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Co-financiado pelo FSE e Estado ÍNDICE 1. Objectivos ................................................ 2 2. Perfil de Saída ........................................... 3 3. Conteúdos ................................................. 4 4. Compromisso Cidadão-Estado ................................ 4 4.1. Conceito de Liberdade e Responsabilidade ............. 7 4.2. Cidadania ............................................10 4.3. Constituição da República Portuguesa (Vários artigos) 11 4.4. Democracia ...........................................18 4.5. Sociedade Civil ......................................19 5. Direitos, Liberdades e Garantias dos Trabalhadores ........21 5.1. Introdução ...........................................21 5.2. Constituição da República Portuguesa (vários artigos) 23 5.3. Organismos e Serviços de Protecção dos Direitos Laborais, Nacionais e Transnacionais ...........................33 6. Democracia Representativa e Participada ...................41 6.1. Organização do Estado Democrático Português ..........41 6.2. Poder Local ..........................................50

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Co-financiado pelo FSE e Estado Português

ÍNDICE

1. Objectivos ................................................................................................ 22. Perfil de Saída ......................................................................................... 33. Conteúdos ............................................................................................... 44. Compromisso Cidadão-Estado ................................................................. 4

4.1. Conceito de Liberdade e Responsabilidade ................................... 74.2. Cidadania .......................................................................................104.3. Constituição da República Portuguesa (Vários artigos) .................114.4. Democracia ....................................................................................184.5. Sociedade Civil ...............................................................................19

5. Direitos, Liberdades e Garantias dos Trabalhadores ...............................215.1. Introdução ......................................................................................215.2. Constituição da República Portuguesa (vários artigos) ..................235.3. Organismos e Serviços de Protecção dos Direitos Laborais,

Nacionais e Transnacionais ............................................................336. Democracia Representativa e Participada ..............................................41

6.1. Organização do Estado Democrático Português ............................416.2. Poder Local ....................................................................................50

7. Comunidade Global .................................................................................537.1. Tratado de Maastricht ....................................................................537.2. Tratado de Lisboa ..........................................................................547.3. Direitos dos Cidadãos Europeus ....................................................577.4. Direitos Fundamentais do Homem .................................................61

8. Bibliografia ..............................................................................................659. Anexos .....................................................................................................66

9.1. Anexo I – Declaração Universal dos Direitos do Homem 9.2. Anexo II – Lei nº7/2009

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1.OBJECTIVOS

Reconhecer as responsabilidades inerentes à liberdade pessoal em democracia.

Assumir direitos e deveres laborais enquanto cidadão activo.

Identificar os direitos fundamentais de um cidadão num estado democrático contemporâneo.

Participar consciente e sustentadamente na comunidade global.

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2. PERFIL DE SAÍDA

Descrição Geral

O/A Técnico de Organização de Eventos é o/a profissional que no domínio

das técnicas e

procedimentos adequados, bem como das normas de higiene, segurança e

ambiente, concebe e

planifica, promove, operacionaliza e avalia projectos de eventos.

Actividades Principais

• Conceber e promover eventos.

• Planificar os eventos.

• Implementar projectos de eventos.

• Coordenar e acompanhar as equipas de trabalho e o evento.

• Avaliar e divulgar de resultado

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3. Conteúdos

CP_1 Liberdade e responsabilidade democráticas Carga horária: 50 horasConteúdos:

4. Compromisso Cidadão/Estado

Conceitos-chave: identidade; liberdade; igualdade; participação; cidadania; Estado; democracia; sociedade civil; organização política dos estados democráticos.

Conceito de liberdade pessoal em democracia Exercício da liberdade e da responsabilidade de cada cidadão Direitos/Liberdades e Deveres/Responsabilidades do cidadão no Portugal

contemporâneo Direitos e deveres pessoais, laborais e sociais em confronto Papel da sociedade civil na Democracia

- Função reguladora das instituições da sociedade civil na construção da democracia

- Instituições da sociedade civil com impacto na construção da democracia: instituições políticas; associações da defesa do consumidor; corporações; associações profissionais; associações ambientalistas, entre outras

- Construção social e cultural de novas práticas de cidadania

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Direitos, liberdades e garantias dos trabalhadores

Conceitos-chave: representação; direitos, liberdades e garantias dos trabalhadores; direitos e deveres de cidadania; direitos civis, direitos sociais; direitos políticos; responsabilidade social empresarial; condição perante o trabalho.

Mecanismos reguladores dos direitos laborais- O Código do Trabalho- Organismos e serviços de protecção dos direitos laborais, nacionais e transnacionais

Direitos laborais, direitos económicos e/ou de mercado: problematização do jogo entre os direitos dos trabalhadores - adquiridos ou pretendidos - e a lógica liberal regente na maioria das estruturas empresariais

Democracia representativa e participada

Conceitos-chave: Estado; órgãos de soberania; organização política dos Estados Democráticos; descentralização; cultura política, representação.

Organização do Estado Democrático Português- Constituição da República Portuguesa- Os órgãos de soberania: competências e interligação

Regiões Autónomas e especificidades do seu regime político-administrativo O Poder Local

- Órgãos e atributos- Os novos desafios do poder local

Contributos do cidadão na promoção, construção e defesa dos princípios democráticos de participação e representatividade: a responsabilidade e capacidade de fazer escolhas

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Comunidade global

Conceitos-chave: norma; igualdade; fronteira; direitos e deveres de cidadania; comunidade; transnacionalidade.

Cidadania europeia- Tratado de Maastricht- Tratado de Lisboa- Direitos dos cidadãos europeus- Livre circulação de pessoas: residir, estudar e trabalhar no espaço comum europeu

Direitos fundamentais do Homem: Declaração Universal dos Direitos do Homem e outros documentos – chave

Áreas do Saber: Sociologia; Filosofia; Direito; Relações Internacionais; Geografia; Economia; Psicologia.

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CP_1 Liberdade e Responsabilidade democráticas

1) Compromisso Cidadão/Estado

4.1. Conceito de Liberdade e Responsabilidade

A palavra liberdade tem uma origem latina (libertas) e significa independência. Pode ser entendida como possibilidade de autodeterminação, acto voluntário, espontaneidade, realização de necessidades, autonomia sapiciencial.

Etimologicamente, a palavra responsabilidade também vem do latim (respondere) e significa ser capaz de comprometer-se.

Apesar de todos os condicionamentos, o homem é um ser livre, pois em última instância é sempre ele que decide agir ou não.

Sendo livre pode decidir ajustar-se ou não às regras sociais que encontra. Pode realizar ou não actos que constituem verdadeiras rupturas com os condicionalismos e as solicitações externas ou internas (Liberdade de).

Sendo livre toma decisões que têm como objectivo responder à sua necessidade de realização pessoal, em conformidade com o seu próprio projecto de vida (Liberdade para).

Mas o que se entende por liberdade? Pressupostos da Liberdade

A liberdade implica:

Autonomia do sujeito face às suas condicionantes . Embora o homem esteja sempre condicionado por factores externos e internos, para que uma acção possa ser considerada livre é necessário que ele seja a causa do seus actos, isto é, que tenha uma conduta livre.

Consciência da acção . A acção humana é a manifestação de uma vontade livre e portanto consciente dos seus actos. Este pressuposto implica que o sujeito não ignore a intenção, os motivos e as circunstâncias, assim como as

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consequências da própria acção. Pressuposto que está todavia longe de estar sempre satisfeito.

Escolhas fundamentadas em valores . A acção implica sempre a manifestação de certas preferências, implicando o homem nessa escolha. Nem sempre contudo, esta dimensão da liberdade é consciente, embora seja sempre materializada na própria acção.

O homem possui de actuar segundo a sua própria decisão.

Formas de Liberdade:

Liberdade Interior : Autonomia face a si mesmo (Liberdade psicológica) e de agir segundo valores livremente escolhidos (Liberdade Moral)

Liberdade Exterior : autonomia face à sociedade (Liberdade sociológica) e de exercer os direitos básicos de qualquer cidadão (Liberdade Política).

Responsabilidade:

A liberdade é inseparável da responsabilidade, pois aquele que reconhece como suas determinadas decisões, tem que igualmente reconhecer e assumir as consequências e os efeitos das mesmas.

Este será um assunto que desenvolvermos em detalhe quando abordarmos, a dimensão ética do agir.

Identidade:

Conjunto de características individuais que torna cada Ser Humano único, ex: Impressão digital; ADN (ácido desoxirribonucleico)

Identificação:

É o processo através do qual cada sociedade implementa para se chegar à Identidade de cada indivíduo, (análises ao ADN, atribuição de um nome, elaboração B.I, contribuinte, utente, etc.)

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Individualização:

Embora o homem não seja livre de escolher o que lhe acontece, é todavia livre de responder desta ou daquela forma ao que lhe acontece.

É nestas escolhas que o homem faz que define a sua individualidade, personalidade. As opções que tomamos ao longo da vida é que nos diferenciam. É por elas que somos julgados e avaliados nas nossas condutas. Aquilo que somos manifesta-se portanto naquilo que fazemos.

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4.2. Cidadania

- A cidadania não é só direitos e deveres, mas também a consciência de que nos devemos esforçar para construir um mundo melhor, mesmo com pequenas acções.

- A cidadania concerne, desse modo, à relação entre Estado e cidadão, especialmente no que diz respeito a direitos e obrigações.

- Ela é responsabilidade perante nós e perante os outros, consciência de deveres e direitos, impulso para a solidariedade e para a participação.

- É sentido de comunidade e de partilha, é insatisfação perante o que é injusto ou está mal, é vontade de aperfeiçoar, de servir, de realizar, é espírito de inovação, de audácia, de risco, é pensamento que age e acção que se pensa.

- A base da cidadania repousa no sentido de identidade: é uma espécie de sentimento de pertença.

- Esta pertença não diz apenas respeito a ser uma parte de uma mesma nação ou a usar a mesma língua, mas também a uma trama de acontecimentos históricos que mantêm as pessoas unidas; a pertença projecta-se ainda nas preocupações comuns acerca do futuro.

- Quando as pessoas são partes “de”, preocupam-se. Quando se preocupam, ocupam-se de, agem, contribuindo para o bem-estar da sociedade, mesmo antes de surgir a reivindicação dos “direitos de participação.”

A Constituição da República Portuguesa de 1976 (CRP) é a actual constituição portuguesa. Foi redigida pela Assembleia Constituinte eleita na sequência das primeiras eleições gerais livres no país em 25 de Abril de 1975, 1.º aniversário da Revolução dos Cravos. Os seus deputados deram os trabalhos por concluídos em 2 de Abril de 1976, tendo a Constituição entrado em vigor a 25 de Abril de 1976.

Sofreu sucessivas revisões constitucionais em 1982, 1989, 1992, 1997, 2001 , 2004 e 2005.

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4.3. Constituição da Republica Portuguesa

Artigo 2.º(Estado de direito democrático)

A República Portuguesa é um Estado de direito democrático, baseado na soberania popular, no pluralismo de expressão e organização política democráticas, no respeito e na garantia de efectivação dos direitos e liberdades fundamentais e na separação e interdependência de poderes, visando a realização da democracia económica, social e cultural e o aprofundamento da democracia participativa.

Artigo 4.º(Cidadania portuguesa)

São cidadãos portugueses, todos aqueles que como tal sejam considerados pela lei ou por convenção internacional.

