controlo de qualidade na indústria de calçado

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Controlo de Qualidade na Indústria de Calçado

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Controlo de qualidade Gestão de Produção

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Page 1: Controlo de Qualidade Na Indústria de Calçado

Controlo de Qualidade

na Indústria de Calçado

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Formador: Alberto Pereira UFCD: 7524 - Defeitos e Controlo de Qualidade

Dezembro 2014

1.1 - Introdução

Muitas empresas debatem-se hoje com problemas resultantes de:

- Dificuldades de penetração nos mercados, por venderem produtos que, na

realidade, não satisfazem as expectativas dos clientes e utilizadores.

- Ocuparem uma parte significativa da sua capacidade produtiva na

substituição, reciclagem e re-inspecção de produtos não-conformes, com o

consequente aumento de custos e redução das margens de comercialização.

As “perdas” (em euros) correspondentes, chegam a atingir 10% a 30% do

seu volume de negócios.

As não-conformidades originam custos que tornam o produto final mais caro

e, num mundo de competitividade, como aquele em que se vive actualmente,

é necessário saber minimizá-los!

A experiência mostra que os aumentos de rentabilidade obtidos através de

adequados programas de melhoria da qualidade, excedem largamente os

que se obtêm através de outras estratégias económicas comparáveis.

É, portanto, fundamental para a empresa, que seja implementado um sistema

de gestão da qualidade, que permita dar uma resposta a estes desafios,

aumentando a sua competitividade no mercado.

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Dezembro 2014

1.2 - Definição

QUALIDADE – Grau de satisfação de requisitos dado por um conjunto de

características intrínsecas.

Qualquer que seja o produto que adquiramos, é sempre na expectativa que vá de

encontro aos nossos desejos e que cumpra as funções para as quais o escolhemos

durante um período de tempo esperado.

Para nós, como consumidores, a qualidade de um produto é sempre medida pela

satisfação que a sua utilização nos dá.

Do lado dos fabricantes, os produtos têm necessariamente que assegurar a

satisfação das necessidades dos consumidores e ser rentável na sua realização.

Podemos assim visualizar a qualidade, como sendo um ponto móvel, resultante do

equilíbrio entre diversos vectores: as pressões do consumidor sobre o vendedor, e

deste sobre o produtor, provocando uma constante procura de melhoramentos na

concepção do modelo, na escolha dos materiais, no controlo do fabrico e na

apresentação.

A diferença entre a satisfação e o custo representa o valor atribuído pelo

consumidor ao produto em apreciação. Esta diferença pode ser positiva ou

negativa.

Quanto maior for esta diferença (positiva), ou seja:

satisfação > custo = O cliente volta a comprar

Pelo contrário, se a diferença for negativa, ou seja:

satisfação < custo = O cliente dificilmente volta a comprar.

Qualidade

Aptidão ao Uso

Satisfação do consumidor e do produtor

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Dezembro 2014

1.3 - Funções e Responsabilidades

Outrora, no tempo em que a artesania tinha significativo peso, o artesão

concentrava em si, as tarefas de definir os seus produtos, adquirir as

matérias-primas, transformá-las segundo os seus próprios métodos e

meios, e finalmente vendê-los: isto é, ele fazia tudo.

Com a revolução industrial, as coisas modificaram-se no sentido de uma

“especialização” de tarefas, a QUALIDADE é uma tarefa de TODOS e de

TODAS as FUNÇÕES na Empresa, a cada uma das quais cabe uma parte

na responsabilidade por aquela.

Figura 1 - Atribuição de Funções e Responsabilidades

Cada um de vós tem uma quota parte na responsabilidade pela qualidade do produto final !

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Formador: Alberto Pereira UFCD: 7524 - Defeitos e Controlo de Qualidade

Dezembro 2014

Nestas condições, cabe às várias funções da empresa, adiante indicadas,

embora não exaustivamente, algumas linhas de acção e

responsabilidade para a obtenção da qualidade:

- Função Comercial / Marketing

a) Identificar de modo claro e objectivo, as necessidades do

cliente/consumidor.

b) Transmitir essas necessidades, de modo preciso, através da

definição clara das características funcionais do produto.

c) Acompanhar a evolução dos níveis de qualidade da concorrência,

assim como a reacção do mercado ao comportamento em uso dos

produtos da empresa, bem como o grau de satisfação dos

consumidores.

- Função Estudos

a) Efectuar todos os estudos e ensaios necessários à especificação

técnica do produto.

b) Traduzir essas especificações através do C.E.T. (Caderno de

Encargos Técnico) para que a fabricação disponha de todos os

dados necessários para a correcta realização do produto.

- Função Compras

a) Transmitir, claramente, aos fornecedores as exigências qualitativas

dos materiais a aprovisionar.

b) Seleccionar os fornecedores.

c) Dialogar com os fornecedores que interessam à Empresa, sempre

que ocorram desvios ou insatisfações.

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- Função Armazenagem

a) Apenas dar entrada aos materiais que estejam em conformidade

com as especificações.

b) Manter e manusear os diferentes materiais para que as suas

características não sejam adulteradas.

- Função Fabricação

a) A partir do C.E.T. deverá escolher/definir os métodos ou processos

a seguir para que a realização em qualidade seja assegurada.

b) Utilizar apenas matérias-primas cuja qualidade esteja conforme.

c) Identificar e separar todos os produtos que ao longo do fabrico se

revelem com não-conformidades.

d) Aplicar acções correctivas no fabrico de produtos que surjam com

não-conformidades.

- Função Pessoal

Seleccionar as pessoas com um perfil adequado a cada uma das

funções.

- Função Contabilidade

Assegurar um sistema contabilístico que permita a identificação

dos chamados custos da qualidade e da não qualidade.

- Função Manutenção

Manter o equipamento em condições de funcionamento e afinação

para que não dêem origem a não-conformidades e, quando estas

ocorram por causas ligadas àquele, providenciar as necessárias

acções correctivas.

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1.4 - Como se exprime a Qualidade de um sapato

A definição de qualidade de um sapato envolve um conjunto de diversos factores. Não

podemos comparar a qualidade de um sapato, à de um simples aparelho ou ferramenta.

Para além do seu aspecto funcional, o lugar que ocupa na harmonia de vestir (moda), a

que ter também em conta a forma como ele influencia a pessoa que o usa (conforto).

O progresso leva a que o consumidor esteja melhor informado e tenha um nível de vida

melhor, logo torna-se mais exigente e tem um maior poder de compra. Ou seja, ele está

disposto a pagar “bom dinheiro” se a qualidade o justificar.

No entanto devido à pressão do mercado, acentua-se a complexidade e diversidade de

produtos.

