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CRESCIMENTO URBANO DO MUNICÍPIO

CONJUNTO PORTO SEGURO – PIRAPÓ – APUCARANA-PR

Autora: Eliete Aparecida Champam

Orientadora: Prof.ª Dr.ª Jeani Delgado Paschoal Moura

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Londrina – 2012

RESUMO

Este trabalho consiste no relato das atividades realizadas durante a implementação

do projeto de produção pedagógica desenvolvido com os alunos do Segundo ano do

ensino médio do Colégio Estadual do Campo Coronel Luis José dos Santos –

Pirapó, município de Apucarana. O objetivo foi levar os educandos a compreender

as transformações recentes observadas na paisagem urbana do distrito de Pirapó,

visando o conhecimento da realidade local. Procurou-se trabalhar com entrevista e

confecção de mapas, com vistas a criar motivação para o envolvimento e interação

de todos, na busca do conhecimento do espaço urbano e a dinâmica de crescimento

das cidades. Todas as abordagens possibilitaram aos alunos conhecer melhor o

espaço geográfico da sua cidade. Obter mais informações sobre a evolução das

cidades levando a conhecer os principais fatores que influenciaram na expansão

territorial do município, bem como compreender melhor os conceitos como: lugar,

espaço, região, paisagem humanizada e território, estimulando assim o exercício da

cidadania através de novos conhecimentos.

Palavras- chaves: Crescimento urbano. Cidade. Cidadania.

INTRODUÇÃO

A abordagem do crescimento urbano do distrito de Pirapó, no município

de Apucarana, foi uma proposta para discutir e estudar a dinâmica urbana, levando

o aluno a conhecer melhor o espaço geográfico, analisando os fatores econômicos e

sociais responsáveis pela expansão de um novo espaço.

A partir das metodologias propostas, os alunos puderam conhecer o

espaço urbano e a rápida expansão urbana do distrito de Pirapó por meio das

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mudanças em sua paisagem, ao longo do tempo histórico, e o espaço atual,

especialmente, a expansão urbana do loteamento Porto Seguro. Adquirindo esses

novos conhecimentos, puderam compreender que a paisagem se transforma a partir

do interesse capitalista e de seus habitantes, produzindo assim o seu próprio

conhecimento.

O conhecimento geográfico do espaço é fundamental para que o aluno

conheça seu papel nele, em que deve ser protagonista das mudanças e cidadão

consciente dos direitos, deveres e das responsabilidades para com as

transformações do lugar. Para buscar esse caminho de compreensão da cidade de

hoje, Sposito (1989, p. 11) coloca que é necessário

Aprender quais processos dão conformação à complexidade de sua organização e explicam a extensão da urbanização neste século, exige uma volta às suas origens e a tentativa de reconstruir, ainda que de forma sintética, a sua trajetória.

É nesse sentido que propusemos uma breve incursão a respeito da

origem das cidades, como delineamos na sequência.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Ao abordar o crescimento urbano e a expansão dos

territórios faz-se necessário conhecer como as paisagens foram e

são alteradas pela ação do homem. Com a colonização das terras do norte do

estado do Paraná as paisagens surgem e se configuram como reflexo da economia

capitalista cafeeira, iniciada na década de 1930, além dos demais plantios

agrícolas, revelando uma dimensão da produção espacial incentivada pelo

capital estrangeiro da Companhia de Terras do Norte do Paraná (CTNP).

Esse “capital inicial” dos ingleses transformou o espaço geográfico de uma mata

densa e fechada, para uma divisão territorial com pequenas e médias

propriedades auxiliadas pelo trabalho de um vertiginoso empreendimento que além

de modificar o território, deu a ele uma nova configuração socioespacial e

econômica, tanto nas áreas rurais quanto urbanas. Houve a transformação das

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relações sociais devido à apropriação de terras (rural/agrícola e lotes/urbanos) pelos

ingleses, cujo objetivo era transformá-la em mercadoria, sendo revendidas

para migrantes mineiros, paulistas e paulistanos, além de imigrantes

alemães, italianos, japoneses e outros. Estes ao ocuparem as terras roxas do

Norte do Paraná, promoveram profundas modificações nos espaços ocupados,

entre estes os do distrito de Pirapó, no município de Apucarana, objeto

de estudo deste projeto.

