crescimento urbano, aumento do ruído e seus impactos no conforto

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PRO-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E EXTENSÃO NÚCLEO DE ESTUDOS E PESQUISA EM QUALIDADE DE VIDA E MEIO AMBIENTE MESTRADO EM DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE URBANO TONYA PENNA DE CARVALHO PINHEIRO DE SOUZA CRESCIMENTO DO RUÍDO URBANO E SEUS IMPACTOS NO CONFORTO ACÚSTICO DE ESPAÇOS HOSPITALARES. BELÉM 2011

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PRO-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E EXTENSÃO NÚCLEO DE ESTUDOS E PESQUISA EM QUALIDADE DE VIDA E MEIO AMBIENTE

MESTRADO EM DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE URBANO

TONYA PENNA DE CARVALHO PINHEIRO DE SOUZA

CRESCIMENTO DO RUÍDO URBANO E SEUS IMPACTOS NO CONFORTO ACÚSTICO DE ESPAÇOS HOSPITALARES.

BELÉM 2011

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TONYA PENNA DE CARVALHO PINHEIRO DE SOUZA

CRESCIMENTO DO RUÍDO URBANO E SEUS IMPACTOS NO CONFORTO ACÚSTICO DE ESPAÇOS HOSPITALARES.

Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente Urbano da Universidade da Amazônia com requisito para obtenção do grau de Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente Urbano, sob a orientação da profª. Drª. Elcione Maria Lobato de Moraes.

BELÉM 2011

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TONYA PENNA DE CARVALHO PINHEIRO DE SOUZA

CRESCIMENTO DO RUÍDO URBANO E SEUS IMPACTOS NO CONFORTO ACÚSTICO DE ESPAÇOS HOSPITALARES.

Banca Examinadora _____________________________________ Profa Drª Elcione Maria Lobato de Moraes Orientadora - UNAMA _____________________________________ Profª. Drª. Cinthya Lynch UNAMA _____________________________________ Profº. Drº. Antonio Marcos de Lima Araújo IESAM e IFPA Data da avaliação: ____/ ____ / 2011. Conceito: 10 (DEZ)

BELÉM 2011

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Aos meus pais, Luiz Alberto e Maria Clara, pela dedicação e educação que me proporcionaram. Aos meus filhos amados José e Hugo, meus maiores incentivos em todos os momentos.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, pela fé, saúde e equilíbrio nos momentos difíceis; A Jesus, que me carrega todos os dias; A Nossa Senhora de Nazaré, por ter alcançado esta graça; A Universidade da Amazônia, pela oportunidade para realização deste curso; Aos pacientes, acompanhantes e gestores do Hospital Santa Casa, pela paciência, disponibilidade e confiança no meu trabalho; A minha orientadora, amiga professora Drª Elcione Lobato de Moraes, pelo carinho, dedicação e competência; Aos Professores Dr. Francisco Paco e Professor Dr. Antônio Moreno, pelo carinho; Às minhas alunas, em especial, as que participaram desta pesquisa: Rhafaela, Carolina Pamella, Isabele e Malu pelo respeito ético e comprometimento pelo estudo; Aos professores do curso do mestrado e em especial ao Coordenador do curso Professor Drº Marco Aurélio, pelos conteúdos brilhantes repassados; Às minhas queridas amigas Bia, Simone, Tânia, Cinthya, Francisca, Tainá, Alexandra, Bethe, Suzana e Heloisa pela amizade sincera e apoio fundamentais para a conclusão do curso; As minhas queridas tias Elisa e Florinda, por todos os momentos que compartilhamos e pela amizade sempre presente e confiante nos momentos que eu mais precisava; Aos meus pais brasileiros Luiz e Clara e americanos Ivan e Ignês, pela força e incentivo para conclusão do curso; Ás minhas amigas Socorro e Lucita, do grupo de oração, pelas orações de fé;

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Vamos fazer tudo que depende de nós, mas sabendo que tudo depende de DEUS.

LUCAS, 21,5-19

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RESUMO

A presente pesquisa objetivou comprovar a eficiência, ou não, das condições de conforto

acústico em um ambiente hospitalar, neste caso, das enfermarias da Santa Casa de

Misericórdia do Pará sob influência do ruído urbano e sua influência no bem estar físico e

subjetivo dos pacientes. O arcabouço teórico da pesquisa foi delineado sob a literatura de

conforto acústico e ruído urbano. No entanto, outros conceitos também foram considerados,

tais como, espaços hospitalares, espaço urbano e humanização. Para a realização do trabalho,

recorreu-se às pesquisas bibliográficas, documental e de campo. O público alvo foi definido

entre os pacientes e seus acompanhantes que permanecem durante um período mínimo de 8

horas/dia nos espaços hospitalares sob influência do ruído urbano. Observou-se como

hipótese da pesquisa que as condições de conforto acústico das enfermarias, sob impacto do

ruído urbano, contribuíram para o retrocesso do quadro clínico dos pacientes durante a sua

permanência no hospital. Constatou-se na análise dos resultados obtidos que as enfermarias

São Paulo, Frei Caetano, São Francisco e Santa Ludovina possuem associação

estatisticamente significativa com a categoria “Pouco” incomodo com o ruído causado pelos

carros que trafegam nas suas proximidades aos pacientes e acompanhantes das suas

instalações. A enfermaria São Roque possuiu maior associação com as categorias, “Regular”,

“Forte” e “Muito forte” em relação ao incomodo provocado pelo ruído dos carros e a

enfermaria Santana apresenta maior associação com as categorias “Regular” e “Muito Forte”.

Palavras-chave: Ruído urbano. Conforto acústico. Humanização. Espaços hospitalares.

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ABSTRACT

This study aimed to prove the efficiency, or the lack of it, of the acoustic comfort conditions

in a hospital environment, in this case the wards of the Santa Casa de Misericordia do Para

under the influence of urban noise and its influence on physical and subjective well-being of

patients. The theoretical research was outlined under the literature of urban noise and acoustic

comfort. However, other concepts will also be considered, such as hospital spaces, urban

space and humanization. To perform the work, we resorted to library research, documental

and field. The target was set between patients and their caregivers who remain for a minimum

of 8 hours per day on hospital grounds under the influence of urban noise. It was observed as

a research hypothesis that the terms of acoustic comfort on the wards, under the impact of

urban noise, have helped to reverse the situation of patients during their stay in hospital. It

was found on the analysis of the results that the wards Paul Frei Caetano, San Francisco and

Santa Ludovina have a statistically significant association with the category "little bit"

uncomfortable with the noise caused by cars traveling on their proximity to patients and

companions of their facilities. The infirmary San Roque had greater association with the

categories “Regular”, “Strong”, and “Very Strong” in relation to nuisance caused by noise

from cars, and the ward Santana correlates more closely with the categories “Regular” and

“Very Strong”.

Keywords: Urban noise. Acoustic comfort. Humanization. Hospital grounds.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Santa Casa de Misericórdia do Pará 13 Figura 2: Localização da Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará 37 Figura 3: Localização das enfermarias estudadas 38 Figura 4: Fotos referentes a brinquedoteca da Santa Casa de Misericórdia do Pará 40 Figura 5: Mapa acústico de Belém do bairro do Umarizal 48 Figura 6: Efeitos do excesso de ruído sobre o organismo 54 Figura 7: Análise de correspondência das variáveis enfermaria versus ruído dos carros 71 Figura 8: Análise de correspondência das variáveis enfermaria e ruído dos ônibus e

caminhões 73

Figura 9: Análise de correspondência das variáveis enfermaria e ruído das ambulâncias e sirenes

75

Figura 10: Análise de correspondência das variáveis enfermaria e ruído dos carros som 77 Figura 11: Análise de correspondência das variáveis enfermaria e ruído das buzinas 79

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Características dos participantes do estudo 62 Tabela 2: Distribuição dos participantes por enfermaria 63 Tabela 3: Percepção dos participantes sobre o barulho nas enfermarias 64 Tabela 4: Período do dia que percebem a enfermaria mais barulhenta 65 Tabela 5: Grau de estresse do provocado pelo ruído de rua nos participantes, de acordo com a localização das enfermarias

66

Tabela 6: Perda do sono a noite por enfermaria 67 Tabela 7: Intensidade de dor cabeça por enfermaria 68 Tabela 8: Irritabilidade por enfermaria 69 Tabela 9: Percepção do ruído dos carros por enfermaria 70 Tabela10: Percepção do ruído dos ônibus e caminhões por enfermaria 72 Tabela 11: Percepção do ruído das ambulâncias e suas sirenes por enfermaria 74 Tabela 12: Percepção do ruído dos carros de som por enfermaria 76 Tabela 13: Percepção do ruído das buzinas dos veículos por enfermaria 78 Tabela 14: Percepção dos sons agradáveis e desagradáveis 80 Tabela 15: Descrição da percepção do ruído pelos pacientes, acompanhantes e servidores da enfermaria São Roque

83

Tabela 16: Percepção do incômodo do ruído sobre a saúde dos pacientes, acompanhantes e servidores da enfermaria São Roque

84

Tabela 17: Descrição da percepção do ruído pelos pacientes, acompanhantes e servidores da enfermaria Frei Caetano

85

Tabela 18: Percepção do incômodo do ruído sobre a saúde dos pacientes, acompanhantes e servidores da enfermaria Frei Caetano.

86

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LISTA DE SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Norma Técnica AC Análise de Correspondência AMAM Projeto de Aleitamento Materno CINE VIDA Cinema Sobre a Vida CONAMA Conselho Nacional de Meio Ambiente dB Decibel dBA Decibel Leq A GTH Grupo de Trabalho de Humanização H1N1 Gripe Influência A sub Tipo H1N1 HUMANIZA-SUS Programa de Humanização do Sistema de Saúde Hz Hertz IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ISSO Internacional Organization for Standardization MAB Mapa Acústico Belém NBR Norma Brasileira de Ruído NR Norma Regional OIT Organização Internacional do Trabalho OMS Organização Mundial de Saúde PNH Política Nacional de Humanização PNHAH Programa Nacional de Humanização de Assistência Hospitalar RN Recém Nascido RT Reunião de trabalho SEEPS Secretaria Especial de Proteção Social SLOW Devagar SO Saúde Ocupacional SUS Sistema Único de Saúde UNFPA Union Nations Population Funa UTI Unidade de Terapia Intensiva WHO World Helath Organization

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 13 2 OBJETIVOS 18 2.1 GERAL 18 2.2 ESPECÍFICOS 18 3 TRILHAS METODOLÓGICAS PERCORRIDAS 19 4 CRESCIMENTO URBANO 21 4.1 INTRODUÇÃO 21 4.2 PROCESSO DE URBANIZAÇÃO NAS GRANDES CIDADES 21 4.3 PROCESSO DE URBANIZAÇÃO NO BRASIL 24 4.4 IMPACTOS DECORRENTES DO PROGRESSO DE URBANIZAÇÃO NO

BRASIL 27

4.5 CONCLUSÃO 29 5 HUMANIZAÇÃO HOSPITALAR 31 5.1 INTRODUÇÃO 31 5.2 POLÍTICA NACIONAL DE HUMANIZAÇÃO 33 5.3 MODERNIZAÇÃO E HUMANIZAÇÃO DA SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DO PARÁ

36

5.4 CONCLUSÃO 40 6 O RUÍDO 42 6.1 INTRODUÇÃO 42 6.2 RUÍDO URBANO 43 6.2.1 Introdução 43 6.2.2 Ruído urbano e sustentabilidade nas cidades 44 6.2.3 Panorama do ruído urbano no mundo 46 6.2.4 Ruído urbano em Belém 47 6.3 O RUÍDO HOSPITALAR 49 6.3.1 Introdução 49 6.3.2 Contextualização do ruído hospitalar e a saúde ocupacional 50 6.3.3 O Ruído na Santa Casa de Misericórdia do Pará 51 6.4 EFEITO DO RUÍDO URBANO SOBRE A SAÚDE 52 6.4.1 Introdução 52 6.4.2 Efeitos extra-auditivo do ruído na saúde 53 6.5CONCLUSÃO 56 7 RESULTADOS 58 7.1 DESCRIÇAO DAS ENFERMARIAS 58 7.1.1 Enfermaria São Roque 58 7.1.2 Enfermaria Frei Caetano 59 7.1.3 Enfermaria São Francisco 59 7.1.4 Enfermaria São Paulo 59 7.1.5 Enfermaria Santana 60 7.1.6 Enfermaria Ludovina 60 7.2 ANÁLISES E DISCUSÃO DOS RESULTADOS 61 7.2.1 Perfil/Deficiência Auditiva 61 7.2.2 Conforto acústico 64

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7.2.3 Interferência/sintomas 66 7.2.4 Ruído do tráfego 70 8 ESTUDO COMPARATIVO DO NÍVEL DE RUÍDO EM DUAS

ENFERMARIAS 81

8.1 INTRODUÇÃO 81 8.2 ANÁLISE 82 8.2.1 Enfermaria São Roque 82 8.2.2 Enfermaria Frei Caetano 84 8.2.3 Análise dos níveis de ruído 86 8.2.4 Conclusão do estudo comparativo 88 9 CONCLUSÃO 89 REFERÊNCIAS 92 APÊNDICE A – QUESTIONARIO 99 APÊNDICE B - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO 105 APÊNDICE C - RELATÓRIO DA SEEPS 107 ANEXO A - COMITÊ DE ETICA EM PESQUISA 108

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1 INTRODUÇÃO

No período de 2002 a 2006, no estado do Pará, na Amazônia, nasce um inovador

projeto de modernização e humanização dos espaços físicos dos hospitais públicos da rede do

Sistema Único de Saúde (SUS). Coordenado pela então Secretaria Especial de Proteção Social

(SEEPS), um desses espaços foi a Santa Casa de Misericórdia do Pará, um hospital

centenário, com 346 leitos, voltado ao atendimento de pacientes de Belém e do interior do

Estado, em várias especialidades médicas, entre elas as destinadas, ao atendimento materno

infantil. A figura 1 abaixo ilustra a vista principal do Hospital objeto de estudo.

Figura 1: Santa Casa de Misericórdia do Pará. Fonte: Autoria própria, 2010.

O projeto de humanização foi uma política pública desenhada pelo governo estadual

para assegurar aos pacientes atendidos pelo SUS um serviço de qualidade, com conforto

ambiental e atendimento digno para suprir as suas necessidades básicas na área da Saúde. O

trabalho desenvolvido nessa área, no período citado, ganhou destaque na UTI Neonatal, nos

espaços do Cantinho do Peito e da Mãe Canguru e, ainda, em grande parte das alas de

enfermagem, que passaram por reformas e foram equipados dentro de padrões técnicos para

assegurar o conforto ambiental desses pacientes.

A enfermaria de cirurgia pediátrica e outras como, São Francisco, São Roque, Frei

Caetano, Santa Ludovina, Santana e São Paulo, por exemplo, foram reformadas para oferecer

aos pacientes um acolhimento humanizado. Além do conforto ambiental para impedir

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claridade externa, a sua estrutura física foi pintada com tinta lavável na cor creme e as

enfermarias ganharam uma ambiência baseadas no universo infantil, com destaque para as

personagens do Sítio do Pica Pau Amarelo, do escritor brasileiro Monteiro Lobato.

A enfermaria tinha como foco prioritário o atendimento eletivo de pacientes

encaminhados para cirurgia pediátrica, com ênfase no tratamento especializado em cirurgia

infantil, neurocirurgia e com prioridade para os pacientes infantis vítimas de escalpelamento,

atendendo a uma orientação do Ministério Público e do Governo do Estado. O trabalho no

local contava com um corpo clínico multiprofissional, incluindo cirurgiões infantis, pediatras,

enfermeiros, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, nutricionistas, pedagogos, assistente social,

psicólogos e terapeutas ocupacionais.

Com o mesmo objetivo de oferecer esse serviço humanizado foi instalado na Santa

Casa o serviço do follow-up, implantado para assegurar um acompanhamento rigoroso das

crianças no sentido de dar-lhes maior oportunidade de terem melhor qualidade de vida. O foco

principal eram os recém nascidos de risco que recebiam acompanhamento nos primeiros dois

anos de vida, tudo dentro de um ambiente acolhedor e confortável.

Picada (1999, p.2) afirma que conforto ambiental “está intimamente ligado às

necessidades psicossomáticas do indivíduo que, muitas vezes, têm que ser expressas para que

possam ser atendidas e, em outras vezes, por tão específicas e particulares são relegadas a

solução genérica adotada”.

Dessa forma, setores do hospital foram dotados de ambientes internos e externos

acolhedores, resolutivos e humanos tanto para os profissionais, como para usuários e

familiares, atendendo o que determina o Ministério da Saúde, por meio das diretrizes da

Política Nacional de Humanização – Humaniza SUS. (BRASIL, 2004).

Dentro desses objetivos foram delineadas as políticas públicas que permitiram levar

aos espaços indicados dentro da Santa Casa de Misericórdia do Pará um trabalho de

humanização e de conforto ambiental que assegurassem, aos usuários dos serviços, uma

melhor atenção e um atendimento mais eficiente, a partir de uma ambiência acolhedora e

confortável. Como tivemos a oportunidade, na época, de participar da equipe multidisciplinar

que efetivou essa política, por meio do programa de Humanização dos Hospitais, do Governo

do Estado, surgiu o nosso interesse em pesquisar sobre essa temática.

O projeto contemplou apenas alguns enfoques das vertentes do conforto ambiental:

cores, iluminação e climatização, e surgiu uma lacuna a ser estudada referente ao contexto do

conforto acústico nas enfermarias, São Roque, Frei Caetano, São Paulo, São Francisco e Santa

Ludovina e Santana.

Page 15: Crescimento urbano, aumento do ruído e seus impactos no conforto

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Sabe-se que a construção de um hospital exige um grande volume de recursos

financeiros para dotá-los de equipamentos e para mantê-lo operacionalmente. O que se

observou, no entanto, é que poucos gestores públicos se preocupavam em assegurar aos

usuários condições mais humanizadas de atendimento, tanto no que se refere à garantia de

ambientes mais aconchegantes até mesmo a ausência de filas e outros fatores. O hospital da

Santa Casa de Misericórdia parece ter rompido essa lógica ao investir nesse setor,

caminhando para perto do que Martins, V. (2004, p.1) chama de hospital do futuro.

Dessa forma, o hospital do futuro, além da viabilidade econômico-financeira, deve

atender aos requisitos de: expansibilidade, flexibilidade, segurança, eficiência e, sobretudo,

humanização. Nesse ponto, o conforto ambiental aparece como forte aliado nos processos de

cura de pacientes.

Segundo a mesma autora, o investimento na melhoria desses espaços reflete,

sobremaneira, no processo de cura do paciente, e indica que os estabelecimentos assistenciais

de saúde devem também, priorizar essa área. O que não pode ocorrer, é o paciente ter que

lutar para recuperar a sua saúde e ainda ser submetido a agressões do meio ambiente,

relacionadas a agentes físicos (ruídos, radiação ionizante e não ionizante, vibração, pressão

anormal, temperaturas extremas e outros), químicos (substâncias químicas em forma sólida,

líquida e gasosa), biológicos (vírus, bactérias, fungos e ácaros), ergonômicos e psicológicos

(MARTINS, V, 2004).

Para a Organização Mundial de Saúde (OMS) o limite de poluição sonora tolerável ao

ouvido humano é de até 65 decibéis. Acima disso, nosso organismo sofre estresse, o qual

aumenta o risco de doenças. Com ruídos acima de 85 decibéis aumenta o risco de

comprometimento auditivo, sendo os dois fatores determinantes para mensurar a amplitude da

poluição sonora, o tempo de exposição e o nível do barulho a que se expõe a pessoa, segundo

Oliveira (2000). O autor afirma ainda que “o ruído é uma das principais fontes de perturbação

em ambientes urbanos e em geral as grandes cidades representavam 70% das reclamações aos

órgãos de controle ambiental”. Assim o interesse da pesquisa referente ao ruído urbano na

área hospitalar surgiu através de um trabalho de modernização e revitalização desenvolvido

nas enfermarias da Santa Casa de Misericórdia do Pará.

O interesse deve-se também ao fato de que, embora a política implementada tenha

procurado assegurar os melhores resultados no que refere ao conforto ambiental dos espaços

citados, o trabalho realizado no grupo de modernização e humanização da SEEPS, através de

relatórios técnicos e de avaliação do grau de satisfação do usuário, do servidor e da

ambiência, não constou de dados e recomendações das normas direcionada à área acústica, o

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que acendeu o nosso desejo de aprofundar mais o conhecimento sobre essa questão, sobretudo

no que se refere ao conforto acústico relacionado ao controle de ruídos, a fim de verificar

como esse fator interfere no bem estar físico e subjetivo dos pacientes internados.

O interesse pela pesquisa se evidenciou por sabermos que a poluição sonora é um

problema mundial, que se agravou depois do advento da revolução industrial, ao ponto do

intolerável, segundo já alertavam Falk e Wood (1973) há mais de três décadas. De acordo

com os autores não há locais livres de excesso de ruído, pois estamos expostos durante todos

os momentos de nossas vidas: em casa, na rua e/ou no trabalho.

Nos hospitais, o ruído também se faz presente, o que pode trazer consequências

danosas à saúde dos pacientes, já que muitas unidades hospitalares estão localizadas em áreas

expostas a fontes intensas de ruídos externos, como por exemplo, o trânsito, os aeroportos e o

centro da cidade, o que exige um maior cuidado com a ambiência desses espaços. Bentley;

Murphy e Dudley (1977), no entanto, afirma que muito do ruído que ocorre nos hospitais

provêm, também dos setores internos, como das Unidades de Terapias Intensiva (UTI),

dotadas, muitas vezes, de equipamentos que contribuem para a ocorrência do problema, o que

exige que os cuidados nesses ambientes sejam redobrados.

Estudos realizados mostram que o ruído e seus efeitos afetam o estado psicológico dos

indivíduos e também causam perturbação do sono (TOPF; DILLON, 1988), em que a

Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos recomenda que os níveis de ruídos em

hospitais não devem exceder 45 dBA, no período diurno, e 35 dBA, no período noturno.

O bem estar físico e subjetivo de pacientes internados em ambientes hospitalar está

diretamente relacionado com as condições de conforto ambiental do espaço utilizado em todas

as suas vertentes: conforto acústico. O ruído urbano, por sua vez, é um dos principais

contaminadores do meio ambiente nas cidades, seu controle depende de grandes ações por

parte dos gestores municipais especialmente em zonas de uso especiais como o caso de zonas

hospitalares. A Santa Casa de Misericórdia do Pará está localizada em uma zona

acusticamente contaminada da cidade de Belém sendo afetada pelo ruído durante todos os

períodos do dia.

