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    176 jul./set. 2012

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    Entrevista Artigos

    26O programa BolsaFamlia e a polti cade descentralizao:impactos sobre a pobrezano Nordeste e na Bahia

    Semramis Mangueira deLima, Larcio Damiane

    Cerqueira da Silva, CarlosEduardo Gasparini

    47Construo civil na Bahiae Regio Metropolitanade Salvador

    Lucas Henrique ReisFigueredo, Urandi RobertoPaiva Freitas

    34A gesto das ONGse o seu potencial decontribuio como desenvolvimentoeconmico baiano

    Antonio Oliveira de

    Carvalho, lvia MirianCavalcanti Fadul

    Sumrio

    ExpedienteGOVERNO DO ESTAD O DA BAH IAJAQUES WAGNER

    SECRETARIA DO PLANEJAMENTOJOS SERGIO GABRIELLI

    SUPERINTENDNCIA DE ESTUDOSECONMICOS E SOCIAIS DA BAHIAJOS GERALDO DOS REIS SANTOS

    CONSELHO EDITORIALAndra da Silva Gomes, Antnio Al bertoValena, Antnio Plnio Pires de Moura,Celeste Maria Pedreira Philigret Baptist a,Csar Barbosa, Edmundo S BarretoFigueira, Gildsio Santana Jnior,Jackson Ornelas Mendona, JorgeAntonio Santos Silva, Jos RibeiroSoares Guimares, Laumar Neves deSouza, Paulo Henrique de Alm eida

    Ranieri Muricy, Rosembergue Valverdede Jesus, Thiago Reis Ges

    DIRETORIA D E INDI CADORES EESTATSTICASGustavo Casseb Pessoti

    COORDENAO GERALLuiz Mrio Ribeiro Vieira

    COORDENAO EDIT ORIALElissandra Alves de Brit toRosangela Ferreira Conceio

    EQUIPE T CNICAMaria Margarete de Carvalho Abreu PerazzoMercejane Wanderley SantanaZelia Maria de Carvalho Abreu GoisDilci ele Nascimento de Sousa (estagiria)Rafael Augusto Fagundes Guimares(estagirio)

    COORDENAO DE BIB LIOT ECAE DOCUMENTAO/ NORMALIZAO

    Eliana Marta Gomes Silva Sousa

    COORDENAO DE DISSEMIN AODE INFORMAESAna Paula Porto

    EDITORIA-GERALElisabete Cristina Teixeira Barretto

    REVISOCalixto Sabatini (Linguagem)Ludmila Nagamatsu (Padronizao e Estilo)

    DESIGN GRFICO/EDIT ORAO/ILUSTRAESNando Cordeiro

    PRODUOErika Encarnao

    FOTOSSecom/Adenilson Nunes/Carol Garcia/EliCorra/Manu Dias/Mateus Pereira/RafaelMartins, Stock XCHNG

    IMPRESSOEGBA Tiragem: 1.000

    Carta do editor5

    6Desempenho daeconomia baiana noprim eiro semestre de2012

    Carla Janira Souza do

    Nascimento, ElissandraAlves Brit to, RafaelCardoso Cunha

    Economia emdestaque

    22Empreendedorismo nosetor de comrcio

    Luis Carlos Batista

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    Av. Luiz Viana Filho, 4 Avenida, 435, CABSalvador (BA) Cep: 41.745-002

    Tel.: (71) 3115 4822 Fax: (71) 3116 1781

    www.sei.ba.gov.br [email protected]

    Conjuntura & Planejamento / Superintendncia de EstudosEconmicos e Sociais da Bahia. n. 1 (jun. 1994 ) . Salvador:SEI, 2012.n. 176TrimestralContinuao de: Sntese Executiva. Periodicidade: Mensal ato nm ero 154.

    ISSN 1413-1536

    1. Planejamento econmico Bahia. I. Superintendnciade Estudos Econmicos e Sociais da Bahia.

    CDU 338(813.8)

    Ponto de vista

    Seo especial Indicadoresconjunturais

    Investimentosna Bahia

    68O estado da Bahiadever atrair cerca deR$ 50 bilhes eminvestimentosindust riais at 2015

    Fabiana Karine Santosde Andrade

    Livros72

    Os arti gos publicados so de inteira respon-sabilidade de seus autores. As opinies nelesemiti das no exprimem, necessariamente, oponto de vista da Superintendncia de EstudosEconmicos e Sociais da Bahia (SEI). permi-tida a reproduo total ou parcial dos textosdesta revista, desde que seja citada a font e.Esta publ icao est indexada no UlrichsInternational Periodicals Directorye no sistemaQualisda Capes.

    87Ind icadores Econmicos

    94Indicadores Sociais

    104Finanas Pblicas74Conjuntura EconmicaBaiana

    57Ativi dade econmicabaiana cresce 2,6% nosegundo trimestre eacumul a alt a de 3,6% em2012

    Carol Arajo Vieira, Denis

    Veloso da Silva, JooPaulo Caetano Santos

    66A educaodo homem do campo

    Geraldo Machado

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    A Bahia produz algodo com alto padro de qualidade, e a regio oeste conta com clima avorvel, inraestrutura,

    localizao estratgica, pesquisas tecnolgicas modernas e melhoramento gentico. Tudo isso resulta em

    recordes mundiais de produtividade, alm de fbras com comprimento e densidade ideais para a indstria.

    Para completar, o Governo da Bahia ortalece a agroindstria do algodo, disponibilizando diversos programas

    de incentivo. Mais do que uma tendncia, investir na cadeia txtil do Oeste Baiano uma boa oportunidade.

    BHSPOFXT!TFBHSJCBHPWCSrXXXTFBHSJCBHPWCS

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    Desempenho daeconomia baianano primeirosemestre de 2012

    Carla Janira Souza do Nascimento *Elissandra Alves Britto * *

    Rafael Cardoso Cunha ***

    No segundo trimestre de 2012, a economia inter-nacional continuou em desacelerao, com

    impactos refletidos na economia brasileira,

    afetando o desempenho de setores importantes.A indstria de transformao deve contribuir

    modestamente para o crescimento do PIB

    gerado neste ano. As ltimas projees para

    o setor indicam resultado negativo para 2012,menor que o regist rado no ano passado.

    Na tentativa de estimular suas economias, osbancos centrais da zona do euro e da China

    reduziram a taxa de juros. O governo chins

    prometeu ainda acelerar os investimentos plane-jados para infraestrutura e lanou um pacot e deestmulos que pode chegar a US$ 315 bilhes.A expectati va a de elevar o crescimento doPIB chins no segundo semestre para um nvelent re 8,0% e 6,0%.

    No B rasil , as medidas adotadas pelo governopara promover o reaquecimento da economia,incluindo pacotes de incentivo ao consumo debens durveis, bem como a contnua reduoda taxa bsica de juros, no surti ram efeito noprimeiro semestre. A estimativa de crescimentodo PIB em 2012 caiu para o patamar abaixo de2%, com expectativa de recuperao a parti r doterceiro trimestre.

    * Mestre em Economia pela Universidade Federal da Bahia (UFBA); econo-mista pela Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) e tcnicada Superintendncia de Estudos Econmicos e Sociais da Bahia (SEI)[email protected]

    * * Mestre em Economia pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), econo-mista pela UFBA e tcnica da Superintendncia de Estudos Econmicos eSociais da Bahia (SEI). [email protected]

    * * * Mestrando em Economia pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) etcnico da Superintendncia de Estudos Econmicos e Sociais da B ahia(SEI). rafaelcunh [email protected]

    Conj. & Planej., Sal vador, n.176, p.6-21, jul ./set. 2012

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    2011. O setor industrial registrou taxa de apenas 0,2%,e a agropecuria recuou 2,8% no p erodo. No resultadopara o primeiro semestre de 2012, o PIB apresentouaumento de 3,6% em relao a igual perodo de 2011

    (SUPERINTENDNCIA DE ESTUDOS ECONMICOS ESOCIAIS DA B AH IA, 2012).

    Tendo por b ase este breve panoram a, o present e artigovisa enfocar os prin cipais resultados setoriais das econo-mias brasileira e baiana no primeiro semestre de 2012,com o ser apresentado nas sees que se seguem.

    SECA REDUZ ESTIMATIVADA SAFRA AGRCOLA

    A safra nacion al de cereais, legumin osas e oleaginosas,segundo o Levantamento Sistemtico da ProduoAgrcol a (2012), divulgad o pelo IBGE em julh o, foi estim adaem 163,3 milhes de toneladas, superior em 2,0% obtida em 2011 (160,1 m ilhes d e ton eladas) e 1,6% m aiorque a estimativa de junho. Para a Companhia N acionalde Abastecimento (2012), que executa o levantamentobaseado n o ano safra 2011/2012, a produ o estim ada degros de 162,6 m ilhes d e toneladas. Calc ula-se 0,1%de qu eda em relao safra p assada (2010/2011), queatingiu 162,8 milhes de toneladas. As duas entidadesdestacam o m ilho com grande crescimento em relaoao perodo passado e, por outro lado, indicam a soja e oarroz com o safras que reduziram su a produo.

    A safra baiana de gros, segundo dados d a Conab, caiu12,7%, puxada pela queda na produo de feijo, queencolh eu de 262,9 milh es par a 106,8 m ilhes (-59,4%)e pela retrao da produo de soja. Com essa estim a-tiva, o estado passou de stimo para oitavo produtor

    nacional de gros.

    A projeo de produo de algodo aparece com destaque,com incremento de 1,6%, segundo o LevantamentoSistemtico da Produo Agrcola (LSPA). Ressalta-setamb m nas estimativas do IBGE, agora em relao quebr a de safra devido seca, a redu o na pr eviso daprod u o de feijo, com -41,8%, e de milho, que, apesardo bom desempenho nacional e da safra de vero noestado bastante otimista, a segunda safra sofreu com a

    seca, e as previses de crescimento de 13,3% se redu-ziram para 5,3%.

    A qued a prevista na produ o de gros na B ahia de 1,2%,segun do o LSPA, foi atribuda aos resultados neg ativosnas cultu ras de feijo e soja, am bas afetadas pelas dificul-dades pluviom tricas. Das cu ltur as citadas na Tabela 1,as prim eiras safras de milh o e feijo j foram encerr adas,assim com o as de soja e sorgo. As culturas de cana-de--acar, caf e cacau safra tempor, assim c om o m ilhoe feijo segund as safras, esto na poca de colheita.

