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R. gest. sust. ambient., Florianópolis, v. 7, n. 2, p.313-334, abr./jun. 2018. 313 CRESCIMENTO INSUSTENTÁVEL DOI:10.19177/rgsa.v7e22018313-334 Tereza Cristina Mendes Vieira¹ RESUMO Este estudo apresenta algumas reflexões sobre as consequências da busca pelo crescimento econômico “a qualquer preço”. Os atuais padrões de produção e consumo, socialmente injustos e depredadores do meio ambiente, são insustentáveis e têm provocado perigosas pressões sobre o planeta. Muitos dos recursos naturais e ecossistemas essenciais ao bem-estar humano estão ameaçados ou destruídos, enquanto o homem ainda não sabe como colocar o bem- estar coletivo no centro das suas decisões. Este trabalho pretende mostrar que é preciso estabelecer um novo modelo de desenvolvimento, pautado em relações mais harmoniosas com a natureza e com o próprio homo sapiens. A questão ambiental extrapola temas de fauna e flora e envolve problemas complexos, como a sociedade de consumo, a obsolescência programada, a publicidade, o crédito, dentre tantos outros. A demora na tomada de decisões põe em risco a vida na Terra. Palavras-chave: Consumo. Crescimento Econômico. Meio Ambiente. ¹ Mestranda em Geografia do Programa de Tratamento da Informação Espacial da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas).Pós-graduada em Planejamento, Implementação e Gestão da Educação a Distância pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e em Engenharia Ambiental pela Faculdade de Engenharia de Minas Gerais (FEAMIG). Possui MBA Executivo em Administração de Empresas com Ênfase em Meio Ambiente pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). É graduada em Jornalismo pela Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Belo Horizonte (FAFI-BH). E-mail: [email protected]

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  • R. gest. sust. ambient., Florianópolis, v. 7, n. 2, p.313-334, abr./jun. 2018. 313

    CRESCIMENTO INSUSTENTÁVEL

    DOI:10.19177/rgsa.v7e22018313-334

    Tereza Cristina Mendes Vieira¹

    RESUMO

    Este estudo apresenta algumas reflexões sobre as consequências da busca pelo crescimento econômico “a qualquer preço”. Os atuais padrões de produção e consumo, socialmente injustos e depredadores do meio ambiente, são insustentáveis e têm provocado perigosas pressões sobre o planeta. Muitos dos recursos naturais e ecossistemas essenciais ao bem-estar humano estão ameaçados ou destruídos, enquanto o homem ainda não sabe como colocar o bem-estar coletivo no centro das suas decisões. Este trabalho pretende mostrar que é preciso estabelecer um novo modelo de desenvolvimento, pautado em relações mais harmoniosas com a natureza e com o próprio homo sapiens. A questão ambiental extrapola temas de fauna e flora e envolve problemas complexos, como a sociedade de consumo, a obsolescência programada, a publicidade, o crédito, dentre tantos outros. A demora na tomada de decisões põe em risco a vida na Terra. Palavras-chave : Consumo. Crescimento Econômico. Meio Ambiente.

    ¹ Mestranda em Geografia do Programa de Tratamento da Informação Espacial da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas).Pós-graduada em Planejamento, Implementação e Gestão da Educação a Distância pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e em Engenharia Ambiental pela Faculdade de Engenharia de Minas Gerais (FEAMIG). Possui MBA Executivo em Administração de Empresas com Ênfase em Meio Ambiente pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). É graduada em Jornalismo pela Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Belo Horizonte (FAFI-BH). E-mail: [email protected]

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    1 INTRODUÇÃO

    O planeta atingiu no dia 31 de outubro de 2011, data oficial do nascimento do

    bebê-símbolo do crescimento demográfico, a marca de sete bilhões de habitantes.

    A sempre crescente necessidade humana dos recursos naturais exerce grande

    pressão sobre a Terra. O desenvolvimento econômico “a qualquer preço” se choca

    contra os limites da biosfera. O planeta não suporta mais o modo de produzir e

    consumir que desperdiça materiais e energia. A sociedade moderna se move num

    ciclo vicioso predatório - consumo-produção, produção-obsolescência programada.

    Um número suficiente de profissionais dos mais variados setores já advertiu

    que a busca indefinida e incessante pelo crescimento é incompatível com os limites

    do planeta. O termo desenvolvimento sustentável, por sua vez, ainda não foi

    totalmente desvendado. Era de se esperar que o homem já tivesse compreendido

    que um crescimento infinito não é compatível com um planeta limitado fisicamente.

    Este estudo pretende mostrar que com os atuais padrões de consumo é

    impossível atingir o tão desejado desenvolvimento sustentável. Apresenta

    argumentos que revelam que o crescimento não é nem duradouro, nem sustentável.

    Precisa ser urgentemente revisto, pois põem em risco a vida no planeta.

    Todo o trabalho será realizado por meio de pesquisa bibliográfica, já que o

    levantamento bibliográfico tem como principal vantagem possibilitar ao investigador

    a cobertura de uma gama de acontecimentos muito mais ampla do que aquela que

    poderia pesquisar diretamente (GIL, 1999). A técnica bibliográfica permite encontrar

    as fontes primárias e secundárias e os materiais científicos e tecnológicos

    necessários para a realização do trabalho científico ou técnico científico. É realizada

    em bibliotecas públicas, faculdades, universidades e, atualmente, nos acervos que

    fazem parte de catálogo coletivo e das bibliotecas virtuais (OLIVEIRA, 2002).

    O primeiro capítulo traça um breve histórico da evolução do termo consumo

    desde os grandes filósofos. O segundo capítulo mostra algumas características da

    sociedade do consumo e a passageira alegria que se pode obter com a aquisição de

    bens e serviços. O terceiro capítulo aborda as necessidades ilimitadas da sociedade

    da era high tech, justificadas em uma lista de imperativos sem fim. O quarto capítulo

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    traz o desgaste do termo desenvolvimento sustentável que, apesar de ter sido

    absorvido com uma nova gíria, ainda não foi completamente absorvido. O quinto

    capítulo exibe os geradores de insustentabilidade, os grandes desafios do homem

    do século XXI. O sexto capítulo apresenta as considerações finais. Por último, as

    referências bibliográficas utilizadas para este trabalho.

