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CSO 089 – Sociologia das Artes Aula 7 – 16/04/2012 [email protected] .br auladesociologia.wordpres s.com

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CSO 089 – Sociologia das Artes. Aula 7 – 16/04/2012 [email protected] auladesociologia.wordpress.com. Televisão , consciência e indústria cultural (1963). - PowerPoint PPT Presentation

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Page 1: CSO 089 –  Sociologia  das  Artes

CSO 089 – Sociologia das Artes

Aula 7 – 16/04/[email protected]

auladesociologia.wordpress.com

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Televisão, consciência e indústria cultural (1963)

• Adorno pretende enquadrar as “mensagens abertas ou ocultas transmitidas ao espectador pelas produções de TV” dentro do sistema de que a envolve.

• Não se pode isolar um único fator para o estudo: a TV encontra-se atrelada ao esquema abrangente da IC, que configura uma totalidade e um “clima” (rádio, revistas, cinema, jornal e suas técnicas e efeitos).

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Um Novo Espírito do Mundo?

• “A televisão permite aproximar-se da meta, que é ter de novo a totalidade do mundo sensível em uma imagem que alcança todos os órgãos, o sonho sem sonho; ao mesmo tempo, permite introduzir furtivamente na duplicata do mundo aquilo que se considera adequado ao real”. P. 346.

• Manifetações da IC invadem todos os âmbitos fora (e dentro) do trabalho: “não há espaço (…) para que qualquer reflexão possa tomar ar e perceber que o seu mundo não é mundo”. P. 347.

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Força de sedimentação do existente

• “É de se supor que a televisão faz delas [pessoas] mais uma vez aquilo que de qualquer forma já são, só que ainda mais do que já são”. P. 347.

• Segundo Freud, a sociedade é fundada na repressão do inconsciente, dos impulsos primevos; IC realiza “trabalho” de manutenção perpétua do refreamento do inconsciente em benefício do status quo.

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Entrega em domicílio

• TV diverge do cinema no sentido de que entra nas residências e formato de exibição é menor.

• Torna-se significativo o desejo em se “aumentar” o tamanho das telas (estamos falando de texto dos anos 1960). É necessário naturalizar o tamanho para a identificação e a heroicização.

• Aumento de tamanho transformaria a percepção estilizada de “miniaturas”, o que impediria, em tese, a mera duplicação do real. Aproxima-se dos quadrinhos, neste sentido.

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Integração de elementos díspares

• Adorno utiliza recurso comum em sua obra: a homologia de obras de arte, técnicas ou efeitos dos meios de comunicação com governos totalitários e seus elementos.

• “quanto mais os elementos divergentes são integrados sob a vontade ditatorial, mais a desintegração avança, e tanto mais se esfacela aquilo que não se vincula por si próprio mas apenas é somado a partir do exterior. O mundo sem lacunas de imagens torna-se quebradiço”. P. 348. O que não é garantia de resistência.

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Diminuição da Distância• Tal diminuição da distância entre produto e telespectador

é traçado literal e figurativamente.• Arte para o consumidor: sendo um produto

estandartizado, deve apenas lhe agradar o suficiente, sem requerer atenção, concentração, esforço e compreensão.

• “[imagens] devem dar brilho aos seu cotidiano cinzento, e se lhe assemelharem no essencial (…). O que fosse diferente seria insuportável, porque recordaria aquilo que lhe é vedado. Tudo se apresenta como se lhe pertencesse, porque ele próprio não se pertence”. P. 349.

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Íntimo?

• “O mundo desafiadoramente frio se lhe achega confiadamente, como se lhe fosse íntimo: ele se despreza nele”. P. 349.

• Paródia à fraternidade e solidariedade.• TV evita lembrar qualquer coisa que remeta à arte, à

aura, à distância. Deve haver dublagem do mundo (luz). Fronteira entre realidade e imagem deve ser de continuidade. Imagem como parcela da realidade.

• Realidade da TV recria a e incide sobre a realidade.

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Conteúdo da TV

• “É elucidativa a afirmação de que a televisão leva à deterioração e não à melhora, de modo semelhante ao que ocorreu na época da descoberta do registro sonoro, quando a qualidade social e estética do filme se viu rebaixada com a introdução dessa inovação, sem que hoje se possa reintroduzir o filme mudo, ou eliminar a televisão. O responsável por isso, contudo, é o como e não o quê”. P. 350.

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Proximidade de Mudos• Adorno refere-se aqui à falta de capacidade de se dialogar e de

se narrar na modernidade e à situação de falsa fraternidade que “estultifica”, independentemente do conteúdo (W. Benjamin).

• “Aquela ‘proximidade’ fatal da televisão, que também é causa do efeito supostamente comunitário do aparelho, em torno do qual os membros da família e os amigos, que de outra forma não saberiam o que dizer uns aos outros, se reúnem em mutismo, (…) se torna o sucedâneo de uma imediação social que é vedada aos homens. Eles confundem aquilo que é totalmente mediatizado e ilusoriamente planejado com a solidariedade, pela qual anseiam”. P. 350.

