cooperação. competição e individualismo: pesquisa e...

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I SSN 1 413·389X Temas em Psicol ogiada SBp ·200LYol 9.' L 11·18 Cooperação. competição e individualismo: pesquisa e contemporaneidade ' Resumo Angela Uchôa Branco 2 e Sanmya de Jesus Salomão Un;versid"de de lJrasília competição e individualismo consistem cm tema de fundamental relevância na A eontrihuiç.'lo da psicologia est:\ cm estudar os mitltiplos e variados falores que, de forma dinâmica, atuam no desenvolvimento de padrões interativos, crcnças c valores especificos. quc origem a imeraçiJ.es que irão, afinal. constituir o das rdaçõcs humana,_ cm socieda..k. Em nOSSO Laboratório na Unhersidade de Brasília. temos deseovolvido projetos envolvendo crianças, adolescentes e adult08. anali,ar () padrik< de interação social, nenças e contextos cultora 1m ente estruturados. bem como a quest.1Jo da moralidade e motivação social. Os estudos tem f"ito uso de entrevistas e vídeo. o que nos permite a análise microgcnética das intcraçõcs sociais. O anigo analisa. pois. a questão da interdependEncia hwnana sob a fonna de padrões interativos e crenças e valores, ilustrando com uln exemplo empírico a metodologia utiliuda. Pl l lrrJ$-ehn: professor·aluno, curriculo oculto, Cooperat ion,t ompeti ti ona ndindivid ualism:acon temporary resear chi ssue Abstract Cooperation, competition and individuali,m are fundamental topics to bc srudicd in today's world. TIlc contribution ofpsychology in the ,tudy ofthc muHiplc and varied factors. which dynamically act in the olcvdopmcnt "r intcract;vc bdicJ, aod vallI'" whieh are origin of actions and interactions. These actions and intcractiol1s will finally constitute lhe rouline ofhuman rdation,hip in our society. [n our Laboratory, at thc Univcrsily ofBrasilia, wc havc carrying OlIt prujects ",ith lhe ofimcstigating social intcraction pauems. ,alues and bdids in ado1escems and adults. Moral dcvclopmcnt and social motivation also consi,t oftopics ofintcrcsL lntcrviews anol violentaI'" are used. allowing for a micro genetic analysis of social interactions. The presem artielc discosscs human interdependence issue_. related 10 ;nteractions. values and beliefs. and it also provides an empirieal of lhe methnuology v.C aro u..ing lo de,'dor our rC$carch hywords:teacher·student. hiddencurriculum.values, 1. Trabalho apresentado no Simpósio Valore .•. respomabilidade 5ocial e subjetividade, XXXI ReuniãoAnual da Sociedade Brasileira de Psicologia, Rio de Janeiro· RJ , ountbro de 2001. Endereço para corre,pondênc;a: Instituto de Psicologia. Universidade de Brasilia.CEP 70910·900 Brasília· c-mail: ambranco@tcrra.com.br 2. Apoio financeiro CNPq - Bolsa Pesquisador

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ISSN 1413·389X Temas em Psicologia da SBp ·200LYol 9.' L 11·18

Cooperação. competição e individualismo: pesquisa e contemporaneidade'

Resumo

Angela Uchôa Branco2 e Sanmya de Jesus Salomão Un;versid"de de lJrasília

Coop~raçilo, competição e individualismo consistem cm tema de fundamental relevância na ~ont~ml"<lr~ne;dade. A eontrihuiç.'lo da psicologia est:\ cm estudar os mitltiplos e variados falores que, de forma dinâmica, atuam no desenvolvimento de padrões interativos, crcnças c valores especificos. quc d~o origem a açõe~ ~ imeraçiJ.es que irão, afinal. constituir o ~otidian() das rdaçõcs humana,_ cm socieda..k. Em nOSSO Laboratório na Unhersidade de Brasília. temos deseovolvido projetos envolvendo crianças, adolescentes e adult08. procur~ndn anali,ar () d~s~nvolvimcnt() d~ padrik< de interação social, nenças e val()r~, ~m contextos cultora 1m ente estruturados. bem como a quest.1Jo da moralidade e motivação social. Os

estudos tem f"ito uso de entrevistas e vídeo. o que nos permite a análise microgcnética das intcraçõcs sociais. O anigo analisa. pois. a questão da interdependEncia hwnana e.~pressa sob a fonna de padrões interativos e crenças e valores, ilustrando com uln exemplo empírico a metodologia utiliuda. Pl llrrJ$-ehn: professor·aluno, curriculo oculto, valor~s.

