crescimento demográfico nos países desenvolvidos e o envelhecimento da população

Upload: joana-teixeira

Post on 10-Jul-2015

3.534 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Crescimento Demogrfico nos pases DesenvolvidosNos pases desenvolvidos, nomeadamente na Europa, assiste-se actualmente a um fenmeno de crescimento da populao com quebra simultnea das taxas de mortalidade e de natalidade, resultando esse crescimento da intensificao da reduo das taxas de mortalidade. Assim, numa boa parte dos pases desenvolvidos e mesmo nos pases em vias de desenvolvimento verifica-se uma quebra acentuada das taxas de mortalidade, em virtude dos seguintes factores: Avanos na medicina com a introduo de novos frmacos. Alimentao mais abundante e equilibrada. Assiste-se tambm a uma quebra na taxa de natalidade, em virtude de: Alteraes dos padres culturais. Utilizao de mtodos contraceptivos. Planeamento familiar. Casamentos tardios e sem filhos. Liberalizao do aborto.

De certo modo, e como se verifica hoje no conjunto de pases desenvolvidos, a populao cresce pouco, no como resultado do aumento do diminuio do nmero de nascimentos.

Pirmide etria, Portugal, 1950 e 2005

Pela anlise da pirmide, verificamos que o efeito do envelhecimento continua bem marcado na estrutura etria portuguesa. Veja-se, por exemplo, que a base da pirmide continua a estreitar, ao mesmo tempo que o topo continua a alargar. Isto traduz uma baixa de natalidade

(estreitamento na base) e um aumento do nmero de idosos (alargamento no topo) e consequente aumento na esperana mdia de vida. O acentuar do estreitamento na base da pirmide verifica-se at s classes etrias dos 25 anos (aproximadamente), altura em que a situao se inverte, ou seja, verifica-se, a partir daqui um aumento de efectivos at s classes etrias mais elevadas no ano de 2005. Este fenmeno que caracteriza a evoluo de uma boa parte da populao actual o que os demgrafos designam por transio demogrfica.

A transio demogrfica , no geral, um processo de diminuio das taxas de mortalidade e de natalidade, sendo que a primeira diminui a um ritmo mais rpido do que a segunda, causando um perodo de aumento de crescimento vegetativo e, portanto de acrscimo

populacional. E este termo que utilizado em demografia, ajuda a entender ao mesmo tempo dois fenmenos: . Em primeiro lugar, explica porque que o crescimento da populao mundial disparou nos ltimos 200 anos (passando de mil milhes de habitantes em 1800 para os 6,5 milhes na actualidade). . Em segundo lugar, descreve o perodo de transformao de uma sociedade pr-industrial (que se caracteriza por taxas de natalidade e de mortalidade altas) numa sociedade moderna, ou ps industrial (que se caracteriza por ter ambas as taxas baixas).1iSegundo o demo grafo americano Warren Thompson, o crescimento da populao processa-se em quatro fases. Ou seja, o mesmo, exps a teoria

da transaco demogrfica, segundo a qual a sociedade pr-industrial passa, demograficamente falando, por quatro fases ou estgios, antes de se transformar numa sociedade plenamente ps-industrial.

Fase 1

(ou pr-moderna): ocorre oscilao rpida da populao,

dependendo de eventos naturais (secas prolongadas, doenas, etc.). H grande populao jovem.

Fase 2 (ou moderna): taxas de mortalidade caem rapidamente devido maior oferta de alimentos e de melhores condies sanitrias. H reduo de certas doenas. Ocorre aumento da taxa de nascimento e da populao. Fase 3 (ou industrial): urbanizao, acesso a mtodos

contraceptivos, melhoria do rendimento, reduo da agricultura de subsistncia, melhoria da posio feminina na sociedade e queda da taxa de nascimentos. H um nmero inicial grande de crianas, cuja proporo cai rapidamente porque ocorre aumento na proporo de jovens concentrados em cidades, com o decorrente aumento da violncia juvenil. Tendncia de estabilizao da populao. Fase 4 (ou ps-industrial): taxas baixas de natalidade e

mortalidade. Taxas de fecundidade ficam abaixo da taxa de reposio populacional. H aumento da proporo de idosos; encolhimento da populao e necessidade de imigrantes para trabalhare Comunicao

nos

empregosFonte:

de

mais

baixos

salrios.ii

Ronaldo Decicino * Especial para Pgina 3 Pedagogia

TN=Taxa de natalidade; TM=Taxa de mortalidade; CP=Crescimento da populao.