    2 REFERÊNCIAS TEÓRICAS SOBRE O CONSUMO

    O termo consumo deriva do latim consumere, que quer dizer usar tudo,

    esgotar e destruir, e da expressão inglesa consummation, que significa somar e

    adicionar. Segundo o Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, consumir é

    gastar ou corroer até à destruição; devorar, destruir; extinguir; aniquilar; enfraquecer,

    abater; desgostar.

    O consumo tem raízes tão antigas quanto os seres vivos. É parte

    permanente e integral de todas as formas de vida conhecidas a partir de narrativas

    históricas e relatos etnográficos e existiu desde os tempos mais remotos. O

    fenômeno consumo é uma condição e um aspecto, permanente e irremovível. Não

    tem limites temporais ou históricos. É um elemento inseparável da sobrevivência

    biológica, que os seres humanos compartilham com todos os outros organismos

    vivos (BAUMAN, 2008).

    Já no final do século V a.C., os filósofos Sócrates e Platão questionavam o

    que poderia ser considerado como necessidades humanas básicas e os males que

    ocorriam aqueles que levavam uma vida luxuosa pelo consumo de bens supérfluos.

    Para esses filósofos, o consumo, além do razoável, afetava o caráter do homem,

    enfraquecia-o e tornava-o covarde. Mantinha-os incapazes de defender a polis,

    transformando-os em maus cidadãos (BARBOSA; CAMPBELL, 2006).

    Romanos e gregos tinham concepções parecidas sobre os malefícios do

    consumo e do luxo em excesso para os homens. Segundo eles, efeminava e

    pervertia o caráter. Cabia então ao Estado cuidar, aprovando leis para regular

    hábitos de consumo, restringir o luxo e a extravagância nos banquetes, nas roupas,

    nos funerais, etc. Grande parte do que é atribuído e associado negativamente ao

    consumo, hoje, já se achava presente desde os tempos de Aristóteles, como a

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    emulação, o materialismo, a competição por status e poder e também a valorização

    da dimensão expressiva dos objetos em detrimento da funcionalidade (BARBOSA;

    CAMPBELL, 2006).

    Segundo Barbosa e Campbell (2006), esse paradigma “clássico” persistiu por

    toda a Idade Média, estendendo-se até os tempos modernos. O cristianismo,

    particularmente, Santo Agostinho, trouxe a única mudança significativa, a de

    converter o consumo de vício em pecado. Nos séculos XVII e XVIII, os “economistas

    da época” começaram a investir no entendimento das estreitas relações entre

    produção e consumo e nas implicações deste para o crescimento econômico e a

    riqueza das nações. Uma temporária (des)moralização do consumo e do luxo pôde

    ser observada.

    Conforme Barbosa e Campbell (2006), no início do século XVII, o aumento do

    consumo era considerado como um mal necessário e, portanto, devia estar sempre

    e apenas associado ao aumento populacional. Enquanto os ricos podiam continuar

    comprando seus luxos, os pobres, por sua vez, somente o suficiente para

    sobreviverem. Não era encarado como uma alternativa legítima de vida social, como

    democratização do conforto, do “supérfluo”, como novas formas de satisfação de

    desejos. Foi somente no fim do século XVII que uma relação positiva entre aumento

    de consumo e crescimento econômico começou a ser estabelecida.

    No século XIX, na França, os moralistas e políticos passaram a se preocupar

    com o luxo e a vontade de consumir. Uma sociedade de consumo, como a

    conhecida atualmente, já estava estabelecida naquele período. Havia uma nítida

    divisão entre o desejo de consumir e a culpa causada por esse desejo, consentidas

    pela “autoridade científica” da teoria da evolução e a culpa derivada dos

    ensinamentos religiosos e filosóficos. Essa tradição também se manteve no século

    XX (BARBOSA; CAMPBELL, 2006).

    O interesse sociológico no consumo desde sempre esteve relacionado à

    crítica moral. Os moralistas de plantão tornavam algo privilegiado fazer a

    associação postulada entre consumo, capitalismo, hedonismo e individualismo. Para

    Barbosa e Campbell (2006), nenhum tema encarna melhor a dificuldade em separar

    um do outro do que o consumo.

    Do ponto de vista moral, a questão do consumo é tão complexa que

    sofisticados critérios de legitimidade e retóricas sobre o que, quando e por que

    consumimos são desenvolvidos, sem serem percebidos na vida cotidiana. Alguns

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    desses critérios culturais foram até estabelecidos em teorias científicas, como é o

    caso da famosa pirâmide de necessidades de Maslow, com a ideia de

    “necessidades básicas e supérfluas”. Essas teorias são temas de constantes

    discussões políticas por parte de organismos internacionais, que buscam defini-las e

    estabelecê-las em termos universais (BARBOSA; CAMPBELL, 2006; CAMPBELL,

    2001; MCCRACKEN, 2003).

    Nesse critério de “básico” e “supérfluo”, o que interessa é a hierarquia de

    necessidades, que vai do mínimo necessário para a reprodução física da espécie,

    como comer, abrigar-se do frio e acasalar-se, entre outras, até as necessidades

    ditas do espírito, como o prazer estético, o êxtase religioso, etc. Do ponto de vista

    cultural, necessidades básicas são aquelas consideradas legítimas, que podem ser

    justificadas moralmente e que não suscitam culpa. Já as supérfluas são

    dispensáveis e estão sempre relacionadas ao abuso e ao desejo. Consumi-las,

    consequentemente, é ilegal, demandam argumentos que as tornem mais nobres e

    que suscitem menos dolo. A necessidade de justificar a compra de alguma forma

    está presente mesmo na sociedade contemporânea, moderna e individualista, na

    qual as noções de liberdade e de escolha são valores fundamentais (BARBOSA;

    CAMPBELL, 2006; CAMPBELL, 2001; MCCRACKEN, 2003).

    O processo de aquisição, na verdade, é complexo. Não basta simplesmente ter

    dinheiro, desejar comprar e, ao mesmo tempo, que o produto esteja disponível no

    mercado. Para quem compra e para quem está próximo é preciso que o querer e o

    poder econômico adquiram legitimidade moral, que a aquisição de um bem supérfluo

    seja convertida em algo socialmente aceitável. Evocam-se argumentos do tipo: “se

    comprar agora vou economizar mais tarde, já que o preço agora está baixo”, ou “foi

    uma excelente ocasião, afinal, eu estava mesmo precisando”, ou ainda, “vou

    aproveitar porque o outro está ficando velho” (BARBOSA; CAMPBELL, 2006;

    CAMPBELL, 2001; MCCRACKEN, 2003).