Cooperation,tompetitionandindividualism:acontemporary researchissue

Abstract

Cooperation, competition and individuali,m are fundamental topics to bc srudicd in today's world. TIlc contribution ofpsychology r~sidcs in the ,tudy ofthc muHiplc and varied factors. which dynamically act in the olcvdopmcnt "r intcract;vc paU~'TT1s, bdicJ, aod spccifi~ vallI'" whieh are lh~ origin of actions and interactions. These actions and intcractiol1s will finally constitute lhe rouline ofhuman rdation,hip in our society. [n our Laboratory, at thc Univcrsily ofBrasilia, wc havc he~'11 carrying OlIt res~arch prujects ",ith lhe obj~eti,e ofimcstigating social intcraction pauems. ,alues and bdids in ~hildn:n, ado1escems and adults. Moral dcvclopmcnt and social motivation also consi,t oftopics ofintcrcsL lntcrviews anol violentaI'" are used. allowing for a micro genetic analysis of social interactions. The presem artielc discosscs human interdependence issue_. related 10 ;nteractions. values and beliefs. and it also provides an empirieal c.~ampk: of lhe methnuology v.C aro u..ing lo de,'dor our rC$carch

hywords:teacher·student. hiddencurriculum.values,

1. Trabalho apresentado no Simpósio Valore .•. respomabilidade 5ocial e subjetividade, XXXI ReuniãoAnual da Sociedade

Brasileira de Psicologia, Rio de Janeiro· RJ , ountbro de 2001. Endereço para corre,pondênc;a: Instituto de Psicologia. Universidade de Brasilia.CEP 70910·900 Brasília·

c-mail: [email protected] 2. Apoio financeiro CNPq - Bolsa Pesquisador

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Nossopropósito,nesteartigo,consiste,princi­

palmente. em destacara necessidade urgente de se

ampliar, no âmbito da psicologia acadêmica, a análi­

se e discussão sobre o tema da motivação social e

moralidade para além do raciocinio ou julgamento

moral e para além de levantamentos de erençase

valores de categorias especifieas de pessoas. Nosso

objetivo é, pois, buscar, de ronna cooperativa, alter­

nativas teórico-metodológicas que nos pennitam

melhor investigar e compreender a complexa

din5miea dos processos de intemalizaçllo e transfor­

maçllo dos valores sociais nos seres humanos. Para

tanto, temos procurado adotar uma perspectiva

sociocultural construtivista que se fundamenta,

sobretudo, na qualidade sistémica e dinâmica do

fenômeno psicológico, compreendido como pro­

cesso complexo resultante da ação continua de

fatores sociogenétieos e participação ativa do sujeito

em seupTÓpriodescnvolvimento.

A configuração e desenvolv imento de padrões

de interdependência social competitivos, eoore­

mtivos e individualistas, que se constituem de ronna

continuada nos contextos em que vão sendo esta­

belecidos c transfonnados, consistem em tema de

fundamental relevância na contemporaneidade

(Morin e Prigogine, 2000). A nosso ver, a eontri­

buição da psicologia está em estudar os múltiplos e

variados fatores que. de fonna dinâmica, atuam no

desenvolvimento de padrões intemtivos, crenças e

valores específicos, que dão origem a ações e

interações que irão,afinal,constituir o cotidiano das

relações humanas em sociedade (Branco e Valsiner,

1997).

A questão da interdependéllcía humana,

expressa sob a fonna de padrões interativos, crenças

e valorcs, merece urgentemente maior destaque, em

espeçial porque se trata de uma temática particular­

mente relevante para ser invesligada no conlexto da

psicologia científica. Trata-se de uma questão que

precisa ser analisada sob o ponto de visla teórico

(Staub, 1991) e, particulannente, sob a perspectiva

mctodológica (Branco, 1998). Em tenuos de uma

aoordagem sociocultuml COllstrotivista, é necessârio

.l1.IraIcIIS.WIIIiI

constroire inovar metodologias, a partir de uma base

epistemológica qualitativa, que pennitam fonnas de

acesso e investigação dos complexos processos

psicológicos relacionados ao fenômeno da inlerde­

pcndência social (Valsiner, 1997)

Slaub (1989) propõe que crenças e valores

sociais seriam parte de um sistema mais amplo da

motivação, relacionados ao bem-estar social. O autor

apresenta uma proposta por ele denominada de Teo­

ria dos Objetivos Pessoais (Personal Goal Theory), a

qual considera como uma possível resposta às inú­

meras controvérsias conceituais relativas a questão

da origem e desenvolvimento da motivação social,

que, para ele, abrange desde o altroismo a agressão.

