensamento que se integra o trabalho que desenvolvemos e

apresentamos neste relatoacuterio Como tal propomo-nos destacar os aspetos que podem

ajudar agrave sua compreensatildeo procurando que seja o mais congruente possiacutevel com aquela

que eacute a representaccedilatildeo que temos do que foi a nossa praacutetica de ensino supervisionada

A sua estrutura contempla num primeiro capiacutetulo a caraterizaccedilatildeo do contexto

educativo em particular no que se refere agrave organizaccedilatildeo da instituiccedilatildeo e agrave constituiccedilatildeo e

carateriacutesticas de aprendizagem do grupo de crianccedilas com o qual desenvolvemos a

praacutetica educativa bem como agrave organizaccedilatildeo do ambiente educativo considerando o

espaccedilo e os materiais o tempo pedagoacutegico e as interaccedilotildees estabelecidas ao niacutevel do

grupo Neste acircmbito relevamos a implicaccedilatildeo de todos adultos e crianccedilas na criaccedilatildeo de

oportunidades de accedilatildeo e de relaccedilatildeo que favorecessem o seu bem-estar e

desenvolvimento

No segundo capiacutetulo procedemos agrave fundamentaccedilatildeo das opccedilotildees educativas

procurando aprofundar conhecimentos sobre o processo de aprendizagem numa

1 Ministeacuterio da EducaccedilatildeoDepartamento de Educaccedilatildeo Baacutesica

2 Considerando que ao longo do presente relatoacuterio vamos utilizar vaacuterias vezes esta fonte de referecircncia

passamos a indicaacute-las apenas pela sigla OCEPE

2

perspetiva ativa e os modelos curriculares que favorecem a construccedilatildeo de uma praacutetica

desta natureza como o modelo HighScope o modelo Reggio Emilia e o modelo da

Escola Moderna Debruccedilamo-nos ainda sobre as linhas de orientaccedilatildeo curricular para a

educaccedilatildeo preacute-escolar atribuindo particular atenccedilatildeo agraves dimensotildees contempladas em cada

aacuterea de conteuacutedo no quadro de uma construccedilatildeo articulada do saber

No terceiro capiacutetulo apresentamos um conjunto de quatro experiecircncias de

aprendizagem que desenvolvemos com as crianccedilas ao longo do ano letivo incluindo

algumas evidecircncias desse trabalho atraveacutes de fotografias e notas de campo sobre os

diaacutelogos das crianccedilas Estas experiecircncias de aprendizagem relevam a importacircncia de

cada um aprender a valorizar respeitar e aceitar-se a si proacuteprio e aos outros no quadro

de exerciacutecio de uma cidadania facilitadora da integraccedilatildeo de todos

Por uacuteltimo incluiacutemos uma reflexatildeo sobre a praacutetica educativa na se efetiva uma

suacutemula reflexiva sobre as diferentes dimensotildees do processo de aprendizagem o papel

que como educadores nos cabe assumir e as implicaccedilotildees de percurso formativo

experienciado por crianccedilas e adultos Relevamos os importantes contributos deste

processo natildeo apenas para a aprendizagem e desenvolvimento das crianccedilas mas tambeacutem

para a nossa formaccedilatildeo e desenvolvimento pessoal e profissional Este requer

continuidade no sentido de podermos responder aos desafios e exigecircncias emergentes

3

I Contextualizaccedilatildeo da Praacutetica de Ensino Supervisionada

11 Caraterizaccedilatildeo da instituiccedilatildeo

O contexto em que realizaacutemos a praacutetica educativa era uma instituiccedilatildeo particular

de solidariedade social (IPSS) situada na cidade de Braganccedila e incluiacutea serviccedilos de

creche jardim-de-infacircncia e centro de conviacutevio para idosos O horaacuterio de

funcionamento da instituiccedilatildeo era extenso mantendo-se aberta das 7h45min ateacute agraves 19h

incluindo neles e no que se refere aos serviccedilos destinados agrave educaccedilatildeo de infacircncia a

componentes educativa e a componente de apoio agrave famiacutelia A componente educativa

decorre num total de cinco horas por dia de manhatilde das 9h agraves 12h e de tarde das 14h e

agraves 16h Os restantes tempos englobam atividades socioeducativas e de serviccedilo de

almoccedilos sendo estes frequentados pelas crianccedilas segundo a necessidade das famiacutelias e

normalmente em funccedilatildeo da sua ocupaccedilatildeo laboral

No que se refere ao edifiacutecio eacute constituiacutedo por trecircs andares funcionando no reacutes-

do-chatildeo o centro de dia e conviacutevio o gabinete de psicologia o posto meacutedico o bar

lavandaria e garagem No primeiro andar funciona o Jardim-de-Infacircncia constituiacutedo por

trecircs salas de atividades e ainda alguns espaccedilos de apoio como a cozinha refeitoacuterio

vestiaacuterio bem como a secretaria da instituiccedilatildeo

No segundo andar funciona a creche com seis salas na sua totalidade uma copa

de leites refeitoacuterio arrecadaccedilotildees e um salatildeo polivalente no qual se realizam festas a

praacutetica da expressatildeo motora e tambeacutem atividades em grande grupo Neste andar

localiza-se ainda a sala da direccedilatildeo da instituiccedilatildeo Os andares encontram-se ligados por

escadas e cada um estaacute equipado com instalaccedilotildees sanitaacuterias adequadas agraves faixas etaacuterias

para que cada setor a que se destina Os espaccedilos interiores da instituiccedilatildeo e os

equipamentos da mesma encontram-se em bom estado de conservaccedilatildeo

No que se refere aos espaccedilos exteriores possui um espaccedilo de recreio com zonas

luacutedicas delimitadas incluindo um espaccedilo pavimentado e outro com areia Este estaacute

equipado com um parque infantil O espaccedilo cimentado de recreio eacute utilizado no periacuteodo

de entrada e saiacuteda das crianccedilas como zona de paragem das viaturas dos pais dado

limitado espaccedilo que ao niacutevel da via puacuteblica existe para o efeito Existem alguns

materiais de apoio agraves atividades de recreio exterior sendo deslocados pelas crianccedilas do

interior para o exterior e vice-versa quando terminadas as atividades

4

Considerando que como referem as Orientaccedilotildees Curriculares para a Educaccedilatildeo

Preacute-escolar (MEDEB 1997) ldquoo meio em que a crianccedila vive influenciaraacute o modo como

esta se iraacute desenvolverrdquo (p 31) importa que nos interroguemos sobre o modo como o

ambiente educativo da instituiccedilatildeo se encontra organizado e que nos esforcemos para

contribuir para enriquececirc-lo Nesta linha de pensamento importa sublinhar que foi

nossa preocupaccedilatildeo colaborar com os profissionais da instituiccedilatildeo e as crianccedilas nessa

organizaccedilatildeo de modo a construir um ambiente que se constituiacutesse como potencialmente

facilitador do desenvolvimento de todos crianccedilas e adultos

A equipa pedagoacutegica da instituiccedilatildeo era constituiacuteda por seis educadoras de

infacircncia trecircs na modalidade de creche e trecircs na de jardim de jardim-de-infacircncia

assumindo uma destas as funccedilotildees de coordenadora pedagoacutegica Esta equipa contava

ainda com o apoio de um grupo alargado de assistentes operacionais uma por sala no

que se refere agrave etapa preacute-escolar bem como da psicoacuteloga e da direccedilatildeo administrativa da

instituiccedilatildeo

12 Caraterizaccedilatildeo do grupo de crianccedilas

Como se refere nas OCEPE (MEDEB 1997) haacute diferentes fatores que

influenciam o modo proacuteprio de funcionamento do grupo como por exemplo a sua

dimensatildeo e o maior ou menor nuacutemero de crianccedilas de cada sexo pelo que importa que

na accedilatildeo educativa a promover se atenda agrave sua contextualizaccedilatildeo

O grupo de crianccedilas com o qual desenvolvemos a praacutetica educativa apresentava

uma dimensatildeo extensa integrando vinte e cinco crianccedilas com quatro anos idades Ao

niacutevel do nuacutemero de crianccedilas de cada sexo pode entender-se que era um grupo com uma

organizaccedilatildeo equilibrada integrando doze crianccedilas do sexo masculino e treze do sexo

feminino

Segundo informaccedilotildees fornecidas pela educadora de infacircncia cooperante a

maioria das crianccedilas frequentavam a instituiccedilatildeo desde a creche encontrando-se apenas

duas crianccedilas a frequentaacute-la pela primeira vez Importa ainda referir que integravam o

grupo trecircs crianccedilas de origem natildeo portuguesa duas crianccedilas que eram irmatildeos naturais

de Espanha e outra que era Ucraniana

5

Segundo o referido nas OCEPE (MEDEB 1997)

observar cada crianccedila e o grupo para conhecer as suas capacidades interesses e

dificuldades recolher as informaccedilotildees sobre o contexto familiar e o meio em que

as crianccedilas vivem satildeo praacuteticas necessaacuterias para compreender melhor as

caracteriacutesticas das crianccedilas e adequar o processo educativo agraves suas necessidades

(p 25)

Nesta linha de pensamento importa considerar as caracteriacutesticas que nos foi

possiacutevel observar das crianccedilas quer a niacutevel individual quer a niacutevel grupo ao longo ano

letivo Assim importa referir que relativo a questotildees relacionadas com a vida em

grupo as crianccedilas manifestavam saber orientar-se em relaccedilatildeo agraves normas e regras

definidas na sala ainda que nem sempre lhes fosse faacutecil respeitaacute-las como partilhar

materiais com os colegas e saber esperar pela sua vez

Os tempos da rotina eram do seu conhecimento e manifestavam independecircncia

no que se refere agrave realizaccedilatildeo da higiene pessoal e tomada de refeiccedilotildees Dum modo geral

as crianccedilas envolviam-se nas atividades quer nas propostas por noacutes quer nas da sua

iniciativa revelando-se um grupo ativo

Ao niacutevel das preferecircncias em relaccedilatildeo agraves aacutereas de atividade da sala as aacutereas mais

escolhidas pelas crianccedilas eram a da casa e a das construccedilotildeesgaragem Enquanto a

primeira era frequentada por ambos os sexos a segunda era mais frequentada pelo sexo

masculino ainda que procuraacutessemos salientar a importacircncia de trabalharbrincar em

todas pelas diferentes experiecircncias que lhes permitiam efetuar

As atividades ao niacutevel da expressatildeo dramaacutetica e plaacutestica bem como a entoaccedilatildeo

de canccedilotildees e o escutar de histoacuterias integravam-se tambeacutem entre as preferecircncias do

grupo As crianccedilas manifestavam-se curiosas em conhecer o conteuacutedo das histoacuterias e em

colocar questotildees sobre as mesmas quando natildeo percebiam alguma palavra expressatildeo ou

frase

Sendo o espaccedilo de dimensatildeo limitada face agrave dimensatildeo do grupo as crianccedilas em

geral manifestavam organizar-se nas suas brincadeiras e relaccedilotildees sem se perturbar uns

aos outros com exceccedilatildeo de uma crianccedila que desestabilizava o grupo

No que respeita agrave expressatildeo oral era evidente o desenvolvimento das crianccedilas

com exceccedilatildeo na pronuacutencia de algumas palavras sobretudo no iniacutecio do ano e no que se

refere ao uso de determinados tempos verbais aspeto que era mais evidente em duas

crianccedilas utilizando com frequecircncia por exemplo a expressatildeo ldquoeu sabordquo em vez de ldquoeu

seirdquo o que foi sendo ultrapassado no decurso do ano letivo

6

Verificaacutemos ainda que como referem Hohmann e Weikart (2011) ldquopor vezes as

crianccedilas hesitam enquanto procuram palavras para expressar uma ideia nova

particularmente difiacutecilrdquo (p 534) e que eacute importante dar-lhes tempo para que elas

proacuteprias escolham as palavras de que necessitam e evitar interferirmos com as suas

proacuteprias sugestotildees

Considerando que como refere Oliveira-Formosinho (2007a) ldquoa escuta eacute um

meio para ouvir a crianccedila sobre a sua colaboraccedilatildeo no processo de co-construccedilatildeo do

conhecimentordquo (p 32) procuraacutemos estabelecer diaacutelogos em que as crianccedilas usufruiacutessem

de tempo para se expressar e que nos permitissem conhecermos as crianccedilas

No que respeita ao nuacutecleo familiar das crianccedilas e considerando os dados que

constam das suas fichas de inscriccedilatildeo a maioria dos pais famiacutelia das crianccedilas advecircm de

um meio socioeconoacutemico meacutedio trabalham nos vaacuterios setores de atividade sendo que a

maioria trabalha como funcionaacuterio puacuteblico No que se refere ao nuacutemero de irmatildeos de

acordo com os dados dessas mesmas fichas quinze crianccedilas tecircm um irmatildeo nove

crianccedilas natildeo tecircm irmatildeos e sobre uma crianccedila natildeo foi possiacutevel recolher esse dado

13 Organizaccedilatildeo do ambiente educativo

Sendo um jardim-de-infacircncia um contexto institucional destinado a crianccedilas de

tenra idade deve estar organizado de forma a proporcionar o indispensaacutevel bem-estar

prazer em frequentaacute-lo e favorecer atividades de ludicidade que motivem agrave

aprendizagem Posto isto julgamos de grande importacircncia organizar um ambiente

educativo agradaacutevel estaacutevel e que seja favoraacutevel agrave aprendizagem significativa da

crianccedila

Demos importacircncia ao horaacuterio de atendimento aos pais pois em nossa opiniatildeo eacute

um bom meio de incentivar os pais a deslocarem-se agrave instituiccedilatildeo na qual a sua crianccedila

estaacute inserida e estarem informados das suas condiccedilotildees conhecimento da funcionalidade

da instituiccedilatildeo ter a oportunidade de conversar com as educadoras e estarem a par da

evoluccedilatildeo das crianccedilas conseguirem tambeacutem ter conhecimento das atividades realizadas

e dos seus resultados

De acordo com o que se refere nas OCEPE (MEMEB 1997) importa ter em

conta que ldquoa famiacutelia e a instituiccedilatildeo de educaccedilatildeo preacute-escolar satildeo dois contextos sociais

que contribuem para a educaccedilatildeo da mesma crianccedila importa por isso que haja uma

relaccedilatildeo entre estes dois sistemasrdquo (p 43)

7

131 Caracterizaccedilatildeo do espaccedilo

Evidenciando o espaccedilo interior e o exterior pois os dois tecircm um papel

fundamental no processo educativo e no desenvolvimento das crianccedilas e concordando

com Oliveira-Formosinho e Andrade (2011a) ldquopensamos o espaccedilo como um territoacuterio

organizado para a aprendizagem um lugar de bem-estar alegria e prazer Procuramos

que o espaccedilo pedagoacutegico seja aberto agraves vivecircncias e interesses das crianccedilas e

comunidades seja seguro seja luacutedico e culturalrdquo (p 11)

1311 Espaccedilo interior

A sala apesar da sua pequena dimensatildeo estava cuidadosamente organizada e

todos os espaccedilos eram aproveitados para possibilitar agraves crianccedilas a oportunidade de

experimentar e manipular os materiais Juntamente com o espaccedilo e os materiais foi

possiacutevel realizar diversas experiecircncias de aprendizagem dentro da sala As crianccedilas

conseguiam movimentar-se e explorar as aacutereas e o que as mesmas tinham para lhes

proporcionar Tal como estaacute presente nas OCEPE (MEDEB 1997) ldquoo procedimento

de aprendizagem implica tambeacutem que as crianccedilas compreendam como o espaccedilo estaacute

organizado e como pode ser utilizado e que participem nessa organizaccedilatildeo (hellip) o

conhecimento do espaccedilo dos materiais e das actividades possiacuteveis eacute tambeacutem condiccedilatildeo

de autonomia da crianccedila e do grupordquo (p 38)

A sala na qual desenvolvemos a praacutetica

de accedilatildeo pedagoacutegica apresentava uma forma

retangular e como anteriormente foi referido a

sala natildeo possuiacutea grandes dimensotildees Desde o

iniacutecio percebemos que toda ela estava

previamente dividida por aacutereas e todas elas

estavam identificadas com uma placa com o nome e o

nuacutemero de crianccedilas que poderiam frequentar em simultacircneo Cada crianccedila era

representada com um siacutembolo um sorriso por cada crianccedila como podemos verificar na

figura 1 Ainda nas placas de identificaccedilatildeo das aacutereas podiacuteamos verificar desenhos

realizados pelas crianccedilas Procuramos ainda atender a que como lembram Oliveira-

Formosinho e Andrade (2011a)

Figura 1 - Identificaccedilatildeo das aacutereas da sala

8

As crianccedilas tecircm o direito de crescer em espaccedilos onde o cuidado e a atenccedilatildeo

prestados agrave dimensatildeo esteacutetica constituam um princiacutepio educativo baacutesico As

experiecircncias que as crianccedilas vivem com o espaccedilo devem poder converter-se em

experiecircncias esteacuteticas de prazer e de bem-estar (p 12)

Uma das paredes da sala possuiacutea trecircs janelas com visionamento para o exterior

Estas proporcionavam uma agradaacutevel luminosidade natural e possibilitavam ainda

identificar o estado do tempo A sala encontrava-se igualmente devidamente equipada

com sistema de aquecimento funcionando este em situaccedilotildees necessaacuterias No que

respeita ao pavimento da sala este possuiacutea uma cor azulada clara resistente lavaacutevel

um pouco confortaacutevel e pouco refletora de som proporcionando desse modo um

benevolente isolamento acuacutestico

O mobiliaacuterio da sala apresentava um bom estado de conservaccedilatildeo O moacutevel de

maior dimensatildeo estava preenchido com materiais trabalhos e os portefoacutelios das

crianccedilas Havia um moacutevel para arrumaccedilatildeo de materiais sendo alguns destes de escrita

(como os laacutepis marcadores) e tambeacutem tesouras materiais reciclados e outros que

serviam de apoio agraves atividades de expressatildeo plaacutestica Encontravam-se quatro mesas na

sala de formato retangular proporcionando agraves crianccedilas um largo espaccedilo para trabalhar e

brincar sobre as mesmas todas acompanhadas por cinco cadeiras Eacute importante salientar

que as mesas e as cadeiras serviam de apoio agraves atividades em pequeno e grande grupo

Ainda na sua constituiccedilatildeo a sala possuiacutea um placard no qual eram expostos os

trabalhos realizados pelas crianccedilas embora alguns destes fossem expostos no corredor

de forma a divulgaacute-los junto dos paiscomunidade Indo ao encontro de Niza (2007)

quando refere que ldquoo ambiente geral da sala deve resultar agradaacutevel e altamente

estimulante utilizando as paredes como expositores permanentes das produccedilotildees das

crianccedilas onde rotativamente se revecircem nas suas obras de desenho pintura tapeccedilaria ou

textordquo (p 133)

A planta que se segue apresenta-nos uma perspetiva da realidade do espaccedilo

fiacutesico da sala ao longo do ano letivo considerando que as alteraccedilotildees ocorridas

incidiram na integraccedilatildeo de materiais mas natildeo na disposiccedilatildeo das aacutereas

9

A sala integrou desde iniacutecio seis aacutereas de trabalho todas devidamente

identificadas sendo estas a aacuterea da casa (cozinha e quarto) a aacuterea dos jogos a aacuterea de

acolhimento a aacuterea da biblioteca a aacuterea da escrita e a aacuterea da garagemconstruccedilotildees

Estas estavam organizadas no sentido de possibilitar ao grupo de crianccedilas um faacutecil

acesso aos distintos materiais e objetos pois como menciona Oliveira-Formosinho

(2007b) ldquoa organizaccedilatildeo do espaccedilo em aacutereas com os seus respectivos materiais (hellip)

porque estatildeo visiacuteveis acessiacuteveis e etiquetados (tambeacutem para facilitar a autonomia na

arrumaccedilatildeo) eacute uma forma poderosiacutessima de passar mensagens impliacutecitas agrave crianccedilardquo (p

68)

Podemos verificar na figura 2 que as aacutereas rotuladas como barulhentas

encontram-se um pouco afastadas das aacutereas mais calmas A aacuterea da biblioteca (figura 3)

situa-se no canto superior direito da figura 2 desfrutava de

uma boa luminosidade natural pois encontrava-se junto de

uma das janelas Esta era constituiacuteda por uma estante na qual

as crianccedilas poderiam encontrar livros variados uma mesa

circular de pequenas dimensotildees acompanhada por trecircs

cadeiras de madeira Esta proporcionava agraves crianccedilas

oportunidade agradaacutevel de explorar as ilustraccedilotildees das

histoacuterias folhear e contar histoacuterias umas agraves outras Hohmann

e Weikart (2011) referem que ldquotalvez mais nenhuma outra

actividade seja tatildeo importante para a emergente literacia da crianccedila do que um adulto ou

amigo lhe fizerrdquo (p 546)

Figura 3- Aacuterea da biblioteca

Figura 2 - Planta da sala

10

Figura 6- Aacuterea da casa

espaccedilo do quarto

Figura 5 - Aacuterea dos jogos

Do outro lado da sala estava situada a aacuterea da

escrita (figura 4) nesta as crianccedilas tinham a

oportunidade de escrever explorar as diferentes

formas das letras podendo inclusivamente manipular

materiais de escrita

No centro da sala encontrava-se a aacuterea do

acolhimento um espaccedilo destinado a momentos em grande grupo de modo a ser

possiacutevel todas as crianccedilas se visualizarem umas agraves outras partilharem interesses

ouvirem histoacuterias tinham ainda a oportunidade de cantarem canccedilotildees e dialogarem

A aacuterea dos jogos (figura 5) estava localizada perto

da aacuterea do acolhimento dispunha de uma mesa

acompanhada por cinco cadeiras e de uma estante na qual

se encontravam diversos tipos de jogos puzzles

enfiamentos dominoacutes blocos loacutegicos jogo de letras jogos

com formas geomeacutetricas entre outros Esta aacuterea permitia o

desenvolvimento cognitivo das crianccedilas aleacutem das

experiecircncias diversificadas que as motivavam para a

resoluccedilatildeo de problemas

A aacuterea da casa distribuiacutea-se por dois espaccedilos o quarto

(figura 6) e a cozinha (figura 7) O mobiliaacuterio e materiais desta

aacuterea estavam apropriados agrave altura das crianccedilas Nesta era

visiacutevel a frequente representaccedilatildeo por parte das crianccedilas

assumindo o papel de adultos imitando expressotildees gestuais e

orais Atraveacutes das bonecas as crianccedilas representavam vivecircncias

do seu dia-a-dia como vestir e despir as crianccedilas deitaacute-las a

dormir maquilhaacute-las faziam e desfaziam a cama arrumavam e

desarrumavam toda a aacuterea representando

de variadas formas o ldquofaz-de-contardquo

O espaccedilo da cozinha era utilizado para representar

vivecircncias do dia-a-dia integrando parecenccedilas com algumas

cozinhas das casas das crianccedilas e em vaacuterias situaccedilotildees as

crianccedilas assumiam os papeacuteis de adultos e representavam

momentos vividos nas suas proacuteprias casas

Figura 4 - Aacuterea da escrita

Figura 7 - Espaccedilo da

cozinha

11

Figura 9 - Quadro semanal de presenccedilas

A uacuteltima aacuterea a ser apresentada eacute intitulada pela aacuterea da

garagemconstruccedilotildees (figura 8) Nesta as crianccedilas usavam

materiais como carros ferramentas de mecacircnica uma pista de

carros entre outros As crianccedilas principalmente do sexo

masculino apropriavam-se ou tentavam por vaacuterias vezes

apropriar-se desta aacuterea pois mostravam bastante interesse na

mesma gostavam de brincar e imaginar situaccedilotildees proacuteprias da

aacuterea

Para registar as presenccedilas diaacuterias das crianccedilas foi criado um quadro semanal de

presenccedilas como pudemos verificar na figura 9 este estava adequado agrave altura das

crianccedilas Foi criado ldquopara o aluno marcar com um sinal convencional a sua presenccedila

na quadriacutecula onde o seu nome cruza com a coluna do diardquo (Niza 2007) (p 135)

Neste encontravam-se expostos os nomes das crianccedilas

do lado esquerdo e na parte superior do quadro

estavam os dias da semana separados por quadriacuteculas

A presenccedila da crianccedila era assinalada com duas bolas

de pequenas dimensotildees uma verde fazendo referecircncia

agrave presenccedila e uma outra de cor vermelha fazendo

referecircncia agrave ausecircncia da crianccedila A marcaccedilatildeo das

presenccedila era identificado pela proacutepria crianccedila isto eacute

cada uma efetuava a sua presenccedila agrave exceccedilatildeo das

crianccedilas que se encontravam ausentes essa marcaccedilatildeo

era realizada ou pelas educadoras ou pelas crianccedilas

1312 Espaccedilo exterior

O espaccedilo exterior possuiacutea uma aacuterea de dimensotildees bastante consideraacuteveis

rodeada por um muro com grades que permitia observar do interior para o exterior da

instituiccedilatildeo e vice-versa O pavimento variava existindo zonas de relva com aacutervores de

cimento com maior dimensatildeo e de areia Neste uacuteltimo encontraacutevamos equipamento de

parque infantil sendo este composto por uma estrutura com escorrega barras para

trepar baloiccedilos fixos no chatildeo e cavalos de molas

Figura 8 - Aacuterea da

garagemconstruccedilotildees

12

Este espaccedilo exterior eacute de grande importacircncia pois nele como referem Hohmann

e Weikart (2011) ldquoas crianccedilas tecircm acesso a um conjunto de actividades e brincadeiras

que habitualmente natildeo fazem no interiorrdquo (p 369) No periacuteodo de recreio ldquoas crianccedilas

podem experimentar os sons e imagens do ar livre usar o material e equipamento do

recreio e brincar vigorosamente (ou sossegadamente se assim o preferirem) rdquo (idem

ibidem)

Em muitos momentos no recreio enquanto foi possiacutevel a sua utilizaccedilatildeo tivemos

a oportunidade de praticar jogos em grande grupo sendo estes com movimentos

rotativos movimentos lentos e coordenados movimentos raacutepidos e livres para as

crianccedilas exercitarem a motricidade Apesar dos momentos de recreio e de sala serem de

diferentes caracteriacutesticas ldquotecircm algo em comum encorajar as crianccedilas a envolverem-se

activamente com materiais pessoas ideias e acontecimentosrdquo (Hohmann amp Weikart

2011 p 370)

132 Rotina diaacuteria

A organizaccedilatildeo do tempo no jardim-de-infacircncia eacute definido e iniciado pelos

adultos estes devem refletir e estruturar devidamente uma rotina diaacuteria pois esta

auxilia as crianccedilas e adultos tal como referem Hohmann e Weikart (2011)

a rotina diaacuteria (hellip) ajuda as crianccedilas a responder (hellip) a questotildees ao

oferecer-lhes uma sequecircncia de acontecimentos que elas podem seguir e

compreender Tambeacutem ajuda os adultos a organizarem o seu tempo com as

crianccedilas de forma a lhes oferecer experiecircncias de aprendizagem activas e

motivadoras Neste sentido os elementos de uma rotina diaacuteria satildeo como

marcas de pegadas num caminho Ao seguirem o caminho as crianccedilas

envolvem-se em variadas aventuras e experiecircncias que lhes interessam e que

respondem agrave sua natureza inventiva e luacutedica (p 224)

Quando iniciaacutemos a nossa praacutetica de ensino na sala dos quatro anos estes jaacute

tinham uma rotina diaacuteria definida desde o iniacutecio do ano Apesar disso a rotina diaacuteria foi

suscetiacutevel de alteraccedilotildees tendo em conta atividades que emergiam visitas e o desenrolar

de certas experiecircncias de aprendizagem A rotina diaacuteria integrava os seguintes

segmentos temporais

i) Tempo de acolhimento momento de receccedilatildeo das crianccedilas em grande

grupo Era inclusive neste momento que as crianccedilas e os adultos

cantavam canccedilotildees partilham ideias vivecircncias e experiecircncias pessoais e

procediam agrave marcaccedilatildeo das presenccedilas

13

ii) Tempo de atividades em grande grupo neste tempo as crianccedilas e os

adultos juntavam-se para atividades a vaacuterios niacuteveis de muacutesica

movimento expressatildeo dramaacutetica leitura e exploraccedilatildeo de histoacuterias entre

outras Estas envolviam experiecircncias de aprendizagem nos diferentes

domiacutenios Apesar de em vaacuterias ocasiotildees serem os adultos a iniciarem

estas atividades as crianccedilas proporcionavam e apresentavam novas

ideias

iii) Tempo de higienealmoccedilo este tempo era dedicado agrave higiene das

crianccedilas e logo de seguida deslocavam-se ao refeitoacuterio da instituiccedilatildeo

para almoccedilarem

iv) Tempo de recreiodescanso momento reservado ao descanso das

crianccedilas mas tambeacutem quando as condiccedilotildees atmosfeacutericas o permitiam as

crianccedilas usufruiacuteam do espaccedilo exterior ocasionando-lhes situaccedilotildees nas

quais poderiam variar na forma como utilizavam o corpo tal como

trepar deslizar baloiccedilar e correr

v) Tempo de atividades nas aacutereas este tempo contemplava alguns tipos de

atividades propositadamente planeados de forma a proporcionar

experiecircncias de aprendizagens significativas nas diferentes aacutereas do

conteuacutedo Era ainda neste momento que se procedia agrave organizaccedilatildeo das

crianccedilas pelas diferentes aacutereas da sala consoante a preferecircncia que cada

uma manifestava de forma a reforccedilar os interesses naturais das crianccedilas

a capacidade de iniciativa da mesma e desenvolver competecircncias na

resoluccedilatildeo de problemas

vi) Tempo de lanche as crianccedilas apoacutes terem efetuado a arrumaccedilatildeo das

aacutereas da sala realizavam a higiene pessoal e deslocavam-se ao refeitoacuterio

da instituiccedilatildeo e tomavam o lanche Cada uma das crianccedilas possuiacutea a sua

lancheira e os lanches variavam de crianccedila para crianccedila

vii) Tempo de atividades orientadaslivres momento dedicado vaacuterias vezes

ao relaxamento da crianccedila as crianccedilas assistiam a filmes brincavam em

pequenos grupos com legos praticavam jogos em grande grupo sendo

estes uacuteltimos bastante solicitados pelas crianccedilas

A rotina diaacuteria vivenciada na sala ocorria como podemos verificar nos

segmentos temporais referidos de forma a despertar e apoiar as crianccedilas na tomada de

iniciativa perante atividades propostas Era uma forma de encorajar o envolvimento das

14

crianccedilas em atividades de pequenos grupos ou ateacute mesmo em pares envolvendo-as na

procura de soluccedilotildees para os problemas com que se iam confrontando Um dos principais

objetivos nas atividades era promover interaccedilotildees positivas nos diversos momentos de

trabalho O facto de as crianccedilas escolherem a sua aacuterea preferida e os materiais a

manusear para a execuccedilatildeo dos trabalhos demonstrava ao adulto a sua evoluccedilatildeo e

crescente autonomia

133 As interaccedilotildees

Para a melhor compreensatildeo do processo de interaccedilatildeo eacute essencial

compreendermos esse termo Neste sentido Oliveira-Formosinho e Formosinho (2011)

afirmam que ldquoas interaccedilotildees adulto-crianccedila satildeo uma tatildeo importante dimensatildeo da

pedagogia que a anaacutelise do estilo dessas interaccedilotildees nos permite determinar se estamos

perante uma pedagogia transmissiva ou uma pedagogia participativa (p 30) Dizem-nos

tambeacutem que ldquodesenvolver as interaccedilotildees refleti-las pensaacute-las e reconstruiacute-las eacute um

habitus que as profissionais que desenvolvem a Pedagogia-em-Participaccedilatildeo necessitam

de promoverrdquo (idem ibidem) Neste sentido reconhecemos que o educador desempenha

um papel crucial no desenrolar das diversas interaccedilotildees e no que tem a ver com as

interaccedilotildees educadoracrianccedila da instituiccedilatildeo estas satildeo em nosso parecer bastante

positivas As OCEPE (MEDEB 1997) alertam que ldquoa relaccedilatildeo individualizada que o

educador estabelece com cada crianccedila eacute facilitadora da sua inserccedilatildeo no grupo e das

relaccedilotildees com as ouras crianccedilasrdquo (p 35)

Achamos importante lembrar que ldquoa crianccedila aprende interagindo O adulto

aprende a ajudar a crianccedila a desenvolver a interacccedilatildeo A crianccedila eacute activa o adulto

tambeacutemrdquo (Oliveira-Formosinho 1996 p 55) Quando as crianccedilas e os educadores

desenvolvem algo em conjunto se o educador consegue envolver a crianccedila de tal forma

que esta se concentre totalmente no que estatildeo a desenvolver esta envolvecircncia faz com

que tanto a crianccedila como o adulto estejam ativos facilitaraacute a interaccedilatildeo entre ambos

tanto de um como do outro Eacute com a interaccedilatildeo que a crianccedila aprende vaacuterios fatores que

a ajudaratildeo no seu desenvolvimento e eacute tambeacutem com a interaccedilatildeo que o adulto tem a

oportunidade de auxiliar o desenvolvimento da crianccedila Neste sentido Hohmann e

Weikart (2011) defendem que ldquoa partilha do controlo num clima de apoio apela agrave

reciprocidade ndash um dar e receber muacutetuo entre crianccedilas e adultosrdquo (p 77)

No que diz respeito agraves interaccedilotildees crianccedilacrianccedila na sala onde se desenrolou a

accedilatildeo educativa verificaacutemos uma vasta cumplicidade entre elas existindo a formaccedilatildeo de

15

grupos de amigos Mostraram desde cedo apelar agrave brincadeira entre elas partilhando os

objetos e tentando haver na sala um clima de interaccedilotildees positivas

No nosso caso em concreto procuraacutemos desde cedo escutar apoiar e ainda

compreender as crianccedilas desenvolvendo desse modo uma interaccedilatildeo participativa

seguindo uma praacutetica na qual as crianccedilas foram sempre reconhecidas como pessoas que

tem sentimentos Tentaacutemos como referem Hohmann e Weikart (2011) ldquocriar e manter

ambientes em que a interacccedilatildeo com as crianccedilas seja positiva e por forma que estas

possam trabalhar e brincar com pessoas e objetos libertas de medo ansiedades ou de

aborrecimentordquo (p 63)

Reconhecemos que possibilitaacutemos agraves crianccedilas diversas situaccedilotildees nas quais

pudessem entender e participar em atividades promotoras de aprendizagens e que

pudessem construir e desenvolver as suas proacuteprias competecircncias Tentaacutemos observar e

entender a crianccedila pois como referem Oliveira-Formosinho e Formosinho (2011) ldquoo

papel do professor eacute o de organizar o ambiente e observar a crianccedila para entender e lhe

responderrdquo (p 15)

A fim de apoiar e acompanhar as crianccedilas nas suas atividades procuraacutemos

atraveacutes de uma observaccedilatildeo participante conhecer os interesses e necessidades

formativas das crianccedilas no sentido de favorecer interaccedilotildees que pudessem tornar-se

facilitadoras de aprendizagem das crianccedilas Assim sendo ao longo da nossa experiecircncia

de praacutetica educativa apoiaacutemos o envolvimento do grupo nas vaacuterias atividades de modo

a favorecer a sua implicaccedilatildeo na descoberta resoluccedilatildeo de problemas e na tomada de

decisotildees

16

17

II Fundamentaccedilatildeo das opccedilotildees educativas

No presente capiacutetulo procedemos ao aprofundamento de conhecimentos que nos

ajudem a melhor fundamentar e interpretar a praacutetica educativa em contexto preacute-escolar

Neste sentido debruccedilamo-nos sobre as perspetivas atuais de aprendizagem da crianccedila

as linhas de orientaccedilatildeo curricular e os modelos pedagoacutegicos que nos podem ajudar a

desenvolver uma accedilatildeo educativa de qualidade

21 A aprendizagem como um processo ativo

O desenvolvimento da praacutetica educativa suscita-nos questionamento sobre como

encarar o processo de aprendizagem a promover com as crianccedilas no sentido de ajudaacute-

las a progredir e a beneficiar do necessaacuterio bem-estar e integraccedilatildeo social

Neste sentido importa considerar a perspetiva de Brickmann e Taylor (1996)

defendendo os autores que ldquoas experiecircncias de aprendizagem para crianccedilas devem ser

ativasrdquo (p 3) explicitando que ldquodevem tornar a crianccedila capaz de construir o seu

proacuteprio conhecimento lidando diretamente com pessoas materiais e ideiasrdquo (idem p 3-

4) Neste acircmbito torna-se importante retomar a perspetiva teoacuterica de Piaget (1976) que

reconhece e valoriza a pessoa como sujeito ativo na construccedilatildeo de conhecimento O

autor defende que se enverede por um processo de aprendizagem experiencial e alerta

para a importacircncia da crianccedila poder explorar pensar e descobrir a partir da accedilatildeo sobre

os objetos e da relaccedilatildeo com os outros Como refere Novo (2009) ldquona perspetiva do

autor a crianccedila descobre do mesmo modo o mundo das pessoas e o dos objetos reais ou

simboacutelicosrdquo (p 52) Para Piaget (in Hohmann amp Weikart 2011) ldquoo conhecimento natildeo

proveacutem nem dos objetos nem da crianccedila mas sim das interaccedilotildees entre a crianccedila e os

objetosrdquo (p 19) pressupondo assim uma accedilatildeo reciacuteproca da crianccedila sobre os objetos e

dos objetos sobre a crianccedila na construccedilatildeo do conhecimento Nesta linha de pensamento

como tambeacutem afirma o autor (1978 citado por Novo 2009) ldquoconhecer natildeo consiste em

copiar o real mas agir sobre ele e transformaacute-lordquo (p 53)

Assim como Tompkins (1996) lembra importa ter em conta que uma

aprendizagem ativa eacute muito mais do que a mera manipulaccedilatildeo de materiais pelas crianccedilas

e do que a transmissatildeo de conhecimentos pelo educador Neste sentido sublinha que

18

a maior parte dos educadores de infacircncia concordaria com a ideia de que as

crianccedilas aprendem mais quando encorajadas a explorarem a interagirem a

serem criativas a seguirem os seus proacuteprios interesses e a brincarem No

entanto muitos educadores de infacircncia bem-intencionados acabam por

conduzir actividades em oposiccedilatildeo a esta teoria (p 6)

Este eacute um aspeto que natildeo deixa de caraterizar a nossa accedilatildeo educativa daiacute a

preocupaccedilatildeo em acedermos a conhecimentos que possam ajudarmos a melhor tomar

consciecircncia do tipo de praacuteticas que desenvolvemos e das linhas em que apoiaacute-las para

que incluam perspetivas que na atualidade satildeo reconhecidas como facilitadores de uma

aprendizagem ativa das crianccedilas

Importa assim considerar que segundo Formosinho (1996) as aprendizagens

ativas satildeo ldquoaquelas em que a crianccedila atraveacutes da sua acccedilatildeo sobre os objectos e da sua

interacccedilatildeo com as pessoas as ideias e os acontecimentos chega agrave compreensatildeo do

mundordquo (p 56) Por isso uma accedilatildeo educativa que se centra em ajudar as crianccedilas a

aprender como referem Oliveira-Formosinho amp Formosinho (2011) deve dar um papel

de relevo agrave crianccedila agrave colaboraccedilatildeo entre pares e agrave colaboraccedilatildeo entre adultos e crianccedilas

ou seja ldquodesenvolve uma epistemologia de natureza construtiva interativa

colaborativardquo (p 18)

Nesta linha importa o recurso a estrateacutegias pedagoacutegicas que proporcionem a

partilha de conhecimentos a implicaccedilatildeo das crianccedilas na resoluccedilatildeo de situaccedilotildees

problemaacuteticas de modo a exploraacute-las sob diversos acircngulos recorrendo agravequilo que jaacute

conhecem e agrave sua capacidade imaginativa O educador deve entatildeo observar e escutar as

crianccedilas e valorizar a sua participaccedilatildeo na organizaccedilatildeo e desenvolvimento do processo de

aprendizagem bem como na reflexatildeo sobre o mesmo Deve dar-se atenccedilatildeo aos seus

interesses e aos valores que representam as atividades da sua iniciativa na

reorganizaccedilatildeo da compreensatildeo que faz do mundo e por conseguinte no seu

desenvolvimento Nesse processo importa considerar que

tal como os adultos as crianccedilas tem comportamentos positivos e

comportamentos negativos mas eacute importante prestar atenccedilatildeo ao que as

crianccedilas fazem bem feito incidindo nesses pontos e valorizando-os Ao

observar cuidadosamente aquilo que as crianccedilas podem fazer os adultos tecircm

oportunidade para aproveitar o desejo natural de aprender das crianccedilas

(Hohmann 1996 p 22)

Dewey (2002) lembra que as experiecircncias das crianccedilas podem tornar-se agrave

semelhanccedila das suas brincadeiras e jogos em formas ativas da accedilatildeo Para o autor de

acordo com Pinazza (2007) ldquoas situaccedilotildees educativas devem apoiar-se na atividade da

19

crianccedila ou seja deve aprender fazendordquo (p 74) Daiacute a importacircncia que deve merecer a

organizaccedilatildeo do ambiente educativo e as atividades e projetos em que se envolvem

Importa considerar tambeacutem que ldquoa liberdade de accedilatildeo natildeo se opotildee agrave intencionalidade e

ao estabelecimento de propoacutesitos educativos nem tatildeo pouco agrave formaccedilatildeo de haacutebitosrdquo (p

75) devendo ser tidas todas estas dimensotildees em consideraccedilatildeo

Vygostky de acordo com Pinazza (2007) defende a relaccedilatildeo entre processo

educativo e as experiecircncias pessoais das crianccedilas No entanto eacute de considerar que nem

todas as experiecircncias satildeo igualmente educativas O valor de uma experiecircncia baseia-se

no princiacutepio da continuidade experiencial e o da interaccedilatildeo (idem) Importa ter em conta

que a continuidade pressupotildee alargar as experiecircncias e que a interaccedilatildeo se configura no

ambiente educativo que se cria

Nesse processo eacute de ter em conta a importacircncia a atribuir natildeo apenas aos

conhecimentos e competecircncias da crianccedila mas tambeacutem agrave forma como se estabelecem as

interaccedilotildees e agrave complexidade que as atividades apresentam Neste acircmbito importa

considerar que como defende Vygostky (1996 citado por Novo 2009) ldquoque com o

auxiacutelio de outra pessoa toda a crianccedila consegue concretizar mais do que faria sozinhardquo

(p 58) podendo entender-se este aspeto muito mais indicativo do desenvolvimento da

crianccedila Ideia que reforccedila a importacircncia da observaccedilatildeo e apoio que o adulto deve

promover para acompanhar e promover o processo da aprendizagem da crianccedila

22 Modelos Curriculares

Associado a uma perspetiva de aprendizagem ativa encontram-se alguns

modelos curriculares que tecircm vindo a ser apontados em vaacuterios trabalhos como

facilitadores de praacuteticas educativas preacute-escolares de qualidade tal como o modelo

HighScope (Hohmann amp Weikart 2011) o modelo do Movimento da Escola Moderna

(Niza 2007) e o modelo de Reggio Emilia (Eduards Gandini amp Forman 1999)

Reconhecendo que os princiacutepios em que cada um desses modelos se apoiam

podem ajudar-nos a melhor entender as linhas que caraterizam a nossa accedilatildeo importa

efetuar uma breve abordagem aos mesmos

O modelo curricular HighScope valoriza a aprendizagem pela acccedilatildeo o que

pressupotildee que as crianccedilas possam ldquoviver experiecircncias directas e imediatas e retirar delas

significado atraveacutes da reflexatildeordquo (Hohmann amp Weikart 2011 p 5) no sentido de

construiacuterem conhecimentos que as ajudem a dar sentido ao mundo As crianccedilas devem

20

dispor da possibilidade de explorar os objetos colocar sobre os acontecimentos e acerca

do que lhes desperta curiosidade

No que diz respeito agrave organizaccedilatildeo do espaccedilo e materiais de trabalho as salas

seguem uma organizaccedilatildeo construtivista que aponta para a organizaccedilatildeo de aacutereas

diferenciadas que permitam a realizaccedilatildeo de diferentes aprendizagens A organizaccedilatildeo da

sala por aacutereas e com os respetivos materiais faz com que as crianccedilas adquiram

independecircncia autonomia e responsabilidade em relaccedilatildeo ao seu modo de utilizaccedilatildeo

transmitindo mensagens impliacutecitas agraves crianccedilas Como referem Hohmann e Weikart

(2011)

Uma vez que o ambiente estaacute organizado de forma a que estas escolham as

suas brincadeiras os adultos ficam livres de funccedilotildees diretivas de

entretenimento ou de controlo das crianccedilas Em vez disso passam a poder

concentrar-se no apoio a dar agraves brincadeiras das crianccedilas e agrave sua capacidade de

resoluccedilatildeo de problemas (p 182)

A organizaccedilatildeo do ambiente educativo inclui quatro componentes sendo elas a

organizaccedilatildeo do espaccedilo e materiais das rotinas do grupo e das interaccedilotildees Segundo este

modelo o espaccedilo deve estar organizado por diferentes aacutereas de modo a permitir que as

crianccedilas desenvolvam diferentes aprendizagens envolvendo-se em atividades

diversificadas A organizaccedilatildeo do espaccedilo deve ser flexiacutevel deve adaptar-se agraves

necessidades e interesses das crianccedilas e do grupo pelo que deve estar organizado de

modo a conferir autonomia agraves crianccedilas Outra especificidade desta organizaccedilatildeo reside

no facto de as aacutereas estarem organizadas de forma a permitirem a livre circulaccedilatildeo das

crianccedilas entre elas de acordo com os seus interesses Por sua vez ldquoa arrumaccedilatildeo dos

materiais deve proporcionar a execuccedilatildeo do ciclo encontra-brinca-arrumardquo (Hohmann amp

Weikart 2011 p 164)

A organizaccedilatildeo de uma rotina diaacuteria oferece estabilidade agrave crianccedila no sentido de

que pode aperceber-se do que vai acontecer oferecendo-lhe ldquosentido de controlo sobre

aquilo que vai fazer em cada momento do diardquo (idem p 8) Deve permitir agraves crianccedilas

experienciarem oportunidade de se envolverem na concretizaccedilatildeo do ciclo planear-fazer-

rever (idem p 229) Este consiste em promover o seu envolvimento no planeamento

das suas atividades a experienciaccedilatildeo das mesmas e a partilha e discussatildeo acerca do que

foi realizado Para isso o educador deve adotar uma gestatildeo flexiacutevel do tempo

permitindo que a crianccedila organize os seus acontecimentos as suas propostas e as suas

interaccedilotildees tendo em conta a sequecircncia temporal Os tempos em pequeno e grande

21

grupo bem como a niacutevel individual satildeo imprescindiacuteveis pois permitem a inserccedilatildeo das

crianccedilas em diferentes tipos de atividades quer da iniciativa do adulto quer da

iniciativa da crianccedila

A rotina diaacuteria preacute-escolar eacute constante estaacutevel e previsiacutevel para que a crianccedila

compreenda a forma de utilizaccedilatildeo do tempo e assim tornar-se menos dependente do

adulto face ao tempo em que deve concretizar determinada atividade A previsatildeo dos

tempos de rotina permite a seguranccedila e independecircncia da crianccedila e a diferenciaccedilatildeo das

atividades contribui para a variedade de experiecircncias

No que concerne agraves interaccedilotildees o papel do adulto eacute criar situaccedilotildees que

proporcionem agrave crianccedila o desenvolvimento do seu pensamento favorecendo a

emergecircncia de conflitos cognitivos (idem) Importa ter em conta que o adulto ajuda a

equilibrar a liberdade que a crianccedila necessita para explorar o meio que a rodeia Por

isso natildeo deve desencorajar a crianccedila quando esta natildeo consegue concretizar e resolver os

problemas com que se defronta Deve por sua vez fazer com que ela acredite em si

mesma e se envolva na procura de recursos que podem ajudaacute-la nesse processo Assim

um dos principais objectivos do programa HighScope consiste em apoiar os

adultos de modo a que estes possam criar e manter ambientes em que a

interacccedilatildeo com as crianccedilas seja positiva e por forma que estas possam

trabalhar e brincar com pessoas e objectos libertas de medos ansiedades ou

de aborrecimento e negligecircncia (Hohmann amp Weikart 2011 p 63)

O modelo curricular Reggio Emilia como antes referimos apoia-se tambeacutem em

princiacutepios pedagoacutegicos de participaccedilatildeo ativa das crianccedilas na construccedilatildeo do seu

conhecimento Como refere Malaguzzi (1999) o principal objetivo do projeto de

Reggio Emilia consiste em construir uma escola ldquopara crianccedilas pequenas como um

organismo vivo integral como um local de vidas e relacionamentos compartilhados

entre muitos adultos e muitas crianccedilasrdquo Para aleacutem deste objetivo a abordagem Reggio

Emilia estimula o desenvolvimento intelectual das crianccedilas partindo da representaccedilatildeo

simboacutelica

Como refere Edwards (2008) no que diz respeito ao papel do educador este eacute

natildeo apenas de ouvinte e observador mas tambeacutem deve ser proporcionador de

oportunidades e experiecircncias Os objetivos centralizam-se em criar oportunidades de

aprendizagem e desenvolvimento do pensamento das crianccedilas sendo por isso

importante escutaacute-las O papel do educador ldquocentraliza-se na provocaccedilatildeo de

oportunidades de descobertas atraveacutes de uma espeacutecie de facilitaccedilatildeo alerta e inspirada e

22

de estimulaccedilatildeo do diaacutelogo de accedilatildeo conjunta e da co-construccedilatildeo do conhecimento pela

crianccedilardquo(idem p 161)

As crianccedilas percebem quando os adultos valorizam os seus trabalhos e as suas

ideias uma vez que lhes comunicam essa valorizaccedilatildeo indiretamente atraveacutes de accedilotildees e

estrateacutegias Como exemplo destas accedilotildees o educador expotildee trabalhos das crianccedilas na

escola e partilha com toda a comunidade educativa a informaccedilatildeo que as crianccedilas

produzem

Os pais participam ativamente na vida escolar dos seus filhos uma vez que

colaboram com o educador e datildeo continuidade ao que as crianccedilas aprendem quer na

escola quer em casa Ou seja existe interajuda entre escolafamiacutelia na organizaccedilatildeo e

concretizaccedilatildeo da accedilatildeo educativa Por exemplo na realizaccedilatildeo de um projeto os

educadores comunicam aos pais o tema do projeto

encorajando-os a envolverem-se com as atividades de seus filhos atraveacutes da

busca dos materiais necessaacuterios do trabalho com os professores no

ambiente fiacutesico da oferta de livros suplementares e assim por diante Dessa

forma os pais satildeo levados a revisar a imagem que tecircm de seus filhos e a

compreender a infacircncia de um modo mais rico e complexordquo (Edwards 2008

p 163)

Segundo Lino (2007) o modo como o espaccedilo eacute organizado ldquoreflete as ideias

valores atitudes e patrimoacutenio cultural de todos os que nele trabalhamrdquo (p 107) Isto

porque atraveacutes da comunicaccedilatildeo cooperaccedilatildeo partilha de atividades e ideias a crianccedila

constroacutei o seu conhecimento do mundo (idem) Sendo assim o espaccedilo nas escolas de

Reggio Emilia eacute planeado ao pormenor pela comunidade educativa Relativamente ao

espaccedilo exterior este eacute organizado de forma a possibilitar uma continuidade das

atividades realizadas no interior

A gestatildeo da rotina praticada em Reggio dispotildee de uma organizaccedilatildeo do tempo

que proporciona agraves crianccedilas oportunidades de estabelecer diferentes tipos de interaccedilatildeo

Assim como sublinha Lino (2007) ldquoelas podem escolher trabalhar sozinhas em

pequeno grupo em grande grupo com os adultos ou sem elesrdquo (p 109)

O modelo curricular do Movimento da Escola Moderna (MEM) como refere

Niza (2007) ldquoassenta num Projecto Democraacutetico de autoformaccedilatildeo cooperada de

docentes que transfere por analogia essa estrutura de procedimento para um modelo

de cooperaccedilatildeo educativa nas escolasrdquo (p 125) Tendo em conta a escola como local de

23

iniciaccedilatildeo agrave vida democraacutetica este modelo propotildee diversos princiacutepios fundamentais para

a estruturaccedilatildeo da accedilatildeo educativa Referindo Niza (idem)

- Os meios pedagoacutegicos veiculam em si os fins democraacuteticos da educaccedilatildeo

pelo que a escolha dos materiais os processos usados e as formas de

organizaccedilatildeo das atividades devem respeitar as regras democraticamente

decididas pelos educadoresprofessores e crianccedilas

- A actividade escolar enquanto contrato social e educativo deve concretizar-

se atraveacutes da negociaccedilatildeo entre educadoresprofessores e crianccedilas entre si

- A praacutetica democraacutetica da organizaccedilatildeo partilhada por todos decide-se em

conselho de cooperaccedilatildeo

- Os processos de trabalho escolar reproduzem os processos sociais autecircnticos

aproximando deste modo a escola agrave vida social

- A informaccedilatildeo de projectos estudos e outras realizaccedilotildees das crianccedilas eacute

partilhada atraveacutes de circuitos de produccedilatildeo distribuiccedilatildeo e divulgaccedilatildeo como

paineacuteis conferecircncias jornal escolar e outros tipos de apresentaccedilotildees

- As praacuteticas escolares conferem sentido social agraves aprendizagens das crianccedilas

atraveacutes da partilha dos saberes com os seus pares e pela intervenccedilatildeo na

comunidade envolvente ou com a comunidade mais distante atraveacutes da troca

de correspondecircncia entre outros meios

- Os alunos interpelam o meio social e trazem para a escola pessoas da

comunidade como recurso e fonte de conhecimento e culturardquo (pp 127-130)

O Movimento Escola Moderna salienta alguns instrumentos de organizaccedilatildeo da

vida em grupo que se tornam indispensaacuteveis na participaccedilatildeo conjunta do educador e da

crianccedila como o plano de atividades a lista semanal de projetos o quadro semanal de

distribuiccedilatildeo de tarefas o mapa de presenccedilas diaacuterio e o diaacuterio de grupo

Este tipo de organizaccedilatildeo ajuda as crianccedilas a situarem-se no espaccedilo e no tempo

Desta forma eacute necessaacuterio a sala estar organizada por aacutereas de atividades que estaratildeo

dispostas agrave volta da mesma no centro da sala deve estar situada uma aacuterea de trabalho

coletivo Estas aacutereas devem ser originais para que possam ser o mais possiacutevel parecidas

com a realidade que os envolve Como afirma Niza (2007) ldquo o ambiente geral da sala

deve resultar agradaacutevel e altamente estimulante utilizando as paredes como expositores

permanentes das produccedilotildees das crianccedilas onde rotativamente se revecircem nas suas obras

de desenho pintura tapeccedilaria ou textordquo (p 133)

24

A gestatildeo do tempo eacute segundo Niza (2007) ldquoconstituiacuteda por duas etapas de

configuraccedilatildeo distinta

a etapa da manhatilde centra-se fundamentalmente no trabalho ou na actividade

eleita pelas crianccedilas e por elas sustentada desconcentradamente pelas aacutereas

de actividade Com o apoio discreto e itinerante do educador A etapa da

tarde reveste a forma de sessotildees plenaacuterias de informaccedilatildeo e de actividade

cultural dinamizadas por convidados pelos alunos ou pelos educadores

(p135)

O MEM tem uma forma muito proacutepria de promover o relacionamento das

crianccedilas entre si e das mesmas com os adultos Esta interaccedilatildeo eacute fomentada por

fundamentos da pedagogia da cooperaccedilatildeo Assim as crianccedilas devem no jardim-de-

infacircncia experimentar praacuteticas e atitudes que lhes permitiratildeo aprender valores e atraveacutes

das suas vivecircncias aprofundar o desenvolvimento da sua cidadania

Como afirma Niza (2007) os educadores assumem-se neste modelo como

promotores da organizaccedilatildeo participada dinamizadores da cooperaccedilatildeo

animadores ciacutevicos e morais do treino democraacutetico auditores activos para

promoverem a livre expressatildeo e a atitude criacutetica Mantecircm e estimulam a

autonomizaccedilatildeo e responsabilizaccedilatildeo de cada educando no grupo de educaccedilatildeo

cooperada (p139)

De acordo com este modelo eacute necessaacuterio dar continuidade agraves experiecircncias

educativas promovendo a curiosidade a iniciativa e a descoberta das crianccedilas e criar

condiccedilotildees para que tomem a iniciativa e se sintam valorizadas

Em suma os modelos referidos possibilitam um conjunto de orientaccedilotildees que se

tornam fundamentais para nos ajudar a organizar uma intervenccedilatildeo pedagoacutegica que

favoreccedila o desenvolvimento de crianccedilas no quadro de conquista de uma progressiva

autonomia

23 Linhas de orientaccedilotildees curricular da educaccedilatildeo preacute-escolar

Para a organizaccedilatildeo da accedilatildeo educativa importa ter em consideraccedilatildeo o estabelecido

nas Orientaccedilotildees Curriculares3 definidas para a educaccedilatildeo preacute-escolar

As OCEPE acentuam que sejam promovidos saberescompetecircncias que

favoreccedilam a progressatildeo das crianccedilas ao niacutevel da sua Formaccedilatildeo Pessoal e Social

Expressatildeo e Comunicaccedilatildeo (domiacutenio da linguagem oral e abordagem agrave escrita domiacutenio

das expressotildees incluindo a motora dramaacutetica musical e plaacutestica e o domiacutenio da

matemaacutetica) e Conhecimento do Mundo no sentido de ajudaacute-las a tornarem-se capazes

3 OCEPE-MEDEB 1997 Despacho 522097 de 4 de agosto Metas de aprendizagem (ME 2010)

25

de uma plena inserccedilatildeo na sociedade como cidadatildeos autoacutenomos livres e solidaacuterios

(MEDEB 1997) As Metas de Aprendizagem para a Educaccedilatildeo Preacute-Escolar (ME 2010)

explicitam os conteuacutedos incluiacutedos nas aacutereas e domiacutenios de conteuacutedo definidas nas

OCEPE indicando o que as crianccedilas devem ter aprendido no final da etapa educativa

preacute-escolar

Entendemos dever ser dada importacircncia aos contributos destes diferentes

documentos para organizaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo das experiecircncias de aprendizagem no quadro

de construccedilatildeo de respostas educativas preacute-escolares de qualidade

Assim e no sentido de melhor compreender a natureza das aprendizagens que

devem nortear a accedilatildeo educativa preacute-escolar importa efetuarmos ainda que de forma

resumida uma abordagem das aacutereas e domiacutenios de conteuacutedo

A aacuterea de Formaccedilatildeo Pessoal e Social eacute considerada uma aacuterea transversal

considerando que todas as componentes curriculares deveratildeo contribuir para promover

nas crianccedilas atitudes e valores que lhes permitam tornarem-se cidadatildeos conscientes e

solidaacuterios capacitando-os para a resoluccedilatildeo dos problemas da vida Tambeacutem a educaccedilatildeo

preacute-escolar deve favorecer a formaccedilatildeo da crianccedila tendo em vista a sua plena inserccedilatildeo

na sociedade como ser autoacutenomo livre e solidaacuterio

Importa referir que entre as aprendizagens a promover estas se situam num

processo em construccedilatildeo do ser humano ldquosendo influenciado e influenciando o meio que

o rodeiardquo (MEDEB 1997 p51) eacute de salientar tambeacutem que ldquoeacute na famiacutelia e no meio

soacutecio-cultural em que vive os primeiros anos de vida que a crianccedila inicia o seu

desenvolvimento pessoal e socialrdquo (idem p52) Eacute acentuado um papel essencial na

educaccedilatildeo para os valores sendo ldquoque natildeo se ldquoensinamrdquo mas que se vivem na acccedilatildeo

conjunta e nas relaccedilotildees com os outrosrdquo (idem ibidem) As relaccedilotildees e interaccedilotildees

estabelecidas pelo adulto com as crianccedilas e o grupo o modo como as apoia satildeo

caracterizados como um suporte da educaccedilatildeo Importa ter em conta que a relaccedilatildeo

estabelecida pelo educador com as crianccedilas o modo como as valoriza e respeita

estimula e encoraja os seus processos facilita a auto-estima da crianccedila e as relaccedilotildees que

as crianccedilas estabeleceratildeo entre si Eacute ainda de considerar que ldquofavorecer a autonomia da

crianccedila e do grupo assenta na aquisiccedilatildeo do saber-fazer indispensaacutevel agrave sua

independecircncia e necessaacuterio a uma maior autonomia enquanto oportunidade de escolha e

responsabilizaccedilatildeordquo (idem p 53)

Obter maior independecircncia representa na educaccedilatildeo preacute-escolar dominar certos

saberes tais como vestir-se despir-se lavar-se comer utilizando adequadamente os

26

talheres etc mas tambeacutem serem capazes de utilizar de forma correta materiais e

instrumentos agrave sua disposiccedilatildeo tais como jogos tintas pinceis laacutepishellip (idem ibidem)

Como se afirma nas OCEPE (MEDEB 1997) reconhecer laccedilos de pertenccedila

social e cultural respeitando outras culturas eacute um aspeto que deve ser tambeacutem

valorizado na educaccedilatildeo preacute-escolar fazendo parte do desenvolvimento da identidade Eacute

de considerar que a igualdade de oportunidades entre os diferentes sexos indiviacuteduos de

diferentes classes sociais e diferentes etnias se constroacutei numa perspetiva de educaccedilatildeo

multicultural devendo esta natildeo ser apenas criada pela participaccedilatildeo na organizaccedilatildeo do

ambiente educativo mas tambeacutem pela participaccedilatildeo na aprendizagem em grupo Eacute

preciso ter em conta que a participaccedilatildeo na discussatildeo e na tomada de posiccedilatildeo favorece a

consciecircncia de valores sociais culturais e eacuteticos (idem p 55)

Em suma como as proacuteprias OCEPE alertam a aacuterea da Formaccedilatildeo Pessoal e

Social entende-se como ldquoaacuterea de conteuacutedo integradora pois embora com

intencionalidade proacutepria inscreve-se em todas as outrasrdquo (idem ibidem)

A aacuterea da Expressatildeo e Comunicaccedilatildeo como eacute referido nas OCEPE (MEDEB

1997) ldquoengloba as aprendizagens relacionadas com o desenvolvimento psicomotor e

simboacutelico que determinam a compreensatildeo e o progressivo domiacutenio de diferentes formas

de linguagemrdquo (p56) Esta aacuterea eacute a uacutenica em que se diferenciaram vaacuterios domiacutenios

Releva-se que eacute importante que os adultos facultem ocasiotildees agraves crianccedilas que

distingam o real e o imaginaacuterio pois nestas idades por vezes ainda confundem Importa

proporcionar agraves crianccedilas ldquosuportes que permitam desenvolver a imaginaccedilatildeo criadora

como procura e descoberta de soluccedilotildees e exploraccedilatildeo do lsquomundorsquo rdquo OCEPE (MEDEB

1997 p 56)

Ao niacutevel do domiacutenio da linguagem oral e abordagem agrave escrita importa que as

crianccedilas se envolvam em experiecircncias que lhes permitam progredir ao niacutevel da

expressatildeo oral e que lhe facultem a possibilidade de se familiarizarem com o coacutedigo

escrito permitindo-lhes contactar com as suas diferentes funccedilotildees Sublinha-se que numa

abordagem transversal a liacutengua portuguesa deve ser trabalhada em diferentes atividades

relacionadas com diferentes domiacutenios de conteuacutedo Importa considerar que

Proporcionar no jardim-de-infacircncia ambientes linguisticamente estimulantes e

interagir verbalmente com cada crianccedila satildeo as duas vias complementares que

podem ajudar a combater as assimetrias que afectam o desenvolvimento da

linguagem nas crianccedilas (Sim-Sim Silva amp Nunes 2008 p 12)

27

A comunicaccedilatildeo criada pelo educador permite agraves crianccedilas dominar a linguagem

ampliando o seu vocabulaacuterio e formando frases mais elaboradas O dia-a-dia na

educaccedilatildeo preacute-escolar possibilitaraacute atraveacutes de interaccedilotildees de qualidadecomplexidade

com a escrita que as crianccedilas usem corretamente frases simples de diversos tipos

As crianccedilas desde cedo conseguem distinguir a escrita do desenho comeccedilam a

ldquoimitar a escrita e a reproduzir o formato do texto escritordquo (OCEPE p 69) Mesmo que

as crianccedilas natildeo consigam reproduzir corretamente a escrita os educadores devem

incentivaacute-las nas suas tentativas Como se refere nas OCEPE (idem) ldquoa atitude do

educador e o ambiente que eacute criado devem ser facilitadores de uma familiarizaccedilatildeo com

o coacutedigo escrito Neste sentido as tentativas de escrita mesmo que natildeo conseguidas

deveratildeo ser valorizadas e incentivadasrdquo (p 69)

O educador deve inclusive ler e contar histoacuterias agraves crianccedilas pois desse modo

suscitaraacute na crianccedila o desejo de aprender a ler A forma como este lecirc e faz uso de

diferentes tipos de texto para as crianccedilas seratildeo usados por estas como exemplo de como

e para que serve ler (idem p 70)

As crianccedilas que desde cedo estatildeo envolvidas na utilizaccedilatildeo da linguagem

escrita e que vecircem outros a ler e a escrever vatildeo desenvolvendo a sua

perspectiva sobre o que eacute a leitura e a escrita e simultaneamente vatildeo

desenvolvendo capacidades e vontade para participarem em acontecimentos

de leitura e escrita (Mata 2008 p 14)

O educador tem que ter em atenccedilatildeo que em algumas ocasiotildees existem

diferentes liacutenguas como aconteceu na nossa praacutetica educativa visto que algumas

crianccedilas da sala natildeo tinham como liacutengua materna o portuguecircs Procuramos valorizar

essa dimensatildeo como meio de sensibilizar o grupo para a existecircncia de outras liacutenguas

mas tambeacutem de apoiar essas crianccedilas a acederam a um progressiva fluecircncia discursiva

No que diz respeito ao domiacutenio da matemaacutetica podemos destacar que as

crianccedilas vatildeo espontaneamente construindo noccedilotildees matemaacuteticas a partir de vivecircncias do

dia-a-dia Estas noccedilotildees fundamentam-se na vivecircncia do espaccedilo e tempo tendo como

ponto de partida as atividades espontacircneas em que se envolve ou que o educador

promove O papel da matemaacutetica na estruturaccedilatildeo do pensamento as suas funccedilotildees na

vida corrente e a sua importacircncia para aprendizagens futuras determina a atenccedilatildeo que

lhe deve ser dada na educaccedilatildeo preacute-escolar (idem p 73)

Procuraacutemos promover o desenvolvimento de noccedilotildees matemaacuteticas aproveitando

variadas situaccedilotildees luacutedicas das crianccedilas e momentos da rotina diaacuteria sabendo que como

se refere nas OCEPE (MEDEB 1997) ldquocabe ao educador partir das situaccedilotildees do

28

quotidiano para apoiar o desenvolvimento do pensamento loacutegico matemaacutetico

intencionalizando momentos de consolidaccedilatildeo e sistematizaccedilatildeo de noccedilotildees matemaacuteticasrdquo

(ibidem) Neste acircmbito importa ainda ter em conta o que afirmam Castro e Rodrigues

(2008) quando defendem que

uma das funccedilotildees do Jardim-de-Infacircncia eacute criar ambientes de aprendizagem

ricos em que as crianccedilas se possam desenvolver como seres de muacuteltiplas

facetas construindo percepccedilotildees e bases onde alicerccedilar aprendizagens Estas

reflectir-se-atildeo ao longo da vida quer nas aprendizagens quer na

sociabilizaccedilatildeo e mesmo no reconhecimento de algumas regras e

procedimentos Os nuacutemeros devem portanto desempenhar um papel

desafiante e com significado sendo a crianccedila estimulada e encorajada a

compreender os aspectos numeacutericos do mundo em que vive e a discuti-los

com os outros (p 12)

No que se refere ao domiacutenio das expressotildees como se refere nas OCEPE

(MEDEB 1997) eacute importante que o educador tenha em conta as especificidades de

cada expressatildeo mas tambeacutem a sua inter-relaccedilatildeo e a sua articulaccedilatildeo (p 57)

No que concerne agrave expressatildeo motora tal como se menciona nas OCEPE

(MEDEB 1997) ldquoao entrar para o preacute-escolar a crianccedila jaacute possui algumas aquisiccedilotildees

motoras baacutesicas tais como andar transpor obstaacuteculos manipular objectos de forma

mais ou menos precisardquo (p 58) Tendo em conta todos os movimentos que a crianccedila jaacute

possui a educaccedilatildeo preacute-escolar deve originar situaccedilotildees de exerciacutecio da motricidade

global e tambeacutem da motricidade fina permitindo que todas e cada uma aprendam a

utilizar e a dominar da melhor forma o seu proacuteprio corpo (idem ibidem) Eacute importante

que as crianccedilas usufruam de oportunidades para desenvolver os diferentes segmentos do

seu corpo facilitando a interiorizaccedilatildeo do esquema corporal e tendo consciecircncia do seu

corpo em relaccedilatildeo ao exterior aprendendo as relaccedilotildees no espaccedilo

Cabe ao educador tirar partido das situaccedilotildees que ocorrem nos diferentes espaccedilos

aproveitando a sala o espaccedilo exterior locais apetrechados e materiais que

proporcionem diversas e enriquecedoras oportunidades de expressatildeo motora O

educador deve proporcionar agraves crianccedilas formas de utilizar o seu corpo servindo-se de

jogos de movimento de sons de ritmos e danccedilas Como se afirma nas OCEPE

(MEDEB 1997) ldquotodas estas situaccedilotildees permitem que a crianccedila aprenda a utilizar

melhor o seu corpo e (hellip) que vaacute tomando consciecircncia de condiccedilotildees essenciais para

uma vida saudaacutevelrdquo (p 59)

29

A expressatildeo dramaacutetica eacute um meio de descoberta de si e do outro atraveacutes da qual

a crianccedila se afirma a si proacuteprio na relaccedilatildeo com os outros apropriando-se de situaccedilotildees

socias

Eacute frequente na idade de preacute-escolar depararmo-nos com crianccedilas movimentando-

se e colocando-se em diversas posiccedilotildees fiacutesicas muitas vezes imitando certas pessoas ou

ateacute mesmo animais E como nos referem Hohmann e Weikart (2011) ldquoexperimentar

movimentos que impliquem o corpo todo ajuda as crianccedilas a desenvolver o auto-

controlo e a consciecircncia do seu posicionamento fiacutesicordquo (p 629)

A expressatildeo musical permite a exploraccedilatildeo de sons e ritmos que as crianccedilas

produzem e exploram espontaneamente e que vatildeo aprendendo a identificar e a

reproduzir elas mesmas com os diversos aspetos que caracterizam os sons Como

afirmam Hohmann e Weikart (2011) ldquoouvir muacutesica mover-se ao seu som e fazer

muacutesica satildeo experiecircncias vitais que permitem agrave crianccedila expressar-serdquo (p 656) Os

mesmos autores acrescentam que ldquoa muacutesica acompanha-nos ao longo de toda a nossa

vida marcando acontecimentos desde do nascimento agrave morterdquo (p 657)

Baseando-se no pensamento de Carlton (1994) Hohmann e Weikart (2011)

apresentam seis aspetos que importa explorar no acircmbito de expressatildeo musical como

mover-se ao som da muacutesica explorar e identificar sons explorar a voz a cantar

desenvolver melodias cantar canccedilotildees e tocar instrumentos musicais simples

Na nossa praacutetica a muacutesica estava presente diariamente na sala pois logo pela

manhatilde as crianccedilas cantavam canccedilotildees relacionadas com os bons dias e por vezes outras

por elas sugeridas A abordagem de canccedilotildees com entusiasmo e entendendo que eacute uma

parte integrante de cultura musical da crianccedila eacute outra dimensatildeo considerada

A expressatildeo plaacutestica permite agraves crianccedilas explorarem diversos materiais e

instrumentos sendo as atividades motoras iniciadas pelas crianccedilas Como se afirma nas

OCEPE (MEDEB 1997) a crianccedila ldquoexterioriza espontaneamente imagens que

interiormente construiurdquo (p 61) Godinho e Brito (2010) defendem que ldquoeacute (hellip)

importante que as crianccedilas em ambiente de jardim-de-infacircncia possam experimentar

distintos papeacuteis de executante criador e apreciadorrdquo (p 11) e ter em conta que os

trabalhos das crianccedilas tecircm ldquosignificados concretos e partilhaacuteveis com os outrosrdquo (idem

p 65)

O desenho a pintura a digitinta a modelagem o recorte e a colagem satildeo

teacutecnicas de expressatildeo plaacutestica que devem ser explorados na educaccedilatildeo preacute-escolar

OCEPE (MEDEB 1997) Importa ainda atender agrave diversidade e quantidade de

30

materiais de modo a favorecer a expressatildeo criativa das crianccedilas Eacute importante que as

crianccedilas tenham agrave sua disposiccedilatildeo materiais que lhes possibilitem escolher e promover

diferentes formas de combinaccedilatildeo A identificaccedilatildeo e nomeaccedilatildeo de cores bem como a

mistura de cores baacutesica para formar outras (secundaacuterias) satildeo aspetos da expressatildeo

plaacutestica que tambeacutem importa explorar

No que diz respeito agrave aacuterea do Conhecimento do Mundo esta ldquoenraiacuteza-se na

curiosidade natural da crianccedila e no seu desejo de saber e compreender porquecircrdquo (idem p

79) A crianccedila antes de iniciar a educaccedilatildeo preacute-escolar sabe jaacute bastantes coisas sobre o

mundo que a rodeia A curiosidade e o desejo de descobrir e aprender das crianccedilas

manifestam-se na procura de compreensatildeo do mundo e de lhe atribuir sentido Tal

procura leva-as a formas progressivamente mais elaboradas do pensamento

A exploraccedilatildeo de conteuacutedos relacionados com esta aacuterea poderatildeo estar ldquomais ou

menos relacionada com o meio proacuteximo mas que aponta para a introduccedilatildeo a aspectos

relativos a diferentes domiacutenios do conhecimento humano (hellip) que mesmo elementares

e adequados a crianccedilas destas idades deveratildeo corresponder sempre a um grande rigor

cientiacuteficordquo (idem p 80) As OCEPE apontam ainda para que as crianccedilas possam

entender certos fenoacutemenos e acontecimentos que experienciam no seu dia-a-dia A

sensibilizaccedilatildeo agraves ciecircncias pode assim entender-se como partindo dos interesses das

crianccedilas que o educador alarga e contextualiza procurando fomentar a curiosidade e o

desejo de aprender O educador tem um papel fundamental na escolha dos conteuacutedos a

desenvolver poreacutem deve ter a preocupaccedilatildeo de acordar e negociar as suas propostas com

o grupo de modo a promover aprendizagens com significado para as crianccedilas Entre o

que se apresenta como fundamental desenvolver neste domiacutenio ldquosatildeo aspectos que se

relacionam com os processos de aprender a capacidade de observar o desejo de

experimentar a curiosidade de saber a atitude criacuteticardquo (idem p 85)

Foi com base em todas as aacutereas de conteuacutedo e domiacutenios que procuraacutemos

promover experiecircncias de aprendizagem diversas sendo que algumas dessas seratildeo

descritas e analisadas na terceira parte deste relatoacuterio

31

III Descriccedilatildeo e anaacutelise das experiecircncias de aprendizagem

O presente capiacutetulo incide sobre o processo de ensino e aprendizagem que

desenvolvemos com as crianccedilas ao longo do ano letivo de 2012-2013 apresentando um

conjunto de experiecircncias de aprendizagem atraveacutes das quais pretendemos aprofundar a

reflexatildeo sobre a accedilatildeo educativa promovida

Neste sentido procuraacutemos explicitar as intencionalidades que as orientam os

processos de desenvolvimento recursos utilizados e informaccedilatildeo tomada em

consideraccedilatildeo para a compreensatildeo do desenvolvimento desse processo e a progressatildeo

das crianccedilas

As experiecircncias de aprendizagem que aqui apresentamos incidem

particularmente sobre o segundo semestre do ano letivo referido porque foi nesse

periacuteodo que nos foi possiacutevel promover uma maior continuidade ao trabalho

desenvolvido o que permitiraacute uma melhor compreensatildeo das linhas de accedilatildeo e das formas

de intervenccedilatildeo pedagoacutegica em que nos situamos

No que se refere agrave planificaccedilatildeo da accedilatildeo educativa procuraacutemos articular num

todo coerente a nossa intervenccedilatildeo no sentido de proporcionar agraves crianccedilas a vivecircncia de

um projeto formativo integrado e em continuidade as reflexotildees preacute e poacutes-accedilatildeo com a

educadora de infacircncia cooperante foram importantes Como elementos de apoio ao

desenvolvimento desse processo relevamos as Orientaccedilotildees Curriculares para a

Educaccedilatildeo preacute-escolar o projeto curricular do grupo e os interesses e necessidades

formativas que no decurso da accedilatildeo educativa iacuteamos identificando Os planos de

intervenccedilatildeo pedagoacutegica assumiram um caraacuteter flexiacutevel de modo a podermos integrar as

contribuiccedilotildees do grupo de crianccedilas nesse processo e adequar as estrateacutegias quando

necessaacuterio de modo a garantir melhores oportunidades de aprendizagem e

desenvolvimento das crianccedilas

Ao niacutevel da recolha da informaccedilatildeo para ajudar a melhor poder compreender-se o

modo como se desenvolveu o processo de aprendizagem recorremos sobretudo a notas

de campo e registos fotograacuteficos Natildeo podemos deixar de relevar a importacircncia que

tambeacutem assumiram as produccedilotildees das crianccedilas incluiacutedas nos seus portefoacutelios pois

ajudaram-nos a melhor compreender como cada uma se apropriou e retratou as

experiecircncias promovidas

32

31 Experiecircncia de aprendizagem Respeitar as diferenccedilas um

desafio para todos

Um dos principais objetivos desta experiecircncia de aprendizagem centrou-se em

alertar as crianccedilas para a importacircncia de favorecer a integraccedilatildeo e bem-estar de todos

independentemente das diferenccedilas fiacutesicas e culturais entre outras que pudessem

possuir

Partimos da histoacuteria Elmer de David Mckee (2007) e comeccedilaacutemos por apresentar

o livro agraves crianccedilas lendo o tiacutetulo e perguntar-lhes se conheciam a histoacuteria ao que nos

responderam que natildeo Com este questionamento pretendiacuteamos saber se as crianccedilas jaacute

conheciam o conteuacutedo da histoacuteria Decidimos entatildeo solicitar agraves crianccedilas a observaccedilatildeo

da capa do livro de modo a explorar os elementos paratextuais em grande grupo

Vaacuterias crianccedilas identificaram e indicaram de imediato a personagem nela retratada

como sendo um elefante Mas duas delas manifestaram natildeo ter a certeza considerando a

aparecircncia do mesmo como as suas afirmaccedilotildees permitem perceber parece um elefante

mas parece um elefante colorido (Tiago)4 parece um elefante arco-iacuteris (Joana)

No sentido de melhor se compreenderem estes comentaacuterios importa mencionar

que o referido elefante era representado no livro atraveacutes de um desenho-ilustraccedilatildeo

desafiando agrave imaginaccedilatildeo e procurando ilustrar a mensagem pretendida de alerta para as

diferenccedilas mas afastando-se da figura ldquorealrdquo que por exemplo uma imagem

fotograacutefica permite retratar

Propusemos entatildeo agraves crianccedilas escutar com atenccedilatildeo a histoacuteria no sentido de

percebermos do que abordava Lemos a histoacuteria mostrando as imagens que a ilustravam

e no final refletimos sobre o conteuacutedo da mesma partindo da questatildeo

- Entatildeo do que nos fala a histoacuteria (Ed Estagiaacuteria)

- Eacute do Elmer Ele natildeo gostava da cor que tinha (Manuel)

- Pois ele natildeo gostava da cor que tinha e porque seria (Ed Est)

Surgiram vaacuterias respostas De entre elas destacamos as seguintes afirmaccedilotildees

- Porque ele eacute agraves cores (Gonccedilalo)

- E natildeo gostava de ser assim (Diogo)

- E depois com as tintas ficou de outra cor (Manuel)

- Pois foi Mas os outros riram-se (Margarida)

- Com a chuva voltou a ficar igual (Laura)

- E o que acharam dos elefantes se rirem dele acham que isso eacute bom (Ed Est)

- Natildeo (Vaacuterios)

- Porquecirc (Ed Est)

4 Os nomes das crianccedilas apresentadas satildeo fictiacutecios de modo a assegurar o anonimato da sua identidade

33

- Porque mesmo diferentes temos que ser amigos (Pedro)

- Porque somos todos diferentes (Inecircs)

Nota de campo 25 de fevereiro 2013

O excerto permite perceber que o conteuacutedo da histoacuteria tinha sido compreendido

referindo as crianccedilas que eram abordadas as diferenccedilas fiacutesicas que apresentava o animal

as dificuldades em aceitar a diversidade ou a diferenccedila de cor ou raccedila como as

seguintes afirmaccedilotildees permitem perceber Porque ele eacute agraves cores (Gonccedilalo) e natildeo gostava

de ser assim (Diogo) Tambeacutem a importacircncia de respeitar e aceitar as diferenccedilas foram

identificadas como conteuacutedo da histoacuteria ao reconhecerem e indicarem que natildeo foi bom

os elefantes rirem do modo como o Elmer tentou superar os constrangimentos sentidos

tentando mudar de cor justificando o Pedro porque mesmo diferentes temos que ser

amigos e acrescentando a Inecircs porque somos todos diferentes

Na sequecircncia da histoacuteria dialogaacutemos sobre possiacuteveis diferenccedilas fiacutesicas que

pudemos encontrar entre as pessoas e a importacircncia de aceitaacute-las mas tambeacutem de

respeitar e aceitar se elas quiserem fazer algumas mudanccedilas para se sentirem mais

bonitas ou felizes No sentido de uma melhor compreensatildeo desse valor alertaacutemos para

que cada um de noacutes por vezes tambeacutem mudar alguma coisa porque gosta como pintar

as unhas os laacutebios e o cabelo e noacutes gostamos e somos amigas delas quer estejam ou

natildeo pintadas Partindo desta ideia as crianccedilas falaram das suas experiecircncias e das dos

seus familiares Lembraacutemos ainda que tambeacutem noacutes natildeo somos todos iguais temos

diferenccedilas

Nesta linha de pensamento propusemos agraves crianccedilas observar diferenccedilas e

semelhanccedilas que existiam entre os elementos do grupo Vimos que uns tinham os

cabelos loiros outros castanhos e outros pretos Tambeacutem nos olhos podiacuteamos ser

diferentes e mesmo ao niacutevel da pele observando que embora fossemos todos de pele

branca uns tinham uma cor mais clara outros uma cor mais escura Sem que o

solicitaacutessemos algumas crianccedilas puxaram as mangas da camisola e colocaram o braccedilo

junto do de outras para verificarem melhor as diferenccedilas fazendo comentaacuterios sobre o

que observavam

Num outro momento mostraacutemos agraves crianccedilas duas imagens de elefantes uma

colorida como a do Elmer a personagem da histoacuteria e outra em cor cinzenta

Propusemos agraves crianccedilas que descobrissem as semelhanccedilas entre os dois elefantes

34

Observaacutemos diferentes reaccedilotildees Enquanto algumas crianccedilas manifestaram natildeo

perceber bem o pretendido outras manifestaram que isso tinha acontecido fazendo

afirmaccedilotildees como as que a seguir apresentamos e permitiram que as outras

compreendessem o que lhe tiacutenhamos solicitado fazerem

-Tecircm os dois uma tromba (Vaacuterios)

-Tecircm tambeacutem rabo para baixo as duas (Manuel)

-Tecircm dois olhos (Gabriel)

- Muito bem e haveraacute diferenccedilas entre os dois elefantes (Ed Est)

-A cor dos elefantes (vaacuterios)

-Um eacute cinzento como todos os elefantes e outro eacute agraves cores (Manuel)

Nota de campo 25 de fevereiro 2013

Como o excerto deixa perceber o diaacutelogo estabelecido possibilitou observar que

a diferenccedila que caraterizava os animais representados era a cor mas que se tratava do

mesmo tipo de ser e por isso apresentavam muitas outras carateriacutesticas comuns

Entendemos que este tipo de abordagem pode ajudar a que melhor possamos

entender aceitar e respeitar as pessoas pelos seres humanos que satildeo e ultrapassar

barreiras discriminatoacuterias que infelizmente ainda se fazem sentir Neste sentido

importa considerar que como se refere nas OCEPE (MEDEB 1997) eacute na aceitaccedilatildeo da

diferenccedila e ldquonuma perspetiva multicultural que se constroacutei uma maior igualdade de

oportunidadesrdquo (p 54)

Relevamos que esta atividade permitiu agraves crianccedilas natildeo soacute obterem e discutirem

valores que nos levem a enveredar por perspetivas e praacuteticas facilitadoras das

multiculturas e de igualdade de oportunidades como suscitar a pesquisa sobre o animal

que entrou na histoacuteria e espaccedilos em que vivia Assim levaacutemos e colocaacutemos na aacuterea da

biblioteca alguns livros sobre animais onde se incluiacuteam os elefantes o que suscitou a

continuidade da atividade Algumas crianccedilas quiseram descobrir como eram os

elefantes e se seriam todos parecidos ou natildeo Apoiaacutemo-las nesse processo ajudando-as

a descobrir mais pormenores que poderiam apontar para as diferenccedilas ou semelhanccedilas

mas relevando a importacircncia de cada um

No que se refere ao tempo de trabalho nas aacutereas importa evidenciar que algumas

crianccedilas quiseram representar ao niacutevel da expressatildeo plaacutestica figuras de elefantes

optando sobretudo por materiais tridimensionais como a plasticina como as imagens da

figura 10 permitem perceber No final sugerimos a contagem das representaccedilotildees dos

elefantes

35

As figuras apresentadas permitem observar diferentes produccedilotildees no que se

refere agrave reproduccedilatildeo de algumas partes do corpo quer agrave cor escolhida para elaborar o

trabalho As vaacuterias formas de representaccedilatildeo tambeacutem nos permitem perceber diferentes

niacuteveis de representaccedilatildeo simboacutelica incluindo e diferenciando vaacuterias partes do corpo do

animal algumas ainda o seu modo de locomoccedilatildeo enquanto outras representam apenas

para aleacutem do corpo no seu todo a parte que mais o diferencia dos outros animais a

tromba Como refere Gonccedilalves (1991) ldquoa expressatildeo eacute motivada pelo que mais a

impressionardquo (p 13)

No que se refere agrave escolha da plasticina para fazer as figuras do elefante importa

considerar que como referem Hohmann e Weikart (2011) este eacute um material a partir do

qual as crianccedilas gostam de fazer as suas reproduccedilotildees para o que em nosso entender

contribui o facto de poderem realizar produccedilotildees tridimensionais e as possibilidades de

modelagem que este material oferece

Na discussatildeo sobre os animais surgiu a questatildeo de como se designa um conjunto

de elefantes (nomes coletivos) ao que uma das crianccedilas respondeu prontamente eacute uma

manada (Carlos) No sentido de partilha de saberes possuiacutedos por cada um em relaccedilatildeo

ao toacutepico sobre o qual viacutenhamos a interrogar as crianccedilas solicitaacutemos-lhes que dissessem

o que sabiam sobre os elefantes Surgiram vaacuterias respostas entre as quais sublinhamos

- Tem uma tromba (Laura)

- Tem orelhas grandes (Pedro)

- Tem quatro patas (Tiago)

- Eles podem beber com a tromba (Rafael)

As respostas obtidas permitem-nos perceber que as crianccedilas jaacute possuiacuteam alguns

conhecimentos acerca das caracteriacutesticas dos elefantes mas tambeacutem que ainda havia

muitas coisas que poderiacuteamos aprender sobre eles Neste sentido sugerimos-lhes

Figura 10 ndash Produccedilotildees das crianccedilas em plasticina na sequecircncia da exploraccedilatildeo da histoacuteria do Elmer

36

visualizar imagens em PowerPoint que ilustravam as caracteriacutesticas do elefante No

final da apresentaccedilatildeo questionaacutemo-nos sobre o observado comeccedilando por colocar-lhes

um questatildeo sobre os seus haacutebitos alimentares

- Do que seraacute que o elefante se alimenta (Ed Est)

- Comem plantas (Pedro)

- E maccedilatildes das aacutervores (Ricardo)

- Bebem a aacutegua (Gabriel)

-Comem tambeacutem bananas (Gonccedilalo) Nota de campo 25 de fevereiro 2013

Entre as vaacuterias questotildees e respostas que surgiram a discussatildeo incidiu sobre os

dentes dos elefantes e a sua funccedilatildeo o nuacutemero de patas que tinham e como eram

constituiacutedas bem como sobre qual a funccedilatildeo da tromba para aleacutem de ser para beber

Este momento de diaacutelogo em grande grupo permitiu que as crianccedilas aprendessem a

ouvir-se umas agraves outras a esperar a sua vez para falar e para colaborar na atividade

Possibilitou ainda que conhececircssemos melhor as carateriacutesticas e os interesses das

crianccedilas pelo que nos parece poder ir ao encontro da ideia de Hohmann e Weikart

(2011) quando referem que

enquanto as crianccedilas interagem com materiais pessoas ideias e

acontecimentos para construir o seu proacuteprio entendimento da realidade os

adultos observam e interagem com elas para descobrir como as crianccedilas

pensam e raciocinam Os adultos tentam reconhecer os interesses e

capacidades particulares das crianccedilas oferecer-lhes apoio e colocar-lhes

desafiosrdquo (p 27)

Na sequecircncia da observaccedilatildeo das imagens dos livros sobre os animais integrados

na biblioteca iam surgindo perguntas em torno dos mesmos e do local onde viviam Por

isso e no sentido de poder alargar essa abordagem entendemos recorrer a vaacuterias

figurasbrinquedos de animais apresentando-os numa maqueta em que se encontravam

representados diferentes tipos de habitats As crianccedilas mostraram-se bastante curiosas

em descobrir quais os animais aiacute representados e os locais em que surgiam situados No

decurso do diaacutelogo uma crianccedila questionou-nos sobre o significado da palavra habitat

Perguntaacutemos ao grupo quem sabia e queria explicar ao colega mas gerando-se um

silecircncio informaacutemos que se tratava do local no qual vivem os animais e propusemos

que observassem a maqueta e descobrissem que locais se encontravam laacute representados

Obtivemos respostas variadas como

-Ali eacute a aacutegua (Diogo)

-Eacute na terra (Laura)

-Nas montanhas (Margarida)

37

Nota de campo 25 de fevereiro 2013

Informaacutemos as crianccedilas que todas as repostas correspondiam a elementos que

faziam parte dos habitats dos animais e que estes eram de trecircs tipos o terrestre o

aquaacutetico e o aeacutereo Realizaacutemos uma breve explicaccedilatildeo agraves crianccedilas da constituiccedilatildeo dos

habitats e dos animais que os habitavam

Distribuiacutemos por cada crianccedila a figura de

um animal em formato de fantoche e

solicitaacutemos-lhes que cada uma identificasse o

animal que tinha na matildeo e qual o habitat em que

esse animal se integraria colocando-o na

maqueta como a figura 11 permite perceber

Todas as crianccedilas participaram nesta atividade A

realizaccedilatildeo da atividade em grande grupo permitiu

partilhar ideias e valorizar os saberes de todos no

sentido de um enriquecimento muacutetuo

Esta atividade tinha como objetivo principal ajudar as crianccedilas a compreender

que os animais podem viver em diferentes ambientes ecoloacutegicos Sugerimos agraves crianccedilas

que desenhassem um animal e o seu habitat

Como forma de dar continuidade agrave atividade sobre os animais sugerimos a

realizaccedilatildeo do jogo ldquoOs animais da selvardquo que consistia em retirar de entre um conjunto

de cartotildees apresentados numa caixa um cartatildeo seria lida a tarefa agrave crianccedila e esta

concretizaacute-la-ia Entre as propostas de realizaccedilatildeo apresentadas constavam por exemplo

imitar o som de um determinado animal representar o seu modo de locomoccedilatildeo e cantar

uma canccedilatildeo relacionada com os animais

No sentido de dar continuidade agrave exploraccedilatildeo da histoacuteria do Elmer solicitaacutemos as

crianccedilas num momento de trabalho em grande grupo a identificarem e nomearem as

cores primaacuterias Obtivemos respostas variadas por parte das crianccedilas algumas

respondiam corretamente ao nome das cores e outras natildeo as identificavam Decidimos

entatildeo explorar as cores primaacuterias e para que melhor pudessem observaacute-las e identificaacute-

las colocaacutemos tintas com as trecircs cores primaacuterias (azul amarelo e vermelho) em frascos

transparentes As crianccedilas puderam mexer e fazer pinceladas na folha No decurso da

atividade uma crianccedila referiu que existem tambeacutem as cores secundaacuterias (Margarida)

Figura 11 - Crianccedila colocando o animal no

habitat

38

Noutro momento e ainda no acircmbito do processo de identificaccedilatildeo das cores

propusemos agraves crianccedilas a utilizaccedilatildeo de outros recursos folhas de acetato e guaches

Sugerimos-lhes que colocassem em cada folha gotas de tinta de cores diferentes e

depois que as juntassem Ao juntarem as duas folhas de acetatos as crianccedilas reparavam

que surgiria uma nova cor Sugerimos agraves crianccedilas a realizaccedilatildeo do quadro das cores que

integraria as cores primaacuterias num primeiro momento e ao qual iriacuteamos mais tarde

acrescentar as secundaacuterias (verde laranja e roxo) Questionaacutemos as crianccedilas de modo a

identificarem e nomearem as cores e conforme iam sendo identificadas iam sendo

colocadas pelas crianccedilas no quadro

Procedemos num segundo momento agrave exploraccedilatildeo de uma cor secundaacuteria o

verde propondo agraves crianccedilas a mistura das cores amarela e azul e tentar que as crianccedilas

descobrissem que cor surgia dessa mistura Algumas crianccedilas responderam

corretamente que surgiria a cor verde As crianccedilas colocaram a cor verde em frente agrave cor

amarela e azul para que percebessem que da junccedilatildeo das duas cores iniciais resultava

essa cor

Repetimos esse mesmo processo com as cores amarelo e vermelho de cuja

junccedilatildeo surgiu o laranja e com o azul e vermelho

da qual surgiu o roxo Completaacutemos o quadro das

cores primaacuterias e secundaacuterias com as tintas que jaacute

possuiacuteamos e com as novas tintas que surgiram

na junccedilatildeo das cores primaacuterias

Expusemos o trabalho na sala permitindo

relembrar e melhor memorizar o nome das

diferentes cores (primaacuterias e secundaacuterias) como a

figura 12 permite observar

No desenvolvimento da atividade as crianccedilas mostraram-se bastante

surpreendidas com o surgir da nova cor a partir da junccedilatildeo das duas cores iniciais

expressando alegria e desejo de fazer novas experiecircncias Neste sentido importa ter em

conta que como refere Luft (2011) ldquoa cor eacute um dos principais elementos das artes

visuais (hellip) despertando sensaccedilotildees e emoccedilotildees seja na pintura na esculturardquo (p 304)

entre outras teacutecnicas de expressatildeo plaacutestica

Procurando que as crianccedilas tirassem partido das cores exploradas sugerimos agraves

crianccedilas que decorassem a imagem do elefante Elmer utilizando folhas em formato A2

A proposta inicial era de que as crianccedilas pintassem a imagem do elefante Elmer

Figura 12 - Quadro das cores primaacuterias e

secundaacuterias

39

recorrendo agrave teacutecnica de pintura sopro que consistia em colocar um pouco de tinta num

quadrado e soprar com a palhinha de forma a espalhar a cor por todo o quadrado do

papel Algumas crianccedilas manifestaram bastante dificuldade na realizaccedilatildeo do sopro e

comeccedilaram a utilizar a palhinha como forma de pincel Decidimos entatildeo sugerir a

essas crianccedilas que utilizassem pinceacuteis se assim o entendessem No final surgiu uma

figura de elefante muito colorida aos quadrados que expusemos junto agrave da entrada para

a sala no sentido de partilhar a experiecircncia com os pais

Em siacutentese no acircmbito desta experiecircncia de aprendizagem promovemos a criaccedilatildeo

de oportunidades de as crianccedilas desenvolverem saberes que se prendem particularmente

com as carateriacutesticas da vida animal e a composiccedilatildeo das cores (primaacuterias e secundaacuterias)

numa dimensatildeo articulada da aacuterea do mundo fiacutesico e social e dos domiacutenios da expressatildeo

oral dramaacutetica e plaacutestica Foi nossa preocupaccedilatildeo que as crianccedilas pudessem questionar-

se manifestar as suas opiniotildees e implicar-se na exploraccedilatildeo dos materiais colocados agrave

sua disposiccedilatildeo Neste acircmbito releva-se nas OCEPE (MEDEB 1997) que ldquoa

identificaccedilatildeo e nomeaccedilatildeo das cores a mistura de cores baacutesicas para formar outras satildeo

aspetos da expressatildeo plaacutestica que se ligam com a linguagem e o Conhecimento do

Mundordquo (pp 62-63) Nesta experiecircncia de aprendizagem pudemos relevar a exploraccedilatildeo

do mundo fiacutesico mas tambeacutem e sobretudo o social no sentido de valorizar a

construccedilatildeo de um pensamento aberto a formas diversas de ser e estar no quadro de

valores de respeito aceitaccedilatildeo e de diaacutelogo com os outros

32 Experiecircncia de aprendizagem Aprender a observar e conhecer

Considerando o interesse manifestado pelas crianccedilas em relaccedilatildeo ao conteuacutedo da

histoacuteria do Elmer sendo a mesma referida em vaacuterios e diferentes momentos decidimos

dar-lhe continuidade explorando o livro intitulado Elmer e o arco-iacuteris de David

Mckee5 Trata-se de uma histoacuteria que aborda os valores de

entreajuda dar algo sem o perder bem como os sentimentos de

amizade e de felicidade

Relevamos neste sentido que como refere Mata (2008)

ldquoa leitura de histoacuterias eacute uma actividade muito rica e completa

5 A imagem do livro que consta na figura 13 foi obtida em

httpwwwcaminholeyacomfotosprodutos500_9789722118620_elmer_e_o_arco_irisjpg

Figura 13 - Livro - Elmer e o

arco-iacuteris de David Mckee

40

pois permite a integraccedilatildeo de diferentes formas de abordagem agrave linguagem escrita em

geral e agrave leitura de uma forma especiacuteficardquo (p 78)

Comeccedilaacutemos por observar interpretar e descrever oralmente as imagens da capa

e da contracapa tendo como objetivo que as crianccedilas compreendessem que tanto as

palavras escritas como os desenhos transmitem informaccedilotildees Embora algumas crianccedilas

manifestassem possuir conhecimento acerca da composiccedilatildeo dos livros mas que nem

conseguiam fazecirc-lo entendemos explicar esses elementos agraves crianccedilas Procedemos em

seguida agrave leitura expressiva da mesma No final questionaacutemos as crianccedilas acerca do

seu conteuacutedo e todas referiram que falava sobre o arco-iacuteris sobre este ter perdido as

suas cores e o elefante Elmer ter ajudado a que este as recuperasse As crianccedilas

mencionaram partes da histoacuteria relevantes mostrando ter prestado atenccedilatildeo agrave leitura e tecirc-

la interiorizado Importa ter em conta que como se refere nas (OCEPEMEDEB

1997) ldquoeacute no clima de comunicaccedilatildeo criado pelo educador que a crianccedila iraacute dominando a

linguagem alargando o seu vocabulaacuterio construindo frases mais correctas e complexas

adquirindo um maior domiacutenio da expressatildeo e comunicaccedilatildeordquo (p 67)

Nesta linha de pensamento e aproveitando as ideias que as crianccedilas

mencionaram questionaacutemo-las sobre o que sabiam acerca do arco-iacuteris tais como

quantas cores teria o arco-iacuteris e obtivemos respostas como

-Tem cinco cores (Diogo)

- Acho que tem seis cores (Gonccedilalo)

- Eu acho que tem sete cores (Tiago)

- Tem muitas cores (Laura)

As afirmaccedilotildees das crianccedilas deixam perceber que natildeo tinham a certeza em

relaccedilatildeo agraves cores do arco-iacuteris o que era de esperar dado a tenra idade das crianccedilas

Decidimos revelar agraves crianccedilas o verdadeiro nuacutemero de cores que tem o arco-iacuteris

referindo que o arco-iacuteris apresenta sete cores Continuando o diaacutelogo procuraacutemos levar

as crianccedilas a idealizarem e nomear as possiacuteveis cores do arco-iacuteris Obtivemos as

seguintes respostas

- O arco-iacuteris tem amarelo (Pedro)

-Tem tambeacutem azul (Rodrigo)

- Tem verde o arco-iacuteris (Tiago)

- Eu acho que tambeacutem tem cor de laranja (Gonccedilalo)

- Natildeo tem eacute vermelho (Pedro)

- Eu acho que tem cor-de-rosa (Inecircs) Nota de campo 11 de marccedilo 2013

41

Algumas crianccedilas comentaram que natildeo sabiam porque nunca o tinham visto

outras disseram que jaacute o tinham visto mas que natildeo se lembravam das cores que eram

Decidimos entatildeo informar as crianccedilas das cores que o arco-iacuteris possui nomeadamente

o violeta anil azul verde amarela laranja e vermelho

As crianccedilas que tinham respondido corretamente a uma das cores sentiram-se

bastante satisfeitas mostraram conforto e confianccedila em si proacuteprias comentando a sua

resposta entre o grupo Como referem Hohmann e Weikart (2011) ldquoas reflexotildees das

crianccedilas sobre as suas acccedilotildees satildeo uma parte

fundamental do processo de aprendizagem Ouvir e

encorajar a forma particular como cada crianccedila pensa

fortalece o seu pensamento emergente e as suas

capacidades de raciociacuteniordquo (p 47)

Sugerimos agraves crianccedilas que desenhassem e

pintassem numa folha branca como julgavam que era

constituiacutedo o arco-iacuteris exemplo figura 14

Durante a atividade as crianccedilas comentavam entre si qual seria a cor com que o

arco-iacuteris iniciava tentavam lembrar-se da ordem das

cores e curiosamente comentavam o formato do arco-iacuteris

referiam-se a este como tendo uma forma muito

semelhante a uma ponte Depois de vaacuterias crianccedilas terem

desenhado o arco-iacuteris exemplo figura 15 mostraacutemos a

imagem do mesmo no sentido de melhor perceberem

como era constituiacutedo Esta experiecircncia permitiu relembrar

as cores partindo da sua identificaccedilatildeo num fenoacutemeno da

natureza

Expusemos uma imagem do arco-iacuteris ldquorealrdquo numa das paredes da sala para que

todos a visualizassem e comparassem com os desenhos que eles tinham realizado

anteriormente A reaccedilatildeo das crianccedilas foi surpreendente comentavam a imagem

sublinhando a beleza da mesma e as experiecircncias possuiacutedas de ter visto ou natildeo esse

fenoacutemeno

A alegria aumentava agrave medida que descobriam que tinham colocado no desenho

cores que correspondiam agraves observadas no fenoacutemeno do arco-iacuteris e que uma ou outra

surgiam segundo a mesma ordem

Figura 14 - Desenho de um arco-iacuteris

realizado por uma crianccedila da sala

Figura 15 - Arco-iacuteris elaborado

por uma crianccedila da sala

42

No sentido de relembrar e explorar o conteuacutedo da histoacuteria Elmer e o arco-iacuteris

propusemos a realizaccedilatildeo de um jogo de expressatildeo de afetos intitulado como o ldquoJogo

dos sorrisosrdquo O objetivo do jogo consistia em compreender a importacircncia de expressar

pequenos gestos que satildeo importantes para quem os recebe e para quem os daacute que natildeo

representam perdas mas antes ganhos como por exemplo dar um sorriso ou um abraccedilo

a algueacutem As crianccedilas manifestaram terem compreendido o conteuacutedo da histoacuteria e por

conseguinte o que se pretendia do jogo

O jogo constava de uma crianccedila de cada vez ir retirar um cartatildeo de dentro de

uma caixa no qual estava escrito uma mensagem que educadora lhe lia e que ela iria

transmitir a algueacutem da sala que escolhesse dirigir-lha Todas as crianccedilas participaram

no jogo recebendo e manifestando gestos Entre as

mensagens escritas nos cartotildees encontrava-se por

exemplo dar um abraccedilo um beijo no rosto um aperto

de matildeo entre outros As crianccedilas manifestaram

grande interesse e entusiamo em realizar o jogo

observando-se grande envolvimento na realizaccedilatildeo do

mesmo como a tiacutetulo de exemplo a imagem da figura

16 permite perceber que as crianccedilas estatildeo a dar as matildeos

manifestando gesto de carinho

No sentido de ajudar as crianccedilas a compreenderem a que se deve a formaccedilatildeo do

arco-iacuteris procuraacutemos num outro momento propor uma atividade praacutetica que permitisse

observar o surgir desse fenoacutemeno Comeccedilaacutemos por perguntar agraves crianccedilas se sabiam

como este fenoacutemeno surgia tentando auscultar as ideias preacutevias Entre essas ideias

surgiram as seguintes

- Podemos ver o arco-iacuteris quando haacute sol e chuva (Manuel)

- Eacute preciso haver chuva e sol (vaacuterios)

- O arco-iacuteris vai sempre buscar aacutegua aos rios (Manuel)

Nota de campo 11 de marccedilo de 2013

As afirmaccedilotildees das crianccedilas deixam perceber que algumas jaacute apresentam ideias

sobre as carateriacutesticas temporais que levam a que se decirc a refraccedilatildeo da luz do sol e se

observe a formaccedilatildeo do arco-iacuteris apesar de ainda natildeo dominarem o conhecimento

cientiacutefico do fenoacutemeno Por usa vez a afirmaccedilatildeo do Manuel deixa perceber que pode

entender-se como indo ao encontro do afirmado por Martins et al (2009) quando

Figura 16 - Crianccedilas jogando o

Jogo dos sorrisos

43

lembram que ldquoas crianccedilas datildeo explicaccedilotildees que muitas vezes natildeo correspondem ao

conhecimento cientiacutefico actual mas que tem loacutegica para sirdquo (p 12)

Assim e depois de um breve diaacutelogo sobre o fenoacutemeno sugerimos a realizaccedilatildeo

de uma atividade sobre a formaccedilatildeo do arco-iacuteris manifestando-se as crianccedilas bastante

curiosas em saber como fazer para que o fenoacutemeno ocorresse

Os materiais utilizados para a realizaccedilatildeo da atividade praacutetica foram previamente

fabricados e preparados por noacutes bem como testada a experiecircncia Para tal fizemos uma

abertura estreita em forma de retacircngulo numa cartolina preta de seguida colocaacutemos a

cartolina em frente ao nosso peito na horizontal e apontaacutemos luz para essa abertura de

forma a conseguirmos um raio de luz estreito Colocaacutemos um espelho inclinado numa

tina com aacutegua e inclinaacutemos uma folha grande de cartolina branca junto da tina com

aacutegua Apontaacutemos a luz atraveacutes da cartolina preta

para que esta acertasse no espelho No final

tiacutenhamos conseguido ver a formaccedilatildeo do arco-iacuteris

Estes procedimentos foram repetidos com as

crianccedilas na atividade que viacutenhamos a descrever foi

possiacutevel observarmos a refraccedilatildeo da luz formando o

arco-iacuteris que se apresenta na figura 17

Procuraacutemos diversificar os materiais e ajudar as

crianccedilas a compreenderem que o efeito pode provir de vaacuterias fontes Neste sentido

observaacutemos tambeacutem o aparecimento do arco-iacuteris atraveacutes de uma lanterna e de um Cd

permitindo este objeto tambeacutem fazer com que se decirc a refraccedilatildeo da luz da lanterna e por

conseguinte a sua divisatildeo em vaacuterias cores fazendo o efeito de arco-iacuteris Fizemos incidir

a luz da lanterna na parte superior do cd e inclinaacutemos o cd para que a luz incidisse na

parede pois eacute nesta que as crianccedilas conseguem ver as cores do arco-iacuteris

Inicialmente as crianccedilas mostravam-se bastante eufoacutericas e curiosas em saber

como iria aparecer o arco-iacuteris com dois objetos (uma lanterna e um Cd) No entanto ao

iniciarmos a atividade fez-se uma grande silecircncio na sala dado o interesse e a atenccedilatildeo

com que estavam para observar o resultado Quando mostraacutemos que era possiacutevel fazer

aparecer o reflexo do arco-iacuteris na parede da sala estas ficaram surpreendidas

experimentaram tambeacutem as crianccedilas refletirem a imagem do arco-iacuteris com os dois

objetos Terminada a atividade praacutetica as crianccedilas referiram que gostavam de mostrar

aos pais esta atividade iriam inclusive pedir para que estes disponibilizassem uma

lanterna e um Cd

Figura 17 - Resultado da atividade

praacutetica sobre a formaccedilatildeo do arco-iacuteris

44

No decurso da semana sugerimos agraves crianccedilas uma nova atividade praacutetica ainda

de acordo com o que tiacutenhamos explorado anteriormente Poreacutem desta vez

pretendiacuteamos enveredar pelo efeito contraacuterio ao das atividades anteriores ou seja a

uniatildeo de vaacuterias cores formando uma soacute Assim solicitaacutemos agraves crianccedilas que colorissem

com cada cor as divisotildees de um ciacuterculo que lhe apresentaacutemos desenhado em cartolina

branca Quando terminavam de colorir o ciacuterculo colocavam o laacutepis de carvatildeo no centro

e faziam o ciacuterculo girar O objetivo era visualizar qual a cor que surgiria ao girar o laacutepis

pois as crianccedilas tinham diferentes cores nos ciacuterculos Mostraacutemos agraves crianccedilas um ciacuterculo

pintado com as cores do arco-iacuteris e perguntaacutemos agraves crianccedilas se sabiam qual a cor que

surgiria ao rodarmos o laacutepis observando-se as seguintes respostas

-Vai ficar azul-escuro (Manuel)

-Se rodares muito depressa vai ficar tudo vermelho (Pedro)

-Vai aparecer o arco-iacuteris (Margarida)

-Se calhar vai ficar tudo amarelo (Pedro)

- Fica quase branco (Manuel) Nota de campo 12 de marccedilo 2013

Todas as crianccedilas faziam tentativas para acertar na cor que surgiria ao rodar o

laacutepis decidimos deste modo rodaacute-lo O objetivo da atividade era como jaacute antes

referimos que as crianccedilas percebessem que ao juntar todas as cores do arco-iacuteris a cor

que surgiria era a cor branca

Eacute de referir que esta atividade natildeo correu como era esperado pois as crianccedilas

natildeo conseguiam colocar o laacutepis a girar de modo a que o movimento permitisse a junccedilatildeo

das vaacuterias cores e fosse possiacutevel observar apenas a cor branca

Para que as crianccedilas natildeo ficassem desiludidas por um lado e por outro lado para

promover a interaccedilatildeo entre pais e filhos sugerimos agraves crianccedilas que realizassem a mesma

atividade em casa com o auxiacutelio dos pais pedindo-lhes para as ajudarem a fazecirc-la e que

dialogassem de modo a descobrirem com eles a cor que surgiria quando fizessem girar o

laacutepis Refletindo sobre a atividade importa sublinhar que aprendemos que nem sempre

eacute faacutecil gerir imprevisibilidades mas que temos de saber superaacute-las tentando encontrar

soluccedilotildees alternativas Meditando sobre a experiencia de aprendizagem desenvolvida a

partir do livro Elmer e o arco-iacuteris sublinhamos as oportunidades criadas para as

crianccedilas se envolverem em diferentes atividades nas quais foram levadas em

consideraccedilatildeo os saberes e interesses manifestados por elas valorizar a ludicidade como

estrateacutegia de envolvimento na construccedilatildeo de conhecimento cientiacutefico

45

Sabemos que haacute fenoacutemenos que as crianccedilas vatildeo observando e aprendendo a

identificar mas tambeacutem que nem sempre tecircm oportunidades de conhecer fatores que lhe

datildeo origem pelo que importa promover situaccedilotildees de aprendizagem em contexto preacute-

escolar que as ajudem na compreensatildeo dos mesmos Foi nessa linha de pensamento que

surgiram as atividades que desenvolvemos em torno do arco-iacuteris

As crianccedilas envolveram-se e manifestaram sentir gosto e prazer em concretizar

as atividades desenvolvidas parecendo-nos terem contribuiacutedo para que desenvolvessem

saberes e criar oportunidades de partilha dos mesmos com os outras crianccedilas e adultos e

com os pais

Relevamos ainda a importacircncia que nos parece ter assumido o alertar das

crianccedilas para a atenccedilatildeo a prestar aos outros e a importacircncia de manifestar e receber

afetos no quadro de construccedilatildeo de uma sociedade comunicativa solidaacuteria e facilitadora

da integraccedilatildeo de todos

33 Experiecircncia de aprendizagem Conhecendo diferentes culturas

No decurso da accedilatildeo educativa surgiu a abordagem da questatildeo das diferenccedilas

entre as culturas levando-nos a pensar ser importante aprofundar o questionamento e

reflexatildeo sobre esse toacutepico Nesse sentido entendemos partir da leitura da histoacuteria

Meninos de todas as cores de Luiacutesa Ducla Soares

Em trabalho de grande grupo comeccedilaacutemos por ler o tiacutetulo da histoacuteria e questionar

as crianccedilas no sentido de perceber se a conheciam As suas afirmaccedilotildees levaram-nas a

perceber que natildeo era do seu conhecimento mas que o tiacutetulo da histoacuteria estimulou a sua

curiosidade comeccedilando a fazer comentaacuterios entre si sobre a mesma e sobre o que

entendiam poder incidir

Procedemos agrave leitura da histoacuteria acompanhado com a apresentaccedilatildeo das

imagens manifestando-se as crianccedilas muito atentas ateacute ao final da mesma Terminada a

leitura questionaacutemos as crianccedilas sobre o que achavam da histoacuteria Elas afirmaram ter

apreciado o seu conteuacutedo e ilustraccedilatildeo

Sugerimos-lhes o reconto da histoacuteria neste as crianccedilas surpreendentemente

referiram pormenores do conteuacutedo da histoacuteria como a cor de cada crianccedila aspetos

sobre cada cor e respetivos objetos relacionados com as cores O entusiasmo com que

comunicavam e escutavam as outras crianccedilas deixava perceber o reconhecimento do

valor formativo da atividade Importa neste sentido relevar que como sublinham Sim-

46

Sim Silva e Nunes (2009 retomando a ideia de Mata 2008) ldquoeacute funccedilatildeo do educador

alargar intencionalmente as situaccedilotildees de comunicaccedilatildeo (hellip) que permitam agraves crianccedilas

dominar a comunicaccedilatildeo como emissores e receptoresrdquo (p 35)

Os comentaacuterios feitos pelas crianccedilas em relaccedilatildeo ao conteuacutedo da histoacuteria a

procura do livro no tempo das atividades nas aacutereas de atividades na sala e a atitude de

respeito que pareciam manifestar uns em relaccedilatildeo aos outros levou-nos a inferir ter sido

pertinente a escolha que fizemos da obra para explorar com as crianccedilas no quadro dos

seus possiacuteveis contributos para que cada um como cidadatildeo possa assumir uma atitude

de abertura aceitaccedilatildeo das diferenccedilas e valorizaccedilatildeo de todos Neste acircmbito importa

considerar que como se refere nas OCEPE (MEDEB 1997) ldquoa aceitaccedilatildeo da diferenccedila

sexual social e eacutetnica eacute facilitadora da igualdade de oportunidades num processo

educativo que respeita diferentes maneiras de ser e de saber para dar sentido agrave

aquisiccedilatildeo de novos saberes e culturasrdquo (p 54) Merece ainda natildeo esquecer que ldquoeacute numa

perspetiva de educaccedilatildeo multicultural que se constroacutei uma maior igualdade de

oportunidades entre mulheres e homens entre indiviacuteduos de diferentes classes sociais e

de diferentes etniasrdquo (pp 54-55)

Nesta linha de pensamento importa que na educaccedilatildeo preacute-escolar as crianccedilas

usufruam de oportunidades de se envolver em experiecircncias formativas que lhes

facilitem a aquisiccedilatildeo de um espiacuterito criacutetico e a interiorizaccedilatildeo de valores conhecimentos

e atitudes que contribuam para que possam comportar-se e agir segundo princiacutepios de

equidade respeito e aceitaccedilatildeo de todos no quadro de uma cidadania responsaacutevel e

esclarecida

Num outro momento e em continuidade de outras atividades desenvolvidas

anteriormente propusemos agraves crianccedilas uma atividade no acircmbito do desenvolvimento do

domiacutenio da linguagem oral e abordagem agrave escrita nomeadamente ao niacutevel da

consciecircncia fonoloacutegica e da consciecircncia grafemaacutetica

Comeccedilaacutemos por solicitar agraves crianccedilas em trabalho de pequeno grupo que

tentassem identificar siacutelabas comuns em diferentes palavras ou seja que terminassem

com a mesma siacutelaba Nesse sentido distribuiacutemos pelas crianccedilas cartotildees com trecircs

diferentes imagens e a palavra escrita que lhe correspondia solicitando-as a contornar a

siacutelaba final de cada palavra Exploraacutemos oralmente as siacutelabas de uma palavra dizendo

por exemplo Ca-ra-col (Caracol) acompanhando com palmas das crianccedilas consoante

as siacutelabas da palavra Percebemos que a maioria das crianccedilas conseguia reproduzir

corretamente o nuacutemero de siacutelabas correspondente agrave segmentaccedilatildeo das palavras em

47

siacutelabas atraveacutes do batimento de palmas Poreacutem trecircs crianccedilas das mais novas ainda natildeo

o conseguiam fazer corretamente Decidimos por isso repetir a atividade fazendo uma

crianccedila de cada vez e variando as palavras par manter o interesse e implicaccedilatildeo das

crianccedilas na atividade Reconhecemos que eacute importante organizarmos previamente a

atividade de forma a trabalhar corretamente a consciecircncia fonoloacutegica e a divisatildeo silaacutebica

das palavras com as crianccedilas criando condiccedilotildees apelativas para estimular o interesse

das mesmas ou seja criar ldquocondiccedilotildees para que as crianccedilas aprendamrdquo (MEDEB 1997

p 66)

Retomando a reflexatildeo sobre a atividade em anaacutelise sugerimos que as crianccedilas

assinalassem a uacuteltima siacutelaba das palavras Algumas crianccedilas fizeram-na sem ajuda

poreacutem outras crianccedilas necessitaram dela sendo a mesma proporcionada quer pelos

adultos da sala quer por outras crianccedilas com um niacutevel de desenvolvimento superior

Neste sentido sublinhamos a importacircncia que assume o desenvolver atividades em

pequeno grupo no qual possam beneficiar de apoio de outros que integram um niacutevel

desenvolvimento superior de modo a que possa atuar na zona de desenvolvimento

proximal (Vygotsky 1979) Neste acircmbito Novo (2009 retomando a perspetiva do

autor 1996) sublinha que ldquocom auxiacutelio de uma outra pessoa toda a crianccedila pode fazer

mais do que faria sozinhardquo (p 58)

A atividade foi gratificante natildeo apenas para as crianccedilas mas tambeacutem para noacutes

adultos percebendo os seus contributos em termos formativos indo portanto ao

encontro dos objetivos pretendidos Apesar da tenra idade foi interessante ver como as

crianccedilas aderiram agrave atividade e a realizaram com bastante empenho tentando responder

corretamente chamando os adultos para confirmarem as suas respostas e para ajudaacute-las

na sua melhor realizaccedilatildeo

Dialogaacutemos com as crianccedilas sobre a histoacuteria e sobre a opiniatildeo destas

relativamente agrave mesma escutando as suas respostas Propusemos-lhes a realizaccedilatildeo de

um ldquoestendalrdquo de palavras observando que era a primeira vez que trabalhavam com

este Explicamos-lhes o que se pretendia da atividade e vaacuterias crianccedilas sorriram e

comentaram-na ficando curiosas Procedemos agrave elaboraccedilatildeo da atividade pendurando o

fio de latilde na sala de modo a que estivesse ao acesso de todas as crianccedilas Apresentaacutemos-

lhes cartotildees com imagem e a palavra respetiva as quais no seu conjunto formavam

uma das frases retirada da histoacuteria e que tinha sido lida agraves crianccedilas

