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1 12 AULA 00: ANTIGUIDADE Correção da Prova da UNICAMP 2021 História Profe Ale Lopes

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AULA 00: ANTIGUIDADE

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História

Profe Ale Lopes

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Resolução Vestibular Unicamp 2021

SUMÁRIO

Sumário ....................................................................................................................... 2

Resolução do Vestibular Unicamp 2021 ....................................................................... 2

QUESTÃO 57 - Grécia ......................................................................................................................... 2

QUESTÃO 58 – Grandes Navegações e Monarquias Católicas .......................................................... 3

QUESTÃO 59 – Revolução Francesa/participação das mulheres ...................................................... 4

QUESTÃO 60 – Crise do 2º. reinado / contexto Geral/fortalecimento dos cafeicultores ................. 6

QUESTÃO 61 – Revolução Russa ........................................................................................................ 7

Questão 62 – Imigração na República ............................................................................................... 9

Questão 63 – Racismo/ discriminação no mundo do trabalho ....................................................... 10

QUESTÃO 64 – Memória e História – Batalhas pela memória ........................................................ 11

RESOLUÇÃO DO VESTIBULAR UNICAMP 2021

QUESTÃO 57 - GRÉCIA

Leia o trecho do poema da poetisa grega Safo acerca da beleza de uma jovem chamada Anactória.

uns dizem que e uma hoste de cavalaria, outros de infantaria;

outros dizem ser uma frota de naus, na terra negra,

a coisa mais bela: mas eu digo ser aquilo que se ama.

(Adaptado de Luisa de Nazare Ferreira, “Turismo e patrimonio na antiguidade classica: o texto atribuido a Filon de Bizancio sobre as Sete Maravilhas”, em Espaços e Paisagens: Antiguidade Clássica e heranças contemporâneas. 2012. V. 1. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra e Annablume, p. 73.)

A partir da leitura do poema, assinale a alternativa correta sobre o conceito de beleza na Grécia Antiga.

a) Safo reconhece a beleza como conceito universal e destaca a sua independência em relação ao amor.

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b) Safo exemplifica o conceito de belo e o define como inerente às conquistas militares e territoriais.

c) Safo constata a diversidade dos gostos humanos e evidencia o valor do amor para o conceito de beleza.

d) Safo exemplifica os gostos humanos a partir do conceito de amor e o define como inerente às conquistas militares.

Comentários:

O tema dessa questão é a cultura na Grécia Antiga, mais especificamente o conceito de beleza. A questão demandou interpretação dos versos da poesia.

Vejamos as alternativas>:

a) Errado. Ela não fala de um concito universal. Seria universal se todos acreditassem e reconhecessem a mesma noção de beleza e ela interpreta de maneira oposta: cada um com uma noção do que é beleza.

b) Errado. Para a autora o belo pode ser interpretado de diferentes formas.

c) Gabarito. Essa é a exata noção que ela coloca. A poetisa observa que existem várias maneiras de interpretar o que é o belo e, para ela, o beleza está naquilo que se ama.

d) Errado. A poetisa não está falando de amor, mas do belo.

Gabarito: C

QUESTÃO 58 – GRANDES NAVEGAÇÕES E MONARQUIAS CATÓLICAS

Segundos os historiadores, pela primeira vez, uma potência europeia desenvolveu um projeto planetário que abrangia quatro continentes, a fim de assentar as pretensões universais da monarquia. Para isso, os juristas espanhóis invocaram a noção de extensão geográfica sem precedentes de suas possessões. Com a monarquia católica surgiram a primeira economia mundial e um regime capitalista e comercial intercontinental.

(Adaptado de Serge Gruzinski, “Babel no seculo XVI. A mundialização e Globalização das Linguas”, em Eddy Stols, Iris Kantor, Werner Thomas e Júnia Furtado (orgs.), Um Mundo sobre Papel. São Paulo/Belo Horizonte: EDUSP/ Editora UFMG, 2014, p. 385.)

Com base no texto do historiador Serge Gruzinski sobre as monarquias católicas, assinale a alternativa correta.

a) A noção de monarquia católica inclui Portugal, Espanha e Inglaterra, que colocaram em marcha um processo de expansão marítima planetário, calcado no trabalho assalariado dos indígenas.

b) O projeto planetário da monarquia católica calcava-se na memória do Império Romano, sendo que Roma ambicionou estabelecer seu aparato burocrático ágil e repressivo nos quatro continentes.