    Quando esse tipo de retórica se esgota, o jeito é recorrer ao discurso do “eu

    mereço”. As justificativas variam entre: “mereço porque trabalho duro”; “porque há

    muito tempo estou desejando este produto; porque só compro para os outros”;

    “porque tenho que me permitir ter algum prazer”; “porque nunca sobra dinheiro para

    adquirir o que quero”, etc. Assim, trabalho, dedicação, senso de economia e

    oportunidade, valores moralmente legítimos, anulam a falta de legitimidade da

    compra supérflua (BARBOSA; CAMPBELL, 2006).

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    Num mundo onde os recursos materiais são desigualmente distribuídos e

    onde calamidades climáticas e sociais deixam com frequência, após suas

    passagens, um saldo considerável de mortes, é claro que a ideia de necessidades

    básicas, de um mínimo a ser atendido para que as pessoas sobrevivam, tem um

    apelo político, ideológico e prático indiscutível. No entanto, situações de extrema

    carência, de desigualdade material e de barbárie, inter e intra sociedades, ensinam

    mais acerca de como as sociedades estão organizadas. Além disso, mostram

    também como o acesso a bens está estruturado socialmente (BARBOSA;

    CAMPBELL, 2006; BAUMAN, 2008; MCCRACKEN, 2003).

    O consumo é um processo social elusivo e ambíguo. Elusivo porque só se

    toma conhecimento de sua existência quando é classificado, pelos padrões

    ocidentais, como supérfluo, ostentatório ou notável, embora seja um pré-requisito

    para a reprodução física e social de qualquer sociedade humana. Ambíguo porque

    há ocasiões em que é encarado como uso, manipulação e experiência, em outras,

    como compra, e também algumas vezes como exaustão, esgotamento e realização.

    O homem, na sua forma cotidiana de como se apropria, utiliza e usufrui do universo

    a sua volta, entrelaça significados positivos e negativos (BARBOSA; CAMPBELL,

    2006; BAUDRILLARD, 2003; BAUMAN, 2008; CAMPBELL, 2001; MCCRACKEN,

    2003).

    Paradoxalmente, consumo significa tanto “destruir” (no sentido de usar até acabar ou esgotar) quanto criar (na acepção de fazer uso de, usufruir) (…) Os dois lados da natureza ambivalente do consumo parecem caminhar juntos quando agimos como consumidores. Daí a razão pela qual tantas pessoas querem consumir tanto. Entretanto, essa ambivalência causa todos os tipos de problemas teóricos e dificuldades conceituais naquilo que hoje se chama de “estudos de consumo” (BARBOSA; CAMPBELL, 2006, p. 23).

    3 SOCIEDADE DE CONSUMO

    Na sociedade contemporânea, atribui-se um valor moral ao trabalho superior

    ao consumo. Enquanto trabalhar está associado à criatividade, à autoexpressão e à

    identidade, consumir representa alienação, falta ou perda de autenticidade. Ninguém

    sente culpa pelo trabalho realizado, somente pelo que não conseguir concluir. Mas o

    consumo, principalmente o de bens supérfluos, é passível de culpa. Não trabalhar,

    é um “mau sinal” e não consumir é uma qualidade. (BARBOSA; CAMPBELL, 2006;

    BAUDRILLARD, 2003).

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    Para Sygmunt Bauman (2008), a vida do consumidor não se refere à

    aquisição e posse, nem a se livrar do que foi adquirido anteontem e exibido com

    orgulho no dia seguinte. Significa, em vez disso, principalmente e acima de tudo, a

    estar em movimento.

    O “consumismo” chega quando o consumo assume o papel-chave que na sociedade de produtores era exercido pelo trabalho. [...]. De maneira distinta do consumo, que é basicamente uma característica e uma ocupação dos seres humanos como indivíduos, o consumismo é um atributo da sociedade (BAUMAN, 2008, p. 41).

    Para que a sociedade de consumidores funcione de modo adequado, a

    hipocrisia deve prevalecer, a busca por realização sempre prosseguir, as promessas

    frequentemente quebradas e as esperanças de realização frustradas com

    regularidade. Já as novas promessas devem se tornar cada vez mais atraentes e

    cativantes (BAUMAN, 2008).

    Para Bauman (2008), a sociedade de consumo encarna a coletividade que

    promove, encoraja ou reforça a escolha de um estilo de vida consumista. Nela todo

    mundo precisa ser, deve ser e tem que ser um consumidor por vocação porque é, ao

    mesmo tempo, um direito e um dever humano universal, que não conhece exceção

    nesse coletivo. Diferenças de idade ou gênero ou distinções de classe não são

    reconhecidas, pois a sociedade de consumidores não faz concessões.

    Inversamente, rejeita todas as opções culturais alternativas.

    [...] Não tanto à satisfação de necessidades (como suas “versões oficiais” tendem a deixar implícito), mas a um volume e uma intensidade de desejos sempre crescentes, o que por sua vez implica o uso imediato e a rápida substituição dos objetos destinados a satisfazê-la. [...] Novas necessidades exigem novas mercadorias, que por sua vez exigem novas necessidades e desejos; o advento do consumismo inaugura uma era de “obsolescência embutida” dos bens oferecidos no mercado e assinala um aumento espetacular na indústria da remoção do lixo (BAUMAN, 2008, ps. 44-45).

    Sem uma florescente indústria de remoção do lixo, a sociedade de consumo é

    impensável. Na estratégia de marketing e no cálculo de lucros estão incluídas, na

    prática, a curta expectativa de vida de um produto e uma utilidade proclamada. É

    preconcebida e insuflada nas práticas dos consumidores mediante a apoteose das

    novas ofertas (de hoje) e a difamação das antigas (de ontem). Não se espera dos

    consumidores que jurem lealdade que obtêm com a intenção de consumir. A célebre

    promessa “até que a morte os separe” jamais deve ser cogitada. Afinal, a sociedade

    de consumidores desvaloriza a durabilidade, iguala “velho” a “defasado”, rotula como

    impróprio para a utilização e destina tudo para a lata de lixo (BAUDRILLARD, 2003).

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    O fetichismo da subjetividade se mantém vivo e digno de crédito pela alta taxa

    de desperdício e pela decrescente distância temporal entre o brotar e o murchar do

    desejo, apesar da interminável série de desapontamentos que ele causa. Quando a

    insatisfação surge, o consumidor enfrenta o desprazer, principalmente, descartando

    os objetos que a causam. Uma sociedade de consumo, portanto, só pode acontecer

    no excesso, na extravagância, na redundância e no desperdício pródigo (BAUMAN,

    2008).

