crise economica 1921-1922

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192: A A CRSE ECONOCA dadade1920umadasmais imprtantedopntdevist da histria eonmica, pltica e cultu--ral brasileira, e memo mundial.E um prododetransio,deglandeefervescncia,quetemparalelointeresante com o que acntee hoje. a interveno aqui se centrar, contudo, noanode1922,momento emque talvezsetenhachegadomaisprtde umaruptura,exceofeitaevidentemente prao fnaldadada,quando arupturarealme.nteoorreu.Tlvez eufoalizmaisarvoreeprcaum puco da floreta da dcada de 20, mas comoodeafodaquelesanofoiuma espciede tentativade resolvera resaca da crise eonmicade 1921-1922, 22umbomcomeo. noveentevintedoisum anodeprofundacrienmic,&comparvel n erinciarepublican antrior agignUcrise da dda de 189,queB acbucomoenolmeeforodeajutmentodprooCamg Salesbatutlafnancirabrit-WinstonFritsch nic.Tm-seem22umacrisedocf, umaioemalta8,epcialmente, -umacrise. Eofldogovero EpitcioPeso,quenoentntohavia comeadocmugrandeepran de propridade, com grande otimismo, depisde anodeguel',aprew e dificuldade- dcrtmaneira,odo govero Epitcio pr muit cm o fm do gover ey. -E dese clima de crise do Etdo que surge ou que rnovado, como tmbm se pde interpretar, o arrdo -So Pauloque @nte a eleio do DuPrBrrd..,mdao pulistas ocontroleabsolutdaenomia,com Sampio Vdal no trio da Fazendae CincinatoBrga noWdo Brasil. se quiser rMum exemplo de acordocrmleite,noexstenenhum melhor do que ete, que solidifc a cndidatura Brrdes contra os atqueviolentosdosmilitna,numasituaodecrise ecrisedo Etdo comoaquemo dogovero Epitcio.L alian mara tmbm o NotaEstetexto8tranrtodeumocmunicooralreitnoSeminrio'enrHde2", promovido plo CPOOC da Fundai o Gelulio Vargs em19 e 20 de dezembro de 19. Eduo Hilr,Rio de Janeiro, vol.6,n.II, \%,p.3-. 4 E6TDO6HI6T0lCO6-10111 primeiro cmprmiso fonnal do gvern federal cm a valorizo pl nanentedocaf,queserumabandeirado gverno Brnrde maisafrente.Vint edoisprtantoumanodecrise,m deumacrisequegeraumaraode continuidade do rgime, que sacde MineSo Pauloparumaalianaformal.Porqueafnal22foitoruim? A partir de que momento o govero Epitcio degringlouna getoda eonomia? Quais asorigens da crise? A crisequecomenasgundametdede1920,chegaoaugem1922, m na verdade se anta at o fnal do governoBrnardes,umexemplode livro-b dechoqueexternoadverso, ouseja,daqueleschouequemarcm o comprtmento de uma enomia primriaertdoramuitdepndente do preo d seu prduto bsico.Epitcio Pes asumeOgoveroemtucondi em 1919. E umproo de alt doprodocfsempwentn memriad Q queviveramnaquela pca. Em 1918 u imensa gedahaviaarrasadooscafezisdeSo Paulo.L,a produtividade logo depis de ugeada muitopuena,pisas rorsdemormumtmpparas reuprr.Em1919,prtnto,oetoquesestobaixos.Almdiss,hum grandecrcimentdademandanos paisescentraisdevido ao fmdaguerra ea demobilizodastropas.O medo do deemprego que a demobilizaorpida do homen,comasmulhere aindanfbrics,pderiaprovocar,cnduzes paiauplticaeconmica expnonist, levando o governo asltr o crdito.Diga-e de pasagem, tmbm,quenaEuropaappulao civilnotomavacafhavia muit temp. Ese crscimento da demanda mundial,combindoa retriodaofert, eleva o pre docaf at asnuvens. AentradanBrsildeumarecit deexprtomuitograndeleva,pr .