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c) O projeto planetário da monarquia católica fundava-se em um corpo jurídico criado com argumentos teológicos, em uma burocracia exercida a distância e no trabalho compulsório.

d) A monarquia católica expandiu seu projeto comercial baseado em estamentos feudais nos moldes das capitanias hereditárias implementadas na América, na África e na Ásia.

Comentários:

O tema da questão é Grandes Navegações e as Monarquias Católicas Ibéricas que colonizaram a América em um projeto de expansão comercial que integrou a Europa, a África, a Ásia e a América. Essas monarquias eram profundamente apoiadas pela Igreja. Tanto que o Tratado de divisão de exploração do Novo Mundo , o Tratado de Tordesilhas, foi feito e legitimado por Roma. Assim, a noção de uma religião universal (o catolicismo) se combina com os desejos e necessidades de expandir a economia por meio do estabelecimento de novas rotas comerciais e conquistas territoriais.

Essa foi uma questão trabalhosa pois trouxe vários elementos em cada alternativa e, além disso, a construção desses elementos não usou uma linguagem comum e com as palavras-chaves mais conhecidas.

A alternativa que melhor se adequa esse contexto é a C. Primeiro ponto: o projeto de conquista comercial era fundamentado em discurso religioso está correto (lembrar do Tratado de Tordesilhas); A burocracia exercida à distância é uma referência à dominação da Metrópole sobre as colônias. Lembremos que as leis vigentes nas colônias eram as chamadas leis régias, feitas pelos reis e pelas cortes europeias; o trabalho compulsório diz respeito à escravidão e outras formas de trabalho obrigatório, como a mita e encomienda.

Vejamos os erros das demais alternativas:

a) Errado. A noção de monarquia católica não inclui a Inglaterra.

b) Errado. Roma não pretendeu atingir quatro continentes.

c) Gabarito, conforme comentário.

d) Errado. Alternativa sem conexão. Primeiro erro é dizer que há um padrão de exploração nos três continentes foi um padrão, isso porque há feitorias na África e Ásia, enquanto na América foi uma colônia de exploração e povoamento. E não tem nada a ver comparar os estamentos feudais às capitanias hereditárias.

Gabarito: C

QUESTÃO 59 – REVOLUÇÃO FRANCESA/PARTICIPAÇÃO DAS MULHERES

Seguindo a trajetória das ativistas, vemos que lutaram ao lado dos homens no movimento popular urbano e participaram de várias jornadas populares, como as de 9 de abril, 20 de junho e 10 de agosto de 1792, as quais resultaram na queda da monarquia. Abraçaram a Revolução, queriam armar-se para defender a nação dos inimigos internos, e tomaram parte nas festas cívicas. Algumas se alistaram no exército e foram lutar nas fronteiras. No caso das Republicanas Revolucionárias, durante certo tempo contaram com o apoio dos deputados

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da Montanha e os ajudaram a derrubar os Girondinos. Nessa ocasião, mereceram elogios públicos. Depois se aliaram aos radicais e fizeram oposição aos Montanheses. As militantes adquiriram uma visibilidade nunca imaginada para mulheres do povo, despertando o interesse e a inquietação de integrantes do governo acerca da questão dos direitos civis e políticos femininos. Sua presença na cena política foi tolerada e até incentivada no início da Revolução Francesa, porém reprimida em outubro de 1793, e depois de forma definitiva em 1795.

(Adaptado de Tania Machado Morin, Virtuosas e perigosas: as mulheres na Revolução Francesa. São Paulo: Alameda, 2013, p. 4-6.)

Com base no excerto e em seus conhecimentos sobre a Revolução Francesa, assinale a alternativa correta.

a) A Revolução Francesa não garantiu o direito de voto às mulheres, mas a participação delas no movimento fez com que sua exclusão da vida pública ganhasse visibilidade e fosse debatida.

b) Os ideais de igualdade, liberdade e fraternidade da Revolução consolidaram os direitos civis e políticos das mulheres, igualando-os aos direitos dos homens de forma inédita na história da França e da Europa.

c) Os revolucionários consideravam que as tarefas desempenhadas pelas mulheres na Revolução eram irrelevantes e restritas às atividades domésticas, por isso elas não conquistaram os mesmos direitos civis que os homens.

d) A Revolução Francesa aboliu a desigualdade de gênero em todos os âmbitos da vida pública por meio da Declaração Universal dos Direitos Humanos, que estabelecia a igualdade e a cidadania.

