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Organiza Federación Psicoanalítica de América Latina Septiembre 13 al 17 de 2016 Cartagena, Colombia “CORPO, NO MEU CORPO E MINHAS REGRAS” Mercia Maranhão Fagundes Eixo: Corpo na Cultura Palavras-chaves: adolescente, corpo, emocional, experiência, identidade Sobre a Natureza das diferenças: Homem e Mulher, 2010 - Dante Velloni

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Organiza Federación Psicoanalítica de América Latina

Septiembre 13 al 17 de 2016 Cartagena, Colombia

“CORPO, NO MEU CORPO E MINHAS REGRAS”

Mercia Maranhão Fagundes

Eixo: Corpo na Cultura

Palavras-chaves: adolescente, corpo, emocional, experiência, identidade

Sobre a Natureza das diferenças: Homem e Mulher, 2010 - Dante Velloni

Organiza Federación Psicoanalítica de América Latina

Septiembre 13 al 17 de 2016 Cartagena, Colombia

Resumo:

Pretendo apresentar minhas reflexões sobre questões relacionadas ao Corpo. Um corpo-

mente que contenha, nos meandros da sua estrutura, a sua própria identidade. Para

desenvolver minhas reflexões apresento o vídeo “Meu corpo, Minhas regras”, do filme

“Olmo e as gaivotas”. (link: https://www.youtube.com/watch?v=CafzeA-9Qz8). Conto

também com o vértice de escritores e artistas sensíveis. Procuro nas artes sensíveis um

auxílio para conhecer e reconhecer, viver e expressar a vida emocional dos seres humanos.

A vida afetiva do ser humano é muito complexa para ser expressa e compreendida através

das palavras e dos silêncios, pois estes também podem conter e expressar, de forma

pungente, as dores e os prazeres da vida.

Tais reflexões levam-me do ser humano à identidade feminina e ao desafio de se

assumir mulher em um panorama visto por artistas e escritores sensíveis e capazes de

colocar em palavras experiências emocionais e vértices singulares.

Apresento algumas vinhetas clínicas extraídas do relato da experiência emocional

com uma adolescente que se vê, de repente, frente à experiências mais concernentes à

vida de uma mulher; obrigada a ser mulher e mãe, quando ainda é uma menina.

Introdução

Talvez uma das maiores descobertas do século XX tenha sido a descoberta

científica da expansão do universo por Edwin Hubble. O cientista americano criou um

sistema de classificação das galáxias e finalmente provou que o universo está em

expansão. Alguns pesquisadores acreditam, no entanto, que a combinação da “Teoria da

Relatividade Geral” à “Constante Cosmológica” de Einstein apresenta a resposta mais

pertinente para esse fenômeno. De acordo com tal conceito, as galáxias afastam-se umas

das outras, mas sua densidade espacial permanece a mesma, já que matéria nova estaria

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sendo criada a todo instante. Em outras palavras, isso significaria que o universo não teve

início e não teria fim, já que a densidade espacial permanece constante.

Tal como as descobertas da Física de Einstein e Hubble, também na aurora do

século XX, Freud desenvolveu um método revolucionário que abriu perspectivas para o

conhecimento da mente humana, seu passado e seu futuro. Mais importante ainda, no

entanto, tal método possibilita maior compreensão do homem primitivo do nosso tempo, do

homem primitivo e feroz da contemporaneidade, do homem das cavernas que vive “aqui e

agora”, e que se comunica através da tecnologia, cresce e enlouquece com ela.

Considerando o avanço do saber a respeito da mente humana, fruto do espírito

científico cultural dado à Psicanálise, sabemos que ela se relaciona e dialoga, ou seja

participa na cultura e arte, com influências profundas e determinantes, como uma ampliação

do saber a respeito do homem e do que é humano.

