corpo humano

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Proporções do corpo i ~ I ) ~ POR ONDE COMEÇAR No início, limite-se a fazer esboços de frente, perfil, costas e meio-perfil. Desenhe a uma distância de, no mínimo, três metros do modelo - se ficar mais perto enfrentará o problema adicional da perspectiva (escorço), que pode dificultar o cálculo das proporções. Talvez seja útil desenhar a linha do châo, para que você possa fixar melhor a posição dos pés do modelo (estes, por sua vez, indicam como o peso da figura está distribuído). Homem de frente Embora não haja duas pessoas exa- tamente iguais, é bom memorizar as proporções de um modelo' 'ideal" e tê-Ias em mente ao desenhar. A maio- ria dos artistas usa a cabeça como unidade de medida e constrói figuras com altura correspondente a cerca de oito vezes essa referência. No homem, o comprimento total do tronco equivale a três cabeças (do queixo até o púbis) e pode ser dividi- do em três partes iguais, nos mami- los e no umbigo. A coxa mede duas cabeças, assim como a canela. No ponto mais largo - os ombros - a figura "ideal" tem pouco mais de duas cabeças. Mulher de frente A figura feminina ideal também me- de oito cabeças de altura, embora se- ja um pouco mais baixa que a figura masculina "ideal" da esquerda. Há dois pontos largos - os om- bros e os quadris -, que medem aproximadamente duas alturas de ca- beça. Observe como nas duas figuras desta página os cotovelos ficam apro- ximadamente três cabeças abaixo do topo da cabeça, alinhados com o ponto mais estreito da cintura, en- quanto os pulsos ficam na linha do púbis. Note que esses alinhamentos mudam conforme o modelo desloca seu peso de um pé para outro.

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Page 1: Corpo humano

Proporções do corpo

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POR ONDE COMEÇARNo início, limite-se a fazer esboçosde frente, perfil, costas e meio-perfil.Desenhe a uma distância de, nomínimo, três metros do modelo - seficar mais perto enfrentará oproblema adicional da perspectiva(escorço), que pode dificultar ocálculo das proporções. Talvez sejaútil desenhar a linha do châo, paraque você possa fixar melhor aposição dos pés do modelo (estes,por sua vez, indicam como o pesoda figura está distribuído).

Homem de frenteEmbora não haja duas pessoas exa­tamente iguais, é bom memorizar asproporções de um modelo' 'ideal" etê-Ias em mente ao desenhar. A maio­ria dos artistas usa a cabeça comounidade de medida e constrói figurascom altura correspondente a cerca deoito vezes essa referência.

No homem, o comprimento totaldo tronco equivale a três cabeças (doqueixo até o púbis) e pode ser dividi­do em três partes iguais, nos mami­los e no umbigo. A coxa mede duascabeças, assim como a canela. Noponto mais largo - os ombros - afigura "ideal" tem pouco mais deduas cabeças.

Mulher de frenteA figura feminina ideal também me­de oito cabeças de altura, embora se­ja um pouco mais baixa que a figuramasculina "ideal" da esquerda.

Há dois pontos largos - os om­bros e os quadris -, que medemaproximadamente duas alturas de ca­beça.

Observe como nas duas figurasdesta página os cotovelos ficam apro­ximadamente três cabeças abaixo dotopo da cabeça, alinhados com oponto mais estreito da cintura, en­quanto os pulsos ficam na linha dopúbis. Note que esses alinhamentosmudam conforme o modelo deslocaseu peso de um pé para outro.

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Homem de perfilNuma figura vista de perfil, as pro­porções são essencialmente as mes­mas. Observe que a borda inferior domúsculo peitoral chega até quase me-

. tade do braço, enquanto o contornoinferior da nádega fica a uma distân­cia equivalente a pouco mais de qua­tro cabeças, a partir do topo da fi­gura - ou seja, um pouco abaixo dopúbis.

Quando o modelo dobra o braço,o cotovelo não fica na linha da cin­tura, pois sobe. Observe, também, otamanho do pé - visto de lado, seucomprimento é maior que o de umacabeça (muitos principiantes come­tem o erro de desenhá-Io menor).

