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O presente documento de investigação é um objecto de consciencialização crítica sobre o download legal e ilegal de música e uma análise acerca do comércio da indústria fonográfica, mais especificadamente a empresa CDgo – loja de música da cidade do Porto.

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“Copia-me” é um projecto com

relevância social, cultural e comercial,

que pretende criar debate sobre

o download legal e ilegal de música,

numa sociedade de consumo

e de disseminação da informação.

O presente documento de investigação é um objecto de consciencialização crítica acerca desta problemática e uma análise sobre o comércio da indústria fonográfi ca, mais especifi cadamente a empresa CDgo – loja de música da cidade do Porto.

INTRO

Esta contribuição do Design de Comunicação não surge de uma solicitação da empresa, mas de um resultado de percepção do mercado, de modo a responder de forma original e sustentada, revelando uma atenção peculiar como Designer e como Música.

Graciela Coelho

“Copia-me” é um projecto com

relevância social, cultural e comercial,

que pretende criar debate sobre

o download legal e ilegal de música,

numa sociedade de consumo

e de disseminação da informação.

O presente documento de investigação é um objecto de consciencialização crítica acerca desta problemática e uma análise sobre o comércio da indústria fonográfi ca, mais especifi cadamente a empresa CDgo – loja de música da cidade do Porto.

INTRO

Esta contribuição do Design de Comunicação não surge de uma solicitação da empresa, mas de um resultado de percepção do mercado, de modo a responder de forma original e sustentada, revelando uma atenção peculiar como Designer e como Música.

Graciela Coelho

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Page 5: Copia-me o livro

ÍNDICE

copia-me o projecto 5 copia-me o postal 9 copia-me a opinião 13 copia-me no facebook 29 copia-me no wordpress 39 copia-me o notebook 43 copia-me o livro 63

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A CDgo teve início em 1978, numa loja do Centro Comercial de Cedofeita, no Porto, com a designação de JoJo’s Music, transferindo-se em 1999 para a Rua de Cedofeita – instalações actuais – num edifício tradicional do século xx de três pisos, com auditório, uma sala vintage, e a respectiva loja.

Os produtos disponibilizados desde o início da sua fundação, no comércio de música, foram os discos de vinil e cassetes, e mais tarde os CDs, DVDs e SACDs. Para além da loja de música, a empresa, em 1998, pensou em desenvolver um site de comércio electrónico – www.jojomusic.com. Só em Dezembro de 2003 foi lançada a marca CDgo, em simultâneo com a apresentação da 3ª versão do site. Nesta época, a componente de vendas online ultrapassou a das vendas na loja, e, assim, a empresa transitou de um mercado local para um mercado nacional e, recentemente, internacional. A CDgo preocupa-se em apresentar um site como um instrumento de fácil navegação e pesquisa, pela grande quantidade de informação disponível – oferta de produtos e serviços.

COPIA-MEo projecto

Para assegurar o seu sucesso e fidelizar o público, a CDgo investe neste canal de comercialização, introduz novas funcionalidades, e dispõe títulos difíceis de encontrar em empresas concorrentes.

A diversificação decorre, também, pela aposta em actividades complementares, como a organização de exposições e concertos, e pela oferta adicional de livros e revistas.

Contudo, com a crescente utilização de tecnologias digitais e com a Internet, os modos de distribuição e consumo de música são, maioritariamente, de acesso directo e utilizado de forma ilegal.

Surgem novos media, como o mp3, mp4, ou mesmo o iPod, e o CD torna-se obsoleto. A compra de música online tem movimentado o mercado na Internet. A Apple, desenvolveu um software de reprodução de áudio, o iTunes, compatível com computadores de sistemas operacionais Mac OS x e Windows. O iTunes contém um componente, o iTunes Store, pelo qual os usuários podem comprar arquivos digitais, como músicas.

Nesta era da mobilidade da informação, que já não está fechada num suporte material, perde-se um símbolo cultural, digno de menção, como o Vinil.