O município de Apucarana destaca-se na região norte do

Paraná por atrair investimentos econômicos ao longo de sua evolução

histórica, em conjunto com os demais municípios de sua macrorregião.

Sobre a rede urbana, se faz necessário refletir sobre as transformações

que ali ocorreram, seja na dinâmica da natureza ou na configuração geoeconômica

dos espaços e a relação socioespacial de sua produção. Para Corrêa o espaço é

“[...] um produto social, historicamente contextualizado, cujo papel é o de, através de

interações espaciais, articular toda a sociedade numa dada porção do

espaço, garantindo a sua existência e reprodução” (CORRÊA, 1997, p. 93).

O crescimento demográfico regional promoveu na área norte do estado

do Paraná, a emancipação de vários distritos e o surgimento de municípios após a

constituição de 1988 e a partir 1996, deflagrada, seja pelo incremento da agricultura

de exportação e dos demais produtos agrícolas, seja pelas novas municipalidades,

guardando relação direta com os interesses políticos e do capital internacional.

Quanto ao surgimento do município de Apucarana, este era

distrito do município de Londrina, como cita Oliveira

[...] emancipa-se do município de Londrina o distrito de Apucarana, fundado mediante o decreto Lei Estadual nº 199 de 31 de dezembro de 1943; este eleva o então distrito de Apucarana à categoria de município e comarca ao mesmo tempo; sendo que a instalação do município se deu em 28 de janeiro de 1944. Em 1950, o recente município de Apucarana já conta com 88.977 habitantes (OLIVEIRA, 2001, p.35); em 1991 a população residente em Apucarana salta para 95.064 habitantes e em 1996 para 101.083. (OLIVEIRA, 2001 apud DAMAS, 2005, p.99)

O município de Apucarana está subdividido em quatro distritos e dentre

eles o de Pirapó, objeto de estudo desta pesquisa, este último teve sua origem em

14 de novembro de 1951, pelo decreto-lei nº 790, assinado pelo então governador

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Bento Munhoz da Rocha Neto, seu nome indígena de origem

Caingangue, significa base de peixe (Pir = peixe; apo = base), pois o rio tinha muito

peixe (PARANÁ, 2010, p. 15).

Mesmo que essa tenha sido o planejamento inicial alguns

municípios destacaram-se no norte do estado do Paraná apresentando uma

população acima de 50 mil habitantes, no percurso e intervalo entre as

cidades de Londrina e de Maringá, conforme os dados do último censo

realizado em 2010, no Brasil: em Londrina (506.645 mil/hab.) destacando

ainda no percurso, Cambé com (96.427 mil/hab.), Rolândia (57.870 mil/hab.),

Arapongas (104.161mil/hab.), Apucarana (120.884 mil/hab.), Mandaguari (32.669

mil/hab.), Marialva (31.972mil/hab.), Sarandi (82.842 mil/hab.), e em Maringá

(357.117 mil/hab.). De acordo com o IBGE o município de Apucarana pertence à

Mesorregião Norte Central Paranaense a qual é composta por 79 municípios

que está dividida em oito microrregiões. A microrregião de Apucarana

corresponde aos municípios de Arapongas, Sabaúdia, Cambira, Califórnia,

Novo Itacolomi, Marilândia do Sul e Mauá da Serra (APUCARANA, 2008,

p.38).