Mulher de perfilA figura feminina "ideal" tambémconserva as mesmas proporções ge­rais, quando vista de perfil. Maisuma vez, você pode observar que oseio chega até quase metade do bra­ço, enquanto a parte inferior da ná­dega fica logo abaixo do ponto mé­dio da figura. Isso significa que obraço e o antebraço devem medir, ca­da um, aproximadamente uma cabe­ça e meia. Assim como na figuramasculina, o pé da figura feminina

, mede pouco mais que o comprimen­to de uma cabeça, enquanto a mãoestendida mede pouco menos queuma cabeça. A nuca e a parte poste­rior da cintura ficam na mesma linha.

D TRABALHE RÁPIDOD Avalie as proporções e desenhe omais rápido que puder, a fim decaptar o movimento e a vitalidade domodelo. Se você ficar preso adetalhes, perderá a relação da partecom o todo e também o senso deproporção. Talvez lhe convenhamarcar um limite de tempo - cincominutos, por exemplo.

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'* MARQUE AS DIAGONAISGeralmente há mais linhas diagonaisdo que verticais ou horizontaisnuma figura em pé. Isso seaplica particularmenteà coluna e aos membros, quequase nunca são "retos".

U MÃOS E PÉSD Como nossa atenção ficanaturalmente focalizada na cabeça eno tronco de uma figura, há sempreo perigo de fazer as extremidadesdesproporcionalmente pequenas.Compare o tamanho de suasmãos e pés com o de sua cabeça- verá que são maiores do queparecem à primeira vista.

Homem de meio-perfilNa posição de meio-perfil, as propor­ções horizontais tornam-se progres­sivamente mais estreitas - enquan­to as verticais continuam as mesmas.Nesta posição, os ombros medem umpouco menos que o comprimento deduas cabeças e o tronco também seestreita proporcionalmente.

Estude as proporções do braço do­brado: tanto o braço quanto o ante­braço têm aproximadamente o com­primento de uma cabeça e meia, en­quanto a mão mede pouco menosque uma cabeça. Quando o braço do­bra, o cotovelo sobe acima do pontomédio da figura e o pulso não ficamais na linha do púbis.

Mulher de meio-perfilNeste ângulo você pode ver que,quando uma perna fica dobrada e aoutra esticada, o joelho da dobradatende a cair ligeiramente. Assim co­mo na figura masculina, os pontoslargos do corpo - neste caso, os om­bros e os quadris - ficam mais es­treitos, equivalendo ao tamanho deduas cabeças.

A borda inferior do seio continuaquase na metade do braço. Note queo cotovelo fica mais ou menos na li~nha do umbigo, embora na mulherele se situe um pouco mais baixo doque no homem. Com freqüência, di­ferenças desse tipo passam desperce­bidas.

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Homem de costasVistas por trás, tanto a figura mas.­culina como a feminina apresentamas mesmas proporções que de frente- mas com algumas diferenças su­tis. As bordas inferiores das nádegasficam um pouco abaixo do ponto mé­dio da figura; j'á o púbis está a umadistância de quatro cabeças, contadasa partir do topo da figura.

A distância entre as dobras atrásdos joelhos e as dos calcanhares épouco menor que duas cabeças, emcontraste com as bordas inferioresdos joelhos, que ficam bem mais bai­xas quando a figura é vista de fren­te. A largura dos quadris equivale auma cabeça e meia.

Mulher de costasTal como na visão frontal, vistos detrás os quadris femininos têm mais oumenos a mesma largura que os om­bros - cerca de duas cabeças - eambos inclinam-se ligeiramente parabaixo quando o peso da figura se des­loca para a perna dobrada.

Note que as bordas inferiores dasomoplatas situam-se a uma distânciade duas cabeças a partir do topo dafigura. Observe, também, que em ne­nhum dos exemplos as figuras estão

-perfeitamente eretas: há sempre umdeslocamento do peso para uma daspernas, fazendo com que as partes docorpo do mesmo lado fiquem umpouco rebaixadas.

