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ECONOMIA Formalização de impostos ambientais como instrumentos econômicos de adaptação e mitigação ante os efeitos do aquecimento global. TECNOLOGIA O llavEOZ é um dispositivo tecnológico de baixo custo, premiado pelo BIRD como uma das melhores inovações em água, energia e saneamento para países em desenvolvimento. ANO 7 | 2011 | Nº 13 ISSN 1659-2697 COSMOLOGIA MAIA DA ÁGUA Os princípios de uma civilização ancestral dão luz à Gestão Integrada do Recurso Hídrico no século XXI

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ECONOMIAFormalização de impostos ambientais como instrumentos econômicos de adaptação e mitigação ante os efeitos do aquecimento global.

TECNOLOGIAO llavEOZ é um dispositivo tecnológico de baixo custo, premiado pelo BIRD como uma das melhores inovações em água, energia e saneamento para países em desenvolvimento.

ANO 7 | 2011 | Nº 13

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COSMOLOGIA MAIA DA ÁGUAOs princípios de uma civilização ancestral dão luz à Gestão Integrada do Recurso Hídrico no século XXI

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CONSELHO EDITORIAL

Beneditto Braga | Vice-presidente do Conselho Mundial de Água (WWC). Professor Titular da EscolaPolitécnica da USP (Brasil)

Maureen Ballestero | Presidente da Global Water Partnership (GWP) Costa Rica. Membro do Comitê Diretivo da GWP América Central

Claudio Osorio | Assessor Regional em Redução de Desastres, Iniciativa Água e Saneamento UNICEF TACRO

Eduardo Mestre | Diretor da Tribuna da Água, Expo Zaragoza 2008

DIRETORA GERAL | Yazmin Trejos

PRODUÇÃO EDITORIAL:Satori Editorial | www.satoreditorial.com

EDITOR CHEFE | Boris RamirezEDITORA DE ARTE | Carmen AbdoDESIGN | Gerson TungREVISÃO | María del Mar GómezCAPA | Carmen Abdo

COLABORADORESMario Molina, Prêmio Nobel de Química, 1995.Julia Carabías, Membro do Fórum de Alto Nível das Nações Unidas sobre Sustentabilidade Global.José Sarukhan, Coordenador Nacional da Comissão sobre Conhecimento e Uso da Biodiversidade do México e ex-reitor da Universidade Nacional Autônoma do México.Jean Carlos de Andrade Medeiros, Coordenador do Programa de Formação e Mobilização Social para a Convivência com a Região Semiárida do Brasil (ASA).Ingrid Spiller, Representante para o México, América Central e o Caribe da Fundação Heinrich Böll da Alemanha.Flor Cassassuce, Diretora do Grupo Social EOZ.Equipe Técnica do Global Water Partnership Guatemala.

ADMINISTRAÇÃO E DISTRIBUIÇÃOLuis Alonso Ramirez

VERSÃO EM PORTUGUÊSElisa Homem de Mello e Candeias | EB VERSÃO BRASILEIRA

FALE [email protected]

Uma publicação promovida pelo Grupo Mexichem

ECONOMIAFormalização de impostos ambientais como instrumentos econômicos de adaptação e mitigação ante os efeitos do aquecimento global.

TECNOLOGIAA LLAVEOZ é um dispositivo tecnológico de baixo custo, premiado pelo BIRD como uma das melhores inovações em água, energia e saneamento para países em desenvolvimento.

ANO 7 | 2011 | Nº 13

ISSN

165

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COSMOLOGIA MAIA DA ÁGUAOs princípios de uma civilização ancestral dão luz à Gestão Integrada do Recurso Hídrico no século XXI

ANO 7 | 2011 | Nº 13

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CONTEÚDO

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CAPACOSMOLOGIA MAIA DA ÁGUAA civilização Maia, que durou 3 mil anos, continua surpreendendo o mundo com a sofi sticação e amplitude de seus conhecimentos, no qual a água desempenha papel primordial, baseando-se em três relações fundamentais: com o Ser Supremo, com a Mãe Natureza e com nossos semelhantes. A Gestão Integrada de Recursos Hídricos (GIRH), segundo a perspectiva maia, tenta relacionar uma profunda análise de nosso interior com o “todo”.

06ECONOMIAECONOMIA E MUDANÇA CLIMÁTICAOs impostos ambientais poderiam ser instrumentos para gerar recursos econômicos para adoção de processos de adaptação e mitigação diante dos efeitos do aquecimento global. A formalização deste tipo de imposto é um instrumento viável para internalizar os custos gerados por emissões de dióxido de carbono e outros gases estufa.

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TECNOLOGIAA CHAVE PARA SALVAR VIDASO llavEOZ é uma inovação que vai ajudar um milhão de famílias no México a contarem com água limpa para consumo. O projeto foi premiado pelo BIRD como uma das melhores inovações em água, energia e saneamento para países em desenvolvimento.

26SAÚDEPOTENCIAL TERAPÊUTICOA água é um medicamento por excelência, segundo afi rmação do Dr. Fereydoon Batmanghelidj, que se dedicou a estudar as possibilidades terapêuticas da água para estabelecer uma nova visão em torno da saúde humana.

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PERSPECTIVA

CASOS

AMBIENTE

BREVES DO MUNDO

INFOGRÁFICO

OPINIÃO

ALTO PERFIL

INTERNACIONAL

CULTURA

SITES DE INTERESSE

CALENDÁRIO

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LEGISLAÇÃONOVA LEI É ESPERADA NO EQUADOR Autoridades tentam ganhar tempo para continuar com o trâmite de uma nova legislação, após um ano de denúncias e investigações. Comunidades, povoados e comunas exigem uma análise cuidadosa desta lei a fi m de determinar se a mesma vai ou não afetar os direitos coletivos.

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M asaru Emoto nos conta que “a longa viagem da água começou quando pedaços de gelo das partes mais distantes do universo chegaram a este planeta. Daí

surgiram as diversas formas da natureza e de vida que agora cobrem a superfície da Terra. E a partir de então, surgiu a civili-zação humana e nasceu a vida de cada indivíduo”.

O mesmo sentido profundo e espiritual em relação à água foi proclamado e vivido pelos Maias, a civilização ancestral meso-americana que nos deixou conhecimentos e reflexões, mate-mática e poesia. Na cosmologia Maia, a água foi a origem do Universo e a alma da Terra.

Há 3 mil anos, uma civilização ancestral experimentou uma convi-vência harmônica e natural com a água, em função da Natureza. Hoje, um grupo técnico do Global Water Partnership na Gua-temala relata, de maneira provocante, que pretende aplicar tais princípios em uma Gestão Integrada dos Recursos Hídricos (GIRH), à luz de nossos desafios atuais. Isto demonstra que, enquanto seres humanos, somos a soma das potencialidades que nos fazem donos de nossos destinos: de hoje, de ontem, de sempre.

Nesta edição da Aqua Vitae, comemoramos a conquista de tornar a água um tema de primeira instância nas atuais discus-sões sobre o equilíbrio a ser buscado por conta dos impactos

climáticos, graças à unidade e determinação do Grupo latino--americano de Diálogo Regional de Política sobre Adaptação à Mudança Climática no Setor Hídrico, pela primeira vez na Cúpula Mundial sobre Mudança Climática, realizada em Cancun (México),

Tem melhor forma de continuar comprometido, em 2011, com a busca por soluções, do que descobertas como a ChaveEOZ? Esta tecnologia regional tenta dar uma solução – segundo nossa rea-lidade e perspectiva – para que um milhão de famílias mexicanas possa ter acesso à água potável, por meio de um modelo que pode ser adaptado em muitos outros países.

Queremos comemorar a chegada de 2011 renovando o compro-misso da Aqua Vitae de continuar sendo um canal por onde o pensamento latino-americano flui em torno da construção de uma visão regional, sensibilizadora, transformadora e que faça o tema água e saneamento evoluírem.

Iniciamos o ano com otimismo, lembrando que a água é fonte de desenvolvimento e dignidade, como mostram os habitantes do semi-árido brasileiro, ao tirarem o máximo proveito da água da chuva com cisternas construídas pela própria comunidade.

Brindemos com, e pela água - neste 2011 -, para continuar a cons-truir a igualdade hídrica.

Yazmín TrejosDiretora - aqua Vitae

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PERSPECTIVA

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A civilizAção MAiA, que durou 3 Mil Anos, continuA surpreendendo

o Mundo coM A sofisticAção e AMplitude de seus conheciMentos. eles

doMinArAM terrAs Ao sul do México, dA GuAteMAlA, Belize, hondurAs

e el sAlvAdor, e desenvolverAM uMA culturA eM torno à nAturezA,

AstronoMiA, ArquiteturA, MAteMáticA e literAturA.

A cosMoloGiA MAiA, nA quAl A áGuA deseMpenhA uM pApel priMordiAl,

BAseiA-se eM três relAções fundAMentAis: coM o ser supreMo, coM A Mãe

nAturezA e coM nossos seMelhAntes.

A AquA vitAe ApresentA uM resuMo de uM inforMe dA GloBAl WAter

pArtnership (GWp), A fiM de reforçAr os ideAis MultisetoriAis e

MultidisciplinAres dA Gestão inteGrAdA dos recursos hídricos. destA

forMA, nos uniMos à voz do povo MAiA e às MuitAs outrAs que pArticipAM

do constAnte diáloGo eM torno à Gestão hídricA.

Mural de diego rivera. * imagens meramente ilustrativas sem valor verídico. foto: carmen Abdo

Uma contribUição para os desafios atUais

COSMOl O g i aMaia Da agUa'

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popol vuh – um dos poucos livros que restaram da civili-zação maia sobre suas lendas – afi rma ser a água fonte de origem do universo e a alma da terra.

“não se manifestava a face da terra. havia apenas o mar calmo e o céu em sua totalidade.”

“não havia nada que estivesse de pé. só havia a água em re-pouso, o mar manso, sozinho e tranquilo. não havia nada dotado de existência.”

“os progenitores estavam na água, rodeados de claridade. es-tavam escondidos sob as plumas verdes e azuis, por isso foram chamados Gucumatz.”

“como a névoa, como uma nuvem de poeira foram criadas quando surgiram da água as montanhas, naquele mesmo instante cresce-ram, então, as montanhas.”

“As correntes de água se dividiram, os rios começaram a correr livremente para os vales e as águas se separaram quando as mon-tanhas altas apareceram.” Além da importância da água no mito maia da criação, cultural-mente, assume-se a água como símbolo de vida, decisiva para se chegar à infi nidade de ovas colocadas pelos peixes. um exemplo disto está no sistema matemático e numérico zoomorfo maia, onde o caracol simboliza o zero, indicando que a origem da vida surge da água.

A água aparece nas escrituras maias como mola propulsora cria-dora da vida, como elemento constitutivo de todos os seres vivos e como dinâmica da fertilidade feminina. ela também é a trama que relaciona a medicina, os alimentos, a espiritualidade, a mitologia, a economia, as relações sociais e as festividades do povo maia.

uMA GeStÃO COM

VALOReSANCeStRAiSA GESTÃO INTEGRADA DOS RECURSOS

HÍDRICOS (GIRH), SEGUNDO A PERSPECTIVA

MAIA, TENTA RELACIONAR UMA PROFUNDA

ANÁLISE DE NOSSO INTERIOR COM O

“TODO”, DO MENOR AO MAIOR, DO

INFINITO AO PARTICULAR, ATÉ ALCANÇAR

UM PROCESSO COMUM E HARMÔNICO

CAPAZ DE CURAR A MÃE TERRA E OBTER

UM DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL.

POR ENG. AMALIA RACANCOF e OUTROS (*)

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Gestão inteGrAl do recurso hídrico A pArtir dA cosMovisão AncestrAl

uma verdadeira gestão integrada dos recursos hídricos com a inclusão do pensamento indígena poderia ajudar a mitigar a superfi cialidade e a discriminação em prol do cultivo de novas mentalidades, capazes de unir todos os demais, como afi rma a tradição maia: “não é possível pensar pelos outros, e tampouco sem os outros”.

Assegurar a gestão integrada dos recursos hídricos sob uma ótica pluricultural permitiria, além da satisfação da experiência histórica conjunta, cristalizar a relação entre os povos, promover trocas mútuas de orgulho e dignidade e endossar a edifi cação de uma comunidade nacional, com base na cooperação, na paz e na de-mocracia.é chegada a hora de administrar de maneira integrada os recur-sos hídricos, exteriorizando conjuntamente nossas preocupações e problemas coletivos, edifi cando sobre os patamares de uma ex-periência complexa, que há de nos mostrar o melhor modo para melhorar nossas relações com a água, não apenas do ponto de vista material como também com a profundidade do propósito espiritual do universo.

devemos tirar proveito desta oportunidade inigualável de diálogo permanente com a água e a natureza para crescermos individu-almente e fomentarmos melhores relações e uma maior compre-ensão entre nossos povos, o que nos permitirá resolver nossos confl itos sem recorrer à violência.

será praticamente impossível igualar os direitos e oportunidades entre as mulheres e os homens da Guatemala sem respeito à di-versidade histórica e cultural, a qual requer uma nova mentalidade na gestão integral dos recursos hídricos em nosso país. A gestão hídrica constitui uma imensa oportunidade de participação dos cidadãos no exercício da democracia, com o objetivo de assumir compromissos comuns entre os quatro povos que formam nossa nação e entre a sociedade em sua totalidade e o estado.