No caso específico do calçado, essa diversidade é bastante grande e heterogénea. Assim

temos ao nosso dispor:

- Calçado de cidade

- Calçado de trabalho

- Calçado de cerimónia

- Calçado de desporto

- Calçado de laser (de praia, de repouso, etc.)

- Calçado ortopédico

A qualidade do calçado é então: diversa, relativa, em parte subjectiva e largamente

evolutiva, ligada ao género de vida e aos costumes.

Qual a noção de qualidade no caso do calçado ?

Definição: A qualidade de um sapato é a capacidade que ele tem de satisfazer as

exigências do consumidor no que se refere às características de natureza funcional e

estética.

Dedução: Como as condições exigidas pelos consumidores são diferentes, visto

dependerem da espécie de calçado e do uso a que se destina, a noção de qualidade tem de

diferir também. Por outras palavras: sapatos de tipos diferentes devem corresponder

também a condições de qualidade diferentes.

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1.5 - O Controlo de Qualidade

A palavra controle está invariavelmente ligada à noção de delimitar,

verificar, vigiar qualquer acção ou acontecimento.

Controle de Qualidade será portanto um conjunto de técnicas e

actividades de carácter operacional com o objectivo monitorizar os

processos e eliminar as causas de não-conformidades em todas as fases

do ciclo de vida do produto de modo a atingir a eficácia económica.

Este tema, tem no fabrico do calçado, um significado bastante

particular, e isto por diversas razões bem conhecidas. A primeira é que

para fabricar um sapato utiliza-se como principal matéria-prima um

produto natural: o couro, cuja utilização exige bastante “savoir-faire”

(saber-fazer) e experiência, devido às diferenças de propriedades e de

estrutura que se apresentam no seio de uma só pele.

Além disso é preciso ter em conta que para fabricar um sapato são

necessárias aproximadamente 150 operações diferentes, sendo um

certo número delas efectuadas à mão. Isto significa que no capítulo do

fabrico de calçado dependemos em grande medida da formação, da

experiência e da fiabilidade dos operadores.

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De qualquer modo o Controle de Qualidade deve actuar durante todo o

ciclo de vida do produto. Quer seja prevenindo quer seja corrigindo.

Uso Fabrico

Aprovisionamento

Projecto

ou Modelação

Estudo de

Mercado QUALIDADE

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1.5.1 - Estudo de Mercado

Compete ao sector de Estudos de Mercado determinar as

necessidades dos consumidores/utilizadores.

Essas necessidades são “canalizadas” para um gabinete de projecto

(Modelação) que dará “corpo” ao produto, de maneira a este que possa

conter as características fundamentais que respondam às necessidades

evidenciadas pelo mercado.

Não fará sentido, por exemplo, que o sector de estudos de mercado

indique botas forradas com pêlo, como produto para ser vendido no sul

da Europa ou no norte de África; estas regiões, de temperaturas médias

elevadas, não são mercado para produtos vendáveis em zonas frias

como a Europa do Norte.

É importante efectuar permanentemente uma análise das exigências de

qualidade do mercado, pois elas vão variando ao longo do tempo, e o

êxito das vendas numa empresa depende de uma adaptação oportuna

do produto ao mercado.

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1.5.2 - Projecto

É nesta fase que nasce:

- A sua definição

- As especificações

- Os planos

- Os materiais

- Os meios e os métodos

- O protótipo (amostra)

Digamos pois que é nesta fase que se concebe, define e executa uma

peça-tipo do produto a industrializar.

A totalidade das características qualitativas, no caso do calçado, reparte-

se sob três vertentes:

- Morfológicas – Todas as características que têm a ver com Dimensões

e Proporções

- Estruturais – As características que têm a ver com o Estado Físico e

constituição Química das matérias-primas

- Funcionais – Conforto (dimensional e higiénico), comodidade,

durabilidade, resistência, reparabilidade, etc.

As quais terão que ser tidas em linha de conta desde o início do ciclo de

vida do produto.

Pode-se concluir então que a fase de projecto (modelação) é de vital

importância, pois é aqui que se começa a definir em profundidade a

qualidade do produto final: o sapato.

Projecto / Modelação

- Escolha e definição das matérias-primas

- Escolha da forma

- Confecção das amostras

- Caderno de encargos técnicos

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1.5.2.1 - Escolha e definição das matérias-primas

A qualidade do sapato dependerá da qualidade dos materiais utilizados

no seu fabrico.

Se quisermos assegurar a qualidade de maneira durável e um preço

interessante, é necessário planificá-la e orientá-la; começa aqui na

escolha dos materiais apropriados.

Na indústria do calçado a matéria-prima mais utilizada são as peles

curtidas (couro), para além deste utilizam-se vários componentes, entre

os quais sobressaem as solas.

A qualidade de um couro é a capacidade que este tem de satisfazer as

exigências do fabricante de calçado e do consumidor no que se refere

às características de natureza química, mecânica e estética. Destas

últimas fazem parte o aspecto da flor, a espessura, a uniformidade, a côr

e o brilho.

Como as condições exigidas pelos fabricantes e pelos consumidores são

diferentes, visto dependerem do tipo de calçado e do uso a que se

destina, a noção de qualidade tem também de diferir. Por outras

palavras: a couros de tipos diferentes, devem corresponder também a

condições de qualidade diferentes.

Por conseguinte nem sequer é possível estabelecer normas genéricas

de qualidade para pelarias. As condições exigidas de uma pele para

sapatos de moda de senhora, são diferentes das de uma pele para

calçado de trabalho.

É possível dividir os defeitos das peles em dois grupos: defeitos do

próprio couro (fundamentados na sua estrutura ou composição

química) e defeitos da tintura e do acabamento.

a) Defeitos do próprio couro

- Resistência estrutural insuficiente - Esta manifesta-se pela pouca

resistência ao rasgamento progressivo ou pela pouca resistência

nas zonas dos cravados da costura.

- Resistência insuficiente ao esforço repetido de flexão - As

rupturas dão-se principalmente nas dobras provenientes do

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Dezembro 2014

caminhar. A causa da ruptura é com frequência a falta de gordura

na camada média do couro. Mas também se a fibra do couro não

estiver suficientemente aberta, a resistência às flexões

permanentes pode ser influenciada desfavoravelmente.

- Distensibilidade da flor - Se a distensibilidade da flor for inferior

à do resto do couro, produzem-se rupturas da flor durante a

montagem das gáspeas sobre as formas, e também durante o uso

do sapato. A pele com a flor solta tem também tendência a

romper-se pela flor durante o uso.

- Permeabilidade à água - Devem ser o mais impermeáveis

possíveis à água no sentido exterior-interior (o couro não é

completamente impermeável, a não ser se for submetido a um

tratamento especial).