    A colhei ta do algodo primeira safra ainda no foiconcluda nas principais regies produtoras, enquantoa da segund a safra encontr a-se na fase inicial de colheita.A expectativa para a produo nacional da cultura dealgodo cresceu 4,9% em relao ao ano passado, oque far c om que, segun do o IBGE, a safra d e 2012 sejarecorde. O estado da Bahia o segundo m aior produtordo Br asil, som ando 1,6 m ilho de toneladas, safra 1,6%sup erior de 2011.

    Segundo dados do Departamento de Agricultura dos

    Estados Unidos (USDA , em in gls), o preo d o algodo,que at ingiu o topo nos lt imos cinco anos, em m arode 2011, devido a u m a grand e quebra d e safra, sendocotad o a 229,67 cent avos de dlar por libra, hoje nego -ciado a 83,97 centavos de dlar. O produto acumulaqueda de 43,0% em r elao ao mesm o perodo do anopassado, praticamente voltando ao patamar d e julhode 2010, quand o era c otado a 84,15 cen tavos de dl ar.Apesar do preo atual no animar m uito os produtores,as expor taes do prim eiro sem estre foram fortes, com

    As culturas de cana-de-acar,

    ca e cacau sara tempor,assim como milho e eijosegundas saras, esto napoca de colheita

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    aum ento de 160,0% em valor exportad o, saindo de US$ 89m ilhes para US$ 231 milhes1 (BOLETIM DO COMRCIOEXTERIOR DA BA HIA , 2012). O r esultado provavelm entefoi influenciado pelos contr atos fechados no perodo dealta do preo.

    A pr oduo nacional de feijo, somadas as trs safras, estimada p elo IBGE em 2,8 milh es de toneladas, um aqueda de 18,0% em relao a 2011. A B ahia, que c olhea prim eira e terceira safras, prev um a produ o de 130m il ton eladas, que 41,0% inferior de 2011. Esta quedaexpressiva decorrente da situao de seca pela qualpassa o estado este ano. Atualm ente, 72,0%2 da produode feijo na Bahia se enc ontra no s m unicpios que tiveramestado de emergn cia decretado por causa da seca. Coma quebra da cultura, principalmente na primeira safra,que concentra o peso da produo, o estado perde parti-

    cipao na produ o nacional, saindo de 6,4% para 4,5%do total da produ o do feijo no Br asil.

    A produ o nacional de milho esperada ter um aumentode 27,0% em relao a 2011, ch egand o a 71,45 milh es de

    1 Valores em FOB.2 O percentual at ingido da c ultura se encontra no trabalho da SEI-BA sobre

    os impactos da seca 2012 (SANTOS, 2012). O total dos municpios atin-gidos pela seca pode ser encontrado n a Cordec.

    toneladas, segun do o IBGE. Para a Bahia, que, de acordocom a Conab, o nono produ tor nacional e primeiro doNordeste, a prim eira safra obteve um pequeno aum entoda produ o devido norm alidade da colheita no oestedo estado, porm sem expanso na par te semirida.Para a segunda safra, h a previso de queda fortedevido dim inuio da rea plantada, em d ecorrnciadas adversidades pluviomtr icas. Dados da Conabapontam para uma reduo de 51,7% da produo.Porm, com o o volum e dessa safra muito pequenocom parado com o total do ano, e com os bons resul-tados da prim eira safra, a previso ainda otimist a, de2,2 milhes de toneladas, mantendo variao positivade 5,3% em rela o a 2011.

    Para a soja, a produo esperada no Brasil de 65,8m ilhes de ton eladas, 12,0% inferior da safr a anterior.

    Na Bahia, o ciclo do gro, que se concentra no prim eirosemestre, alcanou um a produo de 3,4 milhes detoneladas, uma queda de 1,9% em relao safrapassada, puxada tamb m p ela queda de 7,9% na produ-t ividade. Esses nm eros foram m otivados pela baixaprecipitao pluviom trica no f inal da colheita. Apesardisso, por causa da quebra de safra no Sul e das dificul-dades pluviomtricas n o Centro-Oeste, a p art icipaobaiana na prod u o nacional subiu d e 4,7% para 5,2%,segun do IBGE.

    Tabela 1Estimativa de produo fsica, reas plantadas e colhidas e rendimentos dos principais produtosBahia 2011/2012

    Produtos/safrasProduo fsica (mil t) rea Plantada (mil ha) rea Colhida (mil ha) Rendimento (kg/ ha)

    2011(1) 2012 (2) Var. (%) 2011(1) 2012 (2) Var. (%) 2011(1) 2012 (2) Var. (%) 2011(3) 2012(3) Var. (%)Mandioca 2.977 3.069 3,1 506 311 -38,5 253 253 0,2 11.778 12.120 2,9

    Cana-de-acar 6.981 6.913 -1,0 122 117 -4,0 116 115 -1,1 60.252 60.332 0,1

    Cacau 156 141 -10,0 547 543 -0,8 533 525 -1,6 293 268 -8,5

    Caf 152 165 8,9 163 167 2,6 154 155 0,6 987 1.068 8,2

    Gros 7.526 7.435 -1,2 2.922 2.540 -13,1 2.594 2.363 -8,9 2.901 3.147 8,5

    Algodo 1.575 1.601 1,6 416 437 5,1 416 437 5,1 3.788 3.663 -3,3

    Feijo 223 130 -41,8 551 291 -47,1 398 219 -45,0 561 594 5,9

    Milho 2.052 2.161 5,3 799 607 -24,1 625 505 -19,3 3.282 4.282 30,5

    Soja 3.513 3.447 -1,9 1.045 1.114 6,5 1.045 1.114 6,5 3.361 3.095 -7,9

    Sorgo 163 96 -41,1 110 91 -17,5 110 89 -19,2 1.485 1.083 -27,1

    Total - - - 4.259 3.678 -13,6 3.650 3.410 -6,6 - - -Fonte: IBGELSPA/PAM-Ba.

    Elaborao: SEI/CAC.(1) IBGELSPA 20 11.(2) IBGELSPA previso de safra 2012 (jul. 2012).(3) Rendimento = produo fsica/rea colhida.

    Conj. & Pl anej., Salvador, n.176, p.6-21, jul./set. 2012

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    Carla Janira Souza do Nascimento, Elissandra Alves Britto, Rafael Cardoso Cunha

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    A Bahia o maior produ tor de cacau do Brasil, atingindo,no levantam ento do IBGE, a fatia de 59,5% da produ o,

    com 140 mil toneladas de cacau em amndoas. Apesarda significncia do estado, o resultado atual 10,0%m enor que o de 2011. A safra nacion al chegou a 236,2 m iltoneladas, sendo o Br asil considerado o stimo produ torm un dial, com 5,0% (QUARTERLY BU LLETIN OF COCOASTATISTICS, 2012) da p rodu o. Os pr eos m undiais con ti-nuam baixos, devido crise na Europa e baixa dem andados EUA. Porm, h expectativas de que, quando essesmercados reagirem, e se isso for somado ao esperadoboom de consumo de China e ndia, poder, segundoespecialistas, ocorrer um choque d e demand a, e os preostendero a alcanar patam ares bem altos. Mas, de acordocom a Comisso Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira(Ceplac), isso no d eve ocorrer no cur to prazo. Apesar dopreo no to favorvel, as condi es climti cas so posi-tivas, e a tendncia para p rxim a safra (2012/2013) a deum a volta a variaes positivas da produ o (COM ISSOEXECUTIVA D O PLAN O DA LAVOURA CACAUEIRA, 2012).

    O caf no Brasil domin ado pelo tipo arbica, com 75,2%da produo em 2012, contrapondo c om o caf t ipo

    canephora, com 24,8%. O total da produo, somand oas duas tipologias, poder ch egar a 3 m ilhes de tone-ladas, 14,0% de increm ento em relao a 2011. Na B ahia,a safra estimada pelo IBGE chega a 165 mil toneladas,alcan ando 8,9% de variao po sitiva em relao safrapassada. No estado, a produ o do caf tipo arbica grande maioria, chegando a 120 mil toneladas, sendocompletada com 45 mil toneladas do tipo canephora.Somadas as duas tipologias, a produo de caf noestado r epresenta 5,4% da p reviso para 2012.

    A cultura de m andioca na Bahia estimada em 3 milhesde toneladas, obser vando-se um acrscim o de 3,1% emrelao safra 2011. O estado participa com 12,4% daprod u o nacional, prevista, pelos dados do IBGE, para

    alcan ar 24,8 m ilhes de ton eladas em 2012. Por sua vez,a cana-de-acar, na Bahia, tem seus m eses de maiorconcentrao de colheita entre junho e setembro. Apreviso de produ o para o estado de 6,9 milhes detoneladas, apont ando um a queda de 1,0% em r elao aoano passado. A pr ojeo para o B rasil de 660,7 milhesde toneladas, tambm indicando um a queda em relao safra pas sada, desta vez m ais acentu ada, em -7,6%.

    Para a prxim a safra (2012/2013), o governo federal disp o-nibilizou um crdito de R$ 4,5 bilhes. Conhecidas com o

    Plano Safra, as linhas de cr dito para o setor ru ral sedividem em agricultura empresarial (R$ 3,5 bilhes) eagricu ltur a fam iliar (R$ 1 bilho). O valor 7,0% superiorao do Plano Safra d e 2011/2012. A B ahia rec ebe 3,0% dosfinanciam entos rurais destinados no Brasil. Apesar desterelativamente b om nm ero, em 2011, sobraram R$ 800m ilhes dotados que no foram executados.

    As expect ativas em r elao prxim a safra (2012/2013)so otimistas, principalmente em relao s culturasde soja e milho. A soja tende a recuperar a perda naproduo sofr ida nesta safra, pr incipalmente p uxadapelo aum ento de rea plantada, devido ao preo in ter-nacional mu ito atrativo do gro. O milho tam bm segue

    A Bahia o maior produtor decacau do Brasil, atingindo, no

    levantamento do IBGE, a atiade 59,5% da produo, com140 mil toneladas de cacau emamndoas

    O ca no Brasil dominadopelo tipo arbica, com75,2% da produo em2012, contrapondo com oca tipo canephora, com24,8%. O total da produopoder chegar a 3 milhesde toneladas, 14,0% deincremento em relao a 2011

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    com o mesm o ritm o de preos altistas e, ainda que noobtenha outra safra recorde, a conjuntura internacional favorvel, diante do choque de oferta devido graveseca nos Estados Unidos, maior produtor m undial.

    Segund o dados do Canal do Pro duto r (2012), a par tir dosinalizador de rea plantada, ou seja, as vendas de fer ti-lizantes, estima-se que a soja ir utilizar 27 milhes dehectares de plantio para safra 2012/2013, um aumentode 2 milhes de hec tares. Com isso, as expec tativas sode produo de 82 m ilhes de toneladas no prxim o anosafra, aum ento de 33,0% se com parado com a previsode safra 2011/2012 da Conab, feita em julh o. Para a Bahia,a projeo de uma retom ada de produo, revertendoa queda pr evista para o atual ano safra.

