criação de avestruz

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Anais do ZOOTEC’2005 - 24 a 27 de maio de 2005 – Campo Grande-MS 1 Estrutiocultura: planejamento, manejo e mercado Celso da Costa Carrer 1 , Célia Regina O. Carrer 2 , Roberto Arana Elmôr 3 , Marcelo Eduardo Kornfeld 4 1 Zootecnista, Docente FZEA/USP, Grupo Ostrich do Brasil. E-mail: [email protected] 2 Zootecnista, Docente FZEA/USP. E-mail: [email protected] 3 Médico Veterinário, Grupo Ostrich do Brasil. E-mail: [email protected] 4 Zootecnista, Grupo Ostrich do Brasil. E-mail: [email protected] 1. INTRODUÇÃO Acredita-se que o primeiro contato humano com um avestruz foi há aproximadamente 7.500 anos atrás. Uma pintura em rocha descrevendo um avestruz foi encontrada no Saara e determinado como sido feito por volta de 5500 a.C. Arqueólogos já encontraram ovos de avestruzes vazios que eram utilizados como reservatórios de água pelas civilizações antigas. Os antigos Egípcios já utilizavam as plumas de avestruzes como adorno e leques. Quando as tumbas na pirâmide do Faraó Tutankamon foram abertas, foram encontrados vários leques enormes de plumas de avestruzes. Os oficiais Romanos também faziam uso de plumas como adornos de seus capacetes de combate. Usos dos ovos de avestruzes como utensílios domésticos e o couro para confecção de vestimentas também são encontradas em diversos textos antigos. O continente de origem do avestruz é o africano e a distribuição das subespécies está demonstrada na Figura 1. Atualmente existem poucos animais em seu habitat natural. Se não fosse pela domesticação e criação racional do avestruz, provavelmente esta ave já estaria extinta. S. c. camelus S. c. australis S. c. massaicus S. c. molybdophanes FIGURA 1 - Distribuição das subespécies no Continente Africano Fonte : KREIBICH e SOMMER (1995).

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    Estrutiocultura: planejamento, manejo e mercado

    Celso da Costa Carrer 1, Clia Regina O. Carrer 2, Roberto Arana Elmr 3, Marcelo Eduardo Kornfeld 4

    1 Zootecnista, Docente FZEA/USP, Grupo Ostrich do Brasil. E-mail: [email protected] 2 Zootecnista, Docente FZEA/USP. E-mail: [email protected] 3 Mdico Veterinrio, Grupo Ostrich do Brasil. E-mail: [email protected] 4 Zootecnista, Grupo Ostrich do Brasil. E-mail: [email protected]

    1. INTRODUO

    Acredita-se que o primeiro contato humano com um avestruz foi h

    aproximadamente 7.500 anos atrs. Uma pintura em rocha descrevendo um

    avestruz foi encontrada no Saara e determinado como sido feito por volta de

    5500 a.C. Arquelogos j encontraram ovos de avestruzes vazios que eram

    utilizados como reservatrios de gua pelas civilizaes antigas. Os antigos

    Egpcios j utilizavam as plumas de avestruzes como adorno e leques. Quando

    as tumbas na pirmide do Fara Tutankamon foram abertas, foram

    encontrados vrios leques enormes de plumas de avestruzes. Os oficiais

    Romanos tambm faziam uso de plumas como adornos de seus capacetes de

    combate. Usos dos ovos de avestruzes como utenslios domsticos e o couro

    para confeco de vestimentas tambm so encontradas em diversos textos

    antigos.

    O continente de origem do avestruz o africano e a distribuio das

    subespcies est demonstrada na Figura 1. Atualmente existem poucos

    animais em seu habitat natural. Se no fosse pela domesticao e criao

    racional do avestruz, provavelmente esta ave j estaria extinta.

    S. c. camelus

    S. c. australis

    S. c. massaicus

    S. c. molybdophanes

    Classificao Zoolgica FIGURA 1 - Distribuio das subespcies no Continente Africano Fonte : KREIBICH e SOMMER (1995).

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    Reino : Animal Filo : Chordata Classe : Aves Ordem : Struthioniformes Famlia : Struthionidae Gnero : Struthio Espcie : Struthio camelus Subespcies : Struthio camelus australis Struthio camelus camelus Struthio camelus massaicus Struthio camelus molybdophanes Struthio camelus syriacus (extinto)

    Variedades : Struthio camelus var. domesticus (African Black) Na classificao zoolgica do avestruz, temos apenas uma espcie e

    cinco sub-espcies. Com a dificuldade de contato entre as sub-espcies, estas

    foram adquirindo caractersticas prprias bem definidas. Uma diferenciao

    bsica a colorao da pele do animal entre outras como tamanho, proporo

    entre o corpo e pernas / pescoo, quantidade de plumas, etc...

    No meio comercial o avestruz dividido em 3 grandes grupos (raas) :

    RED NECK (pescoo vermelho), BLUE NECK (pescoo azul) e o AFRICAN

    BLACK (pescoo acinzentado). O AFRICAN BLACK (AB) uma animal

    cruzado que foi formado a partir de 3 sub-espcies (S. australis, S. camelus e

    S.syriacus ), com a inteno de se obter um animal de porte menor, mas que

    produzisse uma grande quantidade de plumas de boa qualidade, tivesse uma

    grande rea de couro e fosse dcil. O AB uma raa sinttica por assim dizer,

    j com as suas caractersticas estabilizadas. Atualmente o AFRICAN BLACK

    a raa mais utilizada nos criatrios comerciais, pois j vem sendo melhorada

    geneticamente empiricamente desde os primeiros criatrios comerciais na

    frica do Sul.

    2. HISTRICO E MERCADO

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    Estrutiocultura o nome designado atividade de criao racional de

    avestruzes e deriva do gnero Struthio a que pertence esta ave.

    A frica do Sul o bero mundial da criao comercial de avestruzes,

    iniciada na metade do sculo XIX, com o objetivo inicial voltado para a

    produo de plumas. J em 1913 as plumas do avestruz se encontravam em

    quarto lugar no ranking de exportao da frica do Sul, depois do ouro,

    diamantes e l. O que possibilitou este boom no mercado e o crescimento da

    estrutiocultura na frica do Sul no foi somente a excelente demanda pelos

    produtos do avestruz e sim o que tornou possvel atend-la: a introduo do

    uso de cercas de arame e pastos cultivados de alfafa, e a inveno de uma

    incubadora a base de fogo de parafina que possibilitou a criao em escala.

    Com a crise econmica do incio do sculo XX, a produo de plumas

    utilizadas para adorno das vestimentas e chapus femininos desativada,

    fazendo com que os rebanhos que estavam em incio de multiplicao e em

    processo de melhoramento sejam abatidos ou simplesmente devolvidos sua

    condio natural nas savanas africanas ou em outras regies de clima seco

    semelhante, como grandes reas na Austrlia, onde j havia sido introduzido.

    Somente a partir de 1945, com o fim da 2 Grande Guerra, que se inicia

    a Estrutiocultura moderna.

    Alm da frica do Sul, hoje em dia tambm so reconhecidos como

    tradicionais e grandes criadores, os EUA, Austrlia e Israel, alm de alguns

    pases da Europa.

    2.1 Anlise de Mercado e de Produtos

    Nas ltimas dcadas, o ritmo do desenvolvimento tecnolgico aumentou

    vertiginosamente, sendo considerado como base do desenvolvimento

    econmico e social, principalmente do primeiro mundo e nos novos pases

    industrializados, resultante do processo de modernizao, ocorrido e

    representado pela industrializao e urbanizao, cujos reflexos diretos foram

    sentidos no crescimento da demanda e na modificao do padro de consumo

    da populao.

    O progresso tcnico, inicialmente voltado para as descobertas de

    mtodos mais eficazes de produo (aumento de produtividade seja da terra ou

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    do trabalho), volta-se tambm hoje criao de novos produtos para atender

    aos novos padres de consumo, ditados pela globalizao do consumo.

