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CORRIDA PELA INOVAÇÃO Julho 2007 n o 49 • Ano XIII AMBIENTE DA INOVAÇÃO BRASILEIRA O mercado esportivo demanda por centenas de inovações, nos mais diversos setores. Vale tudo para melhorar a performance de atletas e tornar mais confiáveis os resultados de competições como o PAN 2007 FÁRMACOS Laboratórios brasileiros investem em P&D para conquistar mercados MEIO AMBIENTE Empreendedores descobrem que SUSTENTABILIDADE gera lucro

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Corrida pela

inovação

Julho 2007 no 49 • Ano XIIIambiente da inovação brasileira

O mercado esportivo demanda por centenas de inovações, nos mais diversos setores. Vale tudo para melhorar a performance de atletas e tornar mais confiáveis os resultados de competições como o Pan 2007

FármacosLaboratórios brasileiros investem em P&D para conquistar mercados

meio ambienteEmpreendedores descobrem que sustentabiliDaDe gera lucro

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A revista Locus é uma publicação da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores

Conselho editorial Maurício Guedes – presidente Carlos Américo PachecoGina PaladinoHelena Lastres Josealdo Tonholo

Coordenação editorialDébora Horn ColaboraçãoAdriane Alice Pereira, Amanda Miranda, Anderson Carvalho, Bruno Moreschi, Carla Cabral, Emília Chagas, Francis França, Isabel Colucci, Márcio Caetano, Michelle Araujo, Maurício Frighetto e Rodrigo Lóssio. Jornalista responsávelDébora Horn – MTb/SC 02714 JPDireção de arteLuiz Acácio de SouzaEdição de arteMarcelo PradoRevisãoSérgio Ribeiro e Lu Coelho

PresidenteJosé Eduardo Azevedo FiatesVice-presidenteGuilherme Ary PlonskiDiretoriaJosé Alberto Sampaio AranhaChristiano BeckerPaulo Roberto de Castro GonzalezJosealdo TonholoSuperintendênciaSheila Oliveira Pires Paulo César G. Miranda

EndereçoSCN, quadra 1, bloco C, Ed. Brasília Trade Center, salas 209/211Brasília / DF – CEP: 70711-902Contatos(61) 3202-1555E-mail: [email protected]: www.anprotec.org.brPortal: www.redeincubar.org.brAnúncios: (61) [email protected]

Produção Apoio

Julho 2007 • no 49 • Ano XIII

ISSN 1980-3842

ambiente da inovação brasileira

Índice

C A P A Corrida pela inovaçãoOs Jogos Pan-americanos 2007 demonstram que esporte e inovação andam lado a lado. Conheça empresas de diversos setores que oferecem soluções a esse mercado em constante expansão.

6 E n t R E V i S t AO ex-empresário e sempre bibliófilo José Mindlin conta sua trajetória no mundo dos negócios e garante que a leitura é essencial ao sucesso de qualquer empreendedor.

10 E m m O V i m E n t OA integração das incubadoras potiguares, o trabalho de mulheres cooperativadas, um edital de apoio a associadas de todo o Brasil, o novo indicador de inovação e a homenagem a um guerreiro que partiu. As novidades do movimento estão aqui.

16 n E g ó C i O SEmpresas repensam processos e produtos para minimizar as conseqüências do efeito estufa. A ordem agora é resfriar o planeta!

23 O P O R t u n i D A D EApós anos de dependência externa, o Brasil avança na estratégica área de fármacos. Descubra como os laboratórios do país ganham competitividade.

26 i n V E S t i m E n t OMuitas empresas sonham em atrair capital de risco. Depois que conseguem, se deparam com um problema maior: como manter a relação com os novos sócios?

36 S u C E S S OVeja como o pesquisador Augusto Guimarães superou o fracasso do primeiro produto lançado pela Nuteral e levou a empresa ao topo da inovação brasileira.

38 i n t E R n A C i O n A LPesquisa divulgada pelo GEM oferece um panorama do empreendedorismo mundial. Países de renda média precisam gerar mais negócios por oportunidade.

41 g E S t ã OGerenciar o processo de exportação significa muito mais que planejar rótulos bilíngües. Para conhecer o país-alvo, internet pode ser decisiva.

44 E m P R E E n D E R é S h O WTudo sobre o reality experience. Acompanhe o resultado da primeira missão, aprenda com os erros e descubra como ser um campeão nos negócios.

46 E D u C A ç ã OSem investir no ensino de ciências, vai ser difícil o Brasil subir no ranking de países inovadores. Conheça iniciativas que buscam reverter essa situação.

48 C R i A t i V i D A D EUm dos maiores consultores do Brasil explica por que a sobrevivência de um negócio depende do estímulo à criatividade dos funcionários.

49 C u L t u R AFilmes, livros, discos e exposições. Dicas para você refletir sobre o mundo corporativo enquanto se diverte.

50 O P i n i ã OJosé Dornelas: empreendedores precisam implementar uma nova visão de negócios que possibilite crescimento rápido e desenvolvimento das pessoas que formam a empresa.

impressãoGráfica Van Moorseltiragem5.000 exemplares

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É com satisfação que fazemos chegar até você a segunda edição da nova Locus. Desde o número 48 nossa

publicação apresenta mudanças signifi-cativas, tanto no projeto gráfico quanto no conteúdo. Agora, a edição 49 vem para consolidar a nova versão, trazendo temas de interesse aos envolvidos com empreendedorismo inovador, mas sem esquecer daqueles que observam de fora o nosso movimento.

Entre as principais funções da Locus está apontar setores que merecem a aten-ção tanto de quem quer empreender quan-to daqueles que buscam investir. A repor-tagem de capa desta edição revela um mercado que deve se tornar ainda mais vi-sível durante este ano: o esportivo. Emba-lados pelos Jogos Pan-americanos 2007, os negócios nessa área tendem a crescer e a inspirar a migração de empresas que atu-am em outros nichos para esse mercado tão lucrativo. Abrangente, o setor esporti-vo precisa de soluções que vão desde tec-nologia da informação até biotecnologia para atingir objetivos também distintos – como garantir lisura nos resultados de competições e melhorar a performance de atletas. As empresas citadas na matéria, das nascentes às gigantes, mostram que acompanhar o mundo esportivo exige di-namismo e, claro, muita inovação.

Inovar também é a palavra de ordem no setor de fármacos, tema da seção Oportu-nidade. Laboratórios brasileiros têm con-quistado grandes avanços em um mercado ainda dominado por estrangeiros, graças ao investimento em pesquisa e desenvolvi-mento. Empresas incubadas e graduadas estão inseridas nesse cenário em mutação, destacando-se entre as mais inovadoras do país. Algumas delas revelam que recebe-

ram apoio de fundos de in-vestimento, um sonho de muitos empreendedores. Mas a conquista de investidores-anjos pode se tornar um pe-sadelo, dependendo do tipo de relação que se estabelece entre empresários e investi-dores. Por isso, Locus bus-cou especialistas para desven-dar os mistérios que envolvem essa relação e indicar cami-nhos que tragam benefícios para ambas as partes. As di-cas estão na seção Investimento.

No mundo corporativo, muitas vezes benefício pode ser compreendido apenas como sinônimo de lucro. A seção Negó-cios desta edição foi pensada para mostrar que também vale a pena apostar em bene-fícios sociais, que cheguem a toda comu-nidade. A reportagem apresenta o traba-lho de empresas que oferecem soluções para minimizar o aquecimento global. Até pouco tempo atrás esses negócios pode-riam ser apontados como utópicos. Mas as conseqüências do efeito estufa se mos-tram tão danosas ao planeta e ao próprio homem que as empresas envolvidas com a sustentabilidade acabaram saindo na frente e hoje apontam tendências, as quais, mais cedo ou mais tarde, serão se-guidas pelo mundo todo.

Esses são alguns destaques desta edi-ção da Locus, que ainda “cheira a novi-dade”. Agradecemos o apoio recebido de nossos leitores à nova versão da revista e também as críticas e sugestões de pautas, temas e fontes que não param de chegar. Nosso grande desafio é corresponder às expectativas, tornando a Locus cada vez melhor.

Conselho Editorial

Carta ao leitor

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C om 92 anos e, inevitavelmente, ao lado de livros, José Mindlin não cansa

de repetir um discurso que hoje parece óbvio, mas custa a se transformar

em ações: a educação é a salvação do Brasil. Dono da maior coleção de livros

do país, um acervo que tem a primeira edição de Os Lusíadas e os originais

de Grande Sertão: Veredas, ele falou à revista Locus sobre um assunto

pouco explorado em sua biografia.

Mindlin já foi um empresário de sucesso, um dos sócios da empresa de

autopeças Metal Leve. Seu negócio começou pungente na época

desenvolvimentista de Juscelino Kubitschek e foi sufocado pela abertura do

mercado brasileiro durante o governo de Fernando Collor. Muita gente pode

achar que seu lado empresarial destoa dos livros, mas Mindlin faz questão de

não separar as duas áreas. “A cultura ajuda a dar uma visão de vida mais

ampla ao empreendedor, a alargar seus horizontes”, afirma.

O leitor empreendedorO maior bibliófilo do Brasil relata a experiência como empresário e afirma que cultura é fator decisivo para o sucesso

Repórter: Bruno Moreschi – Fotos: Raquel do Espírito Santo

Locus – Como foi seu início profissional?Mindlin – Começou em maio de 1930 na redação do jornal O Estado de S. Pau-lo, pouco antes de completar 16 anos.

Estávamos em plena conspiração da revolução de Getúlio Vargas, que em grande parte era feita na redação do Es-tadão. Como havia censura telefônica, Julio Mesquita Filho me chamava para

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sua sala para que eu transmitisse em in-glês as mensagens ao chefe da redação no Rio de Janeiro. Era a forma encon-trada para driblar a censura, pois na época os censores não falavam inglês. Fui beneficiado pelo fato de só eu falar o idioma naquele local. Nesse período fiquei em uma posição hilária: o meni-no da redação era um dos mais infor-mados sobre a conspiração em curso.

Locus – O senhor virou empresário por acaso?Mindlin – Um grupo de pessoas tinha idéia de montar uma fábrica de autope-ças e houve dificuldade para conseguir financiamento para o projeto. Como era amigo do diretor do Banco de Cré-dito Real de Minas Gerais, acabei me tornando fiador dessas pessoas e, quan-do vi, fazia parte da empresa. Era a dé-cada de 1950 e o negócio aproveitou bem o estímulo que o presidente Jusce-lino Kubitschek deu ao setor automobi-lístico e cresceu muito. Foi um momen-to político importante: quando o Brasil encontrou um líder político com a ob-sessão do crescimento.

Locus – O presidente Lula adora se comparar a JK...Mindlin – (Silêncio e, depois, risos) Eu nem preciso responder, certo?

Locus – O segredo de ter se tornado um empresário de sucesso foi a percepção de que aquele era o momento certo?Mindlin – Exato. Quem quer se tornar empreendedor precisa ter informações suficientes para conhecer o cenário em que atua. Naquela época, o Brasil estava em um período de grande crise cambial, pois a maioria das reservas acumuladas durante a Segunda Guerra Mundial foi gasta com importações supérfluas. A crise pediu uma política de substituição desses produtos estrangeiros. Eu confes-so que só votei duas vezes em presiden-tes que ganharam as eleições: JK e Fer-

nando Henrique Cardoso. FHC poderia ter criado uma aura de grande homem na nação se não tivesse cometido o erro de ter apostado no segundo mandato.

Locus – E como foi o momento em que sua empresa fechou?Mindlin – Sofremos muito durante a abertura para as importações no perío-do do presidente Fernando Collor. Seu governo manteve as tarifas para o carro importado, mas diminuiu as tarifas de

entrada das autopeças para apenas 2%. Então, a concorrência internacional foi gigantesca. Nós – nem ninguém – não estávamos preparados. O grande pro-blema foi de escala, o que impediu de nos tornarmos fornecedores mundiais.

Defino esse momento da minha vida como angustiante. Tanto que tivemos que vender a empresa. Foi uma decisão difícil do ponto de vista emocional, mas racional sob a questão empresarial.

A globalização não é uma luta entre o bom, visto como algo local, e o mau,

o produto mundial. Não se trata de uma conspiração, mas sim de uma circunstância de um determinado período histórico

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Locus – Após ter passado por uma experiência como essa, ficou alguma lição para quem quer vencer neste mundo tão globalizado?Mindlin – É preciso deixar claro que a globalização não é uma luta entre o bom, visto como algo local, e o mau, o produ-to mundial. Não se trata de uma conspi-ração, mas sim de uma circunstância de um determinado período histórico. Para as pequenas e médias empresas brasilei-ras esse cenário é bastante positivo, pois o mercado é cada vez maior e há brechas

em que elas podem investir e lucrar mui-to. Já a grande empresa brasileira, na realidade, é pequena em relação à multi-nacional. Tudo é muito nebuloso para essa fatia de empresários nacionais. Eles precisam lidar com uma concorrente que se não estiver satisfeita com o gover-no local toma uma decisão rápida: vai para qualquer outro canto mais favorá-vel do mundo. Mas eu ratifico: o mundo não vai acabar por causa disso.

Locus – Alguns ambientalistas não concordam com isso...Mindlin – Eu sou um otimista perene. Acredito piamente que o homem e a sua ciência vão resolver os atuais dilemas da nossa civilização.

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Filho de imigrantes russos, José Ephim Mindlin nasceu no dia 8 de setembro de 1914, em São Paulo. Dois anos depois

de participar da Revolução de 1930, deixou o jornalismo para ingressar na Faculdade de Direito do Largo São Francisco. Formado, advogou pelos 15 anos seguintes, até juntar-se a outros quatro empreendedores e fundar a Metal Leve, empresa que se especializou na produção de pistões – peças cilíndricas feitas de alumínio, essenciais ao funcionamento do motor de automóveis. Em pouco tempo, a Metal Leve se tornou referência no setor de autopeças, exportando produtos e abrindo filiais no exterior. O crescimento da empresa permitiu que ela empregasse 6 mil pessoas. Mas com a abertura econômica no início dos anos 1990, a Metal Leve começou a colecionar prejuízos, obrigando Mindlin a se desfazer de suas ações em 1996.

Em paralelo à vida executiva, o empresário levou adiante uma paixão despertada ainda na adolescência: a leitura. Considerado o maior bibliófilo do Brasil, construiu um acervo com mais de 40 mil títulos, repleto de raridades. A coleção, que começou a se

formar em 1927, foi doada em 1999 para a Universidade de São Paulo (USP) “para garantir que a biblioteca continue viva e preservada”, segundo ele. A trajetória de sucesso no mundo corporativo, a passagem pela administração pública – ele foi secretário estadual de Cultura, Ciência e Tecnologia do governo Paulo Egydio Martins, no final dos anos 70 – e o elevado nível cultural fazem de Mindlin uma figura respeitada em diversos segmentos. Entre 1997 e 1999, ele integrou a comissão julgadora do Prêmio Anprotec para Empresa do Ano e Incubada do Ano, quando pôde conhecer melhor a realidade do movimento.

Os sonhos de ontem são a realidade de hoje. Isso vale para a literatura

e para o setor produtivo

BIOGRAFIA

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Locus – O senhor tem saudades daquela época em que era empresário?Mindlin – Tenho, pois minha vida em-presarial durou 45 anos. Muita gente pensa que eu tenho receio em falar dela, que eu só quero falar de livros, como se as duas coisas fossem opostas. Não há impedimento para que uma pessoa seja um amante de livros e um empresário de sucesso. Há somente um preconceito que dá a falsa impressão de que, para ser empresário, é preciso focar apenas na sua área de conhecimento e deixar a cultura mais ampla marginalizada. É um absurdo pensar desta maneira.

Locus – Mas como a cultura pode influenciar o empreendedor?Mindlin – Ela ajuda a dar uma visão de vida mais ampla, alargar os horizontes. Hoje isso pode não parecer novidade, já que a maioria dos empresários tem for-mação universitária e eles fazem parte de uma geração com boa formação cul-tural e acadêmica. Um mundo que nas-ce nas incubadoras. Mas no início do século passado as coisas não eram bem assim. Os empresários eram imigran-tes que tiveram sucesso em suas ativi-dades específicas.

Locus – É possível então supor que a inovação está intimamente ligada à educação?Mindlin – Definitivamente. Precisamos investir mais na educação para sermos tão inovadores quanto o primeiro mun-do. O Brasil tem muitos problemas, mui-tas prioridades. Dá para afirmar que qua-se tudo aqui é prioritário. Entretanto, eu creio que a educação é a maior prioridade para o nosso desenvolvimento.

Locus – O que falta para a teoria virar a prática?Mindlin – Falta uma geração conscien-te. O Brasil só vai conseguir crescer, corrigir seus erros, quando tiver um eleitorado preparado para reivindicar as medidas necessárias. E esse é o papel

da educação: estreitar a relação da po-pulação com o governo. A educação precisa dar, já na infância, uma noção de cidadania. Hoje, os ensinos primário e médio ainda são precários demais. As estatísticas mostram que alunos que es-tão há quatro anos na escola não sabem ler, distinguir o certo do errado. É uma situação bizarra a nossa: aumentou-se o ensino em quantidade, mas não em qualidade. Como se não bastasse, a pro-fissão do professor está degradada. Ele é mal remunerado e com isso acaba sendo mal preparado para o exercício, para a sua missão de formar gerações.

Locus – Estamos no início da batalha?Mindlin – Infelizmente sim. E come-çamos mal ao dar mais prioridade ao ensino superior. O bom ensino superior deve ser conseqüência de um ensino básico de qualidade.

Locus – O que o senhor acha dessa febre de livros de auto-ajuda voltados ao mundo dos negócios?Mindlin – Não acredito na eficácia desse tipo de literatura. Quando a pes-soa recebe uma educação adequada, não precisa disso. A pessoa precisa pen-sar por conta própria.

Locus – Então, qual livro é essencial ao empreendedor?Mindlin – Muita ficção. Ela desenvolve a imaginação, o sonho e amplia a possibili-dade de realizações. Julio Verne, quando escreveu seus livros, viu um futuro que hoje é o presente. Os sonhos de ontem são a realidade de hoje. Isso vale para a literatura e para o setor produtivo.

