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Cora Coralina (1889 – 1985)

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Cora Coralina (1889 – 1985). Saber Viver - PowerPoint PPT Presentation

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Page 1: Cora Coralina (1889 – 1985)

Cora Coralina(1889 – 1985)

Page 2: Cora Coralina (1889 – 1985)

Saber Viver

Não sei... Se a vida é curta Ou longa demais pra nós,

Mas sei que nada do que vivemos Tem sentido, se não tocamos o coração das

pessoas.

Muitas vezes basta ser: Colo que acolhe,

Braço que envolve, Palavra que conforta, Silêncio que respeita, Alegria que contagia, Lágrima que corre, Olhar que acaricia, Desejo que sacia,

Amor que promove.

E isso não é coisa de outro mundo,

É o que dá sentido à vida. É o que faz com que ela

Não seja nem curta, Nem longa demais,

Mas que seja intensa, Verdadeira, pura... Enquanto durar

Page 3: Cora Coralina (1889 – 1985)

Mascarados

Saiu o Semeador a semearSemeou o dia todo

e a noite o apanhou aindacom as mãos cheias de sementes.

Ele semeava tranquilosem pensar na colheita

porque muito tinha colhidodo que outros semearam.

Jovem, seja você esse semeadorSemeia com otimismoSemeia com idealismo

as sementes vivasda Paz e da Justiça.

Page 4: Cora Coralina (1889 – 1985)

Humildade

Senhor, fazei com que eu aceite minha pobreza tal como sempre foi.

Que não sinta o que não tenho. Não lamente o que podia ter

e se perdeu por caminhos errados e nunca mais voltou.

Dai, Senhor, que minha humildade seja como a chuva desejada

caindo mansa, longa noite escura numa terra sedenta

e num telhado velho.

Que eu possa agradecer a Vós, minha cama estreita,

minhas coisinhas pobres, minha casa de chão,

pedras e tábuas remontadas. E ter sempre um feixe de lenha debaixo do meu fogão de taipa,

e acender, eu mesma, o fogo alegre da minha casa

na manhã de um novo dia que começa

Page 5: Cora Coralina (1889 – 1985)

Muitas vezes basta ser: colo que acolhe,

braço que envolve, palavra que conforta, silêncio que respeita, alegria que contagia,

lágrima que corre, olhar que sacia,

amor que promove.

E isso não é coisa de outro mundo: é o que dá sentido à vida.

É o que faz com que ela não seja nem curta, nem longa demais,

mas que seja intensa, verdadeira e pura...

enquanto durar.

NÃO SEI...

Não sei... se a vida é curta...Não sei... Não sei...

se a vida é curta ou longa demais para nós.

Mas sei que nada do que vivemos tem sentido,

se não tocarmos o coração das pessoas.

Page 6: Cora Coralina (1889 – 1985)

POEMINHA AMOROSO

Este é um poema de amor tão meigo, tão terno, tão teu...

É uma oferenda aos teus momentos de luta e de brisa e de céu...

E eu, quero te servir a poesia

numa concha azul do mar ou numa cesta de flores do campo.

Talvez tu possas entender o meu amor. Mas se isso não acontecer,

não importa. Já está declarado e estampado

nas linhas e entrelinhas deste pequeno poema,

o verso; o tão famoso e inesperado verso que

te deixará pasmo, surpreso, perplexo... eu te amo, perdoa-me, eu te amo...

Page 7: Cora Coralina (1889 – 1985)

Eu sou a grande Mãe Universal.Tua filha, tua noiva e desposada.

A mulher e o ventre que fecundas.Sou a gleba, a gestação, eu sou o amor.

A ti, ó lavrador, tudo quanto é meu.Teu arado, tua foice, teu machado.

O berço pequenino de teu filho.O algodão de tua veste

e o pão de tua casa.

E um dia bem distantea mim tu voltarás.

E no canteiro materno de meu seiotranqüilo dormirás.

Plantemos a roça.Lavremos a gleba.

Cuidemos do ninho,do gado e da tulha.

Fartura teremose donos de sítiofelizes seremos.

O CÂNTICO DA TERRA 

Eu sou a terra, eu sou a vida.Do meu barro primeiro veio o homem.De mim veio a mulher e veio o amor.

Veio a árvore, veio a fonte.Vem o fruto e vem a flor.

Eu sou a fonte original de toda vida.Sou o chão que se prende à tua casa.

Sou a telha da coberta de teu lar.A mina constante de teu poço.

Sou a espiga generosa de teu gadoe certeza tranqüila ao teu esforço.

Sou a razão de tua vida.De mim vieste pela mão do Criador,e a mim tu voltarás no fim da lida.

Só em mim acharás descanso e Paz.

Page 8: Cora Coralina (1889 – 1985)

MÃE 

Renovadora e reveladora do mundo A humanidade se renova no teu ventre.

Cria teus filhos, não os entregues à creche. Creche é fria, impessoal.

Nunca será um lar para teu filho.

Ele, pequenino, precisa de ti. Não o desligues da tua força maternal.

Que pretendes, mulher? Independência, igualdade de condições...

Empregos fora do lar? És superior àqueles que procuras imitar. Tens o dom divino

de ser mãe Em ti está presente a humanidade.

 

Mulher, não te deixes castrar. Serás um animal somente de

prazer e às vezes nem mais isso.

Frígida, bloqueada, teu orgulho te faz calar.

Tumultuada, fingindo ser o que não és.

Roendo o teu osso negro da amargura.

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* Carlos Drummond de Andrade sobre Cora Coralina

"Minha querida amiga Cora Coralina: Seu ‘Vintém de Cobre’

é, para mim, moeda de ouro, e de um ouro que não sofre as

oscilações do mercado. É poesia das mais diretas e comunicativas que já tenho lido e amado. Que riqueza de experiência humana, que sensibilidade especial e que lirismo identificado com as fontes

da vida! Aninha hoje não nos pertence. É patrimônio de nós

todos, que nascemos no Brasil e amamos a poesia (...)"

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“O jornal A Rosa era impresso em papel cor-de-rosa e no cabeçalho

com o nome, trazia uma rosa, desenhada em preto e branco, aliás, no preto a cor-de-rosa,

porque o jornal era cor-de-rosa”

“ROSA é orgam litterario e tem por fim o único e exclusivo

desenvolver as bellas lettras em nosso meio”

* palavras de Cora Coralina

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