Segundo essa teoria, os valores eSlão organizados de

fonna sislêntica e hierárquica e assumem uma posi­

ção central no conjunto da motivação social, que

inclui outros elementos, tais como objetivos

pessoais, necessidades do sujeito, seus motivos

inconscientes, características do contexto, regras e

costurnessociais.Éopróprioautorquempropõc:

"A partir da perspectivada Teoria

dos Objetivos Pessoais, para entender os

comportamentos que beneficiam ou pre­judicamosoutros{ ... )ternosdeconsiderar

a totalidade da pcrsonalidade da pessoa e circunstâncias.'· (p,4ó)

Portantoosvaloresecrençasdeumsujeitosão

entendidos como elementos do sistema motivacional

em processo de continuo desenvolvimento, tendo implicaçõcsmorais,regulandoasinteraçõcssociaise

integrando as funções psicológicas do sujeito a dinâ-

ntica social ern que este se insere.

Um dos pontos que mais chama a atenção no

trabalho de Staub diz respeito à idéia de valorização

ou desvalorização do "outro", na definição da

própria cultura e identidade. O autor aponta que a

atribuição de valores a outros seres humanos é o

caminho de demarcação do grupo social entreaque­

les que pertencem (ingroup) ou não (OUlgroUp) a

delenninado gropo, através dc um sentido de identi­

ticaçãoe constituição da própria idenlidade

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De fato, cada um de nós vivencia a experiência sempre através de um pcnnancntc processo de de diferenciar-se do outro ao rcçonhecer o sentido de constituição orientações para a crença e oriemações

alteridadc. No entanto sob que bases valorativas e para objetivo que desempenham fundamental pape! parâmetros morais essa noção de alteridade é desen- nas açõe~ concretas dos indivíduos em inlera~ão

volvida? Essa é a quest;10 fundam",ntal. Tradicional- (Murphey, 1992; Valsiner e cols .. 1997) ou seja, cada mente e em particular no mundo cm que hoje vivemos, um qualifica e dá sentido às experiências vividas c à

é fácil encontrarmos a definição da idemidade de cada sua própria participação em situações variadas sujeito ougropo de sujeitos a partir dadesvalorizaçiio Como afinna Melo (1996, p.IS), " ... 0 conjunto de

dos outros, daqueles que "não-pertencem" (nut[l,rm,p) crenças e valores do indivíduo atribui um sentido às

àquele grupo em questão, conforme aroma Staub suas experiências e práticas cotidianas e influt:Ileia as

Na daboração de nossa própria concepção ações da pessoa" aeen:a de crenças e valores sociais, é preciso aeres- Assim, os valores constituem o nível mais

centar à discussiío três pontos fundamentais. Primei- estável da ürganização do sistema da motivação

ro, trata-se de considerar como valores aquelas social, mas não são por isso estáticos ou imutáveis

crenças c/ou objetivos que desempenbam um papel Ao contráriu, eles se arti~ulam de fonna dinâmica

espe~i al na dinâmica do sistema motivacional da com as demais orientações para crença (Valsincr e pessoa (M"elo, 199ó; IJranco, 20(1 ). Isso porque cols.,1997)presentesnaaçõeseonerctasdossujcitos ecrtasconvicções(oucrenças)emetas(ollobjetivos) em interação. Essas orientações se transfonnam no

são particulannente importantes e poderosas em decorrer das negociações e interações sociais, acom-detenninados contextos da vida de cada um: silo panhando a dinâmica de seu [luxo c de acordo com impregnadas de afeto e emoção c tendem a uma procesws de descnvolvimtnto e sociali7.ação. E maior estabilidade ao longo do desenvolvimento da Justamente desse modo que vai se reconfigurando pessoa. Entretanto o caráter dinâmico do sistema todo o sistema da motivação social, incluindo aí os (Valsincr, Branco e Dantas, 1997), em pennanente valores e as conseqUentes mudanças que tais trans-

interação com os ~ontextos situa\:ionais, sempre fonllações possam acarretar na dimensão da ação admite uma continua transfonnação que pode dar social, ou seja. dos padrõcs de interação humana.

