controle gerencial em empresas brasileiras: o estudo … · no caso da csn, não se pode deixar de...

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Universidade Federal do Rio de Janeiro Universidade Federal do Rio de Janeiro Universidade Federal do Rio de Janeiro Universidade Federal do Rio de Janeiro Centro de Ciências Jurídicas e Econômicas Centro de Ciências Jurídicas e Econômicas Centro de Ciências Jurídicas e Econômicas Centro de Ciências Jurídicas e Econômicas Instituto de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração -COPPEAD Instituto de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração -COPPEAD Instituto de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração -COPPEAD Instituto de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração -COPPEAD CONTROLE GERENCIAL EM EMPRESAS BRASILEIRAS: O ESTUDO DO CASO DA CSN PÓS-PRIVATIZAÇÃO Andrea A.Nascentes Totis Mestrado em Administração Mestrado em Administração Mestrado em Administração Mestrado em Administração Orientador: Josir Simeone Gomes Orientador: Josir Simeone Gomes Orientador: Josir Simeone Gomes Orientador: Josir Simeone Gomes D.Sc. em Administração D.Sc. em Administração D.Sc. em Administração D.Sc. em Administração Rio de Janeiro Rio de Janeiro Rio de Janeiro Rio de Janeiro 2001 2001 2001 2001

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Universidade Federal do Rio de JaneiroUniversidade Federal do Rio de JaneiroUniversidade Federal do Rio de JaneiroUniversidade Federal do Rio de Janeiro

Centro de Ciências Jurídicas e EconômicasCentro de Ciências Jurídicas e EconômicasCentro de Ciências Jurídicas e EconômicasCentro de Ciências Jurídicas e Econômicas

Instituto de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração -COPPEADInstituto de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração -COPPEADInstituto de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração -COPPEADInstituto de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração -COPPEAD

CO NTRO LE G ERENCIAL EM EM PRESASBRASILEIRAS: O ESTUDO DO CASO DA

CSN PÓ S-PRIVATIZAÇÃO

Andrea A. Nascentes Totis

Mestrado em AdministraçãoMestrado em AdministraçãoMestrado em AdministraçãoMestrado em Administração

Orientador: Josir Simeone GomesOrientador: Josir Simeone GomesOrientador: Josir Simeone GomesOrientador: Josir Simeone Gomes

D.Sc. em AdministraçãoD.Sc. em AdministraçãoD.Sc. em AdministraçãoD.Sc. em Administração

Rio de JaneiroRio de JaneiroRio de JaneiroRio de Janeiro

2001200120012001

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CO NTRO LE G ERENCIAL EM EM PRESASBRASILEIRAS: O ESTUDO DO CASO DA

CSN PÓ S-PRIVATIZAÇÃO

Andrea A. Nascentes Totis

Dissertação submetida ao Corpo Docente do Instituto de Pós Graduação e Pesquisa em Administração - COPPEAD, da

Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Mestre em

Ciências (M.Sc.).

Aprovada por:

Josir Simeone Gomes, Josir Simeone Gomes, Josir Simeone Gomes, Josir Simeone Gomes, D.Sc.

COPPEAD/UFRJ

Agrícola de Souza BethlemAgrícola de Souza BethlemAgrícola de Souza BethlemAgrícola de Souza Bethlem, D. Sc.

COPPEAD/UFRJ

Marie Agnes ChauvelMarie Agnes ChauvelMarie Agnes ChauvelMarie Agnes Chauvel, D.Sc.

Univ. Estácio de Sá

Rio de Janeiro

2001

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TOTIS, Andrea Abdallah NascentesTOTIS, Andrea Abdallah NascentesTOTIS, Andrea Abdallah NascentesTOTIS, Andrea Abdallah Nascentes

Controle gerencial em empresas brasileiras: o caso da CSN pós-privatização / Andrea

Abdallah Nascentes Totis.

Rio de Janeiro: UFRJ/COPPEAD, 2001.

xv, 216p., il.

Tese (Mestrado) - Universidade Federal do Rio de Janeiro, COPPEAD, 2001.

1. Controle Gerencial, 2.Privatização, 3. Tese (Mestrado - UFRJ/COPPEAD)

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AGRADECIMENTOSAGRADECIMENTOSAGRADECIMENTOSAGRADECIMENTOS

Ao professor orientador Josir Simeone Gomes e demais membros da banca, Agrícola de Souza Bethlem e Marie Agnes Chauvel

pelas críticas e sugestões que enriqueceram a dissertação.

A todos os gerentes e diretores da CSN entrevistados, pela seriedade, presteza e boa vontade com que encararam este trabalho.

Especialmente Luciana Paulo Ferreira, que facilitou os contatos da pesquisadora com a empresa.

Aos professores e funcionários do COPPEAD pela ajuda profissional e competente prestada ao longo da realização do curso de

mestrado e desta pesquisa.

Aos meus pais, que incutiram na minha personalidade o prazer pelo estudo.

Ao meu marido Marcello, fonte de toda minha inspiração, pelo apoio incondicional para que eu chegasse até aqui.

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Dedico este trabalho à MarinaMarinaMarinaMarina e, principalmente, JoanaJoanaJoanaJoana, neta e avó,

que não se conheceram em vida, mas se encontram hoje nesta página

e eternamente no meu coração.

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TOTIS, Andrea Abdallah Nascentes. Controle gerencial em empresas brasileiras: o estudo do caso da CSN pós-privatização.

Orientador: Josir Simeone Gomes. Rio de Janeiro: UFRJ/COPPEAD, 216p. Dissertação. (Mestrado em Administração)

Em decorrência da maior complexidade das organizações atuais. assim como do maior dinamismo do contexto

social, as empresas enfrentam situações de muita incerteza na definição de seus objetivos e processos de transformação e decisão.

Tudo isso tem implicações nos sistemas de planejamento, controle, avaliação e tomada de decisão.

Este estudo analisa os mecanismos de controle utilizados pela Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), a maior

produtora de aço brasileira, para responder aos desafios deste contexto social de forma competitiva, oportuna e coerente com seus

objetivos.

Há bastante polêmica em torno do tema privatizaçãoprivatizaçãoprivatizaçãoprivatização. Muito se especula sobre seus efeitos na economia de um

país ou na eficiência de uma empresa. No caso da CSN, não se pode deixar de ver que as mudanças enfrentadas após sua

privatização vem fazendo bem à sua saúde em geral. Este trabalho busca mostrar ainda, através da análise dos impactos da

privatização nos sistemas de controle gerenciais da empresa, as causas destas transformações.

Os resultados alcançados permitem concluir que a CSN encontra-se no meio de um processo de aprimoramento

dos seus sistemas de controle gerenciais e, apesar de ainda possuir alguns pontos fracos, parece caminhar na direção certa na

busca de maior competitividade global.

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TOTIS, Andrea Abdallah Nascentes. Controle gerencial em empresas brasileiras: o estudo do caso da CSN pós-privatização.

Orientador: Josir Simeone Gomes. Rio de Janeiro: UFRJ/COPPEAD, 216p. Dissertação. (Mestrado em Administração)

Due to major complexity of today’s organizations, as well as the greater dynamism of the social context,

organizations fight situations of great uncertainties when defining objectives, transformation and decision making processes. All

these have implications in its planning, controlling, evaluation and decision making systems.

This study analyses mechanisms of control used by the Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), the biggest

Brazilian steel maker, in order to respond the challenges of this social context in a competitive, opportune and coherent way.

The privatization issue arises a lot of controversy. People make considerations about its effects on the Economy of

a country or on a company’s effectiveness. On the CSN case study, one cannot deny that the changes imposed by the privatization

process led the company to a more comfortable position. This work also tries to show, through the investigation of the impacts

provoked by privatization on CSN’s management control systems, the reasons of these transformations.

The results lead to the conclusion that CSN is in the middle of an improvement process of its management control

systems and, despite the weak points, the company seams to walk in the right direction in search of global competitiveness.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕESLISTA DE ILUSTRAÇÕESLISTA DE ILUSTRAÇÕESLISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 3.1Figura 3.1Figura 3.1Figura 3.1 Gráfico da evolução da produção mundial de aço bruto de 1970 a 2000

Figura 3.2Figura 3.2Figura 3.2Figura 3.2 Gráfico da produção de aço bruto por país de 1992 a 2000

Figura 3.3Figura 3.3Figura 3.3Figura 3.3 Principais acionistas da CSN em dezembro de 2000

Figura 3.4Figura 3.4Figura 3.4Figura 3.4 Gráfico da evolução da contribuição líquida à sociedade da CSN de 1979 a 1999.

Figura 3.5Figura 3.5Figura 3.5Figura 3.5 Gráfico ilustrativo das participações cruzadas entre CSN e CVRD.

Figura 3.6Figura 3.6Figura 3.6Figura 3.6 Maiores empresas siderúrgicas brasileiras em 1999.

Figura 3.7Figura 3.7Figura 3.7Figura 3.7 Variáveis-chave do sistema de controle de SIMONS (1994).

Figura 3.8Figura 3.8Figura 3.8Figura 3.8 Balanced scorecard de KAPLAN & NORTON (1992)

Figura 3.9Figura 3.9Figura 3.9Figura 3.9 Medidas não financeiras de desempenho (STIVERS & JOYCE, 2000).

Figura 3.10Figura 3.10Figura 3.10Figura 3.10 Pirâmide do desenvolvimento organizacional (FLAMHOLTZ, 1995)

Figura 3.11Figura 3.11Figura 3.11Figura 3.11 Pirâmide do desenvolvimento das habilidades gerenciais (FLAMHOLTZ, 1995)

Figura 3.12Figura 3.12Figura 3.12Figura 3.12 Representação esquemática do sistema de controle de uma organização (FLAMHOLTZ, 1996)

Figura 3.13Figura 3.13Figura 3.13Figura 3.13 Modelo esquemático do sistema de controle central (FLAMHOLTZ, 1996)

Figura 3.14Figura 3.14Figura 3.14Figura 3.14 Gráfico com a receita de vendas das empresas privatizadas pelo PND de 1991 a 2000

Figura 3.15Figura 3.15Figura 3.15Figura 3.15 Gráfico com a receita de vendas das privatizações por setor de 1991 a 2000

Figura 4.1Figura 4.1Figura 4.1Figura 4.1 Gráfico com a produção de aço bruto da CSN de 1997 a 2000

Figura 4.2Figura 4.2Figura 4.2Figura 4.2 Evolução do EBITDA da CSN de 1995 a 2000

Figura 4.3Figura 4.3Figura 4.3Figura 4.3 Organograma da CSN

Figura 4.4Figura 4.4Figura 4.4Figura 4.4 Ciclo anual de planejamento operacional e financeiro da CSN

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LISTA DE TABELASLISTA DE TABELASLISTA DE TABELASLISTA DE TABELAS

Tabela 3.1Tabela 3.1Tabela 3.1Tabela 3.1 Evolução do número de empresas estatais no Brasil

Tabela 3.2Tabela 3.2Tabela 3.2Tabela 3.2 Evolução do consumo doméstico aparente de laminados planos no Brasil de 1997 a 2005

Tabela 3.3Tabela 3.3Tabela 3.3Tabela 3.3 Fatores que determinam o desenho do sistema de controle de uma empresa (SIMONS, 1994)

Tabela 3.4Tabela 3.4Tabela 3.4Tabela 3.4 Lista das empresas privatizadas pelo PND de 1991 a 2000

Tabela 3.5Tabela 3.5Tabela 3.5Tabela 3.5 Privatizações por ano de 1991 a 2000

Tabela 3.6Tabela 3.6Tabela 3.6Tabela 3.6 Privatizações por setor de 1991 a 2000

Tabela 3.7Tabela 3.7Tabela 3.7Tabela 3.7 Os 10 maiores produtores mundiais de aço em 1999

Tabela 3.8Tabela 3.8Tabela 3.8Tabela 3.8 Os produtores brasileiros de aço

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CONTEÚDO DOS ANEXOSCONTEÚDO DOS ANEXOSCONTEÚDO DOS ANEXOSCONTEÚDO DOS ANEXOS

( 1 )( 1 )( 1 )( 1 ) ANEXOS À METODOLOGIA DE PESQUISA

A21A21A21A21 - Carta enviada aos entrevistados pela pesquisadora

A22A22A22A22- Roteiro utilizado nas entrevistas

( 2 )( 2 )( 2 )( 2 ) ANEXOS À REVISÃO DE LITERATURA

Tabela 3.4Tabela 3.4Tabela 3.4Tabela 3.4 Lista das empresas privatizadas pelo PND de 1991 a 2000

Tabela 3.5Tabela 3.5Tabela 3.5Tabela 3.5 Privatizações por ano de 1991 a 2000

Figura 3.14Figura 3.14Figura 3.14Figura 3.14 Gráfico com a receita de vendas das empresas privatizadas pelo PND de

1991 a 2000

Tabela 3.6Tabela 3.6Tabela 3.6Tabela 3.6 Privatizações por setor de 1991 a 2000

Figura 3.15Figura 3.15Figura 3.15Figura 3.15 Gráfico com a receita de vendas das privatizações por setor de 1991 a

2000

Tabela 3.7Tabela 3.7Tabela 3.7Tabela 3.7 Os 10 maiores produtores mundiais de aço em 1999

Tabela 3.8Tabela 3.8Tabela 3.8Tabela 3.8 Os produtores brasileiros de aço

( 3 )( 3 )( 3 )( 3 ) ANEXOS AO CASO CSN

Figura 4.1Figura 4.1Figura 4.1Figura 4.1 Gráfico com a produção de aço bruto da CSN de 1997 a 2000.

Figura 4.2Figura 4.2Figura 4.2Figura 4.2 Evolução do EBITDA da CSN de 1995 a 2000.

Figura 4.3Figura 4.3Figura 4.3Figura 4.3 Organograma da CSN

Figura 4.4Figura 4.4Figura 4.4Figura 4.4 Ciclo anual de planejamento operacional e financeiro da CSN.

A41A41A41A41 Conteúdo dos principais relatórios gerados pela Controladoria da CSN.

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SUMÁRIOSUMÁRIOSUMÁRIOSUMÁRIO

1.1.1.1. INTRODUÇÃOINTRODUÇÃOINTRODUÇÃOINTRODUÇÃO

1.1 OBJETIVOS DO ESTUDO

1.2 RELEVÂNCIA DO ESTUDO

1.3 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO

1.4 ORGANIZAÇÃO DO ESTUDO

2.2.2.2. METODOLOGIA DA PESQUISA METODOLOGIA DA PESQUISA METODOLOGIA DA PESQUISA METODOLOGIA DA PESQUISA

2.1 TIPO DE PESQUISA

2.2 VARIÁVEIS DA PESQUISA

2.3 COLETA DOS DADOS

2.4 TRATAMENTO DOS DADOS

2.5 LIMITAÇÕES DA PESQUISA

ANEXOS

3.3.3.3. REVISÃO DA LITERATURA REVISÃO DA LITERATURA REVISÃO DA LITERATURA REVISÃO DA LITERATURA

3.1 INTRODUÇÃO

3.2 DA ESTATIZAÇÃO À PRIVATIZAÇÃO

3.2.1 O Processo de Estatização

3.2.2 O Processo de Privatização

3.3 TRANSFORMAÇÕES NO SETOR SIDERÚRGICO

3.3.1 O Caso Norte-Americano

3.3.2 O Caso da Grã-Bretanha

3.3.3 O Caso Brasileiro e a Companhia Siderúrgica Nacional

3.4 O CONTROLE GERENCIAL NA CSN ANTES DA PRIVATIZAÇÃO

3.4.1 Objetivos Organizacionais

3.4.2 Contabilidade Gerencial

3.4.3 Processo Orçamentário

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3.4.4 Medidas de Avaliação de desempenho

3.5 CONTROLE GERENCIAL

3.5.1 Abordagem Tradicional

3.5.2 Abordagem Contextual e Organizacional

3.5.2.1 O movimento de descentralização

3.5.2.2 Ferramentas de controle de Simons

3.5.2.3 Gerenciamento do desempenho

3.5.2.4 Os sistemas de controle e os estágios de desenvolvimento das organizações

3.5.2.5 O modelo de controle integrado de Flamholtz

3.5.2.6 Cuidados com o controle de gestão

ANEXOS

4.4.4.4. O CASO CSN O CASO CSN O CASO CSN O CASO CSN

4.1 PERFIL DA EMPRESA

4.2 O CONTROLE GERENCIAL NA CSN APÓS A PRIVATIZAÇÃO

4.2.1 Crenças e missão da empresa

4.2.2 Cultura organizacional

4.2.3 Planejamento estratégico

4.2.4 Ciclo anual de planejamento operacional e financeiro e o papel da Controladoria

4.2.5 Avaliação de desempenho

4.2.6 Sistemas de informação

4.2.7 Unidades de negócios e preços de transferência

4.2.8 O trabalho da área de comunicação

4.2.9 O meio ambiente e a comunidade

4.2.10 Variáveis críticas de sucesso

ANEXOS

5.5.5.5. ANÁLISE DO CASO ANÁLISE DO CASO ANÁLISE DO CASO ANÁLISE DO CASO

5.1 SEMELHANÇAS COM AS TRANSFORMAÇÕES MUNDIAIS

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187187187187

187187187187

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5.2 EFEITOS DA PRIVATIZAÇÃO NAS VARIÁVEIS DA PESQUISA

5.3 A CSN E A ABORDAGEM CONTEXTUAL E ORGANIZACIONAL DE CONTROLE DE

GESTÃO

6.6.6.6. CONCLUSÕES CONCLUSÕES CONCLUSÕES CONCLUSÕES

7.7.7.7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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1. INTRODUÇÃO1. INTRODUÇÃO1. INTRODUÇÃO1. INTRODUÇÃO

1.1 OBJETIVOS DO ESTUDO1.1 OBJETIVOS DO ESTUDO1.1 OBJETIVOS DO ESTUDO1.1 OBJETIVOS DO ESTUDO

São dois os principais objetivos deste estudo: (a)(a)(a)(a) verificar quais as mudanças impostas pelo processo de

privatização vivido pela Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) aos seus sistemas de controle gerenciais, usando como

referencial o estudo feito por FARIA (1990); (b)(b)(b)(b) verificar as relações existentes entre a literatura sobre Controle Gerencial,

enfatizando as abordagens mais recentes, e os sistemas de controle gerencial praticados pela companhia hoje.

As perguntas às quais este estudo se propõe a responder são:

(1) (1) (1) (1) Quais as principais mudanças impostas pelo processo de privatização aos sistemas de

controle de gestão da CSN ?

A resposta a esta pergunta permitirá avaliar tanto os impactos benéficos quanto os maléficos nos sistemas de

controle gerencial da companhia provocados pela sua desestatização.

(2) (2) (2) (2) Existe relação entre os sistemas de controle de gestão da CSN e os sistemas eficazes

descritos na literatura sobre Controle Gerencial?

A resposta a esta segunda questão deverá determinar o atual estágio de desenvolvimento dos sistemas de controle

gerencial da empresa estudada, além de possibilitar a identificação de variáveis que o justifiquem.

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1.2 RELEVÂNCIA DO ESTUDO1.2 RELEVÂNCIA DO ESTUDO1.2 RELEVÂNCIA DO ESTUDO1.2 RELEVÂNCIA DO ESTUDO

Há muita polêmica em torno do tema privatização. Muito se especula sobre seus efeitos na economia de um país

ou na eficiência de uma empresa. Seria o governo necessariamente um mau administrador? Qual é, afinal, o papel do governo na

economia de um pais? Empresa privatizada é sinônimo de lucratividade? As respostas a estas questões na maioria das vezes ficam

entregues a opiniões de senso comum, pois há carência de estudos sistemáticos e verificações empíricas sobre o assunto.

Este trabalho espera contribuir com algumas conclusões sobre os efeitos da privatização no sistema de controle

gerencial da Companhia Siderúrgica Nacional, diminuindo, assim, o desconhecimento vigente nesta área.

O controle de gestão é uma atividade que pode ser um determinante crítico do sucesso de uma empresa. Para

MERCHANT (apud SILVA, 1998:3) um controle inadequado pode resultar em desempenho mais baixo ou em risco mais alto de

mau desempenho. Se o desempenho não for controlado em suas dimensões, o resultado pode ser o fracasso organizacional.

MACINTOSH (1994) enfatiza ainda mais a importância do controle de gestão no dia-a-dia das pessoas ao

afirmar que a contabilidade gerencial e os sistemas de controle são tão importantes, que se os controladores e os gestores de

sistemas os desativarem, todo o processo de produção de bens e serviços para a sociedade emperraria.

Desta forma este trabalho, ao estudar a atividade de controle gerencial na CSN, pretende contribuir para

ampliar o campo de conhecimento sobre um assunto de grande importância para o sucesso das organizações.

A Companhia Siderúrgica Nacional enfrentava em 1990 a maior crise de sua história, com prejuízos

acumulados há dez anos, restrições orçamentárias, e sistema de controle gerencial relevado a mero cumpridor de exigências

governamentais, voltado para a solução da crise financeira de curto prazo. (FARIA, 1990)

Já em 2000 a situação da empresa é bastante diferente. A CSN é a maior produtora de aços planos do país,

atingindo a produção anual recorde de 4,84 milhões de toneladas em 1999 e lucros anuais da ordem de R$ 330 milhões

(Demonstrações Financeiras de 1999). Além do mais, ela vem verticalizando sua operação com compras no setor energético,

ferroviário e portuário. O que teria levado a empresa a tais transformações? Qual o papel da privatização neste processo? Qual o

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papel do controle gerencial? Esta pesquisa é relevante, então, porque pretende por uma luz na discussão dessas questões numa

empresa do porte da CSN.

Este estudo é parte integrante da linha de pesquisa em Planejamento e Controle Gerencial em Empresas

Brasileiras, desenvolvida pela área de Contabilidade e Controle Gerencial do Instituto de Pós-Graduação e Pesquisa em

Administração - COPPEAD/UFRJ.

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1.3 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO1.3 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO1.3 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO1.3 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO

Este estudo não tem a pretensão de esgotar todos os aspectos relativos à privatização ou a controle gerencial,

uma vez que foca sua atenção no caso específico da desestatização da CSN e seus efeitos nos seus sistemas de controle de gestão,

no que diz respeito primordialmente às variáveis analisadas no item 2.2 do capítulo 2.

Existem diversas abordagens possíveis para o estudo do controle gerencial: a que enfatiza os aspectos formais; a

que coloca sua ênfase maior nos aspectos psicossociais do controle; a que se detém nos aspectos culturais; e ,por último, a que

considera os aspectos macrossociais do contexto social com condicionante do controle. (GOMES & SALAS ,1999)

Esta pesquisa se limita à abordagem no campo contextual e organizacional descrita no item 3.5.2 do capítulo 3.

Esta corrente enfatiza a estreita relação existente entre: o contexto sociocultural, econômico e político; o contexto organizacional,

no que diz respeito a cultura, valores e crenças; e o funcionamento do processo de controle.

Os períodos retratados neste estudo longitudinal serão o das observações feitas por FARIA em 1990 e o das

investigações feitas pelo autor até 2000 relativas à CSN. Não cabe na presente pesquisa qualquer extrapolação fora destes

limites.

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1.4 ORGANIZAÇÃO DO ESTUDO1.4 ORGANIZAÇÃO DO ESTUDO1.4 ORGANIZAÇÃO DO ESTUDO1.4 ORGANIZAÇÃO DO ESTUDO

O presente trabalho está organizado em sete capítulos. O primeiro capítulo é introdutório e trata dos objetivos da

pesquisa, as perguntas às quais ela pretende responder, sua importância e a maneira como foi organizada.

O segundo capítulo discorre sobre a metodologia empregada na pesquisa, procurando justificar as razões de seu

emprego, bem como suas limitações. Ainda neste capítulo fala-se sobre as variáveis da pesquisa e a forma pela qual os dados serão

coletados e trabalhados.

O capítulo três trata da revisão na literatura na qual se apoia os dois temas centrais da dissertação:

privatização e controle de gestão. Ele se subdivide em três partes principais. A primeira aborda a história dos processos de

estatização e desestatização pelos quais passaram o Brasil e o mundo desde a década de 1930. Em seguida busca-se

contextualizar o caso estudado dentro das transformações pelas quais vem passando o setor siderúrgico. Finalmente, na última

parte é feita uma revisão da literatura sobre controle gerencial, buscando enfatizar a abordagem contextual e organizacional e os

sistemas de controle de gestão na CSN antes de sua privatização.

O capítulo quatro é destinado à descrição do caso e dos dados obtidos através das entrevistas e documentos

obtidos junto aos administradores da empresa.

Para o quinto capítulo reserva-se a análise do caso apresentado à luz dos fundamentos teóricos referenciados no

segundo capítulo, para que possam ser respondidas as questões formuladas sobre a adequação dos atuais sistemas de controle

gerencial na CSN, assim como o impacto causado pela privatização.

No sexto capítulo apresenta-se um sumário dos principais pontos do estudo, suas conclusões e recomendações, bem

como sugestões para desenvolvimento de futuras pesquisas afins.

As referências bibliográficas estão apresentadas no sétimo e último capítulo deste estudo.

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2. METODOLOGIA DA PESQUISA2. METODOLOGIA DA PESQUISA2. METODOLOGIA DA PESQUISA2. METODOLOGIA DA PESQUISA

2.1 TIPO DE PESQUISA2.1 TIPO DE PESQUISA2.1 TIPO DE PESQUISA2.1 TIPO DE PESQUISA

Este trabalho pode ser classificado quanto aos critérios de VERGARA (1997) como “pesquisa exploratória”, quanto

aos fins, e “estudo de casos”, quanto aos meios.

Investigação exploratória, pois é realizada em uma área na qual há pouco conhecimento acumulado e

sistematizado, uma vez que o fenômeno da privatização no país é bastante recente e seus resultados ainda controversos.

Estudo de casos, pois limita-se a uma empresa, a CSN, e tem caráter de profundidade e detalhamento. O

método do estudo de caso permite a reunião de informações numerosas e detalhadas, recorrendo a técnicas de coleta de informações

igualmente variadas, como observações, entrevistas e registros documentados entre outras, com vistas a apreender a totalidade de

uma situação.

Como os objetivos do estudo são : investigar as relações existentes entre os atuais sistemas de controle gerencial

da CSN e a teoria de controle de gestão; e investigar as diferenças impostas aos sistemas de controle gerencial da empresa com a

sua privatização, pode-se dizer que o método de estudo escolhido é o mais adequado.

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2.2 VARIÁVEIS DA PESQUISA2.2 VARIÁVEIS DA PESQUISA2.2 VARIÁVEIS DA PESQUISA2.2 VARIÁVEIS DA PESQUISA

Para responder às questões da pesquisa foram escolhidas as mesmas variáveis utilizadas por FARIA (1990) em seu

estudo dos sistemas de controle gerencial da CSN quando a empresa era estatal. Esta escolha se justifica por dois motivos: (a) as

variáveis foram julgadas satisfatórias, pois permitem a sistematização dos dados obtidos, facilitando assim a confrontação do caso

estudado com o referencial teórico; (b) o uso por este estudo das mesmas variáveis usadas na pesquisa que serviu como base de

referência do sistema de controle gerencial antes da privatização, certamente facilitará a comparação com os novos resultados

obtidos.

São as seguintes as variáveis componentes do sistema de controle gerencial utilizadas por este estudo:

(a)(a)(a)(a) Objetivos Organizacionais

(b)(b)(b)(b) Sistema de Contabilidade Gerencial

(c)(c)(c)(c) Processo Orçamentário

(d)(d)(d)(d) Medidas de Avaliação de Desempenho

2.3 COLETA DOS DADOS2.3 COLETA DOS DADOS2.3 COLETA DOS DADOS2.3 COLETA DOS DADOS

O principal método de coleta de dados utilizado na pesquisa foi a entrevista pessoal estruturada, que contou com

o auxílio de um roteiro, onde predominam as questões abertas e de um gravador. Deste modo espera-se que sejam respondidas as

perguntas da pesquisa no que diz respeito ao sistema de controle gerencial atual da empresa, buscando obter informações sobre as

mudanças impostas ao sistema anterior pelo processo de privatização experimentado.

O roteiro foi elaborado a partir do modelo adotado por FARIA (1990), facilitando, assim, a comparação dos

resultados das duas pesquisas. Foram feitas alterações no questionário anterior para que ficasse melhor adaptado às investigações

da pesquisa atual. As principais alterações dizem respeito: (a) ao processo de privatização, não abordado anteriormente; e (b)

exclusão das questões sobre o controle externo exercido pelos agentes governamentais sobre os sistemas de controle da CSN estatal,

que deixaram de ter tamanha relevância após a desestatização; (c) a inclusão de questões sobre uma concepção mais moderna de

controle de gestão, abordada no capítulo 3.5.2. Sendo assim, o questionário, que anteriormente tinha cinqüenta páginas foi

substituído por um roteiro aberto de quatro páginas.

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Com a entrevista estruturada a partir do roteiro, espera-se minimizar o efeito das deficiências e limitações

existentes no uso isolado de um ou outro método. Ou seja, a mera aplicação de um questionário não permitiria a obtenção de dados

em profundidade sobre a CSN. Por outro lado, uma entrevista sem a ajuda de um roteiro auxiliar dificultaria a sistematização de

respostas e, conseqüentemente, a análise dos dados.

A utilização de roteiro com a presença do entrevistador evita dois grandes riscos: das questões deixarem de ser

respondidas; e das perguntas serem mal interpretadas pelo entrevistado. Além do mais, a ausência do entrevistador impossibilita o

controle exercido tanto sobre a apresentação das perguntas (estímulos) quanto no registro das respostas (reações). (GOMES,

1983)

Ainda assim, a entrevista possui uma série de limitações, como: a falta de motivação ou tempo do entrevistado

para responder as perguntas; o fornecimento de respostas falsas, por razões conscientes ou inconscientes, inabilidade ou

incapacidade do entrevistado para responder adequadamente; e a influência exercida pelo aspecto e opiniões pessoais do

entrevistador sobre o entrevistado e vice-versa. Porém, cabe ao entrevistador contornar as limitações ao longo da entrevista sendo

flexível e conscientizando o entrevistado da importância da pesquisa em andamento.

Foram enviadas à CSN oito cartas (ver modelo da carta no Anexo a este capítulo) solicitando entrevistas com

diretores e gerentes gerais direta ou indiretamente envolvidos com os controles gerenciais da empresa. Foram eles: (1) (1) (1) (1) Diretor de

Controladoria e Informática (4 anos de empresa); (2)(2)(2)(2) Gerente Geral de Comunicação (4 anos de empresa); (3)(3)(3)(3) Gerente Geral

de Planejamento Estratégico (um ano e meio de empresa); (4)(4)(4)(4) Diretor de Energéticos e Engenharia de Produção (24 anos de

empresa); (5)(5)(5)(5) Diretor de Tecnologia (25 anos de empresa); (6)(6)(6)(6) Gerente Geral de Controladoria; (7)(7)(7)(7) Diretor de Infra-

estrutura; (8)(8)(8)(8) Diretor de Finanças Corporativas. Foram concedidas cinco entrevistas ao todo (números de (1) a (5)), sendo três

realizadas no Centro Corporativo no Rio de Janeiro (números (1) a (3)) e duas na Usina em Volta Redonda (números (4) e

(5)).

Além deste método de coleta, foram obtidos dados secundários através de consultas a documentos e publicações

internos da empresa, bem como através de publicações da imprensa e documentos eletrônicos. Espera-se assim, que tenham sido

obtidas informações o mais completas possíveis, que viabilizem resultados fidedignos da pesquisa.

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2.4 TRATAMENTO DOS DADOS2.4 TRATAMENTO DOS DADOS2.4 TRATAMENTO DOS DADOS2.4 TRATAMENTO DOS DADOS

Procurou-se aqui fazer um roteiro que abrangesse as variáveis da pesquisa de FARIA (1990) anteriormente

apresentadas. O roteiro que orientou as entrevistas foi dividido em cinco partes principais, de acordo com o modelo de controle

gerencial preconizado por SIMONS (1994). Escolheu-se este modelo por pensar-se ser um legítimo representante da moderna

abordagem contextual e organizacional defendida nesta dissertação. Cada parte do roteiro tem relação direta ou indireta com as

variáveis de FARIA.

A primeira parte do roteiro de entrevistas - denominada Sistemas de Crenças - possibilitará determinar a

missão da empresa, avaliar o processo de definição e comunicação desta missão e as principais mudanças ocorridas desde a

privatização da empresa e as causas relacionadas. A primeira parte envolve também a cultura organizacional e suas

transformações nos últimos dez anos.

As perguntas da segunda parte do roteiro denominada Objetivos Organizacionais procura avaliar a dinâmica do

processo de estabelecimento, mudança e revisão formal dos objetivos estratégicos da empresa, avaliar o grau de coerência e

integração entre missão, objetivos de longo prazo e metas de curto prazo.

Já a terceira parte – Sistemas de Controle de Diagnóstico – é a mais extensa e procura verificar o processo

usado na empresa para a avaliação do cumprimento ou não dos objetivos organizacionais e as principais mudanças desde a sua

privatização. Ela envolve questões sobre os sistemas de planejamento, orçamento, custos, contabilidade e controles gerenciais. É

nesta parte que procura-se descobrir quais variáveis financeiras e não-financeiras são consideradas críticas para o negócio e suas

relações com os sistemas de controles gerenciais e de avaliação de desempenho.

A quarta parte do formulário – Sistemas Delimitadores - visa permitir o entendimento do conceito de centro de

responsabilidade adotado pela CSN e a real autonomia das unidades de negócio. É aqui que tenta-se identificar como a

companhia encoraja e limita a criatividade de seus funcionários.

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Finalmente, a quinta parte do roteiro – Sistemas de Controle Interativo- pretende entender o processo de

reavaliação de estratégias e a capacidade da empresa de adaptar-se às mudanças no ambiente de negócios. Busca-se ainda

avaliar o processo de aprendizagem organizacional e surgimento de idéias da base para o topo da organização.

Com esta estrutura, acredita-se que o roteiro poderá ser usado como um instrumento eficiente para a realização

da análise qualitativa estruturada a que o estudo se propõe.

2.5 LIMITAÇÕES DA PESQUISA2.5 LIMITAÇÕES DA PESQUISA2.5 LIMITAÇÕES DA PESQUISA2.5 LIMITAÇÕES DA PESQUISA

A principal limitação do método de estudo de caso é a impossibilidade de generalização dos resultados obtidos

para empresas além da estudada. O reduzido número de verificações empíricas não pode suportar testes de hipóteses e nem um

tratamento estatístico dos dados, que serão tratados de forma qualitativa.

Outra limitação é o próprio roteiro, que certamente não cobrirá todos os pontos que poderiam ser considerados

importantes, quer pela exatidão, pela confiabilidade das informações prestadas pelos entrevistados, pelas diferentes percepções por

parte do entrevistador durante as entrevistas ou mesmo da sua capacidade de participação e seletividade no processo. Cabe aqui

incluir as limitações citadas na seção 2.1 deste capítulo com relação ao processo de entrevistas em si.

Os aspectos subjetivos dos conceitos envolvidos e o estágio inicial que se encontra a literatura sobre o assunto

podem ser fatores limitantes. Notadamente há carência de estudos sistemáticos e verificações empíricas sobre o recentíssimo processo

de privatização pelo qual vem passando o Brasil e o mundo e suas conseqüências. A abordagem contextual e organizacional que

serve de referência teórica para este estudo também é bastante recente e carece dos mesmos estudos sistemáticos e verificações

empíricas.

Uma possível limitação enfrentada é o pudor dos dirigentes em abrir certas informações sobre a administração de

seus negócios, mesmo com o compromisso de confidencialidade firmado entre entrevistador e entrevistado.

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ANEXOS AO CAPÍTULO DE METODOLOGIA DA PESQUISAANEXOS AO CAPÍTULO DE METODOLOGIA DA PESQUISAANEXOS AO CAPÍTULO DE METODOLOGIA DA PESQUISAANEXOS AO CAPÍTULO DE METODOLOGIA DA PESQUISA

A21A21A21A21 Carta enviada aos possíveis entrevistadosCarta enviada aos possíveis entrevistadosCarta enviada aos possíveis entrevistadosCarta enviada aos possíveis entrevistados

Rio, 29 de junho de 2000

À Cia. Siderúrgica NacionalÀ Cia. Siderúrgica NacionalÀ Cia. Siderúrgica NacionalÀ Cia. Siderúrgica Nacional

A/CC/C Luciana Paulo Ferreira

Prezado Senhor,

O Instituto de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração - COPPEAD - é o centro de ensinoe estudos avançados em gerência de negócios da Universidade Federal do Rio de Janeiro.Desenvolve atividades de ensino e pesquisa em Administração desde 1973. Seus cursos depós-graduação, em níveis de doutorado, mestrado e especialização (MBA), têm formadoexecutivos, consultores, professores e pesquisadores de reconhecida competência, queconstituem recursos humanos de grande valor para o país.

Além das pesquisas realizadas pelos alunos de Mestrado e Doutorado voltadas aodesenvolvimento e defesa de dissertações e teses através do Programa Chair (Programa deCátedras), o COPPEAD desenvolve pesquisas e estudos avançados em áreas deconhecimento específicas, tais como: Cátedra Ipiranga de Estratégia de Operações, que apoiaestudos e pesquisas nas áreas de Logística Empresarial através do Centro de Estudos emLogística (CEL) e; em Seguros, através do Centro de Estudos e Pesquisa em Seguros (CEPS).

A pesquisa científica é difundida através de livros, relatórios de pesquisa (Série RelatóriosCOPPEAD) e casos (Central de Casos), assim como através de publicações em revistas deadministração no Brasil e no exterior. Além disso, realizam-se eventos como o CongressoCOPPEAD de Administração a cada dois anos, do qual participam cerca de 400 executivos esão oferecidos ainda diversos seminários e palestras no decorrer do ano.

Este estudo, sob orientação do Professor Josir Simeone Gomes – D. SC. em Administração -é parte integrante da linha de pesquisa em Planejamento e Controle Gerencial em EmpresasBrasileiras, desenvolvida pela área de Contabilidade e Controle Gerencial do COPPEAD/UFRJ.

Há muita polêmica em torno do tema privatização. Muito se especula sobre seus efeitos naeconomia de um país ou na eficiência de uma empresa. Seria o governo necessariamente ummau administrador? Qual é, afinal, o papel do governo na economia de um pais? Empresaprivatizada é sinônimo de lucratividade? As respostas a estas questões na maioria das vezesficam entregues a opiniões de senso comum, pois há carência de estudos sistemáticos everificações empíricas sobre o assunto. Este trabalho, ao estudar uma empresa de destaquecomo Companhia Siderúrgica Nacional, espera contribuir com algumas conclusões sobre osefeitos da privatização no sistema de controle gerencial, diminuindo, assim, o desconhecimentoexistente nesta área.

O controle de gestão é uma atividade que pode ser um determinante crítico do sucesso de umaempresa. Um controle inadequado pode resultar em desempenho mais baixo ou em risco maisalto de mau desempenho. Se o desempenho não for controlado em sua dimensões, o resultadopode ser o fracasso organizacional. Desta forma este trabalho, ao estudar a atividade decontrole gerencial na CSN, pretende contribuir para ampliar o campo de conhecimento sobreum assunto de grande importância para o sucesso das organizações.

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Solicitamos, assim, a indispensável colaboração de V. Sa., para este estudo, no sentido deconceder à aluna do mestrado Andrea Abdallah Nascentes Totis uma entrevista pessoal. Nospróximos dez dias, aguardamos um contato de vossa parte para confirmar a data e o horário deque dispõe para atendê-la. A duração prevista para a entrevista é de, aproximadamente, umahora e meia. O contato poderá ser feito pelos endereços eletrônicos [email protected],[email protected] ou pelo telefone (21) 567-4965.

Os resultados desta pesquisa serão enviados posteriormente a V.Sa. Informamos, ainda, que

todas as informações prestadas serão consideradas estritamente confidenciais. Com relação à

análise das respostas, os resultados serão apresentados de forma agregada, de maneira a

tornar impossível identificar as respostas individuais

A seguir encontram-se os tópicos que serão abordados durante a entrevista.

TÓPICOS A SEREM ABORDADOS NA ENTREVISTA:

Parte I - Sistemas de CrençasUsados para inspirar e direcionar a busca por novas oportunidades.

! A missão da CSN hoje.! O processo de estabelecimento da missão.! A divulgação da missão.! As principais mudanças nos últimos 10 anos.! A “cultura” da organização hoje e ontem. Parte II - Objetivos Organizacionais ! O desdobramento da missão em objetivos de longo prazo e as principais mudançassofridas.! A relação entre os objetivos estratégicos de longo prazo e as metas de curto prazo. Parte III - Sistemas de Controle de Diagnóstico Usados para motivar, monitorar e recompensar o alcance de objetivos específicos... ! Os sistemas que garantem o cumprimento dos objetivos no dia-a-dia da empresa e asprincipais mudanças desde a privatização.! O desenho deste sistema de controle, seu funcionamento e os principais problemas.! A informática e os sistemas de informações gerenciais. Principais relatórios gerados.! As variáveis controladas e sua relação com o sucesso da organização.! Avaliação de desempenho nas unidades de negócio e dos recursos humanos da empresa.! A CSN e as relações com o meio ambiente (Ecologia). Parte IV - Sistemas Delimitadores Usados para estabelecer limites no comportamento de busca de oportunidades... ! A descentralização administrativa da CSN em unidades de negócio - vantagens edesvantagens.! A real autonomia das unidades de negócio.! Preços de transferência de produtos e serviços entre as unidades de negócio.! Comportamentos e oportunidades de negócios rejeitados dentro da empresa.

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Parte V - Sistemas de Controle Interativos Usados para estimular o aprendizado e o surgimento de novas idéias... ! Incertezas e contingências que podem ameaçar ou invalidar as estratégias atuais do negócionum horizonte de até 10 anos.! O debate deste tipo de questão dentro da organização.