Page 11: CSO 089 –  Sociologia  das  Artes

Audição X Palavras X Imagem

• Audição é mais arcaica do que a visão; linguagem das imagens televisivas, no entanto, dispensa mediação conceitual, tornando-se mais primitiva do que palavras.

• Não há processo de síntese consciente, há apenas imagens despontecializadas que assumem papel principal.

• Discurso da TV é redundante; pessoas são desacostumadas à palavra. Palavra na TV redobra o que está sendo visto, é comentário das indicações derivadas da imagem.

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Voz do Espírito Objetivo

• Pesquisas projetivas e psicanalíticas deveriam ser efetuadas para se compeender de fato os resultantes da recepção televisiva (reações específicas ou “matar”o tempo livre destituído de sentido?).

• Não há manifestação pura do inconsciente coletivo na TV; há sim relação mediata, cujos impulsos reprimidos ou insatisfeitos encontram realização no consumo de produtos culturais dotados de conteúdos de violência crua e dessexuada, compondo uma relação complexa de leitura subliminar das mensagens televisivas.

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Inconsciente

• “Na medida em que nesses é despertado e representado em imagens aquilo que neles dormitava ao nível pré-conceitual, é-lhes também demonstrado como devem comportar-se”. P. 352.

• “A vista é levada pela fita como se esta fosse a sentença, e no suave solavanco da mudança de cenas vira-se a página”. P. 352.

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Linguagem-Imagem• Ela é figura, meio de regressão, onde produtor e receptor

se encontram.• Ela também é escrita, reatualizando no inconsciente as

imagens arcaicas de acordo com conteúdo determinado, ou seja, moderno.

• Imagens da TV são modelos de comportamento que correspondem tanto às estruturas do sistema quanto à vontade dos controladores do sistema.

• Linguagem-imagem invoca momentos da vida consciente e inconsciente ao mesmo tempo no sentido de ajustar o público ao conformismo.

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Hieróglifo polissêmico

• “Se um filme apresenta uma garota reluzente, ele pode oficialmente estar contra ela ou a seu favor; ela pode ser entronizada como heroína de sucesso ou punida como “vamp”. Enquanto linguagem-imagem (signo escrito), porém, a garota reluzente anuncia algo totalmente diferente dos dísticos psicológicos que saem de sua boca sorridente. A saber, a instrução dde que se deve ser parecida com ela. O novo contexto, no qual as imagens dirigidas se encontram é, antes de tudo, o do comando”. In: Dialética do esclarecimento.

Page 16: CSO 089 –  Sociologia  das  Artes

Conformismo

• Formas de reação confomistas já haviam sido incorporadas pelas pessoas no sistema capitalista antes mesmo do advento da IC. IC tão-somente as reafirma e torna repetitiva a engrenagem do mundo, que já estava pronta.

• “Tanto mais ela [IC] pode apontar que a culpa não cabe ao assassino, mas ao morto: que ela ajude a trazer à luz aquilo que de qualquer forma está no homem”. P. 353.

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Esmagar a emancipação

• IC reduz homens a formas de comportamentos inconscientes.

• IC institui prêmios ao que idolatra o existente, e sofrimentos aos que descobrem seus segredos.

• Inconsciente passa a ser pré-formado pela IC. • Sketches, estereótipos e urgência formatam o

conteúdo das mensagens transmitidas pela IC, engessando o funcionamento do esquema inconsciente-consciente.

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Estereótipos da TV

• Têm como finalidade assemelhar-se exteriormente ao homem “comum”, em todas as suas maneiras de ser.

• Conversas aparentemente banais ou linguagens-imagens reafirmam a ode ao existente, como os preconceitos e o máximo a que se pode aspirar na vida – o sucesso.

• Processo é descrito por Adorno como de “aviltamento civilizatório”.

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Arte

• Protesto do inconsciente degradado pela civilização;

• Permite ao inconsciente e ao pré-consciente que se consumam por meio do esforço da consciência e da individualização.

• Na IC inconsciente é instigado a se manifestar automaticamente, reduzindo-se à mera ideologia para alvos conscientes.

Page 20: CSO 089 –  Sociologia  das  Artes

Síntese da Barbárie

• “A circunstância de que, numa fase na qual a diferenciação e individualização estéticas foram elevadas com tal força libertadora como na obra literária de Proust, essa individualização seja revogada em favor de um coletivismo fetichizado, alcado à condição de fim em si, e posta a serviço de um punhado de aproveitadores, implica sancionar a barbárie”. P. 354.

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Desejos• Esperança de modificação do papel da TV só pode ser vista

no todo da sociedade.• Habitual se passa pelo diferente, mentira que mantém o

falso sentido do cotidiano de todos. • Aborta nos indivíduos a capacidade de desejar o melhor.• “(…) a realização dos desejos raramente redunda para o bem

de quem exprimiu o desejo. (…) O seu sonho de onipotência se realiza como impotência total. Até hoje as utopias só se realizam para escorraçar o utópico dos homens e para comprometê-los ainda mais com o existente e com a fatalidade”. P, 354.