Apucarana cresceu também incentivada pelas indústrias familiares

de confecção/facção de boinas e bonés iniciados na década de 1970, e

a partir daí, pelas empresas de confecção formais, em destaque as de bonés que

congrega 141, vinculadas à atividade de confecções de bonés e mais 397

estabelecimentos informais faccionistas, que prestam serviços domiciliares às

empresas confeccionistas de acordo o censo industrial de 2006, em Arranjos

Produtivos Locais (APLs). Esta é uma cidade que desponta no cenário

paranaense e brasileiro pela sua produção industrial de alguns produtos como

brindes e bonés, as indústrias de bonés instaladas na cidade representam e,

respondem por 86% (oitenta em seis por cento) da produção no país, rendendo à

cidade o titulo de “capital nacional do boné”, atraindo novos investimentos, com a

proximidade e lucro de uma empresa, outras industriais surgem atraídos pela

produção, mudam o espaço, transformando assim a paisagem, seja fornecendo

matérias-primas ou oferecendo produtos, ou ainda, como abastecedor de

produtos, aviamentos ou de peças.

A área de estudo, está assentada sobre um espigão mestre, como é

possível verificar em todas as instalações do planejamento inicial para

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as demais cidades colonizadas pela companhia de origem Inglesa. Os lotes foram

demarcados em 1934 e, no fim da década de 1940, com a abertura de vias de

ligação com a região sul do estado, Apucarana passou a ser rota dos

tropeiros paulistas. Oficialmente, o município foi instalado no dia 28 de janeiro de

1944, a sua estrutura é formada por extensos derrames de lavas vulcânicas/basalto

(férteis), associadas à pequenas lentes de arenitos finos. Conhecida como

Cidade Alta pelos seus 983 metros de altitude, Apucarana possui clima

tropical semi-úmido. A temperatura média anual é de 20,3º C; a cidade está

localizada numa serra, na junção de três importantes bacias hidrográficas do

Paraná: as do rio Tibagi, do rio Ivaí e do Pirapó, que deságuam na Bacia

do Rio da Prata. Na composição econômica do município, 55% da arrecadação vêm

do setor secundário, 35%, do setor terciário; e 7% do primário, as principais culturas

agrícolas são: milho, a soja, o café e o trigo, sendo o café e milho os principais

investimentos da agroindústria apucaranense, destacam-se nacionalmente

em três setores: têxtil, ainda é forte produtor de couro 3%, e ainda é o principal na

produção de bonés, isso representa 80%, produz ainda derivados de milho que

abastecem cidades do país, conforme cita (IPARDES, 2009, p.44).

Com o crescimento demográfico ocorrido no norte do estado do Paraná,

nas últimas três décadas, o município de Apucarana e o distrito de Pirapó também

se desenvolveram significativamente. Nesse estudo, abordaremos esse caso,

seja pela proximidade do distrito sede, pois esse está localizado apenas

a nove quilômetros, seja pela proximidade com áreas agrícolas dando-lhe

características de campo. A cada ano, o distrito tem o seu território ampliado pela

construção de novos conjuntos habitacionais, os quais necessitam de infra-estrutura

para que seus habitantes tenham qualidade de vida.

Compreender como os espaços geográficos sofrem alterações na medida

em que vão sendo ocupados é um importante exercício da cidadania, pois,

desta forma, é possível reivindicar do poder público, benefícios para um viver

coletivo com dignidade. Para Carlos

[...] o homem se apropria do mundo, enquanto apropriação do espaço – tempo determinado, aquele da sua reprodução da sociedade. Assim se desloca o enfoque da localização das atividades, no espaço, para a análise do conteúdo da prática sócio-espacial, enquanto movimento de produção/apropriação/ reprodução da cidade. (CARLOS, 2004, p. 19)

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Quando nos referimos ao crescimento demográfico não podemos

esquecer de que o distrito de Pirapó tem uma população de mais de

quatro mil moradores e continua a crescer, sendo o mais antigo distrito de

Apucarana - criado pela Lei nº. 790 de 14 de novembro de 1951 - e o mais próximo

da sede municipal. Sua sede localiza-se às margens da rodovia BR-376, no sentido

a Maringá, a nove quilômetros da sede municipal, podendo ser considerado

uma cidade dormitório, pois vários habitantes que ali moram trabalham em

Apucarana e em outras cidades próximas. Está assentada sobre o divisor de águas

dos rios Ivaí e Pirapó, em um sítio de relevo suavemente ondulado, que

varia entre 820m e 790m de altitude, e, com exceção de uma

nascente localizada no setor norte do quadro urbano, os demais cursos

d’água do seu entorno encontram-se bastante afastados do mesmo, o que o torna

livre de problemas quanto à ocorrência de enchentes ou erosões.