Gestão hídricA locAl

o desenvolvimento conceitual terra-água-universo-humanidade é inseparável, segundo os povos indígenas. para eles, o equilíbrio nesta relação, onde o todo e as partes se confl uem, é vital para a existência do ser humano.

A busca permanente do equilíbrio entre o coletivo e o individual, repetida em cada geração, sempre nos impreguina das leis cósmi-cas. e cada qual as reproduz em sua vida cotidiana até alcançar a capacidade comunitária de preservar e promover a coesão cultural e grupal, sempre conservando uma continuidade com a profunda memória coletiva.

e assim como o conceito da gestão hídrica em qualquer comu-nidade, não é possível se restringir à soma de certos elementos do processo técnico administrativo, tomados fora de contexto. Ao contrário, a gestão hídrica constitui o elo global de nossas vidas e da vida da Mãe terra.

(*) o estudo “O fenômeno da pluriculturalidade e gestão hídrica integrada no contexto da modernidade pluricultural da Guatemala” pode ser lido na íntegra no site: www.gwpcentroamerica.org

os autores são: engª. Amalia racancoj - Associação pro Agua del pueblo; engº. felipe Marcos - centro de Ação legal Ambiental e social da Guatemala; lic. olivia orellana - Ministério do Meio Ambiente e dos recursos naturais; lic. Juan diego González - faculdade latino-Americana de ciências sociais; engº. leonel herrera perera - fundação de defesa do Meio Ambiente de Baja verapaz; Arq. Jaime Alfredo orozco - comunidades Associadas pela água, Meio Ambiente, desenvolvimento integral e infra-estrutura na Bacia hidrográfi ca do rio naranjo; engº. rubén pérez - project concern international; lic. daniel Matul, lic. Jeanette de noack e lic. estuardo Barreno.

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os mais velhos dizem que o universo, em suas diferentes manifes-tações cíclicas, é o acento e o ponto de partida de todas as nossas ações. é por isso que a Gestão hídrica, para o contexto nacional, só será bem sucedida se os povos indígenas cooperarem através do exercício de nossa memória coletiva.

nossas formas de gestão não se confl itam em nada com as con-tribuições positivas provenientes do pensamento administrativo ocidental. se bem que a confl uência de ambas poderia constituir a solução para evitar a sede em nosso país e no planeta.

de nossa parte, estamos ampliando um novo conceito admi-nistrativo-contextual que contempla o exercício da convivência equilibrada, a vida plena criadora de alegrias coletivas, a ob-servação da lógica do terceiro incluído (unidade-diversidade--complementariedade), a vida como síntese de cooperação em todas as suas manifestações, a natureza como fonte de vida, o trabalho individual-coletivo e a fecunda relação espiritualidade--natureza como expressão indivisível da unidade espírito-matéria (conceito de hunab Kú) como grande matriz germinadora da trama cósmica.

no interior dos comitês – juntas locais organizadas e autorizadas a gerar o benefício coletivo – é desenvolvido todo um sistema de administração hídrica comunitária, que após 20 ou 30 anos subsistem como exemplos claros de gestão efi caz e efi ciente na comunidade e para a comunidade. A gestão implica em obter a propriedade da fonte do recurso, bem como os direitos de con-cessão, o aporte de jornais e cotas para o fi nanciamento e a ne-gociação de materiais, equipamentos e outros.

soB outrAs perspectivAs

enviamos o extrato dos trabalhos sobre cosmologia maia e apli-cação de Gestão integrada dos recursos hídricos (Girh) para um grupo de personalidades do setor hídrico e de saneamento de vá-rios países, a fi m de saber suas opiniões sobre esta abordagem. estes foram os comentários que recebemos. VICTOR POCHAT. Argentina. consultor regional responsá-vel pelo programa hidrológico internacional da unesco para América latina e caribe. na cosmologia Maia é particularmente marcante para mim a consideração da água como origem do universo e da alma da terra. se essa consideração é compar-tilhada ou não à luz de outras crenças mais difundidas hoje, o interessante é comparar a importância relativa de nosso senso comum sobre a água como “recurso vital” com essa concepção que dá à água um papel fundamental e transcendental como fonte do universo e sopro de vida na terra. A noção de diferentes povos indígenas quanto a conjugar organicamente humanidade com natureza é chave para compreender as inter-relações que a água – um recurso natural em movimento – cria o fl uxo de e pArA todos os outros recursos naturais e seres vivos, estabe-lecendo uma interdependência entre povos que compartilham deste recurso.

uMA APLiCAÇÃO AtuAL

Atualmente, as amplas responsabilidades dos comitês hídricos que atuam na Guatemala se resumem da se-guinte forma:

• velar pelo uso racional da água; • poder de decisão compartilhado entre os membros

da comunidade; • aplicação de sistemas de vigilância que assegurem o

bom funcionamento e a detecção de danos no sis-tema de proteção e manutenção das fontes hídricas;

• administração efi ciente do sistema;• gestão de recursos fi nanceiros ou apoios adicionais

quando os membros da comunidade não podem enfrentar os custos que supõem a reparação e ma-nutenção do sistema; e

• aplicação do sistema de racionamento de água.

JORGE FAUSTINO. peru. líder do programa Gestão territorial de recursos hídricos e Biodiversidade (Gester). os Maias foram um dos primeiros a vincular os conceitos de abordagem ecos-sistêmica com a interação de quatro elementos (terra, fogo, ar e água) ligados ao ciclo da vida. As nascentes foram altamente valorizadas pelos Maias, fl orestas e montanhas eram lugares sagrados, já que a água depende deles. os Maias tinham um claro entendimento do ciclo hidrológico e do equilíbrio fun-damental entre a utilização e proteção da água, dando valor ambiental (devido ao ciclo da água), social (para a vida religiosa) e econômico (com a utilização racional). e é muito importante aplicar estes princípios antigos em uma gestão integrada dos recursos hídricos, para formar uma cultura hídrica mais inclu-siva. o equilíbrio é fundamental, portanto a demanda e a oferta atual e futura deverão ser a base da gestão. o conceito de lugar sagrado mudou-se para o contexto atual, teríamos de defi nir as áreas de reposição hídrica e dos lençóis freáticos ou as zonas produtoras de água, zonas de descarga de água superfi cial e subterrânea. uma bacia hidrográfi ca bem gerida e com água em equilíbrio será aquela que mantiver uma cobertura vegetal adequada e cujo solo também seja bem gerido, de maneira a facilitar o movimento superfi cial e subterrâneo da água.

SANTIAGO VELEZ. equador. especialista em Agronegócios.A cosmologia maia baseava-se na compreensão “do sobrenatu-ral na simplicidade”. Algo que consideramos tão comum como a água, constitui uma ponte entre relações sócio-culturais-teo-lógicas, eco-ambientais, produtivas e até político-institucionais.

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MARÍA JESÚS CAJAL MARÍN. espanha. secretaria da Aliança pela água. A maioria das crenças do povo maia em relação à água e à natureza são intrinsecamente refl etidas nos princí-pios chave da Girh: igualdade, efi ciência e sustentabilidade. o enfoque da cosmologia maia no que tange a água e a Girh parecem distantes no contexto social, mas mesmo assim tem conexões em suas abordagens, já que ambos mencionam a relação dos seres humanos com a água como recurso indis-pensável para a vida. compreender a água a partir de uma abordagem integradora e harmônica com outros elementos da natureza e com o ser humano, tal como é compreendida do ponto de vista da cultura maia, é essencial para se combater a crise hídrica que atualmente se verifi ca no planeta, tanto a crise derivada de fatores de desenvolvimento (como crescimento populacional e aumento de atividades econômicas), quanto a crise derivada pela defi ciente gestão do recurso. Aplicar, nos dias de hoje, a fi losofi a da cosmologia maia no contexto da Girh supõe encontrar um equilíbrio entre o uso e a conserva-ção do recurso hídrico.

A seguir, quatro refl exões sobre como aplicar os antigos princí-pios na Girh:

1) A água é vida, e a vida não se “sustenta” como sugere a ex-pressão popular “sustentável”: A vida se sustenta.

2) Acreditar que o ser humano é o centro do universo nos fez pensar que a água estava à serviço do homem. errado. o bio-centrismo, ao invés do homocentrismo, nos diz que a vida é o centro do universo, de modo que água é vida porque dá a vida.

3) A aplicação do modelo que inventamos para a Girh é válida apenas quando se tornar um estado de consciência coletiva, onde toda ação humana tenha este modelo como padrão de conduta permanente.

4) para se chegar a este estado de consciência, devemos trocar nossa forma de ver o mundo de sua própria epistemologia e ontologia, tentando seguir um modelo biocêntrico.

CHAAC: DeuS DA ÁGuAdeus da água, da chuva e do relâmpago. Geralmente, carrega um machado para quebrar jarros e fazer cho-ver. em certas ocasiões os reis maias se vestiam como chaac e adotavam seu nome como título de no-breza. ele foi um dos principais deuses maias, talvez o mais venerado e representado, especialmente na península de Yucatán, durante o período pós-clás-sico. segundo relatos, este deus vivia em cavernas ou cenotes (depressões aquíferas bastante comuns na península), que foram também a entrada para o submundo. hoje, são os agricultores que lhe são de-votos. Alguns estudos antropológicos sustentam que este culto também se refere a são tomás, por conta do sincretismo entre maias e espanhóis.

teRRA MAiAA cultura maia se desenvolveu na península de Yuca-tán, onde hoje está o sul do México, Guatemala, Belize e parte de honduras e el salvador. A maior parte de seu território era localizada na selva. entre suas con-tribuições, estão a criação do sistema de numeração vigesimal, que inclui o zero; a criação de calendários com precisões espantosas; a construção de obser-vatórios para estudos astronômicos e a concepção e criação de um sistema de escritura pictográfica.

México

GuAteMAlA

Belize

hondurAs

el sAlvAdor

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ECONOMIA EMUDANÇA CLIMÁTICA

ECONOMÍA

Ilustração composta por imagens de: Flavio Takemoto / Peter Farkas / SXC

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MARIO MOLINA, Prêmio Nobel de Química 1985.JULIA CARABIAS, Membro do Fórum de Alto Nível das Nações Unidas sobre Sustentabilidade Global.JOSÉ SARUKHÁN, Coordenador Nacional da Comissão sobre Conhecimento e Uso da Biodiversidade do México e ex-reitor da Universidade Nacional Autônoma do México.

Os impostos ambientais poderiam ser instrumentos para gerar recursos econômicos para adoção de processos de adaptação e mitigação diante dos efeitos do aquecimento global.

Em geral, a economia baseia-se em comprar e vender no mercado, em benefício tanto dos compradores quanto dos vendedores. Mas o que acontece quando existem “externalidades” (também chamadas economias - ou

deseconomias – externas), os custos que os agentes econômicos impõem aos outros sem pagar um preço por suas ações? O ramo da economia conhecido como economia ambiental tenta respon-der esta pergunta.

Uma forma de lidar com externalidades é ditar normas que proíbam ou limitem os comportamentos que impõem custos especialmente altos a terceiros, internalizando-os dentro do processo produtivo.

A emissão de dióxido de carbono (C02) e outros gases estufa (GEE) constituem uma externalidade e por isso é necessário haver políticas que desestimulem atividades que geram emissões. Por um lado, a formalização de impostos ambientais é um instru-mento viável para internalizar os custos gerados por essas emis-sões. Por outro, é possível estabelecer um sistema de limites e permissões de emissões comercializáveis. A diferença entre estes dois tipos de incentivos para reduzir emissões é a seguinte: se o governo impõe um imposto sobre as emissões, a indústria sabe o preço que terá de pagar, mas o governo não sabe quantas emissões serão geradas. Por outro lado, se o governo impõe um limite de emissões a quantidade das mesmas será conhecida, mas as entidades contaminadoras não sabem qual será o preço por tonelada emitida. Embora o impacto da mudança climática já seja irremediável, atuando com urgência e de maneira decisiva ainda haverá tempo de evitar custos e outras conseqüências mais graves e catastrófi -cas para o desenvolvimento das nações e os sistemas ecológicos do planeta.

