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CRIMES, PROCEDIMENTOS E NÚMEROS estudo sociológico sobre a gestão dos crimes na França e no Brasil

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Crimes, proCedimentos e númerosestudo sociológico sobre a gestão dos crimes na França e no Brasil

CONSELHO EDITORIAL

Bertha K. Becker

Candido Mendes

Cristovam Buarque

Ignacy Sachs

Jurandir Freire Costa

Ladislau Dowbor

Pierre Salama

VíVian Paes

Crimes, proCedimentos e númerosestudo sociológico sobre a gestão dos crimes na França e no Brasil

Copyright © 2013, Vívian Paes

Direitos cedidos para esta edição à Editora Garamond Ltda.Rua Cândido de Oliveira, 43 – Rio CompridoCep: 20.261.115 – Rio de Janeiro, RJTelefax: (21) 2504-9211E-mail: [email protected]

RevisãoCarmem Cacciacarro

Editoração EletrônicaEstúdio Garamond / Luiz Oliveira

CapaEstúdio Garamond / Anderson LealFoto de capa: Shawn Allen, disponível em http://www.flickr.com/photos/shazbot/3282821808 sob licença Creative Commons “Atribuição”.

P145c

Paes, Vívian Gilbert FerreiraCrimes, procedimentos e números : estudo sociológico sobre a gestão dos cri-mes na França e no Brasil / Vívian Paes. - Rio de Janeiro : Garamond, 2013. 372 p. : 21 cm Inclui bibliografia ISBN 978-85-7617-282-6 1.Crime 2. Sociologia 3.Criminologia 4. Segurança pública – Aspectos sociais – Estudos Comparados. 5.Pena(Direito). I.Título. II. Paes, Vivian.

13-0315. CDD: 364 CDU: 343.9

CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTEDO SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ.

Todos os direitos reservados. A reprodução não autorizada desta publicação, por qualquer meio, seja total ou parcial, constitui violação da Lei nº 9.610/98.

Sumário

Prefácio ..................................................................................................... 9

Prólogo ................................................................................................... 13

Introdução .............................................................................................. 19

Parte ICultura jurídica e gestão institucional ...................................................... 49

1. Civil law ....................................................................................... 511.1. As diferentes configurações do político ................................. 591.2. Gestão dos procedimentos penais .......................................... 62Reformas na administração das penalidades na França ................. 66Reformas na administração das penalidades no Brasil ................... 70

2. Organizações do sistema de justiça penal francês ............................ 752.1. A polícia judiciária ................................................................ 752.2. O parquet .............................................................................. 902.3. O juiz de instrução .............................................................. 104

3. Organizações do sistema de segurança e justiça penal brasileiro .... 1173.1. A polícia judiciária .............................................................. 1173.2. O Ministério Público .......................................................... 141

Parte IIRotinas e práticas organizacionais ......................................................... 163

1. A discricionariedade e a gestão das infrações na França ................ 1642. A formalização e o filtro de ocorrências no Brasil ......................... 209

Parte IIIContabilização da criminalidade ............................................................ 257

1. Gestão dos números da criminalidade na França .......................... 2601.1. O que escapa ao registro ..................................................... 261

1.2. A criminalidade oficialmente constatada ................................... 2671.2.1. Infrações contra as pessoas ............................................... 270a. Homicídios dolosos ................................................................ 270

b. Outras infrações dolosas ......................................................... 2721.2.2. Infração contra os costumes ............................................ 2741.2.3. Infração contra o patrimônio .......................................... 2751.2.4. Outras infrações ............................................................... 2771.2.5. Resultado da atividade policial ......................................... 278

1.3. Capacidade de tratamento dos casos pelo sistema de justiça ...... 2811.3.1 Orientações dadas pelo parquet ........................................ 2841.3.2. Tratamento dos casos pelos juízes de instrução ................. 2901.3.3. Condenações .................................................................... 292