O Brasil só vai conseguir crescer, corrigir seus erros, quando tiver um

eleitorado preparado para reivindicar as medidas necessárias. E esse é o papel da educação: estreitar a relação da população com o governo

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em moVimento

Quem não sabia costurar, apren-deu rápido. Mulheres desemprega-das de Macaé (RJ) enxergaram em um curso de corte e costura a opor-tunidade de vencer a exclusão so-cial. Oferecido pela incubadora de Cooperativas do município, o curso desenvolvido em parceria com o do Serviço Nacional de Aprendiza-gem Comercial (Senac), deu origem à Cooperativa de Costureiras de Macaé – CoopCom.

As cooperativadas aprendem a enfrentar a falta de capital e as di-ficuldades de trabalhar em grupo. Todas são sócias do negócio e jun-tas decidem questões relacionadas ao processo produtivo e aos in-vestimentos. A falta de experiência em gestão é sanada com auxílio da incubadora, que oferece consultoria técnica em contabilidade, economia e direito, por exemplo.

De acordo com a gerente da incubadora de cooperativas, Aline Azeredo Barbosa, com a formação de novos profissionais, o curso proporciona o aperfeiçoamento das técnicas de costura industrial. “O investimento nesse curso tem o objetivo de trazer mais qualidade ao setor, atraindo novos clientes e gerando trabalho e renda para es-ses profissionais. É uma grande oportunidade para essas pessoas.”

Integrantes da repIn Consórcio de Comércio Justo e Inserção

Social Catalão Potiguar (BraCat) – Núcleo de Estudos Brasileiros (NEB)

Incubadora de Bordados do Seridó (Inbordados)

Incubadora de Cooperativas Populares do Rio Grande do Norte (Incoop)

Incubadora do Agronegócio da Caprinovinocultura do Sertão do Cabugi (Ineagro-Cabugi)

Incubadora do Agronegócio de Mossoró (Iagram) – Universidade Federal Regional do Semi-Árido – Ufersa

Núcleo de Incubação Tecnológica (NIT) – Centro Federal de Educação Tecnológica – Cefet/CE

Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Rio Grande do Norte (Sebrae/RN)

A necessidade de interação entre as incu-badoras do Rio Grande do Norte deu ori-gem à Rede Potiguar de Incubadoras e Par-ques Tecnológicos (Repin), lançada em março deste ano. Agora, as ações dos inte-grantes da rede estão voltadas para sua con-solidação, criando condições para prestação dos primeiros serviços às associadas.

De acordo com o gestor de incubadoras do Rio Grande do Norte, Walter Leite, a Re-pin proporciona a troca de informações e de conhecimento entre as incubadoras, o que favorece o crescimento do movimento no estado. “Os principais benefícios serão os resultados de uma atuação conjunta, em

busca da viabilização do alcance dos objetivos comuns e específi-cos de cada integrante da Rede”, afirma. Ele ressalta ainda que as principais ações da Repin estão ligadas à captação de recursos, intercâmbio comercial, acesso à tecnologia, ingresso no mercado e inovação em negócios, proces-sos, produtos e serviços.

As incubadoras potiguares atuam em diversos segmentos da economia (tradicionais e de ino-vação), que incluem associação de quilombolas, cooperativas,

grupos de teatro e em-preendedores dos Arran-jos Produtivos Locais das áreas de apicultura, caprinovinocul-tura e bordado. “A heterogeneidade da Repin é a cara do Rio Grande do Norte”, destaca o gestor.

Nova rede de integração

Fênix gradua primeira empresa incubada na Uems

A incubadora de empresas da Universi-dade Estadual do Mato Grosso do Sul (UEMS) graduou, no dia 27 de abril, a sua primeira empresa incubada: a Exclaim. Se-diada em Dourados, no Sul do estado, a graduada presta serviços de consultoria, desenvolvimento e implementação de pro-jetos na área tecnológica para ambiente corporativo (softwares personalizados).

A prova de que a Exclaim está pronta para se desenvolver sem o auxílio da incu-badora está em sua carteira de clientes, que conta com mais de 50 empresas. Incu-bada na Fênix em outubro de 2002, a Ex-claim desenvolveu diversos softwares, dentre os quais se destacam o Ana, volta-do para gestão financeira; o Amanda, para gerenciamento de empresas de varejo; o Alice, para controle de ponto, e o Aline, para administração escolar.

Cooperativadas aprendem a costurar e a gerenciar negócios

Costurando cidadania

Equipe da Repin trabalha para colocar planos em ação

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Divulgação

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r$ 5,4 milhões para incubadorasPAC para C&T

A versão final do Plano de Ações para Ciência e Tec-nologia para o quadriênio 2007-2010 deve ser conhe-cida em 9 de julho, na 59ª Reunião Anual da SBPC, em Belém (PA). Desde o final de maio, o ministro da Ciência e Tecnologia, Sérgio Rezende (acima), vem apresentando as propostas a entidades ligadas à área. De acordo com o MCT, o plano apresenta quatro linhas de ação principais:

1 Expansão e consolidação do sistema nacional de C&T, que inclui a consolidação institucional do sistema, a formação de recursos humanos, infra-estrutura e fomento à pesquisa científica e tecnológica.

2 Promoção e inovação tecnológica nas empresas, com apoio especial para: serviços tecnológicos, tecnologias de informação e comunicação (TICs), biotecnologia, fármacos e medicamentos, nanotecnologia, biocombustíveis e energias do futuro.

3 Pesquisa e desenvolvimento em áreas estratégicas, entre elas: programa espacial, programa nuclear, segurança pública e defesa nacional, biodiversidade e recursos naturais, mar e Antártida, desenvolvimento sustentável da Amazônia, desenvolvimento sustentável do Semi-árido, meteorologia e mudanças climáticas.

4 C&T para o desenvolvimento social, que inclui a popularização da C&T e a melhoria do ensino de ciências e tecnologias para o desenvolvimento social.

Uma parceria entre o Sebrae e a Anprotec resultou em um edital de apoio às incubadoras brasilei-

ras, que distribuirá R$ 5,4 milhões entre entidades que

proponham proje-tos de prestação de serviços a pequenas

e microempresas criadas fora do ambiente de incubação. Para re-ceber os recursos, as candidatas devem, além de serem associadas à Anprotec, ter, no mínimo, quatro anos de operação, 10 empresas incubadas e duas graduadas. Ao todo, serão aprovadas até 30 pro-postas, sendo que 50% dos recursos são destinados a incubadoras das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. As inscrições foram recebidas até o dia 20 de junho. O resultado final será divulgado a partir de 24 de setembro, no site www.sebrae.com.br

Brasil tem novo indicador de inovaçãoAs empresas brasileiras contam com um novo método para

mensurar seus esforços e resultados na área de pesquisa e desen-volvimento. O Índice Brasil de Inovação (IBI) foi lançado em 24 de maio, com a premiação das 12 empresas apontadas, segundo o próprio IBI, como as mais inovadoras do país. Entre essas empre-sas está uma ex-incubada: a Silvestre Labs, do Pólo Bio-Rio (veja matéria na pág. 23). No total, 60 empresas participaram da pri-meira edição do IBI, que é uma iniciativa do Laboratório de Estu-dos Avançados em Jornalismo (Labjor) e do Instituto de Geociên-cias (IGE), ambos da Unicamp, em parceria com a revista Inovação Uniemp e com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). As empresas são avaliadas a partir do Indicador

Agregado de Resultado (IAR), que representa os impactos da inovação e as patentes deposita-das, e do Indicador Agregado de Esforço (IAE), que reflete os gastos com máquinas, equipa-mentos, produtos e processos inovadores. São consideradas mais inovadoras as que apresenta-

rem maior equilíbrio entre os indicadores de resultados e de esforços.

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Setores de alta tecnologia 1. Delphi (automobilística) 2. Embraer (outros equipamentos de transporte) 3. Marcopolo (automobilística)

Setores de média-alta intensidade tecnológica 1. Silvestre Labs (química) 2. Vallée (química) 3. Natura (química)

As mais inovadorasSetores de média-baixa intensidade tecnológica 1. Brasilata (produtos de metal) 2. Faber Castell (móveis e diversos) 3. Usiminas (metalurgia básica)

Setores de baixa intensidade tecnológica 1. Santista Têxtil (têxtil) 2. Grendene (calçados) 3. Rigesa (papel e celulose)

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novo modelo para incubação

em moVimento

incubatep divulga resultado A Incubadora de Empresas de Base Tecnológica do Estado

de Pernambuco (Incubatep) acaba de selecionar nove projetos para serem desenvolvidos no Instituto de Tecnologia de Per-nambuco (ITEP). As empresas escolhidas foram: Beraca, Ideia, Ecoenergia, Lavanderia, Mobilit, Qualihouse, Ros Ro-bótica e Sky Protector, além do projeto Software Educacional, voltado para portadores de síndrome de Down.

Gestores de incubadoras de todo o país reuniram-se em Florianópolis (SC) entre os dias 28 de maio e 1º de junho para discutir um novo conceito de incubação de empresas: o Centro de Referência para Apoio a No-vos Empreendimentos (Cerne). Baseado em progra-mas de apoio a pequenas e microempresas que obtive-ram sucesso nos Estados Unidos e na Europa, o novo modelo tem como objetivo capacitar as incubadoras para o oferecimento de serviços diferenciados que promovam o crescimento dos empreendimentos. “As incubadoras qualificadas no âmbito do conceito do Cerne deverão promover a potencialização, padroni-zação e inovação de infra-estrutura, equipe, serviços, networking e marca”, afirma José Eduardo Fiates, pre-sidente da Anprotec.

Em Florianópolis, durante o Workshop de Metade-sign do Programa Cerne, 21 incubadoras apresenta-ram processos internos, dificuldades enfrentadas e avaliações de resultados. Somadas às propostas desen-volvidas por grupos de trabalho no evento, essas ex-periências servirão para balizar a estruturação de um novo modelo para empreendimentos inovadores. O workshop foi promovido pela Anprotec, em parceria com o Sebrae.

ISENçãO FISCAL PARA FINANCIAMENTO DE PESqUISAS

A lei que concede isenção fiscal para empresas que atuarem em parcerias com instituições científicas tec-nológicas (ICTs) já foi publicada no Diário Oficial da União (DOU). O texto cria o artigo 19-A na lei nº 11.487 – Lei do Bem – e prevê que toda pessoa jurídi-ca poderá excluir do lucro líquido, para efeito de apu-ração do lucro real e da base de cálculo da Contribui-ção Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), os dispêndios efetivados em projeto de pesquisa científica e tecnoló-gica e de inovação tecnológica a ser executado por ICT. Isso significa que todo investimento em P&D fei-to nas instituições poderá ter isenção fiscal. Nesse caso, não há limite para os investimentos.

A única restrição se refere ao direito à propriedade, que dependerá do valor investido pelas empresas. A lei prevê que a participa-ção da pessoa jurídica na titularidade dos direitos sobre a criação e a pro-priedade industrial e in-telectual gerada por um projeto corresponderá à razão entre a diferença do valor despendido pela pessoa jurídica e do va-lor do efetivo benefício fiscal utilizado, de um lado, e o valor total do projeto, de outro, cabendo à ICT a parte remanescente. Na prática, a empresa terá direito a no máximo 50% do produto. Se a empresa tiver isenção de 70% do que foi investido em ICTs, ela só terá direito à propriedade em 30% do produto. Se tiver isenção de 50%, terá di-reito de propriedade em relação à metade. Os finan-ciamentos que tiverem uma dedução de 100% estarão isentos de direito à propriedade.

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câmera inteligente

Produzidas pela Invent Vision, graduada da Inova UFMG, as smart cameras têm como principal aplicação a inspeção do processo produtivo industrial. Além de adquirir imagens com qualidade, o equipamento dispensa o uso de computador para processar as fotos, pois tem uma CPU embutida. Em um mercado ainda dominado por importados, o produto da Invent Vision, 100% brasileiro, apresenta preços competitivos.

Saiba mais: www.inventvision.com.br

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PlanejamentoFinanceiroCurso promovido pela Empreende Consultoria voltado ao desenvolvimento e análise da seção financeira de um plano de negócios. Ensinará como adequar pequenas empresas aos

requisitos exigidos por fundos de investimento e agências de fomento. Data: 18 de julhoLocal: São Paulo (SP)Informações e inscrições: www.planodenegocios.com.br

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Destinado a identificar projetos que promovam o desenvolvimento sustentável da região Amazônica, o prêmio é dividido em três categorias: econômica e tecnológica, social e ambiental. Instituições públicas e privadas podem concorrer à premiação de R$ 65 mil – para cada categoria. Data final para inscrição: 31deagostoInformações: www.amazonia.desenvolvimento.gov.br

inscrições para Prêmio Professor samuel benchimol

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17º Seminário Nacional de Parques Tecnológicos e Incubadoras de Empresas

De 17 a 21 de setembro, a Anprotec e o Sebrae promovem o maior evento latino-americano do setor de incubação. Durante uma semana, o 17º Seminário Nacional de Parques Tecnológicos e Incubadoras de Empresas reunirá em Belo Horizonte (MG) representantes de diversas entidades governamentais e de apoio ao empreendedorismo, gestores de incubadoras, empreendedores e pesquisadores da área. Além de discutir diretrizes, estratégias e ações para o movimento no Brasil, o evento oferecerá oportunidades de capacitação, atualização, debates de tendências, apresentação de resultados e produção técnico-científica. Ao todo, serão realizados nove minicursos, abordando temas que vão desde rotinas de gestão até captação de recursos, exportação e avaliação de micro e pequenas empresas. Nos dias 17 e 18 ocorrerá o Workshop Anprotec, que proporciona aos participantes informações atuais sobre temas essenciais ao movimento, como oportunidades e tendências da Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior (PITCE). Os participantes que se inscreverem até o dia 31 de julho recebem desconto na taxa de inscrição. A programação completa do evento pode ser conferida em www.seminarionacional.com.brData: 17a21desetembrode2007Local: belohorizonte(mg)Informações: www.seminarionacional.com.br

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adesivo cirúrgico Na Incubadora de Empresas de Base Tecnológica da

Universidade do Estado da Bahia (Incubatec/Uneb), está em desenvolvimento um adesivo destinado à realização de sutura da pele em homens e animais que dispensa o uso de anestésicos e de equipamentos cirúrgicos, como bisturi e agulhas. Idealizado para o atendimento emergencial a vítimas de acidentes em locais afastados de centros

urbanos, a inovação promete solução definitiva ou provisó-ria – até a remoção do paciente. A idéia foi patenteada em 2003 e o produto deve chegar ao mercado até 2008. Na foto ao lado, um protótipo artesanal do adesivo.

Saiba mais pelo telefone (71) 3247-3787

CheGA de ClORO!A Brasil Ozônio, empresa

incubada no Cietec (SP), fabrica sistemas para purificação à base de ozônio. Chamado de BRO3-3, o equipamento substitui produtos químicos, como o cloro, no tratamento da água de piscinas, poços artesianos, caixas d’água e efluentes industriais. “O ozônio é 20 vezes mais forte que o cloro em sua ação, além de agir cerca de 3 mil vezes mais rápido e não poluir o meio ambiente”, explica o diretor da empresa Samy Menasce.

Saiba mais: www.brazilozonio.com.br

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engenheiro, pesquisador, gestor, homem público, empreendedor. Cinco defini-

ções para alguém de múltiplas atividades, de múltiplas lutas. Telmo Silva de Araújo nasceu pernambucano, mas adotou a Pa-raíba como segunda terra natal. Formado em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1965, cons-truiu uma carreira repleta de êxitos e con-tribuiu para o desenvolvimento científico, tecnológico e industrial do país. Entu-siasta do empreendedorismo inovador, foi um dos principais mentores da An-protec. A vida de Telmo teve fim no últi-mo dia 24 de maio, mas sua história dei-xa lições perenes.

No final da década de 1960, pediu de-missão do emprego na Companhia Ener-gética de Pernambuco (Celpe) ao aceitar um convite que mudaria sua trajetória: tornar-se professor do recém-implantado curso de Engenharia Elétrica da Universi-dade Federal da Paraíba (UFPB), na cida-de de Campina Grande. Apostou na car-reira acadêmica e, em 1975, concluiu o doutorado na Universidade Paul Sabatier, em Toulouse, França. “Naquela época, ele já tinha a compreensão de que o conheci-mento gerado na academia deveria ser

o legado de Um gUerreiroO movimento de incubadoras e parques tecnológicos perdeu no mês de maio um de seus principais defensores. Telmo Silva de Araújo deixa lições de liderança e dignidade

h O m e n A G e m

voltado para o desenvolvimento regional”, afirma a esposa de Telmo, Francilene Gar-cia, também professora da UFPB.

A entrada no movimentoEm 1984, o Conselho Nacional de De-

senvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), presidido por Linaldo Cavalcan-ti, criou cinco fundações que dariam ori-gem a parques tecnológicos. Uma delas foi implantada em Campina Grande, onde Telmo teve atuação decisiva. “Na Funda-ção Parque Tecnológico da Paraíba, ele foi um dos maiores batalhadores, sendo o se-gundo diretor-geral e o principal protago-nista do esforço para consolidar o Pólo Tecnológico de Campina Grande”, afirma Cavalcanti.

A liderança e o trabalho de Telmo es-tenderam-se também à gestão pública. Em 1988, Cássio Cunha Lima, hoje gover-nador do estado, foi eleito prefeito de Campina Grande e instituiu a Secretaria Municipal de Ciência e Tecnologia – ini-ciativa pioneira no Brasil. Telmo foi o res-ponsável pela nova pasta, implantando na prefeitura seu jeito especial de gerenciar, que investia no relacionamento entre ins-tituições e pessoas. Com esse modelo de gestão, ele tornou-se, anos depois, secretá-rio de Planejamento de Campina Grande, diretor-presidente da Agência Municipal de Desenvolvimento (AMDE) e presidente do Centro de Apoio aos Pequenos Empre-endimentos da Paraíba (Ceape).

Em meados dos anos 1980, o movimen-to em prol do empreendedorismo inova-

Pionieirismo nas relações com a China.

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dor começava a se consolidar no Brasil, atingindo o ápice com a fundação da As-sociação Nacional de Entidades Promoto-ras de Empreendimentos Inovadores (An-protec), em 1987. Telmo integrou o grupo dos 12 sócios-fundadores da associação, da qual foi vice-presidente entre 1991 e 1993 e presidente de 1993 a 1995. “Sua gestão marca um ponto de inflexão na trajetória do empreendedorismo inovador no Brasil. Um índice relevante do que aconteceu a partir de sua gestão é o cres-cimento médio de 30% ao ano no número de incubadoras, desde 1994 até hoje”, afir-ma o atual vice-presidente da Anprotec, Guilherme Ary Plonski.

