CRIMINALIZAÇÃO DA POBREZA: UMA BREVE INTRODUÇÃO À PROBLEMÁTICA

SÓCIOPUNITIVA.

Nilton de Oliveira Apolinário. Instituto de Ensino Superior de Bauru – IESB-PREVE.,

nilton.apolinário@gmail.com

O tema tratado neste trabalho tem como objeto elevar as discussões acerca da pobreza e a sua criminalização pela Mídia e Estado. Não é difícil perceber o tratamento dado a essa classe desfavorecida, acusada de ser a causa da criminalidade que assola nosso país, e assim contribuindo com a apartheid social estabelecido hodiernamente no Brasil. O nosso código penal prevê que apenas é considerado criminoso quem, depois de todo o devido processo legal bem como aplicando o princípio da presunção da inocência, ou seja, todos são inocentes até que se prove o contrário. Contudo, somos levados pela mídia a pré-condenar indivíduos miseráveis, sem-teto e mendigos apenas pelas suas condições ínfimas de vida. Interessante salientar também que a pena de morte é apenas permitida por nossa Constituição Federal em caso de guerra declarada nos termos do código penal militar, entretanto, todos nós sabemos que, em morros, favelas e periferias de nossas cidades, homens, jovens e crianças são executados sem qualquer garantia de defesa, por agentes da segurança que deveriam agir apenas da forma que a lei permite com que ajam. Tudo isso torna gritante as evidências de abuso de poder e flagelação dessa miserável casta social, o que nos dá o dever de ao menos discutir a questão para que tentemos de alguma maneira encontrar uma solução racional para essa realidade bruta. Devido a isso analisamos o estudo sobre o fim do estado previdência e a ascensão do estado penal nos Estados Unidos da América feito pelo sociólogo francês Loïc Wacquant que resultou na sua brilhante obra: Punir os Pobres: a nova gestão da miséria nos Estados Unidos, comparando este estudo, sempre que couber, com o caso brasileiro da criminalização da miséria. Michel Foucault nos emprestou, também, as suas ideias que foram estampadas no livro Vigiar e Punir, obra de grande relevância em relação ao tema. Ao analisar Wacquant e Foucault, dentre alguns outros autores, pode-se constatar a politização da criminalização da pobreza e da máquina punitiva. Utilizando-se, o Estado , em nome da classe dominante, destas condições para os mais diversos fins políticos e sociais, tais como o aumento da procura por empregos cada vez menos remunerados.