2. Gestão dos números da criminalidade no Brasil .......................... 2952.1. O que escapa ao registro ...................................................... 2962.2. A criminalidade oficialmente constatada ............................. 3032.2.1. Crimes contra as pessoas .................................................. 305a. Homicídios dolosos ................................................................ 305b. Outros crimes dolosos ............................................................ 3102.2.2. Crimes sexuais ................................................................. 3112.2.3. Crimes contra o patrimônio ............................................. 3142.2.4. Resultado da atividade policial ......................................... 3172.2.5. Comportamento dos registros policiais ............................. 3192.3. Capacidade de processamento dos casos pelo sistema de justiça ................................................................. 3212.4. Tratamento dos casos de homicídio pelo sistema de justiça .. 3232.4.1. Dados do Ministério Público ........................................... 3232.4.2. Dados do Tribunal de Justiça............................................ 326

Conclusão ............................................................................................. 335

Bibliografia ........................................................................................... 353

Sobre a autora ....................................................................................... 370

Lista dos gráficos e tabelas

França Gráfico 1. Homicídios consumados e tentados (2000 a 2008) .................. 270Gráfico 2. Tipos de homicídio (2008) ....................................................... 271Gráfico 3. Outras infrações dolosas (2000 a 2008).................................... 273Gráfico 4. Estupro (2000 a 2008) ............................................................. 275Gráfico 5. Roubos (2000 a 2008) .............................................................. 276Gráfico 6. Outras infrações (2004 a 2008) ................................................ 278Gráfico 7. Resultado da atividade policial (2000 a 2008) .......................... 280Gráfico 8. Evolução das orientações dadas pelo parquet (2000 a 2007) ..... 284Gráfico 9. Tipo de orientação dada pelo parquet aos casos considerados como processáveis (2000 a 2007) ........................ 286Gráfico 10. Atividades do juiz de instrução (2000 a 2007) ....................... 291

Rio de Janeiro, BrasilGráfico 11. Homicídios consumados, tentados e autos de resistência (2000 a 2008) ................................................308Gráfico 12. Outros crimes dolosos cometidos contra a pessoa (2000 a 2008) ........................................................310Gráfico 13. Vítimas de estupro e atentado violento ao pudor (2000 a 2008) ......................................................312Gráfico 14. Registro de crimes contra o patrimônio (2000 a 2008) .......314Gráfico 15. Resultado da atividade policial (2000 a 2008) .....................318Gráfico 16. Movimento processual criminal na cidade do Rio de Janeiro (2006, 2008 e 2010) .....................................322Gráfico 17. Homicídios: relação entre o número de procedimentos registrados e o número de inquéritos tombados (2005 a 2008) .....................................................................324Tabela 1. Situação do Inquérito no Ministério Público (2005 a 2008) .........325Tabela 2. Tipo da última sentença vs peça de origem (2005) ..................328

Lista das siglas

AAAPAI – Auto de Apreensão de Adolescente por Prática de Ato InfracionalAIAI – Auto de Investigação de Ato InfracionalCOPJ – Convocation par Officier de Police JudiciaireCSI – Coordenadoria de Segurança e InteligênciaFAC – Folha de Antecedentes CriminaisGAJ – Groupe d’Appui JudiciaireGAP – Grupo de Apoio aos PromotoresGIC – Grupo de Investigação ContinuadaJECRIM – Juizado Especial CriminalJLD – Juge de la Liberté et de la DétentionMP – Ministério PúblicoPV – Procès VerbalRO – Registro de OcorrênciaSSP – Service de Sécurité de ProximitéSTIC – Système de Traitement des Informations ConstatéesSUSP – Sistema Único de Segurança PúblicaTAC – Termo de Ajustamento de CondutaTTR – Traitement en Temps RéelVPI – Verificação de Procedência das Informações