Sob a forma de jogo em que fosse articulado o prazer de brincar e o de

concretizar da tarefa propusemos que a realizaccedilatildeo do referido jogo tentando ordenar os

48

cartotildees com as imagens de modo a construirmos a frase isto eacute trabalhando a

construccedilatildeo fraacutesica As imagens da frase a ordenar eram relativas agrave frase O menino

branco entrou num aviatildeo

Relacionado com esta atividade procedemos agrave contagem do nuacutemero de cartotildees

pendurados no fio explorando o conceito de cardinal algumas crianccedilas identificaram de

imediato os seis cartotildees As crianccedilas participaram e gerou-se companheirismo na ajuda

em dar uns aos outros no sentido de que todos fossem bem-sucedidos na concretizaccedilatildeo

da proposta Trabalhamos a consciecircncia de grafema com a ajuda das educadoras (figura

18)

-Sabes que letra eacute essa que tens na matildeo

(Ed Est)

-Sei esta letra estaacute no meu nome tambeacutem eacute

um O (Rodrigo)

-Achas que essa letra eacute do mesmo tamanho

das outras (Ed Est)

-Natildeo acho que eacute maior que as outras

(Rodrigo)

Nota de campo 8 de abril 2013

Conforme iacuteamos questionando as crianccedilas de certa forma iacuteamos tambeacutem

implementando alguma informaccedilatildeo no acircmbito do domiacutenio da linguagem oral e

abordagem agrave escrita As crianccedilas iam organizando ideias mentais fazendo a construccedilatildeo

fraacutesica da mesma e compreendiam inclusive que a escrita e os desenhos transmitem

informaccedilatildeo Repetimos este exerciacutecio com vaacuterias crianccedilas pois a maioria queria

participar e colocar os cartotildees no estendal

Observaacutemos que algumas crianccedilas fizeram a construccedilatildeo fraacutesica muito mais

raacutepido do que outras manifestando algumas uma certa dificuldade na construccedilatildeo

revelando algumas incerteza sobre o que fazer

Assim e procurando que as crianccedilas percebessem a frase tiacutenhamos a imagem a

acompanhar e questionaacutemo-las vaacuterias vezes sobre a imagem que cada cartatildeo tinha a

acompanhar Atraveacutes das imagens em geral as crianccedilas compreendiam que a frase (natildeo

construiacuteda) natildeo fazia total sentido na sua leitura e voltavam a iniciar a atividade do

estendal por vezes ajudadas na atividade por um colega

Num outro momento realizaacutemos uma atividade idecircntica mas optaacutemos por

trabalhar com cores e objetos Tiacutenhamos cinco cartotildees com cinco cores diferentes e

outros tantos com objetos diferentes mas cada objeto associado a uma cor Explicaacutemos

Figura 18 - Interajuda entre as crianccedilas da sala

49

agraves crianccedilas que do nosso lado direito elas encontravam cartotildees com cores no centro

tinha cartotildees com as palavras ldquocomordquo ldquoaordquo e do lado esquerdo encontravam cartotildees

com objetos As crianccedilas tinham que conseguir formar frases como por exemplo

ldquoAmarelo como o sol branco como o leite castanho como o chocolate vermelho como

a cereja e preto como a estradardquo

Inicialmente mostraacutemos agraves crianccedilas os cartotildees com cores colocaacutemo-los no

estendal e questionaacutemo-las se sabiam o nuacutemero de cartotildees que tinha o estendal algumas

crianccedilas (Carlos Diogo e Tiago) responderam rapidamente e corretamente agrave questatildeo

enquanto as outras crianccedilas observavam e faziam a contagem mais calmamente

conseguindo identificar os cinco cartotildees com cores Questionaacutemo-las novamente

tentando saber se alguma crianccedila conseguia identificar um cartatildeo cuja palavra iniciasse

pela letra A Apoacutes um breve momento de silecircncio uma crianccedila respondeu Amarelo

comeccedila pela letra A (Carlos)

Questionaacutemos se mais alguma palavra dos cartotildees comeccedilava pela letra A e de

imediato vaacuterias crianccedilas responderam que natildeo Concluiacutemos que em cinco cartotildees um

deles comeccedilava pela letra A trabalhando assim o domiacutenio da matemaacutetica Repetimos

mais uma vez esta atividade mas solicitando que as crianccedilas identificassem a palavra

escrita no cartatildeo que iniciasse com a letra P respondendo uma delas Preto comeccedila pela

letra P e eacute tambeacutem a primeira letra do meu nome (Pedro)

Foi gratificante observar o entusiasmo das crianccedilas em quererem realizar as

atividades sendo de sublinhar o grande interesse que manifestaram em participar na

atividade De seguida iniciaacutemos a atividade de elaboraccedilatildeo do ldquoestendalrdquo das palavras

A primeira crianccedila a realizar a atividade escolheu um cartatildeo dos que tinham cores e

colocou-o no fio de latilde Questionaacutemo-la se sabia qual a cor que tinha escolhido ao que a

crianccedila respondeu corretamente ser branco Questionaacutemos de novo as crianccedilas no

sentido de perceber se sabiam o que tinha que fazer a seguir respondendo corretamente

Posteriormente foi colocado por uma crianccedila o respetivo cartatildeo agrave frente das palavras

Eacute de destacar que os uacuteltimos cartotildees incluiacuteam igualmente palavras retiradas da

histoacuteria os Meninos de todas as cores mas desta forma trabalhadas de diferente

maneira Esta atividade fez com que todas as crianccedilas trabalhassem na identificaccedilatildeo das

palavras e a sua organizaccedilatildeo na frase pois todas tiveram a oportunidade de participar

Os objetivos eram esses que todas as crianccedilas participassem na atividade de construccedilatildeo

de frases em ordem a compreenderem que a escrita e as imagens transmitem

50

informaccedilatildeo e a identificarem palavras que terminavam com a mesma siacutelaba (construccedilatildeo

de grafema)

Para que as crianccedilas pudessem dar continuidade a este tipo de atividades e criar

gosto pela leitura integraacutemos o referido estendal num espaccedilo da sala recorrendo a este

e ainda a outros materiais

Na sequecircncia da histoacuteria lida durante a semana em que esta foi explorada

sugerimos ainda agraves crianccedilas a construccedilatildeo de um cartaz relativo agrave mesma Neste acircmbito

sugerimos agraves crianccedilas que pensassem sobre o assunto e como elemento do grupo

tambeacutem apresentaacutemos propostas e depois foram discutidas as sugestotildees Assim as

crianccedilas resolveram fazer a estampagem da palma da matildeo utilizando tintas azul e

verde para que parecesse o planeta terra e que fossem pintadas cada um dos dedos de

cores diferentes como as cores dos meninos da histoacuteria que no caso seriam brancas

pretas castanhas amarelas e vermelhas Uma a uma cada crianccedila pintou e estampou

uma das matildeos no cartaz O trabalho foi desenvolvido na aacuterea de expressatildeo plaacutestica

utilizando os materiais aiacute disponiacuteveis como tintas pinceis e o papel de cenaacuterio de

modo a que pudessem usaacute-los de modo independente Entre os comentaacuterios feitos pelas

crianccedilas enquanto elaboravam o trabalho sublinhamos

-Temos aqui muitas cores verde azul amarelo preto vermelho castanho e

branco (Diogo)

-Vamos pintar os dedos com cinco cores diferentes (Tiago)

-Vou pintar o dedo de amarelo como a menina amarela como o sol (Pedro)

-Este dedo vai ser branco como o Miguel o menino branco como o accediluacutecar

(Rafael)

-O meu dedo do meio vai ser castanho como o chocolate (Renato)

-O meu dedo pequeno vai ser vermelho como a menina da cor do sangue

(Carlos)

-Este dedo vou pintar de preto como as azeitonas (Pedro)

Nota de campo 9 de abril 2013

Os comentaacuterios feitos pelas crianccedilas permitiram perceber que mobilizavam

informaccedilatildeo relacionada com as atividades anteriores mas tambeacutem as suas

intencionalidades e a diversidade de tintas disponiacuteveis A imagem apresentada na figura

19 daacute conta do trabalho desenvolvido

51

Importa neste acircmbito relevar que nas OCEPE (MEDEB 1997) se alerta para a

importacircncia de as crianccedilas terem ldquoagrave sua disposiccedilatildeo vaacuterias cores que lhes possibilitem

escolher e utilizar diferentes formas de combinaccedilatildeordquo (p 62) Sublihamos ainda a

importacircncia de as crianccedilas poderem percorrer os seus proacuteprios caminhos de expressatildeo

artiacutestica mas tambeacutem que elas necessitam para tal de oferecer-lhes aleacutem da

experimentaccedilatildeo de materiais as diferentes formas de arte na pintura (UNESCO 2005

p 31) Importa ainda considerar que as tintas exercem grande fasciacutenio na crianccedila tanto

pela cor quanto pela sensaccedilatildeo agradaveacutel que produzem ao serem manuseadas (idem)

Mais tarde propusemos agraves crianccedilas a criaccedilatildeo de fantoches com materiais

reciclados acerca da histoacuteria dos Meninos de todas as cores As crianccedilas mostraram-se

bastante curiosas pois ainda natildeo tinham trabalhado com fantoches e iria ser uma

atividade diferente Organizaacutemo-nos em pequenos grupos de trabalho no total de cinco

crianccedilas em cada propondo-lhes que cada um que pintasse uma luva integrando em

cada dedo uma cor diferente Por sua vez outros grupos de crianccedilas trabalhavam na

criaccedilatildeo dos transportes que apareciam na histoacuteria

Dialogaacutemos sobre a possibilidade da representaccedilatildeo da histoacuteria agraves outras crianccedilas

e adultos do jardim-de-infacircncia As crianccedilas entusiasmaram-se com a iniciativa e por

consenso decidimos proceder agrave concretizaccedilatildeo da mesma como mais tarde aconteceu

Assumimos o papel de narrador e o grupo de crianccedilas ficou com a

responsabilidade de representar a histoacuteria procedendo agrave manipulaccedilatildeo dos fantoches

Todas as crianccedilas e educadoras da sala apoiaram e elogiaram a representaccedilatildeo

Repetimos do mesmo modo a apresentaccedilatildeo de fantoches na sala dos trecircs anos e tambeacutem

aqui as crianccedilas foram bastante aplaudidas e elogiadas

Em siacutentese importa evidenciar que esta atividade foi rica em conteuacutedo e os

objetivos foram concretizados fazendo com que as crianccedilas pudessem acima de tudo

ser elas a participar ativamente nas atividades terem contacto direto com os materiais e

Figura 19 - Sequecircncia de imagens da construccedilatildeo do cartaz

52

usufruiacuterem de prazer manifestando entusiasmo e envolvimento na sua realizaccedilatildeo Esta

atividade proporcionou agraves crianccedilas um momento de contacto com crianccedilas de outras

salas ou seja de outras faixas etaacuterias e por conseguinte com carateriacutesticas diversas

Fez com que estas pudessem de certa forma desenvolver o relacionamento social entre

elas Importa relembrar Hohmann e Weikart (20011) quando sublinham que

atraveacutes da imitaccedilatildeo e do faz-de-conta as crianccedilas organizam aquilo que

compreendem e ganham um sentido de mestria e controlo sobre os

acontecimentos que testemunharam ou nos quais fazem parte (hellip) Fazer de

conta e representar papeacuteis tendem a ser actividades francamente sociais e

parecem ter um efeito positivo no desenvolvimento social e de linguagem

das crianccedilas (p 494)

Esta experiecircncia de aprendizagem fez com que fosse possiacutevel haver

continuidade com as atividades anteriores fornecendo assim um processo formativo

articulado e integrado Foi possiacutevel explorar conteuacutedos relacionados com as cores as

diferenccedilas de raccedila entre a humanidade e as culturas e a vivecircncia de um processo pautado

pela interajuda e cooperaccedilatildeo entre os elementos do grupo Esta experiecircncia permitiu

ainda contribuir para as crianccedilas desenvolverem a consciecircncia de grafema a criaccedilatildeo de

fantoches a dramatizaccedilatildeo de uma histoacuteria e a interaccedilatildeo em grupos alargados

Desta experiecircncia de aprendizagem importa ainda relevar o prazer e alegria

manifestados pelas crianccedilas em fazer atividades como a de poderem pintar a palma da

matildeo as luvas escolher as cores que queria colocar-lhes e ver as produccedilotildees do grupo

divulgadas para as famiacutelias ou outros atraveacutes de um cartaz que foi exposto no corredor

de entrada da instituiccedilatildeo As crianccedilas puderam construir pensamentos e saberes

construindo em nosso entender uma aprendizagem com significado para todos os

implicados nesse processo

34 Experiecircncia de aprendizagem Descobrir trabalhando

colaborativamente

Tendo como objetivo proporcionar agraves crianccedilas um momento de interaccedilatildeo e

interajuda entre elas sugerimos a realizaccedilatildeo de um jogo ao ar livre no recreio da

instituiccedilatildeo Tendo os espaccedilos interiores e exteriores potencialidades proacuteprias eacute

importante que os educadores tirem partido das mesmos (MEDEB 1997) procurando

diversificar e enriquecer as atividades em que se envolvem as crianccedilas

Assim aproveitaacutemos o espaccedilo interior e exterior para explorar de uma forma

diferente as cores que apresenta o mundo fiacutesico em que nos integramos Sabemos que

53

as crianccedilas gostam naturalmente de observar mas tambeacutem que eacute importante que se

valorizem as observaccedilotildees que fazem na construccedilatildeo da sua aprendizagem e

desenvolvimento Eacute nesta linha de pensamento que se situa esta experiecircncia de

aprendizagem

De forma a iniciar a atividade de pesquisa as crianccedilas formaram cinco grupo

explicaacutemos que o objetivo era irmos ao exterior observar as cores que existem no

mundo agrave nossa volta e que cada um tinha como tarefa tentar descobrir onde poderia

encontrar-se uma cor por ele escolhida Para efetuarem a escolha da cor apresentaacutemos

um conjunto de cartotildees numa caixa e cada grupo retirou um procurando ter em

consideraccedilatildeo que as cores a observar por cada grupo deveriam ser diferentes

Escolhida a cor a observar por cada grupo deslocaacutemo-nos ao exterior da

instituiccedilatildeo (redondezas das mesma) tendo como objetivo identificar e registar

elementos que apresentassem as seguintes cores vermelho verde laranja azul e

amarelo A figura 20 ilustra o ambiente e daacute conta da implicaccedilatildeo da procura na recolha

de dados

De regresso agrave sala de atividades e em

grande grupo realizaacutemos a contagem dos

objetos observados e registados pelos adultos

com base na indicaccedilatildeo dada pelas crianccedilas de

cada um dos grupos O grupo que observou

mais elementos foi o que tinha como tarefa

observar elementos de cor amarela tendo

registado um total de treze seguindo-se-lhe o

grupo verde com nove o grupo azul com oito e os grupos laranja e vermelho com cinco

elementos cada um

No sentido de evitar a extensatildeo do relatoacuterio mas tambeacutem de ilustrar o

observado apresentamos aqui apenas os dados relativos ao grupo que observou

elementos de cor amarela tendo indicado

- O escorrega eacute amarelo (Luana)

- O muro do passeio tambeacutem eacute (Ricardo)

- O sol eacute amarelo (Rafael)

- As peacutetalas da flor satildeo amarelas (Gonccedilalo)

- O girassol eacute amarelo (Gonccedilalo)

- A parede da escola eacute amarela (Inecircs)

- O tubo da escola tambeacutem eacute amarelo (Inecircs)

- A antena eacute amarela (Gonccedilalo)

Figura 20 - Crianccedilas procurando objetos

da respetiva cor

54

- A cola que sai das aacutervores tambeacutem eacute amarela (Inecircs)

- A luz do poste eacute amarela agrave noite (Rafael)

- A areia do recreio tambeacutem eacute amarela (Ricardo)

- Aquela casa tambeacutem eacute amarela (Inecircs)

- A girafa colada naquela janela eacute amarela (Luana)

Nota de campo 22 de abril 2013

Os enunciados apresentados permitem-nos perceber que todas as crianccedilas foram

capazes destacar uma ou mais elementos da cor a identificar O mesmo se verificou com

os restantes grupos mas para aleacutem da identificaccedilatildeo de mais ou menos elementos

entendemos ser importante destacar o envolvimento das crianccedilas na procura de dados a

interajuda que se gerou natildeo apenas ao niacutevel do interior de cada grupo como tambeacutem

intergrupos surgindo situaccedilotildees em que se alertavam uns aos outros sobre onde

observar

Na sequecircncia desta atividade uma das crianccedilas sugeriu que poderiam desenhar

os objetos que observaram Apoiaacutemos a iniciativa e alertaacutemos que para o fazerem

poderiam utilizar diferentes materiais Entendemos que o uso de materiais de natureza

diversificada poderia ajudar as crianccedilas nas suas representaccedilotildees

Os elementos observados e registados permitiram-nos explorar conceitos

matemaacuteticos ao niacutevel da contagem classificaccedilatildeo e forma de objetos No que se refere agrave

classificaccedilatildeo desses elementos procuraacutemos ter em conta que como se refere nas

OCEPE (MEDEB 1997) ldquoagrupar os objetos ou seja formar conjuntos de acordo

com um criteacuterio previamente estabelecido a cor a forma etc reconhecendo as

semelhanccedilas e diferenccedilas (hellip) permitem distinguir o que pertence a um e a outro

conjuntordquo (p 74)

Assim partindo dos desenhos realizados pelas crianccedilas procedemos agrave formaccedilatildeo

de conjuntos atendendo agrave cor que integravam os elementos representados Para isso

colocaacutemos no chatildeo da sala cinco arcos referentes cada um agrave cor e em cada arco as

crianccedilas colocavam os respetivos desenhos Depois procedemos agrave contagem dos

elementos de cada conjunto e comparaccedilatildeo do que tinha mais e menos elementos

surgindo por parte das crianccedilas algumas leituras como os exemplos deixam perceber

Procuraacutemos cinco cores (Rodrigo) O arco que tem mais objetos eacute o amarelo (Inecircs)

Aproveitando ainda as falas de duas crianccedilas referindo uma que viu um sinal

(hellip) azul e quadrado (Micael) e outra que observou um sinal vermelho que tinha a

forma redonda (Manuel) propusemos agraves crianccedilas que identificassem na sala e

55

nomeassem elementos que apresentavam uma forma geomeacutetrica Verificaacutemos que as

crianccedilas identificaram com alguma facilidade algumas formas geomeacutetricas como os

exemplos dos seus enunciados permitem perceber

- A mesa eacute redonda [ciacuterculo] (Pedro)

- O quadro [expositor] eacute quadrado (Tiago)

- E o tapete tem a forma de um retacircngulo (Diogo)

- Aquela reacutegua [esquadro] tem a forma de triacircngulo (Margarida)

- Conseguimos descobrir quatro formas geomeacutetricas (Manuel)

Nota de campo 23 de abril 2013

Num outro momento e partindo da fala de outra crianccedila (Mariana) que referiu

que o laranja era sua cor favorita (Mariana) sugerimos agraves crianccedilas tentar descobrir qual

era a cor preferida do grupo Neste sentido solicitaacutemos-lhes que colocassem a matildeo no

ar quando disseacutessemos a sua cor favorita contando o nuacutemero de elementos indicados

mas sem os registar

Apoacutes todas as crianccedilas terem indicado a cor favorita questionaacutemo-las se sabiam

qual seria a cor mais escolhida por mais crianccedilas do grupo

- Jaacute natildeo me lembro (Rafael)

- Todos pusemos a matildeo no ar (Diogo)

Nota de campo 23 de abril 2013

Os enunciados deixam perceber a dificuldade que eacute fazer a leitura de dados

observados sem que se proceda ao registo dos mesmos No sentido de ajudar o grupo a

perceber a importacircncia de registar os dados recolhidos questionaacutemos as crianccedilas sobre

como poderiacuteamos entatildeo descobrir a cor favorita do grupo Surgiram vaacuterias respostas

uma delas do Carlos que indicava que podiacuteamos pocircr as cores numa cartolina e depois

puacutenhamos a nossa cor favorita laacute Discutimos a proposta merecendo consenso a sua

concretizaccedilatildeo e no sentido de facilitar a compreensatildeo do conceito de nuacutemero

propusemos agraves crianccedilas que fosse indicada a preferecircncia colocando um lego em cima

da cor preferida o que fizemos Indicadas as preferecircncias procedemos agrave leitura dos

resultados surgindo os seguintes comentaacuterios

- A cor com menos legos eacute a preta e a castanha (Rodrigo)

- Assim podemos ver o tamanho dos legos (Pedro)

- Tem legos da mesma altura (Manuel) Nota de campo 24 de abril 2013

56

Tiacutenhamos assim construiacutedo um graacutefico de barras em conjunto e como

mencionam Castro e Rodrigues (2008) ldquoa organizaccedilatildeo dos dados em graacuteficos permite

uma anaacutelise mais raacutepida uma vez que a contagem dos elementos da mesma categoria eacute

mais evidenterdquo (p 72) Promovemos a discussatildeo escutando as opiniotildees expressas pelas

crianccedilas na leitura do mesmo pois como referem os autores (idem) ldquoapoacutes a construccedilatildeo

do graacutefico (hellip) deve sempre haver um momento em que se discute o que este nos

sugererdquo (ibidem)

Procedemos em seguida agrave leitura dos dados (atraveacutes da contagem dos legos)

observando que a cor mais escolhida era o azul com sete escolhas e as menos

escolhidas seriam o castanho e o preto com uma escolha

Propusemos ao grupo o registo desses dados elaborando para o efeito uma

tabela de dupla entrada Propusemos agraves

crianccedilas que sugerissem um tiacutetulo para a

tabela ideia para a qual apontam Castro e

Rodrigues (idem) Apoacutes vaacuterias respostas das

crianccedilas acordaacutemos que o tiacutetulo fosse A

minha cor favorita O nome das crianccedilas foi

registado por elas na quadriacutecula vertical do

lado esquerdo e na horizontal indicaacutemos as

cores como mostra a figura 21

Entendemos que se tratou de uma

atividade enriquecedora para as crianccedilas pois estas visualizaram e experimentaram a

construccedilatildeo de uma tabela sendo esta facilitadora da anaacutelise e interpretaccedilatildeo dos dados

Num outro momento e relembrando uma afirmaccedilatildeo de uma crianccedila (Carlos)

que tinha dito que o vidratildeo era verde e considerando que algumas crianccedilas

manifestaram natildeo saber o que era o vidratildeo achaacutemos importante dialogar com as

crianccedilas sobre os ecopontos

Comeccedilamos por abordar a importacircncia da reciclagem e posteriormente

apresentaacutemos uma canccedilatildeo que explicava a separaccedilatildeo de resiacuteduos soacutelidos Como se

refere nas OCEPE (MEDEB 1997) existe uma relaccedilatildeo entre a canccedilatildeo e a palavra

trabalhar as letras das canccedilotildees relaciona o domiacutenio da expressatildeo musical

com a linguagem que passa por compreender o sentido do que se diz por

tirar partido das rimas para discriminar os sons por explorar o caraacutecter

luacutedico das palavras e criar variaccedilotildees da letra original (p 64)

Figura 21 - Crianccedila preenchendo a tabela das cores

favoritas

57

Concordando com a afirmaccedilatildeo podemos salientar que atraveacutes da expressatildeo

musical as crianccedilas satildeo capazes de captar a informaccedilatildeo mais raacutepido No final uma das

crianccedilas perguntou se poderiam construir ecopontos para ter na sala Considerando a

sugestatildeo da crianccedila levaacutemos caixas que as crianccedilas decoraram com o objetivo de

organizarmos na sala ecopontos Quando construiacutedo os ecopontos promovemos um

jogo que consistia em colocar resiacuteduos soacutelidos no ecoponto correto

A experiecircncia de aprendizagem descrita proporcionou agraves crianccedilas em nosso

entender uma forma ativa e significativa de construccedilatildeo de pensamentos e saberes

Relevamos a importacircncia que assumiu a accedilatildeo desenvolvida no espaccedilo exterior da

instituiccedilatildeo enquanto meio de recolha de informaccedilotildees a partir das quais surgiram novas

oportunidades de aprendizagem

Atraveacutes desta experiecircncia de aprendizagem pudemos explorar com as crianccedilas

aacutereas e domiacutenios de conteuacutedo como a matemaacutetica a Linguagem oral e abordagem agrave

escrita expressatildeo plaacutestica a aacuterea do Conhecimento do Mundo e a aacuterea de Formaccedilatildeo

pessoal e Social

Sabemos que as crianccedilas satildeo grandes observadoras e criacuteticas do mundo que as

rodeia e atraveacutes dos seus comentaacuterios constataacutemos que observavam atendendo a

pormenores

Importa relevar que devemos escutar cada crianccedila valorizando a sua

contribuiccedilatildeo para o grupo fomentar o diaacutelogo entre elas e o seu desejo de comunicar

Corroboramos assim a ideia expressa nas OCEPE (MEDEB 1997) que

eacute no clima de comunicaccedilatildeo criado pelo educador que a crianccedila ira

dominando a linguagem alargando o seu vocabulaacuterio construindo frases

mais corretas e complexas adquirindo um maior domiacutenio da expressatildeo e

comunicaccedilatildeo que lhe permitam formas mais elaboradas de representaccedilatildeo (p

67)

Concluiacutemos que eacute crucial que o educador planeie situaccedilotildees de aprendizagem que

sejam desafiadoras para as crianccedilas de modo a que as motive e as estimule a aprender e

a desenvolver-se Esta experiecircncia permitiu ainda perceber que para aleacutem das atividades

planeadas foram integradas outras propostas pelas crianccedilas A este respeito importa

relembrar que ldquoo planeamento realizado com a participaccedilatildeo das crianccedilas permite ao

grupo beneficiar da sua diversidade das capacidades e competecircncias de cada crianccedila

num processo de partilha facilitador da aprendizagem e do desenvolvimento de todas e

de cada umardquo (MEDEB 1997 p 26)

58

Tentaacutemos ainda articular todas as aacutereas do conteuacutedo pois como se refere nas

OCEPE (idem) ldquoque as diferentes aacutereas de conteuacutedo deveratildeo ser consideradas como

referencias a ter em conta do planeamento e avaliaccedilatildeo e experiecircncias e oportunidades

educativas e natildeo como compartimentos estanque a serem abordados separadamenterdquo (p

48)

59

IV Reflexatildeo Criacutetica

Refletimos nesta uacuteltima parte sobre a praacutetica educativa desenvolvida

abordando os conteuacutedos que procuraacutemos explorar com as crianccedilas

No iniacutecio da praacutetica educativa as expectativas eram muitas as quais se prendiam

com o desenvolvimento de atividades estimulantes e criativas o respondermos agraves

solicitaccedilotildees de todas crianccedilas e o sermos bem acolhidas pelas crianccedilas e membros da

instituiccedilatildeo entre outras As duacutevidas e os receios eram tambeacutem muitos mas com o

decorrer do tempo fomos conhecendo as crianccedilas e ganhando laccedilos de afeto ajudando-

nos a ultrapassar estes sentimentos Para tal foi importante a reflexatildeo e o diaacutelogo com

os diferentes intervenientes no processo educativo gerando-se um ambiente de

compreensatildeo e ajuda muacutetua

Procuraacutemos ter disponibilidade para cooperar para experienciar de certa forma

para aprender com os erros e com as conquistas alcanccediladas reconhecendo que em certas

alturas conseguimos suscitar o envolvimento das crianccedilas e criar atividades

enriquecedoras Poreacutem noutros momentos sentimos algumas dificuldades no que se

refere agrave elaboraccedilatildeo da planificaccedilatildeo das atividades e ao tornar acessiacutevel agraves crianccedilas a

compreensatildeo de alguns conteuacutedos o que tentaacutemos ir superando de forma a criar

respostas adaptadas agraves suas necessidades e do grupo Este processo permitiu-nos

aprender e desenvolver-nos do ponto de vista pessoal e profissional

Demos importacircncia agraves atividades iniciadas pelas crianccedilas tentamos responder agraves

suas duacutevidas e procuraacutemos desenvolver com elas experiecircncias de aprendizagem que

incluiacutessem as diferentes aacutereas e domiacutenios de conteuacutedo curricular

Refletimos sobre as perspetivas de aprendizagem nas quais buscaacutemos apoiar a

accedilatildeo educativa que desenvolvemos destacando o papel ativo das crianccedilas Nesta

reflexatildeo procuraacutemos relevar e retratar as vaacuterias dimensotildees da accedilatildeo educativa

merecendo-nos particular atenccedilatildeo as intervenccedilotildees os espaccedilos a observaccedilatildeo

planificaccedilatildeo entre outros

Procuraacutemos evidenciar as ideias que estiveram na base da praacutetica de ensino

supervisionada desenvolvida e aprendizagens promovidas com as crianccedilas Assim

valorizando as perspetivas das crianccedilas e procurando a curiosidade e o desejo de querer

saber sempre mais sentimentos que foram manifestados pelas crianccedilas e que

procuramos ter em consideraccedilatildeo para ir regulando a nossa praacutetica em ordem agrave

60

construccedilatildeo de oportunidades educativas que favorecessem a progressatildeo de cada uma e

do grupo O trabalho colaborativo quer com os adultos quer com as crianccedilas foi na

dimensatildeo valorada e que constitui o suporte para uma continuada progressatildeo do ponto

de vista da nossa formaccedilatildeo pessoal e profissional Nesta linha de pensamento

relevamos que como afirmam Hohmann e Weikart (2011)

Quando as crianccedilas e os adultos trabalham em conjunto em qualquer

ambiente de aprendizagem em acccedilatildeo sustentado num clima de apoio

interpessoal as crianccedilas sentem-se motivadas a prosseguir e levar a bom

porto as suas intenccedilotildees e motivaccedilotildees Os adultos encorajam as crianccedilas a

utilizar aquilo que sabem para resolver problemas e a iniciar novas

experiecircncias atraveacutes das quais ganharatildeo uma outra compreensatildeo sobre o que

as rodeia (p 75)

A maioria das crianccedilas da sala mostrou implicaccedilatildeo nos trabalhos desenvolvidos

vontade de realizar novas experiecircncias e procurar diferentes fontes de informaccedilatildeo O

gosto por participar e por conhecer suscitavam questionamentos e a procura de novas e

diferentes formas de informaccedilatildeo

Aproveitaacutevamos momentos em grande grupo momentos em pequenos grupos

momentos na sala e momentos no recreio para observar as crianccedilas da sala e refletir

sobre as suas curiosidades e motivaccedilotildees Procuramos observar as crianccedilas e registar

informaccedilatildeo sobre o cada uma e o grupo o que natildeo foi tarefa faacutecil considerando o duplo

papel que tiacutenhamos que assumir o de observadores e atores Acrecenta-se ainda a esse

aspeto a dimensatildeo extenccedila do grupo o tempo limitado destinado agrave praacutetica para que

pudesse ser-lhe dada continuidade

Tivemos em conta os interesses das crianccedilas e pusemos o foco de atenccedilatildeo nas

interaccedilotildees que estas estabeleciam com os objetos e os adultos de forma a desenvolver

desse modo aprendizagens com significado

As crianccedilas desde o iniacutecio da praacutetica educativa foram demonstrando que as

atividades tinham significado para elas pois trabalhavam com motivaccedilatildeo e entusiasmo e

mostravam recordar-se das experiecircncias realizadas como exemplo as desenolvidas em

torno da histoacuteria do Elmer

Apesar de ser um grupo constituiacutedo por vaacuterios elementos preocupamo-nos que

cada crianccedila pudesse escolher e ter faacutecil acesso as aacutereas e materiais da sala de uma

forma autoacutenoma ocasionando dessa forma aprendizagens ativas nas mesmas pois eacute

atraveacutes da accedilatildeo com os materiais que as crianccedilas chegam agrave compreensatildeo do mundo

Estas tendo a possibilidade de escolher e sendo as mesmas a tomar decisotildees e

61

resolvendo os problemas que apareciam no dia-a-dia desenvolviam a sua

independecircncia

Esteve presente a preocupaccedilatildeo de planificar e criar experiecircncias de

aprendizagem de modo a que todas as crianccedilas se envolvessem nas atividades e nos

momentos de brincadeiras fazendo com que estas desenvolvessem cada vez mais

competecircncias

Pudemos evidenciar que existiram bastantes momentos aproveitados para

dialogar com as crianccedilas permitindo desse modo conhececirc-las de uma forma

individualizada permitindo escutar as suas opiniotildees questionar e sermos questionados

partilhar e engrandecer os saberes das crianccedilas

Para a realizaccedilatildeo da praacutetica educativa utilizamos a planificaccedilatildeo semanal como

instrumento sistemaacutetico de trabalho procuraacutemos bastante informaccedilatildeo em diversos

documentos direcionados para o preacute-escolar contudo natildeo descartamos outros

documentos essenciais a uma planificaccedilatildeo rica nos seus conteuacutedos e procuraacutemos

orientar os diferentes elementos do curriacuteculo em conformidade com as necessidades e

interesses das crianccedilas A elaboraccedilatildeo das planificaccedilotildees foram desde cedo pensadas e

realizadas em conformidade com os conteuacutedos adequados agrave idade das crianccedilas e

adequadas agrave evoluccedilatildeo das mesmas por isso tentaacutemos clarificar todas as atividades para

que natildeo houvesse duacutevidas nas mesmas por parte dos destinataacuterios

Apercebemo-nos que as atividades planificadas tiveram constantemente ligaccedilatildeo

umas com as outras Por vezes surgiam atividades que natildeo estavam previstas nas

planificaccedilotildees mas surgiam em conformidade com a curiosidade das crianccedilas e

manifestaccedilatildeo destas em quererem aprender sempre mais sobre certos conteuacutedos Sendo

que estas favoreciam em vaacuterias ocasiotildees o desenvolvimento de competecircncias em

diversos domiacutenios tornando desse modo mais faacutecil trabalhar todos e cada um

As experiecircncias de aprendizagem foram organizadas de modo a surgirem

aprendizagens ativas e significativas nas crianccedilas desafiando-as a participar a serem as

mesmas a intervir nas atividades a realizaacute-las a tirar partido de toda a informaccedilatildeo e de

todos os conteuacutedos a tomar iniciativa e a aprenderem informaccedilotildees necessaacuterias sobre

cada domiacutenio da educaccedilatildeo preacute-escolar

Em diversas atividades estiveram presentes histoacuterias que eram novas para as

crianccedilas e continham informaccedilotildees novas para as mesmas e pudemos atraveacutes destas

trabalhar diversos conteuacutedos Tentamos que as histoacuterias despertassem na crianccedila

curiosidade em aprender mais sobre tudo o que nos rodeia tentando durante a leitura da

62

mesma captar a atenccedilatildeo das crianccedilas e fazer com que estas pudessem trabalhar o

imaginaacuterio e pocirc-lo em praacutetica na realidade

Eacute pertinente afirmar que os adultos possuem um papel importante no que

respeita a motivaccedilatildeo das crianccedilas de modo a que autonomamente estas vatildeo ao

encontro do que podem aprender com a escrita e a leitura percebendo assim a

importacircncia destes conteuacutedos para o seu futuro

Buscaacutemos em vaacuterios aspetos relacionar o que as crianccedilas escutavam com toda a

informaccedilatildeo que possuiacuteam previamente As crianccedilas eram questionadas e inclusive

dialogaacutevamos com elas sobre o conteuacutedo da leitura Como mencionam Sim-sim Silva e

Nunes (2008) a interaccedilatildeo das educadoras durante a leitura de livros em sala de

atividades tem muito a ver com a forma como estas leem livros com crianccedilas em

contexto de grupo e que estaacute fortemente relacionada com o desenvolvimento a longo

prazo do vocabulaacuterio e de competecircncias de compreensatildeo de histoacuterias

Abordando um pouco a gestatildeo do tempo e dos espaccedilos podemos afirmar que

efetuamos durante toda a praacutetica uma flexibilidade em relaccedilatildeo agrave gestatildeo da rotina

diaacuteria existente na sala Pois para a criaccedilatildeo de um bom ambiente educativo eacute

necessaacuterio existir uma boa organizaccedilatildeo de tempo das atividades

O trabalho em pequeno e grande grupo possibilitou-nos um melhor

acompanhamento das crianccedilas de forma a compreendermos os interesses e motivaccedilotildees

destas e estimulando-as a experimentar e promover a cooperaccedilatildeo com as outras crianccedilas

do grupo Destacamos neste sentido que como sublinham as Orientaccedilotildees Curriculares

(MEDEB 1997) ldquoa relaccedilatildeo que o educador estabelece com cada crianccedila eacute facilitadora

da sua inserccedilatildeo no grupo e das relaccedilotildees com as outras crianccedilasrdquo (p 35) Eacute necessaacuterio

considerar que essa relaccedilatildeo envolve a criaccedilatildeo de um ambiente agradaacutevel onde cada crianccedila

se sinta ouvida

Recordaacutemos que o jardim-de-infacircncia deve facultar um conjunto alargado de

saberes permitir formar pessoas autoacutenomas livres e solidaacuterias Procuraacutemos ajudar as

crianccedilas a desenvolverem as habilidades necessaacuterias para tomar decisotildees elucidadas

Consideraacutemos que as experiecircncias de aprendizagem facultaram agraves crianccedilas um

equiliacutebrio de experiecircncias nas diferentes aacutereas e domiacutenios de aprendizagem e que se

revelaram positivas pela participaccedilatildeo ativa demonstrada pelas crianccedilas o empenho e

concentraccedilatildeo das mesmas nas atividades

As crianccedilas foram os elementos centrais na praacutetica educativa porque para aleacutem

de participarem nas atividades tambeacutem participavam em todos os momentos de

63

diaacutelogo onde deram as suas opiniotildees e foi atraveacutes de todos estes momentos que

aproveitamos para proporcionar agraves crianccedilas atividades enriquecedoras aproveitando a

maioria das vezes situaccedilotildees segundo as ideias preacutevias das crianccedilas

Desejaacutemos que as crianccedilas se tornem sucessivamente mais autoacutenomas

responsaacuteveis curiosas e em accedilatildeo

Achaacutemos que as estrateacutegias que utilizamos proporcionaram agraves crianccedilas desfrutar

de oportunidades de bem-estar e de desenvolvimento de competecircncias a diversos niacuteveis

Apercebemo-nos ao longo da accedilatildeo educativa que a partilha de conhecimentos

conduziu-nos e conduziraacute futuramente agrave construccedilatildeo de novos e diferentes saberes

Atualmente e terminada a nossa experiecircncia da praacutetica educativa achaacutemos

todas as estrateacutegias que utilizamos facultaram agraves crianccedilas oportunidades de bem-estar e

desenvolvimento a vaacuterios niacuteveis Estas oportunidades de conhecimento conduziram a

crianccedila agrave construccedilatildeo de novos saberes indo ao encontro ao nosso objetivo final Sendo

assim podemos afirmar que as nossas intenccedilotildees foram concretizadas

Em suma achaacutemos pertinente afirmar que todo o trabalhado realizado

proporcionou aprendizagens significativas na nossa formaccedilatildeo como educadoras de

infacircncia

64

Consideraccedilotildees Finais

Finda esta etapa onde as conquistas e desafios foram variados e que em muito

contribuiu para o desenvolvimento de competecircncias profissionais e pessoais eacute chegado

o momento de efetuar algumas consideraccedilotildees acerca do desenvolvimento da praacutetica

educativa

Acreditamos que as caracteriacutesticas consideradas fundamentais para o nosso

desempenho profissional como futuros educadores de infacircncia foram alvo de progresso

ao longo da praacutetica educativa que desenvolvemos Salientamos o importante papel que a

supervisora teve neste processo de formaccedilatildeo em que os feedbacks dados pela mesma

nos levaram a um claro progresso Esta partilha permitiu uma constante reflexatildeo sobre

as praacuteticas promovidas e contribuiu desta maneira para o nosso desenvolvimento

profissional e pessoal

As crianccedilas assumiram neste processo um papel importante papel considerando

que foram criadoras de situaccedilotildees que nos ajudaram a refletir e a investir na procura de

novas informaccedilotildees para que pudeacutessemos encontrar respostas coerentes e com

continuidade As experiecircncias de aprendizagem vividas no contexto onde decorreu a

praacutetica de ensino possibilitaram-nos aprender e desenvolver competecircncias relacionadas

com a dimensatildeo da aprendizagem e desenvolvimento das crianccedilas da integraccedilatildeo do

curriacuteculo da interaccedilatildeo e de dimensatildeo eacutetica e social Para tal os contributos dos vaacuterios

agentes educativos revelaram-se fundamentais neste curto processo de formaccedilatildeo

Concluindo reconhecemos que ainda temos um longo caminho a percorrer no

entanto estamos cientes do caminho que percorremos e do importante papel que neste

processo assumiu a praacutetica de ensino supervisionada Sublinhamos que construiacutemos

novos olhares sobre a educaccedilatildeo de infacircncia a imagem da crianccedila e sobre o papel do

educador de infacircncia Esta experiecircncia proporcionou-nos uma evoluccedilatildeo na medida que

possuiacutemos um leque abrangente de experiecircncias Temos desejo em continuar a

progredir renovando conhecimentos e desenvolvendo novas aprendizagens ao longo da

vida com vista agrave realizaccedilatildeo pessoal e profissional

65

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Page 7: Cátia Alexandra Mendes Machado...Figura 13 - Livro - Elmer e o arco-íris de David Mckee. ..... 39 Figura 14 - Desenho de um arco-íris realizado por uma criança da sala..... 41

VII

Iacutendice de Figuras

Figura 1 - Identificaccedilatildeo das aacutereas da sala 7

Figura 2 - Planta da sala 9

Figura 3- Aacuterea da biblioteca 9

Figura 4 - Aacuterea da escrita 10

Figura 5 - Aacuterea dos jogos 10

Figura 6- Aacuterea da casa espaccedilo do quarto 10

Figura 7 - Espaccedilo da cozinha 10

Figura 8 - Aacuterea da garagemconstruccedilotildees 11

Figura 9 - Quadro semanal de presenccedilas 11

Figura 10 ndash Produccedilotildees das crianccedilas em plasticina na sequecircncia da exploraccedilatildeo da

histoacuteria do Elmer 35

Figura 11 - Crianccedila colocando o animal no habitat 37

Figura 12 - Quadro das cores primaacuterias e secundaacuterias 38

Figura 13 - Livro - Elmer e o arco-iacuteris de David Mckee 39

Figura 14 - Desenho de um arco-iacuteris realizado por uma crianccedila da sala 41

Figura 15 - Arco-iacuteris elaborado por uma crianccedila da sala 41

Figura 16 - Crianccedilas jogando o Jogo dos sorrisos 42

Figura 17 - Resultado da atividade praacutetica sobre a formaccedilatildeo do arco-iacuteris 43

Figura 18 - Interajuda entre as crianccedilas da sala 48

Figura 19 - Sequecircncia de imagens da construccedilatildeo do cartaz 51

Figura 20 - Crianccedilas procurando objetos da respetiva cor 53

Figura 21 - Crianccedila preenchendo a tabela das cores favoritas 56

1

Introduccedilatildeo

A educaccedilatildeo preacute-escolar eacute reconhecida como a primeira etapa da educaccedilatildeo baacutesica

no processo de educaccedilatildeo ao longo da vida da qual se espera que em

complementaridade com a accedilatildeo educativa da famiacutelia favoreccedila a formaccedilatildeo e o

desenvolvimento das crianccedilas tendo em vista a sua plena inserccedilatildeo na sociedade como

seres autoacutenomos livres e solidaacuterios (Lei nordm597 de 10 de fevereiro artordm 2ordm) Como tal

devemos proporcionar agraves crianccedilas experiecircncias de aprendizagem de natureza diversa

atraveacutes das quais possam aprender e desenvolver-se

Sendo o educador o construtor e o gestor do curriacuteculo (MEDEB 1997)1 deve

procurar fazecirc-lo em equipa e escutando os saberes das crianccedilas das suas famiacutelias e da

comunidade As Orientaccedilotildees Curriculares para a Educaccedilatildeo Preacute-Escolar2 satildeo um ponto

de apoio para o processo educativo a desenvolver

A faixa etaacuteria em que se encontravam as crianccedilas do grupo com o qual

desenvolvemos a praacutetica de ensino supervisionada requer uma constante atenccedilatildeo e

resposta pelo que pressupotildee que o educador exerccedila a sua accedilatildeo profissional com

entusiasmo e dedicaccedilatildeo suficiente para tornar possiacutevel que as crianccedilas aprendam e

possam ser cidadatildeos responsaacuteveis e dotados de consciecircncia ciacutevica e moral

Eacute nesta linha de pensamento que se integra o trabalho que desenvolvemos e

apresentamos neste relatoacuterio Como tal propomo-nos destacar os aspetos que podem

ajudar agrave sua compreensatildeo procurando que seja o mais congruente possiacutevel com aquela

que eacute a representaccedilatildeo que temos do que foi a nossa praacutetica de ensino supervisionada

A sua estrutura contempla num primeiro capiacutetulo a caraterizaccedilatildeo do contexto

educativo em particular no que se refere agrave organizaccedilatildeo da instituiccedilatildeo e agrave constituiccedilatildeo e

carateriacutesticas de aprendizagem do grupo de crianccedilas com o qual desenvolvemos a

praacutetica educativa bem como agrave organizaccedilatildeo do ambiente educativo considerando o

espaccedilo e os materiais o tempo pedagoacutegico e as interaccedilotildees estabelecidas ao niacutevel do

grupo Neste acircmbito relevamos a implicaccedilatildeo de todos adultos e crianccedilas na criaccedilatildeo de

oportunidades de accedilatildeo e de relaccedilatildeo que favorecessem o seu bem-estar e

desenvolvimento

No segundo capiacutetulo procedemos agrave fundamentaccedilatildeo das opccedilotildees educativas

procurando aprofundar conhecimentos sobre o processo de aprendizagem numa

1 Ministeacuterio da EducaccedilatildeoDepartamento de Educaccedilatildeo Baacutesica

2 Considerando que ao longo do presente relatoacuterio vamos utilizar vaacuterias vezes esta fonte de referecircncia

passamos a indicaacute-las apenas pela sigla OCEPE

2

perspetiva ativa e os modelos curriculares que favorecem a construccedilatildeo de uma praacutetica

desta natureza como o modelo HighScope o modelo Reggio Emilia e o modelo da

Escola Moderna Debruccedilamo-nos ainda sobre as linhas de orientaccedilatildeo curricular para a

educaccedilatildeo preacute-escolar atribuindo particular atenccedilatildeo agraves dimensotildees contempladas em cada

aacuterea de conteuacutedo no quadro de uma construccedilatildeo articulada do saber

No terceiro capiacutetulo apresentamos um conjunto de quatro experiecircncias de

aprendizagem que desenvolvemos com as crianccedilas ao longo do ano letivo incluindo

algumas evidecircncias desse trabalho atraveacutes de fotografias e notas de campo sobre os

diaacutelogos das crianccedilas Estas experiecircncias de aprendizagem relevam a importacircncia de

cada um aprender a valorizar respeitar e aceitar-se a si proacuteprio e aos outros no quadro

de exerciacutecio de uma cidadania facilitadora da integraccedilatildeo de todos

Por uacuteltimo incluiacutemos uma reflexatildeo sobre a praacutetica educativa na se efetiva uma

suacutemula reflexiva sobre as diferentes dimensotildees do processo de aprendizagem o papel

que como educadores nos cabe assumir e as implicaccedilotildees de percurso formativo

experienciado por crianccedilas e adultos Relevamos os importantes contributos deste

processo natildeo apenas para a aprendizagem e desenvolvimento das crianccedilas mas tambeacutem

para a nossa formaccedilatildeo e desenvolvimento pessoal e profissional Este requer

continuidade no sentido de podermos responder aos desafios e exigecircncias emergentes

3

I Contextualizaccedilatildeo da Praacutetica de Ensino Supervisionada

11 Caraterizaccedilatildeo da instituiccedilatildeo

O contexto em que realizaacutemos a praacutetica educativa era uma instituiccedilatildeo particular

de solidariedade social (IPSS) situada na cidade de Braganccedila e incluiacutea serviccedilos de

creche jardim-de-infacircncia e centro de conviacutevio para idosos O horaacuterio de

funcionamento da instituiccedilatildeo era extenso mantendo-se aberta das 7h45min ateacute agraves 19h

incluindo neles e no que se refere aos serviccedilos destinados agrave educaccedilatildeo de infacircncia a

componentes educativa e a componente de apoio agrave famiacutelia A componente educativa

decorre num total de cinco horas por dia de manhatilde das 9h agraves 12h e de tarde das 14h e

agraves 16h Os restantes tempos englobam atividades socioeducativas e de serviccedilo de

almoccedilos sendo estes frequentados pelas crianccedilas segundo a necessidade das famiacutelias e

normalmente em funccedilatildeo da sua ocupaccedilatildeo laboral

No que se refere ao edifiacutecio eacute constituiacutedo por trecircs andares funcionando no reacutes-

do-chatildeo o centro de dia e conviacutevio o gabinete de psicologia o posto meacutedico o bar

lavandaria e garagem No primeiro andar funciona o Jardim-de-Infacircncia constituiacutedo por

trecircs salas de atividades e ainda alguns espaccedilos de apoio como a cozinha refeitoacuterio

vestiaacuterio bem como a secretaria da instituiccedilatildeo

No segundo andar funciona a creche com seis salas na sua totalidade uma copa

de leites refeitoacuterio arrecadaccedilotildees e um salatildeo polivalente no qual se realizam festas a

praacutetica da expressatildeo motora e tambeacutem atividades em grande grupo Neste andar

localiza-se ainda a sala da direccedilatildeo da instituiccedilatildeo Os andares encontram-se ligados por

escadas e cada um estaacute equipado com instalaccedilotildees sanitaacuterias adequadas agraves faixas etaacuterias

para que cada setor a que se destina Os espaccedilos interiores da instituiccedilatildeo e os

equipamentos da mesma encontram-se em bom estado de conservaccedilatildeo

No que se refere aos espaccedilos exteriores possui um espaccedilo de recreio com zonas

luacutedicas delimitadas incluindo um espaccedilo pavimentado e outro com areia Este estaacute

equipado com um parque infantil O espaccedilo cimentado de recreio eacute utilizado no periacuteodo

de entrada e saiacuteda das crianccedilas como zona de paragem das viaturas dos pais dado

limitado espaccedilo que ao niacutevel da via puacuteblica existe para o efeito Existem alguns

materiais de apoio agraves atividades de recreio exterior sendo deslocados pelas crianccedilas do

interior para o exterior e vice-versa quando terminadas as atividades

4

Considerando que como referem as Orientaccedilotildees Curriculares para a Educaccedilatildeo

Preacute-escolar (MEDEB 1997) ldquoo meio em que a crianccedila vive influenciaraacute o modo como

esta se iraacute desenvolverrdquo (p 31) importa que nos interroguemos sobre o modo como o

ambiente educativo da instituiccedilatildeo se encontra organizado e que nos esforcemos para

contribuir para enriquececirc-lo Nesta linha de pensamento importa sublinhar que foi

nossa preocupaccedilatildeo colaborar com os profissionais da instituiccedilatildeo e as crianccedilas nessa

organizaccedilatildeo de modo a construir um ambiente que se constituiacutesse como potencialmente

facilitador do desenvolvimento de todos crianccedilas e adultos

A equipa pedagoacutegica da instituiccedilatildeo era constituiacuteda por seis educadoras de

infacircncia trecircs na modalidade de creche e trecircs na de jardim de jardim-de-infacircncia

assumindo uma destas as funccedilotildees de coordenadora pedagoacutegica Esta equipa contava

ainda com o apoio de um grupo alargado de assistentes operacionais uma por sala no

que se refere agrave etapa preacute-escolar bem como da psicoacuteloga e da direccedilatildeo administrativa da

instituiccedilatildeo

12 Caraterizaccedilatildeo do grupo de crianccedilas

Como se refere nas OCEPE (MEDEB 1997) haacute diferentes fatores que

influenciam o modo proacuteprio de funcionamento do grupo como por exemplo a sua

dimensatildeo e o maior ou menor nuacutemero de crianccedilas de cada sexo pelo que importa que

na accedilatildeo educativa a promover se atenda agrave sua contextualizaccedilatildeo

O grupo de crianccedilas com o qual desenvolvemos a praacutetica educativa apresentava

uma dimensatildeo extensa integrando vinte e cinco crianccedilas com quatro anos idades Ao

niacutevel do nuacutemero de crianccedilas de cada sexo pode entender-se que era um grupo com uma

organizaccedilatildeo equilibrada integrando doze crianccedilas do sexo masculino e treze do sexo

feminino

Segundo informaccedilotildees fornecidas pela educadora de infacircncia cooperante a

maioria das crianccedilas frequentavam a instituiccedilatildeo desde a creche encontrando-se apenas

duas crianccedilas a frequentaacute-la pela primeira vez Importa ainda referir que integravam o

grupo trecircs crianccedilas de origem natildeo portuguesa duas crianccedilas que eram irmatildeos naturais

de Espanha e outra que era Ucraniana

5

Segundo o referido nas OCEPE (MEDEB 1997)

observar cada crianccedila e o grupo para conhecer as suas capacidades interesses e

dificuldades recolher as informaccedilotildees sobre o contexto familiar e o meio em que

as crianccedilas vivem satildeo praacuteticas necessaacuterias para compreender melhor as

caracteriacutesticas das crianccedilas e adequar o processo educativo agraves suas necessidades

(p 25)

Nesta linha de pensamento importa considerar as caracteriacutesticas que nos foi

possiacutevel observar das crianccedilas quer a niacutevel individual quer a niacutevel grupo ao longo ano

letivo Assim importa referir que relativo a questotildees relacionadas com a vida em

grupo as crianccedilas manifestavam saber orientar-se em relaccedilatildeo agraves normas e regras

definidas na sala ainda que nem sempre lhes fosse faacutecil respeitaacute-las como partilhar

materiais com os colegas e saber esperar pela sua vez

Os tempos da rotina eram do seu conhecimento e manifestavam independecircncia

no que se refere agrave realizaccedilatildeo da higiene pessoal e tomada de refeiccedilotildees Dum modo geral

as crianccedilas envolviam-se nas atividades quer nas propostas por noacutes quer nas da sua

iniciativa revelando-se um grupo ativo

Ao niacutevel das preferecircncias em relaccedilatildeo agraves aacutereas de atividade da sala as aacutereas mais

escolhidas pelas crianccedilas eram a da casa e a das construccedilotildeesgaragem Enquanto a

primeira era frequentada por ambos os sexos a segunda era mais frequentada pelo sexo

masculino ainda que procuraacutessemos salientar a importacircncia de trabalharbrincar em

todas pelas diferentes experiecircncias que lhes permitiam efetuar

As atividades ao niacutevel da expressatildeo dramaacutetica e plaacutestica bem como a entoaccedilatildeo

de canccedilotildees e o escutar de histoacuterias integravam-se tambeacutem entre as preferecircncias do

grupo As crianccedilas manifestavam-se curiosas em conhecer o conteuacutedo das histoacuterias e em

colocar questotildees sobre as mesmas quando natildeo percebiam alguma palavra expressatildeo ou

frase

Sendo o espaccedilo de dimensatildeo limitada face agrave dimensatildeo do grupo as crianccedilas em

geral manifestavam organizar-se nas suas brincadeiras e relaccedilotildees sem se perturbar uns

aos outros com exceccedilatildeo de uma crianccedila que desestabilizava o grupo

No que respeita agrave expressatildeo oral era evidente o desenvolvimento das crianccedilas

com exceccedilatildeo na pronuacutencia de algumas palavras sobretudo no iniacutecio do ano e no que se

refere ao uso de determinados tempos verbais aspeto que era mais evidente em duas

crianccedilas utilizando com frequecircncia por exemplo a expressatildeo ldquoeu sabordquo em vez de ldquoeu

seirdquo o que foi sendo ultrapassado no decurso do ano letivo

6

Verificaacutemos ainda que como referem Hohmann e Weikart (2011) ldquopor vezes as

crianccedilas hesitam enquanto procuram palavras para expressar uma ideia nova

particularmente difiacutecilrdquo (p 534) e que eacute importante dar-lhes tempo para que elas

proacuteprias escolham as palavras de que necessitam e evitar interferirmos com as suas

proacuteprias sugestotildees

Considerando que como refere Oliveira-Formosinho (2007a) ldquoa escuta eacute um

meio para ouvir a crianccedila sobre a sua colaboraccedilatildeo no processo de co-construccedilatildeo do

conhecimentordquo (p 32) procuraacutemos estabelecer diaacutelogos em que as crianccedilas usufruiacutessem

de tempo para se expressar e que nos permitissem conhecermos as crianccedilas

No que respeita ao nuacutecleo familiar das crianccedilas e considerando os dados que

constam das suas fichas de inscriccedilatildeo a maioria dos pais famiacutelia das crianccedilas advecircm de

um meio socioeconoacutemico meacutedio trabalham nos vaacuterios setores de atividade sendo que a

maioria trabalha como funcionaacuterio puacuteblico No que se refere ao nuacutemero de irmatildeos de

acordo com os dados dessas mesmas fichas quinze crianccedilas tecircm um irmatildeo nove

crianccedilas natildeo tecircm irmatildeos e sobre uma crianccedila natildeo foi possiacutevel recolher esse dado

13 Organizaccedilatildeo do ambiente educativo

Sendo um jardim-de-infacircncia um contexto institucional destinado a crianccedilas de

tenra idade deve estar organizado de forma a proporcionar o indispensaacutevel bem-estar

prazer em frequentaacute-lo e favorecer atividades de ludicidade que motivem agrave

aprendizagem Posto isto julgamos de grande importacircncia organizar um ambiente

educativo agradaacutevel estaacutevel e que seja favoraacutevel agrave aprendizagem significativa da

crianccedila

Demos importacircncia ao horaacuterio de atendimento aos pais pois em nossa opiniatildeo eacute

um bom meio de incentivar os pais a deslocarem-se agrave instituiccedilatildeo na qual a sua crianccedila

estaacute inserida e estarem informados das suas condiccedilotildees conhecimento da funcionalidade

da instituiccedilatildeo ter a oportunidade de conversar com as educadoras e estarem a par da

evoluccedilatildeo das crianccedilas conseguirem tambeacutem ter conhecimento das atividades realizadas

e dos seus resultados

De acordo com o que se refere nas OCEPE (MEMEB 1997) importa ter em

conta que ldquoa famiacutelia e a instituiccedilatildeo de educaccedilatildeo preacute-escolar satildeo dois contextos sociais

que contribuem para a educaccedilatildeo da mesma crianccedila importa por isso que haja uma

relaccedilatildeo entre estes dois sistemasrdquo (p 43)

7

131 Caracterizaccedilatildeo do espaccedilo

Evidenciando o espaccedilo interior e o exterior pois os dois tecircm um papel

fundamental no processo educativo e no desenvolvimento das crianccedilas e concordando

com Oliveira-Formosinho e Andrade (2011a) ldquopensamos o espaccedilo como um territoacuterio

organizado para a aprendizagem um lugar de bem-estar alegria e prazer Procuramos

que o espaccedilo pedagoacutegico seja aberto agraves vivecircncias e interesses das crianccedilas e

comunidades seja seguro seja luacutedico e culturalrdquo (p 11)

1311 Espaccedilo interior

A sala apesar da sua pequena dimensatildeo estava cuidadosamente organizada e

todos os espaccedilos eram aproveitados para possibilitar agraves crianccedilas a oportunidade de

experimentar e manipular os materiais Juntamente com o espaccedilo e os materiais foi

possiacutevel realizar diversas experiecircncias de aprendizagem dentro da sala As crianccedilas

conseguiam movimentar-se e explorar as aacutereas e o que as mesmas tinham para lhes

proporcionar Tal como estaacute presente nas OCEPE (MEDEB 1997) ldquoo procedimento

de aprendizagem implica tambeacutem que as crianccedilas compreendam como o espaccedilo estaacute

organizado e como pode ser utilizado e que participem nessa organizaccedilatildeo (hellip) o

conhecimento do espaccedilo dos materiais e das actividades possiacuteveis eacute tambeacutem condiccedilatildeo

de autonomia da crianccedila e do grupordquo (p 38)

A sala na qual desenvolvemos a praacutetica

de accedilatildeo pedagoacutegica apresentava uma forma

retangular e como anteriormente foi referido a

sala natildeo possuiacutea grandes dimensotildees Desde o

iniacutecio percebemos que toda ela estava

previamente dividida por aacutereas e todas elas

estavam identificadas com uma placa com o nome e o

nuacutemero de crianccedilas que poderiam frequentar em simultacircneo Cada crianccedila era

representada com um siacutembolo um sorriso por cada crianccedila como podemos verificar na

figura 1 Ainda nas placas de identificaccedilatildeo das aacutereas podiacuteamos verificar desenhos

realizados pelas crianccedilas Procuramos ainda atender a que como lembram Oliveira-

Formosinho e Andrade (2011a)

Figura 1 - Identificaccedilatildeo das aacutereas da sala

8

As crianccedilas tecircm o direito de crescer em espaccedilos onde o cuidado e a atenccedilatildeo

prestados agrave dimensatildeo esteacutetica constituam um princiacutepio educativo baacutesico As

experiecircncias que as crianccedilas vivem com o espaccedilo devem poder converter-se em

experiecircncias esteacuteticas de prazer e de bem-estar (p 12)

Uma das paredes da sala possuiacutea trecircs janelas com visionamento para o exterior

Estas proporcionavam uma agradaacutevel luminosidade natural e possibilitavam ainda

identificar o estado do tempo A sala encontrava-se igualmente devidamente equipada

com sistema de aquecimento funcionando este em situaccedilotildees necessaacuterias No que

respeita ao pavimento da sala este possuiacutea uma cor azulada clara resistente lavaacutevel

um pouco confortaacutevel e pouco refletora de som proporcionando desse modo um

benevolente isolamento acuacutestico

O mobiliaacuterio da sala apresentava um bom estado de conservaccedilatildeo O moacutevel de

maior dimensatildeo estava preenchido com materiais trabalhos e os portefoacutelios das

crianccedilas Havia um moacutevel para arrumaccedilatildeo de materiais sendo alguns destes de escrita

(como os laacutepis marcadores) e tambeacutem tesouras materiais reciclados e outros que

serviam de apoio agraves atividades de expressatildeo plaacutestica Encontravam-se quatro mesas na

sala de formato retangular proporcionando agraves crianccedilas um largo espaccedilo para trabalhar e

brincar sobre as mesmas todas acompanhadas por cinco cadeiras Eacute importante salientar

que as mesas e as cadeiras serviam de apoio agraves atividades em pequeno e grande grupo

Ainda na sua constituiccedilatildeo a sala possuiacutea um placard no qual eram expostos os

trabalhos realizados pelas crianccedilas embora alguns destes fossem expostos no corredor

de forma a divulgaacute-los junto dos paiscomunidade Indo ao encontro de Niza (2007)

quando refere que ldquoo ambiente geral da sala deve resultar agradaacutevel e altamente

estimulante utilizando as paredes como expositores permanentes das produccedilotildees das

crianccedilas onde rotativamente se revecircem nas suas obras de desenho pintura tapeccedilaria ou

textordquo (p 133)

A planta que se segue apresenta-nos uma perspetiva da realidade do espaccedilo

fiacutesico da sala ao longo do ano letivo considerando que as alteraccedilotildees ocorridas

incidiram na integraccedilatildeo de materiais mas natildeo na disposiccedilatildeo das aacutereas

9

A sala integrou desde iniacutecio seis aacutereas de trabalho todas devidamente

identificadas sendo estas a aacuterea da casa (cozinha e quarto) a aacuterea dos jogos a aacuterea de

acolhimento a aacuterea da biblioteca a aacuterea da escrita e a aacuterea da garagemconstruccedilotildees

Estas estavam organizadas no sentido de possibilitar ao grupo de crianccedilas um faacutecil

acesso aos distintos materiais e objetos pois como menciona Oliveira-Formosinho

(2007b) ldquoa organizaccedilatildeo do espaccedilo em aacutereas com os seus respectivos materiais (hellip)

porque estatildeo visiacuteveis acessiacuteveis e etiquetados (tambeacutem para facilitar a autonomia na

arrumaccedilatildeo) eacute uma forma poderosiacutessima de passar mensagens impliacutecitas agrave crianccedilardquo (p

68)

Podemos verificar na figura 2 que as aacutereas rotuladas como barulhentas

encontram-se um pouco afastadas das aacutereas mais calmas A aacuterea da biblioteca (figura 3)

situa-se no canto superior direito da figura 2 desfrutava de

uma boa luminosidade natural pois encontrava-se junto de

uma das janelas Esta era constituiacuteda por uma estante na qual

as crianccedilas poderiam encontrar livros variados uma mesa

circular de pequenas dimensotildees acompanhada por trecircs

cadeiras de madeira Esta proporcionava agraves crianccedilas

oportunidade agradaacutevel de explorar as ilustraccedilotildees das

histoacuterias folhear e contar histoacuterias umas agraves outras Hohmann

e Weikart (2011) referem que ldquotalvez mais nenhuma outra

actividade seja tatildeo importante para a emergente literacia da crianccedila do que um adulto ou

amigo lhe fizerrdquo (p 546)

Figura 3- Aacuterea da biblioteca

Figura 2 - Planta da sala

10

Figura 6- Aacuterea da casa

espaccedilo do quarto

Figura 5 - Aacuterea dos jogos

Do outro lado da sala estava situada a aacuterea da

escrita (figura 4) nesta as crianccedilas tinham a

oportunidade de escrever explorar as diferentes

formas das letras podendo inclusivamente manipular

materiais de escrita

No centro da sala encontrava-se a aacuterea do

acolhimento um espaccedilo destinado a momentos em grande grupo de modo a ser

possiacutevel todas as crianccedilas se visualizarem umas agraves outras partilharem interesses

ouvirem histoacuterias tinham ainda a oportunidade de cantarem canccedilotildees e dialogarem

A aacuterea dos jogos (figura 5) estava localizada perto

da aacuterea do acolhimento dispunha de uma mesa

acompanhada por cinco cadeiras e de uma estante na qual

se encontravam diversos tipos de jogos puzzles

enfiamentos dominoacutes blocos loacutegicos jogo de letras jogos

com formas geomeacutetricas entre outros Esta aacuterea permitia o

desenvolvimento cognitivo das crianccedilas aleacutem das

experiecircncias diversificadas que as motivavam para a

resoluccedilatildeo de problemas

A aacuterea da casa distribuiacutea-se por dois espaccedilos o quarto

(figura 6) e a cozinha (figura 7) O mobiliaacuterio e materiais desta

aacuterea estavam apropriados agrave altura das crianccedilas Nesta era

visiacutevel a frequente representaccedilatildeo por parte das crianccedilas

assumindo o papel de adultos imitando expressotildees gestuais e

orais Atraveacutes das bonecas as crianccedilas representavam vivecircncias

do seu dia-a-dia como vestir e despir as crianccedilas deitaacute-las a

dormir maquilhaacute-las faziam e desfaziam a cama arrumavam e

desarrumavam toda a aacuterea representando

de variadas formas o ldquofaz-de-contardquo

O espaccedilo da cozinha era utilizado para representar

vivecircncias do dia-a-dia integrando parecenccedilas com algumas

cozinhas das casas das crianccedilas e em vaacuterias situaccedilotildees as

crianccedilas assumiam os papeacuteis de adultos e representavam

momentos vividos nas suas proacuteprias casas

Figura 4 - Aacuterea da escrita

Figura 7 - Espaccedilo da

cozinha

11

Figura 9 - Quadro semanal de presenccedilas

A uacuteltima aacuterea a ser apresentada eacute intitulada pela aacuterea da

garagemconstruccedilotildees (figura 8) Nesta as crianccedilas usavam

materiais como carros ferramentas de mecacircnica uma pista de

carros entre outros As crianccedilas principalmente do sexo

masculino apropriavam-se ou tentavam por vaacuterias vezes

apropriar-se desta aacuterea pois mostravam bastante interesse na

mesma gostavam de brincar e imaginar situaccedilotildees proacuteprias da

aacuterea

Para registar as presenccedilas diaacuterias das crianccedilas foi criado um quadro semanal de

presenccedilas como pudemos verificar na figura 9 este estava adequado agrave altura das

crianccedilas Foi criado ldquopara o aluno marcar com um sinal convencional a sua presenccedila

na quadriacutecula onde o seu nome cruza com a coluna do diardquo (Niza 2007) (p 135)

Neste encontravam-se expostos os nomes das crianccedilas

do lado esquerdo e na parte superior do quadro

estavam os dias da semana separados por quadriacuteculas

A presenccedila da crianccedila era assinalada com duas bolas

de pequenas dimensotildees uma verde fazendo referecircncia

agrave presenccedila e uma outra de cor vermelha fazendo

referecircncia agrave ausecircncia da crianccedila A marcaccedilatildeo das

presenccedila era identificado pela proacutepria crianccedila isto eacute

cada uma efetuava a sua presenccedila agrave exceccedilatildeo das

crianccedilas que se encontravam ausentes essa marcaccedilatildeo

era realizada ou pelas educadoras ou pelas crianccedilas

1312 Espaccedilo exterior

O espaccedilo exterior possuiacutea uma aacuterea de dimensotildees bastante consideraacuteveis

rodeada por um muro com grades que permitia observar do interior para o exterior da

instituiccedilatildeo e vice-versa O pavimento variava existindo zonas de relva com aacutervores de

cimento com maior dimensatildeo e de areia Neste uacuteltimo encontraacutevamos equipamento de

parque infantil sendo este composto por uma estrutura com escorrega barras para

trepar baloiccedilos fixos no chatildeo e cavalos de molas

Figura 8 - Aacuterea da

garagemconstruccedilotildees

12

Este espaccedilo exterior eacute de grande importacircncia pois nele como referem Hohmann

e Weikart (2011) ldquoas crianccedilas tecircm acesso a um conjunto de actividades e brincadeiras

que habitualmente natildeo fazem no interiorrdquo (p 369) No periacuteodo de recreio ldquoas crianccedilas

podem experimentar os sons e imagens do ar livre usar o material e equipamento do

recreio e brincar vigorosamente (ou sossegadamente se assim o preferirem) rdquo (idem

ibidem)

Em muitos momentos no recreio enquanto foi possiacutevel a sua utilizaccedilatildeo tivemos

a oportunidade de praticar jogos em grande grupo sendo estes com movimentos

rotativos movimentos lentos e coordenados movimentos raacutepidos e livres para as

crianccedilas exercitarem a motricidade Apesar dos momentos de recreio e de sala serem de

diferentes caracteriacutesticas ldquotecircm algo em comum encorajar as crianccedilas a envolverem-se

activamente com materiais pessoas ideias e acontecimentosrdquo (Hohmann amp Weikart

2011 p 370)

132 Rotina diaacuteria

A organizaccedilatildeo do tempo no jardim-de-infacircncia eacute definido e iniciado pelos

adultos estes devem refletir e estruturar devidamente uma rotina diaacuteria pois esta

auxilia as crianccedilas e adultos tal como referem Hohmann e Weikart (2011)

a rotina diaacuteria (hellip) ajuda as crianccedilas a responder (hellip) a questotildees ao

oferecer-lhes uma sequecircncia de acontecimentos que elas podem seguir e

compreender Tambeacutem ajuda os adultos a organizarem o seu tempo com as

crianccedilas de forma a lhes oferecer experiecircncias de aprendizagem activas e

motivadoras Neste sentido os elementos de uma rotina diaacuteria satildeo como

marcas de pegadas num caminho Ao seguirem o caminho as crianccedilas

envolvem-se em variadas aventuras e experiecircncias que lhes interessam e que

respondem agrave sua natureza inventiva e luacutedica (p 224)

Quando iniciaacutemos a nossa praacutetica de ensino na sala dos quatro anos estes jaacute

tinham uma rotina diaacuteria definida desde o iniacutecio do ano Apesar disso a rotina diaacuteria foi

suscetiacutevel de alteraccedilotildees tendo em conta atividades que emergiam visitas e o desenrolar

de certas experiecircncias de aprendizagem A rotina diaacuteria integrava os seguintes

segmentos temporais

i) Tempo de acolhimento momento de receccedilatildeo das crianccedilas em grande

grupo Era inclusive neste momento que as crianccedilas e os adultos

cantavam canccedilotildees partilham ideias vivecircncias e experiecircncias pessoais e

procediam agrave marcaccedilatildeo das presenccedilas

13

ii) Tempo de atividades em grande grupo neste tempo as crianccedilas e os

adultos juntavam-se para atividades a vaacuterios niacuteveis de muacutesica

movimento expressatildeo dramaacutetica leitura e exploraccedilatildeo de histoacuterias entre

outras Estas envolviam experiecircncias de aprendizagem nos diferentes

domiacutenios Apesar de em vaacuterias ocasiotildees serem os adultos a iniciarem

estas atividades as crianccedilas proporcionavam e apresentavam novas

ideias

iii) Tempo de higienealmoccedilo este tempo era dedicado agrave higiene das

crianccedilas e logo de seguida deslocavam-se ao refeitoacuterio da instituiccedilatildeo

para almoccedilarem

iv) Tempo de recreiodescanso momento reservado ao descanso das

crianccedilas mas tambeacutem quando as condiccedilotildees atmosfeacutericas o permitiam as

crianccedilas usufruiacuteam do espaccedilo exterior ocasionando-lhes situaccedilotildees nas

quais poderiam variar na forma como utilizavam o corpo tal como

trepar deslizar baloiccedilar e correr

v) Tempo de atividades nas aacutereas este tempo contemplava alguns tipos de

atividades propositadamente planeados de forma a proporcionar

experiecircncias de aprendizagens significativas nas diferentes aacutereas do

conteuacutedo Era ainda neste momento que se procedia agrave organizaccedilatildeo das

crianccedilas pelas diferentes aacutereas da sala consoante a preferecircncia que cada

uma manifestava de forma a reforccedilar os interesses naturais das crianccedilas

a capacidade de iniciativa da mesma e desenvolver competecircncias na

resoluccedilatildeo de problemas

vi) Tempo de lanche as crianccedilas apoacutes terem efetuado a arrumaccedilatildeo das

aacutereas da sala realizavam a higiene pessoal e deslocavam-se ao refeitoacuterio

da instituiccedilatildeo e tomavam o lanche Cada uma das crianccedilas possuiacutea a sua

lancheira e os lanches variavam de crianccedila para crianccedila

vii) Tempo de atividades orientadaslivres momento dedicado vaacuterias vezes

ao relaxamento da crianccedila as crianccedilas assistiam a filmes brincavam em

pequenos grupos com legos praticavam jogos em grande grupo sendo

estes uacuteltimos bastante solicitados pelas crianccedilas

A rotina diaacuteria vivenciada na sala ocorria como podemos verificar nos

segmentos temporais referidos de forma a despertar e apoiar as crianccedilas na tomada de

iniciativa perante atividades propostas Era uma forma de encorajar o envolvimento das

14

crianccedilas em atividades de pequenos grupos ou ateacute mesmo em pares envolvendo-as na

procura de soluccedilotildees para os problemas com que se iam confrontando Um dos principais

objetivos nas atividades era promover interaccedilotildees positivas nos diversos momentos de

trabalho O facto de as crianccedilas escolherem a sua aacuterea preferida e os materiais a

manusear para a execuccedilatildeo dos trabalhos demonstrava ao adulto a sua evoluccedilatildeo e

crescente autonomia

133 As interaccedilotildees

Para a melhor compreensatildeo do processo de interaccedilatildeo eacute essencial

compreendermos esse termo Neste sentido Oliveira-Formosinho e Formosinho (2011)

afirmam que ldquoas interaccedilotildees adulto-crianccedila satildeo uma tatildeo importante dimensatildeo da

pedagogia que a anaacutelise do estilo dessas interaccedilotildees nos permite determinar se estamos

perante uma pedagogia transmissiva ou uma pedagogia participativa (p 30) Dizem-nos

tambeacutem que ldquodesenvolver as interaccedilotildees refleti-las pensaacute-las e reconstruiacute-las eacute um

habitus que as profissionais que desenvolvem a Pedagogia-em-Participaccedilatildeo necessitam

de promoverrdquo (idem ibidem) Neste sentido reconhecemos que o educador desempenha

um papel crucial no desenrolar das diversas interaccedilotildees e no que tem a ver com as

interaccedilotildees educadoracrianccedila da instituiccedilatildeo estas satildeo em nosso parecer bastante

positivas As OCEPE (MEDEB 1997) alertam que ldquoa relaccedilatildeo individualizada que o

educador estabelece com cada crianccedila eacute facilitadora da sua inserccedilatildeo no grupo e das

relaccedilotildees com as ouras crianccedilasrdquo (p 35)

Achamos importante lembrar que ldquoa crianccedila aprende interagindo O adulto

aprende a ajudar a crianccedila a desenvolver a interacccedilatildeo A crianccedila eacute activa o adulto

tambeacutemrdquo (Oliveira-Formosinho 1996 p 55) Quando as crianccedilas e os educadores

desenvolvem algo em conjunto se o educador consegue envolver a crianccedila de tal forma

que esta se concentre totalmente no que estatildeo a desenvolver esta envolvecircncia faz com

que tanto a crianccedila como o adulto estejam ativos facilitaraacute a interaccedilatildeo entre ambos

tanto de um como do outro Eacute com a interaccedilatildeo que a crianccedila aprende vaacuterios fatores que

a ajudaratildeo no seu desenvolvimento e eacute tambeacutem com a interaccedilatildeo que o adulto tem a

oportunidade de auxiliar o desenvolvimento da crianccedila Neste sentido Hohmann e

Weikart (2011) defendem que ldquoa partilha do controlo num clima de apoio apela agrave

reciprocidade ndash um dar e receber muacutetuo entre crianccedilas e adultosrdquo (p 77)

No que diz respeito agraves interaccedilotildees crianccedilacrianccedila na sala onde se desenrolou a

accedilatildeo educativa verificaacutemos uma vasta cumplicidade entre elas existindo a formaccedilatildeo de

15

grupos de amigos Mostraram desde cedo apelar agrave brincadeira entre elas partilhando os

objetos e tentando haver na sala um clima de interaccedilotildees positivas

No nosso caso em concreto procuraacutemos desde cedo escutar apoiar e ainda

compreender as crianccedilas desenvolvendo desse modo uma interaccedilatildeo participativa

seguindo uma praacutetica na qual as crianccedilas foram sempre reconhecidas como pessoas que

tem sentimentos Tentaacutemos como referem Hohmann e Weikart (2011) ldquocriar e manter

ambientes em que a interacccedilatildeo com as crianccedilas seja positiva e por forma que estas

possam trabalhar e brincar com pessoas e objetos libertas de medo ansiedades ou de

aborrecimentordquo (p 63)

Reconhecemos que possibilitaacutemos agraves crianccedilas diversas situaccedilotildees nas quais

pudessem entender e participar em atividades promotoras de aprendizagens e que

pudessem construir e desenvolver as suas proacuteprias competecircncias Tentaacutemos observar e

entender a crianccedila pois como referem Oliveira-Formosinho e Formosinho (2011) ldquoo

papel do professor eacute o de organizar o ambiente e observar a crianccedila para entender e lhe

responderrdquo (p 15)

A fim de apoiar e acompanhar as crianccedilas nas suas atividades procuraacutemos

atraveacutes de uma observaccedilatildeo participante conhecer os interesses e necessidades

formativas das crianccedilas no sentido de favorecer interaccedilotildees que pudessem tornar-se

facilitadoras de aprendizagem das crianccedilas Assim sendo ao longo da nossa experiecircncia

de praacutetica educativa apoiaacutemos o envolvimento do grupo nas vaacuterias atividades de modo

a favorecer a sua implicaccedilatildeo na descoberta resoluccedilatildeo de problemas e na tomada de

decisotildees

16

17

II Fundamentaccedilatildeo das opccedilotildees educativas

No presente capiacutetulo procedemos ao aprofundamento de conhecimentos que nos

ajudem a melhor fundamentar e interpretar a praacutetica educativa em contexto preacute-escolar

Neste sentido debruccedilamo-nos sobre as perspetivas atuais de aprendizagem da crianccedila

as linhas de orientaccedilatildeo curricular e os modelos pedagoacutegicos que nos podem ajudar a

desenvolver uma accedilatildeo educativa de qualidade

21 A aprendizagem como um processo ativo

O desenvolvimento da praacutetica educativa suscita-nos questionamento sobre como

encarar o processo de aprendizagem a promover com as crianccedilas no sentido de ajudaacute-

las a progredir e a beneficiar do necessaacuterio bem-estar e integraccedilatildeo social

Neste sentido importa considerar a perspetiva de Brickmann e Taylor (1996)

defendendo os autores que ldquoas experiecircncias de aprendizagem para crianccedilas devem ser

ativasrdquo (p 3) explicitando que ldquodevem tornar a crianccedila capaz de construir o seu

proacuteprio conhecimento lidando diretamente com pessoas materiais e ideiasrdquo (idem p 3-

4) Neste acircmbito torna-se importante retomar a perspetiva teoacuterica de Piaget (1976) que

reconhece e valoriza a pessoa como sujeito ativo na construccedilatildeo de conhecimento O

autor defende que se enverede por um processo de aprendizagem experiencial e alerta

para a importacircncia da crianccedila poder explorar pensar e descobrir a partir da accedilatildeo sobre

os objetos e da relaccedilatildeo com os outros Como refere Novo (2009) ldquona perspetiva do

autor a crianccedila descobre do mesmo modo o mundo das pessoas e o dos objetos reais ou

simboacutelicosrdquo (p 52) Para Piaget (in Hohmann amp Weikart 2011) ldquoo conhecimento natildeo

proveacutem nem dos objetos nem da crianccedila mas sim das interaccedilotildees entre a crianccedila e os

objetosrdquo (p 19) pressupondo assim uma accedilatildeo reciacuteproca da crianccedila sobre os objetos e

dos objetos sobre a crianccedila na construccedilatildeo do conhecimento Nesta linha de pensamento

como tambeacutem afirma o autor (1978 citado por Novo 2009) ldquoconhecer natildeo consiste em

copiar o real mas agir sobre ele e transformaacute-lordquo (p 53)

Assim como Tompkins (1996) lembra importa ter em conta que uma

aprendizagem ativa eacute muito mais do que a mera manipulaccedilatildeo de materiais pelas crianccedilas

e do que a transmissatildeo de conhecimentos pelo educador Neste sentido sublinha que

18

a maior parte dos educadores de infacircncia concordaria com a ideia de que as

crianccedilas aprendem mais quando encorajadas a explorarem a interagirem a

serem criativas a seguirem os seus proacuteprios interesses e a brincarem No

entanto muitos educadores de infacircncia bem-intencionados acabam por

conduzir actividades em oposiccedilatildeo a esta teoria (p 6)

Este eacute um aspeto que natildeo deixa de caraterizar a nossa accedilatildeo educativa daiacute a

preocupaccedilatildeo em acedermos a conhecimentos que possam ajudarmos a melhor tomar

consciecircncia do tipo de praacuteticas que desenvolvemos e das linhas em que apoiaacute-las para

que incluam perspetivas que na atualidade satildeo reconhecidas como facilitadores de uma

aprendizagem ativa das crianccedilas

Importa assim considerar que segundo Formosinho (1996) as aprendizagens

ativas satildeo ldquoaquelas em que a crianccedila atraveacutes da sua acccedilatildeo sobre os objectos e da sua

interacccedilatildeo com as pessoas as ideias e os acontecimentos chega agrave compreensatildeo do

mundordquo (p 56) Por isso uma accedilatildeo educativa que se centra em ajudar as crianccedilas a

aprender como referem Oliveira-Formosinho amp Formosinho (2011) deve dar um papel

de relevo agrave crianccedila agrave colaboraccedilatildeo entre pares e agrave colaboraccedilatildeo entre adultos e crianccedilas

ou seja ldquodesenvolve uma epistemologia de natureza construtiva interativa

colaborativardquo (p 18)

Nesta linha importa o recurso a estrateacutegias pedagoacutegicas que proporcionem a

partilha de conhecimentos a implicaccedilatildeo das crianccedilas na resoluccedilatildeo de situaccedilotildees

problemaacuteticas de modo a exploraacute-las sob diversos acircngulos recorrendo agravequilo que jaacute

conhecem e agrave sua capacidade imaginativa O educador deve entatildeo observar e escutar as

crianccedilas e valorizar a sua participaccedilatildeo na organizaccedilatildeo e desenvolvimento do processo de

aprendizagem bem como na reflexatildeo sobre o mesmo Deve dar-se atenccedilatildeo aos seus

interesses e aos valores que representam as atividades da sua iniciativa na

reorganizaccedilatildeo da compreensatildeo que faz do mundo e por conseguinte no seu

desenvolvimento Nesse processo importa considerar que

tal como os adultos as crianccedilas tem comportamentos positivos e

comportamentos negativos mas eacute importante prestar atenccedilatildeo ao que as

crianccedilas fazem bem feito incidindo nesses pontos e valorizando-os Ao

observar cuidadosamente aquilo que as crianccedilas podem fazer os adultos tecircm

oportunidade para aproveitar o desejo natural de aprender das crianccedilas

(Hohmann 1996 p 22)

Dewey (2002) lembra que as experiecircncias das crianccedilas podem tornar-se agrave

semelhanccedila das suas brincadeiras e jogos em formas ativas da accedilatildeo Para o autor de

acordo com Pinazza (2007) ldquoas situaccedilotildees educativas devem apoiar-se na atividade da

19

crianccedila ou seja deve aprender fazendordquo (p 74) Daiacute a importacircncia que deve merecer a

organizaccedilatildeo do ambiente educativo e as atividades e projetos em que se envolvem

Importa considerar tambeacutem que ldquoa liberdade de accedilatildeo natildeo se opotildee agrave intencionalidade e

ao estabelecimento de propoacutesitos educativos nem tatildeo pouco agrave formaccedilatildeo de haacutebitosrdquo (p

75) devendo ser tidas todas estas dimensotildees em consideraccedilatildeo

Vygostky de acordo com Pinazza (2007) defende a relaccedilatildeo entre processo

educativo e as experiecircncias pessoais das crianccedilas No entanto eacute de considerar que nem

todas as experiecircncias satildeo igualmente educativas O valor de uma experiecircncia baseia-se

no princiacutepio da continuidade experiencial e o da interaccedilatildeo (idem) Importa ter em conta

que a continuidade pressupotildee alargar as experiecircncias e que a interaccedilatildeo se configura no

ambiente educativo que se cria

Nesse processo eacute de ter em conta a importacircncia a atribuir natildeo apenas aos

conhecimentos e competecircncias da crianccedila mas tambeacutem agrave forma como se estabelecem as

interaccedilotildees e agrave complexidade que as atividades apresentam Neste acircmbito importa

considerar que como defende Vygostky (1996 citado por Novo 2009) ldquoque com o

auxiacutelio de outra pessoa toda a crianccedila consegue concretizar mais do que faria sozinhardquo

(p 58) podendo entender-se este aspeto muito mais indicativo do desenvolvimento da

crianccedila Ideia que reforccedila a importacircncia da observaccedilatildeo e apoio que o adulto deve

promover para acompanhar e promover o processo da aprendizagem da crianccedila

22 Modelos Curriculares

Associado a uma perspetiva de aprendizagem ativa encontram-se alguns

modelos curriculares que tecircm vindo a ser apontados em vaacuterios trabalhos como

facilitadores de praacuteticas educativas preacute-escolares de qualidade tal como o modelo

HighScope (Hohmann amp Weikart 2011) o modelo do Movimento da Escola Moderna

(Niza 2007) e o modelo de Reggio Emilia (Eduards Gandini amp Forman 1999)

Reconhecendo que os princiacutepios em que cada um desses modelos se apoiam

podem ajudar-nos a melhor entender as linhas que caraterizam a nossa accedilatildeo importa

efetuar uma breve abordagem aos mesmos

O modelo curricular HighScope valoriza a aprendizagem pela acccedilatildeo o que

pressupotildee que as crianccedilas possam ldquoviver experiecircncias directas e imediatas e retirar delas

significado atraveacutes da reflexatildeordquo (Hohmann amp Weikart 2011 p 5) no sentido de

construiacuterem conhecimentos que as ajudem a dar sentido ao mundo As crianccedilas devem

20

dispor da possibilidade de explorar os objetos colocar sobre os acontecimentos e acerca

do que lhes desperta curiosidade

No que diz respeito agrave organizaccedilatildeo do espaccedilo e materiais de trabalho as salas

seguem uma organizaccedilatildeo construtivista que aponta para a organizaccedilatildeo de aacutereas

diferenciadas que permitam a realizaccedilatildeo de diferentes aprendizagens A organizaccedilatildeo da

sala por aacutereas e com os respetivos materiais faz com que as crianccedilas adquiram

independecircncia autonomia e responsabilidade em relaccedilatildeo ao seu modo de utilizaccedilatildeo

transmitindo mensagens impliacutecitas agraves crianccedilas Como referem Hohmann e Weikart

(2011)

Uma vez que o ambiente estaacute organizado de forma a que estas escolham as

suas brincadeiras os adultos ficam livres de funccedilotildees diretivas de

entretenimento ou de controlo das crianccedilas Em vez disso passam a poder

concentrar-se no apoio a dar agraves brincadeiras das crianccedilas e agrave sua capacidade de

resoluccedilatildeo de problemas (p 182)

A organizaccedilatildeo do ambiente educativo inclui quatro componentes sendo elas a

organizaccedilatildeo do espaccedilo e materiais das rotinas do grupo e das interaccedilotildees Segundo este

modelo o espaccedilo deve estar organizado por diferentes aacutereas de modo a permitir que as

crianccedilas desenvolvam diferentes aprendizagens envolvendo-se em atividades

diversificadas A organizaccedilatildeo do espaccedilo deve ser flexiacutevel deve adaptar-se agraves

necessidades e interesses das crianccedilas e do grupo pelo que deve estar organizado de

modo a conferir autonomia agraves crianccedilas Outra especificidade desta organizaccedilatildeo reside

no facto de as aacutereas estarem organizadas de forma a permitirem a livre circulaccedilatildeo das

crianccedilas entre elas de acordo com os seus interesses Por sua vez ldquoa arrumaccedilatildeo dos

materiais deve proporcionar a execuccedilatildeo do ciclo encontra-brinca-arrumardquo (Hohmann amp

Weikart 2011 p 164)

A organizaccedilatildeo de uma rotina diaacuteria oferece estabilidade agrave crianccedila no sentido de

que pode aperceber-se do que vai acontecer oferecendo-lhe ldquosentido de controlo sobre

aquilo que vai fazer em cada momento do diardquo (idem p 8) Deve permitir agraves crianccedilas

experienciarem oportunidade de se envolverem na concretizaccedilatildeo do ciclo planear-fazer-

rever (idem p 229) Este consiste em promover o seu envolvimento no planeamento

das suas atividades a experienciaccedilatildeo das mesmas e a partilha e discussatildeo acerca do que

foi realizado Para isso o educador deve adotar uma gestatildeo flexiacutevel do tempo

permitindo que a crianccedila organize os seus acontecimentos as suas propostas e as suas

interaccedilotildees tendo em conta a sequecircncia temporal Os tempos em pequeno e grande

21

grupo bem como a niacutevel individual satildeo imprescindiacuteveis pois permitem a inserccedilatildeo das

crianccedilas em diferentes tipos de atividades quer da iniciativa do adulto quer da

iniciativa da crianccedila

A rotina diaacuteria preacute-escolar eacute constante estaacutevel e previsiacutevel para que a crianccedila

compreenda a forma de utilizaccedilatildeo do tempo e assim tornar-se menos dependente do

adulto face ao tempo em que deve concretizar determinada atividade A previsatildeo dos

tempos de rotina permite a seguranccedila e independecircncia da crianccedila e a diferenciaccedilatildeo das

atividades contribui para a variedade de experiecircncias

No que concerne agraves interaccedilotildees o papel do adulto eacute criar situaccedilotildees que

proporcionem agrave crianccedila o desenvolvimento do seu pensamento favorecendo a

emergecircncia de conflitos cognitivos (idem) Importa ter em conta que o adulto ajuda a

equilibrar a liberdade que a crianccedila necessita para explorar o meio que a rodeia Por

isso natildeo deve desencorajar a crianccedila quando esta natildeo consegue concretizar e resolver os

problemas com que se defronta Deve por sua vez fazer com que ela acredite em si

mesma e se envolva na procura de recursos que podem ajudaacute-la nesse processo Assim

um dos principais objectivos do programa HighScope consiste em apoiar os

adultos de modo a que estes possam criar e manter ambientes em que a

interacccedilatildeo com as crianccedilas seja positiva e por forma que estas possam

trabalhar e brincar com pessoas e objectos libertas de medos ansiedades ou

de aborrecimento e negligecircncia (Hohmann amp Weikart 2011 p 63)

O modelo curricular Reggio Emilia como antes referimos apoia-se tambeacutem em

princiacutepios pedagoacutegicos de participaccedilatildeo ativa das crianccedilas na construccedilatildeo do seu

conhecimento Como refere Malaguzzi (1999) o principal objetivo do projeto de

Reggio Emilia consiste em construir uma escola ldquopara crianccedilas pequenas como um

organismo vivo integral como um local de vidas e relacionamentos compartilhados

entre muitos adultos e muitas crianccedilasrdquo Para aleacutem deste objetivo a abordagem Reggio

Emilia estimula o desenvolvimento intelectual das crianccedilas partindo da representaccedilatildeo

simboacutelica

Como refere Edwards (2008) no que diz respeito ao papel do educador este eacute

natildeo apenas de ouvinte e observador mas tambeacutem deve ser proporcionador de

oportunidades e experiecircncias Os objetivos centralizam-se em criar oportunidades de

aprendizagem e desenvolvimento do pensamento das crianccedilas sendo por isso

importante escutaacute-las O papel do educador ldquocentraliza-se na provocaccedilatildeo de

oportunidades de descobertas atraveacutes de uma espeacutecie de facilitaccedilatildeo alerta e inspirada e

22

de estimulaccedilatildeo do diaacutelogo de accedilatildeo conjunta e da co-construccedilatildeo do conhecimento pela

crianccedilardquo(idem p 161)

As crianccedilas percebem quando os adultos valorizam os seus trabalhos e as suas

ideias uma vez que lhes comunicam essa valorizaccedilatildeo indiretamente atraveacutes de accedilotildees e

estrateacutegias Como exemplo destas accedilotildees o educador expotildee trabalhos das crianccedilas na

escola e partilha com toda a comunidade educativa a informaccedilatildeo que as crianccedilas

produzem

Os pais participam ativamente na vida escolar dos seus filhos uma vez que

colaboram com o educador e datildeo continuidade ao que as crianccedilas aprendem quer na

escola quer em casa Ou seja existe interajuda entre escolafamiacutelia na organizaccedilatildeo e

concretizaccedilatildeo da accedilatildeo educativa Por exemplo na realizaccedilatildeo de um projeto os

educadores comunicam aos pais o tema do projeto

encorajando-os a envolverem-se com as atividades de seus filhos atraveacutes da

busca dos materiais necessaacuterios do trabalho com os professores no

ambiente fiacutesico da oferta de livros suplementares e assim por diante Dessa

forma os pais satildeo levados a revisar a imagem que tecircm de seus filhos e a

compreender a infacircncia de um modo mais rico e complexordquo (Edwards 2008

p 163)

Segundo Lino (2007) o modo como o espaccedilo eacute organizado ldquoreflete as ideias

valores atitudes e patrimoacutenio cultural de todos os que nele trabalhamrdquo (p 107) Isto

porque atraveacutes da comunicaccedilatildeo cooperaccedilatildeo partilha de atividades e ideias a crianccedila

constroacutei o seu conhecimento do mundo (idem) Sendo assim o espaccedilo nas escolas de

Reggio Emilia eacute planeado ao pormenor pela comunidade educativa Relativamente ao

espaccedilo exterior este eacute organizado de forma a possibilitar uma continuidade das

atividades realizadas no interior

A gestatildeo da rotina praticada em Reggio dispotildee de uma organizaccedilatildeo do tempo

que proporciona agraves crianccedilas oportunidades de estabelecer diferentes tipos de interaccedilatildeo

Assim como sublinha Lino (2007) ldquoelas podem escolher trabalhar sozinhas em

pequeno grupo em grande grupo com os adultos ou sem elesrdquo (p 109)

O modelo curricular do Movimento da Escola Moderna (MEM) como refere

Niza (2007) ldquoassenta num Projecto Democraacutetico de autoformaccedilatildeo cooperada de

docentes que transfere por analogia essa estrutura de procedimento para um modelo

de cooperaccedilatildeo educativa nas escolasrdquo (p 125) Tendo em conta a escola como local de

23

iniciaccedilatildeo agrave vida democraacutetica este modelo propotildee diversos princiacutepios fundamentais para

a estruturaccedilatildeo da accedilatildeo educativa Referindo Niza (idem)

- Os meios pedagoacutegicos veiculam em si os fins democraacuteticos da educaccedilatildeo

pelo que a escolha dos materiais os processos usados e as formas de

organizaccedilatildeo das atividades devem respeitar as regras democraticamente

decididas pelos educadoresprofessores e crianccedilas

- A actividade escolar enquanto contrato social e educativo deve concretizar-

se atraveacutes da negociaccedilatildeo entre educadoresprofessores e crianccedilas entre si

- A praacutetica democraacutetica da organizaccedilatildeo partilhada por todos decide-se em

conselho de cooperaccedilatildeo

- Os processos de trabalho escolar reproduzem os processos sociais autecircnticos

aproximando deste modo a escola agrave vida social

- A informaccedilatildeo de projectos estudos e outras realizaccedilotildees das crianccedilas eacute

partilhada atraveacutes de circuitos de produccedilatildeo distribuiccedilatildeo e divulgaccedilatildeo como

paineacuteis conferecircncias jornal escolar e outros tipos de apresentaccedilotildees

- As praacuteticas escolares conferem sentido social agraves aprendizagens das crianccedilas

atraveacutes da partilha dos saberes com os seus pares e pela intervenccedilatildeo na

comunidade envolvente ou com a comunidade mais distante atraveacutes da troca

de correspondecircncia entre outros meios

- Os alunos interpelam o meio social e trazem para a escola pessoas da

comunidade como recurso e fonte de conhecimento e culturardquo (pp 127-130)

O Movimento Escola Moderna salienta alguns instrumentos de organizaccedilatildeo da

vida em grupo que se tornam indispensaacuteveis na participaccedilatildeo conjunta do educador e da

crianccedila como o plano de atividades a lista semanal de projetos o quadro semanal de

distribuiccedilatildeo de tarefas o mapa de presenccedilas diaacuterio e o diaacuterio de grupo

Este tipo de organizaccedilatildeo ajuda as crianccedilas a situarem-se no espaccedilo e no tempo

Desta forma eacute necessaacuterio a sala estar organizada por aacutereas de atividades que estaratildeo

dispostas agrave volta da mesma no centro da sala deve estar situada uma aacuterea de trabalho

coletivo Estas aacutereas devem ser originais para que possam ser o mais possiacutevel parecidas

com a realidade que os envolve Como afirma Niza (2007) ldquo o ambiente geral da sala

deve resultar agradaacutevel e altamente estimulante utilizando as paredes como expositores

permanentes das produccedilotildees das crianccedilas onde rotativamente se revecircem nas suas obras

de desenho pintura tapeccedilaria ou textordquo (p 133)

24

A gestatildeo do tempo eacute segundo Niza (2007) ldquoconstituiacuteda por duas etapas de

configuraccedilatildeo distinta

a etapa da manhatilde centra-se fundamentalmente no trabalho ou na actividade

eleita pelas crianccedilas e por elas sustentada desconcentradamente pelas aacutereas

de actividade Com o apoio discreto e itinerante do educador A etapa da

tarde reveste a forma de sessotildees plenaacuterias de informaccedilatildeo e de actividade

cultural dinamizadas por convidados pelos alunos ou pelos educadores

(p135)

O MEM tem uma forma muito proacutepria de promover o relacionamento das

crianccedilas entre si e das mesmas com os adultos Esta interaccedilatildeo eacute fomentada por

fundamentos da pedagogia da cooperaccedilatildeo Assim as crianccedilas devem no jardim-de-

infacircncia experimentar praacuteticas e atitudes que lhes permitiratildeo aprender valores e atraveacutes

das suas vivecircncias aprofundar o desenvolvimento da sua cidadania

Como afirma Niza (2007) os educadores assumem-se neste modelo como

promotores da organizaccedilatildeo participada dinamizadores da cooperaccedilatildeo

animadores ciacutevicos e morais do treino democraacutetico auditores activos para

promoverem a livre expressatildeo e a atitude criacutetica Mantecircm e estimulam a

autonomizaccedilatildeo e responsabilizaccedilatildeo de cada educando no grupo de educaccedilatildeo

cooperada (p139)

De acordo com este modelo eacute necessaacuterio dar continuidade agraves experiecircncias

educativas promovendo a curiosidade a iniciativa e a descoberta das crianccedilas e criar

condiccedilotildees para que tomem a iniciativa e se sintam valorizadas

Em suma os modelos referidos possibilitam um conjunto de orientaccedilotildees que se

tornam fundamentais para nos ajudar a organizar uma intervenccedilatildeo pedagoacutegica que

favoreccedila o desenvolvimento de crianccedilas no quadro de conquista de uma progressiva

autonomia

23 Linhas de orientaccedilotildees curricular da educaccedilatildeo preacute-escolar

Para a organizaccedilatildeo da accedilatildeo educativa importa ter em consideraccedilatildeo o estabelecido

nas Orientaccedilotildees Curriculares3 definidas para a educaccedilatildeo preacute-escolar

As OCEPE acentuam que sejam promovidos saberescompetecircncias que

favoreccedilam a progressatildeo das crianccedilas ao niacutevel da sua Formaccedilatildeo Pessoal e Social

Expressatildeo e Comunicaccedilatildeo (domiacutenio da linguagem oral e abordagem agrave escrita domiacutenio

das expressotildees incluindo a motora dramaacutetica musical e plaacutestica e o domiacutenio da

matemaacutetica) e Conhecimento do Mundo no sentido de ajudaacute-las a tornarem-se capazes

3 OCEPE-MEDEB 1997 Despacho 522097 de 4 de agosto Metas de aprendizagem (ME 2010)

25

de uma plena inserccedilatildeo na sociedade como cidadatildeos autoacutenomos livres e solidaacuterios

(MEDEB 1997) As Metas de Aprendizagem para a Educaccedilatildeo Preacute-Escolar (ME 2010)

explicitam os conteuacutedos incluiacutedos nas aacutereas e domiacutenios de conteuacutedo definidas nas

OCEPE indicando o que as crianccedilas devem ter aprendido no final da etapa educativa

preacute-escolar

Entendemos dever ser dada importacircncia aos contributos destes diferentes

documentos para organizaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo das experiecircncias de aprendizagem no quadro

de construccedilatildeo de respostas educativas preacute-escolares de qualidade

Assim e no sentido de melhor compreender a natureza das aprendizagens que

devem nortear a accedilatildeo educativa preacute-escolar importa efetuarmos ainda que de forma

resumida uma abordagem das aacutereas e domiacutenios de conteuacutedo

A aacuterea de Formaccedilatildeo Pessoal e Social eacute considerada uma aacuterea transversal

considerando que todas as componentes curriculares deveratildeo contribuir para promover

nas crianccedilas atitudes e valores que lhes permitam tornarem-se cidadatildeos conscientes e

solidaacuterios capacitando-os para a resoluccedilatildeo dos problemas da vida Tambeacutem a educaccedilatildeo

preacute-escolar deve favorecer a formaccedilatildeo da crianccedila tendo em vista a sua plena inserccedilatildeo

na sociedade como ser autoacutenomo livre e solidaacuterio

Importa referir que entre as aprendizagens a promover estas se situam num

processo em construccedilatildeo do ser humano ldquosendo influenciado e influenciando o meio que

o rodeiardquo (MEDEB 1997 p51) eacute de salientar tambeacutem que ldquoeacute na famiacutelia e no meio

soacutecio-cultural em que vive os primeiros anos de vida que a crianccedila inicia o seu

desenvolvimento pessoal e socialrdquo (idem p52) Eacute acentuado um papel essencial na

educaccedilatildeo para os valores sendo ldquoque natildeo se ldquoensinamrdquo mas que se vivem na acccedilatildeo

conjunta e nas relaccedilotildees com os outrosrdquo (idem ibidem) As relaccedilotildees e interaccedilotildees

estabelecidas pelo adulto com as crianccedilas e o grupo o modo como as apoia satildeo

caracterizados como um suporte da educaccedilatildeo Importa ter em conta que a relaccedilatildeo

estabelecida pelo educador com as crianccedilas o modo como as valoriza e respeita

estimula e encoraja os seus processos facilita a auto-estima da crianccedila e as relaccedilotildees que

as crianccedilas estabeleceratildeo entre si Eacute ainda de considerar que ldquofavorecer a autonomia da

crianccedila e do grupo assenta na aquisiccedilatildeo do saber-fazer indispensaacutevel agrave sua

independecircncia e necessaacuterio a uma maior autonomia enquanto oportunidade de escolha e

responsabilizaccedilatildeordquo (idem p 53)

Obter maior independecircncia representa na educaccedilatildeo preacute-escolar dominar certos

saberes tais como vestir-se despir-se lavar-se comer utilizando adequadamente os

26

talheres etc mas tambeacutem serem capazes de utilizar de forma correta materiais e

instrumentos agrave sua disposiccedilatildeo tais como jogos tintas pinceis laacutepishellip (idem ibidem)

Como se afirma nas OCEPE (MEDEB 1997) reconhecer laccedilos de pertenccedila

social e cultural respeitando outras culturas eacute um aspeto que deve ser tambeacutem

valorizado na educaccedilatildeo preacute-escolar fazendo parte do desenvolvimento da identidade Eacute

de considerar que a igualdade de oportunidades entre os diferentes sexos indiviacuteduos de

diferentes classes sociais e diferentes etnias se constroacutei numa perspetiva de educaccedilatildeo

multicultural devendo esta natildeo ser apenas criada pela participaccedilatildeo na organizaccedilatildeo do

ambiente educativo mas tambeacutem pela participaccedilatildeo na aprendizagem em grupo Eacute

preciso ter em conta que a participaccedilatildeo na discussatildeo e na tomada de posiccedilatildeo favorece a

consciecircncia de valores sociais culturais e eacuteticos (idem p 55)

Em suma como as proacuteprias OCEPE alertam a aacuterea da Formaccedilatildeo Pessoal e

Social entende-se como ldquoaacuterea de conteuacutedo integradora pois embora com

intencionalidade proacutepria inscreve-se em todas as outrasrdquo (idem ibidem)

A aacuterea da Expressatildeo e Comunicaccedilatildeo como eacute referido nas OCEPE (MEDEB

1997) ldquoengloba as aprendizagens relacionadas com o desenvolvimento psicomotor e

simboacutelico que determinam a compreensatildeo e o progressivo domiacutenio de diferentes formas

de linguagemrdquo (p56) Esta aacuterea eacute a uacutenica em que se diferenciaram vaacuterios domiacutenios

Releva-se que eacute importante que os adultos facultem ocasiotildees agraves crianccedilas que

distingam o real e o imaginaacuterio pois nestas idades por vezes ainda confundem Importa

proporcionar agraves crianccedilas ldquosuportes que permitam desenvolver a imaginaccedilatildeo criadora

como procura e descoberta de soluccedilotildees e exploraccedilatildeo do lsquomundorsquo rdquo OCEPE (MEDEB

1997 p 56)

Ao niacutevel do domiacutenio da linguagem oral e abordagem agrave escrita importa que as

crianccedilas se envolvam em experiecircncias que lhes permitam progredir ao niacutevel da

expressatildeo oral e que lhe facultem a possibilidade de se familiarizarem com o coacutedigo

escrito permitindo-lhes contactar com as suas diferentes funccedilotildees Sublinha-se que numa

abordagem transversal a liacutengua portuguesa deve ser trabalhada em diferentes atividades

relacionadas com diferentes domiacutenios de conteuacutedo Importa considerar que

Proporcionar no jardim-de-infacircncia ambientes linguisticamente estimulantes e

interagir verbalmente com cada crianccedila satildeo as duas vias complementares que

podem ajudar a combater as assimetrias que afectam o desenvolvimento da

linguagem nas crianccedilas (Sim-Sim Silva amp Nunes 2008 p 12)

27

A comunicaccedilatildeo criada pelo educador permite agraves crianccedilas dominar a linguagem

ampliando o seu vocabulaacuterio e formando frases mais elaboradas O dia-a-dia na

educaccedilatildeo preacute-escolar possibilitaraacute atraveacutes de interaccedilotildees de qualidadecomplexidade

com a escrita que as crianccedilas usem corretamente frases simples de diversos tipos

As crianccedilas desde cedo conseguem distinguir a escrita do desenho comeccedilam a

ldquoimitar a escrita e a reproduzir o formato do texto escritordquo (OCEPE p 69) Mesmo que

as crianccedilas natildeo consigam reproduzir corretamente a escrita os educadores devem

incentivaacute-las nas suas tentativas Como se refere nas OCEPE (idem) ldquoa atitude do

educador e o ambiente que eacute criado devem ser facilitadores de uma familiarizaccedilatildeo com

o coacutedigo escrito Neste sentido as tentativas de escrita mesmo que natildeo conseguidas

deveratildeo ser valorizadas e incentivadasrdquo (p 69)

O educador deve inclusive ler e contar histoacuterias agraves crianccedilas pois desse modo

suscitaraacute na crianccedila o desejo de aprender a ler A forma como este lecirc e faz uso de

diferentes tipos de texto para as crianccedilas seratildeo usados por estas como exemplo de como

e para que serve ler (idem p 70)

As crianccedilas que desde cedo estatildeo envolvidas na utilizaccedilatildeo da linguagem

escrita e que vecircem outros a ler e a escrever vatildeo desenvolvendo a sua

perspectiva sobre o que eacute a leitura e a escrita e simultaneamente vatildeo

desenvolvendo capacidades e vontade para participarem em acontecimentos

de leitura e escrita (Mata 2008 p 14)

O educador tem que ter em atenccedilatildeo que em algumas ocasiotildees existem

diferentes liacutenguas como aconteceu na nossa praacutetica educativa visto que algumas

crianccedilas da sala natildeo tinham como liacutengua materna o portuguecircs Procuramos valorizar

essa dimensatildeo como meio de sensibilizar o grupo para a existecircncia de outras liacutenguas

mas tambeacutem de apoiar essas crianccedilas a acederam a um progressiva fluecircncia discursiva

No que diz respeito ao domiacutenio da matemaacutetica podemos destacar que as

crianccedilas vatildeo espontaneamente construindo noccedilotildees matemaacuteticas a partir de vivecircncias do

dia-a-dia Estas noccedilotildees fundamentam-se na vivecircncia do espaccedilo e tempo tendo como

ponto de partida as atividades espontacircneas em que se envolve ou que o educador

promove O papel da matemaacutetica na estruturaccedilatildeo do pensamento as suas funccedilotildees na

vida corrente e a sua importacircncia para aprendizagens futuras determina a atenccedilatildeo que

lhe deve ser dada na educaccedilatildeo preacute-escolar (idem p 73)

Procuraacutemos promover o desenvolvimento de noccedilotildees matemaacuteticas aproveitando

variadas situaccedilotildees luacutedicas das crianccedilas e momentos da rotina diaacuteria sabendo que como

se refere nas OCEPE (MEDEB 1997) ldquocabe ao educador partir das situaccedilotildees do

28

quotidiano para apoiar o desenvolvimento do pensamento loacutegico matemaacutetico

intencionalizando momentos de consolidaccedilatildeo e sistematizaccedilatildeo de noccedilotildees matemaacuteticasrdquo

(ibidem) Neste acircmbito importa ainda ter em conta o que afirmam Castro e Rodrigues

(2008) quando defendem que

uma das funccedilotildees do Jardim-de-Infacircncia eacute criar ambientes de aprendizagem

ricos em que as crianccedilas se possam desenvolver como seres de muacuteltiplas

facetas construindo percepccedilotildees e bases onde alicerccedilar aprendizagens Estas

reflectir-se-atildeo ao longo da vida quer nas aprendizagens quer na

sociabilizaccedilatildeo e mesmo no reconhecimento de algumas regras e

procedimentos Os nuacutemeros devem portanto desempenhar um papel

desafiante e com significado sendo a crianccedila estimulada e encorajada a

compreender os aspectos numeacutericos do mundo em que vive e a discuti-los

com os outros (p 12)

No que se refere ao domiacutenio das expressotildees como se refere nas OCEPE

(MEDEB 1997) eacute importante que o educador tenha em conta as especificidades de

cada expressatildeo mas tambeacutem a sua inter-relaccedilatildeo e a sua articulaccedilatildeo (p 57)

No que concerne agrave expressatildeo motora tal como se menciona nas OCEPE

(MEDEB 1997) ldquoao entrar para o preacute-escolar a crianccedila jaacute possui algumas aquisiccedilotildees

motoras baacutesicas tais como andar transpor obstaacuteculos manipular objectos de forma

mais ou menos precisardquo (p 58) Tendo em conta todos os movimentos que a crianccedila jaacute

possui a educaccedilatildeo preacute-escolar deve originar situaccedilotildees de exerciacutecio da motricidade

global e tambeacutem da motricidade fina permitindo que todas e cada uma aprendam a

utilizar e a dominar da melhor forma o seu proacuteprio corpo (idem ibidem) Eacute importante

que as crianccedilas usufruam de oportunidades para desenvolver os diferentes segmentos do

seu corpo facilitando a interiorizaccedilatildeo do esquema corporal e tendo consciecircncia do seu

corpo em relaccedilatildeo ao exterior aprendendo as relaccedilotildees no espaccedilo

Cabe ao educador tirar partido das situaccedilotildees que ocorrem nos diferentes espaccedilos

aproveitando a sala o espaccedilo exterior locais apetrechados e materiais que

proporcionem diversas e enriquecedoras oportunidades de expressatildeo motora O

educador deve proporcionar agraves crianccedilas formas de utilizar o seu corpo servindo-se de

jogos de movimento de sons de ritmos e danccedilas Como se afirma nas OCEPE

(MEDEB 1997) ldquotodas estas situaccedilotildees permitem que a crianccedila aprenda a utilizar

melhor o seu corpo e (hellip) que vaacute tomando consciecircncia de condiccedilotildees essenciais para

uma vida saudaacutevelrdquo (p 59)

29

A expressatildeo dramaacutetica eacute um meio de descoberta de si e do outro atraveacutes da qual

a crianccedila se afirma a si proacuteprio na relaccedilatildeo com os outros apropriando-se de situaccedilotildees

socias

Eacute frequente na idade de preacute-escolar depararmo-nos com crianccedilas movimentando-

se e colocando-se em diversas posiccedilotildees fiacutesicas muitas vezes imitando certas pessoas ou

ateacute mesmo animais E como nos referem Hohmann e Weikart (2011) ldquoexperimentar

movimentos que impliquem o corpo todo ajuda as crianccedilas a desenvolver o auto-

controlo e a consciecircncia do seu posicionamento fiacutesicordquo (p 629)

A expressatildeo musical permite a exploraccedilatildeo de sons e ritmos que as crianccedilas

produzem e exploram espontaneamente e que vatildeo aprendendo a identificar e a

reproduzir elas mesmas com os diversos aspetos que caracterizam os sons Como

afirmam Hohmann e Weikart (2011) ldquoouvir muacutesica mover-se ao seu som e fazer

muacutesica satildeo experiecircncias vitais que permitem agrave crianccedila expressar-serdquo (p 656) Os

mesmos autores acrescentam que ldquoa muacutesica acompanha-nos ao longo de toda a nossa

vida marcando acontecimentos desde do nascimento agrave morterdquo (p 657)

Baseando-se no pensamento de Carlton (1994) Hohmann e Weikart (2011)

apresentam seis aspetos que importa explorar no acircmbito de expressatildeo musical como

mover-se ao som da muacutesica explorar e identificar sons explorar a voz a cantar

desenvolver melodias cantar canccedilotildees e tocar instrumentos musicais simples

Na nossa praacutetica a muacutesica estava presente diariamente na sala pois logo pela

manhatilde as crianccedilas cantavam canccedilotildees relacionadas com os bons dias e por vezes outras

por elas sugeridas A abordagem de canccedilotildees com entusiasmo e entendendo que eacute uma

parte integrante de cultura musical da crianccedila eacute outra dimensatildeo considerada

A expressatildeo plaacutestica permite agraves crianccedilas explorarem diversos materiais e

instrumentos sendo as atividades motoras iniciadas pelas crianccedilas Como se afirma nas

OCEPE (MEDEB 1997) a crianccedila ldquoexterioriza espontaneamente imagens que

interiormente construiurdquo (p 61) Godinho e Brito (2010) defendem que ldquoeacute (hellip)

importante que as crianccedilas em ambiente de jardim-de-infacircncia possam experimentar

distintos papeacuteis de executante criador e apreciadorrdquo (p 11) e ter em conta que os

trabalhos das crianccedilas tecircm ldquosignificados concretos e partilhaacuteveis com os outrosrdquo (idem

p 65)

O desenho a pintura a digitinta a modelagem o recorte e a colagem satildeo

teacutecnicas de expressatildeo plaacutestica que devem ser explorados na educaccedilatildeo preacute-escolar

OCEPE (MEDEB 1997) Importa ainda atender agrave diversidade e quantidade de

30

materiais de modo a favorecer a expressatildeo criativa das crianccedilas Eacute importante que as

crianccedilas tenham agrave sua disposiccedilatildeo materiais que lhes possibilitem escolher e promover

diferentes formas de combinaccedilatildeo A identificaccedilatildeo e nomeaccedilatildeo de cores bem como a

mistura de cores baacutesica para formar outras (secundaacuterias) satildeo aspetos da expressatildeo

plaacutestica que tambeacutem importa explorar

No que diz respeito agrave aacuterea do Conhecimento do Mundo esta ldquoenraiacuteza-se na

curiosidade natural da crianccedila e no seu desejo de saber e compreender porquecircrdquo (idem p

79) A crianccedila antes de iniciar a educaccedilatildeo preacute-escolar sabe jaacute bastantes coisas sobre o

mundo que a rodeia A curiosidade e o desejo de descobrir e aprender das crianccedilas

manifestam-se na procura de compreensatildeo do mundo e de lhe atribuir sentido Tal

procura leva-as a formas progressivamente mais elaboradas do pensamento

A exploraccedilatildeo de conteuacutedos relacionados com esta aacuterea poderatildeo estar ldquomais ou

menos relacionada com o meio proacuteximo mas que aponta para a introduccedilatildeo a aspectos

relativos a diferentes domiacutenios do conhecimento humano (hellip) que mesmo elementares

e adequados a crianccedilas destas idades deveratildeo corresponder sempre a um grande rigor

cientiacuteficordquo (idem p 80) As OCEPE apontam ainda para que as crianccedilas possam

entender certos fenoacutemenos e acontecimentos que experienciam no seu dia-a-dia A

sensibilizaccedilatildeo agraves ciecircncias pode assim entender-se como partindo dos interesses das

crianccedilas que o educador alarga e contextualiza procurando fomentar a curiosidade e o

desejo de aprender O educador tem um papel fundamental na escolha dos conteuacutedos a

desenvolver poreacutem deve ter a preocupaccedilatildeo de acordar e negociar as suas propostas com

o grupo de modo a promover aprendizagens com significado para as crianccedilas Entre o

que se apresenta como fundamental desenvolver neste domiacutenio ldquosatildeo aspectos que se

relacionam com os processos de aprender a capacidade de observar o desejo de

experimentar a curiosidade de saber a atitude criacuteticardquo (idem p 85)

Foi com base em todas as aacutereas de conteuacutedo e domiacutenios que procuraacutemos

promover experiecircncias de aprendizagem diversas sendo que algumas dessas seratildeo

descritas e analisadas na terceira parte deste relatoacuterio

31

III Descriccedilatildeo e anaacutelise das experiecircncias de aprendizagem

O presente capiacutetulo incide sobre o processo de ensino e aprendizagem que

desenvolvemos com as crianccedilas ao longo do ano letivo de 2012-2013 apresentando um

conjunto de experiecircncias de aprendizagem atraveacutes das quais pretendemos aprofundar a

reflexatildeo sobre a accedilatildeo educativa promovida

Neste sentido procuraacutemos explicitar as intencionalidades que as orientam os

processos de desenvolvimento recursos utilizados e informaccedilatildeo tomada em

consideraccedilatildeo para a compreensatildeo do desenvolvimento desse processo e a progressatildeo

das crianccedilas

As experiecircncias de aprendizagem que aqui apresentamos incidem

particularmente sobre o segundo semestre do ano letivo referido porque foi nesse

periacuteodo que nos foi possiacutevel promover uma maior continuidade ao trabalho

desenvolvido o que permitiraacute uma melhor compreensatildeo das linhas de accedilatildeo e das formas

de intervenccedilatildeo pedagoacutegica em que nos situamos

No que se refere agrave planificaccedilatildeo da accedilatildeo educativa procuraacutemos articular num

todo coerente a nossa intervenccedilatildeo no sentido de proporcionar agraves crianccedilas a vivecircncia de

um projeto formativo integrado e em continuidade as reflexotildees preacute e poacutes-accedilatildeo com a

educadora de infacircncia cooperante foram importantes Como elementos de apoio ao

desenvolvimento desse processo relevamos as Orientaccedilotildees Curriculares para a