Agradecemos desde já a sua colaboração.

Atenciosamente,

Prof. Josir Simeone GomesOrientador - Coppead/UFRJ

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A22A22A22A22 Roteiro utilizado para as entrevistasRoteiro utilizado para as entrevistasRoteiro utilizado para as entrevistasRoteiro utilizado para as entrevistas

COPPEAD - UFRJCOPPEAD - UFRJCOPPEAD - UFRJCOPPEAD - UFRJ

ROTEIRO PARA ENTREVISTAROTEIRO PARA ENTREVISTAROTEIRO PARA ENTREVISTAROTEIRO PARA ENTREVISTATESE SOBRE CONTROLES GERENCIAIS NA CSN APÓS A PRIVATIZAÇÃOTESE SOBRE CONTROLES GERENCIAIS NA CSN APÓS A PRIVATIZAÇÃOTESE SOBRE CONTROLES GERENCIAIS NA CSN APÓS A PRIVATIZAÇÃOTESE SOBRE CONTROLES GERENCIAIS NA CSN APÓS A PRIVATIZAÇÃOAndrea Andrea Andrea Andrea Abdallah Nascentes Abdallah Nascentes Abdallah Nascentes Abdallah Nascentes TotisTotisTotisTotis

Parte I - Sistemas de CrençasParte I - Sistemas de CrençasParte I - Sistemas de CrençasParte I - Sistemas de CrençasUsados para inspirar e direcionar a busca por novas oportunidades.

1. Em 1990 a missão básica da CSN foi descrita por FARIA como “(...) explorar a indústria siderúrgica, a mineração ecorrelatas, fabricando, transformando e comercializando produtos siderúrgicos e matérias primas e projetando, construindo emontando estruturas metálicas e perfis soldados. Fica implícito nesta missão, o objetivo de produzir aço da melhor qualidadeao menor custo possível de maneira a se manter competitiva internacionalmente”. Qual a missão da CSN hoje?

2. De que forma é/foi estabelecida e que áreas participam/participaram do processo?

3. Como os funcionários tomam conhecimento da missão? Existe algum documento formal que a comunique? Como esta missão épercebida no dia-a-dia da empresa?

4. Esta missão se alterou nos últimos 10 anos? No que a privatização da empresa pode ter influenciado tais mudanças? Queoutros fatores externos ou internos podem ter contribuído para as mudanças?

5. Como você definiria a cultura da empresa? Quais as formas de expressão dos valores, crenças e ideologias da sua organização(rituais quotidianos, normas sociais, linguagem, histórias, lendas e mitos)? Quais as principais mudanças sofridas após aprivatização em 1993? Quais as dificuldades enfrentadas?

Parte II - Objetivos OrganizacionaisParte II - Objetivos OrganizacionaisParte II - Objetivos OrganizacionaisParte II - Objetivos Organizacionais

1. É possível desdobrar a missão em objetivos/estratégias de longo prazo? É possível classificá-los em ordem de importância? Elesse alteraram nos últimos 3 anos? Que fatores externos e internos contribuem para as mudanças de objetivos (privatização,verticalização, descentralização, mercado, concorrência, protecionismo americano, serviço ao cliente, novos produtos,produtividade, qualidade, custos, meio ambiente, segurança, mini-mills)?

Data da entrevistaData da entrevistaData da entrevistaData da entrevista ::::Nome do entrevistadoNome do entrevistadoNome do entrevistadoNome do entrevistado ::::Unidade de negócioUnidade de negócioUnidade de negócioUnidade de negócio ::::Função exercidaFunção exercidaFunção exercidaFunção exercida ::::Tempo de empresaTempo de empresaTempo de empresaTempo de empresa ::::

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2. Qual a relação entre os objetivos de longo prazo e as metas de curto prazo? Como é este processo de tradução dos objetivos delongo prazo em metas de curto prazo? Quem participa? Como e com que freqüência são avaliados os resultados? Há umprocesso sistemático de revisão desses objetivos? Como ?

3. A empresa tem conseguido alcançar seus objetivos nos últimos 3 anos? Que fatores contribuíram e/ou dificultaram ?

Parte III - Sistemas de Controle de DiagnósticoParte III - Sistemas de Controle de DiagnósticoParte III - Sistemas de Controle de DiagnósticoParte III - Sistemas de Controle de DiagnósticoUsados para motivar, monitorar e recompensar o alcance de objetivos específicos...

1. De que maneira a CSN tenta garantir o cumprimento dos objetivos desejados?

2. Quais as principais mudanças que ocorreram nos sistemas de controle formais da empresa desde a privatização? Quais osmotivadores das mudanças? Quais as dificuldades enfrentadas?

3. O sistema atual foi desenhado e introduzido por quem? Como funciona? Quais seus principais problemas? Existe um processode revisão do sistema atual? É revisado por quem e com que freqüência?

4. Há integração entre os sistemas de planejamento, orçamento, custos, contabilidade e controles gerenciais? Como?

5. Discorra sobre o sistema de informações gerenciais da sua empresa?

6. Quais os principais relatórios de controles gerenciais?

7. Variáveis críticas de performance são aqueles fatores que devem ser alcançados ou implementados com sucesso para permitirque as estratégias pretendidas do negócio sejam bem sucedidas. Na sua opinião, quais são as variáveis críticas de performancena CSN? Por quê? Quais variáveis são controladas? Quais variáveis não-financeiras fazem parte do sistema de controle ecomo são avaliadas (satisfação do cliente, medidas do moral dos empregados, medidas de inovação e aprendizagem,contribuição dos processos internos para alcançar os objetivos, qualidade de vida dos seres humanos, e outras)?

8. Quem é responsável pela manutenção da integridade dos sistemas de controle de diagnóstico da empresa?

9. Qual a relação entre as variáveis que são controladas e as que são usadas para a avaliação de desempenho das unidades denegócios? E com relação aos recursos humanos da empresa, como são avaliados, penalizados ou incentivados?

10. A CSN no passado era vista como uma indústria altamente poluidora e as relações com os ambientalistas eram tensas. Comosão as coisas hoje em dia? Qual a importância da variável ambiental no sistema de controle atual da empresa? Como elaentra na avaliação de desempenho das unidades de negócio?

Parte IV - Sistemas DelimitadoresParte IV - Sistemas DelimitadoresParte IV - Sistemas DelimitadoresParte IV - Sistemas DelimitadoresUsados para estabelecer limites no comportamento de busca de oportunidades...

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1. Sobre que aspectos as unidades de negócio têm autonomia para tomada de decisões ? Como funciona na realidade? Como sãoestabelecidos os preços de transferência de serviços e produtos entre as unidades?

2. Como garantir que as decisões de um gestor não venham a favorecer sua unidade de negócio em detrimento da organizaçãocomo um todo?

3. Alguns autores acreditam que para obter comportamento criativo e empreendedor das pessoas é melhor dizer a elas o que nãofazer do que o que fazer, pois estabelecer padrões de procedimentos e regras desencoraja a iniciativa e criatividade. Vocêidentifica na sua empresa algum aspecto do que diz esta afirmação? Qual?

4. Existe na empresa alguma lista formal ou informal de comportamentos indesejados ou oportunidades de negócios a seremrejeitadas? Existe alguma punição ou sanção associada?

Parte V - Sistemas de Controle InterativosParte V - Sistemas de Controle InterativosParte V - Sistemas de Controle InterativosParte V - Sistemas de Controle InterativosUsados para estimular o aprendizado e o surgimento de novas idéias...

1. Definimos incertezas estratégicas como incertezas e contingências que podem ameaçar ou invalidar as estratégias atuais donegócio num horizonte de até 10 anos. Sendo assim, quais são as incertezas estratégicas de negócio da CSN na sua opinião?

2. Dentro do sistema de controle gerencial da empresa, existe alguma ferramenta usada correntementecorrentementecorrentementecorrentemente pela alta gerência quequestione as bases sobre as quais as estratégias foram construídas? Qual? (O que mudou? Por quê mudou? No que a mudançaafeta nossas estratégias atuais? O que vamos fazer sobre isto?)

3. De que maneira estas questões são debatidas dentro da organização?

4. Existe algum tipo de recompensa relacionada às atividades monitoradas por este sistema de controle interativo? Comofunciona?

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3. REVISÃO DA LITERATURA3. REVISÃO DA LITERATURA3. REVISÃO DA LITERATURA3. REVISÃO DA LITERATURA

3.1 INTRODUÇÃO3.1 INTRODUÇÃO3.1 INTRODUÇÃO3.1 INTRODUÇÃO

O objetivo deste capítulo é apresentar o referencial teórico que irá oferecer contextualização e consistência à

análise do caso da Companhia Siderúrgica Nacional.

O capítulo encontra-se estruturado em quatro partes principais. Na primeira parte é abordado o processo de

estatização, pelo qual passou o Brasil e o mundo entre as décadas de 1930 e 1970. Ainda na primeira parte fala-se do processo

inverso, de privatização, que vem ocorrendo desde os fins da década de 1970, apresentando as principais críticas favoráveis e

contrárias ao seu desenvolvimento.

É na segunda parte do capítulo que são apresentadas as transformações por que passou o setor siderúrgico de

maneira geral, incluídos aí o caso da indústria siderúrgica britânica, privatizada em 1987, e o caso da siderurgia norte-

americana. São abordados, também, dados e opiniões sobre os acontecimentos no setor siderúrgico brasileiro e principalmente na

Companhia Siderúrgica Nacional desde sua privatização.

Na terceira parte são apresentados os principais resultados de duas pesquisas realizadas por outros autores

especificamente sobre Controle Gerencial na CSN antes da sua privatização em 1993.

Finalmente, na quarta parte deste trabalho é apresentada uma revisão de literatura sobre Controle Gerencial,

procurando-se enfatizar as abordagens mais recentes de controle de gestão, onde variáveis pouco tradicionais como contexto social,

cultura organizacional ou medidas não financeiras de avaliação de desempenho são consideradas relevantes.

3.2 DA ESTATIZAÇÃO À PRIVATIZAÇÃO3.2 DA ESTATIZAÇÃO À PRIVATIZAÇÃO3.2 DA ESTATIZAÇÃO À PRIVATIZAÇÃO3.2 DA ESTATIZAÇÃO À PRIVATIZAÇÃO

3.2.1 O PROCESSO DE ESTATIZAÇÃO3.2.1 O PROCESSO DE ESTATIZAÇÃO3.2.1 O PROCESSO DE ESTATIZAÇÃO3.2.1 O PROCESSO DE ESTATIZAÇÃO

De 1930 a 1970 o número de empresas de propriedade do Estado no mundo, de maneira geral, só cresceu.

Para GLADE (1990) este foi um período de nacionalismos exacerbados, quando o Estado foi impulsionado pela intenção de

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intervir na economia para promover a industrialização e o desenvolvimento, abalados inicialmente pela Grande Depressão de

1930 e pela II Grande Guerra.

Apesar da economia brasileira, de industrialização ainda incipiente nas décadas de 1930 e 40, não ter sido atingida

tão intensamente por estes dois acontecimentos, o processo de estatização brasileiro guarda algumas semelhanças com o fenômeno

mundial.

Para SIMONSEN (1988) há um paralelo entre os dois processos em três aspectos. O primeiro aspecto é que o

setor público, controlador dos preços, estabeleceu tarifas inadequadas, sobretudo nos serviços de utilidade pública, que acabaram

sendo objeto de desinteresse do setor privado e tiveram que ser absorvidos pelo Estado. Isso aconteceu com o Brasil na década de

1940, e sobretudo na década de 1950, em relação à energia elétrica e telefonia. Antes já havia acontecido em relação a

ferrovias, o que levou naturalmente à estatização desses setores.

Um segundo fator é que durante muito tempo o mercado de capitais foi incipiente no país. Houve um certo

período em que realmente havia insuficiência de mecanismos de aglomeração de propostas privadas para a formação de

empreendimentos de porte. O Estado, então, se intrometeu para ocupar esses espaços vazios, em parte, também, por razões

nacionalistas para que tais espaços não viessem a ser ocupados por capital estrangeiro.

O terceiro aspecto, certamente muito importante, corresponde ao caso de empresas que nasceram privadas e

depois, por acidente de percurso ou eficiência, acabaram sendo absorvidas pelo Estado. Um exemplo deste caso, mencionado por

SIMONSEN (1988), é o da estatização da Cosipa, formada com capital 60% do BNDES e 40% de um grupo paulista. A

alta inflacionária na época estourou o orçamento da empresa e o BNDES acabou por tornar-se seu dono.

GOMES (1982) faz uma análise retrospectiva sobre o fortalecimento da participação do Estado na economia

brasileira desde o século dezenove, que já se fazia sentir de várias formas, não apenas no setor financeiro através do Banco do

Brasil, do Banco de Crédito Real e das Caixas Econômicas. Ao descrever as atividades exercidas pelo Estado no século XIX

Raymundo Faoro informa que:

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19191919

“... a intervenção do Estado não se restringe à finança e ao crédito. Muito ao contrário,

estendeu-se a todas as atividades comerciais, industriais e de serviços públicos. O Estado

autorizava o funcionamento de companhias de responsabilidade limitada, estabelecia contratos

com bancos, concedia privilégios, adjudicava concessões especiais para exploração de portos e

estradas de ferro, assegurava o suprimento de matérias primas e garantia o pagamento de

juros. A soma desses favores e privilégios envolvia a maior parte das atividades

econômicas...(que)...somente podiam existir através da vida transmitida pelo cordão umbilical

do Estado”. (FAORO apud GOMES, 1982)

No início do século XX esta intervenção torna-se ainda mais presente nos setores de transporte, através da

aquisição de ferrovias, e de Comércio Exterior, com o controle da produção e política de preços mínimos para a exportação de

café.

O período pós Segunda Guerra Mundial caracteriza-se por fortes sentimentos nacionalistas com grande

preocupação com os aspectos ligados à segurança nacional, que passam a justificar a criação de várias empresas governamentais.

É nesta época que surge a Companhia Siderúrgica Nacional, bem como a Companhia Vale do Rio Doce, Acesita, Companhia

Nacional de Álcalis, Fábrica Nacional de Motores, entre outras. Nesta época o país assiste a uma fase marcada por um forte

controle governamental, com vistas a combater o surto inflacionário deixado pela Guerra.

Nas décadas de 1950 e 60 o Estado é levado, compulsoriamente, a intervir na economia para poder realizar o

programa de industrialização do país, tendo em vista a falta de interesse e de capacidade do setor privado em realizar os

investimentos necessários em infra-estrutura e setores industriais básicos.

Segundo depoimento do presidente Getúlio Vargas no Congresso Nacional em 1952:

“a intervenção do Estado no domínio econômico, sempre que possível plástica e não rígida,

impõe-se como um dever ao Governo todas as vezes que é necessário suprir as deficiências da

iniciativa privada ou acautelar os superiores interesses da Nação, quer contra a voracidade

egoísta dos apetites individuais, quer contra a ação predatória destas forças de rapina, que não

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conhecem bandeiras nem cultuam outra religião que não seja o lucro”. (VARGAS apud

GOMES, 1982)

Durante este período assistiu-se a uma grande ampliação do poder regulamentador do Estado, com um rígido

controle da economia. Entre as empresas criadas, pode-se citar: BNDE, Petrobrás, Furnas, Eletrobrás, BNH, Embratel, entre

outras.

Nos anos 70 a estatização da economia alcança níveis ainda maiores. Até 1970 existiam 307 empresas

estatais. De 1970 a 1980 este número chegou a 560 empresas que empregavam mais de 1,4 milhões de pessoas e tinham um

ativo total correspondente ao dobro do PIB nacional. (JORNAL DO BRASIL apud GOMES, 1982)

Com exceção dos setores de construção naval e indústria automobilística, o Governo detinha a propriedade de

todos os setores-chave da economia.

A maioria representativa do pensamento liberal reconhece, em determinadas circunstâncias, o direito do Estado

de intervir na economia, em defesa do bem-estar coletivo e para salvaguardar os princípios em que se fundamenta a iniciativa

privada. O Estado não pode desinteressar-se pela ordem econômica.

Mas é também verdade, segundo ALMIRO (1970), que os excessos dessa mesma tutela estimulam a

estatização, através das distorções do legítimo princípio da intervenção econômica e social, substituído pelo fascínio de exercer ele

próprio - o Estado - aquelas atividades que deveria controlar e fiscalizar. É que a estatização parte do princípio que o Estado é

um fim, e não um meio.

Para FRANCO (1988) o Estado tornou-se uma força sufocante da sociedade e da economia, sem que haja

mecanismos institucionais eficazes de controle social e político sobre o próprio Estado. No caso brasileiro houve distorções quanto a

intensidade do processo de estatização. Essa hipertrofia do Estado, sem controle, reforçou as históricas tendências corporativistas

na sociedade, na medida em que gerou entre os blocos de interesses corporativos a expectativa de apoderar-se dos instrumentos do

estado para o seus próprios fins. Esse sério entrave ao progresso social, político e mesmo econômico deveria ser rompido.

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Em 1970 ALMIRO escrevia sobre a decadência do serviço público:

“O serviço público centralizado sofre um processo de desintegração total. Desprestigiada, sem

infra-estrutura adequada, utilizando-se de métodos e processo obsoletos, sem recursos materiais

e humanos suficientes, e injustiçada pela opinião pública, a máquina administrativa está cada

vez mais emperrada e incapaz”.

Na segunda metade da década de 1970 intensifica-se, assim, o debate sobre o papel das estatais no

desenvolvimento brasileiro, deflagrando-se uma grande campanha antiestatização nos meios de comunicação. O então presidente

General Geisel, em discurso feito por ocasião da abertura da Quarta Conferência Nacional das Classes Produtoras, afirma a

posição do Governo em favor da livre iniciativa: “... preservamos no regime de mercado, como dimensão econômica de uma

sociedade democrática e pluralista, assegurando à iniciativa privada posição de vanguarda do processo de desenvolvimento

(1977)”. (FARIA, 1990)

A mudança para o governo Figueiredo ocorre em meio a um quadro de agravamento da inflação e dos problemas

da Balança de Pagamentos, provocados pelo segundo choque nos preços do petróleo. A privatização das empresas estatais é um

objetivo explícito do novo governo. O discurso do General João Baptista de Figueiredo comprova, em seu discurso de janeiro de

1979, este objetivo: “Recomendo aos senhores ministros que proponham as medidas necessárias à privatização das empresas e

serviços estatais não estritamente indispensáveis à correção de imperfeições do mercado ou a atender às exigências de segurança

nacional”.

O início da década de 1980 é marcado, então, pelo processo de desestatização da economia, havendo uma

redução do número de empresas estatais de 560 para 258 no final de 1988. Entretanto, esta redução foi ainda muito mais

conseqüência de extinções, fusões, reclassificações ou transferências para estados e municípios, do que privatizações propriamente

ditas.(FARIA, 1990)

Tabela 3.1Tabela 3.1Tabela 3.1Tabela 3.1 com a evolução do número de empresas estatais no Brasil:

Período Número de empresas estatais

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22222222

(ao final do período)

Até 1930 25

Década de 30 33

Década de 40 66

Década de 50 121

Década de 60 301

Década de 70 560

Década de 80 258

Fonte: Relatórios Anuais da SEST, vários anos

apud FARIA(1990), p. 16

3.2.2 O PROCESSO DE PRIVATIZAÇÃO3.2.2 O PROCESSO DE PRIVATIZAÇÃO3.2.2 O PROCESSO DE PRIVATIZAÇÃO3.2.2 O PROCESSO DE PRIVATIZAÇÃO

Uma rápida visão do mundo ou a leitura sobre os acontecimentos econômicos e sociais da última década indicam

os novos rumos da História recente. Um caminho pavimentado pela liberdade econômica e igualdade social. Ou seja, pelo

fortalecimento da democracia. Um caminho traduzido por expressões como desregulamentação, interdependência entre as nações,

globalização e neoliberalismo. Grandes evidências mundiais disso são a liberalização das economias do mundo comunista e a

desregulamentação nos Estados Unidos, Europa e Japão.

A constituição brasileira de outubro de 1988 possibilitou ao país não perder o trem da História e assumir

propostas como a redução ao mínimo da presença do Estado na economia, a abertura da economia para o mundo, o fortalecimento

da livre iniciativa e a limitação do assistenciallismo do Estado às áreas de educação, saúde, habitação e transporte.

(BARCELLOS, 1988)

FARIA (1990) lembra ainda que aquela constituição consagra o princípio da economia de mercado. Ela

estabelece os “Princípios Gerais da Atividade Econômica, baseados na livre iniciativa, ficando permitida a participação do Estado

apenas quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei”. No

entanto, o Estado permanece o agente normativo e regulador das atividades econômicas. Conseqüentemente exerce as funções de

fiscalização, incentivo e planejamento.

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Para VEIGA (1988) entre os países capitalistas maduros, a privatização surgiu como um remédio eficaz e

moderno contra a crise inflacionária da década de 1970 e a estagnação econômica que se seguiu, frutos de um keynesianismo

distorcido e dos excessos do chamado Welfare State. Cristalizou-se nesses países a convicção de que a ineficiência estatal derivada

do gerenciamento do patrimônio alheio, sujeito a pressões extra- econômicas, é fonte primária dos déficits públicos. Essas

evidências geraram um movimento de reação mundial contra o gigantismo do aparelho estatal e enalteceram a tendência à

privatização como uma importante alternativa.

PIRIE (1988) vai mais longe ao afirmar que a privatização é uma das muitas respostas estratégicas indicadas

para lidar com o fracasso dos governos democráticos em implementar políticas econômicas de forma sensata e segura. Para o autor,

está mais que comprovado que ela tem uma grande amplitude de aplicação tanto em países do Terceiro Mundo como em

economias avançadas, quer em sociedades comunistas, quer em sociedades capitalistas.

Especialmente após a primeira crise do petróleo em 1973, instalou-se nos países em desenvolvimento uma

atmosfera de decepção com relação ao desempenho do setor estatal. Muitas dessas empresas públicas não conseguiam desempenhar

suas funções básicas satisfatoriamente, acumulando grande contingente de mão-de-obra, inchaços orçamentários e, freqüentemente,

enormes dívidas. Essas empresas começaram a ser encaradas como sorvedouros dos limitados fundos públicos, bem como a atrair

cada vez mais críticas à falta de objetivos administrativos claros, às políticas de preços sem fins econômicos e ao exagero da

influência política. (LATHAM-KOENIG, 1988)

Ao mesmo tempo em que se expressavam essas críticas, o advento do thatcherismo na Grã-Bretanha e do

reagenismo nos Estados Unidos e sua ênfase na iniciativa privada afetavam a política dos órgãos de financiamento, no que diz

respeito à ajuda aos países em desenvolvimento. Esses órgãos começaram a pressionar os governos no sentido de permitir que o

setor privado tivesse um papel mais importante em suas economias. No início de 1986, o Banco Mundial criou uma seção para

lidar com as medidas destinadas ao aperfeiçoamento da eficiência das empresas públicas, através da reestruturação e da

privatização.

GLADE (1990) enumera cinco motivos que levaram à aceleração do processo global de privatização na

América Latina, iniciado no Chile através de um extenso programa: (a) existência de freqüentes conflitos trabalhistas nas

empresas estatais; (b) crescimento da dívida externa; (c) necessidade de redução do déficit governamental através da eliminação

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de subsídios a empresas estatais não lucrativas; (c) necessidade de novas fontes para combater o déficit social; (d) incapacidade do

Estado de realizar grandes investimentos para a modernização das empresas estatais.

O Brasil não ficou às margens desse processo. Para VEIGA (1988), o reconhecimento da dimensão excessiva do

segmento estatal brasileiro era consensual. A crise fiscal crescentemente deixava ainda mais evidente que tinha-se até o final dos

anos 80 no Brasil um Estado superdimensionado e paralisado pela falência dos mecanismos de financiamento. O Estado-

empresário, forte e centralizador, acabou por ir muito além de sua capacidade administrativa e financeira.

Para FRANCO (1988) havia a necessidade de promover uma efetiva modernização do aparelho público,

reduzir desperdícios e aumentar a produtividade da máquina pública. Numa economia em desenvolvimento o Estado tem um duplo

papel: (1) Ele é provedor de bens econômicos, sobretudo de infra-estrutura, desempenhando função estratégica de suporte ao

desenvolvimento da própria economia privada. (2) Ele é, também, provedor de bens públicos típicos como educação, saúde, seguro

social, exercendo uma função relevante e insubstituível para o equilíbrio social do país.

O futuro da economia brasileira dependia da restauração de seus mecanismos de financiamento. Arrastado pela

espiral do endividamento cumulativo, o Estado vinha perdendo a capacidade de investir desde a virada da década de oitenta. No

início dos anos 90, a Bolsa, segundo FRANCO (1988), era o melhor caminho para fortalecer a estrutura de capital das

empresas nacionais e para participar das privatizações de muitas empresas públicas, que não têm mais sentido permanecerem sob

controle acionário do Estado.

Um outro motivo apontado por NEUMEIER (1994) a favor da desestatização, ou seja, a favor de que os

governos concentrem-se em administrar países, ao invés de fazer negócios, é que a venda de ações de suas empresas em bolsa vem

se tornando imensamente popular e lucrativa. Mas os ganhos não param por aí, a compra de ações de empresas anteriormente

estatais pode trazer ganhos para os investidores.

De 1988 a 1993, as ações de empresas privatizadas obtiveram uma valorização média de 14% ao ano. Tanto

o governo quanto a gerência dessas empresas acabam incentivando o sucesso dessas ofertas. Os governos normalmente pedem preços

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baixos pela transação. Essas empresas são normalmente boas, porém vinham sendo tremendamente mau administradas sob o

controle do governo. (NEUMEIER, 1994)

A estagnação econômica intermitente que teve início na virada da década de 1980, a chamada década perdida,

e que prevaleceu até 1992, foi mais que uma descontinuidade no padrão de crescimento brasileiro, tendo coincidido com o fim de

um modelo de desenvolvimento caracterizado por forte intervenção do Estado na economia e proteção quase absoluta da indústria

nacional à competição externa.

Uma das razões apontadas para o insucesso das empresas estatais no Brasil é o seu caráter monopolista, pois a

falta de competitividade no mercado desestimula o aprimoramento dos produtos e serviços. Além disso, os preços e tarifas

praticados são sistematicamente utilizados como instrumento de política econômica, o que acaba tornando muitas dessas empresas

deficitárias.

Nos últimos anos, entretanto, a percepção sobre o papel do Estado mudou drasticamente no Brasil,

acompanhando a tendência internacional. A privatização justifica-se aí pela necessidade de se elevar o grau de competição e

eficiência em vários setores antes protegidos da concorrência externa e interna. Neste sentido o programa de privatização é

parte essencial das reformas estruturais que vêm sendo conduzidas pelo governo desde o início da década de 90. É um instrumento

que permite uma revisão no papel do Estado, que passa a concentrar suas ações e recursos escassos nas áreas sociais, onde sua

presença é indispensável. (LANDAU, 1994)

Em julho de 1981 teve início, então, o processo de desestatização no Brasil através do Decreto 86215, que

estabeleceu as normas para privatização, sendo criada a Comissão Especial de Desestatização para dirigir tal processo.

Entretanto o programa logo apresentou problemas de continuidade de ordem política, econômica e jurídica. Problemas de ordem

política, porque o país se ressentia de uma cultura estatizante da classe política, gerando enormes resistências ao processo de

desestatização no Poder Legislativo. Problemas de ordem econômica, devido à fragilidade do mercado de capitais brasileiro, ainda

suscetível à ação de especuladores. Problemas de ordem jurídica, por não existir legislação para tratar da venda de estatais, uma

vez que as tentativas do governo de estabelecer normas para privatização foram rejeitadas no Congresso.

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Em 1990, o então Presidente Collor, parecendo superar os problemas de ordem política e jurídica, lançou o

ambicioso Programa Nacional de Desestatização (PND), com os seguintes objetivos principais: “a) reordenar a posição

estratégica do Estado na economia; b) contribuir para a redução da dívida pública; c) permitir a retomada dos investimentos; d)

contribuir para a modernização do parque industrial do país; e) permitir que a administração pública concentre seus esforços nas

atividades em que a presença do Estado seja fundamental; e f) contribuir para o fortalecimento do mercado de capitais”. (FARIA,

1990)

Tem-se um programa de privatização em vigor desde 1981. Entretanto até os anos 90 este programa se limitou

a devolver à iniciativa privada apenas as empresas anteriormente absorvidas pelo BNDES, por inadimplência perante o governo.

Entre 1981 e 1989, 38 dessas companhias foram privatizadas. Alguns entraves constitucionais, como a limitação da

participação do capital estrangeiro a 40%, foram responsáveis pela lentidão inicial do programa.

SIMONSEN em 1988 justificava as dificuldades iniciais, pois alguns requisitos haveriam de ser preenchidos

antes de seu sucesso. O primeiro requisito seria a existência de vontade política. No Brasil, segundo ele, há mais receptividade

teórica por privatização do que por resultados práticos. As próprias empresas estatais resistem à privatização. Normalmente seus

dirigentes temem pela perda de seus cargos no momento da privatização.

Em segundo lugar é preciso que o governo aceite que a privatização é um processo que aumenta a sua eficiência,

mas diminui seus poderes fisiológicos, no sentido de que cada empresa privatizada significa menos empregos que o governo pode

distribuir.

Um terceiro ponto realmente importante é o problema da transparência. O processo de venda de bens da União

deve ser absolutamente transparente. Transparência de critérios de avaliação, assim como nos leilões de venda. Em alguns casos

será possível uma venda via Bolsa de Valores, em outros haverá um comprador controlador.

O governo, na medida em que venda essa empresas, diminui a sua dívida, seja interna ou externa. Não deve-se

pensar que a privatização diminui o déficit público na medida em que as quantias representam receitas do governo. Na realidade,

o que a privatização permite é que o governo reduza a sua dívida. Ela não gera receita, a não ser na medida em que possa gerar

redução de despesas. Principalmente, na medida em que a empresa privada, mais eficiente que a estatal, dê lucro.

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SIMONSEN (1988) concluía, o que mais tarde mostrou ser um equívoco:

“Num panorama realista nós não vamos pensar que o Brasil vai privatizar a Petrobrás, a Vale

do Rio Doce, a Eletrobrás, a Telebrás ou qualquer dessas grandes companhias. O que não quer

dizer que ele não possa adquirir mais sócios no mercado para essa empresas, ou seja, aumentar

o coeficiente de participação do público na companhia estatal”.

Somente na década de 1990 os esforços rumo à privatização se tornaram mais significativos. O passo inicial foi

dado com a alienação da USIMINAS (...), em outubro de 1991. O leilão foi realizado sob forte proteção policial, devido aos

protestos promovidos por sindicatos de trabalhadores. A alienação das ações da empresa foi uma operação tão complexa, que

somente se encerrou em 1994, com a colocação, junto ao público, das sobras dos primeiros leilões iniciados em 1991. O PND

completou em 1994, com a venda da USIMINAS, ACESITA, COSIPA, CSN e CST, a retirada efetiva do Estado do setor

siderúrgico.

Em meados de 1993 algumas medidas foram tomadas para facilitar o processo de privatização, como o fim da

discriminação da participação do capital estrangeiro e a aceitação de dívidas da União como moeda de privatização. Em 1994,

com a publicação da Resolução do Conselho Monetário Nacional no 2.062, foi autorizada a negociação da dívida externa

brasileira em investimentos estrangeiros. Desta forma, ampliou-se significativamente o conjunto das moedas de privatização.

As propostas do governo Fernando Henrique Cardoso para a privatização pareciam ambiciosas demais no início

de seu governo em 1994, pois equipe econômica precisaria, antes de mais nada, driblar as resistências políticas daqueles grupos

com interesses contrários à desestatização. Entretanto, o ano de 1994 sozinho foi responsável por 23% das receitas obtidas pelo

PND desde 1991. (BNDES, Relatório de Atividades, 1994)

No anexo a este capítulo, à página 145, são apresentados os principais resultados do PND de 1991 a 2000.

Em 1997, a privatização das estatais que atuavam no segmento industrial foi praticamente concluída. Com isso

iniciou-se uma nova fase do PND, cujo objetivo é diminuir a participação do governo nas utilidades públicas, principalmente em

infra-estrutura. Isso inclui os setores de energia, transporte e comunicação, carentes de investimentos em melhorias, tecnologia e

expansão.

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Em geral, as privatizações vêm se mostrado uma boa coisa, tanto para as próprias empresas, quanto para o

governo. Por um lado, a administração privada e as regras de mercado têm transformado empresas que vinham no vermelho em

empresas eficientes e lucrativas. Para o governo, a privatização remove um dreno das finanças do Estado e traz receitas fiscais

que ajudam a amenizar os déficits internos. Há ainda um motivo ético para a privatização, ela corta a relação existente entre

negócios e governo, reduzindo a possibilidade de corrupção.

Por outro lado, o processo de privatização na América Latina causou alguns problemas. Segundo WERNECK

(1990), em alguns casos, o monopólio público foi simplesmente transferido para um monopólio privado. A concentração de

riquezas cresceu em diversos países. A idéia de que a privatização conduz à eficiência econômica não é bem interpretada no

Brasil. Não é o simples fim da propriedade pública que leva à eficiência, e sim a existência da competição. Transformar o

monopólio público em monopólio privado pode não promover eficiência e até conduzir à perda de eficiência.

Por muito tempo os lucros no setor privado não derivaram da inovação e eficiência de produção, mas sim da

manipulação dos retornos sobre o capital, das regulamentações do governo, favoritismos nos gastos públicos e do tratamento

preferencial com relação a impostos daqueles com melhores acessos políticos. Empresa pública não é necessariamente sinônimo de

ineficiência, do mesmo modo que a privada não o é de eficiência. (GLADE, 1990)

Sendo assim, a privatização não deve ser vista como um fim em si mesma. Ela não deve ser desenhada como

uma mera maneira de regularizar as contas do governo e enriquecer poucos. Parcela relevante da receita vinda da privatização

foi e será utilizada para financiar despesas correntes do governo. Se, no entanto, a privatização for utilizada especificamente

para cobrir despesas correntes, sem um horizonte de reformas pela frente, será mera queima de patrimônio público e uma

irresponsabilidade para com o país. (NASSIF, 1994)

O programa de privatização deve ser parte de um processo maior visando crescimento econômico, estabilização

da economia, elevação do nível de vida da população. O benefício da privatização não se mede pelo preço pelo qual as empresas

são vendidas, pois o importante é a eficiência que se agrega à economia e o aumento da capacidade de geração de novos

investimentos.

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WERNECK (1990) argumenta que quando o governo transfere a propriedade de empresas para o setor

privado, ele deve procurar assegurar uma administração dinâmica que gere lucro e impostos, que permitirão ao estado,

incrementar funções básicas como saúde, educação e bem estar social, abandonadas desde os anos 80. Transferir a responsabilidade

de investimento do setor público para o privado não leva necessariamente a uma taxa de investimento global maior e sustentável, a

não ser que seja acompanhado de reformas e cortes nos gastos públicos.

A privatização não é, em si, uma panacéia. Um processo de venda transparente e competitivo é essencial para

evitar surpresas e impedir que os compradores ditem as regras. Uma regulamentação estável é importante, especialmente em países

onde não é possível uma democratização do capital por conta da baixa disponibilidade de capital doméstico, levando a uma

inevitável concentração de riqueza no início do processo. No Brasil, além da debilidade do mercado de capital, que consistiu em

um grande obstáculo à privatização, o medo de que interesses estrangeiros ou determinados grupos étnicos ocupassem uma posição

de monopólio foi e continua sendo outro grande empecilho. Além disso, a administração e o pessoal das companhias públicas sempre

quiseram manter sua segurança no emprego e assim, perpetuar o controle governamental.

Outro fator que requer cautela e traz críticas à privatização é a crença de muitos na incapacidade do governo

de fiscalizar o processo. Transferir a administração de serviços essenciais para empresas privadas não exime o governo da

responsabilidade de regular e supervisionar essas atividades vitais para o desenvolvimento econômico e social do país. Para

KAMM (1994), entretanto, o papel de controlador pode ser melhor desempenhado se o Estado deixar de ser o provedor de tais

serviços.

Muitos outros são os argumentos que esquentam até hoje o debate sobre a privatização. Barbosa Lima Sobrinho,

presidente da Associação Brasileira de Imprensa, em depoimento ao jornal O Dia em março de 1998 dizia a respeito da

privatização do sistema Telebrás:

“Não posso deixar de ser contra a privatização de um serviço público, especialmente quando o

próprio governo admite vender o sistema Telebrás por menos da metade do valor inicialmente

previsto, entregando um setor estratégico do país e deixando que as multinacionais cobrem em

reais dos brasileiros e remetam em dólares para o exterior”.

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Em outro depoimento para o mesmo jornal, Walter Pinheiro, deputado pelo PT (Partido dos Trabalhadores) do

Estado da Bahia, falava sobre a privatização:

“Se houvesse garantia de que ao menos uma parcela significativa do serviço usasse a produção

nacional, nossa indústria não seria esmagada como vai ser. Não sei de onde o governo tirou

esses 100.000 empregos diretos que diz que serão criados. A privatização vai aumentar o

desemprego”.

Além das críticas nos depoimentos anteriores quanto ao possível aumento do desemprego e do temor da venda das

empresas por preço injusto, SOBRAL (1998) acrescenta suas preocupações quanto ao importante papel social desempenhado por

certas empresas estatais e a qualidade dos serviços futuros prestados. Sobre a privatização da CEDAE, Companhia de Águas e

Esgotos do Rio de Janeiro, ela diz:

“A privatização da CEDAE vai acabar com o subsídio da tarifa básica B para a parcela da

população de baixo poder aquisitivo (14% mais barata). Há a necessidade de constar nos

editais definitivos para a privatização da empresa e concessão de seus serviços, projetos

detalhados sobre a manutenção e ampliação dos serviços de abastecimento de água, coleta e

tratamento de esgotos. Não somos contra a privatização, mas queremos garantir a função

social da companhia e a qualidade dos serviços prestados”.

Um exemplo da polêmica criada pelo PND foi o que aconteceu na época da privatização da Companhia Vale do

Rio Doce (CVRD) em 1997. Foram movidos mais de 130 processos legais contra a sua privatização, que acabaram atrasando

a venda. Protestos violentos com pessoas feridas trouxeram problemas para o programa de privatização do governo e abalaram a

confiança dos investidores. A venda de uma empresa lucrativa, de renome internacional e que faz parte da identidade do país

como a CVRD traz a tona as mais fortes emoções.

Muitos foram os argumentos aqui apresentados sobre o processo de privatização em andamento no Brasil, que

certamente tem seus custos e benefícios. GLADE (1990) afirma que a iniciativa do governo de deixar de intervir diretamente na

economia não deve ser encarada como uma mera questão de retração do poder do Estado, pois muito ainda precisa ser feito. São

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31313131

grandes as necessidades de investimento em projetos sociais e de infra-estrutura elementares. É mais uma questão de realinhar

prioridades e reverter os recursos para usos que beneficiem os segmentos mais necessitados da sociedade, construindo o capital

humano e organizacional do qual depende o avanço econômico sustentável de longo prazo.

3.3 TRANSFORMAÇÕES NO SETOR SIDERÚRGICO3.3 TRANSFORMAÇÕES NO SETOR SIDERÚRGICO3.3 TRANSFORMAÇÕES NO SETOR SIDERÚRGICO3.3 TRANSFORMAÇÕES NO SETOR SIDERÚRGICO

3.3.1 O CASO NORTE-AMERICANO3.3.1 O CASO NORTE-AMERICANO3.3.1 O CASO NORTE-AMERICANO3.3.1 O CASO NORTE-AMERICANO

“A reestruturação sócio-espacial que vem marcando os países capitalistas desenvolvidos nas

últimas décadas possui diversas dimensões. Uma das mais importantes é o redesenho da

distribuição espacial da indústria. De fato, as mudanças nessa distribuição trazem

conseqüências para a sociedade como um todo, levando à decadência sócio-econômica e a um

esvaziamento populacional de certas regiões e, por outro lado, à emergência de novos espaços de

acumulação capitalista”.(MARTINS & PAULA 1997; 750)

MARTINS & PAULA (1997), em artigo publicado por ocasião do VII Encontro Nacional da ANPUR

(Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Planejamento Urbano e Regional), fazem um exame das principais

alterações, relacionadas a fatores tecnológicos e/ou mercadológicos, na distribuição espacial da siderurgia norte-americana desde

1970. Por acreditar-se que o conhecimento do processo neste país proporcionará importantes informações para seu entendimento

em termos mais gerais, faz-se nos parágrafos que se seguem um resumo das idéias principais levantadas pelos autores.

Apesar do nível de produção de aço bruto mundial manter-se estável na casa dos 700/800 milhões de toneladas

anuais desde meados da década de 70 ( ver gráfico com dados do IISI – International Iron and Steel Institute), vêm ocorrendo

alterações significativas no perfil dos produtores. Alguns países desenvolvidos, especialmente Estados Unidos e Reino Unido,

apresentam acentuada redução na evolução do volume produzido, enquanto países em desenvolvimento como Coréia do Sul e Brasil

crescem sua participação não somente na produção de aço, mas também na sua exportação.

Figura 3.1Figura 3.1Figura 3.1Figura 3.1 Gráfico com a evolução da produção mundial de aço bruto de 1970 a 2000:

Produção mundial de aço bruto

650

750

850

s de tone

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32323232

Fonte: IISI pelo site www.worldsteel.org em janeiro de 2001

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33333333

Figura 3.2Figura 3.2Figura 3.2Figura 3.2 Gráfico com a evolução dos dez maiores países produtores de aço bruto de 1992 a 2000:

Fonte: IISI pelo site www.worldsteel.org em janeiro de 2001

Se por um lado ocorre certa estabilização do volume produzido, por outro lado verificou-se um intenso progressointenso progressointenso progressointenso progresso

tecnológicotecnológicotecnológicotecnológico, principalmente com a introdução de inúmeras inovações visando melhorar o mix de produtos, aumentar a flexibilidade

dos processos produtivos e melhorar o aproveitamento dos materiais. MARTINS & PAULA (1997) caracterizam o momento

atual desta indústria como sendo um estágio de “maturidade dual”, ou seja, estabilidade da demanda combinada com um grande

esforço de renovação tecnológica.

