corpo de homem - enapol (1)
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8/19/2019 Corpo de Homem - EnAPOL (1)
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Corpo de homemRaquel Vargas
Integrantes: Laura Darder, Analía Cross, Roberto Cueva, Gabriela Scheinestel, !ste"anía !li#alde, Lorena $o%man, Denise!ngelman, &esica Lagares'
Corpo de homem
"Formas mutatas in nova corpora" (formas mudadas para novos corpos) "Desejo dizer de formas já mudadas em novos corpos
" (Ovidio, libro I, Las metamorfosis)
(ntrodu)*o+s corpos podiam ser classi"icados com um gnero, at- "a# pouco tempo, dois, e, recentemente na Alemanha habilitou.se um
terceiro' /or sua ve#, as palavras tamb-m tm gnero' 0Como combinamos o gnero de um e outro, o das palavras e os
corpos1
/ara entrar no assunto podemos tomar uma palavra, a de 2reud, que locali#a uma e3perincia das palavras e dos corpos como conceito de (nconsciente no que se descompleta o abrochamiento entre corpo e gnero: macho4masculino no caso do tema
que nos ocupa' /rimeira quest*o, os corpos alo%am um (nconsciente' + (nconsciente - uma palavra, um conceito, n*o
qualquer, sen*o um dos conceitos "undamentais que "unda a e3istncia e a e3perincia mesma do psican5lise' A língua na que
"oi inventada a pr5tica que toma seu ponto de apoio no (nconsciente - o alem*o e nessa língua o gnero das palavras tem sua
particularidade' + neutro est5 dentro da língua alem*' De modo similar encontramo.lo no ingls com o 6it6, artigo que quase
com e3clusividade se usa para os animais e os ob%etos' 7*o - assim para o alem*o em onde h5 trs artigos: der, que se re"ere
ao masculino, die, ao "eminino e das, ao neutro' (nconsciente tem como artigo a este 8ltimo: das 9nbeusst' De maneira que
n*o di#emos + ou A sen*o + (nconsciente e %5 com a "ormula)*o do conceito se veri"ica que se3o e gnero para 2reud n*o
est*o abrochados' De maneira que no cora)*o mesmo da evidncia 2reud encontra um va#io'
A segunda ;uest*o - que o (nconsciente n*o - nem "eminino nem masculino em sua an5lise sint5tica e 2reud e3trai da
e3perincia da an5lise que no (cc n*o pode ser locali#ada a di"eren)a se3ual e todo su%eito, se%a homem ou mulher, mantmrela)*o com um operador 8nico que - o 2alo' !ste ponto - parado3al porque conquanto 2reud desabrocha a quest*o, o
conceito que locali#a como re"erente se3ual "oi considerado como masculino pelos estudiosos do gnero e tm posto nele um
assunto de poder que serviu como ponto de partida para a discuss*o p8blica do assunto se3ual'
Conclus*o: + corpo, "eminino ou masculino ou, inclusive, o terceiro habilitado recentemente .ter5 que ser veri"icado., alo%a um
(nconsciente neutro relacionado < di"eren)a se3ual e um re"erente 8nico para ambos se3os: + "alo'
Corpo de homem, tal o tema de investiga)*o, convocou.nos a uma leitura que "oi ampliando a quest*o que em um princípio
nos parecia di"ícil de abordar por meio da psican5lise' Come)amo.lo a ler e a percorrer bai3o di"erentes perspectivas e se o
prov-rbio chins - verdadeiro, que o mais escuro est5 sempre abai3o do lustre, por mais acendida e por mais lu# que tenha do
dia na pergunta que desparrama Di=genes em Atenas, ent*o - um proposi)*o que sacode o pretendidamente natural e - ent*o
um ob%eto de estudo para "a#er di#er, "a#er escutar uma d8vida'
$omem, pensamento e Corpo6A nuca - um mist-rio para o olho'6 >/aul Valer?@
omamos ambas palavras, corpo e homem, por separado' A separa)*o - a partir de uma media)*o que conhecemos na
"=rmula do "antasma com o signo, losange
B uma separa)*o especial, %5 que ambas palavras podem andar soltas, sem o 6de e6 ao mesmo tempo, - esta uma uni*o que
