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CRESCIMENTO INICIAL DE DOIS GENÓTIPOS DE MAMONEIRA INFLUENCIADO PELA TEMPERATURA NOTURNA DO AR E PELA ÁREA FOLIAR*

Lígia Rodrigues Sampaio1, Napoleão Esberard de Macedo Beltrão2, Robson César Albuquerque3 1Universidade Estadual da Paraíba, [email protected]; 2Embrapa Algodão,

nbeltrã[email protected]; 3Universidade Federal da Paraíba, [email protected];

RESUMO: Objetivando verificar e quantificar os efeitos de diferentes temperaturas noturnas em dois genótipos de mamona (Ricinus communis L.), com diferentes áreas foliares, no crescimento inicial da mamoneira , através das variáveis altura de planta e diâmetro caulinar, um experimento foi conduzido no ano de 2006, em esquema de analise fatorial 2 x 2 x 3, sendo os fatores duas temperaturas noturnas (21 e 30 ºC), dois genótipos (BRS Paraguaçu e híbrido Lyra) e três níveis de redução foliar (0, 25 , e 50 %), com três repetições. Delineamento inteiramente casualizado, tendo como unidade experimental, uma planta por vaso, com capacidade de 15 litros. As variáveis foram mensuradas em intervalos de sete dias, a partir dos 15 dias da emergência das plântulas. Para a altura de plantas, foi verificado independência entre os fatores estudos e que a cultivar BRS Paraguaçu cresceu bem mais que o híbrido Lyra em todo período estudado, e que na câmara de crescimento, as plantas foram menores. A redução da área foliar das plantas não alterou a altura das mesmas em todo período estudado. Já o diâmetro do caule foi alterado por este fator, além dos demais apresentarem a mesma tendência da variável anterior.

INTRODUÇÃOA mamoneira (Ricinus communis L.) é uma espécie de origem tropical, heliófila, com

metabolismo fotossintético ineficiente, do tipo C3, e muito dependente da altitude, requerendo umidade do ar baixa, média de 65%, temperatura média ótima de 23ºC, e solo bem arejado, sem problemas de compactação ou saturação hídrica (MOSHKIN, 1986; MOTA, 1989; AMORIM NETO et al., 2001 e BELTRÃO, 2001). Vários fatores internos, como regulação metabólica, e externos, como temperatura média do ar, umidade relativa do ar, precipitação pluvial (quantidade, intensidade e duração), comprimento do dia, entre outros, que alteram o crescimento e desenvolvimento. As informações sobre os efeitos da temperatura media noturna na planta da mamoneira são bastante escassas e inexistentes no caso das cultivares e híbridos nacionais; daí a realização deste trabalho. Objetivou-se com este trabalho, realizado em condições parcialmente controladas, parte dele em câmara de crescimento, verificar e quantificar os efeitos dos fatores temperatura média noturna, redução da área foliar e do genótipo, no crescimento inicial da mamoneira.

MATERIAL E MÉTODOS

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O presente experimento foi conduzido em condições de ambiente natural e câmera de crescimento pertencente ao Centro Nacional de Pesquisa do Algodão (Embrapa Algodão), na cidade de Campina Grande-PB, localizada na zona Centro Oriental do Estado da Paraíba, no Planalto da Borborema cujas coordenadas geográficas são 7°13’11”S e 35°53’31”W. e altitude 547m.O experimento foi conduzido no período de fevereiro a abril de 2006, cujos dados referentes à temperatura e umidade, em ambiente natural encontram-se na Tabela 1.