    Quando o “crescimento” avaliado pelo Produto Interno Bruto (PIB) cai ou

    ameaça diminuir, é dos consumidores que se espera que façam a economia ir em

    frente, afinal, têm de tirar o país da recessão. Devidamente persuadidos e

    estimulados, os consumistas devem procurar imediatamente o talão de cheques ou,

    melhor ainda, os cartões de crédito. Para evitar a total humilhação social e evitar a

    perspectiva de ser provocado e ridicularizado, o pobre é, assim, forçado a uma

    situação na qual tem de gastar o pouco dinheiro ou os escassos recursos de que

    dispõe com objetos de consumo sem sentido e não com suas necessidades básicas

    (ABRAMOVAY, 2012).

    Aqueles de recursos demasiado insuficientes para reagirem de forma

    adequada aos “apelos” dos mercados de bens e consumo, ou mais exatamente a

    seus passes sedutores, são considerados numa sociedade de consumo deficientes

    e defeituosos e, consequentemente, “desnecessários”. Esses consumidores são

    descartados por serem falhos e perigosos, já que a sociedade avalia seu sucesso ou

    fracasso pelas estatísticas do PIB. O pressuposto é que a sociedade de consumidor

    ficará melhor sem eles (ABRAMOVAY, 2012; BAUMAN, 2008).

    Segundo o psicólogo Daniel Kahneman, prêmio Nobel de Economia, a

    satisfação que se pode obter com a aquisição de bens e serviços pode ser

    comparada com lógica de esteira rolante. Ao comprar um bem, o indivíduo tem certo

    nível de satisfação. Ele compra outro, considerado superior, quando sua renda

    aumenta, o que lhe proporciona maior prazer. Porém, não dura indefinidamente,

    somente por um tempo, que ele se adapta. Como a esteira rolante, ele caminha sem

    sair do lugar, quando sua alegria chega ao nível próximo ao que tinha ao comprar o

    primeiro objeto. A capacidade real de saciar as fantasias das pessoas fica limitada,

    enquanto à indução ao consumo sempre superior. O economista Thorstein Veblen

    apresenta uma linha de raciocínio não muito diferente, ao expor que a satisfação

    não está atrelada ao nível absoluto de renda ou à elevação que de fato alcançaram,

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    mas sim à comparação que fazem com aquilo que foi obtido por outros indivíduos

    (ABRAMOVAY, 2012).

    Segundo Sygmunt Bauman (2008), o homem é estimulado e atraído a buscar

    sem parar por satisfação. Ao mesmo tempo, teme o tipo de alegria que o faria

    cessar essa procura. A satisfação deve ser apenas uma experiência momentânea.

    Se durar muito tempo, deve ser temida e jamais ambicionada. A satisfação

    duradoura, por sua vez, deve parecer aos consumidores uma perspectiva bem

    pouco agradável, na verdade, uma catástrofe.

    Outro grande desafio é entender que numa sociedade de consumo jamais

    haverá inclusão social plena. Isso porque para mais da metade da população

    mundial, que está fora da sociedade de consumo, será necessário prover o kit

    básico de sobrevivência no planeta, que poderia ser resumido em cinco pontos

    fundamentais: moradia digna, saúde, educação, transporte e lazer. Serão

    necessárias muita matéria-prima e energia para prover tais necessidades. E sem

    uma forte demanda sobre os recursos naturais, não é possível inclusão social. É

    vital uma reeducação em escala global para o consumo consciente. Não se pode

    esquecer a célebre frase de Mahatma Gandhi: “A Terra é capaz de satisfazer as

    necessidades de todos os homens, mas não a ganância de todos os homens”

    (ABRAMOVAY, 2012).

    Vivemos em um mundo onde a globalização é um fato: mais pessoas estão se conectando e competindo com outras pessoas em um grau muito maior do que no passado. Mas os efeitos de tanta gente no planeta se conectando e competindo e mercados livres podem ser assustadores. A elevação do consumo pode devorar a vida existente nas florestas, nos rios nos oceanos de um modo capaz de modificar o clima e paisagem a uma velocidade sem precedentes. E quando se tem um mundo tão interconectado, onde contaminações financeiras podem se alastrar tão depressa, derrubando inúmeras economias de uma só vez, é óbvio que nosso objetivo maior tem de ser uma “globalização sustentada” (FRIEDMAN, 2010. p. 75).

    4 NECESSIDADES ILIMITADAS DO HOMEM DA “ERA HIGH TEC H”

    Para o economista chileno Manfred Max-Neef, ao contrário da maneira

    habitual como é tratado na ciência econômica, as necessidades humanas são

    finitas, poucas e classificáveis e podem ser enunciadas e delimitadas com clareza.

    Para ele, uma vida digna não necessariamente implica na a expansão infinita do

    consumo. A noção de necessidades básica conduz o homem à sábia reflexão de

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    Gandhi, segundo a qual o mundo tem recursos suficientes para atender às

    necessidades de todos os indivíduos, menos a sua ganância. As necessidades

    humanas, justamente por não serem infinitas, podem ser exibidas em uma matriz,

    um conjunto de direitos e obrigações inerentes a uma vida digna e construtiva

    (ABRAMOVAY, 2012).

    No que concerne as pretensas necessidades do homem, em qualquer manual

    de economia sem limites, é sábio fazer uma distinção das pretensas necessidades.

    Segundo Latouche (2009), Willem Hoogendijk tentou fornecer argumentos para isso,

    separando as necessidades entre primárias e secundárias. As primeiras, como

    alimento, roupas, moradia, trabalho, sociabilidade/sexo, etc., também podem se

    inflar para além do razoável e, com isso, mais espaço por pessoa, mais pares de

    sapatos, mais aquecimento central, etc. As segundas, as secundárias, são

    privilegiadas pela sociedade de crescimento, que é uma dinâmica de criação

    ilimitada de necessidades. Podem ser classificadas em necessidades de

    compensação das perdas passadas (exemplos: espaços verdes por causa dos

    carros que invadem as ruas; locais tranquilos; piscina para substituir os rios

    poluídos); necessidades de reparação ou de prevenção dos danos (exemplos: a

    purificação do ar e da água; o reino da ecoindústria em expansão); e outras

    necessidades criadas pelos desenvolvimentos precedentes (exemplos: a de novos

    empregos devido à automação; de mais transportes por causa da organização física

    do espaço baseada na separação, de máquinas que produzam mais rápido por

    causa da concorrência desenfreada).