mais que reunir, articula' Deste modo pusemos.nos a trabalhar alguns te3tos de outras disciplinas para abordar o tema' Algo
bem como varia)es sobre o corpo de modo tal que, homem - uma varia)*o dentro de outras, ou podemos usar o neologismo
de Lacan, varit! para "a#er pesar a dimens*o de verdade nelas'
0;uais s*o as vias onde se aprende o corpo como homem, como pensamento1
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Varia)es sobre o corpo, - o título que prope ichel Serres em um ensaio' /ara Serres, o corpo pode tantas coisas nas
"5bulas que o espírito se espanta com isso' A aprendi#agem mergulha os gestos na escurid*o do corpo' A dedicatoria de seu
livro est5 "eita a seus pro"essores de gin5sio, treinadores, aos guias de alta montanha que, assegura, lhe ensinaram a pensar'
+ agradece o pensamento a outros homens' Detivemos.nos nisso'
/ensamento - oposto < adora)*o que se tradu# a partir de Lacan como um amor prim5rio, amor ao si mesmo, enquanto
pensamento introdu# ao +utro, uma adora)*o que sai do si mesmo e vai ao corpo do +utro' Veri"ica.se, assim, a puls*o que
guia o pensar' (n"erimos ent*o que a categoria homem se introdu# deste modo como pensamento como potncia segunda da
adora)*o prim5ria' + homem - um pensamento suposto ao corpo'
Costuma.se di#er que - possível pensar com di"erentes partes do corpo e em geral se imputa ao homem que ao pensar em
uma mulher, em ocasies o "a# com o =rg*o que encarna o "alo' Lacan na sua ve# pEde di#er que pensa com os p-s' Veremos
aonde leva isto'
Chegamos assim ao conceito central na hora do tema proposto: o 2alo'
&5 temos salientado o valor signi"icante do 2alo tanto para homens como para mulheres' !mbora o 2alo n*o se%a o =rg*o
masculino - um símbolo gerado a partir dele, isto - que a anatomia tem sua participa)*o na cria)*o do 2alo como signi"icante'
Como entra em %ogo a anatomia para Lacan1
Sabemos com 2reud que h5 consequncias psíquicas da di"eren)a se3ual anatEmica e o que retoma Lacan disto e distingue -
um momento preciso da anatomia, o momento da detumescncia do =rg*o que constr=i o símbolo "5lico' omento anatEmico,
se assim podemos enunci5.lo, que ilustra o 2alo como instrumento de go#o por um lado e operador da castra)*o pelo outro'
De maneira que em sua "un)*o de castra)*o, o 2alo aponta para o que "ica por "ora dele' $5 um go#o "ora do 2alo' !m sua
"un)*o de castra)*o delimita.se um campo e algo "ica "ora do mesmo' Destacam.se assim trs estatutos do 2alo, como
Signi"icante, como Signi"ica)*o e como 2un)*o'
Chegado neste ponto entendemos de modo que n*o todo o se3ual, destacamos n*o.tudo, pode ser signi"icado ou signi"icante'
Do mesmo modo que no (nconsciente n*o tudo - reprimido, no se3ual n*o tudo pode ser tradu#ido apartir do 2alo' Veri"ica.se
nesse impossível a "alha central da linguagem para atingir a nomear a anatomia se3ual e mortal e o a3ioma lacaniano que
a"irma que n*o h5 rela)*o4propor)*o se3ual'
+ sintoma - o índice, a resposta a esta "alha' $5 sintoma em plural e singular que recolhe os restos da "alta de propor)*o' $5,
no entanto, rela)*o corporal uma rela)*o que o homem estabelece com seu corpo e nessa rela)*o, o 2alo veri"ica o real do
corpo enquanto h5 o que n*o se prende a ele'
Se o homem e o pensamento podem "a#er um casal, "a#em.no apartir do sintoma que tradu# o pensamento como corpo
estranho e que tra# notícias do e3ílio se3ual de sua anatomia'
Se3o, Gnero e Se3ual
urge portanto o #uincuag!simo nono ind$cio,o supernumerário, o e%cedente &o se%ual' os
corpos so se%uados cada um dos se%os
pode ocupar o lugar do finito e o infinito"
(*ean+Luc anc-, ./ ind$cios sobre o corpo)
Destacamos o que um su%eito atormentado por sua elei)*o de go#o pEde di#er: 6ganhou.me o corpo6' /oderia se acrescentar:
como a todos, se entendemos por ganhar o ponto que toca as questes, %5 n*o do dese%o ou do amor sen*o as do go#o' As
"=rmulas do se3ual s*o esclarecedoras na hora de analisar as rela)es do su%eito com o pra#er, a rela)*o "undamental que o
su%eito tem com seu corpo e o modo em que organi#a os la)os com outros corpos' Deste %eito Lacan contribui com um
tratamento na di"eren)a dos se3os e prope um lado masculino e "eminino que se de"inem como lugares, posi)es que
assume o su%eito se%a homem ou mulher' Como 2reud, mas superando o encerro do binarismo "5lico.castrado, ser e ter, Lacan
prope um desabrochamento entre a anatomia e a se3ualidade apartir do conceito de se3ual'
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Assim, pode.se situar, apartir das "=rmulas, em um su%eito que di# habitar un corpo de homem e se sentir uma mulher ou em
um homem que veste roupas "emininas ou em uma mulher identi"icada, como no caso da Dora, com o homem, a rela)ao
corporal < que parece estar programado e ao 6"ora de programa6, que muitas ve#es percebe' B o pra#er, o modo de go#ar,
aquilo que permete se se3uali#ar'
A psican5lise orienta.se al-m da "alocracia da que se quei3am ou lamentam os te=ricos do gnero'
!m que medida concierne < psican5lise a quest*o do gnero1 !mbora se%a certo que estamos no terreio das constru)es
sociais, - tamb-m algo que "orma ou modela o que se corresponde com a teoria das identi"ica)es tal e como 2reud o e3pe
na sua 6/sicologia das assas e An5lise do eu6'
Dentro do amplo percurso das pesquisas neste terreio, tomamos alguns te3tos' Citaremos um deles, 6Vares6 >gnero e
sub%etividade masculina@ de abel Furin e (rene eler' 7o seu te3to h5 um capítulo destinado ao estudo psicoanalítico sobre
gnero, tal o título que propem, onde "a#em um percurso, para a abordagem da se3ualidade masculina, apartir do conceito de
"alo'
2alam entre outras coisas do 6mal.estar dos vares6 e pem entre aspas o assunto do enigma do "eminino "reudiano' omam a
Lacan, brevemente, s= a partir de seu te3to, 6a signi"ica)*o do "alo6' A partir destas considera)es, di#em 6- possível tomar
como ob%eto da an5lise o e3ercício da se3ualidade masculina, %5 que o magma pulsional parcial e in"antil se organi#a de modos
preestablecidos pelas representa)es coletivas a respeito de masculinidade e da "eminilidade, que, na atualidade se
encontram em um processo de muta)*o ' Apontam que 2reud se debateu inutilmente, assim o di#em, tratando de de"inir a
"eminilidade' 2altou neste caso, asseguram, a distncia necess5ria como para construir um novo ob%eto de indaga)*o' A"irmam
que o masculino e o "eminino mutaram mas essa muta)*o se cr mais verdadeira pela mudan)a dos semblantes e descuidam
o real dessas metamor"oses' udo - possível'
&'.A' iller na 8ltima classe de seu curso, 6/e)as Soltas6, re"ere que estas teorias propem substituir o conceito de identidade
pelo de identi"ica)*o e tratam o corpo se3uado a partir de uma metonímia' A re%ei)*o da met5"ora "5lica e o de suas
consequentes identi"ica)es arro%am um su%eito n*o identi"icado, preparado para tudo'
+ curso - do ano HIIJ, a oito anos do mesmo, a Alemanha introdu# um 6terceiro gnero6 legal para rec-m.nascidos a partir de
novembro deste ano' +"erecer.se.5 aos pais trs op)es para preencher o certi"icado de nascimento de seus bebs:
masculino, "eminino e em alvo' S*o casos especí"icos para verdadeiros bebs que nascem com um se3o indeterminado mas a
lei tem alcances e consequncias que transcende este assunto'
Vares, virilidades, renova)es ou permuta)es em suas aparncias seguem conservando um imut5vel 6n*o h56 que - muito