    Com a reestruturao do mercado agroalimentar ocorrida nas ltimas

    dcadas, onde esto envolvidas: questes ligadas ao aumento de renda mdia

    das populaes dos pases desenvolvidos e mais recentemente dos pases em

    vias de desenvolvimento; inovao tecnolgica e modernizao do processo

    produtivo presentes em toda a cadeia do agribusiness; e investimentos

    pesados em marketing agroindustrial, desencadeou-se mudanas nos hbitos

    de consumo da populao, com crescente procura por produtos alimentares de

    origem animal combinadas s exigncias de qualidade e priorizando os

    aspectos relativos ao consumo de alimentos mais saudveis do ponto de vista

    nutricional.

    A cadeia de carnes um tpico exemplo onde ocorre a segmentao de

    mercado em novos e especializados produtos para o atendimento de uma

    demanda cada vez mais exigente em qualidade, criando vrios nichos

    especficos de consumo. Esto colocadas ento, as condies bsicas para o

    desenvolvimento de novas alternativas na rea de produo animal, como a

    que se prope a criao de avestruzes.

    O "boom" que o mercado mundial de carnes, couros e plumas de

    avestruzes experimenta atualmente nos principais pases da Europa, EUA e

    Austrlia reforado pela interao de dois novos aspectos importantes:

    a) Constitui-se como alternativa na produo de bens de qualidade para a

    demanda internacional da agroindstria, com um mercado de produtos

    (principalmente carne e couro) praticamente globalizado;

    b) Constitui-se em um produto alternativo ao mercado de carne vermelha

    bovina, sem a restrio sanitria que ocorre na Unio Europia, como o

    problema da "vaca louca" que proporcionou uma queda de consumo desta

    carne de at 50% em alguns pases.

    Alm disto, por influncia direta da ao dos grupos ambientalistas, no

    futuro prximo estaro priorizados sistemas de produo de alimentos de

    origem animal, que tenham sido produzidos segundo o conceito de

    sustentabilidade, onde preconizam-se mtodos de produo com menores

    impactos ambientais e menos efeitos poluidores, atravs de sistemas menos

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    intensivos, onde so valorizados produtos criados em condies de uso de

    pastagens, tais como os bois "verdes" brasileiros, as ovelhas da Patagnia e,

    por que no, os recm-chegados avestruzes.

    O mercado brasileiro j o maior consumidor mundial de plumas de

    avestruzes. A carne e o couro encontram condies favorveis de grande

    atratividade para a formao de um mercado interno e potencial atendimento

    atual demanda mundial.

    Nas Tabelas 1 e 2, podemos observar a posio da carne do avestruz em

    comparao s demais espcies de importncia econmica, quando levados

    em conta aspectos de qualidade nutricional.

    TABELA 1 - Valores nutricionais comparativos da carne (por 85 g)

    Carne de Calorias

    (Kcal) Protdeos

    (g) Lipdeos

    (g) Colesterol

    (mg)

    Bovino 240 23 15 77

    Suno 275 24 19 84

    Frango 140 27 3 73

    Avestruz 97 22 2 58

    TABELA 2 - Comparao dos valores nutricionais de carnes

    Anlises Avestruz Emu Suno Boi Frango Cervo Peixe

    gua (%) 75,4 73,6 70 75 73-75 74,5 - 75,1 82

    Gordura (%) 1,2 1,7 - 4,5 25 2 - 14,7 1 - 3 3,3 1

    Protena (%) 21,7 21,2 18 - 28 18 - 22 23 - 24 20,6 16

    Colesterol (mg/100g)

    37,8 39 - 48 80 - 105 63 64 - 90

    Calorias (Kcal/100g)

    104,7 113 - 127 319,3 157,2 114,4 108 70 - 120

    A indstria processadora de carnes, sobretudo a bovina, pode atender a

    demanda de abate com pequenas adaptaes em seu processo industrial. Na

    tabela 3, podemos verificar algumas caractersticas da carne e das carcaas de

    avestruz.

    TABELA 3 - Peso vivo e peso de carcaa de aves na Indstria de Carne de Avestruz

    Componente Mdia Mnimo Mximo

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    Peso vivo (kg) 100,8 87,8 129,1

    Peso da carcaa quente (kg) 49,3 40,5 66,3

    Peso da carcaa fria (kg) 48,1 39,5 64,2

    Fonte: POLLOK (1997)

    So vrias as iniciativas de implantao de projetos na rea de

    estrutiocultura no pas recentemente, alavancados pelas grandes expectativas

    de retorno da atividade em futuro prximo, pelo fato do rebanho nacional

    comercial ainda estar apenas no incio de sua formao. Esta fase de mercado

    favorece os preos de reprodutores e matrizes para a multiplicao de novos

    criatrios. Atualmente uma ave de 3 a 4 meses de idade chega a preos ao

    redor de 1 mil reais. necessrio, no entanto, um grande cuidado por parte

    dos novos produtores na escolha de seus fornecedores de produtos e servios,

    a fim de que sejam alcanados os objetivos do estabelecimento de uma boa

    criao.

    Ressalta-se, ainda, o grande potencial natural para o desenvolvimento do

    agribusiness do Avestruz, devido a uma srie de caractersticas elencadas a

    seguir:

    O clima brasileiro, sobretudo no Brasil Central Pecurio e Nordeste, muito parecido com o do habitat natural do avestruz, a regio Sul da frica,

    permitindo excelente adaptao dos animais para a explorao racional;

    Por suas dimenses continentais, tem grande potencial de espao para a implantao de projetos voltados estrutiocultura, possibilitando boa

    alternativa para as unidades de produo que buscam um certo grau de

    diversificao com atividades de maior valor agregado, sem bruscas

    modificaes estruturais;

    O Brasil com uma populao de mais de 160 milhes de habitantes e uma economia em fase de estabilizao um mercado potencial muito grande

    para a estrutiocultura e os seus produtos.

    A indstria do avestruz ao redor do mundo tm recebido um exponencial

    aumento no nmero de aves disponveis para o abate. Este fato leva ao

    desenvolvimento de presso para que o produtor reduza os seus custos de

    produo em conjunto com a maximizao da produtividade. Assim, o desafio

    existente para os produtores no apenas expandir mercados existentes tanto

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    quanto criar novos. A produtividade nas unidades de produo deve aumentar,

    por exemplo, com o aumento do nmero de ovos por fmea, decrscimo em

    mortalidade, melhorias em nutrio e sanidade, bem como desenvolvimento de

    sistemas de manejo capazes de melhorar a lucratividade. necessrio que o

    melhoramento gentico enfatize caractersticas produtivas. Enfim, os desafios e

    as metas para o estabelecimento de uma estrutiocultura forte e com

    atratividade econmica, passam pelo caminho nico de sua insero numa

    atividade capitalista dentro da agropecuria moderna.

    Parece-nos que o interesse atual pela estrutiocultura, demonstra claros

    sinais do nascimento de uma nova e duradoura alternativa produtiva em nossa

    agropecuria, com o devido enquadramento s tendncias futuras do mercado

    agroalimentar.

    3. ASPECTOS ANATMICOS

    3.1 Sistema esqueltico

    O avestruz, membro do grupo das Ratitas, uma ave que no voa e

    possui pernas desenvolvidas e adaptadas para correr. a maior ave do

    mundo, apresenta dois dedos nos ps e resqucios de dgitos nas asas. O osso

    esterno no tem quilha, diferente das aves voadoras que tem grande

    musculatura peitoral que se insere na quilha com funo para o vo. Como o

    avestruz no voa ele tambm no tm a musculatura peitoral. O esterno do

    avestruz chato e extremamente forte, com aproximadamente 4 cm de

    espessura e funciona como escudo, protegendo as aves da areia quente e

    tambm contra as patadas de outros avestruzes rivais na poca reprodutiva.

    O avestruz possui uma cabea pequena, em relao ao restante de seu

    corpo, com dois grandes olhos, possui clios longos e uma membrana nictitante

    que reveste externamente a crnea. Os clios e a membrana nictitante so

    responsveis pela proteo dos olhos contra poeira e areia. Toda vez que o

    avestruz vai bicar um objeto ou pastejar ele recobre os olhos com a membrana

    nictitante, evitando assim que folhas ou hastes os atinjam diretamente. Os

    ouvidos so duas aberturas na cabea, logo atrs dos olhos, protegidos por

    uma penugem que evita a entrada de areia e outros corpos estranhos. As

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    narinas esto localizadas na poro superior do bico e auxiliam na respirao e

    evaporao do animal.