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Estas transformações exercem influência na opinião em relação ao download de música na Internet. Opiniões, estas, diferentes entre consumidores, músicos, editoras, entre outros. A verdade é que cada vez mais existe uma tendência de disponibilização do trabalho do próprio artista, para conseguir introduzir-se no mundo da música.

Reflectiu-se que, adoptando novamente o Vinil como formato principal de distribuição de música, seria uma adequada aposta comercial e uma forma de revivalismo e valor à música enquanto suporte material.

Note-se que o disco de Vinil não é um formato que estimula a pirataria e, para além disso, é uma peça gráfica agradável, considerada um artigo de luxo/colecção – capas com um grande volume de informações sobre o álbum, os pormenores da ilustração, fotografia, tipografia.

Após esta análise, pensou-se na edição de um Vinil como objecto de motivação para o debate sobre esta problemática.

“Este álbum contém músicas

que podem ser duplicadas ou reproduzidas

livremente Autorizado pelo

Decreto-lei n.º 63/85, de 14

de Março. Artigo 31º)”.

Existem músicas que já não têm direitos

de autor, nem de reprodução. Refere o artigo que “o direito

de autor caduca, 70 anos após a morte

do criador, mesmo que a obra só tenha

sido publicada ou divulgada

postumamente”. C

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Eo projecto

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Num objecto que significa, intelectualmente, o incopiável, o conteúdo pode ser copiado. Copiar o que já é de todos revela a ironia pretendida para debate.

O design desta edição em vinil foi desenvolvido, de forma manual, em papel milimétrico, para que possa ser reproduzido facilmente. As cores foram alteradas para o seu inverso, de forma a obter mais contraste e robustez.

O álbum seria distribuído gratuitamente, a nível nacional, com o apoio da CDgo, não apenas para criar discussão e reflexão sobre o download legal e ilegal de música, mas também promover um debate a ser realizado,

posteriormente, no auditório da loja, com músicos, editoras, críticos, entre outros.

“Copia-me!”

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Apostou-se na divulgação do projecto, com a criação de um blogue – no serviço WordPress.com – e de uma página comunitária na Rede Social Facebook, de forma a obter proveito sobre “O Poder do Efeito Viral”.

O projecto foi proposto na CDgo, no dia 22 de Maio de 2010, onde foram detectados alguns contratempos. Era possível, apenas, a reprodução de um exemplar do Vinil. Visto que a edição seria distribuída gratuitamente, implicava alguns gastos monetários não oferecendo consideráveis vantagens à CDgo.

Após a verificação deste obstáculo, pensou-se em desenvolver o livro “Copia-me” que reúne um conjunto de testemunhos e expressões individuais – sobre a pirataria, os direitos de autor, a disponibilização gratuita de músicas pelos próprios autores, e o retorno do vinil como uma estratégia comercial, visto que o cd já não contempla – com um artigo de opinião e com a pro-actividade do público que aderiu ao projecto na Rede Social Facebook. Para além de ser um livro que não exige grande dispêndio na sua reprodução, torna-se um objecto de divulgação da empresa CDgo, de consciencialização sobre esta problemática, (que serve como guia de alguns aspectos/opiniões a ter em consideração no dia do debate) funcionando, também, como notebook.

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COPIA-MEo postal

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COPIA-MEo postal

Deverão as pessoas ter acesso a uma obra como forma de conhecimento e participação activa, cultural e crítica na sociedade?

“Sou filosoficamente contra o próprio conceito de direito de autor em qualquer arte. Aceito receber direitos de autor porque é a única forma possível, embora desviada, de a comunidade me permitir usar o meu tempo a inventar mais canções. Mas, salvo em casos de utilizações comerciais, ou para fins lucrativos privados, nunca me servi dos direitos de autor para autorizar ou deixar de autorizar. As minhas canções saem de casa como os filhos, e vão à sua vida.

