conversando sobre suicídio: é possível prevenir? · 11,4/100.000 habitantes/ano ......
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Conversando sobre
" Suicídio: é
possível prevenir?"
Profa. Dra. ALEXANDRINA MELEIRODoutora em Medicina – Departamento de Psiquiatria da FMUSP
Médica Psiquiatra pela Associação Brasileira de Psiquiatria - ABP
Membro da Comissão de Atenção à Saúde Mental do Médico da ABP
Coordenadora da Comissão de Estudo e Prevenção de Suicídio da ABP
Conselho Científico da ABRATA - www.abrata.org.br
Mortalidade por causas médicas
1965-1995 2009-2012
Suicídio
Acidente
-20 milhões
Leucemia-LLA
-6000
Dç Cardíaca-1,1 bilhões
AIDS-30 milhões
Thomas Insel: Director of the National Institute of Mental Health NIMH,
Neuroscientist and psychiatrist, USA ( Insel et al, 2010)
Profa. Dra. Alexandrina Meleiro
“Causa mortis” em 2008AFSP, 2011
Profa. Dra. Alexandrina Meleiro
CAUSAS DE MORTE
Gastos em pesquisa médicaAFSP, 2011
CAUSAS DE MORTE
Profa. Dra. Alexandrina Meleiro
Fatores
de riscoDescaso
do governo
Fatores
de
ProteçãoEstratégias
de prevenção
Desequilíbrio tanto em pesquisa como
em ações públicas relativas ao suicídio
Profa. Dra. Alexandrina Meleiro
Profa. Dra. Alexandrina Meleiro
SUICIDIO
PESQUISA SOBRE SUICÍDIO
PROBLEMA DE SAÚDE PÚBLICACUSTO DO SUICÍDIO
Mensurando saúde e fatores econômicos
Número de perdas de vidas
Perdas de anos de experiência de vida
Perdas de anos de vida produtiva (< 65 anos)
Custos com cuidados de saúde (hospital)
Morte prematura e desajuste familiar
Custo legal (necropsia e investigação)
Qualidade de vida
Profa. Dra. Alexandrina Meleiro
Definição de suicídio O suicídio pode ser definido como um ato
deliberado executado pelo próprio indivíduo, cuja intenção seja a morte, de forma consciente, intencional, mesmo que ambivalente, usando um meio que ele acredita ser letal.
Comportamento suicida: pensamentos de suicídio, planos de suicídio e a tentativa de suicídio.
Uma pequena proporção do comportamento suicida chega ao nosso conhecimento.
Profa. Dra. Alexandrina Meleiro
Epidemia “silenciosa”Uma pequena proporção do comportamento
suicida chega ao nosso conhecimento
Atendimento
em Pronto socorro
Comportamento suicida ao
longo da vida
Profa. Dra. Alexandrina Meleiro
NO MUNDO
Em 2012, cerca de 804.000 pessoas morreram por suicídio em todo o mundo
Corresponde a taxas ajustadas para idade de 11,4/100.000 habitantes/ano
(15,0 para homens e 8,0 para mulheres)
Em 2020 a previsão de aumento é para 1,5 milhões de mortes ao ano.
Suicídio: Contexto Mundial (OMS, 2014)
Profa. Dra. Alexandrina Meleiro
A cada 40 segundos uma pessoa comete suicídio.
A cada 3 segundos uma pessoa tenta.
Cada suicídio tem um sério impacto em pelo menos
outras 10 pessoas.
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
Ób/100.000 hab.
Homicídio Suicídio Acidentes de Trânsito
Coeficientes de Mortalidade
Causas Externas
Profa. Dra. Alexandrina Meleiro
50% das mortes violentas são por suicídio
Suicídio: Contexto MundialNO BRASIL
O Brasil é o 8° país em número absoluto de suicídios (11.821 em 2012).
Em números absolutos, o Brasil é líder entre os países latino-americanos.
Entre 2000 e 2012, houve um aumento de 10,4% nas mortes.
Brasil abaixo da média mundial 5,8/100.000 habitantes/ano, ocupa 113ª posição (total de 172 países).
