criminologia - aula 6

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Criminologia – Aula 06 (11/07/2014) Prof. Bruno Shimizu Anotadora: [email protected] A SAÚDE MENTAL NA LEI DE EXECUÇÃO PENAL 1. DISPOSIÇÕES GERAIS (...) Art. 171. Transitada em julgado a sentença que aplicar medida de segurança, será ordenada a expedição de guia para a execução. * Note-se que nas penas ocorre o oposto: a guia para a execução apenas é expedida após a prisão. Já nas medidas de segurança, ninguém pode ser internado sem que antes se expeça a guia. Art. 172. Ninguém será internado em Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico, ou submetido a tratamento ambulatorial, para cumprimento de medida de segurança, sem a guia expedida pela autoridade judiciária. Art. 173. A guia de internamento ou de tratamento ambulatorial, extraída pelo escrivão, que a rubricará em todas as folhas e a subscreverá com o Juiz, será remetida à autoridade administrativa incumbida da execução e conterá: I - a qualificação do agente e o número do registro geral do órgão oficial de identificação; II - o inteiro teor da denúncia e da sentença que tiver aplicado a medida de segurança, bem como a certidão do trânsito em julgado; III - a data em que terminará o prazo mínimo de internação, ou do tratamento ambulatorial;

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Criminologia Aula 06 (11/07/2014)Prof. Bruno ShimizuAnotadora: [email protected]

A SADE MENTAL NA LEI DE EXECUO PENAL

1. DISPOSIES GERAIS(...)Art. 171. Transitada em julgado a sentena que aplicar medida de segurana, ser ordenada a expedio de guia para a execuo.

* Note-se que nas penas ocorre o oposto: a guia para a execuo apenas expedida aps a priso. J nas medidas de segurana, ningum pode ser internado sem que antes se expea a guia.

Art. 172. Ningum ser internado em Hospital de Custdia e Tratamento Psiquitrico, ou submetido a tratamento ambulatorial, para cumprimento de medida de segurana, sem a guia expedida pela autoridade judiciria.Art. 173. A guia de internamento ou de tratamento ambulatorial, extrada pelo escrivo, que a rubricar em todas as folhas e a subscrever com o Juiz, ser remetida autoridade administrativa incumbida da execuo e conter:I - a qualificao do agente e o nmero do registro geral do rgo oficial de identificao;II - o inteiro teor da denncia e da sentena que tiver aplicado a medida de segurana, bem como a certido do trnsito em julgado;III - a data em que terminar o prazo mnimo de internao, ou do tratamento ambulatorial;IV - outras peas do processo reputadas indispensveis ao adequado tratamento ou internamento. 1 Ao Ministrio Pblico ser dada cincia da guia de recolhimento e de sujeio a tratamento. 2 A guia ser retificada sempre que sobrevier modificaes quanto ao prazo de execuo.Art. 174. Aplicar-se-, na execuo da medida de segurana, naquilo que couber, o disposto nos artigos 8 e 9 desta Lei.* Estes artigos (8 e 9) tratam do plano individualizador e da individualizao da pena.

Art. 175. A cessao da periculosidade ser averiguada no fim do prazo mnimo de durao da medida de segurana, pelo exame das condies pessoais do agente, observando-se o seguinte:I - a autoridade administrativa, at 1 (um) ms antes de expirar o prazo de durao mnima da medida, remeter ao Juiz minucioso relatrio que o habilite a resolver sobre a revogao ou permanncia da medida;II - o relatrio ser instrudo com o laudo psiquitrico;III - juntado aos autos o relatrio ou realizadas as diligncias, sero ouvidos, sucessivamente, o Ministrio Pblico e o curador ou defensor, no prazo de 3 (trs) dias para cada um;

* A parte que prev a possibilidade de oitiva apenas do curador inconstitucional (se o defensor no for o curador), tendo de haver defensor constitudo.

IV - o Juiz nomear curador ou defensor para o agente que no o tiver;V - o Juiz, de ofcio ou a requerimento de qualquer das partes, poder determinar novas diligncias, ainda que expirado o prazo de durao mnima da medida de segurana;VI - ouvidas as partes ou realizadas as diligncias a que se refere o inciso anterior, o Juiz proferir a sua deciso, no prazo de 5 (cinco) dias.Art. 176. Em qualquer tempo, ainda no decorrer do prazo mnimo de durao da medida de segurana, poder o Juiz da execuo, diante de requerimento fundamentado do Ministrio Pblico ou do interessado, seu procurador ou defensor, ordenar o exame para que se verifique a cessao da periculosidade, procedendo-se nos termos do artigo anterior.

