correntes teolÓgicas da atualidade mÓdulo 10

Upload: eneya

Post on 13-Jul-2015

577 views

Category:

Documents


6 download

TRANSCRIPT

SUMRIO Correntes Teolgicas da AtualidadeIntroduo .................................................................................................... 01 Captulo 1 Panorama da Teologia Contempornea O Impacto do Iluminismo ........................................................... 02 A Ascenso do Liberalismo Religioso ........................................... 03 O Confronto Com a Evoluo ...................................................... 05 A Bblia e o Liberalismo .............................................................. 06 Cristologia do Liberalismo .......................................................... 07 A Doutrina de Deus e o Liberalismo ............................................ 08 Escatologia e Liberalismo ........................................................... 08 Telogos da Ortodoxia ............................................................... 09 A Teologia de 1920-1960 ........................................................... 09 A Teologia Radical dos Anos 1960-1970 ...................................... 10 Captulo 2 Conclio Vaticano II e Teologia Catlica ................................ 14 Captulo 3 Telogos Contemporneos Mais Destacados Friedrich Schleiermacher ............................................................ 16 Albert Ritschl ............................................................................. 16 Adolf von Harnack ..................................................................... 17 Wolfhart Pannenberg ..................................................................17 Karl Barth ................................................................................ 17 Rudolf Bultmann ........................................................................18 Teilhard de Chardin ................................................................... 18 Dietrich Bonhoeffer ....................................................................19 Paul Tillich ................................................................................ 20 Reinhold Niebuhr ....................................................................... 21 Gustavo Gutirrez ...................................................................... 21 Leonardo Boff ........................................................................... 21 Captulo 4 A Teologia Escriturstica As Escrituras Sagradas ............................................................... 23 A Trindade ................................................................................ 23 Deus-Pai ................................................................................... 23 Deus-Filho ................................................................................. 23 Deus-Esprito Santo ................................................................... 23 A Criao .................................................................................. 24 O Grande Conflito Entre Bem e o Mal .......................................... 24 A Vida, a Morte e a Ressurreio de Cristo .................................. 24 A Experincia da Salvao .......................................................... 25 A Igreja .................................................................................... 25 O Remanescente e Sua Misso ................................................... 25

Unidade no Corpo de Cristo ........................................................ 25 O Batismo ................................................................................. 26 A Ceia do Senhor ....................................................................... 26 Dons e Ministrios Espirituais ..................................................... 26 O Dom de Profecia .................................................................... 26 A Lei de Deus ............................................................................ 27 O Sbado .................................................................................. 27 Mordomia ................................................................................. 27 Conduta Crist .......................................................................... 27 O Casamento e a Famlia ........................................................... 28 O Ministrio de Cristo no Santurio Celestial ................................ 28 A Segunda Vinda de Cristo ......................................................... 29 Morte e Ressurreio ................................................................. 29 O Milnio e o Fim do Pecado ...................................................... 29 A Nova Terra ............................................................................. 29 Concluso ...................................................................................................... 30 Apndice 1 Verbetes Para Ler Teologia Contempornea ........................ 31 Bibliografia .................................................................................................... 39

2

INTRODUO

Ao abordarmos um assunto como teologia contempornea, alguns talvez fiquem duvidosos da pertinncia de ocupar-nos com muitos pensadores modernos cuja abordagem dista muitas vezes frontalmente da teologia bblica. No poderamos ignor-los, e deix-los em paz cuidando de suas prprias especulaes e invenes, enquanto levamos a efeito nossa tarefa como pensadores genuinamente cristos, sem fazermos referncias a eles? A resposta s pode ser no. Eis pelo menos duas razes: 1. Precisamos ter conhecimento dos maiores pensadores teolgicos do nosso tempo. No devemos ignorar os pontos de vista sustentados por outros, para termos uma viso global da questo. 2. Podemos aprender muitas lies importantes, at mesmo da parte de pessoas com as quais discordamos. s vezes elas tocam em problemas negligenciados ou para os quais no se chamou a devida ateno.

3

CAPTULO I PANORAMA DA TEOLOGIA CONTEMPORNEA A teologia moderna parece um verdadeiro labirinto. E to complexo este labirinto que poucas pessoas conseguiram penetrar suas passagens intricadas. Especialmente para os no iniciados, a tarefa de entender as muitas escolas de teologia crist contempornea parece desnorteante, na melhor das hipteses. Mesmo assim essencial para se ter uma f crist slida, no somente compreender estas teologias atuais como tambm oferecer uma crtica sadia que conduza edificao de uma teologia positiva. Enfocamos e discutimos aqui seis fenmenos de importncia relacionados com a compreenso do quadro teolgico atual, principalmente as tenses teolgicas das ltimas dcadas. Embora a proposta do mdulo seja fazer um levantamento da teologia moderna desde Schleiermacher, ainda assim necessrio fazer um levantamento da paisagem teolgica dos anos anteriores. O Impacto do Iluminismo Foi durante os sculos dezessete e dezoito que emergiu a abordagem moderna caracterstica maioria das cincias e disciplinas universitrias. Isto aconteceu com maior nfase no iluminismo ou filosofia das luzes (al. Aufklrung e o ingl. Enlightenment), movimento filosfico do sc. XVIII que se caracterizava pela confiana no progresso e na razo, pelo desafio tradio e autoridade e pelo incentivo liberdade de pensamento. Foi um perodo de intensa autoconscincia da metodologia para todas as matrias. Havia uma desconfiana geral da tradio, dos costumes, da antigidade e da autoridade, e eram premiados o ceticismo, a razo e a anlise. O impacto do iluminismo sobre a mente moderna e, portanto, sobre a teologia, pode ser discernido em muitas reas, das quais podemos citar: Historicismo. Os cnones da histria cientfica (freqentemente chamada historiografia) foram refinados durante o iluminismo junto com os mais elevados padres para a exatido e objetividade histricas. Isso levou a um constante questionamento da integridade e credibilidade histrica das matrias histricas da Bblia. Cientismo. Atitude segundo a qual os mtodos cientficos devem ser estendidos sem exceo a todos os domnios da vida humana, inclusive ao estudo da f. Para a mentalidade iluminista isto significava que, onde as Escrituras entram em conflito com a cincia moderna geologia, astronomia e biologia em especial ento a Escritura deve ceder lugar cincia. Ou seja, sempre que a Bblia retratar o universo de modo contrrio ao conceito mundial do cientismo ou descrever eventos que ultrapassem o natural, o homem moderno deve escolher a cincia em preferncia Escritura. Criticismo. Descobriu-se que muitos manuscritos dos perodos medieval e clssico, os quais alegavam ser autnticos e fidedignos realmente no o eram. Como conseqncia, todos os documentos do passado passaram a ser cuidadosamente perscrutados quanto autenticidade, exatido e fatualidade. Essa mentalidade fez com que as Escrituras fosse sujeitadas ao mesmo escrutnio. Surgiu da a hiptese 4

documentria relativamente ao Pentateuco, passou-se a questionar a autoria dos evangelhos bem como do livro do profeta Isaas.1 Racionalismo. Racionalismo o mtodo de observar as coisas baseado exclusivamente na razo, considerada como nica autoridade quanto maneira de pensar e/ou de agir. Os destas foram os pioneiros na teologia que esposaram o dito de que a razo teste de toda verdade, inclusive da verdade religiosa. Antes deles, os fundadores da filosofia moderna adotaram esse ponto de vista, conquanto ainda acreditassem em Deus. Essa confiana na razo foi resumida por Kant nas suas trs grandes crticas, nas quais argumentou que a razo rainha na cincia ou no conhecimento; na tica e na religio; na beleza ou na esttica. Se assim, os telogos devem sujeitar os mistrios insondveis da f crist razo. As doutrinas que no podem ser explicadas luz da razo humana devem ser descartadas por no serem tpicos teolgicos viveis. Toleracionismo. As grandes descobertas do sculo dezesseis revelaram existir outras culturas alm da europia, com suas religies peculiares. Isso levou idia de que preciso admitir a existncia legal de diversas religies. Nenhuma religio deve reivindicar para si s a exclusividade da verdade total. A tolerncia a virtude suprema da religio, ao passo que o dogmatismo a atitude mais repreensvel. Essa implicao tende para o ecumenismo no somente das comunhes crists, mas tambm das religies do mundo. Otimismo. A mentalidade do iluminismo j no acredita na doutrina pessimstica do pecado original. O progresso da humanidade, os avanos da cincia e da tecnologia, o melhor conhecimento da psicologia e da sociologia, tudo indica que a raa humana est em curva ascendente. Tudo corre no mundo do melhor modo possvel, tudo vai bem. Doutrinas sombrias a respeito do homem e desta vida como fardo, transportar cruz, cederam lugar a conceitos mais otimistas dos poderes do homem e da alegria e vitalidade da vida aqui e agora. Kantismo. Alm destas nfases importantes do iluminismo, a matriz de onde se desenvolveu a teologia moderna, o idealismo transcendental do filsofo alemo Immanuel Kant (1724-1804) requer meno especial. Em muitos aspectos, Kant foi o fundador terico do liberalismo religioso, porque grande nmero de telogos liberais edificou diretamente sobre a filosofia kantiana ou sobre alguma verso dela. Segundo ele, os objetos da metafsica e da religio no podem ser conhecidos racionalmente; a moral precisa ser fundamentada em imperativos categricos gerados pela razo prtica. Ao assim fazer, deu religio uma forte interpretao tica, que tem sido uma caracterstica do liberalismo religioso a partir de ento at o tempo presente. A Ascenso do Liberalismo Religioso Podemos definir liberalismo religioso em sentido lato como sendo o esforo para reformular a f crist em harmonia com o iluminismo e a partir das perspectivas do iluminismo. Schleiermacher. A Teologia Contempornea nasce sob as hostilidades de telogos liberais e neo-ortodoxos. Muitos indicam Friedrich Schleiermacher (17681834) como o pai da Teologia Moderna. Schleiermacher formulou uma teologia luz do Romantismo. Quando o Romantismo passou de moda, a teologia de1

Gilbert Highet, The Classical Tradition.

5

Schleiermacher passou tambm. Mesmo assim, ele deixou uma marca que dura at hoje. O pioneiro na reconstruo da teologia mediante o uso de uma base filosfica articulada foi Schleiermacher. Ele trabalhou com diferentes aspectos do idealismo filosfico alemo para criar uma teologia aceitvel mentalidade iluminista. O exame de trs conceitos filosficos bsicos demonstrar como a filosofia est operante na sua teologia: 1. A religio diz respeito essencialmente ao sentimento, entendido aqui como aquele senso existente dentro do homem quanto sua continuidade com o esprito do universo e sua unio com Deus. 2. Esse sentimento um sentimento de dependncia total de Deus. 3. Esse sentimento pode ser expresso em nveis de conscincia. O pecado em essncia a conscincia sensual. O modo subjetivo como Schleiermacher entende a religio tem implicaes de alcance considervel. Em primeiro lugar um ataque contra a ortodoxia dogmtica expressa em credos. Em segundo lugar, todas as doutrinas crists ou so reconstrudas a fim de se conformarem com estes critrios filosficos, ou so eliminadas. A localizao da f j no se acha naquilo que Deus diz (a revelao divina) nem naquilo que Deus faz (a redeno na histria), mas primariamente naquilo que o homem sente e experimenta. Em terceiro lugar, o centro de gravidade do cristianismo encontra-se agora na experincia do cristo e no naqueles atos soberanos de graa e revelao realizados por Deus na histria. Schleiermacher no iniciou uma escola teolgica no sentido tcnico do termo, mas foi uma inspirao para muitas escolas. Uma destas era conhecida como escola da teologia da mediao (Vermittlungstheologie), e contava com os seguintes membros: Flcke, Neander, Nitsch, Tholuck, Lange. Dorner, Rothe, Martensen e Beyschlag. Hegel. Depois de Kant, a filosofia sofreu tremenda influncia de Georg W. Friedrich Hegel (1770-1831), contemporneo de Schleiermacher que trabalhava no corpo docente da mesma universidade. A grande contribuio de Hegel filosofia foi a de que a histria levava consigo seu prprio significado. A prpria histria estava passando por um processo de evoluo racional e cultural, que atuava do simples para o complexo, tracionado pela dialtica, que forava todos os elementos da cultura para frente e para cima. A influncia de Hegel estendeu-se crtica bblica e teologia. No campo da crtica bblica, Julius Wellhausen (1844-1918) e seus seguidores do Antigo Testamento e Ferdinand Christian Baur (1792-1860), chefe da escola de Tbingen, e seus seguidores do Novo Testamento procuraram reconstituir a histria bblica usando como ponto de apoio a filosofia hegeliana da histria. Wellhausen considerava os livros bblicos etapas da evoluo gradual da antiga religio judaica. Baur interpretava a histria do cristianismo primitivo como uma evoluo dialtica. Um dos telogos hegelianos bem conhecidos foi A. E. Bierdermann (18191885). De comum acordo com os hegelianos, Bierdermann fazia distino entre o princpio de Cristo e o Cristo histrico. O princpio de Cristo era a unio entre Deus e o homem ou a unio no Deus-homem. Este princpio atingiu sua manifestao mais elevada em Jesus, mas no temos necessidade do Jesus histrico, pois a humanidade pode viver segundo o princpio de Cristo. Outro hegeliano digno de nota foi P. K. Marheineke (1780-1846), pelo fato de alguns estudiosos acreditarem que Karl Barth derivou dele a noo de que a 6