- Resistência ao suor - A resistência ao suor é insuficiente em

muitos couros. Um couro curtido ao crómio, é o que se revela

mais resistente ao suor.

- Taninos livres - Um teor excessivo em taninos livres, glucose, sais

solúveis na água ou também substâncias gordas, dá lugar a

manchas desagradáveis.

b) Defeitos da tintura e do acabamento

- Fixação insuficiente dos corantes - A fixação insuficiente dos

corantes dá lugar a numerosas não-conformidades:

Em sapatos não forrados as meias são manchadas pelo cabedal,

em sapatos forrados a tinta do forro desbota. Especialmente em

couro de anilina, um humedecimento parcial com água, provoca

manchas circulares.

- Solidez do acabamento - Se um couro apresentar insuficiência

numa ou em algumas das seguintes propriedades de solidez,

certamente que se deve contar com reclamações:

Resistência à fricção

Aderência ao couro

Flexibilidade

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Resistência ao calor

Solidez à luz

Resistência aos dissolventes

Não será no entanto a pele a única matéria-prima a ter em conta para a

obtenção de uma boa qualidade; há que também ter em atenção os

outros componentes (palmilhas, solas, linhas, contrafortes, etc.), isto é,

devemos assegurar-nos da qualidade óptima global.

Assim:

- Os cortes devem:

- Ser permeáveis ao vapor de água no sentido interior-exterior

- Fixar os constituintes ácidos e básicos do suor

- Ser impermeáveis à água no sentido exterior-interior

- Ser suficientemente maleáveis para “enluvar” o pé, mas

suficientemente rijos para os suportar e proteger

- Ser bons isolamentos térmicos, tanto contra o frio como contra o

calor

- As palmilhas devem:

- Fixar os constituintes ácidos e básicos do suor

- Oferecer resistência ao atrito seco e húmido

- Ser flexíveis para não incomodar o pé ao andar, mas firmes para

oferecerem uma boa “cama” ao pé e mantê-lo firme.

- As solas devem:

- Ser impermeáveis à água no sentido exterior-interior

- Ser resistentes à abrasão (desgaste)

- Ser resistentes à flexão repetida

- Ser aderentes sobre superfícies lisas, molhadas ou oleadas

- Ser flexíveis para não incomodar o pé ao andar, mas rígidas para

proteger a planta do pé contra as irregularidades do solo

- Ser leves

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ENSAIOS LABORATORIAIS

Ao fazer a selecção dos materiais deve-se ter em atenção se as

propriedades destes estão de acordo com o tipo de calçado a fabricar.

Só é possível fazer uma comparação objectiva entre propriedades que

possam ser medidas e expressas em números. Portanto, necessitamos

de métodos que nos permitam medir as propriedades do couro e dos

restantes componentes - Métodos de Ensaio.

Um Laboratório minimamente equipado deverá permitir fazer os

seguintes ensaios:

i) sobre materiais para cortes e forros

- Resistência ao rasgamento

- Resistência à flexão

- Resistência à fricção

- Aderência do acabamento

- Permeabilidade à água e ao vapor de água

- Carga e alongamento na rotura

ii) sobre solas e palmilhas

- Densidade

- Dureza

- Resistência ao rasgamento

- Resistência à abrasão

- Resistência à flexão

- Carga e alongamento na rotura

iii) sobre calçado acabado

- Adesão sola/corte

- Resistência à flexão

- Permeabilidade à água

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1.5.2.2 - Escolha da Forma

O objectivo principal de um fabricante de calçado é o de realizar ao

mesmo tempo um artigo estético e calçante. Para isto, ele necessita

antes de tudo, obter uma forma que contenha uma repartição do

volume compatível com a moda, mas que esteja igualmente adaptada

às dimensões do pé que o vai calçar.

Certamente que é um erro supor que podemos fabricar sapatos que vão

servir a todos os pés. É necessário, não só encontrar um compromisso

óptimo, mas também ter em conta as necessidades ortopédicas.

Embora o aspecto de moda sofra múltiplas mudanças de uma colecção

para outra, o mesmo já não se passa no que diz respeito ao pé do

consumidor, cuja evolução é bastante mais lenta no tempo. Assim é

lógico analisar o seu contorno.

É esta a razão pela qual, ao longo destes últimos trinta anos, numerosos

Centros de Investigação, assim como fabricantes de calçado, têm

estudado as características podológicas da sua população nacional,

estudos esses que permitem ao fabricante adaptar a sua produção ao

mercado que deseja abastecer.

1.5.2.3 - Confecção das Amostras

Como já vimos a fase de modelação tem muita influência sobre a qualidade

do sapato e a confecção da amostra é um importante banco de ensaio de

vários factores:

Conforto – Permite analisar aspectos como a abertura do peito do pé, super

espessura das sobreposições, rigidez das costuras, altura da taloeira,

afastamento dos talões ao nível do tornozelo, colocação de uma testeira

dura, etc.

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Dezembro 2014

Estudo dos métodos de fabrico, é de crucial importância quer na

racionalização económica do fabrico, quer no conforto higiénico do pé: não é

indiferente por exemplo, que o forro seja colado por meio de um filme

contínuo de cola, ou apenas colado por pontos.

O “bom andar” constitui um factor importante entre o conjunto de

parâmetros que determinam a qualidade do sapato, entendendo por bom

andar, o uso mais cómodo possível dos elementos que constituem o sapato.

Se tivermos em conta todos os pontos até agora mencionados, um sapato

pode ser qualificado de produto de marca, e ganhar assim uma clientela

segura e fiel.

No entanto há que ter sempre em atenção, que quaisquer que sejam as

decisões tomadas anteriormente, a amostra definitiva irá servir de padrão de

qualidade para avaliação do produto a fornecer. Como tal, o calçado a

entregar, terá que ter as mesmas características físicas e estéticas da amostra.

Convém referir que a execução de um bom protótipo (amostra), não significa

a boa industrialização do mesmo. Assim, e antes que se dê inicio à produção,

convém executar a chamada “série zero” ou “série de ensaio”, que consiste

numa pequena quantidade de pares, cujo o objectivo é de detectar eventuais

pontos fracos da industrialização, e proceder à sua correcção.

Page 18: Controlo de Qualidade Na Indústria de Calçado

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Formador: Alberto Pereira UFCD: 7524 - Defeitos e Controlo de Qualidade

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1.5.2.4 - Caderno de Encargos Técnico

Definição - Peça escrita de um projecto, onde se fixam todas as regras e

condições que o fabricante e/ou fornecedor deve seguir na execução e/ou

fornecimento de determinado produto.