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PrefácioMichel Misse

Não houve surpresa para mim quando, ao visitar a central de polícia da cidade francesa de Lille, conduzido por Vívian Paes, constatei o quanto ela havia ousado e conseguido penetrar nos meandros de um sistema sabidamente fechado, mesmo para os pesquisadores franceses. Vívian já me havia demonstrado suas qualidades de pesquisadora desde quando participara de projetos sob a minha coordenação no NECVU – Núcleo de Estudos da Cidadania, Conflito e Violência Urbana da UFRJ. Em seu mestrado dera continuidade aos estudos que empolgara sua ex-orientadora de monografia de graduação, a minha amiga, histo-riadora e professora Lana Lage, que foi quem me apresentou a Vívian. Foi, portanto, com uma respeitável recomendação que a acolhi em meu núcleo, nos começos do novo milênio. Hoje sinto-me honrado de ter sido escolhido por ela para orientá-la academicamente em seu doutorado, do qual resultou a tese que deu origem a esta publicação.

Este livro é mais uma prova – e talvez a melhor de todas até ago-ra – do que Vívian é capaz de realizar como estudiosa e pesquisadora que se especializou nos temas da segurança pública – polícia, justiça criminal, criminalidade – no Brasil. Hoje professora adjunta no De- partamento de Segurança Pública da Universidade Federal Fluminen-se e professora no Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, ela recebeu o reconhe-cimento da Faperj para a sua obra, que vem a ser este livro que muito prazerosamente apresento aos leitores, a seu pedido.

Este trabalho vem juntar-se a algumas poucas contribuições socio-antropológicas de reconhecida monta que procuram, sob uma pers-pectiva comparada, compreender as características e os dilemas da construção social do crime em países de tradições jurídicas semelhan-tes ou diferentes. Forma, com os estudos de Roberto Kant de Lima, no Brasil, e de Antoine Garapon, na França, um triângulo de estudos comparativos de enorme valor heurístico. Garapon, em associação

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com Ioannis Papadopoulos, havia explorado a comparação entre a justiça criminal na França e nos Estados Unidos. No Brasil, Roberto Kant de Lima desenvolvera uma abrangente abordagem comparativa, de base etnográfica, da tradição inquisitorial da justiça brasileira com as linhas mais contrastivas da justiça criminal norte-americana, origi-nada de outra tradição, a da Common Law. Agora, Vívian Paes vem fechar, com este livro, o triângulo analítico e comparativo de base empírica, com a comparação entre a construção social do crime no Brasil e na França. Sublinhe-se, aqui, que este triângulo é constituído de pesquisa empírica rigorosa e orientada comparativamente e não de uma usual – e pouco útil – comparação de doutrinas jurídicas ou lineamentos genéricos comparados entre as justiças dos dois países.

Após apresentar o estado atual dos estudos empíricos sobre a tra-dição da Civil Law (Direito Positivo, como se diz por aqui), comum à França e ao Brasil, Vívian decide-se por um método muito peculiar e interessante para expor os resultados obtidos em seu trabalho de campo. Toma como fio condutor (e não apenas como fio condutor) a produção estatística da gestão das ocorrências criminais nos dois países, inclusive em seu fluxo judiciário. Ao apresentar e apreciar os números que representam a gestão dos crimes nos dois países, torna imprescindí-vel ao leitor a necessidade de compreender, por dentro, os procedimen-tos que os produzem ao administrarem institucionalmente o volume de eventos que serão interpretados e classificados como crimes. A ex-posição desses procedimentos, obtidos através de entrevistas, formais e informais, e observação sistemática – ou seja, etnograficamente, nos oferece a oportunidade de compreender sociologicamente o que tenho chamado, em meus trabalhos, de processo de criminação/incriminação, isto é, as modalidades efetivas que constroem, sob regras cognitivas dos códigos criminalizadores, mas também sob o inevitável influxo de saberes e interesses sociais específicos, crenças culturais e diferentes di-mensões das esferas sociais de sentido, o que será recortado da realidade para habitar um mundo distinto, um mundo preparado para servir a um julgamento de valor, sob o controle típico-ideal da norma jurídica, aquilo que estará nos “autos” processuais, um “outro mundo”.

