crista liza ç Ões

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7/21/2019 Crista Liza ç Ões http://slidepdf.com/reader/full/crista-liza-c-oes 1/4 Análise do Poema Cristalizações De Cesário Verde O Poema Cristalizações  de Cesário Verde é constituído por vinte quintilhas, sendo o  primeiro verso de cada uma alexandrino (doze sílabas) e os quatro restantes decassílabos. O esquema rimático é ABAAB, havendo portanto rima cruzada, interpolada e emparelhada. De notar a predominância de rima rica. O esquema descrito aplica-se exactamente em todas as estrofes do poema. A nível fónico há ainda a assinalar a presença muito frequente da aliteração: «Vibra uma imensa claridade crua / De cócoras, em linha os calceteiros». A análise que se faz do poema pode levar-nos à conclusão de que se trata de uma obra-  prima de Cesário Verde e até da nossa literatura. O próprio poeta escreveu a respeito de «Cristalizações»: «São uns versos agudos, gelados, que o Inverno passado me ajudou a construir, lembram um poliedro de cristal e não sugerem, por isso, quase nenhuma emoção  psicológica e íntima». De facto, a sugestão dada pelo Inverno (água gelada, cristais de neve)  pode estar na origem do título do poema e do dinamismo imagístico do mesmo. Quanto ao facto de o poeta afirmar não haver «quase nenhuma emoção psicológica», julgamos que se deve entender a emoção à maneira romântica, porque, na realidade, há uma emoção intelectual, sem a qual não se explicaria a rica imagística e o impressionismo quase simbolista do poema. Digamos que a imaginação do poeta se apodera das diversas sensações captadas da realidade, criando núcleos de associação, constelações de imagens  —  daí a razão do plural do título: «Cristalizações». O poeta observa os calceteiros a «calçar de lado a lado a longa rua» e o primeiro espaço observado é a rua por onde o poeta passeava. Este espaço vai-se alargando, ou vai deslizando aos seus olhos, estendendo-se já por toda a rua e pelo casario: «E as poças de água, como um chão vidrento / Reflectem a molhada casaria.». Alarga-se ainda o espaço, quando surgem as  peixeiras, os «(...) barracões de gente pobrezita / E uns quintalórios velhos com parreiras.». Por vezes, quase se nos esvai o espaço físico, porque o poeta faz vir ao de cima o seu espaço  psicológico: «Não se ouvem aves, nem o choro de uma nora! (...)/ E o ferro e a pedra  —  que união sonora!  —  Retinem alto pelo espaço fora, (...)». Foi como se o poeta tivesse fechado os olhos, para se recordar da suavidade do campo, em contraste com o rigoroso martelar dos calceteiros que agora ouvia. Vejamos, no entanto, que é o tempo que acarreta consigo a mudança do espaço. Primeiro fazia frio («Faz frio»), mais abaixo já está bom («Bom tempo»). Há o primeiro e o depois, logo há o fluir do tempo que arrasta consigo a mudança do espaço físico e também do espaço psicológico do poeta. E é assim que alternam os pedreiros (calceteiros), partindo  penedos (espaço físico), com a fantasia do poeta (espaço psicológico) a imaginar a dura condição dos trabalhadores, no seu aspecto e no seu vestuário. Há a mesma alternância de espaços (físico e psicológico) entre a observação invernal das árvores despidas e a associação, na mente do poeta, a «uma esquadra fundeada... mastros, enxárcias, vergas». O espaço alarga-se ainda mais com uma panorâmica geral da cidade: «Vê-se a cidade, mercantil, contente: / Madeiras, águas, multidões, telhados» e com a observação do céu a sofrer a influência cromática dos quintais: «Negrejam os quintais (...)/ O céu renova a tinta corredia». Mas, se o espaço desliza em frente da câmara do poeta, o tempo também não pára. E aí estão os verbos de aspecto durativo, e o uso sistemático do presente durativo a dar-nos a sensação do tempo a fluir: «Carros de mão chiam carregados», «negrejam os quintais». E, até ao fim do

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Análise do Poema “Cristalizações” 

De Cesário Verde

O Poema“

Cristalizações”

 de Cesário Verde é constituído por vinte quintilhas, sendo o primeiro verso de cada uma alexandrino (doze sílabas) e os quatro restantes decassílabos. Oesquema rimático é ABAAB, havendo portanto rima cruzada, interpolada e emparelhada. Denotar a predominância de rima rica. O esquema descrito aplica-se exactamente em todas asestrofes do poema.

A nível fónico há ainda a assinalar a presença muito frequente da aliteração: «Vibrauma imensa claridade crua / De cócoras, em linha os calceteiros».