Bion, analista britânico, usou teorias da física quântica, matemática e filosofia para

expandir o conhecimento acerca da mente do ser humano. Desse modo, pôde pensar a

complexidade da mente. Expandiu as fronteiras das pesquisas em Psicanálise alargando e

aprofundando nossos horizontes.

Hoje, em pleno século XXI, a Psicanálise pode ser considerada uma ferramenta com

mais recursos para cuidar da mente e da dor mental, buscando acolher o homem e suas

turbulências. À medida que se aprofunda o contato analista-analisando e a relação evolui,

a mente segue as propostas da Física Quântica e expande, como todo o universo. Assim

também, de acordo com o conceito de “Constante Cosmológica”, novas ideias, novos

pensamentos são elaborados e os sintomas que levam o analisando até a Psicanálise

podem apresentar remissão. De fato, o mote do trabalho analítico é a expansão da mente, o

que pode povoar, de certa forma, o vazio que atormenta e apavora o ser humano.

Um dos conceitos fundantes da Psicanálise é o conceito de inconsciente. Freud

acreditava que a finalidade do trabalho psicanalítico seria tornar o inconsciente, com

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desejos e medos irracionais, consciente. Como todo processo vivo, a Psicanálise e seus

conceitos estão sempre em transformação e evolução. Para Bion, o inconsciente não é um

lugar de impulsos e medos, mas um aspecto da mente, que nos permite sonhar e pensar

mais profundamente. Poder-se-ia dizer que o trabalho de sonhar da mente acontece dia e

noite, porém é inconsciente. O que o define é a complexidade que espelha, como a

simultaneidade de perspectivas, de forma racional e ao mesmo tempo mágica, da

perspectiva sob tempo sequencial e da atemporalidade, do vértice da experiência concreta

à simbolização.

Para nós, humanos, conter toda essa complexidade conscientemente ainda é

impossível. Para isso usamos a estética que é capaz de nos levar a experiências

evanescentes suportáveis.

Este texto é resultado da observação e reflexão sobre o que é experimentado na

sala de análise. Por conseguinte, consiste em um trabalho em andamento. Conto também

com o vértice de escritores e artistas sensíveis. Procuro, nas artes sensíveis, um auxílio

para conhecer e reconhecer, viver e expressar a vida emocional dos seres humanos. A vida

afetiva do ser humano é muito complexa para ser expressa e compreendida através das

palavras e dos silêncios, pois estes também podem conter e expressar, de forma pungente,

as dores e os prazeres da vida.

O psicanalista tem a oportunidade de buscar a sintonia com a mente de seu

analisando e com a sua própria, de um modo muito singular e é dessa maneira tão singular,

não diagnóstica, não terapêutica ou mesmo explicativa, que a literatura será aqui abordada.

Procuro evitar assim, o uso estereotipado e estéril das teorias e conceitos psicanalíticos, já

que a literatura consegue expressar dimensões da realidade clara e vivamente. Por outro

lado, a Psicanálise pode oferecer para a literatura sua percepção da relação entre estados

emocionais complexos, evanescentes e a voz e efeitos da linguagem (Ogden, B e

T.H.2014).

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Corpo-mente

O corpo, um corpo. No início era um corpo, e o corpo era a expectativa, era a

busca. Uma busca. A busca de um outro corpo que também estava em busca. Afetos ainda

sem significado definido, desconhecidos.

No corpo do outro se encontra a possibilidade de se obter limites, ainda que

imprecisos. O corpo busca balizas, quaisquer que sejam. Busca a capacidade de sentir a

qualidade dos limites, de quaisquer limites. Quando tem a sorte de encontrar limites,

balizas, pode sofrer transformações e, então, apreender, sentir, viver seus afetos,

desenvolver memória. Nesse momento esse corpo sente sua vitalidade : corpo e mente em

expansão...

São grandes transformações! Esse corpo sobrecarregado de afetos passa a conter,

além das experiências vividas, uma nova busca: a busca de um outro novo corpo que

também esteja em busca de experiências, afetos, contenção. E assim sucessivamente...