ANTECEDENTES

As questões das mudanças climáticas passaram a ser relevantes no mundo quando fi cou claro que se tratava de um problema não apenas ambiental, mas de grandes implicações econômicas e sociais. Desde a negociação do Protocolo de Kyoto fi cou clara a preocupação com as consequências econômicas da mudança climática. Mas foi quando estudos econômicos apresentaram ce-nários convincentes da relação entre a mudança climática e a eco-nomia global que se produziu uma reviravolta no envolvimento

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dos governos e da sociedade para encontrar uma solução para o problema. Alguns destes estudos foram apresentados na exposi-ção para tomadores de decisões do grupo de trabalho do IV Re-latório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC). Entre os economistas destacados que contribuíram para o tema estão: William Nordhaus (Universidade de Yale), Sir Nicholas Stern (London School of Economics), Richard S. J. Tol (Instituto de Pesquisas Econômicas e Sociais, Dublin), Martin Weitzman (Uni-versidade de Harvard), Gary W. Yohe (Wesleyan University), R. O. Mendelsohn (Universidade de Yale) e Henry D. Jacoby (Instituto de Tecnologia de Massachusetts - MIT).

Sir Nicholas Stern estima que o setor rural na Índia contribui com 21% do PIB. Em 2002, quando a precipitação pluvial apresentou um défi cit de 19% e provocou um grave prejuízo na produção alimentícia, a conseqüência foi uma queda de mais de 3% do PIB.Especialistas afi rmam que mais de 100 milhões de pessoas vivem nas faixas localizadas abaixo de um metro do nível do mar e, por-tanto, encontram-se em alto risco. O aumento das águas nestas regiões fará com que seus habitantes migrem em busca de áreas mais seguras.

O IV Relatório do IPCC estima que a elevação do nível do mar poderia ser em torno de 60 cm (uma estimativa conservadora), o que custaria apenas para a África se adaptar, entre 5% e 30% de seu PIB.

IMPACTOS

Os impactos nocivos das alterações climáticas ainda podem ser controlados caso se consiga negociar e cumprir acordos inter-nacionais que limitem as emissões de gases estufa, de tal forma que o aumento da temperatura média se mantenha abaixo dos 2 graus centígrados (ºC). Há um consenso internacional em relação a esta meta, resultante de uma estimativa para evitar afetar de maneira perigosa o clima pelas atividades humanas, a um custo razoável. Este acordo internacional também deverá outorgar re-cursos aos países em desenvolvimento para implantar medidas necessárias com custos signifi cativos, a fi m de não limitar seu crescimento econômico.

Como o Protocolo de Kyoto não foi ratifi cado pelos Estados Unidos, não foram levadas a cabo medidas reguladoras efi ca-zes capazes de modifi car as condutas dos agentes econômicos e de orientar a economia no sentido supracitado. É necessário a assinatura de um acordo internacional que conte com a partici-pação de todos os países que emitem quantidades consideráveis de gases do efeito estufa.

Para limitar o aumento de temperatura a 2 ºC é necessário que, em 2050, as emissões sejam de cerca de 50% das geradas em 2000. Alcançar um desafi o desta magnitude envolve profundas mudanças nos padrões de produção e consumo de energia.

Não existe uma solução única para se reduzir esta quantidade de emissões. Certas ações relativas ao uso efi ciente de energia e à redução no grau de desfl orestamento são soluções que têm benefícios econômicos. Entretanto, as soluções relacionadas com a produção de novas formas de energia (eólica, solar, de biocom-bustíveis de segunda geração) e com a captura e armazenamento geológico do C02 para as emissões de combustíveis fósseis têm um custo elevado.

Em alguns casos, as medidas acima tem um co-benefício, como melhoria da qualidade do ar nas cidades e efi ciência nos transpor-tes. No caso da diminuição do desmatamento o co-benefício seria a conservação da biodiversidade e dos serviços ecossistêmicos.Assim como existe um consenso entre os criadores dos modelos climáticos quanto à possível trajetória das temperaturas se não agirmos para reduzir as emissões, também há um consenso entre os criadores dos modelos econômicos quanto ao valor aproxi-mado para se tomar todas as medidas mencionadas. Em geral, os criadores dos modelos tendem a calcular que estas medidas teriam um custo no presente de entre 1% e 3% do PIB Mundial. Todas as projeções indicam que o custo da falta de rapidez em qualquer ação será muito maior do que custa tomar estas medi-das para limitar as emissões.

‘‘Em geral, os criadores dos modelos tendem a estimar que estas medidas podem ter um custo no presente de entre 1% e 3% do PIB Mundial, aproximadamente. Todas as projeções indicam que o custo da falta de rapidez em qualquer ação será muito maior

do que custa tomar estas medidas para limitar as emissões. ‘‘

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calculados e as estimativas dos custos das políticas climáticas, Nordhaus calcula que a mudança climática pode reduzir o PMB em 5% e detê-la custaria 2%.

Quanto à velocidade de ação, Nordhaus recomenda uma polí-tica que se intensifi que gradualmente durante um longo período, embora outros economistas que trabalham com modelos simila-res cheguem a conclusões diferentes: Sir Nicholas Stern defende uma atualização mais rápida e agressiva para limitar as emissões e seu relatório conclui que se as tendências atuais de emissão se mantiverem, os custos e riscos da mudança climática no futuro equivaleriam a um prejuízo de entre 5% a 20% do PMB. Em con-trapartida, se agirmos com rapidez e de maneira contundente, o custo para diminuir a mudança climática pode limitar-se a 1% do PMB.

Os defensores da política de lenta intensifi cação argumentam que o dano causado por uma tonelada adicional de carbono na atmosfera é bastante baixo com as atuais concentrações, e que custos tão distantes no tempo não deveriam ter uma grande in-fl uência sobre a política atual. Apesar dos partidários da visão de Stern argumentarem que os governos devam ter uma visão mais ampla e uma atitude mais veemente.

El cambio climático: causas, efectos y soluciones [Mudanças Climáticas: Causas, efeitos e soluções] (editorial DGE Equilibrista, 2010) foi uma obra apresentada pela Coca-Cola do México durante a COP 16 em Cancún, com o objetivo de prestar apoio para a tarefa de criar soluções que levem a um mundo com baixas emissões de carbono.

QUÃO MAIS CARO?

No momento, as previsões sobre as mudanças climáticas, se conti-nuarmos emitindo gases na forma usual, estimam um aumento de entre 4 e 5 ºC até o fi nal do século XXI. Segundo o Informe Stern e o que se apresentou no IV Relatório do IPCC, um clima mais quente pode ter algumas vantagens: por exemplo, estima-se que os países nórdicos poderiam se benefi ciar na agricultura.

Há, no entanto, pelo menos duas razões para ser cauteloso ao se fazer avaliações positivas das consequências da mudança climá-tica. Uma delas é que não se trata apenas de se ter um clima mais quente, já que muitos dos prováveis custos com a mudança cli-mática seriam com secas, inundações e fortes tormentas. A outra, é que, enquanto as economias modernas podem ser altamente adaptáveis, os ecossistemas não são suscetíveis a adaptações.

Como calcular, então, os efeitos do aquecimento global? Os cálculos mais citados, como os do Modelo Dinâmico Integrado de Clima e Economia, empregado por William Nordhaus e seus colegas, dependem de pressupostos assumidos para atribuir um valor aos efeitos negativos do aquecimento global para alguns setores-chave, especialmente a agricultura, e em seguida ten-tam deixar algum espaço para potenciais impactos. Nordhaus argumenta que um aumento da temperatura mundial de 2,5 ºC pode reduzir o Produto Mundial Bruto (PMB) em pouco menos de 3%. Do mesmo modo, seu modelo calcula que as perdas com um aumento de 5 ºC seriam de cerca de 5%, enquanto muitos críticos afi rmam que o custo seria muito mais alto. Apesar da incerteza ao se fazer uma comparação direta entre os prejuízos

RADIAÇÃOSOLAR

ENERGIA QUE VOLTA AO ESPAÇO

ENERGIA REFLETIDA PELA TERRA

ENERGIA ABSORVIDA PELA ATMOSFERA

REEMITIDA PARA A TERRA

ATMOSFERA(TROPOSFERA)

COM ALTO TEOR DE CO2

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casos

Fotos: SXC

POR BORIS RAMÍREZ

A Câmara Municipal de San Salvador, no Peru, é um exemplo de transformação social, política e econômica, resultante da formação de capital humano de mãos dadas com a água e o saneamento.

DINAMIZAR O DESENVOLVIMENTO

CaraCteríStiCaS da Comunidade

San Salvador é um distrito da província de Calca, região de Cusco, que abrange uma área de 128 Km2. É formado por 12 comunidades rurais, cinco anexos e um centro urbano, que faz a capital do distrito. Conta com uma população de quase 5,5 mil habitantes, 80% da qual vive na zona rural, sendo a agricultura a principal atividade. o índice de analfabetismo é de 52%, das quais 64% são mulheres.

Situação iniCial

um estudo em 2004 revelou uma série de dados preocupantes para as autoridades locais sobre a baixa cobertura de água potável e sobre as doenças geradas pela falta de saneamento básico:

• 30% da população rural beneficiou-se do acesso à água po-tável, os 70% restantes não.

• 62% da população que faz parte da capital do distrito con-tava com sistema de drenagem, enquanto que na zona rural o mesmo serviço era quase que inexistente.

• O sistema de abastecimento e esgoto tem 60 anos.• O nível médio de desnutrição infantil era de 64%, em grande

parte causado por doenças (principalmente diarréias) rela-cionadas com a má qualidade da água e ausência de obras de saneamento.

• Apenas a metade do distrito contava com sistema de estradas para atender as necessidades de locomoção.

reSolução da Situação

Por decisão das autoridades municipais, e após ouvir as queixas dos vizinhos, o projeto SanBaSur (Saneamento ambiental Bá-sico na Sierra Sur) foi assinado com a participação da Câmara municipal de San Salvador, do governo peruano e da Confe-deração Suíça. A estratégia de intervenção baseou-se em uma forma de gestão de saneamento, que incluiu infra-estrutura com-plementada por um processo social de educação, formação e promoção de comportamentos de boa higiene, bem como de apropriação e proteção dos sistemas de saneamento construídos. a experiência administrativa incluiu 4 etapas:

I Etapa: Criação da Secretaria municipal de Saneamento Básico ambiental e rural, conseguindo colocar o tema em nível municipal.

II Etapa: instalação de bebedouros, rede coletora de esgoto e saneamento, beneficiando a comunidade rural de Siusa.

municipalidade distrital de San Salvador no Peru.

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tRABALHANDODe MÃOS DADAS

COM A ÁGuA

reynaldo Quispitupa tuyayupanqui, na qualidade de Pre-feito de San Salvador, foi um dos principais promotores do projeto. “No início, as pessoas ficaram desconfiadas, pois sempre existem promessas, mas nunca projetos. Com o passar dos anos, elas começaram a acreditar que suas vidas iriam melhorar, graças aos resultados”. a aqua Vitae conversou com o líder local, para quem água e saneamento são fundamentais para o desenvolvimento das comunidades.

O que chamou sua atenção para as necessidades de acesso à água e saneamento?rQt: nosso trabalho foi feito em comunidades pobres de quase 6 mil habitantes, que apresentavam graves proble-mas de saúde por conta da água não potável e da falta de obras de saneamento. Ao chegar à Prefeitura, busca-mos ajuda até conseguirmos criar um programa capaz de atender tal situação.

Como foi no começo?rQt: difícil, porque não sabíamos muito, apenas que era preciso atender as comunidades, que faltavam estradas para se chegar a maioria delas e que viviam em condi-ções insalubres por falta de higiene. Não quisemos ficar de braços cruzados e começamos a bater nas portas das instituições. assim surgiu o SanBaSur. no início, as pes-soas não acreditavam, mas com o passar dos anos e ao verem as obras e os resultados, ficaram confiantes.

As comunidades ajudam a manter e cuidar das obras?RQT: Claro, pois em troca tem saúde e bem-estar. Com o acesso à água, conseguimos criar programas agrícolas, turísticos... além disso, as pessoas se envol-vem quando recuperam sua dignidade.

O que falta ainda fazer? O projeto vai continuar?rtQ: uma vez que já faz parte da comunidade, não acre-dito que as próximas autoridades abandonem o projeto. os resultados obtidos já existem em outras comunida-des, o que indica que vamos continuar trabalhando de mãos dadas com a água.

III Etapa: expansão das obras de melhorias de moradias, ruas/estradas, sistemas de agricultura e pecuária.

IV Etapa: o desenvolvimento de habitação e comunidades sau-dáveis, graças à água e ao saneamento, serviu de exemplo para outras localidades.

reSultadoS

Dados do final de 2009, sistematizados pelos integrantes do SanBaSur, apontaram os seguintes resultados:

• Ações em 13 comunidades, com cobertura de 4.202 habitan-tes (75% da população).

• 840 moradias com serviços de água, ligações domiciliares, la-trinas sanitárias com sistemas hidráulicos e micro partículas.

• aumento para 10h do serviço de água, que antes era de 4h a 6h, descontinuamente.

• Pesquisa realizada indicando que 80% dos beneficiados ava-liaram como bom serviços como qualidade, tarifa, adminis-tração e atendimento ao consumidor.

• De 2005 a 2009 foram investidos 2 milhões de Soles (cerca de uS$ 720 mil).

• Conscientização de que os municípios devem fortalecer for-mações administrativas e alianças institucionais.