-sua vez, a ur enOIme aprec1o cam-bial,extmentnumapem que a indstriaestquerendoinvetir.Lben de capital tomam-se mais baratos, eabrumprododeaumentodimprt.O crscimento daatividadeenmictmumimpctmuit favorvel sbr a reita fcl do governo, e o ano de 1919 se abr cm gnde prpctiva d bsade fnanceira do governo.Cm oEtado Unidos aind nocmedesuadisputcmLndrs pla psio de centr fnanceir, o Brasil comea a negoiar emprstimos norte-americanoem1920.Esamelhor na psio fL Scal,smada a umaepcie de viso connual sobre a neesidade de invetimento pblico, leva fnalmentea um grande prgrama de obr. Defato,EpitcioPesaassumeo gvernoem 1919cm umprogramade obrasque se ergue sobre duas pr. A primeira delas est n Nordete-afnal tratva-se de um president nordestino, oquealiscontituioutr pnt desemelhana com Sarey. Pouco tmp antestinhahavidotambmumagrande seaquesetornoufamosa.O primeiro grandeprogramadeobrascntraas sea,cmacnstruodeaude, assimlanado no governo Epitcio Pesoa,eissonoscustumdinheiroem librasedlares,pisnotnhamosna p oferta interna de servio e tecnologia,easobrastiveramdesercntratdas no exterior. Emsgundolugar,masnomenos imprtnte, vem o programa de invetimentonesa epcie de sala devisitas que eroRo de Janeiroda p,com vistasa ExiodoCntenriode 1922. A imprtncia que as elit brsileirasdavampreparaodacidade paraaeiopdeservistanepgrfedocptulo2dolivrodeMarly SilvadaMotta;ondesl:` prciso quequemaquiaprrencntre,como primeiracidadebrsileira,algmacoi-192, A CRlSEECNMICA bsaqueprovouelouvol."1 obras paraeiosomonumentis.O quetinhasbrado- etinhasbrado muito -do morro do Castelo,foilevado pardentrod'gua.Vriospavilh formconstruido,muitdelecomo Ueiro dogvero dopsesprtiipnt.Ltaforma,ainfa etrturadaeioconomeumclosde dinheir. Tmbm no gverno Epitcio tem inicio a urbanizo delpanema edaLgaRrigod Freits,cm arramentos, clamento cm pralelEpposecontruoderdedeegotos.O imen progama deobras do Rio de Janeiro benefcia aindaoutrs ras pblicas. Eeng.adoobservar,lendoosdEpimentodaj,queomo num r nexo doque se pssava n Eurp, Epitciojustificvaseuimensoprograma deobrscomoumameidaparcom batero deempregque iriasesguir gerra,oquenoBrasilno faziao menor sentid. O desempreg no Brasil er estrutural,opasnoempregva,m tmbm no tinha mobilizado um glndenmerodetropsparaguerra. Obviament o programa do Nordeste se justicvaprsis,devidoaoefeits sociaise econmicoda s.Mas justi ficarosaltsinvestimentsemobras pblicas como uma forJ de minimizar odeemprego,incrprandoaprocupaoconsradoraeuropiaeamericanacomoavand esquerdasno ps-guerra,eralgo absolutment esquizofrnco. >essa coisa psitiva que est pr trsdoinciodogovernoEpitcio,em termosdesolidez fIcalede condies praumbomprogramadeobras,desaparecenoentantocomoprmagia comocomeodacrisemundial.Na verdade,oprodode1919a1922 conheido nalitratura sobr aeconomia mundial cmo o proo do bm e darecesodops-guerra.P origens darecesosomuitogcidascom asorigendob m: soasmudanas naplticaeonmicadopasecntrais, preoupado com o efeito dademobilizao.Primeiro, esspases viram que oefeitdo desmpregoprovocadoplareonveroeonomiade paz no foi togande.Por outro lado, sexpnomonetriae ocrescimento muito rpido deconomias beligeranU levaramaoenfraquecimentodas modas dos pase europus e dificuldadedecombaterainoherdada daguerra.Comeaento aaparecera re"ao conseradora,que depis vai se cristlizarnFranacmPoincare naInglaterl'acomavoltadosTories, comChurchillcomoministrodaFazenda, reao esa que est muit mais preoupada com a restaurao do valor damoe coma solidez financeirado quecomoemprego.Comeaentoa mover-so pndulo:depisde seprecuprcomodeemprego,arestauraoburgesdaEurop comeaadar maispoaoconeradorismomonetrioefl Sca!.No comeo de1920 h na EuropaumapassagemclaraparaplticasdecontenofIcaledejuros altos,quelevamaumareversodo bm dops-guerra,queporsuavez temefeitos devastdores sobre ocaf. Areversoprovocaumaquedanos preosdecOmmOdtltc8 emgeral,mas atingeparticularmentocafprrazesexatamentecontrriasquelas quehaviamfeitosubirseupreoem 1919, ou seja, ecasez de ofert e cre cimento dedemanda. Em 1920 a oferta