Segundo relatório do BNDES (1997) sobre o setor, os grandes destaques no mundo, em termos de crescimento

da produção de aço nos últimos anos ficaram por conta dos países asiáticospaíses asiáticospaíses asiáticospaíses asiáticos. De 1988 a 1999, a produção da China evoluiu

108 % passando de 59,4 milhões de t para 123.7 milhões de t, e a da Coréia do Sul elevou-se em 115 %, de 19,1 milhões

de t para 41 milhões de t (dados do IISI).

Desde 1968 a indústria siderúrgica americana se beneficia de uma política comercial que impõe barreiras nãobarreiras nãobarreiras nãobarreiras não

tarifárias de proteçãotarifárias de proteçãotarifárias de proteçãotarifárias de proteção através de acordos internacionais e controles de preços. MATTHEWS (1999), baseado em relatório do

PRO D UÇ Ã O M UN D IA L D E A Ç O BRUTO PO R PA ÍS

0 ,0

20 ,0

40 ,0

60 ,0

80 ,0

10 0 ,0

120 ,0

140 ,0

1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 20 0 0

China

Estados Unidos

Japão

RússiaAlemanha

CoréiaBrasil

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34343434

AIIS (Instituto Americano para o Aço Internacional), afirma que a indústria do aço americana recebeu bilhões de dólares em

subsídios públicossubsídios públicossubsídios públicossubsídios públicos nos últimos 25 anos.

O crescimento das importações nos Estados Unidos causou perdas para a maioria dos fabricantes americanos, que

pressionaram o governo a abrir investigações sobre práticas desleais de comércio contra vários países. Na verdade isso não passou

de uma tentativa de desviar a atenção para o que acontece dentro do próprio país. O relatório da AIIS (MATTHEWS, 1999)

diz que as siderúrgicas americanas receberam subsídios municipais, estaduais e federais. De acordo com o documento, o setor é

protecionista, distorce o mercado global e força os consumidores de aço nos Estados Unidos a pagar preços mais altos. O relatório

vai mais longe ao chamar a atitude americana de hipócrita, pois “se o subsídio é para mim, ele é bom. Se é para um produtor

estrangeiro, vou reclamar no governo” MATTHEWS, 1999:B11).

Entretanto este protecionismo mostrou-se ineficaz a longo prazo, pois não evitou o aumento, principalmente, das

importações indiretas de aço naquele país (máquinas, equipamentos e veículos automotores). A década de 80 foi marcada pela

invasão de montadoras japonesas, que passaram a instalar-se em território americano. Em 1990 elas representavam 20% da

fabricação doméstica de automóveis.

Para vencer as restrições impostas pelo governo americano, algumas empresas japonesas (e também francesas e

sul-coreanas, porém em menor escala) passaram a investir pesadamente na siderurgia norte-americana através de joint-ventures e

outros tipos de parcerias. Os investimentos japoneses na siderurgia concentraram-se em produtos de maior valor agregado,

contribuindo para a reestruturação do setor naquele país. Esta face caracteriza o processo de crescente desnacionalização dadesnacionalização dadesnacionalização dadesnacionalização da

produção de açoprodução de açoprodução de açoprodução de aço.

Nos últimos anos, diversos fatores têm despertado a atenção da indústria siderúrgica mundial para a futura

disponibilidade de um importante insumo dos processos de produção de ferro e aço: a sucatasucatasucatasucata ferrosa. O principal deles é o vigoroso

crescimento das aciarias elétricas – mini-millsmini-millsmini-millsmini-mills - na produção siderúrgica mundial. Estas usinas, nos Estados Unidos,

caracterizam-se pela utilização de sucata como matéria-prima, por plantas extremamente automatizadas e menores, pela adoção

de métodos gerenciais inovadores (como o turno de 12 horas, incentivos financeiros por produtividade e número reduzido de níveis

hierárquicos) e pelo emprego de trabalhadores não sindicalizados. Os ganhos desta nova tecnologia em termos de custos são

elevados.

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35353535

Outro relatório do BNDES (2000) explica que a sucata é o principal elemento metálico da carga de fornos

elétricos a arco (EAF - Electric Arc Furnace). Alavancados principalmente pelas mini-mills, estes fornos vêm progressivamente

expandindo sua atuação e subtraindo os mercados de antigos processos siderúrgicos em todo o mundo. Já respondem atualmente por

33% da produção mundial de aço, e outro recente estudo do mesmo autor aponta que este avanço deve continuar a uma alta taxa

média de 3,9% a.a., elevando a participação das aciarias elétricas para cerca de 40% até 2010.

Além do esperado crescimento da demanda de metálicos para a produção EAF, outros aspectos vêm influenciando

as relações de oferta e demanda da sucata, despertando polêmica quanto ao balanceamento futuro desta matéria-prima. O próprio

aperfeiçoamento tecnológico do processo siderúrgico, principalmente da etapa de lingotamento, e das indústrias de transformação

dos produtos de aço, reduz o volume de sucata produzida por estas indústrias. Por outro lado, 70% da oferta mundial de sucata

provém da coleta industrial e de obsolescência (BNDES, 2000). Ou seja, do material originário das montadoras e demais

indústrias transformadoras de produtos siderúrgicos. Trata-se de uma sucata de alta qualidade pela composição química conhecida

e pela baixa quantidade de contaminantes. E também dos bens de consumo de aço já obsoletos pelo uso, tal como automóveis,

eletrodomésticos, silos e tanques de estocagem.

Estas duas fontes de sucata são de extrema importância para a indústria de aço e de fundição, pois estima-se um

crescimento destes materiais nos anos futuros. Em 2010, estes volumes, que em 1998 eram de 261 milhões de toneladas/ano,

podem chegar a 385 milhões de toneladas/ano. A siderurgia brasileira, pela tradicional preponderância da rota tecnológica

integrada, não fomentou condições para o desenvolvimento de um forte mercado sucateiro independente. Os EUA, berço das mini-

mills, ao contrário, são os maiores consumidores de sucata no mundo (18,6% do total mundial).

Cabe aqui destacar algumas outras conseqüências desta reestruturação na indústria siderúrgica. Apesar da

produção de aço bruto nos Estados Unidos ter retraído apenas 6,3% de 1980 a 1995, a capacidade instalada anual teve uma

redução de 153,7 milhões de toneladas para 112,4 milhões neste mesmo período, aumentando o nível de utilização da capacidade

instalada de 48,4% na década de 30 para 93,3% em 1995. A queda no volume de emprego foi mais intensa do que a redução

da capacidade derivada da desativação de plantas. Em 1980 o setor empregava 399.000 metalúrgicos, chegando em 1995 com

apenas 123.000.

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36363636

Sendo assim, as mudanças tecnológicas, que viabilizaram a produção de aço a partir de sucata, e a exposição ao

mercado global, que obrigaram o setor a ajustar-se à competição, foram os principais responsáveis pela reestruturação da indústria

siderúrgica norte-americana.

Por muito tempo, a indústria siderúrgica foi considerada um símbolo e, também, um pré-requisito da

industrialização. Havia um grande interesse na instalação de uma siderúrgica, em função não apenas da grande geração de

emprego (direto e indireto), mas também dos elevados vínculos com o restante da indústria de transformação. Além disso, a

palavra de ordem era se apropriar das economias de escala. Com a crescente difusão das aciarias elétricas (mini-mills), o modus

operandi do setor modificou-se significativamente. As usinam tendem, agora, a localizar-se mais próximas dos centros urbanos, se

libertando da necessidade de se situar próximo das fontes tradicionais de matéria-prima (ferro e carvão). A maior dispersão da

disponibilidade de sucata induz a uma desconcentração espacial da produção siderúrgica. A flexibilidade da operação e a

proximidade do mercado consumidor passam a ser prioridade, muitas vezes em detrimento da economia de escala.

Um exemplo apontado por SHERIDAN (1996) que ilustra estas transformações ocorridas na siderurgia norte-

americana é o caso da usina da U.S. Steel localizada na região de Mon Valley em Pittsburgh. Esta região é considerada o berço

da indústria do aço nos Estados Unidos e desde a construção da primeira usina em 1875, para suprir a indústria ferroviária com

trilhos, foi símbolo da prosperidade da indústria siderúrgica naquele país. Desde fins dos anos 70, no entanto, a situação se

modificou e hoje o vale não passa de um complexo abandonado.

A U.S Steel Mon Valley, porém, continua sendo um forte competidor no mercado de aços planos. Para

SHERIDAN as explicações para sua sobrevivência são as mais variadas: administração inteligente, força de trabalho dedicada à

melhoria contínua e satisfação do cliente e a disposição da força sindical local em substituir as relações tradicionais de atrito

anteriores por relações de parceria para o futuro. Certamente as mudanças não ocorreram da noite para o dia e as relações de

parceria ainda estão em evolução. O ambiente mudou drasticamente nos últimos 15 anos: as linhas de comunicação são mais

abertas; há um entendimento comum que se vive a nova era da competição, onde a chave da sobrevivência encontra-se no esforço

para satisfazer as necessidades dos clientes; há, ainda, uma forte determinação em não tornar-se mais uma usina abandonada da

região.

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37373737

Em 1984 foi implantado o APEX (Appliance Product Excellence), que são programas e projetos especiais para

a sobrevivência da operação integrada da siderurgia da região. No começo o programa era dirigido pelo topo, no entanto ele vem

evoluindo para as parcerias.

Inicialmente focado nos produtos principais produzidos pela planta, hoje o APEX se estende para “todas as

pessoas, todos os processos e todos os produtos”. Dá ênfase à melhorias contínuas em várias áreas, com a colaboração dos

trabalhadores. Entre 1994 e 1996, por exemplo, times voluntários de trabalhadores ajudaram os clientes a identificar em suas

plantas e alcançar cortes em seus custos da ordem de U$ 25 milhões. Introduziram, também, importantes modificações nas

embalagens dos produtos, reduzindo os danos causados no transporte e armazenamento.

Outras atividades do APEX incluem: programas de treinamento, reconhecimento do empregado, cafés-da-manhã

mensais com a apresentação dos esforços realizados para melhoria contínua, auditorias de qualidade mensais, encontros semanais

entre os representantes APEX das plantas.

Através dos anos o APEX vem progredindo para além das suas raízes de qualidade e se transformando num

esforço de melhorias contínuas em seis áreas: segurança, qualidade, entregas, proteção ambiental, produtividade e desempenho

financeiro.

Os parâmetros de controle do negócio medidos hoje, como qualidade, eficiência em termos de Hh/ton, serviço ao

cliente, segurança e proteção ambiental estão melhores do que nunca. Muitas dessas melhorias têm a ver com os investimentos em

equipamentos e na planta. Porém têm maior relação com as pessoas.

Apesar de hoje em dia fornecer emprego para apenas 2.500 trabalhadores e há 2 décadas atrás empregar

40.000, muitos são os resultados positivos dessas transformações: redução em 66% dos rejeitos internos em três anos; melhoria

de 43% no custo da qualidade em dois anos; 29% de ganho em produtividade por tonelada em 5 anos e reconhecimento de

clientes e fornecedores. (SHERIDAN, 1996)

3.3.2 O CASO DA GRÃ-BRETANHA3.3.2 O CASO DA GRÃ-BRETANHA3.3.2 O CASO DA GRÃ-BRETANHA3.3.2 O CASO DA GRÃ-BRETANHA

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38383838

O debate sobre privatização no Brasil vem sendo fortemente influenciado pelo movimento mundial de

privatização, especialmente pelas experiências na Inglaterra e França. Por este motivo parece relevante discorrer sobre o ocorrido

na forte indústria siderúrgica britânica nos últimos anos.

O Iron and Steel Act de 1967 transformou em públicas cerca de 90% das siderúrgicas britânicas. Para

BRITTO (1987) a nacionalização representava um ato político, através do qual acreditava-se viabilizar-se uma distribuição de

rendas e riquezas mais eqüitativa, além de aumentar-se a prosperidade geral da nação. Foi criada, assim, a British Steel

Corporation (BSC), órgão que assumiu o controle de todas as empresas siderúrgicas do Grã-Bretanha.

Nos anos 70 havia uma expectativa de crescimento da demanda mundial por aço, sendo assim a BSC preparou

um plano estratégico de desenvolvimento de dez anos. A partir de 1973 seriam gastos £3 bilhões, com objetivo de transformar

uma indústria no momento obsoleta que não atingia economias de escala, em uma organização mais compacta, com plantas

altamente competitivas. Esperava-se que por volta de 1980/81 a corporação tivesse necessidade de uma capacidade produtiva em

torno de 28 a 36 milhões de toneladas ao ano.

As plantas existentes foram modernizadas e tiveram suas capacidades expandidas. Iniciou-se um programa de

fechamento das usinas ultrapassadas e as últimas inovações em termos do fabrico do aço foram introduzidas em locais-chave.

Entretanto, a grave crise nos preços da energia que, assolou o mundo em meados dos anos 70, não havia sido

prevista pela BSC. Enquanto a corporação investia em novas plantas, a demanda por aço no mundo desenvolvido caía

vertiginosamente. Outro problema enfrentado pelo governo foi a reação da sociedade contra o programa de fechamento das usinas

obsoletas. Nesta época a BSC passou por prejuízos e o programa foi suspenso até 1975.

No início de 1980 a BSC enfrentou uma séria greve dos trabalhadores que durou três meses. Durante a greve,

ficou claro para os consumidores de aço britânicos, que eles poderiam tranqüilamente obter sua matéria-prima via importação,

uma vez que havia excesso de capacidade siderúrgica no mundo. A BSC perdeu, assim, parte significativa do seu market-share

doméstico.

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39393939

Neste mesmo ano a Comissão Européia declarou uma crise na indústria siderúrgica européia e estabeleceu quotas

para produção total e máximo volume de entregas para a maioria dos produtos de aço dentro da comunidade. Ajuda do Estado

era permitida desde que prosseguisse a restruturação das usinas para a redução da capacidade instalada.

No final de 1980, a BSC havia completado o fechamento das usinas obsoletas e não lucrativas e reduzido o

número de empregados, que em 1967 era de 268.500, para 130.000. A partir desta data, na busca de competitividade, a

companhia traçou planos para imprimir melhorias de custos e eficiência e para reduzir ainda mais o número de trabalhadores nas

usinas que permaneceram em operação. Demissões maciças e fechamento de plantas levaram à redução da capacidade produtiva em

25%.

Para HILL (1990) o maior sucesso das políticas econômicas da era Thatcher foi justamente a melhoria

sustentável em produtividade. Desde a recessão de 82 até 1990 a produtividade na indústria inglesa cresceu em média 5,4% ao

ano. Indústrias que sofreram descentralização e perda de poder no mercado, foram as que tiveram melhor desempenho em termos de

produtividade.

A indústria do aço é um exemplo radical de melhoria na produtividade. Nos anos 70 a indústria foi protegida

do mundo real por medidas governamentais. Depois vieram as pressões de mercado e o aumento das importações. A British Steel

respondeu à competição com elevação do padrão de qualidade, redução de custos, aumento de produtividade, se transformando de

um produtor de commodity em um produtor que adiciona valor, focando em Marketing e P&D para alcançar altos padrões de

serviço ao cliente e desenvolvimento de novas aplicações para o aço.

A nova orientação para mercado e a estrutura descentralizada foram acompanhadas pelas mudanças no clima

político. “ Nós não estamos aqui para empregar pessoas e sim para servir a um mercado”, dizia Robert Scholey, presidente da

BSC em 1988. O novo governo passou a interferir menos nos negócios. O mesmo Scholey complementava “Somos totalmente

contra o monopólio, você precisa das importações e da competição para manter certo nível de tensão no seu próprio negócio (...)

As influências políticas são corruptoras e os políticos perseguem objetivos, que freqüentemente não são comerciais”. (KNOBEL,

1987: 62)

Segundo LEADBEATER (1990) a decisão da British Steel de fechar a usina de Ravenscraig na Escócia foi

um exemplo de quanto mudaram as relações entre indústrias e política nos anos 80. Àquela época, em pleno processo de

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40404040

privatização, sua principal obrigação era para com seus acionistas. Para o autor, as relações não são tão simples assim. As

atividades dessas empresas são por demais importantes, para deixarem de ser de interesse público, seja com relação à poluição ou à

geração de empregos ou a investimentos. A British Steel competia com empresas que operavam com menor número de plantas,

plantas maiores e mais econômicas, o que se mostrava ser uma tendência mundial de concentração da produção em um menor

número de plantas

Segundo KNOBEL (1988) a BSC passou de um prejuízo de £1,784 milhões em 1979/80 para um lucro de

£410 milhões em 1988. A produtividade evoluiu de 14 Hh/ton. para 5 Hh/ton. de aço líquido. A perda total de energia

também caiu de 49% para 18%. Desde então, a capacidade utilizada das usinas é de quase 100%. Para KNOBEL, o segredo

deste sucesso está na produção em larga escala e investimentos contínuos em novas plantas e tecnologia, bem como nos programas

de busca de maior eficiência na utilização de energia, matéria-prima, atendimento ao cliente, melhorias no produto e mudança no

mix (maior valor agregado). HILL (1990) acrescenta outros fatores importantes para atingir-se alta produtividade como o

treinamento da mão-de-obra, bem como um gerenciamento participativo com metas ambiciosas e recompensas baseadas em

desempenho.

Para atingir seus objetivos a BSC introduziu o esquema de bônus, que aumentava a remuneração dos

funcionários em troca de seu comprometimento com práticas de trabalho mais produtivas, qualidade e treinamento. Estas práticas

trouxeram os ganhos mencionados em todos os níveis, inclusive no consumo de energia, o que levou a BSC a recuperar sua

lucratividade e atingir níveis de produtividade entre os melhores do mundo .

A partir de 1985 o sistemas de quotas europeu foi gradualmente desativado, chegando ao fim em 1988. Desde

o final de 1985 a ajuda do Estado aos produtores de aço foi proibida.

Em 3 de dezembro de 1987 o governo anunciou sua intenção formal de privatizar a British Steel Corporation.

Em 5 de dezembro de 1988 os ativos da corporação foram transferidos para British Steel plc e em 23 de novembro suas ações

foram oferecidas para compra. Em 5 de dezembro de 1988 suas ações foram negociadas na Bolsa de Valores.

O programa de privatização inglês foi introduzido para reduzir o tamanho do setor público, que havia crescido

exageradamente nas décadas anteriores, com a estatização de diversas empresas. Segundo BRITTO (1987) no começo do

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41414141

programa as empresas estatais eram responsáveis por 1/10 do PIB, 1/7 dos investimentos totais na economia e empregavam 1,5

milhões de pessoas.

O projeto do governo inglês visou, através da concorrência e da privatização, abrir o setor público aos estímulos

da competição de mercado e reverter a crescente burocratização que o acompanhou desde a década de 50. O objetivo do governo

inglês não era, portanto, meramente levantar recursos e sim aumentar a concorrência e a eficiência em benefício da economia como

um todo.

Porém, antes de iniciar o programa de privatização, o governo inglês tomou algumas medidas remediadoras.

Decidiu adotar sistemas de controle cada vez mais rigorosos para as empresas públicas: (a) programas de avaliação de

investimentos; (b) sistemas de preços por custos marginais; (c) estabelecimento de objetivos financeiros e de investimentos; (d)

extensos programas de planejamento e controle. Ou seja, na ausência de forças de concorrência reais, o governo adotou estímulos

que procuravam simular as pressões normalmente existentes no livre mercado. (BRITTO, 1988)

Em fins dos anos 80 o crescimento da produção industrial, se comparado com o restante da comunidade européia,

foi elevado no Reino Unido, e a British Steel, líder de mercado, se beneficiou disso. Outros fatores que favoreceram foi a queda

dos preços das matérias-primas e os movimentos das taxas de câmbio da libra em relação ao dólar americano e ao marco alemão.

A British Steel investiu, como visto anteriormente, no desenvolvimento de novas práticas operacionais, bem como

no uso mais eficiente de energia e na melhoria da qualidade de seus produtos. Ao mesmo tempo o foco das pesquisas passou a ser

satisfazer as demandas dos consumidores por produtos melhores, estabelecer novos usos para o aço e competir contra os materiais

alternativos. A recuperação da saúde financeira da British Steel em fins dos anos 80 foi significativa e os prejuízos

experimentados até então foram substituídos por lucros.

Depois de 1990, no entanto, as incertezas na economia mundial, combinadas com recessão, redução na

demanda por aço e os baixos preços no mercado mundial, reduziram drasticamente os lucros, levando empresas novamente a

prejuízos por dois anos seguidos.

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42424242

A partir de 1993 houve uma parcial recuperação na economia do Reino Unido, aumentando a demanda e os

preços do aço. Esta tendência continuou em 1994, que ajudada pelos ganhos contínuos de eficiência e produtividade, levaram a

empresa novamente aos lucros.

O ano de 1997 foi especialmente ruim para a empresa devido aos baixos preços do aço nos seus mercados

principais e a valorização da libra, particularmente diante do marco alemão. Apesar das dificuldades a British Steel teve um

lucro antes do IR de £451 milhões. Os investimentos de capital foram os maiores desde 1991, £413 milhões.

Três iniciativas principais foram tomadas no sentido de melhorar os custos e a eficiência: redução do número de

empregados e treinamento dos que permaneceram; esforço para redução dos preços da matéria-prima, suprimentos e serviços;

valorização do melhor uso dos sistemas de informação do grupo.

É interessante passar pelos principais pontos da entrevista de Nigel Lawson, ministro da fazenda do governo

Thatcher de 1983 a 1989, para a revista Exame em 1997. (MARTINS, 1997)

“A Inglaterra pode ser considerada a economia mais forte da Europa, com crescimento de 3% ao ano, baixa

inflação e taxa de desemprego em torno de 7%. A razão para tal são as reformas básicas postas em prática nos anos 80. Fez-se

maciço programa de estabilização para baixar a inflação e eliminar o déficit público. Fez-se também um vasto programa de

privatizações, e ocorreu um imenso crescimento de eficiência em função disso. Outro fator que afetou o país de forma profunda foi a

desregulamentação da economia. Com tudo isso, conseguiu-se uma economia de mercado operando da maneira como as economias

de mercado devem operar.

Houve uma mudança ideológica no país. As reformas implementadas pelo Partido Conservador foram tão bem

sucedidas que o partido de oposição, o Trabalhista, abandonou abertamente o socialismo. Ele renunciou aos planos de

nacionalização, diz que aceita as privatizações, o controle dos gastos públicos e a necessidade de manter os impostos baixos. A

vitória do Partido Trabalhador nas últimas eleições não significa, pois, um retorno às propostas keynesianas, uma vez que suas

políticas são coerentes com as anteriormente conduzidas pelo partido Conservador.

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43434343

Algumas coisas poderiam ter sido melhores no processo de privatização britânico. Muitas vezes, a pressa em

privatizar levou a equívocos como o da indústria de gás, privatizada como monopólio. O ideal teria sido a quebra do monopólio.

Outro erro foi em relação às empresas de eletricidade. Foi apenas depois da privatização, quando essas se tornaram mais

eficientes, é que percebeu-se que haviam sido vendidas por muito menos do que valiam.

Uma das formas de se evitar que as privatizações não acabem se transformando em ações entre amigos é não

limitá-las a leilões entre grupos empresariais. Uma das vantagens de se ter um mercado de capitais forte como o de Londres e que

se pode privatizar grandes empresas, sem precisar persuadir grupos ricos a comprá-las. Simplesmente vende-se as ações no

mercado pelo melhor preço.

Algumas coisas o governo deve ter em mente na hora de privatizar: (a) fazer da privatização uma ação

genuína, ou seja, o Estado deve renunciar totalmente ao controle das empresas, porém colocando em operação sistemas regulatórios

que garantam que o consumidor não seja explorado; (b) é necessário um governo forte e uma liderança firme, genuinamente

comprometida com a privatização; o governo reformador deve ser honesto e aberto, explicando ao público o que vai ser feito e

porque, deixando as pessoas julgarem os resultados. Foi o que aconteceu na Grã-Bretanha e por isso o governo foi reeleito três

vezes.”

Em outubro de 1999 a British Steel fundiu-se com a empresa holandesa Koninklijke Hoogovens e formaram o

Corus Group com ações negociadas nas bolsas de Amsterdã, Londres e Nova Iorque. Segundo relatório do grupo disponível na

Internet (www.corusgroup.com), o Corus Group tem 64 mil funcionários, capacidade produtiva de 25 milhões de toneladas de aço

bruto (o quinto maior produtor mundial) e 240 mil toneladas de alumínio em plantas localizadas nos países baixos, Alemanha,

Bélgica, França, Noruega e Estados Unidos.

O foco da sua estratégia está em prover soluções metálicas inovadoras para e com seus clientes, com ênfase nas

atividades geradoras de valor. Seus gastos anuais com P&D estão em torno de £80 milhões. Juntamente com os gigantes do setor

Arbed, Thyssen Krupp e Usinor, o Corus desempenha papel de liderança no comércio de produtos e serviços via e-commerce

através do site www.buyformetals.com. Percebe-se ainda uma ênfase no treinamento e desenvolvimento do seu pessoal e

comprometimento com controle de emissões e melhorias ambientais.

Page 59: CONTROLE GERENCIAL EM EMPRESAS BRASILEIRAS: O ESTUDO … · No caso da CSN, não se pode deixar de ver que as ... o estudo do caso da CSN pós ... Figura 3.5 Gráfico ilustrativo

44444444

Pode-se perceber neste capítulo 3.3.2, que o caso da indústria siderúrgica britânica muito tem em comum com o

caso americano. Principalmente no que diz respeito à introdução de novas tecnologias, melhorias de produtividade, fim de

protecionismos e subsídios, nova orientação para o mercado e para o resultado da empresa, mudanças no mix de produtos e

concentração da produção em grandes grupos.

O capítulo seguinte pretende mostrar como a Companhia Siderúrgica Nacional, objeto deste estudo, se portou

neste novo contexto.

3.3.3 O CASO BRASILEIRO E A COMPANHIA SIDERÚRGICA NACIONAL3.3.3 O CASO BRASILEIRO E A COMPANHIA SIDERÚRGICA NACIONAL3.3.3 O CASO BRASILEIRO E A COMPANHIA SIDERÚRGICA NACIONAL3.3.3 O CASO BRASILEIRO E A COMPANHIA SIDERÚRGICA NACIONAL

A Companhia Siderúrgica Nacional – CSN – foi criada em 9 de abril de 1941, por decreto do então

presidente Getúlio Vargas, e iniciou suas atividades em 1946. Como primeira produtora de aço do país, a CSN pode ser

considerada um marco no processo brasileiro de industrialização.

Ela é hoje a maior usina integrada a coque (o coque, feito a partir de carvão mineral, serve como combustível

dos alto-fornos e redutor do minério de ferro) da América Latina. Integrada porque realiza todas as atividades-meio necessárias

para produzir o aço. A integração do processo siderúrgico, segundo o Relatório Anual de 1999 da empresa, é uma das grandes

vantagens comparativas que a CSN possui, pois o fato de dispor de uma logística verticalizada permite a empresa elevar a

eficiência e reduzir custos.

O gráfico que se segue informa a composição acionária da empresa em 31/12/1999:

Page 60: CONTROLE GERENCIAL EM EMPRESAS BRASILEIRAS: O ESTUDO … · No caso da CSN, não se pode deixar de ver que as ... o estudo do caso da CSN pós ... Figura 3.5 Gráfico ilustrativo

45454545

Figura 3.3Figura 3.3Figura 3.3Figura 3.3 Gráfico com os principais acionistas da CSN em 2000:

Fonte: www.csn.com.br em jan/2001

( I )( I )( I )( I ) O QUE MUDOU PARA MELHOR O QUE MUDOU PARA MELHOR O QUE MUDOU PARA MELHOR O QUE MUDOU PARA MELHOR

Sob controle estatal desde a sua fundação, a CSN foi privatizada em abril de 1993 e passou por um profundo

processo de reestruturação. O relatório das atividades do Programa Nacional de Desestatização - PND - de 1995 traz um

estudo sobre os resultados da privatização das oito empresas que compõem o setor siderúrgico nacional até aquela data. Segundo o

relatório, a venda dessas estatais trouxe para o governo U$ 5,6 bilhões e transferiu para o setor privado um déficit acumulado em

U$ 2,6 bilhões. O estudo chegou às seguintes conclusões:

(a) (a) (a) (a) O dinamismo dos novos acionistas, sua maior liberdade de ação e capacidade de investimento ajudou essas empresas a

tornarem-se mais competitivas e mais preparadas para assumir um importante papel no desenvolvimento econômico e social

do país;

(b) (b) (b) (b) Em 1 ano, as empresas que apresentavam prejuízos reverteram o quadro, passando a pagar imposto de renda sobre os

lucros e a distribuir dividendos;

(c) (c) (c) (c) Novos investimentos estão previstos, da ordem de U$ 2,5 bilhões até 1997;

(d) (d) (d) (d) As empresas privatizadas se tornaram mais eficientes e alcançaram reduções significativas nos custos, em torno de U$ 460

milhões; ganhos de produtividade; otimização da operação; treinamento da força de trabalho;

(e) (e) (e) (e) As empresas mantêm relações positivas com as comunidades, pois foram gerados novos empregos, equivalentes a cerca de

30% das demissões;

PARTCIPAÇÃO ACIO NÁRIA (31/12/99)

18%

16%

14%11%

10 %

5%4%1%

21%

BRADESPAR

VICUNHA

PREVI

ADRs

DO CEPAR

CSN INVEST

CBS

INTERM ESA

O UTRO S

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46464646

(f) (f) (f) (f) Melhorias nas condições de trabalho e de vida dos trabalhadores, através de participação mais ativa nos objetivos das

empresas, distribuição de dividendos, aumento nos salários e menor número de acidentes de trabalho;

(g) (g) (g) (g) Alocação de fundos para investimentos no meio ambiente, estimados em U$ 280 milhões até 1997;

(h) (h) (h) (h) Fortalecimento do mercado de capitais nacional.

Em outro relatório mais recente, o BNDES (1997) faz um resumo das principais mudanças sofridas pela

siderurgia nacional após sua privatização. Segundo o autor, antes do processo de privatização a indústria siderúrgica nacional

caracterizava-se por:

• Setor altamente endividado;

• Parque industrial relativamente desatualizado;

• Limitações de investimentos;

• Gestão burocratizada e/ou política;

• Limitações comerciais;

• Baixa autonomia de planejamento e estratégia;

• Alto passivo ambiental.

Deste modo, o setor siderúrgico nacional apresentava certa vulnerabilidade, considerando-se, também, que se

iniciava o processo de abertura da economia, assim como a globalização do mercado.

Os efeitos da privatização na siderurgia foram bastante positivos, conforme é listado a seguir (BNDES, 1997):

• Início de nova etapa de desenvolvimento;

• Melhorias de performance nas áreas administrativa, financeira e tecnológica;

• Profissionalização das administrações;

• Reorientação das gestões para obtenção de resultados;

• Fortalecimento das empresas como grupos empresariais (compatíveis com a abertura econômica);

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47474747

• Participação em novos investimentos no exterior e em parcerias com clientes;

• Redução de custos;

• Elevação da produtividade;

• Melhoria dos indicadores de resultados;

• Acesso ao mercado de capitais;

• Desenvolvimentos de processos e produtos para atendimento ao cliente.

É neste cenário de transformações que se enquadra a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), empresa objeto

de estudo deste trabalho.

KAMM (1994) lembra que a CSN sempre foi vista como mais que uma empresa, como um passaporte para a

sociedade industrializada, um símbolo do desenvolvimento do Brasil pós-guerra, uma fortaleza dos trabalhadores. Não surpreende

que a CSN tenha sobrevivido à falta de lucros por dez anos. Em 1990, ano do estudo de FARIA, teve prejuízos de U$ 729

milhões, devia U$ 2.6 bilhões e sete meses de salários atrasados.

Toda a crise vivida nos anos 80 pela empresa, gerou vários conflitos internos. Depois de doze greves em seis

anos e três trabalhadores mortos num confronto com o exército em 1988, tiveram início as primeiras mudanças. Roberto Procópio

de Lima Neto assumiu o desafio de administrar a CSN em 1990. Em 1993 a companhia teve o terceiro ano consecutivo de

lucros, a produção aumentou, as dívidas diminuíram e seus trabalhadores, ao invés de greves, encontravam-se em clubes de

investimento. Para NEUMEIER (1994) a venda de 12% das ações da CSN privatizada para os trabalhadores foi a maneira

encontrada para terminar de maneira definitiva com um histórico de anos de conflitos.

O que aconteceu na CSN faz parte de uma transformação que vem acontecendo no mundo e mais especificamente

na América Latina: as forças armadas deixando o poder e sendo substituídas por governos eleitos democraticamente; empresas

públicas, protecionismo, monopólios, subsídios e controle de preços saindo de cena; e investimentos estrangeiros, competição,

empresas privadas e economia de mercado entrando em cena.

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48484848

A CSN, de capital predominantemente nacional (pouco mais que 80%, segundo Relatório Anual de 1999),

tem ações ordinárias negociadas nas bolsas de valores do Brasil e Nova Iorque, onde se negociam ADRs nível 2. Segundo

reportagem no jornal O DIA (1/12/1994) as siderúrgicas de maneira geral distribuíram U$ 150 milhões de dividendos no

segundo ano após a privatização, valor correspondente a 30% do que havia sido distribuído em 40 anos de estatização. A CSN

sozinha distribuiu em 1999 R$ 243 milhões em dividendos.

A cidade de Volta Redonda, município sede da empresa, vivia em 1994 uma fase de transição entre a condição

de símbolo do nacionalismo estatizado do país e a de sede de uma das duas maiores siderúrgicas privadas brasileiras. Para

SANTOS (1994), a privatização da CSN em abril de 93, apesar de gerar polêmica, já trazia resultados positivos naquele ano.

O primeiro resultado positivo foi o aumento de produção e do faturamento da própria siderúrgica. Em 1993, a

Companhia Siderúrgica Nacional bateu seu recorde histórico de produção de aço líquido, com 4,4 milhões de toneladas. O

faturamento em 1993 foi de US$ 2,2 bilhões, contra US$ 1,8 bilhão em 1992. A lucratividade também aumentou, em 1993

a CSN lucrou U$ 33 milhões. Em 1994 estes números estavam na casa dos U$ 2,6 bilhões de faturamento e U$ 153 milhões

de lucro.

Segundo dados do Sindicato dos Metalúrgicos de Volta Redonda, os salários na Companhia Siderúrgica

Nacional tiveram, ao longo do ano de 1993, ganho real de 33%.

O crescimento das vendas gerou ainda aumento da arrecadação de impostos. A prefeitura da cidade informou que

obteve para 1994 um aumento de 15% no repasse de ICMS pelo Estado. Havia um acordo feito com a prefeitura anterior de

isenção de ISS (Imposto Sobre Serviços) entre 1992 e 94 em troca de obras de infra-estrutura e transferências de terrenos para

a prefeitura.

Para Gileno Mendonça (em entrevista para FOLHA DE SÃO PAULO, 9/1/1994), presidente da Aciap

(Associação Comercial, Industrial e Agropastoril de Volta Redonda, Resende e Barra Mansa), o reflexo da privatização da

CSN foi positivo em todo o comércio, principalmente nas vendas de automóveis e eletrodomésticos. Segundo ele, a privatização da

Companhia Siderúrgica Nacional trouxe também uma mudança de filosofia que está permitindo pela primeira vez o surgimento de

uma indústria de processamento de aço na região. De acordo com dados da Aciap, oito empresas já haviam se instalado ou

estavam se instalando no município e nas vizinhanças naquele ano.

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49494949

BARROS (1995) confirma esta idéia ao dizer que a indústria está permitindo ao Rio de Janeiro um novo

ciclo de crescimento. A CSN anunciou investimentos da ordem de U$ 1,1 bilhões em Volta Redonda, previstos para um período

de 5 anos, a partir de 1995, que foram cumpridos, segundo Relatório Anual de 1999. O plano é criar um polo metalúrgico de

verdade na região. Em 1992, quando ainda era uma estatal, a CSN gastava por mês apenas U$ 40 mil na compra de insumos

produzidos em Volta Redonda ou nas proximidades. Em julho de 1995, as compras de insumos na região já eram de U$ 4,3

milhões. Resultado: em 1995, nove empresas fornecedoras de médio e grande portes instalaram-se no sul do estado, criando-se um

cinturão de fornecedores em torno da siderúrgica.

Outro fato positivo apontado por EDWARD (2000) conseqüência da desestatização da CSN foi a diminuição

do grau de dependência existente entre a empresa e a cidade de Volta Redonda. Para ele nada se compara ao impacto ocorrido

em algumas cidades interioranas que cresceram à sombra das estatais. Nesses lugares, não foram apenas os lucros das empresas

privatizadas que melhoraram. Depois de um baque inicial, houve indiscutível progresso nos indicadores sociais e econômicos. De

maneira geral, a arrecadação cresceu, o setor de serviços se desenvolveu e outras empresas foram abertas nessas cidades, muitas

em contratos de parceria com a antiga estatal.

Era alto o grau de dependência dessa cidades de suas “mães” estatais. Em Volta Redonda, até a verdura

consumida por seus habitantes era trazida de uma fazenda que a CSN tinha no município. As cidades temiam ficar desamparadas

quando da privatização e não foi por acaso que a maioria da população se posicionou contra.

O antigo paternalismo foi substituído por parcerias e as cidades tiveram de aprender a andar com as próprias

pernas. Depois de 52 anos sob o comando do Estado, a CSN foi privatizada em 1993 e a cidade quase parou. Segundo

EDWARD (2000), só recentemente políticos e empresários de Volta Redonda passaram a tomar iniciativas para se adaptar aos

novos tempos. Os resultados já são visíveis. De 1997 a 2000, mais de mil empresas foram atraídas para o município, que se

tornou um pólo regional de prestação de serviços. A arrecadação da prefeitura mais que triplicou. Até o prefeito A. F. Neto, que

era contra a privatização reconhece que a cidade mudou para melhor e que se a CSN não tivesse sido vendida, não teria

acordado. Um dos setores que mais cresceram foi o de serviços médicos. Depois da privatização, a CSN terceirizou seu hospital e

passou a pagar plano de saúde para os funcionários, o que aumentou a demanda por clínicas particulares.

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50505050

A CSN vem exibindo excelente saúde desde que foi privatizada. A empresa deixou para trás os prejuízos e a

ineficiência dos tempos de estatal, possibilitando que enfrentasse o desafio da globalização (FRAGA, 1998). A produtividade

dos altos-fornos, de 2,5 ton/m3, é das mais altas do mundo. Em 1997 a empresa teve um lucro recorde de U$ 450 milhões e

uma rentabilidade de 16% para os investidores.

Até 1993 a CSN empregava cinco vezes mais trabalhadores/tonelada/h que Bethlem Steel, por exemplo. Para

cobrir as perdas por má administração, o governo brasileiro fazia grandes subsídios. A CSN produz hoje 4,8 milhões de toneladas

por ano com 9350 trabalhadores, um aumento na produção, com empregados a menos (dados do relatório anual da CSN de

1999). Sua produtividade agora está mais próxima das siderúrgicas mais produtivas do mundo (680 t/trabalhador/h). A

americana US Steel produz 735 t/trabalhador/h.

Outro ponto positivo apontado por reportagem no jornal O DIA (28/7/1998) é que o governo começa a ficar

com disponibilidade de caixa para aplicar em áreas sociais, uma vez que havia investido R$ 6.098 bilhões na CSN entre 1980-

1992.

Figura 3.4Figura 3.4Figura 3.4Figura 3.4 Gráfico com a evolução da Contribuição Líquida à Sociedade de CSN de 1979 a 1999:

Fonte: Relatório Anual da CSN de 1999

Mais um ponto positivo apontado por alguns foi o aumento significativo dos investimentos em meio ambiente feitos

pela companhia após a sua privatização. CAVALCANTI (2000) escreve que de acordo com o relatório do conselho empresarial

brasileiro para o desenvolvimento sustentável de 1999, um dos bons exemplos na área da siderurgia é a CSN, que até setembro de

1998 gastou aproximadamente R$ 9,61 por tonelada de aço produzido em sistemas de proteção ambiental. O investimento é

CO N TRIBUIÇÃ O LÍQ UID A À SO CIED A D E(tributos menos aportes de capital)

(2.0 0 0 )

(1.50 0 )

(1.0 0 0 )

(50 0 )

-

50 0

1.0 0 0

1979 1984 1989 1994 1999

A no

Valor em R$MM

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51515151

compensado com uma sucessão de ganhos a serem observados posteriormente, como a redução de custos, uma vez que a gestão

ambiental revê todas as perdas da empresa.

Segundo o relatório “Qualidade do Ar em Volta Redonda” divulgado pela FEEMA (Fundação Estadual de

Engenharia e Meio Ambiente) em dezembro de 1999, o nível de benzeno no ar reduziu 70% nos últimos 5 anos - em 1995

eram 71.6 microgramas de benzeno por metro cúbico no ar e em 1999 eram 22.6. A responsável pela redução é a CSN que já

investiu R$ 140 milhões dos R$ 181 milhões previstos até 2002 nesta redução. A empresa continua se empenhando para chegar

o mais próximo possível dos 2.5 microgramas de benzeno por metro cúbico no ar, quantidade considerada ideal pela OMS. A

CSN também contratou os sistemas de despoeiramento do desenfornamento da Coqueria, dos Stockhouses e da sala de corrida do

Alto-Forno 2. Assim, os níveis de concentração dos demais compostos orgânicos, dióxido de enxofre e outras partículas também se

reduziu. Segundo o sindicato dos metalúrgicos de Volta Redonda, em 1999 não houve nenhum caso de infestação de metalúrgicos

por benzeno, número que em 1995 ultrapassava 100 casos.