    O pescoo extremamente longo, bastante flexvel e mvel para todos os

    lados. Os machos apresentam a pele bastante solta que inflando o esfago, na

    poca reprodutiva, usada para emitir um som caracterstico, como parte do

    ritual reprodutivo. Som parecido a um ulular de uma coruja (hu, huu, huuuuu).

    Internamente, temos a traquia e o esfago.

    As asas so proporcionalmente pequenas, so utilizadas no equilbrio do

    animal quando em deslocamento, principalmente em velocidade, na execuo

    dos comportamentos reprodutivos e para ventilao prpria e dos ovos.

    Possuem pernas longas, fortes e musculosas adaptadas para correr. Por

    esta adaptao anatmica, o avestruz tem praticamente toda a carne

    aproveitada comercialmente na coxa e sobre-coxa. Podem dar fortes patadas,

    somente para frente, j que sua articulao se d neste sentido, capazes de

    provocar fraturas e at morte de seus adversrios.

    Fonte : HOLTZHAUSEN e KOTZ (1995) FIGURA 2 - Estrutura esqueltica do avestruz

    3.2 rgos e Tecidos

    Pele

    1 - Atlas 2 - xis 3 - ltima vrtebra cervical 4 - Primeira vrtebra torcica 5 - Vrtebra Sacral 6 - lio 7 - squio 8 - Pbis 9 - Umero 10 - Radio 11 - Ulna 12 - Carpo 13 - Metacarpo

    14 - Esterno 15 - Coracoide 16 - Escapula 17 - Costelas 18 - Fmur 19 - Patela 20 - Tbia 21 - Articulao Intertarsal 22 - Metatarso 23 - Falange

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    A pele comunica o meio interno com o externo, protegendo o corpo contra

    desidratao e regulando a temperatura corporal. Atua como local de insero

    das penas e como barreira protetora contra injrias e ectoparasitas. O avestruz

    possui duas grandes calosidades, muito importantes para sua adaptao em

    regies ridas. Estas calosidades se encontram ventralmente, uma na altura do

    osso esterno e outra anterior cloaca, servindo de proteo contra as altas

    temperaturas do solo e contra injrias durante combate corpo a corpo com os

    adversrios.

    Glndulas uropigianas

    Ausente nos avestruzes, em outras aves tm a funo de excretar uma

    substncia gordurosa capaz de impermeabilizar as penas, portanto o avestruz

    ao tomar chuva fica todo encharcado.

    Glndulas nasais ou de sal

    So duas glndulas localizadas abaixo da pele em uma leve depresso,

    no topo do crnio, cada uma na regio supraorbitria. So comuns tambm em

    aves marinhas, que mantm o equilbrio osmtico interno mesmo ingerindo

    grandes quantidades de sal.

    Das Ratitas, somente o avestruz as possui e so adaptaes importantes

    para a vida em regies ridas com poucas fontes de gua.

    Sistema digestivo

    O avestruz tem um bico bastante forte, possui uma pequena lngua,

    esfago que se prolonga por todo o pescoo, partindo ventralmente perto da

    cabea, se deslocando para a direita, e na 2 a 4 vrtebra da entrada da

    cavidade torcica retorna posio ventral.

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    Fonte : HOLTZHAUSEN e KOTZ (1995) FIGURA 3. O trato digestivo do avestruz

    O proventrculo comea como uma dilatao da poro caudal do esfago

    e termina na juno com o ventrculo. Est localizado no trax e abdmen. o

    primeiro estmago e tambm, o estmago glandular. Possui enzimas

    responsveis pela digesto qumica. O proventrculo atua como um estmago

    independente, tendo fora contrtil para misturar e uma capacidade de

    estocagem com uma habilidade para expanso e secreo de enzimas

    digestivas.

    A juno entre o proventrculo e o ventrculo denominada istmo. o

    local de maior ocorrncia de impactaes e obstruo por objetos estranhos

    ingeridos pelos avestruzes.

    O ventrculo est geralmente localizado entre o fgado e costelas, em

    frente aos intestinos, separado por uma fina membrana, e unido ao abdmen

    ventral por membranas. o segundo estmago e tambm o estmago

    mecnico ou muscular e responsvel pela quebra do alimento mais rgido e

    das grandes massas alimentares. No ventrculo encontramos uma grande

    quantidade de pedras, por volta de 1,5 Kg, que ajudam na moagem dos

    alimentos, estas no so excretadas mas necessitam ser repostas pois sofrem

    desgaste.

    1 - Proventrculo (Estmago glandular).

    2 - Ventrculo. Contm aproximadamente 1,5 kg de pedrinhas.

    3 - Intestino delgado (6 metros de comprimentos em animais adultos).

    4 - Ceco ou apndices (950 a 1250 mm cada).

    5 - Colo ou intestino grosso (16 metros em adultos).

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    O duodeno o primeiro segmento do intestino delgado, iniciando-se no

    final do piloro (sada do ventrculo), continuando at o jejuno. O fgado e o

    pncreas secretam suas enzimas no duodeno, onde ocorre a maior digesto de

    protenas, gorduras e carboidratos.

    O jejuno o segundo segmento do intestino delgado, sendo a

    continuidade do duodeno. No existem diferenas morfolgicas claras entre

    esses dois segmentos. o local de absoro dos nutrientes, juntamente com o

    leo, a terceira e ltima poro do intestino delgado.

    O ceco um rgo dividido em dois sacos sem sada, pertencente ao

    intestino grosso. Nos avestruzes bem desenvolvido, com um lmen amplo e

    alongado cranialmente. Este rgo permite uma ao bacteriana dos alimentos

    que no foram digeridos pelos rgos anteriores, como por exemplo vegetais

    que tm muita celulose. responsvel pela digesto e absoro de fibras, por

    meio da digesto fermentativa das bactrias. O clon muito longo em avestruzes (com mais de 16 metros de

    comprimento), e o principal stio da digesto fermentativa . A presena de

    bactrias fermentativas anaerbias, torna possvel a digesto de fibras, com

    produo de cidos graxos. Devido a esta caracterstica do intestino, o

    avestruz uma ave perfeitamente adaptada s condies ridas dos desertos

    e capaz de digerir grandes quantidades de gramneas, o que na atividade de

    criao racional bastante interessante, pois diminui os custos com

    alimentao.

    A abertura da cloaca est localizada logo abaixo da cauda. A cloaca

    uma bolsa onde desemboca o trato urinrio, digestivo e reprodutivo. Possui 3

    grandes compartimentos: o coprodeu, que recebe as fezes do reto; o urodeu,

    que recebe a urina dos ureteres dos rins, o smen dos canais deferentes no

    macho e os ovos do oviduto nas fmeas, e o proctodeu, que abriga o Phallus

    masculino (pnis) , ou o Phallus feminino (clitris), a Bursa de Fabrcius e se

    comunica diretamente com o exterior.

    Sistema respiratrio

    O sistema respiratrio formado pela traquia, pulmes e sacos areos

    bastante semelhante s demais aves. Os sacos areos, que esto ligados

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    diretamente entre os pulmes, so responsveis por 80% do volume

    respiratrio, so muito finos e transparentes. Os sacos areos so

    responsveis pela diminuio da densidade dos ossos das aves.

    Sistema reprodutivo

    A fmea tem somente um ovrio situado no lado esquerdo do abdmen,

    em frente ao rim esquerdo. capaz de produzir mais de 2000 vulos em sua

    vida reprodutiva. Estes vulos (ou folculos), quando maduros, sero

    fertilizados no oviduto, gerando o ovo. Antes da maturidade sexual, o ovrio

    pequeno, alongado com aspecto granuloso. Durante a poca reprodutiva, o

    ovrio se assemelha a um cacho de uvas com vrios folculos em estgios

    diferentes de maturidade. O tamanho do ovo determinado pelo tamanho dos

    folculos. O oviduto um rgo alongado que segue do ovrio at o urudeum

    na cloaca pelo lado esquerdo do abdmen. Neste rgo que se d a formao

    da albumina e deposio da casca.