A atuação de Telmo frente à entidade ocorreu em um momento de transição do movimento. “Juntamente com sua equipe, Telmo iniciou um bem-sucedido processo de reforço institucional da associação, com o estabelecimento da sede em Brasília, o fortalecimento da participação em conse-lhos de órgãos parceiros, a formalização do Seminário Nacional de Incubadoras e Par-ques, a criação do Informativo Locus e a reforma do estatuto”, afirma o presidente da Anprotec, José Eduardo Fiates.

Pioneirismo no OrienteQuando deixou a presidência da An-

protec, em 1996, Telmo foi convidado pelo CNPq para um novo desafio: implan-tar na China um escritório de cooperação do projeto Softex 2000 – Programa Nacio-nal de Software para Exportação, que bus-cava estimular o surgimento de uma in-dústria brasileira de software voltada à exportação. “No início, fomos para passar apenas um ano, mas as coisas deram tão certo que acabamos ficando até 1999”, con-ta a esposa Francilene. Um dos resultados da cooperação com a China foi a implanta-ção, em 2004, do projeto TecOut Center, desenvolvido no Parque Tecnológico da Paraíba sob coordenação de Telmo.

Apesar de ter deixado de dar aulas em 1991, o pesquisador continuava a produ-zir artigos acadêmicos – apresentou mais de 60 trabalhos em congressos e periódi-

cos nacionais e internacio-nais – e a orientar disserta-ções de mestrado e teses de doutorado na UFPB. A descoberta de um câncer na pelve renal, em 2005, não aba-lou suas atividades de trabalho. “Ele nun-ca escondeu a doença, apostou no trata-mento e manteve a esperança da cura até o fim”, afirma Francilene.

Para aqueles que conheceram Telmo, fi-caram inúmeras lições. “Era um líder aces-sível e parceiro, que não se apegava a car-gos, não inventava dificuldades e não criava barreiras para o crescimento das pessoas. Pelo contrário, era um visionário que buscava sempre novos desafios, novas experiências e novas formas de utilizar seu conhecimento e capacidade de construir em benefício da sociedade”, ressalta Fiates.

Plonski afirma que a principal marca de Telmo era a capacidade de combinar características aparentemente contraditó-rias: “Empreendedorismo e solidez; ousa-dia e tranqüilidade; promoção do capita-lismo empreendedor e defesa do interesse público; cosmopolitismo e valorização do local”. Para a esposa, fica como lição uma das frases mais repetidas por ele: “Meu maior prazer é trabalhar com gente”.

Creio que era final de 1978. Estávamos na Paraíba, em um semi-nário sobre “Tecnologias Apropriadas”, tema que vivia sua onda de glória naqueles tempos pré-globalização. De repente surge uma voz grave do fundo do auditório: “Olhe, esse negócio de quebrar estra-da usando marreta é muito bom pra gaúcho, que teve uma boa ali-mentação. Aqui no Nordeste, o nosso negócio é eletrônica”. Naquele dia conheci Telmo – pernambucano, filho de gaúcho – com sua enorme capacidade de dizer as coisas de forma clara e inteligente. Com precisão e sensibilidade. Esse era um dos traços mais marcan-tes da personalidade de Telmo – uma invejável capacidade de nos fazer pensar.

Pude conviver intensamente com Telmo no período de 93 a 95, quando tive a honra e a satisfação de ser o seu vice-presidente na Anprotec e seu suplente no Conselho Deliberativo Nacional do Se-brae. Trabalhamos juntos, sonhamos e caminhamos juntos, num momento em que as incubadoras de empresas no Brasil e o próprio Sebrae (com S) davam os seus primeiros passos. Telmo foi um exemplo de espírito público, retidão e empreendedorismo, combi-nação tão valiosa e infelizmente rara em nossos dias. Telmo vai fa-zer falta. Que a sua ausência nos faça pensar.

Maurício GuedesPresidente do Conselho

Editorial de Locus

Telmo silva de araújo 1942 V2007

d e p o i m e n t o

Com a filha mais nova, Tainá

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Q uando os cientistas anunciaram que o mundo precisaria se mobilizar para combater o aquecimento global, os empre-sários não imaginavam que colaborar com o meio ambien-

te fizesse tão bem ao bolso. Neutralizar o efeito estufa, na maio-ria dos casos, significa adotar processos que reduzem custos de operação para empresas de todos os portes. Gastar menos com energia elétrica, aumentar a produtividade em setores agrícolas e evitar desperdício de tempo, matéria-prima e dinheiro fazem parte do pacote de sustentabilidade que empresas e governos pre-cisam adotar.

A preocupação global com o desenvolvi-mento sustentável atingiu o ápice neste ano, quando os relatórios do Painel Intergoverna-mental de Mudanças Climáticas (IPCC, na si-gla em inglês) comprovaram que o aquecimen-to do planeta é decorrente da ação humana. Entre os principais fatores que contribuem para esse processo estão a devastação das flo-restas e a queima de combustíveis fósseis como petróleo, carvão e gás, que emitem gases do efeito estufa, como o gás carbônico (CO2).

O principal desafio dos países é substituir a matriz energética por fontes limpas e reno-

a tentativa de minimizar o aquecimento global abre um novo nicho de atuação: o da sustentabilidade. além de reduzir o impacto que causam ao meio ambiente, empresas lucram ao oferecer soluções para amenizar o efeito estufa

Francis França

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Sistemas alternativos para a geração de energia podem frear o impacto ambiental

A queima de combustíveis fósseis

contribui para o efeito estufa

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váveis de geração de energia. Por isso, cientistas do mundo inteiro desenvolvem tecnologias que possam substituir fontes de energia térmica, baseada em queima de combustíveis. No Brasil, empresas in-cubadas em diversos centros de pesquisa já apresentam resultados animadores para resolver problemas ambientais.

Energia limpa Apesar de a matriz energética brasileira

ter uma das maiores proporções de fontes renováveis (44,4%), apenas 32% provêm de energias limpas, segundo dados da Empre-sa de Pesquisa Energética (EPE/MME). Nesse montante, estão incluídas as hidrelé-tricas (14,6%) – que enfrentam barreiras de licenciamento ambiental por conta dos impactos nas áreas alagadas – e a energia

desperdício zeroOs irmãos Carlos e João Galvanini desenvol-

veram uma solução inteligente para substituir a energia elétrica no aquecimento de água e evitar o desperdício. O equipamento é um reciclador de energia, chamado de Reciclytherm. O conceito é simples: para resfriar uma sala, um condiciona-dor de ar retira o calor do interior do ambiente e descarta do lado de fora. O que os irmãos Galva-nini fizeram foi aproveitar o calor desperdiçado e canalizá-lo para aquecer a água de chuveiros e torneiras.

O resultado é a economia de 70% no consumo de ener-gia elétrica, com tecnologia não-poluente, custo operacio-nal zero e um prazo para retorno do investimento entre 18 e 24 meses. “Com os equipamentos tradicionais jogamos uma grande quantidade de calor fora e ainda usamos ener-gia para esquentar a água. É um prejuízo duplo”, diz Carlos Galvanini. A tecnologia foi desenvolvida na Incubadora Tecnológica da Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal (Interp/Uniderp).

Além de economizar energia, o Reciclytherm contribui de forma expressiva para reduzir o aquecimento global causado pelo desmatamento. A constatação foi feita ao es-timar o desempenho do equipamento em um frigorífico. O abate de gado exige grandes quantidades de energia nas caldeiras, obtida pela queima de lenha. Depois da com-bustão, gasta-se mais energia para dissipar o calor. A esti-mativa é de que para abater mil cabeças de gado por dia seja necessário queimar dois caminhões de lenha. Com o Reciclytherm, um frigorífico deixaria de emitir 70% do carbono gerado pela combustão. Considerando o tama-

derivada da cana-de-açúcar – que apresen-ta problemas sociais para os trabalhadores nos canaviais. Restam menos de 3% de energia limpa e sustentável, representada pelas matrizes solar e eólica.

O principal obstáculo à disseminação da energia solar até hoje era o elevado custo de instalação. A ONG Sociedade do Sol (SoSol), incubada desde 1999 no Centro Incubador de Empresas Tecnoló-gicas (Cietec/USP), resolveu enfrentar o desafio e provou que é possível fornecer energia solar com custo acessível à popu-lação. O Aquecedor Solar de Baixo Custo (ASBC) pode ser construído por qual-quer pessoa, com equipamentos disponí-veis em lojas de materiais elétricos e aquece água a 55°C – o suficiente para substituir a energia elétrica dos chuvei-

nho do rebanho bovino brasileiro, estimado pelo IBGE em 200 milhões de cabeças de gado, seria possível evitar a queima de 4 mil caminhões de lenha todos os dias.

O Reciclytherm também oferece vantagens para em-presas de pequeno porte. Em um restaurante com dois balcões, com pratos quentes e frios, por exemplo, em vez de gastar energia aquecendo de um lado e resfriando do outro, transfere-se o calor de um ponto a outro. Nesse caso, a economia com eletricidade é de aproximadamente R$ 1.300,00 por mês. “É uma economia para o usuário e para o país, porque o que vemos hoje é uma cadeia de des-perdícios”, afirma Carlos Galvanini.

O objetivo da empresa é firmar parcerias com grandes fabricantes para desenvolver os eletrodomésticos junta-mente com o Reciclytherm. Segundo Galvanini, mesmo que a empresa montasse uma indústria para fabricar os equipamentos, não teria condições de atender toda a de-manda. O próximo passo é estabelecer acordos com fabri-cantes que têm condições de manter a produção em série e receber os royalties pela tecnologia. “Não queremos mo-nopolizar, queremos parcerias e, logicamente, ser remu-nerados por isso”, diz.

Reciclytherm acoplado a um condicionador

de ar e à câmara fria de um frigorífico

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ação

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ros. O desempenho é mais do que sufi-ciente, já que a temperatura necessária para um banho quente é de 42°C.

A tecnologia começou a ser desenvolvi-da em 1992, mas só chegou ao mercado em 2001. Atualmente há cerca de 7 mil ASBCs instalados no país. A SoSol busca investidores para fabricar os kits de insta-lação do equipamento. Existem hoje no Brasil cerca de 31 milhões de residências com chuveiro elétrico – mercado poten-cial para a instalação do aquecedor solar. Os produtos finais são duas famílias de aquecedores: uma de alta eficiência, para ser manufaturada pelo usuário ou por pe-quenas empresas, com custo estimado em R$ 150,00 por família; e outra de média eficiência, 100% industrializada, com cus-to final de R$ 15,00 por família.

“Nosso sonho é que cada família saiba que isso existe”, diz Augustin T. Woelz, co-ordenador de pesquisa e desenvolvimento da Sociedade do Sol. Segundo ele, a com-petitividade das energias alternativas não se baseia apenas em vantagens econômi-cas. “Não podemos pensar só no lado fi-nanceiro e optar pelo carvão por ser 5% mais barato do que a energia limpa. Preci-samos refazer esses cálculos e colocar na balança os custos reais em longo prazo, que não são apenas financeiros”, afirma.

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A matemática do ASBC resulta em sal-do positivo para o meio ambiente. A im-plantação do aquecimento solar em todos os chuveiros do país significaria reduzir em 18 milhões de toneladas por ano as emissões de CO2 na atmosfera. O Brasil emite hoje um bilhão de toneladas de CO2 anualmente. Por essa perspectiva, a con-tribuição do gerador solar parece peque-na. Mas é preciso levar em consideração que 75% desse montante vem de emissões ilegais, isto é, da devastação das florestas. Se computadas as emissões “legais” com a queima de combustíveis, o gerador solar representaria uma redução de 7,2% no potencial poluidor do país.

“Precisamos parar com as emissões de gases do efeito estufa imediatamente. Se não fizermos nada, em 30 anos teremos um ambiente absolutamente hostil. Eu te-nho um neto. Sei que quando ele estiver com 60 anos vai sofrer as conseqüências do que fazemos hoje”, diz Woelz.

Gás menos poluenteSegundo dados do Worldwatch Institu-

te, a concentração de CO2 na atmosfera hoje é de cerca de 400 partes por milhão (ppm). De acordo com o relatório do IPCC, se o número ultrapassar 500 ppm, o planeta enfrentará um quadro perigoso

Augustin mostra produto desenvolvido pela Sociedade do Sol

Instalação de painéis solares fotovoltaicos ainda tem custo elevado

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bons ventos

de aquecimento. Atualmente, a concen-tração de CO2 na atmosfera cresce a uma taxa superior a 2 ppm por ano.

Não é por falta de conhecimento que o efeito estufa se agrava. A humanidade já possui tecnologia disponível para substi-tuir fontes poluidoras – o desafio é viabi-lizar as novas fontes, que ainda são mais caras do que as tradicionais. É o caso da célula combustível: energia não-poluente, sem ruído ou odor e que tem apenas água pura como resíduo.

A tecnologia é desenvolvida no Brasil pela Eletrocell, empresa do Centro Incuba-dor de Empresas Tecnológicas (Cietec/SP), responsável pela primeira célula combustí-vel com tecnologia nacional. O sistema transforma energia química em eletricida-de obtida pela oxidação do hidrogênio, gás não-poluente e abundante na natureza.

Apesar de 95% dos componentes serem produzidos no Brasil, a tecnologia ainda é cara por não ter escala de produção. Em uma resi-dência, o custo para instalação é de US$ 6 mil e o prazo para retorno do investimen-to é de cinco anos.

Mesmo considerada ainda um gerador de luxo, a célula combustível oferece solu-

Os altos custos de instalação e distribuição também são a justificativa para a modesta participação da ener-gia eólica na matriz energética brasileira. A empresa Ele-trovento, graduada na Incubadora de Empresas de Base Tecnológica da Unicamp (Incamp), investiu em gerado-res de pequeno porte para transpor essa barreira. Com potência de 5 kW, o equipamento possui um conjunto de baterias que ajuda a suprir o abastecimento quando o vento pára, tornando-o independente da rede. Sem a ne-cessidade de linhas de transmissão, os custos são mais baixos e indicados para residências e empresas de pequeno e de médio porte.

Os geradores eólicos são competitivos principalmente em locais onde não existe fornecimento de energia elétrica, como fazendas. No Brasil, existem dois milhões de residências nessa situação, por estarem em regiões onde o custo para levar a rede é muito elevado. “Abastecemos dois sítios em Santo Antônio do Pinhal (interior de SP). Os proprietários solicitaram o abastecimento elétrico e a concessionária disse que custaria R$ 240 mil para levar a rede. Nosso gerador custou R$ 20 mil”, diz Ar-naldo Costa, diretor da Eletrovento.

A energia eólica no Brasil ainda é cara por causa dos componentes de segurança que exige. O equipamento precisa ser robusto para garantir que a torre não seja danificada em dias de vento forte. Segundo Costa, o aumento na demanda baratea-ria os custos. “A conta depende das comparações que você faz. Em algumas fazendas em Uberlândia (MG), por exemplo, quando ocorre algum problema na rede e falta energia elétrica, a concessionária leva pelo menos 24 horas para restaurar o abaste-cimento e os fazendeiros perdem todo o leite estocado. O prejuízo com três quedas de energia já compensaria o custo do nosso gerador”, diz.

Ett confia na eficiência do Ecogem 50

Gerador de energia eólica instalado pela Eletrovento em uma

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ção para hospitais, redes de telecomuni-cações e empresas que precisem de ener-gia contínua. O sistema é capaz de suprir o consumo em caso de faltar energia elé-trica na rede. A célula tem maior aprovei-tamento do que uma bateria comum, com a vantagem de acumular energia na forma de hidrogênio, que pode ser armazenado em reservatórios de qualquer tamanho.

De acordo com Gerhard Ett, diretor da Eletrocell, a tecnologia deve se tornar viá-vel em poucos anos e, dependendo da ne-cessidade, o custo compensa. “O prejuízo da falta de eletricidade em um hospital é muito maior do que o custo de geração de energia”, diz. Além de fornecer energia limpa, a tecnologia é mais eficiente do que os combustíveis disponíveis no mer-cado. Um quilo de hidrogênio detém a mesma quantidade de energia que 3,5 li-tros de petróleo, quatro litros de gasolina ou 3,7 metros cúbicos de gás natural. En-quanto um motor de combustão aproveita 17% da energia consumida, a eficiência da célula combustível chega a 60%.

Construção recicladaEficiência energética e corte de desper-

dícios não dependem apenas de tecnolo-gia sofisticada. A empresa Ediplan, incu-bada na Interp do Pantanal, escolheu o segmento da construção civil para mos-trar que, em alguns casos, a reavaliação de processos basta para obter resultados sur-preendentes.

A construção civil é responsável pela maior parte dos resíduos sólidos gerados no país. Para cada três casas que se cons-trói, uma quarta é jogada no lixo em for-ma de entulho. Além do desperdício, a atividade possui um agravante ambiental: cada metro quadrado de construção con-some 30 m² de florestas. A Ediplan redu-ziu essa devastação a zero.

“Percebemos que a construção civil ain-da é uma atividade basicamente artesanal. Nosso objetivo foi simplificar as coisas. Pensamos em desenvolver um método mais barato, rápido e com benefícios ao meio ambiente”, explica o engenheiro res-ponsável pelo projeto, Geraldo Rolim Jú-nior. Deu certo. Com um sistema de cons-trução baseado em formas metálicas articuladas, a empresa conseguiu reduzir em 30% o tempo da construção e gerou uma economia de 20% em relação às cons-truções tradicionais.

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Construção civil é responsável pela maior

parte dos resíduos sólidos gerados no país

Atividade agrícola precisa reduzir danos causados ao meio ambiente

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O sistema não utiliza tijolos e permite que as paredes sejam construídas com ma-teriais alternativos como garrafas pet, las-cas de pneu ou isopor. Outra possibilidade é utilizar o solo-cimento, mistura de ci-mento com o solo da região onde será cons-truída a edificação, o que permite reduzir custos e economizar no combustível que seria queimado para transportar materiais de locais distantes. As placas variam no comprimento e podem ser adaptadas des-de em casas populares até em agroindús-trias ou prédios. Outra vantagem do siste-ma é o isolamento térmico e acústico superior ao das construções tradicionais.

Agricultura renovadaApesar de o efeito estufa ser causado

principalmente por atividades industriais em ambientes urbanos, é no campo que as conseqüências são mais drásticas. Segun-do dados da Empresa Brasileira de Pes-quisa Agropecuária (Embrapa), a agricul-tura é o setor mais vulnerável aos impactos do aquecimento global. Estimativas mos-tram que, em 50 anos, algumas culturas como café, arroz, feijão, milho e soja po-dem ter suas áreas de cultivo reduzidas pela metade caso se concretizem as previ-sões do IPCC.