A própria CTE, central de co-geração termelétrica inaugurada em 1999, utiliza gases para a produção de

energia elétrica, que antes eram queimados no ambiente (mais detalhes à página 175).

( II )( II )( II )( II ) O QUE MUDOU PARA PIOR O QUE MUDOU PARA PIOR O QUE MUDOU PARA PIOR O QUE MUDOU PARA PIOR

No entanto, a CSN não é nenhum caso de gestão exemplar. Segundo GOULART (1995), na maioria das

vezes as decisões são lentas e sua diretoria tem dificuldade de trabalhar em conjunto. Privatizada em abril de 93, a empresa teve

seu capital pulverizado entre vários sócios. Em certo momento a empresa adotou um estilo de gestão compartilhada, em que cada

diretoria pertencia a um dos sócios. A convivência tornou-se difícil

A empresa era controlada por grupos heterogêneos. O banco Bamerindus, a Companhia Vale do Rio Doce, o

grupo industrial Vicunha, a Emesa distribuidora de aço e seus empregados juntos eram donos de 39% do capital votante. Todos

eles indicavam o diretor desta ou daquela área, o que transformou a empresa num campo fértil para o surgimento de feudos. Dois

anos depois, o Bamerindus vendeu sua parcela de 9% para o Vicunha, dono também de 9%. Foi o fim de um período de conflitos

entre os dois.

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52525252

Para GOULART (1995) este modelo de gestão tem atrapalhado a tomada de decisão na CSN e parece afetar

diretamente os resultados da empresa. Outras empresas do setor, como a Acesita e a Usiminas, têm composição acionária

heterogênea, porém uma administração uníssona. A autonomia dos administradores é fundamental, no entanto a presença dos

acionistas no dia-a-dia da CSN dificulta sua ação.

Muitos outros são os problemas apontados no processo de privatização da CSN. THOMAZ (1998) não

acredita ser a privatização responsável pela melhoria do desempenho operacional da empresa. Em 92, antes de ser privatizada,

obteve lucro líquido aproximado de U$200 milhões graças a uma série de medidas do corpo gerencial e à nova política de preços

do governo. Ele não duvida da saúde financeira da empresa, porém acredita que os benefícios por ela gerados devem estender-se

aos trabalhadores e à região. Para ele o aspecto social vem sendo esquecido.

Desde a sua privatização, demitiu mais de 20.000 funcionários em nome da competitividade. THOMAZ

(1998) questiona porque continuar com as demissões, já que a mão-de-obra na siderurgia brasileira é das mais baratas do

mundo. A produtividade operacional média da empresa, medida em termos de toneladas/empregado/hora é das maiores do mundo.

Em 1999 este número foi de 683 t/H/h. Para o autor a economia gerada é pequena comparada ao caos social provocado pelo

crescimento do desemprego em Volta Redonda.

CALHEIROS (1998) não tem meias palavras para definir os efeitos da desestatização da CSN. “Dilapidaram

o patrimônio público e pouco a pouco estão substituindo o homem pela máquina”. Em 97 a empresa dispensou 1.700 funcionários.

No início das suas operações a empresa empregava 30.000 trabalhadores. Em 89 esse número caiu para 23.000. Com a

privatização, a quantidade de operários, que baixara para 15.000, veio bater em 10.000 empregos diretos. Também para a

empresa a demissão em massa pode trazer más conseqüências, pois muitas vezes são demitidos bons funcionários e há uma queda

inicial na qualidade dos serviços, com custos para sua recuperação.

Outros problemas gerados pelo crescimento de desemprego em Volta Redonda são (THOMAZ, 1998): ambiente

de trabalho inseguro, salários mais baixos, falta de oportunidade, violência, fechamento de empresas na região, inadimplência no

comércio. FRAGA (1998) complementa ao afirmar que “a CSN é uma empresa de sucesso cercada por uma comunidade em

crise. Segundo ele, 78% dos moradores da cidade concordam que houve piora depois da privatização.

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53535353

Outro fato encarado por alguns como sendo uma conseqüência negativa da privatização do setor siderúrgico

nacional é o problema das participações cruzadas. A Previ tem participação em todas as siderúrgicas brasileiras. A CSN tem

31% do bloco de controle da Valepar, que detém 27% do capital total da CVRD. O Grupo Vicunha, dono de 16% da CSN,

acaba tendo participação indireta na CVRD, que por sua vez tem participações em todas as siderúrgicas que produzem aços

planos, inclusive a Cosipa, que é controlada pela Usiminas. Ou seja, as participações cruzadas causam certo entrave na

competitividade do setor.

SCOFIELD (1998) afirma que seria necessária uma redefinição do setor siderúrgico nacional. Para ele, este é

um setor difícil de se saber como funciona, pois todo mundo é sócio de todo mundo e os concorrentes não se encontram bem

definidos.

Para VERDINE (2000), no caso da CSN, os projetos existentes de duplicação de sua capacidade de produção

não avançam porque alguns de seus controladores também controlam a CVRD, que por sua vez tem participação em sete

siderúrgicas.

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54545454

Figura 3.5Figura 3.5Figura 3.5Figura 3.5 Gráfico ilustrativo das participações cruzadas entre a CSN e a CVRD:

∗ :

Fonte: Jornal O Globo; Economia; p.37, 21/05/2000

Fonte: Jornal do Brasil; Economia; p.17 23/11/1999

Figura 3.6Figura 3.6Figura 3.6Figura 3.6 Gráfico com as maiores empresas siderúrgica nacionais em 1999:

Fonte: Jornal do Brasil; Economia; p.17 23/11/1999

∗ Consórcio que controla 42% da Vale

M AIO RES EM PRESA SIDERÚRG ICAS BRASILEIRAS EM 1999

CSN17%

Açominas9%

CST14%

Villares3%

G erdau11%

Acesita2%

M annesman2%

Demais2%

UsiminasCosipa31%

Belgo M ineiraM endes Jr.

9%

PARTICIPAÇÕ ES CRUZADAS

CSN CSN ValeValeEM % DAS AÇÕ ES CO M DIREITO AVO TO

EM % DO CAPITAL DA VALEPAR ∗

Vale

Bradesco

Vicunha

O utros

Previ

CSN

BNDESPar InvestVale

Nations Bank

Bradesco/O pportunity

Litel/Previ

10 .3 %

17.9%

16.3%

41.7%

13.8%

31.2%

11%

21%

24.7%

11%

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55555555

( III )( III )( III )( III ) FATOS RECENTES SOBRE A CSN E A SIDERURGIA NACIONAL FATOS RECENTES SOBRE A CSN E A SIDERURGIA NACIONAL FATOS RECENTES SOBRE A CSN E A SIDERURGIA NACIONAL FATOS RECENTES SOBRE A CSN E A SIDERURGIA NACIONAL

JARDIM (1996) acredita que apesar da melhora significativa que aconteceu no setor, ainda são muitos os

problemas enfrentados pela indústria siderúrgica nacional. A maioria graças a ineficiente infra-estrutura de energia e transporte

do Brasil. Sendo assim a Companhia Siderúrgica Nacional vem investindo em infra-estrutura, comprando concessões de ferrovias,

portos e companhias geradoras de energia elétrica. O fato de poder dispor de uma logística verticalizada permitiu a CSN elevar a

eficiência e reduzir custos. A companhia possui centros de serviço e distribuição, minas próprias e participação acionária nas

ferrovias e portos pelos quais transporta o minério de ferro, carvão e outros insumos e também escoa os produtos finais. Segundo

relatório da própria empresa, todas as rotinas do processo produtivo são sincronizadas.

Em 1997 a empresa arrendou o terminal de carvão do porto de Sepetiba no Rio de Janeiro, com capacidade

para 8,5 milhões de toneladas. Em 1998, em consórcio formado com a Companhia Vale do Rio Doce, arrematou o terminal de

containers do mesmo porto, que iniciou suas operações em 1999 com equipamentos de última geração.

A empresa detém 32% do capital social da MRS Logística S.A, que opera a antiga malha ferroviária do

Sudeste. A MRS, que integra a logística de abastecimento dos principais insumos à de distribuição de produtos da Usina

Presidente Vargas, vem recebendo investimentos para modernização e aumento de capacidade operacional. A CSN também

participa da Ferrovia Centro Atlântica S.A, cuja malha ferroviária liga sua mina de fundentes em Arcos (M.G.) a Volta

Redonda e a Usina ao porto de Angra dos Reis, por onde também é exportada parte de sua produção.

Dentro do projeto de integração vertical da CSN, em dezembro de 1999 foi inaugurada a Central de Co-

geração Termoelétrica (CTE2). A central tem capacidade para gerar 230 megawatts de energia e suprir 60% da demanda da

Usina. Para MORAGAS (1999) este foi um importante passo da empresa em direção a auto-suficiência em energia elétrica.

A CSN também participa em dois outros projetos de geração de energia elétrica. A usina hidrelétrica de

Igarapava, na divisa de Minas e São Paulo, foi inaugurada em janeiro de 1999 e fornece 21,7 megawatts para as mineirações

de Arcos e Casa das Pedras. A usina hidrelétrica de Itá, no rio Uruguai, até meados de 2001 dará a CSN direito de usar 169

megawatts de energia.

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Para administrar tamanha complexidade de operações e interesses, a companhia encontra-se atualmente dividida

em três diretorias: CSN Aço, CSN Energia & Infra-estrutura e CSN Corporativa. Acima está a presidência, que define a

gestão financeira das três divisões e os respectivos planos estratégicos. (Ver organograma da empresa na página 180)

Uma característica do setor siderúrgico nacional é que ele exporta uma parcela significativa de sua produção.

Segundo FERRARI (1999) em 1999 as exportações corresponderam a 45% do volume de vendas em toneladas, porém a 25%

da receita bruta em R$. O BNDES (1997) explica em documento que isso se dá porque o Brasil exporta principalmente produtos

de baixo valor agregado. Para FERRARI (2000) isso vem se agravando com o protecionismo de diversos países, que se fecham

cada vez mais para a importação de produtos com maior valor agregado. Segundo ele, os produtos laminados acabados

corresponderam em 1999 a 34% do total das exportações de aço, contra 57% em 1993.

No mercado interno, porém, o comportamento foi o contrário. Os negócios em volume mantiveram-se estagnados

em 13,5 milhões de toneladas. Mas cresceram as vendas principalmente para a indústria automobilística de produtos com alto

valor agregado como chapas galvanizadas, aços especiais e chapas inoxidáveis. O faturamento do setor cresceu 25% de 1998 a

1999, chegando a R$14,8 bilhões. Já as receitas de exportação, apesar de terem crescido 11% em volume, caíram 14%,

atingindo U$2,4 bilhões.

As siderúrgicas brasileiras privatizadas enfrentam novo desafio depois de modernizar as usinas. A ordem agora é

o enobrecimento das linhas de produtos para atender a clientes cada vez mais exigentes.

Segundo CAPORAL (2000) a indústria automobilística está substituindo aços pesados e corrosivos por outros

mais leves e galvanizados nas carrocerias dos automóveis. Na construção civil também aparecem novidades em aço. Cresce o uso e

a diversidade de perfis, telhas e estruturas. Outro mercado crescente é o de dormentes metálicos para ferrovias, que são mais leves

e mais duráveis que os de madeira.

A CSN, Usiminas, Açominas e Belgo-Mineira investem pesados para aumentar a produção desses produtos e

diversificar seu mix. Para JORGE (2000) está começando uma nova disputa entre as grandes siderúrgicas brasileiras de aços

planos: o mercado de aço galvanizadoaço galvanizadoaço galvanizadoaço galvanizado, o produto siderúrgico de maior valor agregado consumido pelas indústrias automobilísticas,

de eletrodomésticos de linha branca e construção civil. Munidas de tecnologia de última geração, CSN e Usiminas estão prontas

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para o conflito. A Usiminas, dona de 57% do mercado de aço consumido pela indústria automobilística nacional, inaugurou em

10/11/2000 sua nova planta de galvanizados por imersão a quente - Unigal, com capacidade para 400 mil toneladas/ano com

tecnologia da Nippon Steel japonesa.

No dia 15/12/2000, a CSN acionou sua planta para 350 mil toneladas/ano – Galvasud, uma joint-venture

com a alemã Thyssen Krupp Stahl - utilizando o mesmo processo de produção de galvanizados. A francesa Usinor, pretende

inaugurar em 2003 sua galvanização, a Veja Sul em Santa Catarina, com capacidade para 850 mil toneladas/ano, tornando-

se a terceira concorrente a entrar neste mercado.

Nos anos de 2001 e 2002, Usiminas e CSN terão que conviver com uma realidade que não estava em seus

planos: a redução das metas das indústrias automobilísticas, que com as crises da Ásia e Rússia e a crise cambial brasileira de

1999, adiaram para 2005 o ritmo anual de 2,5 milhões de automóveis previstos para 2000.

O aumento do consumo do aço galvanizado está relacionado com a melhora dos padrões de qualidade da

indústria automobilística nacional. O índice de utilização de chapas anti-corrosão serve como indicador do avanço tecnológico do

produto. Na Europa e Estados Unidos os carros já são fabricados com chapas 100% galvanizadas.

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Tabela 3.2Tabela 3.2Tabela 3.2Tabela 3.2 com a evolução do consumo doméstico aparente de laminados planos no Brasil de 1997 até 2005:

Laminados PlanosLaminados PlanosLaminados PlanosLaminados Planos∗∗∗∗

Consumo doméstico aparente(em mil toneladas)

1997199719971997 2002200220022002 2005200520052005

Flandres 750 840 925

Galvanizados 1030 1720 2548

Laminados a frio 2600 2130 2097

Laminados a quente 3000 3600 4185

TotalTotalTotalTotal 7380738073807380 8290829082908290 9755975597559755

Fonte: Gazeta Mercantil, Empresas & Carreiras, p. C-1, 10/04/2000

Outro sinal desta tendência é a construção da CISA, uma empresa da CSN voltada para a produção de aços

revestidos para a indústria da construção civil e de utilidades domésticas. Está previsto para 2002 o início das suas operações,

com capacidade de produção estimada de 330 mil toneladas de aços galvanizados, galvalume e pré-pintados.

Procurou-se neste capítulo 3.3.3 fazer um relato histórico dos principais acontecimentos que envolveram o setor

siderúrgico nacional e a CSN desde a sua privatização em 1993 até 2000. Espera-se, assim, fornecer dados para a discussão

do controle de gestão na empresa objeto deste estudo dentro de uma abordagem contextual e organizacional.

∗ Exclui chapas grossas, inclui bobinas grossas

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3.4 O CONTROLE GERENCIAL NA CSN ANTES DA PRIVATIZAÇÃO3.4 O CONTROLE GERENCIAL NA CSN ANTES DA PRIVATIZAÇÃO3.4 O CONTROLE GERENCIAL NA CSN ANTES DA PRIVATIZAÇÃO3.4 O CONTROLE GERENCIAL NA CSN ANTES DA PRIVATIZAÇÃO

A Companhia Siderúrgica Nacional, estudada por FARIA em 1990 fazia parte de um oligopólio que pertencia

a SIDERBRÁS, juntamente com a COSIPA, USIMINAS, CST e AÇOMINAS. 99% da empresa era de propriedade do

Estado, com patrimônio líquido de U$ 2539 milhões.

Era a única produtora de aços revestidos – folhas flandres (sexto produtor mundial) e chapas galvanizadas – e

de trilhos e perfis pesados do país. Não existia competição por preço entre as empresas do oligopólio do aço, pois cada empresa

fabricava produtos diferenciados, não concorrentes entre si. Os preços eram estabelecidos pelo governo.

A CSN tinha capacidade nominal de produção de 4,6 milhões de toneladas de aço líquido e empregava 24 463

funcionários, que representavam uma folha mensal de pagamento de U$ 44,3 milhões (inclusive encargos). Em 1989 teve receita

bruta de U$ 2198 milhões, dos quais 15% para o mercado externo e 85% para o interno. O balanço de 1989 apontava

resultado negativo de U$ 416 milhões e prejuízos acumulados da ordem de U$ 2 876 milhões. As dívidas provenientes dos

pesados investimentos tecnológicos dos últimos anos somavam U$ 2 419 milhões.

Em dezembro de 1989 a CSN estudada por FARIA (1990) passava por um processo de racionalização

administrativa e organizacional. Pressões externas tiraram sua autonomia administrativa e empresarial por dois motivos: (1)

risco de radicalização das relações trabalhistas, que já eram muito tensas no momento; (2) fragilidade financeira, com risco de

fechamento.

Apesar da capacidade instalada para produzir 4,6 milhões de toneladas de aço líquido, em 1989 só produziu

3,6 milhões de toneladas. Os motivos principais desta queda na produção foram uma séria greve de funcionários e um acidente no

alto-forno principal.

Em 1989, havia uma forte dependência da cidade de Volta Redonda com relação à companhia, pois 82% do

orçamento da cidade de 300.000 habitantes, vinham da siderúrgica.

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O Decreto Federal 84.128 de 29 de outubro de 1979 criou a Secretaria de Controle das Empresas Estatais

(SEST), que tinha por objetivo adequar os gastos realizados por estas empresas à programação governamental, reduzindo assim o

grau de autonomia conferido a elas até então. (GOMES, 1983)

Este ato veio confirmar a preocupação do governo federal no sentido de coordenar as atividades empresariais do

Estado. Implantou-se, assim, um rígido controle dos gastos dessas empresas, visando assegurar o alinhamento de suas operações

aos objetivos da política de estabilização macroeconômica do governo João Baptista Figueiredo.

O decreto 84.128 deu à SEST amplos poderes, tais como: (a) coordenar as atividades das empresas estatais;

(b) propor limites máximos aos gastos dessas empresas; (c) emitir parecer sobre o reconhecimento de prioridade de seus projetos e

programas; (d) auxiliar na fixação ou reajustes de preços e tarifas de bens e serviços dessas estatais; (e) fixar limites globais para

a importação de bens e serviços e para a compra de combustíveis; (f) emitir parecer sobre propostas de criação de empresas

estatais ou desestatização destas. (FARIA, 1990)

Ao longo dos anos a SEST acabou levando as empresas estatais a afastar-se de suas tarefas de desenvolvimento

empresarial e a assumir o papel de instrumentos de política macroeconômica. Como explica MALTA: (apud FARIA, 1990: 19)

“ Praticava-se tarifas irreais para reduzir a inflação e viabilizar o aumento das exportações;

tomava-se empréstimos no mercado financeiro internacional para financiar o déficit do balanço

de pagamentos; reduzia-se brutalmente o financiamento de investimentos para combater o déficit

público”.

Segundo FARIA, o controle e fiscalização exercidos sobre as empresas estatais não eram atribuições exclusivas

da SEST. O dirigentes das estatais eram legalmente obrigados a subordinar a gerência de suas empresas a um grande número de

controles externos, que dificultavam a gestão de seus negócios. Alguns outros órgãos com poder controlador eram: Secretaria do

Tesouro Nacional (STN), Banco Central do Brasil (BCN), Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Comissão de Fiscalização

e Controle do Senado Federal e da Câmara dos Deputados, Terminal de Contas da União (TCU), Banco Internacional de

Desenvolvimento (BID), entre outros.

Estes controles impostos e exercidos de fora para dentro da organização certamente impactaram o desenho do

sistema de controle gerencial da CSN, enquanto empresa estatal.

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3.4.1 3.4.1 3.4.1 3.4.1 OBJETIVOS ORGANIZACIONAISOBJETIVOS ORGANIZACIONAISOBJETIVOS ORGANIZACIONAISOBJETIVOS ORGANIZACIONAIS

A primeira variável componente do sistema de controle gerencial estudada por FARIA e aqui revisada foram os

Objetivos Organizacionais. A missão básica da CSN em 1990 era de “(...) explorar a indústria siderúrgica, a mineração e

correlatas, fabricando, transformando e comercializando produtos siderúrgicos e matérias primas. Fica implícito nesta missão o

objetivo de produzir aço da melhor qualidade ao menor custo possível de maneira a se manter competitiva internacionalmente”.

(FARIA, 1990:106)

Até 1984 a empresa era guiada pelo chamado Plano de Expansão, que elevou a capacidade nominal de

produção de aço líquido de 2,5 para 4,6 milhões de toneladas por ano. Entretanto, a segunda crise de preços do petróleo de

1979, não permitiu que a demanda por produtos siderúrgicos atingisse os níveis previstos pelo plano. Foi aí a origem das

dificuldades enfrentadas pela CSN na década de 80: contração de dívidas a altas taxas de juros para implementação do plano,

que levaram a empresa à insolvência diante do mercado internacional; redução da disponibilidade de recursos governamentais

previstos; atrasos nos prazos iniciais para plano, aumentando ainda mais seu custo financeiro.

Do fim do Plano de Expansão em 1984 até 1988 o planejamento de longo prazo deixou de existir na empresa,

pois todas as preocupações dos dirigentes da CSN eram voltadas para a administração da crise financeira no curto prazo.

Somente a partir de 1988 foram elaborados pelas empresas do grupo Siderbrás programas de planejamento, cujos objetivos

principais eram: manter o acionista controlador informado das pretensões da empresa; busca do desenvolvimento coordenado do

sistema estatal do aço; atender às exigências de controle da SEST.

O Planejamento Empresarial, implantado em 1990, foi o primeiro documento formal, através do qual os

objetivos da empresa eram comunicados às diversas áreas gerenciais. Todas as áreas funcionais com responsabilidades de

planejamento participavam à época do processo de estabelecimento dos objetivos organizacionais. As unidades de planejamento da

produção, planejamento de mercado, planejamento financeiro e estudos econômicos, engenharia, contabilidade e custos formavam

informalmente um Comitê de Planejamento, que reunia-se periodicamente para elaborar e acompanhar o Planejamento

Empresarial.

No Planejamento Empresarial estavam descritos as estratégias da CSN: “ A busca da maximização da geração

operacional de recursos e a manutenção de preços de venda que impeçam a sua defasagem em relação aos custos de produção”

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(FARIA, 1990:110). Somavam-se, ainda, a esses objetivos outros dois: promover o saneamento financeiro da empresa e criar

condições para sua privatização. Entretanto o Planejamento não era percebido internamente como um meio adequado de

comunicação de metas, sendo pouco disseminado nos níveis hierárquicos mais baixos.

Os programas elaborados pelo governo é que determinavam a política de longo prazo da empresa. Eles

determinavam a política salarial e de preços, o nível de capitalização de investimentos e empréstimos, não permitindo a CSN

utilizar tais variáveis como referencial para fixação, revisão e controle de seus próprios objetivos e metas. Era clara a falta de

comunicação entre a empresa, o acionista controlador e o governo.

FARIA não observou qualquer mecanismo formal que estabelecesse a integração do planejamento estratégico com

o orçamento. Ao contrário do esperado, o processo de definição dos objetivos não guardava coerência com o planejamento

estratégico integrado e não era responsável pela geração de metas de curto prazo. As constantes intervenções externas eram

apontadas como diificultadoras desse processo, à medida que o órgão diretivo da empresa ficava privado de sua autonomia

administrativa e empresarial, tornando-se um mero fiscal do cumprimento de metas fixadas por outros.

Na empresa analisada por FARIA havia ocorrido mudanças profundas em seus objetivos nos últimos anos em

função da crise financeira que a atingiu, entretanto não havia um processo formal de revisão dos objetivos como tentativa de

adaptação às mudanças ambientais.

O processo de avaliação era feito através de um relatório de controle, que avaliava o cumprimento das metas de

curto prazo. Os objetivos, por outro lado, eram avaliados de maneira informal na reuniões mensais do Comitê de Planejamento.

Naquele momento a empresa desenvolvia um processo de planejamento orientado mais para a sua sobrevivência a

curto prazo do que para políticas e estratégias de crescimento e desenvolvimento de longo prazo, o que era compreensível frente a

sua situação financeira. Mesmo assim, os resultados da pesquisa mostraram que a CSN carecia de bons planos de curto prazo

alinhados com esta preocupação.

3.4.23.4.23.4.23.4.2 CONTABILIDADE GERENCIAL CONTABILIDADE GERENCIAL CONTABILIDADE GERENCIAL CONTABILIDADE GERENCIAL

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A Contabilidade Gerencial foi a segunda variável analisada por FARIA no sistema de controle gerencial da

CSN. O autor subdividiu esta variável em Sistema Contábil e Contabilidade por Responsabilidade, conforme suas observações.

Desde 1980 a CSN vinha usando um sistema contábil conhecido por Razão Geral. Este sistema era uma

tentativa de integração, em nível de plano de contas, com o sistema de custo-padrão e com o orçamento da empresa. Esta

integração, entretanto, era apenas parcial, pois os diversos sistemas, apesar de usarem a mesma terminologia, funcionavam de

maneira independente.

O sistema já era considerado obsoleto em 1990, pois necessitava sofrer adaptações constantes quando do

fechamento do balanço anual ou mesmo quando ocorriam mudanças na conjuntura.

O fechamento dos balancetes mensais seguia um calendário e deveria ocorrer até o quinto dia útil de cada mês.

Cada área fora da contabilidade com responsabilidade de fornecer as informações contábeis tinha seu próprio prazo para alimentar

o sistema contábil, que funcionava, assim, de maneira descentralizada.

O computador central processava as demonstrações financeiras, além de gerar vários relatórios gerenciais,

divulgados internamente até quatro dias após o encerramento do balancete. A ênfase desses relatórios era o registro de dados

históricos e a divulgação de dados externos típicos de contabilidade financeira. Dentre esses relatórios pode-se citar a Evolução da

Dívida, Demonstração de Vendas e Custos, Indexação da Estrutura Patrimonial e Demonstrativo Padronizado Siderbrás. O

Relatório Cinco Empresas, que apresentava dados de organizações similares para efeito de comparação, era dos poucos

direcionados para aspectos gerenciais de planejamento e controle. O Sistema Contábil era fortemente influenciado, então, pela

necessidade de fornecer informações aos usuários externos. Desta maneira, os relatórios internos foram desenhados de maneira a

facilitar a satisfação de tal necessidade.

A contabilidade da CSN estava estruturada em centros de custo de produção e centros de custo administrativos,

que usavam como referência de desempenho o orçamento anual e o sistema de custo padrão, respectivamente. Os objetivos

principais dessa estrutura por responsabilidade eram identificar a contribuição de cada centro para o resultado global da empresa

e avaliar o cumprimento das metas traçadas pela administração.

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O órgão de recursos humanos, sob consulta das áreas envolvidas, preparava as fichas de descrição ocupacional,

que definiam as responsabilidades de cada centro.

O produto final da contabilidade por responsabilidade era o Boletim de Custos, que subsidiava as reuniões

mensais de análise de custos, onde era analisado o desempenho de cada centro.

Um executivo da gerência intermediária era responsável pela fixação dos preços de transferência de produtos e

serviços entre os diversos centros de produção. Já nas transferências envolvendo os centros administrativos não havia base de

alocação de custos.

Estes preços eram revistos semestralmente, com a colaboração dos responsáveis pelos centros de custo, da área de

custos, da engenharia industrial e da área de abastecimento.

A não ser no caso da produção interna não ter capacidade para atender a um pedido, os centros de

responsabilidade não estavam autorizados a obter suprimentos externamente, mesmo que por preços menores. Da mesma forma, os

bens e serviços intermediários produzidos internamente só podiam ser vendidos para fora da empresa depois de terem atendido as

necessidades internas.

A inexistência de centros de lucros não permitia que a política de preços de transferência fosse usada como fator

inibidor da idéia de que os bens produzidos internamente são gratuitos.

FARIA conclui dizendo que o sistema vigente à época na CSN apresentava mais “características de um sistema

de contabilidade financeira do que atributos requeridos por um sistema de contabilidade gerencial, pois não era estruturado para

fornecer a medida dos efeitos financeiros das atividades dos gerentes”.

3.4.33.4.33.4.33.4.3 PROCESSO ORÇAMENTÁRIO PROCESSO ORÇAMENTÁRIO PROCESSO ORÇAMENTÁRIO PROCESSO ORÇAMENTÁRIO

Originalmente o sistema orçamentário da CSN foi projetado para forçar a administração a um pensamento de

longo prazo, introduzindo o hábito em vários níveis de ponderação de todos os fatores importantes antes da tomada de decisão. O

Processo Orçamentário foi a terceira variável estudada por FARIA (1990) e que será aqui abordada.

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Esta filosofia, no entanto, quase sempre não foi observada na prática, principalmente nos anos de crise, onde

prevaleceram as restrições orçamentárias impostas pelo governo. O propósito do sistema àquela época era, portanto, o de mero

controlador financeiro, atendendo aos requerimentos de órgãos externos governamentais.

A partir de abril de 1990, quando foi criado o cargo de Diretor de Planejamento e Controle, o controle deixou

de ser uma função da Direção Financeira da empresa, que até então era responsável por esta e outras diversas outras atividades

administrativas.

O sistema pode ser considerado descentralizado, existindo áreas por toda a empresa com atribuições voltadas

para o planejamento. A empresa não possuía um comitê orçamentário estruturado formalmente com a responsabilidade de

supervisão do orçamento. Eram as já mencionadas reuniões de análise e controle de custos que assumiam parcialmente este papel.

O último trimestre de cada ano era reservado à elaboração da proposta orçamentária, que procurava atender o

programa de dispêndios da SEST. Os centros de responsabilidade operacionais participavam ativamente do orçamento, fornecendo

à área orçamentária os dados e estimativas detalhadas de cada unidade. A Gerência Geral de Planejamento de Produção era

responsável pela elaboração de um plano de produção.

Apesar do orçamento sofrer revisões quando necessário, não foi observada por FARIA uma periodicidade formal

para a execução desses ajustes no caso de mudanças relevantes no ambiente externo.

Era a alta direção a responsável pela aprovação do orçamento após ter participado de seu planejamento. E sua

participação e envolvimento terminava aí. Ao contrário do que se esperava, a aprovação final pela SEST era apenas formalidade.

Ficava, portanto, a cargo da alta direção a responsabilidade pelos cortes orçamentários. A avaliação da execução orçamentária

era feita através de um relatório de controle mensal, preparado a partir de informações de cada unidade operacional, e dependia

da emissão do balancete mensal.

O controle orçamentário interno era desenvolvido por meio de quatro instrumentos básicos: (a) Sistema de Custo-

Padrão, que procurava verificar o desempenho por área de responsabilidade; (b) Relatório de Desempenho Orçamentário da

Administração, referente ao controle dos custos administrativos; (c) Relatório de Controle de Investimentos, que acompanhava os

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gastos e os planos de investimento da empresa; (d) Relatório de Controle, documento interno de controle global e acompanhamento

do orçamento anual. Este último relatório havia sido implantado recentemente e centralizava as informações de desempenho

orçamentário em um único documento.

O conjunto de documentos que compunham o sistema orçamentário da CSN podia ser subdividido em orçamentos

operacionais e de investimentos e relacionava-se com o Planejamento de Longo Prazo (PLP) à medida que eram feitos

paralelamente, embora como atividades separadas.

Os entrevistados por FARIA acreditavam ser o sentimento de trabalho em grupo, proporcionado pelo processo

orçamentário participativo, o principal responsável pelo comprometimento das pessoas com o orçamento, uma vez que as restrições

orçamentárias impostas pela crise e o excesso de intervenção externa afetavam a motivação para cumprimento das metas e

objetivos.

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3.4.4 MEDIDAS DE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO3.4.4 MEDIDAS DE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO3.4.4 MEDIDAS DE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO3.4.4 MEDIDAS DE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO

FARIA estudou ainda uma quarta variável no sistema de controle gerencial da CSN: Medidas de Avaliação e

Desempenho. E foram as seguintes as principais observações feitas por ele:

O sistema de avaliação de desempenho dos centros de responsabilidade visava controlar o cumprimento das metas

e objetivos financeiros estipulados e corrigir os possíveis desvios. O orçamento era usado como referência para medida da

performance dos centros de custo administrativos, enquanto o sistema de custo-padrão era a referência dos centros de custo de

produção. Os padrões para as unidades operacionais eram estabelecidos a partir de reuniões técnicas e com base em desempenhos

passados.

Eram elaborados mensalmente relatórios de desempenho, que eram analisados pelos chefes das unidades em

reuniões que aconteciam somente trinta dias após terem sido fechados. Só então as ações corretivas eram tomadas. Não eram

consideradas variáveis não monetárias na análise.

O modelo de avaliação de desempenho, apesar de estruturado em centros de responsabilidade, verificava o

desempenho da empresa como um todo, exceto para os centros de custo de produção. No entanto, estes centros eram avaliados

apenas no que tangia a metas de redução de custo. Não existiam, também, programas de incentivos ou punições ligados ao

desempenho dos centros de responsabilidade.

Outro problema detectado por FARIA é que as promoções e recompensas individuais, realizadas anualmente pelo

órgão de recursos humanos, se baseavam no tempo de serviço e em critérios subjetivos, ao invés de se calcarem no bom ou mal

desempenho dos funcionários.

Apesar dos muitos problemas apontados por FARIA, dois pontos positivos merecem destaque: (a) a existência

de um sistema de rodízio entre os gerentes a cada cinco anos; (b) a existência de um amplo plano de treinamento e

desenvolvimento interno e externo dos recursos humanos da empresa.

3.5 CONTROLE GERENCIAL3.5 CONTROLE GERENCIAL3.5 CONTROLE GERENCIAL3.5 CONTROLE GERENCIAL

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3.5.1 ABORDAGEM TRADICIONAL3.5.1 ABORDAGEM TRADICIONAL3.5.1 ABORDAGEM TRADICIONAL3.5.1 ABORDAGEM TRADICIONAL

O controle, seja formal ou informal, é fundamental para assegurar que as atividades de uma empresa se realizem

da forma desejada pelos membros da organização e contribuam para a manutenção e melhoria da posição competitiva em

consonância com as necessidades dos clientes. Para alcançar esses objetivos a administração se assegura de obter informações e

influenciar o comportamento das pessoas para atuar sobre as variáveis internas e externas de que depende o funcionamento da

organização. (GOMES & SALAS, 1999)

A palavra controle em si pode ser considerada como uma das mais polêmicas de todos os tempos, pois dá margem

a várias interpretações. Segundo MACINTOSH (apud SILVA, 1998: 9) metade do mundo pensa em controle como coerção e

opressão, protestando pela sua diminuição. A outra metade acha que a sociedade está completamente fora de controle e que

deveria esforçar-se para aumentá-lo.

Dentro deste contexto está situado o controle de gestão, que se refere a um dos diversos tipos de controle. O

conceito de controle de gestão vem sofrendo modificações ao longo dos anos, desde o registro das primeiras referências ao tema, que

remontam ao início do século com TAYLOR (1906), EMERSON (1912), CHURCH (1914), WEBER (1933), FAYOL

(1925) e MAYO (1933).

Entretanto não é objetivo deste trabalho fazer uma ampla revisão da história destas mudanças ao longo do

tempo. Será feita de forma rápida uma passada por alguns marcos da evolução do conceito para compreender-se melhor seu estágio

atual.

O que se verifica na literatura sobre controle de gestão também é notado em outros campos do conhecimento.

Controle de gestão vem sofrendo uma ampliação no seu conceito nos últimos anos, recebendo contribuições de outras áreas do

conhecimento, como a psicologia, a sociologia, a filosofia e a antropologia. (GOMES & SALAS, 1999)

Na era da Administração Científica de TAYLOR e FAYOL controle se tratava simplesmente de verificar se o

planejado estava sendo seguido e fazia uso de incentivos e sanções exclusivamente financeiros em uma conceituação mecanicista de

supressão da espontaneidade e do individualismo do trabalhador.

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Porém já em 1933, MAYO em seu trabalho The Human Problems of an Industrial Civilization, questionou

várias das idéias de racionalidade da Administração Científica através do estudo das dificuldades relativas à produtividade em

uma fábrica da Western Electric na qual imperava a organização taylorista. Este estudo comprovou que os operários eram

motivados não apenas pelas recompensas ou punições salariais, mas também por uma série de outros fatores não-materiais. Era o

nascimento do chamado Efeito MAYO que resultou mais tarde no surgimento da sociologia industrial. (SILVA, 1998)

Muitos outros exploraram o tema desde então, alguns com enfoques mais limitados à operacionalização como

GLOVER e MAZE (1937), ROWLAND (1947) e DENT (1953) e como outros como URWICK (1943) e DAVIS

(1951) agregando ao assunto aspectos sociais e motivacionais e identificando o controle de gestão como uma função orgânica da

administração.

O plano de referência ANTHONY de 1965 é uma das estruturas teóricas bastante utilizadas na maior parte

dos trabalhos desenvolvidos na área de planejamento e controle.

Para ANTHONY (1965), controle gerencial é o processo pelo qual os administradores asseguram que os

recursos sejam obtidos e usados eficaz e eficientemente. Nessas abordagem, controle gerencial diz respeito à combinação de

atividades de planejamento e controle à satisfação das motivações individuais.

Nesse plano de referência, ANTHONY procura visualizar um sistema total que englobe todas as operações da

companhia. O volume de recursos envolvidos em cada decisão é visto como a variável mais importante do sistema, causando

impacto sobre os resultados da organização, implicando em um maior ou menor envolvimento das pessoas no processo. O sistema de

controle gerencial é desenvolvido a partir de: (a) estudo da estrutura organizacional, focalizando centros de responsabilidade –

centros de custos, centros de lucros e centros de investimentos e (b) processo de controle, organizado de acordo com as diversas

fases do processo, dispostas em ordem cronológica – planejamento e programação, orçamento e avaliação de desempenho.

Muito embora a abordagem seja concernente a indivíduos, não leva em conta o sistema de valores dessas pessoas

quando assume que os elementos aceitam a necessidade de controle, como se fossem compelidos por uma motivação racional, de modo

a manter a empresa sempre organizada, a partir da observação dos procedimentos e padrões originados de práticas bem sucedidas

monetariamente. O objetivo do sistema de controle gerencial é o atendimento dos objetivos. Existe uma nítida distinção entre

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objetivos e metas. Tanto com relação ao tempo de resposta, como com referência ao grau de importância hierárquica do tomador

de decisão no cenário organizacional.

Pressupondo estes diferentes níveis de decisões, os componentes do processo de planejamento e controle encontram-

se separados, mostrando que os objetivos e políticas decididos em nível estratégico são tomados como entradas para o processo de

controle gerencial facilitar o alcance desses objetivos – os gerentes de linha são o ponto focal no processo de controle gerencial.

As principais implicações para o desenho de sistemas de controle gerencial, segundo esse autor, seriam:

a)a)a)a) a função central do sistema de controle gerencial é a motivação;

b)b)b)b) o sistema deve ser desenhado de tal forma que possa servir de guia para o administrador tomar decisões e

agir de modo com os objetivos da organização;

c)c)c)c) o planejamento estratégico, controle gerencial e controle operacional tendem a corresponder a uma hierarquia

em qualquer das dimensões;

d)d)d)d) o controle gerencial tem que ser visto como uma função de linha;

e)e)e)e) o dinheiro é o denominador comum como medida de avaliação;

f)f)f)f) o sistema pode ser desenhado tanto para empresas privadas como para empresas públicas, não sendo

indicado para pequenas empresas.

Entretanto, vários autores como SIMONS, FLAMHOLTZ, BANKER, STIVERS, KAPLAN, OTLEY,

BERRY, GREINER, MACINTOSH e outros criticam esta perspectiva exatamente por não ter conseguido lograr uma ampliação

do conceito. Os críticos apontam também resultados contraditórios apresentados por diversos trabalhos, além da dificuldade desta

abordagem em distinguir entre controle de gestão e contabilidade, a desvinculação das atividades de controle e de planejamento e o

simplismo na abordagem dos objetivos organizacionais.

Segundo GOMES & SALAS ( 1999), a maior parte dos sistemas de contabilidade de gestão utilizados

atualmente foi desenvolvida em condições de contexto social mais estável, reduzida pressão competitiva, com os proprietários

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assumindo o papel de gerentes, em uma estrutura centralizada, com produção de artigos padronizados de longo ciclo de vida e com

alto componente de mão-de-obra e gastos de fabricação.

Nessas condições, a contabilidade de gestão se desenvolveu basicamente para ser aplicada em indústrias,

enfatizando prioritariamente o controle dos custos de produção. Esta concepção tradicional de contabilidade de gestão continua a

ser usada em muitas empresas e baseia-se nas seguintes características:

a)a)a)a) O processo de controle enfatiza o resultado, medido através de indicadores quantitativos, de caráter

financeiro e num horizonte de curto prazo;

b)b)b)b) o departamento de controle econômico-financeiro assume um papel fundamental dentro do processo de

controle;

c)c)c)c) No processo de controle há uma clara separação entre os processos de planejamento, informação e avaliação;

d)d)d)d) Os sistemas de informação são basicamente de caráter econômico-financeiro, centralizados no departamento

de contabilidade e têm foco no cálculo dos custos dos departamentos e dos produtos;

e)e)e)e) O processo de avaliação é fundamentalmente a posteriori, baseado em indicadores econômico-financeiros e a

curto prazo, priorizando o cálculo dos desvios técnicos e econômicos em detrimento dos aspectos qualitativos

de difícil mensuração;

f)f)f)f) Os incentivos são primordialmente extrínsecos, através de salário, participação nos lucros, comissões entre

outros.

g)g)g)g) Este sistema complementa-se, na prática, pela supervisão direta realizada pela gerência, por uma disciplina

rígida, e o controle informal realizado pela direção.

Entretanto, as mudanças ocorridas a partir da década de 1980 conduzem as organizações a um contexto

socio-econômico mais liberal, internacional, dinâmico, com concorrência acirrada e mudanças, principalmente tecnológicas,

aceleradas. Este cenário exige das organizações maior dinamismo e flexibilidade.