    Ap esar do cen rio externo favorvel, a expect ativa para oplantio de m ilho no to otimista qu anto para a soja, poisas duas culturas disputam espao. Segundo o Canal doProdu tor (2012), a preferncia p ela soja se d pela m aiorl iquidez, menor custo e m aior facilidade para obtenode crdito, alm da rentabilidade. Com isso, a previsode safra de milho para 2012/2013 de 68 milhes detoneladas, queda de 2 m ilhes de toneladas em relao atual safra. impor tante citar que, pelo atual cenriode safra recorde neste ano e pela maior tendncia parao plantio de soja, essa reduo segue as expectativasconjunturais. M esmo assim, n o estado, observou-se umvolume de exportao significativo no fim do primeirosem estre de 2012, quando for am vendid as para o exterior134 mil toneladas de milho (BOLETIM DO COMRCIOEXTERIOR DA B AH IA, 2012), fato, prim eira vista, indi topara essa cultura. Isso pode indic ar que, mesm o havendoessa concorrncia com a soja, a demanda externa dacultura de m ilho parece estar forte e ser tendncia paraa prxima safra.

    DESACELERAO DAPRODUO INDUSTRIAL EQUEDA NAS EXPORTAES

    A produ o fsica industrial no p as, com b ase nos dadosda Pesquisa Industr ial M ensal (PIM ) (2012), acum ulou t axanegativa de 3,8% no prim eiro semestr e de 2012, com pa-rada ao m esmo perodo de 2011. Considerando-se as

    categorias de uso, todas registraram recuo no sem estre,destacando-se os setores de Bens de capitale Bens deconsum o durveis, com variao percentual negativade 12,5% e 9,4%, respec tivamen te. As categ orias Bensintermedirios e Bens de consumo semi e no durveisregistraram, respectivamente, taxas de -2,5% e -0,3%(PESQUISA IND USTRIAL M ENSAL, 2012).

    Do lado das vendas, o indicador de faturam ento daind stria cresceu 3,1% no pr im eiro semestre (PESQUISAINDICADORES INDUSTRIAIS, 2012), demonstrando recu-perao da atividade industr ial. Na anlise trim estral, nasrie ajustada sazonalmente, o faturam ento cresceu 1,9%no segun do trim estre de 2012 frente ao trimestre anterior(-0,2%). O nvel de utilizao da capacidade instaladaapresentou recu o, atingindo 80,8% em junho, 1,0 p.p.abaixo da taxa observada no trim estre findo em m aro,na srie com ajuste sazonal. Apesar do r ecuo da c apaci-dade instalada ressalta-se a necessidade do investim entona atividade industrial, frente baixa com petitividade dosetor. Entretanto, os desembolsos do Banco Nacional

    de D esenvolvim ento Econmico e Social (BND ES) atin-giram R$ 67,866 bilhes no perodo de janeiro a julhode 2012, com queda de 2,0% na comparao com omesmo perodo do ano passado (BANCO NACIONALDE D ESEN VOLVIMEN TO ECON M ICO E SOCIAL, 2012).

    Neste sentido, a desacelerao da indstria de trans-formao nacional no segundo trimestre, com taxa de-5,3%, evidenciada nos dados para o setor nas ContasNacionais Trimestrais, foi basicamente marcada pela

    A produo sica industrialno pas, com base nos dadosda Pesquisa Industrial Mensal(PIM) (2012), acumulou taxanegativa de 3,8% no primeirosemestre de 2012, comparadaao mesmo perodo de 2011

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    Dentre os segmentos que influenciaram negativa-mente o resultado do indicador do emprego industrialno pr im eiro semestre de 2012, destacaram -se Calados ecouro(-12,5%), Fabricao de outros produtos da ind stria

    de transform ao(-22,3%) e Alim entos e bebidas(-4,2%).Em contrapar tida, os principais segm entos que im pac-taram positivamente o nmero de pessoas ocupadasnesse perodo foram Mquinas e equipamentos (9,4%),Produtos qum icos(8,3%) e Borracha e plstico(5,6%).

    N o frontexterno, as emp resas brasileiras apresentaramrazovel desemp enho, pois export aram US$ 117 bilhesno p erodo de janeiro a julh o de 2012, representando recuode 0,9% em relao ao mesm o perodo do ano anterior.J as impor taes, com volum e de US$ 128 bilhes,

    registraram acrscimo de 3,1%. O maior incrementono percentual das importaes, comparativamente sexportaes, resultou num aumento no dficit da balanacomercial para US$ 11 bilhes, contra US$ 6 bilhesno mesmo perodo de 2011. Nesse perodo, o comrcioexterior brasileiro registrou corr ente de comrcio de US$245 bilhes, com acrscim o de 1,1% sobr e 2011, quan doatingiu US$ 243 bilh es (BRA SIL, 2012a).

    Com um ritmo m ais forte, a balana com ercial da Bahiaapresentou su pervit de US$ 1,70 bilho no perodo dejaneir o a ju lh o de 2012, an te o su pervi t de US$ 1,62bilho no ano anterior, de acordo com as estatsticas

    do M inistrio do Desenvolvim ento, Indstr ia e ComrcioExterior (MDIC), divulgadas pela Superintendncia deEstudos Econmicos e Sociais da Bahia (SEI) (BOLETIMDE COMRCIO EXTERIOR DA BAHIA, 2012). Conforme

    ilustra o Grfico 1, o saldo apresentou qu eda no acum u-lado dos ltim os 12 meses, confirm ando as expectativas deimpacto da crise mun dial sobre o com rcio exterior baiano.

    As exportaes baianas, no perodo de janeiro a julho de2012, atingiram US$ 6,22 bilhes, com acrscim o de 4,8%com parado ao m esmo perodo de 2011. O desemp enho dasexportaes nos primeiros sete meses de 2012 decorreuprincipalm ente do aum ento nas vendas nos segmentos Sojae derivados (41,4%), Algodo e seus subprodutos (160,1%)e Petrleo e derivados(16,3%). Em sentido cont rrio, com

    taxas negativas destacaram -se Metalrgicos(-38,6%), Papele celulose(-6,8%) e Qumicos e petroqumicos(-5,5%).

    Na com parao com 2011, as vendas de produtos bsicosna Bahia cresceram 42,4%, os m anufaturados am pliaram--se em 4,6%, e os semim anufatu rados apresentaram recuode 16,4%. O grupo de prod utos indu strializados respond eupor 74,6% do total expor tado p ela Bahia n o ano de 2012.

    Do m esmo m odo, as importaes registraram acrscimode 4,7%, com valores de US$ 4,52 bilhes, e a corren tede com rcio (exporta es mais im porta es) registrouexpanso de 4,7% no perodo con siderado.

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    Grfico 1Saldo da Balana Comercial Bahia jan. 2008-ago. 2012

    Fonte: MDIC/Secex.Elaborao: SEI/CAC.

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    Do lado das imp ortaes, em termos de participao, ascompr as de Intermediriosrepresentaram 45,1% da p autatotal, e as de Bens de capital, 14,6%, demonstrando quea pauta baiana de importao fortemente vinculada

    a bens direcionados atividade produtiva. As im por ta-es de Bens de consumorepresentaram 15,9%, e asde Combustveis e lubrificantes, 24,4%. No perodo de

    janeir o a ju lh o d e 2011, a c ateg or ia Combustveis e lubri-ficantesfoi a que registrou m aior crescim ento, de 18,2%,seguida de Bens de consum o durveis(11,7%) e Bens deconsum o no du rveis (6,2%). As categorias Bens decapital(-4,3%) e Intermedirios(-0,4%) registraram taxasnegativas no perodo.

    Por m ercados de destino, destacam -se as vendas para a

    Unio Europeia (26,2%) e sia (21,7%). N o ent anto, par aa Unio Europeia, as vendas r eduziram-se em 2,2%, masainda assim a regio mantm-se na primeira posiocom o m ercado comprador d e produtos baianos em 2012,superando a sia e o Nafta, que registraram aumentono perodo de, respectivamente, 15,7% e 5,0%. Dentreos produtos vendidos Unio Europeia, destacam-secelulose, soja e leos com bus tveis.

    Por fim, o desem penho da indstr ia baiana na m argemtem sid o m uito aqu m d o esperado (0,4, em m aio; 2,1%,em ju nh o; 0,3%, em ju lho), um a vez que o aum ento dasimpor taes de manufaturados ante a produo temsido maior, fato atribudo ao recuo da demanda dosprodutos nacionais por par te das econom ias que estoem cr ise, e, consequ entemente, ao aum ento do estoque.

    Segundo dados da Sondagem Industrial da Fieb (2012), onvel de estoques de pr oduto s finais elevou-se em julh o.O ndice situou-se em 53,3 pontos, acima da linha divi-sria de 50 pontos.

    Ainda de acordo com os dados da Sondagem Industrial(2012) a atividade indu strial baiana est m ais aquecida em

    ju lh o do que no m s anterio r. O indi cad or de uti liza o dacapacidade instalada (UCI) efetiva em relao ao usualaum entou 3,7 pontos frente a junh o, situando-se em 50,7pontos em julh o. A indstria baiana operou, em m dia,com 82,0% da capacidade instalada em julh o. O indicadoraum entou 1,0 p.p. entre jun ho e julho e enc ontr a-se 9 p.p.acima d o m s de fevereiro.

    Neste sentido, em julho, foi aprovada pela Cmara dosDeputados um a m edida provisria com incentivos indstria br asileira, que tem por objetivo reduzir o c ustoda folha de pagamento em alguns setores e repassar R$45 bilhes do Tesouro ao BN DES para financ iar, a jurosbaixos, investimentos do setor industrial. A propostaseguiu para anlise do Senado, e a expectativa a deque essas m edidas possam est imular a econom ia nosegundo sem estre do ano.

    Para o setor qumico, foi concludo, em m aio, o trabalhodo Conselho de Com petit ividade da Indstria Qumica,liderado pelo BN DES e com posto por outros represen-tantes do governo, da indstria qumic a e tambm porrepresentantes das centrais sindicais. Esse conselhotrabalhou, durante cerca de um ano, na elaborao depropostas Regime Especial da Indstria Qumica focadas na desonerao de m atrias-prim as e dos bensde capital. O objetivo viabilizar e estimular o investi-m ento em novas capacidades produtivas e tamb m n apriorizao do estmulo inovao, especialmente no

    que se refere qumica verde, baseada em matrias--prim as renovveis. A expectativa na ado o dessasmedidas de estmulo e desonerao, se aprovadas, ade que possam viabilizar e estimular um novo ciclo deinvestimentos n o setor nos prximos anos.