No caso específico do calçado o Caderno de Encargos Técnico deve conter:

1. - Identificação do Modelo (desenho, fotografia, nome, etc.)

2. - Materiais consumidos e respectivas quantidades por par

3. - Especificações técnicas dos materiais (espessuras, cores,

características físicas e químicas)

4. - Gamas operatórias de fabrico

5. - Tempos das operações

6. -Fichas de instruções (documento destinado a identificar e

consciencializar o operador das diversas operações a realizar bem

como dos cuidados especiais a ter em conta).

O documento 3 destina-se ao sector de compras e ao controle de qualidade,

enquanto que o documento 6 se destina aos diversos operadores e/ou

encarregados de sector.

Como vimos, a definição da qualidade de um produto compõe-se de diversos

factores. Sempre que um deles corresponda a um mau valor, o produto será

de qualidade insuficiente.

A QUALIDADE NASCE ANTES DO FABRICO

Definido o produto e o respectivo grau de qualidade, agora há que fabricar

de acordo com os padrões de qualidade estabelecidos.

Page 19: Controlo de Qualidade Na Indústria de Calçado

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Formador: Alberto Pereira UFCD: 7524 - Defeitos e Controlo de Qualidade

Dezembro 2014

1.5.3 - Aprovisionamento

Para fabricar de acordo com os padrões estabelecidos, necessitamos de

matérias-primas de acordo com o definido no Caderno de Encargos Técnico.

E aqui entram em função o aprovisionamento e a recepção técnica de

matérias-primas.

1.5.3.1 - Compras

Compete ao serviço de compras:

a) Transmitir, claramente, aos fornecedores as exigências qualitativas dos materiais a

aprovisionar.

Com base nas especificações das matérias-primas elaboradas durante a fase de

projecto, o sector de compras deve informar o fornecedor dos seguintes elementos:

- Tipo de matéria-prima

- Quantidade

- Prazo de entrega

- Características físicas e químicas

- Tolerâncias

- Níveis de Qualidade exigidos

- Características a ter especial atenção

- Amostra padrão

b) Seleccionar os fornecedores capazes de satisfazerem os níveis de qualidade

especificados.

b1 - Através de auditorias ao sistema de qualidade

b2 - Através do histórico da recepção de fornecimentos anteriores, sob o ponto de vista de:

b2.1 - Número de lotes não-conformes

b2.2 - Demérito de um dado lote ou de um conjunto de lotes

b2.3 - Percentagem de rejeição do fabrico de uma dada matéria-prima, apesar de ter

sido dado o O.K. na recepção

b2.4 - Percentagem da devolução do cliente e/ou consumidor

b2.5 - Respeito pelos prazos de entrega

c) Dialogar com os fornecedores que interessam à empresa, sempre que ocorram

não-conformidades, de forma a esgotar todas as possibilidades de melhorias,

tendentes a uma plena confiança e satisfação.

Page 20: Controlo de Qualidade Na Indústria de Calçado

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1.5.3.2 - Armazenagem

Compete a este serviço:

a) Apenas dar entrada aos materiais que estejam em conformidade com as

especificações.

a1- O conhecimento dos materiais a adquirir ao exterior é condição prévia para

a recepção técnica das matérias-primas que deve ser assegurada pelo

Controlo de Qualidade. Esta informação pode ser expressa de variadas

formas:

Por amostras-padrão

Por desenho

Por norma ou especificação

Através do Caderno de Encargos Técnico

a2- Definição dos meios e métodos de controlo de qualidade:

Exemplo:

Na inspecção de uma pele curtida, diferentes meios e métodos são utilizados

conforme as características em análise.

- Visual para manchas e golpes

- Medidor de espessuras para determinação da espessura das peles

- Aparelhos laboratoriais (Dinamómetros, flexómetros, etc.)

- Pé quadrado, para determinar áreas afectadas por defeitos.

a3 - Planos de Inspecção e Ensaio

É um documento que expressa basicamente as condições em que se efectuam

as acções de inspecção ou ensaio.

O Plano de Inspecção e Ensaio deve ser elaborado produto a produto, código a

código, ou então a uma família de produtos similares, segundo a seguinte

metodologia:

A que área ou secção de intervenção a que diz respeito

A que produto se refere

Características a controlar

Meios e métodos de controlo a utilizar

Níveis de qualidade exigidos

Tipo de amostragem

Page 21: Controlo de Qualidade Na Indústria de Calçado

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Formador: Alberto Pereira UFCD: 7524 - Defeitos e Controlo de Qualidade

Dezembro 2014

Exemplo de um Plano de Inspecção e Ensaio para um tipo de pele:

Controle de Qualidade Nº

Plano de Inspecção e Ensaio -----

Artigo:

Mezze Aerobic Preto

Tipo de Controle: Amostragem utilizando a tabela MIL STD 105 D

Procedimento Todas as não-conformidades devem ser contabilizados pela área que ocupam ( através de medição com o pé

quadrado) e registados numa pauta de controle.

Critérios de aceitação / rejeição A área total não-conforme não deverá ser superior a 4% da área total analisada, caso contrário, o lote de pele deve

ser rejeitado

Características a analisar Especificações Meios ou Métodos - Espessura entre 15 e 16 linhas Medir c/ o tira-linhas

- Côr, tonalidades diferentes Não devem existir Visual, comparação c/ amostra

- Manchas « Visual

- Marcas de molas « Visual

- Uniformidade do poro Igual à amostra Visual, comparação c/ amostra

- Corpo do material Igual à amostra Visual, comparação c/ amostra

- Cicatrizes Não devem existir Visual

- Flor partida « «

- Engelhas « «

- Golpes de esfola « «

Possíveis testes Resultados a obter Amostra - Resistência à gota de água - Não deve apresentar manchas de

sais ou empolamento

- Resistência do acabamento

à fricção

- Grau 3 na escala dos cinzentos

- Resistência do acabamento

à flexão

- a seco 50 000 ( nº de flexões em

- a húmido 10 000 que apenas se

toleram ligeiras

fissuras superficiais)

- Resistência ao desbota-

mento

- Grau 3 na escala dos cinzentos

- Resistência ao rasgamento - 10 kgf ( mínimo )

Emitida em : ____/____/____ Por :___________________________________

CENTRO

Page 22: Controlo de Qualidade Na Indústria de Calçado

22

Formador: Alberto Pereira UFCD: 7524 - Defeitos e Controlo de Qualidade

Dezembro 2014

a4- Classificação qualitativa de lotes

a4.1- Classificam-se os lotes em quatro graus que resultam da

decisão sobre o seu estado qualitativo

Grau Decisão

1 Aprovado

2 Aceite sob condição

3 Aceite para Triagem

4 Rejeitado

Esta classificação, além de nos dar a qualificação do fornecimento,

serve ao mesmo tempo para classificar o fornecedor.

