controle social e participaÇÃo dos conselhos na gestÃo escolar

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Controle social e participao dos conselhos na gesto escolar Todo poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente. (Art. 1o, Pargrafo nico, Constituio Federal/1988)

Introduo O presente estudo visa investigar o impacto da Gesto Democrtica enunciado pela Constituio Federal de 1988, a Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional n 9394/96 e a Lei n 7.040/98 (que estabelece a gesto democrtica no estado de Mato Grosso), no que se refere autonomia e participao da comunidade escolar na descentralizao, gesto e controle do gasto dos recursos pblicos. A gesto democrtica em Mato Grosso, atravs da Lei 7.040/98/MT, passou exigir maior participao na construo coletiva e diviso de poder nas atividades educativas, um modelo de gesto que prime pela cooperao, participao, colaborao, acompanhamento, fiscalizao e controle social da educao pblica. A compreenso de como se do as relaes de poder e por que elas se estabelecem necessria, para o fortalecimento da prtica democrtica e tica no interior das escolas, possibilitando que essas relaes possam ser recriadas e transformadas, visando o bem estar coletivo. A participao dos cidados com vistas a atingir um objetivo comum no simples de ser obtida e os fatores que provocam essa contribuio individual tm sido amplamente debatidos pela literatura. Para que se instale uma democracia real no processo decisrio de aplicao dos recursos pblicos, com vistas melhoria da qualidade da educao, a participao ativa e paritria de representantes de todos os segmentos escolares em Conselhos Deliberativos pode garantir maior confiabilidade, transparncia e autonomia das unidades escolares.

Controle social

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O Prembulo e art. 1 da Constituio Federal de 1988 preconiza que no Brasil um Estado Democrtico de Direito, com efetiva participao do povo em sua gesto e controle, ressaltado no Pargrafo nico todo poder emana do povo, que o exerce por meio de seus representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituio". Segundo Cartilha da CGU (2008), O controle social, entendido como a participao do cidado na gesto pblica, um mecanismo de preveno da corrupo e de fortalecimento da cidadania. e para garantir que sejam, de fato, destinados a atender as necessidades da populao, alm de participar da elaborao do oramento, ajudando a definir as prioridades para os gastos do governo, a sociedade deve tambm fiscalizar a aplicao, zelando por sua boa e correta destinao. O acompanhamento precisa se dar na gesto e do acompanhamento das polticas pblicas, no controle e realizao das despesas, para que os recursos no sejam desviados ou mal gerenciados e atendam finalidade pblica, s necessidades da populao, legislao e aos princpios bsicos aplicveis ao setor pblico. O controle institucional e externo, conforme artigos 70, 71 e 74 da Constituio Federal, cabe essencialmente ao Congresso Nacional, com o auxlio do Tribunal de Contas da Unio, e o controle interno a cada Poder por meio de um sistema integrado. fundamental para toda a coletividade que ocorra a participao dos cidados e da sociedade organizada no controle do gasto pblico, monitorando permanentemente as aes governamentais e exigindo o uso adequado dos recursos arrecadados. A isto se denomina "controle social". (CGU, 2008)

Constituio Federal de 1988, tambm prev a instituio de conselhos de polticas pblicas, com a participao dos cidados no processo de tomada de decises, na fiscalizao e controle dos gastos pblicos, e na avaliao dos resultados alcanados pela ao governamental. Os mecanismos de exerccio de controle social podem ocorrer atravs do controle oramentrio e do controle da execuo das despesas, exercido pelos

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conselhos de polticas pblicas ou diretamente pelos cidados, individualmente ou de forma organizada.... os conselhos so instncias de exerccio da cidadania, que abrem espao para a participao popular na gesto pblica. Nesse sentido, os conselhos podem ser classificados conforme as funes que exercem. Assim, os conselhos podem desempenhar conforme o caso, funes de fiscalizao, de mobilizao, de deliberao ou de consultoria. (CGU, 2008)

Na Educao, a Lei 9.394 de 1996 (LOPEB) estabelece orientaes para a implantao de uma gesto democrtica, constituindo-se, nos municpios, Conselho do Fundo da Educao Bsica (Fundeb) e Conselho da Alimentao Escolar para controle e fiscalizao da aplicao desses recursos pblicos e; nas escolas os Conselhos Escolares, unidades executoras, com autonomia administrativa e jurdica, para participar da gesto escolar, em suas dimenses pedaggicas, administrativas e financeiras No estado de Mato Grosso a Lei 7.040 de 1 o de outro de 1998 que estabelece Gesto Democrtica do Ensino Pblico Estadual, corresponsabilidade entre o poder pblico e sociedade atravs da participao nos Conselhos Deliberativos da Comunidade Escolar.A efetividade dos mecanismos de controle social depende essencialmente da capacidade de mobilizao da sociedade e do seu desejo de contribuir. de fundamental importncia que cada cidado assuma a tarefa de participar da gesto governamental, de exercer o controle social da despesa pblica. Somente com a participao da sociedade ser possvel um controle efetivo dos recursos pblicos, o que permitir uma utilizao mais adequada dos recursos financeiros disponveis. (CGU, 2008)