    Todavia, o cenrio de curto prazo no ramo petroqu-mic o ainda de grande variao de preos e cu stos. Anafta, principal matria-prim a, continua a acom panhara f lutuao do p reo de petrleo, que inf luenciado

    Segundo dados da Sondagem

    Industrial da Fieb (2012), onvel de estoques de produtosfnais elevou-se em julho.O ndice situou-se em 53,3pontos, acima da linhadivisria de 50 pontos

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    pelo am biente macroeconm ico e pela m aior ou m enoraverso ao risco do m ercado de capitais. Os preos dosprincipais petroqumicos e de resinas termoplsticastm reagido mais volatil idade de curto p razo do queaos fundam entos de mercado de balano entre oferta edeman da de petroqumicos.

    Por sua vez, para o setor metalrgico, as perspectivaspara o ano de 2012 so de que a recup erao no preodo cobre continue pressionada pelas condies m acro-econmicas globais, destacando-se a expectativa demenor crescimento na demanda da China no segundosemestre deste ano. O preo m dio do cobre na LondonMetal Exchange (LME) vem sofrendo declnio gradativodesde o terceiro trimestre de 2011, em torno de 13,0%,refletindo p erodos de instabilidade econm ica interna-cional. A desacelerao da econ omia internacion al e aspossveis repercusses que comeam a acontecer naeconomia brasileira resultam em implicaes impor-tantes para a demanda dos produtos metalrgicos. As

    m edidas de estm ulo econm ico que o Brasil tem intro-duzido e as melhorias operacionais a serem geradaspor alguns projetos de investimentos im plementados nosetor podem p otencialm ente atenuar os efeitos desfavo-rveis resultantes do cenrio macroecon mic o sobre osetor industrial.

    Neste sentido, a perform ance para a ind stria brasileirae, consequentemente, para as relaes com erciais como exterior no segun do semestre est aguardando ainda

    a divulgao de mais estmulos indstria, visandocorrigir problem as ligados dificuldade de comp etit ivi-dade, necessidade de reduo dos cu stos de produo eadequ ao d os estoqu es elevados. Por su a vez, as expor-

    taes tendem a se desacelerar, enquanto as im porta-es devem avanar a um ritm o mais forte.

    Entretanto, a indstria baiana dever apresentar umadinmica diferenciada da m dia nacional, favorecidano apenas pela baixa base de com parao no segundosemestre de 2011, mas tam bm pelo dinamism o provo-cado pelas recentes polticas m acroeconm icas.

    VAREJO MANTM RITMO DE EXPANSO

    O agravamento da crise internacional inf luenciouo desempenho da atividade econmica brasileira noprim eiro sem estre do ano. Estrategicam ente, as medidasanticclicas adotadas pelo governo contribu ram para queo comrcio varejista mantivesse o ritmo de expanso.Assim, os dados da Pesquisa M ensal de Comrcio (PMC)do Insti tuto B rasileiro de Geografia e Estatsticas (IBGE),na primeira metade do ano de 2012, sinalizaram umataxa de expanso de 9,1% no varejo nacional. No msde junh o, o acrscim o no volum e de vendas foi de 9,5%,em relao a igual m s do ano anterior.

    Na anlise semestral de 2012, observou-se que todasas oito atividades que com pem o Indicador do Volum ede Vendas do Comrcio Varejista apresentaram resul-tados positivos, destacando-se em ord em decrescente:Equipam entos e m ateriais para escritrio, inform tica e

    comunicao(17,9%); Mveis e eletrodomsticos(14,1%);Artigos farm acut icos, m dicos, ortopdicos, de perfu-

    m aria e cosm ticos (10,9%); Hiperm ercados, superm er-

    cados, produtos alim entcios, bebidas e fum o(9,6%) nosubgrupo Hipermercados e supermercados a variaoalcanou taxa de 10,0%; Outros artigos de uso p essoale domstico (7,5%); Combustveis e lubrificantes (4,7%);Livros, jornais, revistas e p apelaria(4,0%); e Tecidos , vestu -rio e calados (1,1%).

    O varejo ampliado registrou variao de 12,3% compa-rada a i gual m s do ano de 2011, e oscilaes de 7,0% e5,6% para os acum ulados do ano e dos ltim os 12 meses.

    Os preos dos principaispetroqumicos e de resinastermoplsticas tm reagidomais volatilidade de curtoprazo do que aos undamentosde mercado de balanoentre oerta e demanda depetroqumicos

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    Cabe registrar que os segmentos de Veculos, motos epease M ateriais de const ruoapresentaram comporta-m entos dspares. O prim eiro, no m s de junho, expandiuas vendas em 19,8% em com parao ao mesm o m s do

    ano passado, resultando, no acumulad o do ano, em taxade 3,0%. Enquanto o segun do, com u m a expanso m ensalde 0,5% em relao a igual m s do ano anterior, demons-trou um suave crescimento n os negcios, a despeito daexpanso verificad a nos m eses anteriores, que resultouno acumulado do ano com taxa de 9,3%. Essa discre-pncia no com por tamento dos dois segm entos se deu emrazo dos incentivos fiscais conc edidos pelo governo aosetor autom obilstico, como a reduo do Imposto sobreProdutos Industrializados (IPI), prevista para vigorar de

    ju nho a a gos to de 2012.

    Na B ahia, ainda segundo os dados da PM C divulgadospelo IBGE, as vendas continu am em ritm o de expanso.Em junho, o volume cresceu 13,9% em relao a igual m sdo ano anterior. A despeito das incer tezas que m arcam ocenrio econm ico internacional, o com rcio varejista influenciado pelas medidas de incentivo, com o reduode IPI, reduo da taxa de juros para o consum idor final,m anuteno da renda familiar e queda nos preos.

    Nos p rim eiros seis meses do an o de 2012, o varejo baianoapresentou ritm o de crescim ento satisfatrio. A taxa de10,4% no acu m ulado do an o reflete, em p arte, a polticade expanso m oderada do crdito. Quando com parado ocomp ortam ento do setor no c enrio nacional com o veri-ficado n a Bahia na pr im eira metad e de 2012, obser va-seque o varejo baiano apresentou , a par tir de m aro, taxassuperior es s do com rcio varejista nacional (Grfico 2).

    Na anlise setorial, observa-se que, em jun ho, em r elaoa igual m s do ano passado, as oito atividades do varejoobtiveram , na B ahia, variaes positivas n os n egcios.Os maiores destaques, por ordem de contr ibuio,

    foram: Mveis e eletrodomsticos(17,2%); Hipermercados,supermercados, produtos alimentcios, bebidas(8,0%); eCombustveis e lubrificantes(11,7%).

    No segmento de M veis e eletrodom sticos, em qu e 80,0%das transaes so realizadas a prazo, as polticas deincentivo ao consum o atravs da redu o de alquotasde IPI para a linha branca e a manuteno de crditoforam preponderantes para im pulsionar as vendas. Emju nho, esse segm en to reg is tr ou a m aior con tr ib ui opara o incr emento n o volum e de vendas do varejo baiano

    (33,5%). No s em estre, a taxa foi d e 14,0%. O segm entofoi seguido por Hiperm ercados, superm ercados, produtosaliment cios, bebidas e fum o (8,0%); e Combustveis elubrificantes(13,0%), segun da e terceira m aiores con tri-buies m ensais, respectivam ente.

    A observao do comportamento desses segmentosdurante os seis primeiros meses do ano de 2012revela ritmos de expanso com m om entos de retraom oderada, exceo feita ao ramo de Com bust veis e lubri-ficantes. Esse ltimo, com a taxa de contribuio para ocom rcio de 19,1%, teve sua expanso atribuda qu edade preos dos com bustveis e ao maior consum o duranteos festejos juninos. Aps imprimir um ritmo aceleradonas vendas, passou, a par tir de abril, a apresentar certaestabilidade no volum e de negcios (Grfico 3).

    Quanto ao segmento Hiperm ercados, superm ercados,produtos alim entcios, bebidas e fum o, foi observada, apartir do m s de abril de 2012, certa estabilidade nosnegc ios, atribuda ao grande volum e de vendas realizadas

    em dinheiro, ao aum ento dos salrios, alm de se tratarde um m s em qu e se costum a intensificar o consumo deprodu tos tpicos dos festejos do So Joo. No sub grupoHiperm ercados e su perm ercados, houve, em junho, um avariao p ositiva de 7,3% no volum e de vendas em relaoa igual m s do ano anterior, acumulando n o ano acrscimode 6,4%. Alm da renda, consideram-se determinantespara esse resultado as estratgias de venda das gr andesredes varejistas, como prom oes, a concesso de pr azosm ais longos e os baixos juros para com pras a crdito.

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    Grfico 2Volume de vendas no comrcio varejista (1)Brasil e Bahia jun. 2011-jun. 2012

    Fonte: PMC/IBGE.Elaborao: SEI/CAC.(1) Variao acumulada no ano.

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    Na Bahia, considerando o comrcio varejista ampliado,observa-se que medidas com o a reduo da carga tribu tria(IPI e IOF) foram r elevantes para o setor m anter o ritm o deexpanso. O segm ento Veculos, m otos, part es e peas, queno entra no varejo restrito, intensificou as vendas, com taxade 39,0% em junho. No m s imediatam ente anterior, o ramohavia apresentado um com por tam ento negativo (-1,4%).

    Assim , a despeito da expanso m oderada nas vendasdo varejo, dado os consumidores se mostrarem maiscautelosos ao realizarem suas com pras, espera-se que

    no segundo semestre os negcios sejam intensificados.Com as m edidas de estmu lo demanda dom stica, ataxa de cmbio m ais comp etit iva e a queda na taxa de

    ju ro s, a e con om ia dever s er aq uec id a.

    MERCADO DE TRABALHO

    O mercado de trabalho metropol i tano nacional,nos primeiros seis meses de 2012, apresentou bom

    desempenh o na gerao de postos de trabalho, conform epode ser observado a partir dos indic adores da Pesquisade Emprego e Desemprego (PED), do D epartam entoIntersindical d e Estatstica e Estudos Socioeconmic os(Dieese), e do Cadastro de Em pregados e D esempregados(Caged), do M inistrio d e Trabalho e do Emp rego (M TE).No entanto, para a Regio Metropolitana d e Salvador,mesmo com o aumento da ocupao, observa-se atendncia crescente da taxa de desemprego em ritmom ais forte do que no total das regies metropolitanas.