Profa. Dra. Alexandrina Meleiro
(OMS, 2014)
Profa. Dra. Alexandrina Meleiro
(OMS, 2014)
Fatores de risco para o suicídio*
Fatores “fixos”
• Gênero
• Idade
• Grupo étnico
• Orientação sexual
• Tentativas prévias
• Transição socioeconômica
• Anomia
Fatores modificáveis potencialmente
Acesso a meios
Transtornos mentais
Doenças físicas
Isolamento social
Ansiedade
Desesperança e insatisfação
Situação conjugal
Situação empregatíciaBaseado em: Foster & Wu, 2002
Profa. Dra. Alexandrina Meleiro
A chance de suicídio aumenta na proporção de quanto mais fatores de risco estiverem presentes.
Entretanto muitos indivíduos podem ter um ou mais fatores de risco e não terem intenção suicida.
O que faz a diferença entre decisão de vida e morte não é só a presença de fatores de risco.
Mas a presença de FATORES PROTETORES que fortalece as estratégias de enfrentamento.
COMPORTAMENTO SUICIDA
Profa. Dra. Alexandrina Meleiro
Doenças psiquiátricas são forte fatores de
risco associado ao suicídio
Mais de 95% dos pacientes que cometem suicídio nos
países ocidentais sofrem de ao menos um transtorno
psiquiátrico significativo
Indivíduos com dois ou mais transtornos mentais tem
risco 3,5 vezes mais alto do que os sem transtorno.
Embora seja provável que haja variações nesse
cenário em diversos países e culturas, isto destaca o
significado das relações entre as doenças mentais e o
suicídio
Períodos de crises individuais, socioeconômica,
familiares, perda de relacionamento.
Profa. Dra. Alexandrina Meleiro
(OMS, 2014)
Suicídio e Doenças Mentaisestudos em populações gerais (N=15.629)
Transtornos do
humor35.8%
Esquizofrenia
10.6%
Transtorno por uso de
substância psicoativa 22.4%
Sem diagnóstico 3.2%
Trans. de ajustamento 3.6%
T. Ansiedade/somatoforme 6.1%
Outros trans.psicóticos 0.3%
Trans. Organico mental 1.0%
Transtornos de
personalidade
11.6%
Other DSM axis I diagnosis 5.1%
TRANSTORNO
DO HUMOR
35,8%
Transtorno por
uso de substância
psicoativa
22.4%OMS- 2008
Profa. Dra. Alexandrina Meleiro
Suicídio segundo meio utilizado e gênero
MEIO UTILIZADO Masc Fem
Enforcamento, estrangulamento, sufocação 53,3 39,1
Envenenamento 10,4 22,3
Arma de fogo e explosivos 21,5 12,6
Submersão (Afogamento) 0,9 2,0
Instrumento cortante penetrante 1,8 1,3
Precipitação de lugar elevado 1,8 3,8
Demais causas 10,4 19,0
DataSUS – Ministério da Saúde; Botega N, 2004
Profa. Dra. Alexandrina Meleiro
41,5% cometeram suicídio usando pesticidas
Métodos Comuns de Suicídio
Intoxicação exógena, enforcamento, queimaduras, arma de
fogo, arma branca e traumas em acidentes automobilísticos,
jogar-se de locais elevados ou em trilhos (trens/metrôs).