A participao dos educadores no controle social junto comunidade escolar na qual atuam, essencial, seja como membros dos conselhos escolares ou disseminando na comunidade escolar informaes sobre a e existncia e as finalidades dos conselhos e sua importncia para uma boa gesto dos recursos pblicos. A participao dos atores escolares no controle social essencial, seja como membros dos conselhos escolares ou disseminando informaes sobre a existncia

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e as finalidades dos conselhos e sua importncia para uma boa gesto dos recursos pblicos. Gesto Democrtica Escolar A gesto democrtica implica processos de autonomia e diviso de poder, o que sugere corresponsabilidade, coparticipao, diviso, descentralizao de decises, envolvendo a sociedade no acompanhamento e controle das polticas educacionais no contexto democratizao da gesto.O poder no se situa em nveis hierrquicos, mas nas diferentes esferas de responsabilidade, garantindo relaes interpessoais entre sujeitos iguais e ao mesmo tempo diferentes. Essa diferena dos sujeitos, no entanto, no significa que um seja mais que o outro, ou pior, ou melhor, mais ou menos importante, nem concebe espaos para a dominao e a subservincia, pois estas so atitudes que negam radicalmente a cidadania. As relaes de poder no se realizam na particularidade, mas na intersubjetividade da comunicao entre atores sociais. Neste sentido, o poder decisrio necessita ser desenvolvido com base em colegiados consultivos e deliberativos. (BORDIGNON e GRACINDO, 2002, p. 151-152)

Segundo Luck (2008:17), o conceito de gesto participativa envolve, alm dos professores e funcionrios, os pais, os alunos e qualquer outro representante da comunidade que esteja interessado na escola e na melhoria do processo pedaggico.Como espao de convivncia que favorea o exerccio da cidadania, a escola possui formas de organizao, normas e procedimentos que no so meramente aspectos formais de sua estrutura, mas se constituem nos mecanismos pelos quais podemos permitir e incentivar ou, ao contrrio, inibir e restringir as formas de participao de todos os membros da comunidade escolar. Nesse sentido, uma escola que pretende atingir, de forma gradativa e consciente, crescentes ndices de democratizao de suas relaes institucionais no pode deixar de considerar, como parte integrante de seu projeto, o compromisso de participao. (BUENO, 2001, p.106, apud LUCK, 2008, p. 106-107)

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Paro (2007: 107) afirma que ... se estamos preocupados em formar cidados participativos por meio da escola, preciso dispor as relaes e as atividades que a se do de modo a marcar os sujeitos que por ela passam com sinais da convivncia democrtica. Essas relaes se estabelecem no contato entre os diversos atores (professores, funcionrios, gestores, alunos, pais e comunidade), so definidas coletivamente, atravs da participao nos Conselhos Escolares e na construo do Projeto Poltico Pedaggico. A respeito da construo dos regulamentos de convivncia coletiva Freud (1997:11) diz que No admitimos de modo algum; no podemos perceber porque os regulamentos estabelecidos por ns mesmos no representam, ao contrrio, proteo e benefcio para cada um de ns. De acordo com Freitas (2009: 8,9) ... o prprio projeto poltico pedaggico da escola indica que tipos de processos relacionais so desejados e necessrios para que os objetivos da escola sejam alcanados. Para que a democracia se efetive o relacionamento precisa estar alicerado no princpio de participao de todos os atores da escola.A luta pela sustentao de projetos poltico-pedaggicos coletivos, ancorados no compromisso com a produo do bem comum, depende do concurso dos mltiplos atores sociais envolvidos com um projeto de formao. Para isso, estes atores devem se encontrar em espaos/tempos que favoream a livre expresso de suas ideias, propiciando-lhes condies para um dilogo plural... (BONDOLI, 2004, apud FREITAS, 2009, p. 34)

Para Paro (2010: 17) a concepo de prtica escolar democrtica precisa estar sustentada numa organizao condizente com essa prtica, em que a convivncia pode ser produzida pela dominao, quando um reduz ou anula a subjetividade do outro, tornando-o objeto ou pelo dilogo, em que predomina a aceitao mtua e a negociao, respeitando ambas as partes envolvidas, o que chama de democracia. Paro se utiliza da definio do termo poder de Stoppino (1991d: 933) que em seu sentido mais geral considera-o como a capacidade ou a possibilidade de agir, de produzir efeitos tanto no agir sobre coisas e fenmenos naturais quanto na determinao do comportamento de pessoas e grupos humanos.