No modelo original proposto por Warren Thompson, apenas foram consideradas quatro fases. Mas actualmente aceita-se uma quinta fase em que a mortalidade superar a natalidade (devido ao custo elevado de se criarem filhos, principalmente em pases desenvolvidos). As famlias optam por ter um nmero muito reduzido de filhos (entre apenas um e mesmo nenhum) para manterem o seu padro de vida. Este efeito j perceptvel em pases como a Alemanha ou a Itlia, sendo bastante temido por analistas, j que, com um crescimento populacional negativo, a populao ter num futuro prximo, mais idosos do que jovens, o que poder entre outras consequncias levar falncia dos sistemas de segurana social dos pases na quinta fase.

ii

cit. em pt. Wikipedia.org (adaptado)

O envelhecimento da populao

A forma como uma populao evolu e se distribui por sexo e idades (isto a sua estrutura) varia ao longo do tempo, acompanhando o prprio desenvolvimento tecnolgico e econmico. Por outro lado, e porque num mesmo momento, pases e regies apresentam diferentes nveis de desenvolvimento, expectvel que a diversidade de estruturas demogrficas seja, em cada perodo histrico, a caracterstica dominante do quadro da populao mundial.

Nos pases mais pases mais desenvolvidos em que a sua populao se dedica fundamentalmente a actividades tercirias, onde as polticas de planeamento familiar esto completamente naturalizadas, em que a entrada no mercado de trabalho se faz cada vez mais tarde, em que a sada de casa dos pases cada vez mais tardia, as taxas de natalidade e mortalidade apresentam-se bastante baixas, sendo todavia, a segunda inferior primeira. Neste processo de transio de uma populao caracterstica das sociedades prindustriais, ou mesmo industriais para uma sociedade ps-industrial, o envelhecimento da populao a regra, pois os jovens que nascem dificilmente conseguem substituir os adultos que envelhecem. Assim acontece, por exemplo com os EUA, com o Japo, ou com a maior parte dos pases europeus. Assim, a diversidade das estruturas da populao a regra podendo, reconduzir-se a trs situaes tipo tendenciais: uma populao jovem, uma populao adulta e uma populao envelhecida. Esta ltima tpica dos pases desenvolvidos. Face ao exposto, os pases desenvolvidos (nomeadamente no caso Europeu) habituaram -se a caracterizar em termos sociopolticos, como democracias representativas, no quadro do Estado providncia. A partir dos anos 1930, e mais a partir da II Guerra Mundial, assiste-se expanso dos Estados providncia, e uma das iniciativas mais importantes e de grande impacto foi a criao de um sistema de Segurana Social para os trabalhadores, responsvel pelas situaes de reforma, de subsdio de desemprego, de doena, etc. Este sistema corresponde a um grande bolo monetrio que obtido a partir dos descontos mensais realizados por trabalhadores e patres, com base no valor dos salrios. Sendo que os trabalhadores entregam mensalmente, uma parte dos seus rendimentos de trabalho para o Sistema de Segurana Social (11% do seu salrio), o mesmo acontecendo com os empregadores (23,75% do valor dos salrios). So estes descontos que constitui um fundo que responsvel pela atribuio aos trabalhadores de vrios subsdios e reformas, isto o valor monetrio que os trabalhadores recebem quando deixam de trabalhar. Visto que o sistema de Segurana Social subsiste custa das entregas feitas pelos trabalhadores e de patres, e por outro lado como j se referiu, nos pases desenvolvidos h cada vez mais idosos, e menos populao activa, h uma diminuio substancial das receitas para a Segurana Social. E esta questo, que se prende basicamente, com o envelhecimento da populao nos pases desenvolvidos, encontra-se hoje na ordem do dia.

Particularmente no caso portugus, o envelhecimento da populao tem sido to rpido e visvel que o receio da falncia da Segurana Social se coloca diariamente a governos, patres e trabalhadores. Iniciativas como o aumento do limite da idade para que um trabalhador se possa reformar, a mudana nas frmulas de clculo do valor das reformas, a diminuio, em volume das reformas, dos subsdios sociais ou o aumento dos descontos mensais, podem constituir situaes que ajudam ao reequilbrio das receitas e despesas da Segurana Social. No entanto, continua-se a temer a insolvncia da Segurana Social. tambm importante salientar que a emigrao, pode desempenhar um papel imprescindvel, isto porque os imigrantes ao virem substituir a mo-de-obra envelhecida tornada recebedora activa da segurana Social, podero salvar os inmeros sistemas de Segurana Social europeus que se encontram em risco de ruptura financeira.