MODELOS VIVOSEm geral, nas escolas de arte háaulas de desenho nas quais umapessoa atuá como modelo, posandodespida para que os alunos possamexercitar-se no desenho da figurahumana. Se você não tem condiçõesde assistir a uma aula de desenhocom modelo vivo, experimente estasalternativas:D Forme seu próprio grupo dedesenho com familiares ou amigos,onde todos se revezarão posando.D Leve seu bloco de esboços alugares onde as pessoas usampouca roupa - piscinas, academiasde esporte, escolas de dança ecentros esportivos.

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O ângulo das omoplatassegue a direção indicadapelos braços.

De frente, a perna apresentauma sombra de contorno

sinuoso; de perfil, forma umacurva graciosa.

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kOs músculos e a gorduradas nádegas criam umaforma semelhante a umaborboleta.

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Os músculos da parteexterna do cotovelo descem

do alto do braço em direçãoao polegar. A silhueta dobraço e a do antebraçoinclinam-se em direçõesopostas.

À direita: Neste esboço, da autoria de Joseph Sheppard,o peso do modelo está distribufdo entre a perna esquerdae o braço direito. Note como o ângulo dos ombros se inclinaem direção oposta ao dos quadris, equilibrando o corpo.

Parece muito fácil desenhar uma pessoaempé:.cas diferentespartes do corpo estão da maneira como você esperava, qua­se sem escorço, e não há dificuldade em calcular as propor­ções. (Geralmente, considera-se a altura do corpo como equi­valente a oito cabeças.) Existem, no entanto, algumas regrasfundamentais que você precisa seguir à risca para que sua fi­gura realmente fique em pé. Antes de mais nada, observe bas­tante seu modelo e tente entender a pose. Em segundo lugar,verifique como o peso se distribui, tendo em mente que umapessoa fica em pé de três maneiras básicas:a) Com o peso sobre uma perna, usando a outra para estabe­lecer o equilíbrio;b) Com o peso distribuído uniformemente sobre as duaspernas;c) Com todo o peso sobre uma perna, tendo a outra le~antada.

DETALHES DOS MÚSCULOS

Figuras em pé

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ESBOCE A POSE

Desenhe primeiro a perna (C) que sustenta o peso; noteque ela forma um ângulo no centro (F) da figura, demodo que o tornozelo (I) se alinha com a cabeça. Emseguida desenhe o ângulo dos quadris (B) e indique aslinhas paralelas dos ombros (A) e dos mamilos (H), quecontrabalançam esse ângulo. Esboce a cabeça e acoluna (G) e faça a outra perna (D, E), para darequilíbrio.

TRABALHE O CORPODesenhe o contorno da figura, prestando especialatenção aos pontos onde as linhas se sobrepõem. Alterea pressão do lápis para enfatizar a forma e evitar que odesenho pareça um recorte de cartolina; lembre-se deque uma linha escura se projeta para a frente e umalinha fraca recua. Por fim, faça as sombras, variando aintensidade de modo a torná-Ia ora forte, ora difusa.

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Em busca do equilíbrioQuando o peso se distribui sobre asduas pernas, os quadris estão nivela­dos; quando o peso recai sobre umaperna, o quadril desse lado apresenta­se mais alto que o outro. Observebem isso para estabelecer o exatoequilíbrio entre ombros e quadris. Se,por exemplo, a perna esquerda sus­tenta o peso - e, portanto, o qua­dril esquerdo está mais alto que odireito --, os ombros devem incli­nar-se na direção oposta.

Uma boa maneira de calcular oequilíbrio e a distribuição do peso deseu modelo é procurar "indícios doesqueleto" na superfície: ombros, co­tovelos, mamilos, costelas, ílios, joe­lhos e tornozelos. Todas essas partesocorrem. aos pares: assim, comparan­do suas posições, você poderá enten­der a pose.