IMPLEMENTAÇÃO PEDAGÓGICA

Através da implementação do projeto pedagógico, pretendeu-se levar ao

aluno informações sobre a formação histórica das cidades. A primeira atividade

realizou-se através da leitura do texto sobre “As cidades na Antiguidade”, de acordo

com as formulações teóricas de Spósito (1989). De acordo com o texto, as cidades

tiveram a sua origem na Antiguidade, na Mesopotâmia. A sua localização era

determinada pelas condições naturais, com a frequente opção pelas regiões de vale,

por razões diversas como facilidade de acesso à água e fertilidade do solo.

Na América, a urbanização ocorreu de modo diferente do observado na

Mesopotâmia, a partir do processo de divisão de trabalho, pelo que apresentavam

uma organização política, social e econômica. Grande era a atuação dos poderes

político e religioso nas cidades nesse período. Os governantes controlavam e

administravam todos os espaços dessas cidades, bem como a produção, tornando-

as grandes impérios.

Após a leitura do texto sobre a origem das cidades, os alunos se reuniram

em duplas para discutir sobre o texto lido e responder as questões propostas sob a

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orientação do professor, no esclarecimento das dúvidas. A discussão sobre o tema,

realizada pelos alunos, possibilitou o questionamento e a inevitável comparação em

relação aos espaços urbanos contemporâneos, o que criou favorável situação de

aprendizagem.

Tal temática foi trabalhada, em nossa proposta de implementação na

escola, a partir dessas considerações expostas pelo professor. Após isso, os alunos

receberam o texto de Spósito (1989) “A Urbanização no Brasil”, que fundamenta o

aspecto urbano, as suas funções e características atuais. Em grupos, os alunos

puderam discutir o espaço urbano de sua cidade e escrever, expondo a todos suas

conclusões. Essa atividade despertou muito o interesse dos alunos, principalmente

em conhecer as características do espaço urbano desde a Antiguidade e identificar

semelhanças e diferenças com o espaço urbano atual.

Segundo Corrêa (2004), o espaço urbano está fragmentado, articulado e

mantém relações espaciais com as demais regiões através de suas atividades. Por

ser resultado de natureza de relações sociais o espaço urbano da cidade capitalista,

é profundamente desigual, construindo por diferentes usos da terra. As formas

espaciais desempenham funções diferentes: áreas industriais, residenciais,

comerciais, de lazer, onde as diversas classes sociais vivem, se reproduzem e se

envolvem no dia a dia com os mais diversos valores que levam a conflitos sociais

que reivindicam o direito à cidade, a cidadania plena e igual para todos.

Para Sposito (1989), entender a cidade de hoje é fazer uma reflexão

sobre o urbano, resgatando a história a partir de dados econômicos, sociais,

políticos e culturais que, no decorrer do tempo, constroem e modificam os espaços

urbanos, melhorando a qualidade de vida da população, ao mesmo tempo em que

coloca em risco o meio ambiente por causa da industrialização e do

desenvolvimento tecnológico.

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Figura 1: Discussão do texto sobre a cidade (Pirapó, setembro de 2011) Fonte: arquivo pessoal.

A partir da leitura e discussão do texto sobre as cidades, os alunos

puderam perceber que é um espaço dinâmico nas suas diversas funções, lugar de

produção, de consumo e um espaço social e articulado, percebendo que tais

características estão presentes na sua cidade na qual puderam relatar nas questões

propostas.

- LEITURA DE MAPAS DO MUNICÍPIO

Os alunos organizaram-se em duplas para a leitura do mapa do

município: no mapa do Paraná deveriam localizar o município de Apucarana,

municípios circunvizinhos e o Distrito de Pirapó, na composição do município de

Apucarana-PR.