Educaccedilatildeo preacute-escolar o projeto curricular do grupo e os interesses e necessidades

formativas que no decurso da accedilatildeo educativa iacuteamos identificando Os planos de

intervenccedilatildeo pedagoacutegica assumiram um caraacuteter flexiacutevel de modo a podermos integrar as

contribuiccedilotildees do grupo de crianccedilas nesse processo e adequar as estrateacutegias quando

necessaacuterio de modo a garantir melhores oportunidades de aprendizagem e

desenvolvimento das crianccedilas

Ao niacutevel da recolha da informaccedilatildeo para ajudar a melhor poder compreender-se o

modo como se desenvolveu o processo de aprendizagem recorremos sobretudo a notas

de campo e registos fotograacuteficos Natildeo podemos deixar de relevar a importacircncia que

tambeacutem assumiram as produccedilotildees das crianccedilas incluiacutedas nos seus portefoacutelios pois

ajudaram-nos a melhor compreender como cada uma se apropriou e retratou as

experiecircncias promovidas

32

31 Experiecircncia de aprendizagem Respeitar as diferenccedilas um

desafio para todos

Um dos principais objetivos desta experiecircncia de aprendizagem centrou-se em

alertar as crianccedilas para a importacircncia de favorecer a integraccedilatildeo e bem-estar de todos

independentemente das diferenccedilas fiacutesicas e culturais entre outras que pudessem

possuir

Partimos da histoacuteria Elmer de David Mckee (2007) e comeccedilaacutemos por apresentar

o livro agraves crianccedilas lendo o tiacutetulo e perguntar-lhes se conheciam a histoacuteria ao que nos

responderam que natildeo Com este questionamento pretendiacuteamos saber se as crianccedilas jaacute

conheciam o conteuacutedo da histoacuteria Decidimos entatildeo solicitar agraves crianccedilas a observaccedilatildeo

da capa do livro de modo a explorar os elementos paratextuais em grande grupo

Vaacuterias crianccedilas identificaram e indicaram de imediato a personagem nela retratada

como sendo um elefante Mas duas delas manifestaram natildeo ter a certeza considerando a

aparecircncia do mesmo como as suas afirmaccedilotildees permitem perceber parece um elefante

mas parece um elefante colorido (Tiago)4 parece um elefante arco-iacuteris (Joana)

No sentido de melhor se compreenderem estes comentaacuterios importa mencionar

que o referido elefante era representado no livro atraveacutes de um desenho-ilustraccedilatildeo

desafiando agrave imaginaccedilatildeo e procurando ilustrar a mensagem pretendida de alerta para as

diferenccedilas mas afastando-se da figura ldquorealrdquo que por exemplo uma imagem

fotograacutefica permite retratar

Propusemos entatildeo agraves crianccedilas escutar com atenccedilatildeo a histoacuteria no sentido de

percebermos do que abordava Lemos a histoacuteria mostrando as imagens que a ilustravam

e no final refletimos sobre o conteuacutedo da mesma partindo da questatildeo

- Entatildeo do que nos fala a histoacuteria (Ed Estagiaacuteria)

- Eacute do Elmer Ele natildeo gostava da cor que tinha (Manuel)

- Pois ele natildeo gostava da cor que tinha e porque seria (Ed Est)

Surgiram vaacuterias respostas De entre elas destacamos as seguintes afirmaccedilotildees

- Porque ele eacute agraves cores (Gonccedilalo)

- E natildeo gostava de ser assim (Diogo)

- E depois com as tintas ficou de outra cor (Manuel)

- Pois foi Mas os outros riram-se (Margarida)

- Com a chuva voltou a ficar igual (Laura)

- E o que acharam dos elefantes se rirem dele acham que isso eacute bom (Ed Est)

- Natildeo (Vaacuterios)

- Porquecirc (Ed Est)

4 Os nomes das crianccedilas apresentadas satildeo fictiacutecios de modo a assegurar o anonimato da sua identidade

33

- Porque mesmo diferentes temos que ser amigos (Pedro)

- Porque somos todos diferentes (Inecircs)

Nota de campo 25 de fevereiro 2013

O excerto permite perceber que o conteuacutedo da histoacuteria tinha sido compreendido

referindo as crianccedilas que eram abordadas as diferenccedilas fiacutesicas que apresentava o animal

as dificuldades em aceitar a diversidade ou a diferenccedila de cor ou raccedila como as

seguintes afirmaccedilotildees permitem perceber Porque ele eacute agraves cores (Gonccedilalo) e natildeo gostava

de ser assim (Diogo) Tambeacutem a importacircncia de respeitar e aceitar as diferenccedilas foram

identificadas como conteuacutedo da histoacuteria ao reconhecerem e indicarem que natildeo foi bom

os elefantes rirem do modo como o Elmer tentou superar os constrangimentos sentidos

tentando mudar de cor justificando o Pedro porque mesmo diferentes temos que ser

amigos e acrescentando a Inecircs porque somos todos diferentes

Na sequecircncia da histoacuteria dialogaacutemos sobre possiacuteveis diferenccedilas fiacutesicas que

pudemos encontrar entre as pessoas e a importacircncia de aceitaacute-las mas tambeacutem de

respeitar e aceitar se elas quiserem fazer algumas mudanccedilas para se sentirem mais

bonitas ou felizes No sentido de uma melhor compreensatildeo desse valor alertaacutemos para

que cada um de noacutes por vezes tambeacutem mudar alguma coisa porque gosta como pintar

as unhas os laacutebios e o cabelo e noacutes gostamos e somos amigas delas quer estejam ou

natildeo pintadas Partindo desta ideia as crianccedilas falaram das suas experiecircncias e das dos

seus familiares Lembraacutemos ainda que tambeacutem noacutes natildeo somos todos iguais temos

diferenccedilas

Nesta linha de pensamento propusemos agraves crianccedilas observar diferenccedilas e

semelhanccedilas que existiam entre os elementos do grupo Vimos que uns tinham os

cabelos loiros outros castanhos e outros pretos Tambeacutem nos olhos podiacuteamos ser

diferentes e mesmo ao niacutevel da pele observando que embora fossemos todos de pele

branca uns tinham uma cor mais clara outros uma cor mais escura Sem que o

solicitaacutessemos algumas crianccedilas puxaram as mangas da camisola e colocaram o braccedilo

junto do de outras para verificarem melhor as diferenccedilas fazendo comentaacuterios sobre o

que observavam

Num outro momento mostraacutemos agraves crianccedilas duas imagens de elefantes uma

colorida como a do Elmer a personagem da histoacuteria e outra em cor cinzenta

Propusemos agraves crianccedilas que descobrissem as semelhanccedilas entre os dois elefantes

34

Observaacutemos diferentes reaccedilotildees Enquanto algumas crianccedilas manifestaram natildeo

perceber bem o pretendido outras manifestaram que isso tinha acontecido fazendo

afirmaccedilotildees como as que a seguir apresentamos e permitiram que as outras

compreendessem o que lhe tiacutenhamos solicitado fazerem

-Tecircm os dois uma tromba (Vaacuterios)

-Tecircm tambeacutem rabo para baixo as duas (Manuel)

-Tecircm dois olhos (Gabriel)

- Muito bem e haveraacute diferenccedilas entre os dois elefantes (Ed Est)

-A cor dos elefantes (vaacuterios)

-Um eacute cinzento como todos os elefantes e outro eacute agraves cores (Manuel)

Nota de campo 25 de fevereiro 2013

Como o excerto deixa perceber o diaacutelogo estabelecido possibilitou observar que

a diferenccedila que caraterizava os animais representados era a cor mas que se tratava do

mesmo tipo de ser e por isso apresentavam muitas outras carateriacutesticas comuns

Entendemos que este tipo de abordagem pode ajudar a que melhor possamos

entender aceitar e respeitar as pessoas pelos seres humanos que satildeo e ultrapassar

barreiras discriminatoacuterias que infelizmente ainda se fazem sentir Neste sentido

importa considerar que como se refere nas OCEPE (MEDEB 1997) eacute na aceitaccedilatildeo da

diferenccedila e ldquonuma perspetiva multicultural que se constroacutei uma maior igualdade de

oportunidadesrdquo (p 54)

Relevamos que esta atividade permitiu agraves crianccedilas natildeo soacute obterem e discutirem

valores que nos levem a enveredar por perspetivas e praacuteticas facilitadoras das

multiculturas e de igualdade de oportunidades como suscitar a pesquisa sobre o animal

que entrou na histoacuteria e espaccedilos em que vivia Assim levaacutemos e colocaacutemos na aacuterea da

biblioteca alguns livros sobre animais onde se incluiacuteam os elefantes o que suscitou a

continuidade da atividade Algumas crianccedilas quiseram descobrir como eram os

elefantes e se seriam todos parecidos ou natildeo Apoiaacutemo-las nesse processo ajudando-as

a descobrir mais pormenores que poderiam apontar para as diferenccedilas ou semelhanccedilas

mas relevando a importacircncia de cada um

No que se refere ao tempo de trabalho nas aacutereas importa evidenciar que algumas

crianccedilas quiseram representar ao niacutevel da expressatildeo plaacutestica figuras de elefantes

optando sobretudo por materiais tridimensionais como a plasticina como as imagens da

figura 10 permitem perceber No final sugerimos a contagem das representaccedilotildees dos

elefantes

35

As figuras apresentadas permitem observar diferentes produccedilotildees no que se

refere agrave reproduccedilatildeo de algumas partes do corpo quer agrave cor escolhida para elaborar o

trabalho As vaacuterias formas de representaccedilatildeo tambeacutem nos permitem perceber diferentes

niacuteveis de representaccedilatildeo simboacutelica incluindo e diferenciando vaacuterias partes do corpo do

animal algumas ainda o seu modo de locomoccedilatildeo enquanto outras representam apenas

para aleacutem do corpo no seu todo a parte que mais o diferencia dos outros animais a

tromba Como refere Gonccedilalves (1991) ldquoa expressatildeo eacute motivada pelo que mais a

impressionardquo (p 13)

No que se refere agrave escolha da plasticina para fazer as figuras do elefante importa

considerar que como referem Hohmann e Weikart (2011) este eacute um material a partir do

qual as crianccedilas gostam de fazer as suas reproduccedilotildees para o que em nosso entender

contribui o facto de poderem realizar produccedilotildees tridimensionais e as possibilidades de

modelagem que este material oferece

Na discussatildeo sobre os animais surgiu a questatildeo de como se designa um conjunto

de elefantes (nomes coletivos) ao que uma das crianccedilas respondeu prontamente eacute uma

manada (Carlos) No sentido de partilha de saberes possuiacutedos por cada um em relaccedilatildeo

ao toacutepico sobre o qual viacutenhamos a interrogar as crianccedilas solicitaacutemos-lhes que dissessem

o que sabiam sobre os elefantes Surgiram vaacuterias respostas entre as quais sublinhamos

- Tem uma tromba (Laura)

- Tem orelhas grandes (Pedro)

- Tem quatro patas (Tiago)

- Eles podem beber com a tromba (Rafael)

As respostas obtidas permitem-nos perceber que as crianccedilas jaacute possuiacuteam alguns

conhecimentos acerca das caracteriacutesticas dos elefantes mas tambeacutem que ainda havia

muitas coisas que poderiacuteamos aprender sobre eles Neste sentido sugerimos-lhes

Figura 10 ndash Produccedilotildees das crianccedilas em plasticina na sequecircncia da exploraccedilatildeo da histoacuteria do Elmer

36

visualizar imagens em PowerPoint que ilustravam as caracteriacutesticas do elefante No

final da apresentaccedilatildeo questionaacutemo-nos sobre o observado comeccedilando por colocar-lhes

um questatildeo sobre os seus haacutebitos alimentares

- Do que seraacute que o elefante se alimenta (Ed Est)

- Comem plantas (Pedro)

- E maccedilatildes das aacutervores (Ricardo)

- Bebem a aacutegua (Gabriel)

-Comem tambeacutem bananas (Gonccedilalo) Nota de campo 25 de fevereiro 2013

Entre as vaacuterias questotildees e respostas que surgiram a discussatildeo incidiu sobre os

dentes dos elefantes e a sua funccedilatildeo o nuacutemero de patas que tinham e como eram

constituiacutedas bem como sobre qual a funccedilatildeo da tromba para aleacutem de ser para beber

Este momento de diaacutelogo em grande grupo permitiu que as crianccedilas aprendessem a

ouvir-se umas agraves outras a esperar a sua vez para falar e para colaborar na atividade

Possibilitou ainda que conhececircssemos melhor as carateriacutesticas e os interesses das

crianccedilas pelo que nos parece poder ir ao encontro da ideia de Hohmann e Weikart

(2011) quando referem que

enquanto as crianccedilas interagem com materiais pessoas ideias e

acontecimentos para construir o seu proacuteprio entendimento da realidade os

adultos observam e interagem com elas para descobrir como as crianccedilas

pensam e raciocinam Os adultos tentam reconhecer os interesses e

capacidades particulares das crianccedilas oferecer-lhes apoio e colocar-lhes

desafiosrdquo (p 27)

Na sequecircncia da observaccedilatildeo das imagens dos livros sobre os animais integrados

na biblioteca iam surgindo perguntas em torno dos mesmos e do local onde viviam Por

isso e no sentido de poder alargar essa abordagem entendemos recorrer a vaacuterias

figurasbrinquedos de animais apresentando-os numa maqueta em que se encontravam

representados diferentes tipos de habitats As crianccedilas mostraram-se bastante curiosas

em descobrir quais os animais aiacute representados e os locais em que surgiam situados No

decurso do diaacutelogo uma crianccedila questionou-nos sobre o significado da palavra habitat

Perguntaacutemos ao grupo quem sabia e queria explicar ao colega mas gerando-se um

silecircncio informaacutemos que se tratava do local no qual vivem os animais e propusemos

que observassem a maqueta e descobrissem que locais se encontravam laacute representados

Obtivemos respostas variadas como

-Ali eacute a aacutegua (Diogo)

-Eacute na terra (Laura)

-Nas montanhas (Margarida)

37

Nota de campo 25 de fevereiro 2013

Informaacutemos as crianccedilas que todas as repostas correspondiam a elementos que

faziam parte dos habitats dos animais e que estes eram de trecircs tipos o terrestre o

aquaacutetico e o aeacutereo Realizaacutemos uma breve explicaccedilatildeo agraves crianccedilas da constituiccedilatildeo dos

habitats e dos animais que os habitavam

Distribuiacutemos por cada crianccedila a figura de

um animal em formato de fantoche e

solicitaacutemos-lhes que cada uma identificasse o

animal que tinha na matildeo e qual o habitat em que

esse animal se integraria colocando-o na

maqueta como a figura 11 permite perceber

Todas as crianccedilas participaram nesta atividade A

realizaccedilatildeo da atividade em grande grupo permitiu

partilhar ideias e valorizar os saberes de todos no

sentido de um enriquecimento muacutetuo

Esta atividade tinha como objetivo principal ajudar as crianccedilas a compreender

que os animais podem viver em diferentes ambientes ecoloacutegicos Sugerimos agraves crianccedilas

que desenhassem um animal e o seu habitat

Como forma de dar continuidade agrave atividade sobre os animais sugerimos a

realizaccedilatildeo do jogo ldquoOs animais da selvardquo que consistia em retirar de entre um conjunto

de cartotildees apresentados numa caixa um cartatildeo seria lida a tarefa agrave crianccedila e esta

concretizaacute-la-ia Entre as propostas de realizaccedilatildeo apresentadas constavam por exemplo

imitar o som de um determinado animal representar o seu modo de locomoccedilatildeo e cantar

uma canccedilatildeo relacionada com os animais

No sentido de dar continuidade agrave exploraccedilatildeo da histoacuteria do Elmer solicitaacutemos as

crianccedilas num momento de trabalho em grande grupo a identificarem e nomearem as

cores primaacuterias Obtivemos respostas variadas por parte das crianccedilas algumas

respondiam corretamente ao nome das cores e outras natildeo as identificavam Decidimos

entatildeo explorar as cores primaacuterias e para que melhor pudessem observaacute-las e identificaacute-

las colocaacutemos tintas com as trecircs cores primaacuterias (azul amarelo e vermelho) em frascos

transparentes As crianccedilas puderam mexer e fazer pinceladas na folha No decurso da

atividade uma crianccedila referiu que existem tambeacutem as cores secundaacuterias (Margarida)

Figura 11 - Crianccedila colocando o animal no

habitat

38

Noutro momento e ainda no acircmbito do processo de identificaccedilatildeo das cores

propusemos agraves crianccedilas a utilizaccedilatildeo de outros recursos folhas de acetato e guaches

Sugerimos-lhes que colocassem em cada folha gotas de tinta de cores diferentes e

depois que as juntassem Ao juntarem as duas folhas de acetatos as crianccedilas reparavam

que surgiria uma nova cor Sugerimos agraves crianccedilas a realizaccedilatildeo do quadro das cores que

integraria as cores primaacuterias num primeiro momento e ao qual iriacuteamos mais tarde

acrescentar as secundaacuterias (verde laranja e roxo) Questionaacutemos as crianccedilas de modo a

identificarem e nomearem as cores e conforme iam sendo identificadas iam sendo

colocadas pelas crianccedilas no quadro

Procedemos num segundo momento agrave exploraccedilatildeo de uma cor secundaacuteria o

verde propondo agraves crianccedilas a mistura das cores amarela e azul e tentar que as crianccedilas

descobrissem que cor surgia dessa mistura Algumas crianccedilas responderam

corretamente que surgiria a cor verde As crianccedilas colocaram a cor verde em frente agrave cor

amarela e azul para que percebessem que da junccedilatildeo das duas cores iniciais resultava

essa cor

Repetimos esse mesmo processo com as cores amarelo e vermelho de cuja

junccedilatildeo surgiu o laranja e com o azul e vermelho

da qual surgiu o roxo Completaacutemos o quadro das

cores primaacuterias e secundaacuterias com as tintas que jaacute

possuiacuteamos e com as novas tintas que surgiram

na junccedilatildeo das cores primaacuterias

Expusemos o trabalho na sala permitindo

relembrar e melhor memorizar o nome das

diferentes cores (primaacuterias e secundaacuterias) como a

figura 12 permite observar

No desenvolvimento da atividade as crianccedilas mostraram-se bastante

surpreendidas com o surgir da nova cor a partir da junccedilatildeo das duas cores iniciais

expressando alegria e desejo de fazer novas experiecircncias Neste sentido importa ter em

conta que como refere Luft (2011) ldquoa cor eacute um dos principais elementos das artes

visuais (hellip) despertando sensaccedilotildees e emoccedilotildees seja na pintura na esculturardquo (p 304)

entre outras teacutecnicas de expressatildeo plaacutestica

Procurando que as crianccedilas tirassem partido das cores exploradas sugerimos agraves

crianccedilas que decorassem a imagem do elefante Elmer utilizando folhas em formato A2

A proposta inicial era de que as crianccedilas pintassem a imagem do elefante Elmer

Figura 12 - Quadro das cores primaacuterias e

secundaacuterias

39

recorrendo agrave teacutecnica de pintura sopro que consistia em colocar um pouco de tinta num

quadrado e soprar com a palhinha de forma a espalhar a cor por todo o quadrado do

papel Algumas crianccedilas manifestaram bastante dificuldade na realizaccedilatildeo do sopro e

comeccedilaram a utilizar a palhinha como forma de pincel Decidimos entatildeo sugerir a

essas crianccedilas que utilizassem pinceacuteis se assim o entendessem No final surgiu uma

figura de elefante muito colorida aos quadrados que expusemos junto agrave da entrada para

a sala no sentido de partilhar a experiecircncia com os pais

Em siacutentese no acircmbito desta experiecircncia de aprendizagem promovemos a criaccedilatildeo

de oportunidades de as crianccedilas desenvolverem saberes que se prendem particularmente

com as carateriacutesticas da vida animal e a composiccedilatildeo das cores (primaacuterias e secundaacuterias)

numa dimensatildeo articulada da aacuterea do mundo fiacutesico e social e dos domiacutenios da expressatildeo

oral dramaacutetica e plaacutestica Foi nossa preocupaccedilatildeo que as crianccedilas pudessem questionar-

se manifestar as suas opiniotildees e implicar-se na exploraccedilatildeo dos materiais colocados agrave

sua disposiccedilatildeo Neste acircmbito releva-se nas OCEPE (MEDEB 1997) que ldquoa

identificaccedilatildeo e nomeaccedilatildeo das cores a mistura de cores baacutesicas para formar outras satildeo

aspetos da expressatildeo plaacutestica que se ligam com a linguagem e o Conhecimento do

Mundordquo (pp 62-63) Nesta experiecircncia de aprendizagem pudemos relevar a exploraccedilatildeo

do mundo fiacutesico mas tambeacutem e sobretudo o social no sentido de valorizar a

construccedilatildeo de um pensamento aberto a formas diversas de ser e estar no quadro de

valores de respeito aceitaccedilatildeo e de diaacutelogo com os outros

32 Experiecircncia de aprendizagem Aprender a observar e conhecer

Considerando o interesse manifestado pelas crianccedilas em relaccedilatildeo ao conteuacutedo da

histoacuteria do Elmer sendo a mesma referida em vaacuterios e diferentes momentos decidimos

dar-lhe continuidade explorando o livro intitulado Elmer e o arco-iacuteris de David

Mckee5 Trata-se de uma histoacuteria que aborda os valores de

entreajuda dar algo sem o perder bem como os sentimentos de

amizade e de felicidade

Relevamos neste sentido que como refere Mata (2008)

ldquoa leitura de histoacuterias eacute uma actividade muito rica e completa

5 A imagem do livro que consta na figura 13 foi obtida em

httpwwwcaminholeyacomfotosprodutos500_9789722118620_elmer_e_o_arco_irisjpg

Figura 13 - Livro - Elmer e o

arco-iacuteris de David Mckee

40

pois permite a integraccedilatildeo de diferentes formas de abordagem agrave linguagem escrita em

geral e agrave leitura de uma forma especiacuteficardquo (p 78)

Comeccedilaacutemos por observar interpretar e descrever oralmente as imagens da capa

e da contracapa tendo como objetivo que as crianccedilas compreendessem que tanto as

palavras escritas como os desenhos transmitem informaccedilotildees Embora algumas crianccedilas

manifestassem possuir conhecimento acerca da composiccedilatildeo dos livros mas que nem

conseguiam fazecirc-lo entendemos explicar esses elementos agraves crianccedilas Procedemos em

seguida agrave leitura expressiva da mesma No final questionaacutemos as crianccedilas acerca do

seu conteuacutedo e todas referiram que falava sobre o arco-iacuteris sobre este ter perdido as

suas cores e o elefante Elmer ter ajudado a que este as recuperasse As crianccedilas

mencionaram partes da histoacuteria relevantes mostrando ter prestado atenccedilatildeo agrave leitura e tecirc-

la interiorizado Importa ter em conta que como se refere nas (OCEPEMEDEB

1997) ldquoeacute no clima de comunicaccedilatildeo criado pelo educador que a crianccedila iraacute dominando a

linguagem alargando o seu vocabulaacuterio construindo frases mais correctas e complexas

adquirindo um maior domiacutenio da expressatildeo e comunicaccedilatildeordquo (p 67)

Nesta linha de pensamento e aproveitando as ideias que as crianccedilas

mencionaram questionaacutemo-las sobre o que sabiam acerca do arco-iacuteris tais como

quantas cores teria o arco-iacuteris e obtivemos respostas como

-Tem cinco cores (Diogo)

- Acho que tem seis cores (Gonccedilalo)

- Eu acho que tem sete cores (Tiago)

- Tem muitas cores (Laura)

As afirmaccedilotildees das crianccedilas deixam perceber que natildeo tinham a certeza em

relaccedilatildeo agraves cores do arco-iacuteris o que era de esperar dado a tenra idade das crianccedilas

Decidimos revelar agraves crianccedilas o verdadeiro nuacutemero de cores que tem o arco-iacuteris

referindo que o arco-iacuteris apresenta sete cores Continuando o diaacutelogo procuraacutemos levar

as crianccedilas a idealizarem e nomear as possiacuteveis cores do arco-iacuteris Obtivemos as

seguintes respostas

- O arco-iacuteris tem amarelo (Pedro)

-Tem tambeacutem azul (Rodrigo)

- Tem verde o arco-iacuteris (Tiago)

- Eu acho que tambeacutem tem cor de laranja (Gonccedilalo)

- Natildeo tem eacute vermelho (Pedro)

- Eu acho que tem cor-de-rosa (Inecircs) Nota de campo 11 de marccedilo 2013

41

Algumas crianccedilas comentaram que natildeo sabiam porque nunca o tinham visto

outras disseram que jaacute o tinham visto mas que natildeo se lembravam das cores que eram

Decidimos entatildeo informar as crianccedilas das cores que o arco-iacuteris possui nomeadamente

o violeta anil azul verde amarela laranja e vermelho

As crianccedilas que tinham respondido corretamente a uma das cores sentiram-se

bastante satisfeitas mostraram conforto e confianccedila em si proacuteprias comentando a sua

resposta entre o grupo Como referem Hohmann e Weikart (2011) ldquoas reflexotildees das

crianccedilas sobre as suas acccedilotildees satildeo uma parte

fundamental do processo de aprendizagem Ouvir e

encorajar a forma particular como cada crianccedila pensa

fortalece o seu pensamento emergente e as suas

capacidades de raciociacuteniordquo (p 47)

Sugerimos agraves crianccedilas que desenhassem e

pintassem numa folha branca como julgavam que era

constituiacutedo o arco-iacuteris exemplo figura 14

Durante a atividade as crianccedilas comentavam entre si qual seria a cor com que o

arco-iacuteris iniciava tentavam lembrar-se da ordem das

cores e curiosamente comentavam o formato do arco-iacuteris

referiam-se a este como tendo uma forma muito

semelhante a uma ponte Depois de vaacuterias crianccedilas terem

desenhado o arco-iacuteris exemplo figura 15 mostraacutemos a

imagem do mesmo no sentido de melhor perceberem

como era constituiacutedo Esta experiecircncia permitiu relembrar

as cores partindo da sua identificaccedilatildeo num fenoacutemeno da

natureza

Expusemos uma imagem do arco-iacuteris ldquorealrdquo numa das paredes da sala para que

todos a visualizassem e comparassem com os desenhos que eles tinham realizado

anteriormente A reaccedilatildeo das crianccedilas foi surpreendente comentavam a imagem

sublinhando a beleza da mesma e as experiecircncias possuiacutedas de ter visto ou natildeo esse

fenoacutemeno

A alegria aumentava agrave medida que descobriam que tinham colocado no desenho

cores que correspondiam agraves observadas no fenoacutemeno do arco-iacuteris e que uma ou outra

surgiam segundo a mesma ordem

Figura 14 - Desenho de um arco-iacuteris

realizado por uma crianccedila da sala

Figura 15 - Arco-iacuteris elaborado

por uma crianccedila da sala

42

No sentido de relembrar e explorar o conteuacutedo da histoacuteria Elmer e o arco-iacuteris

propusemos a realizaccedilatildeo de um jogo de expressatildeo de afetos intitulado como o ldquoJogo

dos sorrisosrdquo O objetivo do jogo consistia em compreender a importacircncia de expressar

pequenos gestos que satildeo importantes para quem os recebe e para quem os daacute que natildeo

representam perdas mas antes ganhos como por exemplo dar um sorriso ou um abraccedilo

a algueacutem As crianccedilas manifestaram terem compreendido o conteuacutedo da histoacuteria e por

conseguinte o que se pretendia do jogo

O jogo constava de uma crianccedila de cada vez ir retirar um cartatildeo de dentro de

uma caixa no qual estava escrito uma mensagem que educadora lhe lia e que ela iria

transmitir a algueacutem da sala que escolhesse dirigir-lha Todas as crianccedilas participaram

no jogo recebendo e manifestando gestos Entre as

mensagens escritas nos cartotildees encontrava-se por

exemplo dar um abraccedilo um beijo no rosto um aperto

de matildeo entre outros As crianccedilas manifestaram

grande interesse e entusiamo em realizar o jogo

observando-se grande envolvimento na realizaccedilatildeo do

mesmo como a tiacutetulo de exemplo a imagem da figura

16 permite perceber que as crianccedilas estatildeo a dar as matildeos

manifestando gesto de carinho

No sentido de ajudar as crianccedilas a compreenderem a que se deve a formaccedilatildeo do

arco-iacuteris procuraacutemos num outro momento propor uma atividade praacutetica que permitisse

observar o surgir desse fenoacutemeno Comeccedilaacutemos por perguntar agraves crianccedilas se sabiam

como este fenoacutemeno surgia tentando auscultar as ideias preacutevias Entre essas ideias

surgiram as seguintes

- Podemos ver o arco-iacuteris quando haacute sol e chuva (Manuel)

- Eacute preciso haver chuva e sol (vaacuterios)

- O arco-iacuteris vai sempre buscar aacutegua aos rios (Manuel)

Nota de campo 11 de marccedilo de 2013

As afirmaccedilotildees das crianccedilas deixam perceber que algumas jaacute apresentam ideias

sobre as carateriacutesticas temporais que levam a que se decirc a refraccedilatildeo da luz do sol e se

observe a formaccedilatildeo do arco-iacuteris apesar de ainda natildeo dominarem o conhecimento

cientiacutefico do fenoacutemeno Por usa vez a afirmaccedilatildeo do Manuel deixa perceber que pode

entender-se como indo ao encontro do afirmado por Martins et al (2009) quando

Figura 16 - Crianccedilas jogando o

Jogo dos sorrisos

43

lembram que ldquoas crianccedilas datildeo explicaccedilotildees que muitas vezes natildeo correspondem ao

conhecimento cientiacutefico actual mas que tem loacutegica para sirdquo (p 12)

Assim e depois de um breve diaacutelogo sobre o fenoacutemeno sugerimos a realizaccedilatildeo

de uma atividade sobre a formaccedilatildeo do arco-iacuteris manifestando-se as crianccedilas bastante

curiosas em saber como fazer para que o fenoacutemeno ocorresse

Os materiais utilizados para a realizaccedilatildeo da atividade praacutetica foram previamente

fabricados e preparados por noacutes bem como testada a experiecircncia Para tal fizemos uma

abertura estreita em forma de retacircngulo numa cartolina preta de seguida colocaacutemos a

cartolina em frente ao nosso peito na horizontal e apontaacutemos luz para essa abertura de

forma a conseguirmos um raio de luz estreito Colocaacutemos um espelho inclinado numa

tina com aacutegua e inclinaacutemos uma folha grande de cartolina branca junto da tina com

aacutegua Apontaacutemos a luz atraveacutes da cartolina preta

para que esta acertasse no espelho No final

tiacutenhamos conseguido ver a formaccedilatildeo do arco-iacuteris

Estes procedimentos foram repetidos com as

crianccedilas na atividade que viacutenhamos a descrever foi

possiacutevel observarmos a refraccedilatildeo da luz formando o

arco-iacuteris que se apresenta na figura 17

Procuraacutemos diversificar os materiais e ajudar as

crianccedilas a compreenderem que o efeito pode provir de vaacuterias fontes Neste sentido

observaacutemos tambeacutem o aparecimento do arco-iacuteris atraveacutes de uma lanterna e de um Cd

permitindo este objeto tambeacutem fazer com que se decirc a refraccedilatildeo da luz da lanterna e por

conseguinte a sua divisatildeo em vaacuterias cores fazendo o efeito de arco-iacuteris Fizemos incidir

a luz da lanterna na parte superior do cd e inclinaacutemos o cd para que a luz incidisse na

parede pois eacute nesta que as crianccedilas conseguem ver as cores do arco-iacuteris

Inicialmente as crianccedilas mostravam-se bastante eufoacutericas e curiosas em saber

como iria aparecer o arco-iacuteris com dois objetos (uma lanterna e um Cd) No entanto ao

iniciarmos a atividade fez-se uma grande silecircncio na sala dado o interesse e a atenccedilatildeo

com que estavam para observar o resultado Quando mostraacutemos que era possiacutevel fazer

aparecer o reflexo do arco-iacuteris na parede da sala estas ficaram surpreendidas

experimentaram tambeacutem as crianccedilas refletirem a imagem do arco-iacuteris com os dois

objetos Terminada a atividade praacutetica as crianccedilas referiram que gostavam de mostrar

aos pais esta atividade iriam inclusive pedir para que estes disponibilizassem uma

lanterna e um Cd

Figura 17 - Resultado da atividade

praacutetica sobre a formaccedilatildeo do arco-iacuteris

44

No decurso da semana sugerimos agraves crianccedilas uma nova atividade praacutetica ainda

de acordo com o que tiacutenhamos explorado anteriormente Poreacutem desta vez

pretendiacuteamos enveredar pelo efeito contraacuterio ao das atividades anteriores ou seja a

uniatildeo de vaacuterias cores formando uma soacute Assim solicitaacutemos agraves crianccedilas que colorissem

com cada cor as divisotildees de um ciacuterculo que lhe apresentaacutemos desenhado em cartolina

branca Quando terminavam de colorir o ciacuterculo colocavam o laacutepis de carvatildeo no centro

e faziam o ciacuterculo girar O objetivo era visualizar qual a cor que surgiria ao girar o laacutepis

pois as crianccedilas tinham diferentes cores nos ciacuterculos Mostraacutemos agraves crianccedilas um ciacuterculo

pintado com as cores do arco-iacuteris e perguntaacutemos agraves crianccedilas se sabiam qual a cor que

surgiria ao rodarmos o laacutepis observando-se as seguintes respostas

-Vai ficar azul-escuro (Manuel)

-Se rodares muito depressa vai ficar tudo vermelho (Pedro)

-Vai aparecer o arco-iacuteris (Margarida)

-Se calhar vai ficar tudo amarelo (Pedro)

- Fica quase branco (Manuel) Nota de campo 12 de marccedilo 2013

Todas as crianccedilas faziam tentativas para acertar na cor que surgiria ao rodar o

laacutepis decidimos deste modo rodaacute-lo O objetivo da atividade era como jaacute antes

referimos que as crianccedilas percebessem que ao juntar todas as cores do arco-iacuteris a cor

que surgiria era a cor branca

Eacute de referir que esta atividade natildeo correu como era esperado pois as crianccedilas

natildeo conseguiam colocar o laacutepis a girar de modo a que o movimento permitisse a junccedilatildeo

das vaacuterias cores e fosse possiacutevel observar apenas a cor branca

Para que as crianccedilas natildeo ficassem desiludidas por um lado e por outro lado para

promover a interaccedilatildeo entre pais e filhos sugerimos agraves crianccedilas que realizassem a mesma

atividade em casa com o auxiacutelio dos pais pedindo-lhes para as ajudarem a fazecirc-la e que

dialogassem de modo a descobrirem com eles a cor que surgiria quando fizessem girar o

laacutepis Refletindo sobre a atividade importa sublinhar que aprendemos que nem sempre

eacute faacutecil gerir imprevisibilidades mas que temos de saber superaacute-las tentando encontrar

soluccedilotildees alternativas Meditando sobre a experiencia de aprendizagem desenvolvida a

partir do livro Elmer e o arco-iacuteris sublinhamos as oportunidades criadas para as

crianccedilas se envolverem em diferentes atividades nas quais foram levadas em

consideraccedilatildeo os saberes e interesses manifestados por elas valorizar a ludicidade como

estrateacutegia de envolvimento na construccedilatildeo de conhecimento cientiacutefico

45

Sabemos que haacute fenoacutemenos que as crianccedilas vatildeo observando e aprendendo a

identificar mas tambeacutem que nem sempre tecircm oportunidades de conhecer fatores que lhe

datildeo origem pelo que importa promover situaccedilotildees de aprendizagem em contexto preacute-

escolar que as ajudem na compreensatildeo dos mesmos Foi nessa linha de pensamento que

surgiram as atividades que desenvolvemos em torno do arco-iacuteris

As crianccedilas envolveram-se e manifestaram sentir gosto e prazer em concretizar

as atividades desenvolvidas parecendo-nos terem contribuiacutedo para que desenvolvessem

saberes e criar oportunidades de partilha dos mesmos com os outras crianccedilas e adultos e

com os pais

Relevamos ainda a importacircncia que nos parece ter assumido o alertar das

crianccedilas para a atenccedilatildeo a prestar aos outros e a importacircncia de manifestar e receber

afetos no quadro de construccedilatildeo de uma sociedade comunicativa solidaacuteria e facilitadora

da integraccedilatildeo de todos

33 Experiecircncia de aprendizagem Conhecendo diferentes culturas

No decurso da accedilatildeo educativa surgiu a abordagem da questatildeo das diferenccedilas

entre as culturas levando-nos a pensar ser importante aprofundar o questionamento e

reflexatildeo sobre esse toacutepico Nesse sentido entendemos partir da leitura da histoacuteria

Meninos de todas as cores de Luiacutesa Ducla Soares

Em trabalho de grande grupo comeccedilaacutemos por ler o tiacutetulo da histoacuteria e questionar

as crianccedilas no sentido de perceber se a conheciam As suas afirmaccedilotildees levaram-nas a

perceber que natildeo era do seu conhecimento mas que o tiacutetulo da histoacuteria estimulou a sua

curiosidade comeccedilando a fazer comentaacuterios entre si sobre a mesma e sobre o que

entendiam poder incidir

Procedemos agrave leitura da histoacuteria acompanhado com a apresentaccedilatildeo das

imagens manifestando-se as crianccedilas muito atentas ateacute ao final da mesma Terminada a

leitura questionaacutemos as crianccedilas sobre o que achavam da histoacuteria Elas afirmaram ter

apreciado o seu conteuacutedo e ilustraccedilatildeo

Sugerimos-lhes o reconto da histoacuteria neste as crianccedilas surpreendentemente

referiram pormenores do conteuacutedo da histoacuteria como a cor de cada crianccedila aspetos

sobre cada cor e respetivos objetos relacionados com as cores O entusiasmo com que

comunicavam e escutavam as outras crianccedilas deixava perceber o reconhecimento do

valor formativo da atividade Importa neste sentido relevar que como sublinham Sim-

46

Sim Silva e Nunes (2009 retomando a ideia de Mata 2008) ldquoeacute funccedilatildeo do educador

alargar intencionalmente as situaccedilotildees de comunicaccedilatildeo (hellip) que permitam agraves crianccedilas

dominar a comunicaccedilatildeo como emissores e receptoresrdquo (p 35)

Os comentaacuterios feitos pelas crianccedilas em relaccedilatildeo ao conteuacutedo da histoacuteria a

procura do livro no tempo das atividades nas aacutereas de atividades na sala e a atitude de

respeito que pareciam manifestar uns em relaccedilatildeo aos outros levou-nos a inferir ter sido

pertinente a escolha que fizemos da obra para explorar com as crianccedilas no quadro dos

seus possiacuteveis contributos para que cada um como cidadatildeo possa assumir uma atitude

de abertura aceitaccedilatildeo das diferenccedilas e valorizaccedilatildeo de todos Neste acircmbito importa

considerar que como se refere nas OCEPE (MEDEB 1997) ldquoa aceitaccedilatildeo da diferenccedila

sexual social e eacutetnica eacute facilitadora da igualdade de oportunidades num processo

educativo que respeita diferentes maneiras de ser e de saber para dar sentido agrave

aquisiccedilatildeo de novos saberes e culturasrdquo (p 54) Merece ainda natildeo esquecer que ldquoeacute numa

perspetiva de educaccedilatildeo multicultural que se constroacutei uma maior igualdade de

oportunidades entre mulheres e homens entre indiviacuteduos de diferentes classes sociais e

de diferentes etniasrdquo (pp 54-55)

Nesta linha de pensamento importa que na educaccedilatildeo preacute-escolar as crianccedilas

usufruam de oportunidades de se envolver em experiecircncias formativas que lhes

facilitem a aquisiccedilatildeo de um espiacuterito criacutetico e a interiorizaccedilatildeo de valores conhecimentos

e atitudes que contribuam para que possam comportar-se e agir segundo princiacutepios de

equidade respeito e aceitaccedilatildeo de todos no quadro de uma cidadania responsaacutevel e

esclarecida

Num outro momento e em continuidade de outras atividades desenvolvidas

anteriormente propusemos agraves crianccedilas uma atividade no acircmbito do desenvolvimento do

domiacutenio da linguagem oral e abordagem agrave escrita nomeadamente ao niacutevel da

consciecircncia fonoloacutegica e da consciecircncia grafemaacutetica

Comeccedilaacutemos por solicitar agraves crianccedilas em trabalho de pequeno grupo que

tentassem identificar siacutelabas comuns em diferentes palavras ou seja que terminassem

com a mesma siacutelaba Nesse sentido distribuiacutemos pelas crianccedilas cartotildees com trecircs

diferentes imagens e a palavra escrita que lhe correspondia solicitando-as a contornar a

siacutelaba final de cada palavra Exploraacutemos oralmente as siacutelabas de uma palavra dizendo

por exemplo Ca-ra-col (Caracol) acompanhando com palmas das crianccedilas consoante

as siacutelabas da palavra Percebemos que a maioria das crianccedilas conseguia reproduzir

corretamente o nuacutemero de siacutelabas correspondente agrave segmentaccedilatildeo das palavras em

47

siacutelabas atraveacutes do batimento de palmas Poreacutem trecircs crianccedilas das mais novas ainda natildeo

o conseguiam fazer corretamente Decidimos por isso repetir a atividade fazendo uma

crianccedila de cada vez e variando as palavras par manter o interesse e implicaccedilatildeo das

crianccedilas na atividade Reconhecemos que eacute importante organizarmos previamente a

atividade de forma a trabalhar corretamente a consciecircncia fonoloacutegica e a divisatildeo silaacutebica

das palavras com as crianccedilas criando condiccedilotildees apelativas para estimular o interesse

das mesmas ou seja criar ldquocondiccedilotildees para que as crianccedilas aprendamrdquo (MEDEB 1997

p 66)

Retomando a reflexatildeo sobre a atividade em anaacutelise sugerimos que as crianccedilas

assinalassem a uacuteltima siacutelaba das palavras Algumas crianccedilas fizeram-na sem ajuda

poreacutem outras crianccedilas necessitaram dela sendo a mesma proporcionada quer pelos

adultos da sala quer por outras crianccedilas com um niacutevel de desenvolvimento superior

Neste sentido sublinhamos a importacircncia que assume o desenvolver atividades em

pequeno grupo no qual possam beneficiar de apoio de outros que integram um niacutevel

desenvolvimento superior de modo a que possa atuar na zona de desenvolvimento

proximal (Vygotsky 1979) Neste acircmbito Novo (2009 retomando a perspetiva do

autor 1996) sublinha que ldquocom auxiacutelio de uma outra pessoa toda a crianccedila pode fazer

mais do que faria sozinhardquo (p 58)

A atividade foi gratificante natildeo apenas para as crianccedilas mas tambeacutem para noacutes

adultos percebendo os seus contributos em termos formativos indo portanto ao

encontro dos objetivos pretendidos Apesar da tenra idade foi interessante ver como as

crianccedilas aderiram agrave atividade e a realizaram com bastante empenho tentando responder

corretamente chamando os adultos para confirmarem as suas respostas e para ajudaacute-las

na sua melhor realizaccedilatildeo

Dialogaacutemos com as crianccedilas sobre a histoacuteria e sobre a opiniatildeo destas

relativamente agrave mesma escutando as suas respostas Propusemos-lhes a realizaccedilatildeo de

um ldquoestendalrdquo de palavras observando que era a primeira vez que trabalhavam com

este Explicamos-lhes o que se pretendia da atividade e vaacuterias crianccedilas sorriram e

comentaram-na ficando curiosas Procedemos agrave elaboraccedilatildeo da atividade pendurando o

fio de latilde na sala de modo a que estivesse ao acesso de todas as crianccedilas Apresentaacutemos-

lhes cartotildees com imagem e a palavra respetiva as quais no seu conjunto formavam

uma das frases retirada da histoacuteria e que tinha sido lida agraves crianccedilas

Sob a forma de jogo em que fosse articulado o prazer de brincar e o de

concretizar da tarefa propusemos que a realizaccedilatildeo do referido jogo tentando ordenar os

48

cartotildees com as imagens de modo a construirmos a frase isto eacute trabalhando a

construccedilatildeo fraacutesica As imagens da frase a ordenar eram relativas agrave frase O menino

branco entrou num aviatildeo

Relacionado com esta atividade procedemos agrave contagem do nuacutemero de cartotildees

pendurados no fio explorando o conceito de cardinal algumas crianccedilas identificaram de

imediato os seis cartotildees As crianccedilas participaram e gerou-se companheirismo na ajuda

em dar uns aos outros no sentido de que todos fossem bem-sucedidos na concretizaccedilatildeo

da proposta Trabalhamos a consciecircncia de grafema com a ajuda das educadoras (figura

18)

-Sabes que letra eacute essa que tens na matildeo

(Ed Est)

-Sei esta letra estaacute no meu nome tambeacutem eacute

um O (Rodrigo)

-Achas que essa letra eacute do mesmo tamanho

das outras (Ed Est)

-Natildeo acho que eacute maior que as outras

(Rodrigo)

Nota de campo 8 de abril 2013

Conforme iacuteamos questionando as crianccedilas de certa forma iacuteamos tambeacutem

implementando alguma informaccedilatildeo no acircmbito do domiacutenio da linguagem oral e

abordagem agrave escrita As crianccedilas iam organizando ideias mentais fazendo a construccedilatildeo

fraacutesica da mesma e compreendiam inclusive que a escrita e os desenhos transmitem

informaccedilatildeo Repetimos este exerciacutecio com vaacuterias crianccedilas pois a maioria queria

participar e colocar os cartotildees no estendal

Observaacutemos que algumas crianccedilas fizeram a construccedilatildeo fraacutesica muito mais

raacutepido do que outras manifestando algumas uma certa dificuldade na construccedilatildeo

revelando algumas incerteza sobre o que fazer

Assim e procurando que as crianccedilas percebessem a frase tiacutenhamos a imagem a

acompanhar e questionaacutemo-las vaacuterias vezes sobre a imagem que cada cartatildeo tinha a

acompanhar Atraveacutes das imagens em geral as crianccedilas compreendiam que a frase (natildeo

construiacuteda) natildeo fazia total sentido na sua leitura e voltavam a iniciar a atividade do

estendal por vezes ajudadas na atividade por um colega

Num outro momento realizaacutemos uma atividade idecircntica mas optaacutemos por

trabalhar com cores e objetos Tiacutenhamos cinco cartotildees com cinco cores diferentes e

outros tantos com objetos diferentes mas cada objeto associado a uma cor Explicaacutemos

Figura 18 - Interajuda entre as crianccedilas da sala

49

agraves crianccedilas que do nosso lado direito elas encontravam cartotildees com cores no centro

tinha cartotildees com as palavras ldquocomordquo ldquoaordquo e do lado esquerdo encontravam cartotildees

com objetos As crianccedilas tinham que conseguir formar frases como por exemplo

ldquoAmarelo como o sol branco como o leite castanho como o chocolate vermelho como

a cereja e preto como a estradardquo

Inicialmente mostraacutemos agraves crianccedilas os cartotildees com cores colocaacutemo-los no

estendal e questionaacutemo-las se sabiam o nuacutemero de cartotildees que tinha o estendal algumas

crianccedilas (Carlos Diogo e Tiago) responderam rapidamente e corretamente agrave questatildeo

enquanto as outras crianccedilas observavam e faziam a contagem mais calmamente

conseguindo identificar os cinco cartotildees com cores Questionaacutemo-las novamente

tentando saber se alguma crianccedila conseguia identificar um cartatildeo cuja palavra iniciasse

pela letra A Apoacutes um breve momento de silecircncio uma crianccedila respondeu Amarelo

comeccedila pela letra A (Carlos)

Questionaacutemos se mais alguma palavra dos cartotildees comeccedilava pela letra A e de

imediato vaacuterias crianccedilas responderam que natildeo Concluiacutemos que em cinco cartotildees um

deles comeccedilava pela letra A trabalhando assim o domiacutenio da matemaacutetica Repetimos

mais uma vez esta atividade mas solicitando que as crianccedilas identificassem a palavra

escrita no cartatildeo que iniciasse com a letra P respondendo uma delas Preto comeccedila pela

letra P e eacute tambeacutem a primeira letra do meu nome (Pedro)

Foi gratificante observar o entusiasmo das crianccedilas em quererem realizar as

atividades sendo de sublinhar o grande interesse que manifestaram em participar na

atividade De seguida iniciaacutemos a atividade de elaboraccedilatildeo do ldquoestendalrdquo das palavras

A primeira crianccedila a realizar a atividade escolheu um cartatildeo dos que tinham cores e

colocou-o no fio de latilde Questionaacutemo-la se sabia qual a cor que tinha escolhido ao que a

crianccedila respondeu corretamente ser branco Questionaacutemos de novo as crianccedilas no

sentido de perceber se sabiam o que tinha que fazer a seguir respondendo corretamente

Posteriormente foi colocado por uma crianccedila o respetivo cartatildeo agrave frente das palavras

Eacute de destacar que os uacuteltimos cartotildees incluiacuteam igualmente palavras retiradas da

histoacuteria os Meninos de todas as cores mas desta forma trabalhadas de diferente

maneira Esta atividade fez com que todas as crianccedilas trabalhassem na identificaccedilatildeo das

palavras e a sua organizaccedilatildeo na frase pois todas tiveram a oportunidade de participar

Os objetivos eram esses que todas as crianccedilas participassem na atividade de construccedilatildeo

de frases em ordem a compreenderem que a escrita e as imagens transmitem

50

informaccedilatildeo e a identificarem palavras que terminavam com a mesma siacutelaba (construccedilatildeo

de grafema)

Para que as crianccedilas pudessem dar continuidade a este tipo de atividades e criar

gosto pela leitura integraacutemos o referido estendal num espaccedilo da sala recorrendo a este

e ainda a outros materiais

Na sequecircncia da histoacuteria lida durante a semana em que esta foi explorada

sugerimos ainda agraves crianccedilas a construccedilatildeo de um cartaz relativo agrave mesma Neste acircmbito

sugerimos agraves crianccedilas que pensassem sobre o assunto e como elemento do grupo

tambeacutem apresentaacutemos propostas e depois foram discutidas as sugestotildees Assim as

crianccedilas resolveram fazer a estampagem da palma da matildeo utilizando tintas azul e

verde para que parecesse o planeta terra e que fossem pintadas cada um dos dedos de

cores diferentes como as cores dos meninos da histoacuteria que no caso seriam brancas

pretas castanhas amarelas e vermelhas Uma a uma cada crianccedila pintou e estampou

uma das matildeos no cartaz O trabalho foi desenvolvido na aacuterea de expressatildeo plaacutestica

utilizando os materiais aiacute disponiacuteveis como tintas pinceis e o papel de cenaacuterio de

modo a que pudessem usaacute-los de modo independente Entre os comentaacuterios feitos pelas

crianccedilas enquanto elaboravam o trabalho sublinhamos

-Temos aqui muitas cores verde azul amarelo preto vermelho castanho e

branco (Diogo)

-Vamos pintar os dedos com cinco cores diferentes (Tiago)

-Vou pintar o dedo de amarelo como a menina amarela como o sol (Pedro)

-Este dedo vai ser branco como o Miguel o menino branco como o accediluacutecar

(Rafael)

-O meu dedo do meio vai ser castanho como o chocolate (Renato)

-O meu dedo pequeno vai ser vermelho como a menina da cor do sangue

(Carlos)

-Este dedo vou pintar de preto como as azeitonas (Pedro)

Nota de campo 9 de abril 2013

Os comentaacuterios feitos pelas crianccedilas permitiram perceber que mobilizavam

informaccedilatildeo relacionada com as atividades anteriores mas tambeacutem as suas

intencionalidades e a diversidade de tintas disponiacuteveis A imagem apresentada na figura

19 daacute conta do trabalho desenvolvido

51

Importa neste acircmbito relevar que nas OCEPE (MEDEB 1997) se alerta para a

importacircncia de as crianccedilas terem ldquoagrave sua disposiccedilatildeo vaacuterias cores que lhes possibilitem

escolher e utilizar diferentes formas de combinaccedilatildeordquo (p 62) Sublihamos ainda a

importacircncia de as crianccedilas poderem percorrer os seus proacuteprios caminhos de expressatildeo

artiacutestica mas tambeacutem que elas necessitam para tal de oferecer-lhes aleacutem da

experimentaccedilatildeo de materiais as diferentes formas de arte na pintura (UNESCO 2005

p 31) Importa ainda considerar que as tintas exercem grande fasciacutenio na crianccedila tanto

pela cor quanto pela sensaccedilatildeo agradaveacutel que produzem ao serem manuseadas (idem)

Mais tarde propusemos agraves crianccedilas a criaccedilatildeo de fantoches com materiais

reciclados acerca da histoacuteria dos Meninos de todas as cores As crianccedilas mostraram-se

bastante curiosas pois ainda natildeo tinham trabalhado com fantoches e iria ser uma

atividade diferente Organizaacutemo-nos em pequenos grupos de trabalho no total de cinco

crianccedilas em cada propondo-lhes que cada um que pintasse uma luva integrando em

cada dedo uma cor diferente Por sua vez outros grupos de crianccedilas trabalhavam na

criaccedilatildeo dos transportes que apareciam na histoacuteria

Dialogaacutemos sobre a possibilidade da representaccedilatildeo da histoacuteria agraves outras crianccedilas

e adultos do jardim-de-infacircncia As crianccedilas entusiasmaram-se com a iniciativa e por

consenso decidimos proceder agrave concretizaccedilatildeo da mesma como mais tarde aconteceu

Assumimos o papel de narrador e o grupo de crianccedilas ficou com a

responsabilidade de representar a histoacuteria procedendo agrave manipulaccedilatildeo dos fantoches

Todas as crianccedilas e educadoras da sala apoiaram e elogiaram a representaccedilatildeo

Repetimos do mesmo modo a apresentaccedilatildeo de fantoches na sala dos trecircs anos e tambeacutem

aqui as crianccedilas foram bastante aplaudidas e elogiadas

Em siacutentese importa evidenciar que esta atividade foi rica em conteuacutedo e os

objetivos foram concretizados fazendo com que as crianccedilas pudessem acima de tudo

ser elas a participar ativamente nas atividades terem contacto direto com os materiais e

Figura 19 - Sequecircncia de imagens da construccedilatildeo do cartaz

52

usufruiacuterem de prazer manifestando entusiasmo e envolvimento na sua realizaccedilatildeo Esta

atividade proporcionou agraves crianccedilas um momento de contacto com crianccedilas de outras

salas ou seja de outras faixas etaacuterias e por conseguinte com carateriacutesticas diversas

Fez com que estas pudessem de certa forma desenvolver o relacionamento social entre

elas Importa relembrar Hohmann e Weikart (20011) quando sublinham que

atraveacutes da imitaccedilatildeo e do faz-de-conta as crianccedilas organizam aquilo que

compreendem e ganham um sentido de mestria e controlo sobre os

acontecimentos que testemunharam ou nos quais fazem parte (hellip) Fazer de

conta e representar papeacuteis tendem a ser actividades francamente sociais e

parecem ter um efeito positivo no desenvolvimento social e de linguagem

das crianccedilas (p 494)

Esta experiecircncia de aprendizagem fez com que fosse possiacutevel haver

continuidade com as atividades anteriores fornecendo assim um processo formativo

articulado e integrado Foi possiacutevel explorar conteuacutedos relacionados com as cores as

diferenccedilas de raccedila entre a humanidade e as culturas e a vivecircncia de um processo pautado

pela interajuda e cooperaccedilatildeo entre os elementos do grupo Esta experiecircncia permitiu

ainda contribuir para as crianccedilas desenvolverem a consciecircncia de grafema a criaccedilatildeo de

fantoches a dramatizaccedilatildeo de uma histoacuteria e a interaccedilatildeo em grupos alargados

Desta experiecircncia de aprendizagem importa ainda relevar o prazer e alegria

manifestados pelas crianccedilas em fazer atividades como a de poderem pintar a palma da

matildeo as luvas escolher as cores que queria colocar-lhes e ver as produccedilotildees do grupo

divulgadas para as famiacutelias ou outros atraveacutes de um cartaz que foi exposto no corredor

de entrada da instituiccedilatildeo As crianccedilas puderam construir pensamentos e saberes

construindo em nosso entender uma aprendizagem com significado para todos os

implicados nesse processo

34 Experiecircncia de aprendizagem Descobrir trabalhando

colaborativamente

Tendo como objetivo proporcionar agraves crianccedilas um momento de interaccedilatildeo e

interajuda entre elas sugerimos a realizaccedilatildeo de um jogo ao ar livre no recreio da

instituiccedilatildeo Tendo os espaccedilos interiores e exteriores potencialidades proacuteprias eacute

importante que os educadores tirem partido das mesmos (MEDEB 1997) procurando

diversificar e enriquecer as atividades em que se envolvem as crianccedilas

Assim aproveitaacutemos o espaccedilo interior e exterior para explorar de uma forma

diferente as cores que apresenta o mundo fiacutesico em que nos integramos Sabemos que

53

as crianccedilas gostam naturalmente de observar mas tambeacutem que eacute importante que se

valorizem as observaccedilotildees que fazem na construccedilatildeo da sua aprendizagem e

desenvolvimento Eacute nesta linha de pensamento que se situa esta experiecircncia de

aprendizagem

De forma a iniciar a atividade de pesquisa as crianccedilas formaram cinco grupo

explicaacutemos que o objetivo era irmos ao exterior observar as cores que existem no

mundo agrave nossa volta e que cada um tinha como tarefa tentar descobrir onde poderia

encontrar-se uma cor por ele escolhida Para efetuarem a escolha da cor apresentaacutemos

um conjunto de cartotildees numa caixa e cada grupo retirou um procurando ter em

consideraccedilatildeo que as cores a observar por cada grupo deveriam ser diferentes

Escolhida a cor a observar por cada grupo deslocaacutemo-nos ao exterior da

instituiccedilatildeo (redondezas das mesma) tendo como objetivo identificar e registar

elementos que apresentassem as seguintes cores vermelho verde laranja azul e

amarelo A figura 20 ilustra o ambiente e daacute conta da implicaccedilatildeo da procura na recolha

de dados

De regresso agrave sala de atividades e em

grande grupo realizaacutemos a contagem dos

objetos observados e registados pelos adultos

com base na indicaccedilatildeo dada pelas crianccedilas de

cada um dos grupos O grupo que observou

mais elementos foi o que tinha como tarefa

observar elementos de cor amarela tendo

registado um total de treze seguindo-se-lhe o

grupo verde com nove o grupo azul com oito e os grupos laranja e vermelho com cinco

elementos cada um

No sentido de evitar a extensatildeo do relatoacuterio mas tambeacutem de ilustrar o

observado apresentamos aqui apenas os dados relativos ao grupo que observou

elementos de cor amarela tendo indicado

- O escorrega eacute amarelo (Luana)

- O muro do passeio tambeacutem eacute (Ricardo)

- O sol eacute amarelo (Rafael)

- As peacutetalas da flor satildeo amarelas (Gonccedilalo)

- O girassol eacute amarelo (Gonccedilalo)

- A parede da escola eacute amarela (Inecircs)

- O tubo da escola tambeacutem eacute amarelo (Inecircs)

- A antena eacute amarela (Gonccedilalo)

Figura 20 - Crianccedilas procurando objetos

da respetiva cor

54

- A cola que sai das aacutervores tambeacutem eacute amarela (Inecircs)

- A luz do poste eacute amarela agrave noite (Rafael)

- A areia do recreio tambeacutem eacute amarela (Ricardo)

- Aquela casa tambeacutem eacute amarela (Inecircs)

- A girafa colada naquela janela eacute amarela (Luana)

Nota de campo 22 de abril 2013

Os enunciados apresentados permitem-nos perceber que todas as crianccedilas foram

capazes destacar uma ou mais elementos da cor a identificar O mesmo se verificou com

os restantes grupos mas para aleacutem da identificaccedilatildeo de mais ou menos elementos

entendemos ser importante destacar o envolvimento das crianccedilas na procura de dados a

interajuda que se gerou natildeo apenas ao niacutevel do interior de cada grupo como tambeacutem

intergrupos surgindo situaccedilotildees em que se alertavam uns aos outros sobre onde

observar

Na sequecircncia desta atividade uma das crianccedilas sugeriu que poderiam desenhar

os objetos que observaram Apoiaacutemos a iniciativa e alertaacutemos que para o fazerem

poderiam utilizar diferentes materiais Entendemos que o uso de materiais de natureza

diversificada poderia ajudar as crianccedilas nas suas representaccedilotildees

Os elementos observados e registados permitiram-nos explorar conceitos

matemaacuteticos ao niacutevel da contagem classificaccedilatildeo e forma de objetos No que se refere agrave

classificaccedilatildeo desses elementos procuraacutemos ter em conta que como se refere nas

OCEPE (MEDEB 1997) ldquoagrupar os objetos ou seja formar conjuntos de acordo

com um criteacuterio previamente estabelecido a cor a forma etc reconhecendo as

semelhanccedilas e diferenccedilas (hellip) permitem distinguir o que pertence a um e a outro

conjuntordquo (p 74)

Assim partindo dos desenhos realizados pelas crianccedilas procedemos agrave formaccedilatildeo

de conjuntos atendendo agrave cor que integravam os elementos representados Para isso

colocaacutemos no chatildeo da sala cinco arcos referentes cada um agrave cor e em cada arco as

crianccedilas colocavam os respetivos desenhos Depois procedemos agrave contagem dos

elementos de cada conjunto e comparaccedilatildeo do que tinha mais e menos elementos

surgindo por parte das crianccedilas algumas leituras como os exemplos deixam perceber

Procuraacutemos cinco cores (Rodrigo) O arco que tem mais objetos eacute o amarelo (Inecircs)

Aproveitando ainda as falas de duas crianccedilas referindo uma que viu um sinal

(hellip) azul e quadrado (Micael) e outra que observou um sinal vermelho que tinha a

forma redonda (Manuel) propusemos agraves crianccedilas que identificassem na sala e

55

nomeassem elementos que apresentavam uma forma geomeacutetrica Verificaacutemos que as

crianccedilas identificaram com alguma facilidade algumas formas geomeacutetricas como os

exemplos dos seus enunciados permitem perceber

- A mesa eacute redonda [ciacuterculo] (Pedro)

- O quadro [expositor] eacute quadrado (Tiago)

- E o tapete tem a forma de um retacircngulo (Diogo)

- Aquela reacutegua [esquadro] tem a forma de triacircngulo (Margarida)

- Conseguimos descobrir quatro formas geomeacutetricas (Manuel)

Nota de campo 23 de abril 2013

Num outro momento e partindo da fala de outra crianccedila (Mariana) que referiu

que o laranja era sua cor favorita (Mariana) sugerimos agraves crianccedilas tentar descobrir qual

era a cor preferida do grupo Neste sentido solicitaacutemos-lhes que colocassem a matildeo no

ar quando disseacutessemos a sua cor favorita contando o nuacutemero de elementos indicados

mas sem os registar

Apoacutes todas as crianccedilas terem indicado a cor favorita questionaacutemo-las se sabiam

qual seria a cor mais escolhida por mais crianccedilas do grupo

- Jaacute natildeo me lembro (Rafael)

- Todos pusemos a matildeo no ar (Diogo)

Nota de campo 23 de abril 2013

Os enunciados deixam perceber a dificuldade que eacute fazer a leitura de dados

observados sem que se proceda ao registo dos mesmos No sentido de ajudar o grupo a

perceber a importacircncia de registar os dados recolhidos questionaacutemos as crianccedilas sobre

como poderiacuteamos entatildeo descobrir a cor favorita do grupo Surgiram vaacuterias respostas

uma delas do Carlos que indicava que podiacuteamos pocircr as cores numa cartolina e depois

puacutenhamos a nossa cor favorita laacute Discutimos a proposta merecendo consenso a sua

concretizaccedilatildeo e no sentido de facilitar a compreensatildeo do conceito de nuacutemero

propusemos agraves crianccedilas que fosse indicada a preferecircncia colocando um lego em cima

da cor preferida o que fizemos Indicadas as preferecircncias procedemos agrave leitura dos

resultados surgindo os seguintes comentaacuterios

- A cor com menos legos eacute a preta e a castanha (Rodrigo)

- Assim podemos ver o tamanho dos legos (Pedro)

- Tem legos da mesma altura (Manuel) Nota de campo 24 de abril 2013

56

Tiacutenhamos assim construiacutedo um graacutefico de barras em conjunto e como

mencionam Castro e Rodrigues (2008) ldquoa organizaccedilatildeo dos dados em graacuteficos permite

uma anaacutelise mais raacutepida uma vez que a contagem dos elementos da mesma categoria eacute

mais evidenterdquo (p 72) Promovemos a discussatildeo escutando as opiniotildees expressas pelas

crianccedilas na leitura do mesmo pois como referem os autores (idem) ldquoapoacutes a construccedilatildeo

do graacutefico (hellip) deve sempre haver um momento em que se discute o que este nos

sugererdquo (ibidem)

Procedemos em seguida agrave leitura dos dados (atraveacutes da contagem dos legos)

observando que a cor mais escolhida era o azul com sete escolhas e as menos

escolhidas seriam o castanho e o preto com uma escolha

Propusemos ao grupo o registo desses dados elaborando para o efeito uma

tabela de dupla entrada Propusemos agraves

crianccedilas que sugerissem um tiacutetulo para a

tabela ideia para a qual apontam Castro e

Rodrigues (idem) Apoacutes vaacuterias respostas das

crianccedilas acordaacutemos que o tiacutetulo fosse A

minha cor favorita O nome das crianccedilas foi

registado por elas na quadriacutecula vertical do

lado esquerdo e na horizontal indicaacutemos as

cores como mostra a figura 21

Entendemos que se tratou de uma

atividade enriquecedora para as crianccedilas pois estas visualizaram e experimentaram a

construccedilatildeo de uma tabela sendo esta facilitadora da anaacutelise e interpretaccedilatildeo dos dados

Num outro momento e relembrando uma afirmaccedilatildeo de uma crianccedila (Carlos)

que tinha dito que o vidratildeo era verde e considerando que algumas crianccedilas

manifestaram natildeo saber o que era o vidratildeo achaacutemos importante dialogar com as

crianccedilas sobre os ecopontos

Comeccedilamos por abordar a importacircncia da reciclagem e posteriormente

apresentaacutemos uma canccedilatildeo que explicava a separaccedilatildeo de resiacuteduos soacutelidos Como se

refere nas OCEPE (MEDEB 1997) existe uma relaccedilatildeo entre a canccedilatildeo e a palavra

trabalhar as letras das canccedilotildees relaciona o domiacutenio da expressatildeo musical

com a linguagem que passa por compreender o sentido do que se diz por

tirar partido das rimas para discriminar os sons por explorar o caraacutecter

luacutedico das palavras e criar variaccedilotildees da letra original (p 64)

Figura 21 - Crianccedila preenchendo a tabela das cores

favoritas

57

Concordando com a afirmaccedilatildeo podemos salientar que atraveacutes da expressatildeo

musical as crianccedilas satildeo capazes de captar a informaccedilatildeo mais raacutepido No final uma das

crianccedilas perguntou se poderiam construir ecopontos para ter na sala Considerando a

sugestatildeo da crianccedila levaacutemos caixas que as crianccedilas decoraram com o objetivo de

organizarmos na sala ecopontos Quando construiacutedo os ecopontos promovemos um

jogo que consistia em colocar resiacuteduos soacutelidos no ecoponto correto

A experiecircncia de aprendizagem descrita proporcionou agraves crianccedilas em nosso

entender uma forma ativa e significativa de construccedilatildeo de pensamentos e saberes

Relevamos a importacircncia que assumiu a accedilatildeo desenvolvida no espaccedilo exterior da

instituiccedilatildeo enquanto meio de recolha de informaccedilotildees a partir das quais surgiram novas

oportunidades de aprendizagem

Atraveacutes desta experiecircncia de aprendizagem pudemos explorar com as crianccedilas

aacutereas e domiacutenios de conteuacutedo como a matemaacutetica a Linguagem oral e abordagem agrave

escrita expressatildeo plaacutestica a aacuterea do Conhecimento do Mundo e a aacuterea de Formaccedilatildeo

pessoal e Social

Sabemos que as crianccedilas satildeo grandes observadoras e criacuteticas do mundo que as

rodeia e atraveacutes dos seus comentaacuterios constataacutemos que observavam atendendo a

pormenores

Importa relevar que devemos escutar cada crianccedila valorizando a sua

contribuiccedilatildeo para o grupo fomentar o diaacutelogo entre elas e o seu desejo de comunicar

Corroboramos assim a ideia expressa nas OCEPE (MEDEB 1997) que

eacute no clima de comunicaccedilatildeo criado pelo educador que a crianccedila ira

dominando a linguagem alargando o seu vocabulaacuterio construindo frases

mais corretas e complexas adquirindo um maior domiacutenio da expressatildeo e

comunicaccedilatildeo que lhe permitam formas mais elaboradas de representaccedilatildeo (p

67)

Concluiacutemos que eacute crucial que o educador planeie situaccedilotildees de aprendizagem que

sejam desafiadoras para as crianccedilas de modo a que as motive e as estimule a aprender e

a desenvolver-se Esta experiecircncia permitiu ainda perceber que para aleacutem das atividades

planeadas foram integradas outras propostas pelas crianccedilas A este respeito importa

relembrar que ldquoo planeamento realizado com a participaccedilatildeo das crianccedilas permite ao

grupo beneficiar da sua diversidade das capacidades e competecircncias de cada crianccedila

num processo de partilha facilitador da aprendizagem e do desenvolvimento de todas e

de cada umardquo (MEDEB 1997 p 26)

58

Tentaacutemos ainda articular todas as aacutereas do conteuacutedo pois como se refere nas

OCEPE (idem) ldquoque as diferentes aacutereas de conteuacutedo deveratildeo ser consideradas como

referencias a ter em conta do planeamento e avaliaccedilatildeo e experiecircncias e oportunidades

educativas e natildeo como compartimentos estanque a serem abordados separadamenterdquo (p

48)

59

IV Reflexatildeo Criacutetica

Refletimos nesta uacuteltima parte sobre a praacutetica educativa desenvolvida

abordando os conteuacutedos que procuraacutemos explorar com as crianccedilas

No iniacutecio da praacutetica educativa as expectativas eram muitas as quais se prendiam

com o desenvolvimento de atividades estimulantes e criativas o respondermos agraves

solicitaccedilotildees de todas crianccedilas e o sermos bem acolhidas pelas crianccedilas e membros da

instituiccedilatildeo entre outras As duacutevidas e os receios eram tambeacutem muitos mas com o

decorrer do tempo fomos conhecendo as crianccedilas e ganhando laccedilos de afeto ajudando-

nos a ultrapassar estes sentimentos Para tal foi importante a reflexatildeo e o diaacutelogo com

os diferentes intervenientes no processo educativo gerando-se um ambiente de

compreensatildeo e ajuda muacutetua

Procuraacutemos ter disponibilidade para cooperar para experienciar de certa forma

para aprender com os erros e com as conquistas alcanccediladas reconhecendo que em certas

alturas conseguimos suscitar o envolvimento das crianccedilas e criar atividades

enriquecedoras Poreacutem noutros momentos sentimos algumas dificuldades no que se

refere agrave elaboraccedilatildeo da planificaccedilatildeo das atividades e ao tornar acessiacutevel agraves crianccedilas a

compreensatildeo de alguns conteuacutedos o que tentaacutemos ir superando de forma a criar

respostas adaptadas agraves suas necessidades e do grupo Este processo permitiu-nos

aprender e desenvolver-nos do ponto de vista pessoal e profissional

Demos importacircncia agraves atividades iniciadas pelas crianccedilas tentamos responder agraves

suas duacutevidas e procuraacutemos desenvolver com elas experiecircncias de aprendizagem que

incluiacutessem as diferentes aacutereas e domiacutenios de conteuacutedo curricular

Refletimos sobre as perspetivas de aprendizagem nas quais buscaacutemos apoiar a

accedilatildeo educativa que desenvolvemos destacando o papel ativo das crianccedilas Nesta

reflexatildeo procuraacutemos relevar e retratar as vaacuterias dimensotildees da accedilatildeo educativa

merecendo-nos particular atenccedilatildeo as intervenccedilotildees os espaccedilos a observaccedilatildeo

planificaccedilatildeo entre outros

Procuraacutemos evidenciar as ideias que estiveram na base da praacutetica de ensino

supervisionada desenvolvida e aprendizagens promovidas com as crianccedilas Assim

valorizando as perspetivas das crianccedilas e procurando a curiosidade e o desejo de querer

saber sempre mais sentimentos que foram manifestados pelas crianccedilas e que

procuramos ter em consideraccedilatildeo para ir regulando a nossa praacutetica em ordem agrave

60

construccedilatildeo de oportunidades educativas que favorecessem a progressatildeo de cada uma e

do grupo O trabalho colaborativo quer com os adultos quer com as crianccedilas foi na

dimensatildeo valorada e que constitui o suporte para uma continuada progressatildeo do ponto

de vista da nossa formaccedilatildeo pessoal e profissional Nesta linha de pensamento

relevamos que como afirmam Hohmann e Weikart (2011)

Quando as crianccedilas e os adultos trabalham em conjunto em qualquer

ambiente de aprendizagem em acccedilatildeo sustentado num clima de apoio

interpessoal as crianccedilas sentem-se motivadas a prosseguir e levar a bom

porto as suas intenccedilotildees e motivaccedilotildees Os adultos encorajam as crianccedilas a

utilizar aquilo que sabem para resolver problemas e a iniciar novas

experiecircncias atraveacutes das quais ganharatildeo uma outra compreensatildeo sobre o que

as rodeia (p 75)

A maioria das crianccedilas da sala mostrou implicaccedilatildeo nos trabalhos desenvolvidos

vontade de realizar novas experiecircncias e procurar diferentes fontes de informaccedilatildeo O

gosto por participar e por conhecer suscitavam questionamentos e a procura de novas e

diferentes formas de informaccedilatildeo

Aproveitaacutevamos momentos em grande grupo momentos em pequenos grupos

momentos na sala e momentos no recreio para observar as crianccedilas da sala e refletir

sobre as suas curiosidades e motivaccedilotildees Procuramos observar as crianccedilas e registar

informaccedilatildeo sobre o cada uma e o grupo o que natildeo foi tarefa faacutecil considerando o duplo

papel que tiacutenhamos que assumir o de observadores e atores Acrecenta-se ainda a esse

aspeto a dimensatildeo extenccedila do grupo o tempo limitado destinado agrave praacutetica para que

pudesse ser-lhe dada continuidade

Tivemos em conta os interesses das crianccedilas e pusemos o foco de atenccedilatildeo nas

interaccedilotildees que estas estabeleciam com os objetos e os adultos de forma a desenvolver

desse modo aprendizagens com significado

As crianccedilas desde o iniacutecio da praacutetica educativa foram demonstrando que as

atividades tinham significado para elas pois trabalhavam com motivaccedilatildeo e entusiasmo e

mostravam recordar-se das experiecircncias realizadas como exemplo as desenolvidas em

torno da histoacuteria do Elmer

Apesar de ser um grupo constituiacutedo por vaacuterios elementos preocupamo-nos que

cada crianccedila pudesse escolher e ter faacutecil acesso as aacutereas e materiais da sala de uma

forma autoacutenoma ocasionando dessa forma aprendizagens ativas nas mesmas pois eacute

atraveacutes da accedilatildeo com os materiais que as crianccedilas chegam agrave compreensatildeo do mundo

Estas tendo a possibilidade de escolher e sendo as mesmas a tomar decisotildees e

61

resolvendo os problemas que apareciam no dia-a-dia desenvolviam a sua

independecircncia

Esteve presente a preocupaccedilatildeo de planificar e criar experiecircncias de

aprendizagem de modo a que todas as crianccedilas se envolvessem nas atividades e nos

momentos de brincadeiras fazendo com que estas desenvolvessem cada vez mais

competecircncias

Pudemos evidenciar que existiram bastantes momentos aproveitados para

dialogar com as crianccedilas permitindo desse modo conhececirc-las de uma forma

individualizada permitindo escutar as suas opiniotildees questionar e sermos questionados

partilhar e engrandecer os saberes das crianccedilas

Para a realizaccedilatildeo da praacutetica educativa utilizamos a planificaccedilatildeo semanal como

instrumento sistemaacutetico de trabalho procuraacutemos bastante informaccedilatildeo em diversos

documentos direcionados para o preacute-escolar contudo natildeo descartamos outros

documentos essenciais a uma planificaccedilatildeo rica nos seus conteuacutedos e procuraacutemos

orientar os diferentes elementos do curriacuteculo em conformidade com as necessidades e

interesses das crianccedilas A elaboraccedilatildeo das planificaccedilotildees foram desde cedo pensadas e

realizadas em conformidade com os conteuacutedos adequados agrave idade das crianccedilas e

adequadas agrave evoluccedilatildeo das mesmas por isso tentaacutemos clarificar todas as atividades para

que natildeo houvesse duacutevidas nas mesmas por parte dos destinataacuterios

Apercebemo-nos que as atividades planificadas tiveram constantemente ligaccedilatildeo

umas com as outras Por vezes surgiam atividades que natildeo estavam previstas nas

planificaccedilotildees mas surgiam em conformidade com a curiosidade das crianccedilas e

manifestaccedilatildeo destas em quererem aprender sempre mais sobre certos conteuacutedos Sendo

que estas favoreciam em vaacuterias ocasiotildees o desenvolvimento de competecircncias em

diversos domiacutenios tornando desse modo mais faacutecil trabalhar todos e cada um

As experiecircncias de aprendizagem foram organizadas de modo a surgirem

aprendizagens ativas e significativas nas crianccedilas desafiando-as a participar a serem as

mesmas a intervir nas atividades a realizaacute-las a tirar partido de toda a informaccedilatildeo e de

todos os conteuacutedos a tomar iniciativa e a aprenderem informaccedilotildees necessaacuterias sobre

cada domiacutenio da educaccedilatildeo preacute-escolar

Em diversas atividades estiveram presentes histoacuterias que eram novas para as

crianccedilas e continham informaccedilotildees novas para as mesmas e pudemos atraveacutes destas

trabalhar diversos conteuacutedos Tentamos que as histoacuterias despertassem na crianccedila

curiosidade em aprender mais sobre tudo o que nos rodeia tentando durante a leitura da

62

mesma captar a atenccedilatildeo das crianccedilas e fazer com que estas pudessem trabalhar o

imaginaacuterio e pocirc-lo em praacutetica na realidade

Eacute pertinente afirmar que os adultos possuem um papel importante no que

respeita a motivaccedilatildeo das crianccedilas de modo a que autonomamente estas vatildeo ao

encontro do que podem aprender com a escrita e a leitura percebendo assim a

importacircncia destes conteuacutedos para o seu futuro

Buscaacutemos em vaacuterios aspetos relacionar o que as crianccedilas escutavam com toda a

informaccedilatildeo que possuiacuteam previamente As crianccedilas eram questionadas e inclusive

dialogaacutevamos com elas sobre o conteuacutedo da leitura Como mencionam Sim-sim Silva e

Nunes (2008) a interaccedilatildeo das educadoras durante a leitura de livros em sala de

atividades tem muito a ver com a forma como estas leem livros com crianccedilas em

contexto de grupo e que estaacute fortemente relacionada com o desenvolvimento a longo

prazo do vocabulaacuterio e de competecircncias de compreensatildeo de histoacuterias

Abordando um pouco a gestatildeo do tempo e dos espaccedilos podemos afirmar que

efetuamos durante toda a praacutetica uma flexibilidade em relaccedilatildeo agrave gestatildeo da rotina

diaacuteria existente na sala Pois para a criaccedilatildeo de um bom ambiente educativo eacute

necessaacuterio existir uma boa organizaccedilatildeo de tempo das atividades

O trabalho em pequeno e grande grupo possibilitou-nos um melhor

acompanhamento das crianccedilas de forma a compreendermos os interesses e motivaccedilotildees

destas e estimulando-as a experimentar e promover a cooperaccedilatildeo com as outras crianccedilas

do grupo Destacamos neste sentido que como sublinham as Orientaccedilotildees Curriculares

(MEDEB 1997) ldquoa relaccedilatildeo que o educador estabelece com cada crianccedila eacute facilitadora

da sua inserccedilatildeo no grupo e das relaccedilotildees com as outras crianccedilasrdquo (p 35) Eacute necessaacuterio

considerar que essa relaccedilatildeo envolve a criaccedilatildeo de um ambiente agradaacutevel onde cada crianccedila

se sinta ouvida

Recordaacutemos que o jardim-de-infacircncia deve facultar um conjunto alargado de

saberes permitir formar pessoas autoacutenomas livres e solidaacuterias Procuraacutemos ajudar as

crianccedilas a desenvolverem as habilidades necessaacuterias para tomar decisotildees elucidadas

Consideraacutemos que as experiecircncias de aprendizagem facultaram agraves crianccedilas um

equiliacutebrio de experiecircncias nas diferentes aacutereas e domiacutenios de aprendizagem e que se

revelaram positivas pela participaccedilatildeo ativa demonstrada pelas crianccedilas o empenho e

concentraccedilatildeo das mesmas nas atividades

As crianccedilas foram os elementos centrais na praacutetica educativa porque para aleacutem

de participarem nas atividades tambeacutem participavam em todos os momentos de

63

diaacutelogo onde deram as suas opiniotildees e foi atraveacutes de todos estes momentos que

aproveitamos para proporcionar agraves crianccedilas atividades enriquecedoras aproveitando a

maioria das vezes situaccedilotildees segundo as ideias preacutevias das crianccedilas

Desejaacutemos que as crianccedilas se tornem sucessivamente mais autoacutenomas

responsaacuteveis curiosas e em accedilatildeo

Achaacutemos que as estrateacutegias que utilizamos proporcionaram agraves crianccedilas desfrutar

de oportunidades de bem-estar e de desenvolvimento de competecircncias a diversos niacuteveis

Apercebemo-nos ao longo da accedilatildeo educativa que a partilha de conhecimentos

conduziu-nos e conduziraacute futuramente agrave construccedilatildeo de novos e diferentes saberes

Atualmente e terminada a nossa experiecircncia da praacutetica educativa achaacutemos

todas as estrateacutegias que utilizamos facultaram agraves crianccedilas oportunidades de bem-estar e

desenvolvimento a vaacuterios niacuteveis Estas oportunidades de conhecimento conduziram a

crianccedila agrave construccedilatildeo de novos saberes indo ao encontro ao nosso objetivo final Sendo

assim podemos afirmar que as nossas intenccedilotildees foram concretizadas

Em suma achaacutemos pertinente afirmar que todo o trabalhado realizado

proporcionou aprendizagens significativas na nossa formaccedilatildeo como educadoras de

infacircncia

64

Consideraccedilotildees Finais

Finda esta etapa onde as conquistas e desafios foram variados e que em muito

contribuiu para o desenvolvimento de competecircncias profissionais e pessoais eacute chegado

o momento de efetuar algumas consideraccedilotildees acerca do desenvolvimento da praacutetica

educativa

Acreditamos que as caracteriacutesticas consideradas fundamentais para o nosso

desempenho profissional como futuros educadores de infacircncia foram alvo de progresso

ao longo da praacutetica educativa que desenvolvemos Salientamos o importante papel que a

supervisora teve neste processo de formaccedilatildeo em que os feedbacks dados pela mesma

nos levaram a um claro progresso Esta partilha permitiu uma constante reflexatildeo sobre

as praacuteticas promovidas e contribuiu desta maneira para o nosso desenvolvimento

profissional e pessoal

As crianccedilas assumiram neste processo um papel importante papel considerando

que foram criadoras de situaccedilotildees que nos ajudaram a refletir e a investir na procura de

novas informaccedilotildees para que pudeacutessemos encontrar respostas coerentes e com

continuidade As experiecircncias de aprendizagem vividas no contexto onde decorreu a

praacutetica de ensino possibilitaram-nos aprender e desenvolver competecircncias relacionadas

com a dimensatildeo da aprendizagem e desenvolvimento das crianccedilas da integraccedilatildeo do

curriacuteculo da interaccedilatildeo e de dimensatildeo eacutetica e social Para tal os contributos dos vaacuterios

agentes educativos revelaram-se fundamentais neste curto processo de formaccedilatildeo

Concluindo reconhecemos que ainda temos um longo caminho a percorrer no

entanto estamos cientes do caminho que percorremos e do importante papel que neste

processo assumiu a praacutetica de ensino supervisionada Sublinhamos que construiacutemos

novos olhares sobre a educaccedilatildeo de infacircncia a imagem da crianccedila e sobre o papel do

educador de infacircncia Esta experiecircncia proporcionou-nos uma evoluccedilatildeo na medida que

possuiacutemos um leque abrangente de experiecircncias Temos desejo em continuar a

progredir renovando conhecimentos e desenvolvendo novas aprendizagens ao longo da

vida com vista agrave realizaccedilatildeo pessoal e profissional

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escolar

Lei nordm 51997 de 10 de Fevereiro ndash Lei quadro da Educaccedilatildeo Preacute-escolar

Page 8: Cátia Alexandra Mendes Machado...Figura 13 - Livro - Elmer e o arco-íris de David Mckee. ..... 39 Figura 14 - Desenho de um arco-íris realizado por uma criança da sala..... 41

1

Introduccedilatildeo

A educaccedilatildeo preacute-escolar eacute reconhecida como a primeira etapa da educaccedilatildeo baacutesica

no processo de educaccedilatildeo ao longo da vida da qual se espera que em

complementaridade com a accedilatildeo educativa da famiacutelia favoreccedila a formaccedilatildeo e o

desenvolvimento das crianccedilas tendo em vista a sua plena inserccedilatildeo na sociedade como

seres autoacutenomos livres e solidaacuterios (Lei nordm597 de 10 de fevereiro artordm 2ordm) Como tal

devemos proporcionar agraves crianccedilas experiecircncias de aprendizagem de natureza diversa

atraveacutes das quais possam aprender e desenvolver-se

Sendo o educador o construtor e o gestor do curriacuteculo (MEDEB 1997)1 deve

procurar fazecirc-lo em equipa e escutando os saberes das crianccedilas das suas famiacutelias e da

comunidade As Orientaccedilotildees Curriculares para a Educaccedilatildeo Preacute-Escolar2 satildeo um ponto

de apoio para o processo educativo a desenvolver

A faixa etaacuteria em que se encontravam as crianccedilas do grupo com o qual

desenvolvemos a praacutetica de ensino supervisionada requer uma constante atenccedilatildeo e

resposta pelo que pressupotildee que o educador exerccedila a sua accedilatildeo profissional com

entusiasmo e dedicaccedilatildeo suficiente para tornar possiacutevel que as crianccedilas aprendam e

possam ser cidadatildeos responsaacuteveis e dotados de consciecircncia ciacutevica e moral

Eacute nesta linha de pensamento que se integra o trabalho que desenvolvemos e

apresentamos neste relatoacuterio Como tal propomo-nos destacar os aspetos que podem

ajudar agrave sua compreensatildeo procurando que seja o mais congruente possiacutevel com aquela

que eacute a representaccedilatildeo que temos do que foi a nossa praacutetica de ensino supervisionada

A sua estrutura contempla num primeiro capiacutetulo a caraterizaccedilatildeo do contexto

educativo em particular no que se refere agrave organizaccedilatildeo da instituiccedilatildeo e agrave constituiccedilatildeo e

carateriacutesticas de aprendizagem do grupo de crianccedilas com o qual desenvolvemos a

praacutetica educativa bem como agrave organizaccedilatildeo do ambiente educativo considerando o

espaccedilo e os materiais o tempo pedagoacutegico e as interaccedilotildees estabelecidas ao niacutevel do

grupo Neste acircmbito relevamos a implicaccedilatildeo de todos adultos e crianccedilas na criaccedilatildeo de

oportunidades de accedilatildeo e de relaccedilatildeo que favorecessem o seu bem-estar e

desenvolvimento

No segundo capiacutetulo procedemos agrave fundamentaccedilatildeo das opccedilotildees educativas

procurando aprofundar conhecimentos sobre o processo de aprendizagem numa

1 Ministeacuterio da EducaccedilatildeoDepartamento de Educaccedilatildeo Baacutesica

2 Considerando que ao longo do presente relatoacuterio vamos utilizar vaacuterias vezes esta fonte de referecircncia

passamos a indicaacute-las apenas pela sigla OCEPE

2

perspetiva ativa e os modelos curriculares que favorecem a construccedilatildeo de uma praacutetica

desta natureza como o modelo HighScope o modelo Reggio Emilia e o modelo da

Escola Moderna Debruccedilamo-nos ainda sobre as linhas de orientaccedilatildeo curricular para a

educaccedilatildeo preacute-escolar atribuindo particular atenccedilatildeo agraves dimensotildees contempladas em cada

aacuterea de conteuacutedo no quadro de uma construccedilatildeo articulada do saber

No terceiro capiacutetulo apresentamos um conjunto de quatro experiecircncias de

aprendizagem que desenvolvemos com as crianccedilas ao longo do ano letivo incluindo

algumas evidecircncias desse trabalho atraveacutes de fotografias e notas de campo sobre os

diaacutelogos das crianccedilas Estas experiecircncias de aprendizagem relevam a importacircncia de

cada um aprender a valorizar respeitar e aceitar-se a si proacuteprio e aos outros no quadro

de exerciacutecio de uma cidadania facilitadora da integraccedilatildeo de todos

Por uacuteltimo incluiacutemos uma reflexatildeo sobre a praacutetica educativa na se efetiva uma

suacutemula reflexiva sobre as diferentes dimensotildees do processo de aprendizagem o papel

que como educadores nos cabe assumir e as implicaccedilotildees de percurso formativo

experienciado por crianccedilas e adultos Relevamos os importantes contributos deste

processo natildeo apenas para a aprendizagem e desenvolvimento das crianccedilas mas tambeacutem

para a nossa formaccedilatildeo e desenvolvimento pessoal e profissional Este requer

continuidade no sentido de podermos responder aos desafios e exigecircncias emergentes

3

I Contextualizaccedilatildeo da Praacutetica de Ensino Supervisionada

11 Caraterizaccedilatildeo da instituiccedilatildeo

O contexto em que realizaacutemos a praacutetica educativa era uma instituiccedilatildeo particular

de solidariedade social (IPSS) situada na cidade de Braganccedila e incluiacutea serviccedilos de

creche jardim-de-infacircncia e centro de conviacutevio para idosos O horaacuterio de

funcionamento da instituiccedilatildeo era extenso mantendo-se aberta das 7h45min ateacute agraves 19h

incluindo neles e no que se refere aos serviccedilos destinados agrave educaccedilatildeo de infacircncia a

componentes educativa e a componente de apoio agrave famiacutelia A componente educativa

decorre num total de cinco horas por dia de manhatilde das 9h agraves 12h e de tarde das 14h e

agraves 16h Os restantes tempos englobam atividades socioeducativas e de serviccedilo de

almoccedilos sendo estes frequentados pelas crianccedilas segundo a necessidade das famiacutelias e

normalmente em funccedilatildeo da sua ocupaccedilatildeo laboral

No que se refere ao edifiacutecio eacute constituiacutedo por trecircs andares funcionando no reacutes-

do-chatildeo o centro de dia e conviacutevio o gabinete de psicologia o posto meacutedico o bar

lavandaria e garagem No primeiro andar funciona o Jardim-de-Infacircncia constituiacutedo por

trecircs salas de atividades e ainda alguns espaccedilos de apoio como a cozinha refeitoacuterio

vestiaacuterio bem como a secretaria da instituiccedilatildeo

No segundo andar funciona a creche com seis salas na sua totalidade uma copa

de leites refeitoacuterio arrecadaccedilotildees e um salatildeo polivalente no qual se realizam festas a

praacutetica da expressatildeo motora e tambeacutem atividades em grande grupo Neste andar

localiza-se ainda a sala da direccedilatildeo da instituiccedilatildeo Os andares encontram-se ligados por

escadas e cada um estaacute equipado com instalaccedilotildees sanitaacuterias adequadas agraves faixas etaacuterias

para que cada setor a que se destina Os espaccedilos interiores da instituiccedilatildeo e os

equipamentos da mesma encontram-se em bom estado de conservaccedilatildeo

No que se refere aos espaccedilos exteriores possui um espaccedilo de recreio com zonas

luacutedicas delimitadas incluindo um espaccedilo pavimentado e outro com areia Este estaacute

equipado com um parque infantil O espaccedilo cimentado de recreio eacute utilizado no periacuteodo

de entrada e saiacuteda das crianccedilas como zona de paragem das viaturas dos pais dado

limitado espaccedilo que ao niacutevel da via puacuteblica existe para o efeito Existem alguns

materiais de apoio agraves atividades de recreio exterior sendo deslocados pelas crianccedilas do

interior para o exterior e vice-versa quando terminadas as atividades

4

Considerando que como referem as Orientaccedilotildees Curriculares para a Educaccedilatildeo

Preacute-escolar (MEDEB 1997) ldquoo meio em que a crianccedila vive influenciaraacute o modo como

esta se iraacute desenvolverrdquo (p 31) importa que nos interroguemos sobre o modo como o

ambiente educativo da instituiccedilatildeo se encontra organizado e que nos esforcemos para

contribuir para enriquececirc-lo Nesta linha de pensamento importa sublinhar que foi

nossa preocupaccedilatildeo colaborar com os profissionais da instituiccedilatildeo e as crianccedilas nessa

organizaccedilatildeo de modo a construir um ambiente que se constituiacutesse como potencialmente

facilitador do desenvolvimento de todos crianccedilas e adultos

A equipa pedagoacutegica da instituiccedilatildeo era constituiacuteda por seis educadoras de

infacircncia trecircs na modalidade de creche e trecircs na de jardim de jardim-de-infacircncia

assumindo uma destas as funccedilotildees de coordenadora pedagoacutegica Esta equipa contava

ainda com o apoio de um grupo alargado de assistentes operacionais uma por sala no

que se refere agrave etapa preacute-escolar bem como da psicoacuteloga e da direccedilatildeo administrativa da

instituiccedilatildeo

12 Caraterizaccedilatildeo do grupo de crianccedilas

Como se refere nas OCEPE (MEDEB 1997) haacute diferentes fatores que

influenciam o modo proacuteprio de funcionamento do grupo como por exemplo a sua

dimensatildeo e o maior ou menor nuacutemero de crianccedilas de cada sexo pelo que importa que

na accedilatildeo educativa a promover se atenda agrave sua contextualizaccedilatildeo

O grupo de crianccedilas com o qual desenvolvemos a praacutetica educativa apresentava

uma dimensatildeo extensa integrando vinte e cinco crianccedilas com quatro anos idades Ao

niacutevel do nuacutemero de crianccedilas de cada sexo pode entender-se que era um grupo com uma

organizaccedilatildeo equilibrada integrando doze crianccedilas do sexo masculino e treze do sexo

feminino

Segundo informaccedilotildees fornecidas pela educadora de infacircncia cooperante a

maioria das crianccedilas frequentavam a instituiccedilatildeo desde a creche encontrando-se apenas

duas crianccedilas a frequentaacute-la pela primeira vez Importa ainda referir que integravam o

grupo trecircs crianccedilas de origem natildeo portuguesa duas crianccedilas que eram irmatildeos naturais

de Espanha e outra que era Ucraniana

5

Segundo o referido nas OCEPE (MEDEB 1997)

observar cada crianccedila e o grupo para conhecer as suas capacidades interesses e

dificuldades recolher as informaccedilotildees sobre o contexto familiar e o meio em que

as crianccedilas vivem satildeo praacuteticas necessaacuterias para compreender melhor as

caracteriacutesticas das crianccedilas e adequar o processo educativo agraves suas necessidades

(p 25)

Nesta linha de pensamento importa considerar as caracteriacutesticas que nos foi

possiacutevel observar das crianccedilas quer a niacutevel individual quer a niacutevel grupo ao longo ano

letivo Assim importa referir que relativo a questotildees relacionadas com a vida em

grupo as crianccedilas manifestavam saber orientar-se em relaccedilatildeo agraves normas e regras

definidas na sala ainda que nem sempre lhes fosse faacutecil respeitaacute-las como partilhar

materiais com os colegas e saber esperar pela sua vez

Os tempos da rotina eram do seu conhecimento e manifestavam independecircncia

no que se refere agrave realizaccedilatildeo da higiene pessoal e tomada de refeiccedilotildees Dum modo geral

as crianccedilas envolviam-se nas atividades quer nas propostas por noacutes quer nas da sua

iniciativa revelando-se um grupo ativo

Ao niacutevel das preferecircncias em relaccedilatildeo agraves aacutereas de atividade da sala as aacutereas mais

escolhidas pelas crianccedilas eram a da casa e a das construccedilotildeesgaragem Enquanto a

primeira era frequentada por ambos os sexos a segunda era mais frequentada pelo sexo

masculino ainda que procuraacutessemos salientar a importacircncia de trabalharbrincar em

todas pelas diferentes experiecircncias que lhes permitiam efetuar

As atividades ao niacutevel da expressatildeo dramaacutetica e plaacutestica bem como a entoaccedilatildeo

de canccedilotildees e o escutar de histoacuterias integravam-se tambeacutem entre as preferecircncias do

grupo As crianccedilas manifestavam-se curiosas em conhecer o conteuacutedo das histoacuterias e em

colocar questotildees sobre as mesmas quando natildeo percebiam alguma palavra expressatildeo ou

frase

Sendo o espaccedilo de dimensatildeo limitada face agrave dimensatildeo do grupo as crianccedilas em

geral manifestavam organizar-se nas suas brincadeiras e relaccedilotildees sem se perturbar uns

aos outros com exceccedilatildeo de uma crianccedila que desestabilizava o grupo

No que respeita agrave expressatildeo oral era evidente o desenvolvimento das crianccedilas

com exceccedilatildeo na pronuacutencia de algumas palavras sobretudo no iniacutecio do ano e no que se

refere ao uso de determinados tempos verbais aspeto que era mais evidente em duas

crianccedilas utilizando com frequecircncia por exemplo a expressatildeo ldquoeu sabordquo em vez de ldquoeu

seirdquo o que foi sendo ultrapassado no decurso do ano letivo

6

Verificaacutemos ainda que como referem Hohmann e Weikart (2011) ldquopor vezes as

crianccedilas hesitam enquanto procuram palavras para expressar uma ideia nova

particularmente difiacutecilrdquo (p 534) e que eacute importante dar-lhes tempo para que elas

proacuteprias escolham as palavras de que necessitam e evitar interferirmos com as suas

proacuteprias sugestotildees

Considerando que como refere Oliveira-Formosinho (2007a) ldquoa escuta eacute um

meio para ouvir a crianccedila sobre a sua colaboraccedilatildeo no processo de co-construccedilatildeo do

conhecimentordquo (p 32) procuraacutemos estabelecer diaacutelogos em que as crianccedilas usufruiacutessem

de tempo para se expressar e que nos permitissem conhecermos as crianccedilas

No que respeita ao nuacutecleo familiar das crianccedilas e considerando os dados que

constam das suas fichas de inscriccedilatildeo a maioria dos pais famiacutelia das crianccedilas advecircm de

um meio socioeconoacutemico meacutedio trabalham nos vaacuterios setores de atividade sendo que a

maioria trabalha como funcionaacuterio puacuteblico No que se refere ao nuacutemero de irmatildeos de

acordo com os dados dessas mesmas fichas quinze crianccedilas tecircm um irmatildeo nove

crianccedilas natildeo tecircm irmatildeos e sobre uma crianccedila natildeo foi possiacutevel recolher esse dado

13 Organizaccedilatildeo do ambiente educativo

Sendo um jardim-de-infacircncia um contexto institucional destinado a crianccedilas de

tenra idade deve estar organizado de forma a proporcionar o indispensaacutevel bem-estar

prazer em frequentaacute-lo e favorecer atividades de ludicidade que motivem agrave

aprendizagem Posto isto julgamos de grande importacircncia organizar um ambiente

educativo agradaacutevel estaacutevel e que seja favoraacutevel agrave aprendizagem significativa da

crianccedila

Demos importacircncia ao horaacuterio de atendimento aos pais pois em nossa opiniatildeo eacute

um bom meio de incentivar os pais a deslocarem-se agrave instituiccedilatildeo na qual a sua crianccedila

estaacute inserida e estarem informados das suas condiccedilotildees conhecimento da funcionalidade

da instituiccedilatildeo ter a oportunidade de conversar com as educadoras e estarem a par da

evoluccedilatildeo das crianccedilas conseguirem tambeacutem ter conhecimento das atividades realizadas

e dos seus resultados

De acordo com o que se refere nas OCEPE (MEMEB 1997) importa ter em

conta que ldquoa famiacutelia e a instituiccedilatildeo de educaccedilatildeo preacute-escolar satildeo dois contextos sociais

que contribuem para a educaccedilatildeo da mesma crianccedila importa por isso que haja uma

relaccedilatildeo entre estes dois sistemasrdquo (p 43)

7

131 Caracterizaccedilatildeo do espaccedilo

Evidenciando o espaccedilo interior e o exterior pois os dois tecircm um papel

fundamental no processo educativo e no desenvolvimento das crianccedilas e concordando

com Oliveira-Formosinho e Andrade (2011a) ldquopensamos o espaccedilo como um territoacuterio

organizado para a aprendizagem um lugar de bem-estar alegria e prazer Procuramos

que o espaccedilo pedagoacutegico seja aberto agraves vivecircncias e interesses das crianccedilas e

comunidades seja seguro seja luacutedico e culturalrdquo (p 11)

1311 Espaccedilo interior

A sala apesar da sua pequena dimensatildeo estava cuidadosamente organizada e

todos os espaccedilos eram aproveitados para possibilitar agraves crianccedilas a oportunidade de

experimentar e manipular os materiais Juntamente com o espaccedilo e os materiais foi

possiacutevel realizar diversas experiecircncias de aprendizagem dentro da sala As crianccedilas

conseguiam movimentar-se e explorar as aacutereas e o que as mesmas tinham para lhes

proporcionar Tal como estaacute presente nas OCEPE (MEDEB 1997) ldquoo procedimento

de aprendizagem implica tambeacutem que as crianccedilas compreendam como o espaccedilo estaacute

organizado e como pode ser utilizado e que participem nessa organizaccedilatildeo (hellip) o

conhecimento do espaccedilo dos materiais e das actividades possiacuteveis eacute tambeacutem condiccedilatildeo

de autonomia da crianccedila e do grupordquo (p 38)

A sala na qual desenvolvemos a praacutetica

de accedilatildeo pedagoacutegica apresentava uma forma

retangular e como anteriormente foi referido a

sala natildeo possuiacutea grandes dimensotildees Desde o

iniacutecio percebemos que toda ela estava

previamente dividida por aacutereas e todas elas

estavam identificadas com uma placa com o nome e o

nuacutemero de crianccedilas que poderiam frequentar em simultacircneo Cada crianccedila era

representada com um siacutembolo um sorriso por cada crianccedila como podemos verificar na

figura 1 Ainda nas placas de identificaccedilatildeo das aacutereas podiacuteamos verificar desenhos

realizados pelas crianccedilas Procuramos ainda atender a que como lembram Oliveira-

Formosinho e Andrade (2011a)

Figura 1 - Identificaccedilatildeo das aacutereas da sala

8

As crianccedilas tecircm o direito de crescer em espaccedilos onde o cuidado e a atenccedilatildeo

prestados agrave dimensatildeo esteacutetica constituam um princiacutepio educativo baacutesico As

experiecircncias que as crianccedilas vivem com o espaccedilo devem poder converter-se em

experiecircncias esteacuteticas de prazer e de bem-estar (p 12)

Uma das paredes da sala possuiacutea trecircs janelas com visionamento para o exterior

Estas proporcionavam uma agradaacutevel luminosidade natural e possibilitavam ainda

identificar o estado do tempo A sala encontrava-se igualmente devidamente equipada

com sistema de aquecimento funcionando este em situaccedilotildees necessaacuterias No que

respeita ao pavimento da sala este possuiacutea uma cor azulada clara resistente lavaacutevel

um pouco confortaacutevel e pouco refletora de som proporcionando desse modo um

benevolente isolamento acuacutestico

O mobiliaacuterio da sala apresentava um bom estado de conservaccedilatildeo O moacutevel de

maior dimensatildeo estava preenchido com materiais trabalhos e os portefoacutelios das

crianccedilas Havia um moacutevel para arrumaccedilatildeo de materiais sendo alguns destes de escrita

(como os laacutepis marcadores) e tambeacutem tesouras materiais reciclados e outros que

serviam de apoio agraves atividades de expressatildeo plaacutestica Encontravam-se quatro mesas na

sala de formato retangular proporcionando agraves crianccedilas um largo espaccedilo para trabalhar e

brincar sobre as mesmas todas acompanhadas por cinco cadeiras Eacute importante salientar

que as mesas e as cadeiras serviam de apoio agraves atividades em pequeno e grande grupo

Ainda na sua constituiccedilatildeo a sala possuiacutea um placard no qual eram expostos os

trabalhos realizados pelas crianccedilas embora alguns destes fossem expostos no corredor

de forma a divulgaacute-los junto dos paiscomunidade Indo ao encontro de Niza (2007)

quando refere que ldquoo ambiente geral da sala deve resultar agradaacutevel e altamente

estimulante utilizando as paredes como expositores permanentes das produccedilotildees das

crianccedilas onde rotativamente se revecircem nas suas obras de desenho pintura tapeccedilaria ou

textordquo (p 133)

A planta que se segue apresenta-nos uma perspetiva da realidade do espaccedilo

fiacutesico da sala ao longo do ano letivo considerando que as alteraccedilotildees ocorridas

incidiram na integraccedilatildeo de materiais mas natildeo na disposiccedilatildeo das aacutereas

9

A sala integrou desde iniacutecio seis aacutereas de trabalho todas devidamente

identificadas sendo estas a aacuterea da casa (cozinha e quarto) a aacuterea dos jogos a aacuterea de

acolhimento a aacuterea da biblioteca a aacuterea da escrita e a aacuterea da garagemconstruccedilotildees

Estas estavam organizadas no sentido de possibilitar ao grupo de crianccedilas um faacutecil

acesso aos distintos materiais e objetos pois como menciona Oliveira-Formosinho

(2007b) ldquoa organizaccedilatildeo do espaccedilo em aacutereas com os seus respectivos materiais (hellip)

porque estatildeo visiacuteveis acessiacuteveis e etiquetados (tambeacutem para facilitar a autonomia na

arrumaccedilatildeo) eacute uma forma poderosiacutessima de passar mensagens impliacutecitas agrave crianccedilardquo (p

68)

Podemos verificar na figura 2 que as aacutereas rotuladas como barulhentas

encontram-se um pouco afastadas das aacutereas mais calmas A aacuterea da biblioteca (figura 3)

situa-se no canto superior direito da figura 2 desfrutava de

uma boa luminosidade natural pois encontrava-se junto de

uma das janelas Esta era constituiacuteda por uma estante na qual

as crianccedilas poderiam encontrar livros variados uma mesa

circular de pequenas dimensotildees acompanhada por trecircs

cadeiras de madeira Esta proporcionava agraves crianccedilas

oportunidade agradaacutevel de explorar as ilustraccedilotildees das

histoacuterias folhear e contar histoacuterias umas agraves outras Hohmann

e Weikart (2011) referem que ldquotalvez mais nenhuma outra

actividade seja tatildeo importante para a emergente literacia da crianccedila do que um adulto ou

amigo lhe fizerrdquo (p 546)

Figura 3- Aacuterea da biblioteca

Figura 2 - Planta da sala

10

Figura 6- Aacuterea da casa

espaccedilo do quarto

Figura 5 - Aacuterea dos jogos

Do outro lado da sala estava situada a aacuterea da

escrita (figura 4) nesta as crianccedilas tinham a

oportunidade de escrever explorar as diferentes

formas das letras podendo inclusivamente manipular

materiais de escrita

No centro da sala encontrava-se a aacuterea do

acolhimento um espaccedilo destinado a momentos em grande grupo de modo a ser

possiacutevel todas as crianccedilas se visualizarem umas agraves outras partilharem interesses

ouvirem histoacuterias tinham ainda a oportunidade de cantarem canccedilotildees e dialogarem

A aacuterea dos jogos (figura 5) estava localizada perto

da aacuterea do acolhimento dispunha de uma mesa

acompanhada por cinco cadeiras e de uma estante na qual

se encontravam diversos tipos de jogos puzzles

enfiamentos dominoacutes blocos loacutegicos jogo de letras jogos

com formas geomeacutetricas entre outros Esta aacuterea permitia o

desenvolvimento cognitivo das crianccedilas aleacutem das

experiecircncias diversificadas que as motivavam para a

resoluccedilatildeo de problemas

A aacuterea da casa distribuiacutea-se por dois espaccedilos o quarto

(figura 6) e a cozinha (figura 7) O mobiliaacuterio e materiais desta

aacuterea estavam apropriados agrave altura das crianccedilas Nesta era

visiacutevel a frequente representaccedilatildeo por parte das crianccedilas

assumindo o papel de adultos imitando expressotildees gestuais e

orais Atraveacutes das bonecas as crianccedilas representavam vivecircncias

do seu dia-a-dia como vestir e despir as crianccedilas deitaacute-las a

dormir maquilhaacute-las faziam e desfaziam a cama arrumavam e

desarrumavam toda a aacuterea representando

de variadas formas o ldquofaz-de-contardquo

O espaccedilo da cozinha era utilizado para representar

vivecircncias do dia-a-dia integrando parecenccedilas com algumas

cozinhas das casas das crianccedilas e em vaacuterias situaccedilotildees as

crianccedilas assumiam os papeacuteis de adultos e representavam

momentos vividos nas suas proacuteprias casas

Figura 4 - Aacuterea da escrita

Figura 7 - Espaccedilo da

cozinha

11

Figura 9 - Quadro semanal de presenccedilas

A uacuteltima aacuterea a ser apresentada eacute intitulada pela aacuterea da

garagemconstruccedilotildees (figura 8) Nesta as crianccedilas usavam

materiais como carros ferramentas de mecacircnica uma pista de

carros entre outros As crianccedilas principalmente do sexo

masculino apropriavam-se ou tentavam por vaacuterias vezes

apropriar-se desta aacuterea pois mostravam bastante interesse na

mesma gostavam de brincar e imaginar situaccedilotildees proacuteprias da

aacuterea

Para registar as presenccedilas diaacuterias das crianccedilas foi criado um quadro semanal de

presenccedilas como pudemos verificar na figura 9 este estava adequado agrave altura das

crianccedilas Foi criado ldquopara o aluno marcar com um sinal convencional a sua presenccedila

na quadriacutecula onde o seu nome cruza com a coluna do diardquo (Niza 2007) (p 135)

Neste encontravam-se expostos os nomes das crianccedilas

do lado esquerdo e na parte superior do quadro

estavam os dias da semana separados por quadriacuteculas

A presenccedila da crianccedila era assinalada com duas bolas

de pequenas dimensotildees uma verde fazendo referecircncia

agrave presenccedila e uma outra de cor vermelha fazendo

referecircncia agrave ausecircncia da crianccedila A marcaccedilatildeo das

presenccedila era identificado pela proacutepria crianccedila isto eacute

cada uma efetuava a sua presenccedila agrave exceccedilatildeo das

crianccedilas que se encontravam ausentes essa marcaccedilatildeo

era realizada ou pelas educadoras ou pelas crianccedilas

1312 Espaccedilo exterior

O espaccedilo exterior possuiacutea uma aacuterea de dimensotildees bastante consideraacuteveis

rodeada por um muro com grades que permitia observar do interior para o exterior da

instituiccedilatildeo e vice-versa O pavimento variava existindo zonas de relva com aacutervores de

cimento com maior dimensatildeo e de areia Neste uacuteltimo encontraacutevamos equipamento de

parque infantil sendo este composto por uma estrutura com escorrega barras para

trepar baloiccedilos fixos no chatildeo e cavalos de molas

Figura 8 - Aacuterea da

garagemconstruccedilotildees

12

Este espaccedilo exterior eacute de grande importacircncia pois nele como referem Hohmann

e Weikart (2011) ldquoas crianccedilas tecircm acesso a um conjunto de actividades e brincadeiras

que habitualmente natildeo fazem no interiorrdquo (p 369) No periacuteodo de recreio ldquoas crianccedilas

podem experimentar os sons e imagens do ar livre usar o material e equipamento do

recreio e brincar vigorosamente (ou sossegadamente se assim o preferirem) rdquo (idem

ibidem)

Em muitos momentos no recreio enquanto foi possiacutevel a sua utilizaccedilatildeo tivemos

a oportunidade de praticar jogos em grande grupo sendo estes com movimentos

rotativos movimentos lentos e coordenados movimentos raacutepidos e livres para as

crianccedilas exercitarem a motricidade Apesar dos momentos de recreio e de sala serem de

diferentes caracteriacutesticas ldquotecircm algo em comum encorajar as crianccedilas a envolverem-se

activamente com materiais pessoas ideias e acontecimentosrdquo (Hohmann amp Weikart

2011 p 370)

132 Rotina diaacuteria

A organizaccedilatildeo do tempo no jardim-de-infacircncia eacute definido e iniciado pelos

adultos estes devem refletir e estruturar devidamente uma rotina diaacuteria pois esta

auxilia as crianccedilas e adultos tal como referem Hohmann e Weikart (2011)

a rotina diaacuteria (hellip) ajuda as crianccedilas a responder (hellip) a questotildees ao

oferecer-lhes uma sequecircncia de acontecimentos que elas podem seguir e

compreender Tambeacutem ajuda os adultos a organizarem o seu tempo com as

crianccedilas de forma a lhes oferecer experiecircncias de aprendizagem activas e

motivadoras Neste sentido os elementos de uma rotina diaacuteria satildeo como

marcas de pegadas num caminho Ao seguirem o caminho as crianccedilas

envolvem-se em variadas aventuras e experiecircncias que lhes interessam e que

respondem agrave sua natureza inventiva e luacutedica (p 224)

Quando iniciaacutemos a nossa praacutetica de ensino na sala dos quatro anos estes jaacute

tinham uma rotina diaacuteria definida desde o iniacutecio do ano Apesar disso a rotina diaacuteria foi

suscetiacutevel de alteraccedilotildees tendo em conta atividades que emergiam visitas e o desenrolar

de certas experiecircncias de aprendizagem A rotina diaacuteria integrava os seguintes

segmentos temporais

i) Tempo de acolhimento momento de receccedilatildeo das crianccedilas em grande

grupo Era inclusive neste momento que as crianccedilas e os adultos

cantavam canccedilotildees partilham ideias vivecircncias e experiecircncias pessoais e

procediam agrave marcaccedilatildeo das presenccedilas

13

ii) Tempo de atividades em grande grupo neste tempo as crianccedilas e os

adultos juntavam-se para atividades a vaacuterios niacuteveis de muacutesica

movimento expressatildeo dramaacutetica leitura e exploraccedilatildeo de histoacuterias entre

outras Estas envolviam experiecircncias de aprendizagem nos diferentes

domiacutenios Apesar de em vaacuterias ocasiotildees serem os adultos a iniciarem

estas atividades as crianccedilas proporcionavam e apresentavam novas

ideias

iii) Tempo de higienealmoccedilo este tempo era dedicado agrave higiene das

crianccedilas e logo de seguida deslocavam-se ao refeitoacuterio da instituiccedilatildeo

para almoccedilarem

iv) Tempo de recreiodescanso momento reservado ao descanso das

crianccedilas mas tambeacutem quando as condiccedilotildees atmosfeacutericas o permitiam as

crianccedilas usufruiacuteam do espaccedilo exterior ocasionando-lhes situaccedilotildees nas

quais poderiam variar na forma como utilizavam o corpo tal como

trepar deslizar baloiccedilar e correr

v) Tempo de atividades nas aacutereas este tempo contemplava alguns tipos de

atividades propositadamente planeados de forma a proporcionar

experiecircncias de aprendizagens significativas nas diferentes aacutereas do

conteuacutedo Era ainda neste momento que se procedia agrave organizaccedilatildeo das

crianccedilas pelas diferentes aacutereas da sala consoante a preferecircncia que cada

uma manifestava de forma a reforccedilar os interesses naturais das crianccedilas

a capacidade de iniciativa da mesma e desenvolver competecircncias na

resoluccedilatildeo de problemas

vi) Tempo de lanche as crianccedilas apoacutes terem efetuado a arrumaccedilatildeo das

aacutereas da sala realizavam a higiene pessoal e deslocavam-se ao refeitoacuterio

da instituiccedilatildeo e tomavam o lanche Cada uma das crianccedilas possuiacutea a sua

lancheira e os lanches variavam de crianccedila para crianccedila

vii) Tempo de atividades orientadaslivres momento dedicado vaacuterias vezes

ao relaxamento da crianccedila as crianccedilas assistiam a filmes brincavam em

pequenos grupos com legos praticavam jogos em grande grupo sendo

estes uacuteltimos bastante solicitados pelas crianccedilas

A rotina diaacuteria vivenciada na sala ocorria como podemos verificar nos

segmentos temporais referidos de forma a despertar e apoiar as crianccedilas na tomada de

iniciativa perante atividades propostas Era uma forma de encorajar o envolvimento das

14

crianccedilas em atividades de pequenos grupos ou ateacute mesmo em pares envolvendo-as na

procura de soluccedilotildees para os problemas com que se iam confrontando Um dos principais

objetivos nas atividades era promover interaccedilotildees positivas nos diversos momentos de

trabalho O facto de as crianccedilas escolherem a sua aacuterea preferida e os materiais a

manusear para a execuccedilatildeo dos trabalhos demonstrava ao adulto a sua evoluccedilatildeo e

crescente autonomia

133 As interaccedilotildees

Para a melhor compreensatildeo do processo de interaccedilatildeo eacute essencial

compreendermos esse termo Neste sentido Oliveira-Formosinho e Formosinho (2011)

afirmam que ldquoas interaccedilotildees adulto-crianccedila satildeo uma tatildeo importante dimensatildeo da

pedagogia que a anaacutelise do estilo dessas interaccedilotildees nos permite determinar se estamos

perante uma pedagogia transmissiva ou uma pedagogia participativa (p 30) Dizem-nos

tambeacutem que ldquodesenvolver as interaccedilotildees refleti-las pensaacute-las e reconstruiacute-las eacute um

habitus que as profissionais que desenvolvem a Pedagogia-em-Participaccedilatildeo necessitam

de promoverrdquo (idem ibidem) Neste sentido reconhecemos que o educador desempenha

um papel crucial no desenrolar das diversas interaccedilotildees e no que tem a ver com as

interaccedilotildees educadoracrianccedila da instituiccedilatildeo estas satildeo em nosso parecer bastante

positivas As OCEPE (MEDEB 1997) alertam que ldquoa relaccedilatildeo individualizada que o

educador estabelece com cada crianccedila eacute facilitadora da sua inserccedilatildeo no grupo e das

relaccedilotildees com as ouras crianccedilasrdquo (p 35)

Achamos importante lembrar que ldquoa crianccedila aprende interagindo O adulto

aprende a ajudar a crianccedila a desenvolver a interacccedilatildeo A crianccedila eacute activa o adulto

tambeacutemrdquo (Oliveira-Formosinho 1996 p 55) Quando as crianccedilas e os educadores

desenvolvem algo em conjunto se o educador consegue envolver a crianccedila de tal forma

que esta se concentre totalmente no que estatildeo a desenvolver esta envolvecircncia faz com

que tanto a crianccedila como o adulto estejam ativos facilitaraacute a interaccedilatildeo entre ambos

tanto de um como do outro Eacute com a interaccedilatildeo que a crianccedila aprende vaacuterios fatores que

a ajudaratildeo no seu desenvolvimento e eacute tambeacutem com a interaccedilatildeo que o adulto tem a

oportunidade de auxiliar o desenvolvimento da crianccedila Neste sentido Hohmann e

Weikart (2011) defendem que ldquoa partilha do controlo num clima de apoio apela agrave

reciprocidade ndash um dar e receber muacutetuo entre crianccedilas e adultosrdquo (p 77)

No que diz respeito agraves interaccedilotildees crianccedilacrianccedila na sala onde se desenrolou a

accedilatildeo educativa verificaacutemos uma vasta cumplicidade entre elas existindo a formaccedilatildeo de