    O sistema reprodutivo do macho consiste de testculos, epiddimos,

    canais deferentes e o rgo copulador. Os testculos so duas glndulas se

    alojam cranialmente aos rins, sendo responsveis pela produo de

    espermatozides e testosterona. Aumentam consideravelmente de tamanho na

    poca reprodutiva, devido maior produo de hormnios. A testosterona

    responsvel pela plumagem caracterstica do macho. O phallus ou pnis do

    macho o rgo copulador, no possui uretra, portanto no participa na ao

    de urinar e o smen somente passa por um sulco existente no phallus .

    Principais vasos sanguneos

    Jugular: Presente somente no lado direito do pescoo. muito til para coleta de sangue.

    Veias braquial e baslica: Esto localizadas no lado ventral dos meros direito e esquerdo (asas). Ambas podem ser utilizadas para coleta de

    sangue.

    Veia metatrsica medial: Est localizada na parte medial dos metatarsos direito e esquerdo (pernas). um timo local para coleta de sangue e

    injees intravenosas.

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    4. ASPECTOS SANITRIOS NA CRIAO DE AVESTRUZES

    O manejo sanitrio de extrema importncia em qualquer criatrio

    animal, diminuindo ou at evitando doenas dos animais do rebanho, de outras

    espcies da propriedade ou at do homem (zoonoses). Para elaborar um

    manejo sanitrio eficiente devemos considerar que as doenas podem ser

    bacterianas, fngicas e virais, sendo, portanto transmitidas e combatidas de

    maneiras distintas.

    Os meios de transmisso mais comuns so: locais j contaminados; o

    homem (funcionrios e ou visitantes); objetos, equipamentos e veculos; gua;

    avestruzes ou outros animais domsticos contaminados; alimentos; vento.

    Sabendo quais os meios de contaminao, podemos elaborar um manejo

    preventivo.

    A escolha do local do criatrio um dos primeiros pontos a serem

    analisados para um controle sanitrio eficiente. Devemos manter distncia

    entre propriedades vizinhas com criao de aves de qualquer tipo, granjas

    avcolas e reas de circulao como estradas e rodovias.

    A desinfeco de objetos, equipamentos, instalaes e veculos tambm

    um dos pontos importantes na preveno de doenas na criao de

    avestruzes. Os desinfetantes usados devem ser eficazes no combate aos

    microrganismos, atxicos para os animais e o homem e tambm no devem

    deixar resduos no ambiente.

    Durante o perodo de incubao h um aumento no nmero de

    microrganismos no ar da sala de incubao. Este aumento traz bactrias que

    so carreadas das membranas dos ovos para o seu interior e sero

    responsveis por perdas de filhotes. E, enquanto no possvel se produzir

    ovos livres de bactrias, possvel se produzir filhotes em bom estado de

    sade mantendo-se baixos nveis de contaminaes bacterianas na superfcie

    dos ovos, os reprodutores saudveis e com boa alimentao e condies

    sanitrias adequadas.

    O manejo sanitrio no incubatrio tem por objetivo evitar a proliferao de microrganismos potencialmente patognicos como Pseudomonas sp,

    Salmonela spp, E. coli, e alguns vrus dentro e na superfcie dos ovos. Tais

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    microrganismos podem ser adquiridos por transmisso transovariana ou por

    penetrao pelos poros da casca. Muitas bactrias penetram no interior dos

    ovos, movem-se por meio das membranas e se protegem da desinfeco e

    fumigao.

    A qualidade dos animais que sero os futuros reprodutores no Brasil est

    diretamente ligada s condies sanitrias do criatrio. Uma reduo das

    bactrias no incubatrio implicar em aves mais sadias e menos susceptveis

    s infeces. Esse controle pode ser feito pela monitorizao dos ovos,

    incubadoras, filhotes, manejo e instalaes.

    Isolamento sanitrio

    O isolamento sanitrio uma das formas de dificultar a entrada de

    doenas no criatrio. Deve ser feita em todos os animais que sero

    introduzidos em uma propriedade. O isolamento deve ser feito num perodo

    mnimo que possibilite coletar amostras de sangue, swab de cloaca e traquia

    para exames. Aps o resultado negativo os animais estaro aptos a entrar no

    rebanho. Neste perodo deve ser feito um acompanhamento visual e

    comportamental dos animais. Os animais no podero ter contato com outros

    animais do local. Um perodo mnimo de 4 semanas de isolamento

    necessrio para identificar as aves que possam estar incubando alguma

    enfermidade sem apresentar sinais clnicos.

    As instalaes destinadas ao isolamento no devem ser usadas para

    outros fins, devem ser afastadas o mximo possvel do restante do rebanho e a

    cada sada de lotes, devem ser devidamente desinfetadas alem de passar por

    um vazio sanitrio.

    4.1 Doenas de Avestruzes

    Na estrutiocultura, com a quantidade e concentrao de animais por rea

    cada vez maior, aumenta proporcionalmente a incidncia de doenas.

    As Ratitas, sendo aves, estaro susceptveis s mesmas doenas das

    aves domsticas. A diferena est na incidncia de cada doena, na

    susceptibilidade do animal e a intensidade que ela se manifesta.

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    Na criao racional de avestruzes para diminuir o risco de doenas e

    leses, devemos ter instalaes e cercas adequadas, evitando traumatismos e

    fratura nos animais; suprir as necessidades nutricionais dos animais; manter a

    higiene de instalaes e equipamentos; oferecer condies climticas

    adequadas ao animal.

    Animais mais jovens tm uma maior susceptibilidade a contrair doenas.

    J avestruzes adultos so bem rsticos e resistentes s doenas. Podemos

    considerar que at os 6 meses de idade, devemos dar maior ateno aos

    avestruzes. Entretanto, problemas com filhotes se restringem a poucos fatores

    que se seguem: a) infeco e m absoro do saco vitelnico; b) impactao

    (constipao) do proventrculo e ventrculo; c) diarria, por infeco bacteriana.

    4.1.1 Principais doenas de aves domsticas transmissveis aos

    avestruzes

    Doenas Virais

    So doenas transmitidas por vrus, vindos de animais de criatrios no

    idneos ou aves de outras espcies como galinhas caipiras. Uma doena viral

    conhecida a Newcastle, sendo os seus sintomas em aves domsticas e

    avestruzes: enfraquecimento geral, sintomas nervosos como incoordenao do

    pescoo, onde o animal pende a cabea sem no mais conseguir levant-la.

    Doenas Bacterianas

    Altamente contagiosas, normalmente causadas pelas bactrias:

    Salmonelas, Clostrdios, E. coli e Pseudomonas. Decorrente de falhas no

    manejo sanitrio.

    Doenas Fngicas

    So altamente contagiosas em aves subnutridas ou estressadas. Ocorre

    mais em filhotes, decorrente de problemas sanitrios na fase de incubao dos

    ovos. Os animais ficam imunodeprimidos e susceptveis a outras infeces

    oportunistas.

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    Ectoparasitas

    So parasitas que se alojam nas plumas ou sobre a pele ocasionando

    danos nestas. As aves ficam agitadas e bicando-se o tempo todo.

    Carrapatos Causam extensas leses na pele, somente perceptveis levantando-se as

    plumas. Devem ser controlados com banhos carrapaticidas. Algumas espcies

    encontradas so: Amblyomma gemma, A. lepidum e Rhipicephalus turanicus.

    Piolhos Pertencentes espcie Struthiolipeurus struthionis. Ocasionam danos

    plumagem, uma vez que esses parasitas se alimentam das plumas. O controle

    feito com piolhicidas comumente usados em outras aves.

    Outros ectoparasitas Outras espcies de parasitas, como bicheiras e bernes, devem ser

    combatidos evitando que a qualidade do couro seja afetada (animais de abate)

    e o estresse de reprodutores.