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Conforme Paro (2010:46) todo processo educativo envolve interesse na modificao de comportamentos, portanto envolve relaes de poder em que o educador tem a pretenso de modificar o comportamento do educando. Segundo Paro (2010: 40) h dois tipos de exerccio de poder, o autoritarismo que nega a condio democrtica, em as decises so tomadas por quem detm o poder, sem concordncia dos que esto a eles subordinados e a autoridade que se insere numa forma democrtica de exerccio de poder, que conta com a concordncia livre e consciente das partes envolvidas, sem prejuzo da condio de sujeito daqueles que obedecem.Tanto o exerccio do poder quanto sua estabilizao e sua institucionalizao dependem em boa medida do julgamento que dele fazem as pessoas e grupos subordinados ao poder, ou seja, a efetividade do exerccio do poder depende tambm das expectativas e percepes que se tm a respeito dele. (PARO, 2010, p.38)

Segundo Freitas, O processo de avaliao nas escolas avalia tambm do comportamento do aluno, seus valores e atitudes. Essas prticas expressam relaes de poder e de fora no interior da escola o poder simblico, poder subordinado, uma forma transformada, quer dizer, irreconhecvel, transfigurada e legitimada, das outras formas de poder... (FREITAS, 2009, p.8,9)Como espao de convivncia que favorea o exerccio da cidadania, a escola possui formas de organizao, normas e procedimentos que no so meramente aspectos formais de sua estrutura, mas se constituem nos mecanismos pelos quais podemos permitir e incentivar ou, ao contrrio, inibir e restringir as formas de participao de todos os membros da comunidade escolar. Nesse sentido, uma escola que pretende atingir, de forma gradativa e consciente, crescentes ndices de democratizao de suas relaes institucionais no pode deixar de considerar, como parte integrante de seu projeto, o compromisso de participao. (PARO, 2007, p. 106-107, apud BUENO, 2001, p.106)

A participao da comunidade escolar legitima as relaes de poder democrticas no interior das escolas, tornando seus membros corresponsveis pela gesto, a fim de atingir objetivos comuns e assumindo compromissos com a singularidade da escola e sua comunidade.

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Democratizar as relaes e decises na escola no significa eliminar a presena do estado na responsabilizao dos servios pblicos, mas buscar mecanismos para submeter as decises do Estado ao debate e ao controle da opinio pblica. Contextualizao histrica da gesto democrtica escolar Historicamente, a luta pela democratizao das estruturas escolares insere-se na luta social pela democratizao da sociedade brasileira na dcada de 1980. Com o aprofundamento da luta democrtica em oposio ditadura militar, no final da dcada de 70, a questo da democratizao da escola passou da simples luta pela ampliao do acesso para a questo da qualidade. Nos anos 80 no Brasil, no plano poltico e social, a centralizao e o autoritarismo poltico vivenciado pela sociedade brasileira at ento comea a sofrer uma presso. Tem-se incio o perodo de redemocratizao poltica. Tem-se a luta pela abertura democrtica e pela descentralizao do planejamento, ou seja, por formas mais flexveis de planejamento voltadas para o poder local. O processo de redemocratizao do Estado e das instituies sociais constituiu um esforo em democratizar as relaes no interior das instituies escolares, tendo como objetivo atender as demandas das camadas populares, gerando um rompimento com as formas tradicionais de administrao. Com a promulgao da Constituio Federal de 1988, ficou garantido como um dos princpios educacionais a gesto democrtica do ensino pblico, na forma da lei (Art. 206, Item VI). Em 1996, com a implantao da Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional n 9.394, O princpio de gesto democrtica para o ensino pblico garantido pela Constituio Federal de 1988 apresenta-se como um caminho para a superao de uma organizao educacional autoritria e centralizadora. Este movimento representa uma maior preocupao com a qualidade do ensino, procurando superar a dimenso quantitativa enfatizada at ento. A Lei 9.394/96 estabelece orientaes sobre a gesto democrtica nas escolas brasileiras, com relao organizao do espao escolar, o trabalho educativo e a participao dos profissionais da educao na elaborao do projeto pedaggico da escola e a participao das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes. (LDB, Art. 14, I e II)

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Por meio do Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE) na dcada de 90, foram colocadas em ao propostas de descentralizao e autonomia escolar. Com elas surge a necessidade da escola traar um projeto de educao, o seu Projeto Poltico Pedaggico, e criar mecanismos de participao da comunidade escolar na elaborao, desenvolvimento e avaliao desse projeto. O Plano Nacional de Educao, em 2000, veio reafirmar a necessidade da participao dos profissionais da educao, pais, alunos e comunidade escolar na construo de uma proposta escolar autnoma, atravs da representao em Conselhos Escolares. Esse conceito reforado em Mato Grosso atravs da Lei 7.040 de 1o de outro de 1998 que estabelecem Gesto Democrtica do Ensino Pblico Estadual e em seu Art. 4o, Pargrafo nico Entende-se por comunidade escolar, para efeito desta lei, o conjunto de alunos, pais ou responsveis por alunos, os profissionais da educao em efetivo exerccio no estabelecimento de ensino, tambm explicita como dever ser exercida a prtica democrtica no interior das escolas utilizando-se de expresses como: corresponsabilidade entre Poder Pblico e sociedade; autonomia; transparncia e eficincia. O papel dos conselhos escolares no controle social da gesto escolar A formao de conselhos como canal de participao da sociedade no controle do Estado no recente. Segundo Bordignon (2004) A origem dos conselhos se perde no tempo e se confunde com a histria da poltica e da democracia. A institucionalizao da vida humana gregria, desde seus primrdios, foi sendo estabelecida por meio de mecanismos de deliberao coletiva.Os tericos marxistas clssicos j concebia como rgos embrionrios de um governo revolucionrio, cujos delegados recebiam um mandato imperativo e revogvel, isto , deveriam seguir estritamente as instrues dos representados e poderiam, a qualquer momento, ser suspensos de suas funes. (TEIXEIRA)