Com base nessas perspectivas e, ainda, por conta do nosso interesse pelo assunto,

sobretudo o relacionado à questão do ruído urbano nos espaços hospitalares, foi formulado o

seguinte problema de pesquisa a ser investigado: será que as condições de conforto acústico

interferem no bem estar físico e subjetivo dos pacientes internados na unidade de saúde a

ponto de alterar seu quadro clínico geral? Como hipótese alternativa acredita-se que as

condições de conforto acústico das enfermarias contribuem para o retrocesso do quadro

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clinico dos pacientes durante a sua permanência no hospital, e como hipótese nula que as

características do ruído e as condições de conforto acústico das enfermarias não contribuem

para o retrocesso do quadro clínico dos pacientes durante a sua permanência no hospital.

Esta dissertação foi dividida em cinco capítulos. No primeiro capitulo foi abordado o

crescimento urbano, bem como o processo de urbanização nas grandes cidades e no Brasil,

com as vantagens e desvantagens deste crescimento. O segundo refere-se a humanização no

espaço hospital e aborda a política nacional de humanização e a modernização e humanização

da Santa Casa de Misericórdia do Pará. O terceiro capítulo contempla o objeto de estudo

dessa pesquisa, no que tange o ruído urbano e a sustentabilidade na cidade e o panorama do

ruído urbano mundial, especificamente no município de Belém e no entorno da Santa Casa de

Misericórdia, contextualizando o ruído hospitalar e a saúde ocupacional, abordando o efeito

extra-auditivo físico e subjetivo do ruído urbano sobre a saúde. No quarto capitulo apresenta-

se as análises estatísticas e a discussão dos resultados alcançados. No quinto e ultimo capítulo

faz-se o estudo comparativo dos níveis de ruído entre duas enfermarias, uma localizada na

fase externa do edifício, portanto exposta ao ruído urbano; e a outra na face interna protegida

do ruído externo e as análises dos resultados cientificamente relevantes na conclusão, de

forma reflexiva.

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18

2 OBJETIVOS

2.1 GERAL

Analisar a influencia do ruído urbano nas condições de conforto acústico sobre o bem

estar físico e subjetivo dos pacientes da Santa Casa de Misericórdia do Pará.

2.2 ESPECÍFICOS

- Identificar as fontes de ruídos que interferem nas atividades desenvolvidas no objeto

de estudo;

- Analisar comparativamente o nível de ruído em duas enfermarias posicionadas

diferentemente em relação às ruas;

- Propor instrumento de gestão de conforto acústico nos espaços hospitalares da rede

pública.

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19

3 TRILHAS METODOLÓGICAS PERCORRIDAS

A pesquisa para o alcance do objetivo proposto foi dividida em cinco etapas,

envolvendo uma abordagem qualitativa, cuja orientação do ponto de vista teórico-

metodológico é de Chizzoti (1991, p.79):

a abordagem qualitativa parte do fundamento de que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, uma interdependência viva entre o sujeito e o objeto, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito. O conhecimento não se reduz a um rol de dados isolados, conectados por uma teoria explicativa; o sujeito observador é parte integrante do processo de conhecimento e interpreta os fenômenos, atribuindo-lhes um significado. O objeto não é um dado inerte e neutro, está possuído de significado e relações que sujeitos concretos criam em suas ações.

A primeira etapa refere-se a pesquisa documental e bibliográfica. Segundo Marconi

(2002), a pesquisa de campo é aquela que tem como objetivo obter informações e/ou

conhecimento acerca de um problema para o qual se procura uma resposta, ou de uma

hipótese que se queira comprovar, ou, ainda, descobrir novos fenômenos ou as relações entre

eles. Por isso, nessa etapa, foi feita a visita ao hospital Santa Casa de Misericórdia do Pará a

fim de resgatar informações do trabalho de humanização e de conforto ambiental

desenvolvidos no período de 2002 a 2006.

Foi feito o levantamento do arcabouço teórico que trate de humanização e de conforto

acústico em espaços públicos, sobretudo, em estabelecimentos hospitalares, relacionando-os

com literaturas que tratem de qualidade de vida e ruído urbano.

A pesquisa documental é definida por Severino (2007, p.32), como aquela que tem

como fonte, documentos no sentido amplo, que envolve os impressos e outros tipos, como:

jornais, fotos, filmes, gravações e documentos legais. “Nestes casos, os conteúdos dos textos

ainda não têm nenhum tratamento analítico, são ainda matéria-prima a partir da qual o

pesquisador vai desenvolver sua investigação e análise.” No que se refere à pesquisa

bibliográfica, o autor afirma que “é aquela que se realiza a partir do registro disponível,

decorrente de pesquisas anteriores, em documentos impressos, como livros, artigos, teses,

dentre outros”.

A segunda etapa corresponde ao levantamento dos dados físicos e subjetivos em todas

as enfermarias: São Roque, Santana, Santa Ludovina, Frei Caetano, São Francisco e São

Page 20: Crescimento urbano, aumento do ruído e seus impactos no conforto

20

Paulo, analisadas e descritas quanto suas localizações no capitulo dos resultados da

dissertação. Esta pesquisa apresentou riscos mínimos aos participantes da pesquisa e

resguardou-se a sua integridade física e moral. Não foram realizados procedimentos

invasivos ou perguntas constrangedoras. O risco possível seria a quebra da confidencialidade

pelo pesquisador, todavia foram tomados os cuidados para que isto não ocorra. Os

formulários, assim como os termos de consentimento livre e esclarecido, foram mantidos em

sigilo e incinerados após cinco anos. Outros benefícios foram os relacionados ao conforto

acústico urbano hospitalar

Na terceira etapa foi realizada a análise estatística e discussão dos resultados

encontrados. Os programas utilizados para realização deste trabalho foram o Microsoft Word

e Excel, os pacotes estatísticos Bioestat versão 5.0 e o SPSS versão 18, utilizados para

construir o banco de dados e investigar a relação entre as variáveis que envolvem esse estudo.

Os testes estatísticos aplicados foram os não paramétricos, Qui-quadrado de independência e

o teste G e Análise de correspondência (AC). Esta é uma técnica que se destaca pela sua

facilidade de aplicação e de interpretação, bem como por sua versatilidade no tratamento de

variáveis categóricas. Observa-se que a aplicação desta AC nos mapas percentuais permite

visualizar as proximidades (similaridades ou dessimilaridades) entre os objetos a serem

pesquisados.

A quarta etapa refere-se à caracterização do objeto de estudo e aplicação do projeto

piloto que consta de medições e entrevistas semiestruturadas, apenas nas enfermarias Frei

Caetano e São Roque, com o objetivo de ajustar o questionário para a coleta de dados

definitiva.

Minayo (2004, p.108) considera que o questionário semiestruturado “combina

perguntas fechadas (ou estruturadas) e abertas, onde o entrevistado tem a possibilidade de

discorrer o tema proposto, sem respostas ou condições prefixadas pelo pesquisador”.

Antes de iniciar a etapa de entrevista, o projeto foi submetido ao Comitê de Ética em

Pesquisa da Universidade da Amazônia, aprovado com o Protocolo Nº 273746/09 (Apêndice

C).

Nessa etapa foram observadas, também, as ações realizadas para conter a interferência

de fenômenos ambientais externos no espaço hospitalar com ênfase à contenção do ruído

urbano e na quinta e última etapa uma análise cientifica reflexiva na conclusão desta

dissertação.

Page 21: Crescimento urbano, aumento do ruído e seus impactos no conforto

21

4 CRESCIMENTO URBANO

4.1 INTRODUÇÃO

Nas últimas décadas, a principal característica das transformações sócioespaciais é o

crescimento da conurbação em aglomerações metropolitanas ou não-metropolitanas,

concentrando parcela crescente da população, assim como, o fenômeno de redução do peso

das atividades agrícolas no emprego e na renda das pessoas que habitam o meio rural, que tem

sido registrado em países desenvolvidos (CALADO; SANTOS, 2003).

Para Castells (1983, p.25) o fenômeno de urbanização pode ser definido como um

“processo social que concentra a população em um espaço, no qual se desenvolveram

aglomerações, funcional e socialmente; interdependentes, articulados em relação

hierarquizada”. Para o mesmo autor, este processo não deve ser visto apenas como

determinante de mudanças promissoras no espaço urbano e no desenvolvimento de uma

cidade, pois é responsável também por gerar nocividade à população, principalmente as que

afetam a saúde.

Assim, torna-se necessário realizar uma breve explanação sobre como o processo de

urbanização são realizadas nas grandes cidades, suas vantagens e desvantagens e os desafios

do crescimento urbano na nossa cidade.

4.2 PROCESSO DE URBANIZAÇÃO NAS GRANDES CIDADES

O termo genérico “cidade” tornou-se pouco preciso para expressar o sentido do que se

produziu socialmente como espaço urbano ou expansão de “cidade” a partir dos anos 40.

Desde então, procura-se adjetivar o termo para designar a resultante espacial do processo que

gerou forma às periferias metropolitanas (GROSTEIN, 2001).

Torna-se de grande importância iniciar essa discussão conforme Lefebvre (2002) já

que seus estudos sobre sociedades relatam que a sociedade urbana surgiu a partir do processo

de industrialização que resulta da urbanização completa. Esse fato provocou crescimento

desordenado, como citado anteriormente, não havendo preocupação em implantações de

Page 22: Crescimento urbano, aumento do ruído e seus impactos no conforto

22

hospitais, sejam públicos ou privados, em áreas tranqüilas com o objetivo de favorecer um

ambiente sossegado e saudável para os pacientes. Desta forma, os hospitais foram

implantados em zonas urbanas, perto de casas, prédios e em ambiente de grande tráfego de

veículos.

Só após os anos 60 a cidade assumiu um novo processo de desenvolvimento nacional

em consequência do chamado “modelo de substituição das importações” que acelerou a

urbanização. A partir de 1964, as cidades passaram a ocupar o centro de uma política

destinada a mudar o padrão de produção. No novo padrão, o Brasil instalou a indústria

automobilística que modificou radicalmente o sistema de transporte brasileiro. Recursos

financeiros foram drenados para o mercado habitacional, em grande escala, modificando o

perfil das cidades. Iniciou-se o processo de verticalização no país com a construção de

edifícios de apartamentos como forma de habitação da classe média (MARICATO;

ARANTES; VAINER, 2000).

Segundo Calado e Santos (2003), o crescimento urbano tem ampliado a divisão de

funções urbanas entre algumas cidades e a atração que alguns centros exercem sobre o

território. No Brasil a existência de áreas metropolitanas, onze aglomerações urbanas e várias

cidades de porte médio são a face de uma estrutura territorial, cuja contra face está no grande

número de municípios com população urbana inferior a 20 mil habitantes.

Dois fatores devem ser considerados no processo de crescimento urbano: o

populacional e o padrão de expansão física das ocupações urbanas. O primeiro representa um

desafio em si mesmo quando exerce um importante peso na expansão da infra-estrutura

urbana. Já o padrão de ocupação pode e deve ser entendido como um fator essencial para que

esse crescimento possa acontecer com maior ou menor custo social (UNFPA, 2007).

O Brasil possui cerca de 192 milhões de habitantes (estimativa do IBGE, 2010) o que

representa uma das maiores populações absolutas do mundo, destacando-se como a quinta

nação mais populosa do planeta. Ao longo dos últimos anos, o crescimento demográfico do

país tem diminuído o ritmo, que era muito alto até a década de 1960.

O aumento de concentração da população nas grandes cidades e do número de grandes

centros urbanos são características importantes do processo de urbanização brasileiro. Com o

crescimento populacional, as cidades se expandiram e, muitas vezes, as rodovias que tinham

como objetivo primordial o tráfego de entrada e saída dos municípios, ou de passagem pela

cidade, perdem esta função e se transformam em avenidas de intenso tráfego urbano

(CALIXTO; DINIZ; ZANNIN, 2001).

Page 23: Crescimento urbano, aumento do ruído e seus impactos no conforto

23

Para Maricato (2000), as reformas urbanas realizadas em diversas cidades brasileiras

entre o final do século XIX e início do século XX, lançaram as bases de um urbanismo

moderno “à moda” da periferia. Eram feitas obras de saneamento básico e embelezamento

paisagístico, implantavam-se as bases legais para um mercado imobiliário de corte capitalista,

ao mesmo tempo em que a população excluída desse processo era expulsa para os morros e as

franjas da cidade.

A mesma autora afirma que Manaus, Belém, Porto Alegre, Curitiba, Santos, Recife,

São Paulo e especialmente o Rio de Janeiro são cidades que passaram, no século XIX, por

mudanças que conjugaram saneamento ambiental, embelezamento e segregação territorial.

Segundo Grostein (2001) a urbanização imprimiu às metrópoles especificidades

regionais ao menos duas fortes características associadas ao modo predominante de fazer

“cidade”: apresentam componentes de “insustentabilidade” associados aos processos de

expansão da área urbana e de transformação e modernização dos espaços intraurbanos; e

proporcionam baixa qualidade de vida urbana a parcelas significativas da população.

Segundo Angel; Sheppard; Civco (2006), há que se distinguir estes dois processos,

pois é natural que o crescimento da população urbana leve a uma expansão das áreas urbanas

para comportar esse contingente populacional dentro das cidades. Mas o que se desenha,

enquanto um desafio, no século XXI, não é apenas a pressão dos números, mas como as

formas urbanas se moldam e são moldadas pelas tensões entre crescimento populacional e

expansão urbana.

O estágio atual do crescimento metropolitano tem como característica marcante a

importância assumida pela dimensão ambiental dos problemas urbanos, especialmente os

associados ao parcelamento, uso e ocupação do solo, com relevante papel desempenhado

pelos assentamentos habitacionais para população de baixa renda (GROSTEIN, 2001).

A mesma autora afirma que as regiões metropolitanas, por contingência ou natureza

das relações estabelecidas entre municípios que a compõem, dependeriam de políticas

integradas de desenvolvimento urbano e de ações articuladas, que seriam próprias de uma

gestão compartilhada. Pela ausência histórica de procedimentos desse tipo, agravaram-se as

inadequações no uso e ocupação do solo com forte impacto ambiental.

Dados do IBGE de 1998-2000 apontam índices significativos de crescimento da

população residente em favelas (118,33%) e de domicílios situados em favela (133,19%),

destacando-se o aumento nas regiões de Belém, Recife, Curitiba e São Paulo. (IGBE, 2009).

Grostein (2001) também destaca que em todas as cidades a expansão da área urbana

assumiu características semelhantes, isto é, não resultou de determinações ou projetos

Page 24: Crescimento urbano, aumento do ruído e seus impactos no conforto

24

articulados visando à extensão da cidade, mas, ao contrário, prevaleceram à difusão do padrão

periférico, condutor da urbanização do território metropolitano, perpetuando, assim, o

loteamento ilegal, a casa autoconstruída e os distantes conjuntos habitacionais populares de

produção pública, como seus principais propulsores.

A urbanização na Amazônia ocorreu a partir de uma política pública que sustentava

que os núcleos urbanos assumiam a função econômica e social. Trata-se de um processo

recente ocorrido há aproximadamente 40 anos. Em decorrência desta política quase dois

terços da população ocupou esses núcleos no início deste milênio (SERRE, 2001).

Já a urbanização de Belém está fortemente ligada ao comércio da borracha a partir de

1897 com o governo de Antonio Lemos (1897-1911). De forma similar a outras cidades no

mundo, as intervenções urbanas foram bastante comuns, tendo como modelo a cidade de

Paris, com ruas largas, iluminação pública e espaços verdes. A capital foi transformada em

centro financeiro e de consumo dos investidores estrangeiros e dos seringalistas. Para atender

a estas necessidades foram introduzidos planos de saneamento e embelezamento da cidade.

Com o intuito de facilitar o escoamento da produção e a transação comercial da borracha

foram construídas avenidas largas, calçadas nas ruas e instalada rede de esgoto. Foram, ainda,

construídos bosques, quiosques e praças, além de um serviço de transporte público (SARGES;

SOLER; MATOS, 1999).

Nos espaços centrais encontram-se construções de conjuntos de prédios residências e

comerciais que agravam os problemas ambientais com congestionamentos do trânsito nas

ruas. Da mesma forma a produção do espaço urbano, em Belém, segue a lógica de ocupação

de outras cidades brasileiras. Inicia-se nas áreas mais altas e mais valorizadas e atinge, mais

tarde, as áreas mais baixas que obedece, portanto, à lógica da produção e da valorização do

espaço da cidade (OLIVEIRA, 2000).

4.3 PROCESSO DE URBANIZAÇÃO NO BRASIL

O processo de urbanização no Brasil é considerado recente, tendo início no século XX

em que a população residente nas áreas urbanas passou a ser maior do que no meio rural. O

processo acelerado de urbanização que ocorria no Brasil provocou transformações

fundamentais da sociedade brasileira (BRITO, 2007).

Page 25: Crescimento urbano, aumento do ruído e seus impactos no conforto

25

Para Faria (1991 apud OJIMA, 2007, p.3) “a reflexão sobre a sociedade urbana no

Brasil se funde e confunde com a reflexão sobre os processos de mudança social que

caracterizam a constituição de uma sociedade urbano-industrial”. Pode-se considerar, então,

que grande parte dos estudos urbanos brasileiros consolidou-se sob o paradigma da produção

social do espaço, em que espaço urbano é tratado como a expressão material do modo de

produção capitalista.

Soares (2007) pontua que as décadas de 50 e 60 foram as mais promissoras para o

crescimento das atividades industriais no país. O mandato do então Presidente da República

Jucelino Kubitchek de Oliveira foi determinante para que isto ocorresse, uma vez que em seu

governo ocorreu um crescimento responsável por 80% da indústria nacional, reforçada pela

construção da cidade de Brasília e da Rodovia Belém-Brasília. Desta forma, o intenso e

contínuo crescimento da industrialização no país foi um dos fatores que mais contribuiu para

a urbanização das metrópoles.

Lacerda; Zancheti; Diniz (2000) afirmam que o Brasil é hoje um país urbano, uma vez

que 78% de sua população habitam em cidades. Esse resultado foi gestado, sobretudo, nas

décadas de 60 e 70, quando as metrópoles brasileiras foram estruturadas. As grandes cidades,

capitais em geral, passaram por um intenso processo de crescimento, decorrente da expansão

populacional e industrial. Além disso, absorveram os núcleos urbanos que se organizavam ao

seu redor.

De acordo com os mesmos autores a primeira fase do processo de metropolização,

correspondente, sobretudo às décadas de 60 e 70, foi caracterizada por um modelo de

crescimento urbano extensivo, isto é, de deslocamento contínuo das margens da área urbana

(a fronteira cidade/campo), gerando um desenho do território semelhante a uma mancha de

óleo com um centro e uma periferia de forma tentacular em contínua expansão.

De acordo com Santos (2005), o Brasil, como os demais países da América Latina,

apresentou intenso processo de urbanização, justamente na segunda metade do século XX.

Em 1940 a população urbana era de 26,3% do total. Em 2000 já era de 81,2%. Esse

crescimento se mostra mais impressionante ainda em números absolutos: em 1940, a

população que residia nas cidades era de cerca de 18,8 milhões de habitantes, e em 2000 ela

era de aproximadamente 138 milhões. Constata-se, portanto, que em 60 anos, os

assentamentos urbanos foram ampliados de forma a abrigar mais de 125 milhões de pessoas.

Ainda segundo Santos (2005), a partir da virada do século XIX e das primeiras

décadas do século XX que o processo de urbanização da sociedade brasileira começa

realmente a se consolidar, impulsionado pela emergência do trabalhador livre, pela

Page 26: Crescimento urbano, aumento do ruído e seus impactos no conforto

26

Proclamação da República e por uma indústria ainda incipiente, que se desenrola na esteira

das atividades ligadas à cafeicultura e às necessidades básicas do mercado interno.

A partir da última década do século XIX, houve um crescimento da população nas

cidades brasileiras em mais 2.718.968 habitantes. Exigindo um gigantesco movimento de

construção urbana para o assentamento residencial dessa população, bem como para a

satisfação de suas necessidades de trabalho, abastecimento, transporte, saúde, energia e água

(SANTOS, 2005).

Segundo Maricato; Arantes; Vainer (2000), a urbanização da sociedade brasileira tem

constituído, sem dúvida, um caminho para a modernização, mas, ao mesmo tempo, vem

contrariando aqueles que esperavam ver, nesse processo, a superação do Brasil arcaico,

vinculado à hegemonia da economia agroexportadora. O processo de urbanização recria o

atraso a partir de novas formas, como contraponto à dinâmica de modernização.

Para o mesmo autor, as características do Brasil urbano impõem tarefas desafiadoras, e

os arquitetos e planejadores urbanos não têm conhecimento acumulado nem experiência para

lidar com elas. A dimensão da tragédia urbana brasileira está a exigir o desenvolvimento de

respostas que devem partir do conhecimento da realidade empírica para evitar a formulação

das “idéias fora do lugar” tão característica do planejamento urbano no Brasil.

A fonte do movimento de urbanização, que se verifica a partir do fim da segunda

guerra mundial, é contemporâneo de uma fonte de crescimento demográfico, resultado de

uma natalidade elevada e de uma mortalidade em descenso, cujas causas essenciais são os

progressos sanitários, a melhoria relativa nos padrões de vida e a própria urbanização.

Alcançamos, neste século, a urbanização da sociedade e a urbanização do território,

depois de longo período de urbanização social e territorial seletiva (SANTOS, 2005). Durante

séculos o Brasil foi um país agrário, um país “essencialmente agrícola”, segundo a expressão

do conde Afonso Celso.

Segundo Vianna (1956, p.55 apud SANTOS, 2005, p.19):

urbanismo é condição moderníssima de nossa evolução social. Toda a nossa história é a de um povo agrícola é a história de uma sociedade de lavradores e pastores. É no campo que se forma a nossa raça e se elaboram as forças intimas de nossa civilização.

Page 27: Crescimento urbano, aumento do ruído e seus impactos no conforto

27

O mesmo autor inclui como elementos explicativos da urbanização o que chama “O

sistema social da colônia”. O sistema é formado pela organização político-administrativo,

onde as municipais eram atividades econômicas rurais com desenvolvimento de atividades

econômicas urbanas no comércio e mineração.

A urbanização brasileira conhece, ao longo das diferentes periodizações que se

proponham. Após os anos 1940-1950, os nexos econômicos ganham enorme relevo, e

impõem-se às dinâmicas urbanas na totalidade de território (SANTOS, 2005).

Conforme Santos (2005) foi necessário ainda mais um século para que a urbanização

atingisse sua maturidade, no século XIX, e ainda mais um século para adquirir as

características com as quais conhecemos hoje.

4.4 IMPACTOS DECORRENTES DO PROGRESSO DE URBANIZAÇÃO NO BRASIL

Paralelamente a uma evolução altamente positiva em relação à mortalidade infantil, à

esperança de vida ao nascer, à diminuição do crescimento demográfico e ao aumento da

escolaridade, o processo de urbanização no Brasil apresenta a reprodução de novos e antigos

males, nos indicadores de violência, pobreza, predação urbana e ambiental, poluição do ar e

da água (MARICATO, 2000).

Para Ojima (2007, p. 4) os impactos decorrentes do processo de urbanização e do

agravamento dos problemas sociais, ocorrem principalmente a partir da transferência de

população de áreas tipicamente agrárias para as aglomerações urbanas. Parece ter havido,

portanto, uma perspectiva na qual a associação entre processo de urbanização e a

industrialização limitou, em parte, a compreensão dos aspectos espaciais da urbanização.