• Solidificação da capacitação, motivação e gestão eficiente e efetiva, tanto nas instituições quanto nas comunidades.

• incorporação do tema de saneamento no trabalho municipal, criando um modelo de transferência de conhecimento, boas práticas e materiais educativos.

Foto: municipalidade distrital de São Salvador, Peru

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Autoridades tentam ganhar tempo para continuar com o trâmite de uma nova legislação, após um ano de denúncias e investigações.

LEGISLAÇÃO

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Por BORIS RAMÍREZ

NOVA LEI É ESPERADA NO EQUADOR

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O texto original falava que “o Estado deu uma área determinada do território nacional em concessão para indivíduos ou grupos, para administrar e usar a água”. Após as últimas discussões, hoje se fala em “autorizações”.

A diferença entre os dois termos é que as reformas legais da dé-cada de 1990 outorgaram concessões quase que perpétuas para fazendeiros que vendem a água, o que é uma violação dos di-reitos humanos. Por isso, o conceito de autorização estabelece um ponto de vista mais equitativo no que se refere ao consumo humano, à irrigação, manutenção dos fl uxos de água ambientais e ao uso de setores produtivos como turismo, agricultura de ex-portação, hidrelétricas e outros.

Além disso, este processo tem favorecido a comunicação dos con-teúdos do projeto de lei, já que a Secretaria Nacional de Recursos Hídricos realizou 90 encontros nacionais, além de reuniões e de-bates, com o objetivo de fortalecer o projeto, capazes de fazerem outros setores pretenderem ser um moderno instrumento para a gestão integrada dos recursos hídricos para depois criar os regu-lamentos necessários para controlar o uso racional da água, bem como revogar a lei vigente, que completa 39 anos.

É preciso promulgar uma legislação coerente com os tempos atuais para se enfrentar os novos desafi os que o Equador tem em relação ao tema, referindo-se aos efeitos da mudança climá-tica e ao comportamento dos recursos hídricos quanto à sedi-mentação, contaminação e um desmatamento preocupante nas bacias hidrográfi cas..

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O projeto de Lei Orgânica para regular os Recursos Hí-dricos e o uso e aproveitamento da Água no Equa-dor tem tido um percurso lento e desordenado, já que comunidades, povoados e comunas exigem uma

análise cuidadosa desta lei a fi m de determinar se a mesma vai ou não afetar os direitos coletivos.

“Estamos à espera da aprovação das reformas da Lei Orgânica no Poder Legislativo, que poderá legitimar a consulta pré-legislativa, o que levaria à análise e defi nição do projeto de lei”, afi rmou Do-mingo Paredes Castillo, Secretário da Comissão Nacional Hídrica do Equador.

O caminho trilhado até então pela nova legislação foi prejudicado quando as comunidades indígenas realizaram uma série de ma-nifestações, exigindo informação sobre o conteúdo, natureza e escopo do projeto. As questões contestadas pelos diversos grupos sociais não eram banais: nada menos que evitar a privatização da água, estabelecer uma distribuição equitativa do recurso hídrico e evitar o monopólio do mesmo.

“A nova lei deve ser redigida com expressões de justiça e de ca-beça fria, permitindo o uso racional da água por parte de todos – por se tratar de um bem comum –, mas sem destruir as con-cessões alcançadas e outorgadas por razões políticas ou de outra natureza, sujeitas à Constituição e à lei”, afi rmou o analista equa-toriano, Orlando Alcívar.

É nestes dois extremos que se debate a nova Lei de Águas, em um país que garante constitucionalmente o direito humano à água. Por esta razão, o Secretário Paredes afi rma que “a oposição se baseou no argumento errôneo de que a água seria privatizada”.A questão mais complicada foi, sem dúvida, a das concessões.

PARA SE LEVAR EM CONSIDERAÇÃO

Uma análise abrangente, realizada por Alberto Acosta*, criou um resumo dos dez pontos a serem considerados, os quais ele chamou de “a revolução cidadã” em prol da água a partir da visão da Constituição do Equador. Segundo Acosta, esta lei deve garantir o seguinte:

• O princípio da água é um direito humano fundamental.• Os Direitos da Natureza, onde nenhuma atividade ponha em risco os ciclos vitais da água.• O exercício da plurinacionalidade.• Gestão em poder público e da comunidade, tal como exige a Constituição.• Promover a estatização hídrica.• Proibir qualquer forma de serviço ambiental sobre a água e todos os ecossistemas.• Garantir gratuitamente o mínimo de vida para todos os habitantes do país, sem nenhum tipo de discriminação. Isso não signifi ca que

tarifas diferenciadas para o consumo da água não devam ser consideradas, pois o custo da água para atividades produtivas vinculada à soberania alimentar deve ser muito menor que para atividades recreativas, por exemplo.

• Deixar claro a prioridade do uso da água: 1) para o ser humano, 2) para a soberania alimentar, 3) para assegurar o ciclo vital da própria água e 4) para atividades produtivas.

• Promover a gestão hídrica efi ciente, capaz de recuperar e desenvolver modelos justos de conservação das fontes e cursos de água.• Recuperar o controle da água por parte da sociedade é pré-requisito para uma boa vida, tanto no campo como na cidade.

*Alberto Acosta é economista, professor e pesquisador da FLACSO. Foi Ministro de Minas e Energia de janeiro a junho de 2007 e Presidente da Assembléia Constituinte do Equador

em 2007 e 2008.

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RENOVAR O SEMIÁRIDO

BRASILEIRO

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Programa Pioneiro de formação e mobilização social está comPrometido em

garantir uma utilização sustentável da água Para o consumo humano e a

agricultura na região semiárida brasileira.

Por JEAN CARLOS DE ANDRADE MEDEIROSCoordenador do Programa de Formação e Mobilização Social para a Convivência com a Região Semiárida:

Programa Um Milhão de Cisternas Rurais-P1Mc. Articulação no Semi-Árido Brasileiro (ASA). [email protected]

Garantir água potável e melhorar a produção agrícola na região semiárida brasileira são os principais desa-fios dos programas desenvolvidos pela ASA - Articu-lação no Semiárido Brasileiro, uma grande rede que

congrega mais de mil entidades da sociedade civil dos estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe, e a região norte e Vale do Jequitinho-nha no Estado de Minas Gerais, que compartilham um conceito fundamental: a água não é uma mercadoria, e sim é um direito humano básico, que necessita ser legitimado.

O semiárido brasileiro é uma das regiões mais chuvosas do mundo quando comparado com outras regiões semiáridas, registrando uma precipitação média anual de 750 mm, a questão é que essa água é concentrada em poucos meses, por isso a necessidade

de discutir e implementar ações que oportunizem a captação adequada dessa água para o período de estiagem. Segundo dados da UNICEF, 42% das crianças e adolescentes desta re-gião não têm acesso à água encanada ou poços em geral, o que reforça a necessidade da captação e armazenamento ade-quado da água de chuva para consumo humano e produção de alimentos.

Com ações como o Programa de Formação e Mobilização So-cial para a Convivência com a região semiárida, que tem como elementos centrais o empoderamento local, a mobilização da sociedade civil, a educação cidadã e a gestão descentralizada, que promove boas práticas ambientais a partir do conheci-mento dos agricultores/as da região semiárida, a ASA tenta transformar a vida de milhares de pessoas.

eSte É O SeMÁRiDO

• Localizado em 11 estados do Brasil. • 24 milhões de pessoas. • Ocupa uma área de 974.752 Km2. • A vegetação da região é a caatinga,

o bioma, exclusivamente brasileiro, tem um regime de déficit de água natural, onde as chuvas não são suficientes para compensar a água que evapora.

• Neste ecossistema, a precipitação média está entre 300 e 800 milímetros por ano.

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ÁguA: SubSiStênciA e RenDA

O Programa: Um milhão de cisternas ru-rais (P1MC), um dos projetos principais da ASA, visa construir um milhão de cisternas para coletar água das chuvas, beneficiando mais de 5 milhões de pessoas em todo o se-miárido brasileiro.

A cisterna é feita a partir de placas produzi-das pela mão de obra da família beneficiada, na sua própria comunidade e pelos próprios agricultores que são capacitados em cursos de pedreiros. Cada cisterna é capaz de arma-zenar 16 mil litros de água, o suficiente para uma família de cinco pessoas satisfazer as suas necessidades de água para beber, cozinhar e escovar os dentes por seis a oito meses, que compreende ao período médio de seca na re-gião. O acesso à água também evita a perda de 36 dias de trabalho por ano, que era utilizado em caminhada para a busca deste recurso, de acordo com um estudo realizado pelo Centro de Pesquisas Tecnológicas do Semi-árido.

O custo de cada reservatório é de cerca de 1.165 dólares, incluindo não apenas a construção, mas outros componentes do programa como a formação das famílias. Desde o início do programa, 01 de junho de 2000, até 01 de dezembro de 2010, 315 mil cisternas foram cons-truídas, atendendo em torno de 1,5 milhão de pessoas e cerca de 320 mil pessoas receberam formação em gestão de recursos hídricos. Todo esse trabalho é desenvolvido em conjunto com as comissões municipais, que também são formadas por organizações da sociedade civil. O semiárido brasileiro compreende 1.133 municípios e o P1MC tem atuação em 1.076 desses municípios, ou seja, o programa já chegou em 95% dos municípios do semiárido brasileiro.

O Programa: Uma Terra e Duas Águas (P1+2) visa estimular o desenvolvimento rural participativo para promover a segurança e sobe-rania alimentar e, por sua vez, gerar emprego e renda para as famílias que já garantiram a água para consumo em casa.

O P1+2 promove uma série de processos que envolvem mapeamento, organização, compartilhamento de experiências de desenvolvi-mento de gestão sustentável dos solos e recursos hídricos. Uma vez garantido o consumo de água, o intercâmbio de experiências promo-vido pelo P1+2, oportunizam um melhor aproveitamento do recurso hídrico para a produção de alimentos, dentre as tecnologias sociais trabalhadas pelo P1+2, podemos destacar:

CISTERNA DE PRODUÇÃO – Trata-se de uma tecnologia que tem a capacidade de armazenar 52 mil litros de água destinada à produção de alimentos da família. A construção é feita com placas de cimento que ficam enterradas, tendo apenas a parte superior, coberta, acima do terreno. A água é utilizada em sistemas de produção no entorno da casa, tais como quintais produtivos, cultivo de hortaliças e fruteiras, plantas medicinais e criação de pequenos animais.

BARRAGEM SUBTERRÂNEA - A barragem subterrânea, geralmente, é construída em áreas de baixio e em leitos de riachos. É um barra-mento, normalmente de lona plástica, construído abaixo do chão, que segura a água da chuva que escorre debaixo da terra. Para construí--la é preciso, antes de tudo, escolher o melhor local, é só construir a valeta até atingir a parte firme do solo (cristalino). Em seguida, é preciso prender a lona plástica com cimento, na parte debaixo da valeta, e erguê-la até a parte superior do terreno. Para aproveitar melhor a água que está guardada no solo encharcado, é importante construir um ou mais poços no leito da barragem, para garantir água no período mais seco do ano. A água armazenada dentro da terra abastece o poço e pode ser utilizada em pequenas irrigações, possibilitando que as famílias agricultoras produzam no semiárido durante o ano inteiro. No inverno, é possível plantar na área da barragem culturas que necessitam de uma quantidade abundante de água, a exemplo do arroz e alguns tipos de capins.

TANQUE DE PEDRA/CALDEIRÃO - É uma tecnologia comum em áreas de serra ou onde existam lajedos, que funcionam como área de captação da água da chuva. São fendas largas, barrocas ou buracos naturais, normalmente de granito, que armazenam água da chuva e seu volume varia muito. Para aumentar a sua capacidade, são erguidas paredes de alvenaria, na parte mais baixa ou ao redor, que servem como barreira para acumular a água. Quanto mais alta for a parede, maior será a capacidade de armazenamento. O uso do tanque de pedra/caldeirão é comunitário, variando o número de famílias beneficiadas. A água acumulada nos tanques de pedra/caldeirões é mais uma reserva que garante o abastecimento das casas, além das cisternas, cisternas calçadão ou barragens subterrâneas. Em geral, a água é utili-zada nos quintais para produção de hortas, plantas medicinais e fruteiras, para o consumo dos animais e nos demais afazeres domésticos.

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BREVES DO MUNDO

Certifi cação da efi ciência

Um total de 26 Estações de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) da região metropolitana e do interior do estado de São Paulo recebeu a certifi cação ISO 14001, pela Companhia de Sa-neamento Básico do Estado de São Paulo, SA. (SABESP).

A adoção da norma ISO 14001 requer o compromisso da em-presa com a melhoria contínua. O objetivo da regra é o respeito ao equilíbrio ambiental com as necessidades sócio-económicas das empresas e da sociedade, e prevenir a poluição.