revelao um encontro ou experincia, e no uma comunicao da verdade divinamente revelada. Percebe-se que a influncia de Hegel foi mais sentida entre os crticos do Antigo e do Novo Testamentos do que entre telogos. Coleridge. Outro telogo que demonstra sua clara influncia da filosofia sobre seu pensamento foi Samuel Taylor Coleridge (1772-1834). Embora tecnicamente Coleridge fosse poeta e homem de letras e no telogo, grande foi o impacto que causou sobre a teologia inglesa e norte-americana. Ele estudou na Alemanha, de onde trouxe para a Inglaterra o idealismo filosfico que imperava na Alemanha naquela poca, com sua interpretao liberal do cristianismo. Resumiu tudo isto no seu livro Aids to Reflection (1825). Ritschl. O nome de Albrecht Ritschl (1822-1889) tambm consta em destaque no rosto da teologia liberal. Protestante liberal, props novo sistema teolgico para o luteranismo, em que ressaltou o contedo tico-social da doutrina. Para ele, a teologia deve ocupar-se com julgamentos de valores. Para os cristos fundamentalistas, porm, a teologia tanto um julgamento histrico como um julgamento de valores. Dois telogos ritschlianos de destaque foram Wilhelm Herrmann (1846-1922) e Ernst Troeltsch (1865-1923). Bushnell. O liberalismo deitou razes e cresceu no Estados Unidos da Amrica no sculo dezenove. Dentro da histria da teologia liberal norte-americana deste sculo, destaca-se o nome de Horace Bushnell (1802-1076). Foi pastor-telogo que estava sempre se movimentando e alterando com as disposies de nimo da teologia. Foi influenciado por Coleridge, pelo idealismo alemo e pelo conceito da Trindade sustentado por Schleiermacher. Por haver dado nfase ao conceito de que as crianas devem ser educadas para o cristianismo ao invs de serem evangelizadas para ele, chamado o pai da educao religiosa. Alguns o consideram o verdadeiro fundador do liberalismo teolgico americano.2 Outra faceta da teologia liberal especialmente tpica do liberalismo norteamericano o assim chamado evangelho social. Ritschl tinha redefinido a Igreja e o Reino de Deus em termos fortemente ticos. A mxima suprema era a tica do amor conforme Jesus a ensinava, e a igreja se compunha daqueles que aceitavam esta tica. Espalhar esta tica em toda a sociedade era estender o reino de Deus. Havia nestas teses o embrio do que mais tarde haveria de ser chamado o Evangelho Social. O Confronto Com a Evoluo Chama-se evoluo a teoria baseada na idia de que as espcies animais e vegetais sofrem modificaes graduais ao longo das geraes, que levam ao surgimento de raas e espcies novas.3 At o sculo XVIII, o mundo ocidental aceitava a doutrina do criacionismo, segundo a qual cada espcie, animal ou vegetal, tinha sido criada independentemente, por ato e obra de Deus. O pesquisador francs Jean-Baptiste Lamarck foi dos primeiros a negar esse postulado e a propor um mecanismo pelo qual a evoluo se teria verificado. O evolucionismo encontrou, porm, seu principal proponente e mais forte defensor em Charles Darwin (1809-1882).

2 3

Sydney E. Ahlstrom, Theology in America, pgs. 23-91. Enciclopdia Barsa, art. Evoluo.

7

O filsofo Hegel havia ensinado a existncia de uma evoluo filosfica, e agora este cientista ingls postula a teoria da evoluo das espcies. Para muitos telogos evanglicos, isto parecia conflitar frontalmente com os registros do Gnesis, especialmente quando combinado com a teoria uniformitria da geologia anunciada pelo gelogo britnico Sir Charles Lyell (1797-1875). A geologia uniformitria e a evoluo biolgica pareciam contradizer abertamente a teologia ortodoxa em questes tais como a criao, um Ado original, uma Queda histrica e a depravao total do gnero humano. Outro aspecto do evolucionismo de relevncia para a teologia e os estudos da Bblia que os telogos liberais passaram a empregar a teoria da evoluo no somente para explicar fenmenos biolgicos, mas tambm como parte de sua cosmoviso. Entendiam que a religio, bem como a Bblia, semelhana da biologia, tambm passaram por um desenvolvimento do simples para o complexo. Esta atitude se refletiu nas suas teorias da alta crtica e nas suas reconstrues da histria bblica. Os liberais rejeitaram as doutrinas histricas da Queda, do pecado original e da depravao total. Outros adotaram a idia de que o homem caiu para cima. Outros ainda tentaram conciliar a criao com a evoluo, de onde surgiu o evolucionismo testa. A Bblia e o Liberalismo O iluminismo, alm de pressionar os telogos no sentido de buscarem uma nova base para a f crist, com razes filosficas, forou tambm os telogos a enfrentarem os estudos crticos ocorridos nas pesquisas histricas nas disciplinas seculares. Alta Crtica. A aplicao de mtodos literrios crticos s Escrituras, aliada aos estudos histricos crticos acabou desembocando naquilo que recebia o nome de a alta crtica. Enquanto a baixa crtica se dedicava ao estudo do texto da Escritura e do problema das variaes textuais, a alta crtica se devotava ao estudo da autoria, da data, da razo para a composio, da unidade literria do livro e quaisquer outros problemas levantados pelo livro. Pelo fato de a alta crtica questionar tanto os conceitos tradicionais a respeito da Bblia, logo ficou conhecida como atividade caracterstica dos telogos liberais. At hoje, a expresso Alta Crtica tomada num sentido negativo por muitos. O problema, porm, no com a crtica propriamente dita, mas com a forma como usada para subverter a integridade das Escrituras e, assim, o programa ortodoxo inteiro da teologia. O que deu destaque alta crtica, alm, dos estudos levados a efeito em universidades e faculdades, foram os casos famosos de processos eclesisticos por heresia e a decorrente publicidade que os acompanhava na imprensa popular. Podemos citar aqui trs. O primeiro foi o caso do bispo J. W. Colenson, excomungado pela Igreja da Inglaterra em 1866 por ter escrito um livro The Pentateuch and the Book of Joshua Critically Examined no qual defendia a hiptese documentria. O segundo caso foi o de William Robertson Smith, processado e removido de sua ctedra em Aberdeen em 1881 por causa dos artigos heterodoxos sobre o Antigo Testamento, expressos na nona edio da Encyclopedia Britannica. O terceiro caso foi o de C. A. Briggs, suspenso da Igreja Presbiteriana pela Assemblia Geral em 1893 por seguir a alta crtica nos seus conceitos sobre Antigo Testamento. 8

medida que crescia o liberalismo, o fundamentalismo ou seja, o movimento em reao que procurava radicalizar a ideologia bblica e evitar a desvirtuao de seus princpios unificou-se e articulou-se. De um lado o liberalismo argumentava que as Escrituras eram sujeitas a foras humanas comuns na sua composio; de outro lado o fundamentalismo alegavam que a inspirao divina tornava a Bblia inerrante. Hoffmann e o Conservadorismo. Nem todos os telogos do sculo dezenove, porm, atacaram as Sagradas Escrituras. Um dos esforos favorveis foi a obra de J.C. K. Von Hoffmann (1810-1877) e da escola da Universidade de Erlangem. Von Hoffmann fundamentava-se em duas principais teses: (1) A Bblia essencialmente o registro da histria da salvao; (2) o homem se apropria desta histria salvfica mediante uma f viva em Cristo e na regenerao. Realismo Bblico e Meio-Termo. Um segundo movimento que buscava conservar o valor teolgico das Escrituras enquanto admitia certa medida de crtica bblica ficou conhecido como realismo bblico. Embora seus proponentes fossem principalmente alemes, havia representantes na Inglaterra (C. H. Dodd, James Denney, W. Manson, T. W. Manson) e nos Estados Unidos (Moses Stuart, John A. Broadus, Sampey, A. T. Robertson). Um realista bblico era um estudioso que acreditava que, apesar da forma da composio literria e dos problemas crticos a ele associados, a Bblia continuava sendo a Palavra de Deus. A maior herana do realismo bblico do sculo dezenove o alentado Theological Dictionary of the New Testament, em nove volumes, editado por Gerhard Kiteel e G. Friedrich. A antiga escola de Princenton, nas pessoas de A. A. Hodge e Benjamin Warfield, elegeu a doutrina da inspirao como a linha divisria entre a teologia ortodoxa e liberal. Eles mesmos defendiam a inspirao plenria e verbal das Escrituras bem como sua total inerrncia. Esse ponto de vista foi finalmente adotado por grande crculo de pessoas fora dos arraiais presbiterianos. Embora os escritos de Warfield sobre inspirao tenham sido os mais autorizados entre os fundamentalistas, a obra do telogo suo L. Gaussen (1790-1863) tambm exerceu considervel influncia. Outros que merecem destaque foram James Orr da Esccia e Abraham Kuyper da Holanda. Cristologia do Liberalismo Uma das decorrncias naturais da subverso histrica dos evangelhos foi a subverso da cristologia histrica. Criou-se o problema Jesus versus Cristo. Ou seja, at que ponto o Cristo da teologia sistemtica realmente o Jesus da histria? Ou ser que a crtica sinptica subverteu de tal forma a confiabilidade histrica dos evangelhos que no se pode obter deles nenhuma matria cristolgica? Alguns, como os ritschlianos consideravam as afirmaes da preexistncia, divindade e encarnao de Cristo como reflexes de conceitos metafsicos gregos sem qualquer lugar justificvel na teologia crist. Isto levou a cristologia do liberalismo a, via de regra, negar sistematicamente as doutrinas histricas da divindade de Cristo, da encarnao e da natureza teantrpica. Para os liberais, Cristo no Deus, mas somente um grande Exemplo arquetpico, que os cristos devem imitar. Essa reduo vista nas famosas prelees de Adolf von Harnac (1851-1930), telogo alemo nascido na Estnia e uma das figuras mais destacadas do protestantismo de carter liberal. adotou o mtodo histrico-crtico para seus estudos teolgicos. 9