di"erente do alvo que prope a lacuna que situa no real se3ual um problema que deve ser solucionado com a assun)*o de um
su%eito que nunca possa ser considerado identi"icado, um su%eito puro processo'
Recordamos com Lacan, que se se redu#em a sua presen)a, os psicanalistas merecem que se perceba que eles n*o %ulgam
as coisas da vida se3ual nem melhor nem pior que a -poca que lhes "a# lugar'
Algumas concluses01ual ! o 2omem #ue no tem a fal2a da
linguagem por destino e o sil3ncio como
utimo rosto4 (5ascal 1uignard, O nome na ponta da lingua)
+ mito da cria)*o pe em primeiro lugar o cosmos, a nature#a' + mito di#.nos que Deus criou nesse sem limite, ao homem'
9ma por)*o mínima da nature#a e o sopro divino "abricou o corpo do homem e dele, de uma parte de seu corpo, surge o de
sua colega' + corpo do homem ent*o "oi uma esp-cie de "5brica do corpo de mulher' 2oi tamb-m a "abrica)*o de um dese%o,
de uma tenta)*o e do corpo se3ual' + homem primeiro, logo a mulher'
7o territ=rio masculino quais s*o as di"eren)as entre as insignas "5licas que armam o corpo do homem daquelas que "abricam
o "etiche do neur=tico como corpo de mulher1'
7a antiguidade, a poesia e3plicava os grandes enigmas do mundo, t*o pr=prio e alheio' A poesia, as "5bulas, os mitos "oram
apagando.se como "onte de respostas para criar outras e o surgimento da cincia n*o o podemos pensar sem essa magia das
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palavras, tamb-m mudadas' B di"ícil "a#er da palavra gnero, por e3emplo, poesia' $5 muitas palavras mais, metrose3ual,
viagra, pr=tesis''' h5 uma lista, enlistadas em um discurso que aspiram ao corpo te=rico que consiga uma cincia do real'
Recordamos uma pergunta de Lacan, 60!stamos no entanto < altura daquilo que parece que somos, pela subvers*o "reudiana,
chamados a sustentar, a saber, o ser.para.o.se3o1 7*o parecemos su"icientemente valentes para sustentar essa posi)*o'
amb-m n*o su"icientemente alegre' + qual, penso, prova que ainda n*o estamos totalmente a ponto e n*o o estamos em
ra#*o de que os psicanalistas di#em demasiado bem como para suportar sab.lo, gra)as a 2reud designam como castra)*o:
o.ser.para.o.se3o'6
B uma advertncia ent*o n*o "a#er cincia da castra)*o e daí valori#ar ou hierarqui#ar as roupagens desse rosto que - va#io'
+ (nconsciente em sua primeira "lor, como o chama Lacan pode chamar < nostalgia e uma pr5tica que se apoie nela - puro
idealismo' Sem nostalgia e sem idealismo, como de"inimos as coisas, qualquer delas' Lacan di#, atrav-s do Cratilo de /laton, o
que passa com as palavras em ocasi*o de poesia, s*o pequenas bestas que "a#em o que lhes d5 a vontade'
Algumas integrantes trou3eram respostas sub%etivas na peri"eria da cidade, o que chamamos o sub8rbios >povos no entorno da
cidade de Fuenos Aires@' !stas residentes "a# pouco quiseram uma "oto com !ric Laurent, que posou alegre e cordial %unto <
%uventude lacaniana como a chamou' !sta %uventude e tantas outras trabalham nessas "rentes onde os conceitos se pem a
tremer' 0+s semblantes masculinos destes homens s*o talve# o mesmo que para outros vares da cidade1 + "alo que deriva
do pai n*o est5 sempre pronto para usar' A contribui)*o dos casos que apresentaram situaram o risco de "icar atrapados pelo
peso da situa)*o social que padecem os corpos nestes setores da cidade e trabalham na via proposta por &udith iller quem
a"irma que: 6''' - preciso develar a estrutura na qual se est5 inserto, as determina)es socioeconEmicas, os e"eitos da mis-ria,
para restituir um espa)o no que possa ser a"irmado o dese%o do su%eito, para "a#er lugar a sua maneira particular de arran%ar
com esse real, com o +utro e seu go#e e intervir em consequncia'6
