coordenadores científicos / scientific coordinators · ênfase nos tópicos relacionados à ......

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  • Coordenadores Cientficos / Scientific CoordinatorsAntonio Herman BenjaminJos Rubens Morato Leite

    Comisso de Organizao do 20 Congresso Brasileiro de Direito Ambiental e do 10 Congresso de Direito Ambiental dos Pases de Lngua Portuguesa e Espanhola e 10 Congresso de Estudantes de Direito AmbientalAna Maria Nusdeo, Annelise Monteiro Steigleder, Danielle de Andrade Moreira, Eladio Lecey, Flvia Frana Dinnebier , Heline Sivini Ferreira, Jos Eduardo Ismael Lutti, Jos Rubens Morato Leite, Mrcia Dieguez Leuzinguer, Maria Leonor Paes Cavalcanti Ferreira, Patrcia Faga Iglecias Lemos, Patryck de Araujo Ayala, Paula Lavratti, Slvia Cappell, Solange Teles da Silva, Tatiana Barreto Serra, Kamila Guimares de Moraes e Luis Fernando Rocha

    Colaboradores TcnicosAna Paula Rengel, Fernando Augusto Martins, Flvia Frana Dinnebier, Kamila Guimares de Moraes, Marina Demaria Venncio e Paula Galbiatti da Silveira.

    Criao da CapaDaniela Cristina Zatti

    Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP)

    Congresso Brasileiro de Direito Ambiental (20. : 2015 : So Paulo, SP)Ambiente, sociedade e consumo sustentvel [recurso eletrnico] /

    20. Congresso Brasileiro de Direito Ambiental, 10. Congresso de Direito Ambiental dos Pases de Lngua Portuguesa e Espanhola, 10. Congresso de Estudantes de Direito Ambiental ; org. Antonio HermanBenjamin, Jos Rubens Morato Leite. So Paulo : Instituto O Direito por um Planeta Verde, 2015.

    2v.

    Contedo: v. 1. Conferencistas e Teses de Profissionais v. 2. Estudantes de Graduao e de Ps-graduao.

    Modo de Acesso: Evento realizado em So Paulo, de 23 a 27 de maio de 2015.ISBN 978-85-63522-26-9 (v. 1) 978-85-63522-27-6 (v. 2)

    978-85-63522-25-2 (Coleo).

    1. Direito Ambiental Congressos. I. Benjamin, Antonio Herman. II. Leite, Jos Rubens Morato. III. Congresso de Direito Ambientaldos Pases de Lngua Portuguesa e Espanhola (10. : 2015 : SoPaulo, SP). IV. Congresso de Estudantes de Direito Ambiental (10.2015 : So Paulo, SP). V. Ttulo.

    CDD 341.347

    C749a

  • REALIZAO

    PATROCNIO

  • AGRADECIMENTOS

    O Instituto O Direito por um Planeta Verde agradece Procuradoria-Geral de Justia de So Paulo pelo apoio ao 20 Congresso Brasileiro de Direito Ambiental, fazendo-o nas pessoas dos Doutores Nilo Spinola Salgado Filho (Subprocurador Geral de Justia Jurdico) Arnaldo Hossepian (Subprocurador Geral de Relaes Externas), Srgio Turra Sobrane (Subprocurador Geral de Gesto), Gianpaolo Poggio Smanio (Subprocurador Geral Institucional), Ldia Helena Ferreira da Costa Passos e Jos Eduardo Ismael Lutti. Outras pessoas e instituies contriburam, decisivamente, para o sucesso do evento, cabendo em especial lembrar:

    AASP - Associao dos Advogados de So Paulo

    ABRAMPA - Associao Brasileira do Ministrio Pblico e do Meio Ambiente

    ABRELPE - Associao Brasileira de Empresas de Limpeza Pblica e Resduos Especiais

    AJUFE - Associao dos Juzes Federais do Brasil

    AJURIS Associao dos Juzes do Rio Grande do Sul

    AMB - Associao dos Magistrados Brasileiros

    ANPR - Associao Nacional dos Procuradores da Repblica

    APMP - Associao Paulista do Ministrio Pblico

    BRASILCON - Instituto Brasileiro de Poltica e Direito do

    Caixa Econmica Federal

    CONAMP - Associao Nacional dos Membros do Ministrio Pblico

    Conselho Nacional de Procuradores - Gerais de Justia

    Editora Revista dos Tribunais

    EMAE - Empresa Metropolitana de guas e Energia S/A

    Embaixada Consulado - Geral dos Estados Unidos em So Paulo

    Escola da Magistratura do Tribunal Regional Federal da 3 Regio

    Escola Paulista da Magistratura

    Escola Superior do Ministrio Pblico da Unio

    Escola Superior do Ministrio Pblico de So Paulo

    FAAP - Fundao Armando lvares Penteado

    FMO- Fundao Mokiti Okada

    IBAMA

    ILSA - Instituto Latinoamericano para una Sociedad y un Derecho Alternativos

    INECE

    IPAM - O Instituto de Pesquisa Ambiental da Amaznia

    Ministrio da Justia

    Ministrio das Cidades

  • Ministrio do Meio Ambiente

    Natura Cosmticos S/A

    PNUMA - Programa das Naes Unidas para o Meio Ambiente

    Procuradoria - Geral do Estado de Mato Grosso

    Procuradoria - Geral da Repblica

    Procuradoria - Geral de Justia de Minas Gerais

    Procuradoria - Geral de Justia do Rio Grande do Sul

    Procuradoria - Geral do Estado do Mato Grosso do Sul

    PUC - Pontifcia Universidade Catlica de So Paulo

    PUC - Pontifcia Universidade Catlica do Rio de Janeiro

    Rede Latino-Americana do Ministrio Pblico Ambiental

    Superior Tribunal de Justia

    TJSP Tribunal de Justia de So Paulo

    Tribunal de Contas da Unio TCU

    Tribunal de Contas do Estado de So Paulo - TCESP

    Tribunal de Contas do Estado do Amazonas - TCEAM

    UFMT - Universidade Federal de Mato Grosso - Faculdade de Direito

    UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul

    UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina

    UICN - Comisso de Direito Ambiental

    University of Texas School of Law

    USP Universidade de So Paulo

  • CARTA DE SO PAULO

    Esta carta traz algumas proposies e reflexes decorrentes dos temas discu-tidos durante o 19 Congresso Brasileiro de Direito Ambiental, o 9 Congresso de Lngua Portuguesa e Espanhola e o 9 Congresso de Estudantes de Direito Ambiental, em So Paulo, entre os dias 31 de maio e 4 de junho de 2014. Com nfase nos tpicos relacionados sade ambiental, Poltica Nacional de Sa-neamento Bsico e Poltica Nacional de Resduos Slidos, os estudantes de graduao e ps-graduao, pesquisadores, professores, profissionais e demais integrantes da sociedade civil, interessados na rea do Direito Ambiental, como uma contribuio para o desenvolvimento da pesquisa na rea ambiental, desta-caram as seguintes discusses:

    I. Saneamento bsico: controle social, eficincia e concorrncia pblica

    1. necessria uma gesto eficiente da gua e do saneamento, em vista de sua importncia para a sade e para o desenvolvimento humano. Esta gesto vem sendo objeto do investimento privado, tendo em vista a rentabilidade das atividades envolvidas. No entanto, esta privatizao vem ocorrendo, re-sultando em excluso e em um sistema falho. Em um contexto de ndices ruins em relao ao saneamento bsico, necessrio considerar este como um pilar de defesa do meio ambiente e um elemento fundamental do desen-volvimento. A histria legislativa mostra alguns avanos para a concesso do saneamento e a obrigatoriedade de concorrncia e de contratao reflete uma maior segurana em relao prestao de servio.

    2. O acesso gua de todo o planeta menos de 3%. gua e esgoto esto interligados, assim como com a disposio de resduos slidos que, sem o devido tratamento, resultar em danos ao meio ambiente. A gesto da gua e o adequado saneamento bsico so imprescindveis para concretizar os preceitos constitucionais ambientais. Ademais, destaca-se a importncia dos padres de qualidade ambiental na legislao, que devem ser adequados e obedecer ao nvel elevado de qualidade ambiental.

    II. PNRS: Licenciamento ambiental e responsabilidade do financiador

    1. Destacam-se dois aspectos: o licenciamento ambiental e a responsabilidade do financiador. Quando ao licenciamento ambiental, apresentam-se algumas incongruncias advindas da Lei Complementar n 140/2011, resultando em um enfraquecimento da proteo ambiental, tendo em vista a incapacidade dos rgos ambientais locais. Ademais, o licenciamento de agrotxicos no Brasil falho, tendo em vista que empresas distribuidoras do produto ad-quirem o registro, mas o distribuem por todo o pas sem o devido controle e fiscalizao.

  • 2. Em relao viabilidade da responsabilidade do financiador, tem-se que possvel desde que presentes os elementos da responsabilidade civil am-biental. Destaca-se que os agentes financiadores tem responsabilidade pelos danos ambientais causados por aqueles que so financiados, pois possuem o conhecimento do projeto em execuo e, consequentemente, a viabilidade ambiental do mesmo. Neste sentido, deve o agente financiador inserir em sua atuao uma preocupao com os danos ambientais que advm da atu-ao daquele que foi financiado. Esta responsabilidade ainda possvel no contexto da Poltica Nacional de Resduos Slidos, devendo o financiador es-tar atento a todos os elementos que possam causar danos ao meio ambiente.

    III. Aterros sanitrios e lixes: realidade e desafios

    1. Em vista da complexidade do tema, trata-se da legislao de resduos na his-tria e a ineficcia dos consrcios municipais; dos aterros como uma espcie em extino, baseado em estatsticas, trazendo ainda solues para o pro-blema, como a troca de objetos usados; a melhoria na qualidade dos aterros, assim como sobre os riscos para a populao; as impropriedades da normati-zao infraconstitucional; as reas contaminadas por tipo de atividade; a justi-a como elemento do desenvolvimento e por meio da argumentao pblica; bem como sobre casos prticos da promotoria no estado do Rio Grande do Sul e o projeto piloto desenvolvido no estado.

    I V. Resduos slidos: educao e incluso social

    1. Em relao aos resduos, h uma tendncia de se negar o lado negativo e de se pensar a curto prazo. O lucro e os ganhos pessoais preponderam sobre os benefcios coletivos, sendo que a quantidade de lixo no Brasil de 240 mil toneladas/dia. Quem produz teve lucro e deve receber de volta o que sobra para reaproveitar. Assim, a educao ter que sair de um processo, no qual ainda predomina o mero repasse de conhecimentos, para um que se engaje nas transformaes desejadas.

    2. H mitos que devem ser quebrados em relao aos resduos slidos, como, por exemplo, a terra transforma o lixo em adubo e a gua dissolve o lixo, elimina ou diminui o seu cheiro e leva para longe dos olhos. A mudana de paradigma importantssima para a viso de totalidade e no uma viso frag-mentada, num desafio de mudana de mentalidade.

    3. Na gesto dos resduos slidos importante que o municpio incorpore os catadores ao servio pblico de coleta seletiva, assumindo a gesto dos ris-cos ambientais at que as associaes estejam preparadas para assumir as responsabilidades voltadas preveno dos danos ambientais.

  • 4. Dentro do panorama dos catadores seria necessria uma organizao em co-operativas, afinal, ainda restam sem definies os critrios de segurana no trabalho e h um baixo grau de formalizao.

    V. Resduos Slidos e Aproveitamento Energtico

    1. O aumento do consumo e da populao urbana acarreta na grande gerao de resduos e, mais, h uma grande parcela dos resduos, aproximadamente 42%, que no destinada aos aterros sanitrios. Destaca-se houve um cres-cimento de 21% na gerao de resduos nos ltimos dez anos, isso ocorre, principalmente, pois, paulatinamente, a populao dobrou. O resduo, ainda, pode ser entendido como uma fonte e pode ser voltada assim recuperao de matria prima, recuperao de minerais e para a gerao de energia. J o gerenciamento integrado de resduos slidos urbanos compreende o trans-bordo, tratamento, destinao final e disposio final.