Os alunos foram orientados para que fizessem a leitura dos mapas,

observando as legendas e símbolos, explorando as informações do mesmo e

demarcando o município de Apucarana e o distrito de Pirapó. Ao final do trabalho,

pudemos perceber que o objetivo foi alcançado, uma vez que quase todos

conseguiram localizar, demarcar e interpretar as informações contidas no mapa.

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Todos os mapas utilizados na realização desse trabalho tiveram como

fonte: Ideplan – Plano Diretor do Município de Apucarana – Prefeitura de

Apucarana/Paraná.

- CONFECÇÃO DO MAPA

Complementando a leitura do mapa do município, os alunos

desenvolveram como atividade prática a construção dos mapas estudados. Em

grupos, os alunos receberam os mapas do município de Apucarana.

1 - Paraná, localização do município.

2 - Apucarana e municípios vizinhos

3 - Distrito de Pirapó na composição do Município de Apucarana.

A construção dos mapas se deu a partir da ampliação dos mapas, para

posterior colagem em uma base de papelão; em uma folha de seda foram

transferidos os limites e todos os dados do mapa: título, legenda, símbolos.

Foram construídos mapas, com pintura (guache), recortes (papéis

dobradura e E.V.A). Todos os grupos realizaram com êxito o que foi proposto e os

trabalhos foram expostos para todo o colégio.

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Figura 2: Construção de mapas pelas equipes (Pirapó, outubro de 2011) Fonte: arquivo pessoal.

Figura 3: Construção de maquetes (Pirapó, outubro de 2011) Fonte: arquivo pessoal.

- PESQUISA DE CAMPO

Para a concretização do estudo sobre o espaço urbano de Pirapó, através

de entrevista com os moradores do Distrito de Pirapó, procuramos colher dados

sobre o perfil da população e de suas percepções sobre a infraestrutura do local

onde moram.

Nesse momento, que consideramos de produção do conhecimento, a

prática objetivou conhecer o espaço estudado, captando informações sobre a

realidade onde vive o educando, buscando integrar, discutir as informações

coletadas, levando à percepção de que os conteúdos da sala de aula estão

presentes em seu entorno.

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Segundo observamos, esse trabalho de campo, ferramenta utilizada como

método de trabalho dos geógrafos desde os primórdios, é o próprio processo de

produção de conhecimento, uma forma de integração da teoria à prática, trazendo

uma compreensão da configuração da paisagem, aspecto importante de nosso

estudo. Por isso, compreendemos que a realidade do campo quanto aos aspectos

sociais e naturais devem estar integrados, evitando a fragmentação da realidade,

contribuindo para dar significado às transformações socioambientais do entorno.

Reiteramos, então, que um trabalho de campo limitado ao nível da

paisagem não nos permite uma compreensão da espacialidade do modo de

produção capitalista. Por isso, não pode prescindir da teoria, sob pena de tornar-se

evasivo, distanciando o processo de ensino-aprendizagem da essência dos

fenômenos geográficos, conforme reforça Lacoste (1985, p.20):

O trabalho de campo para não ser somente um empirismo, deve articular-se à formação teórica que é, ela também, indispensável. Saber pensar o espaço não é colocar somente os problemas no quadro local; é também articulá-los eficazmente aos fenômenos que se desenvolvem sobre extensões muito mais amplas.

O trabalho de campo, sob nossa orientação, ocorreu de forma tranquila. É

importante lembrar que é necessário, antes da saída a campo, orientar os alunos na

forma de abordar as famílias entrevistadas, procedendo à sua identificação, além de

definir com antecedência o dia e a hora do referido trabalho a ser realizado, a

organização dos grupos e material necessário. Além disso, expusemos aos alunos

os passos a serem seguidos na pesquisa de campo, tais como a delimitação do local

da pesquisa, questões a serem colocadas: quanto ao número de pessoas na casa,

se é próprio ou alugado, tempo que reside, como foi adquirido, os motivos que

levaram a adquirir o imóvel, a infra estrutura que o bairro possui e o que falta,

melhorias que faltam.

