controlo da qualidade da água e do ar em piscinas

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MARIA HELENA REBELO ENCONTRO TÉCNICO A QUALIDADE DA ÁGUA EM PISCINAS E EQUIPAMENTOS AFINS EFEITOS NA SAÚDE IPQ - 6 Maio de 2015 Avaliação da Qualidade da Água e do Ar de Piscinas Componente laboratorial

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Page 1: Controlo da qualidade da água e do ar em piscinas

MARIA HELENA REBELO

ENCONTRO TÉCNICO

A QUALIDADE DA ÁGUA EM PISCINAS E EQUIPAMENTOS AFINS EFEITOS NA SAÚDE

IPQ - 6 Maio de 2015

Avaliação da Qualidade da Água

e do Ar de Piscinas

Componente laboratorial

Page 2: Controlo da qualidade da água e do ar em piscinas

Esta apresentação diz respeito ao tratamento estatístico de

dados laboratoriais provenientes das atividades de

prestação de serviços no âmbito do controlo de qualidade

da água de piscinas cobertas de utilização pública:

1- Avaliação geral da qualidade da água - análise

bacteriológica e físico-química convencional,

2- Avaliação da qualidade da água e do ar no que respeita

aos teores de THM

Page 3: Controlo da qualidade da água e do ar em piscinas

A água das piscinas pode estar na origem de

algumas doenças, nomeadamente, otites,

conjuntivites, faringites, dermatoses, irritação da

pele e mucosas…..,

pelo que é essencial garantir a sua qualidade

química e microbiológica.

Page 4: Controlo da qualidade da água e do ar em piscinas

Principais fatores relacionados com uma deficiente

qualidade da água:

Desinfeção inadequada

Temperatura elevada (piscinas cobertas)

Insuficiente renovação da água / ar

Sobre-utilização

Más práticas de utilização

Page 5: Controlo da qualidade da água e do ar em piscinas

Em Portugal não existe legislação específica que regulamente a

qualidade da água de piscinas de utilização coletiva. Os únicos

referenciais são:

Decreto Regulamentar nº 5/97 de 31 de Março que regula as

condições técnicas e de segurança dos recintos com diversões

aquáticas,

Circular Normativa Nº 14/DA da DGS de 21/08/2009 que estabelece o

programa de vigilância sanitária de piscinas.

Relativamente ao teor de THMs em águas de piscinas, alguns

países utilizam como referencial os seguintes valores limite:

Alemanha (DIN 19643, 1997) - 20μg/L

Dinamarca (Bisted, 2002) - 50 μg/L

Page 6: Controlo da qualidade da água e do ar em piscinas

2068 amostras / 148 tanques

Período de amostragem: 2011 – 2013

Água de abastecimento dos tanques – rede pública de distribuição

718 amostras / 13 tanques (análise da evolução temporal dos parâmetros bacteriológicos)

Análise bacteriológica – coliformes totais, E. coli, Enterococos, estafilococos totais e

produtores de coagulase, microrganismos cultiváveis a 37ºC e Pseudomonas aeruginosa.

Análise físico-química – pH, desinfetante residual (cloro ou bromo), condutividade

elétrica, turvação, cloretos e COT / oxidabilidade.

Ensaios analíticos

Caracterização da amostragem

AVALIAÇÃO GERAL DA QUALIDADE DA ÁGUA DE PISCINAS Análise bacteriológica e físico-química

1

Page 7: Controlo da qualidade da água e do ar em piscinas

Resultados obtidos por parâmetro analítico

N Amplitude Média CV (%) VI / VL Incumprimentos

(%)

Desinfetante residual (mg/L) 1959 < 0,1 - 24 1,3 84,6 0,5 - 2 4

Turvação (UNT) 1522 < 0,5 - 8,7 0,6 50,0 ≤ 4 ~ 0

pH 1966 6,4 – 8,4 7.4 4,0 6,9 – 8,0 8

Condutividade (mS/cm) 1108 64 - 9300 1192 109 ≤ 1500 18

Cloretos (mg/L) 861 15 - 2983 274 127 ≤ 500 11

Oxidabilidade (mg O2/L) 582 < 0,8 - 14 3,0 60 ≤ 6 7

COT 520 < 3 - 48 5,7 81 ≤ 6 29

Coliformes totais (ufc/100

mL) 2067 0 - > 80 0,9 789 ≤ 10 2

E. Coli (ufc/100 mL) 2064 0 - > 80 0,3 1267 0 2

Estafilococos totais (ufc/100

mL) 2068 0 - > 80 8,2 244 ≤ 20 (1) 11

Estafilococos coagulase +

(ufc/100 mL) 2067 0 - > 80 0,7 943 0 4

Pseudomonas aeruginosa

(ufc/100 mL) 2067 0 - > 80 1,8 611 0 7

Enterococos (ufc/100 mL) 2066 0 - > 80 0,5 1560 0 3

Microrganismos cultiváveis a

37 ºC (24 h) (ufc/ mL) 2036 0 - > 300 16 363 ≤ 100 (1) 5

VI / VL - Valor indicativo (Circular Normativa Nº 14/DA da DGS) (1) Valores Recomendados