Varia conforme o gênero e cultura dos indivíduos
Manejo e atendimento subsequente demandam habilidade e
preparo do médico do serviço de emergênciaGrossi & Vassan, 2002; Souza et al., 2002
Profa. Dra. Alexandrina Meleiro
Preocupações: TENTATIVA
56% morrem na 1ª tentativa de suicídio
40% repete ao longo da vida, 20 a 25% nos 12 meses
1 a cada 4 dos que tentaram suicídio faz nova tentativa
no ano seguinte
12% acabam se suicidando em 10 anos (38 X pop. geral)
8.9% dos que tentaram morrem após 5 anos
Maior 1/3 dos quem tem ideação, mantém por 10 anos
Isometsa e Lonnqvist, 1998; Tejedor e cols., 1999;
Harris e Barraclough, 1997, Vaiva et al., 2011
Profa. Dra. Alexandrina Meleiro
Fatores Relacionados ao Comportamento Suicida
IMPULSIVIDADE AGRESSIVIDADE
Herpetz e cols., 1995
DESESPERANÇA
SUICÍDIO
Profa. Dra. Alexandrina Meleiro
COMPORTAMENTO SUICIDA
Neurobiologia do Suicídio
FATORES
ESTRUTURAIS - Genéticos
- Lesões Cerebrais
- Traumas
- Infecções
FATORES
FISIOLÓGICOS
- Eixo hipotálamo
hipófise-adrenal
- Baixo colesterol
- Violência infância
- Estresse crônico
- Dieta
FATORES
NEURO-
FISIOLÓGICOS
- ↓ noradrenalina
- ↓ serotonina-Pessimismo
-Desesperança
- Impulsividade
FATORES
CONJUNTURAIS
- Transtornos
psiquiátricos- Estressores
psicossociais
VULNERABILIDADE ESTRESSE
Profa. Dra. Alexandrina Meleiro
O MAIOR DE TODOS OS DESASTRES ECOLÓGICOS
Auto-extermínioSuicídio
Profa. Dra. Alexandrina Meleiro
Profa. Dra. Alexandrina Meleiro
DIAGNÓSTICO PARA RISCO DE SUICIDIO
• Desejo de morte / ideação suicida
• Culpa excessiva
• Humor deprimido
• Anedonia
• Menosvalia
• Problemas de concentração
- Relato de depressão pelos familiares
- Tentativa prévia de suicídio
Profa. Dra. Alexandrina Meleiro
Componentes da ideação suicida
1.Intenção
2.Letalidade
3.Grau de ambivalência : viver e morrer
4.Duração e freqüência
5.Avaliação do método / Repetição
6.Presença / Ausência de nota suicida
7.Protetores: família, religião, relação terapêutica
positiva, sistema de suporte positivo, incluindo
trabalho ou escola. Beck e col. J Consult Clin Psychol 1979; 47, 343-52.
Profa. Dra. Alexandrina Meleiro
Wasserman, 1999
Profa. Dra. Alexandrina Meleiro
Como você pergunta sobre a intenção suicida e os planos suicidas?
– Você sente que não vale a pena viver?
– Você teve pensamentos específicos sobre como terminar com sua própria vida?
– O que você pensou como maneira de terminar com sua vida? Que outras coisas você cogitou?
– Você estabeleceu uma data ou local para terminar com sua vida?
– Você obteve ou tem acesso a venenos, medicação, armas?
– Você escolheu um lugar para se matar? Um lugar do qual pular? Outro método que não tenhamos discutido?
– Se você estivesse sozinho agora, tentaria se matar? E num futuro próximo?
Profa. Dra. Alexandrina Meleiro
CULPA MELANCÓLICA
Impulsos agressivos destrutivos
Funcionamento emocional: falta de regulação afetiva falta de tolerância
Funcionamento cognitivo: Os três is
• INTOLERÁVEL (não suportar)
• INESCAPÁVEL (sem saída)
• INTERMINÁVEL (sem fim)
Profa. Dra. Alexandrina Meleiro
Vias de comportamento suicida
Discórdia interpessoal
Inabilidade para Distorçãoinfluenciar outros Cognitiva
Falta de assertividade
Afeto intenso / Pobre regulação afeto
Decisão impulsivaInabilidade gerar alternativas
Inabilidade avaliar conseqüências
Comportamento suicida
Brent and Kolko; 1990 Suicide and suicidal behavior in children and adolescents
Precipitante
Profa. Dra. Alexandrina Meleiro
Edvard Munch, 1893
Profa. Dra. Alexandrina Meleiro
Desespero e dor
SUICÍDIO: a morte evitável?
O suicida inicia o mergulho na onda de
desespero e perturbação que o levará à
morte.
A maior parte dos suicídios poderia ter
sido evitado se na hora decisiva alguém
estivesse por perto.