    Endoparasitas

    Levam a perdas no plantel e diminuio na produo. Um controle de

    parasitoses feito por meio de exames de fezes peridicos por amostragem

    em todos os lotes. A utilizao de vermfugos recomendada em casos de

    exames de fezes positivos. Uma medida profiltica importante contra parasitas

    o rodzio de pastagens. Entretanto, como o avestruz muito susceptvel s

    mudanas, esse rodzio deve ser feito gradativamente.

    Constipao

    Lamentavelmente este um problema bastante comum. Pedaos de pau,

    pedras, areia e outros objetos estranhos so freqentemente a causa. A

    alimentao em grupo tambm predispe estes acontecimentos. O avestruz

    tem por hbito a ingesto de materiais estranhos.

    Existem dois tipos de constipao (impactao). Uma forma aguda ou

    recentemente adquirida e outra sendo crnica ou de longa durao onde o

    material parado vai se acumulando. A forma aguda geralmente resultado da

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    alta ingesto de alimentos que no devem ser consumidos rapidamente. Este

    tipo de constipao pode ocorrer com areia, barro, lixo, pedras, cascalho,

    capins, etc. A morte rpida devido a uma super dilatao e condio no

    funcional do proventrculo.

    A constipao crnica normalmente resulta de uma ave que teve um

    impacto parcial no proventriculo permitindo que algum material passe atravs

    dele normalmente. Isto pode ser resultado do consumo de material semelhante

    ao capim, pedras, areia, etc., ou algum corpo estranho grande que bloqueou

    parcialmente o proventrculo. Esta ave no ganha peso normalmente,

    freqentemente come excesso de material no alimentar e normalmente est

    subnutrida.

    Muitas aves desenvolvem este tipo de problema quando esto diante de

    uma nova situao. Mudanas de dietas, estresse em excesso, falta de

    movimentao ou doenas que possam iniciar uma conduta alimentar anormal

    contribuindo para o problema.

    Uma forma de tratamento inicial com lubrificantes orais, como leo

    mineral, podendo fazer com que a ave volte a se alimentar normalmente. H

    casos onde a interveno cirrgica necessria para remover o material

    parado, se diagnosticada precocemente pode ser bem sucedida.

    5. INSTALAES NA CRIAO RACIONAL DE AVESTRUZES

    As instalaes para a criao de avestruzes, como a cerca, tm a funo

    de conter os avestruzes facilitando o seu manejo, oferecer conforto, segurana

    e impedir que estes tenham contato com outros animais silvestres da fauna

    regional, sendo esta, exigncia do IBAMA. Por instalaes para a criao

    racional de avestruzes, entendem-se todas as benfeitorias necessrias para

    cria, recria, reproduo e incubao.

    Cercas de conteno

    As cercas diferem muito de propriedade para propriedade e de pas para

    pas, em funo de custos de mo-de-obra e material disponvel. Por exemplo,

    nas propriedades da Austrlia, onde custo de mo-de-obra muito alto, as

    cercas de conteno usadas so do tipo Tela Campestre (cercas de arame

    liso prontas, disponveis em rolos) onde o prprio criador ou o funcionrio da

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    propriedade ter somente o trabalho de desenrolar e prender a tela nos

    moures. Outro tipo de cerca usada nos Estados Unidos a cerca modular

    mvel de metal, onde os mdulos so encaixados nos moures ou at mesmo

    um nos outros. Estas duas cercas tm um custo alto, entretanto economizam a

    mo de obra. Em pases que tem uma mo-de-obra barata so usadas cercas

    que demandam maior trabalho em sua confeco, usando material mais

    barato. Citando como exemplo o caso dos criadouros na Nambia onde so

    usadas cercas de arame liso, com 6 a 7 fios e em torno de 1,70 m de altura. No

    caso brasileiro as cercas mais indicadas so as de arame liso.

    FIGURA 4 - Cerca de arame liso padro

    Na figura 4 observamos o esquema de uma cerca de arame liso padro,

    que pode ser usada para todas as faixas etrias. Para animais de 0 a 6 meses

    usar a cerca como est no esquema, para animais de 6 meses ou mais a tela

    inferior no necessria. O resultado final que todos os piquetes da

    propriedade seguem um mesmo padro, facilitando assim a confeco da

    cerca e mudana de animais de diferentes faixas etrias entre piquetes.

    Sempre, aps a construo de cercas fazer uma reviso minuciosa dos

    piquetes, principalmente ao longo da cerca para apanhar todos os pedaos de

    arame, lascas de madeira, gravetos e pregos deixados para trs. O avestruz

    um animal muito curioso e adora ingerir qualquer material brilhante.

    Instalaes para animais de 0 a 4 meses ( fase de cria I )

    60 CM

    170 CM

    230 CM

    24 cm

    24 cm

    24 cm

    24 cm

    24 cm

    45 cm

    120 CM

    10 mDISTANCIAMENTO ENTREMOURES C/ 1 BALANCIM

    A CADA 2 METROS

    BALANCIM

    TELA DE PORCO

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    Animais com idade entre 0 e 4 meses exigem maior ateno e necessitam

    de um local protegido com aquecimento no perodo noturno e para dias

    chuvosos. Galpes avcolas poderiam ser aproveitados, entretanto deve-se

    observar a contaminao anterior por outras espcies de aves. Uma excelente

    alternativa o uso de estufas agrcolas, pelo seu baixo custo, facilidade e

    rapidez na construo e possibilidade de desmontar e montar em outro local.

    Alm da estufa so necessrias cortinas para regulao trmica,

    campnulas de aquecimento e termmetros para o acompanhamento da

    temperatura interna.

    Manejo: Durante o dia os animais ficam em piquetes de exerccio, que

    devero ser de concreto ou piso de fcil higienizao. Tanto o abrigo quanto

    os piquetes devem ser lavados diariamente e os abrigos pulverizados com

    desinfetante. Durante a noite os filhotes so recolhidos no abrigo.

    Instalaes para animais de 4 a 6 meses (fase de cria II)

    So usados piquetes de cerca de arame liso padro com, no mnimo,

    1.500 m2 e uma rea por animal de, no mnimo, 100 m2.

    Manejo: Os animais nesta faixa etria iniciam a sua adaptao ao tempo

    integral em piquetes, ou seja, no mais necessrio lev-los estufa ou local

    protegido no perodo noturno ou dias chuvosos.

    Instalaes para animais de 6 a 24 meses ( fase de recria )

    Piquetes de 1.200 m2 com medidas de 20 m por 60 m so projetados

    nestas propores para facilitar o exerccio dos avestruzes, j que so aves

    corredoras. A rea em comum aos dois piquetes, de 40 m por 15 m, um local

    para fornecimento de rao e gua e para facilitar o manejo. Enquanto um

    piquete utilizado o outro est em descanso.

    Instalaes para animais de mais de 24 meses ( fase de reproduo )

    Os animais nesta idade esto iniciando a sua vida reprodutiva. Quando os

    animais vo apresentando as caractersticas de maturao sexual, estes

    podem ser separados em casais, trios ou at mesmo em grupos, dependendo

    somente do tipo de criao. Os animais adultos necessitam de uma rea de

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    500 m2, ou seja, se o interesse for em trabalhar com trios o piquete dever ter

    1.500 m2 e assim por diante. Os piquetes de reproduo devem ter corredores

    de manejo, que iro facilitar o trnsito dos animais entre piquetes e a coleta dos

    ovos. O local a ser escolhido deve ser muito sossegado, sem barulho, fora da

    rotina de trabalho da propriedade e outros fatores que podem levar os animais

    ao estresse.

    Ambulatrio

    O ambulatrio uma instalao utilizada para atender a demanda de

    animais doentes, para que possam ser tratados separadamente dos outros

    animais, para que estes no sejam contaminados. Esta instalao deve ter

    uma sala com pia e bancada e uma estufa pequena para abrigar os animais.

    Em anexo a esta construo recomendada a construo de alguns piquetes

    para exerccio dos animais debilitados.