Cada encontro abre expectativas e possibilidades para uma nova busca.

Seria muito difícil precisar limites que fossem além da visão, do olfato, do tato e do

paladar, da linguagem verbal, da linguagem corporal! Porque os limites do que é inefável de

cada corpo, de tudo que o inefável carrega em si, considerando-se até a atmosfera que é

capaz de criar, são intrigantemente imprecisos e complexos!

Cada experiência de busca satisfeita traz um quantum de realizações, oferece a

oportunidade de um corpo poder ser e, então, pertencer a uma raça, a um gênero, fazer

uma parceria, participar de um grupo social e, assim, ter sua própria identidade. Um corpo

que contenha, nos meandros de sua estrutura, sua própria identidade.

E então surge um corpo em busca de uma completude, múltiplas possibilidades. Do

corpo do ser humano, o corpo do homem, o corpo da mulher...

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Meu corpo. Minhas Regras.

O que é ser uma mulher? O que quer uma mulher? Quantas facetas... Quantos

vértices... Sentimentos vários em uma combinação complexa. Amor... Ódio... Inveja... Dor...

Ciúmes... Crueldade... Medo... Pânico... Horror... Seria possível pensar uma mesma mulher

como portadora de tantas facetas quantas as descritas pelos escritores? Talvez, seja a

linguagem literária seja a linguagem que consiga fazer um esboço e expressar a vida íntima

de uma mulher. E ainda mais, que torne possível falar das mulheres e de seus afetos e... de

suas facetas... Quantas mulheres poderiam viver em uma única mulher?

Como pensar tantas mulheres em uma? Como conter e lidar com toda complexidade

que implica ser mulher? Como cada garota, ao se tornar adolescente, elabora a experiência

“de repente não mais que de repente” se ver sangrando? Como cada mulher vive a

experiência de ver seu corpo transformado durante a gravidez? Como dar à luz, ser mãe?

Ao mesmo tempo se construir e desconstruir, ora na intimidade da própria identidade, ora

da identidade do outro. Como é complexo para a mulher respeitar e aprender a conviver

com a verdade de que o outro é dono de sua vida, mesmo que esse outro tenha sido

gerado em si, concretamente no seu corpo, mesmo que seja o seu filho.

Talvez seja interessante sonhar com a literatura e a poesia as diversas mulheres

que cada uma das mulheres poderia conter. Para estimular nossos sonhos e exercitar

nossa capacidade de sonhar, apresento algumas vinhetas do trabalho psicanalítico. São

apresentadas no intuito de ilustrar o grau de turbulência e transformações que se apresenta

para uma mulher experienciar e viver, quase em caráter de emergência, mesmo que ela

seja ainda uma menina-adolescente.

Compartilhar essas experiências emocionais com minha analisanda ofereceu-me a

oportunidade de revisitar algumas personagens femininas da literatura. As reflexões sobre

cada personagem que minha analisanda me estimulava com seu relato ajudaram-me a

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acolher aquela menina-mulher que estava ali comigo e buscava conforto e alívio para suas

angústias.

Macabéia, mulher indefesa, ainda menina, esteve em análise dos seus 15 aos

17 anos. Penso que nosso trabalho possibilitou uma grande evolução no seu

desenvolvimento. Relatava ser vítima de assédio sexual por parte do padrasto com o qual a

mãe se mostrava conivente. Paralisada e aterrorizada, sem condições de viver suas

emoções e sua própria vida, por meio de sua análise criou uma abertura para viver sua

adolescência.

Dois anos após o término de sua análise, ela novamente busca atendimento,

exatamente no dia em que tomou conhecimento de estar grávida de uma gestação de seis

meses. Segundo ela, o médico inicialmente acreditou que poderia ser portadora de um

tumor. Quando engravidou, portanto, sentia-se muito só. Recusou-se a falar sobre a

paternidade do bebê e decidiu que contaria apenas com a ajuda da família. Deu à luz um

garoto forte e saudável e mostrou-se muito disposta a cuidar do filho, inclusive

amamentando-o ao seio.