Profa. Dra. Alexandrina Meleiro
Abordagens psicoterápicas inadequadas podem
aumentar potencialmente o risco de comportamento
suicida em indivíduos vulneráveis, particularmente em
jovens
Tratamento psicofarmacológico é necessário em
muitas pessoas, e em diversas condições para evitar o
RISCO EMINENTE DE SUICÍDIO.
Farmacoterapia inadequada pode induzir um alto
risco da continuidade do suicídio. (Wasserman, 2001).
Propostas Terapêuticas no Suicídio
Profa. Dra. Alexandrina Meleiro
• Estudo com adolescentes de 10 a 19 anos no período de 1990 – 2000 revelou que o aumento de 1% no uso de antidepressivo está associado ao decréscimo de 0,23 suicídio / 100.000 adolescentes/ano.
Olfson, Shaffer e col. Arch Ger Psych 60; 978-82, 2003
• Estudo com 131 adolescentes de 12-20anos entre paroxetina eclorimpramina. Concluiu: eficácia similar, com menos efeitos colateraispara paroxetina.
Braconnier, Coent, Cohen J Am Acad Child Adolesc Psychiatric 42 (1) 22-9; 2003
Não há evidencia significativa entre morte por suicídio e início de tratamento. Há alguma evidencia com adolescentes de pensamentos e tentativas nos dez primeiro dias de tratamento. Monitorar ansiedade, agitação, irritabilidade, raiva
Baldessarini RJ, Pompili M, Tondo L. Suicidal risk in antidepressant drug trials. Arch Gen Psychiatry.2006; 63: 246-248.
QUANDO O ANTIDEPRESSIVO MATA?
Profa. Dra. Alexandrina Meleiro
Taxa de suicídio e antidepressivo
Mudanças nas taxas de suicídio e exposição a
antidepressivos estão significativamente associados.
O aumento da prescrição de antidepressivos inibidores
seletivos da recaptação da serotonina produziu um
benefício na população com depressão.
A remissão sustentada favorece uma redução na taxa
de suicídio. Estudo de Hall e col ;BMJ, 2003 na Austrália no período de 1991-2000 revelou que:
Profa. Dra. Alexandrina Meleiro
Plasticidade do sistema neuronal
Experiências traumáticas precoce de vida tornam as pessoas mais
susceptíveis ao comportamento suicida
Profa. Dra. Alexandrina Meleiro
LÍTIO X risco de suicídio em transtorno do humor
suicídio tentativas
5X10X
10X 1.4X
Sem lítio
Lítio
Pop.geral
Baldessarini e col. Ann NY Acad Sci 2001; 932:24-8
6
5
4
3
2
1
1
0.8
0.5
0.1
Profa. Dra. Alexandrina Meleiro
LÍTIO: AÇÃO ANTI-SUICIDIO COMPROVADA
Mania
Hipomania
Eutimia
Depressãomenor
DepressãoMaior
Fase preliminar Fase preventiva
Fases de tratamento do transtorno bipolarResposta, Remissão, Recuperação, Recaída, Recorrência
Frank E e colaboradores. Biol Psychiatry. 2000;48(6):593-604.
CURSO INEXORAVÉL = ALTA MORBIDADE E MORTALIDADE
Fase de tratamento
Tratamento de TAB
1950 1960 1970 1980 1990 2000
Clorpromazina*
Trifluoperazina
Flufenazina*
Tioridazina
HALOPERIDOL*
Anticonvulsivos
1940
ECT Lítio* Neuroléptico
Risperidona*
Clozapina
Estabilizadores do Humor
Lamotrigina*
Gabapentina
Topiramato
Oxcarbazepina
Levatiracetam
Neuroléptico Atípico
Olanzapina*
Quetiapina†
Ziprasidona†
Carbamazepina†
Valproato*
2002
Aripiprazol†
/
Insulina
Profa. Dra. Alexandrina Meleiro
ECTou
Estabilizador do Humor
+ Antidepressivo
+ Antipsicótico
Estabilizador do Humor
+ Antidepressivo
Estabilizador do Humorou
Estabilizador do Humor+ Antidepressivo
PsicoterapiaECT
LEVE OU MODERADA GRAVE PSICÓTICA
DEPRESSÃO UNI e BIPOLAR
Profa. Dra. Alexandrina Meleiro
Risco eminente de suicídio(Kutcher, Chehil, 2007)
O atendimento do paciente com deve incluir: 1. Identificação do transtorno psiquiátrico associado e/ou doença
física ou evento estressante.