Os problemas ambientais urbanos nas cidades brasileiras não são novos, entretanto, o

que está mudando é a consciência social de que muitos deles poderiam ser evitados e a

importância que a solução desses problemas assume para a sociedade. Em um território

urbanizado, onde prevalecem a escassez de terra adequada e acessível para o assentamento

das populações de baixa renda e a precariedade nas periferias em um quadro de exclusão e

pobreza, dificilmente poderão ser equacionados os problemas ambientais, sem uma política

habitacional (GROSTEIN, 2001).

Para a mesma autora, construir uma “cidade” é tarefa social complexa que requer

investimentos públicos e privados, projetos e programas de intervenção e justiça na

Page 28: Crescimento urbano, aumento do ruído e seus impactos no conforto

28

distribuição dos benefícios urbanos. Não basta abrir ruas e parcelar glebas em lotes. Para

introduzir qualidade ambiental na cidade informal, não basta regularizar loteamentos ou

urbanizar as favelas.

Além dos inúmeros eletrodomésticos e bens eletrônicos, o automóvel produzido pela

grande indústria promove, a partir dos anos 50, mudanças significativas no modo de vida dos

consumidores (que inicialmente eram restritos às faixas de maior renda) e também na

habitação e nas cidades. Com a massificação do consumo dos bens modernos, dos

eletroeletrônicos e dos meios de transportes, mudam radicalmente o modo de vida, os valores,

a cultura e o conjunto do ambiente construído (MARICATO, 1996).

Segundo Maricato; Arantes; Vainer (2000) o Brasil apresentou um crescimento

econômico acelerado durante o período de 1940 a 1980, sem, entretanto modificar

significativamente a forte desigualdade social. O impacto do declínio econômico nas décadas

de 80 e 90 sobre uma sociedade já desigual aprofundou a exclusão social.

O mesmo autor diz que nas décadas de 80 e 90, no Brasil, como em quase todo o

mundo (excetuando os Estados Unidos, nos anos 90), aumentaram a desigualdade social, o

desemprego, as relações informais de trabalho e a pobreza nas áreas urbanas. Mas é bastante

diferente iniciar o processo de reestruturação produtiva a partir de uma base de pleno emprego

ou de direitos universais relativamente extensivos ou de uma base na qual os direitos são

privilégios de apenas alguns.

Um dos indicadores mais expressivos e definitivos da piora nas condições de vida

urbana é o aumento da violência a níveis antes nunca vividos pelas metrópoles brasileiras. A

taxa nacional de homicídios, para cada 100 mil habitantes no final dos anos 90 é de 24,10, em

São Paulo e no Rio de Janeiro ela é mais do que o dobro. “O crescimento da violência está

relacionado de maneira intrínseca às metrópoles. É a principal causa de morte de homens com

idades entre 10 e 38 anos e já começa a afetar a expectativa de vida ao nascer da população

masculina brasileira”. (SIMÕES, 2000 apud MARICATO, 2000).

De acordo com Maricato; Arantes; Vainer (2000) a violência social sempre foi

característica das zonas rurais, consideradas atrasadas diante do universo urbano, que se

pretende moderno. Dadas suas dimensões, trata-se de um fenômeno inédito na sociedade

brasileira e desconhecido anteriormente aos anos 80. É justamente no início dessa década que

tal fenômeno ganha expressão significativa, coincidindo com o primeiro impacto recessivo

das “décadas perdidas”, o que levou o país a mergulhar no desemprego.

O fato de, à escala mundial, se verificar uma tendência de reforço da concentração das

populações em cidades, constitui certamente um argumento justificativo da consolidação de

Page 29: Crescimento urbano, aumento do ruído e seus impactos no conforto

29

uma corrente de investigação autônoma sobre a qualidade de vida urbana ao qual se junta, no

entanto, outro argumento, igualmente importante, que tem a ver com o reconhecimento de que

a urbanização atual, muitas vezes intensa e desordenada, é ela própria geradora de um

conjunto de problemas e de disfunções internas cuja influência nas condições de vida dos

cidadãos importa conhecer e avaliar (SANTOS; MARTINS, 2002).

Os mesmos autores dizem que a investigação atual sobre a qualidade de vida urbana

confronta-se, assim, com o desafio da procura de novos modelos de abordagem que levem em

conta as profundas mudanças econômicas, sociais e tecnológicas em curso que, justamente, se

têm vindo a manifestar de forma particularmente expressiva à escala das cidades.

4.5 CONCLUSÃO

A literatura permitiu entender que a urbanização é um fenômeno caracterizado pelo

crescimento acelerado da população nas cidades. Com este crescimento surgiram vários

problemas ambientais decorrentes de aumento e falta de planejamento urbano das cidades.

Dentre eles destaca-se a poluição sonora, que provoca sérios danos à saúde humana e causa

prejuízos em diversas áreas urbanas.

Com este crescimento acelerado, as áreas urbanas foram se desenvolvendo e ocupando

o solo sem um planejamento urbano e sem zonas próprias para construção de ambientes

especiais como hospitais e escolas.

Embora vários estudos realizados sobre urbanização na área hospitalar, ainda há

poucos dados técnicos e a aplicação das normas de conforto acústico nos hospitais é

praticamente inexistente, seja no interior dos edifícios hospitalares ou nas vias que os

contornam.

Considerando que a migração da população rural para as grandes cidades como Belém,

em busca de serviços de saúde, trabalho e melhoria de qualidade de vida, resulta no aumento

da circulação interna e externa nos espaços hospitalares, que fazem parte da realidade urbana

de hoje das cidades.

A literatura mostra, ainda, que não existem estudos relacionados ao crescimento e o

ruído urbano no entorno de áreas hospitalares, especificamente no caso das enfermarias

localizadas junto às vias de tráfego de ônibus e veículos grandes, carros de passeio,

ambulâncias e outros, que são fontes geradoras de ruído em potencial.

Page 30: Crescimento urbano, aumento do ruído e seus impactos no conforto

30

Os hospitais públicos permanecem nos corredores de intenso fluxo de veículos, sem

legislação que lhes garanta condições de conforto acústico. Os hospitais não estão imunes ao

processo de crescimento das cidades e da poluição sonora, ficando os pacientes e

acompanhantes expostos a níveis de ruído que interferem e causam efeitos na saúde e na

recuperação dos mesmos.

Em termos metodológicos, a literatura mostra que a maioria dos estudos é

desenvolvido nas grandes cidades com caráter quantitativo, experimental e/ou algumas

pesquisas de opinião. Verifica-se uma menor preocupação com estudos qualitativos que

relacionem o crescimento das cidades com impacto do ruído nas áreas hospitalares.

As pesquisas relacionadas aos problemas do ruído hospitalar ocorrem nas unidades

intensivas, e são produzidas através de aparelhos utilizados nos setores internos. Poucos

estudos contemplam as percepções dos pacientes internados, as interferências do ruído

urbano, o processo de urbanização como agravantes dos problemas de saúde e seus aspectos

físicos e subjetivos.

Page 31: Crescimento urbano, aumento do ruído e seus impactos no conforto

31

5 HUMANIZAÇÃO HOSPITALAR

5.1 INTRODUÇÃO

Este capítulo descreve a implantação do estudo de caso sobre a Política Nacional de

Humanização (PNH) e o programa de modernização e humanização da Santa Casa de

Misericórdia do Pará implantado nas seis enfermarias estudadas nesta pesquisa, baseada no

relatório de trabalho realizado pela equipe da SEEPS (2004).

De acordo com Lamounier (1999), a compreensão do significado das políticas públicas

corresponde a um duplo esforço: de um lado entender a dimensão técnico-administrativa que

a compõe buscando verificar a eficiência e o resultado prático para a sociedade das políticas

públicas; de outro lado reconhecer que toda política pública é uma forma de intervenção nas

relações sociais em que o processo decisório condiciona e é condicionado por interesses e

expectativas sociais.

A área de saúde no Brasil é uma função social exercida de forma ampla pelo Estado.

Apesar do SUS, no Brasil, legalmente fornecer cobertura integral de saúde a todos os

cidadãos do país, mostra na maior parte das vezes um péssimo funcionamento evidenciado,

por exemplo, pela demora no atendimento para consultas e exames médicos. As razões que

explicam este problema é uma questão que requer um tratamento tanto ligado à compreensão

das estruturas institucionais e de funcionamento administrativo do SUS quanto a argumentos

ligados à intermediação de interesses políticos inerentes ao processo da política de saúde o

Brasil.

Souza (2004) resume a política pública como o campo do conhecimento que busca, ao

mesmo tempo, “colocar o governo em ação” e/ou analisar essa ação (variável independente) e,

quando necessário, propor mudanças no rumo ou curso dessas ações (variável dependente).

O hospital, nesse sentido, deve ser um espaço humano para atender o conjunto de

necessidades e de saúde dos pacientes. Essa questão tornou-se mais importante com a

Constituição de 1988 que confere a todo cidadão o direito à saúde1 pública gratuita. Em 1990,

foi publicada a Lei Orgânica da Saúde – Lei no 8.080, de 19 de setembro de 1990, que

regulamenta a Constituição e cria o Sistema Único de Saúde (SUS), estabelecendo as

1 Saúde é entendida pelo Ministério da Saúde como o estado de completo bem estar físico, mental e social, não

só a ausência de doença.

Page 32: Crescimento urbano, aumento do ruído e seus impactos no conforto

32

competências dos três níveis de governo (Federal, Estadual e Municipal). Nesse sentido o

hospital deve apresentar os requisitos de: expansibilidade, flexibilidade, segurança, eficiência

e, sobretudo, humanização. Nesse ponto, o conforto ambiental aparece como forte aliado nos

processos de cura de pacientes (MARTINS, V., 2004).

O conforto ambiental nos estabelecimentos assistenciais de saúde é de grande

relevância, pois o paciente luta para recuperar sua saúde e, ao mesmo tempo, é submetido a

agressões do meio ambiente relacionadas a agentes físicos (ruídos, radiação ionizante e não

ionizante, vibração, pressão anormal, temperaturas extremas e outros), químicos (substâncias

químicas em forma sólida, líquida e gasosa), biológicos (vírus, bactérias, fungos e ácaros),

ergonômicos e psicológicos (MARTINS, V, 2004).

o processo de humanização da Saúde tem suas origens nos movimentos de reformas sanitárias, nas Conferências de Saúde e nos grupos militantes voltados a ações em prol dessa humanização, e tem suas origens o desenvolvimento de uma consciência cidadã e cujas atuações se tornaram, a partir da década de 1980, gradativamente influentes, estruturadas e articuladas. Na realidade, a reordenação do conceito de saúde, incorpora, entre seus determinantes, as condições de vida e desloca no sentido da comunidade a assistência médico-hospitalar como diretriz da atenção à saúde (QUEIRÓZ, 1992 apud REIS; MARAZINA; GALLO, 2004, p.1).

A institucionalização desse processo, com a Constituição de 1988 e a estruturação do

SUS, inaugurou o reordenamento teórico, paradigmático e operacional da Saúde que a levou a

ser compreendida no âmbito da Segurança Social. Nesse contexto, a idéia de Humanização

passou a ser entendida como “a valorização dos diferentes sujeitos implicados no processo de

produção de Saúde” (BRASIL, 2004).

Destaca-se na definição do SUS que o esforço de humanização é concebido como um

aporte de valor positivo alocado ao sujeito implicado na produção da Saúde, embora, no

entendimento comum, não seja raro que designe o usuário ou cliente externo como principal,

quando não único, alvo da humanização.

Para Reis; Marazina; Gallo (2004) a humanização em Saúde aparece como uma

intervenção nessa lógica e finda por questionar paradigmas que sustentam essa forma de ver o

mundo. Tal intervenção e tal questionamento têm, amiúde, por efeito, provocar fortes

resistências nos sujeitos que compartilham da lógica instrumental.

Falar em humanização do hospital pode parecer paradoxal, como se, por sua própria

natureza ele não devesse exercer uma atividade essencialmente humanizada. Segundo

MEZZOMO et. al. (1986 apud MESQUITA, [1999], p. 1), “o hospital, à semelhança de tantas

Page 33: Crescimento urbano, aumento do ruído e seus impactos no conforto

33

outras instituições, frequentemente esquece a finalidade pela qual surgiu e que constitui sua

razão de ser: o atendimento global à pessoa humana enferma”.

A humanização não é simples, pois exige esforço de todas as áreas envolvidas para o

bom funcionamento do hospital, por haver problemas que surgem da abordagem

exclusivamente física da doença, da formação puramente técnica do pessoal que constitui a

equipe hospitalar, da sobrecarga de trabalho e da divisão dos cuidados prestados ao paciente.

O fator humano deve se fazer presente em cada processo hospitalar. A pessoa que

antes era tratada como paciente, hoje é tida como cliente do hospital; devido a isto, é

importante prestar serviços de hotelaria e serviços de qualidade. Estes fatores subsidiam o

processo de manutenção e recuperação da saúde em um hospital.

5.2 POLÍTICA NACIONAL DE HUMANIZAÇÃO

Martins e Bógos (2004) revelam que um indivíduo está confortável em um ambiente

quando se sente em neutralidade. No caso dos hospitais a estrutura física pode ser um

instrumento terapêutico ao contribuir para o bem-estar físico do paciente. O desconforto

ambiental nos hospitais pode ser um problema a mais nesses espaços.

A humanização do ambiente físico hospitalar, ao mesmo tempo em que colabora com

o processo terapêutico do paciente, contribui para a qualidade dos serviços de saúde prestados

pelos profissionais envolvidos (MARTINS, V., 2004).

Nesse sentido, devido a sua escala e complexidade, a implantação de um hospital na

estrutura urbana provoca impactos físico-funcionais, muitos dos quais extrapolam o entorno

imediato da edificação, atingindo grandes áreas da cidade, bem como os aspectos de conforto

ambiental.

Com a adoção da nova proposta, os hospitais deixam de ser apenas instituições de

assistência, para assumir também a missão de curar. Para que esse objetivo fosse alcançado,

tanto as práticas médicas como os edifícios hospitalares passaram por grandes

transformações, dentre as quais podemos destacar sua medicalização, já que, até então, a

prática da medicina se dava fora do ambiente hospitalar. Essa foi, certamente, uma das

primeiras iniciativas de humanização. A importância desse momento para a arquitetura

hospitalar pode ser medida pelo fato de que as diretrizes propostas por Tenon mantiveram-se

válidas até meados do século XX (TOLEDO, 2002).

Page 34: Crescimento urbano, aumento do ruído e seus impactos no conforto

34

Segundo Mezzomo et. al (1986 apud MESQUITA, 1999, p.2):

a política de humanização dos hospitais requer a aplicação de cuidados e medidas especiais, sobretudo em relação ao ingresso no hospital, às relações materiais de permanência do paciente no hospital e às condições psicológicas de permanência do paciente no hospital.

O ingresso no hospital, independente de ser o hospital público ou privado, há a

necessidade de acompanhar o grau de satisfação de sua equipe médica, de seus funcionários,

imprensa ou pacientes, com o objetivo visualizar sua imagem, pois existem expectativas que

precisam ser mais bem compreendidas no seu relacionamento com sua clientela

(CARVALHO, 1998).

Para o mesmo autor algumas fases precisam ser repensadas, principalmente no que se

refere à entrada do paciente, ao atendimento enquanto ele está internado. Por se tratar de

momentos de tensão e fragilidade, é preciso levar em consideração o grau de ansiedade do

cliente que dá entrada num hospital.

O interesse pela questão da humanização teve grande avanço em 2004, quando o

Ministério da Saúde lançou do programa “Humaniza Sus”, com diretrizes de uma política

nacional de humanização da atenção à saúde (TOLEDO, 2002).

A humanização, baseada nas diretrizes do Ministério da Saúde (BRASIL, 2004) deve

ser entendida como: valorização dos diferentes sujeitos implicados no processo de produção

de saúde: usuários, trabalhadores e gestores; fomento da autonomia e do protagonismo desses

sujeitos; aumento do grau de corresponsabilidade na produção de saúde e de sujeitos;

estabelecimentos de vínculos solidários e de participação coletiva no processo de Gestão;

identificação das necessidades sociais de saúde; mudança nos modelos de atenção e gestão

dos processos de trabalho tendo como foco as necessidades dos cidadãos e a produção de

saúde; compromisso com a ambiência2, melhoria das condições de trabalho e de atendimento.

Sob o ideal de “humanização da atenção à saúde”, observam-se diferentes iniciativas

no Brasil, tanto na forma de uma política nacional (HumanizaSUS), como de propostas

técnicas mais específicas (Humanização do Parto; Maternidade Segura; Método Canguru).

Sem desconsiderar a centralidade do acesso à atenção a saúde e a qualidade técnica das ações

desenvolvidas, as propostas de humanização têm dado especial ênfase à integralidade da

2 Toledo (2002) afirma que ambiência é um ambiente físico, social, profissional e de relações interpessoais que

deve estar relacionado a um projeto de saúde voltado para a atenção acolhedora, resolutiva e humana.

Page 35: Crescimento urbano, aumento do ruído e seus impactos no conforto

35

atenção e, em particular, às interações entre profissionais e usuários nos serviços de saúde

(BRASIL, 2004).

Toledo (2002) afirma que a humanização do edifício hospitalar é resultante não só de

um processo projetual, mas também dos aspectos de criação de espaços que favoreçam a

recuperação da saúde e garantam o bem-estar físico e psicológico aos usuários.

O Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar (PNHAH) foi criado

em 1999, pela Secretaria da Assistência à Saúde do Ministério da Saúde, com os objetivos de:

melhorar a qualidade e a eficácia da atenção dispensada aos usuários da rede hospitalar;

recuperar a imagem dos hospitais junto à comunidade; capacitar os profissionais dos hospitais

para um conceito de atenção à saúde baseado na valorização da vida humana e da cidadania;

conceber e implantar novas iniciativas de humanização beneficiando tanto os usuários como

os profissionais de saúde; estimular a realização de parcerias e trocas de conhecimentos;

desenvolver um conjunto de indicadores/parâmetros de resultados e sistemas de incentivo ao

tratamento humanizado. O objetivo central, portanto, era o de promover uma mudança de

cultura no atendimento na área hospitalar (BRASIL, 2004).

Em 2003, o Ministério da Saúde definiu sete áreas prioritárias de atuação, uma delas a

Humanização do SUS. Desde então, o Programa de Humanização passa a ser subordinado à

Secretaria Executiva do Ministério, sendo então denominado Política Nacional de

Humanização (PNH) (MARTINS, 2003).

Um dos princípios norteadores da PNH é a dimensão subjetiva e social em todas as

práticas de atenção e gestão. Assim, são valorizados os diferentes sujeitos implicados no

processo de produção de saúde: os usuários, os trabalhadores e os gestores (BRASIL, 2003).

A PNH pressupõe, para sua implementação, vários eixos de ações atualizadas: o das

instituições, o da gestão do trabalho, o do financiamento, o da atenção, o da educação

permanente, o da informação/comunicação e, finalmente, o da gestão da própria PNH, isto é,

o acompanhamento e avaliação sistemáticos das ações realizadas, estimulando a pesquisa

relacionada às necessidades do SUS na perspectiva da humanização. Nessa direção, uma das

ações propostas para 2004 a 2010 é a de instituir uma sistemática de acompanhamento e

avaliação da PNH articulada com outros processos de avaliação do Ministério da Saúde

(BRASIL, 2003).

Page 36: Crescimento urbano, aumento do ruído e seus impactos no conforto

36

5.3 MODERNIZAÇÃO E HUMANIZAÇÃO DA SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DO

PARÁ

Toledo (2002) afirma que a publicação da Repartição Sanitária Pan-americana, do

Escritório Regional da Organização Mundial da Saúde define o que chamava de hospital

Moderno como “uma instituição destinada ao diagnóstico e tratamento de doentes, internos e

externos, planejada, construída ou modernizada com orientação técnica; bem organizada e

convenientemente administrada consoante padrões e normas estabelecidas; geral ou

especializada; oficial ou particular, com finalidades diversas; grande ou pequena; custosa ou

modesta para atender os ricos, os menos afortunados, os indigentes e necessitados, recebendo

doentes gratuitos ou contribuintes; servindo ao mesmo tempo para prevenir contra a doença e

promover a saúde, a prática, a pesquisa e o ensino da medicina e da cirurgia, da enfermagem e

da dietética, e das demais especialidades afins”.

Nesse sentido, o arquiteto quando é contratado para intervir na construção de hospital

enfrenta a complexidade dos problemas que caracterizam o projeto hospitalar, decorrentes da

própria edificação como também, da inserção destas unidades na área urbana. Devido a sua

escala e complexidade, a implantação de um hospital na estrutura urbana provoca impactos

físico-funcionais, muitos dos quais extrapolam o entorno imediato da edificação, atingindo

grandes áreas da cidade, bem como os aspectos de conforto ambiental, como as instalações,

clima, as vibrações e principalmente, o ruído urbano proveniente do espaço urbano.

Muitos hospitais estão localizados em áreas expostas a fontes de ruído externo, como o

ruído de tráfego das grandes cidades (PEREIRA, 2003). Esse fato pode ser observado no caso

da Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará que está localizado no centro urbano de

Belém, no bairro do Umarizal, cercado por ruas de grande tráfego de pessoas, carros

particulares e coletivos.

Page 37: Crescimento urbano, aumento do ruído e seus impactos no conforto

37

Figura 2: Localização da Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará. Fonte: Google maps, 2009, adaptado pela autora, 2010.

O bairro do Umarizal, atualmente faz fronteira com os bairros de São Braz, Nazaré,

Reduto, Telegrafo, Fátima e Pedreira, e de acordo com o Censo Demográfico (IBGE, 2010),

apresenta uma população de 30.100 habitantes. O bairro do Umarizal foi local de grandes

transformações, principalmente com a construção do prédio da Santa Casa de Misericórdia do

Pará, localizado na Avenida Generalíssimo Deodoro, em vizinhança com a Rua Diogo Moia,

Bernal do Couto e Travessa 14 de Março, que promoveu desenvolvimento urbano

ocasionando e o aumento do número de ruas, áreas publicas, além do aumento do fluxo de

transportes públicos e privados.