Artigo 9.º(Tarefas fundamentais do Estado)

São tarefas fundamentais do Estado:

a) Garantir a independência nacional e criar as condições políticas, económicas, sociais e culturais que a promovam;

b) Garantir os direitos e liberdades fundamentais e o respeito pelos princípios do Estado de direito democrático;

c) Defender a democracia política, assegurar e incentivar a participação democrática dos cidadãos na resolução dos problemas nacionais;

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d) Promover o bem-estar e a qualidade de vida do povo e a igualdade real entre os portugueses, bem como a efectivação dos direitos económicos, sociais, culturais e ambientais, mediante a transformação e modernização das estruturas económicas e sociais;

e) Proteger e valorizar o património cultural do povo português, defender a natureza e o ambiente, preservar os recursos naturais e assegurar um correcto ordenamento do território;

f) Assegurar o ensino e a valorização permanente, defender o uso e promover a difusão internacional da língua portuguesa;

g) Promover o desenvolvimento harmonioso de todo o território nacional, tendo em conta, designadamente, o carácter ultraperiférico dos arquipélagos dos Açores e da Madeira;

h) Promover a igualdade entre homens e mulheres.

Artigo 12.º(Princípio da universalidade)

1. Todos os cidadãos gozam dos direitos e estão sujeitos aos deveres consignados na Constituição.

2. As pessoas colectivas gozam dos direitos e estão sujeitas aos deveres compatíveis com a sua natureza.

Artigo 13.º(Princípio da igualdade)

1. Todos os cidadãos têm a mesma dignidade social e são iguais perante a lei. 2. Ninguém pode ser privilegiado, beneficiado, prejudicado, privado de qualquer

direito ou isento de qualquer dever em razão de ascendência, sexo, raça, língua, território de origem, religião, convicções políticas ou ideológicas, instrução, situação económica ou condição social.

Artigo 24.º

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(Direito à vida)

1. A vida humana é inviolável. 2. Em caso algum haverá pena de morte.

Artigo 25.º(Direito à integridade pessoal)

1. A integridade moral e física das pessoas é inviolável. 2. Ninguém pode ser submetido a tortura, nem a tratos ou penas cruéis,

degradantes ou desumanos.

Artigo 26.º(Outros direitos pessoais)

1. A todos são reconhecidos os direitos à identidade pessoal, ao desenvolvimento da personalidade, à capacidade civil, à cidadania, ao bom nome e reputação, à imagem, à palavra, à reserva da intimidade da vida privada e familiar e à protecção legal contra quaisquer formas de discriminação.

2. A lei estabelecerá garantias efectivas contra a utilização abusiva, ou contrária à dignidade humana, de informações relativas às pessoas e famílias.

3. A lei garantirá a dignidade pessoal e a identidade genética do ser humano, nomeadamente na criação, desenvolvimento e utilização das tecnologias e na experimentação científica.

4. A privação da cidadania e as restrições à capacidade civil só podem efectuar-se nos casos e termos previstos na lei, não podendo ter como fundamento motivos políticos.

Artigo 27.º

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(Direito à liberdade e à segurança)

1. Todos têm direito à liberdade e à segurança. 2. Ninguém pode ser total ou parcialmente privado da liberdade, a não ser em

consequência de sentença judicial condenatória pela prática de acto punido por lei com pena de prisão ou de aplicação judicial de medida de segurança.

3. Exceptua-se deste princípio a privação da liberdade, pelo tempo e nas condições que a lei determinar, nos casos seguintes:

a) Detenção em flagrante delito; b) Detenção ou prisão preventiva por fortes indícios de prática de crime

doloso a que corresponda pena de prisão cujo limite máximo seja superior a três anos;

c) Prisão, detenção ou outra medida coactiva sujeita a controlo judicial, de pessoa que tenha penetrado ou permaneça irregularmente no território nacional ou contra a qual esteja em curso processo de extradição ou de expulsão;

d) Prisão disciplinar imposta a militares, com garantia de recurso para o tribunal competente;

e) Sujeição de um menor a medidas de protecção, assistência ou educação em estabelecimento adequado, decretadas pelo tribunal judicial competente;

f) Detenção por decisão judicial em virtude de desobediência a decisão tomada por um tribunal ou para assegurar a comparência perante autoridade judiciária competente;

g) Detenção de suspeitos, para efeitos de identificação, nos casos e pelo tempo estritamente necessários;

h) Internamento de portador de anomalia psíquica em estabelecimento terapêutico adequado, decretado ou confirmado por autoridade judicial competente.

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4. Toda a pessoa privada da liberdade deve ser informada imediatamente e de forma compreensível das razões da sua prisão ou detenção e dos seus direitos.

5. A privação da liberdade contra o disposto na Constituição e na lei constitui o Estado no dever de indemnizar o lesado nos termos que a lei estabelecer.

Artigo 36.º(Família, casamento e filiação)

1. Todos têm o direito de constituir família e de contrair casamento em condições de plena igualdade.

2. A lei regula os requisitos e os efeitos do casamento e da sua dissolução, por morte ou divórcio, independentemente da forma de celebração.

3. Os cônjuges têm iguais direitos e deveres quanto à capacidade civil e política e à manutenção e educação dos filhos.

4. Os filhos nascidos fora do casamento não podem, por esse motivo, ser objecto de qualquer discriminação e a lei ou as repartições oficiais não podem usar designações discriminatórias relativas à filiação.

5. Os pais têm o direito e o dever de educação e manutenção dos filhos. 6. Os filhos não podem ser separados dos pais, salvo quando estes não

cumpram os seus deveres fundamentais para com eles e sempre mediante decisão judicial.

7. A adopção é regulada e protegida nos termos da lei, a qual deve estabelecer formas céleres para a respectiva tramitação.

Artigo 37.º(Liberdade de expressão e informação)

1. Todos têm o direito de exprimir e divulgar livremente o seu pensamento pela palavra, pela imagem ou por qualquer outro meio, bem como o direito de informar, de se informar e de ser informados, sem impedimentos nem discriminações.

2. O exercício destes direitos não pode ser impedido ou limitado por qualquer tipo ou forma de censura.

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3. As infracções cometidas no exercício destes direitos ficam submetidas aos princípios gerais de direito criminal ou do ilícito de mera ordenação social, sendo a sua apreciação respectivamente da competência dos tribunais judiciais ou de entidade administrativa independente, nos termos da lei.

4. A todas as pessoas, singulares ou colectivas, é assegurado, em condições de igualdade e eficácia, o direito de resposta e de rectificação, bem como o direito a indemnização pelos danos sofridos

Artigo 41.º(Liberdade de consciência, de religião e de culto)

1. A liberdade de consciência, de religião e de culto é inviolável. 2. Ninguém pode ser perseguido, privado de direitos ou isento de obrigações ou

deveres cívicos por causa das suas convicções ou prática religiosa. 3. Ninguém pode ser perguntado por qualquer autoridade acerca das suas

convicções ou prática religiosa, salvo para recolha de dados estatísticos não individualmente identificáveis, nem ser prejudicado por se recusar a responder.

4. As igrejas e outras comunidades religiosas estão separadas do Estado e são livres na sua organização e no exercício das suas funções e do culto.

5. É garantida a liberdade de ensino de qualquer religião praticado no âmbito da respectiva confissão, bem como a utilização de meios de comunicação social próprios para o prosseguimento das suas actividades.

6. É garantido o direito à objecção de consciência, nos termos da lei.

Artigo 42.º(Liberdade de criação cultural)

1. É livre a criação intelectual, artística e científica. 2. Esta liberdade compreende o direito à invenção, produção e divulgação da

obra científica, literária ou artística, incluindo a protecção legal dos direitos de autor.

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Artigo 43.º(Liberdade de aprender e ensinar)

1. É garantida a liberdade de aprender e ensinar. 2. O Estado não pode programar a educação e a cultura segundo quaisquer

directrizes filosóficas, estéticas, políticas, ideológicas ou religiosas. 3. O ensino público não será confessional. 4. É garantido o direito de criação de escolas particulares e cooperativas.

Artigo 46.º(Liberdade de associação)

1. Os cidadãos têm o direito de, livremente e sem dependência de qualquer autorização, constituir associações, desde que estas não se destinem a promover a violência e os respectivos fins não sejam contrários à lei penal.

2. As associações prosseguem livremente os seus fins sem interferência das autoridades públicas e não podem ser dissolvidas pelo Estado ou suspensas as suas actividades senão nos casos previstos na lei e mediante decisão judicial.

3. Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma associação nem coagido por qualquer meio a permanecer nela.

4. Não são consentidas associações armadas nem de tipo militar, militarizadas ou paramilitares, nem organizações racistas ou que perfilhem a ideologia fascista.

Artigo 47.º(Liberdade de escolha de profissão e acesso à função pública)

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1. Todos têm o direito de escolher livremente a profissão ou o género de trabalho, salvas as restrições legais impostas pelo interesse colectivo ou inerentes à sua própria capacidade.

2. Todos os cidadãos têm o direito de acesso à função pública, em condições de igualdade e liberdade, em regra por via de concurso.

4.4. Democracia

Definição:

- Do grego demo = povo e cracia = governo, ou seja, governo do povo. - É um sistema em que as pessoas de um país podem participar da vida

política. - Esta participação pode ocorrer através de eleições , referendos, etc.

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- Dentro de uma democracia, as pessoas possuem liberdade de expressão e manifestações de suas opiniões.

- É um regime de governo onde o poder de tomar importantes decisões políticas está com os cidadãos ( povo ), directa ou indirectamente, por meio de representantes eleitos — forma mais usual.

- Uma Democracia pode existir num sistema presidencialista ou parlamentarista, republicano ou monárquico.

- A Democracia opõe-se à ditadura e ao totalitarismo , onde o poder reside numa elite auto-eleita.

4.5. Sociedade Civil

- Sociedade: reunião de pessoas que têm a mesma origem e pelas mesmas leis; parceria, participação; associação; reunião de pessoas que se juntam para conversar; reunião de pessoas que se juntam para conversar, etc.

- Civil: que se refere às relações dos cidadãos entre si; que não tem carácter militar nem eclesiástico;

- A sociedade civil resulta de uma tendência natural do homem para agregar-se em comunidade.

- Este fenómeno parte da necessidade de vencer a luta pela existência, dado que a extrema precariedade da estrutura psíquica e somática do homem, não permitiria a sua subsistência, enquanto indivíduo isolado.

- A comunidade, à semelhança das sociedades humanas primitivas, estrutura-se a partir de um conjunto de relações sociais bastante complexas, que têm a sua origem na força, enquanto lei.

- A introdução do Código do trabalho, ao lado do Código civil e do Código penal, constitui a tentativa expressa dos Estados democráticos legislarem as condições de trabalho e protegerem o trabalhador.

- Por isso, defender o Código do trabalho, tornando-o mais próximo das necessidades reais dos trabalhadores e das exigências dos direitos humanos, constitui um desafio para todas as gerações, presentes e futuras.

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- Sendo esta uma das preocupações essenciais para todos os Estado democráticos que se alicerçam nos princípios universais da Revolução francesa: liberdade, igualdade e fraternidade.

- Representa uma esfera de discurso público dinâmico e participativo entre o Estado, a esfera pública composta de organizações voluntárias, e a esfera do mercado referente a empresas privadas e sindicatos.

- A sociedade civil cria grupos e pressiona em direcção a determinadas opções políticas, produzindo, consequentemente, estruturas institucionais que favorecem a cidadania.

- Uma sociedade civil fraca, por outro lado, será normalmente dominada pelas esferas do Estado ou do mercado.