As migraes e a questo demogrfica

So inmeros os efeitos possveis das migraes internacionais, quer para os pases dadores, quer para os pases recebedores. Estes efeitos podem afectar-se questo econmica, social, poltica, etc. Podemos sintetizar esta questo da seguinte forma: - Os fenmenos migratrios tm consequncias positivas para os pases de origem (aliviam a tenso social, aumentam as disponibilidades econmicas das famlias e do pas em geral via remessas dos emigrantes, aumentam a produo, as populaes

aculturam-se por contacto com os seus emigrantes, poder haver um maior equilbrio demogrfico e estabilidade no mercado de trabalho) e negativas (envelhecimento da populao, dificuldades de integrao social e inflao, por exemplo). - Os fenmenos migratrios tm consequncias positivas para os pases recebedores (mais populao activa para trabalhos no qualificados mas tambm mais crebros, rejuvenescimento da populao e contribuies positivas para a Segurana Social) e negativas (dificuldades de integrao Social e problemas decorrentes da emigrao clandestina). Uma das principais vantagens da imigrao o estmulo do crescimento econmico, principalmente devido ao efeito que a imigrao tem na produtividade nacional. (). Em mdia, um imigrante um indivduo no avesso mudana (e inovao), estando igualmente predisposto a suportar sacrifcios acima da mdia para melhorar a condio de vida da sua famlia. Deste modo, no de espantar que os imigrantes sejam indivduos mais motivados e mais produtivos que o trabalhador mdio. Para alm do mais, os (as) imigrantes so em mdia trabalhadores mais baratos do que os trabalhadores autctones, aumentando a competitividade das empresas que os (as) recolhe, a imigrao uma win-win situation, isto todos tm a ganhar. () neste sentido que deveramos querer mais, e no menos, dentistas brasileiros(as), engenheiros(as) ucranianos (as) e canalizadores (as) angolanos(as). (lvaro Santos Pereira, Os Mitos da Economia Portuguesa, Lisboa, Guerra e Paz (adaptado)) ORIGEM DOS PRINCIPAIS IMIGRANTES EM PORTUGAL 2010

Fonte :http://joaopaulo1967.blogspot.com/2010_11_01_archive.html Em suma, se o objectivo de um pas manter as regalias sociais actuais, face ao envelhecimento da populao e ao declnio da fecundidade, fenmenos a que se tem vindo a assistir nos pases desenvolvidos, s a imigrao e o aumento da taxa

de natalidade podero contrariar o esbatimento do crescimento populacional nestes pases.

O declnio da fecundidade

Nos pases desenvolvidos tem-se assistido nas ltimas dcadas, a uma tendncia constante de diminuio de nascimentos. Assim, considerando o ndice de fecundidade de 1990, v-se que apenas trs pases europeus ultrapassavam a taxa de 2.1 filhos por mulher, taxa mnima necessria para a substituio das geraes: a Irlanda (2,18), a Sucia (2,14) e a Polnia (2.1). Estes dados contrastam, de modo chamativo com os de 1975, j que nesse ano ainda 14 pases europeus superavam os 2,1 filhos por mulher entre eles, Portugal.

Entre os anos (1975 1990) somente quatro pases dos considerados pertencentes ao mundo desenvolvido mantiveram um ndice de fecundidade permanentemente superior a 2,1: a Irlanda, a Polnia, a Nova Zelndia e a Rssia (antiga URSS).

Por outro lado, no conjunto dos doze pases da Europa Comunitria, em 1960 a taxa de natalidade era de 18,6 por mil, taxa que desceu para 11,8 por mil em 1990. Como a taxa de mortalidade nesse perodo de tempo praticamente no se modificou 10,5 por mil em 1960 e 10 por mil em 1990 o crescimento demogrfico lquido que foi de 8,1 por mil em 1960, desceu para 1,8 por mil em 1990.

A generalidade dos pases europeus encontra-se actualmente perante um acentuado processo de envelhecimento demogrfico. Na sua origem encontra-se a conjugao, ao longo das ltimas dcadas, do aumento sustentado da esperana mdia de vida com o declnio da fecundidade para mnimos histricos. Em termos estritamente demogrficos, estas duas ltimas tendncias tm-se traduzido, e continuaro a traduzir-se, no aumento dos ndices de dependncia total e de

idosos, sendo ainda provvel que, num horizonte temporal mais ou menos distante, conforme os casos, conduzam tambm a uma diminuio em termos absolutos da populao autctone da generalidade dos pases europeus. No que se refere aos efeitos sobre o bem-estar econmico e social das populaes, as potenciais consequncias nefastas destes processos prefiguram-se de uma forma acentuada como realidades inevitveis. Em face destas perspectivas, impe-se naturalmente a procura e discusso de solues se no com vista eliminao do problema (objectivo irrealista face dimenso e inrcia dos processos), pelo menos no sentido da mitigao das suas consequncias. Porm, as possveis respostas disposio das sociedades europeias no so muitas, sendo ainda mais reduzidas as que se apresentam como susceptveis de mobilizao eficaz.