Na câmara de crescimento, a temperatura média permaneceu constante a 30°C e a Umidade Relativa a 70% e as plantas foram colocadas das 17:00 horas até as 5:00 horas da manhã, durante toda duração do experimento. Utilizou-se como substrato, um solo de textura arenosa, típico da região de Campina Grande, classificado como Neossolo Regolitico de baixa fertilidade natural, acrescentando 10% de esterco bovino. Todas as plantas receberam uma adubação mineral equivalente a 150 kg/ha de N, sendo, 20% na fundação e 80% em cobertura aos 15 dias após a emergência. Foi adotado um delineamento experimental em blocos inteiramente casualizados com três repetições, em esquema fatorial 2 x 2 x 3, sendo os fatores a cultivar BRS Paraguaçu e o híbrido Lira, duas temperaturas noturnas; alta (30ºC), equivalente a câmara de crescimento, e baixa (aproximadamente 21ºC), equivalente ao ambiente natural da Cidade de Campina Grande, e os cortes submetidos a todas as folhas de 0, 25 e 50% do seu tamanho normal, resultando em 12 tratamentos. As parcelas experimentais consistiram de um vaso de plástico com capacidade para 15 litros. Foram semeadas cinco sementes com carúncula para cima, à profundidade de 3cm, e aos 12 dias após a emergência, fez-se o desbaste deixando apenas uma planta por parcela. Entre sete e 56 dias após a emergência (DAE),foram mensuradas semanalmente a altura e o diâmetro caulinar . Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e o Teste de Tukey para comparação de médias.

RESULTADOS E DISCUSSÃO Na Tabela 2 podem ser observados os quadrados médios da altura de plantas e diâmetro

caulinar. Na Tabela 3 podem ser observadas as médias dos tratamentos, considerando os fatores estudados isolados, para as variáveis altura de planta e diâmetro caulinar. Em relação à altura de planta as interações não foram significativas, ou seja, houve independência entre os fatores. Verifica-se que a cultivar BRS Paraguaçu cresceu mais que o híbrido Lyra, apesar deste ser bem mais precoce. Com relação aos efeitos da temperatura noturna sobre a altura de planta, verifica-se na Tabela 3 que na maioria das épocas de avaliação, que na temperatura mais elevada, ambiente da câmara de crescimento, as plantas foram menores, possivelmente devido ao incremento da respiração, que pode

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dobrar a cada 10ºC nos limites biológicos. No tocante ao desdobramento da interação entre genótipos e temperaturas médias noturnas, verifica-se na Tabela 4 que aos 50 e 56 DAE, a cultivar BRS Paraguaçu, teve maior redução do crescimento na maior temperatura. O corte das folhas teve interação significativa com os genótipos, com variações que podem ser vistas da Tabela 5. Considerando o variável diâmetro caulinar, destaca-se na Tabela 2 os fatores genótipos e temperaturas noturnas. O genótipo Lyra apresentou o menor crescimento como pode ser observado na Tabela 3, o que foi esperado, pois a cultivar BRS 188 Paraguaçu sabidamente tem maior porte. A temperatura noturna alta também promoveu redução do crescimento, quando houve independência entre os fatores estudados e quando algumas interações foram significativas, como pode ser visto nas Tabelas 4 e 5, respectivamente genótipos x temperaturas e genótipos x tamanho da área foliar das plantas.

CONCLUSÕESO crescimento dos dois genótipos de mamoneira em altura e diâmetro caulinar foi reduzido

pela temperatura noturna de 30 ºC e pelo corte da área foliar.

* Pesquisa financiada pela Petrobras.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICASAMORIM NETO, M. Da S.; BELTRÃO, N. E. M.; SILVA. Clima e Solo. In.: Azevedo, D.M.P.; Lima, E.F. (eds) Brasília: Embrapa SPI, 2001, p.62-76.BELTRÃO, N.E.M .Cultura da mamoneira. Apostilha. Agosto 2003. Campina GrandeMOSHKIN, V.A. Ecology. In: MOSHKIN, V.A. (ed.). Castor. New Delhi. Amerind Publishing Co. Put. Ltd. 1986. p. 54-64.MOTA, F. S. Meteorologia Agrícola. São Paulo: Livraria Nobel S. A. 1989. 376p.

Tabela 1. Valores médios de temperatura e umidade relativa do ar no ambiente natural de Campina Grande, Embrapa-Algodão, Campina Grande-PB, 2006.