A Santa Casa de Misericórdia do Pará é um hospital da rede pública de saúde possui

em torno de 346 leitos, e é voltado ao atendimento de pacientes, de Belém e do interior do

Estado, em várias especialidades médicas. As enfermarias estudadas foram escolhidas tendo

em vista sua localização, três delas com janelas para as ruas - São Roque, Santana e Santa

Ludovina - e três com janelas para a parte interna do estacionamento: Frei Caetano, São

Francisco e São Paulo. Conforme planta de setorização abaixo:

Page 38: Crescimento urbano, aumento do ruído e seus impactos no conforto

38

1 –São Roque 2- Santa Ludovina 3- Santana I e II 4- São Paulo 5- Frei Caetano 6- São Francisco

Figura 3: Localização das Enfermarias estudadas. Fonte:Google, maps, 2010, adaptado pela autora, 2010

A Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará é um órgão da administração indireta,

vinculado à Secretaria de Estado de Saúde Pública. Foi certificada como Hospital de Ensino,

conforme Portaria Interministerial MS/MEC n° 2378 de 26 de Outubro de 2004 e efetivado

seu processo de contratualização junto ao SUS por meio da Portaria 2.859/MS, de 10 de

novembro de 2006. Tem como finalidades essenciais: a assistência, o ensino e a pesquisa, em

consonância com o perfil assistencial na atenção a saúde da criança, da mulher e do adulto,

prestando serviços ambulatoriais e de internação. É um hospital de referência na atenção à

gestante de alto risco e ao recém nascido. E tem como missão, de acordo com o relatório de

avaliação:

prestar assistência à saúde, inserida no SUS, atuando como hospital geral de ensino e de referência na atenção integral à saúde da mulher e da criança, na média e alta complexidade, com qualidade e de forma humanizada, articulada com as políticas públicas e em parceria com a Sociedade Civil. (FUNDAÇÃO SANTA CASA DE MISERICÓRDIA, 2008)

Page 39: Crescimento urbano, aumento do ruído e seus impactos no conforto

39

Segundo o mesmo relatório de 2008 a visão de futuro é “ser reconhecida pela

sociedade como Hospital Geral e de Ensino, que oferece assistência de excelência em Média e

Alta Complexidade na Saúde da Mulher e da Criança”.

A referência técnica de humanização é um serviço que está diretamente vinculado á

Gerência de Gestão de Pessoas, tendo como principal objetivo o fomento da Política Nacional

de Humanização da Atenção e Gestão do SUS-PNH, na Fundação Santa Casa de Misericórdia

do Pará.

Criada em Setembro de 2008, a referência técnica de Humanização foi instituída com

base no desejo da atual gestão de programar novas ações focadas na PNH nos diversos

serviços ofertados, considerando em especial, a valorização das ações existentes, as quais

podem ser citadas: as reformas de espaços físicos, priorizando a melhoria da ambiência; a

aquisição de equipamentos, móveis e utensílios; a criação de grupos de trabalho para

implementar novos serviços; a criação de espaço de interlocução com a implementação da

escuta dos usuários e servidores através da ouvidoria.

As ações do GTH (grupo de trabalho de humanização) são planejadas e

desempenhadas em parceria com diversos setores de todas as diretorias; por ser uma política

transversal, a PNH perpassa invariavelmente por todos os serviços e a construção coletiva e o

fomento da troca dos saberes é o que faz das ações da RT de Humanização uma nova forma

de processo de trabalho, estabelecendo uma rede interativa e participativa de atuação entre

diversos setores e serviços na Santa Casa.

Em 2008, 2009 e 2010 foram feitas reformas de espaços físicos, priorizando a

melhoria da ambiência; aquisição de equipamentos, móveis e utensílios; criação de grupos de

trabalho para implementar novos serviços – Nova Portaria; fomento de espaço de interlocução

dos servidores através das rodas de conversas, as quais ofereceram subsídios aos gestores para

planejar e executar ações visando a melhoria da assistência dos usuários do SUS e a

valorização do servidor; ações recreativas, visando integração dos servidores; implementação

da interlocução: escuta dos usuários e servidores através da ouvidoria, instituída oficialmente

em 2008; investimento na valorização dos servidores através de iniciativas da educação

continuada; organização de serviços: estratégia para enfrentamento do H1N1; oficinas

Temáticas; Grupo de Trabalho de Humanização (atualmente desmobilizado); integração com

a Gerência de Ensino; CINE VIDA; e formação de rede de capacitação - Projeto AMAM

(FUNDAÇÃO..., 2008).

Page 40: Crescimento urbano, aumento do ruído e seus impactos no conforto

40

Todos estes espaços hospitalares sofreram etapas de projetos arquitetônicos discutidos

com as equipes e chefias de cada setor, mas a Secretaria de Obras do Estado preocupou-se

com ambiência e obras físicas, não ressaltando a grande importância do conforto acústico nas

enfermarias.

A Santa Casa passou por um projeto, nos anos de 2004 a 2006, de modernização e

humanização dentro do conforto ambiental, como a revitalização de varias enfermarias,

sempre utilizando temas regionais e infantis. Ocorreu a construção com a parceria da Empresa

Vivo, de uma nova brinquedoteca para proporcionar melhor qualidade de vida às crianças

hospitalizadas.

Figura 4: Fotos referentes a brinquedoteca da Santa Casa de Misericórdia do Pará. Fonte: Grupo de trabalho de Humanização (GTH), 2010.

5.4 CONCLUSÃO

A escolha deste capítulo do estudo da PNH do SUS exigiu da pesquisadora

correlacionar o crescimento urbano com os impactos do ruído externo no processo de

internação nas enfermarias hospitalares.

Nesse sentido, devido a sua escala e complexidade, a implantação de um hospital na

estrutura urbana provoca impactos físico-funcionais, muitos dos quais extrapolam o entorno

imediato da edificação, atingindo grandes áreas da cidade, bem como os aspectos de conforto

ambiental.

Page 41: Crescimento urbano, aumento do ruído e seus impactos no conforto

41

No entanto, as dificuldades em relação ao conforto acústico foram evidenciadas no

decorrer do projeto piloto desta pesquisa, com ajuda de alunos voluntários do curso de

Terapia Ocupacional e Fisioterapia da UNAMA, através da aplicação de questionários

semiestruturados, comparando os impactos do conforto ambiental e acústico das enfermarias

conforme sua localização – interna ou externa - do hospital de estudo.

As realizações das visitas foram aceitas sem problemas por pacientes e gestores

hospitalares, inclusive pela gestora do GTH (Grupo de Trabalho de Humanização da Santa

Casa de Misericórdia do Pará), pois o fator humano deve se fazer sempre presente durante o

processo de hospitalização.

Em contrapartida, no momento da realização de pesquisa e observações diretas com os

acompanhantes e pacientes das enfermarias, verificou-se a ausência da preocupação na

ambiência relativamente ao item de conforto acústico. Considerando os dados capturados

através do questionário aplicado, pode ser confirmada a necessidade de propor um

instrumento de gestão de conforto acústico nos espaços hospitalares da rede pública.

Nos anos de 2004 a 2006 foi realizado um projeto de modernização e humanização nas

enfermarias que gerou um resultado apenas no conforto ambiental, nas cores das paredes e nas

comunicações visuais com temas regionais de flores e frutas.

A vivência e a participação da pesquisadora no grupo de trabalho de humanização nos

anos citados facilitaram o estudo e a conclusão de que foi feito apenas um trabalho no

conforto ambiental, deixando uma lacuna científica na área no conforto acústico, no sentido

de buscar a melhoria da qualidade de vida dos pacientes internados na rede pública.

Já em 2008 a 2010 foi criada a referência técnica de humanização da Santa Casa de

Misericórdia do Pará, com ações focadas nos servidores e pacientes, especificamente nas

reformas dos espaços físicos com melhorias na ambiência e equipamentos, sem preocupação

com o conforto acústico.

Assim concluímos que o referencial teórico deste capítulo é de fundamental

importância para o resultado desta pesquisa que vem contribuir, cientificamente, para

construção de novas alas hospitalares com projetos acústicos para melhor acolher os pacientes

e acompanhantes.

Page 42: Crescimento urbano, aumento do ruído e seus impactos no conforto

42

6 O RUÍDO

6.1 INTRODUÇÃO

Um dos mais graves problemas urbanos contemporâneos é o representado pela

poluição sonora ou ruídos urbanos, definido como o conjunto de todos os ruídos provenientes

de uma ou mais fontes sonoras, manifestadas ao mesmo tempo num ambiente qualquer. A

poluição sonora é causada, principalmente, pelo excesso de ruídos gerados pela circulação de

veículos e má localização de ruas, comércio e lazer (ARAÚJO; DINIZ; GOMES JÚNIOR,

2007).

O ruído é, hoje em dia, tratado como um problema grave de saúde pública. Alguns dos

efeitos mais frequentes do ruído traduzem-se em distúrbios psicológicos ou alterações

fisiológicas associadas ao stress e cansaço, dos quais resultam perturbações do sono e falta de

concentração, por exemplo, (LEVY; BEAUMONT, 2008).

Segundo os mesmos autores têm sido realizados vários estudos no sentido de

estabelecer uma relação entre o ruído e a incomodidade gerada na saúde pública, e com base

nesses estudos verifica-se que é muito difícil determinar uma relação causa-efeito, devido não

só às diversas situações acústicas como, também, à resposta de cada indivíduo face aos níveis

de ruído.

Para Russo (1999), o ruído pode ser conceituado, seguindo diferentes critérios de

classificação: subjetivamente (ruído como um som desagradável e indesejável); objetivamente

(um “sinal acústico originado da supervisão de vários movimentos de vibração com diferentes

frequências as quais não apresentam relação entre si); quantitativamente (definido de acordo

com seus atributos físicos indispensáveis para o processo de determinação de sua nocividade,

em função da sua duração no tempo, do espectro de frequência (em Hz) e dos Níveis de

Pressão Sonora (em dB); e qualitativamente (de acordo com a Norma ISSO 2204/1973).

De acordo com esta Norma os ruídos podem ser classificados segundo a variação do

seu nível de intensidade com o tempo em: Ruído contínuo (com variações de níveis

desprezíveis); Ruído intermitente (cujo nível varia continuamente de um valor apreciável);

Ruído de impacto e de impulso, apresenta-se em picos de energia acústica de duração inferior

a um segundo (FELDMAN; GRIMES, 1985).

Page 43: Crescimento urbano, aumento do ruído e seus impactos no conforto

43

Moraes et al (2004, p.1) afirmam que: estudos sobre o ruído urbano têm contribuído de forma definitiva para o controle da poluição sonora. As grandes cidades se caracterizam, em sua maioria, pela concentração excessiva de comércio e serviço nas áreas centrais. A conformação urbana dessas áreas não suporta a demanda acentuando diversos problemas, entre eles a poluição sonora, causada principalmente por fontes como o tráfego e o ruído proveniente da própria comunidade.

6.2 RUÍDO URBANO

6.2.1 Introdução

Saliba (2004) define o som como “qualquer vibração ou conjunto de vibrações ou

ondas mecânicas que podem ser ouvidas”. É gerado a partir de uma vibração das moléculas

em um meio, causando a propagação de uma onda de pressão. A movimentação dessas

moléculas é responsável em transmitir o som até o aparelho auditivo. Dois atributos principais

caracterizam o som: frequência e intensidade. A frequência relaciona-se a velocidade de

vibração ou ao número de ciclos completos que uma partícula executa em um segundo, sendo

expressa em ciclos por segundo ou Hertz (Hz). A orelha humana é capaz de detectar, em

média, sons entre 20 a 20.000Hz, sendo que a faixa mais importante para se compreender a

fala encontra-se entre 250 a 8.000Hz. A intensidade do som é representada pelo volume com

que as ondas sonoras são emitidas e chegam ao ouvido, medida em decibéis (dBA).

Em se tratando do ruído, a higiene do trabalho delimita-o como um tipo de som, porém

sendo um “som indesejável; onde o ruído, ou barulho, é a interpretação subjetiva e

desagradável ao som”. Considera-se, portanto, a poluição sonora como sendo sinônima de

ruído e não de som (GERGES, 2000; MACHADO, 2003; WHO, 1999; SALIBA, 2004).

Carmo (1999) descreve que os ruídos são sons que provocam desconforto

mental/físico, que resultam de vibrações irregulares que pode afetar o equilíbrio sonoro,

repercutindo sobre o sistema auditivo e as funções orgânicas.

As grandes cidades têm sido cada vez mais alvo de desconforto ambiental e de

significativa deterioração da qualidade de vida por excesso de ruído. As principais fontes de

ruído em veículos, maior contaminador do ambiente sonoro nas cidades, são unidades

propulsoras do motor, rolamento contato da roda com o asfalto, freios e vibrações e outra

Page 44: Crescimento urbano, aumento do ruído e seus impactos no conforto

44

fonte de ruído é o escape dos gases procedentes da combustão. Assim o ruído gerado pela

passagem do veiculo é a soma de toda essa série de fontes sonoras embora haja comprovação

da existência de diferenças de fontes sonoras que depende do tipo de veículo e seu regime de

condução (MORAES; LARA, 2004b).

Atualmente, as principais fontes sonoras relacionadas com o tráfego de pessoas e

mercadorias se encontram nos grandes centros urbanos. Sem dúvida, a fonte de ruído mais

importante nas zonas urbanas é o tráfego rodado, o qual se conceitua como o ruído mais

comum causado pelo tráfego de veículos nas ruas. Outra fonte de ruído é causada pela

indústria e comércio, assim como obras públicas e maquinários (MORAES; LARA, 2004b).

Uma das fontes mais relevantes nesta pesquisa é o ruído comunitário, pois em todas as

grandes cidades existem diversos tipos de ruído que não podem ser associados a uma única

fonte sonora, mais sim às diversas atividades desenvolvidas dentro e fora da área de estudo.

Segundo Moraes e Lara (2004b) os níveis do ruído gerado por uma mesma comunidade

sofrem variações em função da atividade específica da própria comunidade e das

comunidades vizinhas fixas ou flutuantes.

6.2.2 Ruído urbano e sustentabilidade nas cidades

Alberti (1997) considera que para a cidade ser sustentável torna-se necessário atuar nas

dimensões econômica, política, ecologia, social e espacial, através de instrumentos de gestão,

planejamento e política.

Souza (2004) diz que para alcançar a sustentabilidade há que se atender determinadas

exigências. Primeiro é necessário equilibrar as necessidades dos seres humanos com a

capacidade de suporte do planeta, ao mesmo tempo em que esta capacidade se estende as

gerações futuras e que possam continuar a existir.

Para a mesma autora, a mera sobrevivência não é o objetivo. O que se deseja é viver

em um ambiente que ofereça boa qualidade de vida, isso inclui toda a hierarquia das

necessidades. A exigência básica é a habilidade de viver em segurança, com uma vida

saudável e produtiva em harmonia com a natureza e com os valores culturais e espirituais

locais.

Page 45: Crescimento urbano, aumento do ruído e seus impactos no conforto

45

A WHO (1999) destaca que a poluição sonora poderá afetar adversamente futuras

gerações, considerando a degradação dos ambientes residenciais, sociais e de aprendizagem,

envolvendo perdas econômicas.

Moraes (2003) relata que há uma escassez de dados sobre o ruído ambiental nos

grandes centros urbanos, especificamente no que se refere à identificação das fontes de ruído.

Nas grandes cidades brasileiras observa-se uma acentuada degradação ambiental como

consequência da elevada taxa de ocupação do solo e grande concentração de atividades,

degradação esta que recebe influência também do aumento das fontes geradoras de ruído.

A poluição sonora constitui-se, não só um incômodo à população, mas também um

problema de saúde pública, que contribui para a perda da qualidade de vida da população e da

não sustentabilidade das cidades (SOUZA, 2004).

Segundo a mesma autora, o aumento da poluição sonora, seja em países desenvolvidos

ou em desenvolvimento, é insustentável, necessitando que seja reduzido e contido.

De acordo com Moraes e Lara (2004a) as principais fontes sonoras produzidas no

meio ambiente urbano estão relacionadas com o meio de transporte de pessoas e mercadorias,

através de três tipos de veículos: o rodado, o aéreo e o ferroviário. Destes, o tráfego rodado

constitui a maior fonte de ruído nas grandes cidades, variando entre 80 e 90 dB, para os carros

e 70 a 80 dB para motocicletas. Estes valores não são fixos e podem ter um considerável

aumento, uma vez que os níveis de ruído são produzidos por diferentes tipos de veículo,

concomitantemente.

Os veículos em circulação emitem ruídos que variam em função da velocidade, das

condições de pilotagem, da qualidade do veículo e da pavimentação, e podem ser modificados

em cruzamentos, semáforos e frenagens devido às variações de rotação do motor. Desta

forma, as mudanças, repentinas ou não, de velocidade dentro dos espaços urbanos geram

níveis de ruído intensos e variados a todo o momento, em marcha lenta, gerando ruídos que se

somam aos produzidos por outras fontes. A contaminação acústica produzida por veículos

com motores a gasolina pode ultrapassar 70 dB, e a diesel 85 dB. Os aviões vêm logo depois,

com grande emissão de energia sonora durante as decolagens e as aterrissagens (MORAES;

SACAVEM; GUIMARÃES, 2003).

O estudo de Nunes e Satter (2004) diz que em áreas que exigem maior rigor no

controle de ruído, como escolas e hospitais, é possível alterar as características do tráfego de

veículos a partir do nível de pressão sonora recomendado, considerando-se o conforto

acústico como um dos principais condicionantes do controle de tráfego urbano.

Page 46: Crescimento urbano, aumento do ruído e seus impactos no conforto

46

De acordo com Calixto; Diniz e Zannin (2001) os sinais de danos físicos e mentais por

exposição ao ruído não são facilmente percebidos, instalando-se lentamente e levando ao

estresse, à insônia, à problemas mentais. Devido as característica dos ruídos presentes nas

grandes cidades (ruídos de intensidade moderada) aqueles que estão expostos dificilmente os

identificam como agentes causadores do mal estar. As fontes de ruído, externas às edificações

são: ruído de tráfego de veículos, tráfego aéreo, de obras públicas, de indústrias, de atividades

urbanas comunitárias, de agentes atmosféricos.

Os mesmos autores também afirmam que, em algumas cidades brasileiras como

Curitiba (PR), estudos foram realizados sobre o nível de incômodo causado pelo ruído de

tráfego de automóveis; ações foram implantadas visando à redução da poluição sonora

urbana, dentre esses o Programa Silêncio, implantado no Estado do Paraná e estabelecido em

1990 foi uma iniciativa pioneira de lidar com o problema em nível nacional. Esse programa

constitui-se como um ponto de partida para a realização de diversas ações, dentre as quais as

mais importantes foram a elaboração da Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente

(CONAMA), assim como a criação de Normas Técnicas, disciplinando as metodologias de

medição e avaliação de ruído. Não obstante, percebe-se uma falta de harmonização entre os

diplomas legais e regulamentares nos diferentes níveis de ação, local, regional ou nacional.

Considerando que o crescimento demográfico descontrolado nos centros urbanos acarretam

uma concentração de diversos tipos de fontes de ruído excessivo que possa interferir na saúde

e bem-estar da população.

Carneiro (2001) salienta que a Norma NBR 10.151 “Acústica – Avaliação do ruído

áreas habitadas visando o conforto da comunidade – Procedimento” da ABNT, em vigor

desde 1º de Agosto de 2000, fixa condições exigíveis para a avaliação da aceitabilidade do

ruído em comunidades independente da existência de reclamações.

6.2.3 Panorama do ruído urbano no mundo

Segundo Silva (2009), o excesso de ruído ambiental parece inevitável na medida em

que há aumento do número de atividades e de fontes geradoras de ruído, particularmente no

meio urbano. Sem controle os níveis de quietude e de silêncio serão progressivamente

rebaixados. Embora as grandes cidades do mundo como Lisboa, em Portugal e Paris na

França tenham legislação específica para o ruído, estas têm se mostrado eficientes. Em Nova

Page 47: Crescimento urbano, aumento do ruído e seus impactos no conforto

47

York há um número grande de multas e advertências expedidas contra os infratores, mas a

cidade continua barulhenta.

No Brasil as cidades como Belém, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre, de acordo

com Costa (1997), são alvos frequentes de matérias jornalísticas devido à poluição sonora.

Na União Européia aproximadamente 40% da população é exposta ao ruído de tráfego

rodoviário com níveis de pressão sonora excedendo a 55 dBA no período diurno e 20%

expostas a níveis superiores a 65 dBA. Considerando todas as fontes de ruído de transporte,

estima-se que mais da metade da população vive em zonas nas quais o conforto acústico não é

assegurado em suas residências. Durante o período noturno mais de 30% da população está

exposta a níveis superiores a 55dB (A), provocando distúrbios no sono (WHO, 1999).

Ainda segundo a WHO (1999), a poluição sonora também é grave em países em

desenvolvimento, sendo causada principalmente pelo ruído de tráfego. No Brasil, apesar da

reduzida disponibilidade de dados sobre exposição sonora da população, de acordo com

levantamentos sonoros realizados em algumas de suas cidades, verifica-se que a população é

exposta a níveis de ruído elevados.

As grandes cidades, sejam elas em países desenvolvidos ou em via de

desenvolvimento, apresentam uma série de fontes de ruído associadas aos processos de

expansão econômico e tecnológico que tem favorecido seu crescimento e aumentado os níveis

de qualidade de vida, fato cada vez mais relevante para aferir a capacidade de atração de

inversão que uma cidade possui (MORAES; SIMON, 2008).

6.2.4 Ruído urbano em Belém

De acordo com Moraes e Lara (2004a) cada vez mais, as grandes cidades têm sido

alvo de desconforto ambiental e de significativa deterioração da qualidade de vida por excesso

de ruído. O ambiente urbano é composto de espaços construídos que são acusticamente ricos.

A cidade de Belém foi palco de um crescente processo, desordenado e caótico de

urbanização, em que sofreu grandes alterações nos parâmetros ambientais, em especial em sua

área central, intensamente edificada. Esse fato ocorreu pelo acelerado crescimento e com

ausência de um planejamento do meio físico, o que influenciou na diminuição da qualidade

sonora e de vida local (MORAES; LARA, 2004b).

Page 48: Crescimento urbano, aumento do ruído e seus impactos no conforto

48

Esse desenvolvimento e crescimento da área provocaram um aumento significativo no

ruído urbano da área do entorno do bairro. Pesquisas realizadas por Moraes e Lara (2004a)

para a elaboração do Mapa Acústico de Belém (MAB) comprovaram que no bairro do

Umarizal, onde está localizado o objeto de estudo desta pesquisa, os índices de poluição

sonora apresentavam em 2004 valores superiores aos recomendados pela legislação brasileira

NBR 10151/2000. (ABNT, 2000)

Na pesquisa realizada pelo Mapa Acústico de Belém foram feitas medições em 15

pontos do bairro do Umarizal, distantes 400 metros entre si, nos intervalos dos horários de 7

às 22 horas, com média variando entre 69 dB e 72 dB. Os horários mais críticos com relação a

poluição sonora foram às 8h, 15h, 18h e 19h sendo considerados intolerantes, nos demais

horários a poluição sonora foi considerada intensa pelas autoras. (MORAES; LARA, 2004a).

Figura 5: Mapa acústico de Belém do bairro do Umarizal. Fonte: Moraes; Simon, (2008).

Conforme o quadro 1 abaixo, os Níveis de Pressão Sonora em dB (A) da Norma NBR

10.151/2000 para ambientes externos, os níveis máximos recomendados em áreas estritamente

residencial urbana ou de hospitais ou de escolas é de 50 dB (A) no período diurno e de 45 dB (A) para

o período noturno. Comparando com os níveis apresentados na figura 4 os Níveis de Pressão Sonora

observados nas proximidades do Hospital de referência variam entre 65 e 80 dBA, excedentes aos

recomendados pela Norma citada, comprovando, assim, a relevância dos índices para este estudo.