Esperana mdia de vida nascena, homens e mulheres (Portugal, 1960-2005)

ndice sinttico de fecundidade (Portugal, 1960-2005)

Este tipo de regime demogrfico resulta quase inevitavelmente em processos de envelhecimento demogrfico de forma mais ou menos imediata e de declnio populacional habitualmente num horizonte temporal mais alargado, em virtude da chamada inrcia demogrfica. Na verdade, enquanto o declnio da fecundidade e o aumento da esperana de vida concorrem no sentido da intensificao do envelhecimento (pela base e pelo topo), estes dois processos actuam em sentido contrrio no que se refere ao declnio populacional. Num contexto de aumento significativo da esperana mdia de vida, o declnio demogrfico decorrente de nveis de fecundidade abaixo do limiar de substituio de geraes apenas se faz sentir com algumas dcadas de desfasamento em relao ao incio do processo de envelhecimento. No caso portugus, este declnio demogrfico pode ser considerado praticamente inevitvel, embora seja ainda incerto o horizonte temporal no qual se far sentir.

Neste processo os jovens que nascem dificilmente conseguem substituir os adultos que envelhecem. Sendo os estratos mais envelhecidos, como j foi referido neste trabalho, dominantes. Assim, acontece, com os Estados Unidos da Amrica, o Japo, ou com a maior parte dos pases europeus. Em Portugal, por exemplo, pas que apresenta uma das menores taxas de fertilidade europeias (com uma mdia de 1,4 filhos por casal). A verdade que nos pases desenvolvidos, a industrializao provocou alteraessociais profundas, que foram acima referidas. Tal facto levou necessidade de controlar o nmero de filhos. Actualmente, a manuteno de baixas taxas de natalidade deve-se aos factores seguintes: - Desenvolvimento de mtodos contraceptivos cada vez mais eficazes, que permitem decidir o nmero de filhos que se quer ter; - Aumento da participao da mulher no mundo de trabalho, que lhe deixa menos disponibilidade para cuidar dos filhos e obriga a despesas com amas e infantrios; - Grande parte da populao vive no espao urbano, onde a habitao mais cara e menos espaosa; - Cada vez h maiores exigncias coma educao dos filhos, que aumentam a despesas da famlia; - H tendncia para o aumento da idade mdia do casamento, devido maior durao da vida escolar; - Adia-se o nascimento do primeiro filho, motivado pela maior valorizao da carreira profissional da mulher;- H a convico de que cada casal deve decidir, de forma livre e responsvel, o

nmero de filhos que deseja ter.

Assim para alm dos factores referidos, face situao de crise econmica que vivemos actualmente, esta situao tender a manter-se nos pases desenvolvidos.

A Europa Ocidental, actualmente, uma regio envelhecida, onde a renovao da populao nem sempre se realiza. Estes pases esto ameaados de declnio e envelhecimento das suas populaes. e se a tendncia continuar, dentro de algumas dcadas teremos uma Europa transformada em asilos de velhos , onde o nmero de idosos ultrapassar o nmero de crianas . Face est situao, muitos dos governos dos Estados europeus desenvolvem polticas natalistas, ou seja, desenvolvem medidas que promovem a subida das taxas de natalidade. Na Frana, por exemplo, o governo desde de alguns anos, tem vindo a desenvolver medidas que levam ao aumento do nmero de filhos por casal : melhoram-se os abonos de famlia e outros benefcios sociais e reduzem-se os impostos s famlias com maior nmero de filhos. Situao idntica verifica-se tambm noutros pases europeus. Governo Francs paga ordenado s mes que tenham trs filhos: Preocupado com a queda progressiva da taxa de natalidade no pas, Governo da Frana no se poupa a iniciativas para aliciar os cidados a aumentarem as suas famlias, tendo, neste mbito, acabado de anunciar que pagar durante trs anos, um ordenado as mes que se decidam a Ter um terceiro filho. J anteriormente, o Governo aprova uma srie de medidas fiscais que favoreciam os casais e as famlias numerosas. O plano para estimular os nascimentos, anunciado pelo ministrio da Sade e da Famlia, tem como objectivo tentar seleccionar o problema demogrfico, que tem sido alvo de preocupao, no s deste governo, como de anteriores, que tambm puserem em marcha vrios planos citado em http://www.vbruno.net/escola/Ides/