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Usem-nas como quiserem, as acções ficam para quem as pratica, a comunidade que assuma a crítica.” José Mário Branco

Este postal foi desenvolvido com base na opinião de José Mário Branco, em que refere que “as canções são como filhos: geram-se, nascem, crescem e depois vão à sua vida.” Quis-se representar na ilustração, o poder e velocidade da reprodução – os filhos, mais rebeldes, que querem rapidamente sair de casa e aqueles que se apaixonam, casam e têm filhos, e assim por diante. A vantagem dos postais é que dispensam do uso do envelope tornando a correspondência simples e barata, e, por esse motivo, foi escolhido como suporte gráfico para difusão de informação.

O postal será distribuído em locais públicos adequados para o efeito, como escolas, cafés e salas concerto.

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COPIA-MEa opinião

Os testemunhos que prestaram opinião, foram seleccionados conforme o seu perfil – formação e trabalho – e, na maioria dos casos, pela adesão ao projecto Copia-me na Rede Social Facebook, sendo, de igual forma, analisado o seu perfil.

Durante o processo de comunicação com os testemunhos, surgiram algumas dificuldades pela pouca disponibilidade em desenvolver um artigo de opinião.

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Foram comunicados, via email, cerca de 50 possíveis testemunhos, individuais e colectivos, 12 responderam ao contacto. Dentro do prazo estipulado, apenas 5 deram opinião.

Foi pertinente e fundamental o trabalho de campo, com o intuito de recolher e ter conhecimento de diversas opiniões críticas, de modo a obter uma reflexão sobre a problemática analisada neste projecto.

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“A minha opinião seria apenas a de uma pessoa que ouve música, não estou de forma alguma envolvida no processo de produção musical. No fundo, sou aquilo a que gostam de chamar de consumidor - embora não perceba bem essa visão utilitária do objecto cultural e artístico. Existem músicos com visões bastante interessantes sobre esse tema: Adolfo Luxúria Canibal (dos Mão Morta) e José Mário Branco.

O download tido como ilegal não considero como um problema. Problema é existir cada vez mais aquilo a que chamamos de produtos culturais, como se a cultura e a arte fossem mero entretenimento e que, como todo e qualquer produto, deve-se pagar para se usufruir dele (eu acho que pagar seja o que for é um mau princípio, mas vivemos numa sociedade capitalista e entrar com demasiado Marx faria com que entrássemos no campo do hipotético - e a CDgo quer lá saber do Marx para alguma coisa). Ora bem, a arte – como objecto que reflecte uma necessidade de um autor mudar qualquer coisa neste mundo – não pode ser encarada como produto para consumo, mas sim como algo que é fundamental, necessário e, por isso mesmo, deve estar totalmente disponível para toda a população.

No fundo, não me interessam novas formas de explorar o mercado. Interessa-me que deixe de existir mercado.”

“VIVEMOS NUMA SOCIEDADE CAPITALISTA.”

Referências

Adolfo Luxúria Canibal; José Mário Branco. Karl Marx.

Download

YOURI PAIVA

Idade 25 anos Naturalidade Roterdão, Holanda Localização actual Lisboa, Portugal

Formação Licenciatura em História na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa; Curso de Fotografia no Ar.Co - Centro de Artes e Comunicação Visual; Curso de Fotografia no MEF - Movimento Expressão Fotográfica.

Ocupação Fotógrafo e Estagiário na Associação Casa da Achada – Centro Mário Dionísio.

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“Como me parece fácil de perceber, para o

autor é extremamente vantajoso ver a sua

obra difundida de maneira a conseguir

chegar (ou seja, ser efectivamente

ouvida) a um público à escala mundial,

como contrapartida vê-se despido de

remuneração por parte da pessoa que entra em contacto com a

sua criação. Não fosse o facto desta

escolha não poder ser feita pelo autor (apesar

de algumas vezes o ser) e esta situação

não me pareceria tremendamente

injusta.