Comentários:

A temática dessa questão é a participação das mulher na Revolução Francesa e à limitação de acessos aos direitos liberais que foram a base do processo de luta contra o absolutismo.

Com um texto bastante grande, a questão demandava uma leitura atenta para perceber as contradições na forma de enxergar a participação das mulheres, bem como a legitimidade para que acessassem os direitos que estavam sendo criados e garantidos para homens.

No começo, as mulheres foram consideradas “heroínas de Versalhes”, mas, conforme ampliavam sua participação e aumentavam as exigências de igualdade, os representantes da Assembleia Constituinte foram se colocando contrários a essa postura. Em 1793, os Clubes Femininos foram proibidos e em 1975, houve a proibição de qualquer participação das mulheres em manifestações públicas.

A única alternativa possível é a A porque ela traz a contradição entre a participação, a negação de direitos, porém a conquista da visibilidade do tema sobre o direito das mulheres

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Apesar de trabalhosa, estava fácil porque as demais alternativas estão muito erradas, uma vez que elas trazem uma perspectiva de que a Revolução garantiu direitos às mulheres. Vejamos esses erros:

a) Gabarito, conforme comentários.

b) Errado. Os direitos das mulheres forma negados e não consolidados.

c) Errado. Como falamos, há contradições na forma como os revolucionários viam a atuação das mulheres.

d) Errado. Como comentamos, não há garantias e proteção de direitos às mulheres.

Gabarito: A

QUESTÃO 60 – CRISE DO 2º. REINADO / CONTEXTO GERAL/FORTALECIMENTO DOS

CAFEICULTORES

A casa de morar nas fazendas ou o palacete foram em geral construídos a partir de 1870. Representavam o poderio econômico e político do proprietário, assim como o gênero da pintura de paisagem que, segundo o historiador Rafael Marquese, foi mobilizado pela classe senhorial do Vale do Paraíba como uma resposta direta à crise da escravidão negra no Império do Brasil.

(Adaptado de Ana Luiza Martins, “Representações da economia cafeeira: dos barões aos ‘Reis do cafe’, em Wilma Peres Costa e Ana Betraiz Demarchi Barel (orgs.), Cultura e Poder entre o Império e a República. São Paulo: Alameda, 2018, p. 195.)

A partir do texto acima, é correto afirmar:

a) Os senhores do café incrementaram um sistema de produção cafeeiro moderno que atendia o mercado internacional. Desde a instalação da corte joanina no Brasil, eles investiram nas formas de morar como capital simbólico.

b) Na crise capitalista da década de 1870, os produtores de café no Brasil alavancaram o tráfico de escravizados vindos de África e investiram na riqueza simbólica de suas propriedades.

c) No Segundo Reinado, com a intensa crise na obtenção de escravizados para as plantações de café e a acirrada disputa na definição das políticas migratórias, os cafeicultores redefiniram seu capital simbólico.

d) O investimento nas casas de fazenda e na pintura de paisagem reafirmava a importância social da classe senhorial. Era uma reação política contra a reforma agrária estabelecida na Lei de Terras de 1850.

Comentários:

É uma questão contextual que acorda a década de 70 do século XIX, no Brasil. Assim, falamos do clássico contexto da crise da monarquia e do fortalecimento do republicanismo e do abolicionismo. Além disso, esse contexto é marcado pelo fortalecimento político dos ricos

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proprietários que dominavam a economia do café – tema ressaltado na questão. É fundamental lembrar da Lei Eusébio de Queiroz que proibiu a chegada de novos escravizados, a partir de 1850 – isso gerou uma crise de mão de obra, já que havia a expansão econômica e uma aumento da demanda por mão de obra para a lavoura. Nesse contexto, iniciou-se uma política migratória que incentivava a vinda de trabalhadores de origem branca/europeia.