Cristologia Quentica. Outra espcie de cristologia que foi alvo de muitadiscusso foi a cristologia quentica, baseada no verbo grego de Filipenses 2:7 (kenoo, esvaziar-se). A questo que se impunha era uma s: Cristo se esvaziou dos seus atributos divinos naturais, tais como a onipotncia, a onipresena e a oniscincia, mas conservou seus atributos espirituais ou pessoais, tais como amor, santidade, justia, bondade etc. Os que defendiam a cristologia quentica defendiam o ponto de vista de que o Senhor realmente se esvaziou de seus atributos naturais. Thomasius e Gess defenderam essa posio, bem como Charles Gore na Inglaterra. Um dos livros mais famosos sobre o assunto foi o de Martin Khler, The So-Called

Historical Jesus and the Historic Biblical Christ.A Doutrina de Deus e o Liberalismo proporo que a doutrina ortodoxa de Deus e da Trindade sofria eroso na teologia liberal, envidaram-se novos esforos para reformular a doutrina de Deus ou teologia propriamente dita. Pantesmo e Panentesmo. A teologia liberal comeou a erodir esta doutrina com o pantesmo (Deus todas as coisas) de Schleiermacher. Depois, para ressaltar a imanncia de Deus sem cair no pantesmo, a opo foi o panentesmo (Deus est todas as coisas). Deus Sentimental. Um segundo desvio igualmente perigoso foi o impacto da teologia tica sobre a teologia crist. O resultado foi uma sentimentalizao do conceito de Deus. O Pai Celestial um Deus por demais misericordioso para castigar os maus nesta vida ou num inferno futuro, sequer para permitir que Cristo levasse sobre Si inocentemente os pecados do mundo. Deus um deus politicamente correto, sem a severidade ou fibra moral do modo histrico e ortodoxo de entender a Divindade. Unitarismo. O terceiro afastamento da linha tradicional foi a viso unitarista da Divindade. Deus j no uma trindade, trs pessoas num s Deus: Pai, Filho e Esprito Santo; mas um Deus unitrio. No sculo dezenove o unitarismo foi defendido por James Martineau (1815-1900) .A negao do trinitarismo nos EUA teve suas razes no racionalismo do sculo dezoito e emergiu como denominao no sculo dezenove. Seu centro acadmico foi a Universidade de Harvard. Tesmo Emprico. Outro produto do repensamento da doutrina de Deus ficou sendo conhecido como tesmo emprico. Os testas empricos se propuseram a desenvolver a teologia a partir dos dados da experincia religiosa. O mais famoso entre estes esforos na Gr-Bretanha foi a obra de Frederick R. Tennant (18661956), cuja Philosophical Theology foi considerada a maior defesa emprica do cristianismo de seu tempo. Nos Estados Unidos o defensor principal foi Douglas C. Mackintosh (1877-1948) com a obra Theology as an Empirical Science. Outros portavozes do movimento foram John Cobb, Normann Pittenger e Schubert Ogden. Escatologia e Liberalismo

Dispensacionalismo. O sculo dezenove e a primeira parte do sculo vinteforam ricos em escatologia, tanto do lado conservador quanto do lado liberal. Embora sem grande estatura teolgica, os escritos de J. N. Darby (1800-1882) tm exercido enorme influncia sobre evanglicos, fundamentalistas e at mesmo pentecostais. Seu sistema dispensacionalista foi codificado com algumas alteraes na Bblia de Referncia Scofield, especialmente na segunda edio. Popularizando-se 10

essa verso bblica comentada, espalhou-se a idia dispensacionalista, cuja escatologia bsica v grande significao proftica na restaurao de Israel. Questes Milenistas. A discusso da escatologia dispensacionalista, porm, apenas a ponta do iceberg. Por quase dois sculos, telogos conservadores e liberais vm lutando entre si sobre a questo do tempo da implantao do reino e que se subdivide nas seguintes escolas: milenista (Cristo reina agora na igreja), psmilenista (a igreja ganhar o mundo para Cristo pelo poder do esprito; depois, Cristo vir) e pr-milenista (Cristo vir pessoalmente para estabelecer seu reino). Universalismo Soteriolgico. O sculo dezenove tambm foi um sculo de universalismo soteriolgico. O raciocnio o seguinte: Ado levou toda a raa humana condenao, Cristo, o segundo Ado, leva a raa inteira para a salvao. Se Cristo morreu por todas as pessoas, ento todos sero salvos, at mesmo os pagos. Duas eram as plataformas bsicas do liberalismo em sua escatologia. De um lado, o reino de Deus como conceito tico e estreitamente vinculado ao Evangelho Social; do outro, a doutrina da imortalidade pessoal. Os Telogos da Ortodoxia Embora a referncia freqente seja aos telogos liberais, foroso reconhecer que h uma corrente ininterrupta de telogos ortodoxos desde os tempos do sculo dezessete at o presente. Um movimento de orientao ortodoxa digno de meno no sculo dezenove, surgido dentro do anglicanismo, ficou conhecido como Movimento de Oxford (universidade onde teve sua origem) ou Movimento Tractariano (dos Tracts for the Times, que publicava). O lder foi John Henry Newman (1801-1890). Em 1945 Newman converteu-se ao catolicismo. Outros da Igreja Anglicana que levaram avante o movimento foram E. B. Pusey (1800-1882) e H. P. Liddon (1829-1890). Na Holanda Abraham Kuyper (1837-1920), ortodoxo calvinista, inspirou uma nova escola de ortodoxia. Nos Estados Unidos a defesa da ortodoxia foi feita pela antiga escola de Princenton, fundada sob a liderana de Archibald Alexander (17721851). Entre seus nomes mais famosos, encontramos os Hodges (Charles, Archibald e Caspar), William Green, B. B. Warfield e J. Gresham Machen. Entre os telogos do incio do sculo vinte, vale destacar P. T. Forsyth (1848-1921), estudioso sui generis, que recebeu o nome de o Barth antes do Barth. A Teologia de 1920-1960 O livro Commentary on Romans de Barth assinalou o incio de uma nova era na teologia: a neo-ortodoxia. Embora a teologia liberal no tivesse morrido, pelo forte impacto exercido nos EUA em especial, a obra de Barth foi o pontap inicial para a emergncia de uma nova gerao de telogos homens como Bultmann, Emil Brunner (1889-1966), Hein, Tillich, Gogarten, Thielecke, Wingren, Ferr, Torrance, Weber e os Niebuhrs. Todos tentaram reafirmar os temas centrais da Reforma protestante em oposio s teologias liberais. As principais caractersticas da teologia neste perodo so: 1.Desafio ao programa liberalista. 2.Retomada dos escritos dos reformadores. 3.Reafirmao da revelao 4.Influncia mista da filosofia 11

5.Intensa influncia bblica

Neo-liberalismo. Apesar de tudo, a neo-ortodoxia no conseguiu se livrarinteiramente da influncia do liberalismo teolgico. No podemos dizer que houve um retorno ao conceito da Bblia sustentado pela Reforma, como nica regra infalvel e autorizada de f e prtica. Embora a Bblia seja considerada normativa, no o no sentido histrico de sua autoridade divina. O conceito liberal de que a revelao era antes de tudo introspeo ou experincia, e no um fato dogmtico e doutrinrio, no foi inteiramente repudiada. A idia liberal de que a essncia do cristianismo acha-se primariamente na experincia ou no encontro existencial, em vez de na Palavra de Deus e em Cristo ainda adotada por muitos. Finalmente o universalismo soteriolgico no foi de todo abandonado. A Teologia Radical dos Anos 1960-1970 Se a teologia contempornea como um rio impetuoso e lodacento, conforme realmente , surge naturalmente uma pergunta pertinente: Como que veio a ser to turbulenta e barrenta? Uma pergunta correlata tambm se impe: Quais eram os afluentes nalgum lugar rio acima que se derramaram naquilo que agora uma inundao turbulenta? Uma resposta exaustiva a estas perguntas exigiria um estudo que remontasse at as profundezas mais remotas da civilizao humana e revirasse os vastos recursos da erudio especializada. Mas pelo menos temos o direito de dizer que, no passado mais recente, a influncia possante de quatro homens tm convergido para engrossar este rio. 4 So eles Rudolf Bultmann, Teilhard de Chardin, Dietrich Bonhoeffer e Paul Tillich (ver biografia resumida nos captulos seguintes). A Teologia Secular. O desenvolvimento daquilo que popularmente conhecido como teologia secular um paralelo da secularizao radical da vida que chegou sua plenitude em fins da dcada de 1950. So numerosas as causas da emergncia dessas formas seculares de teologia: de um lado as conquistas assombrosas da tecnologia assinalavam a crescente capacidade do homem controlar muitos aspectos de sua existncia; de outro lado, esta mesma tecnologia tinha uma incapacidade paradoxal de lidar com elementos obscuros e ocultos da existncia humana. Este ltimo fato produzia uma sensao de desespero e alienao da parte do grupo mais jovem de telogos. Aliado a esta sensao de frustrao havia um crescente sentimento de que o cristianismo convencional era irrelevante era emergente. Havia ainda o ofuscamento da linha divisria entre o sagrado e o profano. Sem contar com as amargas reflexes da Segunda Guerra Mundial. A Teologia da Morte-de-Deus. Foi nessa poca que surgiu um movimento da ala esquerda conhecido como a teologia da morte-de-Deus. Seus principais proponentes foram Thomas J. J. Altizer, William Hamilton, Gabriel Vahanian e Paul van Buren. Os telogos do Deus est morto (frase retirada do livro Assim Falava Zaratustra, publicado quase um sculo antes por Friedrich Nietzsche (1844-1900)) apareceram como meteoros no cu religioso e, embora seus pontos de vista no tivesse solidez e fossem efmeros, serviu para preparar a mente das pessoas para

4

Vernon C. Ground in Teologia Contempornea, pg.45.

12

formulaes da teologia menos convencional. Os principais arquitetos da teologia secular foram Bonhoeffer, Harvey G. Cox, John Macquarrie. A Teologia da Esperana. Em reao ao movimento da morte de Deus ocorrido na dcada de 1960, surgiram os telogos da esperana. Tambm chamada futurologia, a teologia da esperana um modo de encarar a teologia e as preocupaes teolgicas da perspectiva do futuro e no do passado ou do presente. A realidade ainda no ; est orientada para o futuro. A questo da existncia de Deus s poder ser respondida no futuro. Filosoficamente, esta teologia acha suas origens idias de Ernst Bloch, professor da Universidade de Tbingen (ainda no). O fundador desse tipo de teologia foi o alemo Jurgen Moltmann, que traou suas linhas programticas em seu famoso livro Theologie Der Hoffring (Teologia da Esperana). Ultimamente, o padre Schillebierckx tornou-se um zeloso seguidor da Teologia da Esperana, uma nova interpretao da mensagem Crist, que adota como princpio hermenutico exatamente a esperana. Trs lderes destacados no novo movimento so os telogos alemes Jrgen Moltmann (Reformado), Wolfhart Pannenberg (Luterano) e Johannes Metz (Catlico romano). A teologia da esperana foi articulada nos Estados Unidos por dois telogos luteranso: Carls Braaten e Robert Jenson. No Brasil o representante Rubem Alves, que levou a coisa mais um passo adiante: em vez de esperar at que o futuro agarre o homem no presente (humanismo messinico), o homem deve agarrar o futuro para si mesmo (messianismo humanista). A Teologia do Processo. Um movimento de grande alcance, talvez o maior movimento, na teologia contempornea a teologia do processo. Segundo essa teologia, a realidade no esttica e substancial, e sim dinmica e processual. Aquilo que real, inclusive Deus, no composto de essncias imutveis, mas de atividades mutveis. essencialmente panentesta, ou seja, Deus est no mundo. O problema deste conceito de Deus que o reduz a uma criatura. O Deus das Escrituras imutvel e transcendente, embora se faa imanente por amor s suas criaturas. O precursor mais antigo da teologia de processo Samuel Alexander, em Space, Time and Deity (1920), embora as honras sistemticas pertenam decididamente a Alfred North Whitehead (Processo and Reality, 1929). A teologia de processo seguiu duas direes principais desde Whitehead: a emprica e a racional. A primeira destas nfase achada em Bernar Loomer, Bernard Meland, e Henry Weiman; o campeo da segunda delas Charles Hartshorne talvez o mais relevante dos telogos de processo desde Whitehead, dentro da corrente racional, seguido por John Cobb e Schubert Ogden. Os mais destacados proponentes dessa teologia e suas diversas variaes so John Cobb, Nelson Pike, Schubert Ogden. A Teologia da Libertao. A experincia cotidiana das comunidades crists latino-americanas que combatem as injustias econmicas, sociais, culturais e polticas, est na origem da chamada teologia da libertao. A teologia da libertao constitui uma nova interpretao da mensagem evanglica, luz da injustia social. Apesar do nome, no propriamente uma teologia, no sentido de poltica, surgido na Europa na dcada de 1970, depois que o Conclio Vaticano II (1962-1965), examinou o problema das relaes entre a igreja e o mundo moderno. A caracterstica mais inovadora do movimento foi encarar os problemas polticos como base para a interpretao dos textos bblicos. 13