2. Estratificação de risco (alto, médio, baixo)
para definição do local de tratamento adequado.
3. Definir tratamento inicial medicamentoso e/ou psicoterápico.
4. Realização de intervenções que visam a incrementar a adesão
posterior à conduta escolhida.
5. Encaminhamento para internação psiquiátrica ou ambulatório
de saúde mental (Ferreira et al., 2007).
Profa Dra. Alexandrina Meleiro
Quanto ao método:
a) Violentos: enforcamento, queda de alturas, mutilações,
disparos, arma branca.
b) Não violentos: intoxicação voluntária de drogas, inalação de
gases tóxicos.
Quanto à gravidade ou à letalidade da tentativa de suicídio:
1. Grau de impulsividade.
2. Planejamento.
3. Danos médicos.
4. Possibilidades de escape da tentativa.
Estratificação de risco (alto, médio, baixo)
Profa Dra. Alexandrina Meleiro
Se vai permanecer internado (médico/cirúrgico/UTI),
Se será encaminhado ao ambulatório de saúde mental
Se deve ser transferido para uma unidade psiquiátrica
Presença de risco ou de transtorno psiquiátrico que necessite
de tratamento especializado
Encaminhamento para psicoterapia individual, grupo, familiar
Decisões são necessárias(Dennis et al., 2011).
Profa Dra. Alexandrina Meleiro
Contrato de "não-suicídio"
Desvantagens:
• pode diminuir o relato fiel do paciente
• pode induzir a redução da vigilância
Adjunto em pacientes com baixa intenção
Encaminhamento para tratamento de doença
mental: consulta para o dia seguinte
Ajuda com fatores precipitantes imediatos
Serviço social auxiliando no possível
INTERNAÇÃO DOMICILIAR
Profa. Dra. Alexandrina Meleiro
INTERNAÇÃO DOMICILIAR
1. Retirar da casa medicamentos potencialmente letais, armas brancas e armas de fogo
2. Manter abstinência de álcool e drogas que possuem efeitos desinibitórios
3. Evitar locais elevados e sem proteção, pelo risco de se jogar
4. Evitar que o paciente fique sozinho, ou trancado em um recinto.
Profa. Dra. Alexandrina Meleiro
HOSPITALIZAÇÃO
É indicada de acordo com o grau de riscopotencial de suicídio
Principalmente se o paciente não colabora
Apresenta um transtorno mental grave que prejudica a sua crítica frente à situação
Não possui uma rede de suporte familiar
Algumas vezes, uma hospitalização precipitada
pode ser prejudicial ao paciente frente a uma
avaliação errônea do risco de suicídio.