3.5.2 ABORDAGEM CONTEXTUAL E ORGANIZACIONAL3.5.2 ABORDAGEM CONTEXTUAL E ORGANIZACIONAL3.5.2 ABORDAGEM CONTEXTUAL E ORGANIZACIONAL3.5.2 ABORDAGEM CONTEXTUAL E ORGANIZACIONAL

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“ Um sistema de controle não pode ser somente entendido por meio de uma perspectiva técnica.

Só faz sentido discutir controle dentro de um determinado contexto e de uma determinada

cultura em que ele existe, dentro de um determinado momento histórico e de uma organização

em particular. Quando falamos de sistemas de controle generalizamos um conceito que é

diferente para cada organização, cada país, cada contexto histórico”. (GOMES & SALAS,

1999:53)

Nas décadas de 1980 e 90 percebe-se um interesse crescente por parte dos estudiosos em entender a relação

existente entre o contexto social e organizacional e o funcionamento das organizações, em particular, o processo de controle. Até

então as considerações sobre o contexto sócio-cultural, econômico e político davam-se de forma muito racional, focando apenas os

aspectos externos que forçavam as empresas a adaptarem seus sistemas de controle para assegurar sua sobrevivência.

As principais críticas feitas por esta corrente sobre a literatura tradicional de controle de gestão, que supõe que

a função da contabilidade de gestão é regular e estabilizar as organizações, assumindo que ela atua com neutralidade e

objetividade, foram resumidas por GOMES & SALAS (1999) nos seguintes itens:

a)a)a)a) A consideração discutível de que os objetivos organizacionais representam a congruência entre os diferentes

interesses dos grupos e pessoas que fazem parte da organização;

b)b)b)b) A ausência de uma perspectiva sócio-histórica e dinâmica sobre a origem e evolução dos sistemas de controle

representam a congruência entre os diferentes interesses dos grupos e pessoas que fazem parte de uma

organização;

c)c)c)c) A consideração não conflitiva do resultado da organização e de sua distribuição entre os diferentes grupos

sociais;

d)d)d)d) A consideração técnica, objetiva e neutra da contabilidade de gestão como instrumento que permite o

processo de decisão racional;

e)e)e)e) A separação entre o contexto social e organizacional e os sistemas de controle, sem considerar a influência do

sistema social na estrutura de poder e sobre os objetivos da organização, no sistema de controle, na

linguagem da informação contábil etc.

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f)f)f)f) A consideração de que as deficiências nos sistemas de controle estão centradas em disfunções formais,

ignorando os conflitos sociais que existem na organização;

g)g)g)g) A teoria positivista aplicada em sua metodologia de pesquisa, que tenta descrever o mundo como ele

funciona. Esses conceitos descritivos, tendem a se tornar normativos, uma vez que são usados para organizar

a realidade e guiar comportamentos.

Na busca da superação destas críticas, alguns autores advogam a consideração do controle de gestão dentro de

um contexto ideológico, social e político mais amplo.

Em decorrência da maior complexidade das organizações atuais, assim como do maior dinamismo do contexto

social, as organizações enfrentam situações de muita incerteza na definição dos seus objetivos e processos de transformação e

decisão. Tudo isso tem implicações nos sistemas de planejamento, controle, avaliação e tomada de decisão. É necessário, então que

exista um conjunto de sistemas e instrumentos que promovam a atuação das diferentes pessoas no sentido de responderem aos

desafios do contexto social e competitivo de forma oportuna e coerente com as diretrizes a serem estabelecidas.

Estes mecanismos de controle não devem, porém, assumir as características dos instrumentos burocráticos que não

facilitam a orientação, o aperfeiçoamento contínuo nem a motivação. Devem ser, ao contrário, flexíveis o suficiente de maneira a

facilitarem a adaptação às mudanças.

3.5.2.1 O MOVIMENTO DE DESCENTRALIZAÇÃO3.5.2.1 O MOVIMENTO DE DESCENTRALIZAÇÃO3.5.2.1 O MOVIMENTO DE DESCENTRALIZAÇÃO3.5.2.1 O MOVIMENTO DE DESCENTRALIZAÇÃO

Hoje, em resposta ao crescente aumento das pressões competitivas, muitas empresas estão mudando o modo como

são organizadas e como negociam. Isto se faz necessário para se tornarem mais ágeis diante de um mundo em que a tecnologia, o

gosto dos clientes e as estratégias dos concorrentes estão em constante mudança. Geralmente para se adaptarem, as altas

administrações das empresas precisam delegar ou descentralizar a responsabilidade da tomada de decisão para mais pessoas na

empresa.

Para FERREIRA (1999), o ambiente externo instável e complexo demanda maiores recursos de controle e

tomada de decisões mais descentralizadas, pois exige conhecimentos mais específicos sobre variados assuntos. Surge, desta maneira,

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o movimento de descentralização em muitas empresas, que passam a se dividir em unidades de negócios, onde os gestores são

responsáveis pela operacionalização da unidade, com autonomia para tomada de decisões sobre preço, processo produtivo, mix de

produto, mercado, etc. Desta forma, as decisões são tomadas mais rapidamente. A descentralização pode ser encarada como uma

forma de possibilitar a diversificação e expansão para novos mercados sem perder a eficiência gerencial.

Segundo MAHER (1997), as principais vantagens da descentralização administrativa em uma organização

são as seguintes:

1.1.1.1. Permite aos funcionários responder rapidamente às mudanças no ambiente;

2.2.2.2. Libera a alta gerência das decisões operacionais mais detalhadas;

3.3.3.3. Quebra problemas grandes e complexos em pedaços gerenciáveis;

4.4.4.4. Ajuda a treinar gerentes e fornece uma base para avaliação das suas performances;

5.5.5.5. Imprime mais motivação à gerência, que ganha autonomia para tomar decisões próprias.

Entretanto, a descentralização também apresenta desvantagens caso o sistema de planejamento e controle da

empresa não consiga criar um comportamento consistente dentro da organização. As gerências devem estar sempre muito bem

informadas sobre como suas ações individuais podem vir a favorecer ou prejudicar a organização como um todo.

Existem muitos graus de descentralização que dependem da confiança da empresa em seus funcionários, seu nível

de treinamento e sua habilidade em fazer escolhas certas. Para ATKINSON (1999) existem três condições necessárias para uma

descentralização eficiente:

1.1.1.1. Devem ser dadas aos funcionários (e eles têm de aceitar) a autoridade e a responsabilidade para tomar

decisões;

2.2.2.2. Os funcionários devem ter treinamento e habilidades para aceitar a responsabilidade da tomada de decisão;

3.3.3.3. A empresa deve ter um sistema para guiar e coordenar as atividades dos tomadores de decisão

descentralizados.

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A descentralização requer o apoio de um sistema de controle por resultados. O sistema deve prover os

funcionários de um scorecard (ver discussão à página 118), que serve tanto para avaliar os tipos de mudanças necessárias quanto

para avaliar seu próprio desempenho. O potencial de descentralização das empresas é ampliado por meio do aumento do

conhecimento dos funcionários. Ou seja, os funcionários têm habilidades e conhecimentos necessários para aceitar responsabilidades

pela tomada de decisão.

O sistema de avaliação de desempenho faz duas coisas vitais no apoio ao processo de controlar a tomada de

decisão descentralizada:

1)1)1)1) O sistema de avaliação de desempenho centra a atençãocentra a atençãocentra a atençãocentra a atenção no que é realmente importante para a empresa e

provê o elo de ligação entre planejar e controlar;

2)2)2)2) Ele coordenacoordenacoordenacoordena o comportamento da tomada de decisão em todos os níveis da empresa.

As medidas de desempenho usadas para o controle financeiro e conseqüentemente operacional das organizações

variam. As medidas amplamente usadas incluem receita, custo, lucro, retorno sobre investimento e valor econômico adicionado.

Esses controles são aplicados nas diversas unidades descentralizadas, denominadas centros de responsabilidade. Para uma empresa

ter êxito, as atividades de suas unidades de responsabilidade devem ser coordenadas. Em geral, controlar as atividades dos centros

de responsabilidade requer medir também os elementos não-financeiros de desempenho, como qualidade e serviço, os quais geram

resultados financeiros.

Os controladores classificam os centros de responsabilidade em quatro tipos:

1.1.1.1. Centros de custoCentros de custoCentros de custoCentros de custo. Onde os custos são controlados e geralmente confrontados com custos orçados e esperados.

2.2.2.2. Centros de receitaCentros de receitaCentros de receitaCentros de receita. Onde os centros de responsabilidades são avaliados conforme as receitas que eles geram.

3.3.3.3. Centros de lucroCentros de lucroCentros de lucroCentros de lucro. Onde receitas e custos são controlados independentemente pelos seus gerentes, cabendo à

alta administração corporativa o controle do nível de investimento.

4.4.4.4. Centros de investimentosCentros de investimentosCentros de investimentosCentros de investimentos. Que são centros de responsabilidade que funcionam como negócios independentes.

Gerentes e outros funcionários controlam receitas, custos e nível de investimento.

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Quando bens ou serviços são transferidos de um centro de responsabilidade para outro dentro da organização, o

valor estipulado para tal transação é o que se chama preço de transferência. Os preços de transferência são amplamente usados na

tomada de decisão, custeio de produtos e avaliação de performance. São quatro as principais maneiras de estabelecer preços de

transferência numa empresa:

1.1.1.1. Baseada no mercado;

2.2.2.2. Baseada nos custos;

3.3.3.3. Negociada;

4.4.4.4. Administrada.

A política de preço de transferência deve permitir a autonomia dos centros de responsabilidade e encorajar a

gerência a perseguir objetivos individuais consistentes com os da organização, ao mesmo tempo que deve ser compatível com o

sistema de avaliação de desempenho dos centros compradores e vendedores de serviços ou produtos. Para MAHER (1997) a regra

básica para fazer com que a política de preço de transferência leve à maximização do lucro de uma organização é a seguinte:

transferir ao preço de custo de desembolso do centro vendedor (tipicamente custos variáveis) mais o custo de oportunidade da

empresa por ter optado pela transferência interna (será zero, se o vendedor tem capacidade ociosa ou preço de venda menos custos

variáveis, caso o vendedor opera a plena capacidade).

A utilização do preço de transferência baseado no mercado é considerada a melhor forma de fazê-lo quando há

um mercado competitivo para o produto e os preços de mercado são facilmente determináveis.

Outra maneira de estabelecer preços de transferência é fazê-lo baseado nos custos. Custos por absorção são usados

quando a empresa não tem um sistema que permite medir custos diferenciais ou variáveis. Muitas empresas estão utilizando o

custeio ABC como uma forma mais precisa de determinar seus preços de transferência baseados em custo. Os custos reais não são

uma boa maneira de estabelecer preços de transferência, pois as ineficiências do centro vendedor são transferidas para o

comprador. Neste caso, muitas empresas utilizam sistema de custo padrão numa tentativa de responsabilizar o centro vendedor por

suas ineficiências. Mas se os padrões estão desatualizados ou não refletem estimativas razoáveis de custo, o tiro sai pela culatra.

Além do mais, preços de transferências baseados em custos podem gerar frustrações e problemas motivacionais nos centros

vendedores, pois não ganham com a transação e muitas vezes seus resultados são avaliados equivocadamente.

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Uma maneira alternativa de estabelecer preços de transferência é permitir aos gerentes negociá-los. Por um lado,

esta política preserva a autonomia dos centros de responsabilidade, mas por outro lado pode vir a consumir tempo demais da

gerência e o resultado da negociação pode ser mais devido a habilidade pessoal do negociador do que considerações econômicas

importantes.

Preços de transferência administrados acontecem quando a organização realiza uma transação particular e a

alta gerência intervém diretamente no estabelecimento do seu valor. No dia-a-dia este tipo de intervenção não funciona, pois toma

muito tempo do administrador e viola o espírito de autonomia e responsabilidade da empresa descentralizada.

A estrutura descentralizada ou multidivisional não pode ser vista porém, como a panacéia para solucionar os

problemas de controle do mundo moderno. Ela tem pontos positivos, mas também riscos e custos associados. FERREIRA (1999),

citando HORNGREN (1985)∗ lembra que, visando melhores resultados individuais, os gestores das unidades de negócio podem

vir a tomar decisões que melhorem o desempenho de sua unidade em detrimento de outras unidades, ou da organização como um

todo. Outra crítica à descentralização é que acaba ocorrendo duplicação de funções, ou seja, várias pessoas fazendo a mesma coisa

nas diferentes unidades, elevando custos. Ou seja, não existe uma estrutura ideal de organização, o importante é que seja

consistente com seus fatores estratégicos, internos e externos.

3.5.2.2 FERRAMENTAS DE CONTROLE DE SIMONS3.5.2.2 FERRAMENTAS DE CONTROLE DE SIMONS3.5.2.2 FERRAMENTAS DE CONTROLE DE SIMONS3.5.2.2 FERRAMENTAS DE CONTROLE DE SIMONS

Para SIMONS (1994) existem diversas maneiras de se alcançar o controle em uma organização, variando

desde a supervisão direta até os sistemas de feedback dos controles sociais e culturais. O seu livro Levers of Control (1994) foca

primariamente nos aspectos formais dos sistemas de controle gerenciais - as ferramentas que os gerentes usam para transmitir e

processar informações na organização.

Muitos gerentes têm para si uma definição muito restrita sobre controle, medindo os progressos em relação ao

planejado para garantir o cumprimento de objetivos. Esse sistema de controle por diagnóstico é apenas um dos ingredientes do

controle. Para SIMONS (1995) existem outras três ferramentas igualmente importantes no ambiente de negócios: sistemas de

crenças; sistemas delimitadores e sistemas de controle interativos.

∗ HORNGREN, Charles T. Introdução à Contabilidade Gerencial , 5a ed. Rio de Janeiro: Prentice-Hall, 1985

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Segundo o autor, os sistemas de controle (rotinas e procedimentos formais, baseados em informação, que os

gerentes utilizam para manter ou alterar padrões nas atividades organizacionais) são usados para:

! Reduzir o risco das tentações ou pressões, na medida em que especificam e reforçam as regras do jogo;

! Trazer o foco e recursos para indivíduos que procuram oportunidades de realização, na medida em que são

usados para construir e sustentar objetivos claros;

! Estimular a inovação, na medida em que inspiram e motivam os participantes da organização a criar e

procurar novas oportunidades;

! Reduzir o medo de desafiar o status quo, na medida em que abrem o debate e o diálogo na organização,

promovendo o aprendizado.

Controlar as estratégias do negócio é mais que assegurar a implementação dos planos. Controle implica em

gerenciar a tensão inerente que existe entre inovação criativa, de um lado, e alcance de objetivos previsíveis, do outro, de maneira

que ambos sejam transformados em crescimento lucrativo.

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Figura 3.7Figura 3.7Figura 3.7Figura 3.7 representativa das variáveis-chave do sistema de controle de SIMONS (1994)

SISTEM AS DECRENÇAS

SISTEM ASDELIM ITADO RES

SISTEM AS DECO NTRO LE DEDIAG NÓ STICO

SISTEM AS DECO NTRO LEINTERATIVO S

ESTRATÉG IADE NEG Ó CIO

ValoresCentrais

Riscos a seremevitados

IncertezasEstratégicas

Variáveiscríticas deperformance

1. Sistemas de crenças, usados para inspirar e direcionar a busca por novas oportunidades;2. Sistemas delimitadores, usados para estabelecer limites no comportamento de busca de oportunidades;3. Sistemas de controle de diagnóstico, usados para motivar, monitorar e recompensar o alcance de objetivos

específicos;4. Sistemas de controle interativos, usados para estimular o aprendizado e o surgimento de novas idéias e

estratégias.

Fonte: Simons, Levers of Control p. 7

Os sistemas de crenças e delimitadores são duas ferramentas de controle que guiam a procura por oportunidades

em uma organização. São sistemas formais de controle e não são cibernéticos. O primeiro é um sistema positivo, que estimula a

busca de oportunidades. O segundo é negativo, pois restringe esta busca.

Missões, declarações, credos e listas de objetivos podem ser considerados parte de um sistema de crenças se são

(1) formais, (2) baseados em informações, e (3) usados pela gerência para manter ou alterar modelos nas atividades

organizacionais.

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A média gerência só será um participante entusiasta na busca por novas oportunidades se ela entender as crenças

da organização e se for convidada a participar do processo de transformação destas crenças em ações e estratégias.

O sistema de crenças é bastante vago e não é possível estabelecer um padrão contra o qual possa se medir

performance, por isso não pode estar preso aos incentivos formais da organização. É uma ferramenta para trazer inspiração e

direção à organização.

O sistemas delimitadores impõem limites importantes, baseados nos riscos definidos do negócio, nas atividades de

busca de oportunidades motivadas pelos sistemas e crenças. Infelizmente a alta gerência freqüentemente não reconhece os benefícios

econômicos e estratégicos do estabelecimento de fronteiras de conduta no negócio. Muitas vezes os sistemas delimitadores são

desenvolvidos depois de incidentes ou crises que expuseram a empresa a perdas na sua reputação. Eles representam custos a serem

evitados e tendem a ser bastante específicos nas suas proibições e sanções.

Sistemas delimitadores são baseados no princípio do “poder do pensamento negativo” (CHRISTENSON, 1972):

para obter comportamento criativo e empreendedor das pessoas é melhor dizer a elas o que não fazer do que o que fazer, pois

estabelecer padrões de procedimentos e regras desencoraja a iniciativa e criatividade. Ao contrário, dizendo o que não fazer

permite a inovação, porém dentro de limites definidos. Código formal de conduta e listas negras de companhias ou negócios

considerados indesejados são dois exemplos de como este sistema se manifesta.

Quando empregados de maneira errada, os sistemas delimitadores podem impedir a adaptação a produtos,

mercados, tecnologias e condições ambientais em constante mudança, uma vez que torna-se arriscado para os empregados a

procura por oportunidades fora dos domínios aceitáveis pela organização.

Os especialistas em controle (contadores, controladores da qualidade, auditores internos, especialistas em

tecnologia da informação, analistas de orçamento, planejadores) são importantes para a manutenção dos sistemas e o policiamento

das fronteiras. Seu papel é:

! disseminar material e documentação que dê suporte aos sistemas de crenças;

! conduzir pesquisas que meçam o grau de conscientização dos empregados;

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! promover sessões de feedback;

! desenhar seminários educativos;

! comunicar e atualizar códigos de conduta do negócio;

! preparar checklists estratégicos;

! preparar guias para aquisição de capital;

! estar alerta para atividades desenvolvidas na organização que sejam contra a intenção da alta gerência ou

ponham em risco a integridade do negócio.

Os sistemas de controle de diagnóstico, os chamados sistemas de feedback, são a espinha dorsal do controle

gerencial tradicional em uma organização e são usados pela gerência para garantir o cumprimento dos objetivos, monitorar os

resultados e corrigir os desvios dos atuais padrões de performance.

Três aspectos distinguem os sistemas de controle de diagnóstico: (1) a habilidade de medir os resultados de um

processo, (2) a existência de padrões predeterminados que permitam a comparação com os resultados reais, e (3) a habilidade

para corrigir os desvios observados.

SIMONS (1994) lista os sistemas de controle de diagnóstico tipicamente encontrados nasorganizações:

! Sistemas de metas e objetivos;

! Planos de negócio;

! Planos de lucro e orçamentos∗ ;

! Orçamentos por centros de custos;

! Sistemas de monitoramento de projetos;

! Sistemas de monitoramento de receita/market share

! Planos para os recursos humanos;

∗ Os mais difundidos nos negócios atuais segundo SIMONS (1994)

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! Sistemas de contabilidade por custo-padrão;

! Sistemas de gerenciamento por objetivos.

O propósito fundamental destes sistemas de controle é o de ajudar a gerência a realizar os objetivos

organizacionais fornecendo uma estrutura formalizada para a (1) identificação das variáveis de controle adequadas, (2) o

desenvolvimento de um bom planejamento de curto prazo, (3) o registro do grau de cumprimento dos planos de curto prazo, e (4)

o diagnóstico dos desvios.

Os sistemas de controle de diagnóstico são, então, ferramentas essenciais para implementar as estratégias

pretendidas. Estes sistemas medem as variáveis críticas de performancevariáveis críticas de performancevariáveis críticas de performancevariáveis críticas de performance, que são aqueles fatores que devem ser alcançados ou

implementados com sucesso para permitir que as estratégias pretendidas do negócio sejam bem sucedidas. É necessária, então uma

análise cuidadosa da estratégia pretendida e os objetivos específicos associados a ela. Uma maneira de descobrir essas variáveis é

imaginar que a estratégia tenha dado errado e perguntar quais fatores poderiam ser identificados como causa do insucesso. Os

critérios para seleção das medidas são de eficácia (probabilidade de atingir objetivos com sucesso) e eficiência (potencial para

maior ganho marginal no tempo).

Para KUHN (apud SIMONS 1994: 64) deve-se controlar performances não-financeiras, porém os resultados

estarão sempre refletidos nas taxas de retorno financeiras e nas variáveis financeiras críticas de controle associadas.

Depois de determinadas as variáveis críticas de performance, os sistemas de controle de diagnóstico fornecem os

indicadores que irão garantir que estas variáveis serão gerenciadas eficaz e eficientemente.

Sistemas de controle de diagnóstico permitem que a organização atinja seus objetivos sem necessidade de

supervisão constante da gerência. Estes sistemas permitem, então, a administração da exceçãoadministração da exceçãoadministração da exceçãoadministração da exceção (management-by-exception).

Prestar atenção somente aos desvios significativos é apropriado para um grande número de empresas e permite que a gerência

aloque atenção com eficácia ao monitoramento e controle do processo produtivo, aos marcos dos projetos, metas pessoais, e

planejamentos e orçamentos. Deste ponto de vista, estes sistemas permitem o máximo de autonomia aos membros da organização:

os indivíduos são cobrados por resultados, porém cabe a eles escolher a melhor maneira de alcançá-los. A gerência investe atenção

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em três momentos: (1) estabelecendo e negociando objetivos e as recompensas e incentivos associados, (2) recebendo relatórios de

atualizações e desvios, e (3) seguindo de perto os desvios significativos para tentar trazer a variável de volta à linha.

Objetivos ou padrões formais fornecem foco foco foco foco e motivaçãomotivaçãomotivaçãomotivação para a realização das metas críticas de performance.

Estes objetivos devem ser estabelecidos de maneira participativa, ser específicos e percebidos como desafios justos. O que muitas

vezes torna-se complicado.

É reconhecido o poder dos incentivos na motivação de comportamentos. Incentivos que permitem às pessoas captar

os benefícios dos seus esforços estimulam a iniciativa individual e a busca por oportunidades. Os sistemas de controle de diagnóstico

são catalisadores nesse processo, pois incentivos formais devem estar relacionados a medidas de resultados. Os incentivos possuem

também o aspecto de punição, caso os metas não sejam cumpridas. As compensações são usadas não somente para recompensar

resultados, mas também para guiar a busca de oportunidades em conformidade com as estratégias organizacionais. Entretanto não

é fácil medir e separar a contribuição marginal de um indivíduo do resultado total da empresa.

Recompensas econômicas não são as únicas recompensas almejadas pelos participantes. Incentivos não-econômicos

como reconhecimento e prestígio podem ser tão importantes quanto os outros. Muitas empresas complementam os incentivos

econômicos com recompensas não econômicas, como reconhecimento público ou prêmios relativamente baratos baseados nas medidas

dos sistemas de controle de diagnóstico.

Sistemas de controle de diagnóstico só operam eficazmente se os dados reportados forem acurados e completos.

Controles internos, desenhados para salvaguardar os ativos de apropriações indevidas e assegurar relatórios contábeis confiáveis e

sistemas de informação, são críticos para assegurar a integridade dos sistemas de controle de diagnóstico. Controles internos são os

balanços e verificações de procedimento que incluem o seguinte:

• Proteção EstruturalProteção EstruturalProteção EstruturalProteção Estrutural

Comitê de auditoria ativa do Conselho;

Função de auditoria interna independente;

Segregação de tarefas;

Níveis definidos de autorização;

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84848484

Acesso restrito a ativos de valor.

• Proteção da EquipeProteção da EquipeProteção da EquipeProteção da Equipe

Treinamento e especialização para toda a equipe de contabilidade, controle e auditoria interna;

Recursos suficientes;

Rotação em funções-chave.

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85858585

• Proteção do SistemaProteção do SistemaProteção do SistemaProteção do Sistema

Dados completos e acurados;

Documentação adequada e rasto para auditoria;

Relatórios gerenciais relevantes e periódicos;

Acesso restrito aos sistemas de informação e às bases de dados.

Sistemas de controle de diagnóstico são importantes para o monitoramento da saúde do negócio e devem ser

auditados por equipes centralizadas para ter-se a garantia da integridade do sistema e suas informações.

Se por um lado, os sistemas de controle de diagnóstico restringem a inovação e a busca por oportunidades para

garantir que os objetivos esperados sejam alcançados, existem outros sistemas que produzem efeito contrário. Muitos estudos

chegaram a conclusão que pressões competitivas são catalisadores para a inovação e adaptação dentro de uma empresa. Indústrias

sujeitas a pressões competitivas inovam e se adaptam mais rápido que aquelas protegidas das pressões de mercado (PORTER,

1990 apud SIMONS, 1994: 91) Cabe à alta gerência usar sistemas de controle que simulem estas pressões internamente

rompendo com a rotina, estimulando a busca por oportunidades e encorajando a emergência de novas estratégias. A gerência deve

criar redes de informação que examinem e reportem mudanças críticas. Indivíduos devem compartilhar informação uns com os

outros.

Esta quarta ferramenta de controle - sistemas de controle interativos - foca sua atenção nas incertezas

estratégicas e possibilitam a renovação estratégica. Incertezas estratégicas são incertezas e contingências que podem ameaçar ou

invalidar a estratégia atual do negócio num horizonte de 5 a 10 anos. Sendo assim, são incertezas únicas para cada negócio e

dependem da estratégia atual e da visão estratégica da alta gerência.

Os sistemas de controle interativos são sistemas de informação formais que a alta gerência usa para envolver-se

regular e pessoalmente nas atividades de tomada de decisão de seus subordinados. Eles forçam o diálogo através da organização,

fornecendo estruturas ou agendas para debate e motivando a coleta de informação fora dos canais de rotina.

Todos os sistemas interativos têm quatro características definidas:

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86868686

1.1.1.1. As informações geradas são importantes e recorrentes para os mais altos níveis gerenciais.

2.2.2.2. Demandam atenção freqüente e regular dos gerentes operacionais em todos os níveis da organização.

3.3.3.3. Os dados gerados são discutidos em encontros face-a-face de superiores, subordinados e pares.

4.4.4.4. O sistema é um catalisador para o desafio e o debate contínuo dos seus dados, hipóteses e planos de ação.

Sistemas de controle interativos são usados para guiar o surgimento de estratégias bottom-up em áreas onde a

organização é vulnerável e sempre questionam as bases sobre as quais as estratégias foram construídas (CYERT & MARCH

1963, apud SIMONS 1994: 105).

Enquanto o sistema de diagnóstico tem foco em resultados, este tem o foco em processos. São cinco os critérios que

a alta gerência usa para determinar que sistema usar interativamente:

1.1.1.1. Deve exigir novas previsões de cenários futuros baseadas em informações correntes constantemente revisadas.

O que mudou e por quê?

2.2.2.2. As informações contidas devem ser simples de serem entendidas.

3.3.3.3. Deve ser usado tanto pela alta gerência quanto pelas gerências de todos os níveis.

4.4.4.4. Deve acionar planos de ação revisados. O que vamos fazer sobre isto?

5.5.5.5. Deve coletar e gerar informações relacionadas aos efeitos das incertezas estratégicas sobre as estratégias do

negócio.

Os cinco sistemas mais usados interativamente segundo SIMONS 1991 (apud SIMONS 1994, 109):

• Gerenciamento de projetos;

• Planejamento de lucros;

• Orçamento de receita por marca;

• Sistemas de inteligência;

• Desenvolvimento humano

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87878787

O desenho do sistema de controle interativo - os tipos de medidas usadas, o foco do sistema, e o horizonte de

planejamento - depende de fatores como a tecnologia empregada no negócio; o grau de regulamentação e proteção do governo; a

complexidade da cadeia de valor; e a facilidade de resposta tática da concorrência.

Tabela 3.3 Tabela 3.3 Tabela 3.3 Tabela 3.3 dos fatores que determinam o desenho do sistema de controle

Fator determinante

! Dependênciatecnológica

! Regulamentação eproteção de mercado

! Complexidade dacadeia de valor

! Facilidade deresposta tática

se for alto... se for baixo...

Foco em novastecnologias emergentes

Foco nas necessidadesdos clientes em mudança

Foco em ameaças eoportunidadessociopolíticas

Foco em ameaças eoportunidadescompetitivas

Uso de medidas baseadasna contabilidade

Uso de medidas deinput/output de baseunitária

Uso de planejamentos dehorizonte curto

Uso de planejamentos dehorizonte longo

Fonte: SIMONS (1994) p. 12

SIMONS chama a atenção para o fato que o Planejamento Estratégico é uma ferramenta do sistema de controle

de diagnóstico e nunca pode ser usada interativamente.

Normalmente apenas um sistema é usado interativamente, pois são economicamente caros e demandam atenção

freqüente de toda a organização. Este sistema deve ativar o aprendizado e a experimentação. Cabe a alta gerência determinar

quando mudar o foco do sistema interativo, pois as condições de competição, a visão de futuro e as incertezas estratégicas também

mudam.

Para um sistema ser verdadeiramente interativo, deve haver incentivos formais especialmente elaborados para

isto. Recompensas pela realização de atividades monitoradas pelo sistema de controle interativo são subjetivas e baseadas no grau

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de contribuição mais que nos resultados. Recompensas subjetivas são aquelas baseadas no julgamento pessoal e intuição dos

superiores, que procuram premiar o comportamento criativo. Recompensar a contribuição ao invés do resultado estimula o

aprendizado na organização, pois a premiação não está presa a condições que estão fora do controle dos participantes. Sendo

assim, estes são encorajados a compartilhar informações, tentar novos planos de ação e aprender. Cabe à gerência conhecer

profundamente o negócio e ser justa nas recompensas. As recompensas podem ser financeiras (salários, bônus, participação

acionária) e não-financeiras (elogios e reconhecimento público). Outra recompensa importante é a promoção que traz os benefícios

financeiros e os de reconhecimento e prestígio ao mesmo tempo. É um ingrediente importante para premiar contribuições

individuais na identificação das incertezas estratégicas, condição necessária para quem ocupará posições mais elevadas na

empresa.

Para SIMONS (1995) estas quatro ferramentas juntas movimentam forças que se reforçam reciprocamente.

Como as organizações estão cada vez mais complexas, os administradores irão certamente lidar com forças competitivas e

oportunistas crescentes e com tempo e atenção decrescentes. Usando esses quatro sistemas de controle com eficiência, os

administradores podem sentir-se confiantes de que os benefícios gerados pela inovação e criatividade não foram alcançados às

custas do controle.

ENGLISH (1996) acredita que se quatro fatores de SIMONS forem entendidos e analisados, então cada um

deles poderá ser controlado através dessas quatro ferramentas diferentes. Os fatores são: valores, riscos a serem evitados, incertezas

estratégicas e variáveis críticas de desempenho.

SIMONS (1994) argumenta ainda que os administradores normalmente dão muito pouco ou excesso de atenção

a resultados e sugere que seja depositada muita confiança nos times internos para agirem como os guardiões dos sistemas de

controle de diagnóstico.

3.5.2.3 GERENCIAMENTO DO DESEMPENHO3.5.2.3 GERENCIAMENTO DO DESEMPENHO3.5.2.3 GERENCIAMENTO DO DESEMPENHO3.5.2.3 GERENCIAMENTO DO DESEMPENHO

Com a mudança da era industrial para a era da informação, os antigos sistemas de controle, desenhados para

medir variáveis relacionadas ao capital financeiro e físico das organizações, passaram a não mais fornecer dicas a tempo hábil

sobre como gerenciar habilidades, sistemas e valores críticos para o sucesso sustentável de uma empresa.

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89898989

O sistema de avaliação de desempenho é uma ferramenta comportamental importante neste contexto. Para

STIVERS & JOYCE (2000), uma empresa obtém o que ela mede. Quando o sistema inclui medidas relacionadas à estratégia da

organização, os funcionários têm um guia para tomada de decisões. O segredo está em identificar os recursos críticos e as medidas

que guiam desempenho.

OTLEY (1997) afirma que o gerenciamento do desempenho hoje em dia é muito mais abrangente e requer que

novas habilidades sejam desenvolvidas, oferecendo novas oportunidades aos controladores. O processo de gerenciamento de

desempenho se inicia no estabelecimento de estratégias e no desenvolvimento de medidas que indiquem a posição atual do

empreendimento em relação aos objetivos iniciais. Para o autor, não se deve deixar cair na armadilha de medir-se apenas o que

for fácil de ser medido. Muitas vezes comete-se o erro de limitar-se às medidas financeiras, ignorando outras igualmente

importantes.

Muitos pesquisadores, como KAPLAN & NORTON (1992), DRUCKER (1989) defendem o uso de medidas

não financeiras de desempenho para complementarem as medidas financeiras tradicionais. Eles argumentam que um sistema

balanceado de medidas pode fornecer feedback operacional de curto prazo ao mesmo tempo que informações críticas sobre

desempenho estratégico. Segundo TOWLE (2000) o balanced scorecard é a ponte entre a visão estratégica de uma organização e

suas operações e tomada de decisões do dia-a-dia. As medidas financeiras e não financeiras neste sistema balanceado devem ser

parte do sistema de informação para funcionários de todos os níveis na organização, do chão de fábrica à alta administração.

São os seguintes passos que uma empresa deve seguir para desenhar um sistema de gerência de desempenho

balanceado (STIVERS & JOYCE, 2000, p. 23/24):

1.1.1.1. Traduzir estratégia em açãoTraduzir estratégia em açãoTraduzir estratégia em açãoTraduzir estratégia em ação. Objetivos financeiros de longo prazo devem ser estabelecidos e as

gerências devem concordar com as competências necessárias para atingi-los. Medidas operacionais específicas devem ser

selecionadas depois de haver consenso com relação aos objetivos de longo prazo. Nesta etapa, comunicação é a palavra-

chave.

2.2.2.2. Selecionar medidas correlacionadasSelecionar medidas correlacionadasSelecionar medidas correlacionadasSelecionar medidas correlacionadas. Toda medida selecionada para o scorecard deve estar relacionada

a uma estratégia específica. Isso significa que deve haver uma relação de causa-efeito na cadeia que vai de aprendizagem e

crescimento até processos, clientes e desempenho financeiro.

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90909090

3.3.3.3. Relacionar objetivos financeiros a ciclo de vidaRelacionar objetivos financeiros a ciclo de vidaRelacionar objetivos financeiros a ciclo de vidaRelacionar objetivos financeiros a ciclo de vida. Como os objetivos financeiros de uma organização

variam conforme o estágio do ciclo de vida em que se encontra, o desenho do scorecard deve começar com a identificação do

estágio de desenvolvimento em que se encontra o negócio.

4.4.4.4. Selecionar um Selecionar um Selecionar um Selecionar um mixmixmixmix de medidas sobre clientes. de medidas sobre clientes. de medidas sobre clientes. de medidas sobre clientes. Muitas empresas utilizam indicadores como market

share, retenção de clientes, aquisição de novos clientes, satisfação dos clientes e rentabilidade dos clientes. Essas medidas de

resultados não são completas, pois é preciso entender os drivers de performance neste campo. A empresa deve desenvolver

medidas que foquem nos atributos de produto/serviço, nas relações com clientes e imagem e reputação.

5.5.5.5. Focalizar os processos internos no cumprimento de expectativas. Focalizar os processos internos no cumprimento de expectativas. Focalizar os processos internos no cumprimento de expectativas. Focalizar os processos internos no cumprimento de expectativas. O foco deve estar na criação de valor

para clientes e shareholders.

6.6.6.6. Focalizar em investimentos para o futuro.Focalizar em investimentos para o futuro.Focalizar em investimentos para o futuro.Focalizar em investimentos para o futuro. As organizações devem investir em pessoas, sistemas e

procedimentos para atingir sucesso. Medidas de satisfação, retenção, produtividade e habilidades dos empregados devem ser

consideradas. Devem investir em sistemas para garantir informações precisas e oportunas sobre clientes. Procedimentos devem

assegurar um clima organizacional positivo, onde empregados sejam motivados a agir em prol dos interesses organizacionais.

Muitos autores têm uma tendência a rejeitar medidas contábeis como bons indicadores de ações que afetam as

variáveis críticas de performance em uma organização. Eles preferem medidas como qualidade ou satisfação dos clientes. Para

LAWLER (apud SIMONS, 1994: 76), o sucesso na implementação destas propostas depende da habilidade da gerência para

construir medidas objetivas (verificáveis independentemente), completas (captam todos os comportamentos e ações relevantes) e

correspondentes (refletem os esforços e ações individuais sendo medidos). O trabalho de KAPLAN & NORTON (1992) é uma

tentativa nesta direção. Na proposta desses autores, as medidas de controle de diagnóstico são agrupadas em quatro categorias,

que devem ser usadas simultaneamente para guiar os negócios na direção dos objetivos pretendidos.

Figura 3.8Figura 3.8Figura 3.8Figura 3.8 ilustrativa do Balanced Scorecard de KAPLAN & NORTON (1992)

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91919191

M edidas Financeiras

!Fluxo de Caixa

!Ceescimento das vendas

!Lucro operacional

!Retorno sobre o patrimônio

Com

o pa

race

mos

par

a os

acio

nist

as?

M edidas Internas doNegócio

!Ciclo de tempo

!Custo unitário

!Yield

!Introdução de novosprodutos Em

que

asp

ecto

dev

emos

nos

dist

ingu

ir?

M edidas do Cliente

!% vendas de novos produtos

!Entregas no prazo

!Fatia de vendas de clientesimportantes

!Ranking para clientesimportantes

Com

o os

clie

ntes

nos

vêe

m?

M edidas de Inovação eAprendizagem

!Tempo para desenvolvernovas gerações de produtos

!Ciclo de vida paraamadurecimento do produto

!Tempo para por no mercadoX competição

Pode

mos

mel

hora

r e c

riar

valo

r?

Fonte: SIMONS (1994) p. 68

Este sistema reúne medidas financeiras e operacionais num pacote visando atender às necessidades gerenciais.

Estas medidas foram estruturadas de maneira a fornecer informações rápidas, fáceis de entender e precisas sobre: perspectiva

financeira, como os acionistas vêem a organização, satisfação do consumidor, como os clientes vêem a organização; processos

internos, onde a organização pode exceder; e, inovação e processos de melhoria organizacionais, possibilidades de melhoria e de

criação de valor para a organização.

O balanced scorecard é um conjunto de medidas que funciona como elo entre estratégia de longo prazo e ações de

curto prazo, viabilizando a operacionalização da estratégia da empresa. Os autores acreditam que assim, os gerentes estarão

orientados para criar e manter vantagem competitiva. Variáveis de satisfação do cliente, como custos associados a atrasos na

entrega do produto, são relevadas e permitem que se avalie até que ponto as necessidades do consumidor estão sendo expressas em

ações internas para alcançá-las. A tarefa do gerente será a de identificar e especificar como ações e melhorias na produção se

refletirão sobre os aspectos financeiros.

Este sistema exige um envolvimento grande da alta gerência, pois a estratégia, e não o controle passa a ser o

centro das atenções. A avaliação de desempenho deverá estar em conformidade com a dinâmica atual dos negócios. É, então, mais

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92929292

relevante para os executivos certificarem-se que seus funcionários conhecem a estratégia da empresa e caminham em direção a ela,

que saberem como eles estão atingindo metas pré-estabelecidas. Para isso é preciso que o posicionamento da empresa quanto a

aspectos-chave estejam bem internalizados em todos os níveis hierárquicos. Só assim poderão ser traduzidos em ações locais para

alcançá-los.

As empresas normalmente não tem dificuldade em identificar medidas financeiras relacionadas a seus objetivos de

longo prazo. A maioria inclui rentabilidade, retorno sobre o capital, valor econômico agregado, crescimento da receita, redução de

custos ou fluxo de caixa. Entretanto pouco se sabe como as medidas não-financeiras são usadas na avaliação de desempenho das

organizações.

STIVERS & JOYCE (2000) conduziram uma pesquisa sobre o uso de medidas não-financeiras para avaliação

de desempenho em 500 empresas americanas e 300 canadenses e concluíram que a maioria dos executivos entrevistados

identificaram apenas três fatores do balanced scorecard (serviços aos clientes, desempenho no mercado e cumprimento de objetivos)

como sendo de extrema importância. Para eles, medidas de inovação e envolvimento dos funcionários foram percebidas como menos

importantes. Para os autores este resultado é motivo de preocupação, uma vez que inovação e capital humano assumem

importância notoriamente crescente no sucesso organizacional.

STIVERS & JOYCE (2000) dão finalmente algumas dicas sobre a implementação de um sistema real de

avaliação de desempenho balanceada:

1. O sistema de desempenho é dinâmico O sistema de desempenho é dinâmico O sistema de desempenho é dinâmico O sistema de desempenho é dinâmico e deve ser revisado e atualizado toda vez que a organização sofrer

mudanças.

2. É um processo É um processo É um processo É um processo top-downtop-downtop-downtop-down. Ou seja, começa com um consenso da alta administração sobre as estratégias a

serem seguidas e depois é comunicado para o resto da organização através do sistema gerencial.

3. É preciso usar as medidas certasÉ preciso usar as medidas certasÉ preciso usar as medidas certasÉ preciso usar as medidas certas. O sistema de medidas de desempenho é único para cada organização, pois

é estreitamente ligado às suas estratégias particulares e não deve ser simplesmente copiado.