Um sistema de gestão ambiental baseado na ISO 14001 é uma ferramenta para reduzir os riscos ambientais, visando re-duzir e controlar os custos, estimular o desenvolvimento de so-luções para apoiar a mudança da cultura ambiental e fortalecer a imagem da empresa, entre outros.

O processo de certifi cação das instalações SABESP tem sido um processo de aprendizagem que visa incorporar a dimensão ambiental das boas práticas de governança corporativa. É um passo importante para a conquista do saneamento universal, tendo em conta o uso sustentável dos recursos naturais e da integração de estratégias e habilidades para a melhoria contínua das operações de negócios.

Fonte: SABESP (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo, Brasil

CIÊNCIAS AQUÁTICAS

Um grupo de cientistas do Instituto Meteorológico Russo (IMR) está próximo de extrair água da fonte mais antiga e pura do planeta, localizada no lago Vostok, na Antártica Oriental. “Descemos a uma grande profundidade, onde o gelo é muito difícil de ser perfurado, mas estamos confi antes de que teremos êxito”, afi rmou Alexander Frolov, diretor do IMR.

Os testes com a água do Vostok, que se encontra sob uma camada de gelo de 3.748 metros, serão enviados para análise para o Instituto de Pesquisas Antárticas. Estas águas permanece-ram intocadas sob o gelo por entre 500 mil e 1 milhão de anos.

O Vostok é uma massa de água doce em estado líquido, lo-calizada no que é conhecido como sexto continente, com cerca de 300 km de comprimento, 50 km de largura e quase 1.000 metros de profundidade.

Fonte: Instituto Meteorológico Russo

Cidades sem águaEmbora pareça difícil de acreditar, o número de cidades

dos Estados Unidos com problemas de abastecimento hídrico continua aumentando. Um informe do jornal The Huffi ngton Post afi rma que Orlando (Flórida), Atlanta (Geórgia), Tucson e Phoenix (Arizona), Las Vegas (Nevada), Fort Worth, Houston e San Anto-nio (Texas), São Francisco e Los Angeles (Califórnia) fazem parte das 10 primeiras da lista.

O relatório indica que o problema tem aumentado por conta do aquecimento global e pode levar a uma guerra civil entre os estados pelas fontes de abastecimento hídrico, nos próximos 10 anos

O problema da água na América do Norte é pior do que se supunha, principalmente nas cidades onde a precipitação plu-viométrica é baixa e cuja queda deverá diminuir em curto prazo, o que será ainda mais grave se, além da mudança climática global, chegar a alterar os volumes das chuvas nos Estados Unidos.

Outro grande problema é que várias cidades tem vendido títulos das necessidades de infra-estrutura para fi nanciar o mo-vimento, a limpeza e o abastecimento de água, o que provoca sérios problemas fi nanceiros.

Fonte: The Huffi ngton Post

Localização: Estação de VostokÁrea da superfície: 14.000 km2

Extensão máxima: 250 KmAltura máxima: 40 km Volume: 5.400 km³

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ÁGuA NO SiSteMA SOLAR

Fonte: Informações com base na Revista National Geographic número 4, ano 2010.

em setembro de 2009, quando cientistas da NASA informaram a existência de moléculas de água na Lua, descobrimos que nosso planeta não é o único lugar do Sistema Solar com água. em outros planetas e luas a água também aparece em forma de gelo. este gráfico mostra a relação do volume potencial estimado de água e gelo em comparação com o da terra.

Terra: 386 trilhões de galões de água. Esta quantidade de água se chama “uma Terra”

Marte: 0.003 Terras, em forma de gelo.

Mercúrio: 0,0000002 Terras, em forma de gelo e água.

Europa: 2,9 Terras,em forma de gelo e água.

Titã: 29 Terras, em forma de gelo e água.

Encéfalo: 0,02 Terras, em forma de gelo e água.

Ganímedes: 36 Terras,em forma de gelo e água.

Calisto: 27 Terras, em forma de gelo e água.

Lua da Terra: 0,00000000002 Terras, em forma de gelo.

Luas de Júpiter Luas de Saturno

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E depois, há a questão da privatização: o debate para elucidar se o direito humano à água exclui a privatização dos sistemas hídricos ou não.

Esta resolução de 28 de julho de 2010 não significa que este direito não tenha existido anteriormente. Embora não explicitamente mencionado na Declaração Universal dos Direitos Humanos, existem convenções in-ternacionais, juridicamente vinculantes, que o incluem implicitamente. É o caso da Convenção sobre os Direitos da Criança, da Convenção sobre Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher, do Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos e do Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais.

Este último vem tendo um grande impacto nos debates. Em 2002, o Co-mitê sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais publicou uma interpre-tação desta lei, conhecida como “Observação 15”, na qual se definiu o acesso básico à água potável. É interessante notar que a privatização dos sistemas hídricos não foi excluída, mas foi severamente limitada no sentido de que são os Estados que tem de assegurar a regulagem da distribuição.Com base nestas convenções, em março de 2008, o Conselho dos Direitos Humanos da ONU nomeou um perito independente, Catarina de Albu-querque, para definir as obrigações dos direitos humanos com relação ao acesso à água potável e ao saneamento. Sua agenda inclui aclarar as obrigações jurídicas de diferentes entidades como Estados e organizações internacionais. Sua ênfase incidirá sobre a questão do saneamento, uma vez que a “Observação 15” esclareceu amplamente tais obrigações com respeito à água potável.

É preciso seguir lutando por uma convenção internacional vinculante e, em nível nacional, por medidas concretas que consolidem o direito à água e ao saneamento.

A Aqua Vitae não emite nenhum parecer sobre as opiniões expressadas nesta seção. No entanto, somos um fórum aberto a diferentes perspectivas sobre a gestão dos recursos hídricos.

OPINIÃO

A aprovação da resolução da Assembléia Geral da ONU que reconhece “o direito à água potável e ao saneamento como um direito humano” é uma importante vitória, ainda que parcial. A resolução “apela aos Estados e or-ganizações internacionais (especialmente aos países em desenvolvimento) para proverem recursos financeiros, capacitação e troca de tecnologia por meio de assistência e cooperação internacionais, a fim de intensificar os esforços em proporcionar a toda humanidade um acesso economicamente viável à água potável e ao saneamento”. Embora a resolução não seja exatamente o ideal de mais de 10 anos de muitos grupos e movimentos em todo o mundo, é um passo politicamente importante no caminho para um acordo internacional vinculativo para garantir este direito.

Os debates sobre a resolução nos dão uma clara imagem dos diferentes interesses em relação ao tema. Dos 122 países presentes na votação, 41 se abstiveram, entre eles Estados Unidos, Inglaterra, Austrália, Áustria, Canadá, Grécia, Suécia, Japão, Israel, Coréia do Sul, Luxemburgo, Países Baixos, Dinamarca e Irlanda.

Alguns países do sul também: Botsuana, Etiópia, Quênia, Lesoto, Zâmbia, Guiana e Trinidad e Tobago. A recusa em aprovar a resolução não significa, porém, que não reconheçam o direito à água potável e ao saneamento. Provavelmente, eles temem não serem capazes de garantir tais direitos para suas populações.

A maior resistência, no entanto, vem dos países do Norte, com destaque para os EUA.

Duas grandes diferenças no próprio texto da resolução foram inclusas. De um lado está a inclusão do saneamento, uma vez que ainda não está totalmente claro o que significa este direito. Quais suas implicações? O que assegura de fato? O que é saneamento básico? Estas são algumas das perguntas que, nos próximos dois anos, serão discutidas no Conselho de Direitos Humanos da ONU e a maioria dos países quer esperar pelas respostas antes de aprovar a resolução.

Declaração da Água como Direito HumanouMA iMPORtANte VitÓRiA... PARCiALesta importante resolução permite responsabilizar, apenas moralmente, os governos nacionais e a comunidade internacional, mas sem compromisso legal. Na realidade, os governos são obrigados a tomar medidas concretas para garantir tal direito apenas quando houver vinculação jurídica.

INGRID SPILLERFundação Heinrich Böll da AlemanhaEscritório Regional para o México, América Central e o [email protected]

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TECNOLOGIA

Saneamento inStantâneo

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Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 60% dos casos de doenças gastrointestinais no México são decorrentes do consumo de água contaminada.

Em 2004, o Grupo EOZ (em colaboração com a Comissão Nacio-nal da Água) analisou a qualidade da água de 500 poços rurais do estado da Baixa Califórnia do Sul e descobriu que mais de 50% deles continham coliformes fecais. Com este cenário, foi possí-vel começar a trabalhar na busca por soluções para abastecer as comunidades rurais com água potável de boa qualidade e evitar enfermidades e assegurar que as crianças tivessem melhor desen-volvimento físico e intelectual.

Como resultado, foram inventados dois dispositivos tecnológicos de baixo custo, que utilizam a luz ultravioleta para potencializar a água: o ‘UVeta’ e o ‘UV Chave’, que formam a chamada llavEOZ. Sua distribuição é realizada sob o esquema de subsídio cruzado: a comercialização em áreas urbanas é feita por meio de super-mercados e tem um custo um pouco maior para reduzir o custo de quem compra nas zonas rurais, nas Lojinhas Comunitárias de Tecnologia.

O projeto ‘UVeta’ foi premiado pelo Banco Mundial (BIRD) como uma das “melhores inovações em água, energia e saneamento para países em desenvolvimento”, e foram instalados mais de 1,5 mil unidades do dispositivo. As primeiras mil llavEOZ estão sendo testadas na Baixa Califórnia do Sul e em Chiapas, onde a intenção é atingir um milhão de domicílios rurais, nos próximos cinco anos.

PROBLEMA A SER RESOLVIDO

No México - como em muitos países da América Latina -, as comu-nidades rurais e zonas da periferia das grandes cidades carecem de água adequada para o consumo humano. Para as comunida-des rurais, a maioria das fontes hídricas estão contaminadas por uma série de razões: estão a céu aberto, entre poeira e lixo, os animais bebem água da mesma fonte, as descargas sanitárias se infiltram nestas fontes, etc.

A llavEOZ é uma inovação que vai ajudar um milhão de famílias no México a contarem com água limpa para consumo

FLOR CASSASSUCE Instituto EOZ de Tecnologias Rurais - Grupo EOZ

[email protected]

Mesmo quando programas de melhoria das fontes hídricas são implementados (como tapar as fontes, canalizá-las, transporte de água para cisternas comunitárias e distribuição da água por mangueira ou tubulação até cada casa), o índice de contamina-ção fecal se mantém elevado e o mínimo que se alcança com tais medidas é modificar o ponto de contaminação: tirá-lo da fonte e transferi-lo para as cisternas. Em algumas cisternas comunitárias já se encontrou animais mortos (aranhas e sapos) e a maioria tem uma grossa camada de lama no fundo. São raras as vezes que um técnico na comunidade se encarrega da limpeza da cisterna a cada dois meses, mas logo a limpeza passa a ser semestral ou anual. Nenhum cloro é utilizado nas cisternas, porque a comunidade não tem orçamento, nem estrutura organizacional para a compra pe-riódica do produto.

Foto: Instituto EOZ de Tecnologias Rurais, México.

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Mas mesmo que a água chegasse apropriadamente clorada às moradias, ainda há o problema da contaminação durante o ar-mazenamento, já que as torneiras se encontram fora das casas e as famílias devem, pois, encher baldes e armazená-los para uso diversos dentro de casa, quase sempre na cozinha, em cima da mesa ou no chão de terra, com ou sem tampa, ao alcance dos animais que entram e saem ao longo do dia. Não obstante, alguns baldes permanecem fora de casa e a água armazenada neles é usada para lavar roupa.

SOLUÇÃO TECNOLÓGICA

O grupo EOZ trabalha, há 5 anos, oferecendo água limpa para a população, o que levou a amostra de mais de 600 fontes hídricas, em diferentes estados do México, visitando mais de 2 mil mora-dias na zona rural e periférica em todo o país, reunindo autorida-des municipais, estatais e federais para entender a dimensão do problema e decidir ações conjuntas. Ao final deste processo, foi possível chegar a uma proposta final, denominada “100% Água Limpa para o México”.

BEM-ESTAR AO ALCANÇE DE TODOS

O elemento central da proposta é a tecnologia chamada LlavEOZ, a primeira a nível mundial que garante a desinfecção da água no ponto de abastecimento residencial. Alguns aspectos básicos da llavEOZ:

1. Para limpar a água são utilizados raios germicidas de uma lâmpada ultravioleta, colocada junto ao orifício de saída de água.

2. Este tipo de chave desinfeta a água em menos de um se-gundo de exposição a estes raios.

3. São usadas lâmpadas comuns, por se tratar de uma tecno-logia simples e presente em quase todas as moradias rurais do México.

4. Abrange dois elementos adicionais indispensáveis: um car-regador solar para regiões sem luz elétrica e um cartucho de pré-filtragem rápida que permita a llavEOZ se adaptar às necessidades das diferentes regiões, onde a água pode apresentar minerais como arsênico, mercúrio e cádmio.