Para neutralizar os efeitos do aqueci-mento, a empresa VacuoFlex, graduada na Incamp, desenvolveu um material capaz de refletir a radiação solar, reduzir a tem-peratura e ainda possibilitar o cultivo de culturas antes inviáveis no Brasil por cau-sa do clima. A base da tecnologia utiliza-da foi desenvolvida pela NASA na década de 1960 para o controle térmico de satéli-tes e das roupas dos astronautas, mas só chegou a domínio público no início dos anos 1990. Trata-se de um filme metaliza-do chamado RCF (Filmes de Controle de Energia Radiante, do inglês Radiant Ener-gy Control Films). Aplicado a uma lona, o material é capaz de reduzir a radiação so-lar em até 90%.

A VacuoFlex aplicou a tecnologia a lonas para a agricultura. Nos países frios, agri-cultores colocam lonas de plástico sobre as

plantações para aquecer o solo e viabilizar o cultivo. A prática é utilizada em cerca de 15 milhões de hectares (aproximadamente o tamanho do Reino Unido). Em países quentes, como o Brasil, a tecnologia RCF tem efeito contrário, por refletir a radia-ção, e resfria o solo até 14°C. Segundo esti-mativas da VacuoFlex, se o material fosse usado em uma área que refletisse a radia-ção solar do planeta em 2%, seria possível neutralizar o efeito estufa.

Paredes projetadas pela Ediplan são construídas com

materiais alternativos

No Brasil, energia eólica ainda é cara devido aos componentes de segurançaque exige

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“Existem estudos internacionais para refletir a radiação por meio de lançamen-to de discos metalizados em órbita, ou bombardeio da atmosfera com enxofre, ambos com enormes custos econômicos e produção de chuva ácida. A solução que propomos é muito mais simples, com a vantagem de que o custo é zero, já que a aplicação do produto e sua manutenção ficariam a cargo dos agricultores”, explica Sérgio Tavares, diretor da VacuoFlex.

A tecnologia também pode ser aprovei-tada na produção industrial. Aplicado em cortinas para janelas, o RCF proporciona redução de custos com energia de aproxi-madamente R$ 8,00 por metro quadrado, o

que corresponde a uma economia de 60% no consumo de ar-condicionado. Segundo Tavares, o custo de aplicação industrial do produto nas cortinas é pago pela economia obtida em três meses de verão.

A lona plástica com o filme isolante está sendo testada para cobrir caminhões abertos que transportam bebidas e horti-frutigranjeiros. “Com a aplicação do iso-lante na lona, a parcela de calor irradiada para a carga é praticamente eliminada, re-duzindo significativamente as perdas ocorridas no transporte de produtos”, diz Tavares. Reduções significativas de danos são mesmo tudo que o planeta precisa neste momento.

n e g C i o s

matéria-prima abundanteEnquanto a VacuoFlex busca im-

pedir a entrada de calor na atmosfe-ra, a Thompson, incubada na In-camp, desenvolveu um equipamento que retira o calor do ar e o transfor-ma em energia para aquecer a água. A Bomba de Calor, como é conheci-da, gera energia sem queima de com-bustíveis e com alta eficiência. O equipamento utiliza energia elétrica para mover um fluido especial que retira calor do ar e gera água quente com aproveitamento seis vezes maior que o do chuveiro elétrico. Em piscinas, a temperatura chega a 32°C e nos chuveiros a 55°C.

“O Brasil tem um problema muito grande de desperdício. Se pouparmos, não precisaremos ex-pandir a geração. Queimar algo para crescer é um retrocesso à época em que vivíamos nas cavernas. É inadmissível”, diz Rodrigo A. Jordan, diretor da Thompson. O desempenho da Bomba de Calor é proporcional à temperatura ambiente. Isto é: quanto mais quente for o ambiente, maior a eficiência da bomba. Entretanto, Jordan garante que o equipa-mento também funciona em regiões frias.

A energia que move o equipamento não vem ne-cessariamente da rede elétrica – pode ser abastecida por um gerador eólico ou solar. “Até uma bicicleta, se você ficar pedalando, fornece energia para o ge-rador”, diz Jordan, que trabalha com a tecnologia desde a década de 1980, com o objetivo de reduzir o

consumo de eletrici-dade. Comparada ao aquecimento elétri-co, a economia chega a 80%. Em relação ao diesel, a redução é de 50%, e em relação ao

gás natural é de 30%. O investimento para substituir o aquecimento elétrico pela bomba de calor é recupe-rado em seis meses.

De acordo com o diretor da empresa, apesar da gama de energias alternativas disponíveis hoje no mundo, ainda faltam políticas públicas para disse-minar seu consumo. A Thompson assinou parceria com o Ministério de Minas e Energia e aguarda a liberação de verba e incentivo do governo federal para a adoção de soluções sustentáveis.

Segundo ele, com a utilização de soluções simples para o consumo, é possível afastar o risco de apagão no país. “O horário de pico é crítico e seu maior agravante são os chuveiros elétricos. Grande parte da expansão das hidrelétricas ocorre para suprir a demanda nesse horário, porque na maior parte do dia temos energia de sobra. Se conseguirmos substi-tuir a energia dos chuveiros, o benefício seria imen-so, pois não precisaríamos construir hidrelétricas na Amazônia, por exemplo”, afirma.

Bombas de calor instaladas pela Thompson em um posto de combustíveis

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do no Brasil. O Acheflan, antiinflamatório tópico, foi produzido a partir da Cordia verbenacea (erva baleeira) e já é o líder do segmento no país. O sucesso é resultado de diversos fatores, que aliam desde alto in-vestimento em pesquisa até a competência técnica de uma equipe formada por pes-quisadores de quatro instituições brasilei-ras – Universidade Federal de Santa Cata-rina (UFSC), Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas) e Universidade de Campinas (Unicamp).

O pioneirismo deixou clara uma tendên-cia: é necessário inovar para conquistar mercado na área, conhecida pela intensa concorrência. Para se ter uma idéia, as grandes multinacionais do setor investem de 10% a 20% de seu faturamento nas ativi-dades de P&D. “O governo e a universida-de já entenderam que não basta publicar artigos em revistas acadêmicas. Para o país crescer, temos que apostar na inovação”, afirma o pesquisador da UFSC João Batista Calixto, um dos principais envolvidos na elaboração do Acheflan. Inovação, neste caso, significa desde apostar na biodiversi-dade brasileira para encontrar novos pro-dutos até descobrir novas formulações para um fármaco já existente.

Momento positivoA mudança de cenário pode ser consta-

tada pelo volume de exportação dos labo-ratórios brasileiros em 2006, que chegou a US$ 755 milhões – crescimento de 23% em relação ao ano anterior. Uma das em-presas exportadoras que compõe esse ín-dice é a Silvestre Labs, integrante do Pólo de Biotecnologia do Rio de Janeiro (Bio-Rio). Incubada entre 1998 e 2001, passou

D esenvolver um medicamento 100% nacional. Este é o grande objetivo das

empresas especializadas em fármacos. A meta, que pode parecer bem distante para um país que há pouco tempo se li-mitava a importar produtos, já está sen-do alcançada por alguns laboratórios, que além de ganharem o mercado inter-no têm incrementado, ano após ano, o

volume de exportações.É o caso da Aché, empresa na-

cional que apos-tou na parceria com universida-des para desen-volver o primeiro medicamento to-talmente fabrica-

Medicamento da Aché foi o primeiro totalmente fabricado no Brasil

o p o r t u n i d a d e

consideradoestratégicopelapolíticaindustrial,osetordefármacosbrasileirotentaavançarapósanosdedependênciaexterna.laboratóriosdetodososportesgarantemcompetitividadecominvestimentoemP&d

Amanda Miranda

P lu l As de inovação

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de farmácia de manipulação a empresa de base tecnológica e vem investindo em pesquisas para se consolidar estrategica-mente no mercado. O segredo, nesse caso, é dominar a síntese farmoquímica de to-dos os princípios ativos utilizados nos pro-dutos que desenvolve.

Segundo o executivo da empresa, Eduar-do Cruz, o marco para que o laboratório atingisse esse patamar foi o lançamento do Dermazine, em 1990. O medicamento cicatrizante apresentava um princípio ati-vo totalmente sintetizado dentro dos la-boratórios da Silvestre Labs. A partir daí, diversos produtos foram criados. Um dos mais recentes, o Extra Graft XG-13, utili-zado para preenchimento e substituição óssea, rendeu à empresa o primeiro lugar

no ranking do Índice Brasil de Inovação (IBI), na categoria Média-Alta Intensida-de Tecnológica.

A grande inovação do produto está em sua capacidade de induzir a proliferação de células-tronco no tecido ósseo. E o me-lhor: a tecnologia utilizada é 100% brasi-leira. A pesquisa que originou o Extra Graft XG-13 foi desenvolvida em parceria com a Unicamp. “Procuramos manter um canal de comunicação sempre aberto e ativo com centros de pesquisa nacionais e internacionais”, explica Cruz. Segundo ele, alguns produtos da empresa também estão sendo registrados nos Estados Unidos e na Europa. “É uma estratégia que alia boas práticas de pesquisa a boas práticas de pro-moção, marketing e gestão”, completa.

Executivo da Silvestre Labs

aposta na pesquisa para se consolidar no mercado

Empresas brasileiras estão ganhando

competitividade no setor

Fa r m o q u í m i c o s , a d j u v a n t e s f a r m o t é c n i c o s e m e d i c a m e n t o s

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Produto da Silvestre Labs

classificou a empresa entre as mais

inovadoras do Brasil

Ipesquisa básica

IIdEsEnvolvImEnto(desdeasfasesdepesquisatoxicológicaatéapesquisaclínica)

IIIProdução(desenvolvimentoemescalaspilotoeindustrial)

IvFasErEgulatórIa(antesdaliberaçãodomedicamentoparaoconsumo)

vmarkEtIngEcomErcIalIzação

Dois outros laboratórios nacionais – a Eurofarma e a Biolab – também decidi-ram investir na pesquisa e no desenvolvi-mento de novos fármacos. Criaram, então, a Incrementha PD&I, empresa residente no Centro Incubador de Empresas Tecno-lógicas (Cietec), em São Paulo. Com pou-co mais de um ano, o empreendimento recebeu cerca de R$ 4 milhões em investi-mentos no ano passado e deve receber ou-tros R$ 12 milhões este ano.

Atualmente, a empresa conta com três depósitos de patentes em seu nome: duas combinações de fármacos e um anestésico desenvolvido a partir de nanopartículas.

A Incrementha é responsável pela ela-boração total do produto, desde a fase de pesquisas até a etapa de testes e de paten-teamento. De acordo com o diretor técni-co da empresa, Henry Suzuki, a Incre-mentha está na primeira das três etapas que culminarão no seu objetivo principal: o desenvolvimento de novos medicamen-tos. “As empresas nacionais que querem fazer lançamentos devem criar produtos inovadores, que cheguem ao mercado com uma expectativa maior do que a ge-rada pela simples fabricação de genéricos ou similares”, aponta.

Desafio brasileiro Se por um lado as indústrias vêm apos-

tando em P&D, por outro ainda existe uma série de restrições para quem atua na área. Para o executivo da Silvestre Labs,

Eduardo Cruz, são três os principais desa-fios da indústria de fármacos no Brasil: o ambiente extremamente competitivo, as questões regulatórias e a capacidade de financiamento e investimento do setor.

Os recursos para pesquisa vêm basica-mente das agências federais e estaduais de fomento. Em alguns casos, como o da Aché, por exemplo, os próprios laborató-rios decidem fazer parcerias com as uni-versidades. Para o pesquisador da UFSC João Batista Calixto, esse seria outro gran-de desafio para o setor: fortalecer cada vez mais as relações entre universidade e empresa. “Existem ainda questões delica-das nessa relação e a forma mais fácil para as indústrias atin-girem a inovação é através das pesquisas realizadas nas univer-sidades”, argumenta.

O fato de o Brasil estar entre os 10 gran-des mercados consu-midores de medica-mentos do mundo o torna cada vez mais atrativo para os investidores. Mas os in-vestimentos, segundo o pesquisador, de-vem ser pensados em longo prazo. Isso porque o lançamento de uma nova droga no mercado pode custar cerca de US$ 500 milhões – um investimento alto que pode gerar excelentes resultados após um longo período de pesquisas e testes.

O ciclo do medicamento inovador

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co de gestão – a empresa pode não dar certo. No caso de incubadas esses ris-cos são magnificados”, apon-ta a economista Cláudia Pa-vani, autora do livro O Capital de Risco no Brasil. E é justamente na avaliação desses riscos que os problemas de relacionamen-to podem começar. “Normalmente o em-preendedor tem dificuldades de enxergar o nível de risco que o investidor vê – o que é amplificado no caso de incubadas, que normalmente são empresas que ainda não foram ao mercado, estão em um am-biente muito protegido e são administra-das por profissionais recém-saídos da universidade”, completa Cláudia.

Essa dificuldade é sentida pela gerente do Centro de Empreendimentos do Insti-tuto de Informática da Universidade Fe-deral do Rio Grande do Sul (CEI), Leoci Tassinari Sciortino. “As empresas têm re-ceio em receber esse investimento, pois acreditam que podem perder o poder de decisão no negócio. Geralmente os sócios são muito jovens e desconfiados com a idéia de abrir as suas informações para um investidor”, afirma.

Enxergar o investidor como sócio e não como intruso é um dos primeiros obstá-culos que deve ser contornado. “A primei-ra coisa que deve ser estabelecida na rela-ção investidor-empresa é a confiança. Se a empresa aceitou o investidor, tem que passar a vê-lo como um sócio, com objeti-vos em comum”, afirma Cláudia Pavani. “Os objetivos conjuntos devem estar ali-nhados por ambas as partes, que esperam

Conhecidos como investidores-anjos, os fundos de capital de risco são cada vez mais numerosos e se aproximam das incubadoras. Mas será que as empresas sabem lidar com a chegada de um novo sócio?Adriane Alice Pereira

os investimentos realizados em empre-sas brasileiras por fundos de private

equity e capital de risco deverão dobrar em 2007 e atingir a soma de US$ 2 bi-lhões, segundo estimativa da Associação Brasileira de Private Equity e Venture Ca-pital (ABVCAP). O momento é favorável para o crescimento desse tipo de aporte no país, principalmente devido à queda da taxa de juros. Com a economia brasi-leira mais competitiva, os investidores de capital de risco se voltam para aplicações com alto potencial de inovação e desen-volvimento tecnológico. E o ambiente perfeito para encontrar empresas com es-sas características são as incubadoras.

Diante desse cenário, os investimentos-anjos em empresas incubadas tendem a crescer, potencializando as possibilidades de captação de recursos e de desenvolvi-mento de novos negócios. As incubadoras ampliaram seus programas de capacitação e de aproximação com fundos de capital de risco, incluindo o assunto na gama de as-sessorias ou serviços oferecidos. Com as portas abertas a novos recursos e com as incubadas cada vez mais habilitadas, a preocupação principal passa a ser o rela-cionamento entre o investidor e a empresa, na busca da satisfação de ambos os lados.

Uma boa relação é ainda mais impor-tante no caso de um aporte de capital de risco feito em empresas incubadas. “São três os riscos principais avaliados por um investidor. O primeiro é o risco tecnoló-gico – o produto pode não funcionar. O segundo é o risco de mercado – o cliente pode não se interessar. E o terceiro é o ris-

mantenha os anjos por perto

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uma valoração considerável do negócio como fruto de sua parceria. Não deve existir a ilusão que o investidor já espera e tem uma estratégia de saída do investi-mento, buscando o melhor lucro possível. Acima de tudo o investidor aposta em pessoas e não só na idéia e seu potencial”, acrescenta Maurício Schneck, gerente de incubação do Centro de Estudos e Siste-mas Avançados do Recife (C.E.S.A.R).

Para Amilton de Almeida, diretor exe-cutivo do Centro de Incubação e Desen-volvimento Empresarial (CIDE), em Ma-naus (AM), os problemas já podem surgir na captação dos recursos. “De maneira geral, falta um plano completo para esti-mular o investidor a enxergar onde ele está colocando seu dinheiro e o que ele espera ganhar com isto”, aponta.

Boa parte dos casos de insucesso acon-tece também por desentendimentos com origem na diferença de opiniões. “Em al-guns casos a opinião estratégica na visão do investidor não é aceita pelo empreen-dedor, ou vice-versa”, exemplifica Schneck. Nessas situações, a negociação passa a fa-zer parte da rotina da empresa. “A empre-sa não pode assumir ou mudar de rumo sozinha, ela não está mais sozinha”, refor-ça Cláudia Pavani.

Outra grande armadilha está nos pro-blemas de relacionamento que são levados para o lado pessoal na discordância de opiniões. “É necessário que o empreende-dor conheça bem o negócio e seu merca-do, mas também é necessário que seus ouvidos estejam abertos a opiniões e a aceitar que nem sempre é o dono da ver-dade”, completa Maurício Schneck.

Graduada em abril deste ano no Núcleo

Softex de Campinas (SP), a Digital Assets, que desenvolve soluções para o reuso de softwares, recebeu um aporte no final de 2006, poucos meses após a criação da em-presa. Desde a elaboração do plano de ne-gócios ficou claro aos empreendedores que a empresa precisava de um investi-mento para crescer com sucesso. Com o apoio da incubadora, a Digital Assets par-ticipou de programas de capacitação que aceleraram o amadurecimento da empre-sa. Também foi a incubadora que fez a aproximação com o investidor.

Desde então, a relação entre a Digital e o investidor tem sido pautada pela transpa-rência, o que garante o sucesso do rela-cionamento. “Além de uma gestão estruturada, que já era prática da empresa, estipulamos um Conse-lho de Administração e reuniões quinzenais para garantir um acompa-nhamento periódico ao investidor”, destaca Kleber Bacili, diretor de tecnologia da Digital Assets. O acordo com o Fundo prevê recursos de apro-ximadamente R$ 4 mi-lhões, que serão investidos em pesquisa e desenvolvimento, consolidação da marca e expansão internacional.

Além do incentivo ao amadurecimento da gestão da empresa e, obviamente, do aporte financeiro, o investidor de capital de risco pode trazer ativos intangíveis, como a abertura de oportunidades, troca de experiências, compartilhamento do conhecimento e contato com uma ampla rede de relacionamentos. Resta ao empre-endedor saber usufruir.