    2. Importa salientar que as emisses de gs carbnico (CO2) brasileiras tendem a disparar principalmente em virtude do setor energtico (consumo sem efi-cincia); sendo que h uma necessidade de foras politicas para a descarbo-nizao da matriz e voltadas ao aumento da eficincia energtica.

    3. Os aterros sanitrios so empreendimentos de alto potencial de degradao, cuja construo de grande complexidade. Estes locais devem atender cer-tos critrios tcnicos que consistem no uso do solo, na distncia satisfatria dos recursos hdricos, na distncia satisfatria das habitaes, e na legislao especfica que trata dos aeroportos, na permeabilidade do solo; nas questes de bacia hidrogrfica, nos acessos aos aterros, no material de cobertura ade-quado; na titulao e infraestrutura da rea e na preparao da clula, no con-trole (espalhamento, compactao, nmero de passadas, altura e inclinao das camadas de resduos, qualidade do material para camadas intermedirias e finais). Por fim, destaca-se a ideia de transformar os aterros em biorreatores (um evolutivo para os .atuais aterros sanitrios). No caso no ser necessrio esperar que os resduos apodream.

    VI. A responsabilidade ps-consumo

    1. H a previso de implementao da logstica reversa at 2015 para equipa-mentos eletroeletrnicos. A cadeia produtiva de produtos e equipamentos eletroeletrnicos se subdivide-se em linha marrom, verde, branca e azul. Res-salte-se a importncia para a responsabilidade ps-consumo do aumento do tempo de durao dos bens ambientais e da minimizao dos impactos dos resduos slidos j gerados.

    2. A Poltica Nacional de Resduos Slidos (PNRS) um instrumento importante no ordenamento jurdico nacional, entretanto, enfrenta problemas antigos, como produo de resduos sempre em escala crescente. PNRS uma pol-

  • tica de sustentabilidade, com objetivos de internalizao das externalidades, ou seja, os impactos ao meio ambiente precisam ser internalizados pelo mer-cado em uma viso sustentvel. A participao do comrcio na implementa-o e operacionalizao do sistema de logstica reversa, naquilo que lhe cabe no mbito da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida de produto, deve ser efetiva, sob pena de no concesso ou renovao do alvar de fun-cionamento expedido pelo Municpio.

    VII. Resduos slidos: ecoeficincia, sustentabilidade e obsolescncia programada

    1. O tema foi abordado sob um olhar transdisciplinar, abrangendo o desafio do lixo zero; a aplicao da ecoeficincia preveno de danos; os processos de reciclagem de resduos de equipamentos eletroeletrnicos; as perspecti-vas jurdico-ambientais de enfrentamento da obsolescncia programada; e a apresentao de dados estatsticos sobre a viso do consumidor no mbito do ciclo da vida dos eletroeletrnicos.

    VIII. Logstica Reversa: Desafios e Perspectivas

    1. Ressalta-se a prioridade da lei dos resduos slidos, a responsabilidade com-partilhada pelo ciclo do produto, a logstica reversa e o plano de gerenciamen-to de resduos slidos. O dever de informao, as rotulagens dos produtos e as rotulagens ambientais so tpicos importantes para o enfrentamento dos desafios a serem superados atravs da logstica reversa. Ainda, no se pode esquecer da importncia Poltica Nacional de Resduos Slidos, com nfase nas aes necessrias para o cumprimento da lei, o fluxo logstico e a ques-to da distribuio em relao logstica reversa.

    IX. PNSB e PNRS- questes cveis e jurisprudncia

    1. Importa lembrar que h uma grande assimetria urbana no Brasil, por isso, a distribuio de nus e bnus entre as diferentes cidades no equnime, aumentando os problemas sociais e econmicos. Os problemas ambientais acabam sendo judicializados pelo esgotamento do sistema. Destaca-se o pro-blema dos aterros irregulares que est diretamente relacionado insuficin-cia tcnica dos municpios em trabalhar com os rigorosos requisitos contidos nos regramentos. Assim, o controle judicial e a omisso do poder pblico na matria de saneamento bsico e resduos slidos revelam-se problemas atu-ais, sendo que durante muito tempo, a adoo de medidas protetivas era do administrador pblico, vez que este teria melhor conhecimento do oramen-to e escolhas polticas. Nesse aspecto, o Poder Judicirio estaria invadindo competncia prpria do Executivo, caso interferisse. Com o passar do tempo, entretanto, o Poder Judicirio participa intervindo em deliberaes do Poder

  • Executivo em matria de meio ambiente, pois no se admite que omisses nessa esfera. A jurisprudncia nos tribunais superiores tem se demonstrado favorvel este controle.

    2. Ressalta-se a relevncia da proposta de mediao socioambiental. A partir desse mecanismo muitos casos concretos podem ser resolvidos sem ne-cessidade de se adentrar no contencioso judicial. Com esse panorama, nas aes envolvendo o meio ambiente, o Ministrio Pblico tem a funo de atu-ar como fiscal da lei. Por fim, lembra-se que j existem em nossa legislao alguns diplomas que podem servir de parmetro.

    XX. PNSB e PRNS: Responsabilidades administrativa e penal

    1. A infrao administrativa ambiental toda ao ou omisso que viole as re-gras jurdicas de uso, gozo, promoo, proteo e recuperao do meio am-biente, conforme disposto no art. 70 da Lei 9605/98 e art. 2do Dec. 6514/08, ressaltando a discusso sobre ser responsabilidade objetiva ou subjetiva, de-pendendo da corrente adotada e as diversas formas de sanes administra-tivas

    2. A PNRS impe o prazo que se esgota esse ano para desativao de todos os lixes, instituindo no seu lugar os aterros sanitrios ,no entanto, os dados trazidos informam sobre a grande maioridade municpios ainda no consegui-ram cumprir a exigncia.

    3. A responsabilidade administrativa traz instrumentos cleres como o embar-go, uma tutela inibitria, e ainda, uma celeridade e uma eficcia preventiva. A responsabilidade administrativa possui autoexecutoriedade, o que a torna ainda mais eficaz. Lembra-se que Embargo, Apreenso, Demolio e Penas restritivas so sanes administrativas com forte carter preventivo e dissu-asrio.

    4. A PNRS traz a responsabilidade compartilhada, a poltica de ecoeficincia, cooperao, gesto sistmica e governana em mltiplas camadas. E, mais, as pessoas fsicas ou jurdicas referidas no art. 20 da PNRS so responsveis pela implementao e operacionalizao integral do plano de gerenciamento de resduos slidos aprovado pelo rgo competente . Cabe mencionar que no projeto do novo Cdigo Penal, PL 236/2012, est prevista a responsabilida-de das pessoas jurdicas sem excluir a das pessoas fsicas, autoras, coautoras ou partcipes do mesmo fato, inclusive independente da responsabilizao destas.

    So Paulo, 04 de junho de 2014.

  • HOMENAGEADO DO 20 CONGRESSO BRASILEIRO DE DIREITO AMBIENTAL: Prof. Dr. Eldio Luiz da Silva Lecey

    MESTRE E MODELO PARA TODOS NS: ELADIO LECEY

    Homenagear Eladio Lecey homenagear o que o Planeta Verde e o Brasilcon tm de melhor. homenagear o que nos une: um ideal de engajamento por mais respeito ao meio ambiente e aos consumidores! homenagear a luta por um futuro e um Brasil melhor!

    Secretrio-Geral da Escola Nacional da Magistratura e Coordenador Acadmico do Curso de Especializao em Direito Ambiental Nacional e Internacional da UFRGS, tambm coordenador da Revista de Direito Ambiental da Editora Revista dos Tribunais.

    Desembargador aposentado do Tribunal de Justia do Rio Grande do Sul e Ex-diretor da Escola Superior da Magistratura do mesmo Estado, tem e teve destacada atuao nas Escolas Nacionais da Magistratura. Integrou a Comisso de Juristas para a elaborao da Lei de Crimes e Infraes Administrativas Ambientais. E foi Presidente do Instituto o Direito por um Planeta Verde e do Brasilcon.

    Autor de diversas publicaes sobre Direito Ambiental Penal e formao de magistrados. professor de direito penal e de direito penal ambiental em inmeros cursos de ps graduao pelo pas e consagrado conferencista na rea do direito penal ambiental no Brasil e no exterior.

    Para alm desse profissional exemplar, cujo currculo no deixa dvidas, est a pessoa de Eladio.

    Eladio foi e o professor de todos ns; mas antes de tudo um modelo a seguir, modelo de jurista, de magistrado, de ambientalista e consumerista engajado, de homem pblico, de ser humano exemplar e generoso.

    Professor de direito penal e pioneiro no direito penal ambiental, Eladio continua sendo o mestre de edificar, de consolidar e fazer progredir instituies como o Planeta Verde e o Brasilcon, nos quais foi presidente sempre com grande sucesso.

    Eladio mestre-construtor, em suas hbeis e laboriosas mos confiamos a criao, a solidificao, o crescimento do Planeta Verde, agora e no futuro.

    Com sua poderosa personalidade aglutinadora uma unaminidade de bem querer por todos. Onde est o Eladio? O que faz o Eladio... Mande um abrao para o Eladio, saudades do Eladio, so to comuns nos raros eventos em que no estamos com ele. Todos se enriquecem com sua presena, sorriso amigo, e estmulo.

    Se quizessemos fazer uma figura de linguagem para homenagear este brilhante e

  • generoso jurista, o Ip seria o melhor, pois se espalha por todo o Brasil cobrindo de flores o verde local. Sim, Eladio pode ser comparado a uma rvore frondosa e com destacadas flores, rvore cujas razes profundas no negam sua slida formao cultural e ao mesmo tempo atestam que ele adere terra, terra que alimenta o saber ambiental, e constantemente aprofunda suas razes, tanto em busca da gua, como para expandir aquilo que j sabe, generoso ao dividir suas flores e sementes com todos que no caminho encontra. um autntico sbio, que se alegra de compartilhar o que sabe, que se alegra por poder dedicar uma vida ao bem comum, arte de ensinar o que bom, edificante, solidrio e profundo.

    Quem sobrevoa a selva que as vezes o Direito, sabe que naquela rvore especial e bela -que o Ip - pode encontrar abrigo, orientao e a beleza da resposta justa para as atuais e futuras geraes. Tudo em Eldio verdadeiro, aparenta e sustenta o que realmente cr; nada esconde, mas sim compartilha e incentiva com genuna vontade de ajudar. sombra dessa frondosa rvore esto seus muitos alunos e admiradores, hoje seus caros e orgulhosos amigos, que ostentam o privilgio de alimentarem-se da seiva do saber, da fora gentil e da alegria de viver, que est em Eladio.

    Pai e av dedicado, com sua filha Larissa e neto Pedro, queremos compartilhar o privilegio de o homenagenar neste momento to especial.

    Querido Eladio, aceite de corao esses frutos e flores de seus orgulhosos e agradecidos amigos e discpulos. Estamos todos aqui de corao, e somos muitos, Planeta Verde e Brasilcon unidos a te homenagear!

