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Cristina segundo o artigo “Polimedicação no idoso” (revista referência.) Medicamentos potencialmente inapropriados Fármacos que se associam a um maior risco que benefício, podendo, genericamente, ser substituídos por alternativas mais seguras. Reação farmacológica adversa Trata-se de alterações sofridas pelo consumidor, a nível de sinais, sintomas e exames auxiliares, causadas por um fármaco, e de gravidade muito variável. Polimedicação Conceito pouco consensual. Alguns definem-na como o uso simultâneo de vários fármacos, outros só a consideram quando esses fármacos não têm indicação clínica clara, ou então apenas com o uso de 2, 3, …, ou mais princípios ativos . Adesão terapêutica É definida como a medida em que o comportamento do cidadão é concordante com as recomendações do prestador de cuidados, e é resultante de uma decisão consciente e informada. Uso correto farmacológico Cada cidadão recebe a medicação apropriada à sua patologia, na dose adequada, pelo tempo correto, e aos menores custos individuais e para a comunidade. 1

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Cristina

segundo o artigo “Polimedicação no idoso” (revista referência.)

Medicamentos potencialmente inapropriados

Fármacos que se associam a um maior risco que benefício, podendo, genericamente, ser

substituídos por alternativas mais seguras.

Reação farmacológica adversa

Trata-se de alterações sofridas pelo consumidor, a nível de sinais, sintomas e exames auxiliares,

causadas por um fármaco, e de gravidade muito variável.

Polimedicação

Conceito pouco consensual. Alguns definem-na como o uso simultâneo de vários fármacos,

outros só a consideram quando esses fármacos não têm indicação clínica clara, ou então apenas

com o uso de 2, 3, …, ou mais princípios ativos.

Adesão terapêutica

É definida como a medida em que o comportamento do cidadão é concordante com as

recomendações do prestador de cuidados, e é resultante de uma decisão consciente e informada.

Uso correto farmacológico

Cada cidadão recebe a medicação apropriada à sua patologia, na dose adequada, pelo tempo

correto, e aos menores custos individuais e para a comunidade.

Alterações fisiológicas e farmacocinética/farmacodinâmica

O efeito final resulta da forma como o organismo reage (farmacocinética) e de como os órgãos

alvo respondem (farmacodinâmica). Com o avançar da idade, o metabolismo altera-se e o risco

de reações adversas aumenta. A função renal e hepática geralmente ficam comprometidas.

Contudo o risco-benefício dependerá do estado clínico geral da pessoa em causa. Por isso, a

varfarina, opióides e benzodiazepinas, podem ter um efeito potenciado na maioria dos idosos.

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O SNC, o intestino, bexiga e coração têm maior sensibilidade aos anticolinérgicos, levando a

hipotensão ortostática, estado confusional, alterações da visão, xerostomia, anorexia,

obstipação, retenção urinária, agravamento de glaucoma.

Fármacos com reações adversas que se relacionam com efeitos anticolinérgicos são os

antidepressivos tricíclicos, os antipsicóticos (podem também causar sedação excessiva, com

consequentes quedas e fraturas, podem também causar disritmias por alteração na condução

cardíaca).

O aumento do tecido adiposo, diminuição da percentagem de água corporal, diminuição da

massa muscular e das proteínas plasmáticas, também aumentarão consideravelmente a semi-

vida dos fármacos.

Os antihistamínicos de primeira geração atravessam a barreira hemato-cefálica, pelo que têm

efeitos sedativos mais acentuados, sendo por isso inapropriados nos idosos. Podem também

causar lentificação cognitiva, delírio e efeitos anticolinérgicos.

Os efeitos secundários mais frequentes dos AINEs (anti-inflamatórios não esteroides)

relacionam-se com a doença ulcerosa crónica e com a hemorragia GI.

Interações farmacocinéticas entre fármacos

Interação na absorção do fármaco

Alteração de pH- o uso de antiácidos, de antagonistas dos recetores de H2, e dos inibidores da

bomba de protões, pode aumentar o pH GI.

Interação na ligação e formação de complexos- os sais constituintes dos antiácidos podem

formar complexos com alguns fármacos, tornando-os insolúveis.

Interação na motilidade- um fármaco pode alterar a motilidade GI, afetando a absorção de um

outro fármaco. Anticolinérgicos e opióides diminuem peristaltismo e metoclopramida faz o

oposto.

Interação com danos na mucosa- a absorção de verapamil é comprometida quando ocorrem

danos na mucosa GI.

Interação na distribuição do fármaco

Poderá existir a competição pelas proteínas de transporte ou pelos recetores tecidulares.