A criao de conselhos se consolida a partir da dcada de 80, com a finalidade de atender s demandas dos movimentos sociais populares, atravs dos

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conselhos comunitrios e conselhos populares, criados a partir dos prprios movimentos para pressionar o atendimento s reivindicaes da sociedade. A partir da conjuntura favorvel participao popular, alm dos instrumentos da democracia semidireta plebiscitos, referendos e iniciativa popular inscritos no Art. 14 da Constituio Federal de 1988, foram previstas, no texto constitucional, outras possibilidades de participao direta que indicaram que a gesto administrativa da educao deveria ter carter democrtico e descentralizado, o que ampliou a possibilidade de participao da sociedade civil na gesto pblica. Como consequncia dessa mtua cooperao entre Estado e sociedade, elevaria o desempenho institucional dos governos e seria capaz de produzir comunidades cvicas capazes, atuantes e imbudas de esprito pblico, por relaes polticas igualitrias, por uma estrutura social firmada na confiana e na colaborao de interferir positivamente nas decises e aes governamentais. Diante dessa concepo, sociedades com interaes mais horizontais seriam mais capazes de favorecer o desempenho governamental. No entanto o reconhecimento desse espao de interlocuo entre Estado e sociedade autonomia e funo consultiva, deliberativa, fiscalizadora e mobilizadora, s se efetiva a partir da Lei no 9.394/96 em seu inciso VIII, art. 3 que reafirma a Constituio de 1988, em seu art. 206, estabelecendo que a gesto democrtica do ensino pblico, na forma desta Lei e da legislao dos sistemas de ensino.; e em seu art. 17 que os sistemas de ensino asseguraro s unidades escolares pblicas de educao bsica que os integram progressivos graus de autonomia pedaggica e administrativa e de gesto financeira, observadas as normas gerais de direito financeiro pblico. O processo de institucionalizao de conselhos de polticas pblicas, conforme ocorreu no Brasil pode ser visto como um instrumento que poder permitir uma ampliao do estoque de capital social, uma vez que, ao estimular a participao popular na gesto dos negcios pblicos, torna possvel um aumento progressivo dos laos de confiana e de reciprocidade entre os cidados brasileiros e o Estado. Ao entender que as polticas pblicas so uma das formas do Estado assegurar a efetivao dos direitos conquistados por seus cidados, e tendo em conta o potencial dos conselhos em influenciar essas polticas, podemos entender que eles so espaos relevantes a serem mobilizados pelos cidados nesta direo.

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Para isto, importante que melhor se conhea esses espaos, de modo que possam efetivamente ser expresses de ampliao e de aprofundamento da democracia. O Conselho Deliberativo da Comunidade Escolar (CDCE) a entidade que congrega e representa os segmentos da comunidade escolar: professores, corpo tcnico-administrativo, alunos e pais e mes de alunos, se configurando como voz dos diferentes atores que compem a escola, desempenhando, com isso um importante pape em garantir que toda a comunidade escolar seja envolvida nas decises a serem tomadas pela escola, na construo. O CDCE exerce, na gesto das escolas, as funes: consultiva, atravs do assessoramento por meio de pareceres, propostas de solues e procedimentos para melhoria do trabalho escolar; deliberativa, decidindo em instncia final, acerca de questes de normatizao, recursal e de encaminhamentos direo da escola para que execute a ao por meio de ato administrativo; fiscalizadora da gesto administrativa, pedaggica e financeira da escola e; mobilizadora, articulando a mediao entre a escola e a comunidade local, estimulando e desencadeando estratgias de participao, de corresponsabilidade e de compromisso de todos com a promoo dos direitos educacionais e de cidadania, de construo de uma escola de qualidade. Na teoria poltica o termo controle social, tanto empregado para designar o controle do Estado sobre a sociedade quanto para designar o controle da sociedade sobre as aes do Estado. A existncia de Conselhos Deliberativos da Comunidade Escolar assegura certo grau de autonomia e transparncia da escola na destinao e otimizao dos recursos do Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE, outros programas e projetos e fontes alternativas de nanciamento da escola. O nanciamento da educao tem assumido importante papel na compreenso da organizao e da gesto educacional, colocando-se como uma necessidade para toda a sociedade, devendo envolver, especialmente, os gestores educacionais, os prossionais da educao, os pais, os estudantes e a comunidade local. Atravs da representatividade nos conselhos deliberativos, a esses diversos atores escolares cabe o controle social dos recursos destinados escola, com as funes de planejar, definindo prioridades e tendo em mente os objetivos da escola