Reunida na cidade colombiana de Medelln, em 1968, a Conferncia Episcopal Latino-Americana (Celam) foi o grande impulso da teologia da libertao. Analisando a situao social do continente, os bispos consideraram que a igreja tinha como misso continuar a obra de Cristo, enviado ao mundo para "libertar todos os homens de todo tipo de escravido a que os tenha sujeitado o pecado, a ignorncia, a fome, a misria, a opresso e, numa palavra, a injustia e o dio, que tm sua origem no egosmo humano". A conferncia pediu uma teologia e uma catequese que oferecessem "a possibilidade de uma libertao plena e a riqueza de uma salvao integral em Cristo, o Senhor". Entre os principais telogos que a iniciaram e desenvolveram, citem-se Gustavo Gutirrez, Hugo Assmann, Leonardo Boff, J. L. Segundo, Porfirio Miranda, Jos M. Bonino, J. B. Libnio, Segundo Galilia, Eduardo Pironio e A. Lpez Trujillo. O eixo da teologia da libertao a figura do Cristo libertador, que veio libertar os homens no apenas do pecado, mas tambm de todas as suas conseqncias, inclusive as injustias. Seu mtodo hermenutico deixa de lado as categorias idealistas tradicionais e emprega categorias histricas. A mensagem de salvao interpretada luz das opresses de que o homem precisa ser libertado. Ao narrar a libertao dos hebreus do cativeiro no Egito e sua marcha para a Terra Prometida, o xodo a imagem bblica da mensagem da salvao, e a histria sagrada no algo distinto da histria da humanidade ou superposto a ela, mas sim a interveno de Deus. Um outro elemento importante da teologia da libertao o mtodo de anlise marxista. A Teologia da Prosperidade. Algumas obras norte-americanas, escritas contra a teologia da prosperidade, tratam-na como se fosse uma heresia ou uma seita. A posio, , ela no uma seita. Uma seita composta por um grupo bem definido de pessoas, assim como os Testemunhas de Jeov ou os Mrmons, que se chamam cristos, mas negam doutrinas bsicas da Bblia, tais como a trindade e a divindade de Cristo. Na teologia da prosperidade, seus adeptos no negam nenhuma doutrina bsica nem buscam outro fundamento que no seja Cristo e os apstolos. Antes, trata-se de uma forma de compreender a Bblia. A Teologia da Prosperidade algo novo na histria da igreja. Parece que nada assim j foi visto antes. Mas isso no quer dizer que ele tenha surgido de modo repentino ou aparecido totalmente formado. Como todo movimento, desenvolveu-se com o tempo, e isso significa que tem razes ligadas a pessoas, pocas e lugares diversos. Pesquisas feitas nos Estados Unidos sobre a teologia revelam que existem duas razes histricas e filosficas da teologia da prosperidade: O pentecostalismo (Barron, 1987; Horn, 1989) e vrias seitas metafsicas do incio do sculo XX, que floresceram na regio de Boston (McConnell, 1988). Dessas duas fontes, o pentecostalismo fornece a base ou o grupo, onde a teologia encontrou a maior parte de seus adeptos, enquanto os pressupostos filosficos propriamente ditos foram fornecidos pelas seitas metafsicas. Sua doutrina radical com relao ao homem fsico e espiritual. Tendo em vista a Autoridade proftica, como decretar a morte de algum (at mesmo a de um pastor) Segundo Kennth Hagin. Sade e Prosperidade so algo vivido dentro da teologia; a teologia da prosperidade no se cansa de repetir que nem doenas nem problemas financeiros so da vontade de Deus, o cristo que est passando tal coisa ou coisas, ele no tem f ou est em pecado. A Confisso Positiva outra corrente 14

da doutrina da teologia da prosperidade, ela garante a realizao com f dos pedidos desejados pelo cristo, mesmo passando por cima da vontade divina, afirma que sempre positivamente, nunca: "Se Deus quiser!" Isso envolvendo sade ou bem material.5

5

Stanley Gundry, Teologia Contempornea, pgs. 13-44.

15

CAPTULO II CONCLIO VATICANO II E TEOLOGIA CATLICA O pensamento dogmtico e centralizador da Igreja Catlica Romana, que se aprofundou com os conclios de Trento e Vaticano I e culminou com a definio da infalibilidade do papa, sofreu profunda modificao no Conclio Vaticano II, quando a igreja adotou uma tendncia pastoral, ecumnica e descentralizadora. O Vaticano II, o 21 dos conclios ecumnicos reconhecidos pela Igreja Catlica, foi anunciado em 25 de janeiro de 1959 pelo papa Joo XXIII, como um meio de renovao espiritual da igreja e uma oportunidade para os cristos separados de Roma buscarem juntos a reunificao. Aberto oficialmente em 11 de outubro de 1962, o conclio, que continuou sob o papa Paulo VI, sucessor de Joo XXIII, encerrou-se em 8 de dezembro de 1965 e resultou em 16 documentos. Foram convocados todos os bispos catlicos e prelados da igreja e participaram dos trabalhos cerca de 2.800 padres conciliares. Assistiram s sesses, sem direito a voto, inmeros observadores das principais igrejas crists e comunidades separadas de Roma, alm de catlicos leigos. Comisses preparatrias designadas pelo papa organizaram uma agenda e produziram documentos preliminares sobre vrios tpicos. Integradas pelos membros da cria, adotaram a princpio posio conservadora. Depois de aberto o conclio, porm, bispos e prelados de todo o mundo incorporaram-se s comisses e surgiu uma posio mais progressista. Entre os documentos elaborados, a constituio dogmtica sobre a igreja (Lumen gentium) utilizou, para descrev-la, termos bblicos no lugar de categorias jurdicas. O tratamento da estrutura hierrquica deu maior peso ao papel dos bispos e contrabalanou a nfase imperial dos ensinamentos do primeiro Conclio Vaticano sobre o papado. Os ensinamentos dessa constituio sobre a natureza do laicato tiveram como objetivo prover a base para o chamado dos leigos santidade e partilha da vocao missionria da igreja. Ao descrever a igreja como "o povo de Deus", os participantes do conclio forneceram a justificativa teolgica para a mudana da atitude inflexvel e defensiva que havia caracterizado o pensamento e a prtica da Igreja Catlica desde a Reforma. A constituio dogmtica sobre a revelao divina (Dei verbum) relacionou tanto a Bblia, aceita por protestantes e catlicos, como os textos da tradio a sua origem comum na palavra de Deus, confiada igreja. Afirmou o valor das escrituras para a salvao dos homens e ao mesmo tempo manteve uma atitude mais aberta quanto a seu estudo acadmico. A constituio pastoral sobre a liturgia (Sacrosanctum concilium) atribuiu ao laicato maior participao no culto e autorizou mudanas significativas nos textos, formas e linguagem usados na celebrao da missa e na administrao dos sacramentos. A constituio pastoral Gaudium et spes referiu-se igreja no mundo atual. Reconheceu as profundas mudanas que a humanidade tem experimentado e tentou relacionar os conceitos da igreja sobre si mesma e sobre a revelao s necessidades e valores da cultura contempornea. O conclio tambm promulgou decretos (documentos quanto a questes prticas) sobre os deveres pastorais dos bispos, o ecumenismo, as igrejas orientais, 16

o ministrio e a vida dos sacerdotes, a educao para o sacerdcio, a vida religiosa, a atividade missionria da igreja, o apostolado dos leigos e os meios de comunicao social. Alm disso, foram produzidas declaraes sobre liberdade religiosa, posio da igreja frente a religies no-crists e educao crist. Esses documentos refletiram a renovao da vida da igreja -- que comeou muitas dcadas antes da ascenso do papa Joo XXIII -- em diversas reas: bblica, ecumnica, litrgica, do apostolado leigo. No comeo da dcada de 1970, a influncia dos documentos e das deliberaes gerais do conclio j se fazia sentir em praticamente todas as reas da vida eclesistica e ps em movimento muitas mudanas que provavelmente no foram previstas por seus participantes.6

CAPTULO III TELOGOS CONTEMPORNEOS MAIS DESTACADOS

6

Enciclopdia Barsa, art. Conclio Vaticano II.

17

Friedrich Schleiermacher (1768-1834) Filsofo e telogo alemo, Friedrich Schleiermacher imprimiu novo sentido teologia e figura de Cristo. Influenciou de modo decisivo o pensamento protestante do sculo XIX. Friedrich Ernst Daniel Schleiermacher nasceu em Breslau em 21 de novembro de 1768. Filho de um capelo militar, estudou na Universidade de Halle, ento centro do racionalismo, e em 1796 foi nomeado capelo de um hospital de Berlim. Amigo de Friedrich Schlegel, comeou a elaborar seu sistema tico e religioso influenciado por Spinoza, Plato, Kant e pelo romantismo alemo. A obra ber die Religion. Reden an die Gebildeten unter ihren Verchtern (1799; Sobre religio: discursos a seus desdenhadores cultos) foi decisiva para a superao do racionalismo do sculo XVIII. Em Stolp, onde foi pastor de 1802 a 1804, dedicou-se a trabalhos filosficos e iniciou a traduo dos dilogos de Plato. Professor de teologia na Universidade de Halle de 1804 a 1807, transferiu-se depois para Berlim, como pastor da igreja da Trindade, onde adquiriu renome como orador sacro. Em 1810, foi nomeado professor de teologia da Universidade de Berlim, cargo que ocupou at a morte. Nesse perodo escreveu sua obra principal, Der christliche Glaube (1821-1822; Doutrina da f crist). Schleiermacher pensava que o racionalismo e a ortodoxia eram responsveis pela intelectualizao e pela rgida codificao do pensamento religioso, enquanto para ele a religio situava-se no domnio dos sentimentos. Em seu sistema tico e religioso, procurou harmonizar o pensamento religioso com o pensamento filosfico. Destacou na experincia humana as antteses entre a multiplicidade da vida e da natureza e um princpio de unidade e permanncia (Dialektik), das quais surge o absoluto e o eterno: Deus, o ordenador do mundo. A conscincia que tem o homem de depender de algo superior, sobrenatural, a base de toda a religio, cujo objetivo deve ser o de ligar as coisas finitas ao infinito. Cristo, como redentor, d ao cristianismo seu elemento especial, pois em sua pessoa o infinito se reconciliou com o finito, e a vida se fez imortal. A influncia de Schleiermacher, considerado o fundador da teologia protestante moderna, foi superada no comeo do sculo XX pela teologia dialtica de Karl Barth. Nas ltimas dcadas do sculo, sua obra tem sido objeto de renovado interesse dos telogos. Schleiermacher morreu em Berlim, em 12 de fevereiro de 1834. Albrecht Ritschl (1822-1889) Telogo alemo. Protestante liberal, props novo sistema teolgico para o luteranismo, em que ressaltou o contedo tico-social da doutrina. A doutrina crist da justificao e reconciliao (1870-1874), Histria do pietismo (1880-1886).