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5. Direitos, Liberdades e Garantias dos trabalhadores

5.1. Introdução

Os direitos fundamentais começaram por ser vistos inicialmente, na antiguidade, numa perspectiva filosófica, como sendo direitos naturais. Historicamente afirma-se que foram os estóicos (e depois Cícero, em Roma) os que primeiro se referiram aos direitos fundamentais. As suas obras manifestavam ideias de dignidade e de igualdade entre os homens. Estas concepções, eram, no entanto, de difícil aceitação e entendimento uma vez que a sociedade assentava na escravatura. O Cristianismo deu uma nova densidade ao conceito de dignidade humana, sobretudo durante a Idade Média, com S. Tomás e a sua escolástica. Os homens são todos filhos de Deus, iguais em dignidade, sem distinção de raça, cor ou cultura. O homem não era uma criatura qualquer porque participa do divino através da Razão, a qual, iluminada e completada pela Fé lhe indica o caminho a seguir. A distinção entre o Bem e o Mal era assim acessível ao homem, que podia conhecer o Direito Natural, anterior e superior ao poder temporal - a Lei divina que governava o Universo:

DIREITO: Aquilo que é recto; justo; conforme à lei; poder moral ou legal de fazer; de possuir ou de exigir alguma coisa; poder legítimo; faculdade;

DEVER: Obrigação moral; o que se é obrigado a fazer ou a evitar; o que impõem a lei moral, leis ou costumes

Os direitos fundamentais são, nesta dimensão, direitos absolutos, imutáveis e intemporais, inerentes à qualidade de homem dos seus titulares, e constituem o núcleo restrito que se faz sentir em qualquer ordem jurídica, impondo-se, desta forma, não apenas contra o Estado mas também aos particulares. A inserção dos direitos fundamentais na Constituição faz com que eles sejam analisados em várias dimensões, sejam elas formais ou materiais. Formalmente, essa fundamentalidade constitucional tem as seguintes consequências:

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a) Enquanto normas fundamentais são normas colocadas num grau superior da ordem jurídica;

b) Como normas constitucionais estão submetidas aos processos agravadas de revisão constitucional;

c) Como normas incorporadoras de direitos fundamentais passam, muitas vezes, a constituir limites materiais da própria revisão constitucional

Os direitos fundamentais cumprem um conjunto de funções que se podem sintetizar nas seguintes:

função de defesa ou de liberdade – eles visam, num plano jurídico-objectivo estabelecer normas de competência negativa para os poderes públicos, proibindo-os de interferirem na esfera jurídica individual dos cidadãos assim como implicam, num plano jurídico-subjectivo, o poder de exercer positivamente direitos fundamentais (liberdade positiva) e de exigir omissões dos poderes públicos, de forma a evitar agressões lesivas por parte dos mesmos (liberdade negativa);

função de prestação social – significam, em sentido restrito, o direito do particular a obter alguma coisa do Estado (saúde, educação, segurança social);

função de protecção perante terceiros – esta função impõe ao Estado um dever de protecção dos cidadãos perante terceiros, como sejam, a protecção do seu direito à vida perante eventuais agressões, o direito de inviolabilidade de domicílio, o direito de associação, etc.;

função de não discriminação – esta função advém do princípio da igualdade consagrada na constituição. Ela visa assegurar que o Estado trate os seus cidadãos como cidadãos iguais, aplicando-se esta função aos direitos, liberdades e garantias pessoais (ex. não discriminação em virtude da religião), aos direitos de participação política (ex. o direito de acesso aos cargos públicos), aos direitos dos trabalhadores (ex. direito ao emprego e à formação profissional) bem como aos direitos a prestações.

A Lei Constitucional aborda no Título II os direitos e deveres fundamentais aglutinando aqui os chamados "direitos, liberdades e garantias".

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Os direitos, liberdades e garantias gozam de um regime específico que apresenta características próprias

a aplicabilidade directa das normas que os reconhecem, consagram ou garantem;

vinculatividade das entidades pública e privadas; reserva da lei para a sua restrição; limitação da possibilidade de suspensão nos casos de estado de sítio e estado

de emergência; garantia contra leis de revisão constitucional restritivas do seu conteúdo.

Os direitos, liberdades e garantias estão garantidos na Constituição da República Portuguesa, assim vamos referir os principais artigos consagrados na mesma.

5.2. Constituição da República Portuguesa

Artigo 53.º(Segurança no emprego)

É garantida aos trabalhadores a segurança no emprego, sendo proibidos os despedimentos sem justa causa ou por motivos políticos ou ideológicos.

Artigo 54.º(Comissões de trabalhadores)

1. É direito dos trabalhadores criarem comissões de trabalhadores para defesa dos seus interesses e intervenção democrática na vida da empresa.

2. Os trabalhadores deliberam a constituição, aprovam os estatutos e elegem, por voto directo e secreto, os membros das comissões de trabalhadores.

4. Os membros das comissões gozam da protecção legal reconhecida aos delegados sindicais

5. Constituem direitos das comissões de trabalhadores: a)Receber todas as informações necessárias ao exercício da sua actividade;

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b)Exercer o controlo de gestão nas empresas; c)Participar nos processos de reestruturação da empresa, especialmente no

tocante a acções de formação ou quando ocorra alteração das condições de trabalho;

d)Participar na elaboração da legislação do trabalho e dos planos económico-sociais que contemplem o respectivo sector;

e)Gerir ou participar na gestão das obras sociais da empresa; f) Promover a eleição de representantes dos trabalhadores para os órgãos

sociais de empresas pertencentes ao Estado ou a outras entidades públicas, nos termos da lei.

Artigo 55.º(Liberdade sindical)

1. É reconhecida aos trabalhadores a liberdade sindical, condição e garantia da construção da sua unidade para defesa dos seus direitos e interesses.

2. No exercício da liberdade sindical é garantido aos trabalhadores, sem qualquer discriminação, designadamente: a) A liberdade de constituição de associações sindicais a todos os níveis; b) A liberdade de inscrição, não podendo nenhum trabalhador ser obrigado a

pagar quotizações para sindicato em que não esteja inscrito; c) A liberdade de organização e regulamentação interna das associações

sindicais; d) O direito de exercício de actividade sindical na empresa; e) O direito de tendência, nas formas que os respectivos estatutos

determinarem. 3. As associações sindicais devem reger-se pelos princípios da organização e da

gestão democráticas, baseados na eleição periódica e por escrutínio secreto dos órgãos dirigentes, sem sujeição a qualquer autorização ou homologação, e assentes na participação activa dos trabalhadores em todos os aspectos da actividade sindical.

4. As associações sindicais são independentes do patronato, do Estado, das confissões religiosas, dos partidos e outras associações políticas, devendo a

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lei estabelecer as garantias adequadas dessa independência, fundamento da unidade das classes trabalhadoras.

5. As associações sindicais têm o direito de estabelecer relações ou filiar-se em organizações sindicais internacionais.

6. Os representantes eleitos dos trabalhadores gozam do direito à informação e consulta, bem como à protecção legal adequada contra quaisquer formas de condicionamento, constrangimento ou limitação do exercício legítimo das suas funções.

Artigo 56.º(Direitos das associações sindicais e contratação colectiva)

1. Compete às associações sindicais defender e promover a defesa dos direitos e interesses dos trabalhadores que representem.

2. Constituem direitos das associações sindicais: a) Participar na elaboração da legislação do trabalho; b) Participar na gestão das instituições de segurança social e outras

organizações que visem satisfazer os interesses dos trabalhadores; c) Pronunciar-se sobre os planos económico-sociais e acompanhar a sua

execução; d) Fazer-se representar nos organismos de concertação social, nos termos da

lei; e) Participar nos processos de reestruturação da empresa, especialmente no

tocante a acções de formação ou quando ocorra alteração das condições de trabalho.

3. Compete às associações sindicais exercer o direito de contratação colectiva, o qual é garantido nos termos da lei.

4. A lei estabelece as regras respeitantes à legitimidade para a celebração das convenções colectivas de trabalho, bem como à eficácia das respectivas normas

Artigo 57.º

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(Direito à greve e proibição do lock-out)

1. É garantido o direito à greve. 2. Compete aos trabalhadores definir o âmbito de interesses a defender através

da greve, não podendo a lei limitar esse âmbito. 3. A lei define as condições de prestação, durante a greve, de serviços

necessários à segurança e manutenção de equipamentos e instalações, bem como de serviços mínimos indispensáveis para ocorrer à satisfação de necessidades sociais impreteríveis.

4. É proibido o lock-out.(Lockout é a recusa por parte da entidade patronal em ceder aos trabalhadores os instrumentos de trabalho necessários para a sua actividade. É proibido pela Constituição portuguesa no número 4 do artigo 57º. E também é pratica proibida na ordem jurídica brasileira (Lei nº 7.783/89,17). É usada como estratégia para enfraquecer a união dos trabalhadores durante uma greve. Acontece também, em casos extremos, quando os trabalhadores diminuem a eficiência do trabalho como alternativa à greve. Impede que durante a greve uma minoria trabalhe ou grevistas intermitentes também trabalhem.)

DIREITOS E DEVERES ECONÓMICOS

Artigo 58.º(Direito ao trabalho)

1. Todos têm direito ao trabalho. 2. Para assegurar o direito ao trabalho, incumbe ao Estado promover:

a) A execução de políticas de pleno emprego; b) A igualdade de oportunidades na escolha da profissão ou género de

trabalho e condições para que não seja vedado ou limitado, em função do sexo, o acesso a quaisquer cargos, trabalho ou categorias profissionais;

c) A formação cultural e técnica e a valorização profissional dos trabalhadores.

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Artigo 59.º(Direitos dos Trabalhadores)

1. Todos os trabalhadores, sem distinção de idade, sexo, raça, cidadania, território de origem, religião, convicções políticas ou ideológicas, têm direito: a) À retribuição do trabalho, segundo a quantidade, natureza e qualidade,

observando-se o princípio de que para trabalho igual salário igual, de forma a garantir uma existência condigna;

b) A organização do trabalho em condições socialmente dignificantes, de forma a facultar a realização pessoal e a permitir a conciliação da actividade profissional com a vida familiar;

c) A prestação do trabalho em condições de higiene, segurança e saúde; d) Ao repouso e aos lazeres, a um limite máximo da jornada de trabalho, ao

descanso semanal e a férias periódicas pagas; e) À assistência material, quando involuntariamente se encontrem em

situação de desemprego; f) A assistência e justa reparação, quando vítimas de acidente de trabalho ou

de doença profissional.

2. Incumbe ao Estado assegurar as condições de trabalho, retribuição e repouso a que os trabalhadores têm direito, nomeadamente: a) O estabelecimento e a actualização do salário mínimo nacional, tendo em

conta, entre outros factores, as necessidades dos trabalhadores, o aumento do custo de vida, o nível de desenvolvimento das forças produtivas, as exigências da estabilidade económica e financeira e a acumulação para o desenvolvimento;

b) A fixação, a nível nacional, dos limites da duração do trabalho; c) A especial protecção do trabalho das mulheres durante a gravidez e após o

parto, bem como do trabalho dos menores, dos diminuídos e dos que desempenhem actividades particularmente violentas ou em condições insalubres, tóxicas ou perigosas;

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d) O desenvolvimento sistemático de uma rede de centros de repouso e de férias, em cooperação com organizações sociais;

e)A protecção das condições de trabalho e a garantia dos benefícios sociais dos trabalhadores emigrantes;

f) A protecção das condições de trabalho dos trabalhadores estudantes. 3. Os salários gozam de garantias especiais, nos termos da lei.