    Incubatrio

    O incubatrio uma das instalaes que necessitam maior cuidado no

    projeto. Esta fase requer uma srie de aes e cuidados visando a assepsia e

    o bom desenvolvimento do embrio. No projeto de um incubatrio, so

    necessrias vrias salas separadas onde iro ser instalados equipamentos e

    facilidades para cada uma das fases. interessante se respeitar a seqncia

    das fases para que o trnsito se faa somente no sentido crescente das fases e

    nunca o inverso, para que no haja contaminao dos ambientes.

    necessrio tambm uma desinfeco do funcionrio antes da entrada

    no incubatrio, para isto deve-se prever um banheiro com vestirio.

    O local a ser escolhido para a construo, se possvel, deve ser em outra

    propriedade diferente da de criao, ou ento escolher um local afastado ou

    protegido, com barreiras naturais como matas. de vital importncia que no

    haja trnsito de animais neste setor.

    6. MANEJO ALIMENTAR DE AVESTRUZES

    Os animais no consomem e nem aproveitam na mesma proporo os

    nutrientes de um mesmo alimento. No entanto como todos os animais,

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    avestruzes precisam ingerir gua, carboidratos, protenas (aminocidos),

    lipdeos, minerais e vitaminas, para crescimento, manuteno e reproduo.

    A proporo destes nutrientes varia consideravelmente entre os diferentes

    alimentos (forragens ou gros). Portanto, misturas preparadas tecnicamente, a

    partir de vrios ingredientes, so necessrias para suprir os requerimentos

    nutricionais adequadamente.

    Avestruzes tm como preferncia alimentar as dicotiledneas, os capins

    so menos apreciados, mas so bem consumidos especialmente se cortados.

    gua limpa e fresca deve estar disponvel para as aves o tempo todo. O

    avestruz pode beber uma grande quantidade de gua se esta estiver

    disponvel, consumindo cerca de 10 litros por dia.

    O contedo de protena das raes representa um dos fatores mais

    importantes para o crescimento e reproduo. Os requerimentos dependem do

    estado fisiolgico do animal (crescimento, manuteno e reproduo). Somente

    os ruminantes sintetizam aminocidos essenciais atravs de microrganismos

    no rmen. Embora os microrganismos que ocorrem nos ruminantes so os

    mesmos do trato digestivo posterior (apndices e intestino grosso) dos

    avestruzes, a absoro dos aminocidos originados do metabolismo dos

    microrganismos na parte final do trato digestivo no suficiente, visto que os

    mesmos aparecem nas fezes. Portanto, se faz necessria adequada

    suplementao dos aminocidos essenciais como lisina, metionina, cistina,

    triptofano, treonina, isoleucina e arginina.

    Assim como os carboidratos, protenas e gorduras, os minerais e as

    vitaminas so essenciais para produo de substncias corporais e vrias

    outras funes. Existem algumas evidncias que a habilidade dos avestruzes

    em absorver vitamina E limitada. Por esta razo acredita-se que a vitamina E

    seja um ponto crtico na nutrio dos avestruzes.

    Em condies intensivas de criao muitas vezes as aves no pastejam

    ou pastejam pouco, causando assim uma deficincia de caroteno no qual as forragens conservadas so pobres. Recomenda-se que a dietas de

    crescimento suplementem vitamina A.

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    A deficincia de magnsio implica em sndromes de deformaes nas

    pernas ou ps e porosidade nos ossos e pode causar problemas de

    afrouxamento nos tendes.

    A deficincia de zinco pode causar deformidades nos membros,

    engrossando as juntas e facilitando a entrada de germes devido a pele

    ressecada nas canelas e pernas. A falta de zinco seja por sua ausncia na

    dieta ou indisponibilidade, aliada a deficincia de mangans pode diminuir a

    fertilidade do macho.

    6.1 Requerimentos para filhotes

    Saco Vitelnico

    Avestruzes recm nascidos so equipados com uma reserva de alimentos

    e anticorpos na forma de um saco vitelnico, suficientes para 4 a 6 dias sem

    alimentos extras ou ingesto de lquidos, os quais so trazidos na cavidade

    abdominal antes do nascimento. O peso do saco extrado antes do filhote sair

    da casca pode conter mais de um tero do peso do filhote ao nascer. Por isso,

    a perda de peso durante esta fase normal.

    O saco vitelnico dever ser completamente absorvido pelo sistema

    circulatrio podendo durar de 2 a 3 semanas aps o nascimento, mas o tempo

    normal de absoro de 7 a 10 dias. A incompleta absoro do saco vitelnico

    causa infeco e morte do animal, sendo um dos maiores problemas

    encontrados nos primeiros 15 dias de vida. importante que o animal fique de

    p o mais cedo possvel para gastar energia consumindo os nutrientes do saco

    vitelnico.

    A mortalidade nesta fase em torno de 30%. Manejo e alimentao

    adequados podem melhorar os resultados produtivos, mas poucos criatrios no

    mundo todo, conseguem taxas de mortalidade menores que 20%.

    Consumo

    Certos trabalhos recomendam que filhotes passem a primeira semana

    aps o nascimento sem alimento e gua, garantindo total utilizao do material

    do saco vitelnico. Entretanto, importante o acesso ao alimento e gua para

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    os filhotes, para estimular o consumo, assim que eles conseguirem se levantar,

    o que acontece aps um ou dois dias.

    Nossa recomendao de que gua e alimento esteja disponvel logo

    que os filhotes forem transferidos do nascedouro para a creche. De qualquer

    forma, durante os primeiros dias o consumo alimentar muito baixo devido a

    utilizao do estoque de nutrientes do saco vitelnico.

    Os filhotes de avestruz tem que aprender a comer, este um ponto crtico

    para o consumo inicial. Eles procuram alimento instintivamente, mas no so

    capazes de reconhece-lo no cocho. Em casos extremos e sem cuidados

    suficientes pode acontecer das aves morrerem de fome ou deglutirem objetos

    estranhos e morrerem por constipao no estmago ou intestino. Dessa forma,

    os recipientes de alimento devero ser rasos e bem distribudos sobre o piso

    para fazer com que a comida seja facilmente encontrada. Tambm podem ser

    usados cochos longos e estreitos ou esparramar os alimentos no piso. Estudos

    de Deeming et al (1996), mostraram que os filhotes consomem mais quando os

    alimentos so esparramados pelo piso do que quando nos cochos. O nmero

    de cochos pode ser diminudo aps trs semanas, quando as aves j so

    tratadas com alimentos farelados.

    A colorao do alimento verde provavelmente tem um efeito positivo no

    consumo de alimentos. Os animais diferenciam as cores e tm uma viso muito

    ntida. Estudos sobre a preferncia de cores mostraram que os filhotes so

    mais atrados pelo verde, em particular folhas frescas, do que outras cores

    (Deeming et al, 1996). O branco ocupa o segundo lugar na preferncia de cor,

    o vermelho, azul, preto e amarelo demonstram baixa preferncia.

    Onde no houver disponibilidade do verde possvel utilizar feno de alfafa

    picado junto com rao balanceada, oferecendo-se 6 vezes ao dia. A forragem

    quer seca ou fresca, deve ser moda ou finamente cortada. Para filhotes jovens

    o comprimento das partculas deve ser aproximadamente 6 mm, sempre menor

    do que o comprimento do pequeno bico das aves. A quantidade de forragens

    na rao pode ser aumentada com a idade dos animais, de maneira que com

    idade de 10 semanas podem estar em quantias acima de 20% da matria seca

    da dieta. importante observarmos que o alimento verde fresco picado, pode

    estar desbalanceando a dieta, devendo portanto ser fornecido em quantidades

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    limitadas, se oferecermos verde vontade, os filhotes consumiro demais no

    ingerindo quantidades suficientes de rao balanceada.

    A textura dos alimentos tambm muito importante. Filhotes jovens

    preferem refeies grosseiramente modas a peletes, a variao da textura e

    cor dos ingredientes atraem a ateno dos filhotes. Deve-se evitar mudanas

    na textura dos alimentos. A cor, forma e a textura da rao dever ser a mais

    constante possvel.

    Assim como os animais devem aprender a comer, tambm temos que

    ensina-los a beber gua. Junto a primeira alimentao deve se oferecer gua

    para os animais. Bebedouros coloridos ajudam a atrair as aves, algumas

    granjas utilizam espelhos no fundo dos bebedouros para estimular o consumo.