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definidos no seu Projeto Poltico Pedaggico; executar, avaliar e fiscalizar a aplicao dos recursos financeiros de acordo com o planejamento elaborado anteriormente, com base no Plano de Desenvolvimento Escolar e Projeto Poltico Pedaggico e; prestar contas, ao Estado e sociedade da comprovar das despesas realizadas e verificar se as metas foram cumpridas com os recursos alocados A garantia da educao como um direito est intimamente ligada ao nanciamento por parte do poder pblico e indispensvel a participao democrtica e transparente da comunidade no acompanhamento e fiscalizao dos recursos que so destinados manuteno e desenvolvimento do ensino sua gesto nanceira. Para que o controle social se efetive no interior das escolas fundamental a democratizao das aes, a participao dos diferentes segmentos visando garantia da transparncia do uso dos recursos pblicos e de sua efetiva aplicao na educao bsica. O coletivo da escola deve participar da denio das prioridades, dos objetivos e de como eles sero atingidos, quais os recursos disponveis para se alcanar esses objetivos, como e onde as verbas recebidas pela escola sero aplicadas e o que pode ser feito para alocao de novas verbas. O controle social, sem dvida, uma conquista da sociedade civil e deve ser entendido como um instrumento e uma expresso da democracia O papel dos conselhos atravs do monitoramento legal tem como pilar a fiscalizao das aes pblicas, visando, sobretudo, indicar caminhos, propor ideias e promover a participao efetiva da comunidade nas decises e possibilitando sociedade a participao na gesto escolar, com uma maior transparncia das alocaes de recursos e favorecimento da responsabilizao de todos os envolvidos. Conforme a conceituao proposta pelo CLAD (2000), a accountability representa a obrigao que o governo tem de prestar contas sociedade e a sua concretizao depende da capacidade dos cidados para atuar na definio das metas coletivas e da construo de mecanismos institucionais que garantam o controle pblico das aes dos governantes, no apenas por meio das eleies, mas tambm ao longo do mandato dos representantes. Os Conselhos Deliberativos exercem a accountability vertical, complementares ao voto, na medida em que permitirem aos cidados acompanhar e

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fiscalizar as aes governamentais ou como instrumentos de accountability horizontal, por se tratarem de agncias pblicas autnomas, para as quais os governos devem prestar contas. Esses espaos caracterizam-se por serem mecanismos competentes de favorecimento da democratizao da gesto escolar, ao possibilitarem a participao da comunidade integrada com as aes desempenhadas pelo Estado e ao permitirem a efetivao do controle social, aqui entendido como o controle exercido pela sociedade sobre as aes governamentais. Participar no controle da gesto democrtica da escola pblica significa estar inserido nos processos sociais de forma efetiva, opinando e decidindo sobre os rumos da educao desde o seu planejamento, execuo e avaliao.A participao ampla assegura transparncia das decises, fortalece as presses para que sejam elas legtimas, garante o controle sobre os acordos estabelecidos e, sobretudo, contribui para que sejam contemplados questes que de outra forma no entrariam em cogitao. (MARQUES, 1990, p.21)

A organizao e participao da comunidade escolar nos conselhos o caminho na concretizao da democracia, no fortalecimento da identidade da escola, na melhoria da qualidade da educao e na garantia da aplicao responsvel e transparente dos recursos pblicos Os conselhos de polticas pblicas so a marca da participao popular na gesto pblica. Para exercer de forma decisiva essa funo, absolutamente imprescindvel que os conselheiros estejam conscientes de seu papel, construam sua identidade e adquiram capacidade tcnica e poltica. A presena dos Conselhos Deliberativos nas escolas exige do diretor ouvir a populao e submeter suas aes ao controle da sociedade, o que pode levar, em muitos casos, a responsabilizao de seus membros, em razo do cometimento de possveis atos de improbidade administrativa. Os cargos exercidos pelo Presidente e Tesoureiro, juntamente com o diretor da escoa, podem sofrer implicaes legais em suas atuaes, por administrarem matria de cunho financeiro, que abrange inclusive a Lei de Responsabilidade Fiscal.

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Atravs da diviso de poder de deciso na gesto democrtica, o centralismo burocrtico d lugar a relaes mais humanas que priorizam os interesses da coletividade. Mesmo que em algumas realidades, os conselhos s se renem para assinar documentos que, muitas vezes, no so lidos, analisados e discutidos, ainda um dos nicos mecanismos de participao e controle da sociedade, fazendo com que nenhum gestor seja senhor absoluto da deciso.