    De acordo com Hoogendijk, o sistema inventa necessidades que ele ao

    mesmo tempo visa satisfazer, pautada numa ilimitada lista de imperativos. Esse é

    um dos seus objetivos. Para isso, produz os bens correspondentes de reparação,

    compensação ou consolo (LATOUCHE, 2009).

    Não se pode ignorar o fato de que existem pessoas e grupos cujas vidas e

    entendimento do mundo dependem da posse de determinados bens materiais, ou

    mesmo de determinadas marcas, valores que talvez não sejam desejados para a

    sociedade. Contudo, como bem advertem os ambientalistas no tocante à relação

    entre limite ecológico, crescimento econômico e desigualdade socioeconômica,

    essas observações não implicam desconhecer que o consumo tem consequências

    públicas e dimensões morais que devem ser levadas em conta. Assim como uma

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    moeda tem duas faces, o consumo tem aspectos negativos, sem dúvida,

    problemáticos. Não são, porém, seus atributos específicos. Ao mesmo tempo,

    delimitar o que é o supérfluo e o necessário, por mais complexo que seja, com todos

    os riscos de autoritarismo que possam ocasionar, é incontornável diante dos limites

    físicos que os ecossistemas impõem (ABRAMOVAY, 2012; BARBOSA; CAMPBELL,

    2006;).

    Para Latouche (2009), é preciso descolonizar o imaginário, pois as pessoas

    estão obcecadas pelo medo de um retrocesso, algo que para elas significaria

    miséria e humilhação. Isso não implica, no entanto, voltar a uma penúria exacerbada

    por desigualdades. Por outro lado, não é ilegítimo o temor de cair novamente num

    passado miserável, seja qual for a eventual deformação das lembranças. Trata-se,

    acima de tudo, de questionar se a vivência de bem-estar exige necessariamente

    possuir dez pares de sapatos, instalações suntuosas, dez piscinas e cinquenta

    televisores.

    Não se pode também, é claro, chamar de supérfluo tudo o que está além do

    necessário. O economista indiano Amartya Sen critica a mais consagrada definição

    de desenvolvimento sustentável, expressão do relatório Brundtland, que diz que as

    gerações presentes devem satisfazer as suas necessidades, mas sem impedir que

    gerações futuras também o façam. Para Sen, o homem não pode ser reduzido ao

    preenchimento de suas necessidades. O desenvolvimento é um processo de

    aquisição de capacidades, de poderes cujos objetivos extrapolam necessidades,

    sejam elas básicas ou não (ABRAMOVAY, 2012).

    É verdade que as pessoas têm necessidades, mas elas também têm valores e prezam particularmente sua habilidade a raciocinar, apreciar, escolher, participar e agir. Ver as pessoas apenas em termos de suas necessidades nos oferece uma visão estreita da humanidade (ABRAMOVAY, 2012, p. 56).

    Para Trigueiro (2012), num mundo que vivencia múltiplas crises sistêmicas e

    interligadas, é preciso refletir sobre a urgência de uma nova cultura, fundamentada

    no consumo consciente. Sem o consumo consciente não há salvação, não há

    solução para a humanidade. Isso porque não há outro planeta, nem plano B,

    tampouco algo parecido com a Arca de Noé. Ou o homem usa com inteligência e

    discernimento o que o planeta dispõe ou morrerá. Segundo Trigueiro (2012), no

    estilo de vida consumista há pelo menos três armadilhas: a primeira é de natureza

    ético-moral, ostentar a abundância onde há escassez; a segunda é de ordem

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    ecológica, é o questionamento sobre o que exatamente o homem está levando para

    casa como consumidor; e a terceira é a ilusão de transferir para bens materiais

    felicidade e paz, depois fazer fila no consultório psiquiátrico ou se entupir de drogas

    lícitas e ilícitas porque permanece a sensação de vazio existencial. Somente com a

    adoção de um novo estilo de vida o homem conseguirá garantir a vida na Terra e

    conquistar o tão desejado desenvolvimento sustentável.

    5 O DESGASTE DO TERMO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

    A construção histórica do conceito de desenvolvimento sustentável está

    vinculada ao aumento da preocupação com a preservação dos recursos naturais, a

    manutenção de um ambiente apropriado para as futuras gerações e a rediscussão

    do modelo adotado pelo sistema capitalista para o desenvolvimento. Segundo a

    Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (1988), para atender as

    necessidades básicas do homem é necessária uma nova era de crescimento

    econômico para os países, cuja maioria da população é pobre, e também a garantia

    de que esses carentes receberão uma parcela justa dos recursos necessários para

    manter esse desenvolvimento. Para facilitar tal equidade, é preciso a criação de

    sistemas políticos que assegurassem a participação efetiva dos cidadãos na tomada

    de decisões e processos mais democráticos em âmbito internacional (LEMOS, 2005,

    2006, 2007, 2008, 2009; SILVA, 2008).

    De acordo com a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento

    (1988), é vital que os mais ricos adotem estilos de vida compatíveis com os recursos

    ecológicos do planeta para garantir um desenvolvimento global sustentável.

    Desenvolvimento sustentável é um processo de mudança no qual a exploração dos

    recursos, a orientação dos investimentos, os rumos do desenvolvimento tecnológico

    e a mudança institucional estão de acordo com as necessidades atuais e futuras.

    Não é um estado constante de harmonia. A ideia de desenvolvimento sustentável se

    apoia no tripé: atividade econômica, meio ambiente e bem-estar da sociedade.

    Consiste em criar um modelo econômico capaz de gerar riqueza e bem-estar

    (LEMOS, 2005, 2006, 2007, 2008, 2009, 2016; SILVA, 2008).

    De acordo com Dias (2006), o relatório da Comissão Brundtland procurou

    estabelecer uma relação harmônica do homem com a natureza como centro de um

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    processo de desenvolvimento que deve satisfazer às necessidades e às aspirações

    humanas. Além disso, estabeleceu que a pobreza é incompatível com o

    desenvolvimento sustentável e, ainda, indicou a necessidade de que a política

    ambiental deve ser parte integrante do processo de desenvolvimento e não mais

    uma responsabilidade setorial fragmentada (SILVA, 2008; VEIGA, 2008).

