coragem, persistência e um pouco de loucura

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Tiragem: 16310 País: Portugal Period.: Semanal Âmbito: Economia, Negócios e. Pág: 2 Cores: Cor Área: 27,86 x 36,70 cm² Corte: 1 de 4 ID: 37780931 03-10-2011 | Emprego & Universidades 100 mil As quatro equipas vencedoras receberam cerca de cem mil euros. E mpreendedorismo é muito mais que ter uma ideia. É, sim, levar uma ideia à realida- de, com todos os problemas, adversidades, alegrias e tris- tezas que dai vêm. A dica que daria é que para fazerem têm de aprender que falhar não é mais do que ‘feedback’”. É esta a visão de Pedro Santos, um dos empresários por trás do All- Desk, um dos projectos vencedores na segunda edição do concurso de inovação e empreende- dorismo de base tecnológica ISCTE-IUL MIT- Portugal Venture Competition, realizado em parceria com o MIT (Massachusetts Institute of Technology), o Deshpande Center for Innova- tion, a Sloan Business School e a Caixa Em- preender+, que decorreu no ISCTE-IUL. Em paralelo com a entrega dos prémios, o evento procurou trazer ao palco casos de su- cesso, nacional e internacional, no complexo e implacável mundo do empreendedorismo. Foi esse o caso de António Murta, fundador da so- ciedade de investimentos Pathena, homem com um passado que o levou desde as grandes empresas à criação dos seus próprios projec- tos. “Com a crise global, a inovação não é uma opção, é uma obrigação”, defende o empreen- dedor, que aponta aquela que considera ser ainda uma das grandes falhas na realidade portuguesa. “No MIT, a distância entre o mun- do académico e os investidores é de apenas uma estrada. Um lado e outro. É isso que falta ainda em Portugal. É isso que temos de mu- dar”, defende. As universidades de ciência e tecnologia têm uma capacidade inigualável para mudar o mundo, para melhorar a economia local onde estão inseridos, defende Edward Roberts. O director do MIT Entrepreneurship Center aconselhou Portugal também a não tentar co- piar outros modelos de fora. “Portugal não tem uma rede de capital de risco tão forte, pelo que os empreendedores devem apostar também nos governos e nas próprias universidades como fontes de financiamento”, aponta. Coragem, persistência e um pouco São estes os ingredientes para um bom empreendedor. Os quatro vencedores da 2ª edição do ISCTE-MIT Venture Competition ganham Apesar de ainda termos um longo caminho a percorrer, a grande mensagem passada no evento foi, no entanto, que há lugar a uma boa dose de esperança. “É verdade que eu sou um optimista por natureza, mas acho que estamos na direcção certa”, afirma Luís Reto, reitor do ISCTE-IUL. “Há dez anos, isto seria completa- mente impossível. Tínhamos muito pouco ‘know-how’, quer ao nível da gestão de negó- cios, quer de tecnologias. Portugal deu um sal- to enorme. Só aqui já formámos mais de 15 mil pessoas com pós-graduações em gestão”. Uma variedade de boas ideias De soluções para cozinhar, utilizando a luz so- lar, a inovadoras tecnologias para ajudar pes- soas com problemas de mobilidade. De instru- mentos de diagnóstico médico a uma aplica- ção de iPhone para amantes de golfe. A varie- dade foi a regra nas 20 propostas semi-finalis- tas da competição de empreendedorismo, das quais apenas quatro saíram galardoadas, cada uma, com os 100 mil euros do prémio final. O Grande Auditório do ISCTE-IUL recebeu, pelo segundo ano, a ISCTE-MIT Venture Competition. As universidades de ciência e tecnologia têm uma capacidade inigualável para mudar o mundo, defende Edward Roberts, director do MIT Entrepreneurship Center.

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Page 1: Coragem, persistência e um pouco de loucura

Tiragem: 16310

País: Portugal

Period.: Semanal

Âmbito: Economia, Negócios e.

Pág: 2

Cores: Cor

Área: 27,86 x 36,70 cm²

Corte: 1 de 4ID: 37780931 03-10-2011 | Emprego & Universidades

100 milAs quatro equipas vencedoras

receberam cerca de cemmil euros.

Empreendedorismo é muitomais que ter uma ideia. É,sim, levar uma ideia à realida-de, com todos os problemas,adversidades, alegrias e tris-tezas que dai vêm. A dica quedaria é que para fazerem têmde aprender que falhar não é

mais do que ‘feedback’”. É esta a visão de PedroSantos, um dos empresários por trás do All-Desk, um dos projectos vencedores na segundaedição do concurso de inovação e empreende-dorismo de base tecnológica ISCTE-IUL MIT-Portugal Venture Competition, realizado emparceriacomoMIT(Massachusetts InstituteofTechnology), o Deshpande Center for Innova-tion, a Sloan Business School e a Caixa Em-preender+,quedecorreunoISCTE-IUL.