Uma anlise sobre gesto democrtica nas escolas de Mato Grosso Em anlise da sintetizao das atribuies dos conselhos escolares no Brasil, Bordignon (2004: 43) apresenta o Quadro n.1 (Anexo A), percebe-se que em Mato Grosso, esses conselhos exercem competncias deliberativas no que se refere s diretrizes, metas e prioridades, avaliao de desempenho/escola, plano de aplicao de recursos, contratao de servios, parcerias e convnios, penalidades disciplinares, estgio probatrio dos servidores, projetos e melhoria da escola, na eleio de seu presidente; consultivas no plano de ao anual, calendrio escolar, elaborao e aprovao do Projeto pedaggico, questes administrativas e pedaggicas, indicao de cargos/desempenho, na elaborao de regimento e estatuo do conselho; competncias fiscais no que se refere a folha de pagamento e; mobilizadora com relao a prestao de contas dos recursos fsicos e financeiros e realizao de obras. O Documento Base da Conferncia da Gesto Democrtica do Estado de Mato Grosso (2010) apresenta um amplo Diagnstico, da Gesto Democrtica aps 12 (doze) anos da implantao Lei 7.040/98, com o objetivo de fortalecer, via dilogo, transparncia e participao cidad, novos ditames e paradigmas comprometidos com a mudana social e educacional. Essa avaliao foi realizada em 529 (quinhentos e vinte e nove) unidades escolares, nos 74 (setenta e quatro) municpios do estado, sob a coordenao da Secretaria de Estadual de Educao (SEDUC) e responsabilizao pela aplicao dos instrumentos avaliativos de todas as Assessorias Pedaggicas e das 15 (quinze) unidades dos Centros de Formao e Atualizao dos

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Profissionais

da

Educao

(CEFAPROs),

auxiliados

pelo

Sindicato

dos

Trabalhadores da Educao Pblica (SINTEP). A aplicao dos questionrios foi realizada aps debate e estudo de textos e situaes problema sobre a gesto democrtica, com 36 (trinta e seis) questes, divididas em quatro dimenses: Escolha de diretores de escola com participao efetiva da comunidade escolar; Regimentos Escolares; Transparncia nos mecanismos pedaggicos, administrativos e financeiros e; Avaliao da aprendizagem dos educandos, do desempenho dos profissionais da educao e da instituio, na forma do PPP da escola, com posicionamento separado dos quatro segmentos escolares (pais, alunos, professores e funcionrios). Segundo o documento Mato Grosso se destaca como pioneiro nesse cenrio nacional, com uma proposta de gesto democrtica para a rede estadual de ensino originada nas reivindicaes do segmento de profissionais da educao bsica, em 1986. A implantao da gesto democrtica na capital do Estado em 1986/1988 centravase no processo de eleio para diretores escolares e na criao de rgos colegiados, antecedendo a Constituio Federal de 1988, mas esbarrou em entraves polticos, sendo interrompida por cerca de 4 (quatro) anos. Somente educacionais, que exigia um modelo mais participativo de gesto escolar. Em virtude de tais reivindicaes, em 1998 foi aprovado um conjunto de diretrizes em Mato Grosso, e a Gesto Democrtica, regulamentada pela lei trouxe e como principais da caractersticas mediante entre Poder Pblico e sociedade administrativa financeira na gesto da escola; a Escola, 7.040, de 1 de outubro de 1998, a corresponsabilidade autonomia pedaggica, sendo retomada a partir dos anos 90, com o envolvimento da sociedade nas discusses

organizao critrios democrticos para escolha do diretor, por eleio direta a pela comunidade escolar e funcionamento dos Conselhos Deliberativos da Comunidade Escolar, com composio paritria de representantes dos segmentos dos professores, funcionrios, pais e alunos eleitos pelos seus pares. Como garantia de autonomia nos mecanismos de gesto administrativa, financeira e pedaggica e a transferncia os Conselhos automtica e sistemtica criados de recursos unidade escolar, Deliberativos foram como

unidades executoras, compartilhando a gesto com a direo da escola, conforme estabelecido na Lei 7.040/1998, em seu Art. 2 e Art. 3.