Page 49: Crescimento urbano, aumento do ruído e seus impactos no conforto

49

Tipos de áreas Ambientes Externos

Diurno Noturno

Área estritamente residencial urbana ou de hospitais ou escolas 50 dB (A) 45 dB (A)

Área mista, predominantemente residencial 55 dB (A) 50 dB (A)

Área mista, com vocação comercial e administrativa 60 dB (A) 55 dB (A)

Área mista, com vocação recreacional 65 dB (A) 55 dB (A)

Área predominantemente industrial 70 dB (A) 60 dB (A)

Quadro 1: Níveis de Pressão Sonora em dB (A) da NBR – 10151 para ambientes externos. Fonte: ABNT 10151/2000.

A área mista, predominantemente residencial, é aquela que apresenta, além de

moradias, estabelecimentos comerciais, tais como: restaurantes, bares abertos e fechados,

supermercados, farmácias, entre outros (SOMMERHOFF, 2002; SALIBA, 2004).

6.3 O RUÍDO HOSPITALAR

6.3.1 Introdução

Em princípio, um hospital deveria ser um ambiente silencioso, acolhedor e de conforto

ambiental e humanizado que proporciona as melhores condições possíveis para o

restabelecimento da saúde dos seus usuários.

A urbanização acelerada tem colocado alguns hospitais no centro das grandes

metrópoles e sujeitos, portanto, as consequências dos efeitos da urbanização, do tráfego

decorrente de veículos e em especial, o ruído.

Para Pereira et al (2003) a poluição sonora ambiental é um problema que começou

com a Revolução Industrial, tornando-se hoje muito presente nos mais diversos ambientes. É

difícil encontrar um local onde não exista a presença de ruídos, seja na recreação, em casa,

nas ruas ou no trabalho e não é muito diferente nos ambientes hospitalares.

Nos hospitais, o avanço tecnológico traz como consequência níveis de ruído

potencialmente danosos (OTENIO; CREMER; CLARO, 2007). Muitos hospitais estão

localizados em áreas expostas a fontes de ruído externo, como o trânsito de grandes avenidas.

Page 50: Crescimento urbano, aumento do ruído e seus impactos no conforto

50

Todavia, muito do ruído no hospital provém de dentro do próprio ambiente, sendo as

principais causas de ruído interno nos ambientes hospitalares os equipamentos e a

conversação entre a equipe (PEREIRA et al, 2003).

Diversas fontes de ruído podem ser encontradas nesse ambiente, especialmente os

gerados pelos diferentes tipos de alarmes sonoros integrados aos modernos equipamentos.

Paixão (2006) afirma que os ruídos gerados nas unidades hospitalares é uma realidade

constatada, motivo de reclamações, e menciona que os hospitais, antes, ficavam isolados, mas

hoje estão envoltos pelos centros urbanos que possuem tráfego intenso de veículos.

6.3.2 Contextualização do ruído hospitalar e a saúde ocupacional

Russo (1999) relata que, o ruído gerado nos locais de trabalho, denominado ruído

laboral, assume um papel importante na vida dos nossos dias, por ser uma das principais

causas de doenças profissionais.

Assim sendo, nesta pesquisa tratar-se-á de analisar a interferência do ruído interno e

externo ao objeto de estudo sobre a comodidade dos pacientes ingressos.

A saúde ocupacional dos trabalhadores dos serviços da saúde é de suma importância,

tendo em vista que estes precisam estar bem física e psicologicamente para que dêem atenção

com qualidade ao paciente.

A saúde ocupacional (SO) de acordo com o comitê da Organização Internacional do

Trabalho - OIT e Organização Mundial da Saúde - OMS tem como finalidade “incentivar e

manter o mais elevado nível de bem-estar físico, mental e social dos trabalhadores em todas

as profissões; prevenir todo o prejuízo causado à saúde destes pelas condições de seu

trabalho; resumidamente adaptar trabalho a homem e cada homem ao seu trabalho”.

(SACRAMENTO; LOUREIRO, 2010)

No Brasil, a NBR 10.151/2000 da ABNT (ABNT, 2000) estabelece que o ruído em

áreas habitadas visando o conforto da comunidade, os níveis de ruído ideais para cinco tipos

de áreas urbanas e um tipo de área rural, totalizando seis áreas com usos e ocupações do solo

distintos. Esta norma estabelece o nível sonoro para ambientes internos de hospitais

(apartamentos, enfermarias, berçários e centro cirúrgico) em 35 a 45 dBA, sendo o primeiro

considerado desejável e o segundo, limite aceitável, considerando ainda o tempo de exposição

ao ruído. E os níveis de ruído hospitalar encontram-se, em sua maioria, elevados.

Page 51: Crescimento urbano, aumento do ruído e seus impactos no conforto

51

A NR 15 (BRASIL, 1978), estabelece a regulamentação dos limites de tolerância em

atividades e operações consideradas insalubres. Dentre essas, os limites de tolerância para

ruído contínuo ou permanente, os quais deverão ser medidos em dBA com o uso de

instrumento medidor de nível de pressão sonora, operando no circuito de compensação “A” e

circuito de resposta lenta (SLOW).

Essa norma estabelece, por exemplo, que um trabalhador pode ficar exposto a 85 dB

(A) por no máximo 8 horas, a exposição contínua a ruídos superiores pode provocar perdas

auditivas permanentes. De acordo com Russo (1999), a cada 5 dB acima de 85 dB o tempo de

exposição permitido reduz à metade. Logo, a exposição de um indivíduo a 90 dB será

permitida por período de, apenas, 4 horas considerando-se que o Ministério do Trabalho

recomenda, no máximo, exposição de oito horas de trabalho a níveis de 85 dB.

De acordo com Rodarte (2007 apud CARVALHO; PEDREIRA; AGUIAR, 2005, p.1)

os níveis de ruído intensos podem ter efeitos fisiológicos, tais como aumento na pressão

arterial, alterações no ritmo cardíaco, vasoconstrição periférica, dilatação das pupilas e

aumento na secreção de adrenalina. Estas perturbações podem reduzir a eficiência das

comunicações entre os profissionais e impedir o descanso e a reabilitação de pacientes em

fase de recuperação.

na perspectiva da saúde do trabalhador, os principais efeitos da exposição ao ruído no ambiente de trabalho referem-se à perda auditiva neurossensorial e irreversível, a alterações fisiológicas, a alterações do sono e a transtornos digestivos, vestibulares, neurológicos e comportamentais diversos, como irritação, cansaço, diminuição na produtividade, intolerância a ruídos, angústia, ansiedade, depressão e estresse. (ZAMBERLAN et al, 2008, p. 432).

6.3.3 O Ruído na Santa Casa de Misericórdia do Pará

Como já foi citado anteriormente, vários hospitais estão localizados em áreas expostas

a elevado nível de ruído urbano, agravado pelo tráfego de veículos, a exemplo disso, a

Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará na cidade de Belém, objeto de estudo deste

trabalho.

O Mapa Acústico de Belém (MORAES; LARA, 2004b) constatou que a Santa Casa

está localizada em uma zona acusticamente saturada da cidade, estando, diretamente afetada

pelo ruído de tráfego de veículos em todos os períodos do dia. O estudo mostra que os níveis

Page 52: Crescimento urbano, aumento do ruído e seus impactos no conforto

52

de ruído no entorno da Santa Casa fica entre 65 dBA e 70 dBA no período de 7 às 22 horas. A

principal fonte de ruído é o de tráfego rodado que é caracterizado por coletivos e veículos de

uso particular que trafegam pelas vias que contornam o bairro do Umarizal, onde a Santa Casa

de Misericórdia do Pará está localizada.

O confronto entre o estudo do Mapa Acústico de Belém e a Norma NBR – 10151 para

ambientes externos em áreas hospitalares demonstra claramente o diferencial estipulado pela

Norma e o apresentado em torno do hospital estudado. Estes dados são de importante

relevância para o objetivo da pesquisa do conforto acústico em zona urbana hospitalar.

6.4 EFEITO DO RUÍDO URBANO SOBRE A SAÚDE

6.4.1 Introdução

Ruídos são os sons que provocam desconforto mental / físico, que resultam de

vibrações irregulares que podem afetar o equilíbrio sonoro, repercutindo sobre o sistema

auditivo e as funções orgânicas (CARMO, 1999).

Então, o homem passou a se deparar com vários problemas de saúde consequentes dos

agentes de risco que começaram a aparecer cada vez mais, fatores físicos ambientais como

ruído em níveis elevados, que isolados ou conjuntamente causam danos a saúde do homem.

Araújo; Diniz; Gomes Junior (2007) relata que vários estudos relacionam diretamente

a poluição sonora com os distúrbios da saúde do cidadão urbano, principalmente aos

distúrbios do sono, por meio do estresse ou perturbação do ritmo biológico provocado pelo

ruído.

Segundo Russo e Santos (1993), som é uma modificação da pressão que ocorre em

meios elásticos, propagando-se em forma de ondas ou oscilações mecânicas, longitudinais e

tridimensionais. Resulta de um movimento vibratório de partículas materiais, muitos corpos

podem servir como fonte sonora, porém devem ter uma característica vibrátil. Também pode

ser definido como a sensação produzida quando as vibrações longitudinais de moléculas no

ambiente externo atingem a membrana timpânica, produzindo estímulo de som agradável ou

desagradável.

Page 53: Crescimento urbano, aumento do ruído e seus impactos no conforto

53

O ruído de modo geral pode provocar efeitos auditivos e extra-auditivos na saúde.

Nesta pesquisa a discussão será apenas sobre os efeitos do ruído no aspecto extra-auditivo

nos pacientes e acompanhantes entrevistados e internados no hospital estudado.

6.4.2 Efeitos extra-auditivos do ruído na saúde

Os efeitos extra-auditivos são aqueles que afetam o sujeito ouvinte, dependendo

diretamente do quanto de contato com o ruído ele está exposto. São vistos também como um

conjunto de sinais que são consequências da exposição ao ruído, sendo classificados como

efeitos subjetivos. (KWITKO, 2001; NUDELMAN et al 2001; SALIBA, 2004).

Os mesmo autores dizem que esses sinais podem ser atribuídos ao cansaço físico e

mental decorrente da exposição ao ambiente laboral ou de lazer sob condição ruidosa, que não

é confortável. São manifestações devido ao estresse sobre a pessoa e à sua fatigabilidade. Isto

é explicado pelo fato do ruído agir como um potente estímulo para estabelecer uma conexão

com o sistema nervoso no sentido de manter um estresse crônico.

Conforme Cândido (2002), quando uma pessoa é submetida a altos níveis de ruído,

existe a reação de todo o organismo a esse estímulo. As alterações na resposta vegetativa

(involuntária ou inconsciente) são: alterações fisiológicas, mudanças bioquímicas, efeitos

cardiovasculares.

O mesmo autor afirma que as principais alterações fisiológicas reversíveis são:

dilatação das pupilas, hipertensão sanguínea, mudanças gastrointestinais, reação da

musculatura do esqueleto, vasoconstricção das veias. As principais mudanças bioquímicas

são: mudanças na produção de cortisona, na produção de hormônio da tiróide, na produção de

adrenalina, na glicose sanguínea, na proteína do sangue, fracionamento dos lipídios do

sangue. Os efeitos cardiovasculares são: aumento do nível de pressão sangüínea sistólica e

diastólica, hipertensão arterial. A figura 6 abaixo ilustra os efeitos do ruído sobre o corpo

humano segundo Candido (2002).

Page 54: Crescimento urbano, aumento do ruído e seus impactos no conforto

54

Figura 6: Efeitos do excesso de ruído sobre o organismo. Fonte: Candido, 2002.

De acordo com Cândido (2002), quanto ao bem estar das pessoas, o ruído pode ser

analisado de várias formas, como: exposição ao ruído no ambiente comunitário (níveis mais

baixos que os ocupacionais, alto grau de incômodo - fator adicional de estresse. Em ensaios

com 1.000 pessoas as pessoas submetidas a níveis maiores que 70 dB (A), houve alto índice

de hipertensão arterial, o grupo mais suscetível é o de pessoas entre 29 e 39 anos.

O efeito do ruído durante o sono depende do estímulo sonoro, sua intensidade, da

largura banda, duração, frequência, como também da idade da pessoa. Como efeitos primários

ocorreram aumento da frequência cardíaca, vaso constrição periférica, movimentação do

corpo; com aumento do nível de ruído, acima de 39 dBA há uma diminuição do sono; com

aumento do nível de ruído, ao atingir 64 dBA 5 % das pessoas já haviam acordado, e com 97

dBA 50 % acordaram. Como efeitos secundários (no dia seguinte) ocorreram: mudança na

disposição, mudança no rendimento, perda da eficiência, queda de atenção, aumento do risco

de acidentes (CÂNDIDO, 2002).

O autor afirma ainda que quanto aos efeitos sociológicos quanto a reação da

comunidade são mais comuns a irritação geral e incômodo, perturbação na comunicação

conversação, telefone, rádio, televisão, prejudica o repouso e o relaxamento dentro e fora da

residência, perturbação do sono, prejudica a concentração e performance, sensação de

vibração, associação do medo e ansiedade, mudança na conduta social.

Toledo et al (1983) enfatizam que o ruído altera o comportamento do indivíduo, uma

vez que interfere em atividades que exijam atenção, concentração mental e vigília. Em

constante exposição a níveis excessivos de ruído, o organismo pode chegar à estafa física e

mental que, por sua vez, ocasionam outras alterações psicossomáticas.

Page 55: Crescimento urbano, aumento do ruído e seus impactos no conforto

55

Segundo Russo e Santos (1993), um mecanismo também citado como envolvido na

gênese da hipertensão arterial induzida pelo ruído, é o de que este elemento pode provocar

uma variação da pressão arterial, através de uma adaptação estrutural dos vasos sanguíneos,

em resposta aos repetidos picos de variação da pressão arterial.

No entanto, alguns autores encontraram resultados contrários, como Santana e

Barberino (1995), que realizaram um estudo sobre a hipótese da relação ruído-hipertensão

arterial, utilizando um grupo de 276 pacientes, abordando dois aspectos: história referida de

exposição ao ruído, e diagnóstico de disacusia ocupacional (doença profissional decorrente da

exposição ao elevado Nível de Pressão Sonora continua). A hipertensão arterial foi definida

de acordo com os critérios da OMS, incluindo-se, também referência e tratamento anti-

hipertensivo. Constataram através da análise estratificada e da modelagem logística não

condicional dos dados obtidos, que a hipótese não foi comprovada, pois não se encontrou

diferenças entre a pressão sistólica ou diastólica ou entre as proporções de hipertensão entre

indivíduos expostos e não expostos ao ruído.

Kwitko (2001), Nudelman et al (2001), Zannin et al (2002), Saliba (2004) ressaltam

que com o indivíduo exposto continuamente ao ruído pode surgir alguns sintomas que são

como: irritabilidade, insônia, aumento dos batimentos cardíacos, hipertensão leve ou

moderada, alterações digestivas, ansiedade, nervosismo, redução da libido, aumento do tônus

muscular, dificuldade de repouso do corpo, tendência à apresentação de espasmos musculares,

aumento da frequência respiratória, vertigem e cefaléia.

Colleoni et al (1981) comentam que na faixa de frequências baixas, iniciando-se com

as infrassônicas (abaixo de 16Hz), os efeitos do ruído não são auditivos, e dentre eles estão

enjoos, vômitos, tonturas, etc. À medida que a frequência aumenta, os efeitos são diferentes e

podemos encontrar alterações na atenção e concentração mental, no ritmo respiratório, ritmo

cardíaco, aumento da irritabilidade, perda de apetite e estados pré-neuróticos.

Kitamura & Costa (1995) descrevem que a exposição à ruídos elevados, produz efeitos

não auditivos, por via polineural, não específica através das conexões colaterais na substância

reticular do tronco cerebral. Algumas teorias citam que o estímulo auditivo antes de atingir ao

córtex cerebral, passa por inúmeras estações subcorticais em particular das funções

vegetativas, o que explica os efeitos extra-auditivos do ruído.

Seligman (1993) relata que durante a exposição ao ruído e mesmo depois dela, muitos

pacientes apresentam distúrbios tipicamente vestibulares, descritos como: vertigens,

Page 56: Crescimento urbano, aumento do ruído e seus impactos no conforto

56

acompanhadas ou não por náuseas, vômitos e suores frios, dificuldades no equilíbrio e na

marcha, nistagmos, desmaios, e dilatação de pupilas.

Em experiências realizadas o nível mínimo de ruído que causou dilatação na pupila foi

de 75 dB. (JOACHIM, 1996).

Quick e Lapertosa (1981) descrevem casos em que foram demonstradas

experimentalmente, as influências do estímulo sonoro sobre a visão, manifestando-se por

dilatação das pupilas, motilidade e tremores nas mãos.

Estudo realizado por Lourenço et al (2009) em Unidades de Terapia Intensiva (UTI)

avalia que há um elevado risco ocupacional pela exposição crônica ao ruído, especialmente

quando há tarefas complexas. O ruído contínuo e excessivo superior a 85dB pode causar

efeitos fisiológicos e psicológicos, tais como hipertensão arterial, alteração no ritmo cardíaco

e no tônus muscular, cefaléia, perda auditiva, confusão mental, baixo poder de concentração e

irritabilidade.

Segundo Alexandry (1978) existe uma relação entre a intensidade do ruído e os efeitos

subjetivos. O som, de acordo com sua intensidade, pode apresentar respostas somáticas

(vasoconstrição periférica, hiporritimia ventilativa), química (secreção de substâncias

glandulares que produzem trocas químicas na composição do sangue, urina, e suco gástrico),

e psicológicas ( interferência no sono, tensão, irritabilidade e nervosismo).

Gerges (1997) acrescenta ainda: nervosismo, fadiga mental, frustração, irritabilidade,

mau ajustamento em situações novas, e conflitos sociais entre operários expostos ao ruído.

Gerges (2000); Sommerhoff (2002) e Zannin et al (2002) enfantizam que,

fisicamente, não há distinção na definição entre som e ruído. As diferenças entre eles

obedecem a critérios subjetivos de análise e percepção por parte do indivíduo. O som

apresenta diferentes características físicas, porém só pode ser interpretado como ruído quando

afeta psicológica e fisiologicamente a saúde das pessoas. Para que isso ocorra, depende da

experiência auditiva do indivíduo, assim como sua opinião subjetiva sobre o mesmo.

6.5 CONCLUSÃO

A literatura permitiu entender que existem poucos estudos de ruído urbano na área

hospitalar. Segundo os autores citados os problemas ocasionam alterações na saúde da

população.

Page 57: Crescimento urbano, aumento do ruído e seus impactos no conforto

57

Embora vários estudos tenham sido realizados nos setores internos como nas UTI

(Unidades de Terapias Intensivas) constatamos nesta pesquisa a importância de estudarmos o

ruído externo urbano provocado pelo fluxo dos veículos e ambulâncias, considerando a

localização das enfermarias dos Hospitais nas grandes cidades. Entre eles destaca-se o

hospital Santa Casa de Misericórdia do Pará.

Com base no estudo do mapa acústico de Belém Pará no bairro Umarizal escolhemos o

nosso objeto de estudo nesta área, pois apesar do reconhecimento por parte do governo da

existência do problema, não observaram a relevância de um estudo acústico na revitalização

deste hospital.

A maioria dos autores relacionaram que o efeito do ruído provoca alterações,

fisiológicas, sociais e psíquica, chegando a alterar a saúde e o comportamento do individuo.

Em termos metodológicos, a literatura destas bibliografias citadas verifica-se que os estudos

dos profissionais e pacientes da saúde não contemplam as percepções das fontes do ruído com

seu bem-estar físico e social, com seu meio ambiente e qualidade de vida.

Page 58: Crescimento urbano, aumento do ruído e seus impactos no conforto

58

7 RESULTADOS

7.1 DESCRIÇAO DAS ENFERMARIAS

Neste capítulo são analisados os dados coletados no questionário, os quais foram

demonstrados através de tabelas e gráficos. Além disso, foram utilizados testes estatísticos

aplicados no cruzamento dos dados da pesquisa para relacionar as variáveis estudadas.

Os dados foram discutidos e comparados com a literatura já existente sobre o tema,

considerando-se as características de cada enfermaria, como localização, sua especialidade

clinica e interferências.

7.1.1 Enfermaria São Roque (entrevistados 50 usuários: 24 pacientes e 26 acompanhantes)

É uma enfermaria de clínica médica adulta de uso misto, possui vinte e seis leitos, tem

um quadro fixo de funcionários de oito servidores por turno. O tempo de internação é de

aproximadamente 29 dias (segundo informe do censo da enfermaria). A enfermaria está

localizada no limite lateral do hospital, com janelas voltadas diretamente para as ruas (R.

Oliveira Belo e R.Quatorze de Março), que a contornam.

Nesta enfermaria, a medição efetuada com sonômetro no estudo comparativo,

evidenciou um ruído maior em comparação a enfermaria Frei Caetano, pois além da conversa

dos acompanhantes e pacientes, existe, bem próximo, uma obra do próprio hospital, em

construção, que contribui como mais um fator de interferência do ambiente. O barulho

proveniente de carros, de buzinas e de carros-som é muito alto, pois esta enfermaria encontra-

se em frente de uma rua, e são utilizados ventiladores antigos e barulhentos.

Page 59: Crescimento urbano, aumento do ruído e seus impactos no conforto

59

7.1.2 Enfermaria Frei Caetano (entrevistados 41 usuários: 16 pacientes e 25

acompanhantes)

É uma enfermaria de clínica cirúrgica de uso misto, possui quatorze leitos, apresenta

um quadro fixo de funcionários de quatro servidores por turno. O tempo médio de internação

é de 28 dias (segundo informe do censo da enfermaria). A enfermaria está localizada na parte

interna do hospital, possui climatização com ar condicionado e não sofre influência do ruído

externo, pois as janelas e portas permanecem fechadas o dia inteiro, abafando o ruído externo

das obras do prédio ao lado. Embora localizada perto do estacionamento, verificou-se um

ambiente agradável, calmo, com poucos leitos, sem grande movimentação de pessoas e não há

interferência do ruído urbano.

7.1.3 Enfermaria São Francisco (entrevistados 28 usuários:1 pacientes e 27 acompanhantes)

É uma enfermaria de cirurgia pediátrica, de localização interna, perto do

estacionamento, calma, não há ruídos, apenas com circulação excessiva de pessoas da própria

enfermaria (equipe médica, residentes, estagiários e funcionários de limpeza); mesmo assim, a

equipe evita barulhos no ambiente. Janelas e portas permanecem fechadas o dia inteiro devido

à central de ar, o que abafa o ruído externo, principalmente das obras ao lado do prédio. A

enfermaria possui 10 leitos e tempo médio de internação de 58 dias.