    A taxa de desemprego apurada pela PED para o totaldas regies metropolitanas pesquisadas, na compa-rao das mdias trimestrais, indica que ocorreu umareduo d e 0,3 p.p., em relao ao prim eiro trimestre de2011. Ao lon go d o prim eiro sem estre de 2012, esta taxaregistrou um acrscimo 1,2 p.p., passando de 9,5% em

    janeir o par a 10,7% em junho. Para a Reg io M etropol it an ade Salvador (RMS) ocorreu aum ento das taxas mdiastrim estrais de desem prego de 2,6 p.p., em c omp arao

    com o segun do trim estre de 2011. A taxa passou de 15,0%em janeiro para 17,8% em jun ho, registrando aum entode 2,8 p.p. ao longo de trim estre. O com portam ento dastaxas de desem prego pode ser obser vado no Grfico 4.

    Com relao ta xa de atividade das regies m etropo-litanas, nota-se que, nos seis primeiros meses de 2012,houve um a oscilao em torno dos 60,1%, superior m diaobservada nos seis prim eiros m eses de 2011 (59,9%). Paraa RM S, esta taxa registrou um forte crescimento, tanto na

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    Mveis e eletrodomsticos

    Combustveis e Lubri ficantes

    jun. 11 jul. ago. set. out. nov. dez. jan. fev. mar. abr. maio jun. 12

    Grfico 3Volume de vendas no comrcio varejista, por setorde atividade (1) Bahia - jun. 2011-jun. 2012

    Fonte: PMC/IBGE.Elaborao: SEI/CAC.(1) Variao acumulada no ano.

    A taxa de desemprego apuradapela PED para o total dasregies metropolitanaspesquisadas, na comparaodas mdias trimestrais, indicaque ocorreu uma reduode 0,3 p.p., em relao aoprimeiro trimestre de 2011

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    Desem pregado s divulgado s pelo Min istrio do Trabalhoe Emprego (BRASIL, 2012b), o que corresponde variao percentu al do estoque de em prego de 1,82%,

    abaixo da m dia nacional (2,76%) e acima da m dianor destin a (0,46%).

    Setorialmente, servios, com 10.818 vagas, respondeupelo m aior saldo. Vale observar que, no r eferido setor, ostrs subsetores m ais dinmicos foram Ensino; Serviosde alojam ento, alim entao, reparao, m anu teno e

    redao; e Servios m dicos, odont olgicos e veterinrios,correspondendo a 69,4% do saldo final. Agropecuriaapurou u m saldo de 9.002 postos de trabalho. Constru ocivil, por sua vez, criou 5.606 novos emp regos. A in ds-tr ia de transformao contabilizou um saldo de 3.597postos de trabalho. E o com rcio apurou um resultadode 1.241 vagas de emp rego. Outr os setores qu e apresen-taram saldos positivos, porm m enos expressivos, foramextrativa mineral e administrao pblica, com 333 e119 post os de trabalh o gerados entr e janeiro e junho de2012, respectivam ente. O saldo de servios indu striais deutilidade pblica foi de -382 postos d e trabalho, sendo,portanto, o nico setor qu e apresentou saldo de em pregonegativo de jan eiro a junh o de 2012.

    Os indicadores analisados apontam um bom d esempenhodo m ercado de trabalho brasileiro e baiano no prim eirosemestre de 2012. No entanto, deve-se estar atento aor i tm o crescente na taxa de desem prego da RM S e queda no r endimento m dio real. Os dados expressamque, apesar do aum ento da ocupao, a populao queprocura em prego no est sendo totalmente absorvidapelo mercado de trabalho, traduzindo-se em aumentoda taxa de desemprego.

    CONSIDERAES FINAIS

    A econom ia brasi leira apresentou um baixo dinamism ono segundo trimestre de 2012, que em parte refletiu a

    incerteza com relao cr ise m undial. Esse cenriocontr ibu iu para est imular o B anco Centra l a in ten-sif icar a reduo dos juros e as demais autor idadesm onetrias na im plementao de m edidas de aux lio at ividade econmic a. Entre a lt im a reunio do rgoocorr ida em 2011 e a que acontec eu em agosto de 2012,hou ve um a redu o de 3,5 p.p. na taxa bsica de juros,que c aiu p ara 7,5% (BAN CO CENTRAL DO BRA SIL,2012a). Por ou tro lado, ou tras m edidas j adotadas pelogoverno visam estimular a econom ia brasileira, tais com oinvest imentos pblicos em infraestrutura, reduo de

    imp ostos, desvalorizao cam bial e a uniform izao daalquota do ICMS sobre produ tos imp ort ados, a vigorarem janeiro 2013.

    Na anlise do m ercado de trabalh o, possvel afirm ar,com base nos indic adores disponveis, que, apesar deum a demon strao de robustez dos dados, h sinais dem oderao na m argem. Ocorreu aum ento do empr egoformal, mas em ri tm o m enor do que o evidenciado em2011. O desem preg o tem se m antid o estvel em r elaoao apurado desde o incio do ano. Os rendimentosmdios metropolitanos apresentaram aumentos noslt imos m eses. No entanto, o mesm o compor tamentono foi observado para os ocupados na RM S.

    O contg io da cr ise m undia l pode ser observado nareduo da d eman da por produ tos expor tveis . Noentanto, a econom ia bras i le ira e, pr inc ipalm ente, anord estina encontr a-se favorecida pelas transfernciaspbl icas e pelo vigor do m ercado de trabalho. Ademais,a at ividade econm ica, em especial o comrcio vare-

    ji s ta, deve m an ter -se p osi t iva fren te ao s es t m u lo sder ivados das medidas econmicas v ia expansof iscal, mon etria e do crdito pb lico, que dinamizamo consum o das fam l ias , o aum ento da renda e aexpanso do crdito.

    Em relatrio divulgado pelo Fundo M onetrio Internacional(FM I) no incio de julh o, man teve-se em 3,5% a previsode crescim ento da econ om ia m und ial em 2012. Todavia, ocenrio externo p erm anece voltil e repleto de inc ertezas.

    Na comparao com maio de2011, a massa de salrios reais

    reduziu-se em 2,3% e 0,9%,respectivamente, para osocupados e assalariados

    Conj. & Pl anej., Salvador, n.176, p.6-21, jul./set. 2012

    ECONOMIAEM DESTAQUE

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    Conj. & Pl anej., Salvador, n.176, p.6-21, jul./set. 2012

    ECONOMIAEM DESTAQUE

    Carla Janira Souza do Nascimento, Elissandra Alves Britto, Rafael Cardoso Cunha

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    Empreendedorismo no setor de comrcioENTREVISTA

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    Luis Carlos Batista

    Empreendedorismono setor de comrcioLuis Carlos Batista era adolescente quando decidiu quequeria montar seu prprio negcio. Com o dinheiroda venda do carro do pai, abriu a primeira Insinuante,em um pequeno espao na Baixa dos Sapateiros, emSalvador. A loja cresceu e hoje integra a Mquina de

    Vendas, segunda maior rede de varejo de mveis eeletrodomsticos do pas, criada a partir da uso daInsinuante com a Ricardo Eletro. Nesta entrevista, Batistaconta como se deu a expanso da Insinuante, comentaa importncia da Mquina de Vendas e o crescimentodo comrcio varejista na Bahia e avalia as projees deexpanso para o segmento e para a economia brasileira.

    C&P O senhor poderia contar

    como entrou no ramo de mveise eletrodomsticos?Luis Carlos Batista Ser indepen-dente financeiramente era umam eta que eu queria conqu istar ainda

    jovem . E quan do m eu pai m e pr esen-teou com uma quantia de dinheiro(proveniente da venda de um velhoFusc a), no p ensei duas vezes em abrir

    uma portinha (minha primeira lojaInsinuante) na Baixa dos Sapateiros,um bairro de comrcio popular emSalvador (BA ). A princpio eu vendiaapenas colch es e alguns m veis, maso gosto que eu tinha pelo comrcio,herdado de meu pai, aliado minhadeterminao, me impulsionaram aabrir cada vez mais lojas e a diversificaros meus n egcios. Em pouc o tempo, a

    Insinuante j estava entre as m aioresredes de varejo da Bahia.

    C&P Nos ltimos nove anos,

    o comrcio varejista na Bahia

    cresceu fortemente. A quais

    fatores o senhor atribui essa

    expanso?LCB Os fatores prepond erantespara o crescimento foram o aumento

    dos emp regos form ais no estado; asaes promoc ionais dos empresrios,como, por exemplo, as campanhasdo Liquida; as medid as de expansodo crdito e da renda real dos traba-lhadores prom ovidas pelo governofederal; e a poltica de incentivo dogoverno ao consumo, atravs dareduo de alquotas de IPI para al inha branca e m veis.

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    ENTREVISTA

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    C&P Esse mercado em expansofoi uma das razes para a estra-

    tgia de criao da Mquina de

    Vendas?

    LCB A expanso do consumo n aRegio Nordeste, associada ao cres-cimento do com rcio varejista baiano,atraiu novas redes e, consequente-mente, m aior comp etitividade. Isso nosobrigou a desenvolver um a estratgiade blindagem que nos tornasse m aiscompetitivos no apenas em preo,mas tamb m na oferta de crdito e nam elhoria de nossos servios.

    C&P O que mudou nos negcioscom a adeso da estratgia da

    Mquina de Vendas?LCB As principais mudanas soo ganho de sinergia entr e as equipesde trabalho, atravs da adoo dasm elhores prticas de cada uma dasredes, e reduo de despesas, porconta do aum ento da eficincia dosprocessos. Tivemos tambm ganhode escala nas compras e o fecha-mento de grandes parcerias que

    possibilitaram M quina de Vendasconquistar novos negcios em outrossegmentos de mercado.

    C&P O que a Mquina de Vendastrouxe de benefcios para os

    consumidores baianos?LCB Com o aum ento de escala,conseguimos ofertar nossos produtoscom preos mais comp etitivos do quea con corrncia, oferecendo m elhoresform as de pagamento. Isso tudo ajudaa tornar nossa em presa mais atrativapara o m ercado consumidor.

    C&P Qual a impor tncia econ-mica da Mquina de Vendas paraa Bahia (impostos, gerao de

    empregos etc.)?LCB Hoje, a Mquina de Vendas um a grande geradora de empregos.Com cerca de 150 lojas na Bahia, umdos grandes con tribuintes de tributosno estado. Alm disso, geramos m aisde 5 mil empregos diretos e 18 milindiretos dentro do estado.