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De acordo com a avaliao a realidade, hoje, nas escolas que a prtica da gesto escolar tem sofrido interferncia poltica e social, calcando seus princpios no modelo empresarial de administrao, o que representa obstculos no processo de democratizao no cotidiano de muitas escolas. No presente trabalho analisaremos apenas as questes das dimenses regimentos escolares (questes 7 e 8) e transparncia nos mecanismos pedaggicos, administrativos e financeiros (questes 9, 10, 11, 14, 15, 16, 17, 18, 19, 20, 21, 25, 27 e 28) que tratam mais especificamente da participao dos conselhos deliberativos a gesto democrtica da escola. Na dimenso regimentos escolares a questo 7 apresenta a porcentagem de pais, alunos, professores e funcionrios que concorda que importante a realizao de Assembleia por segmentos para escolha de seus representantes no conselho deliberativo da escola entre 97,93% (alunos) a 99,58% (professores), o que representa que a comunidade conhece a importncia, aceita e deseja que continue esse processo de participao de todos os segmentos, reafirmando na questo 8, entre 95, 85% (pais) e 97,93% (professores), que a composio de ser somente com os segmentos de pais, alunos, professores e funcionrios, como determina a lei. Em aspectos:

anlise

da

dimenso

transparncia

nos

mecanismos os seguintes

pedaggicos, administrativos e financeiros da escola, consideramos

Questo 9 sobre a participao da comunidade escolar na elaborao do PPP (Projeto Poltico Pedaggico), somando os ndices de satisfao muito forte e forte, e fraco e muito fraco, tem-se um resultado preocupante, j que entre funcionrios, pais e alunos houve quase que uma equiparao entre a satisfao (mdia de 34,58%) e insatisfao (mdia de 31,01%), o mesmo no acontecendo entre os professores que representou uma discrepncia entre satisfeitos (40,30%) e insatisfeitos (12,04%). O item regular o demonstra mais igualdade nas respostas de todos os segmentos (cerca de 34,02% dos consultados). Percebe-se claramente que a maior participao dos professores e que os pais so os que representam a grande maioria nessa insatisfao (29,46% entre fraco e muito fraco), mas so os alunos que registraram os maiores valores de descontentamento

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(muito fraco 12,44%), o que transparece a necessidade da escola envolver mais esses segmentos, algo que precisa ser revisto.

Questo 10 Concordncia do diagnstico feito para elaborao do PDE (Plano de Desenvolvimento da Escola) com as reais necessidades da escola. Diferencia-se o grau de concordncia (forte e muito forte) entre professores (85,06%) e alunos (68,05%) e de discordncia (fraco e muito fraco) entre os professores (5,91 entre) os alunos (17,42%). O segmento de pais foram os que apresentaram maior porcentagem de avaliao regular (15,35%) e o de funcionrios maior porcentagem de fraco (9,95%). Percebe-se que o segmento de professores so os que mais concordam e o de alunos os que menos concordam.

Questo 11 - A valorizao do debate coletivo com consulta regular consultados aos dos segmentos/CDCE quatros segmentos para (mdia de conduzir 74,58%) os trabalhos/atividades/projetos e aes do PPP/PDE. A maioria dos considera um aspecto forte ou muito. O ndice de avaliao regular est entre alunos (10,25%) e professores (16,18%). J o maior ndice de descontentamento est entre os alunos (18,25% entre fraco e muito fraco), o que pode indicar a necessidade de envolver mais os educandos nos debates coletivos quando se deseja planejar aes de fortalecimento da escola.

Questo 14 Adoo de forma de trabalho garantindo que todos possam ser capazes de ouvir o outro, dividindo tarefas, compartilhando conhecimento e experincias, respeitando e aceitando a pluralidade de idias. Cerca de 13,27% avaliam como regular. Entre os que avaliam como forte ou muito forte, o segmento de pais registra maior aprovao (85,9%), seguido pelos professores (82,57%), sendo os com menores valores o segmento de funcionrios (77,59%) e alunos (71,78%). O descontentamento dos que consideram fraco ou muito fraco entre os alunos registrado em 12,04%.

Questo 15 - Circulao constante de informaes de interesse dos profissionais, alunos e pais atravs de reunies peridicas, divulgaes

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e fixao das comunicaes, em locais de fcil acesso em jornais e folhetos, de distribuio na escola. Entre os que consideram forte e muito forte a comunicao na escola est entre 82, 16% dos professores e 75,10% dos alunos, sendo que o segmento de alunos o que mais considera fraco ou muito fraco esse processo (9,54%).

Questo 16 A compreenso de que a escola um bem pblico, construda, mantida e reformada com o dinheiro publico que os cidados pagam nos impostos, e que, portanto, todos os alunos, pais, profissionais e comunidade devem ter o compromisso com o seu cuidado forte ou muito forte, sedo os maiores ndices entre os pais (77,58%) e professores (75,10%) e menor entre os alunos (67,21%) que tambm registram os maiores valores de fraco ou muito fraco (14,52%) e o os percentuais de regular tambm se destacam (prximo de 20%, nas quatro categorias). O que pode demonstrar que parte dos alunos no sete a escola como pertencente a eles.

Na muito

questo

17

a maior parte dos consultados afirmou ser forte ou forte

a criao de oportunidades concretas por parte da escola na interao e integrao com a comunidade, empresas, comrcio local bastante positivo para elevar o valor social da escola nas comunidades onde esto inseridas (entre 66,78 dos alunos e 77,59% dos pais), sendo tambm entre alunos os que mais consideram fraca ou muito fraca esta relao (14,10%).