Macabéia é personagem criada por Clarice Lispector, mulher menina, ingênua e

inocente, de uma inocência pisada segundo a própria Clarice, indefesa, sem uma visão

mais profunda de si mesma e da realidade externa, consequentemente, sem malícia. Sua

vida afetiva é precária.

Os fragmentos que seguem aconteceram imediatamente ao nascimento do bebê.

Macabéia é confrontada com as inúmeras transformações da gravidez, da experiência de

um parto e a necessidade de cuidar de alguém tão frágil quanto um bebê, quando ainda

porta a imaturidade de uma menina-adolescente. Vivemos encontros dramáticos nesse

período:

- Ah! Tô machucada! Eu estava amamentando o bebê. Chamei minha mãe pra ficar

ali, junto comigo. Fiz uma pergunta pra ela. Ela me olhou e não me respondeu. Fico muito

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brava quando ela não fala comigo. Minha irmã pulou em cima de mim e me bateu. Então

minha mãe me segurou para eu não bater na minha irmã. Me machucou muito.

De repente, por acreditar que não contava com o acolhimento que necessitava para

acolher seu bebê, Macabéia se transforma. Para ser mãe ela precisa ter a figura da mãe

introjetada. Mas, parece que não tem. Macabéia torna-se uma mulher irada; sua precária

vida afetiva é preenchida com ira.

- Meu bebê não pode mais mamar. Eu decidi não amamentar mais. Quando eu tô

brava não consigo dar de mamar... Você acredita que até meu vô me disse que eu tinha

obrigação de dar mamar pro bebê!? Eu falei para ele que ele não sabe que eu não consigo

amamentar assim.

Se ela não consegue perceber-se em maiores detalhes, alguém conseguiria?

Conseguiria fugir dessa ira? De fato, como exposto no vídeo “Olmo e a gaivota”, o corpo

que não era visto e respeitado se torna obrigatório. Talvez seja melhor se distanciar do

bebê, para poupá-lo da própria ira. A ira de Medéia.

Medéia, personagem de Eurípedes, traída e abandonada pelo amor de Jasão, é

capaz de matar os filhos que conceberam juntos para que ele sentisse a dor da perda de

um amor. Sábia, rancorosa, vingativa, cruel. Capaz de amar e odiar ao mesmo tempo, mas

incapaz de conter sua dor de rejeição e abandono pela intensidade explosiva com que essa

se apresenta. O sofrimento do outro se torna a única possibilidade de atenuar sua dor:

- Eu vou numa festa à fantasia segunda-feira que será muito legal. Eu quero ir de

Miss Simpatia. É uma moça de um filme. Ela é policial e consegue, com um chute certeiro,

tirar uma bomba que é colocada na coroa da Miss Universo, antes de explodir... E ninguém

morre ou se fere.

Como Macabeia-Medéia gostaria de ser guerreira, sábia estrategista. No entanto

parece sentir-se como Ofélia, personagem de Shakespeare. Em função de uma desilusão

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amorosa com seu amado Hamlet, Ofélia se desequilibra emocionalmente, como uma

mulher muito frágil, sem vida própria, sem foco, sem identidade.

Dias após parecendo frustrada: - A festa não foi legal. Não encontrei a fantasia de

“Miss Simpatia” que eu queria. Não curti!

Como seria um grande recurso ter a capacidade de ser outra pessoa, charmosa,

contida, elegante, potente. Quem sabe pudesse ser como a Helena de Machado de Assis!

Helena, mulher elegante, contida em suas posturas, adequada, capaz de diferenciar

as relações superficiais das profundas e lidar com elas com o devido respeito, sem

explosões. Assim sabia como se colocar frívola com os frívolos, grave com os graves, sem

vulgaridade, carregando sua jovialidade. Segundo o próprio Machado de Assis, Helena

praticava de livros a alfinetes, o que falta à Macabeia-Medeia.