* Repita-se, aqui, o que j foi dito: sendo possvel a realizao do exame de verificao de cessao de periculosidade antes do prazo mnimo, a medida de segurana poder ser extinta antes deste termo.

Art. 177. Nos exames sucessivos para verificar-se a cessao da periculosidade, observar-se-, no que lhes for aplicvel, o disposto no artigo anterior.Art. 178. Nas hipteses de desinternao ou de liberao (artigo 97, 3, do Cdigo Penal), aplicar-se- o disposto nos artigos 132 e 133 desta Lei.Art. 179. Transitada em julgado a sentena, o Juiz expedir ordem para a desinternao ou a liberao.* Este artigo completamente inconstitucional, pois cria um efeito suspensivo automtico a agravo em execuo do MP: a pessoa continua internada, esperando o julgamento do agravo. Efeito suspensivo medida cautelar, e medida cautelar sempre tem que ser baseada nos requisitos da cautelaridade, especialmente quando de cunho pessoal que envolva segregao do indivduo.

2. INDULTO DA MEDIDA DE SEGURANAAssim dispe o art. 2, XI, do Decreto 7.648/11:

XI-submetidas a medida de segurana, independentemente da cessao da periculosidade que, at 25 de dezembro de 2011, tenham suportado privao da liberdade, internao ou tratamento ambulatorial por perodo igual ou superior ao mximo da pena cominada infrao penal correspondente conduta praticada ou, nos casos de substituio prevista noart. 183 da Lei de Execuo Penal, por perodo igual ao tempo da condenao;

A mesma previso foi repetida nos decretos de indulto de 2012 e 2013.Crtica: isto no indulto, e sim extino da medida de segurana pelo seu cumprimento integral. O que a DP defende que o indulto se d pela pena mnima ou, ao menos, pela pena mdia, e no pela pena mxima.

Obs.: Nos casos de converso da pena em medida de segurana, o seu prazo mximo o prazo da condenao. Isto pacfico.

3. CONVERSES

Art. 183. Quando, no curso da execuo da pena privativa de liberdade, sobrevier doena mental ou perturbao da sade mental, o Juiz, de ofcio, a requerimento do Ministrio Pblico, da Defensoria Pblica ou da autoridade administrativa, poder determinar a substituio da pena por medida de segurana.

* O artigo trata, especificamente da pena privativa de liberdade, no se referindo pena restritiva de direitos. Ou seja, a rigor, no possvel a converso da pena restritiva de direitos em medida de segurana, mesmo porque ela pode ser cumprida conjuntamente com um servio pblico de ateno sade mental.

Art. 184. O tratamento ambulatorial poder ser convertido em internao se o agente revelar incompatibilidade com a medida.Pargrafo nico. Nesta hiptese, o prazo mnimo de internao ser de 1 (um) ano.

A SADE MENTAL NA LEI DE DROGAS

Art. 45. isento de pena o agente que, em razo da dependncia, ou sob o efeito, proveniente de caso fortuito ou fora maior, de droga, era, ao tempo da ao ou da omisso, qualquer que tenha sido a infrao penal praticada, inteiramente incapaz de entender o carter ilcito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.Pargrafo nico. Quando absolver o agente, reconhecendo, por fora pericial, que este apresentava, poca do fato previsto neste artigo, as condies referidas no caput deste artigo, poder determinar o juiz, na sentena, o seu encaminhamento para tratamento mdico adequado.Art. 46. As penas podem ser reduzidas de um tero a dois teros se, por fora das circunstncias previstas no art. 45 desta Lei, o agente no possua, ao tempo da ao ou da omisso, a plena capacidade de entender o carter ilcito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.Art. 47. Na sentena condenatria, o juiz, com base em avaliao que ateste a necessidade de encaminhamento do agente para tratamento, realizada por profissional de sade com competncia especfica na forma da lei, determinar que a tal se proceda, observado o disposto no art. 26 desta Lei.Art. 26. O usurio e o dependente de drogas que, em razo da prtica de infrao penal, estiverem cumprindo pena privativa de liberdade ou submetidos a medida de segurana, tm garantidos os servios de ateno sua sade, definidos pelo respectivo sistema penitencirio.