Profa. Dra. Alexandrina Meleiro
COMPORTAMENTO SUICIDApós-evento
Reforço interno
Positivo
• Reduz ansiedade
• Reduz senso de urgência
• Liberação expressiva
Negativa
• Rótulo de paciente PQ
• Confirmar perda de controle
Reforço externoPositivo
• Permite fugir do ambiente
• Restaurar relacionamento
temporariamente
• Recebe mais atenção
Negativa
• Raiva, ressentimento
• Dor física e
desfiguramento
Profa. Dra. Alexandrina Meleiro
Resiliência: inerente e/ou adquirida durante a vida antenatal, educação infantil até a vida adulta
Estilo cognitivo e personalidade
• Senso de valor pessoal
• Confiança em si mesmo e em sua própria situação e realização
• Buscar ajuda quando encontrar dificuldades
• Receber conselho frente a escolhas importantes
• Abertura para experiência e soluções de outras pessoas
• Flexibilidade para aprendizagem
• Habilidade para comunicação
FATORES PROTETORES: Resiliência
Profa. Dra. Alexandrina Meleiro
Fatores sociais e culturais
• Adoção de valores e tradição cultural específica• Senso de propósito com sua própria vida• Bons relacionamentos com amigos, vizinhos e colegas
de trabalho• Suporte com pessoas relevantes• Amigos que não usam drogas• Religião e atividades religiosas• Integração social:participação em esporte, freqüentar
clubes e Ong• Trabalho fixo e reconhecido
FATORES PROTETORES: Resiliência
Profa. Dra. Alexandrina Meleiro
Padrão familiar
• Boas relações familiares
• Suporte familiar
• Consistente laço materno e/ou paterno
• Ter filhos
Fatores ambientais
• Boa alimentação
• Bom sono
• Luz solar
• Exercício físico
• Ambiente sem drogas e sem cigarro
FATORES PROTETORES: Resiliência
Profa. Dra. Alexandrina Meleiro
Impulsividade e TAB
Swann et al., 2002
A impulsividade é o sintoma principal de uma
ampla gama de transtornos, contribuindo para
vários problemas graves de saúde
Suicídio
Abuso de substâncias
Acidentes
Violência, agressão
Homicídio
Profa. Dra. Alexandrina Meleiro
SUICÍDIO: Morte autoprovocada Padrão de comportamento ao longo da vida que explica
o suicídio
Continuidade do que a pessoa é em vida, suas reações
à dor, perda, ameaça, e fracasso
Perfeccionismo, rigidez e fragilidade
Pode haver um gatilho, mas não um único motivo
Suicídio surge como o ato final, a ponta do iceberg
Há uma imensidão de dificuldades angústias e
problemas, e transtorno mental a ser tratado.
Profa Dra. Alexandrina Meleiro
Suicídio de jovens Circunstâncias dos fatos
Crises vivenciadas pelo indivíduo e sua família
Dinâmica do funcionamento do meio familiar
Sentimentos envolvidos
Influência e peso de fatores ambientais.
Para alguns o comportamento suicida pode ser
interpretado, de maneira simplista, como racional.
Entretanto terminar com a própria vida é um ato
contrário aos princípios evolucionistas mais básicos
do ser humano e, porque não dizer, dos seres vivos.
Profa Dra. Alexandrina Meleiro
Psicoterapias de pacientes suicidas
Mais desafiadoras de serem tratados
Lidar com múltiplas crises
Hospitalizações
Documentações legais e éticas
Avaliação de risco iminente é muitas vezes
tarefa difícil por dificuldade inerente à predição
de comportamento perigoso dentro de um
período curto de tempo: minutos ou 24/48 horas.
Profa Dra. Alexandrina Meleiro
Tratamento com Psicoterapia
– Nem todas são igualmente efetivas
– Para ser efetiva, a terapia necessita:
Ser especificamente adaptada para tratar
risco de suicídio
Curta duração (10 – 16 semanas)
Estruturada: com instruções passo-a-passo
– Técnica corretamente aplicada pode reduzir
as tentativas em 50% em 18 meses
– TCC, Interpessoal, Terapia comportamental
Brown et al., 2005Profa Dra. Alexandrina Meleiro
Aspectos relevantes na abordagem
psicoterápica
Estilo de vida caótico
Crises fora da sessão
Avaliação dos fatores de risco
Avaliação de fatores de proteção
Recursos interno do paciente
Recursos externo ao paciente
Plano de ação para reduzir risco
Internação domiciliar ou hospitalar
Profa Dra. Alexandrina Meleiro
Pearson JL et al, 1997; Harwood DMJ et al, 2000
Profa Dra. Alexandrina Meleiro
Familiares do suicida
• É importante ter em mente que as vítimas de suicídio geralmente
pertencem a famílias nas quais há sérios problemas, como
alcoolismo, transtornos mentais, doenças físicas desgastantes,
desestruturação familiar, divórcio, problema de ordem legal entre
pais, dificuldade financeira, abuso físico ou sexual.
• Nesse contexto, os sentimentos ambivalentes existem entre
membros da família, e que o suicídio acaba por exacerbar.