ARTUR MOREIRA

Idade 26 anos

Naturalidade Porto, Portugal

Localização actual Amesterdão, Holanda

Formação Licenciatura

em Engenharia Civil; Certificado em Estudos de Jazz – New England Conservatory, Boston.

Ocupação Eng. Civil e Músico

“ESTA SITUAÇÃOENVOLVE UMA

MUDANÇA DO PARADIGMA

DA INDÚSTRIA MUSICAL.”

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Por outro lado, dentro dos agentes envolvidos, o que soma mais perdas será a parte das editoras que vêm os seus lucros muitíssimo minorados sem a existência de nenhuma contrapartida, ao contrário do autor que vê a difusão da sua obra aumentar de tal maneira que muitas vezes os lucros provenientes dos concertos,

que de outra maneira seriam impossíveis, compensam o pouco que já recebia com a venda dos Cds.

Tendo isto em mente acho que convém reflectir sobre se esta situação envolve uma mudança do paradigma da indústria musical (de direcção inversa à mudança introduzida quando a música começou a ser difundida de maneira física pelas editoras) ou se realmente existe um retrocesso em relação à maneira como a autoria de uma obra

de arte é vista e remunerada. Pela minha parte creio que é muito mais uma mudança de paradigma...”

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“Há alguns anos atrás podíamos gravar programas de TV para ver mais tarde, podíamos gravar as nossas músicas para ouvir no walkman, e isso era normal. Agora, chama-se pirataria!

Ao invés do que nos querem fazer crer, a ‘guerra’ da pirataria na internet não é travada entre os artistas e os ‘piratas’, é uma guerra entre as editoras e os

‘piratas’. A questão fulcral da pirataria, é uma questão de comodismo, de falta de querer acompanhar a evolução tecnológica e social por parte das editoras que têm o seu sistema de obtenção

“FONTE DE PROGRESSO E GLOBALIZAÇÃO”

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MIGUEL QUEIRÓS

Idade 31 anos Naturalidade Vale de Cambra, Portugal Localização actual Vila Nova de Gaia, Portugal

Formação Licenciatura em Arquitectura na Escola Superior Artística do Porto (ESAP).

Ocupação Arquitecto na EVA | evolutionary architecture.

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de lucros astronómicos montado e se recusam a actualizá-lo. O sistema de venda de música tradicional ‘faliu’, é um facto, há que acordar!

As editoras têm de deixar de ver a pirataria como um inimigo, e olhá-la como fonte de progresso e de globalização. É facilmente observável que o valor de um artista ‘aumenta’ graças à difusão que obtém com a pirataria, porque não rentabilizar esse valor acrescentado em concertos, merchandising, entre outros, descentrando a fonte de lucro principal do produto

em si e ir buscá-lo a serviços associados. Enquanto as editoras não mudarem de atitude, a ‘guerra’ vai continuar, ainda mais que os piratas não sentem que estejam a cometer nenhuma ilegalidade devido aos lucros astronómicos obtidos pelas editoras que não chegam aos artistas, e medidas como a do governo francês que visam penalizar os internautas que não controlem o acesso de terceiros aos seus computadores, só servem para exaltar os ânimos.”

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TIAGO ESTEVES

Idade 31 anos Naturalidade Barcelos, Portugal Localização actual Londres, Reino Unido

Formação Licenciatura em Direito na Universidade de Coimbra; Licenciatura em Música Comercial na Universidade de Westminster.

Ocupação Membro e fundador do projecto Katzgraben e do projecto The Sound of Places (TSOP).