Schneck: investidores apostam em pessoas e não apenas em idéias

dicasparamanterumbomrelacionamentoentreinvestidoreseempresas

Para as empresas Para os investidores•Estabeleçaumarelaçãodeconfiançaetransparência•Implanteumfluxoconstantedeinformações•mantenhaoinvestidorparticipante•FormalizequalquermudançanoPlanodenegócios

•Entendaaempresa•assumaafunçãodeprofessor–apresenteasmelhorespráticasedividaasuaredederelacionamentos•sejauminvestidorestratégico•Prepareaempresaparaaaberturadecapital

Por Cláudia Pavani

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Julho de 2007 ficará marcado na histó-ria do esporte brasileiro. Durante 16 dias, 5.662 atletas assumem a missão

de representar 42 países, competindo em 44 modalidades esportivas. Tudo isso na cidade do Rio de Janeiro, sede dos Jogos Pan-americanos deste ano. Assim como as delegações esportivas, milhares de empre-sários esperam ver durante o evento o re-sultado de muito trabalho. A organização dos Jogos envolve corporações de vários portes, desde gigantes como a Atos Ori-gin, franco-holandesa responsável por todo o sistema de integração tecnológica do Pan, até as nascentes – caso da Control-lato, residente na Incubadora da Coppe da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que realizou um estudo para o consórcio responsável pela reforma no es-tádio do Maracanã.

O objetivo do trabalho da Controllato era apurar o impacto causado pelas torci-das na estrutura de concreto do estádio. Para evitar problemas decorrentes de co-memorações vigorosas dos torcedores, a empresa instalou atenuadores dinâmicos sincronizados (ADS), equipamentos que absorvem a energia liberada pelas torci-

A expansão dos negócios na área esportiva revela que o setor ainda reserva muitas oportunidades aos empreendedores. Nesse mercado, ganham a disputa empresas que apostam em idéias inovadoras

Débora Horn

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Visagio: nos esportes, alvo deve ser a inovação

corrida pela inovação

Leonardo Carvalho, tiro com arco

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das na arquibancada. O trabalho da Con-trollato está entre as centenas de novida-des que marcam presença no Pan 2007. “A cada ciclo olímpico percebemos que as inovações tecnológicas e o esporte se rela-cionam com mais intensidade”, afirma o presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), Carlos Arthur Nuzman.

Prova disso é o Centro de Operações Tecnológicas dos Jogos. Implementado pela Atos Origin, é o setor responsável pela operação e gerenciamento de todas as aplicações e sistemas de tecnologia dos jogos. “Trata-se de um centro de controle em tempo real que integra e ‘enxerga’ as operações em todos os locais de competi-ção e não-competição durante o evento”, explica Nuzman. Ao todo, são 30 GMSs (Sistemas de Gerenciamento dos Jogos), que além de emitirem informações em tempo integral sobre os resultados das provas coordenam operações relaciona-das a credenciamento, logística de atletas, gerenciamento da força de trabalho, bole-tins médicos e exames antidoping.

Para implantar esse aparato, que custou nada menos que R$ 141 milhões, a Atos Origin trabalhou nas obras por 50 dias ininterruptos, coordenando cerca de 100 operários e 10 empresas no projeto de construção civil. O prazo de entrega do serviço foi cumprido rigorosamente pela empresa européia, especializada em tec-nologia da informação. Resultado da ex-periência de quem já organizou diversos eventos para o Comitê Olímpico Interna-cional (COI) – por meio de um contrato que é considerado o maior, em todo o mundo, relacionado a esportes. No currí-culo da empresa estão os Jogos de Salt Lake City, em 2002; as Olimpíadas de Ate-nas, de 2004, e três que ainda estão sendo planejadas: Pequim 2008, Vancouver 2010 e Londres 2012.

Antes e durante os eventos, a Atos Ori-gin integra os serviços de consultoria es-pecializada, gerenciamento de projetos, integração e gerenciamento de sistemas e soluções em software. O know-how adqui-rido ao longo de 15 anos tem rendido à

empresa receitas anuais de 5,4 bi-lhões de euros, gerados em 40 países, nos quais, ao todo, empre-ga 50 mil pessoas.

A Atos Origin venceu a licita-ção promovida pelo governo fe-deral para a área de tecnologia da informação. Também foram lici-tadas as contratações de serviços de telecomunicações e áudio e ví-deo. “As empresas vencedoras têm know-how em grandes eventos. Alguns dos profissionais vêm, inclusive, de países que já sediaram Jogos Olímpicos, mas a maioria dos funcionários que estão traba-lhando diretamente com a tecnologia dos Jogos é formada por brasileiros, o que é fundamental para promover no país um legado em experiência que renova o co-nhecimento na área esportiva e amplia a

Tecnologia da informação tornou-se essencial na organização de competições. Abaixo, o Centro de Operações Tecnológicas do Pan 2007

Patrocínio a atletas, como Daiane dos

Santos, também rende vantagens às empresas

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capacidade em sediar futuras competições de nível internacional, como é o caso dos Jogos Mundiais Militares de 2011, que já conquistamos”, afirma o secretário execu-tivo do Comitê de Gestão Federal para o Pan 2007, Ricardo Leyser.

Embora o setor esportivo nem sempre seja o único nicho de atuação das empresas envolvidas na organização do Pan, o suces-so de suas atividades comprova que inova-ção tecnológica é fundamental para o avanço dessa área. Para o secretário de Es-portes e Turismo do Estado do Rio de Ja-neiro, Eduardo Paes, a inovação tem um significado especial para os esportes. “Na área esportiva, essa importância transcen-

de o simples conceito de inovação. Represen-ta avanços na metodo-logia dos procedimen-tos, na aerodinâmica dos equipamentos, na descoberta de materiais e na criação de equipa-mentos que aprimoram a performance dos atle-tas”, afirma.

Não são apenas as modalidades olímpicas que ga-rantem bons negócios. Os esportes considerados radi-cais ou de aventura, como skate, pára-quedismo, vôo livre ou outros mais tradicionais, como o surfe, têm rendido boas idéias e lucro aos empreendedores. Há

Provas de pentatlo moderno testaram as instalações do Pan 2007

Produto da Tirante A auxilia

praticantes de vôo livre

A gigante brasileiraO presidente do COB, Carlos Nuzman,

explica que as inovações são fundamen-tais, em especial para esportes de alta per-formance, pois proporcionam ao atleta resultados mais positivos, tanto em trei-namento quanto em competições. “Os dispositivos eletrônicos, por exemplo, tornam cada vez mais práticos os estudos sobre a preparação física dos atletas e, as-sim, ajudam a potencializar seu rendi-mento, apontando alternativas viáveis para aprimorar seus resultados”, diz.

Em tempos nos quais as competições são decididas por milésimos de segundo, qualquer vantagem que o atleta obtenha sobre os adversários pode ser decisiva. “Daí a importância de se desenvolver no-

negócIos radIc aIs

Atletas contam com inovações para melhorar performance

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três anos o empresário Renato Pisani começou a voar de parapente e se apaixonou. “O vôo livre é um esporte fácil de a gente se apaixonar. A interação com a natureza, o desafio à lei da gravidade e a ne-cessidade de rápidas tomadas de decisão fazem o praticante sentir uma enorme sensação de liberda-de”, afirma. Aliada à antiga vontade de ter um negó-cio próprio, a nova paixão de Pisani transformou-se na Tirante A - Adventure Instruments, uma empre-sa produtora de artigos para esportes de aventura, residente na Incubadora de Empresas de Base Tec-nológica de Itajubá (MG).

O primeiro produto lançado pela Tirante A foi o TAV-1000, um equipamento de navegação que pode ser utilizado por praticantes de parapente, paragli-der e asa-delta. Primeiro do tipo a ser desenvolvido e fabricado no Brasil, o TAV-1000 auxilia na identi-ficação de correntes de ar e mostra ao piloto dados como altitude em relação ao nível do mar e à deco-lagem, temperatura e tempo de vôo. O sucesso do produto, que levou três anos para ser desenvolvido, já faz o empreendedor trabalhar no próximo mode-lo. “O TAV-2000 terá foco nos pilotos de acrobacia”, planeja Pisani.

A perspectiva da empresa é expandir a produ-ção. “Agora é o momento de nos consolidarmos no mercado brasileiro e preparar o terreno para exportação. Estamos procurando também investi-dores em forma de angels, capital semente ou ven-ture capital para alavancar os negócios e diminuir o tempo de desenvolvimento dos produtos”, afir-ma o empresário.

Santana, da Olympikus: marca atingiu

maturidade em tecnologia e design

Tênis com duplo amortecimento é a última inovação da Olympikus

vos materiais esportivos, preparados com tecnologia avançada que propiciem um melhor rendimento aos atletas”, explica Nuzman. É esse caminho inovador que a Olympikus vem trilhando desde 1994. Ao patrocinar a equipe brasileira de vôlei, dois anos após a conquista do ouro nas Olimpíadas de Barcelona em 1992, a mar-ca esportiva da Calçados Azaléia buscou se especializar na produção de materiais de alta qualidade para a prática de ativi-dades físicas. Em três anos, chegou à lide-rança do mercado no país, posição que ocupa até hoje, batendo gigantes estran-geiras como Nike, Mizuno e Adidas.

De acordo com o diretor da Calçados Azaléia, Paulo Santana, a Olympikus vive um momento histórico. “Após 13 anos de investimentos contínuos em pesquisa e

desenvolvimento, a marca atin-giu maturidade em tecnologia e design, refletida nas novas linhas de tênis e calçados ofe-recidas ao mercado – no Brasil e em mais de 25 países no ex-terior”, diz. Para ele, os expres-sivos aumentos de vendas re-gistrados desde o início deste ano mostram que o consumi-dor está percebendo o avanço da marca. O maior destaque entre as tecnologias aplicadas pela empresa é o sistema de amortecimento Tube, lançado em 2004 – após cinco anos de pesquisas, viagens e troca de informações entre engenheiros da Olym-pikus e consultores americanos.

Para desenvolver essa tecnologia, foram analisados tubos flexíveis utilizados para garantir a segurança de grandes edifica-ções em caso de terremotos – em Tóquio, Los Angeles e Cidade do México. Os pes-quisadores da empresa chegaram à conclu-são de que a tecnologia aplicada nas edifi-cações, capaz de sustentar milhares de toneladas mesmo em situações adversas, poderia garantir menor impacto às articu-lações humanas durante a prática esporti-va. “No início deste ano, a Olympikus lan-çou um modelo que utiliza essa tecnologia e conta com duplo amortecimento. É o mais desenvolvido em tecnologia e design da história da marca, resultado de um in-

Divulgação/olyMpikus

Divulgação

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vestimento de US$ 2 milhões em pesquisa de biomecânica”, destaca Santana.

A associação com o esporte, que come-çou na parceria com a Confederação Bra-sileira de Vôlei, deu tão certo que a Olym-pikus passou a apoiar o COB, tornando-se fornecedora oficial dos produtos utiliza-dos por atletas brasileiros em diversas competições. Além das vantagens trazidas pelo marketing, graças à associação da marca a imagens de atletas bem-sucedi-dos, a empresa passou a investir mais no desenvolvimento de artigos e de tecnolo-gia de ponta para várias modalidades es-portivas. “A iniciativa deu à Olympikus

um know-how de grande valor e ao país uma marca nacional com estrutura e qua-lidade do mesmo porte que qualquer ou-tra marca internacional”, afirma Santana. Embora não revele qual o percentual do faturamento aplicado em P&D, o diretor da Calçados Azaléia afirma que a empresa continuará apostando em design e tecno-logia para se manter competitiva. “Tam-bém queremos crescer na linha de con-fecção, que tem um potencial enorme, pois tudo o que é desenvolvido para os atletas em tecnologia, pesquisa e design acaba sendo levado para os produtos de linha da marca.”

No caminho da vitóriaSuperar as estrangeiras, como fez a Olym-

pikus, é a meta de longo prazo da Ori-Gen, empresa da Incubadora de Lins, do inte-rior de São Paulo, que fabrica os quimonos Sen-Sei, voltados à prática de diversas ar-tes marciais. “Nosso grande diferencial está no material com que produzimos nos-sos quimonos: 100% algodão. A maioria dos artigos produzidos pelas grandes mar-cas traz tecidos sintéticos. O algodão ofe-

Judô é esperança de

medalhas e de lucro às

empresas que atuam na área

altasondasFoi também a paixão pelo esporte

que transformou o surfista Mauricio Andrade em empresário ao fundar a Aram. A empresa, incubada desde 2005 na Coppe/UFRJ, desenvolveu uma tec-nologia inédita para criar artificial-mente ondas ideais à prática do surfe. O objetivo é solucionar um problema enfrentado pelos surfistas no litoral brasileiro: a falta de bancadas (fundos de mar nas praias) que garantam as on-dulações.

Segundo Andrade, no mundo todo há empresas pesquisando formas de

criar fundos artificiais. Na Nova Zelândia, por exemplo, foi desenvol-vido um sistema que utiliza sacos de areia jogados no fundo do mar. Incluída no grupo

de inovadoras, a Aram aposta em uma tecnologia para a construção de arreci-fes artificiais móveis, baseada em estru-turas de concreto armado. Conforme Andrade, o sistema tem três diferenciais importantes em relação aos concorren-tes estrangeiros: é reversível, não perde a forma e permite reaproveitamento, ou seja, tem vida longa.

A facilidade de montar o sistema é outra vantagem apontada pelo empre-sário. Formado por módulos de con-creto armado, o sistema Aram tem uma câmara interna controlada por válvulas – capazes de encher e esvaziar seu inte-rior. A estrutura vazia flutua e, assim, pode ser transportada de forma práti-ca. Cheios de água, os módulos fixam-se ao fundo com o próprio peso. “O sistema precisa interagir com as condi-ções do mar. Com os arrecifes, pode-se garantir que, se houver onda, ela será de qualidade”, diz Andrade.

O sistema desenvolvido para animar surfistas também terá aplicações em áreas distantes do esporte. Uma delas, segundo Andrade, é a defesa costeira. “Os arrecifes artificiais podem dissipar a energia da onda, fazendo com que ela perca força e chegue tranqüila à praia.” A Aram já patenteou a inovação no Bra-sil, nos Estados Unidos e, claro, na Aus-trália – a terra do surfe.

negócIos radIc aIs

O surfista-empresário Mauricio Andrade

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rece mais durabilidade e também con-forto ao atleta”, diz um dos sócios da empresa, Jefferson Costa. Ao con-trário da maioria de pequenas em-presas, a Ori-Gen nasceu de uma oportunidade: um dos sócios da empresa era dono de uma loja de artigos esportivos e percebeu que havia uma demanda não suprida por quimonos na região de Lins.

Na incubadora da cidade, a empresa encontrou a ajuda ne-cessária para implantar a fábrica. Começou produzindo apenas quimonos para judô e depois es-tendeu a produção a outras modalidades – caratê, jiu-jitsu, kendô e, por fim, taekwondo. Para cada arte marcial, um modelo diferente de quimono. “Engana-se quem pensa que quimono é tudo igual. Cada modalidade tem suas particularida-des e precisa de um corte e material distin-tos”, afirma Costa. De acordo com o em-presário, o desenvolvimento de produtos se dá depois de uma pesquisa feita interna-mente, que analisa desde a qualidade do material utilizado pelas concorrentes até o feedback dos usuários.

Em junho a empresa lançou uma nova linha de quimonos para taekwondo, desen-volvida com orientação de Flávio Bang, um dos introdutores dessa modalidade no Brasil. A idéia é aproveitar a inclusão re-cente da modalidade entre os esportes olímpicos, o que significa visibilidade du-rante os Jogos Pan-americanos. “O Pan do Brasil deve trazer um acréscimo nas ven-das, pois acaba por despertar o interesse pelas modalidades”, afirma Costa. De olho no exemplo de grandes empresas, a Ori-Gen também investe no apoio ao esporte, patrocinando atletas. Um deles, João San-tana, conquistou o vice-campeonato pan-americano de judô, na República Domini-cana, em abril. Se os atletas de artes marciais do Brasil conseguirem bons resul-tados no Pan 2007, podem incrementar a produção da Ori-Gen, ajudando, de forma indireta, a empresa de Lins a levar seus produtos para outras regiões do país.

Ponto para as pequenasNa torcida pelas artes marciais tam-

bém está a Zeit, empresa graduada pelo Hotel Tecnológico de Curitiba (PR). Fundada há seis anos, a empresa especia-lizou-se na produção e instalação de pla-cares eletrônicos, iniciando as operações com placares para competições de judô. Depois, passou a atender ginásios e are-nas que abrigam vários esportes, do tênis ao futebol society, desenvolvendo não só a estrutura do placar mas também o soft-ware necessário para manuseá-lo. Entre os principais clientes estão o COB e as confederações brasileiras de automobi-lismo e ginástica olímpica.

Depois de se consolidar na área esporti-va, a Zeit decidiu ramificar os negócios. Agora, além dos placares eletrônicos, pro-duz sistemas para automação industrial. “Na nossa área de atuação, não podemos focar apenas no esporte, pois, além de a concorrência ser grande, nosso produto exige um investimento considerável. Um

Interesse por taekwondo

vem crescendo no Brasil. Cada

modalidade de arte marcial exige uniforme

específico

quimono produzido

pela Ori-Gen

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ma que no planejamento dos jogos hou-vesse igualdade entre os times e, ao mesmo tempo, as partidas programadas pudessem maximizar a audiência dos jogos em canais de televisão. Achamos a solução”, explica Caio Fiuza, um dos sócios da empresa. Se-gundo ele, partir para a área de esportes exigiu apenas uma adaptação do que a em-presa já fazia. “Esse é um nicho que se pode explorar, pois ainda há muitas coisas para aperfeiçoar e a tecnologia pode ajudar. O único problema é que o próprio mercado esportivo tem que amadurecer um pouco para receber essas soluções”, analisa.

O futebol também trouxe lucro a uma empresa incubada no Centro de Empresas para Laboração de Tecnologias Avançadas (Celta), de Florianópolis (SC). A Outplan, que trabalha com tecnologia da informa-

Em universidades e instituições de pesquisa, há muito tempo o esporte deixou de ser tema exclusivo da educação física. A demanda por soluções que au-xiliem na melhoria da performance dos atletas passa pelas mais diversas áreas, indo da Medicina, Farmá-cia, Psicologia e Nutrição até Engenharia, Física e Matemática. Entre as ciências que ganharam força no mundo esportivo nas últimas décadas está a Quími-ca, cada vez mais aplicada para estudar o desempe-nho de novos materiais e, principalmente, do orga-nismo humano.