    C&P Na avaliao do senhor, consi-derando o extraordinrio compor-

    tamento do segmento de mveis

    e eletrodomsticos no primeiro

    semestre de 2011 e o seu tmido

    desempenho no primeiro semestrede 2012, o que estaria determinandoesse movimento? E quais as suas

    perspectivas para o comportamento

    do comrcio varejista, bem comopara o segmento de mveis e eletro-domsticos nos prximos meses?LCB No p rim eiro semestre de 2012,o varejo apresentou um crescim entode 9,1% em r elao ao mesm o perododo ano anterior. evidente que o ritm oorquestrado pela nossa econom iaemergente poderia nos trazer umcrescim ento m aior. Por conta disso,

    seguimos otimistas em relao aosegundo semestre de 2012, perodoque sempre representou grande parte

    do nosso faturamento anual.

    C&P As projees para os

    prximos anos ainda so de cres-cimento no segmento de mveis eeletrodomsticos? A holding estpreparada?LCB Est. Desde que houve afuso, nossa principal preocupao a melhoria dos nossos processosadministrativos, nossa logstica,treinamento das nossas equipes devendas e de atendim entos ao cliente.Investimos tamb m na m odernizaodo nosso parque tecnolgico e dosnossos sistemas informacionais.Isso nos confere a tranquilidade paraatender a crescente demanda para osprximos anos.

    C&P Qual o papel da classe C

    nessa expanso?LCB O aumento do nmero depessoas e do poder aquisitivo daclasse C fez com que hou vesse umcrescimento do consumo. Almdisso, as polticas empreendidaspelo governo p ossibilitaram p ara estepblico a com pra da casa prpria, oque tambm amplia o consumo dem veis e eletrodomsticos.

    Hoje, a Mquinade Vendas umagrande geradora de

    empregos. Geramosmais de 5 milempregos diretose 18 mil indiretosdentro do estado

    A expanso doconsumo na RegioNordeste, associadaao crescimento docomrcio varejistabaiano, atraiu

    novas redes e,consequentemente,maior competitividade.Isso nos obrigoua desenvolveruma estratgiade blindagem

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    as ou tras. Goodspeed (2002), por exem plo, desenvolveum modelo terico em que o governo central concedesocorro financeiro devido a endividamentos para as

    unidades com m aior peso eleitoral. A influncia r efere--se tanto importncia poltica como financeira parao governo central e tende a ser benfica s unidadesm aiores, m ais ricas e articuladas.

    Um segundo ponto imp ortante que as administraeslocais podem ser alvo m ais fcil de grupos de interesse.Governos de mu nicpios pequenos tendem a ser bastanteinfluenciados p elas elites locais, que teriam a possibili-dade de desviar os p rogram as pblicos p ara benefcioprprio, em detrimento da m inoria pobre5. Essa influnciaseria o reflexo, entre outr os fatores, do pod er econm ico,que na maioria das pequenas cidades exercido por um areduzida parcela da populao. Cabe ressaltar aqui queno se trata necessariamente de corrup o, mas sim deascendncia polt ica da elite como m ecanismo d e desviodos servios em seu favorecimento.

    Algu ns textos, com o os de Galasso e Ravallion (2000) eLanjouw e Ravallion (1999), tambm apresentam estaideia. Estud os com o os de Gaiha e Ku lkarni (2002), apli-

    cados na ndia, mostram que parte signif icat iva dosrecursos de program as de combate pobreza no pasfoi desviada. A realidade no to diferente no Br asil.Conform e argum enta Tendler (1997, apud B ARDH AN;M OOKH ERJEE, 2005), o principal ob stculo p ara m elho-r ias no sistema de sade n o Cear seria a inf lunciada elite local.

    5 A esse respeito, ver o modelo de Bard han e M ookherjee (2005).

    Assim, percebe-se que a alocao dos recursos e osrespectivos resultados dos programas de com bate pobreza em am bientes descentralizados sofrero influ-ncia tanto da disputa entre os membros federativos,

    com o da capacidade dos governos locais de receber osbenefcios e destin-los de forma correta.

    O MODELO DE CONCENTRAO EESTIMAO ECONOMTRICA

    Para tratar das qu estes levantadas, o presente trabalhoseguir uma dupla orientao m etodolgica. Inicialment e,sero calculados e comparados ndices de concen-trao, tanto para a pobreza, como para a destinao

    dos recur sos do Program a Bolsa Famlia entre os estadose regies do p as. Objetiva-se, com isso, verific ar no sse o programa est contribuind o para a diminuio dasdesigualdad es interpessoais de renda, do ponto de vistanacional, com o tambm se colabora com a reduo dasassimetrias espaciais de con dies econm icas e sociais.A m otivao desta verif icao repor ta-se questo dopoder das unidades eleitoralmente m ais influentes sobrea distribuio espacial dos recursos.

    O ndice de concentrao Hirschm an H erfindahl (ndiceHH ) norm almente util izado pelos econom istas indus-triais para medir a concentrao do m ercado. SegundoJannuzzi e Santos (2006), foi introduzido na dcada de1940 com o indicador de vis de mercado 6. O ndic e seraqui empregado para m edir a concentrao das transfe-rncias, sendo c alculado da seguinte maneira:

    (1)

    onde qiqi

    representa os valores do program a para o

    estado i, com i=1,,ki=1,,k; e qj qj representa a somados valores totais do programa de todos os estadosno ano j, com j=1,,nj=1,,n. Cada s

    isi

    representa aparticipao do estado no montante total de recursosliberados no ano. J o ndice HH representa o nvel deconcentrao do estado no volum e de recursos liberadosno p erodo 2006-2010. A classific ao a seguin te: para

    6 Mercado tendencioso, que favorece determinado setor ou setores.

    A presena das transernciasaz surgir uma srie de outras

    preocupaes que no podemser desconsideradas no desenhode qualquer poltica pblica

    Conj. & P lanej., Salvador, n.176, p.26-33, jul./set. 2012

    ARTIGOSSemramis Mangueira de Lima, Larcio Damiane Cerqueira da Sil va,Carlos Eduardo Gasparini

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    por p obres (R$ 442,02). Em c omp arao com Sergipe,que r egistra R$ 177,89, por exemp lo, o valor apresent adopelo estado do Rio Grande do Nor te passvel de ques-tionamento. Sergipe tem um nmero maior de pobres

    do que o Rio Grande do N orte, mas o valor das transfe-rnc ias inferior.

    Os resultados da estimao econom trica, que buscouavaliar quais variveis exercem m aior im pacto estatsticosobre a distribuio dos recursos do Programa BolsaFamlia, so apresentados a seguir. Aps os testes deespecificao indicados seo d e m etodologia, o m odelofoi estimado com efeitos fixos e apresentou a configu -rao m ostr ada na Tabela 3.

    Os dados permitem constatar que, em um nvel de signi-ficnc ia de 5%, todas as variveis so signific ativas esta-tisticamente, como se observa pelos resultados do testet-statistic para os betas encontrados. E o m odelo obteveum bom ajustamento, j que o coeficiente de determi-nao R2 teve valor apr oxim ado d e 1, ou seja, as variveis

    utilizadas explicam 93% das variaes nos recursos noProgram a Bolsa Famlia. Os dados do teste de Durbin-Watson indic am a ind ependncia dos erros das variveisexplicativas. O resultad o para a varivel elite con firm a a

    hiptese de que, no Brasil, esse grupo soc ial realmenteinfluencia o p rogram a. O efeito m arginal da varivel foipositivo, isto , melhorias na varivel geram variaespositivas no montante de transferncias. O que maisintriga nos r esultados, no entanto, o parmetro asso-ciado varivel pobreza, no c aso, a propor o de pob res.O sinal negativo obtido con traria diretamente o intuito doprogram a, demon strando que, quanto maior for a pobrezalocal, menores sero as transferncias. Em resum o, osresultados perm item observar que no h concentraoregional dos benefcios do programa, quando se sabe

    que a pobreza no pas regionalmente localizada. Poroutr o lado, h a sinalizao clara de vis na distribui odo benefcio para localidades menos necessitadas.

    A BAHIA

    O estado baiano apr esentou HH de 4,836, valor dentroda escala de concentrao, mas, em comparao aosoutros estados do Nordeste, o menos concentrado.Com relao ao valor das transferncias por n m ero depobres, tambm se verif ica que a Bahia fica em ltimolugar, confor m e a Tabela 4.

    A Bahia possui, em relao aos outros estados doNordeste, a maioria da populao pobre, ou seja, o

    Tabela 2Relao de concentrao das transferncias porconcentrao de pobres para estados do Nordesteno ano de 2010

    (Em Reais)

    Regio nordeste

    Alagoas 309,38

    Bahia 149,58

    Cear 155,83

    Maranho 268,69Paraba 195,85

    Pernambuco 325,73

    Piau 387,76

    Rio Grande do Nor te 442,02

    Sergipe 177,89

    Fontes: Brasil (2012a, 2012b). Elaborao prpria.

    Tabela 3Resultado da estimao do modelo de painel para oBrasil

    Coeficiente t-statist ic

    0 -6,31 -6,28

    log(elite) 5,94 10,39

    log(pobreza) -0,18 -2,12

    R2 0,93

    Durbin-Watson 1,69Fonte: Elaborao prpria.

    Tabela 4Indicadores para a Bahia em comparao com oNordeste

    Estado Pobres

    %

    Transferncias

    %

    Transferncias/

    pobres

    HH

    Alagoas 4,11% 6,09% R$ 309,38 23,523

    Bahia 35,59% 25,49% R$ 149,58 4,836

    Cear 21,28% 15,88% R$ 155,83 6,258

    Maranho 10,82% 13,92% R$ 268,69 14,036

    Paraba 7,97% 7,47% R$ 195,85 9,316

    Pernambuco 10,11% 15,77% R$ 325,73 19,449

    Piau 3,63% 6,75% R$ 387,76 29,918

    Rio Grande doNor te 2,44% 5,17% R$ 442,02 37,358

    Sergipe 4,05% 3,45% R$ 177,89 6,807Fonte: Elaborao prpria.

    Conj. & P lanej., Salvador, n.176, p.26-33, jul./set. 2012

    ARTIGOSSemramis Mangueira de Lima, Larcio Damiane Cerqueira da Sil va,Carlos Eduardo Gasparini

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    estado abriga 35,59% dos habi tantes da regio que estona linha d e pobreza, o que justif ic a receber 25,49% dastransferncias do Program a B olsa Famlia destinadas ao

    Nordeste. Apesar disso, o estado no apresenta con cen-trao, refletindo uma distribui o eficiente dos recursos.