!mpalidece o (nconsciente, di# Lacan, n*o o lamenta sen*o que - ali mesmo, inclusive em seu palide#, onde se assume o
registro do vivo da pr5tica'
Assim o testemunham seus casos com os que seguem trabalhando, com esses homens cu%os corpos assumem os
camu"lagens, os dis"arces que "a#em as "estas do "alo mas que tm o Enus e3tra de dis"ar)ar a pobre#a'
!nt*o, sem "a#er cincia do real atrav-s da sociologia, a "iloso"ia, sem < nostalgia de outras -pocas do (nconsciente em "lor,
sem ao assistencialismo dos que recebem duros golpes dos tremores das normas, que nos "ica1 Recolhemos algumas ideias
no lugar de nada'
Se a puls*o tra# alguma mensagem em seu circuito - para di#er que n*o tem nenhuma possibilidade de se converter em
cincia' 2a#er uma cincia da puls*o, que tra# os ecos do corpo < toa, - uma tentativa de "a#er coerente e compreensível sua
montagem surrealista'
2a#er da puls*o poesia parece.nos mais apropriado'
Corpo de homem, apresenta.se tal quest*o para o su%eito, apresenta.se para ser deci"rado'' + sintoma voltado shintomearticula n*o s= sintoma e "antasma sen*o sintoma, "antasma e traumatismo da língua'
Corpo de homem, encontramos muitos moldes ao longo da hist=ria' /ara "a#er.se homem h5 que "a#er tanta odiss-ia, ou ser
+diseo que - o mesmo' $5 que a"astar das mulheres, mas n*o tanto, da m*e, mas seguir vener5ndo.a, dos homosse3uais, e
dos meninos todo o que se pode dissimular' B um trabalho que se apresenta como respostas nos di"erentes mapas e territ=rios
e que parece
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+utra das participantes que gosta do estudo da embriología pEde di#er com muito entusiasmo que K - de# ve#es maior que !'
B uma re"le3*o que tem ressonncias com a resposta de iresias, que pagou com um duplo castigo, perdeu seu corpo de
homem e quando o recuperou o teve, mas com um ponto cego se "e# olhada oracular'
Aceitamos que K e que !, qualquer se%a seu tamanho, se apresentem < mesa de discuss*o' Aceitamo.la porque preservamos
o pequeno 3 que sustenta um enigma'
;uando iniciamos nosso percurso recordamos que /' Sollers a"irmou que o encontro com Lacan lhe "e# notar que o corpo sai
da vo#' Arist=teles ocupa.se de pe.na em um c-lebre bilhete da /o-tica onde ele chama 6som6 >pe@ indivisível < cada um
dos elementos discretos isto - as letras. com os que se articula a vo# humana precisando que eles di"erem entre outros 6pela
"orma da boca6' Se a psican5lise - uma pr5tica para quem "ala e ouve, permitamos < vo# essa guia para corpo que sai da
boca'
Do homem, na pr5tica, recolhemos sua palavra !ncore ou em corpo'
Bibliografía
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•
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Corpo de homem&-sus Santiago
9sos "5licos e o resíduo que veri"ica o real da puls*o
Relatores: &-sus Santiago, Ana L?dia Santiago e 2ernanda +toni Frisset
Participantes: 2ernanda Costa, aria de 25tima 2erreira, usso Greco, S-rgio de Castro e Virgínia Carvalho
S*o evidentes as trans"orma)es signi"icativas ocorridas no mbito das rela)es entre os se3os' + psicanalista n*o permanece
imune apud (LL!R, MNNJ, p' MTI@' Considera.se que h5 apenassemblantes de viril, um resto de homem do lado do "para todo %" , "=rmula da igualdade do direito para todos, que tamb-m
absorve a "eminilidade no momento atual'
A desordem crescente na se3ua)*o alcan)am o que se desenha, ho%e, sob a "orma do corpo de homem, que busca se garantir
em o"ertas da cincia, em sua apropria)*o pelo discurso capitalista' /or desordem da se3ua)*o designa.se o que iller aponta
como insu"icincia em se re"erir ao bin5rio homem4mulher, como se os seres vivos pudessem, t*o nitidamente, ser repartidos