Nos Jogos Pan-americanos 2007, é um laborató-rio do Instituto de Química da UFRJ, chamado Lab-dop, o responsável por analisar os exames antido-ping de todos os atletas da competição. Ligado ao Laboratório de Apoio ao Desenvolvimento Tecnoló-gico (Ladetec), o Labdop é o único laboratório cre-denciado no Brasil pela Agência Mundial Antidopa-gem (AMA). Durante o Pan, cerca de 130 profissionais, entre técnicos e pessoal de apoio, devem trabalhar em três turnos na análise de exames.

De acordo com o coordenador do Labdop, pro-fessor Francisco Radler, o trabalho ficará marcado na história do laboratório. “Serão mais de 180 ações relacionadas à tarefa de implementar todas as roti-nas necessárias às análises e garantir uma infra-es-trutura à prova de falhas. Como não acreditamos em ‘zero falhas’, estamos estabelecendo sistemas de redundância para várias atividades e back up para quase tudo”, explica.

placar eletrônico básico custa aproxima-damente R$ 10 mil”, diz o administrador da empresa, Maurício Augusto Trindade.

O caminho traçado pela Zeit, partindo do esporte para outras áreas, tem sido per-corrido de forma inversa por algumas pe-quenas e médias empresas. Cada vez mais, aquelas que atuam em outros segmentos do mercado descobrem no esporte um ni-cho com grande potencial de exploração. Esse foi o caso da Visagio, graduada pela Incubadora da Coppe/UFRJ no ano passa-do. Trabalhar com esportes não estava no plano de negócios da empresa, especiali-zada em consultoria e desenvolvimento de softwares. Mas os empreendedores não deixaram escapar a oportunidade de de-senvolver o modelo matemático que deu origem às tabelas de uma das maiores com-petições de futebol da Europa.

Engenheiros, analistas de sistemas e cientistas da computação que formam a equipe da Visagio se debruçaram sobre números para desenvolver o modelo. “Precisávamos otimizar as tabelas de for-

Em busca da perfeição: atletas e empresas se dedicam para garantir bons resultados

Ajuda da academia

O PAN EM NúMEROS44modalidadesesportivas

42paísesparticipantes

5.662 atletase2 mil integrantesdedelegaçõesesportivas

3 mil oficiais(presidentesdefederaçõeseconfederações)eárbitros

20 milvoluntários

2.300 empregosdiretose 5.750indiretosgeradoscomaconstruçãodaVilaPan-americana

Cercade R$ 4 bilhõeseminvestimentos

O PAN EM NúMEROS44

425.662 2 mil

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R$ 4 bilhões

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ção, desenvolveu, em parceria com a Visa, um serviço que permite o uso de cartão de crédito como meio de pagamento do ingresso e passaporte de entrada aos está-dios para assistir a jogos de futebol. Cha-mado de Futebol Card, o projeto começou a ser desenvolvido em 2002 e resultou em benefícios para o torcedor.

Quem quer ir ao estádio pode comprar ingressos via internet, deixando para trás as longas filas que precedem partidas im-portantes. No dia do jogo, o torcedor pas-sa por uma catraca exclusiva para usuá-rios de cartão de crédito, o que facilita a entrada no estádio. Por enquanto, somen-te os torcedores do Figueirense, de Floria-nópolis, contam com a facilidade, mas a expectativa da empresa é firmar parceria com outros clubes brasileiros e também do exterior. “Esse sistema é uma inovação mundial. Ou seja: em nenhum outro país

o torcedor pode adquirir o ingresso e en-trar no estádio usando o cartão de crédi-to”, afirma o diretor da Outplan e criador do projeto, Robson de Oliveira.

Para o empreendedor, áreas relacionadas ao esporte representam um mercado cheio de oportunidades. “Esse é um nicho em ex-pansão no mundo todo e em especial no Brasil, onde clubes e federações estão pro-fissionalizando a gestão e tratando o torce-dor como cliente. Assim, são muitas as chances de crescimento”, destaca.

Este ano a análise exige maior abrangência que em jogos anteriores, pois a AMA vem aumentando os processos a serem cumpridos pelos laboratórios desde 2004. “Estaremos implantando várias rotinas antes não realizadas no país”, diz o professor. Para ele, a participação direta no Pan pode ajudar o labo-ratório a obter financiamento para implantar toda a tecnologia de controle de dopagem. “Infelizmente, os atletas estão sempre buscando novas formas de burlar o controle. Assim, a necessidade de investi-mento em P&D&I não se encerra com o Pan.”

Radler (acima) coordena laboratório responsável pela análise de exames

antidoping nos Jogos Pan-americanos 2007

Em Campinas, o Instituto de Química da Unicamp também de-senvolve um trabalho voltado à melhoria da performance dos atle-tas. Com a coordenação dos pro-fessores Lauro Kubota e Denise Macedo, pesquisadores das áreas de Educação Física, Bioquímica e Fisiologia testam a utilização de biossensores – dispositivos capa-zes de medir a presença de subs-tâncias específicas no sangue e na urina. “O objetivo da pesquisa é desenvolver biossensores para au-xiliar na detecção do nível de es-tresse oxidativo em pessoas que praticam atividade física, princi-palmente atletas”, explica Kubota.

O estresse oxidativo é causado por radicais livres que prejudicam o organismo, aumentando excessi-vamente a produção ou diminui-ção de agentes oxidantes. Os bios-sensores desenvolvidos na Unicamp podem se tornar bons indicadores do nível de con-dicionamento físico de atletas. “A pesquisa está evo-luindo e já revelou que não se pode padronizar a carga de treinamento para pessoas diferentes, ou seja, cada atleta deve treinar de acordo com suas condições físicas”, destaca o professor.

Inovação da Outplan permite que torcedor use cartão de crédito

para entrar em estádio de futebol

Kubota desenvolve biossensores na Unicamp

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FoTos: Flávio pinheiro Carneiro

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empresário, Guimarães aceitou o convite do superintendente do Parque de Desen-volvimento Tecnológico da Universidade Federal do Ceará (Padetec), Afrânio Cra-veiro, para constituir uma empresa incu-bada. E em um espaço de 50 metros qua-drados fundou a Nuteral em 1994. “O exemplo da Nuteral é um incentivo aos pesquisadores do Brasil a tirarem suas te-ses das prateleiras e transformá-las, de fato, em produto, agregando valor econô-mico e social ao país”, afirma.

A Nuteral é especializada em produtos nutricionais, os chamados medical foods. Nutrição clínica, suplementos nutricio-nais e ingredientes para indústrias de ali-mentos são os três ramos da empresa. Tem capacidade para produzir 120 mil quilos de produtos por ano, voltados a pacientes que sofrem com doenças como Alzheimer, AIDS, cardiopatias, desnutri-ção e obesidade.

De acordo com Guimarães, uma das li-nhas mais bem comercializadas pela em-presa é o Reabilit. Com patente registrada, o produto foi lançado em 2000, depois de seis anos de pesquisa e um investimento de R$ 2 milhões. Foi a primeira dieta espe-cialmente produzida para pacientes em recuperação. O empreendedor ressalta que o produto substitui os tradicionais sucos e papinhas de pacientes que saem do hospi-tal e não sabem como se alimentar.

O primeiro produto lançado pela cea-rense Nuteral, o Integral Mix – idea-

lizado para combater a desnutrição infan-til –, não vendeu nenhuma unidade e foi retirado do mercado. Augusto Guimarães, fundador e presidente da empresa de bio-tecnologia em nutrição humana, nem

pensou em desistir. Quatorze anos depois, a Nuteral está consolidada: possui sete pa-tentes ativas, seis em fase de registro, lançou uma linha de 46 produtos e já venceu o Prê-mio Finep de Inovação Tecno-lógica, em 2006, na categoria Pequena Empresa.

A história da Nuteral se con-funde com a vida de seu fun-dador e presidente. Em 1992, Guimarães cursou doutorado na Universidade de São Paulo (USP). Na capital paulista, o nutricionista passava os dias identificando membranas e

trabalhando com linfócitos e mastócitos. O objetivo era analisar os ácidos graxos e estudar a ação do consumo de gorduras para prevenir e tratar doenças. Em 1993, depois de fazer pós-doutorado na Univer-sidade de Oxford, o professor voltou a Fortaleza para ministrar aulas na Univer-sidade Estadual do Ceará (UECE).

Embora nunca tivesse pensado em ser

Guimarães: pesquisadores devem transformar teses em produtos

O projeto de um nutricionista empreendedor deu origem a uma empresa capaz de gerar 120 toneladas de produtos por ano, graças ao investimento pesado em P&D

Maurício Frighetto

negócio nutrido com

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Crescimento constante Com 26 funcionários, a Nuteral faturou

R$ 9,2 milhões em 2006 e investiu 26,4% desse total em pesquisa e desenvolvimen-to. Depois de sair da incubadora, em 1996, a empresa já passou por duas reformas. Neste ano, a Nuteral gastou R$ 600 mil em melhorias no processo industrial, no con-trole de qualidade e na duplicação do seu parque. Hoje a empresa está instalada em 12 mil metros quadrados de área.

A Nuteral também inovou no processo de comercialização. O Nuteral Balance, produto em pó voltado para o controle de peso, mas com o objetivo de tratar tam-bém doenças como diabetes, hipertensão e osteoporose, é vendido com exclusivida-de para nutricionistas por meio do proje-to “Nutricionista Certificado Nuteral”. De acordo com Guimarães, o projeto estimu-la a atividade empreendedora desses pro-fissionais. Para ter acesso aos produtos, o nutricionista precisa passar por um pro-cesso de certificação. Dos 40 mil profis-sionais de nutrição brasileiros, cerca de mil estão cadastrados. “Essa ferramenta garante que o nosso cliente de ponta, quando estiver consumindo o nosso pro-duto, tenha de fato a indicação clínica correta do nutricionista. O Nuteral Balan-ce tem um diferencial importante no nos-so negócio”, conta Guimarães.

Isnádia Costa Silva foi uma das primei-ras nutricionistas certificadas pelo projeto. De acordo com a profissional, o Nuteral Balance pode mudar a história clínica do paciente, baixando a taxa de colesterol e de glicose e diminuindo os sintomas de TPM para as mulheres. “Nós temos a chance de

identificar a necessidade nu-tricional, prescrever o su-plemento certo e não temos um balconista na outra pon-ta que vai mudar a prescri-ção. Desse modo, o suple-mento prescrito tem muito mais chance de ser usado com sucesso pelo pa-ciente, trazendo a melhoria da qualidade de vida em diversos aspectos”, diz.

Em 2005, foi criado o Instituto de Tec-nologia Nuteral, para fazer pesquisa e de-senvolvimento para a empresa. Há a inte-ração com pesquisadores do Instituto de Ciências Biomédicas da USP, da Universi-dade Federal do Paraná, da Universidade Federal do Ceará e da Universidade Esta-dual do Ceará. Também há parcerias com institutos nos Estados Unidos, na Irlanda e na Inglaterra.

PersistênciaApesar do sucesso alcançado com outros

produtos, Guimarães, que tem 44 anos, não desistiu do primeiro projeto. O pesquisa-dor-empresário voltou à idéia que surgiu no doutorado: o Nutty, formulado para recupe-rar crianças desnutridas, deverá ser lançado neste ano e será vendido por meio de um site, a preço de custo. Os interessados pode-rão fazer doações e então o produto será entregue às entidades que cuidam de crian-ças em qualquer lugar do Brasil. “Envolvido no sonho de ajudar as pessoas mais pobres do meu estado, no Padetec, investi dois anos num produto chamado Integral Mix. De-pois de dois anos entendi que desnutrição não se trata com produto nutricional, mas com políticas”, afirma o empreendedor.

26funcionários

r$9,2milhõesdefaturamentoem2006

26,4%investidosemP&d

40%decrescimentonoúltimotriênio

7patentesativas

6emfasederegistro

46produtos

10marcaslançadasentre2005e2006

r a i o XPrêmios• (1999) Melhor projeto tecnológico

proveniente de universidades brasileiras, concedido por IEL-CNI • (2002) empresa do ano, concedido por Anprotec, CNPq, CNI, Finep e MCT • (2003) prêmio Customer appreciation DMv, concedido por DMV• (2003) prêmio Top 10in, case empresa privada,

concedido pelo Diário do Nordeste• (2004) Medalha do Conhecimento,

concedida por Ministério do Desenvolvimento, CNI e Sebrae • (2004) prêmio Finep de inovação Tecnológica,

categoria Pequena Empresa, 3º lugar/Nordeste• (2006) prêmio Finep de inovação Tecnológica, categoria Pequena Empresa

Linha Nuteral tem 46 produtos

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i n t e r n aC i o n al

uma parábola descendente, na qual a taxa tende a ser maior nos países de renda mé-dia e menor nos países de renda alta.

Quanto à taxa de empreendedores esta-belecidos, ocorre algo semelhante. Os oito melhores colocados também são países de renda média, com as Filipinas em primei-ro lugar. Rússia, França e Emirados Ára-bes – três países de renda alta – obtiveram as menores taxas. Essa revelação da pes-quisa pode ter explicações que envolvem o perfil demográfico, as características institucionais, a cultura e mesmo o pa-drão de seguridade social de cada país.

Diferenças sociaisNo caso das Filipinas, por exemplo, a

atividade empreendedora inicial é de 20,4%, sendo que as mulheres estão à fren-te da maioria dos empreendimentos. O país ocupa a primeira posição no índice de empreendedores estabelecidos e a ter-ceira no de empreendedores iniciais. No entanto, a maioria dos empreendimentos é de pequena escala e se concentra no se-tor de serviços.

As atividades empreendedoras ganha-ram um importante impulso no ano pas-sado, quando o governo filipino institu-cionalizou a educação para o empreen-dedorismo naquele país. Além disso, os filipinos acreditam que empreender é uma escolha profissional desejável. Cerca de 80% dos entrevistados disseram que em-preendedores bem-sucedidos ganham res-peito e prestígio social.

Na Bélgica, onde o PIB per capita é 6,5 vezes maior que nas Filipinas, o índice de atividade empreendedora em fase inicial chega a um décimo do registrado no país asiático. A taxa era de 3,5% em 2005 e caiu para 2,7% em 2006. Apenas 47% dos belgas entrevistados disseram que escolheriam o empreendedorismo como profissão. Esse índice caiu 20% entre 2005 e 2006.

Para a coordenadora técnica do projeto no Brasil, Simara Greco, o eficaz sistema de seguridade social da Bélgica faz com que a população desempregada não reaja à situação montando uma empresa. “Além

o s países de renda média enfrentam uma série de dificuldades para de-

senvolver o empreendedorismo. Faltam políticas públicas que facilitem a criação de empresas, que promovam a capacita-ção dos empresários e que incentivem a inovação tecnológica. Ainda assim, esses países surpreendem e lideram os rankings internacionais de taxas de empreendedo-res iniciais e estabelecidos. Um sinal de que os povos de países como Peru, Filipi-nas, Indonésia e também do Brasil vêem no empreendedorismo a saída para seu desenvolvimento. É o que revela a última edição da pesquisa Global Entrepreneur-ship Monitor (GEM), lançada no Brasil no mês de abril.

Na classificação por taxa de empreen-dedores iniciais, os oito primeiros coloca-dos possuem renda média, liderados pelo Peru. Já os 11 últimos do ranking são paí-ses de renda alta, sendo que a Bélgica teve a pior colocação. Essas variáveis formam

menos renda, mais empreendedoresPesquisa confirma que e m países de renda média há mais empreendedores do que nos de renda alta. O desafio das nações menos desenvolvidas ainda é criar negócios por oportunidade

Emília Chagas

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disso, o espaço para a cobertura de de-mandas é reduzido, uma vez que o país tem população e área geográfica meno-res”, comenta. Como resultado, somente 27,7% dos entrevistados afirmaram co-nhecer pessoalmente alguém que iniciou um negócio nos últimos dois anos.

Segundo o coordenador do Programa de Estudos Avançados em Pequenas Em-presas, Acesso ao Crédito e Meios de Pa-gamento da Escola Brasileira de Adminis-tração Pública e de Empresas da Fundação Getulio Vargas (Ebape/FGV), Francisco Barone, a situação da Bélgica se repete em muitos países desenvolvidos. “Os estu-dantes atrasam sua entrada no mercado de trabalho, terminam mestrado, douto-rado, antes de começar a trabalhar. E por mais que o indivíduo não consiga uma co-locação no setor privado, com uma rede de amparo social desenvolvida, empreen-der torna-se apenas a terceira opção”, afir-ma. Já nos países de renda média, é maior o número de pessoas que precisam em-preender para se manter.

Necessidade versus oportunidadeA motivação para o empreendedorismo

é outro fator que diferencia os países de renda média dos países de renda alta. Aqueles que têm PIB per capita superior a US$ 20 mil empreendem mais por opor-tunidade. Já nos países de renda inferior a essa cota, os indivíduos, em geral, têm duas opções: ou empreendem ou não têm colocação no mercado de trabalho. A principal conseqüência de uma nação ter grande número de empresas criadas por necessidade é a continuidade da baixa es-trutura de capital do país.

Já os países com renda alta, que possuem mais empresas criadas por oportunidade, conferem maior magnitude ao que os eco-nomistas chamam de efeito multiplicador de renda. “O empreendimento criado por oportunidade é mais estruturado, compre-ende a inovação tecnológica, favorece a melhoria da situação de emprego, pode vir acompanhado de patente e gera mais ri-queza para o país”, resume Simara Greco.

O Peru pode ser considerado uma exce-ção à regra. Tem uma das maiores taxas de empreendimentos motivados por opor-tunidade (74%) dentre os países de renda média. No entanto, o país enfrenta difi-culdades administrativas e legais para constituição e operação de empresas, o que leva a altos índices de informalidade na economia. O povo peruano, bastante criativo, tem a atividade empreendedora como uma das principais alternativas para colocação no mercado de trabalho.