    Entretanto, em comparao com os outros estados, aBahia recebe um volume m enor de recursos por pobres,R$149,58, enquanto que outras unidades federativasangariam at m ais de du as vezes este valor. Este fato confirmado pelo ndice HH, que representa a concen-trao, mostrando que, por receber um volume menorde recursos/pobre, o estado apresenta o menor valorde conc entrao dos recur sos. Averigua-se que a B ahiapossui a m aioria da populao pobre do N ordeste e, aom esmo temp o, o estado que mais recebe recursos doprogram a. Entretanto, a relao entre recursos/pobr es inferior de todo o Nordeste. Logo, no apresentaconc entrao medida pelo ndice HH .

    CONCLUSES

    O trabalho procur ou analisar o Program a Bolsa Famlia de

    com bate pobreza com vistas a verificar se a descentrali-zao da poltica, com a partic ipao das trs esferas degoverno, gera imp actos distorcidos sobre a alocao e adistribuio regional dos recursos. A anlise confirmou ainflun cia das elites locais sobr e o volum e de benefciosconcedidos e que o percentual de pobres possui imp actonegativo sobre a distribuio dos r ecursos. Em outraspalavras, a estimao realizada perm ite afirmar que osrecurso s so menor es tanto mais pobr e a regio, o querepresenta um a inverso total dos objetivos explcitos do

    program a. Assim, torna-se necessria uma reavaliaodo m ecanismo d e repasses do Program a Bolsa Famlia,com um a m udana de foco, para que seus objet ivossejam alcan ados em plenitude.

    Para o estado da Bahia, levanta-se o questionamentosobre o volume total de recursos recebidos em razodo nm ero de pobres. No se objetiva aqui afirm ar queo volume de recursos para o Nordeste exorbitante,mas sim que, para a Bahia, est abaixo da mdia doNord este. Um a possibilidade seria o aum ento dos valoresdestinados ao estado, uma vez que a popu lao neces-sitada superior de outros estados da m esma regio.Alm disso, representaria uma melhor distribuio derecursos na regio.

    Um fato intrigante que, apesar de o program a possuirum teto de benefcios de R$ 306, alguns estadosrecebem, em m dia, acima d esse valor, com o Alagoas,Pernambu co, Piau e Rio Grande do Nor te. O fato podeter com o justif icativa a m aior atrao de recursos pelosgovernos d estes estados, por serem m ais influentes emsuas polticas de renda e desenvolvimento.

    Apesar das limitaes apontadas, no se pode negar queos nveis de pobreza se redu ziram no pas. Mas tam bmno se pode atribuir essa diminui o integralmente aosucesso do m odelo adotado para comb ater a pobreza.A poltica de distribuir renda apenas uma tentativa,m uitas vezes contestada, de solucionar o problem a emcur to prazo. Apenas com o aper feioam ento do desenhofederativo e de seus mec anism os de transferncia poder--se- vencer a tarefa rdua d e transform ar o gasto d ecurto prazo em investimentos que retornem na formade em pregos sustentveis.

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    Averigua-se que a Bahia possuimaioria da populao pobre

    o Nordeste e, ao mesmoempo, o estado que maisecebe recursos do programa

    Conj. & Pl anej., Salvador, n.176, p.26-33, jul./set. 2012

    O programa Bolsa Famlia e a polti ca de descentralizao: impactos sobre a pobrezano Nordeste e na Bahia

    ARTIGOS

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    ARTIGOSSemramis Mangueira de Lima, Larcio Damiane Cerqueira da Sil va,Carlos Eduardo Gasparini

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    A gesto dasONGs e o seu

    potencial decontribuio como desenvolvimentoeconmico baiano

    Antonio Oliveira de Carvalho*

    lvia Mirian Cavalcanti Fadul* *

    As organizaes no governamentais (ONGs) socriadas a partir de movimentos de mobilizao

    social nas diversas regies do mundo, sobretudona Amrica Latina, Europa e Estados Unidos. Elasrepresentam o processo de ordenao e for taleci-mento de setores da sociedade civi l e apresentamdisposio para se organizar na elaborao e reali -zao de aes. Com isso, estabelecem um novomodelo de relao Estado/sociedade a partir da

    atuao em reas com l acunas ou incompletudesdos servi os pblicos. Alm de representar um setorsocial atuante ao lado do Estado, de forma comple-mentar, as ONGs tambm influenciam e mobi lizama sociedade e as organizaes privadas em tornode causas de interesse comum, para a criao depolt icas de responsabil idade social. Desta forma,representam um segmento de carter polt ico capazde colher os ecos das demandas sociais e lev-los

    ao poder pbl ico em busca das solues e de atuarcomo agente econmico e social.

    * Mestre em Adm inistrao; MBA em Finanas Corporat ivas; graduado em Adm i-nistrao; docente de cursos de gradu ao e de ps-graduao d a Unifacs, UFRB,Faculdade Ruy Barbosa, Unirb e UniJorge e pesquisador nas reas de finanas,gesto estratgica e elaborao de estudos econmicos, projetos e planos denegcios. [email protected] e [email protected]

    * * Doutora em Urbanismo; mestre em Polit ique Urbaines; mestre em Adminis-trao; graduada em Admin istrao Pblica; professora t i tular e pesquisadorae coordenadora do Programa d e Ps-Graduao em Adm inistrao da Unifacs;professora colaboradora do NPGA e do CIAGS da EAUFBA. elvia@un ifacs.br

    Conj. & Pl anej., Salvador, n.176, p.34-45, jul./set. 2012

    ARTIGOS

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    redesenho do m odelo de gesto pblica e de reestrutu -

    rao do Estado e colocaram o pas em outra perspectivade desenvolvimento econm ico, com a abertura das fron-teiras geopolt icas ao c apital estrangeiro e a superaoda inflao. Embora econom icam ente relevantes, essastransformaes no con triburam de forma efetiva para asuperao da pob reza e dos problem as sociais histricos,que continuaram afetando as camadas m ais pobres dapopulao, mesmo em perodos de crescimento econ-m ico. Esse fato contribuiu p ara o surgimento de grupose organizaes da sociedade civil intencionad os a atuarna m inimizao das causas dos problem as sociais, ouseja, uma sada forada da posio apenas polticapara a de agente econmico, interventor e prom otor dedesenvolvimento.

    Este perodo, segun do Ac iloli (2008), apresentou gr andecrescim ento do terceiro setor brasileiro, im pulsionado noapenas pelas conquistas sociais e reconhecimento dasociedade civil, mas p ela perspectiva de financiamentocom recursos advindos de agncias internacionais quereconheceram nas ONGs brasileiras potencialidade para

    desenvolverem p rojetos para redu o da pobreza e aten-dim ento de reas prioritrias. Esse processo tamb m foiinfluenciado pela adoo de um a nova postura do governobrasileiro, com a descentralizao de aes sociais eeconmicas. Essas aes foram confiadas s ONGs,com a transferncia de recursos financeiros, resultandoem um cenrio novo para elas. Alm de atuao poltica,essas organizaes devem apresentar capacidade d egesto e de sistematizao de resultados, de forma am ostrar e comprovar o alcance de m etas prometidas e

    A liberdade econmica deveser percebida como parte daliberdade em seu sentido maisamplo e tambm como umindispensvel instrumento parao alcance da liberdade poltica

    Dur ante dcadas, em virtud e do regime governam entalvigente e da dificuldade de estruturao econmicabrasileira, as ONGs se posicionar am excessivamente nocampo polt ico. Muito embora apresentassem em seu

    discurso a pretenso da promo o do bem-estar social,negavam um a atuao econmic a por acreditarem quea promoo da igualdade e do desenvolvimento seriapossvel a p artir d a liberdade in dividual (dem ocracia),sem se p ensar no bem -estar m aterial. Essa negao considerada equivocada luz de pensadores com o MiltonFriedm an, que considera indiss olveis as relaes entr epoltica e econom ia.

    Geralm ente se acredita que poltica e econom ia cons-

    t i tuem terr itr ios separados, apresentando pouqus-

    simas inter-relaes; que a liberdade individual u mproblema polt ico e o bem-estar material, um problema

    econm ico; e que qualqu er tipo de organizao poltica

    pode ser com binado com qualquer t ipo de organizao

    econm ica (FRIEDM AN , 1985, p. 8).

    Para Friedm an (1985), o proc esso de org anizao daeconomia possui importante papel na construo deuma sociedade livre. A liberdade econmica deve serpercebida com o parte da liberdade em seu sentido maisamplo e tambm como um indispensvel instrumentopara o alcanc e da liberdade polt ica. Friedm an destacaa existncia de preconceito dos intelectuais contra aconsiderao de fatores econm icos e uma tendncia emdesprezar par te imp ortante do processo de desenvolvi-m ento hum ano no que diz respeito ao material. Segundoele, passa-se a con siderar aspectos ideolgicos com opressup ostos de valores mais elevados e pertenc entes aum plano diferente, os quais recebem especial ateno.No entan to, Friedm an destaca qu e, para os cidados ouat mesm o para os intelectuais , a liberdade econm ica,

    ou a economia com o um todo, em seus atributos quoti-dianos, que impactam a vida de todos e so percebidospor todos, deve receber significao com o instrum entode obteno d a liberdade polt ica.

    No qu e se refere s mu danas de paradigm as, que alterama concep o de atuao poltica para um vis econmic o,o Br asil na dc ada de 1990, segundo Filgueiras (2000), foim arcado por uma srie de reform as de ordem econmica,poltica e admin istrativa. Essas m udan as resultaram no

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    ARTIGOSAntonio Oliveira de Carvalho, lvia Mi rian Cavalcanti Fadul

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    Regio Metrop olitana de Salvador e no semirido baiano.Elas foram escolhid as pelos seguintes critrio s: ter sidofundada n o incio da dcada de 19901 e ter experinciana gesto d e projetos financiados por fontes externas.

    Partiu-se do pressuposto de que a p rofissionalizao dagesto e a estruturao administrativa contribuem parao desempenh o e o alcance de sucesso na execuo deprojetos. Destacaram-se alguns aspectos con sideradosvitais luz do referenc ial terico u tilizado, que so:

    Na dim enso da organizao: a) tam anho e qu alificaotcnica 2 do quadro de pessoal; e b) volum e de recursoscaptados e capacidade de m obilizao de financiadores.

    Na dimenso da estrutura: a) a existncia de estrutu-rao hi erarquizada e especializada (depar tam entos); eb) a existncia de setor especfico para gerenciamentode pr ojetos.

    Por se tratar de um a anlise comp arativa e para preservar

    as organizaes em sua im agem e inform aes, foramomitidos n este artigo dados que possibilitassem a suaidentif icao. Para distino entre as ON Gs, formaram --se dois grupos:

    1 Para que atenda o critrio de ter convivido com pelo menos parte doperodo de transformaes polticas, econmicas e sociais ocorridas nadcada de 1990.