“ANEXO DE CAUSALIDADE”

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“ANEXO DE CAUSALIDADE”

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“Poder-se-ia aqui discutir infindáveis tópicos sobre aquilo que mais ‘preocupa’ a indústria musical mundial e os seus alicerces já corroídos e enferrujados. É uma indústria em crise, em decadência visível, a espingardar mecanismos inócuos sobre direitos de autor, pirataria e o milagre do aparecimento de um novo formato que venha consentir o ‘controlo’ que o digital vulgar mp3 não permite. O mais impressionante é que ainda não percebeu (ou não quer perceber) que a era digital já aniquilou um negócio de décadas, leitmotiv da globalização da música pop, e termómetro de estratégias comerciais que de artístico têm muito pouco. Nada que não fosse previsível. Primeiro, veio o CD, o formato perfeito, que destruiu o supremo vinil, o último prazer analógico. Depois, após inúmeras tentativas de encontrar um formato áudio ainda mais perfeito (blu-ray, dvd-audio, etc), o formato

não físico acabou por se tornar a referência de praticabilidade e o alimento de um novo objecto – o leitor de mp3 ou ipod. Por outro lado, essa mesma ‘revolução’ digital veio trazer estúdios caseiros para dentro dos quartos e uma corda para o pescoço das grandes editoras, grandes produtoras, grandes estúdios. Tudo se tornou mais acessível e mais democrático.Não vale a pena tentar analisar aqui todos os pormenores. Seria tarefa impossível para tão poucas palavras. O que importa dizer é que se vive hoje uma mudança inevitável de formas de ouvir, editar, gravar e partilhar música.

Pouco relevante será discutir legalidades de partilhas de ficheiros, inventar ‘perseguições a piratas’ de forma repressiva e ineficaz, criar novas leis que venham preencher lacunas impossíveis. Toda a gente sabe (ou deveria saber) que os direitos de autor são de uma complexidade única, até que por para a sua existência imaterial precisam de visibilidade, tacto, de um suporte físico qualquer que venha dar-lhes relevância não só jurídica mas também cultural, artística e social.

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Colocam-se hoje inúmeras questões:

Existe realmente um nexo de causalidade entre downloads (supostamente) ilegais e a descida das vendas fonográficas?

Existe uma efectiva oferta de um formato físico com valor, isto é, será justa a cobrança de determinados valores por uma mera caixa de plástico com um CD dentro?

Será justo impedir uma democratização cultural em prol do valor da propriedade sobre direitos de autor?

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Será realmente eficaz uma ‘perseguição’ à tal pirataria (uma pirataria que nem é pirataria pois nela não existem ambições de copiar e revender um produto) para benefício da divulgação artística?

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O músico é a peça fundamental deste xadrez. Possui toda a liberdade de disponibilizar a sua própria música ao preço que quiser, e sob o formato que considere mais apropriado. É também a ele que se pede a tomada de consciência relativa aos seus direitos como criador (o direito de autor existe a partir do momento em que a obra é criada) e o desprendimento de ‘indústrias lucrativas’ de pseudo-sociedades que se dizem protectoras.

Essa tomada de consciência deve estender-se também a todos os âmbitos de produção artística. Com determinação e sem hipocrisias. Talvez seja esta uma perspectiva que parte de um certo diletantismo, mas tal não é justificação para dar azo à desconfiança ou à confusão de interesses antagónicos. O músico deve ser soberano para que perdas de autoria na hierarquia de uma indústria caduca não se repitam. E à célebre discussão sobre a eventual ilegalidade de partilha de ficheiros deve ser acrescentada uma valente dose de pragmatismo. Antes perder a fonte de lucro do que vender a alma ao diabo.”

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NUNO CATARINO

Idade 30 anos Naturalidade Esposende, Portugal Localização actual Lisboa, Portugal

Formação Licenciatura em Publicidade e Marketing na Escola Superior de Comunicação Social; Pós-Graduação em Comunicação, Cultura e Tecnologias de Informação no Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE).

Ocupação Assessor para a Comunicação e Marketing na Associação Portuguesa de Apoio à Vítima;Crítico de Jazz no Público; Colaborador da Jazz.pt e do Bodyspace.