    A Comissão Brundtland, quando publicou o relatório, contudo, reconheceu

    que o mesmo apenas sinalizava um caminho e não oferecia um plano detalhado de

    ação. Aplicá-lo no dia a dia seria extremamente complexo e controvertido.

    Diferentes setores da sociedade tenderiam a interpretá-lo de acordo com seus

    próprios interesses, suas percepções e necessidades, levando ao surgimento de

    várias interpretações, como se pôde realmente comprovar, após mais de vinte e

    nove anos, desde que o conceito foi apresentado, em 1987, pela primeira vez

    (LEMOS, 2016; SILVA, 2008).

    [...]. Um mundo definido pelos valores da sustentabilidade não é apenas um mundo mais verde, como observou David Rothkopf: “É um mundo mais seguro, é um mundo mais justo e é um mundo mais estável politicamente. ” Um mundo de mercados e ambientes sustentáveis é um mundo de abundância, e um mundo de abundância favorece sempre a liberdade e a democracia. É muito mais fácil dar às pessoas liberdade de escolher quando as opções são muitas. “Um mundo de escassez favorece sempre o autoritarismo- alguém terá de administrar o racionamento”, diz o climatologista e físico Joseph Romm. Se as mudanças climáticas e a degradação ambiental um dia levarem a melhor sobre o nosso planeta, acrescenta ele, “teremos de racionar o espaço em que vivemos, o modo como vivemos e o que poderemos usar” (FRIEDMAN, 2010. p. 75).

    Hoje o termo desenvolvimento sustentável tem sido aceito com a mesma

    facilidade que se absorve uma nova gíria ou uma nova marca de produto.

    Empregado abusivamente e genericamente, a todo momento, em todos os cantos

    do planeta, virou moda. Nos relatórios das empresas, no discurso dos

    ambientalistas, nas teses científicas, no incessantemente bombardeio da mídia.

    Apesar da imprecisão do conceito, o que permite que diferentes grupos o

    interpretem de acordo com os mais variados interesses, não há como negar que a

    mensagem do desenvolvimento sustentável foi absorvida, que houve evolução na

    aceitação da teoria. Conquistas como, a inclusão da expressão nas políticas

    públicas atuais, na postura dos políticos de reconhecer a importância do social e do

    ambiental, a compreensão da necessidade de repensar como produzir e como

    aproveitar de forma mais eficiente os recursos naturais nos mais variados setores da

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    sociedade podem ser facilmente constatadas. Faltam agora avanços na prática

    (VEIGA, 2010).

    Segundo Veiga (2008), a humanidade só tem a agradecer ao termo

    desenvolvimento sustentável. Mesmo que esse modo de desenvolver ainda não

    exista ou se é apenas uma ilusão ou mito, o simples fato de que um dia ele possa,

    de fato, vir a existir tem feito à sociedade (re)pensar suas atitudes, o mundo, os

    limites e o desenvolvimento que deseja. O atual modelo de crescimento econômico

    clama pela quebra de paradigmas, por libertação de mentes, por um fim na cegueira

    legada da ciência moderna, que tem impedido a humanidade de reconhecer seu

    valor de existência.

    6 GERADORES DE INSUSTENTABILIDADE

    Para Latouche (2009), três ingredientes mantêm a sociedade de consumo

    prosseguindo na sua “ronda diabólica”: a publicidade, o crédito e a obsolescência

    programada. A publicidade, que cria o desejo de consumir, faz desejar o que não se

    tem e desprezar aquilo de que o homem já desfruta. Cria e recria a insatisfação e a

    tensão do desejo frustrado. A publicidade constitui o segundo maior orçamento

    mundial, depois da indústria de armamentos. É responsável por um número

    estrondoso de poluição material, visual, auditiva, mental e espiritual.

    Uma pesquisa realizada entre os presidentes das maiores empresas

    americanas revela que 90% deles admitem ser impossível comercializar um produto

    novo sem campanha publicitária. 85% reconhece que a publicidade persuade

    “frequentemente” as pessoas a comprar coisas de que elas não precisam e 51%

    afirmam que a propaganda persuade as pessoas a comprar produtos que elas, de

    fato, não desejam. Com isso, os bens de primeira utilidade são esquecidos, o que

    faz com que a atenção se volte para os bens de grande futilidade (ABRAMOVAY,

    2012).

    Segundo Trigueiro (2012), as crianças são as maiores vítimas da overdose de

    propaganda. Ainda em pleno desenvolvimento e mais vulneráveis que os adultos,

    sofrem cada vez mais cedo com os inúmeros recursos utilizados pela publicidade

    para estimular o consumo, com a manipulação de sons, imagens e arquétipos que

    agem sobre o inconsciente. São estimuladas a consumir muito mais do que

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    necessitam e, com isso, transformam-se na engrenagem para manter a sociedade

    do consumo aquecida. Obesidade infantil, erotização precoce, diminuição das

    brincadeiras e consumo prematuro de tabaco são algumas das graves

    consequências.

    As compras em web sites têm atraído cada vez mais pessoas, atingindo cifras

    vultosas. Dentre as explicações para essa preferência, em vez das lojas, estão: a

    conveniência (entrega em domicílio); a economia de gasolina; o fato das lojas da

    internet permanecerem abertas o tempo todo (pode-se esticar, à vontade, o tempo

    de satisfação não contaminada por qualquer preocupação com frustrações futuras);

    e o conforto espiritual obtido pela substituição de um vendedor pelo monitor (um

    encontro face a face exige um tipo de habilitante que pode se mostrar inadequado

    ou mesmo não existir e para o consumidor também ser mais reconfortante saber

    que é apenas a mão dele que segura o mouse, que repousa sobre o botão)

    (BAUMAN, 2008).

    A obesidade já é considerada problema de saúde pública nos Estados Unidos. No

    Brasil o sobrepeso atinge mais de 30% das crianças entre cinco e nove anos. Entre

    os adultos, quase metade da população está acima do peso e 15% já é obesa

    (TRIGUEIRO, 2012). Conforme Latouche (2009), enquanto dois terços da

    humanidade se preocupam com o que vai comer diariamente, para o outro terço

    restante o problema é o consumo em excesso, o empanzinamento do

    hiperconsumo, do “tudo demais”, como carne, gordura, açúcar, sal bebida alcoólica,

    etc. Com isso, a obesidade, a diabetes, a cirrose de fígado, o colesterol alto fazem

    mais vítimas a cada momento.