em duas classes distintas >HIMO, p' M@' Com e"eito, o que gera a di"eren)a entre os se3os - o real do go#o e n*o, os
semblantes da civili#a)*o' Segundo a orienta)*o lacaniana, admite.se que, com rela)*o a essas trans"orma)es que tm lugar
no mundo atual, - possível propugnar pela di"eren)a entre os se3os, sem cair, contudo, num "binarismo" retr=grado' +u se%a,
no en"oque analítico do corpo de homem, dispensa.se o binarismo das normas heterosse3uais sem, no entanto, recusar a
re"erncia ao go#o "5lico e a seu para al-m'
A atualidade do corpo de homem9m levantamento recente aponta, por e3emplo, um aumento signi"icativo no n8mero de homens que buscam, na medicina
est-tica, cirurgias para moldar o corpo a "ormas da moda' /or preenchimento mediante pr=teses de silicone nas panturrilhas ou
por montagem dos m8sculos do peitoral e da regi*o abdominal visam a atingir, compulsivamente, o topo desse imagin5rio e
in"lacionam o atual mercado das cirurgias est-ticas masculinas' + uso de anaboli#antes e o detalhamento obsessivo dos
e3ercícios nas "ichas de muscula)*o em academias tamb-m demonstram a preocupa)*o em modelar o corpo de homem
segundo o ideal desse imaginário falicizado, bastante distante de rotinas, tradi)es e discursos anteriormente concernentes ao
corpo viril' !n"im, a desordem instalada no campo da se3ua)*o constitui um estímulo
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de repeti)*o, normas internali#adas sob a "orma de estilo corporal, representa)*o e teatrali#a)*o p8blica' !ssas
per"ormatividades normativas tm sido inscritas nos corpos como verdades biol=gicas' as, para Futler, as di"eren)as entre os
se3os s*o, nada mais, nada menos, que uma imposi)*o dos "semblantes e artefatos" que se depreendem do sistema
dominante se3o4gnero e, por conseguinte, desconsidera inteiramente o real do go#o, que, no mbito da psican5lise, - o que
alimenta a di"eren)a entre "ser 2omem" e "ser mul2er"
Se a vida se3ual - mero produto de semblantes "abricados pela vida civili#ada, todas as "ormas de lidar com o go#o s*o, para
Futler, simples suplementos' + pnis -, do mesmo modo, um suplemento, tendo.se em vista que outro ob%eto tamb-m produ#
aquilo que supostamente deve completar' Ainda que at- possa ter alguma ra#*o ao di#er que o pnis -, igualmente,
suplemento, a "il=so"a desconhece, no entanto, como prope 2reud, que se trata de um suplemento distinto dos outros' ;uerer
estabelecer uma equivalncia estrita entre o pnis e uma pr=tese de pl5stico -, realmente, negligenciar a inter"erncia do valor
"5lico do suplemento peniano na "un)*o do dese%o e do go#o' Diante dessa tentativa de dissolver qualquer pressuposto
estruturante, para a sub%etividade, do chamado imagin5rio mor"ol=gico e anatEmico do pnis, Futler >HIIH, p' NJ@ recorre <
no)*o de "falo l!sbico" '
Featri# /reciado, uma de suas discípulas, por e3emplo, relata as suas e3perincias de into3ica)*o volunt5ria com testosterona
sint-tica, e consequentes e"eitos sobre o corpo e os a"etos' rata.se da produ)*o de um corpo e3perimental, cu%o impacto n*o
se pode calcular de antem*o' /reciado inicia a escrita do livro :esto *un;ie e%e, drogue et biopoliti#ue ap=s a aplica)*o da
primeira dose de testogel no seu corpo >/R!C(AD+, HIIT@ e relata, durante HOU dias e noites, a evolu)*o dessa e3perincia,entrecru#ando.a de considera)es político."ilos="icas e registros detalhados de pr5ticas se3uais' /or essa via, a autora
e3empli"ica a desconstru)*o de sua pr=pria sub%etividade e a"irma que toma testosterona n*o para se trans"ormar em homem,
mas para trair o que a sociedade quis "a#er dela e, portanto, para transar, para ressentir o que ela chama de pra#er p=s.