A análise que se faz do poema pode levar-nos à conclusão de que se trata de uma obra- prima de Cesário Verde e até da nossa literatura. O próprio poeta escreveu a respeito de«Cristalizações»: «São uns versos agudos, gelados, que o Inverno passado me ajudou aconstruir, lembram um poliedro de cristal e não sugerem, por isso, quase nenhuma emoção psicológica e íntima». De facto, a sugestão dada pelo Inverno (água gelada, cristais de neve) pode estar na origem do título do poema e do dinamismo imagístico do mesmo. Quanto ao factode o poeta afirmar não haver «quase nenhuma emoção psicológica», julgamos que se deveentender a emoção à maneira romântica, porque, na realidade, há uma emoção intelectual, sem aqual não se explicaria a rica imagística e o impressionismo quase simbolista do poema.

Digamos que a imaginação do poeta se apodera das diversas sensações captadas darealidade, criando núcleos de associação, constelações de imagens  —  daí a razão do plural dotítulo: «Cristalizações».

O poeta observa os calceteiros a «calçar de lado a lado a longa rua» e o primeiro espaçoobservado é a rua por onde o poeta passeava. Este espaço vai-se alargando, ou vai deslizando

aos seus olhos, estendendo-se já por toda a rua e pelo casario: «E as poças de água, como umchão vidrento / Reflectem a molhada casaria.». Alarga-se ainda o espaço, quando surgem as peixeiras, os «(...) barracões de gente pobrezita / E uns quintalórios velhos com parreiras.». Porvezes, quase se nos esvai o espaço físico, porque o poeta faz vir ao de cima o seu espaço psicológico: «Não se ouvem aves, nem o choro de uma nora! (...)/ E o ferro e a pedra  —  queunião sonora!  —  Retinem alto pelo espaço fora, (...)». Foi como se o poeta tivesse fechado osolhos, para se recordar da suavidade do campo, em contraste com o rigoroso martelar doscalceteiros que agora ouvia.

Vejamos, no entanto, que é o tempo que acarreta consigo a mudança do espaço.Primeiro fazia frio («Faz frio»), mais abaixo já está bom («Bom tempo»). Há o primeiro e o

depois, logo há o fluir do tempo que arrasta consigo a mudança do espaço físico e também doespaço psicológico do poeta. E é assim que alternam os pedreiros (calceteiros), partindo penedos (espaço físico), com a fantasia do poeta (espaço psicológico) a imaginar a duracondição dos trabalhadores, no seu aspecto e no seu vestuário. Há a mesma alternância deespaços (físico e psicológico) entre a observação invernal das árvores despidas e a associação,na mente do poeta, a «uma esquadra fundeada... mastros, enxárcias, vergas».

O espaço alarga-se ainda mais com uma panorâmica geral da cidade: «Vê-se a cidade,mercantil, contente: / Madeiras, águas, multidões, telhados» e com a observação do céu a sofrera influência cromática dos quintais: «Negrejam os quintais (...)/ O céu renova a tinta corredia».Mas, se o espaço desliza em frente da câmara do poeta, o tempo também não pára. E aí estão os

verbos de aspecto durativo, e o uso sistemático do presente durativo a dar-nos a sensação dotempo a fluir: «Carros de mão chiam carregados», «negrejam os quintais». E, até ao fim do

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 poema, os espaços físico e psicológico sucedem-se alternadamente no tempo, dando-nos, a nósleitores, a ilusão de vermos movimentarem-se, no ecrã, os lugares, as coisas e as pessoas.

O primeiro tipo social a aparecer no poema é o calceteiro, que se reveza, ao longo dotexto, nas funções de pedreiro e calceteiro. Neste tipo pode ser incluído também o valador (ohomem que abre as valas). Encarnam o trabalho mais sujo, grosseiro e duro. Surge, depois, o

tipo das peixeiras, gente pobre, a quem a marcha parece moldar o próprio corpo («Em pé e perna dando aos rins»). Finalmente aparece a actriz, a corista, elegante e pretensiosa, a destoardos grosseiros e sujos trabalhadores.

Os pedreiros (os duros trabalhadores) são postos em contraste, alternadamente, a partirdo verso 71, em que «De escuro, bruscamente, ao cimo da barroca» aparece o perfil da «fina»actriz. Note-se que ela surge no poema, quando o poeta acaba uma fuga para o domínio dafantasia, em que justamente sentia com pena o sacrifício dos trabalhadores: «(...) Assim as bestas vão curvadas! / Que vida tão custosa! Que diabo!». E, desde que aparece, esta figura demenina burguesa não mais deixa de contrastar, estrofe sim, estrofe não, com o duro pedreiro. Deum lado o luxo, a leveza, a leviandade da burguesinha, do outro, o bruto esforço («(...) Eu

admiro os dorsos, os costados, / Como lajões. (...)»).É evidente que a simpatia do poeta vai para os calosos trabalhadores, a ponto de, ele

 próprio, encarnar a revolta que eles deveriam experimentar: «Que vida tão custosa! Quediabo!».