DIREITOS E DEVERES SOCIAIS

Artigo 63.º(Segurança Social)

1. Todos têm direito à segurança Social 2. Incumbe ao Estado organizar, coordenar e subsidiar um sistema de segurança

social unificado e descentralizado, com a participação das associações sindicais, de outras organizações representativas dos trabalhadores e de associações representativas dos demais beneficiários.

3. É reconhecido o direito de constituição de instituições particulares de solidariedade social, com vista à prossecução dos objectivos de segurança social….”

4. O sistema de segurança social protegerá os cidadãos na doença, velhice, invalidez, viuvez e orfandade, bem como no desemprego e em todas as outras situações de falta ou diminuição dos meios de subsistência ou de capacidade para o trabalho;

5. Todo o tempo de trabalho contribuirá, nos termos da lei, para o cálculo das pensões de velhice e invalidez, independentemente do sector de actividade em que tiver sido prestado;

Artigo 64.º(Saúde)

1) Todos têm direito à saúde e o dever da defender e promover.

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2) O direito à protecção da saúde é realizado:a) Através de um Serviço Nacional de Saúde universal e geral e, tendo em

conta as condições económicas e sociais dos cidadãos, tendencialmente gratuito;

b) Pela criação de condições económicas, sociais e culturais que garantam a protecção da infância, da juventude e da velhice e pela melhoria sistemática das condições de vida e de trabalho, bem como a promoção da cultura física e desportiva, escolar e popular, e ainda pelo desenvolvimento da educação sanitária do povo;

3) Para assegurar o direito à protecção da saúde, incumbe prioritariamente ao Estado:

a) Garantir o acesso a todos os cidadãos, independentemente da sua condição económica, aos cuidados da medicina preventiva, curativa e de reabilitação;

b) Garantir uma racional e eficiente cobertura médica e hospitalar de todo o país;

c) Orientar a sua acção para a socialização dos custos de cuidados médicos e medicamentosos,

d) Disciplinar e controlar as formas empresariais e privadas da medicina;

Artigo 65.º(Habitação)

1) Todos têm direito, para si e para a sua família, a uma habitação de dimensão adequada, em condições de higiene e conforto e que preserve a intimidade pessoal e a privacidade pessoal.

2) Para assegurar o direito à habitação incumbe ao Estado:a) Programar e executar uma política de habitação inserida em planos de

reordenamento do território e apoiada em planos de urbanização que garantam a existência de uma rede adequada de transportes e de equipamento social.

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b) Incentivar e apoiar as iniciativas das comunidades locais e das populações, tendentes a resolver os respectivos problemas habitacionais e a fomentar a criação de cooperativas de habitação e a autoconstrução.

c) Estimular a construção privada , com subordinação ao interesse geral, e o acesso à habitação própria.

Artigo 66.º (Ambiente e Qualidade de vida)

1. Todos têm direito a um ambiente de vida humano, sadio e ecologicamente equilibrado e o dever de o defender.

2. Incumbe ao estado, por meio de organismos próprios e por apelo e apoio a iniciativas populares:a) Prevenir e controlar a poluição e os seus efeitos e as formas prejudiciais de

erosão;b) Ordenar e promover o ordenamento do território, tendo em vista uma

correcta localização das actividades, um equilibrado desenvolvimento sócio - económico e paisagens

c) Biologicamente equilibradas;

Artigo 67.º(Família)

1. A família como elemento fundamental da sociedade, tem direito à protecção da sociedade e do Estado e à efectivação de todas as condições que permitam a realização pessoal dos seus membros.

2. Incumbe, designadamente ao Estado para protecção da família:a) Promover a independência social e económica dos agregados familiares,b) Promover a criação de uma rede nacional de assistência materno-infantil,

de uma rede nacional de creches e de infra-estruturas de apoio à família, bem como uma política de terceira idade;

c) Cooperar com os pais na educação dos filhos;

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d) Regular os impostos e os benefícios sociais, de harmonia com os encargos familiares;

e) Definir, ouvidas as associações representativas das famílias, e executar uma política de família com carácter global e integrado.

Artigo 69.º (Infância)

1.As crianças têm direito à protecção da sociedade e do Estado, com vista ao seu desenvolvimento integral, especialmente contra todas as formas de abandono, de discriminação e de opressão e contra o exercício abusivo da autoridade na família e nas demais instituições.

2.O Estado assegura especial protecção às crianças órfãs, abandonadas ou por qualquer forma privadas de um ambiente familiar normal.

3.É proibido, nos termos da lei, o trabalho de menores em idade escolar.

Artigo 70.º(Juventude)

1.Os jovens gozam de protecção especial para efectivação dos seus direitos económicos, sociais e culturais, nomeadamente: a) No ensino, na formação profissional e na cultura; b) No acesso ao primeiro emprego, no trabalho e na segurança social; c) No acesso à habitação; d) Na educação física e no desporto; e) No aproveitamento dos tempos livres.

Artigo 71.º(Cidadãos portadores de deficiência)

1.Os cidadãos portadores de deficiência física ou mental gozam plenamente dos direitos e estão sujeitos aos deveres consignados na Constituição, com

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ressalva do exercício ou do cumprimento daqueles para os quais se encontrem incapacitados.

2.O Estado obriga-se a realizar uma política nacional de prevenção e de tratamento, reabilitação e integração dos cidadãos portadores de deficiência e de apoio às suas famílias, a desenvolver uma pedagogia que sensibilize a sociedade quanto aos deveres de respeito e solidariedade para com eles e a assumir o encargo da efectiva realização dos seus direitos, sem prejuízo dos direitos e deveres dos pais ou tutores. 3. O Estado apoia as organizações de cidadãos portadores de deficiência.

Artigo 72.º(Terceira Idade)

1.As pessoas idosas têm direito à segurança económica e a condições de habitação e convívio familiar e comunitário que respeitem a sua autonomia pessoal e evitem e superem o isolamento ou a marginalização social.

2.A política de terceira idade engloba medidas de carácter económico, social e cultural tendentes a proporcionar às pessoas idosas oportunidades de realização pessoal, através de uma participação activa na vida da comunidade.

Artigo 74.º(Ensino)

1. Todos têm direito ao ensino com garantia do direito à igualdade de oportunidades de acesso e êxito escolar.

2. Na realização da política de ensino incumbe ao Estado: a) Assegurar o ensino básico universal, obrigatório e gratuito;

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b) Criar um sistema público e desenvolver o sistema geral de educação pré-escolar;

c) Garantir a educação permanente e eliminar o analfabetismo; d) Garantir a todos os cidadãos, segundo as suas capacidades, o acesso aos

graus mais elevados do ensino, da investigação científica e da criação artística;

e) Estabelecer progressivamente a gratuitidade de todos os graus de ensino; f) Inserir as escolas nas comunidades que servem e estabelecer a

interligação do ensino e das actividades económicas, sociais e culturais; g) Promover e apoiar o acesso dos cidadãos portadores de deficiência ao

ensino e apoiar o ensino especial, quando necessário; h)Proteger e valorizar a língua gestual portuguesa, enquanto expressão

cultural e instrumento de acesso à educação e da igualdade de oportunidades;

i) Assegurar aos filhos dos emigrantes o ensino da língua portuguesa e o acesso à cultura portuguesa;

j) Assegurar aos filhos dos imigrantes apoio adequado para efectivação do direito ao ensino.

5.3. Organismos e serviços de protecção dos direitos laborais, nacionais e transnacionais

O nascimento da UGT

Os conflitos entre os comunistas e os diferentes grupos da minoria no seio da Intersindical Nacional manifestaram-se durante todo o ano de 1976.Os sindicalistas da minoria constituíram um Movimento Autónomo de Intervenção Sindical - Carta Aberta - o qual contestava as pretensões da Intersindical de representar de forma exclusiva os trabalhadores portugueses. Este movimento defendia, por outro lado, os princípios da liberdade sindical tal como esta era proclamada nas convenções da OIT, bem como o pluralismo sindical e o direito de tendência.

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A Constituição de Abril de 1976 pôs em causa o principio da organização sindical única. Em 1977, a lei sindical foi alterada, tendo sido reconhecido o principio da pluralidade sindical.No inicio de 1977, o Congresso da Intersindical, denominado "de todos os sindicatos", marcou a ruptura definitiva entre os sindicalistas da Carta Aberta e a maioria comunista.Por outro lado, os sindicalistas católicos, particularmente aqueles que se encontravam ligados à Frente Unitária dos Trabalhadores (Base -FUT), os da esquerda socialista autogestionária e os pertencentes aos pequenos grupos da extrema-esquerda, decidiram não abandonar a Intersindical. Esta adoptou o seu actual nome : Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses - Intersindical Nacional (CGTP-IN).

CGT-IN (CONFEDERAÇÃO GERAL DOS TRABALHADORES PORTUGUESES – INTER –SINDICAL –PCP)

Objectivos:

- Promover um Portugal Democrático, Desenvolvido, Solidário e Soberano- Contribuir para a construção de uma democracia política económica social e cultural- Defender os direitos dos trabalhadores e trabalhadoras e a democracia

A acção e a intervenção

A CGTP-IN, organização de trabalhadores não tem outros objectivos que não sejam a defesa dos seus direitos e condições de vida e de trabalho, assumindo a

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defesa face a tudo o que os afecta como classe, trava as batalhas presentes com os olhos no futuro de Portugal, na construção de um país mais próspero, democrático e progressista. A CGTP-IN, reconhecendo o papel determinante da luta dos trabalhadores na prossecução dos seus objectivos programáticos, desenvolve a sua acção, visando, em especial:

a) organizar os trabalhadores para a defesa dos seus direitos colectivos e individuais;

b) promover, organizar e apoiar acções conducentes à satisfação das reivindicações dos trabalhadores, de acordo com a sua vontade democrática e inseridas na luta geral de todos os trabalhadores;

c) alicerçar a solidariedade e a unidade entre todos os trabalhadores, desenvolvendo a sua consciência democrática, de classe, sindical e política;

d) defender as liberdades democráticas, os direitos e conquistas dos trabalhadores e das suas organizações, combatendo o desfiguramento do regime democrático e reafirmando a sua fidelidade ao projecto de justiça social aberto com a revolução de Abril

As origens da OIT(Organização Internacional do Trabalho)

Organização de carácter universal, a OIT tem as suas origens na matriz social da Europa e da América do Norte do século XIX. Estas regiões assistiram ao nascimento da Revolução Industrial, que gerou um extraordinário desenvolvimento económico, muitas vezes à custa de um sofrimento humano intolerável e graves problemas sociais. A ideia de uma legislação internacional do trabalho surgiu logo no início do século XIX em resposta às preocupações de ordem moral e económica associadas ao custo humano da Revolução Industrial. Alguns industriais notáveis, entre os quais Robert Owen e Daniel Le Grand,

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apoiaram a ideia de uma legislação progressista no domínio social e laboral. No final do século XIX, os sindicatos começaram a desempenhar um papel decisivo nos países industrializados, reivindicando direitos democráticos e condições de vida dignas para os trabalhadores.Argumentos humanitários, políticos e económicos a favor da definição de normas internacionais do trabalho levaram à criação da OIT.O argumento inicial era de natureza humanitária. As condições a que se encontravam sujeitos os trabalhadores, cada vez mais numerosos e explorados sem qualquer consideração pela sua saúde, pela sua vida familiar ou pelo seu desenvolvimento, eram cada vez mais intoleráveis. Esta preocupação encontra-se claramente expressa no Preâmbulo da Constituição da OIT, segundo o qual “existem condições de trabalho que implicam para um grande número de pessoas a injustiça, a miséria e privações...”. O segundo argumento era de natureza política. Se as suas condições de vida e de trabalho não melhorassem, os trabalhadores, em número cada vez maior devido ao processo de industrialização, criariam certamente distúrbios sociais, podendo mesmo fomentar a revolução. O Preâmbulo da Constituição refere que a injustiça gera um tal “descontentamento que a paz e a harmonia universais são colocadas em perigo.” O terceiro argumento estava relacionado com aspectos económicos. Em virtude dos inevitáveis efeitos de uma reforma social sobre os custos de produção, qualquer sector económico ou país que tentasse implementá-la ficaria em desvantagem face aos seus concorrentes. No Preâmbulo afirma-se que “a não adopção por uma nação de um regime de trabalho realmente humano é um obstáculo para os esforços das outras nações que desejam melhorar a condição dos trabalhadores nos seus próprios países.” Estes argumentos foram consagrados no Preâmbulo da Constituição de 1919, que começa com a seguinte afirmação: “só se pode fundar uma paz universal e duradoura com base na justiça social.” Aprofundados na Declaração de Filadélfia, adoptada em 1944, estes ideais continuam a ser mais importantes do que nunca na actual época de globalização e constituem ainda a base ideológica da OIT. A Constituição da OIT foi redigida entre Janeiro e Abril de 1919 pela Comissão da Legislação Internacional do Trabalho, constituída pelo Tratado de Versalhes.