pornogr5"ico, para agregar uma pr=tese molecular < sua identidade transgnero, con"eccionada por consolos e vibradores,
te3tos e imagens em movimento' !n"im, para vingar a morte >/R!C(AD+, HIIT, p' MU@'
+ psicanalista e as desordens na se3ua)*oContrariamente ao binarismo, a se3ua)*o proposta pela psican5lise considera, tamb-m, a plasticidade do "no todo" para al-m
da di"eren)a anatEmica, ainda que conserve o princípio da di"eren)a entre os se3os concernente HIMH, p' MM@' (nsiste.se,
portanto, em que homem e mulher n*o tm apenas valor de semblante' !, nesse sentido, o "alo - um semblante que tanto no
homem quanto na mulher n*o est5 apenas re"erido ao imagin5rio do corpo viril' B por isto que no tocante ao corpo de homem,
deve.se dar todo o destaque a a"irmativa, surpreendente, de Lacan, em O int2oma, de que "o 9nico real #ue verifica o #ue
#uer #ue seja ! o falo, na medida em #ue ele ! o suporte da fun7o do significante" >HII, p' MM@' (sto quer di#er que o "alo -
um semblante que, em certas circunstncias, toca o real' +u se%a, n*o apenas desempenha a "un)*o de limitador da
in"initi#a)*o do go#o, mas tamb-m se coloca em dire)*o ao real, isto -, se mostra orientado pelo "uro da ine3istncia da
rela)*o se3ual'
!"eitos da "alici#a)*o do "eminino sobre o corpo de homem
Atento
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descortina o tempo do "todos juntos, todos iguais, da democracia" >(LL!R, MNNJ, p' MN@, em que a "orma viril do corpo de
homem apresenta sinais do pr=prio declínio' !ssa tendncia < distribui)*o igualit5ria dos semblantes contribui "ortemente para
o surgimento de diversas e3presses imagin5rias e "5licas dos corpos' 7o mbito da se3ua)*o masculina, essa mesma
tendncia do 6todos iguais" "a#.se presente mediante consequncias inestim5veis na incidncia do imagin5rio "5lico no corpo
de homem'
B a clínica da psicose que lan)a lu# sobre a inter"erncia desse imagin5rio "5lico no tratamento da in"initi#a)*o do go#o,
acarretando, muitas ve#es, "ormas de suplncia estabili#adoras' A respeito, por e3emplo, da "antasia estabili#adora de
Schreber "eria belo ser uma mul2er sendo copulada" >LACA7, MNTJ, p' @ , Lacan assinala, ainda nos anos MNJI, que "o
5residente c2reber jamais integrou Y'''Z #ual#uer esp!cie de forma feminina" >MNTJ, p'MIH@' !ssa - uma compreens*o errEnea
do que, mais tarde, se "ormula como o "empu%o+>+mul2er" Assim, o que repugnava ao narcisismo do dito /residente era a
ado)*o de uma posi)*o "eminina diante de seu pai, o que lhe implicava a castra)*o' /or isso, Schreber - algu-m que pre"ere
se satis"a#er numa rela)*o "undada no delírio de grande#a a saber que, a partir do momento que seu parceiro - Deus, a
castra)*o n*o lhe signi"ica mais nada' Adotar essa "orma grandiosa de ser a mulher de Deus consiste, portanto, como observa
Lacan, em um mecanismo de compensa)*o imagin5ria do Bdipo ausente, um "como se" lhe tivesse dado a virilidade sobre a