LEI DA REFORMA PSIQUITRICA(Lei 10.216/01)

Esta lei tambm chamada Lei Antimanicomial ou Lei Paulo Delgado.

Art. 1oOs direitos e a proteo das pessoas acometidas de transtorno mental, de que trata esta Lei, so assegurados sem qualquer forma de discriminao quanto raa, cor, sexo, orientao sexual, religio, opo poltica, nacionalidade, idade, famlia, recursos econmicos e ao grau de gravidade ou tempo de evoluo de seu transtorno, ou qualquer outra.Art. 2oNos atendimentos em sade mental, de qualquer natureza, a pessoa e seus familiares ou responsveis sero formalmente cientificados dos direitos enumerados no pargrafo nico deste artigo.

* Ao se referir a atendimentos de qualquer natureza, inclui a pessoa que foi submetida a medida de segurana. No mesmo sentido indica o art. 1 desta lei (sem qualquer forma de discriminao).

Pargrafo nico. So direitos da pessoa portadora de transtorno mental:I - ter acesso ao melhor tratamento do sistema de sade, consentneo s suas necessidades;II - ser tratada com humanidade e respeito e no interesse exclusivo de beneficiar sua sade, visando alcanar sua recuperao pela insero na famlia, no trabalho e na comunidade;

* Desse dispositivo pode-se extrair que houve a derrogao da medida de segurana de que trata o Cdigo Penal.Se a pessoa tem direito a ser tratada no interesse exclusivo de beneficiar a sua sade, o critrio para a imposio da internao ou do tratamento ambulatorial no pode ser a pena de recluso ou deteno.No mesmo sentido, argumentos do tipo interesse social ou interesse exclusivo da sociedade no podem ser levantados para impedir a liberao da pessoa internada.O efeito iatrognico pode ser identificado de forma clara nas medidas segregadoras de liberdade e de internao para tratamento de sade mental. Isso porque o paciente internado retirado do seu meio comunitrio, desenvolvendo a dependncia institucional e a cronificao do surto. Esta ideia pode ser relacionada com a teoria do Erving Goffman j vista, de modo que a internao gera a mortificao do eu.Este inciso prev a insero da pessoa na famlia, no trabalho e na comunidade justamente para evitar este efeito iatrognico.III - ser protegida contra qualquer forma de abuso e explorao;IV - ter garantia de sigilo nas informaes prestadas;V - ter direito presena mdica, em qualquer tempo, para esclarecer a necessidade ou no de sua hospitalizao involuntria;VI - ter livre acesso aos meios de comunicao disponveis;VII - receber o maior nmero de informaes a respeito de sua doena e de seu tratamento;VIII - ser tratada em ambiente teraputico pelos meios menos invasivos possveis;

* O meio menos invasivo possvel sempre aquele que mantm a pessoa na sua comunidade.A internao o meio mais invasivo possvel e, pela medida de segurana, ela a prima ratio.

IX - ser tratada, preferencialmente, em servios comunitrios de sade mental.

Art. 3o responsabilidade do Estado o desenvolvimento da poltica de sade mental, a assistncia e a promoo de aes de sade aos portadores de transtornos mentais, com a devida participao da sociedade e da famlia, a qual ser prestada em estabelecimento de sade mental, assim entendidas as instituies ou unidades que ofeream assistncia em sade aos portadores de transtornos mentais.

* Este artigo utilizado como base para a poltica da desinternao progressiva.A Lei 10.216 fomenta a internao do doente mental em hospitais gerais, sem caractersticas asilares, e apenas durante o perodo do surto, fundo o qual dever regressar sua comunidade.

Art. 4oA internao, em qualquer de suas modalidades, s ser indicada quando os recursos extra-hospitalares se mostrarem insuficientes.

* A medida de segurana vai totalmente contra a este escopo, sendo que a sua derrogao pela Lei 10.216 corroborada por este dispositivo.A internao, na linha deste art. 4, deve ser vista como o ltimo recurso.

1oO tratamento visar, como finalidade permanente, a reinsero social do paciente em seu meio. 2oO tratamento em regime de internao ser estruturado de forma a oferecer assistncia integral pessoa portadora de transtornos mentais, incluindo servios mdicos, de assistncia social, psicolgicos, ocupacionais, de lazer, e outros. 3o vedada a internao de pacientes portadores de transtornos mentais em instituies com caractersticas asilares, ou seja, aquelas desprovidas dos recursos mencionados no 2oe que no assegurem aos pacientes os direitos enumerados no pargrafo nico do art. 2o.