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Interação na excreção do fármaco

O número de nefrónios diminui entre 30 a 50% nos maiores de 75 anos. Necessário ponderar

doseamento plasmático e clearance renal aquando da prescrição de aminoglicosídeos, dogoxina,

procainamida, vancomicina e lítio.

Interações farmacodinâmicas entre fármacos

Poderá existir competição de fármacos pelo mesmo recetor (sinergismo ou antagonismo) e

alteração da afinidade do recetor. (interação direta)

O efeito de um fármaco poderá alterar o efeito terapêutico ou tóxico de outro fármaco. Poderá

ocorrer entre diuréticos poupadores de potássio e a digoxina, entre AINEs e anticoagulantes.

Interações fármaco-fármaco

O risco de interação entre fármacos aumenta exponencialmente com o número dos mesmos.

Destacam-se as interação entre os bloqueadores dos canais de cálcio e a digoxina, entre os

IECAs e os AINEs, entre os diuréticos e os corticóides, e entre a digoxina e os anti-ácidos.

Destacam-se também as dez interações mais perigosas entre: a Varfarina e os seguintes

fármacos, AINEs, sulfonamidas, macrólidos, quinolonas, fenitoína; entre os IECAs e os

suplementos de potássio; entre a digoxina e os seguintes fármacos, amiodarona, verapamil;

entre a teofilina e as quinolonas.

Destaca-se também o álcool, que pode potenciar alguns fármacos, como os sedativos e os anti-

hipertensores, excepto varfarina e fenitoína. Pode também aumentar o risco de hemorragia GI

dos AINEs. A absorção de vitaminas fica diminuída. Pode agravar a síndroma depressiva,

diabetes mellitus e insuficiência cardíaca congestiva.

Interação fámaco-patologia

Destaca-se entre os bloqueadores beta e a DPOC, entre os AINEs e a insuficiência cardíaca (IC)

ou a doença ulcerosa péptica (DUP).

Orientações/ intervenções de enfermagem

(O enfermeiro, conjuntamente com o médico, pode ponderar/sugerir que fármacos um cidadão

deverá iniciar, continuar ou interromper, para ter o máximo de benefícios, com menores riscos e

custos.)

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Seguimento de Guidelines; Questionar o cidadão sobre se a medicação já prescrita e/ou a que se

pretende acrescentar será um problema económico; Prescrição do princípio ativo/marca

comercial com melhor quociente qualidade/preço; Considerar prescrever genéricos; Avaliar o

cumprimento e/ou dúvidas relacionadas com a medicação; Reavaliar o cidadão com história e

exame físico completos; Entregar a informação sobre a posologia em quadros de fácil leitura;

Dar sugestões para diminuir os esquecimentos (fármacos em local visível e de passagem

obrigatória e dada hora; associar a medicação a atividades, reler as instruções e repetir em voz

alta, incentivar o conhecimento de novos fármacos adicionados); Revisão terapêutica de, pelo

menos, 6/6 meses; Avaliar a continuidade da indicação de determinado fármaco; Avaliar a

existência de fármacos duplicados (mesma classe ou mesmo princípio ativo); Considerar a

possibilidade de simplificar; Considerar fatores para minorar as reações adversas de outros

fármacos; Ponderar dose e interação entre fármacos e com as patologias já diagnosticadas; Dose

única diária; Monitorização laboratorial, quando aplicável; Uso da fórmula de Cockcroff-Gault

para estimar a clearance da creatinina; Iniciar com dose baixa e aumentar gradualmente; Ajustar

a dose de fármacos como a digoxina, aminoglicosídeos, IECAs e AINEs à insuficiência renal;

Perguntar se existe consumo de “produtos naturais” e/ ou não sujeitos a receita médica.

Outras estratégias

Conhecer a lista de Beers; Atingir os objetivos terapêuticos, minimizando os efeitos adversos;

Boa comunicação médico/enfermeiro-cidadão; Informatização do ficheiro médico/enfermeiro;

Envolver o cidadão na tomada de decisão; Seguimento cuidadoso e ajuste da dose periódico;

Cuidado no transporte da informação entre cuidados de saúde primários e secundários;

Especialização em geriatria; Colaboração mais próxima e bidirecional entre médico/enfermeiro-

farmacêutico; Avaliação das condições de armazenamento domiciliário da medicação;

Educação dos familiares; Uso de Pocket PC da parte dos profissionais de saúde; Elaborar

listagem de problemas agudos e crónicos; Incentivar o uso da mesma farmácia; Evitar

medicações que exacerbem patologias já diagnosticadas; Questionar hábitos etílicos; Questionar

consumo de drogas; Perceção da pouca qualidade da prescrição; Formação contínua ativa;

Listagem completa e atualizada das prescrições; Interações medicamentosas.

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