jestnOl'maleademandacai.A 1t- dolivr Ao lo ca;oto omioooleo Centenrio dtt&oJc (Riode Janeiro,Ed.FundaoGetulio Var,CPOOC,9z), lanadoproiio do Semirrio "Cnri0 de 22". A epb-recitada roi cxlrododo artigo "Melhororcnt0 neri0",publicado noCarreioduManJt CIII24de nbril de 190. EST0SRlSTRlC0S-191 I viradanomundo oorrenaverdade no meio do ano de 1920. Os preos do caf, quevinhamsubindoenoJ1uemente, param de aumentr no terceiro trimestreedespencamnofinaldoano.Esse fattmefeitosgravessobreasade fnanceira do Etdo brasileiro. Exatamente naquela hora Epitcio havia iniciadoumprogramademetsqueimplicava compromissosplticosimprtantes e que ele no pdia mais suspnder.ORiodeJaneirotinhaquesera saladevisits dopas na Expsio do Centenrio,eofuturopolticode Epitcio estva pndurado em seu proglamadeobrascontraassecas. Acrisede1920-1922,emtelOde efeitossobre0preos emlveldeatividadeinternacional,maisseverado que a Grande Dpresso. A variao dos pw interacionaisedodesemprgo maior em termos de amplitude. E u crise mais rpida, que no tm osefeito preros,emcadeia,oorridoem 1929-1932.No houve rea protionistas,a economiamundialno foidecendodevagrinhoploabismo.Houve umchoquemuitviolento.A ecnomia mundialvoltariaacrer,epe-e dizerqueprvoltade1922opior j haviapsldo. oprodoentreo fim de 1920e o cmede 1922muito duro. Para o Brasil, os efeitos do clapodo preodo cf sodurssimos.Primeiro, humaenormedevalorizaocmbial,quechegavaloresnuncavistos nahistriadaRpblica.P imprs cem, e isso afeta as recits pblicas,para aquais erm imprtanteas tarifsalfandegrias.Onveldeatividadesereuz,eisogravenum pas cujaestruturatributriaerbaseada emimptoindirtos.A rceitdo @vernodiminui,deulado,em cna qnciadaquedanovolumed trnsa, e, de outro, em de da depre ciaorpidadocmbio,queencar osprduts etrangeiro etm u efeit prverosobreailao.NaenomiaabertdaPrimeiraRepblic,a inflaoetmuitoasiadaaocmbio. vezque s tem umadeprciao muito fort, sgue sum prodo de infao. Ea infao, como cnsamo de ver agor no a ,erde ainda mais arceit flSl. O que acntec no Brsil, em reumo, umenorme deequbrio fnanciro do governo. Par piorr, a crise faz cm que osemprstimosnorte-americanos,que haviamcomeadoaaprecrlogodepisdaguella,csm.Alnglatl aindalevariat ouquatrano pr amImara csa eperemprO tar,ea Frannomaisvoltriaafazeremprtimodepisdochoquepicolgico docalotesovitico.Sobrapnasum meio d fInciar o dficit:a eDo de moou a coloaode ttulos da dvidapblicano mercdo.Isso aumenta o desequilbriofmciroealimenta io. Alm do mais, pr tr sido muito violento, oclapo dos pDreacende de 1921para 1922 uma forte prs o de So Paulo em favor da defea do cf. Altimapresohaviaocrridoem 1917.Ddeo convniode Tubat no se falava mauniso, magora os pulistsvoltvam cm fora.Bancar a defesado cfsignificavamaisgstos pblicospara comprar etoue ese_r ospro, mo governo Epitcio cede, e cpr duasrazes. A primeira delas a deciso deatender aos intereses corporativos do caf. MasomaisimprtanteoreconhecimentdofatodequeacrisefIcaldo Estdoeradecorrentedadepreciao cambial,que prsua vezera decol'rentedo colapso do preo do caf. Dfender ocaf-existe um discurso de Epitcio que no deixa a menor dvida a repito,evriosoutrosdocumentosjprovaramquearacionalidadeeraessa -significadefenderoEtado,aestbili-J{2A3RBBCNMI3A 7 dadeeonmicaefinanceiradoEstado.L interessedacafeiculturaedo Estdobrasileiroseconfundem.E mais:h uacordotcitodequeno se intel ompriam as obras d Nordeste em troca da defesa do caf. E um tip deacordoquesempresefaznoBrasil comodeiropblico- nofmaldois maisdoissooito. Por tudo ,o finl d govero EpitcioPeso apresenta1absolutdesquilbriofIl.Noentanto,adea docaftmbmtemumimensoefeit