Exemplo:

Imagine-se o fornecedor X, que durante o ano anterior, efectuou 21

fornecimentos de matéria-prima, fornecimentos esses que

obtiveram a seguinte classificação na recepção:

Quantidade de

Fornecimentos

Pontuação ou

demérito

Classificação

15 1 Aprovados

3 5 Aceites sob condição

2 30 Aceites para triagem

1 100 Rejeitados

Page 23: Controlo de Qualidade Na Indústria de Calçado

23

Formador: Alberto Pereira UFCD: 7524 - Defeitos e Controlo de Qualidade

Dezembro 2014

Fórmula para calcular o Índice de Qualidade do Fornecedor:

tosfornecimendetotalQtd

pontuaçãorespectivatosfornecimenQtdFQI

.

.101...

21

100130253115101... FQI

05,9101... FQI

95,91... FQI

Calculado o I.Q. do fornecedor, faz-se a sua classificação com base numa

tabela do género da seguinte:

I.Q. do Fornecedor Classe Caracterização do Fornecedor

96 - 100 A Qualificado sem limitações

90 - 96 B Apto, mas necessita de melhorias

< 90 C Inapto e necessitando de grandes

alterações

A decisão sobre o fornecedor x seria de continuidade mas a melhorar a

qualidade.

b) Compete também à função armazenagem, manter e manusear os diferentes

materiais de maneira a que as suas características não sejam adulteradas.

Assim, e de um modo geral, os stocks devem estar permanentemente em rotação,

isto é, as matérias-primas a sair, deverão estar catalogadas e armazenadas de tal

ordem, de que sejam as que estão à mais tempo armazenadas.

No caso específico do calçado, os armazéns devem conter o menos possível de

claridade, devido ao efeito nocivo das radiações ultravioletas sobre a descoloração

dos materiais.

Devem manter uma humidade relativa na ordem dos 50%, devido ao problema da

secagem das peles ou pelo contrário, excesso de humidade.

O armazém de colas (separado do corpo da fábrica) não deve suportar

temperaturas nem inferiores a 10ºC, nem superiores a 30ºC.

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1.5.4.1. O Auto-Controlo

Como já vimos até aqui, a qualidade dos produtos é extremamente

importante para o sucesso da empresa.

Hoje em dia a oferta de produtos é maior que a procura, a concorrência é tão

grande que leva a que as exigências de qualidade sejam cada vez maiores.

Para fabricar um sapato são necessárias (em média) 150 operações diferentes,

sendo que uma boa parte delas são efectuadas à mão.

Isto significa que no fabrico de calçado, para se obter Qualidade é

fundamental a “Consciência de Qualidade” de todos os intervenientes.

A “Consciência de Qualidade” também conhecida como auto-controlo, é no

fundo a consciencialização e motivação de todos os elementos de uma

empresa (e de cada um) para uma execução correcta das suas tarefas, com

responsabilidade. Ou seja:

Fazer sempre bem feito!

Esta é sem dúvida a melhor “receita” para se conseguir melhorar a qualidade

em qualquer empresa, no entanto, e apesar de parecer uma receita fácil, nem

todos a põe em prática. As razões para este facto poderão ser várias:

Desmotivação

Absentismo

Personalidade de cada individuo

Acções de formação orientadas para temas como a sensibilização para a

qualidade, motivação, comunicação, são uma boa ferramenta e em algumas

empresas têm dado bons resultados neste capítulo.

Page 25: Controlo de Qualidade Na Indústria de Calçado

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1.5.4.2 - Controle ao longo do fabrico

Como referido no ponto anterior, o auto-controlo é muito eficaz mas nem todos o

praticam, pelo menos de uma forma sistemática, no entanto a garantia da qualidade

é fundamental para qualquer empresa.

Responsáveis de algumas empresas de calçado, quando confrontados com a

questão:

“Como é que garante a Qualidade na sua empresa?”, tornam por resposta:

“Na minha empresa, todos os sapatos são controlados antes de serem embalados”.

O controlo final do produto tem como objectivo evitar o envio para o cliente de

produtos não-conformes. No entanto, quando realizado isoladamente (só no final

da produção), é muito pouco eficiente em termos de organização e gestão da

qualidade, pois nesta altura já não há muito a fazer, o calçado já está acabado, o

tempo necessário para a reparação será muito maior e, como consequência, os

custos de reparação também serão.

As empresas já não podem continuar a olhar a função qualidade como sendo uma

tarefa exclusiva do inspector que está no final da linha de acabamento a verificar os

sapatos antes de os embalar.

A função Qualidade tem que ser algo mais abrangente.

A obtenção da Qualidade é uma responsabilidade de todos!

Torna-se então necessário adoptar determinados procedimentos e implementar

outros pontos controle ao longo de todo o ciclo de fabrico do sapato de maneira a

que se previnam e detectem eventuais não-conformidades o mais cedo possível de

modo a minimizar os custos de reparação ou substituição.

As soluções a adoptar para melhorar a qualidade de uma empresa, dependem da

dimensão e tipo de organização existente na mesma.

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Analisemos agora os vários sectores de fabrico e, de uma forma genérica,

analisemos como devem estar organizados:

A - CORTE

Na secção de corte devem existir dois postos de controlo.

- No primeiro faz-se o controle da pele prevista, que vai ser distribuída aos

cortadores, quanto à sua qualidade, espessura, estrutura e côr, e aspecto, em

relação com a amostra pedida. Se estas diferenças não forem descobertas

antes do corte, poderão acarretar problemas consideráveis.

- No final do corte, todas as peças cortadas devem ser submetidas a um

controle minucioso; controla-se tudo, particularmente o corte de pares certos

de peças e os defeitos de pele. As peças que não estão bem cortadas, são

enviadas ao cortador que as cortou.

Uma vez que o couro não é um material uniforme, é necessário cortar as

diversas partes da gáspea segundo um método determinado e consoante a

estrutura da pele, prestando-se especial atenção à elasticidade da pele em

várias direcções. A falta de uniformidade numa mesma pele e as diferenças

existentes entre as peles de um lote, constituem o inconveniente principal do

couro em relação ao material sintético.

A par da avaliação das diferenças locais da distensibilidade da pele, é

importante saber qual a distensibilidade média, ou digamos antes, “geral”, da

pele em questão, pois que dela dependem a colocação dos moldes de corte

de um sapato, e daí o aproveitamento racional da pele.

No corte, existe uma possibilidade interessante de melhorar a qualidade da

secção, assim como de economias financeiras, graças aos “prémios de

aproveitamento de material”. Ao inverso, as peças do sapato mal cortadas,

são descontadas no prémio; deste modo se estimula o fabrico do produto

com qualidade.