    2 Aqui se entende quali f icao tcnica como a form ao tcnica ou acad-mica adequada s necessidades da organizao para atender s exign-cias no cenrio atual.

    Grupo A organizaes que alcanaram grande cres-cim ento, desenvolveram grandes p rojetos, tm visibi-l idade e reconhecim ento do pblico e dos parceirose f inanciadores e possuem grandes e m odernas

    estruturas administrativas. As organizaes foramidentifi cadas co m o A1, A2, A3 e A4. Grupo 2 organizaes que no cr esceram, no

    desenvolveram gran des projetos, no alcan aramv is ib i lidade e reconh ec imento d os f inanc iadores,possuem es t ru turas precr ias e equ ipes l im i -tadas. Estas foram ident i f icadas como B1, B2,B3 e B4 .

    Utilizou-se o m odelo de pesquisa exploratria e a m eto-dologia fenomenolgica. Os dados coletados foram decarter descritivo e o am biente (as organizaes) foi

    a fonte direta de dados. Os m todos util izados para acoleta de dados foram:

    De fontes prim rias: entrevistas com ocupantes decargos e funes-chave: a) representante legal; b)diretor f inanceiro ou contador; e c) coordenador ougerente de projetos. Foi utilizado um roteiro semies-truturado, que possibil i tou maior flexibil idade efluidez nas entrevistas e liberdade ao entrevistadode expressar-se de form a oral e no oral.

    De fontes secundrias: anlise documental, paracorroborar ou refutar as informaes das entre-vistas, tais com o: projetos, term os de convnios oucontratos, relatrios tcnicos, livros de registro deempregados, demonstraes contbeis e presta-es de contas.

    REFERENCIAL TERICO

    Para fundam entao deste trabalho foram uti l izadostrs temas: a teoria do desenvolvim ento de Schum peter,

    por sua c onsistncia na discusso do desenvolvimentoeconm ico; as proposies de anlise da gesto estra-tgica de Porter e outr os autores, por ser consideradarea da gesto contempornea que trata as questesrelacionadas eficincia em administrao; e a gestosocial disc utida por Fischer, Falconer, Tenrio e ou tros, apartir d e um a anlise contextualizada em dois aspectos:o fenm eno da administrao imp osto pelas mud anasamb ientais e as especificidades da gesto hbrida, que polt ica, econm ica e social.

    Partiu-se do pressupostode que a profssionalizaoda gesto e a estruturaoadministrativa contribuempara o desempenho e oalcance de sucesso naexecuo de projetos

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    Teoria do desenvolvimento econmico

    Os economistas tradicionais (clssicos e neoclssicos)analisaram as relaes econmic as supondo que a estru-

    turao com ercial de um Estado a partir da propriedadeprivada, da diviso do trabalho e da livre concorrncia suficiente para gerao do equilbrio econmico.Consideran do-se esta hiptese, as mu dan as so apenasde carter adaptativo e seguem transform aes conjun-turais, sejam estas oscilaes ocasionais, sazonais ou deforma c ontnua. Esse pressuposto de um equilbrio econ -mico esttico conc ebe que a atividade econmica tem seufuncion amento de form a essencialm ente circular, consi-derando apenas as determ inantes imediatas da produode um a econom ia e do processo de desenvolvim ento.

    Para Schum peter (1982), necessrio c omp reender odesenvolvim ento para alm da h istria econmic a, queconsti tui apenas um a parte da histria universal, tratadaseparadamente apenas para fins de explanao. Deacordo com o autor, existe uma interdependncia entreo aspecto econmico e os dem ais aspectos da vidahumana e da sociedade. Assim, no se pode explicara ocorrncia de mudana econmica observando-sesomente as condies da econom ia. O estado econm icono resultante somente das condies econmicas,m as do conjunto d e relaes sociais.

    O proc esso social [...] um todo indivisvel. De seu grande

    curso, a mo classificadora do investigador extrai arti-

    ficialmente os fatos econmicos. A designao destes

    fatos j envolve uma abstr ao, a primeira entre m uitas

    que nos so impost as pelas condi es tcnicas da cpia

    mental da realidade. Um fato nunca pura ou exclusi-

    vamente econmico; sempre existem outros aspectos

    em g eral m ais imp ort antes (SCHUM PETER, 1982, p. 18).

    Den tre os entraves para se analisar o desenvolvimento,alguns tericos destacam a dificuldade de se quantif icarm uitas caractersticas de fatores relevantes no proc essode produ o que fogem lgica tradicional capitalistados clssicos. Quando se confrontam foras sociais,polticas e econmic as que no podem ser ordenadaspor um a hierarquia clara de causa e efeito, considerandoque essas foras encontram -se, na prtica, intrinseca-m ente inter-relacionadas, o aspecto econm ico o qu e

    m ais se sobressai.

    Para Schumpeter (1982), o processo de produo deveser visto com o a com binao de foras produtivas querenem elementos essencialmente materiais e outrosimateriais. No prim eiro caso esto os fatores originaistradicionais da produ o, a terra e o trabalho, dos quaisprocedem todos os bens. No segundo esto os fatostcnicos e de organizao social. este conjunto defatores que se objetivou analisar neste artigo: a capaci-dade das ONGs na gerao de resultados e na con tri-buio para o desenvolvim ento.

    Gesto estratgica

    A gesto estratgica, m odelo contempor neo baseadona eficincia gerencial e fundam entado nos princpiosde gerao de riqu ezas, maxim izao de luc ros e desen-volvim ento econm ico, tem com o seu pilar central oalcance de eficincia em gesto a partir de aspectos

    com o planejam ento, anlise do amb iente e busca devantagem com petit iva.

    A evoluo dos negcios n o perodo ps-guerra trouxeconsigo o fenm eno da com petit ividade, pelo qual aoferta se sobrepe demanda e exige das empresasesforo maior para obteno de participao de m ercado.Este cenrio gerou tamb m incerteza. Cada movimentodepende da movimenta o de concorrentes e de outrosfatores. Assim, o planejamento tornou-se indispensvel

    Dentre os entraves para se

    analisar o desenvolvimento,alguns tericos destacam adifculdade de se quantifcarmuitas caractersticas deatores relevantes no processode produo

    Conj. & Pl anej., Salvador, n.176, p.34-45, jul./set. 2012

    A gesto das ONGs e o seu potencial de contri buio com o desenvolvimentoeconmico baianoARTIGOS

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    para antever e elaborar m ovim entos futuros. SegundoAckoff (1974), o conhecim ento do fu turo limitad o e podeser dividido em c erteza, inc erteza e ignor ncia. Ou seja,h aspectos do futuro sobre os quais se pode ficar virtu -

    almente cer to; h m udan as que so inevitveis, no sepode interferir; e h coisas que no mu daro, independemdas foras volta (ACKOFF, 1974, p. 11).

    O foco n o futuro tornou-se indispensvel para a long evi-dade e o crescim ento das em presas. Para Ans off (1977),a preocupao exclusiva com os resultados prximospode levar a or ganizao a exaurir-se e ser d escontinuad aou ficar obsoleta. A formulao de uma estratgia ,segund o Por ter (1986), a essncia, o desenvolvimento deum a frmula ampla de com o a organizao ir competir,

    suas m etas, polt icas, alm da observao do am bientee de sua amplitude. O autor elegeu o qu e denomina d eforas competit ivas, classificadas em cinco, conformeilustr a a Figura 1.

    Na anlise baseada nas cinc o foras, considera-se: arivalidade do setor e os concorr entes prximos; a am eaade novos entrantes com maior inovao, tecnologia eeficincia; a ameaa de servios ou produtos substi-tutos; o poder de negocia o de fornecedores; e o poderde negociao dos com pradores. Para as ONGs, bastaadaptar-se fornecedores para financ iadores e com pra-dores para beneficirios. Os demais aspectos so seme-lhantes em qualquer setor.

    A anlise do ambiente sugere a identificao dos fatorescrticos de suc esso qu e o setor exige e que qu alif icaroa organizao para atuar de form a eficiente, garantindoliderana ou participao no mercado, lucratividade e

    longevidade. Para as ONGs, observar o amb iente poltico,demogrfico, tecnolgico e, sobretudo, as mudanaseconm icas fundam ental: qual rea recebe financia-mento, qual regio do pas ou do estado concentra apobreza, quais polticas esto sendo criadas ou am pliadaspelos governos, quais reas esto propensas a receberm ais financiam ento, dentre outros aspectos.

    Adotar um p osicionamento uma tarefa com plexa. Assim,Porter (1986) prope um modelo genrico possvel, queele cham a de estratgia genrica, a par tir de trs par-

    m etros ou p osies: a) diferenciao: posio de efici-ncia e de reconhecimento que torna a concorrnciairrelevante e o com prador fiel. Para as ONGs, a eficincia determ inante para o reconhecim ento de financiadorese de beneficirios; b) liderana do custo total: posioem que, sem com prom eter a qu alidade, util iza-se estru-tura de b aixo custo e se obtm ganho de escala. Paraas ONGs, a capacidade de fazer muito com poucosrecursos; e c) nich o ou foco: posio de especializaoem um segmento r estrito e de difcil penetrao. Paraas ONGs, trata-se do atendimento especializado de umpblico especfico ou um a m etodologia inovadora.

    Outr a prop osio d e Porter (1989) a de cadeia de valores.Trata-se da desagregao de um a organizao em suasatividades e a identifi ca o da relevncia e do potenc ialde cada um a delas, para eleger as que so estratgicas ecentr ar esforos na sua otim izao. A cad eia de valores,segundo Porter (1989), possibilita o ord enam ento dasatividades em primrias aquelas responsveis pelaprod u o, venda e entrega, ou seja, as atividades perc e-

    bidas diretamente p elo cliente/beneficirio e d e apoio,que do sustentao s atividades primrias.

    Para Porter e Kramer (1999), embora as fundaes decaridade3 tenham comprom etimento social, questiona-sese a sociedade est colhendo os frutos desse com pro-metimento. Segundo os autores, essas organizaes

    3 Termo que os autores utilizam para definir as organizaes humanitrias,educacionais e culturais sem fins lucrativos nos Estados Unidos.

    Entrantespotencias

    Ameaa de novosentrantes

    Concorrentesna indstria

    Rivalidade entreempresas existentes

    Poder de negociao

    dos com pradores

    Ameaa de serviosou produtos substitutos

    Poder de negociao

    dos fornecedores

    Compradores

    Substitutos

    F