Há um elemento interessante na questão que é a noção de CAPITAL SIMBÓLICO. Os cafeicultores ampliavam seus palacetes para reconfigurar seu poder. Vejam, capital simbólico é a representação simbólica de um poder. Em geral, os objetos, mercadorias, propriedades representam isso. Os palacetes eram essa representação de um poder, ou de um grupo poderoso, que, naquele contexto buscava a modernização (republicanismo e abolicionismo)

A questão demandou uma interpretação contextualizada, portanto. Vamos analisar cada alternativa:

a) Errado. O contexto descrito não se desenvolve no início do século XIX, mas, sim, no final.

b) Errado. No contexto fala-se em crise da escravidão, por isso não se pode interpretar como incremento do comércio escravista.

c) Gabarito, conforme o comentário.

d) Errado. A lei de terras possibilitou a legitimação da grande propriedade latifundiária, ou seja, nada de reforma agrária.

Gabarito: C

QUESTÃO 61 – REVOLUÇÃO RUSSA

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O quadro O Bolchevique foi pintado pelo artista russo Boris Kustodiev (1878-1927). Ele faz referências à Revolução de 1917 e tem em seu centro a figura de um proletário segurando uma bandeira pintada na cor vermelha.

A partir da leitura do quadro (aqui reproduzido em preto e branco) e do seu contexto histórico, assinale a alternativa correta.

a) A movimentação social de 1917 resultou na saída da Rússia da Primeira Guerra Mundial e resolveu os problemas econômicos do país. O quadro retrata a pouca adesão popular ao movimento bolchevique.

b) A Rússia recém-industrializada foi palco do movimento bolchevique, que culminou na ascensão de um regime democrático ao poder. O quadro retrata o amplo apoio popular à bandeira bolchevique.

c) A nobreza russa tinha amplo apoio da monarquia e dos operários durante o processo de industrialização do país. O quadro foi recebido pelo czar como uma afirmação da lealdade popular.

d) A Revolução Russa foi responsável pela queda da monarquia e ascensão do Partido Bolchevique ao poder. O quadro foi visto pelo governo revolucionário soviético como afirmação de sua ideologia.

Comentários:

Questão simples. Demandava uma boa interpretação contextualizada do quadro. Veja, a obra é de 1920, no começo da Revolução Russa. Era importante lembrar que a Revolução, liderada pelo Partido Bolchevique, foi contra a monarquia dos Romanov. Ao derrubar a monarquia, alguns meses depois, implantou-se um regime de natureza socialista que, historicamente, seria, ao menos em teoria, uma ‘ditadura do proletariado”. Além disso, vale ressaltar que até 1921, a Rússia viveu uma espécie de guerra civil entre o chamado exército vermelho (apoiadores da revolução) e a oposição, conhecida como exército branco.

Tendo isso em consideração e os elementos da obra (um operário gigantesco segurando e liderando uma revolução popular (observem que há muitas pessoas pequenininhas seguindo o operário) podemos chegar a alternativa D, já que retrata os principais pontos do contexto russo do início do século XX e os objetivos da Revolução (derrubar a monarquia e levar os Bolcheviques ao poder); na segunda parte da alternativa, há a interpretação sobre o quadro em si – aqui seria necessário lembrar que a ideologia do partido bolchevique é uma revolução socialista liderada por um partido operário (lembre que na teoria revolucionária de origem marxista, o operário seria o agente da revolução, assim, como a burguesia foi agente que liderou a Revolução Francesa contra a Monarquia ).

Vamos analisar as demais alternativas:

a) Errado. A saída da Rússia da 1ª. Guerra Mundial não resolveu os problemas econômicos do país, além do que o quadro retara grande participação popular – e não o contrário.

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b) Errado. A revolução russa não findou em uma democracia. Como afirmamos, no contexto da obra, havia uma guerra civil e, depois da morte de Lenin em 1923, houve a ascensão de Stalin, caracterizado como um ditador e assassino.

c) Errado. Os operários não apoiavam a nobreza. O quadro foi feito em 1920, então, o rei já tinha caído.

d) Gabarito, conforme nossos comentários.

Gabarito: D

QUESTÃO 62 – IMIGRAÇÃO NA REPÚBLICA

No plano da imaginação, os asiáticos, fossem chineses ou japoneses, geravam associações contraditórias: impassíveis, teimosos, irredutíveis no preço que fixavam nas feiras livres ou em suas casas comerciais, rompendo com o estilo de barganhas e pechinchas incorporado ao dia a dia dos portugueses, sírios, libaneses, judeus, espanhóis. Ao mesmo tempo, eram associados às imagens de delicadeza, de gueixa e cerejeiras em flor, que as estampas dos calendários, os cartazes de certas peças de teatro e das óperas encarregavam de divulgar.