“NOVA ORDEM”

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“Além de ter alterado de forma definitiva a forma como são percepcionados, consumidos e comercializados diversos dispositivos culturais, a internet revolucionou de forma notória o negócio da música. Se ao longo da história, a indústria se habituou a diversas evoluções, nomeadamente quando se assistia à substituição do paradigma do principal suporte, essa evolução acabou por acontecer, de uma maneira geral, de uma forma pacífica. Se entre 1980 e 2002 sempre se assistiu a um crescente volume de vendas de música em formato físico (inicialmente vinil, depois CD de forma hegemónica). Essa evolução da facturação do CD nos EUA, Europa e Japão, começou a decair em 2002, com a generalização do consumo de música através de formatos digitais. A partir de 2003 somos confrontados com a quebra da hegemonia do formato CD, rumo à multiplicação dos formatos e à afirmação do formato digital online e móvel.

A partir de 2003 a indústria da música começou a dar provas da sua capacidade de reinventar o seu negócio, criando novas áreas de negócio, especificamente através da internet (online music) e do telemóvel (mobile music).

Em 2007 o grupo britânico Radiohead disponibilizou o seu disco ‘In Rainbows’ de forma gratuita, deixando ao utilizador a possibilidade de pagar o que entendesse pelo download, vendendo posteriormente uma edição especial do disco com vários extras – a acção traduziu-se num sucesso a dois níveis, pelo número de downloads e pela facturação económico pela venda da edição física do disco. O americano Greg Gillis, mais conhecido pelo pseudónimo Girl Talk, teve um gesto semelhante, ao editar em 2008 o seu disco

‘Feed the Animals’, disponibilizando o download de forma gratuita (ou pelo um preço definido

pelo próprio consumidor) e deixando a possibilidade ao utilizador de pagar 10 USD pelo envio de uma edição física. Estes novos modelos de negócio, ainda que pouco comuns, são já representativos da emergência uma nova era no mundo da música. O próprio Girl Talk utiliza como método de trabalho a recolha de samplesde outros artistas, numa técnica

‘copy-paste’, que apesar de derivar da cultura ‘mash up’ lhes acrescenta elementos de inovação

– os seus discos ‘Night Ripper’ (2006) e ‘Feed the Animals’ (2008) foram casos de enorme popularidade e, simultaneamente, de aclamação crítica. O artista/DJ americano é um ícone deste novo sistema de produção e distribuição, de uma cultura emergente que transcende do próprio acto criativo para o modelo de negócio, como atestam os documentários ‘Good Copy Bad Copy’ (2007) e ‘RIP: A Remix Manifesto’ (2008).

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Numa era em que o mp3 (MPEG-1 audio layer 3) e outros formatos digitais (como o FLAC) se tornam no meio primordial de consumo da música, os formatos CD e DVD (musical) perdem mercado, e as empresas não conseguem equilibrar o negócio através dos formatos digitais, uma vez que a acessibilidade gratuita aos conteúdos quase se “institucionalizou”, pelo menos de uma forma informal. Através de blogs e sites de partilha (como RapidShare, SendSpace ou Megaupload) ou torrents, a partilha de música banalizou-se, tornando acessível em poucos cliques milhares de horas de música, desde gravações históricas de clássicos até à música popular mais universal.

Não é a primeira vez que a indústria musical enfrenta mudanças significativas devido à introdução de inovações tecnológicas, mas é a mudança que mais dificuldades de adaptação criou ao negócio da música. Nesta ‘nova ordem musical 2.0’, a noção de consumo de conteúdos musicais deve ser entendida como uma prática cultural dinâmica, que remete para valores, atitudes e apropriações múltiplas. Estes novos padrões de consumo são no entanto ainda condicionados pelos media tradicionais, que continuam a funcionar como mediadores importantes – a cultura musical 2.0 não está desligada da rádio, da televisão (generalista e canais temáticos de música) ou da imprensa (suplementos culturais, revistas especializadas e fanzines).