    Slvia Cappelli, Ex-Presidente do Planeta Verde

    Claudia Lima Marques, Ex-Presidente do Brasilcon

  • SUMRIO TESES DE ESTUDANTES DE GRADUAOPAPERS OF LAW STUDENTS (GRADUATE)

    1. DIMENSO FUNDAMENTAL ECOLGICA DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANAALINE OLIVEIRA MENDES DE MEDEIROS FRANCESCHINASADIOMAR ANTONIO DEZORDIVINCIUS ALMADA MOZETIC ...................................................................... 24

    2.PROTEO CONTRA OS RISCOS DA NANOTECNOLOGIA NA LEGISLAO CONSUMERISTA BRASILEIRAALISSON GUILHERME ZEFERINOLILIAN BONA DE CAMARGO ....................................................................... 39

    3.A RELAO ENTRE A JUSTIA SOCIOAMBIENTAL E A DISPOSIO FINAL ADEQUADA DOS RESDUOS PERIGOSOSAMANDA MACHADO SORGIJULIANA MACHADO SORGI ........................................................................ 53

    4.PLANO DE AO PARA PRODUO E CONSUMO SUSTENTVEL E MANEJO CONSCIENTE DE RESDUOS: UM ESTUDO DOS VALORES SOCIAIS E DA GESTO SOCIOAMBIENTAL NAS ATIVIDADES EMPRESARIAIS ANA FLVIA TERRA ALVES MORTATIDANIELA BRAGA PAIANO ........................................................................... 64

    5.COLETA DE LIXO: POSSVEL ADOTAR O SISTEMA DE LIXEIRAS RECICLVEIS NAS ESCOLAS?ANA MANOELA PIEDADE PINHEIROJORGE ANTONIO FERREIRA DAMOUS ...................................................... 74

    6.ANLISE DE IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS NOS PROJETOS DE FONTES RENOVVEIS DE ENERGIA NO CONTEXTO DO MECANISMO DE DESENVOLVIMENTO LIMPO (MDL) NO BRASIL ANDR DE CASTRO DOS SANTOSGUILHERME NEVES RODRIGUES FERNANDES ........................................ 85

    7.A RESPONSABILIDADE DO PRODUTOR PELOS RISCOS DO DESENVOLVIMENTO E DIREITO AMBIENTALBRUNO DE ZORZI BENATOPEDRO DANIEL VALIM FIM .......................................................................... 99

    8.A VIOLAO DO PRINCPIO DA PROPORCIONALIDADE PARA CRIMES AMBIENTAIS DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO: APLICABILIDADE DA LEI 8.176/91 E DA LEI DE CRIMES AMBIENTAIS EM EXPLORAO MINERRIA IRREGULARDBORA LOPES LUCIANO .......................................................................... 113

  • 9.RISCOS AMBIENTAIS E SEMENTES TRANSGNICAS: UMA ANLISE DOS PARECERES EMITIDOS PELA COMISSO TCNICA NACIONAL DE BIOSSEGURANAHELOISE BUSS MORVANHELINE SIVINI FERREIRA ........................................................................... 127

    10.CIDADES SUSTENTVEIS, CONSUMO SUSTENTVEL DE GUA, POLTICAS PBLICAS HABITACIONAIS E EVENTUAIS CONTRARIEDADES EM FUNO DO PRINCPIO DA PROIBIO DO RETROCESSO AMBIENTAL: PARQUE DOS BFALOS - SO PAULO/SP.IOHANA CRISTINA NOGUEIRA SILVALUS GREGRIO PIROLAPAULO SANTOS DE ALMEIDA ................................................................... 139

    11.A IMPORTNCIA DA ANLISE CRTICA DA VALORAO ECONMICA DO DANO AMBIENTAL, COMO MECANISMO DE COMPENSAO PELO BEM LESADOJEAN MATTOS ALVES TEIXEIRA............................................................... 154

    12.CONSIDERAES SOBRE O DANO AMBIENTAL E A SUA RESPONSABILIDADE CIVIL, PENAL E ADMINISTRATIVAJESSICA FERNANDA CARDOSO DE MATOS .......................................... 166

    13.POLUIO HDRICA FRENTE AO PRINCPIO DA EQUIDADE INTERGERACIONAL E A TUTELA JURDICO CONSTITUCIONALJSSICA LOPES FERREIRA BERTOTTIJONATAS MATIAS XAVIERMARIA CLUDIA DA SILVA ANTUNES DE SOUZA ................................ 179

    14.UMA BREVE ANLISE JURDICA DA ENERGIA MAREMOTRIZ: POSSIBILIDADES E REALIDADE NO BRASIL E NO MUNDOPAULO AUGUSTO CARLOS MONTEIRO FILHORAFAEL AGUIAR NOGUEIRA E FRANCOJOO LUIS NOGUEIRA MATIAS FILHO .................................................... 190

    15.DIREITO CONSULTA PRVIA A POVOS INDGENAS E REMANESCENTES DE QUILOMBOS: ANLISE DA EXTENSO DOS DANOS AMBIENTAIS LUZ DA CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOSNILSON OLIVEIRA SANTA BRGIDALUCAS NUNES ARRUDA ............................................................................ 202

    16.PAGAMENTOS POR SERVIOS AMBIENTAIS PARA CONSUMO SUSTENTVELMRCIA CAROLINE OLIVEIRA DOS SANTOS MARTINSVANESSA DE VASCONCELLOS LEMGRUBER FRANA......................... 219

  • 17.O PRINCPIO DO POLUIDOR-PAGADOR APLICADO RESPONSABILIDADE AMBIENTAL PS-CONSUMO: UMA ANLISE DO NVEL DE IMPLEMENTAO DA RESPONSABILIDADE COMPARTILHADA PELO CICLO DE VIDA DOS PRODUTOSMARIA LUIZA FREIRE MERCSDANIELLE DE ANDRADE MOREIRA .......................................................... 231

    18.APLICAO DA JUSTIA RESTAURATIVA AOS CRIMES AMBIENTAISMARINA GROPEN COUTO .......................................................................... 247

    19.REPARAO CIVIL E RESPONSABILIZAO PENAL DECORRENTE DO CRIME DE MAUS-TRATOS A ANIMAIS: UMA TESE PELO CABIMENTO DE INDENIZAO POR DANO MORAL COLETIVOMATHEUS MENDES PINTO........................................................................ 258

    20.O DIREITO AMBIENTAL E A RESPONSABILIDADE PENAL AMBIENTAL NO SCULO XXI TUANNE MOREIRA CRUXENRAFAELA DE SOUZA CORREAROBERTA OLIVEIRA LIMA .......................................................................... 273

  • TESES DE ESTUDANTES DE PS-GRADUAOPhD AND MASTER STUDENTS PAPERS

    1.OS INCENTIVOS FISCAIS COMO INSTRUMENTO PARA VIABILIZAR A GESTO DE RESDUOS SLIDOS LUZ DA LEI 12.305/2010.ADRIANA LUNA CARDOSODAYANNE BRENNA CAMPOS DOS SANTOS CARDOSO ...................... 285

    2. DIREITO AMBIENTAL E DIREITO DO CONSUMIDOR: INTERCONEXES LUZ DA TEORIA DO DILOGO DE FONTESALANA RAMOS ARAUJOJOS FLR DE MEDEIROS JNIOR .......................................................... 297

    3.A RELAO ENTRE CINCIA E DIREITO NOS TEMAS AMBIENTAIS: CTNBIO E O CASO DO MEL DE FLORADA DE EUCALIPTOS TRANSGNICOSALEBE LINHARES MESQUITAFERNANDA GIANESELLA BERTOLACCINI .............................................. 309

    4.IMPLICAES SOCIOAMBIENTAIS EM TORNO DA USINA HIDRELTRICA DE BELO MONTE: ANLISE A PARTIR DA AO CIVIL PBLICA 2006.39.03.000711-8/PAALINE MARQUES MARINOPATRCIA NUNES LIMA BIANCHI ............................................................. 321

    5.A DIMENSO CULTURAL DA ALIMENTAO E A SEGURANA ALIMENTAR E NUTRICIONAL ANA CAROLINA WOLFFELISABETE MANIGLIA ................................................................................ 338

    6. UMA REFLEXO ACERCA DA POLUIO ELETROMAGNTICA E O DIREITO INFORMAOANA CRISTINA FOGAA ............................................................................ 357

    7.DIREITO INFORMAO PARA CIDADANIA PARTICIPATIVA SOBRE TECNOLOGIA AMBIENTAL: CONSUMO CONSCIENTE MEDIANTE ROTULAGEM DE ALIMENTOS TRANSGNICOS ANA PAULA RENGEL GONALVESHONCIO BRAGA DE ARAJO ................................................................. 367

    8.REFLEXES SOBRE A RESPONSABILIDADE AMBIENTAL E OS RESDUOS SLIDOS NO SCULO XXIARIANE BAARSSOLANGE SILVA ALVARES DA CUNHA .................................................... 380

  • 9.JUSTIA AMBIENTAL E RESDUOS SLIDOS: RESSIGNIFICAO E EMPODERAMENTO DOS CATADORES DE MATERIAIS REUTILIZVEIS E RECICLVEISCAROLINA CORRA MOROGABRIEL CARVALHO MARAMBAIAGABRIEL ANTONIO SILVEIRA MANTELLIANA CAROLINA CORBERI FAM AYOUB E SILVA ................................. 392

    10.RESPONSABILIDADE CIVIL DAS INSTITUIES FINANCIADORAS. A QUESTO DO BNDES E DA USINA HIDRELTICA DE BELO MONTECATHERINE REBOUAS MOTAJANA MARIA BRITO ................................................................................... 408

    11.A CRISE HDRICA E A IMPORTNCIA DO PAGAMENTO POR SERVIOS AMBIENTAIS PARA A POLTICA AMBIENTAL NO BRASILCATHERINE REBOUAS MOTAJANA MARIA BRITO SILVALETCIA TORQUATO DE MENEZES ........................................................... 419

    12.O ESTADO SOCIOAMBIENTAL DE DIREITO E A NOVA REALIDADE DAS MUDANAS CLIMTICAS: DESAFIOS E AMEAASCHARLES ALEXANDRE SOUZA ARMADARICARDO STANZIOLA VIEIRA .................................................................... 428

    13. A IGUALDADE DE GNERO EM PROL DA JUSTIA SOCIOAMBIENTAL E DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTVELCINTIA DE MEDEIROS SUELOTTO ............................................................ 441

    14.A OBSOLESCNCIA PLANEJADAE A (IN) SUSTENTABILIDADE DA SOCIEDADE DE CONSUMO CONTEMPORNEA.CRISTIANE BASTOS SCORSATORICARDO STANZIOLA VIEIRACHARLES ALEXANDRE SOUZA ARMADA ............................................... 451

    15.O ESTUDO DE IMPACTO DE VIZINHANA COMO FERRAMENTA DE TRANSFORMAO PARA CIDADES SUSTENTVEIS: O CASO DO MUNICPIO DE SANTOSCRISTIANE ELIAS DE CAMPOS PINTO .................................................... 465

    16.A REPONSABILIDADE DO ESTADO POR DANOS CAUSADOS PELOS DESASTRES AMBIENTAIS ASSOCIADOS OMISSO DO PODER PBLICODANIELA BRAGA PAIANOJULIANA MACHADO SORGI ...................................................................... 477

  • 17.O TERCEIRO CICLO DO NOVO CONSTITUCIONALISMO LATINO-AMERICANO: A BUSCA PELA JUSTICA SOCIOAMBIENTAL POR MEIO DO RECONHECIMENTO DOS DIREITOS DA NATUREZADANIELLE DE OURO MAMEDHELINE SIVINI FERREIRA ........................................................................... 489

    18.AS CONSEQUNCIAS DO AQUECIMENTO GLOBAL PARA A SEGURANA ALIMENTAR NO SCULO XXIDIOGO ANDREOLA SERRAGLIOHELINE SIVINI FERREIRA ........................................................................... 502

    19.GESTO DE RISCOS EM PLATAFORMAS OFF SHORE: DA PREVENO REPARAO DE DANOS AMBIENTAISELIANE MARIA OCTAVIANO MARTINSROSANA DOS SANTOS OLIVEIRA ............................................................ 522

    20.O CASO EXXON VALDEZELIANE MARIA OCTAVIANO MARTINSROSANA DOS SANTOS OLIVEIRA ............................................................ 539