Sobre a burguesinha actriz abate-se, porém, a vara quase invisível da ironia, mas quenão deixa de fustigar: «De escuro (...)/ Surge um perfil direito que se aguça; / E ar de quem saiuda toca, / Uma figura fina (...) / Toda abafada num casaco à russa.». Atente-se no tom de ironiasatírica que se desprende da palavra toca (em vez de casa) e da expressão «Toda abafada numcasaco à russa». Esse sentido satírico ressalta mais claramente do facto de a figura estilizada daactriz surgir em contraste com as «bestas curvadas» dos pedreiros. Se é verdade que o poeta

afirma fazer-lhe olhos bonitos («os olhos lisos como polimento») quando, à noite, vai ao teatro,a verdade é que tudo isto continua dentro do mesmo tom irónico. Em dado momento, a ironia parece dar lugar à crítica aberta e sarcástica, quando o poeta a imagina «nestes sítiossuburbanos, reles!» e quando a põe a atravessar «covas, entulhos, lamaçais, com os seus pezinhos rápidos, de cabra» (notem-se o diminutivo irónico e o designativo de «cabra»,carregados de conotações pejorativas).

Cesário Verde é o poeta do campo e da cidade. Tem muitos poemas sobre o campo emque tudo respira liberdade, ar puro, alegria, saúde. Nos poemas da cidade, porém, sentimos no poeta «melancolia», «enjoo», «desejo absurdo de sofrer». Ora é nesta náusea citadina que o poeta sente por vezes necessidade de abrir as janelas sobre o campo... Mas vamos ao texto.

Entre a pobreza das peixeiras e o trabalho duro dos pedreiros (terceira e quarta estrofes)aparecem «uns quintalórios velhos com parreiras», o que não chega para fazer o campo. E, porisso: «Não se ouvem aves, nem o choro duma nora». Depois de lançar a sua objectiva sobre acidade mercantil, sobre as multidões, os telhados (oitava estrofe), o poeta abre mais uma vez asua janela sobre o campo, como que para matar um enjoo: «Negrejam os quintais (...)/ O céurenova a tinta corredia; /(...) os charcos brilham (...) / (...) lagoas de brilhantes!». O poeta precisou desta lufada de ar campestre para se recompor, para se refrescar e continuar, depois, oseu passeio impressionistamente extrospectivo pela cidade: «Lavo, refresco, limpo os meussentidos. / (...) Cheira-me a fogo, (...) / Sabe-me a campo, a lenha, a agricultura.».

O campo funciona aqui como antítese da cidade. Esta antítese está enraizada numaantítese vivencial do poeta: o campo é o passado (a infância), a cidade é o presente (a vida

adulta). O campo é atracção, a cidade é repulsa.

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 Note-se que a sugestão do campo nasce sempre, no poema, da observação do trabalhodas peixeiras e dos pedreiros, «os filhos das lezírias». Nem uma única sugestão do campo temorigem na passagem da actriz, aliás grácil e elegante, pela objectiva do poeta

O concretismo da poesia de Cesário Verde pode levar os mais desprevenidos aconsiderá-la prosaica. Daí o falar-se tantas vezes do «prosaísmo» dos poemas de Cesário.

Realmente aparecem nestes poemas inúmeros termos concretos, vazios, em si, de qualquerconteúdo poético. Destaquemos do texto: barracões, quintalórios, ferro, pedras, maços, calçada, barretes, regueiras, japonas, coletes, picaretes, pederneiras e muitos outros. Ora estes e outrossubstantivos concretos, que até aqui andavam arredados do lirismo, só aparentemente é quetornam prosaicos certos versos de Cesário Verde. Assim, barracões e quintalórios são termosconcretos, mas eles funcionam como pontes para o mundo da fantasia, que conduz o poeta àrecordação do campo; ferro, pedra, maços são objectos demasiadamente duros para o docelirismo, mas eles funcionam como símbolos do trabalho duro dos pedreiros. Isto basta para noslevar à compreensão de que o poeta visiona a realidade nua e crua (daí o concretismo), masvisioná-la é vê-la à sua maneira, é elevá-la ao campo da fantasia, é criar relações mentais entre

essas realidades. A associação é uma das operações mentais mais importantes da poesiamoderna e é nela que reside o maior fascínio dos poemas de Cesário Verde.