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4. Depende do comprometimento pessoalDepende do comprometimento pessoalDepende do comprometimento pessoalDepende do comprometimento pessoal. Os objetivos das unidades devem ser coerentes com os da organização.

Para conseguir este alinhamento é preciso atrelar o sistema de incentivos com o de gerenciamento de

desempenho.

5. Resistência à mudançaResistência à mudançaResistência à mudançaResistência à mudança. Se a empresa for do tipo que não encoraja a inovação, as pessoas podem sentir-se

ameaçadas pelo novo sistema de medidas, pois passarão a ser mais responsabilizadas por suas ações.

6. Melhor começar com uma unidade pilotoMelhor começar com uma unidade pilotoMelhor começar com uma unidade pilotoMelhor começar com uma unidade piloto. A implementação com sucesso de um sistema de gerenciamento de

desempenho numa unidade de negócio permite o aprendizado e o desenvolvimento de habilidades para a

implementação de um sistema na empresa como um todo.

Figura 3.9Figura 3.9Figura 3.9Figura 3.9 com a lista de medidas não-financeiras de desempenho sugeridas por STIVERS & JOYCE (2000)

Serviço ao clienteServiço ao clienteServiço ao clienteServiço ao clienteSatisfação do cliente

Desempenho na entrega/serviço ao clienteQualidade do processo/produto

Qualidade do serviçoDesempenho no mercadoDesempenho no mercadoDesempenho no mercadoDesempenho no mercadoEficiência do mercado

Crescimento do mercadoMarket share

InovaçãoInovaçãoInovaçãoInovaçãoDesenvolvimento de novos produtos

Flexibilidade de manufaturaCapacitação tecnológicaEnvolvimento do pessoalEnvolvimento do pessoalEnvolvimento do pessoalEnvolvimento do pessoal

Satisfação dos funcionáriosRotatividade dos funcionários

Educação e treinamentoCompetências principaisReconhecimento interno

Moral e cultura corporativasFonte: STIVERS & JOYCE (2000) p. 25

BANKER [et al] (2000), usando séries temporais de dados obtidos através do estudo de 18 hotéis de uma

cadeia nos Estados Unidos durante 72 meses, obtiveram evidências empíricas sobre o comportamento de medidas não-financeiras e

seu impacto no desempenho de empresas. O resultado indica que medidas não-financeiras sobre satisfação dos clientes estão

significativamente associadas ao desempenho financeiro de longo prazo de organizações daquele setor. E ainda que a

implementação de um sistema de incentivos que inclui medidas de performance não-financeiras têm algum impacto direto ou

indireto sobre a performance financeira.

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FERREIRA (1999), citando um trabalho de CROSS & LYNCH publicado em 1991, também descreve passos

necessários para criar-se um bom sistema de medição de performance. O primeiro passo é o envolvimento e o direcionamento do

processo pela alta gerência. O segundo é a identificação dos fatores críticos de performance, que informam como o sistema

organizacional está funcionando de fato. Para tal é necessária a participação dos funcionários mais envolvidos com o dia-a-dia da

empresa. De posse desses dados, parte-se para uma análise do impacto de cada indicador sobre as operações e sobre a organização

como um todo. Faz-se, assim, um questionamento de quais medidas são mais ou menos adequadas. O último passo é fazer os

ajustes necessários para o melhor funcionamento do novo sistema.

OTLEY (1997) lembra a importância de estabelecer alvos que motivem e desafiem a gerência, utilizando-se de

técnicas como benchmarking, custo-alvo, contabilidade da concorrência, análise da lucratividade do cliente, custo do ciclo de vida.

Porém, deve-se ter especial atenção ao uso de recompensas e incentivos, para que não distorçam o comportamento dos gerentes na

direção do sucesso de curto prazo, negligenciando o desempenho de longo prazo.

Duas variáveis não-financeiros mencionadas por FERREIRA (1999) que poderiam estar inclusas nas análises

estratégicas e de desempenho das organizações são o aspecto ambiental e de bem-estar humano e social. O primeiro diz respeito

aos impactos das operações, produtos e serviços da empresa sobre o meio ambiente e sua capacidade de subsistência a longo prazo.

O segundo refere-se a estes impactos sobre os direitos dos seres humanos à saúde, segurança, dignidade, liberdade, justiça,

crescimento e realização. A dificuldade está em medir esses passivos/ativos ambientais e humanos.

Como foi visto, alguns críticos são contrários ao uso exclusivo de indicadores financeiros. Eles discutem que a

abordagem mais efetiva para controlar é monitorar e avaliar os fatores críticos de sucesso da empresa, como qualidade de serviço,

habilidades e conhecimentos dos funcionários. Para ATKINSON (1999) as empresas que buscam lucro deveriam fazer

investimentos, a fim de recuar a rentabilidade até que o custo marginal do capital do último centavo investido se iguale ao retorno

marginal gerado por aquele centavo. O EVA 1 (valor econômico agregado) é uma resposta a esta crítica.

1 EVA e Economic Value Added são marcas registradas da Stern Stewart & Co. (USA).

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95959595

Em seu nível mais básico, o EVA é uma medida de desempenho empresarial que difere da maioria das demais

ao incluir uma cobrança sobre o lucro pelo custo de todo o capital que uma empresa utiliza. Mas para EHRBAR (1999)2 o

EVA é mais que uma simples medida de desempenho, é a estrutura para um sistema completo de gerência financeira e

remuneração variável, que pode orientar cada decisão tomada por uma empresa em todos os níveis.

O encargo de capital no EVA é o custo de oportunidade, ou seja, é o retorno que investidores poderiam

realizar ao colocarem seu dinheiro numa carteira de outras ações e títulos de risco comparável e do qual abrem mão por reterem os

títulos da empresa em questão. EHRBAR (1999) argumenta que um negócio tem que produzir um retorno mínimo, competitivo

sobre todo o capital nele investido. Muitos gerentes de empresas esquecem este princípio básico, pois foram condicionados a

focalizar lucros contábeis convencionais, que incluem uma dedução para pagamento de juros mas não tem qualquer dispositivo para

custo de capital acionário. Para os gerentes de linha que focalizam lucro operacional ainda é pior, pois sequer têm um encargo

sobre o endividamento. Os lucros verdadeiros não começam até que o custo de capital, com todos os demais custos, tenha sido

coberto.

Para a Stern Stewart & Co., o EVA é uma medida de lucros verdadeiros. Aritmeticamente é o lucro

operacional após pagamento de impostos menos o encargo sobre capital, apropriado tanto para endividamento quanto para capital

acionário. O que resta é o valor em moeda corrente pelo qual o lucro excede ou deixa de alcançar o custo do capital utilizado para

realizar aquele lucro. O cálculo efetivo do EVA não é simples como parece, pois requer uma série de decisões quanto a como

medir corretamente o lucro operacional, como medir capital e como determinar o custo de capital. A fórmula da Stern Stewart &

Co. é a seguinte:

2 Al Ehrbar é vice-presidente sênior da Stern Stewart & Co.

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96969696

EVAEVAEVAEVA = NOPAT – C% (TC) = NOPAT – C% (TC) = NOPAT – C% (TC) = NOPAT – C% (TC) ∗∗∗∗

onde,

NOPAT é o lucro operacional líquido após tributação,

C% é o custo percentual de capital e

TC é o capital total.

A cada ano cresce o número de empresas que implementam a estrutura EVA para gestão financeira e

remuneração variável na busca de resultados superiores para acionistas, funcionários e clientes. Para EHRBAR (1999) o sistema

de gerência financeira típico dos dias de hoje é, na verdade, uma miscelânea de regras, diretrizes e procedimentos que utiliza uma

gama de medidas e objetivos freqüentemente contraditórios, que fomenta confusão e conflito dentro de uma organização, que

focaliza variáveis de desempenho que pouco se relacionam ao valor de um negócio e que freqüentemente leva a decisões

equivocadas. As empresas podem avaliar produtos individuais ou linhas de negócios com base em lucro operacional. Unidades de

negócios podem ser avaliadas em termos de retorno sobre ativos ou de um determinado lucro orçado. Departamentos financeiros

analisam investimentos de capital em termos de fluxo de caixa descontado, mas avaliam aquisições em termos de efeito sobre o

crescimento dos lucros. O EVA , em contraste, oferece um único foco consistente e permite que todas as decisões sejam modeladas,

monitoradas, comunicadas e avaliadas em termos exatamente iguais – a riqueza incremental que um determinado caminho de

ação criará ou destruirá.

O sistema EVA capacita gerentes a tomarem melhores decisões através do oferecimento de informações e

insights superiores. Mas informações apenas não farão com que gerentes escolham ações que maximizam lucro econômico e riqueza

para acionistas, especialmente quando essas ações forem difíceis e desagradáveis. A verdadeira revolução do EVA surge da

mudança de comportamento em toda uma organização e isso depende crucialmente de utilizá-lo como base para a remuneração

variável.

O obstáculo mais difícil enfrentado pela maioria das empresas em sua luta pela criação de riqueza para os

acionistas é uma compreensão fundamentalmente equivocada de como o mercado determina os preços das ações. O retorno total

para os acionistas pode constituir medida enganosa de desempenho, o valor de mercado por si só nada significa e lucro por ação

∗ No Brasil há dificuldades para o cálculo preciso do EVA, devido à grande diversidade de taxas de juros aplicáveis.

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não conta. Para EHRBAR (1999) a devoção a lucros por ação é uma fórmula para destruição de riqueza, enquanto que

gerenciar visando aumentos sustentados de EVA é a melhor maneira de criar riqueza para acionistas.

A diferença entre o valor total de mercado (tanto de ações quanto de endividamento) e o capital total é um

número denominado MVA – valor de mercado agregado. A fórmula da Stern Stewart & Co. é a seguinte:

MVA = valor de mercado – capital totalMVA = valor de mercado – capital totalMVA = valor de mercado – capital totalMVA = valor de mercado – capital total

Para EHRBAR (1999) o MVA é a medida definitiva de criação de riqueza. É melhor que todas as outras,

pois é a diferença entre entrada de caixa e saída de caixa – entre aquilo que investidores colocam na empresa como capital e o

que poderiam receber vendendo pelo preço de mercado corrente. O MVA é o montante acumulado pelo qual a empresa valorizou ou

desvalorizou a riqueza dos acionistas. O MVA é também a melhor medida externa de desempenho da gerência porque engloba a

avaliação do mercado da eficácia com a qual os gerentes da empresa utilizaram os recursos que tinham sob seu controle. O MVA

também reflete o quão bem a gerência posicionou a empresa para o longo prazo, porque os valores de mercado incorporam o valor

presente de resultados esperados de longo prazo.

Além disso, o MVA é automaticamente ajustado para o risco, já que os valores de mercado de empresas

incorporam julgamentos de investidores quanto a risco, além de desempenho. Isto significa que o MVA é uma medida que pode ser

utilizada para comparar diretamente empresas em setores diferentes ou até mesmo em países diferentes. A que tiver o MVA mais

elevado terás criado mais riqueza.

O MVA é exatamente equivalente à estimativa do mercado de capitais do valor presente líquido (VPL do

método do fluxo de caixa descontado para avaliação de um investimento) de uma empresa. Ao pensar em uma organização como

um aglomerado de projetos de investimentos, o MVA é a estimativa do mercado do VPL agregado de todos os projetos em

andamento e futuros. Da mesma forma que um cálculo de VPL subtrai o investimento inicial necessário para financiar um projeto

do valor presente dos fluxos de caixa esperados, o cálculo do MVA toma o valor bruto de mercado e dele subtrai o investimento

acumulado de capital realizado até aquele momento. O que sobra é o VPL da empresa.

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98989898

O MVA é o valor de mercado de uma empresa menos o valor contábil de seu capital investido, mas não se pode

usar o valor contábil para calcular o MVA com precisão. Isso porque os princípios contábeis geralmente aceitos freqüentemente

se desviam da realidade econômica e quase sempre tendem a diminuir o montante de capital investido por uma empresa. Para

calcular o MVA, ERHBAR (1999) sugere que sejam feitos alguns ajustes para converter valor contábil em valor econômico. Por

exemplo, todos os desembolsos de caixa que se espera contribuírem para lucros futuros, como gastos com P&D, devem ser somados

ao capital ao invés de serem lançados como despesas.

Como o valor de mercado, o MVA é um instantâneo num determinado momento. É o montante de riqueza criada

ou destruída por uma empresa desde o seu início. Do ponto de vista da avaliação da gerência atual, a variação do MVA ao

longo de um ano ou de cinco anos pode ser mais significativa que o valor absoluto do MVA. O que determina o destino de uma

empresa é a correção de sua estratégia e a excelência com a qual a gerência executa aquela estratégia.

Embora a meta de qualquer empresa devesse ser criar o maior MVA possível, o MVA em si não tem muita

utilidade como guia para tomada de decisão no dia-a-dia da gerência. Mudanças no nível geral da bolsa de valores poderão

sobrepujar a contribuição das ações da gerência no curto prazo. Nem toda empresa tem ações negociadas na bolsa e preço de

mercado facilmente determinado. O MVA só pode ser calculado em nível consolidado, pois não há MVA para uma divisão ou

linha de produto ou unidade de negócio. Sendo assim, gerentes têm que se valer de alguma medida interna de desempenho que seja

estreitamente ligada ao MVA.

A maioria das empresas faz de lucros mais elevados sua meta financeira primária e baseia sua remuneração

variável da alta gerência em metas de crescimento de lucros ou de lucro por ação. Para EHRBAR (1999) não existem evidências

de que lucros impulsionem riqueza para os acionistas. Geralmente esta postura leva as empresas a empreenderem ações que

aumentam lucros publicados mas destroem valor. O melhor caminho é gerenciar visando aumentos de EVA, pois é a medida

interna de desempenho mais estreitamente relacionada ao MVA. MVA é o valor presente do EVA futuro esperado.

Para EHRBAR (1999) os planos de incentivos convencionais erram principalmente no que diz respeito ao

alinhamento. A utilização da medida errada de desempenho num plano de incentivos leva uma empresa a produzir o

comportamento errado. Pesquisas recentes mostram que a maioria das empresas baseia seu pagamento de bônus à alta gerência na

realização de níveis projetados de lucros, lucros por ação, lucros operacionais, retorno sobre o capital (ROE) e retorno sobre o

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99999999

ativo (ROA). Bônus para gerentes de unidades de negócio são geralmente determinados pelo desempenho da unidade em si, medido

em termos de lucro após impostos ou lucros operacionais, com algum peso relativo ao resultado geral da organização. O

alinhamento nestes planos é fraco, pois as diversas permutações de lucros contábeis não são sistematicamente ligadas a valor para

os acionistas. Lucros não têm qualquer provisão pelo custo de oportunidade de capital e o impacto da manipulação dos resultados

na verdadeira linha de resultados, decorrentes de algumas ações que, aumentando os lucros contábeis, efetivamente destroem a

riqueza dos acionistas.

O que toda empresa deseja hoje é uma cultura de melhoria, comprometimento, responsabilidade e

responsabilização contínuos. Elas esperam que seus funcionários se sintam comprometidos, sejam criativos e dêem boas-vindas a

mudanças, quando não as anteciparem. Ou seja, desejam criar uma cultura de propriedade que elimine a necessidade de constantes

controles de cima para baixo. Para realizarem isto, cada organização precisa ter um sistema de incentivos que recompense seus

gerentes clara, objetiva, previsível e continuamente por criarem riqueza para os acionistas e os puna por destruí-la. Os planos de

bônus baseados no EVA se propõem a fazê-lo.

Cada vez mais o EVA está atraindo a atenção e o entusiasmo da alta administração de empresas envolvidas nos

processos de globalização, privatização e mudança paralela para maior liberdade e competição dos setores fortemente

regulamentados. Essas empresas estão utilizando o EVA como ferramenta facilitadora da transição cultural do confortável e

tranqüilo ambiente do monopólio para o ambiente altamente competitivo do mercado.

Para FERREIRA (1999), o EVA se propõe a provocar uma revolução na gestão tradicional, uma vez que

todos na empresa passam a funcionar como proprietários comprometidos com a geração de riqueza. O EVA é uma ferramenta

que pode funcionar muito bem em estruturas descentralizadas, onde os gerentes das unidades de negócio tem autonomia para

decisões sobre investimentos. Outra questão é a do custo de capital, que deixa de ser fixo e passa a acompanhar a real dinâmica

do mercado, exigindo dos acionistas um controle mais direto, enfatizando o lucro econômico operacional. Este indicador funciona

comparando o lucro operacional após impostos com o custo do capital empregado na geração desse lucro. Deste modo, a análise da

eficácia operacional integra-se com a análise financeira.

Cabe às empresas adotarem estratégias em suas unidades ou repartições de modo a gerar mais valor, seja

tornando o EVA mais positivo ou menos negativo. Esta visão evolutiva torna este indicador menos limitado que outros, por isso

um número cada vez maior de empresas vem adotando esta ferramenta.

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100100100100

Os sistemas de controle gerenciais se vêem cada vez mais obrigados a acompanharem as mudanças ocorridas no

mundo moderno, fruto da intensificação da competição global e da rapidez dos progressos tecnológicos. Muitas são as críticas sobre

a inadequação dos atuais sistemas de avaliação de performance face a este novo cenário e às novas exigências organizacionais.

Medidas de desempenhos individuais, por exemplo, distorcem a visão da empresa como um todo e não permitem medidas

corretivas a contento. Informações não-financeiras importantes não são consideradas. E as avaliações são usadas mais como

justificativas para punição, que como fonte de aprendizado para melhorias futuras. Sendo assim, pesquisadores como os citados

neste capítulo reúnem em seus estudos propostas para melhor conduzir a questão de avaliação de desempenho.

É importante concluir que as medidas não-financeiras não apareceram para substituir as financeiras e sim para

adicionar. O fracasso financeiro, mesmo que acompanhado de sucesso em outras áreas, é insustentável a longo prazo e motivo de

grande frustração para todos na empresa. E é justamente com ênfase na importância das medidas financeiras na análise de

desempenho que surgiram indicadores como EVA , descrito anteriormente.

A força-chave do gerenciamento de desempenho é o desenvolvimento de sistemas de informação para estabelecer

metas de orçamento e monitorar resultados. Sem esquecer que esses sistemas devem ir além das fronteiras financeiras e incluir

outros fatores, como estatísticas sobre entregas no prazo, qualidade do produto, satisfação do cliente, moral dos empregados e

desenvolvimento de novos produtos. É importante o desenho de um relatório que integre todos esses fatores de maneira a prover a

alta gerência com as informações realmente interessantes.

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101101101101

3.5.2.4 OS SISTEMAS DE CONTROLE E OS ESTÁGIOS DE DESENVOLVIMENTO DAS3.5.2.4 OS SISTEMAS DE CONTROLE E OS ESTÁGIOS DE DESENVOLVIMENTO DAS3.5.2.4 OS SISTEMAS DE CONTROLE E OS ESTÁGIOS DE DESENVOLVIMENTO DAS3.5.2.4 OS SISTEMAS DE CONTROLE E OS ESTÁGIOS DE DESENVOLVIMENTO DAS

ORGANIZAÇÕESORGANIZAÇÕESORGANIZAÇÕESORGANIZAÇÕES

Outra face da abordagem contextual e organizacional do controle de gestão é a relacionada ao ciclo de vida no

qual se encontra uma organização. As ferramentas de controle são mais ou menos eficazes, dependendo da fase do ciclo de vida que

a empresa esteja vivendo. Já em 1972, GREINER (1998) apresentava um modelo que se propunha a explicar como as

organizações se desenvolvem ao longo do tempo. A idéia era mostrar ao administrador que o estilo gerencial necessário para a boa

administração de um negócio varia conforme a fase do ciclo de vida em que se encontra a organização. Conseqüentemente, variam

também os sistemas de controle de gestão considerados ideais para cada momento da organização.

GREINER (1998) usou cinco variáveis para explicar como as organizações crescem: idade da organização;

tamanho da organização; estágio de evolução em que se encontra; estágio de revolução e ;taxa de crescimento do setor a que

pertence a organização.

Partindo das cinco variáveis, GREINER (1998) chegou a cinco fases de crescimento de uma organização:

criatividade; direção; delegação ou descentralização; coordenação e; colaboração. Cada fase começa com um período de evolução

estável e termina com uma revolução, onde ocorrem mudanças significativas na organização. Nos períodos de turbulência, cabe à

gerência escolher que prática adotar para resolver a crise. As práticas escolhidas serão as bases da administração do próximo

período de evolução, mas também semearão as sementes da próxima crise.

Mais tarde, GREINER (1998) identificou uma sexta fase do processo evolutivo das organizações, na qual

procuram soluções externas para seu crescimento através de holdings, alianças ou participações cruzadas.

Este modelo dinâmico de GREINER (1998) fortalece a idéia de que só faz sentido falar em controle

organizacional dentro de determinado contexto, de determinada cultura, de um determinado momento histórico de uma

organização em particular.

Nesta mesma linha pode-se citar o trabalho de FLAMHOLTZ (1995) que afirma que as organizações são

entidades dinâmicas enfrentando diferentes desafios em cada estágio de seu desenvolvimento e a habilidade de fazer a transição

entre os diferentes estágios é o segredo do seu sucesso de longo prazo. FLAMHOLTZ (1995) explica que cada negócio é único e

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102102102102

requer suas próprias soluções estratégicas. Ao invés de seguir modismos, as organizações devem voltar-se para suas bases:

mercados, produtos, serviços e cultura corporativa. Abordagens fadadas ao sucesso serão aquelas que têm uma visão holística e

que são guiadas pelas necessidades específicas da organização conforme seu estágio atual de crescimento.

Neste trabalho, FLAMHOLTZ elabora uma Pirâmide do Desenvolvimento Organizacional. O primeiro passo é

determinar o grau de desenvolvimento de uma organização, baseado em vendas anuais ou outros fatores já conhecidos. A pirâmide

é dividida em áreas, que representam as bases do desenvolvimento organizacional. O estágio de crescimento determina qual área

requer maior atenção.

Cada estágio demanda da gerência habilidades específicas para encarar os desafios. Daí, surge a Pirâmide do

Desenvolvimento das Habilidades Gerenciais. Ambas estão ilustradas nas figuras que se seguem.

Figura 3.10Figura 3.10Figura 3.10Figura 3.10 representativa da pirâmide do desenvolvimento organizacional de FLAMHOLTZ (1995)

Fonte: FLAMHOLTZ, 1995, p.14

CulturaCorporativa

valores, crenças, normas

Sistemas G erenciais

Planejamento O rganizaçãoDesenvolvimento

G erencialControle

Sistemas O peracionais

Contabilidade PessoalM arketingProdução

G erenciamento de Recursos

HumanosTecnológicos eM ateriais

Financeiros

Produtos e Serviços

Desenvolvimento de produtos e serviços

M ercados

Definição de segmentos e nichosPirâm

ide do desenvolvimento organizacional

de FLAMHOLTZ (1995; 14)

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103103103103

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104104104104

Habilidadesgerenciais para

transição

Habilidades paradesenvolvimentoorganizacional

Planejamentoestratégico

Planejamentoorganizacional

Liderançaestratégica

G erenciam.da cultura

Habilidades para gerenciamentoorganizacional

PlanejamentoDesenvolvimento

gerencialControleO rganização

Habilidades paragerenciamento operacional

G erenciamentode reuniões

TreinamentoRecrutamento e

seleção

Habilidades gerenciais principais

DelegaçãoefetivaP

irâm

ide do desenvolvimento das habilidades

gerenciais de FAMHOLTZ (1995; 15)

SupervisãoAvaliação dedesempenho

G erenciamentodo tempo

Efetividadeinterpessoal

G erenciamentode projetos

Liderançaoperacionalefetiva

Figura 3.11Figura 3.11Figura 3.11Figura 3.11 representativa da pirâmide do desenvolvimento das habilidades gerenciais de FLAMHOLTZ (1995)

Fonte: FLAMHOLTZ, 1995 p. 15

3.5.2.5 O MODELO DE CONTROLE INTEGRADO DE FLAMHOLTZ3.5.2.5 O MODELO DE CONTROLE INTEGRADO DE FLAMHOLTZ3.5.2.5 O MODELO DE CONTROLE INTEGRADO DE FLAMHOLTZ3.5.2.5 O MODELO DE CONTROLE INTEGRADO DE FLAMHOLTZ

FLAMHOLTZ (1996) desenvolve um outro modelo que permite entender, visualizar, analisar e desenhar

sistemas de controle de uma maneira mais integrada. As organizações são compostas por pessoas com seus próprios interesses,

sendo assim, cabe às empresas influenciar e controlar o comportamento de seus membros para garantir que os objetivos

organizacionais sejam perseguidos. Daí a importância dos sistemas de controle.

Para FLAMHOLTZ (1996) são quatro as funções de controle:

(1 )(1 )(1 )(1 ) Motivar as pessoas a agirem com consistência em relação aos objetivos organizacionais;

(2)(2)(2)(2) Integrar os esforços das diferentes partes da organização;

(3)(3)(3)(3) Permitir a descentralização das decisões do dia-a-dia, sem descumprir os objetivos da organização como um

todo;

(4)(4)(4)(4) Facilitar a implementação e o processo do planejamento estratégico.

FLAMHOLTZ (1996) chama a atenção para o fato de não se poder dizer que uma organização que

meramente aplica uma coleção ad hoc de técnicas de controle tenha um verdadeiro sistema de controle. Sistemas de controle não

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105105105105

Ambiente O rganizacional

M icro Sistemade Controle

EstruturaO rganizacional

CultraO rganizacional

Representação esquemática do sistema

de controle de uma organização.

FLAMHOLTZ (1996; 599)

são facilmente perceptíveis aos observadores, pois compreendem uma série complexa de processos em andamento no dia-a-dia da

empresa.

O modelo proposto de sistema de controle consiste de três partes representadas por círculos concêntricos: sistema

de controle central ou micro sistema de controle; estrutura organizacional e; cultura organizacional.

Figura 3.12Figura 3.12Figura 3.12Figura 3.12 Sistema de controle de uma organização

Fonte: FLAMHOLTZ, 1996, p. 599

O microsistema de controle, por sua vez, apresenta uma estrutura com cinco processos organizacionais básicos:

planejamento, operações, medidas de desempenho, feedback e avaliação/recompensa. O sistema central engloba todos os aspectos do

comportamento humano que se relacionam com os objetivos organizacionais.

Sistema deAvaliação eRecompensa

O perações Resultaddos

Sistema deM edidas

Sistema dePlanejamento

feedback corretivo

recompensa

feedback

corretivo

decisões e ações

objetivos e metas

5

2

3

1

4.1

4.2

Figura 3.13 M odelo esquemático do sistema de controle central oumicro sistema de controle

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106106106106

Os cinco processos básicos precisam estar presentes para que o microsistema funcione completamente. No entanto,

eles podem apresentar-se em combinações das mais variadas, onde uns aspectos prevalecem sobre outros. Quanto maior e mais

complexa a organização mais forte é a presença de cada um dos elementos.

A segunda componente do macrosistema de controle existente no modelo de FLAMHOLTZ (1996) é a estrutura

organizacional, que também funciona como uma forma de controle. É a estrutura que especifica o comportamento esperado das

pessoas no desempenho de suas funções. A estrutura define ainda as relações de autoridade entre as diversas funções que a

compõem. Alguns aspectos da estrutura, como grau de centralização ou descentralização, grau de integração vertical e horizontal

grau de especialização, certamente contribuem para o processo de controle.

A última variável apontada por FLAMHOLTZ (1996) é a cultura organizacional. Na verdade a cultura é o

ponto de partida para se desenhar um sistema de controle e pode ser produto de decisões gerenciais. Ela é uma forma de controle,

na medida em que os valores, crenças e normas sociais compartilhados pelos membros de uma organização tendem a influenciar

seus pensamentos e atitudes.

Para FLAMHOLTZ um sistema de controle organizacional será eficiente se: (a)(a)(a)(a) identificar todos os

comportamentos esperados ou objetivos relevantes para a organização; (b)(b)(b)(b) levar as pessoas aos comportamentos esperados sem

conflito com os objetivos organizacionais; (c)(c)(c)(c) produzir com freqüência os mesmos comportamentos.

O macrosistema de controle organizacional pode ser encarado como fonte de vantagem competitiva para uma

empresa, uma vez que sistemas gerenciais e cultura são variáveis difíceis de serem copiadas pela concorrência.

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107107107107

3.5.2.6 CUIDADOS COM O CONTROLE DE GESTÃO3.5.2.6 CUIDADOS COM O CONTROLE DE GESTÃO3.5.2.6 CUIDADOS COM O CONTROLE DE GESTÃO3.5.2.6 CUIDADOS COM O CONTROLE DE GESTÃO

FLAMHOLTZ (1995) vai fundo no conceito de controle de gestão ao falar desta abordagem mais holística de

controle. Ele critica duramente modas em teorias gerenciais, como downsizing e re-engenharia, pois embora sejam capazes de

trazer ganhos a curto prazo, vêm freqüentemente provando serem soluções parciais ou superficiais para as organizações.

O downsizing inicialmente empolga pelos aumentos de produtividade e custos menores. No entanto, a redução

drástica da mão-de-obra por um lado e a manutenção do volume de trabalho por outro, força um número menor de trabalhadores

a assumirem um número maior de tarefas. Conseqüências: deterioração do serviço, gente boa deixando a empresa, empregados

desmotivados e estressados.

Fazem parte da re-engenharia tendências como empowerment, recompensas por desempenho e eliminação das

paredes entre divisões, que podem trazer benefícios. Porém, um número cada vez maior de empresas descobre que a re-engenharia

é um processo extremamente exigente e complicado, que pode sacudir a empresa sem resolver seus problemas fundamentais.

Para FLAMHOLTZ ( 1995) todas essas teorias têm em comum o erro de serem abordagens parciais e muito

genéricas, muitas vezes falhando em resolver os desafios específicos de cada organização. Uma abordagem bem sucedida se baseia

numa visão holística da organização, como foi visto ao longo deste capítulo.

MACINTOSH (1994) também alerta para os perigos dos excessos nos sistemas de controle gerencial. Em

alguns casos esses sistemas podem prejudicar mais que ajudar. Ele faz críticas pesadas a técnicas que prometem alcançar a

congruência de objetivos, pois muitas vezes os controles financeiros acabam levando a gerência a agir conforme seus próprios

interesses, em detrimento dos interesses organizacionais. Há ainda os perigos da perda de relevância (relevance-lost), uma vez que

se utiliza de sistemas que focam excessivamente em eficiência, corte de custos e desempenho no curto prazo, às custas das

considerações de longo prazo.

Estudos empíricos mostram que a administração por centros de responsabilidade, por exemplo, freqüentemente tem

levado a conflitos entre estes centros. Na busca do bom resultado individual, os centros tomam decisões que venham a beneficiá-los

em detrimento da organização como um todo. MACINTOSH (1994)

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108108108108

Os sistemas de controle tradicionais não mais se aplicam ao atual ambiente de negócios. Estes sistemas eram

baseados em hipóteses como produtos padronizados, com longos ciclos de vida, fábricas intensivas em mão-de-obra e matéria-prima

e empresas de um só produto.

Atualmente, muita coisa mudou. No lugar dos produtos padronizados, intensivos em custos diretos e com longos

ciclos de vida, entram os produtos sofisticados, intensivos em custos indiretos, de desenho modular, feitos sob encomenda e com

ciclos de vida curtíssimos. Ao invés dos equipamentos dedicados, surgem as estações de trabalho flexíveis e tecnologias como

CAD/CAM. Por fim, os oligopólios e protecionismos tarifários vêm sendo substituídos pela livre concorrência entre empresas

competindo globalmente.

Para MACINTOSH (1994) a contabilidade gerencial ainda não acompanhou as mudanças radicais no

ambiente de negócios. Sendo assim, ele propõe algumas técnicas para remediar as dificuldades normalmente enfrentadas pelo

administrador. Custeio ABC, administração por custo estratégico e análise da cadeia de valor são métodos que visam colocar o

foco do controle gerencial sobre fatores estratégicos, de longo prazo e eficiência.

O custeio ABC tenta chegar a informações mais acertadas sobre os custos de uma empresa, ao propor a revisão

dos fatores de alocação dos custos indiretos. Já a administração por custo estratégico procura redesenhar os sistemas de controle,

incluindo parâmetros de custos baseados no potencial futuro de equipamentos e métodos da empresa, com a participação do seu

pessoal. A análise da cadeia de valor procura criar na empresa a visão de que o negócio é um conjunto de atividades interligadas

que devem adicionar valor ao longo de uma cadeia que vai desde as fontes de matéria-prima até a entrega do produto ao

consumidor final.

Ao longo do estudo foram revistas algumas contribuições relativas ao conceito de controle de gestão. Apesar das

considerações importantes dos diversos autores, para GOMES & SALAS (1999) não se percebe na atualidade a existência de

um paradigma predominante ou de um plano de referência que englobe todos os aspectos discutidos.

“ Não existe fórmula mágica para solucionar os problemas da nova organização” (GOMES & SALAS,

1999:47)

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O que pode-se perceber é uma tendência ao abandono progressivo de abordagens mecanicistas sobre controle de

gestão, que predominaram durante várias décadas, passando-se a incorporar importantes idéias de outras áreas, onde o contexto

social e organizacional passam a ser considerados como variáveis-chave no desenho e utilização dos sistemas de controle.

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110110110110

ANEXOS À REVISÃO DE LITERATURAANEXOS À REVISÃO DE LITERATURAANEXOS À REVISÃO DE LITERATURAANEXOS À REVISÃO DE LITERATURA

Tabela 3.4Tabela 3.4Tabela 3.4Tabela 3.4 com a lista de todas as empresas privatizadas de 1991 a 2000

Empresa PrivatizadaEmpresa PrivatizadaEmpresa PrivatizadaEmpresa Privatizada Data da OfertaData da OfertaData da OfertaData da Oferta Receita de Venda Receita de Venda Receita de Venda Receita de Venda(U$ milhões)(U$ milhões)(U$ milhões)(U$ milhões)

Dívida Transferida Dívida Transferida Dívida Transferida Dívida Transferida(U$ milhões)(U$ milhões)(U$ milhões)(U$ milhões)

TotalTotalTotalTotal

(U$ milhões)(U$ milhões)(U$ milhões)(U$ milhões)CELMA 01/01/91 91,00 5,00 96,00

COSINOR 14/01/91 15,00 - 15,00

USIMINAS 24/10/91 1.941,00 369,00 2.310,00

MAFERSA 11/11/91 49,00 1,00 50,00

CBE 03/01/92 11,00 - 11,00

SNBP 14/01/92 12,00 - 12,00

INDAG∗ 23/01/92 7,00 - 7,00

PIRATINI 14/02/92 107,00 2,00 109,00

PETROFLEX 10/04/92 234,00 21,00 255,00

COPESUL 15/05/92 862,00 9,00 871,00

ÁLCALIS 15/07/92 81,00 6,00 87,00

CST 16/07/92 354,00 483,00 837,00

NITRIFLEX∗ 06/08/92 26,00 9,00 35,00

FOSFÉRTIL 12/08/92 182,00 44,00 226,00

POLISUL 11/09/92 57,00 131,00 188,00

PPH 29/09/92 59,00 35,00 94,00

GOIASFÉRTIL 08/10/92 13,00 9,00 22,00

ACESITA 22/10/92 465,00 232,00 697,00

POLIOLEFINAS∗ 19/03/93 87,00 - 87,00

CSN 01/04/93 1.495,00 533,00 2.028,00

ULTRAFÉRTIL 24/06/93 206,00 20,00 226,00

COSIPA 20/08/93 586,00 884,00 1.470,00

AÇOMINAS 10/09/93 599,00 122,00 721,00

OXITENO∗ 15/09/93 54,00 2,00 56,00

∗ Participações minoritárias

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111111111111

PQU 24/01/94 287,00 41,00 328,00

ARAFÉRTIL∗ 15/04/94 11,00 2,00 13,00

CARAÍBA 28/07/94 6,00 - 6,00

ACRINOR∗ 12/08/94 12,00 1,00 13,00

COPERBO∗ 16/08/94 26,00 6,00 32,00

CIQUINE∗ 17/08/94 24,00 6,00 30,00

POLIALDEN∗ 17/08/94 17,00 2,00 19,00

POLITENO∗ 18/08/94 45,00 28,00 73,00

EMBRAER 07/12/94 192,00 263,00 455,00

ESCELSA 11/07/95 520,00 2,00 522,00

COPENE∗ 15/08/95 270,00 475,00 745,00

CPC∗ 29/09/95 100,00 61,00 161,00

SALGEMA∗ 05/10/95 139,00 44,00 183,00

CQR∗ 05/10/95 2,00 - 2,00

PRONOR∗ 05/12/95 64,00 35,00 99,00

NITROCARBONO∗ 05/12/95 30,00 7,00 37,00

CBP∗ 05/12/95 - - -

POLIPROPILENO∗ 01/02/96 81,00 5,00 86,00

KOPPOL∗ 01/02/96 3,00 67,00 70,00

RFFSA (Malha oeste) 05/03/96 63,00 - 63,00

LIGHT SESA 21/05/96 2.507,00 586,00 3.093,00

DETEN∗ 22/05/96 12,00 - 12,00

RFFSA (centro-oeste) 14/06/96 316,00 - 316,00

POLIBRASIL∗ 27/08/96 99,00 12,00 111,00

RFFSA (sudeste) 20/09/96 870,00 - 870,00

EDN∗ 26/09/96 16,00 - 16,00

RFFSA (Tereza Cristina) 22/11/96 18,00 - 18,00

RFFSA (Malha sul) 13/12/96 209,00 - 209,00

CVRD 06/05/97 3.299,00 3.559,00 6.858,00

∗ Participações minoritárias

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112112112112

RFFSA (nordeste) 18/07/97 15,00 - 15,00

TECON 17/09/97 251,00 - 251,00

MERIDIONAL 04/12/97 240,00 - 240,00

3 Berços de Capuaba 06/05/98 26,00 - 26,00

Terminal de Paul 13/05/98 9,00 - 9,00

TECON 1 (CDRJ) 03/09/98 79,00 - 79,00

GERASUL 15/09/98 801,00 1082,00 1883,00

Terminal Roll-on-off do Porto do R.J.

(CDRJ)

03/11/98 26,00 - 26,00

Porto de Angra dos Reis 05/11/98 8,00 - 8,00

Malha Paulista 10/11/98 206,00 - 206,00

GERASUL (oferta pública) 30/12/98 79,00 - 79,00

DATAMEC 23/06/99 49,00 - 49,00

Porto de Salvador 21/12/99 21,00 - 21,00

GERASUL (oferta empregados) 28/01/00 0,20 - 0,20

Ações excedentes ao controle da

PETROBRÁS

09/08/00 4032,00 - 4032,00

BANESPA 3595,00 - 3595,00

Decreto 1068/94 1110,00 - 1110,00

TOTALTOTALTOTALTOTAL 27380,0027380,0027380,0027380,00 9201,009201,009201,009201,00 36581,0036581,0036581,0036581,00

Fonte: www.bndes.gov.br atualizado em 20/11/2000

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113113113113

Tabela 3.5Tabela 3.5Tabela 3.5Tabela 3.5 com as privatizações por ano de 1991 a 2000

PeríodoPeríodoPeríodoPeríodo NNNNoooo empresas empresas empresas empresas Receita de VendaReceita de VendaReceita de VendaReceita de Venda Dívida TransferidaDívida TransferidaDívida TransferidaDívida Transferida TotalTotalTotalTotal

1991 4 1.614,00 374,00 1.988,00

1992 14 2401,00 982,00 3.383,00

1993 6 2627,00 1.561,00 4188,00

1994 9 1966,00 349,00 2315,00

1995 8 1003,00 625,00 1628,00

1996 11 4080,00 669,00 4749,00

1997 4 4265,00 3.559,00 7824,00

1998 7 1655,00 1082,00 2737,00

1999 2 133,00 - 133,00

2000∗ 1 7636,00 - 7636,00

TotalTotalTotalTotal 66666666 27380,00 27380,00 27380,00 27380,00 9201,00 9201,00 9201,00 9201,00 36581,00 36581,00 36581,00 36581,00

Fonte: www.bndes.gov.br atualizado em 20/11/2000

Figura 3.14Figura 3.14Figura 3.14Figura 3.14 Gráfico com a receita de vendas das empresas privatizadas pelo PND de 1991 a 2000:

∗ Valor inclui oferta dos empregados da GERASUL, leilão de ações no âmbito do decreto 1068/94, oferta pública das ações da

PETROBRÁS e privatização do BANESPA

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114114114114

Fonte: PND Relatório Anual de Atividades de 2000

-

1.0 0 0

2.0 0 0

3.0 0 0

4.0 0 0

5.0 0 0

6.0 0 0

7.0 0 0

8.0 0 0

(U$ milhões

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

A no

Privatizações

Receita de V endas

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115115115115

Tabela 3.6Tabela 3.6Tabela 3.6Tabela 3.6 com as privatizações por setor de 1991 a 2000

SetorSetorSetorSetor Receita de VendasReceita de VendasReceita de VendasReceita de Vendas Dívidas TransferidasDívidas TransferidasDívidas TransferidasDívidas Transferidas TotalTotalTotalTotal

Siderurgia 5562,00 2625,00 8187,00

Petroquímica 2698,00 1003,00 3701,00

Fertilizantes 418,00 75,00 493,00

Elétrico 3907,00 1670,00 5577,00

Ferroviário 1697,00 - 1697,00

Mineração 3305,00 3559,00 6864,00

Portuário 421,00 - 421,00

Financeiro 3835,00 - 3835,00

Informática 50,00 - 50,00

Petróleo e Gás 4032,00 - 4032,00

Outros 344,00 268,00 612,00

Dec. 1068/94 1110,00 - 1110,00

Total Total Total Total 27380,00 27380,00 27380,00 27380,00 9201,009201,009201,009201,00 36581,0036581,0036581,0036581,00

Figura 3.15Figura 3.15Figura 3.15Figura 3.15 Gráfico com as privatizações por setor de 1991 a 2000:

Fonte: www.bndes.gov.br atualizado em 20/11/2000

Tabela 3.7Tabela 3.7Tabela 3.7Tabela 3.7 com os 10 maiores produtores mundiais de aço em 1999

Privatizações

Receita com V endas por S etor

Fertilizantes

2%Elétrico

14%Ferroviário

6%

O utros

1%

M inoritárias

4%

M ineração

12%

Petroquímica

10 %

Siderurgia

20 %

Portuário

2%

Informática

0 %

Petróleo e G ás

15%

Financeiro

14%

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116116116116

PaísPaísPaísPaís EmpresaEmpresaEmpresaEmpresa Produção (10Produção (10Produção (10Produção (106666 ton)ton)ton)ton)

Coréia do Sul Posco 26.5

Japão Nippon Steel 25.2

Luxemburgo Arbed Group 22.2

França Usinor 22.2

Grã-Bretanha Corus Group 21.3

LNM 20.0

Boashan 16.7

Alemanha Thyssen Krupp Stahl 16.1

Itália Riva 14.1

Japão NKK 12.8

Fonte: www.worldsteel.org em janeiro 2001

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117117117117

Tabela 3.8Tabela 3.8Tabela 3.8Tabela 3.8 com os produtores brasileiros de aço

EmpresaEmpresaEmpresaEmpresa EstadoEstadoEstadoEstado CapacidadeCapacidadeCapacidadeCapacidade

(10(10(10(106 6 6 6 ton)ton)ton)ton)

ProdutoProdutoProdutoProduto

Açominas MG 2.50 placas, lingotes e coque

Aços Vilares SP 0.80 lingotes, aços especiais e trefilados

Acesita MG 1.26 aços planos, longos e trefilados

CB Aço SP 0.08 aços leves

Cia Ind. Itaunense MG 0.14 aços longos e vergalhões

Belgo - Mineira MG, SP, ES 1.97 ferro-gusa, aços longos, vergalhões, fio-

máquina e arames

CSN RJ 4.92 aços planos

Cisipa SP 3.90 aços planos e coque

CST ES 4.64 aços planos

Gerdau PE, RJ, RS, PR, MG, CE, BA 3.85 ferro-esponja, ferro-gusa, aços longos, barras,

arames e forjados

Mannesman MG 0.79 ferro-gusa, aços longos e trefilados

Mendes Júnior / Belgo - Mineira MG 0.66 aços longos e trefilados

Sid. Barra Mansa RJ 0.45 aços longos e arames

Usiminas MG 4.20 coque e aços planos

Villares Metais SP 0.09 aços longos e trefilados

TOTAL 30.25

Fonte: Instituto Brasileiro de Siderurgia, 1997

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118118118118

4. O CASO CSN4. O CASO CSN4. O CASO CSN4. O CASO CSN

4.1 PERFIL DA EMPRESA4.1 PERFIL DA EMPRESA4.1 PERFIL DA EMPRESA4.1 PERFIL DA EMPRESA

A Companhia Siderúrgica Nacional iniciou suas operações como empresa estatal em 1946. Inaugurou a

produção de aço no Brasil e viabilizou a implantação das primeiras indústrias nacionais, que formam o núcleo do atual parque

fabril brasileiro.