    21. REGULARIZAO FUNDIRIA: A ATUAO DO REGISTRO IMOBILIRIO NA CONCRETIZAO DO DIREITO MORADIAELLEN LARISSA FROTA DE CARVALHOFERNANDA MIRANDA FERREIRA DE MATTOS ...................................... 559

    22.CONSRCIOS PBLICOS: UMA POSSVEL ALTERNATIVA PARA O DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL SUSTENTVEL EM SANTA CATARINAFABIANA DA SILVA OLIANIRICARDO STANZIOLA VIEIRAROBERTA OLIVEIRA LIMA ......................................................................... 571

    23.AVALIAO DO POTENCIAL PROTECIONISTA DO PRINCPIO DO PROTETOR RECEBEDOR NA POLTICA NACIONAL DE RESDUOS SLIDOSFELIPE GARCIA LISBOA BORGESADRIANA LUNA CARDOSODANIELLE FONSECA SILVA ........................................................................ 587

    24.A ATUAO DO TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIO NO FOMENTO S POLTICAS PBLICAS SUSTENTVEIS E GESTO AMBIENTALFELIPE MORETTI LAPORT .......................................................................... 598

    25.SERVIO ECOSSISTMICO, RECURSO HDRICO E DIREITO: EM BUSCA DA RESILINCIAFERNANDA DALLA LIBERA DAMACENA ................................................ 610

  • 26.A CAMINHO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTVEL: DOS PRIMEIROS MOVIMENTOS SOCIOAMBIENTAIS SUSTENTABILIDADE APLICADA AO MERCADO FINANCEIROFERNANDO RODRIGUES DA MOTTA BERTONCELLO ........................... 627

    27.A EDUCAO AMBIENTAL FORMAL E NO FORMAL PARA A EQUIDADE INTERGERACIONAL DO DIREITO HUMANO E FUNDAMENTAL DO MEIO AMBIENTEGABRIELA SOLDANO GARCEZ .................................................................. 640

    28.O DIREITO DE CONSTRUIR E O MANEJO DE RESDUOS SLIDOS DA CONSTRUO CIVIL COMO EXPRESSO DE JUSTIA SOCIOAMBIENTALGILSON FERREIRACAROLINE MARQUES LEAL JORGE SANTOS ......................................... 653

    29.RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA AMBIENTAL NA REFORMA AGRRIAGLADSTONE AVELINO BRITTO ................................................................. 663

    30.A DISTRIBUIO LOCACIONAL DOS RESDUOS NA SOCIEDADE DE RISCO: INTERFACE ENTRE A INJUSTUA SOCIOAMBIENTAL E A POLTICA URBANA DE CONSTRUO ESPACIAL DAS CIDADESHELENA CARVALHO COELHODANIEL GAIOFBIA REGINA ROCHA MARTINS ............................................................ 681

    31.VOC TEM FOME DE QUE? ALIMENTOS TRANSGNICOS E (IN)SEGURANA ALIMENTAR JACIELE PISKORSKI PINTO DE LIMAROBERTA OLIVEIRA LIMAANA PAULA COLZANI ................................................................................. 694

    32.O MANDADO DE SEGURANA COLETIVO NA TUTELA DO DIREITO AO MEIO AMBIENTEJOO BOSCO SOARES DA SILVA FILHOJULIANA ROSE ISHIKAWA DA SILVA CAMPOS .................................... 703

    33. A ATUAO COMPARTILHADA NA GESTO DO CONSUMO SUSTENTVEL DAS GUAS SUBTERRNEASJOO HLIO FERREIRA PES ....................................................................... 717

    34.GREENWASHING: A SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL TRAVESTIDA DE TTICA MERCANTIL JOS CARLOS LOUREIRO DA SILVAJULIANA GERENT ........................................................................................ 731

  • 35.ATUAO DO MARKETING IMOBILIRIO EM SALVADOR, BAHIA: APROPRIAO DA NATUREZA ANTE UMA SOCIEDADE DE RISCO AMBIENTALJULIANA CAMPOS DE OLIVEIRARAFAELA CAMPOS DE OLIVEIRABERNARDETE CAMPOS OLIVEIRA ........................................................... 748

    36.A PROTEO DE AQUFEROS NO BRASIL E O PODER JUDICIRIO: O CASO DA EXPLORAO DO GS DE XISTOJULIANA GERENTJOS CARLOS LOUREIRO DA SILVA ......................................................... 766

    37.EXPANSO DA ENERGIA NUCLEAR NO BRASIL E LICENCIAMENTO AMBIENTAL: PERSPECTIVA CRTICAJULIANNE MELO DOS SANTOS ............................................................... 778

    38.RISCOS AMBIENTAIS DE PROPORES CATASTRFICAS E RESPONSABILIDADE CIVIL: RESSONNCIAS PELOS SERVIOS AMBIENTAISKTIA RAGNINI SCHERER ......................................................................... 792

    39.PROCESSO ADMINISTRATIVO, CIVIL E PENAL EM MATRIA AMBIENTAL NO ESTADO DE SERGIPELARISSA GUARANY RAMALHO ELIASLAURA JANE GOMES.................................................................................. 811

    40.A NALISE DO CONSUMO DA GUA SOB OS PRESSUPOSTOS DA JUSTIA AMBIENTAL E DA SUSTENTABILIDADELIGIA RIBEIRO VIEIRATHAS DALLA CORTE................................................................................... 822

    41.OPORTUNIDADES DE TRANSIO ENERGTICA NO SETOR DE TRANSPORTE NO BRASILLVIA REGINA BATISTA .............................................................................. 837

    42.AQUECIMENTO GLOBAL E DIREITO AMBIENTAL INTERNACIONAL: UMA ANLISE PRINCIPIOLGICA DA REGULAO PARA MITIGAO DOS GASES DO EFEITO ESTUFA E ALCANCE DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTVELMADSON ANDERSON CORRA MATOS DO AMARAL ......................... 851

    43.POLTICA NACIONAL DE ESTMULO PRODUO E AO CONSUMO SUSTENTVEIS: A GARANTIA DO DIREITO DAS FUTURAS GERAESMARCIA GUIMARESROBERTA OLIVEIRA LIMARICARDO STANZIOLA ................................................................................. 862

  • 44.LEGISLAO DO DIREITO DOS DESASTRES NO ESTADO DE SANTA CATARINA E AS CIDADES RESILIENTESMARIANA CAROLINE SCHOLZ .................................................................. 872

    45.O DESENVOLVIMENTO SUSTENTVEL: COMPREENSO DO TERMO E A RECONSTRUO NECESSRIA MARIANA CAROLINE SCHOLZ .................................................................. 891

    46.A PROTEO DOS ANIMAIS NO HUMANOS COMO SUJEITOS VULNERVEISMARIANA DE CARVALHO PERRIPATRYCK DE ARAJO AYALA.................................................................... 909

    47.OS CATADORES DE MATERIAL RECICLVEL E REUTILIZVEL E A GARANTIA DO MEIO AMBIENTE DO TRABALHO EQUILIBRADOMARINA DORILEO BARROSPAULA GALBIATTI SILVEIRA...................................................................... 919

    48.PRINCPIO DA RESPONSABILIDADE COMPARTILHADA NA PNRSMARYLISA PRETTO FAVARETTO .............................................................. 936

    49.A TUTELA JUDICA DO MEIO AMBIENTE NO BRASIL E AS TEORIAS DO DECRESCIMENTO: UMA ANLISE CRTICAMATHEUS SIMES NUNESYANKO MARCIUS DE ALENCAR XAVIER ................................................. 954

    50.A PROTEO DO MEIO AMBIENTE E A PESCA PROFISSIONALNELSON SPERANZA FILHO ........................................................................ 967

    51.RESEX MANDIRA E TURISMO CULTURAL: CAMINHO PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTVEL DA COMUNIDADE QUILOMBOLA DO MANDIRA? PATRICIA BORBA DE SOUZACAROLINA DUTRAMAURCIO DUARTE DOS SANTOS ........................................................... 979

    52.A RESPONSABILIDADE DO PODER PBLICO E AS CIDADES SUSTENTVEIS: A ISENO TRIBUTRIA DO IPTU COMO MECANISMO PARA O CUIDADO E MANEJO DE ANIMAIS DE RUAPATRCIA KOTZIASTHAS DE BESSA GONTIJO DE OLIVEIRA ............................................... 989

    53.A PECURIA ORGNICA COMO UMA ALTERNATIVA PARA MINIMIZAR OS IMPACTOS AMBIENTAIS CAUSADOS PELA CRIAO BOVINA TRADICIONAL PAULA GALBIATTI SILVEIRA.................................................................... 1004

  • 54.A RESPONSABILIDADE INTERNACIONAL PELA PROTEO DO PATRIMNIO CULTURAL: O CASO DO TEMPLO DE PREAH VIHEAR.PEDRO DE PAULA LOPES ALMEIDA ....................................................... 1018

    55.PARQUES PBLICOS NO MUNICPIO DE SALVADOR: REFLEXES ACERCA DA JUSTIA SOCIOAMBIENTAL NA URBERAFAELA CAMPOS DE OLIVEIRAJULIANA CAMPOS DE OLIVEIRABERNARDETE CAMPOS OLIVEIRA ......................................................... 1029

    56.A INCOMPATIBILIDADE JURDICA DA ANISTIA CONFERIDA PELO ARTIGO 68 DO NOVO CDIGO FLORESTAL E A RESPONSABILIDADE DO INFRATORRAFAEL ANTONIETTI MATTHESGISELE OLIVEIRA SOARES ...................................................................... 1040

    57.CONSUMO SUSTENTVEL DE GUA: A RECOMENDAO DA ONU PARA UMA DIETA VEGETARIANARAFAEL SPECK DE SOUZA ....................................................................... 1053

    58.A COISA JULGADA E SUA RELATIVIZAO PARA A PROTEO DOS BENS AMBIENTAISRAPHAEL LEAL ROLDO LIMA ................................................................ 1063

    59.COMPRAS PBLICAS SUSTENTVEIS COMO POTENCIAL INSTRUMENTO DO ESTADO PARA A PRESERVAO AMBIENTALRAPHAEL LEAL ROLDO LIMA ................................................................ 1082

    60.JUSTIA SOCIOAMBIENTAL EM LUZ, CMERA E AO E A PROTEO DAS FUTURAS GERAESROBERTA OLIVEIRA LIMAJULIO CESAR MOREIRA DE JESUSRICARDO STANZIOLA VIEIRA .................................................................. 1101

    61.O TOMBAMENTO COMO INSTRUMENTO DE PRESERVAO ARQUITETNICA EM CIDADES SUSTENTVEISTARIN CRISTINO FROTA MONTALVERNEANA CAROLINA BARBOSA PEREIRA MATOS ...................................... 1119

    62.A COP21, O NOVO ACORDO DE CLIMA E O BRASILRODRIGO CARVALHO DE ABREU LIMA ANDR SOARES OLIVEIRA ....................................................................... 1133

    63.INFRAESTRUTURA VERDE UMA CONCEPO SUSTENTVEL PARA A CONSTRUO DA CIDADE CONTEMPORNEASANDRA MEDINA BENINIJEANE APARECIDA ROMBI DE GODOY ROSIN .................................... 1150

  • 64.O ATIVISMO JUDICIAL E A (IN)PRESCRITIBILIDADE DA PRETENSO REPARATRIA EM SEDE DE AO CIVIL PBLICA AMBIENTALTAYNAH LITAIFF ISPER ABRAHIM CARPINTEIRO PRESELLEN LARISSA OLIVEIRA FROTA DE CARVALHO ............................... 1159

    65.O INTERESSE ECONMICO E A PROTEO DO PATRIMNIO CULTURAL IMATERIAL TAYNAH LITAIFF ISPER ABRAHIM CARPINTEIRO PRESADRIANA ALMEIDA LIMA ....................................................................... 1173

    66.A GUA COMO BEM SOCIOAMBIENTAL NA CONSTITUIO FEDERAL DE 1988THIRSO DEL CORSO NETOTATIANA DOMINIAK SOARESJAMISON BRASIL DO NASCIMENTO .................................................... 1186

    67.A LENTA INCLUSO DO MEIO AMBIENTE NAS DEMANDAS POLTICAS FRUTO DE UM DESPERTAR ECOLGICO TARDIOVITRIA COLVARA GOMES DE SOUSA .................................................. 1200

  • Teses de Estudantes de Graduao

    Papers of Law School Students

  • 20 CONGRESSO BRASILEIRO DE DIREITO AMBIENTAL Teses de Estudantes de Graduao / Papers of Law School Students

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    1. DIMENSO FUNDAMENTAL ECOLGICA DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA

    ALINE OLIVEIRA MENDES DE MEDEIROS FRANCESCHINAUNOESC CHAPEC

    SADIOMAR ANTONIO DEZORDIUNOESC CHAPEC/ CAPITO DO 5 BAT. DA PMA DE CHAPEC

    VINCIUS ALMADA MOZETICUNOESC XANXER/ ADVOGADO

    1. INTRODUO

    Este manuscrito aborda a questo da dimenso ecolgica dentro do princpio da dignidade da pessoa humana, ambos compreendidos como direitos fundamentais natos e indispensveis vida do homem.