1

Page 8: Controlo da qualidade da água e do ar em piscinas

Nº de Estafilococos, P. aeruginosa e Microrganismos cultiváveis a 37ºC em

função do teor de desinfetante residual

0

20

40

60

80

0,00 2,00 4,00 6,00

de

esta

filo

co

co

s t

ota

is

Teor de desinfetante residual (mg/L )

1

0

20

40

60

80

0,00 2,00 4,00 6,00

de

Pseu

do

mo

na

s

aeru

gin

os

a

Teor de desinfetante residual (mg/L )

0

20

40

60

80

0,00 2,00 4,00 6,00Nº

de

Mic

rorg

an

ism

os

cu

ltiv

áveis

a 3

7 º

C (

24 h

)

Teor de desinfetante o residual (mg/L )

Page 9: Controlo da qualidade da água e do ar em piscinas

Nº de coliformes e E. coli ao

longo do período de

amostragem (N=13)

E. coli

Coliformes

1 Análise da evolução temporal dos parâmetros bacteriológicos

Page 10: Controlo da qualidade da água e do ar em piscinas

Nº de Estafilococos e

Pseudomonas aeruginosa ao

longo do período de

amostragem (N=13)

Estafilococos

Pseudomonas aeruginosa

1

Page 11: Controlo da qualidade da água e do ar em piscinas

Nº de Enterococos e

Microrganismos cultiváveis

a 37ºC ao longo do período

de amostragem (N=13)

0

10

20

30

40

50

60

0 50 100 150 200

A

B

C

D

E

F

G

L

M

N

O

P

Q

Enterococos

Microrganismos cultiváveis a 37 ºC

1

Page 12: Controlo da qualidade da água e do ar em piscinas

Conclusões

Embora em número reduzido, foram identificadas neste estudo

algumas amostras de água de piscina com deficiente qualidade o

que poderá traduzir um risco potencial para a saúde dos

utilizadores,

O controlo da deterioração da qualidade destas águas depende

fundamentalmente de uma gestão adequada que combine

desinfeção e renovação da água ajustadas ao número de

utilizadores,

Para garantir a qualidade microbiológica da água é necessário

assegurar teores adequados de desinfetante residual (e manter

os valores de pH preferencialmente entre 6,9 e 7,4) e

implementar um conjunto de boas práticas por parte dos

utilizadores como sejam o duche antes de entrar na piscina.

1

Page 13: Controlo da qualidade da água e do ar em piscinas

Conclusões

O nº de coliformes, E. coli e enterococos permanece

habitualmente próximo de zero,

O nº de estafilococos, Pseudomonas aeruginosa e

microrganismos totais a 37ºC sofre maiores variações ao longo

do tempo refletindo maior resistência ao cloro, variações no teor

de cloro e na taxa de ocupação das piscinas,

Para cada um dos tanques estudados, o nº de microrganismos

apresenta uma tendência de melhoria o que poderá indicar que

os maus resultados foram acompanhados de medidas corretivas.

1

Page 14: Controlo da qualidade da água e do ar em piscinas

170 amostras / 30 tanques

Período de amostragem: Abril - Dez. 2010

Pontos de colheita - dois pontos em cada piscina com localização oposta e

afastados das entradas de água; profundidade de 30 cm

Ensaios analíticos – THM (CF, BDCM, DBCM, BF)

Caracterização da amostragem

ESTUDO DO TEOR DE THM NA ÁGUA E NO AR

1- Amostras de água

2- Amostras de ar

36 amostras / 6 piscinas

Pontos de colheita - dois pontos em cada piscina localizados a 30 cm de

altura, caudal de 200ml/min, tempo de amostragem 120min,

Período de amostragem: Abril - Dez. 2010

Ensaios analíticos – CF

2

Page 15: Controlo da qualidade da água e do ar em piscinas

Resultados da determinação de THM na água

N Amplitude Mediana CV (%) VP / VL(D)/

VL(A) Incumprimentos (%)