Adolf Von Harnack (1851-1930) Telogo alemo nascido na Estnia. Uma das figuras mais destacadas do protestantismo de carter liberal, adotou o mtodo histrico-crtico para seus estudos teolgicos. Histria dos dogmas (1886-1888). 18

Wolfhart Pannenberg Telogo evanglico alemo, nascido em Stettin, professor de teologia sistemtica em Heidelberg (1955), Wuppertal (1958) e Mainz (desde 1961). A doutrina teolgica de Pannenberg considera que a realidade histrica tem prioridade sobre a f e o raciocnio humanos. Obras principais: Heilsgeschethen Und Geschechte (A redeno como acontecimento e histria), 1959; (Revelao como histria) 1962; (Que o homem? A antropologia atual luz da teologia), 1964. Wolfhart Pannenberg, que professor de teologia sistemtica na Universidade de Munique, apresenta sua teologia de dentro da categoria da histria. Quando foi publicado seu livro Jesus God And Man em 1968, veio a ser uma influncia no mundo de fala inglesa. Wolfhart Pannenberg, pode ser chamado o telogo da histria. Porque para ele a histria o princpio de averiguar o futuro com a revelao da Palavra. Para Pannenberg, toda histria a revelao de Deus. A histria est to clara em suas funes revelatrias que sua interpretao pode ser feita sem a ajuda da revelao sobrenatural. A verdade revelatria est necessariamente inerente na totalidade da histria e bem clara para todos quantos observam. Deixar de captar a revelao dentro da histria falha do indivduo e da sua investigao, e no da prpria histria. Karl Barth (1886-1968) Um dos mais destacados telogos protestantes, Karl Barth celebrizou-se como criador da teologia dialtica do sculo XX, que ressalta o sentido existencial do cristianismo e o reintegra em sua base bblica, de doutrina da revelao e da f. Karl Barth nasceu em 10 de maio de 1886 em Basilia, Sua. Fez estudos universitrios em Berna, Berlim e Tbingen, terminando-os em Marburg. Foi editorassistente do jornal Die Christliche Welt, proco da Igreja Reformada Alem em Genebra e pastor em Safenwill, ainda na Sua. Lecionou teologia nas universidades alems de Gttingen, de Munique e de Bonn. Demitido dessa ltima em 1935 pelo governo nazista, teve seus diplomas de teologia anulados por Hitler devido a sua oposio, conforme declarao teolgica do Snodo de Barmen, nazificao da Igreja Reformada. Seguindo para a Sua, Barth organizou a resistncia dos pastores ao nacionalsocialismo, ingressando no Partido Social Democrata. Quando essa resistncia foi aniquilada pelos nazistas, o telogo passou a dirigir outro movimento, de mbito internacional. Atento s lutas polticas, defendeu os operrios de Viena e os republicanos espanhis. Com o fim da guerra, voltou ctedra de Bonn, depois de Basilia, aposentando-se em 1961. Doutrina. Conhecida como teologia dialtica ou teologia da crise, a obra de Barth um vigoroso protesto contra o chamado neoprotestantismo, que predominou no sculo XIX e at a primeira guerra mundial. tambm um restabelecimento das afirmaes bsicas da Reforma do sculo XVI, especialmente pela obra Der Rmerbrief (1919; A Epstola aos romanos), que lanou as bases do existencialismo alemo e serviu de elo entre Kierkegaard e Heidegger. Combateu a teologia liberal, o iluminismo alemo e o moralismo que exclusse o encontro da revelao e da f. A teologia de Barth est sistematizada principalmente em Die Christliche Dogmatik (A dogmtica crist), monumental obra de 26 volumes iniciada em 1932, cuja publicao s foi concluda em 1969. Os plos fundamentais de seu pensamento 19

-- a revelao e a f -- permeiam toda sua dogmtica, que ele define como exame cientfico do contedo das palavras que a igreja pronuncia sobre Deus. Assim, a f crist proclama a falncia de todas as religies, pois afirma que Deus quem toma a iniciativa de aproximar-se do homem, para reconciliar-se com ele e salv-lo, por intermdio de Jesus Cristo. S a graa de Deus e a sua palavra, que transcende a palavra da Bblia, cruza o abismo dialtico que separa o homem do Criador. Barth morreu em sua cidade natal, em 11 de dezembro de 1968. Rudolf Bultmann (1844-1976) Partidrio da teologia dialtica, segundo a qual os dogmas contidos no Novo Testamento tm origem em mitos, Bultmann props uma interpretao da Bblia apoiada em conceitos do existencialismo. O telogo luterano alemo Rudolf Bultmann nasceu em Wiefelstede, Oldenburg, em 20 de agosto de 1884. Desde 1916 lecionou sobre sua especialidade, o Novo Testamento, em Breslau, Giessen e Marburg. Nessa cidade tomou contato com Martin Heidegger e a filosofia existencialista, que influenciou seu pensamento posterior. Seu primeiro livro, Jesus, foi publicado em 1926. Em 1941 pronunciou uma conferncia sobre Novo Testamento e mitologia, em que levou a pblico temas que at ento s eram discutidos nos meios acadmicos. A proposta central de Bultmann era a demitizao do Novo Testamento, isto , a reinterpretao do mito. A teologia, ao invs de atribuir ao mito o estatuto de dogma, deveria verificar os motivos histricos e existenciais que determinaram a cristalizao das tradies bblicas. Entre seus livros, destaca-se Das Evangelium des Johannes (1941; O Evangelho segundo so Joo). Bultmann morreu em Marburg, em 30 de julho de 1976. Teilhard de Chardin (1881-1955) O jesuta Pierre Teilhard de Chardin, famoso tanto na rea da filosofia quanto da paleontologia, tentou unir cincia e f numa obra que provocou grandes controvrsias e o colocou frente de seu tempo. Pierre Teilhard de Chardin nasceu em Sarcenat, Frana, em 1 de maio de 1881. Filho de um aristocrata rural interessado pela geologia, dedicou-se desde a juventude ao estudo dessa matria, que no interrompeu nem mesmo quando suas inquietaes espirituais o levaram a ingressar na Companhia de Jesus, em 1899. Depois do noviciado, ordenou-se em 1911, mas preferiu fazer a primeira guerra como padioleiro a servir do capelo. Por bravura na frente de batalha, recebeu a Legio de Honra. Posteriormente lecionou no Instituto Catlico de Paris. Em 1923, realizou a primeira de suas numerosas expedies cientficas China, onde residiu durante a segunda guerra mundial. Participou do descobrimento do Sinanthropus pekinensis, o homem de Pequim, e ainda incorporou importantes observaes ao conhecimento da geologia e dos fsseis do pleistoceno na sia. Os estudos cientficos conduziram Teilhard de Chardin a uma profunda meditao sobre o problema da evoluo, origem de sua obra mais importante, Le Phnomne humain (O fenmeno humano), concluda em 1940, mas s publicada postumamente, em 1955. Em seu pensamento, a evoluo evidente do universo material, que parece esmagar o homem e sua conscincia, visa, na realidade, a realizar a passagem da matria ao esprito, do menos consciente ao mais consciente. O homem o centro e a razo dessa evoluo: sua alma o liga a esse universo, que 20

ela domina, a seus semelhantes e a seu fim ltimo, que Deus. Cincia e religio, longe de se contradizerem, conduzem ambas perfeio intelectual. As implicaes morais e religiosas desse sistema foram desenvolvidas numa srie de obras como Le Milieu divin (1958; O meio divino) e L'Avenir de L'homme (1959; O futuro do homem). Vrias das teses de Teilhard de Chardin foram recebidas com reservas tanto pela Companhia de Jesus quanto pela Santa S. O Santo Ofcio chegou mesmo a divulgar um monitum, ou advertncia simples, para a aceitao das idias do religioso sem maior exame. Teilhard de Chardin regressou Frana em 1946, mas ante a impossibilidade de publicar seus textos -- que circularam em exemplares mimeografados e s foram editados aps sua morte -- transferiu-se para os Estados Unidos. Ingressou ento na Fundao Wenner-Gren, de Nova York, que patrocinou, nos ltimos anos de sua vida, duas expedies cientficas ao continente africano. Teilhard de Chardin morreu em Nova York, em 10 de abril de 1955. Dietrich Bonhoeffer (1906-1945) Um tema bsico da teologia de Bonhoeffer era como manter a f num mundo sem religio. Engajado contra o nazismo, combateu Hitler com palavras e aes. Dietrich Bonhoeffer nasceu em Breslau, Prssia (depois Wroclaw, na Polnia), a 4 de fevereiro de 1906. Educado em Tbingen e Berlim, tornou-se pastor luterano e trabalhou em Barcelona e Nova York. Em 1931 assumiu a ctedra de teologia sistemtica na Universidade de Berlim. Quando Hitler subiu ao poder em 1933, Bonhoeffer estava em Londres e decidiu lutar contra o nazismo. Em 1935 foi chamado a assumir a direo de um seminrio clandestino em Finkenwald, na Pomernia. O problema central de sua teologia era como ser cristo num mundo secularizado e ateu. Propunha como uma das solues a interpretao no-religiosa dos conceitos bblicos, o que sugeria a possibilidade de haver cristos arreligiosos. Retomando o pensamento de Karl Barth, de quem se considerava discpulo, dizia que os valores sempre relacionados com o Evangelho eram agora entendidos como puramente profanos. Para ele os cristos deveriam reconhecer que o mundo passara da adolescncia para a maturidade, e que, em vez de se insistir num retorno s bases religiosas do passado, dever-se-ia tentar uma nova interpretao da histria intelectual do Ocidente, a partir do sculo XIII. Bonhoeffer introduziu elementos importantes para o movimento teolgico da "morte de Deus", desenvolvido sobretudo nos Estados Unidos. Como Deus foi imposto pelo cristianismo s artes, poltica e cultura em geral, a f est comprometida e minada na medida em que o mundo se transforma e se torna autnomo. Entretanto, ao aprovar a secularizao e o afastamento de Deus por motivos teolgicos, Bonhoeffer condenava a idia da religio como salva-vidas. Entre outras obras, escreveu Sanctorum Communio; eine dogmatische Untersuchung zur Soziologie der Kirche (1930; A comunho dos santos; um estudo dogmtico sobre a sociologia da igreja); Akt und Sein (1931; Ato e ser); e Gemeinsames Leben (1939; Vida comunitria). Em Ethik (1949; tica), que ficou incompleta, refletiu sobre o niilismo. O telogo via no nazismo a conduo dos valores humanos para a morte e julgava que aos cristos caberia ocuparem-se desses valores, no para conden-los, mas para salv-los. Convencido de que sua oposio ao nazismo deveria expressar-se em outros termos, participou de um atentado contra Hitler em 1943, ano em que foi preso. Dois anos depois, em 9 de 21

abril de 1945, foi enforcado no campo de concentrao em Flssenberg, 15 dias antes da morte de Hitler. Paul Tillich (1886-1965) Cognominado "o apstolo dos cticos", Paul Tillich defendeu o exame da religio pela razo, assim como valorizou o auxlio do conhecimento secular para a compreenso do cristianismo, embora afirmasse que o critrio supremo da revelao residia em Jesus. Paul Johannes Tillich nasceu em 20 de agosto de 1886, em Starzeddel, provncia de Brandenburgo, Alemanha. Cresceu em Schnfliess, pequena comunidade onde o pai era ministro da Igreja Territorial Prussiana. O estilo conservador da vida religiosa nesse ambiente foi questionado pelo jovem ao ingressar na escola secundria de Knigsberg-Neumark, onde conheceu o pensamento humanista, que privilegiava o ideal clssico de liberdade, s limitado pela razo. Em 1905, Tillich ingressou na Universidade de Halle. Seis anos depois doutorou-se em filosofia e, no ano seguinte, licenciou-se em teologia. Ordenou-se pastor luterano e serviu como capelo militar na primeira guerra mundial. A carnificina o convenceu da falncia irremedivel do humanismo do sculo XIX, e Tillich aderiu ao movimento socialista religioso na Alemanha, para cujos membros o iminente declnio da civilizao ocidental propiciava a oportunidade da reconstruo criativa da sociedade. Como professor nas universidades de Berlim, Marburg, Dresden, Leipzig e Frankfurt, Tillich publicou mais de cem ensaios, artigos e estudos entre 1919 e 1933. Nesse ltimo ano, por discordar do nazismo, foi impedido de lecionar e emigrou para os Estados Unidos. Lecionou no Union Seminary, em Nova York, assim como nas universidades de Harvard e Chicago. Com fundamento nas idias de Schelling e no existencialismo de Kierkegaard, Tillich elaborou uma teologia que engloba todos os aspectos da realidade humana em funo da situao histrica do homem. Seu mtodo teolgico baseou-se no chamado princpio da correlao, descrito em Systematic Theology (1951-1963; Teologia sistemtica). Esse princpio transforma a teologia num dilogo que relaciona as perguntas feitas pela razo s respostas obtidas mediante a f, como experincia reveladora. Para Tillich, a teonomia -- lei interior dada por Deus, em harmonia com a natureza essencial do homem -- d fora e liberdade ao homem para reconstruir a sociedade de forma criativa. A teonomia contrape-se heteronomia, lei imposta ao homem de fora para dentro, e autonomia, que o deixa frustrado e sem motivao para a vida. Suas obras mais divulgadas so The Courage to Be (1952; A coragem de ser) e Dynamics of Faith (1957; A dinmica da f). Tillich morreu em Chicago, em 22 de outubro de 1965.