O FUTURO

O Grupo EOZ é uma empresa social e não uma instituição de ca-ridade, como definiu o Prêmio Nobel da Paz, Muhammad Yunus, o que requer financiamentos externos para atingir seus objetivos sociais. O modelo econômico foi projetado para ser auto-susten-tável financeiramente e consiste do seguinte: a empresa busca maximizar as vendas da tecnologia llavEOZ nas zonas urbanas e minimizar seu custo de fabricação, de modo que os lucros obti-dos financiem a associação civil sem fins lucrativos, encarregada de fazer a tecnologia chegar (a um custo subsidiado) a todas as famílias carentes das zonas rurais e da periferia do México.

Para isso, o Grupo EOZ estabeleceu três grandes alianças com o governo federal mexicano. A primeira, com a rede de lojas co-munitárias DICONSA, da Secretaria de Desenvolvimento Social, para garantir uma distribuição eficiente da tecnologia nos mais de 2,5 mil municípios do país. A segunda, criando um cupom de desconto, a ser atribuído as 5,8 milhões de famílias carentes do México. A terceira, uma campanha educativa para trabalhar com 17 mil centros de saúde rurais e suburbanos do Ministério da Saúde e com 300 mil vozes comunitárias do Programa Oportu-nidades que, juntamente com enfermeiros, seriam encarregados de transferir e explicar verbalmente os conhecimentos indispen-sáveis sobre água limpa e tecnologia llavEOZ aos membros de suas comunidades, para que cada família se “aproprie” tanto da tecnologia quanto dos conhecimentos ligados à saúde e à água.

Esta iniciativa foi finalista do concurso nacional “INICIATIVA MÉXICO”, organizado pelos maiores meios de comunicação do país, onde foram selecionadas as 25 melhores propostas dentre 47 mil apresentadas. Foto: Instituto EOZ de Tecnologias Rurais, México.

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MODeLO PARA iMitAREntre as principais características da

tecnologia llavEOZ destacam-se:

Com o uso de raios ultravioleta é possível desinfetar a água em 1 segundo

A maioria dos sistemas de purificação de água das zonas rurais requer armazenamento após a desinfecção, causando risco de recontaminação. Esta tecnologia garante a desinfecção no momento do uso.

Para que a llaveEOZ seja mais abrangente, já se trabalha com um cartucho de pré-

filtragem, num recipiente de alta qualidade e uma bateria

solar para energia. Mais informações em:

www.grupoeoz.com.mx

Os exames laboratoriais realizados em 2010, pelo Centro de Pesquisa em Alimentação e Desenvolvimento, mostram que a llavEOZ cumpre com os padrões da norma NOM-244-SSA1-2008, do Ministério da Saúde, por conseguir eliminar 99,997% das bactérias fecais.

Especificações Consumo elétrico: 3W Voltagem: 10V Corrente: 300mA Vida útil: 10 mil horas Ciclos: 10 milRosca: 1/2 polegada

Vida útil de 2,5 a 5 anos, se usada de 10 a 20x/dia.

Componentes Válvula de abastecimento de água Conector DC 3,1x1,5x7,8mm Micro-interruptor de botão vedado Lâmpada UVC 3W GTL2 Adaptador: entrada 110-240VAC, saída 10-24VDC, 300mA

Materiais Corpo principal: Plástico ABS Foco ultravioleta: quartzo,argônio, mercúrio Junta de vedação: borracha Mola: aço inoxidável Porca: nylon

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ALTO PERFIL

Manuel Obregón, fundador da “Orquesta del Río In� nito”, reconhece que é preciso continuar percorrendo os rios da América, pois esta experiência nos ensina e sensibiliza sobre os desa� os de nossa região em relação à água.

Seu olhar profundo. Sua voz educada. Seus dedos acostumados a formar acor-des em instrumentos musicais. Tudo isso se conjuga em um ser humano que

espera deixar um legado e que vem navegando por barcos de entusiasmo e de acordes, com o desejo de envolver outras pessoas na prote-ção dos recursos hídricos, combinando música, água, abordagens e compromisso ambiental ao ritmo da “Orquesta del Río Infi nito”.

Manuel Obregón criou a idéia, empolgou mú-sicos de toda a região, organizou as viagens e hoje, 10 anos depois, faz com que a música soe como a água… que a água vibre entre notas… que as pessoas se reconheçam em seus rios.

“Este projeto não trata apenas de água e natu-reza, é também um espaço para conhecer e se conscientizar sobre outros assuntos sociais im-portantes para as comunidades que querem ser escutadas,” afi rmou Obregón.

O projeto “Orquesta del Río Infi nito” se defi ne como um movimento artístico-am-biental pan-americano, que envolve um reencontro entre a música e as águas desta região. Quais as conquistas ao longo destes anos capazes de sensibilizar em relação à proteção dos rios por meio da música?

A “Orquesta del Río Infi nito” começou como um movimento de pesquisa musical, mas no decor-rer do tempo, percebemos que viajar pelos rios de nossa América era a melhor forma de recu-perar a música de nossa região.

Viajando por estas bacias hidrográfi cas – sobre tudo as da América do Sul –, pelos rios Paraná, Uruguai e Amazonas, vimos que muitas pessoas tinham muito para contar e, assim, foi-se vincu-lando arte e natureza. Neste processo, pessoas, comunidades e organizações se uniram a nós.

Pelo caminho, percebemos a força do vínculo entre água e natureza: inseparáveis. Com os anos, esse vínculo com a água também nos foi trazendo uma maneira natural e fortalecendo a “Orquesta del Río Infi nito”.

Vocês fi zeram duas turnês: uma no Rio San Juan (Costa Rica e Nicarágua), e outra no Rio Paraná (Argentina, Uruguai e Para-guai). Quais os desafi os enfrentados para recuperar os rios como principais fontes de abastecimento hídrico em nossa região?

Foram duas turnês completas. Mas neste meio tempo houve outras atividades. O movimento tem mais de 10 anos e conseguimos identifi -car mais de 1500 músicos, além de atores e outros vínculos sociais. O ponto mais interes-sante não é a turnê em si, mas a pré-produção, que se trata de um período onde documenta-mos tudo, gravamos as canções e entramos em contato com as comunidades.

Por aí percebemos que os maiores problemas são o desmatamento e a consequente sedi-mentação dos rios, o que difi culta a navegação e deteriora a qualidade da água. Concluímos que, com o desaparecimento da natureza, de-saparece também a cultura.

“OS RIOS SÃO UMA FORMA NATURAL DE INTEGRAÇÃO”

10 ANOS DE UM PROJETO QUE UNE ÁGUA E NATUREZA

Por BORIS RAMÍREZ

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O Jornal El País, da Espanha, destaca o projeto por sua capacidade integra-dora única. Será que nossos governos estão se descuidando ou deixando de lado um tema tão vital como a água?

A integração é um assunto muito interes-sante. Sem dúvida, a água e os rios são ele-mentos integradores, já que atravessam os países, sem necessidade de passaporte e são vínculos naturais que devem servir em uma relação mais intensa de integração entre os povos, para se conhecerem e se ajudarem. Os rios são uma forma natural de integração entre os países: eles fluem e isto bastou para que nos conscientizássemos.

Começamos com “Orquesta de la Pa-paya”, uma orquestra de integração cen-tro-americana que foi crescendo e unindo músicos de todo o continente americano. Temos réplicas em outros países, o que é importante porque revela a força que se pode ter com um projeto como este. A ca-pacidade integradora da cultura vai muito além das fronteiras, pois elas vieram de-pois de nossa cultura. A cultura nos une, nos identifica.

Em sua turnê pela América Latina con-seguiram combinar 55 organizações estatais, públicas, privadas e comuni-tárias diferentes. Quais são os requi-sitos para que este tipo de parceria realmente funcione?

O principal requisito para as organiza-ções que desejam participar é o de com-partilhar objetivos comuns. Este é um movimento que vem da sociedade civil: primeiro foram os músicos, em seguida as ONGs e, finalmente, os governos que nos dão permissões. O mais bonito é que quando se começa a navegar pelos rios vai se criando algo como uma bola de neve, vão-se unindo comunidades e ilusões. Antes mesmo de chegarmos à outra comu-nidade, já somos esperados, já tem gente que quer se juntar a nós, escutar música, dividir mensagens, firmar compromissos em nome da água. Isto deu ao projeto um grande impacto na mídia.

Acho que isso é parte da falta de conhe-cimento existente entre nossas regiões e comunidades. Somos um continente, mas não nos conhecemos e esta iniciativa de-

monstra que temos muita vontade de nos conhecermos.

É mais fácil trazer consciência através da música, por conta do seu poder de comunicar sem fronteiras. Quais as experiências, durante seus concertos, ao falar de água com as comunidades?

A música é uma linguagem superior de comunicação e, portanto, facilita muito a sensibilização das pessoas. A mensagem chega mais clara do que em discursos ou outras atividades. A música facilita, e mais, a música convoca.

Nossas experiências vão desde as mais ex-tremas, como barreiras realizadas por pes-cadores para que a orquestra não passe, até as mais mundanas como reuniões para firmar acordos e compromissos com os rios e a proteção das águas.

Não podemos nos esquecer que as regiões que compartilham rios são zonas de conflito, ou por serem fronteiras ou por conta de ou-tras atividades que acontecem nos leitos dos rios. Nos rios que unem Brasil, Argentina,

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Uruguai e Paraguai, por exemplo, existem fenômenos que vão desde o narcotráfi co, o contrabando e a pobreza até a prostituição infantil. Estes temas sociais também são abordados na Orquestra.

O projeto não trata apenas de água e natu-reza, é também um espaço para conhecer e se conscientizar sobre outros assuntos so-ciais importantes para as comunidades que querem ser escutadas. Um aspecto impor-tante da orquestra é que, ao percorrer os rios em barcos com artistas internacionais e com membros da imprensa, as comunida-des visualizam seus problemas, o que tem sido uma grande experiência, já que todos aprendem e se conscientizam dos desafi os ligados aos temas hídricos e sociais, que também são importantes.

A Bacia Amazônica detém 60% das florestas tropicais do Planeta, mas também em sua turnê pelo Brasil, Bo-lívia, Peru, Equador e Colômbia, a or-ganização International Rivers detecta 140 projetos hidroelétricos que tornam vulneráveis o sistema fl uvial. De que maneira iniciativas como estas devem

prestar contas do estado e do perigo de nossos rios?

O tema das hidroelétricas é dos mais po-lêmicos da região. Não encontramos nem opositores absolutos, nem outros setores que queiram equilibrar esta relação. Per-corremos as maiores represas - Itaipu e Yacyreta – e o que posso dizer é que as comunidades ribeirinhas são grandes de-sertos: a pesca desapareceu, as espécies nativas não podem correr livremente, há problemas com a desova dos peixes e há tráfi co de gente.

O Amazonas é a maior reserva de água doce do mundo e o rio Paraná também é de grande importância. Ambos devem ser protegidos como sistemas terrestres que são. Mas também é preciso olhar para os “rios voadores” – como é chamado o rio Sidney Pozuelo –, cuja enorme quantidade de água, foi perdida por conta da evapo-ração causada por desmatamento e outras atividades intensivas.

De acordo com o Programa de Ação Mundial para a Proteção do Meio Am-

biente Marinho, 90% dos poluentes que chegam ao mar vem dos rios. Como a “Orquesta del Río Infi nito” aborda os temas de degradação e contaminação?

O problema mais sério é o da contamina-ção das águas que vem das bacias hidro-gráfi cas altas. Das que percorremos, os rios descem da cordilheira andina e estão con-taminados por atividades de extrativismo e de produção. É preciso lembrar que uma série de atividades realizada bacia acima, traz consequências bacia abaixo.

Como é possível unir músicos de toda a América Latina para cantarem pelos rios, quando estes se localizam em zonas fronteiriças de confl itos e de manejo de bacias hidrográfi cas?

É um tema interessante. A capacidade de viajar com músicos pelos rios é limitada: às vezes viajamos em um barco cenário e vamos fazendo concertos, mas, de re-pente, organizamos outras atividades, como na última turnê, na qual íamos parando de cidade em cidade, ao longo do rio, para reuniões com comunidades

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sua vez, convocar a comunidade para dis-cutir sobre seus problemas hídricos.

O Rio da Prata, na Argentina, é o ter-ceiro mais poluído do mundo, segundo o Fundo Mundial da Natureza (WWF). Quantas turnês mais serão necessárias para atrair a atenção para os rios?

O Rio Paraná desemboca no Rio da Prata, motivo pelo qual neste ponto se unem a sedimentação e a contaminação por mine-rais, águas residuais e produção intensiva. É preciso revisar a relação de nossas cida-des e dos rios, já que uma cidade como Buenos Aires vive de costas para a água. Em nossas turnês, descobrimos que os rios deixaram de ser navegáveis e se tornaram rotas de violência: há quem suba o leito do rio para roubar grãos, gado e madeira.

A “Orquestra del Río Infinito” faz parte da nova geração que quer reverter este pro-cesso para viver em harmonia com nossos rios e com a riqueza existente em todas as bacias hidrográficas.