Ao nos oferecer esta oportunidade de adentrar nos meandros dos procedimentos e rotinas policiais e do parquet, buscando com-

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preendê-los, em país, língua e cultura diversa da nossa e ao mesmo tempo herdeiro de uma mesma tradição jurídica, o livro permite que acessemos, sem as dificuldades que a pesquisadora teve que enfrentar, lógicas-em-uso que desvelam, muitas vezes, surpreendentes afinidades e, em outras, distâncias colossais entre as práticas institucionais postas em paralelo.

Esteja certo o leitor que tem em mãos uma obra destinada a ser referência inelutável para todos aqueles que estudam e trabalham com esses temas, seja no Brasil, seja em outros países. Se o leitor, en-tão, souber, informando-se para além da obra, da juventude e da per-sistência no trabalho de pesquisa de sua autora, ficará, também como eu agora, pouco surpreendido quando, nos próximos anos e décadas, encontrar nas livrarias outros títulos importantes resultantes das con-tribuições de Vívian Paes à sociologia brasileira.

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Prólogo

Neste livro apresento a forma de gestão dos crimes a partir do exame das práticas de instituições situadas em países cuja tradição jurídica valoriza a previsão dos fatos em lei e a formalização de procedimentos escritos. Como se trata de um empreendimento comparativo que busca contrastar a experiência de dois países – a França e o Brasil – na cons-trução e na administração dos procedimentos penais, será explicitada a previsibilidade das instituições, a forma de construção de seus diferentes procedimentos e rotinas profissionais e a maneira como se organiza o fluxo para processamento dos casos. O que está em jogo é a construção de saber e o exercício do controle sobre fatos qualificados por estas instituições como crimes. Serão problematizadas as experiências de re-forma em curso. Se, por um lado, observam-se críticas a um modelo de gestão dos procedimentos com influência e orientação governamental, por outro, verificam-se problemas referentes a um governo de ausências porque suas instituições instrumentalizam desconhecimentos. Parto da premissa de que a maneira como a “cultura jurídica” se atualiza nos diferentes contextos pode ser um indicador da forma de racionalização política. Este estudo resulta de minha tese de doutorado em Sociologia, intitulada Como se contam crimes: um estudo sobre a construção social do crime no Brasil e na França, defendida em abril de 2010 no Programa de Pós-graduação em Sociologia e Antropologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (PPGSA-UFRJ), com banca composta pelos Profs. Michel Misse (orientador), Joana Vargas, Dominique Duprez, Roberto Kant de Lima e Luiz Antonio Machado da Silva. Este livro se origina desta tese de doutorado, sendo uma versão revisada cerca de três anos após sua primeira apresentação.

O resultado deste trabalho se inscreve em continuidade das pesqui-sas que desenvolvi ao longo de minha formação, tendo se beneficiado sobremaneira dos diálogos estabelecidos com diversos colegas. Por isso, permito-me fazer um histórico de como fui, ao longo de minha traje-tória acadêmica e profissional, lapidando pouco a pouco esta pesquisa.

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Ainda no terceiro período da graduação em Ciências Sociais, pen-sei em desenvolver uma monografia sobre a força policial na época da ditadura militar no Brasil devido ao meu interesse nas aulas de histó-ria da escola secundária. Aproximei-me da Profa. Laura von Mandach e expliquei o meu interesse. Ela propôs então que eu fizesse parte do seu grupo de pesquisa sobre a investigação e o tratamento judiciário dos casos de homicídios dolosos em uma cidade no interior do Es-tado do Rio de Janeiro. Quando começamos a realizar o trabalho de campo na Polícia Civil em 2001, vimos que uma reforma recente so-bre a organização policial fora instaurada. Uma reforma marcou uma distinção entre as delegacias convencionais e as “legais”, nome pelo qual foram batizadas as novas delegacias. O campo foi realizado em uma cidade no interior do Estado do Rio de Janeiro que era dividida por um rio. Na margem direita existia o centro comercial e estava centralizada a maior parte dos serviços públicos, inclusive a delegacia reformada desde o ano 2000. Na margem esquerda, área que concen-trava a maior parte da população de baixa renda em área desprovida de alguns equipamentos urbanos, ainda funcionava a delegacia em modelo convencional (esta só passou a funcionar no novo modelo em 2003). A metodologia adotada na monografia, defendida no início de 2004 sob a orientação da Profa. Lana Lage, foi a observação e des-crição das principais diferenças existentes entre um e outro modelo de delegacia no que concerne ao espaço físico, ao trâmite de proce-dimentos e à relação entre os profissionais (notadamente policiais e delegados).