Nela, é apenas um sonho. Mas um sonho que é sonhado na sala de análise com a

analista, mesmo que o resultado seja frustrante. A Psicanálise contemporânea, depois dos

trabalhos de Bion (1962), mudou a maneira de ver os sonhos e considera toda sessão de

análise como um sonho de vigília que, sonhado ainda na presença do analista, é capaz de

transformar protoemoções em emoções que ainda não haviam sido sonhadas. Tais

transformações, além de conscientizadas durante as sessões, trazem um grande alívio da

dor mental.

Medéia analisanda não tinha consciência de como luta para ser alguém capaz de

lidar com suas emoções e não precisar fazer o outro sofrer para, aparentemente, se aliviar

da dor:

-Tadinho do bebê. Ele não quer saber da mamadeira. Está dando o maior trabalho.

Muitas vezes ele procura o peito quando eu pego ele no colo. Dá um dó de ver ele sofrendo,

né! Tô tremendo sem perceber. É muito difícil não sair por aí quebrando as coisas, né? Eu

não quebro nada, mas em compensação fico muito nervosa. Vou ficar louca! Não gosto de

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pensar que o bebê possa ser rejeitado, excluído. Tadinho! Eu sei que ele já sofre. Meu bebê

não é bobo. Vai sofrer.

Mesmo sabedora do sofrimento que impinge ao filho, como Medéia, ela é capaz de

abandonar a relação mãe-bebê e fazer de seu filho um bebê sem mãe, sem pai, órfão... Um

instrumento na busca de contenção para sua loucura.

Ser rejeitada, ser abandonada à própria sorte. Como não sentir o rancor? Como não

repetir sua história? Vivências tão intensas expõem a forma dramática que o contato

psíquico humano contém. Tais situações podem soterrar a capacidade de pensar do ser

humano, e assim, mesmo na relação analista-analisando não ter a capacidade para buscar

construções que possam ser usadas como instrumento de expansão mental, sem a magia

das idealizações.

Sua família encontra uma babá, realmente uma ama, que cuida dela e do bebê dia e

noite. Alguns meses mais tarde, a jovem mãe comemora com satisfação ter conseguido

fazer uma tatuagem no pescoço com o nome do bebê. Talvez uma tentativa de conter no

corpo o que a mente ainda não consegue conter.

Considerações finais

Considerando que cada relação é limitada, não existe a possibilidade de ser

abrangente a ponto de traduzir a gama de possibilidades e a complexidade das emoções

vividas em uma sala de análise e na vida. Assim, quanto mais humano o enfoque dado pelo

analista e quanto mais pessoal a sua trajetória, tanto maior a possibilidade de desenvolver

uma parceria que leve à expansão da mente na relação que desenvolve com seus

analisandos. É antiética e antiestética a repetição de caminhos e metáforas (Nosek, 1999).

Ser e conviver com uma mulher inteira, na sua intimidade, respeitar a integração

mente-corpo existente não é uma escolha para o ser humano. Com toda sua complexidade

é tarefa árdua principalmente e até para as próprias mulheres. Muitas delas desistem dessa

empreitada e entregam-se como pequeninos bebês, a serem cuidados... Alucinadamente,

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esperam ser compreendidas e amadas, mesmo que, para isso, tenham que abrir mão da

sua identidade, da sua sexualidade, da própria vida.

Aceitar que o ser humano é corpo-mente que contém expectativas e afetos e que

ainda não sabe como lidar com tudo isso talvez seja um momento de transcendência. A

maturidade nos oferece uma bela oportunidade para tal. Relações mais íntimas ao invés de

ligações perigosas, que possam fluir dos momentos de crueza aos momentos de

exuberância e beleza que a vida contém.

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André Green. Tradução José Canelas – São Paulo: Casa do Psicólogo, 1999, p. 7-8.

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