Com relao gesto dos recursos financeiros na questo 18 , a maioria acredita que na sua escola forte ou muito forte a divulgao dos valores recebidos e arrecadados durante o ano (entre 60,16% dos alunos e 70,15% dos professores) e, na questo 19 os que declararam como forte ou muito forte a divulgao das prestaes de contas feita de forma clara, em lugar visvel e de fcil acesso comunidade registrou uma mdia de 64,73% dos consultados. Destaca-se que essas so as questes com maior ndice de descontentamento (fraco ou muito fraco) dos quatro segmentos, sendo maior entre os pais (16,59% na questo 18 e 17,44% na questo 19) e entre os alunos (24,89% na questo 18 e 23,24% na questo 19).

18

Para a maior parte dos consultados

(74,9%), a definio pelo CDCE,

de onde e como sero aplicados todos os recursos financeiros arrecadados pela escola (Questo 20) um aspecto forte ou muito forte e o mesmo se verifica na questo 21, com relao de reunies sistemticas do conselho para aprovao de todas as prestaes de contas dos recursos recebidos (84,74%), sendo registrados os nveis de descontentamento entre pais e alunos (13,48%) na participao desses segmentos na definio de onde sero aplicados os recursos da escola.

Na

questo 25

a maioria dos

consultados

acredita

que

forte ou muito forte o entendimento de que existe comprometimento da gesto da escola em criar um ambiente de solidariedade e responsabilidade mtua, sem paternalismo e favorecimento, mas agindo com justia e firmeza no cotidiano (84,58%).

O

tratamento que as escolas vm dando

aos conflitos e

desentendimentos que ocorrem entre os prprios profissionais, entre estes com os alunos e dos alunos entre si tambm (Questo 26) foi apontado como um aspecto forte ou muito forte para 82,29% de pais e profissionais e 71,36% dos alunos. O descontentamento maior de como se do essas relaes so dos alunos (12,03%).

Na questo 22, considerando que todas as categorias apontaram para forte, muito forte e regular a necessidade de fortalecimento da atuao do CDCE, o documento conclui que a imensa maioria (69,29% dos consultados) consideram que os conselhos s funcionam como unidade administrativa, tendo o foco de seu trabalho voltado ao aspecto financeiro, em detrimento da sua atuao pedaggica.

Segundo o documento base sabido que a Lei por si s no muda atitudes e nem a condiciona concepo a de vontade gesto poltica. Ao serem aprovadas, as na compreenso de leis se constituem em uma referncia e obrigaes a serem cumpridas., e preciso fundamentar democrtica interdependncia, da ao comunicativa das pessoas e destas com o ambiente.

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A participao da comunidade escolar, principalmente pais e alunos, aparece como um desafio nesse processo, com debates coletivos e a disponibilizao de informaes de forma transparente. A comunidade externa (pais e alunos) demonstra o seu descontentamento com relao escola ouvi-los mais, de dividir tarefas, compartilhar e valorizar seus conhecimentos e experincias com respeito da pluralidade de ideias. Precisam sentir a escola como bem de todos e que so capazes de decidir sobre o seu destino.

Consideraes finais A participao popular na gesto escolar, atravs da representao nos conselhos deliberativos, ainda no se d em espaos neutros, imunes a conflitos, contradies e manipulaes, mas podem constituir-se em instrumentos abertos ao debate pblico, s proposies de estratgias para efetivar direitos j conquistados ou a construir. Hoje, mesmo estando vinculados estrutura administrativa, com suas decises homologadas pela direo escolar, os conselhos so teoricamente autnomos, com estatuto interno elaborado pelos seus membros. O grau de autonomia nas tomadas de decises depende da correlao de foras, no mbito do conselho, da escola, da comunidade e do prprio Estado. Isso exige que os representantes dos vrios segmentos escolares sejam capacitados para expressar as aspiraes e necessidades de seus representados, organizando-os e mobilizando-os para acompanhar, avaliar, dar suporte e controlar as aes da gesto da escola. A descentralizao de poder, sem um mnimo de preparao e capacitao pode transformar essa fora popular numa estrutura pouco organizada e frgil, restringindo s quatro paredes das salas de reunies, limitando-se a validar as decises da direo escolar. O espao dos conselhos precisa ser um espao de luta, de negociao e articulao, de legitimao dos direitos de cada cidado por ele representado, com ao pblica e transparente. O controle da aplicao dos recursos implica no s a honestidade dos gastos, mas tambm a avaliao, por parte da comunidade, de seu impacto

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econmico-social em termos de benefcios para o conjunto da populao, sua economicidade, oportunidade e atendimento das reais necessidades. Para que a atuao nos conselhos se constitua em mecanismos de fortalecimento da sociedade civil e controle social do Estado, precisa manter a autonomia de ambas as esferas, sempre ancoradas na mobilizao social e democratizao do Estado, a fim de discutir no somente o controle, mas principalmente o oramento e as prioridades na distribuio dos recursos.

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