Poucos casos causam alívio na família.
• Para maximizar a eficácia do aconselhamento do luto, o
profissional deve levar em consideração as dificuldades sociais
e da família que possam existir e ser enfrentadas.
Profa Dra. Alexandrina Meleiro
Tratar familiares e os profissionais
• Desde o início do tratamento familiares devem ser
acompanhados ou encaminhados para terapia
• Família suicidogênica: favorece o gatilho
• Família desestruturada pela patologia do suicida
• Aproximadamente, 750.000 pessoas/ano ficam de luto
por suicídio na família.
• Além da sensação de perda, fica uma herança de
vergonha, de medo, de rejeição, com um misto de raiva
e de culpa.
Profa Dra. Alexandrina Meleiro
Atitude do médico que possa prejudicar
o paciente com risco de suicídio
• Avaliar um paciente suicida desperta, com frequência, fortes sentimentos no médico.
• Relutância em falar sobre a morte com o seu paciente se traduz, às vezes, no temor de um erro de conduta, na expectativa de uma consequência catastrófica ou desconforto do próprio médico sobre o tema, ou de seu medo de ofender o paciente
• O excesso de demanda e pressões do serviço, muitas vezes, a equipe médica não valoriza o risco eminente de suicídio.
• Desenvolver sentimentos de impotência, ansiedade, raiva, ausência de empatia e desesperança por esses pacientes.
Morte por suicídioQuando alguém tira a própria vida, deixa
para trás interrogações que não serão
respondidas.
A vida dessas pessoas muda para sempre.
Incomodo que se expressa no silencio
Na ausência do que dizer
Inconformismo e incredulidade
Nada ameniza a dor
É necessário expor os sentimentos para vencer as resistências
Profa Dra. Alexandrina Meleiro
Ele não podia fazer issocomigo.
A morte por suicídio afeta cinco
a dez pessoas próximasProfa Dra. Alexandrina Meleiro
Tabus e condenação
Familiares são responsabilizados
São evitados e rejeitados pelas pessoas
Níveis elevados de vergonha
Aumenta isolamento e autoculpa
Dificuldade de falar sobre o assunto
Estigma e preconceitos
Reações psicológicas (TEPT) de quem perdeu
alguém por suicídio é comparável a quem
vivenciou estrupo, guerra ou crime violento
Profa Dra. Alexandrina Meleiro
Sintomas frequentes em familiares
Dormência física
Anestesia emocional
Desprendimento da realidade
Isolamento
Perda de interesse
Inabilidade de sentir emoções
Dificuldade de dormir e manter sono
Concentração
Medo de perder o controle
Reviver a cena e momentos que antecederam
Profa Dra. Alexandrina Meleiro
Culpa surge de diversas formas
Não é direcionada apenas a si mesmo
Familiares não viu o que estava acontecendo
Ao médico que talvez não tenha dado o
tratamento correto
Qualquer um pode ser alvo desse sentimento
destrutivo e INÚTIL
Enfrentar o julgamento dos outros: “ninguém
fez nada”
Resistencia em lidar com as próprias fragilidades
Profa Dra. Alexandrina Meleiro
Cicatrização da Dor da morte por
suicídio
Sentimento de alívio faz parte do processo natural
Dar continuidade à vida e planos
Pode imobilizar por anos uma pessoa que se consome em tristeza presa no passado.