(Adaptado de Boris Fausto, O Crime do Restaurante Chinês: carnaval, futebol e justiça na São Paulo dos anos 30. São Paulo: Companhia das Letras, 2009: posição 220 edição Kindle.)

O texto do historiador Boris Fausto traz informações sobre São Paulo dos anos 1930. A partir do fragmento, assinale a alternativa correta

a) A história do Brasil registra a convivência de imigrantes europeus e asiáticos, marcada por dinâmicas de assimilação e preconceito.

b) Imigrantes europeus gozaram da mesma posição social que a população negra e ambos os grupos se adaptaram bem à vida urbana.

c) As atividades da greve de 1917 unificaram os interesses de imigrantes asiáticos e europeus no campo e na cidade.

d) Imigrantes asiáticos e europeus compuseram, junto com a população negra, o novo cenário cultural da democracia racial da Era Vargas.

Comentários

a) correto, pois o texto do enunciado nos lembra do quadro multiétnico e racial do processo de formação da sociedade brasileira. Repare que o aspecto do preconceito aparece logo no início do texto, quando o autor afirma “fossem chineses ou japoneses”, como se não houvesse distinções entre esses povos. É muito parecido com a percepção preconceituosa que parte dos brasileiros do sul e sudeste tem das pessoas dos mais variados estados regionais do nordeste do Brasil. Dizem, generalizando, que é baiano, ou nordestino, tomados por um viés preconceituoso. b) erradíssimo, gente. Antes da discriminação dos imigrantes, houve a discriminação racial fruto da escravidão que aqui vigorou. Negros (pretos e pardos, conforme denominação mais corrente do IBGE) sofreram e sofrem as mazelas do processo histórico da escravização no Brasil. Quando começa a chegada de imigrantes, com maio força em meados do século XIX, o contraste social

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entre os imigrantes (brancos europeus) e negros ainda escravos e, mesmo após a abolição, transforma-se em um marcador social. Isso porque, desde a Lei de Terras, de 1850, negros foram sendo mais discriminados do que brancos – seja ele europeu ou português-brasileiro ou brasileiros. Pós abolição, a situação não se altera substancialmente. Por isso, não é possível equiparar a discriminação sofrida por imigrantes com a sofrida pelos negros. Ademais, é muito subjetivo é historicamente incorreto dizer que houve uma “adaptação urbana”. Trata-se, na verdade, de um tipo de argumento usado por elites para justificarem a permanência das desigualdades.

c) errado. A greve de 1917 contou, majoritariamente, com lideranças anarquistas de origem italiana. Por meio da famosa “lista negra” que circulava entre os patrões da epoca, com o objetivo de não contratar os operários ali elencados, é possível perceber os nomes e sobrenomes italianos. Considerando que a greve de 1917 foi urbana, em centros industriais, não houve a unificação com interesses camponeses como sugere a alterativa.

d) o erro da alternativa está em afirmar a existência de uma democracia racial, pois esta foi utilizada como uma ideologia a partir de estudos sociológicos sobre a miscigenação do povo brasileiro. Por isso, fala-se em “mito” da democracia racial. Alem disso, a propaganda varguista contava com modelos brancos para a construção do espírito nacional. Os cartazes e cartilhas do projeto pedagógico, por exemplo, traziam na capa crianças brancas venerando Vargas.

Por fim, veja que interessante, o texto da próxima questão ajudava a eliminar alternativas desta questão, pois ele começa assim: “As feridas da discriminação racial se exibem ao mais superficial olhar sobre a realidade social do pais”.

Gabarito: A

QUESTÃO 63 – RACISMO/ DISCRIMINAÇÃO NO MUNDO DO TRABALHO

As feridas da discriminação racial se exibem ao mais superficial olhar sobre a realidade social do país. Até 1950, a discriminação em empregos era uma prática corrente, sancionada pelas práticas sociais do país. Em geral, os anúncios de vagas de trabalho eram publicados com a explicita advertência: “não se aceitam pessoas de cor.” Mesmo apos a Lei Afonso Arinos, de 1951, proibindo categoricamente a discriminação racial, tudo continuou na mesma. Depois da lei, os anúncios se tornaram mais sofisticados que antes, e passaram a requerer: “pessoas de boa aparência”. Basta substituir “pessoas de boa aparência” por “branco” para se obter a verdadeira significação do eufemismo.