DATAS VALORESTEMPERATURA MÉDIA(°C)

Max. Min. MédiaUR MÉDIA (%)

21-28/02 31,2 21,6 25,2 7901-10/03 31,4 27,8 25,3 7611-20/03 31,3 21,7 25,3 7821-31/03 29,7 21,6 24,7 8001-10/04 29,3 21,7 24,7 79

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11-20/04 29,1 21,2 24,4 8121-30/04 28,7 21,4 24,3 80,6

Tabela 2. Quadrado médio dados da variável altura da planta (cm) e diâmetro caulinar (nm)nas várias épocas (dias após a emergência) estudadas, em função das cultivares, temperaturas e corte foliar. Campina Grande, PB. 2006 Altura de planta (cm)FV GL Épocas (dias após a emergência)

15 21 28 35 42 50 56Cultivar (C) 1 155,00** 333,06** 373,13** 829,44** 2209,00** 4435,56** 5451,36**Temperatura(T) 1 3,42 ns 0,84 ns 37,41** 111,65** 205,44** 377,65** 113,77*Corte foliar (F) 2 0,11 ns 5,96 ns 3,41 ns 7,05 ns 11,86 ns 59,27ns 27,75 ns

C x T 1 0,96 ns 1,56 ns 2,30 ns 8,21 ns 5,44 ns 82,20* 348,44**C x F 2 11,11* 16,52* 16,62* 26,6 ns 85,75** 165,86** 90,63*T x F 2 4,31 ns 3,84 ns 2,11 ns 2,31 ns 5,52 ns 15,18 ns 20,88 ns

C x T x F 2 3,75 ns 8,31 ns 5,52 ns 5,03 ns 12,02 ns 25,45 ns 12,00 ns

Resíduo 24 2,11 3,31 3,42 10,74 12,79 18,00 21,76CV (%) 12,91 9,22 7,38 10,99 10,66 11,50 11,38Diâmetro caulinarCultivar (C) 1 10,45** 0,58 ns 9,40** 30,43** 57,00** 157,92** 189,06**Temperatura(T) 1 10,45** 24,01** 40,53** 48,76** 29,70** 13,69** 18,92**Corte foliar (F) 2 0,20ns 3,90** 1,12 ns 1,55 ns 3,85 ns 10,42** 8,98**C x T 1 0,75 ns 3,61* 3,00 ns 18,63** 7,93 ns 8,41* 9,92**C x F 2 1,10 ns 0,92 ns 1,29 ns 1,29 ns 10,29* 4,38 ns 2,22 nsT x F 2 0,45 ns 0,72 ns 2,06 ns 2,60 ns 7,75 ns 0,98 ns 2,80 nsC x T x F 2 0,53 ns 0,14 ns 1,19 ns 0,50 ns 0,67 ns 0,60 ns 1,90 nsResíduo 24 0,58 0,67 0,90 1,71 2,43 1,58 0,87CV (%) 9,60 6,31 6,45 7,97 8,98 7,07 5,13ns não diferem estatisticamente;* significativo ao nível de 5% de probabilidade.** significativo ao nível de 1% de probabilidade.

Tabela 3. Valores médios das análises de variância dos dados das variáveis altura da planta (cm) e diâmetro caulinar (nm) nas várias épocas (dias após a emergência) estudadas, em função das cultivares, temperaturas e corte foliar. Campina Grande, PB. 2006 Fatores Épocas de Avaliação (dias após emergência)

15 21 28 35 42 50 56CultivarParaguaçu 13,35a 22,77a 28,21a 34,61a 41,38a 47,97a 53,27aLira 9,20b 16,69 b 21,84b 25,01b 25,72b 25,77b 28,66bTemperaturaAmbiente natural (21ºC) 11,58a 19,88a 26,08a 31,57a 35,95a 40,11a 42,75aCâmara de cresc. (30ºC) 10,96a 19,58a 24,04b 28,05b 31,16a 33,63b 39,19bCorte foliar (%) 0 11,18a 18,95a 25,05a 30,62a 34,66a 39,22a 42,50a25 11,37a 19,91a 24,53a 29,10a 33,25a 36,58ab 40,95a50 11,26a 20,33a 25,60a 29,72a 32,75a 34,80b 39,45a