* Deste dispositivo, pode-se depreender que vedada a internao de qualquer pessoa em manicmios judiciais, no obstante existam na prtica.

Art. 5oO paciente h longo tempo hospitalizado ou para o qual se caracterize situao de grave dependncia institucional, decorrente de seu quadro clnico ou de ausncia de suporte social, ser objeto de poltica especfica de alta planejada e reabilitao psicossocial assistida, sob responsabilidade da autoridade sanitria competente e superviso de instncia a ser definida pelo Poder Executivo, assegurada a continuidade do tratamento, quando necessrio.

* Veja que a lei trata a internao em manicmios como um verdadeiro mal, que causa dependncia institucional.A poltica trata neste artigo se refere s residncias teraputicas, que so unidades de sade especficas para pessoas que apresentem dependncia institucional.Infelizmente, em SP, esta poltica no est adequadamente implementada. Existe, hoje, um grande embate poltico, em nvel nacional, que contrape a lgica do modelo matriciado de rede de ateno sade mental lgica das comunidades teraputicas, que nada mais so do que eufemismos para designar os manicmios.As comunidades teraputicas podem ser pblicas ou privadas, mas so, em sua maioria, privadas (em geral, sob a forma de organizaes sociais) e, ainda, ligadas a entidades religiosas. Trata-se de estabelecimentos fechados (v.g., stios), muito utilizados para tratamento de ex-usurios de drogas.Estas comunidades vo de encontro ao tratamento mdico preconizado pela Lei 10.216, j que podem ser formadas por qualquer entidade filantrpica.Em So Paulo, prevalece este modelo privatizado, praticamente no havendo residncias teraputicas.Art. 6oA internao psiquitrica somente ser realizada mediante laudo mdico circunstanciado que caracterize os seus motivos.

* Ou seja, proibida a internao de qualquer pessoa sem laudo mdico.Este artigo 6 derruba a escolha da modalidade de medida de segurana com base na espcie de pena aplicada (recluso ou deteno). Indicando o laudo mdico que o tratamento mais adequado o ambulatorial, no poder o juiz determinar a internao do indivduo. Trata-se, inclusive, de limite ao livro convencimento do juiz, estando, neste caso, vinculado ao laudo mdico (resqucio do sistema de prova tarifada).

Pargrafo nico. So considerados os seguintes tipos de internao psiquitrica:I - internao voluntria: aquela que se d com o consentimento do usurio;II - internao involuntria: aquela que se d sem o consentimento do usurio e a pedido de terceiro; eIII - internao compulsria: aquela determinada pela Justia.

* Neste inciso III est inserida a medida de segurana. Na poca da aprovao da Lei 10.216, consagrou-se a ideia de que no haveria outro tipo de internao compulsria que no a oriunda da imposio da medida de segurana e, pois, da prtica de ilcito penal. Neste passo, aquele que ingressa no Judicirio pleiteando a internao compulsria carece de ao, por falta de interesse de agir (na acepo da necessidade do provimento jurisdicional). Para estes casos, h a figura da internao involuntria, em que no se exige autorizao judicial, bastando a existncia de laudo mdico e requisio da famlia ou do prprio internado.Nesse contexto, pode-se dizer que a internao compulsria o novo nome da medida de segurana, dado pela Lei 10.216.Contudo, os operadores do Direito, de uma forma geral, vem entendendo que a internao compulsria nada teria a ver com a medida de segurana. Isto gera bizarrices como o CRATOD (Centro de Referncia de lcool, Tabaco e Outras Droga), em que h um juiz de planto na Cracolndia para determinar internaes compulsrias. Contudo, como ningum se habilita a fazer o pedido (MP, DP, OAB), a internao compulsria no tem ocorrido no CRATOD. Contudo, ela ocorre nas varas cveis e nas varas nicas de comarcas do interior.A despeito do que foi exposto, a Defensoria Pblica defende que no h internao compulsria fora da aplicao da medida de segurana.

Obs.: A Lei 10.216 no aboliu a figura da internao, mas apenas estabeleceu que ela deve se pautar por critrios mdicos, e apenas pode se dar aps o esgotamento dos recursos extra hospitalares.