Pontos a observarEmbora a distribuição do peso sejao aspecto mais importante da figuraem pé, há outras características domodelo que você precisa identificar.A moça do desenho da página 48,por exemplo, tem uma postura sinuo­sa, que lembra o movimento de umacobra. É uma pose incomum, que va­Ie a pena registrar.

Captada a postura global, comecea analisar os detalhes. Tente visual i­zar a posição da coluna, que lhe ser­virá de eixo. Observe o ângulo dacabeça com o pescoço: o fato de omodelo estar ereto não significa queessas partes devam apresentar-se ne­cessariamente na vertical.

Por fim, adote a mesma pose domodelo, para eliminar qualquer dú­vida que ainda tenha restado.

lJápis no papelDepois que você tiver compreendidobem a pose, pode começar a dese­nhar. Olhe para a silhueta do mode­lo e faça o esboço com traços largose livres, usando muitas linhas e mo­vimentando os braços, não o pulso.Quando conseguir reproduzir os con­tornos, passe a trabalhar cada umadas áreas específicas.

Se tiver dificuldade com alguns ân­gulos, observe-os bem no modelo edepois no papel, repetidas vezes, pas­sando de um para o outro com mui­ta rapidez. Você verá que, depois defazer isso durante alguns segundos,a imagem do modelo se casará per­feitamente com seu esboço.

os OSSOS DAS COSTASCompare o esboço de mulher feitopor Joseph Sheppard com oesqueleto em pose idênticamostrados abaixo. Veja como osmúsculos e os ossos subjacentescriam formas na superfície.

Começando pelo alto da figura,note como a ponta da omoplata (A) éaparente. A espinha dorsal (8) formau,ma linha central nítida e a parteexterna da caixa torácica (C)determina o contorno do tronco. As

covinhas logo acima das nádegassão criadas pela crista pélvica (D); aparte saliente do ílio esquerdo (E) éresponsável pela reentrância nesselado. Como o peso está sobre aperna direita, o fêmur direito (F)projeta-se para fora.

OS OSSOS DA FRENTENo esboço à direita, tambémelaborado por Joseph Sheppard,outros ossos alteram a superfície,criando mais saliências e cavidades.Na cabeça, o osso do maxilar (A)determina o contorno do rosto. No

tronco, a inclinação cia clavícula (8)é evidente, assim como as ligaçõesdas costelas (C); as costelasinferiores (D) também são visíveis.O ílio (E) fica junto à pele, criandouma cavidade. Nas pernas,a rótula (F) e a gordura logo abaixoformam um "oito", e a cabeçada tíbia (G) aparece claramente.Nos braços, a ponta do cúbito (H)está saliente no pulso, no ladodo dedo mínimo, enquanto a cabeçado mesmo osso (I) forma o cotovelo_

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Mãos, braços, pernas e pésQuando se trata de trabalhar a figu­ra humana, os principiantes geral­mente procuram esconder as extremi­dades do corpo do modelo, para nãoter de reproduzi-Ias. Assim, disfar­çam os braços e pernas sob roupas,encobrem os pés em calçados, arru­mam a pose de modo a deixar asmãos fora do alcance visual.

Realmente, essas partes apresen­tam dificuldades até para artistas ex­perientes, mas, deixando-as de lado,você perde um recurso muito expres­sivo e um importante elemento dacomposição. Vale a pena exercitar-senesse aspecto até chegar às propor­ções corretas e, então, lançar-se aotrabalho com desenvoltura.

Comece pela mãoComo regra geral, lembre-se de queos dedos equivalem à metade do com­primento total da mão; a mesma me­dida corresponde à largura da mãona altura das juntas. Essas propor­ções, contudo, variam muito de in­divíduo para indivíduo. Observe bemsua própria mão e use-a como mode­lo para iniciar os exercícios. Tenhaem mente que o tamanho da mãosempre é maior do que parece e,com freqüência, iguala-se com o dacabeça.

À direita: Estudos para O martírio deSão Vital, de Federico Barocci, giz.Este esboço, jeito por um mestreitaliano do século XVI, prova quemãos e braços podem constituir ummotivo em si mesmos.