Em paralelo com a entrega dos prémios, oevento procurou trazer ao palco casos de su-cesso, nacional e internacional, no complexo eimplacável mundo do empreendedorismo. Foiesse o caso de AntónioMurta, fundador da so-

ciedade de investimentos Pathena, homemcom um passado que o levou desde as grandesempresas à criação dos seus próprios projec-tos. “Com a crise global, a inovação não é umaopção, é uma obrigação”, defende o empreen-dedor, que aponta aquela que considera serainda uma das grandes falhas na realidadeportuguesa. “NoMIT, a distância entre omun-do académico e os investidores é de apenasuma estrada. Um lado e outro. É isso que faltaainda em Portugal. É isso que temos de mu-dar”, defende.

As universidades de ciência e tecnologiatêm uma capacidade inigualável para mudar omundo, para melhorar a economia local ondeestão inseridos, defende Edward Roberts. Odirector do MIT Entrepreneurship Centeraconselhou Portugal também a não tentar co-piar outrosmodelosde fora. “Portugal não temuma rede de capital de risco tão forte, pelo queos empreendedores devem apostar tambémnos governos e nas próprias universidadescomo fontes de financiamento”, aponta.

Coragem, persistência e um poucoSão estes os ingredientes para um bom empreendedor. Os quatro vencedores da 2ª edição do ISCTE-MIT Venture Competition ganham

Apesar de ainda termos um longo caminhoa percorrer, a grande mensagem passada noevento foi, no entanto, que há lugar a uma boadose de esperança. “É verdade que eu sou umoptimista por natureza,mas acho que estamosna direcção certa”, afirma Luís Reto, reitor doISCTE-IUL. “Hádez anos, isto seria completa-mente impossível. Tínhamos muito pouco‘know-how’, quer ao nível da gestão de negó-cios, quer de tecnologias. Portugal deu um sal-to enorme. Só aqui já formámosmais de 15milpessoas compós-graduações emgestão”.

Umavariedadedeboas ideiasDe soluções para cozinhar, utilizando a luz so-lar, a inovadoras tecnologias para ajudar pes-soas comproblemas demobilidade. De instru-mentos de diagnóstico médico a uma aplica-ção de iPhone para amantes de golfe. A varie-dade foi a regra nas 20 propostas semi-finalis-tas da competição de empreendedorismo, dasquais apenas quatro saíram galardoadas, cadauma, comos 100mil euros doprémio final.

OGrande Auditório do ISCTE-IULrecebeu, pelo segundo ano, aISCTE-MIT Venture Competition.

As universidadesde ciência etecnologia têmuma capacidadeinigualável paramudar o mundo,defende EdwardRoberts,director do MITEntrepreneurshipCenter.

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Tiragem: 16310

País: Portugal

Period.: Semanal

Âmbito: Economia, Negócios e.

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Cores: Cor

Área: 27,16 x 37,09 cm²

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15 milO ISCTE-IUL já formoumaisde 15 mil pessoas em gestão.

de loucuracem mil euros para ajudar a concretizar as suas ideias de negócio.

Paula Nunes

Foi esse o caso com aMediaOmics, que nas-ceu com o propósito de tentar revolver o pro-blema da baixa produtividade na produção debioterapêuticos. ParaRuiOliveira, umdos res-ponsáveis pelo projecto, é fundamental com-preender o risco associado a qualquer tentati-va de rentabilizar uma solução inovadora. “Porisso, nesta fase do nosso projecto, estamos atentar, na medida do possível, mitigar algunsdesses riscos até um nível que seja aceitávelpara nós e para potenciais investidores”, expli-ca o empreendedor, que não deixa de salientara importância de ter um “plano B, já que namaioria dos casos, apesar de todos os cuidados,há sempre surpresas”.

É preciso ter “perseverança e acreditar noproduto, independentemente dos obstáculosque encontrem”, defende Carlos Rosário, daIsGreen, que saiu vencedora na competiçãocoma suaGreenLampC&C, umsistema inteli-gente de iluminação que monitoriza a quanti-dade de luz necessária para cada espaço, con-forme esteja ou não a ser utilizado e a entrada

de luz natural. Para o responsável da empresa,embora o reconhecimento pela equipa doMITe pelo júri da competição seja uma vitória sópor si, “a visibilidade do ISCTE /MIT VentureCompetition é, também,umbenefício tanto aonível de acesso a clientes como a nível de aber-tura demercados externos”.