    Um bebedouro para cada 3 comedouros o suficiente. Os bebedouros no

    devem ficar muito altos e nem correrem o risco de tombar.

    Se os filhotes forem mantidos em abrigo ou galpo, o consumo de gua, e

    a emisso de fezes e urina devem ser monitorados diariamente e analisados

    periodicamente. A urina deve ser incolor. Filhotes estressados devem ser

    vigiados para que no bebam gua em excesso, o que conduziria a diarria.

    Quando isto ocorre prudente oferecer gua somente duas a trs vezes ao dia

    e por tempo limitado. Como regra prtica, a quantidade de gua deve ser de

    1,8 a 2 vezes a quantidade de alimento (concentrado).

    A coprofagia normal em todas as idades e ajuda a formar a microbiota

    do animal, de maneira que o trato digestivo seja colonizado por bactrias que

    auxiliem uma digesto saudvel e reduzam a probabilidade de bactrias

    patognicas se estabilizarem. O esterco de avestruzes tem pouca protena

    (menos de 2% em base seca), sua vantagem nutricional o fornecimento de

    vitamina B fabricada pelos microrganismos do trato posterior. Em criaes

    comerciais de avestruzes, no so usados estercos de animais adultos para os

    filhotes devido ao risco de contaminao. Para evitar os perigos envolvidos, as

    fezes dos filhotes devem ser coletadas regularmente.

    noite os animais devem voltar para o galpo, com distribuio de

    aquecimento atravs de uma campnula a gs sempre que a temperatura for

    inferior a 20o C.

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    O uso de suplementos minerais recomendado em todas as fases. O

    suprimento de clcio muito importante devido ao intenso crescimento dos

    filhotes, podendo prevenir deformidades nas patas, nos ossos e articulaes. A

    suplementao mineral no reverte uma deformidade j instalada, a soluo

    difcil, podendo ser necessrio colocao de talas ou cirurgia.

    Para aumentar a resistncia contra doenas, a adio de vitaminas

    solveis na gua de beber recomendada durante as 2 a 3 primeiras semanas

    de vida.

    6.2 Requerimentos para animais em crescimento

    Convenincia de crescimento

    A convenincia da velocidade de crescimento e ganho de peso difere de

    acordo com o destino do animal (corte ou reproduo). Dietas altamente

    energticas de 1 a 4 meses de idade podem conduzir a deformaes nas

    pernas, especialmente nas articulaes, o crescimento dos ossos pode no

    acompanhar o aumento de peso dos animais.

    Consumo

    O consumo de alimentos dos avestruzes depende principalmente de seu

    peso vivo atual e da densidade energtica da dieta. Normalmente as aves so

    alimentadas at que sua demanda energtica seja alcanada. Quando o

    alimento fornecido atravs de uma dieta completa, com todos os ingredientes

    mesclados, o consumo de animais em crescimento aumenta para cerca de 3 a

    4% de seu peso vivo. Somente no final do perodo de crescimento que o

    consumo alimentar comea a declinar.

    Em sua fase mais intensiva de crescimento um avestruz come em torno

    de 2 a 2,5% de seu vivo de concentrado. A converso alimentar, isto , a taxa

    de alimento consumido pela quantidade de ganho de peso vivo, para filhotes

    situa-se entre 1,4:1 a 1,6:1, para aves adolescentes (de 4 a 6 meses) de 4:1 a

    6:1, e finalmente com a diminuio do perodo de crescimento para 10:1. Assim

    como a maioria das outras espcies avirias, avestruzes no se alimentam a

    noite.

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    TABELA 4 - Mdia de consumo dirio de raes completas para avestruzes em diferentes idades.

    Idade (meses) Mdia de PV (kg) Mdia consumo/dirio (kg)

    Filhotes

    0 - 1

    1 - 2,5

    0,73 - 3

    3 - 15

    0,12

    0,36

    Crescimento

    2,5 - 6

    6 - 11

    11 - 14

    15 - 60

    60 - 80

    80 - 100

    1,5

    2,5

    2,2

    Estao de monta

    Manuteno 14 30

    100 - 120

    120 - 120

    2,3

    2,5

    6.3 Requerimentos para reprodutores

    Estao Reprodutiva

    A estao reprodutiva pode ser iniciada pelo aumento de protena das

    raes. Pastagens naturais com ampla variedade de plantas parece ter um

    efeito positivo na reproduo. Durante a fase de postura as aves requerem

    grande quantidade de energia e protena para a produo de ovos. Um

    suficiente suplemento de vitaminas e minerais bem balanceados

    (principalmente clcio, mangans e zinco), implica na fertilidade dos ovos.

    O alimento o principal determinante dos ndices reprodutivos.

    Alimentao intensiva e bem balanceada no perodo de postura aumenta a

    taxa de ovulao e fertilizao dos ovos.

    A composio da rao no dever ser mudada uma vez iniciada a

    reproduo. Deve-se evitar ainda a deficincia nutricional assim como uma

    super alimentao que causam baixas taxas de fertilidade. Indicaes visuais

    de obesidade ou deficincia nutricional das aves so tidos pela curvatura do

    ventre, pelo dorso ou colorao de pele das aves. Uma tonalidade amarela

    pode indicar excessivo depsito de gordura, tonalidade azul esverdeado pode

    indicar deficincias nutricionais.

    Quando se mistura uma dieta completa e se oferece a vontade, os

    animais ingerem cerca de 2,5 kg da mistura por dia. A dieta dever ser dividida

    em trs refeies. Onde se tem disponibilidade de forragem verde fresca,

    podem ser cortados e adicionados ao alimento para estimular o apetite. Onde

    as aves esto em sistema de pastejo, a forragem da rao deve ser

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    desconsiderada, dependendo do estado do pasto. Para cada ave dever ser

    dado de 1 a 2 kg de alimento concentrado adicional ao pasto.

    Manuteno

    Para evitar uma super alimentao, as raes devem ser ajustadas para

    manuteno uma vez que a estao de monta tenha acabado. Durante o final

    da estao, as aves podem ser alimentadas com raes de acabamento.

    Entretanto, nesta fase as aves j esto com crescimento completo e a

    alimentao dever cobrir apenas sua manuteno. Uma rea para pastejo

    extensivo perfeita para perodos entre estaes de acasalamento.

    Machos X Fmeas

    A dieta para a postura totalmente inapropriada para os machos, sendo o

    clcio freqentemente arraoado em dosagens excessivas em detrimento da

    absoro de zinco (essencial para formao do esperma) e mangans. Altos

    contedos de clcio bloqueiam a disponibilidade de zinco e mangans

    requeridos para fertilidade. Posteriormente os machos podem no enxertar as

    fmeas. Alm disso, o alto consumo energtico deixa os machos com excesso

    de peso prejudicando a monta.

    A m nutrio pode tambm ser responsvel pela baixa produo de

    ovos, com pouco peso ou ainda mortes embrionrias. Estes problemas podem

    ser diferenciados atravs de uma anlise de elementos traos do fgado dos

    filhotes, e atravs do monitoramento cuidadoso do local da incubadora e peso

    de ovos durante a incubao.

    Raes de crescimento precisam ter de 1,4 a 2,5% de Ca e 0,7 a 1,5% de

    P, e para matrizes em postura, devido a alta demanda de Ca para formar as

    cascas dos ovos, a necessidade de 3,5% de Ca. Alm disso, importante

    manter a relao Ca e P de 1:0,5 a 1:0,6.

    7. REPRODUO E INCUBAO DE OVOS DE AVESTRUZES

    ESTAO DE REPRODUO NO BRASIL

    REGIO NORTE-NORDESTE SETEMBRO A MARO

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    REGIO CENTRO-SUL MAIO A NOVEMBRO

    MATURAO SEXUAL

    MACHOS 30 - 36 MESES

    FMEAS 20 - 24 MESES

    7.1 Caractersticas sexuais

    Durante a estao de reproduo os machos ficam com a colorao das

    plumas bastante definida, preta e branca, e tanto o bico quanto as canelas

    ficam com uma cor entre o alaranjado e o vermelho. Nas fmeas no se notam

    grandes diferenas, a no ser pelo tom um pouco mais marrom das plumas.