15

grupos de amigos Mostraram desde cedo apelar agrave brincadeira entre elas partilhando os

objetos e tentando haver na sala um clima de interaccedilotildees positivas

No nosso caso em concreto procuraacutemos desde cedo escutar apoiar e ainda

compreender as crianccedilas desenvolvendo desse modo uma interaccedilatildeo participativa

seguindo uma praacutetica na qual as crianccedilas foram sempre reconhecidas como pessoas que

tem sentimentos Tentaacutemos como referem Hohmann e Weikart (2011) ldquocriar e manter

ambientes em que a interacccedilatildeo com as crianccedilas seja positiva e por forma que estas

possam trabalhar e brincar com pessoas e objetos libertas de medo ansiedades ou de

aborrecimentordquo (p 63)

Reconhecemos que possibilitaacutemos agraves crianccedilas diversas situaccedilotildees nas quais

pudessem entender e participar em atividades promotoras de aprendizagens e que

pudessem construir e desenvolver as suas proacuteprias competecircncias Tentaacutemos observar e

entender a crianccedila pois como referem Oliveira-Formosinho e Formosinho (2011) ldquoo

papel do professor eacute o de organizar o ambiente e observar a crianccedila para entender e lhe

responderrdquo (p 15)

A fim de apoiar e acompanhar as crianccedilas nas suas atividades procuraacutemos

atraveacutes de uma observaccedilatildeo participante conhecer os interesses e necessidades

formativas das crianccedilas no sentido de favorecer interaccedilotildees que pudessem tornar-se

facilitadoras de aprendizagem das crianccedilas Assim sendo ao longo da nossa experiecircncia

de praacutetica educativa apoiaacutemos o envolvimento do grupo nas vaacuterias atividades de modo

a favorecer a sua implicaccedilatildeo na descoberta resoluccedilatildeo de problemas e na tomada de

decisotildees

16

17

II Fundamentaccedilatildeo das opccedilotildees educativas

No presente capiacutetulo procedemos ao aprofundamento de conhecimentos que nos

ajudem a melhor fundamentar e interpretar a praacutetica educativa em contexto preacute-escolar

Neste sentido debruccedilamo-nos sobre as perspetivas atuais de aprendizagem da crianccedila

as linhas de orientaccedilatildeo curricular e os modelos pedagoacutegicos que nos podem ajudar a

desenvolver uma accedilatildeo educativa de qualidade

21 A aprendizagem como um processo ativo

O desenvolvimento da praacutetica educativa suscita-nos questionamento sobre como

encarar o processo de aprendizagem a promover com as crianccedilas no sentido de ajudaacute-

las a progredir e a beneficiar do necessaacuterio bem-estar e integraccedilatildeo social

Neste sentido importa considerar a perspetiva de Brickmann e Taylor (1996)

defendendo os autores que ldquoas experiecircncias de aprendizagem para crianccedilas devem ser

ativasrdquo (p 3) explicitando que ldquodevem tornar a crianccedila capaz de construir o seu

proacuteprio conhecimento lidando diretamente com pessoas materiais e ideiasrdquo (idem p 3-

4) Neste acircmbito torna-se importante retomar a perspetiva teoacuterica de Piaget (1976) que

reconhece e valoriza a pessoa como sujeito ativo na construccedilatildeo de conhecimento O

autor defende que se enverede por um processo de aprendizagem experiencial e alerta

para a importacircncia da crianccedila poder explorar pensar e descobrir a partir da accedilatildeo sobre

os objetos e da relaccedilatildeo com os outros Como refere Novo (2009) ldquona perspetiva do

autor a crianccedila descobre do mesmo modo o mundo das pessoas e o dos objetos reais ou

simboacutelicosrdquo (p 52) Para Piaget (in Hohmann amp Weikart 2011) ldquoo conhecimento natildeo

proveacutem nem dos objetos nem da crianccedila mas sim das interaccedilotildees entre a crianccedila e os

objetosrdquo (p 19) pressupondo assim uma accedilatildeo reciacuteproca da crianccedila sobre os objetos e

dos objetos sobre a crianccedila na construccedilatildeo do conhecimento Nesta linha de pensamento

como tambeacutem afirma o autor (1978 citado por Novo 2009) ldquoconhecer natildeo consiste em

copiar o real mas agir sobre ele e transformaacute-lordquo (p 53)

Assim como Tompkins (1996) lembra importa ter em conta que uma

aprendizagem ativa eacute muito mais do que a mera manipulaccedilatildeo de materiais pelas crianccedilas

e do que a transmissatildeo de conhecimentos pelo educador Neste sentido sublinha que

18

a maior parte dos educadores de infacircncia concordaria com a ideia de que as

crianccedilas aprendem mais quando encorajadas a explorarem a interagirem a

serem criativas a seguirem os seus proacuteprios interesses e a brincarem No

entanto muitos educadores de infacircncia bem-intencionados acabam por

conduzir actividades em oposiccedilatildeo a esta teoria (p 6)

Este eacute um aspeto que natildeo deixa de caraterizar a nossa accedilatildeo educativa daiacute a

preocupaccedilatildeo em acedermos a conhecimentos que possam ajudarmos a melhor tomar

consciecircncia do tipo de praacuteticas que desenvolvemos e das linhas em que apoiaacute-las para

que incluam perspetivas que na atualidade satildeo reconhecidas como facilitadores de uma

aprendizagem ativa das crianccedilas

Importa assim considerar que segundo Formosinho (1996) as aprendizagens

ativas satildeo ldquoaquelas em que a crianccedila atraveacutes da sua acccedilatildeo sobre os objectos e da sua

interacccedilatildeo com as pessoas as ideias e os acontecimentos chega agrave compreensatildeo do

mundordquo (p 56) Por isso uma accedilatildeo educativa que se centra em ajudar as crianccedilas a

aprender como referem Oliveira-Formosinho amp Formosinho (2011) deve dar um papel

de relevo agrave crianccedila agrave colaboraccedilatildeo entre pares e agrave colaboraccedilatildeo entre adultos e crianccedilas

ou seja ldquodesenvolve uma epistemologia de natureza construtiva interativa

colaborativardquo (p 18)

Nesta linha importa o recurso a estrateacutegias pedagoacutegicas que proporcionem a

partilha de conhecimentos a implicaccedilatildeo das crianccedilas na resoluccedilatildeo de situaccedilotildees

problemaacuteticas de modo a exploraacute-las sob diversos acircngulos recorrendo agravequilo que jaacute

conhecem e agrave sua capacidade imaginativa O educador deve entatildeo observar e escutar as

crianccedilas e valorizar a sua participaccedilatildeo na organizaccedilatildeo e desenvolvimento do processo de

aprendizagem bem como na reflexatildeo sobre o mesmo Deve dar-se atenccedilatildeo aos seus

interesses e aos valores que representam as atividades da sua iniciativa na

reorganizaccedilatildeo da compreensatildeo que faz do mundo e por conseguinte no seu

desenvolvimento Nesse processo importa considerar que

tal como os adultos as crianccedilas tem comportamentos positivos e

comportamentos negativos mas eacute importante prestar atenccedilatildeo ao que as

crianccedilas fazem bem feito incidindo nesses pontos e valorizando-os Ao

observar cuidadosamente aquilo que as crianccedilas podem fazer os adultos tecircm

oportunidade para aproveitar o desejo natural de aprender das crianccedilas

(Hohmann 1996 p 22)

Dewey (2002) lembra que as experiecircncias das crianccedilas podem tornar-se agrave

semelhanccedila das suas brincadeiras e jogos em formas ativas da accedilatildeo Para o autor de

acordo com Pinazza (2007) ldquoas situaccedilotildees educativas devem apoiar-se na atividade da

19

crianccedila ou seja deve aprender fazendordquo (p 74) Daiacute a importacircncia que deve merecer a

organizaccedilatildeo do ambiente educativo e as atividades e projetos em que se envolvem

Importa considerar tambeacutem que ldquoa liberdade de accedilatildeo natildeo se opotildee agrave intencionalidade e

ao estabelecimento de propoacutesitos educativos nem tatildeo pouco agrave formaccedilatildeo de haacutebitosrdquo (p

75) devendo ser tidas todas estas dimensotildees em consideraccedilatildeo

Vygostky de acordo com Pinazza (2007) defende a relaccedilatildeo entre processo

educativo e as experiecircncias pessoais das crianccedilas No entanto eacute de considerar que nem

todas as experiecircncias satildeo igualmente educativas O valor de uma experiecircncia baseia-se

no princiacutepio da continuidade experiencial e o da interaccedilatildeo (idem) Importa ter em conta

que a continuidade pressupotildee alargar as experiecircncias e que a interaccedilatildeo se configura no

ambiente educativo que se cria

Nesse processo eacute de ter em conta a importacircncia a atribuir natildeo apenas aos

conhecimentos e competecircncias da crianccedila mas tambeacutem agrave forma como se estabelecem as

interaccedilotildees e agrave complexidade que as atividades apresentam Neste acircmbito importa

considerar que como defende Vygostky (1996 citado por Novo 2009) ldquoque com o

auxiacutelio de outra pessoa toda a crianccedila consegue concretizar mais do que faria sozinhardquo

(p 58) podendo entender-se este aspeto muito mais indicativo do desenvolvimento da

crianccedila Ideia que reforccedila a importacircncia da observaccedilatildeo e apoio que o adulto deve

promover para acompanhar e promover o processo da aprendizagem da crianccedila

22 Modelos Curriculares

Associado a uma perspetiva de aprendizagem ativa encontram-se alguns

modelos curriculares que tecircm vindo a ser apontados em vaacuterios trabalhos como

facilitadores de praacuteticas educativas preacute-escolares de qualidade tal como o modelo

HighScope (Hohmann amp Weikart 2011) o modelo do Movimento da Escola Moderna

(Niza 2007) e o modelo de Reggio Emilia (Eduards Gandini amp Forman 1999)

Reconhecendo que os princiacutepios em que cada um desses modelos se apoiam

podem ajudar-nos a melhor entender as linhas que caraterizam a nossa accedilatildeo importa

efetuar uma breve abordagem aos mesmos

O modelo curricular HighScope valoriza a aprendizagem pela acccedilatildeo o que

pressupotildee que as crianccedilas possam ldquoviver experiecircncias directas e imediatas e retirar delas

significado atraveacutes da reflexatildeordquo (Hohmann amp Weikart 2011 p 5) no sentido de

construiacuterem conhecimentos que as ajudem a dar sentido ao mundo As crianccedilas devem

20

dispor da possibilidade de explorar os objetos colocar sobre os acontecimentos e acerca

do que lhes desperta curiosidade

No que diz respeito agrave organizaccedilatildeo do espaccedilo e materiais de trabalho as salas

seguem uma organizaccedilatildeo construtivista que aponta para a organizaccedilatildeo de aacutereas

diferenciadas que permitam a realizaccedilatildeo de diferentes aprendizagens A organizaccedilatildeo da

sala por aacutereas e com os respetivos materiais faz com que as crianccedilas adquiram

independecircncia autonomia e responsabilidade em relaccedilatildeo ao seu modo de utilizaccedilatildeo

transmitindo mensagens impliacutecitas agraves crianccedilas Como referem Hohmann e Weikart

(2011)

Uma vez que o ambiente estaacute organizado de forma a que estas escolham as

suas brincadeiras os adultos ficam livres de funccedilotildees diretivas de

entretenimento ou de controlo das crianccedilas Em vez disso passam a poder

concentrar-se no apoio a dar agraves brincadeiras das crianccedilas e agrave sua capacidade de

resoluccedilatildeo de problemas (p 182)

A organizaccedilatildeo do ambiente educativo inclui quatro componentes sendo elas a

organizaccedilatildeo do espaccedilo e materiais das rotinas do grupo e das interaccedilotildees Segundo este

modelo o espaccedilo deve estar organizado por diferentes aacutereas de modo a permitir que as

crianccedilas desenvolvam diferentes aprendizagens envolvendo-se em atividades

diversificadas A organizaccedilatildeo do espaccedilo deve ser flexiacutevel deve adaptar-se agraves

necessidades e interesses das crianccedilas e do grupo pelo que deve estar organizado de

modo a conferir autonomia agraves crianccedilas Outra especificidade desta organizaccedilatildeo reside

no facto de as aacutereas estarem organizadas de forma a permitirem a livre circulaccedilatildeo das

crianccedilas entre elas de acordo com os seus interesses Por sua vez ldquoa arrumaccedilatildeo dos

materiais deve proporcionar a execuccedilatildeo do ciclo encontra-brinca-arrumardquo (Hohmann amp

Weikart 2011 p 164)

A organizaccedilatildeo de uma rotina diaacuteria oferece estabilidade agrave crianccedila no sentido de

que pode aperceber-se do que vai acontecer oferecendo-lhe ldquosentido de controlo sobre

aquilo que vai fazer em cada momento do diardquo (idem p 8) Deve permitir agraves crianccedilas

experienciarem oportunidade de se envolverem na concretizaccedilatildeo do ciclo planear-fazer-

rever (idem p 229) Este consiste em promover o seu envolvimento no planeamento

das suas atividades a experienciaccedilatildeo das mesmas e a partilha e discussatildeo acerca do que

foi realizado Para isso o educador deve adotar uma gestatildeo flexiacutevel do tempo

permitindo que a crianccedila organize os seus acontecimentos as suas propostas e as suas

interaccedilotildees tendo em conta a sequecircncia temporal Os tempos em pequeno e grande

21

grupo bem como a niacutevel individual satildeo imprescindiacuteveis pois permitem a inserccedilatildeo das

crianccedilas em diferentes tipos de atividades quer da iniciativa do adulto quer da

iniciativa da crianccedila

A rotina diaacuteria preacute-escolar eacute constante estaacutevel e previsiacutevel para que a crianccedila

compreenda a forma de utilizaccedilatildeo do tempo e assim tornar-se menos dependente do

adulto face ao tempo em que deve concretizar determinada atividade A previsatildeo dos

tempos de rotina permite a seguranccedila e independecircncia da crianccedila e a diferenciaccedilatildeo das

atividades contribui para a variedade de experiecircncias

No que concerne agraves interaccedilotildees o papel do adulto eacute criar situaccedilotildees que

proporcionem agrave crianccedila o desenvolvimento do seu pensamento favorecendo a

emergecircncia de conflitos cognitivos (idem) Importa ter em conta que o adulto ajuda a

equilibrar a liberdade que a crianccedila necessita para explorar o meio que a rodeia Por

isso natildeo deve desencorajar a crianccedila quando esta natildeo consegue concretizar e resolver os

problemas com que se defronta Deve por sua vez fazer com que ela acredite em si

mesma e se envolva na procura de recursos que podem ajudaacute-la nesse processo Assim

um dos principais objectivos do programa HighScope consiste em apoiar os

adultos de modo a que estes possam criar e manter ambientes em que a

interacccedilatildeo com as crianccedilas seja positiva e por forma que estas possam

trabalhar e brincar com pessoas e objectos libertas de medos ansiedades ou

de aborrecimento e negligecircncia (Hohmann amp Weikart 2011 p 63)

O modelo curricular Reggio Emilia como antes referimos apoia-se tambeacutem em

princiacutepios pedagoacutegicos de participaccedilatildeo ativa das crianccedilas na construccedilatildeo do seu

conhecimento Como refere Malaguzzi (1999) o principal objetivo do projeto de

Reggio Emilia consiste em construir uma escola ldquopara crianccedilas pequenas como um

organismo vivo integral como um local de vidas e relacionamentos compartilhados

entre muitos adultos e muitas crianccedilasrdquo Para aleacutem deste objetivo a abordagem Reggio

Emilia estimula o desenvolvimento intelectual das crianccedilas partindo da representaccedilatildeo

simboacutelica

Como refere Edwards (2008) no que diz respeito ao papel do educador este eacute

natildeo apenas de ouvinte e observador mas tambeacutem deve ser proporcionador de

oportunidades e experiecircncias Os objetivos centralizam-se em criar oportunidades de

aprendizagem e desenvolvimento do pensamento das crianccedilas sendo por isso

importante escutaacute-las O papel do educador ldquocentraliza-se na provocaccedilatildeo de

oportunidades de descobertas atraveacutes de uma espeacutecie de facilitaccedilatildeo alerta e inspirada e

22

de estimulaccedilatildeo do diaacutelogo de accedilatildeo conjunta e da co-construccedilatildeo do conhecimento pela

crianccedilardquo(idem p 161)

As crianccedilas percebem quando os adultos valorizam os seus trabalhos e as suas

ideias uma vez que lhes comunicam essa valorizaccedilatildeo indiretamente atraveacutes de accedilotildees e

estrateacutegias Como exemplo destas accedilotildees o educador expotildee trabalhos das crianccedilas na

escola e partilha com toda a comunidade educativa a informaccedilatildeo que as crianccedilas

produzem

Os pais participam ativamente na vida escolar dos seus filhos uma vez que

colaboram com o educador e datildeo continuidade ao que as crianccedilas aprendem quer na

escola quer em casa Ou seja existe interajuda entre escolafamiacutelia na organizaccedilatildeo e

concretizaccedilatildeo da accedilatildeo educativa Por exemplo na realizaccedilatildeo de um projeto os

educadores comunicam aos pais o tema do projeto

encorajando-os a envolverem-se com as atividades de seus filhos atraveacutes da

busca dos materiais necessaacuterios do trabalho com os professores no

ambiente fiacutesico da oferta de livros suplementares e assim por diante Dessa

forma os pais satildeo levados a revisar a imagem que tecircm de seus filhos e a

compreender a infacircncia de um modo mais rico e complexordquo (Edwards 2008

p 163)

Segundo Lino (2007) o modo como o espaccedilo eacute organizado ldquoreflete as ideias

valores atitudes e patrimoacutenio cultural de todos os que nele trabalhamrdquo (p 107) Isto

porque atraveacutes da comunicaccedilatildeo cooperaccedilatildeo partilha de atividades e ideias a crianccedila

constroacutei o seu conhecimento do mundo (idem) Sendo assim o espaccedilo nas escolas de

Reggio Emilia eacute planeado ao pormenor pela comunidade educativa Relativamente ao

espaccedilo exterior este eacute organizado de forma a possibilitar uma continuidade das

atividades realizadas no interior

A gestatildeo da rotina praticada em Reggio dispotildee de uma organizaccedilatildeo do tempo

que proporciona agraves crianccedilas oportunidades de estabelecer diferentes tipos de interaccedilatildeo

Assim como sublinha Lino (2007) ldquoelas podem escolher trabalhar sozinhas em

pequeno grupo em grande grupo com os adultos ou sem elesrdquo (p 109)

O modelo curricular do Movimento da Escola Moderna (MEM) como refere

Niza (2007) ldquoassenta num Projecto Democraacutetico de autoformaccedilatildeo cooperada de

docentes que transfere por analogia essa estrutura de procedimento para um modelo

de cooperaccedilatildeo educativa nas escolasrdquo (p 125) Tendo em conta a escola como local de

23

iniciaccedilatildeo agrave vida democraacutetica este modelo propotildee diversos princiacutepios fundamentais para

a estruturaccedilatildeo da accedilatildeo educativa Referindo Niza (idem)

- Os meios pedagoacutegicos veiculam em si os fins democraacuteticos da educaccedilatildeo

pelo que a escolha dos materiais os processos usados e as formas de

organizaccedilatildeo das atividades devem respeitar as regras democraticamente

decididas pelos educadoresprofessores e crianccedilas

- A actividade escolar enquanto contrato social e educativo deve concretizar-

se atraveacutes da negociaccedilatildeo entre educadoresprofessores e crianccedilas entre si

- A praacutetica democraacutetica da organizaccedilatildeo partilhada por todos decide-se em

conselho de cooperaccedilatildeo

- Os processos de trabalho escolar reproduzem os processos sociais autecircnticos

aproximando deste modo a escola agrave vida social

- A informaccedilatildeo de projectos estudos e outras realizaccedilotildees das crianccedilas eacute

partilhada atraveacutes de circuitos de produccedilatildeo distribuiccedilatildeo e divulgaccedilatildeo como

paineacuteis conferecircncias jornal escolar e outros tipos de apresentaccedilotildees

- As praacuteticas escolares conferem sentido social agraves aprendizagens das crianccedilas

atraveacutes da partilha dos saberes com os seus pares e pela intervenccedilatildeo na

comunidade envolvente ou com a comunidade mais distante atraveacutes da troca

de correspondecircncia entre outros meios

- Os alunos interpelam o meio social e trazem para a escola pessoas da

comunidade como recurso e fonte de conhecimento e culturardquo (pp 127-130)

O Movimento Escola Moderna salienta alguns instrumentos de organizaccedilatildeo da

vida em grupo que se tornam indispensaacuteveis na participaccedilatildeo conjunta do educador e da

crianccedila como o plano de atividades a lista semanal de projetos o quadro semanal de

distribuiccedilatildeo de tarefas o mapa de presenccedilas diaacuterio e o diaacuterio de grupo

Este tipo de organizaccedilatildeo ajuda as crianccedilas a situarem-se no espaccedilo e no tempo

Desta forma eacute necessaacuterio a sala estar organizada por aacutereas de atividades que estaratildeo

dispostas agrave volta da mesma no centro da sala deve estar situada uma aacuterea de trabalho

coletivo Estas aacutereas devem ser originais para que possam ser o mais possiacutevel parecidas

com a realidade que os envolve Como afirma Niza (2007) ldquo o ambiente geral da sala

deve resultar agradaacutevel e altamente estimulante utilizando as paredes como expositores

permanentes das produccedilotildees das crianccedilas onde rotativamente se revecircem nas suas obras

de desenho pintura tapeccedilaria ou textordquo (p 133)

24

A gestatildeo do tempo eacute segundo Niza (2007) ldquoconstituiacuteda por duas etapas de

configuraccedilatildeo distinta

a etapa da manhatilde centra-se fundamentalmente no trabalho ou na actividade

eleita pelas crianccedilas e por elas sustentada desconcentradamente pelas aacutereas

de actividade Com o apoio discreto e itinerante do educador A etapa da

tarde reveste a forma de sessotildees plenaacuterias de informaccedilatildeo e de actividade

cultural dinamizadas por convidados pelos alunos ou pelos educadores

(p135)

O MEM tem uma forma muito proacutepria de promover o relacionamento das

crianccedilas entre si e das mesmas com os adultos Esta interaccedilatildeo eacute fomentada por

fundamentos da pedagogia da cooperaccedilatildeo Assim as crianccedilas devem no jardim-de-

infacircncia experimentar praacuteticas e atitudes que lhes permitiratildeo aprender valores e atraveacutes

das suas vivecircncias aprofundar o desenvolvimento da sua cidadania

Como afirma Niza (2007) os educadores assumem-se neste modelo como

promotores da organizaccedilatildeo participada dinamizadores da cooperaccedilatildeo

animadores ciacutevicos e morais do treino democraacutetico auditores activos para

promoverem a livre expressatildeo e a atitude criacutetica Mantecircm e estimulam a

autonomizaccedilatildeo e responsabilizaccedilatildeo de cada educando no grupo de educaccedilatildeo

cooperada (p139)

De acordo com este modelo eacute necessaacuterio dar continuidade agraves experiecircncias

educativas promovendo a curiosidade a iniciativa e a descoberta das crianccedilas e criar

condiccedilotildees para que tomem a iniciativa e se sintam valorizadas

Em suma os modelos referidos possibilitam um conjunto de orientaccedilotildees que se

tornam fundamentais para nos ajudar a organizar uma intervenccedilatildeo pedagoacutegica que

favoreccedila o desenvolvimento de crianccedilas no quadro de conquista de uma progressiva

autonomia

23 Linhas de orientaccedilotildees curricular da educaccedilatildeo preacute-escolar

Para a organizaccedilatildeo da accedilatildeo educativa importa ter em consideraccedilatildeo o estabelecido

nas Orientaccedilotildees Curriculares3 definidas para a educaccedilatildeo preacute-escolar

As OCEPE acentuam que sejam promovidos saberescompetecircncias que

favoreccedilam a progressatildeo das crianccedilas ao niacutevel da sua Formaccedilatildeo Pessoal e Social

Expressatildeo e Comunicaccedilatildeo (domiacutenio da linguagem oral e abordagem agrave escrita domiacutenio

das expressotildees incluindo a motora dramaacutetica musical e plaacutestica e o domiacutenio da

matemaacutetica) e Conhecimento do Mundo no sentido de ajudaacute-las a tornarem-se capazes

3 OCEPE-MEDEB 1997 Despacho 522097 de 4 de agosto Metas de aprendizagem (ME 2010)

25

de uma plena inserccedilatildeo na sociedade como cidadatildeos autoacutenomos livres e solidaacuterios

(MEDEB 1997) As Metas de Aprendizagem para a Educaccedilatildeo Preacute-Escolar (ME 2010)

explicitam os conteuacutedos incluiacutedos nas aacutereas e domiacutenios de conteuacutedo definidas nas

OCEPE indicando o que as crianccedilas devem ter aprendido no final da etapa educativa

preacute-escolar

Entendemos dever ser dada importacircncia aos contributos destes diferentes

documentos para organizaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo das experiecircncias de aprendizagem no quadro

de construccedilatildeo de respostas educativas preacute-escolares de qualidade

Assim e no sentido de melhor compreender a natureza das aprendizagens que

devem nortear a accedilatildeo educativa preacute-escolar importa efetuarmos ainda que de forma

resumida uma abordagem das aacutereas e domiacutenios de conteuacutedo

A aacuterea de Formaccedilatildeo Pessoal e Social eacute considerada uma aacuterea transversal

considerando que todas as componentes curriculares deveratildeo contribuir para promover

nas crianccedilas atitudes e valores que lhes permitam tornarem-se cidadatildeos conscientes e

solidaacuterios capacitando-os para a resoluccedilatildeo dos problemas da vida Tambeacutem a educaccedilatildeo

preacute-escolar deve favorecer a formaccedilatildeo da crianccedila tendo em vista a sua plena inserccedilatildeo

na sociedade como ser autoacutenomo livre e solidaacuterio

Importa referir que entre as aprendizagens a promover estas se situam num

processo em construccedilatildeo do ser humano ldquosendo influenciado e influenciando o meio que

o rodeiardquo (MEDEB 1997 p51) eacute de salientar tambeacutem que ldquoeacute na famiacutelia e no meio

soacutecio-cultural em que vive os primeiros anos de vida que a crianccedila inicia o seu

desenvolvimento pessoal e socialrdquo (idem p52) Eacute acentuado um papel essencial na

educaccedilatildeo para os valores sendo ldquoque natildeo se ldquoensinamrdquo mas que se vivem na acccedilatildeo

conjunta e nas relaccedilotildees com os outrosrdquo (idem ibidem) As relaccedilotildees e interaccedilotildees

estabelecidas pelo adulto com as crianccedilas e o grupo o modo como as apoia satildeo

caracterizados como um suporte da educaccedilatildeo Importa ter em conta que a relaccedilatildeo

estabelecida pelo educador com as crianccedilas o modo como as valoriza e respeita

estimula e encoraja os seus processos facilita a auto-estima da crianccedila e as relaccedilotildees que

as crianccedilas estabeleceratildeo entre si Eacute ainda de considerar que ldquofavorecer a autonomia da

crianccedila e do grupo assenta na aquisiccedilatildeo do saber-fazer indispensaacutevel agrave sua

independecircncia e necessaacuterio a uma maior autonomia enquanto oportunidade de escolha e

responsabilizaccedilatildeordquo (idem p 53)

Obter maior independecircncia representa na educaccedilatildeo preacute-escolar dominar certos

saberes tais como vestir-se despir-se lavar-se comer utilizando adequadamente os

26

talheres etc mas tambeacutem serem capazes de utilizar de forma correta materiais e

instrumentos agrave sua disposiccedilatildeo tais como jogos tintas pinceis laacutepishellip (idem ibidem)

Como se afirma nas OCEPE (MEDEB 1997) reconhecer laccedilos de pertenccedila

social e cultural respeitando outras culturas eacute um aspeto que deve ser tambeacutem

valorizado na educaccedilatildeo preacute-escolar fazendo parte do desenvolvimento da identidade Eacute

de considerar que a igualdade de oportunidades entre os diferentes sexos indiviacuteduos de

diferentes classes sociais e diferentes etnias se constroacutei numa perspetiva de educaccedilatildeo

multicultural devendo esta natildeo ser apenas criada pela participaccedilatildeo na organizaccedilatildeo do

ambiente educativo mas tambeacutem pela participaccedilatildeo na aprendizagem em grupo Eacute

preciso ter em conta que a participaccedilatildeo na discussatildeo e na tomada de posiccedilatildeo favorece a

consciecircncia de valores sociais culturais e eacuteticos (idem p 55)

Em suma como as proacuteprias OCEPE alertam a aacuterea da Formaccedilatildeo Pessoal e

Social entende-se como ldquoaacuterea de conteuacutedo integradora pois embora com

intencionalidade proacutepria inscreve-se em todas as outrasrdquo (idem ibidem)

A aacuterea da Expressatildeo e Comunicaccedilatildeo como eacute referido nas OCEPE (MEDEB

1997) ldquoengloba as aprendizagens relacionadas com o desenvolvimento psicomotor e

simboacutelico que determinam a compreensatildeo e o progressivo domiacutenio de diferentes formas

de linguagemrdquo (p56) Esta aacuterea eacute a uacutenica em que se diferenciaram vaacuterios domiacutenios

Releva-se que eacute importante que os adultos facultem ocasiotildees agraves crianccedilas que

distingam o real e o imaginaacuterio pois nestas idades por vezes ainda confundem Importa

proporcionar agraves crianccedilas ldquosuportes que permitam desenvolver a imaginaccedilatildeo criadora

como procura e descoberta de soluccedilotildees e exploraccedilatildeo do lsquomundorsquo rdquo OCEPE (MEDEB

1997 p 56)

Ao niacutevel do domiacutenio da linguagem oral e abordagem agrave escrita importa que as

crianccedilas se envolvam em experiecircncias que lhes permitam progredir ao niacutevel da

expressatildeo oral e que lhe facultem a possibilidade de se familiarizarem com o coacutedigo

escrito permitindo-lhes contactar com as suas diferentes funccedilotildees Sublinha-se que numa

abordagem transversal a liacutengua portuguesa deve ser trabalhada em diferentes atividades

relacionadas com diferentes domiacutenios de conteuacutedo Importa considerar que

Proporcionar no jardim-de-infacircncia ambientes linguisticamente estimulantes e

interagir verbalmente com cada crianccedila satildeo as duas vias complementares que

podem ajudar a combater as assimetrias que afectam o desenvolvimento da

linguagem nas crianccedilas (Sim-Sim Silva amp Nunes 2008 p 12)

27

A comunicaccedilatildeo criada pelo educador permite agraves crianccedilas dominar a linguagem

ampliando o seu vocabulaacuterio e formando frases mais elaboradas O dia-a-dia na

educaccedilatildeo preacute-escolar possibilitaraacute atraveacutes de interaccedilotildees de qualidadecomplexidade

com a escrita que as crianccedilas usem corretamente frases simples de diversos tipos

As crianccedilas desde cedo conseguem distinguir a escrita do desenho comeccedilam a

ldquoimitar a escrita e a reproduzir o formato do texto escritordquo (OCEPE p 69) Mesmo que

as crianccedilas natildeo consigam reproduzir corretamente a escrita os educadores devem

incentivaacute-las nas suas tentativas Como se refere nas OCEPE (idem) ldquoa atitude do

educador e o ambiente que eacute criado devem ser facilitadores de uma familiarizaccedilatildeo com

o coacutedigo escrito Neste sentido as tentativas de escrita mesmo que natildeo conseguidas

deveratildeo ser valorizadas e incentivadasrdquo (p 69)

O educador deve inclusive ler e contar histoacuterias agraves crianccedilas pois desse modo

suscitaraacute na crianccedila o desejo de aprender a ler A forma como este lecirc e faz uso de

diferentes tipos de texto para as crianccedilas seratildeo usados por estas como exemplo de como

e para que serve ler (idem p 70)

As crianccedilas que desde cedo estatildeo envolvidas na utilizaccedilatildeo da linguagem

escrita e que vecircem outros a ler e a escrever vatildeo desenvolvendo a sua

perspectiva sobre o que eacute a leitura e a escrita e simultaneamente vatildeo

desenvolvendo capacidades e vontade para participarem em acontecimentos

de leitura e escrita (Mata 2008 p 14)

O educador tem que ter em atenccedilatildeo que em algumas ocasiotildees existem

diferentes liacutenguas como aconteceu na nossa praacutetica educativa visto que algumas

crianccedilas da sala natildeo tinham como liacutengua materna o portuguecircs Procuramos valorizar

essa dimensatildeo como meio de sensibilizar o grupo para a existecircncia de outras liacutenguas

mas tambeacutem de apoiar essas crianccedilas a acederam a um progressiva fluecircncia discursiva

No que diz respeito ao domiacutenio da matemaacutetica podemos destacar que as

crianccedilas vatildeo espontaneamente construindo noccedilotildees matemaacuteticas a partir de vivecircncias do

dia-a-dia Estas noccedilotildees fundamentam-se na vivecircncia do espaccedilo e tempo tendo como

ponto de partida as atividades espontacircneas em que se envolve ou que o educador

promove O papel da matemaacutetica na estruturaccedilatildeo do pensamento as suas funccedilotildees na

vida corrente e a sua importacircncia para aprendizagens futuras determina a atenccedilatildeo que

lhe deve ser dada na educaccedilatildeo preacute-escolar (idem p 73)

Procuraacutemos promover o desenvolvimento de noccedilotildees matemaacuteticas aproveitando

variadas situaccedilotildees luacutedicas das crianccedilas e momentos da rotina diaacuteria sabendo que como

se refere nas OCEPE (MEDEB 1997) ldquocabe ao educador partir das situaccedilotildees do

28

quotidiano para apoiar o desenvolvimento do pensamento loacutegico matemaacutetico

intencionalizando momentos de consolidaccedilatildeo e sistematizaccedilatildeo de noccedilotildees matemaacuteticasrdquo

(ibidem) Neste acircmbito importa ainda ter em conta o que afirmam Castro e Rodrigues

(2008) quando defendem que

uma das funccedilotildees do Jardim-de-Infacircncia eacute criar ambientes de aprendizagem

ricos em que as crianccedilas se possam desenvolver como seres de muacuteltiplas

facetas construindo percepccedilotildees e bases onde alicerccedilar aprendizagens Estas

reflectir-se-atildeo ao longo da vida quer nas aprendizagens quer na

sociabilizaccedilatildeo e mesmo no reconhecimento de algumas regras e

procedimentos Os nuacutemeros devem portanto desempenhar um papel

desafiante e com significado sendo a crianccedila estimulada e encorajada a

compreender os aspectos numeacutericos do mundo em que vive e a discuti-los

com os outros (p 12)

No que se refere ao domiacutenio das expressotildees como se refere nas OCEPE

(MEDEB 1997) eacute importante que o educador tenha em conta as especificidades de

cada expressatildeo mas tambeacutem a sua inter-relaccedilatildeo e a sua articulaccedilatildeo (p 57)

No que concerne agrave expressatildeo motora tal como se menciona nas OCEPE

(MEDEB 1997) ldquoao entrar para o preacute-escolar a crianccedila jaacute possui algumas aquisiccedilotildees

motoras baacutesicas tais como andar transpor obstaacuteculos manipular objectos de forma

mais ou menos precisardquo (p 58) Tendo em conta todos os movimentos que a crianccedila jaacute

possui a educaccedilatildeo preacute-escolar deve originar situaccedilotildees de exerciacutecio da motricidade

global e tambeacutem da motricidade fina permitindo que todas e cada uma aprendam a

utilizar e a dominar da melhor forma o seu proacuteprio corpo (idem ibidem) Eacute importante

que as crianccedilas usufruam de oportunidades para desenvolver os diferentes segmentos do

seu corpo facilitando a interiorizaccedilatildeo do esquema corporal e tendo consciecircncia do seu

corpo em relaccedilatildeo ao exterior aprendendo as relaccedilotildees no espaccedilo

Cabe ao educador tirar partido das situaccedilotildees que ocorrem nos diferentes espaccedilos

aproveitando a sala o espaccedilo exterior locais apetrechados e materiais que

proporcionem diversas e enriquecedoras oportunidades de expressatildeo motora O

educador deve proporcionar agraves crianccedilas formas de utilizar o seu corpo servindo-se de

jogos de movimento de sons de ritmos e danccedilas Como se afirma nas OCEPE

(MEDEB 1997) ldquotodas estas situaccedilotildees permitem que a crianccedila aprenda a utilizar

melhor o seu corpo e (hellip) que vaacute tomando consciecircncia de condiccedilotildees essenciais para

uma vida saudaacutevelrdquo (p 59)

29

A expressatildeo dramaacutetica eacute um meio de descoberta de si e do outro atraveacutes da qual

a crianccedila se afirma a si proacuteprio na relaccedilatildeo com os outros apropriando-se de situaccedilotildees

socias

Eacute frequente na idade de preacute-escolar depararmo-nos com crianccedilas movimentando-

se e colocando-se em diversas posiccedilotildees fiacutesicas muitas vezes imitando certas pessoas ou

ateacute mesmo animais E como nos referem Hohmann e Weikart (2011) ldquoexperimentar

movimentos que impliquem o corpo todo ajuda as crianccedilas a desenvolver o auto-

controlo e a consciecircncia do seu posicionamento fiacutesicordquo (p 629)

A expressatildeo musical permite a exploraccedilatildeo de sons e ritmos que as crianccedilas

produzem e exploram espontaneamente e que vatildeo aprendendo a identificar e a

reproduzir elas mesmas com os diversos aspetos que caracterizam os sons Como

afirmam Hohmann e Weikart (2011) ldquoouvir muacutesica mover-se ao seu som e fazer

muacutesica satildeo experiecircncias vitais que permitem agrave crianccedila expressar-serdquo (p 656) Os

mesmos autores acrescentam que ldquoa muacutesica acompanha-nos ao longo de toda a nossa

vida marcando acontecimentos desde do nascimento agrave morterdquo (p 657)

Baseando-se no pensamento de Carlton (1994) Hohmann e Weikart (2011)

apresentam seis aspetos que importa explorar no acircmbito de expressatildeo musical como

mover-se ao som da muacutesica explorar e identificar sons explorar a voz a cantar

desenvolver melodias cantar canccedilotildees e tocar instrumentos musicais simples

Na nossa praacutetica a muacutesica estava presente diariamente na sala pois logo pela

manhatilde as crianccedilas cantavam canccedilotildees relacionadas com os bons dias e por vezes outras

por elas sugeridas A abordagem de canccedilotildees com entusiasmo e entendendo que eacute uma

parte integrante de cultura musical da crianccedila eacute outra dimensatildeo considerada

A expressatildeo plaacutestica permite agraves crianccedilas explorarem diversos materiais e

instrumentos sendo as atividades motoras iniciadas pelas crianccedilas Como se afirma nas

OCEPE (MEDEB 1997) a crianccedila ldquoexterioriza espontaneamente imagens que

interiormente construiurdquo (p 61) Godinho e Brito (2010) defendem que ldquoeacute (hellip)

importante que as crianccedilas em ambiente de jardim-de-infacircncia possam experimentar

distintos papeacuteis de executante criador e apreciadorrdquo (p 11) e ter em conta que os

trabalhos das crianccedilas tecircm ldquosignificados concretos e partilhaacuteveis com os outrosrdquo (idem

p 65)

O desenho a pintura a digitinta a modelagem o recorte e a colagem satildeo

teacutecnicas de expressatildeo plaacutestica que devem ser explorados na educaccedilatildeo preacute-escolar

OCEPE (MEDEB 1997) Importa ainda atender agrave diversidade e quantidade de

30

materiais de modo a favorecer a expressatildeo criativa das crianccedilas Eacute importante que as

crianccedilas tenham agrave sua disposiccedilatildeo materiais que lhes possibilitem escolher e promover

diferentes formas de combinaccedilatildeo A identificaccedilatildeo e nomeaccedilatildeo de cores bem como a

mistura de cores baacutesica para formar outras (secundaacuterias) satildeo aspetos da expressatildeo

plaacutestica que tambeacutem importa explorar

No que diz respeito agrave aacuterea do Conhecimento do Mundo esta ldquoenraiacuteza-se na

curiosidade natural da crianccedila e no seu desejo de saber e compreender porquecircrdquo (idem p

79) A crianccedila antes de iniciar a educaccedilatildeo preacute-escolar sabe jaacute bastantes coisas sobre o

mundo que a rodeia A curiosidade e o desejo de descobrir e aprender das crianccedilas

manifestam-se na procura de compreensatildeo do mundo e de lhe atribuir sentido Tal

procura leva-as a formas progressivamente mais elaboradas do pensamento

A exploraccedilatildeo de conteuacutedos relacionados com esta aacuterea poderatildeo estar ldquomais ou

menos relacionada com o meio proacuteximo mas que aponta para a introduccedilatildeo a aspectos

relativos a diferentes domiacutenios do conhecimento humano (hellip) que mesmo elementares

e adequados a crianccedilas destas idades deveratildeo corresponder sempre a um grande rigor

cientiacuteficordquo (idem p 80) As OCEPE apontam ainda para que as crianccedilas possam

entender certos fenoacutemenos e acontecimentos que experienciam no seu dia-a-dia A

sensibilizaccedilatildeo agraves ciecircncias pode assim entender-se como partindo dos interesses das

crianccedilas que o educador alarga e contextualiza procurando fomentar a curiosidade e o

desejo de aprender O educador tem um papel fundamental na escolha dos conteuacutedos a

desenvolver poreacutem deve ter a preocupaccedilatildeo de acordar e negociar as suas propostas com

o grupo de modo a promover aprendizagens com significado para as crianccedilas Entre o

que se apresenta como fundamental desenvolver neste domiacutenio ldquosatildeo aspectos que se

relacionam com os processos de aprender a capacidade de observar o desejo de

experimentar a curiosidade de saber a atitude criacuteticardquo (idem p 85)

Foi com base em todas as aacutereas de conteuacutedo e domiacutenios que procuraacutemos

promover experiecircncias de aprendizagem diversas sendo que algumas dessas seratildeo

descritas e analisadas na terceira parte deste relatoacuterio

31

III Descriccedilatildeo e anaacutelise das experiecircncias de aprendizagem

O presente capiacutetulo incide sobre o processo de ensino e aprendizagem que

desenvolvemos com as crianccedilas ao longo do ano letivo de 2012-2013 apresentando um

conjunto de experiecircncias de aprendizagem atraveacutes das quais pretendemos aprofundar a

reflexatildeo sobre a accedilatildeo educativa promovida

Neste sentido procuraacutemos explicitar as intencionalidades que as orientam os

processos de desenvolvimento recursos utilizados e informaccedilatildeo tomada em

consideraccedilatildeo para a compreensatildeo do desenvolvimento desse processo e a progressatildeo

das crianccedilas

As experiecircncias de aprendizagem que aqui apresentamos incidem

particularmente sobre o segundo semestre do ano letivo referido porque foi nesse

periacuteodo que nos foi possiacutevel promover uma maior continuidade ao trabalho

desenvolvido o que permitiraacute uma melhor compreensatildeo das linhas de accedilatildeo e das formas

de intervenccedilatildeo pedagoacutegica em que nos situamos

No que se refere agrave planificaccedilatildeo da accedilatildeo educativa procuraacutemos articular num

todo coerente a nossa intervenccedilatildeo no sentido de proporcionar agraves crianccedilas a vivecircncia de

um projeto formativo integrado e em continuidade as reflexotildees preacute e poacutes-accedilatildeo com a

educadora de infacircncia cooperante foram importantes Como elementos de apoio ao

desenvolvimento desse processo relevamos as Orientaccedilotildees Curriculares para a

Educaccedilatildeo preacute-escolar o projeto curricular do grupo e os interesses e necessidades

formativas que no decurso da accedilatildeo educativa iacuteamos identificando Os planos de

intervenccedilatildeo pedagoacutegica assumiram um caraacuteter flexiacutevel de modo a podermos integrar as

contribuiccedilotildees do grupo de crianccedilas nesse processo e adequar as estrateacutegias quando

necessaacuterio de modo a garantir melhores oportunidades de aprendizagem e

desenvolvimento das crianccedilas

Ao niacutevel da recolha da informaccedilatildeo para ajudar a melhor poder compreender-se o

modo como se desenvolveu o processo de aprendizagem recorremos sobretudo a notas

de campo e registos fotograacuteficos Natildeo podemos deixar de relevar a importacircncia que

tambeacutem assumiram as produccedilotildees das crianccedilas incluiacutedas nos seus portefoacutelios pois

ajudaram-nos a melhor compreender como cada uma se apropriou e retratou as

experiecircncias promovidas

32

31 Experiecircncia de aprendizagem Respeitar as diferenccedilas um

desafio para todos

Um dos principais objetivos desta experiecircncia de aprendizagem centrou-se em

alertar as crianccedilas para a importacircncia de favorecer a integraccedilatildeo e bem-estar de todos

independentemente das diferenccedilas fiacutesicas e culturais entre outras que pudessem

possuir

Partimos da histoacuteria Elmer de David Mckee (2007) e comeccedilaacutemos por apresentar

o livro agraves crianccedilas lendo o tiacutetulo e perguntar-lhes se conheciam a histoacuteria ao que nos

responderam que natildeo Com este questionamento pretendiacuteamos saber se as crianccedilas jaacute

conheciam o conteuacutedo da histoacuteria Decidimos entatildeo solicitar agraves crianccedilas a observaccedilatildeo

da capa do livro de modo a explorar os elementos paratextuais em grande grupo

Vaacuterias crianccedilas identificaram e indicaram de imediato a personagem nela retratada

como sendo um elefante Mas duas delas manifestaram natildeo ter a certeza considerando a

aparecircncia do mesmo como as suas afirmaccedilotildees permitem perceber parece um elefante

mas parece um elefante colorido (Tiago)4 parece um elefante arco-iacuteris (Joana)

No sentido de melhor se compreenderem estes comentaacuterios importa mencionar

que o referido elefante era representado no livro atraveacutes de um desenho-ilustraccedilatildeo

desafiando agrave imaginaccedilatildeo e procurando ilustrar a mensagem pretendida de alerta para as

diferenccedilas mas afastando-se da figura ldquorealrdquo que por exemplo uma imagem

fotograacutefica permite retratar

Propusemos entatildeo agraves crianccedilas escutar com atenccedilatildeo a histoacuteria no sentido de

percebermos do que abordava Lemos a histoacuteria mostrando as imagens que a ilustravam

e no final refletimos sobre o conteuacutedo da mesma partindo da questatildeo

- Entatildeo do que nos fala a histoacuteria (Ed Estagiaacuteria)

- Eacute do Elmer Ele natildeo gostava da cor que tinha (Manuel)

- Pois ele natildeo gostava da cor que tinha e porque seria (Ed Est)

Surgiram vaacuterias respostas De entre elas destacamos as seguintes afirmaccedilotildees

- Porque ele eacute agraves cores (Gonccedilalo)

- E natildeo gostava de ser assim (Diogo)

- E depois com as tintas ficou de outra cor (Manuel)

- Pois foi Mas os outros riram-se (Margarida)

- Com a chuva voltou a ficar igual (Laura)

- E o que acharam dos elefantes se rirem dele acham que isso eacute bom (Ed Est)

- Natildeo (Vaacuterios)

- Porquecirc (Ed Est)

4 Os nomes das crianccedilas apresentadas satildeo fictiacutecios de modo a assegurar o anonimato da sua identidade

33

- Porque mesmo diferentes temos que ser amigos (Pedro)

- Porque somos todos diferentes (Inecircs)

Nota de campo 25 de fevereiro 2013

O excerto permite perceber que o conteuacutedo da histoacuteria tinha sido compreendido

referindo as crianccedilas que eram abordadas as diferenccedilas fiacutesicas que apresentava o animal

as dificuldades em aceitar a diversidade ou a diferenccedila de cor ou raccedila como as

seguintes afirmaccedilotildees permitem perceber Porque ele eacute agraves cores (Gonccedilalo) e natildeo gostava

de ser assim (Diogo) Tambeacutem a importacircncia de respeitar e aceitar as diferenccedilas foram

identificadas como conteuacutedo da histoacuteria ao reconhecerem e indicarem que natildeo foi bom

os elefantes rirem do modo como o Elmer tentou superar os constrangimentos sentidos

tentando mudar de cor justificando o Pedro porque mesmo diferentes temos que ser

amigos e acrescentando a Inecircs porque somos todos diferentes

Na sequecircncia da histoacuteria dialogaacutemos sobre possiacuteveis diferenccedilas fiacutesicas que

pudemos encontrar entre as pessoas e a importacircncia de aceitaacute-las mas tambeacutem de

respeitar e aceitar se elas quiserem fazer algumas mudanccedilas para se sentirem mais

bonitas ou felizes No sentido de uma melhor compreensatildeo desse valor alertaacutemos para

que cada um de noacutes por vezes tambeacutem mudar alguma coisa porque gosta como pintar

as unhas os laacutebios e o cabelo e noacutes gostamos e somos amigas delas quer estejam ou

natildeo pintadas Partindo desta ideia as crianccedilas falaram das suas experiecircncias e das dos

seus familiares Lembraacutemos ainda que tambeacutem noacutes natildeo somos todos iguais temos

diferenccedilas

Nesta linha de pensamento propusemos agraves crianccedilas observar diferenccedilas e

semelhanccedilas que existiam entre os elementos do grupo Vimos que uns tinham os

cabelos loiros outros castanhos e outros pretos Tambeacutem nos olhos podiacuteamos ser

diferentes e mesmo ao niacutevel da pele observando que embora fossemos todos de pele

branca uns tinham uma cor mais clara outros uma cor mais escura Sem que o

solicitaacutessemos algumas crianccedilas puxaram as mangas da camisola e colocaram o braccedilo

junto do de outras para verificarem melhor as diferenccedilas fazendo comentaacuterios sobre o

que observavam

Num outro momento mostraacutemos agraves crianccedilas duas imagens de elefantes uma

colorida como a do Elmer a personagem da histoacuteria e outra em cor cinzenta

Propusemos agraves crianccedilas que descobrissem as semelhanccedilas entre os dois elefantes

34

Observaacutemos diferentes reaccedilotildees Enquanto algumas crianccedilas manifestaram natildeo

perceber bem o pretendido outras manifestaram que isso tinha acontecido fazendo

afirmaccedilotildees como as que a seguir apresentamos e permitiram que as outras

compreendessem o que lhe tiacutenhamos solicitado fazerem

-Tecircm os dois uma tromba (Vaacuterios)

-Tecircm tambeacutem rabo para baixo as duas (Manuel)

-Tecircm dois olhos (Gabriel)

- Muito bem e haveraacute diferenccedilas entre os dois elefantes (Ed Est)

-A cor dos elefantes (vaacuterios)

-Um eacute cinzento como todos os elefantes e outro eacute agraves cores (Manuel)

Nota de campo 25 de fevereiro 2013

Como o excerto deixa perceber o diaacutelogo estabelecido possibilitou observar que

a diferenccedila que caraterizava os animais representados era a cor mas que se tratava do

mesmo tipo de ser e por isso apresentavam muitas outras carateriacutesticas comuns

Entendemos que este tipo de abordagem pode ajudar a que melhor possamos

entender aceitar e respeitar as pessoas pelos seres humanos que satildeo e ultrapassar

barreiras discriminatoacuterias que infelizmente ainda se fazem sentir Neste sentido

importa considerar que como se refere nas OCEPE (MEDEB 1997) eacute na aceitaccedilatildeo da

diferenccedila e ldquonuma perspetiva multicultural que se constroacutei uma maior igualdade de

oportunidadesrdquo (p 54)

Relevamos que esta atividade permitiu agraves crianccedilas natildeo soacute obterem e discutirem

valores que nos levem a enveredar por perspetivas e praacuteticas facilitadoras das

multiculturas e de igualdade de oportunidades como suscitar a pesquisa sobre o animal

que entrou na histoacuteria e espaccedilos em que vivia Assim levaacutemos e colocaacutemos na aacuterea da

biblioteca alguns livros sobre animais onde se incluiacuteam os elefantes o que suscitou a

continuidade da atividade Algumas crianccedilas quiseram descobrir como eram os

elefantes e se seriam todos parecidos ou natildeo Apoiaacutemo-las nesse processo ajudando-as

a descobrir mais pormenores que poderiam apontar para as diferenccedilas ou semelhanccedilas

mas relevando a importacircncia de cada um

No que se refere ao tempo de trabalho nas aacutereas importa evidenciar que algumas

crianccedilas quiseram representar ao niacutevel da expressatildeo plaacutestica figuras de elefantes

optando sobretudo por materiais tridimensionais como a plasticina como as imagens da

figura 10 permitem perceber No final sugerimos a contagem das representaccedilotildees dos

elefantes

35

As figuras apresentadas permitem observar diferentes produccedilotildees no que se

refere agrave reproduccedilatildeo de algumas partes do corpo quer agrave cor escolhida para elaborar o

trabalho As vaacuterias formas de representaccedilatildeo tambeacutem nos permitem perceber diferentes

niacuteveis de representaccedilatildeo simboacutelica incluindo e diferenciando vaacuterias partes do corpo do

animal algumas ainda o seu modo de locomoccedilatildeo enquanto outras representam apenas

para aleacutem do corpo no seu todo a parte que mais o diferencia dos outros animais a

tromba Como refere Gonccedilalves (1991) ldquoa expressatildeo eacute motivada pelo que mais a

impressionardquo (p 13)

No que se refere agrave escolha da plasticina para fazer as figuras do elefante importa

considerar que como referem Hohmann e Weikart (2011) este eacute um material a partir do

qual as crianccedilas gostam de fazer as suas reproduccedilotildees para o que em nosso entender

contribui o facto de poderem realizar produccedilotildees tridimensionais e as possibilidades de

modelagem que este material oferece

Na discussatildeo sobre os animais surgiu a questatildeo de como se designa um conjunto

de elefantes (nomes coletivos) ao que uma das crianccedilas respondeu prontamente eacute uma

manada (Carlos) No sentido de partilha de saberes possuiacutedos por cada um em relaccedilatildeo

ao toacutepico sobre o qual viacutenhamos a interrogar as crianccedilas solicitaacutemos-lhes que dissessem

o que sabiam sobre os elefantes Surgiram vaacuterias respostas entre as quais sublinhamos

- Tem uma tromba (Laura)

- Tem orelhas grandes (Pedro)

- Tem quatro patas (Tiago)

- Eles podem beber com a tromba (Rafael)

As respostas obtidas permitem-nos perceber que as crianccedilas jaacute possuiacuteam alguns

conhecimentos acerca das caracteriacutesticas dos elefantes mas tambeacutem que ainda havia

muitas coisas que poderiacuteamos aprender sobre eles Neste sentido sugerimos-lhes

Figura 10 ndash Produccedilotildees das crianccedilas em plasticina na sequecircncia da exploraccedilatildeo da histoacuteria do Elmer

36

visualizar imagens em PowerPoint que ilustravam as caracteriacutesticas do elefante No

final da apresentaccedilatildeo questionaacutemo-nos sobre o observado comeccedilando por colocar-lhes

um questatildeo sobre os seus haacutebitos alimentares

- Do que seraacute que o elefante se alimenta (Ed Est)

- Comem plantas (Pedro)

- E maccedilatildes das aacutervores (Ricardo)

- Bebem a aacutegua (Gabriel)

-Comem tambeacutem bananas (Gonccedilalo) Nota de campo 25 de fevereiro 2013

Entre as vaacuterias questotildees e respostas que surgiram a discussatildeo incidiu sobre os

dentes dos elefantes e a sua funccedilatildeo o nuacutemero de patas que tinham e como eram

constituiacutedas bem como sobre qual a funccedilatildeo da tromba para aleacutem de ser para beber

Este momento de diaacutelogo em grande grupo permitiu que as crianccedilas aprendessem a

ouvir-se umas agraves outras a esperar a sua vez para falar e para colaborar na atividade

Possibilitou ainda que conhececircssemos melhor as carateriacutesticas e os interesses das

crianccedilas pelo que nos parece poder ir ao encontro da ideia de Hohmann e Weikart

(2011) quando referem que

enquanto as crianccedilas interagem com materiais pessoas ideias e

acontecimentos para construir o seu proacuteprio entendimento da realidade os

adultos observam e interagem com elas para descobrir como as crianccedilas

pensam e raciocinam Os adultos tentam reconhecer os interesses e

capacidades particulares das crianccedilas oferecer-lhes apoio e colocar-lhes

desafiosrdquo (p 27)

Na sequecircncia da observaccedilatildeo das imagens dos livros sobre os animais integrados

na biblioteca iam surgindo perguntas em torno dos mesmos e do local onde viviam Por

isso e no sentido de poder alargar essa abordagem entendemos recorrer a vaacuterias

figurasbrinquedos de animais apresentando-os numa maqueta em que se encontravam

representados diferentes tipos de habitats As crianccedilas mostraram-se bastante curiosas

em descobrir quais os animais aiacute representados e os locais em que surgiam situados No

decurso do diaacutelogo uma crianccedila questionou-nos sobre o significado da palavra habitat

Perguntaacutemos ao grupo quem sabia e queria explicar ao colega mas gerando-se um

silecircncio informaacutemos que se tratava do local no qual vivem os animais e propusemos

que observassem a maqueta e descobrissem que locais se encontravam laacute representados

Obtivemos respostas variadas como

-Ali eacute a aacutegua (Diogo)

-Eacute na terra (Laura)

-Nas montanhas (Margarida)

37

Nota de campo 25 de fevereiro 2013

Informaacutemos as crianccedilas que todas as repostas correspondiam a elementos que

faziam parte dos habitats dos animais e que estes eram de trecircs tipos o terrestre o

aquaacutetico e o aeacutereo Realizaacutemos uma breve explicaccedilatildeo agraves crianccedilas da constituiccedilatildeo dos

habitats e dos animais que os habitavam

Distribuiacutemos por cada crianccedila a figura de

um animal em formato de fantoche e

solicitaacutemos-lhes que cada uma identificasse o

animal que tinha na matildeo e qual o habitat em que

esse animal se integraria colocando-o na

maqueta como a figura 11 permite perceber

Todas as crianccedilas participaram nesta atividade A

realizaccedilatildeo da atividade em grande grupo permitiu

partilhar ideias e valorizar os saberes de todos no

sentido de um enriquecimento muacutetuo

Esta atividade tinha como objetivo principal ajudar as crianccedilas a compreender

que os animais podem viver em diferentes ambientes ecoloacutegicos Sugerimos agraves crianccedilas

que desenhassem um animal e o seu habitat

Como forma de dar continuidade agrave atividade sobre os animais sugerimos a

realizaccedilatildeo do jogo ldquoOs animais da selvardquo que consistia em retirar de entre um conjunto

de cartotildees apresentados numa caixa um cartatildeo seria lida a tarefa agrave crianccedila e esta

concretizaacute-la-ia Entre as propostas de realizaccedilatildeo apresentadas constavam por exemplo

imitar o som de um determinado animal representar o seu modo de locomoccedilatildeo e cantar

uma canccedilatildeo relacionada com os animais

No sentido de dar continuidade agrave exploraccedilatildeo da histoacuteria do Elmer solicitaacutemos as

crianccedilas num momento de trabalho em grande grupo a identificarem e nomearem as

cores primaacuterias Obtivemos respostas variadas por parte das crianccedilas algumas

respondiam corretamente ao nome das cores e outras natildeo as identificavam Decidimos

entatildeo explorar as cores primaacuterias e para que melhor pudessem observaacute-las e identificaacute-

las colocaacutemos tintas com as trecircs cores primaacuterias (azul amarelo e vermelho) em frascos

transparentes As crianccedilas puderam mexer e fazer pinceladas na folha No decurso da

atividade uma crianccedila referiu que existem tambeacutem as cores secundaacuterias (Margarida)

Figura 11 - Crianccedila colocando o animal no

habitat

38

Noutro momento e ainda no acircmbito do processo de identificaccedilatildeo das cores

propusemos agraves crianccedilas a utilizaccedilatildeo de outros recursos folhas de acetato e guaches

Sugerimos-lhes que colocassem em cada folha gotas de tinta de cores diferentes e

depois que as juntassem Ao juntarem as duas folhas de acetatos as crianccedilas reparavam

que surgiria uma nova cor Sugerimos agraves crianccedilas a realizaccedilatildeo do quadro das cores que

integraria as cores primaacuterias num primeiro momento e ao qual iriacuteamos mais tarde

acrescentar as secundaacuterias (verde laranja e roxo) Questionaacutemos as crianccedilas de modo a

identificarem e nomearem as cores e conforme iam sendo identificadas iam sendo

colocadas pelas crianccedilas no quadro

Procedemos num segundo momento agrave exploraccedilatildeo de uma cor secundaacuteria o

verde propondo agraves crianccedilas a mistura das cores amarela e azul e tentar que as crianccedilas

descobrissem que cor surgia dessa mistura Algumas crianccedilas responderam

corretamente que surgiria a cor verde As crianccedilas colocaram a cor verde em frente agrave cor

amarela e azul para que percebessem que da junccedilatildeo das duas cores iniciais resultava

essa cor

Repetimos esse mesmo processo com as cores amarelo e vermelho de cuja

junccedilatildeo surgiu o laranja e com o azul e vermelho

da qual surgiu o roxo Completaacutemos o quadro das

cores primaacuterias e secundaacuterias com as tintas que jaacute

possuiacuteamos e com as novas tintas que surgiram

na junccedilatildeo das cores primaacuterias

Expusemos o trabalho na sala permitindo

relembrar e melhor memorizar o nome das

diferentes cores (primaacuterias e secundaacuterias) como a

figura 12 permite observar

No desenvolvimento da atividade as crianccedilas mostraram-se bastante

surpreendidas com o surgir da nova cor a partir da junccedilatildeo das duas cores iniciais

expressando alegria e desejo de fazer novas experiecircncias Neste sentido importa ter em

conta que como refere Luft (2011) ldquoa cor eacute um dos principais elementos das artes

visuais (hellip) despertando sensaccedilotildees e emoccedilotildees seja na pintura na esculturardquo (p 304)

entre outras teacutecnicas de expressatildeo plaacutestica

Procurando que as crianccedilas tirassem partido das cores exploradas sugerimos agraves

crianccedilas que decorassem a imagem do elefante Elmer utilizando folhas em formato A2

A proposta inicial era de que as crianccedilas pintassem a imagem do elefante Elmer

Figura 12 - Quadro das cores primaacuterias e

secundaacuterias

39

recorrendo agrave teacutecnica de pintura sopro que consistia em colocar um pouco de tinta num

quadrado e soprar com a palhinha de forma a espalhar a cor por todo o quadrado do

papel Algumas crianccedilas manifestaram bastante dificuldade na realizaccedilatildeo do sopro e

comeccedilaram a utilizar a palhinha como forma de pincel Decidimos entatildeo sugerir a

essas crianccedilas que utilizassem pinceacuteis se assim o entendessem No final surgiu uma

figura de elefante muito colorida aos quadrados que expusemos junto agrave da entrada para

a sala no sentido de partilhar a experiecircncia com os pais

Em siacutentese no acircmbito desta experiecircncia de aprendizagem promovemos a criaccedilatildeo

de oportunidades de as crianccedilas desenvolverem saberes que se prendem particularmente

com as carateriacutesticas da vida animal e a composiccedilatildeo das cores (primaacuterias e secundaacuterias)

numa dimensatildeo articulada da aacuterea do mundo fiacutesico e social e dos domiacutenios da expressatildeo

oral dramaacutetica e plaacutestica Foi nossa preocupaccedilatildeo que as crianccedilas pudessem questionar-

se manifestar as suas opiniotildees e implicar-se na exploraccedilatildeo dos materiais colocados agrave

sua disposiccedilatildeo Neste acircmbito releva-se nas OCEPE (MEDEB 1997) que ldquoa

identificaccedilatildeo e nomeaccedilatildeo das cores a mistura de cores baacutesicas para formar outras satildeo

aspetos da expressatildeo plaacutestica que se ligam com a linguagem e o Conhecimento do

Mundordquo (pp 62-63) Nesta experiecircncia de aprendizagem pudemos relevar a exploraccedilatildeo

do mundo fiacutesico mas tambeacutem e sobretudo o social no sentido de valorizar a

construccedilatildeo de um pensamento aberto a formas diversas de ser e estar no quadro de

valores de respeito aceitaccedilatildeo e de diaacutelogo com os outros

32 Experiecircncia de aprendizagem Aprender a observar e conhecer

Considerando o interesse manifestado pelas crianccedilas em relaccedilatildeo ao conteuacutedo da

histoacuteria do Elmer sendo a mesma referida em vaacuterios e diferentes momentos decidimos

dar-lhe continuidade explorando o livro intitulado Elmer e o arco-iacuteris de David

Mckee5 Trata-se de uma histoacuteria que aborda os valores de

entreajuda dar algo sem o perder bem como os sentimentos de

amizade e de felicidade

Relevamos neste sentido que como refere Mata (2008)

ldquoa leitura de histoacuterias eacute uma actividade muito rica e completa

5 A imagem do livro que consta na figura 13 foi obtida em

httpwwwcaminholeyacomfotosprodutos500_9789722118620_elmer_e_o_arco_irisjpg

Figura 13 - Livro - Elmer e o

arco-iacuteris de David Mckee

40

pois permite a integraccedilatildeo de diferentes formas de abordagem agrave linguagem escrita em

geral e agrave leitura de uma forma especiacuteficardquo (p 78)

Comeccedilaacutemos por observar interpretar e descrever oralmente as imagens da capa

e da contracapa tendo como objetivo que as crianccedilas compreendessem que tanto as

palavras escritas como os desenhos transmitem informaccedilotildees Embora algumas crianccedilas

manifestassem possuir conhecimento acerca da composiccedilatildeo dos livros mas que nem

conseguiam fazecirc-lo entendemos explicar esses elementos agraves crianccedilas Procedemos em

seguida agrave leitura expressiva da mesma No final questionaacutemos as crianccedilas acerca do

seu conteuacutedo e todas referiram que falava sobre o arco-iacuteris sobre este ter perdido as

suas cores e o elefante Elmer ter ajudado a que este as recuperasse As crianccedilas

mencionaram partes da histoacuteria relevantes mostrando ter prestado atenccedilatildeo agrave leitura e tecirc-

la interiorizado Importa ter em conta que como se refere nas (OCEPEMEDEB

1997) ldquoeacute no clima de comunicaccedilatildeo criado pelo educador que a crianccedila iraacute dominando a

linguagem alargando o seu vocabulaacuterio construindo frases mais correctas e complexas

adquirindo um maior domiacutenio da expressatildeo e comunicaccedilatildeordquo (p 67)

Nesta linha de pensamento e aproveitando as ideias que as crianccedilas

mencionaram questionaacutemo-las sobre o que sabiam acerca do arco-iacuteris tais como

quantas cores teria o arco-iacuteris e obtivemos respostas como

-Tem cinco cores (Diogo)

- Acho que tem seis cores (Gonccedilalo)

- Eu acho que tem sete cores (Tiago)

- Tem muitas cores (Laura)

As afirmaccedilotildees das crianccedilas deixam perceber que natildeo tinham a certeza em

relaccedilatildeo agraves cores do arco-iacuteris o que era de esperar dado a tenra idade das crianccedilas

Decidimos revelar agraves crianccedilas o verdadeiro nuacutemero de cores que tem o arco-iacuteris

referindo que o arco-iacuteris apresenta sete cores Continuando o diaacutelogo procuraacutemos levar

as crianccedilas a idealizarem e nomear as possiacuteveis cores do arco-iacuteris Obtivemos as

seguintes respostas

- O arco-iacuteris tem amarelo (Pedro)

-Tem tambeacutem azul (Rodrigo)

- Tem verde o arco-iacuteris (Tiago)

- Eu acho que tambeacutem tem cor de laranja (Gonccedilalo)

- Natildeo tem eacute vermelho (Pedro)

- Eu acho que tem cor-de-rosa (Inecircs) Nota de campo 11 de marccedilo 2013

41

Algumas crianccedilas comentaram que natildeo sabiam porque nunca o tinham visto

outras disseram que jaacute o tinham visto mas que natildeo se lembravam das cores que eram

Decidimos entatildeo informar as crianccedilas das cores que o arco-iacuteris possui nomeadamente

o violeta anil azul verde amarela laranja e vermelho

As crianccedilas que tinham respondido corretamente a uma das cores sentiram-se

bastante satisfeitas mostraram conforto e confianccedila em si proacuteprias comentando a sua

resposta entre o grupo Como referem Hohmann e Weikart (2011) ldquoas reflexotildees das

crianccedilas sobre as suas acccedilotildees satildeo uma parte

fundamental do processo de aprendizagem Ouvir e

encorajar a forma particular como cada crianccedila pensa

fortalece o seu pensamento emergente e as suas

capacidades de raciociacuteniordquo (p 47)

Sugerimos agraves crianccedilas que desenhassem e

pintassem numa folha branca como julgavam que era

constituiacutedo o arco-iacuteris exemplo figura 14

Durante a atividade as crianccedilas comentavam entre si qual seria a cor com que o

arco-iacuteris iniciava tentavam lembrar-se da ordem das

cores e curiosamente comentavam o formato do arco-iacuteris

referiam-se a este como tendo uma forma muito

semelhante a uma ponte Depois de vaacuterias crianccedilas terem

desenhado o arco-iacuteris exemplo figura 15 mostraacutemos a

imagem do mesmo no sentido de melhor perceberem

como era constituiacutedo Esta experiecircncia permitiu relembrar

as cores partindo da sua identificaccedilatildeo num fenoacutemeno da

natureza

Expusemos uma imagem do arco-iacuteris ldquorealrdquo numa das paredes da sala para que

todos a visualizassem e comparassem com os desenhos que eles tinham realizado

anteriormente A reaccedilatildeo das crianccedilas foi surpreendente comentavam a imagem

sublinhando a beleza da mesma e as experiecircncias possuiacutedas de ter visto ou natildeo esse

fenoacutemeno

A alegria aumentava agrave medida que descobriam que tinham colocado no desenho

cores que correspondiam agraves observadas no fenoacutemeno do arco-iacuteris e que uma ou outra

surgiam segundo a mesma ordem

Figura 14 - Desenho de um arco-iacuteris

realizado por uma crianccedila da sala

Figura 15 - Arco-iacuteris elaborado

por uma crianccedila da sala

42

No sentido de relembrar e explorar o conteuacutedo da histoacuteria Elmer e o arco-iacuteris

propusemos a realizaccedilatildeo de um jogo de expressatildeo de afetos intitulado como o ldquoJogo

dos sorrisosrdquo O objetivo do jogo consistia em compreender a importacircncia de expressar

pequenos gestos que satildeo importantes para quem os recebe e para quem os daacute que natildeo

representam perdas mas antes ganhos como por exemplo dar um sorriso ou um abraccedilo

a algueacutem As crianccedilas manifestaram terem compreendido o conteuacutedo da histoacuteria e por

conseguinte o que se pretendia do jogo

O jogo constava de uma crianccedila de cada vez ir retirar um cartatildeo de dentro de

uma caixa no qual estava escrito uma mensagem que educadora lhe lia e que ela iria

transmitir a algueacutem da sala que escolhesse dirigir-lha Todas as crianccedilas participaram

no jogo recebendo e manifestando gestos Entre as

mensagens escritas nos cartotildees encontrava-se por

exemplo dar um abraccedilo um beijo no rosto um aperto

de matildeo entre outros As crianccedilas manifestaram

grande interesse e entusiamo em realizar o jogo

observando-se grande envolvimento na realizaccedilatildeo do

mesmo como a tiacutetulo de exemplo a imagem da figura

16 permite perceber que as crianccedilas estatildeo a dar as matildeos

manifestando gesto de carinho

No sentido de ajudar as crianccedilas a compreenderem a que se deve a formaccedilatildeo do

arco-iacuteris procuraacutemos num outro momento propor uma atividade praacutetica que permitisse

observar o surgir desse fenoacutemeno Comeccedilaacutemos por perguntar agraves crianccedilas se sabiam

como este fenoacutemeno surgia tentando auscultar as ideias preacutevias Entre essas ideias

surgiram as seguintes

- Podemos ver o arco-iacuteris quando haacute sol e chuva (Manuel)

- Eacute preciso haver chuva e sol (vaacuterios)

- O arco-iacuteris vai sempre buscar aacutegua aos rios (Manuel)

Nota de campo 11 de marccedilo de 2013

As afirmaccedilotildees das crianccedilas deixam perceber que algumas jaacute apresentam ideias

sobre as carateriacutesticas temporais que levam a que se decirc a refraccedilatildeo da luz do sol e se

observe a formaccedilatildeo do arco-iacuteris apesar de ainda natildeo dominarem o conhecimento

cientiacutefico do fenoacutemeno Por usa vez a afirmaccedilatildeo do Manuel deixa perceber que pode

entender-se como indo ao encontro do afirmado por Martins et al (2009) quando

Figura 16 - Crianccedilas jogando o

Jogo dos sorrisos

43

lembram que ldquoas crianccedilas datildeo explicaccedilotildees que muitas vezes natildeo correspondem ao

conhecimento cientiacutefico actual mas que tem loacutegica para sirdquo (p 12)

Assim e depois de um breve diaacutelogo sobre o fenoacutemeno sugerimos a realizaccedilatildeo

de uma atividade sobre a formaccedilatildeo do arco-iacuteris manifestando-se as crianccedilas bastante

curiosas em saber como fazer para que o fenoacutemeno ocorresse

Os materiais utilizados para a realizaccedilatildeo da atividade praacutetica foram previamente

fabricados e preparados por noacutes bem como testada a experiecircncia Para tal fizemos uma

abertura estreita em forma de retacircngulo numa cartolina preta de seguida colocaacutemos a

cartolina em frente ao nosso peito na horizontal e apontaacutemos luz para essa abertura de

forma a conseguirmos um raio de luz estreito Colocaacutemos um espelho inclinado numa

tina com aacutegua e inclinaacutemos uma folha grande de cartolina branca junto da tina com

aacutegua Apontaacutemos a luz atraveacutes da cartolina preta

para que esta acertasse no espelho No final

tiacutenhamos conseguido ver a formaccedilatildeo do arco-iacuteris

Estes procedimentos foram repetidos com as

crianccedilas na atividade que viacutenhamos a descrever foi

possiacutevel observarmos a refraccedilatildeo da luz formando o

arco-iacuteris que se apresenta na figura 17

Procuraacutemos diversificar os materiais e ajudar as

crianccedilas a compreenderem que o efeito pode provir de vaacuterias fontes Neste sentido

observaacutemos tambeacutem o aparecimento do arco-iacuteris atraveacutes de uma lanterna e de um Cd

permitindo este objeto tambeacutem fazer com que se decirc a refraccedilatildeo da luz da lanterna e por

conseguinte a sua divisatildeo em vaacuterias cores fazendo o efeito de arco-iacuteris Fizemos incidir

a luz da lanterna na parte superior do cd e inclinaacutemos o cd para que a luz incidisse na

parede pois eacute nesta que as crianccedilas conseguem ver as cores do arco-iacuteris

Inicialmente as crianccedilas mostravam-se bastante eufoacutericas e curiosas em saber

como iria aparecer o arco-iacuteris com dois objetos (uma lanterna e um Cd) No entanto ao

iniciarmos a atividade fez-se uma grande silecircncio na sala dado o interesse e a atenccedilatildeo

com que estavam para observar o resultado Quando mostraacutemos que era possiacutevel fazer

aparecer o reflexo do arco-iacuteris na parede da sala estas ficaram surpreendidas

experimentaram tambeacutem as crianccedilas refletirem a imagem do arco-iacuteris com os dois

objetos Terminada a atividade praacutetica as crianccedilas referiram que gostavam de mostrar

aos pais esta atividade iriam inclusive pedir para que estes disponibilizassem uma

lanterna e um Cd

Figura 17 - Resultado da atividade

praacutetica sobre a formaccedilatildeo do arco-iacuteris

44

No decurso da semana sugerimos agraves crianccedilas uma nova atividade praacutetica ainda

de acordo com o que tiacutenhamos explorado anteriormente Poreacutem desta vez

pretendiacuteamos enveredar pelo efeito contraacuterio ao das atividades anteriores ou seja a

uniatildeo de vaacuterias cores formando uma soacute Assim solicitaacutemos agraves crianccedilas que colorissem

com cada cor as divisotildees de um ciacuterculo que lhe apresentaacutemos desenhado em cartolina

branca Quando terminavam de colorir o ciacuterculo colocavam o laacutepis de carvatildeo no centro

e faziam o ciacuterculo girar O objetivo era visualizar qual a cor que surgiria ao girar o laacutepis

pois as crianccedilas tinham diferentes cores nos ciacuterculos Mostraacutemos agraves crianccedilas um ciacuterculo

pintado com as cores do arco-iacuteris e perguntaacutemos agraves crianccedilas se sabiam qual a cor que

surgiria ao rodarmos o laacutepis observando-se as seguintes respostas

-Vai ficar azul-escuro (Manuel)

-Se rodares muito depressa vai ficar tudo vermelho (Pedro)

-Vai aparecer o arco-iacuteris (Margarida)

-Se calhar vai ficar tudo amarelo (Pedro)

- Fica quase branco (Manuel) Nota de campo 12 de marccedilo 2013

Todas as crianccedilas faziam tentativas para acertar na cor que surgiria ao rodar o

laacutepis decidimos deste modo rodaacute-lo O objetivo da atividade era como jaacute antes

referimos que as crianccedilas percebessem que ao juntar todas as cores do arco-iacuteris a cor

que surgiria era a cor branca

Eacute de referir que esta atividade natildeo correu como era esperado pois as crianccedilas

natildeo conseguiam colocar o laacutepis a girar de modo a que o movimento permitisse a junccedilatildeo

das vaacuterias cores e fosse possiacutevel observar apenas a cor branca

Para que as crianccedilas natildeo ficassem desiludidas por um lado e por outro lado para

promover a interaccedilatildeo entre pais e filhos sugerimos agraves crianccedilas que realizassem a mesma

atividade em casa com o auxiacutelio dos pais pedindo-lhes para as ajudarem a fazecirc-la e que

dialogassem de modo a descobrirem com eles a cor que surgiria quando fizessem girar o

laacutepis Refletindo sobre a atividade importa sublinhar que aprendemos que nem sempre

eacute faacutecil gerir imprevisibilidades mas que temos de saber superaacute-las tentando encontrar

soluccedilotildees alternativas Meditando sobre a experiencia de aprendizagem desenvolvida a

partir do livro Elmer e o arco-iacuteris sublinhamos as oportunidades criadas para as

crianccedilas se envolverem em diferentes atividades nas quais foram levadas em

consideraccedilatildeo os saberes e interesses manifestados por elas valorizar a ludicidade como

estrateacutegia de envolvimento na construccedilatildeo de conhecimento cientiacutefico

45

Sabemos que haacute fenoacutemenos que as crianccedilas vatildeo observando e aprendendo a

identificar mas tambeacutem que nem sempre tecircm oportunidades de conhecer fatores que lhe

datildeo origem pelo que importa promover situaccedilotildees de aprendizagem em contexto preacute-

escolar que as ajudem na compreensatildeo dos mesmos Foi nessa linha de pensamento que

surgiram as atividades que desenvolvemos em torno do arco-iacuteris

As crianccedilas envolveram-se e manifestaram sentir gosto e prazer em concretizar

as atividades desenvolvidas parecendo-nos terem contribuiacutedo para que desenvolvessem

saberes e criar oportunidades de partilha dos mesmos com os outras crianccedilas e adultos e

com os pais

Relevamos ainda a importacircncia que nos parece ter assumido o alertar das

crianccedilas para a atenccedilatildeo a prestar aos outros e a importacircncia de manifestar e receber

afetos no quadro de construccedilatildeo de uma sociedade comunicativa solidaacuteria e facilitadora

da integraccedilatildeo de todos

33 Experiecircncia de aprendizagem Conhecendo diferentes culturas

No decurso da accedilatildeo educativa surgiu a abordagem da questatildeo das diferenccedilas

entre as culturas levando-nos a pensar ser importante aprofundar o questionamento e

reflexatildeo sobre esse toacutepico Nesse sentido entendemos partir da leitura da histoacuteria

Meninos de todas as cores de Luiacutesa Ducla Soares

Em trabalho de grande grupo comeccedilaacutemos por ler o tiacutetulo da histoacuteria e questionar

as crianccedilas no sentido de perceber se a conheciam As suas afirmaccedilotildees levaram-nas a

perceber que natildeo era do seu conhecimento mas que o tiacutetulo da histoacuteria estimulou a sua

curiosidade comeccedilando a fazer comentaacuterios entre si sobre a mesma e sobre o que

entendiam poder incidir

Procedemos agrave leitura da histoacuteria acompanhado com a apresentaccedilatildeo das

imagens manifestando-se as crianccedilas muito atentas ateacute ao final da mesma Terminada a

leitura questionaacutemos as crianccedilas sobre o que achavam da histoacuteria Elas afirmaram ter

apreciado o seu conteuacutedo e ilustraccedilatildeo

Sugerimos-lhes o reconto da histoacuteria neste as crianccedilas surpreendentemente

referiram pormenores do conteuacutedo da histoacuteria como a cor de cada crianccedila aspetos

sobre cada cor e respetivos objetos relacionados com as cores O entusiasmo com que

comunicavam e escutavam as outras crianccedilas deixava perceber o reconhecimento do

valor formativo da atividade Importa neste sentido relevar que como sublinham Sim-

46

Sim Silva e Nunes (2009 retomando a ideia de Mata 2008) ldquoeacute funccedilatildeo do educador

alargar intencionalmente as situaccedilotildees de comunicaccedilatildeo (hellip) que permitam agraves crianccedilas

dominar a comunicaccedilatildeo como emissores e receptoresrdquo (p 35)

Os comentaacuterios feitos pelas crianccedilas em relaccedilatildeo ao conteuacutedo da histoacuteria a

procura do livro no tempo das atividades nas aacutereas de atividades na sala e a atitude de

respeito que pareciam manifestar uns em relaccedilatildeo aos outros levou-nos a inferir ter sido

pertinente a escolha que fizemos da obra para explorar com as crianccedilas no quadro dos

seus possiacuteveis contributos para que cada um como cidadatildeo possa assumir uma atitude

de abertura aceitaccedilatildeo das diferenccedilas e valorizaccedilatildeo de todos Neste acircmbito importa

considerar que como se refere nas OCEPE (MEDEB 1997) ldquoa aceitaccedilatildeo da diferenccedila

sexual social e eacutetnica eacute facilitadora da igualdade de oportunidades num processo

educativo que respeita diferentes maneiras de ser e de saber para dar sentido agrave

aquisiccedilatildeo de novos saberes e culturasrdquo (p 54) Merece ainda natildeo esquecer que ldquoeacute numa

perspetiva de educaccedilatildeo multicultural que se constroacutei uma maior igualdade de

oportunidades entre mulheres e homens entre indiviacuteduos de diferentes classes sociais e

de diferentes etniasrdquo (pp 54-55)

Nesta linha de pensamento importa que na educaccedilatildeo preacute-escolar as crianccedilas

usufruam de oportunidades de se envolver em experiecircncias formativas que lhes

facilitem a aquisiccedilatildeo de um espiacuterito criacutetico e a interiorizaccedilatildeo de valores conhecimentos

e atitudes que contribuam para que possam comportar-se e agir segundo princiacutepios de

equidade respeito e aceitaccedilatildeo de todos no quadro de uma cidadania responsaacutevel e

esclarecida

Num outro momento e em continuidade de outras atividades desenvolvidas

anteriormente propusemos agraves crianccedilas uma atividade no acircmbito do desenvolvimento do

domiacutenio da linguagem oral e abordagem agrave escrita nomeadamente ao niacutevel da

consciecircncia fonoloacutegica e da consciecircncia grafemaacutetica

Comeccedilaacutemos por solicitar agraves crianccedilas em trabalho de pequeno grupo que

tentassem identificar siacutelabas comuns em diferentes palavras ou seja que terminassem

com a mesma siacutelaba Nesse sentido distribuiacutemos pelas crianccedilas cartotildees com trecircs

diferentes imagens e a palavra escrita que lhe correspondia solicitando-as a contornar a

siacutelaba final de cada palavra Exploraacutemos oralmente as siacutelabas de uma palavra dizendo

por exemplo Ca-ra-col (Caracol) acompanhando com palmas das crianccedilas consoante

as siacutelabas da palavra Percebemos que a maioria das crianccedilas conseguia reproduzir

corretamente o nuacutemero de siacutelabas correspondente agrave segmentaccedilatildeo das palavras em

47

siacutelabas atraveacutes do batimento de palmas Poreacutem trecircs crianccedilas das mais novas ainda natildeo

o conseguiam fazer corretamente Decidimos por isso repetir a atividade fazendo uma

crianccedila de cada vez e variando as palavras par manter o interesse e implicaccedilatildeo das

crianccedilas na atividade Reconhecemos que eacute importante organizarmos previamente a

atividade de forma a trabalhar corretamente a consciecircncia fonoloacutegica e a divisatildeo silaacutebica

das palavras com as crianccedilas criando condiccedilotildees apelativas para estimular o interesse

das mesmas ou seja criar ldquocondiccedilotildees para que as crianccedilas aprendamrdquo (MEDEB 1997

p 66)

Retomando a reflexatildeo sobre a atividade em anaacutelise sugerimos que as crianccedilas

assinalassem a uacuteltima siacutelaba das palavras Algumas crianccedilas fizeram-na sem ajuda

poreacutem outras crianccedilas necessitaram dela sendo a mesma proporcionada quer pelos

adultos da sala quer por outras crianccedilas com um niacutevel de desenvolvimento superior

Neste sentido sublinhamos a importacircncia que assume o desenvolver atividades em

pequeno grupo no qual possam beneficiar de apoio de outros que integram um niacutevel

desenvolvimento superior de modo a que possa atuar na zona de desenvolvimento

proximal (Vygotsky 1979) Neste acircmbito Novo (2009 retomando a perspetiva do

autor 1996) sublinha que ldquocom auxiacutelio de uma outra pessoa toda a crianccedila pode fazer

mais do que faria sozinhardquo (p 58)

A atividade foi gratificante natildeo apenas para as crianccedilas mas tambeacutem para noacutes

adultos percebendo os seus contributos em termos formativos indo portanto ao

encontro dos objetivos pretendidos Apesar da tenra idade foi interessante ver como as

crianccedilas aderiram agrave atividade e a realizaram com bastante empenho tentando responder

corretamente chamando os adultos para confirmarem as suas respostas e para ajudaacute-las

na sua melhor realizaccedilatildeo

Dialogaacutemos com as crianccedilas sobre a histoacuteria e sobre a opiniatildeo destas

relativamente agrave mesma escutando as suas respostas Propusemos-lhes a realizaccedilatildeo de

um ldquoestendalrdquo de palavras observando que era a primeira vez que trabalhavam com

este Explicamos-lhes o que se pretendia da atividade e vaacuterias crianccedilas sorriram e

comentaram-na ficando curiosas Procedemos agrave elaboraccedilatildeo da atividade pendurando o

fio de latilde na sala de modo a que estivesse ao acesso de todas as crianccedilas Apresentaacutemos-

lhes cartotildees com imagem e a palavra respetiva as quais no seu conjunto formavam

uma das frases retirada da histoacuteria e que tinha sido lida agraves crianccedilas

Sob a forma de jogo em que fosse articulado o prazer de brincar e o de

concretizar da tarefa propusemos que a realizaccedilatildeo do referido jogo tentando ordenar os

48

cartotildees com as imagens de modo a construirmos a frase isto eacute trabalhando a

construccedilatildeo fraacutesica As imagens da frase a ordenar eram relativas agrave frase O menino

branco entrou num aviatildeo

Relacionado com esta atividade procedemos agrave contagem do nuacutemero de cartotildees

pendurados no fio explorando o conceito de cardinal algumas crianccedilas identificaram de

imediato os seis cartotildees As crianccedilas participaram e gerou-se companheirismo na ajuda

em dar uns aos outros no sentido de que todos fossem bem-sucedidos na concretizaccedilatildeo

da proposta Trabalhamos a consciecircncia de grafema com a ajuda das educadoras (figura

18)

-Sabes que letra eacute essa que tens na matildeo

(Ed Est)

-Sei esta letra estaacute no meu nome tambeacutem eacute

um O (Rodrigo)

-Achas que essa letra eacute do mesmo tamanho

das outras (Ed Est)

-Natildeo acho que eacute maior que as outras

(Rodrigo)

Nota de campo 8 de abril 2013

Conforme iacuteamos questionando as crianccedilas de certa forma iacuteamos tambeacutem

implementando alguma informaccedilatildeo no acircmbito do domiacutenio da linguagem oral e

abordagem agrave escrita As crianccedilas iam organizando ideias mentais fazendo a construccedilatildeo

fraacutesica da mesma e compreendiam inclusive que a escrita e os desenhos transmitem

informaccedilatildeo Repetimos este exerciacutecio com vaacuterias crianccedilas pois a maioria queria

participar e colocar os cartotildees no estendal

Observaacutemos que algumas crianccedilas fizeram a construccedilatildeo fraacutesica muito mais

raacutepido do que outras manifestando algumas uma certa dificuldade na construccedilatildeo

revelando algumas incerteza sobre o que fazer

Assim e procurando que as crianccedilas percebessem a frase tiacutenhamos a imagem a

acompanhar e questionaacutemo-las vaacuterias vezes sobre a imagem que cada cartatildeo tinha a

acompanhar Atraveacutes das imagens em geral as crianccedilas compreendiam que a frase (natildeo

construiacuteda) natildeo fazia total sentido na sua leitura e voltavam a iniciar a atividade do

estendal por vezes ajudadas na atividade por um colega

Num outro momento realizaacutemos uma atividade idecircntica mas optaacutemos por

trabalhar com cores e objetos Tiacutenhamos cinco cartotildees com cinco cores diferentes e

outros tantos com objetos diferentes mas cada objeto associado a uma cor Explicaacutemos

Figura 18 - Interajuda entre as crianccedilas da sala

49

agraves crianccedilas que do nosso lado direito elas encontravam cartotildees com cores no centro

tinha cartotildees com as palavras ldquocomordquo ldquoaordquo e do lado esquerdo encontravam cartotildees

com objetos As crianccedilas tinham que conseguir formar frases como por exemplo

ldquoAmarelo como o sol branco como o leite castanho como o chocolate vermelho como

a cereja e preto como a estradardquo

Inicialmente mostraacutemos agraves crianccedilas os cartotildees com cores colocaacutemo-los no

estendal e questionaacutemo-las se sabiam o nuacutemero de cartotildees que tinha o estendal algumas

crianccedilas (Carlos Diogo e Tiago) responderam rapidamente e corretamente agrave questatildeo

enquanto as outras crianccedilas observavam e faziam a contagem mais calmamente

conseguindo identificar os cinco cartotildees com cores Questionaacutemo-las novamente

tentando saber se alguma crianccedila conseguia identificar um cartatildeo cuja palavra iniciasse

pela letra A Apoacutes um breve momento de silecircncio uma crianccedila respondeu Amarelo

comeccedila pela letra A (Carlos)

Questionaacutemos se mais alguma palavra dos cartotildees comeccedilava pela letra A e de

imediato vaacuterias crianccedilas responderam que natildeo Concluiacutemos que em cinco cartotildees um

deles comeccedilava pela letra A trabalhando assim o domiacutenio da matemaacutetica Repetimos

mais uma vez esta atividade mas solicitando que as crianccedilas identificassem a palavra

escrita no cartatildeo que iniciasse com a letra P respondendo uma delas Preto comeccedila pela

letra P e eacute tambeacutem a primeira letra do meu nome (Pedro)

Foi gratificante observar o entusiasmo das crianccedilas em quererem realizar as

atividades sendo de sublinhar o grande interesse que manifestaram em participar na

atividade De seguida iniciaacutemos a atividade de elaboraccedilatildeo do ldquoestendalrdquo das palavras

A primeira crianccedila a realizar a atividade escolheu um cartatildeo dos que tinham cores e

colocou-o no fio de latilde Questionaacutemo-la se sabia qual a cor que tinha escolhido ao que a

crianccedila respondeu corretamente ser branco Questionaacutemos de novo as crianccedilas no

sentido de perceber se sabiam o que tinha que fazer a seguir respondendo corretamente

Posteriormente foi colocado por uma crianccedila o respetivo cartatildeo agrave frente das palavras

Eacute de destacar que os uacuteltimos cartotildees incluiacuteam igualmente palavras retiradas da

histoacuteria os Meninos de todas as cores mas desta forma trabalhadas de diferente

maneira Esta atividade fez com que todas as crianccedilas trabalhassem na identificaccedilatildeo das

palavras e a sua organizaccedilatildeo na frase pois todas tiveram a oportunidade de participar

Os objetivos eram esses que todas as crianccedilas participassem na atividade de construccedilatildeo

de frases em ordem a compreenderem que a escrita e as imagens transmitem

50

informaccedilatildeo e a identificarem palavras que terminavam com a mesma siacutelaba (construccedilatildeo

de grafema)

Para que as crianccedilas pudessem dar continuidade a este tipo de atividades e criar

gosto pela leitura integraacutemos o referido estendal num espaccedilo da sala recorrendo a este

e ainda a outros materiais

Na sequecircncia da histoacuteria lida durante a semana em que esta foi explorada

sugerimos ainda agraves crianccedilas a construccedilatildeo de um cartaz relativo agrave mesma Neste acircmbito

sugerimos agraves crianccedilas que pensassem sobre o assunto e como elemento do grupo

tambeacutem apresentaacutemos propostas e depois foram discutidas as sugestotildees Assim as

crianccedilas resolveram fazer a estampagem da palma da matildeo utilizando tintas azul e

verde para que parecesse o planeta terra e que fossem pintadas cada um dos dedos de

cores diferentes como as cores dos meninos da histoacuteria que no caso seriam brancas

pretas castanhas amarelas e vermelhas Uma a uma cada crianccedila pintou e estampou

uma das matildeos no cartaz O trabalho foi desenvolvido na aacuterea de expressatildeo plaacutestica

utilizando os materiais aiacute disponiacuteveis como tintas pinceis e o papel de cenaacuterio de

modo a que pudessem usaacute-los de modo independente Entre os comentaacuterios feitos pelas

crianccedilas enquanto elaboravam o trabalho sublinhamos

-Temos aqui muitas cores verde azul amarelo preto vermelho castanho e

branco (Diogo)

-Vamos pintar os dedos com cinco cores diferentes (Tiago)

-Vou pintar o dedo de amarelo como a menina amarela como o sol (Pedro)

-Este dedo vai ser branco como o Miguel o menino branco como o accediluacutecar

(Rafael)

-O meu dedo do meio vai ser castanho como o chocolate (Renato)

-O meu dedo pequeno vai ser vermelho como a menina da cor do sangue

(Carlos)

-Este dedo vou pintar de preto como as azeitonas (Pedro)

Nota de campo 9 de abril 2013

Os comentaacuterios feitos pelas crianccedilas permitiram perceber que mobilizavam

informaccedilatildeo relacionada com as atividades anteriores mas tambeacutem as suas

intencionalidades e a diversidade de tintas disponiacuteveis A imagem apresentada na figura

19 daacute conta do trabalho desenvolvido

51

Importa neste acircmbito relevar que nas OCEPE (MEDEB 1997) se alerta para a

importacircncia de as crianccedilas terem ldquoagrave sua disposiccedilatildeo vaacuterias cores que lhes possibilitem

escolher e utilizar diferentes formas de combinaccedilatildeordquo (p 62) Sublihamos ainda a

importacircncia de as crianccedilas poderem percorrer os seus proacuteprios caminhos de expressatildeo

artiacutestica mas tambeacutem que elas necessitam para tal de oferecer-lhes aleacutem da

experimentaccedilatildeo de materiais as diferentes formas de arte na pintura (UNESCO 2005

p 31) Importa ainda considerar que as tintas exercem grande fasciacutenio na crianccedila tanto

pela cor quanto pela sensaccedilatildeo agradaveacutel que produzem ao serem manuseadas (idem)

Mais tarde propusemos agraves crianccedilas a criaccedilatildeo de fantoches com materiais

reciclados acerca da histoacuteria dos Meninos de todas as cores As crianccedilas mostraram-se

bastante curiosas pois ainda natildeo tinham trabalhado com fantoches e iria ser uma

atividade diferente Organizaacutemo-nos em pequenos grupos de trabalho no total de cinco

crianccedilas em cada propondo-lhes que cada um que pintasse uma luva integrando em

cada dedo uma cor diferente Por sua vez outros grupos de crianccedilas trabalhavam na

criaccedilatildeo dos transportes que apareciam na histoacuteria

Dialogaacutemos sobre a possibilidade da representaccedilatildeo da histoacuteria agraves outras crianccedilas

e adultos do jardim-de-infacircncia As crianccedilas entusiasmaram-se com a iniciativa e por

consenso decidimos proceder agrave concretizaccedilatildeo da mesma como mais tarde aconteceu

Assumimos o papel de narrador e o grupo de crianccedilas ficou com a

responsabilidade de representar a histoacuteria procedendo agrave manipulaccedilatildeo dos fantoches

Todas as crianccedilas e educadoras da sala apoiaram e elogiaram a representaccedilatildeo

Repetimos do mesmo modo a apresentaccedilatildeo de fantoches na sala dos trecircs anos e tambeacutem

aqui as crianccedilas foram bastante aplaudidas e elogiadas

Em siacutentese importa evidenciar que esta atividade foi rica em conteuacutedo e os

objetivos foram concretizados fazendo com que as crianccedilas pudessem acima de tudo

ser elas a participar ativamente nas atividades terem contacto direto com os materiais e

Figura 19 - Sequecircncia de imagens da construccedilatildeo do cartaz

52

usufruiacuterem de prazer manifestando entusiasmo e envolvimento na sua realizaccedilatildeo Esta

atividade proporcionou agraves crianccedilas um momento de contacto com crianccedilas de outras

salas ou seja de outras faixas etaacuterias e por conseguinte com carateriacutesticas diversas

Fez com que estas pudessem de certa forma desenvolver o relacionamento social entre

elas Importa relembrar Hohmann e Weikart (20011) quando sublinham que

atraveacutes da imitaccedilatildeo e do faz-de-conta as crianccedilas organizam aquilo que

compreendem e ganham um sentido de mestria e controlo sobre os

acontecimentos que testemunharam ou nos quais fazem parte (hellip) Fazer de

conta e representar papeacuteis tendem a ser actividades francamente sociais e

parecem ter um efeito positivo no desenvolvimento social e de linguagem

das crianccedilas (p 494)

Esta experiecircncia de aprendizagem fez com que fosse possiacutevel haver

continuidade com as atividades anteriores fornecendo assim um processo formativo

articulado e integrado Foi possiacutevel explorar conteuacutedos relacionados com as cores as

diferenccedilas de raccedila entre a humanidade e as culturas e a vivecircncia de um processo pautado

pela interajuda e cooperaccedilatildeo entre os elementos do grupo Esta experiecircncia permitiu

ainda contribuir para as crianccedilas desenvolverem a consciecircncia de grafema a criaccedilatildeo de

fantoches a dramatizaccedilatildeo de uma histoacuteria e a interaccedilatildeo em grupos alargados

Desta experiecircncia de aprendizagem importa ainda relevar o prazer e alegria

manifestados pelas crianccedilas em fazer atividades como a de poderem pintar a palma da

matildeo as luvas escolher as cores que queria colocar-lhes e ver as produccedilotildees do grupo

divulgadas para as famiacutelias ou outros atraveacutes de um cartaz que foi exposto no corredor

de entrada da instituiccedilatildeo As crianccedilas puderam construir pensamentos e saberes

construindo em nosso entender uma aprendizagem com significado para todos os

implicados nesse processo

34 Experiecircncia de aprendizagem Descobrir trabalhando

colaborativamente

Tendo como objetivo proporcionar agraves crianccedilas um momento de interaccedilatildeo e

interajuda entre elas sugerimos a realizaccedilatildeo de um jogo ao ar livre no recreio da

instituiccedilatildeo Tendo os espaccedilos interiores e exteriores potencialidades proacuteprias eacute

importante que os educadores tirem partido das mesmos (MEDEB 1997) procurando

diversificar e enriquecer as atividades em que se envolvem as crianccedilas

Assim aproveitaacutemos o espaccedilo interior e exterior para explorar de uma forma

diferente as cores que apresenta o mundo fiacutesico em que nos integramos Sabemos que

53

as crianccedilas gostam naturalmente de observar mas tambeacutem que eacute importante que se

valorizem as observaccedilotildees que fazem na construccedilatildeo da sua aprendizagem e

desenvolvimento Eacute nesta linha de pensamento que se situa esta experiecircncia de

aprendizagem

De forma a iniciar a atividade de pesquisa as crianccedilas formaram cinco grupo

explicaacutemos que o objetivo era irmos ao exterior observar as cores que existem no

mundo agrave nossa volta e que cada um tinha como tarefa tentar descobrir onde poderia

encontrar-se uma cor por ele escolhida Para efetuarem a escolha da cor apresentaacutemos

um conjunto de cartotildees numa caixa e cada grupo retirou um procurando ter em

consideraccedilatildeo que as cores a observar por cada grupo deveriam ser diferentes

Escolhida a cor a observar por cada grupo deslocaacutemo-nos ao exterior da

instituiccedilatildeo (redondezas das mesma) tendo como objetivo identificar e registar

elementos que apresentassem as seguintes cores vermelho verde laranja azul e

amarelo A figura 20 ilustra o ambiente e daacute conta da implicaccedilatildeo da procura na recolha

de dados

De regresso agrave sala de atividades e em

grande grupo realizaacutemos a contagem dos

objetos observados e registados pelos adultos

com base na indicaccedilatildeo dada pelas crianccedilas de

cada um dos grupos O grupo que observou

mais elementos foi o que tinha como tarefa

observar elementos de cor amarela tendo

registado um total de treze seguindo-se-lhe o

grupo verde com nove o grupo azul com oito e os grupos laranja e vermelho com cinco

elementos cada um

No sentido de evitar a extensatildeo do relatoacuterio mas tambeacutem de ilustrar o

observado apresentamos aqui apenas os dados relativos ao grupo que observou

elementos de cor amarela tendo indicado

- O escorrega eacute amarelo (Luana)

- O muro do passeio tambeacutem eacute (Ricardo)

- O sol eacute amarelo (Rafael)

- As peacutetalas da flor satildeo amarelas (Gonccedilalo)

- O girassol eacute amarelo (Gonccedilalo)

- A parede da escola eacute amarela (Inecircs)

- O tubo da escola tambeacutem eacute amarelo (Inecircs)

- A antena eacute amarela (Gonccedilalo)

Figura 20 - Crianccedilas procurando objetos

da respetiva cor

54

- A cola que sai das aacutervores tambeacutem eacute amarela (Inecircs)

- A luz do poste eacute amarela agrave noite (Rafael)

- A areia do recreio tambeacutem eacute amarela (Ricardo)

- Aquela casa tambeacutem eacute amarela (Inecircs)

- A girafa colada naquela janela eacute amarela (Luana)

Nota de campo 22 de abril 2013

Os enunciados apresentados permitem-nos perceber que todas as crianccedilas foram

capazes destacar uma ou mais elementos da cor a identificar O mesmo se verificou com

os restantes grupos mas para aleacutem da identificaccedilatildeo de mais ou menos elementos

entendemos ser importante destacar o envolvimento das crianccedilas na procura de dados a

interajuda que se gerou natildeo apenas ao niacutevel do interior de cada grupo como tambeacutem

intergrupos surgindo situaccedilotildees em que se alertavam uns aos outros sobre onde

observar

Na sequecircncia desta atividade uma das crianccedilas sugeriu que poderiam desenhar

os objetos que observaram Apoiaacutemos a iniciativa e alertaacutemos que para o fazerem

poderiam utilizar diferentes materiais Entendemos que o uso de materiais de natureza

diversificada poderia ajudar as crianccedilas nas suas representaccedilotildees

Os elementos observados e registados permitiram-nos explorar conceitos

matemaacuteticos ao niacutevel da contagem classificaccedilatildeo e forma de objetos No que se refere agrave

classificaccedilatildeo desses elementos procuraacutemos ter em conta que como se refere nas

OCEPE (MEDEB 1997) ldquoagrupar os objetos ou seja formar conjuntos de acordo

com um criteacuterio previamente estabelecido a cor a forma etc reconhecendo as

semelhanccedilas e diferenccedilas (hellip) permitem distinguir o que pertence a um e a outro

conjuntordquo (p 74)

Assim partindo dos desenhos realizados pelas crianccedilas procedemos agrave formaccedilatildeo

de conjuntos atendendo agrave cor que integravam os elementos representados Para isso

colocaacutemos no chatildeo da sala cinco arcos referentes cada um agrave cor e em cada arco as

crianccedilas colocavam os respetivos desenhos Depois procedemos agrave contagem dos

elementos de cada conjunto e comparaccedilatildeo do que tinha mais e menos elementos

surgindo por parte das crianccedilas algumas leituras como os exemplos deixam perceber

Procuraacutemos cinco cores (Rodrigo) O arco que tem mais objetos eacute o amarelo (Inecircs)

Aproveitando ainda as falas de duas crianccedilas referindo uma que viu um sinal

(hellip) azul e quadrado (Micael) e outra que observou um sinal vermelho que tinha a

forma redonda (Manuel) propusemos agraves crianccedilas que identificassem na sala e

55

nomeassem elementos que apresentavam uma forma geomeacutetrica Verificaacutemos que as

crianccedilas identificaram com alguma facilidade algumas formas geomeacutetricas como os

exemplos dos seus enunciados permitem perceber

- A mesa eacute redonda [ciacuterculo] (Pedro)

- O quadro [expositor] eacute quadrado (Tiago)

- E o tapete tem a forma de um retacircngulo (Diogo)

- Aquela reacutegua [esquadro] tem a forma de triacircngulo (Margarida)

- Conseguimos descobrir quatro formas geomeacutetricas (Manuel)

Nota de campo 23 de abril 2013

Num outro momento e partindo da fala de outra crianccedila (Mariana) que referiu

que o laranja era sua cor favorita (Mariana) sugerimos agraves crianccedilas tentar descobrir qual

era a cor preferida do grupo Neste sentido solicitaacutemos-lhes que colocassem a matildeo no

ar quando disseacutessemos a sua cor favorita contando o nuacutemero de elementos indicados

mas sem os registar

Apoacutes todas as crianccedilas terem indicado a cor favorita questionaacutemo-las se sabiam

qual seria a cor mais escolhida por mais crianccedilas do grupo

- Jaacute natildeo me lembro (Rafael)

- Todos pusemos a matildeo no ar (Diogo)

Nota de campo 23 de abril 2013

Os enunciados deixam perceber a dificuldade que eacute fazer a leitura de dados

observados sem que se proceda ao registo dos mesmos No sentido de ajudar o grupo a

perceber a importacircncia de registar os dados recolhidos questionaacutemos as crianccedilas sobre

como poderiacuteamos entatildeo descobrir a cor favorita do grupo Surgiram vaacuterias respostas

uma delas do Carlos que indicava que podiacuteamos pocircr as cores numa cartolina e depois

puacutenhamos a nossa cor favorita laacute Discutimos a proposta merecendo consenso a sua

concretizaccedilatildeo e no sentido de facilitar a compreensatildeo do conceito de nuacutemero

propusemos agraves crianccedilas que fosse indicada a preferecircncia colocando um lego em cima

da cor preferida o que fizemos Indicadas as preferecircncias procedemos agrave leitura dos

resultados surgindo os seguintes comentaacuterios

- A cor com menos legos eacute a preta e a castanha (Rodrigo)

- Assim podemos ver o tamanho dos legos (Pedro)

- Tem legos da mesma altura (Manuel) Nota de campo 24 de abril 2013

56

Tiacutenhamos assim construiacutedo um graacutefico de barras em conjunto e como

mencionam Castro e Rodrigues (2008) ldquoa organizaccedilatildeo dos dados em graacuteficos permite

uma anaacutelise mais raacutepida uma vez que a contagem dos elementos da mesma categoria eacute

mais evidenterdquo (p 72) Promovemos a discussatildeo escutando as opiniotildees expressas pelas

crianccedilas na leitura do mesmo pois como referem os autores (idem) ldquoapoacutes a construccedilatildeo

do graacutefico (hellip) deve sempre haver um momento em que se discute o que este nos

sugererdquo (ibidem)

Procedemos em seguida agrave leitura dos dados (atraveacutes da contagem dos legos)

observando que a cor mais escolhida era o azul com sete escolhas e as menos

escolhidas seriam o castanho e o preto com uma escolha

Propusemos ao grupo o registo desses dados elaborando para o efeito uma

tabela de dupla entrada Propusemos agraves

crianccedilas que sugerissem um tiacutetulo para a

tabela ideia para a qual apontam Castro e

Rodrigues (idem) Apoacutes vaacuterias respostas das

crianccedilas acordaacutemos que o tiacutetulo fosse A

minha cor favorita O nome das crianccedilas foi

registado por elas na quadriacutecula vertical do

lado esquerdo e na horizontal indicaacutemos as

cores como mostra a figura 21

Entendemos que se tratou de uma

atividade enriquecedora para as crianccedilas pois estas visualizaram e experimentaram a

construccedilatildeo de uma tabela sendo esta facilitadora da anaacutelise e interpretaccedilatildeo dos dados

Num outro momento e relembrando uma afirmaccedilatildeo de uma crianccedila (Carlos)

que tinha dito que o vidratildeo era verde e considerando que algumas crianccedilas

manifestaram natildeo saber o que era o vidratildeo achaacutemos importante dialogar com as

crianccedilas sobre os ecopontos

Comeccedilamos por abordar a importacircncia da reciclagem e posteriormente

apresentaacutemos uma canccedilatildeo que explicava a separaccedilatildeo de resiacuteduos soacutelidos Como se

refere nas OCEPE (MEDEB 1997) existe uma relaccedilatildeo entre a canccedilatildeo e a palavra

trabalhar as letras das canccedilotildees relaciona o domiacutenio da expressatildeo musical

com a linguagem que passa por compreender o sentido do que se diz por

tirar partido das rimas para discriminar os sons por explorar o caraacutecter

luacutedico das palavras e criar variaccedilotildees da letra original (p 64)

Figura 21 - Crianccedila preenchendo a tabela das cores

favoritas

57

Concordando com a afirmaccedilatildeo podemos salientar que atraveacutes da expressatildeo

musical as crianccedilas satildeo capazes de captar a informaccedilatildeo mais raacutepido No final uma das

crianccedilas perguntou se poderiam construir ecopontos para ter na sala Considerando a

sugestatildeo da crianccedila levaacutemos caixas que as crianccedilas decoraram com o objetivo de

organizarmos na sala ecopontos Quando construiacutedo os ecopontos promovemos um

jogo que consistia em colocar resiacuteduos soacutelidos no ecoponto correto

A experiecircncia de aprendizagem descrita proporcionou agraves crianccedilas em nosso

entender uma forma ativa e significativa de construccedilatildeo de pensamentos e saberes

Relevamos a importacircncia que assumiu a accedilatildeo desenvolvida no espaccedilo exterior da

instituiccedilatildeo enquanto meio de recolha de informaccedilotildees a partir das quais surgiram novas

oportunidades de aprendizagem

Atraveacutes desta experiecircncia de aprendizagem pudemos explorar com as crianccedilas

aacutereas e domiacutenios de conteuacutedo como a matemaacutetica a Linguagem oral e abordagem agrave

escrita expressatildeo plaacutestica a aacuterea do Conhecimento do Mundo e a aacuterea de Formaccedilatildeo

pessoal e Social

Sabemos que as crianccedilas satildeo grandes observadoras e criacuteticas do mundo que as

rodeia e atraveacutes dos seus comentaacuterios constataacutemos que observavam atendendo a

pormenores

Importa relevar que devemos escutar cada crianccedila valorizando a sua

contribuiccedilatildeo para o grupo fomentar o diaacutelogo entre elas e o seu desejo de comunicar

Corroboramos assim a ideia expressa nas OCEPE (MEDEB 1997) que

eacute no clima de comunicaccedilatildeo criado pelo educador que a crianccedila ira

dominando a linguagem alargando o seu vocabulaacuterio construindo frases

mais corretas e complexas adquirindo um maior domiacutenio da expressatildeo e

comunicaccedilatildeo que lhe permitam formas mais elaboradas de representaccedilatildeo (p

67)

Concluiacutemos que eacute crucial que o educador planeie situaccedilotildees de aprendizagem que

sejam desafiadoras para as crianccedilas de modo a que as motive e as estimule a aprender e

a desenvolver-se Esta experiecircncia permitiu ainda perceber que para aleacutem das atividades

planeadas foram integradas outras propostas pelas crianccedilas A este respeito importa

relembrar que ldquoo planeamento realizado com a participaccedilatildeo das crianccedilas permite ao

grupo beneficiar da sua diversidade das capacidades e competecircncias de cada crianccedila

num processo de partilha facilitador da aprendizagem e do desenvolvimento de todas e

de cada umardquo (MEDEB 1997 p 26)

58

Tentaacutemos ainda articular todas as aacutereas do conteuacutedo pois como se refere nas

OCEPE (idem) ldquoque as diferentes aacutereas de conteuacutedo deveratildeo ser consideradas como

referencias a ter em conta do planeamento e avaliaccedilatildeo e experiecircncias e oportunidades

educativas e natildeo como compartimentos estanque a serem abordados separadamenterdquo (p

48)

59

IV Reflexatildeo Criacutetica

Refletimos nesta uacuteltima parte sobre a praacutetica educativa desenvolvida

abordando os conteuacutedos que procuraacutemos explorar com as crianccedilas

No iniacutecio da praacutetica educativa as expectativas eram muitas as quais se prendiam

com o desenvolvimento de atividades estimulantes e criativas o respondermos agraves

solicitaccedilotildees de todas crianccedilas e o sermos bem acolhidas pelas crianccedilas e membros da

instituiccedilatildeo entre outras As duacutevidas e os receios eram tambeacutem muitos mas com o

decorrer do tempo fomos conhecendo as crianccedilas e ganhando laccedilos de afeto ajudando-

nos a ultrapassar estes sentimentos Para tal foi importante a reflexatildeo e o diaacutelogo com

os diferentes intervenientes no processo educativo gerando-se um ambiente de

compreensatildeo e ajuda muacutetua

Procuraacutemos ter disponibilidade para cooperar para experienciar de certa forma

para aprender com os erros e com as conquistas alcanccediladas reconhecendo que em certas

alturas conseguimos suscitar o envolvimento das crianccedilas e criar atividades

enriquecedoras Poreacutem noutros momentos sentimos algumas dificuldades no que se

refere agrave elaboraccedilatildeo da planificaccedilatildeo das atividades e ao tornar acessiacutevel agraves crianccedilas a

compreensatildeo de alguns conteuacutedos o que tentaacutemos ir superando de forma a criar

respostas adaptadas agraves suas necessidades e do grupo Este processo permitiu-nos

aprender e desenvolver-nos do ponto de vista pessoal e profissional

Demos importacircncia agraves atividades iniciadas pelas crianccedilas tentamos responder agraves

suas duacutevidas e procuraacutemos desenvolver com elas experiecircncias de aprendizagem que

incluiacutessem as diferentes aacutereas e domiacutenios de conteuacutedo curricular

Refletimos sobre as perspetivas de aprendizagem nas quais buscaacutemos apoiar a

accedilatildeo educativa que desenvolvemos destacando o papel ativo das crianccedilas Nesta

reflexatildeo procuraacutemos relevar e retratar as vaacuterias dimensotildees da accedilatildeo educativa

merecendo-nos particular atenccedilatildeo as intervenccedilotildees os espaccedilos a observaccedilatildeo

planificaccedilatildeo entre outros

Procuraacutemos evidenciar as ideias que estiveram na base da praacutetica de ensino

supervisionada desenvolvida e aprendizagens promovidas com as crianccedilas Assim

valorizando as perspetivas das crianccedilas e procurando a curiosidade e o desejo de querer

saber sempre mais sentimentos que foram manifestados pelas crianccedilas e que

procuramos ter em consideraccedilatildeo para ir regulando a nossa praacutetica em ordem agrave

60

construccedilatildeo de oportunidades educativas que favorecessem a progressatildeo de cada uma e

do grupo O trabalho colaborativo quer com os adultos quer com as crianccedilas foi na

dimensatildeo valorada e que constitui o suporte para uma continuada progressatildeo do ponto

de vista da nossa formaccedilatildeo pessoal e profissional Nesta linha de pensamento

relevamos que como afirmam Hohmann e Weikart (2011)

Quando as crianccedilas e os adultos trabalham em conjunto em qualquer

ambiente de aprendizagem em acccedilatildeo sustentado num clima de apoio

interpessoal as crianccedilas sentem-se motivadas a prosseguir e levar a bom

porto as suas intenccedilotildees e motivaccedilotildees Os adultos encorajam as crianccedilas a

utilizar aquilo que sabem para resolver problemas e a iniciar novas

experiecircncias atraveacutes das quais ganharatildeo uma outra compreensatildeo sobre o que

as rodeia (p 75)

A maioria das crianccedilas da sala mostrou implicaccedilatildeo nos trabalhos desenvolvidos

vontade de realizar novas experiecircncias e procurar diferentes fontes de informaccedilatildeo O

gosto por participar e por conhecer suscitavam questionamentos e a procura de novas e

diferentes formas de informaccedilatildeo

Aproveitaacutevamos momentos em grande grupo momentos em pequenos grupos

momentos na sala e momentos no recreio para observar as crianccedilas da sala e refletir

sobre as suas curiosidades e motivaccedilotildees Procuramos observar as crianccedilas e registar

informaccedilatildeo sobre o cada uma e o grupo o que natildeo foi tarefa faacutecil considerando o duplo

papel que tiacutenhamos que assumir o de observadores e atores Acrecenta-se ainda a esse

aspeto a dimensatildeo extenccedila do grupo o tempo limitado destinado agrave praacutetica para que

pudesse ser-lhe dada continuidade

Tivemos em conta os interesses das crianccedilas e pusemos o foco de atenccedilatildeo nas

interaccedilotildees que estas estabeleciam com os objetos e os adultos de forma a desenvolver

desse modo aprendizagens com significado

As crianccedilas desde o iniacutecio da praacutetica educativa foram demonstrando que as

atividades tinham significado para elas pois trabalhavam com motivaccedilatildeo e entusiasmo e

mostravam recordar-se das experiecircncias realizadas como exemplo as desenolvidas em

torno da histoacuteria do Elmer

Apesar de ser um grupo constituiacutedo por vaacuterios elementos preocupamo-nos que

cada crianccedila pudesse escolher e ter faacutecil acesso as aacutereas e materiais da sala de uma

forma autoacutenoma ocasionando dessa forma aprendizagens ativas nas mesmas pois eacute

atraveacutes da accedilatildeo com os materiais que as crianccedilas chegam agrave compreensatildeo do mundo

Estas tendo a possibilidade de escolher e sendo as mesmas a tomar decisotildees e

61

resolvendo os problemas que apareciam no dia-a-dia desenvolviam a sua

independecircncia

Esteve presente a preocupaccedilatildeo de planificar e criar experiecircncias de

aprendizagem de modo a que todas as crianccedilas se envolvessem nas atividades e nos

momentos de brincadeiras fazendo com que estas desenvolvessem cada vez mais

competecircncias

Pudemos evidenciar que existiram bastantes momentos aproveitados para

dialogar com as crianccedilas permitindo desse modo conhececirc-las de uma forma

individualizada permitindo escutar as suas opiniotildees questionar e sermos questionados

partilhar e engrandecer os saberes das crianccedilas

Para a realizaccedilatildeo da praacutetica educativa utilizamos a planificaccedilatildeo semanal como

instrumento sistemaacutetico de trabalho procuraacutemos bastante informaccedilatildeo em diversos

documentos direcionados para o preacute-escolar contudo natildeo descartamos outros

documentos essenciais a uma planificaccedilatildeo rica nos seus conteuacutedos e procuraacutemos

orientar os diferentes elementos do curriacuteculo em conformidade com as necessidades e

interesses das crianccedilas A elaboraccedilatildeo das planificaccedilotildees foram desde cedo pensadas e

realizadas em conformidade com os conteuacutedos adequados agrave idade das crianccedilas e

adequadas agrave evoluccedilatildeo das mesmas por isso tentaacutemos clarificar todas as atividades para

que natildeo houvesse duacutevidas nas mesmas por parte dos destinataacuterios

Apercebemo-nos que as atividades planificadas tiveram constantemente ligaccedilatildeo

umas com as outras Por vezes surgiam atividades que natildeo estavam previstas nas

planificaccedilotildees mas surgiam em conformidade com a curiosidade das crianccedilas e

manifestaccedilatildeo destas em quererem aprender sempre mais sobre certos conteuacutedos Sendo

que estas favoreciam em vaacuterias ocasiotildees o desenvolvimento de competecircncias em

diversos domiacutenios tornando desse modo mais faacutecil trabalhar todos e cada um