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B - COSTURA

As não-conformidades que afectam a qualidade são susceptíveis de se

produzirem em grande número na fase de costura, face à multiplicidade das

operações que são efectuadas.

Eis porque o controle de qualidade é particularmente importante neste

estado de fabrico.

São particularmente sensíveis:

o tamanho do ponto - costuras finas com pontos curtos, perfuram o

couro em furos muito juntos e enfraquecem-no bastante.

o tipo de costura - as costuras viradas, cosidas flor com flor e depois

viradas, ocasionam fortes dificuldades

tipo e diâmetro da agulha

tensão da linha

faceados

precisão dos cravados

observância dos pontos e traços de referência

De notar, que particularmente nesta secção, tem muita influência no controle

de qualidade, a escolha do tipo de organização.

Normalmente existem dois tipos de organizações que são utilizadas nas

secções de costura:

- o tipo distribuidor-operário-distribuidor

- o tipo distribuidor-operário-operário

Para efeitos de controlo de qualidade das diversas operações em

desenvolvimento na secção de costura, o tipo distribuidor-operário-

distribuidor, é mais eficaz, pois o sapato não passa à operação seguinte sem

primeiro ter passado pelo distribuidor que pode ser cumulativamente

controlador de qualidade.

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C - MONTAGEM

Na secção de montagem, encontram-se normalmente duas pessoas

encarregues do controle de qualidade.

Uma encontra-se logo após a operação de fechar a calcanheira. As

insuficiências devidas às operações de montagem, podem ainda ser

corrigidas, sem haver o incómodo da margem de montagem cardada. As

reparações minuciosas, tais como as rugas nos cortes, podem ser efectuadas

directamente por este controlador. Os sapatos com não-conformidades, tais

como o desvio da costura da calcanheira, e em que a correcção exige

bastante tempo, são passados para o encarregado, que os reenvia ao

responsável da não-conformidade, para a correcção.

O segundo controle tem lugar após a operação de desenformar. Neste caso,

além da verificação da posição exacta da sola, deve inspeccionar-se

atentamente o interior do sapato, não somente quanto às dobras do forro,

mas também verificar se os agrafos não estarão agarrados à palmilha de

montagem.

Facto a nunca esquecer são os problemas das colagens..

Neste campo há que ter em conta a:

A cola própria para os materiais a colar

A preparação das superfícies

A mistura do reticulante (caso esteja a utilizar cola de 2 componentes)

O tempo de secagem

A temperatura de reactivação

O valor e o modo de repartição da pressão

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D - ACABAMENTO

A finalizar o fabrico é necessário acabar os sapatos, isto é, aprontá-los para a venda.

Este trabalho consiste em eliminar manchas provenientes da fabricação, em retocar

o acabamento, em desfazer dobras a ferro quente, e por fim em avivar a pele com

creme, polimento ou vernizes.

É no final do acabamento que se encontra um dos principais postos de controlo

(uma vez que é o ultimo), é aqui que se separa o calçado que está conforme do que

não está.

Claro que para decidir se o sapato é vendável, ou se será considerado como refugo,

é necessário que o controlador se oriente por um padrão de qualidade.

O indivíduo que desempenha esta função deve ter um forte sentido de

responsabilidade e deverá dispor de alguma autoridade / autonomia para decidir.

Em algumas empresas verifica-se que os controladores estão subordinados ao

responsável pela produção, e este por sua vez, na maioria dos casos, tem como

principal preocupação a quantidade produzida, logo em alturas mais complicadas

tem tendência a exercer pressão sobre os controladores no sentido de estes

deixarem passar determinadas não-conformidades.

O trabalho dos controladores pode não ser coroado de êxito se não lhe

assegurarem um apoio eficaz. A qualidade é uma função que deve ser assumida

pela gestão de topo (patrão ou director), ou então deve ser nomeado um

responsável pela qualidade com a autoridade necessária para decidir as situações

mais complexas.

1.5.5 - Uso

As provas a que os sapatos estão sujeitos durante o uso, diferem muito de caso

para caso, consoante as suas múltiplas finalidades.

A função qualidade não acaba quando o sapato vai para o cliente, a empresa pode

intervir durante o uso, de que forma:

Dando assistência após venda

Dando formação ao cliente

Analisando e melhorando a qualidade com base nas reclamações e devoluções

O fabricante aprende muito com as reclamações; pode reconhecer deficiências

ocultas e repará-las. Certamente que para a próxima já não acontecerá o mesmo

problema.

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Técnicas de Controlo de Qualidade Bibliograficamente chega-se à conclusão que o controlo de qualidade é tão

remoto como o próprio homem. Já na idade da pedra, o homem se

preocupava em analisar e inspeccionar o resultado do seu trabalho, e era por

exemplo corrente, marcarem-se os potes de barro com um sinal significativo

da qualidade executada.

Mais recentemente e em especial com a produção em série, o controlo de

qualidade assume-se como uma ciência independente, fazendo hoje parte do

dia a dia do mundo empresarial.

2.1 - Noção de Controlo de Qualidade

A palavra Controlo está invariavelmente ligada à noção de delimitar, verificar,

vigiar qualquer acção ou acontecimento. Se a considerarmos sob uma óptica

industrial, o seu significado poderá ser:

- Manter as características dos produtos conforme definição inicial

- Manter despesas e receitas conforme o orçamento

- Cumprir metas do planeamento de produção

- Vigiar o absentismo

- Etc.

Esta série de actividades e outras, quando aplicadas à qualidade, denomina-

se CONTROLO DE QUALIDADE, que assim se pode definir como:

- Sistema que abrange todos os serviços e colaboradores de uma

empresa com o objectivo de definir e assegurar a qualidade

económica de um produto durante o período esperado.

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Logicamente que associada à noção de qualidade, está a noção de NÃO

CONFORMIDADE, que poderá ser definido como:

- Afastamento de uma característica da qualidade em relação ao

nível ou estado pretendido, que causa ao produto uma

incapacidade para satisfazer os requisitos de utilização normal.

Consoante a gravidade inerente a essa não conformidade, os mesmos

poderão ser classificados. Exemplo:

Classe 1 - Crítico (não conformidade que põe em causa a segurança ou saúde

do utilizador)

Classe 2 - Grave

Classe 3 - Menor

2.2 - Tipos de Controlo

Ao analisar as características de um produto, poderemos fazê-lo tendo em

atenção dois objectivos essenciais:

- A sua classificação em Bom ou Mau relativamente a um padrão ou

amostra-tipo.

- A medição dos valores da (s) característica (s) e a sua comparação

com os valores previamente fixados.