    O macho se senta sobre as pernas, abre e abana as suas asas

    ritmadamente e com movimentos rpidos com o pescoo bate com a cabea

    em seu dorso. Esta uma dana de corte fmea e tambm tem a funo de

    estimular a produo de espermatozides e a ejaculao. O macho ao bater a

    cabea no dorso, local onde se aloja o testculo, estimula-o.

    7.2 Manejo Reprodutivo

    Um mtodo bastante utilizado entre os criatrios comerciais o de

    separar machos e fmeas nos perodos de descanso. Este tipo de manejo visa,

    interromper o processo de estimulao sexual e visual entre os animais. Outra

    opo de manter os casais juntos e utilizar manejo alimentar diferenciado

    para perodo de descanso.

    Postura dos ovos

    A fmea ir fazer a postura de 1 ovo a cada 2 dias at alcanar 15 - 30

    ovos, far um intervalo de 7 a 10 dias e novamente se iniciar o ciclo. Numa

    estao a fmea poder fazer uma postura de 15 a 70 ovos, variando devido

    aos fatores inerentes ao animal, como idade da fmea e gentica, e fatores

    inerentes ao meio (fatores externos) como clima, manejo, sade, etc..

    A mdia de postura de ovos est em torno de 20 - 30 ovos, mas j se

    identificaram fmeas com posturas de at 120 ovos por estao. Entretanto, na

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    prtica, percebe-se que fmeas de alta postura tm uma boa fertilidade dos

    ovos quando a sua mdia de postura no ultrapassa a 70 ovos por estao.

    7.3 Fatores que afetam a reproduo

    Nutrio

    Pode-se dizer que a nutrio o fator mais importante, pois um fator

    limitante. A ave deve ser nutrida desde o incio de sua vida, atendendo a todas

    as suas exigncias nutricionais, para que assim ela possa demonstrar todo o

    seu potencial.

    Fotoperodo

    O fotoperodo, ou perodo de luz, estreitamente ligado reproduo. A

    ave necessita de uma proporo mnima de luz para que os rgos

    responsveis pela liberao de hormnios reprodutivos iniciem a sua funo.

    Clima

    As chuvas so mais determinantes que qualquer outro fator. Se na

    estao de reproduo houver uma inverso das condies climticas, por

    exemplo uma ocorrncia de frente fria por duas semanas, poder ocorrer uma

    interrupo na postura de ovos.

    Sade

    As aves, tanto o macho quanto a fmea, necessitam estar saudveis

    durante a reproduo, pois esta uma fase de grande exigncia na resistncia

    do animal. Se o animal estiver doente antes da reproduo, este pode at no

    vir a se reproduzir.

    Estresse

    O manejo incorreto, troca repentina de rao ou qualquer outro fator que

    ocasione o estresse no animal, ir interferir diretamente na reproduo.

    Compatibilidade com Parceiro

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    Na formao de casais, nem todos os animais so compatveis, assim, se

    esta incompatibilidade ocorrer, devemos trocar os animais entre si at que esta

    situao esteja normalizada

    7.4 Manejo do ovo

    O ovo

    O ovo do avestruz o maior ovo existente. A sua casca extremamente

    grossa e em geral os ovos medem de 12 a 16 cm de altura e 12 a 15 cm de

    largura e o seu peso varia de 1.000g e 2.000 g.

    Coleta do ovo

    Como a postura feita a campo, o ovo est sujeito a vrias aes do

    meio que podem afetar a sua viabilidade ou at mesmo chegar a sua

    inutilizao.

    Quanto antes for feita a coleta menor ser o risco para o ovo. Na hora da

    coleta devem ser feitas algumas anotaes sobre o macho e a fmea que

    originaram o ovo e a data da postura/coleta

    Seleo e Limpeza do Ovo

    Aps a coleta os ovos devem ser analisados via ovoscopia quanto a sua

    integridade fsica, ou seja, presena de rachaduras ou fissuras. Dependendo

    da quantidade de rachaduras este ovo dever ser eliminado, j que este ter

    menor viabilidade devido proliferao de bactrias que entraram no ovo por

    este orifcio e a possibilidade deste ovo quebrar dentro da incubadora,

    contaminando todos os outros ovos.

    Se o ovo necessitar ser limpo, por conter terra ou fezes, utiliza-se papel

    toalha para remover o excesso da sujidade. No utilizar gua, escovas ou

    detergentes, pois podem levar contaminao para o seu interior atravs dos

    poros.

    O processo de fumigao com gases volteis a forma mais eficiente

    para a higiene do ovo. Utiliza-se Paraformaldedo 5g / m3 por 20 minutos e, em

    seguida, eliminam-se os gases por exausto.

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    Estocagem

    O interesse de se estocar os ovos antes da incubao de juntar um lote

    maior. Esta preocupao ir facilitar muito o manejo dos filhotes que iro

    nascer todos ao mesmo tempo. Outro fator que se constatou que ovos que

    no foram estocados tiveram menor eclodibilidade que os estocados por pelo

    menos 3 a 4 dias. Ovos de avestruz podem ser estocados por volta de 7 dias

    sem comprometer sua eclodibilidade. Aps o 7 dia h um decrscimo dia a

    dia. A temperatura de estocagem varia de 15 a 18 C e a umidade varia de 70

    a 80%.

    Os ovos podem ser estocados deitados ou com a cmara de ar voltada

    para cima e devem ser virados uma vez por dia. Antes de incubar os ovos,

    estes devem ser pr-aquecidos, ou seja, deve-se deixar alcanar a temperatura

    ambiente gradativamente, por volta de 8 a 12 horas, caso contrrio ir ocorrer

    uma condensao sobre o ovo acarretando numa contaminao.

    7.5 Incubao

    O sucesso de uma incubao depende de uma srie de fatores das quais

    as mais importantes so sanidade, manejo e estocagem do ovo, operao da

    incubadora e nascedouro e manejo reprodutivo.

    A incubao artificial se faz necessria na estrutiocultura moderna, para

    maximizar a produo, j que as fmeas podero produzir mais ovos, pois no

    tero que perder tempo incubando-os, e tambm a eclodibilidade

    maximizada. No mercado j existe uma srie de incubadoras artificiais das

    mais simples s mais sofisticadas. As incubadoras mais modernas controlam

    eletronicamente a temperatura, umidade, rotao automtica, concentrao de

    CO2 e esterilizam o ar. Quanto posio de incubao do ovo existem 2 tipos

    de incubadoras: as que incubam o ovo na horizontal e as que incubam na

    vertical. Os melhores resultados de eclodibilidade so conseguidos com a

    rotao vertical, onde a cmara de ar fica voltada para cima.

    O ovo necessita ser virado constantemente no processo de incubao

    para que o embrio possa ter um suprimento de ar constante, assegura um

    desenvolvimento harmonioso, movimenta o embrio em albumina fresca, evita

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    que o embrio tenha aderncia na casca. O embrio se nutre, mas tambm

    produz dejetos, portanto se o ovo no for virado o embrio poder morrer por

    envenenamento pelo seu prprio dejeto.

    TABELA 5. ndices bsicos para incubao

    Tempo total de Incubao 42 dias

    Temperatura de incubao 35,8 - 36,6 C

    Umidade relativa na incubao 15 - 30 %

    Perda de massa do ovo durante a incubao 15 % - 18%

    Como fazer a escolha da capacidade de uma incubadora.

    Uma estimativa mxima pode ser baseada em 3 ovos por semana por

    fmea e um tempo de incubao de 6 semanas, portanto para se calcular a

    capacidade basta multiplicar o nmero de fmeas em postura por 18. A ttulo

    de exemplo, uma propriedade com 10 fmeas necessita de uma incubadora

    para 180 ovos.

    8. CONCLUSES

    A estrutiocultura surge como mais uma alternativa de explorao

    zootcnica. A cadeia deste novo agronegcio ainda est em formao.

    Conhecimentos tcnicos so fundamentais para o sucesso da criao.

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