As experiecircncias de aprendizagem foram organizadas de modo a surgirem

aprendizagens ativas e significativas nas crianccedilas desafiando-as a participar a serem as

mesmas a intervir nas atividades a realizaacute-las a tirar partido de toda a informaccedilatildeo e de

todos os conteuacutedos a tomar iniciativa e a aprenderem informaccedilotildees necessaacuterias sobre

cada domiacutenio da educaccedilatildeo preacute-escolar

Em diversas atividades estiveram presentes histoacuterias que eram novas para as

crianccedilas e continham informaccedilotildees novas para as mesmas e pudemos atraveacutes destas

trabalhar diversos conteuacutedos Tentamos que as histoacuterias despertassem na crianccedila

curiosidade em aprender mais sobre tudo o que nos rodeia tentando durante a leitura da

62

mesma captar a atenccedilatildeo das crianccedilas e fazer com que estas pudessem trabalhar o

imaginaacuterio e pocirc-lo em praacutetica na realidade

Eacute pertinente afirmar que os adultos possuem um papel importante no que

respeita a motivaccedilatildeo das crianccedilas de modo a que autonomamente estas vatildeo ao

encontro do que podem aprender com a escrita e a leitura percebendo assim a

importacircncia destes conteuacutedos para o seu futuro

Buscaacutemos em vaacuterios aspetos relacionar o que as crianccedilas escutavam com toda a

informaccedilatildeo que possuiacuteam previamente As crianccedilas eram questionadas e inclusive

dialogaacutevamos com elas sobre o conteuacutedo da leitura Como mencionam Sim-sim Silva e

Nunes (2008) a interaccedilatildeo das educadoras durante a leitura de livros em sala de

atividades tem muito a ver com a forma como estas leem livros com crianccedilas em

contexto de grupo e que estaacute fortemente relacionada com o desenvolvimento a longo

prazo do vocabulaacuterio e de competecircncias de compreensatildeo de histoacuterias

Abordando um pouco a gestatildeo do tempo e dos espaccedilos podemos afirmar que

efetuamos durante toda a praacutetica uma flexibilidade em relaccedilatildeo agrave gestatildeo da rotina

diaacuteria existente na sala Pois para a criaccedilatildeo de um bom ambiente educativo eacute

necessaacuterio existir uma boa organizaccedilatildeo de tempo das atividades

O trabalho em pequeno e grande grupo possibilitou-nos um melhor

acompanhamento das crianccedilas de forma a compreendermos os interesses e motivaccedilotildees

destas e estimulando-as a experimentar e promover a cooperaccedilatildeo com as outras crianccedilas

do grupo Destacamos neste sentido que como sublinham as Orientaccedilotildees Curriculares

(MEDEB 1997) ldquoa relaccedilatildeo que o educador estabelece com cada crianccedila eacute facilitadora

da sua inserccedilatildeo no grupo e das relaccedilotildees com as outras crianccedilasrdquo (p 35) Eacute necessaacuterio

considerar que essa relaccedilatildeo envolve a criaccedilatildeo de um ambiente agradaacutevel onde cada crianccedila

se sinta ouvida

Recordaacutemos que o jardim-de-infacircncia deve facultar um conjunto alargado de

saberes permitir formar pessoas autoacutenomas livres e solidaacuterias Procuraacutemos ajudar as

crianccedilas a desenvolverem as habilidades necessaacuterias para tomar decisotildees elucidadas

Consideraacutemos que as experiecircncias de aprendizagem facultaram agraves crianccedilas um

equiliacutebrio de experiecircncias nas diferentes aacutereas e domiacutenios de aprendizagem e que se

revelaram positivas pela participaccedilatildeo ativa demonstrada pelas crianccedilas o empenho e

concentraccedilatildeo das mesmas nas atividades

As crianccedilas foram os elementos centrais na praacutetica educativa porque para aleacutem

de participarem nas atividades tambeacutem participavam em todos os momentos de

63

diaacutelogo onde deram as suas opiniotildees e foi atraveacutes de todos estes momentos que

aproveitamos para proporcionar agraves crianccedilas atividades enriquecedoras aproveitando a

maioria das vezes situaccedilotildees segundo as ideias preacutevias das crianccedilas

Desejaacutemos que as crianccedilas se tornem sucessivamente mais autoacutenomas

responsaacuteveis curiosas e em accedilatildeo

Achaacutemos que as estrateacutegias que utilizamos proporcionaram agraves crianccedilas desfrutar

de oportunidades de bem-estar e de desenvolvimento de competecircncias a diversos niacuteveis

Apercebemo-nos ao longo da accedilatildeo educativa que a partilha de conhecimentos

conduziu-nos e conduziraacute futuramente agrave construccedilatildeo de novos e diferentes saberes

Atualmente e terminada a nossa experiecircncia da praacutetica educativa achaacutemos

todas as estrateacutegias que utilizamos facultaram agraves crianccedilas oportunidades de bem-estar e

desenvolvimento a vaacuterios niacuteveis Estas oportunidades de conhecimento conduziram a

crianccedila agrave construccedilatildeo de novos saberes indo ao encontro ao nosso objetivo final Sendo

assim podemos afirmar que as nossas intenccedilotildees foram concretizadas

Em suma achaacutemos pertinente afirmar que todo o trabalhado realizado

proporcionou aprendizagens significativas na nossa formaccedilatildeo como educadoras de

infacircncia

64

Consideraccedilotildees Finais

Finda esta etapa onde as conquistas e desafios foram variados e que em muito

contribuiu para o desenvolvimento de competecircncias profissionais e pessoais eacute chegado

o momento de efetuar algumas consideraccedilotildees acerca do desenvolvimento da praacutetica

educativa

Acreditamos que as caracteriacutesticas consideradas fundamentais para o nosso

desempenho profissional como futuros educadores de infacircncia foram alvo de progresso

ao longo da praacutetica educativa que desenvolvemos Salientamos o importante papel que a

supervisora teve neste processo de formaccedilatildeo em que os feedbacks dados pela mesma

nos levaram a um claro progresso Esta partilha permitiu uma constante reflexatildeo sobre

as praacuteticas promovidas e contribuiu desta maneira para o nosso desenvolvimento

profissional e pessoal

As crianccedilas assumiram neste processo um papel importante papel considerando

que foram criadoras de situaccedilotildees que nos ajudaram a refletir e a investir na procura de

novas informaccedilotildees para que pudeacutessemos encontrar respostas coerentes e com

continuidade As experiecircncias de aprendizagem vividas no contexto onde decorreu a

praacutetica de ensino possibilitaram-nos aprender e desenvolver competecircncias relacionadas

com a dimensatildeo da aprendizagem e desenvolvimento das crianccedilas da integraccedilatildeo do

curriacuteculo da interaccedilatildeo e de dimensatildeo eacutetica e social Para tal os contributos dos vaacuterios

agentes educativos revelaram-se fundamentais neste curto processo de formaccedilatildeo

Concluindo reconhecemos que ainda temos um longo caminho a percorrer no

entanto estamos cientes do caminho que percorremos e do importante papel que neste

processo assumiu a praacutetica de ensino supervisionada Sublinhamos que construiacutemos

novos olhares sobre a educaccedilatildeo de infacircncia a imagem da crianccedila e sobre o papel do

educador de infacircncia Esta experiecircncia proporcionou-nos uma evoluccedilatildeo na medida que

possuiacutemos um leque abrangente de experiecircncias Temos desejo em continuar a

progredir renovando conhecimentos e desenvolvendo novas aprendizagens ao longo da

vida com vista agrave realizaccedilatildeo pessoal e profissional

65

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Page 9: Cátia Alexandra Mendes Machado...Figura 13 - Livro - Elmer e o arco-íris de David Mckee. ..... 39 Figura 14 - Desenho de um arco-íris realizado por uma criança da sala..... 41

2

perspetiva ativa e os modelos curriculares que favorecem a construccedilatildeo de uma praacutetica

desta natureza como o modelo HighScope o modelo Reggio Emilia e o modelo da

Escola Moderna Debruccedilamo-nos ainda sobre as linhas de orientaccedilatildeo curricular para a

educaccedilatildeo preacute-escolar atribuindo particular atenccedilatildeo agraves dimensotildees contempladas em cada

aacuterea de conteuacutedo no quadro de uma construccedilatildeo articulada do saber

No terceiro capiacutetulo apresentamos um conjunto de quatro experiecircncias de

aprendizagem que desenvolvemos com as crianccedilas ao longo do ano letivo incluindo

algumas evidecircncias desse trabalho atraveacutes de fotografias e notas de campo sobre os

diaacutelogos das crianccedilas Estas experiecircncias de aprendizagem relevam a importacircncia de

cada um aprender a valorizar respeitar e aceitar-se a si proacuteprio e aos outros no quadro

de exerciacutecio de uma cidadania facilitadora da integraccedilatildeo de todos

Por uacuteltimo incluiacutemos uma reflexatildeo sobre a praacutetica educativa na se efetiva uma

suacutemula reflexiva sobre as diferentes dimensotildees do processo de aprendizagem o papel

que como educadores nos cabe assumir e as implicaccedilotildees de percurso formativo

experienciado por crianccedilas e adultos Relevamos os importantes contributos deste

processo natildeo apenas para a aprendizagem e desenvolvimento das crianccedilas mas tambeacutem

para a nossa formaccedilatildeo e desenvolvimento pessoal e profissional Este requer

continuidade no sentido de podermos responder aos desafios e exigecircncias emergentes

3

I Contextualizaccedilatildeo da Praacutetica de Ensino Supervisionada

11 Caraterizaccedilatildeo da instituiccedilatildeo

O contexto em que realizaacutemos a praacutetica educativa era uma instituiccedilatildeo particular

de solidariedade social (IPSS) situada na cidade de Braganccedila e incluiacutea serviccedilos de

creche jardim-de-infacircncia e centro de conviacutevio para idosos O horaacuterio de

funcionamento da instituiccedilatildeo era extenso mantendo-se aberta das 7h45min ateacute agraves 19h

incluindo neles e no que se refere aos serviccedilos destinados agrave educaccedilatildeo de infacircncia a

componentes educativa e a componente de apoio agrave famiacutelia A componente educativa

decorre num total de cinco horas por dia de manhatilde das 9h agraves 12h e de tarde das 14h e

agraves 16h Os restantes tempos englobam atividades socioeducativas e de serviccedilo de

almoccedilos sendo estes frequentados pelas crianccedilas segundo a necessidade das famiacutelias e

normalmente em funccedilatildeo da sua ocupaccedilatildeo laboral

No que se refere ao edifiacutecio eacute constituiacutedo por trecircs andares funcionando no reacutes-

do-chatildeo o centro de dia e conviacutevio o gabinete de psicologia o posto meacutedico o bar

lavandaria e garagem No primeiro andar funciona o Jardim-de-Infacircncia constituiacutedo por

trecircs salas de atividades e ainda alguns espaccedilos de apoio como a cozinha refeitoacuterio

vestiaacuterio bem como a secretaria da instituiccedilatildeo

No segundo andar funciona a creche com seis salas na sua totalidade uma copa

de leites refeitoacuterio arrecadaccedilotildees e um salatildeo polivalente no qual se realizam festas a

praacutetica da expressatildeo motora e tambeacutem atividades em grande grupo Neste andar

localiza-se ainda a sala da direccedilatildeo da instituiccedilatildeo Os andares encontram-se ligados por

escadas e cada um estaacute equipado com instalaccedilotildees sanitaacuterias adequadas agraves faixas etaacuterias

para que cada setor a que se destina Os espaccedilos interiores da instituiccedilatildeo e os

equipamentos da mesma encontram-se em bom estado de conservaccedilatildeo

No que se refere aos espaccedilos exteriores possui um espaccedilo de recreio com zonas

luacutedicas delimitadas incluindo um espaccedilo pavimentado e outro com areia Este estaacute

equipado com um parque infantil O espaccedilo cimentado de recreio eacute utilizado no periacuteodo

de entrada e saiacuteda das crianccedilas como zona de paragem das viaturas dos pais dado

limitado espaccedilo que ao niacutevel da via puacuteblica existe para o efeito Existem alguns

materiais de apoio agraves atividades de recreio exterior sendo deslocados pelas crianccedilas do

interior para o exterior e vice-versa quando terminadas as atividades

4

Considerando que como referem as Orientaccedilotildees Curriculares para a Educaccedilatildeo

Preacute-escolar (MEDEB 1997) ldquoo meio em que a crianccedila vive influenciaraacute o modo como

esta se iraacute desenvolverrdquo (p 31) importa que nos interroguemos sobre o modo como o

ambiente educativo da instituiccedilatildeo se encontra organizado e que nos esforcemos para

contribuir para enriquececirc-lo Nesta linha de pensamento importa sublinhar que foi

nossa preocupaccedilatildeo colaborar com os profissionais da instituiccedilatildeo e as crianccedilas nessa

organizaccedilatildeo de modo a construir um ambiente que se constituiacutesse como potencialmente

facilitador do desenvolvimento de todos crianccedilas e adultos

A equipa pedagoacutegica da instituiccedilatildeo era constituiacuteda por seis educadoras de

infacircncia trecircs na modalidade de creche e trecircs na de jardim de jardim-de-infacircncia

assumindo uma destas as funccedilotildees de coordenadora pedagoacutegica Esta equipa contava

ainda com o apoio de um grupo alargado de assistentes operacionais uma por sala no

que se refere agrave etapa preacute-escolar bem como da psicoacuteloga e da direccedilatildeo administrativa da

instituiccedilatildeo

12 Caraterizaccedilatildeo do grupo de crianccedilas

Como se refere nas OCEPE (MEDEB 1997) haacute diferentes fatores que

influenciam o modo proacuteprio de funcionamento do grupo como por exemplo a sua

dimensatildeo e o maior ou menor nuacutemero de crianccedilas de cada sexo pelo que importa que

na accedilatildeo educativa a promover se atenda agrave sua contextualizaccedilatildeo

O grupo de crianccedilas com o qual desenvolvemos a praacutetica educativa apresentava

uma dimensatildeo extensa integrando vinte e cinco crianccedilas com quatro anos idades Ao

niacutevel do nuacutemero de crianccedilas de cada sexo pode entender-se que era um grupo com uma

organizaccedilatildeo equilibrada integrando doze crianccedilas do sexo masculino e treze do sexo

feminino

Segundo informaccedilotildees fornecidas pela educadora de infacircncia cooperante a

maioria das crianccedilas frequentavam a instituiccedilatildeo desde a creche encontrando-se apenas

duas crianccedilas a frequentaacute-la pela primeira vez Importa ainda referir que integravam o

grupo trecircs crianccedilas de origem natildeo portuguesa duas crianccedilas que eram irmatildeos naturais

de Espanha e outra que era Ucraniana

5

Segundo o referido nas OCEPE (MEDEB 1997)

observar cada crianccedila e o grupo para conhecer as suas capacidades interesses e

dificuldades recolher as informaccedilotildees sobre o contexto familiar e o meio em que

as crianccedilas vivem satildeo praacuteticas necessaacuterias para compreender melhor as

caracteriacutesticas das crianccedilas e adequar o processo educativo agraves suas necessidades

(p 25)

Nesta linha de pensamento importa considerar as caracteriacutesticas que nos foi

possiacutevel observar das crianccedilas quer a niacutevel individual quer a niacutevel grupo ao longo ano

letivo Assim importa referir que relativo a questotildees relacionadas com a vida em

grupo as crianccedilas manifestavam saber orientar-se em relaccedilatildeo agraves normas e regras

definidas na sala ainda que nem sempre lhes fosse faacutecil respeitaacute-las como partilhar

materiais com os colegas e saber esperar pela sua vez

Os tempos da rotina eram do seu conhecimento e manifestavam independecircncia

no que se refere agrave realizaccedilatildeo da higiene pessoal e tomada de refeiccedilotildees Dum modo geral

as crianccedilas envolviam-se nas atividades quer nas propostas por noacutes quer nas da sua

iniciativa revelando-se um grupo ativo

Ao niacutevel das preferecircncias em relaccedilatildeo agraves aacutereas de atividade da sala as aacutereas mais

escolhidas pelas crianccedilas eram a da casa e a das construccedilotildeesgaragem Enquanto a

primeira era frequentada por ambos os sexos a segunda era mais frequentada pelo sexo

masculino ainda que procuraacutessemos salientar a importacircncia de trabalharbrincar em

todas pelas diferentes experiecircncias que lhes permitiam efetuar

As atividades ao niacutevel da expressatildeo dramaacutetica e plaacutestica bem como a entoaccedilatildeo

de canccedilotildees e o escutar de histoacuterias integravam-se tambeacutem entre as preferecircncias do

grupo As crianccedilas manifestavam-se curiosas em conhecer o conteuacutedo das histoacuterias e em

colocar questotildees sobre as mesmas quando natildeo percebiam alguma palavra expressatildeo ou

frase

Sendo o espaccedilo de dimensatildeo limitada face agrave dimensatildeo do grupo as crianccedilas em

geral manifestavam organizar-se nas suas brincadeiras e relaccedilotildees sem se perturbar uns

aos outros com exceccedilatildeo de uma crianccedila que desestabilizava o grupo

No que respeita agrave expressatildeo oral era evidente o desenvolvimento das crianccedilas

com exceccedilatildeo na pronuacutencia de algumas palavras sobretudo no iniacutecio do ano e no que se

refere ao uso de determinados tempos verbais aspeto que era mais evidente em duas

crianccedilas utilizando com frequecircncia por exemplo a expressatildeo ldquoeu sabordquo em vez de ldquoeu

seirdquo o que foi sendo ultrapassado no decurso do ano letivo

6

Verificaacutemos ainda que como referem Hohmann e Weikart (2011) ldquopor vezes as

crianccedilas hesitam enquanto procuram palavras para expressar uma ideia nova

particularmente difiacutecilrdquo (p 534) e que eacute importante dar-lhes tempo para que elas

proacuteprias escolham as palavras de que necessitam e evitar interferirmos com as suas

proacuteprias sugestotildees

Considerando que como refere Oliveira-Formosinho (2007a) ldquoa escuta eacute um

meio para ouvir a crianccedila sobre a sua colaboraccedilatildeo no processo de co-construccedilatildeo do

conhecimentordquo (p 32) procuraacutemos estabelecer diaacutelogos em que as crianccedilas usufruiacutessem

de tempo para se expressar e que nos permitissem conhecermos as crianccedilas

No que respeita ao nuacutecleo familiar das crianccedilas e considerando os dados que

constam das suas fichas de inscriccedilatildeo a maioria dos pais famiacutelia das crianccedilas advecircm de

um meio socioeconoacutemico meacutedio trabalham nos vaacuterios setores de atividade sendo que a

maioria trabalha como funcionaacuterio puacuteblico No que se refere ao nuacutemero de irmatildeos de

acordo com os dados dessas mesmas fichas quinze crianccedilas tecircm um irmatildeo nove

crianccedilas natildeo tecircm irmatildeos e sobre uma crianccedila natildeo foi possiacutevel recolher esse dado

13 Organizaccedilatildeo do ambiente educativo

Sendo um jardim-de-infacircncia um contexto institucional destinado a crianccedilas de

tenra idade deve estar organizado de forma a proporcionar o indispensaacutevel bem-estar

prazer em frequentaacute-lo e favorecer atividades de ludicidade que motivem agrave

aprendizagem Posto isto julgamos de grande importacircncia organizar um ambiente

educativo agradaacutevel estaacutevel e que seja favoraacutevel agrave aprendizagem significativa da

crianccedila

Demos importacircncia ao horaacuterio de atendimento aos pais pois em nossa opiniatildeo eacute

um bom meio de incentivar os pais a deslocarem-se agrave instituiccedilatildeo na qual a sua crianccedila

estaacute inserida e estarem informados das suas condiccedilotildees conhecimento da funcionalidade

da instituiccedilatildeo ter a oportunidade de conversar com as educadoras e estarem a par da

evoluccedilatildeo das crianccedilas conseguirem tambeacutem ter conhecimento das atividades realizadas

e dos seus resultados

De acordo com o que se refere nas OCEPE (MEMEB 1997) importa ter em

conta que ldquoa famiacutelia e a instituiccedilatildeo de educaccedilatildeo preacute-escolar satildeo dois contextos sociais

que contribuem para a educaccedilatildeo da mesma crianccedila importa por isso que haja uma

relaccedilatildeo entre estes dois sistemasrdquo (p 43)

7

131 Caracterizaccedilatildeo do espaccedilo

Evidenciando o espaccedilo interior e o exterior pois os dois tecircm um papel

fundamental no processo educativo e no desenvolvimento das crianccedilas e concordando

com Oliveira-Formosinho e Andrade (2011a) ldquopensamos o espaccedilo como um territoacuterio

organizado para a aprendizagem um lugar de bem-estar alegria e prazer Procuramos

que o espaccedilo pedagoacutegico seja aberto agraves vivecircncias e interesses das crianccedilas e

comunidades seja seguro seja luacutedico e culturalrdquo (p 11)

1311 Espaccedilo interior

A sala apesar da sua pequena dimensatildeo estava cuidadosamente organizada e

todos os espaccedilos eram aproveitados para possibilitar agraves crianccedilas a oportunidade de

experimentar e manipular os materiais Juntamente com o espaccedilo e os materiais foi

possiacutevel realizar diversas experiecircncias de aprendizagem dentro da sala As crianccedilas

conseguiam movimentar-se e explorar as aacutereas e o que as mesmas tinham para lhes

proporcionar Tal como estaacute presente nas OCEPE (MEDEB 1997) ldquoo procedimento

de aprendizagem implica tambeacutem que as crianccedilas compreendam como o espaccedilo estaacute

organizado e como pode ser utilizado e que participem nessa organizaccedilatildeo (hellip) o

conhecimento do espaccedilo dos materiais e das actividades possiacuteveis eacute tambeacutem condiccedilatildeo

de autonomia da crianccedila e do grupordquo (p 38)

A sala na qual desenvolvemos a praacutetica

de accedilatildeo pedagoacutegica apresentava uma forma

retangular e como anteriormente foi referido a

sala natildeo possuiacutea grandes dimensotildees Desde o

iniacutecio percebemos que toda ela estava

previamente dividida por aacutereas e todas elas

estavam identificadas com uma placa com o nome e o

nuacutemero de crianccedilas que poderiam frequentar em simultacircneo Cada crianccedila era

representada com um siacutembolo um sorriso por cada crianccedila como podemos verificar na

figura 1 Ainda nas placas de identificaccedilatildeo das aacutereas podiacuteamos verificar desenhos

realizados pelas crianccedilas Procuramos ainda atender a que como lembram Oliveira-

Formosinho e Andrade (2011a)

Figura 1 - Identificaccedilatildeo das aacutereas da sala

8

As crianccedilas tecircm o direito de crescer em espaccedilos onde o cuidado e a atenccedilatildeo

prestados agrave dimensatildeo esteacutetica constituam um princiacutepio educativo baacutesico As

experiecircncias que as crianccedilas vivem com o espaccedilo devem poder converter-se em

experiecircncias esteacuteticas de prazer e de bem-estar (p 12)

Uma das paredes da sala possuiacutea trecircs janelas com visionamento para o exterior

Estas proporcionavam uma agradaacutevel luminosidade natural e possibilitavam ainda

identificar o estado do tempo A sala encontrava-se igualmente devidamente equipada

com sistema de aquecimento funcionando este em situaccedilotildees necessaacuterias No que

respeita ao pavimento da sala este possuiacutea uma cor azulada clara resistente lavaacutevel

um pouco confortaacutevel e pouco refletora de som proporcionando desse modo um

benevolente isolamento acuacutestico

O mobiliaacuterio da sala apresentava um bom estado de conservaccedilatildeo O moacutevel de

maior dimensatildeo estava preenchido com materiais trabalhos e os portefoacutelios das

crianccedilas Havia um moacutevel para arrumaccedilatildeo de materiais sendo alguns destes de escrita

(como os laacutepis marcadores) e tambeacutem tesouras materiais reciclados e outros que

serviam de apoio agraves atividades de expressatildeo plaacutestica Encontravam-se quatro mesas na

sala de formato retangular proporcionando agraves crianccedilas um largo espaccedilo para trabalhar e

brincar sobre as mesmas todas acompanhadas por cinco cadeiras Eacute importante salientar

que as mesas e as cadeiras serviam de apoio agraves atividades em pequeno e grande grupo

Ainda na sua constituiccedilatildeo a sala possuiacutea um placard no qual eram expostos os

trabalhos realizados pelas crianccedilas embora alguns destes fossem expostos no corredor

de forma a divulgaacute-los junto dos paiscomunidade Indo ao encontro de Niza (2007)

quando refere que ldquoo ambiente geral da sala deve resultar agradaacutevel e altamente

estimulante utilizando as paredes como expositores permanentes das produccedilotildees das

crianccedilas onde rotativamente se revecircem nas suas obras de desenho pintura tapeccedilaria ou

textordquo (p 133)

A planta que se segue apresenta-nos uma perspetiva da realidade do espaccedilo

fiacutesico da sala ao longo do ano letivo considerando que as alteraccedilotildees ocorridas

incidiram na integraccedilatildeo de materiais mas natildeo na disposiccedilatildeo das aacutereas

9

A sala integrou desde iniacutecio seis aacutereas de trabalho todas devidamente

identificadas sendo estas a aacuterea da casa (cozinha e quarto) a aacuterea dos jogos a aacuterea de

acolhimento a aacuterea da biblioteca a aacuterea da escrita e a aacuterea da garagemconstruccedilotildees

Estas estavam organizadas no sentido de possibilitar ao grupo de crianccedilas um faacutecil

acesso aos distintos materiais e objetos pois como menciona Oliveira-Formosinho

(2007b) ldquoa organizaccedilatildeo do espaccedilo em aacutereas com os seus respectivos materiais (hellip)

porque estatildeo visiacuteveis acessiacuteveis e etiquetados (tambeacutem para facilitar a autonomia na

arrumaccedilatildeo) eacute uma forma poderosiacutessima de passar mensagens impliacutecitas agrave crianccedilardquo (p

68)

Podemos verificar na figura 2 que as aacutereas rotuladas como barulhentas

encontram-se um pouco afastadas das aacutereas mais calmas A aacuterea da biblioteca (figura 3)

situa-se no canto superior direito da figura 2 desfrutava de

uma boa luminosidade natural pois encontrava-se junto de

uma das janelas Esta era constituiacuteda por uma estante na qual

as crianccedilas poderiam encontrar livros variados uma mesa

circular de pequenas dimensotildees acompanhada por trecircs

cadeiras de madeira Esta proporcionava agraves crianccedilas

oportunidade agradaacutevel de explorar as ilustraccedilotildees das

histoacuterias folhear e contar histoacuterias umas agraves outras Hohmann

e Weikart (2011) referem que ldquotalvez mais nenhuma outra

actividade seja tatildeo importante para a emergente literacia da crianccedila do que um adulto ou

amigo lhe fizerrdquo (p 546)

Figura 3- Aacuterea da biblioteca

Figura 2 - Planta da sala

10

Figura 6- Aacuterea da casa

espaccedilo do quarto

Figura 5 - Aacuterea dos jogos

Do outro lado da sala estava situada a aacuterea da

escrita (figura 4) nesta as crianccedilas tinham a

oportunidade de escrever explorar as diferentes

formas das letras podendo inclusivamente manipular

materiais de escrita

No centro da sala encontrava-se a aacuterea do

acolhimento um espaccedilo destinado a momentos em grande grupo de modo a ser

possiacutevel todas as crianccedilas se visualizarem umas agraves outras partilharem interesses

ouvirem histoacuterias tinham ainda a oportunidade de cantarem canccedilotildees e dialogarem

A aacuterea dos jogos (figura 5) estava localizada perto

da aacuterea do acolhimento dispunha de uma mesa

acompanhada por cinco cadeiras e de uma estante na qual

se encontravam diversos tipos de jogos puzzles

enfiamentos dominoacutes blocos loacutegicos jogo de letras jogos

com formas geomeacutetricas entre outros Esta aacuterea permitia o

desenvolvimento cognitivo das crianccedilas aleacutem das

experiecircncias diversificadas que as motivavam para a

resoluccedilatildeo de problemas

A aacuterea da casa distribuiacutea-se por dois espaccedilos o quarto

(figura 6) e a cozinha (figura 7) O mobiliaacuterio e materiais desta

aacuterea estavam apropriados agrave altura das crianccedilas Nesta era

visiacutevel a frequente representaccedilatildeo por parte das crianccedilas

assumindo o papel de adultos imitando expressotildees gestuais e

orais Atraveacutes das bonecas as crianccedilas representavam vivecircncias

do seu dia-a-dia como vestir e despir as crianccedilas deitaacute-las a

dormir maquilhaacute-las faziam e desfaziam a cama arrumavam e

desarrumavam toda a aacuterea representando

de variadas formas o ldquofaz-de-contardquo

O espaccedilo da cozinha era utilizado para representar

vivecircncias do dia-a-dia integrando parecenccedilas com algumas

cozinhas das casas das crianccedilas e em vaacuterias situaccedilotildees as

crianccedilas assumiam os papeacuteis de adultos e representavam

momentos vividos nas suas proacuteprias casas

Figura 4 - Aacuterea da escrita

Figura 7 - Espaccedilo da

cozinha

11

Figura 9 - Quadro semanal de presenccedilas

A uacuteltima aacuterea a ser apresentada eacute intitulada pela aacuterea da

garagemconstruccedilotildees (figura 8) Nesta as crianccedilas usavam

materiais como carros ferramentas de mecacircnica uma pista de

carros entre outros As crianccedilas principalmente do sexo

masculino apropriavam-se ou tentavam por vaacuterias vezes

apropriar-se desta aacuterea pois mostravam bastante interesse na

mesma gostavam de brincar e imaginar situaccedilotildees proacuteprias da

aacuterea

Para registar as presenccedilas diaacuterias das crianccedilas foi criado um quadro semanal de

presenccedilas como pudemos verificar na figura 9 este estava adequado agrave altura das

crianccedilas Foi criado ldquopara o aluno marcar com um sinal convencional a sua presenccedila

na quadriacutecula onde o seu nome cruza com a coluna do diardquo (Niza 2007) (p 135)

Neste encontravam-se expostos os nomes das crianccedilas

do lado esquerdo e na parte superior do quadro

estavam os dias da semana separados por quadriacuteculas

A presenccedila da crianccedila era assinalada com duas bolas

de pequenas dimensotildees uma verde fazendo referecircncia

agrave presenccedila e uma outra de cor vermelha fazendo

referecircncia agrave ausecircncia da crianccedila A marcaccedilatildeo das

presenccedila era identificado pela proacutepria crianccedila isto eacute

cada uma efetuava a sua presenccedila agrave exceccedilatildeo das

crianccedilas que se encontravam ausentes essa marcaccedilatildeo

era realizada ou pelas educadoras ou pelas crianccedilas

1312 Espaccedilo exterior

O espaccedilo exterior possuiacutea uma aacuterea de dimensotildees bastante consideraacuteveis

rodeada por um muro com grades que permitia observar do interior para o exterior da

instituiccedilatildeo e vice-versa O pavimento variava existindo zonas de relva com aacutervores de

cimento com maior dimensatildeo e de areia Neste uacuteltimo encontraacutevamos equipamento de

parque infantil sendo este composto por uma estrutura com escorrega barras para

trepar baloiccedilos fixos no chatildeo e cavalos de molas

Figura 8 - Aacuterea da

garagemconstruccedilotildees

12

Este espaccedilo exterior eacute de grande importacircncia pois nele como referem Hohmann

e Weikart (2011) ldquoas crianccedilas tecircm acesso a um conjunto de actividades e brincadeiras

que habitualmente natildeo fazem no interiorrdquo (p 369) No periacuteodo de recreio ldquoas crianccedilas

podem experimentar os sons e imagens do ar livre usar o material e equipamento do

recreio e brincar vigorosamente (ou sossegadamente se assim o preferirem) rdquo (idem

ibidem)

Em muitos momentos no recreio enquanto foi possiacutevel a sua utilizaccedilatildeo tivemos

a oportunidade de praticar jogos em grande grupo sendo estes com movimentos

rotativos movimentos lentos e coordenados movimentos raacutepidos e livres para as

crianccedilas exercitarem a motricidade Apesar dos momentos de recreio e de sala serem de

diferentes caracteriacutesticas ldquotecircm algo em comum encorajar as crianccedilas a envolverem-se

activamente com materiais pessoas ideias e acontecimentosrdquo (Hohmann amp Weikart

2011 p 370)

132 Rotina diaacuteria

A organizaccedilatildeo do tempo no jardim-de-infacircncia eacute definido e iniciado pelos

adultos estes devem refletir e estruturar devidamente uma rotina diaacuteria pois esta

auxilia as crianccedilas e adultos tal como referem Hohmann e Weikart (2011)

a rotina diaacuteria (hellip) ajuda as crianccedilas a responder (hellip) a questotildees ao

oferecer-lhes uma sequecircncia de acontecimentos que elas podem seguir e

compreender Tambeacutem ajuda os adultos a organizarem o seu tempo com as

crianccedilas de forma a lhes oferecer experiecircncias de aprendizagem activas e

motivadoras Neste sentido os elementos de uma rotina diaacuteria satildeo como

marcas de pegadas num caminho Ao seguirem o caminho as crianccedilas

envolvem-se em variadas aventuras e experiecircncias que lhes interessam e que

respondem agrave sua natureza inventiva e luacutedica (p 224)

Quando iniciaacutemos a nossa praacutetica de ensino na sala dos quatro anos estes jaacute

tinham uma rotina diaacuteria definida desde o iniacutecio do ano Apesar disso a rotina diaacuteria foi

suscetiacutevel de alteraccedilotildees tendo em conta atividades que emergiam visitas e o desenrolar

de certas experiecircncias de aprendizagem A rotina diaacuteria integrava os seguintes

segmentos temporais

i) Tempo de acolhimento momento de receccedilatildeo das crianccedilas em grande

grupo Era inclusive neste momento que as crianccedilas e os adultos

cantavam canccedilotildees partilham ideias vivecircncias e experiecircncias pessoais e

procediam agrave marcaccedilatildeo das presenccedilas

13

ii) Tempo de atividades em grande grupo neste tempo as crianccedilas e os

adultos juntavam-se para atividades a vaacuterios niacuteveis de muacutesica

movimento expressatildeo dramaacutetica leitura e exploraccedilatildeo de histoacuterias entre

outras Estas envolviam experiecircncias de aprendizagem nos diferentes

domiacutenios Apesar de em vaacuterias ocasiotildees serem os adultos a iniciarem

estas atividades as crianccedilas proporcionavam e apresentavam novas

ideias

iii) Tempo de higienealmoccedilo este tempo era dedicado agrave higiene das

crianccedilas e logo de seguida deslocavam-se ao refeitoacuterio da instituiccedilatildeo

para almoccedilarem

iv) Tempo de recreiodescanso momento reservado ao descanso das

crianccedilas mas tambeacutem quando as condiccedilotildees atmosfeacutericas o permitiam as

crianccedilas usufruiacuteam do espaccedilo exterior ocasionando-lhes situaccedilotildees nas

quais poderiam variar na forma como utilizavam o corpo tal como

trepar deslizar baloiccedilar e correr

v) Tempo de atividades nas aacutereas este tempo contemplava alguns tipos de

atividades propositadamente planeados de forma a proporcionar

experiecircncias de aprendizagens significativas nas diferentes aacutereas do

conteuacutedo Era ainda neste momento que se procedia agrave organizaccedilatildeo das

crianccedilas pelas diferentes aacutereas da sala consoante a preferecircncia que cada

uma manifestava de forma a reforccedilar os interesses naturais das crianccedilas

a capacidade de iniciativa da mesma e desenvolver competecircncias na

resoluccedilatildeo de problemas

vi) Tempo de lanche as crianccedilas apoacutes terem efetuado a arrumaccedilatildeo das

aacutereas da sala realizavam a higiene pessoal e deslocavam-se ao refeitoacuterio

da instituiccedilatildeo e tomavam o lanche Cada uma das crianccedilas possuiacutea a sua

lancheira e os lanches variavam de crianccedila para crianccedila

vii) Tempo de atividades orientadaslivres momento dedicado vaacuterias vezes

ao relaxamento da crianccedila as crianccedilas assistiam a filmes brincavam em

pequenos grupos com legos praticavam jogos em grande grupo sendo

estes uacuteltimos bastante solicitados pelas crianccedilas

A rotina diaacuteria vivenciada na sala ocorria como podemos verificar nos

segmentos temporais referidos de forma a despertar e apoiar as crianccedilas na tomada de

iniciativa perante atividades propostas Era uma forma de encorajar o envolvimento das

14

crianccedilas em atividades de pequenos grupos ou ateacute mesmo em pares envolvendo-as na

procura de soluccedilotildees para os problemas com que se iam confrontando Um dos principais

objetivos nas atividades era promover interaccedilotildees positivas nos diversos momentos de

trabalho O facto de as crianccedilas escolherem a sua aacuterea preferida e os materiais a

manusear para a execuccedilatildeo dos trabalhos demonstrava ao adulto a sua evoluccedilatildeo e

crescente autonomia

133 As interaccedilotildees

Para a melhor compreensatildeo do processo de interaccedilatildeo eacute essencial

compreendermos esse termo Neste sentido Oliveira-Formosinho e Formosinho (2011)

afirmam que ldquoas interaccedilotildees adulto-crianccedila satildeo uma tatildeo importante dimensatildeo da

pedagogia que a anaacutelise do estilo dessas interaccedilotildees nos permite determinar se estamos

perante uma pedagogia transmissiva ou uma pedagogia participativa (p 30) Dizem-nos

tambeacutem que ldquodesenvolver as interaccedilotildees refleti-las pensaacute-las e reconstruiacute-las eacute um

habitus que as profissionais que desenvolvem a Pedagogia-em-Participaccedilatildeo necessitam

de promoverrdquo (idem ibidem) Neste sentido reconhecemos que o educador desempenha

um papel crucial no desenrolar das diversas interaccedilotildees e no que tem a ver com as

interaccedilotildees educadoracrianccedila da instituiccedilatildeo estas satildeo em nosso parecer bastante

positivas As OCEPE (MEDEB 1997) alertam que ldquoa relaccedilatildeo individualizada que o

educador estabelece com cada crianccedila eacute facilitadora da sua inserccedilatildeo no grupo e das

relaccedilotildees com as ouras crianccedilasrdquo (p 35)

Achamos importante lembrar que ldquoa crianccedila aprende interagindo O adulto

aprende a ajudar a crianccedila a desenvolver a interacccedilatildeo A crianccedila eacute activa o adulto

tambeacutemrdquo (Oliveira-Formosinho 1996 p 55) Quando as crianccedilas e os educadores

desenvolvem algo em conjunto se o educador consegue envolver a crianccedila de tal forma

que esta se concentre totalmente no que estatildeo a desenvolver esta envolvecircncia faz com

que tanto a crianccedila como o adulto estejam ativos facilitaraacute a interaccedilatildeo entre ambos

tanto de um como do outro Eacute com a interaccedilatildeo que a crianccedila aprende vaacuterios fatores que

a ajudaratildeo no seu desenvolvimento e eacute tambeacutem com a interaccedilatildeo que o adulto tem a

oportunidade de auxiliar o desenvolvimento da crianccedila Neste sentido Hohmann e

Weikart (2011) defendem que ldquoa partilha do controlo num clima de apoio apela agrave

reciprocidade ndash um dar e receber muacutetuo entre crianccedilas e adultosrdquo (p 77)

No que diz respeito agraves interaccedilotildees crianccedilacrianccedila na sala onde se desenrolou a

accedilatildeo educativa verificaacutemos uma vasta cumplicidade entre elas existindo a formaccedilatildeo de

15

grupos de amigos Mostraram desde cedo apelar agrave brincadeira entre elas partilhando os

objetos e tentando haver na sala um clima de interaccedilotildees positivas

No nosso caso em concreto procuraacutemos desde cedo escutar apoiar e ainda

compreender as crianccedilas desenvolvendo desse modo uma interaccedilatildeo participativa

seguindo uma praacutetica na qual as crianccedilas foram sempre reconhecidas como pessoas que

tem sentimentos Tentaacutemos como referem Hohmann e Weikart (2011) ldquocriar e manter

ambientes em que a interacccedilatildeo com as crianccedilas seja positiva e por forma que estas

possam trabalhar e brincar com pessoas e objetos libertas de medo ansiedades ou de

aborrecimentordquo (p 63)

Reconhecemos que possibilitaacutemos agraves crianccedilas diversas situaccedilotildees nas quais

pudessem entender e participar em atividades promotoras de aprendizagens e que

pudessem construir e desenvolver as suas proacuteprias competecircncias Tentaacutemos observar e

entender a crianccedila pois como referem Oliveira-Formosinho e Formosinho (2011) ldquoo

papel do professor eacute o de organizar o ambiente e observar a crianccedila para entender e lhe

responderrdquo (p 15)

A fim de apoiar e acompanhar as crianccedilas nas suas atividades procuraacutemos

atraveacutes de uma observaccedilatildeo participante conhecer os interesses e necessidades

formativas das crianccedilas no sentido de favorecer interaccedilotildees que pudessem tornar-se

facilitadoras de aprendizagem das crianccedilas Assim sendo ao longo da nossa experiecircncia

de praacutetica educativa apoiaacutemos o envolvimento do grupo nas vaacuterias atividades de modo

a favorecer a sua implicaccedilatildeo na descoberta resoluccedilatildeo de problemas e na tomada de

decisotildees

16

17

II Fundamentaccedilatildeo das opccedilotildees educativas

No presente capiacutetulo procedemos ao aprofundamento de conhecimentos que nos

ajudem a melhor fundamentar e interpretar a praacutetica educativa em contexto preacute-escolar

Neste sentido debruccedilamo-nos sobre as perspetivas atuais de aprendizagem da crianccedila

as linhas de orientaccedilatildeo curricular e os modelos pedagoacutegicos que nos podem ajudar a

desenvolver uma accedilatildeo educativa de qualidade

21 A aprendizagem como um processo ativo

O desenvolvimento da praacutetica educativa suscita-nos questionamento sobre como

encarar o processo de aprendizagem a promover com as crianccedilas no sentido de ajudaacute-

las a progredir e a beneficiar do necessaacuterio bem-estar e integraccedilatildeo social

Neste sentido importa considerar a perspetiva de Brickmann e Taylor (1996)

defendendo os autores que ldquoas experiecircncias de aprendizagem para crianccedilas devem ser

ativasrdquo (p 3) explicitando que ldquodevem tornar a crianccedila capaz de construir o seu

proacuteprio conhecimento lidando diretamente com pessoas materiais e ideiasrdquo (idem p 3-

4) Neste acircmbito torna-se importante retomar a perspetiva teoacuterica de Piaget (1976) que

reconhece e valoriza a pessoa como sujeito ativo na construccedilatildeo de conhecimento O

autor defende que se enverede por um processo de aprendizagem experiencial e alerta

para a importacircncia da crianccedila poder explorar pensar e descobrir a partir da accedilatildeo sobre

os objetos e da relaccedilatildeo com os outros Como refere Novo (2009) ldquona perspetiva do

autor a crianccedila descobre do mesmo modo o mundo das pessoas e o dos objetos reais ou

simboacutelicosrdquo (p 52) Para Piaget (in Hohmann amp Weikart 2011) ldquoo conhecimento natildeo

proveacutem nem dos objetos nem da crianccedila mas sim das interaccedilotildees entre a crianccedila e os

objetosrdquo (p 19) pressupondo assim uma accedilatildeo reciacuteproca da crianccedila sobre os objetos e

dos objetos sobre a crianccedila na construccedilatildeo do conhecimento Nesta linha de pensamento

como tambeacutem afirma o autor (1978 citado por Novo 2009) ldquoconhecer natildeo consiste em

copiar o real mas agir sobre ele e transformaacute-lordquo (p 53)

Assim como Tompkins (1996) lembra importa ter em conta que uma

aprendizagem ativa eacute muito mais do que a mera manipulaccedilatildeo de materiais pelas crianccedilas

e do que a transmissatildeo de conhecimentos pelo educador Neste sentido sublinha que

18

a maior parte dos educadores de infacircncia concordaria com a ideia de que as

crianccedilas aprendem mais quando encorajadas a explorarem a interagirem a

serem criativas a seguirem os seus proacuteprios interesses e a brincarem No

entanto muitos educadores de infacircncia bem-intencionados acabam por

conduzir actividades em oposiccedilatildeo a esta teoria (p 6)

Este eacute um aspeto que natildeo deixa de caraterizar a nossa accedilatildeo educativa daiacute a

preocupaccedilatildeo em acedermos a conhecimentos que possam ajudarmos a melhor tomar

consciecircncia do tipo de praacuteticas que desenvolvemos e das linhas em que apoiaacute-las para

que incluam perspetivas que na atualidade satildeo reconhecidas como facilitadores de uma

aprendizagem ativa das crianccedilas

Importa assim considerar que segundo Formosinho (1996) as aprendizagens

ativas satildeo ldquoaquelas em que a crianccedila atraveacutes da sua acccedilatildeo sobre os objectos e da sua

interacccedilatildeo com as pessoas as ideias e os acontecimentos chega agrave compreensatildeo do

mundordquo (p 56) Por isso uma accedilatildeo educativa que se centra em ajudar as crianccedilas a

aprender como referem Oliveira-Formosinho amp Formosinho (2011) deve dar um papel

de relevo agrave crianccedila agrave colaboraccedilatildeo entre pares e agrave colaboraccedilatildeo entre adultos e crianccedilas

ou seja ldquodesenvolve uma epistemologia de natureza construtiva interativa

colaborativardquo (p 18)

Nesta linha importa o recurso a estrateacutegias pedagoacutegicas que proporcionem a

partilha de conhecimentos a implicaccedilatildeo das crianccedilas na resoluccedilatildeo de situaccedilotildees

problemaacuteticas de modo a exploraacute-las sob diversos acircngulos recorrendo agravequilo que jaacute

conhecem e agrave sua capacidade imaginativa O educador deve entatildeo observar e escutar as

crianccedilas e valorizar a sua participaccedilatildeo na organizaccedilatildeo e desenvolvimento do processo de

aprendizagem bem como na reflexatildeo sobre o mesmo Deve dar-se atenccedilatildeo aos seus

interesses e aos valores que representam as atividades da sua iniciativa na

reorganizaccedilatildeo da compreensatildeo que faz do mundo e por conseguinte no seu

desenvolvimento Nesse processo importa considerar que

tal como os adultos as crianccedilas tem comportamentos positivos e

comportamentos negativos mas eacute importante prestar atenccedilatildeo ao que as

crianccedilas fazem bem feito incidindo nesses pontos e valorizando-os Ao

observar cuidadosamente aquilo que as crianccedilas podem fazer os adultos tecircm

oportunidade para aproveitar o desejo natural de aprender das crianccedilas

(Hohmann 1996 p 22)

Dewey (2002) lembra que as experiecircncias das crianccedilas podem tornar-se agrave

semelhanccedila das suas brincadeiras e jogos em formas ativas da accedilatildeo Para o autor de

acordo com Pinazza (2007) ldquoas situaccedilotildees educativas devem apoiar-se na atividade da

19

crianccedila ou seja deve aprender fazendordquo (p 74) Daiacute a importacircncia que deve merecer a

organizaccedilatildeo do ambiente educativo e as atividades e projetos em que se envolvem

Importa considerar tambeacutem que ldquoa liberdade de accedilatildeo natildeo se opotildee agrave intencionalidade e

ao estabelecimento de propoacutesitos educativos nem tatildeo pouco agrave formaccedilatildeo de haacutebitosrdquo (p

75) devendo ser tidas todas estas dimensotildees em consideraccedilatildeo

Vygostky de acordo com Pinazza (2007) defende a relaccedilatildeo entre processo

educativo e as experiecircncias pessoais das crianccedilas No entanto eacute de considerar que nem

todas as experiecircncias satildeo igualmente educativas O valor de uma experiecircncia baseia-se

no princiacutepio da continuidade experiencial e o da interaccedilatildeo (idem) Importa ter em conta

que a continuidade pressupotildee alargar as experiecircncias e que a interaccedilatildeo se configura no

ambiente educativo que se cria

Nesse processo eacute de ter em conta a importacircncia a atribuir natildeo apenas aos

conhecimentos e competecircncias da crianccedila mas tambeacutem agrave forma como se estabelecem as

interaccedilotildees e agrave complexidade que as atividades apresentam Neste acircmbito importa

considerar que como defende Vygostky (1996 citado por Novo 2009) ldquoque com o

auxiacutelio de outra pessoa toda a crianccedila consegue concretizar mais do que faria sozinhardquo

(p 58) podendo entender-se este aspeto muito mais indicativo do desenvolvimento da

crianccedila Ideia que reforccedila a importacircncia da observaccedilatildeo e apoio que o adulto deve

promover para acompanhar e promover o processo da aprendizagem da crianccedila

22 Modelos Curriculares

Associado a uma perspetiva de aprendizagem ativa encontram-se alguns

modelos curriculares que tecircm vindo a ser apontados em vaacuterios trabalhos como

facilitadores de praacuteticas educativas preacute-escolares de qualidade tal como o modelo

HighScope (Hohmann amp Weikart 2011) o modelo do Movimento da Escola Moderna

(Niza 2007) e o modelo de Reggio Emilia (Eduards Gandini amp Forman 1999)

Reconhecendo que os princiacutepios em que cada um desses modelos se apoiam

podem ajudar-nos a melhor entender as linhas que caraterizam a nossa accedilatildeo importa

efetuar uma breve abordagem aos mesmos

O modelo curricular HighScope valoriza a aprendizagem pela acccedilatildeo o que

pressupotildee que as crianccedilas possam ldquoviver experiecircncias directas e imediatas e retirar delas

significado atraveacutes da reflexatildeordquo (Hohmann amp Weikart 2011 p 5) no sentido de

construiacuterem conhecimentos que as ajudem a dar sentido ao mundo As crianccedilas devem

20

dispor da possibilidade de explorar os objetos colocar sobre os acontecimentos e acerca

do que lhes desperta curiosidade

No que diz respeito agrave organizaccedilatildeo do espaccedilo e materiais de trabalho as salas

seguem uma organizaccedilatildeo construtivista que aponta para a organizaccedilatildeo de aacutereas

diferenciadas que permitam a realizaccedilatildeo de diferentes aprendizagens A organizaccedilatildeo da

sala por aacutereas e com os respetivos materiais faz com que as crianccedilas adquiram

independecircncia autonomia e responsabilidade em relaccedilatildeo ao seu modo de utilizaccedilatildeo

transmitindo mensagens impliacutecitas agraves crianccedilas Como referem Hohmann e Weikart

(2011)

Uma vez que o ambiente estaacute organizado de forma a que estas escolham as

suas brincadeiras os adultos ficam livres de funccedilotildees diretivas de

entretenimento ou de controlo das crianccedilas Em vez disso passam a poder

concentrar-se no apoio a dar agraves brincadeiras das crianccedilas e agrave sua capacidade de

resoluccedilatildeo de problemas (p 182)

A organizaccedilatildeo do ambiente educativo inclui quatro componentes sendo elas a

organizaccedilatildeo do espaccedilo e materiais das rotinas do grupo e das interaccedilotildees Segundo este

modelo o espaccedilo deve estar organizado por diferentes aacutereas de modo a permitir que as

crianccedilas desenvolvam diferentes aprendizagens envolvendo-se em atividades

diversificadas A organizaccedilatildeo do espaccedilo deve ser flexiacutevel deve adaptar-se agraves

necessidades e interesses das crianccedilas e do grupo pelo que deve estar organizado de

modo a conferir autonomia agraves crianccedilas Outra especificidade desta organizaccedilatildeo reside

no facto de as aacutereas estarem organizadas de forma a permitirem a livre circulaccedilatildeo das

crianccedilas entre elas de acordo com os seus interesses Por sua vez ldquoa arrumaccedilatildeo dos

materiais deve proporcionar a execuccedilatildeo do ciclo encontra-brinca-arrumardquo (Hohmann amp

Weikart 2011 p 164)

A organizaccedilatildeo de uma rotina diaacuteria oferece estabilidade agrave crianccedila no sentido de

que pode aperceber-se do que vai acontecer oferecendo-lhe ldquosentido de controlo sobre

aquilo que vai fazer em cada momento do diardquo (idem p 8) Deve permitir agraves crianccedilas

experienciarem oportunidade de se envolverem na concretizaccedilatildeo do ciclo planear-fazer-

rever (idem p 229) Este consiste em promover o seu envolvimento no planeamento

das suas atividades a experienciaccedilatildeo das mesmas e a partilha e discussatildeo acerca do que

foi realizado Para isso o educador deve adotar uma gestatildeo flexiacutevel do tempo

permitindo que a crianccedila organize os seus acontecimentos as suas propostas e as suas

interaccedilotildees tendo em conta a sequecircncia temporal Os tempos em pequeno e grande

21

grupo bem como a niacutevel individual satildeo imprescindiacuteveis pois permitem a inserccedilatildeo das

crianccedilas em diferentes tipos de atividades quer da iniciativa do adulto quer da

iniciativa da crianccedila

A rotina diaacuteria preacute-escolar eacute constante estaacutevel e previsiacutevel para que a crianccedila

compreenda a forma de utilizaccedilatildeo do tempo e assim tornar-se menos dependente do

adulto face ao tempo em que deve concretizar determinada atividade A previsatildeo dos

tempos de rotina permite a seguranccedila e independecircncia da crianccedila e a diferenciaccedilatildeo das

atividades contribui para a variedade de experiecircncias

No que concerne agraves interaccedilotildees o papel do adulto eacute criar situaccedilotildees que

proporcionem agrave crianccedila o desenvolvimento do seu pensamento favorecendo a

emergecircncia de conflitos cognitivos (idem) Importa ter em conta que o adulto ajuda a

equilibrar a liberdade que a crianccedila necessita para explorar o meio que a rodeia Por

isso natildeo deve desencorajar a crianccedila quando esta natildeo consegue concretizar e resolver os

problemas com que se defronta Deve por sua vez fazer com que ela acredite em si

mesma e se envolva na procura de recursos que podem ajudaacute-la nesse processo Assim

um dos principais objectivos do programa HighScope consiste em apoiar os

adultos de modo a que estes possam criar e manter ambientes em que a

interacccedilatildeo com as crianccedilas seja positiva e por forma que estas possam

trabalhar e brincar com pessoas e objectos libertas de medos ansiedades ou

de aborrecimento e negligecircncia (Hohmann amp Weikart 2011 p 63)

O modelo curricular Reggio Emilia como antes referimos apoia-se tambeacutem em

princiacutepios pedagoacutegicos de participaccedilatildeo ativa das crianccedilas na construccedilatildeo do seu

conhecimento Como refere Malaguzzi (1999) o principal objetivo do projeto de

Reggio Emilia consiste em construir uma escola ldquopara crianccedilas pequenas como um

organismo vivo integral como um local de vidas e relacionamentos compartilhados

entre muitos adultos e muitas crianccedilasrdquo Para aleacutem deste objetivo a abordagem Reggio

Emilia estimula o desenvolvimento intelectual das crianccedilas partindo da representaccedilatildeo

simboacutelica

Como refere Edwards (2008) no que diz respeito ao papel do educador este eacute

natildeo apenas de ouvinte e observador mas tambeacutem deve ser proporcionador de

oportunidades e experiecircncias Os objetivos centralizam-se em criar oportunidades de

aprendizagem e desenvolvimento do pensamento das crianccedilas sendo por isso

importante escutaacute-las O papel do educador ldquocentraliza-se na provocaccedilatildeo de

oportunidades de descobertas atraveacutes de uma espeacutecie de facilitaccedilatildeo alerta e inspirada e

22

de estimulaccedilatildeo do diaacutelogo de accedilatildeo conjunta e da co-construccedilatildeo do conhecimento pela

crianccedilardquo(idem p 161)

As crianccedilas percebem quando os adultos valorizam os seus trabalhos e as suas

ideias uma vez que lhes comunicam essa valorizaccedilatildeo indiretamente atraveacutes de accedilotildees e

estrateacutegias Como exemplo destas accedilotildees o educador expotildee trabalhos das crianccedilas na

escola e partilha com toda a comunidade educativa a informaccedilatildeo que as crianccedilas

produzem

Os pais participam ativamente na vida escolar dos seus filhos uma vez que

colaboram com o educador e datildeo continuidade ao que as crianccedilas aprendem quer na

escola quer em casa Ou seja existe interajuda entre escolafamiacutelia na organizaccedilatildeo e

concretizaccedilatildeo da accedilatildeo educativa Por exemplo na realizaccedilatildeo de um projeto os

educadores comunicam aos pais o tema do projeto

encorajando-os a envolverem-se com as atividades de seus filhos atraveacutes da

busca dos materiais necessaacuterios do trabalho com os professores no

ambiente fiacutesico da oferta de livros suplementares e assim por diante Dessa

forma os pais satildeo levados a revisar a imagem que tecircm de seus filhos e a

compreender a infacircncia de um modo mais rico e complexordquo (Edwards 2008

p 163)

Segundo Lino (2007) o modo como o espaccedilo eacute organizado ldquoreflete as ideias

valores atitudes e patrimoacutenio cultural de todos os que nele trabalhamrdquo (p 107) Isto

porque atraveacutes da comunicaccedilatildeo cooperaccedilatildeo partilha de atividades e ideias a crianccedila

constroacutei o seu conhecimento do mundo (idem) Sendo assim o espaccedilo nas escolas de

Reggio Emilia eacute planeado ao pormenor pela comunidade educativa Relativamente ao

espaccedilo exterior este eacute organizado de forma a possibilitar uma continuidade das

atividades realizadas no interior

A gestatildeo da rotina praticada em Reggio dispotildee de uma organizaccedilatildeo do tempo

que proporciona agraves crianccedilas oportunidades de estabelecer diferentes tipos de interaccedilatildeo

Assim como sublinha Lino (2007) ldquoelas podem escolher trabalhar sozinhas em

pequeno grupo em grande grupo com os adultos ou sem elesrdquo (p 109)

O modelo curricular do Movimento da Escola Moderna (MEM) como refere

Niza (2007) ldquoassenta num Projecto Democraacutetico de autoformaccedilatildeo cooperada de

docentes que transfere por analogia essa estrutura de procedimento para um modelo

de cooperaccedilatildeo educativa nas escolasrdquo (p 125) Tendo em conta a escola como local de

23

iniciaccedilatildeo agrave vida democraacutetica este modelo propotildee diversos princiacutepios fundamentais para

a estruturaccedilatildeo da accedilatildeo educativa Referindo Niza (idem)

- Os meios pedagoacutegicos veiculam em si os fins democraacuteticos da educaccedilatildeo

pelo que a escolha dos materiais os processos usados e as formas de

organizaccedilatildeo das atividades devem respeitar as regras democraticamente

decididas pelos educadoresprofessores e crianccedilas

- A actividade escolar enquanto contrato social e educativo deve concretizar-

se atraveacutes da negociaccedilatildeo entre educadoresprofessores e crianccedilas entre si

- A praacutetica democraacutetica da organizaccedilatildeo partilhada por todos decide-se em

conselho de cooperaccedilatildeo

- Os processos de trabalho escolar reproduzem os processos sociais autecircnticos

aproximando deste modo a escola agrave vida social

- A informaccedilatildeo de projectos estudos e outras realizaccedilotildees das crianccedilas eacute

partilhada atraveacutes de circuitos de produccedilatildeo distribuiccedilatildeo e divulgaccedilatildeo como

paineacuteis conferecircncias jornal escolar e outros tipos de apresentaccedilotildees

- As praacuteticas escolares conferem sentido social agraves aprendizagens das crianccedilas

atraveacutes da partilha dos saberes com os seus pares e pela intervenccedilatildeo na

comunidade envolvente ou com a comunidade mais distante atraveacutes da troca

de correspondecircncia entre outros meios

- Os alunos interpelam o meio social e trazem para a escola pessoas da

comunidade como recurso e fonte de conhecimento e culturardquo (pp 127-130)

O Movimento Escola Moderna salienta alguns instrumentos de organizaccedilatildeo da

vida em grupo que se tornam indispensaacuteveis na participaccedilatildeo conjunta do educador e da

crianccedila como o plano de atividades a lista semanal de projetos o quadro semanal de

distribuiccedilatildeo de tarefas o mapa de presenccedilas diaacuterio e o diaacuterio de grupo

Este tipo de organizaccedilatildeo ajuda as crianccedilas a situarem-se no espaccedilo e no tempo

Desta forma eacute necessaacuterio a sala estar organizada por aacutereas de atividades que estaratildeo

dispostas agrave volta da mesma no centro da sala deve estar situada uma aacuterea de trabalho

coletivo Estas aacutereas devem ser originais para que possam ser o mais possiacutevel parecidas

com a realidade que os envolve Como afirma Niza (2007) ldquo o ambiente geral da sala

deve resultar agradaacutevel e altamente estimulante utilizando as paredes como expositores

permanentes das produccedilotildees das crianccedilas onde rotativamente se revecircem nas suas obras

de desenho pintura tapeccedilaria ou textordquo (p 133)

24

A gestatildeo do tempo eacute segundo Niza (2007) ldquoconstituiacuteda por duas etapas de

configuraccedilatildeo distinta

a etapa da manhatilde centra-se fundamentalmente no trabalho ou na actividade

eleita pelas crianccedilas e por elas sustentada desconcentradamente pelas aacutereas

de actividade Com o apoio discreto e itinerante do educador A etapa da

tarde reveste a forma de sessotildees plenaacuterias de informaccedilatildeo e de actividade

cultural dinamizadas por convidados pelos alunos ou pelos educadores

(p135)

O MEM tem uma forma muito proacutepria de promover o relacionamento das

crianccedilas entre si e das mesmas com os adultos Esta interaccedilatildeo eacute fomentada por

fundamentos da pedagogia da cooperaccedilatildeo Assim as crianccedilas devem no jardim-de-

infacircncia experimentar praacuteticas e atitudes que lhes permitiratildeo aprender valores e atraveacutes

das suas vivecircncias aprofundar o desenvolvimento da sua cidadania

Como afirma Niza (2007) os educadores assumem-se neste modelo como

promotores da organizaccedilatildeo participada dinamizadores da cooperaccedilatildeo

animadores ciacutevicos e morais do treino democraacutetico auditores activos para

promoverem a livre expressatildeo e a atitude criacutetica Mantecircm e estimulam a

autonomizaccedilatildeo e responsabilizaccedilatildeo de cada educando no grupo de educaccedilatildeo

cooperada (p139)

De acordo com este modelo eacute necessaacuterio dar continuidade agraves experiecircncias

educativas promovendo a curiosidade a iniciativa e a descoberta das crianccedilas e criar

condiccedilotildees para que tomem a iniciativa e se sintam valorizadas

Em suma os modelos referidos possibilitam um conjunto de orientaccedilotildees que se

tornam fundamentais para nos ajudar a organizar uma intervenccedilatildeo pedagoacutegica que

favoreccedila o desenvolvimento de crianccedilas no quadro de conquista de uma progressiva

autonomia

23 Linhas de orientaccedilotildees curricular da educaccedilatildeo preacute-escolar

Para a organizaccedilatildeo da accedilatildeo educativa importa ter em consideraccedilatildeo o estabelecido

nas Orientaccedilotildees Curriculares3 definidas para a educaccedilatildeo preacute-escolar

As OCEPE acentuam que sejam promovidos saberescompetecircncias que

favoreccedilam a progressatildeo das crianccedilas ao niacutevel da sua Formaccedilatildeo Pessoal e Social

Expressatildeo e Comunicaccedilatildeo (domiacutenio da linguagem oral e abordagem agrave escrita domiacutenio

das expressotildees incluindo a motora dramaacutetica musical e plaacutestica e o domiacutenio da

matemaacutetica) e Conhecimento do Mundo no sentido de ajudaacute-las a tornarem-se capazes

3 OCEPE-MEDEB 1997 Despacho 522097 de 4 de agosto Metas de aprendizagem (ME 2010)

25

de uma plena inserccedilatildeo na sociedade como cidadatildeos autoacutenomos livres e solidaacuterios

(MEDEB 1997) As Metas de Aprendizagem para a Educaccedilatildeo Preacute-Escolar (ME 2010)

explicitam os conteuacutedos incluiacutedos nas aacutereas e domiacutenios de conteuacutedo definidas nas

OCEPE indicando o que as crianccedilas devem ter aprendido no final da etapa educativa

preacute-escolar

Entendemos dever ser dada importacircncia aos contributos destes diferentes

documentos para organizaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo das experiecircncias de aprendizagem no quadro

de construccedilatildeo de respostas educativas preacute-escolares de qualidade

Assim e no sentido de melhor compreender a natureza das aprendizagens que

devem nortear a accedilatildeo educativa preacute-escolar importa efetuarmos ainda que de forma

resumida uma abordagem das aacutereas e domiacutenios de conteuacutedo

A aacuterea de Formaccedilatildeo Pessoal e Social eacute considerada uma aacuterea transversal

considerando que todas as componentes curriculares deveratildeo contribuir para promover

nas crianccedilas atitudes e valores que lhes permitam tornarem-se cidadatildeos conscientes e

solidaacuterios capacitando-os para a resoluccedilatildeo dos problemas da vida Tambeacutem a educaccedilatildeo

preacute-escolar deve favorecer a formaccedilatildeo da crianccedila tendo em vista a sua plena inserccedilatildeo

na sociedade como ser autoacutenomo livre e solidaacuterio

Importa referir que entre as aprendizagens a promover estas se situam num

processo em construccedilatildeo do ser humano ldquosendo influenciado e influenciando o meio que

o rodeiardquo (MEDEB 1997 p51) eacute de salientar tambeacutem que ldquoeacute na famiacutelia e no meio

soacutecio-cultural em que vive os primeiros anos de vida que a crianccedila inicia o seu

desenvolvimento pessoal e socialrdquo (idem p52) Eacute acentuado um papel essencial na

educaccedilatildeo para os valores sendo ldquoque natildeo se ldquoensinamrdquo mas que se vivem na acccedilatildeo

conjunta e nas relaccedilotildees com os outrosrdquo (idem ibidem) As relaccedilotildees e interaccedilotildees

estabelecidas pelo adulto com as crianccedilas e o grupo o modo como as apoia satildeo

caracterizados como um suporte da educaccedilatildeo Importa ter em conta que a relaccedilatildeo

estabelecida pelo educador com as crianccedilas o modo como as valoriza e respeita

estimula e encoraja os seus processos facilita a auto-estima da crianccedila e as relaccedilotildees que

as crianccedilas estabeleceratildeo entre si Eacute ainda de considerar que ldquofavorecer a autonomia da

crianccedila e do grupo assenta na aquisiccedilatildeo do saber-fazer indispensaacutevel agrave sua

independecircncia e necessaacuterio a uma maior autonomia enquanto oportunidade de escolha e

responsabilizaccedilatildeordquo (idem p 53)

Obter maior independecircncia representa na educaccedilatildeo preacute-escolar dominar certos

saberes tais como vestir-se despir-se lavar-se comer utilizando adequadamente os

26

talheres etc mas tambeacutem serem capazes de utilizar de forma correta materiais e

instrumentos agrave sua disposiccedilatildeo tais como jogos tintas pinceis laacutepishellip (idem ibidem)

Como se afirma nas OCEPE (MEDEB 1997) reconhecer laccedilos de pertenccedila

social e cultural respeitando outras culturas eacute um aspeto que deve ser tambeacutem

valorizado na educaccedilatildeo preacute-escolar fazendo parte do desenvolvimento da identidade Eacute

de considerar que a igualdade de oportunidades entre os diferentes sexos indiviacuteduos de

diferentes classes sociais e diferentes etnias se constroacutei numa perspetiva de educaccedilatildeo

multicultural devendo esta natildeo ser apenas criada pela participaccedilatildeo na organizaccedilatildeo do

ambiente educativo mas tambeacutem pela participaccedilatildeo na aprendizagem em grupo Eacute

preciso ter em conta que a participaccedilatildeo na discussatildeo e na tomada de posiccedilatildeo favorece a

consciecircncia de valores sociais culturais e eacuteticos (idem p 55)

Em suma como as proacuteprias OCEPE alertam a aacuterea da Formaccedilatildeo Pessoal e

Social entende-se como ldquoaacuterea de conteuacutedo integradora pois embora com

intencionalidade proacutepria inscreve-se em todas as outrasrdquo (idem ibidem)

A aacuterea da Expressatildeo e Comunicaccedilatildeo como eacute referido nas OCEPE (MEDEB

1997) ldquoengloba as aprendizagens relacionadas com o desenvolvimento psicomotor e

simboacutelico que determinam a compreensatildeo e o progressivo domiacutenio de diferentes formas

de linguagemrdquo (p56) Esta aacuterea eacute a uacutenica em que se diferenciaram vaacuterios domiacutenios

Releva-se que eacute importante que os adultos facultem ocasiotildees agraves crianccedilas que

distingam o real e o imaginaacuterio pois nestas idades por vezes ainda confundem Importa

proporcionar agraves crianccedilas ldquosuportes que permitam desenvolver a imaginaccedilatildeo criadora

como procura e descoberta de soluccedilotildees e exploraccedilatildeo do lsquomundorsquo rdquo OCEPE (MEDEB

1997 p 56)

Ao niacutevel do domiacutenio da linguagem oral e abordagem agrave escrita importa que as

crianccedilas se envolvam em experiecircncias que lhes permitam progredir ao niacutevel da

expressatildeo oral e que lhe facultem a possibilidade de se familiarizarem com o coacutedigo

escrito permitindo-lhes contactar com as suas diferentes funccedilotildees Sublinha-se que numa

abordagem transversal a liacutengua portuguesa deve ser trabalhada em diferentes atividades

relacionadas com diferentes domiacutenios de conteuacutedo Importa considerar que

Proporcionar no jardim-de-infacircncia ambientes linguisticamente estimulantes e

interagir verbalmente com cada crianccedila satildeo as duas vias complementares que

podem ajudar a combater as assimetrias que afectam o desenvolvimento da

linguagem nas crianccedilas (Sim-Sim Silva amp Nunes 2008 p 12)

27

A comunicaccedilatildeo criada pelo educador permite agraves crianccedilas dominar a linguagem

ampliando o seu vocabulaacuterio e formando frases mais elaboradas O dia-a-dia na

educaccedilatildeo preacute-escolar possibilitaraacute atraveacutes de interaccedilotildees de qualidadecomplexidade

com a escrita que as crianccedilas usem corretamente frases simples de diversos tipos

As crianccedilas desde cedo conseguem distinguir a escrita do desenho comeccedilam a

ldquoimitar a escrita e a reproduzir o formato do texto escritordquo (OCEPE p 69) Mesmo que

as crianccedilas natildeo consigam reproduzir corretamente a escrita os educadores devem

incentivaacute-las nas suas tentativas Como se refere nas OCEPE (idem) ldquoa atitude do

educador e o ambiente que eacute criado devem ser facilitadores de uma familiarizaccedilatildeo com

o coacutedigo escrito Neste sentido as tentativas de escrita mesmo que natildeo conseguidas

deveratildeo ser valorizadas e incentivadasrdquo (p 69)

O educador deve inclusive ler e contar histoacuterias agraves crianccedilas pois desse modo

suscitaraacute na crianccedila o desejo de aprender a ler A forma como este lecirc e faz uso de

diferentes tipos de texto para as crianccedilas seratildeo usados por estas como exemplo de como

e para que serve ler (idem p 70)

As crianccedilas que desde cedo estatildeo envolvidas na utilizaccedilatildeo da linguagem

escrita e que vecircem outros a ler e a escrever vatildeo desenvolvendo a sua

perspectiva sobre o que eacute a leitura e a escrita e simultaneamente vatildeo

desenvolvendo capacidades e vontade para participarem em acontecimentos

de leitura e escrita (Mata 2008 p 14)

O educador tem que ter em atenccedilatildeo que em algumas ocasiotildees existem

diferentes liacutenguas como aconteceu na nossa praacutetica educativa visto que algumas

crianccedilas da sala natildeo tinham como liacutengua materna o portuguecircs Procuramos valorizar

essa dimensatildeo como meio de sensibilizar o grupo para a existecircncia de outras liacutenguas

mas tambeacutem de apoiar essas crianccedilas a acederam a um progressiva fluecircncia discursiva

No que diz respeito ao domiacutenio da matemaacutetica podemos destacar que as

crianccedilas vatildeo espontaneamente construindo noccedilotildees matemaacuteticas a partir de vivecircncias do

dia-a-dia Estas noccedilotildees fundamentam-se na vivecircncia do espaccedilo e tempo tendo como

ponto de partida as atividades espontacircneas em que se envolve ou que o educador

promove O papel da matemaacutetica na estruturaccedilatildeo do pensamento as suas funccedilotildees na

vida corrente e a sua importacircncia para aprendizagens futuras determina a atenccedilatildeo que

lhe deve ser dada na educaccedilatildeo preacute-escolar (idem p 73)

Procuraacutemos promover o desenvolvimento de noccedilotildees matemaacuteticas aproveitando

variadas situaccedilotildees luacutedicas das crianccedilas e momentos da rotina diaacuteria sabendo que como

se refere nas OCEPE (MEDEB 1997) ldquocabe ao educador partir das situaccedilotildees do

28

quotidiano para apoiar o desenvolvimento do pensamento loacutegico matemaacutetico

intencionalizando momentos de consolidaccedilatildeo e sistematizaccedilatildeo de noccedilotildees matemaacuteticasrdquo

(ibidem) Neste acircmbito importa ainda ter em conta o que afirmam Castro e Rodrigues

(2008) quando defendem que

uma das funccedilotildees do Jardim-de-Infacircncia eacute criar ambientes de aprendizagem

ricos em que as crianccedilas se possam desenvolver como seres de muacuteltiplas

facetas construindo percepccedilotildees e bases onde alicerccedilar aprendizagens Estas

reflectir-se-atildeo ao longo da vida quer nas aprendizagens quer na

sociabilizaccedilatildeo e mesmo no reconhecimento de algumas regras e

procedimentos Os nuacutemeros devem portanto desempenhar um papel

desafiante e com significado sendo a crianccedila estimulada e encorajada a

compreender os aspectos numeacutericos do mundo em que vive e a discuti-los

com os outros (p 12)

No que se refere ao domiacutenio das expressotildees como se refere nas OCEPE

(MEDEB 1997) eacute importante que o educador tenha em conta as especificidades de

cada expressatildeo mas tambeacutem a sua inter-relaccedilatildeo e a sua articulaccedilatildeo (p 57)

No que concerne agrave expressatildeo motora tal como se menciona nas OCEPE

(MEDEB 1997) ldquoao entrar para o preacute-escolar a crianccedila jaacute possui algumas aquisiccedilotildees

motoras baacutesicas tais como andar transpor obstaacuteculos manipular objectos de forma

mais ou menos precisardquo (p 58) Tendo em conta todos os movimentos que a crianccedila jaacute

possui a educaccedilatildeo preacute-escolar deve originar situaccedilotildees de exerciacutecio da motricidade

global e tambeacutem da motricidade fina permitindo que todas e cada uma aprendam a

utilizar e a dominar da melhor forma o seu proacuteprio corpo (idem ibidem) Eacute importante

que as crianccedilas usufruam de oportunidades para desenvolver os diferentes segmentos do

seu corpo facilitando a interiorizaccedilatildeo do esquema corporal e tendo consciecircncia do seu

corpo em relaccedilatildeo ao exterior aprendendo as relaccedilotildees no espaccedilo

Cabe ao educador tirar partido das situaccedilotildees que ocorrem nos diferentes espaccedilos

aproveitando a sala o espaccedilo exterior locais apetrechados e materiais que

proporcionem diversas e enriquecedoras oportunidades de expressatildeo motora O

educador deve proporcionar agraves crianccedilas formas de utilizar o seu corpo servindo-se de

jogos de movimento de sons de ritmos e danccedilas Como se afirma nas OCEPE

(MEDEB 1997) ldquotodas estas situaccedilotildees permitem que a crianccedila aprenda a utilizar

melhor o seu corpo e (hellip) que vaacute tomando consciecircncia de condiccedilotildees essenciais para

uma vida saudaacutevelrdquo (p 59)

29

A expressatildeo dramaacutetica eacute um meio de descoberta de si e do outro atraveacutes da qual

a crianccedila se afirma a si proacuteprio na relaccedilatildeo com os outros apropriando-se de situaccedilotildees

socias

Eacute frequente na idade de preacute-escolar depararmo-nos com crianccedilas movimentando-

se e colocando-se em diversas posiccedilotildees fiacutesicas muitas vezes imitando certas pessoas ou

ateacute mesmo animais E como nos referem Hohmann e Weikart (2011) ldquoexperimentar

movimentos que impliquem o corpo todo ajuda as crianccedilas a desenvolver o auto-

controlo e a consciecircncia do seu posicionamento fiacutesicordquo (p 629)

A expressatildeo musical permite a exploraccedilatildeo de sons e ritmos que as crianccedilas

produzem e exploram espontaneamente e que vatildeo aprendendo a identificar e a

reproduzir elas mesmas com os diversos aspetos que caracterizam os sons Como

afirmam Hohmann e Weikart (2011) ldquoouvir muacutesica mover-se ao seu som e fazer

muacutesica satildeo experiecircncias vitais que permitem agrave crianccedila expressar-serdquo (p 656) Os

mesmos autores acrescentam que ldquoa muacutesica acompanha-nos ao longo de toda a nossa

vida marcando acontecimentos desde do nascimento agrave morterdquo (p 657)

Baseando-se no pensamento de Carlton (1994) Hohmann e Weikart (2011)

apresentam seis aspetos que importa explorar no acircmbito de expressatildeo musical como

mover-se ao som da muacutesica explorar e identificar sons explorar a voz a cantar

desenvolver melodias cantar canccedilotildees e tocar instrumentos musicais simples

Na nossa praacutetica a muacutesica estava presente diariamente na sala pois logo pela

manhatilde as crianccedilas cantavam canccedilotildees relacionadas com os bons dias e por vezes outras

por elas sugeridas A abordagem de canccedilotildees com entusiasmo e entendendo que eacute uma

parte integrante de cultura musical da crianccedila eacute outra dimensatildeo considerada

A expressatildeo plaacutestica permite agraves crianccedilas explorarem diversos materiais e

instrumentos sendo as atividades motoras iniciadas pelas crianccedilas Como se afirma nas

OCEPE (MEDEB 1997) a crianccedila ldquoexterioriza espontaneamente imagens que

interiormente construiurdquo (p 61) Godinho e Brito (2010) defendem que ldquoeacute (hellip)

importante que as crianccedilas em ambiente de jardim-de-infacircncia possam experimentar

distintos papeacuteis de executante criador e apreciadorrdquo (p 11) e ter em conta que os

trabalhos das crianccedilas tecircm ldquosignificados concretos e partilhaacuteveis com os outrosrdquo (idem

p 65)

O desenho a pintura a digitinta a modelagem o recorte e a colagem satildeo

teacutecnicas de expressatildeo plaacutestica que devem ser explorados na educaccedilatildeo preacute-escolar

OCEPE (MEDEB 1997) Importa ainda atender agrave diversidade e quantidade de

30

materiais de modo a favorecer a expressatildeo criativa das crianccedilas Eacute importante que as

crianccedilas tenham agrave sua disposiccedilatildeo materiais que lhes possibilitem escolher e promover

diferentes formas de combinaccedilatildeo A identificaccedilatildeo e nomeaccedilatildeo de cores bem como a

mistura de cores baacutesica para formar outras (secundaacuterias) satildeo aspetos da expressatildeo

plaacutestica que tambeacutem importa explorar

No que diz respeito agrave aacuterea do Conhecimento do Mundo esta ldquoenraiacuteza-se na

curiosidade natural da crianccedila e no seu desejo de saber e compreender porquecircrdquo (idem p

79) A crianccedila antes de iniciar a educaccedilatildeo preacute-escolar sabe jaacute bastantes coisas sobre o

mundo que a rodeia A curiosidade e o desejo de descobrir e aprender das crianccedilas

manifestam-se na procura de compreensatildeo do mundo e de lhe atribuir sentido Tal

procura leva-as a formas progressivamente mais elaboradas do pensamento

A exploraccedilatildeo de conteuacutedos relacionados com esta aacuterea poderatildeo estar ldquomais ou

menos relacionada com o meio proacuteximo mas que aponta para a introduccedilatildeo a aspectos

relativos a diferentes domiacutenios do conhecimento humano (hellip) que mesmo elementares

e adequados a crianccedilas destas idades deveratildeo corresponder sempre a um grande rigor

cientiacuteficordquo (idem p 80) As OCEPE apontam ainda para que as crianccedilas possam

entender certos fenoacutemenos e acontecimentos que experienciam no seu dia-a-dia A

sensibilizaccedilatildeo agraves ciecircncias pode assim entender-se como partindo dos interesses das

crianccedilas que o educador alarga e contextualiza procurando fomentar a curiosidade e o

desejo de aprender O educador tem um papel fundamental na escolha dos conteuacutedos a

desenvolver poreacutem deve ter a preocupaccedilatildeo de acordar e negociar as suas propostas com

o grupo de modo a promover aprendizagens com significado para as crianccedilas Entre o

que se apresenta como fundamental desenvolver neste domiacutenio ldquosatildeo aspectos que se

relacionam com os processos de aprender a capacidade de observar o desejo de

experimentar a curiosidade de saber a atitude criacuteticardquo (idem p 85)

Foi com base em todas as aacutereas de conteuacutedo e domiacutenios que procuraacutemos

promover experiecircncias de aprendizagem diversas sendo que algumas dessas seratildeo

descritas e analisadas na terceira parte deste relatoacuterio

31

III Descriccedilatildeo e anaacutelise das experiecircncias de aprendizagem

O presente capiacutetulo incide sobre o processo de ensino e aprendizagem que

desenvolvemos com as crianccedilas ao longo do ano letivo de 2012-2013 apresentando um

conjunto de experiecircncias de aprendizagem atraveacutes das quais pretendemos aprofundar a

reflexatildeo sobre a accedilatildeo educativa promovida

Neste sentido procuraacutemos explicitar as intencionalidades que as orientam os

processos de desenvolvimento recursos utilizados e informaccedilatildeo tomada em

consideraccedilatildeo para a compreensatildeo do desenvolvimento desse processo e a progressatildeo

das crianccedilas

As experiecircncias de aprendizagem que aqui apresentamos incidem

particularmente sobre o segundo semestre do ano letivo referido porque foi nesse

periacuteodo que nos foi possiacutevel promover uma maior continuidade ao trabalho

desenvolvido o que permitiraacute uma melhor compreensatildeo das linhas de accedilatildeo e das formas

de intervenccedilatildeo pedagoacutegica em que nos situamos

No que se refere agrave planificaccedilatildeo da accedilatildeo educativa procuraacutemos articular num

todo coerente a nossa intervenccedilatildeo no sentido de proporcionar agraves crianccedilas a vivecircncia de

um projeto formativo integrado e em continuidade as reflexotildees preacute e poacutes-accedilatildeo com a

educadora de infacircncia cooperante foram importantes Como elementos de apoio ao

desenvolvimento desse processo relevamos as Orientaccedilotildees Curriculares para a

Educaccedilatildeo preacute-escolar o projeto curricular do grupo e os interesses e necessidades

formativas que no decurso da accedilatildeo educativa iacuteamos identificando Os planos de

intervenccedilatildeo pedagoacutegica assumiram um caraacuteter flexiacutevel de modo a podermos integrar as

contribuiccedilotildees do grupo de crianccedilas nesse processo e adequar as estrateacutegias quando

necessaacuterio de modo a garantir melhores oportunidades de aprendizagem e

desenvolvimento das crianccedilas

Ao niacutevel da recolha da informaccedilatildeo para ajudar a melhor poder compreender-se o

modo como se desenvolveu o processo de aprendizagem recorremos sobretudo a notas

de campo e registos fotograacuteficos Natildeo podemos deixar de relevar a importacircncia que

tambeacutem assumiram as produccedilotildees das crianccedilas incluiacutedas nos seus portefoacutelios pois

ajudaram-nos a melhor compreender como cada uma se apropriou e retratou as

experiecircncias promovidas

32

31 Experiecircncia de aprendizagem Respeitar as diferenccedilas um

desafio para todos

Um dos principais objetivos desta experiecircncia de aprendizagem centrou-se em

alertar as crianccedilas para a importacircncia de favorecer a integraccedilatildeo e bem-estar de todos

independentemente das diferenccedilas fiacutesicas e culturais entre outras que pudessem

possuir

Partimos da histoacuteria Elmer de David Mckee (2007) e comeccedilaacutemos por apresentar

o livro agraves crianccedilas lendo o tiacutetulo e perguntar-lhes se conheciam a histoacuteria ao que nos

responderam que natildeo Com este questionamento pretendiacuteamos saber se as crianccedilas jaacute

conheciam o conteuacutedo da histoacuteria Decidimos entatildeo solicitar agraves crianccedilas a observaccedilatildeo

da capa do livro de modo a explorar os elementos paratextuais em grande grupo

Vaacuterias crianccedilas identificaram e indicaram de imediato a personagem nela retratada

como sendo um elefante Mas duas delas manifestaram natildeo ter a certeza considerando a

aparecircncia do mesmo como as suas afirmaccedilotildees permitem perceber parece um elefante

mas parece um elefante colorido (Tiago)4 parece um elefante arco-iacuteris (Joana)

No sentido de melhor se compreenderem estes comentaacuterios importa mencionar

que o referido elefante era representado no livro atraveacutes de um desenho-ilustraccedilatildeo

desafiando agrave imaginaccedilatildeo e procurando ilustrar a mensagem pretendida de alerta para as

diferenccedilas mas afastando-se da figura ldquorealrdquo que por exemplo uma imagem

fotograacutefica permite retratar

Propusemos entatildeo agraves crianccedilas escutar com atenccedilatildeo a histoacuteria no sentido de

percebermos do que abordava Lemos a histoacuteria mostrando as imagens que a ilustravam

e no final refletimos sobre o conteuacutedo da mesma partindo da questatildeo

- Entatildeo do que nos fala a histoacuteria (Ed Estagiaacuteria)

- Eacute do Elmer Ele natildeo gostava da cor que tinha (Manuel)

- Pois ele natildeo gostava da cor que tinha e porque seria (Ed Est)

Surgiram vaacuterias respostas De entre elas destacamos as seguintes afirmaccedilotildees

- Porque ele eacute agraves cores (Gonccedilalo)

- E natildeo gostava de ser assim (Diogo)

- E depois com as tintas ficou de outra cor (Manuel)

- Pois foi Mas os outros riram-se (Margarida)

- Com a chuva voltou a ficar igual (Laura)

- E o que acharam dos elefantes se rirem dele acham que isso eacute bom (Ed Est)

- Natildeo (Vaacuterios)

- Porquecirc (Ed Est)

4 Os nomes das crianccedilas apresentadas satildeo fictiacutecios de modo a assegurar o anonimato da sua identidade

33

- Porque mesmo diferentes temos que ser amigos (Pedro)

- Porque somos todos diferentes (Inecircs)

Nota de campo 25 de fevereiro 2013

O excerto permite perceber que o conteuacutedo da histoacuteria tinha sido compreendido

referindo as crianccedilas que eram abordadas as diferenccedilas fiacutesicas que apresentava o animal

as dificuldades em aceitar a diversidade ou a diferenccedila de cor ou raccedila como as

seguintes afirmaccedilotildees permitem perceber Porque ele eacute agraves cores (Gonccedilalo) e natildeo gostava

de ser assim (Diogo) Tambeacutem a importacircncia de respeitar e aceitar as diferenccedilas foram

identificadas como conteuacutedo da histoacuteria ao reconhecerem e indicarem que natildeo foi bom

os elefantes rirem do modo como o Elmer tentou superar os constrangimentos sentidos

tentando mudar de cor justificando o Pedro porque mesmo diferentes temos que ser

amigos e acrescentando a Inecircs porque somos todos diferentes

Na sequecircncia da histoacuteria dialogaacutemos sobre possiacuteveis diferenccedilas fiacutesicas que

pudemos encontrar entre as pessoas e a importacircncia de aceitaacute-las mas tambeacutem de

respeitar e aceitar se elas quiserem fazer algumas mudanccedilas para se sentirem mais

bonitas ou felizes No sentido de uma melhor compreensatildeo desse valor alertaacutemos para

que cada um de noacutes por vezes tambeacutem mudar alguma coisa porque gosta como pintar

as unhas os laacutebios e o cabelo e noacutes gostamos e somos amigas delas quer estejam ou

natildeo pintadas Partindo desta ideia as crianccedilas falaram das suas experiecircncias e das dos

seus familiares Lembraacutemos ainda que tambeacutem noacutes natildeo somos todos iguais temos

diferenccedilas

Nesta linha de pensamento propusemos agraves crianccedilas observar diferenccedilas e

semelhanccedilas que existiam entre os elementos do grupo Vimos que uns tinham os

cabelos loiros outros castanhos e outros pretos Tambeacutem nos olhos podiacuteamos ser

diferentes e mesmo ao niacutevel da pele observando que embora fossemos todos de pele

branca uns tinham uma cor mais clara outros uma cor mais escura Sem que o

solicitaacutessemos algumas crianccedilas puxaram as mangas da camisola e colocaram o braccedilo

junto do de outras para verificarem melhor as diferenccedilas fazendo comentaacuterios sobre o

que observavam

Num outro momento mostraacutemos agraves crianccedilas duas imagens de elefantes uma

colorida como a do Elmer a personagem da histoacuteria e outra em cor cinzenta

Propusemos agraves crianccedilas que descobrissem as semelhanccedilas entre os dois elefantes

34

Observaacutemos diferentes reaccedilotildees Enquanto algumas crianccedilas manifestaram natildeo

perceber bem o pretendido outras manifestaram que isso tinha acontecido fazendo

afirmaccedilotildees como as que a seguir apresentamos e permitiram que as outras

compreendessem o que lhe tiacutenhamos solicitado fazerem

-Tecircm os dois uma tromba (Vaacuterios)

-Tecircm tambeacutem rabo para baixo as duas (Manuel)

-Tecircm dois olhos (Gabriel)

- Muito bem e haveraacute diferenccedilas entre os dois elefantes (Ed Est)

-A cor dos elefantes (vaacuterios)

-Um eacute cinzento como todos os elefantes e outro eacute agraves cores (Manuel)

Nota de campo 25 de fevereiro 2013

Como o excerto deixa perceber o diaacutelogo estabelecido possibilitou observar que

a diferenccedila que caraterizava os animais representados era a cor mas que se tratava do

mesmo tipo de ser e por isso apresentavam muitas outras carateriacutesticas comuns

Entendemos que este tipo de abordagem pode ajudar a que melhor possamos

entender aceitar e respeitar as pessoas pelos seres humanos que satildeo e ultrapassar

barreiras discriminatoacuterias que infelizmente ainda se fazem sentir Neste sentido

importa considerar que como se refere nas OCEPE (MEDEB 1997) eacute na aceitaccedilatildeo da

diferenccedila e ldquonuma perspetiva multicultural que se constroacutei uma maior igualdade de

oportunidadesrdquo (p 54)

Relevamos que esta atividade permitiu agraves crianccedilas natildeo soacute obterem e discutirem

valores que nos levem a enveredar por perspetivas e praacuteticas facilitadoras das

multiculturas e de igualdade de oportunidades como suscitar a pesquisa sobre o animal

que entrou na histoacuteria e espaccedilos em que vivia Assim levaacutemos e colocaacutemos na aacuterea da

biblioteca alguns livros sobre animais onde se incluiacuteam os elefantes o que suscitou a

continuidade da atividade Algumas crianccedilas quiseram descobrir como eram os

elefantes e se seriam todos parecidos ou natildeo Apoiaacutemo-las nesse processo ajudando-as

a descobrir mais pormenores que poderiam apontar para as diferenccedilas ou semelhanccedilas

mas relevando a importacircncia de cada um

No que se refere ao tempo de trabalho nas aacutereas importa evidenciar que algumas

crianccedilas quiseram representar ao niacutevel da expressatildeo plaacutestica figuras de elefantes

optando sobretudo por materiais tridimensionais como a plasticina como as imagens da

figura 10 permitem perceber No final sugerimos a contagem das representaccedilotildees dos

elefantes

35

As figuras apresentadas permitem observar diferentes produccedilotildees no que se

refere agrave reproduccedilatildeo de algumas partes do corpo quer agrave cor escolhida para elaborar o

trabalho As vaacuterias formas de representaccedilatildeo tambeacutem nos permitem perceber diferentes

niacuteveis de representaccedilatildeo simboacutelica incluindo e diferenciando vaacuterias partes do corpo do

animal algumas ainda o seu modo de locomoccedilatildeo enquanto outras representam apenas

para aleacutem do corpo no seu todo a parte que mais o diferencia dos outros animais a

tromba Como refere Gonccedilalves (1991) ldquoa expressatildeo eacute motivada pelo que mais a

impressionardquo (p 13)

No que se refere agrave escolha da plasticina para fazer as figuras do elefante importa

considerar que como referem Hohmann e Weikart (2011) este eacute um material a partir do

qual as crianccedilas gostam de fazer as suas reproduccedilotildees para o que em nosso entender

contribui o facto de poderem realizar produccedilotildees tridimensionais e as possibilidades de

modelagem que este material oferece

Na discussatildeo sobre os animais surgiu a questatildeo de como se designa um conjunto

de elefantes (nomes coletivos) ao que uma das crianccedilas respondeu prontamente eacute uma

manada (Carlos) No sentido de partilha de saberes possuiacutedos por cada um em relaccedilatildeo

ao toacutepico sobre o qual viacutenhamos a interrogar as crianccedilas solicitaacutemos-lhes que dissessem

o que sabiam sobre os elefantes Surgiram vaacuterias respostas entre as quais sublinhamos

- Tem uma tromba (Laura)

- Tem orelhas grandes (Pedro)

- Tem quatro patas (Tiago)

- Eles podem beber com a tromba (Rafael)

As respostas obtidas permitem-nos perceber que as crianccedilas jaacute possuiacuteam alguns

conhecimentos acerca das caracteriacutesticas dos elefantes mas tambeacutem que ainda havia

muitas coisas que poderiacuteamos aprender sobre eles Neste sentido sugerimos-lhes

Figura 10 ndash Produccedilotildees das crianccedilas em plasticina na sequecircncia da exploraccedilatildeo da histoacuteria do Elmer

36

visualizar imagens em PowerPoint que ilustravam as caracteriacutesticas do elefante No

final da apresentaccedilatildeo questionaacutemo-nos sobre o observado comeccedilando por colocar-lhes

um questatildeo sobre os seus haacutebitos alimentares

- Do que seraacute que o elefante se alimenta (Ed Est)

- Comem plantas (Pedro)

- E maccedilatildes das aacutervores (Ricardo)

- Bebem a aacutegua (Gabriel)

-Comem tambeacutem bananas (Gonccedilalo) Nota de campo 25 de fevereiro 2013

Entre as vaacuterias questotildees e respostas que surgiram a discussatildeo incidiu sobre os

dentes dos elefantes e a sua funccedilatildeo o nuacutemero de patas que tinham e como eram

constituiacutedas bem como sobre qual a funccedilatildeo da tromba para aleacutem de ser para beber

Este momento de diaacutelogo em grande grupo permitiu que as crianccedilas aprendessem a

ouvir-se umas agraves outras a esperar a sua vez para falar e para colaborar na atividade

Possibilitou ainda que conhececircssemos melhor as carateriacutesticas e os interesses das

crianccedilas pelo que nos parece poder ir ao encontro da ideia de Hohmann e Weikart

(2011) quando referem que

enquanto as crianccedilas interagem com materiais pessoas ideias e

acontecimentos para construir o seu proacuteprio entendimento da realidade os

adultos observam e interagem com elas para descobrir como as crianccedilas

pensam e raciocinam Os adultos tentam reconhecer os interesses e

capacidades particulares das crianccedilas oferecer-lhes apoio e colocar-lhes

desafiosrdquo (p 27)

Na sequecircncia da observaccedilatildeo das imagens dos livros sobre os animais integrados

na biblioteca iam surgindo perguntas em torno dos mesmos e do local onde viviam Por

isso e no sentido de poder alargar essa abordagem entendemos recorrer a vaacuterias

figurasbrinquedos de animais apresentando-os numa maqueta em que se encontravam

representados diferentes tipos de habitats As crianccedilas mostraram-se bastante curiosas

em descobrir quais os animais aiacute representados e os locais em que surgiam situados No

decurso do diaacutelogo uma crianccedila questionou-nos sobre o significado da palavra habitat

Perguntaacutemos ao grupo quem sabia e queria explicar ao colega mas gerando-se um

silecircncio informaacutemos que se tratava do local no qual vivem os animais e propusemos

que observassem a maqueta e descobrissem que locais se encontravam laacute representados

Obtivemos respostas variadas como

-Ali eacute a aacutegua (Diogo)

-Eacute na terra (Laura)

-Nas montanhas (Margarida)

37

Nota de campo 25 de fevereiro 2013

Informaacutemos as crianccedilas que todas as repostas correspondiam a elementos que

faziam parte dos habitats dos animais e que estes eram de trecircs tipos o terrestre o

aquaacutetico e o aeacutereo Realizaacutemos uma breve explicaccedilatildeo agraves crianccedilas da constituiccedilatildeo dos

habitats e dos animais que os habitavam

Distribuiacutemos por cada crianccedila a figura de

um animal em formato de fantoche e

solicitaacutemos-lhes que cada uma identificasse o

animal que tinha na matildeo e qual o habitat em que

esse animal se integraria colocando-o na

maqueta como a figura 11 permite perceber

Todas as crianccedilas participaram nesta atividade A

realizaccedilatildeo da atividade em grande grupo permitiu

partilhar ideias e valorizar os saberes de todos no

sentido de um enriquecimento muacutetuo

Esta atividade tinha como objetivo principal ajudar as crianccedilas a compreender

que os animais podem viver em diferentes ambientes ecoloacutegicos Sugerimos agraves crianccedilas

que desenhassem um animal e o seu habitat

Como forma de dar continuidade agrave atividade sobre os animais sugerimos a

realizaccedilatildeo do jogo ldquoOs animais da selvardquo que consistia em retirar de entre um conjunto

de cartotildees apresentados numa caixa um cartatildeo seria lida a tarefa agrave crianccedila e esta

concretizaacute-la-ia Entre as propostas de realizaccedilatildeo apresentadas constavam por exemplo

imitar o som de um determinado animal representar o seu modo de locomoccedilatildeo e cantar

uma canccedilatildeo relacionada com os animais

No sentido de dar continuidade agrave exploraccedilatildeo da histoacuteria do Elmer solicitaacutemos as

crianccedilas num momento de trabalho em grande grupo a identificarem e nomearem as

cores primaacuterias Obtivemos respostas variadas por parte das crianccedilas algumas

respondiam corretamente ao nome das cores e outras natildeo as identificavam Decidimos

entatildeo explorar as cores primaacuterias e para que melhor pudessem observaacute-las e identificaacute-

las colocaacutemos tintas com as trecircs cores primaacuterias (azul amarelo e vermelho) em frascos

transparentes As crianccedilas puderam mexer e fazer pinceladas na folha No decurso da

atividade uma crianccedila referiu que existem tambeacutem as cores secundaacuterias (Margarida)

Figura 11 - Crianccedila colocando o animal no

habitat

38

Noutro momento e ainda no acircmbito do processo de identificaccedilatildeo das cores

propusemos agraves crianccedilas a utilizaccedilatildeo de outros recursos folhas de acetato e guaches

Sugerimos-lhes que colocassem em cada folha gotas de tinta de cores diferentes e

depois que as juntassem Ao juntarem as duas folhas de acetatos as crianccedilas reparavam

que surgiria uma nova cor Sugerimos agraves crianccedilas a realizaccedilatildeo do quadro das cores que

integraria as cores primaacuterias num primeiro momento e ao qual iriacuteamos mais tarde

acrescentar as secundaacuterias (verde laranja e roxo) Questionaacutemos as crianccedilas de modo a

identificarem e nomearem as cores e conforme iam sendo identificadas iam sendo

colocadas pelas crianccedilas no quadro

Procedemos num segundo momento agrave exploraccedilatildeo de uma cor secundaacuteria o

verde propondo agraves crianccedilas a mistura das cores amarela e azul e tentar que as crianccedilas

descobrissem que cor surgia dessa mistura Algumas crianccedilas responderam

corretamente que surgiria a cor verde As crianccedilas colocaram a cor verde em frente agrave cor

amarela e azul para que percebessem que da junccedilatildeo das duas cores iniciais resultava

essa cor

Repetimos esse mesmo processo com as cores amarelo e vermelho de cuja

junccedilatildeo surgiu o laranja e com o azul e vermelho

da qual surgiu o roxo Completaacutemos o quadro das

cores primaacuterias e secundaacuterias com as tintas que jaacute

possuiacuteamos e com as novas tintas que surgiram

na junccedilatildeo das cores primaacuterias

Expusemos o trabalho na sala permitindo

relembrar e melhor memorizar o nome das

diferentes cores (primaacuterias e secundaacuterias) como a

figura 12 permite observar

No desenvolvimento da atividade as crianccedilas mostraram-se bastante

surpreendidas com o surgir da nova cor a partir da junccedilatildeo das duas cores iniciais

expressando alegria e desejo de fazer novas experiecircncias Neste sentido importa ter em

conta que como refere Luft (2011) ldquoa cor eacute um dos principais elementos das artes

visuais (hellip) despertando sensaccedilotildees e emoccedilotildees seja na pintura na esculturardquo (p 304)

entre outras teacutecnicas de expressatildeo plaacutestica

Procurando que as crianccedilas tirassem partido das cores exploradas sugerimos agraves

crianccedilas que decorassem a imagem do elefante Elmer utilizando folhas em formato A2

A proposta inicial era de que as crianccedilas pintassem a imagem do elefante Elmer

Figura 12 - Quadro das cores primaacuterias e

secundaacuterias

39

recorrendo agrave teacutecnica de pintura sopro que consistia em colocar um pouco de tinta num

quadrado e soprar com a palhinha de forma a espalhar a cor por todo o quadrado do

papel Algumas crianccedilas manifestaram bastante dificuldade na realizaccedilatildeo do sopro e

comeccedilaram a utilizar a palhinha como forma de pincel Decidimos entatildeo sugerir a

essas crianccedilas que utilizassem pinceacuteis se assim o entendessem No final surgiu uma

figura de elefante muito colorida aos quadrados que expusemos junto agrave da entrada para

a sala no sentido de partilhar a experiecircncia com os pais

Em siacutentese no acircmbito desta experiecircncia de aprendizagem promovemos a criaccedilatildeo

de oportunidades de as crianccedilas desenvolverem saberes que se prendem particularmente

com as carateriacutesticas da vida animal e a composiccedilatildeo das cores (primaacuterias e secundaacuterias)

numa dimensatildeo articulada da aacuterea do mundo fiacutesico e social e dos domiacutenios da expressatildeo

oral dramaacutetica e plaacutestica Foi nossa preocupaccedilatildeo que as crianccedilas pudessem questionar-

se manifestar as suas opiniotildees e implicar-se na exploraccedilatildeo dos materiais colocados agrave

sua disposiccedilatildeo Neste acircmbito releva-se nas OCEPE (MEDEB 1997) que ldquoa

identificaccedilatildeo e nomeaccedilatildeo das cores a mistura de cores baacutesicas para formar outras satildeo

aspetos da expressatildeo plaacutestica que se ligam com a linguagem e o Conhecimento do

Mundordquo (pp 62-63) Nesta experiecircncia de aprendizagem pudemos relevar a exploraccedilatildeo

do mundo fiacutesico mas tambeacutem e sobretudo o social no sentido de valorizar a

construccedilatildeo de um pensamento aberto a formas diversas de ser e estar no quadro de

valores de respeito aceitaccedilatildeo e de diaacutelogo com os outros

32 Experiecircncia de aprendizagem Aprender a observar e conhecer

Considerando o interesse manifestado pelas crianccedilas em relaccedilatildeo ao conteuacutedo da

histoacuteria do Elmer sendo a mesma referida em vaacuterios e diferentes momentos decidimos

dar-lhe continuidade explorando o livro intitulado Elmer e o arco-iacuteris de David

Mckee5 Trata-se de uma histoacuteria que aborda os valores de

entreajuda dar algo sem o perder bem como os sentimentos de

amizade e de felicidade

Relevamos neste sentido que como refere Mata (2008)

ldquoa leitura de histoacuterias eacute uma actividade muito rica e completa

5 A imagem do livro que consta na figura 13 foi obtida em

httpwwwcaminholeyacomfotosprodutos500_9789722118620_elmer_e_o_arco_irisjpg

Figura 13 - Livro - Elmer e o

arco-iacuteris de David Mckee

40

pois permite a integraccedilatildeo de diferentes formas de abordagem agrave linguagem escrita em

geral e agrave leitura de uma forma especiacuteficardquo (p 78)

Comeccedilaacutemos por observar interpretar e descrever oralmente as imagens da capa

e da contracapa tendo como objetivo que as crianccedilas compreendessem que tanto as

palavras escritas como os desenhos transmitem informaccedilotildees Embora algumas crianccedilas

manifestassem possuir conhecimento acerca da composiccedilatildeo dos livros mas que nem

conseguiam fazecirc-lo entendemos explicar esses elementos agraves crianccedilas Procedemos em

seguida agrave leitura expressiva da mesma No final questionaacutemos as crianccedilas acerca do

seu conteuacutedo e todas referiram que falava sobre o arco-iacuteris sobre este ter perdido as

suas cores e o elefante Elmer ter ajudado a que este as recuperasse As crianccedilas

mencionaram partes da histoacuteria relevantes mostrando ter prestado atenccedilatildeo agrave leitura e tecirc-

la interiorizado Importa ter em conta que como se refere nas (OCEPEMEDEB

1997) ldquoeacute no clima de comunicaccedilatildeo criado pelo educador que a crianccedila iraacute dominando a

linguagem alargando o seu vocabulaacuterio construindo frases mais correctas e complexas

adquirindo um maior domiacutenio da expressatildeo e comunicaccedilatildeordquo (p 67)

Nesta linha de pensamento e aproveitando as ideias que as crianccedilas

mencionaram questionaacutemo-las sobre o que sabiam acerca do arco-iacuteris tais como

quantas cores teria o arco-iacuteris e obtivemos respostas como

-Tem cinco cores (Diogo)

- Acho que tem seis cores (Gonccedilalo)

- Eu acho que tem sete cores (Tiago)

- Tem muitas cores (Laura)

As afirmaccedilotildees das crianccedilas deixam perceber que natildeo tinham a certeza em

relaccedilatildeo agraves cores do arco-iacuteris o que era de esperar dado a tenra idade das crianccedilas

Decidimos revelar agraves crianccedilas o verdadeiro nuacutemero de cores que tem o arco-iacuteris

referindo que o arco-iacuteris apresenta sete cores Continuando o diaacutelogo procuraacutemos levar

as crianccedilas a idealizarem e nomear as possiacuteveis cores do arco-iacuteris Obtivemos as

seguintes respostas

- O arco-iacuteris tem amarelo (Pedro)

-Tem tambeacutem azul (Rodrigo)

- Tem verde o arco-iacuteris (Tiago)

- Eu acho que tambeacutem tem cor de laranja (Gonccedilalo)

- Natildeo tem eacute vermelho (Pedro)

- Eu acho que tem cor-de-rosa (Inecircs) Nota de campo 11 de marccedilo 2013

41

Algumas crianccedilas comentaram que natildeo sabiam porque nunca o tinham visto

outras disseram que jaacute o tinham visto mas que natildeo se lembravam das cores que eram

Decidimos entatildeo informar as crianccedilas das cores que o arco-iacuteris possui nomeadamente

o violeta anil azul verde amarela laranja e vermelho

As crianccedilas que tinham respondido corretamente a uma das cores sentiram-se

bastante satisfeitas mostraram conforto e confianccedila em si proacuteprias comentando a sua

resposta entre o grupo Como referem Hohmann e Weikart (2011) ldquoas reflexotildees das

crianccedilas sobre as suas acccedilotildees satildeo uma parte

fundamental do processo de aprendizagem Ouvir e

encorajar a forma particular como cada crianccedila pensa

fortalece o seu pensamento emergente e as suas

capacidades de raciociacuteniordquo (p 47)

Sugerimos agraves crianccedilas que desenhassem e

pintassem numa folha branca como julgavam que era

constituiacutedo o arco-iacuteris exemplo figura 14

Durante a atividade as crianccedilas comentavam entre si qual seria a cor com que o

arco-iacuteris iniciava tentavam lembrar-se da ordem das

cores e curiosamente comentavam o formato do arco-iacuteris

referiam-se a este como tendo uma forma muito

semelhante a uma ponte Depois de vaacuterias crianccedilas terem

desenhado o arco-iacuteris exemplo figura 15 mostraacutemos a

imagem do mesmo no sentido de melhor perceberem

como era constituiacutedo Esta experiecircncia permitiu relembrar

as cores partindo da sua identificaccedilatildeo num fenoacutemeno da

natureza

Expusemos uma imagem do arco-iacuteris ldquorealrdquo numa das paredes da sala para que

todos a visualizassem e comparassem com os desenhos que eles tinham realizado

anteriormente A reaccedilatildeo das crianccedilas foi surpreendente comentavam a imagem

sublinhando a beleza da mesma e as experiecircncias possuiacutedas de ter visto ou natildeo esse

fenoacutemeno

A alegria aumentava agrave medida que descobriam que tinham colocado no desenho

cores que correspondiam agraves observadas no fenoacutemeno do arco-iacuteris e que uma ou outra

surgiam segundo a mesma ordem

Figura 14 - Desenho de um arco-iacuteris

realizado por uma crianccedila da sala

Figura 15 - Arco-iacuteris elaborado

por uma crianccedila da sala

42

No sentido de relembrar e explorar o conteuacutedo da histoacuteria Elmer e o arco-iacuteris

propusemos a realizaccedilatildeo de um jogo de expressatildeo de afetos intitulado como o ldquoJogo

dos sorrisosrdquo O objetivo do jogo consistia em compreender a importacircncia de expressar

pequenos gestos que satildeo importantes para quem os recebe e para quem os daacute que natildeo

representam perdas mas antes ganhos como por exemplo dar um sorriso ou um abraccedilo

a algueacutem As crianccedilas manifestaram terem compreendido o conteuacutedo da histoacuteria e por

conseguinte o que se pretendia do jogo

O jogo constava de uma crianccedila de cada vez ir retirar um cartatildeo de dentro de

uma caixa no qual estava escrito uma mensagem que educadora lhe lia e que ela iria

transmitir a algueacutem da sala que escolhesse dirigir-lha Todas as crianccedilas participaram

no jogo recebendo e manifestando gestos Entre as

mensagens escritas nos cartotildees encontrava-se por

exemplo dar um abraccedilo um beijo no rosto um aperto

de matildeo entre outros As crianccedilas manifestaram

grande interesse e entusiamo em realizar o jogo

observando-se grande envolvimento na realizaccedilatildeo do

mesmo como a tiacutetulo de exemplo a imagem da figura

16 permite perceber que as crianccedilas estatildeo a dar as matildeos

manifestando gesto de carinho

No sentido de ajudar as crianccedilas a compreenderem a que se deve a formaccedilatildeo do

arco-iacuteris procuraacutemos num outro momento propor uma atividade praacutetica que permitisse

observar o surgir desse fenoacutemeno Comeccedilaacutemos por perguntar agraves crianccedilas se sabiam

como este fenoacutemeno surgia tentando auscultar as ideias preacutevias Entre essas ideias

surgiram as seguintes

- Podemos ver o arco-iacuteris quando haacute sol e chuva (Manuel)

- Eacute preciso haver chuva e sol (vaacuterios)

- O arco-iacuteris vai sempre buscar aacutegua aos rios (Manuel)

Nota de campo 11 de marccedilo de 2013

As afirmaccedilotildees das crianccedilas deixam perceber que algumas jaacute apresentam ideias

sobre as carateriacutesticas temporais que levam a que se decirc a refraccedilatildeo da luz do sol e se

observe a formaccedilatildeo do arco-iacuteris apesar de ainda natildeo dominarem o conhecimento

cientiacutefico do fenoacutemeno Por usa vez a afirmaccedilatildeo do Manuel deixa perceber que pode

entender-se como indo ao encontro do afirmado por Martins et al (2009) quando

Figura 16 - Crianccedilas jogando o

Jogo dos sorrisos

43

lembram que ldquoas crianccedilas datildeo explicaccedilotildees que muitas vezes natildeo correspondem ao

conhecimento cientiacutefico actual mas que tem loacutegica para sirdquo (p 12)

Assim e depois de um breve diaacutelogo sobre o fenoacutemeno sugerimos a realizaccedilatildeo

de uma atividade sobre a formaccedilatildeo do arco-iacuteris manifestando-se as crianccedilas bastante

curiosas em saber como fazer para que o fenoacutemeno ocorresse

Os materiais utilizados para a realizaccedilatildeo da atividade praacutetica foram previamente

fabricados e preparados por noacutes bem como testada a experiecircncia Para tal fizemos uma

abertura estreita em forma de retacircngulo numa cartolina preta de seguida colocaacutemos a

cartolina em frente ao nosso peito na horizontal e apontaacutemos luz para essa abertura de

forma a conseguirmos um raio de luz estreito Colocaacutemos um espelho inclinado numa

tina com aacutegua e inclinaacutemos uma folha grande de cartolina branca junto da tina com

aacutegua Apontaacutemos a luz atraveacutes da cartolina preta

para que esta acertasse no espelho No final

tiacutenhamos conseguido ver a formaccedilatildeo do arco-iacuteris

Estes procedimentos foram repetidos com as

crianccedilas na atividade que viacutenhamos a descrever foi

possiacutevel observarmos a refraccedilatildeo da luz formando o

arco-iacuteris que se apresenta na figura 17

Procuraacutemos diversificar os materiais e ajudar as

crianccedilas a compreenderem que o efeito pode provir de vaacuterias fontes Neste sentido

observaacutemos tambeacutem o aparecimento do arco-iacuteris atraveacutes de uma lanterna e de um Cd

permitindo este objeto tambeacutem fazer com que se decirc a refraccedilatildeo da luz da lanterna e por

conseguinte a sua divisatildeo em vaacuterias cores fazendo o efeito de arco-iacuteris Fizemos incidir

a luz da lanterna na parte superior do cd e inclinaacutemos o cd para que a luz incidisse na

parede pois eacute nesta que as crianccedilas conseguem ver as cores do arco-iacuteris

Inicialmente as crianccedilas mostravam-se bastante eufoacutericas e curiosas em saber

como iria aparecer o arco-iacuteris com dois objetos (uma lanterna e um Cd) No entanto ao

iniciarmos a atividade fez-se uma grande silecircncio na sala dado o interesse e a atenccedilatildeo

com que estavam para observar o resultado Quando mostraacutemos que era possiacutevel fazer

aparecer o reflexo do arco-iacuteris na parede da sala estas ficaram surpreendidas

experimentaram tambeacutem as crianccedilas refletirem a imagem do arco-iacuteris com os dois

objetos Terminada a atividade praacutetica as crianccedilas referiram que gostavam de mostrar

aos pais esta atividade iriam inclusive pedir para que estes disponibilizassem uma

lanterna e um Cd

Figura 17 - Resultado da atividade

praacutetica sobre a formaccedilatildeo do arco-iacuteris

44

No decurso da semana sugerimos agraves crianccedilas uma nova atividade praacutetica ainda

de acordo com o que tiacutenhamos explorado anteriormente Poreacutem desta vez

pretendiacuteamos enveredar pelo efeito contraacuterio ao das atividades anteriores ou seja a

uniatildeo de vaacuterias cores formando uma soacute Assim solicitaacutemos agraves crianccedilas que colorissem

com cada cor as divisotildees de um ciacuterculo que lhe apresentaacutemos desenhado em cartolina

branca Quando terminavam de colorir o ciacuterculo colocavam o laacutepis de carvatildeo no centro

e faziam o ciacuterculo girar O objetivo era visualizar qual a cor que surgiria ao girar o laacutepis

pois as crianccedilas tinham diferentes cores nos ciacuterculos Mostraacutemos agraves crianccedilas um ciacuterculo

pintado com as cores do arco-iacuteris e perguntaacutemos agraves crianccedilas se sabiam qual a cor que

surgiria ao rodarmos o laacutepis observando-se as seguintes respostas

-Vai ficar azul-escuro (Manuel)

-Se rodares muito depressa vai ficar tudo vermelho (Pedro)

-Vai aparecer o arco-iacuteris (Margarida)

-Se calhar vai ficar tudo amarelo (Pedro)

- Fica quase branco (Manuel) Nota de campo 12 de marccedilo 2013

Todas as crianccedilas faziam tentativas para acertar na cor que surgiria ao rodar o

laacutepis decidimos deste modo rodaacute-lo O objetivo da atividade era como jaacute antes

referimos que as crianccedilas percebessem que ao juntar todas as cores do arco-iacuteris a cor

que surgiria era a cor branca

Eacute de referir que esta atividade natildeo correu como era esperado pois as crianccedilas

natildeo conseguiam colocar o laacutepis a girar de modo a que o movimento permitisse a junccedilatildeo

das vaacuterias cores e fosse possiacutevel observar apenas a cor branca

Para que as crianccedilas natildeo ficassem desiludidas por um lado e por outro lado para

promover a interaccedilatildeo entre pais e filhos sugerimos agraves crianccedilas que realizassem a mesma

atividade em casa com o auxiacutelio dos pais pedindo-lhes para as ajudarem a fazecirc-la e que

dialogassem de modo a descobrirem com eles a cor que surgiria quando fizessem girar o

laacutepis Refletindo sobre a atividade importa sublinhar que aprendemos que nem sempre

eacute faacutecil gerir imprevisibilidades mas que temos de saber superaacute-las tentando encontrar

soluccedilotildees alternativas Meditando sobre a experiencia de aprendizagem desenvolvida a

partir do livro Elmer e o arco-iacuteris sublinhamos as oportunidades criadas para as

crianccedilas se envolverem em diferentes atividades nas quais foram levadas em

consideraccedilatildeo os saberes e interesses manifestados por elas valorizar a ludicidade como

estrateacutegia de envolvimento na construccedilatildeo de conhecimento cientiacutefico

45

Sabemos que haacute fenoacutemenos que as crianccedilas vatildeo observando e aprendendo a

identificar mas tambeacutem que nem sempre tecircm oportunidades de conhecer fatores que lhe

datildeo origem pelo que importa promover situaccedilotildees de aprendizagem em contexto preacute-

escolar que as ajudem na compreensatildeo dos mesmos Foi nessa linha de pensamento que

surgiram as atividades que desenvolvemos em torno do arco-iacuteris

As crianccedilas envolveram-se e manifestaram sentir gosto e prazer em concretizar

as atividades desenvolvidas parecendo-nos terem contribuiacutedo para que desenvolvessem

saberes e criar oportunidades de partilha dos mesmos com os outras crianccedilas e adultos e

com os pais

Relevamos ainda a importacircncia que nos parece ter assumido o alertar das

crianccedilas para a atenccedilatildeo a prestar aos outros e a importacircncia de manifestar e receber

afetos no quadro de construccedilatildeo de uma sociedade comunicativa solidaacuteria e facilitadora

da integraccedilatildeo de todos

33 Experiecircncia de aprendizagem Conhecendo diferentes culturas

No decurso da accedilatildeo educativa surgiu a abordagem da questatildeo das diferenccedilas

entre as culturas levando-nos a pensar ser importante aprofundar o questionamento e

reflexatildeo sobre esse toacutepico Nesse sentido entendemos partir da leitura da histoacuteria

Meninos de todas as cores de Luiacutesa Ducla Soares

Em trabalho de grande grupo comeccedilaacutemos por ler o tiacutetulo da histoacuteria e questionar

as crianccedilas no sentido de perceber se a conheciam As suas afirmaccedilotildees levaram-nas a

perceber que natildeo era do seu conhecimento mas que o tiacutetulo da histoacuteria estimulou a sua

curiosidade comeccedilando a fazer comentaacuterios entre si sobre a mesma e sobre o que

entendiam poder incidir

Procedemos agrave leitura da histoacuteria acompanhado com a apresentaccedilatildeo das

imagens manifestando-se as crianccedilas muito atentas ateacute ao final da mesma Terminada a

leitura questionaacutemos as crianccedilas sobre o que achavam da histoacuteria Elas afirmaram ter

apreciado o seu conteuacutedo e ilustraccedilatildeo

Sugerimos-lhes o reconto da histoacuteria neste as crianccedilas surpreendentemente

referiram pormenores do conteuacutedo da histoacuteria como a cor de cada crianccedila aspetos

sobre cada cor e respetivos objetos relacionados com as cores O entusiasmo com que

comunicavam e escutavam as outras crianccedilas deixava perceber o reconhecimento do

valor formativo da atividade Importa neste sentido relevar que como sublinham Sim-