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No entanto, complementa-se com as fontes de informação online: webzines (como o site de referência Pitchfork), blogs (focados na informação/notícias, de crítica especializada ou até com a simples função de partilha/distribuição de mp3) e outras fontes de informação online - as críticas da Amazon, feitas pelos utilizadores/clientes acabam por vezes por ter mais relevância crítica do que um texto crítico publicado num jornal. Enquadrado num novo sistema, moldado por novas regras (ainda maleáveis), o mercado sente ainda os efeitos de uma crise que já se traduz no início de uma nova era, no novo tempo da música digital. Entre iPods, blogs, podcasts, MySpace e mp3, o modelo denegócio da música foi reconfigurado numa adaptação ao conceito do ‘global’.

Referências Radiohead; Greg Gillis.

Documentários “Good Copy Bad Copy”, 2007; “RIP: A Remix Manifesto”, 2008.

Tecnologias RapidShare; SendSpace; Megaupload.

Informação online Pitchfork; Amazon.

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Aos artistas e aos agentes da indústria, que na maior parte dos casos não sabem ainda reagir a este novo paradigma, cabe o papel de procurar encontrar formas de reverter as enormes potencialidades das novas ferramentas disponíveis ao seu favor.”

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A página comunitária do Copia-me na Rede Social Facebook foi criada no dia 23 de Maio de 2010, pretende divulgar o projecto e, interactivamente, estabelecer um espaço de discussão e opinião, através de textos, vídeos e/ou imagens sobre o tema.

A página reúne 461 fãs no total, sendo 53% público masculino e 45% feminino, de idade compreendida entre os 13 e os 60 anos, porém o público que revela maior adesão está entre os 18 e 24 anos de idade.

Portugal, Reino Unido, França, Brasil, Espanha, Luxemburgo, Roménia, Estados Unidos, Argentina, Canadá, Suíça, Alemanha e Lituânia são os países dos quais fazem parte os fãs do Copia-me. Em Portugal, as cidades de maior aderência são Lisboa, Vila Nova de Famalicão, Amadora e Porto.

Desde a sua criação até ao dia 6 de Junho de 2010 houveram 20 publicações do público, sem incluir as publicações do próprio criador da página. Entre elas, foram reveladas 8 opiniões sobre o download legal e ilegal de música – 6 pessoas a favor do download ilegal e 2 em oposição.

Foram seleccionadas apenas 5 opiniões, para serem apresentadas neste livro.

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461 FÃS8:00 pm

343 FÃS8:00 pm

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445 FÃS8:00 pm

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OPINIÃO I Teixeira Moita

“A Net e os downloads ilegais estão a matar o autor. Tudo isto porque existe essa vontade política de acessibilidade gratuita e ilimitada aos conteúdos, que parte do princípio de que, se eu posso criar uma música e colocá-la na Internet, sou um artista igual a um ‘profissional’. Isto interessa ao sistema político porque... envolve as pessoas numa atmosfera aparentemente

‘democrática’, o que as afasta da política activa que deve ser questionada todos os dias.

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Já ando nisto há muitos anos e reparo que existe um interesse crescente por parte dos jovens e imprensa pela música pop dos 80 e 90 e até pela Música Experimental dessa época. E querem saber porquê? Porque neste momento é praticamente impossível encontrarmos uma proposta interessante e inovadora nessas áreas. O ‘Copy Paste’ domina na criação e já poucos arriscam a via profissional ou se dedicam as outras actividades.”

Comprar

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OPINIÃO 2 Buga Daz Coubz

“O ‘problema’ dos artistas porem as suas próprias músicas online, é que deixam de ter que se submeter à ditadura das grandes (e pequenas) empresas, essas sim, que se apropriam dos direitos de autor de quem assinam... isso é ROUBAR quem criou algo! E se uma banda quer meter a sua música disponível gratuitamente?