Art. 7oA pessoa que solicita voluntariamente sua internao, ou que a consente, deve assinar, no momento da admisso, uma declarao de que optou por esse regime de tratamento.Pargrafo nico. O trmino da internao voluntria dar-se- por solicitao escrita do paciente ou por determinao do mdico assistente.Art. 8oA internao voluntria ou involuntria somente ser autorizada por mdico devidamente registrado no Conselho Regional de Medicina - CRM do Estado onde se localize o estabelecimento. 1oA internao psiquitrica involuntria dever, no prazo de setenta e duas horas, ser comunicada ao Ministrio Pblico Estadual pelo responsvel tcnico do estabelecimento no qual tenha ocorrido, devendo esse mesmo procedimento ser adotado quando da respectiva alta. 2oO trmino da internao involuntria dar-se- por solicitao escrita do familiar, ou responsvel legal, ou quando estabelecido pelo especialista responsvel pelo tratamento.Art. 9oA internao compulsria determinada, de acordo com a legislao vigente, pelo juiz competente, que levar em conta as condies de segurana do estabelecimento, quanto salvaguarda do paciente, dos demais internados e funcionrios.

Art. 10. Evaso, transferncia, acidente, intercorrncia clnica grave e falecimento sero comunicados pela direo do estabelecimento de sade mental aos familiares, ou ao representante legal do paciente, bem como autoridade sanitria responsvel, no prazo mximo de 24 horas da data da ocorrncia.Art. 11. Pesquisas cientficas para fins diagnsticos ou teraputicos no podero ser realizadas sem o consentimento expresso do paciente, ou de seu representante legal, e sem a devida comunicao aos conselhos profissionais competentes e ao Conselho Nacional de Sade.Art. 12. O Conselho Nacional de Sade, no mbito de sua atuao, criar comisso nacional para acompanhar a implementao desta Lei.

H, no Brasil, duas experincias de tentativa de harmonizao das medidas de segurana com a Lei da Reforma Psiquitrica: a) em Minas Gerais, o Programa de Ateno Integral ao Paciente JudicirioPortador de Sofrimento Mental (PAI-PJ); b) em Gois, o Programa de Ateno Integral ao LoucoInfrator (PAI-LI). Nesses Estados, a partir do momento em que o indivduo absolvido impropriamente, com a imposio de medida de segurana, ele transferido para o SUS, sem que se submeta ao regime de internao manicomial. De um modo geral, esses dois programas so bem sucedidos.

TESE INSTITUCIONAL N. 10 (EXECUO PENAL) DA DPESP(III ENCONTRO ESTADUAL DE DEFENSORES PBLICOS DE SO PAULO)

Esta tese foi assim redigida:

A Lei n 10.216/01, marco da reforma psiquitrica no Brasil, derrogou a parte geral do Cdigo Penal e da Lei de Execues Penais no que diz respeito medida de segurana.

Os defensores pblicos de SP so obrigados a seguir esta tese institucional.Seguem alguns trechos importantes desta tese:

Ora, fcil perceber que a medida de segurana nada mais que uma internao determinada pela Justia, portanto uma internao compulsria. Tambm verdadeiro o contrrio, pois por bvio a lei no confere ao Poder Judicirio uma carta branca para decretar internaes psiquitricas. Desta feita, entende-se que a internao compulsria nada mais (e somente isso) que uma medida de segurana.

Assim como qualquer outra modalidade de internao, em respeito aos ditames da reforma psiquitrica, a medida de segurana somente se justifica em casos de surto, estando sua durao atrelada permanncia do surto.

No h mais que se falar em escolha teraputica de acordo com a espcie de pena conferida ao crime praticado (deteno ou recluso). A escolha do tratamento leva em conta exclusivamente o indivduo portador do sofrimento mental, sua molstia e suas necessidades.

A internao compulsria (leia-se medida de segurana), como qualquer outra modalidade de internao psiquitrica, ser efetivada em Hospital Geral, de acordo como os paradigmas do SUS (Sistema nico de Sade) e somente nos casos em que qualquer outra alternativa teraputica revelar-se completamente incua. Mais que isso, a internao compulsria persistir enquanto houver indicao mdica para tanto, os critrios de durao so exclusivamente mdicos (paciente em surto).

Por fim, no se pode deixar de fazer referncia ao 3 do artigo 4 da Lei n 10.216/00 que, proibindo a internao de pacientes portadores de transtornos mentais em instituies de caractersticas asilares, enterra definitivamente o falido modelo teraputico dos Hospitais de Custdia e Tratamento.

Obs.: Assistir o documentrio A Casa dos Mortos.