ACORDeS PeLA ÁGuAA “Orquesta del Río Infinito” é um projeto que conta com integrantes musicais da América Central, do Caribe, da América do Sul e do Norte. São milhares de vozes que, em cada parada, se abrem para o conhe-cimento mútuo e para a participação dos músicos locais. www.rioinfinito.com

Em cada porto que chega, a “Orquesta del Río Infinito” realiza um festival com entrada gratuita e oficinas de encontro musical com a comunidade, a fim de compartilhar música e tradições. Cada comunidade relata sua própria “Carta de los Ríos”, onde se compromete a velar por sua bacia hidrográfica e pelo meio ambiente.

Manuel Obregón, criador e fundador deste projeto:

• Músico,compositoreprodutorcentro-americano.• EstudoumúsicanaCostaRica,naEspanhaenaSuíça.• Éautordemaisde20CDscomosolistaedeoutrostantoscomomúsicoconvidadoecomoprodutor.• Emjaneirode2002,reuniu14músicosdos7paísescentro-americanos,dandoorigemàprimeiraunião

regional de músicos, conhecida como “La Orquesta de la Papaya”. • Focouseutrabalhocriativonamúsicacentro-americanaeemsuarelaçãocomomeioambiente.• Emoutubrode2000,recebeuoprêmiodacríticamusicalemNovaOrleans(EUA)demelhorconcertodo

ano e foi declarado Cidadão Honorário Internacional.• Atualmente,éMinistrodaCulturadaCostaRica.

localizadas desde Iguaçu até Rosário. Pre-ferimos este último tipo de encontro, já que não apresenta apenas uma orquestra unificada, mas aproveita os concertos para falar com as comunidades, analisar os pro-blemas e tratar das soluções.

Além disso, esta experiência tem sido uma fonte de documentários e uma grande oportunidade para gravarmos e levarmos para a América nossa música desconhe-cida, que não toca nas principais rádios. Desta forma, podemos divulgá-la e, por

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Cancun foi palco para 500 personalidades ligadas ao setor hídrico e saneamento da América Latina darem prioridade ao tema, durante as discussões mundiais sobre água, adaptação e mudança climática.

Ao apresentar as conclusões dos Diálogos pela Água e Mudança Climática (D4WCC, por suas siglas em inglês), durante o Simpó-sio de Alto Nível, José Luis Luege, diretor da Comissão Nacional de Água (CONAGUA) do México, deixou claro as reivindicações deste grupo ao insistir que os governos devem levar em conta as incertezas geradas pela mudança climática durante os processos de planejamento do desenvolvimento.

Segundo conclusões dos especialistas, é urgente avaliar e reduzir a vulnerabilidade do setor hídrico junto aos impactos da água nos setores agrícola, energético, sanitários e ambiental, para que o planejamento do desenvolvimento possa ter mais eficácia.

“Estamos muito satisfeitos em colocar o tema hídrico entre o mais alto nível de autoridades durante a Cúpula sobre Mudança Climática COP 16. Temos realizado um trabalho sério e sistemá-tico, a fim de conscientizar a todos. Esta cimeira traz de volta a confiança que os setores haviam perdido na COP 15, realizada em Copenhague, no ano passado, que gerou grande desilusão. A COP 16, ao contrário, centra as discussões na mitigação e

A ÁGUA GANHA SEU ESPAÇO Por BORIS RAMÍREZ

Pela primeira vez, o setor hídrico ganha atenção na Cúpula Mundial sobre mudança climática, tratando o tema na agenda do aquecimento global

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adaptação ligadas aos problemas hídricos, este é o caminho”, disse Maureen Ballestero, Coordenadora para a América Cen-tral da Global Water Partnership (GWP) e uma das organizado-ras destes Diálogos sobre Água e Mudança Climática.

Sua posição coincide com a de Michel Jarraud, Secretário da Organização Mundial Meteorológica, que insistiu para o fato de “se levar em conta a incerteza sobre o comportamento dos fe-nômenos naturais, bem como a magnitude e o momento dos impactos da mudança climática, pois disto dependerá o grau dos danos e, consequentemente, o custo das reconstruções.” Jarraud afirmou também que, quanto mais tarde forem adotadas as es-tratégias, maior será o investimento em medidas de proteção para a população.

Estas discussões marcam um importante caminho de trabalho. O setor hídrico tem de se adaptar em três áreas básicas para o desenvolvimento humano: alimentação, saúde e geração de energia. Ou seja, práticas de produção agrícola, produção hi-droelétrica e meios de subsistência das economias e sociedades.

“Temos realizado este processo de diálogo convencidos de que o setor hídrico é fundamental na discussão sobre os impactos da mudança climática. Conseguimos aprovar uma posição conjunta da região, que foi apresentada durante o encontro ministerial da Semana Mundial da Água de 2010, e chegamos firmes à COP 16 para divulgar nossas opiniões, e acima de tudo nossa intenção de trabalhar”, afirmou Colin Herron, um dos coordenadores do Grupo Diálogo Regional de Política sobre Adaptação à Mudança Climática no Setor Hídrico.

Desta forma, mostram-se interessados em continuar trabalhando para que a água permaneça em destaque na agenda.

NOVe MeNSAGeNS:CRiAÇÃO ORDeNADA e BONS

PReSSÁGiOS PARA A ReALiZAÇÃOA região chegou ao fórum com uma posição comum como resul-tado do trabalho de especialistas, que se reuniram e elaboraram o documento “Diálogo Regional de Política da América Latina e do Caribe. Desafios e Oportunidades para a Adaptação Hídrica na Mudança Climática: elementos para uma Agenda Regional”. Daí surgiram nove mensagens destinadas a criar uma discussão ordenada, concomitante à coordenação de ações junto a setores sociais, políticos e econômicos.

1 Abordar os desafios e oportunidades institucionais, sócio-polí-ticas, financeiras e culturais, para que o ser humano se adapte à mudança climática em relação à água, pois é cientificamente provado que a água é o principal meio pelo qual o aquecimen-to global afeta a sociedade.

2 Incorporar como elemento fundamental a gestão integrada do recurso hídrico. Fomentar os esforços coordenados de prote-ção e conservação das áreas naturais ligadas ao ciclo da água, pois enquanto a disponibilidade de água é afetada pelo aque-cimento global, a demanda da população aumenta.

3 Fortalecer a dimensão ambiental dentro dos processos de Ges-tão Integrada dos Recursos Hídricos para conservar a integrida-de do ciclo hidrológico.

4 Incluir considerações de igualdade e pobreza nas políticas de adaptação às mudanças climáticas em relação à água e em or-denamento e planejamento territorial, para reduzir a vulnerabi-lidade dos assentamentos humanos.

5 Fortalecer sistemas de informação climatológica e hidro-lógica para ajudar a tomar medidas preventivas, oportuna e coletivamente.

6 Aumentar a capacidade institucional, definir políticas públicas adequadas que respondam às novas condições climáticas e hí-dricas e determinar regras de participação, definição de papéis e responsabilidades no processo.

7 Construir infra-estruturas hidráulicas adequadas às necessida-des impostas pela mudança climática e pelo financiamento dis-ponível, pois o desafio é concentrar a sua concepção, projeto e construção para complementar os serviços ambientais hidroló-gicos, favorecendo, assim, a resiliência dos sistemas hídricos e da preservação do ciclo hidrológico.

8 Estabelecer mecanismos eficazes de coordenação, colabora-ção, participação e co-responsabilidade das diferentes partes interessadas em adotar e apoiar ações destinadas a promover e incentivar a melhor utilização, cuidados e cultura da água.

9 Educar uma geração de especialistas e tomadores de decisões, capazes de abordar problemas complexos sobre a adaptação à mudança climática em relação à água, do ponto de vista inter e multidisciplinar, incorporando no planejamento considerações de incerteza e risco.

‘‘‘‘Em 2020, entre 7 e 77 milhões de

latino-americanos, além dos já existentes,

sofrerão com problemas de acesso à

água por conta da mudança climática

Eduardo Calvo Buendía, especialista peruano do Painel

Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC),

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CULTURA

Projeto mixa diversidade cultural, diálogo e troca de conhecimento com desenho animado em 3D e uma gestão comprometida com a água.

Por BORIS RAMÍREZ

Serie de vídeos

em 3D com

heróis da água

heróis da água

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Um esforço conjunto entre a UNESCO, o Grupo Alcuni e a Rádio Audições Itália (RAI) tenta fortalecer o “respeito mútuo pela água”, tendo como ingredientes principais a diver-

sidade cultural, o diálogo e a troca de conhecimentos.

Com este objetivo, os três grupos uniram as mais recen-tes tecnologias, em comunicação, animação e terceira dimensão, aos princípios da gestão hídrica. O resultado é “H2Ooooh!”, uma série de televisão, cujos protago-nistas, um corajoso grupo de personagens animados, dedica-se à proteção do recurso hídrico.

“A água deve ser de livre acesso. A água é um ele-mento essencialmente necessário para a sobrevivência. Mas grande parte da água de nosso planeta é impró-

pria para consumo humano. Portanto, a água vira uma mercadoria privilegiada.” Com base nesta premissa, a UNESCO Veneziana desenvolveu este projeto para tentar estabelecer um novo conceito sobre a civilização da água.

O desenho animado vem de Laura Messina, da área de as-sessoria psicopedagógica do Gruppo Alcuni e do Departa-mento de Ciências da Educação da Universidade de Pádua. Messina afi rma que “a única maneira possível da infor-mação chegar aos jovens é envolvendo-os diretamente na atividade educacional”. E assim começa a história criada por Francesco e Sergio Manfi o, que contou com uma série de 26 episódios que foram ao ar em maio de 2010 e, atual-mente, podem ser livremente acessados através do site www.youtube.com/user/UNESCOVeniceOffi ce

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ÚNICA E EDUCATIVA

A série “H2Ooooh!” pretende abordar alguns temas da atualidade relacionados à água e incentivar os jovens a participarem de ma-neira criativa nestas questões, compartilhando suas próprias expe-riências e suas propostas para proteção do meio ambiente.

Cerca de 6 mil alunos e estudantes com idade entre 6 e 16 anos, provenientes de 280 escolas da Itália, participaram ativamente do início do projeto. Eles escreveram curtas sobre a água a partir de suas diferentes perspectivas. Após uma seleção entre os 566 rotei-ros enviados pelos jovens foram escritos uma série de 26 capítulos. “Todos os desenhos animados respeitam fi elmente a trama e o design gráfi co idealizado pelos jovens autores”, afi rmou Francesco Manfi o, ao explicar que em cada episódio uma criança descobre um problema relacionado à água e na historinha tenta encontrar uma solução para o mesmo, fazendo com que as crianças aprendam sobre o uso correto da água e, por sua vez, ajudem a sensibilizar os adultos.

Os temas mais abordados pelos jovens, durante a série, foram: a contaminação da água, manejo incorreto dos resíduos e inade-quada exploração dos recursos hídricos, reutilização e reciclagem, limitações da disponibilidade e proteção dos recursos hídricos, ciclo da água das grandes civilizações.

Até o momento, a série na televisão está apenas em italiano e, embora no site de transmissões You Tube seja possível ver alguns trechos em inglês, estuda-se a possibilidade de traduzi-la para ou-tros idiomas.

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OS PERSONAGENS

É um grupo de animais jovens e aventureiros, amigos, mas com personalidades diferentes e unidos no compromisso com a água, aprendendo sobre a natureza, a vida selvagem, a magia e a mitologia.

MOBY: é um cachorro inteligente e intelectual, uma verdadeira enciclopédia ambulante sobre a Natureza. Onde houver livros, ali está ele. Ama ler, viajar e história. Tem pelos escuros e um impressionante colar vermelho.

HOLLY: é uma gata esperta com um sentido prático da vida. Ela é direta, rápida e consegue resolver todos os problemas com a imaginação, pois é uma líder nata, com excelentes habilidades para a organização. Você sempre pode encontrá-la em lugares perigosos onde há enigmas e mistérios para serem resolvidos. Tem um bigode e uma cauda longa.

DIVA: é uma pata impulsiva, apaixonada por moda. Ela está con-vencida de que é a criatura mais linda que existe, e aproveita cada oportunidade para fazer poses. Geralmente, pode ser encontrada em lojas de moda e pode ser reconhecida por seu laço cor de rosa e seu bico amarelo.

PIO: é um sapo ator, excêntrico e dramático. Sonha em ser fa-moso no mundo do teatro e é hábil em recriar sons. Sempre está nos cinemas e lugares públicos, onde muitas vezes recita versos e faz imitações. Tem cor verde e um rosto bastante expressivo.

CILINDRO: é um coelho atleta, mas desajeitado e descuidado. Ele é apaixonado por Diva, por isso vive com a cabeça no mundo da lua e preocupado com as cenouras e o esporte. Tem orelhas enormes e vívidos olhos azuis.