7.1.4 Enfermaria São Paulo (entrevistados 50 usuários:17 pacientes e 33 acompanhantes)

A enfermaria São Paulo é uma enfermaria de clinica médica masculina de localização

interna, também perto do estacionamento da Santa Casa. Observamos barulhos em vários

aspectos: há uma grande movimentação de funcionários, pacientes e acompanhantes

transitando o tempo todo e conversando alto; barulho de técnicos fazendo a manutenção de

todas as centrais de ar; elevado ruído proveniente de rádio escutado por adolescentes,

deixando alguns pacientes e acompanhantes estressados. A enfermaria contem vinte e dois

Page 60: Crescimento urbano, aumento do ruído e seus impactos no conforto

60

leitos, com a ocupação no decorrer da pesquisa de todos os leitos, e o tempo de permanência

variando entre 2 e 64 dias.

7.1.5 Enfermaria Santana (entrevistados 50 usuários: 30 pacientes e 20 acompanhantes)

A Enfermaria Santana presta assistência materna, a localização é externa, limite com a

Av. Generalíssimo Deodoro. Esta enfermaria é subdividida em duas alas: ala I, para as

puerperas sem comorbidades e a ala II, para as que apresentam problemas de saúde como

hipertensão arterial. Segundo as enfermeiras da ala II, no período na noite, se eleva a pressão

arterial de quase todas as mães. Tanto na ala I quanto na ala II, há grande circulação de

pessoas, tanto da equipe médica, como os próprios pacientes (mãe e bebê), acompanhantes e

visitantes, fazendo com que essa enfermaria seja muito ruidosa, além da interferência do ruído

urbano, por estar muito próximo de uma rua movimentada. A enfermaria contém 20 leitos,

com a ocupação no decorrer da pesquisa de todos os leitos, e com o tempo de permanência

variando entre um e 14 dias.

7.1.6 Enfermaria Ludovina (entrevistados 45 usuários: 1 paciente e 44 acompanhantes)

É uma enfermaria de referência para pediatria e clínica médica, de localização interna,

com grande movimentação de funcionários e estagiários, barulhos excessivos principalmente

durante os horários de visitas. Algumas mães e acompanhantes favorecem o barulho com

conversas nos corredores ou mesmo em torno dos leitos, sobretudo quando assistem à

televisão, pois às vezes o volume do áudio é excessivo. Fora isso, há o barulho normal da

enfermaria, incluindo gritos, choro e brincadeira de criança, pois a maioria é menor de 8 anos.

Também se percebe o barulho da sirene de ambulância, pois esta enfermaria localiza-se no

andar acima do estacionamento das ambulâncias do hospital. A enfermaria contém vinte e

quatro leitos, com a ocupação no decorrer da pesquisa de todos os leitos, e o tempo de

permanência de 1 a 36 dias.

Page 61: Crescimento urbano, aumento do ruído e seus impactos no conforto

61

7.2 ANÁLISES E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

As análises e discussões dos resultados desta pesquisa foram baseadas no cruzamento,

por métodos estatísticos, entre as variáveis e as características das seis enfermarias

selecionadas para o estudo:

- Enfermarias versus percepção dos participantes sobre o barulho;

- Enfermarias versus período do dia mais barulhento;

-Enfermarias versus interferências do ruído e sintomas percebidos pelos entrevistados

quanto a localização das mesmas,internas situadas no estacionamento e externas com janelas

para as ruas;

- Enfermarias versus ruído de tráfego, considerando a análise de correspondência

(carros, buzinas, caminhões, ônibus, ambulâncias e sirenes, carros som).

As reflexões dos resultados foram realizadas com embasamento na literatura

pertinente ao assunto, pesquisada nas referências bibliográficas citadas anteriormente nesta

dissertação.

7.2.1 Perfil/Deficiência Auditiva

A tabela 1 apresenta o perfil dos usuários entrevistados quanto ao sexo e problemas

quanto a categoria deficiência auditiva, se paciente ou acompanhante, apenas com finalidade

ilustrativa para auxiliar o entendimento dos resultados que se seguirão.

Page 62: Crescimento urbano, aumento do ruído e seus impactos no conforto

62

Tabela 1: Características dos participantes do estudo.

*Falta de informação em 2 pacientes Fonte: Pesquisa de campo, 2010. Sem significância estatística

Na Tabela 1 e 2 dos 264 (100%) indivíduos entrevistados, 50 (18,94%) são da

enfermaria Santana, sendo 30 (60,00%) pacientes e 20 (40,00%) acompanhantes. Na

enfermaria Santa Ludovina foram entrevistados 45 (17,05%) indivíduos, sendo apenas 1

paciente respondente ao questionário e 44 acompanhantes. Dos 41 (15,53%) entrevistados na

Frei Caetano, 16 foram pacientes e 25 foram acompanhantes. Na enfermaria São Francisco

foram, no total 28 (10,61%), sendo 1 paciente e 27 acompanhantes. Dos 50 (18,94%)

indivíduos da São Roque, 24 foram pacientes e 26 acompanhantes e na São Paulo, dos 50

(18,94%) foram entrevistados 17 pacientes e 33 acompanhantes. Quanto ao sexo, a maioria é

feminino, e quanto à categoria de deficiência auditiva, em resposta à pergunta: “você possui

algum problema auditivo?”, a maioria (84,09%), respondeu que não. Nas respostas

afirmativas à pergunta “você tem algum tipo de problema auditivo?”, a maioria foi surdez,

seguidas de dor auditiva e zumbido. Os dados demonstrados apresentam apenas uma análise

ilustrativa e subjetiva sem significância estatística.

Variável N %

Identificação Paciente 89 33,71 Acompanhante 175 66,29 Total 264 100 Sexo Masculino 51 19,32 Feminino 213 80,68 Total 264 100 Possui algum problema auditivo? Sim 42 15,91 Não 222 84,09 Total 264 100 Tipo de problema auditivo* Dor auditiva 11 27,50 Irritação 01 2,50 Zumbido 09 22,50 Surdez 17 42,50 Saída de líquido 02 5,00 Total 40 100

Page 63: Crescimento urbano, aumento do ruído e seus impactos no conforto

63

Quando perguntados se teriam alguma queixa de problema auditivo, a grande maioria,

222 entrevistados, declarou que não, a enfermaria Santana foi a que apresentou maior número

de respostas negativas (46), seguida por Santa Ludovina e São Paulo, ambas com 41 cada. A

enfermaria São Francisco foi a que menos teve casos negativos de problema auditivo, apenas

22; mesmo assim, bem superior ao número de pacientes que declararam ter algum problema

auditivo (06). Em relação aos pacientes que disseram haver alguma queixa de problema

auditivo, pode-se considerar como baixo o número total, apenas 42 casos de 264

entrevistados. A enfermaria São Roque foi a que apresentou maior número de casos positivos

(11) e a que apresentou menor número foi a Santana, apenas 04

Como observado na tabela1, dos 42 entrevistados que se queixaram de algum

problema auditivo, 11 são da enfermaria São Roque, sendo a queixa mais frequente a surdez

(08 do total de 17 casos), em seguida vem a enfermaria São Paulo com 5 casos de surdez.

Outra queixa comum é a dor auditiva, tendo a Frei Caetano o maior número de casos (03 do

total de 11 casos). O zumbido também foi uma das maiores queixas (09 do total de 42 casos).

Tabela 2: Distribuição dos participantes por enfermaria.

Paciente Acompanhante TOTAL Enfermaria

N % N % N %

Santana 30 60,00 20 40,00 50 18,94

São Roque 24 48,00 26 52,00 50 18,94

Santa Ludovina 01 2,22 44 97,78 45 17,05

Frei Caetano 16 39,02 25 60,98 41 15,53

São Francisco 01 3,57 27 96,43 28 10,61

São Paulo 17 34,00 33 66,00 50 8,94

TOTAL 89 33,71 175 66,29 264 100

Fonte: Pesquisa de campo, 2010. Sem significância estatística

Na tabela 2, também se observa o predomínio de acompanhantes entre os usuários

entrevistados, sobretudo nas enfermarias Santa Ludovina e São Francisco, pois são

respectivamente enfermarias para puerperas e crianças, onde os acompanhantes são, em geral,

culturalmente suas mães.

Page 64: Crescimento urbano, aumento do ruído e seus impactos no conforto

64

7.2.2 Conforto acústico

Na tabela 3 são apresentados os resultados do cruzamento entre as enfermarias e a

opinião dos entrevistados quanto ao fato da enfermaria ser ou não barulhenta, bem como, o

resultado do teste estatístico Qui-quadrado para investigar a relação entre estas variáveis.

Tabela 3: Percepção dos participantes sobre o barulho nas enfermarias.

Você acha esta enfermaria barulhenta? SIM NÃO Enfermaria N % N %

Santana 16 32,00 34 68,00 São Roque 09 18,00 41 82,00 Santa Ludovina 17 37,78 28 62,22 Frei Caetano 05 12,20 36 87,80 São Francisco 01 3,57 27 96,43 São Paulo 09 18,00 41 82,00 TOTAL 57 21,59 207 78,41 Fonte: Pesquisa de campo, 2010. p< 0.05 pelo teste do Qui-quadrado p = 0,0024) Estatisticamente Significante

O nível descritivo (p = 0.0024) do teste não paramétrico Qui-quadrado de

independência indica que há relação estatisticamente significante entre a variável “Você

acha essa enfermaria muito barulhenta” e as enfermarias estudadas ao nível de significância

= 0.05. Dentre as enfermarias estudadas, as que apresentaram maior número de respostas

negativas, ou seja, menos barulhenta, foram a São Francisco (96,43%), Frei Caetano (87,80%)

e a São Paulo, 41 (82%). As enfermarias mais barulhentas são Santa Ludovina (37,78%),

Santana (32%) e São Roque(18%)

Observa-se que (21,59 %) dos dados indicam que os usuários entrevistados acham as

enfermarias barulhentas, porcentagem não desprezível frente o desconforto que é produzido.

As medidas estatísticas têm significado que foram aceitáveis, ou seja, afirmando não parecer

adequado que um hospital seja barulhento, pois os usuários o procuram para reabilitar sua

saúde em um ambiente tranquilo e acolhedor.

As enfermarias Santa Ludovina e Santana são de especialidade clinica materno-

infantil, de modo que o ruído percebido pelos entrevistados é de predominância interna, como

por exemplo, choro das crianças e conversa dos acompanhantes e funcionários, que compõem

o ruído de fundo, o qual neste estudo foi avaliado por meio subjetivo. Já pela ABNT

Page 65: Crescimento urbano, aumento do ruído e seus impactos no conforto

65

10152/2000, a definição técnica de ruído de fundo corresponde: “a média dos mínimos níveis

de ruído de um ambiente na ausência da fonte objeto de estudo, no horário e ambiente

considerados, ignorando-se eventuais ruídos transitórios tais como os de veículos

automotores, aeronaves, fontes passageiras dignas de nota, etc.”

Vale ressaltar que a enfermaria Santana está localizada na lateral externa do hospital,

de forma que o ruído urbano contribui com nível de ruído global nesta enfermaria.

O período mais barulhento cruzado com cada enfermaria de acordo com os

entrevistados e o resultado do teste G utilizado para investigar a existência de relação

significativa entre estas variáveis são apresentados na tabela 4

Tabela 4: Período do dia que percebem a enfermaria mais barulhenta.

MANHÃ TARDE NOITE

Enfermaria N % N % N %

Santana 10 62,50 2 12,50 4 25,00

São Roque 6 66,66 1 11,11 2 22,23

Santa Ludovina 11 64,70 2 11,77 4 23,53

Frei Caetano 4 80,00 0 0,00 1 20,00

São Francisco 0 0,00 0 0,00 1 100,00

São Paulo 3 33,33 4 44,44 2 22,23

TOTAL 34 59,65 9 15,79 14 24,56

Fonte: Pesquisa de campo, 2010. p< 0.05 pelo teste do Qui-quadrado, p< 0,0001 Estatisticamente Significante

Segundo o teste do qui-quadrado envolvendo o total dos usuários que responderam a

este quesito, verificou-se com significância estatística (p<0,0001). Os dados ilustram que o

turno da manhã como o mais barulhento, especificamente na enfermaria Frei Caetano, que

apresentou maior número de indicações, com 4 (80,00%). Em relação ao turno da tarde, a

enfermaria São Paulo a mais indicada, com 04 opiniões (44,44%). No turno da noite, as

enfermarias Santana e Santa Ludovina as mais apontadas como barulhenta (04 indicações

cada). A enfermaria São Francisco indica a menos barulhenta independente do turno.

Page 66: Crescimento urbano, aumento do ruído e seus impactos no conforto

66

7.2.3 Interferência/sintomas

A tabela 5 apresenta o cruzamento entre o grau de estresse provocado pelo ruído de

rua nos participantes, de acordo com a localização das enfermarias.

Tabela 5: Grau de estresse do provocado pelo ruído de rua nos participantes, de acordo com a

localização das enfermarias. Pouco (pouco/regular) Forte (forte/muito forte) Enfermarias

N (%) N (%) Internas Frei Caetano 40 (97,56) 1 (2,44) São Francisco 27 (96,42) 1 (3,57) São Paulo 49 (98,00) 1 (2,00) Total 116 (97,47) 3 (2,53) Externas Santana 47 (94,00) 3 (6,00) São Roque 42 (84,00) 8 (16,00) Santa Ludovina 41 (91,11) 4 (8,89) Total 130 (89,66) 15 (10,34)

Fonte: Pesquisa de campo, 2010. p< 0,05 entre as categorias enfermaria interna x externa pelo teste do Qui-quadrado, p = 0,012. Estatisticamente Significante.

Segundo o nível descritivo (p = 0,012) teste do Qui quadrado pode-se dizer que há

significância estatística para sugerir que existe relação entre a variável “O ruído da rua lhe

provoca estresse?” e as enfermarias ao nível de significância = 0.05. A maioria dos

entrevistados considera como Pouco (246) o estresse causado pelo ruído da rua. Dos 18

indivíduos que declararam como Forte, 8 indicaram a enfermaria São Roque e 4 a Santa

Ludovina. Como Muito Forte destaca-se a enfermaria Santana com 3 (50,00%) das 6

observações. Relevante destacar que as indicações Forte e Muito Forte relacionam-se com as

enfermarias cujas janelas se localizam abertas para as ruas, demonstrando que o ruído provoca

estresse nos usuários entrevistado, dados estes de relevância na pesquisa como comprovação

cientifica.

A análise é afirmativa em relação do incômodo gerado pelo ruído produzido na rua

com o grau de estresse dos usuários das enfermarias, estes declararam, de forma comprovada,

que a interferência resulta especialmente do ruído gerado pelo tráfego de veículos. Levy;

Page 67: Crescimento urbano, aumento do ruído e seus impactos no conforto

67

Beaumont (2008) afirmam que a intensidade do ruído está associada ao stress e ao cansaço,

dos quais resultam perturbações do sono e irritabilidade e dor de cabeça, por exemplo:

comprovado com dados relevantes e fidedignos que o ruído causa efeitos físicos na saúde do

individuo conforme Tabelas 6, 7 e 8.

Tabela 6: Perda do sono a noite por Enfermaria.

Pouco (pouco/regular) Forte (forte/muito forte) Enfermarias N (%) N (%)

Internas Frei Caetano 40 (97,56) 1 (2,44) São Francisco 25 (89,29) 3 (10,71) São Paulo 46 (92,00) 4 (8,00) Total 111 (93,28) 8 (6,72) Externas Santana 48 (96,00) 2 (4,00) São Roque 44 (88,00) 6 (12,00) Santa Ludovina 35 (77,78) 10 (22,22) Total 127 (87,59) 18 (12,41)

Fonte: Pesquisa de campo, 2010. p< 0,05 entre as categorias enfermaria interna x externa pelo teste do Qui-quadrado, p = 0,0293. Estatisticamente Significante.

De acordo com o nível descritivo (p = 0.0293) do teste não paramétrico Qui-quadrado

pode-se sugerir que há relação estatisticamente significativa entre a variável “Perda do sono

a noite” e as enfermarias estudadas ao nível de significância = 0.05, sendo a enfermaria

Santana a que apresentou maior número de casos de pessoas com Regular perda de sono,

permanecendo com janelas abertas durante todo o período diurno. Quanto a Forte e Muito

Forte perda do sono, foram destacadas Santa Ludovina e São Roque, todas relacionadas com

ruído urbano.

Page 68: Crescimento urbano, aumento do ruído e seus impactos no conforto

68

Tabela7: Intensidade de dor cabeça por Enfermaria. Pouco (pouco/regular) Forte (forte/muito forte) Enfermarias

N (%) N (%) Internas Frei Caetano 41 (100) 0 (0,00) São Francisco 26 (92,86) 2 (7,14) São Paulo 47 (94,00) 3 (6,00) Total 114 (95,80) 5 (4,20) Externas Santana 48 (96,00) 2 (4,00) São Roque 45 (90,00) 5 (10,00) Santa Ludovina 37 (82,22) 8 (17,78) Total 130 (89,66) 16 (11,03)

Fonte: Pesquisa de campo, 2010. p< 0,05 entre as categorias enfermaria interna x externa pelo teste do Qui-quadrado, p = 0,0425. Estatisticamente Significante.

De acordo com o nível descritivo (p = 0.0425) do teste não paramétrico G pode-se

dizer que há evidências estatísticas suficientes para sugerir que existe relação entre a

variável “Dor de cabeça” e as enfermarias ao nível de significância = 0.05, sendo a

enfermaria São Paulo a que apresentou maior número de casos de pessoas com Regular

intensidade de dor de cabeça. Já Santa Ludovina e São Roque responderam que a intensidade

é Forte e Muito Forte. Demonstrando resultados relevantes quanto ao posicionamento de cada

enfermaria e suas interferências do ruído externo.

Page 69: Crescimento urbano, aumento do ruído e seus impactos no conforto

69

Tabela 8: Irritabilidade por Enfermaria. Pouco (pouco/regular) Forte (forte/muito forte) Enfermarias

N (%) N (%) Internas Frei Caetano 39 (95,12) 2 (4,88) São Francisco 28 (100) 0 (0,00) São Paulo 46 (92,00) 4 (8,00) Total 113 (94,96) 6 (5,04) Externas Santana 43 (86,00) 7 (14,00) São Roque 42 (84,00) 8 (16,00) Santa Ludovina 33 (73,33) 12 (26,67) Total 118 (81,38) 27 (18,62)

Fonte: Pesquisa de campo, 2010. p< 0,05 entre as categorias enfermaria interna x externa pelo teste do Qui-quadrado, p = 0,0330. Estatisticamente Significante.

O nível descritivo (p = 0.0330) do teste não paramétrico G indica haver relação

estatisticamente significativa entre a variável “Irritabilidade” e as enfermarias estudadas ao

nível de significância = 0.05, sendo a enfermaria São Paulo a que apresentou maior número

de casos de pessoas com Regular irritabilidade. Quanto às localizadas na parte externa:

Santana, Santa Ludovina e São Roque apresentaram maior números de casos dos

entrevistados com Forte e Muito Forte de irritabilidade.

De acordo com WHO (1999), isto se deve ao fato que a poluição sonora causa efeitos

adversos à saúde humana: efeitos diretos ou efeitos primários (ex: incômodos, interferência

com a comunicação pela fala, entre outros); efeitos cumulativos ou efeitos secundários (ex:

estresse, risco de hipertensão, e infarto); além de efeitos sócio-culturais, estéticos e

econômicos (ex: isolamento social, queda da qualidade acústica na vizinhança, e depreciação

do valor do imóvel, entre outros). A poluição sonora é considerada a terceira maior forma de

poluição, uma das mais difundidas forma de contaminação encontrada na sociedade moderna.

A grandeza do problema tem exigido soluções para o controle do ruído em razão dos seus

efeitos.

Os dados das tabelas 5, 6, 7, 8 mostram que o posicionamento das enfermarias

externas com as janelas abertas para as ruas expostas ao ruído do tráfego, multiplica ou eleva

a percentagem dos usuários entrevistados quanto a percepção da intensidade Forte e Muito

Forte do estresse, perda do sono, dor de cabeça e irritabilidade.

A percepção do grau de estresse nas enfermarias internas (2,53%) é quatro vezes

menor do que nas externas (10,34%). A perda do sono de (6,72%) nas internas é duas vezes

Page 70: Crescimento urbano, aumento do ruído e seus impactos no conforto

70

menor do que nas externas (12,41%), a intensidade da dor de cabeça (4,20%) nas internas é

três vezes menor que nas externas (11,03%). Quanto à irritabilidade, o percentual das internas

(5,04%) é menor do que nas externas (18,62%).

7.2.4 Ruído do tráfego

O resultado do cruzamento da variável “ruído dos carros” com as enfermarias, bem

como, o resultado do teste G para estudar a relação entre estas variáveis são apresentados na

tabela 9

Tabela 9: Percepção do ruído dos carros por enfermaria. Pouco Regular Forte Muito Forte

Enfermaria N (%) N (%) N (%) N (%) Santana 34 (68,00) 9 (18,00) 3 (6,00) 4 (8,00) Santa Ludovina 43 (95,56) 0 (0,00) 2 (4,44) 0 (0,00) Frei Caetano 39 (95,12) 2 (4,88) 0 (0,00) 0 (0,00) São Francisco 26 (92,86) 1 (3,57) 1 (3,57) 0 (0,00) São Roque 32 (64,00) 7 (14,00) 6 (12,00) 5 (10,00) São Paulo 42 (84,00) 4 (8,00) 1 (2,00) 3 (6,00) TOTAL 216 (81,82) 23 (8,71) 13 (4,92) 12 (4,55)

Fonte: Pesquisa de campo, 2010. P< 0,05 (Teste G; p = 0,0004) Estatisticamente significativa

Segundo o nível descritivo (p = 0.0004) do teste não paramétrico G pode-se sugerir

que há relação estatisticamente significativa entre a variável “Ruído dos carros” e as

enfermarias estudadas ao nível de significância = 0.05, tendo as enfermarias Santana e São

Roque mais indivíduos que consideraram como Muito Forte e Forte o incômodo provocado

pelo ruído dos carros.

A maioria dos pacientes e acompanhantes entrevistados considera como “Pouco” o

incômodo causado pelo ruído dos carros 216 (81,82%). A enfermaria Santa Ludovina e São

Paulo foram as que tiveram maior número de indivíduos que consideraram como “Pouco” o

incômodo causado pelos ruídos dos carros - 43 (95,56%) e 42 (84%) respectivamente. Dos 12

(4,55%) indivíduos que classificaram como “Muito Forte” o nível de incômodo, 5 (10%)

eram da enfermaria “São Roque”, 4 (8%) da “Santana” e 3 (6%) da “São Paulo”.

Page 71: Crescimento urbano, aumento do ruído e seus impactos no conforto

71

Esta análise permite afirmar que o ruído gerado pelo tráfego dos carros em torno das

enfermarias Santana e São Roque apresentam relação com a localização próxima às ruas,

sofrendo a interferência do ruído externo, e comprovam a intensidade do ruído Muito Forte e

Forte afirmado pelos entrevistados.