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Quantas foram as bandas portuguesas que REALMENTE conseguiram tocar no estrangeiro, sem ser para os emigrantes, antes da ‘pirataria’ na net! Alguma editora apostava no estrangeiro? Hoje em dia existem bandas que tâm mais sucesso no estrangeiro do que cá... garanto, que não foi nenhuma editora que tornou possível, mas sim a livre circulação das músicas...”

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OPINIÃO 3 André Simão

“É claro que se pode disponibilizar gratuitamente. É claro que há mais acesso à informação e cultura. É claro que as bandas podem ganhar visibilidade e capitaliza-la vendendo espectáculos. Mas isto são efeitos colaterais de uma questão que, quanto a mim, se esgota nela própria: se um artista ou editora investem capital próprio na produção de um álbumentão quem o copia fá-lo indevidamente e CONTRA a vontade do autor. Ou seja, temos um dado objectivo e só por milagre rebatível: certo tipo de autor e autoria perdem força.

Acho que chegamos a um limbo irracional em que os músicos são negociantes de mercado paralelo, altruistas e obrigatoriamente desinteressados, as editoras são o bicho papão (todos esqueceram a Blue Note, 4AD, Mute, ECM, só para enumerar as pontas dos respectivos icebergs) e os piratas são heróis de contra-cultura, cultos, informados, arautos da democracia.

Uma coisa é falar-se de um novo paradigma. Outra é achar-se que o velho pode coexistir com esse novo que ainda não existe num mundo florido de anarquia e altruísmo.

Como é óbvio, a maior parte das bandas que oferecem os seus álbuns estão, indirectamente, a oferecer os seus concertos. talvez no novo paradigma se venha a passar exactamente isso: a música deixa de ser um bem transacionável, passa a ser exclusivo de amadores, altruistas e desinteressados. Não me parece mal. mas que há-de demover muitos e bons autores, isso há-de.”

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OPINIÃO 4 Melissa Oliveira

“A pirataria é uma forma de partilha e se não houvesse downloads ilegais não tínhamos acesso a tanta coisa boa! Ter um CD original nas mãos também é precioso e eu própria invisto nisso quando posso e quero.

É preciso ouvir e partilhar muita música para conhecer um pequeno pedaço das tantas obras que existem no mundo!”

4 JUNHOàs 19:09

OPINIÃO 5 Tiago Gonçalves

“Alguma vez roubaria um carro? Não. Mas se pudesse fazer cópias do meu carro, ficar com ele e partilhar as cópias com outras pessoas, fá-lo-ia. As associações anti-pirataria nem sequer se dão ao trabalho de usar argumentos que façam sentido... Só querem é dinheiro, querem o preço exagerado de 15€ por cada CD quando 90% daquilo que produzem é lixo sonoro e só os outros 10% valem realmente esse dinheiro.”

6 JUNHOàs 18:15

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Este blogue foi criado no dia 24 de Maio de 2010. Pretende também dar a conhecer o projecto, e ser um espaço de debate sobre o tema.

No dia 27 de Maio foi publicado o post “O Vinil”, onde foi explicada a origem do nome do projecto – 32 visualizações.

No dia 31 de Maio foi criado o post “As canções, para mim, são como filhos”, onde foi publicada a ilustração do postal sobre a opinião de José Mário Branco e colocada a pergunta existente no mesmo – 15 visualizações.

Desde a sua criação até ao dia 20 de Junho de 2010, o blogue conseguiu 157 visualizações.

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2 Coloque as folhas de forma acertada na fotocopiadora.

3 Programe o número de cópias que pretende.

4 Carregue no botão “Copiar”.

1 Retire as argolas do livro.

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O livro é encadernado com argolas, com o intuito de não exigir grande dispêndio.

Este livro encontra-se disponível para download – em www.slideshare.net/copiame – e pode ser duplicado livremente.

(Leia atentamente as instruções que se seguem).

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