Essa intenção de abertura ao mercado glo-bal vive naturalmente nos projectos fundadosnas possibilidades da Internet. Projectoscomo o Musikki, um motor de busca musicalque procura reunir automaticamente numa sópágina toda a informação sobre uma qualquerbandaoumúsica quepesquisemos.Ainda adaros primeiros passos nomundo do empreende-dorismo, os responsáveis do projecto já têm,no entanto, uma ideia das dificuldades que oesperam. “Embora ainda tenhamos pouca ex-periência e um longo caminho pela frente, pa-rece-nos imprescindível uma boa dose de per-sistência, um pouco de loucura e uma equipaque trabalhe na mesma frequência de onda”,defende JoãoAfonso.■ Pedro Quedas

PROJECTOS VENCEDORES

MediaOmicsResolver o problema da baixaprodutividade na produção debioterapêuticos é o grande objectivoda MediaOmics, vencedora nacategoria de “Life Sciences” econstituída por Rui Oliveira, AntónioDinis, JoãoDias, NunoCarinhas, FilipeAtaíde e Ana Ferreira. “A nossa soluçãobaseia-se numa plataformaproprietária que utilizamos paradesenvolver meios de cultura de altaperformance que permitem aumentar a produtividade na produção debioterapêuticos de forma significativa”, explica Rui Oliveira. “O nosso objectivo évender meios de cultura e prestar serviços de desenvolvimento à medida à indústriafarmacêutica”. Terminada a fase de protótipo, a equipa está a iniciar agora a fase finaldo desenvolvimento do seu primeiro produto, que deverá estar concluída no 2ºtrimestre de 2012.

GreenLamp“A GreenLamp Comando & Controloé um sistema inteligente deiluminação para todo o tipo delâmpada, que monitoriza ascondições locais de ocupação e luznatural, variando em contínuo a luzfornecida na quantidade necessária,onde e quando precisa”, descreveCarlos Rosário, que, em conjuntocom Jaime Sotto-Mayor, forma aIsGreen, equipa que ganhou, oprojecto GreenLamp, na categoria de “Sustainable Energy & TransportationSystems”. A GreenLamp já passou a fase de projecto e é já um produto emcomercialização, por exemplo, no novo hospital da Guarda ou em escolas emEspanha, Itália, Roménia e Bulgária. A IsGreen vai alargar a sua comercialização anível Ibérico até ao final do ano, com o norte da Europa e posteriormente osEstados Unidos em 2012.

All-DeskO conceito por trás do projecto All-Desk, vencedor na categoria de “IT &Web”, partiu do objectivo de conseguirumamaior flexibilidade no local detrabalho e rentabilizar espaçossubutilizados. “Por exemplo, umaempresa de design localizada nocentro de Lisboa que tem duas ou trêssecretárias livres, pode ter pessoas aalugar essas mesas para trabalhar. Oobjectivo é que os trabalhadoresachem o sítio mais conveniente para eles naquele momento, enquanto queempresas ganham uma forma de rentabilizar os seus espaços”,aponta Pedro Santos,um dos responsáveis do projecto, juntamente comMarcoAbreu, FernandoMendes,Rui Aires e Pedro Magalhães. O All-Desk encontra-se, de momento, a correr em fase“beta”, mas em comercialização, sendo já possivel alugar mesas em vários pontos dopaís. Está para breve o início do processo de expansão da rede internacionalmente.

MusikkiOMusikki é ummotor de buscamusical. A essência do seu método defuncionamento não deve serconfundida, no entanto, com o doGoogle. “Os resultados de umapesquisa no Musikki não são várioslinks para diferentes locais”, revelaJoãoAfonso, que, com Juliana Teixeirae Pedro Almeida, forma a equipa portrás do projecto que saiu vencedor nacategoria de “Products & Services”. “Osdados são recolhidos, estruturados e apresentados ao utilizador numa única páginade resultado. Com apenas um clique, o utilizador obtém, entre outros conteúdos, abiografia, discografia, vídeos, fotografias e agenda de concertos, criando um perfildinâmico domúsico ou banda”, aponta. O projecto (activo na páginawww.musikki.com) encontra-se de momento em fase “beta”, estando a equipa doMusikki a trabalhar numa nova versão, enquanto continua a reunir investimento.

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Pau

loFigueiredo

Conheça os segredos para serum empreendedor de sucesso

Os quatro vencedores da competição de empreendedorismo ISCTE-MIT Venture Competitiondesvendam a receita do seu sucesso. Cada um recebeu um prémio de cem mil euros. P.2 E 3

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