Estes dados foram afirmativos com o que a literatura expõe como um dos mais graves

problemas urbanos contemporâneos que é o representado pela poluição sonora ou ruídos

urbanos, definido como o conjunto de todos os ruídos provenientes de uma ou mais fontes

sonoras, manifestadas ao mesmo tempo num ambiente qualquer. A poluição sonora é causada,

principalmente, pelo excesso de ruídos gerados pela circulação de veículos e má localização

de ruas, comércio e lazer (ARAÚJO; DINIZ; GOMES JÚNIOR, 2007).

Na Figura 7 são apresentadas as associações estatisticamente significativas entre as

enfermarias estudadas e os níveis de incômodo causado pelo ruído dos carros que trafegam

nas suas proximidades por meio da Análise de Correspondência.

SantanaFrei CaetanoSão Paulo

São Francisco

São Roque Santa Ludovina

Pouco

Regular

Forte

Muito Forte

-1.2 -1.0 -0.8 -0.6 -0.4 -0.2 0.0 0.2 0.4 0.6

Eixo 1 (85.61% de Inercia)

-0.4

-0.3

-0.2

-0.1

0.0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

Eixo

2 (1

1.99

% d

e In

erci

a)

Enfermaria Ruído dos carrosCritério Beta = 5.35

Figura 7: Análise de correspondência das variáveis enfermaria versus ruído dos carros. Fonte: Pesquisa de Campo, 2009/2010.

De acordo com a Figura 7 e a Tabela 9 observa-se que as enfermarias São Paulo, Frei

Caetano, São Francisco e Santa Ludovina possuem associação estatisticamente significativa

com a categoria “Pouco” incômodo causado com o ruído dos carros que trafegam nas suas

proximidades aos pacientes e acompanhantes das suas instalações. A enfermaria São Roque

Page 72: Crescimento urbano, aumento do ruído e seus impactos no conforto

72

possui maior associação com as categorias, “Regular”, “Forte” e “Muito forte” em relação ao

incômodo provocado pelo ruído dos carros e a enfermaria Santana apresenta maior associação

com as categorias “Regular” e “Muito Forte”.

A tabela 10 apresenta o cruzamento entre a variável nível de incômodo causado pelo

ruído dos ônibus e caminhões com a variável enfermaria e o resultado do teste G utilizado

para investigar a relação entre estas variáveis.

Tabela10: Percepção do ruído dos ônibus e caminhões por enfermaria.

Pouco Regular Forte Muito Forte Enfermaria N (%) N (%) N (%) N (%)

Santana 37 (74,00) 6 (12,00 2 (4,00) 5 (10,00) Santa Ludovina 44 (97,78) 1 (2,22) 0 (0,00 0 (0,00) Frei Caetano 36 (87,80) 4 (9,76) 1(2,44) 0 (0,00) São Francisco 27(96,43) 0(0,00) 1(3,57) 0 (0,00) São Roque 33(66,00) 5(10,00) 7(14,00) 5 (10,00) São Paulo 37(74,00) 6(12,00) 3(6,00) 4 (8,00) TOTAL 214(81,06) 22(8,33) 14(5,30) 14(5,30) Fonte: Pesquisa de campo, 2010. P < 0,05 (Teste G; p = 0,0324) Estatisticamente significativa

De acordo com o nível descritivo (p = 0.0.324) do teste não paramétrico G pode-se

dizer que há evidências estatísticas para sugerir que existe relação entre a variável “Ruídos

dos ônibus e caminhões” e as enfermarias ao nível de significância = 0.05.

A maioria dos usuários entrevistados 214 (81,06%) considera como “Pouco” o

incômodo causado pelo ruído dos ônibus e caminhões que trafegam nas suas proximidades.

As enfermarias Santa Ludovina e São Paulo foram as que apresentaram maior número de

indivíduos que consideraram como “Pouco” o incômodo causado pelos ruídos dos ônibus e

caminhões 44 (97,78%) e 37 (74,00 %) respectivamente. Dos 14 indivíduos que classificaram

como “Muito Forte” o nível de incômodo, 5 (10,00%) eram da enfermaria “Santana” e da São

Roque, cada e 4 (8,00%) da “São Paulo”.

Por meio da Análise de Correspondência foram identificadas as associações

estatisticamente significativas entre as enfermarias estudadas e os níveis de incômodo causado

pelo ruído dos ônibus e caminhões que trafegam nas suas proximidades sendo ilustradas essas

associações por meio da Figura 8.

Page 73: Crescimento urbano, aumento do ruído e seus impactos no conforto

73

Santana

Frei CaetanoSão Paulo

São FranciscoSão Roque

Santa Ludovina

Muito Forte

Pouco

Forte

Regular

-1.0 -0.8 -0.6 -0.4 -0.2 0.0 0.2 0.4 0.6

Eixo 1 (80.43% de Inercia)

-0.6

-0.5

-0.4

-0.3

-0.2

-0.1

0.0

0.1

0.2

0.3

0.4

Eixo

2 (1

5.03

% d

e In

erci

a)

Enfermaria Ruído dos ônibus

e caminhõesCritério Beta = 4.45

Figura 8: Análise de correspondência das variáveis enfermaria e ruído dos ônibus e caminhões. Fonte: Pesquisa de Campo, 2009/2010.

Analisando as associações destacadas na Figura 8 e Tabela 10 observa-se que as

enfermarias Frei Caetano, Santa Ludovina e São Francisco possuem associação

estatisticamente significativa com a categoria “Pouco” incômodo causado pelo ruído dos

ônibus e caminhões que trafegam nas suas proximidades aos pacientes e acompanhantes das

suas instalações. As enfermarias Santana e São Paulo possuem maior associação com o

incômodo de intensidade “Regular” e “Muito Forte” e São Roque com “Forte” e “Muito

Forte”.

O cruzamento das variáveis, nível de incômodo causado pelo ruído das ambulâncias e

sirenes e a variável enfermaria, bem como, o resultado do teste G utilizado para investigar a

relação entre estas variáveis são apresentados na tabela11.

Page 74: Crescimento urbano, aumento do ruído e seus impactos no conforto

74

Tabela 11: Percepção do ruído das ambulâncias e suas sirenes por enfermaria. Pouco Regular Forte Muito Forte

Enfermaria N (%) N (%) N (%) N (%) Santana 37(74,00) 4(8,00) 4(8,00) 5(10,00) Santa Ludovina 40(88,89) 1(2,22) 3(6,67) 1(2,22) Frei Caetano 37(90,24) 2(4,88) 2(4,88) 0(0,00) São Francisco 25(89,29) 1(3,57) 2(7,14) 0(0,00) São Roque 20(40,00) 5(10,00) 15(30,00) 10(20,00) São Paulo 42(84,00) 4(8,00) 1(2,00) 3(6,00) TOTAL 201(76,14) 17(6,44) 27(10,23) 19(7,20)

Fonte: Pesquisa de campo, 2010. P < 0,05 (Teste G; p < 0,0001) Estatisticamente significativa

Segundo o nível descritivo (p < 0.0001) do teste não paramétrico G pode-se sugerir

que há relação estatisticamente significativa entre a variável “Ruído das ambulâncias e

sirenes” e as enfermarias estudadas ao nível de significância = 0.05, sendo a enfermaria

São Roque a que apresentou maior número de casos de pessoas que consideraram como Forte

ou Muito forte o ruído das ambulâncias e sirenes.

Dos 264 pacientes e acompanhantes entrevistados, 201 consideram como “Pouco” o

incômodo causado pelo ruído das ambulâncias que trafegam nas suas proximidades. A

enfermaria Santa Ludovina e São Paulo foram as que apresentaram maior número de

indivíduos que classificaram como “Pouco” o incômodo causado pelo ruído das ambulâncias

e sirenes 40 (88,89%) e 42 (84,00 %) respectivamente. Dos 19 indivíduos que classificaram

como “Muito Forte” o nível de incômodo, 10 (20,00%) eram da enfermaria “São Roque”, 5

(10,00%) da “Santana”, 3 (6,00%) da São Paulo e 1 (2,22%) da Santa Ludovina. Observou-se,

também, que dos 27 indivíduos que consideraram como “Forte” o ruído das ambulâncias e

sirenes mais da metade eram da enfermaria São Roque, 15 (30,00%).

Na Figura 9 são apresentadas as associações estatisticamente significativas entre as

enfermarias e os níveis de incômodo causado pelo ruído das ambulâncias e sirenes segundo a

Análise de Correspondência.

Page 75: Crescimento urbano, aumento do ruído e seus impactos no conforto

75

Santana

Frei Caetano

São Paulo

São Francisco

São Roque

Santa Ludovina

Muito Forte

Pouco

Regular

Forte

-1.2 -1.0 -0.8 -0.6 -0.4 -0.2 0.0 0.2 0.4 0.6

Eixo 1 (92.36% de Inercia)

-0.4

-0.3

-0.2

-0.1

0.0

0.1

0.2

0.3

0.4

Eixo

2 (7

.020

% d

e In

erci

a)

Enfermaria Ruído de ambulância

e sirenesCritério Beta = 11.10

Figura 9: Análise de correspondência das variáveis enfermaria e ruído das ambulâncias e sirenes. Fonte: Pesquisa de Campo, 2009/2010. Analisando a Figura 9 e a Tabela 11 observa-se que as enfermarias São Paulo, Frei

Caetano, Santa Ludovina e São Francisco possuem associação estatisticamente significativa

com “Pouco” incômodo causado pelo ruído das ambulâncias e sirenes. A enfermaria Santana

possui associação com “Muito Forte” e a enfermaria São Roque com “Regular”, “Forte” e

“Muito Forte” incômodo causado pelo ruído das ambulâncias e sirenes que trafegam no seu

entorno.

A tabela 12 apresenta o cruzamento entre o variável nível de incômodo causado pelos

carros som e a variável enfermaria e também o resultado do teste G utilizado para investigar a

relação entre estas variáveis.

Page 76: Crescimento urbano, aumento do ruído e seus impactos no conforto

76

Tabela 12: Percepção do ruído dos carros de som por enfermaria. Pouco Regular Forte Muito Forte

Enfermaria N (%) N (%) N (%) N (%) Santana 35 (70,00) 1 (2,00) 4 (8,00) 10 (20,00) Santa Ludovina 43 (95,56) 2 (4,44) 0 (0,00) 0 (0,00) Frei Caetano 37 (90,24) 2 (4,88) 1 (2,44) 1 (2,44) São Francisco 25 (89,29) 0 (0,00) 3 (10,71) 0 (0,00) São Roque 31 (62,00) 6 (12,00) 8 (16,00) 5 (10,00) São Paulo 40 (80,00) 0 (0,00) 2 (4,00) 8 (16,00) TOTAL 211 (79,92) 11 (4,17) 18 (6,82) 24 (9,09)

Fonte: Pesquisa de campo. P < 0,05 (Teste G; p < 0,0001) Estatisticamente significativa

O nível descritivo (p < 0.0001) do teste não paramétrico G pode-se sugerir que há

relação estatisticamente significativa entre a variável “Ruído dos carros som” e as

enfermarias estudadas ao nível de significância = 0.05, sendo a enfermaria Santana a que

apresentou maior número de casos de pessoas que consideram como “Muito forte” o ruído

causado pelos carros som e a São Roque a que informou a maioria de casos como “Forte”.

Dos 264 pacientes e acompanhantes entrevistados, 211 considera como “Pouco” o

incômodo causado pelo ruído dos carros som. A enfermaria Santa Ludovina e São Paulo

foram as que apresentaram maior número de indivíduos que classificaram como “Pouco” o

incômodo causado pelo ruído dos carros som 43 (95,56%) e 40 (80,00%) respectivamente.

Dos 24 indivíduos que classificaram como “Muito Forte” o nível de incômodo, 10 (20,00%)

eram da enfermaria “Santana”, 8 (16,00%) da “São Paulo”, 5 (10,00 %) da São Roque e 1

(2,44%) da Frei Caetano. Observou-se, também, que dos 18 indivíduos que consideraram

como “Forte” o ruído dos carros som, 8 (16,00%) eram São Roque.

Na Figura10 são apresentadas as associações estatisticamente significativas entre as

enfermarias estudadas e os níveis de incômodo causado pelo ruído dos carros som

Page 77: Crescimento urbano, aumento do ruído e seus impactos no conforto

77

Santana

F. Caetano

São Paulo

S. Francisco

São Roque

S. Ludovina

Muito Forte

Pouco

Forte

Regular

-0.8 -0.6 -0.4 -0.2 0.0 0.2 0.4 0.6

Eixo 1 (53.67% de Inercia)

-1.0

-0.8

-0.6

-0.4

-0.2

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

Eixo

2 (3

8.23

% d

e In

erci

a)

Enfermaria Ruído dos carros somCritério Beta = 7.91

Figura 10: Análise de correspondência das variáveis enfermaria e ruído dos carros som. Fonte: Pesquisa de Campo, 2009.

De acordo com a Figura 10 e Tabela 12 observa-se que as enfermarias São Francisco,

Frei Caetano e Santa Ludovina possuem associação estatisticamente significante com

“Pouco” incômodo com o ruído causado pelos carros som que trafegam no entorno de suas

instalações nos seus pacientes e acompanhantes. As enfermarias Santana e São Paulo possuem

associação com o incômodo “Muito Forte” e a enfermaria São Roque com “Regular” e

“Forte”.

O cruzamento das variáveis, nível de incômodo causado pelo ruído das buzinas e a

variável enfermaria, bem como, o resultado do teste G utilizado para investigar a relação entre

estas variáveis são apresentados na tabela13.

Page 78: Crescimento urbano, aumento do ruído e seus impactos no conforto

78

Tabela 13: Percepção do ruído das buzinas dos veículos por enfermaria. Pouco Regular Forte Muito Forte

Enfermaria N (%) N (%) N (%) N (%) Santana 9(18,00) 30(60,00) 5(10,00) 6(12,00) Santa Ludovina 8(17,78) 36(80,00) 1(2,22) 0(0,00) Frei Caetano 2(4,88) 34(82,93) 5(12,20) 0(0,00) São Francisco 4(14,29) 24(85,71) 0(0,00) 0(0,00) São Roque 14(28,00) 26(52,00) 7(14,0) 3(6,00) São Paulo 3(6,00) 42(84,00) 2(4,00) 3(6,00) TOTAL 40(15,15) 192(72,73) 20(7,58) 12 (4,55)

Fonte: Pesquisa de campo, 2010. P < 0.05 (Teste G; p = 0.0002) Estatisticamente significativa Segundo o nível descritivo (p = 0.0002) do teste não paramétrico G pode-se sugerir

que há relação estatisticamente significativa entre a variável “Ruído de buzina” e as

enfermarias estudadas ao nível de significância = 0.05, sendo a enfermaria São Roque a

que apresentou maior número de casos de pessoas que consideram como Forte o ruído

causado pelas buzinas.

A maioria (192) dos indivíduos pesquisados declarou ser “regular” o incômodo

causado pelo ruído das buzinas. A enfermaria Santa Ludovina e São Paulo foram as que

apresentaram maior número de indivíduos que classificaram como “regular” o incômodo

causado pelo ruído das buzinas 36 (18,75%) e 42 (21,88%) respectivamente. Dos 12

indivíduos que classificaram como “Muito Forte” o nível de incômodo, 6 (50,00%) eram da

enfermaria “Santana”, a São Roque, e São Paulo tiveram 3 (25,00%) indivíduos cada. O

Ruído da buzina foi considerado como “Forte” por 40 indivíduos, sendo 14 (35,00%) da São

Roque, 9 (22,50) da “Santana” e 8 (20,00%) da Santa Ludovina.

Na Figura 11 são apresentadas as associações estatisticamente significativas entre as

enfermarias estudadas e os níveis de incômodo causado pelo ruído das buzinas

Page 79: Crescimento urbano, aumento do ruído e seus impactos no conforto

79

Santana

Frei Caetano

São Paulo

São FranciscoSão RoqueSanta Ludovina

PoucoRegular

Forte

Muito Forte

-1.0 -0.8 -0.6 -0.4 -0.2 0.0 0.2 0.4 0.6

Eixo 1 (63.05% de Inercia)

-0.7

-0.6

-0.5

-0.4

-0.3

-0.2

-0.1

0.0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

Eixo

2 (2

1.68

% d

e In

erci

a)

Enfermaria Ruído das buzinasCritério Beta = 6.13

Figura 11: Análise de correspondência das variáveis enfermaria e ruído das Buzinas Fonte: Pesquisa de Campo, 2009.

Analisando os dados apresentados na Figura 11 e na Tabela 13 observa-se que as

enfermarias Santa Ludovina, São Francisco, Frei Caetano e São Paulo possuem associação

estatisticamente significativa com “Pouco” incômodo causado pelo ruído das buzinas nos seus

pacientes e acompanhantes. A enfermaria Santana possui associação com “Regular”, “Forte”

e “Muito Forte” e a enfermaria São Roque com “Regular” e “Forte”.

Page 80: Crescimento urbano, aumento do ruído e seus impactos no conforto

80

Tabela 14: Percepção dos sons agradáveis e desagradáveis. Pouco (pouco/regular) Muito (forte/muito forte) Sons N (%) N (%)

Agradáveis Pássaros 117 (44,4) 147 (55,6) Chuva 129 (48,8) 135 (51,2) Ventilador 231 (87,5) 33 (12,5) Rádio/Televisão 247 (93,5) 17 (6,5) Ar condicionado 247 (93,5) 17 (6,5) Desagradáveis Construção 210 (79,5) 54 (20,5) Batimento das portas e janelas 215 (81,5) 49 (18,5) Conversa das pessoas 229 (86,7) 35 (13,3) Rodas das macas e carros 244 (92,5) 20 (7,5) Campainhas 260 (98,4) 4 (1,6) Bombas de infusão 262 (99,3) 2 (0,7)

Fonte: Pesquisa de campo, 2010. Sem significância estatística

Os dados da tabela 14 são apenas uma análise ilustrativa dos sons agradáveis e

desagradáveis por ordem crescente, já que não apresentam significância estatística.

O barulho dos pássaros em primeiro com percentual de (55,6%) Forte e Muito Forte,

em seguida o ruído da chuva, depois o do ventilador e da televisão com o mesmo percentual, e

o ruído do ar condicionado, foram considerados sons agradáveis (ruídos de fundo), pois

servem de proteção contra o ruído externo e de dentro das enfermarias. Em especial quanto

aos sons dos pássaros, que são fontes de ruído da natureza e são percebidos pelo ouvido

humano de forma agradável, promovendo um bem estar nos pacientes e acompanhantes.

Já os sons desagradáveis, destaca-se o da construção, percebido por 54 entrevistados,

seguido com 49 que responderam sobre o batimento das portas e janelas das enfermarias, em

terceiro (35) referenciam a conversa das pessoas, em quarto (20) ressaltam o ruído das rodas

das macas e carros; quinto, o barulho das campainhas mencionado por 4 pessoas, e por

último, o barulho das bombas de infusão com apenas 2 entrevistados. Estes sons

desagradáveis foram percebidos de forma Forte e Muito Forte nas seis enfermarias estudadas.

Page 81: Crescimento urbano, aumento do ruído e seus impactos no conforto

81

8 ESTUDO COMPARATIVO DO NÍVEL DE RUÍDO EM DUAS ENFERMARIAS

8.1 INTRODUÇÃO

O objeto de estudo é a Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará localizado no

bairro do Umarizal na cidade de Belém. O hospital foi parte integrante do projeto de

modernização e humanização dos espaços físicos dos hospitais públicos da rede do SUS

(2002-2006), no contexto do conforto ambiental enfocando as áreas lumínica, térmica,

comunicação visual e acessibilidade, entretanto, naquele momento não foi abordado o tema

acústico.

A Santa Casa é um hospital centenário, com 346 leitos, voltado ao atendimento de

pacientes de Belém e do interior do Estado, em várias especialidades médicas, especialmente

as destinadas ao atendimento materno infantil. A escolha desse hospital para estudo ocorreu

por ele pertencer à rede pública de saúde do estado e por sua situação geográfica. O hospital

está situado em uma área considerada pelo mapa acústico de Belém como sendo de condição

acústica saturada, ou seja, os níveis sonoros no seu entorno ultrapassam os limites máximos

recomendáveis para zonas hospitalares tanto pela Organização Mundial de Saúde como pela

NBR 10.151/2000 (ABNT, 2000a)

Foram analisadas as enfermarias São Roque e Frei Caetano: a primeira fica localizada

no limite externo do edifício, voltada para uma rua de trânsito intenso e sofre influência direta

do ruído urbano; a outra está localizada na área central do hospital voltada para o pátio de

estacionamento a cerca de 40 metros da rua que o contorna (SOUZA et al, 2010).

Realizou-se uma pesquisa inicial com os participantes da pesquisa, que são os usuários

e os acompanhantes do hospital Santa Casa de Misericórdia do Pará. Foi aplicado um

questionário piloto que continham dados referentes a deficiência auditiva, e intensidade do

ruído queixa do ruído em relação á saúde.

Verificou-se como resultado parcial que a localização das enfermarias demonstrava

uma diferença da percepção da intensidade do ruído urbano.

Page 82: Crescimento urbano, aumento do ruído e seus impactos no conforto

82

8.2 ANÁLISE

8.2.1 Enfermaria São Roque

É uma enfermaria de clínica médica adulta de uso misto, possui vinte e seis leitos, tem

um quadro fixo de funcionários de oito servidores por turno. O tempo médio de

permanência/internação é de aproximadamente 29 dias. A enfermaria está localizada no limite

lateral do hospital, com aberturas (janelas) voltadas diretamente para as ruas que a contornam.

A enfermaria São Roque é externa, situada perto da Rua Oliveira Belo. Foi observada

uma maior prevalência de ruídos em comparação às outras enfermarias, a própria conversas

dos acompanhantes e pacientes fazem com que o ambiente seja ruidoso, além disso, a obra de

construção ao redor do hospital também é mais próxima, sendo mais um fator na interferência

do ambiente. O barulho dos carros, das buzinas e dos carros som é muito alto, pois esta

enfermaria encontra-se em frente de uma rua. Alguns quartos não têm ar condicionado o que

aumenta o barulho para o paciente no leito, por precisar ficar de janela aberta, e ainda ter que

utilizar ventiladores antigos e barulhentos.

Com relação à percepção do ruído pelos entrevistados, as respostas estão quantificadas

na tabela 15 abaixo. Observa-se que pouco mais da metade dos entrevistados (51,1%)

considera que a enfermaria não é barulhenta. Dos 49% que consideram a enfermaria

barulhenta, 50% percebem que o período da manhã é mais ruidoso. Quanto à intensidade,

60% consideram o ruído intenso ou muito intenso. A enfermaria São Roque está sob forte

interferência do ruído do trânsito, causada pela sua localização e pela proximidade da obra de

ampliação do hospital.

Page 83: Crescimento urbano, aumento do ruído e seus impactos no conforto

83

Tabela 15: Descrição da percepção do ruído pelos pacientes, acompanhantes e servidores da enfermaria São Roque.