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Esta Comissão era composta por representantes de nove países (Bélgica, Cuba, Checoslováquia, Estados Unidos, França, Itália, Japão, Polónia e Reino Unido), sendo presidida por Samuel Gompers, presidente da Federação Americana do Trabalho (AmericanFederation of Labour, AFL). Esta Comissão deu origem a uma organização tripartida, a única do género, cujos órgãos executivos são compostos por representantes de governos, empregadores e trabalhadores. A Constituição da OIT foi integrada no Tratado de Versalhes, correspondendo à Parte XIII. Os autores do texto inglês, que a Comissão utilizou como modelo, foram Harold Butler e Edward Phelan, futuros directores da OIT. A Organização demarcou-se, logo desde o início, do resto da Sociedade das Nações, a antecessora da Organização das Nações Unidas entre as duas guerras mundiais. Enquanto a Sociedade das Nações sentiu sérias dificuldades para se consolidar, a OIT desenvolveu-se rapidamente, graças à extraordinária competência do seu primeiro Director, Albert Thomas, ao empenho do seu Secretariado no estabelecimento de um diálogo interactivo com os ministros do Trabalho dos Países Membros e ao dinamismo da Conferência Internacional do Trabalho. Entre 1919 e 1920, foram adoptadas nove convenções e dez recomendações.

A Declaração de Filadélfia

Em 1944, a Conferência Internacional do Trabalho, reunida em Filadélfia, nos Estados

A OIT até à II Guerra Mundial

Durante os primeiros quarenta anos da sua existência, a OIT dedicou parte significativa dos seus esforços à elaboração de normas internacionais do trabalho e à garantia da sua aplicação. No período de vinte anos decorrido entre 1919 e 1939, foram

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Unidos, adoptou a Declaração de Filadélfia, que redefinia os objectivos e a finalidade da Organização.

A Declaração consagra os seguintes princípios:• O trabalho não é

uma mercadoria;• A liberdade de

expressão e de associação é uma condição indispensável para um progresso constante;

• A pobreza, onde quer que exista, constitui um perigo para a prosperidade de todos;

• Todos os seres humanos, qualquer que seja a sua raça, a sua crença ou o seu sexo, têm o direito de efectuar o seu progresso

adoptadas 67 convenções e 66 recomendações. Inicialmente, as normas visavam sobretudo as condições de trabalho: a primeira convenção, adoptada em 1919, regulamentava a duração do trabalho, tendo estabelecido o famoso dia de trabalho de oito horas e a semana de trabalho de 48 horas.Em 1926, a Conferência Internacional do Trabalho criou um inovador sistema de controlo de aplicação das normas, que ainda existe actualmente. Foi criada para o efeito uma comissão de peritos composta por juristas independentes, cuja missão consistia em examinar os relatórios apresentados pelos governos sobre a aplicação das convenções por eles já ratificadas. Todos os anos, a Comissão apresentava o seu próprio relatório à Conferência. Desde então, o seu mandato passou igualmente a abranger os relatórios sobre convenções não ratificadas e recomendações.Em 1932, após um mandato de treze anos durante o qual assegurou uma forte presença da OIT em todo o mundo, Albert Thomas faleceu. O seu sucessor, Harold Butler, foi rapidamente confrontado com os problemas de desemprego massivo causados pela Grande Depressão. Durante este período, representantes dos trabalhadores e dos empregadores debateram ideias antagónicas sobre o tema da redução da duração do trabalho, sem resultados significativos. Em

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material e o seu desenvolvimento espiritual em liberdade e com dignidade, com segurança económica e com oportunidades iguais.

1934, sob a presidência de Franklin D. Roosevelt, os Estados Unidos, que não pertenciam à Sociedade das Nações, tornaram se membros da OIT. Em Agosto de 1940, a situação da Suíça, no centro de uma Europa em guerra, levou o novo Director, John Winant, a deslocar provisoriamente a Organização para Montreal, no Canadá. Em 1944, os delegados à Conferência Internacional do Trabalho adoptaram a Declaração de Filadélfia que, em anexo à Constituição, constitui ainda hoje a Carta dos Fins e Objectivos da OIT. Esta Declaração antecipou e serviu de modelo à Carta das Nações Unidas e à Declaração Universal dos Direitos do Homem.

Da cooperação técnica uma parceria activa O fim da Segunda Guerra Mundial marcou o início de uma nova era para a OIT. A eleição do americano David Morse para o cargo de Director-Geral da OIT, em 1948, coincidiu com o reforço da actividade da Organização no domínio das normas do trabalho e com o lançamento do seu programa de cooperação técnica. As convenções adoptadas após a Segunda Guerra Mundial centravam-se sobretudo nos direitos humanos (liberdade sindical, eliminação do trabalho forçado e da discriminação), bem como em questões mais técnicas relacionadas com o trabalho. Em 1948, foi adoptada a importante Convenção

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(n.º 87) sobre a liberdade sindical, que reconhecia formalmente o direito dos trabalhadores e dos empregadores se associarem de forma livre e independente. Posteriormente, foi criado um comité especial tripartido, o Comité da Liberdade Sindical, com o objectivo de promover a plena aplicação deste direito fundamental no mundo do trabalho. Este Comité tratou de mais de 2 000 casos ao longo das últimas cinco décadas. Durante os vinte e dois anos do mandato de David Morse, o número de países membros duplicou, a Organização assumiu o seu carácter universal, os países industrializados tornaram-se uma minoria face aos países em desenvolvimento, o valor do orçamento aumentou cinco vezes e o número de funcionários quadruplicou. Em 1969, ano em que comemorou o seu 50.º aniversário, a OIT foi distinguida com o Prémio Nobel da Paz. Durante a entrega deste prestigiado prémio, o presidente do Comité do Prémio Nobel afirmou que “a OIT teve uma influência duradoura sobre a legislação de todos os países”, sendo ainda “uma das raras criações institucionais de que a raça humana se pode orgulhar”. Em 1970, Wilfred Jenks, um dos autores da Declaração de Filadélfia e um dos principais arquitectos do procedimento especial de exame das queixas de violação da liberdade sindical, foi eleito para o cargo de Director-Geral. Entre 1974 e 1989, o Director-Geral Francis Blanchard conseguiu evitar que a OIT fosse gravemente afectada pela crise desencadeada com a saída temporária dos Estados Unidos da Organização (entre 1977 e 1980). A OIT desempenhou um papel fundamental na emancipação da Polónia do domínio comunista, apoiando incondicionalmente a legitimidade do sindicato Solidarnos com fundamento no respeito pela Convenção n.º 87 sobre a liberdade sindical, que a Polónia tinha ratificado em 1957. A Francis Blanchard sucedeu o belga Michel Hansenne, o primeiro Director-Geral do período que se seguiu à Guerra Fria. A Declaração da OIT relativa aos princípios e direitos fundamentais no trabalho, adoptada pela Conferência Internacional do Trabalho em Junho de 1988, assinalou a reafirmação universal da obrigação, imposta a todos os países membros da Organização de respeitar, promover e aplicar os princípios relativos aos direitos fundamentais objecto de algumas convenções da OIT, ainda que não as tivessem ratificado. Estes direitos abrangem, nomeadamente, a liberdade de associação (ou liberdade sindical), o reconhecimento efectivo do direito de negociação colectiva, a eliminação de todas as formas de trabalho forçado ou obrigatório,

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a abolição efectiva do trabalho infantil e a eliminação da discriminação em matéria de emprego e de profissão. Em Março de 1999, o novo Director-Geral da OIT, o chileno Juan Somavia, subscreveu o consenso internacional sobre a promoção do conceito de sociedades abertas e economias abertas, desde que “gere benefícios reais para o homem comum e para a sua família”. O Sr. Somavia tem procurado “modernizar e orientar a estrutura tripartida com o objectivo de impor os valores da OIT no novo contexto mundial” face aos desafios da globalização.É o primeiro representante do hemisfério sul a dirigir a Organização. É durante o seu mandato que o BIT adopta os conceitos de "trabalho digno" e de "globalização justa".

A Carta das Nações Unidas, ou Carta de São Francisco é o acordo que forma e estabelece a organização internacional alcunhada Nações Unidas, documento que, logo após a Segunda Guerra Mundial, criou a Organização das Nações Unidas em substituição à Liga das Nações como entidade máxima da discussão do Direito internacional e fórum de relações e entendimentos supra-nacionais. Foi assinada em São Francisco a 26 de junho de 1945 pelos cinquenta e um estados membros originais.Como Carta, trata-se de um acordo constitutivo, e todos os membros estão sujeitos aos seus artigos. Ademais, a Carta estipula que as obrigações às Nações Unidas prevalecem sobre quaisquer outras estabelecidas em tratados diversos. Grande parte dos países ratificaram-na.

6. Democracia representativa e participada

6.1. Organização do Estado Democrático Português

Constituição de 1822

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Vigência – 23 de Setembro de 1822 a 2 de Junho de 1823 (jurado pelo rei D. João VI a 1 de Outubro nas Cortes de Lisboa)Segunda Vigência – 10 de Setembro de 1836 a 4 de Abril de 1838Foi a primeira experiencia parlamentar nascida na sequência da revolução liberal de 1820 no Porto. Considerada bastante progressiva para a época obteve a sua inspiração na constituição espanhola de Cádiz (1812) bem como a constituição francesa (1791)Consagração dos direitos e dos deveres individuais para todos os cidadãos (dando primazia aos direitos humanos nomeadamente, a garantia da liberdade, igualdade perante a lei, da segurança e da propriedade).Não reconhecimento de qualquer prerrogativa ao clero e nobrezaIndependência dos 3 poderes políticos (legislativo, executivo, judicial)Supremacia do poder legislativo das Cortes Monarquia constitucional com os poderes do rei reduzidosAusência de liberdade religiosa ( a religião católica era a única aceite)

Carta Constitucional da Monarquia de 1826

Outorgada pelo rei D. Pedro IV e não redigida e votada pelas cortes constituintes. Curto reinado de 8 dias (26 de Abril a 2 de Maio de 1826)

Princípios Fundamentais:

É uma constituição menos radical que a de 1822 mantendo embora os princípios fundamentais do liberalismo A soberania passava a residir no Rei e na Nação, o Rei detinha a soberania política.A nobreza voltou a ter todas as regalias e privilégios.Reservou-se o princípio da separação dos poderes.Os Direitos e Deveres dos cidadãos relativamente á liberdade, segurança e propriedade mantiveram-se praticamente inalterados:

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a) A forma de Governo (Monarquia Constitucional hereditária)b) A religião Católica como religião do Estadoc) O sufrágio era indirecto (os eleitores tinham de deter um certo rendimento)d) Poder legislativo (Cortes) dividida em duas Câmaras ( a dos Deputados e

dos Pares).e) Poder executivo (Rei) Poder Moderador (Rei e os ministros do Estado) Poder

judicial (tribunais)

Constituição Portuguesa de 1838 (Setembrismo)

Após a revolução de Setembro de 1836 a Carta constitucional de 1826 foi abolida e reposta em vigor a título provisório a Constituição de 1822.A nova Constituição que veio a ser concluída e jurada por Dona Maria II , foi influenciada por ambas as constituições anteriores.Teve a sua vigência até 1842.