    O segundo ingrediente, o crédito, fornece os meios para manter a sociedade

    de consumo e possibilita o consumo daqueles cujos salários não são suficientes,

    além de novos investimentos dos empresários, que precisam adquirir sem dispor do

    capital necessário. A lógica do capital nada mais é do que a lógica diabólica do

    dinheiro, que precisa sempre de mais dinheiro. A economia precisa que objetos

    sejam consumidos, queimados e substituídos e jogados fora numa taxa

    continuamente crescente. E pior, exige que se faça do consumo o estilo de vida do

    homem (LATOUCHE, 2009).

    De acordo com Latouche (2009), o terceiro ingrediente que mantém a

    sociedade de consumo é a obsolescência programada ou planejada, que torna os

    produtos com tempos de vida úteis cada vez menores. A obsolescência foi criada no

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    coração da indústria automobilística, em 1920, pelo então executivo da General

    Motors, Alfred Sloan. Ele procurou influenciar os consumidores a trocar de carro,

    frequentemente, com o apelo de novos modelos e acessórios. Pode ser definida

    como uma ferramenta da indústria do consumo com o objetivo de tornar os produtos

    obsoletos num espaço de tempo cada vez menor para que periodicamente precisem

    ser trocados por novos. Ao diminuir a vida das mercadorias, os fabricantes

    aumentam as vendas e também os seus lucros. Assim, investem cada vez mais em

    tecnologias menos duráveis para que os consumidores troquem os produtos.

    Desenvolvem um designer inovador, uma nova função, uma nova tecnologia e,

    como se não bastasse, fazem um “boicote”, ou seja, projetam os artigos para

    funcionar somente em um determinado tempo.

    A lâmpada é um bom exemplo de boicote dos fabricantes. No início do século

    XX, quando foram produzidas e comercializadas, tinham uma durabilidade de duas

    mil e quinhentas horas de funcionamento. Os fabricantes, ao perceberam que a

    durabilidade do produto diminuía os lucros, trataram logo de se unir para formarem o

    primeiro grande cartel. Reduziram a durabilidade do produto para no máximo de mil

    horas e impuseram regras para o funcionamento deste mercado. A obsolescência

    torna os produtos descartáveis e mantém a produção sempre em movimento.

    Tamanha produção provoca poluição da atmosfera, dos corpos hídricos, dos solos e

    o esgotamento dos recursos naturais.

    A obsolescência programada faz com que os aparelhos e equipamentos, em

    prazos cada vez mais curtos, entrem em pane. Encontrar uma peça de reposição ou

    alguém que conserte é uma tarefa difícil. Se, por um golpe de sorte se deparar com

    uma, custaria mais caro consertá-la do que comprar uma nova. Sempre sairá mais

    barato e pratico comprar um produto novo, do que conservar ou arrumar o produto

    antigo. Assim, montanhas de computadores vão se juntando a televisores,

    geladeiras, lava-louças, DVDs, telefones, etc., entupindo os lixos e locais de

    descarte. O transporte de milhões de computadores descartados para depósitos de

    sucata do Terceiro Mundo, contendo metais pesados e tóxicos (mercúrio, níquel,

    cádmio, arsênico e chumbo), tem sido frequente (LATOUCHE, 2009).

    Criar necessidades num mundo que desmorona sob as produções compõe

    toda a atividade dos comerciantes e dos publicitários. Isso requer uma taxa de

    rotatividade e de consumo dos produtos cada vez mais rápida. Consequentemente,

    uma geração de resíduos e uma atividade de tratamento dos resíduos também cada

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    vez maiores (LATOUCHE, 2009). O contrassenso é que os países não fazem nada

    para resistir à indústria do consumo. Preferem avaliar suas riquezas pelo PIB,

    considerando neste cálculo apenas os bens e serviços finais produzidos,

    transformam-no em meta política. Dessa forma, tanto faz se o país produz um bem

    que dura cinco anos ou apenas um. Isso porque para o cálculo do PIB é a mesma

    coisa. O aquecimento global, a destruição da biodiversidade, o desmatamento das

    florestas, a poluição global, o crescimento exponencial do lixo são desconsiderados

    nesses cálculos (ABRAMOVAY, 2012; TRIGUEIRO, 2012).

    No acelerado encurtamento da funcionalidade dos aparelhos ou do estímulo

    publicitário aos consumidores para concretizarem uma troca antecipada, nenhuma

    empresa do setor reconhece a sua responsabilidade. Pesquisa do Instituto Market

    Analysis, em parceria com o Instituto de Defesa do Consumidor, com uma amostra

    representativa de adultos residentes nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo

    Horizonte, Recife, Salvador, Porto Alegre, Curitiba, Brasília e Goiânia, revela que a

    troca de aparelhos entre os consumidores brasileiros é dada como algo natural, não

    gera insatisfação. Conforme a pesquisa, já existe um disseminado senso comum de

    que os produtos eletroeletrônicos apresentam um tempo de vida útil cada vez menor

    e que a indústria estimula ativamente a substituição antecipada dos aparelhos. A

    substituição parece regida pelos imperativos da moda e da expansão de novas

    funções, que é o que está presente na cabeça da maioria da população. Essa troca

    raramente é problematizada, apesar dos efeitos negativos para o bolso, o meio

    ambiente e a estabilidade emocional de quem se depara com a obsolescência de

    desempenho ou simbólica dos seus aparelhos (ABRAMOVAY, 2012).

    Os custos de ser indiretamente forçado a descartar aparelhos ainda em

    funcionamento ou que poderiam ser consertados não são em momento algum

    sequer questionados. No imaginário das pessoas o que predomina é que a

    atualização e o upgrade são benefícios, pois permitem a garantia do desejado

    “status”. Afinal, trata-se da obsolescência tecnicamente programada e

    psicologicamente motivada. Governos omissos aos efeitos dessas práticas,

    fabricantes que programam vida útil cada vez mais curta nos aparelhos, agências de

    publicidade num bombardeio incessante nas mais variadas mídias e uma

    sociedade preferindo o descarte de produtos, quando ainda estão funcionando,

    mantêm a humanidade na contramão da sustentabilidade.