No primeiro caso temos o controlo por ATRIBUTOS, e no segundo, o controlo

por VARIÁVEIS.

No caso especifico da indústria do calçado, regra geral utiliza-se o controlo

por atributos, podendo-se definir ATRIBUTO, como uma característica

qualitativa não mensurável (que não se pode medir), sempre analisada em

relação a um padrão ou amostra-tipo.

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Exemplos:

- Sujidade

- Tonalidade da pele

- Costura deficiente

- Etc.

No controlo por atributos, não interessa quanto mede cada uma das

características do produto, mas sim se estão conformes ou não conformes.

2.3 - Tabelas de Amostragem

Quando se executa um controlo, é essencial que se tome o cuidado

necessário na colheita da AMOSTRA a analisar. As peças (unidades) que

constituirão a amostra, devem ser extraídas ao acaso de entre todas as

unidades que compõem o LOTE. Cada peça deve ser retirada de modo que

as outras tivessem a mesma probabilidade de ser escolhidas ou “pescadas”.

Temos portanto a noção de existência de:

UNIDADE----------LOTE-----------AMOSTRA

Convém antes de mais, definir um novo conceito que é o de NÍVEL DE

QUALIDADE.

Este pode ser definido como a indicação genérica do estado do desvio em

relação a um ideal ou a um nível de referência.

NÍVEL DE QUALIDADE ACEITÁVEL (N.Q.A.), é portanto a percentagem

máxima de unidades não conformes admissível, como média do processo.

Assim, se a percentagem média de não conformidades de um fabrico se

mantém abaixo do N.Q.A., diz-se que a qualidade obtida é admissível.

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O valor do N.Q.A. é estabelecido em comum acordo entre o fornecedor e o

produtor no caso das matérias-primas, e pelo fabricante no caso de controlo

do processo.

No caso de ser estipulado o valor de N.Q.A. abaixo ou igual a 10 (N.Q.A. 10),

o mesmo é considerado como o número máximo de peças não conformes

aceitáveis por 100 unidades.

No caso desse valor ser maior que 10, o N.Q.A. é o máximo não

conformidades aceitáveis por 100 unidades (cada peça pode ter mais que

uma não conformidade).

Geralmente o valor do N.Q.A. utilizado varia entre 0,4 e 4. Quanto mais baixo

for o valor do N.Q.A. mais rigoroso será o controlo.

Neste contexto, pode-se chegar ao ponto de estabelecer diferentes N.Q.A.

consoante a classe da não conformidade a controlar.

Para controlar um determinado lote, é necessário antes de mais saber qual

vai ser a quantidade da amostra.

Para isso existem tabelas, sendo as mais aplicadas, as MIL STD 105D

(MILITARY STANDARD 105D), que é uma norma editada pelo

Departamento de Defesa dos E.U.A.

Apesar da sua maior complexidade, estudaremos aqui apenas uma parte

dessas tabelas, ou seja o plano de amostragem simples para inspecção

normal.

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Assim, e para uso das tabelas, procede-se da seguinte forma:

1º - Determinação da dimensão do lote

2º - Utilização da tabela I para determinação do código para a

dimensão da amostra, e utilizando a “coluna II” do “Nível de

inspecção-geral”

3º - Em função do código determinado, do N.Q.A. exigido, e com a

ajuda da “tabela II-A”, determinamos a “dimensão da amostra” e os

“números de aceitação e rejeição”.

Exemplo de aplicação:

Temos de controlar um lote de 4000 pares de solas, em que o N.Q.A. (Nível

de Qualidade Aceitável) estabelecido com o fornecedor era de 1,5.

Pela tabela I, e para um lote de 4000 o código da dimensão é a letra “L”.

Passando agora à tabela II-A, vemos que para a letra”L”, corresponde uma

amostra de 200 (número de pares a controlar) a que corresponde para o

N.Q.A. de 1,5 os números de aceitação de 7 e de rejeição de 8 (aceita-se o

lote se encontrar até 7 pares de solas não conformes, e rejeita-se o lote se

encontrar 8 pares ou mais de solas não conformes.

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Outro exemplo:

N.Q.A. = 2,5

Lote = 250 Unidades

N (amostra) = 32 Unidades

Ac (aceitação) = 2

Re (rejeição) = 3

Este é portanto um dos métodos de controlo de qualidade bastante utilizado

essencialmente para controlo de grandes lotes quer de matérias-primas, quer

de produtos acabados.

N.Q.A.= 2,5

Lote

N = 250

Amostra

n = 32

Unidades

Defeituosas

< ou = 2

Aceite

> ou = 3

Rejeitado

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2.4 - Índice de Qualidade

Um outro método geralmente empregue para verificar até que ponto a

qualidade dos produtos fabricados por uma dada empresa, é aceitável

ou não, é através da determinação do Índice de Qualidade.

A fórmula de cálculo é a seguinte:

O valor do I.Q. é tanto maior e melhor quanto menor for o número de não

conformidades encontrados numa amostra, atingindo o seu valor máximo

(100) quando o número de não conformidades for zero.

Imaginemos que dada empresa tem como objectivo a fabricação de produtos

com um índice de qualidade igual ou superior a 98.

O controlo de qualidade a determinada hora do dia, vai verificar o nível de

qualidade do produto a sair da fabricação.

Perante um dado lote e com auxílio de tabelas de amostragem, vai

determinar o tamanho da amostra a controlar. Com base na amostra e na

tabela de ponderação, por exemplo:

Ponderação das não conformidades (pontuação)

Não conformidades graves 30

Não conformidades médias 10

Não conformidades pequenas 2

analisadaQuantidade

pontuaçao) respectiva desconformida(não100I.Q.

Page 37: Controlo de Qualidade Na Indústria de Calçado

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Qtd. da amostra = 20 15 pares c/não conformidades menores

3 pares c/ não conformidades graves

2 pares c/ não conformidades críticas

Exemplo de cálculo:

I Q. . 10015 2 3 10 2 30

20

I Q. . 100120

20

I Q. . 94

Este valor está muito abaixo do valor previamente estabelecido (98).

Esta situação era sinónimo de que algo estava a correr mal, e teriam

que ser tomadas medidas adequadas.

Estes valores, registados diariamente em gráfico, vão-nos dando a

medida da qualidade de dada empresa, ou de dada secção de fabrico.

Indice de Qual idade

94

95

96

97

98

99

100

1 2 3 4 5 6 7 8 9

10 11 12 13 14 15

Dias

I.Q

.

Indice de Qualidade I.Q. desejado

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2.5 - Diagramas de Controlo

Permitem o registo dos resultados que vão sendo obtidos nas análises

de amostras sucessivas que se colhem do processo produtivo.