Depois de quase cinqüenta anos sob controle estatal, foi privatizada em 1993, seguindo o Programa Nacional

de Desestatização - PND, e passou por profundas mudanças.

Ela é hoje a maior usina integrada a coque da América Latina e responde por 17% da produção brasileira de

aço bruto. Em 1999 obteve recordes históricos de produção, vendas e geração operacional de caixa. Foram produzidas 4.846 mil

toneladas de aço bruto, que geraram uma receita de vendas de R$ 3.355 bilhões e um EBITDA∗ de R$ 1,1 bilhão.

A CSN é um complexo integrado de minas, usinas, ferrovias e portos. A integração traz economias de escalas,

eleva eficiência e reduz custos. Em 1999 ela operou com um dos menores custos de produção do mundo – média de U$ 99 por

tonelada de aço.

A empresa é auto-suficiente em minério de ferro, que vem da mina Casa de Pedra em Minas Gerais. Possui

também minas dos fundentes calcário e dolomito em Arcos, Minas Gerais.

A Usina Presidente Vargas em Volta Redonda, Rio de Janeiro, tem capacidade anual para produzir 5 milhões

de toneladas de aço bruto. A Unidade Industrial Galvasud em Porto Real, Rio de Janeiro, tem capacidade produtiva de 350 mil

toneladas anuais de aços galvanizados para a indústria automobilística. A CISA, fábrica a ser concluída em 2002 em Araucária

no Paraná, terá capacidade para produção de 330 mil toneladas de aços galvanizados, galvalume e pré-pintados para as

indústrias da construção civil e de utilidades domésticas.

∗ Lucro bruto menos despesas de vendas, gerais e administrativas, mais depreciação e exaustão, segundo dados do Relatório Anual da CSN de 1999

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119119119119

A CSN tem ainda participação na MRS Logística S.A., que opera a antiga malha ferroviária do sudeste,

através da qual a empresa se abastece de insumos e distribui seus produtos. A Ferrovia Centro Atlântica S.A., onde a companhia

também tem participação, liga a mina de fundentes em Arcos a Volta Redonda e a usina ao porto de Angra dos Reis.

Desde 1997 a CSN arrenda o terminal de carvão do Porto de Sepetiba, Rio de Janeiro. Em 1998 arrendou o

terminal de contêineres deste mesmo porto.

A geração de energia elétrica também é uma preocupação da empresa. Ela participa de duas usinas

hidrelétricas: Itá, entre Rio Grande do Sul e Santa Catarina e; Igarapeva, entre Minas e São Paulo. Em 1999 inaugurou sua

Central de Co-geração Termoelétrica na Usina Presidente Vargas. A empresa busca, assim, a auto-suficiência em energia

elétrica, que hoje está em torno de 60% da sua demanda.

Em 1997 a empresa participou do leilão de privatização da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), a maior

mineradora do país e hoje é dona de 31,2% da VALEPAR, consórcio que controla 42% da CVRD.

Para administrar esta complexidade de operações e interesses, a CSN está dividida em três diretorias

executivas: Aço, Energia & Infraestrutura e Corporativa (ver organograma da empresa à página 180) A empresa possui também

subsidiárias no exterior e participações em outras empresas controladas, como a Indústria Nacional de Aços Laminados - INAL

S.A., FEM – Projetos, Construções e Montagens, S.A, a Companhia Siderúrgica do Ceará – CSC, entre outras.

A CSN tem capital predominantemente nacional (mais de 80%) e pulverizado entre vários sócios, sendo

controlada por grupos heterogêneos como bancos, fundos de pensão e empresas privadas (ver gráfico da composição acionária à

página 60). As ações da companhia são negociadas nas bolsas de valores do Rio, São Paulo e Nova Iorque.

Em 1999 a empresa vendeu 65% da sua produção para o mercado nacional e a participação dos produtos

exportados no volume total de vendas da CSN foi de 35%. Seus principais clientes são os setores de embalagens, construção civil,

automotivo e de utilidades domésticas.

A empresa busca inserir-se no mercado mundial entre os maiores e mais competitivos produtores de aço e para

tal tem investido maciçamente em tecnologia, modernização, logística, desenvolvimento de novos produtos com maior valor

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120120120120

agregado, relação com clientes e fornecedores, melhoria de qualidade, assistência técnica, desenvolvimento de pessoal, meio

ambiente, ações sociais e expansão da sua capacidade produtiva.

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121121121121

4.2 O CONTROLE GERENCIAL NA CSN APÓS A PRIVATIZAÇÃO4.2 O CONTROLE GERENCIAL NA CSN APÓS A PRIVATIZAÇÃO4.2 O CONTROLE GERENCIAL NA CSN APÓS A PRIVATIZAÇÃO4.2 O CONTROLE GERENCIAL NA CSN APÓS A PRIVATIZAÇÃO

O objetivo deste capítulo é apresentar o resultado das entrevistas realizadas com os administradores da empresa.

Não procurou-se aqui fazer nenhuma análise ou comentário sobre o que foi dito, apenas transcrever de forma organizada as

conversas gravadas pelo entrevistador. A análise do caso à luz do conteúdo teórico fica reservada ao quinto capítulo.

4.2.1 CRENÇAS E MISSÃO DA EMPRESA4.2.1 CRENÇAS E MISSÃO DA EMPRESA4.2.1 CRENÇAS E MISSÃO DA EMPRESA4.2.1 CRENÇAS E MISSÃO DA EMPRESA

A empresa encontra-se em meados de 2000 no meio de um processo de revisão de sua missão. Ocorreu

anteriormente, em 1989, o mesmo processo, quando a empresa, por sugestão do corpo gerencial, decidiu adotar o modelo TQC

(Total Quality Control). Com ajuda do próprio FALCONI∗ como consultor externo. Na época, o uso de TQC no Brasil estava no

início e foi um lento processo de aprendizagem.

Conforme descrito no Manual de Qualidade acessível via intranet, a política de qualidadepolítica de qualidadepolítica de qualidadepolítica de qualidade da companhia na qual

se apóia sua missão até então tem como objetivos garantir:

! “Que a qualidade de nossos produtos e serviços satisfaça aos clientes;

! Que as necessidades dos clientes sejam traduzidas de forma lógica e sistêmica;

! Que a conversão destas necessidades em especificações, se processe com base em metodologia científica e que os padrões

decorrentes sejam atendidos;

! Que os parâmetros do nosso negócio, produtos e serviços, estejam associados ao menor custo possível e a um mínimo de

desperdícios;

! Que o moral de nossos empregados seja o mais elevado possível, de modo que possamos invocar-lhes desafios empreendedores;

! A eficácia gerencial e o desenvolvimento do senso de liderança, do conhecimento técnico e humanístico;

! A nossa colaboração ao desenvolvimento de nossos fornecedores e a seleção dos mesmos através de evidências estatísticas;

! A aquisição dos nossos insumos e matérias-primas com base na melhor qualidade e no menor custo final e não apenas ao menor

preço;

! A formação e o desenvolvimento eficiente da mão-de-obra necessária para atendimentos de nossas necessidades;

∗ VICENTE FALCONI CAMPOS é autor de vários livros sobre Gerência da Qualidade Total e consultor sobre o assunto pela Fundação ChristianoOttoni da UFMG.

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122122122122

! Reação imediata aos sucedâneos de nossos produtos e serviços através de ações competitivas após observação do mercado, suas

tendências e necessidades futuras;

! Que o padrão de qualidade de nossos produtos e serviços seja no mínimo igual aos dos nossos concorrentes;

! Que o meio ambiente e nossos vizinhos não sejam lesados em decorrência de nossas atividades e que nossos empregados não

corram riscos quanto a sua segurança.”

Desta forma, as principais crenças da CSNcrenças da CSNcrenças da CSNcrenças da CSN podem ser enumeradas como sendo:

! “A satisfação das necessidades dos nossos clientes é a razão maior da nossa existência. Devemos identificar estas necessidades

e transformá-las em produtos e serviços que os encantem.

! Ser humano motivado é a chave do sucesso, é a nossa maior riqueza. Devemos respeitar sua individualidade, sua fé, seus

valores e acreditar que a empresa crescerá e será excelente como decorrência do crescimento de cada indivíduo como ser

humano.

! A integridade física e mental do nosso empregado deve ser preservada. Devemos garantir a qualidade de vida no trabalho.

! Os nossos fornecedores são agentes relevantes na busca de competitividade. Devemos desenvolvê-los continuamente.

! A sobrevivência em um mercado de competição requer resultados continuamente melhorados. Devemos buscar o desenvolvimento

e a modernização das instalações e o aprimoramento dos métodos de gestão.

! A repartição do resultado econômico do trabalho é determinante na manutenção do equilíbrio social. Devemos remunerar

adequadamente empregados e acionistas.

! A comunidade e a empresa são indissociáveis. Devemos participar de atividades de nossa região, contribuindo para a

consolidação dos mesmos valores nobres em que acreditamos.

! A natureza é um bem que devemos legar às gerações futuras. Devemos evitar agressões ao Meio Ambiente, respeitando os

limites da legislação em vigor”.

Mas a visão de qualidade veio amadurecendo ao longo do tempo e tornou-se mais de business do que de qualidade

por qualidade. Novas idéias foram surgindo na empresa e sentiu-se, então, a necessidade de contratar um consultor americano

especialista em Planejamento Estratégico para conduzir o processo de estabelecimento da nova missão e todas as mudanças que isto

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123123123123

acarretaria na empresa. A primeira etapa foi um encontro de três dias com o primeiro escalão da empresa: a presidente, os

diretores executivos e os diretores, onde foi seguida a metodologia do especialista, que estabeleceu uma rotina de trabalho para

definir escopos nas áreas básicas de tecnologia, mercado, recursos humanos, etc. Daí chegou-se no negócio da CSN e sua missão.

A partir daí definiu-se uma dezena de projetos básicos que devem ser desenvolvidos prioritariamente. Estes projetos começaram a

ser trabalhados por equipes formadas pelas mesmas pessoas, de modo a levar a termo as ações de médio e longo prazo.

A CSN era uma empresa siderúrgica produtora de aço, focada em Volta Redonda, voltada para o seu umbigo,

com limites muito bem definidos. Muitas coisas mudaram já nos primeiros anos do processo de privatização, com a visão que os

acionistas trouxeram de, por exemplo, entrar na privatização da RFFSA (grande parte da matéria-prima e distribuição de

produtos era feita via ferrovia), dos portos, da energia, do cimento, da Light, da Vale. E isso trouxe resultados excepcionais em

termos de redução de custos para a empresa, ampliando a visão que os empregados tinham da organização. Este fato veio

construindo nos executivos a necessidade de ter-se uma posição bem definida sobre o negócio da empresa. Nos primeiros anos após

a privatização, a CSN começou a perder o foco e comprar empresas que não tinham sinergia com o seu negócio. Seus

administradores se perguntavam se seriam uma grande holding ou produtores de aço de altíssima qualidade, baixíssimo custo com

excepcional retorno.

Os dirigentes também percebiam as mudanças no setor siderúrgico, com empresas se tornando cada vez maiores

através de fusões e aquisições. Players que não tiverem uma participação global vão ter muita dificuldade de estarem competindo.

Isso exigia uma postura da CSN.

A nova missão da companhiaA nova missão da companhiaA nova missão da companhiaA nova missão da companhia envolve dois aspectos, o primeiro mercadológico e o segundo estratégico.

Internamente, a empresa ainda tem uma postura orientada para a produção. O primeiro ponto é desviar o foco para o mercado,

oferecendo soluções customizadas e trabalhando para agregar cada vez mais valor ao produto. A CSN quer deixar de ser uma

mera vendedora de aço como commodity.

No aspecto mais estratégico, a missão da empresa hoje é de se tornar um global player. A CSN têm uma escala

produtiva que a compromete com a tendência à globalização por que passa o setor siderúrgico. Principalmente na Europa, houve

uma diminuição do número de siderúrgicas para aços planos, concentrando-se em quatro grandes players: Usinor ; Thyrssen

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124124124124

Krupp ; Arbed; Corus Group. A nível de Brasil, a CSN é a única que ainda não tem uma relação global (Cosipa, CST e

Usiminas já têm).

Para seus dirigentes, não basta comercializar para mais de 60 países, como ocorre hoje. É preciso ter nível de

produção suficiente para estar dentro do grupo que vai interferir no mercado siderúrgico do mundo. A CSN é a 35a siderúrgica

do mundo (5 milhões de toneladas/ano). Para tal, existem projetos de aquisição de empresas siderúrgicas no exterior e de

construção de uma nova planta no Brasil.

Até meados de 2000, a nova missão não foi divulgada para os níveis hierárquicos mais baixos, pois sente-se

ainda a necessidade de se estabelecer de forma mais definitiva as principais ações e projetos que serão executados. Em agosto

haverá um novo encontro entre executivos e a idéia é fazer encontros duas vezes por ano para fazer um acompanhamento dos

projetos em andamento e discutir-se as estratégias da empresa. Até então o questionamento das estratégias seguidas era feito de

forma firme, porém não-sistêmica.

4.2.2 CULTURA ORGANIZACIONAL4.2.2 CULTURA ORGANIZACIONAL4.2.2 CULTURA ORGANIZACIONAL4.2.2 CULTURA ORGANIZACIONAL

Antes de ser privatizada, a CSN sempre foi o reflexo do momento que o país atravessava. Na década de 70

passou pelo auge de investimentos, salários, valorização, acompanhando o ciclo de desenvolvimento do país. Já a década de

80/90 foi a década perdida para a CSN, pois as coisas pararam dentro da empresa.

As pessoas que trabalhavam na CSN foram formadas dentro de uma cultura militar (seu fundador era general do

Exército), seguindo uma linha hierárquica muito forte. Havia uma visão orgulhosa e vaidosa de empresa que serviu de base para

o desenvolvimento industrial do país. Predominava também uma visão corporativista muito grande, de empresa fechada para o

mundo exterior, com profissionais de carreira. Grande parte dos profissionais da empresa hoje perdeu aquele sentimento interiorano

e pensa que é um profissional do mercado e não especificamente da CSN.

Outro aspecto é que a companhia sempre foi usada como carta de um jogo político. Os diretores, exceto o de

produção e o financeiro, eram indicações políticas. Eles formavam uma rede, trazendo pessoas de sua confiança. Isso era um

processo cíclico. O corpo de profissionais da CSN então se fechava, como uma forma de ficarem imunes a essas injunções políticas

externas a cada ciclo de governo.

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No início dos anos 90 a empresa esteve para ser fechada, tal era a situação caótica em que se encontrava:

preços controlados pelo governo, excesso de funcionários, entre outros problemas. A privatização atingiu a CSN violentamente. A

mídia a colocava como uma empresa corporativista, mal administrada, que só dava prejuízos, com gente demais e eficiência de

menos, mergulhada na corrupção e na incompetência. Essa também era a imagem que os novos acionistas tinham da companhia

nos primeiros anos. Havia uma subvalorização dos funcionários existentes e uma sobrevalorização dos que estavam entrando.

Realmente, o número de irregularidades encontradas em todos os setores era enorme.

Os anos foram passando e as coisas foram se encaixando. Muitos dos que entraram não deram certo e muitos dos

que ficaram mostraram bom trabalho. Para os entrevistados, agora a empresa encontrou o meio termo próximo do perfeito. Dos

cinco diretores do setor aço, por exemplo, três têm até três anos de empresa e dois são funcionários há mais de vinte anos. Os

executivos da CSN adquiriram, após a privatização, conhecimento mais amplo do negócio e uma visão orientada para o resultado

geral da empresa. Antes havia certa desmotivação, pois os profissionais se preocupavam com seus setores especificamente e não

fazia diferença para eles se a empresa fechava o ano com um grande prejuízo ou um grande resultado. O nível de comprometimento

com o resultado global da empresa hoje é muito maior e o principal responsável por isso foi o estabelecimento da participação nos

lucros.

4.2.3 4.2.3 4.2.3 4.2.3 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICOPLANEJAMENTO ESTRATÉGICOPLANEJAMENTO ESTRATÉGICOPLANEJAMENTO ESTRATÉGICO

Ao longo de muitos anos a indústria siderúrgica foi encarada como supridora de infra-estrutura para o

desenvolvimento industrial. O aço é de longe o principal insumo industrial do mundo, a produção mundial se mantém acima de

700 milhões de toneladas e em 2000 bateu a casa dos 800 milhões de toneladas. O desenvolvimento na Era Metal-mecânica que

veio desde a revolução industrial até meados dos anos 70 têm dois elementos fundamentais para o seu sucesso: ferro e carbono. O

crescimento industrial que orientou qualquer política desenvolvimentista de qualquer país nos últimos 200 anos pressupunha acesso

ao aço, por isso todos investiram em siderurgia enquanto nações. Até meados dos anos 80, 75% da siderurgia no mundo era

estatal.

No Brasil isto foi mais emblemático ainda, a siderurgia plana foi 100% estatal, pois não havia poupança

privada suficiente para montar uma usina. Havia condições peculiares no Brasil que facilitaram: abundância de minério, boa

localização, proximidade do mercado, etc. Todo ingrediente de Planejamento na siderurgia era muito mais de Estado que de

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empresa. Cabia ao Consider ou a Siderbrás fazer o planejamento de longo prazo, às empresas ficavam reservadas somente as

atividades operacionais. Foram 50 anos de CSN sem planejamento estratégico endógeno.

A partir de meados dos anos 80 a siderurgia mundial deixa de ser uma fonte de infra-estrutura para o

desenvolvimento industrial e torna-se um negócio orientado para o resultado. Até 1990 o preço do aço plano era o mesmo em todo

território nacional, isso mostra que o aço era encarado como uma matéria-prima tão fundamental para o desenvolvimento

econômico das várias regiões, que o Estado garantia sua distribuição uniforme. Este comportamento é contraditório ao de um

negócio orientado pelo resultado.

A privatização é a cristalização de um fato que já vinha mudando no interior da importância da siderurgia.

Com o surgimento da Era Mecatrônica, a siderurgia deixa de ser a ponta de lança do desenvolvimento para ser só um fornecedor

de matéria-prima. O aço deixa de ser reserva de conhecimento.

No final dos anos 70 a indústria siderúrgica no Brasil era bastante moderna, pois haviam sido feitos grandes

investimentos. Durante os anos 80 a siderurgia mundial sofreu uma reestruturação violenta em resposta à crise de energia,

passando por revolução tecnológica e privatizações. O Brasil não acompanhou essas mudanças. Daí, foram implantados na CSN a

partir de 1989 os Planos de Atualização e Desenvolvimento Tecnológico (PADTs). No final dos anos 80 a siderurgia brasileira

tinha um grau de defasagem tecnológica preocupante e os PADTs vieram para estreitar o hiato tecnológico e gerencial que

separava o Brasil do estado da arte da siderurgia mundial.

O período em que ocorreu a privatização da CSN foi de grande reestruturação da economia brasileira como um

todo. Foi um período de grandes oportunidades de negócios. De 1993 até 1998 foram privatizadas as empresas das áreas de

infra-estrutura. O planejamento de longo prazo da CSN era, então, orientado pela necessidade de aproveitar oportunidades de

negócios do momento (participou da privatização de portos, ferrovias, energia, mineração). Essas oportunidades que tinham

sinergia com as atividades da CSN se esgotam em 1997/98 e a empresa teve que repensar o seu processo de crescimento, onde o

foco passou a ser o de como usar internamente seus recursos. Houve a necessidade de Identificar seu core business e, a partir das

suas vocações, crescer.

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Ou seja, até 1998 não existia na CSN um real Planejamento Estratégico de longo prazo. A postura sempre foi

mais reativa que pró-ativa. Desde então, a CSN se encontra no meio de um novo processo de planejamento estratégico que estará

concluído até meados de 2001. A idéia é planejar para cinco anos e rever ano a ano. Este processo pode ser dividido em três

níveis: Planejamento Corporativo; de Negócio e; Funcional. Cumpriu-se o primeiro nível, onde identificou-se a missão da

corporação, seu grande issue. A CSN sempre foi voltada para a produção e hoje há a necessidade de transformá-la em uma

empresa orientada pelo mercado. Não é uma tarefa fácil, pois é uma organização com 50 anos de tradições num setor de 200

anos de idade e que é representante da imagem da velha economia. É um processo de mudança que demanda muito esforço e muita

energia. Identificou-se no Planejamento Corporativo que a CSN ainda é fortemente orientada pela produção, apesar dos esforços

que têm sido feitos nos últimos anos para orientá-la pelo mercado. Concluiu-se que não há futuro por aí. Então, a principal missão

é transformá-la em uma empresa orientada pelo mercado.

O Planejamento de Negócio, que é a segunda fase do processo, tem que ser impregnado por esta visão

corporativa. Em meados de 2000, encontram-se no meio de uma reestruturação de como operar comercialmente esta nova

empresa. Estabeleceu-se 13 projetos vetores (thrusts) e seus responsáveis (champions) que devem conduzir a transformação.

4.2.4 CICLO ANUAL DE PLANEJAMENTO OPERACIONAL E FINANCEIRO E O PAPEL DA4.2.4 CICLO ANUAL DE PLANEJAMENTO OPERACIONAL E FINANCEIRO E O PAPEL DA4.2.4 CICLO ANUAL DE PLANEJAMENTO OPERACIONAL E FINANCEIRO E O PAPEL DA4.2.4 CICLO ANUAL DE PLANEJAMENTO OPERACIONAL E FINANCEIRO E O PAPEL DA

CONTROLADORIACONTROLADORIACONTROLADORIACONTROLADORIA

Anualmente, até o mês de maio, a CSN passa pelo ciclo de Planejamento Estratégico, onde são definidos os

grandes objetivos da companhia, as grandes metas, os rumos para onde ela está caminhando. Com este norte, a Controladoria

gera o ciclo de planejamento operacional e financeiro, envolvendo toda a empresa. As metas são divulgadas, as diversas áreas

fazem um orçamento preliminar e são definidos alguns objetivos pelas diretorias. Itens: redução de custos, cenários financeiros,

níveis de aumento de salários, resultado adequado para os investimentos feitos. São feitas simulações (modelo desenvolvido pela

CSN sob consultoria externa) até chegar ao resultado pretendido pela administração.

Tendo sido fechado o grande número, as áreas começam um processo orçamentário detalhado (por natureza de

despesa e por centro de custo), que vai permitir o acompanhamento do ano subseqüente. Até novembro espera-se que o Orçamento

esteja aprovado pela diretoria executiva e pelo conselho.

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Este orçamento pode ser revisado, em função de grandes impactos de ordem financeira, ou mercadológica, ou

tributária, ou acordos coletivos da remuneração da mão-de-obra. Sofre pelo menos uma revisão ao ano.

Mês a mês, há o Relatório de Desempenho, onde é apresentado para a diretoria e o conselho o desempenho

global da empresa comparado com o orçamento aprovado.

Os centros de custo recebem mensalmente a comparação do Orçado x Realizado e tem um prazo para responder à

Controladoria, que compila tudo num documento chamado Execução Orçamentária, que é apresentado à Diretoria Executiva da

área (Segmentado pelas principais naturezas: pessoal, matérias-primas, materiais, serviços, depreciação e outras despesas e; por

diretorias operacionais. Mensal e acumulado.)

É levado também à diretoria executiva um relatório de desempenho dos investimentos, que nunca pode estar

acima do orçado, pois o sistema não permite fazer compras, caso já esteja estourada a verba orçada para aquele projeto. É preciso

recorrer ao conselho (verba para contingências). Não é possível remanejamento de verba de um projeto para outro.

A Controladoria também tem o papel de fechar todas as informações ligadas a questões tributárias

(apuração/recolhimento de impostos e planejamento tributário, juntamente com o setor jurídico); custeamento de produtos; controle

patrimonial; contabilidade para reporte no Brasil (CVM) e no exterior (EUA).

Há também dentro da controladoria uma área responsável pela avaliação dos investimentos estratégicos (Light,

Vale, Inal, FEM, Inepar, CISA, MRS, FCA, CFN, Sepetiba/Tecom.) que ainda cuida de todo o fluxo de informação dessas

empresas para alimentar o sistema contábil. Presta assessoria às empresas nesses assuntos e subsidia os conselheiros e a presidente

para lidar com elas.

Há três níveis de controle: Controladoria Corporativa; Assessoria de Controle do Setor Aço; Controle Interno de

cada Diretoria. Cada diretoria tem seu Plano de Metas. Cada unidade do Setor Aço dá as informações de controle para um

Assessor de Controle, que emite um relatório mensal de avaliação do Plano de Metas. São exemplo de itens controlados

mensalmente nas Diretorias: custo fixo, consumo de alumínio, consumo de refratários, consumo de fundentes, consumo de óleo,

consumo de energia elétrica, consumo de gás natural, utilização da aciaria (ociosidade), qualidade da aciaria, qualidade das

máquinas 1/2/3/4, meio ambiente - número de ocorrências de emissões com responsabilidade, segurança, estoque. Há sempre

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uma meta a ser atingida e um limite mínimo (valendo pontos intermediários). Dados de custos são fornecidos pela Gerência de

Custos da Controladoria.

Desde agosto de 1996, com a entrada da equipe da atual presidente da empresa, muitas foram as mudanças

pelas quais passaram a controladoria. Havia duzentos e trinta funcionários trabalhando no centro corporativo no Rio de Janeiro

dos quais cinqüenta, que eram da área de faturamento, foram transferidos para Volta Redonda. Dez faziam apontamento de custo

e também foram para dentro da usina. Hoje são 89 pessoas na controladoria no Rio, que passaram a administrar também o

desempenho das empresas controladas. Hoje a empresa tem ações negociadas na bolsa de Nova Iorque. Ou seja, aumentou muito o

volume e a agilidade nas informações geradas pela controladoria.

A atividade de planejamento tributário era muito incipiente, e com a nova equipe alcançou-se nos primeiros dois

anos economias da ordem de R$ 200 milhões. Esta equipe passou a trabalhar junto com os novos projetos do início, dando

assessoria na área tributária.

A velocidade de fechamento das informações aumentou. Hoje, no quinto dia útil do mês já se tem os números de

custos fechados que permitem gerir o negócio. As outras informações de consumo de materiais, por exemplo, estão facilmente

disponíveis periodicamente ao longo do mês.

Houve uma melhoria significativa no nível médio salarial da equipe de controladoria (e da empresa como um

todo). Além de investimentos em treinamento e em informática.

O grande problema visto em relação à empresa estatal era a falta de continuidade nos projetos (havia excelentes

projetos que não foram levados a termo), pois a cada mudança de governo, havia mudança nos gestores da companhia. Hoje todos

buscam melhor desempenho, pois são remunerados de acordo com isso. Diminuiu-se os desperdícios e há um compromisso com as

questões ambientais. Consciência de análise do retorno sobre o investimento, agregação de valor e criação de caixa.

4.2.5 AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO4.2.5 AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO4.2.5 AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO4.2.5 AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO

O primeiro ano do planejamento de longo prazo (cinco anos) corresponde ao Orçamento Anual e Plano de Metas

para o ano subseqüente. O Plano de Metas para cada unidade é que vai adicionar a remuneração variável aos funcionários. Ou

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seja, a remuneração na CSN é composta de uma parcela fixa e outra variável. Existem metas mensais (de segurança, por

exemplo), bimensais, trimestrais e semestrais (de investimento, por exemplo). Tudo na empresa tem como base o Orçamento Anual.

O cumprimento de alguns itens do Orçamento é que gera o Plano de Metas.

As coisas são estabelecidas de cima para baixo: O Plano de Vendas define o quanto vai-se vender de cada

produto, a Produção desenvolve o Plano de Produção para alcançar Vendas (paradas previstas, manutenção, suprimentos de

matérias-primas, sobressalentes). Com base nisso faz-se o Orçamento de Custo. Paralelo a isso a parte comercial está fazendo as

projeções de preço de cada produto no mercado interno e externo. Somente nos últimos dois anos, a empresa está fazendo o

exercício de, ao invés de Vendas dar o pontapé de partida no processo, os acionistas dizerem o quanto eles querem de lucro e saldo

de caixa. Daí cada diretoria volta para suas áreas e esmiuça o seu planejamento até as unidades operativas. Daí elabora-se o

Orçamento de Custo. O Plano de Metas parte dos itens mais significativos para alcançar o Orçamento. O Orçamento é aprovado

em novembro, mas os setores começam o trabalho em junho. Existem metas de redução de custo (a grande maioria), de segurança,

de meio ambiente, de qualidade.

Toda remuneração variável (PLR - participação nos lucros e resultado e bônus gerencial) é função de resultados

alcançados. Após a alta administração ter estabelecido o lucro líquido e a geração de caixa operacional desejados, há uma

discussão interna e são estabelecidas metas desafiadoras individuais e nas unidades. A partir dos cargos de gerentes, todos têm

metas individuais anuais estabelecidas pelas diretorias.

A CSN usa como referência benchmark do setor para alguns indicadores de performance. A Diretoria de

Tecnologia tem uma unidade responsável por busca de valores de benchmark a nível nacional e mundial. Tudo amarrado ao

orçamento aprovado pelo conselho (top-down). Economias de orçamento são revertidas em remuneração variável. A PLR

(proporcional aos dividendos que os acionistas ganham) no ano de 1999 variou de 0,8 a 3,5 salários para os empregados.

Os trabalhos desenvolvidos nos Círculos de Qualidade, onde a criatividade e a colaboração dos funcionários são

valorizados, são premiados de maneira diferente, com viagens e outros prêmios, apresentações de trabalhos em seminários,

reconhecimento público etc. Comentou-se que os CCQs não possuem mais a importância do início da década de 90.

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As variáveis não-financeiras, apesar de fazerem parte dos Planos de Metas e entrarem na avaliação de

desempenho, não passam pela controladoria. Dentro do pacote de participação nos resultados, cada diretoria recebe esses tipos de

itens a serem alcançados nas suas metas. O monitoramento do meio ambiente, por exemplo, é feito pela Gerência Geral de Meio

Ambiente. A área comercial controla a satisfação do cliente, qualidade do produto, etc O EBITDAO EBITDAO EBITDAO EBITDA∗∗∗∗ (geração operacional de (geração operacional de (geração operacional de (geração operacional de

caixa)caixa)caixa)caixa) é que comanda as avaliações de resultados de cada área.

4.2.6 OS SISTEMAS DE INFORMAÇÃO4.2.6 OS SISTEMAS DE INFORMAÇÃO4.2.6 OS SISTEMAS DE INFORMAÇÃO4.2.6 OS SISTEMAS DE INFORMAÇÃO

A manutenção e operação dos sistemas de informação da empresa são de responsabilidade da Diretoria de

Controladoria e Informática desde 1996. A idéia seria a de imprimir à área de informática, antes muito pulverizada, um

caráter de gestão empresarial mais integrada. Houve uma decisão estratégica na companhia em 1998 de optar por um sistema

integrado - SAP/R3SAP/R3SAP/R3SAP/R3. Que é um sistema alemão rigoroso e às vezes excessivamente inflexível. A primeira fase de implantação foi

concluída em 1999, onde foi incorporada toda a parte financeira, de contabilidade, contas a pagar/receber e parte de custos (o

módulo do chão de fábrica está em desenvolvimento e será concluído em abril/2001). A maior parte das informações da

controladoria vem através do R3. Vantagens: segurança, integração, dados confiáveis e íntegros.

Na parte de RH (folha de pagamento) o sistema é incipiente. Há, então, os sistemas legados, que são

integrados, porém fora do R3. O sistema de logística, que acompanha o produto em toda sua cadeia, também está fora do R3 e

está sendo desenvolvido por parceiros da SAP.

Os sistemas são de maneira geral integrados, mas por existirem módulos separados são de difícil manutenção. A

idéia é melhorar e modernizar cada vez mais para convergir para algo como o R3.

Há o projeto em desenvolvimento do BIBIBIBI (Business Intelligence), que é o de construir um grande banco de dados

corporativos até o segundo semestre de 2001. Estruturar as informações geradas pelos sistemas de maneira resumida e de igual

acesso para qualquer área da empresa. O objetivo é gerar informação única, simultânea e democratizada.

A equipe de 150 pessoas da informática, atende a 9000 usuários. Foram feitos investimentos de R$ 70 milhões

em 2000 (R$50 milhões em 1999). O custo fixo do setor é de R$39 milhões em 2000 (R$30 milhões em 1999). Eles

∗ A empresa chama de EBITDA o lucro bruto menos despesas de vendas, gerais e administrativas, mais depreciação e exaustão

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132132132132

gerenciam: pabx, ramais (4200), modem, vídeo-conferência, canais de voz, correios (5300 usuários), R3 (1200 usuários),

rede, help-desk, servidores, micros, notebooks, etc...

4.2.7 UNIDADES DE NEGÓCIOS E PREÇOS DE TRANSFERÊNCIA4.2.7 UNIDADES DE NEGÓCIOS E PREÇOS DE TRANSFERÊNCIA4.2.7 UNIDADES DE NEGÓCIOS E PREÇOS DE TRANSFERÊNCIA4.2.7 UNIDADES DE NEGÓCIOS E PREÇOS DE TRANSFERÊNCIA

Tentou fazer-se a descentralização, quebrando a empresa em quatro Unidades de Negócios autônomas e

independentes, mas, segundo os relatos, não funcionou e optou-se por retornar ao padrão mais convencional e centralizado em três

diretorias executivas. Havia muita repetição de funções e concorrência não-sadia entre as unidades.

Hoje são cerca de 600 centros de custos (por gerência). A tendência é diminuir este número. Na usina há uma

quebra ainda maior, têm equipamentos que são CC, depende daquilo que se quer controlar.

Preço de transferência interna: não se faz, o projeto não vingou. O custo é por absorção, onde incorrer, conforme

agregar valor nas etapas do processo produtivo. Há um projeto para estabelecer Custo Padrão em 2001.

4.2.8 O TRABALHO DA ÁREA DE COMUNICAÇÃO4.2.8 O TRABALHO DA ÁREA DE COMUNICAÇÃO4.2.8 O TRABALHO DA ÁREA DE COMUNICAÇÃO4.2.8 O TRABALHO DA ÁREA DE COMUNICAÇÃO

Quando os atuais gestores chegaram na CSN, reinava entre os empregados uma mescla de medo e desconfiança.

Tal clima se justificava pelas sucessivas mudanças que vinham sendo impostas desde o período pré-privatização. O quadro de

pessoal já havia sido reduzido drasticamente e o processo de reestruturação ainda não estava concluído. A dúvida que pairava

entre os empregados era “Quem será o próximo a ser demitido?”. Havia a certeza naquele momento, que a permanecer tal estado

de ânimo, tanto a empresa como o corpo funcional perderiam muito de sua capacidade de produção, crescimento e desenvolvimento.

A estratégia escolhida para resgatar a confiança dos empregados foi a da verdade e transparência de informações.

Com a privatização fez-se um esforço enorme para mostrar aos muitos empregados que este era um caminho

natural da siderurgia brasileira e mundial. Na CSN o trabalho foi difícil porque a empresa se confunde com a cidade de Volta

Redonda. Era importante que os empregados tivessem uma noção clara do significado da privatização, de como era importante

para a continuidade da empresa. Havia falta de investimento em novas tecnologias e as regras de mercado eram outras. Foi

essencial a presença e envolvimento da presidente da empresa, que viu que o caminho para resolver conflitos dentro da usina e da

cidade eram intensos trabalhos nas áreas de RH e Comunicação. Para a presidente a empresa só se sustentaria se fosse aberta e

transparente.

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Para a CSN, “empregados bem informados são empregados mais produtivos”. empregados bem informados são empregados mais produtivos”. empregados bem informados são empregados mais produtivos”. empregados bem informados são empregados mais produtivos”. Alguns instrumentos foram e ainda

são importantes na divulgação das idéias que circulam pela companhia:

• Palestras constantes e programadas com jornalistas, economistas, esportistas e outras celebridades para levar idéias internas e

também o que acontece fora da empresa. Elas acontecem no horário do expediente com participação voluntária.

• Consolidação dos jornais internos em um só, o Jornal da CSN, de publicação mensal. Antes eram 28, uma para cada grêmio.

Os antigos editores passaram a ser correspondentes do jornal maior.

• Informativo semanal/diário Chama.

• TV Aço - Programa conduzido pelos empregados, despertando vocações e interesses por determinadas áreas da empresa.

O importante à época era que houvesse a máxima transparência da informação. O empregado passou a se ver

nos jornais. No 9 de Abril, jornal anterior, a fotografia do presidente da empresa aparecia dez vezes. O novo jornal passou a

mostrar prioritariamente os empregados, a ter artigos escritos para eles e por eles, entrevistas e posições dos empregados. O jornal

passou a ser levado para casa, para que a família também lesse e participasse.

Estes instrumentos foram indispensáveis para elevar a auto-estima dos empregados, mostrar sua importância em

todo o processo e mostrar os objetivos da CSN privada. Criou-se também, dentro da usina, um posto avançado de comunicação,

ao qual os empregados recorrem para fazer queixas e pedidos.

Com a participação de todas as áreas relevantes da empresa e sob orientação da Gerência Geral de

Comunicação criou-se um Código de Conduta e Ética para os empregados saberem quais são seus direitos e obrigações para com a

CSN.

Alguns esforços são feitos para que os empregados participem das decisões da empresa:

! Política de participação nos lucros, que tem-se mostrado muito eficiente.

! Participação nas decisões através de votação via Intranet. (escolha do uniforme, escolha do artista do show de fim de ano,

etc...)

! CCQs, que contam com a participação de cerca de 800 voluntários.

! Pesquisas de clima, com participação voluntária e feita sob absoluto sigilo. Clima é o resultado da percepção coletiva que os

empregados têm da empresa, através da vivência prolongada de suas políticas, estrutura, sistemas, processos e valores, e

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134134134134

também sua reação a essa percepção. Em uma organização do porte da CSN, existem vários microclimas, cujas diferenças

precisam ser identificadas para orientar a gestão da empresa. A última foi realizada em fevereiro de 2000 e apontou alguns

pontos fracos e fortes da empresa e gerou o Plano de Ação com projetos prioritários para eliminar as deficiências apontadas

como críticas.

4.2.9 O MEIO AMBIENTE E A COMUNIDADE4.2.9 O MEIO AMBIENTE E A COMUNIDADE4.2.9 O MEIO AMBIENTE E A COMUNIDADE4.2.9 O MEIO AMBIENTE E A COMUNIDADE

A demanda por ações sociais de uma empresa da visibilidade da CSN é constante e diversa. A companhia teve

que centralizar e direcionar o atendimento às solicitações na Fundação CSN e fazer da política social uma estratégia

organizacional. A Fundação têm total autonomia administrativa e de recursos para agilizar suas ações no sentido de estreitar os

laços sociais da empresa com a comunidade. Dentre os projetos em andamento estão o Vila Viva, onde foram feitos investimentos

em urbanização e iluminação da cidade em parceria com a prefeitura municipal de Volta Redonda. A Fundação dá apoio

financeiro ao grupo Vh-Ver, para pessoas HIV-positivas e ao Programa Comunidade Solidária do governo federal. A empresa

mantém duas escolas técnicas em Volta Redonda e Congonhas do Campo, que oferecem cursos de mecânica automotiva, carpintaria

metálica, informática e telecomunicações, entre outros.