Princípios Fundamentais:

Princípio tripartido dos poderesBicameralismo das Cortes – câmara dos senadores e câmara dos deputados.Veto absoluto do Rei e a descentralização administrativa.Restabelece o sufrágio universal e directo e elimina o poder moderador.O Golpe de Estado de Costa Cabral em 10 de Fevereiro de 1942 restaura a Carta Constitucional de 1826.

Constituição portuguesa de 1911 (primeira constituição republicana)

Grande descontentamento social, exemplo do caso do “mapa cor-de-rosa” e grave crise social

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Surgimento de movimentos sindicais no Porto e em Lisboa, tomada de consciência de classe (proletariado)

Movimento literário de cariz laico conhecido por coimbrismo que influenciou o surgimento do partido republicano ( Antero de Quental , Cesário Verde …)

Conspiração contra a Corte por parte do partido Republicano Regicídio do rei D. Carlos

Características Fundamentais:

Influência da constituição Monárquicas de 1822 e de 1838 e constituição brasileira de 1891, bem como o programa do partido republicano, é um retorno ao espírito vintista.

Consagração do sufrágio directo para a eleição do parlamento, a soberania reside na nação

Tripartição dos poderes políticos

A discussão que precedeu a sua aprovação foi bastante larga, 12 projectos foram apresentados.Era o texto mais curto da história constitucional portuguesa, continha apenas 87 artigos agrupados em 7 títulos. Muitos historiadores afirmaram que a única originalidade da constituição de 1911 foi a substituição do Rei pelo Presidente da Republica, no entanto fazendo uma analise sumária , a conclusão permite-nos demonstrar o contrario.

A Constituição Portuguesa de 1933

Elaborado por um grupo de professores de direito convidados por Salazar, tendo sido promulgados a 22 de Fevereiro e aprovada em Plebiscito em 19 de Março de 1933. Vigorou até 25 de Abril de 1974.

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Alguns historiadores consideram esta constituição como a segunda constituição republicana de cariz Presidencialista ( mas na realidade o Presidente do Conselho de Ministros era o detentor do poder e era ele que decidia os assuntos do Estado.Depois do golpe militar de 1926, que pôs fim à República democrática e parlamentarista portuguesa, o novo regime esperou até 1933 para submeter a plebiscito a uma nova constituição. Preparou-a sabiamente com uma profusa actividade legislativa e institucional no ano anterior, e ganharia nas urnas numa votação ainda hoje incerta quanto aos resultados, mas em que as abstenções contaram como votos favoráveis. A Constituição de 1933, no seu texto final referendado, é menos anti-liberal, anti-parlamentar e anti-democrática que os postulados ideológicos reaccionários do Estado Novo, mas a prática constitucional ulterior do regime de Salazar se encarregaria de corrigir este aspecto do seu carácter “semântico”.

A Constituição portuguesa de 1976

Foi redigida pela Assembleia Constituinte, eleita na sequência das primeiras eleições livres no país, entrou em vigor a 25 de Abril de 1976. Já sofreu sucessivas revisões constitucionais, 1982-1989-1992-1997-2004-2005.Após o 25 de Abril foi instituída a Constituição de 76, cujos 298 artigos estavam divididos em Princípios Fundamentais, Direitos e Deveres Fundamentais, Organização Económica, Organização do Poder Político, Garantia e Revisão da Constituição e Disposições Finais e Transitórias. Seguindo a constituição alemã de Weimar (1919), esta lei apresentava objectivos relacionados com a criação do estado social e democrático e também ao aperfeiçoamento da democracia política, económica, social e culturalO actual sistema político português assume a forma republicana de chefia do Estado - segundo o modelo semi-presidencialista -, é do tipo democrático, e confere aos partidos políticos um papel essencial na escolha tanto dos representantes parlamentares como dos gestores autárquicos. Estes princípios estão consagrados na Constituição de 1976, nomeadamente nos seguintes artigos:

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Artigo 1º

Portugal é uma República soberana, baseada na dignidade da pessoa humana e na vontade popular e empenhada na construção de uma sociedade livre, justa e solidária.

Artigo 10º

1. O povo exerce o poder político através do sufrágio universal, igual, directo, secreto e periódico e das demais formas previstas na Constituição.

2. Os partidos políticos concorrem para a organização e para a expressão da vontade popular, no respeito pelos princípios da independência nacional e da democracia política. A Constituição define igualmente - no seu Artigo 9º - as tarefas fundamentais do Estado, o que, tendo em conta que a finalidade do poder é a defesa do bem comum, pode de certa forma ser considerado como a definição desse bem comum, na óptica dos fundadores da III República:

Os órgãos de soberania: Competências e interligação

- O Governo é um dos quatro órgãos de soberania da República Portuguesa. - É o órgão de condução da política geral do País e o órgão superior da

administração pública.

Os outros Órgãos de soberania são:

- O Presidente da República - que representa a República Portuguesa.- Assembleia da República, que representa os cidadãos portugueses.

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- E os Tribunais, que administram a justiça em nome do povo, estando apenas sujeitos à lei e sendo as suas decisões obrigatórias para todas as entidades públicas e privadas.

- Com excepção dos Tribunais, estes órgãos de soberania são eleitos por sufrágio (consulta, votação), directo, secreto e periódico pelo povo.

- As regiões autónomas e as autarquias locais são órgãos do poder político mas não são órgãos de soberania.

- A função dos Órgãos de soberania é exercer o poder em nome do povo, a quem devem prestar contas, designadamente nas eleições.

- Os Órgãos de soberania são independentes uns dos outros, mas têm o dever de colaborar entre si.

- O Governo tem funções políticas, legislativas e administrativas, isto é, entre outras coisas, negociar com outros Estados ou organizações internacionais, propor leis à Assembleia da República, estudar problemas e decidir sobre eles (normalmente fazendo leis).

- Fazer regulamentos técnicos para que as leis possam ser cumpridas, decidir onde se gasta o dinheiro público, tomar decisões administrativas para o bem comum, de acordo com a lei.

- O Governo forma-se após as eleições para a Assembleia da República ou a demissão do Governo anterior.

- O Presidente da República ouve todos os partidos que elegeram deputados à Assembleia e, tendo em conta os resultados das eleições legislativas, convida uma pessoa para formar Governo.

- O Primeiro-Ministro, nomeado pelo Presidente da República, convida as pessoas que entende.

- O Presidente da República dá posse ao Primeiro-Ministro e ao Governo que, seguidamente, faz o respectivo Programa, apresentando-o à Assembleia da República

- O Programa do Governo é um documento do qual constam as principais orientações políticas e as medidas a adoptar ou a propor para governar Portugal.

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Quem garante que o Governo cumpre o seu programa é o Povo, nas eleições, o Presidente da República e os deputados, que podem fazer perguntas ao Governo, recusar as suas propostas, recusar um voto de confiança ou aprovar uma moção de censura.

- O Conselho de Ministros é o órgão colegial do Governo, presidido pelo Primeiro-Ministro, em que têm assento todos os Ministros e também os Secretários de Estado que o Primeiro-Ministro entenda convocar.

- As funções do Primeiro-Ministro são dirigir o Governo, coordenar a acção dos ministros, representar o Governo junto dos outros órgãos de soberania, prestar contas à Assembleia da República, manter o Presidente da República informado.

- Não há limite para o número de mandatos como Primeiro-Ministro. - Os Ministros dependem do Primeiro-Ministro.- Quem pode demitir um Ministro ou um Secretário de Estado é o Presidente da

República, a pedido do Primeiro-ministro ou, em certos casos especiais, os Tribunais.

- O Conselho de Ministros é o órgão colegial do Governo, presidido pelo Primeiro-Ministro, em que têm assento todos os Ministros e também os Secretários de Estado que o Primeiro-Ministro entenda convocar.

- As funções do Primeiro-Ministro são dirigir o Governo, coordenar a acção dos ministros, representar o Governo junto dos outros órgãos de soberania, prestar contas à Assembleia da República, manter o Presidente da República informado.

- Não há limite para o número de mandatos como Primeiro-Ministro. - Os Ministros dependem do Primeiro-Ministro.- Quem pode demitir um Ministro ou um Secretário de Estado é o Presidente da

República, a pedido do Primeiro-ministro ou, em certos casos especiais, os Tribunais.

- Os Secretários de Estado dependem do respectivo Ministro e do Primeiro-Ministro.

- Quem nomeia os Ministros e os Secretários de Estado é o Presidente da República, sob proposta do Primeiro-Ministro.

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- O Mandato do Governo termina quatro anos após as eleições para a Assembleia da República, que terão dado origem a esse Governo, quando o novo Governo toma posse, mesmo que seja composto pelas mesmas pessoas que o Governo anterior.

Que circunstâncias levam à Queda do Governo?

- Quando apresenta um voto de confiança ao Parlamento e este o rejeita.- Quando a maioria absoluta dos deputados aprova uma moção de censura ao

Governo.- Quando o seu programa não é aprovado pela Assembleia da República. - Quando o Presidente da República entende dever demiti-lo para assegurar o

regular funcionamento das instituições democráticas portuguesas. - Quando o Primeiro-Ministro apresenta a demissão, falece ou se encontra em

impossibilidade física duradoura.

Quando termina o mandato do Governo o Presidente da República nomeia um novo Primeiro-Ministro, depois de ouvir os partidos representados na Assembleia da República, ou convoca novas eleições legislativas para a Assembleia da República

- O Presidente da República pode nomear de novo o mesmo Primeiro-Ministro.- O novo Primeiro-Ministro forma um novo Governo e apresenta um novo

Programa à Assembleia da República. - A relação entre o Governo e o Presidente da República é de responsabilidade

institucional e política do Governo perante o Presidente da República. O Governo responde perante o Presidente da República através do Primeiro-Ministro.

- A Assembleia da República faz Leis, enquanto o Governo faz Decretos-Leis e outros diplomas (decretos; regulamentos). Mas há leis que só podem ser feitas pela Assembleia.

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- Os Tribunais não podem obrigar o Governo a revogar uma Lei. Só o Tribunal Constitucional pode declarar a inconstitucionalidade de uma lei, determinando a sua anulação.

- Além disto, qualquer tribunal deve desaplicar uma lei que considere contrária à Constituição, em decisão judicial que tenha de tomar.