Reinhold Niebuhr A obra de Niebuhr teve ampla influncia no pensamento americano do sculo XX, sobretudo pela crtica ao liberalismo teolgico protestante da dcada de 1920. Reinhold Niebuhr nasceu em Wright City, Missouri, em 21 de junho de 1892. Estudou no seminrio Eden, de St. Louis, e bacharelou-se pela Universidade de Yale. 22

Entre 1915 e 1928, foi pastor evanglico num bairro operrio de Detroit, e de 1931 a 1960, lecionou tica crist na faculdade de teologia de Yale. Sua vivncia em Detroit, junto indstria automobilstica nascente, inspirou-lhe idias sociais avanadas e, de 1920 a 1930, ele foi membro do Partido Socialista. Em Moral Man and Immoral Society (1932; O homem moral e a sociedade imoral) defendeu idias prximas ao marxismo, embora reafirmasse o conceito agostiniano do homem naturalmente pecador. A partir de 1940, Niebuhr combateu o marxismo e tambm a teologia liberal, que passou a considerar meramente tica, sem contedo cristo. Evocou santo Agostinho e os grandes reformadores do sculo XVI, e tornou-se protestante ortodoxo. Tambm se aproximou do existencialismo de Kierkegaard. Sua principal obra dessa fase The Nature and Destiny of Man (1941-1943; A natureza e o destino do homem), de profunda influncia no protestantismo americano. Embora pacifista, Niebuhr participou da mobilizao dos cristos para apoio guerra contra o fascismo e, depois da guerra, tornou-se influente na poltica do Departamento de Estado. Em suas ltimas obras, criticou a sociedade americana e os mitos da histria oficial. Sua sociologia da religiosidade dos americanos baseou-se na doutrina teolgica de Martin Buber. Niebuhr morreu em Stockbridge, Massachusetts, em 1 de junho de 1971. Gustavo Gutirrez (n. em 1928). Telogo peruano. Um dos precursores da teologia da libertao na Amrica espanhola. Escreveu A teologia da libertao (1971) e A fora histrica dos pobres (1982). Leonardo Boff (n. em 1938) Por defender uma atuao mais ativa da Igreja Catlica em defesa dos pobres e oprimidos, frei Leonardo Boff, um dos mais importantes tericos brasileiros da chamada teologia da libertao, foi protagonista de um rumoroso conflito com a Congregao para a Doutrina da F. Gensio Darcy Boff nasceu em Concrdia SC em 14 de dezembro de 1938. Aos 12 anos ingressou no seminrio de Curitiba PR e estudou teologia em Petrpolis RJ. Pertencente Ordem dos Frades Menores Franciscanos, ordenou-se em 1964. Posteriormente fez cursos em Roma e Munique. Em 1974 publicou Jesus Cristo libertador, em que questionou o dogma de que Jesus sempre teve conscincia de ser o salvador. A polmica gerada pelo livro s amainou em 1982, depois que Boff aceitou amenizar suas teses. Passados dois anos, deps na Congregao para a Doutrina da F, no Vaticano, para explicar trechos de outro livro, Igreja: carisma e poder (1981), em que criticava a cpula da igreja, e em 1985 foi proibido de publicar livros por um ano. Em 1991, devido a um artigo em que repetia os conceitos da teologia da libertao expostos em Igreja: carisma e poder, a Cria Geral da Ordem Franciscana afastou-o da direo editorial da Revista Vozes, e o Vaticano proibiu-o temporariamente de lecionar teologia no Instituto Franciscano em Petrpolis. Em 1992, Boff anunciou sua deciso de abandonar o sacerdcio. Entre outros livros de Leonardo Boff contam-se O Destino do Homem e do Mundo (1974), Teologia da Libertao e do Cativeiro (1976), Via Sacra da Justia 23

(1979) e Amrica Latina: da conquista nova civilizao (1992). Dirigiu tambm a Revista Eclesistica Brasileira e a edio portuguesa da revista Concilium.7

7

Enciclopdia Barsa para os diversos verbetes.

24

CAPTULO IV

A TEOLOGIA ESCRITURSTICA A teologia conservadora verdadeira aceita a Bblia como seu nico credo e mantm certas crenas fundamentais como sendo o ensino das Escrituras Sagradas. Estas crenas, da maneira em que so apresentadas aqui, constituem a compreenso e a expresso do ensino das Escrituras. As Escrituras Sagradas. As Escrituras Sagradas, o Antigo e Novo Testamentos, so a Palavra de Deus escrita, dada por inspirao divina, atravs de santos homens de Deus que falaram e escreveram ao serem movidos pelo Esprito Santo. Nesta Palavra, Deus transmitiu ao homem o conhecimento necessrio para a salvao. As Escrituras Sagradas so a infalvel revelao de sua vontade. Constituem o padro do carter, a prova da experincia, o autorizado revelador de doutrinas e o registro fidedigno dos atos de Deus na Histria. (II Pedro 1:20 e 21; II Tim. 3:16 e 17; Sal. 119:105; Prov. 30:5 e 6; Isa. 8:20; Joo 17:17; Tess. 2:13; Heb. 4:12.) A Trindade. H um s Deus: Pai, Filho e Esprito Santo, uma unidade de trs Pessoas co-eternas. Deus imortal, onipotente, onisciente, acima de tudo e sempre presente. Ele infinito e est alm da compreenso humana, mas conhecido por meio de Sua auto-revelao. E para sempre digno de culto, adorao e servio por parte de toda a criao. (Deut. 6:4; Mat. 28:19; II Cor. 13:13; Efs. 4:4-6; 1 Pedro 1:2; 1 Tim. 1:17; Apoc. 14:7.) Deus-Pai. Deus, o Eterno Pai, o Criador, o Originador, o Mantenedor e o Soberano de toda a criao. Ele justo e santo, compassivo e clemente, tardio em irar-Se, e grande em constante amor e fidelidade. As qualidades e os poderes manifestados no Filho e no Esprito Santo tambm constituem revelaes do Pai. (Gn. 1:1; Apoc. 4:11; 1 Cor. 15:28; Joo 3:16; 1 Joo 4:8; 1 Tim. 1:17; xo. 34:6 e 7; Joo 14:9.) Deus-Filho. Deus, o Filho Eterno, encarnou-Se em Jesus Cristo. Por meio dEle foram criadas todas as coisas, revelado o carter de Deus, efetuada a salvao da humanidade, e julgado o mundo. Sendo para sempre verdadeiramente Deus, Ele tornou-Se tambm verdadeiramente homem, Jesus, o Cristo. Foi concebido do Esprito Santo e nasceu da virgem Maria. Viveu, e experimentou a tentao como ser humano, mas exemplificou perfeitamente a justia e o amor de Deus. Por Seus milagres manifestou o poder de Deus e atestou que era o Messias prometido por Deus. Sofreu e morreu voluntariamente na cruz por nossos pecados e em nosso lugar, foi ressuscitado dentre os mortos e ascendeu para ministrar em nosso favor no santurio celestial. Vir outra vez, em glria, para o livramento final de Seu povo e a restaurao de todas as coisas. (Joo 1:1-3 e 14; Col. 1:15-19; Joo 10:30; 14:9; Rom. 6:23; II Cor. 5:17-19; Joo 5:22; Lucas 1:35; Filip. 2:5-11; Heb. 2:9-18; 1 Cor. 15:3 e 4; Heb. 8:1 e 2; Joo 14:1-3.) Deus-Esprito Santo. Deus, o Esprito Eterno, desempenhou uma parte ativa com o Pai e o Filho na Criao, Encarnao e Redeno. Inspirou os escritores das Escrituras. Encheu de poder a vida de Cristo. Atrai e convence os seres humanos; e 25

os que se mostram sensveis so por Ele renovados e transformados imagem de Deus. Enviado pelo Pai e pelo Filho para estar sempre com Seus filhos, Ele concede dons espirituais Igreja, a habilita a dar testemunho de Cristo e, em harmonia com as Escrituras, guia-a em toda a verdade. (Gn. 1:1 e 2; Lucas 1:35; 4:18; Atos 10:38; II Pedro 1:21; II Cor. 3:18; Efs. 4:11 e 12; Atos 1:8; Joo 14:16-18 e 26; 15:26 e 27; 16:7-13.) A Criao. Deus o Criador de todas as coisas e revelou nas Escrituras o relato autntico de Sua atividade criadora. "Em seis dias fez o Senhor os cus e a Terra" e tudo que tem vida sobre a Terra, e descansou no stimo dia dessa primeira semana. Assim Ele estabeleceu o sbado como perptuo monumento comemorativo de Sua esmerada obra criadora. O primeiro homem e a primeira mulher foram formados imagem de Deus como obra-prima da Criao, foi-lhes dado domnio sobre o mundo e atribuiu-se-lhes a responsabilidade de cuidar dele. Quando o mundo foi concludo, ele era "muito bom", proclamando a glria de Deus. (Gn. 1; 2; xo. 20:8-11; Sal. 19:1-6;33:6 e 9; 104; Heb. 11:3.) A Natureza do Homem. O homem e a mulher foram formados imagem de Deus, com individualidade, poder e liberdade de pensar e agir. Conquanto tenham sido criados como seres livres, cada um uma unidade indivisvel de corpo, mente e esprito, e dependente de Deus quanto vida, respirao e tudo o mais. Quando nossos primeiros pais desobedeceram a Deus, eles negaram sua dependncia dEle e caram de sua elevada posio abaixo de Deus. A imagem de Deus, neles, foi desfigurada, e tornaram-se sujeitos morte. Seus descendentes partilham dessa natureza cada e de suas conseqncias. Eles nascem com fraquezas e tendncias para o mal. Mas Deus, em Cristo, reconciliou consigo o mundo e por meio de Seu Esprito restaura nos mortais penitentes a imagem de seu Criador. Criados para a glria de Deus, eles so chamados para am-Lo e uns aos outros, e para cuidar de seu ambiente. (Gn. 1:26-28; 2:7; Sal. 8:4-8; Atos 17:24-28; Gn. 3; Sal. 51:5; Rom. 5:12-l7;II Cor.5:19 e 20;Sal.51:10;I Joo 4: 7, 8, 11 e 20; Gn.2:15.) O Grande Conflito Entre o Bem e o Mal. Toda a humanidade est agora envolvida num grande conflito entre Cristo e Satans, quanto ao carter de Deus, sua lei e sua soberania sobre o Universo. Este conflito originou-se no Cu quando um ser criado, dotado de liberdade de escolha, por exaltao prpria tornou-se Satans, o adversrio de Deus, e conduziu rebelio uma parte dos anjos. Ele introduziu o esprito de rebelio neste mundo, ao induzir Ado e Eva em pecado. Este pecado humano resultou na deformao da imagem de Deus na humanidade, no transtorno do mundo criado e em sua conseqente devastao por ocasio do dilvio mundial. Observado por toda a criao, este mundo tornou-se o palco do conflito universal, dentro do qual ser finalmente vindicado o Deus de amor. Para ajudar seu povo nesse conflito, Cristo envia o Esprito Santo e os anjos leais, para os guiar, proteger e amparar no caminho da salvao. (Apoc. 12:4-9; Isa. 14:12-14; Ezeq. 28:12-18; Gn. 3; Rom. 1:19-32; 5:12-21; 8:19-22; Gn. 6-8; II Pedro 3:6; 1 Cor. 4:9; Heb. 1:14.) A Vida, a Morte e a Ressurreio de Cristo. Na vida de Cristo, de perfeita obedincia vontade de Deus, e em seu sofrimento, morte e ressurreio, Deus proveu o nico meio de expiao do pecado humano, de modo que os que aceitam esta expiao pela f possam ter vida eterna, e toda a criao compreenda melhor o infinito e santo amor do Criador. Esta expiao perfeita vindica a justia da lei de Deus e a benignidade de seu carter; pois ela no somente condena o nosso pecado, 26