A partir desse trabalho, realizei em 2004 uma pesquisa, junto com o Prof. Michel Misse, no Núcleo de Estudos da Cidadania, Conflito e Violência Urbana (Necvu/UFRJ) para avaliação dos possíveis im-pactos da reforma nas estatísticas policiais, para exame das opiniões dos policiais sobre a reforma a partir de uma sondagem por ques-tionário de uma amostra de agentes que atuavam em unidades de delegacias legais e para análise das entrevistas com delegados atuando em zonas distintas da capital do Rio de Janeiro. Em 2005, também participei de uma pesquisa sobre esta reforma – coordenada pela Pro-fa. Ana Paula Mendes de Miranda no Instituto de Segurança Pública do Estado de Rio de Janeiro – para avaliação das investigações e dos

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inquéritos de homicídios dolosos nas delegacias reformadas. Para tan-to, trabalhamos com o banco de dados de registros da Polícia Civil e com entrevistas com os agentes policiais.

Na minha dissertação de mestrado, defendida em 2006 sob a orientação do Prof. Michel Misse, dei atenção ao compartilhamento de informação entre as delegacias de polícia reformadas e ao controle interno sobre o trabalho policial. Identifiquei nas delegacias práticas de resistência ao discurso da transparência que indicam a existência de uma variabilidade nas interpretações das normas, das doutrinas e das práticas de controle, assim como apontam para a dificuldade de se fazer uma reforma baseada em valores da administração de empre-sas que são externos à lógica de legitimação das atividades e carreiras de uma instituição que é administrativa, mas também ligada a formas jurídicas que impõem outros constrangimentos.

Se este trabalho anterior foi sobre a circulação e gestão de infor-mação nas delegacias de polícia, bem como sobre o controle interno da atividade policial, escolhi como tema de meu trabalho de douto-rado a forma como as queixas registradas na polícia tornam-se um processo. Interessava saber como estes documentos tinham continui-dade no sistema judicial. Procurei focalizar a relação entre a polícia e o Ministério Público porque esta última instituição é encarregada de avaliar, fazer o controle externo do trabalho da polícia judiciária e dar continuidade aos casos, iniciando a instrução do crime no sistema judiciário. São, portanto, a polícia e o Ministério Público que operam a conversão de fatos em crimes, atuando como a porta de entrada dos casos do sistema penal.

Entre 2008 e 2009, fui beneficiada com uma bolsa para reali-zar intercâmbio na França por meio do programa de cooperação Capes/Cofecub Conflitos Urbanos, Violência e Processos de Cri-minalização e fui acolhida na Université des Sciences et Technolo-gies de Lille 1 pelo Prof. Dominique Duprez. Inicialmente o meu projeto não era fazer um estudo comparativo, porque eu não podia antecipar como seria a minha inserção no campo francês. No en-tanto, tive sucesso em minhas iniciativas e pude realizar um estudo aprofundado junto aos policiais, promotores e juízes franceses. Pude inaugurar uma observação comparativa sobre os modelos e

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as práticas penais francesas, observando as consequências de refor-mas baseadas em imperativos de redução de custos e de tempo dos procedimentos penais para o trabalho dos agentes que atuam nestas instituições. Apesar de essa reforma ser atualizada de maneira diver-sa no caso brasileiro, pude identificar alguns paralelos e diferenças entre essas experiências. Com esses elementos, foi possível observar o acúmulo de pesquisas até o desenvolvimento do trabalho compa-rativo apresentado neste livro.