    Primeiramente ser efetuada uma anlise ao contedo normativo da dignidade da pessoa humana, analisando sua definio, colocao jurdica e influncia como direito fundamental.

    Em segunda instncia, ser sopesado o direito constitucional ambiental como expresso da prpria dignidade da pessoa humana, estabelecendo conceitos, diretrizes e enfatizando a importncia do mesmo no ncleo social, ante o princpio da solidariedade intergeracional, pois que, um ato efetuado na atualidade, muitas vezes seguir produzindo efeitos at as futuras geraes, causando-lhes um mal, que a mesma nem ao menos presenciou, mas que, porm, sofrer suas seqelas.

    Por defluncia, ser analisado o direito ambiental no sentido de extenso ao direito a vida, abordando sua crucial importncia para o homem, bem como salientando acerca da necessidade de promov-lo, proteg-lo e garanti-lo, pois que, de que adiantaria uma vida, se no fosse possvel usufruir de um meio ambiente sadio e equilibrado? No mnimo esta compreenderia uma possibilidade de viver indigno, ou seja, contrrio aos preceitos da norma Constituinte.

    1.1. O CONTEDO NORMATIVO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA

    Em vista do carter abrangente do termo, consiste em uma tarefa difcil encontrar um significado para p termo dignidade da pessoa humana em vista de que seu conceito refere-se a contornos vagos e imprecisos, diferenciado por sua impreciso e porosidade, bem como por sua caracterstica polissmica. Assim,

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    conforme expressa Sarlet1:

    Uma das principais dificuldades, todavia e aqui recolhemos a lio de Michael Sichs reside no fato de que no caso da dignida-de da pessoa, no se cuida de aspectos mais ou menos espec-ficos da pessoa humana (integridade fsica, intimidade, vida, pro-priedade, etc.), mas, sim, de uma qualidade tida como inerente a todo o ser humano, de tal sorte que a dignidade como j restou evidenciado passou a ser habitualmente definida como cons-tituindo o valor prprio que identifica o ser humano como tal, definio esta que, todavia, acaba por no contribuir muito para uma compreenso satisfatria do que efetivamente o mbito de proteo da dignidade, na sua condio jurdico normativa.

    No entanto mesmo que no seja possvel um estabelecimento de um rol taxativo de violaes a dignidade humana algo real, visto que em diversas situaes admissvel evidenciar sua agresso e desrespeito, por tal motivo que doutrinadores afirmam ser mais fcil especificar o que a mesma no , do que , assim como verifica-se que tanto a doutrina, quanto a jurisprudncia cuidaram no decorrer do tempo de estabelecer o ncleo protetivo de sua dimenso jurdico normativa, mesmo que no possa se proclamar uma definio genrica e abstrata em seu contedo.

    Neste sentido, argumenta-se acerca da impreciso de um conceito em virtude de que tal ao no se harmonizaria com o pluralismo e a diversidade de valores que se manifestam em um Estado Democrtico de Direito, razo pela qual, o respectivo autor manifesta que a limitao deste conceito encontra-se em transformao e desenvolvimento, portanto, agregar a mesma um contedo jurdico-normativo, reclama pelos rgos estatais, uma invarivel concretizao e fixao pelo fulcro constitucional.2

    Cabe aqui ressaltar, com base na ideia basilar, que a dignidade, constitui qualidade intrnseca do ser humano, sendo portanto, irrenuncivel e inalienvel, compreendendo elemento que qualifica a pessoa humana e desta no pode ser desvinculada, de tal forma que no se pode conjeturar uma possibilidade em que determinado indivduo venha a ser titular de uma aspirao a que lhe seja outorgada a dignidade.

    Esta, portanto, compreendida como qualidade integrante e ir-renuncivel da prpria condio humana, pode (e deve) ser re-conhecida, respeitada, promovida e protegida, no podendo, contudo (no sentido ora empregado) ser criada, concedida ou retirada (embora possa ser violada), j que existe em cada ser humano como algo que lhe inerente. Ainda nesta linha de en-tendimento, houve at mesmo quem afirmasse que a dignidade

    1 SARLET, Ingo Wolfgang. Dignidade da pessoa humana e direitos fundamentais na Constituio Federal de 1988. 4 Ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2006, p. 40.2 SARLET, Ingo Wolfgang. Dignidade da pessoa humana e direitos fundamentais na Constituio Federal de 1988. 4 Ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2006, p. 41.

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    representa valor absoluto de cada ser humano, que, no sendo indispensvel, insubstituvel.3

    Por consequncia, constata-se que a dignidade no existe apenas onde protegida pelo Direito e na medida em que este a reconhece, j que previamente se classifica a mesma como preexistente e anterior a qualquer especulao, no entanto, o Direito compreende meio crucial em sua proteo e promoo, no sendo inegvel a constatao de que se negou uma definio a mesma em virtude de seu carter de valor prprio e natural de todo e qualquer ser humano. Irrefutvel o fato de que a dignidade no depende de circunstncias concretas, pois que a mesma inerente a pessoa humana, visto que todos, so iguais em dignidade, no sentido de serem reconhecidos como pessoa, nunca esta podendo ser objeto de desconsiderao.

    Nesta mesma linha, situa-se a doutrina de Gunter Durig, (...), - onde que a dignidade da pessoa humana consiste no fato de que cada ser humano humano por fora de seu esprito, que o distingue da natureza impessoal e que o capacita para, com base em sua prpria deciso, tornar-se consciente de si mesmo, de autodeterminar sua conduta, bem como o de formar sua existn-cia e o meio que o circunda.4

    Neste sentido, a luz do que promulga a Declarao Universal da ONU no art. 1 todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. Dotados de razo e conscincia, devem agir uns para com os outros em esprito em esprito e fraternidade.5 Assim, verifica-se que o elemento basilar da expresso da dignidade da pessoa humana encontra-se conduzida a doutrina Kantiana, concentrando-se ento, na autonomia e na garantia de autodeterminao do ser humano, sendo esta considerada em abstrato, de maneira que at mesmo o incapaz possua a mesma dignidade que qualquer outra pessoa. Ressalta-se que no tenciona-se equiparar os seres humanos, mas sim, a intrnseca ligao entre as noes de liberdade e dignidade,6 em vistas de que a liberdade e, por conseguinte, tambm o reconhecimento e a garantia de direitos de liberdade ( e dos direitos fundamentais de modo geral) constituem uma das principais (seno a principal) exigncias da dignidade da pessoa humana.7

    De outra forma, a dignidade no pode ser considerada como atributo

    3 SARLET, Ingo Wolfgang. Dignidade da pessoa humana e direitos fundamentais na Constituio Federal de 1988. 4 Ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2006, em citao a K. Stern, p. 42.4 SARLET, Ingo Wolfgang. Dignidade da pessoa humana e direitos fundamentais na Constituio Federal de 1988. 4 Ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2006, p. 45.5 Declarao Universal dos Direitos Humanos ONU. Extrada do Stio do MPF. Disponvel em: http://www.prr3.mpf.mp.br/imagens/boletim_info/dudh-onu.pdf. Acesso em 27.09.2014.6 SARLET, Ingo Wolfgang. Dignidade da pessoa humana e direitos fundamentais na Constituio Federal de 1988. 4 Ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2006, p. 44.7 SARLET, Ingo Wolfgang. Dignidade da pessoa humana e direitos fundamentais na Constituio Federal de 1988. 4 Ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2006, p. 45/46.

    http://www.prr3.mpf.mp.br/imagens/boletim_info/dudh-onu.pdf

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    inerente da pessoa humana, pois que, a mesma possui tambm um sentido cultural, pois que compreende fruto do trabalho da humanidade, razo pela qual, as dimenses natural e cultural da dignidade da pessoa humana se complementam e interagem mutuamente. Fato este que foi consagrado por diversos Tribunais, como exemplo utiliza-se o Alemo, ou seja, a mesma concretiza-se de forma histrico-cultural.

    Por esta razo, a dignidade da pessoa humana compreende limite e liberdade de ao estatal, bem como da comunidade em geral, pois que a mesma possui uma dimenso defensiva e outra prestacional, pois que, como condio limitante, constata-se que a prpria no pode ser negada, de outra forma, como imposio estatal a prpria reclama que este guie seus atos, tanto no sentido de preservar, quanto de promover a dignidade, criando aes que possibilitem o exerccio pleno e fruvel, sendo assim, dependente da ordem comunitria.

    Desde logo, percebe-se (ao menos assim esperamos) que com o reconhecimento de uma dimenso cultural e prestacional da dignidade no se est a aderir concepo da dignidade como prestao, ao menos no naquilo em que se sustenta ser a dignidade no um atributo ou valor inato e intrnseco ao ser humano, mas sim, eminentemente uma condio conquistada pela ao concreta de cada indivduo, no sendo tarefa dos direitos fundamentais assegurar a dignidade, mas sim, as condies para a realizao da prestao.8

    Considerada ento a dignidade como limite e tarefa, destaca Dworkin que a mesma possui uma esfera ativa e outra passiva, ambas conectadas, de forma que constituem um valor intrnseco a qualidade humana,9 de maneira que mesmo aquele que perdeu a conscincia da prpria dignidade, merece disp-la, pois que o ser humano no pode ser rebaixado a objeto, ou seja, como instrumento para fins alheios. Assim em conformidade com Kant o homem compreende um fim em si mesmo estando, ento impedido de servir arbitrariamente desta ou daquela vontade.10 Ademais:

    [...] a dignidade constitui atributo da pessoa humana individual-mente considerada, e no de um ser ideal ou abstrato, razo pela qual no se dever confundir as noes de dignidade da pessoa e de dignidade humana, quando esta for referida a dignidade como um todo. Registre-se neste contexto, o significado da for-mulao adotada pelo nosso Constituinte de 1988, ao referir-se dignidade da pessoa humana como fundamento da Republica e do nosso Estado Democrtico de Direito. Neste sentido, bem destaca Kurt Bayertz, na sua dimenso jurdica e institucional, a

    8 SARLET, Ingo Wolfgang. Dignidade da pessoa humana e direitos fundamentais na Constituio Federal de 1988. 4 Ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2006, p. 48.9 DWORKIN, Ronald. El dominio de la vida. Una discusin acerca del aborto, la eutanasia y la liberdad individual. Barcelona: Ariel, 1999, p. 307.10 SARLET, Ingo Wolfgang. Dignidade da pessoa humana e direitos fundamentais na Constituio Federal de 1988. 4 Ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2006, em citao a Kant, p. 51.