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Média Geral 11,27 19,73 25,06 29,81 33,55 36,87 40,97Diâmetro caulinarCultivarParaguaçu 8,50a 13,15a 15,26a 17,33a 18,62a 19,92a 20,50aLira 7,42b 12,90a 14,23b 15,49b 16,11b 15,73b 15,91bTemperaturaAmbiente natural (21ºC) 8,50a 13,84a 15,81a 17,57a 18,27a 18,44a 18,93aCâmara de cresc. (30ºC) 7,42b 12,21b 13,68b 15,25b 16,46b 17,21b 17,48bCorte foliar (%)0 7,88a 12,95ab 14,81a 16,58a 17,79a 18,57a 18,80a25 8,11a 13,63a 15,01a 16,65a 17,59a 18,12a 18,60a50 7,90a 12,50b 14,41a 16,00a 16,72a 16,78b 17,21bMédia Geral 7,96 13,02 14,75 16,41 17,36 17,82 18,20Para cada fator, médias seguidas pela mesma letra nas colunas não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade.

Tabela 4. Desdobramento da interação Cultivar (C) x Temperaturas (T), da variável altura da planta (cm) nos 50 e 56 dias, e diâmetro caulinar (nm) aos 21, 35, 50 e 56 dias, após a emergência das plântulas. Campina Grande, PB. 2006 Altura de planta

Cultivar Temperaturas21 30

50Paraguaçu 52,72aA 43,22aBLira 27,50bA 24,04bA

56Paraguaçu 58,16aA 48,38aBLira 27,33bA 30,00bA

Diâmetro caulinar

21Paraguaçu 13,65aA 12,65aBLira 14,03aA 11,76bB

35Paraguaçu 17,77aA 16,88aALira 17,37aA 13,61bB

50 Paraguaçu 20,05aA 19,78aALira 16,83bA 14,63bB

56 Paraguaçu 20,70aA 20,30aALira 17,16bA 14,66bB

As médias seguidas pela mesma letra minúsculas nas colunas e mesma letra maiúscula nas linhas não diferem estatisticamente entre si ao nível de 5% de probabilidade pelo teste de Tukey.

Tabela 5. Desdobramento da interação Cultivar (C) x Corte foliar (F), da variável altura da planta (cm) aos 15, 21, 28, 42, 50 e 56 dias e diâmetro caulinar (nm) aos 42 dias, após a emergência das plântulas. Campina Grande, PB. 2006

Cultivar Corte Foliar0 25 50

15Paraguaçu 14,21aA 12,48aA 13,35aALira 8,15bB 10,26bA 9,18bAB

21Paraguaçu 23,00aA 21,66aA 23,66aALira 14,91bB 18,16bA 17,00 bAB

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28Paraguaçu 29,33aA 26,48aB 29,03aABLira 20,78bA 22,58bA 22,16bA

42Paraguaçu 45,41aA 38,75aB 40,00aBLira 23,91bA 27,75bA 25,50bA

50Paraguaçu 54,58aA 45,08aB 44,25aBLira 23,86bA 28,08bA 25,36bA

56Paraguaçu 57,91aA 52,25aAB 49,66aBLira 27,08bA 29,66bA 29,25bA

Diâmetro caulinar (nm)

42Paraguaçu 19,75aA 19,20aA 16,93aBLira 15,83bA 15,98bA 16,51aA

As médias seguidas pela mesma letra minúsculas nas colunas e mesma letra maiúscula nas linhas não diferem estatisticamente entre si ao nível de 5% de probabilidade pelo teste de Tukey.