Douglas Graves, autor destesesboços, desenha o polegar porúltimo, tornando mais fácil calcularas proporções e posicionar os outrosdedos e a palma.

POR ÚLTIMO, O POLEGARA mão compõe-se de três partes ­polegar, demais dedos e palma -,que assumem aparências diferentesde acordo com seus movimentos eposições.

Em desenhos detalhados,trate as partes da mãocomo blocos. Coloqueo "esboço de blocos"sob o papel em quefazer o desenho finale use-o como guia.

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OS CONTORNOS DO BRAÇOOuando o cotovelo está dobrado,como no primeiro esboço, trêsprotuberâncias ósseas formam umtriângulo.

O segundo esboço mostra comocalcular o ângulo do cotovelotraçando duas linhas em ângulo reto.

A modelagem do braçoAo desenhar braços, tenha comoprincipal objetivo transmitir uma im­pressão de volume. Para alcançar es­se objetivo, simples contornos nãobastam: você precisa captar com pre­cisão os efeitos de luz e sombra.

Facilite o trabalho procurando"indícios" de ossos ou músculos na

superfície, como se vê na ilustraçãoabaixo.

Braço esticado, visto por trás. Mes­mo num braço feminino, os múscu­los avolumam-se ao longo de toda aparte interna.Braço esticado, visto de perfil. O vo­lume dos músculos é mais evidencia­do na parte externa do braço do quena parte interna do antebraço.Braço dobrado, visto por trás. Os os­sos do cotovelo assumem uma forma

triangular.Braço dobrado, visto de lado. Embo­ra os músculos sejam menos eviden­tes, o braço todo parece mais cheio.

Abaixo: Joseph Sheppard mostracomo modelar o braço guiando-se pordetalhes anatômicos da superjlcie.

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A estrutura do péAntes de exercitar-se no desenho dopé, procure conhecer bem sua estru­tura, analisando-a minuciosamente.

o pé visto de cimaParte externa. Note a ponte chata (a)entre a perna eo pé, e o arco (b) emcima do pé. O segundo dedo (c) é omais longo; os quatro dedos meno­res (d) curvam-se para baixo. A solapor fora (e) é chata e o osso do tor­nozelo (f) é bem centralizado.Parte interna. O dedo maior (g) temuma junta a menos que os outros, eo tornozelo (h) mostra-se mais altoque na parte externa. A sola é ar­queada (i) e a forma arredondada (j)do dedo maior apresenta uma protu­berância. Um tendão grande (I) estáligado ao calcanhar (k).Parte superior. O osso da parte inter­na do tornozelo (h) é mais alto queo da parte externa (f). Um grandetendão (b) forma uma rampa na di­reção da ponta. Note que a ponta dosdedos é mais cheia (c).

o pé visto de baixoSola. Na parte interna, formam-serugas (i) em torno da curva. A pro­tuberância (j), a parte externa (e) e ocalcanhar (k) são carnudos.

o pé visto por trásObserve a forma do grande tendão(I), do calcanhar (k) e da curva inter­na (i) e o contorno carnudo do ladoexterno (e).

À direita: Estesesboços de JosephSheppard indicamossos e músculosna superfície dopé. Os mesmos

indíciosaplicam-se aopé escorçado(à esquerda).

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A forma das pernasAs pernas apresentam grande variedade deforma e tamanho. Assim, procure distin­guir as características de cada modelo an­tes de iniciar o trabalho.

Tenha sempre em mente que o segredopara desenhar pernas está em compreenderbem a distribuição do peso: a perna quesustenta o peso do corpo invariavelmenteapresenta um aspecto distinto da que estárelaxada. Evidencie essa diferença enfati­zando os músculos tensos por meio de con­tornos mais fortes e modelagem tonal maisdefinida.

Note que as mulheres normalmente têmjoelhos para dentro, pois o ângulo entre osquadris e os joelhos é maior nelas que noshomens. Estes, em geral, têm as pernas-ar­queadas, devido ao fato de seus quadris se­rem mais estreitos.