SEM NOME: é um pintinho que acredita que uma ação vale mais que qualquer palavra. Ele se comunica mediante cartazes com desenhos de imagens, usados pelos amigos para sair de situações complicadas. Tem um grande senso de humor e espírito de iniciativa. Pode ser reconhecido por suas penas amarelas, seu rosto angelical e seus banners.

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POTÊNCIA TERAPÊUTICAA água é essencial para regular todas as funções do corpo.

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A água é um medicamento por excelência, segundo afi rmação do Dr. Fereydoon Batmanghelidj, que se dedicou a estudar as possibilidades terapêuticas da água para estabelecer uma nova visão em torno da

saúde humana.

“A desidratação crônica é a raiz da maioria das doenças degenerativas do corpo humano, e a maior tragédia da história da Medicina é que os médicos não entenderam – e ainda não entendem – a diversidade de sinais que são emitidos num corpo quando, simplesmente, reclama por água”, foi a premissa principal deste médico nascido no Irã, que escreveu o revelador livro “As muitas formas de seu corpo pedir água”.

Esta declaração recorda os ensinamentos do Dr. Alexis Carrol, Prêmio Nobel de Medicina em 1912, que escreveu: “A célula é imortal. É realmente o líquido no qual ela fl utua, composto principalmente por água, que se degenera. Renovar este fl uído em intervalos dá às células o que necessitam para sua alimentação e, tanto quanto sabemos, o pulsar da vida continuaria para sempre”.

Sem dúvida alguma, a água é uma substância fundamental para a vida do ser humano, seu rejuvenescimento e revitalização. Conforme a idade avança, o corpo perde água, de modo que para aumentar a vitalidade e o rejuvenescimento é necessário o uso de formas adequadas de reidratação. O que acontece em nossos corpos é que as células velhas cristalizam o colágeno que se encontrava em seu interior no estado coloidal, quando eram jovens. Além disso, a membrana celular se endurece, difi cultando tanto a entrada de alimentos para a célula quanto a saída de impurezas, resultando numa célula desnutrida e intoxicada.

BARATA E BENÉFICA

Batmanghelidj afirma que não se pode continuar a ignorar os múltiplos papéis químicos desempenhados pela água no corpo humano. As pessoas desconhecem que a desidratação provoca a perda de funções orgânicas essenciais. Por isso, Batmanghelidj defende uma mudança para um novo paradigma: a água é essencial para regular todas as funções do corpo.

Para o bom funcionamento do corpo é necessário que a água chegue sempre em quantidade sufi ciente e no momento certo ao longo de todo o organismo, especialmente os órgãos vitais: cérebro, coração, pulmões, fígado, pâncreas e rins. Neste ponto é importante saber quando o corpo nos avisa que precisa de água. De fato, o indicador mais óbvio – e o único que costumamos reconhecer – é a boca seca, que, na verdade, é o último de uma série de sinais de falta de hidratação. (Veja Box 2).

Muitas vezes, confundimos os sinais de alerta da necessidade de tomar água e trocamos por café, chá, refrigerantes ou outros líquidos. A primeira recomendação dos especialistas é ter controle sobre a ingestão diária de água, cuja quantidade mínima deve ser de 2 litros. Embora muitos afi rmem que tomar chá ou outras bebidas refrescantes sejam substitutos válidos para a água, isto é um erro elementar que pode acarretar em consequências graves. Estas bebidas contém água, mas também podem levar agentes causadores de desidratação, que não só eliminam a água ingerida como também reduzem as reservas do corpo por sua forte ação diurética.

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ÁGUAS SAUDÁVEISOs poderes terapêuticos da água foram estudados desde o tempo de nossos antepassados, mas o Dr. Felicísimo Ramo os recopila em seu livro “A água magnetizada” (Editoria Mandala, 1994). Dr. Ramo conclui que a água irradiada é mais hidratante que a água sem tratamento, pois ela consegue atravessar a membrana das células, ajudando a facilitar sua alimentação e eliminação de toxinas, o que impede o envelhecimento prematuro e facilita reações bioquímicas, bem como tratamento de doenças.

• ÁGUA IMANTADA. É aquela que está sujeita à infl uência do campo magnético de um imã por algum tempo. Serve para prevenir e ajudar a dissolver pequenos cálculos renais e biliares, além de fortalecer o sistema imunológico.

• ÁGUA IONIZADA. É aquela cuja condutividade aumenta após ser submetida à ação de um fraco campo elétrico ou magnético, que atua sobre os sais eletrólitos dissolvidos nela. Ajuda a prevenir hipertensão arterial, reduz a viscosidade do sangue e ajuda a desobstruir os vasos sanguíneos.

• ÁGUA POLARIZADA. É aquela em que o campo magnético é poderoso o sufi ciente para provocar uma “mudança” nas moléculas da água. Favorece o crescimento de células vivas e melhora o apetite e o dinamismo do metabolismo humano.

• ÁGUA MAGNÉTICA. É a água resultante após ser submetida à ação de um campo magnético intenso em determinadas condições, uma ação que permite a aquisição de propriedades físicas particulares. Ajuda a normalizar os níveis de colesterol, é efi caz no tratamento do diabetes, na permeabilidade de membranas celulares, melhora os problemas de celulite e obesidade, acelera o processo digestivo, protege contra úlceras de estresse, suaviza a pele e aumenta o brilho dos cabelos. Também apresenta um acentuado efeito diurético.

RECONHECENDO A DESIDRATAÇÃOO último indicador é a boca seca, mas antes esteja atento para o seguinte:

• A cor de sua urina deve ser incolor ou ligeiramente amarelada.

• Se a urina está escura é porque seu corpo está desidratando.

• A cor escura signifi ca que os rins estão trabalhando com pouca água e a urina está saturada de toxinas.

NOTA: este é apenas um indicador.

Fonte: Revista Discovery Saúde

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SITES DE INTERESSE

www.aguatuya.org FUNDAÇÃO AGUA TUYACom um enfoque participativo e inovador, a Fundação Agua Tuya trabalha, desde 2003, para criar e passar conhecimentos vindos de Cochabamba (Bolívia), estabelecendo soluções acessíveis que respondam às ne-cessidades hídricas e de saneamento das populações de baixa renda. As propostas incluem projetos, assistência técnica, alter-nativas de financiamento, serviços de ins-talação e capacitação e apoio à gestão de entidades prestadoras de serviços hídricos.

www.iwawaterwiki.org WATERWIKIWiki é a terminologia usada para um site colaborativo, sobre o qual todo o mundo pode ter acesso e qualquer pessoa pode editá-lo aportando informações. O objetivo do waterwiki é proporcionar uma plataforma onde a comunidade ligada ao setor hídrico interaja online, por meio de artigos, perfis e fóruns. O waterwiki é um site de referên-cia para os profissionais do setor em todo o mundo e de todas as áreas ligadas aos temas água, águas residuais, meio ambiente e gestão hídrica.

www.centrodelagua.org CENTRO HÍDRICO PARA AMÉRICA LATINA E O CARIBEEm novembro de 2008, uma iniciativa con-junta do Instituto Tecnológico de Monterrey do México, da Fundação FEMSA e do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) criou o Centro Hídrico, voltado para a pes-quisa aplicada sobre o uso sustentável da água na região. Com o apoio de um grupo de pesquisadores especializados e de uma rede de colaboradores, o Centro busca cau-sar impacto positivo na comunidade, desen-volvendo alianças estratégicas e facilitando o acesso à informação para profissionais, entidades governamentais e empresas.

www.waterforum.jp FÓRUM JAPONÊS DA ÁGUAO site utiliza informações para promover políticas no setor hídrico e responder ade-quadamente às tendências dos problemas de água nos debates internacionais, contri-buindo parra com a solução dos problemas no setor. Utiliza meios de comunicação, redes de informação e o conhecimento do III Fórum Mundial da Água para apoiar as or-ganizações que trabalham pela segurança hídrica em suas atividades internacionais.

WORLDWIDE WATER EDUCATIONA organização sem fins lucrativos dedica-se a educar crianças, pais e mestres e membros da comunidade em relação à água. Publica materiais em vários idiomas, oferece ofici-nas de capacitação com os temas: bacias hidrográficas, qualidade e conservação hí-drica. Entre os objetivos está a criação de uma rede mundial de educadores, profis-sionais e cientistas.

www.projectwet.org

www.uniagua.org.br UNIVERSIDADE DA ÁGUACom sede na cidade de São Paulo (Brasil), esta ONG sem fins lucrativos promove a pro-teção, preservação e recuperação da água do Planeta, por meio do exercício da edu-cação ambiental. A Universidade da Água realiza ações em aliança com ministérios, órgãos públicos, indústrias, empresas e ges-tores de educação. Além de campanhas em meios de comunicação impressos e eletrôni-cos voltadas para os recursos hídricos.

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HYDRO ECO 2011III CONFERÊNCIA MULTIDISCIPLINAR DE HIDROLOGÍA E ECOLOGÍA: ECOSSISTEMAS, ÁGUAS SUBTERRÂNEAS E SUPERFICIAISDe 2 a 5 Local: Viena, ÁustriaSite: web.natur.cuni.cz/hydroeco2011 Organização: Programa Hidrológico Internacional da UNESCO, Comissão Internacional de Águas Subterrâneas da Associação Internacional de Ciências Hidrológicas, Universidade de Recursos Naturais e Vida de Viena.

EXPO ÁGUA E MEIO AMBIENTE 2011IX EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL DE TECNOLOGIA DE TRATAMENTO E SANEAMENTODe 18 a 20 Local: Buenos Aires, ArgentinaSite: www.expoagua.com.ar Organização: Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Águas Bonaerenses.

CALENDÁRIO 2011

CONGRESSO MUNDIAL DE RESTAURAÇÃO ECOLÓGICA De 21 a 25 Local: Mérida, MéxicoSite: www.ser2011.org Organização: Sociedade Internacional para a Restauração Ecológica.

ABRIL

MAIO

JUNHO

SIMPÓSIO INTERNACIONAL DO ESTADO DO TEMPO E DA HIDROLOGÍADe 18 a 21 Local: Exeter, InglaterraSite: www.wrah2011.org Organização: Real Sociedade de Meteorologia, Sociedade Hidrológica Britânica e Organização Mundial Meteorológica.

III CONGRESSO INTERNACIONAL SMALLWAT 11: ÁGUAS RESIDUAIS EM PEQUENAS COMUNIDADESDe 25 a 28 Local: Sevilha, EspanhaSite: www.smallwat.org/web Organização: Fundação Centro das Novas Tecnologias da Água (CENTA).

EXPOHIDRÁULICA INTERNACIONALDe 1 a 3 Local: México D.F., MéxicoSite: www.expohidraulicainternacional.com.mx Oorganização: Federação Mexicana de Engenharia Sanitária e Ciências Ambientais, Câmara Nacional da Indústria do Desenvolvimento da Moradia, Câmara Mexicana da Indústria de Construção.

IHA 2011CONGRESSO MUNDIAL DE PROMOÇÃO DE ENERGIA HIDROELÉTRICA SUSTENTÁVELDe 14 a 17 Local: Foz do Iguaçu, BrasilSite: www.ihacongress.org Organização: Associação Internacional de Energia Hidroelétrica.

XXIII CONGRESSO NACIONAL DA ÁGUA 2011De 22 a 25 Local: Chaco, ArgentinaSite: www.conagua2011.com.ar Organização: Governo de Chaco, Subsecretaria de Recursos Hídricos, Universidade Nacional de Chaco Austral, Universidade Tecnológica Nacional.

AGOSTO

SETEMBRO

OUTUBRO

XIV CONGRESSO MUNDIAL DA ÁGUACONGRESSO HIDROLÓGICO INTERNACIONALDe 25 a 29 Local: Porto de Galinhas, Recife, BrasilSite: www.worldwatercongress.com/en Organização: Associação Internacional de Recursos Hídricos (IWRA).

V CONFERÊNCIA INTERNACIONAL EM GESTÃO DE INUNDAÇÕESDe 27 a 29 Local: Tsukuba, JapãoSite: http://www.ifi-home.info/ICFM.htmlOrganização: Centro Internacional do Manejo Hídrico, UNESCO, Ministério da Terra, Infra-estrutura, Transporte e Turismo do Japão.

IX CONGRESSO HIDROLÓGICO INTERNACIONALDe 5 a 8 Local: Kalavrita, GréciaSite: www.hydrogeocongress.gr Organização: Associação Internacional de Hidrogeólogos, Universidade de Patras.

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In Lak’ ech a lak’ en(Eu sou você e você sou eu)

Frase Maya

"Primeiro se formaram terra, montanhas e vales, as correntes de água se dividiram, os rios correram livremente entre as colinas, e as águas ficaram seParadas quando aPareceram as altas montanhas.

assim foi a criacão da terra, quando foi formada Pelo coracão do céu, o coracão da terra, que assim são chamados os que Primeiro a fecundaram, quando o céu estava susPenso e a terra resultava submersa dentro da água.

desta maneira se aPerfeicoou a obra, quando a executaram dePois de Pensar e meditar sobre sua feliz terminacão."

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