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Figura 4: Pesquisa de campo - Residencial Porto Seguro Pirapó (novembro de 2011)Fonte: arquivo pessoal novembro de 2011.

A pesquisa transcorreu conforme o previsto; os alunos estavam bastante

motivados e o objetivo foi atingido plenamente. Ao retornar do campo, com o

material coletado, foram organizados em grupo para organização e tabulação dos

dados coletados, que contou com a orientação da professora de matemática para

construção dos gráficos; o trabalho foi exposto para a comunidade escolar. Essa

prática é um instrumento no ensino de Geografia, capaz de fornecer elementos

importantes ao aprendizado além da sala de aula. Como conhecer melhor o espaço

a sua volta identificando os elementos físicos e sociais que se relacionam entre si.

Figura 5: Pesquisa de campo - Residencial Porto Seguro Pirapó (novembro de 2011)Fonte: arquivo pessoal novembro de 2011.

Outro ponto importante do trabalho de campo incorporado pelos alunos foi

o planejamento, estabelecer roteiros, se preparar para a realização do trabalho de

campo, entre outros. O espírito de equipe também ficou evidente para que o

resultado fosse satisfatório e o objetivo alcançado, qual seja, conhecer melhor o

espaço urbano que vivem e suas transformações.

- RESULTADOS DA PESQUISA EMPÍRICA

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Como resultado da pesquisa realizada pelos alunos juntos aos moradores de

Pirapó, apresentamos, no gráfico a seguir, o perfil por amostragem Residencial

Porto Seguro, Pirapó, Apucarana-PR.

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Figura 6: Gráfico – pesquisa por amostragem - Residencial Porto Seguro Pirapó.Fonte: informações coletadas in loco.

Em relação à primeira pergunta, sobre o grau de escolaridade, observou-

se que a grande maioria dos moradores do Conjunto Porto Seguro são

alfabetizados, havendo concluído o segundo grau, constatação que superou as

expectativas dos alunos.

Quanto à segunda pergunta, relacionada ao total de pessoas na

residência, constatou-se que são famílias pequenas, com cerca de três a quatro

moradores por residência. Eram geralmente o casal e um filho ou um casal e dois

filhos. Esse foi um resultado esperado, tendo em vista que o Conjunto Porto Seguro

é um empreendimento novo, formado por casais jovens iniciando a sua vida

conjugal.

Para a terceira pergunta, em relação ao tipo de imóvel, se próprio ou

alugado, verificamos que, a maioria dos imóveis são próprios, característica do

empreendimento que surgiu a partir de financiamento oferecido pela Caixa

Econômica. Uma minoria é alugada: somente cinco famílias alugaram o imóvel de

outros proprietários.

A pergunta quatro, em referência ao tempo de residência no imóvel,

obteve uma resposta esperada: a maioria das famílias reside no local entre 3 e 6

anos, uma vez que é um residencial novo.

Quanto à pergunta cinco, da forma pela qual o imóvel foi adquirido,

tivemos resposta também previsível: a maioria é financiada. Nesse item, chamou a

atenção o fato de que um número expressivo de moradores adquiriu o imóvel

através de recursos próprios, com uma quantia de entrada e o restante financiado.

A pergunta seis, sobre os motivos que levaram a adquirir o imóvel, obteve

respostas relacionadas à proximidade de familiares (a opção mais respondida),

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seguida pela opção valor do imóvel, esta relacionada com a forma de financiamento:

as novas linhas de crédito disponibilizadas pelo governo à população de baixa

renda.

Ao indagarmos sobre a infraestrutura do bairro, verificamos que na

percepção dos moradores, o serviço mais reivindicado é o asfalto, ausente em

várias ruas, o que traz grande incômodo aos moradores, principalmente, nos dias de

chuva. O segundo item mais citado foi a falta de saneamento básico, pois o conjunto

não possui rede de esgoto. Essas duas deficiências, como se conclui, deixam a

desejar no aspecto da qualidade de vida dos moradores.