margem a mudanças na organização hicnirquiea do Em nosso Laboratório (Laboratório de Micro-próprio sistema. admitindo a emergência de novos gênese das Interações Sociais), na Universidade de valores e transfonnação de outros (Branco, 2001; Brasilia, temos desenvolvido, com a participação de

Branco e Salomão, 1999; Oliveira, 1999). Em seguu- alunos de graduação, mestrado e doutorado, projetos

do lugar, é nece~sário discutir a relação dos valores envolvendo crianças, adolescentes e adultos. A aná-com a motivação e interações humanas e, final- Iise e a discussão do desenvolvimento de padrões de mente, a questão das relações entre valores e Iiugua- intcração social, crenças e valores em contextos gem, no contexto do universo semiótico cm que () ser culturalmente estruturados tem sido centrais na gran-humano está inserido de maiuria de nossos projetos.

Sabemos que o comportamento c a5 atividades Temos estudado professores cm suas relações humanas são sempre orientados pür objetivos espccí- com os alunos, mãcs com seus filhos e, mais rccen-

tlcos (goal orientations). Os valores sociais são o temente, temos procurado analisar a questão da principal elemento da motivação social, que sustenta moralidade c motivação social (traduzida, particu-a açilo do sujeito no mundo em suas interações com !annente, na expressão da cooperaçilo, competição e os parceiros (Goodnow, 1988, 1'J')7).lssoporque os individualismo) na visão de pais, professores c

valores orientam o modo como cada pessoa enxeTE;a jovens adolescentes. Os estudos visando à investiga-a si mesma, ao outro e às circunstâncias a sua volta, ção de padrões illlerativos tcm feito usodetcenologia

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de vídeo, sendo a5 interaçõesgravadas, transcritas e,

posterioonentc, submetidas a uma análise microge­

nética.lssolempossíbílítado:

I. acategorizaçãodas interaçõcsemframesinte­racionais de caráterconvergente, divergente e

ambivalente;e

2. a identificação de estratégias metacomu­

nicativasulilizadaspelosindividuoseminte­

ração, as quais participam dos processos de

co-construçãode significados no contexto da

comunicação interpcssoal, podendo ter im­

portante impacto não somente em teonos de

relacionamento, mas também em teonos do

desenvolvimento de crenças, valores c varia­

dos aspectos da personalidade individual,tais

comoaUlo-estima,autoconceitoctc

No estudo de crenças e valores, temos utili­

zado a técnica da entrevista e desenvolvido meto­

dologias de análise qualitativa compatíveis com a

abordagem sociocuhural construtivisla com II qual

trabalhamos. Tais metodologias vêm contribuindo

para 3 identificação e análise daquilo que temos

denominado como "orientações p3m crenças", tendo

em vista a preservação do caráterdinãmico,ern con­

tínua transfoonaçi'lo e desenvolvimento, do sistema

motivacionaldossereshumanos.

Dentre os trabalhos que têm servido de apoio

para a contínua co-construçiio teórico-metodológica

acerca do tema em questão, destacamos

I.aanálisedosprocessosdecanalizaçãocultural,

investigados em contextos e5truturados para a

promoção de padrões comportamentais

cooperativos e competitivos entre crianças de

três anos de idade (Branco, 1998; Bnmco e

Valsiner, 1997);

2. estudo accrca de tópioos relativos ao desenvol­

vimcnto moral. realizado com pré-adolesccntes e eom país de crianças na idade escolar(Freltas,

1998; Freitas e Branco, 2000; Manins, 2000;

Manins e Branco, 2000);

A.U.lrllcuS.SIIoItãI

3. estudo sobre os processos de comunicação e

metacomunicação envolvidos na tmnsmissão

bidirecional de crenças e valores relativos ii molivaçãosociaJ no contexto das interaçõcs

professora-alunos em sala de aula (Salomiloe Branco,2(01);

4. estudosqueseencontramemandamentoacer­

ca de crenças e va lores relativos à motivação

social. um deles realizado com pais eprofes­

sores de pré-escolares (Palmicri, 2(01) e o

outro com diferentes grupos de adolescentes

matriculados em escolas de Brasilia (Branco e

Veludo,emandamcnto).