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    concepo de dignidade humana tem por escopo o individuo (a pessoa humana), de modo a evitar a possibilidade do sacrifcio da dignidade da pessoa individual em prol da dignidade humana como bem de toda a humanidade ou na sua dimenso transin-dividual.11

    Convm salientar que neste manuscrito a dignidade ser abordada em sua concepo transindividual, ou seja em seu carter de dignidade humana, de maneira a evidenciar em que a qualidade do meio ambiente influencia para o reconhecimento e promoo da mesma, ou seja, de que forma o meio ambiente contribui para a efetividade do artigo primeiro da Carta Magna? Quais os benefcios que o respeito ao meio ambiente traro para as presentes e futuras geraes no que tange a dignidade humana? o que ser expresso no prximo item.

    1.1.1. UM DIREITO CONSTITUCIONAL AMBIENTAL EM EXPRESSO DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA: UMA EVIDNCIA AO PRINCPIO DA SOLIDARIEDADE INTERGERACIONAL

    Assim sendo, entra em cena Prez Luno, que no sentido de Werner Maihofer, e na esteira Kantiana, sustentam uma dimenso intersubjetiva da dignidade, partindo da conjugao do ser humano em sua convivncia social, sem que com este prisma o prprio encontre-se desvinculado de sua condio individual em prol da comunidade, pois que acima da definio ontolgica de dignidade como atributo individual, convm consider-la em sua forma instrumental, considerando-a em seu carter social, fundada na participao ativa de todos na magistratura moral coletiva, no restrita, portanto, a ideia de autonomia individual, mas que pelo contrrio, parte-se do pressuposto da necessidade de promoo das condies de uma contribuio ativa atuando no reconhecimento e proteo do contguo de direitos e liberdades indispensveis,12 como uma ponte dogmtica, interligando os indivduos entre si.

    De qualquer modo, o que importa, nesta quadra, que se tenha presente a circunstancia, oportunamente destacada por Gonal-ves Loureiro, de que a dignidade da pessoa humana - no mbito de sua perspectiva intersubjetiva implica uma obrigao geral de respeito pela pessoa (pelo seu valor intrnseco como pessoa), traduzida num feixe de deveres e direitos correlativos, de nature-za no meramente instrumental, mas sim relativos a um conjun-to de bens indispensveis ao florescimento humano.13

    Percorridas mais de 4 dcadas desde que a Conferncia das Naes Unidas sobre o Meio Ambiente Humano (Estocolmo, 1972), do lanamento de

    11 SARLET, Ingo Wolfgang. Dignidade da pessoa humana e direitos fundamentais na Constituio Federal de 1988. 4 Ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2006, p. 52.12 SARLET, Ingo Wolfgang. Dignidade da pessoa humana e direitos fundamentais na Constituio Federal de 1988. 4 Ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2006, p. 52/53.13 SARLET, Ingo Wolfgang. Dignidade da pessoa humana e direitos fundamentais na

  • 29 20 CONGRESSO BRASILEIRO DE DIREITO AMBIENTAL Teses de Estudantes de Graduao / Papers of Law School Students

    uma alerta sobre o destino tanto do planeta Terra quanto da espcie humana, em um evento que foi histrico e fez histria. E na histria, que descrita e analisada pelos prsperos, o passado se fez presente de alguma forma, mediante o conhecimento que dele temos e as lies que dele herdamos.14 Ocorre que por milnios, no se falou nem cogitou acerca do Direito Ambiental, construindo um vazio absoluto. Ademais:

    Foi um vazio tenebroso e catico, durante o qual e no qual, a Terra se vinha ressentida da extino gradual a que parecia con-denada. O ser humano impunha-lhe deveres, mas lhe negava direitos, qual filho prdigo e desnaturado, que arranca e extrai o quanto pode sem retribuir com o necessrio cuidado e carinho. Ela chegou a beira da exausto, quase ferida de morte. A Natu-reza, ento, faz valer os seus direitos e impe srios deveres ao Homem: que a conscincia da sustentabilidade deixou claro que os direitos da espcie dominante somente podem ser asse-gurados pelo cumprimento dos seus respectivos deveres para com o Planeta aparentemente dominado.15

    Assim, o lampejo que irrompeu da conscincia humana em geral produziu o claro que se ateou na conscincia jurdica atravs do Direito do Ambiente, posto que, o direito em seu caminho ora rpido, ora lerdo, visa acompanhar as transformaes sociais, andando no encalo dos problemas da humanidade, de maneira a transformar o ordenamento jurdico conforme as necessidades sociais. Ocorre que a cada instante avista-se no horizonte, novas crises com maior seriedade e de ao global em uma sociedade que, descrente, insiste por fechar os olhos e ouvidos para a realidade. Por consequncia, nuvens pesadas encastelam-se sobre os destinos do Planeta. H um limite para o crescimento, assim como h um limite para a inconscincia.16 Foi neste instante, que o brado e a luz de Estocolmo se fizeram presentes, conscientizando os seres humanos de maneira ampla.

    Por conseguinte, frente a situaes cruciais, o Direito fora sacudido pela questo Ambiental, fazendo com que a arvora da sistemtica jurdica, recebesse enxertos, produzindo, ento um ramo novo, destinado a promover e proteger um novo tipo de relao, ou seja, a relao da populao com o mundo natural, pois que, a Terra compreendendo um grande organismo vivo, o ser humano compreenderia ento sua conscincia, ou seja, o esprito humano chamado a fazer as vezes da conscincia planetria. Compreende o conhecimento jurdico ambiental, seguindo atravs da tica e armado por meio da cincia, passando a

    Constituio Federal de 1988. 4 Ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2006, p. 54.14 MILAR, dis. Direito do Ambiente: a gesto ambiental em foco, doutrina. Jurisprudncia. Glossrio. 7 Ed. rev. atual., e reform. So Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2011, p. 1056.15 MILAR, dis. Direito do Ambiente: a gesto ambiental em foco, doutrina. Jurisprudncia. Glossrio. 7 Ed. rev. atual., e reform. So Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2011, p. 1057.16 MILAR, dis. Direito do Ambiente: a gesto ambiental em foco, doutrina. Jurisprudncia. Glossrio. 7 Ed. rev. atual., e reform. So Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2011, p. 1058.

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    guiar os rumos do globo terrestre.

    Nada obstante, acresce-se o direito ambiental por princpios prprios, com mago constitucional e com alicerce infraconstitucional, coadunando-se as demais regras jurdicas de maneira a delimit-los em seu respeito e considerao, compreendendo um ramo especializado na antiga rvore jurdica.

    Sim, um Direito especializado e no autnomo -, posto ser certo que o Direito um s, no qual a influncia recproca e a relao contnua entre os diversos ramos inevitvel. Como qualquer outra cincia, ressalta Juraci Perez Magalhes, o Direi-to no admite uma subdiviso mecnica das suas partes. um corpo vivo, cujos membros so todos eles conexos entre si, no podendo assim nenhum ramo da cincia jurdica fazer abstrao dos outros. Em razo disso, os critrios utilizados para reconhe-cer se um direito ou no autnomo carecem de fundamento cientfico. Mais adequado, assim, falar-se em especializao do que de autonomia. (Grifos do original).17

    Pois que, em conformidade com Miguel Reale, as disciplinas jurdicas representam e refletem um fenmeno jurdico unitrio, que precisa ser examinado18, pois que, um ramo se interliga ao outro, formando a rvore da justia. No obstante, o Direito do Ambiente, compreende um complexo de princpios e normas coercitivas reguladoras das atividades humanas que, direta ou indiretamente, possa afetar a sanidade do ambiente em sua dimenso global, visando sua sustentabilidade.19

    Para que se possa dar efetividade a esta disciplina jurdica, faz-se mister o auxilio principiolgico e normativo, como norteador, de maneira a proporcionar um relacionamento harmonioso e equilibrado entre o ser humano e a natureza, normatizando a sanidade ambiental em todas as suas formas (ambiente natural e ambiente artificial), de cunho sancionador aplicveis a leses ou ameaa de direito, pois que sua misso encarrega-se de conservar a vitalidade, capacidade e diversidade de suporte do globo terrestre, para usufruto da sociedade intergeracional.

    Ocorre que devido ao progressivo quadro de degradao evidenciado em toda a circunstncia terrestre, o meio ambiente solidificou-se na colocao de valor supremo da coletividade, passando a integrar-se ao conjunto dos direitos fundamentais de terceira gerao incorporados aos textos capitais dos Estados Democrticos de Direito. Ascende-se como valor comparado ao da dignidade humana e ao da democracia, de maneira que se universalizou como expresso da prpria experincia social e com tamanha fora, que j atua como se fosse

    17 MILAR, dis. Direito do Ambiente: a gesto ambiental em foco, doutrina. Jurisprudncia. Glossrio. 7 Ed. rev. atual., e reform. So Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2011, p. 1059.18 MILAR, dis. Direito do Ambiente: a gesto ambiental em foco, doutrina. Jurisprudncia. Glossrio. 7 Ed. rev. atual., e reform. So Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2011, p. 1059.19 MILAR, dis. Direito do Ambiente: a gesto ambiental em foco, doutrina. Jurisprudncia. Glossrio. 7 Ed. rev. atual., e reform. So Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2011, p 1062.

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    inato, estvel e definitivo, no sujeito eroso do tempo.20

    Ademais, o reconhecimento do direito a um ambiente sadio configura-se, como uma extenso ao direito vida (conforme ser expresso no prximo item), quer sob o enfoque da prpria existncia fsica e sade dos seres humanos, quer quanto ao aspecto da dignidade dessa existncia - a qualidade de vida -, que faz com que valha a pena viver.21

    Esse novo direito fundamental, reconhecido pela Conferncia das Naes Unidas sobre o Ambiente Humano de 1972 (Princ-pio I), reafirmado pela Declarao do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento de 1992 (grifos do original) e pela Carta da Terra de 1997 (Princpio 4), vem conquistando espao nas Cons-tituies mais modernas, como, por exemplo, as de Portugal, de 1976 (art. 66), da Espanha, de 1978 (art. 45) e do Brasil, de 1988 (art. 225).22

    Realmente nosso legislador constituinte acrescentou no caput do art. 225, um novo direito fundamental da pessoa humana, coadunado as prerrogativas individuais e coletivas expressas no art. 5 da Expresso Maior, cujo qual, faz com que se desfrute amoldadas condies de vida em um ambiente saudvel, ou na disposio legal, ecologicamente equilibrado. Direito fundamental o qual, nada desperdia em substncia por localizar-se topograficamente fora do Ttulo I (Dos Direitos e Garantias Fundamentais), Captulo I (Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos) da Epstola Magna, pois que a mesma admite como tradicionalmente assegura o constitucionalismo brasileiro, a existncia de outros direitos, em conformidade com o art. 5, 2 da Carta Magna, que decorram do regime e dos princpios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a Repblica Federativa do Brasil seja parte.23

    Deveras, o carter fundamental do direito vida torna inadequa-dos enfoques restritos do mesmo em nossos dias; sob o direito vida, em seu sentido prprio e moderno, no s se mantm a proteo contra qualquer privao arbitrria da vida, mas, alm disso, encontram-se os Estados no dever de buscar diretrizes destinadas a assegurar o acesso aos meios de sobrevivncia a todos os indivduos e todos os povos. Neste propsito, tm os

    20 MILAR, dis. Direito do Ambiente: a gesto ambiental em foco, doutrina. Jurisprudncia. Glossrio. 7 Ed. rev. atual., e reform. So Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2011, p. 1064/1065.21 MILAR, dis. Direito do Ambiente: a gesto ambiental em foco, doutrina. Jurisprudncia. Glossrio. 7 Ed. rev. atual., e reform. So Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2011, p. 1065.22 MILAR, dis. Direito do Ambiente: a gesto ambiental em foco, doutrina. Jurisprudncia. Glossrio. 7 Ed. rev. atual., e reform. So Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2011, p. 1065.23 BRASIL, Constituio da Repblica Federativa do Brasil de 1988. Disponvel em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em 27.09.2014.

    http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htmhttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm

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    Estados a obrigao de evitar riscos ambientais srios vida.24

    Em decorrncia, a adoo deste princpio por nossa Carta Magna, tencionou nortear toda a legislao vigente, dando uma nova conotao a mesma, no intuito de fornecer uma interpretao coerente por meio da orientao poltico-institucional ento vigorante. , indubitavelmente, um princpio transcendental do sistema jurdico ambiental, brilhando com status de clusula ptrea.