Assim, as árvores despidas (versos 31 a 33) são imediatamente transformadas numaesquadra fundeada, sem movimento, sem vida, tal como as árvores no Inverno. E o jogo do reale do irreal, que a imaginação manobra, para prazer do poeta e dos leitores. Tudo começa nossentidos, há uma convergência de todos os sentidos para captar, sentir a realidade à medida do poeta, e transferi-la, depois, para o domínio da imaginação: «Lavo, refresco, limpo os meussentidos. / E tangem-me, excitados, sacudidos. / O tacto, a vista, o ouvido, o olfacto!».

Veja-se o verso: «Homens de carga! Assim as bestas vão curvadas». O poeta visionouos trabalhadores desumanamente carregados e logo a sua imaginação operou a associação com

 bestas de carga. Daí a expressão homens de carga (em lugar de destaque, no começo do verso).Examinemos a série de associações e a sucessão de imagens que se verificam na estrofeiniciada no verso 66. Agora não estamos no espaço real, mas no espaço psicológico do poeta.Este começa por lançar uma espécie de grito de revolta: «Povo!». Depois elevando-seimediatamente da realidade do «pano cru rasgado das camisas» dos trabalhadores, com «listrõesde vinho», entra no campo da fantasia e imagina uma bandeira-estandarte daquelas vidassofredoras. E, da realidade dos suspensórios, imagina também uma cruz nas costas dos pedreiros. Note-se o poder associativo, a passagem automática da realidade à imaginação:camisas rasgadas =>bandeira, vinho => sacrifício (sangue), suspensórios => cruz.

Há, nesta estrofe, um certo tom de revolta, expresso mesmo em tom declamatório, àmaneira romântica. Veja-se ainda o poder associativo da expressão «toda abafada num casaco àrussa», caracterizador do luxo burguês da actriz.

Analisemos, agora, o poder sugestivo do uso do verbo, adjectivo e advérbioexpressivos. Notemos, desde já, que também esta expressividade provém de processosassociativos (sentidos conotativos), tão do agrado do poeta.

Verbos expressivos: «Vibra uma imensa claridade»; «tangem-me, excitados, sacudidos,o tacto, a vista (...)» (note-se a expressividade do pronome me); «um perfil direito que seaguça»; «desemboca».

Adjectivos expressivos: «imensa claridade crua» (um antes, outro depois dosubstantivo, os dois com um misto de objectividade e subjectividade); «os calceteiros (...)terrosos e grosseiros» (objectividade/subjectividade); «chão vidrento, molhada casaria»

(visualismo); «gente pobrezita» (diminutivo de carinho); «choques rijos, ásperos, cantantes»(tripla adjectivação, em gradação ascendente de subjectividade); «rapagões morosos, duros,

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 baços» (neste caso, a subjectividade já parece em gradação descendente); «fria paz» (note-secomo um adjectivo, que vulgarmente traduz um dado objectivo, aqui se carrega desubjectividade); «tinta corredia» (visualismo); «os meus sentidos tangem-me excitados,sacudidos» (valor adverbial); «lavada e igual temperatura (relação sinestésica); «altas asmarretas possantes, grossas» (hipálage: as qualidades são transferidas dos pedreiros para as

marretas); «E um gordo, o mestre, com um ar ralaço e manso» (a expressividade de «gordo»,substantivado, vem do facto de poder considerar-se, ao mesmo tempo, causa e efeito do «arralaço e manso»); «calosas mãos gretadas» (um antes e outro depois do substantivo, visualismoimpressionista: as mãos são o instrumento e o documento do suplício no trabalho); «rostinhoestreito, friorento» (objectividade/subjectividade; notar o diminutivo irónico); «queixo hostil,distinto» (adjectivação antitética); «Neste Dezembro enérgico, sucinto, e nestes sítiossuburbanos, reles» (hipálage); «Eles, bovinos, másculos, ossudos» (adjectivação múltipla,visualismo).

Advérbio expressivo: «pesam enormemente»; «carros de mão conduzem o saibrovagorosa-mente» (a conotar o excesso de peso para um homem); «bruscamente» associado a

«quem saiu da toca», deixa a sensação de um animal esquivo que à luz do dia está fora do seuambiente); «encaram-na sanguínea, brutalmente» (a conotar o desejo instintivo, animal).Concluímos, portanto, que houve uma procura do melhor termo, uma escolha requintada designos polivalentes, a abrirem o campo da imaginação.

Para concluir, resta-nos apenas dizer que a maestria de Cesário, não só neste poema,como em todos os outros da sua obra poética, reside na palavra que nos transporta paraambientes onde os sentidos são o espectáculo, onde o banal deixa de o ser para se transformarnuma força estética cheia de carga significativa.