- A relação entre os Tribunais e o Governo é a do respeito pela independência e execução das decisões judiciais e disponibilização dos meios humanos e materiais para que os Tribunais exerçam a sua função.

- A Administração Pública é, em sentido orgânico ou subjectivo, o conjunto de órgãos, serviços e agentes do Estado, bem como das demais pessoas colectivas públicas (tais como as autarquias locais).

- Que asseguram a satisfação de necessidades colectivas variadas, tais como a segurança, a cultura e o bem-estar das populações.

Regiões Autónomas e especificidades do seu regime político Administrativo

Por Região Autónoma entende-se uma província ou parcela de território detentora de um estatuto político e administrativo próprio. Este estatuto é em si muito parecido com o atribuído a um estado federal, com a atenuante de que este último tem autonomia constitucional, exercendo por isso funções próprias de um estado. Nos termos da Constituição, a autonomia regional abrange os poderes de legislar em matérias que lhes sejam de interesse específico, pronunciarem-se nas matérias que lhes digam respeito e exercer poder executivo próprio. Para isso foram formados órgãos de governo próprio que, em cooperação com os órgãos de soberania, têm como principal função promover o desenvolvimento económico e social das regiões autónomas, visando em especial a correcção das desigualdades derivadas da insularidade. Estes órgãos regionais estão divididos em Assembleia Regional, eleita por sufrágio universal e Governo Regional. Este último é responsável perante a Assembleia Regional, sendo o seu presidente nomeado pelo Ministro da República com base nos resultados eleitorais

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6.2. O Poder Local

Desconcentração

Processo administrativo de atribuição de competências a outras entidades territorialmente delimitadas, da Administração central do Estado.

Descentralização

Processo político que visa transferir atribuições da administração central do Estado para outras entidades entidades territorialmente delimitadas (ex. autarquias locais ou as suas associações)

A organização democrática do Estado prevê, desde 1976, a existência de autarquias locais dotadas com órgãos próprios para a prossecução de interesses comuns e específicos das respectivas populações. Regiões administrativas, municípios e freguesias são as três categorias de autarquias locais previstas, mas as primeiras continuam no plano teóricoA criação de novos municípios e freguesias está definida por lei, sendo obrigatório o cumprimento de uma série de critérios. No caso dos municípios, é necessário reunir um número mínimo de eleitores residentes, variável entre 10 mil e 30 mil, a área mínima municipal deve variar entre os 24 e os 500 quilómetros e, para além da presença de determinados equipamentos colectivos, deve existir um centro urbano com um número mínimo de eleitores residentes.

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A vontade da população, razões históricas e a viabilidade financeira são outros aspectos a ter em conta. Também a formação de novas freguesias obedece a vários critérios como o número de eleitores, a taxa de crescimento demográfico, a diversidade de estabelecimentos comerciais ou de serviços e as acessibilidades dos transportes, entre outros. As Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira têm atribuições específicas para criar autarquias locais.

Divisão administrativa e o Poder Local

Governadores Civis

O Governador Civil representa o Governo em cada distrito e é nomeado e exonerado pelo Governo, sob proposta do ministro da Administração InternaCompete ao governador civil velar pelo cumprimento das leis e regulamentos por parte dos órgãos autárquicos do respectivo distrito; promover a realização de inquéritos aos órgãos e serviços das autarquias locais e associações de municípios do respectivo distrito

Competências locais:

A organização do poder local está estipulada por lei, que define os órgãos que compõem os municípios bem como as competências atribuídas a cada um. Estes são constituídos por um órgão deliberativo, a Assembleia Municipal, e por um executivo, a autarquia, à semelhança do que sucede na freguesia, formada pela Assembleia de Freguesia e pela Junta de Freguesia.

A Câmara Municipal é o órgão executivo colegial do município. Os seus titulares - presidente da câmara e vereadores - são eleitos pelos cidadãos eleitores recenseados na respectiva área, por um período de

quatro anos. A Câmara Municipal é constituída por um presidente e por um conjunto de vereadores que varia segundo o número de eleitores, deve aplicar as deliberações da assembleia municipal, gerir o pessoal e o

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património, realizar obras públicas e conceder licenças, entre outras funções. As competências das câmaras abarcam quase todas os quadrantes da sociedade

A Assembleia Municipal é formada por membros eleitos directamente que devem ser em número superior aos presidentes de junta de freguesia que integram este órgão deliberativo. Acompanhar e fiscalizar a actividade da câmara municipal, pronunciar-se sobre matérias de interesse para a autarquia local, aprovar as opções do plano e autorizar a delegação de competências municipais às juntas de freguesia são algumas das competência deste órgão

Assembleia de Freguesia

Nas freguesias, a respectiva assembleia detém poderes para fixar taxas e organizar serviços, aprovar regulamentos, aceitar as competências delegadas pelo município e tomar decisões sobre assuntos de interesse para o seu território.

Junta de Freguesia

A junta de freguesia, órgão executivo, para além de realizar actos por delegação municipal, tem competências para executar obras públicas e melhoramentos locais, administrar os cemitérios, elaborar o recenseamento eleitoral e certificar a residência e situação económica dos cidadãos residentes na freguesia.

Os Novos Desafios do Poder Local

Os Munícipes devem assistir e intervir em sessões de Câmara e da Assembleia Municipal, aí apresentar os seus problemas e - ainda que com menos frequência - exprimir directamente os seus pontos de vista e tentar influenciar decisões. O modelo centralizador e autoritário do regime do Estado Novo não tolerava facilmente entidades autónomas, suspeitas de tendências centrífugas, ameaçadoras da unidade da Nação.

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As Câmaras Municipais assumem um papel único na proximidade entre o Estado e os cidadãos. O grande desafio está na capacidade de transformar essa proximidade em colaboração efectiva, melhorando a satisfação e a qualidade de vida do Munícipe. E é na actual encruzilhada de desafios, competências e responsabilidades que a administração de cada Município define as linhas de intervenção que, em função das características próprias do seu território, contribuam para o alcance bem sucedido daquele que é o fim primeiro e último da sua razão de ser: o bem-estar sustentado da sua população no quadro mais geral do desenvolvimento do país.

7. Comunidade Global

As Origens da União Europeia

A União Europeia foi criada com o objectivo de pôr termo às frequentes guerras sangrentas entre países vizinhos, que culminaram na Segunda Guerra Mundial. A partir de 1950, a Comunidade Europeia do Carvão e do Aço começa a unir económica e politicamente os países europeus, tendo em vista assegurar uma paz duradoura. Os seis países fundadores são a Alemanha, a Bélgica, a França, a Itália, o Luxemburgo e os Países Baixos.

7.1. Tratado da União Europeia “Maastricht”

Depois de quase três anos de debates, em muitos casos limitados às altas esferas políticas e sem a transparência que a opinião pública europeia pedia, o Conselho Europeu, celebrado em Maastricht em 9-10 de Dezembro de 1991, aprovava finalmente o Tratado da União Europeia, popularmente conhecido como "Tratado de Maastricht". O tratado foi assinado e entrou em vigor em 7 de Fevereiro de 1992O Tratado da União Europeia (TUE), conhecido também como Tratado de Maastricht ao modificar e completar o Tratado de Paris de 1951 que criou a

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CECA, os Tratados de Roma de 1957 que constituem a CEE e o EURATOM, e ainda a Acta Única Europeia de 1986, ultrapassa pela primeira vez, o objectivo económico inicial da Comunidade (constituir um mercado comum) dando-lhe uma vocação de unidade política. O Tratado de Maastricht consagra oficialmente  o nome de “União Europeia” que a partir daí substituirá o de Comunidade Europeia.O artº 2  do Tratado da União Europeia diz o seguinte:

“O presente Tratado constitui uma nova etapa no processo criador de uma União cada vez mais estreita entre os povos da Europa…”

Cidadania Europeia

Considera-se que todo aquele que tem a nacionalidade de um Estado membro é cidadão da União. Além dos direitos e deveres previstos no Tratado de constituição da Comunidade, a cidadania da União reconhece quatro direitos específicos.Podemos definir cidadania como um status jurídico e político mediante o qual o cidadão adquire os direitos como indivíduo (civis, políticos, sociais) e os deveres (impostos, tradicionalmente o serviço militar, fidelidade…) relativos a uma colectividade política, além da faculdade de participar na vida colectiva do Estado.“Os cidadãos dos Estados membros são por direito cidadãos da União. (…) Os cidadãos da União participam na vida política da mesma, de acordo com as formas previstas no presente Tratado, gozam dos direitos que lhes são reconhecidos pelo ordenamento jurídico da União e seguem as suas normas”.

Altiero Spinelli

Os 4 Direitos específicos da cidadania europeia:

A liberdade de circulação e de residência em todo o território da União;

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O direito de sufrágio activo e passivo nas eleições municipais e do Parlamento Europeu no Estado de residência;

A protecção diplomática e consular por parte das autoridades de todo o Estado membro quando o Estado de cuja nacionalidade tem a pessoa que necessita de tal protecção não está representado num terceiro Estado;

O direito de petição e de recurso ao Provedor Europeu.

7.2. Tratado de Lisboa (2007)

O Tratado de Lisboa, assinado pelos Chefes de Estado e de Governo dos 27 Estados Membros na capital portuguesa a 13 de Dezembro de 2007 O Tratado de Lisboa altera, sem os substituir, os tratados da União Europeia e da Comunidade Europeia actualmente em vigor.

Novidades do Tratado de Lisboa:

Um papel reforçado para o Parlamento Europeu: o Parlamento Europeu, directamente eleito pelos cidadãos da União Europeia, terá novos poderes importantes no que se refere à legislação e ao orçamento da União Europeia, bem como aos acordos internacionais.

Colocará o Parlamento Europeu em pé de igualdade com o Conselho. Uma maior participação dos parlamentos nacionais Em conjunto com o maior peso do Parlamento Europeu, a participação dos

parlamentos nacionais reforçará a democracia e conferirá uma legitimidade acrescida ao funcionamento da União

Uma voz mais forte para os cidadãos: um grupo de, pelo menos, um milhão de cidadãos de um número significativo de Estados-Membros poderá solicitar à Comissão que apresente novas propostas políticas. Classificação mais precisa das competências trará uma maior clarificação da relação entre os Estados-Membros e a União Europeia

Saída da União: pela primeira vez, o Tratado de Lisboa reconhece explicitamente a possibilidade de um Estado Membro sair da União.

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A votação por maioria qualificada no Conselho será alargada a novas áreas políticas

A partir de 2014, o cálculo da maioria qualificada basear-se-á numa dupla maioria de Estados-Membros e de população (dupla legitimação)

Uma decisão deve  receber o voto favorável de 55 % dos Estados-Membros representando, pelo menos, 65 % da população da União.

O Tratado de Lisboa cria a função de Presidente do Conselho Europeu, com um mandato de dois anos e meio.

Prevê novas disposições para a futura composição do Parlamento Europeu e para uma Comissão reduzida e introduz regras mais claras no que se refere ao reforço da cooperação e às disposições financeiras.

O Tratado de Lisboa dá mais poderes aos cidadãos da União Europeia para intervirem em várias áreas políticas de grande importância, por exemplo: liberdade, segurança e justiça, com destaque para o combate ao terrorismo e à criminalidade.

São igualmente abrangidas outras áreas como a política energética, a saúde pública, a protecção civil, as alterações climáticas…

O Tratado de Lisboa prevê que a União e os seus Estados-Membros ajam em conjunto, num espírito de solidariedade, se um Estado-Membro for vítima de um atentado terrorista ou de uma catástrofe natural ou provocada pela acção humana.