mas tambm garante o nosso perdo. A morte de Cristo substituinte e expiatria, reconciliadora e transformadora. A ressurreio de Cristo proclama a vitria de Deus sobre as foras do mal, e assegura a vitria final sobre o pecado e a morte para os que aceitam a expiao. Ela declara a soberania de Jesus Cristo, diante do qual se dobrar todo joelho, no Cu e na Terra. (Joo 3:16; Isa. 53; 1 Pedro 2:21 e 22; 1 Cor. 15:3,4 e 20-22; II Cor. 5:14, 15 e 19-21; Rom. 1:4; 3:25; 4:25; 8:3 e 4; 1 Joo 2:2; 4:10; Col. 2:15; Filip. 2:6-11.) A Experincia da Salvao. Em infinito amor e misericrdia, Deus fez com que Cristo, que no conheceu pecado, se tornasse pecado por ns, para que nEle fssemos feitos justia de Deus. Guiados pelo Esprito Santo, sentimos nossa necessidade, reconhecemos nossa pecaminosidade, arrependemo-nos de nossas transgresses e temos f em Jesus como Senhor e Cristo, como substituto e exemplo. Esta f que aceita a salvao advm do divino poder da Palavra e o dom da graa de Deus. Por meio de Cristo, somos justificados, adotados como filhos e filhas de Deus, e libertados do domnio do pecado. Por meio do Esprito, nascemos de novo e somos santificados; o Esprito renova nossa mente, escreve a lei de Deus, a lei de amor, em nosso corao, e recebemos o poder para levar uma vida santa. Permanecendo nEle, tornamo-nos participantes da natureza divina e temos a certeza de salvao agora e no Juzo. (II Cor. 5:17-21; Joo 3:16; Gl. 1:4; 4:4-7; Tito 3:37; Joo 16:8; Gl. 3:13 e 14; 1 Pedro 2:21 e 22; Rom. 10:17; Lucas 17:5; Mar. 9:23 e 24; Efs. 2:5-10; Rom. 3:21-26; Col. 1:13 e 14; Rom. 8:14-17; Gl. 3:26; Joo 3:3-8; 1 Pedro 1:23; Rom. 12:2; Heb. 8:7-12; Eze. 36:25-27; II Pedro 1:3 e 4; Rom. 8:1-4; 5:6-10.) A Igreja. A Igreja a comunidade de crentes que confessam a Jesus Cristo como Senhor e Salvador. Em continuidade do povo de Deus nos tempos do Antigo Testamento, somos chamados para fora do mundo; e nos unimos para prestar culto, para comunho, para instruo na Palavra, para a celebrao da Ceia do Senhor, para servio a toda a humanidade, e para a proclamao mundial do evangelho. A Igreja recebe sua autoridade de Cristo, o qual a Palavra encarnada, e das Escrituras, que so a Palavra escrita. A Igreja a famlia de Deus; adotados por Ele como filhos, seus membros vivem com base no novo concerto. A Igreja o corpo de Cristo, uma comunidade de f, da qual o prprio Cristo a Cabea. A Igreja a noiva pela qual Cristo morreu para que pudesse santific-la e purific-la. Em Sua volta triunfal, Ele a apresentar a Si mesmo Igreja gloriosa, os fiis de todos os sculos, a aquisio de seu sangue, sem mcula, nem ruga, porm santa e sem defeito. (Gn. 12:3; Atos 7:38; Efs. 4:11-15; 3:8-11; Mat. 28:19 e 20; 16:13-20; 18:18; Efs. 2:19-22; 1:22 e 23; 5:23-27; Col. 1:17 e 18.) O Remanescente e Sua Misso. A Igreja universal se compe de todos os que verdadeiramente crem em Cristo; mas, nos ltimos dias, um tempo de ampla apostasia, um remanescente tem sido chamado para fora, a fim de guardar os mandamentos de Deus e a f de Jesus. Este remanescente anuncia a chegada da hora do Juzo, proclama a salvao por meio de Cristo e prediz a aproximao de seu segundo advento. Esta proclamao simbolizada pelos trs anjos de Apocalipse 14; coincide com a obra de julgamento no Cu e resulta numa obra de arrependimento e reforma na Terra. Todo crente convidado a ter uma parte pessoal neste testemunho mundial. (Apoc. 12:17; 14:6-12; 18:1-4; II Cor. 5:10; Judas 3 e 14; 1 Pedro 1:16-19; II Pedro 3:10-14; Apoc. 21:1-14.) 27

Unidade no Corpo de Cristo. A Igreja um corpo com muitos membros,chamados de toda nao, tribo, lngua e povo. Em Cristo somos uma nova criao; distines de raa, cultura e nacionalidade, e diferenas entre altos e baixos, ricos e pobres, homens e mulheres, no devem ser motivo de dissenses entre ns. Todos somos iguais em Cristo, o qual por um s Esprito nos uniu numa comunho com Ele e uns com os outros; devemos servir e ser servidos sem parcialidade ou restrio. Mediante a revelao de Jesus Cristo nas Escrituras, partilhamos a mesma f e esperana, e estendemos um s testemunho para todos. Esta unidade encontra sua fonte na unidade do Deus trino, que nos adotou como seus filhos. (Rom. 12:4 e 5; 1 Cor. 12:12-14; Mat. 28:19 e 20; Sal. 133:1; II Cor. 5:16 e 17; Atos 17:26 e 27; Gl. 3:27 e 29; Col. 3:10-15; Efs. 4:14-16; 4:1-6; Joo 17:20-23.) O Batismo. Pelo batismo confessamos nossa f na morte e ressurreio de Jesus Cristo e atestamos nossa morte para o pecado e nosso propsito de andar em novidade de vida. Assim reconhecemos a Cristo como Senhor e Salvador, tornamonos seu povo e somos aceitos como membros por sua Igreja. O batismo um smbolo de nossa unio com Cristo, do perdo de nossos pecados e de nosso recebimento do Esprito Santo. por imerso na gua e depende de uma afirmao de f em Jesus e da evidncia de arrependimento do pecado. Segue-se instruo nas Escrituras Sagradas e aceitao de seus ensinos. (Rom. 6:1-6; Col. 2:12 e 13; Atos 16:30-33; 22:16; 2:38; Mat. 28:19 e 20.) A Ceia do Senhor. A Ceia do Senhor uma participao nos emblemas do corpo e do sangue de Jesus, como expresso de f nEle, nosso Senhor e Salvador. Nesta experincia de comunho, Cristo est presente para encontrar-se com seu povo e fortalec-lo. Participando da Ceia, proclamamos alegremente a morte do Senhor at que Ele volte. A preparao para a Ceia envolve o exame de conscincia, o arrependimento e a confisso. O Mestre instituiu a cerimnia do lava-ps para denotar renovada purificao, para expressar a disposio de servir um ao outro em humildade semelhante de Cristo e para unir nossos corao em amor. A Cerimnia da Comunho franqueada a todos os crentes cristos. (1 Cor. 10:16 e 17; 11:2330; Mat. 26:17-30; Apoc. 3:20; Joo 6:48-63; 13:1-17.) Dons e Ministrios Espirituais. Deus concede a todos os membros de sua Igreja, em todas as pocas, dons espirituais que cada membro deve empregar em amoroso ministrio para o bem comum da Igreja e da humanidade. Outorgados pela atuao do Esprito Santo, o qual distribui a cada membro como Lhe apraz, os dons provem todas as aptides e ministrios de que a Igreja necessita para cumprir suas funes divinamente ordenadas. De acordo com as Escrituras, esses dons abrangem tais ministrios como a f, cura, profecia, proclamao, ensino, administrao, reconciliao, compaixo, e servio abnegado e caridade para ajuda e animao das pessoas. Alguns membros so chamados por Deus e dotados pelo Esprito para funes reconhecidas pela Igreja em ministrios pastorais, evangelsticos, apostlicos e de ensino especialmente necessrios para habilitar os membros para o ensino, edificar a Igreja com vistas maturidade espiritual e promover a unidade da f e do conhecimento de Deus. Quando os membros utilizam esses dons espirituais como fiis despenseiros da multiforme graa de Deus, a Igreja protegida contra a influncia demolidora de falsas doutrinas, tem um crescimento que provm de Deus e edificada na f e no amor. (Rom. 12:4-8; I Cor. 12:9-11,27 e28; Efs. 4:8 e 1116; Atos 6:1-7; I Tim. 3:1-13; I Pedro 4:10 e 11.) 28