    Por decorrncia do princpio da solidariedade intergeracional, busca-se assegurar a solidariedade das presentes e futuras geraes, para que tambm estas possam usufruir, de forma sustentvel, dos recursos naturais. De maneira sucessiva, enquanto a famlia humana e o planeta Terra puderem coexistir pacificamente.25

    Em crculos ambientalistas e universitrios, fala-se muito em dois tipos de solidariedade: a sincrnica e a diacrnica. A pri-meira, sincrnica, (ao mesmo tempo), fomenta as relaes de cooperao com as geraes presentes, nossas contemporne-as. A segunda, a diacrnica (atravs do tempo), aquela que se refere s geraes do aps, ou seja, as que viro depois de ns, na sucesso do tempo. Preferimos falar em solidariedade intergeracional, porque traduz os vnculos solidrios entre as ge-raes presentes e com as geraes futuras.26

    Perfaz-se a importncia do bem exposto ante a constatao de que a generosidade da Terra no inesgotvel, e do fato de que j estamos consumindo cerca de 30% alm da capacidade planetria de suporte e reposio.27 Posto que, em conformidade com o Relatrio Planeta Vivo 2010, da Rede WWF, constata-se que estamos vivendo alm de nossas possibilidades, alimentando-nos de pores que pertencem s geraes ainda no nascidas.28 Ocorre que os custos do mau uso da natureza no devem ser debitados irresponsavelmente na conta das porvindouras geraes. Seremos questionados e cobrados pelos futuros ocupantes desta casa.29

    Esta problemtica contem tamanha importncia que diversas declaraes abordaram seu contedo em seu ncleo, o exemplo da Declarao de Estocolmo acerca do Meio Ambiente Humano (1972)30, cuja mesma expressou no Princpio

    24 Antonio A. Canado Trindade (apud MILAR, 2011, p. 1066).25 MILAR, dis. Direito do Ambiente: a gesto ambiental em foco, doutrina. Jurisprudncia. Glossrio. 7 Ed. rev. atual., e reform. So Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2011, p. 1066.26 MILAR, dis. Direito do Ambiente: a gesto ambiental em foco, doutrina. Jurisprudncia. Glossrio. 7 Ed. rev. atual., e reform. So Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2011, p. 1066.27 MILAR, dis. Direito do Ambiente: a gesto ambiental em foco, doutrina. Jurisprudncia. Glossrio. 7 Ed. rev. atual., e reform. So Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2011, p. 1066.28 MILAR, dis. Direito do Ambiente: a gesto ambiental em foco, doutrina. Jurisprudncia. Glossrio. 7 Ed. rev. atual., e reform. So Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2011, p. 1066.29 MILAR, dis. Direito do Ambiente: a gesto ambiental em foco, doutrina. Jurisprudncia. Glossrio. 7 Ed. rev. atual., e reform. So Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2011, p. 1066.30 Declarao da Conferncia das Naes Unidas sobre o Meio Ambiente Humano 1972.

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    2 que os recursos naturais devem ser preservados, por meio de cuidadoso planejamento em benefcio da solidariedade intergeracional. Por consequncia, na Declarao do Rio de Janeiro a respeito do Meio Ambiente e Desenvolvimento (1992)31, averbou o Princpio 3, destacando que o direito ao desenvolvimento precisa desenvolver-se de forma a respeitar as presentes e futuras geraes. No mesmo sentido, o ordenamento jurdico ptrio, salienta no caput do art. 225 da Epstola Maior, acerca da solidariedade intergeracional, impondo ao Poder Pblico e a coletividade o dever de defender e preservar o meio ambiente em conformidade com seus preceitos.32

    sabido que, no reino da natureza, h foras de atrao e re-pulsa, havendo tambm predadores e presas; tudo, no entanto, converge para o objetivo. J entre os humanos, alm daquelas antinomias, bem conhecida a fora dos instintos cegos que no obedecem nem a razo, nem a vontade esclarecida. No obstante, existe um destino comum a ser alcanado.33

    Sem embargo, sempre haver tenses, posto que necessrio conscientizar-se que a solidariedade humana, entre as pessoas e destas para com o Planeta, uma fonte do saber e do agir. A mesma j fora prevista desde os primrdios no ordenamento da natureza, sendo adotada como fundamento tanto do ordenamento humano natural, quanto social, por corolrio o ordenamento jurdico a pressupe e por consequncia a solidariedade vista como um valor natural cultivado, compreendendo fonte para a tica e para o Direito.

    Ante o exposto, verifica-se o prestgio que o meio ambiente possui para a vida de qualquer ser humano, constituindo fator indispensvel para a sadia qualidade de existncia, atuando em extenso ao direito a vida, compreenso esta que ser abordada com maior profundidade atravs do item a seguir.

    1.1.1.1. DIREITO FUNDAMENTAL AMBIENTAL COMO EXTENSO DO DIREITO VIDA

    Assevera Alexy que o direito possui dois elementos de definio, compreendendo o da legalidade de acordo com o ordenamento ou dotada de autoridade e o da eficcia social. Sendo que o direito depende unicamente do que estabelecido ou eficaz na ordem vigente, isto em conformidade com a teoria positivista, j as contrrias (no positivistas) defendem a tese da vinculao, ou

    Disponvel em: http://www.apambiente.pt/_zdata/Politicas/DesenvolvimentoSustentavel/1972_Declaracao_Estocolmo.pdf. Acesso em 27.09.2014.31 Declarao do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento. Disponvel em: http://www.onu.org.br/rio20/img/2012/01/rio92.pdf. Acesso em 27.09.2014.32 BRASIL, Constituio da Repblica Federativa do Brasil de 1988. Disponvel em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em 27.09.2014.33 MILAR, dis. Direito do Ambiente: a gesto ambiental em foco, doutrina. Jurisprudncia. Glossrio. 7 Ed. rev. atual., e reform. So Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2011, p. 1067.

    http://www.apambiente.pt/_zdata/Politicas/DesenvolvimentoSustentavel/1972_Declaracao_Estocolmo.pdfhttp://www.apambiente.pt/_zdata/Politicas/DesenvolvimentoSustentavel/1972_Declaracao_Estocolmo.pdfhttp://www.onu.org.br/rio20/img/2012/01/rio92.pdfhttp://www.onu.org.br/rio20/img/2012/01/rio92.pdfhttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htmhttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm

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    seja, o direito conectado com a moral.34 Ocorre que um positivismo legal estrito de certa forma ultrapassado, pois conforme a conscincia da parte majoritria dos doutrinadores, o fato de a lei e o direito coincidirem no constitui uma constante, posto que o direito no igual totalidade das leis escritas.35 Posto que, um direito pra ser pleno precisa compreender em seu sistema normativo a legalidade, a eficcia social e a correo material.

    Neste sentido destaca Streck, que preciso compreender que nos movemos numa impossibilidade de fazer coincidir texto e sentido do texto (norma), isto , movemo-nos numa impossibilidade de fazer coincidir discursos de validade e discursos de adequao, posto que, no entendimento do respectivo, se o direito um saber prtico, a tarefa de qualquer teoria jurdica buscar as condies para a concretizao de direitos e, ao mesmo tempo, evitar decisionismos, arbitrariedades e discricionariedades interpretativas.36

    O mesmo acredita na ideologia de uma forma material substancial da Carta Magna, pois que, para o prprio a promoo dos direitos fundamentais sociais, compreende condio para a prpria validade constitucional, posto que, no se verificaria a necessidade de uma Epstola Maior caso a mesma no possusse aplicabilidade e poder de coero, estabelecendo um compromisso entre a Constituio e a sociedade em efetu-la. Neste entendimento, Habermas prope um modelo de democracia constitucional que no tem como condio prvia fundamentar-se nem em valores compartilhados, nem em contedos substantivos, mas em procedimentos que asseguram a formao democrtica da opinio e da vontade e que exigem uma identidade poltica ancorada no mais em uma nao de cultura, mas sim em uma nao de cidados.37

    Por consequncia, Habermas v no Judicirio o centro do sistema jurdico, mediante a distino entre discursos de justificao e discursos de aplicao exigindo-se a exigncia de imparcialidade no s do Executivo, mas tambm do juiz na aplicao e definio cotidiana do direito, propondo ento, um modelo de democracia constitucional que no tenha como condio prvia fundamentar-se nem em valores compartilhados, nem em contedos substantivos, mas em procedimentos que asseguram a formao democrtica da opinio e da vontade e que exigem uma identidade poltica ancorada no mais em uma nao de cultura, mas sim em uma nao de cidados.38

    Sintetiza a tese procedimentalista que o Judicirio deveria assumir o papel de um intrprete que pe em evidncia, inclusive contra maiorias eventuais, o direito produzido democraticamente, especialmente o dos textos

    34 ALEXY, Robert. Conceito e validade do direito. Org. Ernesto Garzn Valds... [et. al.]. trad. Gerclia Batista de Oliveira Mendes. - So Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2009, p. 4.35 ALEXY, Robert. Conceito e validade do direito. Org. Ernesto Garzn Valds... [et. al.]. trad. Gerclia Batista de Oliveira Mendes. - So Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2009, p. 10.36 STRECK, Lenio Luiz. Verdade e Consenso: constituio, hermenutica e teorias discursivas. 4. Ed. So Paulo: Saraiva, 2011. P 69.37 Habermas (apud STRECK, 2011 p. 85).38 Habermas (apud STRECK, 2011 p. 83/85).

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    constitucionais. No entanto, atravs do modelo substancialista que em parte subscreve o autor trabalha-se a perspectiva de que a Constituio estabelece as condies do agir poltico-estatal, possuindo em suas normas um carter diretivo, o constitucionalismo-dirigente que ingressa nos ordenamentos dos pases aps a Segunda Guerra.39

    implacvel que, com a positivao dos direitos sociais-fundamentais, o Poder Judicirio passe a ter um papel de absoluta relevncia, mormente no que diz respeito jurisdio constitucional, posto que, se existe algo que une substancialistas como eu e procedimentalistas como Marcelo Cattoni a defesa da democracia, dos direitos fundamentais e do ncleo poltico essencial da Constituio, pois neste instante, somente os caminhos que so diferentes.40

    Habermas parte do pressuposto que os atos ligados razo prtica so atos solipsistas, ligados filosofia do sujeito, e, portanto, com estrutura prescritiva a priori, dependentes de fundamentao posterior. Assim os atos do mundo prtico dependero dessa fundamentao anterior prvia, comprometendo-se os indivduos com pressupostos pragmticos contrafactuais.

    [...] a verdade deixa de ser conteudstica para ser uma verda-de como idealizao necessria. uma verdade argumentativa, atingida por consenso. No h fundamentao vlida de qual-quer enunciado (norma) que no seja pela via argumentativa. A fundamentao prima facie, porque somente assim possvel a universalizao.41

    Assim, a constituio do ideal de fala tem como condio de possibilidade o agir comunicativo e no mais a subjetividade, mas a prpria linguagem funda a razo prtica. Em virtude de que, o giro lingustico resultado das rupturas provocadas por Wittgenstein e Heidegger, que mostraram a impossibilidade de fundamentar a razo. como se houvesse um novo fundamen-to de validade de cunho paradigmtico que afeta todas as cate-gorias do conhecimento.42

    Neste consenso, a razo prtica sustentada nesse sujeito morreu antes da possibilidade de sua substituio, estando formada, a partir de ento, na linguisticidade e no modo prtico de ser-no-mundo. Por decorrncia, afirma o autor que falta em Habermas uma dimenso fundamental que o paradigma da compreenso, da diferena ontolgica pela qual entende que todo discurso entitativo fundamenta-se, necessariamente, em outro discurso, da pr-compreenso, que chama de ontolgico e no clssico.