É igualmente posta em destaque a solidariedade no domínio da energia. Protege e reforça as «quatro liberdades» e a liberdade política, económica

e social dos cidadãos europeus. Criação do novo cargo de Alto Representante para os Negócios

Estrangeiros e a Política de Segurança e Vice-presidente da Comissão reforçará o impacto, a coerência e a visibilidade da acção externa da União Europeia, devido ao desconhecimento generalizado por parte da população, que ignorava inclusive a existência do tratado, do seu conteúdo e implicações económicas, sociais e ecológicas.

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Certas organizações e partidos políticos consideram que o seu conteúdo é muito negativo, já que aprofunda o carácter insustentável, não solidário e crescentemente belicista da União Europeia.

Criticas ao Tratado de Lisboa

Exigem que a sua adopção se submeta a referendo. Denunciam as pressões das grandes potências europeias para imporem

um novo referendo na Irlanda ainda este ano.

7.3. Direitos dos Cidadãos Europeus

A Livre Circulação de Pessoas e a Convenção de SCHENGEN

Exemplos de Medidas Adoptadas pelos Estados que pertencem ao Espaço Schengen:

Abolição dos controlos nas fronteiras comuns e reforço dos controlos nas fronteiras externas;

Separação nos aeroportos e nos portos entre os viajantes oriundos do espaço Schengene os restantes;

Política comum de vistos; Definição das regras relativas à responsabilidade dos pedidos de asilo; Cooperação das forças policiais na detecção e prevenção do crime–direito a

perseguir criminosos em fuga e traficantes de droga no território de um país vizinho signatário do Acordo;

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Introdução de uma medida compensatória – o Sistema de Informação Schengen (SIS).

A CAPACIDADE ELEITORAL ACTIVA E PASSIVA

Aplicação do princípio da igualdade e da não discriminação entre os nacionais de um Estado-membro e os nacionais de outro Estado-membro que nele residam:

Direito de Voto e Elegibilidade nas Eleições Europeias: Autárquicas e Europeias

Concede a todos os cidadãos da UE o exercício do direito de voto e de elegibilidade nas eleições autárquicas do Estado-membro de residência;

Permite que os Estados-membros determinem a elegibilidade exclusiva dos respectivos nacionais para o exercício de atribuições do executivo das autarquias locais;

Nos Estados-membros em que a percentagem de estrangeiros residentes, cidadãos da UE, for consideravelmente superior à média (20% relativamente ao conjunto do eleitorado), pode ser exigido um período de residência superior ao requerido no caso de cidadãos nacionais do Estado-membro em causa.Mantém o direito de eleger e ser eleito no Estado-membro de que o cidadão da UE é nacional;Faculta a todos os cidadãos da União a liberdade de optarem por uma participação nas eleições para o PE (exercício da capacidade eleitoral activa e passiva) no Estado-membro de origem ou no Estado-membro de residência;

O Direito à Protecção Diplomática

•Assistência em caso de morte, doença ou acidentes graves;•Assistência em caso de prisão ou detenção;•Assistência às vítimas de actos de violência;•Se necessário, ajuda e repatriamento de cidadãos da União.

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Condições para beneficiar da Protecção Diplomática:

Ser nacional de um Estado-membro da União Europeia;• Encontrar-se numa situação de dificuldade (num país terceiro) e necessitar

de protecção consular;• Não existir uma embaixada ou um consulado do seu país acessível.

O Direito de Petição e o Acesso ao Provedor de Justiça

Que assuntos podem ser objecto de petições? Livre circulação de pessoas, mercadorias, serviços e capitais; Não discriminação em razão da nacionalidade; Igualdade de tratamento entre homens e mulheres; Harmonização fiscal; Direito à educação, à formação e à saúde; Protecção do ambiente

Quem pode apresentar petições ao Parlamento Europeu?Qualquer cidadão da UE, qualquer pessoa residente na UE, a título pessoal ou em associação com outros cidadãos;Sociedades, organizações ou associações.

O Direito de Petição constitui um elo de ligação entre os representantes eleitos ao Parlamento Europeu e os cidadãos de cada Estado-membro.

O Direito à Transparência

Todos os cidadãos da União e todas as pessoas singulares ou colectivas que residam ou tenham a sua sede social num Estado-membro têm direito de

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acesso aos documentos oriundos do Parlamento Europeu, do Conselho e da Comissão.(Art. 255º do Tratado da União)

A Protecção dos Dados

Ser informado, no momento em que os seus dados são recolhidos;Exigir identificação quanto: à finalidade do tratamento; à identidade do responsável pelo tratamento; ao(s) destinatário(s); ao carácter obrigatório ou facultativo do fornecimento; à existência das condições do direito de acesso e rectificação;Exigir que o seu nome e endereço sejam eliminados dos ficheiros de endereços utilizados pelo marketing/mailing directo;Impedir que os dados pessoais sejam utilizados para finalidade incompatível com aquela que determinou o seu fornecimento; Ser informado sobre a existência de tratamento de dados a seu respeito, bem como sobre a identidade e endereço do responsável;Ter conhecimento e acesso às informações sobre si registadas.Nos dados relativos à segurança do Estado, à prevenção e investigação criminal, ou para fins exclusivamente jornalísticos ou de expressão artística e literária, o acesso é feito pela Comissão

Os Direitos dos Consumidores

• Direito à protecção da saúde e da segurança; • Direito à protecção dos direitos económicos e à reparação de danos;• Direito à informação e à educação; • Direito à representação.

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7.4. Direitos Fundamentais do Homem

Declaração Universal dos Direitos Humanos

A Declaração Universal dos Direitos Humanos foi adoptada pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 10 de Dezembro de 1948 (A/RES/217). Esboçada principalmente por John Peters Humphrey, do Canadá, mas também com a ajuda de várias pessoas de todo o mundo - Estados Unidos, França, China, Líbano etc., delineia os direitos humanos básicos.Embora não seja um documento que representa obrigatoriedade legal, serviu como base para os dois tratados sobre direitos humanos da ONU, de força legal, o Tratado Internacional dos Direitos Civis e Políticos, e o Tratado Internacional dos Direitos Económicos, Sociais e Culturais. Segundo o Guinness Book of World Records, a Declaração Universal dos Direitos Humanos é o documento traduzido no maior número de línguas (em 2004, cerca de 330).

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Carta de princípios, proclamada pela Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas a 10 de Dezembro de 1948, onde se afirma a preocupação internacional com a preservação dos direitos humanos e se define quais são esses mesmos direitos.A Declaração surgiu como um alerta à consciência humana contra as atrocidades cometidas durante a Segunda Guerra Mundial. Desta forma, inscrevia-se no objectivo fundador da ONU, a luta pela paz e pela boa convivência entre as diferentes nações, credos, raças, ideologias, etc.A Declaração Universal dos Direitos do Homem enuncia os direitos fundamentais, civis, políticos e sociais de que devem gozar todos os seres humanos, sem discriminação de raça, sexo, nacionalidade ou de qualquer outro tipo, qualquer que seja o país que habite ou o regime nele instituído.A noção de direitos humanos tem-se afirmado, na segunda metade do século XX, como um dos conceitos políticos basilares. Contudo, e apesar de todos os estados-membros da ONU serem signatários da Declaração, muitos são os que, alegada ou comprovadamente, continuam a não respeitar os seus princípios.A 10 de Dezembro, comemora-se o Dia dos Direitos Humanos.A Comissão de Direitos do Homem das Nações Unidas, criada pelo Conselho Económico e Social, em obediência ao artigo 68.º da Carta das Nações Unidas, recebeu o encargo de elaborar uma «Carta Internacional de Direitos do Homem».

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Foi sobre o texto preparado por aquela Comissão que a Assembleia-Geral das Nações Unidas, na sua 183.ª sessão, realizada em Paris, em 10 de Dezembro de 1948, aprovou a «Declaração Universal dos Direitos do Homem», por 48 votos a favor, nenhum contra, 8 abstenções, que constitui o ponto de partida para a defesa dos DH no sentido moderno do termos. Esta Declaração encerra um conjunto de princípios que definem um ideal comum a atingir por todos os povos e por todas as nações, e que se devem considerar património comum da Humanidade, inscritos numa consciência jurídica comum aos povos de todos os continentes. Com a Declaração, os DH evoluíram, ganhando projecção universal a dois níveis de tratamento:

1ºA sua universalidade permite a qualquer pessoa invocá-los contra qualquer Estado e reclamar para si as condições humanas inerentes, onde quer que esteja e independentemente da situação concreta em que se encontre colocada.

2ºO respeito dos princípios e regras relativos aos direitos fundamentais da pessoa humana passou a constituir uma obrigação de cada Estado perante os outros Estados.

Os valores presentes na Declaração são:

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1. PESSOA - Este valor implica: Assumir que todo o ser humano é distinto das coisas que o rodeiam, dado que tem uma natureza própria, fundamentada numa identidade própria. Cada ser humano é único e irrepetível.  É um ser dotado de consciência e liberdade de decisão e como tal deve tratado.

2. DIGNIDADE HUMANA -  A dignidade identifica-se para muitos autores com a própria noção de direitos humanos. A dignidade que atribuímos a qualquer outro ser humano decorre do facto de o reconhecermos como igual a nós próprios e, por conseguinte, dele nos suscitar igual respeito pela sua singularidade individual, de não o considerarmos como coisa, como simples meio, como mercadoria. De lhe reconhecermos também a capacidade para definir as suas próprias acções com consciência e com a noção das consequências que os seus actos podem provocar. Este valor desdobra-se nos seguintes direitos:

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a) Integridade moral do ser humano: direito ao bom-nome, à imagem, à intimidade, abolição dos maus-tratos ou situações degradantes;

b) Integridade física do ser humano: direito à vida, garantias face à tortura, abusos do Estado, etc.

3. LIBERDADE - É um dos valores fundamentais que esteve ligado à modernidade europeia. Este valor desdobra-se numa série de direitos:

a) Liberdade pessoal: Liberdade em matéria de religião, de política, de residência e circulação, de expressão, de reunião, de manifestação, de associação, de ensino, etc.

b) Liberdade civil: garantias jurídicas e penais c) Liberdade política: direitos de participação política, de

representação política nos vários órgãos de decisão do Estado, etc.

4. IGUALDADE - Este valor desdobra-se numa série de direitos económicos, sociais e culturais que implicam a recusa de todo o tipo de discriminações entre seres humanos.

5. SOLIDARIEDADE - Este valor talvez mais do que nenhum outro coloca em evidência a interdependência de todos os seres humanos e a necessidade de harmonizarem as suas relações de forma a evitarem ou minorem o sofrimento. Recusa-se desta forma o princípio da força ou do egoísmo como norma nas suas relações.  Este valor impele-nos a que assumamos a solidariedade como dever que visa criar, por contrato, uma associação livremente consentida, mútua e solidária entre os homens, que os proteja dos riscos comuns.

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BIBLIOGRAFIA

Constituição da República Portuguesa, Lei Constitucional n.º 1/2001, Quinta Revisão Constitucional

Código do Trabalho – Lei n.º 7/2009

Declaração Universal dos Direitos Humanos

O Tratado de Lisboa – Dossier de Informação Publicado em www.carloscoelho.eu

O Tratado de Maastricht

www.un.org

www.oit.pt

www.cidm.pt

www.ugt.pt

www.cgtp.pt

pt.wikipedia.org/wiki/ Tratado_de_Maastricht

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ANEXOS

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ANEXO I

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ANEXO II