(Adaptado de Abdias do Nascimento, O genocídio do negro brasileiro: processo de um racismo mascarado. São Paulo: Perspectiva, 2018, p. 97.)

A partir do excerto, é correto afirmar:

a) Apesar da Lei Afonso Arinos de 1951, o racismo que existia há muitos anos no mercado de trabalho brasileiro permaneceu por meio de estratégias camufladas.

b) A Lei Afonso Arinos de 1951 possibilitou a eliminação do racismo no mercado de trabalho do mundo da moda, que exigia a boa aparência das pessoas brancas.

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c) Em 1951, o conceito de “pessoas de boa aparência”, ditado pelo mundo da moda e reproduzido nos anúncios de vagas de trabalho, privilegiava o asseio no vestir.

d) O racismo foi eliminado das relações sociais brasileiras somente na década de 1990, com a consolidação do conjunto de leis da democracia racial.

Comentários

a) correto, pois o texto explica que o uso da expressão “pessoas de boa aparência” substituiu a forma explícita e direta de cunho racista anteriormente utilizada. Ou seja, tentou-se esconder a pratica discriminatoria. Isso e que se denomina de “racismo velado” algo que opera dentro da lógica do racismo estrutural.

b) falso, pois é o contrário, pois a lei foi ineficaz no combate ao racismo no mercado de trabalho.

c) errado porque a expressão está se referindo à cor da pele.

d) falso, gente. Por mais que houve avanços legais no combate ao racismo, como a determinação na Constituição de 1988 de que a prática do racismo é crime inafiançável e imprescritível, até hoje pessoas racistas atuam na sociedade. Neste ano de 2020, diversos casos foram trazidos à tona, principalmente aqueles em que negros são vítimas da violência de seguranças privados de estabelecimentos comerciais.

Gabarito: A

QUESTÃO 64 – MEMÓRIA E HISTÓRIA – BATALHAS PELA MEMÓRIA

Estátua de Cristóvão Colombo é derrubada em protestos em Saint Paul, Minnesota, Estados Unidos. Policiais armados isolam a estátua.

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A partir do registro fotográfico da derrubada da estátua de Cristóvão Colombo em Saint Paul, Minnesota, Estados Unidos, em junho de 2020, e de seus conhecimentos sobre as relações entre presente e passado, assinale a alternativa correta.

a) O progresso histórico demonstra que as estátuas do passado perdem os seus significados no presente, justificando sua derrubada dos espaços públicos.

b) As estátuas e os monumentos medeiam formas de lembrar o passado e de compreender o presente, e seus significados são sempre suscetíveis a disputas políticas e sociais.

c) As estátuas e os monumentos testemunham modos de viver e conceber o mundo no passado, portanto são alheios à ideologia e às disputas políticas.

d) As estátuas e os monumentos do passado são veículos neutros em termos ideológicos e políticos, por isso devem ser preservados e protegidos de vandalismo.

Comentários:

Essa questão é muito interessante, traz contextualização e muita atualidade. O tema é memória e história.

A questão da derrubada das estátuas ocorreu no contexto das lutas contra o racismo e os racistas, após a morte do cidadão negro americano, George Floyd. Veja que a fonte da imagem traz uma palavra-chave : “revisionismo”.

Nesse caso, o revisionismo marca uma disputa sobre os significados que as estátuas expressam. Colombo foi um descobridor ou um colonizador assassino? Na prática, a derrubada das estátuas nos colocam diante de processos de “batalhas pela memória”. Ou seja, são formas de entender o passado à luz dos valores e experiências atuais. Nesse sentido, o gabarito é letra B.

Vejamos as impropriedades das demais alternativas:

a) Errado, porque, na verdade, não há perda de significados, mas outros tatos que podem surgir, enquanto outros que já existiam permanecem lá.

b) Gabarito.

c) Errado. A memória é elemento social, mas é, também, político. O que lembrar, de quem lembrar e como lembrar é uma decisão política, seja idealizada e realizada pelo poder público ou pela sociedade civil.

d) Todos os elementos de memória não são neutros. Segundo especialistas, o processo de lembrar também diz respeito ao de esquecer. E isso está em constante movimento porque as ressignificações são constantes.

Gabarito: B