Antes de prosseguir, relatando aspectos espe­

cificos de alguns dcsses projetos, aqui selecionados

para ilustrar nosso trabalho, é preciso definir ou

precisarconceitualmentc, alguns dos construtos te6-

ricos que se têm revelado extremamente úteis na

realização de nossas investigaçÕCs. Silo eles:

I. convergênc ia, divergência, negociação e ambivalência deorientaçõcs paraobjetivo, no quese refere a padrõcs de intcraçilo social;

2. metacomunicação;e

3. intemalização de crenças e valores napers-pectivasocioçulturalconstrotivista

As noções de convergência, divergência,

negociação e ambivalência de orientações para obje­

tivo(goalorienla/iolls. ver Branco e Vals iner, 1997) se refen-m à o:xistên<.:ia, ou não, de compalibilid3de

entre asorientaçõcs para objetivo apresenladas pelos

paniciJXlntes da interação. Quando há compatibilida­

de, há convergência, sendo a cooperação um caso

especialdeconvergência,pois,nessecaso,oobjelivo

é o mesmo e as ações conjuntas irão beneficiar a

ambos no alcance do objetivo. No caso da diver­

gência, existe uma incompatibilidade, pois o objetivo

de um exclui ou dificulta o alcance do objetivo do

outro. O importante, na adoção de talleoninologia,

porém, é assegurar o fluxo dinâmico das coordcna­

çõcs de orientação para objetivo e eliminar a idéia de

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que necessariamente cooperação e competição são, entre os indivíduos em intenção comunicativa. A particularmente no nível mierogenétieo, padrões de metacomunicação relacional é uma importanh: ínteração social exc\udentes. Essa terminologia, dimensão do fenômeno comunicativo porque.ofere· igualmente, permite dar conta da grande complexi. ce a base interpretativa sobre a qual as mensagens

dade presente no tecido das interaçôes e relações serão interpretadas pelas pessoas. Um mesmo gesto,

sociuis. Um bom exemplo é u umizade e vários estu· palavra ou frase podem ser interpretados difen:nte-

dos têm demonstrado isto: cooperare competir estão mente, a depender do como e em que contexto rela-muitas vezes, presentes em nivel miero, mas, em cional estão sendu apresentados ao outro. Por exem-nível macro,prevalccem as interaçõesafiliativas cos pio, dependendo de como um adolescente diz conflitos verdadeiramente construtivos entre os bons "Vamos ao cinema com a gente?" para um colega, amigos! Portanto não é a aparente alL'>ência de conllí- este provavelmente saberá sc ele é ou não bem-víndo

to que assegura um relacionamento de boa qualidade ao grupo ... e assim por diante. entre as pessoas. Assim sendo, temos verificado, em nossos es-

Em estudo realizado com Jaan Valsiner tudos que as estratégias não verbais e paralingüis-(Branco e Valsiner, 1997), foram estruturados dois ticas típicas da metacomunicação têm-se revelado

contextos distintos, um organizudo cooperativa- poderosos mecanismos no sentido de convidar os mente e outro, de fomla a estimular a competição. participantes à convergência, divergência, nego-Crianças de três anos foram, então, organizadas em ciaç1io e ambivalência. E, com isso, levar à internali-duas tríades diferentes e cada tdado: roi convidada a zação de significados específicos.l'orexemplo, uma paníeípar de atividades cm cada um desses contex- criança ou adolescente que frcqücmerncntc expc-

t05, sob a supervisão de um adulto. As sessões, gra- riencia a rejeição dos colegas, muito provavelmente

vadas em vídeo, permitiram uma série de análise irá internalilllr significados quc poderão contribuir interessante, panicularmente com relação ao fluxo para a co-construção de uma baixa auto-estima. Mas ou dança interativa das crianças em cada situação. isso não ocorrerá necessariamente, pois, na perspec-

Mas o imponante aspecto a ser destacado no presente tiva dinâmica e complexa que adotamos, os proces-artigo. porém, foí o efeito de conalizuçilo cultural sos psicológicos são co-construtivos, isto é, varios e exercido pela experiência vivída pelos dois grupos múltiplos fatoresatuam na constituição da personali-em cada contexto: o contexto cooperativo levou a dade. fundamentalmente ai o próprio sujeíto, que índíees superiores a 90% de interaçõcs convergentes pode interpretar a rejeição como, por exemplo, um

entre as crianças, enquanto o contexto competitivo indicador da "criancice" ou "superficialidade" dos

praticamente desestimulou qualquer intenção: ocor· colegas que não se interessam por questões verdadei-reram algumas, mas, em geral, de earater ambillalen- ramente mteressantes,

te ou mesmo divergente entre as crianças (Branco, O projeto que estamos realilllndo sobre os 1998). processos de comunicação e metacomunicação