O Dom de Profecia. Um dos dons do Esprito Santo a profecia. Este dom um sinal identificador da Igreja remanescente, e foi manifestado no ministrio de Ellen G. White. Como a mensageira do Senhor, seus escritos so uma contnua e autorizada fonte de verdade que proporciona conforto, orientao, instruo e correo Igreja. Eles tambm tornam claro que a Bblia a norma pela qual deve ser provado todo ensino e experincia. (Joel 2:28 e 29; Atos 2:14-21; Heb. 1:13;Apoc. 12:17; 19:10.) A Lei de Deus. Os grandes princpios da lei de Deus esto incorporados nos Dez Mandamentos e foram exemplificados na vida de Cristo. Expressam o amor, a vontade e os desgnios de Deus quanto conduta e s relaes humanas, e so obrigatrios a todas as pessoas, em todas as partes. Estes preceitos constituem a base do concerto de Deus com seu povo e a norma no julgamento divino. Por meio da atuao do Esprito Santo, eles apontam para o pecado e despertam o senso da necessidade de um Salvador. A salvao inteiramente pela graa, e no pelas obras, mas seu fruto a obedincia aos Mandamentos. Esta obedincia desenvolve o carter cristo e resulta numa sensao de bem-estar que uma evidncia de nosso amor ao Senhor e de nossa solicitude por nossos semelhantes. A obedincia por f demonstra o poder de Cristo para transformar vidas, e fortalece, portanto, o testemunho cristo. (xo. 20:1-17; Sal. 40:7 e 8; Mat. 22:3640; Deut. 28:1-14; Mat. 5:17-20; Heb. 8:8-10; Joo 15:7-10; Efs. 2:8-10; 1 Joo 5:3; Rom. 8:3 e 4; Sal. 19:7-14.) O Sbado. O bondoso Criador, aps os seis dias da Criao, descansou no stimo dia e instituiu o sbado para todas as pessoas, como memorial da Criao. O quarto mandamento da imutvel lei de Deus requer a observncia deste sbado do stimo dia como dia de descanso, adorao e ministrio, em harmonia com o ensino e a prtica de Jesus, o Senhor do sbado. O sbado um dia de deleitosa comunho com Deus e uns com os outros. um smbolo de nossa redeno em Cristo, um sinal de nossa santificao, uma prova de nossa lealdade e um antegozo de nosso futuro eterno no reino de Deus. O sbado o sinal perptuo do eterno concerto de Deus com seu povo. A prazerosa observncia deste tempo sagrado duma tarde a outra tarde, do pr-do-sol ao pr-do-sol, uma celebrao dos atos criadores e redentores de Deus. (Gn. 2:1-3; xo. 20:8-11; Lucas4:16; Isa.56:5 e 6; 58:13 e 14; Mat. 12:112; xo.31:13-17; Eze. 20:12 e 20; Deut. 5:12-15; Heb. 4:1-11; Lev. 23:32; Mar. 1:32.) Mordomia. Somos despenseiros de Deus, responsveis a Ele pelo uso apropriado do tempo e das oportunidades, das capacidades e posses, e das bnos da Terra e seus recursos, que Ele colocou sob o nosso cuidado. Reconhecemos o direito de propriedade da parte de Deus por meio de fiel servio a Ele e a nossos semelhantes, e devolvendo os dzimos e dando ofertas para a proclamao de seu evangelho e para a manuteno e o crescimento de sua Igreja. A mordomia um privilgio que Deus nos concede para desenvolvimento no amor e para vitria sobre o egosmo e a cobia. O mordomo se regozija nas bnos que advm aos outros como resultado de sua fidelidade. (Gn. 1:26-28; 2:15; 1 Crn. 29:14;Ageu 1:3-11; Mal. 3:8-12; 1 Cor. 9:9-14; Mat. 23:23; II Cor. 8:1-15; Rom. 15:26 e 27.) Conduta Crist. Somos chamados para ser um povo piedoso que pensa, sente e age de acordo com os princpios do Cu. Para que o Esprito recrie em ns o carter de nosso Senhor, ns s nos envolvemos naquelas coisas que produziro em nossa vida, pureza, sade e alegria semelhantes s de Cristo. Isto significa que 29

nossas diverses e entretenimentos devem corresponder aos mais altos padres do gosto e beleza cristos. Embora reconheamos diferenas culturais, nosso vesturio deve ser simples, modesto e de bom gosto, apropriado queles cuja verdadeira beleza no consiste no adorno exterior, mas no ornamento imperecvel de um esprito manso e tranqilo. Significa tambm que, sendo o nosso corpo o templo do Esprito Santo, devemos cuidar dele inteligentemente. Junto com adequado exerccio e repouso, devemos adotar a alimentao mais saudvel possvel e abster-nos dos alimentos imundos identificados nas Escrituras. Visto que as bebidas alcolicas, o fumo e o uso irresponsvel de medicamentos e narcticos so prejudiciais a nosso corpo, tambm devemos abster-nos dessas coisas. Em vez disso, devemos empenhar-nos em tudo que submeta nossos pensamentos e nosso corpo disciplina de Cristo, o qual deseja nossa integridade, alegria e bem-estar. (Rom. 12:1 e2; IJoo2:6; Efs. 5:1-21;Filip. 4:8;II Cor. 10:5; 6:14-7:1;I Ped. 3:1-4;I Cor.6:19e20; 10:31;Lev. 11:1-47;III Joo2.) O Casamento e a Famlia. O casamento foi divinamente estabelecido no den e confirmado por Jesus como unio vitalcia entre um homem e uma mulher, em amoroso companheirismo. Para o cristo, o compromisso matrimonial com Deus bem como com o cnjuge, e s deve ser assumido entre parceiros que partilham da mesma f. Mtuo amor, honra, respeito e responsabilidade constituem a estrutura dessa relao, a qual deve refletir o amor, a santidade, a intimidade e a constncia da relao entre Cristo e sua Igreja. No tocante ao divrcio, Jesus ensinou que a pessoa que se divorcia do cnjuge, a no ser por causa de relaes sexuais ilcitas, e casa com outro, comete adultrio. Conquanto algumas relaes de famlia fiquem aqum do ideal, os consortes que se dedicam inteiramente um ao outro, em Cristo, podem alcanar amorosa unidade por meio da orientao do Esprito e a instruo da Igreja. Deus abenoa a famlia e quer que seus membros ajudem uns aos outros a alcanar completa maturidade. Os pais devem educar os seus filhos a amar o Senhor e a obedecer-Lhe. Por seu exemplo e suas palavras, devem ensinar-lhes que Cristo um disciplinador amoroso, sempre terno e solcito, desejando que eles se tornem membros do seu corpo, a famlia de Deus. Crescente intimidade familiar um dos caractersticos da mensagem final do evangelho. (Gn. 2:18-25; Mat. 19:3-9; Joo 2:1-11; I Cor. 6:14; Efs. 5:21-33; Mat. 5:31 e 32; Mar. 10:11 e 12; Lucas 16:18; 1 Cor. 7:10 e 11; xo. 20:12; Efs. 6:1-4; Deut. 6:5-9; Prov. 22:6; Mal. 4:5 e 6.) O Ministrio de Cristo no Santurio Celestial. H um santurio no Cu, o verdadeiro tabernculo que o Senhor erigiu, no o homem. Nele Cristo ministra em nosso favor, tornando acessveis aos crentes os benefcios de seu sacrifcio expiatrio oferecido uma vez por todas, na cruz. Ele foi empossado como nosso grande Sumo Sacerdote e comeou seu ministrio intercessor por ocasio de sua ascenso. Em 1844, no fim do perodo proftico dos 2.300 dias, Ele iniciou a segunda e ltima etapa de seu ministrio expiatrio. uma obra de juzo investigativo, a qual faz parte da eliminao final de todo pecado, prefigurada pela purificao do antigo santurio hebraico, no Dia da Expiao. Nesse servio tpico, o santurio era purificado com o sangue de sacrifcios de animais, mas as coisas celestiais so purificadas com o perfeito sacrifcio do sangue de Jesus. O juzo investigativo revela aos seres celestiais quem dentre os mortos dorme em Cristo, sendo, portanto, nEle, considerado digno de ter parte na primeira ressurreio. Tambm torna manifesto quem, dentre os vivos, permanece em Cristo, guardando os mandamentos de Deus e a f de Jesus, 30

estando, portanto, nEle, preparado para a trasladao ao seu reino eterno. Este julgamento vindica a justia de Deus em salvar os que crem em Jesus. Declara que os que permaneceram leais a Deus recebero o reino. A terminao desse ministrio de Cristo assinalar o fim do tempo da graa para os seres humanos, antes do Segundo Advento. (Heb. 8:1-5; 4:14-16; 9:11-28; 10:19-22; 1:3; 2:16 e 17; Dan. 7:9-27; 8:13 e 14; 9:24-27; Nm. 14:34; Eze. 4:6; Lev. 16; Apoc. 14:6 e 7; 20:12; 14:12; 22:12.) A Segunda Vinda de Cristo. A segunda vinda de Cristo a bendita esperana da Igreja, o grande ponto culminante do evangelho. A vinda do Salvador ser literal, pessoal, visvel e universal. Quando Ele voltar, os justos falecidos sero ressuscitados e, junto com os justos que estiverem vivos, sero glorificados e levados para o Cu, mas os mpios iro morrer. O cumprimento quase completo da maioria dos aspectos da profecia, bem como a condio atual do mundo, indica que a vinda de Cristo iminente. O tempo exato desse acontecimento no foi revelado, e somos portanto exortados a estar preparados em todo o tempo. (Tito 2:13; Heb. 9:28; Joo 14:1-3; Atos 1:9-11; Mat. 24:14; Apoc. 1:7; Mat. 24:43 e44; I Tess. 4:1318; I Cor. 15:51-54; II Tess. 1:7-10; 2:8;Apoc. 14:14-20; 19:11-21; Mat. 24; Mar. 13; Lucas 21; II Tim. 3:1-5; 1 Tess. 5:1-6.) Morte e Ressurreio. O salrio do pecado a morte. Mas Deus, o nico que imortal, conceder vida eterna a seus remidos. At aquele dia, a morte um estado inconsciente para todas as pessoas. Quando Cristo, que a nossa vida, se manifestar, os justos ressuscitados e os justos vivos sero glorificados e arrebatados para o encontro de seu Senhor. A segunda ressurreio, a ressurreio dos mpios, ocorrer mil anos mais tarde. (Rom. 6:23; I Tim. 6:15 e 16; Ecles. 9:5 e 6; Sal. 146:3 e 4; Joo 11:11-14; Col. 3:4; 1 Cor. 15:51-54; I Tess. 4:13-17; Joo 5:28 e 29; Apoc. 20:1-10.) O Milnio e o Fim do Pecado. O milnio o reinado de mil anos, de Cristo com seus santos, no Cu, entre a primeira e a segunda ressurreies. Durante esse tempo sero julgados os mpios mortos; a Terra estar completamente desolada, sem habitantes humanos com vida, mas ocupada por Satans e seus anjos. No fim desse perodo, Cristo com seus santos e a Cidade Santa descero do Cu Terra. Os mpios mortos sero ento ressuscitados e, com Satans e seus anjos, cercaro a cidade; mas o fogo de Deus os consumir e purificar a Terra. O Universo ficar assim eternamente livre do pecado e dos pecadores. (Apoc. 20; 1 Cor. 6:2 e 3; Jer. 4:23-26; Apoc. 21:1-5; Mal. 4:1; Eze. 28:18 e 19.) A Nova Terra. Na Nova Terra, em que habita justia, Deus prover um lar eterno para os remidos e um ambiente perfeito para vida, amor, alegria e aprendizado eternos, em sua presena. Pois aqui o prprio Deus habitar com o seu povo, e o sofrimento e a morte tero passado. O grande conflito estar terminado e no mais existir pecado. Todas as coisas, animadas e inanimadas, declararo que Deus amor; e Ele reinar para todo o sempre. Amm. (II Pedro 3:13; Isa. 35; 65:17-25; Mat. 5:5; Apoc. 21:1-7;22:1-5; 11:15.)8

8

Nisto Cremos para os diversos itens.

31

CONCLUSO Concordamos com o Dr. Harold Lindsell, redator da Christianity Today, quando lamenta: No estou vendo hoje entre os jovens cristos qualquer nmero de mentes brilhantes articulando e defendendo a f crist na arena da teologia bblica e sistemtica. Numa edio recente de Christianity Today (20 de dezembro de 1974), Klaus Bockmuhl disse: J se foram os grandes mestres de uma gerao passada, e ainda no foi decidida qual direo a teologia h de seguir. . . Realmente, poderia vir uma renascena da teologia crist. Mas isto certamente exigiria muito trabalho, e os esforos combinados de todos aqueles que percebem que a tarefa lhes est proposta. . . . Gostaria muito de ver um Lutero, um Calvino, um Knox ou um Edwards surgir entre vocs para fazer em prol da sua poca aquilo que algumas das mentalidades mais brilhantes que conheo fizeram em prol da minha.9

9

Harold Lindsell, Think on These Things, The Other Side, maro-abril de 1975, pgs. 20-21.

32

APNDICE 1 VERBETES PAR LER TEOLOGIA CONTEMPORNEA (Trabalho realizado com os formando do STBNe/98 Feira de Santana-Ba) ANALOGIA DA F Era analogia entis que Karl Bath substitui pela analogia Fidei (analogia da f), visto que a verdade religiosa dada por Deus. um conceito Bblico tirado de Romanos 12, (analogia tes pistees) ou (metron pistes), que so palavras semelhantes "analogia da f" e "medida da f", representam um desenvolvimento do significa