"orma, n*o da imagem paterna, mas do signi"icante do 7ome.do./ai >MNTJ, p' HHI@' V.se que, nessa acep)*o das psicoses, o
imagin5rio "5lico pode, arti"icialmente, assumir o valor do 7ome.do./ai'
/or outro lado, Lacan recorre ao caso clínico de auritis atan, psiquiatra que descreve a pr-.psicose de um rapa# napuberdade e como o caso so"re uma virada com rela)*o < posi)*o se3ual do %ovem' 7esse caso, evidencia.se que n*o h5
nada da ordem do acesso a algo que possa reali#ar um tipo viril' A esse %ovem "alta tudo, a"irma Lacan' !, se ele tenta
conquistar a tipi"ica)*o de uma atitude viril, isso se "a# por imita)*o, por atrelamento, na esteira de um de seus companheiros
>MNTJ, p' HHI@' !ssa compensa)*o imagin5ria sob a "orma da imita)*o do uso dos atributos "5licos inicia.se, ent*o, pela
ren8ncia
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mística revela, assim, como "no se ! for7ado, #uando se ! mac2o, de se colocar do lado AB%F%A" >LACA7, HIIT, p' TM@'
Conclui.se, ent*o, que um homem pode se situar do lado do "no todo6, ainda que o "alo se%a o que o atrapalha quanto a isso'
!ssa plasticidade do "no todo6 tamb-m interessa ao psicanalista,embora este n*o se%a um místico' ampouco se pode, em
ra#*o disso, con"erir ao analista um lugar "eminino' Como esclarece !ric Laurent n*o se trata da "emini#a)*o do analista no
sentido de convert.lo em ir-sias, mas de sua condi)*o de contrapor.se < homogenei#a)*o do mundo ao "a#er vacilar os
semblantes que apontam para a consistncia do +utro >MNNN, p' MIN@'
Lacan considera a mística uma política do go#o que subverte as posi)es se3uais instituídas pelos semblantes da civili#a)*o'
Se o corpo do místico, assim como o "eminino, e3prime uma política, isso decorre da demarca)*o do car5ter cont5vel e
locali#5vel do go#o "5lico' Ao psicanalista requer.se ir al-m do "alicismo, por mais que a virilidade, sobretudo no caso dos
homens, possa ser uma marca constitutiva da e3istncia deles' B atributo da pr5tica analítica desvelar a verdade do regime
"5lico do go#o como impotente para cernir o modo de o su%eito viver a puls*o para al-m do hori#onte "etichista da "antasia
masculina >(LL!R, HIMH, p' @' !m se tratando do corpo de homem, o "inal de an5lise "avorece viver a puls*o para al-m do
"etichismo, inscrito nos usos da "antasia 1 ! quais as consequncias para o recurso do "alo e do go#o "5lico 1
B claro que o desvelamento dessa verdade suscita a presen)a da vertente opaca do go#o "eminino, que concerne, igualmente,
ao su%eito masculino, com a condi)*o de que ele se%a um 6 no todo6"5lico' 2ala.se em opacidade na medida em que < medida
que o "inal da an5lise implica, logicamente, um indi#ível, um inomin5vel do go#o' !sse go#o que resiste < nomea)*o, Lacan,
em
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• LACA7, &' O eminário, Livro E' ou pire YMNM.MNHZ' Rio de &aneiro: ]ahar, HIMH'
• LACA7, &' O eminário, Livro GH'