psitivo: sgurando-se o pdo cf, cort-sodeseuilbriodobalanode pgments,queetnabasdodeequilbriofll edaquedad reits pblicas.Is o temumefeit bm sbr aindstria,enoprmitedizerque,do pntodevistdonveldeatividade,o pior etava pas ando.D toda fOnna,a heran do goveroEpitcio um d.. equilbrio fllgignU, e isso o trn aindaumavezpreidocmogovero Sarney. AalianplticaqueapiaArtur Brrdes muit clara. Sampaio Vidal eCincintoBragavopraogovero basicament par fazer a defesa planentedocf.ummoelonovode defesa.Cnbem-eaIl aznenormenos entrncaments felTOviri0, e oestoquecmpradoplogverno passam a ser contrlado dentro do pa -ante, eram mandados pra a Europa e ficvam sob cntrole dos imprtdor estrangeiros.Agoratudopassaaser feitnoBrasil,mprcisodinheiro. Oprgramades aalianpssaprtnto pr umajust fscl,impto pla nsidadedefnanciamentd sfrs.'o o discurode autridade fscal deBrrde vai prguaabaix. Em1923,hnovamentep o.A safra grande,e oBancCntrlindepndentcriadoprCincinatBraga viraumamquinadefazerdinheiro parfinnciarocf.Odeequihbrio $B cntinua,ogovernosev de novo abeira de u crise fscal e tm de fazer algomuitoprcidocomoquefezo gvemoCampSalesnatntativade preeraraRpblic,ouseja,tem de entrar em contat com o gover ingls paraum glandeemprtimodeconsolidao.Uma oinglesavemao Brasileclocondies par ..se emprtimo.Umadelasqueogvero abandonead docf.Brnardes concorda,eem1924h 1rchaimprtnte no acordo -SoPaulo. Os mineiro,ao contrrio dpaulists,smprederivramsupern PrimeiraRpblicadcntrole dosrecur pblio.Nunchouve umaburgeia mineira cmo havia em So Pau lo,onde a elite pltica ervisivelment plutocrt,deorigemfazendeira.Em Mins,havia pltios decrrire cultivava-saidiadequeoeuilbrio fIalercoisaasrprerada.Eas-sim que Brnares ejet Sampio Vidal eCincinto Brag sem a menor cer nia e adota um rgido prgrama de austridade.Emdoisanorsturadoo equilbrio ,aQr do relativo insu ces d negociacomoingleses, cuo emprstimo s cheg muit depi. S que es e ajuste flSl vemn1lma hor em que o govero j no preisava tant dele, pisomundoetvacmendo a melhorarenovamentcmeavama apareercpitis. Ofim dogovernoBrnardesinteresante.Quandoeleejetaospaulistas, abre mo, de moo totlmente ulateral,darespnabilidadefederal peladefesdocfeentregaaaogovernodeSoPaulo.BotaoUb na prtae acampainha.Mas nomomentoemque Brnrdescongue fa.zeresse ajuste l fntstico, cria-se umproblema muitoparecidocom odo perodoCamposSales-RodriguesAlve.A economiamundialcresce,eco measeaterumembaraoderique E5TD5Rl5TRIC5-1003111 zas: muito fluxo de capital, exports se comportando bem, atividade ainda reprimidaseportantoimprtaes ainda baixas.Tr-seento um exceso de cambiais, e a lde cmbio comea avalorizardenovo.Brnardesacha bom,prque pensa nas fnanas pblicas,masosetorprodutivonogosta muito disso.Sabe-se que os exportdores no gostam de cmbio que valoriza, masnosoS oscafeicultresque protestam.L produtrestxteisso 0quemaisberramcontraaapreciao do cmbio no final do governo Bernardes.Comeamentodenovoas preses para a estbilizao da moeda e para a volta ao padro-ouro, mecanismo plo qual se evita a apreciao cambial.Estabilizando-seataxadecmbio,cresce o volume de moeda interna, oquemsicaparaosouvidosdos -empresrios.Eevidentequenumano decampanhaeleitoral,ocandidato presidnciatenderiaaincorprarao seu discurso a volt ao padro-uro e a criao de uma LDde Estbilizo. Foiiso o que fez Washington Lu. Em seu governo, o pasconheceu um imensocrescimentoatomundomudar novamente,comaGrandeDpresso. Masesta j outra fase dahistria do Brasil. Oedpa publia em ymJmd1993)WinstnFritchprofessordoDepartamento de Economia da PUC/ e, desde maiodeUU, secretriodePolticaEcnmicdo MinistriodaFazenda.