46

Sim Silva e Nunes (2009 retomando a ideia de Mata 2008) ldquoeacute funccedilatildeo do educador

alargar intencionalmente as situaccedilotildees de comunicaccedilatildeo (hellip) que permitam agraves crianccedilas

dominar a comunicaccedilatildeo como emissores e receptoresrdquo (p 35)

Os comentaacuterios feitos pelas crianccedilas em relaccedilatildeo ao conteuacutedo da histoacuteria a

procura do livro no tempo das atividades nas aacutereas de atividades na sala e a atitude de

respeito que pareciam manifestar uns em relaccedilatildeo aos outros levou-nos a inferir ter sido

pertinente a escolha que fizemos da obra para explorar com as crianccedilas no quadro dos

seus possiacuteveis contributos para que cada um como cidadatildeo possa assumir uma atitude

de abertura aceitaccedilatildeo das diferenccedilas e valorizaccedilatildeo de todos Neste acircmbito importa

considerar que como se refere nas OCEPE (MEDEB 1997) ldquoa aceitaccedilatildeo da diferenccedila

sexual social e eacutetnica eacute facilitadora da igualdade de oportunidades num processo

educativo que respeita diferentes maneiras de ser e de saber para dar sentido agrave

aquisiccedilatildeo de novos saberes e culturasrdquo (p 54) Merece ainda natildeo esquecer que ldquoeacute numa

perspetiva de educaccedilatildeo multicultural que se constroacutei uma maior igualdade de

oportunidades entre mulheres e homens entre indiviacuteduos de diferentes classes sociais e

de diferentes etniasrdquo (pp 54-55)

Nesta linha de pensamento importa que na educaccedilatildeo preacute-escolar as crianccedilas

usufruam de oportunidades de se envolver em experiecircncias formativas que lhes

facilitem a aquisiccedilatildeo de um espiacuterito criacutetico e a interiorizaccedilatildeo de valores conhecimentos

e atitudes que contribuam para que possam comportar-se e agir segundo princiacutepios de

equidade respeito e aceitaccedilatildeo de todos no quadro de uma cidadania responsaacutevel e

esclarecida

Num outro momento e em continuidade de outras atividades desenvolvidas

anteriormente propusemos agraves crianccedilas uma atividade no acircmbito do desenvolvimento do

domiacutenio da linguagem oral e abordagem agrave escrita nomeadamente ao niacutevel da

consciecircncia fonoloacutegica e da consciecircncia grafemaacutetica

Comeccedilaacutemos por solicitar agraves crianccedilas em trabalho de pequeno grupo que

tentassem identificar siacutelabas comuns em diferentes palavras ou seja que terminassem

com a mesma siacutelaba Nesse sentido distribuiacutemos pelas crianccedilas cartotildees com trecircs

diferentes imagens e a palavra escrita que lhe correspondia solicitando-as a contornar a

siacutelaba final de cada palavra Exploraacutemos oralmente as siacutelabas de uma palavra dizendo

por exemplo Ca-ra-col (Caracol) acompanhando com palmas das crianccedilas consoante

as siacutelabas da palavra Percebemos que a maioria das crianccedilas conseguia reproduzir

corretamente o nuacutemero de siacutelabas correspondente agrave segmentaccedilatildeo das palavras em

47

siacutelabas atraveacutes do batimento de palmas Poreacutem trecircs crianccedilas das mais novas ainda natildeo

o conseguiam fazer corretamente Decidimos por isso repetir a atividade fazendo uma

crianccedila de cada vez e variando as palavras par manter o interesse e implicaccedilatildeo das

crianccedilas na atividade Reconhecemos que eacute importante organizarmos previamente a

atividade de forma a trabalhar corretamente a consciecircncia fonoloacutegica e a divisatildeo silaacutebica

das palavras com as crianccedilas criando condiccedilotildees apelativas para estimular o interesse

das mesmas ou seja criar ldquocondiccedilotildees para que as crianccedilas aprendamrdquo (MEDEB 1997

p 66)

Retomando a reflexatildeo sobre a atividade em anaacutelise sugerimos que as crianccedilas

assinalassem a uacuteltima siacutelaba das palavras Algumas crianccedilas fizeram-na sem ajuda

poreacutem outras crianccedilas necessitaram dela sendo a mesma proporcionada quer pelos

adultos da sala quer por outras crianccedilas com um niacutevel de desenvolvimento superior

Neste sentido sublinhamos a importacircncia que assume o desenvolver atividades em

pequeno grupo no qual possam beneficiar de apoio de outros que integram um niacutevel

desenvolvimento superior de modo a que possa atuar na zona de desenvolvimento

proximal (Vygotsky 1979) Neste acircmbito Novo (2009 retomando a perspetiva do

autor 1996) sublinha que ldquocom auxiacutelio de uma outra pessoa toda a crianccedila pode fazer

mais do que faria sozinhardquo (p 58)

A atividade foi gratificante natildeo apenas para as crianccedilas mas tambeacutem para noacutes

adultos percebendo os seus contributos em termos formativos indo portanto ao

encontro dos objetivos pretendidos Apesar da tenra idade foi interessante ver como as

crianccedilas aderiram agrave atividade e a realizaram com bastante empenho tentando responder

corretamente chamando os adultos para confirmarem as suas respostas e para ajudaacute-las

na sua melhor realizaccedilatildeo

Dialogaacutemos com as crianccedilas sobre a histoacuteria e sobre a opiniatildeo destas

relativamente agrave mesma escutando as suas respostas Propusemos-lhes a realizaccedilatildeo de

um ldquoestendalrdquo de palavras observando que era a primeira vez que trabalhavam com

este Explicamos-lhes o que se pretendia da atividade e vaacuterias crianccedilas sorriram e

comentaram-na ficando curiosas Procedemos agrave elaboraccedilatildeo da atividade pendurando o

fio de latilde na sala de modo a que estivesse ao acesso de todas as crianccedilas Apresentaacutemos-

lhes cartotildees com imagem e a palavra respetiva as quais no seu conjunto formavam

uma das frases retirada da histoacuteria e que tinha sido lida agraves crianccedilas

Sob a forma de jogo em que fosse articulado o prazer de brincar e o de

concretizar da tarefa propusemos que a realizaccedilatildeo do referido jogo tentando ordenar os

48

cartotildees com as imagens de modo a construirmos a frase isto eacute trabalhando a

construccedilatildeo fraacutesica As imagens da frase a ordenar eram relativas agrave frase O menino

branco entrou num aviatildeo

Relacionado com esta atividade procedemos agrave contagem do nuacutemero de cartotildees

pendurados no fio explorando o conceito de cardinal algumas crianccedilas identificaram de

imediato os seis cartotildees As crianccedilas participaram e gerou-se companheirismo na ajuda

em dar uns aos outros no sentido de que todos fossem bem-sucedidos na concretizaccedilatildeo

da proposta Trabalhamos a consciecircncia de grafema com a ajuda das educadoras (figura

18)

-Sabes que letra eacute essa que tens na matildeo

(Ed Est)

-Sei esta letra estaacute no meu nome tambeacutem eacute

um O (Rodrigo)

-Achas que essa letra eacute do mesmo tamanho

das outras (Ed Est)

-Natildeo acho que eacute maior que as outras

(Rodrigo)

Nota de campo 8 de abril 2013

Conforme iacuteamos questionando as crianccedilas de certa forma iacuteamos tambeacutem

implementando alguma informaccedilatildeo no acircmbito do domiacutenio da linguagem oral e

abordagem agrave escrita As crianccedilas iam organizando ideias mentais fazendo a construccedilatildeo

fraacutesica da mesma e compreendiam inclusive que a escrita e os desenhos transmitem

informaccedilatildeo Repetimos este exerciacutecio com vaacuterias crianccedilas pois a maioria queria

participar e colocar os cartotildees no estendal

Observaacutemos que algumas crianccedilas fizeram a construccedilatildeo fraacutesica muito mais

raacutepido do que outras manifestando algumas uma certa dificuldade na construccedilatildeo

revelando algumas incerteza sobre o que fazer

Assim e procurando que as crianccedilas percebessem a frase tiacutenhamos a imagem a

acompanhar e questionaacutemo-las vaacuterias vezes sobre a imagem que cada cartatildeo tinha a

acompanhar Atraveacutes das imagens em geral as crianccedilas compreendiam que a frase (natildeo

construiacuteda) natildeo fazia total sentido na sua leitura e voltavam a iniciar a atividade do

estendal por vezes ajudadas na atividade por um colega

Num outro momento realizaacutemos uma atividade idecircntica mas optaacutemos por

trabalhar com cores e objetos Tiacutenhamos cinco cartotildees com cinco cores diferentes e

outros tantos com objetos diferentes mas cada objeto associado a uma cor Explicaacutemos

Figura 18 - Interajuda entre as crianccedilas da sala

49

agraves crianccedilas que do nosso lado direito elas encontravam cartotildees com cores no centro

tinha cartotildees com as palavras ldquocomordquo ldquoaordquo e do lado esquerdo encontravam cartotildees

com objetos As crianccedilas tinham que conseguir formar frases como por exemplo

ldquoAmarelo como o sol branco como o leite castanho como o chocolate vermelho como

a cereja e preto como a estradardquo

Inicialmente mostraacutemos agraves crianccedilas os cartotildees com cores colocaacutemo-los no

estendal e questionaacutemo-las se sabiam o nuacutemero de cartotildees que tinha o estendal algumas

crianccedilas (Carlos Diogo e Tiago) responderam rapidamente e corretamente agrave questatildeo

enquanto as outras crianccedilas observavam e faziam a contagem mais calmamente

conseguindo identificar os cinco cartotildees com cores Questionaacutemo-las novamente

tentando saber se alguma crianccedila conseguia identificar um cartatildeo cuja palavra iniciasse

pela letra A Apoacutes um breve momento de silecircncio uma crianccedila respondeu Amarelo

comeccedila pela letra A (Carlos)

Questionaacutemos se mais alguma palavra dos cartotildees comeccedilava pela letra A e de

imediato vaacuterias crianccedilas responderam que natildeo Concluiacutemos que em cinco cartotildees um

deles comeccedilava pela letra A trabalhando assim o domiacutenio da matemaacutetica Repetimos

mais uma vez esta atividade mas solicitando que as crianccedilas identificassem a palavra

escrita no cartatildeo que iniciasse com a letra P respondendo uma delas Preto comeccedila pela

letra P e eacute tambeacutem a primeira letra do meu nome (Pedro)

Foi gratificante observar o entusiasmo das crianccedilas em quererem realizar as

atividades sendo de sublinhar o grande interesse que manifestaram em participar na

atividade De seguida iniciaacutemos a atividade de elaboraccedilatildeo do ldquoestendalrdquo das palavras

A primeira crianccedila a realizar a atividade escolheu um cartatildeo dos que tinham cores e

colocou-o no fio de latilde Questionaacutemo-la se sabia qual a cor que tinha escolhido ao que a

crianccedila respondeu corretamente ser branco Questionaacutemos de novo as crianccedilas no

sentido de perceber se sabiam o que tinha que fazer a seguir respondendo corretamente

Posteriormente foi colocado por uma crianccedila o respetivo cartatildeo agrave frente das palavras

Eacute de destacar que os uacuteltimos cartotildees incluiacuteam igualmente palavras retiradas da

histoacuteria os Meninos de todas as cores mas desta forma trabalhadas de diferente

maneira Esta atividade fez com que todas as crianccedilas trabalhassem na identificaccedilatildeo das

palavras e a sua organizaccedilatildeo na frase pois todas tiveram a oportunidade de participar

Os objetivos eram esses que todas as crianccedilas participassem na atividade de construccedilatildeo

de frases em ordem a compreenderem que a escrita e as imagens transmitem

50

informaccedilatildeo e a identificarem palavras que terminavam com a mesma siacutelaba (construccedilatildeo

de grafema)

Para que as crianccedilas pudessem dar continuidade a este tipo de atividades e criar

gosto pela leitura integraacutemos o referido estendal num espaccedilo da sala recorrendo a este

e ainda a outros materiais

Na sequecircncia da histoacuteria lida durante a semana em que esta foi explorada

sugerimos ainda agraves crianccedilas a construccedilatildeo de um cartaz relativo agrave mesma Neste acircmbito

sugerimos agraves crianccedilas que pensassem sobre o assunto e como elemento do grupo

tambeacutem apresentaacutemos propostas e depois foram discutidas as sugestotildees Assim as

crianccedilas resolveram fazer a estampagem da palma da matildeo utilizando tintas azul e

verde para que parecesse o planeta terra e que fossem pintadas cada um dos dedos de

cores diferentes como as cores dos meninos da histoacuteria que no caso seriam brancas

pretas castanhas amarelas e vermelhas Uma a uma cada crianccedila pintou e estampou

uma das matildeos no cartaz O trabalho foi desenvolvido na aacuterea de expressatildeo plaacutestica

utilizando os materiais aiacute disponiacuteveis como tintas pinceis e o papel de cenaacuterio de

modo a que pudessem usaacute-los de modo independente Entre os comentaacuterios feitos pelas

crianccedilas enquanto elaboravam o trabalho sublinhamos

-Temos aqui muitas cores verde azul amarelo preto vermelho castanho e

branco (Diogo)

-Vamos pintar os dedos com cinco cores diferentes (Tiago)

-Vou pintar o dedo de amarelo como a menina amarela como o sol (Pedro)

-Este dedo vai ser branco como o Miguel o menino branco como o accediluacutecar

(Rafael)

-O meu dedo do meio vai ser castanho como o chocolate (Renato)

-O meu dedo pequeno vai ser vermelho como a menina da cor do sangue

(Carlos)

-Este dedo vou pintar de preto como as azeitonas (Pedro)

Nota de campo 9 de abril 2013

Os comentaacuterios feitos pelas crianccedilas permitiram perceber que mobilizavam

informaccedilatildeo relacionada com as atividades anteriores mas tambeacutem as suas

intencionalidades e a diversidade de tintas disponiacuteveis A imagem apresentada na figura

19 daacute conta do trabalho desenvolvido

51

Importa neste acircmbito relevar que nas OCEPE (MEDEB 1997) se alerta para a

importacircncia de as crianccedilas terem ldquoagrave sua disposiccedilatildeo vaacuterias cores que lhes possibilitem

escolher e utilizar diferentes formas de combinaccedilatildeordquo (p 62) Sublihamos ainda a

importacircncia de as crianccedilas poderem percorrer os seus proacuteprios caminhos de expressatildeo

artiacutestica mas tambeacutem que elas necessitam para tal de oferecer-lhes aleacutem da

experimentaccedilatildeo de materiais as diferentes formas de arte na pintura (UNESCO 2005

p 31) Importa ainda considerar que as tintas exercem grande fasciacutenio na crianccedila tanto

pela cor quanto pela sensaccedilatildeo agradaveacutel que produzem ao serem manuseadas (idem)

Mais tarde propusemos agraves crianccedilas a criaccedilatildeo de fantoches com materiais

reciclados acerca da histoacuteria dos Meninos de todas as cores As crianccedilas mostraram-se

bastante curiosas pois ainda natildeo tinham trabalhado com fantoches e iria ser uma

atividade diferente Organizaacutemo-nos em pequenos grupos de trabalho no total de cinco

crianccedilas em cada propondo-lhes que cada um que pintasse uma luva integrando em

cada dedo uma cor diferente Por sua vez outros grupos de crianccedilas trabalhavam na

criaccedilatildeo dos transportes que apareciam na histoacuteria

Dialogaacutemos sobre a possibilidade da representaccedilatildeo da histoacuteria agraves outras crianccedilas

e adultos do jardim-de-infacircncia As crianccedilas entusiasmaram-se com a iniciativa e por

consenso decidimos proceder agrave concretizaccedilatildeo da mesma como mais tarde aconteceu

Assumimos o papel de narrador e o grupo de crianccedilas ficou com a

responsabilidade de representar a histoacuteria procedendo agrave manipulaccedilatildeo dos fantoches

Todas as crianccedilas e educadoras da sala apoiaram e elogiaram a representaccedilatildeo

Repetimos do mesmo modo a apresentaccedilatildeo de fantoches na sala dos trecircs anos e tambeacutem

aqui as crianccedilas foram bastante aplaudidas e elogiadas

Em siacutentese importa evidenciar que esta atividade foi rica em conteuacutedo e os

objetivos foram concretizados fazendo com que as crianccedilas pudessem acima de tudo

ser elas a participar ativamente nas atividades terem contacto direto com os materiais e

Figura 19 - Sequecircncia de imagens da construccedilatildeo do cartaz

52

usufruiacuterem de prazer manifestando entusiasmo e envolvimento na sua realizaccedilatildeo Esta

atividade proporcionou agraves crianccedilas um momento de contacto com crianccedilas de outras

salas ou seja de outras faixas etaacuterias e por conseguinte com carateriacutesticas diversas

Fez com que estas pudessem de certa forma desenvolver o relacionamento social entre

elas Importa relembrar Hohmann e Weikart (20011) quando sublinham que

atraveacutes da imitaccedilatildeo e do faz-de-conta as crianccedilas organizam aquilo que

compreendem e ganham um sentido de mestria e controlo sobre os

acontecimentos que testemunharam ou nos quais fazem parte (hellip) Fazer de

conta e representar papeacuteis tendem a ser actividades francamente sociais e

parecem ter um efeito positivo no desenvolvimento social e de linguagem

das crianccedilas (p 494)

Esta experiecircncia de aprendizagem fez com que fosse possiacutevel haver

continuidade com as atividades anteriores fornecendo assim um processo formativo

articulado e integrado Foi possiacutevel explorar conteuacutedos relacionados com as cores as

diferenccedilas de raccedila entre a humanidade e as culturas e a vivecircncia de um processo pautado

pela interajuda e cooperaccedilatildeo entre os elementos do grupo Esta experiecircncia permitiu

ainda contribuir para as crianccedilas desenvolverem a consciecircncia de grafema a criaccedilatildeo de

fantoches a dramatizaccedilatildeo de uma histoacuteria e a interaccedilatildeo em grupos alargados

Desta experiecircncia de aprendizagem importa ainda relevar o prazer e alegria

manifestados pelas crianccedilas em fazer atividades como a de poderem pintar a palma da

matildeo as luvas escolher as cores que queria colocar-lhes e ver as produccedilotildees do grupo

divulgadas para as famiacutelias ou outros atraveacutes de um cartaz que foi exposto no corredor

de entrada da instituiccedilatildeo As crianccedilas puderam construir pensamentos e saberes

construindo em nosso entender uma aprendizagem com significado para todos os

implicados nesse processo

34 Experiecircncia de aprendizagem Descobrir trabalhando

colaborativamente

Tendo como objetivo proporcionar agraves crianccedilas um momento de interaccedilatildeo e

interajuda entre elas sugerimos a realizaccedilatildeo de um jogo ao ar livre no recreio da

instituiccedilatildeo Tendo os espaccedilos interiores e exteriores potencialidades proacuteprias eacute

importante que os educadores tirem partido das mesmos (MEDEB 1997) procurando

diversificar e enriquecer as atividades em que se envolvem as crianccedilas

Assim aproveitaacutemos o espaccedilo interior e exterior para explorar de uma forma

diferente as cores que apresenta o mundo fiacutesico em que nos integramos Sabemos que

53

as crianccedilas gostam naturalmente de observar mas tambeacutem que eacute importante que se

valorizem as observaccedilotildees que fazem na construccedilatildeo da sua aprendizagem e

desenvolvimento Eacute nesta linha de pensamento que se situa esta experiecircncia de

aprendizagem

De forma a iniciar a atividade de pesquisa as crianccedilas formaram cinco grupo

explicaacutemos que o objetivo era irmos ao exterior observar as cores que existem no

mundo agrave nossa volta e que cada um tinha como tarefa tentar descobrir onde poderia

encontrar-se uma cor por ele escolhida Para efetuarem a escolha da cor apresentaacutemos

um conjunto de cartotildees numa caixa e cada grupo retirou um procurando ter em

consideraccedilatildeo que as cores a observar por cada grupo deveriam ser diferentes

Escolhida a cor a observar por cada grupo deslocaacutemo-nos ao exterior da

instituiccedilatildeo (redondezas das mesma) tendo como objetivo identificar e registar

elementos que apresentassem as seguintes cores vermelho verde laranja azul e

amarelo A figura 20 ilustra o ambiente e daacute conta da implicaccedilatildeo da procura na recolha

de dados

De regresso agrave sala de atividades e em

grande grupo realizaacutemos a contagem dos

objetos observados e registados pelos adultos

com base na indicaccedilatildeo dada pelas crianccedilas de

cada um dos grupos O grupo que observou

mais elementos foi o que tinha como tarefa

observar elementos de cor amarela tendo

registado um total de treze seguindo-se-lhe o

grupo verde com nove o grupo azul com oito e os grupos laranja e vermelho com cinco

elementos cada um

No sentido de evitar a extensatildeo do relatoacuterio mas tambeacutem de ilustrar o

observado apresentamos aqui apenas os dados relativos ao grupo que observou

elementos de cor amarela tendo indicado

- O escorrega eacute amarelo (Luana)

- O muro do passeio tambeacutem eacute (Ricardo)

- O sol eacute amarelo (Rafael)

- As peacutetalas da flor satildeo amarelas (Gonccedilalo)

- O girassol eacute amarelo (Gonccedilalo)

- A parede da escola eacute amarela (Inecircs)

- O tubo da escola tambeacutem eacute amarelo (Inecircs)

- A antena eacute amarela (Gonccedilalo)

Figura 20 - Crianccedilas procurando objetos

da respetiva cor

54

- A cola que sai das aacutervores tambeacutem eacute amarela (Inecircs)

- A luz do poste eacute amarela agrave noite (Rafael)

- A areia do recreio tambeacutem eacute amarela (Ricardo)

- Aquela casa tambeacutem eacute amarela (Inecircs)

- A girafa colada naquela janela eacute amarela (Luana)

Nota de campo 22 de abril 2013

Os enunciados apresentados permitem-nos perceber que todas as crianccedilas foram

capazes destacar uma ou mais elementos da cor a identificar O mesmo se verificou com

os restantes grupos mas para aleacutem da identificaccedilatildeo de mais ou menos elementos

entendemos ser importante destacar o envolvimento das crianccedilas na procura de dados a

interajuda que se gerou natildeo apenas ao niacutevel do interior de cada grupo como tambeacutem

intergrupos surgindo situaccedilotildees em que se alertavam uns aos outros sobre onde

observar

Na sequecircncia desta atividade uma das crianccedilas sugeriu que poderiam desenhar

os objetos que observaram Apoiaacutemos a iniciativa e alertaacutemos que para o fazerem

poderiam utilizar diferentes materiais Entendemos que o uso de materiais de natureza

diversificada poderia ajudar as crianccedilas nas suas representaccedilotildees

Os elementos observados e registados permitiram-nos explorar conceitos

matemaacuteticos ao niacutevel da contagem classificaccedilatildeo e forma de objetos No que se refere agrave

classificaccedilatildeo desses elementos procuraacutemos ter em conta que como se refere nas

OCEPE (MEDEB 1997) ldquoagrupar os objetos ou seja formar conjuntos de acordo

com um criteacuterio previamente estabelecido a cor a forma etc reconhecendo as

semelhanccedilas e diferenccedilas (hellip) permitem distinguir o que pertence a um e a outro

conjuntordquo (p 74)

Assim partindo dos desenhos realizados pelas crianccedilas procedemos agrave formaccedilatildeo

de conjuntos atendendo agrave cor que integravam os elementos representados Para isso

colocaacutemos no chatildeo da sala cinco arcos referentes cada um agrave cor e em cada arco as

crianccedilas colocavam os respetivos desenhos Depois procedemos agrave contagem dos

elementos de cada conjunto e comparaccedilatildeo do que tinha mais e menos elementos

surgindo por parte das crianccedilas algumas leituras como os exemplos deixam perceber

Procuraacutemos cinco cores (Rodrigo) O arco que tem mais objetos eacute o amarelo (Inecircs)

Aproveitando ainda as falas de duas crianccedilas referindo uma que viu um sinal

(hellip) azul e quadrado (Micael) e outra que observou um sinal vermelho que tinha a

forma redonda (Manuel) propusemos agraves crianccedilas que identificassem na sala e

55

nomeassem elementos que apresentavam uma forma geomeacutetrica Verificaacutemos que as

crianccedilas identificaram com alguma facilidade algumas formas geomeacutetricas como os

exemplos dos seus enunciados permitem perceber

- A mesa eacute redonda [ciacuterculo] (Pedro)

- O quadro [expositor] eacute quadrado (Tiago)

- E o tapete tem a forma de um retacircngulo (Diogo)

- Aquela reacutegua [esquadro] tem a forma de triacircngulo (Margarida)

- Conseguimos descobrir quatro formas geomeacutetricas (Manuel)

Nota de campo 23 de abril 2013

Num outro momento e partindo da fala de outra crianccedila (Mariana) que referiu

que o laranja era sua cor favorita (Mariana) sugerimos agraves crianccedilas tentar descobrir qual

era a cor preferida do grupo Neste sentido solicitaacutemos-lhes que colocassem a matildeo no

ar quando disseacutessemos a sua cor favorita contando o nuacutemero de elementos indicados

mas sem os registar

Apoacutes todas as crianccedilas terem indicado a cor favorita questionaacutemo-las se sabiam

qual seria a cor mais escolhida por mais crianccedilas do grupo

- Jaacute natildeo me lembro (Rafael)

- Todos pusemos a matildeo no ar (Diogo)

Nota de campo 23 de abril 2013

Os enunciados deixam perceber a dificuldade que eacute fazer a leitura de dados

observados sem que se proceda ao registo dos mesmos No sentido de ajudar o grupo a

perceber a importacircncia de registar os dados recolhidos questionaacutemos as crianccedilas sobre

como poderiacuteamos entatildeo descobrir a cor favorita do grupo Surgiram vaacuterias respostas

uma delas do Carlos que indicava que podiacuteamos pocircr as cores numa cartolina e depois

puacutenhamos a nossa cor favorita laacute Discutimos a proposta merecendo consenso a sua

concretizaccedilatildeo e no sentido de facilitar a compreensatildeo do conceito de nuacutemero

propusemos agraves crianccedilas que fosse indicada a preferecircncia colocando um lego em cima

da cor preferida o que fizemos Indicadas as preferecircncias procedemos agrave leitura dos

resultados surgindo os seguintes comentaacuterios

- A cor com menos legos eacute a preta e a castanha (Rodrigo)

- Assim podemos ver o tamanho dos legos (Pedro)

- Tem legos da mesma altura (Manuel) Nota de campo 24 de abril 2013

56

Tiacutenhamos assim construiacutedo um graacutefico de barras em conjunto e como

mencionam Castro e Rodrigues (2008) ldquoa organizaccedilatildeo dos dados em graacuteficos permite

uma anaacutelise mais raacutepida uma vez que a contagem dos elementos da mesma categoria eacute

mais evidenterdquo (p 72) Promovemos a discussatildeo escutando as opiniotildees expressas pelas

crianccedilas na leitura do mesmo pois como referem os autores (idem) ldquoapoacutes a construccedilatildeo

do graacutefico (hellip) deve sempre haver um momento em que se discute o que este nos

sugererdquo (ibidem)

Procedemos em seguida agrave leitura dos dados (atraveacutes da contagem dos legos)

observando que a cor mais escolhida era o azul com sete escolhas e as menos

escolhidas seriam o castanho e o preto com uma escolha

Propusemos ao grupo o registo desses dados elaborando para o efeito uma

tabela de dupla entrada Propusemos agraves

crianccedilas que sugerissem um tiacutetulo para a

tabela ideia para a qual apontam Castro e

Rodrigues (idem) Apoacutes vaacuterias respostas das

crianccedilas acordaacutemos que o tiacutetulo fosse A

minha cor favorita O nome das crianccedilas foi

registado por elas na quadriacutecula vertical do

lado esquerdo e na horizontal indicaacutemos as

cores como mostra a figura 21

Entendemos que se tratou de uma

atividade enriquecedora para as crianccedilas pois estas visualizaram e experimentaram a

construccedilatildeo de uma tabela sendo esta facilitadora da anaacutelise e interpretaccedilatildeo dos dados

Num outro momento e relembrando uma afirmaccedilatildeo de uma crianccedila (Carlos)

que tinha dito que o vidratildeo era verde e considerando que algumas crianccedilas

manifestaram natildeo saber o que era o vidratildeo achaacutemos importante dialogar com as

crianccedilas sobre os ecopontos

Comeccedilamos por abordar a importacircncia da reciclagem e posteriormente

apresentaacutemos uma canccedilatildeo que explicava a separaccedilatildeo de resiacuteduos soacutelidos Como se

refere nas OCEPE (MEDEB 1997) existe uma relaccedilatildeo entre a canccedilatildeo e a palavra

trabalhar as letras das canccedilotildees relaciona o domiacutenio da expressatildeo musical

com a linguagem que passa por compreender o sentido do que se diz por

tirar partido das rimas para discriminar os sons por explorar o caraacutecter

luacutedico das palavras e criar variaccedilotildees da letra original (p 64)

Figura 21 - Crianccedila preenchendo a tabela das cores

favoritas

57

Concordando com a afirmaccedilatildeo podemos salientar que atraveacutes da expressatildeo

musical as crianccedilas satildeo capazes de captar a informaccedilatildeo mais raacutepido No final uma das

crianccedilas perguntou se poderiam construir ecopontos para ter na sala Considerando a

sugestatildeo da crianccedila levaacutemos caixas que as crianccedilas decoraram com o objetivo de

organizarmos na sala ecopontos Quando construiacutedo os ecopontos promovemos um

jogo que consistia em colocar resiacuteduos soacutelidos no ecoponto correto

A experiecircncia de aprendizagem descrita proporcionou agraves crianccedilas em nosso

entender uma forma ativa e significativa de construccedilatildeo de pensamentos e saberes

Relevamos a importacircncia que assumiu a accedilatildeo desenvolvida no espaccedilo exterior da

instituiccedilatildeo enquanto meio de recolha de informaccedilotildees a partir das quais surgiram novas

oportunidades de aprendizagem

Atraveacutes desta experiecircncia de aprendizagem pudemos explorar com as crianccedilas

aacutereas e domiacutenios de conteuacutedo como a matemaacutetica a Linguagem oral e abordagem agrave

escrita expressatildeo plaacutestica a aacuterea do Conhecimento do Mundo e a aacuterea de Formaccedilatildeo

pessoal e Social

Sabemos que as crianccedilas satildeo grandes observadoras e criacuteticas do mundo que as

rodeia e atraveacutes dos seus comentaacuterios constataacutemos que observavam atendendo a

pormenores

Importa relevar que devemos escutar cada crianccedila valorizando a sua

contribuiccedilatildeo para o grupo fomentar o diaacutelogo entre elas e o seu desejo de comunicar

Corroboramos assim a ideia expressa nas OCEPE (MEDEB 1997) que

eacute no clima de comunicaccedilatildeo criado pelo educador que a crianccedila ira

dominando a linguagem alargando o seu vocabulaacuterio construindo frases

mais corretas e complexas adquirindo um maior domiacutenio da expressatildeo e

comunicaccedilatildeo que lhe permitam formas mais elaboradas de representaccedilatildeo (p

67)

Concluiacutemos que eacute crucial que o educador planeie situaccedilotildees de aprendizagem que

sejam desafiadoras para as crianccedilas de modo a que as motive e as estimule a aprender e

a desenvolver-se Esta experiecircncia permitiu ainda perceber que para aleacutem das atividades

planeadas foram integradas outras propostas pelas crianccedilas A este respeito importa

relembrar que ldquoo planeamento realizado com a participaccedilatildeo das crianccedilas permite ao

grupo beneficiar da sua diversidade das capacidades e competecircncias de cada crianccedila

num processo de partilha facilitador da aprendizagem e do desenvolvimento de todas e

de cada umardquo (MEDEB 1997 p 26)

58

Tentaacutemos ainda articular todas as aacutereas do conteuacutedo pois como se refere nas

OCEPE (idem) ldquoque as diferentes aacutereas de conteuacutedo deveratildeo ser consideradas como

referencias a ter em conta do planeamento e avaliaccedilatildeo e experiecircncias e oportunidades

educativas e natildeo como compartimentos estanque a serem abordados separadamenterdquo (p

48)

59

IV Reflexatildeo Criacutetica

Refletimos nesta uacuteltima parte sobre a praacutetica educativa desenvolvida

abordando os conteuacutedos que procuraacutemos explorar com as crianccedilas

No iniacutecio da praacutetica educativa as expectativas eram muitas as quais se prendiam

com o desenvolvimento de atividades estimulantes e criativas o respondermos agraves

solicitaccedilotildees de todas crianccedilas e o sermos bem acolhidas pelas crianccedilas e membros da

instituiccedilatildeo entre outras As duacutevidas e os receios eram tambeacutem muitos mas com o

decorrer do tempo fomos conhecendo as crianccedilas e ganhando laccedilos de afeto ajudando-

nos a ultrapassar estes sentimentos Para tal foi importante a reflexatildeo e o diaacutelogo com

os diferentes intervenientes no processo educativo gerando-se um ambiente de

compreensatildeo e ajuda muacutetua

Procuraacutemos ter disponibilidade para cooperar para experienciar de certa forma

para aprender com os erros e com as conquistas alcanccediladas reconhecendo que em certas

alturas conseguimos suscitar o envolvimento das crianccedilas e criar atividades

enriquecedoras Poreacutem noutros momentos sentimos algumas dificuldades no que se

refere agrave elaboraccedilatildeo da planificaccedilatildeo das atividades e ao tornar acessiacutevel agraves crianccedilas a

compreensatildeo de alguns conteuacutedos o que tentaacutemos ir superando de forma a criar

respostas adaptadas agraves suas necessidades e do grupo Este processo permitiu-nos

aprender e desenvolver-nos do ponto de vista pessoal e profissional

Demos importacircncia agraves atividades iniciadas pelas crianccedilas tentamos responder agraves

suas duacutevidas e procuraacutemos desenvolver com elas experiecircncias de aprendizagem que

incluiacutessem as diferentes aacutereas e domiacutenios de conteuacutedo curricular

Refletimos sobre as perspetivas de aprendizagem nas quais buscaacutemos apoiar a

accedilatildeo educativa que desenvolvemos destacando o papel ativo das crianccedilas Nesta

reflexatildeo procuraacutemos relevar e retratar as vaacuterias dimensotildees da accedilatildeo educativa

merecendo-nos particular atenccedilatildeo as intervenccedilotildees os espaccedilos a observaccedilatildeo

planificaccedilatildeo entre outros

Procuraacutemos evidenciar as ideias que estiveram na base da praacutetica de ensino

supervisionada desenvolvida e aprendizagens promovidas com as crianccedilas Assim

valorizando as perspetivas das crianccedilas e procurando a curiosidade e o desejo de querer

saber sempre mais sentimentos que foram manifestados pelas crianccedilas e que

procuramos ter em consideraccedilatildeo para ir regulando a nossa praacutetica em ordem agrave

60

construccedilatildeo de oportunidades educativas que favorecessem a progressatildeo de cada uma e

do grupo O trabalho colaborativo quer com os adultos quer com as crianccedilas foi na

dimensatildeo valorada e que constitui o suporte para uma continuada progressatildeo do ponto

de vista da nossa formaccedilatildeo pessoal e profissional Nesta linha de pensamento

relevamos que como afirmam Hohmann e Weikart (2011)

Quando as crianccedilas e os adultos trabalham em conjunto em qualquer

ambiente de aprendizagem em acccedilatildeo sustentado num clima de apoio

interpessoal as crianccedilas sentem-se motivadas a prosseguir e levar a bom

porto as suas intenccedilotildees e motivaccedilotildees Os adultos encorajam as crianccedilas a

utilizar aquilo que sabem para resolver problemas e a iniciar novas

experiecircncias atraveacutes das quais ganharatildeo uma outra compreensatildeo sobre o que

as rodeia (p 75)

A maioria das crianccedilas da sala mostrou implicaccedilatildeo nos trabalhos desenvolvidos

vontade de realizar novas experiecircncias e procurar diferentes fontes de informaccedilatildeo O

gosto por participar e por conhecer suscitavam questionamentos e a procura de novas e

diferentes formas de informaccedilatildeo

Aproveitaacutevamos momentos em grande grupo momentos em pequenos grupos

momentos na sala e momentos no recreio para observar as crianccedilas da sala e refletir

sobre as suas curiosidades e motivaccedilotildees Procuramos observar as crianccedilas e registar

informaccedilatildeo sobre o cada uma e o grupo o que natildeo foi tarefa faacutecil considerando o duplo

papel que tiacutenhamos que assumir o de observadores e atores Acrecenta-se ainda a esse

aspeto a dimensatildeo extenccedila do grupo o tempo limitado destinado agrave praacutetica para que

pudesse ser-lhe dada continuidade

Tivemos em conta os interesses das crianccedilas e pusemos o foco de atenccedilatildeo nas

interaccedilotildees que estas estabeleciam com os objetos e os adultos de forma a desenvolver

desse modo aprendizagens com significado

As crianccedilas desde o iniacutecio da praacutetica educativa foram demonstrando que as

atividades tinham significado para elas pois trabalhavam com motivaccedilatildeo e entusiasmo e

mostravam recordar-se das experiecircncias realizadas como exemplo as desenolvidas em

torno da histoacuteria do Elmer

Apesar de ser um grupo constituiacutedo por vaacuterios elementos preocupamo-nos que

cada crianccedila pudesse escolher e ter faacutecil acesso as aacutereas e materiais da sala de uma

forma autoacutenoma ocasionando dessa forma aprendizagens ativas nas mesmas pois eacute

atraveacutes da accedilatildeo com os materiais que as crianccedilas chegam agrave compreensatildeo do mundo

Estas tendo a possibilidade de escolher e sendo as mesmas a tomar decisotildees e

61

resolvendo os problemas que apareciam no dia-a-dia desenvolviam a sua

independecircncia

Esteve presente a preocupaccedilatildeo de planificar e criar experiecircncias de

aprendizagem de modo a que todas as crianccedilas se envolvessem nas atividades e nos

momentos de brincadeiras fazendo com que estas desenvolvessem cada vez mais

competecircncias

Pudemos evidenciar que existiram bastantes momentos aproveitados para

dialogar com as crianccedilas permitindo desse modo conhececirc-las de uma forma

individualizada permitindo escutar as suas opiniotildees questionar e sermos questionados

partilhar e engrandecer os saberes das crianccedilas

Para a realizaccedilatildeo da praacutetica educativa utilizamos a planificaccedilatildeo semanal como

instrumento sistemaacutetico de trabalho procuraacutemos bastante informaccedilatildeo em diversos

documentos direcionados para o preacute-escolar contudo natildeo descartamos outros

documentos essenciais a uma planificaccedilatildeo rica nos seus conteuacutedos e procuraacutemos

orientar os diferentes elementos do curriacuteculo em conformidade com as necessidades e

interesses das crianccedilas A elaboraccedilatildeo das planificaccedilotildees foram desde cedo pensadas e

realizadas em conformidade com os conteuacutedos adequados agrave idade das crianccedilas e

adequadas agrave evoluccedilatildeo das mesmas por isso tentaacutemos clarificar todas as atividades para

que natildeo houvesse duacutevidas nas mesmas por parte dos destinataacuterios

Apercebemo-nos que as atividades planificadas tiveram constantemente ligaccedilatildeo

umas com as outras Por vezes surgiam atividades que natildeo estavam previstas nas

planificaccedilotildees mas surgiam em conformidade com a curiosidade das crianccedilas e

manifestaccedilatildeo destas em quererem aprender sempre mais sobre certos conteuacutedos Sendo

que estas favoreciam em vaacuterias ocasiotildees o desenvolvimento de competecircncias em

diversos domiacutenios tornando desse modo mais faacutecil trabalhar todos e cada um

As experiecircncias de aprendizagem foram organizadas de modo a surgirem

aprendizagens ativas e significativas nas crianccedilas desafiando-as a participar a serem as

mesmas a intervir nas atividades a realizaacute-las a tirar partido de toda a informaccedilatildeo e de

todos os conteuacutedos a tomar iniciativa e a aprenderem informaccedilotildees necessaacuterias sobre

cada domiacutenio da educaccedilatildeo preacute-escolar

Em diversas atividades estiveram presentes histoacuterias que eram novas para as

crianccedilas e continham informaccedilotildees novas para as mesmas e pudemos atraveacutes destas

trabalhar diversos conteuacutedos Tentamos que as histoacuterias despertassem na crianccedila

curiosidade em aprender mais sobre tudo o que nos rodeia tentando durante a leitura da

62

mesma captar a atenccedilatildeo das crianccedilas e fazer com que estas pudessem trabalhar o

imaginaacuterio e pocirc-lo em praacutetica na realidade

Eacute pertinente afirmar que os adultos possuem um papel importante no que

respeita a motivaccedilatildeo das crianccedilas de modo a que autonomamente estas vatildeo ao

encontro do que podem aprender com a escrita e a leitura percebendo assim a

importacircncia destes conteuacutedos para o seu futuro

Buscaacutemos em vaacuterios aspetos relacionar o que as crianccedilas escutavam com toda a

informaccedilatildeo que possuiacuteam previamente As crianccedilas eram questionadas e inclusive

dialogaacutevamos com elas sobre o conteuacutedo da leitura Como mencionam Sim-sim Silva e

Nunes (2008) a interaccedilatildeo das educadoras durante a leitura de livros em sala de

atividades tem muito a ver com a forma como estas leem livros com crianccedilas em

contexto de grupo e que estaacute fortemente relacionada com o desenvolvimento a longo

prazo do vocabulaacuterio e de competecircncias de compreensatildeo de histoacuterias

Abordando um pouco a gestatildeo do tempo e dos espaccedilos podemos afirmar que

efetuamos durante toda a praacutetica uma flexibilidade em relaccedilatildeo agrave gestatildeo da rotina

diaacuteria existente na sala Pois para a criaccedilatildeo de um bom ambiente educativo eacute

necessaacuterio existir uma boa organizaccedilatildeo de tempo das atividades

O trabalho em pequeno e grande grupo possibilitou-nos um melhor

acompanhamento das crianccedilas de forma a compreendermos os interesses e motivaccedilotildees

destas e estimulando-as a experimentar e promover a cooperaccedilatildeo com as outras crianccedilas

do grupo Destacamos neste sentido que como sublinham as Orientaccedilotildees Curriculares

(MEDEB 1997) ldquoa relaccedilatildeo que o educador estabelece com cada crianccedila eacute facilitadora

da sua inserccedilatildeo no grupo e das relaccedilotildees com as outras crianccedilasrdquo (p 35) Eacute necessaacuterio

considerar que essa relaccedilatildeo envolve a criaccedilatildeo de um ambiente agradaacutevel onde cada crianccedila

se sinta ouvida

Recordaacutemos que o jardim-de-infacircncia deve facultar um conjunto alargado de

saberes permitir formar pessoas autoacutenomas livres e solidaacuterias Procuraacutemos ajudar as

crianccedilas a desenvolverem as habilidades necessaacuterias para tomar decisotildees elucidadas

Consideraacutemos que as experiecircncias de aprendizagem facultaram agraves crianccedilas um

equiliacutebrio de experiecircncias nas diferentes aacutereas e domiacutenios de aprendizagem e que se

revelaram positivas pela participaccedilatildeo ativa demonstrada pelas crianccedilas o empenho e

concentraccedilatildeo das mesmas nas atividades

As crianccedilas foram os elementos centrais na praacutetica educativa porque para aleacutem

de participarem nas atividades tambeacutem participavam em todos os momentos de

63

diaacutelogo onde deram as suas opiniotildees e foi atraveacutes de todos estes momentos que

aproveitamos para proporcionar agraves crianccedilas atividades enriquecedoras aproveitando a

maioria das vezes situaccedilotildees segundo as ideias preacutevias das crianccedilas

Desejaacutemos que as crianccedilas se tornem sucessivamente mais autoacutenomas

responsaacuteveis curiosas e em accedilatildeo

Achaacutemos que as estrateacutegias que utilizamos proporcionaram agraves crianccedilas desfrutar

de oportunidades de bem-estar e de desenvolvimento de competecircncias a diversos niacuteveis

Apercebemo-nos ao longo da accedilatildeo educativa que a partilha de conhecimentos

conduziu-nos e conduziraacute futuramente agrave construccedilatildeo de novos e diferentes saberes

Atualmente e terminada a nossa experiecircncia da praacutetica educativa achaacutemos

todas as estrateacutegias que utilizamos facultaram agraves crianccedilas oportunidades de bem-estar e

desenvolvimento a vaacuterios niacuteveis Estas oportunidades de conhecimento conduziram a

crianccedila agrave construccedilatildeo de novos saberes indo ao encontro ao nosso objetivo final Sendo

assim podemos afirmar que as nossas intenccedilotildees foram concretizadas

Em suma achaacutemos pertinente afirmar que todo o trabalhado realizado

proporcionou aprendizagens significativas na nossa formaccedilatildeo como educadoras de

infacircncia

64

Consideraccedilotildees Finais

Finda esta etapa onde as conquistas e desafios foram variados e que em muito

contribuiu para o desenvolvimento de competecircncias profissionais e pessoais eacute chegado

o momento de efetuar algumas consideraccedilotildees acerca do desenvolvimento da praacutetica

educativa

Acreditamos que as caracteriacutesticas consideradas fundamentais para o nosso

desempenho profissional como futuros educadores de infacircncia foram alvo de progresso

ao longo da praacutetica educativa que desenvolvemos Salientamos o importante papel que a

supervisora teve neste processo de formaccedilatildeo em que os feedbacks dados pela mesma

nos levaram a um claro progresso Esta partilha permitiu uma constante reflexatildeo sobre

as praacuteticas promovidas e contribuiu desta maneira para o nosso desenvolvimento

profissional e pessoal

As crianccedilas assumiram neste processo um papel importante papel considerando

que foram criadoras de situaccedilotildees que nos ajudaram a refletir e a investir na procura de

novas informaccedilotildees para que pudeacutessemos encontrar respostas coerentes e com

continuidade As experiecircncias de aprendizagem vividas no contexto onde decorreu a

praacutetica de ensino possibilitaram-nos aprender e desenvolver competecircncias relacionadas

com a dimensatildeo da aprendizagem e desenvolvimento das crianccedilas da integraccedilatildeo do

curriacuteculo da interaccedilatildeo e de dimensatildeo eacutetica e social Para tal os contributos dos vaacuterios

agentes educativos revelaram-se fundamentais neste curto processo de formaccedilatildeo

Concluindo reconhecemos que ainda temos um longo caminho a percorrer no

entanto estamos cientes do caminho que percorremos e do importante papel que neste

processo assumiu a praacutetica de ensino supervisionada Sublinhamos que construiacutemos

novos olhares sobre a educaccedilatildeo de infacircncia a imagem da crianccedila e sobre o papel do

educador de infacircncia Esta experiecircncia proporcionou-nos uma evoluccedilatildeo na medida que

possuiacutemos um leque abrangente de experiecircncias Temos desejo em continuar a

progredir renovando conhecimentos e desenvolvendo novas aprendizagens ao longo da

vida com vista agrave realizaccedilatildeo pessoal e profissional

65

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Page 10: Cátia Alexandra Mendes Machado...Figura 13 - Livro - Elmer e o arco-íris de David Mckee. ..... 39 Figura 14 - Desenho de um arco-íris realizado por uma criança da sala..... 41

3

I Contextualizaccedilatildeo da Praacutetica de Ensino Supervisionada

11 Caraterizaccedilatildeo da instituiccedilatildeo

O contexto em que realizaacutemos a praacutetica educativa era uma instituiccedilatildeo particular

de solidariedade social (IPSS) situada na cidade de Braganccedila e incluiacutea serviccedilos de

creche jardim-de-infacircncia e centro de conviacutevio para idosos O horaacuterio de

funcionamento da instituiccedilatildeo era extenso mantendo-se aberta das 7h45min ateacute agraves 19h

incluindo neles e no que se refere aos serviccedilos destinados agrave educaccedilatildeo de infacircncia a

componentes educativa e a componente de apoio agrave famiacutelia A componente educativa

decorre num total de cinco horas por dia de manhatilde das 9h agraves 12h e de tarde das 14h e

agraves 16h Os restantes tempos englobam atividades socioeducativas e de serviccedilo de

almoccedilos sendo estes frequentados pelas crianccedilas segundo a necessidade das famiacutelias e

normalmente em funccedilatildeo da sua ocupaccedilatildeo laboral

No que se refere ao edifiacutecio eacute constituiacutedo por trecircs andares funcionando no reacutes-

do-chatildeo o centro de dia e conviacutevio o gabinete de psicologia o posto meacutedico o bar

lavandaria e garagem No primeiro andar funciona o Jardim-de-Infacircncia constituiacutedo por

trecircs salas de atividades e ainda alguns espaccedilos de apoio como a cozinha refeitoacuterio

vestiaacuterio bem como a secretaria da instituiccedilatildeo

No segundo andar funciona a creche com seis salas na sua totalidade uma copa

de leites refeitoacuterio arrecadaccedilotildees e um salatildeo polivalente no qual se realizam festas a

praacutetica da expressatildeo motora e tambeacutem atividades em grande grupo Neste andar

localiza-se ainda a sala da direccedilatildeo da instituiccedilatildeo Os andares encontram-se ligados por

escadas e cada um estaacute equipado com instalaccedilotildees sanitaacuterias adequadas agraves faixas etaacuterias

para que cada setor a que se destina Os espaccedilos interiores da instituiccedilatildeo e os

equipamentos da mesma encontram-se em bom estado de conservaccedilatildeo

No que se refere aos espaccedilos exteriores possui um espaccedilo de recreio com zonas

luacutedicas delimitadas incluindo um espaccedilo pavimentado e outro com areia Este estaacute

equipado com um parque infantil O espaccedilo cimentado de recreio eacute utilizado no periacuteodo

de entrada e saiacuteda das crianccedilas como zona de paragem das viaturas dos pais dado

limitado espaccedilo que ao niacutevel da via puacuteblica existe para o efeito Existem alguns

materiais de apoio agraves atividades de recreio exterior sendo deslocados pelas crianccedilas do

interior para o exterior e vice-versa quando terminadas as atividades

4

Considerando que como referem as Orientaccedilotildees Curriculares para a Educaccedilatildeo

Preacute-escolar (MEDEB 1997) ldquoo meio em que a crianccedila vive influenciaraacute o modo como

esta se iraacute desenvolverrdquo (p 31) importa que nos interroguemos sobre o modo como o

ambiente educativo da instituiccedilatildeo se encontra organizado e que nos esforcemos para

contribuir para enriquececirc-lo Nesta linha de pensamento importa sublinhar que foi

nossa preocupaccedilatildeo colaborar com os profissionais da instituiccedilatildeo e as crianccedilas nessa

organizaccedilatildeo de modo a construir um ambiente que se constituiacutesse como potencialmente

facilitador do desenvolvimento de todos crianccedilas e adultos

A equipa pedagoacutegica da instituiccedilatildeo era constituiacuteda por seis educadoras de

infacircncia trecircs na modalidade de creche e trecircs na de jardim de jardim-de-infacircncia

assumindo uma destas as funccedilotildees de coordenadora pedagoacutegica Esta equipa contava

ainda com o apoio de um grupo alargado de assistentes operacionais uma por sala no

que se refere agrave etapa preacute-escolar bem como da psicoacuteloga e da direccedilatildeo administrativa da

instituiccedilatildeo

12 Caraterizaccedilatildeo do grupo de crianccedilas

Como se refere nas OCEPE (MEDEB 1997) haacute diferentes fatores que

influenciam o modo proacuteprio de funcionamento do grupo como por exemplo a sua

dimensatildeo e o maior ou menor nuacutemero de crianccedilas de cada sexo pelo que importa que

na accedilatildeo educativa a promover se atenda agrave sua contextualizaccedilatildeo

O grupo de crianccedilas com o qual desenvolvemos a praacutetica educativa apresentava

uma dimensatildeo extensa integrando vinte e cinco crianccedilas com quatro anos idades Ao

niacutevel do nuacutemero de crianccedilas de cada sexo pode entender-se que era um grupo com uma

organizaccedilatildeo equilibrada integrando doze crianccedilas do sexo masculino e treze do sexo

feminino

Segundo informaccedilotildees fornecidas pela educadora de infacircncia cooperante a

maioria das crianccedilas frequentavam a instituiccedilatildeo desde a creche encontrando-se apenas

duas crianccedilas a frequentaacute-la pela primeira vez Importa ainda referir que integravam o

grupo trecircs crianccedilas de origem natildeo portuguesa duas crianccedilas que eram irmatildeos naturais

de Espanha e outra que era Ucraniana

5

Segundo o referido nas OCEPE (MEDEB 1997)

observar cada crianccedila e o grupo para conhecer as suas capacidades interesses e

dificuldades recolher as informaccedilotildees sobre o contexto familiar e o meio em que

as crianccedilas vivem satildeo praacuteticas necessaacuterias para compreender melhor as

caracteriacutesticas das crianccedilas e adequar o processo educativo agraves suas necessidades

(p 25)

Nesta linha de pensamento importa considerar as caracteriacutesticas que nos foi

possiacutevel observar das crianccedilas quer a niacutevel individual quer a niacutevel grupo ao longo ano

letivo Assim importa referir que relativo a questotildees relacionadas com a vida em

grupo as crianccedilas manifestavam saber orientar-se em relaccedilatildeo agraves normas e regras

definidas na sala ainda que nem sempre lhes fosse faacutecil respeitaacute-las como partilhar

materiais com os colegas e saber esperar pela sua vez

Os tempos da rotina eram do seu conhecimento e manifestavam independecircncia

no que se refere agrave realizaccedilatildeo da higiene pessoal e tomada de refeiccedilotildees Dum modo geral

as crianccedilas envolviam-se nas atividades quer nas propostas por noacutes quer nas da sua

iniciativa revelando-se um grupo ativo

Ao niacutevel das preferecircncias em relaccedilatildeo agraves aacutereas de atividade da sala as aacutereas mais

escolhidas pelas crianccedilas eram a da casa e a das construccedilotildeesgaragem Enquanto a

primeira era frequentada por ambos os sexos a segunda era mais frequentada pelo sexo

masculino ainda que procuraacutessemos salientar a importacircncia de trabalharbrincar em

todas pelas diferentes experiecircncias que lhes permitiam efetuar

As atividades ao niacutevel da expressatildeo dramaacutetica e plaacutestica bem como a entoaccedilatildeo

de canccedilotildees e o escutar de histoacuterias integravam-se tambeacutem entre as preferecircncias do

grupo As crianccedilas manifestavam-se curiosas em conhecer o conteuacutedo das histoacuterias e em

colocar questotildees sobre as mesmas quando natildeo percebiam alguma palavra expressatildeo ou

frase

Sendo o espaccedilo de dimensatildeo limitada face agrave dimensatildeo do grupo as crianccedilas em

geral manifestavam organizar-se nas suas brincadeiras e relaccedilotildees sem se perturbar uns

aos outros com exceccedilatildeo de uma crianccedila que desestabilizava o grupo

No que respeita agrave expressatildeo oral era evidente o desenvolvimento das crianccedilas

com exceccedilatildeo na pronuacutencia de algumas palavras sobretudo no iniacutecio do ano e no que se

refere ao uso de determinados tempos verbais aspeto que era mais evidente em duas

crianccedilas utilizando com frequecircncia por exemplo a expressatildeo ldquoeu sabordquo em vez de ldquoeu

seirdquo o que foi sendo ultrapassado no decurso do ano letivo

6

Verificaacutemos ainda que como referem Hohmann e Weikart (2011) ldquopor vezes as

crianccedilas hesitam enquanto procuram palavras para expressar uma ideia nova

particularmente difiacutecilrdquo (p 534) e que eacute importante dar-lhes tempo para que elas

proacuteprias escolham as palavras de que necessitam e evitar interferirmos com as suas

proacuteprias sugestotildees

Considerando que como refere Oliveira-Formosinho (2007a) ldquoa escuta eacute um

meio para ouvir a crianccedila sobre a sua colaboraccedilatildeo no processo de co-construccedilatildeo do

conhecimentordquo (p 32) procuraacutemos estabelecer diaacutelogos em que as crianccedilas usufruiacutessem

de tempo para se expressar e que nos permitissem conhecermos as crianccedilas

No que respeita ao nuacutecleo familiar das crianccedilas e considerando os dados que

constam das suas fichas de inscriccedilatildeo a maioria dos pais famiacutelia das crianccedilas advecircm de

um meio socioeconoacutemico meacutedio trabalham nos vaacuterios setores de atividade sendo que a

maioria trabalha como funcionaacuterio puacuteblico No que se refere ao nuacutemero de irmatildeos de

acordo com os dados dessas mesmas fichas quinze crianccedilas tecircm um irmatildeo nove

crianccedilas natildeo tecircm irmatildeos e sobre uma crianccedila natildeo foi possiacutevel recolher esse dado

13 Organizaccedilatildeo do ambiente educativo

Sendo um jardim-de-infacircncia um contexto institucional destinado a crianccedilas de

tenra idade deve estar organizado de forma a proporcionar o indispensaacutevel bem-estar

prazer em frequentaacute-lo e favorecer atividades de ludicidade que motivem agrave

aprendizagem Posto isto julgamos de grande importacircncia organizar um ambiente

educativo agradaacutevel estaacutevel e que seja favoraacutevel agrave aprendizagem significativa da

crianccedila

Demos importacircncia ao horaacuterio de atendimento aos pais pois em nossa opiniatildeo eacute

um bom meio de incentivar os pais a deslocarem-se agrave instituiccedilatildeo na qual a sua crianccedila

estaacute inserida e estarem informados das suas condiccedilotildees conhecimento da funcionalidade

da instituiccedilatildeo ter a oportunidade de conversar com as educadoras e estarem a par da

evoluccedilatildeo das crianccedilas conseguirem tambeacutem ter conhecimento das atividades realizadas

e dos seus resultados

De acordo com o que se refere nas OCEPE (MEMEB 1997) importa ter em

conta que ldquoa famiacutelia e a instituiccedilatildeo de educaccedilatildeo preacute-escolar satildeo dois contextos sociais

que contribuem para a educaccedilatildeo da mesma crianccedila importa por isso que haja uma

relaccedilatildeo entre estes dois sistemasrdquo (p 43)

7

131 Caracterizaccedilatildeo do espaccedilo

Evidenciando o espaccedilo interior e o exterior pois os dois tecircm um papel

fundamental no processo educativo e no desenvolvimento das crianccedilas e concordando

com Oliveira-Formosinho e Andrade (2011a) ldquopensamos o espaccedilo como um territoacuterio

organizado para a aprendizagem um lugar de bem-estar alegria e prazer Procuramos

que o espaccedilo pedagoacutegico seja aberto agraves vivecircncias e interesses das crianccedilas e

comunidades seja seguro seja luacutedico e culturalrdquo (p 11)

1311 Espaccedilo interior

A sala apesar da sua pequena dimensatildeo estava cuidadosamente organizada e

todos os espaccedilos eram aproveitados para possibilitar agraves crianccedilas a oportunidade de

experimentar e manipular os materiais Juntamente com o espaccedilo e os materiais foi

possiacutevel realizar diversas experiecircncias de aprendizagem dentro da sala As crianccedilas

conseguiam movimentar-se e explorar as aacutereas e o que as mesmas tinham para lhes

proporcionar Tal como estaacute presente nas OCEPE (MEDEB 1997) ldquoo procedimento

de aprendizagem implica tambeacutem que as crianccedilas compreendam como o espaccedilo estaacute

organizado e como pode ser utilizado e que participem nessa organizaccedilatildeo (hellip) o

conhecimento do espaccedilo dos materiais e das actividades possiacuteveis eacute tambeacutem condiccedilatildeo

de autonomia da crianccedila e do grupordquo (p 38)

A sala na qual desenvolvemos a praacutetica

de accedilatildeo pedagoacutegica apresentava uma forma

retangular e como anteriormente foi referido a

sala natildeo possuiacutea grandes dimensotildees Desde o

iniacutecio percebemos que toda ela estava

previamente dividida por aacutereas e todas elas

estavam identificadas com uma placa com o nome e o

nuacutemero de crianccedilas que poderiam frequentar em simultacircneo Cada crianccedila era

representada com um siacutembolo um sorriso por cada crianccedila como podemos verificar na

figura 1 Ainda nas placas de identificaccedilatildeo das aacutereas podiacuteamos verificar desenhos

realizados pelas crianccedilas Procuramos ainda atender a que como lembram Oliveira-

Formosinho e Andrade (2011a)

Figura 1 - Identificaccedilatildeo das aacutereas da sala

8

As crianccedilas tecircm o direito de crescer em espaccedilos onde o cuidado e a atenccedilatildeo

prestados agrave dimensatildeo esteacutetica constituam um princiacutepio educativo baacutesico As

experiecircncias que as crianccedilas vivem com o espaccedilo devem poder converter-se em

experiecircncias esteacuteticas de prazer e de bem-estar (p 12)

Uma das paredes da sala possuiacutea trecircs janelas com visionamento para o exterior

Estas proporcionavam uma agradaacutevel luminosidade natural e possibilitavam ainda

identificar o estado do tempo A sala encontrava-se igualmente devidamente equipada

com sistema de aquecimento funcionando este em situaccedilotildees necessaacuterias No que

respeita ao pavimento da sala este possuiacutea uma cor azulada clara resistente lavaacutevel

um pouco confortaacutevel e pouco refletora de som proporcionando desse modo um

benevolente isolamento acuacutestico

O mobiliaacuterio da sala apresentava um bom estado de conservaccedilatildeo O moacutevel de

maior dimensatildeo estava preenchido com materiais trabalhos e os portefoacutelios das

crianccedilas Havia um moacutevel para arrumaccedilatildeo de materiais sendo alguns destes de escrita

(como os laacutepis marcadores) e tambeacutem tesouras materiais reciclados e outros que

serviam de apoio agraves atividades de expressatildeo plaacutestica Encontravam-se quatro mesas na

sala de formato retangular proporcionando agraves crianccedilas um largo espaccedilo para trabalhar e

brincar sobre as mesmas todas acompanhadas por cinco cadeiras Eacute importante salientar

que as mesas e as cadeiras serviam de apoio agraves atividades em pequeno e grande grupo

Ainda na sua constituiccedilatildeo a sala possuiacutea um placard no qual eram expostos os

trabalhos realizados pelas crianccedilas embora alguns destes fossem expostos no corredor

de forma a divulgaacute-los junto dos paiscomunidade Indo ao encontro de Niza (2007)

quando refere que ldquoo ambiente geral da sala deve resultar agradaacutevel e altamente

estimulante utilizando as paredes como expositores permanentes das produccedilotildees das

crianccedilas onde rotativamente se revecircem nas suas obras de desenho pintura tapeccedilaria ou

textordquo (p 133)

A planta que se segue apresenta-nos uma perspetiva da realidade do espaccedilo

fiacutesico da sala ao longo do ano letivo considerando que as alteraccedilotildees ocorridas

incidiram na integraccedilatildeo de materiais mas natildeo na disposiccedilatildeo das aacutereas

9

A sala integrou desde iniacutecio seis aacutereas de trabalho todas devidamente

identificadas sendo estas a aacuterea da casa (cozinha e quarto) a aacuterea dos jogos a aacuterea de

acolhimento a aacuterea da biblioteca a aacuterea da escrita e a aacuterea da garagemconstruccedilotildees

Estas estavam organizadas no sentido de possibilitar ao grupo de crianccedilas um faacutecil

acesso aos distintos materiais e objetos pois como menciona Oliveira-Formosinho

(2007b) ldquoa organizaccedilatildeo do espaccedilo em aacutereas com os seus respectivos materiais (hellip)

porque estatildeo visiacuteveis acessiacuteveis e etiquetados (tambeacutem para facilitar a autonomia na

arrumaccedilatildeo) eacute uma forma poderosiacutessima de passar mensagens impliacutecitas agrave crianccedilardquo (p

68)

Podemos verificar na figura 2 que as aacutereas rotuladas como barulhentas

encontram-se um pouco afastadas das aacutereas mais calmas A aacuterea da biblioteca (figura 3)

situa-se no canto superior direito da figura 2 desfrutava de

uma boa luminosidade natural pois encontrava-se junto de

uma das janelas Esta era constituiacuteda por uma estante na qual

as crianccedilas poderiam encontrar livros variados uma mesa

circular de pequenas dimensotildees acompanhada por trecircs

cadeiras de madeira Esta proporcionava agraves crianccedilas

oportunidade agradaacutevel de explorar as ilustraccedilotildees das

histoacuterias folhear e contar histoacuterias umas agraves outras Hohmann

e Weikart (2011) referem que ldquotalvez mais nenhuma outra

actividade seja tatildeo importante para a emergente literacia da crianccedila do que um adulto ou

amigo lhe fizerrdquo (p 546)

Figura 3- Aacuterea da biblioteca

Figura 2 - Planta da sala

10

Figura 6- Aacuterea da casa

espaccedilo do quarto

Figura 5 - Aacuterea dos jogos

Do outro lado da sala estava situada a aacuterea da

escrita (figura 4) nesta as crianccedilas tinham a

oportunidade de escrever explorar as diferentes

formas das letras podendo inclusivamente manipular

materiais de escrita

No centro da sala encontrava-se a aacuterea do

acolhimento um espaccedilo destinado a momentos em grande grupo de modo a ser

possiacutevel todas as crianccedilas se visualizarem umas agraves outras partilharem interesses

ouvirem histoacuterias tinham ainda a oportunidade de cantarem canccedilotildees e dialogarem

A aacuterea dos jogos (figura 5) estava localizada perto

da aacuterea do acolhimento dispunha de uma mesa

acompanhada por cinco cadeiras e de uma estante na qual

se encontravam diversos tipos de jogos puzzles

enfiamentos dominoacutes blocos loacutegicos jogo de letras jogos

com formas geomeacutetricas entre outros Esta aacuterea permitia o

desenvolvimento cognitivo das crianccedilas aleacutem das

experiecircncias diversificadas que as motivavam para a

resoluccedilatildeo de problemas

A aacuterea da casa distribuiacutea-se por dois espaccedilos o quarto

(figura 6) e a cozinha (figura 7) O mobiliaacuterio e materiais desta

aacuterea estavam apropriados agrave altura das crianccedilas Nesta era

visiacutevel a frequente representaccedilatildeo por parte das crianccedilas

assumindo o papel de adultos imitando expressotildees gestuais e

orais Atraveacutes das bonecas as crianccedilas representavam vivecircncias

do seu dia-a-dia como vestir e despir as crianccedilas deitaacute-las a

dormir maquilhaacute-las faziam e desfaziam a cama arrumavam e

desarrumavam toda a aacuterea representando

de variadas formas o ldquofaz-de-contardquo

O espaccedilo da cozinha era utilizado para representar

vivecircncias do dia-a-dia integrando parecenccedilas com algumas

cozinhas das casas das crianccedilas e em vaacuterias situaccedilotildees as

crianccedilas assumiam os papeacuteis de adultos e representavam

momentos vividos nas suas proacuteprias casas

Figura 4 - Aacuterea da escrita

Figura 7 - Espaccedilo da

cozinha

11

Figura 9 - Quadro semanal de presenccedilas

A uacuteltima aacuterea a ser apresentada eacute intitulada pela aacuterea da

garagemconstruccedilotildees (figura 8) Nesta as crianccedilas usavam

materiais como carros ferramentas de mecacircnica uma pista de

carros entre outros As crianccedilas principalmente do sexo

masculino apropriavam-se ou tentavam por vaacuterias vezes

apropriar-se desta aacuterea pois mostravam bastante interesse na

mesma gostavam de brincar e imaginar situaccedilotildees proacuteprias da

aacuterea

Para registar as presenccedilas diaacuterias das crianccedilas foi criado um quadro semanal de

presenccedilas como pudemos verificar na figura 9 este estava adequado agrave altura das

crianccedilas Foi criado ldquopara o aluno marcar com um sinal convencional a sua presenccedila

na quadriacutecula onde o seu nome cruza com a coluna do diardquo (Niza 2007) (p 135)

Neste encontravam-se expostos os nomes das crianccedilas

do lado esquerdo e na parte superior do quadro

estavam os dias da semana separados por quadriacuteculas

A presenccedila da crianccedila era assinalada com duas bolas

de pequenas dimensotildees uma verde fazendo referecircncia

agrave presenccedila e uma outra de cor vermelha fazendo

referecircncia agrave ausecircncia da crianccedila A marcaccedilatildeo das

presenccedila era identificado pela proacutepria crianccedila isto eacute

cada uma efetuava a sua presenccedila agrave exceccedilatildeo das

crianccedilas que se encontravam ausentes essa marcaccedilatildeo

era realizada ou pelas educadoras ou pelas crianccedilas

1312 Espaccedilo exterior

O espaccedilo exterior possuiacutea uma aacuterea de dimensotildees bastante consideraacuteveis

rodeada por um muro com grades que permitia observar do interior para o exterior da

instituiccedilatildeo e vice-versa O pavimento variava existindo zonas de relva com aacutervores de

cimento com maior dimensatildeo e de areia Neste uacuteltimo encontraacutevamos equipamento de

parque infantil sendo este composto por uma estrutura com escorrega barras para

trepar baloiccedilos fixos no chatildeo e cavalos de molas

Figura 8 - Aacuterea da

garagemconstruccedilotildees

12

Este espaccedilo exterior eacute de grande importacircncia pois nele como referem Hohmann

e Weikart (2011) ldquoas crianccedilas tecircm acesso a um conjunto de actividades e brincadeiras

que habitualmente natildeo fazem no interiorrdquo (p 369) No periacuteodo de recreio ldquoas crianccedilas

podem experimentar os sons e imagens do ar livre usar o material e equipamento do

recreio e brincar vigorosamente (ou sossegadamente se assim o preferirem) rdquo (idem

ibidem)

Em muitos momentos no recreio enquanto foi possiacutevel a sua utilizaccedilatildeo tivemos

a oportunidade de praticar jogos em grande grupo sendo estes com movimentos

rotativos movimentos lentos e coordenados movimentos raacutepidos e livres para as

crianccedilas exercitarem a motricidade Apesar dos momentos de recreio e de sala serem de

diferentes caracteriacutesticas ldquotecircm algo em comum encorajar as crianccedilas a envolverem-se

activamente com materiais pessoas ideias e acontecimentosrdquo (Hohmann amp Weikart

2011 p 370)

132 Rotina diaacuteria

A organizaccedilatildeo do tempo no jardim-de-infacircncia eacute definido e iniciado pelos

adultos estes devem refletir e estruturar devidamente uma rotina diaacuteria pois esta

auxilia as crianccedilas e adultos tal como referem Hohmann e Weikart (2011)

a rotina diaacuteria (hellip) ajuda as crianccedilas a responder (hellip) a questotildees ao

oferecer-lhes uma sequecircncia de acontecimentos que elas podem seguir e

compreender Tambeacutem ajuda os adultos a organizarem o seu tempo com as

crianccedilas de forma a lhes oferecer experiecircncias de aprendizagem activas e

motivadoras Neste sentido os elementos de uma rotina diaacuteria satildeo como

marcas de pegadas num caminho Ao seguirem o caminho as crianccedilas

envolvem-se em variadas aventuras e experiecircncias que lhes interessam e que

respondem agrave sua natureza inventiva e luacutedica (p 224)

Quando iniciaacutemos a nossa praacutetica de ensino na sala dos quatro anos estes jaacute

tinham uma rotina diaacuteria definida desde o iniacutecio do ano Apesar disso a rotina diaacuteria foi

suscetiacutevel de alteraccedilotildees tendo em conta atividades que emergiam visitas e o desenrolar

de certas experiecircncias de aprendizagem A rotina diaacuteria integrava os seguintes

segmentos temporais

i) Tempo de acolhimento momento de receccedilatildeo das crianccedilas em grande

grupo Era inclusive neste momento que as crianccedilas e os adultos

cantavam canccedilotildees partilham ideias vivecircncias e experiecircncias pessoais e

procediam agrave marcaccedilatildeo das presenccedilas

13

ii) Tempo de atividades em grande grupo neste tempo as crianccedilas e os

adultos juntavam-se para atividades a vaacuterios niacuteveis de muacutesica

movimento expressatildeo dramaacutetica leitura e exploraccedilatildeo de histoacuterias entre

outras Estas envolviam experiecircncias de aprendizagem nos diferentes

domiacutenios Apesar de em vaacuterias ocasiotildees serem os adultos a iniciarem

estas atividades as crianccedilas proporcionavam e apresentavam novas

ideias

iii) Tempo de higienealmoccedilo este tempo era dedicado agrave higiene das

crianccedilas e logo de seguida deslocavam-se ao refeitoacuterio da instituiccedilatildeo

para almoccedilarem

iv) Tempo de recreiodescanso momento reservado ao descanso das

crianccedilas mas tambeacutem quando as condiccedilotildees atmosfeacutericas o permitiam as

crianccedilas usufruiacuteam do espaccedilo exterior ocasionando-lhes situaccedilotildees nas

quais poderiam variar na forma como utilizavam o corpo tal como

trepar deslizar baloiccedilar e correr

v) Tempo de atividades nas aacutereas este tempo contemplava alguns tipos de

atividades propositadamente planeados de forma a proporcionar

experiecircncias de aprendizagens significativas nas diferentes aacutereas do

conteuacutedo Era ainda neste momento que se procedia agrave organizaccedilatildeo das

crianccedilas pelas diferentes aacutereas da sala consoante a preferecircncia que cada

uma manifestava de forma a reforccedilar os interesses naturais das crianccedilas

a capacidade de iniciativa da mesma e desenvolver competecircncias na

resoluccedilatildeo de problemas

vi) Tempo de lanche as crianccedilas apoacutes terem efetuado a arrumaccedilatildeo das

aacutereas da sala realizavam a higiene pessoal e deslocavam-se ao refeitoacuterio

da instituiccedilatildeo e tomavam o lanche Cada uma das crianccedilas possuiacutea a sua

lancheira e os lanches variavam de crianccedila para crianccedila

vii) Tempo de atividades orientadaslivres momento dedicado vaacuterias vezes

ao relaxamento da crianccedila as crianccedilas assistiam a filmes brincavam em

pequenos grupos com legos praticavam jogos em grande grupo sendo

estes uacuteltimos bastante solicitados pelas crianccedilas

A rotina diaacuteria vivenciada na sala ocorria como podemos verificar nos

segmentos temporais referidos de forma a despertar e apoiar as crianccedilas na tomada de

iniciativa perante atividades propostas Era uma forma de encorajar o envolvimento das

14

crianccedilas em atividades de pequenos grupos ou ateacute mesmo em pares envolvendo-as na

procura de soluccedilotildees para os problemas com que se iam confrontando Um dos principais

objetivos nas atividades era promover interaccedilotildees positivas nos diversos momentos de

trabalho O facto de as crianccedilas escolherem a sua aacuterea preferida e os materiais a

manusear para a execuccedilatildeo dos trabalhos demonstrava ao adulto a sua evoluccedilatildeo e

crescente autonomia

133 As interaccedilotildees

Para a melhor compreensatildeo do processo de interaccedilatildeo eacute essencial

compreendermos esse termo Neste sentido Oliveira-Formosinho e Formosinho (2011)

afirmam que ldquoas interaccedilotildees adulto-crianccedila satildeo uma tatildeo importante dimensatildeo da

pedagogia que a anaacutelise do estilo dessas interaccedilotildees nos permite determinar se estamos

perante uma pedagogia transmissiva ou uma pedagogia participativa (p 30) Dizem-nos

tambeacutem que ldquodesenvolver as interaccedilotildees refleti-las pensaacute-las e reconstruiacute-las eacute um

habitus que as profissionais que desenvolvem a Pedagogia-em-Participaccedilatildeo necessitam

de promoverrdquo (idem ibidem) Neste sentido reconhecemos que o educador desempenha

um papel crucial no desenrolar das diversas interaccedilotildees e no que tem a ver com as

interaccedilotildees educadoracrianccedila da instituiccedilatildeo estas satildeo em nosso parecer bastante

positivas As OCEPE (MEDEB 1997) alertam que ldquoa relaccedilatildeo individualizada que o

educador estabelece com cada crianccedila eacute facilitadora da sua inserccedilatildeo no grupo e das

relaccedilotildees com as ouras crianccedilasrdquo (p 35)

Achamos importante lembrar que ldquoa crianccedila aprende interagindo O adulto

aprende a ajudar a crianccedila a desenvolver a interacccedilatildeo A crianccedila eacute activa o adulto

tambeacutemrdquo (Oliveira-Formosinho 1996 p 55) Quando as crianccedilas e os educadores

desenvolvem algo em conjunto se o educador consegue envolver a crianccedila de tal forma

que esta se concentre totalmente no que estatildeo a desenvolver esta envolvecircncia faz com

que tanto a crianccedila como o adulto estejam ativos facilitaraacute a interaccedilatildeo entre ambos

tanto de um como do outro Eacute com a interaccedilatildeo que a crianccedila aprende vaacuterios fatores que

a ajudaratildeo no seu desenvolvimento e eacute tambeacutem com a interaccedilatildeo que o adulto tem a

oportunidade de auxiliar o desenvolvimento da crianccedila Neste sentido Hohmann e

Weikart (2011) defendem que ldquoa partilha do controlo num clima de apoio apela agrave

reciprocidade ndash um dar e receber muacutetuo entre crianccedilas e adultosrdquo (p 77)

No que diz respeito agraves interaccedilotildees crianccedilacrianccedila na sala onde se desenrolou a

accedilatildeo educativa verificaacutemos uma vasta cumplicidade entre elas existindo a formaccedilatildeo de

15

grupos de amigos Mostraram desde cedo apelar agrave brincadeira entre elas partilhando os

objetos e tentando haver na sala um clima de interaccedilotildees positivas

No nosso caso em concreto procuraacutemos desde cedo escutar apoiar e ainda

compreender as crianccedilas desenvolvendo desse modo uma interaccedilatildeo participativa

seguindo uma praacutetica na qual as crianccedilas foram sempre reconhecidas como pessoas que

tem sentimentos Tentaacutemos como referem Hohmann e Weikart (2011) ldquocriar e manter

ambientes em que a interacccedilatildeo com as crianccedilas seja positiva e por forma que estas

possam trabalhar e brincar com pessoas e objetos libertas de medo ansiedades ou de

aborrecimentordquo (p 63)

Reconhecemos que possibilitaacutemos agraves crianccedilas diversas situaccedilotildees nas quais

pudessem entender e participar em atividades promotoras de aprendizagens e que

pudessem construir e desenvolver as suas proacuteprias competecircncias Tentaacutemos observar e

entender a crianccedila pois como referem Oliveira-Formosinho e Formosinho (2011) ldquoo

papel do professor eacute o de organizar o ambiente e observar a crianccedila para entender e lhe

responderrdquo (p 15)

A fim de apoiar e acompanhar as crianccedilas nas suas atividades procuraacutemos

atraveacutes de uma observaccedilatildeo participante conhecer os interesses e necessidades

formativas das crianccedilas no sentido de favorecer interaccedilotildees que pudessem tornar-se

facilitadoras de aprendizagem das crianccedilas Assim sendo ao longo da nossa experiecircncia

de praacutetica educativa apoiaacutemos o envolvimento do grupo nas vaacuterias atividades de modo

a favorecer a sua implicaccedilatildeo na descoberta resoluccedilatildeo de problemas e na tomada de

decisotildees

16

17

II Fundamentaccedilatildeo das opccedilotildees educativas

No presente capiacutetulo procedemos ao aprofundamento de conhecimentos que nos

ajudem a melhor fundamentar e interpretar a praacutetica educativa em contexto preacute-escolar

Neste sentido debruccedilamo-nos sobre as perspetivas atuais de aprendizagem da crianccedila

as linhas de orientaccedilatildeo curricular e os modelos pedagoacutegicos que nos podem ajudar a

desenvolver uma accedilatildeo educativa de qualidade

21 A aprendizagem como um processo ativo

O desenvolvimento da praacutetica educativa suscita-nos questionamento sobre como

encarar o processo de aprendizagem a promover com as crianccedilas no sentido de ajudaacute-

las a progredir e a beneficiar do necessaacuterio bem-estar e integraccedilatildeo social

Neste sentido importa considerar a perspetiva de Brickmann e Taylor (1996)

defendendo os autores que ldquoas experiecircncias de aprendizagem para crianccedilas devem ser

ativasrdquo (p 3) explicitando que ldquodevem tornar a crianccedila capaz de construir o seu

proacuteprio conhecimento lidando diretamente com pessoas materiais e ideiasrdquo (idem p 3-

4) Neste acircmbito torna-se importante retomar a perspetiva teoacuterica de Piaget (1976) que

reconhece e valoriza a pessoa como sujeito ativo na construccedilatildeo de conhecimento O

autor defende que se enverede por um processo de aprendizagem experiencial e alerta

para a importacircncia da crianccedila poder explorar pensar e descobrir a partir da accedilatildeo sobre

os objetos e da relaccedilatildeo com os outros Como refere Novo (2009) ldquona perspetiva do

autor a crianccedila descobre do mesmo modo o mundo das pessoas e o dos objetos reais ou

simboacutelicosrdquo (p 52) Para Piaget (in Hohmann amp Weikart 2011) ldquoo conhecimento natildeo

proveacutem nem dos objetos nem da crianccedila mas sim das interaccedilotildees entre a crianccedila e os

objetosrdquo (p 19) pressupondo assim uma accedilatildeo reciacuteproca da crianccedila sobre os objetos e

dos objetos sobre a crianccedila na construccedilatildeo do conhecimento Nesta linha de pensamento

como tambeacutem afirma o autor (1978 citado por Novo 2009) ldquoconhecer natildeo consiste em

copiar o real mas agir sobre ele e transformaacute-lordquo (p 53)

Assim como Tompkins (1996) lembra importa ter em conta que uma

aprendizagem ativa eacute muito mais do que a mera manipulaccedilatildeo de materiais pelas crianccedilas

e do que a transmissatildeo de conhecimentos pelo educador Neste sentido sublinha que

18

a maior parte dos educadores de infacircncia concordaria com a ideia de que as

crianccedilas aprendem mais quando encorajadas a explorarem a interagirem a

serem criativas a seguirem os seus proacuteprios interesses e a brincarem No

entanto muitos educadores de infacircncia bem-intencionados acabam por

conduzir actividades em oposiccedilatildeo a esta teoria (p 6)

Este eacute um aspeto que natildeo deixa de caraterizar a nossa accedilatildeo educativa daiacute a

preocupaccedilatildeo em acedermos a conhecimentos que possam ajudarmos a melhor tomar

consciecircncia do tipo de praacuteticas que desenvolvemos e das linhas em que apoiaacute-las para

que incluam perspetivas que na atualidade satildeo reconhecidas como facilitadores de uma

aprendizagem ativa das crianccedilas

Importa assim considerar que segundo Formosinho (1996) as aprendizagens

ativas satildeo ldquoaquelas em que a crianccedila atraveacutes da sua acccedilatildeo sobre os objectos e da sua

interacccedilatildeo com as pessoas as ideias e os acontecimentos chega agrave compreensatildeo do

mundordquo (p 56) Por isso uma accedilatildeo educativa que se centra em ajudar as crianccedilas a

aprender como referem Oliveira-Formosinho amp Formosinho (2011) deve dar um papel

de relevo agrave crianccedila agrave colaboraccedilatildeo entre pares e agrave colaboraccedilatildeo entre adultos e crianccedilas

ou seja ldquodesenvolve uma epistemologia de natureza construtiva interativa

colaborativardquo (p 18)

Nesta linha importa o recurso a estrateacutegias pedagoacutegicas que proporcionem a

partilha de conhecimentos a implicaccedilatildeo das crianccedilas na resoluccedilatildeo de situaccedilotildees

problemaacuteticas de modo a exploraacute-las sob diversos acircngulos recorrendo agravequilo que jaacute

conhecem e agrave sua capacidade imaginativa O educador deve entatildeo observar e escutar as

crianccedilas e valorizar a sua participaccedilatildeo na organizaccedilatildeo e desenvolvimento do processo de

aprendizagem bem como na reflexatildeo sobre o mesmo Deve dar-se atenccedilatildeo aos seus

interesses e aos valores que representam as atividades da sua iniciativa na

reorganizaccedilatildeo da compreensatildeo que faz do mundo e por conseguinte no seu

desenvolvimento Nesse processo importa considerar que

tal como os adultos as crianccedilas tem comportamentos positivos e

comportamentos negativos mas eacute importante prestar atenccedilatildeo ao que as

crianccedilas fazem bem feito incidindo nesses pontos e valorizando-os Ao

observar cuidadosamente aquilo que as crianccedilas podem fazer os adultos tecircm

oportunidade para aproveitar o desejo natural de aprender das crianccedilas

(Hohmann 1996 p 22)

Dewey (2002) lembra que as experiecircncias das crianccedilas podem tornar-se agrave

semelhanccedila das suas brincadeiras e jogos em formas ativas da accedilatildeo Para o autor de

acordo com Pinazza (2007) ldquoas situaccedilotildees educativas devem apoiar-se na atividade da

19

crianccedila ou seja deve aprender fazendordquo (p 74) Daiacute a importacircncia que deve merecer a

organizaccedilatildeo do ambiente educativo e as atividades e projetos em que se envolvem

Importa considerar tambeacutem que ldquoa liberdade de accedilatildeo natildeo se opotildee agrave intencionalidade e

ao estabelecimento de propoacutesitos educativos nem tatildeo pouco agrave formaccedilatildeo de haacutebitosrdquo (p

75) devendo ser tidas todas estas dimensotildees em consideraccedilatildeo

Vygostky de acordo com Pinazza (2007) defende a relaccedilatildeo entre processo

educativo e as experiecircncias pessoais das crianccedilas No entanto eacute de considerar que nem

todas as experiecircncias satildeo igualmente educativas O valor de uma experiecircncia baseia-se

no princiacutepio da continuidade experiencial e o da interaccedilatildeo (idem) Importa ter em conta

que a continuidade pressupotildee alargar as experiecircncias e que a interaccedilatildeo se configura no

ambiente educativo que se cria

Nesse processo eacute de ter em conta a importacircncia a atribuir natildeo apenas aos

conhecimentos e competecircncias da crianccedila mas tambeacutem agrave forma como se estabelecem as

interaccedilotildees e agrave complexidade que as atividades apresentam Neste acircmbito importa

considerar que como defende Vygostky (1996 citado por Novo 2009) ldquoque com o

auxiacutelio de outra pessoa toda a crianccedila consegue concretizar mais do que faria sozinhardquo

(p 58) podendo entender-se este aspeto muito mais indicativo do desenvolvimento da

crianccedila Ideia que reforccedila a importacircncia da observaccedilatildeo e apoio que o adulto deve

promover para acompanhar e promover o processo da aprendizagem da crianccedila

22 Modelos Curriculares

Associado a uma perspetiva de aprendizagem ativa encontram-se alguns

modelos curriculares que tecircm vindo a ser apontados em vaacuterios trabalhos como

facilitadores de praacuteticas educativas preacute-escolares de qualidade tal como o modelo

HighScope (Hohmann amp Weikart 2011) o modelo do Movimento da Escola Moderna

(Niza 2007) e o modelo de Reggio Emilia (Eduards Gandini amp Forman 1999)

Reconhecendo que os princiacutepios em que cada um desses modelos se apoiam

podem ajudar-nos a melhor entender as linhas que caraterizam a nossa accedilatildeo importa

efetuar uma breve abordagem aos mesmos

O modelo curricular HighScope valoriza a aprendizagem pela acccedilatildeo o que

pressupotildee que as crianccedilas possam ldquoviver experiecircncias directas e imediatas e retirar delas

significado atraveacutes da reflexatildeordquo (Hohmann amp Weikart 2011 p 5) no sentido de

construiacuterem conhecimentos que as ajudem a dar sentido ao mundo As crianccedilas devem

20

dispor da possibilidade de explorar os objetos colocar sobre os acontecimentos e acerca

do que lhes desperta curiosidade

No que diz respeito agrave organizaccedilatildeo do espaccedilo e materiais de trabalho as salas

seguem uma organizaccedilatildeo construtivista que aponta para a organizaccedilatildeo de aacutereas

diferenciadas que permitam a realizaccedilatildeo de diferentes aprendizagens A organizaccedilatildeo da

sala por aacutereas e com os respetivos materiais faz com que as crianccedilas adquiram

independecircncia autonomia e responsabilidade em relaccedilatildeo ao seu modo de utilizaccedilatildeo

transmitindo mensagens impliacutecitas agraves crianccedilas Como referem Hohmann e Weikart

(2011)

Uma vez que o ambiente estaacute organizado de forma a que estas escolham as

suas brincadeiras os adultos ficam livres de funccedilotildees diretivas de

entretenimento ou de controlo das crianccedilas Em vez disso passam a poder

concentrar-se no apoio a dar agraves brincadeiras das crianccedilas e agrave sua capacidade de

resoluccedilatildeo de problemas (p 182)

A organizaccedilatildeo do ambiente educativo inclui quatro componentes sendo elas a

organizaccedilatildeo do espaccedilo e materiais das rotinas do grupo e das interaccedilotildees Segundo este

modelo o espaccedilo deve estar organizado por diferentes aacutereas de modo a permitir que as

crianccedilas desenvolvam diferentes aprendizagens envolvendo-se em atividades

diversificadas A organizaccedilatildeo do espaccedilo deve ser flexiacutevel deve adaptar-se agraves

necessidades e interesses das crianccedilas e do grupo pelo que deve estar organizado de

modo a conferir autonomia agraves crianccedilas Outra especificidade desta organizaccedilatildeo reside

no facto de as aacutereas estarem organizadas de forma a permitirem a livre circulaccedilatildeo das

crianccedilas entre elas de acordo com os seus interesses Por sua vez ldquoa arrumaccedilatildeo dos

materiais deve proporcionar a execuccedilatildeo do ciclo encontra-brinca-arrumardquo (Hohmann amp

Weikart 2011 p 164)

A organizaccedilatildeo de uma rotina diaacuteria oferece estabilidade agrave crianccedila no sentido de

que pode aperceber-se do que vai acontecer oferecendo-lhe ldquosentido de controlo sobre

aquilo que vai fazer em cada momento do diardquo (idem p 8) Deve permitir agraves crianccedilas

experienciarem oportunidade de se envolverem na concretizaccedilatildeo do ciclo planear-fazer-

rever (idem p 229) Este consiste em promover o seu envolvimento no planeamento

das suas atividades a experienciaccedilatildeo das mesmas e a partilha e discussatildeo acerca do que

foi realizado Para isso o educador deve adotar uma gestatildeo flexiacutevel do tempo

permitindo que a crianccedila organize os seus acontecimentos as suas propostas e as suas

interaccedilotildees tendo em conta a sequecircncia temporal Os tempos em pequeno e grande

21

grupo bem como a niacutevel individual satildeo imprescindiacuteveis pois permitem a inserccedilatildeo das

crianccedilas em diferentes tipos de atividades quer da iniciativa do adulto quer da

iniciativa da crianccedila

A rotina diaacuteria preacute-escolar eacute constante estaacutevel e previsiacutevel para que a crianccedila

compreenda a forma de utilizaccedilatildeo do tempo e assim tornar-se menos dependente do

adulto face ao tempo em que deve concretizar determinada atividade A previsatildeo dos

tempos de rotina permite a seguranccedila e independecircncia da crianccedila e a diferenciaccedilatildeo das

atividades contribui para a variedade de experiecircncias

No que concerne agraves interaccedilotildees o papel do adulto eacute criar situaccedilotildees que

proporcionem agrave crianccedila o desenvolvimento do seu pensamento favorecendo a

emergecircncia de conflitos cognitivos (idem) Importa ter em conta que o adulto ajuda a

equilibrar a liberdade que a crianccedila necessita para explorar o meio que a rodeia Por

isso natildeo deve desencorajar a crianccedila quando esta natildeo consegue concretizar e resolver os

problemas com que se defronta Deve por sua vez fazer com que ela acredite em si

mesma e se envolva na procura de recursos que podem ajudaacute-la nesse processo Assim

um dos principais objectivos do programa HighScope consiste em apoiar os

adultos de modo a que estes possam criar e manter ambientes em que a

interacccedilatildeo com as crianccedilas seja positiva e por forma que estas possam

trabalhar e brincar com pessoas e objectos libertas de medos ansiedades ou

de aborrecimento e negligecircncia (Hohmann amp Weikart 2011 p 63)

O modelo curricular Reggio Emilia como antes referimos apoia-se tambeacutem em

princiacutepios pedagoacutegicos de participaccedilatildeo ativa das crianccedilas na construccedilatildeo do seu

conhecimento Como refere Malaguzzi (1999) o principal objetivo do projeto de

Reggio Emilia consiste em construir uma escola ldquopara crianccedilas pequenas como um

organismo vivo integral como um local de vidas e relacionamentos compartilhados

entre muitos adultos e muitas crianccedilasrdquo Para aleacutem deste objetivo a abordagem Reggio

Emilia estimula o desenvolvimento intelectual das crianccedilas partindo da representaccedilatildeo

simboacutelica

Como refere Edwards (2008) no que diz respeito ao papel do educador este eacute

natildeo apenas de ouvinte e observador mas tambeacutem deve ser proporcionador de

oportunidades e experiecircncias Os objetivos centralizam-se em criar oportunidades de

aprendizagem e desenvolvimento do pensamento das crianccedilas sendo por isso

importante escutaacute-las O papel do educador ldquocentraliza-se na provocaccedilatildeo de

oportunidades de descobertas atraveacutes de uma espeacutecie de facilitaccedilatildeo alerta e inspirada e

22

de estimulaccedilatildeo do diaacutelogo de accedilatildeo conjunta e da co-construccedilatildeo do conhecimento pela

crianccedilardquo(idem p 161)

As crianccedilas percebem quando os adultos valorizam os seus trabalhos e as suas

ideias uma vez que lhes comunicam essa valorizaccedilatildeo indiretamente atraveacutes de accedilotildees e

estrateacutegias Como exemplo destas accedilotildees o educador expotildee trabalhos das crianccedilas na

escola e partilha com toda a comunidade educativa a informaccedilatildeo que as crianccedilas

produzem

Os pais participam ativamente na vida escolar dos seus filhos uma vez que

colaboram com o educador e datildeo continuidade ao que as crianccedilas aprendem quer na

escola quer em casa Ou seja existe interajuda entre escolafamiacutelia na organizaccedilatildeo e

concretizaccedilatildeo da accedilatildeo educativa Por exemplo na realizaccedilatildeo de um projeto os

educadores comunicam aos pais o tema do projeto

encorajando-os a envolverem-se com as atividades de seus filhos atraveacutes da

busca dos materiais necessaacuterios do trabalho com os professores no

ambiente fiacutesico da oferta de livros suplementares e assim por diante Dessa

forma os pais satildeo levados a revisar a imagem que tecircm de seus filhos e a

compreender a infacircncia de um modo mais rico e complexordquo (Edwards 2008

p 163)

Segundo Lino (2007) o modo como o espaccedilo eacute organizado ldquoreflete as ideias

valores atitudes e patrimoacutenio cultural de todos os que nele trabalhamrdquo (p 107) Isto

porque atraveacutes da comunicaccedilatildeo cooperaccedilatildeo partilha de atividades e ideias a crianccedila

constroacutei o seu conhecimento do mundo (idem) Sendo assim o espaccedilo nas escolas de

Reggio Emilia eacute planeado ao pormenor pela comunidade educativa Relativamente ao

espaccedilo exterior este eacute organizado de forma a possibilitar uma continuidade das

atividades realizadas no interior

A gestatildeo da rotina praticada em Reggio dispotildee de uma organizaccedilatildeo do tempo

que proporciona agraves crianccedilas oportunidades de estabelecer diferentes tipos de interaccedilatildeo

Assim como sublinha Lino (2007) ldquoelas podem escolher trabalhar sozinhas em

pequeno grupo em grande grupo com os adultos ou sem elesrdquo (p 109)

O modelo curricular do Movimento da Escola Moderna (MEM) como refere

Niza (2007) ldquoassenta num Projecto Democraacutetico de autoformaccedilatildeo cooperada de

docentes que transfere por analogia essa estrutura de procedimento para um modelo

de cooperaccedilatildeo educativa nas escolasrdquo (p 125) Tendo em conta a escola como local de

23

iniciaccedilatildeo agrave vida democraacutetica este modelo propotildee diversos princiacutepios fundamentais para

a estruturaccedilatildeo da accedilatildeo educativa Referindo Niza (idem)

- Os meios pedagoacutegicos veiculam em si os fins democraacuteticos da educaccedilatildeo

pelo que a escolha dos materiais os processos usados e as formas de

organizaccedilatildeo das atividades devem respeitar as regras democraticamente

decididas pelos educadoresprofessores e crianccedilas

- A actividade escolar enquanto contrato social e educativo deve concretizar-

se atraveacutes da negociaccedilatildeo entre educadoresprofessores e crianccedilas entre si

- A praacutetica democraacutetica da organizaccedilatildeo partilhada por todos decide-se em

conselho de cooperaccedilatildeo

- Os processos de trabalho escolar reproduzem os processos sociais autecircnticos

aproximando deste modo a escola agrave vida social

- A informaccedilatildeo de projectos estudos e outras realizaccedilotildees das crianccedilas eacute

partilhada atraveacutes de circuitos de produccedilatildeo distribuiccedilatildeo e divulgaccedilatildeo como

paineacuteis conferecircncias jornal escolar e outros tipos de apresentaccedilotildees

- As praacuteticas escolares conferem sentido social agraves aprendizagens das crianccedilas

atraveacutes da partilha dos saberes com os seus pares e pela intervenccedilatildeo na

comunidade envolvente ou com a comunidade mais distante atraveacutes da troca

de correspondecircncia entre outros meios

- Os alunos interpelam o meio social e trazem para a escola pessoas da

comunidade como recurso e fonte de conhecimento e culturardquo (pp 127-130)

O Movimento Escola Moderna salienta alguns instrumentos de organizaccedilatildeo da

vida em grupo que se tornam indispensaacuteveis na participaccedilatildeo conjunta do educador e da

crianccedila como o plano de atividades a lista semanal de projetos o quadro semanal de

distribuiccedilatildeo de tarefas o mapa de presenccedilas diaacuterio e o diaacuterio de grupo

Este tipo de organizaccedilatildeo ajuda as crianccedilas a situarem-se no espaccedilo e no tempo

Desta forma eacute necessaacuterio a sala estar organizada por aacutereas de atividades que estaratildeo

dispostas agrave volta da mesma no centro da sala deve estar situada uma aacuterea de trabalho

coletivo Estas aacutereas devem ser originais para que possam ser o mais possiacutevel parecidas

com a realidade que os envolve Como afirma Niza (2007) ldquo o ambiente geral da sala

deve resultar agradaacutevel e altamente estimulante utilizando as paredes como expositores

permanentes das produccedilotildees das crianccedilas onde rotativamente se revecircem nas suas obras

de desenho pintura tapeccedilaria ou textordquo (p 133)

24

A gestatildeo do tempo eacute segundo Niza (2007) ldquoconstituiacuteda por duas etapas de

configuraccedilatildeo distinta

a etapa da manhatilde centra-se fundamentalmente no trabalho ou na actividade

eleita pelas crianccedilas e por elas sustentada desconcentradamente pelas aacutereas

de actividade Com o apoio discreto e itinerante do educador A etapa da

tarde reveste a forma de sessotildees plenaacuterias de informaccedilatildeo e de actividade

cultural dinamizadas por convidados pelos alunos ou pelos educadores

(p135)

O MEM tem uma forma muito proacutepria de promover o relacionamento das

crianccedilas entre si e das mesmas com os adultos Esta interaccedilatildeo eacute fomentada por

fundamentos da pedagogia da cooperaccedilatildeo Assim as crianccedilas devem no jardim-de-

infacircncia experimentar praacuteticas e atitudes que lhes permitiratildeo aprender valores e atraveacutes

das suas vivecircncias aprofundar o desenvolvimento da sua cidadania

Como afirma Niza (2007) os educadores assumem-se neste modelo como

promotores da organizaccedilatildeo participada dinamizadores da cooperaccedilatildeo

animadores ciacutevicos e morais do treino democraacutetico auditores activos para

promoverem a livre expressatildeo e a atitude criacutetica Mantecircm e estimulam a

autonomizaccedilatildeo e responsabilizaccedilatildeo de cada educando no grupo de educaccedilatildeo

cooperada (p139)

De acordo com este modelo eacute necessaacuterio dar continuidade agraves experiecircncias

educativas promovendo a curiosidade a iniciativa e a descoberta das crianccedilas e criar

condiccedilotildees para que tomem a iniciativa e se sintam valorizadas

Em suma os modelos referidos possibilitam um conjunto de orientaccedilotildees que se

tornam fundamentais para nos ajudar a organizar uma intervenccedilatildeo pedagoacutegica que

favoreccedila o desenvolvimento de crianccedilas no quadro de conquista de uma progressiva

autonomia

23 Linhas de orientaccedilotildees curricular da educaccedilatildeo preacute-escolar

Para a organizaccedilatildeo da accedilatildeo educativa importa ter em consideraccedilatildeo o estabelecido

nas Orientaccedilotildees Curriculares3 definidas para a educaccedilatildeo preacute-escolar

As OCEPE acentuam que sejam promovidos saberescompetecircncias que

favoreccedilam a progressatildeo das crianccedilas ao niacutevel da sua Formaccedilatildeo Pessoal e Social

Expressatildeo e Comunicaccedilatildeo (domiacutenio da linguagem oral e abordagem agrave escrita domiacutenio

das expressotildees incluindo a motora dramaacutetica musical e plaacutestica e o domiacutenio da

matemaacutetica) e Conhecimento do Mundo no sentido de ajudaacute-las a tornarem-se capazes

3 OCEPE-MEDEB 1997 Despacho 522097 de 4 de agosto Metas de aprendizagem (ME 2010)

25

de uma plena inserccedilatildeo na sociedade como cidadatildeos autoacutenomos livres e solidaacuterios

(MEDEB 1997) As Metas de Aprendizagem para a Educaccedilatildeo Preacute-Escolar (ME 2010)

explicitam os conteuacutedos incluiacutedos nas aacutereas e domiacutenios de conteuacutedo definidas nas

OCEPE indicando o que as crianccedilas devem ter aprendido no final da etapa educativa

preacute-escolar

Entendemos dever ser dada importacircncia aos contributos destes diferentes

documentos para organizaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo das experiecircncias de aprendizagem no quadro

de construccedilatildeo de respostas educativas preacute-escolares de qualidade

Assim e no sentido de melhor compreender a natureza das aprendizagens que

devem nortear a accedilatildeo educativa preacute-escolar importa efetuarmos ainda que de forma

resumida uma abordagem das aacutereas e domiacutenios de conteuacutedo

A aacuterea de Formaccedilatildeo Pessoal e Social eacute considerada uma aacuterea transversal

considerando que todas as componentes curriculares deveratildeo contribuir para promover

nas crianccedilas atitudes e valores que lhes permitam tornarem-se cidadatildeos conscientes e

solidaacuterios capacitando-os para a resoluccedilatildeo dos problemas da vida Tambeacutem a educaccedilatildeo

preacute-escolar deve favorecer a formaccedilatildeo da crianccedila tendo em vista a sua plena inserccedilatildeo

na sociedade como ser autoacutenomo livre e solidaacuterio

Importa referir que entre as aprendizagens a promover estas se situam num

processo em construccedilatildeo do ser humano ldquosendo influenciado e influenciando o meio que

o rodeiardquo (MEDEB 1997 p51) eacute de salientar tambeacutem que ldquoeacute na famiacutelia e no meio

soacutecio-cultural em que vive os primeiros anos de vida que a crianccedila inicia o seu

desenvolvimento pessoal e socialrdquo (idem p52) Eacute acentuado um papel essencial na

educaccedilatildeo para os valores sendo ldquoque natildeo se ldquoensinamrdquo mas que se vivem na acccedilatildeo

conjunta e nas relaccedilotildees com os outrosrdquo (idem ibidem) As relaccedilotildees e interaccedilotildees

estabelecidas pelo adulto com as crianccedilas e o grupo o modo como as apoia satildeo

caracterizados como um suporte da educaccedilatildeo Importa ter em conta que a relaccedilatildeo

estabelecida pelo educador com as crianccedilas o modo como as valoriza e respeita

estimula e encoraja os seus processos facilita a auto-estima da crianccedila e as relaccedilotildees que

as crianccedilas estabeleceratildeo entre si Eacute ainda de considerar que ldquofavorecer a autonomia da

crianccedila e do grupo assenta na aquisiccedilatildeo do saber-fazer indispensaacutevel agrave sua

independecircncia e necessaacuterio a uma maior autonomia enquanto oportunidade de escolha e

responsabilizaccedilatildeordquo (idem p 53)

Obter maior independecircncia representa na educaccedilatildeo preacute-escolar dominar certos

saberes tais como vestir-se despir-se lavar-se comer utilizando adequadamente os

26

talheres etc mas tambeacutem serem capazes de utilizar de forma correta materiais e

instrumentos agrave sua disposiccedilatildeo tais como jogos tintas pinceis laacutepishellip (idem ibidem)

Como se afirma nas OCEPE (MEDEB 1997) reconhecer laccedilos de pertenccedila

social e cultural respeitando outras culturas eacute um aspeto que deve ser tambeacutem

valorizado na educaccedilatildeo preacute-escolar fazendo parte do desenvolvimento da identidade Eacute

de considerar que a igualdade de oportunidades entre os diferentes sexos indiviacuteduos de

diferentes classes sociais e diferentes etnias se constroacutei numa perspetiva de educaccedilatildeo

multicultural devendo esta natildeo ser apenas criada pela participaccedilatildeo na organizaccedilatildeo do

ambiente educativo mas tambeacutem pela participaccedilatildeo na aprendizagem em grupo Eacute

preciso ter em conta que a participaccedilatildeo na discussatildeo e na tomada de posiccedilatildeo favorece a

consciecircncia de valores sociais culturais e eacuteticos (idem p 55)

Em suma como as proacuteprias OCEPE alertam a aacuterea da Formaccedilatildeo Pessoal e

Social entende-se como ldquoaacuterea de conteuacutedo integradora pois embora com

intencionalidade proacutepria inscreve-se em todas as outrasrdquo (idem ibidem)

A aacuterea da Expressatildeo e Comunicaccedilatildeo como eacute referido nas OCEPE (MEDEB

1997) ldquoengloba as aprendizagens relacionadas com o desenvolvimento psicomotor e

simboacutelico que determinam a compreensatildeo e o progressivo domiacutenio de diferentes formas

de linguagemrdquo (p56) Esta aacuterea eacute a uacutenica em que se diferenciaram vaacuterios domiacutenios

Releva-se que eacute importante que os adultos facultem ocasiotildees agraves crianccedilas que

distingam o real e o imaginaacuterio pois nestas idades por vezes ainda confundem Importa

proporcionar agraves crianccedilas ldquosuportes que permitam desenvolver a imaginaccedilatildeo criadora

como procura e descoberta de soluccedilotildees e exploraccedilatildeo do lsquomundorsquo rdquo OCEPE (MEDEB

1997 p 56)

Ao niacutevel do domiacutenio da linguagem oral e abordagem agrave escrita importa que as

crianccedilas se envolvam em experiecircncias que lhes permitam progredir ao niacutevel da

expressatildeo oral e que lhe facultem a possibilidade de se familiarizarem com o coacutedigo

escrito permitindo-lhes contactar com as suas diferentes funccedilotildees Sublinha-se que numa

abordagem transversal a liacutengua portuguesa deve ser trabalhada em diferentes atividades

relacionadas com diferentes domiacutenios de conteuacutedo Importa considerar que

Proporcionar no jardim-de-infacircncia ambientes linguisticamente estimulantes e

interagir verbalmente com cada crianccedila satildeo as duas vias complementares que

podem ajudar a combater as assimetrias que afectam o desenvolvimento da

linguagem nas crianccedilas (Sim-Sim Silva amp Nunes 2008 p 12)

27

A comunicaccedilatildeo criada pelo educador permite agraves crianccedilas dominar a linguagem

ampliando o seu vocabulaacuterio e formando frases mais elaboradas O dia-a-dia na

educaccedilatildeo preacute-escolar possibilitaraacute atraveacutes de interaccedilotildees de qualidadecomplexidade

com a escrita que as crianccedilas usem corretamente frases simples de diversos tipos

As crianccedilas desde cedo conseguem distinguir a escrita do desenho comeccedilam a

ldquoimitar a escrita e a reproduzir o formato do texto escritordquo (OCEPE p 69) Mesmo que

as crianccedilas natildeo consigam reproduzir corretamente a escrita os educadores devem

incentivaacute-las nas suas tentativas Como se refere nas OCEPE (idem) ldquoa atitude do

educador e o ambiente que eacute criado devem ser facilitadores de uma familiarizaccedilatildeo com

o coacutedigo escrito Neste sentido as tentativas de escrita mesmo que natildeo conseguidas

deveratildeo ser valorizadas e incentivadasrdquo (p 69)

O educador deve inclusive ler e contar histoacuterias agraves crianccedilas pois desse modo

suscitaraacute na crianccedila o desejo de aprender a ler A forma como este lecirc e faz uso de

diferentes tipos de texto para as crianccedilas seratildeo usados por estas como exemplo de como

e para que serve ler (idem p 70)

As crianccedilas que desde cedo estatildeo envolvidas na utilizaccedilatildeo da linguagem

escrita e que vecircem outros a ler e a escrever vatildeo desenvolvendo a sua

perspectiva sobre o que eacute a leitura e a escrita e simultaneamente vatildeo

desenvolvendo capacidades e vontade para participarem em acontecimentos

de leitura e escrita (Mata 2008 p 14)

O educador tem que ter em atenccedilatildeo que em algumas ocasiotildees existem

diferentes liacutenguas como aconteceu na nossa praacutetica educativa visto que algumas

crianccedilas da sala natildeo tinham como liacutengua materna o portuguecircs Procuramos valorizar

essa dimensatildeo como meio de sensibilizar o grupo para a existecircncia de outras liacutenguas

mas tambeacutem de apoiar essas crianccedilas a acederam a um progressiva fluecircncia discursiva

No que diz respeito ao domiacutenio da matemaacutetica podemos destacar que as

crianccedilas vatildeo espontaneamente construindo noccedilotildees matemaacuteticas a partir de vivecircncias do

dia-a-dia Estas noccedilotildees fundamentam-se na vivecircncia do espaccedilo e tempo tendo como

ponto de partida as atividades espontacircneas em que se envolve ou que o educador

promove O papel da matemaacutetica na estruturaccedilatildeo do pensamento as suas funccedilotildees na

vida corrente e a sua importacircncia para aprendizagens futuras determina a atenccedilatildeo que

lhe deve ser dada na educaccedilatildeo preacute-escolar (idem p 73)

Procuraacutemos promover o desenvolvimento de noccedilotildees matemaacuteticas aproveitando

variadas situaccedilotildees luacutedicas das crianccedilas e momentos da rotina diaacuteria sabendo que como

se refere nas OCEPE (MEDEB 1997) ldquocabe ao educador partir das situaccedilotildees do

28

quotidiano para apoiar o desenvolvimento do pensamento loacutegico matemaacutetico

intencionalizando momentos de consolidaccedilatildeo e sistematizaccedilatildeo de noccedilotildees matemaacuteticasrdquo

(ibidem) Neste acircmbito importa ainda ter em conta o que afirmam Castro e Rodrigues

(2008) quando defendem que

uma das funccedilotildees do Jardim-de-Infacircncia eacute criar ambientes de aprendizagem

ricos em que as crianccedilas se possam desenvolver como seres de muacuteltiplas

facetas construindo percepccedilotildees e bases onde alicerccedilar aprendizagens Estas

reflectir-se-atildeo ao longo da vida quer nas aprendizagens quer na

sociabilizaccedilatildeo e mesmo no reconhecimento de algumas regras e

procedimentos Os nuacutemeros devem portanto desempenhar um papel

desafiante e com significado sendo a crianccedila estimulada e encorajada a

compreender os aspectos numeacutericos do mundo em que vive e a discuti-los

com os outros (p 12)

No que se refere ao domiacutenio das expressotildees como se refere nas OCEPE

(MEDEB 1997) eacute importante que o educador tenha em conta as especificidades de

cada expressatildeo mas tambeacutem a sua inter-relaccedilatildeo e a sua articulaccedilatildeo (p 57)

No que concerne agrave expressatildeo motora tal como se menciona nas OCEPE

(MEDEB 1997) ldquoao entrar para o preacute-escolar a crianccedila jaacute possui algumas aquisiccedilotildees

motoras baacutesicas tais como andar transpor obstaacuteculos manipular objectos de forma

mais ou menos precisardquo (p 58) Tendo em conta todos os movimentos que a crianccedila jaacute

possui a educaccedilatildeo preacute-escolar deve originar situaccedilotildees de exerciacutecio da motricidade

global e tambeacutem da motricidade fina permitindo que todas e cada uma aprendam a

utilizar e a dominar da melhor forma o seu proacuteprio corpo (idem ibidem) Eacute importante

que as crianccedilas usufruam de oportunidades para desenvolver os diferentes segmentos do

seu corpo facilitando a interiorizaccedilatildeo do esquema corporal e tendo consciecircncia do seu

corpo em relaccedilatildeo ao exterior aprendendo as relaccedilotildees no espaccedilo

Cabe ao educador tirar partido das situaccedilotildees que ocorrem nos diferentes espaccedilos

aproveitando a sala o espaccedilo exterior locais apetrechados e materiais que

proporcionem diversas e enriquecedoras oportunidades de expressatildeo motora O

educador deve proporcionar agraves crianccedilas formas de utilizar o seu corpo servindo-se de

jogos de movimento de sons de ritmos e danccedilas Como se afirma nas OCEPE

(MEDEB 1997) ldquotodas estas situaccedilotildees permitem que a crianccedila aprenda a utilizar

melhor o seu corpo e (hellip) que vaacute tomando consciecircncia de condiccedilotildees essenciais para

uma vida saudaacutevelrdquo (p 59)

29

A expressatildeo dramaacutetica eacute um meio de descoberta de si e do outro atraveacutes da qual

a crianccedila se afirma a si proacuteprio na relaccedilatildeo com os outros apropriando-se de situaccedilotildees

socias

Eacute frequente na idade de preacute-escolar depararmo-nos com crianccedilas movimentando-

se e colocando-se em diversas posiccedilotildees fiacutesicas muitas vezes imitando certas pessoas ou

ateacute mesmo animais E como nos referem Hohmann e Weikart (2011) ldquoexperimentar

movimentos que impliquem o corpo todo ajuda as crianccedilas a desenvolver o auto-

controlo e a consciecircncia do seu posicionamento fiacutesicordquo (p 629)

A expressatildeo musical permite a exploraccedilatildeo de sons e ritmos que as crianccedilas

produzem e exploram espontaneamente e que vatildeo aprendendo a identificar e a

reproduzir elas mesmas com os diversos aspetos que caracterizam os sons Como

afirmam Hohmann e Weikart (2011) ldquoouvir muacutesica mover-se ao seu som e fazer

muacutesica satildeo experiecircncias vitais que permitem agrave crianccedila expressar-serdquo (p 656) Os

mesmos autores acrescentam que ldquoa muacutesica acompanha-nos ao longo de toda a nossa

vida marcando acontecimentos desde do nascimento agrave morterdquo (p 657)

Baseando-se no pensamento de Carlton (1994) Hohmann e Weikart (2011)

apresentam seis aspetos que importa explorar no acircmbito de expressatildeo musical como

mover-se ao som da muacutesica explorar e identificar sons explorar a voz a cantar

desenvolver melodias cantar canccedilotildees e tocar instrumentos musicais simples

Na nossa praacutetica a muacutesica estava presente diariamente na sala pois logo pela

manhatilde as crianccedilas cantavam canccedilotildees relacionadas com os bons dias e por vezes outras

por elas sugeridas A abordagem de canccedilotildees com entusiasmo e entendendo que eacute uma

parte integrante de cultura musical da crianccedila eacute outra dimensatildeo considerada

A expressatildeo plaacutestica permite agraves crianccedilas explorarem diversos materiais e

instrumentos sendo as atividades motoras iniciadas pelas crianccedilas Como se afirma nas

OCEPE (MEDEB 1997) a crianccedila ldquoexterioriza espontaneamente imagens que

interiormente construiurdquo (p 61) Godinho e Brito (2010) defendem que ldquoeacute (hellip)

importante que as crianccedilas em ambiente de jardim-de-infacircncia possam experimentar

distintos papeacuteis de executante criador e apreciadorrdquo (p 11) e ter em conta que os

trabalhos das crianccedilas tecircm ldquosignificados concretos e partilhaacuteveis com os outrosrdquo (idem

p 65)

O desenho a pintura a digitinta a modelagem o recorte e a colagem satildeo

teacutecnicas de expressatildeo plaacutestica que devem ser explorados na educaccedilatildeo preacute-escolar

OCEPE (MEDEB 1997) Importa ainda atender agrave diversidade e quantidade de

30

materiais de modo a favorecer a expressatildeo criativa das crianccedilas Eacute importante que as

crianccedilas tenham agrave sua disposiccedilatildeo materiais que lhes possibilitem escolher e promover

diferentes formas de combinaccedilatildeo A identificaccedilatildeo e nomeaccedilatildeo de cores bem como a

mistura de cores baacutesica para formar outras (secundaacuterias) satildeo aspetos da expressatildeo

plaacutestica que tambeacutem importa explorar

No que diz respeito agrave aacuterea do Conhecimento do Mundo esta ldquoenraiacuteza-se na

curiosidade natural da crianccedila e no seu desejo de saber e compreender porquecircrdquo (idem p

79) A crianccedila antes de iniciar a educaccedilatildeo preacute-escolar sabe jaacute bastantes coisas sobre o

mundo que a rodeia A curiosidade e o desejo de descobrir e aprender das crianccedilas

manifestam-se na procura de compreensatildeo do mundo e de lhe atribuir sentido Tal

procura leva-as a formas progressivamente mais elaboradas do pensamento

A exploraccedilatildeo de conteuacutedos relacionados com esta aacuterea poderatildeo estar ldquomais ou

menos relacionada com o meio proacuteximo mas que aponta para a introduccedilatildeo a aspectos

relativos a diferentes domiacutenios do conhecimento humano (hellip) que mesmo elementares

e adequados a crianccedilas destas idades deveratildeo corresponder sempre a um grande rigor

cientiacuteficordquo (idem p 80) As OCEPE apontam ainda para que as crianccedilas possam

entender certos fenoacutemenos e acontecimentos que experienciam no seu dia-a-dia A

sensibilizaccedilatildeo agraves ciecircncias pode assim entender-se como partindo dos interesses das

crianccedilas que o educador alarga e contextualiza procurando fomentar a curiosidade e o

desejo de aprender O educador tem um papel fundamental na escolha dos conteuacutedos a

desenvolver poreacutem deve ter a preocupaccedilatildeo de acordar e negociar as suas propostas com

o grupo de modo a promover aprendizagens com significado para as crianccedilas Entre o

que se apresenta como fundamental desenvolver neste domiacutenio ldquosatildeo aspectos que se

relacionam com os processos de aprender a capacidade de observar o desejo de

experimentar a curiosidade de saber a atitude criacuteticardquo (idem p 85)

Foi com base em todas as aacutereas de conteuacutedo e domiacutenios que procuraacutemos

promover experiecircncias de aprendizagem diversas sendo que algumas dessas seratildeo

descritas e analisadas na terceira parte deste relatoacuterio

31

III Descriccedilatildeo e anaacutelise das experiecircncias de aprendizagem

O presente capiacutetulo incide sobre o processo de ensino e aprendizagem que

desenvolvemos com as crianccedilas ao longo do ano letivo de 2012-2013 apresentando um

conjunto de experiecircncias de aprendizagem atraveacutes das quais pretendemos aprofundar a

reflexatildeo sobre a accedilatildeo educativa promovida

Neste sentido procuraacutemos explicitar as intencionalidades que as orientam os

processos de desenvolvimento recursos utilizados e informaccedilatildeo tomada em

consideraccedilatildeo para a compreensatildeo do desenvolvimento desse processo e a progressatildeo

das crianccedilas

As experiecircncias de aprendizagem que aqui apresentamos incidem

particularmente sobre o segundo semestre do ano letivo referido porque foi nesse

periacuteodo que nos foi possiacutevel promover uma maior continuidade ao trabalho

desenvolvido o que permitiraacute uma melhor compreensatildeo das linhas de accedilatildeo e das formas

de intervenccedilatildeo pedagoacutegica em que nos situamos

No que se refere agrave planificaccedilatildeo da accedilatildeo educativa procuraacutemos articular num

todo coerente a nossa intervenccedilatildeo no sentido de proporcionar agraves crianccedilas a vivecircncia de

um projeto formativo integrado e em continuidade as reflexotildees preacute e poacutes-accedilatildeo com a

educadora de infacircncia cooperante foram importantes Como elementos de apoio ao

desenvolvimento desse processo relevamos as Orientaccedilotildees Curriculares para a