Os empreendedores contam com o apoio de universidades, organizações não-go-vernamentais (ONGs), empresas privadas, instituições financeiras, instituições pú-blicas e da mídia. “Em países como o Peru, as ONGs internacionais e a sociedade ci-vil organizada suprem as falhas do gover-no na promoção do empreendedorismo”,

Nos países de renda média os indivíduos precisam empreender para não ficar fora do mercado de trabalho

O Global Entrepreneurship Monitor (GEM), criado em 1999, é o maior estudo mundial sobre a atividade empreendedora. Na edição de 2006, os cinco continentes foram representados na pes-quisa com a participação de um total de 42 países, 21 deles de renda média e 21 de renda alta. São considerados de renda média os países com PIB per capita inferior a US$ 20 mil. As nações que têm poder de compra individual superior a este valor foram clas-sificadas como de renda alta. Colômbia, Emirados Árabes, Filipi-nas, Indonésia, Malásia, República Tcheca, Turquia e Uruguai participaram do ciclo de pesquisa pela primeira vez. O Brasil par-ticipa do GEM desde 2000.

Neste ano, foram entrevistadas 2 mil pessoas no país, com ida-des entre 18 e 64 anos, de 27 cidades, que estão à frente de novos empreendimentos com até três anos e meio (empreendedores ini-ciais) ou com mais de 42 meses (empreendedores estabelecidos). A pesquisa tem margem de erro de 1,47% e conta com a opinião de 37 especialistas brasileiros. “A pesquisa é uma importante ferramenta para tomada de decisões, na qual todos os gestores públicos deve-riam se balizar”, afirma Francisco Barone, da FGV.

O estudo é coordenado pela London Business School (Inglater-ra) e Babson College (Estados Unidos) e abrange cerca de 50 paí-ses consorciados, que representam 90% do PIB e dois terços da população mundial. No Brasil, o projeto é coordenado e executa-

do pelo Instituto Brasileiro da Qua-lidade e Produtividade (IBQP), em parceria com o Sebrae Nacional, a Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Sistema FIEP), a Ponti-fícia Universidade Católica do Pa-raná (PUC/PR) e o Centro Univer-sitário Positivo (Unicenp).

A pesquisa

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constata Francisco Barone. No Peru, os empreendedores de sucesso tornam-se ícones sociais e a maior parte da atividade empreendedora é considerada pelo GEM como desenvolvida.

Outro caso à parte é a Indonésia, onde 86% dos empreendimentos surgem por oportunidade. Porém, isso não significa um índice maior de inovação. Mais de 80% dos empreendimentos novos são res-taurantes ou barracas de rua, pequenas mercearias, agronegócios ou lojas de rou-pas. O empreendedorismo faz parte da cultura do povo indonésio. Cerca de 40% da população disse que pretende começar um novo negócio nos próximos três anos. No entanto, os empreendedores sentem-se desencorajados pela falta de acesso a financiamento, pela demora para conse-guir licenças e pelos custos para montar novos negócios no país.

Um modelo a seguirEmbora os países de renda média te-

nham surpreendido no resultado da pes-quisa, os especialistas concordam que se tratando de empreendedorismo bem de-senvolvido, o melhor exemplo ainda são os Estados Unidos. A atividade empreende-dora inicial caiu de 12,4% em 2005 para 10% no ano passado, mas a situação do país ainda é bastante promissora. “Lá (nos Estados Unidos) se abre uma empresa em menos de uma semana. As facilidades são combinadas com o espírito empreendedor do povo norte-americano”, afirma Simara.

A maioria dos 6,8 milhões de empre-gos criados naquele país entre agosto de 2003 e outubro de 2006 foi por demanda de pequenas empresas. Entre os empre-endedores iniciais americanos, 52% têm pós-graduação. “O que move a geração de renda nos EUA é o empreendedoris-mo por oportunidade”, aponta Barone. Prova disso é que cerca de 32% dos em-preendimentos em fase inicial usarão tec-nologia de ponta para oferecer produtos novos aos clientes.

Isso indica que, por melhores que sejam as colocações dos países de renda média nos rankings globais, essas nações ainda têm muito que fazer para conseguir con-solidar o empreendedorismo.

Barone: rede de amparo social inibe empreendedorismo em países desenvolvidos

O número de empreendimentos nascentes no Brasil caiu quase pela metade, entre os biênios 2003-2004 e 2005-2006, segundo a pesquisa GEM. A taxa média no primeiro período era de 5,75% e passou para 3,3% no segundo período. De acordo com a coordenadora do projeto GEM no Brasil, Simara Greco, faltam, principal-mente, linhas de crédito para negócios nascentes ou que vão iniciar. “Há financiamentos, mas voltados para quem tem garantias, algo que as empresas nascentes não têm”, afirma.

Segundo Francisco Barone, da FGV, essa queda deve-se a conhecidos fatores limitantes ao empreendedoris-mo, que inibem a criação de novas empresas e abrem espaço para a informalidade na economia. “A legisla-ção trabalhista no país é obsoleta, a carga tributária é

brasil perde empreendedores nascentesmuito elevada, a burocracia dificulta a abertura e o fe-chamento das empresas, e o empreendedor encontra dificuldades para o cumprimento de contratos”, enu-mera o economista. Para ele, esses fatores contribuem para que, a cada empresa formal, o país tenha duas in-formais. “Ninguém quer ter o governo como sócio, pa-gando 40% do faturamento em impostos”, ressalta.

O economista aponta uma possível saída para a ques-tão: a motivação dos jovens empresários com idade en-tre 25 e 34 anos. “É o jovem que está dando sangue novo, é através do jovem que se conseguirá reverter a queda no número de empresas iniciais no Brasil”, afirma. Mais da metade dos empreendedores do Brasil está nesta faixa etária. Embora possam ter menos maturidade profissio-nal, os jovens empreendedores são mais propensos a

correr riscos. “E quanto maiores os riscos, maiores os lucros”, enfatiza Barone.

Font

e: G

EM B

rasil

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aos aspectos estruturais como qualidade, tempo de entrega, embalagem e fornece-dores”, explica.

Além de mudanças operacionais, o foco na exportação exige uma mudança de postura na gestão do negócio. “É uma das grandes vantagens da internacionalização, pois o gestor precisará estruturar a em-presa de maneira a cumprir rigorosamen-te os novos compromissos e prazos de entrega, exigências de qualidade e servi-ços acoplados aos produtos”, explica o professor Miguel Lima, coordenador aca-dêmico do MBA em Gestão de Comércio Exterior e Negócios Internacionais da Fun-dação Getulio Vargas (FGV). “A mudança de postura começa na ciência de que os re-sultados conquistados no comércio exte-rior são vistos em médio-longo prazo e o gestor precisa se preparar, além de ter bons conhecimentos de diferentes culturas para poder negociar”, completa Minervini.

Para o consultor do Sebrae Jaime Akila Kochi, especialista em comércio exterior, a principal mudança na rotina do gestor de uma empresa que pretende exportar está na necessidade de adquirir conheci-mento. “É importante ter o máximo de informações possíveis sobre o país para o qual se quer exportar e, se possível, fazer uma visita para conhecer os hábitos do novo mercado.” Essa etapa, segundo ele, pode ser facilitada pelo uso da internet.

o momento de uma empresa ultra-passar as fronteiras do país pode chegar tanto por meio de parcerias

quanto a partir de uma iniciativa do pró-prio empreendedor. Mas para explorar essa nova fração de mercado é preciso ter cau-tela, paciência e persistência. Os resultados das primeiras transações, em geral, não aparecem de imediato. A receita pode che-gar em longo prazo e tanto o gestor quanto os métodos de produção da empresa preci-sam se adaptar a uma nova realidade.

Segundo o consultor italiano Nicola Minervini – diretor da International Mar-keting Consulting, com sede na Itália, e autor do livro O Exportador –, o fato de um produto vender bem no mercado in-terno não significa que a empresa já está preparada para exportar. “Muitas vezes é preciso adquirir mais competitividade no mercado nacional para depois pensar na exportação. É importante avaliar co-mo a empresa está atualmente quanto

Expor tar exige busc a incessante por informações e muito planejamento. Para fazer negócio no exterior, internet pode ser decisivaAnderson Carvalho

PluGAdO no mun do

g e s t o

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“Hoje é possível ter várias informações sobre o exterior sem ir até lá. Nos sites do governo existem diversas informações es-tatísticas: é possível saber se determinado país já importa o mesmo tipo de produto, quem são os principais concorrentes e onde estão localizados. Informações que contribuem para a realização de um plano

de exportação.”A internet também pode fun-

cionar como fonte de informa-ção para os processos regulares e etapas da exportação. Dentre os sites que oferecem informa-ções desse tipo estão os do Se-brae, APEX, Secex, Funcex, Ban-co do Brasil, Correios e o Portal do Exportador. “O gestor só con-seguirá diminuir os riscos de uma exportação malsucedida informando-se e conhecendo a mecânica do comércio exterior.

A partir daí é importante selecionar bem os parceiros e já praticar as mudanças es-truturais”, afirma Minervini.

As primeiras alterações organizacionais talvez sejam necessárias ainda na etapa de produção. Mudanças de rotina que há três anos são praticadas na Pronatus do Ama-zonas, instalada no Centro de Incubação e Desenvolvimento Empresarial (CIDE), em Manaus. “Para atender o mercado ex-terno é preciso criar diferentes métodos de produção e por isso a empresa passou por uma reformulação no layout da fábri-ca, mudança de embalagens, alterações no método de expedição e no de controle de qualidade. Mas a maior dificuldade foi encontrada na adequação das instruções dos rótulos dos produtos”, explica Evan-dro Silva, gestor da empresa exportadora de fármacos à base de guaraná em pó, mel de abelha e copaíba.

No caso da exportação de produtos é fundamental conhecer as exigências téc-nicas e as normas de cada país referentes aos rótulos e embalagens, para que os produtos não sejam devolvidos e o di-nheiro desperdiçado. “O parceiro impor-tador poderia ajudar nessa tarefa infor-mando sobre as normas técnicas e sobre as exigências das etiquetas e embalagens dos produtos”, afirma Minervini. Mas nem sempre os empreendedores contam com esse tipo de suporte. Talvez por isso a Organização Mundial do Comércio (OMC) criou o Acordo Sobre Barreiras Técnicas ao Comércio, determinando que todo país tenha um órgão considerado o “ponto focal”, encarregado de receber as normas técnicas para as exportações de produtos do mundo todo. Então, se o im-portador não puder facilitar essa tarefa, o

Minervini: informação evita venda malsucedida no exterior

g e s t o

Equipe Coss Consulting trabalha para ampliar relações

internacionais da empresa

A internet facilita o

conhecimento de hábitos

de consumo e de normas

técnicas vigentes em cada país

FoTo

s: Di

vulg

ação

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Colella: boa rede de parceiros credencia a

empresa a atender em todo o mundo

gestor pode recorrer ao “ponto focal” bra-sileiro, o Inmetro – (www.inmetro.gov.br/barreirastécnicas/pontofocal). “Na inter-net há muito material, disponibilizado não apenas pelo governo brasileiro, mas também pelos governos de outros países. Para isso o domínio do idioma estrangei-ro também ajuda”, diz Kochi, do Sebrae.

Além de fonte de informação, a internet precisa ser encarada como ferramenta de acesso ao mercado externo. A Pronatus, por exemplo, está cadastrada no Balcão de Comércio Exterior do Banco do Brasil e foi através da internet que recebeu o pri-meiro contato para exportação dos pro-dutos da empresa. “A primeira solicitação de parceria veio pelo e-mail cadastrado no site do banco”, afirma Silva. Se o portal da própria empresa na internet estiver bem estruturado, aumentam as chances de progressão dos contatos antes das tran-sações internacionais, pois o site repre-senta um link direto para serviços e pro-dutos oferecidos pelo exportador.

Mas os especialistas garantem que não basta adequar os métodos de atendimento virtuais sem mudanças na estrutura inter-na da empresa. “São as barreiras internas que trazem maiores problemas. É mais di-fícil vender a idéia da exportação na em-presa do que vender o produto no exte-rior, pois exportar exige uma mudança de postura de toda a equipe”, ressalta Miner-vini. Quando o método de atendimento, em alguns casos, é o “objeto” exportado,

os cuidados devem ser redobrados. É o caso de empresas de consulto-ria, que prestam serviços de ava-liação das necessidades empresa-riais, implantação e viabilização de novos processos produtivos. Para garantir atuação global, a Coss Consulting, instalada no ParqTec, em São Carlos (SP), tem focado nas estratégias de relacionamento com clientes, enfatizando os pro-cessos de vendas, marketing e ser-viços. “O que credencia a empresa a atender clientes em qualquer parte do globo é uma boa rede de parceiros e colaboradores de negócios, com experiência e sólida formação acadê-mica, desenvolvida em empresas e insti-tuições de primeira linha. Em geral co-nhecedores de no mínimo três idiomas”, afirma o gestor da empresa, Luis Carlos Colella. Lições da empresa de São Carlos para qualquer empreendedor que preten-da cruzar fronteiras.

2Estejabeminformadosobreasetapas

daexportação

3 visiteamaiorfeiradosetor

6aprimoreseusconhecimentos

geraissobreaculturaeoscostumesdopaís-alvo

7crieumarededeapoio

formadaporfornecedoreseentidades

8 Programesuaaçãodepromoção

9busqueselecionarbemosparceiros:nãoinicieo

processocomoprimeiroqueconhecer

10busqueassociar-seaumarede

deempresas

11vejaomercadoexternocomo

umaalternativaenãocomosubstitutoàsvendasinternas

1Façaumaavaliaçãodasua

capacidadecompetitiva

4 visiteoutrasfeirasdomesmoramodenegócios(primeirocomo

visitanteedepoiscomoexpositor),poisaliestãoconcorrenteseclientes

5 Identifiqueseusconcorrentesnoexterior

para exportar com sucesso

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O ranking do empreendedorismo

balho ao mesmo número de pessoas que a primeira colocada e, além de ficar em se-gundo lugar, assistiu ao crescimento de 40% no acesso à sua página virtual. De menor porte, a BCS só teve Cristiane Ul-dlich à frente da tarefa. A empresa tem apenas três colaboradores, mas Cristiane manteve a participação no reality expe-rience entre suas prioridades e assim ga-rantiu a segunda colocação, empatada com a Consulti.

O resultado da primeira missão do Em-preender É Show é mais uma prova de que não se pode escapar das conseqüências da falta de profissionais e de tempo disponí-veis para a execução de uma tarefa especí-fica. Na Nutribox, que hoje amarga a últi-ma colocação, o executivo Fernando de

Os resultados da primeira tarefa do programa comprovam que o envolvimento da equipe faz toda a diferença

Isabel Colucci

O programa Empreender É Show conheceu em ju-

nho os vencedores de sua etapa inaugural. Na tarefa de número um do primeiro reality expe-rience brasileiro do setor de incubação, os competidores tinham a missão de projetar a imagem da empresa e de seus produtos com a produção de conteúdo para internet. Saíram na frente a B2ML Sistemas (20 pontos), a BCS Tecnologia (15 pontos), a Consulti (15 pontos), a Favela Receptiva (nove pontos) e a TV Bus (nove pontos).

De perfis, tamanhos e ramos de atuação diferentes, as campeãs têm em comum a forma como se organizaram para enfren-tar o primeiro desafio do programa. A de-signação de responsáveis, entre a equipe de colaboradores, que deveriam estar fo-cados no cumprimento da tarefa foi fator determinante para a chegada dessas em-presas às primeiras colocações.

Na B2ML Sistemas, três dos 16 funcio-nários estavam encarregados de produzir conteúdo e alimentar o site da empresa no Empreender É Show. Com cinco colabora-dores a menos, a Consulti delegou o tra-

O que é O Empreender É Show é um reality experience, criado pela Anprotec, que reúne nove empresas, de dife-

rentes setores, para estimular o empreendedorismo inovador. Até setem-bro deste ano, as empresas terão que realizar uma tarefa por mês e serão avaliadas pelo público e por uma comissão julgadora. A vencedora ga-nhará uma viagem internacional, para prospecção de negócios, e um ano de anúncio gratuito na revista Locus. O segundo colocado será premia-do com um notebook e anúncio gratuito em duas edições da revista.

no toPo

B2ML Sistemas

Conheça as empresas que lideram o ranking

Com um produto no mercado, a empresa resi-dente na Incubadora de Base Tecnológica de Itajubá (MG) é alavancada pelo dinamismo e vontade de empreender de seus funcionários. Formada por es-tudantes e recém-formados, com idade entre 18 e 25 anos, a B2ML Sistemas desenvolve soluções em Tec-nologia da Informação para gestão empresarial e internet. A empresa, fundada em dezembro de 2005, fatura hoje cerca de R$ 5 mil por mês.

A decisão de participar do Empreender É Show veio pelo potencial de divulgação que o programa oferece. As visitas ao site da empresa cresceram 20% desde a adesão ao programa. Os três funcionários responsáveis pelo Empreender É Show estão dedi-cando boa parte de seu tempo ao cumprimento da próxima tarefa.

Acesse www.anprotec.org.br/empreendereshow e saiba tudo sobre o programa!

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Colocação Competidor Incubadora Pontuação

Público Júri Geral

1º b2ml incubadora de empresas de base Tecnológica de itajubá (Mg) 10 10 20

2ºbcs incubadora Tecnológica da unicamp – incamp (sp) 8 7 15

consulti Micro Distrito industrial de base Tecnológica do sul – Midisul (sC) 7 8 15

4ºFavelareceptiva incubadora afrobrasileira (rJ) e incubadora social

de Comunidades do instituto gênesis – puC/rJ 4 5 9

tvbus incubadora da universidade estadual de Mato grosso do sul (ueMs) 6 3 9

6ºbiológicus incubadora de empresas de base Tecnológica

de pernambuco – incubatep (pb) 2 6 8

hollos Multincubadora do CDT – unb (DF) 6 2 8

8º kognitus incubadora de empresas da Coppe/uFrJ - rJ 3 4 7

9º nutribox incubadora de empresas de barão de Mauá - sp 1 1 2

r a n k i n g

Retificação: a empresa TV Bus reside na Incubadora da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS) e não de Mato Grosso, conforme publicado na última edição de Locus.

PRóxIMA TAREFAna segunda missão do Empreender É Show, o desafio se aproxima da produção das empresas. agora, as incubadas escolhem um de seus produtos para alavancar no mercado e, para isso, precisam realizar um estudo de viabilidade e propor estratégias de lançamento. o estudo e as estratégias serão desenvolvidos com auxílio do sebrae e os competidores terão 11 dias para realizá-los. o plano de ação deverá ser apresentado em um vídeo de um minuto e em uma página-relatório mais detalhada no site www.anprotec. org.br/ empreendereshow).