Outro fato destacado pelos entrevistados é a evolução da contribuição líquida à sociedade nos últimos anos

(tributos menos aportes de capital). Ou seja, o governo, que teve que injetar dinheiro na CSN até 1993, passou a receber

impostos e encargos sociais (ver gráfico à página 67).

A empresa tem ainda o compromisso com a garantia de uma produção cada vez mais limpa com total respeito ao

meio ambiente. Em dezembro de 1999 foi inaugurada a Central de co-geração termelétrica - CTE, que abastece a usina Getúlio

Vargas com 60% do seu consumo de energia. A CTE utiliza como combustível os gases gerados no próprio processo siderúrgico.

Estes gases eram antes queimados em bleeders e lançados na atmosfera. Além de energia elétrica, a central produz vapor de

processo e ar soprado, utilizados nas linhas de laminação e coqueria. A captação de água do Rio Paraíba do Sul também

diminuiu em 20%, pois a nova CTE recircula a água que utiliza nos sistemas de refrigeração.

Os investimentos da CSN em meio ambiente de 1996 até 2002 chegarão a R$ 280 milhões. Este valor

ultrapassa os investimentos totais feitos pela empresa em sistemas de proteção ambiental, desde a fundação até a data de sua

privatização. Foram feitos diversos investimentos em substituição de equipamentos por equipamentos de ponta e menos poluentes,

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135135135135

sistemas de controle e medição da poluição atmosférica, tratamento de efluentes, reutilização da água do processo,

reaproveitamento da lama gerada nas estações de tratamento e preservação da Mata Atlântica na região. Os entrevistados com

mais de vinte anos de empresa comentaram que existiam vários bons projetos nesta área, quando a empresa era ainda estatal, que

não eram levados a termo por falta de interesse do próprio governo.

Não é só o meio ambiente que ganha com as melhorias alcançadas. A nova CTE, por exemplo trouxe para a

CSN uma redução nos custos anuais da produção de aço de US$ 33 milhões. Os ganhos operacionais estão relacionados à maior

segurança e confiabilidade no suprimento de energia às linhas de produção, mesmo em caso de pane no sistema interligado

brasileiro de distribuição de energia elétrica. Esses investimentos, chamados de projetos verdes, têm taxas de juros menores e

melhoram a imagem da empresa junto ao seu público, inclusive junto aos órgãos financiadores.

Dentro da empresa, são dois setores responsáveis pela gestão das questões sociais e ambientais aqui abordadas: A

Gerencia Geral de Meio Ambiente, subordinada á superintendência do Setor Aço e a Fundação CSN, que fica responsável pelos

projetos ligados à comunidade

Para os administradores entrevistados, a CSN tem que ser uma empresa reconhecida em nível municipal,

estadual, nacional e internacional como uma empresa que cuida bem do seu negócio, dos seus funcionários e da comunidade e, que

tenha um conceito de empresa limpa, de qualidade e segura. Estão fazendo um esforço forte de investimentos na área ambiental e

no relacionamento com a comunidade, pois há dívidas nessas áreas e é necessário reverter este quadro.

4.2.10 VARIÁVEIS CRÍTICAS DE SUCESSO4.2.10 VARIÁVEIS CRÍTICAS DE SUCESSO4.2.10 VARIÁVEIS CRÍTICAS DE SUCESSO4.2.10 VARIÁVEIS CRÍTICAS DE SUCESSO

Foram identificados pelos entrevistados alguns fatores que devem ser alcançados ou implementados com sucesso

para permitir que as estratégias pretendidas do negócio sejam bem sucedidas. Em primeiro lugar aparece custo baixo; logo em

seguida o desenvolvimento e comprometimento pessoal dos empregados e também a velocidade de resposta às mudanças e

necessidades do mercado e dos clientes.

O relacionamento com os clientes foi definido como de total interação e parceria. A CSN tem poder de interferir

nos produtos encomendados por seus clientes, oferecendo soluções melhores tanto para o cliente e para o processo produtivo da CSN.

Juntos também vêm desenvolvendo novos produtos com as indústrias automobilísticas. Existem hoje milhares de tipos de aço.

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136136136136

Um fator apontado como possível entrave para a estratégia atual da CSN é a carência de pessoal capacitado.

Para ser um global player é preciso ter número suficiente de pessoas aptas e habilitadas a participar deste processo. Hoje a

empresa trabalha com uma estrutura muito enxuta. Há a necessidade de preparar os executivos para assumir posições de global

players. Investir em treinamentos básicos como inglês até cursos de visão estratégica de comércio internacional, relação

interpessoal, etc. É preciso formar gerentes. Há um projeto para preparar este tipo de pessoa, mas é uma carência da CSN.

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137137137137

0

20 0

40 0

60 0

80 0

10 0 0

120 0

140 0

1997-1.tri

1997-3.tri

1998-1.tri

1998-3.tri

1999-1.tri

1999-3.tri

2000-1.tri

Milhares de tonel

Doméstico

Exportações

Total

Evolução do EBITD A

(G eração de C aixa)

0

200

400

600

800

1000

1200

1995 1996 1997 1998 1999 2000/1

milhões de R$

0,0%5,0%10,0%15,0%20,0%25,0%30,0%35,0%40,0%45,0%

EBITDA

Margem

4.3 ANEXOS AO CASO CSN4.3 ANEXOS AO CASO CSN4.3 ANEXOS AO CASO CSN4.3 ANEXOS AO CASO CSN

Figura 4.1Figura 4.1Figura 4.1Figura 4.1 Gráfico com a produção de aço bruto da CSN de 1997 a 2000

Fonte: Relatórios internos da CSN

Figura 4.2Figura 4.2Figura 4.2Figura 4.2 Gráfico com a evolução do EBITDA da CSN de 1995 a 2000

Fonte: Relatórios internos da CSN

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138138138138

Figura 4.3Figura 4.3Figura 4.3Figura 4.3 Organograma da CSN em dez/2000

A uditoria Interna

A ssessoriade Im prensa

P lanejam entoE stratégico

F undaçãoC S N

M etalurgia

L am inação eE m balagens

E nergéticosE ng. P rodução

T ecnologia

C om ercial

S etorA ço

M ineração

P ortos

F errovias

C IS A

G alvasud

C ontroladasItá/Igarapava

E nergia &Infraestrutura

Jurídica

C ontroladoriae Inform ática

R .H .

C om unicaçãoS ocial

F inanças

R elações comM ercado

S ubsidiáriasno E xterior

F undode P ensão

Á reaC orporativa

D iretoria

C onselhoA dm inistrativo

Fonte: Funcionários da CSN entrevistados em 2000

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139139139139

Figura 4.4Figura 4.4Figura 4.4Figura 4.4 com o Ciclo Anual de Planejamento Operacional e Financeiro

Fonte: Diretoria de Controladoria e Informática da CSN

Ciclo Anual de Planejamento O peracional e Financeiro - CSN

Definição das estratégias: relatório com estratégias da companhia; projeções financeiras de longoprazo (10 anos). O ciclo de planejamento estratégico é definido e conduzido pela área deplanejamento estratégico - G G EC.

ETAPAS

Definição de metas e premissas econômico-financeiras para os 2 primeiros anos - Plano O peracionale Financeiro: definição de grandes metas operacionais (investimentos, custos, resultado);desenvolvimento de premissas (econômicas, financeiras, de mercado e produção). Processo deplanejamento e estabelecimento de metas “top-down”.

Desenvolvimento do plano operacional e financeiro: Plano preliminar para 2 anos (valorizar grandesnúmeros, estabelecer planos de ação, determinar necessidades de investimentos; avaliação doresultado do plano preliminar (até estar de acordo com as metas), utilizando modelo de projeção(simulador). Integração dos ciclos de planejamento estratégico e planejamento operacional efinanceiro.

1o W orkshop - avaliação do plano operacional e financeiro: validação do plano: compatibilização dasmetas entre áreas. As metas de remuneração variável deverão ser compatíveis com as metasoperacionais da companhia, alinhadas com a estratégia organizacional.

Aprovação do plano operacional e financeiro: apresentação para a Diretoria Executiva; apresentaçãoao Conselho de Administração.

Desenvolvimento do orçamento: detalhamento de custos e investimentos para o primeiro ano doplano operacional e financeiro; revisão do plano, conforme resultado do orçamento. O orçamento serápreparado pelas áreas (cálculo das quantidades físicas e valores), com input e validação dos números.À G G CR/DCO I caberá a orientação, consolidação e crítica dos valores apresentados.

2o W orkshop - avaliação do orçamento: validação do orçamento e do plano operacional e financeirorevisado.

Aprovação do plano operacional e financeiro revisado e do orçamento: apresentação para a DiretoriaExecutiva; definição do material a ser apresentado ao Conselho de Administração.

Aprovação do plano operacional e financeiro: apresentação ao Conselho de Administração.

Revisão do orçamento em curso: decisão da DE e/ou CA sobre a necessidade de revisãoorçamentária. M otivadores: mudanças relevantes no cenário econômico, no cenário mercadológico, nalegislação tributária, na estrutura organizacional, etc.

D ESCRIÇÃO

1

2

4

3

5

7

6

8

9

10

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140140140140

A41 : A41 : A41 : A41 : Conteúdo dos principais relatórios gerados pela controladoriaConteúdo dos principais relatórios gerados pela controladoriaConteúdo dos principais relatórios gerados pela controladoriaConteúdo dos principais relatórios gerados pela controladoria

• Relatório de desempenho

• Acompanhamento dos investimentos estratégicos

1) Relatório de desempenho1) Relatório de desempenho1) Relatório de desempenho1) Relatório de desempenho

Mensal

Realizado X Orçado

Alvo: diretoria executiva

Em R$

• Econômicos

Indicadores

IGPM;

Dólar;

Iene;

TJLP;

Rend. Fundo Midas;

CDI.

• Físicos

Aço bruto;

Entregue a vendas;

Vendas;

Estoque de produtos acabados.

• Performance

ROE (retorno sobre capital próprio);

ROCE (retorno sobre cap. empregado);

Inadimplência contas a receber;

Despesa pessoal sobre valor adicionado;

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141141141141

Valorização ações CSN;

EBITDA;

Valor adicionado (VADIC);

Dívida líquida unit;

Custo vendas unit.

• Custo e receita

Alguns itens do Balanço/DRE agrupados por mercado (interno e externo), por produto (outras vendas: mineração, coqueria,

escória alto forno, energia elétrica);

Efeito volume, preço e mix.

• Meio Ambiente

1-Poluição da água

Metais pesados, óleos, fenol, cianeto, amônia - % do padrão

2-Poluição do ar

Sinterização e AF3

Investimentos e despesas.

• Contribuição líquida à sociedade

= tributos (-) aporte de capital

2) Acompanhamento dos investimentos estratégicos2) Acompanhamento dos investimentos estratégicos2) Acompanhamento dos investimentos estratégicos2) Acompanhamento dos investimentos estratégicos Vale, Inal, FEM, Inepar, CISA, Light, MRS, FCA, CFN, Sepetiba/Tecon • Desempenho das investidas• Posição dos projetos• Investimentos• Indicadores:! EBITDA! Margem líquida e operacional

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142142142142

! Endividamento! Produção (volume)! Vendas (R$)! Evolução da equiv. patrimonial! DR! Horas trabalhadas! Número de empregados! custo operacional! Dívida bruta! Capital circulante líquido! Acidentes! PL! Debêntures! Movimentação de produtos siderúrgicos! Movimentação de containers.

3. 3. 3. 3. Índice do relatório:Índice do relatório:Índice do relatório:Índice do relatório:

1. Principais Indicadores1. Principais Indicadores1. Principais Indicadores1. Principais Indicadores

2. Demonstrativo de resultado - realizado X orçado2. Demonstrativo de resultado - realizado X orçado2. Demonstrativo de resultado - realizado X orçado2. Demonstrativo de resultado - realizado X orçado

Resultado mensal

Resultado acumulado

3. 3. 3. 3. Análise das variações de resultado - realizado x orçadoAnálise das variações de resultado - realizado x orçadoAnálise das variações de resultado - realizado x orçadoAnálise das variações de resultado - realizado x orçado

Receita líquida e custo dos produtos vendidos

Despesas operacionais e resultado não operacional

Equivalência patrimonial

Resultado financeiro e variações monetárias cambiais

4. 4. 4. 4. Informações adicionais - quadrosInformações adicionais - quadrosInformações adicionais - quadrosInformações adicionais - quadros

Resultado - realizado X ano anterior - CSN

Resultado - realizado X ano anterior - Off-shores

Composição do lucro bruto - produtos de aço

Balanço patrimonial - CSN

Balanço patrimonial - Off-shores

Balanço Tributário

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143143143143

Margem dos produtos vendidos - exclui despesas financeiras s/ imobilizado

Margem dos produtos vendidos - despesas financeiras s/ giro teórico

Cálculo EBITDA

Gráfico EBITDA

Cálculo VADIC

Contas a receber e pdd

Investimentos - adições ao imobilizado

Volumes de produção - informação competitiva

Base de cálculo para juros s/ capital próprio - pró-forma

Fluxo de custos da produção

5. 5. 5. 5. Informações adicionais - gráficosInformações adicionais - gráficosInformações adicionais - gráficosInformações adicionais - gráficos

Evolução do lucro líquido do exercício

Evolução da receita líquida - produtos de aço

Evolução do custo do produto vendido - produtos de aço

Custo total de logística (abastecimento) - contábil

Produção de minério, coque, gusa e sínter

Custo dos insumos

Custo operacional - contábil

Entrega da produção e carteira de pedidos

Custos dos produtos acabados em estoque - aço

Estoques

Volume de vendas

Preço de venda (FCA) - mercado interno e externo

Pessoal

Aplicações financeiras/ ativo permanente/ PL

Meio Ambiente

Mercado de ações

Contribuição líquida à sociedade

6. 6. 6. 6. Informações sobre investidasInformações sobre investidasInformações sobre investidasInformações sobre investidas

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144144144144

CISA

INAL

Capitalização da INAL

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145145145145

5. ANÁLISE DO CASO CSN5. ANÁLISE DO CASO CSN5. ANÁLISE DO CASO CSN5. ANÁLISE DO CASO CSN

Neste capítulo far-se-á a análise do caso anteriormente descrito à luz de toda revisão literária, numa tentativa

de responder às duas questões principais propostas: (1) Quais as principais mudanças impostas pelo processo de privatização aos

sistemas de controle de gestão da CSN?; (2) Existe relação entre os sistemas de controle de gestão da CSN e os sistemas eficazes

descritos na literatura?

5.1 SEMELHANÇAS COM AS TRANSFORMAÇÕES MUNDIAIS5.1 SEMELHANÇAS COM AS TRANSFORMAÇÕES MUNDIAIS5.1 SEMELHANÇAS COM AS TRANSFORMAÇÕES MUNDIAIS5.1 SEMELHANÇAS COM AS TRANSFORMAÇÕES MUNDIAIS

Analisando a história da indústria siderúrgica mundial, percebe-se inúmeras semelhanças com o que aconteceu

com a CSN no Brasil. Alguns motivos comuns, como economia abalada pela depressão de 1930 e pela Segunda Guerra Mundial,

necessidade de investimentos em infra-estrutura, inexistência de mercado de capitais forte e preocupação com aspectos de segurança

nacional, levaram o Estado a intervir inicialmente na economia. Do mesmo jeito que na Grã-Bretanha foi criada a BSC em

1967, empresa que tinha o controle de todas as siderúrgicas britânicas, no Brasil criou-se a SIDERBRÁS nos anos 70 ,

holding com os mesmos poderes.

Foram semelhantes também os motivos que mais tarde levaram o Estado a diminuir sua presença na economia

através das privatizações: ineficiências administrativas cometidas pelo Estado, necessidade de redução do déficit público através da

eliminação dos subsídios às empresas estatais, incapacidade financeira para novos investimentos de modernização do parque

industrial, freqüentes conflitos trabalhistas e, finalmente, a demanda mundial por uma economia de mercado aberta, liberal e

eficiente com o fim dos monopólios estatais.

O processo de transição de empresas estatais, instrumentos de política dos Governos, para empresas privadas

focadas na geração de riqueza foi bastante complexo e doloroso. A CSN estatal estudada por FARIA em 1990 tinha cerca de

24.500 funcionários, contra os 9.500 atuais. Na BSC a situação foi mais radical ainda, dos 268.500 funcionários da estatal

em 1967 restaram 64.000.

As demissões maciças na busca por maior produtividade não foram um fenômeno apenas das siderúrgicas

privatizadas. Nos Estados Unidos, onde as indústrias siderúrgicas sempre foram da iniciativa privada, porém fortemente

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146146146146

protegidas pelo governo através de subsídios e barreiras tarifárias e não tarifárias, foram muitas as demissões e fechamento de

plantas. Em 1980 o setor empregava 399.000 metalúrgicos, chegando em 1995 com apenas 123.000.

Além do aumento significativo na produtividade do setor, pois a diminuição do número de empregados foi

acompanhada de crescimento no volume total de aço bruto produzido, outras foram as mudanças na siderurgia mundial. Verificou-

se um intenso progresso tecnológico, principalmente com a introdução de inovações visando agregar mais valor aos produtos,

aumentar a flexibilidade dos processos produtivos, melhorar o aproveitamento de materiais e energia e diminuir os danos ao meio

ambiente.

As transformações na tecnologia de produção foram acompanhadas por mudanças na gestão do negócio. Tanto no

caso americano, britânico e brasileiro foram introduzidas técnicas de gestão da qualidade, gestão participativa, recompensas

baseadas em desempenho, treinamento da mão-de-obra, valorização dos sistemas de informação integrados, parcerias com clientes e

fornecedores e o foco principal passou a ser o mercado.

Percebe-se, ainda, a concentração da produção de aço em alguns poucos grandes grupos, através de fusões,

aquisições, parcerias e joint ventures. Ou seja, o processo de globalização e desnacionalização vem atingindo a indústria

siderúrgica.

Os Estados Unidos passam por um processo bastante diferente do que acontece com a siderurgia brasileira. Lá,

cresce o número de aciarias elétricas - mini-mills, que são usinas extremamente automatizadas e menores, que utilizam sucata

ferrosa como matéria-prima, localizadas próximas aos mercados consumidores. O Brasil continua optando por grandes usinas

integradas.

No caso da Companhia Siderúrgica Nacional, não se pode deixar de ver que as mudanças sofridas nos últimos

anos vêm fazendo muito bem à sua saúde financeira. Houve recorde no volume de aço produzido acompanhado de diminuição nos

custos da produção em geral, aumento de eficiência, competitividade, rentabilidade, lucratividade e disponibilidade de caixa. Os

investimentos em modernização, expansão e meio ambiente também nunca foram tão altos. Ou seja, a empresa se prepara para

inserir-se no cenário de competição mundial.

5.2 OS EFEITOS DA PRIVATIZAÇÃO NAS VARIÁVEIS DE CONTROLE DE FARIA (1990)5.2 OS EFEITOS DA PRIVATIZAÇÃO NAS VARIÁVEIS DE CONTROLE DE FARIA (1990)5.2 OS EFEITOS DA PRIVATIZAÇÃO NAS VARIÁVEIS DE CONTROLE DE FARIA (1990)5.2 OS EFEITOS DA PRIVATIZAÇÃO NAS VARIÁVEIS DE CONTROLE DE FARIA (1990)

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147147147147

As principais mudanças observadas nas quatro variáveis estudadas por FARIA de 1990 para hoje são as

seguintes:

(A) OBJETIVOS ORGANIZACIONAIS(A) OBJETIVOS ORGANIZACIONAIS(A) OBJETIVOS ORGANIZACIONAIS(A) OBJETIVOS ORGANIZACIONAIS

Ao comparar-se as missões nas diferentes épocas, percebe-se que houve uma ampliação na visão do negócio da

CSN. A companhia passou de mera fabricante e vendedora de produtos siderúrgicos de boa qualidade e baixo custo a um complexo

integrado de fabrico e distribuição de produtos customizados com presença em todas as etapas da cadeia de valor com aspirações a

tornar-se um global player do setor.

Apesar de em 1990 existir o Planejamento Empresarial, documento formal de comunicação de objetivos,

elaborado com a participação de diversas áreas da empresa, eram os programas de Governo para o setor que determinavam os

objetivos de longo prazo da empresa. Esses objetivos de longo prazo eram pouco disseminados para os níveis hierárquicos mais

baixos. Não havia coerência entre objetivos de longo prazo e metas de curto prazo e nem processo formal de revisão desses

objetivos. Na verdade, a empresa estava orientada para sua sobrevivência do curto prazo e administração da crise financeira.

Em 2000, a situação é bastante diferente. Existe um processo de Planejamento Estratégico pró-ativo e endógeno

na empresa. Os objetivos de longo prazo para cinco anos são bastante divulgados e conhecidos em todos os níveis através de vários

instrumentos. O ciclo anual de planejamento operacional e financeiro amarra metas de curto prazo com as estratégias de longo

prazo. Estes objetivos são questionados e revisados sistematicamente duas vezes por ano.

(B) CONTABILIDADE GERENCIAL(B) CONTABILIDADE GERENCIAL(B) CONTABILIDADE GERENCIAL(B) CONTABILIDADE GERENCIAL

O sistema contábil da empresa em 1990 era obsoleto e necessitava de constantes adaptações. Ele não conseguia

integrar, em nível de planos de conta, o sistema de custos com o de orçamento. Os relatórios internos foram desenhados de forma a

facilitar a divulgação de dados externos típicos de contabilidade financeira. A CSN estava estruturada em centros de custo, que

usavam como referência de desempenho o orçamento anual e o sistema de custo padrão. Os preços de transferência entre centros de

custo de produção eram fixados por um executivo da gerência intermediária e eram revistos semestralmente com a colaboração de

várias áreas. Já nas transferências envolvendo os centros administrativos, não havia base de alocação.

Atualmente as coisas são bastante diferentes. Há integração entre os vários sistemas através do SAP/R3

(contabilidade, contas a pagar/receber, sistema financeiro e de custos), o que traz maior segurança, confiabilidade e integridade

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148148148148

para as informações. Os sistemas de logística e RH ainda estão fora do R3. A velocidade de fechamento dos relatórios internos

aumentou sensivelmente. Os relatórios internos procuram gerar dados para as gerências em tempo hábil, que facilitem a gestão do

negócio no dia-a-dia. A empresa continua dividida em diversos centros de custo, porém não adota mais o sistema de custo padrão.

Nas transferências utiliza-se o preço de custo por absorção, o que parece ser um retrocesso nos avanços alcançados.

(C) PROCESSO ORÇAMENTÁRIO(C) PROCESSO ORÇAMENTÁRIO(C) PROCESSO ORÇAMENTÁRIO(C) PROCESSO ORÇAMENTÁRIO

O Sistema Orçamentário da CSN em 1990 não conseguia cumprir o seu papel de forçar a administração da

empresa a um pensamento de longo prazo, pois prevaleciam as restrições orçamentárias e controles impostos pelo governo. A

Direção de Planejamento e Controle reservava o último trimestre de cada ano à elaboração da proposta orçamentária, com a

participação ativa dos centros de responsabilidade operacionais. O Orçamento sofria revisões não-sistemáticas durante o ano.

Em 2000 o ciclo anual de planejamento operacional e financeiro da CSN é muito mais complexo, integrado e

eficaz. As coisas são estruturadas da seguinte forma. Primeiro há o ciclo de Planejamento Estratégico, onde são definidos os

objetivos de longo prazo (cinco anos). A partir desse norte, a Controladoria gera o ciclo de Planejamento Operacional e

Financeiro, que pode ser visto na figura 4.4 à página 181.

Este Orçamento Anual é feito a partir das expectativas de retorno e caixa dos acionistas e com a participação

direta ou indireta de vários níveis da empresa. O Orçamento de custo serve de base de acompanhamento mensal do desempenho

realizado dos centros de responsabilidade.

O Orçamento também é base para a elaboração dos Planos de Metas de cada diretoria. Apesar de aparecerem

entre os itens controlados metas de qualidade, segurança e meio ambiente, percebe-se uma total predominância dos itens

relacionados à redução de custos.

A Controladoria consolida Relatórios de Desempenho de Investimentos na CSN e nas controladas.

(D) AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO(D) AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO(D) AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO(D) AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO

Parece haver unanimidade entre os entrevistados ao afirmar que é neste item que está a principal causa das

transformações e melhorias ocorridas na empresa após a sua privatização.

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149149149149

A CSN estudada por FARIA (1990) tinha seu desempenho avaliado com referência ao Orçamento, no caso dos

centros de custo administrativo e no sistema de Custo Padrão, no caso dos centros de custo de produção. No entanto, os programas

de recompensas e punições não guardavam relação com o desempenho dos centros de responsabilidade. E mais, as avaliações

individuais eram baseadas em critérios muito subjetivos e no tempo de trabalho na empresa, o que gerava certa frustração e

desmotivação na maioria dos empregados.

A remuneração dos funcionários da CSN hoje é composta de uma parte fixa e outra variável (participação nos

lucros e bônus gerenciais), função dos resultados alcançados e do cumprimento de metas. Ou seja, criou-se uma nova cultura

orientada para o resultado geral da empresa. As pessoas são mais motivadas e comprometidas com os objetivos da companhia.

Os Planos de Metas de cada diretoria partem dos itens mais significativos do Orçamento Anual. Eles são

desmembrados em metas dos setores e metas individuais, que são utilizadas para a avaliação de desempenho e suas respectivas

recompensas. As metas são consideradas desafiadoras, porém justas e há um caráter participativo no seu estabelecimento.

Já as premiações por atitudes criativas que venham a contribuir para melhorias nos processos internos da

empresa são restritas aos Círculos de Qualidade, que parecem vir perdendo importância dentro da CSN.

Os indicadores de desempenho são basicamente financeiros. Os itens não-financeiros existem, mas não estão

difundidos por toda a organização, encontram-se setorizados. Por exemplo, cabe à Gerência Geral de Meio Ambiente a

responsabilidade pelas questões ambientais, à Fundação CSN as sociais e à Diretoria Comercial as questões relativas aos clientes e

qualidade. O itens não-financeiros não passam pela Controladoria.

A empresa não adotou o sistema EVA de gerência financeira e remuneração variável conforme previa

FERREIRA (1999). Para EHRBAR (1999) o EVA seria a única medida de desempenho a criar uma cultura de

propriedade onde os funcionários são comprometidos com a geração de valor. A CSN optou pelo indicador financeiro

EBITDA - earnings before interests, taxes, depreciation and amortization - lucro antes dos juros, impostos, depreciação e

amortização. para analisar o desempenho da empresa como um todo

GARVEY (2000) explica que o EBITDA representa quanto de dinheiro uma empresa nova tem antes de pagar

as contas que incorre ao enfrentar as barreiras para entrar no mercado. É a medida analisada por investidores, perseguida pela

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gerência e consultada por CEOs quando querem saber se a empresa é realmente lucrativa. Principalmente em negócios caros, onde

os novos entrantes tendem a acumular dívidas pesadas comprando equipamentos ou recrutando staff de primeira linha. Ou seja,

estes negócios têm muitos impostos, juros, depreciações e amortizações para serem pagos, que mascaram a real e futura

rentabilidade da empresa.

Para GARVEY (2000) o EBITDA é um bom indicador para investidores da solidez das estratégias de uma

empresa. Ele é uma medida das atividades geradoras e consumidoras de caixa. Investidores tendem a mostrar maior interesse por

empresas com EBITDA positivo.

GREENBERG (2000) alerta para as armadilhas em que se pode cair com a análise do desempenho de uma

empresa através do indicador EBITDA. Para o autor, hoje em dia muitas empresas manipulam este indicador financeiro para

mostrar-se melhores do que realmente são. Ele tornou-se tão comumente usado como estimativa de fluxo de caixa, que os

investidores tomam um pelo outro. Na verdade, o fluxo de caixa de tesouraria é uma medida muito mais precisa da saúde

financeira de uma empresa.

Para GREENBERG este indicador é válido para empresas, cujos equipamentos têm vida útil bastante longa,

que é o caso da CSN, porém vem sendo usado equivocadamente por empresas com equipamentos de curta duração e altamente

endividadas. Nestes casos o EBITDA não é uma boa estimativa de fluxo de caixa. São cinco as falhas apontadas por

GREENBERG no uso do EBITDA como indicador da saúde financeira de uma organização:

1.1.1.1. É preciso não esquecer que EBITDA não é a mesma coisa que fluxo de caixa. Caixa é tudo o que sobra depois de ter-se

contabilizado todos as receitas e desembolsos em um determinado período.

2.2.2.2. EBITDA pode ser uma medida errada sobre o acesso ao caixa de uma empresa e sua habilidade para pagar os juros de suas

dívidas. Ele cria a aparência de melhor cobertura dos juros e mais baixa alavancagem financeira.

3.3.3.3. EBITDA pode fazer uma empresa parecer mais barata que a realidade do valor de suas ações no mercado.

4.4.4.4. EBITDA não traz nenhuma informação qualitativa sobre os lucros.

5.5.5.5. EBITDA não serve para analisar indústrias com certos atributos particulares. Como por exemplo setores que necessitam de

altos investimentos para upgrading de tecnologia.

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152152152152

5.3 5.3 5.3 5.3 A CSN E A ABORDAGEM CONTEXTUAL E ORGANIZACIONAL DE CONTROLE GERENCIALA CSN E A ABORDAGEM CONTEXTUAL E ORGANIZACIONAL DE CONTROLE GERENCIALA CSN E A ABORDAGEM CONTEXTUAL E ORGANIZACIONAL DE CONTROLE GERENCIALA CSN E A ABORDAGEM CONTEXTUAL E ORGANIZACIONAL DE CONTROLE GERENCIAL

Em 1996 a empresa passou por um processo de descentralização administrativa, dividindo-se em unidades de

negócio. Segundo FERREIRA (1999), esta seria uma tendência inevitável de organizações grandes e complexas como a CSN.

Entretanto, ao longo dos anos esta opção pareceu inadequada aos gestores e hoje a empresa tem administração

centralizada. Os entrevistados apontaram dois problemas surgidos com a tentativa de descentralização, que corroboram com o

ponto de vista de HORNGREN (1985). O primeiro foi que gerentes passaram a tomar decisões visando melhorarem o

desempenho das suas unidades em detrimento das outras e até mesmo da organização como um todo. O segundo problema foi que

ocorreram duplicações de funções nas várias unidades, o que trouxe aumento de custos para a empresa.

MAHER (1997) e ATKINSON (1999) apontam possíveis causas para o fracasso do processo de

descentralização:

a)a)a)a) Inabilidade do sistema de planejamento e controle de criar comportamento consistente, não informando a

gerência sobre como suas ações individuais podem vir a favorecer ou prejudicar a organização como um todo;

b)b)b)b) Falta de real autonomia e autoridade dos gestores das unidades para tomarem decisões;

c)c)c)c) Falta de capacitação dos tomadores de decisões;

d)d)d)d) Falta de apoio de um sistema de controle por resultado para guiar e coordenar as atividades dos tomadores

de decisão.

A empresa está dividida em centros de custo e a transferência de bens e serviços entre os centros é feita baseada

nos custos por absorção. Segundo MAHER (1997) este procedimento só se justifica se a empresa não tem um sistema que permite

medir custos variáveis. Para o autor, o custeio ABC seria uma maneira mais precisa de determinar preços de transferência

baseados em custos. A volta ao sistema de Custo Padrão prevista para 2002 parece uma atitude acertada, uma vez que este

sistema tenta tirar dos centros compradores a culpa pelas ineficiências dos centros vendedores, desde que os padrões sejam

constantemente atualizados e razoáveis. Além do mais, preços de transferência baseados em custos, podem gerar frustrações e

problemas motivacionais nos centros vendedores, que não ganham com as transações e podem ter seus resultados avaliados

erradamente.

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Para MAHER (1997) e ATKINSON (1999) a utilização do preço de transferência baseado no mercado

seria a outra boa forma de fazê-lo em um mercado competitivo com preços de mercado facilmente determináveis.

Mas o sistema de controle gerencial da CSN não é apenas caracterizado pelos seus erros. Ao fazer-se referência

às quatro ferramentas de controle de SIMONS (1994), percebe-se que muitos são os acertos.

As missões, credos e listas de objetivos da CSN podem ser considerados parte do sistema de crenças, uma vez que

são formais, baseados em informações e usados pela gerência para manter ou alterar modelos no dia-a-dia organizacional. A

própria Pesquisa de Clima realizada em 2000 mostra a motivação e o comprometimento dos empregados com os objetivos e crenças

da organização, destacado aí o papel da Gerência de Comunicação.

A CSN possui, ainda, sistemas delimitadores que impõem limites nas atividades de busca de oportunidades. E

nota-se coerência entre esses sistemas e o anterior. O código formal de conduta e ética divulgado a todos os funcionários é um

exemplo claro deste sistema. Entretanto, não foi observado nenhum sistema de punições associadas, conforme preconiza SIMONS

(1994).

Na CSN, os sistemas de planejamento estratégico, metas e objetivos, orçamento, orçamento por centro de custo,

monitoramento de investimentos são ferramentas do sistemas de controle de diagnóstico de SIMONS. Estes sistemas ajudam a

gerência a realizar os objetivos organizacionais fornecendo uma estrutura formalizada para a (1) identificação das variáveis de

controle adequadas, (2) o desenvolvimento de um bom planejamento de curto prazo, (3) o registro do grau de cumprimento dos

planos de curto prazo, e (4) o diagnóstico dos desvios.

Esses sistemas são essenciais para implantar as estratégias pretendidas e medem as variáveis críticas de

performance. Os entrevistados identificaram variáveis que são medidas pelo sistema, como custo baixo e satisfação dos clientes e

outras que não são controladas, como desenvolvimento de pessoal capacitado e velocidade de resposta às mudanças no ambiente.

Estes sistemas imprimem autonomia às pessoas, uma vez que são cobradas por resultados, cabendo a elas

escolher a melhor maneira de alcançá-los. Assim, a gerência investe atenção em três momentos: (1) estabelecendo e negociando

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154154154154

objetivos e recompensas associadas; (2) recebendo relatórios de atualizações e desvios, e (3) seguindo de perto os desvios

significativos para tentar reestabelecer a variável.

Algumas atitudes corretas são tomadas para que os sistemas de controle de diagnóstico operem eficazmente na

CSN. O sistema de informação integrado SAP/R3 traz maior confiabilidade à informação. Há ainda uma equipe de auditoria

interna centralizada preocupada em garantir a integridade do sistema e de suas informações.

Não percebe-se, no entanto, nenhuma ferramenta usada sistematicamente como sistema de controle interativo

(SIMONS, 1994) que questione as bases sobre as quais as estratégias foram construídas e guie o surgimento de estratégias de

baixo para o topo em áreas onde a organização é vulnerável. O questionamento das estratégias é feito em reuniões semestrais entre

os membros da alta administração sob a orientação de consultores externos.

OTLEY (1997) entende que o sistema de avaliação de desempenho de uma empresa é uma ferramenta

fundamental para se alcançar o sucesso sustentável. Percebe-se que a CSN dá a este sistema sua real importância. Ele se inicia no

estabelecimento das estratégias de longo prazo, das medidas que indicam a posição do negócio em relação ao esperado e das metas

de curto prazo relacionadas.

A CSN parece compartilhar das idéias de KAPLAN & NORTON (1992), STIVERS & JOYCE (2000),

DRUCKER (1989) e FERREIRA (1999) da necessidade do uso de medidas não-financeiras de desempenho para

complementarem as medidas financeiras tradicionais. Foram identificadas algumas dessas medidas como (1) impacto das operações

da empresa sobre o meio ambiente, (2) responsabilidade sobre o bem-estar humano e social dos funcionários e da comunidade na

qual a empresa está inserida, (3) satisfação do cliente, (4) qualidade dos processos/produtos/serviços, (5) eficiência do mercado,

(6) market share, (7) satisfação dos funcionários, (8) treinamento.

Entretanto essa medidas se encontram setorizadas dentro da organização, sob responsabilidade de diferentes

gerências. Não foi observado um sistema balanceado que conjugasse todas elas para vários setores.

Assim com STIVERS & JOYCE (2000) verificaram nas empresas canadenses e americanas, no sistema de

controle da CSN as medidas de inovação e envolvimento de pessoal são consideradas menos relevantes.

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Não foi possível observar se no desenho dos sistemas de controle da empresa existe uma consideração formal com a

fase do ciclo de vida que ela esta vivendo. Segundo FLAMHOLTZ (1995), no estágio atual de desenvolvimento da CSN, a área

de Cultura Corporativa é a que requer maior atenção. E as habilidades gerenciais para transição seriam as mais necessárias para

encarar os desafios. O processo atual de mudanças estratégicas por que passa a CSN parece entender essas necessidades.

Ao tomar-se como referência o modelo dos círculos concêntricos de sistema de controle proposto por

FLAMHOLTZ (1996), observa-se que na CSN as três partes que compõem o modelo - o microsistema de controle, estrutura

organizacional e cultura organizacional - são entendidas como forma de controle. Todas as componentes estão presentes e se

relacionam propositadamente de maneira sistêmica e coerente. Ou seja, a CSN parece entender o novo conceito mais holístico

sobre controle de gestão e, apesar de ainda possuir algumas características das abordagens tradicionais, parece evoluir na direção

certa.

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156156156156

6. 6. 6. 6. CONCLUSÕESCONCLUSÕESCONCLUSÕESCONCLUSÕES

A Companhia Siderúrgica Nacional, alvo deste e outros estudos anteriores, passou e vem passando por profundas

mudanças nos seus sistemas de controle gerenciais. Estes fatos a tornam um interessante ponto para estudos. O objetivo deste

trabalho foi o de descrever os sistemas de controles gerenciais atuais da CSN, buscando (1) os impactos provocados pela

privatização da empresa sobre estes sistemas e (2) relação com os sistemas eficazes descritos na literatura.

Com relação à primeira questão, o que se pode concluir é que a introdução de um real sistema de planejamento

estratégico voltado para o longo prazo e as mudanças impostas ao sistema de avaliação de desempenho da empresa podem ser

considerados as principais causas das melhorias alcançadas após a privatização da CSN. Os novos sócios trouxeram uma nova

visão de negócio sustentável voltado para a geração de valor e traduziram esta visão através de um sistema de remuneração

variável, função de resultados alcançados e coerente com as estratégias da companhia. Ou seja, criou-se uma cultura orientada

para o resultado da empresa, com funcionários motivados e comprometidos com os seus objetivos.

Com relação à segunda questão, ainda pode-se observar nos sistemas de controle gerenciais da CSN algumas

características daqueles sistemas das abordagens tradicionais de controle de gestão. Principalmente no que diz respeito à

importância excessiva dos indicadores financeiros e ao foco na apuração de custos dos departamentos para a avaliação de

resultados.

A CSN passou por uma tentativa não bem sucedida de descentralização administrativa em unidades de negócio.

Ao que tudo indica faltou o apoio de um sistema de controle por resultado que guiasse e coordenasse propriamente as atividades dos

tomadores de decisão. No entanto, a descentralização parece ser uma saída inevitável para empresas grandes e complexas como a

CSN à procura de maior competitividade internacional.

A empresa se encontra dividida em centros de custo, mas parece não dar à política de preços de transferência de

produtos e serviços entre os centros sua real importância. O indicado seria abandonar os custos por absorção e partir para um

custeio ABC ou mesmo a utilização de preços de transferência baseados no mercado.

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Por outro lado, percebe-se também na empresa muitas características boas das abordagens mais atuais de

controle. A CSN compartilha da visão holística e dinâmica sobre controle de gestão. Um sinal disso é a presença de sistemas de

crenças e delimitadores integrados com os tradicionais sistemas de controle de diagnóstico.

Ainda não existe um sistema completo de medidas de desempenho, a exemplo do balanced scorecard, mas a

empresa parece caminhar nesta direção. Além das medidas financeiras, a alta administração já identificou medidas não-

financeiras relevantes para o sucesso de longo prazo da organização. Essas medidas de serviço ao cliente, desempenho no mercado,

inovação e envolvimento do pessoal estão presentes, porém de forma setorizada. A Controladoria, por exemplo, que idealmente

poderia coordenar um sistema balanceado de avaliação de performance, só se envolve com as medidas financeiras.

As empresas atualmente estão demandando mecanismos de controle flexíveis que facilitem a adaptação às

mudanças. Tudo isso em função da maior complexidade das organizações e do maior dinamismo do contexto social. Estes sistemas

devem fornecer informações objetivas, precisas, oportunas, que motivem e comprometam os envolvidos e sejam coerentes com as

estratégias pretendidas. A CSN possui ainda algumas carências importantes como o questionamento sistemático bottom-up das

bases sobre as quais suas estratégias foram construídas, o que poderia ser conseguido através da utilização de um sistema de

controle interativo.

Mas os estudos indicam que a CSN vem caminhando na direção certa do sucesso organizacional e se encontra

em constante processo de mudança e aprimoramento dos seus sistemas de controle gerencial.

Finalmente, este trabalho deixa um campo fértil para pesquisas de aprofundamento em sistemas de controle

gerencial da CSN ou mesmo de outras empresas: (a) estudos sobre o papel das medidas não-financeiras nos sistemas de avaliação

de desempenho de empresas; (b) estudos do impacto da privatização nos sistemas de controle gerenciais de outras empresas; (c)

estudos sobre preços de transferência nos sistemas de custo de empresas; (d) estudos sobre papel do planejamento estratégico no

sucesso organizacional; (e) estudos sobre indicadores financeiros para medida de desempenho.

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