A última pergunta se referiu ao grau de satisfação geral com o imóvel, a

qual obteve como resposta que a maioria dos entrevistados considerou o conjunto

Porto Seguro bom para residir. A segunda opção mais respondida foi ótima, o que

leva à conclusão que os moradores estão satisfeitos com o investimento e com a

aquisição do imóvel.

A pesquisa de campo, realizada no conjunto habitacional Porto Seguro,

não teve a pretensão de buscar solução para os problemas detectados no conjunto,

mas, sim, de analisar o perfil das condições de vida de seus moradores. Como

referimos, visamos a contribuir para a construção do conhecimento geográfico dos

alunos sobre a urbanização de seu município, confiando na motivação criada a partir

da proposta de trabalho de campo.

O objetivo da pesquisa foi alcançado, vez que os alunos puderam

conhecer melhor o espaço pesquisando, conhecendo o perfil da população do

bairro, sendo protagonista de seu próprio conhecimento identificando que a

realidade e a teoria estão interligadas. Percorrendo o bairro, puderam perceber as

mudanças espaciais e sociais, confrontando a realidade vista com o que precisa ser

melhorado.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

No início da inscrição para o curso de formação do Programa de

Desenvolvimento Educacional (PDE), vários temas eram propostos pela Secretária

de Educação dentro da área de Geografia, destacando-se o conteúdo sobre a

urbanização como nossa área de interesse. Já visualizávamos uma proposta de

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trabalho sobre a urbanização do município, em uma pesquisa voltada para a

realidade do espaço em que vivemos e trabalhamos.

Desse modo, as discussões sobre a urbanização foram propostas não

apenas para tratar de conteúdos específicos da disciplina, mas para entender que a

construção do espaço urbano em que vivemos é resultado de uma evolução dos

elementos culturais, sociais e econômicos, no decorrer da história, os quais

serviram para construção do espaço atual. Da mesma forma, evidenciamos a

possibilidade de se trabalhar a Geografia de um bairro apenas, na riqueza dos

elementos sociais e espaciais que o constituem.

No desenvolvimento das atividades, houve a preocupação em ouvir relato

dos alunos sobre o espaço em que vivem, levando-os, em contrapartida, a perceber

que suas experiências e vivências são também constituintes da configuração do

entorno em que habitam.

Procuramos trazer metodologias como a pesquisa de campo e a

construção de mapas, na abordagem do tema, as quais mostraram seus resultados

positivos na motivação e participação de todos os alunos.

Assim, tanto em relação ao projeto de intervenção como ao material

didático produzido, os resultados obtidos foram significativos, tanto para o

aprendizado dos alunos, como para a nossa experiência docente.

Em nossa concepção, a proposta envolvendo o estudo do entorno social

dos alunos mostrou-se bastante produtiva em relação à construção do conhecimento

geográfico, especialmente, ao constatarmos, pela pesquisa de campo, que muito se

pode produzir a partir de um recorte da realidade.

A participação no programa PDE foi um momento importante de nossa

trajetória, quando pudemos constatar que a partir de subsídios teóricos,

metodologias e diferenciadas podemos fazer a diferença no envolvimento dos

alunos com a disciplina. Ao voltarmos o olhar para fora da sala de aula e ao

cotidiano dos alunos, redescobrimos o potencial de metodologias eficazes em

proporcionar experiências significativas de aprendizagem aos alunos da Rede

Pública do Estado do Paraná.

REFERÊNCIAS

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APUCARANA. IDEPPLAN; Plano Diretor do Município de Apucarana. 2008.Disponívelem:http://www.apucarana.pr.gov.br/idepplan/idepplan.htm > acesso em: 23 mar. 2011.

CARLOS, Ana Fani A. O espaço urbano. São Paulo: Contexto, 2004. (Coleção Novos Escritos sobre a Cidade)

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