CF (mg/L) 170 6,28-151 52,8 --- -- ---

BDCM (mg/L) 170 < 5,0- 21,5 < LQ --- -- ---

DBCM (mg/L) 170 < 5,0 – 9,76 < LQ --- -- ---

BF (mg/L) 170 < 5,0 - 5,91 < LQ --- -- ---

THM Totais (mg/L) 170 10,1-155 57,1 27,9 100/ 50 /20 6,5 / 65,9 / 97,6

VP - Valor paramétrico (DL 306/2007 / VL(D) – Valor Limite Dinamarca / VL(A) - Valor Limite Alemanha //

Não se observaram entre os 2 pontos de colheita diferenças estatisticamente significativas

(teste de Wilcokson - p>0,05), podendo inferir-se que estes compostos têm uma distribuição

uniforme na água (pelo menos à profundidade a que foi realizada a colheita).

O CF foi detetado em todas as amostras e em maior concentração que os restantes

cmpostos. O BDCM, o DBCM e o BF foram detetados em 99%, 34% e 5,9% das amostras,

respectivamente.

Tendo como referência o VP relativo a águas para consumo humano, para a presença de

TTHMs, observou-se que apenas 6,5% das amostras apresentaram valores de TTHMs

superiores a 100 μg/L.

Segundo os limites preconizados pela Alemanha e Dinamarca (20μg/L e 50μg/L), a maioria

das amostras possuem TTHMs acima destes valores.

2

Page 16: Controlo da qualidade da água e do ar em piscinas

Resultados da determinação de THM no ar

Piscinas

CF (mg/m3)

Colheitas Mediana

CV

(%) 1 2 3 4 5 6

1 185 45 56 36 (LQ) 82 78 78 62

2 190 113 87 85 129 91 56 35

3 171 61 71 54 63 133 67 52

4 110 124 88 134 263 72 117 52

5 53 108 137 113 71 83 96 33

6 373 102 61 198 365 --- 198 66

Não se observaram entre os 2 pontos de colheita diferenças estatisticamente significativas

(teste de Wilcokson - p>0,05), podendo inferir-se que existe uma distribuição uniforme

destes compostos no ar envolvente do tanque (pelo menos à altura a que foi realizada a

colheita).

Todas as piscinas apresentaram grande variabilidade nos valores de concentração do

CF_ar (CV 33 a 66%), o que poderá estar relacionado com as condições de ventilação e nº

de utilizadores presentes na piscina na altura da colheita.

2

Page 17: Controlo da qualidade da água e do ar em piscinas

Resultados da determinação de THM no ar

Alguns dos valores obtidos neste estudo

encontram-se acima do limite considerado de

risco.

Estes resultados poderão indicar uma deficiência

no sistema de ventilação das piscinas, a presença

de um elevado nº de utilizadores ou um deficiente

sistema de manutenção/ desinfeção nessas

piscinas.

Valores de referência *

33 μg/m3 Baixa exposição

36 μg/m3 Exposição moderada

136 μg/m3 Exposição de risco

Foi observada uma correlação positiva entre CF_ag / CF_ar e CF_ag / T_ag o

que seria expectável dado que os THMs são compostos voláteis, estando a sua

evaporação dependente, entre outros factores, da T_ag.

* Aguiar, F e al, Avaliação da qualidade do ar em piscinas cobertas. Comunicação oral apresentada por A. Matos no encontro Ambiente e

Saúde: investigação e desenvolvimento para o futuro, Lisboa 07-04-2009

2

Page 18: Controlo da qualidade da água e do ar em piscinas

Conclusões

Segundo os limites preconizados pela Alemanha e Dinamarca

relativamente ao teor de TTHMs (20μg/L e 50μg/L) na água de piscinas,

verifica-se que a maioria das piscinas analisadas possuem valores

acima destes limites, o que, devido às possíveis propriedades

mutagénicas e cancerígenas dos THMs, a exposição a estes

compostos poderá constituir um risco para a Saúde Pública.

Acresce que os teores de CF no ar para algumas amostras foram

considerados também de risco.

2

Page 19: Controlo da qualidade da água e do ar em piscinas

Conclusões

O conhecimento dos factores que favorecem a formação de THM

poderá permitir que, futuramente, possam ser definidos melhores

procedimentos no tratamento das águas das piscinas, através de um

controlo mais rigoroso das condições ambientais e/ou estruturais, do

próprio método de desinfecção utilizado e da implementação de

procedimentos correctos de utilização destes espaços.

2