    39 STRECK, Lenio Luiz. Verdade e Consenso: constituio, hermenutica e teorias discursivas. 4. Ed. So Paulo: Saraiva, 2011, p. 88.40 Apud (Streck, 2011, p. 88/91).41 STRECK, Lenio Luiz. Verdade e Consenso: constituio, hermenutica e teorias discursivas. 4. Ed. So Paulo: Saraiva, 2011, p. 97.42 STRECK, Lenio Luiz. Verdade e Consenso: constituio, hermenutica e teorias discursivas. 4. Ed. So Paulo: Saraiva, 2011, p. 99/101.

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    Afasta a ideia do irracionalismo atribudo a Heidegger e a Gadamer, justamente por ser a filosofia hermenutica responsvel por abrir o espao de que todo o argumentar possvel. Atinente a isso, enfatiza-se acerca da necessidade de racionalizar-se sobre a importncia crucial que possui o meio ambiente na existncia do homem, pois que, o prprio chega a ser considerado com extenso do direito a vida.

    Ocorre que, em conformidade com J.J. Rousseau (O contrato social), a pessoa em seu estado natural, que compreende aquele em que no recebe submisso estatal, seria egosta e insegura, assim para conviver em sociedade o mesmo elabora um contrato social, efetivando a ordem social.43 Formando um corpo soberano (sociedade) atravs da multido reunida, onde que os particulares que o compe no podem ter interesses contrrios ao deste, assim o dever e o interessem os remetem a se auxiliarem mutuamente. Ao pactuar este contrato, o homem constitui regras de relao social, no ento, no delimita acerca da convivncia exterior, pautando um agir do homem de forma desregulada e indefinida, como se os recursos naturais fossem infinitos, primando sempre somente a razo do homem, ou seja, colocando-se no centro do universo. E assim seguiu no decorrer do tempo.

    Nada obstante a natureza fora destituda de importncia, como acima exposto, ficando abandonada ao desrespeito e desmedida dos atos humanos, at que incapaz de suportar tamanha desmoralizao reage e entra em crise, utilizando de sua linguagem para demonstrar as consequncias da irracionalidade e consumismo imoderado do homem (enchentes, alteraes climticas, etc.), cobrando uma reao do ser humano, alertando-o sobre as consequncias trgicas de seu esquecimento e desvalor, foi ento que Michel Serres, props um novo modelo de convivncia humana, na elaborao de um Contrato Natural entre o ser humano e o meio ambiente, acrescentando a este ltimo seus direitos e proteo inerentes, preservando-o e o reconstituindo, pois que o homem age sobre a terra como um parasita de modo que:

    Na sua prpria vida e atravs das suas prticas, o parasita con-funde correntemente o uso e o abuso; exerce os direitos que a si mesmo se atribui, lesando o seu hospedeiro, algumas vezes sem interesse para si e poderia destru-lo sem disso se aperce-ber. Nem o uso nem a troca tm valor para ele, porque desde logo se apropria das coisas, podendo at dizer-se que as rouba, assedia-as e devora-as. Sempre. abusivo, o parasita.44

    Assim, mesmo o direito age em uma mo nica em que prioriza e circunda apenas as vontades da pessoa de maneira que a sociedade apanha tudo e no deixa nada, pois que o efeito da normatividade jurdica mnimo frente ao impacto

    43 A ordem social um direito sagrado, que serve de base a todos os outros. ROUSSEAU, Jean Jacques. Do contrato social: princpios de direito pblico. Trad. J. Cretella Jr.e Agnes Cretella. 3 ed. rev.- So Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2012, p. 23.44 SERRES, Michel. O contrato natural. Trad. Serafim Ferreira. Portugal: Editions Franois Bourin, 1990, P. 63.

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    destrutivo causado ao meio ambiente, mas ainda assim a balana da justia luta para contrabalancear os efeitos deste desequilbrio abusivo, que leva consigo a prpria possibilidade de uma convivncia equilibrada entre homem e meio ambiente, de maneira a desestabilizar a sadia qualidade de vida, consumindo os recursos naturais irrecuperveis do meio ambiente, danificando a qualidade de vida tanto das presentes quanto das futuras geraes. Para o respectivo autor o mundo encaminha-se para seu fim, pois o direito atua limitando o parasitismo entre os homens, porm, esquece de delimitar este mesmo parasitismo sobre as coisas:

    Resta-nos pensar num novo equilbrio, delicado, entre esses dois conjuntos de equilbrios. O verbo pensar, prximo de compensar, no conhece, que eu saiba, outra origem para alm dessa justa-mente pesada. a isso que hoje chamamos pensamento. Eis o direito mais geral para os sistemas mais globais.45

    A partir de ento, o ser humano reaparece no mundo, ultrapassando a racionalidade do local para o global renovando a relao com o planeta Terra, outrora o nosso dono e ainda h pouco o nosso escravo, em todo o caso sempre o nosso hospedeiro e agora o nosso simbiota. Enfatizando, um retorno a natureza.

    O que implica acrescentar ao contrato exclusivamente social a celebrao de um contrato natural de simbiose e de reciprocida-de em que a nossa relao com as coisas permitiria o domnio e a possesso pela escuta admirativa, a reciprocidade, a contem-plao e o respeito, em que o conhecimento no suporia j a pro-priedade, nem a aco o domnio, nem estes os seus resultados ou condies estercorrias. Um contrato de armistcio na guerra objectiva, um contrato de simbiose: o simbiota admite o direito do hospedeiro, enquanto o parasita - o nosso actual estatuto - condena morte aquele que pilha e o habita sem ter conscincia de que, a prazo, se condena a si mesmo ao desaparecimento.46

    Ocorre que o direito de dominao e de propriedade reduz-se ao parasitismo. Enquanto, o direito de simbiose delimita-se pela reciprocidade, assim, aquilo que a natureza entrega ao homem, o mesmo deve devolver a ela, tornando-se ento um sujeito de direitos. De maneira a respeitar e promover o direito a vida de todo e qualquer ser humano, pois que sem os elementos naturais, impossvel seria a possibilidade da prpria existncia, tamanha a fundamentalidade da questo para a sociedade, pois que o meio ambiente como bem comum do povo, compreende como direito e dever de todos, garantido pela prpria dignidade da pessoa humana, posto que um viver longe de um ambiente saudvel coloca-se em contrariedade aos preceitos de um Estado Democrtico

    45 SERRES, Michel. O contrato natural. Trad. Serafim Ferreira. Portugal: Editions Franois Bourin, 1990, P. 65.46 SERRES, Michel. O contrato natural. Trad. Serafim Ferreira. Portugal: Editions Franois Bourin, 1990. P. 65/66.

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    de Direito, onde que a dignidade da pessoa humana entra como base afirmativa de todos os direitos natos do homem, e dentre estes considera-se o alcance de um meio ambiente sadio e equilibrado.

    1.1.1.1.1 CONCLUSES ARTICULADAS

    1. Defende-se, ento a fundamentalidade do respeito ao meio ambiente para a prpria promoo da sadia qualidade de vida do ser humano, pautado no funda-mento da dignidade da pessoa humana como base afirmativa e efetiva de ao socioambiental.

    2. Ocorre que o ncleo basilar constitucional molda-se na dignidade da pessoa humana como um direito prprio e intransfervel do homem, onde que nenhum ser humano poder ser rebaixado ao estado de coisa, em extenso, certos direi-tos lhes so inalienveis e dentre estes se encontra a prerrogativa de um meio ambiente saudvel e equilibrado.

    3. Sendo este um Direito este intergeracional, em vista de sua crucial importncia as aes degradativas contemporneas produzem resultados nas futuras gera-es, causando um efeito atrasado, e muitas vezes irreparvel, como o exemplo de uma espcie em extino, pois que, depois de extinta no h possibilidades de retorno.

    4. Desta feita, como o meio ambiente compe um ciclo em que cada ser que habita no espao terrestre possui sua funo para o funcionamento do prprio planeta, extinta uma espcie, automaticamente, causar uma quebra naquele ciclo, ocasionando efeitos, muitas vezes irreparveis, no funcionamento natural do planeta Terra.

    5. neste ponto que se enfatiza a importncia de valorizar o meio ambiente, e efetivar as leis em seu favor, pois que sua fundamentalidade compreende uma extenso do direito a vida, como apregoado, pois que, sem o meio ambiente natural, impossvel seria a simples possibilidade de existncia no globo terrestre.

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    2. PROTEO CONTRA OS RISCOS DA NANOTECNOLOGIA NA LEGISLAO CONSUMERISTA BRASILEIRA

    ALISSON GUILHERME ZEFERINOUniversidade Comunitria Da Regio De Chapec UNOCHAPEC

    Graduando em Direito e Bolsista do GP Direito, Regulao e Participao Cidad

    LILIAN BONA DE CAMARGOUniversidade Comunitria Da Regio De Chapec UNOCHAPEC

    Graduanda em Direito e Pesquisadora do GP Direito, Regulao e Participao Cidad

    1. INTRODUO

    A nanotecnologia representa fortes impactos nos ltimos anos. O seu potencial disruptivo faz com que grandes empresas dos mais variados ramos invistam uma considervel soma de dinheiro no financiamento de pesquisas e em processos de transferncia tecnolgica envolvendo nanomateriais.

    As universidades e os centros de pesquisa de ponta, da mesma forma, tm destinado boa parte da verba gasta em pesquisas na rea tecnolgica e em aprimoramentos de tcnicas de manipulao da matria em nvel nanomtrico, e na descoberta de novas aplicaes para os nanomateriais.

    A conjuno de esforos dos trs principais agentes da inovao tecnolgica no acontece sem razo. A nanotecnologia, ao possibilitar que se explorem caractersticas e propriedades da matria de forma jamais realizada at o momento, promete revolucionar os processos, os materiais e os produtos na mais diversificadas reas. Os nanomateriais j so, inclusive, aplicados de forma significativa na fabricao de equipamentos utilizados na transmisso e processamento de dados e no diagnstico de doenas. J se encontra disposio do consumidor diversos frmacos, cosmticos, produtos qumicos e alimentos contendo nano-objetos em sua formulao.

    Neste contexto analisaremos os nanoprodutos, suas aplicaes cientficas e comerciais, seus riscos para a sade humana, versando sobre meio ambiente, o mercado e cenrio das nanotecnologias e as caractersticas pertinentes do Cdigo de Proteo e Defesa do Consumidor para a proteo das relaes de consumo diante dos riscos das nanotecnologias.

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    2. OS NANOPRODUTOS

    A discusso e o estudo envolvendo partculas invisveis a olho nu muito antiga, levando pensadores a considerarem o que dava origem matria no planeta, questionamentos que certamente auxiliaram em descobertas posteriores, como a do tomo.

    A revoluo da matria proporcionada pelas nanotecnologias nas ltimas dcadas torna necessrio fornecer aqui elementos para sua compreenso. Um conceito da National Science Foundation, dos Estados Unidos, traz que a nanotecnologia o Desenvolvimento de pesquisa e tecnologia em nveis atmico, molecular e macromolecular, em escala de aproximadamente 1-100 nanmetros47

    O que Feynman j argumentava em 1959 estava de acordo com as leis da Fsica e da Qumica, alertando para as diferenas de reao dos materiais em dimenses variadas.48

    A compreenso do que a nanotecnologia no pode ficar alheia exemplificao da escala. A unidade de medida de que se aproveita a nanotecnologia conhecida como nanmetro, um metro dividido por um bilho, (matematicamente representado por 1x10-9 m), a mesma escala dos tomos e das molculas. A ABD