Conscientizar de que o único responsável foi o próprio
Escolha pessoal e voluntária
Trabalhar emoções para livrar da culpa
Busca de respostas que nunca virão
Imprescindível vivenciar o luto
Enterrar o suicida
Profa Dra. Alexandrina Meleiro
O problema dele foi
resolvido, mas e o nosso? Raiva sentimento que destrói e não leva a nada
Ato de egoísmo, de covardia e desamor pela família
Bidirecionada para quem se matou e para quem
morreu: a mesma pessoa
O caminho não é curto, tampouco retilíneo
Depende da disposição de enfrentamento
Capacidade de superar a perda por suicídio
Aceitação do fato
Profa Dra. Alexandrina Meleiro
ORIENTAÇÕES GERAIS
para prevenção da vida
(Centers for Disease Control and prevention, 1994)Profa. Dra. Alexandrina Meleiro
Tipos de prevençãosegundo Mrazek & Haggerty, 1996
Tipo de intervenção
• Universal
• Seletiva
• Indicada
Prevenção de
transtornos mentais
• Cuidados pré-natais adequados
• Apoio psicológico a pessoas em situação de crise ou com doenças físicas
• Programas para pais de crianças em idade pré-escolar que apresentam agressividade acentuada e rebeldia marcante
Profa. Dra. Alexandrina Meleiro
Tipos de prevençãosegundo Mrazek & Haggerty, 1996
Tipo de intervenção
• Universal
• Seletiva
• Indicada
Prevenção do suicídio
• Redução do acesso a substâncias tóxicas letais
• Tratamento de pessoas com transtornos mentais (incluindo alcoolismo)
• Seguimento terapêutico intensivo de:
– Pacientes com transtorno afetivo bipolar
– Episódios psicóticos recorrentes
– Pessoas com tentativas prévias
– Pacientes com abuso de álcool e drogas
– Transtorno de personalidade
Profa. Dra. Alexandrina Meleiro
Medidas de Saúde Pública de eficiência comprovada para a prevenção do suicídio
• Controle de substâncias tóxicas (universal)
• Tratamento de doenças mentais (seletivo/indicada)
• Controle de armas de fogo (universal)
• Relatos adequados pela imprensa (universal)
Profa. Dra. Alexandrina Meleiro
Ações para prevençãona comunidade
• Educação
• Rastreamento/Screening
• Tratamento
• Controle dos meios
• Guidelines para Mídia
Profa. Dra. Alexandrina Meleiro
MEIOS DE COMUNICAÇÃO
Meios de Prevenção
• Celular
• Televisão
• Filmes
• Internet
• Livros
• Jornais
• Revistas
• Chats
• Blog e Fotolog
• Sites de redes de
relacionamento
• Mensageiros...
Fácil, barato e rápido que favorece a ação
de Prevenção ao mesmo passo do avanço
tecnológico (PROFa. RINA RICCI)
Preocupações: Subnotificação
Notificado pelo Ministério da Saúde, através do
Sistema de Informação de Mortalidade (SIM/MS)
Modelo padronizado de atestado de óbito,
preenchido por médico ou perito legista e lavrado
em cartório de registro civil.
Estima-se que o SIM/MS consiga rastrear cerca de
80% do total dos óbitos do país, restando cerca de
20% das mortes sem registro de óbito
Preconceito religioso, cultura e social impedem o
correto dimensionamento do problema.
(Mello Jorge e cols., 1997)Profa. Dra. Alexandrina Meleiro
DIFICULDADES PARA
ESTATÍSTICAS OFICIAIS
Indefinição na identificação de suicídio:Frequentemente, os médicos legistas não esclarecem a causa
básica da morte no atestado de óbito, especificam somente a
natureza da lesão.
Medo de inquéritos judiciais
Exclusão dos benefícios e seguros
Falsas declarações:
Dificuldade e preconceito para lidar com essa questão, o que
resulta na tendência de se evitar a notificação das mortes
decorrentes de suicídio.
Profa. Dra. Alexandrina Meleiro
Conclusões A taxa de suicídio no Brasil, embora baixa, segue a
tendência mundial de crescimento.
Embora as taxas de suicídio entre os indivíduos jovens
ainda se mostrem relativamente baixas, o ritmo acelerado
de crescimento dessas taxas já constitui um forte motivo
para preocupação.
Os homens se suicidaram de 3 vezes mais que as mulheres
Os idosos acima de 65 anos apresentaram as maiores
taxas de suicídio, mas sem crescimento das taxas.
As taxas de suicídios são subnotificadas no Brasil,
distorcendo a magnitude real das taxas de suicídio.
Profa. Dra. Alexandrina Meleiro
Suicídio: 10 de Setembro
AMARELO
A cor da
prevenção
Profa. Dra. Alexandrina Meleiro