BCS TecnologiaSe a B2ML é mo-

vida pelo entusias-mo de seus jovens, a BCS Tecnologia tem suas bases na expe-riência de seus pro-prietários. Residente desde setembro de 2005 na Incubadora Tecnológica da Unicamp (SP), a empre-sa é gerida por três profissionais com pelo menos 14 anos de presença no mercado médico-hospitalar e atua no desenvolvimento de protótipos para auxí-lio no planejamento cirúrgico. Para realizar a pró-xima tarefa, Cristiane conta com o apoio da gerente da incubadora e está concentrada no plano de lan-çamento de seu produto.

ConsultiIncubada desde 2003 no Micro Distrito Industrial

de Base Tecnológica do Sul (Midisul/SC), a empresa teve crescimento de 260% nos últimos três anos. Está consolidada no mercado nacional com o desenvolvi-mento de software de gestão empresarial, prestação de serviços em Linux e instalação, migração, atuali-zação e administração do banco de dados Oracle. Em 2006, teve faturamento de R$ 584 mil, e até maio de 2007 já obteve R$ 282 mil. Na próxima etapa, a empresa deve manter o mesmo estilo de atuação. Os três colaboradores responsáveis já estão empenha-dos no cumprimento da tarefa.

Souza Campos admite que ser o único profissional da parte administrativa pre-judicou o desempenho da empresa na competição. A Nutribox fatura R$ 20 mil por mês e tem 10 colaboradores. Mas, sem poder dividir suas atribuições, ele não conseguiu manter o foco na tarefa e aca-bou por se dedicar ao programa apenas quando tinha tempo livre. “A empresa vai recuperar posições no ranking com a se-gunda missão, mais próxima dos planos da Nutribox que a primeira”, afirma.

Com a participação no Empreender é

Show, o número de acesso aos sites

das empresas participantes

chegou a crescer 40%

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de desempenho analisados (de 1 a 6), 53,3% dos estudantes do país ficaram abai-xo do nível 1. O país que teve o melhor de-sempenho foi Hong Kong, seguido pela Finlândia e pela Coréia do Sul.

Números como esses acirram o debate sobre o impacto que a carência no ensino de ciências provoca. “A educação científi-ca de má qualidade cria uma população despreparada para tomar decisões, por exemplo, sobre aspectos pessoais como saúde e qualidade de vida”, afirma Myriam Krasilchik, professora emérita da Facul-dade de Educação da Universidade de São Paulo (USP). Ary Mergulhão, responsável pela área de ciências na Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Tecnologia (Unesco) do Brasil, comparti-lha a visão da professora. “A educação científica qualifica as pessoas para exer-cerem a sua cidadania”, acrescenta.

Com um dos piores desempenhos mundiais no ensino de ciências, o Brasil precisa unificar políticas públicas para fugir do analfabetismo científico e tecnológicoAdriane Alice Pereira

A ciência e a tecnologia estão entre os assuntos que mais despertam o inte-

resse dos brasileiros. Uma pesquisa divul-gada neste ano pelo Ministério da Ciência e Tecnologia apontou que 41% dos brasi-leiros têm muita vontade de saber mais sobre o universo da ciência. No entanto, para os outros 59% o tema atrai pouca ou nenhuma atenção. E o motivo alegado pela maioria para essa falta de interesse é a dificuldade de compreender o assunto.

Essa dificuldade pode estar diretamente ligada à qualidade do ensino de ciências do Brasil. O país é o último colocado entre as 41 nações participantes do Programa In-ternacional de Avaliação de Alunos (PISA) quanto à média dos estudantes na área de ciências. Na mais recente avaliação divul-gada, de 2003, o foco dos testes foi a Mate-mática e quase 5 mil alunos brasileiros participaram da prova. Entre os seis níveis

Um país analfabeto em

ciências

e d u C a o

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Custo elevadoO conhecimento científico e tecnológi-

co também é fundamental para a defini-ção de estratégias de crescimento e desen-volvimento do Brasil. “O país paga um alto preço pela deficiência no ensino de ciências. Um exemplo desse impacto é o grande número de vagas disponíveis para tantos desempregados sem qualificação”, aponta Mergulhão. “O atraso no ensino de ciências retarda também o processo de inovação das empresas e a atração de in-vestimentos, gerando mais custos para as organizações que precisam desenvolver iniciativas próprias de qualificação”, diz o especialista.

A urgência por mudanças no ensino de ciências e na educação brasileira de for-ma geral é cada vez mais evidente. O re-cente Plano de Desenvolvimento da Edu-cação (PDE), conhecido como PAC da Educação, lançado pelo governo federal neste ano, propõe informatização das es-colas, formação e piso salarial para pro-fessores, ampliação de bibliotecas, além de outras ações. Para o representante da Unesco, a iniciativa é bem-vinda, mas outros fatores precisam ser observados quanto às políticas públicas para o ensi-no de ciências.

“A educação científica tem dois lados. O primeiro é o ensino formal nas salas de aula e o segundo é o aprendizado não-formal, resultado de todo o aparato fora da escola como museus, competições e premiações”, afirma Mergulhão. “Os dois lados são fundamentais e a relação entre eles é muito importante”, completa. No Brasil, segundo o especialista, ainda existem poucas atividades “não-formais” e, por isso, é muito difícil encaixá-las em políticas públicas. “Atualmente, as políti-cas para o aparato formal são definidas pelo Ministério da Educação e as do não-formal são encaminhadas pelo Ministé-rio da Ciência e Tecnologia. É necessário que essas duas vertentes conversem para convergir e beneficiar os alunos e as es-colas”, explica.

Iniciativas em todo o país tornam a ciência mais atraente para jovens estudantesColaboração: Carla Cabral

b o n s e x e m p l o s

OLIMPíADA BRASILEIRA DE MATEMÁTICACriada em 1979, a Olimpíada Brasileira de Matemática (OBM), organizada pela Sociedade Brasileira de Matemática, tem como objetivo melhorar o ensino da matéria e contribuir para a descoberta de novos talentos em ciências. A

competição é aberta a todos os estudantes a partir da 5ª série até o nível universitário. Este ano, 350 mil alunos de 8 mil escolas devem participar do desafio, que começou em 16 de junho.Nicolau Corção Saldanha, hoje professor do Departamento de Matemática da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), foi um dos talentos pioneiros das competições de Matemática no Brasil. Em 1980, aos 16 anos, ele foi medalha de ouro na 2ª OBM, e o primeiro brasileiro a conquistar a premiação máxima numa disputa internacional um ano depois. “A olimpíada tem várias qualidades: tornar a Matemática uma coisa interessante e não rotineira, detectar talentos e contribuir para a inclusão social”, afirma.

PRêMIO JOVEM CIENTISTAIniciativa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/MCT), do Grupo Gerdau, da Fundação Roberto Marinho e da Eletrobrás, tem como objetivos estimular a pesquisa, revelar talentos e investir em estudantes e profissionais que procuram alternativas para os problemas brasileiros. O Prêmio está em sua 23ª edição e é um reconhecimento a pesquisas inovadoras realizadas por estudantes dos ensinos médio e superior.

TALENTOS PARA A INDúSTRIAO objetivo do programa Talentos para a Indústria, desenvolvido pelo Serviço Social da Indústria (SESI), é estimular jovens de 11 a 16 anos a desenvolverem sua criatividade e competência na área de tecnologia por meio de

jornadas de conhecimento que abordam temas diversos.

REALIDADE VIRTUALA Virgo Realidade Virtual, empresa residente na Incubadora de Empresas e Projetos do Inatel, em Santa Rita do Sapucaí (MG), desenvolve o software educativo quasar, um ambiente de simulação em realidade virtual. “A ferramenta oferece um curso interativo de Física Mecânica, que complementa as atividades tradicionais de sala de aula”, afirma Mario Lapin, diretor da Virgo.Com o quasar os alunos são instigados a investigar o comportamento de fenômenos naturais no ambiente virtual, a fim de resolver desafios apresentados na proposta do curso. O estudante pode interagir com simulações físicas que representam situações da realidade cotidiana. Um pacote contendo o quasar começará a ser avaliado por escolas de todo o Brasil, a partir do último trimestre deste ano.

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te. Isso não significa que empresas meno-res não devam se preocupar com o tema. Para Mirshawka, o empreendedor por oportunidade é geralmente inovador e muito criativo. “Esse profissional pertur-ba a ordem econômica com um novo pro-duto ou serviço, tendo como base o pro-cesso criativo”, complementa.

Em relação a outros países, o Brasil ain-da fica para trás quando o assunto é inova-ção. Um recente relatório divulgado pela Economist Intelligence Unit, um instituto de pesquisa internacional, compilou um ranking de 82 economias com base em seus níveis de inovação, entre 2002 e 2006. Com base nessas informações, o EIU identificou que de 2007 a 2011 o Brasil deve cair da atual 48ª para 52ª colocação, sendo suplan-tado por países como Polônia, Barein, Li-tuânia e Ucrânia.

Para Mirshawka Junior, o desenvolvi-mento da criatividade poderia ajudar a reverter essa queda. “É preciso instituir a criatividade como processo na empresa. No país, mesmo as organizações conside-radas referência no assunto estão pouco estruturadas para criar e, acima de tudo, inovar”, avalia o especialista.

Nas organizações que atende, o especia-lista desenvolve uma consultoria em três níveis: instrumental, metodológico e es-tratégico. No primeiro, Mirshawka apre-senta as técnicas para estimular os profis-sionais e suas equipes a pensarem de forma criativa. No segundo, apresenta as metodologias e organiza essas técnicas de criatividade na empresa. Já no estratégico, a consultoria atua influenciando princi-palmente os gestores e acionistas com o objetivo de modificar a cultura corporati-va, e, assim privilegiar o ato de inovar – o passo final de um longo caminho.

Não é mais possível admitir que, em pleno século XXI, uma empresa que almeja o

sucesso não tenha como lema a inovação. Mas, além disso, é preciso ter como princípio o processo criativo. É com a combinação dessas duas ações – criar e inovar – que or-ganizações continuarão a existir nas próxi-mas décadas e, junto a diversas ações estru-turantes, manterem-se competitivas.

Segundo o professor e consultor Victor Mirshawka Junior, diretor de pós-gradua-ção da Fundação Armando Alvares Pentea-do (FAAP), empresas que não estimulam a criatividade entre seus funcionários tende-rão a desaparecer nos próximos anos. “As organizações precisam se imbuir do espíri-to da criatividade, já que isso faz parte do processo de inovação. Empresas que não estimulam o ato de criar no trabalho indi-vidual e em equipe não têm a capacidade de se reciclar, inovar”, indica o professor.

Mirshawka Junior é especialista em ino-vação e criatividade e presta consultoria para companhias, em geral de grande por-

Um passo para a inovaçãoEm empresas de qualquer porte, o desenvolvimento da criatividade é essencial ao processo inovadorRodrigo Lóssio

C r i a t i v i d a d e

as sete leis da criatiVidade porvictormirshawka

1-domineaautocríticaA primeira e talvez mais simples providência que você pode empreender para melhorar sua criatividade é entrar em contato com o seu senso de auto-avaliação.

2-sejaumentusiastadamudançaA ligação entre criatividade e mudança é óbvia, pois é esse processo que permite a implementação das idéias criativas, às vezes em detrimento do já existente.

3-busqueodiferenteNão fique no usual: leia assuntos diferentes, coma pratos exóticos, percorra caminhos alternativos, fale com pessoas de experiências diversas.

4-PersistaChover no molhado é preciso. Faz parte da natureza o princípio da seleção, quer seja de espécies, quer seja de idéias.

5-aumenteseuconhecimentoFator imprescindível à criatividade: o conhecimento formal e teórico ou o conhecimento tácito e prático de como fazer algo.

6-“distribua”suacriatividadeFaça com que pelo menos uma parte de seus esforços criativos beneficie outras pessoas além de você.

7-sonhecomoimpossívelImaginar o futuro, por mais impossível, fantástico, ou aparentemente irrealizável que pareça, além de ser sedutor, é a marca registrada dos grandes inventores, e de alguns dos grandes gênios.

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VALE A PENA

CInemA

C u l t u r aBru n o More s c h i

CInemA

pequena miss sunshine

(littlemisssunshine,Eua,2006),1h41.direçãodejonathandaytonevalerieFaris.roteirodemichaelarndt.comabigailbreslin,gregkinnear,Pauldanoealanarkin.Emdvd.

Olive, a filha caçula de uma família tipicamente anormal, é convidada a participar de um concurso de beleza infantil. Mas todos sabem: ela não tem a menor chance. Mesmo assim, os familiares a acompanham por uma viagem aos Estados Unidos de três dias em uma Kombi amarela e velha. O road movie mostra que não existe receita pronta para o sucesso.

PrEstEatEnção em como um filme simples e despretensioso pode cativar o público, a crítica e o Oscar.

o pagador de promessas (brasil,1962),1h41.drama.direçãoeroteirodeanselmoduarte.comleonardovillar,glóriamenezesedionísioazevedo.Emdvd.

Zé do Burro é um caboclo que só quer pagar a promessa que fez a Santa Bárbara para salvar seu burro: carregar uma cruz até uma igreja em Salvador. Mas o padre Olavo, representando a intolerância, quer impedir sua entrada na “santa casa de Deus”.

PrEstEatEnçãoem como a falta de comunicação e o excesso de humildade podem causar danos irreparáveis nas pessoas.

ClássiCo

ClariCe lispeCtor – a hora da estrela

museudalínguaPortuguesa.Praçadaluz,1.sãoPaulo(sP).tel:(11)3326-0775.terçaadomingo,das10hàs17h.r$4,00.até2/09.

A escritora morreu há 30 anos, mas é impressionante como os jovens descobrem cada vez mais a sua obra. O Museu da Língua Portuguesa está repleto de gente nova que quer saber mais sobre a ucraniana que escreveu livros como A Hora da Estrela e Laços de Família. Para quem já conhece muito a escritora, a impressão é de que a mostra pouco acrescenta. Para os novos fãs, um bom começo.

abraas gavetas que preenchem as paredes da exposição e se surpreenda com alguns originais, cartas a amigos e edições estrangeiras dos livros de Clarice.

História dos Estados Unidosautores:leandrokarnal,luizEstevamFernandesemarcusviniciusdemorais.Editoracontexto.288páginas.

Alguns sentem ódio dos Estados Unidos e outros querem também viver o american life, mesmo que de forma ilegal. A obra conta a história da nação mais poderosa do mundo, aquela que já absorveu tantos imigrantes e, hoje, vive baseada em uma política do medo. A novidade: o livro é escrito por pesquisadores brasileiros.

Lei Universal da Atraçãoautor:Estherhicksejerryhicks.Editorasextante.192páginas.

A nova moda é a “teoria” de que é possível usar a Lei da Atração para atrair dinheiro, fama, sucesso. Enquanto Newton se revira no caixão, tem gente que garante que a crendice funciona. Não perca seu tempo.

lEIa ovolume2daantologiadoPasquim,quecobreaproduçãoentre1972e1973deste

jornaltãoimportanteparaahistóriabrasileirarecente.

EscutEocdveneer,docantoreviolonistaescandinavojoségonzález.Imaginejoãogilbertonopaísdebjork.

mostra de inverno Cena humdeQuintaadomingo.até22/07.

teatroodelairrodrigues.curitiba.

A Mostra de Inverno Cena Hum apresenta 14 espetáculos de vários estilos: agrada do público adulto ao infantil. Será um mês inteiro de apresentações em Curitiba, capital paranaense.

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�0Locus  •  Julho 2007

do e preparar a empresa para capitalizar sobre elas. Para isso, é preciso preparar o “pano de fundo”, criando as condições necessárias para que todos empreendam, em todos os níveis. Isso ocorre a partir de uma visão de negócios alicerçada em valores bem definidos e que priorizem o trabalho em equipe e a meritocracia.

Há a necessidade de se institucionali-zar o reconhecimento das pessoas quan-do estas contribuem com ações agrega-doras. E, ainda, que se recompensem essas pessoas, que haja mais tolerância a falhas e a aceitação do risco. Sem essa nova visão de negócios, sua empresa provavelmente não estará mais aqui para liderar os novos processos de mudança no mercado e talvez cumpra apenas a primeira etapa do processo: o de se gra-duar da incubadora.

E como os empreendedores podem se dedicar a essas atividades logo de iní-cio, já que não têm tempo para tantas tarefas? O planejamento adequado dos negócios, via um plano bem estrutura-do, mostrará como cada ação estratégi-ca pode ser delineada e implementada. Além disso, o empreendedor e sua equi-pe precisam valorizar os novos colabo-radores que farão parte da empresa as-sim que ela crescer. Participação em resultados, premiações, bônus e a pos-sibilidade de participação no negócio como sócio também devem fazer parte de uma estratégia empreendedora.

A inovação só se tornará sistêmica em seu negócio se você investir em pes-soas empreendedoras como você. Essa é a essência do empreendedorismo ino-vador, algo ainda mais importante que a invenção de soluções criativas que, na maioria dos casos, não evoluem por fal-ta de gestão e gente devidamente moti-vada para fazer acontecer.

Quando discutimos os dilemas que envolvem o empreendedorismo no

mundo atual é natural que abordemos a questão da inovação como diferencial para os negócios. As incubadoras de em-presas sempre foram um ambiente pro-pício para a transferência de tecnologia dos centros de pesquisa e universidades, onde a maioria das inovações ocorre – principalmente quando estamos falando de países em desenvolvimento como o Brasil. E essa tem sido a principal moti-vação para a criação de novos negócios com grande potencial de crescimento nas incubadoras brasileiras.

Mas essa é apenas a parte inicial do processo empreendedor. Além de criar negócios inovadores, os empreendedo-res precisam implementar, desde o iní-cio, uma nova visão de negócios, que permeia a inovação em todos os níveis, não apenas no que se refere aos produ-tos e serviços tecnologicamente dife-renciados mas, principalmente, em um modelo de gestão que possibilite o rápi-do crescimento de suas empresas e o desenvolvimento das pessoas que fazem parte do seu time empreendedor.

O dilema recorrente é como fazer com que a inovação se torne sistêmica. A resposta é a implementação do empre-endedorismo corporativo – na verdade uma proposta de continuidade do pro-cesso empreendedor mesmo depois da criação da empresa. Trata-se de uma opção estratégica que deve ser abraçada pelos empreendedores e disseminada por toda a empresa, mesmo quando es-tamos falando de uma equipe de pou-cos funcionários.

Com isso, estimula-se o surgimento de novos colaboradores empreendedo-res, que são os responsáveis por identifi-car as grandes oportunidades no merca-

Uma nova visão de negócios

o p i n i o

* Consultor de empresas e professor de empreendedorismo

www.josedornelas.com.br

José Dornelas *

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