2.5.1 - Diagrama 100p

É um dos gráficos mais utilizados e permite-nos analisar a evolução da

percentagem de unidades não conformes que se vão obtendo num

processo fabril.

A sua determinação é feita com base na seguinte fórmula:

100p= x 100

Exemplo:

Nº de Amostra

Amostra Não

conformidades 100p

1 50 6 12%

2 50 3 6%

3 50 11 22%

4 50 1 2%

5 50 4 8%

6 50 3 6%

7 50 1 2%

8 50 5 10%

9 50 4 8%

10 50 1 2%

500 39

Percentagem média de não conformidades = 100 p

100 p = x 100

10039

500100 7 8%p ,

Nº de unidades não conformes Nº de unidades inspeccionadas

Total de unidades não conformes

Total de unidades analisadas inspeccionadas

1006

50100 12p

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As variações da percentagem de unidades não conformes podem ser devidas a:

- Comportamento do processo de fabrico que sofre alterações que são

consequência de lapsos do operador, desafinações, arranques de produção,

variação das características do lote de matérias-primas, etc.

O processo diz-se estável ou instável consoante as variações reveladas são pouco

importantes ou, como no caso oposto, sujeito a saltos bruscos nos valores das

percentagens de peças não conformes.

- Amostragem

Quando de um lote se extrai uma amostra de 25 peças a percentagem de não

conformidades não tem necessariamente de coincidir com a existente no lote.

Como se vê é normal que a percentagem de não conformidades varie ao longo do

tempo de analise. É necessário manter o processo sob controlo.

Como?

Vigiando a sua evolução com o objectivo de manter o processo estável e com um

nível de qualidade aceitável.

Quando as variações bruscas surgem, torna-se necessário identificar as suas causas,

para que se façam as correcções e que o processo de fabrico se estabilize e volte

assim às condições normais de funcionamento. É necessário estabelecer um limite

para que, sempre que essa linha seja ultrapassada, se afirme que no processo surgiu

algo de anormal; que tem de ser diagnosticado e anulado.

Fórmula do limite do controlo:

Lc pp p

n100 3

100 100 100( )

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Assim:

Percentagem média de não conformidades obtida (100 p ) = 7,8%

a quantidade da amostra foi : 50 unidades

Lc 7 8 37 8 100 7 8

50,

, ( , )

Lc 7 8 37 8 92 2

50,

, ,

Lc 7 8 3719 16

50,

,

Lc 7 8 3 14 3832, ,

Lc 7 8 3 3 79, ,

Lc 7 8 11 37, ,

Lc 19 17%,

Gráfico 100p - % de não conformidades

0%

5%

10%

15%

20%

25%

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Amostra nº

Per

cen

tag

em d

e n

ão

con

form

idad

es

Percentagem de não conformidades Média Limite de controlo

Como podemos concluir ao analisar o gráfico, o processo de fabrico

encontra-se fora de controlo, uma vez que o Lc foi ultrapassado numa das

amostras.

Page 41: Controlo de Qualidade Na Indústria de Calçado

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2.5.2 - Diagrama U – não conformidades por unidade analisada

No diagrama de controlo estudado anteriormente utilizavam-se

parâmetros referentes a unidades não conformes ou pares não

conformes, por outro lado, no diagrama que vai estudar agora “U” vai-

se considerar apenas a quantidade de não conformidades (um par não

conforme pode ter mais do que uma não conformidade).

Para cada amostra, o cálculo deste parâmetro “U” será:

U

Exemplo:

Nº de Amostra Amostra Qtd não

conformidades U

1 50 8 0,16

2 50 4 0,08

3 50 16 0,32

4 50 1 0,02

5 50 6 0,12

6 50 4 0,08

7 50 3 0,06

8 50 5 0,1

9 50 7 0,14

10 50 2 0,04

500 56

Para determinar o número médio de não conformidades por unidade “U ” a

fórmula é a seguinte:

U

U56

5000 112,

Quantidade de unidades da amostra

Qtd. de não conformidades encontradas na amostra

U8

500 16,

Quantidade total de unidades inspeccionadas

Quantidade total de não conformidades encontrados

Page 42: Controlo de Qualidade Na Indústria de Calçado

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Dezembro 2014

Como no anterior diagrama podemos também calcular o Limite do controlo

do gráfico U para verificar se o processo de fabrico está sob controlo.

Para fazer o cálculo do Lc do diagrama U a fórmula é a seguinte:

Lc uu

n3

Assim:

Lc 0 112 30 112

50,

,

Lc 0 112 3 0 00224, ,

Lc 0 112 3 0 0473286, ,

Lc 0 112 0 142, ,

Lc 0 254,

Diagrama U - Não conformidades por Unidade

0

0,05

0,1

0,15

0,2

0,25

0,3

0,35

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10Amostra nº

o c

on

form

ida

des

po

r u

nid

ad

e

Qtd. de não conformidades por unidade Média Limite de Controlo

Podemos concluir também que o processo de fabrico se encontra fora de

controlo, pois mais uma vez o Limite foi ultrapassado.

Page 43: Controlo de Qualidade Na Indústria de Calçado

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2.6 - Análise de Pareto

Pareto foi um economista italiano que há quase um século descobriu que há

grandes desvios ao que está estabelecido, e somente alguns elementos ou

factores são responsáveis pelas anomalias ou desvios detectados. Foi a partir

desta constatação que Pareto estabeleceu o chamado método de análise ABC

ou regra dos 20/80.

Segundo um princípio simples de após coligir informações sobre uma dada

população (em termos estatísticos), Pareto classificou os caracteres estudados

ou analisados segundo uma ordem decrescente da sua frequência de

aparição. Então sob a forma gráfica aparecem-nos por exemplo, os vários

tipos de não conformidades e por ordem decrescente da sua frequência.

A regra dos 20/80 diz-nos, por exemplo, que 80% do volume de negócios é

realizado à custa de somente 20% dos clientes efectivos. Dito doutro modo,

80% dos stocks (em valor) em matérias-primas são realizadas por somente

20% das referências ou tipos de material armazenados. Ainda de um modo

mais ligado à qualidade, 80% das não conformidades são provocados por

somente 20% das causas de não conformidades que os produtos

potencialmente contém.

Exemplo:

1 - Altura de trás incorrecta 5 - Sujidade 9 - Pregos ou agrafes por arrancar

2 - Sola torta ou incorrecta 6 - Cosido Blake Incorrecto 10 - Forros por apanhar na montagem

3 - Cardado à vista 7 - Colagem deficiente 11 - Cortes rebentados

4 - Mal centrado 8 - Biqueiras engelhadas 12 - Outros