Com relação ao eonstrulO melacomunicação. envolvidos na transmissão bídirecional de crenças e

inicialmente, é preciso defini-lo: traIa-se da com uni- valores relativos à motivação social no contexto das caçilo sobre o próprio processo de comunicação interações professora-alunos em sala de aula tem, (Fogel e Branco, 1997; Watzlavik, Beavin e Jackson, igualmente, revelado o quanto a professora tende a 1967). Para nós, entretanto, interessa mesmo é a enfalilllr o individualismo em detrimento das ações metacomunicação relacional, ou seja, aquela que se cooperativas. O protocolo de análise de vídeo que

refere à natureza das interações ou relacionamento temos ulilillldo é apresentado a seguir, na Tabela I:

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A.M.lrmol $,SIlRiI

Tabela I. Protocolo de análise da intcração professora-alunos.

AçinNseriMçu

(Iprtstill Asaialçalc...-. ........ se,el;lsab.~1 IlDeMMISIaIa'Iais..

"'Ildral,HiI,"llItoItpH~II·'fall.IIII"III.ati­

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Uma leituraeuidadosa do protocolo de análise metacomunicando algo ~m diferente daquilo que

evidencia as variadas estratégias utilizadas por acreditamos estar transmitindo ao outro, seja afeto, professora c alunos nocontexlO dasala de au la. Veri- incentivo para estudar ou o tomar-se mais sensível

lica-se ai que, au lungu de todo o episódio analisado, para ajudar o outro. emerge corno oríentayão para crenya (Oliveira e O mais grave, porc:m, é quando, sem saber, esta-Branco, 1999; Valsiner e cols., 1997), que "não é mos reforçando, com nossas cscolhas de atividadcs c

espendo que as l-Tianças ajudem umas às outras nossas ações verbais, e n~o verbais, padrões de ÍIllem-compartilhando material necessário à realização da ção e relacionamento competitivos c/ou tipicamente

larefa, mesmo quando o colega não o possui e não individualistas. Todos os dados ql.le temos em nossos pode realizar a tarefa". A ênfase na posse individual projelus até u momento, apontam nessa direçãu dos objctos c a orientação em não estimular trocas ou Cabe-nos, portanto, compreender a extensão das con-

interaçõcs aí evidentes podem ser confirmadas em seqlibleias de nossas açõcs de socialização, uma em vár;o~ outros erisódios analisados no contexto do relação à outras e as~umir uma posição mais ativa no

projeto como um todo (Branco e Salomão. 1999; sentido de promover um contexto de maior colaoom-Salomão, 2001). Freqüentemente, aprofessura suge- ção, onde, além da necessária coopcmção, seja pos-

ria quc os trabalhos dcviam ser realizados de forma sÍ\'el. também, observar conflitos 01.1 divergências de individu~1 e a conversa ou inter~çllo entre as crianças ordem\:onstrutiva, os quais, em nOSl;a concepção, cons-era prejudicial ao hum andamento das atividades. titucm importante fontc de dcscnvolvimento e transfor-

Isso ela indicava, de forma direla e/ou indireta, como, mação do individuo e sociedade por exemplo, no pequeno trecho transcrito e anali-sado neste artigo. O convite ao individualismo estava

presente, de forma consistente, no conteúdo de suas falas, em sua postura em relação às crianças com quem interagia, cm seu tom de voz c outros indicado­

res paralingüístiws, em sua expressão fisionômica e

dircção do olhar. cntrc outros indicadores.

Concluímos, assim, que apenas através da utilização de uma metodologia sistemática, microa­

nalitica e qualitativa de análise das seqilêllcias inlera­tivas observadas entre professora e alunos em nivel

microgcnético tem sido possível especificar o papel crucial desempenhado pela melacomunicaçJo na canalização cultural de valores associados ao indivi­

dualismo e a competição, ou então, à cooperação e disposição solidária (Branco e Mettel, 1995). Acredi­tamos que estudos como esse e projetos como esta­

mos no momento desenvolvendo com p~is e profes­sores da pré-escola em Londrina e \:omjovens ado­lescentes em Brasília, poderão contribuir para alenar a todos, familiac educadores, particularmente, sobre imponância de estarmos continuamente atcntos às nossas intcraçõcs cotidianas com as crianças, adoles­

centes, enfim, as pessoas, em geral, com as quais convivemos em diferentes COlllextos. Muitas vezes, sem nos dannos conta (no caso da escola, isto tem sido denominado como "currículo oculto"), estamos

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