Educaccedilatildeo preacute-escolar o projeto curricular do grupo e os interesses e necessidades

formativas que no decurso da accedilatildeo educativa iacuteamos identificando Os planos de

intervenccedilatildeo pedagoacutegica assumiram um caraacuteter flexiacutevel de modo a podermos integrar as

contribuiccedilotildees do grupo de crianccedilas nesse processo e adequar as estrateacutegias quando

necessaacuterio de modo a garantir melhores oportunidades de aprendizagem e

desenvolvimento das crianccedilas

Ao niacutevel da recolha da informaccedilatildeo para ajudar a melhor poder compreender-se o

modo como se desenvolveu o processo de aprendizagem recorremos sobretudo a notas

de campo e registos fotograacuteficos Natildeo podemos deixar de relevar a importacircncia que

tambeacutem assumiram as produccedilotildees das crianccedilas incluiacutedas nos seus portefoacutelios pois

ajudaram-nos a melhor compreender como cada uma se apropriou e retratou as

experiecircncias promovidas

32

31 Experiecircncia de aprendizagem Respeitar as diferenccedilas um

desafio para todos

Um dos principais objetivos desta experiecircncia de aprendizagem centrou-se em

alertar as crianccedilas para a importacircncia de favorecer a integraccedilatildeo e bem-estar de todos

independentemente das diferenccedilas fiacutesicas e culturais entre outras que pudessem

possuir

Partimos da histoacuteria Elmer de David Mckee (2007) e comeccedilaacutemos por apresentar

o livro agraves crianccedilas lendo o tiacutetulo e perguntar-lhes se conheciam a histoacuteria ao que nos

responderam que natildeo Com este questionamento pretendiacuteamos saber se as crianccedilas jaacute

conheciam o conteuacutedo da histoacuteria Decidimos entatildeo solicitar agraves crianccedilas a observaccedilatildeo

da capa do livro de modo a explorar os elementos paratextuais em grande grupo

Vaacuterias crianccedilas identificaram e indicaram de imediato a personagem nela retratada

como sendo um elefante Mas duas delas manifestaram natildeo ter a certeza considerando a

aparecircncia do mesmo como as suas afirmaccedilotildees permitem perceber parece um elefante

mas parece um elefante colorido (Tiago)4 parece um elefante arco-iacuteris (Joana)

No sentido de melhor se compreenderem estes comentaacuterios importa mencionar

que o referido elefante era representado no livro atraveacutes de um desenho-ilustraccedilatildeo

desafiando agrave imaginaccedilatildeo e procurando ilustrar a mensagem pretendida de alerta para as

diferenccedilas mas afastando-se da figura ldquorealrdquo que por exemplo uma imagem

fotograacutefica permite retratar

Propusemos entatildeo agraves crianccedilas escutar com atenccedilatildeo a histoacuteria no sentido de

percebermos do que abordava Lemos a histoacuteria mostrando as imagens que a ilustravam

e no final refletimos sobre o conteuacutedo da mesma partindo da questatildeo

- Entatildeo do que nos fala a histoacuteria (Ed Estagiaacuteria)

- Eacute do Elmer Ele natildeo gostava da cor que tinha (Manuel)

- Pois ele natildeo gostava da cor que tinha e porque seria (Ed Est)

Surgiram vaacuterias respostas De entre elas destacamos as seguintes afirmaccedilotildees

- Porque ele eacute agraves cores (Gonccedilalo)

- E natildeo gostava de ser assim (Diogo)

- E depois com as tintas ficou de outra cor (Manuel)

- Pois foi Mas os outros riram-se (Margarida)

- Com a chuva voltou a ficar igual (Laura)

- E o que acharam dos elefantes se rirem dele acham que isso eacute bom (Ed Est)

- Natildeo (Vaacuterios)

- Porquecirc (Ed Est)

4 Os nomes das crianccedilas apresentadas satildeo fictiacutecios de modo a assegurar o anonimato da sua identidade

33

- Porque mesmo diferentes temos que ser amigos (Pedro)

- Porque somos todos diferentes (Inecircs)

Nota de campo 25 de fevereiro 2013

O excerto permite perceber que o conteuacutedo da histoacuteria tinha sido compreendido

referindo as crianccedilas que eram abordadas as diferenccedilas fiacutesicas que apresentava o animal

as dificuldades em aceitar a diversidade ou a diferenccedila de cor ou raccedila como as

seguintes afirmaccedilotildees permitem perceber Porque ele eacute agraves cores (Gonccedilalo) e natildeo gostava

de ser assim (Diogo) Tambeacutem a importacircncia de respeitar e aceitar as diferenccedilas foram

identificadas como conteuacutedo da histoacuteria ao reconhecerem e indicarem que natildeo foi bom

os elefantes rirem do modo como o Elmer tentou superar os constrangimentos sentidos

tentando mudar de cor justificando o Pedro porque mesmo diferentes temos que ser

amigos e acrescentando a Inecircs porque somos todos diferentes

Na sequecircncia da histoacuteria dialogaacutemos sobre possiacuteveis diferenccedilas fiacutesicas que

pudemos encontrar entre as pessoas e a importacircncia de aceitaacute-las mas tambeacutem de

respeitar e aceitar se elas quiserem fazer algumas mudanccedilas para se sentirem mais

bonitas ou felizes No sentido de uma melhor compreensatildeo desse valor alertaacutemos para

que cada um de noacutes por vezes tambeacutem mudar alguma coisa porque gosta como pintar

as unhas os laacutebios e o cabelo e noacutes gostamos e somos amigas delas quer estejam ou

natildeo pintadas Partindo desta ideia as crianccedilas falaram das suas experiecircncias e das dos

seus familiares Lembraacutemos ainda que tambeacutem noacutes natildeo somos todos iguais temos

diferenccedilas

Nesta linha de pensamento propusemos agraves crianccedilas observar diferenccedilas e

semelhanccedilas que existiam entre os elementos do grupo Vimos que uns tinham os

cabelos loiros outros castanhos e outros pretos Tambeacutem nos olhos podiacuteamos ser

diferentes e mesmo ao niacutevel da pele observando que embora fossemos todos de pele

branca uns tinham uma cor mais clara outros uma cor mais escura Sem que o

solicitaacutessemos algumas crianccedilas puxaram as mangas da camisola e colocaram o braccedilo

junto do de outras para verificarem melhor as diferenccedilas fazendo comentaacuterios sobre o

que observavam

Num outro momento mostraacutemos agraves crianccedilas duas imagens de elefantes uma

colorida como a do Elmer a personagem da histoacuteria e outra em cor cinzenta

Propusemos agraves crianccedilas que descobrissem as semelhanccedilas entre os dois elefantes

34

Observaacutemos diferentes reaccedilotildees Enquanto algumas crianccedilas manifestaram natildeo

perceber bem o pretendido outras manifestaram que isso tinha acontecido fazendo

afirmaccedilotildees como as que a seguir apresentamos e permitiram que as outras

compreendessem o que lhe tiacutenhamos solicitado fazerem

-Tecircm os dois uma tromba (Vaacuterios)

-Tecircm tambeacutem rabo para baixo as duas (Manuel)

-Tecircm dois olhos (Gabriel)

- Muito bem e haveraacute diferenccedilas entre os dois elefantes (Ed Est)

-A cor dos elefantes (vaacuterios)

-Um eacute cinzento como todos os elefantes e outro eacute agraves cores (Manuel)

Nota de campo 25 de fevereiro 2013

Como o excerto deixa perceber o diaacutelogo estabelecido possibilitou observar que

a diferenccedila que caraterizava os animais representados era a cor mas que se tratava do

mesmo tipo de ser e por isso apresentavam muitas outras carateriacutesticas comuns

Entendemos que este tipo de abordagem pode ajudar a que melhor possamos

entender aceitar e respeitar as pessoas pelos seres humanos que satildeo e ultrapassar

barreiras discriminatoacuterias que infelizmente ainda se fazem sentir Neste sentido

importa considerar que como se refere nas OCEPE (MEDEB 1997) eacute na aceitaccedilatildeo da

diferenccedila e ldquonuma perspetiva multicultural que se constroacutei uma maior igualdade de

oportunidadesrdquo (p 54)

Relevamos que esta atividade permitiu agraves crianccedilas natildeo soacute obterem e discutirem

valores que nos levem a enveredar por perspetivas e praacuteticas facilitadoras das

multiculturas e de igualdade de oportunidades como suscitar a pesquisa sobre o animal

que entrou na histoacuteria e espaccedilos em que vivia Assim levaacutemos e colocaacutemos na aacuterea da

biblioteca alguns livros sobre animais onde se incluiacuteam os elefantes o que suscitou a

continuidade da atividade Algumas crianccedilas quiseram descobrir como eram os

elefantes e se seriam todos parecidos ou natildeo Apoiaacutemo-las nesse processo ajudando-as

a descobrir mais pormenores que poderiam apontar para as diferenccedilas ou semelhanccedilas

mas relevando a importacircncia de cada um

No que se refere ao tempo de trabalho nas aacutereas importa evidenciar que algumas

crianccedilas quiseram representar ao niacutevel da expressatildeo plaacutestica figuras de elefantes

optando sobretudo por materiais tridimensionais como a plasticina como as imagens da

figura 10 permitem perceber No final sugerimos a contagem das representaccedilotildees dos

elefantes

35

As figuras apresentadas permitem observar diferentes produccedilotildees no que se

refere agrave reproduccedilatildeo de algumas partes do corpo quer agrave cor escolhida para elaborar o

trabalho As vaacuterias formas de representaccedilatildeo tambeacutem nos permitem perceber diferentes

niacuteveis de representaccedilatildeo simboacutelica incluindo e diferenciando vaacuterias partes do corpo do

animal algumas ainda o seu modo de locomoccedilatildeo enquanto outras representam apenas

para aleacutem do corpo no seu todo a parte que mais o diferencia dos outros animais a

tromba Como refere Gonccedilalves (1991) ldquoa expressatildeo eacute motivada pelo que mais a

impressionardquo (p 13)

No que se refere agrave escolha da plasticina para fazer as figuras do elefante importa

considerar que como referem Hohmann e Weikart (2011) este eacute um material a partir do

qual as crianccedilas gostam de fazer as suas reproduccedilotildees para o que em nosso entender

contribui o facto de poderem realizar produccedilotildees tridimensionais e as possibilidades de

modelagem que este material oferece

Na discussatildeo sobre os animais surgiu a questatildeo de como se designa um conjunto

de elefantes (nomes coletivos) ao que uma das crianccedilas respondeu prontamente eacute uma

manada (Carlos) No sentido de partilha de saberes possuiacutedos por cada um em relaccedilatildeo

ao toacutepico sobre o qual viacutenhamos a interrogar as crianccedilas solicitaacutemos-lhes que dissessem

o que sabiam sobre os elefantes Surgiram vaacuterias respostas entre as quais sublinhamos

- Tem uma tromba (Laura)

- Tem orelhas grandes (Pedro)

- Tem quatro patas (Tiago)

- Eles podem beber com a tromba (Rafael)

As respostas obtidas permitem-nos perceber que as crianccedilas jaacute possuiacuteam alguns

conhecimentos acerca das caracteriacutesticas dos elefantes mas tambeacutem que ainda havia

muitas coisas que poderiacuteamos aprender sobre eles Neste sentido sugerimos-lhes

Figura 10 ndash Produccedilotildees das crianccedilas em plasticina na sequecircncia da exploraccedilatildeo da histoacuteria do Elmer

36

visualizar imagens em PowerPoint que ilustravam as caracteriacutesticas do elefante No

final da apresentaccedilatildeo questionaacutemo-nos sobre o observado comeccedilando por colocar-lhes

um questatildeo sobre os seus haacutebitos alimentares

- Do que seraacute que o elefante se alimenta (Ed Est)

- Comem plantas (Pedro)

- E maccedilatildes das aacutervores (Ricardo)

- Bebem a aacutegua (Gabriel)

-Comem tambeacutem bananas (Gonccedilalo) Nota de campo 25 de fevereiro 2013

Entre as vaacuterias questotildees e respostas que surgiram a discussatildeo incidiu sobre os

dentes dos elefantes e a sua funccedilatildeo o nuacutemero de patas que tinham e como eram

constituiacutedas bem como sobre qual a funccedilatildeo da tromba para aleacutem de ser para beber

Este momento de diaacutelogo em grande grupo permitiu que as crianccedilas aprendessem a

ouvir-se umas agraves outras a esperar a sua vez para falar e para colaborar na atividade

Possibilitou ainda que conhececircssemos melhor as carateriacutesticas e os interesses das

crianccedilas pelo que nos parece poder ir ao encontro da ideia de Hohmann e Weikart

(2011) quando referem que

enquanto as crianccedilas interagem com materiais pessoas ideias e

acontecimentos para construir o seu proacuteprio entendimento da realidade os

adultos observam e interagem com elas para descobrir como as crianccedilas

pensam e raciocinam Os adultos tentam reconhecer os interesses e

capacidades particulares das crianccedilas oferecer-lhes apoio e colocar-lhes

desafiosrdquo (p 27)

Na sequecircncia da observaccedilatildeo das imagens dos livros sobre os animais integrados

na biblioteca iam surgindo perguntas em torno dos mesmos e do local onde viviam Por

isso e no sentido de poder alargar essa abordagem entendemos recorrer a vaacuterias

figurasbrinquedos de animais apresentando-os numa maqueta em que se encontravam

representados diferentes tipos de habitats As crianccedilas mostraram-se bastante curiosas

em descobrir quais os animais aiacute representados e os locais em que surgiam situados No

decurso do diaacutelogo uma crianccedila questionou-nos sobre o significado da palavra habitat

Perguntaacutemos ao grupo quem sabia e queria explicar ao colega mas gerando-se um

silecircncio informaacutemos que se tratava do local no qual vivem os animais e propusemos

que observassem a maqueta e descobrissem que locais se encontravam laacute representados

Obtivemos respostas variadas como

-Ali eacute a aacutegua (Diogo)

-Eacute na terra (Laura)

-Nas montanhas (Margarida)

37

Nota de campo 25 de fevereiro 2013

Informaacutemos as crianccedilas que todas as repostas correspondiam a elementos que

faziam parte dos habitats dos animais e que estes eram de trecircs tipos o terrestre o

aquaacutetico e o aeacutereo Realizaacutemos uma breve explicaccedilatildeo agraves crianccedilas da constituiccedilatildeo dos

habitats e dos animais que os habitavam

Distribuiacutemos por cada crianccedila a figura de

um animal em formato de fantoche e

solicitaacutemos-lhes que cada uma identificasse o

animal que tinha na matildeo e qual o habitat em que

esse animal se integraria colocando-o na

maqueta como a figura 11 permite perceber

Todas as crianccedilas participaram nesta atividade A

realizaccedilatildeo da atividade em grande grupo permitiu

partilhar ideias e valorizar os saberes de todos no

sentido de um enriquecimento muacutetuo

Esta atividade tinha como objetivo principal ajudar as crianccedilas a compreender

que os animais podem viver em diferentes ambientes ecoloacutegicos Sugerimos agraves crianccedilas

que desenhassem um animal e o seu habitat

Como forma de dar continuidade agrave atividade sobre os animais sugerimos a

realizaccedilatildeo do jogo ldquoOs animais da selvardquo que consistia em retirar de entre um conjunto

de cartotildees apresentados numa caixa um cartatildeo seria lida a tarefa agrave crianccedila e esta

concretizaacute-la-ia Entre as propostas de realizaccedilatildeo apresentadas constavam por exemplo

imitar o som de um determinado animal representar o seu modo de locomoccedilatildeo e cantar

uma canccedilatildeo relacionada com os animais

No sentido de dar continuidade agrave exploraccedilatildeo da histoacuteria do Elmer solicitaacutemos as

crianccedilas num momento de trabalho em grande grupo a identificarem e nomearem as

cores primaacuterias Obtivemos respostas variadas por parte das crianccedilas algumas

respondiam corretamente ao nome das cores e outras natildeo as identificavam Decidimos

entatildeo explorar as cores primaacuterias e para que melhor pudessem observaacute-las e identificaacute-

las colocaacutemos tintas com as trecircs cores primaacuterias (azul amarelo e vermelho) em frascos

transparentes As crianccedilas puderam mexer e fazer pinceladas na folha No decurso da

atividade uma crianccedila referiu que existem tambeacutem as cores secundaacuterias (Margarida)

Figura 11 - Crianccedila colocando o animal no

habitat

38

Noutro momento e ainda no acircmbito do processo de identificaccedilatildeo das cores

propusemos agraves crianccedilas a utilizaccedilatildeo de outros recursos folhas de acetato e guaches

Sugerimos-lhes que colocassem em cada folha gotas de tinta de cores diferentes e

depois que as juntassem Ao juntarem as duas folhas de acetatos as crianccedilas reparavam

que surgiria uma nova cor Sugerimos agraves crianccedilas a realizaccedilatildeo do quadro das cores que

integraria as cores primaacuterias num primeiro momento e ao qual iriacuteamos mais tarde

acrescentar as secundaacuterias (verde laranja e roxo) Questionaacutemos as crianccedilas de modo a

identificarem e nomearem as cores e conforme iam sendo identificadas iam sendo

colocadas pelas crianccedilas no quadro

Procedemos num segundo momento agrave exploraccedilatildeo de uma cor secundaacuteria o

verde propondo agraves crianccedilas a mistura das cores amarela e azul e tentar que as crianccedilas

descobrissem que cor surgia dessa mistura Algumas crianccedilas responderam

corretamente que surgiria a cor verde As crianccedilas colocaram a cor verde em frente agrave cor

amarela e azul para que percebessem que da junccedilatildeo das duas cores iniciais resultava

essa cor

Repetimos esse mesmo processo com as cores amarelo e vermelho de cuja

junccedilatildeo surgiu o laranja e com o azul e vermelho

da qual surgiu o roxo Completaacutemos o quadro das

cores primaacuterias e secundaacuterias com as tintas que jaacute

possuiacuteamos e com as novas tintas que surgiram

na junccedilatildeo das cores primaacuterias

Expusemos o trabalho na sala permitindo

relembrar e melhor memorizar o nome das

diferentes cores (primaacuterias e secundaacuterias) como a

figura 12 permite observar

No desenvolvimento da atividade as crianccedilas mostraram-se bastante

surpreendidas com o surgir da nova cor a partir da junccedilatildeo das duas cores iniciais

expressando alegria e desejo de fazer novas experiecircncias Neste sentido importa ter em

conta que como refere Luft (2011) ldquoa cor eacute um dos principais elementos das artes

visuais (hellip) despertando sensaccedilotildees e emoccedilotildees seja na pintura na esculturardquo (p 304)

entre outras teacutecnicas de expressatildeo plaacutestica

Procurando que as crianccedilas tirassem partido das cores exploradas sugerimos agraves

crianccedilas que decorassem a imagem do elefante Elmer utilizando folhas em formato A2

A proposta inicial era de que as crianccedilas pintassem a imagem do elefante Elmer

Figura 12 - Quadro das cores primaacuterias e

secundaacuterias

39

recorrendo agrave teacutecnica de pintura sopro que consistia em colocar um pouco de tinta num

quadrado e soprar com a palhinha de forma a espalhar a cor por todo o quadrado do

papel Algumas crianccedilas manifestaram bastante dificuldade na realizaccedilatildeo do sopro e

comeccedilaram a utilizar a palhinha como forma de pincel Decidimos entatildeo sugerir a

essas crianccedilas que utilizassem pinceacuteis se assim o entendessem No final surgiu uma

figura de elefante muito colorida aos quadrados que expusemos junto agrave da entrada para

a sala no sentido de partilhar a experiecircncia com os pais

Em siacutentese no acircmbito desta experiecircncia de aprendizagem promovemos a criaccedilatildeo

de oportunidades de as crianccedilas desenvolverem saberes que se prendem particularmente

com as carateriacutesticas da vida animal e a composiccedilatildeo das cores (primaacuterias e secundaacuterias)

numa dimensatildeo articulada da aacuterea do mundo fiacutesico e social e dos domiacutenios da expressatildeo

oral dramaacutetica e plaacutestica Foi nossa preocupaccedilatildeo que as crianccedilas pudessem questionar-

se manifestar as suas opiniotildees e implicar-se na exploraccedilatildeo dos materiais colocados agrave

sua disposiccedilatildeo Neste acircmbito releva-se nas OCEPE (MEDEB 1997) que ldquoa

identificaccedilatildeo e nomeaccedilatildeo das cores a mistura de cores baacutesicas para formar outras satildeo

aspetos da expressatildeo plaacutestica que se ligam com a linguagem e o Conhecimento do

Mundordquo (pp 62-63) Nesta experiecircncia de aprendizagem pudemos relevar a exploraccedilatildeo

do mundo fiacutesico mas tambeacutem e sobretudo o social no sentido de valorizar a

construccedilatildeo de um pensamento aberto a formas diversas de ser e estar no quadro de

valores de respeito aceitaccedilatildeo e de diaacutelogo com os outros

32 Experiecircncia de aprendizagem Aprender a observar e conhecer

Considerando o interesse manifestado pelas crianccedilas em relaccedilatildeo ao conteuacutedo da

histoacuteria do Elmer sendo a mesma referida em vaacuterios e diferentes momentos decidimos

dar-lhe continuidade explorando o livro intitulado Elmer e o arco-iacuteris de David

Mckee5 Trata-se de uma histoacuteria que aborda os valores de

entreajuda dar algo sem o perder bem como os sentimentos de

amizade e de felicidade

Relevamos neste sentido que como refere Mata (2008)

ldquoa leitura de histoacuterias eacute uma actividade muito rica e completa

5 A imagem do livro que consta na figura 13 foi obtida em

httpwwwcaminholeyacomfotosprodutos500_9789722118620_elmer_e_o_arco_irisjpg

Figura 13 - Livro - Elmer e o

arco-iacuteris de David Mckee

40

pois permite a integraccedilatildeo de diferentes formas de abordagem agrave linguagem escrita em

geral e agrave leitura de uma forma especiacuteficardquo (p 78)

Comeccedilaacutemos por observar interpretar e descrever oralmente as imagens da capa

e da contracapa tendo como objetivo que as crianccedilas compreendessem que tanto as

palavras escritas como os desenhos transmitem informaccedilotildees Embora algumas crianccedilas

manifestassem possuir conhecimento acerca da composiccedilatildeo dos livros mas que nem

conseguiam fazecirc-lo entendemos explicar esses elementos agraves crianccedilas Procedemos em

seguida agrave leitura expressiva da mesma No final questionaacutemos as crianccedilas acerca do

seu conteuacutedo e todas referiram que falava sobre o arco-iacuteris sobre este ter perdido as

suas cores e o elefante Elmer ter ajudado a que este as recuperasse As crianccedilas

mencionaram partes da histoacuteria relevantes mostrando ter prestado atenccedilatildeo agrave leitura e tecirc-

la interiorizado Importa ter em conta que como se refere nas (OCEPEMEDEB

1997) ldquoeacute no clima de comunicaccedilatildeo criado pelo educador que a crianccedila iraacute dominando a

linguagem alargando o seu vocabulaacuterio construindo frases mais correctas e complexas

adquirindo um maior domiacutenio da expressatildeo e comunicaccedilatildeordquo (p 67)

Nesta linha de pensamento e aproveitando as ideias que as crianccedilas

mencionaram questionaacutemo-las sobre o que sabiam acerca do arco-iacuteris tais como

quantas cores teria o arco-iacuteris e obtivemos respostas como

-Tem cinco cores (Diogo)

- Acho que tem seis cores (Gonccedilalo)

- Eu acho que tem sete cores (Tiago)

- Tem muitas cores (Laura)

As afirmaccedilotildees das crianccedilas deixam perceber que natildeo tinham a certeza em

relaccedilatildeo agraves cores do arco-iacuteris o que era de esperar dado a tenra idade das crianccedilas

Decidimos revelar agraves crianccedilas o verdadeiro nuacutemero de cores que tem o arco-iacuteris

referindo que o arco-iacuteris apresenta sete cores Continuando o diaacutelogo procuraacutemos levar

as crianccedilas a idealizarem e nomear as possiacuteveis cores do arco-iacuteris Obtivemos as

seguintes respostas

- O arco-iacuteris tem amarelo (Pedro)

-Tem tambeacutem azul (Rodrigo)

- Tem verde o arco-iacuteris (Tiago)

- Eu acho que tambeacutem tem cor de laranja (Gonccedilalo)

- Natildeo tem eacute vermelho (Pedro)

- Eu acho que tem cor-de-rosa (Inecircs) Nota de campo 11 de marccedilo 2013

41

Algumas crianccedilas comentaram que natildeo sabiam porque nunca o tinham visto

outras disseram que jaacute o tinham visto mas que natildeo se lembravam das cores que eram

Decidimos entatildeo informar as crianccedilas das cores que o arco-iacuteris possui nomeadamente

o violeta anil azul verde amarela laranja e vermelho

As crianccedilas que tinham respondido corretamente a uma das cores sentiram-se

bastante satisfeitas mostraram conforto e confianccedila em si proacuteprias comentando a sua

resposta entre o grupo Como referem Hohmann e Weikart (2011) ldquoas reflexotildees das

crianccedilas sobre as suas acccedilotildees satildeo uma parte

fundamental do processo de aprendizagem Ouvir e

encorajar a forma particular como cada crianccedila pensa

fortalece o seu pensamento emergente e as suas

capacidades de raciociacuteniordquo (p 47)

Sugerimos agraves crianccedilas que desenhassem e

pintassem numa folha branca como julgavam que era

constituiacutedo o arco-iacuteris exemplo figura 14

Durante a atividade as crianccedilas comentavam entre si qual seria a cor com que o

arco-iacuteris iniciava tentavam lembrar-se da ordem das

cores e curiosamente comentavam o formato do arco-iacuteris

referiam-se a este como tendo uma forma muito

semelhante a uma ponte Depois de vaacuterias crianccedilas terem

desenhado o arco-iacuteris exemplo figura 15 mostraacutemos a

imagem do mesmo no sentido de melhor perceberem

como era constituiacutedo Esta experiecircncia permitiu relembrar

as cores partindo da sua identificaccedilatildeo num fenoacutemeno da

natureza

Expusemos uma imagem do arco-iacuteris ldquorealrdquo numa das paredes da sala para que

todos a visualizassem e comparassem com os desenhos que eles tinham realizado

anteriormente A reaccedilatildeo das crianccedilas foi surpreendente comentavam a imagem

sublinhando a beleza da mesma e as experiecircncias possuiacutedas de ter visto ou natildeo esse

fenoacutemeno

A alegria aumentava agrave medida que descobriam que tinham colocado no desenho

cores que correspondiam agraves observadas no fenoacutemeno do arco-iacuteris e que uma ou outra

surgiam segundo a mesma ordem

Figura 14 - Desenho de um arco-iacuteris

realizado por uma crianccedila da sala

Figura 15 - Arco-iacuteris elaborado

por uma crianccedila da sala

42

No sentido de relembrar e explorar o conteuacutedo da histoacuteria Elmer e o arco-iacuteris

propusemos a realizaccedilatildeo de um jogo de expressatildeo de afetos intitulado como o ldquoJogo

dos sorrisosrdquo O objetivo do jogo consistia em compreender a importacircncia de expressar

pequenos gestos que satildeo importantes para quem os recebe e para quem os daacute que natildeo

representam perdas mas antes ganhos como por exemplo dar um sorriso ou um abraccedilo

a algueacutem As crianccedilas manifestaram terem compreendido o conteuacutedo da histoacuteria e por

conseguinte o que se pretendia do jogo

O jogo constava de uma crianccedila de cada vez ir retirar um cartatildeo de dentro de

uma caixa no qual estava escrito uma mensagem que educadora lhe lia e que ela iria

transmitir a algueacutem da sala que escolhesse dirigir-lha Todas as crianccedilas participaram

no jogo recebendo e manifestando gestos Entre as

mensagens escritas nos cartotildees encontrava-se por

exemplo dar um abraccedilo um beijo no rosto um aperto

de matildeo entre outros As crianccedilas manifestaram

grande interesse e entusiamo em realizar o jogo

observando-se grande envolvimento na realizaccedilatildeo do

mesmo como a tiacutetulo de exemplo a imagem da figura

16 permite perceber que as crianccedilas estatildeo a dar as matildeos

manifestando gesto de carinho

No sentido de ajudar as crianccedilas a compreenderem a que se deve a formaccedilatildeo do

arco-iacuteris procuraacutemos num outro momento propor uma atividade praacutetica que permitisse

observar o surgir desse fenoacutemeno Comeccedilaacutemos por perguntar agraves crianccedilas se sabiam

como este fenoacutemeno surgia tentando auscultar as ideias preacutevias Entre essas ideias

surgiram as seguintes

- Podemos ver o arco-iacuteris quando haacute sol e chuva (Manuel)

- Eacute preciso haver chuva e sol (vaacuterios)

- O arco-iacuteris vai sempre buscar aacutegua aos rios (Manuel)

Nota de campo 11 de marccedilo de 2013

As afirmaccedilotildees das crianccedilas deixam perceber que algumas jaacute apresentam ideias

sobre as carateriacutesticas temporais que levam a que se decirc a refraccedilatildeo da luz do sol e se

observe a formaccedilatildeo do arco-iacuteris apesar de ainda natildeo dominarem o conhecimento

cientiacutefico do fenoacutemeno Por usa vez a afirmaccedilatildeo do Manuel deixa perceber que pode

entender-se como indo ao encontro do afirmado por Martins et al (2009) quando

Figura 16 - Crianccedilas jogando o

Jogo dos sorrisos

43

lembram que ldquoas crianccedilas datildeo explicaccedilotildees que muitas vezes natildeo correspondem ao

conhecimento cientiacutefico actual mas que tem loacutegica para sirdquo (p 12)

Assim e depois de um breve diaacutelogo sobre o fenoacutemeno sugerimos a realizaccedilatildeo

de uma atividade sobre a formaccedilatildeo do arco-iacuteris manifestando-se as crianccedilas bastante

curiosas em saber como fazer para que o fenoacutemeno ocorresse

Os materiais utilizados para a realizaccedilatildeo da atividade praacutetica foram previamente

fabricados e preparados por noacutes bem como testada a experiecircncia Para tal fizemos uma

abertura estreita em forma de retacircngulo numa cartolina preta de seguida colocaacutemos a

cartolina em frente ao nosso peito na horizontal e apontaacutemos luz para essa abertura de

forma a conseguirmos um raio de luz estreito Colocaacutemos um espelho inclinado numa

tina com aacutegua e inclinaacutemos uma folha grande de cartolina branca junto da tina com

aacutegua Apontaacutemos a luz atraveacutes da cartolina preta

para que esta acertasse no espelho No final

tiacutenhamos conseguido ver a formaccedilatildeo do arco-iacuteris

Estes procedimentos foram repetidos com as

crianccedilas na atividade que viacutenhamos a descrever foi

possiacutevel observarmos a refraccedilatildeo da luz formando o

arco-iacuteris que se apresenta na figura 17

Procuraacutemos diversificar os materiais e ajudar as

crianccedilas a compreenderem que o efeito pode provir de vaacuterias fontes Neste sentido

observaacutemos tambeacutem o aparecimento do arco-iacuteris atraveacutes de uma lanterna e de um Cd

permitindo este objeto tambeacutem fazer com que se decirc a refraccedilatildeo da luz da lanterna e por

conseguinte a sua divisatildeo em vaacuterias cores fazendo o efeito de arco-iacuteris Fizemos incidir

a luz da lanterna na parte superior do cd e inclinaacutemos o cd para que a luz incidisse na

parede pois eacute nesta que as crianccedilas conseguem ver as cores do arco-iacuteris

Inicialmente as crianccedilas mostravam-se bastante eufoacutericas e curiosas em saber

como iria aparecer o arco-iacuteris com dois objetos (uma lanterna e um Cd) No entanto ao

iniciarmos a atividade fez-se uma grande silecircncio na sala dado o interesse e a atenccedilatildeo

com que estavam para observar o resultado Quando mostraacutemos que era possiacutevel fazer

aparecer o reflexo do arco-iacuteris na parede da sala estas ficaram surpreendidas

experimentaram tambeacutem as crianccedilas refletirem a imagem do arco-iacuteris com os dois

objetos Terminada a atividade praacutetica as crianccedilas referiram que gostavam de mostrar

aos pais esta atividade iriam inclusive pedir para que estes disponibilizassem uma

lanterna e um Cd

Figura 17 - Resultado da atividade

praacutetica sobre a formaccedilatildeo do arco-iacuteris

44

No decurso da semana sugerimos agraves crianccedilas uma nova atividade praacutetica ainda

de acordo com o que tiacutenhamos explorado anteriormente Poreacutem desta vez

pretendiacuteamos enveredar pelo efeito contraacuterio ao das atividades anteriores ou seja a

uniatildeo de vaacuterias cores formando uma soacute Assim solicitaacutemos agraves crianccedilas que colorissem

com cada cor as divisotildees de um ciacuterculo que lhe apresentaacutemos desenhado em cartolina

branca Quando terminavam de colorir o ciacuterculo colocavam o laacutepis de carvatildeo no centro

e faziam o ciacuterculo girar O objetivo era visualizar qual a cor que surgiria ao girar o laacutepis

pois as crianccedilas tinham diferentes cores nos ciacuterculos Mostraacutemos agraves crianccedilas um ciacuterculo

pintado com as cores do arco-iacuteris e perguntaacutemos agraves crianccedilas se sabiam qual a cor que

surgiria ao rodarmos o laacutepis observando-se as seguintes respostas

-Vai ficar azul-escuro (Manuel)

-Se rodares muito depressa vai ficar tudo vermelho (Pedro)

-Vai aparecer o arco-iacuteris (Margarida)

-Se calhar vai ficar tudo amarelo (Pedro)

- Fica quase branco (Manuel) Nota de campo 12 de marccedilo 2013

Todas as crianccedilas faziam tentativas para acertar na cor que surgiria ao rodar o

laacutepis decidimos deste modo rodaacute-lo O objetivo da atividade era como jaacute antes

referimos que as crianccedilas percebessem que ao juntar todas as cores do arco-iacuteris a cor

que surgiria era a cor branca

Eacute de referir que esta atividade natildeo correu como era esperado pois as crianccedilas

natildeo conseguiam colocar o laacutepis a girar de modo a que o movimento permitisse a junccedilatildeo

das vaacuterias cores e fosse possiacutevel observar apenas a cor branca

Para que as crianccedilas natildeo ficassem desiludidas por um lado e por outro lado para

promover a interaccedilatildeo entre pais e filhos sugerimos agraves crianccedilas que realizassem a mesma

atividade em casa com o auxiacutelio dos pais pedindo-lhes para as ajudarem a fazecirc-la e que

dialogassem de modo a descobrirem com eles a cor que surgiria quando fizessem girar o

laacutepis Refletindo sobre a atividade importa sublinhar que aprendemos que nem sempre

eacute faacutecil gerir imprevisibilidades mas que temos de saber superaacute-las tentando encontrar

soluccedilotildees alternativas Meditando sobre a experiencia de aprendizagem desenvolvida a

partir do livro Elmer e o arco-iacuteris sublinhamos as oportunidades criadas para as

crianccedilas se envolverem em diferentes atividades nas quais foram levadas em

consideraccedilatildeo os saberes e interesses manifestados por elas valorizar a ludicidade como

estrateacutegia de envolvimento na construccedilatildeo de conhecimento cientiacutefico

45

Sabemos que haacute fenoacutemenos que as crianccedilas vatildeo observando e aprendendo a

identificar mas tambeacutem que nem sempre tecircm oportunidades de conhecer fatores que lhe

datildeo origem pelo que importa promover situaccedilotildees de aprendizagem em contexto preacute-

escolar que as ajudem na compreensatildeo dos mesmos Foi nessa linha de pensamento que

surgiram as atividades que desenvolvemos em torno do arco-iacuteris

As crianccedilas envolveram-se e manifestaram sentir gosto e prazer em concretizar

as atividades desenvolvidas parecendo-nos terem contribuiacutedo para que desenvolvessem

saberes e criar oportunidades de partilha dos mesmos com os outras crianccedilas e adultos e

com os pais

Relevamos ainda a importacircncia que nos parece ter assumido o alertar das

crianccedilas para a atenccedilatildeo a prestar aos outros e a importacircncia de manifestar e receber

afetos no quadro de construccedilatildeo de uma sociedade comunicativa solidaacuteria e facilitadora

da integraccedilatildeo de todos

33 Experiecircncia de aprendizagem Conhecendo diferentes culturas

No decurso da accedilatildeo educativa surgiu a abordagem da questatildeo das diferenccedilas

entre as culturas levando-nos a pensar ser importante aprofundar o questionamento e

reflexatildeo sobre esse toacutepico Nesse sentido entendemos partir da leitura da histoacuteria

Meninos de todas as cores de Luiacutesa Ducla Soares

Em trabalho de grande grupo comeccedilaacutemos por ler o tiacutetulo da histoacuteria e questionar

as crianccedilas no sentido de perceber se a conheciam As suas afirmaccedilotildees levaram-nas a

perceber que natildeo era do seu conhecimento mas que o tiacutetulo da histoacuteria estimulou a sua

curiosidade comeccedilando a fazer comentaacuterios entre si sobre a mesma e sobre o que

entendiam poder incidir

Procedemos agrave leitura da histoacuteria acompanhado com a apresentaccedilatildeo das

imagens manifestando-se as crianccedilas muito atentas ateacute ao final da mesma Terminada a

leitura questionaacutemos as crianccedilas sobre o que achavam da histoacuteria Elas afirmaram ter

apreciado o seu conteuacutedo e ilustraccedilatildeo

Sugerimos-lhes o reconto da histoacuteria neste as crianccedilas surpreendentemente

referiram pormenores do conteuacutedo da histoacuteria como a cor de cada crianccedila aspetos

sobre cada cor e respetivos objetos relacionados com as cores O entusiasmo com que

comunicavam e escutavam as outras crianccedilas deixava perceber o reconhecimento do

valor formativo da atividade Importa neste sentido relevar que como sublinham Sim-

46

Sim Silva e Nunes (2009 retomando a ideia de Mata 2008) ldquoeacute funccedilatildeo do educador

alargar intencionalmente as situaccedilotildees de comunicaccedilatildeo (hellip) que permitam agraves crianccedilas

dominar a comunicaccedilatildeo como emissores e receptoresrdquo (p 35)

Os comentaacuterios feitos pelas crianccedilas em relaccedilatildeo ao conteuacutedo da histoacuteria a

procura do livro no tempo das atividades nas aacutereas de atividades na sala e a atitude de

respeito que pareciam manifestar uns em relaccedilatildeo aos outros levou-nos a inferir ter sido

pertinente a escolha que fizemos da obra para explorar com as crianccedilas no quadro dos

seus possiacuteveis contributos para que cada um como cidadatildeo possa assumir uma atitude

de abertura aceitaccedilatildeo das diferenccedilas e valorizaccedilatildeo de todos Neste acircmbito importa

considerar que como se refere nas OCEPE (MEDEB 1997) ldquoa aceitaccedilatildeo da diferenccedila

sexual social e eacutetnica eacute facilitadora da igualdade de oportunidades num processo

educativo que respeita diferentes maneiras de ser e de saber para dar sentido agrave

aquisiccedilatildeo de novos saberes e culturasrdquo (p 54) Merece ainda natildeo esquecer que ldquoeacute numa

perspetiva de educaccedilatildeo multicultural que se constroacutei uma maior igualdade de

oportunidades entre mulheres e homens entre indiviacuteduos de diferentes classes sociais e

de diferentes etniasrdquo (pp 54-55)

Nesta linha de pensamento importa que na educaccedilatildeo preacute-escolar as crianccedilas

usufruam de oportunidades de se envolver em experiecircncias formativas que lhes

facilitem a aquisiccedilatildeo de um espiacuterito criacutetico e a interiorizaccedilatildeo de valores conhecimentos

e atitudes que contribuam para que possam comportar-se e agir segundo princiacutepios de

equidade respeito e aceitaccedilatildeo de todos no quadro de uma cidadania responsaacutevel e

esclarecida

Num outro momento e em continuidade de outras atividades desenvolvidas

anteriormente propusemos agraves crianccedilas uma atividade no acircmbito do desenvolvimento do

domiacutenio da linguagem oral e abordagem agrave escrita nomeadamente ao niacutevel da

consciecircncia fonoloacutegica e da consciecircncia grafemaacutetica

Comeccedilaacutemos por solicitar agraves crianccedilas em trabalho de pequeno grupo que

tentassem identificar siacutelabas comuns em diferentes palavras ou seja que terminassem

com a mesma siacutelaba Nesse sentido distribuiacutemos pelas crianccedilas cartotildees com trecircs

diferentes imagens e a palavra escrita que lhe correspondia solicitando-as a contornar a

siacutelaba final de cada palavra Exploraacutemos oralmente as siacutelabas de uma palavra dizendo

por exemplo Ca-ra-col (Caracol) acompanhando com palmas das crianccedilas consoante

as siacutelabas da palavra Percebemos que a maioria das crianccedilas conseguia reproduzir

corretamente o nuacutemero de siacutelabas correspondente agrave segmentaccedilatildeo das palavras em

47

siacutelabas atraveacutes do batimento de palmas Poreacutem trecircs crianccedilas das mais novas ainda natildeo

o conseguiam fazer corretamente Decidimos por isso repetir a atividade fazendo uma

crianccedila de cada vez e variando as palavras par manter o interesse e implicaccedilatildeo das

crianccedilas na atividade Reconhecemos que eacute importante organizarmos previamente a

atividade de forma a trabalhar corretamente a consciecircncia fonoloacutegica e a divisatildeo silaacutebica

das palavras com as crianccedilas criando condiccedilotildees apelativas para estimular o interesse

das mesmas ou seja criar ldquocondiccedilotildees para que as crianccedilas aprendamrdquo (MEDEB 1997

p 66)

Retomando a reflexatildeo sobre a atividade em anaacutelise sugerimos que as crianccedilas

assinalassem a uacuteltima siacutelaba das palavras Algumas crianccedilas fizeram-na sem ajuda

poreacutem outras crianccedilas necessitaram dela sendo a mesma proporcionada quer pelos

adultos da sala quer por outras crianccedilas com um niacutevel de desenvolvimento superior

Neste sentido sublinhamos a importacircncia que assume o desenvolver atividades em

pequeno grupo no qual possam beneficiar de apoio de outros que integram um niacutevel

desenvolvimento superior de modo a que possa atuar na zona de desenvolvimento

proximal (Vygotsky 1979) Neste acircmbito Novo (2009 retomando a perspetiva do

autor 1996) sublinha que ldquocom auxiacutelio de uma outra pessoa toda a crianccedila pode fazer

mais do que faria sozinhardquo (p 58)

A atividade foi gratificante natildeo apenas para as crianccedilas mas tambeacutem para noacutes

adultos percebendo os seus contributos em termos formativos indo portanto ao

encontro dos objetivos pretendidos Apesar da tenra idade foi interessante ver como as

crianccedilas aderiram agrave atividade e a realizaram com bastante empenho tentando responder

corretamente chamando os adultos para confirmarem as suas respostas e para ajudaacute-las

na sua melhor realizaccedilatildeo

Dialogaacutemos com as crianccedilas sobre a histoacuteria e sobre a opiniatildeo destas

relativamente agrave mesma escutando as suas respostas Propusemos-lhes a realizaccedilatildeo de

um ldquoestendalrdquo de palavras observando que era a primeira vez que trabalhavam com

este Explicamos-lhes o que se pretendia da atividade e vaacuterias crianccedilas sorriram e

comentaram-na ficando curiosas Procedemos agrave elaboraccedilatildeo da atividade pendurando o

fio de latilde na sala de modo a que estivesse ao acesso de todas as crianccedilas Apresentaacutemos-

lhes cartotildees com imagem e a palavra respetiva as quais no seu conjunto formavam

uma das frases retirada da histoacuteria e que tinha sido lida agraves crianccedilas

Sob a forma de jogo em que fosse articulado o prazer de brincar e o de

concretizar da tarefa propusemos que a realizaccedilatildeo do referido jogo tentando ordenar os

48

cartotildees com as imagens de modo a construirmos a frase isto eacute trabalhando a

construccedilatildeo fraacutesica As imagens da frase a ordenar eram relativas agrave frase O menino

branco entrou num aviatildeo

Relacionado com esta atividade procedemos agrave contagem do nuacutemero de cartotildees

pendurados no fio explorando o conceito de cardinal algumas crianccedilas identificaram de

imediato os seis cartotildees As crianccedilas participaram e gerou-se companheirismo na ajuda

em dar uns aos outros no sentido de que todos fossem bem-sucedidos na concretizaccedilatildeo

da proposta Trabalhamos a consciecircncia de grafema com a ajuda das educadoras (figura

18)

-Sabes que letra eacute essa que tens na matildeo

(Ed Est)

-Sei esta letra estaacute no meu nome tambeacutem eacute

um O (Rodrigo)

-Achas que essa letra eacute do mesmo tamanho

das outras (Ed Est)

-Natildeo acho que eacute maior que as outras

(Rodrigo)

Nota de campo 8 de abril 2013

Conforme iacuteamos questionando as crianccedilas de certa forma iacuteamos tambeacutem

implementando alguma informaccedilatildeo no acircmbito do domiacutenio da linguagem oral e

abordagem agrave escrita As crianccedilas iam organizando ideias mentais fazendo a construccedilatildeo

fraacutesica da mesma e compreendiam inclusive que a escrita e os desenhos transmitem

informaccedilatildeo Repetimos este exerciacutecio com vaacuterias crianccedilas pois a maioria queria

participar e colocar os cartotildees no estendal

Observaacutemos que algumas crianccedilas fizeram a construccedilatildeo fraacutesica muito mais

raacutepido do que outras manifestando algumas uma certa dificuldade na construccedilatildeo

revelando algumas incerteza sobre o que fazer

Assim e procurando que as crianccedilas percebessem a frase tiacutenhamos a imagem a

acompanhar e questionaacutemo-las vaacuterias vezes sobre a imagem que cada cartatildeo tinha a

acompanhar Atraveacutes das imagens em geral as crianccedilas compreendiam que a frase (natildeo

construiacuteda) natildeo fazia total sentido na sua leitura e voltavam a iniciar a atividade do

estendal por vezes ajudadas na atividade por um colega

Num outro momento realizaacutemos uma atividade idecircntica mas optaacutemos por

trabalhar com cores e objetos Tiacutenhamos cinco cartotildees com cinco cores diferentes e

outros tantos com objetos diferentes mas cada objeto associado a uma cor Explicaacutemos

Figura 18 - Interajuda entre as crianccedilas da sala

49

agraves crianccedilas que do nosso lado direito elas encontravam cartotildees com cores no centro

tinha cartotildees com as palavras ldquocomordquo ldquoaordquo e do lado esquerdo encontravam cartotildees

com objetos As crianccedilas tinham que conseguir formar frases como por exemplo

ldquoAmarelo como o sol branco como o leite castanho como o chocolate vermelho como

a cereja e preto como a estradardquo

Inicialmente mostraacutemos agraves crianccedilas os cartotildees com cores colocaacutemo-los no

estendal e questionaacutemo-las se sabiam o nuacutemero de cartotildees que tinha o estendal algumas

crianccedilas (Carlos Diogo e Tiago) responderam rapidamente e corretamente agrave questatildeo

enquanto as outras crianccedilas observavam e faziam a contagem mais calmamente

conseguindo identificar os cinco cartotildees com cores Questionaacutemo-las novamente

tentando saber se alguma crianccedila conseguia identificar um cartatildeo cuja palavra iniciasse

pela letra A Apoacutes um breve momento de silecircncio uma crianccedila respondeu Amarelo

comeccedila pela letra A (Carlos)

Questionaacutemos se mais alguma palavra dos cartotildees comeccedilava pela letra A e de

imediato vaacuterias crianccedilas responderam que natildeo Concluiacutemos que em cinco cartotildees um

deles comeccedilava pela letra A trabalhando assim o domiacutenio da matemaacutetica Repetimos

mais uma vez esta atividade mas solicitando que as crianccedilas identificassem a palavra

escrita no cartatildeo que iniciasse com a letra P respondendo uma delas Preto comeccedila pela

letra P e eacute tambeacutem a primeira letra do meu nome (Pedro)

Foi gratificante observar o entusiasmo das crianccedilas em quererem realizar as

atividades sendo de sublinhar o grande interesse que manifestaram em participar na

atividade De seguida iniciaacutemos a atividade de elaboraccedilatildeo do ldquoestendalrdquo das palavras

A primeira crianccedila a realizar a atividade escolheu um cartatildeo dos que tinham cores e

colocou-o no fio de latilde Questionaacutemo-la se sabia qual a cor que tinha escolhido ao que a

crianccedila respondeu corretamente ser branco Questionaacutemos de novo as crianccedilas no

sentido de perceber se sabiam o que tinha que fazer a seguir respondendo corretamente

Posteriormente foi colocado por uma crianccedila o respetivo cartatildeo agrave frente das palavras

Eacute de destacar que os uacuteltimos cartotildees incluiacuteam igualmente palavras retiradas da

histoacuteria os Meninos de todas as cores mas desta forma trabalhadas de diferente

maneira Esta atividade fez com que todas as crianccedilas trabalhassem na identificaccedilatildeo das

palavras e a sua organizaccedilatildeo na frase pois todas tiveram a oportunidade de participar

Os objetivos eram esses que todas as crianccedilas participassem na atividade de construccedilatildeo

de frases em ordem a compreenderem que a escrita e as imagens transmitem

50

informaccedilatildeo e a identificarem palavras que terminavam com a mesma siacutelaba (construccedilatildeo

de grafema)

Para que as crianccedilas pudessem dar continuidade a este tipo de atividades e criar

gosto pela leitura integraacutemos o referido estendal num espaccedilo da sala recorrendo a este

e ainda a outros materiais

Na sequecircncia da histoacuteria lida durante a semana em que esta foi explorada

sugerimos ainda agraves crianccedilas a construccedilatildeo de um cartaz relativo agrave mesma Neste acircmbito

sugerimos agraves crianccedilas que pensassem sobre o assunto e como elemento do grupo

tambeacutem apresentaacutemos propostas e depois foram discutidas as sugestotildees Assim as

crianccedilas resolveram fazer a estampagem da palma da matildeo utilizando tintas azul e

verde para que parecesse o planeta terra e que fossem pintadas cada um dos dedos de

cores diferentes como as cores dos meninos da histoacuteria que no caso seriam brancas

pretas castanhas amarelas e vermelhas Uma a uma cada crianccedila pintou e estampou

uma das matildeos no cartaz O trabalho foi desenvolvido na aacuterea de expressatildeo plaacutestica

utilizando os materiais aiacute disponiacuteveis como tintas pinceis e o papel de cenaacuterio de

modo a que pudessem usaacute-los de modo independente Entre os comentaacuterios feitos pelas

crianccedilas enquanto elaboravam o trabalho sublinhamos

-Temos aqui muitas cores verde azul amarelo preto vermelho castanho e

branco (Diogo)

-Vamos pintar os dedos com cinco cores diferentes (Tiago)

-Vou pintar o dedo de amarelo como a menina amarela como o sol (Pedro)

-Este dedo vai ser branco como o Miguel o menino branco como o accediluacutecar

(Rafael)

-O meu dedo do meio vai ser castanho como o chocolate (Renato)

-O meu dedo pequeno vai ser vermelho como a menina da cor do sangue

(Carlos)

-Este dedo vou pintar de preto como as azeitonas (Pedro)

Nota de campo 9 de abril 2013

Os comentaacuterios feitos pelas crianccedilas permitiram perceber que mobilizavam

informaccedilatildeo relacionada com as atividades anteriores mas tambeacutem as suas

intencionalidades e a diversidade de tintas disponiacuteveis A imagem apresentada na figura

19 daacute conta do trabalho desenvolvido

51

Importa neste acircmbito relevar que nas OCEPE (MEDEB 1997) se alerta para a

importacircncia de as crianccedilas terem ldquoagrave sua disposiccedilatildeo vaacuterias cores que lhes possibilitem

escolher e utilizar diferentes formas de combinaccedilatildeordquo (p 62) Sublihamos ainda a

importacircncia de as crianccedilas poderem percorrer os seus proacuteprios caminhos de expressatildeo

artiacutestica mas tambeacutem que elas necessitam para tal de oferecer-lhes aleacutem da

experimentaccedilatildeo de materiais as diferentes formas de arte na pintura (UNESCO 2005

p 31) Importa ainda considerar que as tintas exercem grande fasciacutenio na crianccedila tanto

pela cor quanto pela sensaccedilatildeo agradaveacutel que produzem ao serem manuseadas (idem)

Mais tarde propusemos agraves crianccedilas a criaccedilatildeo de fantoches com materiais

reciclados acerca da histoacuteria dos Meninos de todas as cores As crianccedilas mostraram-se

bastante curiosas pois ainda natildeo tinham trabalhado com fantoches e iria ser uma

atividade diferente Organizaacutemo-nos em pequenos grupos de trabalho no total de cinco

crianccedilas em cada propondo-lhes que cada um que pintasse uma luva integrando em

cada dedo uma cor diferente Por sua vez outros grupos de crianccedilas trabalhavam na

criaccedilatildeo dos transportes que apareciam na histoacuteria

Dialogaacutemos sobre a possibilidade da representaccedilatildeo da histoacuteria agraves outras crianccedilas

e adultos do jardim-de-infacircncia As crianccedilas entusiasmaram-se com a iniciativa e por

consenso decidimos proceder agrave concretizaccedilatildeo da mesma como mais tarde aconteceu

Assumimos o papel de narrador e o grupo de crianccedilas ficou com a

responsabilidade de representar a histoacuteria procedendo agrave manipulaccedilatildeo dos fantoches

Todas as crianccedilas e educadoras da sala apoiaram e elogiaram a representaccedilatildeo

Repetimos do mesmo modo a apresentaccedilatildeo de fantoches na sala dos trecircs anos e tambeacutem

aqui as crianccedilas foram bastante aplaudidas e elogiadas

Em siacutentese importa evidenciar que esta atividade foi rica em conteuacutedo e os

objetivos foram concretizados fazendo com que as crianccedilas pudessem acima de tudo

ser elas a participar ativamente nas atividades terem contacto direto com os materiais e

Figura 19 - Sequecircncia de imagens da construccedilatildeo do cartaz

52

usufruiacuterem de prazer manifestando entusiasmo e envolvimento na sua realizaccedilatildeo Esta

atividade proporcionou agraves crianccedilas um momento de contacto com crianccedilas de outras

salas ou seja de outras faixas etaacuterias e por conseguinte com carateriacutesticas diversas

Fez com que estas pudessem de certa forma desenvolver o relacionamento social entre

elas Importa relembrar Hohmann e Weikart (20011) quando sublinham que

atraveacutes da imitaccedilatildeo e do faz-de-conta as crianccedilas organizam aquilo que

compreendem e ganham um sentido de mestria e controlo sobre os

acontecimentos que testemunharam ou nos quais fazem parte (hellip) Fazer de

conta e representar papeacuteis tendem a ser actividades francamente sociais e

parecem ter um efeito positivo no desenvolvimento social e de linguagem

das crianccedilas (p 494)

Esta experiecircncia de aprendizagem fez com que fosse possiacutevel haver

continuidade com as atividades anteriores fornecendo assim um processo formativo

articulado e integrado Foi possiacutevel explorar conteuacutedos relacionados com as cores as

diferenccedilas de raccedila entre a humanidade e as culturas e a vivecircncia de um processo pautado

pela interajuda e cooperaccedilatildeo entre os elementos do grupo Esta experiecircncia permitiu

ainda contribuir para as crianccedilas desenvolverem a consciecircncia de grafema a criaccedilatildeo de

fantoches a dramatizaccedilatildeo de uma histoacuteria e a interaccedilatildeo em grupos alargados

Desta experiecircncia de aprendizagem importa ainda relevar o prazer e alegria

manifestados pelas crianccedilas em fazer atividades como a de poderem pintar a palma da

matildeo as luvas escolher as cores que queria colocar-lhes e ver as produccedilotildees do grupo

divulgadas para as famiacutelias ou outros atraveacutes de um cartaz que foi exposto no corredor

de entrada da instituiccedilatildeo As crianccedilas puderam construir pensamentos e saberes

construindo em nosso entender uma aprendizagem com significado para todos os

implicados nesse processo

34 Experiecircncia de aprendizagem Descobrir trabalhando

colaborativamente

Tendo como objetivo proporcionar agraves crianccedilas um momento de interaccedilatildeo e

interajuda entre elas sugerimos a realizaccedilatildeo de um jogo ao ar livre no recreio da

instituiccedilatildeo Tendo os espaccedilos interiores e exteriores potencialidades proacuteprias eacute

importante que os educadores tirem partido das mesmos (MEDEB 1997) procurando

diversificar e enriquecer as atividades em que se envolvem as crianccedilas

Assim aproveitaacutemos o espaccedilo interior e exterior para explorar de uma forma

diferente as cores que apresenta o mundo fiacutesico em que nos integramos Sabemos que

53

as crianccedilas gostam naturalmente de observar mas tambeacutem que eacute importante que se

valorizem as observaccedilotildees que fazem na construccedilatildeo da sua aprendizagem e

desenvolvimento Eacute nesta linha de pensamento que se situa esta experiecircncia de

aprendizagem

De forma a iniciar a atividade de pesquisa as crianccedilas formaram cinco grupo

explicaacutemos que o objetivo era irmos ao exterior observar as cores que existem no

mundo agrave nossa volta e que cada um tinha como tarefa tentar descobrir onde poderia

encontrar-se uma cor por ele escolhida Para efetuarem a escolha da cor apresentaacutemos

um conjunto de cartotildees numa caixa e cada grupo retirou um procurando ter em

consideraccedilatildeo que as cores a observar por cada grupo deveriam ser diferentes

Escolhida a cor a observar por cada grupo deslocaacutemo-nos ao exterior da

instituiccedilatildeo (redondezas das mesma) tendo como objetivo identificar e registar

elementos que apresentassem as seguintes cores vermelho verde laranja azul e

amarelo A figura 20 ilustra o ambiente e daacute conta da implicaccedilatildeo da procura na recolha

de dados

De regresso agrave sala de atividades e em

grande grupo realizaacutemos a contagem dos

objetos observados e registados pelos adultos

com base na indicaccedilatildeo dada pelas crianccedilas de

cada um dos grupos O grupo que observou

mais elementos foi o que tinha como tarefa

observar elementos de cor amarela tendo

registado um total de treze seguindo-se-lhe o

grupo verde com nove o grupo azul com oito e os grupos laranja e vermelho com cinco

elementos cada um

No sentido de evitar a extensatildeo do relatoacuterio mas tambeacutem de ilustrar o

observado apresentamos aqui apenas os dados relativos ao grupo que observou

elementos de cor amarela tendo indicado

- O escorrega eacute amarelo (Luana)

- O muro do passeio tambeacutem eacute (Ricardo)

- O sol eacute amarelo (Rafael)

- As peacutetalas da flor satildeo amarelas (Gonccedilalo)

- O girassol eacute amarelo (Gonccedilalo)

- A parede da escola eacute amarela (Inecircs)

- O tubo da escola tambeacutem eacute amarelo (Inecircs)

- A antena eacute amarela (Gonccedilalo)

Figura 20 - Crianccedilas procurando objetos

da respetiva cor

54

- A cola que sai das aacutervores tambeacutem eacute amarela (Inecircs)

- A luz do poste eacute amarela agrave noite (Rafael)

- A areia do recreio tambeacutem eacute amarela (Ricardo)

- Aquela casa tambeacutem eacute amarela (Inecircs)

- A girafa colada naquela janela eacute amarela (Luana)

Nota de campo 22 de abril 2013

Os enunciados apresentados permitem-nos perceber que todas as crianccedilas foram

capazes destacar uma ou mais elementos da cor a identificar O mesmo se verificou com

os restantes grupos mas para aleacutem da identificaccedilatildeo de mais ou menos elementos

entendemos ser importante destacar o envolvimento das crianccedilas na procura de dados a

interajuda que se gerou natildeo apenas ao niacutevel do interior de cada grupo como tambeacutem

intergrupos surgindo situaccedilotildees em que se alertavam uns aos outros sobre onde

observar

Na sequecircncia desta atividade uma das crianccedilas sugeriu que poderiam desenhar

os objetos que observaram Apoiaacutemos a iniciativa e alertaacutemos que para o fazerem

poderiam utilizar diferentes materiais Entendemos que o uso de materiais de natureza

diversificada poderia ajudar as crianccedilas nas suas representaccedilotildees

Os elementos observados e registados permitiram-nos explorar conceitos

matemaacuteticos ao niacutevel da contagem classificaccedilatildeo e forma de objetos No que se refere agrave

classificaccedilatildeo desses elementos procuraacutemos ter em conta que como se refere nas

OCEPE (MEDEB 1997) ldquoagrupar os objetos ou seja formar conjuntos de acordo

com um criteacuterio previamente estabelecido a cor a forma etc reconhecendo as

semelhanccedilas e diferenccedilas (hellip) permitem distinguir o que pertence a um e a outro

conjuntordquo (p 74)

Assim partindo dos desenhos realizados pelas crianccedilas procedemos agrave formaccedilatildeo

de conjuntos atendendo agrave cor que integravam os elementos representados Para isso

colocaacutemos no chatildeo da sala cinco arcos referentes cada um agrave cor e em cada arco as

crianccedilas colocavam os respetivos desenhos Depois procedemos agrave contagem dos

elementos de cada conjunto e comparaccedilatildeo do que tinha mais e menos elementos

surgindo por parte das crianccedilas algumas leituras como os exemplos deixam perceber

Procuraacutemos cinco cores (Rodrigo) O arco que tem mais objetos eacute o amarelo (Inecircs)

Aproveitando ainda as falas de duas crianccedilas referindo uma que viu um sinal

(hellip) azul e quadrado (Micael) e outra que observou um sinal vermelho que tinha a

forma redonda (Manuel) propusemos agraves crianccedilas que identificassem na sala e

55

nomeassem elementos que apresentavam uma forma geomeacutetrica Verificaacutemos que as

crianccedilas identificaram com alguma facilidade algumas formas geomeacutetricas como os

exemplos dos seus enunciados permitem perceber

- A mesa eacute redonda [ciacuterculo] (Pedro)

- O quadro [expositor] eacute quadrado (Tiago)

- E o tapete tem a forma de um retacircngulo (Diogo)

- Aquela reacutegua [esquadro] tem a forma de triacircngulo (Margarida)

- Conseguimos descobrir quatro formas geomeacutetricas (Manuel)

Nota de campo 23 de abril 2013

Num outro momento e partindo da fala de outra crianccedila (Mariana) que referiu

que o laranja era sua cor favorita (Mariana) sugerimos agraves crianccedilas tentar descobrir qual

era a cor preferida do grupo Neste sentido solicitaacutemos-lhes que colocassem a matildeo no

ar quando disseacutessemos a sua cor favorita contando o nuacutemero de elementos indicados

mas sem os registar

Apoacutes todas as crianccedilas terem indicado a cor favorita questionaacutemo-las se sabiam

qual seria a cor mais escolhida por mais crianccedilas do grupo

- Jaacute natildeo me lembro (Rafael)

- Todos pusemos a matildeo no ar (Diogo)

Nota de campo 23 de abril 2013

Os enunciados deixam perceber a dificuldade que eacute fazer a leitura de dados

observados sem que se proceda ao registo dos mesmos No sentido de ajudar o grupo a

perceber a importacircncia de registar os dados recolhidos questionaacutemos as crianccedilas sobre

como poderiacuteamos entatildeo descobrir a cor favorita do grupo Surgiram vaacuterias respostas

uma delas do Carlos que indicava que podiacuteamos pocircr as cores numa cartolina e depois

puacutenhamos a nossa cor favorita laacute Discutimos a proposta merecendo consenso a sua

concretizaccedilatildeo e no sentido de facilitar a compreensatildeo do conceito de nuacutemero

propusemos agraves crianccedilas que fosse indicada a preferecircncia colocando um lego em cima

da cor preferida o que fizemos Indicadas as preferecircncias procedemos agrave leitura dos

resultados surgindo os seguintes comentaacuterios

- A cor com menos legos eacute a preta e a castanha (Rodrigo)

- Assim podemos ver o tamanho dos legos (Pedro)

- Tem legos da mesma altura (Manuel) Nota de campo 24 de abril 2013

56

Tiacutenhamos assim construiacutedo um graacutefico de barras em conjunto e como

mencionam Castro e Rodrigues (2008) ldquoa organizaccedilatildeo dos dados em graacuteficos permite

uma anaacutelise mais raacutepida uma vez que a contagem dos elementos da mesma categoria eacute

mais evidenterdquo (p 72) Promovemos a discussatildeo escutando as opiniotildees expressas pelas

crianccedilas na leitura do mesmo pois como referem os autores (idem) ldquoapoacutes a construccedilatildeo

do graacutefico (hellip) deve sempre haver um momento em que se discute o que este nos

sugererdquo (ibidem)

Procedemos em seguida agrave leitura dos dados (atraveacutes da contagem dos legos)

observando que a cor mais escolhida era o azul com sete escolhas e as menos

escolhidas seriam o castanho e o preto com uma escolha

Propusemos ao grupo o registo desses dados elaborando para o efeito uma

tabela de dupla entrada Propusemos agraves

crianccedilas que sugerissem um tiacutetulo para a

tabela ideia para a qual apontam Castro e

Rodrigues (idem) Apoacutes vaacuterias respostas das

crianccedilas acordaacutemos que o tiacutetulo fosse A

minha cor favorita O nome das crianccedilas foi

registado por elas na quadriacutecula vertical do

lado esquerdo e na horizontal indicaacutemos as

cores como mostra a figura 21

Entendemos que se tratou de uma

atividade enriquecedora para as crianccedilas pois estas visualizaram e experimentaram a

construccedilatildeo de uma tabela sendo esta facilitadora da anaacutelise e interpretaccedilatildeo dos dados

Num outro momento e relembrando uma afirmaccedilatildeo de uma crianccedila (Carlos)

que tinha dito que o vidratildeo era verde e considerando que algumas crianccedilas

manifestaram natildeo saber o que era o vidratildeo achaacutemos importante dialogar com as

crianccedilas sobre os ecopontos

Comeccedilamos por abordar a importacircncia da reciclagem e posteriormente

apresentaacutemos uma canccedilatildeo que explicava a separaccedilatildeo de resiacuteduos soacutelidos Como se

refere nas OCEPE (MEDEB 1997) existe uma relaccedilatildeo entre a canccedilatildeo e a palavra

trabalhar as letras das canccedilotildees relaciona o domiacutenio da expressatildeo musical

com a linguagem que passa por compreender o sentido do que se diz por

tirar partido das rimas para discriminar os sons por explorar o caraacutecter

luacutedico das palavras e criar variaccedilotildees da letra original (p 64)

Figura 21 - Crianccedila preenchendo a tabela das cores

favoritas

57

Concordando com a afirmaccedilatildeo podemos salientar que atraveacutes da expressatildeo

musical as crianccedilas satildeo capazes de captar a informaccedilatildeo mais raacutepido No final uma das

crianccedilas perguntou se poderiam construir ecopontos para ter na sala Considerando a

sugestatildeo da crianccedila levaacutemos caixas que as crianccedilas decoraram com o objetivo de

organizarmos na sala ecopontos Quando construiacutedo os ecopontos promovemos um

jogo que consistia em colocar resiacuteduos soacutelidos no ecoponto correto

A experiecircncia de aprendizagem descrita proporcionou agraves crianccedilas em nosso

entender uma forma ativa e significativa de construccedilatildeo de pensamentos e saberes

Relevamos a importacircncia que assumiu a accedilatildeo desenvolvida no espaccedilo exterior da

instituiccedilatildeo enquanto meio de recolha de informaccedilotildees a partir das quais surgiram novas

oportunidades de aprendizagem

Atraveacutes desta experiecircncia de aprendizagem pudemos explorar com as crianccedilas

aacutereas e domiacutenios de conteuacutedo como a matemaacutetica a Linguagem oral e abordagem agrave

escrita expressatildeo plaacutestica a aacuterea do Conhecimento do Mundo e a aacuterea de Formaccedilatildeo

pessoal e Social

Sabemos que as crianccedilas satildeo grandes observadoras e criacuteticas do mundo que as

rodeia e atraveacutes dos seus comentaacuterios constataacutemos que observavam atendendo a

pormenores

Importa relevar que devemos escutar cada crianccedila valorizando a sua

contribuiccedilatildeo para o grupo fomentar o diaacutelogo entre elas e o seu desejo de comunicar

Corroboramos assim a ideia expressa nas OCEPE (MEDEB 1997) que

eacute no clima de comunicaccedilatildeo criado pelo educador que a crianccedila ira

dominando a linguagem alargando o seu vocabulaacuterio construindo frases

mais corretas e complexas adquirindo um maior domiacutenio da expressatildeo e

comunicaccedilatildeo que lhe permitam formas mais elaboradas de representaccedilatildeo (p

67)

Concluiacutemos que eacute crucial que o educador planeie situaccedilotildees de aprendizagem que

sejam desafiadoras para as crianccedilas de modo a que as motive e as estimule a aprender e

a desenvolver-se Esta experiecircncia permitiu ainda perceber que para aleacutem das atividades

planeadas foram integradas outras propostas pelas crianccedilas A este respeito importa

relembrar que ldquoo planeamento realizado com a participaccedilatildeo das crianccedilas permite ao

grupo beneficiar da sua diversidade das capacidades e competecircncias de cada crianccedila

num processo de partilha facilitador da aprendizagem e do desenvolvimento de todas e

de cada umardquo (MEDEB 1997 p 26)

58

Tentaacutemos ainda articular todas as aacutereas do conteuacutedo pois como se refere nas

OCEPE (idem) ldquoque as diferentes aacutereas de conteuacutedo deveratildeo ser consideradas como

referencias a ter em conta do planeamento e avaliaccedilatildeo e experiecircncias e oportunidades

educativas e natildeo como compartimentos estanque a serem abordados separadamenterdquo (p

48)

59

IV Reflexatildeo Criacutetica

Refletimos nesta uacuteltima parte sobre a praacutetica educativa desenvolvida

abordando os conteuacutedos que procuraacutemos explorar com as crianccedilas

No iniacutecio da praacutetica educativa as expectativas eram muitas as quais se prendiam

com o desenvolvimento de atividades estimulantes e criativas o respondermos agraves

solicitaccedilotildees de todas crianccedilas e o sermos bem acolhidas pelas crianccedilas e membros da

instituiccedilatildeo entre outras As duacutevidas e os receios eram tambeacutem muitos mas com o

decorrer do tempo fomos conhecendo as crianccedilas e ganhando laccedilos de afeto ajudando-

nos a ultrapassar estes sentimentos Para tal foi importante a reflexatildeo e o diaacutelogo com

os diferentes intervenientes no processo educativo gerando-se um ambiente de

compreensatildeo e ajuda muacutetua

Procuraacutemos ter disponibilidade para cooperar para experienciar de certa forma

para aprender com os erros e com as conquistas alcanccediladas reconhecendo que em certas

alturas conseguimos suscitar o envolvimento das crianccedilas e criar atividades

enriquecedoras Poreacutem noutros momentos sentimos algumas dificuldades no que se

refere agrave elaboraccedilatildeo da planificaccedilatildeo das atividades e ao tornar acessiacutevel agraves crianccedilas a

compreensatildeo de alguns conteuacutedos o que tentaacutemos ir superando de forma a criar

respostas adaptadas agraves suas necessidades e do grupo Este processo permitiu-nos

aprender e desenvolver-nos do ponto de vista pessoal e profissional

Demos importacircncia agraves atividades iniciadas pelas crianccedilas tentamos responder agraves

suas duacutevidas e procuraacutemos desenvolver com elas experiecircncias de aprendizagem que

incluiacutessem as diferentes aacutereas e domiacutenios de conteuacutedo curricular

Refletimos sobre as perspetivas de aprendizagem nas quais buscaacutemos apoiar a

accedilatildeo educativa que desenvolvemos destacando o papel ativo das crianccedilas Nesta

reflexatildeo procuraacutemos relevar e retratar as vaacuterias dimensotildees da accedilatildeo educativa

merecendo-nos particular atenccedilatildeo as intervenccedilotildees os espaccedilos a observaccedilatildeo

planificaccedilatildeo entre outros

Procuraacutemos evidenciar as ideias que estiveram na base da praacutetica de ensino

supervisionada desenvolvida e aprendizagens promovidas com as crianccedilas Assim

valorizando as perspetivas das crianccedilas e procurando a curiosidade e o desejo de querer

saber sempre mais sentimentos que foram manifestados pelas crianccedilas e que

procuramos ter em consideraccedilatildeo para ir regulando a nossa praacutetica em ordem agrave

60

construccedilatildeo de oportunidades educativas que favorecessem a progressatildeo de cada uma e

do grupo O trabalho colaborativo quer com os adultos quer com as crianccedilas foi na

dimensatildeo valorada e que constitui o suporte para uma continuada progressatildeo do ponto

de vista da nossa formaccedilatildeo pessoal e profissional Nesta linha de pensamento

relevamos que como afirmam Hohmann e Weikart (2011)

Quando as crianccedilas e os adultos trabalham em conjunto em qualquer

ambiente de aprendizagem em acccedilatildeo sustentado num clima de apoio

interpessoal as crianccedilas sentem-se motivadas a prosseguir e levar a bom

porto as suas intenccedilotildees e motivaccedilotildees Os adultos encorajam as crianccedilas a

utilizar aquilo que sabem para resolver problemas e a iniciar novas

experiecircncias atraveacutes das quais ganharatildeo uma outra compreensatildeo sobre o que

as rodeia (p 75)

A maioria das crianccedilas da sala mostrou implicaccedilatildeo nos trabalhos desenvolvidos

vontade de realizar novas experiecircncias e procurar diferentes fontes de informaccedilatildeo O

gosto por participar e por conhecer suscitavam questionamentos e a procura de novas e

diferentes formas de informaccedilatildeo

Aproveitaacutevamos momentos em grande grupo momentos em pequenos grupos

momentos na sala e momentos no recreio para observar as crianccedilas da sala e refletir

sobre as suas curiosidades e motivaccedilotildees Procuramos observar as crianccedilas e registar

informaccedilatildeo sobre o cada uma e o grupo o que natildeo foi tarefa faacutecil considerando o duplo

papel que tiacutenhamos que assumir o de observadores e atores Acrecenta-se ainda a esse

aspeto a dimensatildeo extenccedila do grupo o tempo limitado destinado agrave praacutetica para que

pudesse ser-lhe dada continuidade

Tivemos em conta os interesses das crianccedilas e pusemos o foco de atenccedilatildeo nas

interaccedilotildees que estas estabeleciam com os objetos e os adultos de forma a desenvolver

desse modo aprendizagens com significado

As crianccedilas desde o iniacutecio da praacutetica educativa foram demonstrando que as

atividades tinham significado para elas pois trabalhavam com motivaccedilatildeo e entusiasmo e

mostravam recordar-se das experiecircncias realizadas como exemplo as desenolvidas em

torno da histoacuteria do Elmer

Apesar de ser um grupo constituiacutedo por vaacuterios elementos preocupamo-nos que

cada crianccedila pudesse escolher e ter faacutecil acesso as aacutereas e materiais da sala de uma

forma autoacutenoma ocasionando dessa forma aprendizagens ativas nas mesmas pois eacute

atraveacutes da accedilatildeo com os materiais que as crianccedilas chegam agrave compreensatildeo do mundo

Estas tendo a possibilidade de escolher e sendo as mesmas a tomar decisotildees e

61

resolvendo os problemas que apareciam no dia-a-dia desenvolviam a sua

independecircncia

Esteve presente a preocupaccedilatildeo de planificar e criar experiecircncias de

aprendizagem de modo a que todas as crianccedilas se envolvessem nas atividades e nos

momentos de brincadeiras fazendo com que estas desenvolvessem cada vez mais

competecircncias

Pudemos evidenciar que existiram bastantes momentos aproveitados para

dialogar com as crianccedilas permitindo desse modo conhececirc-las de uma forma

individualizada permitindo escutar as suas opiniotildees questionar e sermos questionados

partilhar e engrandecer os saberes das crianccedilas

Para a realizaccedilatildeo da praacutetica educativa utilizamos a planificaccedilatildeo semanal como

instrumento sistemaacutetico de trabalho procuraacutemos bastante informaccedilatildeo em diversos

documentos direcionados para o preacute-escolar contudo natildeo descartamos outros

documentos essenciais a uma planificaccedilatildeo rica nos seus conteuacutedos e procuraacutemos

orientar os diferentes elementos do curriacuteculo em conformidade com as necessidades e

interesses das crianccedilas A elaboraccedilatildeo das planificaccedilotildees foram desde cedo pensadas e

realizadas em conformidade com os conteuacutedos adequados agrave idade das crianccedilas e

adequadas agrave evoluccedilatildeo das mesmas por isso tentaacutemos clarificar todas as atividades para

que natildeo houvesse duacutevidas nas mesmas por parte dos destinataacuterios

Apercebemo-nos que as atividades planificadas tiveram constantemente ligaccedilatildeo

umas com as outras Por vezes surgiam atividades que natildeo estavam previstas nas

planificaccedilotildees mas surgiam em conformidade com a curiosidade das crianccedilas e

manifestaccedilatildeo destas em quererem aprender sempre mais sobre certos conteuacutedos Sendo

que estas favoreciam em vaacuterias ocasiotildees o desenvolvimento de competecircncias em

diversos domiacutenios tornando desse modo mais faacutecil trabalhar todos e cada um

As experiecircncias de aprendizagem foram organizadas de modo a surgirem

aprendizagens ativas e significativas nas crianccedilas desafiando-as a participar a serem as

mesmas a intervir nas atividades a realizaacute-las a tirar partido de toda a informaccedilatildeo e de

todos os conteuacutedos a tomar iniciativa e a aprenderem informaccedilotildees necessaacuterias sobre

cada domiacutenio da educaccedilatildeo preacute-escolar

Em diversas atividades estiveram presentes histoacuterias que eram novas para as

crianccedilas e continham informaccedilotildees novas para as mesmas e pudemos atraveacutes destas

trabalhar diversos conteuacutedos Tentamos que as histoacuterias despertassem na crianccedila

curiosidade em aprender mais sobre tudo o que nos rodeia tentando durante a leitura da

62

mesma captar a atenccedilatildeo das crianccedilas e fazer com que estas pudessem trabalhar o

imaginaacuterio e pocirc-lo em praacutetica na realidade

Eacute pertinente afirmar que os adultos possuem um papel importante no que

respeita a motivaccedilatildeo das crianccedilas de modo a que autonomamente estas vatildeo ao

encontro do que podem aprender com a escrita e a leitura percebendo assim a

importacircncia destes conteuacutedos para o seu futuro

Buscaacutemos em vaacuterios aspetos relacionar o que as crianccedilas escutavam com toda a

informaccedilatildeo que possuiacuteam previamente As crianccedilas eram questionadas e inclusive

dialogaacutevamos com elas sobre o conteuacutedo da leitura Como mencionam Sim-sim Silva e

Nunes (2008) a interaccedilatildeo das educadoras durante a leitura de livros em sala de

atividades tem muito a ver com a forma como estas leem livros com crianccedilas em

contexto de grupo e que estaacute fortemente relacionada com o desenvolvimento a longo

prazo do vocabulaacuterio e de competecircncias de compreensatildeo de histoacuterias

Abordando um pouco a gestatildeo do tempo e dos espaccedilos podemos afirmar que

efetuamos durante toda a praacutetica uma flexibilidade em relaccedilatildeo agrave gestatildeo da rotina

diaacuteria existente na sala Pois para a criaccedilatildeo de um bom ambiente educativo eacute

necessaacuterio existir uma boa organizaccedilatildeo de tempo das atividades

O trabalho em pequeno e grande grupo possibilitou-nos um melhor

acompanhamento das crianccedilas de forma a compreendermos os interesses e motivaccedilotildees

destas e estimulando-as a experimentar e promover a cooperaccedilatildeo com as outras crianccedilas

do grupo Destacamos neste sentido que como sublinham as Orientaccedilotildees Curriculares

(MEDEB 1997) ldquoa relaccedilatildeo que o educador estabelece com cada crianccedila eacute facilitadora

da sua inserccedilatildeo no grupo e das relaccedilotildees com as outras crianccedilasrdquo (p 35) Eacute necessaacuterio

considerar que essa relaccedilatildeo envolve a criaccedilatildeo de um ambiente agradaacutevel onde cada crianccedila

se sinta ouvida

Recordaacutemos que o jardim-de-infacircncia deve facultar um conjunto alargado de

saberes permitir formar pessoas autoacutenomas livres e solidaacuterias Procuraacutemos ajudar as

crianccedilas a desenvolverem as habilidades necessaacuterias para tomar decisotildees elucidadas

Consideraacutemos que as experiecircncias de aprendizagem facultaram agraves crianccedilas um

equiliacutebrio de experiecircncias nas diferentes aacutereas e domiacutenios de aprendizagem e que se

revelaram positivas pela participaccedilatildeo ativa demonstrada pelas crianccedilas o empenho e

concentraccedilatildeo das mesmas nas atividades

As crianccedilas foram os elementos centrais na praacutetica educativa porque para aleacutem

de participarem nas atividades tambeacutem participavam em todos os momentos de

63

diaacutelogo onde deram as suas opiniotildees e foi atraveacutes de todos estes momentos que

aproveitamos para proporcionar agraves crianccedilas atividades enriquecedoras aproveitando a

maioria das vezes situaccedilotildees segundo as ideias preacutevias das crianccedilas

Desejaacutemos que as crianccedilas se tornem sucessivamente mais autoacutenomas

responsaacuteveis curiosas e em accedilatildeo

Achaacutemos que as estrateacutegias que utilizamos proporcionaram agraves crianccedilas desfrutar

de oportunidades de bem-estar e de desenvolvimento de competecircncias a diversos niacuteveis

Apercebemo-nos ao longo da accedilatildeo educativa que a partilha de conhecimentos

conduziu-nos e conduziraacute futuramente agrave construccedilatildeo de novos e diferentes saberes

Atualmente e terminada a nossa experiecircncia da praacutetica educativa achaacutemos

todas as estrateacutegias que utilizamos facultaram agraves crianccedilas oportunidades de bem-estar e

desenvolvimento a vaacuterios niacuteveis Estas oportunidades de conhecimento conduziram a

crianccedila agrave construccedilatildeo de novos saberes indo ao encontro ao nosso objetivo final Sendo

assim podemos afirmar que as nossas intenccedilotildees foram concretizadas

Em suma achaacutemos pertinente afirmar que todo o trabalhado realizado

proporcionou aprendizagens significativas na nossa formaccedilatildeo como educadoras de

infacircncia

64

Consideraccedilotildees Finais

Finda esta etapa onde as conquistas e desafios foram variados e que em muito

contribuiu para o desenvolvimento de competecircncias profissionais e pessoais eacute chegado

o momento de efetuar algumas consideraccedilotildees acerca do desenvolvimento da praacutetica

educativa

Acreditamos que as caracteriacutesticas consideradas fundamentais para o nosso

desempenho profissional como futuros educadores de infacircncia foram alvo de progresso

ao longo da praacutetica educativa que desenvolvemos Salientamos o importante papel que a

supervisora teve neste processo de formaccedilatildeo em que os feedbacks dados pela mesma

nos levaram a um claro progresso Esta partilha permitiu uma constante reflexatildeo sobre

as praacuteticas promovidas e contribuiu desta maneira para o nosso desenvolvimento

profissional e pessoal

As crianccedilas assumiram neste processo um papel importante papel considerando

que foram criadoras de situaccedilotildees que nos ajudaram a refletir e a investir na procura de

novas informaccedilotildees para que pudeacutessemos encontrar respostas coerentes e com

continuidade As experiecircncias de aprendizagem vividas no contexto onde decorreu a

praacutetica de ensino possibilitaram-nos aprender e desenvolver competecircncias relacionadas

com a dimensatildeo da aprendizagem e desenvolvimento das crianccedilas da integraccedilatildeo do

curriacuteculo da interaccedilatildeo e de dimensatildeo eacutetica e social Para tal os contributos dos vaacuterios

agentes educativos revelaram-se fundamentais neste curto processo de formaccedilatildeo

Concluindo reconhecemos que ainda temos um longo caminho a percorrer no

entanto estamos cientes do caminho que percorremos e do importante papel que neste

processo assumiu a praacutetica de ensino supervisionada Sublinhamos que construiacutemos

novos olhares sobre a educaccedilatildeo de infacircncia a imagem da crianccedila e sobre o papel do

educador de infacircncia Esta experiecircncia proporcionou-nos uma evoluccedilatildeo na medida que

possuiacutemos um leque abrangente de experiecircncias Temos desejo em continuar a

progredir renovando conhecimentos e desenvolvendo novas aprendizagens ao longo da

vida com vista agrave realizaccedilatildeo pessoal e profissional

65

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Page 11: Cátia Alexandra Mendes Machado...Figura 13 - Livro - Elmer e o arco-íris de David Mckee. ..... 39 Figura 14 - Desenho de um arco-íris realizado por uma criança da sala..... 41

4

Considerando que como referem as Orientaccedilotildees Curriculares para a Educaccedilatildeo

Preacute-escolar (MEDEB 1997) ldquoo meio em que a crianccedila vive influenciaraacute o modo como

esta se iraacute desenvolverrdquo (p 31) importa que nos interroguemos sobre o modo como o

ambiente educativo da instituiccedilatildeo se encontra organizado e que nos esforcemos para

contribuir para enriquececirc-lo Nesta linha de pensamento importa sublinhar que foi

nossa preocupaccedilatildeo colaborar com os profissionais da instituiccedilatildeo e as crianccedilas nessa

organizaccedilatildeo de modo a construir um ambiente que se constituiacutesse como potencialmente

facilitador do desenvolvimento de todos crianccedilas e adultos

A equipa pedagoacutegica da instituiccedilatildeo era constituiacuteda por seis educadoras de

infacircncia trecircs na modalidade de creche e trecircs na de jardim de jardim-de-infacircncia

assumindo uma destas as funccedilotildees de coordenadora pedagoacutegica Esta equipa contava

ainda com o apoio de um grupo alargado de assistentes operacionais uma por sala no

que se refere agrave etapa preacute-escolar bem como da psicoacuteloga e da direccedilatildeo administrativa da

instituiccedilatildeo

12 Caraterizaccedilatildeo do grupo de crianccedilas

Como se refere nas OCEPE (MEDEB 1997) haacute diferentes fatores que

influenciam o modo proacuteprio de funcionamento do grupo como por exemplo a sua

dimensatildeo e o maior ou menor nuacutemero de crianccedilas de cada sexo pelo que importa que

na accedilatildeo educativa a promover se atenda agrave sua contextualizaccedilatildeo

O grupo de crianccedilas com o qual desenvolvemos a praacutetica educativa apresentava

uma dimensatildeo extensa integrando vinte e cinco crianccedilas com quatro anos idades Ao

niacutevel do nuacutemero de crianccedilas de cada sexo pode entender-se que era um grupo com uma

organizaccedilatildeo equilibrada integrando doze crianccedilas do sexo masculino e treze do sexo

feminino

Segundo informaccedilotildees fornecidas pela educadora de infacircncia cooperante a

maioria das crianccedilas frequentavam a instituiccedilatildeo desde a creche encontrando-se apenas

duas crianccedilas a frequentaacute-la pela primeira vez Importa ainda referir que integravam o

grupo trecircs crianccedilas de origem natildeo portuguesa duas crianccedilas que eram irmatildeos naturais

de Espanha e outra que era Ucraniana

5

Segundo o referido nas OCEPE (MEDEB 1997)

observar cada crianccedila e o grupo para conhecer as suas capacidades interesses e

dificuldades recolher as informaccedilotildees sobre o contexto familiar e o meio em que

as crianccedilas vivem satildeo praacuteticas necessaacuterias para compreender melhor as

caracteriacutesticas das crianccedilas e adequar o processo educativo agraves suas necessidades

(p 25)

Nesta linha de pensamento importa considerar as caracteriacutesticas que nos foi

possiacutevel observar das crianccedilas quer a niacutevel individual quer a niacutevel grupo ao longo ano

letivo Assim importa referir que relativo a questotildees relacionadas com a vida em

grupo as crianccedilas manifestavam saber orientar-se em relaccedilatildeo agraves normas e regras

definidas na sala ainda que nem sempre lhes fosse faacutecil respeitaacute-las como partilhar

materiais com os colegas e saber esperar pela sua vez

Os tempos da rotina eram do seu conhecimento e manifestavam independecircncia

no que se refere agrave realizaccedilatildeo da higiene pessoal e tomada de refeiccedilotildees Dum modo geral

as crianccedilas envolviam-se nas atividades quer nas propostas por noacutes quer nas da sua

iniciativa revelando-se um grupo ativo

Ao niacutevel das preferecircncias em relaccedilatildeo agraves aacutereas de atividade da sala as aacutereas mais

escolhidas pelas crianccedilas eram a da casa e a das construccedilotildeesgaragem Enquanto a

primeira era frequentada por ambos os sexos a segunda era mais frequentada pelo sexo

masculino ainda que procuraacutessemos salientar a importacircncia de trabalharbrincar em

todas pelas diferentes experiecircncias que lhes permitiam efetuar

As atividades ao niacutevel da expressatildeo dramaacutetica e plaacutestica bem como a entoaccedilatildeo

de canccedilotildees e o escutar de histoacuterias integravam-se tambeacutem entre as preferecircncias do

grupo As crianccedilas manifestavam-se curiosas em conhecer o conteuacutedo das histoacuterias e em

colocar questotildees sobre as mesmas quando natildeo percebiam alguma palavra expressatildeo ou

frase

Sendo o espaccedilo de dimensatildeo limitada face agrave dimensatildeo do grupo as crianccedilas em

geral manifestavam organizar-se nas suas brincadeiras e relaccedilotildees sem se perturbar uns

aos outros com exceccedilatildeo de uma crianccedila que desestabilizava o grupo

No que respeita agrave expressatildeo oral era evidente o desenvolvimento das crianccedilas

com exceccedilatildeo na pronuacutencia de algumas palavras sobretudo no iniacutecio do ano e no que se

refere ao uso de determinados tempos verbais aspeto que era mais evidente em duas

crianccedilas utilizando com frequecircncia por exemplo a expressatildeo ldquoeu sabordquo em vez de ldquoeu

seirdquo o que foi sendo ultrapassado no decurso do ano letivo

6

Verificaacutemos ainda que como referem Hohmann e Weikart (2011) ldquopor vezes as

crianccedilas hesitam enquanto procuram palavras para expressar uma ideia nova

particularmente difiacutecilrdquo (p 534) e que eacute importante dar-lhes tempo para que elas

proacuteprias escolham as palavras de que necessitam e evitar interferirmos com as suas

proacuteprias sugestotildees

Considerando que como refere Oliveira-Formosinho (2007a) ldquoa escuta eacute um

meio para ouvir a crianccedila sobre a sua colaboraccedilatildeo no processo de co-construccedilatildeo do

conhecimentordquo (p 32) procuraacutemos estabelecer diaacutelogos em que as crianccedilas usufruiacutessem

de tempo para se expressar e que nos permitissem conhecermos as crianccedilas

No que respeita ao nuacutecleo familiar das crianccedilas e considerando os dados que

constam das suas fichas de inscriccedilatildeo a maioria dos pais famiacutelia das crianccedilas advecircm de

um meio socioeconoacutemico meacutedio trabalham nos vaacuterios setores de atividade sendo que a

maioria trabalha como funcionaacuterio puacuteblico No que se refere ao nuacutemero de irmatildeos de

acordo com os dados dessas mesmas fichas quinze crianccedilas tecircm um irmatildeo nove

crianccedilas natildeo tecircm irmatildeos e sobre uma crianccedila natildeo foi possiacutevel recolher esse dado

13 Organizaccedilatildeo do ambiente educativo

Sendo um jardim-de-infacircncia um contexto institucional destinado a crianccedilas de

tenra idade deve estar organizado de forma a proporcionar o indispensaacutevel bem-estar

prazer em frequentaacute-lo e favorecer atividades de ludicidade que motivem agrave

aprendizagem Posto isto julgamos de grande importacircncia organizar um ambiente

educativo agradaacutevel estaacutevel e que seja favoraacutevel agrave aprendizagem significativa da

crianccedila

Demos importacircncia ao horaacuterio de atendimento aos pais pois em nossa opiniatildeo eacute

um bom meio de incentivar os pais a deslocarem-se agrave instituiccedilatildeo na qual a sua crianccedila

estaacute inserida e estarem informados das suas condiccedilotildees conhecimento da funcionalidade

da instituiccedilatildeo ter a oportunidade de conversar com as educadoras e estarem a par da

evoluccedilatildeo das crianccedilas conseguirem tambeacutem ter conhecimento das atividades realizadas

e dos seus resultados

De acordo com o que se refere nas OCEPE (MEMEB 1997) importa ter em

conta que ldquoa famiacutelia e a instituiccedilatildeo de educaccedilatildeo preacute-escolar satildeo dois contextos sociais

que contribuem para a educaccedilatildeo da mesma crianccedila importa por isso que haja uma

relaccedilatildeo entre estes dois sistemasrdquo (p 43)

7

131 Caracterizaccedilatildeo do espaccedilo

Evidenciando o espaccedilo interior e o exterior pois os dois tecircm um papel

fundamental no processo educativo e no desenvolvimento das crianccedilas e concordando

com Oliveira-Formosinho e Andrade (2011a) ldquopensamos o espaccedilo como um territoacuterio

organizado para a aprendizagem um lugar de bem-estar alegria e prazer Procuramos

que o espaccedilo pedagoacutegico seja aberto agraves vivecircncias e interesses das crianccedilas e

comunidades seja seguro seja luacutedico e culturalrdquo (p 11)

1311 Espaccedilo interior

A sala apesar da sua pequena dimensatildeo estava cuidadosamente organizada e

todos os espaccedilos eram aproveitados para possibilitar agraves crianccedilas a oportunidade de

experimentar e manipular os materiais Juntamente com o espaccedilo e os materiais foi

possiacutevel realizar diversas experiecircncias de aprendizagem dentro da sala As crianccedilas

conseguiam movimentar-se e explorar as aacutereas e o que as mesmas tinham para lhes

proporcionar Tal como estaacute presente nas OCEPE (MEDEB 1997) ldquoo procedimento

de aprendizagem implica tambeacutem que as crianccedilas compreendam como o espaccedilo estaacute

organizado e como pode ser utilizado e que participem nessa organizaccedilatildeo (hellip) o

conhecimento do espaccedilo dos materiais e das actividades possiacuteveis eacute tambeacutem condiccedilatildeo

de autonomia da crianccedila e do grupordquo (p 38)

A sala na qual desenvolvemos a praacutetica

de accedilatildeo pedagoacutegica apresentava uma forma

retangular e como anteriormente foi referido a

sala natildeo possuiacutea grandes dimensotildees Desde o

iniacutecio percebemos que toda ela estava

previamente dividida por aacutereas e todas elas

estavam identificadas com uma placa com o nome e o

nuacutemero de crianccedilas que poderiam frequentar em simultacircneo Cada crianccedila era

representada com um siacutembolo um sorriso por cada crianccedila como podemos verificar na

figura 1 Ainda nas placas de identificaccedilatildeo das aacutereas podiacuteamos verificar desenhos

realizados pelas crianccedilas Procuramos ainda atender a que como lembram Oliveira-

Formosinho e Andrade (2011a)

Figura 1 - Identificaccedilatildeo das aacutereas da sala

8

As crianccedilas tecircm o direito de crescer em espaccedilos onde o cuidado e a atenccedilatildeo

prestados agrave dimensatildeo esteacutetica constituam um princiacutepio educativo baacutesico As

experiecircncias que as crianccedilas vivem com o espaccedilo devem poder converter-se em

experiecircncias esteacuteticas de prazer e de bem-estar (p 12)

Uma das paredes da sala possuiacutea trecircs janelas com visionamento para o exterior

Estas proporcionavam uma agradaacutevel luminosidade natural e possibilitavam ainda

identificar o estado do tempo A sala encontrava-se igualmente devidamente equipada

com sistema de aquecimento funcionando este em situaccedilotildees necessaacuterias No que

respeita ao pavimento da sala este possuiacutea uma cor azulada clara resistente lavaacutevel

um pouco confortaacutevel e pouco refletora de som proporcionando desse modo um

benevolente isolamento acuacutestico

O mobiliaacuterio da sala apresentava um bom estado de conservaccedilatildeo O moacutevel de

maior dimensatildeo estava preenchido com materiais trabalhos e os portefoacutelios das

crianccedilas Havia um moacutevel para arrumaccedilatildeo de materiais sendo alguns destes de escrita

(como os laacutepis marcadores) e tambeacutem tesouras materiais reciclados e outros que

serviam de apoio agraves atividades de expressatildeo plaacutestica Encontravam-se quatro mesas na

sala de formato retangular proporcionando agraves crianccedilas um largo espaccedilo para trabalhar e

brincar sobre as mesmas todas acompanhadas por cinco cadeiras Eacute importante salientar

que as mesas e as cadeiras serviam de apoio agraves atividades em pequeno e grande grupo

Ainda na sua constituiccedilatildeo a sala possuiacutea um placard no qual eram expostos os

trabalhos realizados pelas crianccedilas embora alguns destes fossem expostos no corredor

de forma a divulgaacute-los junto dos paiscomunidade Indo ao encontro de Niza (2007)

quando refere que ldquoo ambiente geral da sala deve resultar agradaacutevel e altamente

estimulante utilizando as paredes como expositores permanentes das produccedilotildees das

crianccedilas onde rotativamente se revecircem nas suas obras de desenho pintura tapeccedilaria ou

textordquo (p 133)

A planta que se segue apresenta-nos uma perspetiva da realidade do espaccedilo

fiacutesico da sala ao longo do ano letivo considerando que as alteraccedilotildees ocorridas

incidiram na integraccedilatildeo de materiais mas natildeo na disposiccedilatildeo das aacutereas

9

A sala integrou desde iniacutecio seis aacutereas de trabalho todas devidamente

identificadas sendo estas a aacuterea da casa (cozinha e quarto) a aacuterea dos jogos a aacuterea de

acolhimento a aacuterea da biblioteca a aacuterea da escrita e a aacuterea da garagemconstruccedilotildees

Estas estavam organizadas no sentido de possibilitar ao grupo de crianccedilas um faacutecil

acesso aos distintos materiais e objetos pois como menciona Oliveira-Formosinho

(2007b) ldquoa organizaccedilatildeo do espaccedilo em aacutereas com os seus respectivos materiais (hellip)

porque estatildeo visiacuteveis acessiacuteveis e etiquetados (tambeacutem para facilitar a autonomia na

arrumaccedilatildeo) eacute uma forma poderosiacutessima de passar mensagens impliacutecitas agrave crianccedilardquo (p

68)

Podemos verificar na figura 2 que as aacutereas rotuladas como barulhentas

encontram-se um pouco afastadas das aacutereas mais calmas A aacuterea da biblioteca (figura 3)

situa-se no canto superior direito da figura 2 desfrutava de

uma boa luminosidade natural pois encontrava-se junto de

uma das janelas Esta era constituiacuteda por uma estante na qual

as crianccedilas poderiam encontrar livros variados uma mesa

circular de pequenas dimensotildees acompanhada por trecircs

cadeiras de madeira Esta proporcionava agraves crianccedilas

oportunidade agradaacutevel de explorar as ilustraccedilotildees das

histoacuterias folhear e contar histoacuterias umas agraves outras Hohmann

e Weikart (2011) referem que ldquotalvez mais nenhuma outra

actividade seja tatildeo importante para a emergente literacia da crianccedila do que um adulto ou

amigo lhe fizerrdquo (p 546)

Figura 3- Aacuterea da biblioteca

Figura 2 - Planta da sala

10

Figura 6- Aacuterea da casa

espaccedilo do quarto

Figura 5 - Aacuterea dos jogos

Do outro lado da sala estava situada a aacuterea da

escrita (figura 4) nesta as crianccedilas tinham a

oportunidade de escrever explorar as diferentes

formas das letras podendo inclusivamente manipular

materiais de escrita

No centro da sala encontrava-se a aacuterea do

acolhimento um espaccedilo destinado a momentos em grande grupo de modo a ser

possiacutevel todas as crianccedilas se visualizarem umas agraves outras partilharem interesses

ouvirem histoacuterias tinham ainda a oportunidade de cantarem canccedilotildees e dialogarem

A aacuterea dos jogos (figura 5) estava localizada perto

da aacuterea do acolhimento dispunha de uma mesa

acompanhada por cinco cadeiras e de uma estante na qual

se encontravam diversos tipos de jogos puzzles

enfiamentos dominoacutes blocos loacutegicos jogo de letras jogos

com formas geomeacutetricas entre outros Esta aacuterea permitia o

desenvolvimento cognitivo das crianccedilas aleacutem das

experiecircncias diversificadas que as motivavam para a

resoluccedilatildeo de problemas

A aacuterea da casa distribuiacutea-se por dois espaccedilos o quarto

(figura 6) e a cozinha (figura 7) O mobiliaacuterio e materiais desta

aacuterea estavam apropriados agrave altura das crianccedilas Nesta era

visiacutevel a frequente representaccedilatildeo por parte das crianccedilas

assumindo o papel de adultos imitando expressotildees gestuais e

orais Atraveacutes das bonecas as crianccedilas representavam vivecircncias

do seu dia-a-dia como vestir e despir as crianccedilas deitaacute-las a

dormir maquilhaacute-las faziam e desfaziam a cama arrumavam e

desarrumavam toda a aacuterea representando

de variadas formas o ldquofaz-de-contardquo

O espaccedilo da cozinha era utilizado para representar

vivecircncias do dia-a-dia integrando parecenccedilas com algumas

cozinhas das casas das crianccedilas e em vaacuterias situaccedilotildees as

crianccedilas assumiam os papeacuteis de adultos e representavam

momentos vividos nas suas proacuteprias casas

Figura 4 - Aacuterea da escrita

Figura 7 - Espaccedilo da

cozinha

11

Figura 9 - Quadro semanal de presenccedilas

A uacuteltima aacuterea a ser apresentada eacute intitulada pela aacuterea da

garagemconstruccedilotildees (figura 8) Nesta as crianccedilas usavam

materiais como carros ferramentas de mecacircnica uma pista de

carros entre outros As crianccedilas principalmente do sexo

masculino apropriavam-se ou tentavam por vaacuterias vezes

apropriar-se desta aacuterea pois mostravam bastante interesse na

mesma gostavam de brincar e imaginar situaccedilotildees proacuteprias da

aacuterea

Para registar as presenccedilas diaacuterias das crianccedilas foi criado um quadro semanal de

presenccedilas como pudemos verificar na figura 9 este estava adequado agrave altura das

crianccedilas Foi criado ldquopara o aluno marcar com um sinal convencional a sua presenccedila

na quadriacutecula onde o seu nome cruza com a coluna do diardquo (Niza 2007) (p 135)

Neste encontravam-se expostos os nomes das crianccedilas

do lado esquerdo e na parte superior do quadro

estavam os dias da semana separados por quadriacuteculas

A presenccedila da crianccedila era assinalada com duas bolas

de pequenas dimensotildees uma verde fazendo referecircncia

agrave presenccedila e uma outra de cor vermelha fazendo

referecircncia agrave ausecircncia da crianccedila A marcaccedilatildeo das

presenccedila era identificado pela proacutepria crianccedila isto eacute

cada uma efetuava a sua presenccedila agrave exceccedilatildeo das

crianccedilas que se encontravam ausentes essa marcaccedilatildeo

era realizada ou pelas educadoras ou pelas crianccedilas

1312 Espaccedilo exterior

O espaccedilo exterior possuiacutea uma aacuterea de dimensotildees bastante consideraacuteveis

rodeada por um muro com grades que permitia observar do interior para o exterior da

instituiccedilatildeo e vice-versa O pavimento variava existindo zonas de relva com aacutervores de

cimento com maior dimensatildeo e de areia Neste uacuteltimo encontraacutevamos equipamento de

parque infantil sendo este composto por uma estrutura com escorrega barras para

trepar baloiccedilos fixos no chatildeo e cavalos de molas

Figura 8 - Aacuterea da

garagemconstruccedilotildees

12

Este espaccedilo exterior eacute de grande importacircncia pois nele como referem Hohmann

e Weikart (2011) ldquoas crianccedilas tecircm acesso a um conjunto de actividades e brincadeiras

que habitualmente natildeo fazem no interiorrdquo (p 369) No periacuteodo de recreio ldquoas crianccedilas

podem experimentar os sons e imagens do ar livre usar o material e equipamento do

recreio e brincar vigorosamente (ou sossegadamente se assim o preferirem) rdquo (idem

ibidem)

Em muitos momentos no recreio enquanto foi possiacutevel a sua utilizaccedilatildeo tivemos

a oportunidade de praticar jogos em grande grupo sendo estes com movimentos

rotativos movimentos lentos e coordenados movimentos raacutepidos e livres para as

crianccedilas exercitarem a motricidade Apesar dos momentos de recreio e de sala serem de

diferentes caracteriacutesticas ldquotecircm algo em comum encorajar as crianccedilas a envolverem-se

activamente com materiais pessoas ideias e acontecimentosrdquo (Hohmann amp Weikart

2011 p 370)

132 Rotina diaacuteria

A organizaccedilatildeo do tempo no jardim-de-infacircncia eacute definido e iniciado pelos

adultos estes devem refletir e estruturar devidamente uma rotina diaacuteria pois esta

auxilia as crianccedilas e adultos tal como referem Hohmann e Weikart (2011)

a rotina diaacuteria (hellip) ajuda as crianccedilas a responder (hellip) a questotildees ao

oferecer-lhes uma sequecircncia de acontecimentos que elas podem seguir e

compreender Tambeacutem ajuda os adultos a organizarem o seu tempo com as

crianccedilas de forma a lhes oferecer experiecircncias de aprendizagem activas e

motivadoras Neste sentido os elementos de uma rotina diaacuteria satildeo como

marcas de pegadas num caminho Ao seguirem o caminho as crianccedilas

envolvem-se em variadas aventuras e experiecircncias que lhes interessam e que

respondem agrave sua natureza inventiva e luacutedica (p 224)

Quando iniciaacutemos a nossa praacutetica de ensino na sala dos quatro anos estes jaacute

tinham uma rotina diaacuteria definida desde o iniacutecio do ano Apesar disso a rotina diaacuteria foi

suscetiacutevel de alteraccedilotildees tendo em conta atividades que emergiam visitas e o desenrolar

de certas experiecircncias de aprendizagem A rotina diaacuteria integrava os seguintes

segmentos temporais

i) Tempo de acolhimento momento de receccedilatildeo das crianccedilas em grande

grupo Era inclusive neste momento que as crianccedilas e os adultos

cantavam canccedilotildees partilham ideias vivecircncias e experiecircncias pessoais e

procediam agrave marcaccedilatildeo das presenccedilas

13

ii) Tempo de atividades em grande grupo neste tempo as crianccedilas e os

adultos juntavam-se para atividades a vaacuterios niacuteveis de muacutesica

movimento expressatildeo dramaacutetica leitura e exploraccedilatildeo de histoacuterias entre

outras Estas envolviam experiecircncias de aprendizagem nos diferentes

domiacutenios Apesar de em vaacuterias ocasiotildees serem os adultos a iniciarem

estas atividades as crianccedilas proporcionavam e apresentavam novas

ideias

iii) Tempo de higienealmoccedilo este tempo era dedicado agrave higiene das

crianccedilas e logo de seguida deslocavam-se ao refeitoacuterio da instituiccedilatildeo

para almoccedilarem

iv) Tempo de recreiodescanso momento reservado ao descanso das

crianccedilas mas tambeacutem quando as condiccedilotildees atmosfeacutericas o permitiam as

crianccedilas usufruiacuteam do espaccedilo exterior ocasionando-lhes situaccedilotildees nas

quais poderiam variar na forma como utilizavam o corpo tal como

trepar deslizar baloiccedilar e correr

v) Tempo de atividades nas aacutereas este tempo contemplava alguns tipos de

atividades propositadamente planeados de forma a proporcionar

experiecircncias de aprendizagens significativas nas diferentes aacutereas do

conteuacutedo Era ainda neste momento que se procedia agrave organizaccedilatildeo das

crianccedilas pelas diferentes aacutereas da sala consoante a preferecircncia que cada

uma manifestava de forma a reforccedilar os interesses naturais das crianccedilas

a capacidade de iniciativa da mesma e desenvolver competecircncias na

resoluccedilatildeo de problemas

vi) Tempo de lanche as crianccedilas apoacutes terem efetuado a arrumaccedilatildeo das

aacutereas da sala realizavam a higiene pessoal e deslocavam-se ao refeitoacuterio

da instituiccedilatildeo e tomavam o lanche Cada uma das crianccedilas possuiacutea a sua

lancheira e os lanches variavam de crianccedila para crianccedila

vii) Tempo de atividades orientadaslivres momento dedicado vaacuterias vezes

ao relaxamento da crianccedila as crianccedilas assistiam a filmes brincavam em

pequenos grupos com legos praticavam jogos em grande grupo sendo

estes uacuteltimos bastante solicitados pelas crianccedilas

A rotina diaacuteria vivenciada na sala ocorria como podemos verificar nos

segmentos temporais referidos de forma a despertar e apoiar as crianccedilas na tomada de

iniciativa perante atividades propostas Era uma forma de encorajar o envolvimento das

14

crianccedilas em atividades de pequenos grupos ou ateacute mesmo em pares envolvendo-as na

procura de soluccedilotildees para os problemas com que se iam confrontando Um dos principais

objetivos nas atividades era promover interaccedilotildees positivas nos diversos momentos de

trabalho O facto de as crianccedilas escolherem a sua aacuterea preferida e os materiais a

manusear para a execuccedilatildeo dos trabalhos demonstrava ao adulto a sua evoluccedilatildeo e

crescente autonomia

133 As interaccedilotildees

Para a melhor compreensatildeo do processo de interaccedilatildeo eacute essencial

compreendermos esse termo Neste sentido Oliveira-Formosinho e Formosinho (2011)

afirmam que ldquoas interaccedilotildees adulto-crianccedila satildeo uma tatildeo importante dimensatildeo da

pedagogia que a anaacutelise do estilo dessas interaccedilotildees nos permite determinar se estamos

perante uma pedagogia transmissiva ou uma pedagogia participativa (p 30) Dizem-nos

tambeacutem que ldquodesenvolver as interaccedilotildees refleti-las pensaacute-las e reconstruiacute-las eacute um

habitus que as profissionais que desenvolvem a Pedagogia-em-Participaccedilatildeo necessitam

de promoverrdquo (idem ibidem) Neste sentido reconhecemos que o educador desempenha

um papel crucial no desenrolar das diversas interaccedilotildees e no que tem a ver com as

interaccedilotildees educadoracrianccedila da instituiccedilatildeo estas satildeo em nosso parecer bastante

positivas As OCEPE (MEDEB 1997) alertam que ldquoa relaccedilatildeo individualizada que o

educador estabelece com cada crianccedila eacute facilitadora da sua inserccedilatildeo no grupo e das

relaccedilotildees com as ouras crianccedilasrdquo (p 35)

Achamos importante lembrar que ldquoa crianccedila aprende interagindo O adulto

aprende a ajudar a crianccedila a desenvolver a interacccedilatildeo A crianccedila eacute activa o adulto

tambeacutemrdquo (Oliveira-Formosinho 1996 p 55) Quando as crianccedilas e os educadores

desenvolvem algo em conjunto se o educador consegue envolver a crianccedila de tal forma

que esta se concentre totalmente no que estatildeo a desenvolver esta envolvecircncia faz com

que tanto a crianccedila como o adulto estejam ativos facilitaraacute a interaccedilatildeo entre ambos

tanto de um como do outro Eacute com a interaccedilatildeo que a crianccedila aprende vaacuterios fatores que

a ajudaratildeo no seu desenvolvimento e eacute tambeacutem com a interaccedilatildeo que o adulto tem a

oportunidade de auxiliar o desenvolvimento da crianccedila Neste sentido Hohmann e

Weikart (2011) defendem que ldquoa partilha do controlo num clima de apoio apela agrave

reciprocidade ndash um dar e receber muacutetuo entre crianccedilas e adultosrdquo (p 77)

No que diz respeito agraves interaccedilotildees crianccedilacrianccedila na sala onde se desenrolou a

accedilatildeo educativa verificaacutemos uma vasta cumplicidade entre elas existindo a formaccedilatildeo de

15

grupos de amigos Mostraram desde cedo apelar agrave brincadeira entre elas partilhando os

objetos e tentando haver na sala um clima de interaccedilotildees positivas

No nosso caso em concreto procuraacutemos desde cedo escutar apoiar e ainda

compreender as crianccedilas desenvolvendo desse modo uma interaccedilatildeo participativa

seguindo uma praacutetica na qual as crianccedilas foram sempre reconhecidas como pessoas que

tem sentimentos Tentaacutemos como referem Hohmann e Weikart (2011) ldquocriar e manter

ambientes em que a interacccedilatildeo com as crianccedilas seja positiva e por forma que estas

possam trabalhar e brincar com pessoas e objetos libertas de medo ansiedades ou de

aborrecimentordquo (p 63)

Reconhecemos que possibilitaacutemos agraves crianccedilas diversas situaccedilotildees nas quais

pudessem entender e participar em atividades promotoras de aprendizagens e que

pudessem construir e desenvolver as suas proacuteprias competecircncias Tentaacutemos observar e

entender a crianccedila pois como referem Oliveira-Formosinho e Formosinho (2011) ldquoo

papel do professor eacute o de organizar o ambiente e observar a crianccedila para entender e lhe

responderrdquo (p 15)

A fim de apoiar e acompanhar as crianccedilas nas suas atividades procuraacutemos

atraveacutes de uma observaccedilatildeo participante conhecer os interesses e necessidades

formativas das crianccedilas no sentido de favorecer interaccedilotildees que pudessem tornar-se

facilitadoras de aprendizagem das crianccedilas Assim sendo ao longo da nossa experiecircncia

de praacutetica educativa apoiaacutemos o envolvimento do grupo nas vaacuterias atividades de modo

a favorecer a sua implicaccedilatildeo na descoberta resoluccedilatildeo de problemas e na tomada de

decisotildees

16

17

II Fundamentaccedilatildeo das opccedilotildees educativas

No presente capiacutetulo procedemos ao aprofundamento de conhecimentos que nos

ajudem a melhor fundamentar e interpretar a praacutetica educativa em contexto preacute-escolar

Neste sentido debruccedilamo-nos sobre as perspetivas atuais de aprendizagem da crianccedila

as linhas de orientaccedilatildeo curricular e os modelos pedagoacutegicos que nos podem ajudar a

desenvolver uma accedilatildeo educativa de qualidade

21 A aprendizagem como um processo ativo

O desenvolvimento da praacutetica educativa suscita-nos questionamento sobre como

encarar o processo de aprendizagem a promover com as crianccedilas no sentido de ajudaacute-

las a progredir e a beneficiar do necessaacuterio bem-estar e integraccedilatildeo social

Neste sentido importa considerar a perspetiva de Brickmann e Taylor (1996)

defendendo os autores que ldquoas experiecircncias de aprendizagem para crianccedilas devem ser

ativasrdquo (p 3) explicitando que ldquodevem tornar a crianccedila capaz de construir o seu

proacuteprio conhecimento lidando diretamente com pessoas materiais e ideiasrdquo (idem p 3-

4) Neste acircmbito torna-se importante retomar a perspetiva teoacuterica de Piaget (1976) que

reconhece e valoriza a pessoa como sujeito ativo na construccedilatildeo de conhecimento O

autor defende que se enverede por um processo de aprendizagem experiencial e alerta

para a importacircncia da crianccedila poder explorar pensar e descobrir a partir da accedilatildeo sobre

os objetos e da relaccedilatildeo com os outros Como refere Novo (2009) ldquona perspetiva do

autor a crianccedila descobre do mesmo modo o mundo das pessoas e o dos objetos reais ou

simboacutelicosrdquo (p 52) Para Piaget (in Hohmann amp Weikart 2011) ldquoo conhecimento natildeo

proveacutem nem dos objetos nem da crianccedila mas sim das interaccedilotildees entre a crianccedila e os

objetosrdquo (p 19) pressupondo assim uma accedilatildeo reciacuteproca da crianccedila sobre os objetos e

dos objetos sobre a crianccedila na construccedilatildeo do conhecimento Nesta linha de pensamento

como tambeacutem afirma o autor (1978 citado por Novo 2009) ldquoconhecer natildeo consiste em

copiar o real mas agir sobre ele e transformaacute-lordquo (p 53)

Assim como Tompkins (1996) lembra importa ter em conta que uma

aprendizagem ativa eacute muito mais do que a mera manipulaccedilatildeo de materiais pelas crianccedilas

e do que a transmissatildeo de conhecimentos pelo educador Neste sentido sublinha que

18

a maior parte dos educadores de infacircncia concordaria com a ideia de que as

crianccedilas aprendem mais quando encorajadas a explorarem a interagirem a

serem criativas a seguirem os seus proacuteprios interesses e a brincarem No

entanto muitos educadores de infacircncia bem-intencionados acabam por

conduzir actividades em oposiccedilatildeo a esta teoria (p 6)

Este eacute um aspeto que natildeo deixa de caraterizar a nossa accedilatildeo educativa daiacute a

preocupaccedilatildeo em acedermos a conhecimentos que possam ajudarmos a melhor tomar

consciecircncia do tipo de praacuteticas que desenvolvemos e das linhas em que apoiaacute-las para

que incluam perspetivas que na atualidade satildeo reconhecidas como facilitadores de uma

aprendizagem ativa das crianccedilas

Importa assim considerar que segundo Formosinho (1996) as aprendizagens

ativas satildeo ldquoaquelas em que a crianccedila atraveacutes da sua acccedilatildeo sobre os objectos e da sua

interacccedilatildeo com as pessoas as ideias e os acontecimentos chega agrave compreensatildeo do

mundordquo (p 56) Por isso uma accedilatildeo educativa que se centra em ajudar as crianccedilas a

aprender como referem Oliveira-Formosinho amp Formosinho (2011) deve dar um papel

de relevo agrave crianccedila agrave colaboraccedilatildeo entre pares e agrave colaboraccedilatildeo entre adultos e crianccedilas

ou seja ldquodesenvolve uma epistemologia de natureza construtiva interativa

colaborativardquo (p 18)

Nesta linha importa o recurso a estrateacutegias pedagoacutegicas que proporcionem a

partilha de conhecimentos a implicaccedilatildeo das crianccedilas na resoluccedilatildeo de situaccedilotildees

problemaacuteticas de modo a exploraacute-las sob diversos acircngulos recorrendo agravequilo que jaacute

conhecem e agrave sua capacidade imaginativa O educador deve entatildeo observar e escutar as

crianccedilas e valorizar a sua participaccedilatildeo na organizaccedilatildeo e desenvolvimento do processo de

aprendizagem bem como na reflexatildeo sobre o mesmo Deve dar-se atenccedilatildeo aos seus

interesses e aos valores que representam as atividades da sua iniciativa na

reorganizaccedilatildeo da compreensatildeo que faz do mundo e por conseguinte no seu

desenvolvimento Nesse processo importa considerar que

tal como os adultos as crianccedilas tem comportamentos positivos e

comportamentos negativos mas eacute importante prestar atenccedilatildeo ao que as

crianccedilas fazem bem feito incidindo nesses pontos e valorizando-os Ao

observar cuidadosamente aquilo que as crianccedilas podem fazer os adultos tecircm

oportunidade para aproveitar o desejo natural de aprender das crianccedilas

(Hohmann 1996 p 22)

Dewey (2002) lembra que as experiecircncias das crianccedilas podem tornar-se agrave

semelhanccedila das suas brincadeiras e jogos em formas ativas da accedilatildeo Para o autor de

acordo com Pinazza (2007) ldquoas situaccedilotildees educativas devem apoiar-se na atividade da

19

crianccedila ou seja deve aprender fazendordquo (p 74) Daiacute a importacircncia que deve merecer a

organizaccedilatildeo do ambiente educativo e as atividades e projetos em que se envolvem