À esquerda: No esboço de Joseph Shepparda forma da perna direita, sobre a qual recaio peso do corpo, é bem diferente da pernaesquerda, que está relaxada. Nos esboçosabaixo, o peso da figura da esquerda estádistribuído em direções paralelas entre asduas pernas; vista de perfil, a perna formaum S alongado, que vai do quadril até o pé.

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Acima: Figura cor-de-rosa,de Charles Reid, aquarela sobrepapel, 50 x 37 em.

A expressividade dos membrosPor mais precisa que seja sua técnica, você só consegui­rá tornar os membros expressivos se os abordar comoparte integrante de um conjunto vivo. Lembre-se de que,tanto quanto o rosto, os gestos, as posições, a própriapele das extremidades do corpo transmitem estados deespírito, sentimentos e emoções da pessoa.

A abordagem gestualNa pintura à esquerda, o artista Charles Reid adotou umestilo fluido, que deixa pouca margem para uma repro­dução realista dos detalhes anatômicos. Em contraparti­da, ele trabalhou cuidadosamente as proporções e linhasdos membros, fazendo-os acompanhar o resto do cor­po. Note, por exemplo, como os braços e as mãos refle­tem a inclinação relaxada do pescoço e dos quadris.

Reid também fez um mínimo de modelagem tonal, se­lecionando as sombras de acordo com a estrutura.

A abordagem realistaNo retrato abaixo, o artista hiper-realista James Valeriafez um corte na figura para conferir às mãos e aos bra­ços um papel importante na composição. Em contrastecom a pintura gestual de Reid, a concentração de Vale­ria nos detalhes em foco nítido permite-lhe explorar to­das as dobras das mãos. Estas, por sua vez, transmitema desejada atmosfera de tranqüilidade.

Abaixo: Descansando na sombra, de James Valerio, lápissobre papel, 105 x 76 em. As mãos do modelo, rieas emdetalhes, são tão expressivas quanto o rosto e transmitem,mais que outros elementos, uma atmosfera repousante.

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o corpo humanoPara fazer um bom desenho da figu­ra humana é preciso que as partes docorpo estejam nas proporções corre­tas. Isso não é tão fácil como podeparecer à primeira vista, pois nossosolhos tendem a fazer com que veja-

Figura em pé à luz do sol,de Charles Reid, aquarela sobrepapel Arehes, 45 x 37,5 em.

mos algumas partes maiores ou me­nores do que realmente são. A solu­ção é "calcular" cuidadosamente ca­da uma, usando o método de relacio­nar proporções com "lápis e po­legar" .

Os artistas costumam estabeleceras proporções usando a cabeça comounidade padrão de medida. A figura"ideal", representada na arte renas-

centista, tem altura equivalente à deoito cabeças, e as outras medidas docorpo são todas relácionadas a essamedida padrão.

Mas isso não é, de forma alguma,uma regra Jixa. Artistas que trabalha­ram com a deformação da figura hu­mana, como EI Greco, costumavamfazê-Ia com até dez cabeças de altu­ra, dando-lhe assim uma elegância

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exageradamente escultural. Na vidareal, as pessoas medem, em geral, de7 a 7,5 cabeças; se você usar essa me­dida como padrão, seus desenhosprovavelmente parecerão reais, masnão muito elegantes.

O importante é lembrar que as pro­porções do corpo adulto são basica­mente as mesmas, seja qual for o mo­delo e a maneira de desenhá-Io.

Os trabalhos aqui mostrados refor­çam esse ponto. A pintura à esquer­da é uma aquarela realizada commanchas, de forma bastante gestuale expressiva, enquanto o desenho dadireita aproxima-se mais dos padrõesanatômicos do Renascimento. Con­tudo, nos dois casos, os artistas se­guiram as regras das proporções, des­critas nas páginas seguintes.

À direita: Desenho de figura humana,de Joseph Sheppard, com detalhes dosmúsculos (abaixo). Aqui você pode veros músculos do corpo exploradoscomo uma série de formas curvasindividuais. O efeito da luz nas formasdo corpo fica mais aparente se vocêiluminar o modelo com uma únicafonte de luz forte.