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    Transformamo-nos, assim, em “toxico dependentes” do crescimento. Aliás, a toxicodependência do crescimento não é apenas uma metáfora. Ela é polimorfa. À bulimia consumista dos fissurados em supermercado e lojas de departamentos corresponde o workaholismo, o vício em trabalho dos executivos, alimentado, conforme o caso, por um consumo excessivo de antidepressivos e até, segundo pesquisas inglesas, pelo consumo de cocaína para os escalões superiores que querem “estar à altura”. O hiperconsumismo do indivíduo contemporâneo “turbo-consumidor” redunda numa felicidade ferida ou paradoxal. Os homens nunca alcançaram tamanho grau de derrelição. A indústria dos “bens de consolação” tenta em vão remediar essa situação. Nesse terreno, nós franceses, somos detentores de um triste recorde: compramos, em 2005, 41 milhões de caixas de antidepressivos. Sem entrar nos detalhes dessas “doenças criadas pelo homem”, resta-nos apenas assinar embaixo do diagnóstico do professor Bempomme: “O crescimento tornou-se o câncer da humanidade” (LATOUCHE, 2009, p.22-23).

    7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

    Os atuais padrões de consumo e de produção são insustentáveis e

    inviabilizam a vida no planeta. O homem precisa a aprender a consumir menos,

    assim como fazer durar mais o que utiliza, seja construindo para durar ou tornando

    os produtos facilmente recicláveis. O modelo de civilização que exalta a exploração

    desenfreada dos recursos naturais e que preconiza que a Terra está à disposição

    dos desejos imediatos do indivíduo precisa ser urgentemente abandonado. O

    imediatismo, o consumismo e o individualismo, impostos pela lógica do mercado,

    precisam ser substituídos por uma forma de convivência mais rica e harmoniosa com

    a natureza e com o próprio homem. Urge um novo modelo de desenvolvimento,

    baseado na ética e na colaboração. O planeta, como qualquer ecossistema, tem um

    ponto-limite além do qual não será possível recuperá-lo.

    Os efeitos do modo de vida da sociedade contemporânea sobre o clima e a

    biodiversidade da Terra não podem mais ser negligenciados e ignorados. “Mais

    tarde” já há muito tempo deixou de ser uma opção. Trata-se de buscar uma solução

    agora ou “mais tarde” será tarde demais. Os limites estabelecidos pela capacidade

    de suporte do planeta e os riscos inerentes ao colapso dos ecossistemas também

    invocam um novo modelo de desenvolvimento.

    Os avanços das estruturas produtivas não se reverteram, automaticamente,

    em bem-estar e qualidade de vida para o homem. Desenvolvimento só faz sentido

    se garantir o bem-estar da humanidade. Os mais ricos devem consumir menos e os

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    mais pobres necessitam consumir mais. Contudo, não como os ricos de hoje. Ao

    mesmo tempo, aquilo que não for bom para todos não será bom para ninguém.

    O valor da natureza não se mede com moedas e mercados. A economia tem

    que se ajustar aos limites do planeta. O bem, a justiça e a virtude devem ocupar o

    centro da economia. A ética deve apoiar a revisão dos objetivos do

    desenvolvimento. Uma vida plena não depende de uma oferta mercantil de bens e

    serviços. O homem, com certeza, viverá melhor se reconectando com seus

    semelhantes e com a natureza. Por mais frágil que pareça, somente com a

    reinvenção de uma nova sociedade, mais humana e sensível, é possível garantir a

    preservação da espécie humana.

    Os graves problemas que o homem hoje enfrenta são integrados e

    sistêmicos. Tentar enfrentá-los de modo isolado, separados, sem uma drástica

    mudança de comportamento é, no mínimo, insano. Um sistema completamente novo

    para impulsionar a economia precisa ser criado.

    É vital o estabelecimento de um sistema de políticas governamentais,

    financiamentos de pesquisas, regulamentações e incentivos fiscais que estimulem

    um sistema de inovações na geração e distribuição de energia limpa, na eficiência

    energética, na produtividade e conservação dos recursos naturais. A prioridade

    máxima deve ser a inovação, a eficiência energética e a produtividade dos recursos

    naturais. O homem precisa fazer mais e melhor com menos. Substituir a atitude do

    predador pela do jardineiro. Abdicar a crença na dominação da natureza para a

    busca de uma inserção harmoniosa. Deixar para trás os valores herdados da

    sociedade do superconsumo. Utilizar com sabedoria os recursos naturais do planeta,

    produzir com melhores tecnologias e uma melhor gestão.

    É na aceitação dos limites dos ecossistemas é que estão as melhores

    alternativas para o crescimento desejável. A engenhosidade humana é o único

    recurso natural que o mundo possui em quantidades infinitas. É da energia das

    mentes que deve ser extraída a riqueza. Não das atuais fontes de energia, como o

    petróleo, o carvão e o gás. Ao mesmo tempo, as evoluções tecnológicas e científicas

    não conseguirão, sozinhas, solucionar a grave crise ambiental.

    O homem não disporá de mais décadas de inércia e de hesitações pela

    frente.

    A multiplicação de conferências mundiais, cujos planos não saem do papel, só faz

    aumentar a defasagem cada vez maior entre a retórica e a ausência de ação. Os

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    problemas ambientais globais ocupam mais o discurso do que os gestos. Se não

    agir rapidamente, o que espera o homem, em breve, é a extinção. Já houve um

    considerável desperdício de tempo e de recursos. Se o homem se chocar contra o

    muro, não haverá cintos de segurança, nem air bags e ele acabará se tornando uma

    experiência biológica malsucedida do planeta. Afinal, é a única espécie, na ampla

    teia de vida, da qual nenhuma outra espécie depende para sua sobrevivência.

    Esquece-se, no entanto, que depende desta teia para sobreviver.

    Os povos da Terra têm que juntar forças para criar uma sociedade

    sustentável fundamentada no respeito pela natureza, nos direitos humanos

    universais, na justiça econômica e na paz.

    UNSUSTAINABLE GROWTH

    ABSTRACT

    This study presents some reflections on the consequences from the search of economical growth "at any price". Currently, the standard of production and consumption, which are socially unfair and environmental predatory are unsustainable and have triggered alarming pressures on the planet. A range of natural resources and essential ecosystems to human being are threatened or destroyed while humanity still don't know how to put welfare in the center of their decisions. This work aims to show that we need to establish a new model of development, based on more harmonious relations with nature and the human being. The environmental issue goes beyond themes of fauna and flora and involves complex issues such consumer society, planned obsolescence, advertising, credit, among many others. The delay in making decisions endangers life on Earth.

    Keywords : Consumption. Economical Growth. Environment.

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