Importa considerar tambeacutem que ldquoa liberdade de accedilatildeo natildeo se opotildee agrave intencionalidade e

ao estabelecimento de propoacutesitos educativos nem tatildeo pouco agrave formaccedilatildeo de haacutebitosrdquo (p

75) devendo ser tidas todas estas dimensotildees em consideraccedilatildeo

Vygostky de acordo com Pinazza (2007) defende a relaccedilatildeo entre processo

educativo e as experiecircncias pessoais das crianccedilas No entanto eacute de considerar que nem

todas as experiecircncias satildeo igualmente educativas O valor de uma experiecircncia baseia-se

no princiacutepio da continuidade experiencial e o da interaccedilatildeo (idem) Importa ter em conta

que a continuidade pressupotildee alargar as experiecircncias e que a interaccedilatildeo se configura no

ambiente educativo que se cria

Nesse processo eacute de ter em conta a importacircncia a atribuir natildeo apenas aos

conhecimentos e competecircncias da crianccedila mas tambeacutem agrave forma como se estabelecem as

interaccedilotildees e agrave complexidade que as atividades apresentam Neste acircmbito importa

considerar que como defende Vygostky (1996 citado por Novo 2009) ldquoque com o

auxiacutelio de outra pessoa toda a crianccedila consegue concretizar mais do que faria sozinhardquo

(p 58) podendo entender-se este aspeto muito mais indicativo do desenvolvimento da

crianccedila Ideia que reforccedila a importacircncia da observaccedilatildeo e apoio que o adulto deve

promover para acompanhar e promover o processo da aprendizagem da crianccedila

22 Modelos Curriculares

Associado a uma perspetiva de aprendizagem ativa encontram-se alguns

modelos curriculares que tecircm vindo a ser apontados em vaacuterios trabalhos como

facilitadores de praacuteticas educativas preacute-escolares de qualidade tal como o modelo

HighScope (Hohmann amp Weikart 2011) o modelo do Movimento da Escola Moderna

(Niza 2007) e o modelo de Reggio Emilia (Eduards Gandini amp Forman 1999)

Reconhecendo que os princiacutepios em que cada um desses modelos se apoiam

podem ajudar-nos a melhor entender as linhas que caraterizam a nossa accedilatildeo importa

efetuar uma breve abordagem aos mesmos

O modelo curricular HighScope valoriza a aprendizagem pela acccedilatildeo o que

pressupotildee que as crianccedilas possam ldquoviver experiecircncias directas e imediatas e retirar delas

significado atraveacutes da reflexatildeordquo (Hohmann amp Weikart 2011 p 5) no sentido de

construiacuterem conhecimentos que as ajudem a dar sentido ao mundo As crianccedilas devem

20

dispor da possibilidade de explorar os objetos colocar sobre os acontecimentos e acerca

do que lhes desperta curiosidade

No que diz respeito agrave organizaccedilatildeo do espaccedilo e materiais de trabalho as salas

seguem uma organizaccedilatildeo construtivista que aponta para a organizaccedilatildeo de aacutereas

diferenciadas que permitam a realizaccedilatildeo de diferentes aprendizagens A organizaccedilatildeo da

sala por aacutereas e com os respetivos materiais faz com que as crianccedilas adquiram

independecircncia autonomia e responsabilidade em relaccedilatildeo ao seu modo de utilizaccedilatildeo

transmitindo mensagens impliacutecitas agraves crianccedilas Como referem Hohmann e Weikart

(2011)

Uma vez que o ambiente estaacute organizado de forma a que estas escolham as

suas brincadeiras os adultos ficam livres de funccedilotildees diretivas de

entretenimento ou de controlo das crianccedilas Em vez disso passam a poder

concentrar-se no apoio a dar agraves brincadeiras das crianccedilas e agrave sua capacidade de

resoluccedilatildeo de problemas (p 182)

A organizaccedilatildeo do ambiente educativo inclui quatro componentes sendo elas a

organizaccedilatildeo do espaccedilo e materiais das rotinas do grupo e das interaccedilotildees Segundo este

modelo o espaccedilo deve estar organizado por diferentes aacutereas de modo a permitir que as

crianccedilas desenvolvam diferentes aprendizagens envolvendo-se em atividades

diversificadas A organizaccedilatildeo do espaccedilo deve ser flexiacutevel deve adaptar-se agraves

necessidades e interesses das crianccedilas e do grupo pelo que deve estar organizado de

modo a conferir autonomia agraves crianccedilas Outra especificidade desta organizaccedilatildeo reside

no facto de as aacutereas estarem organizadas de forma a permitirem a livre circulaccedilatildeo das

crianccedilas entre elas de acordo com os seus interesses Por sua vez ldquoa arrumaccedilatildeo dos

materiais deve proporcionar a execuccedilatildeo do ciclo encontra-brinca-arrumardquo (Hohmann amp

Weikart 2011 p 164)

A organizaccedilatildeo de uma rotina diaacuteria oferece estabilidade agrave crianccedila no sentido de

que pode aperceber-se do que vai acontecer oferecendo-lhe ldquosentido de controlo sobre

aquilo que vai fazer em cada momento do diardquo (idem p 8) Deve permitir agraves crianccedilas

experienciarem oportunidade de se envolverem na concretizaccedilatildeo do ciclo planear-fazer-

rever (idem p 229) Este consiste em promover o seu envolvimento no planeamento

das suas atividades a experienciaccedilatildeo das mesmas e a partilha e discussatildeo acerca do que

foi realizado Para isso o educador deve adotar uma gestatildeo flexiacutevel do tempo

permitindo que a crianccedila organize os seus acontecimentos as suas propostas e as suas

interaccedilotildees tendo em conta a sequecircncia temporal Os tempos em pequeno e grande

21

grupo bem como a niacutevel individual satildeo imprescindiacuteveis pois permitem a inserccedilatildeo das

crianccedilas em diferentes tipos de atividades quer da iniciativa do adulto quer da

iniciativa da crianccedila

A rotina diaacuteria preacute-escolar eacute constante estaacutevel e previsiacutevel para que a crianccedila

compreenda a forma de utilizaccedilatildeo do tempo e assim tornar-se menos dependente do

adulto face ao tempo em que deve concretizar determinada atividade A previsatildeo dos

tempos de rotina permite a seguranccedila e independecircncia da crianccedila e a diferenciaccedilatildeo das

atividades contribui para a variedade de experiecircncias

No que concerne agraves interaccedilotildees o papel do adulto eacute criar situaccedilotildees que

proporcionem agrave crianccedila o desenvolvimento do seu pensamento favorecendo a

emergecircncia de conflitos cognitivos (idem) Importa ter em conta que o adulto ajuda a

equilibrar a liberdade que a crianccedila necessita para explorar o meio que a rodeia Por

isso natildeo deve desencorajar a crianccedila quando esta natildeo consegue concretizar e resolver os

problemas com que se defronta Deve por sua vez fazer com que ela acredite em si

mesma e se envolva na procura de recursos que podem ajudaacute-la nesse processo Assim

um dos principais objectivos do programa HighScope consiste em apoiar os

adultos de modo a que estes possam criar e manter ambientes em que a

interacccedilatildeo com as crianccedilas seja positiva e por forma que estas possam

trabalhar e brincar com pessoas e objectos libertas de medos ansiedades ou

de aborrecimento e negligecircncia (Hohmann amp Weikart 2011 p 63)

O modelo curricular Reggio Emilia como antes referimos apoia-se tambeacutem em

princiacutepios pedagoacutegicos de participaccedilatildeo ativa das crianccedilas na construccedilatildeo do seu

conhecimento Como refere Malaguzzi (1999) o principal objetivo do projeto de

Reggio Emilia consiste em construir uma escola ldquopara crianccedilas pequenas como um

organismo vivo integral como um local de vidas e relacionamentos compartilhados

entre muitos adultos e muitas crianccedilasrdquo Para aleacutem deste objetivo a abordagem Reggio

Emilia estimula o desenvolvimento intelectual das crianccedilas partindo da representaccedilatildeo

simboacutelica

Como refere Edwards (2008) no que diz respeito ao papel do educador este eacute

natildeo apenas de ouvinte e observador mas tambeacutem deve ser proporcionador de

oportunidades e experiecircncias Os objetivos centralizam-se em criar oportunidades de

aprendizagem e desenvolvimento do pensamento das crianccedilas sendo por isso

importante escutaacute-las O papel do educador ldquocentraliza-se na provocaccedilatildeo de

oportunidades de descobertas atraveacutes de uma espeacutecie de facilitaccedilatildeo alerta e inspirada e

22

de estimulaccedilatildeo do diaacutelogo de accedilatildeo conjunta e da co-construccedilatildeo do conhecimento pela

crianccedilardquo(idem p 161)

As crianccedilas percebem quando os adultos valorizam os seus trabalhos e as suas

ideias uma vez que lhes comunicam essa valorizaccedilatildeo indiretamente atraveacutes de accedilotildees e

estrateacutegias Como exemplo destas accedilotildees o educador expotildee trabalhos das crianccedilas na

escola e partilha com toda a comunidade educativa a informaccedilatildeo que as crianccedilas

produzem

Os pais participam ativamente na vida escolar dos seus filhos uma vez que

colaboram com o educador e datildeo continuidade ao que as crianccedilas aprendem quer na

escola quer em casa Ou seja existe interajuda entre escolafamiacutelia na organizaccedilatildeo e

concretizaccedilatildeo da accedilatildeo educativa Por exemplo na realizaccedilatildeo de um projeto os

educadores comunicam aos pais o tema do projeto

encorajando-os a envolverem-se com as atividades de seus filhos atraveacutes da

busca dos materiais necessaacuterios do trabalho com os professores no

ambiente fiacutesico da oferta de livros suplementares e assim por diante Dessa

forma os pais satildeo levados a revisar a imagem que tecircm de seus filhos e a

compreender a infacircncia de um modo mais rico e complexordquo (Edwards 2008

p 163)

Segundo Lino (2007) o modo como o espaccedilo eacute organizado ldquoreflete as ideias

valores atitudes e patrimoacutenio cultural de todos os que nele trabalhamrdquo (p 107) Isto

porque atraveacutes da comunicaccedilatildeo cooperaccedilatildeo partilha de atividades e ideias a crianccedila

constroacutei o seu conhecimento do mundo (idem) Sendo assim o espaccedilo nas escolas de

Reggio Emilia eacute planeado ao pormenor pela comunidade educativa Relativamente ao

espaccedilo exterior este eacute organizado de forma a possibilitar uma continuidade das

atividades realizadas no interior

A gestatildeo da rotina praticada em Reggio dispotildee de uma organizaccedilatildeo do tempo

que proporciona agraves crianccedilas oportunidades de estabelecer diferentes tipos de interaccedilatildeo

Assim como sublinha Lino (2007) ldquoelas podem escolher trabalhar sozinhas em

pequeno grupo em grande grupo com os adultos ou sem elesrdquo (p 109)

O modelo curricular do Movimento da Escola Moderna (MEM) como refere

Niza (2007) ldquoassenta num Projecto Democraacutetico de autoformaccedilatildeo cooperada de

docentes que transfere por analogia essa estrutura de procedimento para um modelo

de cooperaccedilatildeo educativa nas escolasrdquo (p 125) Tendo em conta a escola como local de

23

iniciaccedilatildeo agrave vida democraacutetica este modelo propotildee diversos princiacutepios fundamentais para

a estruturaccedilatildeo da accedilatildeo educativa Referindo Niza (idem)

- Os meios pedagoacutegicos veiculam em si os fins democraacuteticos da educaccedilatildeo

pelo que a escolha dos materiais os processos usados e as formas de

organizaccedilatildeo das atividades devem respeitar as regras democraticamente

decididas pelos educadoresprofessores e crianccedilas

- A actividade escolar enquanto contrato social e educativo deve concretizar-

se atraveacutes da negociaccedilatildeo entre educadoresprofessores e crianccedilas entre si

- A praacutetica democraacutetica da organizaccedilatildeo partilhada por todos decide-se em

conselho de cooperaccedilatildeo

- Os processos de trabalho escolar reproduzem os processos sociais autecircnticos

aproximando deste modo a escola agrave vida social

- A informaccedilatildeo de projectos estudos e outras realizaccedilotildees das crianccedilas eacute

partilhada atraveacutes de circuitos de produccedilatildeo distribuiccedilatildeo e divulgaccedilatildeo como

paineacuteis conferecircncias jornal escolar e outros tipos de apresentaccedilotildees

- As praacuteticas escolares conferem sentido social agraves aprendizagens das crianccedilas

atraveacutes da partilha dos saberes com os seus pares e pela intervenccedilatildeo na

comunidade envolvente ou com a comunidade mais distante atraveacutes da troca

de correspondecircncia entre outros meios

- Os alunos interpelam o meio social e trazem para a escola pessoas da

comunidade como recurso e fonte de conhecimento e culturardquo (pp 127-130)

O Movimento Escola Moderna salienta alguns instrumentos de organizaccedilatildeo da

vida em grupo que se tornam indispensaacuteveis na participaccedilatildeo conjunta do educador e da

crianccedila como o plano de atividades a lista semanal de projetos o quadro semanal de

distribuiccedilatildeo de tarefas o mapa de presenccedilas diaacuterio e o diaacuterio de grupo

Este tipo de organizaccedilatildeo ajuda as crianccedilas a situarem-se no espaccedilo e no tempo

Desta forma eacute necessaacuterio a sala estar organizada por aacutereas de atividades que estaratildeo

dispostas agrave volta da mesma no centro da sala deve estar situada uma aacuterea de trabalho

coletivo Estas aacutereas devem ser originais para que possam ser o mais possiacutevel parecidas

com a realidade que os envolve Como afirma Niza (2007) ldquo o ambiente geral da sala

deve resultar agradaacutevel e altamente estimulante utilizando as paredes como expositores

permanentes das produccedilotildees das crianccedilas onde rotativamente se revecircem nas suas obras

de desenho pintura tapeccedilaria ou textordquo (p 133)

24

A gestatildeo do tempo eacute segundo Niza (2007) ldquoconstituiacuteda por duas etapas de

configuraccedilatildeo distinta

a etapa da manhatilde centra-se fundamentalmente no trabalho ou na actividade

eleita pelas crianccedilas e por elas sustentada desconcentradamente pelas aacutereas

de actividade Com o apoio discreto e itinerante do educador A etapa da

tarde reveste a forma de sessotildees plenaacuterias de informaccedilatildeo e de actividade

cultural dinamizadas por convidados pelos alunos ou pelos educadores

(p135)

O MEM tem uma forma muito proacutepria de promover o relacionamento das

crianccedilas entre si e das mesmas com os adultos Esta interaccedilatildeo eacute fomentada por

fundamentos da pedagogia da cooperaccedilatildeo Assim as crianccedilas devem no jardim-de-

infacircncia experimentar praacuteticas e atitudes que lhes permitiratildeo aprender valores e atraveacutes

das suas vivecircncias aprofundar o desenvolvimento da sua cidadania

Como afirma Niza (2007) os educadores assumem-se neste modelo como

promotores da organizaccedilatildeo participada dinamizadores da cooperaccedilatildeo

animadores ciacutevicos e morais do treino democraacutetico auditores activos para

promoverem a livre expressatildeo e a atitude criacutetica Mantecircm e estimulam a

autonomizaccedilatildeo e responsabilizaccedilatildeo de cada educando no grupo de educaccedilatildeo

cooperada (p139)

De acordo com este modelo eacute necessaacuterio dar continuidade agraves experiecircncias

educativas promovendo a curiosidade a iniciativa e a descoberta das crianccedilas e criar

condiccedilotildees para que tomem a iniciativa e se sintam valorizadas

Em suma os modelos referidos possibilitam um conjunto de orientaccedilotildees que se

tornam fundamentais para nos ajudar a organizar uma intervenccedilatildeo pedagoacutegica que

favoreccedila o desenvolvimento de crianccedilas no quadro de conquista de uma progressiva

autonomia

23 Linhas de orientaccedilotildees curricular da educaccedilatildeo preacute-escolar

Para a organizaccedilatildeo da accedilatildeo educativa importa ter em consideraccedilatildeo o estabelecido

nas Orientaccedilotildees Curriculares3 definidas para a educaccedilatildeo preacute-escolar

As OCEPE acentuam que sejam promovidos saberescompetecircncias que

favoreccedilam a progressatildeo das crianccedilas ao niacutevel da sua Formaccedilatildeo Pessoal e Social

Expressatildeo e Comunicaccedilatildeo (domiacutenio da linguagem oral e abordagem agrave escrita domiacutenio

das expressotildees incluindo a motora dramaacutetica musical e plaacutestica e o domiacutenio da

matemaacutetica) e Conhecimento do Mundo no sentido de ajudaacute-las a tornarem-se capazes

3 OCEPE-MEDEB 1997 Despacho 522097 de 4 de agosto Metas de aprendizagem (ME 2010)

25

de uma plena inserccedilatildeo na sociedade como cidadatildeos autoacutenomos livres e solidaacuterios

(MEDEB 1997) As Metas de Aprendizagem para a Educaccedilatildeo Preacute-Escolar (ME 2010)

explicitam os conteuacutedos incluiacutedos nas aacutereas e domiacutenios de conteuacutedo definidas nas

OCEPE indicando o que as crianccedilas devem ter aprendido no final da etapa educativa

preacute-escolar

Entendemos dever ser dada importacircncia aos contributos destes diferentes

documentos para organizaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo das experiecircncias de aprendizagem no quadro

de construccedilatildeo de respostas educativas preacute-escolares de qualidade

Assim e no sentido de melhor compreender a natureza das aprendizagens que

devem nortear a accedilatildeo educativa preacute-escolar importa efetuarmos ainda que de forma

resumida uma abordagem das aacutereas e domiacutenios de conteuacutedo

A aacuterea de Formaccedilatildeo Pessoal e Social eacute considerada uma aacuterea transversal

considerando que todas as componentes curriculares deveratildeo contribuir para promover

nas crianccedilas atitudes e valores que lhes permitam tornarem-se cidadatildeos conscientes e

solidaacuterios capacitando-os para a resoluccedilatildeo dos problemas da vida Tambeacutem a educaccedilatildeo

preacute-escolar deve favorecer a formaccedilatildeo da crianccedila tendo em vista a sua plena inserccedilatildeo

na sociedade como ser autoacutenomo livre e solidaacuterio

Importa referir que entre as aprendizagens a promover estas se situam num

processo em construccedilatildeo do ser humano ldquosendo influenciado e influenciando o meio que

o rodeiardquo (MEDEB 1997 p51) eacute de salientar tambeacutem que ldquoeacute na famiacutelia e no meio

soacutecio-cultural em que vive os primeiros anos de vida que a crianccedila inicia o seu

desenvolvimento pessoal e socialrdquo (idem p52) Eacute acentuado um papel essencial na

educaccedilatildeo para os valores sendo ldquoque natildeo se ldquoensinamrdquo mas que se vivem na acccedilatildeo

conjunta e nas relaccedilotildees com os outrosrdquo (idem ibidem) As relaccedilotildees e interaccedilotildees

estabelecidas pelo adulto com as crianccedilas e o grupo o modo como as apoia satildeo

caracterizados como um suporte da educaccedilatildeo Importa ter em conta que a relaccedilatildeo

estabelecida pelo educador com as crianccedilas o modo como as valoriza e respeita

estimula e encoraja os seus processos facilita a auto-estima da crianccedila e as relaccedilotildees que

as crianccedilas estabeleceratildeo entre si Eacute ainda de considerar que ldquofavorecer a autonomia da

crianccedila e do grupo assenta na aquisiccedilatildeo do saber-fazer indispensaacutevel agrave sua

independecircncia e necessaacuterio a uma maior autonomia enquanto oportunidade de escolha e

responsabilizaccedilatildeordquo (idem p 53)

Obter maior independecircncia representa na educaccedilatildeo preacute-escolar dominar certos

saberes tais como vestir-se despir-se lavar-se comer utilizando adequadamente os

26

talheres etc mas tambeacutem serem capazes de utilizar de forma correta materiais e

instrumentos agrave sua disposiccedilatildeo tais como jogos tintas pinceis laacutepishellip (idem ibidem)

Como se afirma nas OCEPE (MEDEB 1997) reconhecer laccedilos de pertenccedila

social e cultural respeitando outras culturas eacute um aspeto que deve ser tambeacutem

valorizado na educaccedilatildeo preacute-escolar fazendo parte do desenvolvimento da identidade Eacute

de considerar que a igualdade de oportunidades entre os diferentes sexos indiviacuteduos de

diferentes classes sociais e diferentes etnias se constroacutei numa perspetiva de educaccedilatildeo

multicultural devendo esta natildeo ser apenas criada pela participaccedilatildeo na organizaccedilatildeo do

ambiente educativo mas tambeacutem pela participaccedilatildeo na aprendizagem em grupo Eacute

preciso ter em conta que a participaccedilatildeo na discussatildeo e na tomada de posiccedilatildeo favorece a

consciecircncia de valores sociais culturais e eacuteticos (idem p 55)

Em suma como as proacuteprias OCEPE alertam a aacuterea da Formaccedilatildeo Pessoal e

Social entende-se como ldquoaacuterea de conteuacutedo integradora pois embora com

intencionalidade proacutepria inscreve-se em todas as outrasrdquo (idem ibidem)

A aacuterea da Expressatildeo e Comunicaccedilatildeo como eacute referido nas OCEPE (MEDEB

1997) ldquoengloba as aprendizagens relacionadas com o desenvolvimento psicomotor e

simboacutelico que determinam a compreensatildeo e o progressivo domiacutenio de diferentes formas

de linguagemrdquo (p56) Esta aacuterea eacute a uacutenica em que se diferenciaram vaacuterios domiacutenios

Releva-se que eacute importante que os adultos facultem ocasiotildees agraves crianccedilas que

distingam o real e o imaginaacuterio pois nestas idades por vezes ainda confundem Importa

proporcionar agraves crianccedilas ldquosuportes que permitam desenvolver a imaginaccedilatildeo criadora

como procura e descoberta de soluccedilotildees e exploraccedilatildeo do lsquomundorsquo rdquo OCEPE (MEDEB

1997 p 56)

Ao niacutevel do domiacutenio da linguagem oral e abordagem agrave escrita importa que as

crianccedilas se envolvam em experiecircncias que lhes permitam progredir ao niacutevel da

expressatildeo oral e que lhe facultem a possibilidade de se familiarizarem com o coacutedigo

escrito permitindo-lhes contactar com as suas diferentes funccedilotildees Sublinha-se que numa

abordagem transversal a liacutengua portuguesa deve ser trabalhada em diferentes atividades

relacionadas com diferentes domiacutenios de conteuacutedo Importa considerar que

Proporcionar no jardim-de-infacircncia ambientes linguisticamente estimulantes e

interagir verbalmente com cada crianccedila satildeo as duas vias complementares que

podem ajudar a combater as assimetrias que afectam o desenvolvimento da

linguagem nas crianccedilas (Sim-Sim Silva amp Nunes 2008 p 12)

27

A comunicaccedilatildeo criada pelo educador permite agraves crianccedilas dominar a linguagem

ampliando o seu vocabulaacuterio e formando frases mais elaboradas O dia-a-dia na

educaccedilatildeo preacute-escolar possibilitaraacute atraveacutes de interaccedilotildees de qualidadecomplexidade

com a escrita que as crianccedilas usem corretamente frases simples de diversos tipos

As crianccedilas desde cedo conseguem distinguir a escrita do desenho comeccedilam a

ldquoimitar a escrita e a reproduzir o formato do texto escritordquo (OCEPE p 69) Mesmo que

as crianccedilas natildeo consigam reproduzir corretamente a escrita os educadores devem

incentivaacute-las nas suas tentativas Como se refere nas OCEPE (idem) ldquoa atitude do

educador e o ambiente que eacute criado devem ser facilitadores de uma familiarizaccedilatildeo com

o coacutedigo escrito Neste sentido as tentativas de escrita mesmo que natildeo conseguidas

deveratildeo ser valorizadas e incentivadasrdquo (p 69)

O educador deve inclusive ler e contar histoacuterias agraves crianccedilas pois desse modo

suscitaraacute na crianccedila o desejo de aprender a ler A forma como este lecirc e faz uso de

diferentes tipos de texto para as crianccedilas seratildeo usados por estas como exemplo de como

e para que serve ler (idem p 70)

As crianccedilas que desde cedo estatildeo envolvidas na utilizaccedilatildeo da linguagem

escrita e que vecircem outros a ler e a escrever vatildeo desenvolvendo a sua

perspectiva sobre o que eacute a leitura e a escrita e simultaneamente vatildeo

desenvolvendo capacidades e vontade para participarem em acontecimentos

de leitura e escrita (Mata 2008 p 14)

O educador tem que ter em atenccedilatildeo que em algumas ocasiotildees existem

diferentes liacutenguas como aconteceu na nossa praacutetica educativa visto que algumas

crianccedilas da sala natildeo tinham como liacutengua materna o portuguecircs Procuramos valorizar

essa dimensatildeo como meio de sensibilizar o grupo para a existecircncia de outras liacutenguas

mas tambeacutem de apoiar essas crianccedilas a acederam a um progressiva fluecircncia discursiva

No que diz respeito ao domiacutenio da matemaacutetica podemos destacar que as

crianccedilas vatildeo espontaneamente construindo noccedilotildees matemaacuteticas a partir de vivecircncias do

dia-a-dia Estas noccedilotildees fundamentam-se na vivecircncia do espaccedilo e tempo tendo como

ponto de partida as atividades espontacircneas em que se envolve ou que o educador

promove O papel da matemaacutetica na estruturaccedilatildeo do pensamento as suas funccedilotildees na

vida corrente e a sua importacircncia para aprendizagens futuras determina a atenccedilatildeo que

lhe deve ser dada na educaccedilatildeo preacute-escolar (idem p 73)

Procuraacutemos promover o desenvolvimento de noccedilotildees matemaacuteticas aproveitando

variadas situaccedilotildees luacutedicas das crianccedilas e momentos da rotina diaacuteria sabendo que como

se refere nas OCEPE (MEDEB 1997) ldquocabe ao educador partir das situaccedilotildees do

28

quotidiano para apoiar o desenvolvimento do pensamento loacutegico matemaacutetico

intencionalizando momentos de consolidaccedilatildeo e sistematizaccedilatildeo de noccedilotildees matemaacuteticasrdquo

(ibidem) Neste acircmbito importa ainda ter em conta o que afirmam Castro e Rodrigues

(2008) quando defendem que

uma das funccedilotildees do Jardim-de-Infacircncia eacute criar ambientes de aprendizagem

ricos em que as crianccedilas se possam desenvolver como seres de muacuteltiplas

facetas construindo percepccedilotildees e bases onde alicerccedilar aprendizagens Estas

reflectir-se-atildeo ao longo da vida quer nas aprendizagens quer na

sociabilizaccedilatildeo e mesmo no reconhecimento de algumas regras e

procedimentos Os nuacutemeros devem portanto desempenhar um papel

desafiante e com significado sendo a crianccedila estimulada e encorajada a

compreender os aspectos numeacutericos do mundo em que vive e a discuti-los

com os outros (p 12)

No que se refere ao domiacutenio das expressotildees como se refere nas OCEPE

(MEDEB 1997) eacute importante que o educador tenha em conta as especificidades de

cada expressatildeo mas tambeacutem a sua inter-relaccedilatildeo e a sua articulaccedilatildeo (p 57)

No que concerne agrave expressatildeo motora tal como se menciona nas OCEPE

(MEDEB 1997) ldquoao entrar para o preacute-escolar a crianccedila jaacute possui algumas aquisiccedilotildees

motoras baacutesicas tais como andar transpor obstaacuteculos manipular objectos de forma

mais ou menos precisardquo (p 58) Tendo em conta todos os movimentos que a crianccedila jaacute

possui a educaccedilatildeo preacute-escolar deve originar situaccedilotildees de exerciacutecio da motricidade

global e tambeacutem da motricidade fina permitindo que todas e cada uma aprendam a

utilizar e a dominar da melhor forma o seu proacuteprio corpo (idem ibidem) Eacute importante

que as crianccedilas usufruam de oportunidades para desenvolver os diferentes segmentos do

seu corpo facilitando a interiorizaccedilatildeo do esquema corporal e tendo consciecircncia do seu

corpo em relaccedilatildeo ao exterior aprendendo as relaccedilotildees no espaccedilo

Cabe ao educador tirar partido das situaccedilotildees que ocorrem nos diferentes espaccedilos

aproveitando a sala o espaccedilo exterior locais apetrechados e materiais que

proporcionem diversas e enriquecedoras oportunidades de expressatildeo motora O

educador deve proporcionar agraves crianccedilas formas de utilizar o seu corpo servindo-se de

jogos de movimento de sons de ritmos e danccedilas Como se afirma nas OCEPE

(MEDEB 1997) ldquotodas estas situaccedilotildees permitem que a crianccedila aprenda a utilizar

melhor o seu corpo e (hellip) que vaacute tomando consciecircncia de condiccedilotildees essenciais para

uma vida saudaacutevelrdquo (p 59)

29

A expressatildeo dramaacutetica eacute um meio de descoberta de si e do outro atraveacutes da qual

a crianccedila se afirma a si proacuteprio na relaccedilatildeo com os outros apropriando-se de situaccedilotildees

socias

Eacute frequente na idade de preacute-escolar depararmo-nos com crianccedilas movimentando-

se e colocando-se em diversas posiccedilotildees fiacutesicas muitas vezes imitando certas pessoas ou

ateacute mesmo animais E como nos referem Hohmann e Weikart (2011) ldquoexperimentar

movimentos que impliquem o corpo todo ajuda as crianccedilas a desenvolver o auto-

controlo e a consciecircncia do seu posicionamento fiacutesicordquo (p 629)

A expressatildeo musical permite a exploraccedilatildeo de sons e ritmos que as crianccedilas

produzem e exploram espontaneamente e que vatildeo aprendendo a identificar e a

reproduzir elas mesmas com os diversos aspetos que caracterizam os sons Como

afirmam Hohmann e Weikart (2011) ldquoouvir muacutesica mover-se ao seu som e fazer

muacutesica satildeo experiecircncias vitais que permitem agrave crianccedila expressar-serdquo (p 656) Os

mesmos autores acrescentam que ldquoa muacutesica acompanha-nos ao longo de toda a nossa

vida marcando acontecimentos desde do nascimento agrave morterdquo (p 657)

Baseando-se no pensamento de Carlton (1994) Hohmann e Weikart (2011)

apresentam seis aspetos que importa explorar no acircmbito de expressatildeo musical como

mover-se ao som da muacutesica explorar e identificar sons explorar a voz a cantar

desenvolver melodias cantar canccedilotildees e tocar instrumentos musicais simples

Na nossa praacutetica a muacutesica estava presente diariamente na sala pois logo pela

manhatilde as crianccedilas cantavam canccedilotildees relacionadas com os bons dias e por vezes outras

por elas sugeridas A abordagem de canccedilotildees com entusiasmo e entendendo que eacute uma

parte integrante de cultura musical da crianccedila eacute outra dimensatildeo considerada

A expressatildeo plaacutestica permite agraves crianccedilas explorarem diversos materiais e

instrumentos sendo as atividades motoras iniciadas pelas crianccedilas Como se afirma nas

OCEPE (MEDEB 1997) a crianccedila ldquoexterioriza espontaneamente imagens que

interiormente construiurdquo (p 61) Godinho e Brito (2010) defendem que ldquoeacute (hellip)

importante que as crianccedilas em ambiente de jardim-de-infacircncia possam experimentar

distintos papeacuteis de executante criador e apreciadorrdquo (p 11) e ter em conta que os

trabalhos das crianccedilas tecircm ldquosignificados concretos e partilhaacuteveis com os outrosrdquo (idem

p 65)

O desenho a pintura a digitinta a modelagem o recorte e a colagem satildeo

teacutecnicas de expressatildeo plaacutestica que devem ser explorados na educaccedilatildeo preacute-escolar

OCEPE (MEDEB 1997) Importa ainda atender agrave diversidade e quantidade de

30

materiais de modo a favorecer a expressatildeo criativa das crianccedilas Eacute importante que as

crianccedilas tenham agrave sua disposiccedilatildeo materiais que lhes possibilitem escolher e promover

diferentes formas de combinaccedilatildeo A identificaccedilatildeo e nomeaccedilatildeo de cores bem como a

mistura de cores baacutesica para formar outras (secundaacuterias) satildeo aspetos da expressatildeo

plaacutestica que tambeacutem importa explorar

No que diz respeito agrave aacuterea do Conhecimento do Mundo esta ldquoenraiacuteza-se na

curiosidade natural da crianccedila e no seu desejo de saber e compreender porquecircrdquo (idem p

79) A crianccedila antes de iniciar a educaccedilatildeo preacute-escolar sabe jaacute bastantes coisas sobre o

mundo que a rodeia A curiosidade e o desejo de descobrir e aprender das crianccedilas

manifestam-se na procura de compreensatildeo do mundo e de lhe atribuir sentido Tal

procura leva-as a formas progressivamente mais elaboradas do pensamento

A exploraccedilatildeo de conteuacutedos relacionados com esta aacuterea poderatildeo estar ldquomais ou

menos relacionada com o meio proacuteximo mas que aponta para a introduccedilatildeo a aspectos

relativos a diferentes domiacutenios do conhecimento humano (hellip) que mesmo elementares

e adequados a crianccedilas destas idades deveratildeo corresponder sempre a um grande rigor

cientiacuteficordquo (idem p 80) As OCEPE apontam ainda para que as crianccedilas possam

entender certos fenoacutemenos e acontecimentos que experienciam no seu dia-a-dia A

sensibilizaccedilatildeo agraves ciecircncias pode assim entender-se como partindo dos interesses das

crianccedilas que o educador alarga e contextualiza procurando fomentar a curiosidade e o

desejo de aprender O educador tem um papel fundamental na escolha dos conteuacutedos a

desenvolver poreacutem deve ter a preocupaccedilatildeo de acordar e negociar as suas propostas com

o grupo de modo a promover aprendizagens com significado para as crianccedilas Entre o

que se apresenta como fundamental desenvolver neste domiacutenio ldquosatildeo aspectos que se

relacionam com os processos de aprender a capacidade de observar o desejo de

experimentar a curiosidade de saber a atitude criacuteticardquo (idem p 85)

Foi com base em todas as aacutereas de conteuacutedo e domiacutenios que procuraacutemos

promover experiecircncias de aprendizagem diversas sendo que algumas dessas seratildeo

descritas e analisadas na terceira parte deste relatoacuterio

31

III Descriccedilatildeo e anaacutelise das experiecircncias de aprendizagem

O presente capiacutetulo incide sobre o processo de ensino e aprendizagem que

desenvolvemos com as crianccedilas ao longo do ano letivo de 2012-2013 apresentando um

conjunto de experiecircncias de aprendizagem atraveacutes das quais pretendemos aprofundar a

reflexatildeo sobre a accedilatildeo educativa promovida

Neste sentido procuraacutemos explicitar as intencionalidades que as orientam os

processos de desenvolvimento recursos utilizados e informaccedilatildeo tomada em

consideraccedilatildeo para a compreensatildeo do desenvolvimento desse processo e a progressatildeo

das crianccedilas

As experiecircncias de aprendizagem que aqui apresentamos incidem

particularmente sobre o segundo semestre do ano letivo referido porque foi nesse

periacuteodo que nos foi possiacutevel promover uma maior continuidade ao trabalho

desenvolvido o que permitiraacute uma melhor compreensatildeo das linhas de accedilatildeo e das formas

de intervenccedilatildeo pedagoacutegica em que nos situamos

No que se refere agrave planificaccedilatildeo da accedilatildeo educativa procuraacutemos articular num

todo coerente a nossa intervenccedilatildeo no sentido de proporcionar agraves crianccedilas a vivecircncia de

um projeto formativo integrado e em continuidade as reflexotildees preacute e poacutes-accedilatildeo com a

educadora de infacircncia cooperante foram importantes Como elementos de apoio ao

desenvolvimento desse processo relevamos as Orientaccedilotildees Curriculares para a

Educaccedilatildeo preacute-escolar o projeto curricular do grupo e os interesses e necessidades

formativas que no decurso da accedilatildeo educativa iacuteamos identificando Os planos de

intervenccedilatildeo pedagoacutegica assumiram um caraacuteter flexiacutevel de modo a podermos integrar as

contribuiccedilotildees do grupo de crianccedilas nesse processo e adequar as estrateacutegias quando

necessaacuterio de modo a garantir melhores oportunidades de aprendizagem e

desenvolvimento das crianccedilas

Ao niacutevel da recolha da informaccedilatildeo para ajudar a melhor poder compreender-se o

modo como se desenvolveu o processo de aprendizagem recorremos sobretudo a notas

de campo e registos fotograacuteficos Natildeo podemos deixar de relevar a importacircncia que

tambeacutem assumiram as produccedilotildees das crianccedilas incluiacutedas nos seus portefoacutelios pois

ajudaram-nos a melhor compreender como cada uma se apropriou e retratou as

experiecircncias promovidas

32

31 Experiecircncia de aprendizagem Respeitar as diferenccedilas um

desafio para todos

Um dos principais objetivos desta experiecircncia de aprendizagem centrou-se em

alertar as crianccedilas para a importacircncia de favorecer a integraccedilatildeo e bem-estar de todos

independentemente das diferenccedilas fiacutesicas e culturais entre outras que pudessem

possuir

Partimos da histoacuteria Elmer de David Mckee (2007) e comeccedilaacutemos por apresentar

o livro agraves crianccedilas lendo o tiacutetulo e perguntar-lhes se conheciam a histoacuteria ao que nos

responderam que natildeo Com este questionamento pretendiacuteamos saber se as crianccedilas jaacute

conheciam o conteuacutedo da histoacuteria Decidimos entatildeo solicitar agraves crianccedilas a observaccedilatildeo

da capa do livro de modo a explorar os elementos paratextuais em grande grupo

Vaacuterias crianccedilas identificaram e indicaram de imediato a personagem nela retratada

como sendo um elefante Mas duas delas manifestaram natildeo ter a certeza considerando a

aparecircncia do mesmo como as suas afirmaccedilotildees permitem perceber parece um elefante

mas parece um elefante colorido (Tiago)4 parece um elefante arco-iacuteris (Joana)

No sentido de melhor se compreenderem estes comentaacuterios importa mencionar

que o referido elefante era representado no livro atraveacutes de um desenho-ilustraccedilatildeo

desafiando agrave imaginaccedilatildeo e procurando ilustrar a mensagem pretendida de alerta para as

diferenccedilas mas afastando-se da figura ldquorealrdquo que por exemplo uma imagem

fotograacutefica permite retratar

Propusemos entatildeo agraves crianccedilas escutar com atenccedilatildeo a histoacuteria no sentido de

percebermos do que abordava Lemos a histoacuteria mostrando as imagens que a ilustravam

e no final refletimos sobre o conteuacutedo da mesma partindo da questatildeo

- Entatildeo do que nos fala a histoacuteria (Ed Estagiaacuteria)

- Eacute do Elmer Ele natildeo gostava da cor que tinha (Manuel)

- Pois ele natildeo gostava da cor que tinha e porque seria (Ed Est)

Surgiram vaacuterias respostas De entre elas destacamos as seguintes afirmaccedilotildees

- Porque ele eacute agraves cores (Gonccedilalo)

- E natildeo gostava de ser assim (Diogo)

- E depois com as tintas ficou de outra cor (Manuel)

- Pois foi Mas os outros riram-se (Margarida)

- Com a chuva voltou a ficar igual (Laura)

- E o que acharam dos elefantes se rirem dele acham que isso eacute bom (Ed Est)

- Natildeo (Vaacuterios)

- Porquecirc (Ed Est)

4 Os nomes das crianccedilas apresentadas satildeo fictiacutecios de modo a assegurar o anonimato da sua identidade

33

- Porque mesmo diferentes temos que ser amigos (Pedro)

- Porque somos todos diferentes (Inecircs)

Nota de campo 25 de fevereiro 2013

O excerto permite perceber que o conteuacutedo da histoacuteria tinha sido compreendido

referindo as crianccedilas que eram abordadas as diferenccedilas fiacutesicas que apresentava o animal

as dificuldades em aceitar a diversidade ou a diferenccedila de cor ou raccedila como as

seguintes afirmaccedilotildees permitem perceber Porque ele eacute agraves cores (Gonccedilalo) e natildeo gostava

de ser assim (Diogo) Tambeacutem a importacircncia de respeitar e aceitar as diferenccedilas foram

identificadas como conteuacutedo da histoacuteria ao reconhecerem e indicarem que natildeo foi bom

os elefantes rirem do modo como o Elmer tentou superar os constrangimentos sentidos

tentando mudar de cor justificando o Pedro porque mesmo diferentes temos que ser

amigos e acrescentando a Inecircs porque somos todos diferentes

Na sequecircncia da histoacuteria dialogaacutemos sobre possiacuteveis diferenccedilas fiacutesicas que

pudemos encontrar entre as pessoas e a importacircncia de aceitaacute-las mas tambeacutem de

respeitar e aceitar se elas quiserem fazer algumas mudanccedilas para se sentirem mais

bonitas ou felizes No sentido de uma melhor compreensatildeo desse valor alertaacutemos para

que cada um de noacutes por vezes tambeacutem mudar alguma coisa porque gosta como pintar

as unhas os laacutebios e o cabelo e noacutes gostamos e somos amigas delas quer estejam ou

natildeo pintadas Partindo desta ideia as crianccedilas falaram das suas experiecircncias e das dos

seus familiares Lembraacutemos ainda que tambeacutem noacutes natildeo somos todos iguais temos

diferenccedilas

Nesta linha de pensamento propusemos agraves crianccedilas observar diferenccedilas e

semelhanccedilas que existiam entre os elementos do grupo Vimos que uns tinham os

cabelos loiros outros castanhos e outros pretos Tambeacutem nos olhos podiacuteamos ser

diferentes e mesmo ao niacutevel da pele observando que embora fossemos todos de pele

branca uns tinham uma cor mais clara outros uma cor mais escura Sem que o

solicitaacutessemos algumas crianccedilas puxaram as mangas da camisola e colocaram o braccedilo

junto do de outras para verificarem melhor as diferenccedilas fazendo comentaacuterios sobre o

que observavam

Num outro momento mostraacutemos agraves crianccedilas duas imagens de elefantes uma

colorida como a do Elmer a personagem da histoacuteria e outra em cor cinzenta

Propusemos agraves crianccedilas que descobrissem as semelhanccedilas entre os dois elefantes

34

Observaacutemos diferentes reaccedilotildees Enquanto algumas crianccedilas manifestaram natildeo

perceber bem o pretendido outras manifestaram que isso tinha acontecido fazendo

afirmaccedilotildees como as que a seguir apresentamos e permitiram que as outras

compreendessem o que lhe tiacutenhamos solicitado fazerem

-Tecircm os dois uma tromba (Vaacuterios)

-Tecircm tambeacutem rabo para baixo as duas (Manuel)

-Tecircm dois olhos (Gabriel)

- Muito bem e haveraacute diferenccedilas entre os dois elefantes (Ed Est)

-A cor dos elefantes (vaacuterios)

-Um eacute cinzento como todos os elefantes e outro eacute agraves cores (Manuel)

Nota de campo 25 de fevereiro 2013

Como o excerto deixa perceber o diaacutelogo estabelecido possibilitou observar que

a diferenccedila que caraterizava os animais representados era a cor mas que se tratava do

mesmo tipo de ser e por isso apresentavam muitas outras carateriacutesticas comuns

Entendemos que este tipo de abordagem pode ajudar a que melhor possamos

entender aceitar e respeitar as pessoas pelos seres humanos que satildeo e ultrapassar

barreiras discriminatoacuterias que infelizmente ainda se fazem sentir Neste sentido

importa considerar que como se refere nas OCEPE (MEDEB 1997) eacute na aceitaccedilatildeo da

diferenccedila e ldquonuma perspetiva multicultural que se constroacutei uma maior igualdade de

oportunidadesrdquo (p 54)

Relevamos que esta atividade permitiu agraves crianccedilas natildeo soacute obterem e discutirem

valores que nos levem a enveredar por perspetivas e praacuteticas facilitadoras das

multiculturas e de igualdade de oportunidades como suscitar a pesquisa sobre o animal

que entrou na histoacuteria e espaccedilos em que vivia Assim levaacutemos e colocaacutemos na aacuterea da

biblioteca alguns livros sobre animais onde se incluiacuteam os elefantes o que suscitou a

continuidade da atividade Algumas crianccedilas quiseram descobrir como eram os

elefantes e se seriam todos parecidos ou natildeo Apoiaacutemo-las nesse processo ajudando-as

a descobrir mais pormenores que poderiam apontar para as diferenccedilas ou semelhanccedilas

mas relevando a importacircncia de cada um

No que se refere ao tempo de trabalho nas aacutereas importa evidenciar que algumas

crianccedilas quiseram representar ao niacutevel da expressatildeo plaacutestica figuras de elefantes

optando sobretudo por materiais tridimensionais como a plasticina como as imagens da

figura 10 permitem perceber No final sugerimos a contagem das representaccedilotildees dos

elefantes

35

As figuras apresentadas permitem observar diferentes produccedilotildees no que se

refere agrave reproduccedilatildeo de algumas partes do corpo quer agrave cor escolhida para elaborar o

trabalho As vaacuterias formas de representaccedilatildeo tambeacutem nos permitem perceber diferentes

niacuteveis de representaccedilatildeo simboacutelica incluindo e diferenciando vaacuterias partes do corpo do

animal algumas ainda o seu modo de locomoccedilatildeo enquanto outras representam apenas

para aleacutem do corpo no seu todo a parte que mais o diferencia dos outros animais a

tromba Como refere Gonccedilalves (1991) ldquoa expressatildeo eacute motivada pelo que mais a

impressionardquo (p 13)

No que se refere agrave escolha da plasticina para fazer as figuras do elefante importa

considerar que como referem Hohmann e Weikart (2011) este eacute um material a partir do

qual as crianccedilas gostam de fazer as suas reproduccedilotildees para o que em nosso entender

contribui o facto de poderem realizar produccedilotildees tridimensionais e as possibilidades de

modelagem que este material oferece

Na discussatildeo sobre os animais surgiu a questatildeo de como se designa um conjunto

de elefantes (nomes coletivos) ao que uma das crianccedilas respondeu prontamente eacute uma

manada (Carlos) No sentido de partilha de saberes possuiacutedos por cada um em relaccedilatildeo

ao toacutepico sobre o qual viacutenhamos a interrogar as crianccedilas solicitaacutemos-lhes que dissessem

o que sabiam sobre os elefantes Surgiram vaacuterias respostas entre as quais sublinhamos

- Tem uma tromba (Laura)

- Tem orelhas grandes (Pedro)

- Tem quatro patas (Tiago)

- Eles podem beber com a tromba (Rafael)

As respostas obtidas permitem-nos perceber que as crianccedilas jaacute possuiacuteam alguns

conhecimentos acerca das caracteriacutesticas dos elefantes mas tambeacutem que ainda havia

muitas coisas que poderiacuteamos aprender sobre eles Neste sentido sugerimos-lhes

Figura 10 ndash Produccedilotildees das crianccedilas em plasticina na sequecircncia da exploraccedilatildeo da histoacuteria do Elmer

36

visualizar imagens em PowerPoint que ilustravam as caracteriacutesticas do elefante No

final da apresentaccedilatildeo questionaacutemo-nos sobre o observado comeccedilando por colocar-lhes

um questatildeo sobre os seus haacutebitos alimentares

- Do que seraacute que o elefante se alimenta (Ed Est)

- Comem plantas (Pedro)

- E maccedilatildes das aacutervores (Ricardo)

- Bebem a aacutegua (Gabriel)

-Comem tambeacutem bananas (Gonccedilalo) Nota de campo 25 de fevereiro 2013

Entre as vaacuterias questotildees e respostas que surgiram a discussatildeo incidiu sobre os

dentes dos elefantes e a sua funccedilatildeo o nuacutemero de patas que tinham e como eram

constituiacutedas bem como sobre qual a funccedilatildeo da tromba para aleacutem de ser para beber

Este momento de diaacutelogo em grande grupo permitiu que as crianccedilas aprendessem a

ouvir-se umas agraves outras a esperar a sua vez para falar e para colaborar na atividade

Possibilitou ainda que conhececircssemos melhor as carateriacutesticas e os interesses das

crianccedilas pelo que nos parece poder ir ao encontro da ideia de Hohmann e Weikart

(2011) quando referem que

enquanto as crianccedilas interagem com materiais pessoas ideias e

acontecimentos para construir o seu proacuteprio entendimento da realidade os

adultos observam e interagem com elas para descobrir como as crianccedilas

pensam e raciocinam Os adultos tentam reconhecer os interesses e

capacidades particulares das crianccedilas oferecer-lhes apoio e colocar-lhes

desafiosrdquo (p 27)

Na sequecircncia da observaccedilatildeo das imagens dos livros sobre os animais integrados

na biblioteca iam surgindo perguntas em torno dos mesmos e do local onde viviam Por

isso e no sentido de poder alargar essa abordagem entendemos recorrer a vaacuterias

figurasbrinquedos de animais apresentando-os numa maqueta em que se encontravam

representados diferentes tipos de habitats As crianccedilas mostraram-se bastante curiosas

em descobrir quais os animais aiacute representados e os locais em que surgiam situados No

decurso do diaacutelogo uma crianccedila questionou-nos sobre o significado da palavra habitat

Perguntaacutemos ao grupo quem sabia e queria explicar ao colega mas gerando-se um

silecircncio informaacutemos que se tratava do local no qual vivem os animais e propusemos

que observassem a maqueta e descobrissem que locais se encontravam laacute representados

Obtivemos respostas variadas como

-Ali eacute a aacutegua (Diogo)

-Eacute na terra (Laura)

-Nas montanhas (Margarida)

37

Nota de campo 25 de fevereiro 2013

Informaacutemos as crianccedilas que todas as repostas correspondiam a elementos que

faziam parte dos habitats dos animais e que estes eram de trecircs tipos o terrestre o

aquaacutetico e o aeacutereo Realizaacutemos uma breve explicaccedilatildeo agraves crianccedilas da constituiccedilatildeo dos

habitats e dos animais que os habitavam

Distribuiacutemos por cada crianccedila a figura de

um animal em formato de fantoche e

solicitaacutemos-lhes que cada uma identificasse o

animal que tinha na matildeo e qual o habitat em que

esse animal se integraria colocando-o na

maqueta como a figura 11 permite perceber

Todas as crianccedilas participaram nesta atividade A

realizaccedilatildeo da atividade em grande grupo permitiu

partilhar ideias e valorizar os saberes de todos no

sentido de um enriquecimento muacutetuo

Esta atividade tinha como objetivo principal ajudar as crianccedilas a compreender

que os animais podem viver em diferentes ambientes ecoloacutegicos Sugerimos agraves crianccedilas

que desenhassem um animal e o seu habitat

Como forma de dar continuidade agrave atividade sobre os animais sugerimos a

realizaccedilatildeo do jogo ldquoOs animais da selvardquo que consistia em retirar de entre um conjunto

de cartotildees apresentados numa caixa um cartatildeo seria lida a tarefa agrave crianccedila e esta

concretizaacute-la-ia Entre as propostas de realizaccedilatildeo apresentadas constavam por exemplo

imitar o som de um determinado animal representar o seu modo de locomoccedilatildeo e cantar

uma canccedilatildeo relacionada com os animais

No sentido de dar continuidade agrave exploraccedilatildeo da histoacuteria do Elmer solicitaacutemos as

crianccedilas num momento de trabalho em grande grupo a identificarem e nomearem as

cores primaacuterias Obtivemos respostas variadas por parte das crianccedilas algumas

respondiam corretamente ao nome das cores e outras natildeo as identificavam Decidimos

entatildeo explorar as cores primaacuterias e para que melhor pudessem observaacute-las e identificaacute-

las colocaacutemos tintas com as trecircs cores primaacuterias (azul amarelo e vermelho) em frascos

transparentes As crianccedilas puderam mexer e fazer pinceladas na folha No decurso da

atividade uma crianccedila referiu que existem tambeacutem as cores secundaacuterias (Margarida)

Figura 11 - Crianccedila colocando o animal no

habitat

38

Noutro momento e ainda no acircmbito do processo de identificaccedilatildeo das cores

propusemos agraves crianccedilas a utilizaccedilatildeo de outros recursos folhas de acetato e guaches

Sugerimos-lhes que colocassem em cada folha gotas de tinta de cores diferentes e

depois que as juntassem Ao juntarem as duas folhas de acetatos as crianccedilas reparavam

que surgiria uma nova cor Sugerimos agraves crianccedilas a realizaccedilatildeo do quadro das cores que

integraria as cores primaacuterias num primeiro momento e ao qual iriacuteamos mais tarde

acrescentar as secundaacuterias (verde laranja e roxo) Questionaacutemos as crianccedilas de modo a

identificarem e nomearem as cores e conforme iam sendo identificadas iam sendo

colocadas pelas crianccedilas no quadro

Procedemos num segundo momento agrave exploraccedilatildeo de uma cor secundaacuteria o

verde propondo agraves crianccedilas a mistura das cores amarela e azul e tentar que as crianccedilas

descobrissem que cor surgia dessa mistura Algumas crianccedilas responderam

corretamente que surgiria a cor verde As crianccedilas colocaram a cor verde em frente agrave cor

amarela e azul para que percebessem que da junccedilatildeo das duas cores iniciais resultava

essa cor

Repetimos esse mesmo processo com as cores amarelo e vermelho de cuja

junccedilatildeo surgiu o laranja e com o azul e vermelho

da qual surgiu o roxo Completaacutemos o quadro das

cores primaacuterias e secundaacuterias com as tintas que jaacute

possuiacuteamos e com as novas tintas que surgiram

na junccedilatildeo das cores primaacuterias

Expusemos o trabalho na sala permitindo

relembrar e melhor memorizar o nome das

diferentes cores (primaacuterias e secundaacuterias) como a

figura 12 permite observar

No desenvolvimento da atividade as crianccedilas mostraram-se bastante

surpreendidas com o surgir da nova cor a partir da junccedilatildeo das duas cores iniciais

expressando alegria e desejo de fazer novas experiecircncias Neste sentido importa ter em

conta que como refere Luft (2011) ldquoa cor eacute um dos principais elementos das artes

visuais (hellip) despertando sensaccedilotildees e emoccedilotildees seja na pintura na esculturardquo (p 304)

entre outras teacutecnicas de expressatildeo plaacutestica

Procurando que as crianccedilas tirassem partido das cores exploradas sugerimos agraves

crianccedilas que decorassem a imagem do elefante Elmer utilizando folhas em formato A2

A proposta inicial era de que as crianccedilas pintassem a imagem do elefante Elmer

Figura 12 - Quadro das cores primaacuterias e

secundaacuterias

39

recorrendo agrave teacutecnica de pintura sopro que consistia em colocar um pouco de tinta num

quadrado e soprar com a palhinha de forma a espalhar a cor por todo o quadrado do

papel Algumas crianccedilas manifestaram bastante dificuldade na realizaccedilatildeo do sopro e

comeccedilaram a utilizar a palhinha como forma de pincel Decidimos entatildeo sugerir a

essas crianccedilas que utilizassem pinceacuteis se assim o entendessem No final surgiu uma

figura de elefante muito colorida aos quadrados que expusemos junto agrave da entrada para

a sala no sentido de partilhar a experiecircncia com os pais

Em siacutentese no acircmbito desta experiecircncia de aprendizagem promovemos a criaccedilatildeo

de oportunidades de as crianccedilas desenvolverem saberes que se prendem particularmente

com as carateriacutesticas da vida animal e a composiccedilatildeo das cores (primaacuterias e secundaacuterias)

numa dimensatildeo articulada da aacuterea do mundo fiacutesico e social e dos domiacutenios da expressatildeo

oral dramaacutetica e plaacutestica Foi nossa preocupaccedilatildeo que as crianccedilas pudessem questionar-

se manifestar as suas opiniotildees e implicar-se na exploraccedilatildeo dos materiais colocados agrave

sua disposiccedilatildeo Neste acircmbito releva-se nas OCEPE (MEDEB 1997) que ldquoa

identificaccedilatildeo e nomeaccedilatildeo das cores a mistura de cores baacutesicas para formar outras satildeo

aspetos da expressatildeo plaacutestica que se ligam com a linguagem e o Conhecimento do

Mundordquo (pp 62-63) Nesta experiecircncia de aprendizagem pudemos relevar a exploraccedilatildeo

do mundo fiacutesico mas tambeacutem e sobretudo o social no sentido de valorizar a

construccedilatildeo de um pensamento aberto a formas diversas de ser e estar no quadro de

valores de respeito aceitaccedilatildeo e de diaacutelogo com os outros

32 Experiecircncia de aprendizagem Aprender a observar e conhecer

Considerando o interesse manifestado pelas crianccedilas em relaccedilatildeo ao conteuacutedo da

histoacuteria do Elmer sendo a mesma referida em vaacuterios e diferentes momentos decidimos

dar-lhe continuidade explorando o livro intitulado Elmer e o arco-iacuteris de David

Mckee5 Trata-se de uma histoacuteria que aborda os valores de

entreajuda dar algo sem o perder bem como os sentimentos de

amizade e de felicidade

Relevamos neste sentido que como refere Mata (2008)

ldquoa leitura de histoacuterias eacute uma actividade muito rica e completa

5 A imagem do livro que consta na figura 13 foi obtida em

httpwwwcaminholeyacomfotosprodutos500_9789722118620_elmer_e_o_arco_irisjpg

Figura 13 - Livro - Elmer e o

arco-iacuteris de David Mckee

40

pois permite a integraccedilatildeo de diferentes formas de abordagem agrave linguagem escrita em

geral e agrave leitura de uma forma especiacuteficardquo (p 78)

Comeccedilaacutemos por observar interpretar e descrever oralmente as imagens da capa

e da contracapa tendo como objetivo que as crianccedilas compreendessem que tanto as

palavras escritas como os desenhos transmitem informaccedilotildees Embora algumas crianccedilas

manifestassem possuir conhecimento acerca da composiccedilatildeo dos livros mas que nem

conseguiam fazecirc-lo entendemos explicar esses elementos agraves crianccedilas Procedemos em

seguida agrave leitura expressiva da mesma No final questionaacutemos as crianccedilas acerca do

seu conteuacutedo e todas referiram que falava sobre o arco-iacuteris sobre este ter perdido as

suas cores e o elefante Elmer ter ajudado a que este as recuperasse As crianccedilas

mencionaram partes da histoacuteria relevantes mostrando ter prestado atenccedilatildeo agrave leitura e tecirc-

la interiorizado Importa ter em conta que como se refere nas (OCEPEMEDEB

1997) ldquoeacute no clima de comunicaccedilatildeo criado pelo educador que a crianccedila iraacute dominando a

linguagem alargando o seu vocabulaacuterio construindo frases mais correctas e complexas

adquirindo um maior domiacutenio da expressatildeo e comunicaccedilatildeordquo (p 67)

Nesta linha de pensamento e aproveitando as ideias que as crianccedilas

mencionaram questionaacutemo-las sobre o que sabiam acerca do arco-iacuteris tais como

quantas cores teria o arco-iacuteris e obtivemos respostas como

-Tem cinco cores (Diogo)

- Acho que tem seis cores (Gonccedilalo)

- Eu acho que tem sete cores (Tiago)

- Tem muitas cores (Laura)

As afirmaccedilotildees das crianccedilas deixam perceber que natildeo tinham a certeza em

relaccedilatildeo agraves cores do arco-iacuteris o que era de esperar dado a tenra idade das crianccedilas

Decidimos revelar agraves crianccedilas o verdadeiro nuacutemero de cores que tem o arco-iacuteris

referindo que o arco-iacuteris apresenta sete cores Continuando o diaacutelogo procuraacutemos levar

as crianccedilas a idealizarem e nomear as possiacuteveis cores do arco-iacuteris Obtivemos as

seguintes respostas

- O arco-iacuteris tem amarelo (Pedro)

-Tem tambeacutem azul (Rodrigo)

- Tem verde o arco-iacuteris (Tiago)

- Eu acho que tambeacutem tem cor de laranja (Gonccedilalo)

- Natildeo tem eacute vermelho (Pedro)

- Eu acho que tem cor-de-rosa (Inecircs) Nota de campo 11 de marccedilo 2013

41

Algumas crianccedilas comentaram que natildeo sabiam porque nunca o tinham visto

outras disseram que jaacute o tinham visto mas que natildeo se lembravam das cores que eram

Decidimos entatildeo informar as crianccedilas das cores que o arco-iacuteris possui nomeadamente

o violeta anil azul verde amarela laranja e vermelho

As crianccedilas que tinham respondido corretamente a uma das cores sentiram-se

bastante satisfeitas mostraram conforto e confianccedila em si proacuteprias comentando a sua

resposta entre o grupo Como referem Hohmann e Weikart (2011) ldquoas reflexotildees das

crianccedilas sobre as suas acccedilotildees satildeo uma parte

fundamental do processo de aprendizagem Ouvir e

encorajar a forma particular como cada crianccedila pensa

fortalece o seu pensamento emergente e as suas

capacidades de raciociacuteniordquo (p 47)

Sugerimos agraves crianccedilas que desenhassem e

pintassem numa folha branca como julgavam que era

constituiacutedo o arco-iacuteris exemplo figura 14

Durante a atividade as crianccedilas comentavam entre si qual seria a cor com que o

arco-iacuteris iniciava tentavam lembrar-se da ordem das

cores e curiosamente comentavam o formato do arco-iacuteris

referiam-se a este como tendo uma forma muito

semelhante a uma ponte Depois de vaacuterias crianccedilas terem

desenhado o arco-iacuteris exemplo figura 15 mostraacutemos a

imagem do mesmo no sentido de melhor perceberem

como era constituiacutedo Esta experiecircncia permitiu relembrar

as cores partindo da sua identificaccedilatildeo num fenoacutemeno da

natureza

Expusemos uma imagem do arco-iacuteris ldquorealrdquo numa das paredes da sala para que

todos a visualizassem e comparassem com os desenhos que eles tinham realizado

anteriormente A reaccedilatildeo das crianccedilas foi surpreendente comentavam a imagem

sublinhando a beleza da mesma e as experiecircncias possuiacutedas de ter visto ou natildeo esse

fenoacutemeno

A alegria aumentava agrave medida que descobriam que tinham colocado no desenho

cores que correspondiam agraves observadas no fenoacutemeno do arco-iacuteris e que uma ou outra

surgiam segundo a mesma ordem

Figura 14 - Desenho de um arco-iacuteris

realizado por uma crianccedila da sala

Figura 15 - Arco-iacuteris elaborado

por uma crianccedila da sala

42

No sentido de relembrar e explorar o conteuacutedo da histoacuteria Elmer e o arco-iacuteris

propusemos a realizaccedilatildeo de um jogo de expressatildeo de afetos intitulado como o ldquoJogo

dos sorrisosrdquo O objetivo do jogo consistia em compreender a importacircncia de expressar

pequenos gestos que satildeo importantes para quem os recebe e para quem os daacute que natildeo

representam perdas mas antes ganhos como por exemplo dar um sorriso ou um abraccedilo

a algueacutem As crianccedilas manifestaram terem compreendido o conteuacutedo da histoacuteria e por

conseguinte o que se pretendia do jogo

O jogo constava de uma crianccedila de cada vez ir retirar um cartatildeo de dentro de

uma caixa no qual estava escrito uma mensagem que educadora lhe lia e que ela iria

transmitir a algueacutem da sala que escolhesse dirigir-lha Todas as crianccedilas participaram

no jogo recebendo e manifestando gestos Entre as

mensagens escritas nos cartotildees encontrava-se por

exemplo dar um abraccedilo um beijo no rosto um aperto

de matildeo entre outros As crianccedilas manifestaram

grande interesse e entusiamo em realizar o jogo

observando-se grande envolvimento na realizaccedilatildeo do

mesmo como a tiacutetulo de exemplo a imagem da figura

16 permite perceber que as crianccedilas estatildeo a dar as matildeos

manifestando gesto de carinho

No sentido de ajudar as crianccedilas a compreenderem a que se deve a formaccedilatildeo do

arco-iacuteris procuraacutemos num outro momento propor uma atividade praacutetica que permitisse

observar o surgir desse fenoacutemeno Comeccedilaacutemos por perguntar agraves crianccedilas se sabiam

como este fenoacutemeno surgia tentando auscultar as ideias preacutevias Entre essas ideias

surgiram as seguintes

- Podemos ver o arco-iacuteris quando haacute sol e chuva (Manuel)

- Eacute preciso haver chuva e sol (vaacuterios)

- O arco-iacuteris vai sempre buscar aacutegua aos rios (Manuel)

Nota de campo 11 de marccedilo de 2013

As afirmaccedilotildees das crianccedilas deixam perceber que algumas jaacute apresentam ideias

sobre as carateriacutesticas temporais que levam a que se decirc a refraccedilatildeo da luz do sol e se

observe a formaccedilatildeo do arco-iacuteris apesar de ainda natildeo dominarem o conhecimento

cientiacutefico do fenoacutemeno Por usa vez a afirmaccedilatildeo do Manuel deixa perceber que pode

entender-se como indo ao encontro do afirmado por Martins et al (2009) quando

Figura 16 - Crianccedilas jogando o

Jogo dos sorrisos

43

lembram que ldquoas crianccedilas datildeo explicaccedilotildees que muitas vezes natildeo correspondem ao

conhecimento cientiacutefico actual mas que tem loacutegica para sirdquo (p 12)

Assim e depois de um breve diaacutelogo sobre o fenoacutemeno sugerimos a realizaccedilatildeo

de uma atividade sobre a formaccedilatildeo do arco-iacuteris manifestando-se as crianccedilas bastante

curiosas em saber como fazer para que o fenoacutemeno ocorresse

Os materiais utilizados para a realizaccedilatildeo da atividade praacutetica foram previamente

fabricados e preparados por noacutes bem como testada a experiecircncia Para tal fizemos uma

abertura estreita em forma de retacircngulo numa cartolina preta de seguida colocaacutemos a

cartolina em frente ao nosso peito na horizontal e apontaacutemos luz para essa abertura de

forma a conseguirmos um raio de luz estreito Colocaacutemos um espelho inclinado numa

tina com aacutegua e inclinaacutemos uma folha grande de cartolina branca junto da tina com

aacutegua Apontaacutemos a luz atraveacutes da cartolina preta

para que esta acertasse no espelho No final

tiacutenhamos conseguido ver a formaccedilatildeo do arco-iacuteris

Estes procedimentos foram repetidos com as

crianccedilas na atividade que viacutenhamos a descrever foi

possiacutevel observarmos a refraccedilatildeo da luz formando o

arco-iacuteris que se apresenta na figura 17

Procuraacutemos diversificar os materiais e ajudar as

crianccedilas a compreenderem que o efeito pode provir de vaacuterias fontes Neste sentido

observaacutemos tambeacutem o aparecimento do arco-iacuteris atraveacutes de uma lanterna e de um Cd

permitindo este objeto tambeacutem fazer com que se decirc a refraccedilatildeo da luz da lanterna e por

conseguinte a sua divisatildeo em vaacuterias cores fazendo o efeito de arco-iacuteris Fizemos incidir

a luz da lanterna na parte superior do cd e inclinaacutemos o cd para que a luz incidisse na

parede pois eacute nesta que as crianccedilas conseguem ver as cores do arco-iacuteris

Inicialmente as crianccedilas mostravam-se bastante eufoacutericas e curiosas em saber

como iria aparecer o arco-iacuteris com dois objetos (uma lanterna e um Cd) No entanto ao

iniciarmos a atividade fez-se uma grande silecircncio na sala dado o interesse e a atenccedilatildeo

com que estavam para observar o resultado Quando mostraacutemos que era possiacutevel fazer

aparecer o reflexo do arco-iacuteris na parede da sala estas ficaram surpreendidas

experimentaram tambeacutem as crianccedilas refletirem a imagem do arco-iacuteris com os dois

objetos Terminada a atividade praacutetica as crianccedilas referiram que gostavam de mostrar

aos pais esta atividade iriam inclusive pedir para que estes disponibilizassem uma

lanterna e um Cd

Figura 17 - Resultado da atividade

praacutetica sobre a formaccedilatildeo do arco-iacuteris

44

No decurso da semana sugerimos agraves crianccedilas uma nova atividade praacutetica ainda

de acordo com o que tiacutenhamos explorado anteriormente Poreacutem desta vez

pretendiacuteamos enveredar pelo efeito contraacuterio ao das atividades anteriores ou seja a

uniatildeo de vaacuterias cores formando uma soacute Assim solicitaacutemos agraves crianccedilas que colorissem

com cada cor as divisotildees de um ciacuterculo que lhe apresentaacutemos desenhado em cartolina

branca Quando terminavam de colorir o ciacuterculo colocavam o laacutepis de carvatildeo no centro

e faziam o ciacuterculo girar O objetivo era visualizar qual a cor que surgiria ao girar o laacutepis

pois as crianccedilas tinham diferentes cores nos ciacuterculos Mostraacutemos agraves crianccedilas um ciacuterculo

pintado com as cores do arco-iacuteris e perguntaacutemos agraves crianccedilas se sabiam qual a cor que

surgiria ao rodarmos o laacutepis observando-se as seguintes respostas

-Vai ficar azul-escuro (Manuel)

-Se rodares muito depressa vai ficar tudo vermelho (Pedro)

-Vai aparecer o arco-iacuteris (Margarida)

-Se calhar vai ficar tudo amarelo (Pedro)

- Fica quase branco (Manuel) Nota de campo 12 de marccedilo 2013

Todas as crianccedilas faziam tentativas para acertar na cor que surgiria ao rodar o

laacutepis decidimos deste modo rodaacute-lo O objetivo da atividade era como jaacute antes

referimos que as crianccedilas percebessem que ao juntar todas as cores do arco-iacuteris a cor

que surgiria era a cor branca

Eacute de referir que esta atividade natildeo correu como era esperado pois as crianccedilas

natildeo conseguiam colocar o laacutepis a girar de modo a que o movimento permitisse a junccedilatildeo

das vaacuterias cores e fosse possiacutevel observar apenas a cor branca

Para que as crianccedilas natildeo ficassem desiludidas por um lado e por outro lado para

promover a interaccedilatildeo entre pais e filhos sugerimos agraves crianccedilas que realizassem a mesma

atividade em casa com o auxiacutelio dos pais pedindo-lhes para as ajudarem a fazecirc-la e que

dialogassem de modo a descobrirem com eles a cor que surgiria quando fizessem girar o

laacutepis Refletindo sobre a atividade importa sublinhar que aprendemos que nem sempre

eacute faacutecil gerir imprevisibilidades mas que temos de saber superaacute-las tentando encontrar

soluccedilotildees alternativas Meditando sobre a experiencia de aprendizagem desenvolvida a

partir do livro Elmer e o arco-iacuteris sublinhamos as oportunidades criadas para as

crianccedilas se envolverem em diferentes atividades nas quais foram levadas em

consideraccedilatildeo os saberes e interesses manifestados por elas valorizar a ludicidade como

estrateacutegia de envolvimento na construccedilatildeo de conhecimento cientiacutefico

45

Sabemos que haacute fenoacutemenos que as crianccedilas vatildeo observando e aprendendo a

identificar mas tambeacutem que nem sempre tecircm oportunidades de conhecer fatores que lhe

datildeo origem pelo que importa promover situaccedilotildees de aprendizagem em contexto preacute-

escolar que as ajudem na compreensatildeo dos mesmos Foi nessa linha de pensamento que

surgiram as atividades que desenvolvemos em torno do arco-iacuteris

As crianccedilas envolveram-se e manifestaram sentir gosto e prazer em concretizar

as atividades desenvolvidas parecendo-nos terem contribuiacutedo para que desenvolvessem

saberes e criar oportunidades de partilha dos mesmos com os outras crianccedilas e adultos e

com os pais

Relevamos ainda a importacircncia que nos parece ter assumido o alertar das

crianccedilas para a atenccedilatildeo a prestar aos outros e a importacircncia de manifestar e receber

afetos no quadro de construccedilatildeo de uma sociedade comunicativa solidaacuteria e facilitadora

da integraccedilatildeo de todos

33 Experiecircncia de aprendizagem Conhecendo diferentes culturas

No decurso da accedilatildeo educativa surgiu a abordagem da questatildeo das diferenccedilas

entre as culturas levando-nos a pensar ser importante aprofundar o questionamento e

reflexatildeo sobre esse toacutepico Nesse sentido entendemos partir da leitura da histoacuteria

Meninos de todas as cores de Luiacutesa Ducla Soares

Em trabalho de grande grupo comeccedilaacutemos por ler o tiacutetulo da histoacuteria e questionar

as crianccedilas no sentido de perceber se a conheciam As suas afirmaccedilotildees levaram-nas a

perceber que natildeo era do seu conhecimento mas que o tiacutetulo da histoacuteria estimulou a sua

curiosidade comeccedilando a fazer comentaacuterios entre si sobre a mesma e sobre o que

entendiam poder incidir

Procedemos agrave leitura da histoacuteria acompanhado com a apresentaccedilatildeo das

imagens manifestando-se as crianccedilas muito atentas ateacute ao final da mesma Terminada a

leitura questionaacutemos as crianccedilas sobre o que achavam da histoacuteria Elas afirmaram ter

apreciado o seu conteuacutedo e ilustraccedilatildeo

Sugerimos-lhes o reconto da histoacuteria neste as crianccedilas surpreendentemente

referiram pormenores do conteuacutedo da histoacuteria como a cor de cada crianccedila aspetos

sobre cada cor e respetivos objetos relacionados com as cores O entusiasmo com que

comunicavam e escutavam as outras crianccedilas deixava perceber o reconhecimento do

valor formativo da atividade Importa neste sentido relevar que como sublinham Sim-

46

Sim Silva e Nunes (2009 retomando a ideia de Mata 2008) ldquoeacute funccedilatildeo do educador

alargar intencionalmente as situaccedilotildees de comunicaccedilatildeo (hellip) que permitam agraves crianccedilas

dominar a comunicaccedilatildeo como emissores e receptoresrdquo (p 35)

Os comentaacuterios feitos pelas crianccedilas em relaccedilatildeo ao conteuacutedo da histoacuteria a

procura do livro no tempo das atividades nas aacutereas de atividades na sala e a atitude de

respeito que pareciam manifestar uns em relaccedilatildeo aos outros levou-nos a inferir ter sido

pertinente a escolha que fizemos da obra para explorar com as crianccedilas no quadro dos

seus possiacuteveis contributos para que cada um como cidadatildeo possa assumir uma atitude

de abertura aceitaccedilatildeo das diferenccedilas e valorizaccedilatildeo de todos Neste acircmbito importa

considerar que como se refere nas OCEPE (MEDEB 1997) ldquoa aceitaccedilatildeo da diferenccedila

sexual social e eacutetnica eacute facilitadora da igualdade de oportunidades num processo

educativo que respeita diferentes maneiras de ser e de saber para dar sentido agrave

aquisiccedilatildeo de novos saberes e culturasrdquo (p 54) Merece ainda natildeo esquecer que ldquoeacute numa

perspetiva de educaccedilatildeo multicultural que se constroacutei uma maior igualdade de

oportunidades entre mulheres e homens entre indiviacuteduos de diferentes classes sociais e

de diferentes etniasrdquo (pp 54-55)

Nesta linha de pensamento importa que na educaccedilatildeo preacute-escolar as crianccedilas

usufruam de oportunidades de se envolver em experiecircncias formativas que lhes

facilitem a aquisiccedilatildeo de um espiacuterito criacutetico e a interiorizaccedilatildeo de valores conhecimentos

e atitudes que contribuam para que possam comportar-se e agir segundo princiacutepios de

equidade respeito e aceitaccedilatildeo de todos no quadro de uma cidadania responsaacutevel e

esclarecida

Num outro momento e em continuidade de outras atividades desenvolvidas

anteriormente propusemos agraves crianccedilas uma atividade no acircmbito do desenvolvimento do

domiacutenio da linguagem oral e abordagem agrave escrita nomeadamente ao niacutevel da

consciecircncia fonoloacutegica e da consciecircncia grafemaacutetica

Comeccedilaacutemos por solicitar agraves crianccedilas em trabalho de pequeno grupo que

tentassem identificar siacutelabas comuns em diferentes palavras ou seja que terminassem

com a mesma siacutelaba Nesse sentido distribuiacutemos pelas crianccedilas cartotildees com trecircs

diferentes imagens e a palavra escrita que lhe correspondia solicitando-as a contornar a

siacutelaba final de cada palavra Exploraacutemos oralmente as siacutelabas de uma palavra dizendo

por exemplo Ca-ra-col (Caracol) acompanhando com palmas das crianccedilas consoante

as siacutelabas da palavra Percebemos que a maioria das crianccedilas conseguia reproduzir

corretamente o nuacutemero de siacutelabas correspondente agrave segmentaccedilatildeo das palavras em

47

siacutelabas atraveacutes do batimento de palmas Poreacutem trecircs crianccedilas das mais novas ainda natildeo

o conseguiam fazer corretamente Decidimos por isso repetir a atividade fazendo uma

crianccedila de cada vez e variando as palavras par manter o interesse e implicaccedilatildeo das

crianccedilas na atividade Reconhecemos que eacute importante organizarmos previamente a

atividade de forma a trabalhar corretamente a consciecircncia fonoloacutegica e a divisatildeo silaacutebica

das palavras com as crianccedilas criando condiccedilotildees apelativas para estimular o interesse

das mesmas ou seja criar ldquocondiccedilotildees para que as crianccedilas aprendamrdquo (MEDEB 1997

p 66)

Retomando a reflexatildeo sobre a atividade em anaacutelise sugerimos que as crianccedilas

assinalassem a uacuteltima siacutelaba das palavras Algumas crianccedilas fizeram-na sem ajuda

poreacutem outras crianccedilas necessitaram dela sendo a mesma proporcionada quer pelos

adultos da sala quer por outras crianccedilas com um niacutevel de desenvolvimento superior

Neste sentido sublinhamos a importacircncia que assume o desenvolver atividades em

pequeno grupo no qual possam beneficiar de apoio de outros que integram um niacutevel

desenvolvimento superior de modo a que possa atuar na zona de desenvolvimento

proximal (Vygotsky 1979) Neste acircmbito Novo (2009 retomando a perspetiva do

autor 1996) sublinha que ldquocom auxiacutelio de uma outra pessoa toda a crianccedila pode fazer

mais do que faria sozinhardquo (p 58)

A atividade foi gratificante natildeo apenas para as crianccedilas mas tambeacutem para noacutes

adultos percebendo os seus contributos em termos formativos indo portanto ao

encontro dos objetivos pretendidos Apesar da tenra idade foi interessante ver como as

crianccedilas aderiram agrave atividade e a realizaram com bastante empenho tentando responder

corretamente chamando os adultos para confirmarem as suas respostas e para ajudaacute-las

na sua melhor realizaccedilatildeo

Dialogaacutemos com as crianccedilas sobre a histoacuteria e sobre a opiniatildeo destas

relativamente agrave mesma escutando as suas respostas Propusemos-lhes a realizaccedilatildeo de

um ldquoestendalrdquo de palavras observando que era a primeira vez que trabalhavam com

este Explicamos-lhes o que se pretendia da atividade e vaacuterias crianccedilas sorriram e

comentaram-na ficando curiosas Procedemos agrave elaboraccedilatildeo da atividade pendurando o

fio de latilde na sala de modo a que estivesse ao acesso de todas as crianccedilas Apresentaacutemos-

lhes cartotildees com imagem e a palavra respetiva as quais no seu conjunto formavam

uma das frases retirada da histoacuteria e que tinha sido lida agraves crianccedilas

Sob a forma de jogo em que fosse articulado o prazer de brincar e o de

concretizar da tarefa propusemos que a realizaccedilatildeo do referido jogo tentando ordenar os

48

cartotildees com as imagens de modo a construirmos a frase isto eacute trabalhando a

construccedilatildeo fraacutesica As imagens da frase a ordenar eram relativas agrave frase O menino

branco entrou num aviatildeo

Relacionado com esta atividade procedemos agrave contagem do nuacutemero de cartotildees

pendurados no fio explorando o conceito de cardinal algumas crianccedilas identificaram de

imediato os seis cartotildees As crianccedilas participaram e gerou-se companheirismo na ajuda

em dar uns aos outros no sentido de que todos fossem bem-sucedidos na concretizaccedilatildeo

da proposta Trabalhamos a consciecircncia de grafema com a ajuda das educadoras (figura

18)

-Sabes que letra eacute essa que tens na matildeo

(Ed Est)

-Sei esta letra estaacute no meu nome tambeacutem eacute

um O (Rodrigo)

-Achas que essa letra eacute do mesmo tamanho

das outras (Ed Est)

-Natildeo acho que eacute maior que as outras

(Rodrigo)

Nota de campo 8 de abril 2013

Conforme iacuteamos questionando as crianccedilas de certa forma iacuteamos tambeacutem

implementando alguma informaccedilatildeo no acircmbito do domiacutenio da linguagem oral e

abordagem agrave escrita As crianccedilas iam organizando ideias mentais fazendo a construccedilatildeo

fraacutesica da mesma e compreendiam inclusive que a escrita e os desenhos transmitem

informaccedilatildeo Repetimos este exerciacutecio com vaacuterias crianccedilas pois a maioria queria

participar e colocar os cartotildees no estendal

Observaacutemos que algumas crianccedilas fizeram a construccedilatildeo fraacutesica muito mais

raacutepido do que outras manifestando algumas uma certa dificuldade na construccedilatildeo

revelando algumas incerteza sobre o que fazer

Assim e procurando que as crianccedilas percebessem a frase tiacutenhamos a imagem a

acompanhar e questionaacutemo-las vaacuterias vezes sobre a imagem que cada cartatildeo tinha a

acompanhar Atraveacutes das imagens em geral as crianccedilas compreendiam que a frase (natildeo

construiacuteda) natildeo fazia total sentido na sua leitura e voltavam a iniciar a atividade do

estendal por vezes ajudadas na atividade por um colega

Num outro momento realizaacutemos uma atividade idecircntica mas optaacutemos por

trabalhar com cores e objetos Tiacutenhamos cinco cartotildees com cinco cores diferentes e

outros tantos com objetos diferentes mas cada objeto associado a uma cor Explicaacutemos

Figura 18 - Interajuda entre as crianccedilas da sala

49

agraves crianccedilas que do nosso lado direito elas encontravam cartotildees com cores no centro

tinha cartotildees com as palavras ldquocomordquo ldquoaordquo e do lado esquerdo encontravam cartotildees

com objetos As crianccedilas tinham que conseguir formar frases como por exemplo

ldquoAmarelo como o sol branco como o leite castanho como o chocolate vermelho como

a cereja e preto como a estradardquo

Inicialmente mostraacutemos agraves crianccedilas os cartotildees com cores colocaacutemo-los no

estendal e questionaacutemo-las se sabiam o nuacutemero de cartotildees que tinha o estendal algumas

crianccedilas (Carlos Diogo e Tiago) responderam rapidamente e corretamente agrave questatildeo

enquanto as outras crianccedilas observavam e faziam a contagem mais calmamente

conseguindo identificar os cinco cartotildees com cores Questionaacutemo-las novamente

tentando saber se alguma crianccedila conseguia identificar um cartatildeo cuja palavra iniciasse

pela letra A Apoacutes um breve momento de silecircncio uma crianccedila respondeu Amarelo

comeccedila pela letra A (Carlos)

Questionaacutemos se mais alguma palavra dos cartotildees comeccedilava pela letra A e de

imediato vaacuterias crianccedilas responderam que natildeo Concluiacutemos que em cinco cartotildees um

deles comeccedilava pela letra A trabalhando assim o domiacutenio da matemaacutetica Repetimos

mais uma vez esta atividade mas solicitando que as crianccedilas identificassem a palavra

escrita no cartatildeo que iniciasse com a letra P respondendo uma delas Preto comeccedila pela

letra P e eacute tambeacutem a primeira letra do meu nome (Pedro)

Foi gratificante observar o entusiasmo das crianccedilas em quererem realizar as

atividades sendo de sublinhar o grande interesse que manifestaram em participar na

atividade De seguida iniciaacutemos a atividade de elaboraccedilatildeo do ldquoestendalrdquo das palavras

A primeira crianccedila a realizar a atividade escolheu um cartatildeo dos que tinham cores e

colocou-o no fio de latilde Questionaacutemo-la se sabia qual a cor que tinha escolhido ao que a

crianccedila respondeu corretamente ser branco Questionaacutemos de novo as crianccedilas no

sentido de perceber se sabiam o que tinha que fazer a seguir respondendo corretamente

Posteriormente foi colocado por uma crianccedila o respetivo cartatildeo agrave frente das palavras

Eacute de destacar que os uacuteltimos cartotildees incluiacuteam igualmente palavras retiradas da

histoacuteria os Meninos de todas as cores mas desta forma trabalhadas de diferente

maneira Esta atividade fez com que todas as crianccedilas trabalhassem na identificaccedilatildeo das

palavras e a sua organizaccedilatildeo na frase pois todas tiveram a oportunidade de participar

Os objetivos eram esses que todas as crianccedilas participassem na atividade de construccedilatildeo

de frases em ordem a compreenderem que a escrita e as imagens transmitem

50

informaccedilatildeo e a identificarem palavras que terminavam com a mesma siacutelaba (construccedilatildeo

de grafema)

Para que as crianccedilas pudessem dar continuidade a este tipo de atividades e criar

gosto pela leitura integraacutemos o referido estendal num espaccedilo da sala recorrendo a este

e ainda a outros materiais

Na sequecircncia da histoacuteria lida durante a semana em que esta foi explorada

sugerimos ainda agraves crianccedilas a construccedilatildeo de um cartaz relativo agrave mesma Neste acircmbito

sugerimos agraves crianccedilas que pensassem sobre o assunto e como elemento do grupo

tambeacutem apresentaacutemos propostas e depois foram discutidas as sugestotildees Assim as

crianccedilas resolveram fazer a estampagem da palma da matildeo utilizando tintas azul e

verde para que parecesse o planeta terra e que fossem pintadas cada um dos dedos de

cores diferentes como as cores dos meninos da histoacuteria que no caso seriam brancas

pretas castanhas amarelas e vermelhas Uma a uma cada crianccedila pintou e estampou

uma das matildeos no cartaz O trabalho foi desenvolvido na aacuterea de expressatildeo plaacutestica

utilizando os materiais aiacute disponiacuteveis como tintas pinceis e o papel de cenaacuterio de

modo a que pudessem usaacute-los de modo independente Entre os comentaacuterios feitos pelas

crianccedilas enquanto elaboravam o trabalho sublinhamos

-Temos aqui muitas cores verde azul amarelo preto vermelho castanho e

branco (Diogo)

-Vamos pintar os dedos com cinco cores diferentes (Tiago)

-Vou pintar o dedo de amarelo como a menina amarela como o sol (Pedro)

-Este dedo vai ser branco como o Miguel o menino branco como o accediluacutecar

(Rafael)

-O meu dedo do meio vai ser castanho como o chocolate (Renato)

-O meu dedo pequeno vai ser vermelho como a menina da cor do sangue

(Carlos)

-Este dedo vou pintar de preto como as azeitonas (Pedro)

Nota de campo 9 de abril 2013

Os comentaacuterios feitos pelas crianccedilas permitiram perceber que mobilizavam

informaccedilatildeo relacionada com as atividades anteriores mas tambeacutem as suas

intencionalidades e a diversidade de tintas disponiacuteveis A imagem apresentada na figura

19 daacute conta do trabalho desenvolvido

51

Importa neste acircmbito relevar que nas OCEPE (MEDEB 1997) se alerta para a

importacircncia de as crianccedilas terem ldquoagrave sua disposiccedilatildeo vaacuterias cores que lhes possibilitem

escolher e utilizar diferentes formas de combinaccedilatildeordquo (p 62) Sublihamos ainda a

importacircncia de as crianccedilas poderem percorrer os seus proacuteprios caminhos de expressatildeo

artiacutestica mas tambeacutem que elas necessitam para tal de oferecer-lhes aleacutem da

experimentaccedilatildeo de materiais as diferentes formas de arte na pintura (UNESCO 2005

p 31) Importa ainda considerar que as tintas exercem grande fasciacutenio na crianccedila tanto

pela cor quanto pela sensaccedilatildeo agradaveacutel que produzem ao serem manuseadas (idem)

Mais tarde propusemos agraves crianccedilas a criaccedilatildeo de fantoches com materiais

reciclados acerca da histoacuteria dos Meninos de todas as cores As crianccedilas mostraram-se

bastante curiosas pois ainda natildeo tinham trabalhado com fantoches e iria ser uma

atividade diferente Organizaacutemo-nos em pequenos grupos de trabalho no total de cinco

crianccedilas em cada propondo-lhes que cada um que pintasse uma luva integrando em

cada dedo uma cor diferente Por sua vez outros grupos de crianccedilas trabalhavam na

criaccedilatildeo dos transportes que apareciam na histoacuteria

Dialogaacutemos sobre a possibilidade da representaccedilatildeo da histoacuteria agraves outras crianccedilas

e adultos do jardim-de-infacircncia As crianccedilas entusiasmaram-se com a iniciativa e por

consenso decidimos proceder agrave concretizaccedilatildeo da mesma como mais tarde aconteceu

Assumimos o papel de narrador e o grupo de crianccedilas ficou com a

responsabilidade de representar a histoacuteria procedendo agrave manipulaccedilatildeo dos fantoches

Todas as crianccedilas e educadoras da sala apoiaram e elogiaram a representaccedilatildeo

Repetimos do mesmo modo a apresentaccedilatildeo de fantoches na sala dos trecircs anos e tambeacutem

aqui as crianccedilas foram bastante aplaudidas e elogiadas

Em siacutentese importa evidenciar que esta atividade foi rica em conteuacutedo e os

objetivos foram concretizados fazendo com que as crianccedilas pudessem acima de tudo

ser elas a participar ativamente nas atividades terem contacto direto com os materiais e

Figura 19 - Sequecircncia de imagens da construccedilatildeo do cartaz

52

usufruiacuterem de prazer manifestando entusiasmo e envolvimento na sua realizaccedilatildeo Esta

atividade proporcionou agraves crianccedilas um momento de contacto com crianccedilas de outras

salas ou seja de outras faixas etaacuterias e por conseguinte com carateriacutesticas diversas

Fez com que estas pudessem de certa forma desenvolver o relacionamento social entre

elas Importa relembrar Hohmann e Weikart (20011) quando sublinham que

atraveacutes da imitaccedilatildeo e do faz-de-conta as crianccedilas organizam aquilo que

compreendem e ganham um sentido de mestria e controlo sobre os

acontecimentos que testemunharam ou nos quais fazem parte (hellip) Fazer de

conta e representar papeacuteis tendem a ser actividades francamente sociais e

parecem ter um efeito positivo no desenvolvimento social e de linguagem

das crianccedilas (p 494)

Esta experiecircncia de aprendizagem fez com que fosse possiacutevel haver

continuidade com as atividades anteriores fornecendo assim um processo formativo

articulado e integrado Foi possiacutevel explorar conteuacutedos relacionados com as cores as

diferenccedilas de raccedila entre a humanidade e as culturas e a vivecircncia de um processo pautado

pela interajuda e cooperaccedilatildeo entre os elementos do grupo Esta experiecircncia permitiu

ainda contribuir para as crianccedilas desenvolverem a consciecircncia de grafema a criaccedilatildeo de

fantoches a dramatizaccedilatildeo de uma histoacuteria e a interaccedilatildeo em grupos alargados

Desta experiecircncia de aprendizagem importa ainda relevar o prazer e alegria

manifestados pelas crianccedilas em fazer atividades como a de poderem pintar a palma da

matildeo as luvas escolher as cores que queria colocar-lhes e ver as produccedilotildees do grupo

divulgadas para as famiacutelias ou outros atraveacutes de um cartaz que foi exposto no corredor

de entrada da instituiccedilatildeo As crianccedilas puderam construir pensamentos e saberes

construindo em nosso entender uma aprendizagem com significado para todos os

implicados nesse processo

34 Experiecircncia de aprendizagem Descobrir trabalhando

colaborativamente

Tendo como objetivo proporcionar agraves crianccedilas um momento de interaccedilatildeo e

interajuda entre elas sugerimos a realizaccedilatildeo de um jogo ao ar livre no recreio da

instituiccedilatildeo Tendo os espaccedilos interiores e exteriores potencialidades proacuteprias eacute

importante que os educadores tirem partido das mesmos (MEDEB 1997) procurando

diversificar e enriquecer as atividades em que se envolvem as crianccedilas

Assim aproveitaacutemos o espaccedilo interior e exterior para explorar de uma forma

diferente as cores que apresenta o mundo fiacutesico em que nos integramos Sabemos que

53

as crianccedilas gostam naturalmente de observar mas tambeacutem que eacute importante que se

valorizem as observaccedilotildees que fazem na construccedilatildeo da sua aprendizagem e

desenvolvimento Eacute nesta linha de pensamento que se situa esta experiecircncia de

aprendizagem

De forma a iniciar a atividade de pesquisa as crianccedilas formaram cinco grupo

explicaacutemos que o objetivo era irmos ao exterior observar as cores que existem no

mundo agrave nossa volta e que cada um tinha como tarefa tentar descobrir onde poderia

encontrar-se uma cor por ele escolhida Para efetuarem a escolha da cor apresentaacutemos

um conjunto de cartotildees numa caixa e cada grupo retirou um procurando ter em

consideraccedilatildeo que as cores a observar por cada grupo deveriam ser diferentes

Escolhida a cor a observar por cada grupo deslocaacutemo-nos ao exterior da

instituiccedilatildeo (redondezas das mesma) tendo como objetivo identificar e registar

elementos que apresentassem as seguintes cores vermelho verde laranja azul e

amarelo A figura 20 ilustra o ambiente e daacute conta da implicaccedilatildeo da procura na recolha

de dados

De regresso agrave sala de atividades e em

grande grupo realizaacutemos a contagem dos

objetos observados e registados pelos adultos

com base na indicaccedilatildeo dada pelas crianccedilas de

cada um dos grupos O grupo que observou

mais elementos foi o que tinha como tarefa

observar elementos de cor amarela tendo

registado um total de treze seguindo-se-lhe o

grupo verde com nove o grupo azul com oito e os grupos laranja e vermelho com cinco

elementos cada um

No sentido de evitar a extensatildeo do relatoacuterio mas tambeacutem de ilustrar o

observado apresentamos aqui apenas os dados relativos ao grupo que observou

elementos de cor amarela tendo indicado

- O escorrega eacute amarelo (Luana)

- O muro do passeio tambeacutem eacute (Ricardo)

- O sol eacute amarelo (Rafael)

- As peacutetalas da flor satildeo amarelas (Gonccedilalo)

- O girassol eacute amarelo (Gonccedilalo)

- A parede da escola eacute amarela (Inecircs)

- O tubo da escola tambeacutem eacute amarelo (Inecircs)

- A antena eacute amarela (Gonccedilalo)

Figura 20 - Crianccedilas procurando objetos

da respetiva cor

54

- A cola que sai das aacutervores tambeacutem eacute amarela (Inecircs)

- A luz do poste eacute amarela agrave noite (Rafael)

- A areia do recreio tambeacutem eacute amarela (Ricardo)

- Aquela casa tambeacutem eacute amarela (Inecircs)

- A girafa colada naquela janela eacute amarela (Luana)

Nota de campo 22 de abril 2013

Os enunciados apresentados permitem-nos perceber que todas as crianccedilas foram

capazes destacar uma ou mais elementos da cor a identificar O mesmo se verificou com

os restantes grupos mas para aleacutem da identificaccedilatildeo de mais ou menos elementos

entendemos ser importante destacar o envolvimento das crianccedilas na procura de dados a

interajuda que se gerou natildeo apenas ao niacutevel do interior de cada grupo como tambeacutem

intergrupos surgindo situaccedilotildees em que se alertavam uns aos outros sobre onde

observar

Na sequecircncia desta atividade uma das crianccedilas sugeriu que poderiam desenhar

os objetos que observaram Apoiaacutemos a iniciativa e alertaacutemos que para o fazerem

poderiam utilizar diferentes materiais Entendemos que o uso de materiais de natureza

diversificada poderia ajudar as crianccedilas nas suas representaccedilotildees

Os elementos observados e registados permitiram-nos explorar conceitos

matemaacuteticos ao niacutevel da contagem classificaccedilatildeo e forma de objetos No que se refere agrave

classificaccedilatildeo desses elementos procuraacutemos ter em conta que como se refere nas

OCEPE (MEDEB 1997) ldquoagrupar os objetos ou seja formar conjuntos de acordo

com um criteacuterio previamente estabelecido a cor a forma etc reconhecendo as

semelhanccedilas e diferenccedilas (hellip) permitem distinguir o que pertence a um e a outro

conjuntordquo (p 74)

Assim partindo dos desenhos realizados pelas crianccedilas procedemos agrave formaccedilatildeo

de conjuntos atendendo agrave cor que integravam os elementos representados Para isso

colocaacutemos no chatildeo da sala cinco arcos referentes cada um agrave cor e em cada arco as

crianccedilas colocavam os respetivos desenhos Depois procedemos agrave contagem dos

elementos de cada conjunto e comparaccedilatildeo do que tinha mais e menos elementos

surgindo por parte das crianccedilas algumas leituras como os exemplos deixam perceber

Procuraacutemos cinco cores (Rodrigo) O arco que tem mais objetos eacute o amarelo (Inecircs)

Aproveitando ainda as falas de duas crianccedilas referindo uma que viu um sinal

(hellip) azul e quadrado (Micael) e outra que observou um sinal vermelho que tinha a

forma redonda (Manuel) propusemos agraves crianccedilas que identificassem na sala e

55

nomeassem elementos que apresentavam uma forma geomeacutetrica Verificaacutemos que as

crianccedilas identificaram com alguma facilidade algumas formas geomeacutetricas como os

exemplos dos seus enunciados permitem perceber

- A mesa eacute redonda [ciacuterculo] (Pedro)

- O quadro [expositor] eacute quadrado (Tiago)

- E o tapete tem a forma de um retacircngulo (Diogo)

- Aquela reacutegua [esquadro] tem a forma de triacircngulo (Margarida)

- Conseguimos descobrir quatro formas geomeacutetricas (Manuel)

Nota de campo 23 de abril 2013

Num outro momento e partindo da fala de outra crianccedila (Mariana) que referiu

que o laranja era sua cor favorita (Mariana) sugerimos agraves crianccedilas tentar descobrir qual

era a cor preferida do grupo Neste sentido solicitaacutemos-lhes que colocassem a matildeo no

ar quando disseacutessemos a sua cor favorita contando o nuacutemero de elementos indicados

mas sem os registar

Apoacutes todas as crianccedilas terem indicado a cor favorita questionaacutemo-las se sabiam

qual seria a cor mais escolhida por mais crianccedilas do grupo

- Jaacute natildeo me lembro (Rafael)

- Todos pusemos a matildeo no ar (Diogo)

Nota de campo 23 de abril 2013

Os enunciados deixam perceber a dificuldade que eacute fazer a leitura de dados

observados sem que se proceda ao registo dos mesmos No sentido de ajudar o grupo a

perceber a importacircncia de registar os dados recolhidos questionaacutemos as crianccedilas sobre

como poderiacuteamos entatildeo descobrir a cor favorita do grupo Surgiram vaacuterias respostas

uma delas do Carlos que indicava que podiacuteamos pocircr as cores numa cartolina e depois

puacutenhamos a nossa cor favorita laacute Discutimos a proposta merecendo consenso a sua

concretizaccedilatildeo e no sentido de facilitar a compreensatildeo do conceito de nuacutemero

propusemos agraves crianccedilas que fosse indicada a preferecircncia colocando um lego em cima

da cor preferida o que fizemos Indicadas as preferecircncias procedemos agrave leitura dos

resultados surgindo os seguintes comentaacuterios

- A cor com menos legos eacute a preta e a castanha (Rodrigo)

- Assim podemos ver o tamanho dos legos (Pedro)

- Tem legos da mesma altura (Manuel) Nota de campo 24 de abril 2013

56

Tiacutenhamos assim construiacutedo um graacutefico de barras em conjunto e como

mencionam Castro e Rodrigues (2008) ldquoa organizaccedilatildeo dos dados em graacuteficos permite

uma anaacutelise mais raacutepida uma vez que a contagem dos elementos da mesma categoria eacute

mais evidenterdquo (p 72) Promovemos a discussatildeo escutando as opiniotildees expressas pelas

crianccedilas na leitura do mesmo pois como referem os autores (idem) ldquoapoacutes a construccedilatildeo

do graacutefico (hellip) deve sempre haver um momento em que se discute o que este nos

sugererdquo (ibidem)

Procedemos em seguida agrave leitura dos dados (atraveacutes da contagem dos legos)

observando que a cor mais escolhida era o azul com sete escolhas e as menos

escolhidas seriam o castanho e o preto com uma escolha

Propusemos ao grupo o registo desses dados elaborando para o efeito uma

tabela de dupla entrada Propusemos agraves

crianccedilas que sugerissem um tiacutetulo para a

tabela ideia para a qual apontam Castro e

Rodrigues (idem) Apoacutes vaacuterias respostas das

crianccedilas acordaacutemos que o tiacutetulo fosse A

minha cor favorita O nome das crianccedilas foi

registado por elas na quadriacutecula vertical do

lado esquerdo e na horizontal indicaacutemos as

cores como mostra a figura 21

Entendemos que se tratou de uma

atividade enriquecedora para as crianccedilas pois estas visualizaram e experimentaram a

construccedilatildeo de uma tabela sendo esta facilitadora da anaacutelise e interpretaccedilatildeo dos dados

Num outro momento e relembrando uma afirmaccedilatildeo de uma crianccedila (Carlos)

que tinha dito que o vidratildeo era verde e considerando que algumas crianccedilas

manifestaram natildeo saber o que era o vidratildeo achaacutemos importante dialogar com as

crianccedilas sobre os ecopontos

Comeccedilamos por abordar a importacircncia da reciclagem e posteriormente

apresentaacutemos uma canccedilatildeo que explicava a separaccedilatildeo de resiacuteduos soacutelidos Como se

refere nas OCEPE (MEDEB 1997) existe uma relaccedilatildeo entre a canccedilatildeo e a palavra

trabalhar as letras das canccedilotildees relaciona o domiacutenio da expressatildeo musical

com a linguagem que passa por compreender o sentido do que se diz por

tirar partido das rimas para discriminar os sons por explorar o caraacutecter

luacutedico das palavras e criar variaccedilotildees da letra original (p 64)

Figura 21 - Crianccedila preenchendo a tabela das cores

favoritas

57

Concordando com a afirmaccedilatildeo podemos salientar que atraveacutes da expressatildeo

musical as crianccedilas satildeo capazes de captar a informaccedilatildeo mais raacutepido No final uma das

crianccedilas perguntou se poderiam construir ecopontos para ter na sala Considerando a

sugestatildeo da crianccedila levaacutemos caixas que as crianccedilas decoraram com o objetivo de

organizarmos na sala ecopontos Quando construiacutedo os ecopontos promovemos um

jogo que consistia em colocar resiacuteduos soacutelidos no ecoponto correto

A experiecircncia de aprendizagem descrita proporcionou agraves crianccedilas em nosso

entender uma forma ativa e significativa de construccedilatildeo de pensamentos e saberes

Relevamos a importacircncia que assumiu a accedilatildeo desenvolvida no espaccedilo exterior da

instituiccedilatildeo enquanto meio de recolha de informaccedilotildees a partir das quais surgiram novas

oportunidades de aprendizagem

Atraveacutes desta experiecircncia de aprendizagem pudemos explorar com as crianccedilas

aacutereas e domiacutenios de conteuacutedo como a matemaacutetica a Linguagem oral e abordagem agrave

escrita expressatildeo plaacutestica a aacuterea do Conhecimento do Mundo e a aacuterea de Formaccedilatildeo

pessoal e Social

Sabemos que as crianccedilas satildeo grandes observadoras e criacuteticas do mundo que as

rodeia e atraveacutes dos seus comentaacuterios constataacutemos que observavam atendendo a

pormenores

Importa relevar que devemos escutar cada crianccedila valorizando a sua

contribuiccedilatildeo para o grupo fomentar o diaacutelogo entre elas e o seu desejo de comunicar

Corroboramos assim a ideia expressa nas OCEPE (MEDEB 1997) que

eacute no clima de comunicaccedilatildeo criado pelo educador que a crianccedila ira

dominando a linguagem alargando o seu vocabulaacuterio construindo frases

mais corretas e complexas adquirindo um maior domiacutenio da expressatildeo e

comunicaccedilatildeo que lhe permitam formas mais elaboradas de representaccedilatildeo (p

67)

Concluiacutemos que eacute crucial que o educador planeie situaccedilotildees de aprendizagem que

sejam desafiadoras para as crianccedilas de modo a que as motive e as estimule a aprender e

a desenvolver-se Esta experiecircncia permitiu ainda perceber que para aleacutem das atividades

planeadas foram integradas outras propostas pelas crianccedilas A este respeito importa

relembrar que ldquoo planeamento realizado com a participaccedilatildeo das crianccedilas permite ao

grupo beneficiar da sua diversidade das capacidades e competecircncias de cada crianccedila

num processo de partilha facilitador da aprendizagem e do desenvolvimento de todas e

de cada umardquo (MEDEB 1997 p 26)

58

Tentaacutemos ainda articular todas as aacutereas do conteuacutedo pois como se refere nas

OCEPE (idem) ldquoque as diferentes aacutereas de conteuacutedo deveratildeo ser consideradas como

referencias a ter em conta do planeamento e avaliaccedilatildeo e experiecircncias e oportunidades

educativas e natildeo como compartimentos estanque a serem abordados separadamenterdquo (p

48)

59

IV Reflexatildeo Criacutetica

Refletimos nesta uacuteltima parte sobre a praacutetica educativa desenvolvida

abordando os conteuacutedos que procuraacutemos explorar com as crianccedilas

No iniacutecio da praacutetica educativa as expectativas eram muitas as quais se prendiam

com o desenvolvimento de atividades estimulantes e criativas o respondermos agraves

solicitaccedilotildees de todas crianccedilas e o sermos bem acolhidas pelas crianccedilas e membros da

instituiccedilatildeo entre outras As duacutevidas e os receios eram tambeacutem muitos mas com o

decorrer do tempo fomos conhecendo as crianccedilas e ganhando laccedilos de afeto ajudando-

nos a ultrapassar estes sentimentos Para tal foi importante a reflexatildeo e o diaacutelogo com

os diferentes intervenientes no processo educativo gerando-se um ambiente de

compreensatildeo e ajuda muacutetua

Procuraacutemos ter disponibilidade para cooperar para experienciar de certa forma

para aprender com os erros e com as conquistas alcanccediladas reconhecendo que em certas

alturas conseguimos suscitar o envolvimento das crianccedilas e criar atividades

enriquecedoras Poreacutem noutros momentos sentimos algumas dificuldades no que se

refere agrave elaboraccedilatildeo da planificaccedilatildeo das atividades e ao tornar acessiacutevel agraves crianccedilas a

compreensatildeo de alguns conteuacutedos o que tentaacutemos ir superando de forma a criar

respostas adaptadas agraves suas necessidades e do grupo Este processo permitiu-nos

aprender e desenvolver-nos do ponto de vista pessoal e profissional

Demos importacircncia agraves atividades iniciadas pelas crianccedilas tentamos responder agraves

suas duacutevidas e procuraacutemos desenvolver com elas experiecircncias de aprendizagem que

incluiacutessem as diferentes aacutereas e domiacutenios de conteuacutedo curricular

Refletimos sobre as perspetivas de aprendizagem nas quais buscaacutemos apoiar a

accedilatildeo educativa que desenvolvemos destacando o papel ativo das crianccedilas Nesta

reflexatildeo procuraacutemos relevar e retratar as vaacuterias dimensotildees da accedilatildeo educativa

merecendo-nos particular atenccedilatildeo as intervenccedilotildees os espaccedilos a observaccedilatildeo

planificaccedilatildeo entre outros

Procuraacutemos evidenciar as ideias que estiveram na base da praacutetica de ensino

supervisionada desenvolvida e aprendizagens promovidas com as crianccedilas Assim

valorizando as perspetivas das crianccedilas e procurando a curiosidade e o desejo de querer

saber sempre mais sentimentos que foram manifestados pelas crianccedilas e que

procuramos ter em consideraccedilatildeo para ir regulando a nossa praacutetica em ordem agrave

60

construccedilatildeo de oportunidades educativas que favorecessem a progressatildeo de cada uma e

do grupo O trabalho colaborativo quer com os adultos quer com as crianccedilas foi na

dimensatildeo valorada e que constitui o suporte para uma continuada progressatildeo do ponto

de vista da nossa formaccedilatildeo pessoal e profissional Nesta linha de pensamento

relevamos que como afirmam Hohmann e Weikart (2011)

Quando as crianccedilas e os adultos trabalham em conjunto em qualquer

ambiente de aprendizagem em acccedilatildeo sustentado num clima de apoio

interpessoal as crianccedilas sentem-se motivadas a prosseguir e levar a bom

porto as suas intenccedilotildees e motivaccedilotildees Os adultos encorajam as crianccedilas a

utilizar aquilo que sabem para resolver problemas e a iniciar novas

experiecircncias atraveacutes das quais ganharatildeo uma outra compreensatildeo sobre o que

as rodeia (p 75)

A maioria das crianccedilas da sala mostrou implicaccedilatildeo nos trabalhos desenvolvidos

vontade de realizar novas experiecircncias e procurar diferentes fontes de informaccedilatildeo O

gosto por participar e por conhecer suscitavam questionamentos e a procura de novas e

diferentes formas de informaccedilatildeo

Aproveitaacutevamos momentos em grande grupo momentos em pequenos grupos

momentos na sala e momentos no recreio para observar as crianccedilas da sala e refletir

sobre as suas curiosidades e motivaccedilotildees Procuramos observar as crianccedilas e registar

informaccedilatildeo sobre o cada uma e o grupo o que natildeo foi tarefa faacutecil considerando o duplo

papel que tiacutenhamos que assumir o de observadores e atores Acrecenta-se ainda a esse

aspeto a dimensatildeo extenccedila do grupo o tempo limitado destinado agrave praacutetica para que

pudesse ser-lhe dada continuidade

Tivemos em conta os interesses das crianccedilas e pusemos o foco de atenccedilatildeo nas

interaccedilotildees que estas estabeleciam com os objetos e os adultos de forma a desenvolver

desse modo aprendizagens com significado

As crianccedilas desde o iniacutecio da praacutetica educativa foram demonstrando que as

atividades tinham significado para elas pois trabalhavam com motivaccedilatildeo e entusiasmo e

mostravam recordar-se das experiecircncias realizadas como exemplo as desenolvidas em

torno da histoacuteria do Elmer

Apesar de ser um grupo constituiacutedo por vaacuterios elementos preocupamo-nos que

cada crianccedila pudesse escolher e ter faacutecil acesso as aacutereas e materiais da sala de uma

forma autoacutenoma ocasionando dessa forma aprendizagens ativas nas mesmas pois eacute

atraveacutes da accedilatildeo com os materiais que as crianccedilas chegam agrave compreensatildeo do mundo

Estas tendo a possibilidade de escolher e sendo as mesmas a tomar decisotildees e

61

resolvendo os problemas que apareciam no dia-a-dia desenvolviam a sua

independecircncia

Esteve presente a preocupaccedilatildeo de planificar e criar experiecircncias de

aprendizagem de modo a que todas as crianccedilas se envolvessem nas atividades e nos

momentos de brincadeiras fazendo com que estas desenvolvessem cada vez mais

competecircncias

Pudemos evidenciar que existiram bastantes momentos aproveitados para

dialogar com as crianccedilas permitindo desse modo conhececirc-las de uma forma

individualizada permitindo escutar as suas opiniotildees questionar e sermos questionados

partilhar e engrandecer os saberes das crianccedilas

Para a realizaccedilatildeo da praacutetica educativa utilizamos a planificaccedilatildeo semanal como

instrumento sistemaacutetico de trabalho procuraacutemos bastante informaccedilatildeo em diversos

documentos direcionados para o preacute-escolar contudo natildeo descartamos outros

documentos essenciais a uma planificaccedilatildeo rica nos seus conteuacutedos e procuraacutemos

orientar os diferentes elementos do curriacuteculo em conformidade com as necessidades e

interesses das crianccedilas A elaboraccedilatildeo das planificaccedilotildees foram desde cedo pensadas e

realizadas em conformidade com os conteuacutedos adequados agrave idade das crianccedilas e

adequadas agrave evoluccedilatildeo das mesmas por isso tentaacutemos clarificar todas as atividades para

que natildeo houvesse duacutevidas nas mesmas por parte dos destinataacuterios

Apercebemo-nos que as atividades planificadas tiveram constantemente ligaccedilatildeo

umas com as outras Por vezes surgiam atividades que natildeo estavam previstas nas

planificaccedilotildees mas surgiam em conformidade com a curiosidade das crianccedilas e

manifestaccedilatildeo destas em quererem aprender sempre mais sobre certos conteuacutedos Sendo

que estas favoreciam em vaacuterias ocasiotildees o desenvolvimento de competecircncias em

diversos domiacutenios tornando desse modo mais faacutecil trabalhar todos e cada um

As experiecircncias de aprendizagem foram organizadas de modo a surgirem

aprendizagens ativas e significativas nas crianccedilas desafiando-as a participar a serem as

mesmas a intervir nas atividades a realizaacute-las a tirar partido de toda a informaccedilatildeo e de

todos os conteuacutedos a tomar iniciativa e a aprenderem informaccedilotildees necessaacuterias sobre

cada domiacutenio da educaccedilatildeo preacute-escolar

Em diversas atividades estiveram presentes histoacuterias que eram novas para as

crianccedilas e continham informaccedilotildees novas para as mesmas e pudemos atraveacutes destas

trabalhar diversos conteuacutedos Tentamos que as histoacuterias despertassem na crianccedila

curiosidade em aprender mais sobre tudo o que nos rodeia tentando durante a leitura da

62

mesma captar a atenccedilatildeo das crianccedilas e fazer com que estas pudessem trabalhar o

imaginaacuterio e pocirc-lo em praacutetica na realidade

Eacute pertinente afirmar que os adultos possuem um papel importante no que

respeita a motivaccedilatildeo das crianccedilas de modo a que autonomamente estas vatildeo ao

encontro do que podem aprender com a escrita e a leitura percebendo assim a

importacircncia destes conteuacutedos para o seu futuro

Buscaacutemos em vaacuterios aspetos relacionar o que as crianccedilas escutavam com toda a

informaccedilatildeo que possuiacuteam previamente As crianccedilas eram questionadas e inclusive

dialogaacutevamos com elas sobre o conteuacutedo da leitura Como mencionam Sim-sim Silva e

Nunes (2008) a interaccedilatildeo das educadoras durante a leitura de livros em sala de

atividades tem muito a ver com a forma como estas leem livros com crianccedilas em

contexto de grupo e que estaacute fortemente relacionada com o desenvolvimento a longo

prazo do vocabulaacuterio e de competecircncias de compreensatildeo de histoacuterias

Abordando um pouco a gestatildeo do tempo e dos espaccedilos podemos afirmar que

efetuamos durante toda a praacutetica uma flexibilidade em relaccedilatildeo agrave gestatildeo da rotina

diaacuteria existente na sala Pois para a criaccedilatildeo de um bom ambiente educativo eacute

necessaacuterio existir uma boa organizaccedilatildeo de tempo das atividades

O trabalho em pequeno e grande grupo possibilitou-nos um melhor

acompanhamento das crianccedilas de forma a compreendermos os interesses e motivaccedilotildees

destas e estimulando-as a experimentar e promover a cooperaccedilatildeo com as outras crianccedilas

do grupo Destacamos neste sentido que como sublinham as Orientaccedilotildees Curriculares

(MEDEB 1997) ldquoa relaccedilatildeo que o educador estabelece com cada crianccedila eacute facilitadora

da sua inserccedilatildeo no grupo e das relaccedilotildees com as outras crianccedilasrdquo (p 35) Eacute necessaacuterio

considerar que essa relaccedilatildeo envolve a criaccedilatildeo de um ambiente agradaacutevel onde cada crianccedila

se sinta ouvida

Recordaacutemos que o jardim-de-infacircncia deve facultar um conjunto alargado de

saberes permitir formar pessoas autoacutenomas livres e solidaacuterias Procuraacutemos ajudar as

crianccedilas a desenvolverem as habilidades necessaacuterias para tomar decisotildees elucidadas

Consideraacutemos que as experiecircncias de aprendizagem facultaram agraves crianccedilas um

equiliacutebrio de experiecircncias nas diferentes aacutereas e domiacutenios de aprendizagem e que se

revelaram positivas pela participaccedilatildeo ativa demonstrada pelas crianccedilas o empenho e

concentraccedilatildeo das mesmas nas atividades

As crianccedilas foram os elementos centrais na praacutetica educativa porque para aleacutem

de participarem nas atividades tambeacutem participavam em todos os momentos de

63

diaacutelogo onde deram as suas opiniotildees e foi atraveacutes de todos estes momentos que

aproveitamos para proporcionar agraves crianccedilas atividades enriquecedoras aproveitando a

maioria das vezes situaccedilotildees segundo as ideias preacutevias das crianccedilas

Desejaacutemos que as crianccedilas se tornem sucessivamente mais autoacutenomas

responsaacuteveis curiosas e em accedilatildeo

Achaacutemos que as estrateacutegias que utilizamos proporcionaram agraves crianccedilas desfrutar

de oportunidades de bem-estar e de desenvolvimento de competecircncias a diversos niacuteveis

Apercebemo-nos ao longo da accedilatildeo educativa que a partilha de conhecimentos

conduziu-nos e conduziraacute futuramente agrave construccedilatildeo de novos e diferentes saberes

Atualmente e terminada a nossa experiecircncia da praacutetica educativa achaacutemos

todas as estrateacutegias que utilizamos facultaram agraves crianccedilas oportunidades de bem-estar e

desenvolvimento a vaacuterios niacuteveis Estas oportunidades de conhecimento conduziram a

crianccedila agrave construccedilatildeo de novos saberes indo ao encontro ao nosso objetivo final Sendo

assim podemos afirmar que as nossas intenccedilotildees foram concretizadas

Em suma achaacutemos pertinente afirmar que todo o trabalhado realizado

proporcionou aprendizagens significativas na nossa formaccedilatildeo como educadoras de

infacircncia

64

Consideraccedilotildees Finais

Finda esta etapa onde as conquistas e desafios foram variados e que em muito

contribuiu para o desenvolvimento de competecircncias profissionais e pessoais eacute chegado

o momento de efetuar algumas consideraccedilotildees acerca do desenvolvimento da praacutetica

educativa

Acreditamos que as caracteriacutesticas consideradas fundamentais para o nosso

desempenho profissional como futuros educadores de infacircncia foram alvo de progresso

ao longo da praacutetica educativa que desenvolvemos Salientamos o importante papel que a

supervisora teve neste processo de formaccedilatildeo em que os feedbacks dados pela mesma

nos levaram a um claro progresso Esta partilha permitiu uma constante reflexatildeo sobre

as praacuteticas promovidas e contribuiu desta maneira para o nosso desenvolvimento

profissional e pessoal

As crianccedilas assumiram neste processo um papel importante papel considerando

que foram criadoras de situaccedilotildees que nos ajudaram a refletir e a investir na procura de

novas informaccedilotildees para que pudeacutessemos encontrar respostas coerentes e com

continuidade As experiecircncias de aprendizagem vividas no contexto onde decorreu a

praacutetica de ensino possibilitaram-nos aprender e desenvolver competecircncias relacionadas

com a dimensatildeo da aprendizagem e desenvolvimento das crianccedilas da integraccedilatildeo do

curriacuteculo da interaccedilatildeo e de dimensatildeo eacutetica e social Para tal os contributos dos vaacuterios

agentes educativos revelaram-se fundamentais neste curto processo de formaccedilatildeo

Concluindo reconhecemos que ainda temos um longo caminho a percorrer no

entanto estamos cientes do caminho que percorremos e do importante papel que neste

processo assumiu a praacutetica de ensino supervisionada Sublinhamos que construiacutemos

novos olhares sobre a educaccedilatildeo de infacircncia a imagem da crianccedila e sobre o papel do

educador de infacircncia Esta experiecircncia proporcionou-nos uma evoluccedilatildeo na medida que

possuiacutemos um leque abrangente de experiecircncias Temos desejo em continuar a

progredir renovando conhecimentos e desenvolvendo novas aprendizagens ao longo da

vida com vista agrave realizaccedilatildeo pessoal e profissional

65

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