Fonte: Pesquisa de Campo, 2009. Legenda: M /T /N: Manhã, Tarde, Noite; P /I /M: Pouco intenso; Intenso; Muito intenso

Com relação ao incômodo gerado pelo ruído na enfermaria os entrevistados

declararam que a interferência do ruído gera sintomas especialmente com relação à perda do

sono (5 entrevistados) e dor de cabeça (4 entrevistados). Quanto a agradabilidade dos sons, 11

entrevistados consideram o canto dos pássaros como o mais agradável, enquanto o ruído

externo, principalmente o ruído gerado pelo tráfego de veículos, é o mais desagradável para

18 dos entrevistados (tabela 16).

Período Intensidade Total Questões Sim Não M T N P I M

Nº Nº Nº Nº Nº Nº Nº Nº Nº

Você acha a

enfermaria muito

barulhenta?

22 23 - - - - - - - - - - - - 45

Em caso positivo,

que período é mais

barulhento?

- - - -

11

4 7 32 - - - - 22

Como você considera o barulho que

vem da rua?

- - - - - - - - - - 18 15 12 45

Você sente qo barulho prejudica

sua saúde?

18 27 - - - - - - - - - - - - 45

Page 84: Crescimento urbano, aumento do ruído e seus impactos no conforto

84

Tabela 16: Percepção do incômodo do ruído sobre a saúde dos pacientes, acompanhantes e servidores da enfermaria São Roque. Fonte: Pesquisa de campo, 2009.

8.2.2 Enfermaria Frei Caetano

É uma enfermaria de clínica cirúrgica de uso misto, possui quatorze leitos, apresenta

um quadro fixo de funcionários de quatro servidores por turno. O tempo médio de

permanência/internação é de 28 dias. A enfermaria está localizada na parte interna do

hospital, possui climatização com ar condicionado e não sofre influência do ruído externo.

A Frei Caetano é uma enfermaria cirúrgica interna, localizado perto do estacionamento

da Santa Casa, onde foi observado que o ambiente é agradável, calmo, com poucos leitos, sem

grande movimentação de pessoas e não há interferência do ruído urbano. Janelas e portas

também permanecem fechadas o dia inteiro devido à central de ar, abafando o ruído externo

das obras ao lado do prédio.

Quanto à identificação de deficiência auditiva, todos os entrevistados (29) declaram

ouvir bem e não apresentam queixas de problemas auditivos. No tocante a percepção do ruído

na enfermaria, os entrevistados declararam que não consideram a enfermaria barulhenta

(76%). Já dos 24% que a consideram barulhenta, 43% percebem que os períodos tarde e noite

são mais ruidoso. Quanto à intensidade, 86% consideram o ruído pouco intenso (ver tabela

17).

Questões Comentários Pessoas Caso a resposta anterior for positiva, em que o ruído prejudica a saúde:

Interfere no sono 5

Dor de cabeça 4 Concentração 3 Irritabilidade 2 Prejudica o raciocínio 1

Estresse 1 Na enfermaria onde você está internado, que tipo de barulho lhe é agradável?

Canto dos pássaros 11

Nada 11 Vento 8 Chuva 5 Música 1

Ruído externo (trânsito) 18 Ruído interno 9 Obra 3 Que tipo de barulho lhe é desagradável? Máquinas da lavanderia do hospital 2

Page 85: Crescimento urbano, aumento do ruído e seus impactos no conforto

85

Tabela 17: Descrição da percepção do ruído pelos pacientes, acompanhantes e servidores da enfermaria Frei Caetano.

Fonte: Pesquisa de Campo, 2009. Legenda: M / T / N: Manhã / Tarde / Noite; P / I / M: Pouco intenso / Intenso / Muito intenso

Os resultados encontrados nessa enfermaria (Frei Caetano), como já se esperava, se

diferem da anterior (São Roque) devido, sobretudo, por estar localizada afastada das ruas,

além de possuir climatização com ar condicionado o que contribuí para o isolamento sonoro

da mesma.

A tabela 18 ilustra que os sintomas mais frequentes para os entrevistados são a dor de

cabeça e o estresse. Quanto à agradabilidade dos sons, 4 entrevistados consideram o barulho

da chuva e do ar condicionado os mais agradáveis, enquanto que o ruído gerado pela obra no

estacionamento é o mais desagradável, seguido de barulho das portas e janelas, e campainhas

utilizada para solicitação do serviço de enfermagem.

Período Intensidade Total Questões Sim Não M T N P I M Nº Nº Nº Nº Nº Nº Nº Nº Nº

Você acha a enfermaria

muito barulhenta?

7 22 - - - - - - - - - - - - 29

Em caso positivo, que

período é mais barulhento?

- - - -

1

3 3 - - - - - 7

Como você considera o barulho que vem da rua?

- - - - - - - - - - 25 4 0 29

Você sente q o barulho

prejudica sua saúde?

8 21 - - - - - - - - - - - - 29

Page 86: Crescimento urbano, aumento do ruído e seus impactos no conforto

86

Tabela 18: Percepção do incômodo do ruído sobre a saúde dos pacientes, acompanhantes e servidores da enfermaria Frei Caetano.

Questões Comentários Pessoas Estresse 2

Dor de cabeça 2 Caso a resposta anterior for positiva, em que o ruído prejudica a saúde:

Concentração 1 Chuva 4

Barulho do ar condicionado 4 Barulhos da natureza 2

Rádio/TV 2 Ventilador 1

Na enfermaria onde você está internado, que tipo de barulho lhe é agradável?

Pássaros 1 Obra 3

Janelas e portas barulhentas 2 Campainha 2 Coversa alta 2

Bomba de infusão 1 Maqueiros 1

Que tipo de barulho lhe é desagradável?

Carro de limpeza 1 Fonte: Pesquisa de Campo, 2009.

8.2.3. Análise dos níveis de ruído

A NBR-10152/2000 (ABNT, 2000b) recomenda de 35 dBA a 45 dBA como níveis

aceitáveis para diferentes ambientes hospitalares. Estes limites são frequentemente

ultrapassados, gerando distúrbios fisiológicos e psicológicos, tanto nos pacientes como nos

que trabalham no setor. Efetivamente, foram registrados níveis de pressão sonora equivalente

(LeqA) nos quartos, de ambas as enfermarias, com valores muito acima do recomendado. Os

LeqA variam de 54 à 64,4 dBA na enfermaria Frei Caetano, a mais protegida do ruído de

tráfego, enquanto que na enfermaria São Roque os Leq(A) atingem 67,6 dBA, chegando ao

máximo de 75 dBA, e não baixam de 50 dBA (Gráficos 1 e 2).

A diferença entre os níveis medidos “in loco” e os recomendados pela norma é

significativa, pois o nível de pressão sonora em dBA é proporcional à intensidade sonora

medida em escala logarítmica. Deste modo, de acordo com a lei da física acústica, um

aumento de 10 dBA resulta no dobro do valor da escala sonora subjetiva. Portanto, os

entrevistados estão submetidos a valores de até 20 dB acima do recomendado, o que

demonstra um incremento preocupante do nível de ruído. Embora os entrevistados da

enfermaria Frei Caetano não considerem o ambiente ruidoso, eles estão expostos diariamente

Page 87: Crescimento urbano, aumento do ruído e seus impactos no conforto

87

a níveis de ruído que podem representar perturbações fisiológicas e/ou psicológicas ao

indivíduo. É importante ressaltar que os aparelhos de ar condicionado contribuem para o

incremento do ruído nessa enfermaria, pois eles podem gerar ruído com até 70 dB de

intensidade.

Gráfico1: Níveis de pressão sonora equivalente (LeqA) na enfermaria São Roque. Fonte: Souza et al (2010).

Gráfico2:Níveis de pressão sonora equivalente (LeqA) na enfermaria Frei Caetano. Fonte: Souza et al (2010).

Page 88: Crescimento urbano, aumento do ruído e seus impactos no conforto

88

8.2.4. Conclusão do estudo comparativo

Pode-se constatar, como já era percebido subjetivamente, que a enfermaria São Roque

é mais ruidosa do que a Frei Caetano, primeiro em função de sua localização e segundo por

que as janelas e portas permanecem abertas durante o período diurno, o que não acontece na

enfermaria Frei Caetano, que é climatizada e beneficiada por sua localização distante das ruas

e, consequentemente, do ruído urbano.

Conclui-se que a maioria dos ruídos na enfermaria São Roque advêm do meio externo,

principalmente os relacionados com o trânsito, já na enfermaria Frei Caetano a maior parte do

ruído é causado por fontes de dentro da própria enfermaria, conversas altas entre

acompanhantes e profissionais, música, carros de limpeza, entre outros já citados. Dessa

forma, as fontes produtoras de ruído excessivo precisam ser identificadas, quantificadas e

classificadas para que esses dados sirvam de subsídios aos gestores no sentido de que possam

ser tomadas as devidas medidas para atenuação dos ruídos à níveis mais aceitáveis (SOUZA

et al, 2010).

Na enfermaria São Roque quase metade dos entrevistados perceberam o ruído,

principalmente no período da manhã e o consideram intenso e muito intenso, enquanto que na

enfermaria Frei Caetano a grande maioria não a considera ruidosa, embora os níveis sonoros

médios equivalentes estejam em alguns casos a quase 20 dBA acima do recomendado, o que

pode representar uma sonoridade com o dobro desse valor. Vale ressaltar que ela está

localizada na área interna do hospital.

Algumas pessoas têm sensibilidade para perceber agradabilidade com alguns sons

como o ruído da chuva, pássaros e vento. Entretanto, o ruído advindo do tráfego de veículos e

de obras públicas, são especialmente desagradáveis. Mas também o ruído interno desagrada

pelas conversas nos corredores e música alta nos quartos, por exemplo. A própria atividade

funcional nas enfermarias, como a campainha para solicitação do serviço de enfermagem na

enfermaria Frei Caetano, causa desagrado, assim como o ruído das janelas e portas ao serem

abertas e fechadas, ou seja, a análise do ruído deve considerar as diversas fontes geradoras,

involuntárias e voluntárias no espaço hospitalar, ressaltando a importância de haver uma

reestruturação do funcionamento do espaço para que seja propiciado ao paciente um

tratamento completo, tanto do ponto de vista clínico quanto psicológico (SOUZA et al, 2010).

Page 89: Crescimento urbano, aumento do ruído e seus impactos no conforto

89

9 CONCLUSÃO

O projeto de humanização da Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará deixou de

contemplar uma das vertentes do conforto ambiental de grande efeito negativo para as

condições ideais de bem estar físico e psicossocial dos usuários, o conforto acústico. Ao final

desta dissertação ficou clara a necessidade de gestão no campo do condicionamento sonoro

das enfermarias estudadas e da implantação de programas de conscientização educacional do

ambiente e áreas de uso comum (corredores, recepção, banheiros, salas de espera, etc) por

parte de toda a classe de usuários (servidores, equipe médica, serviços terceirizados, etc). A

soma das variáveis comportamentais e condições físicas do hospital é a causa da elevada taxa

de queixas e sintomas dos danos gerados pelo ruído no interior de objeto de estudo.

Os efeitos do ruído e a falta das condições de conforto acústico nas enfermarias

estudadas nesta pesquisa obtiveram os seguintes resultados: foi considerável o percentual de

(21%) participantes que acharam as enfermarias barulhentas, com diferença estatisticamente

significante. As mais barulhentas foram Santa Ludovina, Santana e São Roque com os

percentuais de (37%; 32%; 18%), respectivamente. Essas são as enfermarias que possuem

janelas abertas para as ruas. Na maioria das enfermarias (quatro das seis estudadas) o turno da

manhã foi considerado o mais barulhento.

Foi de grande relevância estatística os resultados referentes a localização das

enfermarias externas: São Roque, Santa Ludovina e Santana, interferindo, também, na perda

de sono durante a noite, provocando irritabilidade e gerando dor de cabeça em parte dos

entrevistados. As demais enfermarias (Frei Caetano, São Paulo e São Francisco) registraram

níveis de estresse pouco e regular.

Observou-se, ainda, a interferência do ruído no bem estar físico e subjetivo dos

pacientes e acompanhantes internados. Quanto aos sintomas e percepções do grau de estresse

provocado pelo ruído urbano, o sono, dor de cabeça e irritabilidade foram os mais destacados,

afirmando, assim, a problematização da pesquisa, formulada como hipótese alternativa.

Constatou-se que os Níveis de Pressão Sonora Equivalente (LeqA) em todos os

quartos da enfermaria São Roque variavam entre 14 dBA e 22 dBA, estando acima dos níveis

máximos aceitáveis para ambientes hospitalares de acordo com NBR-10152/2000 (ABNT,

2000b).

Page 90: Crescimento urbano, aumento do ruído e seus impactos no conforto

90

Os altos níveis de ruído, mostram um estágio da sociedade em que há pouca

preocupação com bem estar das pessoas, em especial pessoas que estão tentando se recuperar

de problemas de saúde e, estão submetidas aos malefícios do ruído intenso e suas graves

consequências, condições incompatíveis com suas necessidades especiais de saúde. O

indivíduo perde o sono por causa do ruído, quando deveria dormir para recuperar sua saúde.

Na enfermaria Frei Caetano (localização interna), em 3 dos 4 quartos medidos o NPS

supera o preconizado pela norma vigente, que recomenda de 35 a 45 dBA. Nem todos os

entrevistados consideraram o ambiente hospitalar ruidoso, embora todos estejam expostos

diariamente a seus efeitos nocivos e determinantes para produzir alterações psicofisiológicas,

afetando, assim, o quadro clínico geral desses pacientes.

De acordo com a lei da acústica física, a pressão sonora é uma característica objetiva

do som que quando aumentada, aumenta também a sensação percebida pelo ouvido, enquanto

que a sonoridade é a característica subjetiva do som. Embora o aumento da pressão sonora

não se relaciona linearmente com o aumento da sonoridade, esta é aproximadamente

proporcional ao nível de pressão sonoro. Comparando as escalas de nível de sonoridade

(fonios), que também pode ser expressado em dB por ser um nível, e de sonoridade (sonios),

cada vez que o nível de sonoridade aumenta em 10 dB se duplica a sonoridade e viceversa

(COLINA; MORENO, 2005), expondo os usuários a níveis de sonoridade 20 vezes maior que

o Nível de Pressão Sonora medido no local.

Os resultados desta pesquisa comprovam que efeitos do ruído na saúde dos usuários

existem. Portanto, sugerimos medidas de condicionamento acústico nas atuais e novas

construções e/ou reformas nos ambientes hospitalares. Assim como a implantação de projetos

de ação no tocante a comunicação visual, como a utilização de placas de silêncio, muito

utilizadas nos antigos espaços hospitalares. Essas estratégias poderiam apoiar medidas de

prevenção e controle do ruído nos hospitais.

É importante ressaltar que a implantação de futuras instalações para uso hospitalar

deve ser conjugada com as condições ambiental do espaço a ser edificado, seja no aspecto

urbano como no físico. O acelerado ritmo de crescimento das cidades vem a ser um agravante

na busca por um ambiente acusticamente mais saudável. Estratégias construtivas e escolha

criteriosa do local de implantação podem ser vistas como um bom começo para a prevenção e

o possível controle do ruído no interior dos hospitais.

Espera-se dar continuidade ao estudo estudando outros parâmetros de igual

importância ao aqui exposto, e expandindo a pesquisa à outros hospitais ou setores da saúde

Page 91: Crescimento urbano, aumento do ruído e seus impactos no conforto

91

do estado. Almeja-se, ainda, alertar aos gestores da Saúde e a classe política local para a

necessidade de cuidar da saúde dos nossos ambientes hospitalares e das nossas cidades.

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92

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APÊNDICE A – QUESTIONARIO

PESQUISA SOBRE RUIDO

IDENTIFICAÇÃO

Paciente ( ) Acompanhante ( )

Sexo: M ( ) F ( ) Idade: ______ Tempo de internação: ______(dias)

Profissão: ____________________

DEFICIENCIA AUDITIVA

1. Você ouve bem? Sim ( ) Não ( )

2. Tem alguma queixa de problema auditivo? Sim ( ) Não ( )

3. Caso a resposta for positiva, do que você se queixa?__________

__________________________

4. Há quanto tempo se queixa do problema? ___________________________

CONFORTO ACÚSTICO

5. Você acha esta enfermaria muito barulhenta? Sim ( ) Não ( )

6. Caso a resposta for positiva, que período do dia é mais barulhento? Manhã ( ) Tarde (

) Noite ( )

INTERFERÊNCIA/SINTOMAS

7. O ruído da rua lhe provoca estresse?

( ) Pouco

( ) Regular

( ) Forte

( ) Muito Forte

8. Dor de Cabeça ?

( ) Pouco

( ) Regular

( ) Forte

( ) Muito Forte

Page 100: Crescimento urbano, aumento do ruído e seus impactos no conforto

100

9. Perda da Concentração?

( ) Pouco

( ) Regular

( ) Forte

( ) Muito Forte

10. Prejudica o racioncínío?

( ) Pouco

( ) Regular

( ) Forte

( ) Muito Forte

11. Irritabilidade?

( ) Pouco

( ) Regular

( ) Forte

( ) Muito Forte

12. Perda do sono a noite?

( ) Pouco

( ) Regular

( ) Forte

( ) Muito Forte

RUÍDO DO TRÁFEGO

13. Ruído dos carros?

( ) Pouco

( ) Regular

( ) Forte

( ) Muito Forte

Page 101: Crescimento urbano, aumento do ruído e seus impactos no conforto

101

14. Ruído dos ônibus e caminhão?

( ) Pouco

( ) Regular

( ) Forte

( ) Muito Forte

15. Ruído das ambulâncias e sirenes?

( ) Pouco

( ) Regular

( ) Forte

( ) Muito Forte

16. Ruído dos carros de som?

( ) Pouco

( ) Regular

( ) Forte

( ) Muito Forte

17. Ruído dos animais (cachorro, gato,...)?

( ) Pouco

( ) Regular

( ) Forte

( ) Muito Forte

18. Ruído de buzina?

( ) Forte

( ) Pouco

( ) Regular

( ) Muito Forte

Page 102: Crescimento urbano, aumento do ruído e seus impactos no conforto

102

RUÍDOS AGRADÁVEIS

19. O ruído da chuva?

( ) Pouco

( ) Regular

( ) Forte

( ) Muito Forte

20. Ruído dos Pássaros?

( ) Pouco

( ) Regular

( ) Forte

( ) Muito Forte

21. Ruído do ar condicionado?

( ) Pouco

( ) Regular

( ) Forte

( ) Muito Forte

22. Ruído do Rádio e TV?

( ) Pouco

( ) Regular

( ) Forte

( ) Muito Forte

23. Ruído do Ventilador?

( ) Forte

( ) Pouco

( ) Regular

( ) Muito Forte

Page 103: Crescimento urbano, aumento do ruído e seus impactos no conforto

103

RUÍDOS NÃO AGRADÁVEIS

24. Ruído da obra?

( ) Pouco

( ) Regular

( ) Forte

( ) Muito Forte

25. Ruído das janelas abrindo ou fechando?

( ) Pouco

( ) Regular

( ) Forte

( ) Muito Forte

26. Ruído das portas batendo?

( ) Pouco

( ) Regular

( ) Forte

( ) Muito Forte

27. Ruído das campainhas?

( ) Pouco

( ) Regular

( ) Forte

( ) Muito Forte

28. Ruído das conversas das pessoas?

( ) Pouco

( ) Regular

( ) Forte

( ) Muito Forte

Page 104: Crescimento urbano, aumento do ruído e seus impactos no conforto

104

29. Ruído das bombas de infusão?

( ) Pouco

( ) Regular

( ) Forte

( ) Muito Forte

30. Ruído do atrito das rodas das macas/carros de limpeza/ alimentação no piso (maqueiros)?

( ) Pouco

( ) Regular

( ) Forte

( ) Muito Forte

31. Ruído do ar condicionado?

( ) Pouco

( ) Regular

( ) Forte

( ) Muito Forte

32. Ruído do Rádio e TV?

( ) Pouco

( ) Regular

( ) Forte

( ) Muito Forte

33. Ruído do Ventilador?

( ) Forte

( ) Pouco

( ) Regular

( ) Muito Forte

Page 105: Crescimento urbano, aumento do ruído e seus impactos no conforto

105

APÊNDICE B – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

ESTUDO: Conforto ambiental em espaços hospitalares: analise da influência do ruído urbano

no processo de cura dos pacientes internados na Santa Casa de Misericórdia do Pará.

Você está sendo convidado(a) a participar do projeto de pesquisa acima citado. O documento

abaixo contém todas as informações necessárias sobre a pesquisa que estamos fazendo. Sua

colaboração neste estudo será de muita importância para nós, mas se desistir a qualquer

momento, isso não lhe causará nenhum prejuízo.

Eu, .............................................................................................., residente e domiciliado

na............................................................................, portador da Cédula de identidade, RG

........................ , e inscrito no CPF/MF ......................................... nascido(a) em / / ,

abaixo assinado(a), concordo de livre e espontânea vontade em participar como voluntário(a)

do estudo “”.Declaro que obtive todas as informações necessárias, bem como todos os

eventuais esclarecimentos quanto às dúvidas por mim apresentadas.

Estou ciente que:

I) Esta pesquisa tem como objetivo analisar os efeitos extra-auditivos do ruído urbano no

processo de cura dos pacientes internados na Santa Casa. O tema proposto neste estudo tem

como preocupação o conforto ambiental e o atendimento humanizado dentro do Plano

Nacional de Humanização.

II) Será feita pesquisa de grupo focal envolvendo pacientes, servidores do hospital e

familiares dos pacientes a fim de observar os resultados alcançados.

III) A pesquisa será feita apenas para este estudo, não causando nenhum risco e/ou transtorno

ao entrevistado. Quanto aos benefícios ao sujeito da pesquisa, estes contribuirão para que se

melhore cada vez mais o conforto ambiental no espaço, especialmente os relacionados ao

ruído urbano.

I) A participação neste projeto não me acarretará qualquer ônus pecuniário com relação aos

procedimentos efetuados com o estudo;

II) Tenho a liberdade de desistir ou de interromper a colaboração neste estudo no momento

em que desejar, sem necessidade de qualquer explicação;

III) A desistência não me causará nenhum prejuízo.

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106

IV) Os resultados obtidos durante este ensaio serão mantidos em sigilo, mas concordo que

sejam divulgados em publicações científicas, desde que meus dados pessoais não sejam

mencionados;

V) Caso eu desejar, poderei pessoalmente tomar conhecimento dos resultados, ao final desta

pesquisa

( ) Desejo conhecer os resultados desta pesquisa.

( ) Não desejo conhecer os resultados desta pesquisa.

Belém, de de 2009

( ) Responsável ..................................................................................................

Testemunha 1 : _______________________________________________

Nome / RG / Telefone

Testemunha 2 : ___________________________________________________

Nome / RG / Telefone

Responsável pelo Projeto:

Professora Dra. Elcione Moraes e Mestranda Professora Tonya Penna no telefone e endereço

UNAMA Av Alcindo Cacela, n° 287, Umarizal. Belém-Pa. Tel: (91)40093123 e (91)

40093284.