O resultado final deste trabalho foi beneficiado pelas importantes oportunidades de interlocução com os operadores da área de seguran-ça e jurídica, com os colegas pesquisadores, com os amigos e meus próximos.

Sou imensamente grata aos profissionais – policiais, delegados, promotores e juízes – nas instituições pesquisadas, pelo aprendizado, pelos estimulantes debates, pela colaboração no fornecimento de dados e pela disponibilidade para que eu acompanhasse suas rotinas profissionais. Sem esse suporte este estudo não poderia ser realizado.

Ao apoio financeiro concedido pela Coordenação de Aperfeiçoa-mento de Pessoal de Nível Superior (Capes/Ministério da Educação) para a realização do doutorado e para a realização de intercâmbio no exterior a partir do convênio Capes/Cofecub, também agradeço.

Agradeço à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj) pela concessão do apoio financeiro que tornou possí-vel esta publicação.

Ao Prof. Michel Misse, meu orientador no mestrado e no douto-rado, agradeço pela generosidade, pela confiança, pelos anos de dedi-cação e pelo estímulo ao longo do trabalho. Suas dicas sempre foram muito caras. Sou muitíssimo grata pelas trocas estabelecidas com os amigos do Necvu/UFRJ durante os estimulantes debates nas nossas sessões de conflitos de interesse: Brígida Renoldi, Bruno Cardoso, Alexandre Werneck, Carolina Grillo, Heloisa Duarte, Natasha Neri, César Teixeira, Arthur Bezerra e Antonio Costa.

No Clersé/USTL, agradeço aos Profs. Dominique Duprez, Stéphanie Pryen, Licia Valladares e a Marie-Pierre Cocquard pela sensibilidade, pelo estímulo, pelo apoio e pela grande generosidade da acolhida.

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Aos Profs. Laura von Mandach, Lana Lage da Gama Lima, Rober-to Kant de Lima, Luiz Antonio Machado da Silva, Ana Paula Mendes de Miranda e Joana Vargas, agradeço por terem acompanhado de forma atenta a minha trajetória e pelos comentários dedicados, inspi-radores e esclarecedores que em diferentes momentos teceram ao meu trabalho.

Com admiração, agradeço as oportunidades de interlocução com os colegas e amigos do Nufep/UFF. Participei ativamente das ati-vidades de pesquisa desenvolvidas por este núcleo – em específico, nos projetos sobre a descentralização das formas de administração institucionais de conflitos –, que também foram muito importantes para minha trajetória. Agradeço aos amigos Lucía Eilbaum, Gláucia Mouzinho, Fábio Mota, Kátia Mello, Leticia Freire, Roberta Correa, Frederico Policarpo e José Colaço pelo rico convívio e compartilha-mento de experiências.

Sou grata aos colegas e alunos do Departamento de Ciências Sociais e do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da UFRRJ pela rica convivência estabelecida nos últimos dois anos.

Com os novos colegas do Departamento de Segurança Pública na Faculdade de Direito da UFF, Roberto Kant de Lima, Ronaldo Lo-bão, Lênin Pires e Pedro Heitor Barros Geraldo, compartilho novos desafios acadêmicos. Com responsabilidade e admiração, agradeço a estes colegas pela acolhida e pelo companheirismo intelectual.

A estes e outros amigos que me auxiliaram, compartilharam ex-periências, ansiedades e preocupações ao longo destes anos, também agradeço pelo apoio sempre importante. Em especial, gostaria de lembrar os nomes de Carlos Abraão Valpassos, Leonardo Carvalho, Thiago Brum e Marcella Beraldo.

Dedico este livro a meus pais, irmãos e familiares, e agradeço-lhes pelo imenso carinho, exemplo, caráter, apoio, zelo e colo sempre ne-cessário. Eles sempre foram meu forte, meu norte e meu porto seguro, consolando minhas angústias e me incentivando a seguir sempre em frente.

Também à Raphaël Gilbert, a quem agradeço com grande amor pelo companheirismo, pela serenidade, pela confiança, pelo encoraja-mento e por ter compartilhado sonhos.